A secular Carmen Miranda Há cem anos nascia nossa estrela de primeira grandeza. Para comemorar, o Centro Cultural Banco do Brasil recruta uma nova constelação em quatro shows imperdíveis.
De pequena, a Notável não tinha nada: era Carmen, era Miranda, e era também uma estrela que brilhou quase solitária lá nas terras da nova América. Suas mãos e seus olhos reviravam incansavelmente; o sorriso aberto e os trajes exóticos estampavam as revistas; e sua voz estrangeira ecoava planeta afora. A cantora lusobrasileira que mais fez sucesso no mundo até hoje estaria completando um século em 2009. Faleceu em 1955, mas ainda é uma referência brasileira no exterior, ao lado de Pelé, Ronaldo e do samba. Num ano de homenagens a Carmen Miranda, uma das iniciativas mais completas parte do Centro Cultural Banco do Brasil. Em quatro shows inéditos, com direção artística e musical de Luís Filipe de Lima, o CCBB reúne duplas interpretando várias fases musicais. A mistura de estilos com as canções clássicas faz desta série uma compilação original e extensa da performance da estrela. O projeto Alô... Alô? 100 Anos de Carmen Miranda vai percorrer o Brasil. Começa no CCBB Brasília, depois segue para o Rio, São Paulo e outras 12 capitais. Mais do que apresentações musicais, a série trata do mito e das verdades sobre a cantora. Ruy Castro, que escreveu sua biografia; Sérgio Cabral, jornalista e apresentador; o pesquisador musical Paulo César de Andrade; e o crítico de arte, jornalista e cantor José Antonio Nonato, participam dos espetáculos como apresentadores, contextualizando a carreira e os balangandãs da vida de Carmen, entre blocos de canções.
O que é que a Carmen tinha? Segundo Ruy Castro, o Brasil nunca tomou real conhecimento da extensão do sucesso de Carmen Miranda. Depois de ser a preferida de Getúlio Vargas e encantar o público brasileiro, Carmen seguiu, junto com toda a sua banda, para os Estados Unidos, com a missão de ser a nossa embaixadora na Broadway. Cercada pelo brio nacionalista, se despediu oficialmente do País, com um tom missionário: Meus queridos amigos. Sigo para Nova Iorque onde vou apresentar a música da nossa terra. Às vezes tenho medo da responsabilidade. Carmen tinha o que todos – brasileiros ou gringos - desejavam em tempos de pré-guerra e de conflitos: a imagem da alegria. Pouco compreendida, devido ao seu parco inglês, era através de sua energia que conquistava os fãs americanos. No Brasil, foi popular principalmente com as classes mais carentes. A elite lhe torcia o nariz, mesmo com o estrondoso sucesso norte-americano. Carmen chegou a se magoar com o Brasil e só viria a fazer as pazes com o País no final da vida. Apesar disso, sua popularidade, como rainha e divulgadora do samba crescia sem parar. Carmen tinha o talento de que o povo gostava.
Uma vida num repertório: Alô... Alô? 100 anos de Carmen Miranda Nos shows do CCBB, é esse algo a mais, esse estilo expressivo de Carmen Miranda, que está sempre presente. Na primeira apresentação, no show A Pequena Notável, a moderna voz de Roberta Sá se junta à de Pedro Luis, numa panorâmica com as principais canções da cantora. O público vai poder se deliciar com seus maiores sucessos: Taí, Balance, Na Batucada da Vida, Tico-Tico no Fubá. A segunda apresentação tem Verônica Ferriani e Pedro Miranda, como intérpretes do show Disso é que eu gosto, com canções menos conhecidas, mas não menos importantes, que mantinham a marca de Carmen: composições juninas, humorísticas e os “sambas de meio-de-ano”, que eram os lançados fora da época de carnaval. O terceiro show traz Beatriz Faria e Marcos Sacramento, em Brazilian Bombshell, que foca a fase norte-americana da cantora, abrangendo tanto os filmes de Hollywood como os espetáculos da Broadway. O espetáculo reúne os sucessos em inglês e as canções brasileiras de que o público americano mais gostava. Entre elas as eternas Aquarela do Brasil, Mamãe eu Quero e Touradas em Madri. Na quarta e última apresentação – O que é que a baiana tem? – Eduardo Dussek e Rita Ribeiro fecham a série com um repertório que inclui Ary Barroso, Assis Valente e Dorival Caymmi, entre outros. São as canções que Carmen Miranda consagrou no Brasil, antes dela se mudar para os Estados Unidos. São sucessos tão sacramentados que é impossível selecionar alguma destaque entre tantos clássicos.
