Revista Saúde & Prevenção

Revista - Caderno Especial, SAÚDE e Prevenção Rondonópolis MT - Edição 10.095 - A Tribuna Ano 49 - Valor do Exemplar: R$ 25,00

Prevenção MEDICINA EM RONDONÓPOLIS Como o curso vem beneficiando a cidade e atraindo estudantes de todo o Brasil

PAIXÃO PELA ATIVIDADE FÍSICA Como pessoas de diferentes segmentos da cidade têm encontrado novos sentidos na vida com a atividade física

PIONEIROS

Profissionais relatam as transformações vivenciadas pela saúde em Rondonópolis

CONQUISTA Como será o serviço de radioterapia em implantação na cidade

ALERTA

O aumento da busca por procedimentos estéticos e os seus riscos SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 1

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DESTACANDO A NOSSA SAÚDE O ano de 2018 não foi dos melhores para a saúde pública de Rondonópolis, especialmente em função dos atrasos de repasses de recursos por parte do Governo do Estado, comprometendo a maioria dos serviços na área para a população local.

Localização O município de Rondonópolis está localizado em um dos principais entroncamentos rodoviários do Brasil. Em uma posição geográfica estratégica, a cidade sedia o entroncamento da BR-163 com a BR-364, sendo corredor obrigatório para o trânsito Norte-Sul do País.

Em Mato Grosso, Rondonópolis situa-se na região sudeste do Estado, onde é município polo entre 18 municípios, dada a liderança que desfruta

O reflexo grave foi com o fechamento da única UTI Pediátrica de Rondonópolis, que funciona na Santa Casa de Misericórdia, e depois o caos no funcionamento do Hospital Regional de Rondonópolis, que quase fechou as portas por falta de insumos, materiais e medicamentos, além dos problemas decorrentes da reforma no prédio.

RR

nas áreas de serviços, comércio e indústria. Fica distante a 210 quilômetros da capital do Estado (Cuiabá) e a 922 quilômetros da capital do País (Brasília).

A área do município é de 4.159,118 km². A sede municipal possui as seguintes coordenadas: paralelo de 16º 28’15” de latitude sul e pelo meridiano de 54º 38’ 08” de longitude oeste de Greenwich.

AP

AM

PA

CE

MA PI

AC

Apesar dessa realidade preocupante, ressaltando que ainda não há perspectivas de solução definitiva para essa crise, é preciso enfatizar que os profissionais da saúde rondonopolitana fizeram a diferença nesse importante setor, especialmente os da rede pública, que deram muito de si para trabalhar mesmo com salários atrasados ou muitas vezes com falta de medicação ou insumos.

RO

TO

BR 163

MT

BA DF

GO MG

BR 163

ES

MS SP

RJ

PR

Distâncias SC

De Cuiabá....................................... 2 1 0 K m De Campo Grande..........................4 8 3 K m De Goiânia..................................... 7 2 3 K m De Brasília......................................9 2 2 K m

RS

São justamente os profissionais da área saúde de Rondonópolis que esta nova edição da Revista SAÚDE&Prevenção, do Jornal A TRIBUNA, procura homenagear lembrando as histórias de alguns pioneiros que chegaram há décadas na cidade e contribuíram para o desenvolvimento local. Além disso, procuramos enfatizar algumas doenças preocupantes na atualidade, buscando alertar os moradores e atuar de forma preventiva.

Esse tipo de abordagem se deve à máxima que deve ser cada vez mais perseguida na atualidade, na qual preconiza que, quanto mais for investido em promoção e prevenção de saúde, menor gasto será necessário com atendimento e tratamento das pessoas. Da mesma forma, quanto mais as pessoas buscarem informações e mais terem um padrão de vida saudável, menos espaço haverá para as doenças.

A Revista SAÚDE, nesse contexto, vem debater temas importantes na área, com enfoque na realidade de Rondonópolis, a exemplo da crescente procura por cirurgias plásticas, da depressão e os casos de suicídio na cidade, entre outros. Novamente ressaltamos potenciais positivos como a influência do curso de Medicina no município, a implantação do serviço de radioterapia, entre outros.

Mais uma vez, esta publicação traz uma interessante, prazerosa e rica fonte de informações sobre esse setor tão importante na vida de todos, no caso a saúde! Boa leitura!!!

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RN PB PE AL SE

População A população estimada de Rondonópolis em 2018 é de 228.857 habitantes, embora o Censo 2010 elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística conste como população contabilizada 195.476 habitantes.

Desse total de 2010, 98.197 são homens e 97.279 pes-

ÍNDICE

soas são mulheres. O último Censo (2010) revela ainda que a densidade demográfica de Rondonópolis é da ordem de 47,00 hab/km²; que 188.028 pessoas residiam na cidade e apenas 7.448 viviam na zona rural, o que correspondia a 2,62% da população do município.

06.......Pioneiros acompanharam a evolução na saúde

32......Rondonópolis se prepara para mais um avanço na saúde

12.......O perigo pode estar dentro de casa

34......Surge um novo sonho na luta contra o câncer

13.......Acidentes de trabalho são grande preocupação 16.......A união que vem trazendo conquistas aos autistas 20......Depressão: o mal que cresce de forma assustadora 23......O raio-x da personalidade humana 24......A odontologia cada vez mais acessível a todos 28......A atividade física indo além da saúde

37......A pele merece cuidado o ano todo 39......Quando o pet fica com a visão prejudicada 40......Curso de Medicina atrai gente de todo o Brasil 44......Saúde pública de Rondonópolis pede socorro 48......Rondonopolitanos mais interessados em cirurgias plásticas

EXPEDIENTE REVISTA SAÚDE & PREVENÇÃO 2018 REALIZAÇÃO JORNAL A TRIBUNA MATO GROSSO PARTE INTEGRANTE – EDIÇÃO Nº 10.095 – 14/DEZEMBRO DE 2018 DIRETORES Samuel Logrado de Souza Maria Janice Logrado de Souza Aroldo Marmo de Souza Junior

CAPA Ezequiel Silva FOTOGRAFIAS A TRIBUNA, Arquivo A TRIBUNA, Reproduções, Arquivo pessoal, Ciranda da Fotografia e Assessorias de Imprensa.

DIAGRAMAÇÃO A Tribuna

REDAÇÃO Márcio Sodré e colaborações

ARTES Ezequiel Silva e Agências de publicidade

DEPARTAMENTO COMERCIAL Deisi Santos, Ricardo Torres, Rosana Logrado e Zilma Borges

CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

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FOTOS – ARQUIVO SANTA CASA

Imagens mostram a construção inicial da Santa Casa de Misericórdia, na década de 1970

História

PIONEIROS ACOMPANHARAM A EVOLUÇÃO NA SAÚDE

O

município de Rondonópolis ainda possui inúmeros médicos pioneiros, que aqui chegaram há décadas e acompanharam as principais evoluções e transformações na saú-

de local. Por muito tempo, o melhor médico era o avião ou o ônibus, isto é, estava fora de Rondonópolis, que no começo não era considerada uma referência em saúde. Esses médicos são testemu-

nhas da falta de dispositivos tenológicos, da pouca quantidade de profissionais na área e das dificuldades para qualificação. Hoje atestam uma Rondonópolis que cresceu de forma surpreendente, inclusive na área médica e de serviços em saúde. Confira, a seguir, alguns depoimentos de profissionais que acompanharam as principais mudanças na saúde rondonopolitana, prestados à Revista SAÚDE, do A TRIBUNA.

Neste outro registro, outra evolução: o prédio de seis andares da Santa Casa logo após ter sido erguido

Abaixo, outros hospitais particulares que fizeram parte da história de Rondonópolis

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Dr. Alberto de Carvalho de Souza

“NAQUELA ÉPOCA ERA COMUM O MÉDICO FAZER DE TUDO”

A

os 75 anos de idade, o Dr. Alberto de Carvalho de Souza é um dos profissionais que foram importantes como referência na área médica de Rondonópolis. Ele estima que, ao longo de 48 anos de carreira como médico obstetra, realizou cerca de 10 mil partos no município. A grande assistência na área ginecológica e obstétrica o ajudou a se eleger prefeito de Rondonópolis, ocupando o cargo entre 1997 e 1999.

Nascido em Mineiros (GO), ele se formou em Campo Grande (MS), onde também se especializou em Ginecologia e Obstetrícia. Um irmão dele, também médico, morava em Rondonópolis e, com sua formação, o convidou para mudar-se para cá. Em 1975 veio para Rondonópolis, passando a atuar como oficial no quartel do 18º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) e em consultório.

“A medicina aqui era bem precária. Naquela época tinha poucas especialidades na cidade e era comum o profissional fazer de tudo, desde pediatria, anestesia e clínica geral. No meu caso, fazia anestesia, pediatria, ginecologia e obstetrícia. A cidade era bem ruim, tinha muita poeira e poucas ruas eram calçadas. Cheguei e passei a atuar no Hospital Samaritano, que já era na Avenida Rui Barbosa, e eventualmente no São Marcos e São José”, recorda.

Dr. Alberto lembra que, antes de 1988, da Constituição Federal, quem prestava assistência médico-hospitalar para a população brasileira era o antigo INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), que atendia trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes. Quem não tinha dinheiro para tratamento particular ficava excluído desses serviços, sendo atendido como “indigente”.

“Por um período, muita gente daqui ia para Guiratinga (MT) ou Mineiros (GO), pois a estrutura médica aqui era muito pobre. Guiratinga tinha o Hospital Santa Maria Bertila e era mais avançado em saúde. Depois de mais de 10 anos que estava aqui foi que apareceu os primeiros aparelhos de ultrassom. O Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu em 1988, quando a Constituição garantiu a saúde como direito de todos e dever do Estado”, explica.

Quando aqui chegou, um dos sócios do Hospital Samaritano faleceu e sua viúva vendeu parte da propriedade para Dr. Alberto e mais dois médicos, passando a ficar quatro sócios. Contudo, atesta que, com o advento do SUS, as dificuldades começaram a surgir para os hospitais particulares. “A gente começou a pagar para trabalhar. A Santa Casa também passou a melhorar sua estrutura e, na sequência, surgiu o projeto do Hospital Regional”, diz.

Após a sua entrada na política e a sua eleição como prefeito de Rondonópolis, Dr. Alberto conta que sua imagem ficou duramente prejudicada na cidade como profissional.

Além disso, os outros sócios do Samaritano não tiveram interesse em investir na unidade. “Quando saí da Prefeitura, os clientes praticamente desapareceram. Tinha quatro filhos na faculdade e, se não tivesse alguns bens para vender, teria que tirá-los dos estudos. O Samaritano fechou por volta de 2001/2002”.

Também atuou, nesse período na cidade, com plantões na Materclin e no Hospital São José. Desde sempre, atuou com seu consultório, sendo o primeiro deles na Avenida Ponce de Arruda, depois na Rua 13 de Maio e, agora, na Avenida Rui Barbosa. Continua atuando na parte de consultas para reforçar o orçamento e ajudar na criação da filha mais nova, com 12 anos. “Acho melhor ajudar no orçamento e acredito que faz bem o idoso continuar atuando. O idoso se sente melhor trabalhando, mas não faço mais procedimentos, plantões ou cirurgia”, justifica.

Os seus quatro filhos mais velhos seguiram a sua carreira na área da saúde. Uma filha é dermatologista estética, um filho é ultrassonografista, outra filha é médica intensivista e um filho é bioquímico. Somente a médica intensivista mora em São Paulo, sendo os demais em Rondonópolis. A mais nova fala que quer seguir a medicina.

No auge da carreira, o Dr. Alberto conta que chegou a realizar 60 partos no mês. Teve dia que fez até oito partos. Além dos milhares de partos, algo que ele tem muito orgulho foi uma técnica própria que criou para fazer a reversão das trompas, possibilitando que muitas mulheres da cidade voltassem a gerar filhos mesmo após a cirurgia para interrupção.

Para o médico ginecologista e obstetra, a medicina atualmente em Rondonópolis é muito boa, não perdendo para muitos centros importantes. No entanto, acredita que falta a conclusão do Hospital Unimed e do Hospital Materclin, em construção, pois a Santa Casa não consegue atender toda a demanda. “Temos profissionais em várias áreas, somos um centro médico para cerca de 20 cidades. O Hospital Regional exerce o seu papel, mas está passando por sérias dificuldades por falta de dinheiro”, analisa.

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Dr. Fernando Tenório

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rimeiro especialista em ortopedia de Rondonópolis, o dr. Fernando Tenório também foi um dos fundadores do corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia e Maternidade do Município. Além de médicos como ele, o hospital contou com a contribuição importante de diretores, provedores e da sociedade. Hoje atesta que a estrutura alcançada pela Santa Casa, uma das maiores de Mato Grosso, é um dos seus grandes orgulhos.

Ele nasceu em Pesqueira (PE) e se formou em Recife (PE). Fez especialização em Ortopedia em Ribeirão Preto (SP). Chegou em 1974 em Rondonópolis, coincidindo com a recente abertura da Santa Casa, que começou a prestar atendimento naquele ano, apesar de ter sido fundada anos antes. Logo que chegou, morou por alguns dias em um apartamento do hospital.

“A cidade era pequena, não tinha asfalto. Os aviadores localizavam a cidade do alto como uma nuvem de poeira na época da seca. Era tudo muito inicial. Lembro do Hospital São Marcos, Maternidade Marechal Rondon, Hospital Samaritano, Pronto Socorro Menino Jesus e o Hospital Santa Alvina, este do dr. Antônio Muniz, que foi o primeiro diretor clínico da Santa Casa”.

O primeiro colega de profissão que ele teve contato em Rondonópolis foi o dr. Ariel Marques, que também

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FOTO – A TRIBUNA

“A SANTA CASA É ORGULHO PARA A GENTE"

Dr. Fernando Tenório, diante da atual estrutura da Santa Casa: a estrutura alcançada pelo hospital, uma das maiores de Mato Grosso, é um dos seus grandes orgulhos

se formou em Recife e que o incentivou a ficar por aqui. O dr. Muniz, que atendia essa parte de traumatologia na Santa Casa, com o tempo, foi passando essa área para Fernando Tenório.

No começo, os serviços em ortopedia em Rondonópolis eram poucos. Além de Rondonópolis, havia ortopedistas em Cuiabá e Campo Grande (MS). “Minha vida profissional em Rondonópolis sempre foi ligada à Santa Casa. Isso significa dizer ligada à muitas dificuldades, principalmente financeiras, que seguem até hoje”, analisa.

Inclusive, pontua que a Santa Casa foi idealizada como um hospital de várias clínicas e, assim, seu corpo clínico também cresceu. Apesar do porte atual da Santa Casa, entende que aquilo que foi feito em 40 anos poderia ter sido feito em 20 anos se houvesse mais engajamento político e da população.

Dr. Fernando Tenório diz que a sociedade, de forma geral, é quem fez a Santa Casa através de doações, mas avalia que era uma minoria que tinha essa mentalidade de ajuda. “Um problema é que a cidade era nova e por aqui passava muita gente. Teve uma época que as pessoas passavam por aqui para seguir para Rondônia e elas não tinham compromisso com a cidade”, atesta.

Por outro lado, conta que os funcionários, assim como o corpo clínico, sempre foram muito dedicados ao hospital e se sacrificavam bastante por ele. “Entendo que a sociedade em si não valorizava tanto a Santa Casa, por isso digo que

poderia ter sido feita em um prazo menor. A parque o número de fraturas por acidentes de trânsiticipação do poder público, especialmente estato iria crescer tanto. Inclusive, até hoje as motos dual, sempre foi tímida também”, revela. provocam uma grande violência no trânsito.

Teve época, no começo, segundo Fernando Nesse contexto, aliando a grande demanda Tenório, que funcionários compravam um poue concentração de bons profissionais, o Hospital co de carne e de verduras, porque não havia reRegional também se tornou um grande centro serva na despensa. Afirma que houve períodos especializado em traumas na região, abrangenem que o hospital quase não conseguia subsisdo 19 municípios. Fernando Tenório atuou e se tir e, mesmo assim, se tornou aposentou no Hospital Regioum patrimônio de Rondonóponal. Hoje continua atuando na lis, contando com um corpo clíSanta Casa, na Unimed e na nico muito bom.

UPA/Prefeitura.

Ele citou que o Dr. Bolívar Para mostrar essa importânEntendo que a de Carvalho, já falecido, foi dicia do Regional, relata que certa retor clínico da Santa Casa por vez um paciente tinha se acidensociedade em si muito tempo e teve grande entado em um município distante não valorizava volvimento e trabalho em prol e lhe falaram para ser trazido tanto a Santa Casa, para a unidade a fim de ter uma da unidade. “Lembro de uma por isso digo que reunião para discutir a comboa assistência em trauma. “Isso poderia ter sido pra de um elevador e saímos mostra que o Regional também achando que não havia conditem uma trabalho a mostrar, feito em um prazo ção de comprar devido ao preapesar das dificuldades de hoje. menor" ço. Hoje temos três elevadores Acho que nesse próximo governo e temos a satisfação de deixar a situação poderá melhorar”. esse hospital para a cidade e para nós, porque Ele observa que algo que avançou muito em nossa família também se trata ali”.

Rondonópolis foi a medicina de diagnóstico por Impossível não observar a explosão em atenimagem, acompanhando o crescimento de oudimentos ocorridos na área da traumatologia tras regiões que são referências. Continuando na cidade de Rondonópolis, principalmente aos com o desenvolvimento da região, acredita que acidentes de trânsito, sobretudo com motos. Ele a tendência é a saúde acompanhar essa realiatesta que os profissionais da área não pensavam dade e crescer mais ainda.

