Relat贸rio Socioecon么mico
SANTA CRUZ Relat贸rio socioecon么mico SANTA CRUZ 2019
2019
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Relatório Socioeconômico
SANTA CRUZ
2019
Relatório com os dados obtidos pela ECO – Escutando Comunidades – realizada na comunidade Santa Cruz (Araucária – PR) em Abril de 2019.
Autores: Hector Bradasch e Rodrigo Nascimento Voluntárias de Diagnóstico Comunitário – TETO Daniel Lima Coordenador de Diagnóstico Comunitário – TETO Lucas Bandoch Coordenador de Diagnóstico e Avaliação – TETO
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
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Sumário Introdução, 4
Transporte
Sobre a Eco
Locomoção para o trabalho, 38 Locomoção para o estudo, 39
Metodologia, 6 Equipe, 7
Sobre a 29 de Março Histórico, 10 Localização, 11 Equipamentos comunitários, 12 Ações do TETO, 13
População Identificação de gênero, 15 Estrutura etária, 16 Identificação racial, 20 Região de origem, 21
Saúde Atendimento médico, 41 Doenças e deficiências, 43
Moradia Material das moradias, 46 Características das moradias, 47 Fornecimento de serviços básicos, 48
Comunidade
Alfabetização e nível de escolaridade, 23 Razões para abandono dos estudos, 26 Frequência na escola, 27
Relacionamento entre os moradores, 51 Problemas na comunidade, 53 Preconceito, 56 Incêndio, 57 Liderança e associação de moradores, 59 Sonhos, 61 Percepção atual e expectativas para o futuro, 62
Trabalho e Renda
Conclusão, 64
Educação
Ocupação e taxa de desemprego, 29 Áreas do trabalho, 31 Renda, 32 Outros indicadores, 36 Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
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Introdução ESTE RELATÓRIO TEM COMO OBJETIVO apresentar os dados
Todos os dados aqui apresentados foram coletados pela apli-
obtidos em Abril de 2019 durante o evento “ECO – Escutando
cação de Enquete de Caracterização Socioeconômica (ECS),
Comunidades”, realizado na comunidade Santa Cruz, no mu-
de modo a criar o perfil da comunidade em questão, levantar
nicípio de Araucária, pela organização social TETO.
seus principais problemas, condições, necessidades e deman-
O TETO é uma organização internacional presente na Améri-
das, entre outros itens que serão dispostos neste relatório.
ca Latina e Caribe que atua há 10 anos no Brasil pela defesa
Entre as 260 moradias mapeadas, foram aplicadas enquetes
dos direitos das pessoas que vivem em favelas, engajando os
completas em 204, resultando em uma população da amostra
moradores e as moradoras das comunidades e mobilizando
conhecida de 617 pessoas. A margem de erro dos resultados é
jovens voluntários e voluntárias para trabalharem juntos na
de 3,2% para cima ou para baixo.
construção de uma sociedade integrada.
A seguir, os resultados são apresentados divididos em sete
Para superar a pobreza multidimensional nas comunida-
áreas: perfil da população, educação, trabalho e renda, trans-
des, o TETO desenvolveu uma metodologia de trabalho que
porte, saúde, moradia e comunidade. Sempre que possível,
busca fortalecer as capacidades comunitárias de identidade,
os resultados são comparados com os dados do Brasil e do
organização, autogestão e trabalho em rede, através de um
Paraná, de modo a permitir um melhor entendimento deste
modelo de intervenção contínuo e Programas Sociais que
diagnóstico dentro do contexto nacional e regional. Exceto
geram soluções concretas de desenvolvimento econômico e
quando indicado em contrário, o dados nacionais e estaduais
social e melhoria das condições de habitat e habitabilidade.
utilizados para comparação foram extraídos da PNAD – Pes-
Dentro deste modelo de trabalho, a ECO representa uma etapa importante no diagnóstico da comunidade, fornecendo
quisa Nacional por Amostragem de Domicílios mais recente, realizada trimestralmente pelo IBGE.
dados para as etapas seguintes de discussão dos problemas e proposição de soluções em conjunto com os moradores e moradoras.
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Sobre a ECO
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
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Sobre a ECO Metodologia FORAM MAPEADAS E CONSIDERADAS como universo amostral
Desta forma, com base no tamanho do Universo e da Amos-
260 casas. Tal universo consiste em todas as casas mapeadas
tra coletada, considerando a não aplicação de questionário
pela equipe de Mapeamento – subárea de Diagnóstico e Ava-
em 21,5% do Universo, conclui-se que, para estes dados es-
liação do TETO Paraná, já excluídos os imóveis constatados
tatísticos, deve-se considerar margem de erro de 3,2 pontos
desocupados nos dois dias de coleta amostral (108 imóveis).
percentuais para mais ou para menos, dos dados coletados.
Dentro do universo amostral foram aplicadas 217 enque-
Os parâmetros do TETO Brasil estabelecem o cumprimento
tes, das quais 204 completas e 13 recusadas. Considerando
de margem de erro de 3 a 5 pontos percentuais. Sendo assim,
apenas as enquetes completas, 78,5% das moradias foram
garante-se que esta amostra de informações cumpre os re-
entrevistadas.
quisitos estabelecidos pela Instituição nacionalmente e que
A área de estudo foi dividida em 14 zonas territoriais. Desta forma, ao refazer a pesquisa em período de tempo futuro, poderão ser comparados os dados da mesma área de atuação.
tais dados estatísticos representam com segurança o perfil da comunidade Santa Cruz em Araucária (Paraná) na época de sua aplicação (mês de Abril de 2019).
Subtraindo 217 (enquetes aplicadas e recusas) das 260 casas do universo amostral, tem-se 43 casas (16,5% da comunidade), que foram consideradas ausências temporárias, já que no momento de aplicação não havia nenhum morador para responder às perguntas. Considerou-se 95% o nível de confiança da pesquisa pois não foram utilizados métodos de correção de estimativa, referentes aos parâmetros do universo utilizado como a concentração da amostra, homogeneidade, distribuição e possibilidade de inclusão no caso de recusa ao responder.
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Sobre a ECO Equipe CTs (Coordenadoras de Trabalho)
Voluntários
Cladilson Nardino e Luciana Ribas
Alexandre Alberto Basso Tokarski, Alexandre
Laura Nasser Silva, Laura Nogueira, Lediane
Cerqueira Lima, Aline Souza Monteiro, Ana Carla
Lodi, Lena Chagas, Leonardo Grossklags
Mapeadoras
Corrêa Machado, Ana Luísa Ribeiro Goedert, Beatriz
Locatelli, Leticia Giovana Sales Marques, Leticia
Beatriz Soares de Lima, Jéssica Marques de Souza
Cassemiro Bispo, Bruna Elisa dos Santos, Camila
Petronzelli Mariano, Lorena Vitórias Andrade
e Paula Cristina Neuburger de Oliveira
de Andrade, Camila Zagonel Galperin, Camille
Botter, Louise Pecin Kolodzejczyk, Lucas Andrey
Stefel, Carlos Gabriel Lipke, Carolina Zanelatto
Pereira, Lucas Neimann Almeida, Luis Claudio
Líderes de Enquete
Wormsbecher, Caroline Poturlhak Costa, Danielle
Zanardini de Almeida, Luitanara Mamede Dias,
Daniel Lima Ribeiro e Lucas Bandoch
Cristine Hukami, David Luersen Moreira, Emanuele
Luiz Cezar Guimarães Júnior, Luiza Guerios
Stipp Freitas, Estela Adeline Brenner, Etieene Yumika
Barbosa, Maria Eduarda Dircksen Aguiar, Mariana
Líderes
Komatsu, Fábio Hideo Yamanaka, Fernanda Cé
Kurten Ramos, Mariana Vieira Lowry, Matheus
Adriane Nunes Ferreira, Beatryz da Costa Schnei-
Bogucheski, Fernanda Stadler, Fernando Correia
Cáceres Benitez, Matheus Lima Andrade da
der, Carol Liz Stadler, Daymont Correia Castilho,
da Cruz, Gabriel Antonio Pulga, Gabriel Augusto
Silva, Mayara Daniele Schade, Murilo Gonçalves
Larissa Antonia Alamini, Marco André Mazzarotto
Ferreira Alves, Gabriel Guerreiro e Souza, Gabriela
Antunes, Naiele Roberta Gonçalves Silveira,
Filho e Nataly Marina Falavinha
Alexsandra Pasquali, Gabriela de Oliveira Rocha,
Pamela Kuroski, Paula Scuira, Rafael Florentino,
Gabriele Rodrigues Ferreira, Gabrielly Lopes Canova,
Rafael Ribeiro Lisboa, Ramon Vinícius de Vargas,
Equipe Médica
Giordano Macedo Chamone, Guilherme Eisfeld,
Rodrigo Bastos da Silva, Sabrina Silva Lins, Sibele
Laura Maria Viscardi Brighenti
Hector Lessa Bradasch, Heloisa Portugal Figueredo,
Alberti, Stefanie Bilicki, Taiana Regina Ascari,
Henrique Weber Pereima, Ismaelly Toledo, Juliett
Tainá Siqueira Thies, Tainara Nassif, Thais Regina
Comunicador
Ribas Assis, Jussara Moreira da Siqueira, Kalita
Mariano, Thiago Figueiredo Marcos, Victor
Gabriel Guerino Britto
Tuane Guedes, Karen Campos Vieira, Larissa Akemi
Kmiecik Follador, Victória Ardigo, Vitor Freire
Iuki, Larissa Carneiro, Larissa Regina Rocha, Laura
Bandeira, Viviane Dinis Rocker, Ygor de Assafrão
Maria Viscardi Brighenti, Laura Mendes Ortolan,
dos Santos.
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Voluntários da ECO 1904
Relatório socioeconômico santa cruz 2019
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SOBRE A SANTA CRUZ
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Sobre a SANTA CRUZ A COMUNIDADE SANTA CRUZ começou
Grossa, remete à cidade natal de Pires,
como uma ocupação de poucos morado-
atual presidente; a Rua Eucalipto, leva
res, sem o abastecimento de energia elé-
esse nome devido às árvores que existiam
trica e com o acesso à agua muito restrito.
ali; a Rua Nicoly, por sua vez, homenageia
A comunidade, que crescia aos poucos, foi
a neta do vice-presidente. Ao todo, são 9
então loteada pelos próprios moradores,
ruas nomeadas, cada uma guardando sua
que dividiram igualmente a área em lotes
história.
de 8m x 16m, além da abertura das ruas, todas com 9m de largura.
