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Um manual para quase formados
Thandara Yung 3
“É que eu já sofri com tudo isso. E acho justo compartilhar experiências para tentar ajudar” Thandy Yung, para Duda.
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Para Duda Szochalewicz, que acendeu a fagulha do “por que não faz?” e me estimulou a ajudar não só ela, mas quem mais precisar. Para Nana Yung, que poderia ter tido uma vida mais fácil se eu tivesse pensado nesse manual antes. Para você, quase formado, que está lascado. Calma, isso passa. 7
Agradecimento
A Rafa Leão, que leu e releu cada um dos parágrafos antes de qualquer outro, sugeriu alterações e elogiou os pontos positivos. É muito mais fácil fazer quando alguém acredita junto. A Nana Yung, que possibilitou algo além da formatação do Word para esse projeto. A André Zottich. Sem ele, esse projeto seria entregue com uma capa, no mínimo, horosa. É sério. Obrigada também a outros tantos amigos que serviram de inspiração para algumas das histórias contadas aqui.
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Sumário Introdução...........................................13 Apresentação..................................15 Escolha do tema..............................................16 Afinal, o que é o seu trabalho?........................17 E aí? Vai fazer sozinho?....................................18 Se organize........................................................20 Saiba usar seu email........................................21 Memorial..........................................................22 Se resguarde.....................................................23 Selecione..........................................................25 Refaça.......................................................26 Orientador ou orientando?..............................26 Pra quem não consegue decorar ABNT........27 .docx vs pages.................................................28 Polêmicas - o plágio........................................29 Banca, bicho de 40 cabeças............................30 Regrinhas de comportamento.........................32 Preparando o psicológico................................33 A apresentação................................................34 Momento auto-ajuda.......................................34 Considerações finais.......................................36
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Introdução O fato é - meu primeiro TCC foi uma loucura. Mas acredito que isso é regra a todo trabalho de conclusão de curso bem feito. Nosso querido Murphy vai colocar todos os empecilhos no caminho, vai dificultar as coisas, vai atrasar sua vida, vai furar o pneu. Tudo isso, para mensurar o quanto você realmente quer o seu projeto, o quanto você acredita nas coisas em que está trabalhando. Quando não se acredita, as orientações tornam-se mais raras do que comida ligth em festa de criança. O aluno some, o orientador sempre está ocupado - e o projeto fica fadado ao esquecimento, ou a virar só mais um arquivo de “um trabalho aí da faculdade” enchendo o HD. É por não concordar com essa realidade que fiz surgir esse manual. TCC tem que ser lindo, tem que ser bem feito, tem que trazer na bagagem lágrimas de desespero e - muitas noites mal dormidas. Tem que fechar com uma banca que não tira os olhos de você durante a apresentação, tem que ter um monte de gente te procurando depois para falar sobre. Tem que fazer seu orientador encher o peito de orgulho para contar que você foi aprovado e para falar sua nota (jamais vou esquecer o sorriso de canto de boca e o olhar de orgulho da Karina Gomes Barbosa - minha orientadora quando deu nossa nota). TCC é o primeiro passo para ir para 13
o lado de fora, não pode começar tropeçando. No meu projeto, eu acreditei. Mais até do que a razão permitiu. Fui ameaçada de morte (mas isso é história para outro livro), troquei tema, entrei em pânico, corri atrás do caminhão de lixo. Vi, ouvi e conheci gente - e isso me mudou. Tentei mudar o mundo, e acho que fez toda a diferença. Aqui, vou dar dicas para que o seu dê certo tanto - ou até mais - quanto o meu. Que meses depois você ainda escute elogios, que você olhe seu trabalho e arrepie de lembrar como foi fazer cada pedacinho. E já que a ideia é dar dicas, vou começar com a primeira: acredite no seu projeto e tente, sempre, mudar o mundo nem que seja o de uma pessoa apenas.