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Dr. Dorisval Alves Tenório

“O ATENDIMENTO EM SAÚDE LOCAL MELHOROU MUITO”

Dr. Dorisval Alves Tenório, ginecologista e obstetra: “Hoje em termos de atendimento, eu acredito que democratizou, melhorou bem”.

No detalhe, em uma foto de 1970, o então adolescente Dorisval Tenório ostenta a beca de formatura do Ginásio

N

atural da pequena cidade de Itaguagé, no estado do Paraná, o pioneiro Dorisval Alves Tenório é formado em Medicina pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), especialista em ginecologia, obstetrícia e ultrassonografia. Sua história foi destaque na Série Pioneiros, do Jornal A TRIBUNA, em novembro deste ano.

Dorisval chegou em Rondonópolis ainda criança, aos 11 anos de idade, no distante ano de 1966, junto com sua família. Ele logo foi estudar Medicina fora, mas retornou para sua cidade para se tornar um importante profissional da área da saúde local, tendo atuação destacada como membro do corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia, hospital onde trabalha desde que se formou médico.

Fez a faculdade de Medicina em Campo Grande (MS). Depois, Dorisval se formou no referido curso no ano de 1980. Assim que terminaram as festividades da formatura, ele veio para Rondonópolis para servir o Exército, que o tinha dispensado temporariamente para estudar.

“Eu fiquei um ano no 18º GAC e já trabalhava na 10 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

Santa Casa. Eu lembro de ter chegado aqui no dia 23 de dezembro e no dia seguinte já estava fazendo plantão para colegas na Santa Casa. Naquela época, era até difícil chegar lá, pois a pessoa tinha que atravessar mato, o hospital não tinha nome, prestígio naquela época. Só iam para lá as pessoas com menos condições financeiras”, narra ele.

“No Centro tinha o Hospital Samaritano, o Marechal Rondon, o Modelo, São Marcos e o São José.

O plantão na Santa Casa era a distância. Algum funcionário vinha nos chamar em casa quando aparecia alguma coisa. E pouca gente tinha telefone, porque era um absurdo de caro. Seu Abelino, que era guarda na Santa Casa, ia muito me chamar em casa”, continua.

Ele se lembra que na época ainda não existia o Sistema Único de Saúde (SUS) e a maioria dos atendimentos médicos tinha que ser pago pela família do paciente, pois o antigo INAMPS só cobria o tratamento de quem tinha carteira assinada. “A maior parte do pessoal só conseguia entrar nos hospitais através do antigo Funrural. Mas a maioria das pessoas já estava

acostumada a pagar pelas consultas e pelos tratamentos”.

Por conta da pequena quantidade de médicos, ele lembra que os plantonistas, mesmo que clínicos gerais, tinham que fazer de tudo, desde partos até cirurgias, o que não significava nenhum problema, pois todos os médicos da época eram muito bons, de acordo com o pioneiro. “Eu, por exemplo, cheguei a fazer gesso, trabalhar com ortopedia. Na escola de Medicina a gente aprende uma boa base para tudo isso”, contou.

Só com o tempo e com a cidade ganhando em tamanho e importância é que foram chegando mais médicos especialistas, como obstetras, ginecologistas, pediatras, endocrinologistas, e outros. Com isso, a Santa Casa também foi crescendo e passando a ser mais respeitada.

“Com o tempo também chegou o asfalto lá para cima e a Santa Casa cresceu e hoje é um centro de saúde regional. Faz de tudo, até cirurgia cardíaca”.

Ele conta que somente muito tempo depois da sua chegada foram surgir os mini postos de saúde, ancestrais dos atuais Programa de Saúde da Família (PSF). “O mais marcante foi a evolução no atendimento… Hoje em termos de atendimento, eu acredito que democratizou, melhorou bem. Tudo isso com a presença das instituições municipais, estaduais e, por fim, o Hospital Regional, mas ainda existem reclamações”, analisa, lembrando que antigamente era preciso ter dinheiro para ser atendido.

Hoje com 63 anos, casado pela segunda vez, pai de cinco filhos e avô de quatro netos, Dorisval Alves Tenório continua em atuação na medicina.

“Eu fiz um cálculo, levando em conta que eu tivesse feito dois partos por semana, eu já teria feito mais de 4,5 e 5 mil partos aqui. Mas num plantão já cheguei a fazer 16 partos. Hoje, estou fazendo os partos de pessoas que nasceram comigo, quase todos os dias. Então, já sou obstetra avô (…).

Eu estou satisfeito com o que a cidade me ofereceu até hoje”, conclui.

66 3022.0903 SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 11

Segurança doméstica

FOTO – ILUSTRATIVA

O PERIGO PODE ESTAR DENTRO DE CASA

A

mbiente que remete ao descanso, tranquilidade e segurança, a casa também guarda grandes riscos de acidentes e que, em muitos casos, podem levar até a morte. Um tapete no piso, produtos mal acondicionados, aparelhos conectados de forma errada, piscina mal protegida, luzes de árvore de Natal, entre tantos outros, devem receber cuidados devidos para se evitar o pior no ambiente doméstico.

O engenheiro de segurança contra incêndio e pânico Cláudio Hessel, da empresa Work Safety, em entrevista à Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, destaca que a sobrecarga elétrica em aparelhos eletroeletrônicos, o uso de velas e de cigarro de forma inadequada e problemas ligados ao gás de cozinha estão entre as principais causas de incêndio nos lares. “É importante que as pessoas saibam o que fazer em muitos casos, a exemplo de não atirar água na parte elétrica em caso de incêndio dentro de casa com o equipamento energizado, e ao perceber cheiro de gás de cozinha (GLP), abrindo portas e janelas e evitando ligar interruptores”, diz.

Na cozinha, o grande vilão é o gás de cozinha. Cláudio explica que deve-se manter a válvula do botijão sempre fechada quando não estiver cozinhando. As mangueiras de GLP, segundo a norma brasileira (NBR 8613), têm prazo

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de validade de cinco anos. Isso porque a mangueira pode dar vazamento em um horário em que não tenha ninguém em casa e haver uma explosão após um simples toque no interruptor de luz quando alguém chegar”, alerta.

Ele informa que, no fogão, quando se está cozinhando, uma recomendação é deixar crianças afastadas e manter cabos de panelas virados para dentro, a fim de evitar queimaduras. Na despensa ou na cozinha, dependendo da casa, o cuidado deve ser com o acondicionamento de produtos de limpeza e produtos tóxicos. Além de estarem fora do alcance das crianças, eles não podem ser acondicionados em embalagens de produtos alimentícios ou bebidas, como refrigerantes, o que pode induzir as crianças a ingeri-los de forma equivocada.

Equipamentos elétricos ou eletrônicos devem ser ligados em uma rede compatível com sua tensão, carga e consumo. O profissional alerta que muitas pessoas costumam ligar muitos aparelhos a uma mesma tomada, através do popular “T”, gerando risco de sobrecarga, curto-circuito e incêndio. No banheiro, o chuveiro elétrico deve ter um aterramento para minimizar riscos de choque elétrico e morte ao tomar banho.

Nesta época de fim de ano, um grande perigo são as árvores de Natal, devido aos piscas-piscas, que geram um aquecimento e risco de incêndio, considerando que ficam ligados a noite inteira ou muitas vezes sem ninguém em casa. Vale enfatizar que as árvores são de fácil combustão e, muitas vezes, estão próximas de cortinas e sofás, aumentando o risco.

Por toda a casa, especialmente no banheiro, Cláudio recomenda atenção com os tapetes, que são passíveis de escorregões. A dica é priorizar tapetes antiderrapantes ou optar por não usá-los. Em casas com idosos, os banheiros devem ter ainda barras de apoio na área de banho e junto ao vaso sanitário. Tudo isso para evitar quedas dos usuários.

As estatísticas mostram que o número de crianças que vem a óbito em piscina é expressivo.

Para evitar essa possibilidade, alerta para que as piscinas estejam devidamente isoladas, com portas, telas ou lonas. “Jamais deixe uma criança tomando banho sem o acompanhamento de um adulto, mesmo que ela esteja com boia ou outro aparato”.

Escadas precisam sempre possuir corrimão.

Crianças não devem brincar e correr em escadas. Também diz que outra segurança é que o piso da escada seja de material antiderrapante.

O cuidado, segundo ele, deve se estender com o uso de escadas móveis.

“Não improvise usando escadas móveis muito curtas ou longas. Use a escada certa para cada trabalho. Jamais deve subir nesse equipamento duas pessoas ao mesmo tempo.

Posicione a escada corretamente mantendo 1/4 do comprimento da escada afastado do pé da parede. Averigue se o piso não está escorregadio”, recomenda.

acidentes de trabalho continuam sendo uma grande mazela social no município de Rondonópolis. Dados do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2016, da Previdência Social, divulgado neste ano de 2018, apontam para uma pequena queda nos índices de acidentes de trabalho entre 2015 e 2016, mas, ainda assim, expressivos. Rondonópolis só perde para Cuiabá, a capital, em número desse tipo de acidente.

Segundo a Previdência Social, o número de acidentes de trabalho em Rondonópolis passou de 883 casos em 2015 para 826 casos em 2016. Contabilizando os casos com Carteira de Trabalho registrada, os acidentes de trabalho em empresas do município caíram de 821 registros em 2015 para 782 registros em 2016.

O levantamento detalha que, entre os profissionais com Carteira de Trabalho registrada, foram contabilizados 513 acidentes típicos de

FOTO - ILUSTRATIVA

ACIDENTES DE TRABALHO SÃO GRANDE PREOCUPAÇÃO Os

O uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) e garantia do trabalho em áreas seguras devem ser prioridades nas empresas

trabalho, isto é, em decorrência da atividade profissional, em 2016 na cidade. O levantamento também expõe que 259 acidentes de trabalho em Rondonópolis aconteceram em 2016 no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.

Outro alento é que, baseado no levantamento da Previdência Social, o número de óbi-

tos em Rondonópolis decorrentes de acidentes de trabalho diminuiu de 13 em 2015 para 7 casos em 2016. A capital Cuiabá, por sua vez, viu o número de óbitos decorrentes de acidentes de trabalho aumentar de 7 casos em 2015 para 11 casos em 2016. Lá, o número total de acidentes de trabalho em 2016 atingiu a marca de 2.104 pessoas em 2016.

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 13

Construtora Amoroso vem dando atenção especial à prevenção aos acidentes de trabalho

FOTO: JORNAL A TRIBUNA

BONS EXEMPLOS NA PREVENÇÃO AOS ACIDENTES DE TRABALHO

Cleber Noel de Moura, técnico em segurança no trabalho, e Silvania Garcia, do Recursos Humanos: trabalho preventivo tem trazido vários ganhos para a Construtora Amoroso

D

esde o começo da sua atuação, uma das maiores empresas especializadas na fabricação de estrutura metálica e pré-moldados de Rondonópolis e região, a Construtora Amoroso, vem dando atenção especial à prevenção aos acidentes de trabalho, em cumprimento à legislação vigente e com apresentação de resultados bastante positivos.

O técnico em segurança no trabalho Cleber Noel de Moura atestou, em entrevista à Revis-

ta SAÚDE, que a preocupação com a saúde do trabalhador na Construtora Amoroso vem detsde o momento em que ele é contratado, com a adoção de um conjunto de medidas que visam a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

Dessa forma, o primeiro passo sempre em cada contratação é a realização dos exames admissionais, que são realizados conforme a função, e depois o seu processo de integração, com o objetivo de informar sobre as regras e

procedimentos adotados na empresa e exigidos pela legislação.

Os cuidados seguem no dia a dia das atividades da empresa, com a visita e acompanhamento do técnico em segurança no trabalho nas diversas obras que os trabalhadores atuam. As instruções são feitas de acordo com cada etapa das obras. “O objetivo é realizar um trabalho preventivo e orientativo junto aos funcionários, para evitar acidentes e doenças ocupacionais”, explica.

O fornecimento e cobrança constante dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para cada atividade, seja na produção de pré-moldados, na metalúrgica ou nas obras, é essencial nos resultados. Cleber Noel aponta que, diante de todo esse esforço, não há acidentes considerados graves e os índices de acidentes são bem baixos.

Além disso, Silvania Garcia, do Recursos Humanos da Construtora Amoroso, atesta que percebe-se um ganho em saúde dos funcionários e a redução dos afastamentos do trabalho.

E a meta é aperfeiçoar mais, buscando sempre medidas e ações que possam melhorar a segurança do ambiente de trabalho.

“Ao terem mais qualidade de vida e saúde, os funcionários não faltam ao serviço, não temos atrasos nas obras e, consequentemente, os clientes ficam satisfeitos porque os seus projetos estão sendo entregues dentro do prazo”, destaca a profissional do departamento pessoal.

O CUMPRIMENTO DAS NORMAS É ESSENCIAL Quando se fala em segurança do trabalho é fundamental ficar atento ao cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs) e das Normas Brasileiras (NBRs), que atingem as 14 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

empresas conforme o número de empregados e o grau de risco da sua atividade.

Na avaliação do engenheiro em segurança do trabalho Cláudio Hessel, as empresas do

município de Rondonópolis melhoraram bastante nessa área de prevenção aos acidentes trabalhistas, com avanços tanto por parte dos empregadores quanto dos trabalhadores.

INSTALAÇÃO/MANUTENÇÃO • REDE DE HIDRANTE • SPDA (Para raios) • ALARME DE INCÊNDIO • ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Equipe do Jornal A TRIBUNA participando do treinamento de formação de brigadistas

A maioria das empresas é de pequeno porte no Brasil, mas ainda elas devem estar atentas ao uso de EPIs (equipamentos de proteção individual), EPCs (equipamento de proteção coletiva), e garantia do trabalho em áreas seguras, contando com um designado da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).

Cláudio informa que o designado da CIPA vai observar pontos que representam riscos ambientais, como físicos (ruídos, calor, frio, umidade e radiações), químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. A empresa deve contar com uma CIPA a partir do momento que passa a ter mais de 20 trabalhadores, conforme a NR5.

A partir de 50 empregados para empresa de grau de risco quatro (4), é necessário ainda a presença de técnico em segurança do trabalho. Com mais de 500 empregados já se faz necessário engenheiro de segurança, auxiliar de enfermagem, médico do trabalho, entre outros. “Vejo que está havendo uma preocupação muito grande em relação

a conscientização com o uso de EPIs e EPCs”, avalia o profissional.

Cláudio atesta que as empresas devem estar atentas ainda com o pagamento de insalubridade, que gera risco a saúde, sendo o risco mais baixo com acréscimo salarial de 10%, o médio com direito a 20% de acréscimo e o alto, com 40% de acréscimo. A existência de periculosidade, em ambientes de trabalho com risco de morte iminente ou explosão, garante acréscimo sobre o salário-base em 30%.

Atualmente, mais uma contribuição para o estabelecimento de ambientes de trabalho seguros é a necessidade de atendimento ao E-Social, que obriga as empresas a informarem todas as adequações inerentes à segurança do trabalho.

Cláudio reforça que a Work Safety ministra cursos de prevenção a acidentes de trabalho em altura, em espaço confinado, com o uso de máquinas, além de outros treinamentos normativos e de formação de brigadistas, para treinar as pessoas a operar os preventivos de combate a incêndios.

Apesar da situação preocupante, as empresas do município de Rondonópolis melhoraram bastante nessa área de prevenção aos acidentes trabalhistas”

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FOTO – DIVULGAÇÃO

Cidade vem recebendo vários eventos de conscientização nos últimos anos, a exemplo da Caminhada

A UNIÃO QUE VEM TRAZENDO CONQUISTAS AOS AUTISTAS FOTO – DIVULGAÇÃO

Registro de reunião de acolhimento às famílias, promovido pela Associação Rondonopolitana de Pessoas com Transtorno Autista

A

falta de informação ainda gera muito preconceito da sociedade em relação ao tratamento de pessoas com autismo, conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar dessa barreira, muitos avanços foram registrados em Rondonópolis quando o assunto é autismo, a começar pelo maior acesso à informação das pessoas e pela garantia de direitos estabelecidos por lei.

Muito dessa transformação se deve à união de pais de crianças autistas que perceberam a necessidade de ajudar seus filhos com ações

16 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

que pudessem levar mais conhecimento à sociedade e que pudessem reivindicar perante o poder público dignidade e melhor tratamento para aqueles que possuem autismo. Foi assim que surgiu há cerca de dois anos a Associação Rondonopolitana de Pessoas com Transtorno Autista (ARPTA).

A Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, ouviu a presidente da ARPTA, Rosemary de Aquino Pinto Piovesan sobre o assunto. Ela explica que a criança com autismo necessita de ajuda não apenas dos pais, mas da sociedade. “Ha-

via um certo preconceito para com a criança autista, principalmente porque uma das suas principais características é o comportamento, que chama muito a atenção das pessoas. Sou mãe de criança autista e, na época que meu filho teve o diagnóstico, quando ele tinha cerca de dois anos, não sabia o que era o transtorno, pois não havia a Arpta e a mídia quase não divulgava”, conta.

