Esculpindo Rochas Morro da ProvidĂŞncia | Gamboa- Rio de Janeiro
Universidade Anhembi Morumbi
Carmem do Nascimento Savazzi
Trabalho de ConclusĂŁo de Curso de Arquitetura e Urbanismo
Universidade Anhembi Morumbi Escola de Artes, Arquitetura, Design e Moda Curso de Arquitetura e Urbanismo
Esculpindo Rochas Morro da Providência |
Gamboa - Rio de Janeiro Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob orientação do Professor Marcus Lima.
Carmem do Nascimento Savazzi São paulo, 2016
“A favela é a legítima manifestação da arquitetura brasileira.” Paulo Casé
A todos aqueles que de alguma forma estĂŁo me influenciando ou sendo influenciados atravĂŠs desse trabalho.
Agradecimentos Agradeço a todos que estão contribuindo para o desenvolvimento do meu trabalho final de graduação. Seja no suporte educacional, psicológico ou financeiro. Toda ajuda tem sido válida para chegar até aqui, e seguir nas etapas que ainda precisam ser concluídas. Agradeço ao meu orientador carioca que conhece e representada -com excelência- a cidade do Rio de Janeiro.
Sumário
Introdução
21
Capítulo 1 • Habitação 1.1 Função, Surgimento e Relevância 1.2 Habitação no Brasil e sua problemática 1.3 Como resolver o problema da Habitação 1.4 Porque morar bem tem que ser caro?
25 26 28 30 31
Capítulo 2 • 2.1 2.2 2.3
33 34 38 40
Área de intervenção e estudo História da favela do Morro da Providência Terreno e limites Justificativa da escolha do terreno
Capítulo 3 • O morro e seu entorno 3.1 Usos 3.2 Infraestrutura
43 44 46
Capítulo 4 • Arquitetura e Sustentabilidade na sociedade de risco 4.1 Conceitos de Arquitetura Regional e Sustentável 4.2 Arquitetura Vernacular e o Contemporâneo
49 50 54
Capítulo 5 • Sistema Construtivo 5.1 Geologia do Morro da Providência 5.2 Analise de Rochas 5.3 Maquina para perfuração de rochas
59 60 62 63
Sumário
Capítulo 6 • Estudos de caso 6.1 Projeto 1 – Túnel Guoliang | Aldeia Guoliang - China 6.2 Projeto 2 – Civilizações Antigas | Petra – Jordânia 6.3 Projeto 3 – Civilizações Antigas | Moradias Trogloditas 6.3.1 Matma | Tunísia 6.3.2 Guadix | Granada - Espanha 6.3.3 Cuevas de Almanzora | Espanha 6.4 Projeto 4 – Igrejas e Monastérios 6.5 Projeto 5 – Unité d’Habitation | Marseille - França
65 66 68 70 70 72 74 75 80
Capítulo 7 • Projeto 7.1 Proposta, intenção e justificativa 7.2 Processo de projeto 7.3 Partido
83 84 86 89
Considerações Finais
91
Referências Bibliográficas
93
Anexos 01 • Pranchas | Pré- Banca e Banca
99
Índice de Figuras Figuras do grupo 1 Figura 1.1 - Esquema habitações e origens
26
Figuras do grupo 2 Figura 2.1 – Vista Sul do Morro da Providência Figura 2.2 – Cortiço conhecido como Cabeça de Porco Figura 2.3 – As primeiras casas no Morro da Providência em 1905 Figura 2.4 – Quartel general- Morro da providência 1900 Figura 2.5 – Primeiras ocupações | Morro da providência 1900 Figura 2.6 – Localização na Macrozona Rio de Janeiro Figura 2.7 – Localização na Macrozona Rio de Janeiro
32 34 34 37 37 38 38
Figuras do grupo 3 Figura 3.1 – Vista Norte Morro da Providência Figura 3.2 - Oratório Figura 3.3 – Vista do Oratório Figura 3.4 – Igreja tombada da praça Brum Figura 3.5 – Plano de intervenção do Complexo da Providência Figura 3.6 – Principal sistema viario Figura 3.7 – Modernização do sistema viário da região
44 44 45 45 46 47 47
Figuras do grupo 4 Figura 4.1 –Vauban | Bairro que recicla Figura 4.2 – Meta-materiais, materiais ocultos, materiais de carácter industrial e embalagens Figura 4.3 – Vernacular contemporâneo. Slum dos arredores de Tóquio, Japão
51 54 54
Figuras do grupo 5 Figura 5.1 – Altitude dos morros que compoem o morro Figura 5.2 – Escala geocronologica Figura 5.3 – Maquina TB
61 61 63
Figuras do grupo 6 Figura 6.1 – Túnel Gouliang
66
Figura 6.2 – Túnel Gouliang Figura 6.3 – Vista Lateral estrada de Gouliang Figura 6.4 – Túnel Gouliang Figura 6.5 – Petra- Jordânia Figura 6.6 – Petra- Jordânia Figura 6.7 – Petra- Jordânia Figura 6.8 – Interior contrução Petra- Jordânia Figura 6.9 – Vista frontal da aldeia de Matma Figura 6.10 – Acesso Interno casa troglodita em Matma Figura 6.11– Vista Superior Aldeia de Matma Figura 6.12 – Vista Interna das casas Trogloditas em Matma Figura 6.13 – Planta Terreo
67 67 67 68 69 69 69 70 70 70 70 71
Figura 6.14 – Planta Terreo Figura 6.15 – Casas Trogloditas Guadix Figura 6.16 – Vista parcial Guadix Figura 6.17 –Casas Cuevas Figura 6.18 – Bairro de las Cuevas Figura 6.19 – Las Cuevas de Almanzora Figura 6.20 – Las Cuevas de Almanzora Figura 6.21 – La casa de los vecinos Figura 6.22 – Panoremica das Cuevas Figura 6.23 – Igreja de São Simão Figura 6.24 – Visão geral da Igreja Ortodoxa Sérvia subterrânea Figura 6.25 – Visao Capela Grécia Figura 6.26 – Interior do Panagria Figura 6.27 – Catedral de Sal de Zipaquirá Figura 6.28 –França, Provença, Sainte-Baume Mountain Figura 6.29 – Igreja na caverna de Goreme, Turquia Figura 6.30 – Itália, Calábria, Pizzo, igreja Piedigrotta Figura 6.31 – Capela da Caverna Callao Figura 6.32 – Ceremitério de Santo Antônio e sua capela subterrânea Figura 6.33 – Igreja subterrânea de São Pedro Figura 6.34 – Agioi Saranta, Cyprus, na Turquia Figura 6.35 – Túmulo em volta do complexo do Mosteiro Geghard Figura6.36 - Capela, na Cisjordânia Figura 6.37- Igreja subterrânea de Mihalich, Bulgária Figura 6.38 – Capela do Rei Santíssimo, Mina de Sal Wieliczka Figura 6.39 – Igreja subterrânea de Santo Estevão, Budapeste
71 72 72 73 73 74 74 74 74 75 75 75 76 76 76 76 77 77 77 77 78 78 78 78 79 79
Figura 6.40 – Caverna de Jonas Figura 6.41– Pequena capela subterrânea no vale do Barranco de Guayadeque Figura 6.42 – Vista lateral Sul Unite d’ Habitacion Figura 6.43 – Cobertura Unite d’ Habitacion Figura 6.44 – Corredor Unite d’ Habitacion Figura 6.45 – Implantação Unite d’ Habitacion Figura 6.46 - Planta Unite d’ Habitacion Figura 6.47- Corte Unite d’ Habitacion Figuras do grupo 7 Figura 7.1– Desenvolvimento de projeto Figura 7.2- Croquis Figura 7.3 – Etudos de planta Figura 7.4 – Croquis
79 79 80 81 81 81 81 81
85 86 86 87
19
Resumo
O trabalho final de graduação aqui apresentado,
estruturais para viabilização de obra para que a
tem como objetivo apresentar uma nova proposta
releitura dessa arquitetura já inexistente fosse
de moradia utilizando o princípio da arquitetura
feita de maneira a se adaptar aos novos costumes,
vernacular, empregando conceitos reais sobre o que
e todas as bases para sustentar esse novo conceito.
se entende por sustentabilidade de uma edificação,
Para maior compreensão do que será apresentado
principalmente se essa for capaz de diminuir o
a seguir, é preciso abandonar a caracterização pré
consumo e a necessidade de manutenção frequente
configurada e olhar além das novas perspectivas
e posterior a construção. Independente do caráter
que não são utilizadas.
local e regional da área escolhida, fazendo uso de uma natureza propícia para a execução desse novo conceito. Buscando propor uma nova linha de discussão sobre os valores sociais e econômicos hoje adotados, esse trabalho tem o objetivo não só de propor uma
Universidade Anhembi Morumbi
ideia alternativa, mas principalmente iniciar um
Escola de Artes, Arquitetura, Design e Moda
questionamento sobre os conceitos de moradia
Curso de Arquitetura e Urbanismo
contemporâneos. Foram realizadas pesquisas de campo no morro da Providência, estudos com embasamento
Esculpindo Rochas Morro da Providência • Gamboa - Rio de Janeiro
cientifico, antropológicos para analisar a aceitação cultural, estudos de referências históricas e
Carmem do Nascimento Savazzi
21
Introdução Um tema que nunca se esgotará é o problema da
O local escolhido foi na cidade do Rio de Janeiro,
habitação no Brasil e seus mitos. Há dois anos
por repercutir de forma mundial com seu problema
a temática desse trabalho foi escolhida a fim de
de habitação e suas famosas cidades-bairro, mais
encarar a importância dos arquitetos assumirem
conhecidas como favelas. Nada mais natural eleger
seu caráter social na sociedade e apresentar soluções
a primeira favela do Brasil como cenário para
para minimizar essa situação.O estado afirma ser
uma intervenção. Por estar dentro do perímetro
crônico, a sociedade toma a postura de segregar.
