Relatório Socioeconômico
29 DE MARÇO 2019
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
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Relatório Socioeconômico
29 DEMARÇO
2019
Relatório com os dados obtidos pela ECO – Escutando Comunidades – realizada na comunidade 29 de Março (Curitiba – PR) em Março de 2019.
Autores: Gabriela Rocha e Michelli Frigo Voluntárias de Diagnóstico Comunitário – TETO Daniel Lima Coordenador de Diagnóstico Comunitário – TETO Lucas Bandoch Coordenador de Diagnóstico e Avaliação – TETO
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Sumário Introdução, 4
Transporte
Sobre a Eco
Locomoção para o trabalho, 38 Locomoção para o estudo, 39
Metodologia, 6 Equipe, 7
Sobre a 29 de Março Histórico, 10 Localização, 11 Equipamentos comunitários, 12 Ações do TETO, 13
População Identificação de gênero, 15 Estrutura etária, 16 Identificação racial, 20 Região de origem, 21
Saúde Atendimento médico, 41 Doenças e deficiências, 43
Moradia Material das moradias, 46 Características das moradias, 47 Fornecimento de serviços básicos, 48
Comunidade
Alfabetização e nível de escolaridade, 23 Razões para abandono dos estudos, 26 Frequência na escola, 27
Relacionamento entre os moradores, 51 Problemas na comunidade, 53 Preconceito, 56 Incêndio, 57 Liderança e associação de moradores, 59 Sonhos, 61 Percepção atual e expectativas para o futuro, 62
Trabalho e Renda
Conclusão, 64
Educação
Ocupação e taxa de desemprego, 29 Áreas do trabalho, 31 Renda, 32 Outros indicadores, 36 Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
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Introdução ESTE RELATÓRIO TEM COMO OBJETIVO apresentar os dados
Todos os dados aqui apresentados foram coletados pela apli-
obtidos em Março de 2019 durante o evento “ECO – Escutan-
cação de Enquete de Caracterização Socioeconômica (ECS),
do Comunidades”, realizado na comunidade 29 de março, na
de modo a criar o perfil da comunidade em questão, levantar
cidade de Curitiba, pela organização social TETO.
seus principais problemas, condições, necessidades e deman-
O TETO é uma organização internacional presente na Améri-
das, entre outros itens que serão dispostos neste relatório.
ca Latina e Caribe que atua há 10 anos no Brasil pela defesa
Entre as 165 moradias mapeadas, foram aplicadas enquetes
dos direitos das pessoas que vivem em favelas, engajando os
completas em 136, resultando em uma população da amostra
moradores e as moradoras das comunidades e mobilizando
conhecida de 346 pessoas. A margem de erro dos resultados é
jovens voluntários e voluntárias para trabalharem juntos na
de 3,5% para cima ou para baixo.
construção de uma sociedade integrada.
A seguir, os resultados são apresentados divididos em sete
Para superar a pobreza multidimensional nas comunida-
áreas: perfil da população, educação, trabalho e renda, trans-
des, o TETO desenvolveu uma metodologia de trabalho que
porte, saúde, moradia e comunidade. Sempre que possível, os
busca fortalecer as capacidades comunitárias de identidade,
resultados são comparados com os dados do Brasil, do Para-
organização, autogestão e trabalho em rede, através de um
ná e de Curitiba, de modo a permitir um melhor entendimen-
modelo de intervenção contínuo e Programas Sociais que
to deste diagnóstico dentro do contexto nacional, regional e
geram soluções concretas de desenvolvimento econômico e
municipal. Exceto quando indicado em contrário, o dados na-
social e melhoria das condições de habitat e habitabilidade.
cionais, regionais e municipais utilizados para comparação
Dentro deste modelo de trabalho, a ECO representa uma etapa importante no diagnóstico da comunidade, fornecendo dados para as etapas seguintes de discussão dos problemas
foram extraídos da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios mais recente, realizada trimestralmente pelo IBGE.
e proposição de soluções em conjunto com os moradores e moradoras.
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Sobre a ECO
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Sobre a ECO Metodologia FORAM MAPEADAS E CONSIDERADAS como universo amostral
Desta forma, com base no tamanho do Universo e da Amos-
165 casas. Tal universo consiste em todas as casas mapeadas
tra coletada, considerando a não aplicação de questionário
pela equipe de Mapeamento – subárea de Diagnóstico e Ava-
em 15,8% do Universo, conclui-se que, para estes dados es-
liação do TETO Paraná, já excluídos os imóveis constatados
tatísticos, deve-se considerar margem de erro de 3,5 pontos
desocupados nos dois dias de coleta amostral (65 imóveis).
percentuais para mais ou para menos, dos dados coletados.
Dentro do universo amostral foram aplicadas 139 enquetes,
Os parâmetros do TETO Brasil estabelecem o cumprimento
das quais 136 completas e 3 recusadas. Considerando apenas
de margem de erro de 3 a 5 pontos percentuais. Sendo assim,
as enquetes completas, 84,2% das moradias foram entrevis-
garante-se que esta amostra de informações cumpre os re-
tadas.
quisitos estabelecidos pela Instituição nacionalmente e que
A área de estudo foi dividida em 10 zonas territoriais. Desta forma, ao refazer a pesquisa em período de tempo futuro, poderão ser comparados os dados da mesma área de atuação.
tais dados estatísticos representam com segurança o perfil da comunidade 29 de Março em Curitiba (Paraná) na época de sua aplicação (mês de Março de 2019).
Subtraindo 139 (enquetes aplicadas e recusas) das 165 casas do universo amostral, tem-se 26 casas (15,7% da comunidade), que foram consideradas ausências temporárias, já que no momento de aplicação não havia nenhum morador para responder às perguntas. Considerou-se 95% o nível de confiança da pesquisa pois não foram utilizados métodos de correção de estimativa, referentes aos parâmetros do universo utilizado como a concentração da amostra, homogeneidade, distribuição e possibilidade de inclusão no caso de recusa ao responder.
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Sobre a ECO Equipe
CTs (Coordenadoras de Trabalho)
Equipe Médica
Vieira, Kessoly Gonçalves do Nascimento, Larissa
Ariadne Thiele Gabriel e Fernanda Blanco Soares
Julia Kreutz Carvalho e Vitória Bevervanso
Antonia Alamini, Larissa Carneiro, Lena Chagas, Lorena Vitoria Andrade Botter, Lucas Carvalho da
CEs (Chefes de Escola):
Comunicador
Cruz, Lucas Neimann Almeida, Luisa Woidaleski da
Larissa Petronzelli Mariano e Ricardo Luiz do Nas-
Matheus Coimbra
Silva, Luise Hahn Silva, Luitanara Mamede Dias, Marcela Gonçalves de Oliveira, Maria Eduarda Sa-
cimento Maranho
Voluntários
quetto Michelini, Mariana Alves de Souza, Mariana
Mapeadoras
Alexandre Alberto Basso Tokarski, Alexandre Cer-
de Camargo Ceccon, Matheus Cáceres Benitez,
Beatriz Soares de Lima e Caroline Moriya
queira Lima, André Machado Carbonar, Andressa
Natália Regina de Carvalho Mikos, Nicoli Altimiras
Leite Rodrigues, Aron Germano de Oliveira Ludo-
Tinti, Paula Cristina Neuburger de Oliveira, Rafaela
Intendentes
vico, Beatriz Dzierva Sobania, Beatryz da Costa
Striquer Thomé, Rafaella Sigolo Coury, Ramon
Beatriz Pontes Sant’Ana Branco, Luciana Ribas e
Schneider, Bruna Kometani Bresolin, Camilla
Vinícius de Vargas, Susane Geibel, Taiana Regina
Yohanna Bavelloni
Aragão Berger, Carlos Gabriel Lipke, David Luersen
Ascari, Thais Morais Cardoso da Silva, Victor Kmie-
Moreira, Edison Renato Bertoldi Mello, Emanue-
cik Follador, Vitor Freire Bandeira
Líderes
le Stipp Freitas, Emellyn Didre, Emmily Oliveira
Adriane Nunes Ferreira, Cladilson Nardino, Daniel
Toscan, Estela Adeline Brenner, Gabriel Vinicius da
Lima Ribeiro, Diego José Ribeiro e Maria Eduarda
Silva, Gabriela de Oliveira Rocha, Gabriela Ortolani
Dircksen Aguiar
Sorgenfrei, Gabriele Rodrigues Ferreira, Heloisa Portugal Figueredo, Henrique Weber Pereima,
Líder de Enquete
Isabela Mariotto dos Santos, Jonathan Isaías Ama-
Daniel Lima Ribeiro
ral Santos, Kalita Tuane Guedes, Karen Campos
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Voluntários da ECO 1903
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SOBRE A 29 DE MARÇO
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Sobre a 29 de março NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2012, 35
depois por madeira e eventualmente até
famílias ocuparam o espaço hoje conhe-
por alvenaria. Alguns meses depois, foram
cido como Nova Primavera, comunidade
fundadas outras duas comunidades vizi-
vizinha da 29 de Março. A comunidade foi
nhas: a Tiradentes e a Dona Cida.
crescendo e cada vez se tornando mais densa. Alguns moradores começaram a sondar o terreno vizinho, e no dia 29 de março de 2015, os primeiros moradores entraram ali – daí o nome da comunidade. Coincidentemente, o mesmo dia do aniversário de Curitiba. Nesse meio tempo, a Nova Primavera vinha sofrendo com inúmeras ordens de despejo. Com medo de ocorrer o mesmo na 29, os moradores aguardaram a orientação de um advogado, para que o esforço deles não fosse em vão ao se instalarem num lugar que possivelmente teriam que deixar dentro de alguns meses.
Em dezembro de 2018, numa atitude criminosa, dezenas de famílias perderam suas casas e seus pertences num incêndio provocado pela polícia militar. O medo que os moradores sentiram é indescritível, mas a esperança e a força de vontade pra recomeçar são nítidas no olhar de cada um. A comunidade, localizada no bairro São Miguel, fica próxima à divisa com a CIC. Tal proximidade, somada ao fato do São Miguel ser pouco conhecido, leva ao comum erro de afirmar que a 29 de Março (e demais comunidades vizinhas) se localizam na Cidade Industrial. A confusão com
Algumas semanas depois, entretanto,
a Vila Corbélia (conjunto habitacional
chegou ali a notícia de que eles não te-
construído pela COHAB em 2010) também
riam tantos problemas, e logo os barracos
é comum, já que as moradias localizam-se
de lona foram substituídos por madeirite,
a menos de 500 metros.
