Revista cinema

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Cinema Então, a Luz Bruna Rezende

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oi no final do século XIX, em 1895, na França, os irmãos Louis e Auguste Lumière acendiam uma luz e descobriam a sétima arte. Engenheiros, foram reponsáveis pela descoberta e primeira projeção cinematográfica. O filme até então, era produzido a partir do cinematógrafo (objeto que permite registar uma série de instantâneos fixos, em fotogramas, criando a ilusão do

movimento que durante um certo tempo ocorre diante de uma lente fotográfica). Em 28 de dezembro de 1895, na cave do Grand Café, em Paris, realizaram a primeira exibição pública e paga da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento). Depois de a “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière”, como se intitulou o primeiro filme, os irmãos produziram inumeros filmes e documentários. Porém nesta época, não tinham enredo, uma história ou coisa do gênero, eram apenas acontecimentos do cotidiano. T

efeitos especiais

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ntão em 1896, também na França, um adimirador dos Lumière, George Melies, teve a ousadia de nos presentear com o que chamamos hoje, de efeito especial. Foi o grande ponta pé na historia do cinema. Melies que era ilusionista e amante das artes, produziu o filme que lhe consagrou “Le Voyage dans la Lune” (Viagem a Lua). Um curta de 14 minutos, onde alem de tratar sobre alienígenas, contava com efeitos de ilusão e magia. É por este motivo também que o cineasta é considerado o pai da ficção científica.

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Após as fracassadas vezes de tentar comprar os aparelhos e materiais dos irmãos Lumiere, Méliès fabrica seu próprio aparelho à imitação daqueles dos Lumière. É o “kinetógrafo”. A partir de 1896, com o fim de renovar o interesse do público, idealiza montar ficções e inventa os primeiros efeitos especiais do cinema. A história dessa invenção é curiosa. Méliès estava rodando uma cena de rua nos grandes bulevares quando sua máquina ficou travada durante um minuto. Ao inesperadamente voltar a funcionar percebeu

que havia sido filmado antes da pane um ônibus da linha Madeleine-Bastille e, na retomada, um carro fúnebre. Então pôde perceber que parando o filme e dando outra tomada, seria possível realizar efeitos surpreendentes. Alguns dos modernos processos de montagem nasceram nestes estúdios, como o corte, a paragem da câmara, o stop-motion, a sobreposição de imagens, as transições por dissolução (fade-in, fade-out), a manipulação gráfica da imagem, a utilização de ilusões de óptica e muitos mais. T 2


A transição do cinema mudo para o sonoro Bruna Rezende

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ontinuando na nossa linha do tempo, chegamos a era em que o cinema estava no auge, por volta de 1914 a 1926. Os filmes eram completamente mudos, tudo transmitido apenas visualmente. O que exigia muito mais dos artistas. Era então a vez de nomes como Greta Garbo, John Gilbert, Mary Pickford, Charles Chaplin, Buster Keaton, Douglas Fairbanks, Rudolph Valentino, Gloria Swanson e Lillian Gish brilharem e mostrarem o talento aflorecer. Mas toda essa era estava por um triz, o cinema acabara de desencadear sua maior evolução. No dia 6 de outubro de 1927, estreava em Nova York

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Greta res

Garbo

nomes

-

Atriz

femininos

entre

sueca e um dos maioas décadas de 20 e 40

“O Cantor de Jazz” (The Jazz Singer), pioneiro no filme com som sincronizado. O filme não era totalmente falado, trazendo cenas ainda mudas, mas a voz de Al Jolson, assim como a banda que o acompanhava, ouvia-se perfeitamente. A voz e o rosto pintado negro de Al Jolson permaneceu para sempre no imaginário do mundo inteiro. A nova estética do cinema trouxe grande fôlego aos estúdios, mantendo-os longe da grande crise econômica gerada pela queda da bolsa de Nova York, em 1929. Na contramão da evolução do cinema sonoro, grandes carreiras foram dizimadas pela chegada do som. Astros e estrelas apagaram-se, por não possuírem voz adequada, ou por não conseguirem se adaptar a sincronia de som e imagem.


