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SUMÁRIO Pág 4
MISSÃo VISÃo E VALorES
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CAEP
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HortA VErtICAL
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ProjEto PArAquEdAS
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PoESIA E CANtorIA
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joGoS MAtEMátICoS
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EM dEFESA dA VIdA
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AS INtErCAMbIStAS
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ProjEtoS SoCIoEduCAtIVoS
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dA VIdA À VIdA
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rEAjE
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EXPEdIENtE
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APrESENtAÇÃo
PrESIdENtE: ir. Ana Helena Andreão CAEP (Centro Administrativo Educacional da Província): CoordENAdorA EduCACIoNAL: ir. maria Cristina Caetano CoordENAdorA AdM/FINANCEIro: ir. maria Aparecida da rocha moreira (ir. Paré) EquIPE EdItorIAL Ana Carolina Possas - Coordenadora de Comunicação Estratégica débora C.B. duarte - Assessora Educacional deise Elen Abreu do Bom Conselho - Assessora Educacional maria Beatriz silva - Assessora Educacional Waldemar Bettio - Coordenador do serviço de orientação religiosa do CAEP CoLAborAdorES: diretoras, Pedagogas, Professores e funcionários ProjEto GráFICo: reciclo Comunicação PrEPArAÇÃo dE tEXtoS: Assessoras Educacionais do CAEP e da rEAJE rEVISÃo: maria Catarina r. s. rodrigues IMPrESSÃo: rona Editora tIrAGEM: 3000 exemplares
SoCIEdAdE CIVIL CASAS dE EduCAÇÃo
rua Cura d’Ars, 62 - Prado belo Horizonte/MG - CEP:30411-123 tel(s).: (31) 3334-5730 Caep: (31) 3372-0192 www.redesagrado.com.br – comunicaep@rscmb.com.br
APRESENTAÇÃO
Apresentação
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A ELOS – Educação: Linhas & Olhares é uma publicação que tem como propósito ser um espaço para divulgação de projetos e trabalhos, para troca de vivências e experiências entre os profissionais da Rede Sagrado colégios Sagrado Coração de Maria e toda sociedade. A construção deste espaço é uma grande responsabilidade, compartilhada com todos os que dele participam. “Toda a educação varia sempre em função de uma “concepção de vida”, refletindo, em cada época, a filosofia predominante que é determinada, a seu turno, pela estrutura da sociedade.” (Manifesto dos Pioneiros, 1932). Para nós da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, educar é “promover a vida e a dignidade das pessoas menos favorecidas na sociedade, colocando-nos ao serviço dos que têm mais necessidade de justiça”. A concepção de vida na qual acreditamos é a de lutar “para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Essa era a missão de Pe. Gailhac que nos foi deixada como legado e da qual somos continuadores(as). Assim, celebrando os 81 anos do Manifesto
dos Pioneiros e fiéis aos nossos valores e convicções, buscamos fazer da ELOS 2013 um manifesto. Manifesto à capacidade criativa, à competência e à dinamicidade daqueles e daquelas que dão vida à nossa missão e constroem nossa visão. Nesta edição, contamos com nossos colaboradores - professores, alunos, coordenadores, funcionários – que, com suas contribuições, representam o trabalho desenvolvido em todas as unidades da Rede Sagrado. A cada ELOS publicada fica mais evidente o crescimento e o amadurecimento dos profissionais da Rede Sagrado que se esmeram na descrição de suas práticas, de seus projetos, de suas experiências, demonstrando o desejo de socializarem suas vivências e contribuírem para a consolidação de conhecimentos. Nesse sentido, a ELOS constitui-se como uma instância da práxis pedagógica, um convite “à leitura, à reflexão e à interlocução”. Atentos à missão de Defesa da Vida, trazemos o artigo“Projetos socioeducativos: que educação é essa?”, escrito pela Coordenadora de Projetos Sociais na Rede de
Ação Junto aos Excluídos (REAJE), Mercês Ambrósio, que busca esclarecer um pouco mais o trabalho realizado nos projetos socioassistenciais. Trabalho este de fundamental importância para a sociedade. Um dos quatro pilares do Serviço de Orientação Religiosa (SOR) da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, o Ensino Religioso, nos é apresentado no artigo do professor Waldemar Bettio como “área de conhecimento, cujo objeto de estudo é o fenômeno religioso nas diversas tradições religiosas da humanidade.” Entender e comprometer-se com os objetivos do trabalho nesta área de conhecimento é um dos grandes diferenciais da Rede Sagrado – CSCM. “Horta Vertical” é o relato do professor Paulo Sérgio sobre o projeto desenvolvido com os estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental – do Colégio Sagrado Coração de Maria – BH, que teve como objetivos incentivar os estudantes a repensarem hábitos alimentares, priorizando opções saudáveis; desenvolver o prazer pelo cultivo de plantas, otimizando espaços e instituir os
Elos
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As palavras voam, mas os exemplos triunfam sempre nos corações, mesmo nos mais obstinados. o testemunho de vida tem um poder divino.
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3R do meio ambiente - Reduzir, Reutilizar e Reciclar - na rotina diária de cada um. Vale a leitura e a aprendizagem! No CSCM-Brasília, o projeto “Paraquedas – utilização de conceitos físicos na construção de um paraquedas eficiente”, proposto aos estudantes do Ensino Médio pelo professor William Santos, mostrou que, com criatividade, planejamento e dedicação é possível ‘driblar’ as dificuldades e a falta de interesse dos estudantes na aprendizagem da Física. “Ao trabalhar com projetos, temos a oportunidade de promover a construção de significados relevantes, relacionando a realidade, o dia a dia das pessoas a conceitos e fenômenos.” Fica a dica! Aumentar o interesse, a reflexão e a motivação dos estudantes por meio da leitura, da escrita e da musicalidade, quebrando o paradigma de que a linguagem popular é inferior foi o objetivo da professora Gisela Ribeiro no projeto desenvolvido com os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do colégio Sagrado Coração de Maria do Rio de Janeiro: “Poesia e Cantoria”. A linguagem trabalhada por meio das can-
tigas populares, cordéis e repentes enfatiza a literatura popular como instrumento fundamental para a formação do educando. Além de tornar a aprendizagem mais significativa, o projeto trouxe para dentro da escola muita diversão e alegria. No CSCM de Ubá, a “Construção de jogos matemáticos” transformou-se em uma aprendizagem solidária no projeto desenvolvido pelo professor Evandro Ávila com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio. Além de exercitar a criatividade, os estudantes tiveram a oportunidade de compartilhar suas ideias e construções com meninos e meninas assistidos pelo Projeto Vida Irmã Maria de Aquino, entidade mantida pelo colégio de Ubá e pelo Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Confira! As relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade foi o tema escolhido pelas professoras Eldis Maria Sartori, Luciana do Nascimento Rodrigues, Rivana Souza Batista para o projeto realizado com estudantes da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Maria – Vi-
Pe. Gailhac
tória que teve como objetivo desenvolver habilidades de crítica e análise. Além dos objetivos específicos, o projeto também visou ao desenvolvimento da capacidade de autorregulação dos estudantes. A parceria que as professoras estabeleceram com duas instituições de Ensino Superior é um dos pontos mais significativos do projeto. Finalmente, trazemos, ainda, breves relatos de nossas primeiras intercambistas internacionais que, com certeza, deixarão os leitores com vontade de conhecer todos os colégios da Rede Sagrado no Brasil e no mundo. Ao entregar-lhes a ELOS – Educação: Linhas & Olhares 2013 pretendemos, como sempre, provocar reflexão, discussões, trocas buscando, por meio da socialização de projetos e vivências, incentivar uma aprendizagem cada vez mais significativa. IR. MARIA CRIStINA CAEtANO Coordenadora de Gestão Pedagógica e Educação Religiosa do CAEP
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MISSÃO
Proporcionar uma educação de excelência para crianças, adolescentes, jovens e adultos fundamentada nos valores cristãos, promovendo protagonismo na construção de competências, cultura da solidariedade e compromisso com a transformação social.
