MOVIMENTOS PELO MUNDO
MIGRAÇÕES HUMANAS AO LONGO DOS TEMPOS
TÂNIA SANTOS TERESA VASCONCELOS THAÍS TRIZOLI
MUNDO EM MOVIMENTO
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PROJETO DESENVOLVIDO NO ÂMBITO DO MESTRADO EM DESIGN GRÁFICO E PROJETOS EDITORIAIS
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MOVIMENTOS PELO MUNDO
MIGRAÇÕES HUMANAS AO LONGO DO TEMPO
TÂNIA SANTOS TERESA VASCONCELOS THAÍS TRIZOLI
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ÍNDICE 46 36 26 12
FORMAÇÃO DAS LÍNGUAS
MOVER E ASSENTAR
A GRANDE JORNADA
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5.000 A.C.
10.000 A.C.
15.000 A.C.
MOTIVOS PARA NOS MOVERMOS
186 À FORÇA E COMPULSIVAS
168 NOVOS PEÕES
148 CIDADÃOS E APÁTRIDAS
126 ROTAS DE FUGA
106 90 74 58
EM BUSCA DE TRABALHO
MIGRAÇÕES NÃO ESPONTÂNEAS
ROTAS PARA O CÉU
2.000
1.500
1.000
500
BÁRBAROS E CIVILIZADOS
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PANORAMA
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Deslocados por enchentes caminham por estrada para Memphis, fotografia de Dorothea Lange de 1937.
MOTIVOS PARA NOS MOVERMOS OS MOVIMENTOS HUMANOS PELO PLANETA
M
igração humana é o movimento de pessoas de um lugar para outro com o propósito de constituir residência permanente ou semipermanente. O conceito de habitar um local é necessário para que uma pessoa seja considerada um migrante e não um turista, sendo inclusive definido nas leis de imigração existentes. A migração humana afeta populações e regiões nos âmbitos sociais, culturais, económicos e ambientais. Com o movimento de uma população as suas ideias e credos são difundidos, modificando e criando novas paisagens sociais. Barreiras linguísticas e étnicas são transpostas, desafiando instituições políticas e identidades nacionais. Além do fator da miscigenação cultural a migração também é importante para garantir a força de trabalho necessária às economias em crescimento. Os migrantes são considerados constantemente no estudo da história os mais dinâmicos e empre-
endedores membros de uma sociedade. Na segunda metade do século XX a imigração internacional em grande escala foi um dos principais fatores na transformação social e no desenvolvimento económico de muitas nações. A migração também apresenta grandes desafios uma vez que não são raros os casos de exploração e abuso dos direitos humanos assim como é sabida que a integração em alguns países pode ser dificultada. Além disso alguns territórios podem perder populações significativas não apenas em número mas também em força de trabalho, conhecimento e cultura, enfraquecendo-se como nação. As diferenças entre imigrante e emigrante são de sintaxe, distinguindo-se consoante o migrante chega ou deixa um local determinado. As migrações podem ocorrer em diferentes escalas: intercontinentais, intracontinentais e intraregionais. Um dos padrões mais significativos de mi-
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Imigrantes africanos resgatados por barco da marinha italiana em 23 novembro de 2013. A costa italiana, em especial a Sícilia, é atualmente uma das principais portas de entrada de imigrantes para o continente europeu.
gração tem sido a migração rural para as cidades, enquadrada salvo exceções dentro da categoria das migrações intraregionais. Movimentos humanos ocorreram ao longo da história, iniciando-se com a movimentação dos primeiros grupos humanos do leste africano para outros territórios espalhados pelo mundo. No mundo antigo a colonização grega e a expansão romana assentaram-se nas migrações dos seus povos assim como outras civilizações antigas. Foram também grandes migrações que levaram em parte ao colapso do Império Romano num período que ficou conhecido como Era das Migrações. Um dos fluxos migratórios mais fomentados da história, as Cruzadas, foram responsáveis pela movimentação de milhares de pessoas de territórios europeus até a chamada Terra Santa, ocasionando um número aproximado de 200.000 mortes devido ao trajeto ou confrontos.
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IMIGRAR EMIGRAR MOVER-SE PARA UM LUGAR
MOVER-SE DE UM LUGAR
Sikhs a migrar, fotografia de Margaret Bourke-White para a revista Life após a Partição da Índia em 1947. Hindus foram expulsos do novo território paquistanês após o fim da colonização inglesa.
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Gravura publicada em 1866 na revista Harper’s Weekly exibindo irlandeses à espera de embarcar em navios rumo aos Estados Unidos da América.
O TERMO MIGRAÇÃO REFERE-SE À MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO E É PARTE DA HISTÓRIA HUMANA DESDE OS TEMPOS DOS HOMO SAPIENS. COLONOS E REFUGIADOS SÃO INTEGRANTES DO MOVIMENTO HUMANO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO E INFLUENCIARAM AO LONGO DOS SÉCULOS A CONCEPÇÃO CULTURAL E IDENTITÁRIA DE NAÇÕES.
O colonialismo e a descoberta de novos territórios além-mar ocasionaram migrações transoceânicas de marinheiros, soldados, agricultores, sacerdotes, comerciantes, administradores e escravos. Estima-se que 12 milhões de pessoas foram levadas do continente africano como escravos para as Américas. A industrialização na Europa ocidental levou à migração de milhares de pessoas para outros continentes além de gerar fluxos migratórios intracontinentais de mão-de-obra principalmente para a Inglaterra e Alemanha. Após a Segunda Guerra Mundial a migração voltou a aumentar em volume e extensão em todo o mundo, sendo que nos dias atuais estima-se que haja mais de 216 milhões de pessoas a viver fora do seu país de origem o que equivale à 3,15% da população mundial. Governos podem forçar populações inteiras a migrar, assim como mudanças climáticas ou crises financeiras. Migrantes consideram as vantagens e
desvantagens de ficar e ir, assim como distância, custos, tempo de deslocamento, barreiras culturais, etc. Acredita-se que as causas da migração podem ser divididas em duas categorias: fatores que forçam o abandono de um território e fatores que favorecem a ida a um outro local. Essas duas categorias são parte da teoria conhecida como push-pull. Basicamente há uma divisão entre fatores que encorajam a migração de um lugar devido às condições desfavoráveis e outros que incentivam a migração para determinados territórios por terem condições desejáveis. A isso também somam-se as questões da proximidade geográfica e cultural que a maior parte dos migrantes procuram ao escolher o seu local de destino. As pessoas podem escolher livremente mudarse ou serem forçadas a isso, sendo que esses casos denominam-se respectivamente migração voluntária e migração involuntária.
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PUSH PULL MOVEM-TE DE
MOVEM-TE PARA Botsuaneses aguardam para entrar num transporte utilizado na movimentação de imigrantes. A África é o continente onde a migração humana começou.
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Família de imigrantes durante o período da Grande Depressão norte-americana, fotografia de Dorothea Lange de fevereiro de 1937. Condições climáticas desfavoráveis como a seca ocasionaram a migração de milhares de pessoas dos campos às cidades na década de 30.
No caso da imigração involuntária também podemos classificar um emigrante em refugiado ou pessoa deslocada internamente, sendo que no primeiro caso trata-se de um caso de migração entre diferentes países devido à perseguição por raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. No segundo caso trata-se de uma migração dentro das fronteiras de um território, em que o emigrante é obrigado a abandonar a sua região de origem devido às condições desfavoráveis. Atualmente nota-se principalmente três tendências principais na evolução da migração mundial: é cada vez maior o número de mulheres migrantes, a distinção entre países de origem, trânsito e destino têm se tornado confusa e a migração temporária sobressai-se sobre a migração definitiva dos séculos passados. A migração tem sido uma característica constante da história humana ao sustentar economias, desenvolver países e enriquecer culturas, e no mundo atual continua a ser um fator determinante em questões locais e globais.
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ATÉ 15 MIL A.C.
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A GRANDE JORNADA O POVOAMENTO DA TERRA
A
história das migrações começa com a origem da humanidade no Vale Rift na África, de onde o Homo erectus e o Homo sapiens iniciaram a dispersão pela Europa e por outros continentes. Calcula-se que isso ocorrera em diferentes momentos entre 1.500.000 a.C. e 5.000 a.C. Não há registos históricos que comprovem as especulações, mas cientistas amparam-se em artefatos arqueológicos e padrões genéticos para remontar a trajetória que o homem seguiu para povoar o planeta Terra. Analisando o ADN mitocondrial (mtADN), que é passado da mãe para os filhos sem ser combinado com o código genético do pai, é possível identificar se duas pessoas são ancestral e descendente, ainda que separadas por milhares de quilómetros e anos. Além disso, esse ADN acumula mutações com rapidez permitindo através de comparações especular sobre qual foi a linhagem que chegou primei-
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ro a um determinado local. Quanto mais mutações, mais antiga é a linhagem genética. Todo o mtADN encontrado em certas partes de África tem mais mutações do que qualquer outro mtADN no mundo. Essa evidência sustenta a teoria Fora de África que afirma que os seres humanos migraram da África para o Médio Oriente e Ásia, dirigindo-se posteriormente à Europa, América e Austrália. Através de pesquisas foi possível encontrar a “Eva” que deu origem a todos nós e viveu aproximadamente 20.000 a.C. Há outras teorias de que os primeiros humanos atravessaram o Oceano Atlântico, da África para a América do Sul ou Caraíbas, ou a Europa, da Groenlândia para a América do Norte. Embora tenha sido possível fazer tal viagem usando a tecnologia de navegação disponível, é improvável que uma migração em grande escala tenha ocorrido dessa maneira.
HOMO SAPIENS MODERNO
HOMEM CRO-MAGNON
NEANDERTHAL
HOMEM RHODESIANO
HOMO ERECTUS
AUSTRALOPITHECUS GARHI
AUSTRALOPITHECUS
RAMAPITHECUS
OREOPITHECUS
PILOPITHECUS
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OS PRIMEIROS MIGRANTES DO PLANETA
A primeira expansão da humanidade pela Terra aconteceu principalmente devido à comida e ao clima. As tribos nómadas com algumas dezenas de pessoas provavelmente seguiram os padrões de migração dos animais que caçavam. A mudança climática abriu novos caminhos para a caça, da mesma forma que a tecnologia, como o domínio do fogo e da conservação de alimentos, permitiu que o homem vivesse em condições abaixo do ideal. A capacidade humana de se adaptar a novas circunstâncias não apenas deu aos homens primitivos uma vantagem em relação ao Homo erectus, como também facilitou a expansão global. Essa grande migração levou à nossa espécie uma soberania territorial nunca antes vista e a predominância de descendentes do Homo sapiens com a total extinção de outros humanoides. As comunidades de Homo sapiens sapiens sofreram uma diversificação adaptável em função das
diferentes geografias e climas que colonizaram, diversificação essa que está na origem das variações atuais entre diferentes povos. As primeiras pessoas a colonizarem a Eurásia provavelmente o fizeram através do Estreito Bab-al-Mandab que hoje separa o Iémen de Djibouti. Esses pioneiros espalharam-se rapidamente pela costa indiana e alcançaram o sudeste asiático e o território da Austrália cerca de 50.000 anos atrás. Um outro grupo parece ter migrado para o Médio Oriente e a Ásia central, posteriormente atingindo latitudes ao norte da Ásia, Europa e além. Aproximadamente em 20.000 a.C. uma parte dessa população residente na Ásia caminhou até a América através do Estreito de Bering, que na época devido à última Era Glacial havia submergido. Em mais 6.000 anos os homens já teriam alcançado o sul da América e a colonização de todas as regiões do planeta Terra estaria completa.
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ALASCA
AMÉRICA DO NORTE
OCEANO PACÍFICO
OCEANO ATLÂNTICO DESERTO DO SAARA
AMÉRICA DO SUL
EVOLUÇÃO DO HOMEM EXPANSÃO TERRITORIAL DOS PRIMEIROS HOMENS 28
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SIBÉRIA
ÁSIA OCEANO PACÍFICO
EUROPA
ÁFRICA
OCEANO ÍNDICO
OCEÂNIA
POLINÉSIA
POVOANDO A TERRA OS CAMINHOS TRAÇADOS PELOS PRIMEIROS HOMENS
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Acredita-se que o homem colonizou a Melanésia, região do Oceano Pacífico com algumas ilhas, utilizando jangadas. Essa teoria também é sustentada por alguns estudiosos que afirmam que o homem primitivo chegou à América através do Oceano Pacífico.
No entanto, novos estudos não aceitam a ideia de que houve apenas uma grande migração do homem para as Américas. Alguns afirmam que houve mais duas migrações posteriores e que o ADN desses grupos ainda pode ser encontrado nos americanos nativos. As marcas importantes das migrações subsequentes estão visíveis, por exemplo, nos esquimós. De acordo com essa teoria, eles possuem 50% do ADN dos primeiros migrantes. Novas discussões à parte, é sabido que durante esse processo o Homo sapiens conviveu com outro humanoide, o Neanderthal, e que provavelmente envolveram-se em disputas territoriais. O Neanderthal era mais robusto e estava mais adaptado ao clima frio da Europa. Os Cro-Magnons, um Homo sapiens com tecnologia e linguagem desenvolvidas, ocasionaram a migração de neanderthais que acabaram por resistir e sucumbir à dominação na região da Península Ibérica. Há divergências se houve ou não um cruzamento entre as espécies. O último fóssil de um Neanderthal data de 30.000 a.C. e indica que eles foram de facto extintos. A última população conhecida viveu na costa da região de Gibraltar de 30.000 a 24.000 a.C.
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A EXPANSÃO DE HUMANOIDES PELO MUNDO LEVOU NÃO APENAS À COLONIZAÇÃO DOS CONTINENTES PELO CRO-MAGNON QUE DEU ORIGEM AO HOMEM MODERNO, MAS TAMBÉM À EXTINÇÃO DOS NEANDERTHAIS. ALGUNS CIENTISTAS ENCONTRARAM VESTÍGIOS DO ADN NEANDERTHAL EM EUROPEUS, ASIÁTICOS E AMERICANOS, SUGERINDO QUE POSSA TER OCORRIDO UM CRUZAMENTO ENTRE AS DUAS ESPÉCIES APÓS A MIGRAÇÃO DO CRO-MAGNON PARA FORA DE ÁFRICA. ALÉM DE TER ORIGINADO A ESPÉCIE HUMANA ATUAL, A PRIMEIRA GRANDE MIGRAÇÃO CONSOLIDOU O SER HUMANO COMO O ANIMAL DOMINADOR DO PLANETA E GARANTIU A SUA PERPETUAÇÃO AO LONGO DOS TEMPOS.
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ESTAÇÕES DA TRAJETÓRIA HUMANA NA PRÉ-HISTÓRIA
125 a 100 mil a.C.
EUROPA 70 a 40 mil a.C.
ÁSIA 60 a 50 mil a.C
AUSTRÁLIA 50 a 40 mil a.C. EXTINÇÃO DO HOMEM NEANDERTHAL
A expansão do homem moderno pelo mundo foi gradual e somente possível devido à ligação geográfica permanente ou temporária entre os continentes e regiões pelas quais ele transitou ao longo de mais de 110 mil anos. Durante essa trajetória uma outra raça humanoide foi extinta, garantindo a hegemonia do Cro-Magnon.
MÉDIO ORIENTE
AMÉRICA DO NORTE 20 a 15 mil a.C.
AMÉRICA DO SUL 15 a 12 mil a.C.
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15 MIL A.C. — 5 MIL A.C.
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18 A 12 MIL A.C. No final do Paleolítico o homem deixou de caçar mamutes, que se tornaram extintos, e domesticou os cães.
8 A 5 MIL A.C. A domesticação de ovelhas ocorreu paralelamente ao desenvolvimento da agricultura.
REVOLUÇÃO NEOLÍTICA O surgimento da agricultura, conhecido como Revolução Neolítica, iniciou-se entre 10.000 e 9.000 a.C. e calcula-se que se estendeu até aproximadamente 3.000 a.C.
7 A 6 MIL A.C. Porcos, cabras e gado foram domesticados já a meio do Neolítico.
CRIAÇÃO DE ANIMAIS NA PRÉ-HISTÓRIA A invenção da agricultura não significou apenas o início do cultivo de grãos e vegetais em plantações, mas também o início da criação e domesticação de animais para uso e alimentação humana.
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3 MIL A.C. Os lamas foram domesticados tardiamente em relação a outros animais destinados ao consumo.
