THAÍSA BENELLI MOSSIN
2015
Thaísa Benelli Mossin
EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
Trabalho final de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista, em 2015, sob orientação do professor Francisco Gimenes e Onésimo Carvalho.
RIBEIRÃO PRETO 2015
Thaísa Benelli Mossin
EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
ORIENTADOR:__________________________________________ Onésimo Carvalho
EXAMINADOR 1:________________________________________ Nome:
EXAMINADOR 2:________________________________________ Nome:
RIBEIRÃO PRETO _____/_____/_______
“A rua, concreta, discreta Nos mostra a frieza da sociedade E a tristeza de um povo esquecido...” Trecho do poema “A RUA”, de Mariana Zayat Chammas
AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Nossa Senhora Aparecida, minha protetora que, permitiu a conclusão de mais uma etapa em minha vida, e por toda a proteção recebida ao longo dos anos. Aos meus queridos orientadores, Onésimo Carvalho, pela compreensão e confiança. Em especial, em memória, ao meu ídolo, Francisco Gimenes, pelo carinho, atenção e aprendizado ao longo de sua trajetória como mestre acadêmico, sempre será especial para mim, e vivendo em nossos corações. A minha família, Sylvio Mossin, Marisa Regina Benelli e Camila Mossin, pelo amor e confiança, sem vocês esse sonho não seria possível. Aos amigos e namorado, pelo incentivo e apoio incondicional. E a todos que, de alguma forma fizeram parte dessa trajetória.
RESUMO A proposta neste trabalho é elaborar equipamento público designado a pessoas em situação de rua da cidade de Ribeirão Preto/SP. Com base nas pesquisas efetuadas no decorrer deste trabalho de conclusão do curso a área de implantação do edifício será no Quadrilátero Central, no lote de esquina situado na rua Florêncio de Abreu com a rua Alvares Cabral. As necessidades das pessoas que se encontram em situação de rua atualmente são muitas, mas principalmente em relação a precariedade na área da saúde e da higiene intima. Com base nessas diretrizes, o equipamento abrange interesses sociais, em prol do principal objetivo do trabalho que, é a melhora do bem estar, consequentemente da vida dos usuários. Com relação a questão social, o equipamento público proporcionará não só equipamentos de higiene intima, como sanitários, área para banho, atividades artísticas e ecológicas, construindo uma horta e um ateliê para artesanato. Ambas as atividades atingem a área da terapia ocupacional que eleva mais ainda o bem estar de uma pessoa em situação de rua, pois proporciona uma ocupação no dia, e ela passa a se sentir melhor por estar fazendo algo útil, pois o resultado dessas atividades será a comercialização em prol dos gastos do equipamento, como a venda dos artesanatos e a venda os produtos da horta no restaurante do equipamento público. Além desses programas de necessidades haverá locais de apoio designados a saúde básica, e a informações sobre tudo que englobam essas pessoas em situação de rua. Em relação a saúde realizará atendimento preliminar, e cuidados básicos, se necessário haverá encaminhamento para outros locais adaptado no setor da saúde. Em prol do bem estar social das pessoas em situação de rua, o equipamento público está adaptado para comportar todas as tipologias existentes na cidade de Ribeirão Preto, como os casa-móvel, como estacionamento para guarda seus carrinhos, ou até mesmo os que possuem um animal de estimação, há um pet shop, cuidados especiais, como banho e tosa. Em virtude das propostas citadas com interesse no sentido de ultrapassar obstáculos do bem estar, e também o preconceito da sociedade será possível com a construção do equipamento público para pessoas em situação de rua.
ABSTRACT The proposal in this paper is to develop public facility designated to people on the streets of the city of Ribeirão Preto / SP. Based on surveys conducted during this course completion work building footprint area is in the central quadrangle , the corner lot located in Abreu Florencio street with Alvares Cabral Street . The needs of people who are on the street today are many situationsW, but especially in relation to insecurity in health care and intimate hygiene . Based on these guidelines, the equipment covers corporate interests, towards the main goal of the work is the improvement of well-being, thus the lives of users. Regarding social issues, the public facility will provide not only intimate hygiene facilities such as toilets, area for swimming, artistic and ecological activities, building a garden and a studio for crafts. Both activities reach the area of occupational therapy which raises further the well being of a person on the street as it provides an occupation in the day, and she starts to feel better for doing something useful, as the result of these activities will be the marketing in favor of equipment spending, such as selling handicrafts and sell garden produce in the public restaurant equipment. In addition to these needs programs will support local assigned to basic health, and information on everything that include these people in the streets. Regarding health hold primary care and basic care, if necessary there will be referrals to other sites adapted in the health sector. For the sake of welfare of people in the streets , public equipment is adapted to accommodate all existing types in the city of Ribeirão Preto , as home - mobile, as parking guard their carts , or even those who have a pet, there is a pet shop , special care such as bathing and grooming . Because of the proposals mentioned with interest in order to overcome the obstacles welfare , and also the prejudice of society will be possible with the construction of public facilities for people in the streets.
14.
33.
INTRODUÇÃO
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
17. LEVANTAMENTO TEÓRICO
18. DEFINIÇÃO DOS TERMOS 18. MORADORES DE RUA: IDENTIFICAÇÃO
21. LEVANTAMENTO DO LOCAL
22. LOCALIZAÇÃO 24. MAPA DIURNO 26. MAPA NOTURNO 28. CONDICIONANTES DO PROJETO 30. EQUIPAMENTOS DO ENTORNO
34. CITY LIBRARY BRUGES 35. WYCKOFF EXCHANGE
37. ANTEPROJETO
38. QUADRA PROGRAMA DE NECESSIDADES PROJETO ARQUITETÔNICO 39. ESTUDO VOLUMÉTRICO X VENTIALAÇÃO X ILUMINAÇÃO 40. MEMORIAL JUSTIFICATIVO MATERIALIDADE
45. MAQUETES ELETRÔNICAS
SUMÁRIO
LISTA DE IMAGENS P.14- Im.01. Moradores em situação de rua. (http://www.azdecor.com.br/tag/morador-de -rua/)tos/16536699@N07/)
P.19- Im.14. Moradores em situação de rua, casa ausente. (http://jornaldachapada.com.