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Localização A comunidade 29 de Março se localiza no bairro São Miguel, próxima à divisa com o bairro Cidade Industrial, na regional CIC da cidade de Curitiba, capital do Paraná.
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Equipamentos comunitários
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Ações já realizadas pelo TETO •
Construção de 12 moradias em julho de 2018 (TDI1807)
•
Construção de 21 moradias em dezembro de 2018 (CC1812)
•
Construção da sede comunitária em dezembro de 2018
•
Construção de 17 moradias em fevereiro de 2019 (CC1902)
•
Início das atividades da equipe fixa em março de 2019
•
Realização da ECO - Escutando Comunidades em março de 2019 (ECO1903)
Construção do TETO na 29 de Março Fevereiro 2019
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POPULAÇÃO
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POPULAÇÃO Identificação de gênero
Gráfico 1 – Identificação de gênero na 29 de Março e no Brasil
Das 346 pessoas entrevistadas, 50,9% se identificam como mulher e 48,8% como homem. 0,3% não soube ou não quis responder. Este maior número de mulheres na comunidade reflete o perfil populacional do Brasil, onde 51,8% são mulheres e 48,2% são homens. A identificação foi feita através da autodeclaração do entrevistado ou entrevistada, ou, no caso da ausência do
Mulheres 50,9%
Homens 48,8%
mesmo, pela informação de outro residente da mesma moradia.
29 de Março
Mulheres 51,8%
Homens 48,2%
Brasil * * Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
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População Estrutura etária
Gráfico 2 – Estrutura etária da 29 de Março
A estrutura etária de uma população corresponde à sua distribuição entre os diferentes grupos de idade, conforme
NS/NR
apresentado no gráfico ao lado. A partir dessa distribuição,
70 anos ou mais
é possível perceber se a população é predominantemente jovem (se a base inferior no gráfico for mais larga), adulta (se a porção intermediária for mais larga) ou envelhecida (se a parte superior do gráfico for maior). Na 29 de Março, como é possível perceber no Gráfico 2, a
1,4%
55 a 59 anos
2,3%
50 a 54 anos
2,3%
anos e jovens de 15 a 29 anos, grupos que correspondem,
40 a 44 anos
respondendo a apenas 2,1% da população.
1,2%
60 a 64 anos
45 a 49 anos
também como os idosos (65 anos ou mais) são minoria, cor-
0,9%
65 a 69 anos
maior parte da população é formada por crianças de até 14 respectivamente, a 31,8% e 27,2% da comunidade. É notável
0,3%
7,5% 5,5%
35 a 39 anos
9,0%
30 a 34 anos
8,7%
25 a 29 anos
12,1%
20 a 24 anos
8,4%
15 a 19 anos
6,6%
10 a 14 anos
8,4%
5 a 9 anos
12,1%
0 a 4 anos
11,3% 0%
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3%
6%
9%
12%
15%
16
Gráfico 3 – Estrutura etária da 29 de Março comparada com outras regiões
Se comparado aos quadros municipal, estadual e nacional, é perceptível como o perfil da comunidade destoa dos demais,
70 anos ou mais
conforme demonstrado no Gráfico 3. Na 29 de Março, o núme-
65 a 69 anos
ro de crianças é consideravelmente maior do que em Curiti-
60 a 64 anos
ba, no Paraná e no Brasil, principalmente no grupo de 0 a 9 anos de idade. A partir dos 10 aos 49 anos, as proporções são
55 a 59 anos
parecidas com as das outras áreas, com exceção ao grupo de
50 a 54 anos
jovens adultos de 25 a 29 anos, que possuem certo destaque na comunidade. A tendência do gráfico começa a inverter a partir dos 50 anos, quando a comunidade começa a apresentar porcentagens menores, destacando, novamente, o baixíssimo número de idosos. O contraste é maior no grupo de pessoas com 70 anos ou mais, que representam apenas 0,9% da população da 29 de Março, enquanto em Curitiba, no Paraná e no Brasil estes valores são mais de seis vezes maior (6,5%, 6,8% e 6,4%, respectivamente).
45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos 0% 29 de Março
3% Curitiba *
6%
9% Paraná *
12% Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua 2017
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Razão de dependência e índice de envelhecimento Como forma de entender melhor a relação entre os diferen-
No Gráfico 4 é possível observar que a maior parte da comu-
tes grupos de idade de uma população, é possível separá-los
nidade é formada por adultos (65,9%), seguida dos jovens,
em três categorias: Jovens (0 a 14 anos), Adultos (15 a 64
que representam 31,8%. Os idosos, por fim, constituem
anos) e Idosos (65 anos). Entre esses grupos, é comum que
apenas 2,0% da população da 29 de Março.
se espere que os adultos (população potencialmente ativa)
A partir destes dados, é possível determinar a razão de depen-
tenham maiores responsabilidades sobre os jovens ainda
dência da população, que indica o peso que os jovens e idosos
em fase de estudo e sobre os idosos que já estejam saindo
representam para os adultos.
do mercado de trabalho (população dependente).
Gráfico 4 – Grupos de idade da 29 de Março
Idosos (65 anos ou mais)
2,0%
Tabela 1 – Razão de dependência Razão de dependência jovens
Razão de dependência idosos
Razão de dependência total
Índice de envelhecimento
29 de Março
48,2
3,1
51,3
6,4
Curitiba *
26,2
14,3
40,4
54,5
Paraná *
27,9
14,8
42,7
53,0
Brasil *
29,1
14,4
43,5
49,3
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
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Jovens (0 a 14 anos)
31,8%
Adultos (15 a 64 anos)
65,9%
18
Quanto maior for o valor da razão de dependência, maior é
Neste índice, a comunidade contrasta drasticamente com os
o peso dos dependentes sobre a população adulta. No caso
demais indicativos. Enquanto na 29 de Março o valor é de 6,4
da 29 de Março, conforme constatado na Tabela 1, é possível
idosos para cada 100 jovens, Curitiba apresenta uma taxa de
observar que a razão de dependência total é de 51,3. Isso signi-
54,5, o Paraná 53,0 e o Brasil 49,3. Estes dados reforçam o perfil
fica que para cada 100 adultos potencialmente ativos, existem
jovem dos moradores da comunidade e demonstram que a
51,3 jovens ou idosos dependentes. Essa taxa é superior à de
mesma não possui tendência de envelhecimento da popula-
Curitiba (40,4), do Paraná (42,7) e do Brasil (43,9).
ção.
Analisando separadamente, os jovens têm maior peso que os idosos sobre a população adulta, representando uma taxa de dependência de 48,2. Este valor é bem superior à taxa do município (26,2), do estado (27,9) e do país (29,1). A razão de dependência dos idosos, por sua vez, é de 3,1 na 29 de Março, consequência da baixa porcentagem de idosos na comunidade (2,0%). Essa razão é quase cinco vezes menor que os números de Curitiba (14,3), do Paraná (14,8) e do Brasil (14,4). Outra importante análise que pode ser feita é o índice de envelhecimento da população, dado que representa a quantidade de idosos para cada grupo de 100 jovens. Desta forma, quanto maior este número, maior o indicativo que a população está gradativamente se tornando mais idosa.
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População
Gráfico 5 – Identificação racial da 29 de Março Preta
14,7%
Branca
Identificação racial
42,8%
Parda
35,3%
Na 29 de Março, 42,8% (148 pessoas) se declaram brancas, Amarela
35,3% (122 pessoas) pardas e 14,7% (51 pessoas) pretas. Em menor proporção, 4,0% se declararam amarelas (14 pessoas)
4,0%
Indígena
e 1,2% indígenas (4 pessoas). Não souberam ou não quiseram
1,2%
NS/NR
responder 2,0% (7 pessoas). Bem como na identificação de
2,0%
gênero, os dados de identificação racial foram obtidos por Gráfico 6 – Comparação dos dados de identificação racial
autodeclaração.
14,7% 3,3% 3,4% 9,2%
Se comparados aos dados do município, do estado e do país, na comunidade existe um número bem superior de pessoas
Preta
que se declaram pretas (14,7%), apresentando um valor 4 vezes maior que o de Curitiba (3,3%). Apesar da proporção de autodeclarados brancos da comunidade ser igual à quantidade de brancos no Brasil (42,8%), a diferença é grande em relação ao
19,3%
Parda
35,3% 29,7%
estado (65,6%) e maior ainda comparada à Curitiba (76,1%). A
42,8%
PNAD Contínua categoriza amarelos, indígenas e não declarados como Outros, representados por 1,0% no Brasil, 1,3% no Pa-
Branca
raná e 1,3% em Curitiba. Estes grupos, somados, representam
65,6%
42,8%
um total de 7,2% na 29 de Março, representando uma maior diversidade étnica dentro da população.
47,0%
Outros
76,1%
7,2% 1,3% 1,3% 1,0%
0,0%
20,0%
29 de Março
40,0%
Curitiba *
60,0% Paraná *
80,0% Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
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População
Tabela 2 – Ano no qual se mudou para a 29 de Março 2015 2016 2017 2018 2019 NS/NR
Região de origem A maior parte dos moradores da comunidade são originários da Região Sul (74,9%), seguidos pelos nordestinos, que representam
Norte 2,3%
7,2% da população. Outros 7,2% são estrangeiros, todos vindos do
45,6% 22,8% 11,8% 14,7% 4,4% 0,7%
Haiti. Há também moradores oriundos da Região Sudeste (6,1%), Norte (2,3%) e Centro-Oeste (2,0%), em menor número. Quanto aos estados, os mais representativos são Paraná (71,4%), São Paulo (4,0%) e Bahia (2,9%).
Nordeste 7,2%
Quanto ao ano em que essas famílias se mudaram para a
Centro-Oeste 2,0%
comunidade, a maior parte chegou em 2015 (45,6%), ano de início da ocupação da comunidade. Em 2016 mudaram-se
Bahia 2,9%
22,8% dos atuais moradores, seguidos por 11,8% em 2017 e 14,7% em 2018. Até a data da aplicação das enquetes, 4,4% dos moradores haviam se mudado neste ano (2019).