do programa “porto maravilha”, atualmente
Nada é feito, nada é proposto. A negação torna esse
essa mesma área recebeu diversas propostas de
problema que pertencente a todos, pertencendo a
intervenções que vem sendo realizadas desde 2013,
ninguém.
quando iniciaram as obras para revitalização do
Esse trabalho visa como objetivo discorrer sobre
porto. Surgiram muitas reclamações dos moradores
a habitação, suas características, surgimento e
do morro, que apesar de estarem felizes por
como se deram os primeiros sinais de descontrole
receber atenção do governo, ficaram insatisfeitos
de ocupações irregulares. Partindo da origem para
com algumas das obras realizadas e a falta de
melhor entender o momento em que a situação
funcionalidade.
tornou-se quase irreversível e porque continua a ser
O projeto a ser desenvolvido visa criar uma
até os dias atuais um tema polêmico de discussão
nova proposta para a área, atendendo algumas das
sem fim.
reivindicações dos moradores da região e utilizando
Quais medidas podem ser tomadas? Em quais situações é necessário realocar as pessoas de
a mesma média do orçamento que foi gasto até o momento.
seus atuais logradouros? Porque as Habitações
Todo projeto de Habitação de Interesse Social
de Interesse Social criaram o mito de uma má
tende a adquirir uma proporção maior do que o
qualidade física e espacial, e muitas delas segregam
esperado, pois vem acompanhado de infraestrutura
ao invés de integrar os moradores no fluxo do
para os moradores. A proposta prevê um elevador
entorno e sua cidade? Essas e algumas outras
de acesso ao sul do morro, um espaço de apoio
questões levantadas serão discutidas e respondidas
aos moradores com a infraestrutura necessária e a
dentro desse trabalho.
habitação que tomara um partido de singularidade
Não basta apenas levantar a problemática sem apresentar alguma solução projetual, afinal, é de conhecimento geral que a situação de moradias populares no Brasil precisa de atenção, mas, por onde começar?
para adotar identidade pessoal nas unidades.
Capítulo 1 Habitação Entender o conceito de habitação de forma instintiva é extremamente simples, afinal, basicamente todo e qualquer animal precisa de abrigo. Sendo essa uma condição primordial de vida, e humanamente direito do cidadão. Partindo desse ponto, levantamos a discussão dos motivos de nem todos terem um local digno para habitar e muito menos oportunidade de conquistá-lo. Para isso, é necessário entender quando surgiram os primeiros sinais de problemas e mitos sobre Habitações.
25
Capítulo 1 • Habitação
1.1.
26
Função, Surgimento, Relevância
Em termos pragmáticos, uma habitação tem como finalidade gerar abrigo contra frio, calor, precipitação, vento e chuva. Nos primórdios quando esses abrigos eram cavernas, buracos, tendas e cabanas sua finalidade também era nos proteger de predadores. Independentemente de toda evolução e ponte tecnológica, a função de uma habitação até hoje é de abrigar e proteger de intrusos e intempéries. Por volta de 5.000 a.C , foi surgindo um novo formato de comunidades, por conta da escassez de alimentos viu-se a necessidade de novos meios de coleta e sobrevivência, surgindo então a agricultura.As comunidades começaram a se formar e fixar-se ao redor dessas plantações, que por sua grande maioria encontravam-se próximas de rios para facilitar a irrigação e fazer proveito do solo. Tornou-se necessário morar próximo ao cultivo para proteger e preservar. Esse novo modo de se fixar em apenas um lugar para criar raízes, foi o início da formação das cidades. Essa formação fez com que as habitações desenvolvessem uma nova função, e exigissem uma série de novas características. O que antes
Figura 1.1 - Esquema habitações e origens
Capítulo 1 • Habitação
27
era provisório, começou a criar identidade, afinal,
em relação a seus parentes, vizinhos, conhecidos.
a habitação adotou o caráter que conhecemos até
Sempre buscando uma identidade.
hoje de forma afetiva como ‘lar’.Através do instinto
O significado de habitação carrega consigo uma
de individualidade e da pequena constituição de
enorme carga sobre a importância de se destacar, de
família que antes era a comunidade, sentiu-se a
demonstração de sucesso, e de se sentir pertencente
necessidade de criar ambientes que comportassem
a sociedade, já que habitar algum local tornou-se
as famílias que surgiram desse aglomerado.
caráter básico de sobrevivência. O sonho da casa
Ambientes confortáveis, compatíveis com o
própria e a constituição de um patrimônio tornou-
clima, necessidades, rotina e que ainda tivessem
se símbolo de uma ascensão social e conquista
compatibilidade com a hierarquia que foi se
econômica, elevando o proprietário a um novo
evidenciando com o tempo.
patamar de conquista. Tamanha é a importância
Com o desenvolvimento de habilidades e
dessa conquista, que possuir habitação própria
conhecimentos o homem passou a utilizar uma
segue no topo da lista de realizações pessoais, apesar
maior diversidade de materiais disponíveis no
de hoje em dia ter perdido a força para o desejo de se
meio, dando inicio a um laboratório experimental
formar no ensino superior.
de novas técnicas. Conforme obra arquitetônica, a função de abrigar não é a única e principal finalidade de uma habitação. Existe uma enorme variedade de formas de construção num mesmo local, culturas semelhantes- ou não- e isso denota uma enorme característica humana; transmitir significados e personalidade através de simbolismos, tanto na arte, arquitetura, moda a fim de traduzir alguns dos anseios e aspirações, diferenciando os habitantes
Capítulo 1 • Habitação
1.2.
28
Habitação no Brasil e sua problemática
Não existe uma ordem ou descrição cronológica
E por essa razão, podemos marcar o início do
para definir o inicio do problema habitacional no
problema da habitação quando o homem tornou-se
Brasil. Poderia tentar colocar em ordem lógica,
livre. A habitação surgiu como direito do cidadão
colocando os escravos e as senzalas como ponto
por volta do século XX, quando foi incluso na
inicial, mas, para ser dono de sua própria terra, os
Declaração Universal de Direitos Humanos, o
escravos precisavam no mínimo serem donos de
seguinte artigo: “Todo homem tem direito a um
si mesmos, e não era esse o caso. Os escravos não
padrão de vida capaz de assegurar a si e sua família,
possuiam direitos de sua própria habitação, logo,
saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário,
no Brasil escravocrata, o problema da habitação se
habitação, cuidados medicos e os serviços sociais
iniciou assim,
indispensáveis e direitos à segurança em caso de
não pertencendo a ninguém. O Estado não se
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou
responsabilizava, o reino de Porturgal muito menos,
outros casos de perda por meios de subssistências
e os senhores- enquanto eram senhores- cediam as
em circunstâncias for a de seu controle.”
senzalas, que a partir da ebolição não era mais uma
Há essa altura, e com o desenvolvimento
habitação, afinal, os responsáveis não cabiam de
do capitalismo, terras e habitações começaram
arcar com os gastos de ‘novos’ funcionários.
adquirir o caráter de mercadoria, e crescer com
Capítulo 1 • Habitação
29
o valor do Mercado. Junto com isso, o Sistema
habitacional, pois seria o mesmo que dizer que
econômico privado não conseguiu dar conta de
existe um défict de automóveis.O problema nunca
fornecer assistência e proporcionar habitação a
será a falta, segundo Bolaffi expõe, o Brasil possui
todos, sendo mercadoria ou não. O problema
o número de habitações suficiente para a demanda
foi criando proporções preocupantes, e o Estado
monetária. A classe dominante então obriga-se
progressivamente foi assumindo a obrigação de
a acreditar na própria ilusão de que o problema
oferecer um abrigo a todos. Mesmo reconhecendo
habitacional não tem solução, assim ninguém
essa responsabilidade, o Estado afirma ser incapaz
precisa se responsabilizar a resolve-lo. Existe então
de assumir e cumprir de forma satisfatória as
a medida de formulação de problemas falsos, que
exigências.
não tem previsão de assumir providências, a fim de
O estrategema adotado foi de implantar a idéia
legitimar e justificar as medidas que são tomadas
de que o problema habitacional sempre existiu e
e investidas por interesses pessoais envolvidos
sempre existirá, sem que alguém possa assumi-
politicamente com a economia.
lo.Dessa forma esse estrategema é utilizado sucessivamente por todos. Não podemos sequer justificar apontando que existe um “défict”
Se falta habitação para a demanda, porque existem tantos edificios vazios?!
Capítulo 1 • Habitação
1.3.
30
Como resolver o problema da Habitação
Ao parar para refletir sobre a questão acima, nos questionamos os motivos para que o problema
progridem e crescem juntos e o padrão de vida cresce para todos.
fosse solucionado antes de tomar as proporções
O progresso no capitalismo centraliza e
atuais. Com uma rápida análise primária pensamos
concentra poder econômico em poucos. Como
que a solução é simples, afinal, é apenas oferecer
capitais tão ricas, como São Paulo e Rio de Janeiro,
uma habitação com condições mínimas de
abrigam pessoas milionárias e miseráveis ao
estruturura. Deixando essa idéia de lado, surgem
mesmo tempo. E que mesmo com tanto progresso a
outras questões. Por que a sociedade e o governo no
desiqualdade social só aumenta.
