ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO . IAU USP TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO . TGI THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
GRUPO CAP:
ORIENTADOR GT:
DAVID MORENO SPERLING FRANCISCO SALES LUCIA SHIMBO LUCIANA SCHENK MIGUEL ANTONIO BUZZAR
SÃO CARLOS . 2015
A Deus, pelas oportunidades concedidas. Aos meus pais, Antonio e Andrea, por serem minha base e exemplo de responsabilidade e ética. Aos meus irmãos, Nádia e Rafael, por compartilharam comigo mais do que um apartamento, como as situações boas e ruins desses anos de graduação. Ao meu namorado Fábio, pela paciência e dedicação, assim como por ter se mostrado um exímio construtor de maquetes durante esses anos de faculdade. Aos professores da Coordenação de Apoio Permanente (CAP), David, Lucia, Luciana e Sales, com especial enfoque para o David, pelas referências e orientações semanais. Ao Miguel, Orientador de Grupo Temático, pelos conselhos e empenho na orientação do grupo. Aos meus colegas da Arquitetura 010 e Arquitetura 011, com especial carinho pela Ana Carolina, Caroline, Milena e Renata, pela diversão e companherismo nos momentos de aflição. Por fim, agradeço à todos os docentes, servidores e funcionários do Instituto de Arquitetura e Urbanismo do IAU USP, pelo esforço de construirem um ambiente de estímulo ao ensino e pesquisa e por contribuirem de forma direta ou indireta em minha formação.
INQUIETAÇÕES
REFERÊNCIAS
08
12
UNIVERSO PROJETUAL
AÇÕES PROJETUAIS
BIBLIOGRAFIA
18
32
70
INQUIETAÇÕES
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
“E hoje, na contemporaneidade, o que muda na no-
Das diversas articulações no universo da arquitetu-
características da indiferença, alienação, egoísmo e
inquietação: as cidades brasileiras e o declínio dos
ção de urbanidade? É uma noção ainda válida, ou as
hedonismo predominarão ao contrário das qualida-
des de civilidade, cortesia e afabilidade que definiam
a própria urbanidade? Estaremos tão dominados pelo
medo e obcecados por segurança, que são poucas as chances de superação e de volta a valores comunitários essenciais? Estaremos fadados ao controle invisí-
vel, à repressão do direito de ir e vir, direito este que foi a base da sociedade urbana moderna?”
SILVA, Raquel Coutinho Masquês. 2006 10
ra e urbanismo, este trabalho surge a partir de uma espaços públicos no cenário contemporâneo.
Rua, praças e parques, que anteriormente eram o
cerne do caráter cívico das cidades, gradativamente se esvaziam. Em contraponto, os espaços privados
conquistam notoriedade, replicando artificialmente
elementos que anteriormente eram encontrados no urbano, porém sem a diversidade social tão rica presente em tal.
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
Paralela à retração do convívio em ambientes públicos, nota-se a funcionalização das cidades, e a de-
sarticulação de espaços potencialmente favoráveis à convivência, o que contribui para o afastamento da dimensão do habitar.
Neste sentido, os equipamentos públicos de educação, saúde e lazer, em conjunto com espaços públi-
cos de qualidade, podem se apresentar como pontos articuladores de afabilidade.
Atuando neste cenário projetual, surge o interesse em desenvolver espaços que rearticulem o ambiente
físico com o espaço público, estimulando sociabilidades e repensando as urbanidades existentes.
Trata-se de potencializar espontaneidades, criar am-
bientes que sejam convidativos a diferentes níveis de permanência e apresentar opções à crescente privatização do lazer.
Diante deste cenário, apresento o trabalho “Porosidades urbanas: articulações no centro de São Carlos
- SP“, que se propõem a articular arquitetura, urbanismo e paisagem em sua sobreposição, trabalhando juntos para formar cidade.
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REFERÊNCIAS
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
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TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
BRASIL ARQUITETURA | 2012 “Desempenha papel indutor estratégico na requali-
ficação da área central da cidade, uma vez que o rico
e complexo programa de uso, focado nas atividades profissionais e educacionais de música e dança, está
fortemente marcado por funções de caráter público, convivência e vida urbana.”
HELM, Joana. 2013
Implantado junto ao Vale do Anhangabaú, zona central de São Paulo, o conjunto Praça das artes se
posiciona concomitante ao antigo Conservatório Dra-
mático Musical de São Paulo, edificação que apesar de marco histórico e arquitetônico, há décadas encontrava-se inutilizado.