Quando o filho apresentava algumas características bem diferentes de uma criança tida como normal, Rosemary lembra que as pessoas lhe julgavam, falavam que não sabia educar seu filho ou que ele era mal criado. Também atesta que, por falta de informação, o preconceito era muito grande na escola. “Graças a Deus, com a união dos pais, foi formando esse grupo e ele foi crescendo, tendo uma força maior e possibilitando a criação da ARPTA”, explica.

A psicóloga Érica Rezende Barbieri pontua que, em 2012, seis famílias que já tinham o diagnóstico dos filhos com autismo se reuniram e, desde lá, iniciaram esse trabalho de divulgação para apresentar à sociedade rondonopolitana que eles existiam. A ARPTA foi criada oficialmente em 2016. Desde a formação da associação, as mães de autistas passaram a ter voz perante as autoridades e muitos direitos dos autistas passaram a ser cumpridos.

“Toda essa divulgação sobre o autismo e a realidade de uma pessoa com o autismo, junto com o trabalho da ARPTA, têm aberto espaço para diálogo e respeito aos direitos. Também existe em nosso município, pioneiro no Estado do Mato Grosso, a lei de prioridade de atendimento aos autistas”, avaliou Érica Rezende.

FOTO – JORNAL A TRIBUNA

Presidente da ARPTA, Rosemary de Aquino Pinto Piovesan: "A gente precisa fazer as coisas acontecerem aqui no município"

Por sua vez, Rosemary diz que uma das conquistas locais foi a garantia da presença de auxiliar na sala de aula onde tem criança autista, tanto no Município quanto no Estado, não sendo mais preciso recorrer à Defensoria. A Associação também conseguiu um espaço provisório no antigo Nilmo Junior, no Centro, que serve para realização de reuniões, palestras e orientações. Aliás, hoje há oferta no local de tratamento psicológico para pais e crianças a

partir de uma psicóloga voluntária.

Segundo a presidente, receber o diagnóstico de uma criança especial não é nada fácil e, por isso, os pais também precisam de orientação para encarar essa situação. Contudo, avalia que, na esfera nacional, a divulgação do autismo é muito pobre. “Mesmo sendo uma força pequena, a gente conseguiu um espaço no município, onde nossas famílias estão. Têm alguns pais que saem da cidade por causa das

dificuldades de tratamento, mas a gente não pode fugir da raia. A gente precisa fazer as coisas acontecerem aqui no município”, atestou.

Assim, mais uma conquista foi o direito à preferência no estacionamento e em filas de estabelecimentos diversos. Hoje grande parte do comércio local tem a placa indicando a preferência do autismo, que é uma gravata com um quebra-cabeça colorido. Por causa dessas conquistas locais, outros municípios também têm lutado pela obtenção de direitos para seus autistas. Rosemary reclama, no entanto, que falta às pessoas, principalmente profissionais da saúde e educação, buscarem mais qualificação para atender os autistas. “Esses dias estivemos discutindo essa situação com o prefeito José Carlos”, enfatiza.

O grande objetivo da ARPTA é ter uma sede própria, com estrutura, para oferta multiprofissional para as famílias autistas, com fonoaudiólogo, neuropediatra, psicólogo, neuropsicólogo, terapeuta ocupacional, equoterapia, fisioterapia, hidroterapia, entre outros. Outras melhorias, no entanto, também dependem do tempo necessário de CNPJ para obtenção de recursos públicos, que é três anos e ainda não completou. “Falo para que a sociedade tenha mais interesse em qualificação, mais informações, para atender as crianças autistas”, reforça.

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 17

FOTO – DIVULGAÇÃO

UMA AÇÃO QUE VIROU REFERÊNCIA NACIONAL FOTO – EDILAINE SOARES

O cumprimento à lei de prioridade de atendimento aos autistas vem sendo fomentada em Rondonópolis

Psicóloga Érica Rezende Barbieri e o esposo Célio Barbieri, que conduzem o projeto Autismo na Escola

C

omo mãe e profissional na área da Neuropsicologia e Psicopedagogia, Érica Rezende Barbieri acreditou ser de grande relevância haver um trabalho que promovesse a inclusão do aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas. A partir daí nasceu o Projeto Autismo na Escola, totalmente voluntário, onde ela e o marido realizam oficinas de dinâmicas de grupo, incluindo distribuição de cartilhas, apresentação de vídeos, teatros e promoção de rodas de conversas, a fim de conscientizar os colegas e equipe escolar. A iniciativa hoje colhe muitos frutos positivos e virou uma referência nacional. Érica iniciou o projeto em 10 de fevereiro de 2017. E foi em um momento de “dor”, proveniente de preconceitos, que a iniciativa tomou combustível para se concretizar. Como mãe de dois filhos autistas, ela atesta que foi acumulando experiências desagradáveis quanto a aceitação da condição deles como autistas. A psicóloga lembra que, nessa situação, em 24 de dezembro de 2016, depois do que ela chama “um dia daqueles”, digitou a formatação do projeto, no intuito de fazer algo grande que beneficiasse a todos, pois percebeu que nem tudo provinha de preconceito mas sim de falta de informação.

Em Rondonópolis, o projeto já percorreu cerca de 60 escolas, entre públicas e privadas, além do comércio, indústria, igrejas, órgãos públicos, Câmara Municipal, e outros.

Desde lá, foram mais de 150 palestras e cerca de 12.000 pessoas recebendo orientações sobre o Transtorno do Espectro Autista. Nesse 18 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

curto período, a psicóloga percebe, em primeiro lugar, que as pessoas realmente não tinham conhecimento do que era o autismo e, ao participarem do projeto, se tornam multiplicadoras e defensoras da causa. Isso ocorre tanto com as crianças que participam quanto com os adultos. O que também observa é que existem muitas pessoas que tem o autismo e nem sabem, e outras que estão lutando pelo diagnóstico.

Apesar de entender que várias ações estão sendo realizadas em prol da causa, Érica lamenta que a Lei Berenice Piana, 12.764, de

27 de dezembro de 2012, ainda não está sendo cumprida na íntegra, sendo fundamental seu cumprimento, pois ela garante profissionais qualificados para atendimento e todas as estimulações necessárias. “Não temos um centro especializado ao atendimento à pessoa com autismo e, por ser um transtorno de alta complexidade, demanda de uma assistência mais individualizada e voltada exclusivamente para o TEA”, avalia.

Além de já ter percorrido as escolas públicas e privadas, onde estão matriculados os alunos com autismo no município de Rondonópolis, o Projeto Autismo na Escola também se apresentou em algumas escolas em Primavera do Leste, Cuiabá, Itiquira, Goiânia/GO e Mineiros/GO. O interessante é que a iniciativa segue com a possibilidade de ser multiplicada pelo País, com outras escolas também realizando o projeto. Para isso, Érica se coloca à disposição e fornece o modelo do projeto local para ser difundido Brasil afora, com as devidas adaptações, sem nenhum custo.

FOTO – DIVULGAÇÃO

Em Rondonópolis, o projeto já percorreu cerca de 60 escolas, entre públicas e privadas, além de vários outros locais

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 19

Depressão

COMO PREVENIR A DEPRESSÃO?

O MAL QUE CRESCE DE FORMA ASSUSTADORA

FOTO – JORNAL A TRIBUNA

ILUSTRATIVA

Psicólogo Luís Fernando Barth, professor da UFR: “Chamo a atenção que muitas pessoas hoje se veem colocadas em uma situação depressiva, sem que a gente coloque isso como algo psicopatológico”

A depressão, junto com os casos de suicídio, também tem aumentado de forma considerável em Rondonópolis

Um

dos transtornos psíquicos que mais preocupam a humanidade na atualidade é, com certeza, a depressão. Apesar de silenciosa, também pode ter efeitos devastadores na vida do ser humano, podendo em muitos casos levar à morte. Não por menos os profissionais da saúde e entidades públicas dão cada vez mais atenção à problemática.

Além de ser encarada como doença, o psicólogo Luís Fernando Barnetche Barth, doutor em Psicologia e professor na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), entrevistado pela Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, alerta que a depressão hoje também precisa ser pensada como sintoma social dominante bastante frequente e com propensão a aumentar.

“Chamo a atenção que muitas pessoas hoje se veem colocadas em uma situação depressiva, sem que a gente coloque isso como algo psicopatológico. É algo fomentado pela própria contemporaneidade. Por exemplo, o mundo hoje nos exige uma série de coisas e nos faz crer que, se não adquirir determinadas coisas, a pessoa não é realizada”, analisa o psicólogo.

Dentro desse tom consumista da atualidade, Barth observa que as pessoas adquirem as coisas, veem que é bom poder tê-las, mas que isso não resolve todas as coisas. Nesse contexto, é comum ver pessoas com ganho elevado e, mesmo assim, se sentirem vazias, como sem objetivo na vida.

“As pessoas nas festas hoje ligam o apare20 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

lho celular e estão sentadas, mandando fotos, conversando nas redes sociais e dizendo que está o máximo, mas não estão conversando com as pessoas no ambiente ou dançando”, acrescenta o professor, analisando que esse mundo paralelo faz com que as pessoas percam a dimensão de estar com o outro, de aproveitar o momento.

Ainda dentro da contemporaneidade, em oposição ao ar depressivo, se apresenta o estado eufórico maníaco, como se mostra em festa raves, com uma busca das pessoas em se anestesiarem em algo frenético ou em drogas e depois caindo num vazio ou total perda de sentido, com consequências que também podem ser trágicas.

Por outro lado, esse estado depressivo da sociedade, segundo o professor Luís Barth, precisa ser encarado não como o fim do caminho, mas com a abertura de portas para novas possibilidades. “Havendo a consciência que, dentro de um acompanhamento e tratamento profissional, outras possibilidades podem se abrir. Por exemplo, elas podem mudar de emprego, mudar situações, redimensionar a vida, buscar novas satisfações”, aponta.

Nessa nova realidade, por sua vez, muitos quadros inevitavelmente não vão fugir de um diagnóstico que aponta para transtorno psíquico que precisa ser tratado e requer muitas vezes intervenção medicamentosa e psicológica, conforme preconiza a Organização Mundial

Sempre a melhor saída quando se depara com a depressão é a busca de ajuda profissional. De forma alguma, as pessoas, conforme o psicólogo Luís Barth, devem recriminar. “As vezes a gente encara esse problema como uma fraqueza ou que atinge alguém fraco, o que não é verdade. É preciso acolher, conversar e ver o que essas pessoas enfrentam, criando um vínculo para realizar um encaminhamento profissional”.

Da mesma forma, o professor alerta que a depressão não pode ser encarada como frescura ou como preguiça, como se a pessoa não quisesse fazer as coisas.

“A partir do momento que a pessoa tem certo conhecimento, e força também, pode por si própria procurar ajuda profissional, iniciando por um médico”, entende. Aliás, quanto mais informações corretas forem difundidas sobre a depressão, melhor para acabar com preconceitos.

Aliás, hoje deve-se pensar a depressão não como algo individual, mas como algo que afeta a família, as pessoas ao redor, e a sociedade, sendo um grave problema de saúde pública, que gera redução de renda familiar, desfalque e redução de produtividade nas empresas e também atinge as relações afetivas com filhos e entre casais.

Um ponto positivo é que as pessoas estão aceitando mais a figura do psicólogo, do psiquiatra e de outros profissionais da saúde.

“A reabilitação ou cura depende de cada caso.

Há alguns casos mais graves e persistentes e outros mais brandos. De qualquer forma, a gente tem que pensar que esse transtorno tem tratamento e que se deve buscar o mais rápido isso, antes que gere perda de emprego, casamento e da família...”, recomendou o professor da UFR, Luís Barth.

de Saúde (OMS), objetivando a reabilitação e a cura. Inclusive, a depressão é um fenômeno que especialistas entendem que ainda deve continuar crescendo bastante.

Enquanto algo patológico, a depressão, segundo Luís Barth, não é apenas uma tristeza ou algo passageiro, considerando que em determinadas situações de perda a pes-

soa tende a estar mais triste. A depressão enquanto doença tem características mais acentuadas e persistentes. Têm pessoas que apresentam dificuldades para fazer suas atividades, perdem o sono e passam a comprometer a alimentação, sendo algumas vezes com ideias e até tentativas de suicídio.

O professor avalia que o aumento de casos

de suicídio na atualidade está ligado a alguns transtornos psíquicos, sendo alguns deles a depressão, a esquizofrenia e outras doenças.

“Tenho observado uma crescente bastante grande nas tentativas de suicídio na sociedade.

Mas é bom dizer que não é só a depressão que pode acarretá-la, mas o uso e abuso de drogas, a bipolaridade, entre outras”, assinala.

A DEPRESSÃO TEM TRATAMENTO, E PASSA...

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 350 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo e projeta que, em 2020, a depressão será a segunda maior causa de incapacitação, afetando mais mulheres do que homens, entre 18 a 74 anos. A estimativa anual para crianças e adolescentes é em torno de 2% em crianças e de 4 a 7% em adolescentes.

A psicóloga Juçara Conte, especialista em Terapia Cognitivo-comportamental para adultos e adolescentes, repassa para a Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, que a depressão é uma

doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como distúrbios do sono e do apetite.

Juçara Conte diz que, semanalmente, atende no seu consultório a uma demanda muito grande de pacientes com sinais de depressão. “Posso afirmar que hoje 25% dessa demanda tem diagnóstico de transtorno de humor depressivo (unipolar, bipolar ou distímico), onde ocorre os sintomas depressivos.

Este ano também atendi três casos de tentativas de suicídio, todos em adolescentes ou adultos jovens. Um quadro preocupante, que anos atrás era bem menor nessa faixa etária”, revela.

Conforme a psicóloga, a depressão é o mal do século porque a sociedade atual está num mundo de consumo, competição, ansiedade, correria e horários restritos, problemas econômicos, além da violência urbana onde as pessoas se sentem vulneráveis.

Ela informa que a depressão é uma doença multifatorial, e pessoas com predispo-

Sanira Logrado Psicóloga CRP 18/02184 Especialista em Terapia de Casal e Família Avaliação Psicológica

66

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SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 21

JOSUÉ PEREIRA

Psicóloga Juçara Conte, especialista em Terapia Cognitivo-comportamental para adultos e adolescentes: “Todos nós temos benefícios quando estamos em terapia”

sição genética podem reagir a esses acontecimentos traumáticos com estresse físico e psicológico, desenvolvendo a doença.

Como o tratamento é medicamentoso e psicoterápico, a psicóloga Juçara Conte atesta que a Terapia Cognitivo-Comportamental tem

se mostrado bastante eficiente no tratamento dos pacientes deprimidos. “O indivíduo depressivo possui uma visão negativa de si mesmo, de suas experiências atuais e do futuro, que o levaram a sintomas desmotivacionais, desejos suicidas e aumento da dependência. A terapia atua nos padrões cognitivos e emocionais do indivíduo, identificando, monitorando e reformulando esses pensamentos e sentimentos”, argumenta.

Importante dizer que a terapia psicológica não é só positiva para os deprimidos. “Todos nós temos benefícios quando estamos em terapia. Aprendemos a lidar com as dificuldades da vida, com o estresse e com as frustrações, aumentando nosso repertório de habilidades”, assegura a profissional. Exercícios físicos também são benéficos porque aumentam a produção de serotonina, o neurotransmissor do prazer, melhorando o humor, bem como alimentação e sono adequados e descanso com pausas necessárias.

Juçara Conte reforça que depressão é uma doença que precisa ser tratada. “Portanto, se você sente que se enquadra nos sintomas de tristeza constante, falta de ânimo, desesperança e até vontade de morrer, entre outros, procure ajuda. Fale com seus familiares, com um médico, um psicólogo. Depressão tem tratamento, e passa...”, afirma.

A Terapia Cognitiva Comportamental tem se mostrado eficaz nos mais diversos distúrbios psiquiátricos, como: Ansiedade Depressão Transtorno de Humor Bipolar Fobias Específicas TOC. Transtorno Obsessivo Compulsivo Transtornos Alimentares Fobia Social Síndrome do Pânico Transtornos Externalizantes (TOD, TDAH, TC)

@psicologia_jucaraconte

22 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

Avaliação psicológica

FOTO - DIVULGAÇÃO

O RAIO-X DA PERSONALIDADE HUMANA É muito importante que se faça uma avaliação psicológica ao contratar ou promover para ver se a personalidade do candidato atende as necessidades da função”

A psicóloga Sanira Amaral Logrado recebe certificado de formação na avaliação de personalidade Z Teste. Na foto, com o autor do teste, professor Cicero Vaz

A

aponta que existem pessoas que são muito boas em funções técnicas, mas não têm perfil de liderança, de gestão. “É muito importante que se faça uma avaliação psicológica ao contratar ou promover para ver se a personalidade do candidato atende as necessidades da função”, reforça.

Através da avaliação psicológica é possível traçar características e aspectos da personalidade com precisão, como controle geral, objetividade, capacidade de adaptação à tarefa, competitividade e iniciativa, capacidade de integração, relacionamento humano, inteligência (funcional, desempenho), criatividade, raciocínio lógico (coerência, precisão do pensamento), impulsividade, percepção de conjunto e percepFOTO – A TRIBUNA

avaliação psicológica vem sendo amplamente utilizada em diversos contextos na atualidade, não apenas por órgãos públicos, como pré-requisitos para aprovação em concursos, obtenção da carteira de habilitação (CNH), obtenção de “brevê” de piloto de avião ou obtenção de porte de arma, mas também por empresas em processos de seleção, avaliação de potencial e obtenção de desenvolvimento pessoal.

