Terra Boa Agronegócios - Ed 15 Nov/Dez 2014 - Lições da Seca

Page 1

ano 3 | edição 15 | novembro/dezembro 2014

Lições da Seca Estiagem prolongada diminui a estação das águas

internacional Brasileiros se destacam no Texas

Segurança

Cresce o índice de roubos de carga

Senepol

Raça atrai novos investidores




BOA Leitura

12

18

28

CAPA

16

Seca no Sudeste

INTERNACIONAL Um cavaleiro no Texas

SEGURANÇA Roubo de Gado

22

INTERNACIONAL Artesão Paulista

32

PEC. DE CORTE Tufubarina

INTERNACIONAL Os melhores do Mundo

24

ARTIGO Anemia Equina


36

Tufubarina

42

50

50

38

LEILÃO

EXPOSIÇÕES 37ª Expointer

CONGRESSO Senepol

ARTIGO Quando 1+1

44

52

REPRODUÇÃO Estação de Monta

44

CONGRESSO Brasil se destaca

EXPOINEL Parceria de Sucesso

62

56

PEC. DE CORTE Eles investem na raça

EXPOBRAHMAN Do campo para à pista

CAFEICULTURA Classificação do Café

Nesta Edição Abordamos temas complexos como a falta de segurança no campo e a seca que atinge a região Sudeste. No especial sobre o Texas, conversamos com vários brasileiros que fazem sucesso nos EUA. E mais a cobertura dos principais eventos do último trimestre do ano e um especial sobre a Tufubarina Senepol, marca que a cada dia se torna mais forte.


AO Leitor

6

nov/dez 2014


2014, um ano de decisões que marcaram a nossa vida, o nosso País, o mundo. Um novo tempo se descortina, após tantas decisões e ao vislumbrarmos um novo ano. Tudo de novo? Sim, não, talvez! Os dias e os meses se repetem, mas somos novos homens a cada dia. Ainda bem que novos, para continuarmos em busca de um mundo melhor. Tudo depende de nós! Que em 2015 sigamos juntos, incansáveis na luta por mundo melhor

Revista Terra Boa Agronegócios

7


homenagem

Walter Wilson Vieira 1942 – 2014

W

alter Wilson Vieira, antes de dedicar-se à pecuária, foi funcionário público de Minas Gerais. Herdou a fazenda do pai em 1965, uma área de cerrado fechado no município de Monte Alegre de Minas/MG, mas começou a abrir a área, com muito trabalho, em 1973 e a transformou na Fazenda Tufubarina. A pecuária naturalmente foi se transformando em sua paixão, amava os animais. Além da pecuária plantou arroz, abacaxi, soja, que são culturas típicas da região e, por último, destinou a maior parte da fazenda a plantação de eucalipto. Apostou na pecuária de corte e no cruzamento industrial. Começou com o Nelore e cruzou a raça zebuína com várias raças taurinas. Por influência do filho Gustavo, começou a criar Senepol há nove anos e, nesse período, optou pela seleção genética da raça. É lembrado pela família e amigos pela sua coragem somada à humildade, generosidade e humor. Qualidades que marcaram a sua vida. Nos últimos anos, lutou pela vida ao tratar um câncer. Seu caso foi tornado público via redes sociais pelos filhos e motivou outras pessoas a buscarem recursos na luta pela vida, contra a doença. Faleceu na noite do dia 21 de outubro em Uberlândia e foi sepultado na mesma cidade. Deixa a esposa Angelita Angelina, os filhos Gustavo e Frederico, além da nora Naessa. A descendência continua com a vinda da neta a nascer em junho de 2015.

8

nov/dez 2014

Leonídio Ferreira Gomes 1940 – 2014

N

atural de São Roque/MG, antes de se dedicar à pecuária leiteira no Estado de Goiás, o conhecido Sr. Leonídio, trabalhou em outros setores da prestação de serviços até retornar a sua origem e adquirir a Fazenda Mutum, sua grande paixão, para se dedicar à seleção de Gir Leiteiro. Era descrito pelos amigos como um homem simples, cheio de humildade, carisma e bondade. Apaixonado pela pecuária leiteira, a sua experiência e dedicação sempre o levou a conquistar grandes prêmios. Seu trabalho com a seleção de bezerras gerou bons resultados em produtividade e fertilidade na fase adulta, levando a Mutum a ser uma referência na seleção genética do Gir Leiteiro. No último dia 23 de outubro faleceu em decorrência de uma parada cardíaca. Foi velado na Fazenda Mutum e sepultado em Alexânia/GO. Deixa um grande legado para a família, que já segue o seu trabalho através do filho Leo e do neto Bruno. Deixa a esposa Avandelci, os filhos Leo, Fábio, Eduardo e Vanessa, os netos Maria Cristina, Ana Paula, Ana Luisa, Eduarda, Duduzinho, Bernardo, Gustavo, Daniela e a bisneta Luiza, as noras Meire, Yelaine, Cleusa, o genro Rodrigo e Paulinha esposa do Bruno.


Ernani Silveira Barros 1915 – 2014

P

or quase um século de vida, Ernani Silveira Barros trabalhou em prol da pecuária leiteira e de corte, trabalhando com Gir , Girolando e Nelore, em Minas Gerais e São Paulo. A sua trajetória inclui o marco de ser um dos precursores no cruzamento das raças Gir e Holandês, que resultou na formação da raça Girolando, no Sudoeste de Minas Gerais. Na sua longa vida, presenciou diversos momentos da história do País e do mundo, acompanhou as transformações ocorridas na cidade e no campo se dedicou com paixão as suas atividades na fazenda. Vivenciou todas as transformações do campo, desde a compra de animais em estados distantes como o Mato Grosso, o que consumia muitos meses em viagens de comitiva, até os dias atuais com a fertilização in vitro. Desde a década de 1970 trabalha com o melhoramento genético em sua Fazenda Angola, no município de Passos/MG, onde investiu na criação de Gir e Girolando. Viveu na fazenda toda a sua vida. Em decorrência de uma pneumonia faleceu aos 99 anos, no dia 26 de setembro. Deixa os filhos Cláudio, Flávia e Virginia, a nora Fátima e as netas, Alicia e Renata.

“A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo” (Sto. Agostinho) Revista Terra Boa Agronegócios

9


AMIGOS terra boa

Em Oklahoma/ EUA, no AQHA Word Show 2014, na final do campeonato, em novembro, o competidor Jayme Resende, o presidente da ABQM (Associação Brasileira dos Criadores de Quarto de Milha) Marcelo Ferreira e o diretor- executivo da Revista Terra Boa Agronegócios, Bolivar Filho que produziu as reportagens dessa edição e divulgou a Revista Terra Boa na terra de Malboro.

Em sessão flash para a Revista Terra Boa, o locutor de rodeio e criador de Senepol, Ricardo Gandra, em momento durante o Rodeio de Cerquilho/SP, no mês de novembro. Em registro do cerimonialista de rodeio, Robert Barbosa

O poderoso garanhão Hi Brow Cat, maior produtor da raça Quarto de Milha, em Central de Reprodução no Texas. Avaliado em U$$ 10 milhões sua cobertura é vendida por U$$ 22 mil dólares. O cavalo que emocionou o nosso diretor, Bolivar Filho.

O competidor Rodrigo Paolielo, que tem Centro de Treinamento no Brasil, durante sua estada no Texas para acompanhar a final do AQUA Show, competir e treinar novas técnicas com os melhores profissionais do mundo. Participante das competições da AQUA desde 2013, procura ficar no Texas por 30 dias em treinamento. No momento flash para a Terra Boa é o primeiro da esquerda junto com Cesar, Bolivar Filho, Bangal, o veterinário André, Gustavo Teodoro, que também participou das provas, e o artesão, Dão.

Em Porangatu/GO, o pecuarista João Queiroz de Araújo Júnior e Clóvis Resende Filho, o Clovinho da Confiboi, ao receberem a última edição da Revista. Clovinho é sócio-proprietário da Confiboi e representante da Agrocria no Estado de Goiás.

10

nov/dez 2014


Ronaldo Caiado em Noite do Nelore Fest para receber o prêmio como liderança de destaque na pecuária nacional

Família Agropecuária Vila dos Pinheiros comemorando as suas muitas premiações do ano de 2014

A alegria de vencer do Nelore Da Car, liderado por Dalila Botelho de Moraes Toledo e o seu Nelore Mocho.

Felipe Picciani recebendo prêmios pela sua atuação na ACNB e pelo Grupo Monte Verde

É festa, é final de campeonato. Em 2015 tem mais.

O presidente da ACNB, Pedro Novis durante cerimonial do Nelore Fest. Ele que também recebeu prêmios pela atuação na ACNB e Fazenda Guadalupe

Revista Terra Boa Agronegócios

11


CAPA reportagem Monica Cussi

seca: uma análise para a agropecuária É preciso aprender a conviver com os períodos de baixos índices pluviométricos. Segundo estimativas, a estiagem pode se prolongar por mais de uma década

O

quesito climático em 2014 não foi dos melhores. Pela primeira vez, a nascente do rio São Francisco, que está localizada dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra, no Sudoeste de Minas Gerais secou, com a estiagem mais forte registrada nos últimos três anos. O parque tem 200 mil hectares de área e preserva, além das nascentes do São Francisco, outros monumentos naturais. Serve como divisor natural de águas das bacias dos rios São Francisco e Paraná. No Nordeste, as famílias e produtores rurais enfrentam o segundo ano de uma seca gravíssima, a pior dos últimos 50, com cerca de 1400 municípios afetados. São Paulo não vive um período de estiagem tão severa desde 1964 e a região conhecida

12

nov/dez 2014

como Polígono das Secas (que abrange municípios dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais), tem quadros comuns na história do Brasil. O problema é agravado pelo aquecimento global e o El Niño, fenômenos que tendem a aumentar as áreas secas em todo o mundo. A irregularidade de chuva e os baixos índices de umidade prejudicam as lavouras de vários estados do País. Produtores do Triângulo Mineiro atrasaram a safra, quem esperava plantar ainda no início do mês de outubro teve os planos adiados pela falta de água. A seca já havia reduzido em 25% a produção nas últimas safras, e, para evitar novos prejuízos, o ideal seria o acumulado de 80 milímetros.

Na mesma região, os registros são de 20% de perda na produção de soja e de 15% nos canaviais. Já para o café, a situação é mais complicada. A estimativa da consultoria norte-americana Hackett Financial Advisors, especializada em commodities agrícolas, é baixa nas sacas de café de 47 milhões para 43 milhões, resultado de meses com pouca chuva e abortamento da primeira floração dos cafezais. O criador de gado Sindi, no Rio Grande do Norte, Arthur Targino afirma que o pasto cultivado já está quase em extinção no sertão semiárido, pois são raras as fazendas que plantam e mesmo assim, são poucas as espécies (Buffel e Urocloa). “A seca estabelecida aqui desde 2011 não deixou as pastagens se recuperarem. São três


anos chovendo muito abaixo da média”, conta. A salvação para o cenário de seca no Nordeste tem sido a cultura da Palma Forrageira, que superdensada, produz entre 500 e 800 toneladas de matéria natural por hectare ao ano para alimentar o gado. A plantação é feita com uma irrigação de baixo custo e baixo volume (cerca de cinco mil litros a cada 15 dias no período seco do ano). As variedades são doces, miúdas ou as gigantes, vindas do México. De acordo com Targino, em termos de nutrição, a Palma Forrageira é pobre em proteína e fibra, mas dá muito volume se corrigida com ureia e feno, mantendo, assim, a alimentação animal. “Em alguns casos usamos bagaço de cana cru ou hidrolisado, dependendo da região. É uma cultura perene, porém temos alguns problemas”, alerta, explicando que a planta é suscetível à falsa Cochonilha do Carmim, uma praga que dizima a plantação. Porém, há resistência de algumas variedades, como a Palma Doce e a Orelha de Elefante. Outro problema, segundo ele, é o manejo com colheita manual. “Fora isso, ela tem sido a redenção dos nordestinos!”, diz preocupado. Isso porque é

rica em água e em energia. Da família das cactáceas, ela se reproduz por mudas feitas com as próprias folhas e se mantém bem em qualquer tipo de solo, exceto o encharcado. A planta ainda exige pouco uso de tecnologias e a irrigação é feita por gotejamento. Em outras regiões do país, produtores rurais usaram na silagem o abacaxi e bagaço de cana para manter o gado e a mínima produção.

