CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO
THAIS GOMES PEGRUCCI
INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO EDIFICADO CASARÃO PRAÇA 21 DE ABRIL - SERTÃOZINHO/SP.
RIBEIRÃO PRETO 2015
THAIS GOMES PEGRUCCI
INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO EDIFICADO CASARÃO PRAÇA 21 DE ABRIL - SERTÃOZINHO/SP.
Trabalho final de curso apresentado como requisito para aprovação e conclusão no curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Moura Lacerda, com a orientação ministrada pelo Prof. Domingos José Lopes Guimarães.
RIBEIRÃO PRETO 2015
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu avô Bim, que me deixou como herança a paixão por patrimônio histórico. E aos meus pais, Izabel e Sérgio que não mediram esforços para concretização desse sonho.
AGRADECIMENTOS
Quando entrei na faculdade fiquei impressionada com a quantidade de materiais, entre eles os lápis que preencheram meu estojo. Nesses cinco anos, encontrei cinco amigos que assim como os lápis preencheram meu dia a dia, mesmo nos dias que estavam mais próximos dos lápis das série B, mais cinzentos, até os que es-
por inteiro meu projeto de pesquisa para a conclusão do curso e
tavam tão coloridos como os lápis de cor. Foram cinco anos ao lado
esteve sempre ao meu lado me incentivando e apoiando.
da Paula, Gabriela, Thaisa, Fabio e Vivi (que resolveu trilhar outro
Ao meu pai, que foi a peça chave para me ajudar na deci-
caminho, mas compartilhou tudo com a gente de longe), passamos
são de qual profissão seguir, e ao escolher arquitetura me deu os
por poucas e boas, chegamos a cogitar até de escrever um livro,
melhores conselhos e me mostrou os caminhos que poderia trilhar.
mas independente de ser escrito, esses momentos sempre estarão
Ele que não mediu esforços para fazer viagens com conteúdo ar-
guardados em um lugar especial.
quitetônico e em me ajudar nas minhas realizações.
Quero então agradecer esses meus cinco amigos, a Deus e
Agradeço o meu orientador Domingos José Lopes Guima-
a minha família, em especial a minha mãe, não tenho nem como
rães e a todos os professores e amigos de classe que durante esses
descrever o que ela fez por mim nesses cinco anos, ela foi meu
cinco anos deixou de alguma forma a sua marca, e o fez especial.
“quebra galho”, foi quem me ajudou imensamente enquanto eu
Não poderia deixar de agradecer também a minha querida amiga
estagiava, cortou muito papel paraná, deu palpite em projetos, leu
Gabriela Natale.
RESUMO
O presente trabalho tem como objeto a intervenção em um Patrimônio Histórico, localizado na cidade de Sertãozinho/SP, onde o mesmo hoje abriga a Biblioteca Municipal da cidade, mas que será retirada do local. Sendo assim, o objetivo é dar ao Casarão da Praça 21 de Abril um novo uso, para que ele seja valorizado, e receba intervenção e atualização com base na Carta de Restauro e Carta de Veneza, sem tirar suas características originais, porem que seja readequado às normas atuais, como de acessibilidade, para que toda população, sem distinção, possa usufruir. Além de criar um espaço de convívio, cultura e lazer para a população sertanezina.
PALAVRAS CHAVE:
restauração, intervenção, patrimônio
histórico, casarão, praça 21 de abril.
ABSTRACT
This work has as objective intervention in a Historical Heritage situated in Sertãozinho/SP City, which now houses the Municipal Library of the city, but will be removed from this location. Therefore, the objective is give a new use for the Casarão da Praça 21 de Abril. For it to be valued. And receive the intervention and actualization with base on Letter of Restoration and the Venice Charter, without taking the original features, however it will be configured on current standard, as accessibility to the entire population, without distinction, can enjoy. In addition to creating a space for convivial and culture and leisure for the sertanezina’s population.
KEY WORDS: restoration, intervention, historical heritage, casarão, praça 21 de abril.
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 01 - CONTEXTUALIZAÇÃO
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A CIDADE
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O ECLETISMO E A CASA BURGUESA
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O CASARÃO DA PRAÇA 21 DE ABRIL
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A FACHADA
CAPÍTULO 02 - LEVATAMENTOS E CARACTERÍSTICAS DA ÁREA
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LOCALIZAÇÃO
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MARCOS DA CIDADE
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ENTORNO DO CASARÃO
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MAPA FIGURA - FUNDO
40 41
MAPA GABARITO MAPA USO DO SOLO
CAPÍTULO
03
-
ANÁLISE
INTERVENÇÃO
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CASARÃO 8 - PELOTAS, RS
45
PELOURINHO - SALVADOR/BA
DOS
PROJETOS
DE
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RED BULL STATION - SÃO PAULO
CAPÍTULO 04 - DIAGNÓSTICO
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A INTERVENÇÃO NO PRÉ - EXISTENTE
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SITUAÇÃO ATUAL DO EDIFÍCIO
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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
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PATOLOGIAS
CAPÍTULO 05 - PROJETO
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DIRETRIZES PROJETUAIS
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PROGRAMA DE NECESSIDADES
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PLANTA COM ALTERAÇÕES
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IMPLANTAÇÃO
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PLANTA COM LAYOUT
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CORTES
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ELEVAÇÕES
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COBERTURA
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PERSPECTIVAS
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MEMORIAL JUSTIFICATIVO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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LISTA DE IMAGENS
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BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
o trabalho tem o intuito de elaborar um projeto de preservação que valorize o local, com um novo uso e que retome a relação entre o edifício e usuário, sem perder suas características originais e de
O tema do estudo surgiu através de observações, como quando nos deparamos com edifícios que se destacam em meio a uma cidade por ele ser de outra época e estar rodeado de novas construções, porem, dependendo do estado que o edifício se encontra ele acaba perdendo seu uso e pode já não ser tão reparado pela maioria que passa por ele. Levando em consideração essas observações, o edifício escolhido para intervenção, foi o Casarão da Praça 21 de Abril, que fica na zona central da cidade de Sertãozinho, que hoje a abriga a Biblioteca Municipal “Dr. Antônio Furlan Junior”, mas com planos de mudança do local. Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo intervir em um edifício público edificado, o Casarão da Praça 21 de Abril, que apesar de ser reconhecido pela cidade como patrimônio histórico e ser tombado pelo Compphic (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico e Cultural de Sertãozinho) está em más condições e com pouco uso pela sociedade. Portanto,
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maneira que as pessoas percebam o valor que o edifício tem para a cidade e passem a desfruta-lo cada vez mais, trazendo a vivacidade para o mesmo. Intervenção em edifícios já existentes tem sido um assunto discutido e estudado por arquitetos e urbanistas, afinal as cidades vêm evoluindo e abrigando novos empreendimentos imobiliários. O intuito de manter edificações já existentes vem ligado a sua técnica e qualidade arquitetônica, além de conseguir manter a historia, não deixa que perca a identidade, e o vinculo que o objeto tem com seu espaço. O edifício além da manutenção necessária para que haja conservação e possa ocupar o novo programa, será readequado de acordo com leis atuais, como no caso de acessibilidade. Sendo também feito uma ampliação pensando em dar mais uma opção de espaço de convívio, lazer e cultura para a população sertanezina, seja ela de qualquer classe social.