Sudeste 6,1%
Gráfico 7 – Motivos para mudar para a 29 de Março Possibilidade de não pagar aluguel
57,4%
Falta de dinheiro para se manter em outro lugar
Paraná 71,4%
São Paulo 4,0%
22,8%
Família e/ou amigos na comunidade
6,6%
Melhor condição de vida
5,9%
Possibilidade de regularização
Sul 74,9%
1,5%
Outros (principal: casamento/separação)
Estrangeiro 7,2%
5,9% 0%
15%
30%
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45%
60% 21
EDUCAÇÃO
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Educação Alfabetização e nível de escolaridade Entre as pessoas com 8 anos ou mais, a taxa de alfabetizados
Assim como ocorre no cenário nacional, a maior quantidade
na comunidade 29 de Março é de 93,2%. Isso significa que
de analfabetos se encontra entre as pessoas que já passaram
os 6,8% restantes ainda não aprenderam a ler e/ou escrever
da idade escolar. Na 29 de Março, 3,6% das pessoas entre 8 e
(Gráfico 8). Observando o Gráfico 9, percebe-se que a porcen-
17 anos ainda não aprenderam a ler ou escrever, número que
tagem de analfabetos é inferior à média brasileira (8%), mas
aumenta para 7,6% na população com 18 anos ou mais.
levemente acima da média paranaense (4,9%).
Gráfico 9 – Taxa de analfabetismo da 29 de Março comparada com outras regiões Gráfico 8 – Taxa de alfabetização da 29 de Março (8 anos ou mais)
6,8%
6,8%
Total
4,9%
8 anos ou mais
8,0%
não alfabetizadas
3,6%
Idade escolar
1,1%
8 a 17 anos
2,4% 7,6%
Adulos
5,7%
18 anos ou mais
9,2%
0%
93,2% alfabetizados
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2% 29 de Março
4%
6% Paraná *
8%
10%
Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua 2017
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O número de pessoas na idade escolar (entre 8 e 17 anos)
Gráfico 10 – Nível escolar mais alto completo pela população com 18 anos ou mais
que não são alfabetizadas na 29 de Março (3,6%), apesar de ser mais baixo que das pessoas em idade adulta (acima de
4,0%
NãoNão completou nenhum nível completou nenhum nívelescolar escolar
18 anos), ainda é alto se comparado com outras regiões. No Brasil, 2,4% da população em idade escolar não está alfabetizada, número que cai ainda mais no estado (1,1%). Os adultos não alfabetizados seguem o padrão do total da população – a média da 29 de Março (7,6%) é um pouco superior à média do Paraná (5,7%), mas inferior à média nacional (9,2%).
Pré-escola COMPLETO Pré-escola COMPLETO
1,3%
Ensino Fundamental I INCOMPLETO
16,1%
Ensino Fundamental I (4ª INCOMPLETO série / 5º ano )
Ensino Fundamental I COMPLETO Ensino Fundamental(4ªI COMPLETO série / 5º ano )
8,1%
Ensino Fundamental II INCOMPLETO
17,0%
Ensino Fundamental II (8ª INCOMPLETO série / 9º ano )
Ensino Fundamental II COMPLETO
Conforme observado no Gráfico 10, é relevante notar que 46,6% dos adultos (18 anos ou mais) não completaram o En-
9,4%
Ensino Fundamental(8ª II COMPLETO série / 9º ano )
17,5%
Ensino Médio INCOMPLETO Ensino Médio INCOMPLETO
sino Fundamental. 9,4% frequentaram a escola somente até a conclusão do Ensino Fundamental, 17,5% não concluíram o Ensino Médio e 19,3% pararam os estudos ao completar o Ensino Médio. Os níveis de escolaridade posteriores são notavelmente menores, uma vez que 1,3% possui Ensino
Técnico INCOMPLETO Técnico INCOMPLETO TÉCNICO COMPLETO Técnico COMPLETO
Técnico (completo ou incompleto), 2,2% possui Ensino Superior incompleto e apenas 0,4% completaram algum curso de graduação.
19,3%
Ensino Médio COMPLETO Ensino Médio COMPLETO
Ensino Superior INCOMPLETO Ensino Superior INCOMPLETO Ensino Superior COMPLETO Ensino Superior COMPLETO
0,4% 0,9% 2,2% 0,4%
Esse déficit educacional em cada um dos níveis escolares é melhor representado no Gráfico 11. Como pode ser observado, 19,5% das pessoas com 18 anos ou mais não terminaram o
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NS/NR NS/NR
0%
3,1% 5%
10%
15%
20%
24
“
Os dados apontam para a necessidade de ações de redução do déficit educacional na comunidade da 29 de Março.
Gráfico 11 – Déficit escolar na comunidade 29 de Março Sem Ensino Fundamental I – 4ª série/5º ano (pessoas com 18 anos ou mais)
19,5%
Sem Ensino Fundamental II – 8ª série/9º ano (pessoas com 18 anos ou mais)
46,2%
Sem Ensino Médio (pessoas com 19 anos ou mais)
71,9%
Sem Ensino Superior (pessoas com 23 anos ou mais)
0%
96,3% 20%
40%
60%
80%
100%
Ensino Fundamental I (4ª série ou 5º ano completos), número
O número de jovens na idade escolar (entre 8 e 17 anos) ainda não alfabetizados (3,6%) é qua-
que sobe para 46,2% no caso do Ensino Fundamental II (8ª
se maior quando comparado à média nacional (2,4%) e o triplo da média paranaense (1,1%),
série ou 9º ano). Quanto ao Ensino Médio, considerando a
o que mostra a importância de medidas para a redução desse atraso. Quanto a população
população com 19 anos ou mais, 71,9% não o concluíram.
adulta, quase metade sequer completou o ensino fundamental e pouco menos de 20% con-
No caso do Ensino Superior, 96,3% da população com 23 anos ou mais não possui um diploma de graduação. Esses dados apontam, portanto, para a necessidade de ações de redução do déficit educacional da comunidade.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
cluiu o ensino médio. Assim, ações no campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) se mostram importantíssimas para a diminuição do déficit educacional na população adulta. Além disso, ações que aumentem a inclusão dos moradores e moradoras da 29 de Março em cursos técnicos e superiores também são necessárias, visto que apenas 1,3% possuem algum tipo de especialização concluído, seja técnico ou superior.
25
Educação Razões para abandono dos estudos É importante que ações para diminuir
Gráfico 12 – Motivos para abandonar os estudos
38,8%
Não tem tempo devido ao trabalho
o déficit educacional na 29 de Março levem primeiramente em considera-
15,8%
Não tem interesse
ção as razões pelas quais as pessoas interromperam seus estudos.
9,9%
Maternidade ou paternidade
Entre as pessoas com 18 anos ou mais, os cinco principais motivos para
7,9%
Falta de dinheiro
interrupção dos estudos foram a falta de tempo em decorrência da necessi-
7,2%
Ajuda com as tarefas do lar
dade de trabalhar (38,8%), a falta de interesse (15,8%), por outras razões não mencionadas (11,2%), a materni-
3,3%
Não há transporte / fica muito longe
dade ou paternidade (9,9%) e a falta de dinheiro (7,9%).
2,0%
Problemas de nota / foi expulso
11,2%
Outras razões
3,9%
NS/NR
0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
10%
20%
30%
40%
26
Educação 29 de Março
Frequência na escola Dentre as crianças em idade escolar (incluindo creche), na faixa de 4 a 17 anos, 96,7% frequentam alguma instituição, enquanto outros 3,3% não frequentam.
CMEI Caic Cândido Portinari
12,5%
CMEI Moradias Corbélia
26,0%
EM Dr. Hamilton Calderari Leal
17,3%
EM Mansur Guerios
9,6%
EE Eurides Brandão
6,7%
EE Arlindo Carvalho de Amorim
BR-277
15,4%
Tratando-se da Educação Infantil, os equipamentos mais utilizados pelos moradores da 29 de Março são o CMEI do Caic Cândido Portinari (15,4%), situado a 1,8 km da comunidade, e o CMEI Moradias Corbélia (12,5%), localizado a cerca de 350 metros. Para as crianças que frequentam o Ensino Fundamental, as escolas mais utilizadas são as Escolas Municipais Doutor Hamilton Calderari Leal (frequentada por 26,0% dos estudantes) e Mansur Guerios (frequentada por 17,3%). Ambas situam-se próximas da comunidade, já que a primeira fica a aproximadamente 500 metros, e a segunda, a 800 metros. Quanto aos alunos do Ensino Médio, os colégios mais utilizados são os Colégios Estaduais Eurides Brandão (9,6%) e Arlin-
0
100
200
400
600
Gráfico 13 – Crianças na idade escolar (4 a 17 anos) que estudam
Não estudam 3,3%
do Carvalho de Amorim (6,7%). Estes localizam-se um pouco mais afastados, situando-se a cerca de 2,3 km para o primeiro e 2,0 km para o segundo. Outras escolas e colégios representam 12,5% dos estudantes.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
Estudam 96,7%
27
TRABALHO E RENDA
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
28
Trabalho e renda
Gráfico 14 – Porcentagem de trabalhadores e não trabalhadores com 18 anos ou mais 0,4%
13,0%
NS/NR
Ocupação e taxa de desemprego
Não trabalham e estão procurando emprego
Dos 223 moradores da 29 de Março com 18 anos ou mais que responderam à enquete, 140 (62,8%) estavam trabalhando no momento, enquanto 82 (36,8%) não estavam. Destes últimos, 53 (23,8%) não estavam procurando emprego e 29 (13,0%) estavam. Um morador (0,4%) não soube ou não respondeu (Gráfico 14).
62,8%
Trabalham
23,8%
A partir do número de pessoas que não estão trabalhando, mas es-
Não trabalham
tão procurando emprego, é possível definir a taxa de desemprego
e NÃO estão procurando emprego
da população. Essa taxa indica a porcentagem de pessoas desempregadas dentro da população economicamente ativa (PEA) – (pessoas que estão no mercado de trabalho ou tentando se inserir nele). Apesar do IBGE considerar pessoas a partir dos 14 anos para a divulgação das pesquisas, neste estudo os valores foram ajustados para englobar apenas a população com 18 anos ou mais.