Na percepção de Pires, atual presidente da Associação, a comunidade já não é
Os moradores então correram atrás de
mais uma ocupação – para ele, o matagal
providenciar a infraesturura básica para a
que ali existia pode ser chamado agora
comunidade, realizando algumas cone-
de Vila Santa Cruz, graças à luta dele e de
xões de energia elétrica e pontos de abas-
todos os moradores que correram atrás
tecimento de água através de um relógio
de seus direitos que lhes foram negados.
de medição comunitária, regularizado pela SANEPAR.
Tal união abriu portas para os moradores, que fortaleceram o diálogo com
Após toda a parte burocrática e registro
a Prefeitura Municipal de Araucária e
da associação na prefeitura, os mora-
com a COHAB, e até mesmo com a então
dores determinaram os nomes das ruas
Governadora Estadual Cida Borghetti,
da comunidade, cada uma tendo uma
quando foi solicitado a ela que inibisse a
curiosidade: a Rua Tubarão, por exemplo,
ação policial de retirada das famílias da
leva o apelido do antigo presidente da
comunidade.
Associação de Moradores; a Rua Ponta
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Localização A comunidade Santa Cruz se localiza no bairro Capela Velha, no município de Araucária, região metropolitana de Curitiba, capital do Paraná.
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Equipamentos comunitários
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Ações já realizadas pelo TETO •
Construção de 4 moradias em Dezembro de 2018 (CC1812)
•
Construção da Sede Comunitária em Dezembro de 2018
•
Início das atividades da Equipe Fixa em Março de 2019
•
Realização da ECO - Escutando Comunidades em Abril de 2019 (ECO1904)
•
Realização de Oficina Jurídico Social sobre Previdência (Maio 2019)
Construção do TETO na Santa Cruz Dezembro 2018
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POPULAÇÃO
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POPULAÇÃO Identificação de gênero
Gráfico 1 – Identificação de gênero na Santa Cruz e no Brasil
Das 617 pessoas entrevistadas, 54,1% se identificam como homem e 45,9% como mulher. Não houveram dados significativos de outros gêneros ou de moradores que não responderam. Este maior número de homens na comunidade contrapõe o perfil populacional do Brasil, onde 51,9% são mulheres e 48,1% são homens. A identificação foi feita através da autodeclaração do
Mulheres 45,9%
Homens 54,1%
entrevistado ou entrevistada, ou, no caso da ausência do mesmo, pela informação de outro residente da mesma moradia.
Santa Cruz
Mulheres 51,8%
Homens 48,2%
Brasil * * Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
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População Estrutura etária
Gráfico 2 – Estrutura etária da Santa Cruz
A estrutura etária de uma população corresponde à sua distribuição entre os diferentes grupos de idade, conforme
NS/NR
apresentado no gráfico ao lado. A partir dessa distribuição,
70 anos ou mais
é possível perceber se a população é predominantemente jovem (se a base inferior no gráfico for mais larga), adulta (se a porção intermediária for mais larga) ou envelhecida (se a parte superior do gráfico for maior). Na Santa Cruz, a partir da leitura do Gráfico 2, é perceptível
1,8%
55 a 59 anos
3,2%
50 a 54 anos
destacando apenas as faixas entre 0 a 4 anos (13,1%) e 20 a
40 a 44 anos
idosa é minoria na comunidade.
1,3%
60 a 64 anos
45 a 49 anos
decrescer gradativamente, o que significa que a população
0,6%
65 a 69 anos
como até os 44 anos a pirâmide se mantém quase regular, 24 anos (10,7%). A partir dos 45 anos, a pirâmide começa a
0,3%
3,6% 4,9% 8,9%
35 a 39 anos
8,3%
30 a 34 anos
8,1%
25 a 29 anos
7,8%
20 a 24 anos
10,7%
15 a 19 anos
8,8%
10 a 14 anos
8,8%
5 a 9 anos
9,9%
0 a 4 anos
13,1% 0%
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3%
6%
9%
12%
15%
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Gráfico 3 – Estrutura etária da Santa Cruz comparada com outras regiões
Se comparado aos quadros estadual e nacional, é perceptível como o perfil da comunidade destoa dos demais, conforme demonstrado no Gráfico 3. Na Santa Cruz, o número de crianças é nitidamente superior aos números do Paraná e do Brasil — no grupo de 0 a 4 anos, a quantidade de crianças na comunidade () é praticamente o dobro dos valores do estado () e do país (). Entre as faixas etárias de 10 a 44 anos, as proporções tornam-se um pouco mais equilibradas, havendo uma menor diferença entre os dados da Santa Cruz e os
70 anos ou mais 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos
dados regionais e nacionais.
40 a 44 anos
A partir dos 45 anos, quando a comunidade tende a apresen-
35 a 39 anos
tar porcentagens menores, os dados começam a contrastar novamente, já que a população idosa é consideravelmente superior no Paraná e no Brasil. O maior contraste se dá no grupo de pessoas com 70 anos ou mais, que representam apenas 0,6% da população da Santa Cruz, enquanto no Paraná e no Brasil estes valores são mais de seis vezes maior (6,8% e 6,4%, respectivamente).
30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos 0% Santa Cruz
3%
6% Curitiba *
9%
12% Paraná *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua 2017
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Razão de dependência e índice de envelhecimento Como forma de entender melhor a relação entre os diferen-
No Gráfico 4 é possível observar que a maior parte da comu-
tes grupos de idade de uma população, é possível separá-los
nidade é formada por adultos (66,2%), seguida dos jovens,
em três categorias: Jovens (0 a 14 anos), Adultos (15 a 64
que representam 31,8%. Os idosos, por fim, constituem
anos) e Idosos (65 anos). Entre esses grupos, é comum que
apenas 2,0% da população da Santa Cruz.
se espere que os adultos (população potencialmente ativa)
A partir destes dados, é possível determinar a razão de depen-
tenham maiores responsabilidades sobre os jovens ainda
dência da população, que indica o peso que os jovens e idosos
em fase de estudo e sobre os idosos que já estejam saindo
representam para os adultos.
do mercado de trabalho (população dependente).
Gráfico 4 – Grupos de idade da Santa Cruz
Idosos (65 anos ou mais)
2,0%
Tabela 1 – Razão de dependência Razão de dependência jovens
Razão de dependência idosos
Razão de dependência total
Índice de envelhecimento
Santa Cruz
48,2
2,9
51,1
6,1
Paraná *
27,9
14,8
42,7
53,0
Brasil *
29,1
14,4
43,5
49,3
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Jovens (0 a 14 anos)
31,8%
Adultos (15 a 64 anos)
66,2%
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Quanto maior for o valor da razão de dependência, maior é
Neste índice, a comunidade contrasta drasticamente com os
o peso dos dependentes sobre a população adulta. No caso
demais indicativos. Enquanto na Santa Cruz o valor é de 6,1
da 29 de Março, conforme constatado na Tabela 1, é possível
idosos para cada 100 jovens, o Paraná apresenta uma taxa de
observar que a razão de dependência total é de 48,2. Isso signi-
53,0 e o Brasil de 49,3. Estes dados reforçam o perfil jovem dos
fica que para cada 100 adultos potencialmente ativos, existem
moradores da comunidade e demonstram que a mesma não
48,2 jovens ou idosos dependentes. Essa taxa é superior à do
possui tendência de envelhecimento da população.
Paraná (42,7) e do Brasil (43,5). Analisando separadamente, os jovens têm maior peso que os idosos sobre a população adulta, representando uma taxa de dependência de 48,2. Este valor é bem superior à taxa do estado (27,9) e do país (29,1). A razão de dependência dos idosos, por sua vez, é de 3,1 na Santa Cruz, consequência da baixa porcentagem de idosos na comunidade (2,0%). Essa razão é quase cinco vezes menor que os números do Paraná (14,8) e do Brasil (14,4). Outra importante análise que pode ser feita é o índice de envelhecimento da população, dado que representa a quantidade de idosos para cada grupo de 100 jovens. Desta forma, quanto maior este número, maior o indicativo que a população está gradativamente se tornando mais idosa.
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População
Gráfico 5 – Identificação racial da Santa Cruz Preta
15,6%
Branca
Identificação racial
37,6%
Parda
43,8%
Na Santa Cruz, 43,8% (270 pessoas) se declaram pardas, 37,6% Amarela
(232 pessoas) brancas e 15,6% (96 pessoas) pretas. Em menor proporção, 1,8% (11 pessoas) se idenficicam como indígenas. Ninguém se declarou amarelo. Não souberam ou não quiseram responder 1,3% (8 pessoas). Assim como na identificação
0,0%
Indígena
1,8%
NS/NR
1,3%
de gênero, os dados de identificação racial foram obtidos por Gráfico 6 – Comparação dos dados de identificação racial
autodeclaração. Se comparados aos dados do estado e do país, o número de pessoas que se declaram pretas na comunidade é bem supe-
15,6% 3,4% 9,2%
Preta
rior (15,6%), apresentando um valor quase 5 vezes maior que o índice estadual (3,4%). A proporção de autodeclarados brancos da comunidade (37,6%) é um pouco menor do que a nacional (42,8%), mas muito inferior aos dados do Paraná, onde 65,6%
43,8% Parda
29,7% 47,0%
são brancos. A PNAD Contínua categoriza amarelos, indígenas e não declarados como Outros, representados por 1,0% no Brasil e 1,3% no Paraná. Estes grupos, somados, representam um
37,6% Branca
65,6% 42,8%
total de 3,1% na Santa Cruz, representando, dentro da população, uma maior diversidade étnica um pouco maior.
