¿Tienen historia los objetos? El encuentro de Pasteur y de Whitehead en un baño de ácido láctico BRUNO LATOUR Centre de Sociologie de 1'Innovation, École des Mines, París Pero en el mundo real es más importante que una proposición sea interesante a que sea verdadera. Lo importante de la verdad es que se sume al interés [p. 259]. H a y q u e r e c o r d a r q u e l a e x p r e s i ó n ' m u n d o a c t u a l ' s e p a r e c e a ` a y e -' y ' m a ñ a n á e n q u e c a m b i a s u s i g n i f i c a d o e n f u n c i ó n d e l p u n t o e n q u e s e e s t á [ p . 6 5 ] . A.IS. WFrrm~, Process and Real i t y P r e t e n d o i n v e s t i g a r d e q u é m a n e r a l a m e t a f í s i c a d e W h i t e h e a d p u e d e a r r o j a r a l g u n a l u z s o b r e u n p r o b l e m a d i f í c i l d e l a h i s t o r i a s o c i a l d e l a s c i e n c i a s , l a h i s t o r i c i d a d d e l a s c o s a s , q u e h a s t a a h o r a n o h a t e n i d o s o l u c i ó n s a t i s f a c t o r i a . C o m o b u e n f i l ó s o f o e m p í r i c o , p a r t i r é d e u n e j e m p l o , e l d e l d e s c u b r i m i e n t o -i n v e n c i ó n -c o n s t r u c c i ó n p o r P a s t e u r d e l f e r m e n t o d e l á c i d o l á c t i c o e n 1 8 5 7 . En este artículo examinaré dos cosas: ¿cómo podemos replantearnos una gran cuestión de filosofía de la historia a partir de Whitehead? ¿Cómo se comporta su filosofía cuando hay que afrontar los detalles concretos de una situación experimental? 1. Algunos debates recientes en el estudio de las ciencias Antes de sumergir a Whitehead en un baño de ácido láctico, conviene resumir los episodios precedentes para el lector. La simple noción de una sustancia duradera que mantiene cualidades persistentes, tanto esencial como accidentalmente, expresa una abstracción que resulta útil para muchos asuntos de la vida. Pero en cuanto intentamos usarla como una afirmación fundamental sobre la naturaleza de las cosas, por sí misma muestra que es errónea. Surge a partir de un error y nunca ha tenido éxito en ninguna de sus aplicaciones.' * Artículo publicado en francés en el libro editado por Isabefe Stengers, Léfet Whitehead, París, Vrin, 1994, pp. 197-217. Traducido por Javier Echeverría. 92 ISEGOR(A112 (1995)pp. 92-1 0 9
El encuentro de Pasteur y de Whitehead E s t a c r í t i c a a l s u b s t a n c i a l i s m o , t a n i m p o r t a n t e p a r a W h i t e h e a d , p o d r í a s e r c o m p a r t i d a p o r n u m e r o s o s h i s t o r i a d o r e s d e l a s c i e n c i a s , p e r o p o r r a z o nes muy diferentes. Según estos últimos, cuando se relata un descubrimiento no se debe recurrir a ninguna substancia exterior al trabajo humano para explicar su génesis.z Ciertamente, al igual que Kant, la mayor parte de los nuevos historiadores no niegan su existencia, con el fin de evitar caer en el idealismo, pero en cuantoa los atributos concretos, sólo los hacen emerger a partir del espíritu que conoce, o más recientemente a partir de la p r á c t i c a d e l g r u p o d e s a b i o s q u e m a n i p u l a y e x p e r i m e n t a e n e l r e c i n t o c e r r a d o y l o c a l d e l l a b o r a t o r i o . 3 P a r a c r i t i c a r e l s u b s t a n c i a l i s m o , simplemente hay que abstenerse de atribuir un papel en la historia de un descubrimiento a los seres no humanos por sí mismos, y hay que construir el relato con la sola ayuda de las prácticas, los lugares, los instrumentos, las autoridades, las instituci ones y los acontecimientos históricos que nos proporciona el contexto. Se confía así en que una multiplicidad de pequeñas determinaciones que se suman las unas a las otras legará a contar tanto como l a s u b s t a n c i a q u e s i e m p r e e s t a b a p r e s u p u e s t a e n l o s r e l atos «a la antigua» de los descubrimientos. Como bien ha mostrado Isabelle Stengers en un libro reciente,a para el científico practicante hay algo de inverosímil en este enfoque, algo irreal, y ello no sólo en el sentido filosófico del término, sino también en el sentido más común de improbable. Falta algo esencial. ¿Falta precisamente la esencia? No. El interés de Whitehead estriba precisamente en imaginar un realismo- sin sustancia, un realismo histórico radical. «El castillo roquero de Edimburgo existemomento tras momento, y s i g l o t r a s s i g l o , e n v i r t u d d e l a d e c i s i ó n e f e c t u a d a p o r s u p r o p i a t r a y e c t o r i a h i s t ó r i c a d e o c a s i o n e s a n t e c e d e n t e s . » -1 P a r a e s c a p a r d e l a h i s t o r i a s o c i a l d e l a s c i e n c i a s , d e l c o n s t r u c t i v i s m o s o c i a l y d e l o s d i f e r e n t e s a v a t a r e s d e l kantismo, ha hecho falta pasar de un principio restringido de simetría a un principio dé' simetría generalizado. El primer principio exigía a los historiadores que juzgaran equilibradamente los relatos de descubrimiento, midiendo con el mismo rasero a los sabios que se habían equivocado y a los sabios que habían tenido razón.b Dicho principio, diametralmente opuesto a la tradición epistemológica francesa, la cual exigía, por el contrario, que se distinguiera entre la «ciencia caduca» y la «ciencia ratificada»,' ha dado lugar a hermosos efectos de escenificación histórica. Las victorias de Boyle sobre Hobbes, de Newton sobre el cartesianismo o de Pasteur sobre Pouchet, ya no difieren de las victorias provisionales de Napoleón sobre el emperador Alejandro o de Pompidou sobre Poher. La historia de las ciencias deja de ser distinta de la historia a secas, «plena de ruido y furor». Sin embargo, el precio a pagar por esta reunificación entre la historia y la historia de las ciencias resulta muy alto. El principio restringido de simetría no consigue igualar las oportunidades de los vencedores y de los vencidos (racionales e irracionales, de aquí en adelante) más que a base de prohibir a los protagonistas el acceso a los fenómenos mismos, a pesar de ISEGOR(AI12 (1995) 93
Bruno Latour q u e l o s c o n s i d e r a n c o m o s u ú n i c a r a z ó n d e s e r . P o r d e c i r l o a l m o d o d e W h i t e h e a d , a p r o p ó s i t o d e H u m e , h a y a l g o h e r o i c o e n e s a a b s t e n c i ó n . M i e n t r a s l a s c o s a s m i s m a s p r o l i f e r a n e n l a s m a n o s y e n l o s c u e r p o s d e t o d o e l m u n d o , e l h i s t o r i a d o r s i m é t r i c o h a b r í a d e s e r e l ú n i c o q u e s e a b s tiene de tocarlas, con el fin de poder clasificar a los vencedores y a los vencidos. La naturaleza no interviene en las interpretaciones que hacemos al respecto -afirman todos ellos, con la ascesis de un yogi 8 S e c o m p r e n d e l a r a z ó n d e u n d e s i g n i o a s í . L o s h i s t o r i a d o r e s q u e s o n p a r t i d a r i o s d e l a s i m e t r í a r e a c c i o n a n c o n t r a l o s a b u s o s d e l o s s u b s t a n c i a listas, los cuales se contentan con juzgar a los vencedores de la historia de las ciencias explicando hipócritamente que han ganado porque eran más racionales o porque tenían un acceso mayor a la naturaleza de las cosas. Al insistir, por vez primera, en las dificultades de la experiencia, en las imprecisiones de los instrumentos, en la irremediable localización de las práct icas, en la ambigüedad de las interpretaciones y en la importancia de la comunidad de colegas, más o menos dignos de crédito, los historiadores constructivistas tienen, en efecto, mucho que aportar, como lo había hecho antes que ellos en relación con la percepción su precursor, Hume, ridiculizando a quienes creen beneficiarse de un acceso inmediato a lo real y a quienes consideran ciertos hábitos sociales y cognitivos, surgidos anteayer, como la esencia permanente de las cosas. E l p r i n c i p i o g e n e r a l i z a d o d e s i m e t r í a c o n s i g u e e v i t a r q u e e s t a a s c e s i s h e r o i c a c o n d u z c a a l a a n o r e x i a . 