Relatório ECO1909 | Caximba - Comunidades 29 de Outubro e Abraão | TETO Paraná

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Relatório Socioeconômico

CAXIMBA 2019

Comunidades 29 de outubro e Abraão Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

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Relatório Socioeconômico

CAXIMBA 2019

Comunidades 29 de outubro e abraão

Relatório com os dados obtidos pela ECO – Escutando Comunidades – realizada nas comunidades 29 de Outubro e Abraão que fazem parte da Caximba (Curitiba – PR) em Setembro de 2019.

Autores: Thalia Wu Teng, Ana Clara Graebin, Carol Liz Stadler, Marco André Mazzarotto Filho Voluntários de Diagnóstico Comunitário – TETO

Daniel Lima Coordenador de Diagnóstico Comunitário – TETO

Lucas Bandoch Coordenador de Diagnóstico e Avaliação – TETO

Relatório socioeconômico FAVORITA 2018


Sumário Introdução, 4

Educação

Moradia

Sobre a ECO

Alfabetização e analfabetismo, 28 Nível de escolaridade e Gênero, 30 Razões para abandono dos estudos , 32 Frequência na escola, 33

Aspectos construtivos, 61 Problemas, 62 Características das moradias, 63 Características dos terrenos, 64 Inundações, 65

Trabalho E Renda

Serviços Básicos

Trabalhadores ativos e Desemprego, 36 Ocupação, 44 Formalização do trabalho, 45 Renda, 49 Renda do trabalho, 49 Renda do trabalho em relação a gênero, raça e educação, 51 Renda familiar, 53 Cadastro único e benefícios sociais e previdenciários, 55

Abastecimento de água, 67 Esgoto, 68 Energia elétrica, 69 Descarte e Coleta de Lixo, 69

Metodologia, 6 Equipe, 7

Sobre a CAXIMBA Histórico da comunidade, 10 Localização, 12 Subdivisões, 13 Equipamentos comunitários, 14 Histórico TETO na Caximba, 15

População Identificação de gênero, 20 População, 21 Estrutura etária, 21 População, 23 Grupos etários, razão de dependência e índice de envelhecimento, 23 População, 25 Identificação racial, 25 População, 26 Região de origem, 26

Saúde Doenças e deficiências, 57

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Comunidade Acesso à terra e direitos, 71 Infraestrutura, 74 Principais problemas, 76 Liderança, Engajamento e Coesão Comunitária, 78 Sonhos da Caximba, 81 Percepção atual e perspectivas para o futuro, 82

Conclusão, 83

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Introdução ESTE RELATÓRIO TEM COM OBJETIVO apresentar os dados obtidos em Setembro de 2019 durante o evento “ECO – Escutando Comunidades”, realizado em duas das comunidades da Caximba, conhecidas por 29 de Outubro e Abraão, na cidade de Curitiba, pela organização social TETO. A TETO é uma organização internacional presente na América Latina e Caribe que atua há 10 anos no Brasil pela defesa dos direitos das pessoas que vivem em favelas, engajando os moradores e as moradoras das comunidades e mobilizando jovens voluntários e voluntárias para trabalharem juntos na construção de uma sociedade integrada. Para superar a pobreza multidimensional nas comunidades, a TETO desenvolveu uma metodologia de trabalho que busca fortalecer as capacidades comunitárias de identidade, organização, autogestão e trabalho em rede, através de um modelo de intervenção contínuo e Programas Sociais que geram soluções concretas de desenvolvimento econômico e social e melhoria das condições de habitat e habitabilidade. Dentro deste modelo de trabalho, a ECO representa uma etapa importante no diagnóstico da comunidade, fornecendo dados para as etapas seguintes de discussão dos problemas e proposição de soluções em conjunto com os moradores e moradoras. Todos os dados aqui apresentados foram coletados pela aplicação de Enquete de Caracterização Socioeconômica (ECS), de modo a criar o perfil da comunidade em questão, levantar seus principais problemas, condições, necessidades e demandas, entre outros itens que serão dispostos neste relatório.

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Entre as 934 moradias ocupadas, foram aplicadas enquetes completas em 633 moradias, resultando em uma população da amostra conhecida de 1966 pessoas. A margem de erro dos resultados é de 2,2% para cima ou para baixo. A seguir, os resultados são apresentados divididos em sete áreas: perfil da população, educação, trabalho e renda, saúde, moradia, serviços básicos e comunidade. Sempre que possível, os resultados são comparados com os dados do Brasil, do Paraná e de Curitiba, de modo a permitir um melhor entendimento deste diagnóstico dentro do contexto nacional, regional e municipal. Exceto quando indicado em contrário, o dados nacionais, regionais e municipais utilizados para comparação foram extraídos da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios mais recente, realizada trimestralmente pelo IBGE.

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Sobre a ECO

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Sobre a ECO Metodologia FORAM MAPEADAS E CONSIDERADAS como universo amostral 934 casas. Tal universo consiste em todas as casas mapeadas pela equipe de Mapeamento – área de Diagnóstico e Avaliação da TETO Paraná, já excluídos os imóveis constatados desocupados nos dois dias de coleta amostral (117 imóveis). Dentro do universo amostral foram aplicadas 675 enquetes, das quais 633 completas e 42 recusadas. Considerando apenas as enquetes completas, 67,8% das moradias foram entrevistadas. A área de estudo foi dividida em 2 zonas territoriais (29 de Outubro e Abraão), de acordo com a identificação comunitária dos moradores. Para a aplicação das enquetes, a região da 29 de Outubro foi dividida em 8 subzonas, enquanto a Abraão foi dividida em 4 subzonas. Desta forma, ao refazer a pesquisa em período de tempo futuro, poderão ser comparados os dados da mesma área de atuação. Subtraindo 675 (enquetes aplicadas e recusas) das 934 casas do universo amostral, tem-se 259 casas (27,7% da comunidade), que foram consideradas ausências temporárias, já que no momento de aplicação não havia nenhum morador para responder às perguntas.

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Considerou-se 95% o nível de confiança da pesquisa pois não foram utilizados métodos de correção de estimativa, referentes aos parâmetros do universo utilizado como a concentração da amostra, homogeneidade, distribuição e possibilidade de inclusão no caso de recusa ao responder. Desta forma, com base no tamanho do Universo e da Amostra coletada, considerando a não aplicação de questionário em 32,2% do Universo, conclui-se que, para estes dados estatísticos, deve-se considerar margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, dos dados coletados. Os parâmetros da TETO Brasil estabelecem o cumprimento de margem de erro de 3 a 5 pontos percentuais. Sendo assim, garante-se que esta amostra de informações cumpre os requisitos estabelecidos pela Instituição nacionalmente e que tais dados estatísticos representam com segurança o perfil das comunidades 29 de Outubro e Abraão em Curitiba (Paraná) na época de sua aplicação (Setembro de 2019).

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Sobre a ECO Equipe ■ CTs (Chefes de Trabalho): Guilherme Carvalho Passos e Laís Rocha Leão ■ CEs (Chefes de Escola): Beatryz da Costa Schneider e Marco André Mazzarotto Filho ■ Mapeadores: Alexandre Tokarski, Estela Adeline Brenner, Everton Bortolini e Jéssica Marques de Souza ■ Intendentes: Fernanda dos Reis Jacinto, Jhoane Caroline Pereira, Nicoli Altimiras Tinti e Pedro Pedri dos Santos ■ Líderes: Adriane Nunes Ferreira, Anderson Gabriel de Souza, Bruna Cristina Falavinha, Daniel Lima Ribeiro, Larissa Petronzelli Mariano, Leonardo Batistella Favretto, Mariana Vieira Lowry, Matheus Cáceres Benitez, Nataly Marina Falavinha, Ricardo Luiz do Nascimento Maranho e Thais Morais Cardoso da Silva ■ Líderes de Enquete: Daniel Lima Ribeiro e Lucas Bandoch ■ Equipe Médica: Lucas Neimann de Almeida ■ Comunicadores: Tallyta Moraes ■ Voluntários: Alexandre Cerqueira Lima, Amanda Cristina Ribeiro da Silva, Amanda de Oliveira, Ana Camila Tibes Ayala Alberton, Ana Luísa Ribeiro Göedert, Ana Paula dos Santos Cerdeiro, André Machado Carbonar, Andressa Jungles Chan, Annelise Nogarolli Marques Patrocinio, Aron Cesar Ticianeli Valencio, Bárbara Machado Bet, Beatriz Andrade Pereira Jorge, Beatriz Tiemi Sato, Bianca Siquinelli dos Santos, Biatriz Zuber Lisboa, Bruna Hayashida Garbozza, Bruno Antônio Lespinasse, Camila Mascaro Guiesi, Camila Torres Diaz, Camila Xavier, Carolina Vieira Lowry, Cila Fernanda da Silva,

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Clayson Nardino, Edner Dreer, Élida Marques Dreer, Fábio Satoshi Setoguchi, Fabrícia Ferreira da Silva, Fernanda Cé Bogucheski, Fernanda Luise Gasparin, Fernanda Modkovski, Fernanda Ribeiro Nogueira, Fernanda Stadler, Flavia Kaori Heberle Takeda, Gabriel Tem Pass, Gabriela Bonardi Oliveira, Gabriela de Oliveira Rocha, Gabriela do Rosario Baggio, Gabriela Nicolau Maia, Gabriella Vitória da Silva Gribler, Georgia de Sá Melo Gonçalves, Giovanna Rodrigues Ambrósio, Iolanda Geronimo del Roio, Isabela Mariotto, Isabela Wolfart Francio, Isadora Celine Rodrigues Carneiro, Isadora Helena dos Santos Flores, Jéssica Luana Vieira, Jhennifer Camargo Pimentel, Júlia Berticelli Basso, Júlia Chemin da Rocha, Juliana Dantas Soares, Juliana de Athayde, Juliett Ribas Assis, Kálita Tuane Guedes, Laura Mendes Ortolan, Laura Nasser Silva, Lena Chagas, Letícia Gutierrez Prochmann, Letícia Liz Bello, Lucas Neimann de Almeida, Lucas Rodrigues de Macedo, Luís Otávio dos Santos Flores, Luitanara Mamede Dias, Luíza dos Reis de França, Mahara Esplugues Silva, Marcelo Ribeiro Souza Sampaio, Marcia Mayumi Tsunoda Meira, Maria Clara Kock, Maria Eduarda Burtett Paulus, Marina Andretta Ferreira, Marina Kirsten Felix, Mateus Almeida Leite, Matheus Rodrigues Ferreira Basaglia, Mayara Cristina Leles da Silva, Mirele Syriani Veluza, Murad Jorge Mussi Vaz, Natália Massaro da Silveira, Natan Felipe dos Santos Ribas, Nathalia Santos Araujo, Nicolas Magnus Garbin

da Silveira, Rafael Guilherme Rodrigues Ganho, Rafaela Schenfeld, Rebeca Bembem Ribeiro, Renata Cenci, Renata do Prado Leite, Ricardo Salomé Silva, Sacha Stephanie Balaguer Licadiedoff, Salete Deina, Thiago Alberto de Mello, Thiago Fischer de Oliveira Juraszek, Vanderley Alves Jeser, Victor Kmiecik Follador, Vitória Berticelli Basso, Waltier Gustavo Pierotto e Ygor Assafrão dos Santos.

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Voluntários da ECO Caximba 2019 Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

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Sobre a CAXIMBA

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Sobre a CAXIMBA Histórico da comunidade O BAIRRO CAXIMBA ESTÁ LOCALIZADO na região sul de Curitiba, sendo que entre a Rua Francisca Beraldo Paolini e a Estrada Delegado Bruno de Almeida encontra-se uma grande comunidade conhecida por “Caximba”. Essa dividida em cinco áreas: Vila Juliana, 29 de Outubro, 1º de Setembro, Espaço Verde e Comunidade Abraão, sendo que cada uma possui a sua Associação de Moradores para a melhor organização do espaço. A 29 de Outubro recebeu este nome em decorrência da data de chegada das primeiras 150 famílias no local em 2010. O espaço em que a comunidade se localiza pertence ao Instituto das Águas do Paraná, sendo que parte deste terreno é uma área de preservação ambiental (APA), ficando próxima aos afluentes do Rio Iguaçu. Estima-se que o terreno possui aproximadamente 261.965 m², é uma área pantanosa devido às cavas e antigas áreas de mineração existentes no local. Por consequência disso, o solo é bastante úmido. A área possui diversos problemas de saneamento e ambientais, as cavas são repletas de lixo e o esgoto também acaba poluindo as águas. As casas, em sua maioria de madeira, são elevadas já que em dias de chuvas a água sobe e as invade. Na parte mais baixa da comunidade onde estão a 29 de Outubro e a 1ª de Setembro, os terrenos são mais lamacentos, de modo que os moradores compram entulho das construções para espalhar por toda a área, deixando o terreno mais firme e facilitando a construção de novas casas e abertura de ruas. Em vista de duas ligações da Sanepar situadas em uma rua próxima, todas as casas da ocupação con-

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tam com água encanada. Entretanto, a energia elétrica de toda parte baixa da comunidade é irregular e as casas contam com os chamados “gatos”. A compra de terrenos de grileiros na comunidade ainda é uma prática comum, atualmente são mais de mil famílias e cerca de 4 mil pessoas morando na localidade. Em 2013, a COHAB esteve na comunidade para fazer o cadastramento de algumas famílias, porém, os moradores continuam aguardando a resposta do cadastramento. Após alguns anos, em 2018, em virtude do burburinho causado pela visita do apresentador Luciano Huck à Vila 29 de Outubro, a Prefeitura de Curitiba, principalmente o Prefeito Rafael Greca, irritado com os comentários feitos sobre a comunidade, propôs um projeto de requalificação, reassentamento e revitalização da área ocupada pela comunidade. Atualmente, segundo o IPPUC, o projeto caminha para a fase de execução.

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Moradias em região alagada da Caximba

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ALMIRANTE TAMANDARÉ

COLOMBO

CAMPO MAGRO

Localização

BOA VISTA

A comunidade da Caximba se localiza no bairro Caximba, no extremo sul de Curitiba. O bairro faz parte da Regional do Tatuquara, que abrange ainda, os bairro do Campo do Santana, Tatuquara, Pinheirinho e Capão Raso.

SANTA FELICIDADE

BAIRRO ALTO

PINHAIS CENTRO

CAMPO LARGO CAJURU

PORTÃO

CIDADE INDUSTRIAL DE CURITIBA

BOQUEIRÃO

PINHEIRINHO

ARAUCÁRIA

UMBARÁ

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

CAXIMBA

FAZENDA RIO GRANDE Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

1000

0

1000

2000

3000 Metros

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Subdivisões Dentro da comunidade Caximba, existem cinco comunidades que se dividem internamente, sendo elas: Vila Juliana, Primeiro de Setembro, Espaço Verde, Vinte e Nove de Outubro e Abraão, estas duas últimas, onde foi realizada a coleta dos dados socioeconômicos apresentados neste relatório.