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VISÃO
ser referencial de uma educação de excelência, inovadora, pautada nos valores éticos e cristãos.
VALORES
• compromisso com a vida - expressa a essência da instituição e convoca a atitudes concretas como solidariedade, partilha e respeito à diversidade. • ética - fundamenta as atitudes, relações com transparência e honestidade, cidadania. • excelência - busca permanente de qualidade, competência e protagonismo. • sustentabilidade – refere-se à responsabilidade quanto a geração, uso e manutenção dos recursos ambientais, econômicos e sociais. • inovação – busca conjuntos de práticas inovadoras e troca de saberes.
CAEP
Centro Administrativo e Educacional da Província
CAEP
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O Centro Administrativo e Educacional da Província – CAEP é o órgão orientador, articulador e animador da Missão da Rede Sagrado - colégios Sagrado Coração de Maria – que tem como função coordenar o planejamento, a execução e a avaliação dos setores administrativo, pedagógico e religioso, visando assegurar uma educação de excelência e uma gestão administrativa coerentes com a Missão, a Visão e os Valores da Rede Sagrado. A gestão Pedagógica e da Educação Religiosa, coordenadas pela Ir. Maria Cristina Caetano e a gestão Administrativa, coor-
denada pela Ir. Maria Aparecida Moreira (Ir. Paré), garantem processos cada vez mais efetivos. Ambas as coordenações se orientam com base em valores cristãos, iluminados pelo carisma de Padre Gailhac e pela espiritualidade das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, buscando uma gestão orientada para resultados, com a implementação de estratégias com vistas à excelência do ensino e à autossustentabilidade da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria O CAEP, ao longo de seus 18 anos, vem desenvolvendo ações voltadas para a for-
mação contínua e capacitação em serviço de seus profissionais. Nesse sentido, as coordenações de gestão Pedagógica/Educação Religiosa e Administrativa, contando com o apoio de suas assessorias - Pedagógica, de Comunicação, de Recursos Humanos e Contábil-financeira - têm investido em cursos, encontros e intercâmbios entre os colégios que possibilitam a prática do benchmarking e a troca de experiências, contribuindo, assim, para a concretização da missão e dos objetivos estratégicos da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria.
bH HortA VErtICAL: um rElAto dE EXPEriênCiA Com os EstudAntEs do 6º Ano Paulo sérgio Galvão silva1
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1 - Graduado em Geografia pela Pontifícia universidade Católica de minas Gerais; especialização em Juventude e escola, pela universidade federal de minas Gerais. Professor do 6º ao 9º ano do Efii, unidade Belo Horizonte. 2 - também conhecido como os 3r da sustentabilidade (reduzir, reutilizar e reciclar), são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida (reduzir gastos, economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico com respeito e proteção ao meio ambiente).
Horta Vertical CAEP
O projeto Horta Vertical, desenvolvido com os estudantes do 6º ano do EFII do Colégio Sagrado Coração de Maria – BH, objetivou incentivar os bons hábitos alimentares; repensar questões relacionadas à saúde; desenvolver o prazer e a apreciação pelo cultivo de plantas; acompanhar o processo de germinação, crescimento e desenvolvimento de plantas medicinais e hortaliças; conhecer os benefícios advindos da utilização desses recursos para a saúde; otimizar pequenos espaços para plantação; instituir os 3R do meio ambiente2.
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O projeto foi dividido em três fases diferentes. Primeiro foi o plantio das sementes, montagem da estrutura da horta vertical, utilizando garrafas PET. Esta etapa envolveu também a leitura de textos informativos sobre agricultura sustentável, sobre as plantas que foram semeadas, a utilidade, finalidade e benefícios de uma horta vertical com aproveitamento de pequenos espaços. Na segunda fase, foram plantadas diversas sementes, dentre elas plantas medicinais e comestíveis, sendo identificado cada vaso com informações do plantio: nome da planta (científico e popular), data do semeio e aluno responsável. Na terceira fase, foi o momento de cuidar das sementes para que elas pudessem germinar e frutificar. Nos vasos de sementes que não germinaram, foi feita uma segunda semeadura. A partir dessa situação-problema, os Referências:
estudantes tiveram a oportunidade de elaborar hipóteses sobre as possíveis causas para a não germinação, além de conhecer, de elaborar e verificar as aprendizagens, de tratar, analisar e avaliar dados e informações provenientes de diversas fontes. A partir da abordagem interdisciplinar e considerando também a perspectiva do planejar, executar e avaliar (PLEA), estudada no PROFEAD (2012), foi possível enriquecer as atividades pedagógicas. Na área de Linguagens e suas tecnologias, diversos tipos de textos foram produzidos a partir das observações referentes às fases de desenvolvimento das sementes. No Ensino Religioso, foram feitas reflexões relacionadas à fraternidade e à saúde pública, tema da Campanha da Fraternidade do ano de 2012, um importante subsídio teórico e metodológico desse assunto tão debatido e alvo de tantos questionamentos no país. Houve ainda o estudo do texto introdutório do Projeto: Erva Sagrada Guarani-Erva Mate. A parceria entre as disciplinas de Geografia e Ciências incentivou a discussão sobre a importância da agricultura para a humanidade, os tipos de agricultura e os riscos de algumas delas para o meio ambiente, o reaproveitamento de materiais, otimização dos pequenos espaços e o desenvolvimento de hábitos de alimentação saudável. A análise de alguns dados estatísticos envolvendo fatores sobre a obesidade infanto-ju-
venil repercutiu na sensibilização de todos os envolvidos no processo de formação do aluno, inclusive dele mesmo, em experimentar novos alimentos, provocando mudanças significativas nos hábitos alimentares. O CSCM-BH mais uma vez reforça hábitos alimentares positivos, oferecendo a seus alunos, por meio dos serviços da cantina escolar, um cardápio nutritivo e diversificado. Durante esse processo de estudo investigativo dos usos de plantas medicinais, algumas hipóteses levantadas foram comprovadas e outras refutadas, envolvendo usos e cuidados com a automedicação, inclusive aquela proveniente do consumo diário de chás sem orientação médica. Conhecimento que gera vida, pois reflete na observação e reflexão de costumes do âmbito familiar. O Projeto Horta Vertical proporcionou um significado de alta relevância pessoal e social no processo de formação dos alunos do CSCM-BH. Por meio dele, os alunos puderam refletir sobre ações simples ao alcance de todos, capazes de proporcionar e/ou melhorar o equilíbrio não só do corpo físico, mas também emocional e social, além de desenvolver, nos estudantes, atitudes que requerem persistência, criatividade, organização, compromisso, capacidade de trabalhar em colaboração, flexibilidade de raciocínio e gosto pelas diferentes disciplinas.
PROFead. Programa de formação e educação a distância – Rede Sagrado Coração de Maria. Metacognição e autorregulação da aprendizagem. CAEP/SCCE. 2012. Texto base da campanha da Fraternidade. Fraternidade e Saúde Pública. Que a saúde se difunda sobre a Terra. 2012.