9 E s t a v e z y a n o s e t r a t a d e i g u a l a r l a s o p o r tunidades de los vencedores y de los vencidos prohibiendo por igual a ambos grupos el acceso a lo real, sino más bien de dejar a todos los grupos que construyan simultánea y simétricamente su realidad natural y su realidad social. ¡Como si fueran yogis que han estado privados largo tiempo de alimentos y se han visto obligados a dormir demasiadas noches sobre lechos de púas, se permite por fin a los descubridores que se empachen de realidad y duerman sobre colchones de pluma! Este ligero vaivén basta para liberurse del lmntismo, puesto que, para explicar un descubrimiento, ya no se está obligado a elegir entre un acceso privilegiado a lo real o una determinación en base a miles de pequeñas causas sociales y prácticas. Uno se da cuenta, en efecto, de que la definición de lo real como amarre contra el idealismo sólo tenía sentido por oposición al espíritu cognoscente (o al laboratorio, o al paradigma). A revolución copernicana, contrarrevolución copernicana y media. El descubridor establece a la vez lo que es, el m u n d o e n e l q u e s e s i t ú a , y l a s n u m e r o s a s f o r m a s d e c a u s a l i d a d s o c i a l , p r á c t i c a e h i s t ó r i c a q u e s o n c o m p a t i b l e s c o n e l t i p o d e f e n ó menos con los que puebla lo colectivo. La diferencia entre las cuestiones ontológicas, epistemológicas y sociológicas se difumina. La cuestión pasa a ser más bien la siguiente: ¿en qué mundo socionatural aceptamos vivir? El principio generalizado de simetría no abole el principio restringido de simetría, sino que lo amplía, y ello tanto a la 94 ISEGORÍA/12 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitehead cuestión de la naturaleza como a la de la sociedad, permitiendo la aparición de un objeto nuevo: el colectivo de humanos y no humanos.t° S i n e m b a r g o , e s t a p r o p u e s t a c a r e c e d e u n a m e t a f í s i c a a l a a l t u r a d e s u s a m b i c i o n es. Aunque ya no sea antropomórfica, resulta tan frágil como pueda serlo el sentido que se atribuya a la palabra 'colectivo'. Si mediante esa palabra se designa la actividad demiúrgica de investigadores capaces de engendrar, no sólo la naturaleza, sino también la sociedad y la historia en la que se sitúan, nos aproximamos peligrosamente a los grandes relatos del idealismo absoluto, que creían, también ellos, sobrepasar a Kant. Si se trata de una proliferación semiótica que dota de ciertas propiedades a l o s h u m a n o s , a l o s n o h u m a n o s , a l o s o b j e t o s q u e c i r c u l a n , a l a s p o s i c i o n e s e n u n c i a t i v a s y a l c o n t e x t o q u e s e i n s c r i b e e n e l t e x t o , e n t o n c e s n o s s u m e r gimos en el discurso, en campos de posiciones sin sujetos, y con ello nos alejamos del realismo más de lo que pretendíamos. La «muerte del hombre» da brutalmente paso al «superhombre». Si, por último, se trata de dejar que los no humanos se multipliquen, tanto en la sociedad como en los sujetos, se corre el riesgo de naturalizar el conjunto de la historia y sus relatos, sin poder dotar ya a los objetos de su propia incertidumbre, de su trascendencia, de su «temblor». Pasamos así a una voluntad de poder que anclaría brutalmente el discurso y las acciones en la biología y en la física. Para estar seguros de escapar a e s t o s t r e s p e l i g r o s -r e d u c c i ó n a l a s o c i e d a d , r e d u c c i ó n a l l e n g u a j e , r e d u c c i ó n a l a n a t u r a l e z a - hay que rechazar la ambigüedad de la palabra 'colectivo' e incluso hay que abandonar todo «colecto-centrismo», así como las nociones de actor, acción, sujet os, objetos, humanos y no humanos que nos sirvieron provisionalmente para escapar del kantismo. Como Whitehead, hay que atreverse a comerciar con la metafísica a pesar del embargo promulgado contra ella tanto por la filosofía analítica como por el constructivismo, sea éste social o simétrico. L l e g a d o s a e s t e p u n t o y t r a s h a b e r r e s u m i d o l o s e p i s o d i o s p r e c e d e n t e s , c o n v i e n e n o o b s t a n t e c a m b i a r d e p r o c e d i m i e n t o y s e g u i r u n c a s o c o n c r e t o p a r a n o p e r d e r e l h i l o d e e s e r e a l i s m o h i s t ó r i c o s i n s u b s t a n c i a i n t e m pora l q u e n o s p e r m i t e i m a g i n a r W h i t e h e a d . 2. Relato de un descubrimiento de Pasteur En 1858, poco tiempo después de haber «puesto en evidencia» el fermento de la levadura de cerveza, Pasteur relata, en una memoria a la Academia de Ciencias, el descubrimiento de un fermento propio del ácido láctico." Para hacer la historia de este descubrimiento, nos basta con una forma muy elemental de escenificación histórica. Hoy en día, la fermentación láctica no es objeto de discusión alguna y resulta posible encargar sobre catálogo las variedades y las cantidades de fermentó para las lecherías, mantequerías y queserías de todo el planeta. Pero basta con «remitirse a las condiciones de ISEGOR(AI12 (1995) 95
Brumo Latour la época» para evaluar la originalidad de esa memoria, y por consiguiente la parte que Pasteur puede reivindicar de su propia tarea. Hacia la mitad del siglo xix, en el entorno de los sabios influidos por la química de Liebig, la presencia de un microorganismo específico para explicar las fermentaciones suponía un paso atrás, puesto que la química acababa de conseguir su derecho de ciudadanía y su status científico desembarazándose de las oscuras explicaciones vitalistas.'z Siguiendo este tipo de química, la fermentación podía explicarse de manera puramente química mediante la degradación de las materias inertes, sin intervención de nada viviente. De todos modos, los especialistas de la fermentación láctica no habían visto nunca microorganismos duraderamente asociados a la transformación del azúcar. I n v e s t i g a c i o n e s m i n u c i o s a s n o h a n p o d i d o h a s t a a h o r a l l e g a r a d e s c u b r i r e l d e s a r r o l l o d e s e r e s o r g á n i c o s . L o s o b s e r v a d o r e s q u e h a n l l e g a d o a r e c o n o c e r l o s h a n e s t a b l e c i d o a l m i s m o t i e m p o q u e e r a n accidentales y dañaban el fenómeno. Por consiguiente, los hechos parecen ser muy favorables a las ideas del Sr. Liebig o a las de Bezelius. Según el modo de ver del primero, el fermento es una substancia excesivamente alterable que se descompone y que provoca la fermentación como consecuencia de la alteración que ella misma experimenta, cuarteando por contacto y d e s a g r e g a n d o e l g r u p o m o l e c u l a r d e l a m a t e r i a f e r m e n t a b l e . S e g ú n e l S r . L i e b i g , é s t a e s l a c a u s a p r i m e r a d e t o d a s l a s f e r m e n t a c i o n e s y e l o r i g e n d e l a m a y o r p a r t e d e l a s e n f e r m e d a d e s c o n t a g i o s a s . P a r a B e r z e l i u s , e l a c t o q u í m i c o d e l a f e r m e n t a ción tiene lugar mediante las acciones de contacto. Estas opiniones obtienen cada día mayor crédito [...] Dichos trabajos concuerdan al rechazar la idea de cualquier tipo de influencia de lo orgánico y de la vida sobre la causa de los fenómenos que nos ocupan [subrayados míos]. Y P a s t e u r a ñ a d e : « m e v e o c o n d u c i d o a u n a m a n e r a d e v e r e n t e r a m e n t e d i f e r e n t e » . E l d e s c u b r i d o r p a r e c e t a n t o m á s a c t i v o c u a n t o q u e t i e n e a todo el mundo en su contra: la opinión unánime de los químicos y las investigaciones minuciosas de los especialistas. El descubridor no levanta el velo tras el cual se escondía desde siempre el fermento de la fermentación láctica. Actúa. Tratándose de un acontecimiento histórico que invierte una situación que le era desfavorable, puede ser contado como lo haría un historiador que siguiera al oscuro general De Gaulle desde junio de 1940 en L o n d r e s h a s t a s u t r i u n f o , c i n c o a ñ o s m á s t a r d e , e n l o s C a m p o s E l í s e o s. En cualquier caso, la acción de Pasteur no consiste en imponer un cuadro o una visión para la fermentación, cosa que no podría hacer -aunque más tarde se planteará el