VILA JULIANA

VINTE E NOVE DE OUTUBRO PRIMEIRO DE SETEMBRO

ESPAÇO VERDE

ABRAÃO

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250

0

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500

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1000 Metros


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Equipamentos comunitários

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13

12

Equipamentos na Comunidade

1. Biblioteca Comunitária 2. Casa de Oração 3. Assoc. de Moradores 29 de Outubro 4. Projeto Move Vidas 5. Assoc.de Moradores 1º de Setembro

)

BA

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5

6. Colégio Profª. Maria Gai Grendel 8. Escola Profª. Joana Raksa 10. CMEI Caximba 13. CMEI Milton Luiz Pereira 14. CMEI Lúcia Zanier Demeterco 15. CMEI Jornalista Juril Carnaciali 16. Colégio Estadual Guilherme Pereira Neto

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8

2 1 3

CMEIs / Escolas / Colégios

TR

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3.0 k m

9. UBS Caximba

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2.0 k m

FRAN

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R-116

Unidade de Saúde

O UN

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1

Pontos de Referência

7. Igreja São João Batista 11. Aterro Sanitário da Caximba (Desativado) 12. Aldeia Indígena Kanané-Porã

MUNICÍPIO DE ARAUCÁRIA

MUNICÍPIO DE FAZENDA RIO GRANDE

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0

250

500

1000 Metros

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Histórico TETO na Caximba EM AGOSTO DE 2014, a TETO Paraná iniciou as primeiras atividades na comunidade Caximba introduzindo a Equipe de Comunidades. Após um mês de trabalho conjunto com os moradores, ocorreu a primeira atividade, Escutando Comunidades (ECO), anteriormente chamada de Detecção Massiva (DM). Com a DM, foi possível identificar o perfil de uma parte da comunidade através das informações levantadas com questões socioeconômicas. Esses dados forneceram à Equipe de Comunidade, um panorama das famílias que vivem na comunidade e as principais demandas apontadas por eles. Após os dados levantados, algumas famílias passaram a trabalhar com a Equipe de Comunidade, possibilitando em dezembro desse mesmo ano a construção das duas primeiras casas emergenciais. Ainda em 2014, alguns voluntários que participaram da DM juntamente com uma moradora da Caximba, cujo sonho é melhorar a qualidade de vida das crianças da comunidade, criaram a organização “Amigos da Caximba”. Desde 2015, a organização realiza ações como Dia das Crianças, Natal, Páscoa e Dia das Mães com os moradores da comunidade, principalmente as crianças. Em junho de 2015, ocorreu a segunda Escutando Comunidades, ampliando a área de atuação da Equipe de Comunidade. Com a aplicação de enquetes, foi possível atingir 107 famílias e gerar novos dados sobre a comunidade.

Construção de moradias de emergência Caximba, Abril de 2019

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Construção de moradias de emergência Caximba, Dezembro de 2018

A Equipe de Comunidade focou suas atividades para iniciar os trabalhos da próxima construção, estreitando contato com os moradores, refletindo positivamente na procura e participação nas reuniões. Em Setembro, ocorreu a segunda construção de moradias de emergência da TETO na Caximba, uma atividade que mudou completamente a interação entre os moradores da comunidade Caximba e voluntários da Equipe de Comunidade. Foram entregues 7 casas em 2 dias, gerando mais confiança dos moradores em relação a TETO. Em outubro, a Caximba foi uma das quatro comunidades brasileiras escolhidas para participar do estudo “A pobreza na visão dos pobres” do PNUD. No dia 15 de novembro de 2015, ocorreu o Olhar Participativo na comunidade, juntamente com a apresentação dos dados da ECO. Foi um momento de muita troca entre os moradores e a TETO, sendo possível ouvir e entender os principais desejos e problemas da comunidade, dando voz aos moradores. Esta troca deu uma melhor percepção da comunidade para os voluntários, a partir da escuta de quem convive diariamente com os problemas apontados. Os sonhos escolhidos pelos moradores foram: mudança do esgoto, criação de uma cooperativa, creche, reciclagem de lixo, vagas nas escolas, melhoria das ruas, limpeza da comunidade e limpeza das cavas. Nos dias 12 e 13 de dezembro de 2015, a comunidade se preparou para a terceira construção de moradias emergenciais. Porém, dessa vez, a construção seria “em família”, ou seja, grupos de amigos ou familiares se uniram para financiar e construir suas casa juntos. Ao todo foram entregues nove novas residências.

ECO – Aplicação enquetes socioeconômicas Setembro de 2016 Relatório socioeconômico CAXIMBACaximba, 2019

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Construção de moradias de emergência Caximba, Outubro de 2017

Em 2016, as atividades na Caximba iniciaram a todo vapor. Em parceria com a organização Amigos do Caximba, foi construída a Biblioteca da Caximba, sonho idealizado há mais de dois anos por uma moradora da comunidade. Para conseguir o dinheiro da construção da biblioteca, foram feitos diversos eventos em que a moradora, os Amigos da Caximba e a Equipe de Comunidade organizaram e participaram da arrecadação de fundos: pastelada, venda de água, venda de refrigerante, venda de chocolate, venda de artesanato, etc. No dia 20 de fevereiro foi iniciada a construção da biblioteca. A obra foi realizada em quatro finais de semanas, um processo exaustivo devido à dificuldade do terreno e a adaptação de uma da casa da TETO para tornar-se uma biblioteca, que passou a ser um espaço no qual as crianças têm um ambiente para desempenharem diversas atividades de lazer e educação, uma das carências levantadas pelos moradores.

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Ainda em 2016, ocorreram construções em agosto e dezembro, além de uma nova ECO em setembro, tendo a comunidade 29 de outubro como foco. A apresentação dos dados e o olhar participativo ficou para 2017, que começou com a implementação dos projetos financiados pela Arauco: construção da sede comunitária na 1º de Setembro e Espaço Verde (SedeTET) e o sistema de captação de águas da chuva (parceria com a EJEQ). Em abril de 2018 foram construídas 8 moradias, e em dezembro, em parceria inédita com a Prefeitura de Curitiba e a COHAB, 19 famílias que residiam em áreas de risco foram realocadas para terrenos seguros e construíram junto com a TETO suas novas moradias. Em 2019, novamente em abril, foram construídas 7 casas para famílias em situação de risco, e em setembro, a ECO - Escutando Comunidades voltou a acontecer na Caximba após 3 anos, coletando os dados a serem apresentados no presente relatório.

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Início das atividades da Equipe Fixa em agosto de 2014 Construções de Moradias de Emergência 2 moradias em 2014 (CC1412) 16 moradias em 2015 (CC1509 e CC1512) 9 moradias em 2016 (CC1612) Sede Comunitária e 25 moradias em 2017 (CC1704 e CC1710) 27 moradias em 2018 (CC1804 e CC1812) 7 moradias em 2019 (CC1904)

Total de construções na Caximba: 86 moradias

Levantamento de dados socioeconômicos pela ECO - Escutando Comunidades Setembro de 2014 (ECO1904) - 159 enquetes aplicadas Junho de 2015 (ECO1506) - 106 enquetes aplicadas Setembro de 2016 (ECO1609) - 245 enquetes aplicadas Setembro de 2019 (ECO1909) - 633 enquetes aplicadas

Total aplicado na Caximba: 1143 enquetes

Projetos Comunitários desenvolvidos:

2015 Projeto de Educação (Quíron) Biblioteca da Caximba Projeto Piloto – Mutirão de Limpeza

2016 Horta Comunitária (Comunidade Abraão) Biblioteca da Caximba (Comunidade 29 de Outubro)

2017 Sede Comunitária (1º de Setembro e Espaço Verde) Captação de Águas Pluviais (29 de Outubro)

2019 LASCO Projeto de Melhoria do Encanamento Residencial

2020 Continuação Projeto de Melhoria do Encanamento Residencial

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POPULAÇÃO

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POPULAÇÃO Identificação de gênero ANALISANDO-SE A CAXIMBA em suas respectivas regiões, percebe-se que a 29 de Outubro apresenta aproximadamente o dobro dos entrevistados da Abraão, porém ambas comunidades possuem perfis semelhantes com prevalência do gênero masculino. Dessa forma, é possível avaliar a Caximba em sua totalidade, sendo que das 1966 pessoas entrevistadas, 51,3% se identificam como homem, 48,5% como mulher e 0,3% não soube ou não quis responder. Esse maior número de homens na Caximba difere do perfil populacional do Brasil, onde 48,1% são homens e 51,9% são mulheres. A identificação foi feita através da autodeclaração do entrevistado ou entrevistada, ou, no caso da ausência do mesmo, pela informação de outro residente da mesma moradia.

Gráfico 1 – Identificação de gênero na Caximba e no Brasil

Homens 51,3%

Mulheres 48,5%

Caximba Tabela 1 - Identificação de gênero na 29 de Outubro e Abraão 29 de outubro 50,49% Homens 49,21% Mulheres 0,07% Outros 0,22% NS/NR

Abraão 52,94% Homens 47,06% Mulheres 0% Outros 0% NS/NR

Homens 48,4%

Mulheres 51,6%

Brasil* FONTE PARA COMPARAÇÃO: IBGE-PNAD Comtínua 4º Trimestre de 2019

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População Estrutura etária A ESTRUTURA ETÁRIA de uma população corresponde à sua distribuição entre os diferentes grupos de idade, conforme apresentado no gráfico ao lado. A partir dessa distribuição, é possível perceber se a população é predominantemente jovem (se a base inferior no gráfico for mais larga), adulta (se a porção intermediária for mais larga) ou envelhecida (se a parte superior do gráfico for maior). Na Caximba, como é possível perceber no Gráfico 2, a maior parte da população é formada por crianças de até 14 anos e jovens de 15 a 29 anos, grupos que correspondem, respectivamente, a 32,8% e 25,8% da comunidade. É notável também como os idosos (65 anos ou mais) são minoria, correspondendo a apenas 2,63% da população. Tanto a 29 de Outubro quanto a Abraão possuem percentuais dos grupos etários parecidos entre si.

Gráfico 2 – Estrutura etária da Caximba

1,32% 1,27% 2,39% 3,76% 3,71% 5,39% 5,75% 8,14% 9,1% 9,31% 8,49% 7,73% 9,66% 12,46% 10,27%

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Se comparado aos quadros municipal, estadual e nacional, é perceptível como o perfil da comunidade destoa dos demais, conforme demonstrado no Gráfico 3. Na Caximba, o número de crianças e pré-adolescentes é consideravelmente maior do que em Curitiba, no Paraná e no Brasil, principalmente no grupo de 0 a 14 anos de idade. A partir dos 15 aos 39 anos, as proporções são parecidas com as das outras áreas, com exceção ao grupo de adultos de 25 a 34 anos, que possuem certo destaque na comunidade. A tendência do gráfico começa a inverter a partir dos 40 anos, quando a comunidade começa a apresentar porcentagens menores, destacando, novamente, o baixíssimo número de idosos. O contraste é maior no grupo de pessoas com 65 anos ou mais, que representam apenas 2,6% da população da Caximba, enquanto em Curitiba, no Paraná e no Brasil estes valores são mais de quatro vezes maiores (11,95%, 10,95% e 10,5%, respectivamente).

Gráfico 3 – Estrutura etária da Caximba em comparação com outras regiões Caximba

Curitiba

Paraná

Brasil

FONTE PARA COMPARAÇÃO: ​IBGE - PNAD Contínua 2018

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0

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6%

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População Grupos etários, razão de dependência e índice de envelhecimento COMO FORMA DE ENTENDER melhor a relação entre os diferentes grupos de idade de uma população, é possível separá-los em três categorias: Jovens (0 a 14 anos), Adultos (15 a 64 anos) e Idosos (65 anos). Entre esses grupos, é comum que se espere que os adultos (população potencialmente ativa) tenham maiores responsabilidades sobre os jovens ainda em fase de estudo e sobre os idosos que já estejam saindo do mercado de trabalho (população dependente). No Gráfico 4 é possível observar que a maior parte da comunidade é formada por adultos (63,8%), seguida dos jovens, que representam 32,4%. Os idosos, por fim, constituem apenas 2,6% da população da Caximba. A partir destes dados, é possível determinar a razão de dependência da população, que indica o peso que os jovens e idosos representam para os adultos. Quanto maior for o valor da razão de dependência, maior é o peso dos dependentes sobre a população adulta. No caso da Caximba, conforme constatado na Tabela 3, é possível observar que a razão de dependência total é de 54,9. Isso significa que para cada 100 adultos potencialmente ativos, existem 54,9 jovens e idosos dependentes. Essa taxa é superior à de Curitiba (39,8), do Paraná (43,4) e do Brasil (44,1).

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Gráfico 4 – Grupos etários da Caximba

Idosos (65 anos ou mais)

2,6%

Jovens (0 a 14 anos)

32,4%

Adultos (15 a 64 anos)

63,8%

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Analisando separadamente, os jovens têm maior peso que os idosos sobre a população adulta, representando uma taxa de dependência de 50,8. Este valor é bem superior à taxa do município (23,1), do estado (27,7) e do país (28,9). A razão de dependência dos idosos, por sua vez, é de 4,1 na Caximba, consequência da baixa porcentagem de idosos na comunidade (2,6%). Essa razão é quase quatro vezes menor que os números de Curitiba (16,7), do Paraná (15,7) e do Brasil (15,1). Outra importante análise que pode ser feita é o índice de envelhecimento da população, dado que representa a quantidade de idosos para cada grupo de 100 jovens. Desta forma, quanto maior este número, maior o indicativo que a população está gradativamente se tornando mais idosa.

Neste índice, a comunidade contrasta drasticamente com os demais indicativos. Enquanto na Caximba o valor é de 8 idosos para cada 100 jovens, Curitiba apresenta uma taxa de 72,4, o Paraná 56,6 e o Brasil 52,4. Estes dados reforçam o perfil jovem dos moradores da comunidade e demonstram que a mesma não possui tendência de envelhecimento da população.

Tabela 3 - Razão de Dependência e Índice de envelhecimento Razão de dependência jovens

Razão de dependência idosos

Razão de Índice de dependência total envelhecimento

CAXIMBA

50,8

4,1

54,9

8,0

CURITIBA*

23,1

16,7

39,8

72,4

PARANÁ*

27,7

15,7

43,4

56,6

BRASIL*

28,9

15,1

44,1

52,4

*Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua 2018

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

25


População Identificação racial NA CAXIMBA, 42,8% (148 pessoas) se declaram brancas, 35,3% (122 pessoas) pardas e 14,7% (51 pessoas) pretas. Em menor proporção, 4,0% se declararam amarelas (14 pessoas) e 1,2% indígenas (4 pessoas). Não souberam ou não quiseram responder 2,0% (7 pessoas). Bem como na identificação de gênero, os dados de identificação racial foram obtidos por autodeclaração. Se comparados aos dados do município, do estado e do país, na comunidade existe um número bem superior de pessoas que se declaram pardas (44,79%), apresentando mais que o dobro do valor de Curitiba (19,9%).

Em geral, a proporção de autodeclarados dos principais grupos étnicos da comunidade possui um perfil semelhante igual ao do Brasil, sendo a diferença relevante em relação ao estado e maior ainda comparada à Curitiba.