Com o conceito de ocupar os interstícios urbanos e desenvolver uma alternativa à lógica existente na re-
gião, o complexo se expande do interior da quadra aos seus extremos, articulando-se com três importantes vias, Rua Formosa, Rua Conselheiro Crispiniano e Avenida São João.
Trabalhando a porosidade dos espaços públicos em relação aos equipamentos de dança e música, e deixando áreas não edificadas para o estar e convivên-
cia, este projeto propõem uma discussão de como fazer e utilizar a cidade.
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POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
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TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
ARTHUR CASAS E EQUIPE | 2012 “Acreditamos que o projeto de reabilitação dos lar-
gos do Pelourinho deva ser abordado através de uma perspectiva de transformação que leve em consideração os fatores responsáveis pelo ressurgimento
e nova decadência do sítio histórico, tentando aliar escalas territoriais e usos aparentemente contraditórios numa proposta em permanente construção.”
CASAS, Arthur. 2012
Inserido no concurso de ideias “Requalificações de Largos no Pelourinho”, Arthur Casas e equipe desenvolveram um projeto que tem por objetivo o redesenho de espaços públicos na área central de Salvador - BA.
Reforçando as relações humanas e espaços de en-
contro, os largos reconectam-se criando um percurso convidativo ao estar.
Já as cores vibrantes, associadas ao imaginário do pe-
lourinho, dão passagem para o branco, cor que, com o auxílio do cal e da mineralidade, representava o espaço público na época de cidade colonial.
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UNIVERSO PROJETUAL
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
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POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
O seguinte projeto se enquadra no contexto urbano de São Carlos, município brasileiro do interior
do estado de São Paulo, distante 230km da capital paulista. Esta, fundada em 1857, surge no contexto da expansão agrícola do café, fator que proporcionou grandes fluxos migratórios para a região.
Porém, com a crise cafeeira de 1929, tais imigrantes, que outrora ocupavam os campos para as atividades
agrícolas, migram para o centro urbano em busca de novas oportunidades, o que contribui para o cresci-
Região começa a ser povoada com a abertura de uma trilha a Minas Gerais
XVIII
XIX Demarcação da sesmaria do Pinhal
20
Abolição da escravatura
A cidade é promovida a vila
1831
1857
Fundação da cidade
1880
1884
Implantação da ferrovia
1888
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mento e consolidação da mancha urbana da cidade.
e ao polo industrial.
Aliado ao êxodo rural, São Carlos abre as portas para
Apesar do notório progresso econômico, tal evolução
consolidaram como principal atividade econômica
mos os espaços públicos. A cidade, que antigamente
o desenvolvimento das indústrias na região, que se local.
Décadas mais tarde, com a implantação de duas universidades públicas de qualidade, a cidade se
estabelece como eixo tecnológico, referência de pes-
quisa. Já atualmente, com 221.950 habitantes, São
Carlos possui sua economia ligada às universidades
não acompanhou o mesmo ritmo quando observaabrigava diversos cinemas de rua e até mesmo uma
piscina pública em plena área central, atualmente observa, como em outras tantas cidades, a degradação simbólica e física de tais espaços.
Aliado a degradação do espaço público, São Carlos também sentiu uma diminuição significativa dos
Imigrantes deixam as atividades rurais e começam a trabalhar no centro urbano
1884
Chegada dos imigrantes
XX
1929
Crise cafeeira
1940
USP
1953
Indústria começa a se destacar como principal atividade econômica
1970
UFSCar
21
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
equipamentos públicos culturais. Ao se fazer uma
Desta forma, observando tal desconexão dos equipa-
be-se que somente sete equipamentos compõem o
região, redireciono o enfoque para o centro urbano,
análise urbana destes edifícios, por exemplo, percecenário de edifícios municipais com tal enfoque (diagrama 1. Equipamentos culturais).
território marcado por ser, em sua história, o espaço da vida pública na cidade.
Apesar de poucos, observa-se a proximidade da lo-
Norteado pela Avenida São Carlos, que secciona
maioria, na região central da cidade. A proximidade,
é marcado pelas diversas camadas que compuseram
calização entre estes, que posicionam-se, em sua entretanto, limita-se ao ambiente físico. Percebe-se que os equipamentos em questão replicam a lógica
encontrada na cidade: o pensamento dentro do seu universo micro e não das possíveis articulações com o entorno.