problema en estos términos, como veremos. Afirma así que «se ve conducido a una maner a de ver». Su actividad propia consiste en dejarse levar por la «propensión de las cosas», por retomar la bella expresión de Francois Julien.13 Incluso cuando actúa para hacer emerger el fermento en contra de la opinión general, todavía sigue dejándose llevar por las cosas, vinculando de otra manera la suerte de un sujeto 96 ISEGOR(A112 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitehead -a u t o r c r e í b l e q u e r e i v i n d i c a l a p o l é m i c a y l a a c c i ó n - y l a d e u n o b j e t o -q u e c o n d u c e a l s u j e t o a m o d i f i c a r s u v i s i ó n , E n e l c a s o d e l a h i s t o r i a p o l í t i c a y m i l i t a r , e x i s t e n r e c u r s o s q u e p e r m i t e n s o p e s a r e l p a p e l r e s p ectivo de la ocasión, las circunstancias, el talento propio, la suerte y, por último, la atribución de responsabilidades a deter minados operadores que son reconocidos como jefes o como demiurgos. Cuando se trata de hacer intervenir en el relato seres que uno ha descubierto, el historiador de las ciencias se vuelve más reticente, más dubitativo. Por muy heterogéneos que sean los factores a los que recurre la historia, nunca lo son tanto como en la historia de las ciencias, en la cual hay que integrar la c o r t a e x i s t e n c i a d e P a s t e u r , l a m a y o r d u r a c i ó n d e l a q u í m i c a o d e l s e g u n d o I m p e r i o , l a d u r a c i ó n t o d a v í a m á s l a r g a d e l a s f e r m e n t a ciones alcohólicas y lácticas, que se remontan al Neolítico, y la duración infinitamente más larga, absolutamente más larga, del fermento de ácido láctico, que ya está presente desde siempre. Dicho de otra manera: el historiador de las ciencias se ocupa de un monstruo mayor que el historiador a secas. Una vez que fue descubierto por Pasteur en 1857, el fermento de ácido láctico ya ha estado ahí desde siempre, incluidas las calabazas del Homo sapiens en el Neolítico, y así sigue siendo responsable hoy en día del suero que se agría en todas las lecherías del planeta. ¿Cómo se podría hacer la historia de la creación de un ser que de inmediato parece desbordar su marco histórico para remontarse a la totalidad del tiempo y expandirse en la totalidad del espacio? L a ú n i c a s o l u c i ó n , c o m ú n e n e l c a s o d e l a h i s t o r i a , c o n s i s t e e n a t r i b u i r c a r á c t e r h i s t ó r i c o a t o d o s l o s e l e m e n t o s q u e i n t e rvienen en el relato.'4 De Gaulle se transforma, pero también se transforman Churchill, Alemania, los radares, las opiniones públicas, los submarinos, el cálculo de los convoyes perdidos, la deuda respectiva de los bancos centrales, y así sucesivamente, según escalas y ritmos diferentes. De manera más o menos similar, siempre hay reciprocidad en la aventura, en el acontecimiento. De Gaulle modifica a Churchil, quien a su vez le transforma. Precisamente esta reci p r o c i d a d p a r e c e i m p o s i b l e e n l a h i s t o r i a d e l a s c i e n c i a s : ¡ h a b r í a q u e h a c e r c o m p a r t i r e l a c o n t e c i m i e n t o e n t r e P a s t e u r y e l á c i d o l á c t i c o ! Y s i n e m b a r go, la simetría generalizada exige que se comparta. No sólo el fermento «llega» a Pasteur -convirtiendo a este honorable químico provinciano en un maestro de la microbiología mundial -, sino que Pasteur «llega» al fermento del ácido láctico -convirtiendo esta fermentación por contacto en el cultivo de un fermento para el cual el azúcar es un alimento. Hay que admitirlo, sí: Louis Pasteur, el joven de Lile, cuenta como un episodio en el d e s t i n o , e n l a e s e n c i a , e n l a t r a y e c t o r i a d e l f e r m e n t o l á c t i c o . S e c o m p r e n d e l o a b s u r d o d e u n a p o s i c i ó n a s í y e l e s c á n d a l o q u e h a p o d i d o s u s c i tar," sobre todo si, en vez de aplicarse al fermento, todavía bastante próxim o a l o s o r g a n i s m o s i n m e r s o s e n l a a g i t a d a h i s t o r i a d e l o s s e r e s v i v o s , e l ISEGOR(AI12 (1995) 97
Bruto Utour argumento se aplicara a la gravedad o a la cosmología. ¿Le llegaría New ton a la gravitación universal? ¿Le llegaría el CERN al Big Bang? S i s ó l o s e h a b l a r a d e r e p r e s e n t a c i o n e s , b u s c a n d o d e n u e v o r e f u g i o e n e l m u l l i d o c o l c h ó n k a n t i a n o , e l a s u n t o, por supuesto, no ofrecería dificultad alguna. Pasteur transformó las ideas que los químicos y los mantequeros tenían «sobre» la fermentación láctica, como Newton modificó nuestras ideas sobre la acción a distancia de los cuerpos celestes. Podríamos volver a la historia con mucha mayor facilidad, porque todo quedaría «entre hombres», con sus representaciones, sus visiones del mundo y sus intereses, más o menos apasionados. La historia de las ciencias, fuera social o i n t e l e c t u a l , p o d r í a d e s p l e g a r s e c o n t a nta mayor audacia cuanto que se limitaría a 'las puras representaciones, dejando fuera del alcance a los fenómenos mismos. Pero con la simetría generalizada queremos alcanzar los fenómenos, salir del jardín de infancia del idealismo y reencontrarnos con el realismo, con los riesgos de la ontología, sin perder por ello las incertidumbres de la historia ni la localización de las prácticas.lb Por estrafalaria que parezca, hay que explorar esta vía y hablar de Pasteur como de un acontecimiento que le llega al ácido láctico. Lo que parecía absurdo en una metafísica de la esencia y de los atributos puede convertirse en un juego de niños para una ontología de los acontecimientos y de las relaciones." 3. Algunas ontologías de geonwtría variable Utilizando la terminol o g í a d e W h i t e h e a d , e l l a b o r a t o r i o d e P a s t e u r s e n o s a p a r e c e c o m o u n a o c a s i ó n o f r e c i d a a l a s t r a y e c t o r i a s d e e n t i d a d e s q u e h e r e d a n c i r c u n s t a n c i a s p r e c e d e n t e s a l « d e c i d i r » p e r s e v e r a r e n e l s e r d e u n a m a n e r a n u e v a . Algunas entidades van a recorrer el laborato r i o c o m o p r á c t i c a s e s t a b i l i z a d a s . E s t e e s e l c a s o d e l p r o p i o á c i d o l á c t i c o : E l á c i d o l á c t i c o h a s i d o d e s c u b i e r t o p o r S c h e e l e , e n 1 7 8 0 , e n e l s u e r o a g r i a d o . S u p r o c e d i m i e n t o p a r a e x t r a e r l o d e d i c h a m a t e r i a s e g u i r í a s i e n d o h o y e n d í a e l m e j o r a s e g u i r . P r i mero hizo que el suero se redujera a la octava parte mediante evaporación. Lo filtró, lo saturó mediante cal para precipitar el fosfato de cal. El licor fue filtrado y diluido en tres veces su peso de agua: vertió en él ácido oxálico gota a gota para preci pitar toda la cal. Evaporó el licor hasta que tuvo consistencia de miel [...]. E l á c i d o n o s e p r e s e n t a c o m o u n a s u s t a n c i a d u r a d e r a e n e l t i e m p o , d e f i n i d a p o r s u s a t r i b u t o s , s i n o m e d i a n t e u n c o n j u n t o d e v e r b o s q u e r e m i ten a gestos en los laboratorios. Se re f i e r e a u n p r o c e d i m i e n t o y n o t i e n e o t r a d e f i n i c i ó n m á s q u e l a d e s e r c o e x t e n s i v o a l c o n j u n t o d e d i c h a s m a n i o b r a s . P o c o i m p o r t a q u e l a l i s t a d e l a s o p e r a c i o n e s s e a l a r g a , p u e s t o q u e c a d a u n a d e e l l a s f o r m a p a r t e d e l a r u t i n a d e u n l a b o r a t o r i o d e q u í m i c a 98 ISEGORÍA/12 (1995)