Brasil não conseguem oferecer moradia e condições
Resolver o problema habitacional é alavancar
descentes? Porque existe essa enorme segregação
os trabalhadores, para que o padrão almejado seja
e os probres são obrigados a viver cada vez mais
respectivo e os objetivos alcançados. Tendo em
longe? Porque o crescimento das favelas, ocupações
vista o quanto o Brasil cresceu nos ultimos anos, é
irregulars e cortiços cresce exponencialmente? As
preocupante identificar que esse crescimento não
classes mais favorecidas e o estado respondem.
refletiu em todos os brasileiros, e que o problema
Alguns afirmam que o Brasil é uma país pobre
de habitação ainda tenha proporções tão grandes.
demais e não pode oferecer habitação digna e de condições razoáveis à todos. E que não se pode utilizar a economia favorável daqueles que já atingiram um patamar satisfatório e confortável para alavancar às custas deles a melhoria de vida daqueles que estão em um mal momento; que o correto é almejar um nivelamento por cima. Alguns costumam afirmar que com o progresso todos
Capítulo 1 • Habitação
31
1.4.
Porque morar bem tem que ser caro?
Alejandro Aravena vencedor do Prêmio Pritzker
Vendendo apenas o status de morar em determinado
desse ano, em função de sua trajetória voltada para
bairro, sem levar em conta a qualidade espacial do
projetos de Habitação Social, despertou a discussão
ambiente.
sobre Habitação, que apesar de sempre frequente,
Para amenizar o problema de habitação, é
colocou-se em pauta os novos valores, e trouxe a
preciso também configurar um novo ideal de
tona reflexões sobre os conceitos adotados para
moradia já configurado e idealizado na cabeça das
as moradias atualmente, sejam elas de interesse
pessoas. A casa Vila Matilde, projeto de baixo
social ou para classes mais favorecidas. Estamos
custo encomendado por uma empregada doméstica
precisando reinventar os conceitos de moradia,
ao escritório paulistano Terra e Tuma, ganhou na
principalmente no Brasil, onde costuma-se associar
categoria casa o prêmio internacional ArchDaily
a qualidade de moradia com o poder aquisitivo do
Building of the Year 2016. Apesar de seu conceito
proprietário e sua localização.
sobre baixo custo e acessibilidade financeira
Chegou o momento em que é preciso quebrar os
ser questionável, essa premiação também se
paradigmas que ditam a ideia de que para ter uma
tornou um pontapé para discutir a proporção
habitação de qualidade, é preciso investir valores
inversa de arquitetura de qualidade e as questões
que provavelmente poucas pessoas são capazes
financeiras. Provando que um bom projeto não
de desembolsar. O mercado imobiliário, visando
é necessariamente o projeto mais caro, luxuoso e
sempre o maior lucro financeiro, segue vendendo
bem localizado. Para os arquitetos essa discussão é
os metros quadrados mais caros das cidades,
de importância imensurável, pois valoriza a classe,
oferecendo a mesma proporção de conforto de
demonstrando que um arquiteto qualificado é
programas como “minha casa, minha vida” que
imprescindível na boa execução de um projeto com
possuem foco popular. Ambientes apertados,
baixo ou alto custo e que proporcione mesmo assim
janelas pequenas, banheiros sem ventilação natural.
um ambiente agradável e bem planejado.
32
Figura 2.1 | Vista Sul do Morro da ProvidĂŞncia Fonte: http://rio.academy/leia/estudo-no-morro-da-providencia/
32
33
Capítulo 2 Área de Intervenção e Estudo
O morro da providência escolhido como
área de intervenção, é o morro mais íngreme que abriga uma comunidade no Rio de Janeiro. Esse fato é determinante para o partido do estudo da área a ser analisada e decisivo no momento da escolha do terreno, pois a topografia e a insuficiência de investimento financeiro em habitações de interesse social, são quesitos que resultam em limitantes projetuais. O estudo prévio a seguir guia a base para a escolha da área a ser intervinda, e a base de criação para o programa de necessidades, fazendo uma análise do passeio pelos fluxos e principais vias de acesso ao morro, dos equipamentos existentes, dos patrimônios tombados.
33
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
2.1.
34
História do Morro da Providência
Localizada no bairro da Gamboa, zona portuária do Rio de Janeiro, a comunidade do Morro da Providência é conhecida como a mais antiga favela carioca Sua ocupação teve início no séc. VXII, quando a cidade já se encontrava em um estado de expansão. Já foi conhecido por outros nomes, inicialmente foi chamado de Morro do Livramento, e até por volta dos anos 1770 constituiu-se em um espaço de comercialização de escravos, com a instalação
Figura 2.2 – Cortiço conhecido como Cabeça de Porco
do trapiche/armazém “Depósito de Mercadorias Negras”. Com a lei do ventre livre, em 1871, a cidade do Rio de Janeiro se encheu de ex escravos a procura de trabalho, em função disso nessa época surgiram vários cortiços na região Central, que até aquele momento era considerada uma área nobre da cidade. Em 1858, com a construção da central do Brasil, a região tornou-se uma importante concentração de trabalho.
Figura 2.3 - As primeiras casas no Morro da Providência em 1905
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
35
Os grandes casarões dessa área nobre não
de Canudos retornaram ao Rio de Janeiro, iludidos
tinham mais como se sustentar sem os escravos e
com a promessa de moradia feita pelo governo.
foram transformadas em casas de cômodo. Nessa
Não sendo oferecido a eles o que foi prometido, os
mesma época, na segunda metade do século 19,
soldados iniciaram a ocupação em uma chácara na
surgiu o maior e mais famoso cortiço da cidade, o
região.
“Cabeça de Porco” (número da imagem). O cabeça
A origem do termo “Favela”, surgiu após a
de porco era um cortiço de escala monumental, com
Guerra de Canudos, graças a planta faveleira,
quatro mil residências. O local exato onde ele ficava
proveniente na comunidade de canudos no sul da
é onde existe hoje o Túnel João Ricardo, ao lado
Bahia. Os soldados vitoriosos apelidaram o morro
da Central do Brasil, como ressalta o historiador
de “morro da favela” devido a fartura no local,
Milton Teixeira. Em 1893, o Cabeça de Porco foi
fazendo então referência a Canudos.
destruído por ordem do prefeito Cândido Ribeiro,
Com a total abolição da escravatura, a cidade se
fazendo com que muitas famílias desabrigadas, se
encheu sem estrutura para abrigar a todos, tornando
deslocassem para a travessa da felicidade. Onde
a região o local ideal para abrigar as famílias de baixa
justamente nessa região se deu o início da primeira
renda. Cerca de 200 mil escravos do Vale do Paraíba
comunidade, então denominada por “Morro da
invadiram o Rio de Janeiro, onde não tinham
Favela”.
lugar para morar, dando início a primeira leva de
Houve mais um fator histórico que contribuiu
mendigos e multidão sem condições. Cercado por
para a ocupação irregular do morro. Em 5 de
uma pedreira, fábricas, e pelas linhas da estrada
novembro de 1897, os soldados vitoriosos da Guerra
de ferro da central do Brasil, tendo do outro lado o
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
36
cemitério de protestantes, e por estar localizada em
primeira e única favela autofágica do mundo,
uma região portuária, os terrenos antes ocupados
pois consumia o próprio morro onde estava. Os
pela elite, tornaram-se livres e desvalorizados.
moradores trabalhavam na pedreira que destruía
Cenário perfeito para ocupação das famílias de
o próprio morro onde moravam. Em 1968, uma
baixa renda.
explosão inesperada resultou em 36 vítimas
O nome morro da providência surgiu pouco tempo depois,
soterradas, que nunca foram encontradas.
“Há quem diga ainda que
Em 1904, o governo fez sua primeira tentativa
providência era o que pediam os moradores locais
para tentar uma remoção da favela. Os moradores
em relação a melhores condições de moradia, daí o
revoltados travaram uma revolta popular contra o
nome usado até hoje” diz Sérgio Bloch. E também
governo, que foi chamada de “Revolta da Vacina”.
há quem diga que “Providência” era o que pediam
A população local tornou-se fundamental para
os soldados vitoriosos, pós Guerra de Canudos.
alimentar seu entorno, pois em sua grande maioria
As primeiras casas da Providência começaram
serviam como mão de obra barata, para trabalhar
a ser construídas na parte baixa do morro, com o
na pedreira, nas obras públicas, no cais do porto,
mesmo formato das casas existentes em Canudos.
fábricas e usinas da região.
Atualmente, nenhuma dessas residências existe
Por ter se originado de maneira unida, por
mais, pois essa parte do morro começou a ser
famílias, pessoas em condições semelhantes e que já
explorada para a extração de pedras para as obras
se conheciam, a comunidade do morro se mantem
da região central da cidade.
unida até hoje. Mantem suas tradições e seu centro
O morro da Providência tornou-se então, a
histórico dentro da comunidade.
37
Imagem 2.4 - Quartel general – Morro da providência 1900 Fonte: www.museu deimagens.com.br
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
Imagem 2.5 - Primeiras ocupações | Morro da providência 1900 Fonte: www.museu deimagens.com.br
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
2.2.
