antĂ´nio carlos gomes
antônio carlos gomes
Ópera em quatro atos
música Antônio Carlos Gomes libreto Antonio Ghislanzoni
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datas de apresentação e elenco sinopse
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fosca, por irineu franco perpetuo tão longe, de mim distante, por leandro karnal um brasileiro em milão, por sergio casoy
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histórico de apresentações gravações de referência
47 libreto 108 130
biografias dos artistas ficha técnica
O Ministério da Cultura apresenta Fosca Antônio Carlos Gomes Nova produção do Theatro Municipal de São Paulo dezembro quarta 7, às 20h quinta 8, às 20h sábado 10, às 20h domingo 11, às 17h terça 13, às 20h quinta 15, às 20h sábado 17, às 20h
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Balé da Cidade de São Paulo Eduardo Strausser direção musical e regência Stefano Poda direção cênica, cenografia, figurinos, iluminação e coreografia Bruno Greco Facio regência do Coro Lírico Municipal Iracity Cardoso direção artística do Balé da Cidade de São Paulo
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Fosca Nadja Michael [7, 10, 13 e 17] Chiara Taigi [8, 11 e 15] Gajolo Luiz-Ottavio Faria [7, 10, 13 e 17] Łukasz Goliński [8, 11 e 15] Cambro Marco Vratogna [7, 10, 13 e 17] Leonardo Neiva [8, 11 e 15] Paolo Thiago Arancam [7, 10, 13 e 17] Sung Kyu Park [8, 11 e 15] Delia Lina Mendes [7, 10, 13 e 17] Masami Ganev [8, 11 e 15] Michele Giotta Carlos Eduardo Marcos Il Doge di Venezia Murilo Neves
programa sujeito a alterações.
sinopse
[indicações cênicas dos libretos originais.]
ato i 40’ Em uma comunidade de piratas no litoral da Ístria, em 944, os corsários mantêm como refém Paolo, filho do veneziano Michele Giotta, cobrando 100 moedas de ouro como resgate, e planejam uma incursão para raptar moças em Veneza durante a cerimônia coletiva de casamento na Igreja de São Pedro. Apaixonada por Paolo, Fosca, irmã do líder pirata Gajolo, implora ao irmão que se apodere do dinheiro, mas não devolva o rapaz. Gajolo se recusa e encarrega Cambro de vigiá-la, sem saber que ele, por seu turno, planeja casar-se com Fosca visando, eventualmente, tornar-se líder dos piratas. Esta suplica a Paolo que não vá embora; ele se recusa, pensando em Delia, a noiva que deixou em Veneza. O dueto de ambos é interrompido pela chegada de Giotta com o resgate. Diante do desespero de Fosca pela partida do amado, e seu clamor de vingança, Cambro faz-lhe uma proposta: trará a noiva de Paolo para ela, desde que a irmã de Gajolo se comprometa a ser sua mulher.
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ato ii 40’ Delia recebe Paolo em seus aposentos e ouve, na rua, um vendedor ambulante. O rapaz manda o mercador entrar. Sem reconhecer nele Cambro disfarçado, Paolo pretende comprar um colar a Delia, que o recusa por ter um mau pressentimento sobre o mercador. Cambro guarda a fisionomia da noiva e se retira. Na segunda cena, Gajolo, Fosca e os demais piratas cercam a igreja em que vai ocorrer o matrimônio. Ao ver Paolo e Delia aproximando-se da igreja, Fosca não se contém e se atira à frente do casal. No tumulto que se segue, Cambro, Fosca e os demais piratas raptam Delia e Paolo. Gajolo, porém, cai prisioneiro dos venezianos. [intervalo 25’]
ato iii 30’ Sozinha na aldeia dos piratas, Delia pensa em Paolo. Fosca chega e lhe comunica que o noivo está vivo, porém não será dela. Segue-se um longo dueto, no qual Delia promete tornar-se escrava para salvar o amado. Comovida, Fosca resolve resgatar o casal, propondo a Cambro que troque os apaixonados por seu irmão, Gajolo, que os venezianos prometeram matar em três dias. Contrariado, Cambro consegue reavivar os ciúmes de Fosca que, volúvel e irada, decide-se pela morte de Paolo e Delia – o que faria com que Gajolo fosse morto e Cambro se tornasse o novo líder dos piratas.
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ato iv – cena i 10’ Em Veneza, Gajolo faz uma proposta ao Conselho dos Doges: voltar à comunidade dos piratas para resgatar Paolo e Delia, jurando que, caso não consiga trazê-los de volta, retornará à cidade para se entregar. O conselho aceita a proposta. [intervalo 15’]
ato iv – cena ii 22’ Enquanto o conselho se reúne, na aldeia, Fosca convoca os apaixonados para serem executados. Ela propõe a Delia que tome um veneno para salvar Paolo e a moça aceita, mas não tem tempo de ingerir a droga. Gajolo entra em cena, suspende a execução e manda levar os prisioneiros de volta para Veneza. Os piratas perguntam ao chefe se o casal será escoltado por Cambro, e ficam sabendo que, por insubordinação, ele foi morto. Desesperada com a partida de Paolo, Fosca toma o veneno destinado a Delia e falece. Gajolo grita aos venezianos e jura vingança pela morte de sua irmã.
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Quem tiver alguma dúvida a respeito da importância do campineiro Antônio Carlos Gomes (1836-1896) para o Teatro Municipal de São Paulo, basta levantar um pouco os olhos antes do espetáculo de hoje: a efígie que domina o palco é a dele. Caso a dúvida persistir, será suficiente, no intervalo ou após a récita, atravessar a Praça Ramos de Azevedo para chegar ao monumento ao compositor, realizado pelo arquiteto italiano Luigi Brizzolara, em 1922, com 12 estátuas de mármore representando a música, a poesia e alguns personagens de suas principais óperas. Se tiver uma tendência a superstições, você pode até esfregar o dedo de bronze da mão esquerda da estátua do Condor – há quem sustente que isso dá sorte.
fosca irineu franco perpetuo
É certo que, no mesmo ano em que o monumento a Carlos Gomes foi inaugurado, o compositor sofreu fortes ataques dos protagonistas da Semana de Arte Moderna que sacudiria o gosto e a criação no Brasil. “Carlos Gomes é horrível”, vociferou Oswald de Andrade, em artigo tornado célebre. Contudo, tal posição não era unânime dentre os modernistas. Mário de Andrade, a maior autoridade musical do movimento, não hesitou em reconhecer, em sua Pequena História da Música, que o músico campineiro “está entre os grandes melodistas do século 19”, e “verdadeiro iniciador da música brasileira”. O autor de Macunaíma – cujas credenciais de nacionalista não podem ser colocadas em dúvida – afirma ainda que “a realidade étnica do músico brasileiro vai além do que julgam levianamente. No Guarani, no Escravo, mesmo nas óperas sobre libreto europeu como Salvador Rosa ou Condor, notam-se uns tantos caracteres, certas originalidades rítmicas, certa rudeza de melodia desajeitada, certas coincidências com a nossa melódica popular, em que transparece a nacionalidade do grande músico”.
Irineu Franco Perpetuo é jornalista e tradutor. Ministra cursos na Casa do Saber e colabora com a Revista Concerto.
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Ao escolher Fosca para celebrar as efemérides de 180 anos de nascimento e 120 anos de morte de Carlos Gomes, o Municipal homenageia não apenas o compositor, como também Mário de Andrade. Pois o musicólogo tinha este título na mais alta conta, chamando-o, em estudo publicado na Revista Brasileira de Música, de “uma das obras-primas da música dramática do século 19 italiano”, de “um valor intrínseco excepcional”, dotada de “música linda e forte, com que um espírito, que a estupidez dos homens ainda não desiludira de sua generosidade, pretendeu se elevar acima de si mesmo e de seu tempo”. E o tempo de Carlos Gomes era o tempo da ópera italiana. No Brasil imperial, o público comparecia aos teatros dividido em claques similares às torcidas organizadas de futebol de hoje, manifestando ruidosamente sua preferência por divas como Rosine Stoltz, Clara Delmastro e Augusta Candiani. A vitalidade da vida operística fluminense chegou a chamar a atenção do compositor Hector Berlioz (1803-1869) que, embora jamais tenha estado por aqui, escreveu em 1854, no Journal des Débats, um artigo sobre os espetáculos do Teatro Provisório do Rio de Janeiro. O clima se revelava propício para incentivar o canto lírico em português, e quem se apresentou para chefiar a iniciativa foi um europeu: o espanhol José Amat (c. 1810- c. 1875), criador, em 1857, da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Durante sete anos de atribulada existência, a Ópera Nacional promoveu, além de apresentações de títulos estrangeiros traduzidos para a nossa língua, criações de autores brasileiros e, embora nenhuma delas tenha efetivamente se firmado no repertório dos teatros, a iniciativa serviu ao menos para projetar o primeiro músico nascido no Brasil a adquirir renome internacional: Carlos Gomes. Nascido na Vila de São Carlos (atual Campinas), Gomes vinha de família musical, filho do compositor Manuel José Gomes (1792-1868). Dentro da tradição, que remontava aos tempos da Colônia, do músicoartesão não-especializado, capaz de executar diversas funções e ‘pau para toda obra’, foi o ‘Maneco Músico’ quem forneceu a instrução inicial do filho Tonico. Na juventude, o compositor frequentou os círculos
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estudantis da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. Em 1859, fez a obrigatória peregrinação à capital imperial, para estudar no Conservatório de Música, e foi logo emplacando duas exitosas óperas em português: A Noite do Castelo (1861) e Joanna de Flandres (1863). Foi depois desta última que ele ganhou bolsa para estudar em Milão, onde não chegou a ser aluno regular do Conservatório, mas teve aulas particulares com o diretor do estabelecimento, Lauro Rossi (1810-1885). Em 1866, prestou o exame final da instituição, recebendo o título de mestre-compositor. Para sua primeira ópera em solo europeu, resolveu adaptar o romance indianista O Guarani, de José de Alencar. Com libreto de Antonio Scalvini e Carlo d’Ormeville, e cantada em italiano, O Guarani obteve grande êxito em sua estreia no Teatro alla Scala, em Milão, em 1870. Difícil ignorar o impacto de tal sucesso naquele Brasil em processo de construção de identidade nacional, e em busca de ídolos que encarnassem seus ideais de excelência. Conforme assinalou Lorenzo Mammì, “se o Segundo Reinado se caracteriza justamente pela tentativa de construir um perfil cultural nacional, cimentando traços locais com uma linguagem internacional mais ou menos atualizada, pode se dizer que O Guarani é seu produto artístico mais bem-sucedido”. No ano seguinte à estreia da ópera, Gomes se casou com a italiana Adelina, e começou a buscar tema para sua próxima criação. Por sugestão de D’Ormeville, pôs-se a trabalhar em I Moschettieri (Os Mosqueteiros), história de capa e espada ambientada na França. Ele não chegaria, contudo, a concluir a empreitada, da qual restam hoje manuscritos de fragmentos do primeiro e segundo atos. A imaginação do compositor acabou galvanizada por Le Feste delle Marie (As Festas das Marias), do romano Luigi Capranica (1821-1891), uma intrincada história de piratas situada na Veneza do século 10. Para transformá-la em ópera, foram contratados os
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serviços de Antonio Ghislanzoni (1824-1893), que trabalhara com Verdi na revisão de A Força do Destino e, especialmente, no mais recente sucesso do monstro sagrado da música italiana: Aida, estreada no Egito pouco tempo antes, em 1871. Outro nome de peso, o célebre maestro Franco Faccio (1840-1891), que dirigira a primeira audição de Aida na Itália, em 1872 (e que, mais tarde, em 1887, regeria a estreia de Otello), seria responsável pela estreia de Fosca. O elenco que subiu ao palco do La Scala de Milão em 16 de fevereiro de 1873 para a apresentação inaugural da ópera de Carlos Gomes incluía nomes de destaque, incluindo, no papel de Cambro, o barítono francês Victor Maurel, que Verdi mais tarde escolheria para criar os papéis de Iago e Falstaff. Coloridos e talvez fantasiosos relatos da época dão conta de o público milanês saudando o compositor com brados de “Che bravo giovanotto”, “Che bello indiano”, “Che simpatico”. Há quem diga ainda que Giovannina Strazza, a proprietária da Casa Lucca, que tinha os direitos da ópera de Carlos Gomes, teria beijado o compositor na boca – repetindo o que já fizera durante os ensaios. Em texto publicado dois dias após a primeira récita, o renomado crítico Filippo Filippi comparou Fosca ao Guarani de forma favorável. Para ele, na nova ópera, “há força sintética, abrangência larga e segura: as diferentes peças se ligam entre si com fio lógico e fluído, sempre em harmonia com o drama eficacíssimo, sempre de acordo com a palavra. Para que se obtivesse isso, todos os personagens têm uma linguagem que lhes é peculiar, correspondente às personalidades, feroz e espasmódica, em Fosca, apaixonada em Paolo, suave em Delia, selvagem em Cambro e Gajolo”. O público, contudo, não respondeu com o mesmo entusiasmo, e Carlos Gomes acusou o golpe: um ano depois de Fosca, e novamente em dobradinha com Ghislanzoni, o compositor arquivou as ousadias e se curvou ao gosto da época com Salvator Rosa (1874), de temática patriótica (uma rebelião napolitana contra o domínio espanhol), e música tão peninsular que, mais tarde, Gomes diria que tinha feito O Guarani para os brasileiros, Salvator Rosa para os italianos, e Fosca para os entendidos.
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Assim como Macbeth para Verdi, e Tannhäuser para Wagner, Fosca seria a ópera com a qual o compositor jamais estaria inteiramente satisfeito, e que retocaria por anos e anos – com ajuda de D’Ormeville. Em visão revista, a partitura seria apresentada em Buenos Aires e Rio de Janeiro, em 1877, e novamente no Scala, em 1878. Salvatore Farina escreveu, na ocasião, que “a Fosca teve sua vingança” com relação à reação morna do público, cinco anos antes - dessa vez, o compositor fora chamado para agradecer os aplausos nada menos que 22 vezes. Nem esse êxito, porém, serviu para colocar o título no repertório, e Fosca permanece, no terceiro milênio, à espera de ser resgatada. O que aconteceu? Costuma-se creditar a acolhida pouco entusiasmada de Fosca ao fato de, nesta ópera, Gomes ter empregado exaustivamente uma série de motivos musicais recorrentes – recurso normalmente associado, com o nome de Leitmotiv (motivo condutor) ao compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), contemporâneo, antípoda e rival de Verdi. Em sua já citada análise da partitura, Mário de Andrade lista nada menos do que dez temas principais da ópera, que ele classifica como “a escala dos corsários”, “Fosca sinistra”, “Tema dos amantes”, etc. Não se sabe exatamente quanto da música de Wagner Gomes conhecia à época (não há registro de que tenha visto Lohengrin em Bolonha, em 1871, na montagem inaugural de um título wagneriano na Itália), e os motivos de Fosca têm função meramente evocativa e mnemônica, não constituindo a mesma teia sinfônica urdida pelo Leitmotiv de Wagner. O público milanês de 1873, aparentemente, quase nada sabia da música do compositor germânico, mas não teria apreciado o que via como uma capitulação do autor do Guarani à estética wagneriana. O patriotismo acirrado do Risorgimento ainda vivia em muitos corações, encontrando na ópera uma válvula de escape: basta ter em mente a acolhida hostil que, um mês depois da estreia da Fosca, esse mesmo público daria a Lohengrin, primeira ópera de Wagner a subir ao palco do Scala. Fosca não terá sido wagneriana, mas seu caráter visionário vem sendo apontado por diversos estudiosos. As semelhanças mais evidentes são com a
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extremamente bem-sucedida La Gioconda, que Amilcare Ponchielli (1834-1886) fez estrear três anos depois da ópera de Carlos Gomes. Não custa assinalar que, para o britânico Julian Budden, “comparado a Ponchielli, Gomes é um compositor mais ousado e mais teatral”. Mário de Andrade vê nele, ainda, um “profetizador do verismo”, a escola que dominaria a ópera na Itália no final do século 19: “teria que se esperar três anos para que a Carmen (tão idêntica à Fosca no libreto!..) viesse a inaugurar o verismo”, disse o escritor, para quem Gomes “antecipa o caráter da melodia de Puccini, principalmente ou exclusivamente naquele ardente lirismo, naquela plasticidade apaixonada que Puccini conseguiu na Madame Butterfly”. Sob esse ponto de vista, talvez não seja exagero qualificar Fosca como a mais ambiciosa criação de Carlos Gomes.
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Diariamente, há décadas, o Brasil é convidado a compartilhar de um programa governamental através da protofonia da ópera O Guarani, de Carlos Gomes. O compositor campineiro está presente na memória de muitas gerações. Num momento em que grandes músicos italianos disputavam a honra de encenarem suas obras no Teatro Alla Scala de Milão, Carlos Gomes realizou esse sonho.
tão longe, de mim distante leandro karnal
Nenhum outro compositor brasileiro do século 19 foi tão longe. Nenhum foi mais conhecido. Junto a VillaLobos, provavelmente, constitui a única dupla que pode provocar alguma identificação brasileira no exterior. Como é natural na nossa tradição que Nelson Rodrigues alcunhava “complexo de vira-lata”, Carlos Gomes não é uma unanimidade. O compositor da Fosca tem seus detratores. Fazer sucesso com óperas na terra da ópera, a Itália, seria uma honra em qualquer lugar. Aqui, foi acusado de servilismo ao modelo italiano, copiador de Verdi, um brasileiro deslumbrado com o belcanto europeu e incapaz de criar algo autêntico. Seria, no máximo, um subproduto do romantismo peninsular, parido a fórceps do mundo tropical para ser um pastiche verdiano. É curioso supor que, se alguém hoje fizesse sucesso no Vale do Silício nos Estados Unidos, em bom inglês, melhorando ou criando produtos para as grandes empresas da região, seria aclamado como um brasileiro de sucesso. Mas, no campo da arte, há uma exigência distinta da engenharia dos computadores. Entre artistas surge a ideia de que o compositor brasileiro deveria resgatar um valor único e autenticamente brasílico. A gramática de recepção a músicos como Carlos Gomes, Henry Oswald, Villa-Lobos e outros sempre
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Leandro Karnal é doutor em História Social pela usp e professor de História na Unicamp.
girou em torno de questões de onde inserir a produção brasileira em relação ao que ocorria na Europa. Em outras palavras, como nossos músicos transitavam entre o cânone estrangeiro e a raiz brasileira. Uma parte do drama que fez a glória e a crítica a Carlos Gomes é fruto deste debate. Para piorar, o momento era o Romantismo, período de resgate dos valores nacionais e históricos. Não é à toa que a obra mais conhecida do campineiro (ainda que não a melhor) seja O Guarani. O tema surge da imaginação de José de Alencar. Não tínhamos cavaleiros medievais que pudessem inspirar românticos como Walter Scott e seu Ivanhoé. Não dispúnhamos de um passado como o francês que oferecesse o suporte que Victor Hugo teve para os romances 1793 ou Notre-Dame de Paris. Tínhamos nossos indígenas. Peri era o que mais dispunha do physique du rôle para o papel de cavaleiro/cavalheiro que demandavam os saraus do século 19. A monumental obra do cearense serviu para embasar a obra do paulista. Alencar leva a Carlos Gomes e ambos servem a um gosto que admitia indígenas no palco, mas em malhas de ballet cantando, como guaranis autênticos, em italiano. Não se trata de invocar o debate das ideias fora do lugar. Toda ideia é de um lugar e de uma época. O Peri de Alencar/Gomes não é menos artificial do que a Esmeralda de Victor Hugo. Todos falam de valores do século 19, recriados para público do século 19. O indígena guarani seria tão estranho aos indígenas do período colonial brasileiro como o corcunda de Notre-Dame aos homens medievais. Os códigos narrativos exigiram muitas transformações das personagens na pena do autor de Os Miseráveis, como demandaram do compositor de Campinas em Milão. Toda obra histórica é fiel ao seu tempo e nunca ao passado. Fidedignidade é apenas um novo critério, como anacronismo um novo defeito, tão históricos ambos como a liberdade da Fosca. Em outras palavras: cobrar fidelidade histórica é tão anacrônico como fazer o Peri cantar em italiano. Os atores falando maia no filme de Mel Gibson (Apocalypto, 2006) não se aproximam um milímetro a mais da história do que se falassem latim. Os maias de Gibson respondem a outra demanda estética e de mercado.