8,4% 4% 3,8% 9,5%

Preta Gráfico 5 – Identificação racial da Caximba

Preta

8,4%

Parda

*Fonte para comparação: IBGE-PNAD Comtínua 4º Trimestre de 2019

Caximba

19,9%

Parda

31,7%

1,3%

Indígena

0,6%

Paraná

47,3% 74,5%

Branca 42,2%

7,7%

Outros

63,1%

9,6% 1,6% 1,4% 1% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Brasil

41,5%

40,5%

Amarela (Oriental)

Curitiba

40,5%

41,5%

Branca

NS/NR

Gráfico 6 – Comparação dos dados de identificação racial

10%

20%

30%

40% 50%

60%

70% 26


População

Período de mudança para a Caximba

Até 2 anos atrás 3 a 5 anos atrás 6 a 10 anos atrás Mais de 10 anos atrás NS/NR

Região de origem A MAIOR PARTE DOS MORADORES da comunidade são originários da Região Sul (78,9%), seguidos pelos nordestinos, que representam 7,7% da população. Há também moradores oriundos da Região Sudeste (7,2%), Norte (2,2%), Centro-Oeste (1,5%) e estrangeiros (0,7%), em menor número. Quanto aos estados, a Caximba possui o Paraná (74,21%), São Paulo (5,09%) e Santa Catarina (3,51%) como os mais representativos. Analisando as comunidades individualmente, na 29 de Outubro e na Abraão destacam-se os estados de Alagoas (2,69%) e Pará (2,38%) em quarto lugar, respectivamente. Quanto ao ano em que essas famílias se mudaram para a comunidade, a maior parte chegou até 2 anos anteriores da data de aplicação das enquetes (35,5%). Enquanto isso, 34,3% mudaram-se 3 a 5 anos antes, seguidos por 27,8% dos quais já faziam parte da comunidade há 6 a 10 anos e outros 1,9% há mais de 10 anos.

NORTE 2,2%

NORDESTE 7,7%

CENTRO-OESTE 1,5%

SUDESTE 7,2%

Gráfico 7 – Motivos para mudar para a Caximba Incapacidade de arcar com os custos da moradia

48%

Para trabalhar/estudar Remoção forçada pelo poder público

Paraná 74,2%

8,1%

Para morar sozinho Problemas de convivência

São Paulo 5,1%

9,8%

Formar família

35,5% 34,3% 27,8% 1,9% 0,5%

Santa Catarina 3,5%

6,2% 3,9% 1,6%

Outro

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

21,8%

SUL 78,9%

Estrangeiro 0,7%

27


EDUCAÇÃO

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

28


educação

Gráfico 8 – Taxa de alfabetização - Idade Escolar (7-14 anos)

Alfabetização e analfabetismo

Analfabetos 9,1%

NS/NR 1,2%

SÃO CONSIDERADAS ALFABETIZADAS aquelas pessoas que ao menos possuem a capacidade de compreender e escrever um bilhete simples no idioma que conhece. Portanto, os dados sobre as taxas de alfabetização mostram que 89,7% dos moradores em idade escolar - 7 à 14 anos - são alfabetizados, enquanto para os maiores de 15 anos a porcentagem é de 92,1%. Levando em consideração os dados anteriores, o total de alfabetizados resulta em 91,6% (considerando toda a população com 7 anos ou mais).

Alfabetizados 89,7% Gráfico 10 – Taxa de Alfabetização na Caximba

Gráfico 9 – Taxa de alfabetização - Adultos (+15 anos)

Analfabetos 7,7%

Analfabetos 9,1%

Alfabetizados 89,7% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Alfabetizados 92,7%

29


educação A PORCENTAGEM TOTAL DE ANALFABETOS na comunidade (considerando todos moradores a partir dos 7 anos) é de 8%, enquanto considerando apenas aqueles em idade escolar (7 à 14 anos), a taxa é de 9,1%. Entre os adultos, com 15 anos ou mais, o percentual passa a ser de 7,7%. O IBGE considera analfabeto o indivíduo que não é capaz de ler e nem escrever um simples bilhete. O que faz com que aqueles em idade escolar equivalham à 36,8% do total de analfabetos, e adultos à 45,7%, considerando apenas os moradores com 7 anos ou mais. A taxa brasileira de analfabetismo segundo censo do IBGE de 2018, considerando a população com idade superior à 15 anos, é de 6,8%. Estando então a porcentagem da comunidade cerca de 0,9% acima da média nacional. Já a taxa de analfabetismo no estado do Paraná em 2018 segundo o IBGE, era de 5%, portanto a diferença aumenta para 2,7%. Já o analfabeto funcional é aquela pessoa que possui 15 anos ou mais e apesar de saber ler e escrever, não possui a capacidade de interpretação de um texto recém lido. Sendo assim, a porcentagem de analfabetos funcionais entre os adultos considerados alfabetizados é de 20,8%.

Gráfico 11 – Comparação dos dados de Analfabetismo entre a Caximba e demais regiões *Fonte para comparação: IBGE-PNAD Contínua 2018

8,0%

Total (+7 anos)

4,9% 8,0% 9,1%

Idade Escolar (7-14 anos)

1,1% 2,4% 7,7%

Adultos (+15 anos)

5,0% 6,8% 0%

2,5% Caximba

5,0% Paraná

7,5%

10%

Brasil

Gráfico 12 – Taxa de Analfabetismo por grupos de idade

Adultos (+15 anos)

9,1%

Idade Escolar (7-14 anos)

89,7%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

30


educação Nível de escolaridade e Gênero

Gráfico 13 – Níveis de Escolaridade por Gênero (população com 18 anos ou mais) Total

1,83% 1,63% 2,04% 1,49% 0,81% 2,21%

Pré-escola completa

14,94%

Fundamental I Incompleto 11,71%

16,18% 16,42% 15,96%

Fundamental II Incompleto 9,96% 9,92% 10,02%

Fundamental II Completo

14,36% 14,80% 13,92% 17,34% 15,61% 19,19%

Ens. Médio Incompleto Ens. Médio Completo Ens. Técnico Incompleto

0,33% 0,49% 0,17% 1,08% 0,98% 1,19%

Ens. Técnico Completo

1,00% 0,33% 1,70%

Ens. Superior Incompleto

0,91% 0,81% 1,02%

Ens. Superior Completo Outro

17,89%

14,27% 13,82% 14,77%

Fundamental I Completo

0,17% 0,34% 2,32% 2,28% 2,38%

NS/NR 0% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Mulheres

3,82% 4,23% 3,40%

Nunca acessou a escola Pré-escola imcompleta

PARA A ANÁLISE DO NÍVEL EDUCACIONAL EM FUNÇÃO DO GÊNERO dos moradores da comunidade, apenas aqueles com 18 anos ou mais foram considerados. Dentre esses adultos, 3,8% nunca tiveram nenhum tipo de acesso à escola, configurando 4,2% de homens e 3,4% de mulheres, enquanto os que possuem Pré-Escola incompleta são 1,8%, com 1,6% de homens e 2,0% de mulheres sem educação básica. Considerando os que possuem apenas a Pré-Escola completo o número é ainda menor, sendo 1,5%, com mais mulheres tendo concluído essa etapa de ensino do que homens, 2,2% contra 0,8%, respectivamente. Seguindo adiante, os dados mostram que apenas 10,0% dos moradores com mais de 18 anos possuem o Ensino Fundamental (I e II) completo. A porcentagem dos que não completaram é 52,5%. Comparando-se os dados por gênero, temos um total de 54,7% de homens sem o atingir Ensino Fundamental Completo e 50,1% de mulheres. Tratando-se dos moradores com 19 anos ou mais considerados para os percentuais a respeito do Ensino Médio: 14,4% são aqueles que iniciaram porém não o concluíram, sendo 14,8% de homens e 13,9% de mulheres, porém 17,3% é a porcentagem daqueles que possuem Ensino Médio completo, destacando-se a diferença de 3,6% entre os gêneros, com mais mulheres tendo concluído o Ensino Médio do que homens, 19,2% contra 15,6%. Aqui observamos, pela primeira vez desde o início deste tópico, uma porcentagem maior entre aqueles que concluíram em comparação com os que não concluíram.

Homens

5%

10%

15%

20%

25% 31


A taxa de moradores acima de 23 anos com Ensino Técnico completo é baixa, sendo apenas de 1,1%, enquanto a porcentagem daqueles que possuem o Ensino Superior completo é de 0,9%, sendo menor ainda, destaca-se que a partir do Ensino Técnico Completo até o Ensino Superior Completo, as mulheres possuem taxas maiores que as taxas dos homens, inclusive na taxa de E. Superior Incompleto, refletindo no abandono aos estudos ocasionado por inúmeras situações.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

32


educação

Gráfico 14 – Razão para abandono dos estudos por Gênero (população com 18 anos ou mais) Total

Homens 2,57% 2,63% 2,51%

Falta de dinheiro

Razões para abandono dos estudos FORAM CONSIDERADOS ADULTOS COM 18 ANOS OU MAIS E QUE NÃO COMPLETARAM O ENSINO MÉDIO neste questionário. A principal razão para o abandono dos estudos é falta de tempo devido ao trabalho, 58,0% dos homens entrevistados apontaram que esse seria o motivo para o abandono, enquanto 33,3% das mulheres entrevistadas disseram o mesmo. Ou seja, há uma diferença de 24,7% sendo um ponto relevante a ser considerado. Outra diferença considerável entre homens e mulheres é a questão da maternidade/paternidade. Enquanto 20,6% das mulheres apontaram que esse seria o principal empecilho para o abandono dos estudos, enquanto apenas 2,8% dos homens o apontaram, demonstrando que, além do período de gestação, o papel de cuidar dos filhos recai sobre a mulher, enquanto o papel de prover renda à família, fica com o marido. Falta de dinheiro, considerar que os estudos já terminaram, falta de vagas, falta de transporte ou a escola fica muito longe e necessidade de ajudar com as tarefas do lar são outras razões que configuram o abandono dos estudos por aqueles adultos de 18 anos ou mais que não completaram os estudos, variando de 0,6% à 5,4%, não havendo uma diferença considerável de gênero. Outras razões ocupam a porcentagem de 7,5% do total.

46,44%

Falta de tempo devido ao trabalho 5,37% 2,63% 8,52%

Ajuda com as tarefas do lar Requer estabelecimento especial

57,99%

33,33%

0,93% 1,09% 0,75%

Maternidade ou paternidade

2,84%

11,09% 20,55%

3,97% 3,50% 4,51%

Falta de transporte/ Escola fica longe

14,47% 14,88% 14,04%

Não tem interesse

Problemas de notas/Expulsão

0,58% 0,44% 0,75%

Considera que terminouos estudos

1,05% 1,31% 0,75%

Falta de vagas

1,05% 1,31% 0,75% 7,47% 6,35% 8,77%

Outras razões

5,02% 5,03% 4,76%

NS/NR 0% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Mulheres

10%

20%

30%

40%

50%

60% 33


Gráfico 15 – Crianças em Idade Escolar (7-14 anos) atualmente estudando

educação

Não 7,7%

Frequência na escola CRIANÇAS COM IDADE EM 6 ANOS E 14 ANOS, OU SEJA, EM IDADE ESCOLAR, representam 92,3% das que estão matriculadas em alguma instituição de ensino, enquanto o restante (7,7%) não estão matriculadas. O principal motivo apontado por aqueles que não matriculados é a falta de interesse, com 37,5%. A segunda maior razão é a falta de vagas, ocupando a porcentagem 20,8% das respostas. A terceira posição fica ocupada de falta de tempo devido ao trabalho, com 12,5%. A falta de interesse, que recebeu 37,5% das respostas, merece uma atenção especial, indicando uma necessidade de políticas de maior incentivo à educação e maior explicação do porque os estudos são importantes para o futuro dessas crianças e todas as possibilidades novas que a educação pode proporcionar.

Sim 92,3%

Gráfico 16 – Crianças em Idade Escolar (7-14 anos) que não estão estudando e seus motivos

4,2%

Falta de dinheiro Falta de tempo devido ao trabalho

12,5%

Ajuda com as tarefas do lar

0%

Requer estabelecimento especial

0% 8,3%

Maternidade ou paternidade Falta de Transporte/Escola muito longe

0% 37,5%

Não tem interesse

4,2%

Problemas de notas/Expulsão

8,3%

Considera que terminou os estudos

20,8%

Falta de Vagas

4,2%

Outras razões 0%

10%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

20%

30%

40% 34


MUNICÍPIO DE ARAUCÁRIA

RUA

QUASE METADE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE ESTUDAM estão matriculadas na E. M. Profª Joana Raksa, quanto 37,2% frequentam a E. E. Profª Maria Gai Grendel. O restante dos alunos estão divididos entre outras 4 instituições, enquanto 4,8% frequentam outras escolas não especificadas. No que diz respeito ao meio de transporte utilizado por esses alunos para se locomover ao local de estudo, a grande maioria (84,1%) respondeu que costuma ir de a pé ou bicicleta, e transportes privados (carro, moto, carona, etc) recebeu 7,3% das respostas.

FRAN

CISC

A BE

RALD

E PA

OLIN

I

Gráfico 17 – Principal meio de transporte utilizado pelos estudantes

84,1% AX I

M B A)

90%

E ST RAD AD AC

70%

ID

A(

50% ME

10% 0%

6,1%

0,5%

7,3%

A pé/ Transporte Transporte Transporte coletivo bicicleta coletivo privado privado público

EST R.

DE

L. B RU N

30%

E AL OD

2,0% NS/NR

29 de Outubro

E. M. Profª. Joana Raksa

Abraão

E. E. Maria Gai Grendel

0

250

500 Metros

CMEI Caximba Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

35


trabalho e renda

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

36


Gráfico 18 – Trabalhadores e não trabalhadores (moradores com 18 anos ou mais)

trabalho e renda Trabalhadores ativos e Desemprego ENTRE OS 1205 MORADORES DA CAXIMBA QUE POSSUEM 18 ANOS OU MAIS, 724 (60,1%) possuíam um trabalho no momento da entrevista, enquanto 481 (39,9%) afirmaram não trabalhar. Destes últimos, 129 (10,7% do total), afirmaram estar procurando emprego, 350 (29,0% do total) não trabalham e não estão à procura e 2 moradores não souberam ou não responderam à pergunta. Observando os índices de trabalhadores adultos, podemos relacioná-los com diversos aspectos que englobam as dinâmicas sociais atuais, a partir desse ponto, faremos essas relações dos índices, atrelando-os a aspectos como gênero, raça, escolaridade e idade dos moradores, a fim de entendermos cada vez melhor como moradores são afetados e quais os impactos disso nas comunidades.

Não trabalham e não estão procurando emprego

29,0%

Trabalham 60,1%

Não trabalham e estão procurando emprego

10,7%

Gráfico 19 – Índice de trabalhadores adultos (+18 anos) Caximba

29 de Outubro

Abraão

60,0% 59,7% 60,7% 10,7% 11,9% 8,16% 29,0% 28,1% 30,8% 0,17% 0,12% 0,26% 0% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

20%

40%

60% 37


Gráfico 20 – Índice de trabalhadores entre adultos (população com 18 anos ou mais) por Gênero - Caximba Homens

Mulheres

74,1%

Questões de gênero sempre demonstram aspectos enraizados na sociedade contemporânea, e nas comunidades não é diferente. Podemos observar pelos dados, que tanto na Caximba como um todo, quanto nas comunidades em si, o número de homens que possuem emprego é cerca de 30% maior que o número de mulheres, e inversamente, o número de mulheres que não trabalham e não estão à procura é superior ao número de homens, nos mesmos 30%, aproximadamente. O único “empate técnico” entre os dados, é referente aos moradores que estão em busca de emprego, com uma média de 2,4% entre as comunidades e a Caximba como um todo. Esses dados demonstram que, na Caximba, quem provê renda para as famílias é, em sua grande maioria, os homens.

