Relatório ECO1709 | Comunidade Portelinha | TETO Paraná

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Relat贸rio Socioecon么mico

Portelinha 2017

Relat贸rio socioecon么mico Portelinha 2017

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Relatório Socioeconômico

Portelinha 2017

Relatório com os dados obtidos pela ECO – Escutando Comunidades – realizada na comunidade Portelinha, na cidade de Curitiba - PR, em Setembro de 2017. Autores: Marco Mazzarotto Voluntário Diagnóstico Comunitário - TETO Larissa Petronzelli Coordenadora Diagnóstico Comunitário - TETO Laís Leão Coordenadora de Diagnóstico e Avaliação - TETO

Relatório socioeconômico Portelinha 2017


Sumário Introdução, 4

Transporte

Sobre a Eco

Locomoção para o trabalho, 35 Locomação para o estudo, 36

Metodologia, 6 Equipe. 7

Saúde

Sobre a Portelinha Histórico, 8 Localização. 9 Ações do TETO, 11

População Identificação de gênero, 15 Estrutura etária, 16 Identificação racial, 20 Origem e motivos da mudança, 21

Educação Alfabetização e nível de escolaridade, 23 Razões para interrupção dos estudos, 26

Trabalho e Renda Ocupação e taxa de desemprego, 28 Áreas de trabalho, 30 Renda, 31 Outros indicadores, 32

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Atendimento médico, 38 Doenças, 39 Consumo de álcool, cigarro e drogas, 41

Moradia Tipos de moradia, 43 Características, 44 Fornecimento de serviços básicos, 45

Comunidade Relacionamento entre os moradores, 47 Problemas na comunidade, 49 Preconceito, 53 Liderança e associação de moradores, 54 Sonhos, 55 Percepção e expectivas, 56

Conclusão, 57

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Introdução Este relatório tem como objetivo apresentar os

Todos os dados aqui apresentados foram coletados pela apli-

dados obtidos em setembro de 2017 durante o evento “ECO –

cação de Enquete de Caracterização Socioeconômica (ECS),

Escutando Comunidades”, realizado na comunidade Porteli-

de modo a criar o perfil da comunidade em questão, levantar

nha, na cidade de Curitiba, pela organização social TETO.

seus principais problemas, condições, necessidades e deman-

O TETO é uma organização internacional presente na

das, entre outros itens que serão dispostos neste relatório.

América Latina e Caribe que atua há 10 anos no Brasil

Entre as 206 moradias mapeadas, foram aplicadas enquetes

pela defesa dos direitos das pessoas que vivem em favelas,

completas em 132, resultando em uma população da amos-

engajando os moradores e as moradoras das comunidades e

tra conhecida de 481 pessoas. A margem de erro dos resulta-

mobilizando jovens voluntários e voluntárias para traba-

dos é de 4,5% para cima ou para baixo.

lharem juntos na construção de uma sociedade integrada.

A seguir, os resultados são apresentados divididos em sete

Para superar a pobreza multidimensional nas comunida-

áreas: perfi da população, edução, trabalho e renda, trans-

des, o TETO desenvolveu uma metodologia de trabalho

porte, saúde, moradia e comunidade. Sempre que possível,

que busca fortalecer as capacidades comunitárias de iden-

os resultados são comparados os dados do Brasil, Paraná

tidade, organização, autogestão e trabalho em rede, atra-

e Curitiba, de modo a permitir um melhor entendimento

vés de um modelo de intervenção contínuo e Programas

deste diagnóstico dentro do contexto nacional e regional.

Sociais que geram soluções concretas de desenvolvimento

Exceto quando indicado em contrário, o dados nacionais e

econômico e social e melhoria das condições de habitat e

regionais utilizados para comparação foram extraídos da

habitabilidade.

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios

Dentro deste modelo de trabalho, a ECO representa uma

2012-2016 realizada continuamente pelo IBGE.

etapa importante no diagnóstico da comunidade, fornecendo dados para as etapas seguintes de discussão dos problemas e proposição de soluções em conjunto com os moradores e moradoras.

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Sobre a ECO

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Sobre a ECO Metodologia Foram mapeadas e consideradas como universo amostral 206 casas. Tal universo consiste em todas as casas mapeadas pela equipe de Mapeamento – subárea de Diagnóstico e Avaliação do TETO Paraná, excluídos os imóveis desocupados constatados nos três dias de coleta amostral. Dentro do universo amostral foram aplicadas 145 enquetes, das quais 132 completas e 13 recusadas. Devido a limitação de tempo estabelecida para a execução do evento, 61 casas do Universo não foram visitadas. Considerou-se em 95% o nível de confiança da pesquisa pois não foram utilizados métodos de correção de estimativa, referentes aos parâmetros do universo utilizado como a concentração da amostra, homogeneidade, distribuição e possibilidade de inclusão no caso de recusa ao responder. Desta forma, com base no tamanho do universo e da amostra coletada, considerando a não aplicação de questionário em 29% do universo, conclui-se que, para estes dados estatísticos, deve-se considerar margem de erro de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos, dos dados coletados. Os parâmetros do TETO Brasil estabelecem o cumprimento de margem de erro de 3 a 5 pontos percentuais. Sendo assim, garante-se que esta amostra de informações cumpre os requisitos estabelecidos pela Instituição nacionalmente e que tais dados estatísticos representam com segurança o perfil da comunidade Portelinha em Curitiba na época de sua aplicação (mês de Setembro de 2017).

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Sobre a ECO Equipe CTs (Chefes de Trabalho Massivo)

dos Santos, Matheus Henri-

Larissa Petronzelli Mariano e

Chihara

Pedro Kroeff Baggio Silva

que Cruzara e Paula Naomi

Voluntários

CEs (Chefes de Escola)

Alyssa Goto, Ana Clara Fer-

Fábio Bortolo Valebona e

ruda Zilli, Ana Paula Mendes,

Rayane Cardoso

Camila Alexia Dal Pra Soek,

Mapeadores Everton Bortolini

Fernanda Caroline Bueno Alves, Gabriela Cezar Sabbado,Giuliano Walesco Zanelatto,

Intendentes

Guilherme Bonilla Colomé,

Cladilson Nardino e Luana

Leonardo Batistella Favretto,

Guimarães Dias

Lucas Kogut, Luís Gustavo

Líder de Enquete Fernanda Argenton

Cervi Araujo, Maria Eduarda Peres Barros, Mariangela Ferruda Zilli, Matheus Cáceres

Líderes

Benitez, Matheus de Car-

Anna Julia Zilli Lech, Dayara

valho Cirilo da Silva, Paolla

da Cunha Chrestani, Fernan-

Fernanda Butnariu de Souza,

da de Oliveira Gonçalves,

Renata Samenezes de Jesus e

Lucas de Souza Rodrigues

Wellinton da Silva Forlin

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Sobre a Portelinha

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Sobre a Portelinha Situada ao final da Rua Irati, no

A comunidade construiu, no final de 2015, a

bairro Santa Quitéria, em Curitiba - Paraná,

sede da associação de moradores e atual-

a Comunidade do Portelinha surgiu em 2007.

mente investe em ações de infraestrutura,

Cerca de 200 famílias ocuparam um terreno

como iluminação, água, pavimentação, etc.

cuja propriedade pertente ao grupo Cidadela Incorporações S/A, à Copel e ao município.