CARMEN, do Brasil Seja nas apresentações do CCBB, com o tempero inusitado dos cantores escolhidos, seja com o “peculiar” inglês de Carmen na Broadway, ou ainda nos sambinhas bem delineados que a consagraram entre o povo brasileiro, a marca da Pequena Notável reverbera em toda a sua obra. Carmen Miranda foi cantora e atriz – fez pelo menos 19 filmes – e estrelou shows e apresentações pelo mundo todo. Apesar de portuguesa de nascimento, cresceu, fez carreira e amou e adotou o Brasil, sendo dominada por um sentimento quase ufanista durante toda a vida. Sua carreira nos Estados Unidos foi pontuada sempre pela definição de uma identidade brasileira e latina, sendo até estigmatizada por isso. Profissional dedicada, foi sufocada pelo trabalho, na época em que os contratos com as produtoras e gravadoras beiravam o escravagismo. Carmen levou uma vida relativamente discreta, se comparada ao rol de escândalos e manchetes provocadas por outros astros, mas sempre se manteve na mídia mundial.
Serviço: Em comemoração ao centenário de Carmen Miranda, ícone da música brasileira e uma de suas maiores referências em todo o mundo, o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta "Alô... Alô? 100 Anos de Carmen Miranda", série de quatro diferentes shows dedicados à memória da grande cantora. Com direção artística e musical de Luís Filipe de Lima, a série apresenta as variadas faces do repertório de Carmen (os primeiros anos de carreira, a projeção nacional, a presença em Hollywood e na Broadway, os sucessos mais marcantes), com a participação de especialistas na trajetória artística da intérprete, que falarão sobre sua vida e carreira entre blocos de canções. Produção: Tema Eventos Culturais Administração: Fomenta Produções Artísticas e Culturais
CCBB BRASÍLIA: De 1 a 3/05 - Roberta Sá e Pedro Luís apresentam o show A Pequena Notável. Apresentação do biógrafo de Carmen Ruy Castro. http://www.robertasa.com.br/
http://www.plap.com.br/
Luís Filipe (RJ) – Violão; Eduardo Neves (RJ) – Sopros; Pedro Vasconcelos (DF) – Cavaquinho; Valerinho (DF) – Pandeiro; e Junior (DF) – Percussão.
Banda:
De 8 a 10/05 - Disso é que eu gosto, com Verônica Ferriani e Pedro Miranda. Apresentação de José Antonio Nonato. http://veronicaferriani.com.br/
Luís Filipe (RJ) – Violão; Ademir Jr. (DF) – Sopros; Pedro Vasconcelos (DF) – Cavaquinho; Valerinho (DF) – Pandeiro; e Paulino Dias (RJ) – Percussão.
Banda:
De 15 a 17/05 - Beatriz Faria e Marcos Sacramento, à frente de Brazilian Bombshell. Apresentação do jornalista e pesquisador Sérgio Cabral. http://www.marcossacramento.com.br/
Luís Filipe (RJ) – Violão; Henrique Cazes (RJ) - Cavaquinho; Ademir Jr. (DF) – Sopros; Beto Cazes (RJ) - Percussão; e Junior (DF) – Percussão.
Banda:
De 22 a 24/05 - O show O que é que a baiana tem?, com Rita Ribeiro e Eduardo Dussek. Apresentação do pesquisador musical Paulo César de Andrade. http://www2.uol.com.br/ritaribeiro/
http://www.dussek.com.br/
Luís Filipe (RJ) – Violão; Edu Neves (RJ) - Sopros; Pedro Vasconcelos (DF) – Cavaquinho; Valerinho (DF) – Pandeiro; e Junior (DF) – Percussão.