Consultas realizadas:
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 156 p Diálogo – Revista do Ensino Religioso. N° 64 – Outubro/Dezembro 2011. Jornal Estado de Minas. 14 de maio de 2012. Caderno Agropecuário – Dona Horta. www.hortavertical.com.br www.sistemashidropônicos.com.br
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Projeto Paraquedas Utilização de Conceitos Físicos na Construção de um Paraquedas Eficiente William Santos Junior1
1 - Prof. William Santos - Licenciatura plena em Física pela Universidade Católica de Brasília. Mestrando em ensino de Física na Universidade de Brasília. Experiência de 10 anos ministrando aulas de Física para o Ensino Fundamental e Médio Referências:
MORIN, E. A Cabeça Bem Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. HERNANDEZ, R. & VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Projeto Paraquedas
Sendo docente na disciplina de Física há alguns anos, observo a dificuldade dos alunos em estabelecer conexões entre conceitos estudados tão importantes para o aprendizado dessa ciência. Historicamente, a compartimentalização do conhecimento se fez necessária no momento em que se massificou o ensino, no intuito de torná-lo mais acessível. Mas produziu no estudante a falsa impressão de que a ciência é fragmentada, dificultando ainda mais a construção das relações. Os livros didáticos, muitas vezes, apresentam conceitos completamente isolados e, em sua aplicação, quase sempre desprezam fatores importantes que influenciariam na consecução de resultados. Isso aumenta a dificuldade do educando e também do educador em contextualizar, ou seja, fazer a ligação do conceito com o dia a dia.
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Para tentar rever essa compartimentalização, uma saída é a aprendizagem por projetos, que tem como objetivo: dar significado à aprendizagem, aplicar os conceitos abordados em sala de aula e compreender a construção do conhecimento. Ao elaborar um projeto, o professor deve questionar-se:
“como e por que eu devo trabalhar tal assunto? Como torná-lo acessível? Como torná-lo significativo para os aprendentes?“. Pensando nisso e com o intuito de aplicarmos conceitos estudados em sala, propus aos estudantes um trabalho relacionando Leis de Newton, resistência do ar, atrito e cinemática. O projeto, denominado: “Projeto Paraquedas – Utilização de Conceitos Físicos na Construção de um Paraquedas Eficiente”, consistiu na confecção de um paraquedas que seria acoplado a um corpo de 150g e lançado de uma altura equivalente a um prédio de 3 andares (9 metros). O protótipo deveria ser confeccionado por uma dupla de alunos, utilizando apenas materiais reciclados, sem nenhum motor, gás ou nada que pudesse influenciar nos resultados. No dia dos lançamentos, cada dupla teve direito a três lançamentos por paraquedas, descartando-se os dois menores tempos de queda. Para a confecção, os alunos até pesquisaram modelos prontos na internet, mas, com o tempo, observaram que a melhor forma seria a empírica: “tentativa e erro”. Desde a apresentação da proposta até o dia dos lançamentos, foram aproximada-
mente 45 dias, ou seja, tempo suficiente para errarem e acertarem bastante. Cada dupla elaborou um relatório em duas etapas: a primeira, 20 dias antes do lançamento, constituiu-se da apresentação dos materiais utilizados, descrição da elaboração do modelo e apresentação de um projeto gráfico da elaboração. A segunda etapa aconteceu após o lançamento, as duplas apresentaram suas conclusões, relacionando os conceitos estudados em sala com os resultados obtidos com a prática. Os testes com os paraquedas foram realizados na escola. O horário da prática coincidiu com a saída dos alunos da Educação Infantil, proporcionando um pequeno espetáculo, bastante ovacionado pelos pais e pelos pequenos. O projeto proporcionou uma competição saudável a partir da comparação entre os melhores tempos. A dupla com o maior tempo ganhou o prêmio “Mabel de Física”, uma analogia ao Nobel de Física. As estruturas construídas pelos alunos superaram qualquer expectativa: vários tipos de papéis, plásticos, formas e até camadas duplas de tecido foram utilizados por eles, que exercitaram bastante a criatividade.
CONCLUSÃO Frequentemente, em ambientes escolares e fora deles, fala-se da falta de interesse de estudantes e da dificuldade de aprendizagem em Física. Ao trabalhar com projetos, temos a oportunidade de promover a construção de significados relevantes, relacionando a realidade, o dia a dia das pessoas a conceitos e fenômenos. Respondendo a questões clássicas como: “para que serve isso?” “Quando utilizarei
isso na minha vida?” A Física experimental visa à investigação das propriedades da matéria e de suas transformações, geralmente realizadas em condições laboratoriais universalmente repetíveis. O experimento realizado durante o projeto demonstrou didaticamente, com aparelhagem simples, o movimento de queda livre, possibilitando aos estudantes aprenderem experimentalmente a cinemática do mo-
vimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) e a matemática associada. Compreender a necessidade de estimular e desafiar estudantes secundaristas é também provocar reflexões metodológicas a partir da zona de conforto do professor, possibilitando o questionamento de práticas e a revisão de conceitos.
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POESIA E CANTORIA
PROJETO INTERDISCIPLINAR DE LÍNGUA PORTUGUESA, CULTURA POPULAR E ARTES Gisela Ribeiro da Silva1 1 - Pedagoga, professora do Ensino Fundamental e especialista em Alfabetização de Jovens e Adultos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). 2 - Na língua iorubá “amapô” quer dizer “mulher” e “ocó”, “homem”. Nome dado ao grupo exaltando a inclusão de homens na EJA em 2012. Este nome exigiu pesquisa na internet e votação entre os alunos. Referências:
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2006. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. DOU, 23/12/1996. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997. CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Entendendo o folclore. Rio de Janeiro, março de 2002. Disponível em: www.cnfcp.gov.br. Acesso em: 16/04/2013. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987, p. 78-9
Poesia e Cantoria
O Projeto Poesia e Cantoria trabalhou a linguagem por meio das cantigas populares, cordéis e repentes, visto que a literatura popular é instrumento fundamental para a formação do educando. O projeto visou também aumentar o interesse, a reflexão e a motivação dos alunos por meio da leitura, da escrita e da musicalidade, quebrando o paradigma de que a linguagem popular é inferior. Sem a pretensão de formar músicos, os alunos foram levados a resgatarem cirandas populares, cordéis e repentes relacionados à vida deles e passaram a conhecer esse material como patrimônio cultural.