Outros
3,1% 1,3% 1,0%
0,0%
20,0% Santa Cruz
40,0% Paraná *
60,0%
80,0% Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
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População
Tabela 2 – Ano no qual se mudou para a Santa Cruz Até 2015 2016 2017 2018 2019 NS/NR
Região de origem A maior parte dos moradores da comunidade são originários da Região Sul (81,5%). Em seguida, aparecem os moradores que
Norte 3,9%
vieram da Região Sudeste (6,3%), Nordeste (5,0%), Norte (3,9%)
13,9% 19,9% 23,9% 26,9% 13,4% 2,0%
e Centro-Oeste (1,5%). Em menor escala, os estrangeiros representam apenas 0,6% da população. Quanto aos estados, os mais representativos são Paraná (76,7%), São Paulo (4,7%) e Santa Catarina (4,5%).
Nordeste 5,0%
Quanto ao ano em que essas famílias se mudaram para a
Centro-Oeste 1,5%
comunidade, 13,9% dos moradores atuais da comunidade já moravam na mesma desde 2015. O crescimento da comunidade acompanhou o decorrer dos anos, tendo seu maior crescimento em 2018 (26,9%). Até a data da aplicação das enquetes (Abril de 2019), 13,4% dos moradores haviam se mudado neste
Sudeste 6,3%
ano, o que indica que a mesma ainda está em processo de ocupação.
Gráfico 7 – Motivos para mudar para a Santa Cruz
Paraná 71,4%
Possibilidade de não pagar aluguel
São Paulo 4,7%
54,9%
Falta de dinheiro para se manter em outro lugar
Santa Catarina 4,5%
19,6%
Melhor condição de vida
10,3%
Família e/ou amigos na comunidade
Sul 74,9%
6,9%
Possibilidade de regularização
1,0%
Outros (principal: independência)
Estrangeiro 7,2%
7,4% 0%
15%
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30%
45%
60% 21
EDUCAÇÃO
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Educação Alfabetização e nível de escolaridade Entre as pessoas com 8 anos ou mais, a taxa de alfabetizados
No cenário nacional, a maior taxa de analfabetos se encon-
na comunidade de Santa Cruz é de 91,9%. Isso significa que
tra entre as pessoas que já passaram da idade escolar. O
os 8,1% restantes ainda não aprenderam a ler e/ou escrever
mesmo ocorre na Santa Cruz, onde 8,2% da população com
(Gráfico 8). Observando o Gráfico 9, percebe-se que a porcen-
18 anos ou mais ainda não aprendeu a ler e/ou escrever.
tagem de analfabetos é muito próxima da média brasileira (8,0%), porém 3,0% acima da média paranaense (4,9%).
Gráfico 9 – Taxa de analfabetismo da Santa Cruz comparada com outras regiões Gráfico 8 – Taxa de alfabetização da Santa Cruz (8 anos ou mais)
8,1%
8,1%
Total
4,9%
8 anos ou mais
8,0%
não alfabetizadas Idade escolar 8 a 17 anos
6,6% 1,1% 2,4% 8,2%
Adulos
5,7%
18 anos ou mais
0%
91,9% alfabetizados
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
9,2% 2% Santa Cruz
4%
6% Paraná *
8%
10%
Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua 2017
23
Gráfico 10 – Nível escolar mais alto completo pela população com 18 anos ou mais
O número de pessoas na idade escolar (entre 8 e 17 anos) que não são alfabetizadas na Santa Cruz é de 6,6%, apesar de ser um pouco mais baixo que das pessoas em idade
completou nenhum nívelescolar escolar NãoNão completou nenhum nível
1,5%
Pré-escola IMCOMPLETO Pré-escola INCOMPLETO
1,8%
adulta (acima de 18 anos), ainda é alto se comparado com o Brasil, onde apenas 2,4% da população em idade escolar não está alfabetizada, número que cai ainda mais no estado do Paraná (1,1%). Os adultos não alfabetizados seguem o padrão da taxa de analfabetismo da população total – a média da Santa Cruz (8,2%) é superior à média do Paraná (5,7%), mas próxima à média nacional (9,2%). Conforme observado no Gráfico 10, nota-se que 48,9% dos
Pré-escola COMPLETO Pré-escola COMPLETO 0,0% Ensino Fundamental I INCOMPLETO
15,4%
Ensino Fundamental I (4ª INCOMPLETO série / 5º ano )
Ensino Fundamental I COMPLETO Ensino Fundamental I COMPLETO
12,8%
(4ª série / 5º ano )
Ensino Fundamental II INCOMPLETO Ensino Fundamental II (8ª INCOMPLETO série / 9º ano )
17,4%
Ensino Fundamental COMPLETO Ensino Fundamental II II COMPLETO
12,1%
(8ª série / 9º ano )
13,1%
Ensino Médio INCOMPLETO Ensino Médio INCOMPLETO
adultos (18 anos ou mais) não completaram o Ensino Fundamental. 12,1% frequentaram a escola somente até a conclusão do Ensino Fundamental, 13,1% não concluíram o Ensino Médio e 21,8% pararam os estudos ao completar o Ensino Médio. Os níveis de escolaridade posteriores são notavelmente menores, uma vez que 1,0% possui Ensino Técnico (completo ou incompleto), 1,3% possui Ensino Superior incompleto e
21,8%
Ensino Médio COMPLETO Ensino Médio COMPLETO Técnico INCOMPLETO Técnico INCOMPLETO
0,5%
Técnico COMPLETO TÉCNICO COMPLETO
0,5%
Ensino Superior INCOMPLETO Ensino Superior INCOMPLETO
1,3%
apenas 0,5% completou algum curso de graduação. Ensino Superior COMPLETO Ensino Superior COMPLETO
0,5%
Esse déficit educacional em cada um dos níveis escolares torna-se mais visível no Gráfico 11. Como pode ser observado, 19,0% das pessoas com 18 anos ou mais não terminaram o
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NS/NR NS/NR
0%
1,3% 5%
10%
15%
20%
24
“
Os dados apontam para a necessidade de ações de redução do déficit educacional na comunidade da Santa Cruz.
Gráfico 11 – Déficit escolar na comunidade Santa Cruz Sem Ensino Fundamental I – 4ª série/5º ano (pessoas com 18 anos ou mais)
19,0%
Sem Ensino Fundamental II – 8ª série/9º ano (pessoas com 18 anos ou mais)
49,6%
Sem Ensino Médio (pessoas com 19 anos ou mais)
74,1%
Sem Ensino Superior (pessoas com 23 anos ou mais)
0%
99,4% 20%
40%
60%
80%
100%
Ensino Fundamental I (4ª série ou 5º ano completos), número
O número de jovens na idade escolar (entre 8 e 17 anos) ainda não alfabetizados (6,6%) é maior
que sobe para 49,6% no caso do Ensino Fundamental II (8ª
que o dobro da média nacional (2,4%) e o sêxtuplo da média paranaense (1,1%), o que mostra a
série ou 9º ano). Quanto ao Ensino Médio, considerando a
importância de medidas para a redução desse atraso. Quanto a população adulta, quase me-
população com 19 anos ou mais, 74,1% não o concluíram.
tade sequer completou o ensino fundamental e pouco mais de 25% concluiu o ensino médio.
No caso do Ensino Superior, 99,4% da população com 23 anos ou mais não possui um diploma de graduação. Esses dados apontam, portanto, para a necessidade de ações de redução do déficit educacional da comunidade, especialmente para a população adulta, de 18 anos ou mais.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
Assim, ações no campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) se mostram importantíssimas para a diminuição do déficit educacional na população adulta. Além disso, ações que aumentem a inclusão dos moradores e moradoras da Santa Cruz em cursos técnicos e superiores também são necessárias, visto que apenas 1,0% possuem algum tipo de especialização concluído, seja técnico ou superior.
25
Educação Razões para abandono dos estudos
Gráfico 12 – Motivos para abandonar os estudos
47,8%
Não tem tempo devido ao trabalho
É importante que ações para diminuir o déficit educacional na Santa Cruz
14,6%
Não tem interesse
levem primeiramente em consideração as razões pelas quais as pessoas
12,7%
Maternidade ou paternidade
interromperam seus estudos.
mais, os cinco principais motivos para interrupção dos estudos foram a falta
7,8%
Ajuda com as tarefas do lar
Entre as pessoas com 18 anos ou
3,0%
Não há transporte / fica muito longe
de tempo em decorrência da necessidade de trabalhar (47,8%), a falta de interesse (14,6%), a maternidade ou
1,1%
Falta de dinheiro Problemas com notas / foi expulso
0,4%
Considera que terminou os estudos
0,4%
Requer estabelecimento especial
0,4%
paternidade (12,7%), a necessidade de ajudar com as tarefas do lar (7,8%) e a ausência de transporte de distância até os locais de estudo (3,0%).
7,1%
Outras razões
4,9%
NS/NR
0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
10%
20%
30%
40%
26
BO DZ IA K RU A
SO NI A
Educação Santa Cruz
Dentre as crianças em idade escolar (incluindo creche), na faixa de 4 a 17 anos, 91,9% frequentam alguma instituição, enquanto outros 8,1% não frequentam.
11,9% 2,4% 25,6%
Tratando-se da Educação Infantil, os equipamentos mais utilizados pelos moradores da Santa Cruz são o CMEI Califórnia
7,1%
CMEI Califórnia
CMEI Industrial
CA NT EL E
EM Profª Egle Cordeiro Machado Pinto EM Profª Delani Aparecida Alvez
(11,9%), situado a 2,0 km do centro da comunidade, e o CMEI
13,1%
EE Lincoln Setembrino Coimbra
Para as crianças que frequentam o Ensino Fundamental, as
11,3%
EE Agalvira Bittencourt Pinto AV .D AS NA ÇÕ ES
Industrial (2,4%), localizado a cerca de 2,1 km.
escolas mais utilizadas são as Escolas Municipais Professora
AV .S ILV IO
RU AA VE ST RU Z
Frequência na escola
Egle Cordeiro Machado Pinto (frequentada por 25,6% dos estudantes) e Professora Delani Aparecida Alvez (frequentada por 7,1%), situadas a aproximadamente 2,2 km e 1,7 km, respectivamente. Quanto aos alunos do Ensino Médio, os colégios mais utilizados são os Colégios Estaduais Lincoln Setembrino Coimbra (13,1%) e Agalvira Bittencourt Pinto (11,3%). Estes localizam-
0
100
200
400
600
Gráfico 13 – Crianças na idade escolar (4 a 17 anos) que estudam
Não estudam 8,1%
-se a cerca de 2,0 km para o primeiro e 2,2 km para o segundo. 4,8% dos estudantes estão matriculados no CEEBJA Araucária (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos). Outras escolas e colégios representam 23,8% dos estudantes.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
Estudam 91,9%
27
TRABALHO E RENDA
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
28
Trabalho e renda
Gráfico 14 – Porcentagem de trabalhadores e não trabalhadores com 18 anos ou mais
14,1%
Ocupação e taxa de desemprego
Não trabalham
Dos 390 moradores da Santa Cruz com 18 anos ou mais que res-
e estão procurando emprego
ponderam à enquete, 244 (62,6%) estavam trabalhando no momento, enquanto 146 (37,4%) não estavam. Destes últimos, 91 (23,3%)
62,6%
não estavam procurando emprego e outros 55 (14,1%) estavam
Trabalham
(Gráfico 14).