Não obstante os incidentes recorrentes dentro da Portelinha, tais quais incêndio,

A comunidade do Portelinha é dividida em

ação de reintegração de posse e enchentes

duas regiões: a “Portelinha de cima”, tam-

frequentes durante os últimos anos, os

bém conhecida como Nova Santa Quitéria e

moradores se mantêm unidos e prontos

a “Portelinha de baixo”, também conhecida

para resolver, em conjunto, todos os proble-

apenas como Portelinha. O líder comunitário

mas que vão surgindo. É uma comunidade

das duas, atualmente, é o Arildo (Dida).

extremamente independente e proativa,

Em princípio, o trabalho do TETO intensificou-se na área da Portelinha (de baixo), tendo em vista ser a região onde existem mais famílias em situações de vulnerabilidade. Atualmente, a equipe fixa da Portelinha atua

quando comparada com outras comunidades em que o TETO atua. Ademais, possuem diversas parcerias e uma grande rede de relações e ajuda que foram construindo através dos anos.

em ambas. O fato de a comunidade ser relativamente pequena, com uma liderança forte, faz com que exista uma boa mobilização e integração entre os moradores.

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Sobre a Portelinha Localização A comunidade da Portelinha se localiza nos bairros Santa Quitéria e Portão, região oeste da cidade de Curitiba. A comunidade é dividida em duas partes pela rua Rezala Simão, formando a região da ‘Portelinha de cima’ (Santa Quitéria) e da ‘Portelinha de baixo’ (Portão).

PORTELINHA DE CIMA

PORTELINHA DE CIMA

PORTELINHA DE BAIXO

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PORTELINHA DE BAIXO

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Sobre a Portelinha Equipamentos comunitários Os CMEIs mais próximos encontram-se a cerca de 500 metros de distância, valor superior ao convencionado como ideal para o deslocamento de crianças menores de 7 anos, que é de 300 metros.

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Sobre a Portelinha Ações já realizadas pelo TETO •

5 casas em 2015 e 5 casas em 2016

Construção do parquinho das crianças - Março a Maio de 2017

Oficina de Crochê para mulheres - Novembro de 2015

Projeto de leitura com as crianças

Acompanhamento jurídico do processo de regularização, assessoria jurídica comunitária e realização de oficinas de direito.

2 ecos - ECO1506 E ECO1709

Lixeiras na comunidade - 2015

Além dessas ações, o TETO também trabalha em rede com diversas outras instituições como o Terreiro Três Marias, a Igreja Guadalupe, a Assembléia de Deus, o Movimento de Organiazações de Base e o Instituto Portfolio. Essas parcerias resultaram em doações de materiais e cestas básicas, ações de alfabetização de adultos, assessoria jurídica, oficinas de produção com material reciclável, artesato e costura, aulas de muay thai e boxe e aulas de fotografia.

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Construção do TETO na Portelinha Dezembro.2016 Relatório socioeconômico Portelinha 2017

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População

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População Identificação de gênero

Gráfico 1.1 – Identificação de gênero na Portelinha e no Brasil

Das 481 pessoas abrangidas pela enquete, 254 (53%) foram identificadas como mulheres e 227 (47%) como homens. A identificação foi feita pela autodeclaração do entrevistado ou entrevistada, ou, no caso de ele não estar presente, pelas informações dadas pelas demais pessoas residentes na mesma moradia. Apesar da existência no questionário da possibilidade da

Mulheres 53%

Homens 47%

pessoa se identificar com um gênero diferente de homem ou mulher, isso não ocorreu em nenhum caso. Esse número de mulheres levemente mais alto do que o de homens reflete o perfil populacional do Brasil como um todo, no qual 51,5% são mulheres e 48,5% homens.

Portelinha

*

*Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, IBGE, 2017.

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População Estrutura etária

Gráfico 1.2 – Estrutura etária da Portelinha

A estrutura etária de uma população corresponde à sua distribuição entre os diferentes grupos de idade, conforme apresentado no gráfico ao lado. A partir dessa distribuição, é possível perceber se a população é predominantemente jovem (se a base inferior no gráfico for mais larga), adulta (se a porção intermediária for mais larga) ou envelhecida (se a parte superior do gráfico for maior). Como pode ser observado no gráfico, a população da Portelinha é formada principalmente por crianças, jovens e jovens adultos, visto que 62,6% da população tem menos de 30 anos. O número de adultos entre 30 e 50 nos também é expressivo, representando 26,2% da população. Em contrapartida, o número de idosos é ainda baixo, já que apenas 2% apresentam 65 anos ou mais.

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População Essa população relativamente jovem da Portelinha con-

Gráfico 1.3 – Estrutura etária da Portelinha comparada com outras regiões

trasta com o perfil do restante da população de Curtiba, do Paraná e do Brasil. Como pode ser observado no gráfico ao lado, a população com menos de 30 anos é relativamente maior na Portelinha quando comparada com os números municipal, estadual e nacional. Principalmente nos grupos de 0 a 13 anos, já que as porcentagens da população da Portelinha nesta idade são praticamente o dobro da curitibana. Já a partir dos 30 anos, a tendência se inverte e os números de Curitiba, do Paraná e do Brasil passam a ser maiores. Nos grupos de 50 a 64 anos são o dobro, e no grupos de 65 anos ou mais são praticamente quatro vezes maiores.

*

*

*

*Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, IBGE, 2017.

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População Razão de dependência e índice de envelhecimento Como forma de entender melhor a relação entre os diferen-

Como pode ser observado no gráfico, quase dois terços

tes grupos de idade de uma população, é possível separá-los

(65,4%) da população da Portelinha é adulta. Em seguida,

em três categorias: Jovens (0 a 14 anos), Adultos (15 a 64

temos a população jovem, representando quase o um terço

anos) e Idosos (65 anos). Entre esses grupos, é comum que

restante (32,6%). Já a população idosa representa apenas 2%

se espere que os adultos (população potencialmente ativa)

do total.

tenham maiores responsabilidades sobre os jovens ainda em fase de estudo e sobre os idosos que já estejam saindo do mercado de trabalho (população dependente).

A partir destes dados, é possível determinar a razão de dependência da população, que indica o peso que os jovens

2%

Grupo idoso acima de 65 anos

Razão de dependência jovens

Razão de dependência idosos

Razão de dependência total

Índice de envelhecimento

Portelinha

49,8

3,1

52,9

6,1

Curitiba*

44,6

14,6

59,1

32,7

Paraná*

47,4

13,7

61,1

28,8

Brasil*

29,4

14,1

43,5

48,1

32,6%

Grupo jovem até 14 anos

65,4%

Grupo adulto *Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, IBGE, 2017.

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entre 15 e 64 anos

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População e idosos representam para os adultos. Quanto maior for o

100 jovens. Quanto maior for esse índice, maior é o indi-

valor da razão de dependência, maior é o peso dos depen-

cativo que a população está gradativamente se tornando

dentes sobre a população adulta. Como pode ser visto

mais idosa.

na tabela, a razão de dependência total da Portelinha é de 52,9%, isso significa que para cada 100 adultos potencialmente ativos, existem 52,9 jovens ou idosos potencialmente dependentes. Esse número é menor que o valor de Curitiba (59,1%) e do Paraná (61,1%), porém, maior que o do Brasil (43,5%).

Na Portelinha, o índice de envelhecimento é de apenas 6,1 idosos para cada 100 jovens. Esse número contrasta em muito com a realidade de Curitiba (32,7%), do Paraná (28,8%) e do Brasil (48,1%), apontando para o fato de que a população da Portelinha ainda está longe de se tornar idosa.