MOVER E ASSENTAR
AS MIGRAÇÕES DURANTE O SURGIMENTO DA AGRICULTURA
A
sedentarização e o surgimento da agricultura ocorreram no período neolítico, de aproximadamente 10.000 a.C. até 3.000 a.C. A transição de uma cultura baseada na caça e recoleção, para outra assente no cultivo de alimentos ocorreu através da migração de povos em busca de melhores solos e climas para plantações. O processo de evolução humana para o sedentarismo passou pela movimentação geográfica não apenas de pessoas, mas também de cultivos vegetais e animais. Esse período da história é também conhecido como Revolução Agrária. A primeira atividade agrícola ocorreu entre 10.000 e 7000 a.C. em certos lugares privilegiados da região Sírio-Palestina, do sul da chamada Anatólia e do norte da Mesopotâmia. Aconteceu também na Índia (há cerca de 8 mil anos), na China (7 mil anos), na Europa (6.500 anos),
na África Tropical (5 mil anos) e nas Américas (México e Peru principalmente, 4.500 anos). As primeiras aldeias eram criadas próximas a rios, de modo a usufruir da terra fértil (onde eram colocadas sementes para plantação) e água para homens e animais. Também nesse período começa a domesticação de animais e a divisão do trabalho de caça para os homens e de plantação para mulheres. A invenção da agricultura ocorreu nos vales férteis dos grandes rios do Próximo Oriente, numa região chamada Crescente fértil. O fim da última era glacial transformou as condições climáticas do planeta nos seus mais variados aspectos. A diminuição das temperaturas provocou a formação de um clima temperado em grande parte do continente europeu. O norte de África transformou-se numa região extremamente árida e a região do Saara sofreu um
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AMÉRICA DO NORTE
OCEANO ATLÂNTICO MESOAMÉRICA Milho / Feijão
OESTE DE ÁFRICA Inhame
OCEANO PACÍFICO ANDES Feijão / Batatas
PRINCIPAIS ÁREAS DE AGRICULTURA EXPANSÃO DA AGRICULTURA 38
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AMÉRICA DO SUL
ÁSIA
EUROPA
ORIENTE MÉDIO Trigo / Cevada / Feijão
NORTE DA CHINA Milho-Miúdo / Soja
OCEANO PACÍFICO
ÍNDIA SUDOESTE ASIÁTICO Banana / Arroz / Inhame
ÁFRICA OCEANO ÍNDICO
OCEÂNIA
EXPANSÃO DA AGRICULTURA AS MIGRAÇÕES DURANTE A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA
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A domesticação de animais também levou o homem a produtos de origem animal como por exemplo o leite.
A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA QUE DEU ORIGEM À AGRICULTURA E À CRIAÇÃO DE ANIMAIS FOI A MAIS LONGA TRANSIÇÃO PELA QUAL A HUMANIDADE JÁ PASSOU E FOI UM CONJUNTO DE FATORES DEFINITIVOS PARA INICIAR O PROCESSO DE SEDENTARISMO DE ALGUNS POVOS QUE SERIAM AS BASES PARA AS GRANDES CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE, COMO POR EXEMPLO OS GREGOS.
grande processo de desertificação das suas terras. Por meio dessas mudanças, homens e animais foram obrigados a espalhar-se por regiões diversas em busca de água potável e vegetação. No 8º milénio a.C. já se cultivavam cereais como trigo e cevada. O feijão, o milho e o arroz foram algumas das primeiras culturas que o homem realizou. Na mesma época animais como o cão, o carneiro ou a cabra já eram domesticados. Cria-se desse modo um novo tipo de economia, chamada de economia de produção, em que os seres humanos já sabem produzir os alimentos necessários à sua sobrevivência, graças à criação de animais e ao cultivo da terra.
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Além dos conhecimentos práticos referentes a tipos de solo, plantas adequadas e épocas de cultivo, foram desenvolvidas invenções importantíssimas e práticas como a cerâmica, a foice, o arado, a roda, o barco a vela, a tecelagem e a cerveja. Acredita-se que a cerâmica em específico era destinada ao armazenamento de alimentos e sementes. As migrações em busca de terras férteis continuaram, mas o nomadismo desapareceu ao longo dos tempos assim como a densidade demográfica dos territórios aumentou. A permanência em regiões e o crescimento populacional levou à divisão em grupos de plantadores e a sua dispersão pelo mundo todo.
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INICIALMENTE AS PLANTAÇÕES FICAVAM SOB RESPONSABILIDADE DAS MULHERES, MAS COM O TEMPO E O CRESCIMENTO DAS ÁREAS DE PLANTAÇÃO, O HOMEM – EM ALGUMAS TRIBOS – DEIXOU DE LADO PARTE DA TAREFA DA CAÇA E PASSOU A AJUDAR NA PLANTAÇÃO. AS ÁREAS DE PLANTAÇÃO LOCALIZAVAM-SE PRÓXIMAS DE FONTES DE ÁGUA PARA FACILITAR A IRRIGAÇÃO. AS PRIMEIRAS GRANDES CIVILIZAÇÕES DA HUMANIDADE AFLORARAM JUSTAMENTE ÀS MARGENS DE GRANDES RIOS NA REGIÃO DA MESOPOTÂMIA, EGITO E CHINA. AS CHEIAS DESSES RIOS DESTRUÍRAM AS PLANTAÇÕES E LEVARAM A UM POSTERIOR DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NA ÁREA DA ENGENHARIA COM A CONSTRUÇÃO DE CANAIS DE ÁGUA. Durante o período inicial da agricultura o homem também realizava trabalhos artesanais e utilizava animais como meio de tração em veículos com rodas em madeira e, mais tarde, ferro.
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4 MIL A.C. — MIL A.C.
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FORMAÇÃO DAS LÍNGUAS
ENCONTRO DE DIALETOS NO TERRITÓRIO EUROPEU
A
o longo dos séculos, no período denominado pelos historiadores como Civilização Pré-Clássica, os indo-europeus foram povos de caráter migratório e de intensa atividade bélica, que se instalaram e influenciaram outros povos com que contactaram. São considerados, por exemplo, a base formadora de grupos da Grécia como os Jónios, os Eólios e os Aqueus. Na sua passagem pela Mesopotâmia, influenciaram a formação dos Babilónios e dos Sumérios. No que se refere à região ocidental da Europa, foram responsáveis pela formação dos povos celtas. Conhecido como a origem da raça ariana, os povos indo-europeus são os responsáveis pela criação e evolução das atuais línguas ocidentais. Metade da população mundial atualmente fala uma língua derivada das línguas indo-europeias, sendo estas as bases do estudo da linguística e a maior família de idiomas no mundo.
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As línguas indo-europeias são uma família de vários idiomas modernos e dialetos, incluindo a maioria dos principais idiomas da Europa, como também muitos da Ásia. Idiomas contemporâneos nesta família incluem inglês, alemão, francês, espanhol, português, hindustani (por exemplo o hindi e o urdu entre outros dialetos modernos), persiano e também o idioma russo. À falta de dados arqueológicos seguros, as melhores informações sobre a cultura primitiva indo-europeia decorrem de estudos teóricos, como a comparação do vocabulário e dos mitos de povos antigos que falavam línguas comprovadamente indo-europeias (gregos, hititas, indianos, etc.). Esses estudos mostram, sem dúvida, que os indo-europeus primitivos formavam sociedades de caráter fortemente patriarcal e rigidamente estruturadas em “classes” de sacerdotes, guerreiros e camponeses.
INGLÊS HOLANDÊS ALEMÃO SUECO NORUEGUÊS ISLANDÊS AFRICÂNER
GALÊS BRETÃO MANX CÓRNICO
Germânico
PORTUGUÊS FRANCÊS ESPANHOL ITALIANO CATALÃO ROMENO
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Proto-Indo-Europeu 5.000 a.C.
lti
co
ARMÉNIO
A ORIGEM DAS LÍNGUAS
HINDI CURDO FARSI SÂNSCRITO PERSA
GREGO
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Ilhas Britânicas
INDO-EUROPEUS
EUROPA OCEANO ATLÂNTICO Anatólia
ÁFRICA
POVO INDO-EUROPEU EXPANSÃO DAS LÍNGUAS 48
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ÁSIA
Pérsia
Índia
IDIOMAS EM FORMAÇÃO A ORIGEM DAS LÍNGUAS E A SUA EXPANSÃO
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Os hititas, povo de origem indo-europeia que se fixou na Anatólia, possuíam um regime feudal e tornaram-se uma grande força cultural atingindo o seu auge como civilização em 1290 a.C.
A PARTIR DO FIM DA ERA NEOLÍTICA, VÁRIOS POVOS DE ECONOMIA AGRÍCOLA E MINERAL TRANSFERIRAM-SE DA ÁSIA CENTRAL PARA A EUROPA E A ÍNDIA. OS CHAMADOS POVOS INDO-EUROPEUS NÃO FORMAVAM UMA RAÇA ESPECÍFICA, APESAR DE ESTAREM VINCULADOS PELO TRONCO LINGUÍSTICO E POR DIVERSAS AFINIDADES CULTURAIS.
Os indo-europeus, segundo o pensamento comum, habitaram a Terra durante a Idade do Cobre e a Idade do Bronze, o que corresponde a faixa de tempo entre 3.000 a.C. a 1.800 a.C. A corrente académica predominante localiza-os em regiões florestais e de estepe, imediatemente ao norte do extremo oeste da estepe pôntica, na Europa Oriental. Alguns arqueólogos posicionam os indo-europeus ainda mais no passado, no Neolítico médio (5500 a 4500 a.C.) ou até mesmo no começo do Neolítico (7500 a 5500 a.C.) e sugerem hipóteses alternativas de localização. Resumidamente essas duas vertentes divergem no ponto de origem da migração desses povos: uns afirmam que eles saíram da região leste da Ucrânia e sul da Rússia e outros que saíram da região da Anatólia (atual Turquia, no Cáucaso). A primeira possibilidade é oriunda da chamada hipótese kurgan. Segundo esta, as migrações ini-
ciais que levaram à expansão territorial dos indo-europeus tiveram como propulsão a domesticação do cavalo e a conquista bélica. A segunda possibilidade, a hipótese anatólica, sugere que as línguas indo-europeias se disseminaram pacificamente da Ásia Menor para a Europa a partir de 7000 a.C. com o avanço da agricultura (onda de avanço). Essa hipótese é contestada por alguns estudiosos através da reconstrução linguística da cultura indo-europeia, que se fosse de origem neolítica não teria conhecimento da roda, da domesticação dos cavalos ou dos metais. O traçado da criação e evolução das línguas modernas é também o das rotas migratórias utilizadas por esses povos. Linguistas acreditam que as línguas-filhas foram originadas a partir de uma separação inicial entre migrantes que se dirigiram para o Ocidente e outros que foram para o Oriente.
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A escrita cuneiforme foi criada pelos sumérios por volta de 3.500 a.C. e foi adotada por diversos povos, entre eles indo-europeus, como acadianos, elamitas, hititas e assírios para escrever nos seus próprios idiomas.
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A civilização micénica, também conhecida como civilização heládica, refere-se à cultura grega que se desenvolveu entre 1.600 e 1.050 a.C. por povos de origem indo-europeia conhecidos como micénicos.
A revolução agrícola teria proporcionado o excedente de alimentos que deu o impulso para que os indo-europeus fundassem vilas e cidades-estado, a partir das quais iniciaram as suas migrações. No ocidente o primeiro povo a utilizar idiomas com origem indo-europeia foram os gregos. Já no oriente os pioneiros foram os hititas, que, durante o 2º milénio a.C., foram fundadores de um forte império localizado na região central da Anatólia. Estes dois povos habitaram, respectivamente, a Grécia e a Ásia Menor, tendo atingido estas regiões pelos Balcãs durante o segundo ou terceiro milénio. Historiadores e estudiosos concordam que não é possivel fazer afirmações certeiras quanto à rota ou origem das migrações. Contudo, é inegável o impacto substancial que estas tiveram nos locais onde os migradores, os quais se impuseram com a sua língua e demarcaram a sua passagem pelo local, se sedentarizaram.
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300 — 800
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IMPÉRIO ROMANO O termo Império Romano normalmente refere-se ao período da civilização romana que sucedeu a República, mas também pode ser entendido como uma referência à grandiosidade das conquistas militares e territoriais desse povo que dominou ao longo de séculos áreas na Europa, Ásia e África exercendo o seu domínio sobre milhares.
NO SEU AUGE O IMPÉRIO POSSUÍA COMO ÁREA
6 MILHÕES
DE QUILÓMETROS QUADRADOS. ISSO EQUIVALE À
65,2 x
A ÁREA DE PORTUGAL.
POPULAÇÃO DO IMPÉRIO A população do império romano já estava em decrescimento há muito tempo antes da época das invasões bárbaras
56,8 milhões
27 a.C.
46,9 milhões
1 d.C.
35 d.C.
58
39,3 milhões
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CERCA DE 10% DA POPULAÇÃO ERA MOBILIZADA PARA GUERRAS QUANDO NECESSÁRIO.
AS MORTES NAS ARENAS CHEGAVAM A
8.000
PESSOAS POR ANO.
A ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA NO TEMPO DOS ROMANOS ERA DE
30 20 ANOS DE VIDA.
PARA ESCRAVOS.
BÁRBAROS E CIVILIZADOS A ERA DAS MIGRAÇÕES E COLISÕES
U
m dos povos emblemáticos da Antiguidade, o romano, expandiu o seu Império por grande parte do território europeu e norte de África. Essa expansão não foi apenas militar e voltada para a conquista de outros povos, mas também ocorreu com a migração de romanos entre diferentes partes do vasto império. As migrações internas no Império Romano relacionam-se diretamente às conquistas militares e à sua cronologia. A expansão territorial romana começou e teve o seu período mais intenso na época da república, mas o império alcançou a sua maior extensão sob o governo do imperador Trajano: durante o seu reinado o Império Romano controlava aproximadamente 6,5 milhões de quilómetros quadrados da superfície terrestre. Algumas partes do norte da Europa, no entanto, já haviam sido conquistadas no século I, época em que o domínio romano na Europa, África e Ásia foi reforçado.
O sucessor de Trajano, Adriano, pôs um fim à expansão romana pelo mundo e concentrou-se em manter as fronteiras obtidas ao longo dos anos. A história da expansão começa com a submissão de toda a Península Itálica, após a qual os romanos tiveram de se confrontar com a poderosa Cartago, antiga colónia fenícia localizada no Norte de África, que, no século III a.C., controlava totalmente o comércio no Mediterrâneo ocidental. Após três violentas guerras, as Guerras Púnicas, Cartago foi destruída e as suas colónias da Hispânia, na Sicília e no Norte de África foram integradas no Império Romano. Nos séculos II e I a.C., Roma voltou-se para o Mediterrâneo Oriental, anexando importantes regiões como a Grécia, a Macedónia, a Síria e os reinos e cidades da Ásia Menor. A expansão romana progrediu igualmente pelo continente europeu. A Gália e a Hispânia foram conquistadas, assim como a Britânia e a Dácia.
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Ilustração de uma batalha entre romanos e gauleses, povo celta que ocupou a região conhecida como Gália. Os gauleses também sofreram os efeitos das chegadas dos bárbaros, principalmente com a invasão dos francos que levou a sua língua a ser substituída pelo latim vulgar.
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DOMÍNIO ROMANO
OS LIMITES DA EXPANSÃO ROMANA PELO VELHO CONTINENTE
BRITÂNIA EUROPA GÁLIA OCEANO ATLÂNTICO
IMPÉRIO ROMANO 62
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ITÁLIA HISPÂNIA
ÁFRICA
ÁSIA
ILÍRICO ÁSIA MENOR GRÉCIA
SÍRIA
EGITO
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Devido à extensão do império e o seu longo tempo de existência, as instituições e cultura de Roma tiveram uma profunda e duradoura influência. Esta recaiu sobre o desenvolvimento dos idiomas, da religião, da arquitetura, da filosofia, do direito e das formas de governo nos territórios governados, particularmente na Europa e, por meio do expansionismo europeu, em todo o mundo moderno. As estradas romanas foram vitais para ligar Roma a todo o império e facilitar a migração de cidadãos pelas suas cidades. A primeira via foi criada em 312 a.C. por Ápio Cláudio Cego, para ligar Roma à cidade de Cápua: a Via Ápia. À medida que o império se expandiu, a administração adaptou o mesmo esquema nas províncias. No seu apogeu, a rede viária romana atingiu cerca de 400.000 km de estradas, 80.500 km das quais pavimentadas. Enquanto outras civilizações mediterrânicas fundaram o seu desenvolvimento comercial nos portos, os romanos utilizaram a rede de estradas em paralelo com a frota comercial. Isto favoreceu os intercâmbios no interior continental, provocando uma expansão mercantil fulgurante. No final do século IV, o império começou a desintegrar-se, com bárbaros do norte desafiando o controlo da Roma cristã. Essa migração nomeia o
chamado Período das Migrações. Os bárbaros, nome cunhado pelos gregos e que em grego antigo significava apenas “estrangeiro”, eram os povos que não partilhavam os costumes e a cultura (nem a sua organização política) dos romanos. Estas migrações nem sempre implicaram violentos combates entre os migrantes e os povos do Império Romano, embora estes tenham existido. Já os romanos também eram chamados de “bárbaros” (estrangeiros) pelos gregos. Os povos migrantes, em muitos casos, coexistiam pacificamente com os cidadãos do Império Romano nos anos que antecederam este período. Destacam-se, neste processo, os Godos (originários do sudeste europeu), os Vândalos e os Anglos (da Europa Central), entre outros povos germânicos e eslavos. Os motivos que levaram a estas migrações em todo o continente são incertos: talvez tenha sido uma reação às incursões dos Hunos, pressões populacionais ou alterações climáticas. Os historiadores modernos dividem este movimento migracional em duas fases. Na primeira, de 300 a 500, assistiu-se a uma movimentação de povos maioritariamente germânicos por toda a Europa, colidindo, portanto, com as várias regiões ocupadas pelo Império Romano. Foram os Visigodos os
OS LIMITES DO IMPÉRIO ROMANO NO SÉCULO IV, JÁ DIVIDIDO EM DUAS METADES (OCIDENTE E ORIENTE), FAZIAM FRONTEIRA COM VÁRIAS CULTURAS NÃO ROMANIZADAS QUE MAIS TARDE FARIAM PARTE DA MIGRAÇÃO DOS BÁRBAROS. NA ÁFRICA ESTAVAM OS BERBERES E TAMBÉM AS TRIBOS DO SUDÃO. A NORTE ESTAVAM OS GERMANOS, POVOS TIPICAMENTE NÓMADAS. 64
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Apesar de considerarmos a Queda de Roma como um facto causado pelas invasões bárbaras esse processo nem sempre envolveu batalhas militares.