O trabalho foi dividido em cinco partes:
Após estudos e pesquisas, foi idealizado o projeto de in-
A contextualização, antes de qualquer projeto ser elabora-
tervenção, onde coloca em pratica a proposta e o conceito de in-
do, foi realizada uma pesquisa sobre a história da cidade, o estilo
tegração entre o usuário e o edifício, usando materialidade para
do Casarão, o modo de viver da época que foi construído e a his-
distinguir as diferentes épocas das construções.
tória do Casarão em si, suas transformações até o dias de hoje. O levantamento e características da área, onde foi observado o que acontece no entorno do Casarão, construções com marcos importantes para a cidade, atividades exercidas, gabaritos, enfim, toda relação entre o Casarão e a área, além dos pré-requisitos para novas construções. As análises dos projetos de intervenção, foram a base para auxiliar no desenvolvimento do projeto. Primeiro foi analisado o Casarão 8 de Pelotas/RS que tem caracteristicas próximas ao do Casarão da Praça 21 de Abril, e depois projetos com propostas similares de intervenção, como o Pelourinho em Salvador e o Red Bull Station em São Paulo. O diagnóstico foi feito para nos mostrar a real situação do edifício, com os possíveis padrões de construções usados na época, com um levantamento fotográfico com detalhes do Casarão e suas patologias.
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à O A Ç I Z A L T U E X N T C O
A CIDADE
em 5 de Dezembro de 1896 foi considerado município, tendo como distrito Pontal e Cruz das Posses, em 1935 foi o último desmembramento da cidade. O primeiro nome da cidade foi “Capela” posteriormente
A cidade de Sertãozinho está localizada no interior de São
“Engenho Nossa Senhora Aparecida”, “Aparecida de Sertãozinho” e
Paulo, com uma população de aproximadamente 120 mil habitan-
por fim, Sertãozinho, tendo como primeiro prefeito Dr. José Onofre
tes, fundada em 5 de dezembro de 1896.
Muniz Ribeiro.
Por volta de 1827 os mineiros comentavam a beleza do Ser-
Sertãozinho é conhecida como “capital brasileira do hóquei
tão Paulista conhecido por suas “terras vermelho como sangue”,
sobre patins” e como “capital mundial do setor sucroalcooleiro” ,
João Manuel de Pontes organizou uma marcha rumo a região. Após
sendo assim, a principal fonte de economia da cidade é a cana de
meses de jornada chegaram ao córrego Sertãozinho e João Manuel
açúcar.
tomou posse do território e passou a chamar fazenda “Sertãozinho do Mato Dentro”. Em 1877 Antônio Malaquias Pedroso, considerado fundador da cidade, era um dos condôminos da fazenda e doou 12 alqueires e meio de terra em torno sua moradia para construção de uma capela, hoje Praça 21 de Abril, em louvor a Nossa Senhora Aparecida e a capela começou a receber outras doações chegando a 148 alqueires. Em 1885 o povoado se tornou distrito de Ribeirão Preto,
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Imagem 01
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O ECLETISMO E A CASA BURGUESA
para ostentação e também impôs sua falsa erudição através da composição estilística e do historicismo tipológico. Segundo Junior (1999), a implantação das residências no século XIX as casas eram sombreadas pelas laterais e determinava
Segundo o texto de
Key Imaguire Junior, a arquitetura
eclética é um produto denso de formas, carregado de ornamentos e objetos interna e externamente, nem sempre harmônico entre si ou autêntico como estrutura, material e concepção."O Ecletismo era a cultura arquitetônica própria de uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso (especialmente quando este melhorava suas condições de vida), amava as novidades, mas rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto". “A par de novos partidos, nova ornamentação, novos estilos. Era o ecletismo. Era, principalmente o neoclássico totalmente despoliciado que chegou ao desregramento. Era o apelo a imaginação. Era a recriação. (...) tudo vinha de fora, tudo era copiado ou feito pelo imigrante. Coisas sem valor.” (LEMOS, 1989, p.50). O burguês enquanto cliente exigiu do arquiteto grandes avanços nas instalações sanitárias da casa, espaços especiais
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a construção no alinhamento interno da calçada, “solta” apenas nos fundos. O afastamento lateral para garantir um acesso menos devassado, em que a porta da sala não abra diretamente para a rua.
REPARTIÇÃO DA CASA BURGUESA Lemos (1989, p.34) acredita que a classe média, da era do
café (século XIX), quem consolidou a planta típica da casa térrea, casa assoalhada, de corredor central, e para cada lado desse eixo de simetria as salas de receber na frente da construção. Além de ter varanda atrás ocupando a largura do terreno e a cozinha e área de serviço em um puxado lateral. O padrão burguês oitocentista, segundo Santiago (2002. Não paginado apud PINTO, 1958, não paginado) tem a habitação como modelo originado no século XIX caracterizado pela tripartição: social, intimo e serviços. A sala de visita, o espaço social de prestigio, era a principal parte da casa para receber, o espaço in-
timo eram os quartos e sala de comer, já o espaço de serviços era
Na última década do século XIX, houve algumas mudanças nas moradias de classe média para cima, segundo Lemos (1989),
banheiro, cozinha e quarto de empregada.
o quarto da “criada” passa para dentro de casa, ao lado da cozinha, e passou a ter também a despensa, quarto de engomar e a copa. Em grandes palacetes a copa ou “service” (influencia francesa) era um cômodo intermediário onde chegava a escada que ligava a sala de jantar a cozinha, que ficava no porão. Uma das características da arquitetura de tijolos do inicio do século, foi o banheiro ao fundo da casa junto com a cozinha para economizar na tubulação de aço galvanizado.