23,3%
A partir do número de pessoas que não estão trabalhando, mas es-
Não trabalham
tão procurando emprego, é possível definir a taxa de desemprego
e NÃO estão procurando emprego
da população. Essa taxa indica a porcentagem de pessoas desempregadas dentro da população economicamente ativa (PEA) – (pessoas que estão no mercado de trabalho ou tentando se inserir nele). Apesar do IBGE considerar pessoas a partir dos 14 anos para a divulgação das pesquisas, neste estudo os valores foram ajustados para englobar apenas a população com 18 anos ou mais.
Gráfico 15 – Taxa de desemprego de pessoas com 18 anos ou mais na Santa Cruz comparada com outras regiões
Gráfico 16 – Nível de formalização do trabalho
Total Homens Mulheres
48,4% 44,3% 54,7% Com carteira assinada
11,9% 9,4%
18,4% 8,0%
39,7%
11,9%
46,3% 15,8%
Sem carteira assinada
29,5% Autônomo / Bicos
0%
5% Santa Cruz
10% Paraná *
15%
20%
Brasil *
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
29
Como pode ser observado no Gráfico 15, a taxa de desemprego
Gráfico 17 – Motivos para não procurar trabalho
é de 18,4% da população adulta da Santa Cruz, valor maior que o dobro da taxa do Paraná (8,0%). Apesar da taxa brasileira
Tarefas do Lar lar
23,1%
(11,9%) estar acima da taxa paranaense, o valor ainda é bem inferior ao índice da Santa Cruz.
Não Nãotem temcom comquem quem deixar osos filhos deixar filhos
23,1%
Aposentadoria Aposentadoria
Quanto ao nível de formalização dessas atividades (Gráfico 16), cerca de 48,4% das pessoas trabalham com carteira assinada,
15,4%
EstáEstá doente ou tem doente ou algumadeficiência deficiência tem alguma
enquanto 11,9% trabalham mesmo sem a carteira assinada e 39,7% são autônomas ou fazem bicos. Analisando os gêneros
13,2%
Não precisa / não quer Não precisa/quer
separadamente, percebe-se que há uma proporção maior de mulheres com carteira assinada (54,7%) do que de homens
7,7%
(44,3%). Da mesma forma, as mulheres trabalham mais sem
Está Estáestudando estudando
carteira assinada (15,8%) do que homens (9,4%). A inversão se
3,3%
dá apenas nos trabalhos como autônomas ou em bicos, onde
Cansoude deprocurar procurar Cansou
46,3% dos homens desenvolvem esse tipo de atividade, contra
1,1%
29,5% das trabalhadoras mulheres.
Outros Outro
27,5%
NS /NR NS/NR
nem procurando emprego, os principais motivos são apresen-
2,2% 0%
5%
No que diz respeito à população que não está trabalhando e tados no Gráfico 17. Como pode ser visto, 23,1% justificaram
10%
15%
20%
25%
30%
não procurar por trabalho por conta das tarefas do lar, 23,1% por não ter com quem deixar os filhos, 15,4% já está aposentado ou aposentada e 13,2% está doente ou tem alguma deficiência. Outros motivos não listados somam 27,5%.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
30
Trabalho e renda Áreas de trabalho Destaca-se, na Santa Cruz, o grupo de moradores que trabalha com construção civil, seja como pedreiros, serventes, pintores, etc., representando 20,9% dos trabalhadores. Em seguida, os serviços de limpeza (como diaristas, auxiliar de serviços gerais, etc.) contemplam 15,2% dos trabalhadores e o comércio (vendedores, caixas, balconistas, etc.) abrange 12,4%. Moradores
Gráfico 18 – Principais áreas de trabalho dos moradores da Santa Cruz
20,9%
Construção civil
15,2%
Serviços de limpeza
12,4%
Comércio e vendas
9,7%
Transporte e entregas
6,7%
Indústria
que trabalham com transporte e entregas (motoristas de ônibus, caminhão, motoboys, etc.) representam 9,7%, a indústria conta com outros 6,7%, cozinheiros (incluindo auxiliares de cozinha, padeiros, doceiros, etc.) somam 6,4% e serviços mecânicos totalizam também 6,4%. Outras áreas de trabalho são reciclagem (3,3%), segurança (2,4%), jardinagem (2,1%), serviços administrativos (1,8%), serviços domésticos (1,5%) e beleza (1,5%). Demais serviços variados somam 9,7%.
Cozinha
6,4%
Serviços mecânicos
6,4% 3,3%
Reciclagem
2,4%
Segurança
2,1%
Jardinagem
1,8%
Administrativo Serviços domésticos
1,5%
Beleza
1,5% 9,7%
Outros 0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
5%
10%
15%
20%
25%
31
Trabalho e renda Renda O Gráfico 19 apresenta a renda mensal dos adultos com 18 anos ou mais. Como pode ser observado, 28,2% não possuem nenhuma fonte de renda mensal, 2,1% recebem até R$ 300, 4,4% entre R$ 301 e R$ 600 e 8,7% entre R$ 601 e R$ 997. O salário mínimo em abril de 2019 era de R$ 998 – isso significa que, somando esses grupos, 43,4% dos adultos com 18 anos ou mais da Santa Cruz não tem uma renda mensal ou ela é inferior ao salário mínimo.
Gráfico 19 – Renda mensal entre adultos com 18 anos ou mais
R$0,00 Até R$300,00
998 e R$ 1.200, 14,6% entre R$ 1201 e R$ 1500 e 13,8% acima de
2,1%
R$301,00 - R$600,00
4,4%
R$601,00 - R$997,00
8,7%
R$998,00 - R$1200,00
salário mínimo R$ 998
12,8%
R$1201,00 - R$1500,00
14,6%
Acima de R$1501,00
13,8%
NS/NR
15,4% 0%
Já os adultos que têm renda mensal igual ou superior ao salário mínimo representam 41,2%, sendo que 12,8% recebem entre R$
28,2%
10%
20%
30%
Gráfico 20 – Renda per capita na Santa Cruz em comparação a outras regiões
R$3.000,00
R$1501. Outros 15,4% não souberam ou não quiseram informar sua renda mensal.
R$2.500,00
A renda per capita das pessoas da comunidade (Gráfico 20) é de
R$2.000,00
R$ 2.511 R$ 2.234
R$ 461 por habitante, valor muito inferior às médias brasileira (R$ 968) e paranaense (R$ 1.192). O salário per capita no país é o dobro do valor médio da comunidade, enquanto a média no estado é mais de duas vezes maior. Se considerarmos apenas os moradores com 18 anos ou mais, a renda per capita é de R$ 729, e considerando apenas os que têm alguma renda durante o mês, o valor sobe para R$ 1.165.
R$ 1.562
R$1.500,00 R$1.000,00
R$ 1.192 R$ 968
R$ 1.280
R$ 1.165
R$ 729
R$500,00
salário mínimo R$ 998
R$ 461
R$0,00 Considerando toda a população
Santa Cruz
Considerando maiores de 18 anos
Paraná *
Considerando apenas trabalhadores
Brasil *
*Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
32
TRABALHO E RENDA Relação entre renda e gênero
Gráfico 21 – Comparação entre a renda de mulheres e homens trabalhadores com 14 anos ou mais
A renda recebida pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores
R$ 1.223,40
da Santa Cruz é desigual dependendo do seu gênero. O Gráfico 21 apresenta um comparativo entre os salários médios
Santa Cruz
R$ 1.045,78 R$ 1.153,93
separados por gênero. Os números diferem dos apresentados no gráfico anterior pois foram considerados todos os traba-
R$ 2.827,00
lhadores com 14 anos ou mais, conforme os dados disponibilizados pelo IBGE. Neste caso, a renda média das mulheres
R$ 2.038,00
Paraná *
R$ 2.488,00
é de R$ 1.045,78, enquanto a dos homens é de R$ 1.223,40, ou seja, 17,0% mais alta. Apesar da diferença, a proporção de disparidade entre os salários na comunidade é menor do que nas demais regiões,
R$ 2.442,00 R$ 1.924,00
Brasil *
R$ 2.218,00
visto que no Brasil os homens recebem em média 26,9% a mais que as mulheres e no Paraná, 38,7% a mais.