Entrevista: A estiagem em 2014 Convidamos o professor Dr. Luiz Carlos Baldicero Molion para abordar o tema seca no Brasil. Ele é PhD em Meteorologia, pela Universidade de Wisconsin (USA), Pós-Doutorado pelo Instituto de Hidrologia, Wallingford (UK), acadêmico do Wissenshaftskolleg zu Berlin, Alemanha. Atualmente, é professor/pesquisador aposentado INPE/MCTI e UFAL/MEC.

Arthur Targino

TB - Professor, é possível fazer uma análise deste quadro climático atípico pelo qual o Brasil está passando? LCBM - Na realidade, não estamos passando por um Revista Terra Boa Agronegócios

13


CaPa período de “seca severa”, mas sim de chuvas abaixo da média dos últimos 60 anos, com reduções, em média, de 15% a 20% nos totais pluviométricos anuais em todo o país. Mas, a redução das chuvas não afeta apenas o Brasil. É um fenômeno global, resultante da variabilidade natural do clima e que afeta muitas regiões do mundo. Os estudos mostram que as temperaturas da superfície do Oceano Pacífico, que ocupa 35% da superfície terrestre, apresentam um ciclo de 50-60 anos, dos quais 25-30 anos são ligeiramente

mais frias, seguidos de 25-30 anos mais aquecidas. Entre 1946-1976, o Pacífico Tropical se resfriou, provocou um resfriamento do clima e redução de chuvas no globo todo. Em contrapartida, entre 1976-1998, as águas do Pacífico tropical ficaram mais quentes, a frequência de eventos El Niño intensos foi maior. O planeta se aqueceu e choveu mais naquele período. Desde 1999, o Pacífico tem demonstrado que está se resfriando novamente e, se seu ritmo continuar semelhante ao dos últimos 100 anos, suas águas permanecerão ligeiramente mais frias até cerca de 2030. É possível, pois, que o clima volte a ser similar àquele do período frio que ocorreu entre 1946-1976, em que as chuvas se reduziram e os invernos foram mais frios e mais longos, com maior frequência de geadas severas. Prof. Molion

TB - O que mais está sendo afetado com este período de estiagem? LCBM - Em particular, há uma sequência de anos, entre 1959 e 1968, que, em geral, choveu abaixo da média no Sudeste, afetando, por exemplo, o abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Com exceção dos reservatórios da região Sul, todos os outros no país estão em condições críticas. Outra região que está sofrendo impacto negativo severo é o interior do Nordeste do Brasil. É possível, pois, que um novo período de redução de chuvas tenha se iniciado em 2012 e que essas regiões, em particular a RMSP, tenham que conviver com chuvas abaixo da média pelos próximos 6 a 7 anos. Isto é, chove anualmente, mas os totais serão insuficientes para recuperar o volume dos reservatórios. O problema maior é que a demanda hoje é maior em face do aumento populacional e das atividades econômicas nesses últimos 60 anos. TB - E na agropecuária, há uma análise a se fazer sobre os prejuízos? LCBM - Nesse mesmo período (2012-2021), a região maior produtora de grãos do país, o Centro-oeste deve também apresentar uma redução de chuvas de 15% a 20% entre outubro e março, com grande possibilidade dessa estiagem ser de 3 a 4 semanas e ocorrer após a segunda quinzena de janeiro. Ou seja, chove bem a par-

14 14

outubro/novembro 2014 nov/dez 2014


tir da segunda quinzena de outubro até a primeira quinzena de janeiro e, depois, ocorre um veranico que pode durar até o final de fevereiro, voltando a chover em março. Porém, a estação chuvosa, como um todo, será deficitária. O percentual de quebra nas safras vai depender da época que o veranico ocorrer e sua duração. Se pegar um estágio importante do cultivo, por exemplo, floração ou enchimento da vagem, a quebra pode ser considerável e chegar a 20% em média. Mas, para a “safrinha”, esperamos que as condições sejam normais. TB - Existe algum estudo ou pesquisa que traga alguma novidade ou alternativa? LCBM - Não existem estudos ou resultados novos. O que se recomenda são as práticas já conhecidas. No Brasil, por exemplo, já se utiliza a prática do plantio direto, sem arar a terra, que se tornou tradicional e que mantém a estrutura física do solo. Recomenda-se, ainda, o enriquecimento dos solos com matéria orgânica para reter mais umidade e aprofundar os nutrientes (adubo) o máximo que for possível para que a planta, ao buscar os nutrientes, desenvolva um sistema radicular que explore um volume de solo maior. O ideal seria irrigar, para não se tornar escravo do clima. Infelizmente, o custo da irrigação

é proibitivo em face dos custos da energia elétrica no país. Convém ressaltar que os comentários acima estão baseados na premissa que o clima apresenta ciclos e que estamos vivendo um ciclo com grande similaridade ao ocorrido no período 1946-1976 e que deve durar até 2030 aproximadamente. O produtor rural deve tomar essas recomendações como um guia e, por precaução, estar preparado para um possível período de chuvas reduzidas.

Piscicultura As consequências da seca prolongada na região Sudeste são alarmantes para todos: homens e animais. Mesmo com a chegada das chuvas no início de novembro, alguns setores foram fortemente prejudicados, entre eles a piscicultura. Na região do Lago de Furnas, muitos aquicultores estão sem condições de trabalho e já contabilizam as perdas. Em São João Batista do Glória, Patrick Oliveira Sanches, que há 4 anos investe no segmento viu seus 50 tanques-rede irem literalmente por água abaixo e levar toda a sua produção de traíra, lambari, mandi, tucunaré, tilápia, pintado e curimba. No início de novembro, Patrick contabilizou 70 toneladas de perdas. Não foi possível salvar quase nada,

mesmo convertendo parte da sua produção em filés. A alta temperatura da água deixou insustentável a vida para os alevinos e peixes de todos os tamanhos. Mesmo alterando a posição dos tanques, a medida que a água baixava, não foi possível salvar quase nada. “Quando a empresa avisou que deixaria a margem da água em 13 metros, levei os tanques para outra parte do rio onde pudessem ter altura e condições para sobrevivência. Mas a água baixou ainda mais. Ficou inviável. Todo dia enterramos dezenas de quilos de peixe”, disse. “Eu levei quatro anos para planejar a atividade de forma que tivesse peixe em produção todo mês. Perdi todo o meu trabalho”, ressaltou. Ele ainda destacou o trabalho destinado a produção de tilápias grandes, no qual é preciso mantê-las no tanque por cerca de dois anos. Todo trabalho foi perdido. Patrick ressalta que não haverá peixes no lago nem quando for aberta a temporada de pesca. Patrick se dedica exclusivamente a esta atividade. Membro da diretoria da AMORG (Associação dos Aquicultores do Médio Rio Grande), que administra frigorífico construído em Cássia/MG, diz que não tem mais participado das reuniões; a mesma desmotivação atinge outros aquicultores da região.

Revista Terra Terra Boa Boa Agronegócios Agronegócios Revista

15 15


internaCionaL rePortagem BOlIvAr FIlhO texto denISe BuenO Foto MárcIO MOleIrO

OS MelhOreS dO MundO Se enContram naS arenaS Do eua

D

ois grandes campeonatos levaram muitos brasileiros aos Estados Unidos, nos meses de novembro e dezembro, para acompanhar as provas do AQHA Show 2014 e World Championship Futurity, realizadas em Oklahoma e Weatherford. A raça Quarto de Milha deu show nas provas organizadas pela American Quarter Horse Association (AQHA) e National Cutting Horse Association (NCHA). A AQHA, que organiza o campeonato mundial com inúmeras modalidades entre laço, apartação, rédeas, tambor, distribuiu no evento de 2014 mais de U$ 5,5 milhões em prêmios. Foram registradas 3.610 entradas durante o evento realizado no Oklahoma State Fair Park, em Oklahoma City. Nas pistas cavaleiros dos Estados Unidos, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Alemanha, México e Suiça. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Quarto de Milha (ABQM), Marcelo Ferreira, acompanhou o evento e participou das provas. Segundo ele, estar nessa competição é uma oportunidade única pela quantidade de modalidades e qualidade dos animais e competidores. Ao conhecer o evento como expectador e participante possibilitou ao presidente da ABQM avaliar os eventos realizados no Brasil. “ É lógico, que as instalações, baias, comodidade para o público, pistas de aquecimento, são superiores em Oklahoma. Trouxemos de lá algumas ideias quanto à organização, atuação dos juízes, preparação de pistas, e outros itens que vamos estudar e implantar em nossos eventos. Tratando-se do campeonato mundial, temos os melhores do

16

nov/dez 2014

mundo competindo. E são muitos competidores de alto nível. No Brasil, temos determinadas modalidades com poucos conjuntos de altíssimo nível técnico”, disse o presidente da ABQM. Sobre a sua participação nas provas, Marcelo realizou um de seus sonhos. “ Quando soube que tinha conseguido resultado que me habilitava a participar, não pensei duas vezes em fazer a inscrição e procurar um animal nos EUA que me desse uma boa condição de competição”. Entre os animais que se destacaram nas provas ele cita Mr. Fritz Wood de propriedade do Lincoln Figueiredo. Juntamente com Lincoln, o animal foi duas vezes campeão mundial, nas categorias Amador Laço de Bezerro Técnico e Amador Laço Pé Técnico. Com outros competidores, o cavalo foi muito bem em outras categorias, mostrando ser um animal diferenciado.

A disputa dos brasileiros Entre os muitos brasileiros que se classificaram para as provas da AQHA estavam Márcio Moleiro, Cintia Torales de Lima e Lincoln Ferreira, campeão mundial. Entre os estreantes na prova de apartação, Márcio e Cíntia. Ambos são unânimes em ressaltar o nível técnico da competição e a infraestrutura oferecida. Márcio, que ficou em 17º lugar entre os 70 inscritos na prova de apartação, enfatiza que embora os americanos estejam á frente em nível técnico, o Brasil evoluiu muito nos últimos anos. “Nos Estados Unidos encontramos uma quantidade muito maior de cavalos e pessoas envolvidas nesse meio, com condições melhores de infraestrutura para treinamento de

animais. É uma tradição mais antiga do que a brasileira , com isso é natural que o nível americano seja melhor do que o nosso. Fico contente em ver que os brasileiros evoluíram muito e em muitas modalidades temos condições de participar com os americanos em igualdade”, ressaltou. Cintia destaca o nível técnico dos competidores, mas enfatiza alguns pontos que podem favorecer os brasileiros nas provas, como o treino antes das competições. “Eu não conhecia a égua com a qual competi, faltou sintonia”, disse. Ela havia trabalhado apenas duas vezes com o animal antes da prova e foi a segunda a entrar na pista. Faltou conhecimento das regras e da própria prova, que segundo ela tem um ritmo diferente do realizado no Brasil. “A experiência é muito gratificante, mas acredito que é preciso treinar mais nos EUA para obter melhores resultados”, ressaltou.

Futurity No World Championship Futurity, a maior prova do mundo para cavalos de apartação, mais de U$ 3,7 milhões em prêmios foram distribuídos. Organizada pela National Cutting Horse Association (NCHA), foi realizada no Will Rogers Coliseum, em Weatherford, com participantes de vários países. O evento criado em 1946 por cowboys visionários é hoje a competição mais esperada do ano pelos apaixonados por apartação em todo mundo, por mostrar, ou dar destaque, aos animais jovens, até quatro anos, que geralmente iniciam a sua carreira nas pistas, no ano seguinte a esta competição.


