Eleita pelo Iphan como patrimônio cultural imaterial, em 15 de abril de 2010. Acontece de 30 de abril a 25 de maio, com realização da Prefeitura Municipal de Pirenópolis e patrocínios do Ministério do Turismo, do Governo do Estado de Goiás e do Iphan, no centro histórico e povoados, a
192ª Festa do Divino de Pirenópolis O sagrado e o profano; a realeza e o popular; a diversidade e a singularidade.
A Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, considerada uma das mais expressivas celebrações do Espírito Santo no país, pelo grande número de rituais, personagens e componentes, como as Cavalhadas de mouros e cristãos e os Mascarados montados a cavalo, vem sendo realizada anualmente desde 1819. Os rituais têm início na Páscoa e seguem até o domingo seguinte ao feriado de Corpus Christi, o clímax da Festa se dá no Domingo de Pentecostes ou do Divino, cinqüenta dias após a Páscoa, com as Cavalhadas.
Enraizada no cotidiano dos pirenopolinos, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis é a mais rica expressão da religiosidade popular da cidade, determinando padrões de sociabilidade, consolidando-se como elemento fundamental de sua identidade cultural, onde os moradores se dedicam e se preparam ao longo de um ano inteiro para festejar e participar desta celebração histórica, considerada seu maior bem cultural.
As festas de santos, de devoção religiosa cristã e como expressão da cultura popular, foram trazidas por jesuítas e colonos açorianos e se popularizaram por todo o país. Aqui, se fundiram aos cultos de matriz africana, às crenças religiosas indígenas e encontraram a celebração judaica de Pentecostes ou Domingo do Divino.
Desde sua origem em Portugal, a figura mais importante da Festa do Divino é a do Imperador, escolhido a cada ano por sorteio entre os homens ou meninos da sociedade, atualmente independe de classe social. O Imperador, a quem cabe toda a responsabilidade de promover e cuidar para que tudo se realize com ordem, incentivando, angariando fundos e mobilizando a população nos afazeres da festa, tem como principais atributos a generosidade, a hospitalidade e a distinção.
Vários ritos em uma mesma festa, com destaque para três grandes fases: As Folias, O Império e As Cavalhadas. As diferentes manifestações mesclam festejos religiosos e profanos, como Folias na roça e na cidade, Alvoradas com as bandas de Couro e de música Phoenix, grupo de Congado, Repique de Sinos e descarga de Roqueiras, Missas, apresentação de grupos de Tradições Regionais, Procissões, Novenas, cortejos do Imperador, Reinados e Juizados, a peça teatral “As Pastorinhas” e as tradicionais Cavalhadas.
O costume de se homenagear o Divino Espírito Santo vem do tempo do Brasil Colônia, sendo encontrado em várias cidades por todo o país, principalmente naquelas onde a mineração, somada a mão de obra de índios e de escravos. Em Goiás, as festas foram se difundindo a medida que a Igreja ia ocupando espaço nos arraiais emergentes em função das descobertas auríferas, a partir do século XVIII.
O símbolo da festa é uma mandala de fogo com uma pomba branca ao centro. A pomba significa o Divino Espírito Santo e a mandala de fogo o momento em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, a Pentecostes. As cores da festa, branco e vermelho, significam paz e o sangue de Jesus.
A Festa do Divino chega ao seu final com As Cavalhadas, que têm início na manhã do domingo de Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa, e vão até terça-feira à noite. Num autêntico quadro vivo, As Cavalhadas evocam batalhas medievais entre mouros e cristãos em uma complexa encenação equestre em honra do Imperador e do Espírito Santo: De um lado, vestindo azul, o rei cristão: Carlos Magno e os doze pares da França; do outro, o rei mouro, o Sultão da Mauritânia, com seu "exército de infiéis" trajando vermelho. As Cavalhadas chegam aos seu final quando critãos e mouros, já batizados, rezam ao Divino e descarregão suas armas, encerrando o Império.
Anunciando a abertura das Cavalhadas pelas ruas da cidade, no sábado, bem como durante, no intervalo das encenações, Os Mascarados, ou Curucucus, dão um ar brincalhão a festa fazendo algazarras com suas roupas extravagantes e máscaras enfeitadas, tanto a cavalo, também enfeitados, como a pé, numa manifestação de alegria e uma maneira de espantar os maus espíritos. Os Mascarados estão presentes em todas as cavalhadas realizadas no Brasil, quanto à origem: acredita-se ser africana, porém, a máscara de boi é típica de Pirenópolis.
Quando se torna uma Festa só para os pirenopolinos Apesar de por quatro finais de semana consecutivos haver um maior número de pessoas na cidade para assistir aos diversos festejos dessa complexa festa, o grande momento que a cidade se abre para o mundo é o fim de semana em que ocorre o ritual do Império e se iniciam as Cavalhadas, que apesar de ter a duração de três dias (domingo, segunda e terça), na segunda e na terça a cidade se esvazia, transformando a Festa numa comemoração doméstica, já que esses dias são feriados municipais e os turistas retornam aos seus compromissos em suas cidades de origem.
Realização:
Prefeitura Municipal de Pirenópolis.
Patrocínios: Ministério do Turismo; Governo do Estado de Goiás; Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Coordenação: Secretaria Municipal de Cultura e Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Apoios:
Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil.
Iphan elegeu a festa em Pirenópolis como patrimônio cultural brasileiro
Todos os rituais da festa foram apresentados ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que se reuniu no dia 15 de abril no Rio de Janeiro, com a proposta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan para registrar a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis como patrimônio cultural nacional. Depois do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, em outubro de 2005, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis é a primeira manifestação religiosa encaminhada à análise do Conselho Consultivo e registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro, com inscrição no Livro das Celebrações.