n-Forte, portfólio

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​ portfólio Thaís Forte ​(n-Forte)


recuperar o alcance ¨ colagem manual¨ 2016¨


o tempo passou em mim¨ fotografia¨ 2016¨


baculejo - monte o seu¨ instalação e carimbos¨ 2017¨

baculejo é a revista pessoal feita por um policial para abordar suspeitos. se você já foi vítima de baculejo, que marcas da sua pele tornam você suspeito para a polícia? carimbe no corpo do baculejo e deixe sua marca.



chamada para rafael¨ pixo, colagem manual¨ 2017¨


feeling azulzim¨ videoinstalação e carimbo¨ 2017¨



feeling azulzim, texto¨ Um corpo que chora, que treme enquanto resiste. Uma emoção que acontece, se desenvolve, desaparece e recomeça. O transpassar da melancolia na materialidade da pele. Buscamos nesta instalação explorar a insistência e o desgaste pulsante de corpos que sustentam posições atribuídas à tristeza, à frustração e à recusa. Para isso, compusemos uma montagem de cenas de filmes que abordam as diversas formas de representação desse escopo de afetos. Em cada cena, observamos seres se dissolvendo em lágrimas, corpos que, — segundo Didi-Huberman no livro “Que emoção! Que emoção?” — ‘’se expõem em toda a sua fraqueza, que expõem seu não poder, sua impotência, sua impossibilidade de encarar situações e “manter aparências”’’.

Resolvemos trabalhar com a sobreposição de cenas e o loop do vídeo considerando tanto um certo anacronismo imagético que pode provocar desconcertos e hesitações, tomado aqui como uma experiência deslocadora interessante, quanto devido à uma aparente universalidade das emoções. À isso também está relacionado o fato de não termos usado legenda nas cenas, não havendo aqui a necessidade de compreensão do que é dito, sendo para os gestos que queremos direcionar o olhar do espectador. Desse modo, buscamos também investigar o comparecimento repetitivo do primeiro plano como forma de promoção de rápida identificação em quem assiste e de um tipo de afetação que beira o desconforto e, ocasionalmente, o riso.

Estruturalmente, a pequena tevê que exibirá o filme ficará acoplada em uma armação de madeira que funcionará enquanto linguagem e estrutura como um carimbo, considerando-o como dispositivo que trabalha com a implicação de um corpo em uma estrutura que deseja marcar e que por isso envolve camadas de intensidade, mas que também comporta a imprecisão e o deslize que se faz aparecer através de borramentos e de falhas. Assim, nos utilizaremos do movimento que o carimbo se faz dependente — o de banhar-se em uma espuma pigmentosa de cor- realizando-o uma única vez, trabalhando com a insistência de uma cor que remarca o lugar já


pigmentado, o tinge em demasia até borrá-lo e desliza por espaços não pretendidos. Para isso, a estrutura que porta a tevê terá em seu lado oposto uma esponja de tamanho próximo ao seu, que a tornará carimbo, sendo a estrutura de madeira acoplada em uma arquitetura dobradiça, como uma alavanca, que ligada à parede ficará continuamente carimbando-a.

Junto à isso, o que será carimbado é fundamentalmente a cor azul, considerando- a enquanto pigmento que remete à expressão inglesa ‘’feeling blue’’, que representa o sentir-se triste e possui como uma de suas possíveis origens o fato de que habitantes do leste da África pintavam-se da cor índigo blue em rituais de morte para situarem seu estado de luto. Desta forma, demarcaremos esse insistente movimento da televisão-carimbo que, ligada à parede, ficará continuamente carimbando o azul do blues das cenas.

Com este trabalho, objetivamos pesquisar o atravessamento de linguagens que trabalham com fundamentos manuais — neste caso, o carimbo — fundindo-o com as possibilidades do digital e, assim, criando espaços de interlocução entre corpos que, apesar do formato, são carregados de emoção.


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