br/2013/07/29/salvador-e-a-383a-cidade-do-pais -em-desenvolvimento-humano-diz-pnud-2/)
P.14- Im.02. Moradores em situação de rua. (http://www.thefoxtoncentre.co.uk/content/foxton-projects/off-the-streets-fund/) tos/16536699@N07/)
P.22- Im.15. Mapa com localização do quadrilátero central, Ribeirão Preto. (Fonte: Google Earth)
P.14- Im.03. Moradores em situação de rua. (http://radioalo.com.br/6-maneiras-de-ajudar-moradores-de-rua-no-inverno/#.VjPCh7erRhE)
P.22- Im.16. Tabela indicando serviços públicos, pesquisa feita pelo IPERP, em 2007. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
P.14- Im.04. Moradores em situação de rua. (http://eusoudonorte.blogspot.com.) P.14- Im.05. Moradores em situação de rua. (http://piratininga.org.br/novapagina/boletim_show.asp?boletim_num=) P.18- Im.06. Moradores em situação de rua. (https://www.flickr.com/photos/16536699@ N07/,2012) P.19- Im.07. Morador em situação de rua deitado. (http://www.andarilhosdoasfalto.com. br/index.php, não datado) P.19- Im.08. Lares improvisados. (httpg1.globo.comrsrio-grande-do-sulnoticia201407morador-de-rua-improvisa-lar-com-moveis-em -ponto-de-onibus-no-rs.html,2014) Im.09. Moradores em situação de rua com sua casa móvel. (https://pt.m.wikipedia.org/ wiki/Pobreza_(religi%C3%A3o)#Pobreza_e_ religi.C3.A3o/, não datado) P.19- Im.10. Moradores em situação de rua com sua casa móvel. (http://operamundi.uol. com.br/conteudo/noticias/25414/lei+hungara+que+pune+moradores+de+rua+e+revogada+por+tribunal.shtml, não datado) P.19- Im.11. Moradores em situação de rua, o uso do espaço construído. (http://
noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/05/08/ruas-de-sao-paulo-ganham1428-novos-moradores-em-4-anos.htm, não datado)
P.19- Im.12. Moradores em situação de rua, o uso do espaço construído. (http://www. psicologoalejandro.com/, não datado) P.19- Im.13. Moradores em situação de rua, casa ausente. (https://teiaderenda.wordpress.com/2013/07/23/mutirao-expressodo-inverno-congelante/)
P.24- Im.25. Mapeamento dos moradores em situação de rua diurno. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) P.24- Im.26. Reginaldo e Lindomar. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.25- Im.27. Morador em situação de rua com casa móvel, Rua Saldanha Marinho. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.25- Im.28. Morador em situação de rua com casa ausente, Rua General Osório. (Foto por: Mossin, Thaisa)
P.23- Im.17. Mapa com indicação das praças. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
P.25- Im.29. Morador em situação de rua com casa ausente, Rua Amador Bueno. (Foto por: Mossin, Thaisa)
P.23- Im.18. Pia sem torneira, praça XV de Novembro. (http://g1.globo.com/sp/ribeirao -preto-franca/noticia/2015/05/abandono-esujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos -em-ribeirao-preto.html)
P.25- Im.30. Morador em situação de rua com casa ausente, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa)
P.23- Im.19. Mau uso do banheiro, praça XV de Novembro. (http://www.jornalacidade. com.br/bairros/centro/centro_internaNOT. aspx?idnoticia=1070045) P.23- Im.20. Vista externa dos banheiros da praça XV de Novembro http://g1.globo.com/ sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/ abandono-e-sujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos-em-ribeirao-preto.html) P.23- Im.21. Vista externa dos banheiros da praça das Bandeiras. (http://g1.globo.com/ sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/ abandono-e-sujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos-em-ribeirao-preto.html) P.23- Im.22. Cuba sem pia e torneira, praça das Bandeiras. (http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/abandono -e-sujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos-em-ribeirao-preto.html) P.23- Im.23. Itens quebrados, praça das Bandeiras. (http://g1.globo.com/sp/ribeirao -preto-franca/noticia/2015/05/abandono-esujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos -em-ribeirao-preto.html) P.23- Im.24. Porta do banheiro, praça das Bandeiras. (http://g1.globo.com/sp/ribeirao -preto-franca/noticia/2015/05/abandono-esujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos -em-ribeirao-preto.html)
P.25- Im.31. Morador em situação de rua sozinho, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.25- Im.32. Morador em situação de rua em dupla, Rua Saldanha Marinho. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.24- Im.33. Morador em situação de rua sozin5o, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.25- Im.34. Morador em situação de rua sozinho, Rua São Sebastião. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.26- Im.35. Mapeamento dos moradores em situação de rua diurno. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) P.26- Im.36. Morador em situação de rua sozinho, Rua São Sebastião. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.26- Im.37. Morador em situação de rua sozinho, Rua Santos Dumont. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.27- Im.38. Morador em situação de rua sozinho dormindo, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.27- Im.39. Morador em situação de rua sozinho dormindo na praça. (Foto por: Mossin, Thaisa)
P.27- Im.40. Morador em situação de rua sozinho, Avenida Jerônimo Gonçalves. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.27- Im.41. Morador em situação de rua sozinho, Rua Augusto Severo. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.27- Im. 42. Morador em situação de rua sozinho. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.27- Im.43. Morador em situação de rua em grupo na praça. (Foto por: Mossin, Thaisa) P.28- Im.44. Uso e ocupação do solo. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) P.29- Im.45. Mapa com as linhas de transporte coletivo. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) P.29- Im.46. Mapa com fluxo de pedestres. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) P.28- Im.47. Tabela fluxo de embarque dos transportes coletivos no período da manhã. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) P.28- Im.48. Tabela fluxo de embarque dos transportes coletivos no período da tarde. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
P.35- Im.55. Corte esquemático. (http://architizer.com/projects/the-wyckoff-exchange/) P.35- Im.56. Fachada. (http://architizer.com/ projects/the-wyckoff-exchange/) P.35- Im.57. Corte esquemático. (http://architizer.com/projects/the-wyckoff-exchange/) P.35- Im.58. Imagens do projeto. (http:// www.dezeen.com/2011/01/25/the-wyckoff -exchange-by-andre-kikoski-architect/) P.38- Im.59. Volumetria entorno. (Feito por: Mossin, Thaisa) P.38- Im.60. Mapa delimitando o lote do projeto. (Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto) P.38- Im.61. Localização do lote. (Fonte: Google Earth) P.38- Im.62. Localização do lote. (Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto) P.39- Im.63. Volumetria entorno. (Feito por: Mossin, Thaisa) P.39- Im.64. Orientação solar. (Feito por: Mossin, Thaisa) P.39- Im.65. Corte esquemático do átrio. (Feito por: Mossin, Thaisa)
P.30- Im.49. Mapa com equipamentos do entorno. (Feito por: Mossin, Thaisa)
P.39- Im.66. Planta esquemática térreo. (Feito por: Mossin, Thaisa)
P.34- Im.50. Planta baixa térreo. (http://www. archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
P.39- Im.67. Planta esquemática superior. (Feito por: Mossin, Thaisa)
P.34- Im.51. Planta baixa superior. (http:// www.archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects) P.34- Im.52. Vista 01. (http://www.archdaily. com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects) P.34- Im.53. Vista 02. (http://www.archdaily. com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects) P.34- Im.54. Imagens do projeto. (http:// www.archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
P.39- Im.68. Média de lotação. (Feito por: Mossin, Thaisa) P.40- Im.69. Laje treliçada com tijolo. P.40- Im.70. Perfil “h”. P.40- Im.71. Centro e departamentos de Ensino Campus WU. P.41- Im.72. Componentes do sistema PPAC (http://www.scielo.br/pdf/ac/v14n2/04.pdf) P.41- Im.73. Componentes do painel arquitetônico (http://www.scielo.br/pdf/ac/ v14n2/04.pdf)
P. 41- Im.74. Ambiente com (https://www. casadevalentina.com.br/projetos/cimentoqueimado-versao-moderna-128). P. 41- Im.75. Ambiente com (http:// mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/2014/02/13/casa-araraquara-reinachmendonca-2014.htm). P. 41-Im.76. Esquema argila expandida (http://www.cinexpan.com.br/enchimento -leve-para-laje.html). P. 41- Im.77. Argila expandida (http://www. cinexpan.com.br/enchimento-leve-para-laje. html) P. 45- Im.78. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 45- Im.79. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 45- Im.80. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 45- Im.81. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 45- Im.82. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 45- Im.83. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 46- Im.84. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 46- Im.85. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 46- Im.86. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 46- Im.87. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 46- Im.88. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa) P. 46- Im.89. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