A CIRCULAÇÃO
Quanto a circulação segundo Lemos (1989), ao fim do século XIX houve mudança, sendo uma circulação externa e descoberta, ligando o portão de ferro à “varanda”, e uma circulação interna e coberta ligando a sala da frente a sala de jantar, passando pelos dormitórios, porém, sem passar dentro deles como antes. SERVIÇO
INTIMO
SOCIAL
Os corredores laterais deixaram de ser estreitos e passaram a ter jardins, inclusive as casas de esquina ficavam exatamente
Imagem 02
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no alinhamento para ter mais circulação lateral. Também passou a ter alpendre que era decorado com painéis pintados na parede e tinham guarda corpo e colunas de ferro, nesses alpendres abriam-se as janelas dos dormitórios.
A COBERTURA Segundo Lemos (1989) com os recursos técnicos como as
assoalho da umidade do solo e evitar que os cômodos ficassem ao nível da rua, gerando assim mais privacidade. As novas construções de alvenaria eram feitas com pé direito mais altos, como 2,00m a 2,20m para o tornar útil para deposito e dormitórios de empregados. O CASARÃO
telhas planas de Marselha, rufos e calhas de cobre, rincões prote-
O ecletismo é uma mistura de estilos arquitetônicos com
gidos adequadamente, condutores, gárgulas e buzinotes é que o
intuito de criar uma nova linguagem, sendo assim, o Casarão da
telhado começou a ser independente da cobertura vizinha, forman-
Praça 21 de Abril é um exemplo de edifício eclético, que tem uma
do telhados piramidais de quatro águas.
mistura do estilo neoclássico, barroco e art deco.
Nesses novos partidos residenciais os telhados poderiam
Em sua fachada há harmonia e ritmo através de suas jane-
participar mais da arquitetura em si e não ficar apenas escondi-
las que são completadas por bandeira e ornamentos. Outra carac-
dos atrás de altas platibandas, e então começou a surgir telhados
terística do eclético que está presente no casarão são as platiban-
inclinados a moda dos Luises, telhados arrematados por grimpas
das, arcos, valorização de esquina chanfrada, construção alinhado
de ferro, frontões em balanço, facilitando a identidade de cada
a via e recuo lateral para pátio.
residência.
O PORÃO
Lemos (1989) diz que as casas burguesas de São Paulo possuíam porão devido a lei vigente exigia para afastar o
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Estudando a planta do Casarão da Praça 21 de Abril podemos visualizar características da casa burguesa e supor os usos das repartição do edifício enquanto moradia, mesmo não havendo registros originais que comprovem.
Banheiro próximo a cozinha no fundo da casa
Apesar de coberta há ligação do portão de ferro ao alpendre Escadaria que caracteriza a ascensão da família burguesa Porta da sala não abre diretamente para a rua Janelas se abrem para o alpendre
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Porão alto habitável
Imagem 03: Porão habitável com pé direito de 2,00m.
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Imagem 04: Porão habitável, característica das casas Burguesas.
Telhado mais recortado, nรฃo sendo necessรกrio apenas duas รกguas ou depender do telhado vizinho.
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O CASARÃO DA PRAÇA 21 DE ABRIL
máximo manter os traços do passado. Através de estudos chegou-se a conclusão que o objeto de trabalho dessa intervenção, trata-se do edifício da Biblioteca Municipal “Dr. Antônio Furlan Júnior” de Sertãozinho, localizada no coração da cidade, na confluência das ruas Washington Luis e Aprí-
Segundo a Carta de Restauro (1972) o objetivo de assegu-
gio de Araújo.
rar a sobrevivência dos monumentos, trás a possibilidade de novas
Seguindo a Carta de Restauro (1972) a realização do pro-
utilizações para o edifício monumental. Portanto, este trabalho tem
jeto para restauro deverá ser procedida de um estudo sobre o mo-
o intuito de intervir em um edifício público já edificado, trazendo
numento, com pontos de vista relativo à obra original, assim como
um novo uso, modificações necessárias para a valorização do mes-
os acréscimos ou modificações que houveram. Sendo assim, o pri-
mo, porem conservando as formas externas, evitando alterações
meiro passo foi estudar a história do Casarão da Praça 21 de Abril.
das características tipológicas, estruturais e da sequencia dos es-
O local onde fica o Casarão primeiro foi um antigo imóvel
paços internos, como diz a Carta de Restauro de 1972.
residencial construído no século XIX, que pertencia a um fazen-
Atualmente as pessoas estão se interessando mais ao as-
deiro, João Francisco do Rego, participante ativo de atividades de
sunto patrimônio histórico. Há um reconhecimento da sociedade
interesse coletivo. Este cedeu seu imóvel para que fosse instalada
em perceber o quão importante este é, pois está vinculado a sua
a Casa de Audiência – sede da Comarca em 1906. O mesmo foi ad-
historia, ao seu passado. Com isso, a demolição se tornou um pen-
quirido pela Câmara Municipal e doado ao Poder Judiciário. A sede
samento secundário, dando preferência em intervir, renovar e am-
foi transferida para outro imóvel e o local passou a ser residência
pliar edifícios já existentes. Portanto Zein (2010. Não paginado)
de vários médicos que vinham para Sertãozinho.
entende que no caso de modificar um edifício, é preciso tentar ao
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Por volta de 1934 o prédio passou a ser da família do Sr.
José Bonini, o qual o demoliu e construiu esse no lugar com características arquitetônicas bem semelhantes ao anterior. O edifício tem dois pavimentos, térreo e subsolo, com estilo eclético, a fachada tem platibanda e janelões com esquadria de madeira e ornamentos, as paredes são em alvenaria, o teto de madeira, e o chão, atualmente, varia de material a cada cômodo, sendo de madeira (taco e régua), tijolo batido, piso queimado com vermelhão e cerâmica.
Imagem 05: Registro fotográfico mais antigo do Casarão da Praça 21 de Abril
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do Sesi, assistência as mães gestantes Berço Menino de Jesus, assistência social do município e a biblioteca. No ano de 1967, Antônio Paschoal, prefeito da época, desapropriou o local com intuito de construir o Hotel Municipal. Outras instituições passaram pelo local e a partir da década de 1970 o local recebeu apoio total do município e tornou- se a Biblioteca Municipal, onde desde a sua construção o edifício não sofreu nenhuma modificação de estrutura, apenas reparos de piso de alguns cômodos, algumas adaptações, pinturas, troca do sistema elétrico e hidráulico, e reparos no telhado, calhas e condutores. Em 1991 o pátio do local recebeu bancos e mesas de jogos em alvenaria, e tornou-se um lugar para as crianças aprenderem brincadeiras antigas. Imagem 06: Lateral do Casarão que mostra a área de serviço do mesmo.