O psicólogo é o profissional habilitado para realizar esse procedimento, que consiste em um conjunto de técnicas com a intenção verificar características da personalidade de cada pessoa. Após a realização de curso específico, a psicóloga Sanira Amaral Logrado, da Clínica Accerti, passou a atuar na realização de avaliação psicológica em Rondonópolis, através do chamado Z-Teste, e destaca que esta pode ser uma ferramenta que pode trazer muitos ganhos para as empresas, se bem empregada.

Sanira explicou para a reportagem da Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, que as empresas podem usar a avaliação psicológica para auxiliar na contratação de pessoas ou para análise de funcionários objetivando a promoção ou preenchimento de cargos de liderança, de maneira mais assertiva. “O perfil de personalidade da pessoa tem que condizer ao cargo ou para aquilo que a empresa espera dela, caso contrário, prejuízos podem ser gerados para a empresa e o funcionário”, alerta.

Na verdade, a profissional esclarece que não existe uma personalidade melhor e outra pior, mas existe a personalidade que melhor se adequa à uma função, atividade ou situação. Assim,

ção de detalhe (senso de observação).

Além do ambiente organizacional e público, a avaliação psicológica também é utilizada no ambiente clínico, educacional, jurídico, orientação profissional, neuropsicológico, entre outros.

Inclusive, Sanira observa que até em terapias clínicas ela vem se valendo da avaliação psicológica para ajudar a captar, de forma mais rápida do que no processo analítico, certas estruturas da personalidade. O teste também pode ser feito em crianças com alguma dificuldade de aprendizado para auxiliar no diagnóstico.

Além dos testes de personalidade, Sanira é coach e tem atuação clínica, com o diferencial de ter especialização em terapia de família e terapia de casal. “Hoje tem até casal de namorados buscando fazer terapia. Não é só em momento de crise que deve fazer terapia. Tem pessoas que buscam se autoconhecer, saber mais suas potencialidades e também como melhorar. Já o coaching proporciona resultados a curto e médio prazo, a fim de alcançar objetivos em variadas áreas”, explica.

As solicitações de avaliação psicológica, bem como de terapia, podem ser feitas junto ao consultório da profissional localizado na Avenida Frei Servácio, 1012, Clínica Accerti – Desenvolvimento Humano, no bairro Santa Cruz, e-mail saniraa@gmail.com.

A Accerti – Desenvolvimento Humano funciona na Avenida Frei Servácio, 1012, no bairro Santa Cruz

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 23

A ODONTOLOGIA CADA VEZ MAIS ACESSÍVEL A TODOS

Ter

um sorriso bonito e saudável não é algo mais reservado para poucos, assim como ocorria antigamente. Na última década esse atributo tem ficado cada vez mais acessível devido a uma série de fatores, entre eles a popularização dos procedimentos odontológicos. Nessa realidade, por exemplo, tem sido cada vez mais comum pessoas fazendo uso de aparelhos ortodônticos.

O dentista José Fernando Barros de Figueiredo, especialista em ortodontia e representante da Rede Orto em Rondonópolis, explica que o acesso mais fácil aos tratamentos odontológicos nos últimos anos se deve, primeiramente, aos valores mais acessíveis, em função do surgimento de novas tecnologias. Ao mesmo tempo, atesta que vem tendo uma conscientização em relação à importância da saúde bucal. Outro fator a ser considerado é a melhora da renda da população nas últimas décadas.

Da mesma forma, as pessoas também estão tendo maior acesso aos aparelhos ortodônticos na atualidade. Houve uma diminuição no custo do tratamento ortodôntico principalmente por conta do barateamento do valor do material. Conforme José Fernando, poucas empresas no mundo produziam aparelhos ortodônticos antigamente e, agora, a patente caiu, possibilitando uma concorrência maior na produção. A maior oferta de profissionais na área contribuiu para queda de valores no mercado.

Junto com o custo mais acessível vale observar que as pessoas estão tendo mais problemas de má oclusão, que é o posicio24 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

FOTO – A TRIBUNA

cedo, persistindo até a fase adulta, vai apresentar alteração no crescimento da face, com uma disposição ao uso de aparelhos ortodônticos.

Nesse cenário, o mercado está encontrando cada vez mais clientela nas clínicas populares. Por outro lado, as unidades de saúde pública nas cidades brasileiras sofrem com a oferta de atendimento odontológico limitado. Em Rondonópolis, por exemplo, não há oferta de procedimento de canal nas unidades de saúde com tratamento odontológico. Além disso, nem todas as unidades de saúde pública possuem equipes de saúde bucal.

Segundo José Fernando, a Rede Orto, clínica que está há 10 anos em Rondonópolis, veio com a proposta de oferecer tratamento de qualidade para um público que até então não tinha acesso ao serviço. “Nosso padrão de qualidade é internacional, com procedimentos parecidos com os das melhores clínicas do mundo. Por ser uma rede, a gente consegue ter acesso a aparelhos a custo mais baixo, o que é repassado ao cliente”, acrescenta.

Em Rondonópolis, nesse período, já são mais 3 mil casos tratados com aparelhos ortodônticos, sem falar de outros procedimentos odontológicos. “A nossa aceitação é muito grande e hoje somos referência em odontologia em Rondonópolis”, atesta José Fernando. Localmente, a rede está investindo mais em tecnologia de ponta aos clientes, como aquisição de escâner intraoral, radiografias digitais, em alinhadores estéticos a custo mais acessível, entre outras novidades.

COMO MANTER O SORRISO SAUDÁVEL Dentista José Fernando Barros de Figueiredo, especialista em ortodontia e representante da Rede Orto em Rondonópolis: “somos referência em odontologia em Rondonópolis”

namento incorreto dos dentes, gerando a necessidade do uso de aparelhos ortodônticos.

O aumento dos problemas de má oclusão, segundo o odontologista, tem a ver com fatores genético e ambiental. “Como o Brasil é um país muito miscigenado, com uma mistura de raças muito grande, há fusão de padrões ósseos de populações diferentes, que resulta na falta de espaço nas arcadas dentárias e alterações na oclusão”, argumenta.

Outro agravante para os problemas ortodônticos é que as crianças na atualidade estão sofrendo muito com problemas respiratórios e de alergia. Segundo o profissional, a criança que não tem uma respiração correta desde

• Escovar os dentes todos os dias, após cada refeição e também antes de dormir, utilizando uma escova de dente de tamanho adequado, com cerdas macias e creme dental com flúor. Complemente a escovação passando o fio dental entre todos os dentes.

• Manter uma alimentação saudável, controlando a frequência da ingestão de alimentos doces, principalmente entre as refeições.

• No caso de quem usa aparelho ortodôntico, preocupar-se ainda mais com a limpeza dos dentes e da gengiva e com o uso do flúor, pois o aparelho retém muito restos de alimentos.

• Ir ao dentista regularmente.

Serviços de saúde

NOVA OPÇÃO DE ATENDIMENTOS MÉDICOS E ODONTOLÓGICOS FOTO - A TRIBUNA

C

ontando com valores acessíveis e pagamentos facilitados, muita gente de Rondonópolis e do Brasil tem tido a oportunidade de acesso a consultas médicas e odontológicas de maneira mais rápida e com qualidade. Um exemplo dessa realidade vem sendo possível através da clínica Medic Mais, uma franquia que chegou agora a Rondonópolis e também está presente em mais de 80 cidades brasileiras.

Os sócios da Medic Mais Rondonópolis, o Lucas de Paula Castrequini e o Rafael Castilho, atestam que a aceitação da clínica na cidade está acima da esperada inicialmente por eles, com grande adesão da população, incluindo dos associados dos planos funerários. “Essa é um grande alternativa para quem não tem plano de saúde e não quer depender do SUS. A Medic Mais vem para atender essa população de maneira rápida, com qualidade e preço acessível”, repassam.

Para ter acesso ao cartão Medic Mais, basta procurar a unidade local ou ligar para a clínica e fazer o cadastro. Nesse caso, o cartão será entregue em casa. O cartão que dá direito aos descontos é totalmente gratuito, sendo aceito em todas as unidades do Brasil. Quem é associado dos planos fune-

Sócios da Medic Mais Rondonópolis, o Lucas Castrequini e o Rafael Castilho: atendimento rápido, serviços de qualidade e preços acessíveis

rários da União Familiar, Plano Vida e da Perpétuo Socorro, além das Pax da região, não precisa confeccionar o cartão para ter acesso aos descontos.

A unidade de Rondonópolis, localizada na Avenida Tiradentes, Centro, conta com dois consultórios odontológicos, com três cadeiras, oferecendo

os mais diversos serviços odontológicos, incluindo implantes e parte de ortodontia, além de outros.

Um diferencial é a oferta gratuita de aparelhos ortodônticos fixos, com o pagamento apenas da taxa de manutenção. Também dispõe de exames e uma ampla gama de especialidades médicas.

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 25

Elaboração de projeto Execução e fiscalização Caixa D’água Metálica

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Três anos consecutivos eleita pela Acir a Construtora mais lembrada.

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SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 27

Qualidade de vida

A ATIVIDADE FÍSICA INDO ALÉM DA SAÚDE

A atividade física também tem sido uma forma de interação com outras pessoas, conquista de amizades e descoberta de novos prazeres e lugares

A

atividade física, para um número cada vez maior de moradores de Rondonópolis, tem ido muito além da garantia de saúde, de um corpo mais definido ou de qualidade de vida. É comum ver hoje rondonopolitanos que encontraram na atividade física uma forma de interação com outras pessoas, conquista de amizades e descoberta de novos prazeres e lugares. Confira, a seguir, alguns bons exemplos encontrados dessa realidade pela Revista SAÚDE, do A TRIBUNA. Adepta de atividades físicas, a cabeleireira Izildinha Almeida Nunes nem aparenta ter os 57 anos de idade. Ela virou uma inspiração para muitas pessoas em Rondonópolis, que veem nela os resultados alcançados principalmente com a corrida, atividade que ela iniciou há nove anos.

Izildinha conta que foi um casal de amigos dela, o Nelson e a Cássia, que indicaram e a chamaram para a corrida. “Comecei e me apaixonei pela corrida”, afirma ela, lembrando que, desde então, melhorou a saúde e a qualidade de vida. “Era uma pessoa muito ansiosa e um pouco explosiva. Depois que comecei a correr, eu sou uma pessoa mais leve, bem mais tranquila”, diz.

Logo, a cabeleireira procurou um profissional da área, o Valdinei, para lhe auxiliar, ficando com essa assessoria por cerca de cinco anos. Aliás, atesta que ajuda muito a busca de uma pessoa qualificada na área. “Às vezes, a pessoa começa a correr por qualquer motivo, alguns para diminuir peso, por estarem com depressão, entre outros, mas é preciso um professor para orientar, cuidar da alimentação e do fortalecimento muscular”, assevera.

A corredora lembra que quando a pessoa só corre e não faz o fortalecimento normalmente, começa a ter dor no joelho, na panturrilha, canelite, entre outros problemas. Ela, nesse sentido, faz fortalecimento com a prática de musculação duas vezes na semana. Também faz Pilates, que lhe ajudou muito na parte de respiração e alongamento.

Na época em que começou, Izildinha conta que havia poucos grupos de corrida em Rondonópolis, sendo que hoje cresceu muito, principalmente pelo maior incentivo à prática de atividade física por médicos, pela mídia e sociedade. “Hoje não se fala em outra coisa a não ser atividade física”, observa.

Nesse período, também passou a ser participante contumaz de provas de corrida em todo o Brasil, incluindo a Meia Maratona do Rio de Janeiro e a Corrida de São Silvestre, em São Paulo, as principais do País. Iniciou em provas de 5 km, depois 10 km, 12 28 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

km, 15 km e, por fim, de 21 km. Todo ano participa de várias corridas.

“Quando você termina uma corrida já pensa na próxima”, afirma.

Dá para perceber que a corrida virou uma paixão de Izildinha. Não por menos, já que ela se diverte, faz muitos amigos e contabiliza muitas histórias

com a prática da corrida. “Eu era uma pessoa muito fechada e agora tenho vários amigos na corrida. Antes e depois da corrida, a gente conversa muito. Após a prova, a gente troca ideias, conta como foi, fala de várias coisas”, revela. “Quero correr até morrer e super recomendo para todos”, finaliza.

“Eu era uma pessoa muito fechada e agora tenho vários amigos na corrida”, afirma a cabeleireira Izildinha Almeida Nunes:

PEDAL: “É UM ÓTIMO EXERCÍCIO, MAS TAMBÉM UMA SATISFAÇÃO PESSOAL” A

lém de contar com um ótimo exercício, muita gente encontra na bicicleta um meio de satisfação pessoal, de fazer amizades e viver novas histórias. E nessa máxima a turma do pedal só tem crescido em Rondonópolis.

O engenheiro e empresário do ramo de bicicletas Roberto Shimada, foi um dos pioneiros nos grupos de pedal em Rondonópolis, há mais de 20 anos. Ele lembra que a cidade já havia vivido a época das corridas de bicicleta e do mountain bike em estradas de chão e, então, se deparou com os passeios de bicicleta.

O grupo de pedal iniciou com cerca de seis a sete pessoas, segundo Roberto, com a intenção de pedalar longas distâncias.

Assim, todo domingo o grupo ia até a praça da vizinha cidade de Pedra Preta e voltava.

Com o tempo o grupo foi aumentando, com as pessoas vendo a iniciativa. Atualmente existem vários grupos de pedalada na cidade, seja de lojas ou particulares.

Roberto avalia que o aumento de praticantes do ciclismo na cidade tem a ver com

FOTO – A TRIBUNA

Engenheiro e empresário Roberto Shimada: “No ciclismo, cada passeio é uma história diferente, com pessoas, situações e conversas diferentes”

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 29

o surgimento da geração saúde, a influência da mídia e de políticas públicas que também colocam essa prática como saudável e ecologicamente correta. “Hoje, acredito que o ciclismo seja o segundo esporte na nossa cidade, atrás apenas da corrida”, diz.

O amor pelo ciclismo vem de casa, segundo Roberto, pois nasceu praticamente dentro do ambiente de bicicletaria, com a família estando há mais de 70 anos nesse ramo. “Além de ter negócio na área, sempre andei de bicicleta”, explica. Ele destaca ainda que o prazer pelo esporte vem do fato de poder viver coisas novas em cada passeio. “Cada vez é uma história diferente, com pessoas, situações e conversas diferentes”, acrescenta.

O empresário atesta que o ciclismo é muito divertido, sem falar que faz muito bem à saúde. Ele fala que conhece histórias de pessoas que emagreceram 30kg/40 kg pedalando, sendo que outros deixaram de fumar, a vida sedentária ou diminuíram a bebida alcoólica. “A bicicleta fortalece todos os músculos, os braços, a coluna e as pernas, só traz benefícios para os praticantes”, informa.

Assim, muitos dos praticantes vivem o mundo da bicicleta a semana toda. O grupo de pedal liderado por Roberto Shimada até hoje mantém o passeio das sextas-feiras, voltados para as famílias, percorrendo bairros/pontos da cidade e incentivando o esporte entre as crianças. Também têm os

passeios de terça-feira (30 km até o pedágio), quinta-feira (destinos variados) e fim de semana (com percursos para iniciantes e mais experientes). Sempre há um carro para garantir segurança e suporte.

Falando em segurança, Roberto diz que exige que os praticantes sempre participem com todos os acessórios necessários, devido ao risco de acidentes e quedas, com capacete, luvas, óculos e, para o período noturno, farol e backlight. Quanto à bicicleta, esclarece que há modelos para todos os bolsos, desde os mais simples até aqueles que chegam a custar quase o valor de um carro popular. O diferencial é que bicicletas melhores possibilitam fazer trechos maiores e cansar menos.

CROSS TRAINING: “TODO DIA TEM UM DESAFIO DIFERENTE” FOTO – A TRIBUNA

Cross training oferece aulas bastante dinâmicas e ótimos resultados

A

lém de ser uma modalidade versátil, que agrega atividades outras como ginástica, levantamento olímpico de peso e de condicionamento metabólico, a empresária Yasmine Venâncio Zaher atesta que o cross training (o popular crossfit) traz aspectos como amizade, companheirismo e comunidade.

Juntando esses aspectos com os ótimos resultados alcançados, o cross training tem arregimentado um número crescente de praticantes em Rondonópolis. “O corpo se transforma com o cross training e a gente nota isso muito rápido. Também tem a questão da superação. Todo dia tem um desafio diferente. Isso é motivador e deixa as pessoas com 30 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

a expectativa da próxima aula, para saber qual vai ser o wod (desafio) do dia”, explica ela, acrescentando que as pessoas hoje estão buscando cada vez mais qualidade de vida.

Yasmine decidiu abrir um box de cross training há quase dois anos na cidade.

“Cresci dentro de uma academia, meus pais sempre estiveram envolvidos com a parte fitness e de saúde. A gente viu o crescimento do cross training muito grande no Brasil, sendo uma febre nos EUA. Assim, revolvemos apostar e trazer essa modalidade pra cá”, conta.

O empresário Thiago Sperança é praticante de cross training há cerca de um

SAIBA MAIS Box - é como se chama o local onde se pratica o cross training.

Wod - é o desafio ou treino do dia.

Coach – aquele que ensina.

ano. Ele conta que estava cansado de musculação e, como sempre foi praticante de esportes, resolveu experimentar essa nova modalidade e acabou gostando muito.