45,3% 9,92% 11,5% 15,6%

43,1%

0,33% 0,0% 0%

20%

40%

60%

80%

Gráfico 22 – Índice de trabalhadores entre adultos (população com 18 anos ou mais) por Gênero - 29 de Outubro Gráfico 21 – Índice de trabalhadores entre adultos (população com 18 anos ou mais) por Gênero - 29 de Outubro Homens

Homens

Mulheres

Mulheres

73,6% 46,5% 74,3%

44,7%

9,27% 6,95%

10,2% 13,6% 15,1%

16,5% 46,5% 0,49% 0,0%

41,5%

0%

0,24% 0,0% 0% 20% 40% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

60%

80%

20%

40%

60%

80% 38


Levando em consideração as duas comunidades abrangidas pela pesquisa, podemos observar que, quando comparadas entre si, os índices de trabalhadores adultos são muito semelhantes, variando em torno de 1% entre as comunidades, as maiores diferenças entre as comunidades se encontram nos adultos que estão buscando um emprego (3,7% de diferença) e os que já desistiram de procurar (2,7% de diferença). Analisando o número de moradores desempregados, mas que estão buscando um novo emprego, podemos definir qual a taxa de desemprego na Caximba e em cada comunidade. A taxa de desemprego indica a porcentagem de pessoas desempregadas dentro da PEA - População Economicamente Ativa, que são pessoas no mercado de trabalho ou que buscam se inserir nele.

Apesar do IBGE considerar a idade mínima de 14 anos para suas pesquisas, aqui estamos considerando apenas a população com 18 anos ou mais. Relacionando dados de desemprego e gênero, podemos observar como as mulheres são mais afetadas pelo desemprego do que os homens. Na Caximba como um todo, o número de mulheres maiores de 18 anos desempregadas (20,30%) é quase o dobro do número de homens (11,80). Considerando cada comunidade separadamente, o fenômeno se repete na 29 de Outubro, 23,40% de mulheres desempregadas contra 12,10% de homens. Já na Abraão, os valores são mais próximos entre si, com apenas 1,82% de diferença.

Gráfico 24 – Taxa de desemprego - Caximba e comunidades por Gênero Gráfico 23 – Taxa de desemprego - Caximba e comunidades comparadas à outras regiões Caximba 29 de Outubro

Abraão Curitiba

Caximba - Homens

29 de Outubro - Homens

Abraão - Homens

Caximba - Mulheres

29 de Outubro - Mulheres

Abraão - Mulheres

Paraná Brasil

11,7% 20,2%

15,1% 16,6%

12,1% 23,4%

11,8%

11,1% 13,0%

7,90% 8,00% 11,9% 0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

14%

0% 16%

5%

10%

15%

20%

25%

18%

39


Gráfico 25 – Índice de trabalhadores adultos (+18 anos) por Gênero e Raça Homens Pretos

Homens Brancos

Homens Pardos

Homens Outras

Mulheres Pretas

Mulheres Brancas

Mulheres Pardas

Mulheres Outras

Tratando-se da relação entre gênero e raça, podemos observar novamente como os os índices masculinos possuem dados mais elevados que índices femininos, e a inversão de mais mulheres terem desistido de procurar emprego também permanece. É interessante analisar a dinâmica em relação à raça dos trabalhadores, podemos ver que quase 60% das mulheres pretas possuem um trabalho contra menos de 50% das mulheres brancas e pardas, e apenas 35,4% das mulheres de outras raças (amarelas, indígenas e não declaradas). Mas ao compararmos os dados das mulheres trabalhadoras com as mulheres que já desistiram de procurar um emprego, mulheres negras são as que menos desistiram, enquanto brancas, pardas e outras raças ultrapassam os 40% do número de moradoras.

72,8% 58,7%

77,3%

41,0% 72,2% 48,6% 70,9% 35,4% 11,1% 8,70% 8,82% 14,9% 10,2% 8,81% 11,2% 12,5% 13,5% 32,6% 13,8% 44,0% 17,5% 42,5% 17,7%

Gráfico 25.1 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) por Raça

52,0%

Pretos

2,47%

Brancos

Pardos

Outras

13,1%

0,00%

16,6% 13,7% 0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

17,5%

70% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

4%

8%

12%

16% 40


Gráfico 25.2 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) por Gênero e Raça Homens Pretos Mulheres Pretas

Homens Brancos Mulheres Brancas

Homens Pardos Mulheres Pardas

Homens Outras Mulheres Outras

13,2% 12,9%

Ainda analisando os dados de desemprego, gênero e raça, podemos observar que mulheres brancas, amarelas e indígenas são as mais atingidas pelo desemprego, com taxas de 26,7% e 26,1%, respectivamente, possível reflexo do preconceito com moradores de comunidades, que não se concentra apenas na questão racial, mas também social. Cruzando o índice de trabalhadores adultos com dados de gênero e idade, podemos analisar, aproximadamente, às necessidades de homens e mulheres em garantirem suas rendas ao longo da vida. Vemos mais uma vez, que homens dominam as estatísticas de trabalho, apresentando índices superiores aos índices femininos. Enquanto vemos que homens de todas as faixas etárias estão trabalhando, apresentando dados relativamente altos quando comparados à mulheres, verificamos que as mulheres, em qualquer faixa etária, acabam por não estarem empregadas ou buscando um emprego, reflexo das necessidades diárias de muitas mulheres em comunidades, como cuidar da casa e dos filhos, ou até mesmo casos em que seus maridos não as permitem trabalhar longe do lar.

10,2%

26,7% 12,4% 15,3% 13,7% 26,0%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Gráfico 26 – Índice de trabalhadores adultos (+18 anos) por Gênero e Idade Homens (18-24 anos)

Homens (25-39 anos)

Homens (40-59 anos)

Homens (60+ anos)

Mulheres (18-24 anos)

Mulheres (25-39 anos)

Mulheres (40-59 anos)

Mulheres (60+ anos) 70,3%

35,5% 83,0% 51,2% 75,1% 50,5% 32,0% 17,7% 12,8% 16,1% 9,56% 12,4% 10,0% 9,09% 5,66% 4,44% 14,8% 48,3% 7,35% 36,4% 14,8% 40,3% 62,2% 77,7%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%41


Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

42


Gráfico 26.1 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) por Raça Pretos

Brancos

Pardos

Outras

22,0% 13,8% 13,1% 16,6% 0%

5%

10%

15%

20%

Relacionando os dados de desemprego, gênero e idade, observamos que mulheres são mais atingidas pelo desemprego do que os homens, destaque para mulheres entre 18 e 24 anos, representando 31,1% das moradoras, possível reflexo da realidade em que se encontram, onde muitas vezes já constituem família, onde o marido é quem provém renda, e a mulher fica responsável por cuidar da casa e dos filhos, impossibilitando-a de sair trabalhar.

Gráfico 26.2 – Taxa de desemprego por Gênero e Idade

15,4% 31,1% 10,3% 19,5% 11,8% 15,2% 15,0% 20,0% 0%

10%

20%

30%

Homens (18-24 anos)

Homens (25-39 anos)

Homens (40-59 anos)

Homens (60+ anos)

Mulheres (18-24 anos)

Mulheres (25-39 anos)

Mulheres (40-59 anos)

Mulheres (60+ anos)

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

43


Gráfico 27 – Índice de trabalhadores adultos (+18 anos) por Gênero e Escolaridade Nenhum Nível Homens Mulheres

Ens. Fundamental I Homens Mulheres

Ens. Fundamental II Homens Mulheres

Ens. Médio Homens Mulheres

Ens. Téc./Superior Homens Mulheres

61,5%

Tratando-se da relação entre os índices de trabalhadores, gênero e escolaridade, observamos a tendência de homens se manterem em índices elevados, independente do nível de instrução que possua, refletindo as condições sociais de que muitos trabalhos ainda são vistos como “trabalhos masculinos”. Interessante prestarmos atenção nos índices de trabalhadores com ensino superior, enquanto 100% dos homens com graduação completa afirmaram estar trabalhando, somente 76,9% das mulheres estão na mesma condição, outras 7,7% estão procurando, enquanto 15,4%, mesmo com ensino superior completo, não estão procurando emprego, refletindo novamente o estereótipo das comunidades, de que a mulher, mesmo instruída, muitas vezes não tem oportunidade ou não pode buscá-las, por diversos motivos.

33,3% 78,4% 40,3% 73,6% 48,2% 83,1% 58,8% 100% 76,9%

7,95% 9,65% 9,14% 8,29% 12,5% 16,3% 11,8% 12,9% 0,00% 7,69% 30,4% 57,0% 11,8% 51,3% 13,1% 35,4% 4,95% 28,23% 0,00% 15,3%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

0%

20%

40%

60%

80%

100%

44


Gráfico 27.1 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) por Escolaridade Nenhum Nível

Ens. Fundamental II

Ens. Fundamental I

Ens. Médio

Ens. Téc./Superior

14,9% Agora, relacionando os índices de trabalhadores, gênero e escolaridade, observamos que independente do nível de instrução, moradores da Caximba sofrem com o desemprego, principalmente as mulheres, destacando que apenas mulheres com ensino superior afirmaram estar desempregadas, enquanto homens não apresentam nenhum caso. Outro destaque relevante a se fazer é que, independente do grau de ensino alcançado pelo(a) morador(a), as mulheres enfrentam mais dificuldades em se inserir no mercado de trabalho, tendo índices maiores que os homens, principalmente as que não possuem nenhum nível de instrução e após a saída do Ensino Fundamental Completo.

12,7% 18,9% 15,1% 4,55% 0%

5%

10%

15%

20%

Gráfico 27.2 – Índice de trabalhadores adultos (+18 anos) por Gênero e Escolaridade Nenhum Nível Homens Mulheres

Ens. Fundamental I Homens Mulheres

Ens. Fundamental II Homens Mulheres

Ens. Médio Homens Mulheres

Ens. Téc./Superior Homens Mulheres

11,4% 22,4% 10,4% 17,0% 14,5% 25,27% 12,5% 17,9% 0,00% 9,09%

0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

5%

10%

15%

20%

25%

45


trabalho e renda

Gráfico 28 – Principal ocupação dos trabalhadores da Caximba entre adultos (18+ anos)

Ocupação

2,88%

OS 833 MORADORES QUE TRABALHAM OU ESTÃO EM BUSCA DE EMPREGO DA CAXIMBA ATUAM EM DIFERENTES ÁREAS DE TRABALHO. Destacam-se os trabalhadores da construção civil com 1/4 dos trabalhadores (25,81) e trabalhadores da área de comércio e vendas, com 12,4%, outras áreas de destaque são serviços de limpeza e domésticos, com 10,3% e 8,8%, essas áreas, em conjunto somam 479 trabalhadores, 57,5% do total. Os demais 354 trabalhadores (42,5%) se distribuem em diversas áreas de ocupação, com destaque aos trabalhadores de transporte e entregas, indústria, cozinha e reciclagem. Ao relacionarmos as áreas de ocupação com o gênero dos trabalhadores, podemos observar como algumas áreas são dominadas por homens, como a construção civil, os serviços mecânicos e transporte e entregas, enquanto outras são dominadas por mulheres, como serviços de limpeza, serviços domésticos, cozinha e serviços de beleza, refletindo mais uma vez uma estrutura social enraizada, que não normaliza a diversificação de trabalhadores em certas áreas.

0,48% 1,08% 12,6% 25,8% 1,92% 5,28% 6,00% 0,72% 5,52% 2,76% 10,3% 8,76% 2,16% 6,24% 4,80% 2,64% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

5%

10%

15%

20%

25%

46


Gráfico 29 – Principal ocupação dos trabalhadores da Caximba entre adultos (18+ anos) por Gênero Homens

Formalização do trabalho A FORMALIZAÇÃO DO TRABALHO, ALÉM DE ASSEGURAR UMA RENDA JUSTA E ESTÁVEL AOS TRABALHADORES E GARANTIR SEUS DIREITOS, é uma ferramenta importante para entendermos os efeitos dos aspectos anteriores, principalmente escolaridade, aos trabalhadores das comunidades.

Mulheres

1,76% 4,67% 0,59% 0,31% 0,39% 2,18% 8,41% 19,3% 1,56% 0,78% 3,74% 2,15%

41,1%

10,2% 7,63%

3,43% 0,98% 0,31% 6,07% 4,67% 4,11% 0,62% 4,89% 19,0% 0,39% 21,8% 0,00%

3,52% 9,98%

0,31% 4,11% 5,92% 3,13% 1,87%

0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

10%

20%

30%

40%

47


Gráfico 30 – Principal ocupação dos trabalhadores da ABRAÃO entre adultos (18+ anos) por Gênero Homens 0,00%

Gráfico 30 – Principal ocupação dos trabalhadores da 29 DE OUTUBRO entre adultos (18+ anos) por Gênero

Mulheres

Homens 2,64% 4,46%

5,15%

0,59% 0,00%

0,59% 0,45%

0,59% 3,09%

0,29% 1,79% 11,1%

7,04%

22,6% 45,2%

2,06% 1,76% 3,09% 1,18%

8,80%

0,59% 0,45% 7,62% 5,80%

4,71% 1,03% 5,29% 0,59%

3,81% 0,45% 4,69%

17,5% 18,5%

2,35% 0,00%

0,00% 7,06%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

23,2% 4,11% 11,4%

0,00% 3,52% 4,91%

4,12% 2,06%

10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

19,64%

0,29%

5,29% 8,25%

5%

10,2%

3,57%

2,94% 2,06%

1,03%

39,0%

2,64%

10,3%

1,76% 0,00%

17,8%

1,34% 0,29% 4,02%

5,29% 3,09%

0%

Mulheres

2,64% 1,79%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

48


Gráfico 32 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) na Caximba por Gênero Com carteira assinada

Sem carteira assinada

Autônomo/Faz bicos sem frequência regular

48,3% 40,8%

16,1% 12,3%

43,5%

0%

20%

Analisando a formalização de trabalho conforme gênero e raça, alguns dados chamam a atenção, como o alto número de mulheres negras que trabalham como autônomas (51,9%), o índice de mulheres pardas com carteira assinada e o expressivo número de mulheres asiáticas e/ou indígenas que trabalham com carteira assinada (70,6%). Com relação aos homens, chama a atenção os números de homens brancos e pardos atuando como autônomos (49,5% e 52,6% respectivamente) e o índice de homens pretos com carteira assinada (55,9%).

35,6% 46,5%

13,8%

42,4%

40%

60%

80%

100%

Gráfico 33 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) na 29 de Outubro por Gênero Com carteira assinada

Sem carteira assinada

48,3%

16,1%

45,6%

11,5%

46,5%

0%

20%

Autônomo/Faz bicos sem frequência regular

43,0%

13,4%

40%

35,6%

40,1%

60%

80%

100%

Gráfico 34 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) na Caximba por Gênero Com carteira assinada

Sem carteira assinada 48,3%

31,1% 37,4%

0% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

20%

Autônomo/Faz bicos sem frequência regular 16,1%

13,9%

53,6%

14,7%

40%

35,6%

47,1%

60%

80%

100% 49


Gráfico 35 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) na Caximba por Gênero Com carteira assinada

Sem carteira assinada

Autônomo/Faz bicos sem frequência regular

55,9%

Observando agora os índices de formalização relacionados ao gênero e escolaridade, podemos notar que os maiores índices de trabalhos formais são para os trabalhadores com ensino médio completo, tanto para homens quanto para mulheres (61,9% e 60,3%, respectivamente). Um índice que chama a atenção refere-se aos homens com ensino superior, mesmo com um alto nível de instrução, 60,7% deles trabalham sem carteira assinada, enquanto apenas 20,0% das mulheres no mesmo nível de instrução não possuem registro. Ainda se tratado da formalização de trabalhadores com ensino superior, é interessante notar que as mulheres possuem um índice superior ao dos homens (40,0% e 25,0% respectivamente).