Analisando separadamente a razão de dependência de jovens e idosos, percebe-se que o maior peso sobre a população adulta vem do grupo jovem, com 49,8% contra apenas 3,1% do grupo idoso. Esse número é decorrência direta da baixa presença de idosos (apenas 2%) na população da Portelinha. A razão de dependência dos idosos de apenas 3,1% presente na Portelinha contrasta com os números de Curitiba (14,6%), do Paraná (13,7%) e do Brasil (14,1%), que são mais altos. Já a razão de dependência dos jovens (49,8%) é próxima da de Curitiba (44,6%) e do Paraná (47,4%), todas estas superiores ao número ao valor brasileiro (29,4%). Por fim, outra correlação importante entre estes grupos que pode ser feita é o índice de envelhecimento, que representa a quantidade de pessoas idosas para cada grupo de

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População Identificação racial Assim como a questão referente ao gênero, a identificação

contrados no Paraná ou em Curitiba. Na capital do Estado,

racial se deu por autodeclaração. Na Portelinha, 8,7% da

as pessoas que se identificam como pretas representam em

população (42 pessoas) foram identificadas como pretas,

torno de 3,2% contra 8,7% da Portelinha, as pardas são 15,5%

37,8% (182 pessoas) como pardas e 51,6% (248 pessoas) como

contra 37,8% e as brancas, em grande número, são 79,4% con-

brancas. Em números reduzidos, 0,6% (3 pessoas) são orien-

tra 51,6% na comunidade.

tais e 0,4% (2 pessoas) indígenas. Comparativamente (gráfico 1.5), os números da Portelinha são próximos ao perfil brasileiro, porém distantes dos en-

Gráfico 1.5 – Comparação dos dados de identificação racial

Gráfico 1.4 – Identificação racial da Portelinha

Preta

8,7% 51,6%

Branca

37,8%

Parda Amarela (Oriental)

0,6%

Indígena

0,4%

Não sabe / Não respondeu

0,8% *

*

*

*Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, IBGE, 2017.

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População

Ano no qual se mudou para Portelinha Antes 2000 2001-2004 2005-2008 2009-2012 2013-2016 NS/NR

Região de origem A grande maioria dos moradores da Portelinha são originários da região Sul (90,6%), sendo 88,1% do Paraná e apenas 2,5% de Santa Catarina. Há também pessoas oriundas da região Sudeste (5%), principalmente do estado de São Paulo

Norte 1%

5% 2% 38% 22% 29% 3%

(4,6%). Das demais regiões, 2,7% vem do Nordeste, 1% do Norte e 0,4% do Centro-oeste. Quanto ao ano de mudanças das famílias para a comunidade, o pico ocorreu entre 2005-2008, com 38% das mudanças,

Nordeste 2,7%

Centro-oeste 0,4%

seguido por 2009-2012 (22%) e 2013-2016 (29%). Quanto aos motivos para a mudança, o principal é a possibilidade de não pagar aluguel (46,2%), seguida pela melhor condição de vida (15,9%), falta de dinheiro (13,6%) e presença

Sudeste 5%

de família ou amigos na comunidade (12,9%). Motivos para mudar para a Portelinha

São Paulo 4,6%

Paraná 88,1%

Santa Catarina 2,5%

Sul 90,6%

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Educação

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Educação Alfabetização e nível de escolaridade Entre as pessoas com 8 anos ou mais, a taxa de alfabetiza-

Assim como ocorre no restante da cidade e do país, a maior

dos na comunidade da Portelinha é de 90,6%. Isso significa

quantidade de analfabetos se encontra entre as pessoas

que os 9,4% restantes ainda não aprenderam a ler e/ou

que já passaram da idade escolar. Na portelinha, 5,4% das

escrever (Gráfico 2.1). Observando o gráfico 2.2, é possível

pessoas entre 8 e 17 anos ainda não aprenderam a ler ou

notar que esse número de analfabetos é superior a média

escrever, número que aumenta para 10% na população com

brasileira (8%) e paranaense (4,9%). Além disso, ele é muito

18 anos ou mais.

superior ao número da cidade de Curitiba como um todo, na qual o índice de analfabetismo é de apenas 2,9%. Gráfico 2.2 – Taxa de analfabetismo da Portelinha comparada com outras regiões. Gráfico 2.1 – Taxa de alfabetização da Portelinha

9,4%

não alfabetizadas

90,6%

alfabetizados

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*Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, IBGE, 2015.

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O número de pessoas entre 8 e 17 anos não alfabetizadas

Gráfico 2.3 – Nível escolar mais alto completo pela população com 18 anos ou mais

na Portelinha (5,4%), apesar de mais baixo que das pessoas com 18 anos ou mais, ainda é alto se comparado com outras regiões. No Brasil, 2,4% da população em idade escolar não está alfabetizada, número que cai ainda mais no Paraná (1,1%) e em Curitiba (0,7%). O número de pessoas com 18 anos ou mais não alfabetizadas na Portelinha (10%), também é superior a média brasileira (9,2%), paranaense (5,7%) e o triplo da curitibana (3,3%). Quanto ao nível de escolaridade da população, é relevante notar que 50,6 % das pessoas com 18 ou mais anos ainda não completou o ensino fundamental. As pessoas que apenas completaram o fundamental correspondem a 8,7%, enquanto 20,3% tem o ensino médio incompleto e apenas 13% tem o ensino médio completo. Os níveis de escolaridade posteriores são ainda mais baixos, 2% apresentam ensino técnico incompleto ou completo, 1,7% apresenta ensino superior incompleto e apenas dois a cada cem moradores da Portelinha tem ensino superior completo. De modo geral, esses dados apontam para a necessidade de ações de redução do déficit educacional na comunida-

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0%

5%

10%2

15%2

0%

5%

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Os dados apontam para a necessidade de ações de redução do déficit educacional na comunidade da Portelinha.

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de. O número de jovens entre 8 e 17 anos ainda não alfabetizados (5,4%) é alto se comparado à média nacional (2,4%) e principalmente com a curitibana (0,7%), o que aponta para a relevância de ações para reduzir esse atraso. Já na população com 18 anos ou mais, a maioria (50,6%) sequer tem o ensino fundamental completo e apenas 13% completaram o ensino médio. Nesse sentido, ações no campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) se mostram importantíssimas para a diminuição do déficit educacional na população adulta. Por fim, ações que aumentem a inclusão dos moradores e moradoras da Portelinha em cursos técnicos e superiores também são necessárias, visto que apenas 1% possui ensino técnico e 2% ensino superior completos.

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Educação Razões para abandono dos estudos

Gráfico 2.4 – Motivos para abandonar os estudos

É importante que ações para diminuir o déficit educacional na Portelinha levem primeiramente em consideração as razões pelas quais as pessoas interromperam seus estudos. Entre as pessoas com 18 anos ou mais, os cinco principais motivos para interrupção dos estudos foram a falta de tempo em decorrência da necessidade de trabalhar (37,7%), a falta de interesse (19,7%), a maternidade ou paternidade (13%), a necessidade de ajudar nas tarefas do lar (7,2%) e a falta de vagas em creches (6,7%).

