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Roberto Sá Menezes: Perfil
Texto Thaís Barcellos Fotos Ita Kirsch
vida dedicada à causa do câncer infantil
“O
trabalho voluntário é importante para a pessoa saber que está sendo útil. Satisfaz a instituição, a ela e ao beneficiado”. assim pensa o economista baiano roberto Sá Menezes, que ao passar por uma experiência que transformou sua vida, resolveu fazer da tristeza força e esperança. Em 1988, um de seus filhos (ele é pai de dois), com então nove anos, foi diagnosticado com câncer. No hospital em que o menino se tratava, o economista passou a observar as crianças pobres que vinham de cidades do interior baiano buscando tratamento, porém, não tinham onde se hospedar quando precisavam permanecer na capital para realização de exames. Como o Sistema Único de Saúde (SuS) demorava em atender, algumas crianças não conseguiam esperar e não sobreviviam. Diante desse triste cenário, roberto, que é natural de Salvador, juntou-se a amigos e pais de crianças com câncer a fim de criar um local para que famílias que não tivessem como pagar o tratamento e a hospedagem na capital pudessem ter seus filhos atendidos e medicados. Juntos, fundaram o Gacc (Grupo de apoio à Criança com Câncer) com a finalidade de não deixar que as crianças que tinham chances de cura abandonassem o tratamento. o Gacc, inicialmente, servia apenas como ponto de hospedagem e alimentação dos pais e das crianças. Mas, ao perceber o aumento do número de atendidos e a demanda por outros serviços, os fundadores viram a necessidade da criação de um gabinete odontológico e da oferta de transporte para locomoção dos pacientes que moravam em cidades do interior.
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Março’2014
“a gente começou a se organizar para um voo maior. Compramos uma casa perto do Martagão Gesteira (hospital em Salvador voltado ao tratamento infantil) e montamos uma estrutura nossa. Praticamente um hospital para crianças com câncer dentro do Martagão”, conta o economista. Da união de amigos e doadores, o Gacc foi se organizando até que surgiu a Coordenação de Voluntariado e a Secretária de Gerência administrativa Financeira. Mas nem sempre essa trajetória transcorreu sem sobressaltos. Em dezembro de 1996, a empresa responsável pela construção do prédio sede do Gacc faliu e a instituição foi descredenciada do SuS. “Passamos por uma experiência horrível, a de não ter onde tratar os meninos”, recorda roberto.
Para evitar que as crianças ficassem sem atendimento, o grupo recorreu a hospitais, como o São rafael, o roberto Santos e o Santo antonio, das obras Sociais Irmã Dulce. “Em maio de 1997, assinamos um convênio com o Hospital São rafael, para montar uma equipe médica de oncologistas pediatras”. um ano depois, o próprio São rafael doou um terreno próximo ao hospital para que fosse construída a sede do Gacc. Como o grupo só tinha dinheiro para construir um único andar, foi necessário fazer um financiamento. roberto conta que foi ao BNDES e que a entidade, pela primeira vez, concedeu o maior financiamento individual com fundo social. a sede ficou pronta, e com a ajuda de um profissional de marketing, foi montado um esquema de captação de recursos para manter o projeto. De acordo com roberto, o Gacc sempre tornou público e de forma transparente tudo o que era feito pela entidade. E, com isso, conquistou a simpatia e colaboração da sociedade. “Conseguimos um grau de confiança com a sociedade, que entendeu a nossa missão. Já ajudamos mais de 3.500 famílias”, comemora. Hoje, o Gacc possui 52 apartamentos e oferece uma estrutura capaz de atender 130 crianças por mês. o resultado dos esforços de roberto Sá Menezes e do grupo de abnegados que ele conseguiu reunir para a causa do câncer infantil é que, em 2013, o economista e fundador do Gacc, foi eleito provedor de uma das instituições filantrópicas mais antigas do país, a Santa Casa de Misericórdia da Bahia. l