Gráfico 15 – Taxa de desemprego de pessoas com 18 anos ou mais na 29 de Março comparada com outras regiões
17,2%
Gráfico 16 – Nível de formalização do trabalho
7,9% Total Homens Mulheres
35,7% 30,3% 46,0% Com carteira assinada
10,0% 11,2%
54,3%
8,0%
58,4% 6,0%
11,9%
48,0%
Sem carteira assinada
Autônomo / Bicos
0%
5% 29 de Março
10%
15%
20%
Curitiba *
Paraná *
Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
29
Como pode ser observado no Gráfico 15, a taxa de desemprego
Gráfico 17 – Motivos para não procurar trabalho
é de 17,2% da população adulta da 29 de Março, valor quase duas vezes mais alto que a taxa do Paraná (8,0%) e de Curitiba
doente EstáEstá doente ou ou tem temalguma algumadeficiência deficiência
20,8%
(7,9%). Apesar da taxa brasileira (11,9%) estar acima das taxas paranaense e curitibana, o valor ainda é bem inferior ao índice
Tarefas Tarefas do doLar lar
17,0%
Não Nãotem temcom com quem quem deixar filhos deixar osos filhos
17,0%
Cansoude deprocurar procurar Cansou
da 29 de Março. Quanto ao nível de formalização dessas atividades (Gráfico 16), apenas 35,7% das pessoas trabalham com carteira assinada, enquanto 10% trabalham mesmo sem a carteira assinada e
7,5%
Aposentadoria Aposentadoria
54,3% são autônomas ou fazem bicos. Comparativamente, mulheres trabalham mais com carteira assinada (46,0%) do que os
5,7%
homens (30,3%), assim como trabalham menos como autôno-
Está Estáestudando estudando
3,8%
Não precisa/quer Não precisa / não quer
3,8%
mas ou fazendo bicos (48,0%) do que o sexo masculino (58,4%). No que diz respeito à população que não está trabalhando e nem procurando emprego, os principais motivos são apresen-
Outro Outros
26,4%
NS/NR NS /NR 5%
10%
ou apresentam alguma deficiência, 17,0% justificaram não procurar por trabalho por conta das tarefas do lar e outros
5,7% 0%
tados no Gráfico 17. Como pode ser visto, 20,8% estão doentes
17,0% por não ter com quem deixar os filhos. Em menores
15%
20%
25%
30%
proporções, 7,5% afirmaram que cansaram de procurar, 5,7% já estão aposentados, 3,8% estão estudando e outros 3,8% não precisam ou não querem trabalhar. Outros motivos não listados somam 26,4%.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
30
Trabalho e renda Áreas de trabalho
Destaca-se, na 29 de Março, o grupo de mora-
Gráfico 18 – Principais áreas de trabalho dos moradores da 29 de Março
24,7%
Construção civil
dores que trabalha com construção civil, seja como pedreiros, serventes, pintores, etc., representando 24,7% dos trabalhadores. Em seguida, os serviços de limpeza (como diaristas, auxiliar de serviços gerais, etc.) contemplam 13,2% dos trabalhadores e o comér-
13,2%
Serviços de limpeza
9,8%
Comércio e vendas Reciclagem
6,9%
Indústria
6,9%
Cozinha
6,9%
cio (vendedores, caixas, balconistas, etc.) abrange 9,8%. Moradores que trabalham com reciclagem representam 6,9%, a indústria conta com outros 6,9%, e cozinheiros (auxiliar de cozinha, padeiros, doceiros, pizzaiolos, etc.) somam também 6,9%. Outras áreas de trabalho são segurança (5,2%), beleza (4,0%), transporte e entregas (2,9%), serviços mecânicos (2,3%), jardinagem (2,3%) e serviços domésticos (1,7%). Demais serviços variados totalizam 13,2%.
5,2%
Segurança
4,0%
Beleza
2,9%
Transporte e entregas Serviços mecânicos
2,3%
Jardinagem
2,3% 1,7%
Serviços domésticos
13,2%
Outros 0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
5%
10%
15%
20%
25%
30%
31
Trabalho e renda Renda O Gráfico 19 apresenta a renda mensal dos adultos com 18 anos ou mais. Como pode ser observado, 37,7% não possuem nenhuma fonte de renda mensal, 3,6% recebem até R$ 300, 7,6% entre R$ 301 e R$ 600 e 8,1% entre R$ 601 e R$ 997. O salário mínimo em março de 2019 era de R$ 998 – isso significa que, somando esses grupos, 57,0% dos adultos com 18 anos ou mais da 29 de Março não tem uma renda mensal ou ela é inferior ao salário mínimo.
Gráfico 19 – Renda mensal entre adultos com 18 anos ou mais
R$0,00 Até R$300,00
7,6%
R$601,00 - R$997,00
8,1%
R$998,00 - R$1200,00
7,6%
NS/NR
8,1% 0%
R$3.500,00
per capita no estado é mais de três vezes maior, enquanto a
R$1.500,00
renda per capita é de R$ 577, e considerando apenas os que têm alguma renda durante o mês, o valor sobe para R$ 919.
30%
40%
R$ 3.634
R$2.500,00 R$2.000,00
Se considerarmos apenas os moradores com 18 anos ou mais, a
20%
R$3.000,00
(R$ 968), paranaense (R$ 1.192) e curitibana (R$ 1.850). O salário média no município é quase cinco vezes maior.
10%
Gráfico 20 – Renda per capita na 29 de Março em comparação a outras regiões
R$1501. Outros 8,1% não souberam ou não quiseram informar
R$ 372 por habitante, valor muito inferior às médias brasileira
8,5%
Acima de R$1501,00
R$4.000,00
A renda per capita das pessoas da comunidade (Gráfico 20) é de
salário mínimo R$ 998
18,8%
R$1201,00 - R$1500,00
R$ 998 e R$ 1.200, 8,5% entre R$ 1201 e R$ 1500 e 7,6% acima de sua renda mensal.
3,6%
R$301,00 - R$600,00
Já os adultos que têm renda mensal igual ou superior ao salário mínimo representam 34,9%, sendo que 18,8% recebem entre
37,7%
R$ 2.511 R$ 2.234
R$ 2.332 R$ 1.850 R$ 1.562 R$ 1.280
R$ 1.192 R$ 968
R$1.000,00 R$500,00
R$ 919 R$ 577
R$ 372
salário mínimo R$ 998
R$0,00 Considerando toda a população
29 de Março
Considerando maiores de 18 anos
Curitiba *
Considerando apenas trabalhadores
Paraná *
Brasil *
*Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
32
“
A renda per capita em Curitiba é quase cinco vezes maior que a renda média na comunidade da 29 de Março.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
Ainda assim, a renda fica inferior se comparada ao salário mínimo de R$ 998 e muito inferior a todas as demais médias. É interessante ainda notar que, analisando a renda média da 29 de Março se considerado apenas os trabalhadores (R$ 919), ela permanece inferior à renda média do Brasil, mesmo considerando a divisão por todos os moradores (R$ 968).
33
TRABALHO E RENDA Relação entre renda e gênero
Gráfico 21 – Comparação entre a renda de mulheres e homens trabalhadores com 14 anos ou mais
A renda recebida pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores da 29 de Março é desigual dependendo do seu gênero. O Gráfico 21 apresenta um comparativo entre os salários médios
29 de Março
R$ 972,33 R$ 818,74 R$ 916,02
separados por gênero. Os números diferem dos apresentados no gráfico anterior pois foram considerados todos os trabalhadores com 14 anos ou mais, conforme os dados disponibi-
Curitiba
*
Paraná
*
Brasil
*
R$ 4.180,00 R$ 2.937,00 R$ 3.599,00
lizados pelo IBGE. Neste caso, a renda média das mulheres é de R$ 818,74, enquanto a dos homens é de R$ 972,33, ou seja, 18,8% mais alta.
R$ 2.827,00 R$ 2.038,00 R$ 2.488,00 R$ 2.442,00 R$ 1.924,00 R$ 2.218,00
Apesar da diferença, a tendência de disparidade pro-
porcional entre os salários na comunidade é menor do que nas demais regiões, visto que no Brasil os homens recebem em média 26,9% a mais que as mulheres; no Paraná, 38,7% a mais; e em Curitiba, 42,3% a mais.
Homens
Mulheres
Total
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Os trabalhadores homens da 29 de Março recebem em média 18,8% a mais que as mulheres. Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
34
TRABALHO E RENDA Relação entre renda, gênero e escolaridade
Gráfico 22 – Comparação entre a renda de mulheres e homens trabalhadores com 18 anos ou mais conforme o nível de escolaridade
O nível de escolaridade também parece influenciar na questão da renda, aumentando-a gradativamente, em termos gerais. Para os trabalhadores homens, ela começa em R$ 1.109,38 para aqueles sem
Homens
Mulheres
Média
R$ 2.000,00
nenhum grau de instrução, tendo uma queda para aqueles com o Ensino Fundamental I completo, atingindo R$ 883,67. A partir de então, ela sobe para R$ 1.202,80 para o Ensino Fundamental II, para
R$ 1.500,00
R$ 1.532,00 para os que possuem Ensino Médio e depois uma leve queda para R$ 1.200,00 para aqueles com Ensino Técnico.