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A presença da música na EJA é importante, pois contribui para o enriquecimento do ensino. A cantoria desenvolve o campo da leitura e da escrita. Por meio da cantoria, busca-se a transformação individual, sensibilizando o aluno enquanto se faz o resgate de sua memória musical. Não se pode transformar nada sem passar pela cultura, não se pode dar identidade sem isso, porque a cultura diz quem somos. No conjunto do projeto, a Língua Portuguesa e as Artes se fortalecem como uma perspectiva a ser compreendida e assumida enquanto finalidade das práticas educativas emancipatórias. O compartilhamento da proposta de trabalho com os alunos, fornecendo uma visão geral do processo a ser desenvolvido, é o ponto inicial para com eles buscarmos os caminhos e o repertório inicial de cantigas. Esse momento tem grande importância, pois é quando o interesse e a curiosidade serão aguçados. Foram valorizados os conhecimentos prévios dos alunos, aqueles que, jovens e adultos, adquiriram em suas experiências de vida sobre o assunto, conhecimento importante para relacioná-lo intencionalmente ao que se quer ampliar é desenvolvido por meio de rodas de conversa, troca rica de ideias. Considerando a heterogeneidade dos alunos em níveis de conhecimento, a faixa etária de jovens e adultos e as necessidades especiais
de alguns, as atividades se desenvolveram de forma bem abrangente. Foram propostas estratégias bem diversificadas, como aulas dialogadas, projeção de vídeos, leitura de textos impressos, redações coletivas e individuais, pesquisas na internet, confecção de mural de fotos, exercícios rítmicos com instrumentos de percussão e corda, confecção do estandarte do Grupo Nação Amapô Ocó2, instrumentos de sucata, adereços e roupas para as apresentações. A sistematização do conhecimento consistiu na retomada do percurso, organizando os principais debates, por meio de registros escritos e visuais, promovendo a apropriação das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos e permitindo a toda comunidade escolar uma visão geral do trabalho, com os avanços e as dificuldades encontradas. Na culminância do projeto, durante a Mostra Pedagógica, os trabalhos, a exposição de fotos e a apresentação do Grupo Nação Amapô Ocó2 coroaram nossos esforços. A avaliação constituiu-se de observação contínua do desempenho global dos alunos nas etapas, observando a manipulação dos instrumentos, a confecção dos trabalhos, os avanços nas relações interpessoais, os avanços das expressões oral e escrita e a coordenação motora. O interesse maior foi motivá-los e encorajá-los a experimentar instrumentos musicais nunca manuseados, a não desistir, a prosseguir sempre com os estudos e a não temer o novo. Este projeto mostrou-se de extrema relevância, pois exigiu dos alunos a ativação de conhecimentos e um grande envolvimento participativo. O resultado final dos trabalhos escritos, musicais e manuais foi excelente. As linguagens da Língua Portuguesa e das Artes foram reinventadas no cotidiano. Por meio das atividades desenvolvidas, passamos a conhecer mais a cultura brasileira, agora “não mais entendida como um conjunto aleatório de comportamentos, mas sim como sistemas
de significados permanentemente atribuídos pelos homens e mulheres ao mundo em que vivem” (CAVALCANTI, 2002). Observa-se que, para tanto, algumas questões somaram pontos. O diálogo entre as disciplinas e a opção pelo tema contribuíram para o sucesso. Os alunos sentiram-se envolvidos ao reconhecer o que já conheciam, conhecer o novo e trabalhar com aspectos da cultura brasileira. O papel da professora como mediadora e aprendiz contribuiu no processo, pois os alunos sentiram-se mais à vontade. A organização do projeto também contribuiu para que a socialização do conhecimento acontecesse. Não importa se somos desafinados, muitas vezes fora do ritmo ou musicalmente limitados, o importante é percebermos que o ritmo da cantoria é um ritmo subordinado à palavra, à frase e ao texto. O importante é sonhar com o diferente, visando ao crescimento intelectual dos alunos. Acreditamos que o professor tem que ser um empreendedor da educação, beneficiar-se da criatividade, fazer da sala de aula um espaço de pesquisa, ter fé e acreditar, porque só assim teremos força para seguir em frente e viver uma educação libertadora. Ouvir os alunos, buscar a sua realidade, descobrir seus anseios, tudo isso é meio caminho percorrido para encontrar alternativas positivas e quebrar as algemas de uma educação opressora.
Dessa maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando, que, ao ser educado, também educa (...). Já agora ninguém educa, ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. (FREIRE, 1987) De acordo com a perspectiva de Paulo Freire, a educação aceita os riscos humanos sem medo de cometer erros, porque os erros nessa visão são novas alternativas para redirecionamento do processo.
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CONSTRUÇÃO DE JOGOS MATEMÁTICOS APRENDIZAGEM SOLIDÁRIA Professor Evandro Ávila 1 1 - LARA, e Ávila, Evandro de. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Viçosa. Mestre em Estatística Aplicada e Biometria pela mesma instituição. Professor de Matemática do 9º do Ensino Fundamental 2 à 3ª série do Ensino Médio e Coordenador de área de Matemática no Colégio Sagrado Coração de Maria, Ubá - MG. 2 - O projeto Vida Irmã Maria de Aquino é uma iniciativa do CSCM-Ubá e do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria que busca dar uma resposta à carência vivenciada no município, principalmente por crianças e pré-adolescentes. Carência relacionada à desestruturação familiar, violência doméstica, uso de drogas, envolvimento com o tráfico, pobreza, analfabetismo, inexistência de campanhas educativas/preventivas e, principalmente, desconhecimento de direitos básicos.
Referências:
SPODEK, B & SARACHO, O.N. Ensinando crianças de 3 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 1998. Rede Sagrado – Colégios Sagrado Coração de Maria. Proposta Curricular De Matemática. Belo Horizonte. CAEP, 2012.
Construção de Jogos Matemáticos
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O Colégio Sagrado Coração de Maria de Ubá, fiel aos valores e aos princípios que o sustentam em sua história centenária, insere-se na sociedade ubaense por meio de ações concretas de solidariedade e partilha na busca constante da qualidade na educação. Conscientes da missão dos fundadores dessa casa, Pe. Jean Gailhac e Ir. Saint Jean, unimo-nos a serviço da vida e contra injustiças que promovam a exclusão social. Acreditamos que oferecer uma educação de excelência para nossos estudantes é proporcionar-lhes formação acadêmica e humana, desenvolvendo neles autonomia, proatividade, criticidade e capacidade de autorregulação.
como proporcionar condições para a aquisição de novos conhecimentos matemáticos.” Tais organizações implicam a construção de esquemas mentais fundamentais para o desenvolvimento da inteligência ao longo da vida humana, e a fase da primeira infância é muito importante nesse processo. Por isso, a qualidade das experiências ofertadas em jogos, brincadeiras ou desafios constitui a base de um longo e complexo processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. “Os jogos são um tipo diferente de brincadeira. Eles são altamente estruturados e incluem regras específicas a serem sugeridas.” (Spodek & Saracho, 1998, p. 217).
Dentro desse contexto, propusemos aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio, um projeto para a construção de jogos educativos de matemática com o objetivo de desafiar os alunos a aprenderem construindo e compartilhando saberes. Associamos a esse objetivo a proposta de levarmos os jogos construídos para as crianças em idade de educação infantil assistidas pelo Projeto Vida Irmã Maria de Aquino2 e ensiná-las a como utilizá-los. A ideia de unir a construção dos jogos pelos alunos do colégio à utilização dos mesmos pelas crianças do projeto surgiu devido à nossa certeza de que a falta de ferramentas, jogos e brincadeiras nas escolas regulares (onde as crianças do projeto estão matriculadas) pode comprometer o aprendizado significativo delas. Segundo a Proposta Curricular de Matemática da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, “a instituição de educação infantil pode ajudar as crianças a organizarem melhor as suas informações e estratégias, bem
A partir dessa ideia, o projeto iniciou-se com a formação de grupos de quatro a seis estudantes, com o propósito de desenvolver jogos que pudessem ajudar na aprendizagem da matemática, em especial, no segmento da Educação Infantil. Para isso, os estudantes colheram depoimentos das professoras do segmento relatando as principais dificuldades no ensino da matemática. Os depoimentos geraram discussões e debates ao fim dos quais as conclusões foram sistematizadas, ideias criativas foram compartilhadas e as tarefas definidas. Encerrado o prazo para confecção dos jogos, os trabalhos foram expostos na quadra do colégio onde, além de vistos e apreciados por todos, foram analisados por uma equipe avaliadora composta por professores e coordenadores do CSCM - Ubá que, com olhar crítico, prático e especialista, avaliou os trabalhos a partir de critérios pré-estabelecidos pelo coordenador da área de Matemática, tais como durabilidade do trabalho, aplicação matemática, criatividade,
praticidade, adequação do tipo de material utilizado ao público-alvo, dentre outros. Por fim, dez trabalhos foram premiados. Os projetos “A vila” e “Dominó” receberam o 1º lugar e os autores foram convidados a aplicá-los com as crianças do Projeto Vida Ir. Maria de Aquino. O trabalho nomeado “A vila” consiste em um jogo de trilha em que a criança é desafiada a percorrer um caminho com obstáculos matemáticos a serem resolvidos. Já o trabalho Dominó oferece a oportunidade de as crianças associarem os algarismos às quantidades de bolinhas tendo como regra básica o tradicional jogo de Dominó. Distribuímos ainda medalha de prata e bronze para os trabalhos “Passos matemáticos” e “Sudoku”, “Amarelávila” e “Escola de Matemática”, respectivamente. A realização do projeto comprovou que a busca por práticas inovadoras leva à construção da excelência, conforme estabelece nossa Missão. Percebemos que os estudantes, quando desafiados, descobriram aplicações e soluções para o melhor ensino da matemática. Fato que demonstra o desenvolvimento de competências e habilidades, como: ler e interpretar criticamente a realidade, criar, trabalhar em equipe, solidarizar-se com o outro, etc. Capacidades que deles serão exigidas ao longo da vida. Às crianças do Projeto Vida, conseguimos mostrar que a Matemática não é a imposição de procedimentos e algoritmos sem significados praticados muitas vezes em sala de aula. Mostramos o quanto pode ser divertido ser desafiado e tivemos uma reciprocidade positiva das crianças quanto ao desenvolvimento do saber matemático.