8,47% 51,8%

14,8%

33,3%

35,5%

49,4%

14,1%

36,4%

39,5%

14,5%

45,8%

52,6%

1,32%

44,7%

32,2%

17,3%

50,3%

32,7%

37,7%

29,5%

0%

20%

11,7%

17,6%

70,5%

40%

60%

80%

100%

Gráfico 36 – Taxa de desemprego de trabalhadores adultos (+18 anos) na Caximba por Gênero Com carteira assinada

Sem carteira assinada

25,8%

17,2%

34,2%

56,9%

10,5%

34,9%

52,7% 21,9%

42,8%

34,2%

10,7%

48,5%

46,4%

13,2%

38,2%

61,9%

10,7%

60,2%

15,0%

25,0%

27,3% 24,6%

60,7% 40,0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

55,2%

11,6%

43,8%

0%

Autônomo/Faz bicos sem frequência regular

20%

20,0%

40%

14,2% 40,0%

60%

80%

100% 50


Gráfico 37 – Renda mensal entre adultos (18+ anos) Caximba

trabalho e renda

29 de Outubro

Total Homens Mulheres

Total Homens Mulheres

Abraão Total Homens Mulheres

Renda

80,7% 83,9% 77,4%

COMO APRESENTADO NO GRÁFICO 40, ENTRE OS ADULTOS COM MAIS DE 18 ANOS DA CAXIMBA, APROXIMADAMENTE 22% NÃO POSSUEM NENHUMA FONTE DE RENDA. O número é maior entre homens (19,2% sem fonte de renda) do que entre as mulheres (16,1%). Comparando as duas comunidades, 24,9% dos adultos da 29 de Outubro não possuem fonte de renda, número que cai para 17,1% na Abraão.

78,9% 82,9% 74,8% 84,4% 85,8% 82,8%

19,1%

Renda do trabalho O rendimento proveniente do trabalho, formal ou informal, é detalhado no gráfico 41, que leva em consideração apenas a população ocupada. Como pode ser visto, o maior grupo presente na Caximba, formado por 33,3%, é o de pessoas que recebem entre R$ 999 (salário mínimo) e R$ 1497 (1,5 salário mínimo). Já 23,9% recebem menos que um salário mínimo, sendo que 8,3% ganham entre R$ 1 e R$ 499 e 16,6% entre R$ 500 e R$ 998 mensais. Os que recebem acima de um salário mínimo e meio representam 27,6%. Comparando as duas comunidades, o número de pessoas ocupadas que recebem menos de um salário mínimo é maior na Abraão (30,3%) do que na 29 de Outubro (22,2%). Já o número de pessoas que recebem entre um e um salário mínimo e meio, é similar, na casa dos 33% em ambas. Já o número dos que recebem acima de R$ 1497 é maior da 29 de Outubro (29,4%) do que na Abraão (23,9%).

16,1% 22,4% 20,9% 17,0% 24,8% 15,5% 14,1% 17,1%

0,08% 0,00% 0,17% 0,12% 0,00% 0,25% 0,00% 0,00% 0,00%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

0%

20%

40%

60%

80%

51


Gráfico 38 – Renda dos trabalhadores entre adultos (18+ anos) Caximba

29 de Outubro

Abraão

8,30% 6,60% 11,8%

16,6% 15,6% 18,5%

33,3% 33,1% 33,6%

O valor médio mensal recebido por cada pessoa ocupada na Caximba é de R$ 1123,67. Ou seja, se somarmos todos os valores recebidos pelos trabalhadores e dividirmos pelo número deles, esse seria o valor da renda média recebida por cada um mensalmente. Esse valor médio é menor na comunidade Abraão (R$ 1037,77) e maior na comunidade 29 de outubro (R$ 1198,02). Comparando com o valor médio dos trabalhadores de Curitiba (R$ 3716), os trabalhadores da Caximba recebem aproximadamente três vezes menos. Em comparação com os trabalhadores do Paraná (R$2525) e do Brasil (R$ 2298), o valor recebido na Caximba é perto da metade da média estadual e brasileira.

14,5% 15,2% 13,0%

8,10% 8,00% 8,40%

Gráfico 39 – Renda média dos trabalhadores comparada com outras regiões Caximba

2,50% 3,30% 0,80%

29 de Outubro

Abraão

Curitiba

Paraná

Brasil

R$ 1.037,77 R$ 1.198,02 R$ 1.123,67

2,50% 2,90% 1,70%

R$ 3.716,00 R$ 2.525,00 R$ 2.298,00

14,2% 15,2% 12,2%

0%

15%

R$0 30%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

R$1.000

R$2.000

R$3.000

R$4.000 52


Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

53


trabalho e renda Renda do trabalho em relação a gênero, raça e educação NO GRÁFICO 43, AS FAIXAS DE RENDA SÃO DETALHADAS EM RELAÇÃO AO GÊNERO DO TRABALHADOR. Como pode ser observado, a desigualdade de gênero brasileira também se apresenta na Caximba. Nas faixas de rendimento abaixo de um salário mínimo, estão 31,5% das trabalhadoras mulheres da Caximba, contra apenas 20,8% dos homens. Na faixa que recebe entre um e um e meio salários mínimos, elas também são mais presentes (37,5%) do que os homens (30,9%). Porém, a partir dessa faixa, o quadro se inverte, com os homens

sendo a maioria, já que 29,7% deles estão nessas faixas de renda, conta 17,6% das mulheres. Essa maior presença de mulheres nas faixas de renda mais baixas e dos homens nas mais altas reflete diretamente na renda média mensal de cada gênero. Como pode ser visto no gráfico 44, a renda média dos trabalhadores homens da Caximba é de R$ 1233,5 contra R$981,28 recebidos pelas mulheres. Ou seja, os homens recebem 25,7% a mais. Comparando as duas comunidades, os homens da 29 de Outubro recebem 34,23% a mais, enquanto na Abraão a diferença é menor, com os homens recebendo 8,4% a mais.

Gráfico 40 – Faixas de renda dos trabalhadores em relação ao Gênero Homens

Gráfico 41 – Renda média dos trabalhadores entre adultos (18+ anos)

Mulheres

37,5%

Caximba

29 de Outubro

Abraão

35% 30,9%

30%

R$ 1.233,50 R$ 1.317,23 R$ 1.064,36

25% 19,5%

20% 15%

16,9% 12,0%

15,1%

14,9% 10,5%

10% 5%

5,90%

12,7%

9,9%

5,20%

2,90% 1,90%

0% R$ 1-499 (½ SM)

R$ 981,28 R$ 981,28 R$ 981,28

R$ 500-998 (1 SM)

R$ 999-1497 (1 ½ SM)

R$ 1498-1996 (2 SM)

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

R$ 2496-2994 (3 SM)

R$ 1997-2495 (2 ½ SM)

R$ 1.139,19 R$ 1.190,72 R$ 1.033,99

3,50% 0,70% Acima de R$2995 (3+ SM)

NS/NR

R$0

R$500

R$1.000 54


Gráfico 42 – Renda média per capita dos trabalhadores entre adultos (18+ anos) por Raça Preta

Branca

Parda

Outras

R$ 1.179,34

O gráfico 45 apresenta a renda média das pessoas ocupadas em relação ao grupo racial a que pertencem. Como pode ser observado, a questão racial na Caximba aparenta não impactar significativamente na média salarial, já que a diferença entre os valores ficou em torno de 4% apenas. Por fim, o gráfico 46 apresenta a relação entre a renda, gênero e nível educacional das pessoas ocupadas. Como pode ser visto, em todos os níveis educacionais a média de renda dos homens é maior que a das mulheres. Também é possível notar que a renda dos homens aumenta progressivamente quanto maior o nível educacional. Já a renda das mulheres, só tem aumento significativo a partir do ensino médio. Entre o ensino fundamental I e II, ela inclusive diminuiu.

R$ 1.161,13 R$ 1.132,76 R$ 1.179,34

R$ 900

R$ 1.000

R$ 1.100

R$1.200

Gráfico 43 – Faixas de renda dos trabalhadores em relação ao Gênero Média

Homens

Mulheres

R$ 2.000,00 R$ 1.681,27

R$ 1.196,64

R$ 1.000,00

R$ 1.571,14

R$ 1.470,26

R$ 1.500,00

R$ 1.450,00

R$ 1.297,47

R$ 1.000,31

R$ 1.123,00

R$ 958,48 R$ 873,42

R$ 975,14

R$ 1.286,73 R$ 1.151,27

R$ 1.075,55

R$ 910,47

R$ 500,00

R$ 0 Nenhum nível completo

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Ensino Fundamental I

Ensino Fundamental II

Ensino Médio

Ensino Técnico/Superior

55


trabalho e renda

Gráfico 44 – Renda familiar média e Renda per capita média por integrante Caximba

Paraná

Brasil

Renda familiar A RENDA FAMILIAR É CALCULADA SOMANDO TODAS AS FONTES DE RENDA DOS INTEGRANTES DE UMA MESMA FAMÍLIA, tanto provenientes do trabalho, mas também de benefícios sociais e previdenciários, doações, aluguéis etc. A renda familiar média da Caximba é de R$ 1642,18, valor em torno de três vezes menor que a renda familiar média paranaense (R$ 5.347,39) ou brasileira (R$ 5.088,70). Esses dados são apresentados no gráfico 44. Já a renda familiar per capita é calculada dividindo a renda familiar pelo número de pessoas que fazem parte da família. O número de integrantes médio das famílias são próximos no Brasil (3 pessoas em média), no Paraná (2,85) e na Caximba (3,1). Como resultado, a renda familiar per capita média por integrante da família na caximba é de R$ 529,74, contra R$ 1876,28 no Paraná e R$ 1696,23 no Brasil. A partir da renda familiar per capita de cada família é possível determinar se ela pode ser considerada em situação de pobreza ou de extrema pobreza conforme os critérios utilizados pelo Bolsa Família ou pelo Banco Mundial, que são diferentes. Para o Bolsa Família, está em situação de extrema pobreza a família que tem renda per capita mensal até o valor de R$ 89, enquanto as famílias com renda per capita mensal entre R$ 89,01 e R$ 178 são consideradas pobres.

R$ 5.088,70 R$ 5.347,39 R$ 1.642,18

R$ 1.696,23 R$ 1.876,28 R$ 529,74

R$ 0

R$ 1.000

R$ 2.000

R$ 3.000

R$ 4.000

R$5.000

Gráfico 45 – Famílias em situação de pobreza na Caximba Extrema pobreza

Pobreza

Total de Famílias pobres

13,27% Bolsa Família

8,06% 21,33%

19,43% Banco Mundial

23,06% 42,50% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

10%

20%

30%

40% 56


Já para o Banco Mundial, estão em extrema pobreza as famílias que vivem com U$ 1,5 por dia por integrante da família, enquanto as que vivem com até U$ 5,5 são pobres. Convertendo para reais mensais, e levando em consideração a paridade de poder de compra, os valores limites são de R$ 145 para situação de extrema pobreza e R$ 419 para pobreza. A quantidade de famílias que se enquadram em cada uma das situações é apresentado no gráfico 48. Como pode ser observado, segundo os critérios do bolsa família, 21,33% das famílias da Caximba estão abaixo da linha de pobreza, estando 8,06% delas em situação de pobreza e 13,27% em extrema pobreza. Já para os critérios do Banco Mundial, os números são bem maiores. Das famílias da Caximba, 42,5% está abaixo da linha de pobreza, sendo 23,06% pobres e 19,43% extremamente pobres.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

57


Gráfico 46 – Porcentagem de moradores com cadastro no CadÚnico

trabalho e renda

Caximba

29 de Outubro

Abraão 66,1%

Cadastro único e benefícios sociais e previdenciários.

Sim

64,0% 70,5%

31,9%

DOS MORADORES DA CAXIMBA, 66,1% ESTÃO INSCRITOS NO CADASTRO ÚNICO (gráfico 49). Número um pouco menor na comunidade 29 de Outubro (64%) e um pouco maior na Abraão (70,6%). Porém, esse alto número de inscritos não reflete diretamente o número de pessoas recebendo benefícios sociais do governo (gráfico 50). Como pode ser observado, 78,9% dos moradores não recebem nenhum benefício, enquanto 18,1% recebem bolsa família e 1,7% BPC/LOAS. Quanto aos benefícios previdenciários (gráfico 51), 3% dos moradores da Caximba recebem aposentadoria, 0,5% recebem seguro desemprego e 4,6% algum tipo de pensão.

Gráfico 47 – Porcentagem de moradores que recebem algum tipo de benefício social Caximba

1,07% 0,75% 1,75%

1,88%

NS/NR

1,94% 1,75%

0%

20%

0,41% 0,37% 0,48%

0,41% NS/NR 0,15% 0,95% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

20%

40%

60%

80%

40%

60%

Gráfico 48 – Porcentagem de moradores que recebem algum tipo de benefício previdenciário Caximba

29 de Outubro

Abraão

2,80% 2,69% 3,02%

Aposentadoria

(auxílio-doença, pensão, por morte, etc)

81,4% 82,7% 78,8%

0%

34,0% 27,6%

Seguro Desemprego Pensão nãoalimentícia

Não recebe Outro

Abraão

16,6% 16,0% 18,1%

Bolsa Família BPC / LOAS

29 de Outubro

Não

0,86% 1,05% 0,48% 2,85% 2,02% 4,61% 92,4% 93,4% 90,3%

Não recebe Outro

0,15% 0,22% 0,00%

NS/NR

0,97% 0,67% 1,59%

0%

20%

40%

60%

80%

58


saúde

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

59


saúde Doenças e deficiências A TABELA 5 APRESENTA O NÚMERO DE HABITANTES DA CAXIMBA QUE INFORMARAM POSSUIR ALGUMA DOENÇA RESPIRATÓRIA. Como pode ser observado, a maior parte da população não apresenta problemas respiratórios (74,8%). A rinite alérgica, entretanto, é a doença respiratória mais comum e está presente em 17,7% da população. Outras doenças diagnosticadas são a bronquite (6,1%), asma (4,0%), enfisema pulmonar e tuberculose, ambos em 0,2% dos moradores. Quanto às doenças crônicas (Tabela 6), a hipertensão foi a mais relatada (8,4%), seguida pela depressão (4,4%) e diabetes (3,9%). Em menor número, também foram relatadas a ocorrência de doenças renais (2,0%) e obesidade (1,5%), câncer(0,5%) e HIV (0,2%).