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Apresentação “Sim, querida. Seu TCC foi uma loucura. Mas você fez o que mesmo?”. Então, eu fiz um documentário. A ideia do trabalho era dar visibilidade a pessoas invisíveis diante da sociedade. Começamos (Lucas - meu companheiro de trabalho - e eu) conversando com moradores de rua mas, por questões técnicas, terminamos com as melhores conversas, histórias e entrevistas que eu poderia sonhar. Os entrevistados? Garis aqui de Brasília. Eu não deveria contar o nome do documentário. Vai que você não curte e decide abandonar este manual. Ó, mesmo se você não gostar do vídeo, prometo que as dicas continuam valendo. Então, não me abandona, ok? O documentário se chama “Cidadão de Limpeza Urbana” e está no santuário universal dos trabalho audiovisuais: o YouTube. É só colocar o nome na busca, ele vai estar no meu canal.
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Escolha do tema de tabalho Talvez essa seja a primeira etapa para começar seu trabalho. E, certamente, é a mais importante e a mais difícil de todas elas. Nos últimos cinco anos, vi e convivi com pessoas que escolheram, iniciaram e abandonaram seus TCCs duas, três, quatro vezes. Escolher seu tema de TCC é como apaixonar-se. Imagine embarcar em um namoro onde os parceiros não têm paciência um com o outro, onde não há desejo em descobrir mais sobre quem se está andando de mãos dadas. A relação com o TCC é algo bastante parecida. Por isso, pense com carinho e - antes de escolher qualquer coisa - considere falar (ou fazer) sobre algo que te encante. Algo que encha seus olhos e que te dê vontade de virar noites à fio pensando e produzindo a respeito. Chegamos, então, à nossa primeira - e quiçá a mais importante - dica: GOSTE, mesmo, do seu tema. Só assim você terá pique para abraçar a ideia, se entregar a ela e produzir o seu melhor. Tome como desafio fazer surgir nos outros a paixão que você tem pelo seu trabalho. Você vai conviver meses com seu TCC - talvez até mais do que com amigos e familiares - o ideal é que esse período
não se transforme em martírio. Um relacionamento precisa ser curtido, curta seu TCC.
*** Afinal, o que é o seu trabalho? Não sei qual é o seu curso, mas eu fiz Comunicação Social e uma coisa sobre nosso TCC sempre me encantou: temos opções. Você quer aprender a pensar academicamente e acredita que a monografia é o melhor caminho? Ok! Você pode. Mas aí, você acha que monografia é algo muito complexo, que você deve amadurecer seu pensamento - um artigo científico pode salvar sua vida. E então, você decide que não. Escrever academicamente não é o que você quer para esse momento da vida. Faça, então, um puta produto. Você leu com atenção? Um PUTA produto, nada de trabalhinho de qualquer jeito. Faça algo para se orgulhar. E aqui, acredito ser o momento ideal para eu destruir um paradigma que paira nas mentes dos calouros. Algo do tipo: “aaah... vou fazer produto porque é bem mais fácil”. Não, não é. Um produto traz consigo todo o trabalho filho da puta de realização (no meu caso, por exemplo: filmar, decupar, editar, montar, escolher, etc) e todo a trabalheira de elaboração 17
do Memorial Descritivo, a parte “teórica” do seu produto onde você apresenta as motivações acadêmicas. Sim. Ele é necessário e importante. Como eu não fiz artigo nem monografia, não tenho dicas técnicas sobre o assunto. Mas acredito que a maioria das dicas pode ser vista de maneira genérica para auxiliar na organização nesse momento tenso.
E aí? Vai fazer sozinho? Você já escolheu o tema, e até deu uma lida em algumas referências. Chega então o momento de definir com quem você vai fazer. Essa etapa, talvez, seja ainda mais importante do que todo o resto. E existem muitas variáveis para ter uma dupla ou não. Aqui embaixo, eu vou te contar alguns segredinhos para você não se arrepender de não fazer sozinho. INTERESSE A sua dupla tem o mesmo interesse e comprometimento que você com o projeto? Se a resposta é sim, vai sem medo. Se a resposta for não, tome cuidado. Trabalhar com alguém que não está interessado e só “quer formar logo” pode te trazer dor de cabeça.