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CiênCiA, tECnoloGiA E soCiEdAdE
EM dEFESA dA VIdA
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Eldis maria sartori 1| luciana do nascimento rodrigues 2 | rivana souza Batista 3
Em consonância com o pesquisador em Educação em Ciências Chassot (2000), acreditamos que a ciência é uma linguagem para facilitar a leitura do mundo. Entretanto, na vida cotidiana escolar, observam-se as dificuldades dos alunos para compreenderem de maneira positiva esta disciplina e perceberem sua importância para a sociedade. As relações entre Ciência, tecnologia e Sociedade (CtS) na educação científica são consideradas atualmente desafios para as pesquisas do ensino. O projeto Ciência, tecnologia e
Sociedade em defesa da Vida realizado com alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Maria – Vitória tratou da perspectiva CtS para formar uma concepção crítica e uma permanente transformação.
• Identificar nos produtos tecnológicos os conceitos das várias áreas do conhecimento buscando compreender a integração das ciências;
• Promover a integração entre a educação superior e a educação básica de ensino;
• Informar aos alunos a existência de Comitês de Éticas em Pesquisas para propiciar reflexões sobre os limites que a ética estabelece à elaboração e ao emprego do progresso da ciência.
• Reconhecer a importância dos pesquisadores e a aplicação dos seus projetos nas demandas sociais;
A concepção do projeto foi motivada, entre outras coisas, pelo desejo de fomentar a autorregulação da aprendizagem nos educan-
O projeto teve como principais objetivos:
1 - Professora de Química do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES) e mestranda em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo. | 2 - Coordenadora de processos seletivos e professora de Química do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES). Cursa o mestrado em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo. | 3 - Coordenadora da área de Ciências da Natureza e professora do Laboratório de Ciências do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES). Cursa o mestrado de Educação em Ciências e Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo. rEfErênCiAs:
CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. IJUI: UNIJUI, 2000. HAVEN, K. As cem maiores descobertas científicas de todos os tempos. São Paulo: EDIOURO, 2008. ROSÁRIO, P. S. L. et al. Auto-regulação em crianças sub-10 projecto Sarilhos do Amarelo. Porto: Porto Editora, 2007.
Ciência, tecnologia e sociedade
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dos. O pesquisador Rosário (2007) nos lembra que a aprendizagem deve ocorrer como um processo ativo, pois a consciência do aprendiz é que o torna capaz de estabelecer objetivos que vão orientar sua aprendizagem e seus esforços para alcançá-la, por meio do seu monitoramento, motivações e controle de seus processos. Nesse sentido, os educandos escolheram, analisaram e avaliaram pesquisas com cunho científico, tecnológico, social e ambiental. Discussões, pesquisas e reflexões que propiciaram o desenvolvimento de processos metacognitivos de “aprender a aprender” que contribuem para a formação de sujeitos autônomos e críticos. O PASSO A PASSO O projeto foi desenvolvido com uma turma de 2ª série do Ensino Médio, com aproximadamente 42 alunos. A turma foi dividida em nove grupos. O trabalho foi realizado no período de três trimestres. No primeiro trimestre, os alunos foram levados a pesquisar notícias em revistas que apontassem paradoxos existentes entre os benefícios e os malefícios do desenvolvimento científico e tecnológico na sociedade em que vivemos. Um dos textos utilizados como ferramenta para reflexão dos alunos foi “A Ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanidade”, do cientista Albert Einstein. Os educandos foram levados a refletir por meio deste e de outros textos sobre a necessidade de sermos críticos em relação ao que
lemos, ao que ouvimos e ao que se divulga como sendo “avanço científico e tecnológico”, pois a ciência não é neutra nem ingênua. Como síntese do debate e da reflexão fomentados pelas professoras, cada grupo foi desafiado a elaborar um cartaz com o título “O VERSO E O REVERSO DA CIÊNCIA”, utilizando colagem de imagens selecionadas de revistas e jornais usados, mostrando essas duas vertentes da Ciência. Ainda no primeiro trimestre, os alunos foram a campo conhecer de perto os processos realizados por uma indústria mineradora da região, a Samarco. Nessa visita técnica, foram observadas as relações entre o desenvolvimento científico, tecnológico e a sociedade. A atividade investigativa no segundo trimestre teve como objetivo apresentar situações-problema de diferentes áreas do conhecimento e favorecer a reflexão dos educandos sobre a relevância das situações propostas para a compreensão de alguns fenômenos naturais e da produção tecnológica. Nessa etapa, apresentamos aos alunos o livro do autor Kendall Haven “As cem maiores descobertas científicas de todos os tempos”. Cada grupo escolheu uma das cem maiores descobertas científicas da humanidade relatadas no livro e avaliou a descoberta segundo alguns critérios, estabelecidos pelas professoras. Ao término dessa investigação, cada grupo apresentou a descoberta escolhida para a turma: a vacina, o efeito Doppler, os antibióticos, o genoma humano. Os grupos
expuseram os impactos sociais, tecnológicos e ambientais que essas descobertas suscitaram no desenvolvimento das Ciências e da própria sociedade. Com o objetivo de aproximar os alunos da realidade acadêmica da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES), deu-se início à terceira etapa da investigação. Os professores, em uma reunião da área de Ciências da Natureza, trouxeram alguns projetos desenvolvidos no campo acadêmico dessas instituições, que foram selecionados e apresentados aos alunos como trabalhos com ênfase na investigação descritiva e/ou classificatória. Os grupos de estudantes receberam orientação para escolher um dos projetos de pesquisa selecionados e para entrar em contato com os pesquisadores da UFES e do IFES a fim de conhecerem os trabalhos. Após a visita, cada grupo apresentou a pesquisa selecionada para a turma e cada aluno avaliou, em uma escala de 1 a 5, o real benefício da pesquisa para a sociedade. A apresentação das investigações foi organizada em um painel com ilustrações e sínteses. O encerramento do projeto contou com a presença dos alunos da 1ª série do Ensino Médio, dos pesquisadores da UFES e do IFES, que fizeram um breve relato sobre seus projetos de pesquisa, todos visando a resultados ecologicamente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e culturalmente aceitos.