Revista Terra Boa Agroneg贸cios

17


internaCionaL rePortagem BOlIvAr FIlhO texto denISe BuenO

uM cAvAleIrO no texaS A paix達o por cavalos o levou ao Texas/EUA, n達o em busca do sonho americano, mas do sonho de viver e trabalhar com cavalos em solo americano

18

nov/dez 2014


A

opção por morar fora do Brasil, mais precisamente nos Estados Unidos, melhor dizendo, no Texas, era o sonho do Carlos da Silva, o Bangal. Estudante de Direito em São José do Rio Preto/SP, percebeu com a morte do pai o que realmente queria para a sua vida: morar no Texas e trabalhar com cavalos de apartação. Assim, em busca do seu sonho, desembarcou nos Estados Unidos em outubro de 1992 com “a cara e a coragem”. Enfrentou inúmeros desafios, mas hoje tem a certeza que fez a escolha certa. “Eu sempre gostei de trabalhar com apartação, gostava de cavalos desde menino, tempo em que tentava “quebrar” um potro do meu jeito. Depois que perdi o meu pai resolvi ser eu mesmo. Fiz as malas e vim para o Texas aprender apartação, que é uma atividade que adoro”, disse Bangal se referindo aos seus sonhos e a sua mania de domar cavalos desde criança. Mas, correr atrás dos sonhos exige muita determinação e não foi nada fácil o início da sua vida em solo americano. A língua dificultava os relacionamentos e o talento em domar animais incomodou alguns treinadores. Aprender a língua pátria também não foi tarefa fácil. Por essas e outras dificuldades demorou a se relacionar, a fazer amigos, a namorar. Mas essas etapas foram vencidas passo a passo, com muita determinação. Bangal é casado com Érica da Silva e tem dois filhos, Gabriela de 24 anos e Landon de 6. Os amigos hoje se misturam entre brasileiros e americanos. Acostumado a enfrentar desafios, Bangal afirma que eles são uma chance dada por Deus para subir mais um degrau na vida. Determinação

Há 22 anos, quando chegou ao Texas, Bangal foi ao encontro do treinador Roy Carter, que conheceu no Brasil durante um rodeio no Parque Canindé, realizado pela Traffic. De Carter buscava conhecimento e trabalho. Demorou um mês para encontrálo, mas logo após começou a trabalhar com a doma de cavalos jovens de 2 e 3 anos, o que fez até 1999, quando voltou ao Brasil para uma temporada em seu País. De volta aos Estados Unidos trabalhou com a doma de animais para diversos criadores até o ano de 2008. Mas entre um trabalho e outro, no ano de 2004, durante período que treinava animais para Tommy Manion conheceu o brasileiro Armando Costa, também investidor em animais de competição. Passou a assessorá-lo na compra de animais para a formação do seu plantel, quando

Conhecedor da doma, da apartação e dos americanos, Bangal se tornou uma referência no Texas para brasileiros adquiriram Be My Sunshine e Short Be Sweet e todos os animais da Fazenda Barrinha, cerca de 50, que entraram na liquidação do plantel há dois anos. Naquele período, com as competições conquistando cada vez mais brasileiros, o comércio de animais nos Estados Unidos ficou ainda mais aquecido e Bangal com a sua experiência e o seu bom relacionamento com os rancheiros, começou a abastecer o mercado brasileiro. “O negócio cresceu tanto que alguns ranchos fizeram cocheiras só para a minha quarentena. Depois desta fase comecei a fazer quarentena para minha comercialização. Armando acabou por comprar um rancho nos Estados Unidos, onde seu filho Armandinho treina”, ressaltou. A amizade dos dois brasileiros só cresceu nesse período, mesmo com cada um seguindo o seu caminho. “O Armando foi muito assediado pelos treinadores aqui e os meus negócios também estão crescendo graças a Deus. Eu me sinto parte do sucesso dele aqui e vice-versa”, ressaltou. Conhecedor da doma, da apartação e dos americanos, Bangal se tornou uma referência no Texas para brasileiros e hoje trabalha prestando serviços na comercialização e assessoria de animais. “Quando os brasileiros começaram a comprar cavalos no Texas, o Armando já tinha formado a sua tropa. Ajudei outros criadores como Jamil Buchalla, Guilherme Reich, Fernando Bertim, Haras Motta e muitos


internaCionaL

outros. Fernando também foi importante na minha carreira com a sua busca por cavalos de corrida, o que ampliou o meu trabalho. Hoje eu sou reconhecido e tenho muita satisfação por isso”. Atualmente Bangal trabalha com cavalo para provas de laço, apartação, corrida e auxilia todo o trâmite de importação para brasileiros e criadores de outros países. Ele é também representante internacional do High Brow Cat, maior produtor de animais de apartação do mundo, e do Metallic Cat

para a América do Sul. Metallic Cat no seu primeiro ano de produção atingiu a marca de U$ 1,5 milhão. É o número um dos inscritos do NCHA Futurity de 2014. Além da América do Sul já vendeu animais para Itália e Suíça. “Me sinto realizado, sou uma referência no Texas”. O seu trabalho lhe garante exclusividade com alguns ranchos como o Polo Ranch e Susie Reed, que lhe dão prioridade de venda dos melhores animais e Shadow Oak Ranch de Jeremy Barwick, que também é proprietário do Western Bloodstock, a maior empresa de leilão de animais de trabalho nos EUA. “Acabei de comprar um animal que vai para o Brasil. Além de lindo, conquistou U$$ 25 mil no Working Cow Horse e tem pontuação em tambor”. Entre os muitos animais que já mandou para o Brasil estão: Thundercat, garanhão do Haras Motta; Boody Boonsmal e Bet On Me, garanhões de Jamil Buchala; Short Be Sweet e Rey Rebecca, da Fazenda Barrinha. Para as provas de tambor, Uno Mas Corona do Haras Sobradinho e para as provas de corrida, Panther Mountain de Érico Braga e Fernando Bertim. Para divulgar mais o seu trabalho, Bangal lançara um site em 2015, mas hoje é acessado via Facebook pelo endereço Carlos Bangal da Silva. “As portas estão abertas para os brasileiros que querem trabalhar com cavalos. No que puder ajudar diretamente, ou indiretamente, eu vou ajudar”.



internaCionaL rePortagem BOlIvAr FIlhO texto denISe BuenO

arteSão PauLiSta cOnQuIStA MercAdO AMerIcAnO A arte ele já tinha nas mãos e na alma. No Brasil, trabalhava com artesanato em couro e visitava o Texas, a negócios, desde 2008. Ao ver o mercado existente para o seu trabalho, optou por mudar de país e, há dois anos, trabalha com artesanato nos Estados Unidos

J

oão Batista Dias Filho, o Dão, é artesão brasileiro. Entre cintos, cabeçadas e muitos acessórios ou “traias”, como costumam dizer na linguagem dos cavaleiros, ficou conhecido no Brasil, mais precisamente através da sua loja em São João da Boa Vista/SP. Mas, ao longo da sua caminhada, optou por desenvolver o seu trabalho em um estado americano onde a maioria vive em função do cavalo: o Texas. “ O mercado nos Estados Unidos de acessórios para cavalos é muito grande e enxerguei o meu potencial, por isso entendi que morar aqui seria melhor e mais fácil para vender as minhas peças”. Grande potencial e mercado diferenciado foi o que Dão encontrou ao chegar no Texas. De imediato as

22 22

nov/dez 2014

suas criações foram recusadas pelas grandes lojas com a informação que a sua produção estava desatualizada ou ultrapassada. Mas nada como um dia após o outro, hoje suas peças são referência para os mercados americano e chinês, que produzem, em série, uma grande quantidade de acessórios para cavalos. “A cultura daqui é diferente. O americano conhece o bom produto, ele sabe por que está comprando aquela peça. O couro tem marca, tem griffe, então o valor agregado é maior”, ressaltou. Para conquistar o americano, a temática do seu trabalho que é desenvolvida em couro bordado, Dão foi buscar inspiração na cidade de Sheridan, Estado de Wyoming, onde as flores e folhas inspiram o artesanato local. “O meu trabalho utiliza flores mais definidas e deixa as peças mais bonitas. Por mais bairrista que o texano seja, ele começou a aceitar este trabalho há 10 anos. É um trabalho de mais qualidade e hoje muito valorizado”. As suas peças podem ser vistas com famosos do meio como o campeão de rodeio e homem forte da PBR Cody Lambert e Guilherme Marchi,

competidor brasileiro vitorioso nos Estados Unidos, que desfilou com um dos cintos produzidos por Dão e foi fotografado para revista americana especializada, a Hump´s Horns. Essas divulgações conquistaram novos clientes para o brasileiro. “ Eu faço de tudo, vendo de tudo, mas o cinto é uma peça que pode ser mais trabalhada e dá mais prazer em produzir, em criar”. Vivendo em um país onde o couro tem grife, trabalhar com os melhores curtumes faz parte da seleção do artesão para produzir as melhores e mais belas peças. Segundo Dão, os melhores curtumes são da região de Kentucky . “ O mercado do couro aqui é bem profissional, muito diferente”. Dão ressalta que ser reconhecido em outro país e dentro de um mercado tradicional é muito bom. “ Quando cheguei e fui vender meus produtos nas melhores lojas, só recebi porteira na cara. Me disseram que eu estava fora de moda, que não usavam mais aquelas peças. Hoje, dois anos depois, sejam produtos feitos aqui ou na china todos me imitam, o que prova que não estava errado”. Além desse trabalho, Dão recebe também comitivas como agente de turismo e mostra o que há de melhor no Texas, visita ranchos e lojas especializadas.


Revista Terra TerraBoa BoaAgroneg贸cios Agroneg贸cios Revista

23 23


Artigo

ANEMIA INFECCIOSA EQUINA

A

nemia infecciosa equina é uma doença causada por um vírus do gênero Lentivius, da família Retroviridae, limitada aos equinos, asininos e muares. Não há cura e todo animal infectado tem, por força da legislação sanitária, que ser sacrificado. Muito longe de estar controlada no país, é uma doença que vem preocupando técnicos e criadores que se dedicam à criação de equinos. Podendo causar em um futuro próximo, grandes prejuízos à equideocultura como um todo. Os principais reservatórios desta enfermidade são os portadores inaparentes do vírus, principalmente em tropas que não sofrem monitoramento sorológico periódico. A transmissão é mais comum nas épocas mais quentes do ano e em regiões úmidas e pantanosas. A transmissão ocorre por meio da picada de mutucas e moscas de estábulo, morcegos hematófagos, materiais contaminados com sangue infectado como agulhas, instrumentos cirúrgicos, groza dentaria, sonda esofágica, aparadores de cascos, arreios, esporas e outros, além da placenta, colostro e acasalamentos. Os sinais clínicos são brandos e inespecíficos. Os cavalos infectados podem apresentar febre de 40 a 41ºC, respiração rápida, abatimento, cabeça baixa, debilidade nas patas, redução do apetite e perda de peso. Deve-se realizar o teste sorológico sempre que se for transitar com os animais para eventos (cavalgadas, exposições, provas), quando se efetuar a compra de um novo animal ou quando se for fazer acasalamentos. No caso de dúvidas, procure sempre um Médico Veterinário.

Gustavo Lima Garrido Médico Veterinário - CRMV MG 8999 gustavolgarrido@hotmail.com (35) 91420979

24

nov/dez 2014



SeGurAnçA na PeCuária Uberaba

Igarapava 464

Ituverava

Buritizal Jeriquara

SP-334

São João Batista do Glória

Cristais Paulista Cássia Patrocínio Paulista

MG-050

146

Capitólio

Passos Itaú de Minas

MG-050 MG-446

São Tomás de Aquino

Alpinópolis 265 MG-446

AuMentA O ÍndIce De rouBo De gaDo

Carmo do Rio Claro

MG-184

Conceição da Aparecida

Caminhão boiadeiro vira alvo de assaltantes no Sul de Minas e deixa pecuaristas com prejuízos e amedrontados

S

egurança é palavra de ordem em todo País, inclusive na zona rural. A máxima da tranquilidade na vida do campo está ameaçada pela ação de infratores que viram nos animais, insumos e máquinas uma grande oportunidade para furtos e roubos. Pecuaristas do Sul de Minas, região de grande concentração de gado de leite e

26

nov/dez 2014

de corte, sofrem com roubos de animais e estão cada vez mais preocupados com a segurança. No Sindicato Rural de Passos (SINRURAL), o Tenente reformado da PM de Minas Gerais, Vando Antônio Pereira, assessor de segurança pública do Sindicato, atua na prevenção e orienta os produtores a reforçarem a segurança. “O nosso maior problema é a valorização

do produto. O que está em alta chama a atenção dos infratores. As vezes o café, implementos, agora o gado”, ressaltou. Ele destaca que o SINRURAL mantém uma das viaturas da Patrulha Rural, o município tem duas, e esclarece que o patrulhamento é um trabalho difícil diante do tamanho dos municípios. “Somente em Passos são mais de 1.000 Km2”, ressaltou. Segundo Vando, os produ-


Entre as cidades com maior índice de roubos de caminhão boiadeiro estão, Passos, Alpinópolis, Ilicínea, Boa Esperança, Santana da Vargem, Nepomuceno e Lavras, além das cidades próximas e que fazem parte das rotas dos caminhoneiros. No município de Uberaba, os registros de roubos também é frequente. Em decorrência, uma série de ações preventivas são desenvolvidas em parceria com o Sindicato Rural.