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Tabela 5 – Índice de moradores que tiveram alguma doença respiratória nos últimos 12 meses Nº de Habitantes Porcentagem RINITE ALÉRGICA

347

17,7%

ASMA

79

4,0%

BRONQUITE

119

6,1%

ENFISEMA PULMONAR

4

0,2%

TUBERCULOSE

4

0,2%

NENHUMA

1470

74,8%

OUTRA

39

2,0%

Tabela 6 – Índice de moradores que sofrem de doenças crônicas ou de longa duração Nº de Habitantes

Porcentagem

HIPERTENSÃO

166

8,4%

DIABETES

77

3,9%

CÂNCER

9

0,5%

DOENÇAS RENAIS

39

2,0%

OBESIDADE

29

1,5%

DEPRESSÃO

87

4,4%

HIV / AIDS

3

0,2%

NENHUMA

1600

81,4%

OUTRA

74

3,8%

60


Tabela 7 – Índice de moradores que sofrem de doenças relacionadas à falta de saneamento básico nos últimos 12 meses Nº de Habitantes Porcentagem DENGUE, CHIKUNGUNYA, ZIKA OU FEBRE AMARELA

13

0,7%

DIARREIA

263

13,4%

INFECÇÕES NA PELE E/OU NOS OLHOS

72

3,7%

LEPTOSPIROSE

4

0,2%

MALÁRIA

1

0,1%

HEPATITE

12

0,6%

NENHUMA

1616

82,2%

OUTRA

19

1,0%

Quanto às doenças possivelmente relacionadas à falta de saneamento (Tabela 7), a diarreia acometeu 13,4% da população, enquanto infecções de pele ou dos olhos ocorreram em 3,7%. Com relação às deficiências, listadas na tabela 8, nota-se que 2,29% da comunidade possui baixa visão (vale ressaltar que miopia, hipermetropia e astigmatismo não são levados em consideração), 1,88% deficiência física ou de mobilidade, 1,42% dificuldade auditiva e 1,12% mental. Todos esses resultados são baseados nas informações fornecidas pelas pessoas que responderam as enquetes, ou seja, são auto declaratórios e podem não representar a realidade do diagnóstico. Nesse sentido, comparando os dados da ECO com outras fontes é possível notar algumas discrepâncias relevantes

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Tabela 8 – Índice de moradores que possuem deficiências ou debilidades Nº de Habitantes

Porcentagem

BAIXA VISÃO

45

2,29%

DIFICULDADE AUDITIVA

28

1,42%

FÍSICA/DE MOBILIDADE

37

1,88%

MENTAL

22

1,12%

NENHUMA

1831

93,13%

NS/NR

14

0,71%

nas ocorrências de algumas doenças na Caximba com os números do Paraná. Para esta comparação, os dados da Caximba tiveram que ser ajustados para considerar apenas a população com 18 anos ou mais, já que a outra fonte consultada (PNS 2013) traz os dados dessa forma. A Pesquisa Nacional de Saúde realizada pelo IBGE mais recente é a de 2018, porém como os dados ainda não se apresentam disponíveis até a presente data da publicação deste relatório, optou-se pela utilização da edição anterior realizada em 2013.

61


Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

62


Gráfico 49 – Índices de doenças permanentes ou de longa duração na Caximba comparadas à outras regiões Caximba

Curitiba

Paraná

Brasil

25% Observando a Tabela 9, percebe-se uma maior similaridade de Caximba com o percentual de casos de Curitiba e uma diferença mais contrastante em nível estadual e nacional. No caso da hipertensão, enquanto o número de casos na Caximba é de 8,4% ele sobe para 21,4% no Paraná e no Brasil. Em relação à asma que é uma doença cujos índices são baixos no Brasil e Paraná (4,4% e 4,5%), também encontra-se em um perfil semelhante na comunidade (4,0%). Para depressão, o valor se encontra bem abaixo da média estadual e nacional. O índice de câncer alcança apenas 0,5% na comunidade, enquanto que no estado é de 2,6% e no país 1,8%, número muito elevados se comparados à Caximba e Curitiba. Quanto à diabetes, o índice da comunidade é menor (3,90%), sendo que Curitiba, Paraná e Brasil possuem a média de 5,77% aproximadamente. Uma das maiores discrepâncias se dá na obesidade, uma vez que a taxa nacional (18,9%) é quase treze vezes maior que o valor encontrado na comunidade (1,5%). É esperado que a comparação realmente gere números diferentes, já que os dados usados não são exatamente dos mesmos anos. Da mesma forma, as próprias particularidades no perfil socioeconômico e estilo de vida dos habitantes também podem provocar diferenças. Mesmo assim, dado ao fato da ocorrência de certas doenças ser muito inferior na comunidade, é importante que se considere a possibilidade de elas não estarem plenamente diagnosticadas em uma parte considerável dos habitantes.

21,4%

20%

18,9% 18,1%

15% 11,7%

10%

9,00% 8,40%

7,60% 6,70%

5%

4,00%

4,50%4,40%4,40%

2,20%

0%

Hipertensão

Asma

Depressão

5,70%6,20% 5,40% 3,90% 2,60% 0,40% 1,80% 0,50% Câncer

2,70% 1,50%

Diabetes

Obesidade

Tabela 9 – Comparação entre índices de ocorrência na Caximba, Curitiba, Paraná e Brasil, considerando pessoas com 18 anos ou mais Caximba

Curitiba

Paraná

Brasil

HIPERTENSÃO

8,40%

9,00%

21,40%

21,40%

ASMA

4,00%

2,20%

4,50%

4,40%

DEPRESSÃO

4,40%

6,70%

11,70%

7,60%

CÂNCER

0,50%

0,40%

2,60%

1,80%

DIABETES

3,90%

5,40%

5,70%

6,20%

OBESIDADE

1,50%

2,70%

18,10

18,90

Fonte para comparação: * Pesquisa Nacional em Saúde - PNS, 2013, IBGE ** VIGITEL 2017 - Ministério da Saúde, esse dado leva em consideração apenas as capitais

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63


moradia

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

64


moradia

Gráfico 50 – Material predominante nas paredes das casas da Caximba

Madeira própria para construção

44,7%

(aparelhada)

31,1%

Alvenaria

Aspectos construtivos O MATERIAL PREDOMINANTE DAS PAREDES EXTERNAS das moradias na Caximba é de madeira própria para construção (44,7%), seguido pelas casas de alvenaria (31,1%). Em seguida, aparecem as moradias feitas com retalhos de madeira, ou seja, madeiras reaproveitadas (23,2%). Em relação ao material predominante da cobertura e do piso interno da casa, observam-se a telha de fibrocimento (86,6%) como o mais utilizado nas moradias da comunidade, seguido pela telha de zinco (6,3%) com uma grande discrepância. As moradias possuem a madeira (45,5%) como o material predominante do piso interno de suas moradias, seguido por cerâmica (26,5%) e concreto (26,5%). Em menor quantidade, encontram-se em números absolutos pisos de terra (5) e sucata (1).

(tijolos ou blocos)

Madeira reaproveitada

23,2%

(retalhos, madeirite, etc)

Sucata, Taipa e Outros materiais

0,09%

(plástico, lona, metal, papelão, etc)

0%

10%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

40%

Telha de fibrocimento

86,6%

Telha de zinco

6,30%

Concreto/ Laje

3,20%

Telha de cerâmica

2,80% 1,20% 0%

casas TETO na Caximba

30%

Gráfico 51 – Material predominante na cobertura das casas da Caximba

Sucata, madeira ou outros

86

20%

20%

40%

60%

80%

Gráfico 52 – Material predominante na cobertura das casas da Caximba

45,5%

Alvenaria Concreto

26,7%

Cerâmica

26,5%

Terra, Sucata e outros

1,30% 0%

10%

20%

30%

40%

65


moradia

Gráfico 53 – Problemas mais recorrentes nas casas da Caximba Infiltração de chuva/Goteiras

57,3% 49,6%

Umidade

Problemas Os problemas mais recorrentes nas moradias na Caximba são a infiltração de chuva ou goteiras (57,35%), seguida pela umidade (49,61%), entrada de insetos e/ou roedores (46,13%) e calor e/ou frio excessivos (42,81%).

Entrada de animais Calor ou frio excessivos Corrente de ar forte Inundação interna Risco de desabamento

46,1% 42,8% 36,4% 15,8% 11,2% 16,1%

Nenhum Outro

0,63%

NS/NR

0,16% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

10%

20%

30%

40%

50%

66


Gráfico 54 – Índice do número de cômodos existentes nas casas da Caximba

moradia

4,60%

1 cômodo

Características das moradias

2 cômodos

Quanto ao perfil dessas moradias, de acordo com a Tabela 14, elas abrigam em média famílias de 3 moradores. São casas, em média, com 4 cômodos, sendo 1 ou 2 deles dormitório. A área média das casas é de 49,5 m2 e dos terrenos é de 145,9 m2. Em um total de 633 moradias na Caximba, a maior parte possui 4 (26,5%) ou 5 (26,4%) cômodos. Em sequência, as casas com 3 (22,1%), 6 ou mais (12,30%) e 2 (8,1%) cômodos. As moradias com apenas 1 cômodo são as menos frequentes na comunidade, representando apenas 4,6%. Nessas moradias, a grande maioria possui 2 dormitórios (44,2%), seguido pelas casas com apenas 1 dormitório (36,0%). É importante ressaltar que foram considerados apenas cômodos que servem exclusivamente como dormitório.

3 cômodos

8,10% 22,1%

4 cômodos

26,5%

5 cômodos

26,4% 12,3%

6+ cômodos 0%

5%

10%

15%

20%

25%

Gráfico 55 – Índice de cômodos exclusivamente dormitórios nas casas da Caximba Tabela 10 – Perfil das moradias na Caximba Pessoas (por casa)

3.1

Cômodos (por casa)

4

Dormitórios (por casa)

1.7

Lugares de dormir (por pessoa)

0.9

Área média dos terrenos (m²)

145,9

Área média das moradias (m²)

49,5

5,80%

1 cômodo

36,0%

2 cômodos

44,3%

3 cômodos 12,0%

4 cômodos 1,90%

5 cômodos 0% Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

10%

20%

30%

40% 67


moradia Características dos terrenos Um cenário semelhante é observado quando se refere às moradias da Caximba, no entanto ao analisar os terrenos percebe-se uma diferença entre a 29 de Outubro e a Abraão. A característica predominante na 29 é a presença de canos e dutos (35,08%), logo seguido de fossa (28,88%), escombros/entulhos (25,54%) e solo não firme (21,0%). Em menor proporção, encontra-se a inundação com apenas 19,81% de casos. O contrário pode ser observado na Abraão, sendo a inundação (46,73%) o problema com maior relevância. Assim como na outra comunidade, a fossa (42,06%) encontra-se em segundo lugar, diferindo-se logo em seguida apresentando solo não firme (42,06%), canos e dutos (23,83%) e escombros/entulho (22,9%) como o restante dos casos.

Vale ressaltar que as porcentagens podem dar mais de 100% pois é possível que o terreno tenha mais de uma problema. Quanto aos materiais presentes no solo, tanto a 29 de Outubro quanto a Abraão possuem percentuais semelhantes entre si, dessa forma é possível de se analisar a Caximba como um todo. Com maior predominância, apresenta-se a terra (89,7%) como o material mais encontrado, seguido pelos escombros/entulhos (42,3%) e concreto (39,8%). Ainda com relevância em números absolutos, encontram-se 17,1% e 16,0% de terrenos com lixo/resíduos sólidos e rochas no solo, respectivamente.

Tabela 11 – Materiais presentes no solo da Caximba Nº de Moradias

Porcentagem

TERRA

568

89,7%

ESCOMBROS/ENTULHOS

268

42,3%

CONCRETO

252

39,8%

LIXO/RESÍDUOS SÓLIDOS

108

17,1%

ROCHA

101

16,0%

OUTROS

14

2,2%

NS/NR

9

1,4%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

68


Gráfico 56 – Número de incidentes de inundação dos terrenos e/ou casas nos últimos 12 meses Abraão

29 de Outubro

moradia

Nunca 13,3%

De 1 a 3 vezes

Inundações Apesar da Caximba não ter apresentado ocorrências de inundação no último ano na maioria das moradias, é importante ressaltar os casos em que ocorreram devido a sua relevância em números absolutos. Analisando-se as comunidades separadamente, percebe-se o incidente de 1 a 3 vezes de inundações maior na Abraão (38,32%) do que na 29 de Outubro (13,37%). A reincidência de mais 10 vezes contempla 5,25% e 6,07% dos casos e, em menor proporção, episódios de 4 a 9 vezes em uma taxa de 2,39% e 4,21% na 29 e na Abraão, respectivamente. O principal motivo que leva ao terreno inundar na 29 de Outubro é a água de chuva não escoada (67,05%), em contrapartida na Abraão se deve ao transbordamento de rio ou córrego (53,85%).Assim como na primeira comunidade, a Abraão também possui ocorrências de água de chuva não escoada com relevância de 41,35% dos casos. Em uma taxa menor, ainda se destaca casos de transbordamento de rio ou córrego na 29 (22,73%), seguindo pelo acúmulo de esgoto (9,09%), quatro vezes maior do que na Abraão em números absolutos (8 e 2).

38,3%

De 4 a 6 vezes

1,43% 2,80%

De 7 a 9 vezes

0,95% 1,40%

Mais de 10 vezes

5,25% 6,07% 1,67% 0,93%

NS/NR 0%

10%

20%

30%

Nº de Moradias

Porcentagem

NUNCA

432

68,2%

DE 1 A 3 VEZES

138

21,8%

DE 4 A 6 VEZES

12

19,%

DE 7 A 9 VEZES

7

1,1%

MAIS DE 10 VEZES

35

5,5%

NS/NR 9 CAXIMBA 2019 1,4% Relatório socioeconômico

40%

50%

60%

70%

Gráfico 57 – Principais razões que fizeram os terrenos inundarem 29 de Outubro

Água da chuva não escoada

67,0%

22,7% 53,8%

Acúmulo de esgoto NS/NR Outro

Abraão

41,3%

Transbordamento de rio ou córrego Tabela 12 – Número de vezes em que a casa e/ou o terreno inundaram no último ano na Caximba

77,3%

50,4%

9,09% 1,92% 0% 2,88% 1,14% 0%

0%

20%

40%

60% 69


serviços básicos

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

70


Gráfico 58 – Índice de moradias com acesso à água potável

serviços básicos

Gráfico 59 – Formas de distrubuição de água nas moradias Torneira

Água trazida de fora do terreno

Não 5,0%

Torneira fora da casa, mas no terreno

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA ÀS MORADIAS ABRANGE 95,1% DE TODA A CAXIMBA, somente 4,9% disseram não possuir abastecimento de água. Entre as moradias que possuem abastecimento, 88,4% possuem ligação entre as torneiras internas da casa com a rede de distribuição, 4,7% possuem torneiras dentro do terreno, e 7,0% precisam buscar água fora do terreno. Aproximadamente 90% das ligações são irregulares, apenas 0,3% possuem abastecimento de forma regular e pagam pelo seu consumo e outros 1,8% utilização o relógio de medição coletiva e rateiam o valor da conta. Em relação a frequência com que esses moradores têm acesso ao fornecimento de água, há uma grande disparidade entre a 29 de Outubro e a Abraão. Na primeira, 91,3% das moradias possuem acesso diário a esse serviço. Já não Abraão apenas 69,7% da população possui diariamente esse serviço disponível. Sendo assim, considerando o cenário da Caximba, apenas 64,1% das moradias tem suas necessidades de abastecimento de água atendidas em sua totalidade, 27,9% são parcialmente atendidas e 7,8% não são atendidas.

Gráfico 60 – De que forma é obtida a água das casas? Regular em casa (paga conta) 0,30% Irregular em casa (gato)

Ponto de água fora do terreno

Outro 0,80% NS/NR 0,20% 0%

69,7%

A cada dois dias

17,7%

A cada 3 a 5 dias

A cada 6 ou mais dias 3,50% NS/NR 0,20% 0,50%

20%

0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

40%

60%

80%

Não são atendidas

7,8%

Totalmente atendidas

64,1%

8,60%

3,70%

40%

20%

Gráfico 62 – Índice de moradias que têm suas necessidades das atendidas pelo abastecimento de água

Todos os dias 3,50%

6,50%

Relógio coletivo 1,80%

Abraão

1,20%

89,9%

Poço/Cisterna no terreno 0,50%

29 de Outubro 91,3%

5,0%

Sim 95,0%

Gráfico 61 – Frequência de acesso à água

60%

88,0%

7,0%

Abastecimento de água

80%

dentro de casa

0%

20%

Parcialmente atendidas 40%

60%

27,9%

71


serviços básicos Esgoto O sistema sanitário de 79,9% das moradias é composto por vaso com descarga hidráulica, 14,4% possuem vaso sem descarga enquanto 5,7% não possuem vaso sanitário ou banheiro em suas moradias. O despejo do esgoto em sua maioria (53,7%) é feito a céu aberto, seja ele sobre o solo ou nos rios, fazendo com que os meios naturais sejam contaminados, ocasionando um possível aumento da ocorrência de doenças ligadas ao saneamento, mesmo que esses dados não sejam verificados em pesquisa. Outros 24,5% possuem fossa rudimentar e 11,7% fossa séptica. Um índice que chama a atenção é que apenas 4,3% das moradias possuem ligação com a rede pública e outros 3,3% não sabiam ou não quiseram responder a essa pergunta.