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INVASÕES BÁRBARAS A CHEGADA DE ESTRANGEIROS AO DOMÍNIO ROMANO
EUROPA OCEANO ATLÂNTICO
BATALHAS IMPÉRIO ROMANO VISIGODOS VÂNDALOS HUNOS 66
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ÁFRICA
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Os povos bárbaros que invadiram o Império Romano também sofreram invasões, como é o caso dos Visigodos que foram atacados pelos exércitos dos Hunos vindos do leste.
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As invasões bárbaras ocorreram também na capital Roma, como visto no quadro “Saque de Roma pelos Bárbaros em 410”, de Joseph-Noël Sylvestre finalizado no ano de 1890.
ROMANOS E BÁRBAROS TAMBÉM CONVIVERAM PACIFICAMENTE DURANTE O PERÍODO DAS MIGRAÇÕES. AS RELAÇÕES NÃO SE LIMITAVAM À ESFERA COMERCIAL E CULTURAL: O EXÉRCITO ROMANO IA-SE TRANSFORMANDO NUM CORPO PROFISSIONAL COMPOSTO POR BÁRBAROS QUE SUBSTITUIAM AS LEGIÕES E A ARISTOCRACIA, ATÉ MESMO INGRESSANDO NA FAMÍLIA IMPERIAL.
primeiros a colidir com o império — na verdade, os Visigodos foram inicialmente contratados para ajudar na defesa das fronteiras do império, mas mais tarde seriam responsáveis pela invasão da península Itálica; de imediato, seguiram-lhes os Ostrogodos, liderados por Teodorico, o Grande. Na segunda fase das migrações, entre os anos 500 e 700, assiste-se ao estabelecimento progressivo dos Eslavos na Europa do Leste, tornando-a predominantemente eslava, num movimento iniciado pela ocupação da região da actual República Checa. No século IV ocorreu também as delimitações dos territórios invadidos pelos Búlgaros, que perduraram até o século IX. Já excluídos do período de migrações, mas ainda na Baixa Idade Média, formam-se alguns movimentos migratórios, nomeadamente o dos Magiares, para a Panónia, e, mais tardiamente, dos Turcos para a Anatólia e o Cáucaso (meados do século XI).
Há ainda a expansão dos Vikings a partir da Escandinávia e no século VIII a tentativa árabe de invadir o sudeste da Europa, que terminou numa derrota pelo clã Tervel da Bulgária e o imperador bizantino Leão III, levando ao desvio da sua expansão para a Península Ibérica. A maioria das cronologias coloca o fim do Império Ocidental em 476, quando Rómulo Augusto foi forçado a render-se ao chefe militar germânico Odoacro. O Império do Oriente, hoje conhecido como Império Bizantino, terminou em 1453 com a morte de Constantino XI Paleólogo e com a queda de Constantinopla para os turcos otomanos. A ascensão e queda dos romanos encerra um período inundado de grandes migrações motivadas principalmente pela conquista de novos territórios, seja pelo Império Romano seja pelos povos oriundos de outras regiões que se estabeleceram no território europeu durante esse período.
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1096 — 1272
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Detalhe de miniatura que retrata a chegada de Filipe Augusto, ou Filipe II, à Palestina. Os reis franceses participaram ativamente das Cruzadas, participando das viagens dos peregrinos assim como das batalhas.
ROTAS PARA O CÉU OS CAMINHOS DAS CRUZADAS
A
s cruzadas foram movimentos militares que ocasionaram grandes migrações de povos da Europa até a região da Palestina. Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controlo dos turcos muçulmanos. No Médio Oriente, as cruzadas foram chamadas de “invasões francas”, já que os povos locais viam estes movimentos armados como invasões e porque a maioria dos cruzados vinha dos territórios do antigo Império Carolíngio e se autodenominavam francos. O termo Cruzada não era conhecido no tempo histórico em que ocorreu. Na época eram usadas, entre outras, as expressões “peregrinação” e “guerra santa”. O termo Cruzada surgiu porque os seus participantes consideravam-se soldados de Cristo, distinguidos pela cruz exibida nas suas roupas. Durante a viragem do século X para o XI, a peregrinação de cristãos para Jerusalém aumentou
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consideravelmente, já que muitos acreditavam que a chegada do ano 1.000 era uma evidência de que o fim dos tempos estava próximo. Em 27 de janeiro de 1095 este movimento ganhou contornos militares, quando no concílio de Clermont o Papa Urbano II exortou os nobres franceses a libertar a Terra Santa e a colocar Jerusalém de novo sob soberania cristã, apresentando essa expedição militar como uma forma de penitência. A multidão aceitou entusiasticamente o desafio e logo partiu em direcção ao Oriente, sobrepondo uma cruz vermelha sobre as suas roupas. Uma primeira cruzada ocorreu antes do pedido papal, em 1906, e é conhecida como a Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular. Formada por mulheres, crianças, velhos e guerreiros, foi incitada por um monge chamado Pedro, o Eremita. Sem recursos financeiros para a jornada, os peregrinos atacaram judeus, procurando as suas riquezas pri-
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CRUZADA DOS MENDIGOS
CRUZADA DOS NOBRES
1096
1096 - 1099
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SEGUNDA CRUZADA 1147 - 1149
NONA CRUZADA 1271 - 1272
CRUZADA DOS REIS 1189 - 1192
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1270
NOVE CRUZADAS As tentativas de conquista da chamada Terra Santa pelos cristãos no início do segundo milénio começaram oficialmente em 1096 e terminariam apenas em 1272 sendo entrelaçadas durante esses anos com peregrinações e batalhas secundárias
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CRUZADA COMERCIAL 1202 - 1204
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SÉTIMA CRUZADA 1248 - 1254
1228 - 1229
1217 - 1221 MUNDO EM MOVIMENTO
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SEXTA CRUZADA
QUINTA CRUZADA
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OITAVA CRUZADA
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APÓS A MORTE DE MAOMÉ EM 632 D.C. EXÉRCITOS ÁRABES LANÇARAM-SE CONTRA OS SEUS ANTIGOS CONQUISTADORES, OS BIZANTINOS E OS PERSAS. EM 1078 OS TURCOS SELJÚCIDAS DERROTARAM O EXÉRCITO BIZANTINO E CONQUISTARAM ANATÓLIA E JERUSALÉM. O DOMÍNIO MUÇULMANO DA TERRA SANTA FOI CONSIDERADA UMA AMEAÇA AOS PEREGRINOS CRISTÃOS QUE COSTUMAVAM VISITAR JERUSALÉM E LEVOU O PAPA URBANO II A INCITAR UM MOVIMENTO CIVIL-MILITAR DE RETOMA DO TERRITÓRIO SUPOSTAMENTE CRISTÃO. ASSUME-SE QUE OCORRERAM NOVE GRANDES CRUZADAS, MAS É SABIDO QUE O MOVIMENTO DE PESSOAS DIRIGINDO-SE À RETOMA DE JERUSALÉM FOI UMA MIGRAÇÃO CONSTANTE DURANTE A IDADE MÉDIA.
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A Cruzada das Crianças, retratada na gravura de Gustave Doré, levou milhares de crianças a embarcarem rumo à Terra Santa em busca da conquista do território palestino.
meiramente na região da Renânia e posteriormente pela França e Inglaterra. No seu trajeto até Constantinopla os primeiros cruzados saquearam e pilharam diversas cidades, além de protagonizarem combates com turcos muçulmanos. Estas lutas não foram vitoriosas devido à falta de estrutura militar e ao enfraquecimento físico causado pela viagem. A primeira cruzada oficial ocorreu de 1096 a 1099 e é chamada Cruzada dos Nobres ou dos Cavaleiros. Em 1097 30.000 homens, entre eles peregrinos, cruzaram a região da Ásia Menor a partir de Constantinopla. Em 1099 Jerusalém era conquistada após um massacre sangrento que não diferenciou soldados de cidadãos. Esta conquista criou uma tensão entre os cruzados vitoriosos e os bizantinos, a quem os primeiros haviam prometido devolver os territórios reconquistados, mas não o fizeram. O fluxo de migração passou a ser circular, com alguns cruzados a regressar à sua origem e outros a procurar glória nos combates que seguiram a tomada da cidade. Os ricos e poderosos cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém (Hospitalários) e dos Cavaleiros Templários foram criados durante as Cruzadas. Essas ordens foram criadas para proteger os peregrinos e lutar pelas terras sagradas. Após a perda de um condado conquistado na primeira cruzada foi pregada uma nova cruzada por Eugénio III e São Bernardo em 1145. Desta vez foram reis que responderam ao apelo, entre eles Lu-
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ís VII da França e Conrado III do Sacro Império. Os contingentes flamengos e ingleses conquistaram Lisboa e voltaram para as suas terras na sua maioria, uma vez que eram concedidas indulgências para quem combatia na Península Ibérica. Em 1187 Jerusalém foi retomada por Saladino e inicia-se a Terceira Cruzada, pregada pelo Papa Gregório VIII, também conhecida como Cruzada dos Reis. Um acordo em 1192 garantiu a posse de Jerusalém aos muçulmanos e a livre passagem dos peregrinos à Terra Santa. A quarta cruzada, ocorrida entre 1202 e 1204, foi instigada pelo Doge de Veneza e possuía um objetivo mais comercial e político, envolvendo não a reconquista de Jerusalém, mas a disputa do trono de Constantinopla no Império Bizantino. Em 1212 ocorre a Cruzada das Crianças, originária da crença de que apenas almas puras poderiam libertar Jerusalém. Esta cruzada terminou com a morte ou escravização das aproximadas 50.000 crianças que a compuseram. A quinta cruzada começa em 1217 e termina em 1221, com a tentativa de recuperar Jerusalém através da conquista do Egito. Pregada pelo Papa Inocêncio III, também resultou num fracasso militar. A sexta cruzada foi liderada pelo Imperador do Sacro-Império que havia sido excomungado pelo Papa durante os anos 1228 e 1229. Um acordo com o Sultão aiúbida Al-Kamil que controlava a região garantiu o controlo de Jerusalém, Belém e Nazaré aos
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AS CRUZADAS
EUROPA
PEREGRINAÇÃO DE CRISTÃOS PARA JERUSALÉM
FROTA VENEZIANA V CRUZADA 1215-1221 ANDRÉS II DE HUNGRIA E LEOPOLDO DE ÁUSTRIA VI CRUZADA 1223-1229 FREDERICO II IMPERADOR VII CRUZADA 1244-1254 VIII CRUZADA 1268-1272 SAN LUÍS IX DE FRANÇA (VII) SAN LUÍS IX DE FRANÇA (VIII)
ÁFRICA 80
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JERUSALÉM
ÁFRICA
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O quadro “Cruzados Sedentos próximos a Jerusalém” do pintor italiano Francesco Hayez datado de 1843 retrata o sofrimento durante as investidas contra os muçulmanos.
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Ilustração medieval retratando a Primeira Cruzada oficial, instigada pelo Papa Urbano II.
A MAIOR PARTE DOS CRUZADOS, QUE NA PRIMEIRA CRUZADA SAÍRAM DE VÁRIAS CIDADES DA EUROPA EM DIREÇÃO À TERRA SANTA, REALIZARAM TODO O PERCURSO (CERCA DE 3.000 KM) A PÉ. NESSA PRIMEIRA LEVA, PEDRO, O EREMITA, MOBILIZOU E LIDEROU MILHARES DE PESSOAS EM DIREÇÃO À TERRA SANTA, GRANDE PARTE PESSOAS DE POUCAS POSSES, LADRÕES E MENDIGOS. AO CHEGAREM À ÁSIA MENOR FORAM MORTOS, PRESOS OU ESCRAVIZADOS PELOS EXÉRCITOS TURCOS DA REGIÃO. APESAR DO CARÁTER RELIGIOSO, MUITOS CAVALEIROS CRUZADOS REALIZARAM SAQUES E ROUBOS EM CIDADES DO ORIENTE, PRINCIPALMENTE DURANTE O PERCURSO DE RETORNO PARA A EUROPA.
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Padres exaltavam os peregrinos e soldados que seguiam para a Palestina a continuarem em frente, relembrando-os da glória que os esperava além da batalha.
cristãos por dez anos, mas foi cancelado após a derrota dos cristãos em Gaza no ano de 1244. A sétima cruzada ocorreu entre 1248 e 1254 e configurou-se como uma nova tentativa fracassada de conquistar Jerusalém através do Egito. A oitava cruzada, ocorrida em 1270, já não visava Jerusalém, mas sim Túnis e terminou numa derrota não em combate, mas pela peste que assolava a região. A nona cruzada é parte da oitava e tomou lugar entre 1271 e 1272 sem nenhum combate real, existindo apenas nos preparativos para a viagem, que foi cancelada. Estima-se que 1 milhão de pessoas, cristãos e muçulmanos, morreram durante as Cruzadas, cujo maior legado é o cisma entre as igrejas do Ocidente e Oriente, assim como a intolerância entre cristãos e muçulmanos, que perdura até hoje, tornando-se uma mancha na História.
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1453 — 1789
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AS DESCOBERTAS Durante o século XV os navegadores europeus, enquanto andavam à procura de novas rotas comerciais para as Índias, descobriram as diferentes regiões do continente americano. Esse Novo Mundo seria posteriormente colonizado e utilizado como local de produção principalmente de bens agrícolas, para o que seria necessário um grande número de trabalhadores.
A FROTA DA DESCOBERTA DA AMÉRICA EM 1492 POR CRISTÓVÃO COLOMBO POSSUÍA 3 NAVIOS. A FROTA DE CABRAL QUE CHEGOU AO SUL DO CONTINENTE PARTIU COM 13 NAVIOS, SENDO 3 CARAVELAS E 10 NAUS.
CRISTÓVÃO COLOMBO FEZ
4 VIAGENS DA AMÉRICA CENTRAL À ESPANHA E TAMBÉM FOI GOVERNADOR DAS ILHAS POR ELE ENCONTRADAS.
DOS 1.500 HOMENS QUE ACOMPANHARAM CABRAL NA SUA EXPEDIÇÃO APENAS
500 RETORNARAM DA VIAGEM.
COLOMBO
CABRAL
ALGUNS DOS MARINHEIROS QUE RETORNARAM DA PRIMEIRA VIAGEM À AMÉRICA CENTRAL PARTICIPARAM DE BATALHAS PELO EXÉRCITO FRANCÊS. ACREDITA-SE QUE ISSO AJUDOU A DISSEMINAR A SIFÍLIS PELA EUROPA EM 1495.