Guapé

Cristais 265

Ilicínea Parque Estadual Serra da Boa Esperança

369

Perdões Campo do Meio

Boa Esperança

354 MG-335

Coqueiral 265

265

Campos Gerais

Santana da Vargem

265

Nepomuceno MG-167

Lavras

Três Pontas

tores têm buscado adotar medidas de segurança para proteger as suas propriedades com alarmes e câmeras de filmagem. No início do mês de novembro, eles investigavam quatro assaltos que totalizaram 70 cabeças de gado. Dessas ações, 25 novilhas Girolando foram resgatadas no município de Nepomuceno/MG. Ainda segundo Vando, as denúncias anônimas têm ajudado na investigação.

Os pecuaristas Guilherme Freire Macedo Bastos e Bolivar Filho foram vítimas desses infratores. Em maio, suas 25 novilhas Girolando transportadas para Passos/MG foram roubadas a poucos quilômetros da fazenda, a poucos metros do pedágio. Guilherme afirma que o transporte noturno é a primeira ação que deve ser evitada. Os animais foram resgatados no município de

Nepomuceno/MG. “A ação só foi possível pelo envolvimento pessoal e busca dos animais com o apoio dos investigadores”, disse Guilherme. Para Bolivar Filho as rodovias pedagiadas deveriam fornecer filmagens dos veículos para que criadores e polícia pudessem ter mais elementos nas ações de busca. Para Renato Gonçalves dos Reis, o Renato Piriquito, há muito a ser Revista Terra Boa Agronegócios

27


segurança na pecuária Perdões

354 MG-335

265 265

Nepomuceno

265

Lavras

feito pelo Sindicato Rural. A sua propriedade, em Passos/MG, foi furtada no mês de outubro, levaram 33 cabeças de gado, um cavalo e dois arreios. O seu prejuízo chega a R$ 75 mil reais e até o fechamento desta edição, na primeira semana de novembro, não havia nenhum sinal dos seus animais. “ Cidades da região do Triângulo Mineiro estão adotando medidas de segurança com bons resultados, acredito que poderíamos fazer o mesmo em Passos com o apoio do Sindicato ”,

28

nov/dez 2014

Região de Nepomuceno onde foram encontradas as novilhas Girolando

ressaltou. Ele também acredita que uma ação mais direcionada chega aos infratores, já que há muitos indícios de quem esteja praticando esses atos na região. “ Hoje nós temos medo de dormir nas fazendas”, concluiu. Para alguns empresários de transportes falta mais comunicação entre os envolvidos no processo. Compradores, vendedores e transportadoras deveriam monitorar em tempo real a carga para inibir assaltos ou até mesmo rastrear cargas

roubadas. A opção por caminhões monitorados também é uma das medidas ressaltadas pelos envolvidos na cadeia de compra e venda de animais. Os Sindicatos Rurais atuam juntamente com a Polícia Civil e Militar em busca de mais segurança. Em Uberaba, o presidente do Sindicato Rural, Romeu Borges de Araújo Júnior, vai apresentar projeto para leiloeiras e frigoríficos no qual sugere a filmagem de todos os animais comercializados e abatidos. Desta



segurança na pecuária

forma, acredita-se que haverá mais informação para descobrir cargas roubadas, encontrar animais ou quem está atuando ilicitamente. “ O projeto pode ser estendido para todo País”, ressaltou. Outras medidas de segurança já foram implantadas pelo Sindicato Rural de Uberaba como a implantação das AISP Rurais (Área Integrada de Segurança Pública Rural), um trabalho em parceria entre o Sindicato e a Polícia Militar, que gera mais segurança para os produtores. Outra ação é realizada através da Fazenda Protegida, onde as propriedades são monitoras em tempo real pela Polícia Militar. Romeu ressalta que as ações dos infratores levam muitos produtores a arrendar a sua área para o plantio de cana ou soja

em decorrência da dificuldade em contratar mão de obra, após serem assaltados. Segundo ele, na região de Uberaba chegou ao absurdo dos infratores negociarem propina com o criador para não levarem o gado, durante uma ação que envolvia 200 cabeças. “ Isso é um absurdo e a nossa legislação é subjetiva, ao permitir que os infratores respondam ao processo em liberdade”, disse. Os roubos não estão restritos aos animais. Ordenhadeiras e insumos também são mercadorias para furtos, muitas vezes comercializadas em outros estados. O deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSC) tem realizado trabalho junto aos sindicatos, e Polícias Civil e Militar através de audiências públicas para detectar os pontos fracos da segurança e

orientar medidas de prevenção. “É de fundamental importância que as nossas cidades se mobilizem para discutirmos a segurança nas propriedades rurais. Tínhamos antigamente o rótulo de que morar na roça era sinônimo de paz e atualmente a intranquilidade reina entre os produtores. Por isso, é interessante que as lideranças políticas e de segurança busquem juntas melhorias para a segurança nas propriedades rurais”, disse Arantes. O deputado ainda ressaltou que já realizou uma audiência pública em São Sebastião do Paraíso, após a eleição, e afirma que o seu trabalho direcionado à segurança continuará no próximo mandato. “ Essas ações têm gerado resultado com a denúncia de suspeitos e a prisão de quadrilhas”, concluiu.

À esquerda o Deputado Estadual Antônio Carlos Arantes (PSC) durante Audiência Pública

30

nov/dez 2014


O Ten. Vando Antônio Pereira que participou da ação em Nepomuceno/MG, que resgatou animais

Uberaba

Igarapava 464

Ituverava

Buritizal Jeriquara

SP-334

São João Batista do Glória

Cristais Paulista Cássia Patrocínio Paulista

MG-050

146

Capitólio

Passos Itaú de Minas

MG-050 MG-446

São Tomás de Aquino

Alpinópolis 265

O presidente do Sindicato Rural de Uberaba Romeu Borges de Araújo Júnior MG-446

Carmo do

Rio Claro Revista Terra Boa Agronegócios 31


Pecuária De CORTE

Tufubarina, uma década de seleção genética Ele está prestes a comemorar os seus primeiros 10 anos de dedicação à raça Senepol; esta data será muito significativa por mostrar o quanto o Senepol Tufubarina cresceu e se profissionalizou.

C

riador apaixonado pela raça, se define como um sujeito simples, de fácil trato, sem “papas na língua”, que defende com unhas e dentes o correto e o honesto. A seriedade é transparente em sua apresentação e esta é a primeira impressão que temos do Gustavo. Referência que sobressai entre seus clientes e parceiros.

32

nov/dez 2014

Trabalho sério traz resultados. E são justamente os melhores resultados, os melhores animais, que ele oferece àqueles que buscam o Senepol, seja para a produção comercial, cruzamentos ou para a seleção genética. O seu comprometimento é com a raça, com o cliente, com parceiros e empresas. No resultado do seu trabalho estão as avaliações do programa Alta

Performance Tufubarina que tem como parceiros a Alta Genetics do Brasil, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e o Grupo Qualitas. Na sua terceira versão, o programa avaliou animais da Tufubarina e de convidados, com foco na identificação de animais contemporâneos de alto desempenho com equilíbrio entre as características de ganho


Gustavo Rezende Vieira está a frente das atividades na Senepol Tufubarina desde 2004. O apoio da família é fundamental para o seu trabalho. Na foto com a mãe Angelina, o irmão Frederico, o pai Walter ( falecido em outubro), em registro no Camaru de peso, carcaça e precocidade reprodutiva. Este não é o único programa do qual a fazenda participa. O CP Lagoa é outro deles. E a sua busca por melhoramento genético não para. Ele incorpora outros elementos e programas, que mostram a responsabilidade para vender genética comprovada com o foco no seu programa de seleção: precocidade, acabamento e funcionalidade. “Do bezerro ao boi gordo, tenho visto o Senepol como agente de mudança econômica em várias propriedades que investem em nossos animais. E se tem uma coisa que me deixa muito satisfeito, é saber que o investimento que o cliente faz em nossos animais traz retorno e contribui para o crescimento econômico dele”.

A Fazenda Situada em Monte Alegre de Minas, no Triângulo Mineiro, a Fazenda Tufubarina tem área total de 780 hectares, que são divididos entre a silvicultura e área de pastagens para a criação exclusiva de Senepol POI. O Senepol chegou à fazenda em 2005, quando buscavam agregar valor aos seus animais. “Vendíamos em média de 800 a 1.000 bezerros por ano e passaria a vender 100 se continuasse trabalhando com rebanhos comerciais, após optar por fazer a maior parte da fazenda em floresta. Estudei diversas raças, taurinas e zebuínas. Fomos pioneiros na criação do Senepol e o desafio de fazer dessa raça uma que contribuísse com a pecuária nacional é que nos

motivou a encarar esse desafio”, ressaltou Gustavo sobre o início do trabalho que envolveria a seleção genética e os levaria a ser um dos criatórios de referência no País. Os primeiros animais formadores do plantel Tufubarina foram adquiridos dos mais importantes criatórios nacionais e, desde então, através de tecnologia em reprodução, a Tufubarina vem produzindo genética de excelência. Crescimento e referência Para atender a demanda é preciso melhorar sempre. E nesse quesito, Gustavo não mede esforços. Com foco na seleção de animais, busca o que acredita ser essencial para um taurino adaptado, investindo em tecnologias de avaliação para medição da carcaça, conRevista Terra Boa Agronegócios

33


Pecuária De CORTE

sumo alimentar, ganho de peso, tudo isso com foco no identificador de animais melhoradores que irão manter o banco genético da Tufubarina e movimentar plantéis em todo País. “Nosso compromisso é com o cliente, com o que ele busca e espera do Senepol, que é fazer animais que atendam mercados exigentes, principalmente através de monta natural. Vamos sempre, sem exceção, oferecer ao mercado animais que, através de avaliações, estejam na cabeceira de qualquer plantel Senepol no mundo, e que atendam, sempre, às expectativas do seu investidor”. Essa responsabilidade com o cliente é ressaltada pelos técnicos que acompanham os trabalhos da Tufubarina e que participaram durante o Congresso Internacional da raça do Tufubarina Embryo Shopping, evento que ofertou embriões e prenhezes de alto valor genético. Para Rodrigo Taveira Peixoto, da Alta Genetics, o criatório atende o mercado em várias frentes através da Central. “A Tufubarina trabalha conosco em dois caminhos, para a venda de sêmen e na venda de embriões. O seu trabalho é seguro, baseado em números o que reflete no crescimento da sua aceitação no mercado”, ressaltou. Rodrigo Ribeiro da R&S Consultoria participa das avaliações da Tufubarina desde o início dos programas e confirma o propósito de Gustavo em vender apenas animais avaliados. A empresa foi responsável pela primeira prova de ganho de peso. “A ideia surgiu diante da importância em avaliar a raça. Naquele

34

nov/dez 2014

momento ninguém avaliava o Senepol. Hoje, mais empresas integram o programa e somos responsáveis pelo exame andrológico dos machos e, nas fêmeas, avaliamos a população folicular e a precocidade sexual”. Atualmente, Gustavo ressalta que o mercado tem exigido mais frame e carcaça para atender determinados cruzamentos. “Por ter origem britâni-