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Trabalho e renda

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Trabalho e renda

Gráfico 3.1 – Porcentagem de trabalhadores e não trabalhadores com 18 anos ou mais

Emprego Dos 300 moradores da Portelinha com 18 anos ou mais que responderam à enquete, 199 (67%) estavam trabalhando no momento, enquanto 101 (33%) não estavam. Destes últimos, 62 (21%) não estavam procurando emprego e 37 (12%) estavam (gráfico 3.1). A partir do número de pessoas que não estão trabalhando, mas estão procurando emprego, é possível definir a taxa de desemprego da população (gráfico 3.2). Como pode ser observado no gráfico, na Portelinha este número é de 15,7% da população, valor mais alto que a taxa de desempregado do Brasil como Gráfico 3.2 – Taxa de desempregado de pessoas com 18 anos ou mais na Portelinha comparada com outras regiões

um todo (11,7%), do Paraná (7,7%) e de Curitiba (9,6%). Quanto ao nível de formalização dessas atividades (gráfico

Gráfico 3.3 – Nível de formalização do trabalho

Total

45,2%

Homens

39,3%

Mulheres

52,9% Com carteira assinada

13,6% 11,6%

41,2% 49,1%

16,1% Sem carteira assinada

31% Autônomo / Bicos *Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD, IBGE, 2017.

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Gráfico 3.4 – Motivos para não procurar trabalho

3.3), 45,2% das pessoas que trabalham com carteira assinada, 13,6% mesmo sem a carteira assinada e 41,2% são autônomas ou fazem bicos. Comparativamente, as mulheres trabalham mais com carteira assinada (52,9%) do que os homens (39%,3), assim como trabalham menos como autônomas ou fazendo bicos (31%) do que o sexo masculino (41,2%). Quanto à população que não está trabalhando e nem procurando emprego, os principais motivos são apresentados no gráfico 3.4. Como pode ser visto, 27,4% afirmam que as tarefas do lar impedem que procure trabalho fora, 17% estão doentes ou apresentam alguma deficiência, 12,9% já estão aposentados, 9,7% não tem com quem deixar os filhos, 9,7% afirmaram que não estavam precisando ou não queriam, 4,8% estão estudando ou ainda não tem idade e 1,6% afirmaram que cansaram de procurar. Outros motivos foram dados por 22,6%.

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Trabalho e renda Áreas de trabalho

Gráfico 3.5 – Principais áreas de trabalho dos moradores da Portelinha

A maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras da Portelinha trabalha com vendas e no comércio (17,4%), são vendedores, atendentes, balconistas, caixas, etc. Outro grupo importante são as pessoas que trabalham com a coleta e reciclagem de lixo (15,7%). Em seguida, as pessoas que trabalham com construção, como pedreiros, serventes, serralheiros, eletricistas, etc., representam 15,2% dos trabalhadores. Com serviços domésticos, como diaristas, cuidadoras e babás, são 9,1% trabalhadores envolvidos. Com serviços de limpeza, como zeladores e auxiliares de limpeza, são mais 8,7%. Outras áreas de trabalho são costura e artesanato (4,8%), indústria (4,3%), transporte e entregas (4,3%), cozinha (3,9%), administrativo (3%), segurança (2,2%) e serviços mecânicos (1,7%). Outros serviços representam 9,6%.

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Trabalho e renda

Gráfico 3.6– Renda mensal entre adultos com 18 anos ou mais

Renda O gráfico 3.6 apresenta a renda mensal dos adultos com 18 anos ou mais. Como pode ser observado, 34,7% não possuem nenhuma fonte de renda mensal, 3,3% recebem até R$ 300, 6,3% entre R$ 301 e R$ 600 e 9,0% entre R$ 601 e R$ 936. O salário mínimo em setembro de 2017 era de R$ 937, isso significa que somados esses grupos, 53,3% dos adultos com 18 anos ou mais da Portelinha tem uma renda mensal inferior ao mínimo. Já os adultos que tem renda mensal igual ou superior ao salário mínimo representam 35,6%, sendo que 19,3% recebem entre

Gráfico 3.7 – Renda per capita

R$ 937 e R$ 1.200, 7% entre R$ 1201 e R$ 1500 e 9,3% acima de R$ 1501. Já 11% não souberam ou não quiserem informar a renda mensal. A renda per capita das pessoas da comunidade (gráfico 3.7) é de R$ 395 por habitante, valor quase três vezes menor que a média brasileira (R$ 1.268 por habitante) e quase quatro vezes menor que a média paranaense (R$ 1.472). Se considerarmos apenas os moradores com 18 anos ou mais, a renda per capita é de R$ 695, considerando apenas os que tem alguma renda durante o mês, o valor sobe para R$ 1.118.

* Considerando toda a população

Considerando maiores de 18 anos

* Considerando apenas trabalhadores

*Fonte para comparação: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua- PNAD, IBGE, 2017.

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53,3% dos habitantes da Portelinha com mais de 18 anos não possuem uma renda mensal ou ela é inferior ao salário mínimo.

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Trabalho e renda Outros indicadores Entre as crianças e jovens com menos de 18 anos da Porte-

fico 3.10). Já nos últimos três meses anteriores à aplicação

linha, 4% já trabalham, enquanto 94% não e 2% não quise-

da ECO, 38,6% das família afirmaram terem gasto mais do

ram ou não souberam responder (gráfico 3.8). Quanto aos

que receberam, enquanto 37,9% gastaram o dinheiro exato e

benefícios sociais, 8% da população recebem Bolsa família,

22% menos (gráfico 3.11). Por fim, 35,6% das famílias afirmam

enquanto os demais 92% não recebem nenhum benefício

possuir algum tipo de dívida, financiamento ou crediário,

(gráfico 3.9).

enquanto 62,9% não possuem (gráfico 3.12).

No mês anterior à aplicação da ECO, 13,6% das famílias deixaram de fazer alguma refeição por falta de dinheiro (grá-

Gráfico 3.8 – Índice de trabalhadores com menos de 18 anos

Gráfico 3.9 – Benefícios sociais 8% Bolsa família

2% n.s/n.r.

4% Trabalham

94% Não trabalham

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

Gráfico 3.10 – Deixou de fazer alguma refeição no último mês por falta de dinheiro?

Gráfico 3.12 – Algum membro da família possui dívida, financiamento ou crediário?

1,5% n.s / n.r.

13,6% Sim

92% Não recebem

Gráfico 3.11 – Nos últimos 3 meses gastou mais ou menos do que recebeu?

22% Menos

86,4% Não

37,9% Dinheiro exato

1,5% n.s / n.r. 35,6% Sim

38,6% Mais

62,9% Não

33


Transporte

RelatĂłrio socioeconĂ´mico Portelinha 2017

34


Transporte

Gráfico 4.1 – Tempo de deslocamento até o local de trabalho

Locomoção para o trabalho O tempo médio que os habitantes da Portelinha gastam para se deslocar até o local de trabalho é de 17,5min. A maior parte da população (39,8%) gasta entre 11 e 30 min, seguida pelos que gastam 10 minutos ou menos (30,9%) e em seguida pelos que gastam entre 31 e 60 min (19,4%). Os habitantes que gastam mais de uma hora até o local de trabalho somam 7,3%.

TEMPO MÉDIO: 17,5min

Quanto ao principal meio de transporte utilizado, 41,3% se deslocam até o local de trabalho a pé ou de bicicleta. O número de habitantes que utilizam transporte público e

Gráfico 4.2 – Principal meio de transporte até o local de trabalho

1,9% n.s./n.r.

privado é o mesmo, 27,4% para ambos. O transporte coletivo privado, como carros e motos, representa apenas 1,9%.