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Intercâmbio
As intercambistas “If I can make it there I’ll make it anywhere It’s up to you, New York, New York”
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No final de 2012, selecionamos quatro alunas de nossos colégios para participarem do I Intercâmbio Internacional da Rede Sagrado – CSCM. As alunas selecionadas tiveram a oportunidade de, durante um mês, frequentarem as aulas em nossa escola de Nova Iorque, o Marymount College. A seguir estão trechos dos depoimentos de cada uma das meninas sobre a experiência. A íntegra dos textos pode ser lida no site da Rede Sagrado CSCM - www.redesagrado.com.br
Elos
Teresa Maciel - CSCM Vitória A oportunidade de intercâmbio oferecida pela Rede Sagrado Coração de Maria este ano foi a minha última chance de participar dessa experiência antes do terceiro ano do ensino médio e, ainda, colocar em prática o inglês aprendido. 19
A viagem para Nova Iorque foi muito tranquila, pois já havia tido contato com as brasileiras e tivemos toda a assistência da agência
de intercâmbio e das escolas, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Saindo do aeroporto, fomos direto para o prédio da Marymount. Ele fica na Quinta Avenida, tem seis andares e é muito bonito, uma antiga mansão. Ficamos no primeiro momento com as coordenadoras e alunas representantes do corpo estudantil, que nos mostraram a escola, nos deram as nossas carteiras de es-
tudante, passes de metrô, o computador e a saia xadrez. Uma das aulas que as juniors têm (eu e Fernanda Vasques) é de literatura britânica. Um trabalho que tivemos que fazer foi uma paródia ao famoso monólogo de Hamlet “ser ou não ser”. O tema era de escolha livre e eu fiz sobre “ser ou não ser uma intercambista em NYC”:
“To stay: to go;
“Ficar: ir;
The yellow cabs and the thousand of Chinese restaurants
Os táxis amarelos e os milhares de restaurantes chineses
That crazy capitalism and all the consumism
Aquele capitalismo louco e todo o consumismo
Devoutly to be wish’d. To stay, to go;
Devotamente desejar. Ficar, ir;
To go: perchance to dream: ay, there’s the Statue of Liberty;
Ir: talvez sonhar: ah, há a Estátua da Liberdade;
For in that city of snow what dreams may come
Para naquela cidade de neve que os sonhos podem vir
When I be away of this warm country,
Quando eu ficar longe deste país quente,
Must give us pause: there’s the breakfast with bacon and eggs
Uma pausa: há o café da manhã com bacon e ovos
That makes shorter our so long life;
Que torna mais curta a nossa tão longa vida;
(...)
(...)
And lose 10 years when see all white.--Soft this snow!
E perder 10 anos, quando vir tudo branco - Suave essa neve!
The delicious Big Apple! Thank you for your piece,
A deliciosa Grande Maçã! Obrigada pelo seu pedaço,
Be all this month remember’d”.
Seja todo este mês lembrado “
No more; and by going to NYC we start
Sem mais, e, indo para NYC começamos
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Intercâmbio
Fernanda David – CSCM RJ Ter tido a oportunidade de representar o Colégio Sagrado Coração de Maria do Rio de Janeiro em Nova Iorque, mais precisamente no Colégio Marymount, foi uma experiência singular, um sonho realizado. Nas semanas iniciais, em solo americano, o maior inimigo foi o frio, com temperaturas
negativas. Porém, estávamos bem equipadas e as famílias anfitriãs fizeram questão de emprestar casacos e aumentar a calefação em casa! Fui muito bem recebida, tanto pela escola quanto pelas pessoas da casa, todos estavam extasiados com a nossa presença e se mostraram bastante acolhedores.
Os momentos religiosos foram muito significativos e emocionantes. Logo no nosso segundo dia, participamos de uma missa de aniversário da escola e nossa presença foi anunciada pela diretora para toda a comunidade educativa. Tudo era lindo: a capela, o coral, as músicas e os rituais.
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Fernanda Vasques – CSCM Brasília Para escrever esse artigo recorri ao meu diário do intercâmbio, mas não porque esqueci minha experiência lá, de jeito nenhum! Decidi ler o meu diário para reviver Nova York, reviver Marymount e reviver o intercâmbio, e assim tentar lhes passar melhor um pouco do que eu vivi. Jamais essa tão sonhada aventura que o Sagrado, Marymount e New York City me proporcionaram vai sair da minha cabeça. O quanto eu aprendi e cresci em apenas um mês foi surpreendente, e quando digo aprendizado não me refiro somente ao que estudei na escola e à intensiva prática de falar inglês.
seum, o Central Park e, em alguns dias, a neve caindo e todas as árvores com aquela linda camada branca sobre elas. O sistema educacional é diferente; então, estudava apenas sete matérias e tinha horários livres em meio ao período escolar que começava de manhã e se estendia até o meio da tarde; quem muda de sala são as alunas, então subia vários lances de escada para chegar a uma sala e depois de 45 minutos de aula descia novamente para assistir à outra aula. As missas comemorativas eram celebradas em uma igreja maravilhosa à qual íamos a pé da escola.
A escola era uma linda mansão, com lustres e escadarias elegantes e com enormes janelas pelas quais podíamos ver o Metropolitan Mu-
Para mim, há algo diferente naquela cidade, algo incrível, que é perceptível na mais simples tarefa de andar pelas ruas; quase como
algo mágico que te inspira a cada segundo. Andei muito pelas ruas tanto para ir e voltar da escola quanto para aproveitar essa sensação e sempre que podia, visitava o Central Park para apreciar sua pacata paisagem de inverno. Essa experiência toda me passou mais segurança, confiança e maturidade para encarar o mundo. Foram tantas experiências diferentes, difícil até de relatar. Ao relembrar tudo, me sinto honrada de ter sido parte de algo tão grande. Ao ler as palavras que escrevi enquanto estava lá, as mais marcantes refletem liberdade, independência e aprendizado, aprendizado de vida.
Elos
Maria Clara – CSCM BH Nova York é a cidade mais populosa dos Estados Unidos e muito importante mundialmente, mas, para mim, Nova York se tornou mais que isso, em um mês, a cidade passou a ser minha casa, meu lar, e, desde então, é difícil dissipar a energia que a cidade deixa em quem permite ser conquistado por ela. Frank Sinatra escreveu “I wanna wake up in the city that never sleeps, And find I’m king of the hill” e não há palavras que descrevam melhor a sensação de estar em Nova York. Depois de ter sido selecionada como a representante do Sagrado Coração de Maria de BH que iria participar do primeiro intercâmbio da Rede, começaram os
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preparativos e a ansiedade por não saber o que me esperava. Marymount School of New York é uma escola católica só para meninas localizada na 5th Avenue, organizada de forma diferente das escolas brasileiras. Academicamente, as matérias que estudei são muito semelhantes às que tinha estudado no Brasil. Cada aluna recebeu seu próprio laptop para usar durante as aulas e em casa para fazer anotações, atividades, trabalhos e cada professor tinha sua forma de explorar a matéria com os recursos disponíveis na internet. Ao longo do dia tínhamos diversos free periods nos quais podíamos
fazer os deveres e conversar com as outras alunas. Geralmente, íamos para a tea house, onde ficam os escaninhos e algumas mesas e também chás, chocolate quente, frutas e outras coisas à disposição das alunas. É claro que também tiramos um tempo para aproveitar a cidade como turistas. As outras brasileiras e eu fomos ao Metropolitan Museum que é muito conhecido e possui lindas obras, assistimos ao musical Annie na Broadway, que se passa na cidade de Nova York e cuja maior parte do elenco é composta por crianças. Também fomos conhecer a famosa Times Square e fazer compras no Soho.
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Projetos Sociais
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Projetos socioeducativos: que educação é essa? Mercês Ambrosio 1
Elos
Educação... quando o senhor chega e diz “educação”, vem do seu mundo, o mesmo, um outro. Quando eu sou quem fala vem dum outro lugar, de um outro mundo. Vem dum fundo de oco que é o lugar da vida dum pobre, como tem gente que diz... Sabe? Tem vez que eu penso que pros pobres a escola ensina o mundo como ele não é. (...) 2
Há algum tempo eu trabalhava com um texto do antropólogo e educador Carlos Rodrigues Brandão, intitulado “Ciço, o que é educação?” Nesse texto, Brandão, por meio da fala de um camponês, contrapõe a educação “dos professor”, como diz Ciço, e a educação que era então possível a um homem do campo pretender exibir. E são as condições socioeconômicas e de acesso à cultura que definem tal pretensão.