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A recepção da arte não tem fronteiras, mas toda produção artística nasceu numa historicidade e dentro de algumas fronteiras. Identificá-las é tarefa de especialistas; apreciar o resultado é prazer universal. Em metáfora, o brilho do enólogo e a sofisticação do sommelier jamais podem ser superiores ao prazer de uma boa taça de vinho. Nem sempre foi fácil encontrar a boa música debaixo de muitas camadas de boa retórica.
Deixemos as tabas ensolaradas e voemos para o Adriático. A temática da ópera Fosca é a atividade de piratas diante da Sereníssima República de Veneza. Temos uma divisão clássica que fez parte de quase todos os enredos de teatro e de ópera: existe um impulso pessoal e amoroso em choque com uma força social e política. Paolo é amado por Fosca, mas pensa, prisioneiro dos piratas, na sua Veneza. O triângulo amoroso PaoloFosca-Delia mostra as idas e vindas do que o coração é capaz quando está em jogo o objeto do seu desejo. O jogo envolve o valor cristão e cavalheiresco sobre morrer ou não pelo que se crê. O martírio pelo amor é considerado, na ópera, a causa mortis mais sublime. Numa das cenas mais vibrantes, uma mulher quase toma veneno para manter o amado vivo e outra acaba realizando o gesto por ter perdido Paolo. O espaço da mulher, na imaginação do libretista, é o espaço da passionalidade. Se o feminino é uma cigana como Carmen (na ópera de Bizet) ou uma mulher pirata (como na Fosca), é apenas uma variante: o impulso é próprio da desmedida paixão da fêmea. Séculos antes, no mesmo diapasão, Hamlet criticara sua mãe por ter casado pouco tempo após a viuvez: “Frailty, thy name is woman!” Nos espaços alternativos do mundo dos piratas e do veneziano, o público da ópera poderia encarar essa hybris (desequilíbrio) e analisar, catarticamente, sua própria pudicícia contida e burguesa do século 19. No palco ocorria a vida intensa que a música e o texto mostravam, mas também lá o excesso era punido exemplarmente. As maquinações de Fosca terminam
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no seu malogro e morte, pois ela quebrou a ética e feriu o pudor. Fosca mostra os riscos e a delícia do amor, ali, teatralizado, cantado, encenado e encerrado ao final da última ária. Funciona como uma realidade paralela para as plateias de 1873, ano da estreia da obra. No vetor contrário, funciona como um espetáculo de luta: ali estão as pessoas que vivem o que gostaríamos de viver, mas não podemos, porque há um preço para essa paixão. Fosca é um modelo de mulher, como Vênus. A divindade clássica pode ser pudica, materna, vitoriosa. Fosca pode ser implorante, raivosa, sinistra e até clemente (como lembra o grande Lauro Machado Coelho). Fosca urde tramas políticas. Sua passionalidade tem um custo: morrer vítima de suas poções. Quem envenenou é condenada a envenenar-se. O amor romântico é trágico e passional e tem, também, um traço antifeminino. Na ópera, em geral, quando há um sacrifício, o cordeiro a ser imolado é o feminino. Vênus e tragédia funcionam como uma metonímia suave ou uma pedagógica sinédoque: a parte mulher é constitutiva do todo trágico. O leitor deve se reportar a um momento da história, a maior parte dela, no qual a misoginia era de bom tom e não encontrava vozes muito discordantes. Os autores e criadores tinham uma curiosa unanimidade. Acusá-los de falta de equilíbrio de gênero, talvez seja o mesmo que afirmar que, no século 19, eles não dispunham de tablets. O passado é sempre anacrônico, como seremos nós ao mundo futuro.
O romance La festa delle Marie, de Luigi Capranica (1821-1891), era uma obra de grande sucesso no seu lançamento, em 1869. O ambiente do Risorgimento italiano dominava a produção cultural. Ambientar um romance na Veneza do século 10 também era uma estratégia histórica: a região era alvo da disputa entre os italianos e o Império Austro-Húngaro. A ‘festa delle Marie’ era uma celebração em fevereiro, ligada à purificação de Nossa Senhora. Era um evento de mistura do popular e do aristocrático. A ‘marione’ (mulher de madeira), provavelmente, é a origem da palavra marionete.
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O texto de Capranica e o evento veneziano inspiraram Antonio Ghislanzoni, o libretista de Carlos Gomes, para os versos da Fosca. A composição junta duas fontes: o romantismo histórico reforçado pelo ardor nacionalista do Risorgimento e a figura da mulher de madeira, a marionete, a que deve ser leiloada na festa veneziana. Paixão, passado e feminino: está composto o drama que enleva as plateias de Milão e, hoje, a paulista. Carlos Gomes dedicou-se com entusiasmo à composição que é, para a maioria dos críticos, sua melhor ópera. Ele assim a considerava, pela riqueza das árias e pela dramaticidade da cena. Comecei o texto falando da protofonia do Guarani. Talvez a outra música conhecida de Carlos Gomes seja a que foi feita com os versos de Bittencourt Sampaio. A canção Quem sabe? inicia pelo lamento “tão longe, de mim distante”. O gênio romântico de Carlos Gomes combinou essas distâncias: de Veneza para Campinas, de Campinas e do Rio de Janeiro para Milão e de lá para seu final em Belém. Cento e vinte anos depois da sua morte, grande parte do nosso mundo musical ainda não sabe onde colocar o legado de Carlos Gomes.
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A Piazza del Duomo é o centro geométrico de Milão. Além da famosa catedral que dá nome à praça, ali fica uma das entradas da Galleria Vittorio Emanuele II, que conduz, na sua outra ponta, ao Teatro Alla Scala. Diz a lenda que, numa fria tarde de 1865, os frequentadores de um tranquilo café da praça levaram um enorme susto quando um rapaz de aspecto exótico - mulato, uma enorme juba de cabelos pretos e descuidados, dois olhos negros que brilhavam como tições, bigode luxuriante e um pontudo cavanhaque – deu um pulo repentino, quase derrubou a mesa à qual estivera sentado e saiu correndo em direção a um vendedor de livros ambulantes que caminhava em direção ao Duomo. O nosso impetuoso personagem fora irresistivelmente atraído pelo canto de sereia do camelô literário que, a plenos pulmões, apregoava “Il Guarany! Storia dei selvaggi del Brasile!”, oferecendo aos transeuntes a recente tradução italiana do romance indianista de José de Alencar. Pecado não haver ali um daguerreotipo - historiadores e musicólogos teriam adorado – disposto a fixar o momento em que aquele jovem e afoito brasileiro que respondia pelo nome de Antonio Carlos Gomes comprou o livro e, junto com ele, seu passaporte para a imortalidade. Muitos anos haviam se passado desde os primeiros tempos na Vila de São Carlos - depois rebatizada de Campinas - na qual o pequeno Tonico viera ao mundo a 11 de julho de 1836, e onde recebeu os primeiros rudimentos de música de seu pai, em cuja banda começou a tocar ainda quando usava calças curtas. Depois, recém-saído da adolescência, o contato fraterno com os acadêmicos da Faculdade de Direito da capital de São Paulo e sua boêmia recheada de música, quando brotaram suas primeiras modinhas e canções e também a vocação irresistível de se tornar compositor de óperas que, em 1859, o conduz à Corte
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um brasileiro em milão sergio casoy
Sergio Casoy é pesquisador de música lírica há mais de 40 anos, leciona História da Ópera em vários cursos em São Paulo. Produz e apresenta o programa diário bravo na Rádio Cultura fm. É autor de vários livros sobre ópera, entre eles Ópera em São Paulo 1952-2005.
para estudar no Conservatório de Música do Rio de Janeiro, a maior instituição do gênero no Brasil. No Rio, Carlos Gomes logo se ligou à Empresa de Ópera Lírica Nacional, entidade que se propunha a encenar óperas de autores brasileiros com texto em português e que era dirigida pelo empresário e cantor espanhol José de Zapata y Amat, que contratou o jovem campineiro como regente ensaiador. Mas o olho experiente de Amat não tardou a identificar um compositor dentro daquele rapaz, e lhe encomendou a primeira ópera de sua vida. A Noite do Castelo estreou no aniversário das núpcias do casal imperial, em 4 de setembro de 1861. Sucesso retumbante, que conduziu, como de praxe, a uma segunda encomenda, materializada dois anos depois sob o título de Joanna de Flandres. Estas são as duas únicas óperas de Gomes com libreto em português. Carlos Gomes deu sorte de estar no lugar certo na hora certa. O êxito obtido por Joanna resultou na indicação de seu nome para uma bolsa de estudos na Europa. A crônica oficial desse episódio, muitas vezes repetida, propagou a falsa ideia de que Carlos Gomes teria ido estudar na Europa graças à magnanimidade do Imperador. Não é verdade. Embora Dom Pedro II tenha, ao longo dos anos, socorrido financeiramente Carlos Gomes várias vezes, nesta ocasião o jovem campineiro simplesmente se beneficiou da lei. O Brasil era então um país de avançadas aspirações culturais e um decreto, assinado havia já oito anos, previa o envio periódico de “aluno ou artista que se haja distinguido por seu talento transcendente a fim de ser mandado à Europa para aperfeiçoar-se em música”. E ele foi, levando a esperança na bagagem. Mas ao chegar a Milão em fevereiro de 1864, ao intenso frio do inverno europeu somou-se a desagradável notícia de que ele não poderia estudar no Conservatório por ter, aos 27 anos, superado a idade máxima de admissão. Ao ver o jovem desolado – e com o dinheiro da bolsa dando sopa – o diretor do Conservatório, Lauro Rossi, lançou mão do jeitinho italiano – que seguramente deve ser aparentado com o brasileiro – e explicou a Gomes que não era necessário cursar o Conservatório para lá obter um diploma, bastava apenas superar os exames finais com nota satisfatória. E mais: estava disposto a acolher o simpático brasileiro como aluno
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particular. Carlos Gomes topou, assistiu também a uma série de aulas no Conservatório como ouvinte e, em 1866, graduou-se como Maestro Compositore. Era hora de fazer carreira, compor uma ópera que lhe abrisse um nicho no meio lírico italiano. Ora, para fazer uma ópera, o compositor precisa de um libreto que o inspire a criar música. E o libreto precisa de uma fonte literária para nascer. Hoje sabemos que, desde seus tempos na Ópera Nacional, Gomes sonhava em transformar O Guarany de José de Alencar em ópera. No Rio, onde os poetas falavam português, teria sido fácil elaborar um libreto, mas isto não aconteceu. Na Itália, onde o idioma português era praticamente desconhecido, era impossível. É por isso que o encontro fortuito na Piazza del Duomo foi tão importante. Gomes tinha, agora, o texto de Alencar em italiano, pronto para ser reduzido - como de fato o foi - para um italianíssimo libreto, com todos os lugares-comuns e convenções amadas pelo público peninsular. A composição foi lenta, levou quase cinco anos –com uma troca de libretista no meio do caminho –, período no qual, para ganhar um dinheirinho extra e tornar seu nome conhecido na imprensa milanesa, Carlos Gomes compôs a música do primeiríssimo espetáculo de teatro de revista italiano da história, Se Sa Minga (1866), seguido, dois anos depois, por outra revista, Nella Luna. Para a estreia de O Guarani, programada para 19 de março de 1870, o Teatro Alla Scala exigia, por não poder prever como uma ópera nova de um compositor não conhecido iria ser recebida, um depósito prévio de dez mil liras, quantia vultosa de que Carlos Gomes não dispunha. Escreveu ao Imperador. Dom Pedro II mandou a embaixada brasileira providenciar o depósito, O Guarani foi o triunfo que conhecemos, e Carlos Gomes virou um famoso compositor de óperas italianas. No ano seguinte, após retornar de uma viagem ao Brasil para apresentar Ceci e Peri aos cariocas e ser carregado em triunfo pelas ruas da Capital, Carlos Gomes tomou duas decisões importantes: casou-se com sua namorada Adelina Peri, que estava grávida de sete meses, e começou a compor a Fosca, que irá estrear a 16 de fevereiro de 1873. Hoje, é ponto pacífico que Carlos Gomes – cuja carreira acontece num período em que a maioria dos compositores operantes na Itália foram medíocres –,
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foi o verdadeiro elo de ligação entre o romantismo e as futuras óperas da giovane scuola e seu verismo. Fosca, que considero a melhor de suas óperas, é um bom exemplo desta transição, trazendo para o palco italiano uma linguagem completamente nova, com suas mudanças súbitas de tonalidades, profusão de cromatismos e o uso da técnica do leitmotiv como elemento psicológico, e, no canto, o emprego de frases longas nas regiões grave e media da voz e súbitos saltos de oitavas, fatores que tornam sua partitura extremamente avançada para a época. Tão avançada que, além de não ser bem compreendida pelo público do Scala na ocasião, foi acusada de wagneriana, o pior pecado que uma ópera em território verdiano, como era Milão, poderia trazer dentro de si. Na briga séria entre wagnerianos e verdianos que acontecia naquele momento, a grande perdedora foi a Fosca. A única boa notícia daqueles dias foi a concessão, feita pelo governo brasileiro, de uma pensão mensal razoável pelos próximos quatro anos, mais um mimo pecuniário de Pedro II a Gomes, com a qual nosso herói acorreu a alugar uma vila de veraneio em Lecco. Gomes, em cujo dicionário o verbo economizar não existia, vivia endividado porque gastava bem mais do que ganhava. Assim, após o fracasso da Fosca, ele recuou, lambeu as feridas e resolveu investir no conservadorismo seguro e lucrativo. Usando como tema um fato histórico ocorrido em Nápoles, compôs Salvator Rosa, uma ópera bem comportada, com a tradicional estrutura de números fechados, de vibrante sabor verdiano e bons agudos para o tenor, repleta de todos os chavões típicos das óperas italianas do período do Risorgimento e contendo até uma canzonetta napolitana para puxar os aplausos. Não deu outra. A estreia - a 21 de março de 1874, em Genova - foi um triunfo luminoso, que se espalhou rapidamente pelos outros teatros italianos que se apressaram a encenar Salvator Rosa, colocando bastante dinheiro nos bolsos sempre furados do nosso compositor. Uma frase dessa época atribuída a Carlos Gomes é autoexplicativa: “Escrevi O Guarani para os brasileiros, Salvator Rosa para os italianos e a Fosca para os entendidos”. Mas é a partir desse ponto que sua carreira e seu sucesso começam a declinar.
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Maria Tudor, baseada em uma peça de Vitor Hugo, estreia no Scala a 27 de março de 1879, e apesar de belos momentos na partitura, foi literalmente destruída pelas vaias impiedosas, em grande parte motivadas pelo libreto no qual a Rainha da Inglaterra, ao saber que foi traída por seu amante, um italiano mau-caráter de nome Fabiano Fabiani, esculhamba com os italianos e a italianidade em geral. Depois dessa produção inicial, Maria Tudor nunca mais foi encenada na Itália. E nenhuma ópera posterior de Carlos Gomes chegaria a integrar o repertório italiano habitual. Para complicar um pouco as coisas, a vida pessoal de Gomes, boêmio inveterado e gastador, não ia nada bem. Seu casamento estava em frangalhos. Três dos cinco filhos haviam morrido pequeninos, não se entendia mais com Adelina, que morria de ciúmes de suas noitadas. Em junho de 1879, após mais uma briga, Gomes tomou a iniciativa de pedir a separação judicial acusando-a de adultério. Após trocarem acusações mútuas e pesadas em juízo, a ruptura se consumou em setembro. Pouco antes, Carlos Gomes havia comprado uma área enorme em Maggianico, e começara a construção de uma villa faraônica. Em março de 1880, convidado para vir ao Brasil encenar suas óperas - uma ótima oportunidade de refazer o caixa, que andava magro -, ele deixou a construção aos cuidados de um amigo taverneiro que o roubou descaradamente. A Villa Brasilia ficou pronta em 1881. Gomes morou ali, como um nababo, até 1887, quando teve de vendê-la para quitar um empréstimo bancário. No Rio, Carlos Gomes se encontrara com seu amigo Visconde de Taunay, que era, como o compositor, um ardente abolicionista. Taunay esboçou para Gomes o roteiro de uma ópera sobre um escravo negro liberto que luta pela liberdade de seus irmãos, e a batizaram de Lo Schiavo. Mas ao chegar à Itália, Gomes cedeu aos conselhos de seu editor Giulio Ricordi, que com sua experiência o advertiu que um bando de escravos negros no palco destoava do gosto do público e levaria a ópera ao fracasso. Assim, os negros de 1801 viraram índios em 1567, o libreto foi encomendado a Rodolfo Paravicini e Taunay, vexado, pediu que seu nome fosse retirado da obra. Em 1884, enquanto a composição se arrastava,
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Carlos Gomes musicou um Hino à Liberdade com texto do tenente Francisco Giganti, professor de seu filho, o inseriu por conta própria no libreto de Lo Schiavo. Paravicini ficou fulo, Gomes era teimoso, e a briga compositor-libretista foi parar na justiça. Quando Carlos Gomes finalmente venceu, a ópera, com seu exotismo, tinha passado de moda. Era 1888, Puccini já estava na área e Lo Schiavo, abandonado por Ricordi, jamais foi encenado na Itália. Estreou no Rio de Janeiro em setembro de 1889, um mês antes do golpe de estado que liquidou a monarquia brasileira deixando nosso compositor aturdido e apreensivo. Regressando mais uma vez à Itália, Carlos Gomes recebeu uma encomenda dos irmãos Storti, que haviam vencido a concorrência para a temporada lírica do Scala de 1891 e necessitavam de uma nova ópera para abri-la. Assim nasceu Condor, depois rebatizada de Odalea, recebida com muitas reservas pelos críticos que nela viram mais defeitos que qualidades. Na mesma temporada, o teatro encenou pela primeira vez a Cavalleria Rusticana de Mascagni. Teve 23 récitas, contra apenas dez de Condor. A época de Carlos Gomes tinha definitivamente passado na Itália. O verismo o derrotara. E, no agora republicano Brasil, ele foi derrotado por sua forte identificação com a monarquia escorraçada. Sucessivos pedidos de pensão e cargos oficiais ao novo governo federal foram sistematicamente negados nesses últimos anos em que, como um pêndulo, Gomes se deslocou regularmente entre a Itália e o Brasil, na tentativa de, encenando suas óperas por aqui, obter o dinheiro que não mais conseguia ganhar lá. A última grande humilhação aconteceu a 12 de outubro de 1892, quando Colombo, seu canto de cisne, estreou no Rio e foi cruelmente massacrado pelas vaias daqueles mesmos cariocas - agora fieis adeptos do novo regime - que poucos anos antes lhe erguiam hosanas. Cruzou o Atlântico de volta com a cabeça baixa. Seu fim de vida foi triste. Em situação precária, com seu filho Carletto tuberculoso, descobriu – depois de anos fumando charutos – que estava com câncer na língua. Decidiu morrer no Brasil, e aceitou um convite do governador do Pará, Lauro Sodré, para dirigir o Conservatório de Belém, onde desembarcou, fraco e
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em estado lastimável, em setembro de 1896. Tomou posse em julho, quando já não conseguia se mover sozinho. Morreu a 16 de setembro de 1896. Tinha 60 anos. A República, que ignorara solenemente o homem, apressou-se a homenagear o cadáver. Fez do morto um dos ícones pátrios, sempre lembrado e usado em dias de feriado nacional, embora sua obra seja muito menos conhecida e divulgada do que merece.