Gráfico 63 – Como é o sistema sanitário das moradias? Não possui banheiro

2%

Vaso com descarga hidráulica

Sem vaso sanitário

2%

Vaso sem descarga hidráulica

14%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

80%

Gráfico 64 – Onde é lançado o esgoto sanitário das moradias?

4,30%

Rede pública de esgoto

11,7%

Em fossa séptica

24,5%

Em fossa rudimentar

25,9%

Em rio, lago ou mar Despejado sobre o solo ou vala aberta Outro

27,8% 2,60% 3,30%

NS/NR 0%

5%

15%

25%

72


Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

73


serviços básicos Gráfico 65 - Índice de moradias que possuem energia elétrica

Energia elétrica Em relação ao fornecimento de energia elétrica, 97,5% ocorre através de “gatos” e apenas 1,9% tem o fornecimento regularizado e pagam sua conta.

Descarte e coleta de Lixo O descarte de lixo doméstico, ocorre em sua maioria de maneira regular. 71,4% dos moradores fazem o descarte em ponto de coleta comunitário e outros 23,5% possuem coleta de lixo em frente a suas residências. Nesses índices, ainda é válido considerar que 5,5% dos moradores ainda efetuam a queima do seu lixo e apenas 3,5% reciclam.

Sim, regularizada (paga conta) Sim, irregular (gato)

1,90% 97,5%

Sim, outras fontes

0,30%

Não possui

0,30%

NS/NR 0% 0%

20%

40%

60%

80%

Gráfico 66 - Forma de descarte do lixo doméstico nas moradias da Caximba

23,5%

Coletado emfrente à casa

71,4%

Ponto de coleta comunitário Joga na rua/terreno baldio

0,50%

Enterra

0,50% 5,50%

Queima

3,50%

Recicla

1,40%

Outro NS/NR

0% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

10%

30%

50%

70%

74


comunidade

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

75


Gráfico 67 - Como foi adquiro o terreno onde mora?

comunidade

77,4%

Terreno próprio comprado 5,10%

Terreno próprio ocupado

Acesso à terra e direitos

9,60%

Terreno próprio doado

Para analisarmos a dinâmica de formação da comunidade e como se dá a distribuição e crescimento habitacional da comunidade, buscamos entender de que forma terrenos e casas foram adquiridos e construídas. De acordo com as respostas obtidas, 77,4% dos terrenos foram comprados, sendo somente 11,2% do total, regularizados, o que demonstra que os “antigos” proprietários da maioria dos terrenos e casas não possuíam qualquer documento comprovando suas posses. Analisando as moradias, 59,4% dos moradores construíram suas próprias casas em seus terrenos, 28,4% compraram suas atuais moradias e apenas 1,3% dos moradores vive de aluguel na comunidade.

Terreno alugado

1,40%

Terreno emprestado

3,50%

Outro

2,50%

NS/NR 0,50% 0%

20%

40%

Gráfico 68 - Como foi adquirida a casa onde mora atualmente?

28,4%

Casa própria comprada

59,4%

Casa própria construída Gráfico 69 - Qual a situação legal do terreno? NS/NR

3%

Terreno regularizado

11% Terreno não regularizado

60%

Casa própria ocupada

0,50% 6,80%

Casa própria doada Casa alugada

1,30%

Casa emprestada/cedida

2,50%

Outro

0,90%

NS/NR

0,20% 0%

20%

40%

60%

86%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

76


Gráfico 70 - Índice de famílias que já sofreram remoção coletiva de alguma comunidade Caximba

29 de Outubro

Abraão

6,60% Sim

Considerando os dados sobre ocupação e propriedade dos terrenos e casas da comunidade Caximba como um todo, e também os fatores ambientais que pautam decisões executivas de remoções de moradores, reintegrações de posse e afins, temos apenas 6,6% de moradores que já sofreram algum processo de remoção coletivo de alguma comunidade onde já morou. Contudo, considerando os dados das comunidades separadamente, podemos observar que quase o triplo de moradores da Abraão já sofreram algum processo de remoção. O motivo da remoção sofrida pela família mais apontado é a remoção por estar residindo em áreas de risco ou de preservação ambiental, com 44%, seguido por reintegrações de posse, com 28%, geralmente as causas de reintegração de posse são deferidas em favor do dono do terreno, mesmo que o mesmo estivesse sem função social ou débitos em dia, causando danos à famílias que não possuem outro lugar para ir ou pagar as quantias solicitadas pelo dono para vendê-los os terrenos que ocupam.

4,10% 11,7%

93,4% Não

95,9% 88,30% 0%

20%

40%

60%

80%

Gráfico 71 - Motivo alegado pelas famílias para a remoção sofrida Caximba

Notificação da Defesa Civil

29 de Outubro

Abraão

2,40% 5,90% 0,00% 26,2% 23,5% 28,0%

Reintegração de posse Obra da Prefeitura/ Plano de Urbanização Expulsão/Remoção sem justificativa Estava em área de risco/ Preservação Ambienta

5,90%

14,3% 20,0% 16,7%

35,3%

4,00%

33,3%

17,6% 7,10%

Outro

4,00%

0%

10%

44,0%

11,8%

20%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

30%

40%

77


Gráfico 72 - A família recebeu algum tipo de auxílio após a remoção? Auxílio- 2,40% aluguel Cheque despejo 0,00% Programa 4,80% habitacional Nenhum 7,10%

Outro NS/NR

83,3%

20%

Formar família Para morar sozinho Problemas de convivência Incapacidade de arcar com custos Para trabalhar e/ou estudar Remoção forçada Outro Gráfico 73 - Como era o local onde morava NS/NR

antes de vir morar na Caximba?

2,40%

0%

Gráfico 74 - Principal motivo que fez a família ouo morador sair do local onde morava anteriormente

40%

60%

80%

Bairro regularizado Conjunto 4,40% habitacional Outra 12,5% comunidade Estava em 0,30% situação de rua Outro

Quando as famílias são removidas, é direito delas recorrerem à auxílios para poderem se realocar em outro local, mas de acordo com os dados coletados, das 42 famílias (6,6%) que sofreram algum tipo de remoção, apenas 3 obtiveram algum auxílio, uma família não soube responder e as outras 35 não receberam nenhum tipo de auxílio por parte do poder público, ficando desamparadas diante das ações de remoção que sofrera. Outro aspecto importante a ser analisado trata-se das condições de moradia dos moradores antes de se instalarem na comunidade da Caximba, de acordo com os dados levantados, 79,8% dos atuais moradores entrevistados residiam em bairros regularizados antes de morar na Caximba, 12,5% residia em outras comunidades e 4,4% moravam em conjuntos habitacionais, tanto Minha Casa Minha Vida quanto COHAB, entre outros.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

48,0% 3,90% 1,60% 21,8% 0,60%

0% 79,8%

10% 20% 30% 40%

Gráfico 75 - Quaç era a condição do imóvel em que morava antes de vir para a Caximba?

Imóvel emprestado

10,0% Outro

2,70%

2,80%

Imóvel alugado

NS/NR 0,20% 0%

9,80% 8,10% 6,20%

20%

40%

60%

80%

63,0%

Imóvel próprio

24,2%

Tendo em vista que a grande maioria dos moradores residiam em bairros regularizados, é interessante analisar quais as condições dos imóveis nos quais eles moravam. Analisando os dados, grande parte dos moradores residiam em casas alugadas (63%) das famílias, enquanto apenas 1/4 das famílias vivia em imóvel próprio, sendo 24,4%. Considerando ainda o elevado número de famílias vivendo em aluguel, é fácil imaginar que esse seja o principal motivo relatado para terem saído da antiga moradia. Entre os moradores entrevistados, 48% afirmou que a incapacidade de arcar com os custos da moradia (seja o aluguel ou as contas) foi o que fizeram se mudar para a Caximba.

78


Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

79


Gráfico 76 - Avaliação da identificação das ruas e numeração das casas 29 de Outubro

comunidade

Abraão

1,67% 1,40%

Excelente

Infraestrutura

27,2% 27,1%

Bom Regular

28,1%

22,4% 17,9%

Ruim

21,5% 24,1%

Péssimo

26,6%

0,95% 0,93%

NS/NR 0%

5%

10%

15%

Gráfico 77 - Avaliação da acessibilidade das ruas, vielas e escadas 29 de Outubro Excelente

20%

25%

Gráfico 78 - Avaliação da iluminação das das ruas e vielas

Abraão

29 de Outubro

0,95% 0,47%

Abraão

Excelente 0,00%

0,93%

Bom

14,4%

22,9%

12,4% 11,2%

Regular

23,6%

Ruim

8,59% 3,27%

Bom

18,8% 19,6%

Regular

29,9%

27,9% 23,8%

Ruim

32,7% Péssimo 35,0%

Péssimo 0,95% NS/NR 0,47%

0%

Realizou-se uma avaliação em relação à infraestrutura da Caximba aos entrevistados, dessa forma percebe-se diferentes necessidades nas regiões das comunidades. Em relação à identificação das ruas e numeração das casas, tanto a 29 de Outubro quanto a Abraão possuem opiniões divergentes quanto à sua classificação. Com uma margem de apenas 4-5% de diferença, muito pequena em números absolutos também, a avaliação pode variar de bom, regular e péssimo. Deve-se levar em consideração, portanto, as distintas regiões de cada comunidade e suas devidas carências para a realização de melhorias pontuais. Quanto à avaliação da iluminação, acessibilidade e pavimentação das ruas e vielas na Caximba, ambas as comunidades tiveram com maior predominância as classificações péssimo e ruim.

NS/NR 10%

20%

30%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

50,8% 60,2% 0,24% 0,47%

0%

20%

40%

60%

80


Gráfico 79 - Avaliação da pavimentação das ruas e vielas 29 de Outubro Excelente

Abraão

0,24% 0,00% 7,40% 7,01%

Bom

13,3% 8,41%

Regular

31,0% 27,5%

Ruim

46,7%

Péssimo NS/NR

Em relação aos espaços para recreação e lazer da comunidade, a 29 de Outubro teve a classificação péssimo (48,45%) com predominância, seguido por ruim (24,58%). Enquanto a Abraão, apesar de também avaliar majoritariamente como péssimo (27,57%), obteve tanto bom e regular com 22,43% das avaliações e 16,82% como ruim. Observa-se que a avaliação dos espaços para reuniões comunitárias obteve respostas em que a maioria dos entrevistados não sabiam responder a respeito. As classificações dos que responderam, no entanto, revelaram divergentes opiniões em relação ao assunto. Na 29 de Outubro e Abraão apresentaram 20,76% e 23,83% como bom e 17,90% e 14,95% como péssimo, respectivamente.

57,0%

1,19% 0,00%

0%

20%

10%

30%

50%

40%

Gráfico 80 - Avaliação dos espaços de recreação e lazer 29 de Outubro Excelente

Gráfico 81 - Avaliação dos espaços utilizados para reuniões comunitárias

Abraão

0,48% 0,47%

29 de Outubro Excelente

5,25%

Bom

22,4%

Ruim Péssimo

48,4%

Ruim

11,2%

20%

30%

40%

35,5% 36,4%

NS/NR 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

16,2%

17,9% 14,9%

Péssimo

10,9% 10,2%

10%

8,35% 13,0%

Regular

24,5%

27,5%

0%

20,7% 23,8%

22,4% 16,8%

NS/NR

1,19% 0,47%

Bom

10,2%

Regular

Abraão

10%

20%

30% 81


comunidade Principais problemas Na Caximba percebe-se que o principal problema relatado pelos entrevistados tanto na 29 de Outubro quanto na Abraão foi a falta de iluminação pública (48,21% e 57,94%, respectivamente). Analisando-se a 29 de Outubro especificamente, a sucessão é feita pela falta de saneamento/esgoto (43,20%), falta de pavimentação nas ruas (29,83%) e abastecimento precário de água (25,78%). Mantendo a relevância, também encontram-se em seguida os problemas de sujeira e lixo (19,81%), alagamentos (18,62%) e falta de lazer (6,92%). Em relação à Abraão, além do problema principal de falta de iluminação pública (57,94%), possui o abastecimento precário da água (52,34%) em segundo lugar. Logo em seguida, a falta de saneamento/esgoto (28,04%), alagamentos (24,77%) e falta de pavimentação nas ruas (18,69%) também são relatados. Assim como a 29 de Outubro, a Abraão da mesma forma tem presente a sujeira e lixo (13,55%) e falta de lazer 3,74%) em menor quantidade, porém ainda relevantes.

Gráfico 82 – Principais problemas de infraestrutura da comunidade - 29 DE OUTUBRO Abastecimento precário Falta de saneamento Falta de iluminação pública Sujeira e lixo Falta de pavimentação Falta de lazer

25,7% 43,2% 48,2% 19,8% 29,8% 6,92% 18,6%

Alagamentos Outros problemas

0,95%

Nenhum

0,95%

NS/NR

0,48% 0%

10%

30%

40%

Gráfico 83 – Principais problemas de infraestrutura da comunidade - ABRAÃO Abastecimento precário Falta de saneamento Falta de iluminação pública Sujeira e lixo Falta de pavimentação Falta de lazer

52,3% 28,0% 57,9% 13,5% 18,6% 3,75% 24,7%

Alagamentos Outros problemas

0,00%

Nenhum

0,47%

NS/NR

0,00% 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

20%

10%

20%

30%

40%

50% 82


Outro problema relevante observado na Caximba é o atendimento ruim ou demorado nas unidades de saúde. Na 29 de Outubro, 53,22% dos entrevistados relataram esse problema, seguido pela desemprego (44,39%) e distância dos serviços públicos (31,50%). Não menos importante, na sucessão teve violência ou falta de segurança (23,87%), falta de transporte público (10,50%) e educação de baixa qualidade (8,35%). Assim como na 29 de Outubro, a Abraão possui como um dos problemas centrais o atendimento ruim ou demorado nas unidades de saúde (47,66%). Em seguida, distância dos serviços públicos (40,65%), falta de transporte público (36,45%) e desemprego (35,51%). Por fim, violência ou falta de segurança (20,56%) e educação de baixa qualidade (8,41%) com menos casos, porém ainda relevantes na comunidade.