AMIZADE Eu adoro o Lucas (meu dupla), e ele foi uma das poucas pessoas que se tornou meu amigo de verdade durante o curso. Eu quis matar ele durante o TCC. Várias vezes. E tenho certeza que a recríproca é verdadeira. Por isso, antes de decidir se quer fazer dupla com um amigo para o trabalho final, pense bem se a amizade de vocês vai resistir a noites mal dormidas e à grosseria gerada com o desespero. CONFIANÇA Esse veio por último. Mas deveria ter vindo antes mesmo do capítulo começar, porque é - de longe - o mais importante. Você precisa poder confiar no seu parceiro. Não confia? Faça sozinho. O grande lance de ter alguém para fazer o trabalho junto é poder dividir tarefas e pesos. Cada um se lasca só um pouco e nenhum se fode tanto. Se você não confiar que o trabalho do fulano vai ficar bem feito e precisar refazer, é melhor fazer sozinho.
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PREPARE-SE Resolveu não fazer sozinho? Massa… Então agora se prepare para a cobrança. São duas cabeças pensando e quatro mãos para executar. Seu orientador não vai ter dó de vocês. Com mais gente para fazer, o trabalho tem que ficar melhor ainda. Não dá para fazer mais ou menos. Nem com dupla, nem sozinho. Se organize Você vai ter muita coisa para lembrar enquanto estiver escrevendo/fazendo seu TCC. E, acredite, você vai precisar lembrar de tudo. Por isso, organização é ESSENCIAL. Minha dica é arrumar um caderninho e andar com ele o tempo inteiro. Eu tinha o “cederno verde”. Anote tudo que estiver relacionado ao seu TCC. Conversou com alguém legal? Anote nome, data, local, tema da conversa. Teve alguma ideia genial para incrementar o trabalho e tá no ônibus? Tira o caderno da mochila e escreva sobre. Alguém comentou um livro ou filme que poderia ser referência? Escreve no caderno para depois pesquisar. No futuro, quando você precisar descrever no memorial como foi o processo, você vai saber exatamente onde buscar por essas informações. Um complemento da dica é que o
caderno do TCC é só do TCC. Nada de anotar receita de bolo, placar final do jogo de sinuca ou aposta da mega-sena (se for bilhete premiado pode). A ideia do caderno é te ajudar a organizar sua vida, não te colocar louco procurando o que é do TCC e o que é do baralho. Saiba usar seu email Sabe o que eu acabei de falar sobre o caderninho? Pois é, vale a mesma coisa para o e-mail. Eu não sei vocês, mas eu amo o Gmail. E é isso. Tenho minha conta desde os 15 anos e uso ele para tudo. Qualquer coisa que eu possa querer lembrar um dia na vida, está no meu email. (Coisa de gente carente, me mando emails diariamente). Então, se encontrou coisas legais. Se manda uma mensagem para não esquecer. Porque fica bem mais fácil de encontrar (esses dias, dois anos depois de terminar meu TCC, fui buscar coisas sobre ele e encontrei tranquilamente). Para fechar essa dica? Padronize os assuntos. Sempre que for se mandar um email como referência use “TCC - um link legal que eu vi hoje no facebook”. Porque aí, na busca, você joga só TCC e encontra tudo. Se você não usa Gmail, desculpa, mas eu não sei muito bem como te orientar em relação a isso. Mas deve ter algum mecanismo de busca no seu navegador, fuça um pouquinho que você acha. 21
Memorial É comum ver professores resmungando por aí sobre produtos ótimos apresentados com memoriais medíocres. Não cometa esse erro. Seu memorial será, provavelmente, a etapa mais acadêmica do seu TCC e pode funcionar para evitar perguntas bobas por parte da banca porque o memorial já explicou. Acredite, na hora da banca até a questão mais simples pode tirar sua concentração. Por isso, invista tempo no seu memorial descritivo. Essa não é, nem de longe, a parte mais divertida do trabalho. Mas, gaste umas horinhas de frente à tela e pense boas maneiras de como colocar no papel - ou no .docx do word - as melhores palavras para falar do seu atual relacionamento. Tá, tá... Eu sei que to insistindo nessa coisa do memorial, mas é sério. Na hora da banca, a própria atmosfera da bendita já vai te deixar super nervoso (é inevitável, acredite). Então, temos que te poupar de preocupações, certo? Se foi você mesmo que escreveu cada parágrafo, ele vai estar na sua cabeça na hora de apresentar - e você não vai ficar inseguro. Não tanto. E relaxa, quando o memorial começa a fluir, ele vai que você nem sente.