38
Terreno e Limites
Área Ocupada
População
(Ano 2013) - 118.440 m²
4.094 pessoas
Figura 2.5 – Primeiras ocupações | Morro da providência 1900 Fonte: Google Earth, 2013 e Site prefeitura do Rio de Janeiro
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
39
Domicílios 1.237 residências
Figura 2.6 – Localização na Macrozona Rio de Janeiro
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
2.3.
40
Justificativa da escolha do terreno
Paulistas e cariocas, por uma boba arrogância,
passar pela Favela da Rocinha, um lugar curioso
traçaram um separatismo territorial e criaram um
que parece comemorar o natal todos os dias após
bloqueio tendencioso de uma carga histórica da
anoitecer.
qual até hoje faz com que muitos paulistas- apesar
Com o TFG e opção de livre escolha do tema e
da proximidade de pouco menos de 400 km- nunca
área, surgiu então a oportunidade - e a desculpa-
tenham pisado na cidade maravilhosa, inclusive eu.
para estudar de maneira intima e profunda a cidade
Por me intitular eterna curiosa viajante, dessas que
que, após esses dois anos, tanto imaginei um dia
não se importa com o destino -contanto que esteja
tornar-se-ia um lar.
viajando- chega a ser no mínimo curioso o fato de
Como a preocupação social e ecológica estava
só ter conhecido a terra do Cristo há pouco menos
implantada em mim e o tema definido, bastava
de dois anos.
realizar a pesquisa de campo e detectar uma área
Logo do avião o maior questionamento era
maior carência habitacional. Desafio escolher por
entender o funcionamento daquela imensidão
questão de necessidade, a área que mais precisa de
toda, e como uma cidade enorme conseguia existir
uma intervenção e proposta habitacional, afinal,
em meio a natureza tão bruta e sagaz que só se
quando trata-se de Brasil e países subdesenvolvidos,
compreende conhecendo de forma vivaz, composta
essa discussão habitacional tem começo, meio e
de; enormes morros, rochas, mar, árvores, florestas,
nunca tera o fim.
e mais morros- sem contar o clima ameno que
Movida pela curiosidade, busquei informações
singularmente obriga que até mesmo os habitantes
sobre a formação da primeira favela do Rio de
de baixa renda se planejem pra comprar ar-
Janeiro (que também é conhecida como a primeira
condicionado antes de adquirir casa própria.
favela do Brasil); a favela Morro da Providência.
No primeiro trajeto feito pela cidade, traçado
Por sorte, encontrei nessa área um enorme campo
do aeroporto Santos Dumont- localizado no
de trabalho, munido de uma rica carga histórica e
centro, até a Barra da Tijuca, surgiram enormes
recentemente sofrendo diversas intervenções pelo
dúvidas de mobilidade urbana, dinâmica da cidade
programa “morar+carioca” que integra toda a área
e questionamentos sociais, principalmente após
do morro, inserida na área do porto maravilha.
41
Capítulo 2 • Área de Intervenção e Estudo
42
43
Capítulo 3 Entorno Um projeto, independentemente do tamanho
alterar o perfil ou imagem urbana. A criação de uma
dele, resulta em algum tipo de influência direta e
estação de trem, centro comercial, ou qualquer tipo
indireta em seu entorno. Tudo depende do tama-
de projeto em larga escala ou monumental, altera
nho e proporção do mesmo. Se for uma pequena
todo o funcionamento de uma região.
casa, além do perfil urbano, vai alterar a frequên-
Em função dessa influência, é preciso realizar
cia do fluxo da rua. Pode atrair uma, duas três, dez
um estudo detalhado sobre o entorno e os impactos
pessoas; um, dois, três veículos para um local que
que serao gerados nas pessoas, fluxos, e rodovias do
antes possuía uma dinâmica diferente. Os impactos
local.
dessas influências interferem mais ainda se o proje-
No caso da criação da habitação, de um espaço de
to dispuser de grande proporção, ou até mesmo o
infraestrutura e novo acesso para o morro, é preciso
objetivo direto de alterar o uso da área; atrair públi-
prever o número de pessoas que esses equipamentos
co, mudar a ocupação, criar um novo pólo, e ainda
prevem atender e o impacto sobre a dinamica.
43
Capítulo 3 • Entorno
3.1.
Usos
Figura 3.1 - Vista Norte Fonte: Google Earth, 2013. Oganização Fontebasso Júnior
Figura 3.2 - Oratório
44
45
Bens tombados na Praça Central
Figura 3.3 – Vista do Oratório
Figura 3.4 – Igreja tombada da praça Brum
Capítulo 3 • Entorno
Capítulo 3 • Entorno
3.2.
Infraestrutura
Figura 3.5 – Plano de intervenção do Complexo da Providência
46
47
Figura 3.6 – Principal sistema viario
Figura 3.7 – Modernização do sistema viário da região
Capítulo 3 • Entorno
48
49
Capítulo 4 Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco Com o uso desenfreado dos recursos naturais, muito tem se discutido sobre a sustentabilidade e as formas de aplicar o conceito em todos os setores possiveis.Entretanto, é preciso questionar a definição e aplicação propriamente dita, principalmente na arquitetura, onde o ideal sustentavel é questionavel e constantemente aplicado superficialmente a fim de atender a tendência.
49
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
4.1.
50
Conceitos de Arquitetura Regional e Sustentável
A premissa inicial é que o conceito de uma arquitetura regional, ou indígena
econômicos embutidos dentro do uso desenfreado
corresponde
dos recursos naturais, a sustentabilidade então
a uma arquitetura pertencende à região. Isso
estava surgindo com a visão para além do ambiental,
implica em aspectos regionais, culturais e sociais,
se estendendo para o desenvolvimento urbano
a adaptação das obras, os materiais e a forma como
Por isto, o arquiteto Fernando Salinas, dizia em
são construídos. Nesse momento essa arquitetura
tom humorado: “Em vez de falar do meio ambiente
é tomada por duas vertentes, a autônoma ou a
falemos do ambiente inteiro”. E isto, significa o
vernacular apropriada .
sentido integral da tão citada ecologia, o estudo das
Agora a arquitetura sustentável tem como
relações do homem, como ser vivo e como pessoa,
característica, a utilização racional dos recursos
com seu ambiente natural e social. Essa nova
naturais, em especial energéticos, para preservação
abordagem de uma visão integral, nos aproxima
e conservação futuramente.
então desse novo conceito de sustentabilidade,
Esse conceito implica no emprego de materiais com baixo consumo de
primários ou matérias
primas, com baixo consumo de energia, assim como matérias de alta eficiência estrutural. Esse conceito não é novo, nem tão somente faz parte de uma arquitetura regional. O conceito de sustentável foi mencionado pela
essa idéia tão em alta. Mas afinal, ao que se refere a arquitetura sustentável? Se o desenvolvimento sustentável, como vimos, se refere a um desenvolvimento que perdura através do tempo, o que implica o atual uso racional dos recursos naturais.Contudo, o que devemos entender por arquitetura sustentável?
primeira vez em junho de 1970, vindo substituir o
O termo sustentabilidade não parece ser tão
que até então conhecíamos apenas como ecologia.
adequado quando aplicado na arquitetura, afinal,
Surgiu como um conceito bastante amplo e pouco
sustentabilidade, surgiu do verbo sustentar, e
preciso, pois no momento que entrou em pauta,
como todos sabemos, isso tem a ver com solidez,
muito se discutiu sobre os problemas sociais e
estabilidade e firmeza, livrando o termo de
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
51
representar sua real intencão, que propõe o uso auto sustentavel e consciente do meio ambiente, como um todo, não como um meio. Mais importante do que a analise dos possiveis significados da palavra, é a realidade inevitável de que uma construção é uma intervenção artificial em um meio, sendo preciso registra-la como uma alteração na natureza. Nossa atividade em sua essência, modifica e causa danos ao meio, nao so considerando a construcao propriamente dita, mas tambem o processo de extracao e fabricacao dos materiais. Por mais natural que seja aplicada, a nossa intervencao sempre sera a modificacao do
Figura 4.1 – Vauban – Bairro que recicla, gera energia, e quase nao tem carro fonte: http://www.arquiteturasustentavel.org/ vauban-a-cidade-que-recicla-gera-energia-quasenao-tem-carros-com-gente-feliz/
meio natural. é necessário ter consciência de que o único que
Seguindo a lógica, após estabelicida essa enorme
podemos fazer, é tratar de danificar no menor grau
necessidade de mudança e tranformação, surgem
possível à natureza
diversas duvidas em relação a essa nova corrente
Porém, se nos referirmos, além dos termos, ao
arquitetonica e como aderi-la, afinal, essa nao deixa
significado da arquitetura chamada “sustentável”,
de ser, uma nova era para a arquitetura conhecida
podemos dizer que é aquela que utiliza de forma
ate os dias de hoje.Além dos custos, agora também
responsável e racional os recursos naturais do
precisamos empregar a preocupação em relacao ao
planeta, em especial, os energéticos, para a
uso responsavel do ambiente, prestandpo atenção
preservação das futuras gerações.
nos materiais utilizados na construção, dos recursos
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
energéticos necessários para produzi-los e de sua eficiência estrutural, como critérios iniciais.