Em uma visita a campo, por exemplo, ao conversar com os funcionários da Biblioteca Municipal e da Pinacoteca, foi levantada a importância de uma Midiateca para ambos os espaços, porém, apesar da pro-
ximidade de apenas uma quadra entre estas, cada edifício procurava resolver suas deficiências em seu lote delimitado.
Tais soluções muito nos falam sobre como fazemos e usamos cidade atualmente: os projetos são pensados em lotes que pouco se articulam com a malha ur-
bana, ou pior que isso, pouco se propõem a conjugar novas urbanidades. 22
mentos, e a retração de espaços públicos de lazer na
grande parte da cidade no eixo norte e sul, o centro
a cidade desde a época de sua fundação até os dias atuais.
A intrínseca relação com o histórico, entretanto, se
limita à observação do transeunte pelas fachadas
dos edifícios. Os jardins, que em outrora se abriam ao público, de acordo com o uso do espaço em ques-
tão, atualmente se restringem a espaços gradeados, muitos inclusive em más condições de conservação.
Ademais à quantidade de edifícios históricos de re-
levância, observa-se a funcionalização do centro. A diminuição do número de residentes na região e a aglomeração de edifícios comerciais e de serviços
auxiliaram para a alterar as características do mesmo. Desta forma, percebe-se um grande fluxo de pessoas
que preenchem o centro em horário comercial, dado seu enfoque atual, e que esvaziam a região no período noturno e aos fins de semana.
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
3 2500 m 2000 m
1500 m 1000 m
500 m
250 m
5
7 4 6 8 9
10
2 1
1. EQUIPAMENTOS CULTURAIS
1. biblioteca municipal Alfredo Américo Hamar (municipal) 2. estação cultura (municipal) 3. teatro municipal (municipal) 4. CDCC usp 5. museu da ciência (municipal) 6. biblioteca municipal Amadeu Amaral (municipal) 7. cine São Carlos 8. centro municipal de cultura afro-brasileira (municipal) 9. pinacoteca (municipal) 1O. oficina regional Sérgio Buarque de Holanda
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POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
Além dos fluxos intensos em horários determinados, destaca-se na paisagem a grande quantidade de estacionamentos na região, fato esperado, dado sua
localização estratégica, porém em excesso, se iden-
tificado a rede de transporte urbano que abastece o local e que a reconecta aos outros bairros da cidade.
Neste sentido, esses espaços reservados aos veícu-
los individuais contribuem para a funcionalização e degradação do território, dado que, exatamente por
situar-se em local estratégico, poderiam abrigar edi-
fícios com melhor função social, como residências e
2. CHEIOS E VAZIOS cheios
24
vazios
equipamentos públicos, por exemplo. Sendo assim, localizando a Avenida São Carlos (prin-
cipal avenida de cidade) e a Catedral São Carlos, demarco então uma área de quarenta e nove quar-
teirões, que abrigam, em sua conjunção, sete dos dez equipamentos culturais mapeados anteriormen-
te, além de outros dois edifícios que tangenciam a questão cultural: a exposição permanente de Salvador Dalí e o Instituto Cultural Janela Aberta, organização sem fins lucrativos.
3. USO DO SOLO
estacionamento
sem edificação
edifícios culturais
praças
jardins públicos
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A partir deste local nodal, geografo os cheios e vazios dos então quarenta e nove quarteirões anteriormen-
te citados (diagrama 2. Cheios e Vazios). Destaca-se a
grande quantidade de edifícios construídos lindeiros ao lote, com quintais avantajados que se abrem aos fundos de quadra, um dos fatores que, em conjunto
com os estacionamentos, contribuem para a porosidade do local a ser trabalhado.
Paralelo aos diagrama de cheios e vazios, mapeio os
espaços intersticiais da cidade, compostos por esta-
cionamentos, terrenos vazios, ou jardins associados à
4. SOBREPOSIÇÃO DOS MAPAS ANTERIORES
edifícios históricos passiveis de intervenção (diagrama 3. Uso do solo).
Feito os dois diagramas, ao sobrepô-los, identifico as áreas interessantes para projeto (diagrama 4. Sobreposição dos mapas anteriores). Devido a proximida-
de física dos equipamentos culturais, e as possíveis
articulações dos espaços, assinalo dois aglomerados
de estacionamentos, que devido sua organização, criam miolos de quadras interessantes para intervenção.