ESTIMA-SE QUE À CHEGADA DA 1° ESQUADRA HAVIAM
14.000.000 DE HABITANTES NO CONTINENTE AMERICANO.
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MIGRAÇÕES NÃO ESPONTÂNEAS
COLONIALISMO E O TRANSPORTE DE ESCRAVOS
O
colonialismo europeu deu origem a vários tipos de migração. Um deles é o grande movimento de saída da Europa para a África e Ásia e, posteriormente, para as Américas e Oceânia protagonizado por europeus e africanos. O início dessa onda migratória está nas Grandes Navegações protagonizadas principalmente por portugueses e espanhóis. Durante os séculos XV e XVI europeus procuravam novas rotas de comércio com o Oriente, em especial à Índia. Coube a Portugal o pioneirismo e a liderança inicial no processo de expansão mercantil europeia, desenvolvendo o Ciclo Oriental de Navegações, isto é, um conjunto de expedições marítimas procurando chegar ao Oriente; navegando no sentido sul-oriental, o que implicou, inicialmente, o desenvolvimento do litoral africano. Em 1495 os espanhóis descobriram a América ao chegarem a El Salvador. Os portugueses em 1498
chegaram às Índias através do Oceano Índico e em 1500 chegaram à parte sul das Américas. O pioneirismo português, nas Grandes Navegações, deve-se a um conjunto de fatores, tais como a centralização política, resultando na formação de uma monarquia nacional precoce. A exploração europeia perdurou até se realizar o mapeamento global do mundo, que resultou numa nova mundivisão e no contacto entre civilizações distantes, alcançando, muito mais tarde, já no século XX, as fronteiras mais remotas, onde iniciaram o processo de globalização. A Era dos Descobrimentos marcou a passagem do feudalismo da Idade Média para a Idade Moderna, com a ascensão dos estados-nação europeus. Durante este processo, os europeus encontraram povos e terras nunca antes vistas além de promover a expansão da presença humana pela Terra através do aumento demográfico que seguiu.
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A descoberta de novas terras levou à migração dos chamados colonizadores. A movimentação de soldados e marinheiros foi seguida de administradores e sacerdotes, dentre outros.
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EUROPA Portugal Espanha
AMÉRICA DO NORTE
Madeira Canárias
Ceuta
Guanaani
OCEANO Cabo ATLÂNTICO Verde
CABO BOJADOR Guiné-Bissau
Congo
OCEANO PACÍFICO
AMÉRICA DO SUL
Porto Seguro
ROTAS DOS NAVEGADORES PORTUGUESES ROTAS DOS NAVEGADORES ESPANHÓIS 94
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ÁSIA Japão
Macau
Goa Calicute Cochin
OCEANO PACÍFICO
ÁFRICA Malaca Melinde
Moçambique
OCEANO ÍNDICO
OCEÂNIA
CABO DA BOA ESPERANÇA
DESCOBRIMENTOS ROTA DOS NAVEGADORES PORTUGUESES E ESPANHÓIS
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AS GRANDES NAVEGAÇÕES TROUXERAM DE VOLTA A POSSIBILIDADE DE MIGRAÇÃO PARA TERRITÓRIOS ALÉM-MAR QUE HAVIA DESAPARECIDO DESDE A JORNADA DOS PRIMEIROS HOMENS ATÉ ÀS AMÉRICAS HÁ MILHARES DE ANOS ATRÁS. ESSAS DESCOBERTAS TAMBÉM POSSIBILITARAM UMA DAS MAIORES MIGRAÇÕES FORÇADAS DA HISTÓRIA, O TRÁFICO NEGREIRO DE AFRICANOS PARA AS COLÓNIAS. A expansão e migração europeia para o exterior levou ao surgimento dos impérios coloniais, com o contacto entre o Velho e o Novo Mundo a produzir o chamado “intercâmbio colombiano” (Columbian Exchange), que envolveu a transferência de plantas, animais, alimentos e populações humanas (incluindo os escravos), doenças transmissíveis e culturas entre os hemisfério ocidental e oriental, num dos mais significativos eventos globais da ecologia, agricultura e cultura da história. A Era dos Descobrimentos ocasionou um movimento migratório não apenas para as novas terras descobertas, mas também dentro do território europeu. Metade dos soldados e marinheiros da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais não eram holandeses, mas alemães originários de regiões pobres da Alemanha. Esse fluxo humano ocasionou mudanças drásticas na estrutura económica e cultural tanto dos
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países que receberam imigrantes quanto naqueles que os exportaram. A migração de trabalhadores moderna tem como antecedente o tráfico de escravos, praticado do século XVII ao XIX que correspondia à base da produção de mercadorias nas plantações e minas do Novo Mundo. Nas colónias portuguesas e espanholas, inicialmente, a mão-de-obra utilizada nos novos territórios era local, com a escravização dos indígenas. No entanto, com a intervenção da Igreja Católica e a diminuição do número de escravos disponíveis devido às mortes adotou-se a prática de transportar negros provenientes da África. Em 1770 haviam aproximadamente 2,5 milhões de escravos nas Américas, produzindo um terço do valor total do comércio europeu no período. O sistema do tráfico negreiro possuía uma estrutura triangular: navios com bens manufaturados
Milhares de pessoas foram levadas de África para o continente europeu e, principalmente, americano durante os séculos XVII e XIX para servirem como escravos nas fazendas dos colonizadores.
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Os escravos eram transportados em navios, como mostra esta gravura publicada pela Harpers’s Weekly em 1860 sobre a chegada de um barco com 510 capturados no Congo.
O TRÁFICO NEGREIRO PRATICADO POR PORTUGAL PODE SER DIVIDIDO EM QUATRO FASES: O CICLO DA GUINÉ, CICLO DE ANGOLA, COSTA DA MINA E TRÁFICO ILEGAL. O CICLO DA GUINÉ OCORREU NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVI E RECEBEU ESSA DENOMINAÇÃO EM FUNÇÃO DA ROTA DO TRÁFICO, QUE PARTIA DA COSTA OESTE DA ÁFRICA, AO NORTE DO EQUADOR, REGIÃO ONDE HOJE ESTÁ SITUADO O SENEGAL, GÂMBIA E GUINÉ-BISSAU. O CICLO DE ANGOLA INICIOU-SE POR VOLTA DE 1580 E LEVOU CERCA DE 600 MIL AFRICANOS ORIUNDOS DA ÁFRICA AUSTRAL PARA O BRASIL. O CICLO DA COSTA DA MINA OCORREU DURANTE O SÉC. XVIII E HOJE É CHAMADO DE CICLO DE BENIM E DAOMÉ. O TRÁFICO ILEGAL OCORREU ENTRE 1815 E 1851 APÓS A REPRESSÃO DO TRÁFICO PELA INGLATERRA.
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AMÉRICA DO NORTE OCEANO ATLÂNTICO
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
MÉXICO
OCEANO PACÍFICO
BRASIL
AMÉRICA DO SUL
URUGUAI
PARTIDA DOS ESCRAVOS (COSTA DOS ESCRAVOS) CHEGADA DOS ESCRAVOS ROTAS DO COMÉRCIO DE ESCRAVOS 100
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EUROPA FRANÇA
ALGÉRIA TUNÍSIA MARROCOS
LÍBIA
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ÁFRICA
OCEANO ÍNDICO
TRÁFICO DE ESCRAVOS
COMÉRCIO HUMANO NA ÉPOCA DAS GRANDES NAVEGAÇÕES EUROPEIAS MUNDO EM MOVIMENTO
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PORTUGUESES, BRASILEIROS, HOLANDESES, INGLESES E AFRICANOS DOMINARAM UM COMÉRCIO QUE ENVOLVEU A MOVIMENTAÇÃO DE MAIS DE 3.000.000 PESSOAS. O TRÁFICO DE ESCRAVOS JÁ ESTAVA SOLIDAMENTE IMPLANTADO NO CONTINENTE AFRICANO NA ÉPOCA DAS GRANDES NAVEGAÇÕES EUROPEIAS, JÁ EXISTINDO DURANTE MILHARES DE ANOS.
partiam de portos europeus para a costa oeste da África, onde eram trocados por negros comprados ou sequestrados por líderes locais e então transportados para venda nas Américas, cujo lucro obtido era utilizado na compra de novas mercadorias que seriam vendidas no continente europeu. Os portugueses, brasileiros e holandeses levavam negros africanos das suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos. Os escravos mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. Eram mais valorizados para os trabalhos na agricultura os negros Bantos (também chamados Benguela, Banguela ou do Congo), provenientes do sul da África, especialmente de Angola e Moçambique. Tinham menos valor os vindo do centro oeste da África, os negros Mina (ou da Guiné) sendo mais aptos para a mineração, trabalho o qual já se dedicavam na África Ocidental.
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Estima-se que até 1850, 15 milhões de escravos foram levados às Américas. A escravidão feminina era, normalmente, seguida de exploração sexual e os seus descendentes eram propriedades dos seus donos. A escravidão existiu em muitas sociedades pré-capitalistas mas no sistema colonial os motivos que levavam à prática eram novos: a emergência de impérios globais construíram um mercado global e foram dominados pelo capital. Em 1807, o tráfico de escravos foi abolido nos territórios da Grã-Bretanha, enquanto outros estados europeus os seguiram nos próximos anos. A escravidão nas colónias britânicas, no entanto, só terminou em 1834, seguida pelas colónias holandesas (1863) e pelos Estados Unidos (1865). Os escravos foram substituídos por mão-de-obra sob o regime de servidão, levando a uma nova onda migratória no início do século XX.
PESSOAS À VENDA O evento migratório predominante nos séculos XVIII e XIX era o transporte forçado de escravos. Predominante na costa africana, as pessoas também eram compradas na região do sul asiático. Essa migração forçada ainda ecoa em milhares de descendentes de africanos que habitam os países para os quais os seus ancestrais foram levados.
$$$$$$$$$ EM 1770, OS 2,5 MILHÕES DE ESCRAVOS QUE TRABALHAVAM NAS AMÉRICAS PRODUZIAM UM TERÇO DO VALOR TOTAL
1860 6 MILHÕES
1800
POPULAÇÃO ESCRAVA A população de escravos nas Américas dobrou em 60 anos, mesmo após a proibição do tráfico de pessoas por alguns países
DO COMÉRCIO EUROPEU.
PESSOAS TRAFICADAS 225.609
1851-1866
1801-1850
3.647.971
3 MILHÕES 1751-1800
3.933.984
APROXIMADAMENTE
12 MILHÕES DE ESCRAVOS FORAM LEVADOS PARA AS AMÉRICAS ATÉ 1850. FORAM MAIS DE
3 MILHÕES
NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVI.
2.560.634
1701-1750
1.207.738
1651-1700
667.893
213.380
64.126
1601-1650
1551-1600
1501-1550
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1789 — 1970
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Durante a passagem do século XIX para o século XX, após o fim do tráfico negreiro, a migração de mãode-obra continuou e aumentou.
EM BUSCA DE TRABALHO
MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES NO SÉCULO XX
O
início da industrialização das potências europeias e dos países americanos levou a um novo fluxo migratório no planeta. Com o fim da escravidão no fim do século XIX esse fluxo aumentou ainda mais, já que a necessidade por mão-de-obra era maior do que nunca. A riqueza acumulada pelos países europeus ocidentais através da exploração colonial garantiu o capital necessário para a sua industrialização durante os séculos XVIII e XIX. É durante esse período que surge uma nova classe social na Europa, o proletariado. No entanto, essa forma de trabalho livre remunerado não foi soberana tanto no território europeu quanto noutras localidades. O uso de mão-de-obra em regime de servidão, análoga à escravidão, foi comum em todos os países e ocasionou uma grande migração para outros países. Infelizmente, no novo continente a regulação do trabalho também seguia o mesmo modelo
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europeu e as relações trabalhistas desse período seguiam as normas de exploração citadas. O pico da revolução industrial inglesa, por exemplo, foi o principal período de imigração britânica para os Estados Unidos: entre 1800 e 1860, 66% dos emigrantes que chegavam aos Estados Unidos eram ingleses. No mesmo período outros 22% eram originários da Alemanha, país também em industrialização. Esse regime de trabalho iniciou-se nas colónias. Inicialmente os escravos foram substituídos por trabalhadores “livres” sob regime de servidão. Autoridades coloniais britânicas recrutavam trabalhadores do subcontinente indiano para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar em Trinidad, Guiana e outros países caribenhos. Também eram empregados em plantações, minas e ferrovias na Malásia, África Oriental e Fiji. As autoridades coloniais holandesas utilizaram trabalhadores chineses
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A Revolução Industrial gerou empregos nas cidades para a população que emigrava da zona rural, mas a preferência na mão-deobra empregada era feminina ou infantil por serem mais baratos.
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AMÉRICA DO NORTE OCEANO ATLÂNTICO
OCEANO PACÍFICO
AMÉRICA DO SUL
EUROPA MIGRAÇÃO EUROPEIA 110
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ÁSIA
EUROPA EUROPA
ÁFRICA
OCEANO ÍNDICO
RUMO AO NOVO MUNDO MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES DA EUROPA PARA A AMÉRICA
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NO SÉCULO XIX UMA GRANDE QUANTIDADE DE POPULAÇÃO EXCEDENTÁRIA DA EUROPA MIGROU PARA OUTROS CONTINENTES REGISTANDO UMA QUEDA DEMOGRÁFICA ACENTUADA E ORIGINANDO UMA PROCURA POR MÃO-DE-OBRA INTERNA.
em projetos de construção nas suas colónias. Mais de 1 milhão de trabalhadores em servidão foram recrutados no Japão para trabalhar principalmente no Havai, Brasil e Peru. Trabalhadores migrantes eram utilizados em 40 países por todas as maiores potências coloniais. Estima-se que entre 1834 e 1941 haviam entre 12 e 37 milhões de trabalhadores em servidão. Os longos contratos de trabalho a que se submetiam aliado ao baixo salário fazia com que esse tipo de trabalhador fosse muito menos custoso ao empregador do que um escravo. Pelo outro lado a oportunidade de trabalhar além-mar era uma oportunidade de escapar da pobreza e da repressão que reinava na Europa e noutras regiões. Com a necessidade de mão-de-obra a aumentar também em território europeu a prática passou a ser aplicada no velho continente. A imigração de europeus para o novo continente é responsável pelo desenvolvimento e posterior estabilização das suas economias. Entre 1820 e 1987, 54 milhões de pessoas migraram para os Estados Unidos. O período de pico ocorreu entre 1861 e 1920 com a entrada de 30 milhões de pessoas, sendo que em 1920 foi aprovada uma lei que proibia a livre entrada de europeus e latino-americanos.
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Durante o século XIX e início do século XX, a situação económica e política, em países da Europa como a Itália, a Alemanha, a Espanha, a Irlanda, de diversos povos e o domínio dos impérios austro-húngaro, russo e otomano, produziu grandes levas de imigrantes. Por outro lado, nações do Novo Mundo com rápida expansão económica na indústria ou agricultura (Estados Unidos, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile) necessitavam aumentar a sua mão-de-obra para continuar a sua expansão. Em relação aos destinos de cada nacionalidade os italianos estabeleceram-se principalmente nos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. Espanhóis radicaram-se na Argentina, Chile, Brasil e Cuba, enquanto os portugueses fixaram-se nos Estados Unidos, Brasil, Canadá e Venezuela. Os alemães dirigiram-se para os Estados Unidos, Brasil, Argentina e Chile; enquanto os croatas foram para Chile, Argentina e Brasil. Eslavos, poloneses, russos e ucranianos radicaram-se nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Argentina e Chile. Alguns desses povos ou grupos eram vítimas de discriminações e perseguições nos seus países de origem, como os judeus da Europa Oriental, e os arménios que viviam no Império Otomano. Nos países de acolhimento muitos encontraram tolerância,
Os navios continuaram a ser o principal meio de transporte utilizado para o deslocamento de trabalhadores como nesta fotografia de imigrantes poloneses e russos.
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354€
SALÁRIOS 1900-80 A economia em expansão dos EUA forçou a melhoria dos salários, ao contrário do que ocorria na Europa. Isso fez com que os trabalhadores tivessem a escolha de melhores postos de trabalho em fábricas, nas linhas de montagem, em armazéns e também em estabelecimentos de serviços. Comparando os salários ao longo do tempo, fica-se apenas com uma visão parcial do que aconteceu com os rendimentos do trabalhador durante o período.
465€ 1.047€ 1.056€
1940
2.406€
1950
1960
1970
13.850€
1980
ÁGUA CANALIZADA, ÁGUA QUENTE, CASAS DE BANHO INTERNAS, ELETRICIDADE E QUARTOS SEPARADOS PARA CRIANÇAS ERAM CONSIDERADOS
LUXOS NO ANO DE 1900.
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1920
1930
6.478€
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1910
1.098€
3.967€
ENTRE 1900 E 1990, A QUANTIDADE DE CAPITAL EM EQUIPAMENTO UTILIZADO PELO TÍPICO TRABALHADOR AMERICANO, AUMENTOU CERCA DE 150%, INCLUINDO TODOS OS SETORES INDUSTRIAIS.
1900
1900
A IDADE MÉDIA DOS MIGRANTES VARIAVA ENTRE
15 E 30
ANOS DE IDADE E MUITOS MORRIAM AINDA NA VIAGEM DE IDA À AMÉRICA.