52
A arquitetura regional compartilha com a vernacular o uso de materiais primarios, assim
Pode-se dividir a produção em doiz grupos;
constroe uma arquitetura propria que nao existe
a de alto e a de baixo consumo de energia. Os de
isoladamente e nem independentemente a paisagem
baixo consumo de energia, entendemos por: terra,
natural ou artificial.
bambu, madeira, pedra, tijolo e o concreto.Que
A regionalidade da edificação inclui fatores
sao os materiais utilizados a milênios nas obras
econômicos imprescindiveis para realização de
arquitetônicas. Ja os de alto consumo entendemos
obras, sendo necessario considerar clima, ventos,
por: vidros, aluminio, aço, e o titânio, que sozinho
topografia, elementos naturais ja existentes,
consome cerca de 800 vezes mais de energia em
elementos arificiais, a relação entre os espaços
sua producao, do que para a mesma quantidade de
interiores e exteriores. Respeitando as condiçoes
madeira.
urbanas e ambientais adequando as necessidades
Podemos concluir, que as matérias primas ou
de iluminação, insolação e ventilação, para
primárias, são as que mantivemos construindo
conseguentemente reduzir os custos de obra e
através de todos os anos desde o primórdio da
manutenção.
história das construções, fazendo parte tambem
Estabelecendo então uma arquitetura a servico
do que entendemos por arquitetura regional,
do homem, pelo homem, e com o homem, a fins de
aborígene, indígena. Sendo elas entao, a base de
privilegiar o espaço habitavel e nao apenas destaca
uma arquitetura sustentável.
sua aparencia. Torna a arquitetura para as pessoas
Entretando,
a
arquitetura
regional
e
a
e feita pelas pessoas, e nao para e pelos arquitetos.
arquitetura sustentável, compreendem ideias de
Correspondendo as condições econômicas de
distintas extensões.
cada regi condições econômicas das determinadas
A arquitetura executada sem arquitetos,
regioes. Para os paises com insuficiencia de recursos,
conhecida como vernacular, abarca portanto a
a arquitetura praticada de forma sustentavel, vai
arquitetura regional, que por sua vez tem maior
alem de uma tendencia de mercado, o governo tem
extensão e carater inclusivo, do qual precisa a
a responsabilidade de atender a demanada espacial
arquitetura sustentavel e a vernacular.
e poder garantir uma vida digna a seus habitantes,
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
53
portanto, construir com o menor custo necessario,
Concluimos
entao
arquitetura
regional
que e
podemos
batizar
vernacular
como
para fazer o melhor com menos para o maior numero
a
de pessoas. Essa é a arquitetura da realidade que
sustentaveis. Como heranca colonial, criamos
se sustenta, que conta com o talento, imaginacao
o costume de sempre esperar que as idéias nos
acrescidos de limitacoes economicas. Deixando de
cheguem de fora, acreditando que o melhor e
lado a arquitetura da ostentacao e esbanjamento,
mais tecnologico chega antes no hemisferio norte.
questionando a materializacao da prepotencia do
Precisamos adotar a ideia de que o melhor para nos
discurso oficial, e sim o contrario.
sempre vem de dentro, pois as melhores solucoes
É a arquitetura onde a economia, a diversidade,
vem a partir do que vivenciamos no dia a dia, e a
a desigualdade, a sinceridade, a modernidade e a
melhor perspectiva para isso nao teria como vir de
regionalidade nao podem ser negadas. Sao partidos
uma regionalidade tao distante da nossa. E essa
e principios inevitaveis. A redefinicao do conceito
mesma linha de pensamento serve para a situacao
de arquitetura regional, implica na compreensao
contraria, partindo do principio da regionalidade,
de que essa linguagem nao é um atraso, apenas o
aqui pelo Brasil por exemplo nao saberiamos como
espelho de uma realidade, que condiz com seu lugar
lidar com a neve, pois nossa experiencia nao inclui
e tempo. Segue o pensamento de Luis Barragán:
esse “know how”.
“Na arquitetura popular de qualquer parte do
Fiquemos então com nossa milenar idéia da
mundo, vemos que é sempre bela e que resolve
arquitetura regional e indígena, isto é, própria,
o problema da vida comunitária. O interessante
autônoma e apropriada e incluamos a idéia do
seria analisar em que consistem essas soluções tão
sustentável como uma de suas partes. Lembrando
boas, para poder dar na vida contemporânea ao
que grande parte das observacoes aqui levadas em
ser humano, essa dose de “sabor” que lhe evite a
conta, nao se aplicam como um todo na arquitetura
angústia das cidades modernas. A esta análise
de larga escala, mas friza a importancia de dar
deveria orientar-se o estudo do urbanismo e (da
preferencia aos materiais e tecnicas que tenham
arquitetura)… das edificações em todos seus
menor impacto no meio ambiente.
programas”.
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
4.2.
Arquitetura Vernacular e o Contemporâneo
Yurt da Mongólia. Estrutura de madeira empenada a vapor e revestimento de feltro de lã de ovelha. Fotografia: Lyn Rivers fonte: http://www.artecapital.net/arq_ des-103-o-vernacular-contemporaneo
Cabana vernacular contemporânea junto a um allotment. Cais De Loods Westerdok, Amsterdão, Holanda. Fotografia: David Carr-Smith fonte: http://www.artecapital.net/arq_ des-103-o-vernacular-contemporaneo
Figura 4.3 – Vernacular contemporâneo. Slum dos arredores de Tóquio, Japão
Figura 4.2 – Meta-materiais, materiais ocultos, materiais de carácter industrial e embalagens fonte: http://www.artecapital.net/arq_ des-103-o-vernacular-contemporaneo
54
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
55
Unir e relacionar o termo Vernacular ao
A essencia da definicão de vernacular, perdeu
contemporâneo é um neologismo.Essas palavras
um pouco a forma no cenario contemporâneo,
de sentido oposto
que parecem excluir-se
adquirindo novas características. Novos materiais
mutuamente, mas inseridas no contexto reforçam a
disponíveis, mais baratos, mais inteligíveis, e mais
expressão e uma ideia que deve ser esclarecida.
apropriados com a visão atual estão transformando,
Denominamos arquitetura vernacular, todo o
ou ate mesmo talvez iniciando, uma nova linha que
tipo de construcao que emprega o uso de materiais e
ainda confunde-se com a arquitetura vernacular,
recursos do ambiente onde a edificação é construida,
todavia por ainda nao ter sido explorada.
tornando-se dessa forma, uma arquitetura de certa forma regional. Refere-se
As tecnicas e os materiais que antes eram
a aqueles materiais
regionais, e escolhidos por falta de recursos, hoje na
e formas de trabalhar mais acessíveis e menos
verdade, muitas vezes são escolhidos por serem a
eruditas.
melhor opcão para a preservacão do meio ambiente,
Esses fatores sao determinantes para o desenho
e nao mais levando em conta apenas a variedade
da arquitetura, pois a regiao onde sera executada
geográfica e cultural. O meio justificava o projeto, e
dispoe a materia prima e traça todo o projeto. O
agora o meio justifica o projeto para que o impacto
clima local, cultura, e condicoes sociais estabelecem
e a alteracao seja cada vez menor. O vernacular
uma relacao direta com a arquitetura, e muitas
tornou-se global e recorre à redundância de sistemas
vezes atraves da necessidade, surgem exemplos de
e artefatos multinacionais que são próximos.
moradias tipicas, como é o caso dos iglus do Círculo
Estes materiais foram organizados em quatro
Polar Árctico , por exemplo, onde a materia prima
grupos: os meta-materiais, os materiais ocultos,
em abundancia nada mais é do que: gelo.
os materiais de caráter industrial e as embalagens.
Capítulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
56
O primeiro grupo dos meta-materiais, engloba
transversal a todas estas implantações, em qualquer
andaimes e cofragens, mas estende-se a todo o
parte do globo. A ferrugem nas chapas e alguns
estaleiro e suas estruturas efemeras, incluindo
planos pintados de cores vivas conferem a esta
sanitarios portateis e contentores. Geralmente
manta o seu padrão mais característico. E finalmente
utilizados em casas portáteis, estabelecendo a
o quarto e ultimo grupo; as embalagens. São elas
regionalidade onde são utilizadas esse tipo de
as responsaveis por mais de quarenta por cento
moradia provisoria. O Segundo grupo refere-
de todos os resíduos mundiais e frequentemente
se a aqueles que integram uma obra, mas nao
recicladas para uso em construções. Destancando
ficam
sao
cartões, plasticos, restos de peças industriais,
exclusivamente estruturais, como as vigas de
palettes. Esses materiais do quarto grupo, têm
de betão ou os ferros de armação, e tambem
apropriações muito diversas que passam desde
algumas tubulações. Estes são mais frequentes
os acampamentos ciganos na Europa, ao design
entre os Trópicos, especialmente na periferia das
reciclavel e sustentive, destacando-se tambem
metrópoles da América do Sul e do Sul Asiático. E
no quesito do reaproveitamento e utilizacão em
em terceiro, os elementos que se tornaram de uso
grandes obras, ate locais insalubres. Em Portugal,
comum e utilizacao convencional pelos arquitetos e
as embalagens de peças para a industria automóvel
designers na cidade e na própria habitação mas que
são muito procuradas para construções ad-hoc,
têm uma origem e um propósito industrial, rude e
tanto para fins de habitação na periferia das cidades
pragmático, como as chapas, ferragens, redes ou o
como para barracões agrícolas.