O acesso lateral da residência contava com cisterna, fogão a lenha e tanque de lavar roupa. Na entrada principal da casa a
Hoje em dia o pátio não encontra mais esses elementos e recebeu uma cobertura por telhas, retirando também a maioria das árvores que havia.
escada tem degraus mais largos e baixos devido à deficiência dos membros inferiores de uma de suas moradoras. Já em 1960 o edifício foi alugado para Associação dos Amigos da Alta Mogiana, que contava com curso de corte e costura
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Imagem 07: Cobertura atual do pátio
Além das atividades infantis, a Biblioteca Municipal oferecia várias oficinas de artes e cultura, como esculturas, bonecos, enfeites, pinturas, presépios. No terraço havia apresentações de coral, grupos de teatro, contadores de historias, palhaços e palestrantes. Com o número de atividades e acervo foi necessário alugar um edifício ao lado para ampliar a biblioteca (não há conexão entre os edifícios) e para poder ganhar novas alas.
Imagem 08: Edifício alugado ao lado do Casarão para ampliar a biblioteca
Em 2010 o Casarão da Praça 21 de Abril foi tombado pela Prefeitura Municipal através do decreto 5262, baseado no estudo feito pelo Comppphic, Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico e Cultural de Sertãozinho, no processo 13514/2010. Imagem 09: Documento referente ao tombamento do Casarão da Praça 21 de Abril
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A FACHADA
térreo, como subsolo. Quanto a pintura não há registro da cor original usada, o que pode-se concluir por imagens é que ela já foi predominantemente amarela, usando o azul em detalhes em torno das esqua-
As fachadas sem recuos diferenciados e as repetições, permitem que o observador tenha noção visualmente da dimensão
drias, e o branco para ressaltar detalhes, seguindo o estilo eclético que usa cores que contrastam.
geral do edifício, do número e intervalos das janelas, tanto no Frontões curvos com distribuição simétrica
Platibandas retas com distribuição simétrica
Ornamentos seguem a mesma altura Bandeira Folha Janelas alinhas no peitoril e altura
Acesso social Porão alto e alinhado
Fachada Rua Aprigio de Araújo
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Cor atual: gengibre apessegado (amarelo)- com base catálogo da marca Coral.
Cor atual: magnificência (vermelho)com base catálogo da marca Coral.
Os vãos e janelas se repetem por questão de estética, percebe-se isso, pois a distribuição interna é aleatória independente do que há na fachada
Frisos
Continuidade da fachada principal devido as principais linhas e molduras nas janelas
Janelas alinhadas no peitoril e altura Porão alto e alinhado
Fachada Rua Washington Luis
Acesso de serviço
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LEVA
NTO
ME NTA
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ICAS
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CTE
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DA
A ÁRE
LOCALIZAÇÃO
Imagem 10
34
RU
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Imagem 11
Casarรฃo Praรงa 21 de Abril
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MARCOS DA CIDADE NA ZONA CENTRAL
Escola Anacleto Cruz – primeira escola da cidade
Prefeitura Municipal de Sertãozinho
Praça 21 de Abril - principal praça da cidade
Casarão Praça 21 de Abril– atual biblioteca Sertãozinho
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municipal
de
Imagem 12: Escola Anacleto Cruz
Imagem 13: Prefeitura Municipal de Sertãozinho
Imagem 14: Praça 21 de Abril - vista do Casarão
Imagem 15: Casarão Praça 21 de Abril
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ENTORNO DO CASARÃO
O Casarão da Praça 21 de Abril, por estar localizado na zona central da cidade de Sertãozinho, tem ao seu redor muito comércio e prestação de serviço. As construções nessa área da cidade são mais antigas e a maioria com no máximo dois pavimentos, como podem observar nas fotos e mapas. Imagem 16: Vista da Praça 21 de Abril (Rua Aprígio de Araújo).
Imagem 17: Vista da Rua Washignton Luis.
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Imagem 18: Vista da Rua Washignton Luis.
FIGURA - FUNDO Através do mapa figura-fundo consegue-se observar que as ruas são retilíneas, os quarteirões quadrados, exceto a praça que tem o formato retangular e há grande adensamento de construção. Por ser a área central da cidade, ainda há construções mais antigas e através do mapa consegue-se notar que alguns terrenos não são bem aproveitados e que se algumas dessas construções
fossem
feitas hoje seriam alteradas devido recuos e taxa de ocupação, por exemplo.
Área edificada
Casarão Praça 21 de Abril
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GABARITO
Nessa região da cidade existem alguns edifícios mais altos, acima de 4 pavimentos, mas o que realmente prevalece são as edificações de 1 a 2 pavimentos, sendo assim, o Casarão da Praça 21 de Abril não está rodeado por prédios altos que poderiam o esconder.
1 a 2 pavimentos 2 a 4 pavimentos 4 ou mais pavimentos
Casarão Praça 21 de Abril
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USO DO SOLO
O edifício estudado está localizado na área central da cidade de Sertãozinho, nota-se que ao redor da Praça 21 de Abril há predominância de lotes comerciais e prestação de serviço, e em sentido a Av. Antônio Paschoal (linha
) as habitações começam
a ser mais frequentes. Quanto ao quarteirão que o Casarão 21 de Abril está locado, há uso de prestação de serviço e comércio nas ruas Aprígio de Araújo (em frente a praça) e Francisco Schmidt (linha
), institu-
cional e predominância de habitação nas outras ruas que completam a quadra. Legislação para construção na zona Central Essa legislação para construção na zona central é referente a edifícios de até dois pavimentos, como o caso do Casarão, sendo assim, a ocupação máxima do lote é de 80%, é necessário ter uma área permeável de 2%, recuo frontal 0 ou 3,00m e no caso de esquina 0 ou 2,00m, já o recuo lateral pode Comércio Habitação
Sem uso
Institucional Área verde
Prestação de serviço
Casarão
ser apenas de um lado desde que tenha 1,50m e não precisa haver recuo no fundo. 41
ANÁ
LISE
DOS
S
JETO PRO
DE
O
NÇÃ
RVE
INTE
CASARÃO 8 - PELOTAS/RS
O casarão foi construído em 1878 pelo arquiteto José Izella Merotti, para ser residência do Conselheiro Francisco Antunes Maciel. É uma construção de esquina com recuos laterais formando acessos ajardinados; Após ser residência, entre 1950 e 1973 o local serviu para
Sacadas
Frontões curvos Porão alto
Platibanda coroada com vasos e estatuas Imagem 19: Elevação fachada principal
instalação do Quartel General da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada de Pelotas e posteriormente para outros órgãos. O Casarão 8 está em fase de restauro para preservar esse patrimônio e fazer adequações das instalações para o novo uso. O imóvel foi tombado pelo IPHAN e irá abrigar o Museu do Doce e o Museu de Antropologia e Arqueologia. Assim como o Casarão da Praça 21 de Abril, o edifício é construído na testada do terreno, tem porão alto, platibanda mista, recuo lateral e janelões de madeira. Recuos laterais
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Imagem 20: Casarão de esquina mostrando as semelhanças com o Casarão da Praça 21 de Abril
PELOURINHO - SALVADOR/BA
Os largos Tereza Batista, Pedro Arcanjo e Quincas Berro D’água, existente no Pelourinho tem intensa ocupação cultural, porém o local estava com instalações inapropriadas e conflitantes em relação ao patrimônio, para solucionar foi feito um concurso para revitalização.