1990
ENTRE 1815 E 1914 A POPULAÇÃO EUROPEIA DUPLICOU. ESTE CRESCIMENTO POPULACIONAL DEVE-SE À PRÁTICA DE NOVAS MEDIDAS DE HIGIENE E À VACINAÇÃO RESULTANDO NUMA BAIXA TAXA DE MORTALIDADE E ALTA TAXA DE CRESCIMENTO NATURAL. O AUMENTO DEMOGRÁFICO RESULTOU EM BAIXOS SALÁRIOS E TAMBÉM NA ESCASSEZ DE ALIMENTOS, LEVANDO A UMA MIGRAÇÃO EM MASSA PARA AS AMÉRICAS E OCEÂNIA. NESSE PERÍODO CALCULA-SE QUE 50 MILHÕES DE EUROPEUS ABANDONARAM O CONTINENTE. APÓS A MIGRAÇÃO EUROPEIA INICIOU-SE A ASIÁTICA: CALCULA-SE QUE POR VOLTA DE 1880 OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA RECEBEU SOZINHO CERCA DE 500 MIL MIGRANTES DE ORIGEM ASIÁTICA.
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Crianças imigrantes irlandeses esperam para ingressar nos Estados Unidos em Ellis Island.
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AMÉRICA DO NORTE
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
OCEANO PACÍFICO
ÁSIA MIGRAÇÃO ASIÁTICA 118
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OCEANO ATLÂNTICO
AMÉRICA DO SUL
ÁSIA
EUROPA
OCEANO PACÍFICO
ÁFRICA
OCEANO ÍNDICO
OCEÂNIA
MÃO-DE-OBRA ASIÁTICA
MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES DA ÁSIA PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA MUNDO EM MOVIMENTO
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Famílias de imigrantes italianos posam para fotografia em frente à Hospedaria do Imigrante em São Paulo, fotografia de 1890.
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COM O FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, OCORREU UMA ONDA DE MIGRAÇÃO EM SENTIDO CONTRÁRIO. A EUROPA EM RECONSTRUÇÃO PRECISAVA DE MÃO-DE-OBRA E RECEBEU CERCA DE 13 MILHÕES DE IMIGRANTES NO PÓS-GUERRA. ESSE FLUXO TERMINA NA DÉCADA DE 70 COM O AUMENTO DA CRISE ECONÓMICA E O DESEMPREGO.
liberdade religiosa e condições de prosperarem economicamente sem temerem pelas suas vidas. Do Médio Oriente para as Américas pode-se citar a corrente imigratória de povos árabes, destacando-se os povos palestinos, sírios e libaneses, que se fixaram no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, entre outros, incluindo tanto cristãos quanto muçulmanos. Os imigrantes árabes fixaram-se principalmente nas grandes e médias cidades e dedicaram-se em geral ao comércio. Também imigraram numerosos contingentes de japoneses, chineses, indianos (estes em geral fixaram-se nas colónias inglesas, como a Guiana) e, a partir do século XX, coreanos. Durante o fim do século XIX houveram fluxos internos nos Estados Unidos, de antigos escravos fugindo de más condições de trabalho no sul, em direção ao norte e ao Canadá. Também no século XX essa migração, do sul para o norte, voltaria a acontecer na chamada Grande Migração que ocorreu de 1914 a 1950. Entre 1876 e 1920 emigraram 15 milhões de italianos, sendo que 6,8 milhões deles migraram para outros países do continente europeu. Esse mo-
vimento interno foi ocasionado pela migração de alguns para as Américas fugindo da proletarização e pela necessidade de repor essa força de trabalho. Países periféricos como a Itália, Polónia e Irlanda passaram a exportar trabalhadores para outros países afim de repor os que haviam migrado. A Grã-Bretanha recebeu no fim do século XIX milhares de trabalhadores irlandeses que fugiam da situação de fome no seu país. O principal destino dos irlandeses, além da Inglaterra, eram a América e a Austrália. Em 1851 haviam mais de 700.000 irlandeses na Grã-Bretanha, representando 3% da população da Inglaterra. Na Alemanha e na França, trabalhadores migrantes respondiam às diferentes legislações trabalhistas e eram submetidos às condições de trabalho desumanas. Eventualmente o aumento do número de migrantes trabalhadores tornou-se um problema e diversos estrangeiros foram deportados para os seus países de origem. Já no início do século XX as migrações foram ditadas menos pela necessidade de força de trabalho nas fazendas e indústrias, e mais pelas guerras. Entre 1918 e 1945 houve uma diminuição na
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Imigrantes chinesas posam para fotografia em Nova Iorque no ano de 1910. A imigração asiática para as Américas ocorreu em paralelo à europeia, mas em diferentes momentos e menores intensidades.
migração de trabalho devido à estagnação económica e à hostilidade entre países. O fluxo da Europa Ocidental para as Américas reduziu-se com o início da Primeira Guerra Mundial, principalmente os oriundos de países como Itália e Alemanha, que se envolveram naquele conflito. Por outro lado, a imigração de povos como os poloneses, ucranianos e arménios cresceu. Após a Segunda Guerra Mundial as migrações de trabalhadores voltam a aumentar devido à estratégia económica de concentrar o investimento e a expansão da produção em países muito desenvolvidos. Inicia-se assim, um fluxo migratório de pessoas de países menos desenvolvidos para países da Europa Ocidental, América do Norte e Oceânia. Além disso, o período entre 1945 e 1970 configura-se como um aumento das migrações ocasionadas pela descolonização das últimas colónias europeias na África e na Ásia e pela consolidação de uma nova relação de trabalho.
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1875 — 1945
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Uma força policial auxiliar judia mantinha a ordem no Gueto Lodz e era utilizada pelos alemães para organizar a seleção de pessoas destinadas à deportação.
ROTAS DE FUGA
CAMINHOS DOS GUETOS E DA TERRA PROMETIDA
M
embros de um grupo étnico e religioso, os judeus foram perseguidos ao longo dos séculos e a sua presença pelo mundo sofreu imensas variações. Com uma população estimada em 13,2 milhões em 1997, eles encontravam-se principalmente em Israel (40,9% do total) e nos Estados Unidos (40,2%), predominância que permanece até hoje. A origem da sua etnia está diretamente relacionada à migração. É identificada como o início da história do povo judaico a imigração forçada da população após a destruição de Ur e Caldeia na Mesopotâmia em 2.000 a.C. As duas principais expulsões e migrações forçadas protagonizadas pelos judeus são conhecidas popularmente como Diáspora Judaica. A primeira diáspora ocorreu em 722 a.C. devendo-se ao confronto dos judeus com outros povos que desejavam subjugar a sua cultura e dominar o seu território, levando-os a imigrar para a Babilónia, na região da Mesopotâmia. A segunda diáspora ocorreu no ano de 70 d.C. com a destruição de Jerusalém pelos romanos forçando a população judaica a migrar principalmente para o sul e leste da Europa.
Também é famosa a migração conhecida como Exôdo descrita na Bíblia como a fuga dos judeus escravizados pelos egípcios com a ajuda de Moisés. Os judeus que, no século IX, rumaram da Babilónia para o norte de África e viveram sob o domínio dos reinos muçulmanos dos berberes e dos mouros, são conhecidos como sefaradim. O nome provem de Sefarad, Espanha em hebraico, e surgiu devido à migração desses judeus juntamente com os muçulmanos para o sul da Europa conquistada. Os judeus que no século VIII migraram para o Vale do Reno, entre a Alemanha e a França, são conhecidos como Ashkenazim. Trabalhavam principalmente com artesanato, produção de vinhos e comércio, conhecendo bem as rotas até o Mediterrâneo e o Médio Oriente. Muitos migraram para a Polónia no século XIII, mas em 1648 a tranquilidade de residência e mobilidade desses judeus foi interrompida por uma revolta iniciada pelos povos cossacos provenientes da Rússia e da Ucrânia. Mais de 100 mil judeus morreram e 300 comunidades foram dizimadas. Os ashkenazim migraram para a Lituânia, Moldávia, Ucrânia e Rússia, locais onde a tolerância também não era demasiado alta.
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DUAS DAS PRINCIPAIS ETNIAS JUDAICAS ORIGINARAM-SE DAS MIGRAÇÕES QUE ESSE POVO REALIZOU AO LONGO DOS SÉCULOS. OS SEFARADIM SÃO DESCENDENTES DE JUDEUS QUE IMIGRARAM PARA OS REINOS MUÇULMANOS NO NORTE DE ÁFRICA, ENQUANTO OS ASHKENAZIM SÃO DESCENDENTES DOS IMIGRANTES QUE SE DIRIGIRAM INICIALMENTE PARA O VALE DO RENO E POSTERIORMENTE PARA O LESTE EUROPEU.
Em 325 d.C. o Concílio de Niceia acusou os judeus pela morte de Jesus Cristo, o que levou ao início de um anti-semitismo que se prolonga até os dias atuais. Comunidades judaicas que migraram para outras regiões sofreram ao longo dos anos represálias, como a expulsão dos judeus da Inglaterra em 1290 e da França em 1306. Também são conhecidas expulsões na Hungria e Áustria. No século XV os judeus habitantes do sul da Península Ibérica foram perseguidos pelos reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, durante a retomada do sul da Europa dos mouros. Aqueles que não aceitassem a conversão imediata à fé cristã foram expulsos ou queimados como hereges. Uma parte migrou para o Império Otomano enquanto a grande maioria destinou-se a Portugal, sempre à procura de um território onde pudessem exercer os seus rituais religiosos livres de perseguições do povo e governo.
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No entanto os 100 mil judeus que migraram para Portugal confrontaram-se cinco anos depois com o rei D. Manuel e a conversão forçada ao cristianismo. A esses judeus chamam-se “cristãos novos”. Muitos deles optaram por não seguir a sua fé escondidos e migraram para outros territórios europeus ou para as colónias portuguesas. Trabalhando na mineração em Minas Gerais ou nos engenhos em Pernambuco, os judeus fundaram a primeira sinagoga das Américas em 1636 no Recife com a benção dos invasores holandeses. Após a Revolução Francesa os judeus puderam professar a sua fé de forma livre na Europa, ainda que o preconceito e a desconfiança ainda estivessem presentes. No século XIX movimentos nacionalistas e anti-semitas reiniciaram o processo de perseguição, matança e migração. Perseguições e assassinatos executados pelos czares russos levaram à migração de milhares pa-
Família judia Ashkenazi na Palestina, fotografia datada do período entre 1900 e 1920. Os Ashkenazi são descendentes dos judeus europeus.
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EUROPA
ÊXODO JUDAICO DIÁSPORA JUDAICA SÉC. VI - XIV DIÁSPORA JUDAICA SÉC. XV - XVII 130
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POLÓNIA
Hesbom Pitom
Cades-Barnéia
POVO EM FUGA
POVO JUDEU À BUSCA DA TERRA PROMETIDA MUNDO EM MOVIMENTO
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Gravura alemã representando o Massacre de Judeus em 1506.
EM 19 DE ABRIL DE 1506 CENTENAS DE JUDEUS FORAM PERSEGUIDOS, VIOLADOS, TORTURADOS E MORTOS EM LISBOA. EMIGRANTES DO TERRITÓRIO ESPANHOL QUE HAVIA EXPULSADO JUDEUS ANOS ANTES, FORAM ACUSADOS DE SEREM A CAUSA DA SECA, FOME E PESTE QUE ASSOLAVAM PORTUGAL. A ACUSAÇÃO COMEÇOU APÓS UM CRISTÃO-NOVO CONTRARIAR UM FIEL QUE AFIRMAVA TER VISTO O ROSTO DE CRISTO ILUMINADO NO ALTAR DO CONVENTO DE SÃO DOMINGOS DE LISBOA. FORAM AO TODO 3 DIAS DE MASSACRE INCITADOS POR FRADES DOMINICANOS QUE PROMETIAM A ABSOLVIÇÃO DE TODOS OS PECADOS COMETIDOS NOS ÚLTIMOS 100 DIAS A QUEM MATASSE OS JUDEUS HEREGES ESCONDIDOS NA CIDADE.
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DIÁSPORA JUDAICA Atualmente todos os que não residem em Israel são considerados judeus a viver em diáspora. A população judaica espalhou-se ao longo dos séculos por quase todo o mundo devido às perseguições protagonizadas por governos e povos. A fuga faz parte da cultura judaica e está presente inclusive nas suas histórias sagradas existentes na Torá além de ser elemento significativo dos relatos sobre esse povo. Movimentos sionistas pregam o retorno de todos os judeus a Israel e são apoiados pelas políticas de imigração e repatriação do governo israelense. Entretanto, grande parte dos imigrantes em Israel não possui origem judia.
O PAÍS COM A MAIOR POPULAÇÃO DE ORIGEM JUDAICA ATUALMENTE É OS
ESTADOS UNIDOS
COM APROXIMADAMENTE
6.500.000 JUDEUS OU DESCENDENTES NO SEU TERRITÓRIO.
POPULAÇÃO EM 2001 13,3 MILHÕES DE JUDEUS NO MUNDO 8,35 MILHÕES EM DIÁSPORA 4,95 MILHÕES EM ISRAEL
250 MIL NA AMÉRICA DO SUL, ÁFRICA, ÁSIA E OCEÂNIA 6,5 MILHÕES NA AMÉRICA DO NORTE 1,6 MILHÕES NA EUROPA
EM 1939 HAVIAM 17 MILHÕES DE JUDEUS NO MUNDO. EM 1945, RESTARAM 11 MILHÕES APÓS O HOLOCAUSTO. 134
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A PRESENÇA DE JUDEUS EM PAÍSES MUÇULMANOS ERA MUITO MAIS COMUM ANTES DO HOLOCAUSTO, HAVENDO MILHARES DE PESSOAS NESSES PAÍSES.
MARROCOS
IRAQUE
ARGÉLIA
IRÃ
TUNÍSIA
285.000
140.000
135.000
120.000
105.000
DURANTE OS ANOS FINAIS DO REGIME DE SADDAM HUSSEIN NO IRAQUE
38 JUDEUS RESIDIAM NA CIDADE DE BAGDADE.
82% DA POPULAÇÃO DE ISRAEL É JUDIA.
HOJE CERCA DE 20% DOS PORTUGUESES E ESPANHÓIS TÊM HERANÇA GENÉTICA DE ORIGEM JUDAICA.
APÓS O FIM DA URSS MILHARES DE JUDEUS MIGRARAM PARA O OESTE EUROPEU, SENDO QUE A ALEMANHA RECEBEU MAIS DE
90 MIL
IMIGRANTES DEVIDO À SUA POLÍTICA DE REFUGIADOS. MUNDO EM MOVIMENTO
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Judeus a bordo de navio rumo aos Estados Unidos da América. A imigração para a América não foi facilitada mesmo com a perseguição sofrida pelos judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
ra os Estados Unidos e para a região da Palestina, a Terra Prometida ao povo judaico. Após a Guerra Civil Norte-Americana (18611865) o país foi inundado com uma onda imigratória proveniente da Europa. De 1860 a 1920 milhares de pessoas procuraram trabalho na indústria em desenvolvimento sendo que os maiores números correspondem a irlandeses, italianos e judeus do leste europeu. Acampamentos foram criados devido ao recrutamento por empresas construtoras de ferrovias e canais, mas os judeus na sua maioria instalaram-se nos portos de chegada da costa leste onde havia trabalhos nas áreas de construção, transporte e manufatura. A Grã-Bretanha teve a sua primeira grande onda migratória em 1851, período em que a proletarização dos trabalhadores levou à migração de 700.000 irlandeses para terras britânicas, o que correspondia a 3% da população total da Inglaterra e do País de Gales. A segunda onda migratória veio logo entre 1875 e 1914: 120.000 judeus imigraram para o Reino Unido fugindo das perseguições na Rússia. Ainda que em número inferior ao de trabalhadores irlandeses, essa população também foi absorvida na indústria inglesa. Alojando-se primeiramente em East London, esses judeus passaram a trabalhar na indústria de tecidos. A chegada dos judeus desse período levaram a uma onda de protestos racistas que, por sua vez, fo-
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ram os responsáveis pela criação da primeira legislação restritiva de imigração: o Ato de Estrangeiros de 1905 e o Ato de Restrição Estrangeira de 1914. Os judeus imigrantes apesar do preconceito conseguiram uma certa mobilidade social na sociedade inglesa, sendo citados por vezes como um exemplo da mesma. Muitos conseguiram transpôr a barreira entre um emprego assalariado e a posse de um pequeno negócio, este último principalmente na venda de produtos têxteis. A segunda geração de imigrantes já podia ser encontrada em empregos não-braçais e a terceira em carreiras profissionais, isso principalmente devido ao investimento em educação pelos pais. A Inglaterra, país responsável pelo controlo da região da Palestina após a Primeira Guerra, impôs regras de imigração a essa região apesar de defender a criação de um lar para os judeus emigrados. A imigração em larga escala para os Estados Unidos já era combatida durante os anos 30 e 40 do século XX, tendo este país feito muito pouco para ajudar os judeus a fugirem da constante ascensão do III Reich durante o período Entre Guerras. A legislação na época não englobava o conceito de refugiado e a alta taxa de desemprego entre
cidadãos norte-americanos, também desestimulava o apoio à imigração. Além disso o anti-semitismo era um fator a ser considerado e por isso nunca ouve um prospecto de permitir ou facilitar a emigração de um grande número de judeus europeus durante esse período de guerra. A Segunda Guerra é um período importante na história da migração judaica. Cerca de nove milhões de israelitas viviam nos países que viriam a ser ocupados pela Alemanha. No final da Guerra, dois terços dos judeus europeus haviam sido assassinados e a vida judaica na Europa alterada para sempre, acarretando uma grande migração. Além de serem perseguidos e expulsos dos territórios ocupados, os judeus também foram forçados a contribuírem com a força de trabalho necessária para a construção do império nazi. Juntamente com cidadãos poloneses foram obrigados a trabalhar de modo forçado, ao lado de voluntários de países neutros ou favoráveis à Alemanha como Itália, Croácia e Espanha. O regime nazi necessitava repôr os 11 milhões de trabalhadores alemães que prestavam serviços militares sendo que ao final da Guerra haviam 7,5 milhões de trabalhadores estrangeiros na Alema-
CERCA DE 6 MILHÕES DE JUDEUS FORAM ASSASSINADOS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, APROXIMADAMENTE DOIS TERÇOS DA POPULAÇÃO JUDAICA EUROPEIA ANTES DO HOLOCAUSTO. MAIS DE 40 MIL INSTALAÇÕES FORAM UTILIZADAS PARA REUNIR, EXPLORAR E EXTERMINAR JUDEUS JUNTAMENTE COM OUTRAS VÍTIMAS DO REGIME NAZI ALEMÃO. 138
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Judeus poloneses embarcam num comboio para o campo de Treblinka em 1942.