“Nosso compromisso é com o cliente, com o que ele busca e espera do Senepol, que é fazer animais que atendam mercados exigentes, principalmente através de monta natural“ ca, eu gosto de trabalhar com frames moderados e busco em nossa seleção animais de extrema precocidade, acabamento e funcionalidade. O desafio é atender ao mercado, por isso os estudos de acasalamentos feitos na Tufubarina são direcionados buscando

o que acredito ser o futuro da raça, com animais de frame moderado, e, ao mesmo tempo, selecionando animais que atendam também a esses nichos, como é o caso do Three-cross Senepol x F1 Aberdeen, que precisa de um pouco mais de carcaça”. Para Gustavo o cruzamento industrial é um caminho sem volta para a pecuária nacional, pois para ser exportador para um mercado de consumidores exigentes é necessária a industrialização. Compromisso e Seleção Considerado um selecionador sério pela sua atuação e por trabalhar com números reais, que são mostrados através dos programas de desempenho da raça dos quais participa, Gustavo, juntamente com outros criadores, escreve a recente história do Senepol no Brasil. O bom resultado com os animais já comercializados é ressaltado pelo criador Rubens Oliveira da Cunha que tem propriedade em Goiás. Há quatro anos investe no Senepol e considera o resultado obtido excelente. Ele aposta no cruzamento do Nelore com o Senepol e afirma que é importante investir em animais de qualidade de criatórios sérios como a Tufubarina. “Ouvi de um amigo criador que na raça Senepol, como em qualquer outra raça, existem melhoristas e oportunistas. Eu sempre fui de fazenda, sei bem o impacto que um animal melhorador tem em uma propriedade. O sucesso


ou insucesso do seu negócio depende de escolhas corretas ou erradas que fizer. Um ótimo touro pode ser um alto investimento, com ótimo retorno. Um péssimo touro pode ser um baixíssimo investimento, com nenhum retorno. Avaliar é identificar dentro do seu rebanho ótimos e péssimos. O péssimo é descartado por melhoristas, e faturado por oportunistas. Recebo vários e vários criadores buscando touros Tufubarina na fazenda todo ano. Fazendo as contas, sou capaz de afirmar que 70% dos clientes de touros que nos procuram têm como principal preocupação o valor do animal, e que no fim da prosa, me perguntam sempre se eu não tenho um fundinho, um que não deu registro, um mais fraquinho, e mais barato. Mas é para os outros 30% que me procuram que invisto em avaliação. A prosa é outra. “Qual o melhor touro avaliado? É ele que eu quero, bota preço”. É para esse criador que investimos tempo, dinheiro, suor e dedicação no processo de seleção do nosso rebanho”, disse Gustavo. Programas de Avaliação O Alta Performance Tufubarina é um programa de avaliação de animais

jovens que busca contribuir com o melhoramento da raça no Brasil e no mundo. Devido ao número de animais e acurácias baixíssimas, os criadores ainda não podem contar com as DEPs de avaliações genéticas para fazer os acasalamentos. “Indivíduos melhoradores precisam ser identificados e utilizados, para que a raça não se perca em modismos e raridades. É obrigação do criador fazer um filho melhor que seu pai, uma filha melhor que sua mãe. Caso contrário, seríamos todos um bando de incompetentes no nosso trabalho de melhoramento da raça. O Alta Performance Tufubarina nada mais é que uma aliança de pessoas envolvidas e empenhadas nesse melhoramento. Criadores, mercado e ciência focados na busca por animais superiores. O número de animais avaliados em 2014 foi quase o dobro de 2013 e, pelo andar da carruagem, metade dos animais que serão avaliados em 2015. Uma das figuras mais importantes dessa avaliação é a Dra. Carina Ubirajara, da UFU, profunda conhecedora de melhoramento genético e que vem fazendo um trabalho admirável nessa avaliação”, afirmou Gustavo. Os animais da Tufubarina são avaliados em duas provas de ganho em

peso, a fazenda tem todo o seu plantel avaliado pelo Qualitas Melhoramento Genético. Participa do Centro de Performance da CRV Lagoa há cinco anos. “Criamos em aliança com a Alta Genetics e UFU, o programa Alta Performance Tufubarina, para que tivéssemos todos os animais nascidos nas safras da Tufubarina avaliados em diferentes grupos contemporâneos. O grande destaque para esses programas de avaliação está, sem sombra de dúvida, na imparcialidade dos resultados. Todas as coletas de dados são feitas por profissionais que não fazem parte do staff das fazendas, e com um objetivo único de identificação, doa a quem doer. Só há uma maneira de ser transparente e imparcial é divulgando todos os criadores que participam com animais do teste, os resultados obtidos por seus animais em comparação aos outros animais. A seriedade, imparcialidade e responsabilidade de quem avalia esses animais é que garante que os resultados não são obtidos pelos criadores, mas pelos animais que da prova participam”, concluiu. Contato

gustavorezendevieira@hotmail.com

Rodrigo Peixoto, da Alta Genetics, o criador Rubens Ribeiro, Carina Ubirajara da UFU e Rodrigo Ribeiro da S & R Consultoria, parceiros da Senepol Tufubarina.

Revista Terra Boa Agronegócios

35


leilão

Alta Performance Tufubarina O Leilão alcançou grandes médias e comercializou 50% do touro Barbaridade Tufubarina, hoje o reprodutor da raça, em central,mais valorizado do País 36

nov/dez 2014


O

s seis meses de trabalho sério de avaliação do Alta Performance Tufubarina foi encerrado no dia 29 de novembro, em Uberlândia, durante o 3º leilão da prova, quando os melhores animais de 2014 foram comercializados em lotes de 30 doadoras POI e 50 reprodutores POI. O projeto desenvolvido há três anos consecutivos tem o apoio de profissionais da Alta Genetics, Universidade Federal de Uberlândia e Tufubarina Senepol, que selecionaram 80 ani-

mais entre os 158 apresentados para a prova, realizada em Monte Alegre de Minas, na Fazenda Tufubarina. Os animais contemporâneos em 90 dias receberam a mesma alimentação, os mesmos cuidados, as mesmas avaliações, durante os seis meses que ficaram confinados, como forma de identificar aqueles que serão melhoradores dentro da raça. Foi avaliado ganho de peso, desenvolvimento de carcaça, marcas reprodutivas e padrão racial. Os animais selecionados e apresentados durante o leilão mostraram

mais uma vez o potencial da raça com as expressivas médias de comercialização de R$ 35.307,00 para as fêmeas e de R$ 12.900,00 para os reprodutores. O destaque do leilão foi a comercialização de 50% do reprodutor Barbaridade da Tufubarina, por R$ 66.000,00 , cujo investidor foi o cantor Michel Teló. O animal sagrou-se um grande representante da raça Senepol, o touro mais estimado, disponível em uma central no Brasil, sendo valorizado por R$ 132.000,00. A comercialização dos animais resultou na movimentação de R$ 1.354.321,00. RevistaTerra TerraBoa BoaAgronegócios Agronegócios Revista

37


reProDução

uMA eStAçãO de monta menor A IATF é uma das alternativas para os pecuaristas reduzirem o período da Estação de Monta e garantirem a fertilidade e inseminação das fêmeas.

38

nov/dez 2014



Reprodução

E

m 2014 teremos uma Estação de Monta atípica na região Sudeste, em relação aos anos anteriores, decorrente da forte seca que agrediu a região. Produtores e criadores viram a silagem preparada no início do ano chegar ao fim e os pastos rapados e secos. A expectativa de que a estação das chuvas garantisse novos pastos para a alimentação do rebanho não se concretizou nos meses de setembro e outubro. Todo esse contexto deixou os pecuaristas em alerta com as condições reais para programar a estação de monta, que começou na segunda quinzena de novembro, na maioria das regiões de produção da região Sudeste.

40

nov/dez 2014

A seca, a diminuição do volumoso e o forte calor do período, que também reduz a fertilização dos animais, exigirá maior eficiência no trabalho de reprodução programada realizado na EM. Segundo Gustavo Rezende Vieira, do Senepol Tufubarina, vai ser preciso maior eficiência para se conseguir melhores índices de prenheses para estender o mínimo a Estação de Monta. “Quem quiser fazer maioria de bezerro em agosto, deverá usar ótimos protocolos para conseguir o máximo de prenheses em 60 dias”, disse o criador. Para Davi Oliveira, da Boi Consultoria, que presta assistência para um grande número de produtores de leite, a

preocupação está sobre a produção de volumoso. “No leite a turma está querendo se preparar melhor com a quantidade de volumoso, em decorrência algumas regiões vão atrasar a EM”, destacou. A Estação de Monta programada facilita o manejo da fazenda com os animais sendo inseminados em período de melhor escore corporal, o que garante a sanidade de mães e filhos, e traz uma série de benefícios para o momento da comercialização, gerando valor médio maior para os bezerros. Mas para que isso ocorra é preciso que aja equalização de material nutritivo de melhor qualidade e em quantidade no período de fertilização


dos animais, sempre marcado pelo início do período chuvoso. É justamente o que está em xeque nesse ano de 2014, com a demora das chuvas e a falta de pastos. Segundo Cristiano Leal da CRV Lagoa, nos últimos 10 anos a Estação de Monta vem sofrendo atrasos em decorrência das chuvas. A alternativa do pecuarista nesse processo é reduzir o período da EM e utilizar as IATFs para garantir que as fêmeas que não estejam com escore ideal para a gestação possam ser inseminadas. “Uma das grandes preocupações é não deixar essas mães com barrigas vazias por muito tempo. O importante é que as fêmeas com

baixo escore corporal entrem na EM com energético positivo, ganhado peso, desta forma, logo vão se recuperar com a chegada das novas pastagens. Assim, vão estar aptas a terem o cio estimulado e serem fertilizadas”, disse. Ele ainda acrescenta que não tem como evitar o atraso, mas que o pecuarista pode reduzir o período da EM para manter o máximo de nascimento dos bezerros programados para os meses de agosto e setembro. “ Estudos nos mostram que os bezerros que nascem no início da EM tem melhor desempenho”, ressaltou. Ainda segundo o técnico, os pecuaristas que já trabalham com foco na EM e na seleção de animais optam

pela técnica, mas esse número ainda é baixo no País. No universo das vacas aptas a reprodução, apenas 10% do rebanho é inseminado. As chuvas chegaram nos primeiros dias de novembro e já verdejaram os pastos. A expectativa é que se mantenham em índices suficientes para plantio na região Sudeste. Mas, o alerta sobre a redução dos recursos hídricos é uma realidade (leia matéria na página 12). Com as alterações climáticas, o pecuarista deve estar alerta para programar da melhor maneira não só a Estação de Monta, mas todas as atividades da fazenda, com a expectativa de menor quantidade de chuva para os próximos anos.

Revista Terra Boa Agronegócios

41


Congresso

senepol ganha mais espaço na pecuária de corte O desenvolvimento da raça Senepol no Brasil, atrelado ao melhoramento genético, mostra a eficiência do taurino nos seus 15 anos em solo brasileiro, com resultados que provam suas excelentes características zootécnicas.

42

nov/dez 2014


“ Um dos destaques apresentados pelos representantes dos países da América Latina foi o cruzamento do Senepol com as raças Jérsey e Holandês para o fomento da produção leiteira.”