Imagem 21: Proposta de cobertura rendilhada nos largos do Pelourinho.
Com o intuito de valorizar e permitir a visibilidade do casario e do entorno, foi proposto uma cobertura, para ter mínima interferência visual. A cobertura produzida em estrutura metálica em alguns momentos recebe vedação em vidro, para abrigar pontualmente o largo das chuvas sem obstruir a visibilidade do casario. Ora a cobertura serve de abrigo (como no caso dos palcos, mesas dos restaurantes e abrigos pontuais da plateia), e ora serve como pérgolas de proteção, amenizando luz do sol. Imagem 22: Cobertura bloqueia parcialmente o sol, chuva e gera diferentes visuais com a luz solar.
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RED BULL STATION - SÃO PAULO
O prédio que hoje carrega o nome de Red Bull Station, esta localizada entre as avenidas 9 de julho e 23 de maio, ele foi construído em 1926 e funcionava a antiga subestação Riachuelo, a qual foi desativada em 2004 e tombada como patrimônio Histórico pela Conpresp. Atualmente o edifício tem foco cultural, são cinco
Imagem 23: Fachada do edifício onde mostra com clareza as intervenções feitas, estação de 1926 e cobertura e escadas metálicas adicionadas na reforma.
pavimentos que contam com estúdio de música, residência artística, espaços expositivos, café e terraço. O edíficio sofreu uma reforma de adaptação para o novo uso, e foi feito no terraço uma única cobertura com materialidade diferente do que já havia, deixando claro as épocas em que foram construídas, onde acontece experimentos, eventos e exposições , assim como o projeto de intervenção no Casarão da Praça 21 de Abril.
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Imagem 24: No térreo, o café também recebeu cobertura, de forma que aparenta épocas diferentes e não tira a visão da construção existente.
O terraço recebeu cobertura como uma das intervenções e permitiu que o mesmo tenha diversas maneiras de uso.
Imagem 25: Terraço sendo usado para experimentos e exposições.
Imagem 26: Espaço usado para shows e eventos
Imagem 27: O terraço permite vista para a cidade, sendo usado para contemplação.
Imagem 28: Mobiliários permitem ambiente de convívio
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O I C S T N Ó A G D I
A INTERVENÇÃO NO PRÉ-EXISTENTE
Cultural na Praça Mané Gaiola, também na cidade de Sertãozinho, assim como há também projeto da prefeitura para essa mudança. O objetivo é resgatar a vivacidade do local mostrando seu valor cultural e que não há necessidade de se construir um edifício novo para suprir deficiências que a cidade sofre, e ser acessível
Segundo a Carta de Veneza (1964) a noção do monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada como testemunho de uma evolução significativa ou acontecimento históri-
para toda sociedade, independente de classe social.
PADRÕES DE CONSTRUÇÃO
co, considerando também as obras que com o tempo ganhou um
Segundo Santos, (2013) as fundações das casas Burguesas
significado cultural. Sendo assim, a conservação e restauro de
eram feitas em três tipos, as diretas que eram uma simples conti-
monumentos engloba todas as ciências e técnicas para contribuir
nuação das próprias paredes mestras (paredes estruturais) até ao
com o estudo e salvaguarda do patrimônio monumental, com a
terreno, de largura igual ou ligeiramente mais larga; as semidiretas
finalidade de proteger tanto a obra de arte, como o testemunho
que eram compostas por poços de alvenaria de pedra, encimados
histórico.
por arcos de alvenaria de pedra ou de tijolo e, por último, as in-
A escolha do edifício Casarão da Praça 21 de Abril que se
diretas que trespassam aterros e formações novas e abrangendo
localiza no coração da cidade de Sertãozinho, veio da busca de
camadas mais profundas do solo resistente, através de estacas de
um local que tem um marco para a cidade, mas que não é valo-
madeira. Essas fundações das construções antigas são compostas
rizado como tal, pela população. Hoje o mesmo ocupa a função
por sapatas isoladas quando relacionadas a pilares ou, contínuas
de biblioteca municipal, porem já foi abordado em trabalho de
quando unidas diretamente às paredes. Normalmente eram de al-
conclusão de curso a proposta para mudar-se para o Complexo
venaria, de pedra ou tijolo, tendo uma composição idêntica á da
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parede. Quanto aos pavimentos, os térreos normalmente eram feitos em terra batida ou encoroamentos de pedra arrumada à mão, seguida a camada de revestimento e desgaste, geralmente em lajeado de pedra, ladrilhos ou tijoleiras cerâmicas. Neste momento a madeira surge com função estrutural para as caves e coberturas, já a função das paredes divisórias é de travar as estruturas, é ela quem faz a ligação entre paredes, pavimentos e cobertura. Não há registros que comprovam os padrões construtivos do Casarão da Praça 21 de abril, o que pode-se observar através de plantas é que as paredes do pavimento térreo continuam até o subsolo, porem não são paredes grossas que poderíamos considerar como parede mestra.
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SITUAÇÃO ATUAL DO CASARÃO
3-TELHA METÁLICA Acessos para entrar no casarão
TETO 1- DESCOBERTO 2- LAJE
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4-TELHA TRANSLÚCIDA
5-MADEIRA ESCURA
6-MADEIRA BRANCA
PISO
1- TIJOLO BATIDO
2- CERÂMICA
3- RÉGUA DE MADEIRA
4- TACO DE MADEIRA
5- QUEIMADO COM VERMELHÃO
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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO INDICAÇÃO DOS ÂNGULO DAS FOTOS
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Através das fotos será possível observar que o local
Imagem 29: Fachada do edifício em três épocas diferentes
que abriga a Biblioteca Municipal não oferece praticamente nenhuma atividade cultural e o imóvel vizinho não carrega mais parte do acervo da biblioteca, como era antes. Com isso, os porões que antes recebiam crianças para escutar historias e tinham cenários folclóricos montados, tornaram-se depósitos e há uma grande parte do acervo encaixotado.