R$ 1.000,00
Quanto à renda das mulheres, ela é em geral inferior à renda dos homens nos primeiros níveis, ultrapassando-os somente a partir do Ensino Técnico. Aquelas sem nenhum nível escolar recebem em
R$ 500,00
média R$ 983,33, diminuindo um pouco para R$ 930,88 para aquelas com Ensino Fundamental I, e reduzindo ainda mais para as que completaram o Ensino Fundamental II, girando em torno de R$ 656,43. A partir do Ensino Médio a renda sobe para R$ 1.085,71, atingindo R$
R$ 0,00 Nenhum nível escolar
Ensino Ensino Fundamental I Fundamental II
Ensino Médio
Ensino Técnico
Ensino Superior
1.600,00 no Ensino Técnico e mantendo-se constante no Superior. Conforme observado, no caso dos trabalhadores homens a renda parece ter menos variações conforme se aumenta o nível de escolaridade do que no caso das mulheres. Além disso, somente após o nível Técnico as mulheres passam a ter um salário consideravelmente maior que o dos homens. Na amostra entrevistada, entretanto, não havia homens com Ensino Superior completo.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
35
TRABALHO E RENDA Outros indicadores Quanto aos benefícios sociais, 17,3% da população recebe
Além disso, 43,4% dos moradores afirmou ter gasto mais do
Bolsa Família, 1,2% recebe outros benefícios, enquanto 80,9%
que a renda mensal familiar no mesmo período de três meses
não recebem nenhum (Gráfico 23). 0,6% não quis ou não sou-
(Gráfico 25), e outros 43,4% declararam ter gasto exatamente
be responder.
o valor que receberam. Apenas 12,5% gastou menos e con-
Nos três meses que antecederam à aplicação da ECO, 24,9% das famílias deixaram de fazer alguma refeição por falta de
seguiu guardar uma parcela do dinheiro. 0,7% não soube ou não quis responder.
dinheiro, conforme apresentado no Gráfico 24.
Gráfico 24 – Deixou de fazer alguma refeição nos últimos 3 meses por falta de dinheiro?
Gráfico 23 – Benefícios sociais
Gráfico 25 – Nos últimos 3 meses, gastou mais, exatamente ou menos que a renda mensal?
NS/NR
0,6%
NS/NR Bolsa Família
Sim
17,3%
24,9%
Menos
0,7%
12,5%
Outros
1,2%
Nenhum
80,9%
Não
75,1%
Mais
Dinheiro exato
43,4%
43,4%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
36
TRANSPORTE
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
37
TRANSPORTE Locomoção para o trabalho
Gráfico 26 – Tempo de deslocamento até o local de trabalho
O tempo médio que os moradores da 29 de Março utilizam
10 min ou menos
para se deslocar até o local em que trabalham é de 53 minu-
entre 11 e 30 min
tos. 20,0% dos trabalhadores gastam menos de 10 minutos para chegar ao trabalho, enquanto 25,7% levam entre 11 e 30 minutos e 25,0% levam de 31 a 60 minutos. 20,7% gastam mais de uma hora. Os tempos foram medidos considerando o percurso a pé até o local de trabalho. Em relação ao meio de transporte que os habitantes utilizam, o transporte público foi apontado como o principal por 37,9%
20,0% 25,7%
entre 31 e 60 min
25,0%
entre 61 e 120 min
15,7%
mais de 120 min
5,0%
NS/NR
8,6% 0%
da população da 29 de Março. Os que vão a pé ou de bicicleta
10%
20%
30%
TEMPO MÉDIO: 53 min
representam 30,7%, de transporte privado (carro, moto, etc.) são 28,6% e apenas 2,1% por transporte coletivo privado (táxi e vans).
Gráfico 27 – Principal meio de transporte até o local de trabalho
A pé/bicicleta
30,7%
Transporte privado
28,6%
Transporte público
37,9%
Coletivo privado
2,1%
NS/NR
0,7% 0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
10%
20%
30%
40%
38
TRANSPORTE Locomoção para o local de estudo
Gráfico 28 – Tempo de deslocamento até o local de estudo
Para a grande maioria (88,0%) dos estudantes da 29 de Março
10 min ou menos
o local de estudo está a menos de 30 minutos da comunidade,
entre 11 e 30min
sendo que para 48,7% fica a 10 min ou menos de distância e para 39,3% entre 11 e 30 minutos. Para 6,8% a distância é entre 31 e 60
entre 61 e 120 min
locamento é de 24 min. Os tempos foram medidos considerando
mais de 120 min
Quanto ao principal meio de transporte, 79,5% vão para o local de estudo a pé ou de bicicleta. Em seguida, os outros meios de
39,3%
entre 31 e 60min
min e para 5,1% está a mais de uma hora. O tempo médio de deso percurso a pé até o local de estudo.
48,7%
6,8% 3,4% 1,7%
NS/NR
0,0% 0%
20%
transporte mais utilizados são o transporte privado (10,3%) e
40%
60%
TEMPO MÉDIO: 24 min
o transporte público (9,4%). Apenas 0,9% utilizam o transporte coletivo privado. Comparando com os perfis de deslocamento apresentados, os tempos de deslocamento para o estudo e para o trabalho indicam que os moradores possuem escolas e/ou instituições de ensino mais próximas à comunidade, enquanto seus locais de trabalho tendem a se localizar mais afastados. Assim, os
Gráfico 29 – Principal meio de transporte até o local de estudo
A pé/bicicleta
79,5%
Transporte privado
10,3%
Transporte público
9,4%
estudantes deslocam-se mais a pé ou de bicicleta (79,5% contra 30,7% do trabalho). Por outro lado, utilizam menos o transporte privado (10,3% contra 28,6% do trabalho). A utilização do transporte público é igualmente superior, sendo 37,9% para os que se deslocam ao trabalho e 9,4% para os estudantes.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
Coletivo privado
0,9%
NS/NR
0,0% 0%
20%
40%
60%
80%
100%
39
SAÚDE
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
40
SAÚDE Atendimento médico
Nos três meses que antecederam a aplicação das
Gráfico 30 – Nos últimos três meses, teve algum problema de saúde, acidente ou necessidade de tratamento?
Gráfico 31 – Teve atendimento para tratar este problema?
NS/NR
0,3%
Não
Sim, pontual
26,0%
17,0%
enquetes, 28,4% dos habitantes da 29 de Março apresentaram algum problema de saúde, sofreram algum acidente
Sim, contínuo
ou precisaram de algum tipo de tratamento. Destes, 17,0% tiveram a necessidade de tratamento pontual, enquanto
11,2%
11,2% precisaram de tratamento para um problema contínuo de saúde (Gráfico 30).
Não
Entre todos as pessoas que apresentaram algum tipo de
Sim
72,0%
problema relacionado à saúde, 26,0% não tiveram tratamen-
74,0%
to médico (Gráfico 31). Os principais motivos apresentados foram por não ter achado necessário o atendimento (68%), automedicou-se (48%), não conseguiu uma vaga (12%) e outros motivos não listados (20%). Múltiplas respostas eram possíveis nesta questão. Quanto aos que tiveram compareceram a alguma consulta ou tiveram algum tipo de atenção médica, 22,5% afirmaram estar muito satisfeitos com o atendimento recebido, 45,1%
Gráfico 32 – Satisfação com o atendimento médico recebido
Muito satisfeito
22,5%
Satisfeito
45,1%
Insatisfeito
14,1%
satisfeitos, 14,1% insatisfeitos e 16,9% muito insatisfeitos. Dessa forma, somando-se muito satisfeitos e satisfeitos, observa-se que a maioria (67,6%) aprova o atendimento recebido, enquanto 31,0% reprova. Não souberam ou não responderam totalizaram 1,4%.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
Muito insatisfeito
16,9%
NS/NR
1,4% 0%
10%
20%
30%
40%
50%
41
Portanto, do ponto de vista da percepção dos moradores da comunidade que tiveram atendimento médico, os serviços de saúde ofertados são satisfatórios para a maioria. Apesar disso, é importante considerar que a porcentagem de reprovação do atendimento é razoavelmente elevada. 34,3% afirmaram ter utilizado a Unidade de Saúde Sabará, localizada a cerca de 1 km da comunidade, enquanto outros BR-277
8,6% utilizaram a Unidade de Saúde Barigui, a 3,6 km. A UPA do CIC, localizada a aproximadamente 2 km, foi também utilizada por 20,0% dos moradores para atendimentos mais urgentes, enquanto a UPA do Campo Comprido, situada a 9,3 km, foi usada por 2,9% dos moradores. Quanto aos hospitais, os mais utilizados foram o Hospital do Trabalhador (localizado a 8 km), por 10,0%, e o Hospital Cajuru (15,4 km), por 4,3%. Demais postos de saúde, unidades de pronto atendimento e hospitais somam 20,0%.
0
100
200
400
29 de Março
600
34,3%
US Sabará
8,6%
US Barigui
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
20,0%
UPA CIC
42
SAÚDE Doenças e deficiências
Tabela 3 – Doenças respiratórias
A Tabela 3 apresenta o número de habitantes da 29 de
Tabela 4 – Doenças crônicas
Nº de habitantes
%
Nº de habitantes
%
Março que informaram possuir alguma doença res-
Rinite alérgica
67
19,4%
Hipertensão
20
5,8%
piratória. A maior parte da população não apresenta
Bronquite
18
5,2%
Depressão
15
4,3%
problemas respiratórios (71,4%). A rinite alérgica, en-
Asma
11
3,2%
Diabetes
12
3,5%
tretanto, é a doença mais comum e está presente em
Enfisema pulmonar
2
0,6%
Doenças renais
7
2,0%
19,4% da população. Outras doenças diagnosticadas
Tuberculose
2
0,6%
Obesidade
7
2,0%
são a bronquite (5,2%), asma (3,2%), enfisema pulmo-
Outras doenças
9
2,6%
HIV
1
0,3%
247
71,4%
Câncer
1
0,3%
Quanto às doenças crônicas (Tabela 4), a hipertensão
Outras doenças
17
4,9%
foi a mais relatada (5,8%), seguida pela depressão
Nenhuma
280
80,9%
nar e tuberculose, ambos em 0,6% dos moradores.
Nenhuma
(4,3%) e diabetes (3,5%). Em menor número, também foram relatadas doenças renais e obesidade (2,0%), câncer e HIV (0,3%).
Tabela 5 – Doenças relacionadas à falta de saneamento
Quanto às doenças possivelmente relacionadas à
Nº de habitantes
%
Tabela 6 – Deficiências Nº de habitantes
%
falta de saneamento (Tabela 5), a diarreia acometeu
Diarreia
43
12,4%
Cegueira
13
3,8%
12,4% da população, enquanto infecções de pele ou
Infecção na pele ou nos olhos
31
9,0%
Física ou de mobilidade
6
1,7%
Dengue, Chikungunya, Zika ou Febre Amarela
1
0,3%
Mental
4
1,2%
Com relação às deficiências, listadas na Tabela 6,
Surdez
4
1,2%
nota-se que 3,8% da comunidade possui cegueira, 1,7%
Hepatite
1
0,3%
320
92,5%
possui alguma deficiência física ou de mobilidade,
Outras doenças
3
0,9%
1,2% mental e 1,2% surdez.