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OS GUETOS NÃO FORAM UMA INVENÇÃO NAZI. BAIRROS OU REGIÕES DE UM LOCAL ONDE HABITAM MEMBROS DE UMA ETNIA MINORITÁRIA, OS PRIMEIROS GUETOS JUDEUS SURGEM COM A SUA EXTRADIÇÃO PARA CIDADES LONGÍQUAS PELO IMPÉRIO ROMANO ENTRE OS SÉCULOS I E IV. NA EUROPA SURGEM NO SÉCULO XIV COM A CRIAÇÃO DE UM GUETO JUDAICO NUMA DAS ILHAS DE VENEZA E PASSAM A SER OBRIGATÓRIOS NO SÉCULO XVII COM A BULA EMITIDA PELO PAPA PIO V. OS MUROS DOS GUETOS FORAM PROGRESSIVAMENTE DEMOLIDOS COM O SURGIMENTO DOS IDEAIS ILUMINISTAS, SENDO O ÚLTIMO GUETO A SER ABOLIDO O DE ROMA EM 1883. COM O TERCEIRO REICH ELES FORAM MAIS UMA VEZ CRIADOS PARA CONTER OS JUDEUS DESTINADOS AOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO. Judeus são removidos de um Gueto na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial.
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Algun refugiados palestinos retornam às suas vilas depois de sua rendição na Guerra Árabe-Israelense em 1948.
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A CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL VISANDO UM TERRITÓRIO FIXO PARA OS JUDEUS ACABOU POR OCASIONAR UMA OUTRA MIGRAÇÃO: NA ÉPOCA DA CRIAÇÃO DE ISRAEL, CERCA DE 900 MIL PALESTINOS FORAM OBRIGADOS A ABANDONAR OS SEUS LARES. ESTIMA-SE QUE EM 2012 HAVIAM APROXIMADAMENTE 5 MILHÕES DE REFUGIADOS DIRETOS OU DESCENDENTES DE PALESTINOS REFUGIADOS ORIGINADOS PELA GUERRA INICIADA EM 1948.
nha dos quais aproximadamente 1,8 milhões eram prisioneiros de guerra. Após o fim da guerra a ONU, órgão fundado em 1945 para promover diálogo entre países e evitar futuros conflitos, em assembléia geral, votou pela criação de um estado judaico através do Plano de Partilha da Palestina. O estado de Israel foi criado em 1948 e ocasionou a expulsão de judeus de países árabes onde residiam há séculos. No Egito, que contabilizava 65 mil judeus em 1937, restaram menos de 100. Na Líbia, nenhum. Também está na origem da Questão Palestina, em que árabes habitantes dessa região reinvidicam a sua posse e levou à 1° Guerra Árabe-Israelense. Com a queda da URSS nos anos 90 do século XX estima-se que 1 milhão de judeus-soviéticos migraram para Israel e para os Estados Unidos aproveitando-se da possibilidade oferecida à sua etnia que outros habitantes desses antigos países comu-
nistas não possuíam. No entanto, estudos posteriores realizados demonstram que aproximadamente 20% desses imigrantes não eram de facto judeus, apenas pessoas à procura de trabalho. A Lei do Retorno de Israel incentiva que judeus de todo o mundo imigrem para o seu território, sendo que a sua população cresceu de 800.000 em 1947 para 6 milhões em 1998 com a imigração correspondendo a 40% desse aumento. Atualmente, a maior comunidade judia no mundo depois de Israel é os Estados Unidos, com 5.165.019 judeus. Em outros lugares na América há também populações significativas como no Canadá, Argentina, Brasil, México, Uruguai, Venezuela, Chile, entre outros. A maior população judaica da Europa Ocidental e terceira maior população judaica mundialmente pode ser encontrada na França, com 490.000 judeus, a maioria descendentes de imigrantes/refu-
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Chegada de 502 crianças austríacas judias a Londres em 12 de dezembro de 1938. Houveram poucas iniciativas de ajudar as populações judaicas durante a perseguição alemã.
giados de países árabes norte-africanos como a Argélia, Marrocos e Tunísia. Estima-se que existam 295.000 judeus no Reino Unido e que haja aproximadamente 356.700 judeus a viver nos 15 países que pertenciam à antiga União Soviética, a grande maioria situada na Europa Oriental. Nos países árabes do Norte de África e do Médio Oriente haviam por volta de 900.000 judeus em 1945. Devido ao anti-sionismo reflorescido após a fundação de Israel, as perseguições forçaram-os a migrarem. Aproximadamente 600.000 dirigiram-se para Israel enquanto outros 300.000 migraram para a Europa, América ou Austrália. O sionismo é também chamado de nacionalismo judaico e historicamente propõe a erradicação da Diáspora Judaica, com o retorno da totalidade dos judeus ao atual Estado de Israel. O movimento defende a manutenção da identidade judaica, opondo-se à assimilação dos judeus pelas sociedades dos países em que viviam. O sionismo surgiu no final do século XIX na Europa Central e Oriental como um movimento de revitalização nacional e logo foi associado à colonização da Palestina. Segundo o pensamento sionista, a Palestina fora ocupada por estranhos. Desde a criação do Estado de Israel o movimento sionista continua a defender o Estado Judeu, denunciando as ameaças à sua permanência e à sua segurança e também promovendo o retorno de judeus em diáspora pelo mundo à sua suposta terra natal.
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1945 — 1970
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CIDADÃOS E APÁTRIDAS
Soldados soviéticos retornam a Moscovo após o fim da guerra em 1945. Além dos movimentos dos combatentes, o final do conflito provovou o deslocamento de milhares de pessoas que haviam deixado as suas casas em fuga ou ao serviço das nações.
DISPERSÃO E DESCOLONIZAÇÃO
A
pós a Segunda Guerra Mundial instalou-se no mundo uma nova ordem entre cidadãos, prisioneiros de guerra e refugiados. Essa divisão ocasionada pelas novas fronteiras nacionais, novos governos e retomada de antigas nações, também se repetiu na segunda metade do século XX com o processo de libertação das colónias remanescentes. As populações das antigas colónias também sofreram uma divisão entre naturais, estrangeiros dominadores e estrangeiros residentes. Em ambas as situações migrações forçadas e espontâneas ocorreram devido à delimitação de novos governos e fronteiras, reconfigurando o ambiente político e social e iniciando um fluxo de refugiados e apátridas que ainda hoje está presente. O número de refugiados durante a II Guerra Mundial, tanto na Europa quanto no Oriente, é bastante controverso. Os números geralmente variam
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entre 8 milhões até 70 milhões, dependendo da fonte consultada. De qualquer forma, houve, durante este conflito, deslocamentos em massa de populações que fugiam do avanço nazi e, ao mesmo tempo, um deslocamento forçado, para fazendas e fábricas, que utilizavam pessoas para o trabalho escravo ou em campos de concentração. O final da II Guerra Mundial marcou o início da colocação, fora da Europa, de um contingente significativo de pessoas, vítimas do conflito. Os números são controversos mas não seria equivocado afirmar que aproximadamente dois milhões de pessoas estavam fora das suas regiões de origem após o conflito, vítimas de deslocamentos obrigados por forças de ocupação. Na sua maioria, eram regressos de países que foram situados, após o conflito, na zona denominada Leste Europeu e, portanto, na órbita política da União Soviética. A organização de campos de refu-
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MIGRAÇÃO ALEMÃ
No fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, ocorreu uma onda de imigração por parte dos refugiados, incluíndo as pessoas que foram expulsas da parte leste do Reich Alemão como também população expulsa da Polónia, Checoslóvaquia, Hungria e Jugoslávia.
1946 ZONA DE OCUPAÇÃO SOVIÉTICA NA ALEMANHA
ZONA DE OCUPAÇÃO BRITÂNICA E ZONA DE OCUPAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS NA ALEMANHA
MILHÕES 1950
7,9
MILHÕES
ENCONTRAVAM-SE A VIVER NA RÉPUBLICA FEDERAL DA ALEMANHA
12
MILHÕES
PERTENCIAM À DIÁSPORA ALEMÃ E EMIGRARAM PARA A RÉPUBLICA FEDERAL DA ALEMANHA (RFA), PARA A RÉPUBLICA DEMOCRÁTICA DA ALEMANHA (RDA) E PARA A ÁUSTRIA.
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1950 47 MIL 1952 5 MIL 1953 - 1987
5,9
3,6
150
EMIGRAÇÃO PASSOU A SER LIMITADA A ALGUNS CASOS DE REUNIÕES DE FAMÍLIA
37 MIL ENTRE 1950 A 1987
1,4 MILHÕES RECÉM-CHEGADOS EMIGRANTES FORAM REGISTADOS NA RFA
RÉPUBLICA DEMOCRÁTICA DA ALEMANHA
20%
DA POPULAÇÃO ERAM IMIGRANTES RÉPUBLICA FEDERAL DA ALEMANHA
16%
DA POPULAÇÃO ERAM IMIGRANTES
A ROTA PRINCIPAL DOS REFUGIADOS DOS PAÍSES OCUPADOS PELA ALEMANHA, PASSAVA PELO SUL DA FRANÇA E ESPANHA, DE ONDE OS MIGRANTES SEGUIAM PARA O NORTE DE ÁFRICA, PORTUGAL E PARA AS AMÉRICAS. giados na Alemanha, Áustria, Itália e Grécia, e a posterior inserção desses sujeitos em diversos países, demonstrou quão complexas eram as formas da política internacional a partir da segunda metade do século XX. Entre 1947 até 1951, a Organização Internacional de Refugiados foi a principal responsável pela realocação desse contingente em diversos países do bloco ocidental, dentre eles Israel, Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Venezuela, Argentina, Peru, Canadá, etc. Como citado no capítulo anterior a população que teve a sua história migratória mais afetada pelo conflito armado nas década de 30 e 40, foi a judia. No entanto, outras minorias sofreram perseguições durante a Segunda Guerra Mundial e muitos migraram para outras regiões e países quando as suas nações eram ocupadas pelas tropas alemãs. Após o conflito a grande maioria retornou à sua região de origem. O fluxo de migrantes retornando às suas casas incluiu também militares no frente de batalha. Em 26 de setembro de 1945 foi aberto, numa pequena cidade perto de Göttingen, no centro da Alemanha, um acampamento para receber os prisioneiros e refugiados alemães que retornavam do Leste Europeu após a Segunda Guerra.
No entanto, dados da O.I.R. apontam, que em julho de 1947 havia aproximadamente 700.000 refugiados na Alemanha e Áustria, ocupadas pelas forças aliadas. Destes, a grande maioria não desejava voltar para as suas regiões de origem. Os trabalhos de triagem e encaminhamento dos refugiados e deslocados de guerra tiveram início em 1947, sob a coordenação da Organização Internacional de Refugiados (O.I.R.). A migração de trabalhadores de antigas colónias para as ex-metrópoles, à medida que novas independências eram conquistadas pelos países, iniciou-se logo após o fim da Segunda Guerra, acentuando-se na década de 50. Em 1851 havia cerca de 218.000 pessoas originárias de antigas colónias britânicas, no Reino Unido, número que aumentou para 541.000 em 1961. Com o aumento da imigração de pessoas das antigas colónias as leis de imigração foram tornando-se cada vez mais rígidas ao longo da segunda metade do século XX. Ainda em relação ao Reino Unido, em 1981, a população das ex-colónias já era de 1,5 milhões de pessoas. Outros países, que passaram por grandes fluxos de entrada de migrantes nesse período, foram a França e a Holanda. Dentre esses, muitos migra-
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Alemães dirigirem-se à estação de comboio em Liberec para serem transferidos para a Alemanha em julho de 1946. Após o fim da guerra entre 12 e 14 milhões de alemães e descendentes foram expulsos de territórios que a Alemanha havia anexado anteriormente.
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China
EUROPA OCIDENTAL AMÉRICA ANGLO-SAXÓNICA
Sudeste Asiático
OCEANO ATLÂNTICO México
OCEANO PACÍFICO
América Central Caribe
Colômbia Equador Peru
BRASIL Bolívia
ARGENTINA
PRINCIPAIS REGIÕES DE SAÍDA DE MIGRANTES PRINCIPAIS REGIÕES DE DESTINO DE MIGRANTES ROTAS MIGRATÓRIAS 154
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África do Norte
OCEANO PACÍFICO Turquia
Coreia do Sul
JAPÃO
China PAÍSES DO GOLFO Sudão Somália
Península Indostânica Sudeste Asiático
África Central
OCEANO ÍNDICO
AUSTRÁLIA
ÁFRICA DO SUL
FLUXOS MIGRATÓRIOS DISPERSÃO E DESCOLONIZAÇÃO
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Uma grande imigração de asiáticos para a América ocorreu após 1945. A maior delas para os Estados Unidos após 1965, em que contabilizava-se 17 mil imigrantes por ano e passou-se para mais de 250 mil nos anos 80.
COM O FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL O NÚMERO DE MIGRANTES AUMENTOU. NUMA PRIMEIRA FASE, DE 1945 A 1970, ESSA MIGRAÇÃO FOI COMPOSTA POR REFUGIADOS E POPULAÇÕES DESLOCADAS PELO CONFLITO E POR POPULAÇÕES DE ANTIGAS COLÓNIAS E PAÍSES PERIFÉRICOS À PROCURA DE MELHORES EMPREGOS. OS PRINCIPAIS DESTINOS DESSES MIGRANTES ORIUNDOS DA ÁSIA, ÁFRICA E AMÉRICA LATINA ERAM PAÍSES DA EUROPA OCIDENTAL COMO INGLATERRA, FRANÇA E ALEMANHA, E OS ESTADOS UNIDOS. HOUVE TAMBÉM UM NÚMERO CONSIDERÁVEL DE MIGRANTES QUE DESLOCARAM-SE PARA A AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA E INÚMERAS MIGRAÇÕES INTRAREGIONAIS NA ÁSIA, ÁFRICA, MÉDIO ORIENTE E AMÉRICAS.
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Imigrantes mexicanos em fila para entrevista de emprego no Texas em 1959, fotografia de Michael Rougier.
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1960 76 MILHÕES
MIGRANTES INTERNACIONAIS POR REGIÃO Esta migração massiva foi o resultado da rápida expansão industrial e da mudança para novos métodos de produção em massa, que requeriam grandes números de trabalhadores com pouca experiência. A migração de antigas colónias era importante para o Reino Unido, França e Países Baixos. As Nações Unidas define como migrantes, aqueles que viveram fora do seu país de nascimento durante 12 meses ou mais.
32 MILHÕES
REGIÕES MAIS DESENVOLVIDAS
REGIÕES MENOS DESENVOLVIDAS ÁFRICA
43 MILHÕES
9 MILHÕES 29 MILHÕES
ÁSIA 14 MILHÕES
EUROPA
Cada ícone representa 2 milhões de pessoas. No entanto, para facilitar a visualização da informação, os valores correspondentes foram aproximados.