INTRODUÇÃO A proposta neste trabalho, é elaborar um equipamento público, designado aos moradores em situação de rua, para a cidade de Ribeirão Preto-SP. O interesse em discutir a temática desse público, surgiu devido a quantidade de pessoas morando nas ruas, e o preconceito que elas sofrem diariamente. O morador em situação de rua não é “visto” pela sociedade, são excluídos, esquecidos, e não são julgadas suas dificuldades e precariedade, assim, as propostas do governo são ineficientes para suprir os problemas que englobam essa população. Na maioria das cidades do Brasil, há um grande número de pessoas que, sofrem com dificuldades de moradia, e problemas relacionados a falta dela, como a exposição de uma vida que deveria ser privada, passando a ser pública, vivendo sem a condições mínimas que um ser humano necessita em prol do bem estar, sendo sub-humanas, gerando outros problemas sociais. Geralmente, eles ficam em áreas centrais das cidades, onde comércio e serviços em geral estão concentrados, atraindo maior fluxo de pessoas o que, possibilita a obtenção de alimentos e alguns recursos financeiros, sendo que, no período noturno, esses locais ficam praticamente despovoados, e se transformam em abrigos. Assim, a área de estudo será o Quadrilátero Central de Ribeirão Preto-SP. O usuário de interesse, requer um cuidado em relação a seu histórico de insucessos, desvinculações e várias outras dificuldades que, tornaram ele um morador de rua. Em cada cidade encontra-se diferentes tipologias, no entanto, os problemas que englobam essa população são semelhantes, e requerem serviços sociais, e de diversas áreas da Arquitetura e Urbanismo. São diversas as precariedades que incorporam os moradores em situação de rua, dentre elas a mais evidente é a higiene ínitma, e isso, foi tomado como maior cuidado para desenvolvimento do projeto arquitetônico. Esse equipamento
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público, visa a melhoria da qualidade de vida de seus usuários, disponibilizando um centro de serviços para atendimento às necessidades de higiene íntima, alimentação, cuidados pessoais, descanso, lazer, entretenimento e saúde. Além de proporcionar a melhora da higiene do público alvo, o intuito também é a reintegração deles com o meio, com acesso à saúde de modo geral, atividades de entretenimento (como artesanato e plantio de hortaliças), lavanderia, cabelereiro e pet shop (onde podem levar seus companheiros para higienizar também). Projetar um equipamento público para o morador em situação de rua é algo inovador, pois raramente há algo para utilização desse público, sem preconceitos e restrições ao usuário. A partir desse entendimento, surgem algumas questões sobre a problemática deste equipamento. De qual maneira esse equipamento vai influenciar na vida dos moradores de rua na cidade de Ribeirão Preto? Com a implantação desse tipo de equipamento, voltado para um usuário específico, pode-se analisar as necessidades das tipologias encontrada sobre os moradores em situação de rua em Ribeirão Preto. Devido às análises, propõese algo que proporciona uma melhora significativa na vida dessas pessoas, incluindo-os novamente a sociedade, trazendo melhoria em sua saúde mental, física e em todos os aspectos que todo ser humano deve ter. O trabalho foi dividido em três etapas: O levantamento teórico, onde foi estudado as definições de termos e tipologias para moradores em situação de rua. O levantamento, onde foi estudada todas as questões para se criar diretrizes do projeto. O anteprojeto, onde é colocado em prática o desenvolvimento final do projeto.
Im.01. Moradores em situação de rua. (http:// www.azdecor. com.br/tag/morador-de-rua/)
Im.02. Moradores em situação de rua. (http:// www.thefoxtoncentre. co.uk/content/ foxton-projects/off-the-streets-fund/)
Im.03. Moradores em situação de rua. (http:// radioalo.com. br/6-maneirasde-ajudar-moradores-de-ruano-inverno/#. VjPCh7erRhE)
Im.04. Moradores em situação de rua. (http:// eusoudonorte. blogspot.com.)
Im.05. Moradores em situação de rua. (http:// piratininga.org. br/novapagina/ boletim_show. asp?boletim_num=)-
LEVANTAMENTO TEÓRICO
DEFINIÇÃO DOS TERMOS MORADOR DE RUA x MORADOR NA RUA
A partir do termo “morador de rua”, que é muito utilizado na definição de pessoas que dormem nas ruas, há um conflito imediato,
pois como afirma Lima (não paginado, 2014): Eles são moradores nas ruas, porque chamá-los de moradores de rua, além de confuso é contraditório, se a rua fosse deles, eles teriam onde construir e morar. Rua não é feita para morada de nada, nem de ninguém. Rua surge por ser caminho público, ladeado de casas ou muros nas povoações. A rua só existe, porque existe alguma morada. Então rua não é causa, é consequência, nunca ouvi dizer que um engenheiro se especializasse em fazer ruas.
MORADOR DE RUA x SITUAÇÃO DE RUA
Há também, um desentendimento entre os termos “moradores de rua”, e “situação de rua”, a diferença está que, o morador de rua não possui vínculos familiares e não tem moradia, a sua única moradia é a rua, assim como afirma Cerqueira (não paginado, 2012): Pode-se afirmar que o surgimento da população em situação de rua é um dos reflexos da exclusão social, que a cada dia atinge e prejudica uma quantidade maior de pessoas que não se enquadram no atual modelo econômico, o qual exige do trabalhador uma qualificação profissional, embora essa seja inacessível à maioria da população. Conforme o relatório do primeiro Encontro Nacional Sobre População em Situação de Rua, organizado e realizado em 2005 pelo Ministério
e Combate à Fome por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social, a caracterização da população em situação de rua ficou definida como: grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, sendo compelido a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência temporária ou de forma permanente. A rua deixa de ser um espaço essencialmente público, para ganhar características de espaço privado, ao servir de “moradia” para os povos das ruas. Utensílios de uso pessoal e ações que antes eram de caráter privado, passam a ser realizadas sob o olhar de todos. Dormir, alimentar –se, banhar- se... Compõem o cenário do morador de rua, onde são sujeitos das ações e onde as ações se tornam públicas. (MACIEL, 2003, p.6).
TIPOLOGIAS
Essa população não é classificada como homogênea, portanto, apresenta tipologias distintas que, devem ser catalogadas individualmente por cada cidade. A população que está vivendo nas ruas, é divergente da população que vive da rua, pois a pessoa que vive da rua, trabalha nela, e a partir dela, passa a tirar seu sustento diário, classificados como: catadores de latinhas e papelões que, geralmente moram em avelas ou abrigos temporários; entretanto, os que vivem na rua, são os “sem teto”, que não tem nenhuma forma de sustento, nem de moradia, entendido como a condição mais humilde de todas, conhecidos como mendigos, que vivem de doações e apoio das ONG’s. Com isso, compartilhamos da mesma problemática, que é a exclusão social, independente das definições para cada qual.
do Desenvolvimento Social Im.06. Moradores em situação de rua. (https://www. flickr.com/photos/16536699@N07/,2012)
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A CASA MÓVEL
MORADORES DE RUA: IDENTIFICAÇÃO
Eles moram em seus carros, possuindo pertences, sendo que o condutor dorme junto ao carro ou a bagagem, e assim, circulam pela cidade, possuindo seus pequenos núcleos familiares. “As relações sociais e familiares vão perdendo a solidez, porém os sem casa ainda tentam manter uma atividade produtiva, como catar lixo.” (SANTOS, p.4)
Há várias tipologias que definem a população de rua, conforme estudos aprofundados e pesquisas nas áreas de maior concentração dessa população, chega-se à conclusão sobre o usuário do equipamento público. Há entre as categorias, as seguintes classes: a delimitação concreta do espaço, a casa-móvel, o uso do espaço construído e a casa ausente.
Im.09. Moradores em situação de rua com sua casa móvel. (https://pt.m.wikipedia. org/wiki/Pobreza_(religi%C3%A3o)#Pobreza_e_religi.C3.A3o/, não datado)
Im.10. Moradores em situação de rua com sua casa móvel. (http://operamundi. uol.com.br/conteudo/noticias/25414/ lei+hungara+que+pune+moradores+de+rua+e+revogada+por+tribunal.shtml, não datado )
O USO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO Im.07. Morador em situação de rua deitado. (http://www. andarilhosdoasfalto.com.br/index.php, não datado)
A DELIMITAÇÃO CONCRETA DO ESPAÇO
“A delimitação concreta do espaço: nesta primeira fase na rua, o sem-casa tem necessidade de limitar concretamente o espaço que lhe serve de abrigo. Faz isto usando caixas de madeira ou papelão, sacos e trouxas com seus pertences.” (SANTOS, p.3) Carregam inúmeros objetos que compõem o cotidiano de uma residência, onde temos um espaço para cozinhar, comer, dormir e fazer a higiene diária. “Geralmente estão em grupo, familiares ou não. Sua organização mental ainda preserva relações sociais e permite até que tenham um emprego regular.” (SANTOS, p.3)
Ausência total de casa, “passando a abrigar-se em nichos no espaço construído como bancas de jornal, esculturas, trepa-trepa nas pracinhas.” (SANTOS, p.4). Esse público tem seus pertences bastante reduzidos, dormem no local escolhido e permanecem no mesmo local, enquanto durar sua permanência naquela área. Famílias são raras, geralmente são duplas ou casais, tem-se perda significativa das relações afetuosas.