Homens
Mulheres
Total
* Fonte para comparação: IBGE - PNAD Contínua (1º trimestre de 2019)
Os trabalhadores homens da Santa Cruz recebem em média 17,0% a mais que as mulheres. Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
33
TRABALHO E RENDA Relação entre renda, gênero e escolaridade
Gráfico 22 – Comparação entre a renda de mulheres e homens trabalhadores com 18 anos ou mais conforme o nível de escolaridade
O nível de escolaridade também parece influenciar na questão da renda, aumentando-a gradativamente, em termos gerais. Para os trabalhadores homens, ela começa em R$ 1.109,38 para aqueles sem nenhum grau de instrução, tendo uma queda para aqueles com o Ensino Fundamental I completo, atingindo R$ 883,67. A partir de então, ela sobe para R$ 1.202,80 para o Ensino Fundamental II, para R$ 1.532,00 para os que possuem Ensino Médio e depois uma leve queda para R$ 1.200,00 para aqueles com Ensino Técnico. Quanto à renda das mulheres, ela é em geral inferior à renda dos homens nos primeiros níveis, ultrapassando-os somente a partir do Ensino Técnico. Aquelas sem nenhum nível escolar recebem em média R$ 983,33, diminuindo um pouco para R$ 930,88 para aquelas com Ensino Fundamental I, e reduzindo ainda mais para as que completaram o Ensino Fundamental II, girando em torno de R$ 656,43. A partir do Ensino Médio a renda sobe para R$ 1.085,71, atingindo R$
Homens
Mulheres
Média
R$ 3.000,00 R$ 2.500,00 R$ 2.000,00 R$ 1.500,00 R$ 1.000,00 R$ 500,00 R$ 0,00 Nenhum nível escolar
Ensino Ensino Fundamental I Fundamental II
Ensino Médio
Ensino Técnico
Ensino Superior
1.600,00 no Ensino Técnico e mantendo-se constante no Superior. Conforme observado, no caso dos trabalhadores homens a renda parece ter menos variações conforme se aumenta o nível de escolaridade do que no caso das mulheres. Além disso, somente após o nível Técnico as mulheres passam a ter um salário consideravelmente maior que o dos homens. Na amostra entrevistada, entretanto, não havia homens com Ensino Superior completo.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
34
TRABALHO E RENDA Outros indicadores Quanto aos benefícios sociais, 11,2% da população recebe
Além disso, 35,3% dos moradores afirmou ter gasto mais do
Bolsa Família, 0,8% recebem auxílio desemprego e 1,0% rece-
que a renda mensal familiar no mesmo período de três meses
be outros benefícios, enquanto 87,7% afirmaram não receber
(Gráfico 25), e outros 47,1% declararam ter gasto exatamente
nenhum (Gráfico 23).
o valor que receberam. Apenas 16,7% gastou menos e con-
Nos três meses que antecederam à aplicação da ECO, 15,9% das famílias deixaram de fazer alguma refeição por falta de
seguiu guardar uma parcela do dinheiro. 0,9% não soube ou não quis responder.
dinheiro, conforme apresentado no Gráfico 24.
Gráfico 24 – Deixou de fazer alguma refeição nos últimos 3 meses por falta de dinheiro?
Gráfico 23 – Benefícios sociais
Bolsa Família
11,2%
Gráfico 25 – Nos últimos 3 meses, gastou mais, exatamente ou menos que a renda mensal?
NS/NR
Aux. Desemprego
Sim
0,8%
15,9%
Outros
Menos
0,9%
16,7%
1,0%
Nenhum
Não
87,7%
84,1%
Mais
Dinheiro exato
35,3%
47,1%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
35
TRANSPORTE
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
36
TRANSPORTE Locomoção para o trabalho
Gráfico 26 – Tempo de deslocamento até o local de trabalho
O tempo médio que os moradores da Santa Cruz utilizam
10 min ou menos
para se deslocar até o local em que trabalham é de 62 minu-
entre 11 e 30 min
tos. 22,5% dos trabalhadores gastam menos de 10 minutos para chegar ao trabalho, enquanto 25,0% levam entre 11 e 30
entre 61 e 120 min
uma a duas horas e 5,3% despendem mais de duas horas. Os
mais de 120 min
local de trabalho.
25,0%
entre 31 e 60 min
minutos e 22,1% levam de 31 a 60 minutos. 21,3% gastam de tempos foram medidos considerando o percurso a pé até o
22,5%
22,1% 21,3% 5,3%
NS/NR
3,7% 0%
Em relação ao meio de transporte que os habitantes utilizam, o transporte privado (carro, moto, etc.) foi apontado como o
10%
20%
30%
TEMPO MÉDIO: 62 min
principal por 45,5% da população da Santa Cruz. Os que utilizam transporte coletivo privado (ônibus fretado, vans, etc.) somam 31,1%, aqueles que vão a pé ou de bicicleta representam 19,3% e apenas 2,5% fazem uso de transporte coletivo público.
Gráfico 27 – Principal meio de transporte até o local de trabalho
A pé/bicicleta
19,3%
Transporte privado
45,5%
Transporte público
2,5%
Coletivo privado
31,1%
NS/NR
1,6% 0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
10%
20%
30%
40%
50%
37
TRANSPORTE Locomoção para o local de estudo
Gráfico 28 – Tempo de deslocamento até o local de estudo
Para a grande maioria (76,6%) dos estudantes da Santa Cruz, o lo-
10 min ou menos
cal de estudo está a menos de 30 minutos da comunidade, sendo
entre 11 e 30min
que para 20,1% fica a 10 min ou menos de distância e para 56,5% entre 11 e 30 minutos. Para 20,7% o tempo médio gasto é entre 31 e 60 min e para 0,5% é de mais de uma hora. O tempo médio de deslocamento é de 25 min. Os tempos foram medidos considerando o percurso a pé até o local de estudo. Quanto ao principal meio de transporte, 38,0% vão para o local de estudo por meio de transporte privado (carro, moto, etc). Em
20,1% 56,5%
entre 31 e 60min
20,7%
entre 61 e 120 min
0,5%
mais de 120 min
0,0%
NS/NR
2,2% 0%
seguida, 34,8% vão pé ou de bicicleta, 13,6% usam transporte
20%
40%
60%
TEMPO MÉDIO: 25 min
coletivo privado (como vans) e 12,0% se deslocam por meio de transporte coletivo público. Comparando com os perfis de deslocamento apresentados, os tempos de deslocamento para o estudo e para o trabalho indicam que os moradores possuem escolas e/ou instituições de ensino mais próximas à comunidade, enquanto seus locais de trabalho tendem a se localizar mais afastados. Assim, os estu-
Gráfico 29 – Principal meio de transporte até o local de estudo
A pé/bicicleta
34,8%
Transporte privado
38,0%
Transporte público
12,0%
dantes deslocam-se mais a pé ou de bicicleta (34,8% contra 19,3% do trabalho). A utilização do transporte público é igualmente superior, atendendo 12,0% dos estudantes e apenas 2,5% dos trabalhadores.
Coletivo privado
13,6%
NS/NR
1,6% 0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
10%
20%
30%
40%
38
SAÚDE
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
39
SAÚDE Atendimento médico
Nos três meses que antecederam a aplicação das
Gráfico 30 – Nos últimos três meses, teve algum problema de saúde, acidente ou necessidade de tratamento?
Gráfico 31 – Teve atendimento para tratar este problema?
NS/NR
0,5%
Não
Sim, pontual
12,8%
10,4%
enquetes, 22,1% dos habitantes da Santa Cruz apresentaram algum problema de saúde, sofreram algum acidente ou pre-
Sim, contínuo
cisaram de algum tipo de tratamento. Destes, 10,4% tiveram a necessidade de tratamento pontual, enquanto 11,7% preci-
11,7%
saram de tratamento para um problema contínuo de saúde (Gráfico 30).
Não
Entre todos as pessoas que apresentaram algum tipo de
Sim
77,4%
problema relacionado à saúde, 12,8% não tiveram tratamen-
87,2%
to médico (Gráfico 31). Os principais motivos apresentados foram por ter se automedicado (29,4%), não achado o atendimento necessário (23,5%), não ter conseguido uma vaga (17,6%) e outros motivos não informados (35,3%). Múltiplas
Gráfico 32 – Satisfação com o atendimento médico recebido
respostas eram possíveis nesta questão.
Muito satisfeito
40,5%
Quanto aos que compareceram a alguma consulta ou tiveram algum tipo de atenção médica, 40,5% afirmaram estar muito
Satisfeito
44,8%
satisfeitos com o atendimento recebido, 44,8% satisfeitos, 11,2% insatisfeitos e 3,5% muito insatisfeitos. Dessa forma,
Insatisfeito
11,2%
somando-se muito satisfeitos e satisfeitos, observa-se que a maioria (85,8%) aprova o atendimento recebido, enquanto
Muito insatisfeito
3,5%
apenas 14,7% o reprova.
0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
10%
20%
30%
40%
50%
40
RU AA VE ST RU Z
Portanto, do ponto de vista dos moradores da comunidade que compareceram a algum tipo de atendimento médico quando necessitaram, os serviços de saúde ofertados atendeAV .D AS NA ÇÕ ES
ram às expectativas da maioria. 24,8% afirmaram ter utilizado a Unidade Básica de Saúde da Família Valmir Hervis de Lima, localizada a cerca de 1,6 km da comunidade, enquanto outros 18,6% utilizaram o centro de saúde do CAIC Capela Velha, a 1,8 km. A UPA de Araucária,
AV. DOS PINHEIRAIS
localizada a aproximadamente 9,2 km, foi também utilizada por 11,5% dos moradores para atendimentos mais urgentes, enquanto a UPA do Tatuquara, em Curitiba, situada a 10,3 km, foi usada por 1,8% dos moradores. Quanto aos hospitais, os mais utilizados foram o Hospital Municipal de Araucária (localizado a 6,2 km), por 16,8%, e o Hospital do Trabalhador (14,5 km), por 2,7%. Demais postos de saúde, unidades de pronto atendimento e hospitais somam 23,9%.
PR423
Santa Cruz
0 100 200
400
24,8%
UBSF Valmir Hervis de Lima
18,6%
CAIC Capela Velha
16,8%
HMA - Hospital Municipal de Araucária
600
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
41
SAÚDE Doenças e deficiências
Tabela 3 – Doenças respiratórias
A Tabela 3 apresenta o número de habitantes da
Tabela 4 – Doenças crônicas
Nº de habitantes
%
Nº de habitantes
%
Santa Cruz que informaram possuir alguma doença
Rinite alérgica
112
18,2%
Hipertensão
44
7,1%
respiratória. A maior parte da população não apresen-
Bronquite
27
4,4%
Depressão
35
5,7%
ta problemas respiratórios (72,8%). A rinite alérgica,
Asma
22
3,6%
Diabetes
31
5,0%
entretanto, é a doença mais comum e está presente
Tuberculose
1
0,2%
Doenças renais
12
1,9%
em 18,2% da população. Outras doenças diagnostica-
Outras doenças
20
3,2%
Obesidade
7
1,1%
das são a bronquite (4,4%), asma (3,6%) e tuberculose,
Nenhuma
449
72,8%
Câncer
4
0,6%
Outras doenças
36
5,8%
Nenhuma
496
80,4%
que aparece em 0,2% dos moradores. Quanto às doenças crônicas (Tabela 4), a hipertensão foi a mais relatada (7,1%), seguida pela depressão (5,7%) e diabetes (5,0%). Em menor número, também
Tabela 5 – Doenças relacionadas à falta de saneamento Nº de habitantes
%
Diarreia
76
12,3%
Infecção na pele ou nos olhos
21
3,4%
Dengue, Chikungunya, Zika ou Febre Amarela
1
0,2%
Leptospirose
1
Com relação às deficiências, listadas na Tabela 6, nota-
Outras doenças
-se que 1,6% da comunidade possui alguma deficiência
Nenhuma
foram relatadas doenças renais (1,9%), obesidade (1,1%) e câncer (0,6%). Quanto às doenças possivelmente relacionadas à falta de saneamento (Tabela 5), a diarreia acometeu 12,3% da população, enquanto infecções de pele ou dos olhos ocorreram em 3,4%.