FOTO – A TRIBUNA

Nesse período, ele atesta que conseguiu melhorar a taxa de gordura corporal, diminuiu as dores no corpo que tinha em função de artrite e melhorou muito psicologicamente, pois a modalidade gera muita endorfina, dando uma sensação de alívio e prazer.

Além da qualidade de vida e da saúde, Thiago entende que o cross training desperta muito interesse por ter aulas bastante dinâmicas, com superação diária, sendo voltada desde adolescentes de 14 anos até idosos de mais de 60 anos.

O empresário, inclusive, já vem participando de competições em âmbito estadual e nacional. Rondonópolis, por exemplo, sediou neste ano o evento Spunk Games, com participantes de várias cidades. “Gosto muito de competição e acabo me aventurando nesses eventos que são para todo mundo, seja profissionais ou não”, analisou.

“Esse é o esporte que mais cresce no Brasil, mas ainda tem alguns tabus sendo quebrados em relação às lesões. Eu mesmo, em um ano e com quatro competições, nunca me lesionei.

Tem todo um aparato e cuidado por parte dos ‘coach’ (aqueles que ensinam)”, arremata.

O empresário Thiago Sperança e a empresária Yasmine Venâncio Zaher: Além dos benefícios para o corpo, o cross training proporciona desafios diferentes a cada aula e fortalece o companheirismo

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RONDONÓPOLIS SE PREPARA PARA MAIS UM AVANÇO NA SAÚDE

Instalações que abrigarão a radioterapia exigem construção com características peculiares.

Imagem mostra obra em pleno andamento

Uma

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cidade ficaram por anos apenas nas tratativas iniciais. O programa para expansão do serviço de radioterapia ficou parado no Brasil inteiro por um período, conseguindo avançar apenas a partir de articulações políticas em 2017, contando com a luta da Associação dos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis (APOR).

Para receber essa obra, a Santa Casa teve que fazer algumas adequações em sua área, já que além do estacionamento, foi necessária também a demolição da capela, da antiga pediatria e do Núcleo de Terapia Especializada em Cancerologia (Nutec). Todos esses serviços foram realocados dentro do hospital filantrópico. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, os aceleradores lineares são equipamentos de altíssima complexidade tecnológica e não podem ser instalados sem os devidos cuidados

FOTO – DIVULGAÇÃO

antiga reivindicação no setor de saúde em Rondonópolis é o começo da oferta do tratamento de radioterapia, que promove o tratamento de câncer graças à quebra do núcleo da célula doente por meio de radiações ionizantes. Após muitos anos de luta, o Ministério da Saúde iniciou em outubro deste ano de 2018 a construção da obra de instalação do atendimento de radioterapia em Rondonópolis. A construção vem sendo feita em uma área da Santa Casa de Misericórdia, junto à Rua Acyr Rezende, na Vila Birigui.

O Ministério da Saúde contratou a empresa Intus Engenharia & Gestão LTDA para a execução do serviço, incluindo as obras e instalações de equipamentos de infraestrutura, com fornecimento de material e mão de obra, ao custo de mais de R$ 6 milhões (R$ 6.374.500,00). Conforme o informado à Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, o prazo para entrega da construção e instalação dos equipamentos de infraestrutura é 14 de agosto de 2019. A Santa Casa participará deste projeto com mobiliários e recursos humanos para o atendimento após a inauguração. Assim, informou que pretende fazer um projeto para conseguir as doações ou captação de recursos junto à comunidade para viabilizar esses mobiliários para o novo espaço que está sendo construído.

A promessa de instalação desse serviço vinha desde 2012. O serviço de radioterapia é realizado através de um aparelho conhecido como acelerador linear. Naquele ano, o Ministério da Saúde havia informado a aquisição de mais aparelhos de radioterapia para todo o Brasil, contemplando as cidades de Rondonópolis e Sinop, em Mato Grosso. Os procedimentos para a implantação do serviço na

com a proteção radiológica. Assim, as instalações exigem espaço físico com características peculiares e distintas das construções tradicionais de estabelecimentos e unidades de saúde, uma vez que envolve, por exemplo, sistema de climatização específicos, refrigeração da água, sistema elétrico diferenciado e maior espessura das paredes. Uma das peculiaridades é a construção do chamado bunker – espaço destinado para a instalação do aparelho acelerador linear e que exige a escavação de uma área de grande profundidade no solo.

No caso de Rondonópolis, a radioterapia é uma demanda de toda a região e necessidade antiga da população, que não tem à disposição esse tipo de tratamento para câncer. Os pacientes precisam se deslocar até Cuiabá para passar pelo procedimento, quando não em outros estados, como é o caso do Hospital do Câncer de Barretos (SP). Localmente oferta-se, até agora, a quimioterapia e cirurgias em várias áreas. Os pacientes com câncer, por sua vez, relatam que conseguem ter aqui na cidade um bom tratamento com ótimos profissionais, mas, quando precisam fazer radioterapia, é necessário o deslocamento para outra cidade, obrigando-os a ficarem longe dos familiares, bem como enfrentar os incômodos da viagem.

Assim, o Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) tem por objetivo reduzir os vazios assistenciais e atender as demandas regionais de assistência oncológica e as demandas tecnológicas do SUS. Com a implantação dos aparelhos em Rondonópolis e Sinop, o Ministério da Saúde esperava, conforme previsão feita no ano de 2014, que o número de sessões de radioterapia subisse de 95,7 mil ao ano para 181,7 mil/ano em Mato Grosso.

Serviço de radioterapia é realizado através de um aparelho conhecido como acelerador linear, parecido com o da imagem

FOTOS - CIRANDA DA FOTOGRAFIA

CIRANDA DA FOTOGRAFIA ETERNIZA MOMENTOS DA FAMÍLIA

Se este adesivo não estivesse na vitrine, você saberia desta promoção?

Recepção

Sala de escolha de fotos

Sala Vip

• ADESIVOS DECORATIVOS

• RÓTULOS • ADESIVOS EM GERAL

• ADESIVOS PERFURADOS • PAINÉIS Sala de espera

A

pós a realização de várias consultorias, incluindo o programa Sebrae de Gestão de Qualidade, a Ciranda da Fotografia, estúdio fotográfico especializado em registros da família, eternizando as boas lembranças, desde gestantes, bebês, batizados e aniversários, recebeu agora uma série de melhorias na sua estrutura física e na qualificação do quadro de funcionários.

A sede teve um aumento de 70 m² em área útil, com ampliação da sala de espera, da sala de escolha de fotos e da sala de apresentação de novos produtos, abertura de sala de treinamento dos funcionários e da sala Vip (momento especial para entrega de brindes aos clientes).

• COMUNICAÇÃO INTERNA

• PADRONIZAÇÃO DE FROTA Além de propiciar um ambiente mais acolhedor e confortável aos clientes, os diretores/ proprietários da Ciranda da Fotografia, Eduardo Araújo e Fernanda Soares, ressaltam que os investimentos em estrutura física permitiram uma ampliação em até 30% da capacidade de atendimento. Os funcionários também participaram do programa de qualidade, objetivando a excelência nos atendimentos realizados.

Vale lembrar que a Ciranda da Fotografia é uma das poucas empresas de Rondonópolis que detém o selo de “Amiga da Criança”, concedido pela Fundação Abrinq, que reconhece a defesa dos direitos da criança e do adolescente através de ações sociais.

• ENVELOPAMENTO VEÍCULOS • IMPRESSÃO COM RECORTE • PLACAS DE SINALIZAÇÃO

• BANNERS • FACHADAS • LONAS TEXTURIZADAS • LONAS PERFURADAS

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APOR

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SURGE UM NOVO SONHO NA LUTA CONTRA O CÂNCER

A construção do prédio do Centro de Prevenção de Múltiplas Especialidades é a nova luta abraçada pela APOR em Rondonópolis

A

iniciativa que surgiu em 2009 vem a cada ano mostrando a importância da união da sociedade em torno de uma causa. A Associação dos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis (APOR) é hoje uma importante ferramenta na luta contra o câncer em Rondonópolis, com ações importantes em prevenção, diagnóstico e tratamento. E a entidade tem como meta se tornar a principal referência em oncologia na região sul/sudeste de Mato Grosso, iniciando os trabalhos para mais uma grande construção na área: a concretização do Centro de Prevenção de Múltiplas Especialidades.

Toda a engrenagem movimentada pela APOR começou graças ao desprendimento de um grupo de pacientes de câncer, com a ajuda de alguns servidores/profissionais da saúde e ou-

tras pessoas sensíveis à causa. No começo, essas pessoas viam a necessidade de acolhimento de pacientes que vinham da região e que centralizavam-se em Rondonópolis para tratamento contra o câncer. Muitas dessas pessoas saíam das suas cidades por volta das 2h da manhã, para se reunirem em Rondonópolis e depois seguirem para Cuiabá, para o tratamento. Elas retornavam no final do dia, mas muitas vezes perdiam a condução para a cidade de origem.

Uma paciente de câncer, chamada Antônia Maria Leonel, se sensibilizou com a situação e começou a acolher essas pessoas em sua casa.

Depois pediu ajuda para alguns profissionais da saúde e da Santa Casa visando o acolhimento desses pacientes, iniciando a ação em uma casa que dona Antônia tinha no Parque

Universitário e que funciona até hoje com essa finalidade, sendo mantida pela APOR em sistema de comodato. Contudo, havia também a necessidade de tratamento, realização de quimioterapia e internação em Rondonópolis.

Assim, foi feito um sistema de comodato com a Santa Casa de Misericórdia para construção da primeira etapa da ala oncológica, em 2012.

Até então os pacientes oncológicos ficavam juntos com os demais pacientes na Santa Casa.

Com a viabilização da primeira etapa da ala oncológica, a unidade passou a ter consultórios, sala de fisioterapia, sala lúdica e os apartamentos para os pacientes com câncer. Continuando esse trabalho, em 2014, foi viabilizada a segunda etapa da ala oncológica, com salas cirúrgicas e mais apartamentos, constituindo o centro cirúrgico. A partir de então ficou todo o segundo andar da Santa Casa voltado para a ala oncológica. Mas, o atual presidente da APOR, Flávio Ribeiro Rocha, lembra que os médicos diziam que o trabalho ainda era semelhante a enxugar gelo, sendo necessário fazer a prevenção com exames e diagnóstico.

Uma limitação para realização desse trabalho preventivo era a falta de recursos. Nesse sentido, como a principal causa de câncer era ligada à mama, havendo mais de 8 mil mulheres na fila da central de regulação na região sul/sudeste do Estado para fazer exames de mamografia no final de 2017, Flávio conta que a ideia da APOR foi iniciar pelo Centro de Prevenção e Diagnóstico ao Câncer de Mama.

A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Rondonópolis (ACIR) efetivou uma doação de R$ 100 mil e, depois, surgiu uma doação de R$ 400 mil do Ministério Público do Trabalho, a partir de uma multa trabalhista. O restante foi completado por eventos, leilões e doações da população da região, totalizando R$ 1,6 milhão. O Centro foi inaugurado em julho de 2016, contando com mamógrafo e ultrassom.

A NECESSIDADE DE EXPANDIR A PREVENÇÃO AO CÂNCER A Associação dos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis (APOR) consegue hoje realizar um trabalho de prevenção mais efetivo ao câncer de mama com o Centro de Prevenção e Diagnostico, localizado na Avenida Cuiabá, Centro. Contudo, a preocupação com os demais tipos de câncer continua, havendo a necessidade de uma estrutura física maior, com mais salas de consulta e mais equipamentos, para ampliar o atendimento.

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Pensando nessa limitação, o presidente da APOR, Flávio Rocha, explica que a entidade teve a ideia de criar o projeto do Centro de Prevenção de Múltiplas Especialidades.

Para driblar a falta de recursos, alguns engenheiros agrônomos da cidade sugeriram que a solução seria possível através de uma campanha, no caso o Plantando Esperança, iniciada na safra 2017/2018, com o plantio de 237 hectares de soja e 18 produtores. Além

de viabilizar os recursos para construção do novo centro, também ajuda nos trabalhos mensais da entidade.

Entrando no segundo ano do Plantando Esperança, Flávio Rocha pontua que existe agora a participação de 36 produtores rurais, além do apoio expressivo de indústrias de agroquímicos, fertilizantes e sementeiras.

Essas empresas entram com a doação dos produtos necessários para o plantio, en-

JORNAL A TRIBUNA

Presidente da APOR, Flávio Rocha: a preocupação com os demais tipos de câncer continua, havendo a necessidade de uma estrutura física maior

quanto os agricultores entram com a terra, máquinas, óleo diesel e pessoal.

Neste segundo ano do projeto já são 400 hectares alcançados. Os produtores fazem a colheita da produção e os valores são repassados para a APOR. O Centro de Prevenção de Múltiplas

Especialidades ainda não começou a ser erguido e está orçado em R$ 6 milhões, apenas a construção civil. A estimativa é que, a partir do projeto Plantando Esperança, a unidade tenha essa quantia necessária a partir de cinco anos. Flávio Rocha diz que a estimativa é que, ao final

do terceiro ano do projeto, haja condições de iniciar a construção. A parte de equipamentos e mobiliários demandaria outros R$ 6 milhões, totalizando 12 milhões.

Para abrigar essa nova unidade, existe uma tratativa com o Ministério Público do Estado, através da Promotoria de Meio Ambiente, para a doação de uma área localizada aos fundos do campus da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), por onde se tem o projeto de abrir uma nova avenida para se chegar ao Parque de Exposições “Wilmar Peres de Farias”.

Após a construção do novo centro e sua dotação de equipamentos, uma terceira etapa seria o seu custeio e manutenção.

Vale lembrar que a APOR é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), se constitui como entidade de caráter público municipal e estadual, sem fins lucrativos e sem vínculos político-partidários.

Agora vem fazendo os procedimentos junto ao Ministério da Saúde para que possa receber emendas parlamentares. “A partir de 2019, queremos trabalhar muito junto à classe política para viabilizar essas emendas parlamentares para concretizar esse sonho do Centro de Prevenção de Múltiplas Especialidades”, disse Flávio à reportagem da Revista SAÚDE, do A TRIBUNA. E não para por aí. O Centro de Prevenção de Múltiplas Especialidades será o pontapé inicial para a viabilização do Hospital de Câncer em Rondonópolis, um sonho que é acalentado há muitos anos por voluntários, profissionais e pessoas ligadas à área, tornando o município em uma nova referência em tratamento no Brasil.

EXAMES ESPECIALIZADOS COM A GARANTIA DO DIAGNOSTICO CORRETO

Dr. Marcos M. Gromowski Médico Patologista CRM 4934/MT - RQE 13657 SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 35

ARQUIVO

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UMA ENTIDADE DE MUITOS SERVIÇOS PRESTADOS

Centro de Imagens da APOR realiza uma média de 600 mamografias/mês

Atual diretoria da APOR, entidade que tem lutado em prol dos pacientes com câncer desde 2009

E

ntre as ações realizadas pela Associação dos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis (APOR) estão a Casa de Apoio, que dá alimento e estadia para as pessoas que vêm de fora fazer exame e tratamento de câncer em Rondonópolis; e o Centro de Imagens, onde é realizada uma média de 600 mamografias/ mês, além de consultas com mastologista.

Também são custeadas biópsias dos pacientes que fazem o exame na APOR e recebem diagnóstico suspeito, campanhas preventivas, com exames preventivos em toda a região.

As pessoas atendidas no Centro de Imagens pela APOR chegam encaminhadas pela Central de Regulação, através de um Consórcio Regional, que atende Rondonópolis e outras

18 cidades da região. O atendimento acontece graças a um contrato firmado entre o poder público municipal e APOR, para a utilização do equipamento de mamógrafo. Além da mamografia, a entidade ajuda os pacientes com exames de colo de útero e PSA. Em nove anos de trabalho, foram feitas 10.892 mamografias, 543 cirurgias oncológicas, 4.250 exames preventivos e 9.770 consultas especializadas.

Nesses últimos anos, a APOR também abraçou a causa para implantação do serviço de radioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em anexo a Santa Casa, em um trabalho conjunto com a diretoria do hospital e a classe política.

“Esse projeto é de grande importância para o tratamento do câncer. A gente viu esse projeto parado em Brasília e começou a atuar para destravá-lo. Hoje a obra necessária está em andamento”, avaliou o presidente Flávio Rocha.

IMPORTÂNCIA DO EXAME PREVENTIVO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

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FOTO – A TRIBUNA

Todas as mulheres, com o começo da vida sexual, precisam estar atentas a realização periódica do exame preventivo do câncer do colo do útero: o Papanicolaou. O exame é extremamente importante considerando que, quanto mais cedo for diagnosticada alguma alteração, maiores são as chances de cura.

Dr. Marcos Michel Gromowski, médico patologista do Laboratório Célula, que está há 13 anos em Rondonópolis, atesta que, sendo diagnosticado de forma precoce, o câncer do colo do útero tem 100% de chance de ser curado. “Daí podemos ver a necessidade de estar vigilante e fazer o exame periodicamente”, alerta.

O exame preventivo do câncer do colo do útero é o mais realizado no Laboratório Célula, que atua na área de patologia e citologia. No exame, faz-se uma coleta de células da superfície externa do colo uterino e que são depositadas em uma lâmina de citologia para a análise do médico patologista.