27,4% Transporte privado 41,3% A pé / Bicicleta

1,9% Transporte coletivo privado

27,4% Transporte público

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

35


Gráfico 4.1 – Tempo de deslocamento até o local de trabalho

Transporte Locomoção para o local de estudo Para a grande maioria (89,8%) dos estudantes da Portelinha o local de estudo está a menos de 30 min de distância, sendo que para 35,3% ele está a 10 min ou menos, enquanto para os demais 54,5% ele está entre 11 e 30 min. Para 7,2% a distância é ente 31 e 60 min e para apenas 0,6% está a mais de uma hora. O tempo médio de deslocamento é de 7 min. Quanto ao principal meio de transporte, 57,4% vão para o

TEMPO MÉDIO: 7min

local de estudo a pé ou de bicicleta. Em seguida, os outros meios de transporte mais utilizados são o transporte cole-

Gráfico 4.2 – Principal meio de transporte até o local de trabalho

15,4% Transporte privado

1,2% n.s./n.r.

tivo privado (17,2%) e o transporte privado (15,4%). Apenas 8,9% utilizam o transporte público. Comparando com o perfil de deslocamento para o trabalho apresentado anteriormente, podemos notar várias diferenças. O média de tempo de deslocamento para estudo (7

17,2% Transporte coletivo privado

57,4% A pé / Bicicleta

mim) é 10,5 min menor que a para o trabalho (17,5 min). Os estudantes também utilizam mais o deslocamento a pé ou de bicicleta (57,4% contra 41,3% do trabalho) e o transporte coletivo privado (17,2% contra 1,9% do trabalho). Por outro lado, utilizam menos o transporte privado (15,4% contra

8,9% Transporte público

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

27,4% do trabalho) e ainda menos o transporte público (8,9% contra 27,4% do trabalho).

36


Saúde

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

37


Saúde Atendimento médico

Gráfico 5.1 – Nos últimos três meses, teve algum problema de saúde, acidente ou necessidade de tratamento?

12,7% Sim, contínuo.

Gráfico 5.2 – Teve atendimento para tratar essa problema?

4% Não

Nos últimos três meses, 20,8% dos habitantes da Portelinha apresentaram algum problema de saúde, sofreram algum acidente ou precisaram de algum tipo de tratamento. Destes, 8,1% tiveram a necessidade de tratamento pontual,

8,1% Sim, pontual.

enquanto 12,7% precisaram de tratamento para um problema contínuo de saúde (Gráfico 5.1). Entre todos as pessoas que apresentaram algum tipo de problema relacionado a saúde, 4% não tiveram tratamento

79,4% Não

96% Sim

médico (Gráfico 5.2). O motivo apresentado por todas é que julgaram não ser necessário e não procuraram atendimento. Quanto à satisfação no atendimento recebido, 25,3% afirmaram estar muito satisfeitas, 53,7% satisfeitas, 14,7% insatis-

Gráfico 5.3 – Satisfação com o atendimento médico recebido.

feitas e 5,3% muito insatisfeitas. Dessa forma, somando-se muito satisfeitos e satisfeitos, observa-se que a maioria (79%) aprova o atendimento recebido, enquanto 20% reprova. Portanto, do ponto de vista da percepção dos moradores da comunidade, os serviços de saúde ofertados são satisfatórios para a maioria. Todos que procuraram atendimento receberam e esse atendimento foi aprovado por 79% das pessoas.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

38


Saúde Doenças

Tabela 5.1 – Doenças respiratórias

Tabela 5.2 – Doenças crônicas

Nº de habitantes

%

Rinite alérgica

27

14,3%

Bronquite

19

Asma

pulmonar (0,6%).

Nº de habitantes

%

Hipertensão

27

5,6%

6,2%

Diabetes

19

4,0%

12

4,8%

Depressão

12

2,5%

Enfisema pulmonar

4

0,6%

HIV

4

0,8%

Quanto às outras doenças crônicas (tabela 5.2), a hiperten-

Outros

4

1,7%

Obesidade

4

0,8%

são foi a mais relatada (5,6%), seguida pela diabetes (4%) e

Nenhuma

404

76,7%

Doenças renais

3

0,6%

Cancêr

1

0,2%

tados a ocorrência de HIV (0.8%), obesidade (0,8%), doenças

Outras

23

4,8%

renais (0,6%) e câncer (0,2%).

Nenhuma

404

84,0%

A tabela 5.1 apresenta o número de habitantes da Portelinha que informaram possuir alguma doença respiratória. Como pode ser observado, a rinite alérgia é a mais comum, presente em 14,3% da população. Em seguida, as doenças mais comuns são a bronquite (6,2%), asma (4,8%) e enfisema

depressão (2,5%). Em menor número, também foram rela-

Quanto às doenças possivelmente relacionadas à falta de saneamento (tabela 5.3), a diarreia acometeu 1,2% da popu-

Tabela 5.3 – Doenças relacionadas à falta de saneamento

lação, enquanto infecções de pele ou dos olhos ocorreram em 0,6%.

Nº de habitantes

%

Tabela 5.4 – Comparação entre índices de ocorrência na Portelinha e no Paraná, considerando pessoas com 18 anos ou mais.

Portelinha

Paraná

Todos esses resultados são baseados nas informações

Diarréia

6

1,2%

Hipertensão

9%

21,4%*

fornecidas pelas pessoas que responderam as enquentes,

Infecções pele ou olhos

3

0,6%

Depressão

4%

11,7%*

471

97,9%

Cancêr

0,3%

2,6%*

Obesidade

0,8%

18,6%**

ou seja, são auto declaratórios e podem não representar a realidade do diagnóstico. Nesse sentido, comparando os

Nenhuma

dados da ECO com outras fontes é possível notar algumas discrepâncias relevantes nas ocorrências de algumas doen-

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

Fonte: * Pesquisa Nacional em Saúde - PNS 2013, IBGE. ** VIGITEL 2016 - Ministério da Saúde, esse dado leva em consideração apenas a cidade de Curitiba.

39


Existe a possibilidade que doenças como hipertensão, depressão, obesidade e câncer não estarem diagnosticadas corretamente na população da Portelinha.

ças na Portelinha com os números do Paraná ou de Curitiba. Para esta comparação, os dados da Portelinha tiveram que ser ajustados para considerar apenas a população com 18 anos ao mais, já que as outras fontes consultadas (PNS 2013 e VIGITEL 2016) traziam os dados dessa forma. Observando a tabela 5.4, no caso da hipertensão, enquanto o número de casos na Portelinha é de 9% ele sobe para 21,4% no Paraná. Para a depressão, a diferença é de 4% na Portelinha para 11,7% no estado. Para o câncer, a diferença é de 0,3% para 2,6%. Por fim, no caso da obesidade, as diferenças são muito grandes, com o número de apenas 0,8% para a Portelinha contra 18,6% para a cidade de Curitiba como um todo. É esperado que a comparação realmente gere números diferentes, já que os dados usados não são exatamente dos mesmos anos (2013, 2016 e 2017). Da mesma forma, as próprias particularidades no perfil socioeconômico e estilo de vida dos habitantes também podem provocar diferenças. Mesmo assim, dado ao fato da ocorrência destas doenças ser muito inferior na Portelinha, é importante que se considere a possibilidade de elas não estarem plenamente diagnosticadas em uma parte considerável dos habitantes.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

40


Saúde Consumo de álcool, cigarro e drogas

Gráfico 5.4 – Consumo de álcool, cigarro e drogas na Portelinha.