sempre
aparentes,
normalmente
cimento à vista. Estes, são já vulgarmente referidos
No paradigma demográfico e ecológico em
como vernaculares industriais, dos quais deram
que o planeta se encontra, estes processos que
surgimento a uma tendencia decorativa, que faz
recorrem ao disponível em lugar de conceberem
alusão ao reaproveitamento, por meio do uso de
autocraticamente o desenho final ganham sentido.
containers. A presença dos materiais dessa origem é
57
CapĂtulo 4 • Arquitetura e sustentabilidade na sociedade de risco
58
59
CapĂtulo 5 Sistemas construtivos e viabilidade de obra de projeto em rochas
No momento de executar uma construcao, preci-
rochas. Foram feitas pesquisas sobre o que ha de
samos levar em conta diversos fatores, visando equa-
mais tecnologico em perfuracoes de rochas, sendo
lizar velocidade, racionalidade, custos e minimizar
esses sistemas em sua grande maioria utilizados para
erros e danos ao meio ambiente. O metodo constru-
construcoes de grandes tuneis, viadutos, ferrovias,
tivo a ser adotado em uma edificacao, ja e definido
cursos de agua e esgoto, metros. Podendo facilmente
logo nas primeiras etapas de elaboracao do projeto,
serem utilizados no projeto a seguir.
onde dimensionamos a estrutura
Por nao existirem referencias atuais sobre esse
No cenario da proposta do projeto apresentado a
tipo de construcao, que apesar de ainda existir, nao
seguir, foram necesssarias pesquisas sobre metodos
sao mais comuns em sua grande maioria, era execu-
construtivos mesmo antes de existir um projeto, a
tado um trabalho de artesao, praticamente manual.
fim de acumular gabarito suficiente para os argu-
Literalmente esculpindo rochas.
mentos sobre viabilizacao construtiva de obras em
59
Capítulo 5 • Sistemas construtivos e viabilidade de obra de projeto em rochas
5.1.
60
Geologia do Morro da Providência
Todos os aglomerados de montes como estes, e como todos outros, são formados por um conjunto de morros. São originados por esforços tectônicos que também deram origem aos grandes maciços.
juca) e no Maciço da Pedra Branca, e nos morros da Gamboa As rochas citadas são encontradas com veios da rocha aplito ou com diques da rocha pegmatito.
Provavelmente eram ligados aos grandes maciços
No seu entorno os materiais são do quaternário.
que lhe estão próximos, mas, por intemperismo, re-
Cenozóico (Quaternário), sendo formado de ma-
cuo do mar etc. foram ficando separados. O imtemperealismo resulta da ação física, química e biológica aliada ao diaclasamento e aos fatores climáticos, pode acelerar o intemperismo das rochas cristalinas (granitos e gnaisses), que são características dos maciços do Rio de Janeiro. Sua origem e basicamente da era Paleozóica (Ordoviciano - Siluriano). É constituído por: granitos, granodioritos, dioritos, gabros, aplitos e pegmatitos. São formadas através de intrusões que atravessam as formações pré-cambrianas. Exemplos de formações com granito: maior parte do Maciço da Pedra Branca; Morro Inácio Dias, em Cascadura (Serra do Méier); Morros: Dendê, Bonsucesso, Igreja da Penha (Serra da Misericórdia); Furnas de Agassiz (na estrada das Furnas); Av. Menezes Cortes. Exemplos de formações com rochas diorito e gabro: estas rochas básicas podem ser encontradas no Vale Encantado, na Serra da Tijuca (Maciço da Ti-
teriais sedimentares continentais e marinhos: regolitos, elúvios, colúvios, praias, restingas, tômbulos, cascalheiros, concheiros, saibro, turfeiras etc.
61
Capítulo 5 • Sistemas construtivos e viabilidade de obra de projeto em rochas
Figura 5.1 – Altitude dos morros que compoem o morro
Figura 5.2 – Escala geocronologica
Capítulo 5 • Sistemas construtivos e viabilidade de obra de projeto em rochas
5.2.
62
Analise de Rochas
Características geotécnicas Em rochas, são realizados ensaios de compressão simples em amostras indeformadas retiradas pelas sondagens rotativas. Conhecida a natureza da rocha e sua resistência é possível estimar avanços da ferramenta por hora trabalhada e assim confirmar em campo tais propriedades com as escavações propriamente ditas e o material de rejeito resultante da central de tratamento de fluidos. Precisão na verticalidade e prumo
eletronicamente possíveis desaprumos ou perdas de
Instrumentação e controle eletrônico: a hidrofresa
verticalidade da escavação em tempo real.
conta com sistema eletrônico de instrumentação in-
Detectado o desvio da ferramenta, ajusta-se a
formativa de bordo. Sensores eletrônicos incorpora-
velocidade de rotação dos motores, controlando-os
dos ao corpo da ferramenta registram as informações
isoladamente para retomar ou corrigir a verticali-
pertinentes à escavação que está sendo realizada.
dade prevista. Outra inovação nos equipamentos
Torque do motor e velocidade de avanço: com
mais recentes de origem italiana é a existência de um
este registro é possível identificar, com base em son-
dispositivo hidráulico (pistões suplementares com
dagens existentes, a natureza e dureza do material
esquis ou flaps) no próprio corpo da hidrofresa, que
atravessado em tempo real. Com isso a paralisação
pode ser acionado ao longo da perfuração, escorando
ou continuidade das perfurações podem ser reava-
o corpo da ferramenta no furo e retomando o prumo
liadas à medida que as lamelas ou estacas vão sendo
da perfuração. Segundo a empresa, já foi alcançada
executadas.
no Brasil precisão em perfurações de rochas brandas
Registro e controle de verticalidade: é utilizada tecnologia que permite avaliar, controlar e corrigir
da ordem de 0,1% em mais de 50 m de profundidade. (Por Fernando Benigno da Silva)
Capítulo 5 • Sistemas construtivos e viabilidade de obra de projeto em rochas
63
5.3.
Maquina para perfuração de rochas
As maquinas TBM - Tunnel boring machines,
tos de grande diâmetro como esse no Brasil, contudo,
são máquinas utilizadas na escavação de túneis com
não é novidade. O Metrô-SP os utiliza desde os anos
secção transversal circular, conhecidas no Brasil
70. A primeira vez foi nas obras da Linha 1-Azul
como tatuzao, sao reconhecidas devido sua eficiên-
(Jabaquara-Tucuruvi). Este método apresenta:
cia em diversos tipos de solo, que vao dos rochosos
- Baixo custo operacional;
mais resistentes aos arenosos. Os diâmetros da sec-
- Simplicidade na operação;
ção transversal pode também variar muito: desde 1
- Redução do prazo de execução da obra em até
metro, realizadas por microtuneladoras, até 14 metros.Ela faz 30 km acada 5 horas e demore 8 semanas para terminar o processo de finalização do tunel.
70%, se comparado ao sistema de vala aberta; - Atende grande variedade de solos, sendo versátil quanto à execução em turfa, alteração de rocha,
O maior túnel construído até junho de 2016 utili-
matacões, solos terciários, arenosos e argilosos, areia
zando esta tecnologia era o Eurotúnel, que, com uma
e arenito. É totalmente seguro, atendendo padrões
extensão de 50,5 km de estrada de ferro, liga a In-
rigorosos de segurança e qualidade.
glaterra à França atravessando o Canal da Mancha. Entretanto, em 1 de junho de 2016 foi inaugurado o Túnel de base de São Gotardo, um túnel, também ferroviário, com 57,1 km de extensão, que atravessa os Alpes Suíços com a finalidade de evitar o transporte de cargas em rotas montanhosas e diminuir o tempo de viagem entre Zurique e Milão (Itália). Sua escavação foi concluída em 2010. O nome técnico é Shield EPB (Earth Pressure Balanced, em português Escavadeira de Pressão Balanceada de Terra), pesa 1.800 toneladas e mede 75 metros de comprimento – distância equivalente à metade de uma estação de metrô. Usar equipamen-
Figura 5.3 – Maquina TBM (YUCA mt) fonte:https://upload.wikimedia.org/commons/c/ cf/Tunnel_Boring_Machine_%28Yucca_Mt%29.jpg
64
64
65
Capítulo 6 Referências projetuais e estudos de caso Mais importante do que o partido arquitetônico, são os partidos referênciais que adotamos. Nós arquitetos, artistas e toda a classe, possuímos o poder de criar, fazer surgir um sonho, e eternizar uma idéa. Mas ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, essa materialização de uma idéia em arte não surge sem um intenso estudo prévio de estilos e vanguardas de tudo que já passamos históricamente, e assim sucessivamente. O tempo segue a lógica da evolução e por meio dela surgem novas idéias, tendências, técnicas construtivas possibilitando o privilégio - e desafio - de existir uma carga de referências maior, nos possibilitando inovar e alcançar o objetivo projetual. Nesse capítulo apresento alguns estudos de caso que estão facilitando o desenvolvimento das idéias adotadas no partido arquitetônico. Esses estudos e referências dão suporte e embasamento para encontrar as soluções necessárias, sejam elas estruturais, projetuais ou estéticas.
65
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
6.1.
