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SAÚDE COMPORTAMENTO
CAMINHO LIVRE
A paisagem das cidades está mudando para permitir o livre acesso de pessoas com dificuldade de locomoção
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as é só um degrauzinho!” Essa é a frase que
Felizmente esta realidade está mudando. Projetos de lei
muitos cadeirantes ouvem quando questio-
municipais e estaduais que procuram melhorar a acessibi-
nam sobre o fácil acesso a prédios públicos
lidade de deficientes já estão sendo colocados em práti-
e privados ou qualquer outro tipo de estabelecimento.
ca em diversas cidades do País, assim como a Norma de
O que parece ser um simples degrau para muitos, é um
Acessibilidade NBR 9050 da ABNT, que estabelece critérios
grande empecilho para quem tem dificuldade de loco-
e parâmetros técnicos em projetos para as condições de
moção. O jornalista Jairo Marques conta de maneira bem
acessibilidade. A regularização de todos os acessos em pré-
humorada as barreiras que encontra diariamente pelo
dios públicos permite a fácil circulação de cadeiras de roda
seu caminho no blog Assim como você, no site da Fo-
por estes espaços e, apesar destes projetos não serem
lha de São Paulo. As experiências contadas por ele são
obrigatórios em prédios privados ou residenciais, este já é
verdadeiras aventuras dignas de se transformarem em
um grande avanço para permitir o livre acesso de todos.
uma comédia, se não fosse a realidade encontrada por milhares de cadeirantes em todas as cidades do Brasil.
De acordo com a arquiteta Sandra Pinho Pinheiro, especiali-
A auxiliar de escritório Mariana de Oliveira Campoy tam-
zada em arquitetura da saúde e sustentabilidade, nos últimos
bém vive diariamente uma corrida de obstáculos, “onde
anos houve um aumento no número de projetos que focam
eu trabalho que não tem rampas que eu possa utilizar
na acessibilidade por conta das normas governamentais. Ain-
e há alguns degraus. Para facilitar a vida dos deficientes
da assim, muitos empreendimentos privados estão se adap-
físicos, basta ter rampas, prateleiras baixas em lojas, e
tando, “as pessoas estão percebendo a mudança da socieda-
mesas mais baixas em restaurantes”, sugere Mariana.
de, exigindo mais respeito ao usuário”, afirma a arquiteta.
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SAÚDE COMPORTAMENTO
Principais modificações que as cidades e estabelecimentos devem passar para promover a acessibilidade: •
Substituição e manutenção das calçadas com revestimento tipo paver, anti-derrapante e bem nivelados.
•
instalação de semáforos sonoros e totens em braille para deficientes visuais
•
execução de faixa para deficientes visuais
•
acesso das lojas rampados em desníveis maiores de 5cm
•
Início e o final da escada demarcados, com fita antiderrapante nos degraus
•
Corrimão com altura de 0,80 m ao longo dos degraus
•
Interruptores de luz com altura de até 1,10 m nas entradas e saídas dos cômodos
•
Espaço livre para circulação próximo à porta
•
Os armários de escritórios e residências devem ter portas leves e de fácil acesso; gavetas
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com trava de segurança nos deslizantes e prateleiras com alturas variáveis
O banheiro deve receber atenção especial •
10 cm a mais na base do vaso
•
Descarga simples, com caixa acoplada ou descarga por botão
•
Papeleira com altura média de 45 cm acima do piso
•
Barras de apoio altura de 30 cm acima do tampo do vaso
•
Bancada com altura entre 80 e 85 cm
•
Torneiras de fácil manuseio
•
Barras de apoio próximas ao lavatório
•
Tomadas e interruptores em área seca e com altura de 1,10m a 1,30m
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•
Sabonete líquido
Para Sandra, a adaptação mais importante diz respeito
há impacto de preço no projeto”, avalia a arquiteta.
à condição de acesso a todos os ambientes, incluindo
Uma informação muito importante para empresá-
banheiros, com a possibilidade de fazer um giro em
rios, engenheiros e arquitetos que
360 graus de 1,50 de diâmetro. Mas a segurança, a
conscientizaram da importância de disponibilizar o
inclinação de menos de 8% para qualquer rampa e a
acesso a todos, “eu vejo aqui em Tupã (SP), sendo
altura correta de equipamentos e mobiliário também
feito rampas nas calçadas, mas ainda não encontrei
garante a independência do cadeirante, melhorando
muitos restaurantes e lojas que possibilitem o aces-
sua qualidade de vida.
so, com rampas e provadores maiores”, observa
ainda não se
Mariana. E as vantagens não são sentidas somente Quem quer investir em um projeto que facilite a
pelos cadeirantes, “é bom lembrar, também atende
acessibilidade não precisa se preocupar com os
a idosos, gestantes, mães com carrinhos, pessoas
custos, “quando projetado da forma correta, não
com bengala”, finaliza Sandra.
Para saber mais consulte a norma RDC9050 e o site www.casasegura.arq.br