Banda:
Data: de 1 a 24 de maio de 2009. Dias e horários: de sexta a sábado às 21h e domingo às 20h. Classificação indicativa: Livre para todas as idades. Local: CCBB Brasília - SCES, Trecho 2, Lote 22. Telefone: (61) 3310-7087. Capacidade do teatro: 324 lugares e 4 para cadeirantes. Ingressos: R$15,00 e R$7,50 (para professores, estudantes, pessoas com mais de 60 anos e correntistas do BB).
Bilheteria: de terça-feira a domingo das 9h às 21h. O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural. O transporte funciona de terça a domingo, saindo do Teatro Nacional a partir das 11h. Trajeto e Horários Teatro Nacional: 11h, 12h25, 13h50, 15h15, 16h40, 18h05, 19h30, 20h55, 22h. SHN - Manhattam: 11h05, 12h30, 13h55, 15h20, 16h45, 18h10, 19h35, 21h, 22h05. SHS - Hotel Nacional: 1h10, 12h35, 14h, 15h25, 16h50, 18h15, 19h40, 21h05, 22h10. SBS - Galeria dos Estados: 11h15, 12h40, 14h05, 15h30, 16h55, 18h20, 19h45, 21h10, 22h15. Biblioteca Nacional: 11h20, 12h45, 14h10, 15h35, 17h, 18h25, 19h50, 21h15, 22h20. UNB Inst. Artes: 1h30, 12h55, 14h20, 15h45, 17h10, 18h35, 20h, 21h25, 22h30. UNB Biblioteca: 11h35, 13h, 14h25, 15h50, 17h15, 18h40, 20h05, 21h30, 22h35. CCBB: 12h10, 13h35, 15h, 16h25, 17h50, 19h15, 20h40, 21h45, 22h45.
CCBB Brasília Aberto de terça-feira a domingo das 9h às 21h SCES Trecho 2, lote 22 – Brasília/DF Tel: 61 3310-7087 e-mail: ccbbdf@bb.com.br site: www.bb.com.br/cultura
Repertórios dos shows As músicas não estão na ordem do roteiro, mas em ordem alfabética, as referências de data, ao lado de cada canção, são das gravações feitas por Carmen.
1. Roberta Sá e Pedro Luís, "A pequena notável" Roberta Sá canta: Balancê (João de Barro e Alberto Ribeiro), 1936 Disseram que voltei americanizada (Vicente Paiva e Luiz Peixoto), 1940 Na batucada da vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto), 1934 Taí (Joubert de Carvalho), 1930 Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu e Aloysio de Oliveira), 1945 Pedro Luís canta: Chegou a hora da fogueira (Lamartine Babo), 1933 Goodbye, boy (Assis Valente), 1932 Moleque indigesto (Lamartine Babo), 1933 O dengo que a nega tem (Dorival Caymmi), 1940 Paris (Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho), 1938 Os dois cantam: Alô, alô (André Filho), 1941 Quem é? (Custódio Mesquita e Joracy Camargo), 1937
2. Verônica Ferriani e Pedro Miranda, "É disso que eu gosto" Verônica Ferriani canta: Disso é que eu gosto (Vicente Paiva e Luiz Peixoto), 1940 E bateu-se a chapa (Assis Valente), 1935 Eu também (Lamartine Babo), 1934 O samba e o tango (Amado Regis), 1937 Pedro Miranda canta: Isto é lá com Santo Antônio (Lamartine Babo), 1934 Me dá, me dá (Portelo Juno e Cícero Nunes), 1937 Miss Sertão (Plínio de Britto e Domingos Magarinos), 1930 O que é que você fazia? (Hervé Cordovil e Noel Rosa), 1936 Os dois cantam: Casaquinho de tricô (Paulo Barbosa), 1935 Cozinheira granfina (Sá Roris), 1939 Me respeite, ouviu? (Walfrido Silva), 1933 Que baixo (Milton Amaral), 1939