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A Noite do Castelo Libreto de Antonio José Fernandes dos Reis Estreia em 4 de setembro de 1861 Teatro Provisório, Rio de Janeiro Joanna de Flandres Libreto de Salvador de Mendonça Estreia em 15 de setembro de 1863 Teatro Provisório, Rio de Janeiro Se sa minga (revista) Libreto de Antonio Scalvini Estreia em 9 de dezembro de 1866 Teatro Fossati, Milão Nella Luna (revista) Libreto de Antonio Scalvini Estreia em 11 de dezembro de 1868 Teatro Carcano, Milão Il Guarany Libreto de Antonio Scalvini e Carlo D’Ormeville Estreia em 19 de março de 1870 Teatro Alla Scala, Milão Fosca Libreto de Antonio Ghislanzoni Estreia em 16 de fevereiro de 1873 Teatro alla Scala, Milão
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o teatro musical de carlos gomes sergio casoy
Salvator Rosa Libreto de Antonio Ghislanzoni Estreia em 21 de março de 1874 Teatro Carlo Felice, Gênova Maria Tudor Libreto de Emilio Praga Estreia em 27 de março de 1879 Teatro alla Scala, Milão Lo Schiavo Libreto de Rodolfo Paravicini Estreia em 2 de setembro de 1889 Teatro Dom Pedro II, Rio de Janeiro Condor ou Odalea Libreto de Mario Canti Estreia em 21 de fevereiro de 1891 Teatro alla Scala, Milão Colombo Libreto de Albino Falanca (pseudônimo de Annibal Falcão) Estreia em 12 de outubro de 1892 Teatro Lírico, Rio de Janeiro
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histórico de apresentações
Estreia mundial 16 de fevereiro de 1873 Teatro alla Scala, Milão Regente Franco Faccio Fosca Gabrielle Krauss Gajolo Ormondo Maini Cambro Victor Maurel Paolo Carlo Bulterini Delia Cristina Lamare Michele Giotta Angelo de Giuli Il Doge di Venezia Giobbani Tanzio
Primeira apresentação no Brasil 1º de novembro de 1880 Teatro São José, São Paulo Regente Nicola Bassi Fosca Maria Luisa Durand Gajolo Paride Povoleri Cambro Sante Athos Paolo Carlo Bulterini Delia Ada Adini Michele Giotta Clemente Perarnaud Il Doge di Venezia Carlo Trivero
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Apresentações no Theatro Municipal de São Paulo 1966 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Regente Armando Belardi Diretor cênico Franco Cenni Fosca Ida Miccolis Gajolo Mario Rinaudo Cambro Costanzo Mascitti Paolo Sérgio Albertini Delia Agnes Ayres Michele Giotta Romeu Carillo Il Doge di Venezia José Perrotta
1973 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Regente Armando Belardi Diretor cênico Osvaldo Pizani Fosca Ida Miccolis Gajolo Mario Rinaudo Cambro Costanzo Mascitti Paolo Sérgio Albertini Delia Agnes Ayres Michele Giotta Sebastião Sabiá Il Doge di Venezia Benedito Antonio da Silva
1996 (Concerto) Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Regente Luiz Fernando Malheiro Direção de palco João Malatian Fosca Céline Imbert Gajolo José Gallisa Cambro José Antonio Soares Paolo Rubens Medina Delia Monica Marangon Martins / Adélia Issa Michele Giotta Cláudio Guimarães Il Doge di Venezia José Maria Cardoso
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1998 Orquestra da Ópera Nacional de Sofia Coro da Ópera Nacional de Sofia Regente Luiz Fernando Malheiro Diretor cênico Plamen Kartaloff Fosca Gail Gilmore / Malina Pavlova / Maria Betcheva Gajolo Svetozar Ranguelov Cambro Niko Issakov / Jivko Prantchev Paolo Roumen Doykov / Kostadin Andreev Delia Krassimira Stoyanova / Vetka Petkova Michele Giotta Peter Bakardzhiev / Alexandar Manolov Il Doge di Venezia Stoil Gueorguiev
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gravações de referência
cd Regente Armando Belardi Fosca Ida Miccolis Gajolo Mario Rinaudo Cambro Costanzo Mascitti Paolo Zaccaria Marques Delia Agnes Ayres Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Selo Master Class
cd Regente Luiz Fernando Malheiro Fosca Gail Gilmore Gajolo Svetozar Ranguelov Cambro Niko Issakov Paolo Roumen Doykov Delia Krassimira Stoyanova Coro e Orquestra da Ópera Nacional de Sófia São Paulo Imagem Data
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libreto tradução de Pedro Heise
melodramma in quattro atti di antonio ghislanzoni musica di antônio carlos gomes
melodrama em quatro atos de antonio ghislanzoni música de antônio carlos gomes
personaggi fosca sorella di Gajolo – Soprano gajolo Pirata d’Istria – Basso cambro schiavo veneto al servizio di Gajolo – Baritono paolo capitano veneto – Tenor delia orfanella veneta – Soprano michele giotta padre di Paolo – Basso il doge di venezia Basso
personagens fosca irmã de Gajolo – Soprano gajolo pirata da Ístria – Baixo cambro escravo veneziano a serviço de Gajolo – Barítono paolo capitão veneziano – Tenor delia órfã veneziana – Soprano michele giotta pai de Paolo – Baixo o doge de veneza Baixo
cori Pirati d’Istria – Fanciulle Venete Gentiluomini – Duci – Senatori – Popolo Musicisti – ecc.
coros Piratas da Ístria – Mocinhas Venezianas Cavalheiros – Duques – Senadores – Povo – Músicos – Etc.
comparse Sposi e Spose Venete – Soldati – Paggetti.
figurantes Maridos e Esposas Venezianos – Soldados – Pajens
L’Azione si svolge parte sulle coste d’Istria e parte in Venezia. Epoca: 944
Uma parte da ação ocorre no litoral da Ístria e outra parte em Veneza. Época: 944
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atto primo primeiro ato
a pirano
em piran
Roccie a sinistra che si congiungono al mare in fondo alla scena. A destra l’atrio ed un lato esterno di una casa rustica con terrazzo sporgente basato sopra una roccia e scala laterale. Nella roccia sotto il terrazzo si apre una grotta munita di un grosso cancello di ferro. Sul davanti, dal lato della casa, un grande e vecchio albero.
Rochas à esquerda que se unem ao mar no fundo da cena. À direita, átrio e um lado externo de uma casa rústica com terraço saliente fixado numa rocha e escada lateral. Na rocha, embaixo do terraço, abre-se uma gruta atrás de um grande portão de ferro. Na frente, do lado da casa, uma árvore grande e antiga.
i – Coro e scena Gajolo – Buon dì compagni
i – Coro e Cena Gajolo – Bom dia, companheiros
[Corsari che entrano portando varii oggetti di preda]
[Corsários entram carregando vários objetos de butim]
CORO Le botti del vino Rimangan pur là… Fu lauto il bottino, Per tutti ve n’ ha
CORO Deixemos lá Os barris de vinho… Foi abundante o butim, Tem para todos.
ALCUNI La sua parte alla cuccagna Ebbe ciascun ?
ALGUNS Cada um teve a sua parte Na partilha?
TUTTI Si! Sì! sta ben!…
TODOS Sim! Sim! Tudo bem!…
ALCUNI Nessun si lagna?
ALGUNS Ninguém se lamenta?
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TUTTI Nessun ! Nessun ! [si aggruppano sul davanti della scena stringendosi la mano] Amici! Qua la mano, e il patto si suggelli!
TODOS Ninguém! Ninguém! [agrupam-se na frente da cena, dando as mãos uns aos outros] Amigos! Nos damos a mão, e o pacto seja firmado!
ALCUNI Evviva il capitano!
ALGUNS Viva o capitão!
TUTTI Evviva!
TODOS Viva!
[Altri corsari entrano portando seco altre prede]
[Outros corsários entram carregando consigo outra parte do butim]
CORO [volgendosi a Gajolo] Viva Gajolo il nostro condottier!..
CORO [virando-se para Gajolo] Viva Gajolo, o nosso comandante!…
GAJOLO Buon dì compagni!
GAJOLO Bom dia, companheiros!
[s’aggria per la scena pensieroso]
[caminha pela cena pensativo]
CORO [a Gajolo] In fronte il duol ti sta
CORO [para Gajolo] No rosto, se vê a dor.
GAJOLO No, amici!… un gran pensier.
GAJOLO Não, amigos!… uma grande ideia.
CORO Un altro colpo vuoi tentar ? Un altro ancor?
CORO Outro golpe quer tentar? Mais um golpe?
GAJOLO Chi sa?… L’audace vol dell’aquile, La forza dei leoni Vuolsi il mio piano a compiere…
GAJOLO Quem sabe?… O ousado voo da águia, A força dos leões, O meu plano vai se realizar…
CORO Parla! Parla! Di noi disponi… Ciò che imporrai faremo… Se tu morrai, morrem !…
CORO Fala! Fala! Conta conosco… O que nos ordenares, faremos… Se tu morreres, morreremos!…
[tutti circodano Gajolo]
[todos ficam em torno de Gajolo]
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GAJOLO Fra dieci giorni, il venerato nome Della Madre del ciel la Chiesa onora…
GAJOLO Em dez dias, a Igreja honrará O venerado nome da Mãe do céu…
CORO Ch’ella ci assista, e ci protegga ognora! Ma i santi… la Chiesa… Che ci hanno da far Con noi… colla impresa Che andiamo a tentar?..
CORO Que ela nos auxilie e nos proteja sempre! Mas os santos… a Igreja… O que eles têm a ver Conosco… com a empreitada… Que vamos tentar?…
GAJOLO Usan quel dì le venete donzelle Di San Piero nel tempio a nozze andar… Ricche patrizie e povere orfanelle Si giuran spose ad uno stesso altar…
GAJOLO Costumam, em tal dia, as donzelas venezianas, Contrair núpcias no templo de São Pedro… Ricas patrícias e pobres órfãs Fazem juramento como esposas no mesmo altar…
CORO [tutti circondano Gajolo] Parla! Parla! Di noi disponi…
CORO [todos circundam Gajolo] Fala! Fala! Conta conosco!…
GAJOLO Scendiam nella notte Sui veneti lidi… Inerme è Venezia, Non v’ha chi diffidi; Per calli diversi Al tempio muoviam… E al popol confusi L’ istante attendiam…
GAJOLO Desçamos à noite, No litoral veneziano… Veneza está desarmada, Ninguém a teme… Por ruas distintas, Vamos ao templo… E, misturados ao povo, Esperemos o momento…
CORO Già il colpo indovino… Prosegui!… ascoltiam !
CORO Já percebemos o golpe… Continua!… Escutamos!
GAJOLO Pel rito nuziale Son tutti adunati, le coppie felici son prone all’ altar… Ma tuona la mia voce… Olà!.. Pirati all’ armi! E tutti nel tempio Vi veggo piombar.
GAJOLO Para o rito nupcial Estão todos reunidos… Os casais felizes Estão voltados para o altar… Mas ressoa a minha voz… Olá!… Piratas, ao ataque! E todos vós Entrai no templo.
CORO Invader la chiesa! Ah!
CORO Invadir a igreja! Ah!
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GAJOLO Col brando alla mano Aprirvi la folla… Le donne rapir… Sui nostri navigli Condurle al Pirano… A impresa sì lieve Vi manca l’ardir?…
GAJOLO Com a espada na mão, Abrir caminho pela multidão… Raptar as mulheres… Levá-las para Piran Nos nossos navios… Falta ousadia a vós Para realizar empreitada tão simples?…
CORO No! no! siam pronti!.., l’impresa è bella… E assai proficua per noi sarà…
CORO Não! Não! Estamos prontos! A empreitada é bela… E muito profícua será para nós…
GAJOLO Ah sì!… il riscatto d’ogni donzella
GAJOLO Ah, sim!… O resgate de cada donzela…
GAJOLO e CORO Tesori immensi ci frutterà.
GAJOLO e CORO Tesouros imensos nos trará.
GAJOLO All’ opra!
GAJOLO Mãos à obra!
CORO Fra dieci dì…
CORO Em dez dias…
GAJOLO Ma nessun tocchi all’oro ed agli arredi consacrati a Maria nostra Signora…
GAJOLO Mas ninguém toque no ouro e nos paramentos consagrados à Maria Nossa Senhora…
CORO Ma nessun tocchi all’oro ed agli arredi consacrati a Maria nostra Signora… Ch’ ella ci assista e ci protegga ognora !
CORO Mas ninguém toque no ouro e nos paramentos consagrados à Maria Nossa Senhora… Que ela nos aulixie e nos proteja sempre!
GAJOLO Se a ben riesce il colpo, Oro in gran copia avrem; Se no, forca e capestro…
GAJOLO Se o plano der certo, Teremos ouro em abundância; Se não, forca e patíbulo…
CORO Tutto divideremo!..
CORO Dividiremos tudo!…
GAJOLO Sta bem! Oro avrem!
GAJOLO Tudo certo! Teremos ouro!
CORO Se tu morrai, morrem!
CORO Se tu morreres, morreremos!
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ii – Scena Cambro – Salute al Capitano
ii – Cena Cambro – Saudações ao capitão
CAMBRO [con disinvoltura a Gajolo] Salute al capitano! Salute a tutti voi… [al coro] Schiume di birbe… volea dir… di eroi!
CAMBRO [com desenvoltura, para Gajolo] Saudações ao capitão! Saudações a todos vós… [para o coro] Escória de velhacos… quero dizer… de heróis!
CORO E i tuoi veneti ancora Non t’han laggiù appiccato?
CORO E os teus venezianos ainda Não te enforcaram por lá?
CAMBRO No! No! per vostra malora…
CAMBRO Não! Não! Para o vosso azar…
GAJOLO [seduto su di una botte sul proscenio – a Cambro] Sì presto ritornato… ma bravo!
GAJOLO [sentado numa barril no proscênio – para Cambro] Voltou tão rápido… Muito bem!
CAMBRO [inchinandosi] Il mio dover
CAMBRO [inclinando-se] É meu dever…
GAJOLO [a Cambro] Vedesti il vecchio Giotta?
GAJOLO [para Cambro] Viste o velho Giotta?
CAMBRO Affar concluso!
CAMBRO Negócio concluído!
GAJOLO Ebben?
GAJOLO E então?
CAMBRO Per riscattare il figlio, che è nostro prigionier, Cento retondi d’oro ei sborserà.
CAMBRO Para resgatar o filho, Que é nosso prisioneiro, Cem moedas de ouro ele desembolsará.
GAJOLO [al coro] Cento retondi… la somma è onesta! Che dite, amici?
GAJOLO [para o coro] Cem moedas… a quantia é honesta! Que dizeis, amigos?
CORO No, la sua testa Tanto non vale!
CORO Não, a cabeça dele Não vale tanto!
GAJOLO [al coro] Ebbene?..acettato?
GAJOLO [para o coro] E então… aceitamos?
CORO Si! Si!
CORO Sim! Sim!
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GAJOLO Sta ben! Venga il Giotta e tosto, ben venga Quest’oggi lo atendo… E appena l’oro ci avrà contato, Col prigioner potrà partir!
GAJOLO Está bem! Que venha o Giotta e que venha logo o Giotta… Hoje o espero… E assim que o ouro for contado, Poderá partir com o prisioneiro!
FOSCA [che sarà apparsa poco prima sulla ringhiera] No! no!… fermate!
FOSCA [que terá aparecido pouco antes, no parapeito] Não! Não!… Parai!
[Cambio fa per partire]
[Cambro está para sair]
CORO Fosca !
CORO Fosca!
GAJOLO Sorella… Che chiedi?
GAJOLO Irmã… Que estás pedindo?
CAMBRO [da sè] Io leggo nel suo pensier…
CAMBRO [consigo] Eu leio o seu pensamento…
FOSCA [a Gajolo] Tu a me donasti quel prigionier… Nè la mia preda Potrai rapir!
FOSCA [para Gajolo] Tu deste a mim aquele prisioneiro… Não poderás raptar A minha presa!
GAJOLO Cento retondi d’oro… Il vecchio Giotta ne offerse, il sai?
GAJOLO Cem moedas de ouro… O velho Giotta ofereceu, sabias?
FOSCA Ebben… quell’uomo non renderai Per tutto l’oro che è in terra e in mar.
FOSCA Então… não entregarás aquele homem Por todo o ouro que há na terra e no mar.
GAJOLO [risoluto] Tu da sovrana parlami ardisci! Altro linguaggio da te m’attendo…
GAJOLO [decidido] Tu ousas falar comigo como uma soberana! Espero outra linguagem de ti…
FOSCA Ebben… ti prego… Chieggo pietà…
FOSCA Então… por favor… Peço piedade…
GAJOLO [risoluto] È vanno. Giammai sua fè tradì un corsar.
GAJOLO [decidido] É inútil. Jamais um corsário traiu sua lealdade.
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FOSCA Pietà, fratel, pietà fratel!