Gráfico 85 – Principais problemas de infraestrutura da comunidade - ABRAÃO

Gráfico 84 – Principais problemas não relacionados à infraestrutura - 29 DE OUTUBRO Distância dos serviços públicos Educação de baixa qualidade Atendimento ruim ou demorado nas unidades de saúde Falta de transporte público Violência ou falta de segurança

31,5% 8,35% 53,2% 10,5% 23,8% 44,3%

Desemprego Outros problemas

0,72% 5,49%

Nenhum

4,06%

NS/NR 0%

10%

Distância dos serviços públicos Educação de baixa qualidade Atendimento ruim ou demorado nas unidades de saúde Falta de transporte público Violência ou falta de segurança Desemprego

40,6% 8,41% 47,6% 36,4% 20,5% 35,5%

Outros problemas

1,40%

Nenhum

0,93%

NS/NR

0,93% 0%

20%

30%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

40%

10%

20%

30%

40%

50% 83


Gráfico 86 - Índice de moradores que reconhecem a presença de uma liderança comunitária

comunidade

NS/NR

18,3%

Liderança, Engajamento e Coesão Comunitária Dentre os aspectos que caracterizam o trabalho da TETO nas comunidades, a participação dos moradores é a mais fundamental, sem a adesão da comunidade nas ideias de projetos e iniciativas, não é possível realizarmos um trabalho eficaz e que traga resultados à vida dos moradores. Dentro desse aspecto, como moradores de uma comunidade, indicar lideranças e referências, e reconhecer a existência das associações de moradores faz parte do reconhecimento comunitário. Entre os moradores entrevistados, 63,3% reconheceu que existem pessoas representando os moradores da Caximba, sendo 260 (62,1%) na 29 de Outubro e 141 (65,9%) na Vila Abraão. Atrelado ao reconhecimento de figuras representativas para as comunidades, 59,9% dos moradores afirmaram a existência de associações de moradores, sendo 60,1% na 29 de Outubro e 59,3% na Vila Abraão. Referente à associação comunitária, 34,6% dos moradores afirma não ter conhecimento de nenhum projeto desenvolvido pelas associações, e 28,5% não souberam citar um projeto ou não sabiam.

Não

63,3%

Gráfico 87 - Índice de famílias que reconhecem a presença de uma associação de moradores Caximba

29 de Outubro

Abraão

59,9% 60,1% 59,30%

Sim

19,3% 19,1% 19,6%

Não

20,9% 20,8% 21,0%

NS/NR 0%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Sim

18,3%

10%

20%

30%

40%

50%

84


Gráfico 88 – Índice de projetos realizados pela associação de conhecimento dos moradores Projetos de infraestrutura Projetos culturais Projetos de educação Projetos de lazer Projetos de capacitação Projetos de empreendedorismo Projetos de saúde

10,0% 9,00% 15,8% 11,6% 1,10% 0,50% 2,90% 34,6%

Nenhum

4,70%

Outros

28,5%

NS/NR 0%

10%

20%

30%

Considerando respostas positivas, 15,8% afirmaram conhecer algum projeto de educação, 11,6% projetos de lazer e 10,0% projetos de infraestrutura. Ainda se tratando da coesão comunitária, mais de 50% dos moradores afirmaram não terem participado de nenhuma reunião promovida pelas associações, sendo 56,3% dos moradores na 29 de Outubro e 51,2% na Vila Abraão. Entre os motivos apontados para a não participação nas reuniões, a falta de conhecimento é a principal razão, já que 39,1% das famílias dizem ter interesse, mas não sabem quando ocorrem. Entre as demais razões, 14,5% dos moradores não tem interesse em participar e 21,3% disseram não ter tempo.

Gráfico 89 - Índice de famílias que participaram das reuniões promovidas pela associação Caximba

29 de Outubro

Abraão

44,3% 42,5% 48,0%

Sim

54,6% 56,3% 51,2%

Não

NS/NR

1,10% 1,20% 0,80% 0%

10%

20%

30%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

40%

50% 85


Comparando os dados de cada comunidade, podemos ver que os moradores da Vila Abraão possuem uma falha de comunicação entre os moradores, já que 33,8% dizem ter interesse nas reuniões, mas ao mesmo tempo 15,4% dizem que a associação não fez ou faz reuniões, além de 29,9% alegarem falta de tempo para participar. Já na 29 de Outubro, temos uma taxa ainda maior de interessados sem conhecimento das reuniões, 41,5% dos moradores e uma taxa um pouco menor de moradores alegando falta de tempo para participar (17,6%).

Gráfico 90 - Motivos declarados pelo morador para a família não participar das reuniões comunitárias Caximba Não tem interesse

29 de Outubro 14,5% 16,9% 9,20%

21,3% 17,6%

Falta de tempo

NS/NR

Caximba

29 de Outubro

Faixas e/ou cartazes

Abraão 81,7% 82,3% 80,4%

13,5% 12,7% 15,4% 7,70% 7,00% 9,20% 3,90% 4,20% 3,10%

0% 10% 20% 30%201940% Relatório socioeconômico CAXIMBA

0,90% 1,20% 0,50% 5,20% 5,00% 5,60%

Panfletos e/ou jornais de bairro Rádio comunitária

29,2%

Associação não fez/não faz reuniões

Gráfico 91 - Meios utilizados pelos moradores para receberem informações dos acontecimentos na comunidade

Boca a boca 39,1% 41,5% 33,8%

Tem interesse, mas não fica sabendo

Outros

Abraão

Em ambas as comunidades, as notícias correm de boca em boca (82,3% na 29 de Outubro e 80,4% na Vila Abraão), o que reflete a falta de conhecimento quanto à realização das reuniões comunitárias. Apenas cerca de 22% dos moradores afirmaram tomar conhecimento dos acontecimentos da comunidade por WhatsApp (22,4% na 29 de Outubro e 21,0% na Vila Abraão), enquanto os demais meios de comunicação, como faixas, panfletos, rádios, redes sociais e carros de som, variam de 0,9% a 6,2%. Ainda houveram moradores que afirmaram se informar por outros meios de comunicação (2,8%), moradores que relataram não haver meios de comunicação (2,8%) e aqueles que não souberam ou não responderam (1,9%).

1,30% 1,40% 0,90% 4,30% 4,30% 4,20%

Redes sociais

22,0% 22,4% 21,0%

WhatsApp 6,20% 6,20% 6,10%

Carro de som Não existem canais de comunicação

2,80% 2,40% 3,70%

Outro

2,80% 2,90% 2,80%

NS/NR

1,90% 1,90% 1,90%

0%

20%

40%

60%

80%

86


comunidade Sonhos da Caximba Um dos pontos que norteiam o trabalho da TETO nas comunidades é a realização das demandas apresentadas pela própria comunidade, com base nas necessidades que são priorizadas pelos moradores, e com o auxílio das Equipes de Comunidade, são estudadas, planejadas e postas em prática. Para termos uma noção básica dos desejos e interesses dos moradores, perguntamos a eles quais são seus sonhos para a comunidade.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

A nuvem de palavras abaixo é o resultado de todos os sonhos relatados pelos moradores, por meio dela, podemos distinguir quais são as maiores necessidades, como pavimentação, regularização, água e luz, que foram apontados também como problemas nas comunidades.

87


comunidade

Gráfico 92 - Percepção atual quanto à situação da Caximba em comparação a 2 anos atrás

Percepção atual e perspectivas para o futuro

5,80%

NS/NR

Pior

3,30%

Melhor Mais de 75% dos moradores da Caximba consideram que a mesma melhorou nos últimos dois anos (76,1%). Outros 14,7% acreditam que está igual e apenas 3,3% afirma que está pior, e 5,8% não soube ou não quis responder.

Tratando-se do futuro da comunidade, a grande maioria (84,5%) apresenta uma opinião positiva e acredita que a comunidade estará melhor daqui a dois anos, muito possivelmente na esperança de melhorias propostas pelo projeto Bairro Novo Caximba. Uma parcela acredita que a comunidade não mudará (9,0%) ou ficará pior (1,9%). Outros 4,6% não souberam ou não quiseram responder.

76,1%

Igual

14,7%

Gráfico 93 - Perspectivas quanto à situação da Caximba daqui a 2 anos

NS/NR

4,60% Pior

1,90%

Melhor Igual

9,00%

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

84,5%

88


Conclusão O PRESENTE RELATÓRIO APRESENTOU OS DADOS RECOLHIDOS DURANTE O EVENTO “ECO – ESCUTANDO COMUNIDADES” realizado na comunidade da Caximba, abrangendo as comunidades 29 de Outubro e Abraão, em setembro de 2019. Durante o evento foram entrevistadas 633 famílias, representando um total de 1966 pessoas. A margem de erro da pesquisa foi de 2,2% para cima ou para baixo. Com base nos dados, foi possível entender melhor o perfil socioeconômico da comunidade, seus principais problemas e sonhos. Esses dados são fundamentais para a continuação do trabalho da TETO na Caximba, possibilitando a discussão em conjunto com os moradores de estratégias para tentar solucionar os problemas identificados. Ter um retrato geral dos moradores também permite às comunidades se enxergarem tanto como um todo, quanto individualmente, aumentando seu senso de identidade nos dois sentidos. Os dados aqui apresentados, principalmente quando comparados com os números referentes ao município de Curitiba, ao estado do Paraná ou ao Brasil, permitem visualizar que muitas famílias da Caximba, seja na 29 de Outubro ou na Abraão, se encontram em uma situação de grande vulnerabilidade social e econômica. Entre os dados coletados, é relevante citar que o índice de analfabetismo na comunidade é de 8,0%, tendo a população em idade escolar (de 7 a 14 anos) os mais atingidos, com 54,3%. Há também uma grande quantidade de pessoas que não terminaram o Ensino Fundamental, somente 10% dos moradores concluíram, e apenas 17,3% de moradores o Ensino Médio. Analisando esses dados, observamos a necessidade de ações para a redução do déficit educacional entre os moradores da Caximba.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Quanto ao de desemprego, a taxa geral da Caximba é de 15,12%, número quase duas vezes maior que a taxa do Estado do Paraná e de Curitiba, porém, o ponto mais relevante é a taxa de desemprego considerando apenas a Comunidade 29 de Outubro, que apresenta uma taxa de 16,64%, sendo 4,79% maior que a taxa apresentada pela Abraão (11,85%). Considerando a Caximba, 22,4% dos moradores não possui nenhuma fonte de renda mensal e mais de 92% não recebe nenhum tipo de benefício previdenciário. Ainda se tratando de trabalho, dos 724 trabalhadores da Caximba, apenas 43,5% possuem registro em carteira. A renda per capita considerando apenas os trabalhadores acima de 18 anos é de R$ 419,52, cinco vezes e meia menor que a de Curitiba (R$ 2.331,25). E se considerarmos cada comunidade separadamente, temos a renda per capita de R$319,24 na 29 de Outubro e R$432,83 na Abraão. Em relação à saúde, foi possível notar que a declaração por parte dos moradores de doenças como hipertensão, diabetes, câncer e obesidade foi bem inferior que às médias paranaenses e brasileiras, sendo mais próximas da média de Curitiba. Essa subnotificação, indica a possibilidade de vários casos não diagnosticados dessas e de outras doenças. Quanto às moradias, uma grande maioria das casas (44,7%) da comunidade possui paredes de madeira própria para construção, além de números expressivos de casas com paredes de alvenaria (31,1%) e madeira reaproveitada (23,2%), chama a atenção o número inexpressivo de casas com paredes de sucata, apenas 2 casas (0,3%), o que demonstra que os moradores investem em suas casas na esperança de permanecerem nas comunidades por muito tempo, além de garantirem boas condições de habitabilidade.

89


Ainda se tratando das questões de moradia, pudemos observar que uma grande maioria das casas (86,6%) possuem cobertura em telhas de fibrocimento, enquanto outros materiais como telha de zinco, lajes de concreto e telhas cerâmicas não são tão utilizados. Já na questão do piso interno, muitas casas possuem piso de madeira (45,5%), enquanto pouco mais da metade possuem pisos de cerâmica (26,5%) ou concreto (26,7). Quanto ao fornecimento de serviços básicos, 95,1% das moradias tem acesso à água potável, sendo 89,9% através de ligações irregulares (gatos), e apenas 0,3% com ligações regulares. Apesar do alto número de moradias com acesso à água, a frequência de acesso apresenta grande disparidade, enquanto 91,3% dos moradores da 29 de Outubro obtém água todos os dias, o número cai para 69,7% na Abraão, indicando a dificuldade desses moradores em manter uma vida saudável, e principalmente segura. Voltando a considerar toda a Caximba, 64,1% dos moradores afirmaram ter suas necessidades diárias de abastecimento de água totalmente atendidas, enquanto 27,9% são parcialmente atendidos e 7,8% não tem suas necessidades atendidas. O sistema sanitário de esgoto, composto por vaso sanitário com descarga hidráulica está presente em 79,9% das moradias, mas apenas 4,3% delas despejam seus resíduos na rede coletora. Outros 36,2% despejam seus resíduos em fossas (sépticas ou rudimentares) e 53,7% despejam em rios e lagos ou sobre valas abertas no solo. A energia elétrica é distribuída pela Caximba por meio de ligações irregulares em 97,5% das moradias, e apenas 1,9% possui ligação regular. Já o lixo é coletado em frente à 23,5% das casas. a grande maioria dos moradores opta pelo ponto de coleta dentro da comunidade (71,4%), já 10,9% dos moradores descarta o lixo enterrando-o, queimando ou reciclando.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

Pudemos observar que grande parte dos terrenos foram comprados (77,4%), enquanto apenas 5,10% foram ocupados. Considerando que 86,1% dos terrenos não possuem regularização, a compra e venda de terrenos sem documentação gera incertezas e medo aos moradores, que podem sofrer com processos de reintegração de posse e despejos, casos esses que 93,4% dos moradores afirmam nunca terem sofrido. A avaliação dos próprios moradores quanto à infraestrutura urbana da comunidade chama a atenção, visto que apenas a identificação de ruas e numeração das casas obteve índice excelente maior que 1,0%, os demais itens, como avaliação de iluminação pública, acessibilidade, pavimentação e espaços de lazer, obtiveram avaliações negativas expressivas nos quesitos ruim e péssimo. Os cinco principais problemas relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores, tanto na 29 de Outubro quanto na Abraão foram a precariedade na iluminação pública (48,21% e 57,94%), abastecimento precário de água (25,78 e 52,34%), a falta de saneamento (43,20% e 28,40%), a falta de a falta de pavimentação das ruas (29,83% e 18,69%) e alagamentos (18,62% e 24,77%). Não diretamente ligados à infraestrutura, os demais cinco principais problemas relatados foram o atendimento ruim ou demorado nos centros de saúde (53,22% e 47,66%), o desemprego (44,39% e 35,51%), a distância dos serviços públicos (31,50% e 40,65%) e a violência ou falta de segurança (23,57% e 20,56%). Se tratando das lideranças comunitárias, 63,3% dos moradores reconheceram líderes e 59,9% afirmou a existência de uma associação na comunidade. Apesar desse reconhecimentos, 34,6% dos moradores afirmou não ter conhecimento de nenhum projeto executado pela associação e 28,5% não soube ou não quis

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responder à essa pergunta. Esse desconhecimento quanto ao trabalho das associações é reflexo da não participação dos moradores nas reuniões, 54,6% afirmaram não participar de nenhuma reunião no último ano, e 15,4% afirmou que as associações não fazem reuniões. Quanto aos principais sonhos dos moradores para a comunidade, estão a regularização fundiária, a pavimentação das ruas e a melhoria e regularização no fornecimento de água e luz. Considerando todos os dados apresentados por este relatório, tanto os positivos quanto negativos, devem ser olhados como norte para nosso trabalho. Identificá-los claramente, é o primeiro passo para desenvolver estratégias e implementar ações, visando mitigar ou até mesmo resolver, tanto os problemas quando as possibilidades. Dessa forma são importantes para auxiliar na organização e tomada de decisões por parte da comunidade e no trabalho da TETO, do poder público e das demais instituições relacionadas ou interessadas, de modo que possamos gradativamente nos aproximar da visão que temos do futuro, formado por uma sociedade mais justa, igualitária, integrada e sem pobreza em que todas as pessoas possam exercer plenamente seus direitos e deveres e tenham as oportunidades para desenvolver suas capacidades.

Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

91


Relatório socioeconômico CAXIMBA 2019

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