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Se uma criança/adolescente tem condições socioeconômicas favoráveis; tem em casa um ambiente propício à leitura, ao cultivo da musicalidade, aberto a novos conhecimentos, aberto ao outro; se tem uma família, seja ela de que formato for, que lhe dê apoio e recursos para se conhecer e desenvolver seu potencial, ela/ele se beneficiará de todos os recursos disponíveis na escola formal. Se o cenário for bem diverso e essa criança/adolescente não dispuser das condições socioeconômicas e culturais acima sugeridas, mas, pelo contrário, for membro de uma família de perfil social hoje classificado como “vulnerável”- próximo à linha da pobreza, em todos os sentidos, sua chance de aproveitar os recursos culturais, tecnológicos e de conhecimento acumulado na escola formal, será bastante limitada Em uma sociedade que é fruto da organização de um sistema que gera exclusão e desigualdade, a realidade de milhares de crianças e adolescentes é, por conseguinte, de exclusão e desigualdade. No Brasil, a partir da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a situação de vulnerabilidade de crianças e adolescentes das classes empobrecidas tem sido uma prioridade assumida pelos governos - até por ser constitucional – mas, principalmente por pressões exercidas por aqueles segmentos historicamente envolvidos com a luta pelos direitos de minorias. Os projetos socioeducativos se inserem nos programas voltados à educação e ao cuidado com esses seres em desenvolvimento.
O que são projetos socioeducativos? Em consonância com as diretrizes do ECA e com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), essas ações representam iniciativas de proteção social básica, de caráter preventivo e referem-se ao atendimento socioeducativo em meio aberto, junto a crianças e a adolescentes. Privilegiam a convivência familiar e comunitária para o atendimento desse público, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade social. Considerando as especificidades locais, propõem-se atividades socioeducativas, como: inclusão digital, acesso ao lazer, esporte, segurança alimentar, oficinas de artes, apoio pedagógico, teatro, artesanato, capoeira, dança, música, dentre outras, realizadas principalmente no contra turno da escola formal, visando à formação e à proteção integral das crianças e adolescentes envolvidos. De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (MDS, 2009), a Província Brasileira do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (IRSCM) elaborou, em 2008, o Diretório de Ações Socioassistenciais Manual para realização de projetos e serviços sociais, que regula essas ações na instituição, com ênfase no resgate da cidadania:
“Todas as ações devem ser avaliadas pelos usuários, educadores, familiares e pessoas envolvidas na organização das mesmas... As unidades deverão manter a participação nas instâncias de controle social e articulação do trabalho em rede, estimulando a adesão dos usuários e familiares.” Trata-se de ações que trabalham a dignidade e a autoestima dos adolescentes e crianças envolvidos; o conhecimento, valorização e inserção na cultura dos grupos e etnias a que eles pertencem. Na estrutura organizacional da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, rede pertencente ao IRSCM, cabe aos colégios manter e acompanhar os projetos socioeducativos: são os Projetos Vida. O
IRSCM, por meio da Rede de Ação Junto aos Excluídos (REAJE), coordena esses projetos mais o Centro Educacional Comunitário Bom Pastor, em Curvelo/MG, sob o aspecto da proposta e da metodologia de trabalho social aí praticada, além disso, atua em parceria com outros projetos sociais e outras redes. O escopo teórico e a prática dos projetos socioeducativos confere a eles um caráter próprio de educação, diferenciado da escola formal. Não se trata apenas de um espaço para afastar crianças e adolescentes das drogas, ou apenas um lugar onde eles possam ficar no contra turno escolar, com alimentação adequada e gente para “vigiá-los”. Crianças e adolescentes - se já iniciam a vida com menos do que lhes seria de direito exigir, como seres humanos pertencentes a uma sociedade humana organizada e relativamente próspera – têm direito a bem mais que isso. Têm direito a ter acesso e a usufruir da cultura e do desenvolvimento tecnológico na sociedade em que vivem e são contados como pertencentes; têm direito, portanto, a tudo o que qualquer criança ou adolescente pode almejar. E é com isso que os projetos socioassistenciais se propõem a contribuir para concretizar. Mas, indaga Ciço, é possível fazer diferente? A uma provocação de Brandão, ele contrapõe sua reflexão:
“Ciço, e uma educação dum outro jeito? Um saber pro povo, do mundo como ele é?” Esse eu queria ver explicado... Aí o senhor diz que isso ‘bem podia ser feito; tudo junto: gente daqui, de lá, professor, peão, tudo’. Daí eu pergunto. “Pode? Pode ser dum jeito assim? Pra quê? Pra quem?”
1 - Maria das Mercês Bonfim Ambrosio é Assistente Social, Mestre em Educação e tem a função de Coordenadora de Projetos Sociais na Rede de Ação Junto aos Excluídos (REAJE), setor do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria que tem como parte de sua missão propor “ações efetivas junto à criança, adolescente, juventude e mulher, promovendo seu protagonismo, na busca da transformação social, baseada na Justiça, Paz e Integridade da Criação”. 2 - Brandão, Carlos Rodrigues. Ciço, o que é educação? In: A questão política da educação popular – Projetos educativos. 4ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
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Caep
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1 - Prof. Waldemar Bettio - Bacharel em Filosofia e em Teologia; pós-graduado em metodologia do Ensino Médio; especialista em Ensino Religioso. Experiência como agente de pastoral e coordenação em colégios confessionais de BH; indigenista; membro do CAEP.
Referências:
IRSCM. Educação Religiosa – da reflexão à ação solidária. 2ª Ed. Belo Horizonte: SCCE, 2007, p.5. IRSCM. 5º Planejamento Participativo Trienal. Belo Horizonte: Província Brasileira, 2012, p. 15.
Elos
O ENSINO RELIGIOSO NA REDE SAGRADO COLÉGIOS SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA
DA VIDA À VIDA. Prof. Waldemar Bettio 1
O Ensino Religioso na Rede Sagrado – Colégios Sagrado Coração de Maria é um dos quatro pilares que constituem o Serviço de Orientação Religiosa (SOR), junto e interligado com a Celebração da Fé, o Programa Social-Missionário e a Espiritualidade.