Na comunidade da Portelinha, o álcool é declaradamente consumido – pelo menos uma vez por mês – por 24,8% da população, enquanto 74,2% afirmam nunca consumir. Em seguida se encontra o cigarro com taxa de consumo de 23,7%, enquanto 76,3% afirmam nunca consumir. Por fim, outras drogas tiveram o consumo declarado por apenas 4,6%, enquanto 95,4% afirmam nunca consumir. A maior parte dos fumantes (22% de 24,8%) afirma fumar todos os dias. Entre os que consomem álcool, os usos são mais espaçados. 4,0% consome até 1 vez por mês, 3,7% de 2 a 3 vezes por mês, 7,5% 1 vez por semana e 6,9% de 2 a 4 vezes por semana. Os que declararam consumir álcool todos os dias representam 3,1% da população. Assim como os demais dados da ECO, essas informações são prestadas por declaração dos próprios respondentes, de modo que é possível que alguns moradores não tenham se sentido a vontade de apontar o consumo dessas substâncias.

Álcool

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

Cigarro

Drogas

41


Moradia

RelatĂłrio socioeconĂ´mico Portelinha 2017

42


Moradia Tipos de moradia

Gráfico 6.1 – Tipos de moradia da Portelinha

O tipo de moradia mais frequente (32%) encontrado na Portelinha é formada por retalhos, ou seja, restos de madeira e outros materiais reaproveitados. Em seguida se encon-

32%

Retalhos

tram as casas de alvenaria (30%) e de madeira própria para construção (20%). Casas que misturam esses tipos sem que nenhum predomine são classificadas como mistas, e representam 18% das moradias. Na comunidade, existem atualmente 10 casas do TETO construídas com madeira própria para construção.

Casas de alvenaria/bloco

Madeira própria para construção

30%

20%

Casas do TETO na comunidade

10 casas

Misto

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

18%

43


Moradia

Gráfico 6.2 – Situação do terreno

50,8%

Características das moradias

36,4% 8,3%

Metade dos terrenos da Portelinha (50,8%) foram comprados

3,8%

por seus atuais moradores. Porém, como a área da comuni-

0,8%

dade ainda não foi regularizada, esses contratos de compra não significam segurança de posse da terra. Já 36,4% foram ocupados, 8,3% foram doados e 3,8% alugados. Novamente, nenhum desses terrenos encontra-se em situação regular.

Tabela 6.1 – Perfil das moradias

Pessoas por casa

3,6

Quanto ao perfil das moradias, elas abrigam em média

Cômodos por casa

4,6

famílias com 3,6 moradores (tabela 6.1). São casas em média

Dormitórios por casa

2

Camas por pessoa

1

com 4,6 cômodos e 2 dormitórios, sendo que há uma cama

Área média

62,5 m2

ou lugar de dormir para cada pessoa. A área média das construções é de 62,5m2. Em relação ao número de cômodos de cada casa (gráfico

Gráfico 6.3 – Quantidade de cômodos

Gráfico 6.4 – Quantidade de dormitórios

1,5%

6.3), não existe um padrão predominante. Os números mais comuns são três cômodos (22,7%), quatro cômodos (24,2%), cinco cômodos (22%) e seis ou mais (25,8%). As casas meno-

3,8%

res, com um (1,5%) ou dois (3,8%) cômodos são minoria.

3,8% 22,7%

25%

24,2%

45,5%

22% 25,8%

18,2% 7,6%

Quanto à quantidade de dormitórios (gráfico 6.4), quase metade das casas possuem dois (45,5%), seguidas por 25% com apenas um e 18,2% com três dormitórios. As casas com quatro ou mais são minoria (7,6%), assim com as que não apresentam nenhum (3,8%).

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

44


Moradia Fornecimento de serviços públicos

Gráfico 6.5 De onde obtém a àgua?

A maior parte das moradias (57,6%) tem a água fornecida através de relógios de medição coletiva, dos quais os moradores rateiam o valor da conta. Outros 31,8%, porém, tem o fornecimento através de ligações irregulares (“gatos”) na rede de fornecimento. Apenas 8,3% das moradias tem seu próprio relógio e pagam a conta individualmente. Já o fornecimento de luz ocorre majoritariamente (96,2%)

Gráfico 6.6 Possui energia elétrica?

através de ligações irregulares (“gatos”). Apenas 1,5% tem o fornecimento de luz regular e paga sua conta. 0,8% não possui energia elétrica. O despejo de esgoto da maioria das residências (43,9%) é feito irregularmente no rio, gerando a contaminação da água e o aumento da probalidade de ocorrência de doenças. O número de moradias ligadas a rede pública de esgoto é 31,1%. Outras 9,8% possuem fossa (séptica ou não), 1,5% despejam no

Gráfico 6.7 Como é o despejo do esgoto?

solo e 0,8% não possuem banheiro. Chama atenção o fato de 12,9% não sabiam ou não quiseram responder essa pergunta. Quanto ao despejo do lixo, todos os moradores afirmam dar um fim regular aos dejetos. 56,8% levam para um ponto de coleta e 43,2% tem o lixo coletado na frente de casa. 7,6% afirma que também reciclam. Nenhum morador afirmou que descarte o lixo nos rios, em terrenos abandonados ou queima.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

Gráfico 6.8 Como é descartado o lixo?

45


Comunidade

RelatĂłrio socioeconĂ´mico Portelinha 2017

46


Comunidade Relacionamento entre os moradores

Essa falta de laços de relacionamento e amizade por uma

Como a análise do gráfico 7.1 aponta, a comunidade da

nas respostas dadas nos gráficos 7.2 e 7.3. Estes dois gráficos

Portelinha está dividida pela metade entre moradores com maior e menor nível de interação com a comunidade e seus vizinhos. Na metade com pouca interação, 3,8% afirmaram que não se relacionam com ninguém, enquanto 45,5% disseram que se relacionam pouco. Na outra metade, 24,2% afirmaram que gostam de se encontrar e de conversar com outros moradores, enquanto 26,5% disseram que tem ótimos amigos na comunidade.

Gráfico 7.1 – Relacionamento na comunidade

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

parcela da população provavelmente impactam também apresentam a percepção das família de como elas ajudam os vizinhos (7.2) e de como são ajudadas por eles (7.3). O que se pode perceber nessa comparação, é que existe uma percepção nas famílias que eles ajudam mais do que são ajudadas. 56,5% afirmam que ajudam os vizinhos com apoio moral, porém o número de vizinhos que diz ser ajudado dessa maneira é de 48,5%. Quanto à ajuda nas tarefas domésticas,

Gráfico 7.2– Como sua família ajuda seus vizinhos?

Gráfico 7.3 – Como seus vizinhos te ajudam?

47


21,2% afirmam que contribuem com isso, enquanto só 15,2% afirmam que são ajudados dessa forma. Financeiramente,

Gráfico 7.4 – Por quais problemas você estaria disposto a trabalhar junto com seus vizinhos para buscar soluções?

