Alergias no inverno inspiram cuidados

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Saúde

Por Thaís Barcellos Fotos Divulgação

Alergias no inverno inspiram cuidados TEMPERATURAS MAIS BAIXAS E PERÍODO CHUVOSO FAVORECEM CRISES RESPIRATÓRIAS

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e acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% da população mundial sofre de algum tipo de alergia. E as do tipo respiratória ficam em maior evidência quando a temperatura esfria e o período chuvoso se inicia. Nesta época, os alérgicos já começam a sentir aquele desconforto na garganta, os olhos lacrimejando e o nariz e ouvido coçando sem parar. O inverno é o vilão das pessoas portadoras de doenças respiratórias devido a mudanças no clima. “O ar mais seco e a queda da temperatura são fatores que agridem a mucosa nasal, levando ao ressecamento, irritação e até sangramento que, por sua vez, favorecem o surgimento de infecções e alergias respiratórias. Além disso, o fenômeno da inversão térmica torna o ar mais poluído. Soma-se a isso a exposição aos ácaros, poeira e mofo, presentes nos ambientes fechados e em roupas guardadas há muito tempo”, enumera o otorrinolaringologista Miguel Leal Andrade Neto. Para prevenir as doenças respiratórias, o médico recomenda que antes da chegada do inverno, casacos, edredons e cobertores sejam lavados. Em seguida, o indicado é estender ao sol essas peças de frio, para que o calor elimine os ácaros. Depois, tudo deve ser guardado em sacos plásticos. O otorrino alerta também para que se mantenham os ambientes da casa arejados e se lave as mãos com frequência durante o dia. Em casa, deve-se ainda usar um pano

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úmido para limpar o pó, em vez da vassoura ou espanador, que acabam dispersando ainda mais a poeira. Evite também carpetes, cortinas e bichos de pelúcia, e troque a roupa de cama semanalmente, lavando-a com água bem quente. Se, mesmo tomando essas precauções, os sintomas e o desconforto persistirem, existem algumas maneiras de aliviá-los. “É importante que na vigência da crise alérgica se consulte um especialista para, inicialmente, confirmar ou não o diagnóstico de alergia respiratória e em seguida se inicie o tratamento adequado”, pontua o Dr. Miguel Leal Andrade Neto. Segundo ele, de um modo geral recomenda-se um aumento da ingestão de água, lavagem nasal frequente com solução fisiológica e a interrupção imediata da exposição ao suposto alérgeno. Ao procurar um médico, será avaliada a necessidade de se adicionar à prescrição alguma medicação para acelerar a recuperação do paciente.

Ciclo vicioso

Muitos alérgicos nos momentos de crise recorrem a descongestionantes e acabam ficando dependentes destes, mas, de acordo com o Dr. Miguel, o uso indiscriminado do produto pode causar sérios problemas. “Chamamos de rinite medicamentosa o processo inflamatório crônico da mucosa

O ar mais seco e a queda da temperatura são fatores que agridem a mucosa nasal

nasal em que há uma obstrução de rebote após o efeito do descongestionante passar, criando um ciclo vicioso e grande dependência por parte do paciente, muitas vezes difícil de resolver”, adverte. O recomendado é que todo paciente que faz uso de descongestionantes nasais procure o otorrinolaringologista ou um alergista para tratar sua obstrução nasal e a rinite medicamentosa causada por essa medicação. Quanto a alimentação, o médico afirma que embora não haja comprovação entre as crises respiratórias e alimentos ingeridos, alguns profissionais recomendam a suspensão durante as crises do consumo de laticínios, ovos, chocolates, trigo, glúten, corantes artificiais e amendoim. l


Saiba mais sobre as doenças respiratórias comuns no inverno >>Asma ou bronquite alérgica

A asma é uma inflamação do pulmão e das vias aéreas que provoca inchaço e estreitamento dos brônquios, o que dificulta a passagem do ar. Ela é uma doença alérgica desencadeada quando alguma substância ou produto irrita as vias aéreas, tais como mudanças bruscas de temperatura, perfumes ou até fatores emocionais. A asma é mais comum em crianças, mas, a partir de infecções por vírus ou bactérias, pode também afetar os adultos. Entre os seus sintomas mais comuns estão a tosse, o chiado na expiração, a falta de ar e a sensação de aperto ou opressão no peito, podendo variar de intensidade conforme cada caso. É comum um quadro de asma ter início com crises leves, de pouca duração, que cedem facilmente. A cada inverno, no entanto, os ataques podem ser mais intensos e demorados, até se tornarem contínuos.

>> Sinusite

Diferente da rinite e da asma, a sinusite é uma doença respiratória mais complexa, causada por inflamação das mucosas dos seios da face, ao redor do nariz. Essa inflamação é causada por alterações anatômicas, que impedem a drenagem da secreção, e processos infecciosos ou alérgicos, que provocam inflamação das mucosas e facilitam a instalação de germes que predispõem à sinusite. Existem dois tipos de sinusite: a crônica e a aguda. A diferença entre elas está nos sintomas. A aguda costuma ocorrer com dor de cabeça no mesmo lado da área do seio da face mais comprometido. A dor pode ser forte, em pontadas, pulsátil ou sensação de pressão ou peso na cabeça. Na grande maioria dos casos, surge obstrução nasal, com presença de secreção amarela ou esverdeada, sanguinolenta, que dificulta a respiração, ocasionando febre e cansaço. Já a crônica tem como sintoma mais evidente a tosse. Outros sintomas são parecidos com a aguda, mas em menor intensidade e sem febre.

>> Rinite

A rinite alérgica atinge cerca de 10% a 25% dos brasileiros e tem seus sintomas parecidos com os de um resfriado comum: a coceira no nariz, olhos e garganta e a congestão nasal. Embora não seja uma doença grave, pode se tornar muito incômoda e com o passar do tempo, pode acometer outros locais próximos, surgindo outros problemas como sinusites, otites, amigdalites e faringites. A rinite alérgica pode causar outros problemas, como o ronco, que interfere na qualidade de sono do paciente. No entanto, ele só vai apresentar esses sintomas quando estiver em contato com as substâncias as quais é alérgico.

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