Nenhuma
278
80,3%
dos olhos ocorreram em 9,0%.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
Nenhuma
43
“
Todos esses resultados são baseados nas informações fornecidas pelas pessoas que responderam as enquetes, ou seja, são auto declaratórios e podem não repre-
É possível que certas doenças como hipertensão, asma e obesidade não estejam corretamente diagnosticadas.
sentar a realidade do diagnóstico. Nesse sentido, comparando os dados da ECO com outras fontes é possível notar algumas discrepâncias relevantes nas ocorrências de algumas doenças na 29 de Março com os números do Paraná. Para esta comparação, os dados da 29 de Março tiveram que ser ajustados para considerar apenas a população com 18 anos ou mais, já que a outra fonte consultada (PNS 2013) traz os dados dessa forma. Observando a Tabela 7, no caso da hipertensão, enquanto o número de casos na 29 de Março é de 9,0% ele sobe para 21,4% no Paraná e no Brasil. A asma é uma doença cujos índices, apesar de serem baixos no Brasil e Paraná (4,4% e 4,5%), são o dobro do valor encontrado na comunidade (2,2%). Para depressão, o valor fica próximo ao índice nacional, porém bem abaixo da média estadual. O índice de câncer alcança apenas 0,4% na comunidade, enquanto que no estado
Tabela 7 – Comparação entre índices de ocorrência na 29 de Março, Paraná e Brasil, considerando pessoas com 18 anos ou mais
é de 2,6% e no país 1,8%, número muito elevados se comparados à 29 de Março. Quanto à diabetes, o desvio é menor, aparentando seguir a tendência estadual. Uma das maiores discrepâncias se dá na obesidade, uma vez que a taxa nacional
29 de Março
Paraná *
Brasil *
Hipertensão
9,0%
21,4%
21,4%
Asma
2,2%
4,5%
4,4%
É esperado que a comparação realmente gere números diferentes, já que os dados
Depressão
6,7%
11,7%
7,6%
usados não são exatamente dos mesmos anos (2013, 2017 e 2019). Da mesma
Câncer
0,4%
2,6%
1,8%
forma, as próprias particularidades no perfil socioeconômico e estilo de vida dos
Diabetes
5,4%
5,7%
6,2%
habitantes também podem provocar diferenças. Mesmo assim, dado ao fato da
Obesidade
2,7%
18,1% **
18,9% **
Fonte para comparação: * Pesquisa Nacional em Saúde - PNS, 2013, IBGE ** VIGITEL 2017 - Ministério da Saúde, esse dado leva em consideração apenas as capitais
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
(19,8%) é sete vezes maior que o valor encontrado na comunidade (2,7%).
ocorrência de certas doenças ser muito inferior na comunidade, é importante que se considere a possibilidade de elas não estarem plenamente diagnosticadas em uma parte considerável dos habitantes.
44
MORADIA
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
45
MORADIA Material das moradias
Gráfico 33 – Material das moradias da 29 de Março
O tipo de moradia mais encontrado na 29 de Março é de madeira própria para construção (45,6%), seguido pelas moradias feitas com retalhos de madeira, ou seja, madeiras reaproveitadas (36,0%). Em seguida, aparecem as
Madeira aparelhada
45,6%
casas de alvenaria (10,3%) e as casas mistas (8,1%), que apresentam mais de um desses tipos sem predomínio de nenhum deles. Existem hoje na comunidade 45 casas construídas pelo TETO, todas com madeira própria para construção.
Retalhos de madeira
Alvenaria
37,9%
10,3%
Casas do TETO na comunidade
45 casas Misto
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
8,1%
46
MORADIA
Gráfico 34 – Situação dos terrenos
Terreno Próprio Comprado
62,5%
Terreno Próprio Ocupado
23,5%
Terreno Próprio Doado
Características das moradias
9,6%
Terreno Emprestado
2,9%
A maioria dos terrenos da 29 de Março foram comprados
Terreno Alugado
0,7%
(62,5%) por seus atuais moradores. Os terrenos que foram
Outro
0,7%
ocupados representam 23,5%, seguido dos terrenos doados
0%
15%
30%
45%
60%
75%
3
Dormitórios por casa
1
Camas por casa
1
Quanto ao perfil dessas moradias, de acordo com a Tabela 8,
Área média das casas
27,3 m²
elas abrigam em média famílias de 3 moradores. São casas,
Área média dos terrenos
40,7 m²
Pessoas por casa
3
11,0% 31,6%
3 cômodos
15,4% 10,3% 2,2%
6 ou mais
0%
possuem a garantia de segurança da posse da terra.
em média, com 3 cômodos, sendo 1 deles dormitório. A área média das casas é de 27,3 m² e dos terrenos é de 40,7 m².
Gráfico 36 – Quantidade de dormitórios
2 dormitórios
16,2%
3 dormitórios
1,5%
4 ou mais
0,7%
10% 20% 30% 40%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
(11,0%) e 5 (10,3%) cômodos. As moradias com 6 ou mais
62,5%
1 dormitório
A maior parte das moradias da 29 possuem 3 (31,6%) ou 2 (29,4%) cômodos. Em sequência, as casas com 4 (15,4%), 1
19,1%
0 dormitório
29,4%
2 cômodos
5 cômodos
foram comprados e/ou alugados mediante um contrato, não
Cômodos por casa
Gráfico 35 – Quantidade de cômodos
4 cômodos
(0,7%). É importante ressaltar que esses terrenos não se encontram em situação regular, ou seja, mesmo os terrenos que
Tabela 8 – Perfil das moradias
1 cômodo
(9,6%) e emprestados (2,9%). Há também terrenos alugados
0% 20% 40% 60% 80%
cômodos são as menos frequentes na comunidade, representando apenas 2,2%. Nessas moradias, a grande maioria possui apenas 1 dormitório (62,5%), seguido pelas casas com nenhum dormitório (19,1%). É importante ressaltar que foram considerados apenas cômodos que servem exclusivamente como dormitório.
47
moradia Fornecimento de serviços básicos
Gráfico 37 – De onde obtém a água?
Irregular Irregularem em casa (gato) (gato) Ponto Pontode deágua água fora do do terreno fora Relógio Relógiode demedição medição coletiva (rateio) coletiva (rateio)
0,7%
ou não quiseram responder.
Outros Outros
1,5%
O fornecimento de energia elétrica da comunidade funciona
NS/NR
2,9%
A maioria das moradias da comunidade obtém a água por meio de ligações irregulares (91,2%), os chamados “gatos”. Outros 5,1% possuem ponto de água fora do terreno e 0,7% utilizam relógio de medição coletiva (rateio). 1,5% afirmou obter de outra maneira não especificado, e 2,9% não souberam
de forma semelhante ao abastecimento de água, onde a gran-
91,2% 5,1%
0%
de maioria das moradias (98,5%) obtém a energia de forma
20%
40%
60%
80%
100%
irregular. 0,7% afirmaram não possuir energia em casa e outros 0,7% declararam obtê-la de outra forma que não fosse regular ou gato.
Gráfico 38 – Possui energia elétrica?
Sim, Sim,irregular irregular(gato) (gato) Sim, Sim,outra outrafonte fonte
0,7%
Não Nãopossui possui
0,7%
0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
98,5%
20%
40%
60%
80%
100%
48
Em relação ao esgoto, grande parte da comunidade (76,5%)
Gráfico 39 – Como é o despejo do esgoto?
afirma despejá-lo em fossas rudimentares, gerando a contami-
Fossa Fossarudimentar rudimentar
76,5%
Fossa Fossaséptica séptica Não possui Não possuibanheiro banheiro NS/NR NS/NR
nação do solo e o aumento da probabilidade de proliferação de doenças. Outros 12,5% possuem fossa séptica e 10,3% decla-
12,5%
raram não possuir banheiro em casa, utilizando de vizinhos e/ ou banheiro comunitário.
10,3%
Quanto ao descarte de lixo, a comunidade possui um ponto de
0,7%
0%
coleta comunitário, utilizado por 94,1% das moradias. Há ain-
20%
40%
60%
80%
100%
da 5,1% que têm seu lixo coletado na frente de casa e 4,4% que reciclam. Uma pequena parcela de 0,7% afirmou queimá-lo, enquanto outros 0,7% declararam descartá-lo na rua ou em um terreno baldio. Mais de uma forma de descarte era admitida
Gráfico 40 – Como é descartado o lixo?
Levapara paraum umponto pontode de Leva coleta na comunidade coleta na comunidade coletadoem em ÉÉcoletado frentede decasa casa frente
5,1%
Recicla Recicla
4,4%
94,1%
Jogananarua rua/ / Joga terrenobaldio baldio terreno
0,7%
Queima Queima
0,7%
0%
como resposta nesta questão.
20%
40%
60%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
80%
100%
49
COMUNIDADE
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
50
COMUNIDADE Relacionamento entre os moradores
como ajudam seus vizinhos e a forma como são ajudados, representados nos Gráficos 42 e 43. Comparando os gráficos, entretanto, é curioso o fato de que enquanto nenhuma família disse
Conforme o Gráfico 41, mais da metade dos moradores da
que não ajuda os vizinhos, 34,6% afirmou não ser ajudada.
comunidade (58,1%) afirmam ter pouca ou nenhuma interação com seus vizinhos. Por outro lado, 40,5% afirmam ter um
59,6% afirma ajudar com coisas que os vizinhos necessitam, como comida e roupas, mas 41,2%
bom relacionamento com a comunidade, dos quais 20,6%
apenas declararam receber esse tipo de ajuda. Quanto ao apoio moral, enquanto 47,8% afir-
consideram ter ótimos amigos na comunidade e outros 19,9%
mam oferecê-lo, 38,2% são ajudados dessa forma. 30,9% disse contribuir com as tarefas do lar,
gostam de se encontrar ocasionalmente com outros morado-
compras e/ou trâmites, ao passo que 24,3% já foram ajudados assim. Uma parcela menor (21,3%)
res para conversar.
informou ainda que ajuda financeiramente os vizinhos, enquanto 16,2% deles afirmou receber algum apoio financeiro.