FOSCA Piedade, irmão! Piedade, irmão!
GAJOLO Vanno è il pregar. Per altre imprese d’oro abbiam d’uopo
GAJOLO É inútil rogar. Precisamos de outras empreitadas para obter ouro.
FOSCA L’oro ti prendi… Ma Paolo resti!
FOSCA O ouro tu levas… Mas Paolo fica!
GAJOLO [offeso] Fosca! Che intendi? No! no! no! Giammai sua fede tradì um corsar… Voi che pensate?
GAJOLO [ofendido] Fosca! O que queres? Não! Não! Não! Jamais um corsário traiu sua lealdade… O que pensais?
FOSCA Fratel!
FOSCA Irmão!
CAMBRO e CORO No! no! un pirata alle sue promesse non può mancar! No! No..
CAMBRO e CORO Não! Não! Um pirata Não pode deixar de cumprir suas promessas! Não! Não!…
FOSCA Pietà!
FOSCA Piedade!
gajolo, CAMBRO e CORO Giammai sua fede tradì um corsar, No! Giammai no, no!
gajolo, CAMBRO e CORO Jamais um corsário traiu sua lealdade. Não! Jamais, não, não!
Preghiera – Fosca – Fratel, da um fascino
Súplica – Fosca – Irmão, por um encanto
FOSCA [accostandosi a Gajolo in atto supplichevole] Fratel.. fratel… da un fascino Tremendo, ahimè!… fui vinta! Oh fratel… per la memoria Di nostra madre estinta… Cedi al mio pianto… fratello! Ah…fratello! cedi al grido Del mio straziato cor!
FOSCA [aproximando-se de Gajolo, suplicante] Irmão… irmão… por um encanto. Tremendo, ai de mim!… fui vencida! Oh, irmão… pela memória Da nossa falecida mãe… Cede ao meu pranto… irmão! Ah… irmão! Cede ao grito Do meu coração dilacerado!
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GAJOLO Nol posso! Tel dissi… nol posso Giammai tradì sua fede um corsaro!..
GAJOLO Não posso! Te disse… não posso. Jamais traiu a sua lealdade um corsário!…
CAMBRO e CORO Qual delirio!… Oh qual delirio!..
CAMBRO e CORO Que delírio!… Oh, que delírio!…
FOSCA Fratello, pietà ah… Del mio straziato cor… Pietà! Pietà!..
FOSCA Irmão, piedade, ah… Do meu coração dilacerado… Piedade! Piedade!…
Stretta e scena Fosca – Ah! Crudeli
Stretta e cena Fosca – Ah! Cruéis
GAJOLO No! Giammai sua fede tradì um corsar.
GAJOLO Não! Jamais um corsário traiu sua lealdade.
CAMBRO e CORO No, no, um pirata alle sue promesse Non può mancar, no, no!
CAMBRO e CORO Não, não, um pirata não pode deixar de cumprir Suas promessas, não, não!
GAJOLO [al coro] Su! Compagni, andiamo! Al mare!
GAJOLO [para o coro] Vamos! Companheiros, adiante! Ao mar!
CAMBRO e CORO Su! Al mar… [tutti si avviano lentamente verso al mare]
CAMBRO e CORO Vamos! Ao mar… [todos se dirigem lentamente ao mar]
GAJOLO [a Cambro in disparte] Tu vigila su lei…
GAJOLO [para Cambro, à parte] Tu a vigiarás…
FOSCA [trattenendo Gajolo e parlandogli all’orecchio] Fratel! Io l’amo!
FOSCA [segurando Gajolo e falando-lhe ao ouvido] Irmão! Eu o amo!
GAJOLO Fosca…non più! Vergognati di questo folle amor! [Gajolo si allontana gettando su Fosca uno sguardo feroce]
GAJOLO Fosca… já chega! Envergonha-te por este louco amor! [Gajolo se afasta jogando um olhar feroz para Fosca]
FOSCA Ah!.. crudeli! A’miei tormenti Non si commosse un cor!.. No, no, non si commosse un cor!
FOSCA Ah!… cruéis! Com os meus tormentos, Não se comoveu nenhum coração!… Não, não, não se comoveu nenhum coração!
55 Fosca
Mi lasciano cosi? Che far degg’io? Si tenti ancor… [fa per partire, ma si arresta ascoltando il coro di corsari in lontananza]
Me deixam assim? O que devo fazer? Tentar ainda… [faz que vai sair, mas para escutando o coro de corsários à distância]
CORO [voci interne] No, no, um pirata alle sue promesse Non può mancar. No!
CORO [vozes internas] Não, não, um pirata não pode deixar de cumprir Suas promessas. Não!
FOSCA Si corra a lui, si tenti ancora, E tu mi spira,o amor… Si tenti ancor!
FOSCA Correr até ele, tentar ainda… E tu inspira-me, ó amor… Tentar ainda!
[va ad aprire il cancello ed entra nella grotta]
[abre o cadeado e entra na gruta]
iii – Aria – Cambro – D’amore l’ebbrezze
iii – Ária – Cambro – A embriaguez do amor
CAMBRO Va!.. forsennata. Va!.. su te di Cambro vigila il guardo… [si avanza] Alla natia Venezia ritornerà il prigionier da te si amato… Disprezzata da lui…da lui divisa, vindice sol, Solo amico avrai questo Cambro che abborri e mia sarai! L’ambizioso mio sogno si compia al fin… Regnando sul cor di Fosca io regnerò su tutti! D’amore l’ebbrezze, le moli carezze, o donna, Non chiedo, non bramo da te!.. Ma l’oro puoi darmi fornir mi puoi l’armi… Ond’io dalla polve m’innalzi qual re… m’innalzi qual re! Le moli carezze non chiedo da te! D’amore l’ebbrezze, le moli carezze, non bramo da te!.. Ah! Sì questo abbietto, dal mondo rejetto, d’oltraggi pasciuto, Vissuto al dolor si elevi in sembiante di fiero gigante… Nel fango calpesti gli antichi oppressor!.. Si elevi, si elevi, si elevi in sembiante di fiero gigante Calpesti si elevi! D’amore l’ebbrezze, le moli carezze, o donna,
CAMBRO Vai!… louca. Vai!… Cambro está de olho em ti… [se aproxima] Para Veneza, sua terra natal, voltará o prisioneiro tão amado por ti… Desprezada por ele… separada dele, um vingador apenas, Apenas terás como amigo este Cambro que abominas e serás minha! Que meu sonho ambicioso se cumpra por fim… Reinando sobre o coração de Fosca, eu reinarei sobre todos! A embriaguez do amor, as suaves carícias, ó mulher, Não peço, não desejo de ti!… Mas podes me dar ouro, me fornecer armas… Para que eu, da poeira, me levante como um rei… me levante como um rei! As suaves carícias não peço de ti! A embriaguez do amor, as suaves carícias, não desejo de ti!… Ah! Sim, este abjeto, rejeitado pelo mundo, alimentado com ultrajes, Que viveu na dor, que se eleve com a aparência de um gigante feroz… Que esfregue na lama os antigos opressores!…
56 Theatro Municipal de São Paulo
Non chiedo, non bramo da te!.. Ma l’oro puoi darmi fornir mi puoi l’armi… Ond’io dalla polve m’innalzi qual re… m’innalzi qual re! D’amore l’ebbrezze, le moli carezze, non bramo da te!..
Se eleve, se eleve, se eleve com a aparência de um gigante feroz… Que os esmague, e se eleve! A embriaguez do amor, as suaves carícias, ó mulher, Não peço, não desejo de ti!… Mas podes me dar ouro, podes me fornecer armas… Para que, da poeira, me levante como um rei… me levante como um rei! A embriaguez do amor, as suaves carícias, não desejo de ti!…
iv – Scena e duetto – Cara cità natia
iv – Cena e dueto – Querida cidade natal
[ode rumore nell’interno della grotta]
[ouve um barulho dentro da gruta]
CAMBRO [Cambro va ad ascoltare presso l’ingresso della grotta, indi ritorna al proscenio] Ecco, ella vien! Ah! Là ascoso tutto ascoltar saprò e di quel cor geloso, piena vittoria avrò!
CAMBRO [Cambro vai escutar perto da entrada da gruta, de onde volta para o proscênio] Pronto, ela está vindo! Ah! Lá, escondido, saberei escutar tudo e sobre aquele coração ciumento, terei vitória plena!
[si nascondi dieto uno scoglio sotto la terrazza]
[esconde-se atrás de uma rocha sob o terraço]
PAOLO Dove son tratto? Del supplizio estremo per me L’ora è suonata?
PAOLO Aonde fui trazido? A hora do suplício extremo Soou para mim?
FOSCA No! No! Odimi Paolo A te di morte nunzia esser poss’io giammai? Finchè vivrò, vivrai. A te di morte nunzia mai sarò.
FOSCA Não! Não! Ouve-me, Paolo: Acaso poderei ser a mensageira da tua morte? Enquanto eu viver, tu viverás. Nunca serei a mensageira da tua morte.
PAOLO Che vuoi tu dunque, o donna crudel? Perchè sottrarmi dalla prigion?
PAOLO O que queres então, ó mulher cruel? Por que me tirar da prisão?
FOSCA Ti reco libertà.
FOSCA Trago-te a liberdade.
PAOLO Tu libertà mi rechi? E in te fidar poss’io? Murare il fato mio in tuo poter omai no è.
PAOLO Tu me trazes a liberdade? E posso confiar em ti? Mudar o meu destino já não está em teu poder.
57 Fosca
FOSCA Ah! Core ingrato! Quanto a me devi hai scordato? Ingrato! Quando su te feroce col brando ignudo Il fratel mio piombò, dimmi: qual fu la voce che l’acciaro trattenne e ti salvò?
FOSCA Ah! Coração ingrato! Esqueceste quanto deves a mim? Ingrato! Quando meu irmão precipitou-se sobre ti Com a espada, dize-me qual foi a voz que Segurou a arma e te salvou?
PAOLO È ver! È ver! Ben lo rammento Quel giorno io fui da te redento.
PAOLO É verdade! É verdade! Lembro-me bem. Naquele dia fui salvo por ti.
FOSCA Io dell’orrendo carcere varcai la soglia immite Io con pietosi balsami Sanai le tue ferite, Le vesti mie ti furon Guanciale al capo affranto… Le lunghe notti in pianto Vegliai vicino a te!
FOSCA Eu invadi o terrível cárcere pela porta implacável Eu, com bálsamos piedosos, Sanei as tuas feridas… Minhas roupas te serviram Como travesseiro para a tua cabeça prostrada… Por longas noites, em pranto, Velei ao teu lado!
PAOLO Ah! Nè a tante cure un premio, o donna, offrir poss’ io !…
PAOLO Ah! E a tamanhos cuidados, ó mulher, Não posso oferecer uma recompensa!…
FOSCA Ah! tu Io puoi… se leggere Volessi nel cor mio…
FOSCA Ah! Tu podes… se quiseres Ler o meu coração…
PAOLO Ah! Che intendo!..
PAOLO Ah! O que ouço!…
FOSCA [colla più viva commozione] O Paolo! Guardami! non vedi il mio pallor?.. O Paolo! Io t’amo! t’amo!
FOSCA [com fortíssima comoção] Ó Paolo! Olha para mim! Não vês a minha palidez?… Ó Paolo! Eu te amo! Te amo!
PAOLO Ciel! Che speri, o misera?
PAOLO Ó céus! O que desejas, ó miserável?
FOSCA T’amo!
FOSCA Te amo!
PAOLO Taci, o donna.
PAOLO Cala-te, ó mulher.
58 Theatro Municipal de São Paulo
FOSCA Teco fuggir io voglio le vie del mar Son libere… Fuggiam, l’universo è immenso! Ah! Approderemo ai margini D’ un’ ignorata isola E là morrò beata, Se in braccio a te morrò!
FOSCA Contigo quero fugir, os caminhos do mar Estão livres… Fujamos, o universo é imenso! Ah! Aportaremos nas margens De uma ilha desconhecida E lá morrerei feliz, Se em teus braços eu morrer!
PAOLO Ah! Come fuggir? non vegliano su noi le atroci squadre de’ tuoi corsari?…
PAOLO Ah! Como fugir? Não estão nos vigiando, As atrozes brigadas Dos teus corsários?…
FOSCA Libero fra poco andrai… Tuo padre A prezzo d’or redimerti potea.
FOSCA Em breve estarás livre … Teu pai Poderia salvar-te à custa de ouro.
PAOLO [con gioia] Mio padre hai detto? Oh gioia! Ah! Quel santo veglio Al petto fra poco stringerò! Ah! Cara città natia bella Venezia mia… Sull’ ali dell’ amor a te già vola il cor!..
PAOLO [alegre] Meu pai, disseste? Oh alegria! Ah! Aquele santo velho, Em breve o apertarei junto ao peito! Ah! Querida cidade natal, minha bela Veneza… Nas asas do amor, já voa o coração para ti!…
FOSCA [da sè] Già nel mio cor sorride La speme dell’ amore, Amor, amor
FOSCA [para si] Já sorri, no meu coração, A esperança do amor… Amor, amor.
PAOLO Cara città natia Bella Venezia mia, Sull’ ali dell’ amor A te già vola il cor! A te sull’ ali dell’ amor, amor
PAOLO Querida cidade natal, Minha bela Veneza… Nas asas do amor, Já voa o coração para ti! Para ti nas asas do amor, amor.
v – finale i – Scena e terzettino – La tua rivale odiata
v – final i – Cena e terceto – A tua odiada rival
gajolo [dalle altura] Il Giotta prigionier!
GAJOLo [do alto] O Giotta prisioneiro.
59 Fosca
fosca Mio fratel!
FOSCA Meu irmão!
paolo [vedendo Michele che si avanza com Gajolo] Ciel! non è un sogno il mio! [gli corre incontro]
PAOLO [vendo Michele, que se aproxima com Gajolo] Céus! Isto não é um sonho! [corre ao seu encontro]
fosca O mio furor!
FOSCA Ó meu furor!
michele giotta Figlio m’abbraccia m’abbraccia!
Michele giotta Filho, me abraça, me abraça!
fosca O rabbia!
FOSCA Ó raiva!
paolo O gioia! O padre mio!
PAOLO Ó alegria! Meu pai!
Michele giotta O figlio mio!
Michele giotta Ó meu filho!
GAJOLO Liberi siete!
GAJOLO Estais livres!
FOSCA [avventandosi a Paolo con un pugnale] No! no… per l’inferno! Pria spento di mia man…
FOSCA [atira-se sobre Paolo com um punhal] Não! Não… pelo inferno! Antes seja morto pela minha mão…
GAJOLO [afferrando il braccio di Fosca e disarmandola] Ferma, insensata!
GAJOLO [agarra o braço de Fosca e a desarma] Para, insensata!
FOSCA Crudel!
FOSCA Cruel!
CORO Ah!
CORO Ah!
GAJOLO [a Paolo e Michele] Partite!
GAJOLO [para Paolo e Michele] Ide embora!
Michele giotta Vieni, o figlio…
Michele giotta Vem, ó filho…
PAOLO Ah! Sì!
PAOLO Ah! Sim!
60 Theatro Municipal de São Paulo
PAOLO e Michele giotta Voliam al nostro ciel di libertà e d’amor! Partiam! Partiam!
PAOLO e Michele giotta Voemos para o nosso céu de liberdade e de amor! Partamos! Partamos!
FOSCA Ohimè
FOSCA Ai de mim.
GAJOLO e CORO Partiam! Partiam!
GAJOLO e CORO Partamos! Partamos!
[Paolo e Michele partono abbracciati: Gajolo e Corsari li seguono]
[Paolo e Michele partem abraçados; Gajolo e corsários os seguem]
FOSCA Ahimè! Mancar mi sento ohimè! Ah! Crudele! Ohimè! Nè un detto solo di pietà mi volse!
FOSCA Ai de mim! Perco os sentidos, ai de mim! Ah! Cruel! Ai de mim! Nem uma só palavra de piedade dirigiu a mim!
[si copre il volto colle mani e si abbandona sovra un sasso]
[cobre o rosto com as mão e se deixa cair sobre uma pedra]
CAMBRO Fosca!
CAMBRO Fosca!
FOSCA Chi è là?
FOSCA Quem vem lá?
CAMBRO Un amico.
CAMBRO Um amigo.
FOSCA Un amico sei, se nunzio di vendetta.
FOSCA És um amigo, se fores mensageiro de vingança.
CAMBRO Io te la reco La tua rivale odiata, La bella fidanzata del giovin prigionier io ti darò in poter.
CAMBRO Eu a trago para ti, A tua odiada rival, A bela noiva do jovem prisioneiro, Eu te darei em poder.
FOSCA [con impeto selvaggio] Se menti, tu morrai! Se compi la promessa
FOSCA [com ímpeto selvagem] Se mentes, tu morrerás! Se cumpres a promessa…
CAMBRO Qual premio a me darai?
CAMBRO Que recompensa me darás?
61 Fosca
FOSCA Io sposa tua sarò!
FOSCA Serei tua esposa!
PAOLO [in lontanaza] Ah! Cara città natia… Bella Venezia mia, Sull’ali dell’amor A te già vola il cor!
PAOLO [à distância] Ah! Querida cidade natal, Minha bela Veneza… Nas asas do amor, Para ti já voa o coração!
CAMBRO Fra dieci dì sarà in tua man Quel traditor!
CAMBRO Em dez dias estará na tua mão Aquele traidor!
FOSCA [guardando fissamente Il mare] Nè Il mar dischiude un vortice Che in ghiota il traditor! Quel traditor!
FOSCA [olhando fixamente o mar] Nem o mar abre um vórtice Para engolir o traidor! Aquele traidor!
[Fosca vacila, Cambro la sostiene]
[Fosca vacila, Cambro a segura]
62 Theatro Municipal de São Paulo
atto secondo segundo ato
Interno della casa di Delia in Venezia Nel fondo della scena un terrazzo che dà sul canale. Due porte laterali. A destra una imagine della. Madonna con lampada accesa. Mobilie semplici. Molti vasi di fiori. Spunta l’alba. Delia seduta sovra una panchetta. Paolo sovra un cuscinetto, ai piedi di Delia.
Dentro da casa de Delia em Veneza No fundo da cena, um terraço voltado para o canal. Duas portas laterais. À direita, uma imagem da Virgem com lâmpada acesa. Mobiliário simples. Muitos vasos de flores. Desponta a aurora. Delia está sentada num banquinho e Paolo numa almofada, aos pés de Delia.
vi – Scena d’amore e duettino – Soli, del mondo immemori
vi – Cena de amor e dueto – Sós, esquecidos do mundo
DELIA Più non lasciarmi, o Paolo… La debil fibra è stanca d’afanni…
DELIA Não me deixes mais, ó Paolo… Meus fracos nervos estão cansados…
PAOLO E credi, o Delia, che io ti potrei lasciar?
PAOLO E achas, ó Delia, Que eu poderia te deixar?