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AMÉRICA DO SUL E CARAÍBAS
6 MILHÕES
AMÉRICA DO NORTE
13 MILHÕES
OCEÂNIA
2 MILHÕES
1970
1980
1990
2000
2005
81 MILHÕES
99 MILHÕES
155 MILHÕES
177 MILHÕES
191 MILHÕES
38 MILHÕES
48 MILHÕES
82 MILHÕES
105 MILHÕES
115 MILHÕES
43 MILHÕES
52 MILHÕES
73 MILHÕES
72 MILHÕES
75 MILHÕES
10 MILHÕES
14 MILHÕES
16 MILHÕES
17 MILHÕES
17 MILHÕES
28 MILHÕES
32 MILHÕES
50 MILHÕES
50 MILHÕES
53 MILHÕES
19 MILHÕES
22 MILHÕES
49 MILHÕES
58 MILHÕES
64 MILHÕES
6 MILHÕES
6 MILHÕES
7 MILHÕES
6 MILHÕES
7 MILHÕES
13 MILHÕES
18 MILHÕES
28 MILHÕES
40 MILHÕES
45 MILHÕES
3 MILHÕES
4 MILHÕES
5 MILHÕES
5 MILHÕES
5 MILHÕES
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ram para a Europa muito antes dos seus países tornarem-se independentes. Na segunda parte do século XX também houve um aumento de migrantes asiáticos dentro da mesma região, na Europa e na América além do Médio Oriente, fugindo de perseguições étnicas e em busca de trabalho e melhores condições de vida. Historicamente, a migração africana foi maoritariamente interna, com populações cruzando fronteiras de países vizinhos. Os números dessa migração interna ainda são muito superiores ao da migração de cidadãos das antigas colónias para a Europa e América. No entanto, na década de 80, a estagnação económica e as crises que atingiram diversos países, acabaram por afetar o continente, tendo como resultado, o aumento da migração de africanos para países mais desenvolvidos. Além da diminuição da população essa migração trouxe uma outra questão aos países africanos: a perda de mão-de-obra especializada. Os africanos possuem o mais alto nível educacional entre os imigrantes nos Estados Unidos: 49% possuem diploma de curso superior, 19% possuem mestrado e 30.000 possuíam doutorado antes de ingressarem em terras norte-americanas.
O Médio Oriente é uma região em movimento assim como a África sub-saariana. Ao longo do final do século XX, a aceitação de migrantes nesses países, focou-se no facto dos requerentes terem ou não laços com a região e se estes eram uma mãode-obra necessária. O principal destino dos migrantes dessa região é a Europa, possuindo 6 milhões de imigrantes dessa origem. A América Latina e do Sul mudaram de regiões como destino de migrantes para regiões de exportação. O quadro acelerou-se ao fim da década de 80 com uma grande migração, principalmente, para o norte do continente, EUA e Canadá. Estima-se que entre os anos de 1800 e 1970, a América Latina recebeu 21 milhões de imigrantes. Estes vieram principalmente de Espanha, Itália e Portugal e a maioria assentou-se no Cone Sul. A maior migração única foram os 3 milhões de italianos que se mudaram para a Argentina. Os fluxos migratórios provenientes de países periféricos, seguem uma lógica económica: as razões são a procura por trabalho e melhores condições. Também há refugiados de conflitos que se instalaram após as independências ou o deslocamento de populações pelos novos governos no poder.
EM MUITOS CASOS A MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES NÃO INCLUÍA O MOVIMENTO DA SUA FAMÍLIA: MEDIDAS GOVERNAMENTAIS IMPEDIRAM EM DIVERSOS PAÍSES QUE IMIGRANTES TROUXESSEM PARENTES PARA OSEU NOVO LAR, MANTENDO OS MIGRANTES COM O ESTATUTO DE “CONVIDADOS”. 162
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Crianças descendentes de emigrantes de Bangladesh em Londres, 1986. Após a independência de Bangladesh em 1971 uma grande imigração para a Grã-Bretanha começou ocasionada pela fuga da pobreza, do conflito armado contra o Paquistão e pela devastação causada pelo ciclone Bhola.
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EM 1951, A ONU PROPÔS UMA CONVENÇÃO QUE TRATAVA DA QUESTÃO DOS REFUGIADOS NO MUNDO. ATUALMENTE APENAS 16 PAÍSES SÃO SIGNATÁRIOS DO DOCUMENTO: AUSTRÁLIA, BENIM, BURKINA FASO, CANADÁ, CHILE, DINAMARCA, FINLÂNDIA, ISLÂNDIA, IRLANDA, BRASIL, PAÍSES BAIXOS, NORUEGA, NOVA ZELÂNDIA, SUÉCIA, SUÍÇA E ESTADOS UNIDOS. NO ENTANTO ESSES NÃO SÃO OS PAÍSES QUE MAIS ABRIGAM REFUGIADOS. EM 2011, O PAQUISTÃO ERA O PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE MIGRANTES REFUGIADOS, SEGUIDO DE IRÃO, SÍRIA, ALEMANHA, QUÉNIA, JORDÂNIA, CHADE, CHINA, ETIÓPIA E ESTADOS UNIDOS. A DISCREPÂNCIA DOS DADOS EXIBE QUE MIGRAÇÕES ENTRE PAÍSES NO MÉDIO ORIENTE SÃO ATUALMENTE NUMEROSAS E ALARMANTES. Crianças refugiadas húngaras na Dinamarca em 1956. Um total de 200.000 pessoas abandonaram a Hungria após a invasão de Budapeste por tropas da URSS, destinando-se à 37 países segundo a ONU.
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1970 — DIAS ATUAIS
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Trabalhadores emigrantes do Irão trabalham na construção dos Emirados Árabes Unidos. A migração para países do Golfo Pérsico e Médio Oriente são intra e inter-regionais.
NOVOS PEÕES O TRÂNSITO DE TRABALHADORES NA TRANSIÇÃO PARA O SÉCULO XXI
A
crise do petróleo, no início da década de 70, afetou a economia global e levou a uma reestruturação das relações de trabalho pelo planeta e, consequentemente, nas migrações humanas. Essa nova onda migratória, iniciou-se na metade da década de 70 e perdura até os primeiros anos do século XXI, exibindo complexos padrões de movimento. Como exemplo dessa complexidade, pode ser citado o sul da Europa, que antes era uma região de emigrantes, que nesse período passou a receber um grande número de imigrantes. Os países do centro e leste europeu, que antes estavam isolados da dinâmica migratória do oeste europeu, configuram regiões de saída, trânsito e chegada de migrantes. Um factor comum, entre essa segunda onda migratória do século XX e a primeira que durou de 1945 a 1970, é a predominância da motivação económica. Tanto a migração para a Europa ocidental, como para os Estados Unidos ou outros países como Austrália, foram motivadas por considerações económicas por parte dos migrantes, empregadores e governos. Outro factor comum foi a crescente diversidade de áreas de origem e da distância cultu-
ral entre migrantes e populações locais. Inicialmente os migrantes eram originários de outras regiões europeias e com o tempo passaram a serem oriundos da Ásia, África e América Latina. O período de que tratamos é comumente chamado de globalização. Ele possui como características relacionadas à migração humana a criação de fábricas e centros de produção em países periféricos além da revolução micro-eletrónica que requeria trabalhadores manuais e a expansão do setor de serviços e da demanda por trabalhadores com pouca ou nenhuma especialização. A partir da década de 70 tornou-se comum o recrutamento de grupos de trabalhadores estrangeiros para suprir a mão-de-obra necessária nesse período de reestruturação económica mundial. Durante esse período ocorre um declínio da migração de força de trabalho, organizada pelo Estado na Europa Ocidental, dando lugar a uma geração de trabalhadores estrangeiros temporários, principalmente nos anos 90. O recrutamento pelo Estado passa a ser protagonizado principalmente por países produtores de petróleo na região do Médio Oriente.
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A migração de trabalhadores não seguiu apenas fatores económicos, mas também sociais. Na fotografia, refugiados vietnamitas chegam à costa australiana em 1977.
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CANADÁ
AMÉRICA DO NORTE
EUROPA
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
OCEANO ATLÂNTICO ÁFRICA OCEANO PACÍFICO AMÉRICA DO SUL
NOVOS FLUXOS
MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES A PARTIR DA DÉCADA DE 70 172
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ÁSIA
OCEANO PACÍFICO ÍNDIA
AUSTRÁLIA
OCEANO ÍNDICO
NOVA ZELÂNDIA
ROTAS DA MIGRAÇÃO DOS TRABALHADORES MUNDO EM MOVIMENTO
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O RECRUTAMENTO DE TRABALHADORES PARA AS GRANDES CONSTRUÇÕES CIVIS NO MÉDIO ORIENTE ERA RESULTADO DE UM ACORDO ENTRE O EMIR E COMPANHIAS DE PETRÓLEO. NESSE ACORDO, CHAMADO KAFALA, UM PATROCINADOR ENCARREGARIA-SE DE RECRUTAR HOMENS CONFIÁVEIS PARA O TRABALHO. ESSE SISTEMA PERDURA AINDA HOJE EM DIVERSOS PAÍSES PRODUTORES DE PETRÓLEO NO MÉDIO ORIENTE. A migração de trabalhadores recrutados para o Médio Oriente diminuiu durante a Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991, mas foi logo retomada com o fim do conflito. Durante o combate cerca de 450.000 asiáticos retornaram para os seus países. A crise do petróleo em 1973, teve um grande impacto, principalmente, no setor da construção civil, nos países do Médio Oriente, levando à necessidade de contratação de mão-de-obra. Entre as décadas de 60 e 70, a maior parte dos trabalhadores estrangeiros na região eram de origem árabe, como egípcios, yemenitas, palestinos e jordanianos, entre outros. Atualmente, essa predominância inverteu-se: nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, de uma população de 3 milhões de pessoas pelo menos 75% correspondem a estrangeiros, dos quais três quintos são do sul asiático. A preferência por trabalhadores não-árabes aumentou após a Guerra do Golfo, devido à constatação de que migrantes trabalhadores árabes estavam constantemente envolvidos em questões políticas e sociais, além de promoverem o questionamento de regimes e greves trabalhistas.
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Conflitos na África, como as Guerras Civis de Serra Leoa (1991-2001), Libéria (1989-1996 e 19992003), Guiné (1999-2000) e Costa do Marfim (desde 2002), também ocasionaram a cessão de fluxos migratórios de trabalhadores internos no continente com o surgimento de grandes massas de refugiados e de populações internamente deslocadas. Quando os governos da Europa Ocidental cortaram as migrações de trabalhadores, alguns retornaram à suas origens, enquanto outros permaneceram e trouxeram as suas famílias. A maioria dos que permaneceram, eram originários de áreas menos desenvolvidas onde não havia um mercado de trabalho que os absorvesse. A estrutura social dos migrantes também foi alterada: na Alemanha, por exemplo, entre 1974 e 1981, o número de homens estrangeiros diminuiu, enquanto o de mulheres aumentou em 12% e o de crianças até quinze anos em 52%. Os países do sul europeu foram durante o século XX a reserva de força de trabalho dos países do norte europeu, América do Norte, América do Sul e Austrália. Na década de 80, essa migração alterou-
Após a queda do muro milhares de trabalhadores dirigiram-se à Alemanha através de negociações entre o governo alemão e turco. No entanto, esses trabalhadores estavam sujeitos ao estatuto de trabalhador-convidado e não possuíam autorização para levar consigo a sua família.
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IMIGRAÇÃO NA AUSTRÁLIA NOS ANOS 70
Desde 1901, a Política “Austrália Branca” tem impedido as pessoas não-brancas de migrar para a Austrália. Em 1974, a política foi abolida. Como resultado, dezenas de milhares de pessoas da Ásia e do Médio Oriente foram admitidas para entrar na Austrália durante a década de 70. Muitos dos novos imigrantes asiáticos eram refugiados da Guerra do Vietname. Por volta da mesma altura, as migrações provenientes da Europa diminuiram.
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MÉDIA ANUAL DE IMIGRANTES
1970 - 1974
142 MIL
1975 - 1979
71 MIL
EM 1972,
ASIÁTICOS IMIGRARAM PARA A AUSTRÁLIA, POIS FORAM EXPULSOS PELO PRESIDENTE DE UGANDA. EM 1975, A GUERRA EM TIMOR LESTE, TROUXE
2.500
EVACUADOS PARA DARWIN, MARCANDO O INÍCIO DE UMA DIÁSPORA DE REFUGIADOS TIMORENSES NA AUSTRÁLIA. 176
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1970 - 1974 PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
20%
PAÍSES DESENVOLVIDOS
69%
ÁSIA
12%
1985 - 1989 1980 - 1984
115 MIL
95 MIL
1975 - 1979
EM 1973, IMIGRANTES DO CHILE INSTALARAM-SE, QUANDO COMEÇOU UM GOLPE MILITAR CONTRA O GOVERNO DE ALLENDE. NO ANO SEGUINTE, REFUGIADOS CIPRIOTAS COMEÇARAM A CHEGAR APÓS A INVASÃO TURCA DA REPÚBLICA TURCA DO CHIPRE DO NORTE.
1980 - 1984
1985 - 1989
41%
39%
53%
55%
53%
42%
29%
31%
41%
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A descoberta de petróleo na Noruega em 1969 também ocasionou um fluxo de imigrantes trabalhadores no país.
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A migração de latino-americanos e europeus do leste para os Estados Unidos é sustentada principalmente pela necessidade de mão-de-obra nos campos e fazendas americanas.
O FLUXO MIGRATÓRIO DE TRABALHADORES DA EUROPA PARA TERRAS DO NOVO MUNDO NOTADO ATÉ A METADE DA DÉCADA DE 70, INVERTEU-SE COM DIVERSOS MOVIMENTOS DE LATINO-AMERICANOS, ASIÁTICOS E AFRICANOS MIGRANDO PARA A EUROPA E ESTADOS UNIDOS. se, com Itália, Espanha, Portugal e Grécia tornando-se países recebedores de trabalhadores do norte africano, América Latina, Ásia e posteriormente leste europeu. Ocorreu devido ao desenvolvimento económico desses países aliados, ao seu baixo crescimento populacional e à necessidade de mão-de-obra. Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, a migração de pessoas do centro e do leste europeu para o oeste, foi acentuada, mas não da forma que se previa. As maiores migrações dentro do território europeu, durante esse período, ocorreram entre os países que formavam a União Soviética. A migração na Ásia cresceu, dramaticamente, nas décadas de 70 e 80, sendo os maiores destinos a América do Norte, a Austrália e o Médio Oriente. Na década de 90, o maior crescimento está na migração dentro de territórios asiáticos, com a movimentação de trabalhadores de países menos desenvolvidos para as novas superpotências económicas que surgiram na região. Índia e China experenciaram grandes migrações internas, em parte de localidades para as áreas urbanas em desenvolvimento. No início do século XXI haviam 6,1 milhões de asiáticos empregados em países asiáticos que não o seu de origem e 8,7 milhões em países do Médio
Oriente. Estima-se, que em todo o mundo, hajam 20 milhões de migrantes trabalhadores asiáticos. A maior migração asiática foi para os Estados Unidos, depois do Ato de Imigração em 1965, sendo que o número de migrantes aumentou de 17.000 em 1965 para 250.000 anualmente, na década de 80. Na América Latina, o declínio da imigração de trabalhadores europeus levou ao surgimento de fluxos intercontinentais de migração. Na América Central pode-se citar a migração de grandes grupos de Cuba e outros países caribenhos para os Estados Unidos. Grande parte dessas migrações deveramse à queda do Produto Interno Bruto dos países da América Latina, que mesmo com a tendência de liberalização económica da década de 90, sofreram com a crise económica subsequente. Numa pesquisa realizada em 2001, 21% dos argentinos, entre 18 e 24 anos, afirmaram querer emigrar do seu país. A migração para a América do Norte também é comum entre povos da América Latina, assim como o retorno à origem dos seus ancestrais na Europa e na Ásia. A população brasileira nos Estados Unidos, em 2000, era de 212.400 pessoas, enquanto que, em 2005, a população brasileira no Japão só era inferior à chinesa, com 302.000 pessoas.
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Imigrantes guatemaltecos atravessam a fronteira entre a Guatemala e o México com os seus pertences. É cada vez maior o número de imigrantes ilegais que entram nos Estados Unidos através das fronteiras mexicanas.
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ATUALMENTE
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Refugiados palestinos aguardam em fila por alimentos fornecidos pela ONU em campo de refugiados em Damasco, na Síria.