5. ESCOLHA DO LOCAL DE PROJETO áreas intersticiais
a ser demolido
edifícios culturais
praças
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POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
R. Mal Deodoro
1
R. Sete de Setembro
3
R. Maj. José Inácio
4
6 R. Conde do Pinhal
9
7
R. Treze de Maio
5 2
R. Jesuíno de Arruda
6. EDIFÍCIOS CULTURAIS 1. teatro municipal 2. CDCC USP 3. museu da ciência 4. exposição Salvador Dalí
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5. biblioteca municipal Amadeu Amaral 6. cine São Carlos 7. centro municipal de cultura
afro-brasileira 8. pinacoteca municipal 9. instituto cultural Janela Aberta
R. Rui Barbosa
R. Dom Pedro II
R. São Joaquim
R. D. Alexandrina
Av. São Carlos
R. Episcopal
R. Nove de Julho
R. José Bonifácio
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TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
Analisando tais espaços, enquanto o aglomerado
demolição deste dado três principais fatores: a inuti-
aglomerado ao norte é mais restrito a Rua Conde do
tórica (dado que este não compõe o quadro de edifí-
ao sul apresenta quatro diferentes acessos à área, o Pinhal e Rua Dona Alexandrina. Desta forma, procurando uma maior interlocução da área ao norte com o museu da ciência, e consequentemente com a Praça
Coronel Sales, averigua-se a possibilidade de abertura da área para esta região.
Feita a análise dos edifícios que orientavam-se para
a praça e para a área de projeto, optou-se pela demo-
lição de um edifício que impossibilitava uma melhor conexão de tais espaços. (diagrama 5. Escolha do local de projeto)
Apesar de cogitado a apropriação do edifício constru-
ído para compor o espaço projetual, optou-se pela
lização do prédio em questão, a pouca relevância hiscios de interesse histórico), e a dimensão do mesmo, que com apenas dois pavimentos (térreo e primeiro piso), pouco se articulava com as futuras propostas de projeto.
Desta forma, a proximidade com os equipamentos culturais, e a possibilidade de desenvolver um per-
curso interessante a diferentes níveis de estares, torna-se o ponto articulador de interesse na área. Trata-se de pensar um centro cultural, que ao invés de
se resolver programaticamente em um lote delimi-
tado, associa-se ao urbano e, de modo pulverizado, propõem equipamentos com maior diálogo com o espaço público.
1. EXISTENTE
2. PROPOSTA
Segregação entre os espaços funcionais e de estares públicos.
Uso dos espaços intersticiais. Articulação entre espaço social e físico, mediados por ambientes públicos de estar. 27
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
FOTO | PERSPECTIVA A
FOTO | PERSPECTIVA B
FOTO | PERSPECTIVA C
FOTO | PERSPECTIVA D
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03
ÁREA NORTE 01
02
A
B
04
C
03
01
02
ÁREA SUL
D
04
29
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
FACHADA 01
FACHADA 02
FACHADA 03
FACHADA 04 ESTUDO DE FACHADAS
30
locais de projeto
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FACHADA 01
FACHADA 02
FACHADA 03
FACHADA 04 ESTUDO DE FACHADAS
locais de projeto
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AÇÕES PROJETUAIS
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
Feita a análise do contexto urbano, inicio o projeto
Indicadas as relevâncias dos arredores, redireciono o
imediato, como edifícios de interesse histórico e/ou
de apropriação para cada região.
pontuando outros locais de relevância no entorno simbólico na paisagem da cidade (diagrama 1. Leitura do entorno, página 35).
Desta forma, localizando a área central, região na
qual abriga as áreas de projeto, identifica-se a Ave-
nida São Carlos (principal avenida da cidade), assim como a proximidade da catedral São Carlos, conhecida por ser a igreja matriz do município. Além dos
pontos citados, a região também apresenta impor-
tantes edifícios históricos, como os palacetes dos fundadores da cidade, e o fórum municipal, de característica neoclássica.
Entre os edifícios apontados, destaco o palacete Bento Carlos, imóvel tombado e restaurado, como
passível de intervenção, associando e liberando seu jardim, atualmente fechado, à área projetual.