Tabela 6 – Deficiências Nº de habitantes
%
Física ou de mobilidade
10
1,6%
Cegueira
9
1,5%
0,2%
Surdez
9
1,5%
6
1,0%
Mental
6
1,0%
516
83,6%
Nenhuma
585
94,8%
física ou de mobilidade, 1,5% possui cegueira, 1,5% surdez e 1,0% deficiência mental.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
42
“
Todos esses resultados são baseados nas informações fornecidas pelas pessoas que responderam as enquetes, ou seja, são auto declaratórios e podem não
É possível que certas doenças como hipertensão, asma e obesidade não estejam corretamente diagnosticadas.
representar a realidade do diagnóstico. Nesse sentido, comparando os dados da ECO com outras fontes é possível notar algumas discrepâncias relevantes nas ocorrências de algumas doenças na Santa Cruz com os números do Paraná. Para esta comparação, os dados da Santa Cruz tiveram que ser ajustados para considerar apenas a população com 18 anos ou mais, já que a outra fonte consultada (PNS 2013) traz os dados dessa forma. Observando a Tabela 7, no caso da hipertensão, enquanto o número de casos na Santa Cruz é de 7,1% ele sobe para 21,4% no Paraná e no Brasil. A asma é uma doença cujos índices, apesar de serem baixos no Brasil e Paraná (4,4% e 4,5%), são o dobro do valor encontrado na comunidade (2,1%). Para a depressão, o valor é relativamente próximo do índice nacional, porém bem abaixo da média estadual. O índice de câncer alcança apenas 0,6% na comunidade, enquanto que no estado
Tabela 7 – Comparação entre índices de ocorrência na Santa Cruz, Paraná e Brasil, considerando pessoas com 18 anos ou mais
é de 2,6% e no país 1,8%, número elevado se comparados à Santa Cruz. Quanto à diabetes, o desvio é menor, aparentando seguir a tendência estadual. Uma das maiores discrepâncias se dá na obesidade, uma vez que a taxa nacional (19,8%) é
Santa Cruz
Paraná *
Brasil *
Hipertensão
7,1%
21,4%
21,4%
Asma
2,1%
4,5%
4,4%
É esperado que a comparação realmente gere números diferentes, já que os dados
Depressão
5,3%
11,7%
7,6%
usados não são exatamente dos mesmos anos (2013, 2017 e 2019). Da mesma
Câncer
0,6%
2,6%
1,8%
forma, as próprias particularidades no perfil socioeconômico e estilo de vida dos
Diabetes
5,0%
5,7%
6,2%
habitantes também podem provocar diferenças. Mesmo assim, dado ao fato da
Obesidade
1,1%
18,1% **
18,9% **
Fonte para comparação: * Pesquisa Nacional em Saúde - PNS, 2013, IBGE ** VIGITEL 2017 - Ministério da Saúde, esse dado leva em consideração apenas as capitais
Relatório socioeconômico santa cruz 2019
dezessete vezes maior que o valor encontrado na comunidade (1,1%).
ocorrência de certas doenças ser muito inferior na comunidade, é importante que se considere a possibilidade de elas não estarem plenamente diagnosticadas em uma parte considerável dos habitantes.
43
MORADIA
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
44
MORADIA Material das moradias
Gráfico 33 – Material das moradias da Santa Cruz
O tipo de moradia mais encontrado na Santa Cruz é de moradias feitas com retalhos de madeira, ou seja, madeiras reaproveitadas (32,8%), seguido por aquelas feitas de madeira própria para construção (31,4%). Em
Retalhos de madeira
32,8%
seguida, aparecem as casas de alvenaria (19,6%) e as casas mistas (15,7%), que apresentam mais de um desses tipos sem predomínio de nenhum deles. Existem hoje na comunidade 3 casas construídas pelo TETO, todas com madeira própria para construção.
Madeira aparelhada
Alvenaria
31,4%
19,6%
Casas do TETO na comunidade
3 casas Misto
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
15,7%
45
MORADIA
Gráfico 34 – Situação dos terrenos
Terreno Próprio Comprado
61,8%
Terreno Próprio Ocupado
23,5%
Terreno Próprio Doado
Características das moradias
8,3%
Terreno Emprestado
4,4%
Terreno Alugado
1,5%
Outro
0,5% 0%
A maioria dos terrenos da Santa Cruz foram comprados (61,8%) por seus atuais moradores, enquanto os terrenos que foram ocupados representam 23,5%. Em menor número há
15%
30%
45%
60%
75%
os terrenos doados (8,3%), emprestados (4,4%) e alugados (1,5%). É importante ressaltar que nenhum desses terrenos encontram-se em situação regular. Dessa forma, mesmo os
Tabela 8 – Perfil das moradias
terrenos que foram comprados e/ou alugados mediante um
Cômodos por casa
3
Dormitórios por casa
1
Camas por casa
1
Área média das casas
37,1 m²
Área média dos terrenos
138,2 m²
Pessoas por casa
3
contrato, não possuem a garantia de segurança da posse da terra. Quanto ao perfil dessas moradias, de acordo com a Tabela 8, elas abrigam em média famílias de 3 moradores. São casas, em média, com 3 cômodos, sendo 1 deles dormitório. A área média das casas é de 37,1 m² e dos terrenos é de 138,2 m².
Gráfico 35 – Quantidade de cômodos
11,8%
1 cômodo
18,2%
4 cômodos
15,3%
5 cômodos
7,4%
6 ou mais
0%
4 (18,2%) ou 2 (17,7%) cômodos. Em sequência, aparecem as
46,3%
1 dormitório
29,6%
3 cômodos
As casas com 3 cômodos são maioria (29,6%), seguida pela de
10,8%
0 dormitório
17,7%
2 cômodos
Gráfico 36 – Quantidade de dormitórios
36,0%
2 dormitórios
6,9%
3 dormitórios 4 ou mais
10% 20% 30% 40%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
20%
ou mais cômodos são as menos frequentes na comunidade, representando apenas 7,4%. Nessas moradias, a maioria possui apenas 1 dormitório
0,5% 0%
casas com 5 (15,3%) e 1 (11,8%) cômodo. As moradias com 6
(46,3%), seguido pelas casas com 2 dormitórios (36,0%). É im-
40%
60%
portante ressaltar que foram considerados apenas cômodos que servem exclusivamente como dormitório.
46
moradia Fornecimento de serviços básicos A maioria das moradias da comunidade obtém a água por meio de ligações irregulares (88,7%), os chamados “gatos”. Outros 3,9% utilizam relógio de medição coletiva (rateio) e 3,4% coletam num ponto de água fora do terreno. 1,5% afirmou obter água de forma regular (pagando conta), e outros 1,0% que a obtém de outras maneiras não especificadas. Não souberam ou não quiseram responder 1,5%.
Gráfico 37 – De onde obtém a água?
Irregular Irregularem em casa (gato) (gato) Ponto Pontode deágua água fora do do terreno fora Relógio Relógiode demedição medição coletiva (rateio) coletiva (rateio)
0,7%
Outros Outros
1,5%
NS/NR
2,9%
O fornecimento de energia elétrica da comunidade funciona
91,2% 5,1%
0%
de forma semelhante ao abastecimento de água, onde a gran-
20%
40%
60%
80%
100%
de maioria das moradias (97,0%) obtém a energia de forma irregular, enquanto apenas 1,0% tem acesso à energia de forma regular (pagando conta). 1,0% afirmou não possuir energia elétrica e 1,0% não soube responder.
Gráfico 38 – Possui energia elétrica?
Sim, Sim,irregular irregular(gato) (gato) Sim, Sim,regular regular
1,0%
Não Nãopossui possui
1,0%
NS/NR NS/NR
1,0%
0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
97,0%
20%
40%
60%
80%
100%
47
Em relação ao esgoto, grande parte da comunidade (47,1%)
Gráfico 39 – Como é o despejo do esgoto?
Fossa rudimentar Fossa rudimentar
47,1%
Fossa Fossaséptica séptica
28,4%
Despejo Despejono nosolo solo
ca e 10,3% declararam que despejam diretamente no solo. 4,4% disseram não possuir banheiro em casa, utilizando de vizinhos
4,4%
Rede pública esgoto Rede pública dedeesgoto
e/ou banheiro comunitário e outros 3,4% afirmaram ter acesso à rede pública de esgoto. 2,0% faz o despejo de outras formas
3,4%
Outros Outros
e não souberam ou não quiseram responder 4,4%.
2,0%
NS/NR NS/NR
Quanto ao descarte de lixo, a comunidade possui um ponto
4,4%
0%
10%
nação do solo e o aumento da probabilidade de proliferação de doenças. Outros 28,4%, por outro lado, possuem fossa sépti-
10,3%
Não possui Não possuibanheiro banheiro
afirma despejá-lo em fossas rudimentares, gerando a contami-
de coleta comunitário, utilizado por 92,2% dos moradores. Há
20%
30%
40%
50%
ainda 4,4% que têm seu lixo coletado na frente de casa, 2,5% que queimam e 1,0% que jogam na rua ou em terrenos baldios.
Gráfico 40 – Como é descartado o lixo?
Leva para um Leva para umponto pontode de coleta comunidade coleta nana comunidade É coletado É coletadoem em frentede decasa casa frente
Apenas 0,5% afirmou reciclar os resíduos produzidos. Mais
92,2%
de uma forma de descarte era admitida como resposta nesta questão.