Se resguarde Cabeça de banca é igual cabeça de jurado, não há nada mais subjetivo e sem explicação. Por esse motivo, tenha sempre cartas na manga e esteja bem firme e certo a respeito do seu trabalho e da temática dele. Se resguarde. Qualquer que seja a escolha que fizer sobre o seu trabalho, tenha uma (boa) justificativa para ter abraçado ela. Para explicar essa situação vou usar dois exemplos bem diferentes. O primeiro é sobre a minha experiência. Quando fomos gravar o CLU a equipe completa, quando muito, tinha três pessoas (quem já viu o filme e reparou nos créditos percebeu que eu, Lucas e Zé fizemos, tipo, tudo). Por esse motivo, era MUITO complicado, para não dizer impossível, fazer as gravações com todo o material e a iluminação. Não fizemos, e isso estava justificado no nosso memorial. Se der, encontre alguma outra justificativa além de “não fizemos porque não tinha quem fizesse”. Isso pode fazer com que a banca - e até seu orientador - te veja como um preguiçoso. Qual foi a nossa justificativa? Que o filme era uma tentativa de mostrar as pessoas e um pouco da realidade de trabalho delas. Sendo assim, cenas estouradas ou muito escuras eram a representação de variações e dificuldades de luminosidade durante o expediente dos garis. (Colou, ta?) 23
A segunda história foi vivida por uma amiga, à época formanda em publicidade e produzindo uma revista (linda, por sinal). Os textos da revista conversavam em primeira pessoa com o leitor - algo como, “nossa equipe” ou “mostramos à você”. Existe algum grande problema em escrever em primeira pessoa? Não exatamente. Mas... A conversa com ela sobre o assunto foi mais ou menos assim: “olha, pode ser que tenha algum professor jornalista meio casca grossa na sua banca. Se isso acontecer, ele pode te questionar os motivos dessa primeira pessoa aí, porque não é algo usual ao texto jornalístico”. Não ser usual não significa que está errado, mas é preciso explicar porque sair do padrão. Nesse caso, algumas linhas explicando linha editorial da revista, público e a tentativa de aproximar as histórias relatadas nas matérias às histórias de vida do leitor seriam suficientes para aquietar o furioso coração jornalístico. A banca gosta de saber que todos os detalhes foram pensados. Ao menos foi assim que minha orientadora me ensinou. Viu? O segredo é a maneira como se fala. Seu papel não é só fazer um bom produto, é convencer todo mundo que ele foi pensado. Venda seu peixe. Você pode fazer o que quiser, desde que exista uma justificativa para isso.
*** Se em algum momento do seu trabalho, você questionou uma escolha pode ter certeza que a banca vai questionar ela também. Esteja preparado.
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Selecione
É comum encontrar por aí gente com mania de querer mostrar serviço. O que acontece com o trabalho final não é muito diferente. Lemos tanta coisa, assistimos tanto vídeo, colhemos tanta referência que é normal querer colocar tudo no papel. Mas saiba que não adianta. Ok, é muito legal você ter bastante informação (elas, provavelmente, vão te ajudar em outros momentos da vida). Mas você não precisa escrever todas elas. Um professor da faculdade, Lunde Braghini, uma vez me ensinou que um bom texto se faz quando você tem tanta informação que opta por tirar algumas. Por isso, não tenha medo de selecionar o que é mais importante. Nem tudo merece ganhar um parágrafo.