Ademais aos contexto programático do entorno, destaca-se também na região os planos íngremes, característicos de uma área de relevo de cuestas, como o
apresentado na cidade. Desta forma, o relevo aciden-
tado apresenta-se como dificultador na locomoção
de pessoas debilitadas ou deficientes (diagramas 4 e 5. Situação atual do terreno, página 37). 34
enfoque para as áreas de projeto, com as intenções
Divididas em duas áreas de projeto, área norte e área sul de acordo com sua posição geográfica, seleciono duas palavras de ação conectadas ao universo cultural que norteariam as decisões de projeto. As pala-
vras “ARTE” e “INFORMAÇÃO” aparecem então como
guias das ações projetuais das áreas citadas acima, respectivamente. Tais diretrizes contribuem, para a concepção dos espaços a serem criados, assim como das normativas dos espaço livres projetados.
Sendo assim, refletindo sobre o conteúdo progra-
mático, e a deficiência de alguns equipamentos culturais à área, proponho a criação de cinco edifí-
cios, sendo dois na área norte (guiada pela palavra
“ARTE”): a transposição da exposição do Salvador Dalí
(atualmente em um edifício pouco apropriado, a um novo edifício de exposições), e o espaço de dança do grupo URZE, da UFSCar; assim como três edifícios
na área sul (guiada pela palavra “INFORMAÇÃO”): a expansão da atual biblioteca municipal, uma hemeroteca e uma midiateca, além da apropriação do
Palacete Bento Carlos (atualmente fechado para o público), para exposições sobre a cidade de São Carlos (diagrama 6. Interesses, página 38).
AVENIDA SÃO CARLOS
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
museu da ciência
exposição Salvador Dalí espaço Braille
fórum
palacete Conde do Pinhal catedral São Carlos
palacete Bento Carlos
biblioteca municipal
mercado municipal
pinacoteca
0 10
25
50
100m
1. LEITURA DO ENTORNO
35
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
A
836.00 834.00
833.00 831.00 828.00
819.00 816.00 813.00
814.00
811.00 809.00 809.00
0 10
36
25
50
100m
A
2. IMPLANTAÇÃO
3. CORTE DA IMPLANTAÇÃO
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI edifício a ser demolido
2m E E
3m
E
muros que dividem os estacionamentos
2m
1m
4. SITUAÇÃO ATUAL DO TERRENO
gradil do Palacete Bento Carlos a ser retirado
E E
2m
E E
2m
7m 2m 5m
5m
E
muros que dividem os estacionamentos
5. SITUAÇÃO ATUAL DO TERRENO
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POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
ARTE
acesso ao Espaço Braille (explorar os sentidos - tato, olfato)
exposição Salvador Dalí
espaço de dança (URZE - UFSCar)
expansão da biblioteca municipal
INFORMAÇÃO
uso do Palacete Bento Carlos para exposições sobre a cidade de São Carlos área de relaxamento associada a uma cafeteria
midiateca
38
esculturas, exposições temporárias
uso do jardim do Palacete Bento Carlos hemeroteca e restaurantes (no térreo) estar contemplativo
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO TGI I | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI 6. INTERESSES
espaços públicos equipamentos
7. FIXOS E FLUXOS
fluxos espaços públicos equipamentos e espaços públicos sobrepostos equipamentos 39
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
Entretanto, apesar de categorizados em cinco edifícios, objetiva-se que o conteúdo programático não se
limite ao espaço físico destes, mas que prolongue-
-se também ao espaço público criado. Trata-se, neste sentido, de encontrar pontos de tangência entre os
programas e externalizá-los ao espaço público, potencializando o uso deste e estimulando sua ocupação em diferentes horas do dia.
Desta forma, com enfoque nas apropriações vinculadas ao conteúdo programático, setorizo também
Desta forma, mapeia-se regiões a serem edificadas, áreas livres e espaços em que estes dois pontos se
sobreponham, tencionando porosidades e possíveis articulações.
