Mercado de trabalho
Por Thaís Barcellos Fotos Divulgação
Maturidade
produtiva Aposentadoria não é mais desejo principal dos brasileiros maiores de 60 anos
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população idosa do país vem crescendo juntamente com o aumento da expectativa de vida do brasileiro. Muitas pessoas estão se aposentando, mas com o aumento da longevidade, elas querem ou precisammanter-se ativas. Atualmente, o Brasil possui cerca de 15 milhões de habitantes com 65 anos ou mais. Segundo pesquisa divulgada no segundo trimestre de 2014 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país possui 30,9% de pessoas na faixa entre 40 e 59 anos ainda ativas no mercado de trabalho. Os jovens com menos de 24 anos correspondem a 13,7% e os adultos entre 25 e 39 anos, 29,6%. Já o grupo com mais de 60 soma 17%. Dados da pesquisa revelam ainda que as regiões Sul(18,3%) e Sudeste (18,6%) apresentam os maiores percentuais relativos à terceira idade no mercado de trabalho. A pesquisa Longevidade: a perspectiva da longevidade e o impacto na sociedade, realizada pela Zhuo Consultoria e Giacometti Comunicação,traz ainda outros dados: 14% dos brasileiros com mais de
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70 anos continuam trabalhando. O estado em que o índice é maior é São Paulo, onde 20% dos brasileiros nessa faixa estão ativos no mercado de trabalho. O estudo apresenta também informaçõessobre a satisfação dos trabalhadores e 60% dos entrevistados afirmam gostar do que fazem. Destes,quase metade acredita que são bem remunerados. O desejo de ocupar o tempo ocioso e o gosto pela atividade que desempenhou ao longo de muitos anos de vida são alguns dos motivos que levam pessoas maiores de 60 a retornarem ao mercado de trabalho. De acordo com aconsultora de carreiras da Catho, Ellen Souza, grande parte dessas pessoas que já estão desfrutando da aposentadoria também buscam novas vagas no mercado devido a necessidade de uma renda adicional para ajudar financeiramente filhos e netos ou ainda para manter o padrão de vida. O retorno para o competitivo mercado, no entanto, nem sempre é fácil, pontua Ellen. Segundo a especialista, a maior dificuldade é desmitificar a imagem
de que o profissional da terceira idade já não possui a mesma capacidade produtiva. “Neste novo cenário social, é possível perceber um grande crescimento de programas voltados para a empregabilidade da terceira idade. Eles ganham espaço no planejamento estratégico das empresas, que optam por este perfil na hora da contratação devido à sua competência, responsabilidade e experiências seniores, além de também agregarem valor nas equipes compostas, em sua maioria, por profissionais da geração Y”, diz. Outra dificuldade enfrentada por trabalhadores da terceira idade que retornam ao ambiente corporativo é o preconceito dos mais jovens, principalmentequando estão em cargos de comando. A consultora de carreiras explica que para driblar o preconceito, o ideal é buscar se adaptar às rotinas que os profissionais mais jovens enfrentam, assim existe uma sensação de equiparação, demonstrando que o profissional mais experiente não deixa a desejar quanto à sua produtividade.
Estatuto do Idoso Neste novo cenário social, é possível perceber um grande crescimento de programas voltados para a empregabilidade da terceira idade. Eles ganham espaço no planejamento estratégico das empresas, que optam por este perfil na hora da contratação devido à sua competência
O retorno ao exercício de atividade profissional compatível com as condições físicas, intelectuais e psíquicas é um direito assegurado peloEstatuto do Idoso, e toda pessoa que mesmo aposentada deseje voltar a trabalhar, possui o direito de ser inserido e contratado por alguma empresa. De acordo com o advogado Almir Ferreira Vasconcelos, caso o empregador não queira aceitar o profissional devido à sua idade, mesmo o idoso estando em condições para o exercício das funções, a pessoaque se sentir prejudicada ou vítima de discriminação por esse motivo pode reclamar junto ao Ministério do Trabalho,Ministério Público do Trabalho ou Justiça do Trabalho. A empresa, por sua vez, possui direito assegurado pela legislação trabalhista de impor a realização de exames médicos admissionais prévios à contratação, para constatar se o futuro empregado está apto física e mentalmente para o exercício das atividades descritas no processo de seleção. “É praxe nas empresas a realização de entrevistas e testes para checar se o candidato ao emprego reúne as condições físicas, intelectuais e psíquicas para as funções que pretende exercer”, acrescenta o advogado.
De volta ao trabalho Quando a pessoa entra no mercado mais cedo, a tendência é se aposentar antes dos 60. A depender da situação, o retorno para o mercado pode não ser tão difícil nesses casos. Wilson Pezzo, 57, começou a trabalhar aos 15 anos, depois foi para a Polícia Militar de São Paulo, onde, após 30 anos de serviço, tinha o tempo mínimo exigido para se aposentar. “Eu estava muito novo para ficar em casa, então resolvi continuar trabalhando. Depois que me aposentei,fui para Belém do Pará e depois vim para a Bahia”. Atualmente, Pezzo é inspetor de manutenção de aeronaves no Grupamento Aéreo da Polícia Militar da Bahia, e afirma que pretende
continuar ativo por muitos anos. Existem ainda oscasos em que o trabalhador chegaà idade em que não será mais necessário trabalhar, decide aproveitar a aposentadoria, mas precisa rever os planos por questões financeiras. João Gomes, 66, trabalhou boa parte da vida como porteiro e quando fez 65, percebeu que já podia desfrutar do tempo livre. Foi neste momento que sua filha engravidou e a renda da família ficou apertada. Com isso, João resolveu que iria retornar ao mercado para ajudar a pagar as contas e juntar dinheiro para os gastos com a criança.“Pretendo
trabalhar até minha netinha crescer e minha filha poder retomar o trabalho dela. Mas gosto bastante de levantar todos os dias e ir à luta, estar sempre com a cabeça ocupada”, afirma. l
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