El encuentro de Pas teury de Whitehead bien equipado. El encaje de los subprogramas de acción no hace más frágil su esencia, puesto que los químicos expertos comprenden sin esfuerzo el significado de los gestos para filtrar, evaporar, precipitar, y consideran su mutua disposición como una sola y única caja negra. No ocurre lo mismo con el fermento, del que duda toda la comunidad científica en 1857. S i s e e x a m i n a c o n a t e n c i ó n u n a f e r m e n t a c i ó n l á c t i c a o r d i n a r i a , h a y c a s o s e n l o s q u e , p o r e n c i m a d e l d e p ó s i t o d e l a c r e t a y d e l a m a t e r i a a z o a d a , p u e d e n r e c o n o cerse manchas de una substancia gris que lega a veces a formar una zona en la superficie del sedimento. Esta materia ha sido levada allí por el movimiento dé los gases. Su examen al microscopio apenas per mite, cuando no se está prevenido, distinguirla de la caseína, del gluten disgregado, etc.: de tal modo que nada indica que sea una materia especial, ni que haya surgido durante la fermentación. Su peso aparente s i e m p r e e s m u y p e q u e ñ o s i s e c o m p a r a c o n e l d e l a m a t e r i a a z o a d a , n e c e s a r i a d e s d e e l p r i n c i p i o p a r a l a r e a l i z a c i ó n d e l f e n ó m e n o . P o r ú l t i m o , a m e n u d o e s t á m e z c l a d a h a s t a t a l p u n t o c o n l a m a s a d e c a s e í n a y d e c r e t a q u e n o h a l u g a r c r e e r e n s u e x i s t e n c i a . S i n e m b a r g o , e l l a d e s e m p e ñ a e l p a p e l p r i n c i p al. Al revés que el ácido láctico, la existencia misma del fermento está en cuestión. Apenas hay gestos rutinarios que permitan garantizar su presencia regular. La entidad misma sólo se define por «rasgos mínimos» que aparecen como «manchas de una substancia gris que lega a veces a formar una zona en la superficie de ttn sedimento». ¡Apenas si se puede existir menos! El contraste resulta mucho más fuerte si se compara con la frase desafiante que aparece al final del párrafo. Pasteur se ha «visto conducido a una manera de ver enteramente diferente». Este cambio y este giro dependen de esta nueva conversión mediante la cual un ser del que «no ha lugar creer en su existencia», «¡desempeña sin embargo el papel principal!». P a r a s e g u i r e l h i l o d e c ó m o e l f e r m e nto, criticado por todos, invisible, pobre, mancha al fondo de un vaso de cristal, va a convertirse pronto en el «único responsable» de la fermentación láctica, las expresiones de `sujeto' y de 'objeto' pasan a tener poca utilidad, como puede comprenderse. Pasteur apuesta fuerte en este asunto, tanto como el fermento, Liebig y los mantequeros. No vemos a un hombre dotado de facultades en el momento de descubrir un ser definido por sus atributos. Vemos un cuerpo de miembros múltiples y parciales en trance de hacer legar a su laboratorio, mediante una serie de experimentos, una sucesión regular de acciones: En primer lugar indicaré la manera de aislar [esta materia especial] y de prepararla en su estado puro. De la levadura de cerveza extraje su parte sol u b l e , m a n t e niéndola durante un lapso de tiempo a la temperatura del agua hirviendo en quince a veinte veces su peso en agua. El licor, solución compleja de materia albuminoide y mineral, se filtra con cuidado. Se disuelve en él alrededor de 50 a 100 gramos de azúcar por litro, se añade creta y se siembra un rastro de esta materia gris de la que ISEGORÍA/12 (1995) 99
Bruno Latour acabo de hablar, extraída de una buena fermentación láctica ordinaria. Después se lleva la estufa hasta 30 o 35 grados. También es bueno hacer pasar una corriente de ácido carbónico para expulsar el aire del frasco, al cual se le adapta un tubo curvado que se sumerge en agua. A la mañana siguiente, se manifiesta una fermentación viva y regular. En el laboratorio, el cuerpo cuidadoso y hábil de Pasteur sirve de ocasión, de circunstancia, de concreción para el establecimiento duradero de una fer mentación láctica. Por medio de los gestos (filtrar, disolver, añadir), de los ingredientes (levadura de cerveza, licor, creta), de los montajes (grifos, recipientes, estufas, tubos), de los instrumentos de medida (termómetros, balanzas, termostatos) y de los pequeños trucos del oficio (es bueno), la fermentación resulta visible y estable. En este estadio de variación, la esencia de la fermentación no es nada más que ese mismo despliegue en esas circunstancias, prácticas y locales. E n e s t e c a s o , h a c e r l a historia va mucho más allá que la simple «vuelta a las incertidumbres de la época». Ya no se trata sólo de reencontrarnos con Pasteur temblando en su laboratorio ante la idea de perder su fermentación, así como el incierto fermento que le parece ser «correlativo a la vida». La propia fermentación láctica tiembla también. Esta manifestación «viva y regular», controlada, no le había sucedido nunca, desde que el mundo es mundo. El pequeño laboratorio del decano de la Facultad de Ciencias de Lile constituye una bifurcación decisiva en la trayectoria de esta fermentación, puesto que justamente allí es donde se hace pura y visible. No sólo Pasteur modifica su «representación» de la fermentación; también ésta misma, en su propio ser, en su historia, en sus ascendencias y descendencias, modifica sus manifestaciones. Si Pasteur duda, la fermentación también duda. L a a m b i v a l e n c i a , l a a m b i g ü e d a d , l a p l a s t i c i d a d , n o s ó l o l l e g a n a m o l e s t a r a l o s h u m a n o s q u e a v a n z a n a t i e n t a s h a c i a f e n ó m e n o s e n s í m i s m o s s e g u r o s ; " t a m bién acompañan a los seres a los que el laboratorio les ofrece una nueva posibilidad de existencia, una oportunidad histórica. Sin Pasteur, sin la filtración, sin el tubo curvado, sin el acto de siembra en un medio de cultivo, la fermentación nunca hubiera sido «manifiesta». Había conocido otras existencias antes de 1857, en otros lugares, pero su nueva concreción en la novísima Facultad de Ciencias de Lile, en manos de un q u í m i c o n u e v o y a m b i c i o s o , l e o f r e c e u n a n u e v a e x i s t e n c i a ú n i c a , f e c h a d a , l o c a l i z a da, compuesta en parte por Pasteur -é l m i s m o t r a n s f o r m a d o p o r s u s e g u n d o g r a n d e s c u b r i m i e n t o - y en parte por el laboratorio -é l m i s mo cuerpo y alma de Pasteur, inteligencia distribuida, teoría materializada en los instrumentos, asamblea muda y materializada de toda la química de la última centuria. Hacemos así la historia de Pasteur y de su fermento, del fermento y de su Pasteur; hablamos así de acontecimientos definidos únicamente por sus relaciones. 100 ISEGORÍAI12 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitehead 4. Del acontecimiento a su substancia A l c a l i f i c a r d e e s t a m a n e r a l a h i s t o r i a c o r r i e n t e d e u n i n v e s t i g a d o r , d e u n a d i s c i p l i n a , d e u n m o n t a j e , d e u n f e r m e n t o y d e u n a t e o r í a , n o p e r d e m o s d e v i s t a l a s u b s t a n c i a y s u s a t ributos; pero el sentido de la palabra 'substancia' va a cambiar profundamente, convirtiéndose en la progresiva atribución por una institución de propiedades estables vinculadas a un nombre ligado de forma duradera a una práctica, y todo ello circulando en un circuito relativamente estandarizado.l9 Esta transición desde el acontecimiento a la substancia definida plantea de nuevo un temible problema de descripción y de interpretación, del que Pasteur se libera mediante dos contradicciones aparentes. Al empezar su Memoria, el autor todavía no sabe qué propiedades atribuir a qué esencias. Al final, el fermento es tan consistente como la cerveza, a su vez redescubierta. La substancia dotada de atributos ofrece un caso particular del acontecimiento definido por sus relaciones, una cierta manera de resumir, de hacer rutinarios, de estabilizar y de institucionalizar los acontecimientos. Todo ocurre como si se empezara por los atributos con el fin de legar a una esencia. Este pasaje, pocas veces estudiado, puede verse entre dos párrafos de la Memoria: Ahora vemos cuáles son los caracteres de esta substancia, cuya producción es correlativa a los fenómenos comprendidos bajo la denominación de fermentación láctica. Considerada como masa, se parece por completo a la levadura ordinaria escurrida o prensada. Es un poco viscosa, de color gris. A1 microscopio, está formada por pequeños glóbulos o nudilos muy