Im.11. Moradores em situação de rua, o uso do espaço construído. (http://noticias.uol.com.
Im.12. Moradores em situação de rua, o uso do espaço construído. (http://www.psicologobr/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/05/08/ alejandro.com/, não datado) ruas-de-sao-paulo-ganham-1428-novos-moradores-em-4-anos.htm, não datado)
A CASA AUSENTE
Quando o limite entre o público e o privado já não é mais detectável, a casa torna-se um símbolo que, não mais se realiza no espaço concreto. Nesse caso, não há mais pertences, sendo o corpo o último limite de identidade. “Quando deixa de se ver no olhar do outro como semelhante.” (SANTOS, p.5), perde-se totalmente o contato com a realidade, sendo este, o pior estágio de um sem casa.
Im.08. Lares improvisados. (httpg1.globo.comrsriogrande-do-sulnoticia201407morador-de-rua-improvisa-lar-com-moveis-em-ponto-de-onibus-no-rs.html,2014) Im.13. Moradores em situação de rua, casa ausente. (https://teiaderenda.wordpress. com/2013/07/23/mutirao-expresso-do -inverno-congelante/)
Im.14. Moradores em situação de rua, casa ausente. (http://jornaldachapada.com.
br/2013/07/29/salvador-e-a-383a-cidade-do-pais -em-desenvolvimento-humano-diz-pnud-2/)
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LEVANTAMENTO DO LOCAL
LEVANTAMENTO DO LOCAL LOCALIZAÇÃO
A área de estudo definida localiza-se no Quadrilátero Central de Ribeirão Preto-SP, delimitada entre as avenidas 9 de julho, Jerônimo Gonçalves, Independência e Francisco Junqueira, totalizando aproximadamente 165 hectares ao todo, onde concentra-se o maior acervo histórico e cultural da cidade.
Im.15. Mapa com localização do quadrilátero central, Ribeirão Preto. (Fonte: Google Earth) Em consequência da grande concentração de moradores de rua no Quadrilátero Central, outro fator que deve ser levado em consideração é a mobilidade e os equipamentos públicos utilizados pelos moradores de rua. Essa temática, expõe um interesse no sentido de ultrapassar obstáculos, principalmente quando trata-se das necessidades desse tipo de público. Há vários problemas que englobam os moradores de rua, como a ausência de moradia, maltrapilhos, alcólotras, usuários de droga, mal odor, pedintes, entre outros, gerando desrespeito e descriminação. Muitas vezes são reconhecidos com entulhos nas ruas, passando despercebidos pelo olhar humano, o que gera sua exclusão, tanto da sociedade, quanto do poder público, o que é um grave problema, pois isso não justifica o ato, eles tem o direito, como qualquer outro ser humano de ter amor, saúde, trabalho, educação, segurança, moradia, assistência social e lazer; eles tem o direito civil de ser integrado à sociedade, eles respeitam uns aos outros, são companheiros, semelhantes...são os que estão de passagem que tem o preconceito, pela forma como se vestem ou comportam.
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O serviço do governo municipal, disponibiliza o CREAS POP que, oferece atenção especializada as pessoas em situação de rua, sendo em um centro separado do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), e do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), convencionais. Esse órgão deverá funcionar em articulação com os serviços de acolhimento, e deverá assegurar atendimento e atividades para o desenvolvimento de sociabilidade, fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou familiares, e construção de novos projetos de vida. Deverá ter espaços destinados à realização de atividades coletivas, higiene pessoal, alimentação e espaço para armazenamento de pertences pessoais, além de atendimento psicossocial. Os órgãos municipais responsáveis por essa população de rua, é o Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante/Itinerante e Morador de Rua- CETREM que, é Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Devido ao levantamento de dados efetuado por meio de uma abordagem direta, diante da pergunta em respeito ao CETREM, a resposta segundo Reginaldo Morais Santos, morador de rua, foi: “O CETREM só vai as pessoas cagadas e mijadas, não lá, lá é ruim, prefiro dormir na rua”. O CETREM é um órgão do poder público responsável pelos moradores de rua de Ribeirão Preto, situado na rua Pernambuco, Campos Elíseos. Assim como cita Lourenço, em 2013: “Pode ser, mas há o outro lado da história.” Funcionários da CETREM contam que os moradores, por vandalismo, ou até mesmo por crise de abstinência do uso de drogas e álcool, destroem chuveiros, rasgam colchões, e depredam o abrigo. O CETREM conta com serviços de estadia, alimentação, higiene e roupas limpas. Ele funciona da seguinte forma: primeiramente, é feito um cadastro da pessoa, onde ela tem que permanecer 5 dias no local, sem poder sair, em seguida é oferecido os serviços padrão. Devido a falta de liberdade, existe uma rejeição da população em situação de rua. Há relatos de que, as funcionárias e os guardas municipais que trabalham dentro do CETREM, não são apropriados para os respectivos cargos, pois já houve casos de agressão contra os usuários do serviço, devido a falta de preparo para cuidar dessas pessoas que, requer uma atenção e cuidado maior. A implantação de um equipamento
público com esse tipo de programa, atribuise não somente ao público com situação de rua, como as pessoas que tem seu cotidiano nas ruas e que, não encontraram um espaço que contemple as necessidades básicas do ser humano, como a alimentação e higienização. Quando o assunto é higiene, a realidade é bastante precária. Os banheiros são equipamentos públicos indispensáveis na sociedade, como mostra uma pesquisa feia no ecntro da cidade de Ribeirão Preto que, apontam que, as necessidades básicas como banheiros públicos, chegam somente até 72%.
Im.16. Tabela indicando serviços públicos, pesquisa feita pelo IPERP, em 2007. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) Além dos moradores em situação de rua . Os banheiros estão abandonados, a precariedade é tanto quanto a escassez de unidades desse tipo de apoio na região central, há banheiro apenas na Praça XV de Novembro, e na Praça das Bandeiras, no Centro (localização na imagem 17). O cenário de sujeira, falta de manutenção e vazamentos, se repete na Praça das Bandeiras, também tornando inutilizáveis. A degradação é evidente logo na fachada, com portas enferrujadas, pichações nas paredes, pias e vasos sanitários em péssimas condições, sem torneira e descarga, e a falta de água é um problema constante. Além disso, a ventilação é precária, devido ao aterramento desses banheiros, causando mal cheiro, o que encomoda quem passa até ao lado do local, concluindo, não há nenhum banheiro em estado de uso, sendo que, passa diariamente pelo centro da cidade 56 mil pessoas.