Segundo dr. Marcos, o Papanicolaou de-

Dr. Marcos Michel Gromowski, médico patologista do Laboratório Célula: “Quanto antes descobrir o câncer do colo do útero maior é a chance de cura”

tecta precocemente as alterações que levam ao câncer do colo uterino, que figura entre os três principais tipos de câncer incidentes sobre o público feminino, estando atrás apenas dos cânceres de mama e intestino. “Hoje a principal faixa etária que esse tipo de câncer atinge são mulheres entre 25 e 64 anos”, informa.

Na rede pública, conforme preconiza o Ministério da Saúde, o exame preventivo é feito inicialmente de forma anual e, havendo dois exames negativos de forma consecutiva, passa-se a ser realizado a cada três anos. No entanto, médicos da rede particular costumam pedir o exame anualmente. “Há países que preconizam o exame de forma anual, considerando que é algo simples, barato e de alta eficácia”, analisa.

Assim, as mulheres devem procurar periodicamente o seu médico ginecologista de confiança para realização do Papanicolaou. Vale lembrar que, na rede pública, enfermeiros e técnicos de enfermagem também são treinados para a realização da coleta do material necessário ao exame.

A PELE MERECE CUIDADO O ANO TODO O

verão está prestes a iniciar oficialmente no Brasil e, com ele, surgem as expectativas de praia, piscina e muita curtição ao ar livre.

Em Mato Grosso, no entanto, o clima nessa época muda um pouco desse conceito, sendo caracterizado apenas por duas estações bem definidas nos 12 meses: a seca e o período chuvoso, fazendo calor o ano inteiro. A seca é caracterizada pelo tempo quente e seco e a segunda, pelo tempo quente e úmido.

Em qualquer um desses períodos, o cuidado com a pele precisa receber atenção especial, pois o calor em si favorece o aparecimento de doenças de pele. A médica dermatologista Rosangela L. Ramos Bertozzo, que está em Rondonópolis desde 1985, observa à Revista SAÚDE, do Jornal A TRIBUNA, que o nosso município, assim como o Estado de Mato Grosso, são regiões muito ensolaradas e sem muitas sombras, onde o índice de raios ultravioletas é muito alto durante o ano inteiro. “Mesmo com o tempo nublado, nós temos passagem de raio solar”, alerta.

No tempo quente e seco, Rosangela explica que a pele fica mais propensa à penetração de bactérias.

Nesse período, a pele está mais sensível, destacando que os insetos gostam muito de pele seca. E, com a picada do inseto, a coçadura acaba sendo ponto de instalação de bactérias. O tempo quente e úmido, como agora, favorece à proliferação de fungos e bactérias, que gostam de calor, umidade e transpiração,

gerando dermatites e infecções.

No geral, a combinação sol, areia, praia, piscina e excesso de suor elevam o risco de doenças da pele. As micoses, por exemplo, são infecções causadas por fungos e que podem ocorrer na pele, unhas e cabelos. O calor, umidade e baixa

imunidade facilitam o seu aparecimento. Os pés, virilhas e unhas são os lugares mais comuns. A melhor forma de evitá-las é manter hábitos de higiene, como secar-se bem após o banho, principalmente áreas de dobras da pele, como virilha, entre os dedos dos pés e axilas.

Outra doença de pele a ser cuidada são as brotoejas. Para isso, vale usar roupas leves e soltas e evitar locais muito abafados que propiciam a sudorese excessiva, sobretudo em pessoas predispostas. As manchas e sardas brancas também devem receber atenção. Representam danos que os raios solares causaram na pele e aparecem gradativamente com o tempo, principalmente nas áreas expostas da pele.

Por sua vez, as manchas senis ou melanoses solares são escuras, de coloração entre castanho e marrom.

Surgem em áreas que ficam muito expostas ao sol, como a face, o dorso das mãos e dos braços, o colo e os ombros. Já as sardas brancas aparecem quando há ação acumulativa da radiação solar sobre áreas de pele expostas ao sol de forma prolongada e repetida ao longo da vida.

No período de altas temperaturas, a profissional recomenda intensificar a hidratação, seja oral ou da pele.

Uma dica é aumentar a ingestão da água, de suco de frutas e água de coco, assim como a ingestão de frutas e legumes, especialmente os ricos em carotenos. Deve-se ainda procurar a ingestão de carnes magras, alimentos crus e cozidos. O banho deve ser feito com água fria ou morna.

CÂNCER DE PELE É MUITO FREQUENTE EM NOSSA REGIÃO O sol é o grande vilão quando se fala em câncer de pele, pois emite raios ultravioleta que são a causa mais frequente das degenerações graves da pele. Além disso, a médica dermatologista Rosangela Bertozzo alerta que o sol excessivo e sem proteção envelhece e provoca o aparecimento prematuro de rugas e manchas na pele.

“A exposição ao sol tem efeito cumulativo; pois, embora o bronzeamento desapareça, os sinais de degeneração da pele podem surgir muito tempo depois. Assim, deve-se respeitar os horários de exposição ao sol (7h às 10h e após as 16h); mesmo assim deverá ser com proteção de acordo com o tipo de pele. Entre 10h e 16h o sol emite outras irradiações também prejudiciais à pele”, argumenta a profissional. Contudo, vale dizer que câncer de pele pode ser hereditário e também aparecer em áreas não expostas

ao sol, bem como se desenvolver a partir de certas substâncias ou venenos.

Segundo dra. Rosangela, o câncer de pele começa com um excessivo e incontrolado crescimento de células anormais em um ponto da pele. Existem vários tipos de câncer de pele, diferindo apenas no tipo de célula que origina a degeneração. Ela aponta que os 3 tipos principais são: o epitelioma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma. Embora qualquer pessoa possa ser afetada, o câncer de pele aparece principalmente entre dois grupos: pessoas de pele fina e pessoas de qualquer tipo de pele que se exponham excessivamente ao sol. O tipo mais grave é o melanoma, embora o mais frequente na nossa região seja o epitelioma basocelular. “Por semana, eu atendo entre 3 e 4 casos de câncer de pele, incluindo as lesões

pré-câncer. Por mês, chego a fazer 22 sessões de crioterapia, que trata pequenas lesões, casos de pré-câncer ou câncer de pele, mas pequeno. Após a cirurgia, a pessoa está curada, mas precisa fazer acompanhamento e fazer uso do protetor”, informa.

A médica ensina que o câncer de pele pode ser identificado através de lesão de pele conhecida por “sinal”, “verruga” ou “pinta” que apresentar as alterações como aumento do tamanho da lesão, variação da cor do sinal e/ou pinta, bordas irregulares da lesão, sangramento ou ulceração das lesões, mancha velha ou nova que continuamente coce, doa, crie crosta, descame, rache ou sangre, uma ferida, ou similar, na pele que não sare ou persista por mais de 4 semanas, ou sare e depois reapareça. Nesse quadro, a pessoa deve procurar um dermatologista.

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 37

FOTO – A TRIBUNA

Médica dermatologista Rosangela L. Ramos Bertozzo: “Por semana, eu atendo entre 3 e 4 casos de câncer de pele, incluindo as lesões pré-câncer”

Informações importantes: • Os filtros deverão ter no mínimo fator de proteção solar (FPS) 30 para uv-a e uv-b.

• O câncer de pele pode ser evitado com a fotoproteção desde a infância.

• O câncer de pele é quase sempre curável quando detectado precocemente.

• UV-A = fotoenvelhecimento e bronzeamento pigmentar imediato.

• UV-B = queimadura solar, bronzeamento pigmentar tardio e câncer de pele.

38 • DEZEMBRO 2018 SAÚDE & PREVENÇÃO Av.• Frei Servácio, 892 - Bairro Santa Cruz

(66) 3421- 6010

Conforme dra. Rosangela, as melhores formas de se prevenir um câncer de pele são através de medidas simples, mas valiosas, a exemplo da proteção e diminuição da exposição solar desde o início da vida; realização do autoexame periódico da pele em busca de sinais iniciais; procura de um dermatologista precocemente; uso frequente de protetor solar nas áreas expostas; e uso de mangas compridas, óculos adequados, chapéu de abas largas ou sombrinhas (guarda-chuva), sempre que possível.

Como o sol na região é intenso e constante, recomenda-se o uso do protetor solar no mínimo duas vezes ao dia nas áreas da pele expostas ao sol, incluindo mãos, orelhas, nuca e pés, pela manhã e após o almoço. Aliás, ela orienta o uso do protetor solar a partir dos seis meses de idade. Deve ser aplicado diariamente, e não somente nos momentos de lazer. O produto deve proteger contra raios UVA (indicado pelo PPD) e contra raios UVB (indicado pelo FPS). Deve-se aplicar o produto 30 minutos antes da exposição solar, para que a pele o observa.

Para quem não tem condições de comprar o filtro solar, recomenda-se fazer uso de roupas de algodão, pois elas bloqueiam a maior parte da radiação UV, fazer uso de sombria, guarda-sol, de lona ou material mais grosso, usar chapéu de aba larga, camisetas e camisa com manga comprida, evitar a exposição solar entre 10 e 16h (horário de verão).

/ (66) 99910 - 6010

Alerta

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QUANDO O PET FICA COM A VISÃO PREJUDICADA

O médico veterinário Érico Gundim de Morais, do Hospital Veterinário Xaolin, e a Pandora, que possui catarata

Um

Considerando que o procedimento não é feito em Rondonópolis e que nem todos os animais estão aptos a serem operados, Érico Morais teve a ideia de fazer uma mobilização entre pessoas interessadas para que agendem a realização da triagem necessária aqui mesmo no município.

Conforme o médico veterinário, vários animais não estão aptos à cirurgia porque apresentam outros problemas além da ca-

FOTOS – DIVULGAÇÃO

dos principais problemas que pode atingir a visão de um cão é a catarata, doença que deixa a lente do olho “esbranquiçada”, bloqueando a passagem de luz e deixando o animal com muita dificuldade de enxergar.

A doença é bastante comum em cães, principalmente aqueles de idade mais avançada.

Percebendo o grande interesse de tutores na busca de uma solução para a visão dos seus pets, o médico veterinário Érico Gundim de Morais, do Hospital Veterinário Xaolin, informou à Revista SAÚDE, do Jornal A TRIBUNA, que vem se mobilizando em uma campanha para realização de cirurgia de catarata em cães de Rondonópolis.

A campanha tem o objetivo final de fazer com que os cães acometidos com a doença possam melhorar sua mobilidade e, consequentemente, sua qualidade de vida. O local base da realização da cirurgia é o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, através da técnica de facoemulsificação.

tarata, como deslocamento de retina, o que não permite a volta de visão. “Por isso, achamos ideal fazer a triagem aqui mesmo em Rondonópolis e levar para Cuiabá apenas os aptos, evitando assim deslocamento e gastos desnecessários”, explica.

Na triagem serão feitos exames de produção de lágrima, pressão intraocular, fundoscopia, glicemia em jejum, ultrassonografia oftálmica e eletrorretinografia. Os animais aptos poderão ir para Cuiabá direto para realização da cirurgia. Para isso, a médica veterinária Thaís Ruiz, especialista em oftalmologia, virá de Cuiabá, assim que se formar um número suficiente de animais para a triagem, para a realização dos exames preliminares. Érico enfatiza que, nesse primeiro momento, estão apenas levantando os interessados.

Em seguida, levantarão os valores dos exames, da cirurgia e como funciona o pós-operatório, esclarecendo as demais dúvidas sobre os procedimentos. De qualquer forma, pode-se adiantar que a cirurgia tem preço acessível por ser feita em uma universidade federal.

A precaução na realização de todos os exames se faz necessária, uma vez que a reação inflamatória no olho do cachorro é muito maior que no ser humano. Os interessados nessa campanha podem ligar para o Xaolin Hospital Veterinário (66 – 9910.6010 ou 34216010) e deixar o nome na lista. Quando houver entre cinco e dez pacientes, será marcado o dia da triagem.

Os dois primeiros candidatos a cirurgia são os cães do dr. Érico, o Fred, com 14 anos, e a Pandora, com 12. Nesses dois animais, percebe-se que a opacidade do cristalino (catarata) da Pandora já é visível, obviamente não avançada como a do Fred (veja fotos nesta matéria), que já impede a passagem da luz e formação de imagem.

“O procedimento cirúrgico vem trazer mais qualidade de vida aos animais. O pet com catarata diminui muito sua visão e, consequentemente, sua movimentação”, pondera o veterinário do Xaolin.

Imagem evidencia que opacidade do cristalino (catarata) da Pandora já é visível, sendo bem menos intensa do que no Fred, à direita

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A grande maioria dos selecionados no curso de Medicina da UFR é de outros municípios e estados do Brasil

CURSO DE MEDICINA ATRAI GENTE DE TODO O BRASIL D

esde o recebimento da primeira turma, em 2014, o curso de Medicina da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), antiga UFMT, já recebeu cinco turmas, totalizando cerca de 200 alunos, considerando a existência de 40 vagas por ano. Nesse período algo que vem chamando a atenção, devido a alta concorrência e prestígio do curso, é que a grande maioria dos selecionados é de outros municípios e estados do Brasil, o que traz impactos sociais e econômicos positivos para Rondonópolis.

Uma das novas moradoras da cidade, ouvida pela Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, é a Yasmim Trindade Meireles, de 23 anos, que veio de Campo Grande (MS) graças ao curso de Medicina, onde cursa atualmente o oitavo semestre. Ela estudou o ensino básico em escola particular e fez dois anos de cursinho até conseguir ingressar no curso que tanto queria.

Colocou a capital de Mato Grosso do Sul como primeira opção no sistema de seleção e, depois pensou em locais próximos, como Rondonópolis, para facilitar o deslocamento até a família.

Yasmim revela que, na época, não sabia nem onde era Rondonópolis ou como era o lugar. As primeiras referências da cidade vieram com informações da mãe. Depois de ser chamada para Medicina, veio o desafio de se inteirar da realidade de um curso recém-criado. “A gente inicia a faculdade muito jovem, sem noção de muita coisa, como o fato que a gente vai ser introduzido em um local novo e que não vai dar a estrutura que a gente necessita e em uma metodologia que as pessoas que vão ministrar também não estão habituadas a isso”, externou.

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A estudante conta que, em seu caso, a vontade de fazer o curso é que motivou a vinda inicialmente nessas condições estruturais. “Ao deparar com essa realidade, eu não sofri, mas eu me impactei. Mas isso traz para gente uma resiliência muito grande, porque a gente tem que enfrentar muito desafios. Contudo, o nosso diferencial em relação ao aluno da USP (Universidade de São Paulo), que está consolidado, é que a gente tem que pensar em alternativas”, atesta.

Além disso, acrescenta que as dificuldades locais foram aplacadas pelo que o curso local tem de melhor: os recursos humanos, professores e funcionários. Assim, aponta que tem muita felicidade de fazer Medicina onde faz, mesmo com as deficiências estruturais, como a ausência de bloco próprio, pois encontrou professores de excelência e que transmitem grandes conhecimentos práticos.

Morando na Vila Aurora, Yasmim afirma FOTO – A TRIBUNA

Yasmim Trindade Meireles, de 23 anos, estudante de medicina da UFR: “Tenho vontade de morar em definitivo e dar aulas em Rondonópolis. Hoje não tenho a menor vontade de retornar para Campo Grande”

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Roberto de Andrade Garcia Filho, de 20 anos, estudante de medicina da UFR: “A gente aqui tem um suporte muito grande dos professores. Por mais que tenha dificuldades por ser recém-criado, a gente está tendo um excelente aprendizado”

que hoje adora a cidade de Rondonópolis e diz que seu plano é atuar por aqui após sua formação. “A minha mãe sabe que é aqui que eu quero morar depois de especializar. Vou especializar fora, porque aqui ainda não tem residência médica. Adoro trabalhar aqui e acho que seria um local que me daria muito bem. Tenho vontade de morar em definitivo e dar aulas em Rondonópolis. Hoje não tenho a menor vontade de retornar para Campo Grande”, assegura.

Outro estudante que passou a fazer parte da vida de Rondonópolis a partir do curso de Medicina, é o Roberto de Andrade Garcia Filho, de 20 anos, e que está no quarto semestre. Ele deixou a pequena Capinópolis, em Minas Gerais, para fazer o curso desejado. A princípio, explica que Rondonópolis não era sua primeira opção, por causa da distância. A sua certeza é que queria fazer Medicina, desde que fosse em uma instituição federal.

Rondonópolis começou a entrar em seus planos porque Roberto conhecia uma aluna que já estudava Medicina na cidade. “Assim, pensei que seria interessante ir para um lugar que eu conhecesse alguém. Por causa da nota, coloquei Rondonópolis como primeira opção e Sinop como segunda opção”, justifica o aluno que sempre estudou em escola particular. Iniciando os estudos na graduação, repassa que se surpreendeu muito pois os professores são muito próximos dos graduandos.

“Alunos de faculdades maiores falavam que os professores passavam a matéria e o resto era com o aluno. A gente aqui tem um suporte muito grande dos professores. Por mais que tenha dificuldades por ser recém-criado, a gente está tendo um excelente aprendizado. Também luta muito para que o curso melhore cada vez mais”, analisa Roberto, acrescentando: “A cada conteúdo novo e a cada contato com paciente novo, me surpreendo e me encanto mais pela área”.

Morando no Residencial Sagrada Família, Roberto avalia que o suporte que ele tem de amigos que fez aqui o ajuda muito a superar a distância da família. Em relação a Rondonópolis, ele diz que ainda não decidiu se atuará na cidade após a formação. Por enquanto, fala que tem a opção de ir para uma cidade maior e mais próxima da sua, como Ituiutaba (MG), ou continuar na terra de Rondon. “Hoje eu falo que vale a pena vir para cá. O curso é novo, mas a experiência é grande”, defende.