3. Beatriz Faria e Marcos Sacramento, "Brazilian bombshell" Beatriz Faria canta: Aquarela do Brasil (Ary Barroso), 1943 Chattanooga choo choo (Harry Warren e Mack Gordon), 1942 Chica chica boom chic (Harry Warren e Mack Gordon), 1941 I, yi, yi, yi, yi (Harry Warren e Mack Gordon), 1941 Mamãe eu quero (Jararaca e Vicente Paiva), 1939 Marcos Sacramento canta: Bambo do bambu (Donga e Patrício Teixeira), 1939 Diz que tem (Vicente Paiva e Aníbal Cruz), 1939 South american way (Jimmy MacHugh e Al Dubin), 1939 The lady in the tutti-frutti hat (Harry Warren e Leo Robin), 1943 Touradas em Madri (João de Barro e Alberto Ribeiro), 1939 Os dois cantam: Boneca de piche (Ary Barroso e Luiz Iglesias), 1942 Cai, cai (Roberto Martins), 1941
4. Rita Ribeiro e Eduardo Dussek, "O que é que a baiana tem?" Rita Ribeiro canta: A preta do acarajé (Dorival Caymmi), 1939 Cantoras do rádio (Alberto Ribeiro e João de Barro), 1936 Eu dei... (Ary Barroso), 1937 Tic-tac do meu coração (Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva), 1935 Uva de caminhão (Assis Valente), 1939 Eduardo Dussek canta: Adeus, batucada (Synval Silva), 1935 Cachorro vira-lata (Alberto Ribeiro), 1937 Camisa listada (Assis Valente, 1937 Na baixa do sapateiro (Ary Barroso), 1938 Samba rasgado (Portelo Juno e J. Pereira), 1938 Os dois cantam: Como “vais” você? (Ary Barroso), 1936 O que é que a baiana tem? (Dorival Caymmi), 1939
RIO DE JANEIRO: 12/05 – Roberta Sá e Pedro Luís 19/05 - Beatriz Faria e Marcos Sacramento 26/05 - Verônica Ferriani e Pedro Miranda 02/06 – Rita e Eduardo Dussek Local: Centro Cultural Banco do Brasil SÃO PAULO: 9/06 – Roberta Sá e Pedro Luís 16/06 – Rita Ribeiro e Eduardo Dussek 23/06 – Verônica Ferrani e Pedro Miranda 30/06 – Beatriz Faria e Sacramento Local: Centro Cultural Banco do Brasil A série de shows segue ainda por mais 12 capitais brasileiras, a itinerância começa por Belo Horizonte, no dia 24 de abril, e depois de São Paulo segue pelas cidades de Belém, São Luís, Natal, Fortaleza, Recife, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Santos, Cuiabá e Campo Grande. Carmen Miranda, em 20 anos de carreira deixou sua voz registrada em 279 gravações no Brasil, 34 nos EUA e atuou em 19 filmes. Maria do Carmo Miranda da Cunha, nasceu em 9/2/1909 em Marco de Canaveses – Portugal. Em 1910 se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Aos 16 anos, sob a influência de Pixinguinha, freqüentador da pensão dos seus pais, Carmen dá início a sua carreira musical, tendo seu repertório composto de tangos. Em 1928, conheceu o compositor e violonista baiano Josué de Barros, que, impressionado com o seu talento, iniciou a jovem no meio artístico. Decidido a investir na cantora, Josué conseguiu com que gravasse um disco na Brunswick. Logo em seguida surgiu a oportunidade de gravar outro disco na RCA Victor. Seus dois discos saíram simultaneamente em 1930 e com eles seu primeiro grande sucesso, a marcha Ta-hi!. Em menos de seis meses já era considerada a maior cantora popular brasileira. Sua estréia no cinema se deu em 1932. Seu último filme no Brasil, Banana da Terra, em 1939, no qual interpretava O que é que a baiana tem?, criou o estilo que a consagrou no mundo inteiro: roupas de baiana, turbantes, balangandãs, sandálias plataforma, as conhecidas gesticulações dos braços e do corpo, o revirar de olhos e o sorriso contagiante. Ao longo de sua carreira, Carmen atuou em 5 filmes no Brasil e 16 nos EUA.