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Refaça Não se faz nenhum trabalho sem correções e ressalvas. Se alguma vez você conseguiu fazer isso, troquemos de lugar e, por favor, comece logo a escrever um manual para produção de trabalhos perfeitos. Isso não existe. Somos humanos e estamos sujeitos - o tempo inteiro - a errar. E é só assim que se evolui. Por isso, nada de bico ou cara feia quando o orientador falar “isso aqui está uma porcaria” - ele provavelmente não vai usar essas palavras, mas é o que ele está pensando. Então, quando ouvir “acho que poderíamos pensar em um outro caminho”, saiba que é hora de pensar tudo de novo, arregaçar as mangas e REFAZER. Nada de preguiça, nada de cansaço. Quer a coisa bem feita? Então faça, aceite críticas e evolua com elas. Refazer é sempre o segredo. Orientador ou orientando? Sim, você deve ouvir as correções do seu orientador, ponderar e corrigir o que estiver errado. Afinal, é exatamente para isso que ele serve: te orientar. Mas atenção. Orientar não é te colocar numa coleira e te guiar atrás dele o tempo inteiro. A orientação deve servir como uma indicação de caminhos, uma abertura de portas. Seu orientador deve te transformar
em pássaro, não em cavalo amarrado. Apesar de também levar o nome dele, o trabalho é seu. Para quem não consegue decorar ABNT O texto do seu memorial está lindo e divo? É o melhor texto que você já escreveu na sua vida? Parabéns. Mas sinto te informar que não é o bastante. Para valer de verdade, texto acadêmico tem que estar na regra. Então, procura a tal da ABNT e vê como que tem que ser seu memorial. Uma dica de timing: aprenda pelo menos o básico sobre a formatação e faça isso desde o início do trabalho. Se você escrever cada pedaço do seu trabalho em uma fonte e num tamanho diferente, depois vai dar uma trabalheira danada para arrumar. Então, faça certo desde o começo. Não sei como é na sua faculdade. Mas lá na Católica tinha um pessoal da biblioteca super gentil que ficava à disposição para auxiliar com todo esse bla bla bla de formatação. Vai lá conversar com eles. Eu sei que é chato, mas. Regra é regra. Não dá para eu colocar aqui todas as dicas de formatação (sabe, ocupa muito espaço contar para vocês que citação com mais de quatro linhas vem sem aspas, separada do texto, com espaçamento entre linhas simples, em um parágrafo com 4cm de distância da margem esquerda e na fonte tamanho 10). Então, eu vou contar uma coisa linda. 27
Eu duvideodó que você saiba exatamente como montar uma referência bibliográfica. Onde é ponto ou vírgula, a ordem das coisas. Você sabe? Meus parabéns. Eu nunca consegui decorar. Mas, ainda bem que tive aula com uma professora chamada Rosana Pavarino e ela me ensinou o caminho do paraíso. Abre o Google, digita “more”, clica no primeiro endereço (Esse aqui ó: http://www.rexlab.ufsc.br:8080/more/ ). Entrou? Agora o site faz a graça dele. Aí é só mandar o Cntrl + C e colocar no arquivo. Só não vale esquecer de alterar o tamanho e a cor. Ah! E de alinhar à ESQUERDA. Sim, o trabalho inteiro é Justificado. A bibliografia não. .docx vs pages Vou contar uma historinha para vocês: o Rafael é uma pessoa legal, que ama a Apple e tudo o que a empresa faz. Como bom usuário de Mac, ele escreveu o memorial todo no pages. Acontece que o Joadir, o orientador do Rafa, usava Windows e, consequentemente, Word. Sabe o que aconteceu com o Rafa? Ele se fudeu… Toda vez que ele mandava o arquivo para o Joadir ele precisava exportar para .docx, para o professor fazer as considerações dele. O arquivo voltava todo desconfigurado. Já viu o tanto de retrabalho com formatação que ele teve, né?