Im.18. Pia sem torneira, praça XV de Novembro. (http:// g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/ abandono-e-sujeira-tomamconta-de-banheiros-publicos -em-ribeirao-preto.html)
Im.19. Mau uso do banheiro, praça XV de Novembro. (http:// www.jornalacidade.com.br/ bairros/centro/centro_internaNOT.aspx?idnoticia=1070045)
Im.20. Vista externa dos banheiros da praça XV de Novembro http://g1.globo. com/sp/ribeirao-preto-franca/ noticia/2015/05/abandono-esujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos-em-ribeirao -preto.html) Im.21. Vista externa dos banheiros da praça das Bandeiras. (http://g1.globo.com/ sp/ribeirao-preto-franca/ noticia/2015/05/abandono-esujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos-em-ribeirao -preto.html)
Im.22. Cuba sem pia e torneira, praça das Bandeiras. (http:// g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/ abandono-e-sujeira-tomamconta-de-banheiros-publicos -em-ribeirao-preto.html)
LEGENDA Praça das Bandeiras
Im.23. Itens quebrados, praça das Bandeiras. (http://g1.globo. com/sp/ribeirao-preto-franca/ noticia/2015/05/abandono-esujeira-tomam-conta-de-banheiros-publicos-em-ribeirao -preto.html)
Praça XV de Novembro
Im.17. Mapa com indicação das praças. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
Im.24. Porta do banheiro, praça das Bandeiras. (http:// g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/ abandono-e-sujeira-tomamconta-de-banheiros-publicos -em-ribeirao-preto.html)
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MAPEAMENTO DIURNO No Quadrilátero Central, foi realizada a abordagem a princípio indireta, com pessoas que, trabalham no entorno do local onde se encontra uma concentração maior dos moradores em situação de rua. O GRUPO Na entrevista com um dos mototaxistas, levantou-se que, o grupo de moradores nas ruas naquele local, era composto pelos mesmos oito integrantes, entre eles, uma mulher grávida, sendo que, eventualmente um ou outro se ausentava por um tempo, e retornava a rotina. Assim, diante de todos os relatos, foi possível caracterizar moradores habituais de um edifício abandonado na Rua José Bonifácio, a análise foi feita por volta das 8 horas da manhã, em frente ao CPC (Centro Popular de Compras). Aparentemente, o grupo possuia pertences pessoais, como mochilhas pequenas, e cobertas doadas. A idade deles variava desde jovens, a pessoas de meia idade, assim como a condição de suas vestimentas, de razoável a maltrapilho. O que tem em comum entre esse grupo é o uso do álcool e entorpecentes continuadamente. LINDOMAR Ainda dentro dessa análise, a abordagem se deu com um morador de rua chamado Lindomar que, segundo um mototaxista entrevistado, já trabalhou como pedreiro, porém, hoje é alcoolatra. Morador de rua há anos, Lindomar mantém uma aparência agradável, roupas limpas e muita simpatia. Costuma ajudar no descarregamento de mercadorias dos caminhões em frente ao Mercado Municipal, em troca por frutas e dinheiro. REGINALDO Reginaldo, também morador em situação de rua, amigo de Lindomar, já aparentou maior debilitação, usando muletas devido ao fêmur quebrado. Ele é aposentado e cadastrado no CREAS POP, e por estar nessas condições de saúde precária, recebia do governo assistência financeira no valor de R$780.00 por mês, devido ao sistema NOAS (Norma Operacional de Assistência à Saúde). Reginaldo é um dos vários casos existentes onde se escolhe morar nas ruas, ele tem um apartamento deixado de herança pela mãe, mas por opção, leva uma vida de “morador de rua”, não tendo problemas para encontrar lugar para dormir, levando consigo apenas pertences básicos, como sua mochila,
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coberta, documentos e a nota do bar onde ele sempre compra bebida. Ainda segundo seus relatos, ele utiliza transporte público para se locomover até o ponto onde toma banho e lava suas roupas, tendo o costume de almoçar no “Bom Prato” que, é um restaurante onde o prato de comida custa apenas R$1,00, localizado no centro da cidade, na Rua Saldanha Marinho. Quanto a questão da ajuda pública, Reginaldo diz que não há nenhum tipo de assistência da prefeitura em relação ao caso, apenas é feito o cadastro dos “moradores de rua”, e nada mais. Ambos os entrevistados, afirmam que tem família e filhos, uma profissão e que já trabalharam, mas que, devido a dependência do álcool, vivem de esmolas e caridade, longe dos familiares.
Im.26. Reginaldo e Lindomar. (Foto por: Mossin, Thaisa)
LEGENDA Pessoas com carrinho
7
6 5 1 2 3 4
Pessoas em grupo
8
Pessoas sozinhas Pessoas em dupla
9
Im.25. Mapeamento dos moradores em situação de rua diurno. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
CASA MÓVEL As imagens a seguir, traduz exemplos de casa móvel. Na imagem 27, em que o cidadão estava pegando papelões e outros objetos dos lixos e das calçadas, e colocando em seu carrinho, e depois saiu empurrando-o, fazendo isso sorridente por todo o percurso.
8 Im.27. Morador em situação de rua com casa móvel, Rua Saldanha Marinho. (Foto por: Mossin, Thaisa)
CASA AUSENTE Na imagem 30, temos um grupo de moradores em situação de rua, estabelecido no centro de Ribeirão Preto, em frente ao Mercadão Municipal. Encontram-se no estágio de casa ausente, com perda total dos sentidos, totalmente consumidos pelo uso das drogas e álcool, todos sujos e maltrapilhos, aparentemente sem nenhum pertence, apenas com cobertores e mochilas, e dormindo sobre papelões. Havia uma mulher grávida entre o grupo, chamado por eles de “família”. De acordo com o mototaxista que, trabalha no mesmo ponto de táxi localizado em frente ao grupo, ele relata na abordagem direta que, sempre são as mesmas pessoas no grupo e que, sempre ficam no mesmo lugar, saindo apenas para fazerem sua dinâmica entre os equipamentos públicos.
2 Im.32. Morador em situação de rua em dupla, Rua Saldanha Marinho. (Foto por: Mossin, Thaisa)
Na imagem 28, o morador em situação de rua tinha um carrinho menor que o situado na Rua Américo Brasiliense (imagem 27), porém ambos com o mesmo intuito, de tirar das ruas seu sustento, coletando papelões.
1 Im.30. Morador em situação de rua com casa ausente, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa)
6 Im.33. Morador em situação de rua sozinho, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa)
9 Im.28. Morador em situação de rua com casa ausente, Rua General Osório. (Foto por: Mossin, Thaisa) Na imagem 29, aparentemente não há coleta da rua, com seu carrinho de supermercado para seu sustento, a sua casa móvel é apenas para levar seus pertences consigo.
7 Im.31. Morador em situação de rua sozinho, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa)
5 4 Im.29. Morador em situação de rua com casa ausente, Rua Amador Bueno. (Foto por: Mossin, Thaisa)
Im.34. Morador em situação de rua sozinho, Rua São Sebastião. (Foto por: Mossin, Thaisa)
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MAPEAMENTO NOTURNO Em decorrência dessas observações, conclui-se que, o morador em situação de rua, pode ter uma característica nômade, podendo ser encontrado em diversos pontos da cidade. Alguns buscam abrigar-se no aconchego, de certa forma ter privacidade, escolhendo edifícios abandonados, e não necessariamente isolados, os quais, possam transmitir direta ou indiretamente a ideia de lar. A maioria dos casos de casa ausente, encontram-se em locais de uso comercial, devido a maior concentração de pessoas. Eles preferem os centros das cidades, devido à dinâmica de associação que, é o local onde pernoitam e passam maior parte do dia, e também por ter a disposição os equipamentos públicos para as ações cotidianas, como comer e tomar banho. A partir do levantamento realizado no período noturno, com o intuito de observar o local onde os moradores em situação de rua pernoitam, foi necessário ampliar a área do estudo de campo, abrangendo não só o Centro da cidade, como o bairro Vila Tamandaré que, são bairros predominantemente comerciais, não tendo uma sincronia entre as diversas tipologias dos “moradores de rua”. A noite, o alvo são os locais onde tenha cobertura disponível, seja ela toldos ou marquises, geralmente em estabelecimentos comerciais e edifícios abandonados, onde também há pouca iluminação. É notado também a ausencia do fluxo de pessoas e automóveis, também observada pelos moradores em situação de rua, visando saírem do barulho característico das grandes cidades. A maioria deles foram encontrados sozinhos, predominantemente homens, contendo consigo uma mochila que, na hora de dormir utilizam como travesseiros, uns até possuem colchões, e dormem enrolados em cobertas, ainda assim, há aqueles que nada possuem. No período noturno, foi encontrada uma tipologia formada predominantemente por pessoas sozinhas, em lugares alternados e inusitados. Locais no qual não há nenhuma característica física no edifício que, pode ser útil para proteção contra interpéries para dormir, sendo que, às vezes, nem sequer há esse lugar, escolhem dormir no meio da calçada, ou no meio do chão da praça, onde há fluxo de pessoas e carros, por se próximo ao terminal rodoviário e a Unidade Distrital Básica de Saúde (UBDS).