Em 1938, com o falecimento do pai, Carmen pensou em abdicar de sua carreira, mas tinha vários contratos fechados. Até 1939, ano em que foi morar nos Estados Unidos, a Pequena Notável cantou em cinemas, cassinos, teatros, rádios e feiras. Quando estava em temporada no Cassino da Urca, foi contratada pelo empresário norte-americano Lee Schubert para ser uma das principais intérpretes na revista musical Street of Paris, na Broadway. Carmen criou uma linguagem universal, falava com seu corpo, suas mãos, seus olhos, seu sorriso. E recebeu seu slogan americano: Brazilian Bombshell (A Explosão Brasileira). Em julho de 1940 a cantora veio ao Brasil. Apesar da calorosa recepção em seu desembarque no porto, ao fazer um show beneficente no dia 15 de julho no Cassino da Urca, teve um choque com a frieza do público, que a julgou "americanizada". Abalada, Carmen cancelou todos os espetáculos e isolou-se em sua casa. Dois meses depois planejou uma reaparição no mesmo Cassino da Urca com um novo repertório do qual fazia parte o sucesso “Disseram que voltei americanizada”. Foi um estrondo, e a crítica voltou a elogiá-la. Em 25 de março de 1941 Carmen foi convidada a deixar suas mãos e seus pés na calçada da fama, sendo a única sul-americana a deixar suas marcas na famosa calçada. Em março de 1947 casou-se com o norte-americano David Alfred Sebastian, que tornou-se seu empresário. Em 1951 fez uma turnê no Havaí e em 1953 uma grande excursão pela Europa, sempre muito requisitada pelos seus fãs. Em dezembro de 1954, longe do Brasil por catorze anos, a Pequena Notável, retornou à sua terra natal para rever a família e descansar. Quatro meses depois regressou aos EUA. Estafada devido à intensidade de seus compromissos profissionais, no dia 5 de agosto de 1955, aos 46 anos, é vítima de um enfarte fulminante, após uma apresentação num programa de TV. Estava sozinha em seu quarto e só foi encontrada no dia seguinte por seu marido. Foi enterrada no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. O funeral foi acompanhado por mais de 500 mil pessoas cantando Ta-hi! e Adeus batucada.
Texto complementar – retirado do livro de Ruy Castro:
Carmen Miranda é até hoje a cantora brasileira que mais fez sucesso no exterior. Dona de um estilo absolutamente único e particular, tanto na maneira de cantar como na performance de palco, teve uma vida de mito, cheia de glórias e dramas. Dos 21 aos 29 anos, entre 1930 e 1939, Carmen Miranda foi a maior estrela do disco, do rádio, do cinema, dos palcos e dos cassinos brasileiros – recordista em gravações, vendas, cachês, salários e, principalmente, em reconhecimento. Era adorada pelo público, respeitada pelos colegas, disputada pelos veículos de imprensa. Até então, nenhuma outra mulher fora tão famosa na história do Brasil. Com ela, o samba tornouse a língua falada no país. Aos trinta anos recém-feitos, em 1939, convidada para fazer carreira em Nova York, resolveu recomeçar tudo no mercado mais disputado do mundo. Logo em sua noite de estréia numa revista musical da Broadway, poucos dias depois de chegar, tornou-se um nome nos Estados Unidos. E então a história se repetiu, só que em escala vertiginosa. Em questão de semanas, o rádio, os discos, os nightclubs, as capas de revistas, os anúncios de publicidade e até as vitrines das grandes lojas, todos queriam a Brazilian Bombshell. Hollywood também – e, mais uma vez, bastou um filme para seu nome ganhar dimensão mundial. Nas palavras de seu biógrafo Ruy Castro: “Não há exagero nessas afirmações. Na verdade, elas não refletem nem sombra do que Carmen Miranda realmente significou nos anos 40 e 50. O Brasil nunca compreendeu a dimensão de sua lenda e nem sempre soube aceitar seu sucesso americano.” Por toda sua singular trajetória, na condição de um dos maiores ícones da música popular brasileira, a figura de Carmen, em seu centenário, merece ser reverenciada em alto nível artístico no show “ALÔ... ALÔ? – 100 ANOS DE CARMEN MIRANDA”, oferecido ao público do Centro Cultural do Banco do Brasil.
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