4,4%
Queima Queima
2,5%
Joga e/ou Jogananarua rua / terrenos baldio baldios terreno
1,0%
Recicla Recicla
0,5%
Outros NS/NR
1,0%
0%
20%
40%
60%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
80%
100%
48
COMUNIDADE
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
49
COMUNIDADE Relacionamento entre os moradores
como ajudam seus vizinhos e a forma como são ajudados, representados nos Gráficos 42 e 43. Comparando os gráficos, entretanto, é curioso o fato de que enquanto nenhuma família disse
Conforme o Gráfico 41, mais da metade dos moradores da
que não ajuda os vizinhos, 28,4% afirmou não ser ajudada.
comunidade (58,3%) afirmam ter pouca ou nenhuma interação com seus vizinhos. Por outro lado, 40,7% afirmam ter um
53,9% afirma ajudar com coisas que os vizinhos necessitam, como comida e roupas, mas 35,3%
bom relacionamento com a comunidade, dos quais 21,6%
apenas declararam receber esse tipo de ajuda. Quanto ao apoio moral, enquanto 50,0% afir-
consideram ter ótimos amigos na comunidade e outros 19,1%
mam oferecê-lo, 40,2% são ajudados dessa forma. 25,5% disse contribuir com as tarefas do lar,
gostam de se encontrar ocasionalmente com outros morado-
compras e/ou trâmites, ao passo que 17,2% já foram ajudados assim. Uma parcela menor (14,2%)
res para conversar.
informou ainda que ajuda financeiramente os vizinhos, enquanto 9,3% deles afirmou receber algum apoio financeiro.
Apesar do pouco contato entre boa parcela dos moradores, a comunidade apresenta resultados positivos em relação a
Gráfico 41 – Relacionamento na comunidade Tenho ótimos amigos na comunidade
Apoio moral (escutamos seus problemas)
21,6%
Gosto de encontrar e conversar com outros
Gráfico 42 – Como sua família ajuda seus vizinhos?
Tarefas de casa, trâmites, compras
19,1% 54,4%
Me relaciono pouco Não me relaciono com ninguém
3,9%
Não ajudamos
0,5%
Outra forma
NS/NR
0,5%
NS/NR
20%
40%
60%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
14,2%
Coisas que necessitam (comida, roupas, etc.)
0,0%
17,2% 9,3%
Coisas que necessitamos (comida, roupas, etc.)
35,3% 28,4%
Não ajudam
4,9%
3,9%
Outra forma
1,5% 20%
40,2%
Financeiramente
53,9%
0%
Apoio moral (escutam meus problemas) Tarefas de casa, trâmites, compras
25,5%
Financeiramente
Nenhuma das anteriores
0%
50,0%
Gráfico 43 – Como seus vizinhos te ajudam?
5,4%
NS/NR
40%
60%
0%
20%
40%
60%
50
A ocorrência dessas divergências, todavia, é de certa forma esperada, já que é comum a presença de um morador que necessite mais e que os vizinhos o ajudem (e por isso não se sintam ajudados). Assim, fica a impressão de que as famílias
Gráfico 44 – Por quais problemas você estaria disposto a trabalhar junto com seus vizinhos para buscar soluções?
72,5%
Regularizar terrenos
acreditam ajudar mais do que são ajudadas.
57,4%
Acesso aos serviços básicos Pensando neste cenário, é interessante pensar em estratégias que possam aumentar a sensação de cooperação entre os moradores e o sentimento de pertencimento à comunidade. No Gráfico 44, é possível analisar em quais ações os moradores estariam mais dispostos a trabalhar conjuntamente aos seus
44,6%
Espaços comuns da comunidade
43,1%
Projetos de educação
vizinhos buscando uma melhoria ou solução.
40,2%
Condição das casas A regularização dos terrenos apresenta o maior engajamento da comunidade (72,5%), seguido do acesso a serviços básicos (57,4%), a melhoria dos espaços públicos comuns (44,6%) e a realização de projetos de educação (43,1%). Os moradores afirmaram também que se dispõem para ajudar na melhoria da condição das casas (40,2%), projetos de capacitação profissional (38,2%), de saúde (34,3%) e de segurança (32,4%). Apenas
38,2%
Capacitação profissional
34,3%
Projetos de saúde
32,4%
Segurança na comunidade
3,9% dos moradores afirmaram não estar dispostos a ajudar em nenhum dos casos.
3,9%
Não ajudaria
1,0%
NS/NR 0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
20%
40%
60%
80%
51
COMUNIDADE Problemas na comunidade
Gráfico 45 – Problemas relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores da Santa Cruz
O Gráfico 45 traz os principais problemas relacionados à
Falta de saneamento / esgoto sanitário
infraestrutura da comunidade levantados pelos moradores
61,8%
da Santa Cruz. A população apontou como principais dificuldades a falta de saneamento básico e esgotamento sanitário
41,7%
Pavimentação das ruas
(61,8%), a falta de pavimentação das ruas (41,7%) e o precário abastecimento de água (37,3%).
37,3%
Abastecimento de água
Retomando os dados já apresentados nos Gráficos 37 e 39, é possível entender a relevância desses temas para a comu-
28,4%
Iluminação pública
nidade, já que quase nenhuma das casas tem acesso à rede pública, o que leva os moradores a usarem fossas (sépticas
Alagamento
11,8%
Sujeira e lixo
11,3%
ou rudimentares) ou utilizarem o banheiro de terceiros. Além disso, pouquíssimos moradores possuem abastecimento de água regular. Aqueles que conseguem obter água em casa, o fazem por meio de instalações irregulares. A relevância des-
2,0%
Falta de lazer
tes problemas para os moradores pode ser confirmada por dados que serão apresentados na sequência deste relatório, na seção referente aos sonhos para a comunidade. Em seguida, temos a precariedade da iluminação pública
Outros problemas
0,5%
Nenhum
0,5%
NS/NR
0,0%
(28,4%) e os alagamentos (11,8%) como problemas de infraestrutura da comunidade. Foi relatada também a presença de sujeira e lixo (11,3%), diretamente relacionada ao fato da inexistência de coleta de lixo na porta das casas. Conforme o
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
0%
15%
30%
45%
60%
52
“
A falta de saneamento, pavimentação e o precário abastecimento de água são os principais problemas apontados pelos moradores.
Gráfico 40, 92,2% dos moradores precisam levar seus resíduos até um ou mais pontos de coleta comunitários, o que contribui com a possível proliferação de insetos e vetores de doenças. Continuando a análise dos problemas relatados, 2,0% apontaram a falta de equipamentos e espaços de lazer. Demais problemas foram listados por 0,5%, enquanto outros 0,5% acreditam não haver nenhum problema relacionado à infraestrutura. No Gráfico 46 são apresentados outros problemas identificados pela comunidade que não estavam relacionados diretamente com a infraestrutura. O problema mais apontado foi a falta de transporte público (37,7%), fortemente relacionado ao terceiro maior problema segundo a população da comunidade, a distância dos serviços públicos, apontada por 31,4%. A comunidade situa-se num bairro a aproximadamente 8 km do centro de Araucária e a 24 km do centro de Curitiba. Além disso, o ponto de ônibus mais próximo situa-se a um raio de cerca de 800 metros do centro da comunidade, e é atendido por apenas 2 linhas: 09 - Circular Arvoredo e 12 - Califórnia / Vital Brasil.
Relatório socioeconômico santa cruz 2019
53
COMUNIDADE Em segundo lugar, aparece o desemprego, apontado por 32,8% dos moradores. Retomando os dados de emprego apresentados no Gráfico 15, é possível entender essa preocupação, já
Gráfico 46 – Problemas não relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores da Santa Cruz
37,7%
Falta de transporte público
que a taxa de desemprego da Santa Cruz é de 18,4% da população com 18 anos ou mais e que está procurando emprego. Essa taxa é mais que o dobro da taxa do Paraná (8,0%) e também superior à taxa do Brasil (11,9%). Ainda com destaque, aparece em quarto lugar o atendimen-
32,8%
Desemprego Distância dos serviços públicos
31,4%
Atendimento ruim ou demorado nas unidades de saúde
29,9%
to ruim e demorado nos centros de saúde (29,9%). Este dado diverge da avaliação dos serviços de saúde apresentada no
Tráfico de drogas
Gráfico 32, onde a maior parte dos usuários dos serviços de
Violência ou falta de segurança
saúde avaliaram-no positivamente, e apenas 14,2% afirmam não estar satisfeitos. Outros problemas citados são o tráfico de drogas (14,7%), a violência e/ou falta de segurança (10,8%), a educação de baixa
14,7% 10,8%
Educação de baixa qualidade
9,8%
Alcoolismo e uso de drogas
6,4%
Má relação entre os vizinhos
5,9%
qualidade (9,8%), o alcoolismo e uso de drogas (6,4%) e a má relação entre os vizinhos (5,9%). Ainda, 1,5% afirmou existir outros problemas não listados, 2,5% respondeu que não existe nenhum problema na comunidade e 2,5% não quis ou não soube responder.
1,5%
Outros problemas Nenhum
2,5%
NS/NR
2,5% 0%
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
15%
30%
45%
54
COMUNIDADE
Gráfico 47 – Moradores que já sofreram preconceito e por qual razão
19,6%
Por morar em uma comunidade
7,8% 5,4% 2,9% 2,0% 2,0% 1,5% 1,0% 2,5%
Pela cor da minha pele
Preconceito Conforme o Gráfico 47, 64,2% dos moradores afirmaram nunca ter sofrido preconceito. Apesar disso, 19,6% declarou sofrer ou já ter sofrido preconceito em alguma ocasião por ser morador de uma comunidade. A população alegou ainda, em menor escala, já ter sofrido preconceito pela cor da pele (7,8%), por alguma característica física (5,4%), por ser porta-
Por alguma característica física Por ser portador de alguma doença Por ser mulher Pela minha renda Pela minha profissão Por minha religião
dor de alguma deficiência (2,9%), por ser mulher (2,0%), pela
Outro motivo
renda (2,0%), pela profissão (1,5%) e pela religião (1,0%). Ou-
Nunca sofri preconceito
tros motivos (como obesidade e o fato de serem estrangeiros
que não atrapalha. 23,9% relatam, entretanto, que isso afeta seu trabalho. 11,9% declararam que atrapalha na escola, 9,0% declararam que atrapalha em lojas ou mercados, 4,5% no
0%
40%
60%
80%
52,2%
Não atrapalha na minha vida
23,9%
No trabalho Na escola
tura ou governo. 10,4% afirmaram que atrapalha em outras
Na rua, mercado ou lojas
11,9% 9,0% 4,5% 3,0% 3,0% 10,4% 1,5%
No posto de saúde ou hospital No banco Na prefeitura ou governo Outra situação
0% Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
20%
Gráfico 48 – Situações em que o preconceito mais atrapalha
posto de saúde ou hospital, 3,0% no banco e 3,0% na prefeisituações.