À FORÇA E COMPULSIVAS REFUGIADOS DE GUERRA, DESASTRES NATURAIS E CRISES ECONÓMICAS
O
s movimentos migratórios estagnaram-se em partes durante a metade da década de 90, devido às leis de restrição migratórias e à estabilização financeira e política de diversos países. No entanto, no começo do novo milénio, as migrações humanas aumentaram novamente de modo acelerado. A globalização económica continua a incentivar a migração de trabalhadores, especializados ou não, além da facilitação do trânsito de pessoas em mercados comuns como a União Européia na Europa ou o Mercosul na América Latina. Entretanto, apesar da retórica oficial priorizar a migração económica, diversos outros tipos de migração ocorrem, atualmente, em grandes números. Nos países europeus a maior categoria migratória é a de reunião familiar: em 2004 a reunião familiar respondeu por 60% de todas as imigrações legais registadas na França, Itália e Suécia e aproximadamente por 50% na Holanda e Alemanha.
Os pedidos de asilo e refugiados humanitários ainda são altos, principalmente devido à perseguição étnica e religiosa e a alguns conflitos militares recentes, como por exemplo, a Guerra Civil Síria. O número de refugiados na África, continente assolado por inúmeras guerras civis, aumentou de 860.000, em 1968, para 6.775.000 em 1992. Uma das populações que mais tem sofrido, com o aumento do número de refugiados, é a do Afeganistão, sendo deslocada das suas casas por mais de três décadas. Estima-se que mais de 400.000 pessoas estejam deslocadas dentro do território afegão. Grande parte da população migrou para o Paquistão, num fluxo que se reverteu com o retorno de muitas pessoas entre 2001 e 2002. Desde 2002, mais de 5,7 milhões de refugiados retornaram ao Afeganistão, aumentando em 25% a população do país. No entanto, em 2012 ainda haviam 1,8 milhões de refugiados afegãos no Paquistão.
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FUGA DA ADVERSIDADE REFUGIADOS ECONÓMICOS EM BUSCA DE NOVAS OPORTUNIDADES
AMÉRICA DO NORTE
EUROPA
OCEANO ATLÂNTICO ÁFRICA
OCEANO PACÍFICO
AMÉRICA DO SUL
ROTAS DE MIGRAÇÃO 188
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ÁSIA OCEANO PACÍFICO
OCEÂNIA OCEANO ÍNDICO
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FOCO ECONÓMICO
1 EM CADA 4 REFUGIADOS VIVE EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO. ESTES POSSUEM POLÍTICAS MIGRATÓRIAS MENOS RÍGIDAS DO QUE AS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS.
O movimento de populações ocasionados por crises ou má situações econômicas constituem um tipo de migrante que se enquadra noutras categorias, sendo que o factor económico mantêm-se como uma das principais motivações para a migração humana nos dias atuais, seja com a fuga de crises ou com a demanda por trabalhadores em economias em desenvolvimento.
O PAQUISTÃO ABRIGAVA EM 2010
1,9 MILHÕES
DE REFUGIADOS, SENDO AINDA HOJE O MAIOR RECEPTOR DE PESSOAS DESLOCADAS DO MUNDO. UM RELATÓRIO DIVULGADO EM 2006 REVELOU QUE TODOS OS DIAS MORREM PELO MENOS
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IMIGRANTES AFRICANOS NA TENTATIVA DE ATRAVESSAR O MAR MEDITERRÂNEO. 190
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DOS 43,7 MILHÕES DE PESSOAS DESLOCADAS EM 2010, 10,55 MILHÕES ESTÃO SOB RESPONSABILIDADE DA ACNUR, A AGÊNCIA DE REFUGIADOS DA ONU.
NO ANO DE 2010 HAVIAM
43,7 MILHÕES
DE PESSOAS EM FUGA, O QUE EQUIVALE À POPULAÇÃO TOTAL DA COLÔMBIA.
OS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS DO PÓS-GUERRA, APÓS 1945 E PARTICULARMENTE OS QUE SURGEM A PARTIR DA METADE DA DÉCADA DE 80, INDICAM QUE A MIGRAÇÃO TORNOU-SE PARTE ESSENCIAL DAS TRANSFORMAÇÕES GLOBAIS. ESTÁ LIGADA À INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO E À GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA, SENDO OCASIONADA GERALMENTE POR QUESTÕES ECONÓMICAS. SEJA PELA NECESSIDADE DE MÃO-DE-OBRA OU PELA PROCURA DE MELHORES CONDIÇÕES ECONÓMICAS, GRANDE PARTE DAS MIGRAÇÕES DO FINAL DO SÉCULO XX ATÉ AOS DIAS ATUAIS, RESPONDEM A FATORES FINANCEIROS. ESSES FATORES, AINDA QUE EM DIFERENTES NUANCES, SÃO RESPONSÁVEIS PELAS GRANDES MIGRAÇÕES HUMANAS HÁ MAIS DE 500 ANOS, DESDE O TRÁFICO NEGREIRO DE MÃO-DE-OBRA.
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Vista aérea do campo de Zaatari, perto da cidade de Mafraq na Jordânia, onde vivem cerca de 115 mil refugiados sírios.
Na Europa, os pedidos de asilo cresceram na década de 90. Em 2001 foram 471.000 pedidos na europa ocidental, mas diminuíram em 2005, com 243.000 pedidos. Dados mais atuais podem refletir um aumento devido a conflitos militares. Há uma mudança nos países de destinos na Europa, sendo que a Alemanha e França, dois países com tradições em receber imigrantes, têm assistido os seus números caírem. O maior aumento nas entradas de migrantes ocorrem nos países do sul, em 2004 a Espanha recebeu 645.800 imigrantes e a Itália 319,300 imigrantes. Um dos maiores problemas atuais é a imigração ilegal. Os números exatos são desconhecidos, mas estima-se que entre 4,1 e 7,5 milhões de pessoas estejam ilegais na EU-25. O tráfico de imigrantes, no Mediterrâneo, tem sido, principalmente, uma preocupação do governo italiano. Ações conjuntas com a NATO e ONU tentam frear a prática que leva à morte de centenas em travessias perigosas.
Também a Espanha luta contra a imigração de grupos provenientes principalmente, do norte de África. A relação dos estrangeiros com os atentados terrorristas, em Madrid, em 2004, acentuou os esforços para deter e extraditar imigrantes ilegais. A história migratória de Portugal evoluiu em três estágios. Da metade do século XIX até a metade da década de 70, os portugueses emigraram deixando um contigente de 5 milhões de descendentes no exterior. A revolução de 1974 marca o início de uma migração significante de populações de antigas colónias portuguesas na África. O estágio atual, começa na década de 80, com a entrada de Portugal na União Européia e a migração de portugueses para outros países europeus e de africanos, latino-americanos e habitantes do leste europeu para Portugal. Em 2005 haviam tantos ucranianos em Portugal quanto brasileiros e cabo verdianos. A grande onda migratória esperada, após o fim da União Soviética, nunca chegou a se concreti-
UMA PEQUENA PERCENTAGEM DE MIGRANTES — CERCA DE 10,5 MILHÕES EM 2011 — SÃO REFUGIADOS DE CONFLITOS, DESASTRES NATURAIS, FOME OU PERSEGUIÇÃO. MAS CRISES MOVIMENTAM UM GRANDE NÚMERO DE PESSOAS NUM CURTO PERÍODO: ENTRE DEZEMBRO DE 2012 E JANEIRO DE 2013 MAIS DE 255.000 SÍRIOS ABANDONARAM O SEU PAÍS DEVIDO À GUERRA. 192
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UMA DAS MAIS SIGNIFICANTES MUDANÇAS NOS PADRÕES MIGRATÓRIOS NO ÚLTIMO SÉCULO, FOI O AUMENTO DA MIGRAÇÃO FEMININA PARA NÚMEROS NUNCA ANTES VISTOS: MULHERES REPRESENTAM METADE DA POPULAÇÃO MIGRANTE MUNDIAL E EM ALGUNS PAÍSES CORRESPONDEM A 70 OU 80% DA POPULAÇÃO ESTRANGEIRA. MIGRANTES DO SEXO FEMININO SÃO PARTICULARMENTE VULNERÁVEIS AO TRÁFICO HUMANO VOLTADO À EXPLORAÇÃO SEXUAL E EXPOSTAS À VIOLÊNCIA SEXUAL E A DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, FATORES QUE TRANSFORMAM ESSE AUMENTO NA MIGRAÇÃO FEMININA NUMA QUESTÃO NÃO APENAS ECONÓMICA MAS DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL.
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AFASTADOS PELA GUERRA
Os refugiados da Guerra Civil da Síria, são cidadãos que fugiram da Síria com a expansão da Guerra. Para escapar da violência, os refugiados sírios fugiram do país para países vizinhos, enquanto milhares escaparam para países mais distantes nas regiões do Cáucaso, Golfo Pérsico e o Norte de África.
TURQUIA
LÍBANO
789.678 1.117.095
JORDÂNIA
IRAQUE 225.475
604.869
SÍRIA
2,8 MILHÕES
60 MIL
DECLARARAM REFÚGIO POLÍTICO PARA A
UNIÃO EUROPEIA
SENDO A ALEMANHA E SUÉCIA OS PRINCIPAIS PAÍSES COM REFUGIADOS
6,5 MILHÕES ENCONTRAM-SE NA SÍRIA, SENDO AS PRINCIPAIS REGIÕES DAMACUS, ALEP, HOMS, DEIR, EZ-ZOR E IDLIB.
O MAIOR APELO HUMANITÁRIO DA HISTÓRIA 4 BILIÕES 27 %
FALTA 73 %
1 BILIÃO RECEBIDO ATÉ À DATA
MAIORES CONTRIBUIDORES REINO UNIDO ALEMANHA NORUEGA
590 MILHÕES 220 MILHÕES 57 MILHÕES
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REFUGIADOS DE GUERRA ORIGENS COMUNS DA POPULAÇÃO EM FUGA
EUROPA AMÉRICA DO NORTE
OCEANO ATLÂNTICO ÁFRICA
OCEANO PACÍFICO
AMÉRICA DO SUL
> 500,000 250,000 - 500,000 100,000 - 250,000 10,000 - 100,000 196
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ÁSIA
OCEANO PACÍFICO
OCEÂNIA OCEANO ÍNDICO
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Anualmente cerca de 200 milhões de habitantes de Bangladesh abandonam o país devido às catástrofes climáticas que ali ocorrem, como a cheia do rio Ganges.
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AMBIENTE HOSTIL Os refugiados climáticos, também chamados migrantes ambientais, são pessoas forçadas à abandonar sua região de origem devido à mudanças repentinas ou duradouras nas condições climáticas, como secas, aumento do nível do mar e chuvas, por exemplo. A tendência é que o número aumente ainda mais nos próximos anos devido ao aquecimento global.
REFUGIADOS DO CLIMA
DE PESSOAS FORAM DESLOCADAS NA ÁSIA E NO PACÍFICO.
1.000
QUILÓMETROS QUADRADOS DE TERRA ARÁVEL POR ANO DEVIDO À DESERTIFICAÇÃO. 250 MILHÕES
2050
O DESERTO DE GOBI NA CHINA EXPANDE-SE POR MAIS DE
3.600
10 MILHÕES
O GOVERNO DE TUVALU FIRMOU UM ACORDO COM A NOVA ZELÂNDIA PARA QUE ESTE ACEITE OS SEUS 11.600 CIDADÃOS NO CASO DE AUMENTO DOS NÍVEIS DO MAR. 200
42 MILHÕES MARROCOS, LÍBIA E TUNÍSIA PERDEM, CADA UM,
Estudiosos começaram a criar estimativas para o número de refugiados climáticos em 1988, prevendo números grandiosos caso a degradação ambiental não diminua no anos futuros.
1995 1988
ENTRE 2010 E 2011
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25 MILHÕES
QUILÓMETROS QUADRADOS TODO ANO. SERRA DA ESTRELA
(ponto mais alto de Portugal continental)
1.993m
PONTO MAIS ALTO DE TUVALU 4,5m
NÍVEL DO MAR
FATORES AMBIENTAIS POSSUEM, HÁ MUITO TEMPO, IMPACTO SOBRE FLUXOS MIGRATÓRIOS, UMA VEZ QUE, HISTORICAMENTE, GRUPOS DE PESSOAS ABANDONARAM LOCAIS COM CONDIÇÕES EXTREMAS DE SOBREVIVÊNCIA. NO ENTANTO, A ESCALA DESSES FLUXOS DEVE AUMENTAR COMO RESULTADO DA MUDANÇA CLIMÁTICA ACELERADA QUE TERÁ IMPACTOS SEM PRECEDENTES SOBRE COMUNIDADES EM TODO O PLANETA. ASSIM COMO A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E DESASTRES OCASIONAM MIGRAÇÕES, O MOVIMENTO POPULACIONAL TAMBÉM PODE POTENCIALIZAR EFEITOS SIGNIFICATIVOS NOS ECOSSISTEMAS. É NECESSÁRIO, ASSIM, FACILITAR A MIGRAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA, MAS CONTROLAR OS SEUS EFEITOS SOB OS NOVOS AMBIENTES DE RECEPÇÃO DE PESSOAS.
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DESASTRES NATURAIS ORIGEM DOS REFUGIADOS CLIMÁTICOS
AMÉRICA DO NORTE
EUROPA OCEANO ATLÂNTICO
OCEANO PACÍFICO
AMÉRICA DO SUL RISCO EXTREMO RISCO ALTO RISCO MÉDIO RISCO BAIXO SEM DADOS 202
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ÁSIA
OCEANO PACÍFICO ÁFRICA
OCEÂNIA OCEANO ÍNDICO
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zar, sendo que os números de migrantes de países do leste europeu, na Europa Ocidental, não aumentou demasiadamente. No entanto, migrações internas entre esses países ainda estão em trânsito, assim como a utilização desses países como porta de entrada nos territórios da União Européia por ciganos provenientes da Roménia, refugiados dos conflitos nos Balcãs, africanos e asiáticos. Nos Estados Unidos a migração cresce, contidamente, desde a década de 70, devido ao controlo governamental. O país ainda abriga um grande número de refugiados, mas os atentados terroristas em 2001 levaram à uma diminuição nos valores finais. A aceitação de trabalhadores temporários semi-especializados e especializados tem vindo a crescer: em 2005 foram aceitos 883.706 trabalhadores dos quais apenas 7.011 eram agrários em oposição aos 22.141 registados em 2004. O Canadá é o único país que ainda possui políticas de incentivo à imigração, procurando receber 1% da sua população total de, aproximadamente, 30 milhões de pessoas a cada ano. Na Ásia, desde a década de 80, a migração foi incentivada com o desenvolvimento económico e a
queda da fertilidade do solo em diversas regiões. Os principais exportadores são Bangladesh, Indonésia, Filipinas, Vietnam, Cambodja, Laos e Burma. No entanto, a migração de milhares de pessoas na região tem sido, comummente, ocasionada por desastres naturais. Entre 2010 e 2011 mais de 42 milhões de pessoas abandonaram a sua área de origem na Ásia e Pacífico, devido a fatores climáticos. Há ainda refugiados económicos por todo o globo: pessoas cujos prospectos económicos foram devastados e procuram escapar de uma pobreza opressiva. O termo surge na década de 80 e ainda hoje associa-se a uma conotação negativa de ilegalidade. No entanto, muitos dos refugiados económicos são migrantes legalizados em busca de melhores condições de vida. Esse tipo de migração afeta desde a metade do século XX países em desenvolvimento, mas no decorrer do século XXI têm sido notada em países desenvolvidos. Portugal, por exemplo, desde 2008 teve cerca de 400.000 pessoas a emigrar do país devido à crise financeira. As migrações “espontâneas” predominam nos tempos atuais, ainda que sejam forçadas por conflitos, crises económicas e desastres naturais.
EM 2012, 121.418 PESSOAS EMIGRARAM DE PORTUGAL, PAÍS QUE ILUSTRA A MIGRAÇÃO ECONÓMICA QUE SE INSTALA EM DIVERSOS PAÍSES, DESDE MEADOS DA DÉCADA DE 70. MUITAS VEZES REFERIDOS COMO REFUGIADOS ECONÓMICOS, OS FLUXOS DE PESSOAS PROVÊM PRINCIPALMENTE DE PAÍSES PERIFÉRICOS LOCALIZADOS NA ÁSIA, ÁFRICA E AMÉRICAS. 204
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Campo de refugiados na Somália. Em 2013 haviam cerca de 1,1 milhões de somalis deslocados internamente e 1 milhão em países vizinhos como Quênia, Etiópia e Iémen.
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Transporte de migrantes para a Líbia e Algéria. A migração no continente africano continua a ser maior do que a migração intercontinental.
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Este livro foi composto com as famílias tipográficas Knockout, Verlag e Oranda. Todas as imagens reproduzidas são de direito reservado aos seus autores. Capa Thaís Trizoli Índice Tânia Santos, Teresa Vasconcelos Cartografia Tânia Santos Imagens Teresa Vasconcelos, Thaís Trizoli Infografia Teresa Vasconcelos, Thaís Trizoli Diagramação Thaís Trizoli Revisão Teresa Vasconcelos
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