24,2% afirmam ajudar, enquanto 20,5% afirmam ser ajudados dessa forma. Quanto à ajuda com coisas que necessitam, como comida e roupas, 60% dos moradores afirmam ajudar com isso, enquanto 45,5% afirmam ser ajudados. Nenhum morador afirmou que não ajuda os vizinhos, porém 28% afirmam que não são ajudados. Com base nesse cenário, é importante pensar em estratégias que possam aumentar a cooperação entre os moradores da comunidade. No gráfico 7.4 são apresentadas ações para as quais os moradores afirmaram estar dispostos a trabalhar conjuntamente com os vizinhos para buscar soluções. Entre elas, estão a regularização dos terrenos, para a qual 63,6% estão dispostos a trabalhar juntos, seguida pelo acesso à serviços básicos (44,7%), espaços comuns da comunidade e projetos de saúde (27,3%), condições das casas e segurança da comunidade (25,8%), projetos de educação (21,2%) e capacitação profissional (18,2%). Apenas 2,3% afirmaram não estarem dispostos a trabalhar em conjunto com os vizinhos por nenhum motivo.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

48


Comunidade Problemas da comunidade

Gráfico 7.5 – Problemas relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores da Portelinha.

O gráfico 7.5 apresenta os principais problemas percebidos pela população da Portelinha em relação à infraestrutura da comunidade. Como pode ser observado, a falta de iluminação pública é um problema apontado por 45,5% dos moradores. Porém, como já apresentado anteriormente no gráfico 6.6, o fornecimento de luz na comunidade é majoritariamente irregular e por meio de gatos, o que adiciona uma complexidade a mais neste problema. Na sequência, aparece a falta de pavimentação nas ruas, apontada como um dos principais problemas por 34,1% da população. A relevância destes dois problemas para os moradores pode ser confirmada por dados que serão apresentados na sequência deste relatório, na parte referente aos sonhos para o comunidade. Entre os três primeiros sonhos listados pelos moradores estão a implementação de iluminação pública e a pavimentação das ruas. Outros problemas relatados são a falta de saneamento (27,3%) e o abastecimento precário de água (25,8%). Analisando novamente os dados dos gráficos 6.7 (despejo do esgoto) e 6.5 (abastecimento de água) é possível entender o porquê dessas duas questões serem problemas relevantes para a

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

49


comunidade. Apenas 8,3% das casas tem abastecimento regularizado por relógio próprio. Nas demais, 57,6% tem abastecimento regularizado, porém por meio de um único relógio de medição coletiva. Por fim, 31,8% tem o abastecimento fornecido através de gatos. Quanto ao esgoto, apenas 31,1% das moradias tem ligação à rede pública, enquanto 43,9% admitem despejar o seu esgoto no rio próximo. Continuando a análise dos problemas relatados, 23,5% apontaram a sujeira e o lixo na comunidade. Esse dado

A falta de iluminação pública e de pavimentacão são os dois principais problemas apontados pelos moradoes. Relatório socioeconômico Portelinha 2017

conflita de certa forma com o dado apresentado no gráfico 6.8, no qual todos os moradores afirmaram dar um fim adequado ao seu lixo, levando para pontos de coleta na frente de casa (43,2%) ou em algum lugar da comunidade (56,8%). Nesse sentido, parece existir um desalinhamento entre discurso e prática por parte de alguns moradores na comunidade, que, apesar de assim declararem, não estão descartando adequadamente o lixo produzido. Outras questões que são problemas para os moradores são a falta de áreas de lazer (9,1%) e a ocorrência de alagamentos (8,3%). Vale lembrar que a Portelinha sofreu com enxentes após a realização da ECO, em dezembro de 2017 e em março de 2018. Outros problemas em menor grau foram listados por 6,8%, enquanto 3,8% afirmaram não haver nenhum problema relacionado à infraestrutura.

50


Já o gráfico 7.6 apresenta o restante dos problemas apontados pelos moradores da Portelinha e que não estavam rela-

Gráfico 7.6 – Problemas não relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores da Portelinha.

cionados diretamente com a infraestrutura da comunidade. Com pode ser observado, o principal problema desse tipo relatado pelos moradores é o trafico de drogas, listado por 50% dos respondentes. Relacionado a ele, também temos o problema do alcoolismo e uso de drogas, questão problemática para 22% da população. Esses dois itens reforçam o entendimento de que os dados sobre o consumo de álcool e drogas apresentado no gráfico 5.4 talvez estejam subnotificados, já que nele apenas 3,6% da população utiliza drogas pelo menos uma vez por mês. Na sequência, o segundo problema que mais preocupa os moradores é o desemprego, relatado por 27,3%. Retomando os dados de emprego apresentados no gráfico 2.2, é possível entender essa preocupação, já que a taxa de desemprego da Portelinha é de 15,7% da população com 18 anos ou mais e que está procurando emprego. Esse número é 4 pontos maior que a média nacional e 8 pontos maior que a média curitibana. Em terceiro, se encontra o problema da violência e falta de segurança apontada por 26,5%. Esta percepção provavelmente está relacionada com o primeiro problema apontado e referente ao tráfico de drogas.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

51


Na sequência, o quarto problema apontado é referente ao atendimento ruim ou demorado nos centros de saúde, re-

Gráfico 7.7 – Grupos sociais mais afetados pelos problemas da comunidade.

clamação de 22% das famílias. Esse número está de acordo com a avaliação dos serviços de saúde apresentada no gráfico 5.3, no qual apesar da maioria afirmar estar satisfeita ou muito satisfeita com o atendimento, 20% afirmam não estar satisfeitos. Com menor ocorrência, outras questões apontadas pelos moradores são a educação de baixa qualidade (6,1%), a má relação entre vizinhos (4,5%), a distância de serviços públicos (3%), a falta de transporte público (2,3%) e outros problemas (2,3%). Quanto à percepção de quais grupos sociais seriam mais afetados por esses problemas (gráfico 7.7), 50% afirmam que afetam a todos, 36% afirmam serem as crianças, enquanto 17% afirmam serem os jovens. Em números menores, são apontadas as mulheres (6%), a terceira idade (5%), pessoas com deficiência (2%) e outros (1%). Minorias étnicas não foram mencionadas por nenhum morador.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

52


Comunidade

Gráfico 7.8 – Parcela da população que declarou já ter sofrido preconceito e por qual razão.

Preconceito Como pode ser visto no gráfico 7.8, 28% da população da Portelinha afirma já ter sofrido preconceito por morar na comunidade. Esse é o principal motivo declarado pelos moradores, que também citam preconceito sofrido pela profissão (8%), por ser mulher e pela renda (5%), pela cor da pele (4%), pela orientação sexual (3%) e pela religião ou por alguma características físicas (2%). Outros motivos foram declarados por mais 2%, enquanto 61% afirmam nunca terem sofrido nenhum preconceito. Quanto ao impacto do preconceito na vida, 41% afirmam que não atrapalha. Já 18% relatam que atrapalha na rua ou no mercado (18%), no trabalho (18%), na escola (8%), nos postos de saúde ou hospital (2%) e no banco (2%). 24% também

Gráfico 7.9 – Em quais situações o preconceito atrapalha mais

relataram outras situações.

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

53


Comunidade

Gráfico 7.10 – Existe alguma pessoa que represente os moradores da comunidade?

Gráfico 7.11 – Existe na sua comunidade uma associação de moradores?