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Im.36. Morador em situação de rua sozinho, Rua São Sebastião. (Foto por: Mossin, Thaisa)
Im.37. Morador em situação de rua sozinho, Rua Santos Dumont. (Foto por: Mossin, Thaisa) LEGENDA Pessoas com carrinho
10 7 9 65 8 43
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Pessoas em grupo Pessoas sozinhas Pessoas em dupla
2 1
11 12
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Im.35. Mapeamento dos moradores em situação de rua diurno. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
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1 Im.38. Morador em situação de rua sozinho dormindo, Rua José Bonifácio. (Foto por: Mossin, Thaisa)
6 Im.39. Morador em situação de rua sozinho dormindo na praça. (Foto por: Mossin, Thaisa)
4 Im.40. Morador em situação de rua sozinho, Avenida Jerônimo Gonçalves. (Foto por: Mossin, Thaisa)
CONCLUSÃO Devido aos mapeamentos elaborados, expostos no presente trabalho, conclui-se que, há uma oscilação em relação a mobilidade dos moradores em situação de rua. No período da manhã e tarde, localizam-se predominantemente na região central, próximo ao Mercado Municipal e ao Centro Popular de Compras, enquanto no período noturno eles abandonam essas áreas e migram para a Vila Tamandaré, mais precisamente nas ruas paralelas a Avenida Saudade. A maior concentração de moradores em situação de rua, foi encontrada na praça em frente ao terminal rodoviário, onde está localizada a Unidade Distrital Básica de Saúde (UBDS). Nessa praça há diversas tipologias de moradores em situação de rua, realizando diversas ações como dormir no chão ou em bancos, conversando e até mesmo orando (pequenos grupos); há moradores com seus carrinhos, pegando o lixo das lixeiras ou descansando, outros pedindo esmola no semáforo ou comendo, sendo perceptível em todos, a embriagez. A escassez de lugares que, prestam serviços para a população em situação de rua, é precária. Os estabalecimentos dependem de doações, a maioria localizados no centro da cidade que, vieram a fechar por motivo de furtos feitos pelos próprios usuários do local (“moradores de rua”), como no caso da Comunidade Toca de Assis, na Rua Prudente de Moraes, Centro. Foi feita uma visita nas poucas ONG’s em prol dos moradores, com a S.O.S. que, se localiza no bairro Campos Elíseos, na Rua Goiás. O almoço é o único serviço oferecido que, abre das 11 horas da manhã até às 13 horas. Os alimentos preparados no próprio estabelecimento são todos doados, o cardápio é basicamente arroz, feijão, legumes e verduras, e raramente há carne ou frango. Também recebem doações de roupas, sapatos e cobertas que, são distribuidos para os usuários necessitados. Trabalham apenas duas mulheres, ambas assistentes sociais que, cuidam desde a limpeza, até o preparo da refeição que é servida de segunda a sexta. Atendem também pessoas carentes, o que, não necessariamente são moradores de rua, mas pessoas sem condições financeiras, geralmente idosos. A quantidade que frequenta o S.O.S. varia de 60 a 100 pessoas por dia, de acordo com o registro feito diariamente.
8 Im.41. Morador em situação de rua sozinho, Rua Augusto Severo. (Foto por: Mossin, Thaisa)
5 Im. 42. Morador em situação de rua sozinho. (Foto por: Mossin, Thaisa)
10 Im.43. Morador em situação de rua em grupo na praça. (Foto por: Mossin, Thaisa)
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CONDICIONANTES DO PROJETO Ribeirão Preto é dividia em zonas urbanas, onde as expansões ficam subdivididas em macrozonas. A zona urbana delimitada neste trabalho é o Quadrilátero Central, contudo, a macrozona é a ZUP- Zona de Urbanização Preferencial que, é definida como área de infraestrutura e condições demográficas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas.
• • • • • •
Gabarito básico (10 metros), poderá ser ultrapassado Recuos em todas as divisões do terreno: R=H/6 Taxa de ocupação: 80% Coeficiente de aproveitamento: 3 vezes a área do terreno Densidade populacional líquida máxima: 2.000 hab/ha Taxa solo natural permeável: 10% (dez por cento), da área total do
Equipamento público dessa tipologia, está intuitivamente relacionado ao uso da população, devido a concentração de pedestres no local, principalmente ao serviço de transporte público (imagem 45 e 46). Além das análises das localizações dos pontos de ônibus, e as linhas dos transportes coletivos que, são numerosas nessa região. Levou-se em consideração a disposição desses serviços públicos para a escolha do local, acarretando grande circulação de pessoas diariamente no Quadrilátero Central, como define a tabela de embarque e desembarque dos transportes coletivos (imagem 47 e 48).
lote
O Quadrilátero Central, caracteriza-se em possuir uso misto nos lotes, classificados predominantemente em uso comercial, residencial, e também em menor quantidade, institucional e serviços (imagem 44). O mapeamento do uso do solo influenciou a escolha da área a ser implantado o equipamento de uso público, a quadra definida para tal, localiza-se na esquina da Rua Florêncio de Abreu com a Rua Álvares Cabral, próximo a Catedral.
Im.47. Tabela fluxo de embarque dos transportes coletivos no período da manhã. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
Im.48. Tabela fluxo de embarque dos transportes coletivos no período da tarde. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto) LEGENDA Comercial Institucional Praças Residencial Lazer Sem uso Área de implantação do projeto
Im.44. Uso e ocupação do solo. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
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A Rua Florêncio de Abreu compõe a quadra estudada neste trabalho,o fluxo de pessoas que passam por essa rua diariamente é elevado, como vemos na tabela (imagem 45 e 46), em que, o número de pessoas que desembarca é maior que a de embarque, devido ao fato de o Quadrilátero Central ser predominantemente uma área comercial, e haver vários equipamentos, assim como escolas que, geram um grande fluxo de pessoas diariamente.
Im.45. Mapa com as linhas de transporte coletivo. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
Legenda: Volume grande de pedestre Volume médio de pedestre Pólo gerador de viagens Área de maior concentração comercial e serviços
Im.46. Mapa com fluxo de pedestres. (Fonte: Prefeitura do Município de Ribeirão Preto)
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EQUIPAMENTOS DO ENTORNO Os equipamentos no Quadrilátero Central, são de suma importância para a valorização da região, consequentemente para o equipamento público aos moradores em situação de rua que, será implantado. São diversos equipamentos que atraem um fluxo urbano considerável para essa região, como equipamentos culturais e históricos, dentre eles o Teatro Pedro II e a Catedral Metropolitana de São Sebastião. Outros são frequentemente usados pela população de rua, como o Centro Popular de Compras, Mercado Central, Rodoviária e Bom Prato. O posto policial é localizado no quarteirão em frente ao equiipamento a ser implantado, proporcionando segurança ao estabelecimento, sendo essencial para as escolas situadas no entorno, como o SEB-COC e a faculdade UNIESP. que tem um grande fluxo de estudantes na região. A maioria dos equipamentos públicos relatados acima, estão no mapa ao lado (imagem 47), com sua funcionalidade em diferentes horários, tanto em horário comercial, como noturno.