Neste sentido, debruço sobre as conjunturas entre
o equipamento que outrora se desdobra em espaço público, esboçando situações de interesse nestas conexões.
as ambiências do espaço público, sendo o espaço
Pontuadas as questões gerais relevantes, me redi-
“INFORMAÇÃO” conectado a um estar contemplati-
terreno íngreme e seccionado por muros de arrimo
“ARTE” voltado para um estar recreativo e o espaço
reciono para as diretrizes projetuais. A começar do
vo.
existentes, proponho um percurso fluído pela área,
No estar recreativo, associado aos edifícios de dan-
ça e de exposições, imagina-se atividades de maior interação com o meio com a apropriação das em-
a partir da reorganização dos patamares e da criação
de rampas e escadas que ora são acessos, ora são estares.
penas cegas do entorno. Já no estar contemplativo,
Além disso, para garantir o acesso de deficientes à
biblioteca e à hemeroteca, uma área de alimentação
(escadas e elevadores) do corpo dos edifícios, ga-
que configuram-se como estares.
e independente do horário de funcionamento dos
propõe-se um espaço de relaxamento, associado à
área, desloco os espaços serventes das edificações
associada a restaurantes, assim como decks e platôs
rantindo que estas funcionem em período integral
Diagramado as zonas de interesses, parte-se então
para os fixos e fluxos do projeto. Com a intenção des-
te ser um espaço público em sua totalidade, o ir e vir 40
irrestrito torna-se o eixo norteador da proposta.
equipamentos.
Feita as alterações nos solo, parte-se para o desenho
e posicionamento dos edifícios no terreno, ressaltan-
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
do os pontos anteriormente citados.
NENHUM INTERESSE
Após isso, define-se projetos que traduzam os estares indicados previamente. Neste sentido, na área norte, o estar recreativo ganha um
cinema ao ar livre associado à empena cega do entorno, assim como uma área de exposição de esculturas.
MENOR INTERESSE
Já na área sul, a área de relaxamento associada a uma cafeteria é projetada com um rebaixamento do piso, com uma área arborizada
e gramada convidativa ao estar prolongado. Já o estar contemplativo, recebe um deck associado a um pergolado, assim como uma área gramada convidativa para quem estiver de passagem.
MAIOR INTERESSE
Ademais a isto, constrói-se um percurso da água nas áreas, trabalhan-
do com um parâmetro de similaridade para construir as identidades dos locais como conjunto. Desta forma, a água que na área norte arti-
cula-se ao cinema criando uma película refletora, na área sul estimula sensações, como nos sprinters vinculados ao estar contemplativo.
Ainda sobre as camadas de articulação com o meio, propõe-se que os blocos de espaços serventes dos edifícios se desloquem do corpo do mesmo. Neste sentido, esses blocos aparecem como totens de concreto aparente, indicando na paisagem os acessos e contruibuindo para a composição dos mesmos como conjunto.
Sendo assim, refletindo sobre a porosidade e funcionalização do cen-
tro de São Carlos, a seguinte intervenção conjuga o espaço físico ao es-
paço público, rearticulando equipamentos anteriormente desconexos em um percurso interessante ao estar.
8. INTERESSES PROJETUAIS
espaços públicos 41
42
PROJETO PROPOSTO
TERRENO EXISTENTE
TERRENO PROPOSTO
EDIFÍCIOS
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
B
0 10
25
50
100m
B
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9. PLANTA DO PROJETO
10. CORTE DO PROJETO
43
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
espaço de exposições
(abriga a exposição permanente do Salvador Dalí)
C
terraço jardim exposição de esculturas aparatos pivotantes que direcionam o olhar para praça espaço Braille cinema ao ar livre
ambiente que
(sob o edifício)
explora as sensações e seja receptivo à entrada da praça
espaço de dança C
836.00
834.00
11. PLANTA | ÁREA NORTE
(URZE - UFSCar)
826.00 828.00
44
12. CORTE | ÁREA NORTE
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estudo/concentração/relaxamento anexo biblioteca
C
Palacete Bento Carlos: exposições sobre a
cidade de São Carlos - SP uso do Jardim do
Palacete Bento Carlos bares/restaurantes
(sob o edifício, acesso pela Rua Dona Alexandrina)
parede para projeção
hemeroteca alimentação
midiateca C
817.50
13. PLANTA | ÁREA SUL
estar contemplativo
819.00
814.00 809.00
14. CORTE | ÁREA SUL
45
POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
i = 8%
836.00
834.00
826.00
828.00
0
5
10
25
50 m
15. ÁREA NORTE | PLANTA TÉCNICA
46
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO | THAIS JUNQUEIRA MARTARELLI
819.00
i = 8%
i = 8%
817.50 814.00
814.00 i = 7%
813.00
i = 6%
i = 6%
813.00
i = 6%
i = 8%
809.00
0
5
10
25
50 m
16. ÁREA SUL | PLANTA TÉCNICA
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POROSIDADES URBANAS: ARTICULAÇÕES NO CENTRO DE SÃO CARLOS - SP
Integrante como um dos cinco edifícios projetados, a midiateca, localizada na área sul (guiada pela palavra “INFORMAÇÃO”), foi o edifício escolhido
para ser desenvolvido. Sua escolha deve-se, além R. Maj. José Inácio
de ser um programa instigante, à sua localização privilegiada, com grande comunicação com a área projetada.