E

sse debate somado ao que a raça apresenta em outros países da América Latina e EUA foi apresentado em Uberlândia/ MG, no mês de setembro, durante o 1º Congresso Internacional da Raça Senepol e a 37º Convenção Anual da Senepol Cattle Breeders Association. A experiência de criadores da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, México, Costa Rica, Estados Unidos, África do Sul, Austrália foi apresentada para pecuaristas e profissionais da área. Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovino Senepol (ABCB Senepol), Gilmar Goudard, o momento foi oportuno para aliar esforços e mostrar a grandeza e a viabilidade do

Senepol como a raça que eleva a competitividade da pecuária de corte em países tropicais. Gilmar também clamou pela padronização mundial da raça. Diversos plantéis apresentaram seus animais na Cidade do Senepol, montada no Camaru, e temas como a evolução da raça, eficiência alimentar, evolução genética e perspectivas de mercado ganharam espaço no debate de profissionais da área. Três leilões de três grandes criatórios: Senepol 3G, Nova Vida e Parceiros do Senepol mostraram a força do Senepol com remates apresentando médias crescentes e liquidez total. Um leilão solidário foi realizado em prol do Hospital do Câncer de Uberlândia. O livro “Senepol: feito para o Brasil”, desenvolvido pelo jornalista Daniel de Paula, foi lançado no último dia do evento. A ABCB Senepol promoveu uma reunião aberta com os presidentes de associações nacionais de outros países, mais o da Senepol Cattle Breeders Association (SCBA), que regulamenta a raça mundialmente desde 1954, quando foi criada, nos EUA. A pauta principal foi a padronização da raça em todos os países. O Senepol no mundo A realidade da raça nos países participantes do Congresso mostra a diminuição do rebanho nos Estados Unidos, com a preservação da base genética para o refrescamento do sangue nos criatórios que mantêm

a raça para cruzamentos. Um dos destaques apresentados pelos representantes dos países da América Latina foi o cruzamento do Senepol com as raças Jérsey e Holandês para o fomento da produção leiteira. No Panamá, Costa Rica e República Dominicana esses cruzamentos já apresentam produção de até 20 litros/ dia, o que é considerado excelente para os países que trabalham com déficit na produção leiteira de até 50%. A criação para a pecuária de corte continua sendo a grande aposta da raça. A boa adaptabilidade dos touros para a cobertura a campo é um grande diferencial para os países que têm dificuldades para a utilização de técnicas de inseminação artificial e in vitro, entre eles muitos da América Latina. O Brasil tem rebanho superior a 48 mil cabeças, com metade de animais puros. A padronização da raça poderia colocar o país em vantagem, pois detém a base genética diversificada em potencial para ancorar esses plantéis internacionais. Avaliação Genética A padronização mundial da raça deve ocorrer com a contribuição do Brasil através da Embrapa e do programa Geneplus. A proposta foi apresentada durante o Congresso pelo presidente Gilmar Goudart. Cada país fará a sua coleta de dados que será unificada pela Embrapa e, assim, sera elaborado documento mundial da raça. Revista Terra Boa Agronegócios

43


CongreSSo

BrASIl Se deStAcA na raça SenePoL Em apenas 15 anos de criação e seleção genética do Senepol, o Brasil poderá contribuir para a disseminação da raça no mundo, seja através da venda de seus animais selecionados, seja através de unificação de dados da raça.

O

debate, já em andamento, foi aclamado pelo presidente da ABCB Senepol, Gilmar Goudart, durante o 1º Congresso Internacional realizado em Uberlândia, no mês de setembro. Com potencial para a expansão de criatórios, a raça está em 17 estados e mais o Distrito Federal, consolidandose e conquistando novos investidores. Para atender a demanda da população mundial, o Brasil deve aumentar a sua produção de alimentos em até 40% até o ano de 2020, conforme dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Na pecuária de corte, o seu potencial de produção é de 10, 2 milhões de toneladas/ano de carne bovina. O País é o segundo maior

44

nov/dez 2014

produtor de carne no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, mas lidera o ranking das exportações. Em 2013 foram exportados 6,66 milhões de toneladas (dados da FGV). A produção na pecuária de corte é crescente em meio a expectativa de firme demanda para o consumo da carne brasileira. Em 2014 deve chegar a 4% e 10,65 milhões de toneladas. Com tantos números a favor dos pecuaristas, os criadores de Senepol buscam consolidar o seu espaço no mercado de carnes. O Brasil segue a frente com número significativo de animais, tecnologia empregada e provas de eficiência. Os resultados apresentados no Congresso Internacional mostram resultados expressivos em relação a outros países das Américas.

Nos EUA, por exemplo, o país mantém pequeno rebanho para refrescamento do sangue com criatórios mantidos apenas com foco no cruzamento. Em outros países da América Central como Costa Rica e República Dominicana, os criadores investem na seleção de animais com foco na produção de carne e de leite. O foco para o leite também é uma das apostas do Panamá. No Paraguai e Colômbia os números de animais registrados são expressivos em relação à produção desses países. Os criadores brasileiros mantêm rebanho com mais de 48 mil cabeças, sendo que pouco mais da metade desse número são de animais puros. Nas Américas, é o País com o maior número de animais PO registrados em associação.


Com tantos números a favor dos pecuaristas, os criadores de Senepol buscam consolidar o seu espaço no mercado de carnes. O Brasil segue a frente com número significativo de animais, tecnologia empregada e provas de eficiência. Revista Terra Boa Agronegócios

45


Galeria CONGRESSO

Neto Garcia e Gilmar Goudart

Hans Lawaetz

Claudio Gasperini e Jo찾o Gabriel

46

nov/dez 2014

Almir Sater e Aldoir Tel처

Fadi Sper, Adilson Reichi, Carl찾o e Rodrigo Matos


Gilberto, Vanderlei, Daniel, Luiz Fernando e Neto Arantes

Prof. José Carlos

Prof. Gilberto Menezes

Ricardo do Senepol Soledade e Jair dos Santos do Senepol Água Limpa

Gilmar Goudart e membros da comitiva internacional

Claudio, Gilmar, Arthur Euri, Itamar, José Alexandre e Ricardo Magnino

Revista Terra Boa Agronegócios

47


Pecuária De corte

Eles investem

na raça Senepol A raça Senepol tem atraído novos investidores a cada dia, entre pecuaristas tradicionais e novos investidores, que, mesmo atuando em outros segmentos, como a música, têm paixão pela pecuária ou mesmo raízes ligadas ao setor.

D

ados da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol apontam que 60 novos criadores (até o mês de outubro) iniciaram seus criatórios em 2014. Almir Satter e Leo Chaves, da dupla Victor e Leo, foram atraídos pela raça há seis anos e investem na seleção genética. Passaram a investir na raça em 2014, os músicos Jad e Jadson e Michel Teló, que detém as marcas Senepol Taquari e Senepol Pantanal. O cantor e compositor Almir Satter, mantém criatório no Pantanal e, desde 1992, investe no cruzamento industrial para a produção de carne. Na raça Senepol, investe em animais PO há 4 anos. Foi atraído pela docilidade e rusticidade dos animais somada a outras características como precocidade, baixa pelagem e maciez da carne. Em 2014 realizou o seu primeiro leilão, o Genética Brandamundo, marca que criou com o investidor Guilherme Bumlai. Com base genética formada sobre a doadora Sampa, que têm filhos consagrados em centrais como Money e Melhorador, o leilão Brandamundo foi um sucesso de arremates e marcou a entrada dos cantores Jads e Jadson no segmento. O grande destaque do leilão

48

nov/dez 2014

ficou com a venda de 33% de cotas do touro Money Punjab do GBAS para Claudio Godoy por R$ 78.000,00. O touro é filho de WC 98 N em Sampa JAJ. Também foram comercializados 407 lotes de prenhezes por R$ 1,1 milhão e média de R$ 2.833,00. Durante o leilão, Michel Teló, Jads e Jadson e Neto Garcia, do Senepol 3 G,

Almir afirmou que o Senepol é mais uma das raças que veio para somar às outras que já são sucesso na pecuária nacional e que atraem artistas de diversos segmentos para o investimento na pecuária criaram o condomínio Viola ao adquirirem cotas de 25% da doadora BRM 0017, da Brandamundo, que comercializaria 50% do animal, mas cedeu mais 25%. A doadora é filha de WC 98 N em vaca 6801 J Hercules. Amantes da viola e do Senepol, o grupo mantém a doa-

dora sob os cuidados da Brandamundo. Segundo Almir Satter, 2014 foi um ano positivo para a raça com a entrada de novos investidores, a realização do Congresso Internacional da raça e, também, para a Brandamundo que começou a mostrar os frutos da sua genética. “ Buscamos excelentes animais para formar a nossa base genética e fortalecer a raça. Hoje já dividimos esta genética com os criadores, nossos amigos”. Almir ainda afirmou que o Senepol é mais uma das raças que veio para somar às outras que já são sucesso na pecuária nacional e que atraem artistas de diversos segmentos para o investimento na pecuária. Leo Chaves da dupla Victor e Leo, mantém criatório e seleção genética da raça há 6 anos, em Uberlândia/MG, na sua Fazenda Paraíso. É lá que ele seleciona os animais que já são destaques no seu criatório como Afrodite, Ágata da Paraíso, Accacia da Paraíso, Tropicara 151 e Tropicana 408, JJ1572, JJ1103. Além da docilidade, precocidade, rusticidade, alta rentabilidade, a paixão pela pecuária o levou ao Senepol. Entre os projetos futuros da Fazenda Paraíso está a busca constante pelo alto padrão genético para a transformação da pecuária nacional.


O crescimento da raça Senepol atraiu novos investidores em 2014, entre eles cantores da música sertaneja

Revista Terra Boa Agronegócios

49


artigo

Gustavo Resende Vieira

QUANDO 1+1 nem sempre são 2

Criador de Senepol da Faz. Tufubarina

H

á quase nove anos, quando comecei a criar o Senepol, fui apresentado à raça por um sujeito simples, humilde, de fino trato, e, ao mesmo tempo, objetivo. Era um comerciante, com objetivos traçados e sangue nos olhos, para fazer do Senepol uma grande raça em nosso país. Ricardo Carneiro, da Soledade Senepol, havia adquirido o melhor banco genético da Ganadeira 63 no ano de 2004, e, em 2005 e 2006, já tinha material para disponibilizar ao mercado. Ele buscava empreendedores, empresários, homens de visão que contribuiriam para a expansão desse taurino adaptado que, como ele já havia percebido, é, sem dúvida nenhuma, uma ferramenta essencial para que o Brasil produza mais e melhor. Fui recebido num sábado de manhã, na fazenda Soledade, e quem me levou até lá foi outro amigo em comum, que sabia que eu procurava entrar para o mercado de genética, uma vez que a silvicultura ocupava grande parte da Tufubarina, mas não o meu coração de pecuarista. Foram quase 5 horas de conversa, e, se tem uma coisa de que não me esqueço nunca, é de como fiquei impressionado com o conhecimento do Ricardo sobre bovinocultura e a raça Senepol. Perguntei a ele se era veterinário, ao que prontamente me respondeu: “Não sou veterinário, sou curioso”. Pronto, nascia ali uma grande admiração por um “garoto” de 27 anos, por um projeto, uma raça, um homem. Nascia ali uma enorme amizade, como poucas que fiz até hoje na vida. Essa curiosidade também tomou conta de mim, e, a partir do momento que assinei os contratos das compras de 5 doadoras e aceitei também o desafio de ser diretor de uma pequena associação de criadores, percebi que seria essa curiosidade que faria de mim, que também não sou veterinário, um profundo conhecedor desse bicho vermelho. Há quase 9 anos que, curioso que me tornei, estudo, avalio, pesquiso, mensuro, avalio novamente e melhoro o rebanho que o meu companheiro me cedeu naquela manhã de sábado. E foi essa curiosidade, observando o crescimento da raça Senepol no Brasil, que me levou a entender que se é de obrigação do CRIADOR fazer melhoramento genético, somente através de avaliação é que se consegue isso. Avaliar é identificar animais melhoradores, e, assim, crescer como criadores. Trabalhando com uma raça chamada “do momento”, minha grande preocupação é que esse “momento” seja duradouro, porque fiz do Senepol meu projeto de vida. A única maneira que conheço de se perpetuar dentro de um negócio é trabalhar com responsabilidade, objetivos definidos, muito critério e vergonha

50

nov/dez 2014

na cara. E em pecuária, amigo, tudo isso se resume em uma única palavra: avaliação. Todos sabemos que a demanda por touros Senepol hoje é infinitamente maior que a nossa capacidade de produzir esses animais. Lei de oferta e procura, o touro Senepol hoje vale um bom dinheiro, e remunera bem quem tem investido na raça. Com alguns melhoristas (tem gente séria fazendo melhoramento genético da raça), e cheia de oportunistas (conheço muito “criador” que só tem feito prenhez sexada de macho), a raça Senepol caminha a passos largos e vai ocupando seu lugar dentro da pecuária nacional. Se você deseja iniciar o seu plantel e começar a criar o Senepol, a sugestão que deixo é a seguinte: seja seu intuito o de fazer melhoramento genético ou de investir em um bom negócio, nunca se esqueça da palavra mágica em genética. Avaliação. Adquira animais avaliados, para que o início do seu plantel se dê com a cabeceira de outro plantel mais antigo. Adquira animais avaliados para diminuir o risco do seu investimento, porque a chance desse animal produzir mais cabeceira que fundo é grande. Em genética 1 + 1 nem sempre são 2. A gente não pode afirmar com certeza matemática o que vai nascer de um acasalamento. Mas podemos afirmar com a certeza de melhoradores que as chances dessas características avaliadas serem multiplicadas são enormes. O bom é multiplicado, o ruim não deve ser. E você só vai descobrir o que é bom e ruim, se avaliado. Seja curioso, avalie!! E seja também muito bem vindo à raça Senepol!!