cortos, aislados o en amasijo, que legan a constituir mechas irregulares que se parecen a las de algunos precipitados amorfos [...] Puede ser recogida y transportada lejos sin perder su energía. Su actividad se debilita cuando se la seca o se la hace hervir en agua. En fin, basta muy poco de esta levadura para transformar un peso considerable de azúcar. Encontramos así todos los caracteres generales de la levadura de cerveza; probablemente ambas sustancias poseen organizaciones que, en una clasificación natural, deben ocupar dos géneros vecinos o dos familias próximas. En el primer párrafo, la esencia sólo se define mediante pruebas a las que se somete a un x, a una «materia especial» anónima, cuyas respuestas, que han pasado a ser estables recientemente gracias a los cuidados y a la habilidad del sabio, así como al genio del lugar, quedan registradas. Cada prueba sorprende todavía hoy por su lozanía: ¡x puede ser transportada sin perder fuerza! ¡Basta muy poco para modificar un peso considerable de azúcar! Los atributos flotan todavía, sin poder vincularse a un substrato. En el texto se advierten aún las dudas, los escrúpulos, las moratorias de Pasteur ante esta materia viscosa y gris que resiste a la desecación o a la ebullición. Cada prueba la define aún en toda su lozanía, como si sólo pudieran inducirse competencias a partir de resultados turbadores. ISEGOR(A/12 (1995) 101
Bruno Latour P e r o a p a r t i r d e l p á r r a f o s i g u i e n t e l a c o n s o l i d a c i ó n s e h a p r o d u c i d o . « L a m a t e r i a e s p e c i a l » n o s ó l o s e p a r e c e a h o r a a l a l e v a d u r a d e c e r v e z a , s i n o q u e y a n o s e c o m p o n e ú n i c a m e n t e d e g l ó b u l o s y d e m e c h a s i r r e g u l a res. El fermento, ahora con nombre, se convierte en una substancia y ocupa una posición perfectamente localizable en una clasificación de géneros y de especies. Los atributos, que flotaban a su antojo, pasan a ser las marcas de una esencia duradera -y no sólo de una rutina estabilizada, como el ácido láctico anteriormente estudiado. ¿Cómo explicar el paso de una larga serie de pruebas inciertas a un ser resumido mediante un nombre? ¿Por qué los atributos acaban por alojarse en una substancia como un vuelo de palomas de vuelta al palomar? La respuesta de los historiadores de las ciencias que se inspiran en el primer principio de simetría no tiene duda. Ha hecho falta que el propio Pasteur diera un pequeño empujón para reunir en un concepto el polvo indeterminado de los hechos. Sin el presupuesto del microorganismo, nunca hubiera podido resumir en un solo fermento la larga lista de pruebas, ni tampoco los resultados hubieran permitido suponer una competencia así, de microbio orgánico. Desde Duhem, en efecto, según los historiadores de las ciencias siempre se precisa una teoría, un prejuicio, un presupuesto, un marco conceptual, un paradigma, con el fin de poner orden en los datos, con los cuales uno nunca se puede confrontar cara a cara. Retorno obligado a Kant y a sus epígonos sociólogos. Curiosamente, Pasteur se plantea la misma cuestión y parece abrazar la tesis de los constructivistas antes de contradecirse por segunda vez: A l o l a r g o d e t o d a e s t a M e m o r i a , h e r a z o n a d o c o n f o r m e a l a h i p ó t e s i s d e q u e e s t a l e v a d u r a e s o r g á n i c a , q u e e s u n s e r vivo y que su acción química sobre el azúcar es correlativa a su desarrollo y a su organización. Si se me llegara a decir que en estas conclusiones voy más allá de los hechos, respondería que eso es cierto, en el sentido de que me coloco francamente en un orden de ideas que, hablando rigurosamente, no pueden ser demostradas de manera irrefutable. Esa es mi manera de ver. Cuantas veces se ocupe un químico de esos misteriosos fenómenos, y si tiene la suerte de hacerles dar un paso importante, se verá llevado instintivamente a situar su causa primera en un orden de reacciones que tiene relación con los resultados generales de sus propias investigaciones. Así es el proceder lógico del espíritu humano en todas las cuestiones controvertidas. En la más pura tradi c i ó n r a c i o n a l i s t a , P a s t e u r i n s i s t e e n q u e s e p r e c i s a u n a t e o r í a p a r a h a c e r h a b l a r a l o s h e c h o s , y m o v i l i z a s i m u l t á n e a m e n t e e l i n s t i n t o , l a l ó g i c a d e l e s p í r i t u h u m a n o y l a s m a n e r a s d e v e r . C o m o R o u l e t a b i l l e , s a b e q u e h a y q u e s e g u i r p r i m e r o « l a b u e n a g u í a de la razón». Pero no se limita a esta solución del «pequeño empujón», que sin embargo encantaría a los constructivistas sociales. Sin temor a contradecirse, se pasa luego al realismo más tradicional y afirma tranquilamente: 102 ISEGORÍAI12 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitehead Ahora bien, opino que, en el punto en el que están mis conocimientos sobre el tema, cualquiera que juzgue con imparcialidad los resultados de este trabajo, así como los que publicaré próximamente, reconocerá conmigo que la fermentación se muestra como algo correlativo a la vida y a la organización de glóbulos, y no a la muerte y a la putrefacción de esos glóbulos, y que tampoco aparece como un fenómeno de contacto, en el que la transformación del azúcar se levaría a cabo en presencia del fermento sin darle nada ni tomar nada de él. Estos últimos hechos, como veremos en seguida, son contradichos por la experiencia. P r e s e n t a d m e c o l e g a s i m p a r c i a l e s y r e c o n o c e r á n c o n m i g o l o q u e l a e x p e r i e n c i a a f i r m a s i n n i n g ú n g é n e r o d e d u d a ; e s a m i s m a e x p e r i e n c i a a l a q u e , e n l a c i t a p r e c e d e n t e , h a b í a q u e a ñ a d i r n o o b s t a n t e a l g u n o s p r e s u puestos porque no podía demostrar de manera. irrefutable la presencia de microorganismos. ¡Contradicción flagrante! Los historiadores sociales que, por ascesis, se prohiben a sí mismos recurrir a una experiencia incontestable para acabar con las controversias, ya no aplauden al gran hombre. S i n e m b a r g o , P a s t e u r p a s a d e u n a e p i s t e m o l o g í a a o t r a s i n p e s t a ñ e a r , d e l a m i s m a m a n e r a q u e e l f e r m e n t o , d e n o m i n a d o x, pasa suavemente del acontecimiento a la substancia. Antes de Whitehead no podíamos salir de este dilema. Parecía que siempre debíamos elegir entre dos males, como una gota de agua a la que un golpe de viento hiciera pasar de un lado a otro de una vertiente. O bien la gota de agua acababa cayendo hacia el valle de la inventividad humana, cuya historia resulta fácil de hacer, por que impone categorías más o menos arbitrarias a una realidad que nunca nos será cognoscible, o bien la gota se deslizaba hacia el otro valle, el de la naturaleza, con objetos sin historia y presentes desde siempre, que los humanos se contentarían con descubrir. W h i t e h e a d a b r e u n a n u e v a p o s i b i l i d a d y n o s p e r m i t e c o m p r e n d e r p o r q u é l a c o n t r a d i c c i ó n s ó l o e s a p a r e n t e . E l f e r m e n t o d e l ácido láctico cambia su historia en contacto con Pasteur y con su laboratorio. Es perfectamente real, pero su realidad histórica le pone al mismo nivel que al investigador y al laboratorio con los cuales se mezcla. El ácido láctico también ha mutado. El fermento ha considerado el empujón que le dio Pasteur como una oportuni dad histórica de manifestarse modificando toda su trayectoria. El fermento propone, Pasteur dispone. Pasteur propone, el fermento dispone. P a s t e u r n o h a i m p u e s t o s u m a n e r a d e v e r a u n a f o r m a i n f i n i t a m e n t e p l á s t i c a , n i h a d e s c u bierto a tientas la resistencia de una forma infinitamente robusta: ha dado su oportunidad a un fenómeno. Por eso, al escribir su Memoria, no ve ninguna contradicción entre las dos últimas citas, las cuales, sin embargo, se distinguen por completo a ojos de un epistemólogo o de un historiador social. Una ontología, todavía más contraintuitiva que la de la historia social de las ciencias, nos permite introducirnos en el sentido común de un sabio. Sería preciso que pudiéramos comprender esta frase enigmática, que pronunció a lo largo del elogio académico que Pasteur hizo de Littré al relevarle en el sillón: ISEGOR(AI12 (1995) 103