Um dos aspectos mais relevantes sobre a introdução do som no cinema foi o da vanguarda do processo de gravação e reprodução do conteúdo musical. Enquanto a indústria fonográfica passou a maior parte do tempo trabalhando com apenas um canal e, eventualmente, dois canais, os estúdios de cinema ousaram fazer muito mais. Já em 1940, os estúdios Disney introduziram o Fantasound, e a partir das telas super largas da década de 1950, o som multicanal se estabeleceu em definitivo, em formato de 4 canais (35 mm) e 6 canais (70 mm) ou mais (Cinerama). Mas nem tudo eram flores, apesar da resistência de alguns cineastas como Charles Chaplin, em 1930 99% dos filmes eram totalmente falados. Era a consolidação dos filmes sonoros.

Os Anos de Censura em Hollywood

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o início da ascenção do cinema, Hollywood se tornava a maior rede de produção cinematografica - posição a qual ocupa até hoje. Entretanto, o lugar era conhecido como (literalmente) “a cidade do pecado”. Vários escandâlos envolvendo estrelas com drogas protituição por exemplo, eram vazados. Assim, criando uma reputação complicada em relação a “nova arte”. Então em 1930, para rabilitar sua imagem, os grandes estúdios de cinema, decidiram que todas as produções deveriam passar por uma censura que ficou conhecida como “Hays Code” (Código Hays). Uma lista de proibições criada pelo pastor Will H. Hays, até então presidente da Motion Picture Association of America (MPAA). Onde haviam pontos chamados “Dont’s” (não) e “Be Carefuls” (seja cuidadoso). Entre as principais proibições de “Dont’s” estavam: nudez, tráfico ilegal de drogas, escravidão branca, miscigenação, ridicularização do clero e ofensa intencional a qualquer nação, raça ou credo. Já o “Be Carefuls”, recomendava cuidado especial na forma de tratar os seguintes assuntos: uso da bandeira, armas de fogo e drogas, técnicas de cometer assassinato, brutalidade, crueldade com crianças e animais e prostituição, entre outros.

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ontudo, embora o código tenha sido aprovado em 1930, a supervisão era fraca e ele não se tornou rigorosamente cumprido até julho de 1934. Quando Joseph Breen, um católico fervoroso, foi nomeado chefe do novo Código de Produção. Durante a administração de Breen - desde 1934 até sua aposentadoria em 1954 - Hollywood viveu o auge do Código Hays. Muitos diretores e roteiristas de Hollywood se irritaram, todavia tiveram que se submeter às decisões dele. Com cada vez mais contestações, com a crescente projeção do cinema europeu e seus cineastas e com o advento da televisão no país, o código foi perdendo força, poder e credibilidade, entrando em declínio já nos anos 50. Filmes densos e de temáticas pesadas, como Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1951); Juventude Transviada (Rebel Without a Case, 1955); Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958) e De Repente, No Último Verão (Suddenly, Last Summer, 1959) foram responsáveis por levar às telas uma nova linguagem cinematográfica, abordando assuntos ‘espinhosos’ que há muito tempo não eram vistos em Hollywood. osos’ 5

que há muito tempo não eram vistos em Hollywood. Durante os anos 60, a aplicação tornou-se insustentável e o Código de Produção foi definitivamente abandonado em fins da década, quando já não significava mais nada. Oficialmente, a MPAA adotou o novo sistema de classificação por faixa etária (que perdura até hoje) em novembro de 1968. T

