Diadasmaes2019

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EDIÇÃO 10.213 | 09 DE MAIO DE 2019

Amor faz cérebro crescer mais

Todo mundo sabe que mais atenção, carinho e amor, faz bem para as crianças, um estudo realizado pelo Hospital Infantil mostrou os efeitos práticos disso

Como economizar no presente Dar presente exige certos cuidados para evitar que o orçamento seja comprometido


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Ser Mãe: existe o “melhor momento”? Pesquisa verificou que o adiamento tem potencial de gerar “sofrimento” na mulher

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idealização de uma vida conjugal pode levar mulheres a decidirem pelo adiamento da maternidade, seja por que não encontram o parceiro que imaginam ser perfeito para iniciar a família ou pela ideia de que filhos podem atrapalhar a vida a dois, no início da relação. Entretanto, uma pesquisa do Instituto de Psicologia (IP) da USP verificou que o adiamento pode ser fonte de diversas angústias para as mulheres, visto que elas não têm total controle de quando conseguirão se tornar mães. O trabalho conduzido pela psicóloga Maria Galrão Rios Lima, intitulado “Um estudo sobre o adiamento da maternidade em mulheres contemporâneas”, entrevistou mulheres que, por opção própria, decidiram ter filhos apenas após os 35 anos. Entre as entrevistadas, metade tiveram sucesso e as demais ainda estavam no processo de tentativas. O sofrimento vivenciado por aquelas que não conseguiram ser mães vem da decepção e do sentimento de fracasso. “Existe hoje um discurso perigoso de que a mulher pode tudo, e, pior, deve obter sucesso em todos os âmbitos de sua vida”, mostra Maria. “Mas ninguém tem controle de quando vai ficar grávida”. Segundo a pesquisadora, apesar de avanços médicos e científicos na área da inseminação artificial, por exemplo, ainda não é trivial a tarefa de gerar um filho. “O controle nunca

é total”, ressalta. Além disso, os procedimentos que a medicina oferece, normalmente, são muito invasivos. Por este motivo, inclusive, uma das participantes da pesquisa desistiu de

caso. “Não dá para ter filhos a qualquer momento”. Ela diz, ainda, que o adiamento da maternidade não é uma patologia, um problema a ser tratado. Porém, ele carrega um potencial de

tentar por métodos não naturais. Maria acredita que o principal aspecto de sua pesquisa é a tentativa de quebrar a ideia de onipotência nesse

sofrimento para a mulher. Em revisão da literatura acadêmica sobre o tema, a psicóloga encontrou, na grande maioria, visões que falavam

sobre o foco na carreira que as mulheres estão tendo. Porém, em sua tese de doutorado, orientada pela professora Isabel Cristina Gomes, não foi este o discurso que predominou. Foram mais relatadas as procuras por uma vida conjugal ideal e pela estabilidade financeira. As mulheres ouvidas na pesquisa se casaram, em média, na faixa dos 28 anos. O adiamento é recomendado por aquelas que conseguiram ter filhos após os 35 anos. Segundo Maria, porém, a idade mais avançada não equivale necessariamente a uma maior maturidade da mulher. Os recursos psíquicos de cada participante, bem como a relação com a própria família, é que mostraram-se determinantes na questão do adiamento da maternidade. Muitas daquelas que ainda não conseguiram se tornar mães mostram ressentimentos em relação ao adiamento. A sensação de impotência nessa situação se contrapõe, segundo a psicóloga, a “uma idealização de que a mulher, nos dias atuais, pode e deve conseguir fazer tudo: ter uma carreira, um bom casamento, viajar, comprar carro e apartamento e depois ter um filho”. Em geral, os maridos das mulheres ouvidas na pesquisa são divorciados e mais velhos. Eles abraçam a ideia de adiar a maternidade e “curtir a vida”. Porém, em metade dos casos, foi por pressão do homem que a mulher, antes sem interesse de ser mãe, decidiu ter filhos.