Bruno Latour El experimentador, hombre dado a la conquista de la naturaleza, se encuentra confrontado sin cesar con hechos que todavía no se han manifestado y que no existen, en su mayor parte, mds que en la potencia del devenir de las leyes naturales. Lo desconocido dentro de lo posible, y no dentro de lo que ha sido (contrariamente al historiador Littré), he ahí su dominio [...]?° 5. Whitehead a prueba ¿Por qué esta solución al problema de la historicidad de las cosas, aunque la empujemos hacia el rincón del sentido común, a primera vista se nos aparece como algo tan inverosímil e insensato? A causa de nuestras ideas sobre la naturaleza, sobre la trascendencia y sobre la causalidad, ideas que Whitehead nos permite aligerar considerablemente. S u p o n g a m o s q u e c a l c u l a m o s l o s i n g r e d i e n t e s q u e i n t e r v i e n e n e n l a c o m p o s i c i ó n d e l á c i d o l á c t i c o d e 1 8 5 7 , c o n e l f i n d e c o m p r e n d e r l a c o p r o ducción de ese hecho científico. Una vez abandonados los relatos de descubrimiento a la antigua, así como los relatos de construcci ón social, mucho más recientes, debemos hacer una lista heterogénea que incluya, entre otros muchos factores, a Pasteur, a la Facultad de Ciencias de Lile, a Liebig, a las queserías, a los instrumentos de laboratorio, a la levadura de cerveza, al azúcar y,por último, al fermento. Ningún tipo de esencialismo se incluye en esta lista, puesto que cada entidad se define únicamente por sus relaciones. Si las relaciones cambian, la definición cambia de modo parejo; la Facultad de Ciencias no es exactamente la misma Facultad con o sin Pasteur; el azúcar con fermento láctico, o sin él, no es exactamente el mismo azúcar; antes y después de 1857, el fermento láctico ya no es el mismo fermento. ¿ B a s t a e s t o p a r a c r e a r h i s t o r i a ? N o , y s a b e m o s m u y b i e n p o r q u é . L a h i s toria no puede definirse como una pura reordenación de factores, porque, a diferencia de una receta de cocina, no se hace a partir de ingredientes. Por muy heterogéneas y relativas que sean las entidades que entran en una combinación así, la historicidad no surge a partir de eso. El fermento láctico no se compone de ingredientes dispersos por doquier, ni tampoco de asociaciones, como sucede en la teoría, no obstante radical, de los actores-red?' P a r a e v i t a r e l a t o m i s m o d e l o s f a c t o r e s y e l c h i r r i d o d e l a s c o m b i n a c i o nes de dichos factores, hay que reconocer algo más a todo compuesto, a toda concreción: alguna capacidad radical y única de innovación. Para ello hay que aceptar que los acontecimientos, si de verdad han de merecer su nombre, en parte no tienen causa. Por absurdo que esto parezca, el realismo exige que se abandone la idea de la causalidad como una transferencia o un desplazamiento de fuerzas. El descubrimiento del fermento en 1857 no se debe a Pasteur, ni a los presupuestos que aportó, ni al laboratorio donde se definió lo que es una buena práctica, ni al fermento presente desde toda la eternidad y llevado a la Facultad de Lille, ni tampoco, por supuesto, al des104 ISEGORÍN12 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitchead menuzamiento de pequeñas condiciones infinitesimales que, aun sin poder ser calculadas, actuarían cada una de ellas como una causa. Para que haya historia, hace falta que el fermento - de1857 - de Pasteur - en Lille sea, en parte, causa sui.zz En ningún lugar del universo cabe encontrar una transferencia de fuerzas que permitan hacer la suma correspondiente a dicho acontecimiento, con el in de explicar retrospectivamente su emergencia. El descubrimiento-invención-construcción del fermento láctico requiere que se le dé el estatuto de mediación, es decir de una ocurrencia que n o e s e n v e r d a d n i p o r c o m p l e t o u n a c a u s a , n i p o r c o m p l e t o u n a c o n s e c u e n c i a , n i p o r c o m p l e t o u n m e d i o , n i p o r c o m p l e t o u n f i n . z 3 . S e p u e d e c o m p render a Pasteur como un acontecimiento del fermento porque es imprevisto y externo a la serie de herencias que definían hasta entonces la «sociedad» del microorganismo, su trayectoria, su estirpe. Por el hecho de reencontrarse en el laboratorio para ser sembrado, cultivado, relatado y purificado, el fermento se va a manifestar de una manera imprevisible. De manera correlativa, la presencia duradera de un fermento asociado a una f e r m e n t a c i ó n , l a a c t i v i d a d q u í m i c a d e u n s e r v i v o , c o n s t i t u y e , p a r a P a s t e u r , u n a b i f u r c a c i ó n d e c i s i v a p a r a s u c a r r e r a y p a r a s u p e r s o n a . E n c u a n t o a l o s q u í m i c o s , a l a c e p t a r a P a s t e u r y a s u f e r m e n t o , p a s a n a s e r b i o q u í m i c o s , p o r m e d i o d e u n a t r a d u c c i ó n d e c i s i v a . C o m o b i e n s e p u e d e c o m p r e n d e r , n i n g ú n i n g r e d i e n t e i n t e r v i e n e e n e s a s relac i o n e s s i n r e f u n d i r s e . M i e n t r a s s e p e n s a b a e n l a n a t u r a l e z a c o m o e l r e i n o d e l a s c a u s a s , p a r e cía inverosímil hablar de una historicidad de las cosas. La inventividad, la flexibilidad, la duda, sólo podían proceder de los seres humanos y de su dolorosa historia. Sólo ellos eran capaces de trascender el reino bruto de los objetos y afirmar su libertad contra las viscosas constricciones de lo práctico-inerte. Al vincular los humanos y los no humanos, el principio generalizado de simetría produjo escándalo, porque equivalía a extender la noción de persona a los seres naturales -panpsiquismo, hilozoísmo- o, por el contrar i o , a h u n d i r l a i n v e n c i ó n d e l o s h u m a n o s e n e l j u e g o m á s o m e n o s p r e v i s i b l e d e l a s c a u s a s -m e c a n i c i s m o , i n g e n i e r í a s o c i a l ? 4 ¡ Q u é d i f e r ente sería si todas las entidades desbordasen, trascendiesen y superasen en parte sus causas, sus herencias, sus ascendencias! Los objetos de la naturaleza no ofrecerían ya, como único modelo ontológico, esa exigencia terca, obstinada y testaruda de la sustancia. Nada impide ya que se les conceda de nuevo un papel en la fábrica del mundo humano, sin volver al realismo a la antigua que los historiadores sociales combatieron con razón, y s i n e m b a r g o s i n c a e r e n l a a c u s a c i ó n d e a t r i b u i r a l o s n o h u m a n o s e s a p e r s o n a l i d a d i n t e n c i o n a l q u e e s t a b a r e s e r v a d a h a s t a a h o r a s ó l o p a r a l o s s e r e s h u m a n o s . L a n a t u r a l e z a y l a s o c i e d a d c o m p a r t e n e l m i s m o t i p o d e h i s t o r i c i d a d , , s i n q u e p o r e l l o e s e c o n j u n t o r e u n i f i c a d o d e v e n g a i n m a n e n t e o t r a s c e n d e n t e , i m p e r s o n a l o p e r s o n a l . La trascendencia que es necesaria para la innovación se distribuye entre todos los pequeños desenganches mediante los cuales las consecuenISEGORÍAl12 (1995) 105