ÂNGULO 01
Segundo pesquisas, entre 2009 e 2012 o imóvel passou por acentuado grau de deterioração inviabilizando a permanência da biblioteca no local. Aparentemente o edifício sofre com o descaso, e os principais problemas físicos estão relacionados a cobertura, e que consequentemente atingiu ao teto de madeira e as paredes.
ÂNGULO 02
Outro problema são as janelas da fachada que estão sofrendo desprendimento devido as rachaduras, e não há acessibilidade, apesar da entrada lateral ser rampada, para chegar até a biblioteca tem uma escada, assim como na entrada principal, tornando o local desapropriado para receber a população.
ÂNGULO 03
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ÂNGULO 06 Imagem 32: Ambiente que fica a ala infantil da Biblioteca - atual função do Casarão..
ÂNGULO 04
ÂNGULO 05
Imagem 30: Entrada principal com escada de de- Imagem 31: Circulação que direcionada a entrada da graus mais baixos. Biblioteca com piso vermelhão.
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ÂNGULO 07 Imagem 33: Teto da ala infantil cedendo e paredes com umidade.
11 Imagem 37: Vista do pátio para o terraço sem cobertura e já sem as árvores com escada que impede acesso para cadeirante. ÂNGULO 08 Imagem 34: Janelas desprendo das paredes.
ÂNGULO 09 Imagem 35: Teto do acervo cedendo , paredes com umidade, chão de taco.
ÂNGULO 10 Imagem 36: Vista do terraço para o pátio hoje coberto por estrutura e telhas metálicas.
ÂNGULO 12 Imagem 38: Vista do pátio coberto para o terraço, espaço com novos mobiliários
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ÂNGULO 13
ÂNGULO 14
ÂNGULO 15 Imagem 39: Porão quando usado para contar histórias.
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PATOLOGIAS
Para o forro de madeira: retirar como todo e fazer novo com as mesmas características.
Observando o Casarão da Praça 21 de Abril, percebe-se que o mesmo apresenta problemas físicos que são reversíveis, e levando em consideração a Carta de Restauro (1972) que diz que quando as obras de manutenção são realizadas em tempo dão longa vida ao monumento, evitando maiores intervenções. Portanto, depois de analisar o edifício é possível classificar algumas de suas patologias. Considerando que qualquer limpeza ou manutenção será idealizada em lugar próximo à zona interventora, sempre que possível, como diz na Carta de Restauro (1972). Infiltração: causada pelas águas pluviais que transbordam da cobertura por não conseguirem isolar devidamente, danificando assim o teto e as paredes. Solução: primeiro analisar o telhado e colocar mantas sob as telhas e impermeabilizante. Para parede: retirar o reboco, passar impermeabilizante, aplicar novo reboco e tela estruturante de nylon, para depois aplicar a massa corrida e pintura.
Imagem 49: Teto e paredes que sofrem com a infiltração.
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Fissuras: elas estão em direções diferentes, por isso po-
Pisos: os pisos interno do Casarão tem diferentes tipolo-
dem ter sido causadas pela retração da argamassa ou aderência
gias, e não sabe-se qual é o original. Entre elas há piso de madeira
da pintura.
em régua e taco, cerâmica e vermelhão queimado.
Solução: aplicar produto apropriado para reparo de fissura, passar massa corrida para fechar e regularizar a mesma, e por fim,
Solução: dar manutenção adequada e fazer troca da peça de acordo com a necessidade.
aplicar pintura.
Imagem 41: Paredes que apresentam fissuras.
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Imagem 42: Alguns dos pisos que precisam de manutenção.
Portas e janelas: as janelas da fachada estão se desprendendo da parede devido a dilatação da madeira, no geral, as portas e janelas estão em bons estados, apenas precisando de reparos. Solução para portas e janelas de madeira: colocar guarnição nas peças necessárias, lixar para retirar a tinta e verniz velho e aplicar produtos adequados para o restauro. Solução para portas de ferro: antes da pintura é preciso remover toda ferrugem, aplicar um anti ferrugem e depois dar o acabamento.
Imagem 44: Portas e janelas do Casarão. Imagem 43: Portas de madeira do Casarão.
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P
R
O
J
E
T
O
DIRETRIZES PROJETUAIS
Conforme os arquivos do Centro Municipal da Memória de Sertãozinho o intuito é destinar o Casarão para um polo de difusão cultural e biblioteca histórica da cidade, sendo assim o projeto de RUA
restauro e intervenção irá acatar o programa já previsto e manter
APR
as características do projeto original. De acordo com os levantamentos da quadra o qual o Casarão está inserido, foi analisado os edifícios ao redor que não tem valor histórico, e serão desapropriados quatro lotes para ampliar o pátio e melhor atender e atrair a população .Serão desapropriados três lotes na rua Washington Luís e um na rua Aprígio de Araujo (em frente a praça), a maior quantidade de lotes desapropriados estão voltados para a rua com menos movimento para criar um ar mais intimista e poder fugir um pouco do movimento da área RUA
central. Tudo o que for acrescentado terá características distintas a do Casarão, para deixar claro em que época foi empreendida, como diz na Carta de Restauro (1972). 64
Lotes desapropriados
SH
WA
UIS
NL
TO ING
DE IGIO
UJO
ARA
PROGRAMA DE NECESSIDADES No período noturno pensando em mais uma opção de lazer para as pessoas poderem desfrutar com a família e amigos. O Casarão irá abrigar no pavimento térreo uma sala de multimídia com 22,60m² , uma sala de estudo com 13,64m², recepção Seguindo as diretrizes do programa previsto, e através de
com 22,52m², um espaço de exposição com 55,47m², um café
observações, o Casarão da Praça 21 de Abril irá abrigar um espaço
com 32,57m², os banheiros que já existem e serão mantidos com
de convívio, cultura, e lazer de uso público, para aproximadamente
5,55m² e a circulação existente totalizando 51,37m².
900 pessoas. Com objetivo de atrair pessoas de todas as idades e classe social, a ideia é que o pátio retome as atividades como era em 1991.
O subsolo contará com o arquivo público com 122,74m², parte administrativa com 8,10m² e depósitos com 61,95m². Para atender o código de obras da cidade de Sertãozinho,
Além de retomar apresentações em datas comemorativas,
referente a instalações sanitárias (cálculo de um sanitário para
criar um ambiente que possa ser usado durante o dia e a noite,
cada cem pessoas) será feita uma nova construção no pátio, com
com mobiliários flexíveis, onde as pessoas possam fazer uma leitu-
47,27m².
ra, conversar, relaxar, usar internet, carregar o celular, ver exposições, se divertir e ser uma continuidade da praça.