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Mães dormem menos por seis anos Estudo revela o impacto pós-nascimento dos filhos no tempo e qualidade do sono

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pós terem seu primeiro filho, a mãe e o pai levam em média seis anos para recuperar a duração e a qualidade do sono que tinham antes da gravidez, apontou uma pesquisa da Universidade de Warwick, na Inglaterra, com apoio do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW). O estudo, publicado na revista científica Sleep, analisou dados coletados na Alemanha com pais que tinham acabado de ter seu primeiro, segundo ou terceiro filho. Mais de 2.500 mulheres e 2.200 homens foram entrevistados presencialmente uma vez por ano durante o período de 2008 a 2015. Os participantes tiveram de avaliar a qualidade do sono em uma escala de 0 a 10, e foram questionados sobre quantas horas, em média, eles dormem em um dia normal da semana e em um dia normal no fim de semana. “Sem dúvida, ter filhos é uma grande fonte de alegria para os pais, mas as exigências e responsabilidades associadas a esse papel levam a um sono mais curto e a uma menor qualidade do sono até seis anos após o nascimento do primeiro filho”, diz Sakari Lemola, um dos autores do es-

tudo. A pesquisa também concluiu que, a curto prazo, o nascimento tem efeitos mais fortes no sono das mães. Nos três primeiros meses após darem à luz, as mulheres dormem em média uma hora menos do que antes da gravidez, enquanto a duração do sono dos pais sofre um decréscimo de 15 minutos. “As mulheres tendem a experienciar mais distúrbios do sono do que os homens após o nascimento de uma criança, pois as mães ainda exercem o papel de cuidadora principal com mais frequência do que os pais”, afirma Lemola, do Departamento de Psicologia da Universidade de Warwick. Com filhos entre 4 e 6 anos de idade, a duração do sono das mães ainda é cerca de 20 minutos mais curta em comparação com antes da gravidez, enquanto a dos pais segue 15 minutos menor. Os efeitos da maternidade e da paternidade no sono foram mais acentuados em pais de primeira viagem do que em pais experientes. Nos primeiros seis meses do bebê, os efeitos também foram mais fortes em mães que amamentam do que em mães que não o fazem. A pesquisa concluiu ainda que fatores

financeiros (como uma maior renda familiar) ou psicossociais (como a mãe que conta com o pai na criação dos filhos) não parecem proteger os pais de terem seu sono afetado durante os primeiros anos da criança.

SAIBA MAIS No primeiro ano de vida do bebê é quase impossível que a mãe consiga dormir tantas horas. Nesse período, mais importantes do que a quantidade de horas dormidas, são a continuidade e a profundidade do sono. Quando ele é fragmentado e não-reparador, como frequentemente acontece no pós-parto, a mulher fica mais sujeita a exaustão física e emocional, irritabilidade, distúrbios de memória, depressão e também pode ter problemas com a

amamentação, segundo a consultora do sono, Renata Federighi. Portanto, é importante estar atenta. Havendo suspeita de algum problema, deve-se procurar um profissional habilitado para tratar o caso da melhor forma possível. Medidas simples também como adotar uma postura correta ao dormir, ambientes ventilados e com a iluminação adequada, podem auxiliar para um descanso perfeito.

CONFIRA ALGUMAS DICAS

À minha mãe Olívia, pelo dom de Deus e pela minha criação. À minha esposa Cida Pinheiro, pelo amor eterno, compreensão e compartilhamento do dia a dia.

Homenagem do vereador Cláudio da Farmácia e família.

• Aproveite para tirar um cochilo à tarde junto ao filho. Este tempinho de repouso ajuda a recuperar as energias e repor o sono perdido durante a noite, além de contribuir para a sua saúde e disposição; • A postura correta ao dormir é imprescindível para um repouso de qualidade. A posição de lado é a mais indicada pelos especialistas. Utilize um travesseiro para apoio da cabeça, em altura que se encaixe perfeitamente entre ela e o colchão, formando um ângulo de 90 graus no pescoço. Os joelhos devem estar semiflexionados com outro travesseiro entre eles; • Peça ajuda à família. Nos primeiros meses de vida, o bebê já começa a acordar muito durante a noite, portanto, conte com o apoio do marido,

de uma babá ou da vovó para revezar na hora de levantar no meio da noite. Assim você poderá descansar mais; • Para evitar que seu bebê durma mal, deixe o ambiente bem iluminado durante o dia e mais escuro à noite. Na claridade, a produção de cortisol e melatonina, hormônios responsáveis pelo sono, é interrompida. Um ambiente escuro colabora para um sono revigorante e proporciona uma sensação de descanso pela manhã; • Utilize intercomunicadores no quarto do seu filho. Os aparelhos são úteis para ouvir quando o bebê fizer algum ruído e pode ser colocado próximo à criança. Alguns dispositivos emitem sinal ótico, alarme vibratório e câmera integrada para que os pais possam visualizar a criança.