Pois é. Compatibilidade de arquivos é algo que a gente nem liga. E só presta atenção quando dá merda. Na verdade, todo problema é assim, né? A gente nunca pensa neles, até que lasca tudo e a gente fica doido. Lembra que estamos falando de TCC? Pois é, alguma coisa VAI dar errado. Por isso, se você é um amante de Macs, compre o Office para Mac. Afinal, é um programa muito mais universal que o Pages e você corre menos riscos. No TCC, quanto mais você puder evitar se lascar, melhor. Polêmicas - o plágio No meio do curso, enquanto eu fazia a matéria de Jornal Laboratório, um colega de classe plagiou uma matéria de um jornal grande aqui de Brasília. Copiou, assinou com o nome dele e entregou. Todo mundo achou o texto ótimo “nossa, ele tá escrevendo igual profissional”. Acontece que ele foi descoberto. Abandonou a disciplina e fugia da turma e da professora igual o Diabo foge da cruz. Nem sei se ele pegou o diploma, mas sei que não confio nele. Entendo que é tentador ter um trabalho “pronto” em poucas horas. Mas saibam: não vale à pena. Além de correr o risco de ser pego, você pode ter seu TCC anulado e correr o risco de ser expulso da universidade. 29
“Mas e se ninguém descobrir”. Cara, se ninguém descobrir, ainda assim você vai precisar lidar na sua cabeça que seu trabalho não é seu. Não sei você, mas eu não teria coragem de mostrar para ninguém um trabalho que não é meu (e eu sempre quero mostrar meus trabalhos). Agora, se você não tem nenhum problema ético e moral com isso, tranquilo. Mas este manual não é para você. Banca, bicho de 40 cabeças Tenha certeza de uma coisa: se tem alguma coisa que você não sabe, a banca VAI perguntar. Por isso, meu amigo, você está PROIBIDO de ir para banca sem saber - na ponta da língua - qualquer questionamento, teórico ou prático, sobre o seu trabalho. Mas para isso tem um jeito fácil de resolver. Faça o seu trabalho. Isso mesmo, não venha tentar me enganar. Eu sei a quantidade de gente que paga por um TCC, ou manda o Cntrl + C / Cntrl + V na maior cara de pau. Realmente, vai ser mais difícil lembrar coisas de um trabalho que não é seu.
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Regrinhas de comportamento Existe uma porrada de regras sobre como se comportar durante sua banca. Apesar de eu ter quebrado a maioria delas, vou te contar como você (em um mundo ideal) poderia se comportar. Ou pelo menos como sua orientadora gostaria que você se comportasse. Primeiro: não se atrase. Acho que já cansei de contar para vocês que Murphy é o padroeiro do TCC e que as coisas tendem a dar errado. Principalmente no dia mais importante. Por isso, chegue antes, cheque se o computador funciona, se o projetor tá legal, se tem som (caso você precise), se seu pen driver está no seu bolso (eu perdi meu HD externo no dia). Segundo: você tem 15 minutos. TE VIRA! Não interessa o tamanho da sua pesquisa, ou o quanto deu trabalho. Você tem só quinze minutinhos para apresentar os pontos mais importantes de tudo o que você fez no último ano. Terceiro: não interrompa a banca (eu fiz isso, e tomei uma comida depois). Quando você termina de apresentar, a banca vai fazer as considerações dela. Anote, grave, preste muita atenção. Mas deixe para defender seu ponto de vista só quando eles terminarem de falar.