Apesar de não ter vindo de outro município, a estudante Poliana Duarte da Silva Arruda, de 21 anos, é um dos casos de aluna que não teria como cursar Medicina se o mesmo não fosse ofertado em Rondonópolis, devido às limitações financeiras da família. Ela estudou

sempre em escola pública e ingressou na graduação disputada em 2015 a partir das cotas raciais, de baixa renda e por ter estudado em escola pública. Hoje está no oitavo semestre de Medicina na UFR. Poliana sempre teve o sonho de ser médica, mas pondera que as condições financeiras para se manter na graduação seriam uma limitação. “Não tinha condições financeiras de ir para outro lugar. Então, ou eu passava em Rondonópolis ou não fazia o curso. Ou era Rondonópolis ou era lugar nenhum, pois se aqui não tivesse Medicina, ficaria inviável para mim o curso. Assim, o plano B era formar em outro curso, trabalhar e juntar dinheiro. Depois fazer cursinho e tentar Medicina por volta dos 30 anos”, diz.

Devido ao fato de já morar em Rondonópolis, no bairro Coopharondon, a estudante observa que até tem dificuldades para fazer Medicina, mas não tem despesa extra como aluguel e alimentação, o que ajuda muito. Ela pretende se formar e continuar atuando em Rondonópolis. “Mesmo que eu fizesse o curso fora, teria o interesse de voltar para cá”, conta ela, explicando que pretende atuar na assistência primária e, a partir de uma especialização, dar sequência nos trabalhos.

Por ter entrado em um curso recém-criado, Poliana responde que imaginava que ia ter dificuldades, mas vem percebendo uma aceitação muito boa da sociedade para com os alunos e seus preceptores. Inclusive, acredita que os alunos vêm prestando um serviço de qualidade nas unidades de saúde e com interesse nas pessoas. “Existem muitas dificuldades no curso, mas são situações que fortalecem o ensino. Em nenhum momento, a nossa qualidade de ensino foi prejudicada. Hoje não consigo ver nenhuma diferença de formação entre os alunos de grandes universidades e nós”, afirma.

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Poliana Duarte da Silva Arruda, de 21 anos, estudante de medicina da UFR: “Não tinha condições financeiras de ir para outro lugar. Então, ou eu passava em Rondonópolis ou não fazia o curso”

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 41

Expectativa de conclusão do bloco de medicina da UFR fica agora para 2019

UMA GRADUAÇÃO QUE TEM IMPACTADO VÁRIOS SETORES LOCAIS A

coordenadora do curso de Medicina da UFR, Claudinéia de Araújo, destaca que a sexta turma será recebida agora em março de 2019, mesmo ano em que a primeira turma estará se formando. Ela avalia que, assim como a efetivação da UFR vai trazer um impacto social e financeiro muito grande para o município de Rondonópolis, o curso de Medicina caminha no mesmo sentido.

Uma das contribuições geradas pelo curso é que os alunos fomentam o mercado de aluguéis e outros tipos de gastos na cidade. Outro ponto lembrado é a transformação social e cultural que a junção de estudantes oriundos de tantos lugares diferentes possibilita à realidade do campus e até da cidade. Agora a principal contribuição, segundo a coordenadora, é a parceria entre o curso e as unidades de saúde locais, beneficiando a comunidade.

O curso de Medicina também tem fomentado a geração de emprego para profissionais da área da saúde. Atualmente conta com 46 professores efetivos, um quadro de 15 professores contratados e também a contratação de 14 professores preceptores. O quadro efetivo

Alguns registros dos alunos em atividades do curso

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existente não é o preconizado inicialmente, mas tem garantido o funcionamento do curso e aprendizado dos alunos.

Vale lembrar que o curso foi beneficiado por um projeto, via Ministério da Saúde, para a contratação de sete preceptores por semestre, sendo estes profissionais aqueles docentes especialistas que atendem os estudantes nas unidades de saúde. Até o ano que vem serão 28 preceptores à disposição dos alunos no campus local.

Na verdade, a comunidade rondonopolitana vem sendo atendida em diversos projetos do curso, como de pesquisa e extensão, além da própria estrutura curricular que gera essa possibilidade. Uma prova disso é que o curso hoje está totalmente inserido nas unidades de saúde do Município e do Estado, atuando como parceiros nesses locais.

Inclusive, Claudinéia de Araújo observa que o curso depende das unidades de saúde que funcionam em Rondonópolis para seu aprendizado. “Vejo o curso de Medicina como uma grande transformação no processo de atendimento do usuário que busca a saúde pública, bem como no sistema de saúde”, avalia.

Desde o primeiro semestre, os alunos são inseridos no campo de estágio, no caso as diversas unidades de saúde, passando a ter contato supervisionado com pacientes – processo que perdura até o último semestre. Assim, para que o curso de Medicina viesse para a cidade convênios tiveram que ser assinados com o Município e o Estado.

Claudinéia de Araújo atesta que a oferta de ensino de qualidade aos estudantes é uma premissa, mesmo com as deficiências estruturais.

Nesse contexto, os alunos já vêm tendo alguns resultados muito importantes em exames nacionais, como os ótimos resultado no Exame Nacional de Escolas Médicas e agora no Teste de Progresso/2018, além das mensurações internas.

Mais um passo será dado com o fechamento de um convênio de integração entre ensino e saúde, o chamado COAPES (Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde), que formaliza a parceria entre unidades de saúde e instituição de ensino. Além disso, há um projeto interno de estabelecer residência médica, uma demanda que tende a crescer muito com a formação das primeiras turmas.

FOTOS A TRIBUNA

Coordenadora do curso de medicina da UFR, Claudinéia de Araújo: “Vejo o curso de medicina como uma grande transformação no processo de atendimento do usuário que busca a saúde pública”

Atualmente, o internato é realizado nos hospitais de referência de Rondonópolis, o Regional e a Santa Casa, e nas unidades de saúde. Apesar de muito comentado, o projeto local não preconiza que um Hospital Universitário seja um pré-requisito ou unidade

extremamente necessária. Vale lembrar que os projetos tradicionais de escola de Medicina tem o Hospital Universitário como característica de aprendizado.

Ainda assim, o Hospital Universitário pode ser um projeto que melhore ainda mais

a qualidade de ensino e, dessa forma, venha a se tornar uma proposta a ser abraçada e lutada por todos.

Uma esperança a mais para a melhoria da estrutura do curso foi a emancipação do campus, tornando-se UFR – Universidade Federal de Rondonópolis. “Sempre tivemos apoio incontestável da nossa Pró-Reitoria e agora nossa expectativa é que, com a UFR, nossas prioridades, assim como as de outros cursos, alcancem êxito. Nós temos uma expectativa de ter respostas mais rápidas para nossas demandas”, acredita Claudinéia.

Mais um benefício a ser gerado com o curso de Medicina será sentido com a formação das primeiras turmas, gerando os primeiros médicos egressos da UFR, considerando que muitos deles pretendem atuar em Rondonópolis. Isso tende a fortalecer e aumentar a oferta de médicos na cidade e região.

Apesar das conquistas, o curso precisa muito avançar na infraestrutura. Por causa da falta de um espaço próprio, até hoje, os alunos estudam em ambientes compartilhados com outros cursos, como salas de aula, de tutoria e laboratórios. A expectativa é que o bloco que atenderá o curso de Medicina, atualmente com as obras paradas e que atenderá as demandas de estrutura, seja retomado apenas no ano que vem.

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 43

SAÚDE PÚBLICA DE RONDONÓPOLIS PEDE SOCORRO ARQUIVO

Alagamentos, falta de higienização e infestação de ratos no Hospital Regional chocaram a população local

A

situação já era há algum tempo de dificuldades com atrasos frequentes de repasses de recursos por parte do Governo do Estado. Mas o estopim do caos na saúde pública de Rondonópolis começou a aparecer no começo de julho de 2018, com a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis deixando de receber novos pacientes. O fechamento de vez da unidade, transferindo também as crianças até então internadas, se deu em 19 de julho deste ano.

A partir daí, as crianças de toda a região passaram a enfrentar um grande martírio em busca de vagas em leitos especializados. Várias famílias viveram a agonia da espera por vagas em UTI Pediátrica em outras cidades.

Pelo menos duas crianças morreram nesse período sem que pudessem contar com o atendimento da UTI. Nesse período, um grande impasse entre Governo do Estado, Prefeitura de Rondonópolis e Santa Casa se formou, fazendo com que a população ficasse sem saber o que estava de fato acontecendo. De um lado, o poder público dizia que não havia repasses atrasados da gestão SUS (Sistema Único de Saúde) por parte do Município, nem por parte do Estado ou do Governo Federal. Do outro lado, o hospital apontava que os recorrentes atrasos nos repasses que custeiam os serviços prestados via SUS impossibilitavam atendimento adequado aos pacientes, 44 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

provocando a falta de medicamentos, insumos e pagamento de servidores. A Santa Casa também apontava deficit acumulado de valores nos serviços prestados via SUS. No caso das UTIs, por exemplo, alegava que o leito de UTI custava por dia para ser mantido R$ 1.800,00. O Estado pagava R$ 1.500,00, mas em junho de 2017 reduziu o valor de forma unilateral, por meio de portaria, para R$ 1.300,00.

Somente no começo de agosto deste ano foi que a Santa Casa confirmou o pagamento de repasses atrasados, mas, ainda assim, demorou um bom tempo até a reabertura da estrutura. A UTI Pediátrica da Santa Casa somente foi reaberta em 1º de outubro deste ano, demorando algumas semanas para recomposição da equipe de profissionais anteriormente desligada. Durante a negociação com a Secretaria Municipal de Saúde para viabilizar a reabertura da UTI Pediátrica, várias condições foram colocadas como indispensáveis: pagamento mensal referente a todos os serviços prestados; manutenção da UTI Pediátrica nas dependências da Santa Casa; e repasse regular e integral do recurso do Fundo Emergencial de Estabilização Fiscal (FEEF). Mais uma vez foi alertado para os problemas decorrentes do subfinanciamento do SUS, dos atrasos frequentes ocorridos nos últimos anos, e da redução unilateral dos valores pagos pelas UTIs. Além disso, desde o começo do ano, os profissionais do setor da

maternidade da Santa Casa ameaçaram por diversas vezes paralisar as atividades por atrasos nos pagamentos dos salários.

Mal foi superada essa crise na Santa Casa e a população da região começou a se deparar com outra ainda maior no Hospital Regional Irmã Elza Giovanella. Um dos primeiros agravantes foi ocasionado em função do aparecimento de problemas na reforma do telhado da unidade, iniciada em agosto deste ano. Toda a cidade e o Estado ficaram estarrecidos com o cenário presenciado no Hospital Regional após uma forte chuva em uma madrugada de agosto deste ano. Na ocasião, os ratos que estavam no telhado desceram para os leitos da unidade de saúde. Para evitar que os ratos continuassem a se espalhar pelo hospital, os próprios funcionários matavam os roedores, que por muito pouco não estavam subindo nas camas dos pacientes. Muitos ratos também apareceram já mortos, provavelmente caídos do telhado da unidade.

A chuva deixou salas e corredores do hospital alagados. Vários vídeos mostraram a água caindo de lâmpadas e do teto, bem como em equipamentos cirúrgicos. Devido à situação, as cirurgias eletivas foram suspensas e vários pacientes foram transferidos do hospital. A água interditou o setor administrativo, várias alas e ainda os centros cirúrgicos. Após um dos alagamentos, a Vigilância Sanitária do Município e a Vigilância Sanitária do Estado de

ARQUIVO

Mato Grosso interditaram, em 14 de setembro deste ano, o Hospital Regional de Rondonópolis. Depois, o hospital voltou a ser inundado outras vezes, inclusive após o anúncio de conclusão da troca do telhado, no início de outubro de 2018.

Nesse meio tempo, as denúncias de atrasos de repasses por parte do Governo do Estado se intensificaram, com denúncias relativas ao não pagamento de servidores no final de setembro de 2018. O quadro no hospital se agravou a partir de 8 de outubro deste ano, quando os médicos da unidade anunciaram uma nova paralisação de serviços, mantendo somente aqueles de urgência e emergência, que implicam em risco de morte. Na sequência vários serviços e procedimentos eletivos tiveram que ser suspensos por falta de medicamentos e insumos. Até serviços de higiene hospitalar foram paralisados no final de outubro deste ano por falta de pagamento para a empresa contratada para tal. Com essa paralisação, o lixo foi se acumulando pela unidade. Várias fotos mostravam as lixeiras cheias nos mais diversos setores, banheiros sujos e o chão do hospital também bastante sujo.

No começo de novembro passado, o Hospital Regional evidenciou que chegou ao fundo do poço, quase tendo que fechar as portas por falta de medicamentos e insumos de todos os tipos. Enquanto muitos apontam má gestão por parte da Gerir, organização social de saúde contratada para administrar o Regional, esta vinha apontando um expressivo débito acumulado por parte do Estado, o que prejudicava a aquisição dos itens necessários para a operação da unidade. Até a medicação indispensável para a realização de anestesia geral chegou a faltar em novembro deste ano. Diante do caos, o Estado de Mato Grosso decidiu, enfim, agir com mais

UTI Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia ficou este ano quase três meses sem receber pacientes

intensidade e realizou uma espécie de intervenção administrativa no hospital.

A unidade também recebeu medicamentos e insumos de uma compra que havia sido realizada pela Prefeitura de Rondonópolis, que ajudou o Estado diante da importância do hospital para o município. A situação levou a Justiça Federal, inclusive, a entender, conforme explicitado em liminar no final de novembro, que o Instituto Gerir não devia mais estar à frente da administração do Hospital Regional de Rondonópolis. “A precariedade do atendimento no hospital não implica somente

mais um percalço a ser enfrentado pela coletividade da região, mas sim um verdadeiro risco de morte, caso atendimentos, a depender da gravidade do paciente, não sejam realizados da maneira e a tempo adequados”, escreveu a juíza Karen Regina Okubara por ocasião da sua decisão, no final de novembro.

O Hospital Regional

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• O Hospital Regional de Rondonópolis, que leva o nome da Irmã Elza Giovanella, foi inaugurado em 2002, com cadastro junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) desde 30/09/2002. A unidade é referência para uma população aproximada de 500 mil habitantes residentes nos 19 municípios da região, além da população flutuante, população em trânsito e população referenciada de outras regionais do Estado de Mato Grosso e até de outros estados.

• O estabelecimento tem capacidade para atender cirurgias nas especialidades de buco maxilo, infantil, geral, neurologia, ortopedia, oftalmologia, otorrinologia, plástica, proctologia, torácica, urologia, vascular. Tem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas especialidades de angiologia, endocrinologia, infectologia, nefrologia e neurologia. São 128 leitos ativos, 545 cirurgias por mês. A média de atendidos mensal é de mais de mil pacientes. O hospital também é utilizado como campo de estágio e de residência médica para acadêmicos de Medicina da UFR.

Apesar de ter tido a situação amenizada, gestão do Hospital Regional de Rondonópolis ainda é grande desafio

SAÚDE & PREVENÇÃO • DEZEMBRO 2018 • 45

PREFEITURA SOFRE COM CAOS NO HOSPITAL REGIONAL A TRIBUNA

Problemas no Hospital Regional e na adaptação ao prontuário eletrônico geraram aumento de demanda na UPA municipal (foto)

A

lém dos frequentes atrasos da saúde para os municípios, incluindo para a área da atenção básica, a Prefeitura de Rondonópolis também está sendo afetada grandemente com a crise vivenciada no Hospital Regional Irmã Elza Giovanella, considerando a importância dessa unidade para a cidade e a região. Os reflexos são mais sentidos em Rondonópolis por se tratar de uma porta aberta para casos graves de acidentes, atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Como a UPA de Rondonópolis é referência para trauma, urgência e emergência, quando o Hospital Regional deixa de atender pacientes nessas áreas, acaba havendo acúmulo de pacientes nos leitos e nos boxes da unidade municipal. “A Prefeitura chegou a ficar em uma situação de desespero diante da iminência do Regional fechar as portas. O prefeito autorizou a comprar medicação que estava faltando.

Também fomos emprestando aquilo que nós tínhamos em estoque, assim como outros muni-

cípios da região, porque não podemos ficar sem o Regional, sendo que muitas vidas poderiam ser perdidas”, analisa a secretária municipal de Saúde, Izalba Diva Albuquerque.

Caso o Regional feche as portas, não existe outra unidade de saúde em Rondonópolis que venha suprir a demanda da população regional, uma vez que a Santa Casa, outro grande hospital local que atende ao Sistema Único de Saúde (SUS), possui foco totalmente diferente de atendimento. Nesse caso, a Santa Casa é referência em cardiologia e maternidade, sendo o Regional referência em trauma e urgência/ emergência. A secretária municipal constatou que, com a chegada de medicamentos e alguns repasses em novembro deste ano, a situação foi amenizada no Regional, mas tendo um quadro ainda indefinido.

Além da redução de atendimentos no Hospital Regional, a UPA passou a enfrentar demora para atendimento de pacientes em função da implantação do prontuário eletrônico e à fase de treinamento dos funcionários. “Muitos dos pacientes que não conseguem ir para o Regional vão para a UPA, que é porta aberta e não pode negar atendimento”, observa. Agora, a expansão do prontuário eletrônico para as demais unidades de saúde do Município depende da expansão da rede de internet. E para expandir a rede de internet para as outras unidades, a Prefeitura aguarda uma licitação da Rede Metropolitana, que está em processo de finalização.