DELIA e PAOLO Soli, del mondo immemori… vivrem di baci e canti… come due cigni erranti sull’ ampie vie, sull’ampie vie del mar!
DELIA e PAOLO Sós, esquecidos pelo mundo… Viveremos de beijos e cantos… Como dois cisnes errantes por amplos caminhos, Pelos amplos caminhos do mar!
DELIA E sempre mi amerai?..
DELIA E me amarás sempre?…
PAOLO Sempre, sempre!
PAOLO Sempre, sempre!
63 Fosca
DELIA Parola d’ansie feconda…
DELIA Palavra cheia de aflição…
DELIA e PAOLO Ah! Sempre io t’amerò!
DELIA e PAOLO Ah! Eu te amarei sempre!
PAOLO O Delia, sulla terra amai te sola! nè strugger si potrebbe un primo amor.
PAOLO Ó Delia, na terra amei apenas a ti! Não se poderia destruir um primeiro amor.
DELIA e PAOLO Si! Da un celeste palpito per te inebriati i cori, percorrerem la terra cogli occhi fissi al ciel… Vivrem come due fiori sovra il medesimo stel! Vivremo come due fiori congiunti in un solo stel!
DELIA e PAOLO Sim! Os corações inebriados Por um frêmito celeste, percorreremos a terra com os olhos fixos no céu… Viveremos como duas flores sobre o mesmo caule! Viveremos como duas flores unidas num só caule!
vii – Dialogo e canzone – Io vengo dai mondi
vii – Diálogo e canção – Eu venho dos mundos
DELIA Quella infelice donna Laggiù al Pirano t’amava dunque assai?
DELIA Aquela mulher infeliz, Lá de Piran, amava-te, então?
PAOLO Sempre di lei mi parli… Già tutto io ti narrai… Delia, mi attrista Quel sovvenir!
PAOLO Sempre me falas dela… Já te contei tudo… Delia, aquela lembrança Entristece-me!
DELIA Ah!.. Ella salvò i tuoi giorni… Tue ferite medicò… fia benedetta, per sempre a me la sua memoria.
DELIA Ah!… Ela salvou os teus dias… Tratou das tuas feridas… Que me seja bendita Para sempre a sua memória.
VOCE DI FUORI [Cambro] Giovani amanti, Spose gentili, Vezzi e monili Chi vuol comprar?…
VOZ DE FORA [Cambro] Jovens amantes, Esposas gentis, Colares de pérolas e de ouro, Quem quer comprar?…
PAOLO Già l’alba è sorta. Veh! Un merciajuolo che grida alla porta… vorrebbe entrar… [accenando al merciajuolo] Vieni…
PAOLO A aurora já surgiu. Olha! Um vendedor que Grita na porta… Talvez queira entrar… [acenando para o vendedor] Vem…
64 Theatro Municipal de São Paulo
DELIA [correndo presso Paolo] No, no, Paolo…
DELIA [correndo para Paolo] Não, não, Paolo…
PAOLO [ritornando con Delia sul davanti della scena] Perchè ti opponi?
PAOLO [voltando com Delia para frente da cena] Por que te opões?
DELIA Nol sò… ma un brivido Mi scese al cor…
DELIA Não sei… mas um calafrio Passou por meu coração…
PAOLO Ah! Delia adorata, Sposi fra un’ ora Sarem… nè i doni Vorrai respingere Che t’offre amor.
PAOLO Ah! Adorada Delia, Em uma hora seremos Esposos… e não vais Querer negar os presentes Que o amor te oferece.
[corre ad aprire la porta]
[se apressa para abrir a porta]
CAMBRO [entra Cambro in abito da merciajuolo] Bel cavaliero…gentil signora… Salute a voi !
CAMBRO [entra Cambro com roupa de vendedor] Belo cavalheiro… prezada senhora… Eu vos saúdo!
PAOLO Inoltrati!
PAOLO Entra!
CAMBRO [da sè] Son dessi… in mio poter.
CAMBRO [para si] Esses aí… estão em meu poder.
DELIA [a Paolo sotto voce] Ten prego ancora, Rinvia quell’ uomo…
DELIA [para Paolo, sussurrando] Peço-te mais uma vez: Manda embora aquele homem…
PAOLO Che puoi temer? Te con io non sono? [a Cambro] Parla, o stranier.
PAOLO O que podes Temer? Não estou eu contigo? [para Cambro] Fala, ó estrangeiro.
[Cambro dispone sovra un tavolino la cassetta delle merci]
[Cambro coloca sobre uma mesinha a caixa de mercadorias ]
CAMBRO Io vengo dai mondi fulgenti di luce, io reco i tesori che l’Asia produce, le perle più vaghe che ingemmino i mar. Fanciulla gentile
CAMBRO Eu venho dos mundos brilhantes de luz. Eu trago os tesouros que a Ásia produz. As pérolas mais atraentes que adornam os mares. Mocinha gentil,
65 Fosca
Non dite di no Un vezzo, un monile Per poco, per poco vi dò. Per me di splendori si abbelan le spose, Per me sulle guancie fiorenti di rose, Un raggio si vede brillar.
Não diga não. Um colar de pérolas, um colar de ouro, Por pouco, por pouco lhe ofereço. Graças a mim, as esposas se embelezam de esplendores… Graças a mim, nas faces rosadas, Se vê brilhar um raio.
viii – Terzetto, poi scena e frase – Mirate questa collana
viii – Terceto, depois cena e frase – Vede este colar
[Paolo, Delia e Cambro attorniano la casseta osservando gli oggeti contenutivi]
[Paolo, Delia e Cambro circundam a caixa observando os objetos dentro dela]
PAOLO Vediam…
PAOLO Vejamos…
CAMBRO Mirate… questa collana Degna sarebbe d’una sovrana…
CAMBRO Vede… Este colar Seria digno de uma soberana…
PAOLO [mostrando a Delia la collana] Osserva, o Delia
PAOLO [mostrando a Delia o colar] Vê, ó Delia.
DELIA Oh gentil davvero!…
DELIA Oh, deveras gentil!…
PAOLO A te la dono… degna è di te.
PAOLO Darei a ti… É digno de ti.
DELIA No… no, a lui la rendi…
DELIA Não… Não, devolve-o…
PAOLO e CAMBRO Quale pensier!..
PAOLO e CAMBRO Que ideia!…
DELIA A tai splendori non sono avvezza, Povera io nacqui; tanta ricchezza, Credilo, o Paolo, disdice a me! [rende a Cambro la collana]
DELIA Não estou acostumada a tal esplendor… Eu nasci pobre; tanta riqueza, Crê, ó Paolo, não é para mim! [devolve a Cambro o colar]
CAMBRO [com insinuazione e galanteria] Se più modesto fregio vi alletta…
CAMBRO [com insinuação e galantaria] Se um adorno mais modesto a atrai…
DELIA Io nulla bramo…
DELIA Eu não desejo nada…
66 Theatro Municipal de São Paulo
PAOLO Pensa, o diletta, Che ricco io sono… che sposa mia Sarai quest’oggi
PAOLO Pensa, ó querida, Que sou rico… que ainda hoje serás Minha esposa.
CAMBRO [sotto voce da sè] Tutto ora io sò.
CAMBRO [susurrando, para si] Agora sei de tudo.
DELIA [a Paolo] Amor… null’ altro, Delia desia, Sol del tuo amore superba andrò!..
DELIA [para Paolo] Amor, nada mais deseja Delia… Ficarei satisfeita apenas com teu amor!…
CAMBRO [da sè] Insieme fra un’ora al tempio, pel nuzial rito andranno… Fra un’ora essi cadranno [guardando fissamente Delia] Entrambi in mio poter! Or di costei l’imagine Scolpita ho nel pensier!
CAMBRO [para si] Juntos, em uma hora, irão Ao templo para o rito nupcial… Em uma hora, ambos Cairão em meu poder! [olhando Delia fixamente] Agora tenho a imagem dela Esculpida na mente!
DELIA [a Paolo] Paolo… nol senti? gelida, tremante è la mia mano… Un turbamento strano Il cor mi investi… Più non poss’ io sorriderti, Dacché quest’ uomo è qui.
DELIA [para Paolo] Paolo… não estás sentindo? Fria, tremendo está minha mão… Uma inquietação estranha Atinge meu coração… Não consigo mais sorrir para ti Desde que este homem está aqui.
PAOLO Alla tua mente ingenua Una chimera apparve Misteriose larveate l’amor creò! Sorridimi, il tuo voler farò. Volgiti a me, il tuo voler farò
PAOLO À tua mente ingênua, Apareceu uma quimera… O amor criou misteriosas sombras para ti! Sorri para mim, farei o teu desejo. Olha para mim, farei o teu desejo.
DELIA Ah t’en prego! Ah! Mio Paolo, pietà, pietà.
DELIA Ah, peço-te! Ah! Meu Paolo, piedade, piedade.
Scena e frase – Bel cavaliero…sposa gentile
Cena e frase – Belo cavalheiro… gentil esposa
PAOLO [a Cambro] Buon uomo, oggi da voi null’accetar mi è dato!.. Hanno talvolta strane, bizzarre fantasie le donne… Secondarle convien…
PAOLO [para Cambro] Bom homem, hoje não posso Aceitar nada do senhor!… Às vezes, as mulheres têm fantasias estranhas, insólitas… É preciso atendê-las…
67 Fosca
CAMBRO [riprendendo la casseta] V’intendo… Salute a voi… Bel cavaliero…sposa gentile… ci vedrem presto…mel dice il cor!… Qualche mio vezzo, qualche monile potrà gradito tornarvi allor… ci vedrem presto…mel dice il cor!… [esce]
CAMBRO [pegando a caixa] Compreendo… Saudações… Belo cavalheiro… gentil esposa… Nos veremos logo… Assim diz meu coração!… Algum dos meus colares poderá Então vos agradar… Nos veremos logo… Assim diz meu coração!… [sai]
PAOLO [ritornando al proscenio] Uom singolar!.. Delia… ho consentito al tuo desire…
PAOLO [voltando para o proscênio] Homem singular!… Delia… Segui o teu desejo…
DELIA Di tal favor, grazie ti rendo. Desso è partito, e già ogni nube spari dal cor…
DELIA Por tal favor te agradeço. Ele foi embora, e já desapareceram do coração todas as sombras…
PAOLO Vanne, ti adorna pel nuzial rito, Fa che ridente ti trovi ancor!..
PAOLO Vai, arruma-te para o rito nupcial. Faze-te outra vez sorridente!
DELIA A te ridente mi trovo ognor. Fra un ora
DELIA Serei sempre sorridente para ti. Daqui uma hora…
PAOLO A rivederci fra un ora…
PAOLO Nos veremos em uma hora…
DELIA e PAOLO [abbracciandosi] Addio.
DELIA e PAOLO [abraçando-se] Adeus.
[Delia entra nelle sue stanze] [Paolo esce dalla porta a destra]
[Delia entra nos seus aposentos] [Paolo sai pela porta à esquerda]
ix – Duettino – Già troppo al mio supplizio
ix – Dueto – Já muito para o meu suplício
Una piazzetta in Venezia A metà della scena corre in linea retta un canale. – Un ponte praticabile attraversa il canale. – Sul davanti a destra la chiesa di S. Pietro in castello. – Le case sono parate di bandiere e cortinaggi. Sorge l’aurora. [Una barchetta approda alla piazza. – Fosca scende a terra]
Uma pracinha em Veneza No meio da cena, corre um canal em linha reta. Uma ponte trafegável atravessa o canal. Na frente, à direita, a igreja de S. Pedro de Castello. As casas estão enfeitadas com bandeiras e cortinados. Surge a aurora. [Um barquinho aporta na praça. Fosca desembarca]
68 Theatro Municipal de São Paulo
FOSCA Il tempio è là… vicina è l’ora! A festa si addobbano le vie… nessun sospetto! Dal fido Cambro mio fratello attende Il segnal convenuto… Per lanciarsi coi nostri all’opra ardita… Ov’io pur vi sarò! Ne arriderà la sorte?… Ogni altro evento Esser può dubbio… ma colei… l’indegna, L’ abborrita rivale Da Paolo amata, all’odio mio fatal non sfuggirà!
FOSCA Lá está o templo… se aproxima a hora! As ruas estão decoradas para a festa… nenhuma suspeita! Meu irmão espera o sinal que combinou Com o leal Cambro… Para se lançar com os nossos à obra ousada… Onde também eu estarei! A sorte me será propícia?… Qualquer outro acontecimento Ainda é incerto… Mas ela, a indigna,… A rival, amada por Paolo, não escapará ao meu ódio fatal!
CAMBRO [si appressa a Fosca circospetto] Fosca!
CAMBRO [se aproxima de Fosca circunspecto] Fosca!
FOSCA Tu…Cambro
FOSCA Tu… Cambro.
CAMBRO Il dubbio certezza è omai…
CAMBRO O que era dúvida agora é certeza…
FOSCA Vedesti colei?…
FOSCA Tu a viste?…
CAMBRO La vidi…
CAMBRO Sim, a vi…
FOSCA Ah! Narrami!
FOSCA Ah! Conta-me!
CAMBRO Con queste finte vesti Varcai sue soglie…
CAMBRO Com estas roupas falsas, Entrei em sua morada…
FOSCA E il perfido?
FOSCA E o pérfido?
CAMBRO Al sorger dell’aurora Era con lei… fra un’ ora Al tempio insieme alle copie andran…
CAMBRO No surgir da aurora, Estava com ela… Em uma hora, Junto aos casais irão ao templo…
FOSCA Già troppo al mio supplizio Visse la coppia rea…
FOSCA Já viveu muito, para o meu suplício, Este casal atroz…
69 Fosca
Io di mia mano uccider quel traditor dovea… Ah traditor!
Eu devia matar aquele traidor com as minhas mãos… Ah, traidor!
CAMBRO Nel tempio accolto il popolo è già, i lieti sposi attende, Insieme dell’organo al suon già la preghiera ascende; esulta, o Fosca in tuo poter sarano! Il traditor e la rival in tuo poter saran! Esultane, o Fosca, in breve, esulta, o Fosca, in tuo poter la rival sarà!
CAMBRO O povo já se reuniu no templo… Espera os noivos felizes… Junto ao som do órgão já se eleva o som Das orações; exulta, ó Fosca, Estarão em teu poder! O traidor e a rival estarão Sob o teu poder! Exulta, ó Fosca, em breve… Exulta, ó Fosca, em teu poder Estará a rival!
FOSCA L’indegno traditor! Almen fra un ora in mio poter la rival sarà!
FOSCA O traidor infame! Em uma hora a rival estará em meu poder!
x – Aria Fosca – Quale orribile peccato
x – Ária Fosca – Qual pecado horrível
[Cambro parte, Fosca s’aggira per la scena agitatissima]
[Cambro sai, Fosca caminha pela cena, agitadíssima]
FOSCA A lei d’appresso egli era! Eterno affetto ei le giurava! Ed ai suoi dolci accenti con un tenero sguardo con un sorriso risponde a costei, ch’io tanto abborro! Per lor l’ebbrezza d’un piacer divino… Per me il dolor d’un disperato amore! Ciel! Per essi la gioja…l’ebbrezza… Ah! Ed io l’inferno ho in core! [si copre il volto colle mani e piange] Quale orribile peccato espiar quaggiù degg’io? Dunque un cor tu m’ hai donato per straziarlo, O avverso Dio! O Dio!.. Un lembo arcano a me svelasti, Ah! poi, crudel! Ah! poi crudel! mi ripiombasti, ripiombasti nell’ abisso del dolor! Ah! Tu del cielo un lembo arcano a’miei sguardi un dì svelasti, poi, Crudel, mi ripiombasti nell’abisso del dolore
FOSCA Ele estava ao lado dela! Afeto eterno lhe jurava! E à sua entonação doce, Com um olhar terno, Com um sorriso, responde a ela, Que eu tanto abomino! Para eles, a embriaguez de um prazer divino… Para mim, a dor de um amor desesperado! Céus! Para eles, a alegria… a embriaguez… Ah! E eu tenho o inferno no coração! [cobre o rosto com as mãos e chora] Qual pecado horrível eu devo expiar aqui na terra? Então tu me destes um coração para arrasá-lo, Ó Deus controverso! Ó Deus!… Revelaste-me um mistério. Ah! Depois, cruel! Ah! Depois, cruel! Jogaste-me de novo, Jogaste-me de novo no abismo da dor! Ah! Tu um dia revelaste aos meus olhos, Um mistério do céu; depois, Cruel, jogaste-me de novo no abismo da dor,
70 Theatro Municipal de São Paulo
Ohimè! Ah! Crudel! [cade in giocchio]
Ai de mim! Ah! Cruel! [cai de joelhos]
xi e xii – Marcia e coro nuziale
xi e xii – Marcha e coro nupcial
[Un gruppo di corsari, armati di scure, traversa il ponte in atteggiamento misterioso. Fosca dal proscenio, e col solo gesto imperioso, ordina ai corsari di entrare in chiesa]
[Um grupo de corsários, armados com machados, atravessa a ponte numa atitude misteriosa. Fosca, do proscênio e com apenas um gesto imperioso, ordena que os corsários entrem na igreja]
CORO [nell’interno della chiesa] O stella mattutina, Luce d’ amor divina, Vergine madre, Che tutto puoi, Prega per noi!..
CORO [dentro da igreja] Ó estrela matutina, Luz de amor divina, Virgem Mãe, Que tudo podes, Ora por nós!…
[Un altro gruppo di corsari viene dal ponte, come il primo; Fosca col gesto ordina loro di entrare in chiesa]
[Um outro grupo de corsários vem da ponte, como o primeiro; Fosca ordena com o gesto que eles entrem na igreja]
FOSCA [prorompendo con impeto] Dall’ atre magioni sorgete, o demoni! Sacrilego è il canto che innalzan costor!.. È orrenda bestemia che irride all’amor! [Gajolo e Cambro vengono dal fondo e si fermano in mezzo al porte]
FOSCA [irrompendo com ímpeto] Das moradas sombrias surgis, ó demônios! Sacrílego é o canto que eles entoam!… É uma horrível blasfêmia que zomba do amor! [Gajolo e Cambro vêm do fundo e param no meio da porta]
CAMBRO Là col popolo entreremo… e il momento attenderemo…
CAMBRO Lá, com o povo entraremos… E o momento esperaremos…
FOSCA [scuotendosi] Ciel! Qui Gajolo? Ei pensa il cor mio frenar… insano…
FOSCA [agitando-se] Céus! Gajolo, aqui? Ele pensa que refreia meu coração… insano…
GAJOLO E al segnale divisato, Il gran colpo si farà!
GAJOLO E após ver o sinal, O grande golpe será dado!
FOSCA Ei nol sa che tenta invano, Tenta invan questo immenso amor domar!
FOSCA Ele não sabe que tenta em vão, Tenta em vão domar este imenso amor!
71 Fosca
GAJOLO [osservando Fosca che si volge e si avvicina] Ma che veggo…Fosca è qui… non m’inganno?