Desta forma, desloco o bloco de espaço servente
para a Rua Jesuíno de Arruda, deixando os espaços R. Conde do Pinhal
servidos, cerne das discussões do edifício, voltados para o novo logradouro público criado.
O espaço servente é então deslocado do solo, libe-
rando o térreo e tangenciando o edifício ao lado, também suspenso por pilares. R. Treze de Maio
Dialogando com o significado da palavra informação e sua relação intrínseca com a transmissão de
dados, oriento a forma do edifício para a observação dos movimentos dos transeuntes, sendo estes
edifício existente com pilotis
do edifício para praça, dos pilotis para o edifício e
48
R. D. Alexandrina
Av. São Carlos
R. Jesuíno de Arruda
da intervenção para o entorno existente.
O bloco servente, edificado de concreto, elemento que marca sua autonomia (funcional e visual)
na paisagem, ganha então uma caixa de escadas
voltadas para a Praça Voluntários da Pátria. Essas, além de servir como acesso funcional ao edifício,
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cobertura
espaço servido | administrativo e salas de projeção
espaço servente | acessos
escadas
elevador panorâmico
espaço servido | informática e exposições
película perfurada estrutura 1. PERSPECTIVA EXPLODIDA DA MIDIATECA
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orientam também o olhar e funcionam como mi-
rante para a praça e a cidade. Já na face ao lado, o edifício recebe um elevador panorâmico, que além
de criar uma maior interlocução visual do usuário com a intervenção projetual, também marca o fun-
cionamento do edifício para quem está no novo espaço público criado.
Já o corpo do edifício (espaço servido) ganha forma segundo as mesmas diretrizes projetuais de marcação de visuais. Sendo assim, divididos em dois blocos, a forma se apresenta pelo deslocamento
de um elemento sobre o outro, o que permite a olhares para o horizonte
2. DIAGRAMA DE VISUAIS
sob o edifício, nos pilotis
comunicação visual não somente na horizontal, como também na vertical, contemplando os fluxos
que ocorrem sob os pilotis do edifício (diagrama 2. Diagrama de visuais, página 50).
Este recebe então uma película perfurada, dialo-
gando, como uma metáfora, com o que ocorre nas mídias digitais: a passagem de informações através de aparatos. Já a película citada, desdobra-se
em guarda-corpos e reveste o edifício, funcionan-
do como um véu entre o equipamento cultural e o movimento que ocorre no espaço público desenvolvido. 3. RAIO-X DO EDIFÍCIO
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Nos cinco edifícios projetados, desloca-se o bloco de
espaços serventes, compostos pelas escadas e eleva-
dores, orientando-os assim como na midiateca, para a rua, enquanto os espaços servidos orientam-se
para os miolos de quadras projetados, ressaltando
a importância destes na nova configuração urbana proposta. (diagrama 1. Acessos, página 53).
Desta forma, esses blocos, construídos de concreto
aparente, marcam-se na paisagem como totens que
dão ao conjunto uma uniformidade, sendo a escolha do material fundamental para destacá-los.
Além disso, tendo em vista que o projeto se abre
como uma nova possibilidade de percurso e dinâmica urbana, desloca-se os equipamentos urbanos e
tratamentos de piso de algumas empenas cegas do entorno, possibilitando que futuros acessos dos então edifícios construídos possam se abrir no futuro.
Desta forma os miolos de quadra podem se alargar no futuro, rearticulando-se com os então edifícios existentes na paisagem. Trata-se, neste sentido, de
criar novas possibilidades de logradouros públicos, com miolos de quadras que se articulem com o urba-
no e dialoguem com existente, configurando novas espacialidades urbanas interessantes aos usuários (diagrama 2. Futuros possíveis acessos, página 53). 52
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1. ACESSOS
acessos para os edifícios
2. FUTUROS POSSÍVEIS ACESSOS
possíveis entradas 53
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