PRIORIDADE MUNICIPAL TEM SIDO RESOLVER PONTOS CRÍTICOS

46 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

de tomografia, que antes eram feitos em Cuiabá, aqui mesmo na cidade.

Agora os pacientes não precisam mais sofrer por horas viajando, passar o dia na capital e retornar à noite, sendo que muitos deles passando mal e sentindo dor.

Para os exames de mamografia, o Município informa que fechou um convênio com a Associação de Pacientes Oncológicos de Rondonópolis (APOR). Izalba atesta que a intenção é atender a demanda reprimida até o fim deste ano e, a partir de

A TRIBUNA

Uma das grandes deficiências da saúde pública em Rondonópolis, até pouco tempo, era as grandes filas de pessoas para realização de diversos exames por imagem. Para se ter uma noção, no começo de 2017, eram cerca de 8 mil mulheres na fila esperando a realização da mamografia. A superação desse problema passou a ser um dos focos da atual gestão, através de um programa chamado Fila Zero.

Em cerca de um ano de programa, a secretária municipal de Saúde, Izalba Diva Albuquerque, atesta que quase conseguiu zerar exames em várias áreas, como endoscopia, tomografia, ultrassonografia, eletrocardiograma, eletrocefalograma, entre outros, bem como em cirurgias com especialistas, como cateterismo.

Para agilizar ainda mais o atendimento dos pacientes de Rondonópolis, a Prefeitura está realizando exames de imagens, como

Secretária municipal de Saúde, Izalba Diva Albuquerque: a intenção é atender a demanda reprimida em exames até o fim deste ano

então, atender aos pedidos usuais até com um mês de prazo, na média.

Contudo, ainda há algumas preocupações, como exames de dopler venoso e procedimentos oftalmológicos (consultas e exames).

Nesses casos, o Município informa que teve de fazer chamamentos públicos para trazer profissionais de fora, diante de dificuldades encontradas localmente. Somente para oftalmologia são cerca de 8 mil pessoas na espera por consultas e exames.

FILAS NO MUNICÍPIO Outro problema que o Município trabalha para resolver é as filas que se formam há algum tempo no Laboratório Central, na região do bairro Santa Marta. Izalba informou para a reportagem que definiu com o prefeito José Carlos do Pátio a meta para promover melhorias no Laboratório Central, a fim de diminuir as filas, a exemplo do atendimento a todos sem limitação de senhas. Ela atesta que, ao longo do último ano, também quase foi dobrado o número de exames realizados. O número de funcionários para tornar a coleta de material mais rápida foi feita, assim como vista a necessidade de comprar mais veículos para dinamizar a coleta nos postos de saúde. Mais uma medida é a proposta de ampliação do Laboratório Central, com a compra de mais máquinas para possibilitar mais exames.

PREVENÇÃO Precisando melhorar muitos indicadores municipais, a saúde pública municipal quer

Várias obras paradas na área da saúde municipal, como o prédio da Policlínica Central, antigo PAM, estão sendo retomadas

intensificar agora em 2019 ações para diminuir taxas de mortalidade materno-infantil e impulsionar a longevidade, saúde da criança, do idoso e combate à doenças como diabetes e hipertensão.

Izalba aponta que essa melhoria se obtém com investimento em prevenção, o que diminui ainda os gastos com saúde curativa. Nesse intuito, diz que pretende-se investir mais em capacitação dos profissionais da rede municipal para atender melhor e com mais qualidade os pacientes.

OBRAS EMERGENCIAIS O prédio da Policlínica Central, antigo PAM, na esquina da Avenida Bandeirantes

com a Rua Rio Branco, que sofria com o abandono e invasão de desocupados e usuários de drogas, teve as obras de reforma retomadas.

A secretária informou que a intenção é inaugurar o espaço reformado em 2019.

Com a licitação já concluída, o Município também anunciou para a reportagem a retomada da obra de reforma do prédio do Hospital Infantil Wilma Bohac, que estava desativado.

Na sequência, o local onde o PA Infantil funciona hoje, o antigo PA adulto, deve ser reformado também para se tornar uma expansão do Hospital Municipal, que vai passar de 22 leitos para 50 leitos.

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RONDONOPOLITANOS MAIS INTERESSADOS EM CIRURGIAS PLÁSTICAS

Busca da beleza a qualquer preço pode trazer resultados indesejados e, em alguns casos, trágicos para a vida

O

interesse dos rondonopolitanos por contatado pela Revista SAÚDE, do A TRIBUNA, procedimentos estéticos somente tem é o da profissional rondonopolitana Gláucia crescido nos últimos (nome fictício, pois pediu por anos, frente a maior preocupaquestões familiares para não ção com o corpo, a beleza física, ser identificada), que realizou a oferta de mais profissionais vários procedimentos estéticos e, especialmente, a existência em Santa Cruz de La Sierra, na de preços mais acessíveis. No Bolívia. Ela justifica que a difeNo meu caso, na entanto, essa realidade precisa rença de preços em relação ao Bolívia, estávamos Brasil é muito grande. ser encarada com cautela, pois a busca da beleza a qualquer Gláucia conta que fez lipoem oito mulheres, preço pode trazer resultados escultura e abdominoplastia todas do Brasil, indesejados e, em alguns casos, por cerca de R$ 8 mil, incluinsendo cinco de trágicos para a vida. do hospedagem, cuidadora e Mato Grosso” Algo que tem sido comum, alimentação. No Brasil, ela diz atualmente, é a existência de que esses procedimentos fipessoas interessadas em fazer procedimentos cariam em cerca de R$ 20 mil, com apenas o estéticos na Bolívia. Um desses casos, que foi hospital incluso. A decisão, segundo ela, veio

a partir de dois anos fazendo pesquisas sobre como e com quem fazer os procedimentos.

“Outras pessoas com quem eu conversei e fizeram na Bolívia gostaram dos resultados. Na clínica que eu fiquei tem toda assistência com enfermeira, massoterapeuta e cuidadora, tudo muito limpo e organizado”, explica.

A moradora da cidade diz que foi de ônibus até a Bolívia, em uma viagem de um dia e meio, sendo que entre Corumbá (MS) e Santa Cruz, os veículos são muito bons. Assim, a desvantagem é a volta para casa recém-operada nessa condição. No caso de Gláucia, uma desvantagem é que ela vai precisar refazer a cirurgia porque pegou uma gripe bastante forte, seguida de tosse, que fez abrir os pontos e gerar uma cicatriz feia. Ela garante que não foi erro médico (sic), mas que o profissional se comprometeu em refazer o procedimento, considerando que indicou um expectorante em vez de um sedativo, o que intensificou a tosse.

Ela diz ainda acreditar que, na Bolívia, os profissionais em casos de lipoescultura modelam e deixam uma cintura mais acentuada. “A lipo lá é a laser e eles sabem onde a cânula está indo, sem atingir nenhum órgão”, argumenta. Contudo, questiona que não dá para entender porque os procedimentos estéticos no Brasil são tão caros. “No meu caso, na Bolívia, estávamos em oito mulheres, todas do Brasil, sendo cinco de Mato Grosso. Pelo que sei, Rondonópolis tem bons profissionais, o problema é o preço”, afirma.

Gláucia relata que conhece um caso feito em São Paulo em que o abdômen abriu sem nenhum motivo aparente e que a mama rejeitou uma prótese. “Acho que, quando chegar a hora [de morrer] vai ser aqui, lá ou em qualquer lugar. Eu fui muito bem recebida por todos; lá eles são muito queridos. A dica que eu dou é procurar um profissional que sinta segurança, seja no Brasil ou na Bolívia e que o bolso dê conta de pagar”, finalizou.

CAUTELA DIANTE DA BUSCA DA BELEZA A QUALQUER PREÇO A busca desenfreada da sociedade pela beleza física, seja pela influência da mídia, do maior acesso à informação, pelo aumento de profissionais ou da redução de valores, é vista com preocupação por muitos profissionais. Isso porque, atrás deste atributo a qualquer custo, tem surgido muitas práticas irregulares no mercado, como consórcios de cirurgias plásticas, procedimentos 48 • DEZEMBRO 2018 • SAÚDE & PREVENÇÃO

em salões de beleza e outros locais impróprios e propagandas nas redes sociais.

A médica Maristela Narciso Neitzke, especialista em cirurgia plástica, lembrou para a Revista SAÚDE que, até então, apenas uma pequena fatia da população tinha acesso aos procedimentos estéticos, sendo que, hoje em dia, esse acesso ampliou bastante, incluindo

pessoas de classes menos favorecidas, com o surgimento de clínicas populares e cirurgias em outros países. “Com a maior divulgação e maior preocupação com o bem-estar e a estética, todo mundo quer isso e, nessa onda, põe a vida em risco”, observa ela.

Em Rondonópolis, dra. Maristela diz que os procedimentos mais procurados são lipo-

FOTO – A TRIBUNA

aspiração, implante de silicone na mama, abdominoplastia e redução de mamas, sendo os homens ainda em um número bem menor que as mulheres. A cidade de Rondonópolis, por sua vez, conta com vários profissionais capacitados em cirurgia plástica. Da mesma forma, a maioria das médias cidades brasileiras viu esse número aumentar de forma expressiva. Aliás, o Brasil é um dos primeiros no ranking em cirurgia plástica no mundo.

Uma preocupação é que, em Mato Grosso, tem crescido o número de pessoas indo para Bolívia ou buscando programas como o “Plástica para Todos”, empresa médica que chegou recentemente em Cuiabá. Em geral, ao procurar fazer uma cirurgia plástica, dra. Maristela orienta que a primeira orientação é buscar um profissional habilitado, capacitado. No Brasil, as pessoas podem acessar o site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, onde podem consultar se o profissional interessado possui especialização ou não, por nome ou por cidade.

Ela também alerta para os cuidados com o pré-operatório, com os exames necessários sendo feitos previamente. O local de realização da cirurgia plástica deve ser um hospital que tenha o suporte necessário. A rotina da medicina prevê que deve-se conhecer o profissional, fazer a consulta, os exames, e operar com anestesia adequada, com anestesista habilitado. Muitas vezes as pessoas contratam um profissional na Bolívia por site sem se atentar a essas questões.

Médica Maristela Narciso Neitzke, especialista em cirurgia plástica: “As pessoas precisam ficar atentas quando se deparam com preços muito baixos”

O programa “Plástica para Todos”, por exemplo, registrou vários casos de complicações após procedimentos estéticos neste ano, realizados no Hospital Militar, em Cuiabá. Até novembro deste ano foram dois registros de mortes de pessoas após com-

plicações nos procedimentos. Por ser um programa em que a pessoa requisita uma empresa, que por sua vez requisita o médico, o interessado precisa ter uma atenção maior em saber onde o procedimento será realizado e se o profissional é especialista.

Maristela informa que o médico de qualquer área é proibido de fazer promoção com a cirurgia, não podendo comercializá-la ou oferecê-la nas redes sociais. “A gente ouve falar de procedimentos sendo feitos em salão de cabeleireiro, clínica de estética, consultório, em casa. A cirurgia tem de ser feita em ambiente hospitalar para que haja recursos em caso de alguma complicação”, avisa ela, alertando para as pessoas não irem atrás apenas de preço. A realização de várias cirurgias associadas também representam um risco à saúde.

De qualquer forma, os cirurgiões plásticos brasileiros, incluindo em Rondonópolis, estão oferecendo mais condições facilitadas de pagamento, com o parcelamento dos valores, lembrando que o médico não pode fazer consórcio. Em qualquer realidade, é preciso ainda estar atento à qualidade dos materiais a serem usados e confiar no profissional. “As pessoas precisam ficar atentas quando se deparam com preços muito baixos. No caso do botox, a toxina botulínica, tem gente usando material de segunda linha, assim como próteses. As pessoas precisam entender que as coisas têm custo”, alerta a dra. Maristela.

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SAÚDE AUTOMOTIVA

CUIDADOS COM O CARRO GARANTEM VIAJEM TRANQUILA FOTOS – A TRIBUNA

Alexsandro Oliveira, gerente-geral da AutoCampo: “Em uma oficina credenciada, o cliente tem a garantia de técnicos treinados e ferramental correto”

A

concessionária possui ferramental adequado para substituição dos itens e técnicos devidamente treinados. Além disso, ele observa que esse período de fim do ano também é muito visado para quem quer trocar o automóvel, pra viajar com veículo novo. Inclusive, aponta que um atrativo para a troca de carro é que a linha 2018 na loja está com bônus de R$ 5 mil, e a linha 2018/19 com preços diferenciados por modelo.

CAMIONETES Por ser uma região agropecuária, Rondonópolis possui um considerável número de caminhonetes, a maioria com tração, que possuem particularidades a serem consideradas na manutenção e revisão de férias. O empresário André Luiz Maia, proprietário da Mitsucar, auto center especializado em caminhonetes em geral, SUV e importados, diz inicialmente que a primeira recomendação é não deixar os serviços para última hora, sendo a revisão do veículo essencial.

“Para não ter surpresa desagradável, a dica é sempre passar em um reparador para fazer uma checagem dos itens. No nosso caso, a gente faz uma checagem com 32 itens, como freio, campana, disco, suspensão, terminal, pivô, arrefecimento, injeção, entre outros”, explica. Ele diz que, na linha de caminhonetes, os principais itens verificados na checagem são suspensão e freios.

Fazendo as trocas sempre nos prazos recomendados já é possível evitar gastos nas inspeções e fazer a viagem com mais segurança. André Luiz, por exemplo, diz que a troca de óleo deve ser feita a cada 10 mil km, assim como troca de filtros. Em caminhonetes, aponta que as pastilhas de freios devem ser verificadas com 12 mil a 15 mil km, e o óleo da caixa de transferência a cada 40 mil km.

Ainda nessa linha de veículos, é preciso ter cuidado com a tração, prestando a atenção no aparecimento de estalos ou algo diferente. “A tração, muitas

chegada do período de férias e de fim de ano também merece cuidados com o estado do automóvel, a fim de não se ver em meio a imprevistos, prejuízos financeiros e até acidentes, prejudicando as viagens bastante comuns nesta época e trazendo transtornos para as famílias. A manutenção periódica do veículo, seguindo as orientações dos fabricantes, e a revisão/inspeção veicular são as medidas indicadas para garantir a viagem da família sem contratempos.

Com o maior fluxo de veículos nas estradas nesse período, Alexsandro Oliveira, gerente-geral da AutoCampo, concessionária automóveis Honda, atesta que é importante estar atento às condições do freio e do estepe, sendo este um item de segurança importante, mas não muito utilizado no dia a dia, bem como do triângulo e do macaco.

As condições dos pneus são outro ponto que não pode ser ignorado antes da viagem. “A revisão também deve inspecionar o óleo motor, o fluído de radiador, entre outros. São itens básicos, mas que fazem toda a diferença em uma viagem de férias, independente da distância a ser percorrida”, orienta.

Nesse período, Alexsandro Oliveira destaca que a realização da manutenção periódica ou revisão de férias em uma oficina credenciada traz mais segurança aos serviços executados. “O cliente tem a certeza do uso de produtos de qualidade, com peças genuínas. Muitas vezes a pessoa procura um local não credenciado, com preço muito baixo, mas não existe mágica, não tem como custar 100 em um local e 10 em outro”, analisa.

O gerente da AutoCampo aponta Ricardo Lemos, gerente-geral e responsável técnico da Oficina.com: ainda que a oficina credenciada de uma “Somos uma das lojas melhores equipadas do Estado”

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André Luiz Maia, proprietário da Mitsucar: “Somos especializados em caminhonetes, linha importada e SUV”

vezes, só estraga por seu uso incorreto”, assegura.

TECNOLOGIA DE PONTA Com o grande aumento da frota de veículos, incluindo de veículos importados e consumidores mais exigentes, Rondonópolis também tem recebido investimentos em estabelecimento de reparos em geral com grandes diferenciais competitivos. O gerente-geral e responsável técnico da Oficina.com, Ricardo Lemos, aponta que o estabelecimento tem como uma das premissas a limpeza e organização do ambiente, com ferramentas limpas e em ordem.

Outra preocupação da Oficina.com é a contratação de mão de obra especializada, uma das áreas com grande carência em Mato Grosso e no Centro-Oeste. Outro diferencial é a oferta em Rondonópolis de equipamentos de ponta na área. “Somos uma das lojas melhores equipadas do Estado. Temos uma prancha de alinhamento, por exemplo, que nem em autorizada de Rondonópolis ou Cuiabá possui”, acrescenta ele.

O gerente também observa que, quando se viaja com a família, a segurança sempre se torna algo ainda muito importante. “No carro, a primeira coisa a ser vista antes de uma viagem é o pneu”, argumenta o responsável técnico. Paralelo aos pneus, também fazer o alinhamento e balanceamento.

Ricardo ressalta que a revisão da parte elétrica pode evitar multas desnecessárias, como ser parado em posto policial por alguma lâmpada de seta queimada.

Da mesma forma, especialmente nesta época chuvosa, não se deve esquecer de verificar as condições das palhetas, que ajudam muito na visibilidade e direção por ocasião de chuvas. “Uma revisão correta vai permitir aproveitar as férias e voltar com segurança para casa”, aconselha.

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