GAJOLO [vendo Fosca, que se vira e se aproxima] Mas o que estou vendo… Fosca está aqui… Não me engano?
FOSCA Io stessa. Sì!
FOSCA Eu mesma. Sim!
GAJOLO Fia ver! Forse tu al disegno mio pensi opporti?
GAJOLO É verdade! Talvez tu penses em te opor ao meu plano?
FOSCA No! No! uno stesso progetto ci guida, ci riunisce lo stesso pensier!
FOSCA Não! Não! É o mesmo objetivo que nos guia, É o mesmo pensamento que nos une!
GAJOLO Che vuol dir?
GAJOLO O que quer dizer?
CAMBRO [a Fosca] Taci!
CAMBRO [para Fosca] Cala-te!
FOSCA Al mio sdegno, fratello, T’affida, vanne, ardisci, di me non temer.
FOSCA Confia na minha ira, irmão, Vai, coragem, não há por que me temer.
[In questo punto preciso il popolo entra in scena da tutte le parti]
[Precisamente neste ponto, o povo entra em cena de todos os lados]
GAJOLO [sotto voce a Cambro] Sorvegliarne con occhio ben desto Ogni moto, ogni detto dobbiam… Se uno sguardo le sfugge od un gesto, smascherati, traditi noi siam!
GAJOLO [sussurrando, para Cambro] Vigiar com o olhar bem atento. Qualquer movimento, qualquer palavra devemos… Se ela deixar escapar um olhar ou um gesto, Desmascarados, traídos seremos!
CAMBRO Si! [a Fosca] Vieni!
CAMBRO Sim! [para Fosca] Vem!
GAJOLO [a Fosca] Ritiriamci.
GAJOLO [para Fosca] Vamos nos retirar.
FOSCA [risolutamente] No, qui restar vederli io vuò [Cambro e Gajolo si confondono fra la folla]
FOSCA [decidida] Não, quero ficar aqui para vê-los. [Cambro e Gajolo se misturam em meio ao povo]
72 Theatro Municipal de São Paulo
CORO Al tempio andiamo. Gioja di vergini anime amanti Oggi a divider corriam festanti; Sereno appar il cielo il mar, Il suol l’altar sparso è di fior. Al tempio andiam… Al cielo alziamo Inni d’amor, inni d’ amor! Al tempio andiam Fiori versiam, al ciel alziam Inni d’amor!
CORO Vamos ao templo. A alegria de virgens almas amantes Hoje, festivos, vamos compartilhar; Sereno se mostra o céu, o mar, O solo, o altar salpicado de flores. Vamos ao templo… Entoamos ao céu Hinos de amor, hinos de amor! Vamos ao templo, Jogamos flores, ao céu entoamos Hinos de amor!
[durante la marcia nuziale sfila il corteggio delle spose che si avanza dal fondo, traversando il ponte e dirigendosi verso la chiesa.]
[durante a marcha nupcial, passa o cortejo dos noivos que vem do fundo, atravessando a ponte em direção à igreja.]
FOSCA [guarda fissamente le coppie degli sposi, fra le quali riconosce Paolo e Delia] Eccola…è quella Ciel! come è bella! Quanto sorriso le sta sul viso!! Ohimè! Ohimè!
FOSCA [olha fixamente os casais de noivos, entre os quais reconhece Paolo e Delia] Ali está ela… é aquela, Céus! Como é bela! Quanta alegria há no seu rosto! Ai de mim! Ai de mim!
GAJOLO [sotto voce a Cambro guardando Fosca] Mira qual fremito di gelosia! Già più resistere essa non può. Che il suo delirio fatal non sia!
GAJOLO [sussurrando, para Cambro, e olhando para Fosca] Olha que frêmito de ciúme! Ela já não pode mais resistir. Que o seu delírio não seja fatal!
FOSCA Ohimè! non posso più resistere, non posso, ohimè!
FOSCA Ai de mim! Não consigo mais resistir, Não consigo, ai de mim!
CAMBRO Che il suo delirio fatal non sia ! No!
CAMBRO Que o seu delírio não seja fatal! Não!
CORO Gioja di vergini anime amanti Oggi a divider corriam festanti; Sereno appar il cielo il mar, Il suol l’altar sparso è di fior. Al tempio andiam… Al cielo alziamo Inni d’amor, Al tempio andiam Fiori versiam, al ciel alziam Inni d’amor!
CORO Alegria de virgens almas amantes, Hoje, festivos, vamos compartilhar; Sereno se mostra o céu, o mar, O solo, o altar salpicado de flores. Vamos ao templo… Entoamos ao céu Hinos de amor, hinos de amor! Vamos ao templo Jogamos flores, ao céu entoamos Hinos de amor!
73 Fosca
xiii – Finale ii – Pezzo concertato
xiii – Final ii – Trecho concertato
CORO Presto al tempio!
CORO Rápido, ao templo!
FOSCA [slanciandosi avanti a Paolo e Delia, che stanno per entrare nel tempio] No! No! Fermate!
FOSCA [jogando-se sobre Paolo e Delia, que estão à entrada do templo] Não! Não! Parai!
CAMBRO e GAJOLO Ah!
CAMBRO e GAJOLO Ah!
PAOLO Dio! Lei!
PAOLO Deus! Ela!
DELIA Chi? Perchè?
DELIA Quem? Por quê?
GAJOLO [da sè] Che far?
GAJOLO [consigo] O que fazer?
Michele giotta e CORO Che avviene?
Michele giotta e CORO O que está acontecendo?
CAMBRO Ell’è pazza!
CAMBRO Ela está louca!
FOSCA No!
FOSCA Não!
GAJOLO [simulando a Paolo e Delia] Deh! pietà d’un infelice…
GAJOLO [dissimulando para Paolo e Delia] Ai! Piedade de uma infeliz…
FOSCA Pazza!.. io?
FOSCA Louca!… Eu?
CAMBRO È ver!
CAMBRO É verdade!
GAJOLO Che smarriva la ragion!..
GAJOLO Que perdia a razão!…
FOSCA [colpita] Perchè? Pazza! No… No…
FOSCA [tocada] Por quê? Louca! Não… Não…
74 Theatro Municipal de São Paulo
CAMBRO e GAJOLO [sotto voce a Fosca] Taci! Va ti scosta, Torna in te…
CAMBRO e GAJOLO [sussurrando a Fosca] Cala-te! Vai, afasta-te, Volta a ti…
CORO [a Fosca] Sciagurata! Va!.. Pazza!
CORO [para Fosca] Desgraçada! Vai!… Louca!
FOSCA Pazza! No… No… Io? Ah!
FOSCA Louca! Não… Não… Eu? Ah!
PAOLO e CORO [tutti a Fosca] Sciagurata, al nostro aspetto t’invola! Va!
PAOLO e CORO [Todos para Fosca] Desgraçada, desaparece da nossa frente! Vai!
TUTTI [a Fosca] Pazza! Pazza! Pazza ell’è…
TODOS [para Fosca] Louca! Louca! Ela é louca…
FOSCA Pazza!.. pazza!.. è ver! Oh quale orror son pazza! Ira… dolore, amore tutto è folia… Dela ragion il raggio è spento… Spenta è la fiamma della vita mia… Pazza… è ver… Pazza sì, ma viva ancora per potermi vendicar! Ch’io mi possa almeno un’ora del suo pianto inebriar!
FOSCA Louca!… Louca!… É verdade! Oh, que horror, sou louca! Ira, dor, amor: Tudo é loucura… O raio da razão se apagou… Apagou-se a chama da minha vida… Louca… é verdade… Louca, sim, mas viva ainda Para poder me vingar! Que eu possa, ao menos um momento, Inebriar-me com seu pranto!
GAJOLO Taci… di più non dir, nascondi il tuo dolor…
GAJOLO Cala-te… não digas mais nada, Esconde a tua dor…
FOSCA No! son viva ancora e mi vendicherò!
FOSCA Não! Estou viva ainda E me vingarei!
CAMBRO Taci non dir di più, nascondi il tuo dolor!
CAMBRO Cala-te, não digas mais nada, esconde a tua dor!
GAJOLO Potria l’insano amor la preda a me rapir…
GAJOLO O amor insano poderia Roubar a minha presa…
75 Fosca
CAMBRO Nè del tradito amor vendetta aver puoi tu…
CAMBRO Tu não podes ter vingança Do amor traído…
FOSCA Vendetta…
FOSCA Vingança…
CAMBRO e GAJOLO Taci… Taci…
CAMBRO e GAJOLO Cala-te… Cala-te…
CORO Qual fiero ardor! Che vuol costei, Che ha? Mentito è suo dolor, o merta in ver pietà?
CORO Que ardor mais feroz! O que ela quer, O que tem? Sua dor é falsa Ou merece de fato piedade?
DELIA Paolo! che fu? Rispondi a me. Paolo!
DELIA Paolo! O que houve? Responde-me. Paolo!
PAOLO Non vedi? Pazza ell’è!
PAOLO Não vês? Ela é louca!
FOSCA Vendetta! Vendetta! Ah!
FOSCA Vingança! Vingança! Ah!
GAJOLO e CAMBRO Di più non dir il tuo dolor, l’insano amor perderci può. L’insano amor deh frena che perderci può.
GAJOLO e CAMBRO Não mostres mais A tua dor. O amor insano Pode nos prejudicar. O amor insano, ai, freia, porque pode nos prejudicar.
PAOLO e DELIA Ah! d’una pazza il furor vano timor il tuo core turbò
PAOLO e DELIA Ah! O furor de uma louca, em vão, Perturbou o teu coração.
FOSCA Pazza, ma viva ancora Per potermi vendicar! Son viva per potermi vendicar!
FOSCA Louca, mas viva ainda Para poder me vingar! Estou viva para poder me vingar!
Michele giotta Ah! Fu vano il timor Che Il tuo core turbò
Michele giotta Ah! Foi vão o temor! Que perturbou o teu coração
76 Theatro Municipal de São Paulo
D’una pazza il furore A me colpir non può colpir non può!
O furor de uma louca. Não pode me atingir, Não pode me atingir!
CAMBRO e GAJOLO [a Fosca] Taci, frena il tuo furor. Taci, frena il tuo furor.
CAMBRO e GAJOLO [a Fosca] Cala-te, refreia o teu furor. Cala-te, refreia o teu furor.
CORO Se il cielo ti colpi, Al ciel non imprecar! Va! Parti, involati di quà, La festa non turbar! No!
CORO Se o céu te atingiu, Não praguejes contra o céu! Vai! Parte, desaparece daqui, Não perturbes a festa! Não!
Michele giotta, PAOLO e DELIA Ah! Fu vano il timor Che Il mio core turbò d’una pazza il furore a me colpir non può, colpir non può!
MICHELE giotta, PAOLO e DELIA Ah! Foi vão o temor! Que perturbou o meu coração O furor de uma louca. Não pode me atingir, Não pode me atingir!
FOSCA Ah! Possa almeno un’ora del tuo pianto inebriar. Pazza si, ma viva ancora Per potermi vendicar!.. Ah! Ah! Almen del suo pianto inebriar, almeno un’ora! Pazza! Pazza! È ver!
FOSCA Ah! Que eu possa, ao menos um momento, Inebriar-me com seu pranto! Louca sim, mas viva ainda Para poder me vingar!… Ah! Ah! Ao menos inebriar com seu pranto, Ao menos um momento! Louca! Louca! É verdade!
DELIA, PAOLO e Michele giotta Ah! Vano fu il timore, ah! Vano il timor che il core turbò. Ah!
DELIA, PAOLO e Michele giotta Ah! Vão foi o temor, ah! Vão o temor que perturbou o coração. Ah!
CAMBRO e GAJOLO [a Fosca] Se vendetta aver vuoi tu, Taci, taci più non dir, Taci, taci, più non dir
CAMBRO e GAJOLO [a Fosca] Se queres ter vingança, Cala-te, cala-te, não digas mais nada, Cala-te, cala-te, não digas mais nada.
GAJOLO [a Fosca] Nè vendetta aver potrai, Nè del tradito amor vendetta aver potrai, no, no.
GAJOLO [a Fosca] Não poderás ter vingança, Não poderás ter vingança Do amor traído, não, não.
CAMBRO Ah! Né del tradito amor Vendetta aver potrai, no, no.
CAMBRO Ah! Não poderás ter vingança Do amor traído, não, não.
77 Fosca
CORO T’invola, t’invola parti, parti via di quà non imprecar se il cielo ti colpir al ciel non imprecar!
CORO Desaparece, desaparece, Parte, vai embora daqui. Não praguejes, Se o céu te atingir, Não praguejes contra o céu!
TUTTI [a Fosca] No! Pazza! Pazza! Va! Va!
TODOS [para Fosca] Não! Louca! Louca! Vai! Vai!
Michele giotta Alla gioja ci affretiamo.
Michele giotta Nos espera a alegria
TUTTI Presto al tempio! Andiamo!
TODOS Rápido, ao templo! Vamos!
[Il corteggio in chiesa; il popolo lo segue, Gajolo, Cambro e Fosca restano in scena]
[O cortejo na igreja; o povo o segue, Gajolo, Cambro e Fosca ficam em cena]
GAJOLO [trattenendo Fosca che vorrebbe seguire il corteggio] Ferma insensata… o l’alta impresa vedrai falir
GAJOLO [segurando Fosca, que queria seguir o cortejo] Para, insensata… ou verás fracassar a grande empreitada.
FOSCA Va… mi lascia…
FOSCA Vai… me deixa…
GAJOLO No…no…
GAJOLO Não… não…
CAMBRO [correndo presso Gajolo] Mano al pugnale! Quest’è il momento:
CAMBRO [correndo para Gajolo] Punhal na mão! Este é o momento.
GAJOLO [a Cambro] Sì… andiamo…
GAJOLO [para Cambro] Sim… vamos…
FOSCA [spingendo Gajolo e Cambro dentro la chiesa] Va… va… vendicatemi!.. vendicatemi! Va… va…
FOSCA [empurrando Gajolo e Cambro para dentro da igreja] Vai… vai… vingai-me!… Vingai-me! Vai… vai…
CAMBRO e GAJOLO Sì!.. Sì!.. Sì!..
CAMBRO e GAJOLO Sim!… Sim!… Sim!…
[Strepito d’armi e grida confuse dentro la chiesa.
[Estrondo de armas e gritos confusos dentro da igreja.
78 Theatro Municipal de São Paulo
Comparse veneziane che sortono dalla chiesa fuggendo per varie direzioni. I corsari sortono dalla chiesa correndo verso il ponte e trascinando seco loro le spose rapite]
Companheiros venezianas saem da igreja fugindo em várias direções. Os corsários saem da igreja correndo na direção da ponte e levando consigo as esposas sequestradas]
CORO Aita! All’armi! Ah! All’armi!
CORO Socorro! Às armas! Ah! Às armas!
FOSCA Il cor non m’inganna!..
FOSCA O coração não me engana!…
[Donne che traversano la scena in linea retta e si formando in gruppo a sinistra alzando le mani in atto di preghiera, indi fuggono alla vista di altri corsari che si avanzano minacciosi. Strepito d’armi e gridi confusi dentro la chiesa e rumore sempre crescente]
[Mulheres que atravessam a cena em linha reta e vão formando um grupo à esquerda, levantando as mãos em reza, mas fogem à vista de outros corsários que avançam ameaçadores. Estrondos de armas e gritos confusos dentro da igreja e barulho sempre crescente]
CORO Morte ai corsar!
CORO Morte aos corsários!
FOSCA [agitatissima, domina la scena] Nel tempio già freme la lotta fatal!
FOSCA [agitadíssima, domina a cena] No templo já se anuncia a luta fatal!
CORO Morte ai corsari! Aita! Morte! Morte! Ohimè!
CORO Morte aos corsários! Socorro! Morte! Morte! Ai!
CAMBRO [trascinando Delia verso il ponte, seguito da un gruppo di corsari] Si corra al mar!
CAMBRO [carregando Delia para a ponte, seguido por um grupo de corsários] Vamos correr para o mar!
FOSCA Ah! è mia! Oh gioja. Ah! [cava dal seno un pugnale e si slancia sul ponte seguendo Delia e Cambro]
FOSCA Ah! É minha! Oh, alegria. Ah! [tira do colo um punhal e corre para a ponte seguindo Delia e Cambro]
CORO Morte ai corsari!
CORO Morte aos corsários!
[La confusione è generale. Le campane suonano a stormo. La battaglia fra Corsari e Veneziani è al
[Confusão geral. Os sinos tocam a rebate. A batalha entre corsários e venezianos está
79 Fosca
colmo; da ogni lato chi fugge, chi rapisce una donna, chi cade morto, chi prigioniero, etc. Nell’ orribile collisione i Corsari rimangano vittoriosi.
no ápice. De todos os lados há gente fugindo, um sequestra uma mulher; um cai morto, outro é feito prisioneiro etc. No terrível confronto, os corsários saem vitoriosos.
Gajolo, mentre tenta di fuggire, è raggiunto da un gruppo di Veneziani che lo fanno prigioniero.
Gajolo, enquanto tenta fugir, é alcançado por um grupo de venezianos que o fazem prisioneiro.
80 Theatro Municipal de São Paulo
atto terzo terceiro ato
GROTTA BUIA Grande apertura nel mezzo, altra piccola da un lato. Dalle due aperture si scende sulla scena per due sentieri, in mezzo a questi una caverna munita di una cancellata.
GRUTA ESCURA Abertura grande no meio e outra pequena num lado. Pelas duas aberturas é possível descer à cena por dois caminhos, em meio aos quais há uma caverna fechada com uma grade.
xiv – Scena ed aria – Ad ogni mover lontan di fronda
xiv - Cena e ária – A cada movimento distante de um galho
[alcuni corsari, fra gli scogli, trasciano Delia bruscamente, lasciandola sola e smarrita]
[entre as rochas, alguns corsários arrastam Delia abruptamente, abandonando-a sozinha e perdida]
DELIA [smarrita] Ahimè! Dove sono? Le orribili voci, le larve feroci Nell’ombre svanir. Ma all’alma smarrita, Che torna alla vita, Si schiude de un abisso D’immenso martir!.. Ahi! che purtroppo con sinistra luce alla mente turbata il ver balena! Al mio Paolo rapita… Trascinata da quei demoni fra bestemmie orrende alla nave corsara!
DELIA [perdida] Ai de mim! Onde estou? As vozes horríveis, os espíritos atrozes Desapareceram nas sombras. Mas, para a alma aturdida, Que volta à vida, Abre-se um abismo De imenso martírio!… Ai! Pois, infelizmente, Com luz sinistra, Para a mente perturbada A verdade reluz! Separada do meu Paolo… Arrastada por aqueles demônios Em meio a blasfêmias horríveis para o navio pirata!