2,9%
NS/NR
ou nordestinos) somam 2,5%. Quanto ao impacto do preconceito na vida, 52,2% afirmam
64,2%
10%
20%
30%
40%
50%
60% 55
COMUNIDADE
Gráfico 49 – Existe alguma pessoa que represente os moradores da comunidade?
Não
NS/NR
Não
Liderança e associação de moradores
Gráfico 50 – Existe uma associação de moradores?
4,9%
6,4%
NS/NR
3,9%
2,5%
Sim
88,7%
A maioria das famílias (88,7%) reconhece que existe um líder comunitário na Santa Cruz, enquanto outros 6,4% acreditam que não. 4,9% não soube ou não quis responder. Dentre os
Sim
que responderam que existe uma liderança, 86,7% informou
93,6%
que o líder é o Pires, 5,0% informou outros nomes e outros 8,3% não souberam dizer. Quanto à associação de moradores, 93,6% das pessoas afirmam que a associação existe e 2,5% negaram sua existência. 3,9% não soube responder.
Gráfico 51 – Conhece os projetos realizados pela associação? Projetos de infraestrutura
13,1% 12,6%
Projetos de lazer Projetos culturais
Dentre os que afirmaram que a associação existe, 26,2% disseram que já foram realizados projetos de infraestrutura, 13,1% projetos de lazer, 12,6% projetos culturais, 6,8% projetos de educação, 2,1% projetos de capacitação, 1,6% projetos de saúde, 1,0% projetos de empreendedorismo e 2,1% outros projetos não listados. É expressiva, entretanto, a quantidade de moradores que acreditam que nenhum projeto foi realizado pela associação (31,4%) e que não souberam responder se algum projeto foi executado ou não (25,1%). Os projetos foram avaliados como bem feitos por 73,5% dos que responderam que conhecem algum projeto, enquanto 13,3% acreditam ter sido feitos de forma regular e 2,4% mal
26,2%
6,8% 2,1% 1,6% 1,0% 2,1%
Projetos de educação Projetos de capacitação Projetos de saúde Projetos de empreendedorismo Outro
31,4% 25,1%
Nenhum NS/NR
0%
10%
20%
30%
40%
Gráfico 52 – Como você avalia os projetos realizados? NS/NR
Mal feitos
2,4%
10,8% Bem feitos
73,5%
Mais ou menos
13,3%
executados. 10,8% não soube ou não quis responder.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
56
Reunião na sede comunitária Dezembro / 2018 Relatório socioeconômico santa cruz 2019
57
COMUNIDADE Sonhos
Cruzando essas palavras com dados anteriores apresentados, é possível perceber a importância delas para a comunidade, já que 72,5% dos moradores estão dispostos a trabalhar
A nuvem de palavras gerada através dos depoimentos dos
em conjunto com seus vizinhos para resolver a questão da regularização fundiária. Já
moradores aponta seus principais sonhos para a comunida-
a falta de saneamento é um dos principais problemas de infraestrutura relatados pela
de. Dessa forma, podemos observar que a regularização dos
comunidade, citado por 61,8% dos moradores. A pavimentação das vias, logo em seguida, é
terrenos, a pavimentação das vias (destacada também pelas
considerada como um dos principais problemas para 41,7% dos moradores, sendo um dos
palavras ruas e asfalto) e o saneamento básico são as palavras
maiores sonhos de toda a comunidade.
que possuem mais destaque. Luz, água, saúde e educação também aparecem com certo destaque.
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
58
COMUNIDADE Percepção atual e expectativas para o futuro Grande parte dos moradores da Santa Cruz têm uma percepção positiva em relação à comunidade, considerando que a
Gráfico 53 – A comunidade está melhor se comparada a 2 anos atrás?
10,8% NS/NR
3,4% pior
mesma melhorou nos últimos dois anos (77,5%). 8,3% acredi-
8,3%
ta que ela está igual e apenas 3,4% afirma que está pior, se
igual
77,5% melhor
comparado a dois anos atrás. 10,8% não soube ou não quiser responder. Quanto a perspectiva para o futuro, a grande maioria (94,1%) apresenta uma opinião positiva e acredita que a comunidade estará melhor daqui a dois anos. Uma pequena parcela acredita que a comunidade permanecerá igual (2,5%) ou e uma parcela ainda menor que a mesma piorará (0,5%). 2,9% não
Gráfico 54 – A comunidade estará melhor daqui a 2 anos?
0,5%
soube ou não quiser responder.
2,5%
pior
2,9% NS/NR
igual
94,1% melhor
Relatório socioeconômico SANTA CRUZ 2019
59
CONCLUSÃO O presente relatório apresentou os dados recolhidos durante
naram o Ensino Fundamental (49,7%) e um nú-
o evento “ECO – Escutando Comunidades” realizado na comu-
mero baixo de moradores com o Ensino Médio
nidade Santa Cruz, em Abril de 2019. Durante o evento foram
completo (21,8%). Esses dados apontam para
entrevistadas 204 famílias, representando um total de 617
a necessidade de ações de redução do déficit
pessoas. A margem de erro da pesquisa foi de 3,26% para cima
educacional entre os moradores da Santa Cruz.
ou para baixo.
Quanto à taxa de desemprego, ela é de 18,4%,
Muitas famílias da Santa Cruz se encontram em uma situação de grande vulnerabilidade social e econômica.
Com base nos dados, foi possível entender melhor o perfil
número pouco maior que o dobro da taxa do
socioeconômico da comunidade, seus principais problemas
Paraná e quase 7% maior que a taxa nacional.
e sonhos. Esses dados são fundamentais para a continuação
Entre os moradores com 18 anos ou mais,
do trabalho do TETO na Santa Cruz, possibilitando a discussão
44,0% não tem nenhuma fonte de renda ou ela é inferior ao
em conjunto com os moradores de estratégias para tentar so-
salário mínimo. A renda per capita considerando todos os
lucionar os problemas identificados. Ter um retrato geral dos
moradores é de R$ 460,57, duas vezes menor que a média do
moradores também permite à comunidade se enxergar como
Estado (R$ 1.191,70) e pouco menor que a metade da média
um todo, aumentando seu senso de identidade.
nacional (R$ 967,75). É relevante ressaltar também como o
Os dados aqui apresentados, principalmente quando comparados com os números referentes ao estado do Paraná ou ao
trabalho informal divide espaço com trabalhos formais, já que a diferença entre as formas de trabalho representa 8,6%.
Brasil como um todo, permitem visualizar que muitas famílias
Em relação à saúde, foi possível notar que a declaração por
da Santa Cruz se encontram em uma situação de grande vulne-
parte dos moradores de doenças como hipertensão, diabetes,
rabilidade social e econômica.
câncer e obesidade foi bem inferior que às médias parana-
Entre os dados coletados, é relevante citar que o índice de analfabetismo na comunidade é de 7,9%, atingindo principal-
enses e brasileiras. Isso indica que, possivelmente, existam vários casos não diagnosticados dessas e de outras doenças.
mente a população acima de 18 anos. Há também uma grande
Quanto às moradias, aproximadamente um terço das casas
quantidade de pessoas com 18 anos ou mais que não termi-
(32,8%) da comunidade é feita com retalhos de madeira ou ou-
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tros materiais reaproveitados, o que reduz suas condições de
vias, o saneamento básico, a melhoria no acesso à educação e
habitabilidade. Quanto ao fornecimento de serviços básicos,
a melhoria e regularização no fornecimento de água e luz.
88,7% das moradias tem o fornecimento de água através de ligações irregulares (gatos), número que aumenta para 97,0% no caso da energia elétrica. Sobre o esgoto, apenas 3,4% das casas está ligada à rede pública, enquanto 75,5% fazem uso de fossas (sépticas ou rudimentares). O lixo é coletado em frente à casa de apenas 4,4% dos moradores, enquanto 92,2% precisa levá-lo a algum ponto de coleta comunitário.
Esses dados negativos não devem ser olhados em nenhum momento apenas sob uma ótica pessimista. Identificar claramente os problemas é o primeiro passo para desenvolver estratégias e implementar ações para mitigá-los ou até mesmo resolvê-los. Dessa forma os dados aqui apresentados são importantes para auxiliar na organização e tomada de decisões por parte da comunidade e no trabalho do TETO, do poder
Os cinco principais problemas relacionados à infraestrutura
público e das demais instituições relacionadas ou interessa-
apontados pelos moradores foram a falta de saneamento
das, de modo que possamos gradativamente nos aproximar
(61,8%), a falta de pavimentação das ruas (41,7%), a precarieda-
da visão que temos do futuro, formado por uma sociedade
de no abastecimento de água (37,3%), a falta de iluminação pú-
mais justa, igualitária, integrada e sem pobreza em que
blica (28,4%), a ocorrência de alagamentos (11,8%) e a presença
todas as pessoas possam exercer plenamente seus direitos
de sujeira e lixo nos espaços públicos (11,3%).
e deveres e tenham as oportunidades para desenvolver suas
Não diretamente ligados à infraestrutura, os demais cinco
capacidades.
principais problemas relatados foram a falta de transporte público (37,7%), o desemprego (32,8%), a distância dos serviços públicos (31,4%), o atendimento ruim ou demorado nos centros de saúde (29,9%), o tráfico de drogas (14,7%) e a violência ou falta de segurança (10,8%). Quanto aos principais sonhos dos moradores para a comunidade, estão a regularização fundiária, a pavimentação das
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