Quarto: Toda banca é pública. Essa não é exatamente uma dica sobre o seu comportamento. Mas sobre bancas em geral. Se a turma inteira quiser asssistir, ela pode. Não adianta você dar xilique nem pedir para eles irem embora. Preparando o psicológico Sou a rainha da ansiedade. A pressão vai lá no inferno, o estômago dói, dá larica. E, o pior de tudo, fico dispersa. Ficar desatento na banca não é uma boa. Por isso, dá seu jeito de se acalmar e não deixa isso te atrapalhar. Tem gente que medita, tem gente que bebe chá, tem gente que repete 80 vezes o que vai falar. Eu como chocolate. Comi uma barra grande de Lacta ao leite (aquele da embalagem azul) sozinha no dia da minha banca. Acalmei. Mas uma semana depois pipoquei toda de espinha. Enfim, estar nervoso vai te atrapalhar. Procure no seu coração a melhor forma de você se acalmar. É triste, mas ninguém pode te ajudar nessa hora. Só quem vai descobrir é você. (chorei depois, interrompi a banca durante)
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A apresentação Eu odeio power point. Não que tenha nada contra o programa, mas odeio slides. Há um tempo comecei a aprender que eles funcionam - quando bem feitos. Mas convivi TANTOS ANOS com coisas horrorosas que criei um pouquinho de aversão. Mas não tem como fugir. Que eu saiba, não tem como apresentar banca sem apresentação de slide. Até porque, ela serve de mapa e te ajuda a não alucinar na ordem da apresentação. Você é a estrela da sua banca, não seus slides. Por isso, vamos ter noção? Nada de slides abarrotados de textos enormes. Uma foto, uma tópico, uma mensagem rápida. É tudo o que você precisa. Lembra, o slide é um guia, ele não pode te substituir. Momento auto-ajuda Sim, vai chegar a hora - provavelmente quando ainda faltar uns três meses para a banca (ou seja, pelo menos 70% do trabalho ainda vai estar incompleto) - que você vai dar uma desanimada. Vai ficar pensando se era isso mesmo que você queria fazer, vai ter vontade de jogar tudo para o alto e deixar esse tal de diploma para lá.
Mas calma! Não desista! (olha, eu nunca uso ponto de exclamação... Fui treinada a isso. Então se eu usei agora, é porque essa porra ficou séria). O tal do ânimo que anda sumido na sua vida você arruma pensando que está fazendo um projeto bacana. Com algo que você gosta, escrevendo matérias, editando vídeos, selecionando fotos que você foi à caça nos lugares mais inusitados. E a força de vontade para não interromper o trabalho volta quando as primeiras migalhas de resultado começam a aparecer. É tipo quando a gente faz dieta e volta a fazer exercício. Por mais que dê preguicinha, dá muito ânimo voltar quando a gente escuta “nossa, mas você emagreceu, hein?”. O equivalente a isso no TCC é o “nossa, mas isso tá ficando bom, hein?”.
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Considerações Finais Primeiro, muito obrigada por chegar até a última página. Deu trabalho colocar tudo no papel e é massa que você tenha lido. Segundo, espero, de verdade, que este manual tenha - em algum momento - tornado sua odisséia em busca do diploma um pouco menos complicada. E… Se você leu tudinho, mas ainda tem alguma coisa que quer conversar sobre o TCC, me manda um email (thandyung@gmail.com). No que eu puder ajudar, eu tento. Desde referências bibliográficas até um ombro amigo para chorar as mágoas de seu orientador não gostar de nada que você apresenta. Mas se você só me achou legal e quiser tomar um sorvete/açaí/McDonalds, manda um email também. Ou vira coleguinha lá nos Facebooks da vida (Thandy Yung, também). Terceiro, que acha de começar uma ação? Se este manual ajudou você, dê de presente, indique, mande o link. Enfim, faça chegar ao seu calouro e torne a vida de um quase formado mais fácil e feliz. Bom. Acho que é isso. Beijos e, até o dia do sorvete. (Tô esperando, é sério...)
Capa - André Zottich Texto - Thandara Yung Diagramação e Ilustrações - Tawana Yung
Brasilia, 2014
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