Im.49. Mapa com equipamentos do entorno. (Feito por: Mossin, Thaisa)
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS
REFERÊNCIAS PROJETUAIS O intuíto das análises projetuais neste trabalho foi fundamental para a escolha do estilo do edifício e a definição da materialidade utilizada, conforme as necessidades de iluminação e ventilação natural. É evidente a materialidade, principalmente nas fachadas, catalogados como sendo edifícios modernos com estilo industrial. Ambos os projetos utilizam um material conhecido como aço cortén que, mistura-se na paisagem natural com seu padrão rústico, tendo uma infraestrutura urbana que, proporciona acabamentos marcantes, dando uma aparência estilizada a edifícios modernos. Im.50. Planta baixa térreo. (http://www. archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
CITY LIBRARY BRUGES Arquitetos: Estúdio Farris Arquitetos Localização: Bélgica Área: 555,00m² Projetode ano: 2015
Im.51. Planta baixa superior. (http://www. archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
Projeto de uma biblioteca, com o desafio de estender o edifício principal. Em termos de dimensões, é visualmente desconectado pela sua materialização, as fachadas são painéis de aço cortén que, contrastam com as fachadas rebocadas brancas do edifício principal. A posição da extensão enfatiza a tensão entre o edifício do patrimônio existente, e o novo volume. Funções como cantos de leitura, espaços de trabalho e recepção, estão localizados perto dessas grandes janelas para que, eles se beneficiem da luz natural.
Im.52. Vista 01. (http://www.archdaily. com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
Im.54. Imagens do projeto. (http:// www.archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
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Im.53. Vista 02. (http://www.archdaily. com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects)
WYCKOFF EXCHANGE Arquitetos: Andre Kikoski (AKA) Localização: New York Área: 10.000,00m² Projetode ano: 2010
Im.55. Corte esquemático. (http://architizer. com/projects/the-wyckoff-exchange/)
Im.56. Fachada. (http://architizer.com/projects/the-wyckoff-exchange/)
Im.57. Corte esquemático. (http://architizer. com/projects/the-wyckoff-exchange/)
O projeto é uma reutilização econômica e adaptada para dois armazéns abandonados, para criar 10.000 m² de espaço de varejo e cultural em Bushwick, Brooklin. Este lugar é marcado pelos fortes traços de um passado industrial, e está se transformando rapidamente em um centro de arte e criatividade. A escolha de materiais e tecnologias neste projeto, é design altamente considerado, baseia-se em cinco pares de portas de tesoura motorizadas/ painéis, cuja tecnologia é adaptada para armazéns. A posição dos painéis da fachada, cria uma expressão dinâmica de propósito dentro, durante o dia, os painéis dobram-se para criar toldos para as lojas, e para pedestres de abrigo, durante a noite, ele dobra para baixo fixando nas lojas. Os painéis consistem em uma estrutura de aço que, é revestido em uma pele de dupla camada. A camada externa é texturizada em aço cortén, a camada interna é de aço inoxidável luz cintilante de calibre, sendo que, cada camada é cortada a laser, com um padrão de gradiente diferente, e cada painel é iluminado internamente por LED.
Im.58. Imagens do projeto. (http:// www.dezeen.com/2011/01/25/the -wyckoff-exchange-by-andre-kikoski
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ANTEPROJETO
ANTEPROJETO QUADRA
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Em razão da instalação do equipamento público para morador em situação de rua, o lote adquirido anteriormente eram estacionamentos, mas atualmente é uma área de 1.812m², para melhor atender o programa de necessidades. O local é uma excelente área, sendo um lote de esquina (imagem 60), e o terreno em aclive. As alturas dos gabaritos da quadra não influenciam o desenvolvimento do projeto, no qual não impede a ventilação e a iluminação natural. A fachada da rua Florêncio de Abreu incide o sol da manhã.
O programa referente às necessidades deve-se levar em conta que, o público alvo vive em um fluxo urbano constante, assim, para melhor utilização do espaço, dividiu-se as áreas, para qualificar a praticidade dos usos. Conforme as necessidades, há usos que, exigem mais privacidade e outro menos. Para a elaboração do programa (imagem 66 e 67), foi estimada algumas diretrizes que, serão atingidas: •
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Im.59. Volumetria entorno. (Feito por: Mossin, Thaisa)
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Uma recepção, onde todos os usuários serão obrigatoriamente cadastrados, portanto, recebem um kit de higiene contendo toalha, sabonete, pasta de dente e escova de dente; Possibilidades diferenciadas de sanitários, e áreas de banho com qualidade para mulheres, homens e portadores de necessidades especiais, em horário diurno e noturno; Conforme o perfil do morador em situação de rua, é necessária a acolhida aos catadores, com seus carrinhos, e quando necessário o animal de estimação; Centro de serviços para atendimento das necessidades de higiene, alimentação, cuidados pessoais, descanso e lazer;
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Espaços para apresentação e comercialização de produtos e serviços que, essa população possa oferecer; Lanchonete popular, afim de atender uma parcela de pessoas, e também garantir alguma fonte de renda para a manutenção do equipamento; Área livres que, garantam ao usuário o direito de ir e vir sem que, o equipamento passe a ser um limitador de suas atividades; Enfermaria e atendimento médico; Áreas para o usuário guardar seus perteces, e terem controle sobre o mesmo; Lavanderia; Pet shop para os animais de estimação serem cuidados.
PROJETO ARQUITETÔNICO E edifício possui dimensões e alturas que, compõem as casas vizinhas, no entanto, o edifício se destaca das outras proporções, devido a estrutura metálica utilizada, pelos componentes de concreto, vidro e painéis perfurados de aço. Entretanto, os materiais são essenciais para a eficácia da ventilação e iluminação natural do edifício. Praticamente em todas as áreas de circulação, há mecanismos para aproveitamento da iluminaçãoe ventilação natural.
Im.61. Localização do lote. (Fonte: Google Earth)
Im.60. Mapa delimitando o lote do projeto. (Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto)
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Im.62. Localização do lote. (Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto)
ESTUDO VOLUMÉTRICO x VENTILAÇÃO x ILUMINAÇÃO A volumetria favorece a circulação em torno do edifício, e a acessibilidade dos pedestres e veículos. O estudo volumétrico se dividiu por áreas de necessidades, devido a elas serem muito específicas, a volumetria sofre alterações, assim como podemos ver no esquema abaixo:
Im.66. Planta esquemática térreo. (Feito por: Mossin, Thaisa) LEGENDA Ventilação e iluminação natural Volumetria Im.63. Volumetria entorno. (Feito por: Mossin, Thaisa) Projeto das áreas destinadas ao banho e sanitários, requerem uma atenção maior em relação a ventilação e iluminação, portanto, serão implantados elementos que, ajudem a higienização natural do ambiente. Formas e materiais que, vão favorecer a entrada de luz e ar natural, como auxilio de duas aberturas de 0,40m de altura nas paredes. Para melhor eficácia do edifício foi elaborado um átrio, no qual será beneficiado em questão de ventilação e iluminação interna, e a circulação do edifício (imagem 65). O material de chapa perfurada, encontra-se no piso do box, para facilitar a limpeza que é realizada externamente, por isso, temos um rebaixo de 0,40m no piso externo. E também será utilizado por quase toda a extinção da fachada sul (face sol), devido ao índice de insolação no período da tarde (imagem 64).