Os 663,16m² serão destinados à área livre para abrigar barraquinhas com produtos artesanais e mobiliários.
Durante o dia o espaço de convívio foi pensado nas pes-
Pensando em atrair as pessoas e mostrar a importância do
soas que trabalham no centro da cidade e não tem tempo para
Casarão para a cidade serão desenvolvidos tapumes que contará a
retornar para casa no horário de almoço, para os estudantes das
história do Casarão, que é desconhecida por muitos, assim envol-
escolas das redondezas e para os que irão usar o arquivo público.
verá a população desde o início da obra.
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abertura do lote
ARQUIVO PÚBLICO
CIRC.
abertura do lote ARQUIVO PÚBLICO
DEPÓSITO ADMINISTRAÇÃO
DEPÓSITO DEPÓSITO
PÁTIO
ARQUIVO PÚBLICO DEPÓSITO
Fogão a lenha retirado
DEPÓSITO
As árvores foram retiradas e o pátio coberto
PLANTA COM ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO PROJETO ORIGINAL - PAVIMENTO SUBSOLO
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escala: 1:200
N.M. se
direção do vento
HALL
TERRAÇO
SALA MULTIMÍDIA
CAFÉ
CIRC.
W.C. MASC.W.C. FEM.
PÁTIO
ESPAÇO PARA EXPOSIÇÃO
SALA DE ESTUDO RECEPÇÃO
O piso da circulação foi trocado, pois estava afundando. Atualmente está com piso queimado com vermelhão.
PLANTA COM ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO PROJETO ORIGINAL - PAVIMENTO TÉRREO
escala: 1:200
N.M. se
direção do vento
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PROJETO: CORTES
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escala: 1:200
N.M. se
direção do vento
PROJETO: ELEVAÇÕES
escala: 1:200
N.M. se
direção do vento
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PERSPECTIVAS Não há registro da cor original do Casarão, por esse motivo e pelo fato das construções ao redor carregarem muitas informações de cores e propaganda, optou-se por cores neutras na fachada.
Vista de esquina do Casarão da Praça 21 de Abril
Fachada Rua Aprígio de Araújo, vista da Praça 21 de Abril.
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Entrada pátio pela Rua Aprígio de Araújo.
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Vista lateral do pátio pela Rua Washigton Luis as 16 horas.
Pรกtio as 20 horas, com as feiras artesanais.
Cobertura com outros mobiliรกrios quando nรฃo acontece a feira.
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Uso da cobertura para atividade infantil - vista as 12 horas.
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Espaço da cobertura sendo usado para apresentaçþes - vista as 20 horas.
Espaço da cobertura usado para promover cinema ao ar livre - vista as 20 horas.
Opção de cinema ao ar livre - vista as 20 horas.
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Vista para quem entra pela Rua Washigton Luis.
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Vista interna do cafĂŠ que foi proposto no lugar onde era a cozinha do CasarĂŁo.
Vista interna da sala de multimídia.
Vista interna do espaço destinado as exposições.
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MEMORIAL JUSTIFICATIVO
Concreto stencil
Cobertura metálica
Plataforma
Parede com grafite
concreto polido
Fechamento com portão
para
acessibilidade Cobertura metálica Concreto stencil Quaresmeira Cobertura metálica
Concreto stencil Fechamento com portão
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Mandala: concreto stencil e
reno para abrigar feiras artesanais no final de semana, e durante a semana ser usada com mobiliários, e uma cobertura ligada ao Casarão, de forma que não tire a visão do mesmo e que possa haver atividades embaixo dela. Além disso, elas irão proteger os usuários dos interpéries climáticos, e terão algumas aberturas com árvores. Para início do projeto de internvenção foi feito um levantamento histórico do Casarão da Praça 21 de Abril, a partir disso, foi elaborado um programa de necessidade, consultando a “Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município de Sertãozinho” , e estudando as novas materialidades. Na intervenção serão feitas estruturas metálicas com cobertura de vidro laminado com película refletiva. Foi escolhido o vidro laminado para cobertura, pois segundo o Arquiteto Marcio Moraes, este tem duas chapas unidas por uma película de polivinil butiral (PVB), não tendo problema de estilhaçar caso quebre, além de oferecer grande durabilidade, o PVB barra 99,6% dos raios UV e constitui eficiente barreira acústica, diferencial em dias de chuva. Além disso, o vidro é fácil de manter, resiste à abrasão, não amarela nem deforma quando submetido a altas temperaturas. Essas coberturas serão instaladas duas nas laterais do ter-
As árvores usadas para ajudar na sombra do pátio será a Quaresmeira, pois está nas indicações de plantio de árvore de Sertãozinho, além de ter o ciclo de vida perene, poder ficar no sol
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pleno e ser uma árvore ornamental.
O Casarão da Praça 21 de Abril, fica em frente a principal praça da cidade de Sertãozinho, que também uma opção de lazer para os sertanezinos, sendo assim, a materialidade do piso do passeio e pátio serão iguais ao da Praça, para dar ideia de continuidade. O material usado no piso será Concreto Stencil, que imita lajota, assim como é o da praça.
Nome Científico: Tibouchina granulosa Nomes Populares: Quaresmeira, Flor-de-quaresma, Quaresmeira-roxa Família: Melastomataceae Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical Origem: América do Sul, Brasil Altura: 9.0 a 12 metros, acima de 12 metros Luminosidade: Sol Pleno Ciclo de vida: Perene
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Concreto stencil com textura de pedra próximo ao local onde irão ficar as barracas artesanais, identificando o passeio contempla contemplativo, onde o fluxo não será tão intenso. Também será usado essa textura na mandala, junto com o concreto polido nas cores cinza e marrom.
Para a construção que irá abrigar os banheiros, será feito
Para
o
fechamento
do
será
coloca-
chão, além
de ga-
em alvenaria, e suas paredes externas poderão ser usadas como
do portões que se escondem
meio de exposição, quando houver alguma na área do pátio.
rantir a segurança no período que estiver fechado, irá for-
Quanto a questão de acessibilidade que atualmente
no
Casarão
talecer a identidade do antigo uso, de uma residência.
não há no Casarão, será instalada uma plataforma com capacidade para três pessoas ou um cadeirante com acompanhante.