66
Analise de Rochas
Localizada nas montanhas Taihang, na província chinesa de Hunan, a Vila de Guoliang com cerca de 300 habitantes ficava isolada do mundo. O acesso se dava por um precário e perigoso caminho. Os moradores, por anos, pediam ajuda ao governo chinês para construírem uma estrada propriamente dita, mas dado ao tamanho do vilarejo e da população não havia interesse em investir. Assim, liderados por Shen Mingxin, um grupo de 13 aldeões, em 1972, tomou a decisão de construí-la por conta própria. Seria um túnel que passaria lateralmente pela montanha, mas não fechada, abriram “janelas” para jogar fora o entulho, as pedras e rochas da escavação, utilizando explosivos. Finalmente, ao final de 5 anos, em 1977, lograram para concluí-la abrindo ao tráfego. O túnel escavado nos penhascos de 120 metros de altura, tem 1.200 metros de comprimento, 5 metros de altura e 4 metros de largura, e acabou tornando-se em uma atração turística. O túnel tem ainda 35 janelas, que deixam entrar o ar e a luz e são hoje utilizados, pelos turistas, como miradouros.
Figura 6.1 – Túnel Gouliang fonte: http://happy-team.org/showthread. php/104090-A-aldeia-mais-inacess%C3%ADvelda-china
67
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
Figura 6.2 – Túnel Gouliang fonte: http://happy-team.org/showthread. php/104090-A-aldeia-mais-inacess%C3%ADvelda-china
Figura 6.3– Vista Lateral estrada de Gouliang Fonte: http://happy-team.org/showthread. php/104090-A-aldeia-mais-inacess%C3%ADvelda-china
Figura 6.4 – Túnel Gouliang fonte: https://incrivel.club/admiracao-lugares/15-estradas-extremamente-perigosas-26555/
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
6.2.
68
Civilizações Antigas: Petra – Jordânia
Petra é um enclave arqueológico, localizado na Ásia. Datada sua primeira ocupação como 1200 a.C, e posteriormente ocupada em 320 a.C quando iniciaram as primeiras construções.No ápice de sua ocupação, a cidade chegou a abrigar 20.000 pessoas. Os templos escavados nas pedras vermelhas das montanhas de Petra são suavemente misturados com a paisagem da natureza, sem contraste com a paisagem natural, segundo os tradicionais estilos egípcio e assírio, de certo modo austeros.A medida que as influências gregas, e posteriormente, romanas inundaram o Médio Oriente, os Nabateus absorveram e desenvolveram o seu próprio estilo.
Figura 6.5 – Petra- Jordânia fonte:http://vontadedeviajar.com/petra-jordania/
69
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
Figura 6.7 – Petra Jordânia fonte: http://jp-lugaresfantasticos.blogspot.com. br/2013/04/ruinas-de-petra-jordania.html
Figura 6.6 – Petra- Jordânia fonte: http://jp-lugaresfantasticos.blogspot.com. br/2013/04/ruinas-de-petra-jordania.html
Figura 6.8 – Interior contrução Petra- Jordânia fonte: http://www.maisturismo.net/petra-jordania/
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
6.3.
70
Civilizações Antigas: Petra – Jordânia
Moradias trogloditas são casas construídas
conseguem a proeza de permanecerem frescas
através de escavação. Elas podem ser construidas
mesmo durante os períodos mais quentes do ano.
em cavernas, encostas, ou em uma grande cova
São capazes de segurar as mais fortes ondas de calor,
circular no solo. Em outras palavras, seria uma casa
mantendo a temperatura fresca, até mesmo nas
subterrânea. Essa tipologia de habitação é a mais
regiões mais quentes onde se tem conhecimento da
antiga conhecida. Dentre suas vantagens, podemos
existência de casas trogloditas .
destacar o conforto térmico, essas habitações
6.3.1. Matmata-Tunisia
Figura 6.9 – Vista frontal da aldeia de Matma Fonte:https://br.pinterest.com/ pin/449726712768600829/
Figura 6.11– Vista Superior Aldeia de Matma Fonte: https://genelempp.wordpress. com/2012/04/25/designing-from-bones-troglodyte-housing/
Figura 6.10 – Acesso Interno casa troglodita em Matma fonte: http://www.tudointeressante.com. br/2014/03/conheca-uma-verdadeira-casa-troglodita.html
Figura 6.12 – Vista Interna das casas Trogloditas em Matma Fonte: https://br.pinterest.com/ pin/124974958381444375/
71
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
As habitações trogloditas de Matma, na Tunisia são escavadas nas encostas das montanhas, ao redor de um extenso poço, geralmente em formato circular. Este poço compõe o pátio da casa e em sua volta são escavadas, as divisões dos cômodos, que se distribuem por mais de um andar. No andar inferior encontram-se os quartos de dormir (camour), cozinha (matbakh) e estábulos para as cabras. O andar superior é reservado para armazém (makhzen), onde são armazendos cereais, frutos secos e azeitonas. O acesso às instalações subterrâneas é feito por meio de uma escada rústica e estreita, onde já se pode sentir a notável e instantânea diferença de temperatura do meio externo para o interno, a Figura 6.13 – Planta Terreo
sensação de frescor é imediato. Durante o dia, a iluminação é natural e apesar da temperatura externa atingir máximas acima de 40 graus, o interior da casa mantém os ambientes frescos e arejados durante o dia. Na tentativa de fugir desse calor escaldante, essa foi uma alternativa mantida até os dias de hoje, preservando assim a cultura desse povo conhecido como “homens livres” (Berbere).Mesmo que a tempetatura no interior das casas não seja constante ao longo do ano, como numa caverna, as amplitudes térmicas entre o inverno e o verão são reduzidas a cerca de 15ºC em janeiro e 23 a 25ºC em julho. Esse tipo de moradia já existia á cerca de 3.000 a.C, e foram adotadas pelos fenícios na região da Tunísia por volta de 1.200 a.C. Os romanos adotaram a mesma conceção para construírem apartamentos em suas cidades. Na França existe um tipo de habitação troglodita muito
Figura 6.14 – Planta Terreo
semelhante na região de Douté-la-Fontaine, onde as “caves residentes” são escavadas nas paredes de pedreiras compostas de tufa calcária.
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
6.3.2. Guadix | Granada – Espanha
72
A distância só é possivel identificar vagamente as pequenas entradas e chaminés das casas, que são
As Colinas que se encontram ao pé da Serra
acentuadas pelas diferenças de nível. O rochoso
Nevada, no sul da Espanha, fazem parte de uma
terreno, composto também por calcário, argila
região com enorme destaque, pois abriga o bairro
e pedra, se manteve intacto embora tenha sido
troglodita. Montes de tufo calcário sofreram erosão
modelado pela ação do homem.
por causa das intempéries, adquirindo curiosas
As casas possuem uma notável qualidade,
formas, em sua grande maioria, em formato de cones.
formam esculturas naturais, que criam uma enorme
Nessa região, uma tribo escavou nesses pequenos
varidade espacial entre elas. Mesmo que esse fator
montes, e constituiram uma comunidade com
torne cada unidade única, algumas não puderam
aproximadamente dez mil pessoas.
receber intervenções, por não haver espaço. Em seu
A mais antiga e natural habitação são as cavernas,
interior, sua grande maioria possuem o piso de terra
sendo óbvias suas vantagens. Sem empecilhos,
e paredes de cal. A chaminé ventila o espaço interior,
a única característica desde peculiar povoado
e algumas janelas horizontais são abertas a fim de
é a engenhosa maneira como seus habitantes
proporcionar melhor ventilação e luminosidade
moldaram e delimitaram a terra para atender as suas
O povoado de Guadix, expressa um equilíbrio
necessidades, impondo ordem dentro das condições
entre a arte e a natureza, oferecendo a visão do
naturais do desenho.
homem como escultor da terra.
Figura 6.15 – Casas Trogloditas Guadix Fonte: https://br.pinterest.com/visitargranada/ guadix-granada/
Figura 6.16 – Vista parcial Guadix fonte: http://choose-almeria.com/granada-guadix.php
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Figura 6.17 –Casas Cuevas fonte : https://br.pinterest.com/ pin/10133167890506347/
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
Figura 6.18 – Bairro de las Cuevas fonte: https://br.pinterest.com/ pin/10133167890506347/
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
6.3.3. Cuevas de Almanzora|Almeria-ES
74
moradias de três pavimentos, em torno de praças públicas. O tamanho das praças varia conforme
Outro tipo de moradia troglodita que existe em
as condições do terreno. As aberturas irregulares e
Andalucia- Espanha, fica localizada no povoado de
aberturas das unidades estão misturadas e unidas
Cuevas de Almanzora. Nessas edificações, as linhas
por uma espécie de argamassa, acentuando
paralelasdas habitações apoiadas nas rochas formam
horizontalidade do terreno e a diferença do desnível.
Figura 6.19 – Las Cuevas de Almanzora
Figura 6.21 – La casa de los vecinos Fonte: http://www.quetiempo.es/foto-cuevas-del-almanzora_7003.htm
Figura 6.20 – Las Cuevas de Almanzora Fonte: http://www.quetiempo.es/fotos-dealmeria/cuevas-del-almanzora.htm
Figura 6.22 – Panoremica das Cuevas Fonte: http://www.acampos.es/fotografia-225-panoramica-en-cuevas-de-almanzora
a
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
75
6.4.