Im.64. Orientação solar. (Feito por: Mossin, Thaisa)
Im.67. Planta esquemática superior. (Feito por: Mossin, Thaisa)
Im.65. Corte esquemático do átrio. (Feito por: Mossin, Thaisa) Im.68. Média de lotação. (Feito por: Mossin, Thaisa)
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MEMORIAL JUSTIFICATIVO
MATERIALIDADE
Conceito: Construção de um equipamento público voltado para pessoas em situação de rua com ventilação e iluminação interna adequada. Partido: O projeto partiu da necessidade de um local que fornecesse apoio as pessoas em situação de rua. Os aspectos mais precários são em relação a higiene intima e a saúde. Portando locais com o máximo de ventilação e iluminação natural para salubridade do edifício. Elementos vazados com os painéis de aço corten praticamente em toda fachada do edifico, e duas aberturas horizontais nas paredes de todo o edifício para favorecer a ventilação e iluminação. O terreno Utilizado dois lotes paralelos com o terreno de 2 metros de desnível, onde de considerou a cota 1.00 para construção do edifico. Por ser um terreno de esquina, os acessos são concentrados na esquina para facilitar e o fluxo ao edifício por ambas as ruas. Acessos por escadas e rampas acessíveis a portadores de deficiência. Interferências A implantação física do equipamento público terá impactos favoráveis tanta na sociedade como na paisagem. Socialmente é um conceito inovador que contribui com mudanças na vida dos usuários e causa uma ruptura em relação ao preconceito da sociedade com pessoas em situação de rua. Por possuir circulação ao redor de todo o edifício, e também um espaço com planejamento paisagístico que visualmente é agradável, o equipamento público geram uma integração social e uma mobilidade espacial para convívio público. Volumetricamente não causa impacto visual, segue o gabarito padrão do seu entorno, impacta apenas por possuir uma solução arquitetônica moderna e eficaz para o uso.
O edifício tem como objetivo principal proporcionar uma melhora na qualidade de vida das pessoas em situação de rua, trazendo um conforto e uma espacialidade interna adequada no edifício, tomando como partida a estrutura e a materialidade do edifício como um todo. A necessidade de construir e ao mesmo tempo tentar quebrar a rigidez na estrutura, fazendo um edifício que em sua construção tenha rapidez, praticidade e seja mais sustentável. Sendo assim optou-se pela estrutura com soluções industrializadas que geram menor impacto ambiental, a mais moderna que há atualmente. Será utilizado estrutura metálica nos pilares de perfil “H” e nas vigas, assim conseguirá resolver melhor as propostas do projeto, como vencer um balanço de 4 metros. Além de ter um custo reduzido a construção metálica está atrelada ao tempo de execução e às condições do canteiro. A redução no peso da edificação permite economia de até 30% nos custos das fundações. Já o tempo de execução das obras pode ser reduzido em até 40%. A estrutura metálica também é favorável pela facilidade de: • Menor tempo de execução; • Maior limpeza da obra; • Maior confiabilidade; • Facilidade na montagem; • Resistencia a corrosão; • Sustentável; • Estética; • Grande aberturas; • Favorece a iluminação e ventilação natural. As lajes serão as pré-moldadas constituídas por vigotas de concreto e blocos conhecidos como lajotas. As lajotas e as vigotas montadas de modo intercalado formam a laje. O conjunto é unido com uma camada de concreto, lançada sobre as peças. Portanto as que serão utilizadas são vigotas trelicadas com lajotas tijolos. A vigotas que utilizam vergalhões soldados entre si formando uma treliça. Assim a laje poderá vencer vãos de até 12m entre apoios. Foi escolhida a laje pré-moldada pela facilidade e rapidez na execução, pelos grandes vãos vencidos e menor peso próprio com consequente alívio das cargas em vigas, pilares e fundações.
Im.69. Laje treliçada com tijolo.
Im.70. Perfil “h”. A materialidade utilizada como destaque no projeto está mais evidente na fachada. Por ter a maior incidência solar do edifício, a solução se deu em painéis de aço corten. Devido o aço corten oferecer uma excelente proteção contra intempéries para fachada pois ele não necessita de pintura devido a sua resistência naturalmente. Sua aparência natural enferrujada é deslumbrante. O aço corten tem várias características como: • Reduz o impacto ambiental e os custos ao longo do ciclo de vida do produto; • Se Auto proteger, por isso o aço muito é duradouro; • Economia devido à baixa manutenção; • São facilmente reciclável; • Economia de peso, ele tem uma elevada relação resistência-peso. Isto dá a capacidade de reduzir os custos através da utilização de seções mais leves para o seu projeto; • Praticamente livre de manutenção.
Im.71. Centro e departamentos de Ensino Campus WU.
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O aço corten é um estilo rústico, porém moderno, por ser um material imponente com características marcantes as paredes e o chão do edifício segue a mesma linguagem projetual. Seguindo essa lógica, os painéis pré-fabricados arquitetônicos de concreto (PPAC), serão utilizados como ponto de partida para a estruturação da proposta, devido os painéis de fechamento em concreto prémoldado não serem elementos de função estrutural, ou seja, seu objetivo é a vedação entre os pilares, substituindo a alvenaria de fechamento comum. A dimensão dos painéis de concreto serão de 3,5m de altura por 6m de comprimento As juntas, que são caracterizadas como os espaços entre os painéis, serão juntas nas verticais. A função das juntas é permitir a montagem dos painéis e também acomodar as variações dimensionais causadas pela alteração de temperatura. As vantagens do pré-moldados é: • Velocidade de construção; • Limpeza; • Redução de pessoal e espaço ocupado; • Diversidade de cores, texturas e formas são algumas das características do sistema. Todo o serviço é feito pelo fabricante, desde a produção até a instalação, assim a rapidez na construção do edifício. Os painéis maciços proporcionam conforto térmico e acústico aos ambientes muito importante para manter a temperatura interna agradável. Na fachada será utilizado o concreto aparente para seguir o estilo rustico do edifício.
A seguir imagem das juntas dos painéis de concreto e sua formação.
Im.72. Componentes do sistema PPAC (http://www.scielo.br/pdf/ac/v14n2/04.pdf).
Por todas as elevações do edifício serão delimitadas fendas horizontais com altura de 0.40 cm do piso para cima e da laje para baixo. De modo que o peso dos fechamentos estarem sobre os pilares as fendas inferiores terão fechamento com vidro insulado que é conhecido como “vidro duplo” porque é fabricado com pelo menos duas lâminas. As superiores serão abertas com finalidade de proporciona um maior conforto interno, trazendo iluminação e ventilação natural para o edifício Para gerar ainda mais conforto térmico e bem estar interno do edifício, a laje teto será preenchida com argila expandida que é um agregado leve que se apresenta em forma de bolinhas de cerâmica leves e arredondadas, com uma estrutura interna formada por uma espuma cerâmica com micro poros e com uma casca rígida e resistente. Por ser micro porosa fechada, possui uma elevada capacidade de isolamento térmico e acústico. Além de leveza e alívio de carga sobre a laje e de facilidade na drenagem das águas pluviais
Im.73. Componentes do painel arquitetônico (http://www.scielo.br/pdf/ac/v14n2/04.pdf).
Im.74. Ambiente com (https://www.casadevalentina.com.br/projetos/cimento-queimado-versao-moderna-128).
Im.75. Ambiente com (http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/2014/02/13/casa-araraquara-reinachmendonca-2014.htm).
Im.76. Esquema argila expandida (http:// www.cinexpan.com.br/enchimento-leve-para-laje.html).
Im.77. Argila expandida (http://www.cinexpan.com.br/enchimento-leve-para-laje.html).
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MAQUETE ELETRテ年ICA
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Im.78. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.81. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.79. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.82. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.80. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.83. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.84. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.87. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.85. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.88. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.86. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
Im.89. Vista do projeto (Por: Mossin, Thaisa)
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DEDICATÓRIA Dedico essa conquista ao meu querido e eterno orientador Francisco Gimenes.
“Vida longa e próspera.”
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REFERÊNCIAS • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir que, ao término do presente trabalho, o projeto arquitetônico foi realizado com todos os objetivos e necessidades propostos. O intuito de melhorar a qualidade de vida das pessoas em situação de rua na cidade de Ribeirão Preto, foi atingido com eficiência, além de proporcionar lazer, cultura e saúde. Entretanto, ainda há vários quesitos que podem ser adaptados e melhorados, mas que, pela complexidade do projeto proposto, e pela vulnerabilidade do usuário escolhido, não pode ser executado com um maior detalhamento interno. Este trabalho apresenta soluções que. contribui para um projeto de pesquisa, e ser dado continuidade em uma linha de projeto público e social.
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