Na parede lateral do Casarão, para quem entrar no pátio pela rua Aprígio de Araújo, será feito grafite com grafiteiros da cidade. Será um espaço para intervenção cultural, podendo chamar diferentes artistas e proporcionar sempre um painel novo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto desenvolvido nesse trabalho teve o intuito de mostrar o potencial de um patrimônio histórico através de um novo uso, com o objetivo de atualizar o Casarão, porém, com menos interferências possíveis, e sem tirar atenção dele ao propor o novo. Seguindo a proposta relatada o projeto chegou ao seu objetivo, e foi possível demonstrar em textos, plantas e imagens a idealização do projeto, portanto, no caso de execução do mesmo será necessário maiores detalhamentos para a realização.
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Imagem 01: História da cidade de Sertãozinho Fonte: http://www.sertaozinho.sp.gov.br/conteudo/historia-do -municipio#.VhW_vOxViko Imagem 02: Tripartição da casa burguesa Fonte: http://novasformasdemorar.blogspot.com.br/ Imagem 03: Porão habitável Fonte: Acervo de imagens. Centro Municipal da Memória CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho. Imagem 04: Porão habitável Fonte: Acervo de imagens. Centro Municipal da Memória CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho. Imagem 05: Casarão da Praça 21 de Abril Fonte: Acervo de imagens. Centro Municipal da Memória CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho. Imagem 06: Lateral do casarão da Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Maio,2015. Imagem 07: Cobertura do pátio Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro, 2015. Imagem 08: Imóvel usado para ampliação da biblioteca Municipal Fonte: Acervo de imagens. Centro Municipal da Memória CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho.
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Imagem 12: Escola Municipal Anacleto Cruz Fonte: Google Maps- Julho, 2015. Imagem 13: Prefeitura Municipal de Sertãozinho Fonte: Google Maps - Julho,2015. Imagem 14: Praça 21 de Abril Fonte: Gabriela Natale - Outubro, 2015. Imagem 15: Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Gabriela Natale - Outubro,2015. Imagem 16: Entorno do Casarão Fonte: Acervo pessoal - Novembro, 2015. Imagem 17: Entorno do Casarão Fonte: Acervo pessoal - Novembro, 2015. Imagem 18: Entorno do Casarão Fonte: Acervo pessoal - Novembro, 2015. Imagem 19: Elevação Casarão 8 - Pelotas/RS Fonte: http://defender.org.br/tag/casarao-8?print=print-search Imagem 20: Casarão 8 - Pelotas/RS Fonte: http://wp.ufpel.edu.br/45anos/casarao8/ Imagem 21: Cobertura Pelourinho - Salvador/BA Fonte: http://zoom.arq.br/?portfolio=pelourinho
Imagem 09: Documento de tombamento Fonte: Centro Municipal da Memória - CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho.
Imagem 22: Cobertura Pelourinho - Salvador/BA Fonte: http://zoom.arq.br/?portfolio=pelourinho
Imagem 10: Cidade de Sertãozinho Fonte: Google Earth - modificado por Thais Pegrucci, 2015.
Imagem 23: Fachada Red Bull Station Fonte: http://www.redbullstation.com.br/sobre/
Imagem 11 : Localização da quadra Fonte: Google Earth - modificado por Thais Pegrucci, 2015.
Imagem 24:Café Red Bull Station Fonte: http://www.saopauloguide.com.br/cultura/red-bull-station/
Imagem 26: Terraço Red Bull Station Fonte: http://www.redbullstation.com.br/sobre/galeria/
Imagem 38: Pátio Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro, 2015.
Imagem 27: Terraço Red Bull Station Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1634203&page=10
Imagem 39: Porão Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo de imagens. Centro Municipal da Memória - CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho.
Imagem 28: Terraço Red Bull Station Fonte: http://www.hypeness.com.br/2014/05/roteiro-hypeness-conheca-o-incrivel-centro-cultural-da-red-bull-em-sao-paulo/
Imagem 40: Patologias teto e paredes Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015.
Imagem 30: Escadaria Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro, 2015. Imagem 31: Circulação Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro, 2015. Imagem 32: Cômodo Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015.
Imagem 41: Patologias paredes com fissuras Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015. Imagem 42: Patologias dos pisos Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015. Imagem 43: Patologias portas Fonte: Centro Municipal da Memória - CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho. Imagem 44: Patologias portas e janelas Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015.
Imagem 33: Teto Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015. Imagem 34: Detalhe janela Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015. Imagem 35: Cômodo Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro, 2015. Imagem 36: Pátio Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo pessoal - Fevereiro,2015.
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IMAGENS
Imagem 29: Fachadas Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Centro Municipal da Memória - CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho.
DE
Imagem 37: Pátio Casarão Praça 21 de Abril Fonte: Acervo de imagens. Centro Municipal da Memória - CEMM. Prefeitura Municipal de Sertãozinho.
LISTA
Imagem 25: Terraço Red Bull Station Fonte: http://www.redbullstation.com.br/sobre/galeria/
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GUIMARÃES, B. História de Sertãozinho: uma cidade construída pela fé e o trabalho de um povo. Sertãozinho,2010. Disponível em: http://matrizstz.blogspot.com. br/2010/12/historia-de-sertaozinho-uma-cidade.html. Acesso em: 28 abril 2015 HISTÓRIA do município. Prefeitura de Sertãozinho. Sertãozinho. Disponível em: http://www.sertaozinho.sp.gov.br/conteudo/historia-do-municipio#.VUpkKCFVhBc. Acesso em: 29 abril 2015. IPHAN. Carta do Restauro. Itália, 1972. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=242. Acesso em: 17 março 2015 IPHAN. Carta de Veneza. Veneza, 1964. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf. Acesso em: 28 agosto 2015. JUNIOR, K I. O espaço burguês: Arquitetura eclética em Machado de Assis. Curitiba: UFPR, 1999. Disponível em: http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/bitstream/ handle/1884/25446/T%20-%20IMAGUIRE%20JUNIOR,%20KEY.pdf?sequence=1 . Acesso em: 30 abril 2015 LEMOS, C A C. Alvenaria Burguesa. Ed. NOBEL, 1989. SÁ, M M. A mansão Figner. O ecletismo e a casa burguesa no início do século XX. Rio de Janeiro: Ed. SENAC,2002.
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B I B L I O G R A F I A
CENTRO Municipal da memória- CEMM. Acervo de Imagens. Sertãozinho,2010.
THAIS GOMES PEGRUCCI
INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO EDIFICADO CASARÃO PRAÇA 21 DE ABRIL - SERTÃOZINHO/SP
Orientador:______________________________ Domingos José Lopes Guimarães Examinador 1:____________________________ Nome: Examinador 2:____________________________ Nome:
Ribeirão Preto ____ / ____ / 2015