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“Dia das Mães”: como tudo começou no Brasil Primeira comemoração foi realizada pela Associação de Moços Católicos de Porto Alegre

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”Dia das Mães” foi comemorado pela primeira vez no Brasil em 1918 por uma iniciativa da Associação de Moços Católicos no dia 12 de maio, um domingo chuvoso. A história preservada pela entidade conta que na ante-sala do salão social, sobre uma mesa, envelopes e papel convidavam quem tinha mãe distante para escrever uma carta. Cravos vermelhos e brancos enfeitavam a recepção e a esposa do secretário-geral, Frank Millard Long, Eula Kennedy, colocava uma flor na lapela de cada visitante. O vermelho indicava os filhos cujas mães estivessem vivas e o branco era destinado para os filhos órfãos. A primeira comemoração em Porto Alegre (RS) foi marcada por um discurso oficial do professor Mozart de Mello. Logo em seguida aconteceu a apresentação de um quarteto musical e declamações da escritora e poetiza Júlia Lopes de Almeida. A comemoração foi se espalhando pelo país aos poucos até que em 1932 o presidente Getúlio Vargas oficializou o segundo domingo de maio. Ele atendeu a um pedido das feministas da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que

fazia parte da estratégia da entidade de valorizar a importância das mulheres na sociedade. A data também foi adotada pela Igreja Católica e passou a fazer parte do calendário oficial em 1947 por iniciativa de Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro. O Dia das Mães surgiu nos Estados Unidos e foi comemorado pela primeira vez em 1908. A iniciativa foi de Anna Marie Jarvis para homenagear sua mãe, Ann Maria Reeves Jarvis, uma ativista social muito atuante durante e após a Gerra Civil americana. Ann, quando estava grávida do seu sexto filho, começou os Clubes do Dia das Mães em algumas cidades na Virgínia para melhorar as condições sanitárias e de saúde, um trabalho ligado à Igreja Metodista. Ao longo de toda a sua vida, Jarvis se esforçou para ajudar as mães.

Ela morreu em 9 de maio de 1905, aos 72 anos, na Filadélfia. Sua filha, Anna, começou um movimento por um dia dedicado às mães em reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela sua, e pela importância do papel de todas na sociedade. No primeiro aniversário da morte de Ann, Anna se encontrou com amigos e anunciou planos para realizar o sonho da

mãe de tornar a data um feriado comemorativo. Em 10 de maio de 1908, três anos após a morte, Anna realizou uma cerimônia para homenageá-la, assim como todas as mães da Igreja Episcopal Metodista de Andrews, em Grafton (Virgínia Ocidental), marcando nesse dia, a primeira comemoração oficial. Nos anos seguintes, a iniciativa ganhou reconhecimento em muitos estados e se espalharam para vários países. Anna lutou para o Dia das Mães se tornar um feriado nos Estados Unidos. Ela conseguiu quando, em 1914, o presidente Woodrow Wilson assinou uma resolução do Congresso oficialmente fazendo no segundo domingo de maio o Dia das Mães. Anna acabou morrendo em um sanatório desiludida com a exploração comercial da data. Suas despesas médicas foram pagas por pessoas das indústrias de florais e cartões comemorativos.


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Escolha do presente com “pé no chão” Filhos precisam ficar de olho no orçamento para não se comprometerem financeiramente Dar um presente para a mãe é algo praticamente inevitável, por mais simples que seja. E também exige certos cuidados para evitar que o orçamento seja comprometido. “Quem acreditar que o tamanho do sentimento deve ser representado no preço do presente correrá sério risco de gastar mais do que pode. Afinal, o amor pela mãe é imensurável e não deve estar atrelado a nenhum bem material”, destaca o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos. Se o desejo for dar um presente de alto custo, esteja organizado financeiramente, ou o melhor é adiar a ideia e fazer um planejamento com antecipação. “A pessoa deve poupar mensalmente para poder fazer isso no próximo ano, sem entrar em endividamento”, orienta Reinaldo. Para não correr o risco de comprar algo que ela não vá gostar ou esteja precisando, Reinaldo recomenda aproveitar as conversas para falar sobre sonhos e “pescar” algumas alternativas. Ele elaborou algumas dicas que podem ser conferidas na tabela ao lado. Já o superintendente de Serviços ao Consumidor da Boa Vista, Pablo Nemirovsky, acresenta que no caso de presentes que podem ser trocados é necessário deixar isto acertado com o lojista e anotado na nota fiscal para evitar dores de cabeça, já que nenhuma empresa é obrigada a trocar produtos sem defeitos.