Contato

gustavorezendevieira@hotmail.com


Revista Terra Boa Agroneg贸cios

51


exPoineL texto MÔnIcA cuSSI

pArcerIA de SuceSSO une

exPoineL e exPoBrahman As raças Nelore padrão, Nelore Mocho e Brahman desfilaram o melhor do seu DNA entre os dias 18 e 29 de setembro, em Uberaba/MG, na realização concomitante de importantes feiras agropecuárias, a 43ª Expoinel e a 10ª ExpoBrahman.

O

presidente da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Pedro Gustavo Novis, considera-se satisfeito com os resultados da Expoinel, não somente com pista e leilões, mas também com as relações, parcerias e troca de experiências. A Expoinel encerra o ano-calendário da raça ao levar para a pista de julgamento os animais considerados top de linha, que passaram por severas avaliações ao longo do ano. “Estamos muito felizes com os grandes campeonatos, os juízes julgaram com muito bom senso, de uma forma muito equilibrada, os prêmios foram merecidos”, disse o presidente da ACNB.

52

nov/dez 2014

O jurado da ABCZ, Horácio Alves Ferreira, confirma o nível dos animais, citando diferenças mínimas entre as avaliações. Para ele, não há penalidade por defeitos, são avalizados pelo que um apresenta de melhor que o outro. Com mais de mil animais em pista, ficou difícil para os jurados apresentarem um Nelore destaque. A criadora de Nelore Mocho, Dalila Toledo, teve a felicidade de ver a sua vaca Poliana Da CAR, de 20 meses ,ganhar o título de Reservada Grande Campeã. Com muitos anos de trabalho com o melhoramento genético do Nelore Mocho, ela mostra entusiasmo com seus animais. A pecuarista tem touros distribuídos em centrais de

inseminação e fala com generosidade sobre a dificuldade em apresentar na pista o gado de qualidade. “Eu me sinto vitoriosa, mas é uma luta muito árdua, tem que ter persistência e boa vontade. O destaque hoje é relativo, ora sou eu, ora é outro. Estamos todos lutando juntos e tentando uma vitória para a raça”, completa.


Leilões Em 11 dias de Expoinel, aconteceram 12 leilões oficiais da raça Nelore, com recorde do ano para o lote mais valorizado. O faturamento total foi de R$19,5 milhões. O animal mais valorizado do ano foi vendido no 5º Leilão EAO & Guadalupe, 67% da Grande Campeã da Expozebu, ESPN JAVANESA foi arrematado por R$ 2 milhões. O leilão Nelore Taj Mahal obteve um faturamento de R$1.019.666,88, foram 171 lotes vendidos, entre fêmeas e prenhezes. O lote mais valorizado foi a fêmea de um mês Ortografia FIV TAJ, vendida 67% por R$ 73.592,64. No mesmo dia, foi a vez do 1691º leilão Alianças & Convidados com faturamento total de R$825.600,00 com 30 lotes vendidos.

Já o Virtual Ventres Vip Matinha com a venda de 268 lotes, a média ficou em R$ 4.666,57 por animal. No mesmo dia o leilão Nelore Elite Colorado teve o total geral de R$682.080,00 com a oferta de 78 animais, entre fêmeas, machos e prenhezes. No leilão do Perboni & Convidados, o faturamento foi de R$ 1.732.800,00 com a venda de 3 prenhezes, média de R$ 56.000,00 cada lote, e 12 animais com média de R$ 116.850,98 cada. No leilão Nova Geração da Sabiá a média de prenhezes foi de R$ 23.118,37 por lote. O mais valorizado foi prenhes da AGRA FIV DA SABIA com BASCO SM vendido por R$ 45.600,00. Já no Nelore Pinguim 28 lotes de animais totalizaram R$ 1.945.875,00. O tradicional Leilão Pérolas do Nelore aconteceu na Fazenda Nova Trindade no dia 25 de setembro e ofertou 22 lotes de fêmeas e 1 lote de macho Nelore, com o melhor da genética de pista. A média geral ficou em R$ 62.179,10 por animal. O lote mais valorizado da noite foi a ESSÊNCIA III FIV FNT, vendida por R$ 232.800,00. A terceira edição do Leilão Terras do Nelore ofertou prenhezes e animais, entre machos e fêmeas de elite.

O leilão movimentou aproximadamente R$ 2.400.380,00. Com destaque para o macho RBB Ilaro FIV, de 23 meses, arrematado em 50% por R$ 244.800,00. Por mais um ano o Grupo Monte Verde realizou o Joias do Nelore, e, assim como nas edições anteriores, aconteceu em duas etapas: sendo uma com os animais elite com doadoras e animais de pista e outra com machos de produção, no mesmo dia. Foram ofertados quinze lotes de animais de elite com nove prenhezes, duas fêmeas e quatro machos, a média geral ficou em R$ 21.792,00 por animal, o lote mais valorizado foi a fêmea de 42 meses, FORMOSA FIV FNT, arrematada por R$ 48.000,00. Durante a tarde também foram ofertados 123 touros, a média geral ficou em R$ 6.337,96 por animal. Com o maior faturamento da 43ª Expoinel, o 5º Leilão Prenhezes EAO & Guadalupe ofertou 30 lotes totalizando R$ 6.239.840,00 em vendas, de onde saiu a fêmea mais valorizada do ano. E para fechar os remates da Expoinel 2014, no último domingo de feira, aconteceu o leilão Matrizes Brumado com 60 lotes entre animais e prenhezes da raça Nelore. O total geral do leilão ficou em R$ 403.440,00.

Revista Terra Boa Agronegócios

53


exPoineL

43ª exPoineL cAMpeÕeS e eXpOSItOreS Nelore

Campeonato Bezerro

Grande Campeão

Campeão

Campeão

KAYAK TE MAFRA Rima Agroflorestal Ltda

OBJUAN FIVDO MURA Jatobá Agricultura e Pecuária S/A

BASCO DA SM Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservado Grande Campeão

Reservado Campeão

Reservado Campeão

Grande Campeã

Campeonato Fêmea Adulta

Campeonato Progênie Jovem de Pai

Campeã

Campeão

Reservada Campeã

Reservado Campeão

Campeonato Fêmea Jovem

Campeonato Progênie de Mãe

GHYJARY FIV DA 3R Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda LAWA 3 TE PORTO SEGURO Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservada Grande Campeã

BOLIVIA FIV AMOD Maria Fernanda Chimentão Saraiva

Campeonato Touro Sênior Campeão

KAYAK TE MAFRA Rima Agroflorestal LTDA

Reservado Campeão

GHYJARY FIV DA 3R Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Touro Jovem Campeão

TIRAMISSU 1 TE GUADALUPE Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservado Campeão

VOLVERINE FIV CARPA Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Júnior Maior Campeão

SERENO FIV DO BONY Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservado Campeão

LANDAU DA DI GENIO João Carlos Di Genio

Júnior Menor Campeão

DETROID COLORADO Marcelo R. Mendonça/ Irmãos- Cond.

Reservado Campeão

NOAHA FIV J.GARCIA Beatriz C. Garcia Cid e Filhos- Cond.

FOG FIV MATA VELHA Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

COLUMBIA FIV DA SABIA Fazenda do Sabiá Ltda DEUSA FIV AGROZURITA Agrop. Administrativa Bens Zurita Ltda

Campeã

MERCEDITA I FIV GGOL Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservada Campeã

KAIRA 5 TE PORTO SEGURO Maria Fernanda Chimentão Saraiva

Campeonato Novilha Maior Campeã

LAWA 3 TE PORTO SEGURO Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservada Campeã

VIENA 3 TE GUADALUPE Pedro Augusto Ribeiro Novis

Campeonato Novilha Menor Campeã

Bolivia FIV AMOD Maria Fernanda Chimentão Saraiva

Reservada Campeã

GENOVA GIBERTONI Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Campeonato Bezerra Campeã

JUIZA FIV DA MV Antônio Celso Chaves Gaiotto

Reservada Campeã

EMPA FIV HVP Antônio Celso Chaves Gaiotto

54

Campeonato Progênie de Pai

nov/dez 2014

BASCO DA SM Rima Agroflorestal Ltda

BASCO DA SM Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda BITELO DA SS Rima Agroflorestal Ltda

Campeã

FATHINA TE PORT Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda

Reservada Campeã

GAVINA 2 CRISTAL Pedro Augusto Ribeiro Novis

Campeonato Progênie Jovem de Mãe Campeã

JAMILA TE DA MAFRA Rima Agroflorestal Ltda

Reservada Campeã

GRAN I TE PORTO SEGURO Dorival Antônio Bianchi

Nelore Mocho Grande Campeão

EGAN FIV ANGICO Udelson Nunes Franco

Reservado Grande Campeão KAIROS FIV DA LOUZ Lourival Louza Junior

Grande Campeã

PARCEIRA DA CAR Dalila Cleopates C.B.M Toledo

Reservada Grande Campeã ESMERALDA FIV DA GOYA Goya Agropec. e Com. Ltda.


Campeonato Touro Sênior

Campeonato Novilha Maior

Campeonato Progênie Jovem de Pai

Campeão

Campeã

Campeão

DAKAH FIV ANGICO Udelson Nunes Franco

TARSILA FIV DA FS PEDRO Paulo Pereira Cunha

BASCO DA SM Goya Agropecuária e Comercial Ltda

FIGURINO II DA LOUZ Lourival Louza Junior

THEDESCA DA GOYA Goya Agropecuária e Comercial Ltda

Reservada Campeã

Reservado Campeão

Campeonato Touro Jovem

Campeonato Novilha Menor

Campeonato Progênie de Mãe

Campeão

Campeã

Reservado Campeão

BASCO DA SM Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

Campeã

DESVIO FIV ANGICO Udelson Nunes Franco

ESMERALDA FIV DA GOYA Goya Agropecuária e Comercial Ltda

FAKITA DA ARARAS Paulo Pereira Cunha

Reservado Campeão

Reservada Campeã

Reservada Campeã

Campeonato Júnior Maior

Campeonato Bezerra

Campeonato Progênie Jovem de Mãe

Campeã

Campeã

GRIMALDI FIV DO PINGADO Luiz Antônio Xavier Porto

Campeão

EGAN FIV ANGICO Udelson Nunes Franco

Reservado Campeão

BENJAMIN DA LOUZ Lourival Louza Júnior

Campeonato Júnior Menor Campeão

KAIROS FIV DA LOUZ Lourival Louza Júnior

Reservado Campeão

DONOTAURO FIV DA GOYA Goya Agropecuária e Comercial Ltda

GHAMBOA FIV DA LOUZ Lourival Louza Júnior

EDIÇÃO FIV ANGICO Udelson Nunes Franco

Reservada Campeã

QUERIDINHA DA CAR Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

FRAGANCIA DA CAR Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

FABULA III FIV DA GOYA Goya Agropecuária e Comercial Ltda

Reservada Campeã

SEDOSA TE ANGICO Udelson Nunes Franco

Campeonato Progênie de Pai Campeão

VOLTAIRE II JR DA RS Lourival Louza Júnior

Reservado Campeão

NAPOLEÃO DE NAVIRAI Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

Campeonato Bezerro Campeão

REVEILLON DA CAR Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

Reservado Campeão

EVEREST FIV ANGICO Udelson Nunes Franco

Campeonato Fêmea Adulta Campeã

PARCEIRA DA CAR Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

Reservada Campeã

PORCINA DA FSPEDRO Paulo Pereira Cunha

Campeonato Fêmea Jovem Campeã

MUHIMA DA LOUZ Lourival Louza Júnior

Reservada Campeã

PRIMADONA DA CAR Dalila Cleopath C.B.M.Toledo

Revista Terra Boa Agronegócios

55


exPoBrahman FotoS CARLOS LOPES

exPoBrahman levA AnIMAIS de cAMpO À pIStA

56

nov/dez 2014


A ACBB inova o julgamento de animais, ao unir as qualidades dos animais de pista às dos animais comerciais

