Nosso Bairro - 58 - final_Layout 1 28/04/14 17:34 Page 14
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Por Thais Barcellos Fotos Divulgação
As muitas faces do amor materno
FOI-SE O TEMPO EM QUE VALIA O DITADO “MÃE SÓ TEM UMA”, OS ARRANJOS FAMILIARES MODERNOS MOSTRAM QUE AFETO DE MÃE É TAREFA NÃO APENAS DAS MULHERES criação de uma data para celebrar as mães surgiu em virtude do sofrimento de uma norteamericana que, após perder a mãe na guerra civil do seu país, pas sou por um processo depressivo. As amigas mais próximas de Anna M. Jarvis fizeram uma homenagem para a mãe dela e com o sucesso da festa, em 1914, o presidente Thomas Woo drow Wilson oficializou a data. A partir daí, vários países também passaram a aderir a um dia específico no calendário para comemorar o Dia das Mães. Oficializado no Brasil em 1932, o segundo domingo do mês de maio é o dia em que todos os filhos, sejam biológicos, adotivos ou filhos de consideração se preparam para con templar com presentes, abraços e muito cari nho aquela figura, seja mulher ou homem, que lhes dá conforto, amor, afeto e educação. Afinal, o amor materno, como é definido ulti mamente, transcende barreiras de gênero ou mesmo aquelas biológicas. De acordo com a socióloga Mayana Rocha Soares, o amor materno surge de uma cons trução social, não é apenas uma questão bio lógica. “A relação entre mães e filhos é fruto de uma série de dispositivos discursivos, que ao longo da história das sociedades, tecem o que é ser mãe, qual o seu papel e como de verá desempenhálo. E, muito antes disso, tece também o que é ser mulher, o que é ser homem, qual o papel que cada um deles de verá desempenhar na sociedade, e, sobre tudo, qual a relação de poder exercida nesta fronteira”. No entanto, com o avanço da sociedade, esses papéis prédeterminados passam a ser questionados e ampliase o entendimento de que ser mãe está muito além de apenas gerar uma criança. “O que é ser mãe? Só mulheres podem ser mães? O que é ser mulher? Quais discursos instauram ‘essa verdade’ e quais os seus objetivos? Essas e tantas outras questões nos ajudam a projetar outros caminhos para além do biológico”, acrescenta a socióloga.
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ABRIL’2014