ANOS 70

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s anos 70 começou com todo o fervor das obras cinematográficas “livres”. Em 1971, Woody Allen lançou “Bananas”, filme que anunciou a renovação que o cinema norte-americano passaria nos anos 70. Na década, surgiram alguns dos mais inspirados diretores contemporâneos como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, George Lucas e Steven Spielberg. De um cinema adulto com filmes que mergulharam nas almas de seus personagens, como “Sob o Domínio do Medo” (dir. Sam Peckinpah, 1971), “Laranja Mecânica” (dir. Stanley Kubrick, 1971),


“O Poderoso Chefão” (dir. Francis Ford Coppola, 1972), “Taxi Driver” (dir. Martin Scorsese, 1974) e “Apocalypse Now” (dir. Francis Ford Coppola, 1979), a década terminou com o domínio do cinema feito para adolescentes. Teve também o sucesso dos “filmes de catástrofes”, como “Aeroporto” (dir. George Segal, 1970), “Terremoto” (dir. Mark Robson, 1974) e “Inferno na Torre” (dir. John Guillemin e Irwin Allen, 1974).

discotecas de Nova Iorque. Os hits dos Bee Gees, Kool & The Gang e KC & The Sunshine Band, a moda de roupas de poliéstrer e sapatos plataforma e o visual das pistas de dança com seus globos espelhados ficaram eternizados como a marca de uma era. O sucesso de “Os Embalos de Sábado à Noite” fez com que Hollywood descobrisse nos filmes para adolescentes o caminho para grandes bilheterias. A era do “cinema teen”, que predominaria nas décadas seguintes, avança nos anos 70 com “Guerra nas Estrelas” (dir. George Lucas, 1977), uma obra repleta de efeitos especiais impactantes e uma nova e acelerada linguagem para a ficção científica, e com o sucesso do musical “Grease – Nos Tempos da Brilhantina” (dir. Randal Kleiser, 1978), que traz novamente John Travolta no papel principal, desta vez ao lado da atriz-cantora Olivia Newton-Joh. T

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eve também o sucesso dos “filmes de catástrofes”, como “Aeroporto” (dir. George Segal, 1970), “Terremoto” (dir. Mark Robson, 1974) e “Inferno na Torre” (dir. John Guillemin e Irwin Allen, 1974). Apesar de tantos clássicos produzidos por aqueles que estariam entre os maiores diretores de todos os tempos, um filme símbolo dos anos 70 é aquele que alimentou a febre da onda das discotecas. “Os Embalos de Sábado à Noite” (dir. John Badham, 1977) traz John Travolta no papel de Tony Manero, um jovem que trabalha como balconista, sem perspectivas, que encontra sentido para sua vida apenas nas pistas de dança das 6


ANOS 80

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Thaís Gomes

possível definir o cinema dos anos 80 em um termo? Sim. Pós-modernismo. A década destacou-se pela reciclagem de gêneros cinematográficos conhecidos promovendo a releitura inventiva. A ficção-científica foi o gênero mais cultuado e ganhou status pop graças a filmes que se tornaram paradigmas, como as sequências de Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca (1980) e O Retorno de Jedi (1983), um passo então inédito em termos de efeitos especiais, e so bretudo Blade Runner, de Ridley Scott. Este filme, estrelado pelo ator-ícone do período, Harrison Ford, é a obra-prima pós-moderna. Em um original ambiente futurista, em que tecnologia e massificação se sobrepõem, baseado no romance “Do Androids Dream of Electric Sheep?” de Philip K. Dick. É, sem dúvida, o maior clássico da década. Os anos 80 também consagrou as sagas. Além de Guerra nas Estrelas, outras trilogias marcaram época, como Indiana Jones e De Volta para o Futuro, por sinal um título que expressa bem o clima dos 80. Falando de Spielberg a parte, além de reciclar os antigos seriados das matinês com Os Caçadores da Arca Perdida (1981), Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) e Indiana Jones e a Última Cruzada (1989). Dirigiu outro clássico da década, um filme absolutamente encantador E.T. O ExtraTerrestre (1982), e o seu revés em forma de sátira Gremlins (1984) , dirigido por Joe Dante e roteirizado por Chris Columbus, que em 1986 dirigiria o divertido Os Goonies. A onda hoje sedimentada de projetos inspirados em histórias em quadrinhos foi promovida na década, com destaque para Superman, cuja tetralogia teve três de seus 7