Apesar do pouco contato entre boa parcela dos moradores, a comunidade apresenta resultados positivos em relação a
Gráfico 41 – Relacionamento na comunidade
Gráfico 42 – Como sua família ajuda seus vizinhos?
Tenho ótimos amigos na comunidade
20,6%
Apoio moral (escutamos seus problemas)
Gosto de encontrar e conversar com outros
19,9%
Tarefas de casa, trâmites, compras
54,4%
Me relaciono pouco Não me relaciono com ninguém
3,7%
Não ajudamos
0,7%
Outra forma
NS/NR
0,7%
NS/NR
20%
40%
21,3%
Coisas que necessitam (comida, roupas, etc.)
60%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
0,0%
24,3% 16,2%
Coisas que necessitamos (comida, roupas, etc.)
41,2% 34,6%
Não ajudam
5,1% 0,0% 20%
38,2%
Financeiramente
59,6%
0%
Apoio moral (escutam meus problemas) Tarefas de casa, trâmites, compras
30,9%
Financeiramente
Nenhuma das anteriores
0%
47,8%
Gráfico 43 – Como seus vizinhos te ajudam?
40%
60%
Outra forma
2,2%
NS/NR
2,2% 0%
20%
40%
60%
51
A ocorrência dessas divergências, todavia, é de certa forma esperada, já que é comum a presença de um morador que necessite mais e que os vizinhos o ajudem (e por isso não se sintam ajudados). Assim, fica a impressão de que as famílias
Gráfico 44 – Por quais problemas você estaria disposto a trabalhar junto com seus vizinhos para buscar soluções?
70,6%
Regularizar terrenos
acreditam ajudar mais do que são ajudadas.
58,1%
Acesso aos serviços básicos Pensando neste cenário, é interessante pensar em estratégias que possam aumentar a sensação de cooperação entre os moradores e o sentimento de pertencimento à comunidade. No Gráfico 44, é possível analisar em quais ações os moradores estariam mais dispostos a trabalhar conjuntamente aos seus
45,6%
Espaços comuns da comunidade
44,1%
Condição das casas
vizinhos buscando uma melhoria ou solução.
36,8%
Segurança na comunidade A regularização dos terrenos apresenta o maior engajamento da comunidade (70,6%), seguido do acesso a serviços básicos (58,1%), a melhoria dos espaços públicos comuns (45,6%) e a melhoria da condição das casas (44,1%). Os moradores afirmaram também que se dispõem para ajudar em projetos de
34,6%
Projetos de saúde Projetos de educação
32,4%
Capacitação profissional
32,4%
segurança (36,8%), saúde (34,6%) e capacitação profissional e educação, ambos com 32,4% de adesão. Apenas 2,9% dos moradores afirmaram não estar dispostos a ajudar em nenhum dos
2,9%
Não ajudaria
casos.
1,5%
NS/NR 0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
20%
40%
60%
80%
52
COMUNIDADE Problemas na comunidade O Gráfico 45 traz os principais problemas relacionados à infraestrutura da comunidade levantados pelos moradores da 29 de Março. A população apontou como principais dificuldades o precário abastecimento de água (54,4%) e a
Gráfico 45 – Problemas relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores da 29 de Março
54,4%
Abastecimento de água Falta de saneamento / esgoto sanitário
49,3%
falta de saneamento básico e esgotamento sanitário (49,3%). Retomando os dados já apresentados nos Gráficos 37 e 39, é
36,8%
Iluminação pública
possível entender a relevância desses temas para a comunidade, uma vez que nenhum morador possui abastecimento
26,5%
Pavimentação das ruas
de água regular. Aqueles que conseguem obter água em casa, o fazem por meio de instalações irregulares.
18,4%
Sujeira e lixo
Quanto ao esgoto, nenhuma das casas tem acesso à rede pública, o que leva os moradores a usarem fossas (sépticas
6,6%
Falta de lazer
ou rudimentares) ou utilizarem o banheiro de terceiros. A relevância deste problema para os moradores pode ser confir-
0,7%
Alagamento
mada por dados que serão apresentados na sequência deste relatório, na seção referente aos sonhos para a comunidade. Entre as palavras listadas pelos moradores com mais destaque está o saneamento.
4,4%
Outros problemas Nenhum
0,0%
NS/NR
0,7%
Em seguida, temos a precariedade da iluminação pú-
blica (36,8%) e a pavimentação das ruas (26,5%) como problemas de infraestrutura da comunidade. Foi relatada também a presença de sujeira e lixo (18,4%), diretamente relacionada
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
0%
15%
30%
45%
60%
53
“
O abastecimento de água, a falta de saneamento, iluminação e pavimentação são os principais problemas apontados pelos moradores.
ao fato da inexistência de coleta de lixo na porta das casas. Conforme o Gráfico 40, 94,1% dos moradores precisam levar seus resíduos até um ou mais pontos de coleta comunitários, o que contribui com a possível proliferação de insetos e vetores de doenças. Continuando a análise dos problemas relatados, 6,6% apontaram a falta de equipamentos e espaços de lazer, e apenas 0,7% afirmou a ocorrência de alagamentos. Demais problemas foram listados por 4,4%, enquanto 0,7% acreditam não haver nenhum problema relacionado à infraestrutura. No Gráfico 46 são apresentados outros problemas identificados pela comunidade que não estavam relacionados diretamente com a infraestrutura. O problema mais apontado é o atendimento ruim ou demorado nos centros de saúde (46,3%), número pouco acima da avaliação dos serviços de saúde apresentada no Gráfico 32, no qual apesar da maioria afirmar estar satisfeita ou muito satisfeita com o atendimento, 31,0% afirmam não estar satisfeitos. Em segundo lugar, aparece a violência ou falta de segurança na comunidade, apontada por 31,6% das famílias, e, em terceiro, o desemprego, apontado por 26,5%. Retomando os dados de emprego apresentados no Gráfico 15, é possível entender
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
54
COMUNIDADE essa preocupação, já que a taxa de desemprego da 29 de Março é de 17,2% da população com 18 anos ou mais e que está procurando emprego. Essa taxa é mais que o dobro da taxa de Curitiba (7,9%) e do Paraná (8,0%). Ainda com destaque, aparece em quarto lugar o tráfico de drogas, com 25,7%. A distância até os serviços públicos, em quinto
Gráfico 46 – Problemas não relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores da 29 de Março
Atendimento ruim ou demorado nas unidades de saúde
46,3%
Violência ou falta de segurança
31,6%
Desemprego
26,5%
Tráfico de drogas
25,7%
lugar, foi indicada por 14,0% das famílias e a falta de transporte público, indicada por 12,5% estão fortemente relacionadas, já que a comunidade situa-se num bairro afastado, a aproximadamente 14 km do centro de Curitiba. O trajeto feito em
Distância dos serviços públicos
14,0%
aproximadamente 30 minutos de carro, pode demorar mais de 1 hora e 10 minutos se feito de ônibus. Outros problemas citados em menor proporção são a educação de baixa qualidade (10,3%), o alcoolismo e uso de drogas (8,8%) e a má relação entre os vizinhos (1,5%). Ainda, 2,9%
12,5%
Falta de transporte público Educação de baixa qualidade
10,3% 8,8%
Alcoolismo e uso de drogas
afirmou existir outros problemas não listados, 4,4% respondeu que não existe nenhum problema na comunidade e 2,9% não quis ou não soube responder.
1,5%
Má relação entre os vizinhos
2,9%
Outros problemas
4,4%
Nenhum
2,9%
NS/NR
0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
15%
30%
45%
60%
55
COMUNIDADE
Gráfico 47 – Moradores que já sofreram preconceito e por qual razão
33,1%
Por morar em uma comunidade
4,4% 3,7% 3,7% 3,7% 2,9% 2,2% 1,5% 4,4%
Por ser mulher
Preconceito
Pela cor da minha pele
Conforme o Gráfico 47, 56,6% dos moradores afirmaram
Pela orientação sexual
nunca ter sofrido preconceito. Apesar disso, 33,1% declarou
Por minha religião
sofrer ou já ter sofrido preconceito em alguma ocasião por
Pela minha renda
ser morador de uma comunidade. A população alegou ainda, em menor escala, já ter sofrido preconceito por ser mulher (4,4%), pela religião (3,7%), pela orientação sexual (3,7%), pela cor da pele (3,7%), pela renda (2,9%), pela profissão (2,2%) e por ser portador de alguma deficiência (1,5%). Outros motivos (como obesidade e o fato de serem estrangeiros ou
Pela minha profissão Por ser portador de alguma doença Outro motivo
56,6%
Nunca sofri preconceito
0,7%
NS/NR
nordestinos) somam 4,4%.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Quanto ao impacto do preconceito na vida, 47,5% afirmam que não atrapalha. 33,9% relatam, entretanto, que isso afeta seu trabalho. 10,2% declararam que atrapalha em lojas/mercado e na escola, 8,5% na prefeitura e posto de saúde, e 6,8% no banco. 11,9% afirmaram que atrapalha em outras situações, como a dificuldade para conseguir emprego e o fato de aplicativos de transporte (Uber, 99, etc.) não atenderem a comunidade.
Gráfico 48 – Situações em que o preconceito mais atrapalha
48,3%
Não atrapalha na minha vida
34,5%
No trabalho
10,3% 10,3% 8,6% 8,6% 6,9% 12,1%
Na escola Na rua, mercado ou lojas No posto de saúde ou hospital Na prefeitura ou governo No banco Outra situação
0%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
10%
20%
30%
40%
50%
60%
56
COMUNIDADE Incêndio
Gráfico 49 – Casas atingidas pelo incêndio
Na noite de 7 de dezembro de 2018, a comunidade passou
31,6%
por um incêndio criminoso. Os depoimentos dos morado-
Sim
res sugerem o acontecimento em decorrência de ações da Polícia Militar do Paraná na comunidade. O caso segue sendo investigado. De acordo com o jornal TribunaPR, o fogo destruiu aproximadamente 200 casas, nas quais moravam cerca de 500 pessoas.