força do agronegócio se comprovou, mais uma vez, com a parceria entre a ACNB e a ACBB (Associação dos Criadores de Brahman do Brasil), somando esforços para a realização da 10ª ExpoBrahman, junto com a 43ª Expoinel. Realizadas em parceria, pelo segundo ano consecutivo, a fórmula deverá permanecer para as próximas edições, como afirma o presidente Alexandre Coccapieller Ferreira. “Certamente, essa parceria deve permanecer. A ACNB é uma instituição respeitadíssima por nós e sempre atou como a excelente parceira. As raças precisam se somar e a ExpoBrahman e a Expoinel são exemplos disso”. O destaque em 2014 foi para o promissor projeto de julgamento Brahman a Campo, além dos tradicionais, realizados na pista do Parque Fernando Costa. Os jurados de pista do Brahman a Campo foram Carlos Eduardo Nassif, Lauro Fraga e William Koury, que deram as primeiras avaliações a um projeto inédito, institucionalizado por iniciativa da ACBB. De acordo com Alexandre, o sucesso despertou interesses diversos, de criadores e da própria ABCZ, que já sinaliza intenções de parceria para a Expozebu 2015. Outra organização que pretende realizar esse projeto é o Portobello Resort e Safari, durante a ExpoBrahman Portobello 2015. A soma de qualidades O Brahman a Campo tem como finalidade somar as qualidades apresentadas em pista às qualidades dos animais de produção. “O Brahman a Campo é um projeto de julgamento de animais criados exclusivamente a campo, complementando os julgamentos de pista; além de animais de elite, contamos também com os melhores animais de produção do país. Esse projeto é promissor!”, comenta o presidente da ACBB. Revista Terra Boa Agronegócios

57


expobraman

Bruno Jacinto, criador de Nelore e Brahman, da fazenda Brahmânia Continental, em Barretos/SP acredita que outras raças vão seguir o pioneirismo do julgamento de animais criados a pasto. “É a realidade da pecuária brasileira. Exposição com trato em cocheira é exceção, a regra é o gado a pasto”, completa. O médico veterinário colombiano, Mario Carpena trabalha com a raça há 25 anos e assessora três fazendas no Brasil, inclusive a de Bruno Jacinto. Para ele, o perfil do Brahman no país foi de crescimento nos primeiros sete anos, multiplicando-se país afora e percebe-se que agora, os criadores estão investindo mais em seleção. “Eu participo desde a primeira exposição e somente nesta edição os juízes estão começando a falar de um frame melhor, em um animal mais funcional, que se aproxime mais do que precisamos no campo”, observa. Levando em conta que a seleção na Colômbia vem de 70 anos – e no Brasil há 20 anos, justifica-se o adiantamento do melhoramento genético por lá, porém, ele ressalta que os criadores daqui estão no caminho certo e “deverão produzir muito gado bom”.

58

nov/dez 2014

Julgamentos Os julgamentos de pista tiveram como Grande Campeão o Cigano da Canaã (BCAN 2485), da Agropecuária Leopoldino (Brahman Canaã), de propriedade de João Leopoldino Neto, e como Grande Campeã Mariah BR Lago (LAKO 528), das Fazendas do Lago (Brahman do Lago), de propriedade de Fábio Camargos, Melhor Criador e Melhor Expositor. Já os julgamentos do Brahman a Campo pista tiveram como Melhor Macho o Perplexo FIV OB, da Guaporé Pecuária (Brahman OB), de propriedade de Ovídio Brito, e como Melhor Fêmea, a Lady Uber POI 880, (Uberbrahman), de propriedade de Aldo Valente. O Melhor Criador e Melhor Expositor foi o presidente da associação, Alexandre Coccapieller Ferreira, comprovando sua dedicação ao desempenho da raça no Brasil. Os resultados foram além dos esperados, como ele cita, pois além dos julgamentos, na ExpoBrahman foi realizado, no dia 27, o Leilão Brahman a Campo com animais vendidos com média de R$ 4, 5 mil. Brahmistas americanos e australianos, e os diversos criadores brasileiros participaram desta feira, que teve também um encontro de

criadores na fazenda Morro Alto II, em Uberlândia, realizado pela Uberbrahman. “Contamos com a presença de grandes investidores e importantes criadores que enaltecem a pecuária brasileira. Além disso, nessa edição da ExpoBrahman reaproximamos muitos criadores, os quais passaram a se dedicar apenas à criação de animais de produção. Gostaria de agradecer todos envolvidos na ExpoBrahman, pois todos se empenharam bastante para fazer desse evento um sucesso. Agradecemos também a ACNB e a ABCZ por mais essa excelente parceria, a qual tem dados muitos frutos”, finalizou Alexandre.


Revista Terra Boa Agroneg贸cios

59


exPoSiçÕeS

37ª exPointer AS dIverSAS FAceS dO AGrOneGÓcIO Mais de meio milhão de pessoas visitou a 37ª Expointer (Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários), que aconteceu no início de setembro, em Esteio/RS, superando, assim, o público das últimas três edições.

A

feira contou com inúmeras atividades, como a exposição de 151 raças de animais, como bovinos de corte e de leite, gado misto, bubalinos, equinos, ovinos, caprinos, pássaros, aves, chinchilas e coelhos. As vendas de animais atingiram R$ 12.419.410,00. Dentro da Expointer também aconteceu a Feira de Agricultura Familiar com divulgação e comercialização de produtos da culinária colonial gaúcha e fóruns, seminários, cursos e palestras com temas direcionados ao aprimoramento da agropecuária. Entre concursos leiteiros e leilões, o Concurso Freio de Ouro é a mais disputada prova funcional entre as raças equinas no evento. O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze, ressaltou os bons resultados em todos os setores que totalizaram R$ 2,729 bilhões em prospecção de negócios. “Superamos nossas expectativas e confirmamos o bom momento vivido pelo campo, tanto que somadas as vendas nas duas maiores feiras, Expointer e Expodireto, os resultados foram superiores ao ano de 2013. É importante ressaltar que estes números não vêm do acaso. São reflexos de vários fatores como crédito, o conhecido empreendedorismo dos produtores gaúchos, de nossas

60

nov/dez 2014

indústrias e setor de serviços. Essa foi a Expointer da maior safra da história do RS e as grandes colheitas têm capacidade de dinamizar o campo e gerar renda a produtores, aos municípios e a toda nossa economia, consagrando a expressão: toda vez que o campo vai bem, a economia também vai bem”, detalhou Fioreze. O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, complementou: “os resultados deste ano nos impressionam ainda mais. O produtor já tomou muito crédito e a conjuntura internacional é desfavorável. Portanto, são números fantásticos; um recado de confiança do mercado.” Expointer em números A Expointer registrou R$ 2.713.250.000,00 em vendas de máquinas. O número é 17% menor do que em 2013, mas é considerado ótimo pelo setor na comparação com 2012, superando em 34% as vendas de dois anos atrás. Os números deste ano para o setor de agroindústria familiar R$ 1.953.000,00 superando 2013. O Pavilhão do Artesanato também teve balanço positivo com movimentação de R$ 1,4 milhão em negócios na Feira.


Revista Terra Boa Agroneg贸cios

61


CaFeiCuLtura Por pAtrIcK FIGueIredO - AprecIAdOr de cAFéS GOurMet

clASSIFIcAçãO dO cAFé PeLa QuaLiDaDe A consolidação do mercado de cafés especiais ou gourmet, diferenciados e de alta qualidade, tem ganhado a atenção e despertado a curiosidade dos consumidores.

A

s cafeterias têm se sofisticado e se tornaram pontos badalados e novas lojas e franquias vêm abrindo a cada ano. O Brasil descobriu que produz alguns dos melhores cafés do mundo e, cada vez mais, este café de excelência tem ficado para o mercado interno. Programas de Quallidade e Certificação Um importante passo em direção à qualidade do café brasileiro foi a criação do Selo de Pureza da ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café em 1989. Em 1988 uma pesquisa revelou que 67 % do consumidor brasileiro entendia como “puro” somente o café exportado. Com os programas

62 62

outubro/novembro 2014 nov/dez 2014

da ABIC, atualmente menos de 5 % das marcas são impuras ou adulteradas, o que representa apenas 1 % do volume total do mercado interno. O PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado também pela ABIC em 2004 – atualmente certifica mais de 160 marcas em todo o país. Este programa dá informações sobre a qualidade do café torrado e moído comercializado, permitindo a identificação, a partir dos selos, do tipo de grão, da torração e do perfil de aroma de cada marca. Também classifica os cafés nacionais em três categorias: TRADIONAL, SUPERIOR e PREMIUM ou GOURMET. Cafés Tradicionais Feitos com café arábica ou com até 30 % de café robusta. Podem

apresentar até 20 % de defeitos PVA (pretos, verdes e ardidos), Cafés Superiores Produtos de boa qualidade com valor agregado alto o suficiente para permitir a utilização de matérias-primas superiores. Contêm, no mínimo, 85 % de grãos arábicas e defeitos PVA não podem ultrapassar 10 %. Cafés Gourmet ou Premium Produtos raros e exclusivos que possuem somente atributos de qualidade positivas, características marcantes e únicas e valor agregado muito superior. Excelentes, compostos exclusivamente de grãos arábica (blends ou não) e, de preferência, com origem controlada. Não devem conter PVA. O Programa de Cafés Sustentáveis do Brasil - PCS, também lançado pela ABIC, através de parcerias entre a indústria e os cafeicultores e suas cooperativas, visa a promover a sustentabilidade e a qualidade em toda a cadeia do café, desde o processo agrícola, passando pelo beneficiamento até o processo industrial na torrefação. O resultado é a oferta , cada vez maior, de cafés diferenciados, com rastreabilidade assegurada desde a planta até a xícara.


Outro programa recente da ABIC é o CQC – Círculo de Qualidade do Café – que apoia e normatiza o serviço de estabelecimentos que servem café. Um importante programa de certificação internacional é o Rainforest Alliance. Este selo estampado nas embalagens, significa que os cafés foram cultivados e produzidos corretamente, respeitando todos os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Outro respeitável código de conduta é o Utz Certified que certifica a produção e o fornecimento de café responsável.

Há ainda certificadoras de café orgânico, Fair Trade, etc. Para fechar o círculo da semente à xícara, a Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB) criou o Programa Nacional de Certificação de Baristas que certifica a capacidade técnica e cultural dos profissionais que trabalham com o preparo de cafés em cafeterias, lojas, bares, hotéis e restaurantes. Referência:

Guia do Barista: da origem do café ao espresso perfeito; Edgard Bressani – São Paulo : Café Editora, 2011

“O Programa de Cafés Sustentáveis do Brasil - PCS, também lançado pela ABIC, através de parcerias entre a indústria e os cafeicultores e suas cooperativas, visa a promover a sustentabilidade e a qualidade em toda a cadeia do café, desde o processo agrícola, passando pelo beneficiamento até o processo industrial na torrefação.” Revista Terra Boa Agronegócios

63


Revista Terra Boa Agronegócios Av. Com. Francisco Avelino Maia, 3866 Passos/MG - 37902-138 - Fone: (35) 3522-6252

Edição Especial Capa Dupla! Acompanhe a Revista Terra Boa Agronegócios nas redes sociais e leia também a sua edição digital no ISSUU.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.