Bruno Ufour cias desbordan su herencia. La historia de las ciencias pasa a ser, para bien, el existencialismo extendido a las cosas mismas. Al volver a hacerla histórica, la naturaleza pasa a ser todavía más interesante, más realista?5 En cuanto a la vertiente de la sociedad, se transforma todavía más, aproximándose al sentido común. Ya no se es prisionero por siempre del lenguaje, encerrado en los marcos conceptuales, privado a perpetuidad de todo acceso a las cosas mismas, a las cuales, como en el caso de Kant, no podríamos imponerles más que categorías arbitrarias. Nuestro espíritu, nuestra cultura, nuestros paradigmas dejan de ser moldes. Pese a sus dudas, Pasteur no dictó a los hechos cómo debían hablar. Se mezcló con ellos y compartió con ellos su historia, su cuerpo, su laboratorio y la asamblea de sus colegas, ofreciéndoles otra oportunidad. Los descubría tanto como los modelaba. Todos se coaligan en esta ocasión, materia y forma de los unos y de los otros. W h i t e h e a d s e b u r l ó a m a b l e m e n t e d e l o s f i l ó sofos críticos que creyeron que nuestro espíritu sólo está ligado al mundo por la frágil pasarela de la percepción, como si una gran ciudad, plenamente abierta hasta entonces al campo circundante, hubiera decidido encerrarse poco a poco detrás de sus mural las hasta el punto de no autorizar otra vía de paso más que a través de un estrecho portilo y de un puente levadizo bamboleante. Toda la filosofía del conocimiento surge de esta fragilidad, artificialmente mantenida, como si el espíritu corriera en todo momento el riesgo de perder sus p r e c i o s a s p r o v i s i o n e s . D e m o l e d l a s m u r a l l a s , a u t o r i z a d o t r a s v í a s d e p a s o , a b r i d p o r c o m p l e t o l a c i u d a d a l c a m p o , s u p r i m i d l o s ñ e l a t o s : n o f a l t a r á n l o s c o n t a c t o s e n t r e e l e s p í r i t u y e l m u n d o . N o h a y r i e s g o d e r u p t u r a e n l a s i m p o r t a c i o n e s , p u e s t o q u e y a n o t e n e m o s q u e p r i v a r n o s , p o r a s c e t i s m o , d e a c u d i r a l a s c o s a s d e l a n a t u r a l e z a , a m p l i a m e n t e a c c e s i b l e s , t r a s c e n d e n t e s c o m o n o s o tros, históricas como nosotros, mestizas como nosotros. A l c o m p a r t i r l a t r a s c e n d e n c i a c o n l o s o b j e t os y al acceder a ellos por los mil conductos del lenguaje, de la práctica y de la vida social, ya no estamos obligados a reducir las circunstancias, sea a la naturaleza, sea a la sociedad, sea al discurso. Basta con ponerlas «en red» -pero esta palabra, que ya habíamos utilizado, posee ahora la ontología adecuada a sus ambi ciones, gracias a Whitehead. Cada ocurrencia lena exactamente, sin exceso ni defecto, su único envoltorio espacio-temporal. No existe ser alguno, como el fermento láctico o la gravitación universal, que «desborde» sus c o n d i c i o n e s h i s t ó r i c a s d e e m e r g e n c i a -l o c u a l n o e q u i v a l e a d e c i r , s i n e m b a r g o , q u e s ó l o s e a e l r e s u l t a d o d e l t r a b a j o h u m a n o . P r e c i s a m e n t e l o q u e y a n o t e n e m o s q u e h a c e r e s e l e g i r e n t r e e s a s d o s v e r s i o n e s . P a r a q u e c a d a o c u r r e n c i a s e e x t i e n d a y d é l a i m p r e s i ó n d e « d e s b o r d a r » , l e h a c e n f a l t a o t r a s c o n d i c i o n e s h i s t ó r i c a s , o t r o s a p o y o s , o t r o s v e h í c u l o s , o t r a s m e d i a c i o n e s , t o d a s e l l a s e n p a r t e c a u s a s d e s í m i s m a s . E s t a d i s p o s i c i ó n e n r e d d e l a s o n t o l o g í a s s ó l o n o s r e s u l t a d i f ícil por el 106 ISEGOR(A112 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitehead uso desconsiderado que hacemos de dos parejas de locuciones adverbiales, 'siempre/jamás' y 'por doquier / en ninguna parte'. A partir de la emergencia del ácido láctico, en 1857 y con Pasteur, concluimos que «siempre» ha estado ahí, y también que actúa «por doquier». Puesto que Pasteur deshizo en Lile, en 1857, la teoría de Liebig sobre la fermentación por degradación de las materias, concluimos que ésta «nunca» estuvo presente, «en ninguna parte». Exageración doble que congela la historia de las cosas` y obliga a inventar a continuación, por contraste, esos relatos de d e s c u b r i m i e n t o p o r c u y a c r í t i c a e m p e c é e s t e a r t í c u l o . P u e s t o q u e e l f e r m e n t o h a b í a e x i s t i d o s i e m p r e , a u n q u e h u b i e r a s i d o i g n o r a d o h a s t a 1 8 5 7 , y p u e s t o q ue los sabios son los únicos que se preocupan de estas cuestiones, es preciso que Pasteur lo haya descubierto levantando, por su virtud, el velo que lo encubría. Sin embargo, tanto Pasteur como sus colegas, los queseros, los mantequeros y los historiadores, deben trabajar mucho con el fin de extender al pasado la presencia retrospectiva del fermento de ácido láctico. En 1858, 1859, 1860, etc., deben proceder a una «evocación» d e t o d o s l o s s i g l o s p r e c e d e n t e s c o n e l f i n d e d a r l e s e s t e n u e v o a t r i b u t o : l a p r e s e n c i a d e l f e r m e n t o r e c i é n d e s c u b i e r t o . L o s h i s t o r i a d o r e s t r abajan como los editores de programas informáticos, que reemplazan por una suma módica la versión 2.1 de un programa por la nueva versión 2.2. Es preciso que trabajen tanto en el espacio como en el tiempo para extender a todas las lecherías y queserías la presencia, muy pronto universal, del fermento láctico. También hay que trabajar quitando de la historia pasada la teoría de Liebig y suprimiéndola poco a poco de todos los manuales hasta el « d e s c u brimiento» de los enzimas, más avanzado el siglo, que remodeló de nuevo a los fermentos, a Pasteur, a Liebig y a la historia retrospectiva de la bioquímica. A lo largo de su historia, el fermento láctico nunca exagera su existencia ni su falta de ser, como tampoco su localización ni su universalidad. Al igual que las otras entidades, persevera en el ser, pero sólo un poco, en ciertos lugares, durante un cierto tiempo, con la condición de existir en común con otros muchos que, ellos tampoco, no acceden ni ala substancia ni a la nada, sino que «deciden» en las bifurcaciones sobre su historia. Filamentos, linajes, trayectorias, herencias, sociedades, rizomas. E s p e r o h a b e r m o s t r a d o , c o m o m e h a b í a p r o p u e s t o h a c e r , q u e l a m e tafísica de Whitehead permite dar un paso decisivo en la filosofia de la historia de las ciencias, que estaba bloqueada desde algún tiempo en torno al problema del papel que conviene atribuir a los no humanos. También desde un punto de vista empírico Whitehead ofrece buenos resultados, puest o que permite explicar que una contradicción en el informe experimental de Pasteur no es tal contradicción, a partir del momento en que decidimos abandonar el reino único de las causas. Gracias a él, los circui tos en los que se divide esta historia, los fermentos, los sabios, los laboratorios y los colegas, pasan a ser todavía más accesibles para la indagación histórica, sin perder por ello su realismo. A través de un largo rodeo por el ISEGORÍAI12 (1995) 107
Bruno Latour kantismo, por el relativismo radical y por el principio restringido, y luego generalizado, de simetría, volvemos gracias a la ontología al sentido común que Whitehead nos aconsejó, con cierto humor, respetar siempre.ze NOTAS 1. A.N. Whitehead, Process and Reality. An Essay in Cosmology, Nueva York, Free Press, 1929 (1978), p. 79. 2. La presentación canónica de este principio se encuentra en H. Collins, Changing Order. Replication and Induction in Scientiic Practice, Londres 1 Los Ángeles, Sage, 1985. 3 . L o s e j e m p l o s m á s e l a b o r a d o s e s t á n e x p u e s t o s e n S . S h a p i n y S . S c h a f f e r , L e L é v i a t h a n e t l a p o m p e d a i r - Hobbes et Boyle entre science et politique, París, La Découverte, 1993, y en C. Licoppe, Éprouver, rapporter et convaincre. Une étude du compte-rendu expérimental á lépoque moderne, tesis de doctorado, Paris VII, 1994. 4. I. Stengers, L'invention des sciences modernes, París, La Découverte, 1993. 5. A.N. Whitehead, o.c., p. 43. 6 . L a p r e s e n t a c i ó n c a n ó n i c a l a h i z o D . B l o o r e n S o c i o l o g i e d e l a l o g i q u e o u l e s l i m i t e s d e 1 é p i s t é m o l o g i e , P a r í s , P a n d o r e , 1 9 8 2 . P a r a u n a j u s t i f i c a c i ó n r e c i e n t e v é a s e e l p r e f a c i o a l a s e gunda edición de D. Bloor, Knowledge and Social Imaginety (2.' ed. con un nuevo prólogo), University of Chicago Press (1976), 1991. 