81 Fosca
un ruggir cupo d’onde… diventi… di minaccie e pianti! Poi questa tomba e della morte il gelo… Ad ogni mover lontan di fronda, Ad ogni franger cupo dell’onda tutta mi sento nel mio spavento rabbrividir! Invan lo spirito sollevo a Dio, non trova lacrime più l’occhio mio! A qual sorte serbata son io? Qual supplizio m’apprestan costor?.. Allo strazio crudele, gran Dio, l’affranto cor, l’affranto mio cor non regge allo strazio, lo strazio crudel! E Paolo! ove fia desso? Ah! spento forse nella lotta tremenda… o prigionier… di questi infami, a cui è legge esser spietati! [in extasi] Rivederlo vorrei… per dirgli anche una volta… io t’amo! e in un supremo bacio spirar l’alma beata. [scuotendosi] Oh ciel! Che mai dissi? pietà pietà! Ah! Lo tenga Iddio lontan dalla nefasta sppiaggia Ove tanto egli soffrì Lo tenga iddio lontan, lontano Ah! Lo tenga Iddio lontan Lo tenga Iddio lontan! Lontan… lontan… lontan!
Um rugir soturno de ondas… de ventos… de ameaças e de prantos! E então este túmulo E o gelo da morte… A cada movimento distante de um galho, A cada rugir soturno da onda, sinto-me arrepiar toda no meu assombro! Em vão elevo meu espírito a Deus, Meus olhos não têm mais lágrimas! Qual será meu destino? Que suplício eles me preparam? Esta dilaceração cruel, grande Deus, Meu coração prostrado, o coração prostrado Não resiste a esta tormenta,, à dilaceração cruel! E Paolo! Onde estará? Ah! Talvez tenha morrido na luta tremenda… Ou prisioneiro… destes infames, Para quem é lei não ter piedade! [em êxtase] Gostaria de revê-lo… Para lhe dizer mais uma vez… Eu te amo! E num beijo supremo expirar a alma feliz. [agitando-se] Oh, céus! O que eu disse? Piedade, piedade! Ah! Que Deus o mantenha longe da praia nefasta Onde ele sofreu tanto. Que Deus o mantenha longe, longe. Ah! Que Deus o mantenha longe, O mantenha longe! Longe… longe… longe!
xv – Scena e duetto – Orfana e sola
xv – Cena e dueto – Órfã e sozinha
CORO Pietà, crudel! Pietà, crudel! Ah! Ah!
CORO Piedade, cruéis! Piedade, cruéis! Ah! Ah!
DELIA [atterrita] Che sento… oh cielo! Quei lamenti mi fa tremar d’orror!
DELIA [aterrorizada] O que ouço… Oh, céus! Esses lamentos me fazem tremer de horror!
CORO [origliando] Pietà! Pietà! Pietà!
CORO [escutando] Piedade! Piedade! Piedade!
82 Theatro Municipal de São Paulo
DELIA [origliando] Di là s’apressa alcuno… odo rumor… Vieni… vieni… t’affretta, O annunziator di morte, volgiti a me! Pietà da te non bramo… Vieni, se la mia sorte compier si deve! Vien…vien…
DELIA [escutando] Alguém vem correndo de lá… Ouço barulho… Vem… vem… rápido, Ó mensageiro da morte, Vem até mim! Não desejo piedade de ti… Vem, se meu destino deve ser cumprido! Vem… vem…
[Fosca si presenta all’ingresso della grotta]
[Fosca aparece na entrada da gruta]
Serena, serena e lieta io qui morrò, Se un eco delle materne rive All’ ora estrema al cor mi annunzi: ei vive!
Serena, serena e feliz aqui morrerei, Se um eco das margens maternas Me anuncia ao coração na hora extrema: Ele vive!
FOSCA [avanzandosi] Ei vive… ma non per te!
FOSCA [aproximando-se] Ele vive… mas não para ti!
DELIA [colpita da terrore ravvisandola] La pazza!
DELIA [aterrorizada ao vê-la] A louca!
FOSCA Tal non fui mai; Sol finger volli in Venezia…
FOSCA Nunca o fui; Estava apenas fingindo em Veneza…
DELIA Ah! Dunque il cor non m’inganò… Fosca tu sei!
DELIA Ah! Então o coração não me enganou… Tu és Fosca!
FOSCA Son tua rival… Tu la mia schiava!
FOSCA Sou a tua rival… Tu, a minha escrava!
DELIA Tua schiava… ma indomita… E senza timor! Tua schiava ma libera di mente e di cor! Da te la mia sorte attender dovrò tu sei più forte, lo veggo, lo so Ma intrepida, altera morir mi vedrai Morir mi vedrai, ma volger preghiera a te no, no, giammai.
DELIA Tua escrava… mas indomada… E sem temer! Tua escrava, mas livre de mente e de coração! Devo esperar meu destino de ti… Tu és mais forte, bem o vejo, eu sei; Mas intrépida, altiva me verás morrer. Me verás morrer, Mas fazer súplicas a ti, não! Nunca, jamais.
FOSCA Con un sol detto
FOSCA Uma palavra apenas
83 Fosca
vincerti posso, o stolta!.. Paolo è in mio poter!
Posso vencer-te, ó tola!… Paolo está em meu poder!
DELIA Oh! Ciel! Ah… ma tu lo salverai!
DELIA Oh! Céus! Ah… mas tu o salvarás!
FOSCA Lo speri in van…perfida! Il filtro svelami onde ottenesti amor!
FOSCA Tua esperança é vã… pérfida! Revela-me onde conseguiste a poção do amor!
DELIA Orfana e sola nel materno tetto, per me nel pianto trascorre a noi dì… quale colpa ebbi mai se, giovinetto, Paolo a me venne ed suo cor m’offrì? Qui prigionier fu tratto…e tu lo amasti… ma sue promesse ei non potea tradir ed egli sempre da che lo salvasti… Benedisse di Fosca al sovvenir! Benedisse di Fosca al sovvenir!
DELIA Órfã e sozinha na casa materna, Para mim, no pranto, os dias transcorriam… Que culpa eu tive se, jovem, Paolo veio a mim e o seu coração me ofereceu? Para cá foi trazido como prisioneiro… e tu o amaste… Mas as suas promessas ele não podia trair. E ele, desde o dia em que o salvaste, sempre Abençoou ao se lembrar de Fosca! Abençoou ao se lembrar de Fosca!
FOSCA Scaltrita sei, scaltrita sei, ma l’arte tua non val a salvar quell’indegno…egli morrà! morrà!
FOSCA És esperta, és esperta, Mas a tua arte não serve para salvar Aquele indigno… Ele morrerá! Morrerá!
DELIA Me sola uccidi! Non avrai più rivale…
DELIA Mata apenas a mim! Não terás mais rival…
FOSCA Estinta ancora ei t’amerà, ei t’amerà!
FOSCA Morta, ele ainda te amará. Ele te amará!
DELIA All’ amor suo rinunzierò, se il vuoi… Da lui lontana…presso a te vivrò
DELIA Renunciarei ao seu amor, se quiseres… Longe dele, viverei perto de ti.
FOSCA [irrompendo con ira] Ancora estinta ei t’amerà! ei t’amerà! ei t’amerà! ei t’amerà!
FOSCA [irrompendo com ira] Morta, ele ainda te amará! Ele te amará! Ele te amará! Ele te amará!
DELIA Consolatrice degli affani tuoi… Schiava o amica per sempre a te sarò!
DELIA Consoladora das tuas aflições… Tua escrava ou tua amiga para sempre serei!
FOSCA [da se, extremamente comenossa] E creder debbo?
FOSCA [para si, extremamente comovida] E devo acreditar?
84 Theatro Municipal de São Paulo
Generosa tanto saria costei? Mi vince il suo dolor.
Ela seria tão generosa? Vence-me a sua dor.
DELIA Ah!.. che veggo? Ah!..sì!.. ti sta sul ciglio il pianto… di Dio la voce ti parlò nel cor!
DELIA Ah!… O que estou vendo? Ah!… Sim!… O pranto está no teu rosto… A voz de Deus falou ao teu coração!
FOSCA È troppo il mio soffrir Delia! Da mille affeti ho il cor commosso… Io vorrei pianger, pianger, pianger non posso! Se del perdono la voce ascolto, Ogni mia penna sembra svanir!
FOSCA É demais o meu sofrimento, Delia! Meu coração se comove com todos esses sentimentos… Eu queria chorar, chorar… Não consigo chorar! Se ouvindo a voz do perdão, Todo meu tormento parece sumir!
DELIA Ah! sì il perdono ti spiri Iddio!
DELIA Ah! Sim, que Deus te inspire o perdão!
FOSCA Da mille affetti ho il cor commosso… Io vorrei pianger, pianger non posso… pianger vorrei… Se del perdono la voce ascolto,
FOSCA Meu coração se comove com todos esses sentimentos… Eu queria chorar, chorar! Não consigo chorar Se ouvindo a voz do perdão, Todo meu tormento parece sumir!
DELIA Ei favelli pel labbro mio.
DELIA Que ele fale pelos meus lábios.
FOSCA Ogni mia pena sembra svanir! Vorrei perdonar, io vorrei vorrei piangere, io vorrei vorrei piangere, io vorrei
FOSCA Todo meu tormento parece sumir! Queria perdoar, queria. Queria chorar, queria. Queria chorar, queria
DELIA Dalla pietade sarai, sarai redenta, Ogni tua pena vedrai svanir.
DELIA Serás redimida por tua piedade, serás redimida… Verás sumir todo teu tormento.
FOSCA Vieni e cogli l’ istante che alla clemenza, Alla clemenza s’apre il mio cor. Freno gli sdegni, gli sdegni d’offesa amante.
FOSCA Vem e vive o momento, pois à clemência, À clemência se abre o meu coração. Controlo a ira, a ira de amante ofendida.
DELIA Frena gli sdegni, gli sdegni d’offesa amante.
DELIA Controla a ira, a ira de amante ofendida.
85 Fosca
FOSCA Or ti perdono, e oblio il mio dolor!
FOSCA Agora te perdoo, e esqueço a minha dor!
DELIA Or mi perdona, e oblia il tuo dolor! Cesseranno l’ansie del tuo dolor! Del tuo dolor!
DELIA Agora me perdoa, e esquece a tua dor! Cessarão as angústias da tua dor! Da tua dor!
[Fosca e Delia s’avviano lentamente ]
[Fosca e Delia partem lentamente]
FOSCA [sempre agitata, trascinando Delia] Mi segui…mi segui… Vieni…vieni
FOSCA [ainda agitada, puxando Delia] Segue-me… segue-me… Vem… vem…
[partono insieme]
[partem juntas]
xvi – Coro di corsari – Dei due qual mente?
xvi – Coro de corsários – Dos dois, quem mente?
CORO [corsari che scendono cautamente dai sentieri] È dunque ver?.. Cambro il giurò… Ma il prigionier che qui arrivò… Ebben?… che disse?… Tutto negò… Dei due qual mente?… Cambro è uno scaltro. Audace e perfido del pari egli è… Per sua salvezza mentir può altro… Un tal mistero scoprir si dè. Scoprir si dè. Fosca s’interroghi… Sua fede è sospetta… Ella con Cambro s’intende, È ver!.. Pur se Gajolo vive, a noi spetta Salvar i giorni del condottier! Qualcuno a Venezia Stanotte furtivo Dovrebbe salpar, Sì! Sì! Potremo domani Saper s’egli è vivo… Decider… oprar. Noi tosto partirem… Sì! Andate… bene sta!…
CORO [corsários que aparecem cautelosamente dos caminhos] Então, é verdade?… Cambro jurou… Mas o prisioneiro que chegou aqui… Então?… O que disse?… Negou tudo… Dos dois, quem mente?… Cambro é malicioso. Ousado e pérfido ele é… Bem pode mentir para se salvar… Devemos descobrir este tal mistério. Devemos descobrir. Fosca deve ser interrogada… Sua lealdade é suspeita… Ela se entende com Cambro, É verdade!… Ainda que Gajolo viva, a nós cabe Salvar os dias do comandante! Alguém, para Veneza, Esta noite, escondido, Deveria zarpar, Sim! Sim! Poderemos saber Amanhã se ele está vivo… Decidir… agir. Nós logo partiremos… Sim! Ide… é isto!…
86 Theatro Municipal de São Paulo
Qui all’alba ritornerem… E il ver ognun saprà… Se Cambro mentì, Se Fosca tradì, Sventare saprem La trama infernal… Giustizia faremo Col nostro pugnale!.. Giustizia faremo Col nostro pugnale!.. Zitto, zitto, Cambro s’avanza… Partiam…zitti! partiam
Voltaremos aqui ao amanhecer… E todos saberemos a verdade… Se Cambro mentiu, Se Fosca traiu, Poderemos desmascarar A trama infernal… Faremos justiça Com o nosso punhal!… Faremos justiça Com o nosso punhal!… Quietos, quietos, Cambro se aproxima… Partamos… quietos! Partamos.
[si allontanano per diverse vie]
[se distanciam por vários caminhos]
xvii – Scena e duetto – Tu la vedrai negli impeti
xvii – Cena e dueto – Tu a verás no ímpeto
CAMBRO A’ miei disegni par che tutto arrida…. Fra tre giorni Gajolo Più non vivrà! L’ostacolo supremo Di mia grandeza sparirà con lui… [guardando verso la grotta] In quella grotta il prigioniero è chiuso… Chi mai potria salvarlo? A sue vendette rinunziar vorrebbe Fosca giammai? Su lei vegliar m’è d’uopo. Cruda, feroce è Fosca… Ma mutabile e fiacco è un cor di donna… [scuotendosi] Ecco… ella giunge… il suo pensier si esplori…
CAMBRO Parece que tudo está favorável ao meu plano. Em três dias, Gajolo Não viverá mais! O obstáculo supremo Para a minha grandeza sumirá com ele… [olhando para a gruta] Naquela gruta, o prisioneiro está trancado. Quem poderia salvá-lo? Fosca renunciaria À sua vingança? É meu dever vigiá-la. Fria, feroz é Fosca… Mas inconstante e fraco é o coração da mulher… [agitando-se] Aí está… Ela chega… É preciso desvendar seu pensamento…
[siede sopra un sasso]
[senta-se sobre uma pedra]
FOSCA [Avanzandosi con passo lento e profondamente abbattuta] Cambro!..
FOSCA [aproximando-se com passo lento e profundamente abatida] Cambro!…
CAMBRO [con freddezza a Fosca] Ben giungi!… lo già temea che assorta Nei fieri gaudii delle tue vendette… Obliato m’avessi…
CAMBRO [friamente para Fosca] Chegas na hora certa!… Eu já temia que absorta Nos selvagens regozijos da tua vingança, Tivesses me esquecido…
87 Fosca
Eppur…se Delia, se Paolo è in tuo poter… tutto a me devi!
No entanto… se Delia, se Paolo estão em teu poder… Deves tudo a mim!
FOSCA [dolente] Ohimè! quei nomi come pugnali Mi trafiggono l’alma.
FOSCA [dolorida] Ai de mim! Tais nomes, como punhais, Perfuram-me a alma.
CAMBRO Ebben, qual morte Hai potuto idear perchè si adegui il lor supplizio all’odio tuo?
CAMBRO Pois bem, que tipo de morte Conseguiste imaginar para que o suplício deles Esteja à altura do teu ódio?
FOSCA [indecisa] Tu… dunque… Mi consigli a punir?
FOSCA [indecisa] Tu… então… Me aconselhas a punir?
CAMBRO Strana richiesta… Fosca vaneggi tu?
CAMBRO Pergunta estranha… Fosca, estás delirando?
FOSCA Di lei che Fosca nomossi un dì… ah! solo una larva or resta!.. [con rassegnazione] Prostrata da angoscie… da lotte tremende… Al crudo destino… quest’alma si arrende… io piego la fronte percossa dal ciel…
FOSCA Daquela que um dia foi chamada de Fosca… ah! Resta agora apenas um fantasma! [com abnegação] Prostrada por angústias… por lutas tremendas… Ao cruel destino… esta alma se entrega… Eu inclino o rosto atingido pelo céu…
CAMBRO È strano il tuo dire…
CAMBRO É estranho o que dizes…
FOSCA Lo sdegno feroce Estingui nel petto, mi grida una voce… Perdona! Perdona!… tu salvi un fratello, perdona!
FOSCA A ira feroz Se apaga no meu coração… Grita-me uma voz… Perdoa! Perdoa!… Tu, salva um irmão, perdoa!
CAMBRO E tu… del fratello commossa alla sorte. Tu dunque… vorresti?…
CAMBRO E tu… comovida com o destino do irmão. Tu, então… gostarias?…
FOSCA Sottrarlo alla morte.
FOSCA De livrá-lo da morte.
CAMBRO Insana speranza ti illude il pensier…
CAMBRO Insana esperança te ilude o pensamento…
88 Theatro Municipal de São Paulo
Spergiura è Venezia; più volte, il rammenti. Sua fede tradiva!
Veneza é falsa; muitas vezes, lembra-te. Sua lealdade traiu!
FOSCA La prova, La prova si tenti ancora…
FOSCA A prova… Que se tente a prova, ainda…
CAMBRO Tu il brami? [con ipocrisia] è mia legge di Fosca il voler!.. Vieni… si schiuda il carcere Alla rivale odiata…vieni…vieni…Ah!.. Tu la vedrai negli impeti Dell’ alma innamorata… Lanciarsi in braccia al perfido… Che l’amor tuo sprezzò!
CAMBRO Tu o desejas? [com hipocrisia] O desejo de Fosca é minha lei!… Vem… abra-se o cárcere Da rival odiada… Vem… vem… ah!… Tu a verás no ímpeto Da alma apaixonada… Jogar-se nos braços do pérfido Que desprezou o teu amor!
FOSCA [Fremendo] Taci!.. oh tremendo spasimo!.. Io di dolor morrò! Io di dolor morrò!
FOSCA [enfurecida] Cala-te!… Oh, tremenda aflição!… Eu morrerei de dor! Eu morrerei de dor!