Civilizações Antigas: Petra – Jordânia
Igreja de São Simão
Igreja Ortodoxa Sérvia
Figura 6.23 – Igreja de São Simão http://www.brasilpost.com.br/2014/05/13/igrejas-subterraneas_n_5315127.html
Figura 6.24 – Visão geral da Igreja Ortodoxa Sérvia subterrânea http://www.brasilpost.com.br/2014/05/13/igrejas-subterraneas_n_5315127.html
Capela Grécia
Figura 6.25– Visao Capela Grécia Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2014/05/13/igrejas-subterraneas_n_5315127.html
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
76
Figura 6.26– Interior do Panagria
Figura 6.27– Catedral de Sal de Zipaquirá
Figura 6.28–França, Provença, Sainte-Baume Mountain
Figura 6.29– - Igreja na caverna de Goreme, Turquia
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Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
Figura 6.30– Itália, Calábria, Pizzo, igreja Piedigrotta
Figura 6.31– Capela da Caverna Callao
Figura 6.32– Ceremitério de Santo Antônio e sua capela subterrânea
Figura 6.33– Igreja subterrânea de São Pedro
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
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Figura 6.34– Agioi Saranta, Cyprus, na Turquia
Figura 6.35– Túmulo em volta do complexo do Mosteiro Geghard
Figura6.36-Capela, na Cisjordânia
Figura 6.37- Igreja subterrânea de Mihalich, Bulgária
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Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
Figura 6.38– Capela do Rei Santíssimo, Mina de Sal Wieliczka
Figura 6.39– Igreja subterrânea de Santo Estevão, Budapeste
Figura 6.40– Caverna de Jonas
Figura 6.41– Pequena capela subterrânea no vale do Barranco de Guayadeque
Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
6.5.
80
Unité d’ Habitacion- Le Corbusier
O complexo habitacional foi o primeiro projeto
residenciais. Diferentemente da maioria dos projetos
em larga escala de Le Corbusier. Foi adotada uma
habitacionais que contam com um único corredor
nova abordagem para os 1.600 habitantes, ao invés
com unidades em cada lado, Le Corbusier projetou
de criar um projeto horizontal, o arquiteto projetou
as unidades para abranger toda a largura do edifício,
a comunidade que poderia ser encontrada dentro de
bem como ter um espaço de estar com pé-direito du-
um bairro com uso misto, em um edifício moderno,
plo reduzindo o número de corredores necessários
residencial e de grande altura. A cobertura tornou-
para um a cada três pavimentos. Sendo essa mais
-se um terraço jardim com uma pista de corrida, um
uma referência retirada e replanejada para o projeto
clube, um jardim de infância, um ginásio e uma pis-
apresentado a seguir.
cina rasa. Ao lado, há lojas, instalações médicas, e
[Marseille - França]
até mesmo um pequeno hotel distribuído por todo o interior da edificação. A Unite d’Habitation é essencialmente uma “cidade dentro da cidade”, que é espacialmente, bem como funcionalmente, otimizada para os moradores Essa abordagem inovadora para época, serve como refêrencia para o projeto Esculpindo Rochas, pois onde o lugar em que seria a “cobertura” da edificação, encontra-se o centro histórico da comunidade, centro commercial, e centro de vivência para os moradores. Um dos aspectos mais interessantes e importantes do projeto é a organização espacial das unidades
Figura 6.42– Vista lateral Sul Unite d’ Habitacion
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Capítulo 6 • Referências projetuais e estudos de caso
Figura 6.45– : Implantação Unite d’ Habitacion
Figura 6.46: Planta Unite d’ Habitacion
Figura 6.43– Cobertura Unite d’ Habitacion
Figura 6.44– Corredor Unité d’ Habitacion
Figura 6.47- Corte Unite d’ Habitacion
82
83
Capítulo 7 PROJETO
Capítulo 7 • Projeto
7.1.
84
Proposta, Intenção e Justificativa
No momento de propor uma habitação coletiva
temos conhecimento , unindo as ideias instintivas e
é extremamente importante tomar como base os
primordiais de animais e humanos com o que ha de
direitos do desfrute equitativo da cidade dentro dos
mais rapido e eficaz no mercado de escavaçoes.
princípios de sustentabilidade , democracia e justiça
A ideia é fazer com que essas pessoas sintam-se
social, que em sua grande maioria não se aplicam a
pertencentes ao morro, usando o conceito basico da
todos os cidadãos. No desenvolvimento da proposta
arquitetura vernacular; da qual se emprega mate-
é necessário partir desses princípios, a fim de buscar
riais e recursos do próprio ambiente em que a edifi-
decisões e partidos projetuais que favoreçam os cida-
cação é construída. Essa nova ideia a seguir apresen-
dãos que irão habitar esse espaço usufruindo de tudo
tada, visa quebrar paradigmas e iniciar uma linha de
que seria deles por direito.
discussao, para entender que talvez seja necessario
O crescimento- ou adensamento- concentra pes-
desenvolver um novo olhar, e novas propostas sobre
soas, moradia e trabalho em uma mesma regiao, re-
os conceitos de moradia que hoje conhecemos, ques-
duzindo os percursos diarios, o que em si ja é uma
tionando os valores, e a ideia comercial vendida, que
grande contribuicao para evitar o caos nos centros
finge propor um conforto ambiental, quando na ver-
urbanos. Mas qualquer lugar da cidade pode receber
dade, apenas tem como foco ter o maior lucro possi-
essa concentracao de atividades? Existe um deter-
vel sobre o menor metro quadrado utilizado, atraves
minado momento em que esse adensamento acaba
do aproveitamento da valorizacao de determinadas
pesando, tanto na paisagem do perfil urbano, quanto
areas urbanas. .
para um bom e harmonico funcionamento da dinamica da regiao. O objetivo desse projeto é resgatar o conceito mais antigo que conhecemos sore moradia, buscando referencias nos primeiros tipos de abrigos que
Buscando referencias do que temos por ideia dos primeiros tipos de habitacao, e que algumas delas funcionam ate hoje, como é exemplo de Matma na Tunisia.
85
Figura 7.1– Desenvolvimento de projeto
Capítulo 7 • Projeto
Capítulo 7 • Projeto
7.2.
Processo de projeto
Figura 7.2- Croquis
Figura 7.3- Croquis
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Figura 7.4 – Etudos de planta
Capítulo 7 • Projeto
Capítulo 7 • Projeto
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Capítulo 7 • Projeto
89
7.3.
Partido
O partido adotado na área prevista para moradia
adotando uma arquitetura sustentável, um sistema
foi o de proporcionar um caráter de habitação perso-
construtivo, revestimentos e acabamentos que não
nalizado, visando criar identidade a cada unidade de
necessitam de uma complicada manutenção. Perse-
habitação, afinal, cada família é uma família, e cada
guir o ideal de uma produção de qualidade, afinal, o
pessoa pertencente a ela possui características dife-
custo do projeto não se encerra na entrega, é preciso
rentes.Tentar padronizá-los é a questão que permeia
pensar na manutenção e sustentabilidade do mesmo.
uma idéia negativa em relação as habitações coleti-
A circulacao pela habitacao de pedra, é feita intei-
vas, sendo elas de interesse social ou não. Por mais
ramente por dentro, onde um grande vao possibilita
que não seja possível atendimento personalizado
a entrada de luz e ventilacao,.e o hall torna-se um lo-
para cada cidadão, criar a alusão à essa idéia de que
cal para vivencia.
somos tratados de forma única e especial, gera um
Já o partido a ser adotado no terreno onde hoje é
conforto e acolhimento, possibilitando que essa mo-
uma garagem de ônibus é do privilégio de encontrar
radia torne-se um lar.
um terreno aberto em meio uma área central do Rio
Cada espaco escavado possui uma area de 144m2,
de Janeiro, que é uma cidade que possui uma enorme
que podem ser dividias em duas habitacoes menores
densidade.Esse terreno livre vai possibilitar a criação
de 72m2, ou inteiramente aproveitadas para apenas
de passeios que proporcionem cheios e vazios, luz e
uma moradia
sombra. A idéia é centralizar uma grande praça em
A idéia é adotar a sustentabilidade como um dos
meio as edificações, criando uma área livre aberta e
partidos, para despertar a consciência ambiental e a
ampla para convivência, justamente por não existir
importância de preservar um espaço, não necessa-
isso na cidade do Rio de Janeiro.
riamente implantando paredes verdes e hortas, mas
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91
Considerações Finais
O desejo de realizar um estudo sobre moradia, se iniciou em função da preocupação social do arquiteto perante o problema de habitação. Muito se discute sobre essa problemática, principalmente com a visibilidade estabelecia no ano de 2016, gerada em função dos prêmios relacionados ao tema. Porém, com o decorrer das pesquisas e escolha do local para implantação do projeto, o partido e as ideias foram tomando outro formato. A partir das pesquisas, estudos e análises realizadas até o momento, e com a finalização dessa etapa inicial de proposta e conceito projetual, conclui-se que o que está em pauta não é apenas um novo projeto e conceito, mas também o questionamento da visão estabelecida sobre os padrões de moradia. O trabalho todo visou despertar as pessoas para quebrar o ideal estabelecido culturalmente, demonstrando que existem outras tipologias e saídas, tornando-as usuais ou não.
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SISTEMAS CONSTRUTIVOS http://techne.pini.com.br/ PRIMEIRAS MORADIAS http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/161/artigo58415-1.aspx ARQUITETURA E SUSTENTABILIDADE http://www.vitruvius.com.br SUSTENTABILIDADE http://www.arquiteturasustentavel.org/
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Anexos Pranchas apresentadas na avaliação da pré banca e banca
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101
Esta publicação foi impressa em dezembro de 2016, no papel pólen 70grm. e Horley Old Style MT.