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“Entendido como área de conhecimento, cujo objeto de estudo é o fenômeno religioso nas diversas tradições religiosas da humanidade, e resguardando o que diz a atual legislação, que assegura o respeito à diversidade religiosa do país, procura superar qualquer atitude proselitista e favorecer o diálogo inter-religioso”. Para tanto, tem como referências os seguintes documentos: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER) e o Programa de Ensino Religioso da Rede Sagrado (PER). O primeiro foi construído pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER), que reúne especialistas de diversas confissões religiosas referendados pelo Ministério da Educação (MEC). O segundo foi sistematizado pelos coordenadores e pelas coordenadoras do SOR dos diversos colégios da Rede Sagrado, assessorados por pedagogas e teólogos. Com tais referenciais, o Ensino Religioso dos colégios SCM propõe-se a valorizar a manifestação do Transcendente nos diferentes tempos, lugares e contextos e sua apreensão pelos diversos povos e culturas, apreensão esta que gerou e continua gerando a diversidade religiosa da humanidade. A variedade de nomes dados ao Transcendente, a influência dos grandes líderes religiosos e das muitas religiões ao longo da história, a multiplicidade de rituais, festas e símbolos religiosos, a pluralidade de valores que formam o ethos das várias expressões religiosas, a riqueza de conteúdo presente nas escrituras sagradas e tradições
orais, o sentido e a esperança que as religiões trazem à existência dos que creem... Tudo isso constitui um patrimônio cultural tão expressivo que, se desconhecido pelos estudantes, os empobreceria como indivíduos e cidadãos. Ao inserir esse patrimônio no âmbito escolar, o Ensino Religioso contribui para a formação integral dos educandos, motiva-os a reconhecer e respeitar as diferenças, fornecendo a eles elementos para um posicionamento pessoal consciente, livre, responsável perante a vida, os outros, a realidade e o Transcendente. Essa formação é construída de maneira gradual e sistêmica, respeitando as características das idades e dos estágios cognitivos dos estudantes. Assim, começa-se despertando a admiração pela natureza, pelo corpo humano, pelos entes queridos e pelas instituições próximas (família, escola...); prossegue-se enfatizando atitudes, palavras, opções e ações de lideranças judaico-cristãs (Abraão, Moisés, Jesus, Pe. Gailhac, Mère Saint-Jean...), estabelecendo-se relações com situações pessoais, grupais e sociais contemporâneas; termina-se com o conhecimento de cerca de vinte diferentes tradições e movimentos religiosos da humanidade, conectado a questões de Bioética, projeto de vida e protagonismo juvenil. Os educandos são levados a se autoconstruirem como homens e mulheres consistentes, verdadeiramente humanos, capazes de promover “ações que visem a uma sociedade economicamente justa, ecologicamente equilibrada, socialmente equitativa e solidária, politicamente democrática, culturalmente pluralista e religiosamente ecumênica; uma sociedade em que todos sejam reconhecidos e respeitados em sua dignidade humana e em suas diferenças, vivendo em fraternidade e sororidade”, de forma que
a vida em plenitude se faça realidade em tudo e em todos. Trabalho tão rico é conduzido por professores e professoras especialistas com sólida formação acadêmica e se caracteriza por uma metodologia investigativa, dialogal e dinâmica, que valoriza as diferenças religiosas existentes nas turmas e busca estabelecer relações com as demais áreas de conhecimento. Graças a isso, o Ensino Religioso dos colégios SCM tem conquistado o interesse e o respeito dos alunos e de suas famílias. Enquanto área de conhecimento e disciplina escolar, o Ensino Religioso dos colégios SCM visa contribuir para que os estudantes desenvolvam uma visão de totalidade da realidade, vislumbrando inclusive sentido no não sentido e esperança na desesperança. Afinal, ao lado do mito, da filosofia, da ciência, da arte e do senso comum, também a religião capta o real a partir de um ponto de vista específico, indo além das aparências, transcendendo a imanência e descobrindo nuances que às outras dimensões do conhecimento humano passam despercebidas. Por isso ela tem o que dizer e, por meio do reconhecimento mútuo e do diálogo respeitoso, dá sua contribuição para que o desvelamento da verdade avance, seja em relação à natureza, ao ser humano, à história ou ao sentido da existência. Concluindo, podemos afirmar que o trabalho realizado pelos profissionais do Ensino Religioso nos colégios Sagrado Coração de Maria dá aos estudantes a confiança de que, se agirem de acordo com as orientações, conhecimentos recebidos e ações praticadas, sendo crentes ou não, estarão realizando a vontade do Transcendente – como quer que o nomeemos – e a intenção profunda de todas as religiões.
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Reaje
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REAJE REDE DE AÇÃO SOCIAL JUNTO AOS EXCLUÍDOS
1 - Capítulo Geral 2007
Elos
DE ONDE VIEMOS... Ao chegar ao Brasil, em março de 1911, as primeiras Religiosas do Sagrado Coração de Maria/ RSCM – portuguesas, coordenadas pela Ir. Maria de Aquino - assumiram a educação de crianças e jovens, abrindo os Colégios Sagrado Coração de Maria em Ubá/MG, no Rio de Janeiro/RJ e, a seguir, em outras localidades. Apoiadas pela Igreja e abertas às necessidades locais, procuraram atender a educação da classe média. Fiéis à inspiração e às orientações do Fundador, Padre Gailhac, e da Irmã Saint Jean, instalaram, junto aos colégios, orfanatos e escolas para crianças pobres. A realidade do mundo e da Igreja foi mudando. O cenário do país também e outras necessidades surgiram na área social. Nas décadas de 1960/1970, a Igreja, motivada pelas conclusões do Vaticano II, Medellín e Puebla, foi alertando a Vida Religiosa para uma resposta profética aos sinais dos tempos. Sensibilizada, a Província Brasileira ouviu o clamor do povo e se abriu, procurando ocupar outros espaços junto ao povo sofrido, tendo sempre diante de si a missão: “PARA QUE TODOS TENHAM VIDA”, sonho primeiro do Padre Gailhac. 27
Organizando-se em resposta a essas necessidades, e respeitando o sonho de “uma sociedade economicamente mais justa, socialmente equitativa e solidária, politicamente democrática, culturalmente pluralista e religiosamente ecumênica; uma sociedade onde todos(as) sejam reconhecidos(as) e respeitados(as) em sua dignidade humana e em suas diferenças1”, as RSCM formaram, em 1998, um grupo denominado EAJE – Equipe de Ação Junto aos Excluídos -, com o objetivo de refletir e articular a questão dos(as) excluídos(as), pessoas que vivem em situação pessoal e/ou social
de risco e/ou vulnerabilidade. A proposta foi zelar pela fidelidade e continuidade do sonho e carisma de Gailhac, que ilumina toda nossa ação social e assim poder contribuir, de fato, para a conquista de uma vida mais digna para cada pessoa que participa conosco nas ações realizadas, de forma direta e em parceria com outras instituições movidas pelo mesmo ideal.
Social Junto aos Excluídos da Província Brasileira das RSCM, a proposta e missão da REDE tem sido debatida e reconstruída com as Coordenadoras dos Projetos Vida Pe. Gailhac e Irmã Maria de Aquino e CEC Bom Pastor; com os Trios Gestores dos Colégios da rede e com centros socioeducativos e ações socioassistenciais em parceria.
Após uma intensa caminhada de reflexão e trabalho, as RSCM perceberam a necessidade de ampliação da Equipe, para maior articulação entre os projetos e ações socioassistenciais desenvolvidos. Para dar início a essa proposta de reestruturação, foram convidadas leigas com formações distintas para compor o grupo: assistente social, psicóloga e pedagogas, que contribuiriam com a Equipe, agregando outras experiências e assumindo a missão de formar a Rede de Ação Social. Assim sendo, no ano de 2010 surgiu a REAJE - Rede de Ação Junto aos Excluídos, com a proposta de apoiar e criar condições ao desenvolvimento de ações efetivas junto à criança, ao adolescente, à juventude e à mulher, promovendo o protagonismo de grupos e coletividades, na busca da transformação social. Uma Rede que surgiu da necessidade de apostar na ação conjunta e em colaboração, para que se possa alcançar a justiça social, fomentando uma sociedade mais humana e fraterna a partir de cada ação realizada. Uma Rede que busca criar conexões e sinergia para transformar nossos sonhos em realidade, reagindo a toda situação que coloque em risco a dignidade da vida humana.
Atualmente, a equipe interna é composta por: Coordenadora Geral; Coordenadora de Projetos Sociais; Analista de Projetos Sociais; Assistente Social, constituindo um setor que funciona no Centro Administrativo da Província.
ONDE ESTAMOS: A REAJE, HOJE Na perspectiva de construirmos um processo que dê alinhamento à ação socioeducativa e socioassistencial da REAJE - Rede de Ação
MISSÃO da REAJE: Agir Junto aos Excluídos à luz dos valores Evangélicos e do Carisma e Missão das RSCM, com o lema “para que todos tenham vida”, contribuindo na construção da sociedade nova, mais humana, fraterna e solidária, com ações efetivas junto à criança, ao adolescente, à juventude e à mulher, promovendo seu protagonismo, na busca da transformação social, baseada na Justiça, Paz e Integridade da Criação, articulando e tecendo novas relações em REDE a partir de ações em defesa da Vida. A partir daí, fica clara a concepção da REAJE como rede que tem projetos próprios, compõe a área da Missão, junto com o Centro Administrativo Educacional da Província/CAEP, Família Ampliada e Juventude da Província. É parte de outras redes e apoia projetos de outras instituições; que se articula a grupos e movimentos sociais, exercitando o papel que lhe cabe na defesa das boas práticas, sejam elas de iniciativa pública, de empresas ou da sociedade civil. Sua ação está pautada nos Princípios da Ação Social, definidos pela Província para responder aos apelos do tempo presente.
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