filmes rodados em 80. Superman II, A Aven- tes, como o do inventivo O Exterminatura Continua (1980), Superman III (1983) e dor do Futuro (1984), que mais tarde tamSuperman IV Em Busca da Paz (1987). E bém viraria franquia. ?Hasta la vista, baby? é claro, o Batman (1989) de Tim Burton.

John Hughes também contribuiu para a fama consolidada da época. Em seus filmes, aadolescência oitentista ganha um brilho especial, uma vivacidade irresistível, sendo tratada com inteligência e respeito, bem diferente dos infantilizados moleques da franquia American Pie. Além de Curtindo a Vida Adoidado, Hughes, morto precocemente no ano passado, deixou o adorável A Garota de Rosa Shocking (1986), promovendo Mollt Ringwald a namoradinha da América. Adrian Lyne, diretor que costuma provocar arrepio nos críticos, foi o responsável pelas imagens mais fortes dos 80. As cambalhotas de Jenifer Beals no musical Flashdance (1983), os jogos sensuais à luz de uma geladeira de 9 e ½ Semanas de Amor (1986), com o então galã Mickey Rourke, e a corrida de faca em punho da psicótica Glenn Close no thriller adúltero Atração Fatal (1987) são inesquecíveis. Dois atores que consagraram suas carreiras nessa época foram Stallone e Schwarzeneger. O primeiro protagonizou três sequências pavorosas da franquia Rocky Balboa e inventou um dos mais odiosos promotores da guerra: Rambo. Já Schwarznegger, seguiu um caminho mais original, apostando em roteiros inteligen-

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gênero horror lançou duas franquias de sucesso. Sexta-Feira 13 teve oito partes filmadas nos anos 80. Mais interessante, mas não menos apelativa, o drama dos insones de A Hora do Pesadelo teve 5 sequências. Goste-se ou não, Freddy Krueger e Jason Voorhees fazem parte do escrete hollywoodiano da década. Acompanha-os a menininha mediúnica da menos bem-sucedida franquia Poltergeist? O Fenômeno (1982), com duas sequências, e o insuperável Chucky, de Brinquedo Assassino (1988). Assim foram os anos 80. De um lado as aventuras de Curtindo a Vida Adoidado, do outro, o frenético e perseguidor Chucky. E no meio dessa esquizofrenia toda, a gente. T 8


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aranja Mecânica

de Stanley Kubrick, 1971. Tornou-se um clássico do cinema mundial e um dos filmes mais famosos e influentes de Kubrick. O filme mostra a vida de um jovem, chamado Alexander DeLarge, cujos gostos variam de música clássica (Beethoven), a estupro e ultraviolência. No decorrer da trama, ele acaba se tornando cobaia em um tratamento de choque Ludovico, em que o governo quer provar que é possivel curar sociopatas, assassinos, etupradores, etc. A linguagem utilizada pelo personagem Alex, foi inventada pelo autor do livro em que obra foi adaptada Anthony Burgess, que misturou palavras em inglês, russo e gírias.”

Após 80 anos de cinema sonoro, foi lançado em 2011 O Artista. Filme dirigido por Michel Hazanavicius, que retrata claramente o processo de transiçao do cinema mudo para o sonoro, e como as pessoas (principalmente os artistas) lideram com tal. 9

Mesmo sendo um desafio e tanto, o diretor apostou no mudo e preto&branco e acertou em cheio. O filme recebeu seis indicações ao Globo de Ouro, e venceu em três categorias. Entre eles, o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes (Jean Dujardin), dentre outros.T


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