CONFIRA DICAS Realize os sonhos de sua mãe • Evite correr o risco de comprar algo que ela não goste ou nem esteja precisando. Converse sobre os sonhos – que vão além dos desejos de consumo – como viajar, trocar de carro ou de casa. Caso não possa presenteá-la com a realização deste sonho, você pode dar o primeiro passo: juntar uma quantia para que ela complete e conquiste futuramente. Respeite o seu orçamento • Não dê passos maiores do que as pernas. Caso já tenha poupado dinheiro para esta ocasião, mantenha-se no orçamento. Caso não tenha feito uma reserva com antecedência, preze por sua estabilidade financeira e presenteie com algo simples, de valor emocional e simbólico, que remeta ao sonho. Reunir os irmãos pode gerar um montante maior. Compre com consciência • Pesquisar preços em pelo menos três lojas diferentes e negociar descontos e melhores condições de pagamentos são formas simples de valorizar o dinheiro que você trabalhou duro para conquistar. As economias obtidas podem ser o primeiro aporte para realizar um sonho no futuro, seja o seu ou o de sua mãe. Evite compras a prazo • O parcelamento, apesar de ser uma facilidade no pagamento, também é uma forma de endividamento. Caso realmente precise dividir o valor em algumas parcelas para pagar nos próximos meses, tenha certeza de que elas caberão no orçamento, para que não corra o risco de se tornar inadimplente. Presenteie com o coração • Nem sempre o que a mãe deseja é um presente “comprado”. É possível que ela queira ter mais tempo com os filhos, fazer um passeio ou ser convidada para uma refeição preparada com carinho. Não tenha medo de sair do convencional e demonstrar seus sentimentos por meio de atitudes. Poupe para o ano seguinte • O Dia das Mães é uma celebração que se repete todos os anos, portanto procure conhecer os verdadeiros sonhos de sua mãe e comece a poupar, desde já, para realizá-los no próximo ano. Traçar um planejamento com antecedência e reservar dinheiro mensalmente para comprar algo é ter educação financeira.


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Amor de mãe faz o cérebro crescer mais Estudo mostra a importância do papel da mãe nos primeiros anos de vida de seus filhos Todo mundo sabe que crianças que recebem mais atenção, carinho e amor das mães têm um melhor desenvolvimento, mas estudo realizado pelo Hospital Infantil de St. Louis, da Universidade de Washington, mostrou os efeitos práticos disso: os cérebros das crianças podem crescer até duas vezes mais na comparação com aquelas que são niglenciadas. As crianças que receberam mais apoio da mãe antes da escola apresentaram maior crescimento no hipocampo, que está associado à aprendizagem, às memórias e às emoções reguladoras, conforme o psiquiatra infantil responsável pelo trabalh, Joan Luby. “O relacionamento entre pais e filhos durante o período pré-escolar é vital, ainda mais importante do que quando a criança fica mais velha”, afirma, salientando que “este estudo sugere que há um período sensível em que o cérebro responde mais ao apoio materno”. Segundo ele, isto se deve à maior plasticidade no cérebro quando as crianças são mais jovens, o que significa que o cérebro é mais afetado por experiências muito antigas. “Isso sugere

que é vital que as crianças recebam apoio e carinho durante esses primeiros anos”. O estudo ac o m p a n h o u 127 crianças de quando elas estavam prestes a começar a escola, a adolescência precoce, analisando seus cérebros. Os pesquisadores mediram carinho nas mães, observando de perto e marcando interações gravadas em vídeo entre mães e seus filhos. Nas interações, pediu-se às mães que completassem uma tarefa e ao mesmo tempo impedissem que a criança abrisse um presente embrulhado de forma atraente, um cenário que deve-

ria refletir uma situação cotidiana como quando uma criança quer atenção, mas uma mãe está ocupada. Os pais que são capazes de manter a compostura e completar as tarefas designadas enquanto ainda oferecem

apoio emocional aos seus filhos são classificados como mais carinhosos e apoiadores. “Temos uma razão muito lógica para incentivar políticas que ajudem os pais a se tornarem mais favoráveis” No exame das tomografias do cérebro, os pesquisadores descobriram que as crianças cujas mães eram mais favoráveis do que a média tiveram aumentos no crescimento do hipocampo que eram mais do que duas vezes maior do que aqueles cujas mães foram ligeiramente abaixo da média na escala de carinho. Os pesquisadores também descobriram que a trajetória de crescimento no hipocampo estava associada a um funcionamento emocional mais saudável quando as crianças entravam na adolescência. “Suporte materno precoce afeta o desenvolvimento do cérebro da criança”, frisa o psiquiatra. “Sabemos também que fornecer apoio aos pais pode ter um impacto positivo em outros resultados comportamentais e adaptativos em crianças. Portanto, temos uma razão muito lógica para incentivar políticas que ajudem os pais a se tornarem mais solidários”.



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