5%

6%

NS/NR

Liderança e associação de moradores 83% dos moradores afirmam existir um líder comunitário,

NS/NR

13%

20%

Não

enquanto 13% disseram que não e 5% não souberam ou

Não

83%

não quiseram responder. O nome mais citado como líder

74%

Sim

foi o do “Dida”. Quanto à existência de uma associação de moradores, 74% afirmaram que sim, 20% que não e 6% não

Sim

Gráfico 7.12 – Conhece projetos realizados pela associação?

souberam ou não quiseram responder. Entre os projetos realizados pela associação mais conhecidos estão os de educação (30%), lazer (30%), infraestrutura (24%), projetos culturais (13%), capacitação profissional (6%) e saúde (5%). Interessante notar que nos três primeiros casos, houve participação do TETO, como é o caso do projeto de leitura, da construção do parquinho e das lixeiras comunitárias e casas de emergência. Os projetos foram avaliados como bem feitos por 80% da população, enquanto 16% Gráfico 7.13 – Como você avalia os projetos realizados?

afirmam que são “mais ou menos” e 2% que são mau feitos. Quanto à participação em reuniões da associação de moradores ou de outros grupos na comunidade, 86% afirmaram ter participado no último ano e 14% não. Quanto ao interesse em participar nas reuniões do TETO, 94% afirmaram ter interesse e 6% não.

Gráfico 7.14 – No último ano, participou de alguma reunião de algum grupo ou associação?

3% NS/NR 2% Mau feitos

14%

16%

Não

Mais ou menos

80%

Bem feitos

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

86% Sim

54


Comunidade Sonhos A nuvem de palavras geradas através da análise dos de-

pública e de pavimentação são os dois principais proble-

poimentos dos moradores aponta seus principais sonhos

mas de infraestrutura relatados pela comunidade, citados

para a comunidade. Como pode ser visto, a regularização

respectivamente por 45,5% e 34,1% dos moradores.

dos terrenos é o principal. Em destaque também é possível notar as palavras “asfalto”, “pavimentação”, “iluminação”, “água” e “luz”. Cruzando essas palavras com dados anteriores apresentados, é possível perceber a importância delas para a comunidade. 63,6% dos moradores estão dispostos a trabalhar em conjunto com seus vizinhos para resolver a questão da regularização fundiária. Já a falta de iluminação

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

55


Comunidade Percepção atual e expectativa para o futuro A maioria dos moradores tem uma percepção positiva de como está a comunidade atualmente em comparação ao passado e como estará no futuro.

Gráfico 7.15 – A comunidade está melhor se comparado a 2 anos atrás?

3% NS/NR 7% Pior

70% acreditam que a comunidade está melhor hoje do que a dois anos atrás, 20% afirmam que está igual, 7% pior e 3% não responderam.

20% Igual

70%

Melhor

Quanto às perspectivas para o futuro, 83% acreditam que a comunidade estará melhor daqui 2 anos, 10% igual, 1,5% pior e 5,5% não responderam. Gráfico 7.16 – A comunidade estará melhor daqui a 2 anos atrás?

5,5% NS/NR 1,5% Pior 10%

Igual

83%

Melhor

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

56


Projeto de Educação na Portelinha Abril.2017 Relatório socioeconômico Portelinha 2017

57


Conclusão O presente relatório apresentou os dados recolhidos

terminaram o ensino fundamental (50,6%) e um

durante o evento “ECO – Escutando Comunidades” reali-

número baixo de moradores com o ensino mé-

zado na comunidade da Portelinha em Setembro de 2017.

dio completo (20,4%). Esses dados apontam para

Durante o evento foram entrevistadas 132 famílias, repre-

a necessidade de ações de redução do déficit

sentando um total de 481 pessoas. A margem de erro da

educacional entre os moradores da Portelinha.

pesquisa foi de 4,5% para cima ou para baixo.

Quanto à taxa de desemprego, ela é de 15,7%,

Muitas famílias da Portelinha se encontram em uma situação de grande vulnerabilidade social e econômica.

Com base nos dados, foi possível entender melhor o perfil

oito pontos percentuais maior que a média curi-

socioeconômico da comunidade, seus principais problemas

tibana. Entre os moradores com 18 anos ou mais,

e sonhos. Esses dados são fundamentais para a continuação

53,3% não tem nenhuma fonte de renda ou ela é

do trabalho do TETO na Portelinha, possibilitando a dis-

inferior ao salário mínimo. A renda per capita considerando

cussão em conjunto com os moradores de estratégias para

todos os moradores é de R$395, bem menor que a média de

tentar solucionar os problemas identificados. Ter um retrato

Curitiba (R$ 1.472).

geral dos moradores também permite à comunidade se enxergar como um todo, aumentando seu senso de identidade.

Em relação à saúde, foi possível notar que a declaração por parte dos moradores de doenças como hipertensão, depres-

Os dados aqui apresentados, principalmente quando com-

são, câncer e obesidade foi bem inferior que a média para-

parados com os números referentes à cidade de Curitina, ao

naense. Isso pode indicar que talvez haja vários casos não

estado do Paraná ou ao Brasil como um tudo, permitem vi-

diagnosticados dessas doenças.

sualizar que muitas famílias da Portelinha se encontram em uma situação de grande vulnerabilidade social e econômica.

Quanto às moradias, um terço das casas (32%) da comunidade é feita com retalhos de madeira ou outros materiais

Entre os dados coletados, é relevante citar que o índice de

reaproveitados, o que reduz suas condições de habitabilida-

analfabetismo na comunidade é de 9,4%, atingindo princi-

de. Quanto ao fornecimento de serviços básicos, 31,8% das

palmente a população acima de 18 anos. Há também uma

moradias tem o fornecimento de água através de ligações

grande quantidade de pessoas com 18 anos ou mais que não

irregulares (gatos), número que aumenta para 96,2% no caso

Relatório socioeconômico Portelinha 2017

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da energia elétrica. Sobre o esgoto, apenas 31,3% estão ligadas

são importantes para auxiliar na organização e tomada de

a rede pública, enquanto 43,9% despejam os dejetos no rio

decisões por parte da comunidade e no trabalho do TETO,

próximo.

do poder público e das demais insituições relacionadas ou

Os cinco principais problemas relacionados à infraestrutura apontados pelos moradores foram a ausência de iluminação pública (relatada por 45,5% dos entrevistados), a falta de pavimentação (34,1%), a falta de saneamento (27,3%) e a precariedade no abastecimento de água (25,8%).

interessadas. De modo que possamos gradativamente nos aproximar da visão que temos do futuro, formado por uma sociedade mais justa, igualitária, integrada e sem pobreza em que todas as pessoas possam exercer plenamente seus direitos e deveres e tenham as oportunidades para desenvolver suas capacidades.

Não diretamente ligados à infraestrutura, os demais cinco principais problemas relatados foram o tráfico de drogas (50%), o desemprego (27,3%), a violência ou falta de segurança (26,5%), o atendimento ruim ou demorado nos centros de saúde (25%) e o alcoolismo e uso de drogas (22%). Quanto aos principais sonhos da dos moradores para a comunidade, estão a regularização fundiária, a implantação de iluminação pública, a pavimentação das ruas e a melhoria e regularização no fornecimento de água e luz. Esses dados negativos não devem ser olhados em nenhum momento apenas sob uma ótica pessimista. Identificar claramente os problemas é o primeiro passo para desenvolver estratégias e implementar ações para mitigá-los ou até mesmo resolvê-los. Dessa forma os dados aqui apresentados

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