68,4% Não
Aproximadamente 3 meses depois, quando realizada a ECO, 43 famílias (31,6% das entrevistadas) afirmaram que suas casas foram atingidas pelo incêndio, das quais 5 haviam sido construídas pelo TETO em julho de 2018. Ainda, no período da aplicação das enquetes, 65 casas estavam desocupadas, muitas delas abandonadas por seus respectivos donos após o incêndio, de acordo com os vizinhos. Dentre os atingidos
Gráfico 50 – Famílias que receberam auxílio de órgãos públicos (Prefeitura, COHAB, Defesa Civil, etc)
pelo incêndio, apenas 18,6% afirmou ter recebido algum tipo
18,6%
de auxílio de órgãos públicos (Prefeitura, COHAB, Defesa
Receberam
Civil, etc). Nos dias 22 e 23 de dezembro de 2018, 14 dias após o ocorrido, o TETO construiu 21 moradias de emergência na comunidade (dentre as quais ocorreu a reconstrução das 5 casas do
84,4%
TETO destruídas no incêndio). Em 16 e 17 de fevereiro de 2019
Não receberam
foram construídas mais 17 casas.
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
57
Foto aérea da 29 de Março após o incêndio Fonte: Levantamento VANT em parceria com o CEPAG/UFPR, Prof. Dr. Leonardo Ercolin Filho Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
58
COMUNIDADE Liderança e associação de moradores
Gráfico 51 – Existe alguma pessoa que represente os moradores da comunidade? NS/NR
Gráfico 52 – Existe uma associação de moradores?
Sim
7,4%
Sim
NS/NR
19,1%
75,0%
43,4%
Não
17,6%
A maioria das famílias (75,0%) reconhece que existe um líder comunitário na 29 de Março, enquanto outros 17,6%
Não
acreditam que não. 7,4% não soube ou não quis responder.
37,5%
Daqueles que responderam que existe uma liderança, 76,5% afirmaram que os líderes são a Juliana e o Sérgio. Quanto à associação de moradores, a comunidade se divide, uma vez que 43,4% das pessoas afirmam que a associação existe e 37,5% negaram a existência. 19% não soube responder.
Gráfico 53 – Conhece os projetos realizados pela associação?
33,9% 30,5%
Projetos de lazer Projetos de infraestrutura
13,6% 10,2%
Projetos culturais Projetos de educação
Dentre os que afirmaram que a associação existe, 33,9% disseram que já foram realizados projetos de lazer, 30,5% projetos de infraestrutura, 13,6% projetos culturais, 10,2% projetos de educação e 16,9% outros projetos não listados (a maioria deles sendo doações de roupas, alimentos e materiais de construção após o incêndio). É expressiva, entretanto, a quantidade de moradores que acreditam que nenhum
3,4% 3,4% 1,7%
Projetos de capacitação Projetos de saúde Projetos de empreendedorismo
16,9%
Outro
28,8%
Nenhum
8,5%
NS/NR
0%
que responderam que conhecem algum projeto, enquanto
20%
30%
40%
Gráfico 54 – Como você avalia os projetos realizados? NS/NR
projeto foi realizado pela associação (28,8%). Os projetos foram avaliados como bem feitos por 62,2% dos
10%
19,1% Mal feitos
37,5%
Bem feitos
43,4%
18,9% acreditam ter sido feitos de forma regular e 10,8% mal executados. 8,1% não soube ou não quis responder.
Mais ou menos
37,5%
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
59
Construção da sede comunitária Dezembro / 2018 Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
60
COMUNIDADE Sonhos
já que 70,6% dos moradores estão dispostos a trabalhar em conjunto com seus vizinhos para resolver a questão da regula-
A nuvem de palavras gerada através dos depoimentos dos
rização fundiária. Já a falta de saneamento é um dos principais
moradores aponta seus principais sonhos para a comunida-
problemas de infraestrutura relatados pela comunidade,
de. Dessa forma, podemos observar que a regularização dos
citado por 49,3% dos moradores. A pavimentação das vias, por
terrenos, o saneamento básico e a pavimentação das vias são
outro lado, apesar de ser considerada como um dos principais
as palavras que possuem mais destaque. Luz, água, lazer e
problemas para apenas 26,5% dos moradores, aparece como
serviços básicos também aparecem com certo destaque.
um dos maiores sonhos de toda a comunidade.
Cruzando essas palavras com dados anteriores apresentados, é possível perceber a importância delas para a comunidade,
Relatório socioeconômico 29 DE MARÇO 2019
61
COMUNIDADE Percepção atual e expectativas para o futuro
Gráfico 55 – A comunidade está melhor se comparada a 2 anos atrás?
9,6% NS/NR
Grande parte dos moradores da 29 de Março têm uma per-
8,1%
cepção positiva em relação à comunidade, considerando
pior
que a mesma melhorou nos últimos dois anos (64,0%). 18,4% acredita que ela está igual e apenas 8,1% afirma que está pior, se comparado a dois anos atrás. 9,6% não soube ou não
64,0%
18,4%
melhor
igual
quis responder. Quanto a perspectiva para o futuro, a grande maioria (83,8%) apresenta uma opinião positiva e acredita que a comunidade estará melhor daqui a dois anos. Uma pequena parcela acredita que a comunidade não mudará (8,1%) ou piorará (2,9%). 5,1% não soube ou não quis responder.
Gráfico 56 – A comunidade estará melhor daqui a 2 anos?
2,9%
5,1% NS/NR
pior
8,1% igual
64,0% melhor
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CONCLUSÃO Muitas famílias da 29 de Março se encontram em uma situação de grande vulnerabilidade social e econômica.
O presente relatório apresentou os dados recolhidos durante
terminaram o Ensino Fundamental (46,6%) e
o evento “ECO – Escutando Comunidades” realizado na comu-
um número baixo de moradores com o Ensino
nidade 29 de Março em março de 2019. Durante o evento foram
Médio completo (23,2%). Esses dados apontam
entrevistadas 136 famílias, representando um total de 346
para a necessidade de ações de redução do
pessoas. A margem de erro da pesquisa foi de 3,5% para cima
déficit educacional entre os moradores da 29
ou para baixo.
de Março.
Com base nos dados, foi possível entender melhor o perfil
Quanto à taxa de desemprego, ela é de 17,2%,
socioeconômico da comunidade, seus principais problemas e
número quase duas vezes mais alto que a
sonhos. Esses dados são fundamentais para a continuação do
taxa do Paraná e de Curitiba. Entre os mora-
trabalho do TETO na 29 de Março, possibilitando a discussão
dores com 18 anos ou mais, 57,0% não tem nenhuma fonte de
em conjunto com os moradores de estratégias para tentar so-
renda ou ela é inferior ao salário mínimo. A renda per capita
lucionar os problemas identificados. Ter um retrato geral dos
considerando todos os moradores é de R$ 371,65, quase cinco
moradores também permite à comunidade se enxergar como
vezes menor que a média de Curitiba (R$ 1.850,00). É relevante
um todo, aumentando seu senso de identidade.
ressaltar também como a maior parte do trabalho acontece
Os dados aqui apresentados, principalmente quando comparados com os números referentes ao município de Curitiba, ao
de maneira informal, já que apenas 35,7% dos trabalhadores possuem carteira assinada.
estado do Paraná ou ao Brasil como um todo, permitem visua-
Em relação à saúde, foi possível notar que a declaração por
lizar que muitas famílias da 29 de Março se encontram em uma
parte dos moradores de doenças como hipertensão, diabetes,
situação de grande vulnerabilidade social e econômica.
câncer e obesidade foi bem inferior que às médias parana-
Entre os dados coletados, é relevante citar que o índice de analfabetismo na comunidade é de 6,8%, atingindo princi-
enses e brasileiras. Isso indica que, possivelmente, existam vários casos não diagnosticados dessas e de outras doenças.
palmente a população acima de 18 anos. Há também uma
Quanto às moradias, mais de um terço das casas (36,0%) da
grande quantidade de pessoas com 18 anos ou mais que não
comunidade é feita com retalhos de madeira ou outros mate-
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riais reaproveitados, o que reduz suas condições de habita-
pavimentação das ruas e a melhoria e regularização no forne-
bilidade. Quanto ao fornecimento de serviços básicos, 91,2%
cimento de água e luz.
das moradias tem o fornecimento de água através de ligações irregulares (gatos), número que aumenta para 98,5% no caso da energia elétrica. Sobre o esgoto, nenhuma casa está ligada à rede pública, enquanto 89,0% fazem uso de fossas (sépticas ou rudimentares). O lixo é coletado em frente à casa de apenas 5,1% dos moradores, enquanto 94,1% precisa levá-lo a algum ponto de coleta comunitário.
Esses dados negativos não devem ser olhados em nenhum momento apenas sob uma ótica pessimista. Identificar claramente os problemas é o primeiro passo para desenvolver estratégias e implementar ações para mitigá-los ou até mesmo resolvê-los. Dessa forma os dados aqui apresentados são importantes para auxiliar na organização e tomada de decisões por parte da comunidade e no trabalho do TETO, do poder
Os cinco principais problemas relacionados à infraestrutura
público e das demais instituições relacionadas ou interessa-
apontados pelos moradores foram a precariedade no abaste-
das, de modo que possamos gradativamente nos aproximar
cimento de água (54,4%), a falta de saneamento (49,3%), a falta
da visão que temos do futuro, formado por uma sociedade
de iluminação pública (36,8%), a falta de pavimentação das
mais justa, igualitária, integrada e sem pobreza em que
ruas (26,5%) e a presença de sujeira e lixo nos espaços públicos
todas as pessoas possam exercer plenamente seus direitos
(18,4%).
e deveres e tenham as oportunidades para desenvolver suas
Não diretamente ligados à infraestrutura, os demais cinco
capacidades.
principais problemas relatados foram o atendimento ruim ou demorado nos centros de saúde (46,3%), a violência ou falta de segurança (31,6%), o desemprego (26,5%), o tráfico de drogas (25,7%) e a distância dos serviços públicos (14,0%). Quanto aos principais sonhos dos moradores para a comunidade, estão a regularização fundiária, o saneamento básico, a
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