7. Su forma más extrema está expuesta en G. Canguilhem, Études d histoire et de philos o p h i e d e s s c i e n c e s , P a r í s , V r i n , 1 9 6 8 . 8 . E s t a f r a s e d e t o q u e d e a t e n c i ó n a p a r e c e i n c l u s o e n e l ú l t i m o p á r r a f o d e u n l i b r o p o r l o d e m á s s o f i s t i c a d o , c o m o e l d e S . S h a p i n y S. Schaffer, o.c. 9 . V é a n s e s u s e x p r e s i o n e s c a n ó n i c a s e n B . L a t o u r , L e s m i c r o b e s , G u e r r e e t P a i x s u i v i d T r r é d u c t i o n s , P a r í s , A : L . M é t a i l i é , c o l . P a n d o r e , 1 9 8 4 , s e g u n d a p a r t e , a s í c o m o e n M . C a l l o n , « E l é m e n t s p o u r u n e s o c i o l o g i e d e l a t r a d u c t i o n . L a d o m e st i c a t i o n d e s c o q u i l l e s S a i n t -J a c q u e s e t d e s m a r i n s p é c h e u r s e n b a l e d e S a i n t -Brieuc», Lánnée sociologique, vol. 36 (1986), pp. 169-208, y en B. Latour, La science en action, París, La Découverte, 1989. 10. Véase B. Latour, Nous navons famais été modernes. Essai dánthropologie ~que, París, La Découverte, 1991, para una presentación de la filosofía de esta teoría de los actores-red. 1 1 . S e e n c o n t r a r á u n a n á l i s i s s e m i ó t i c o d e l a r t í c u l o e n B . L a t o u r , « P a s t e a r o n l a c t i c a c i d y e a s t - a p a r t i a l s e m i o t i c a n a l y s i s » , Configurations, vol. 1 (1) (1993), pp. 127-142. Para una presentación general del pasteurismo, la mejor fuente sigue siendo G. Geison, «Article Pastear», en la obra dirigida por G. Gillispie, The Dfctionnary of Scientifc Biography, Nueva York, Scribner and Sons, 1974, pp. 351-415. Utilizo aquí únicamente el texto de Pasteur, con el fin de extraer de él sus ontologías variables, sin preocuparme de otros archivos o huellas que seguramente me pondrían más en r e l a c i ó n c o n e l l a b o r a t o r i o y l a p r á c t i c a d e P a s t e ur. 1 2 . P a r a u n a p r e s e n t a c i ó n d e l o s q u í m i c o s y d e s u s i d e o l o g í a s p r o f e s i o n a l e s , v é a s e B . B e n s a u d e -Vincent e I. Stengers, Histoire de la chimie, París, La Découverte, 1992. 13. Sorprenderán las similitudes entre A.N. Whitehead, o.c., y este admirable libro s o b r e l a f i l o s o f í a c h i n a : F . J u l i e n , L a p r o p e n s i o n d e s c h o s e s , P a r í s , L e S e u i l , c o l . T r a v a u x , 1 9 9 2 . 1 4 . V é a s e e l a r t í c u l o s e m i n a l d e F . J a c q , « L a p l i i l o s o p h i e d e I ' e x p l i c a t i o n h i s t o r i q u e e n h i s t o i r e e t e n h i s t o i r e d e s s c i e n c e s » , C S I ( p e n d i e n t e d e a c e p t a c i ón), 1993. 15. En S. Schaffer, «The Eighteenth Brumaire of Bruno Latour», Studies in History and Philosophy of Science, vol. 22 (1991), pp. 174-192, y en H. Collins y S. Yearley, «Epistemological Chicken», en A. Pickering (ed.), Science as Practice and Culture, Chicago, Chicago Univer sity Press, 1992, pp. 301-326, se encontrarán dos críticas muy severas al principio generalizado de simetría. Para una respuesta, escrita en la lógica de los actores-red, que el presente artículo quiere enmendar, véase M. Cal lon y B. Latour, «Don't throw the Baby out with the Bath School!», en A. Pickering, o.c., p p . 3 4 3 -368. 108 ISEGORfN12 (1995)
El encuentro de Pasteur y de Whitehead 1 6 . D e h e c h o , s e t r a t a d e p r o p o r c i o n a r u n a o n t o l o g í a a e s t a f r a s e d e K u h n ; q u e e n s u c a s o t i e n e u n s e n t i d o p s i c o s o c i a l : « A u n q u e e l m u n d o n o c a m b i e d e s p u é s d e u n c a m b i o d e p a r a d i g m a --e s c r i b e - el hombre de ciencia trabaja después en un mundo diferente. Estoy convencido de que debemos aprender a encontrarle un sentido a esta afirmación [...] No es posible reducir lo que sucede en una revolución científica a una reinterpretación de datos estables e independientes» (T. Kuhn, La structure des révolutions scientifques, París, Flammarion, 1983, p. 171). 17. Tomo estos términos del excelente artículo de J.B. Cobb, «Alfred North Whitehead», en D.R. Griffin (ed.), Founders of Constructive Postmodern Philosophy, Albany, State University of Nueva York Press, 1993. 18. El error de Schaffer en Schaffer, o.c., consiste en conceder la interpretative flexibility únicamente a los investigadores confrontados con los datos. Según él, introducir a los no humanos equivaldría siempre a reducir las controversias al silencio. En cambio, Hacking no tiene dificultad alguna en proponer una interpretación constructivista de los hechos sociales, puesto que se da por entendido, de una vez por todas, que sólo pueden corresponder a lo arbitrario de las profecías autorrealizadoras (1. Hacking, «World-Making by Kind-Making: Child Abuse for Example», en M. Gouglas y D. Hull [eds.], How Classification Works, Edimburgo, Edinburgh University Press, 1992, pp. 180-237). 19. Para proseguir con esta historia natura l d e l o s s e r e s i n v o l u c r a d o s e n l o s c i r c u i t o s c i e n t í f i c o s , v é a s e B . L a t o u r , L a s c i e n c e e n a c t i o n , o . c . 20. L. Pasteur, Oeuvres Complétes, 7 vols., Paris, Masson, 1939, tomo VII, p. 334. 21. La teoría de los actores-r e d t r a t a m á s b i e n d e c o n j u n t a r d o s m o d e l o s , u n o e x p l í c i t o s o b r e l a a s o c i a c i ó n , e l o t r o s u b r e p t i c i o s o b r e l a a c c i ó n . P a r a h a c e r i n t e r v e n i r a e s t a ú l t i m a , l e f a l t a u n a o n t o l o g í a q u e s e a d a p t e a l p r i n c i p i o g e n e r a l i z a d o d e s i m e t r í a . 2 2 . « T o d a s l a s e n t i d a d e s a c t u a l e s c o m p a r t e n c o n D i o s e s t a c a r a c t e r í s t i c a d e l a a u t o c a u s a c i ó n . P o r e s a r a z ó n , t o d a e n t i d a d a c t u a l c o m p a r t e t a m b i é n c o n D i o s l a c a r a c t e r í s t i c a d e t r a s cender al resto de entidades actuales, incluido Dios» (A.N. Whitehead, o.c., p. 223). 23. Sobre la noción de mediación en el dominio privilegiado del arte musical, véase el excelente libro de A. Hennion, La passion musicale. Une sociologie de la médiation, .París, A: M. Métailié, 1993. 24. El paso de una visión previsible de las causas a una concepción del orden por el desorden, curiosamente, no ha modificado esta alternativa, a pesar de I. Prigogine e I. Stengers, Entre le temps et 1 éternité, París, Fayard, 1988. La noción de emergencia, pese a ser tan de Whitehead, no implica forzosamente la historización simétrica de la naturaleza y de la sociedad. 25. Esta historicidad no debe ser confundida con la transformación en el tiempo de las partículas o de los seres vivos, como en los grandes relatos cosmológicos o evolucionistas (S: J. Gould, La vie est belle, París, Le Seuil, 1991). Al invertir el principio antrópico, se trata de introducir a los sabios en la historia de las cosas. No sólo de contar cómo desaparecieron los dinosaurios, sino cómo participan los paleontólogos en la historia misma de los dinosaurios -l o s f o r m a s d e h i s t o r i c i d a d c o m p l e m entarias pero distintas. 2 6 . E n l a r e d a c c i ó n d e e s t e a r t í c u l o m e h e b e n e f i c i a d o d e l a s c r í t i c a s d e C h r i s t i a n e F r é mont, tan pertinentes que no he podido extraer de ellas todo lo que hubiera querido.. BIBLIOGRAFÍA DE LATOUR TRADUCIDA AL CASTELLANO La. vida del laboratorio. La construcción social de los hechos científicos, Madrid, Alianza, 1995. Nunca hemos sido modernos. Ensayo de antropología simétrica, Madrid, Debate, 1993. Ciencia en acción, Barcelona, Labor, 1992. «Pasteur y Pouchet: heterogénesis de la historia de la ciencia», en 1Vi. Serres (ed.), Historia de la Ciencia, Madrid, Cátedra, 1985, pp. 477-501. «Joliot: punto de encuentro de la historia y de la física», en M. Serres, op. cit., pp. 553 -573. «Etnografía de un caso de alta tecnología: sobre Aram i s » , P o l í t i c a y S o c i e d a d , 1 4 -15, pp. 77-97. ISEGOR(At12 (1995) 109