CAMBRO [con insinuazione all’orecchio di Fosca] Ecco… dal lido salpano Gli avventurosi amanti…ecco!.. I flutti e l’aure eccheggiano Degli amorosi canti… agli occhi tuoi si involano…
CAMBRO [com malícia, ao ouvido de Fosca] Eis que da margem zarpam, Os amantes aventurosos… Eis!… As marés e o ar ecoam Os cantos dos amorosos… Diante dos teus olhos Eles desaparecem…
FOSCA [Con ira convulsa] Ciel! Cambro, cessa, un demon sei!.. No… no…
FOSCA [com ira convulsa] Céus! Cambro, chega, és um demônio!.. Não… não…
CAMBRO Essi a Venezia andran, Non li vedrai, non li vedrai mai più, mai più… E là, un immenso gaudio Sottentra al breve affanno… Le labbra in dolce fremito Ad incontrarsi vanno… Ed abbracciati ridono Sovra un guancial di fior! Ridono delle tue lacrime… E del tuo folle amor!.. E abbracciati ridono del tuo dolor! [fissando Fosca malignamente]
CAMBRO Eles irão para Veneza, Não os verás… Não os verás nunca mais, nunca mais… E, lá, uma alegria imensa Substituirá o breve afã… Os lábios, num doce êxtase, Se encontrarão. E, abraçados, rirão Sobre um travesseiro de flor! Rirão das tuas lágrimas… E do teu louco amor!… E, abraçados, rirão da tua dor! [olhando fixamente Fosca de modo maligno]
89 Fosca
[un grito straziante]
[um grito lancinante]
FOSCA Ah! io di dolor… di dolor morrò… Cambro io di dolor morrò io di dolor morrò. Ah! tremendo spasimo io di dolor morrò. Ridon delle mie lacrime, Dell’amor mio? Ferito il cor mi sanguina… E perdonar poss’io? Ah! No!.. no!.. Cambro! È troppo orribile!.. Io da colei schernita!.. no!..no!.. Cambro! Oh gioia! Ancor dei perfidi è in mio poter la vita! Oh gioia, fra un’ora entrambi muoian
FOSCA Ah! Eu, de dor… de dor morrerei… Cambro, eu morrerei de dor, De dor morrerei. Ah! Tremenda aflição! Eu morrerei de dor. Rirão das minhas lágrimas, Do meu amor? Ferido, meu coração sangra… Será que consigo perdoar? Ah! Não! Não!… Cambro! É horrível demais! Eu, achacada por ela!… Não! Não!… Cambro! Oh, alegria! A vida dos pérfidos ainda está em meu poder! Oh, alegria, em uma hora ambos morrerão.
CAMBRO [con ipocrisia] Ah!.. Tuo fratel morrà!
CAMBRO [com hipocrisia] Ah!.. Teu irmão morrerá!.
FOSCA [Risoluta] Paolo al mio piè trascinisi.
FOSCA [decidida] Que Paolo se arraste ao meu pé.
CAMBRO Pensa…
CAMBRO Pensa…
FOSCA Obbedisci! va!…
FOSCA Obedece! Vai!…
CAMBRO [da se, con gioia] Colui non tornerà! Oh gioia! Cambro… a regnar preparati! Colui non tornerà!
CAMBRO [consigo, com alegria] Ele não voltará! Oh, alegria! Cambro… prepara-te para reinar! Ele não voltará!
FOSCA [fieramente] Va! Pria che in me riviva la pietà! Paolo al mio piè venga
FOSCA [orgulhosamente] Vai! Antes que em mim reviva a piedade! Que Paolo venha aos meus pés.
CAMBRO Paolo al tuo piè verrà.
CAMBRO Paolo virá aos teus pés.
90 Theatro Municipal de São Paulo
atto quarto quarto ato
Sala della Signoria in Venezia, due porte laterali
Sala do Governo da Cúpula de Veneza, duas portas laterais
xviii – Scena del Consiglio e Strofe
xviii – Cena do Conselho e Estrofe
DUCI Ebben: del Doge qual è il pensiero? Pronta a salpare la flotta è già.
DUQUES Pois bem: o que pensa o Doge? A frota já está pronta para zarpar.
SENATORI Il Doge stesso fia condottier. Domani all’alba si partirà…
SENADORES Que o próprio Doge seja o comandante. Amanhã, ao amanhecer, partiremos…
Michele giotta Oh ciel! Domani, diceste!.. Si attenda un giorno [supplichevole] Forse il mio Paolo potria tornar.
Michele giotta Oh, céus! Amanhã, dissestes!… Esperemos um dia. [suplicando] Talvez o meu Paolo possa voltar.
DUCI e SENATORI il dì fissato pel suo ritorno Spira domani… vano è sperar!
DUQUES e SENADORES O dia combinado para a sua volta Expira amanhã… É inútil esperar!
SENATORI Oggi a Venezia nuovi pirati Sorpresi vennero…
SENADORES Hoje, outros piratas foram surpreendidos Em Veneza…
DUCI Qual sorte avran?
DUQUES Que destino terão?
91 Fosca
SENATORI Già tutti al carcere fur trascinati…
SENADORES Já estão todos no cárcere…
Michele giotta, DUCI e SENATORI E col lor duce morir dovran.
Michele giotta, DUQUES e SENADORES E deverão morrer com o comandante deles.
DUCI e SENATORI Che rechi o Doge?…
DUQUES e SENADORES O que trazes, ó Doge?…
DOGE [entra con seguito] Una novella Che strana vi parrà!.. Chiede Gajolo a me un colloquio e rivelar promette Gravi segreti!
DOGE [entra com séquito] Uma notícia Que vos parecerá estranha!… Gajolo me pede uma audiência E promete revelar Graves segredos!
CORO Strano inver! Strano inver!
CORO De fato estranho! De fato estranho!
DOGE A noi giovar potria l’udirlo… Ei qui vien tratto. [entra Gajolo condotto dalle guardie]
DOGE Poderia ser de nosso proveito ouvi-lo… Ele será trazido para cá. [entra Gajolo conduzido por guardas]
DOGE [a Gajolo] La grazia che implorasti, io ti accordai. Parla… e il tuo dir sia breve.
DOGE [para Gajolo] A graça que imploraste, eu te concedi. Fala… e sê breve.
GAJOLO [con fierrezza] Breve sarò… Doge… tornar domando d’Istria alle rive innanzi il di prefìsso…
GAJOLO [com orgulho] Serei breve… Doge… peço para voltar Às margens de Ístria antes do dia marcado…
CORO [con ironia] Null’ altro preteendi dal Doge?
CORO [com ironia] Nada mais esperas do Doge?
GAJOLO Null’ altro.
GAJOLO Nada mais.
CORO Corsaro, sei scaltro, sei furbo davver Corsaro, sei scaltro, sei furbo davver.
CORO Corsário, és ardiloso, és de fato astuto. Corsário, és ardiloso, és de fato astuto.
GAJOLO [fieramente] Ah! Son capitano Di ardite genti, Col ferro in mano Fra l’onde e i venti… In campo aperto
GAJOLO [orgulhosamente] Ah! Sou capitão De gente ousada… Com a espada na mão, Entre ondas e ventos… Em campo aberto,
92 Theatro Municipal de São Paulo
Fra l’onde e i venti Col ferro in mano Da eroe morir vorrei! In campo aperto Vorrei morir!
Entre ondas e ventos… Com a espada na mão, Quero morrer como herói! Em campo aberto, Quero morrer!
DOGE Tu sei loquace!…
DOGE Tu és eloquente!…
CORO Mi alletta e piace Quel franco dir…
CORO Atrai-me e agrada-me Este falar franco…
GAJOLO Al Pirano una sorella E un infame rinnegato Hanno sparso la novella Ch’io qui caddi trucidato. S’io non smentisco La falsa voce, Di morte atroce Colla sua sposa… Paolo morrà…
GAJOLO Em Piran, uma irmã E um infame renegado Espalharam a notícia De que eu caí aqui, trucidado. Se eu não desmentir A falsa voz De morte atroz, Com a sua esposa… Paolo morrerá…
CORO e Michele giotta Ah!…
CORO e MICHELE giotta Ah!…
Michele giotta [supplice al Doge] Paolo! Gran Dio!.. Del figlio mio… Di me pietà… Del figlio mio, di me pietà…
MICHELE giotta [suplicando ao Doge] Paolo! Grande Deus!… Do meu filho, De mim, piedade… Do meu filho, de mim, piedade…
GAJOLO Ah! Son capitano Di ardite genti, In campo aperto Vorrei morir.
GAJOLO Ah! Sou capitão De gente ousada… Em campo aberto, Quero morrer.
Michele giotta Gran Dio!.. Del figlio, di me pietà… Ah, pietà.
Michele giotta Grande Deus!… Do filho, de mim, piedade… Ah, piedade.
DOGE Corsaro, sei scaltro, furbo davver… Si davver.
DOGE Corsário, és ardiloso, de fato astuto. Sim, de fato.
93 Fosca
CORO Mi alletta mi piace Il franco dir… Quel franco dir.
CORO Atrai-me e agrada-me A fala franca… Essa fala franca…
DOGE [a Gajolo] Tai fole onde attingesti?..
DOGE [para Gajolo] De onde ouviste tal boato?…
GAJOLO Da’ miei fidi Carcerati stamane
GAJOLO Dos meus fiéis Encarcerados, hoje de manhã.
DOGE E il tuo disegno saria?…
DOGE E o teu plano seria?…
GAJOLO Se Paolo vive… Io vel rimando e resto a combattere co’ miei. Se Paolo è spento, Mi riconsegno a voi…
GAJOLO Se Paolo vive… Eu o mando de volta a vós e fico Para combater com os meus. Se Paolo está morto, Me entrego de novo a vós…
Michele giotta E CORO L’ equa proposta Accogliere si può…
Michele giotta E CORO Proposta justa Se pode aceitar…
DOGE V’è ancor chi crede a sue promesse?…
DOGE Ainda há quem acredite em tuas promessas?…
GAJOLO [fieramente] Doge…e quando mai mancò Gajolo alla giurata fede?
GAJOLO [orgulhoso] Doge… e quando Gajolo faltou Com a sua lealdade jurada?
DOGE [al coro] Pur… voi l’udiste… l’armi riprenderà
DOGE [ao coro] Mesmo assim… Vós o ouvistes… Retomará as armas.
Michele giotta e CORO Venezia tremerebbe di un uom?…
Michele giotta e CORO Veneza temeria um homem?…
DOGE [volgendosi a Gajolo] Tu partirai stasera
DOGE [virando-se para Gajolo] Tu partirás hoje à noite…
GAJOLO E fra due giorni vedrete ritornar Paolo o Gajolo…
GAJOLO E em dois dias, Vereis voltar ou Paolo ou Gajolo…
94 Theatro Municipal de São Paulo
DOGE, Michele giotta e CORO Che tu rimanga o torni, Il destin che ti attende odi, o corsari… Di Venezia la vendetta pari a nembo struggitor, Sulla spiaggia maledetta Guerra e morte tuonerà. Guerra e morte tuonerà. Dalle valli, dai burroni, L’orde infeste sniderem,
DOGE, Michele giotta e CORO Que tu fiques ou voltes, O destino que te espera, ouve, ó corsário… A vingança de Veneza, como nuvem destruidora. Na praia maldita, Guerra e morte bradarão. Guerra e morte bradarão. Dos vales, dos barrancos, As ordas infestas vamos desalojaremos.
GAJOLO Ah! Son capitano Di ardite genti, Laggiù al Pirano, Tra i flutti e i venti Da eroe morrò… In campo aperto Da eroe morrò…
GAJOLO Ah! Sou capitão De gente ousada! Lá em Piran, Entre as marés e os ventos, Morrerei como herói… Em campo aberto, Morrerei como herói…
DOGE, Michele giotta e CORO Guerra! Guerra! Guerra! Ah!.. e non un de’ tuoi ladroni all’ eccidio scamperà. Di Venezia la vendetta pari a nembo struggitor, Sulla spiaggia maledetta Guerra e morte tuonerà.
DOGE, Michele giotta e CORO Guerra! Guerra! Guerra! Ah!… E nenhum dos teus ladrões Escapará ao massacre. A vingança de Veneza, como nuvem destruidora. Na praia maldita, Guerra e morte bradarão.
[tutti escono; Michele segue Gajolo. Il Doge rientra dal dato opposti coi senatori.]
[todos saem; MIchele acompanha Gajolo. O Doge retorna pelo outro lado com os senadores.]
xix – Scenetta – Ti allegra, o giovane
xix – Cena – Alegra-te, ó jovem
PAOLO [esce solo dalla caverna, si ferma contemplando intorno a sè] Ecco lo scoglio infame ove perir vid’io tanti fratelli!
PAOLO [sai sozinho da caverna; para, contemplando ao seu redor] Eis o penhasco infame Onde vi morrer tantos irmãos!
CAMBRO [viene dal fondo preceduto da pochi corsari; si ferma con essi in riva al mare, osservando un punto fisso e lontano; ai Corsari] Andate! della spiaggia ogni seno splorate. Una sorpresa da Venezia pavento!.. [escono i corsari]
CAMBRO [vem do fundo precedido por poucos corsários; pára com eles na beira do mar, observando um ponto fixo e distante; aos corsários] Vamos! Explorai toda a enseada da praia. Temo uma surpresa de Veneza!… [saem os corsários]
95 Fosca
[accostandosi a Paolo gli dice con accento cupo e sinistro] Tu…intenditi con Dio!.. Pensa che un ora fugge veloce… [muove per allontanarsi]
[aproximando-se de Paolo, lhe diz com tom tenebroso e sinistro] Tu… entende-te com Deus!… Pensa que uma hora escapa rapidamente… [começa a afastar-se]
PAOLO Un detto sol… [arrestandolo] Se in petto cor di tigre non hai. Della mia sposa quale il destin? Viva od estinta è dessa?…
PAOLO Apenas uma palavra… [segurando-o] Se não tens coração de tigre no peito. Da minha esposa, qual o destino? Está viva ou morta?…
CAMBRO Ti allegra, o giovane! Una consorte buona e fedel… ti accordò il ciel!.. Se è ver che l’ami, se possederla per sempre brami… Segui l’avviso mio: Intenditi con Dio!
CAMBRO Alegra-te, ó jovem! Uma consorte boa e fiel… Reservou-te o céu!… Se é verdade que a amas, se desejas Tê-la para sempre… Segue o meu aviso: entende-te com Deus!
[gettando uno sguardo sinistro su Paolo esce, ascendendo fra gli scogli]
[sai, lançando um olhar sinistro para Paolo, e sobe os penhascos]
xx – Romanza – Ah se tu sei fra gli angeli
xx – Romança – Ah, se tu estás entre os anjos
PAOLO Intenditi con Dio! Empia masnada! Alla fanciulla mia Sbranato avranno il cor! Invan la misera, Cadendo a lor ginocchi Implorava pietà!.. Delia! Morta per me!.. L’angelo mio! Morta per me!.. Vieni, vieni, t’affretta, o morte, spiega su me, spiega su me l’ala fatal!.. Vieni! spiega l’ala fatal!.. Invidiabile sorte, per chi tanto ha sofferto, esser mortal! Ah se tu sei fra gli angeli, o Delia mia, salita… Per me la vita…è supplizio crudel! O mia Delia, per me la vita
PAOLO Entende-te com Deus! Bando ímpio! Terão dilacerado o coração Da minha menina! Em vão a coitada, Caindo aos seus pés, Implorava piedade!… Delia! Morta por mim!… Meu anjo! Morta por mim!… Vem, vem, rápido, ó morte, Deita sobre mim, Deita sobre mim a asa fatal!… Vem! Deita a asa fatal!… Destino invejável, Para quem tanto sofreu, Ser mortal! Ah, se tu estás entre os anjos, Ó minha Delia, se ascendeste… Para mim, a vida… é suplício cruel! Ó minha Delia, para a mim, a vida
96 Theatro Municipal de São Paulo
è strazio crudel! Già ti vegg’io raggiante fra i nimbi, o mia fedel, al desiato amante stender la man dal ciel! Vien! Vien… Ah! Vien!..
É uma aflição cruel! Já te vejo radiante entre as nuvens, Ó minha fiel, Ao amante desejado Estender do céu a mão! Vem! Vem… Ah! Vem!…
xxi – Gran Scena – Alfin tremanti e supplici
xxi – Grande Cena – Por fim, trementes e súplices
FOSCA [comparisce seguita da un drappello di corsari] Eccolo! Circondate quel reo [vivamente ai corsari]
FOSCA [aparece seguida por um bando de corsários] Aí está ele! Cercai aquele criminoso! [vivamente para os corsários]
PAOLO [con entusiasmo] Dio…ti ringrazio! [il primo drappello di corsari circonda Paolo] Il mio voto compisti!..
PAOLO [com entusiasmo] Deus… te agradeço! [o primeiro bando de corsários cerca Paolo] Ouviste o meu voto!…
CORO Morte! Morte! Gajolo vendichiamo!
CORO DE CORSÁRIOS Morte! Morte! Vinguemos Gajolo!
FOSCA Atroce e lungo il supplizio sarà Snudate i ferri… e il mio cenno attendete.
FOSCA Atroz e longo será o suplício. Pegai as espadas… E esperai meu sinal.
PAOLO Fermo e sereno el mio destino attendo.
PAOLO Imóvel e sereno, Espero o meu destino.
FOSCA [accostandosi a Paolo con aria trionfante] Vedrem!.. [Fosca si volge verso al fondo della scena dove comparisce Delia fra un drappello di Corsari]
FOSCA [aproximando-se de Paolo com ar triunfante] Veremos!… [Fosca se dirige para o fundo da cena, onde aparece Delia em meio a um bando de corsários]
CORO [a Fosca] Che indugi ancora? Un detto profferisci ed ei morrà!
CORO [para Fosca] O que esperas ainda? Dai uma ordem E ele morrerá!
[Un secondo drappello di corsari appare fra gli scogli conducendo Delia, a passi misurati e lenti verso il proscenio]
[Um segundo bando de corsários aparece nos penhascos conduzindo Delia, com passos comedidos e lentos na direção do proscênio]
97 Fosca
CORO [a Delia] Ti avanza!… [a Fosca, additando Delia che si avanza sempre e dirigendosi verso il lato opposto della scena] Costei!
CORO [para Delia] Aproxima-te!… [para Fosca, apontando Delia, que se aproxima, e dirigindo-se para o lado oposto da cena] Ela!
PAOLO Delia! Ah!..
PAOLO Delia! Ah!…
DELIA [vedendo Paolo e slanciandosi verso di lui] Gran Dio!.. Paolo!..
DELIA [vendo Paolo e jogando-se em sua direção] Grande Deus!… Paolo!…
FOSCA [afferrando Delia per la mano] A lui no ti appressar! Morto cadrebbe…
FOSCA [segurando Delia pela mão] Não corras para ele! Ele cairia morto…
DELIA [guardando Paolo e piangendo] Paolo, o Paolo mio! A quale strazio m’hai serbata, o Dio! A quale strazio o Dio!
DELIA [olhando Paolo e chorando] Paolo, ó meu Paolo! Conservaste-me para esta desgraça, ó Deus! Para esta desgraça, ó Deus!
PAOLO O Delia!
PAOLO Ó Delia!
FOSCA Al fin tremanti e supplici vi veggo al mio cospetto [accennando i corsari] Costor frementi attendono ch’io profferisca un detto… E insiem trafitti esamini voi cadreste al piè!..
FOSCA Por fim, trementes e súplices, Vos vejo diante de mim [apontando os corsários] Esses, ansiosos, esperam Que eu diga uma palavra… E juntos, desfalecidos, feridos, Vós caireis aos meus pés!…
PAOLO [supplichevole a Fosca] Grazia per lei!
PAOLO [suplicando para Fosca] Clemência por ela!
DELIA [supplichevole a Fosca] Pietà!
DELIA [suplicando para Fosca] Piedade!
DELIA e PAOLO Grazia! Pietà, pietà!
DELIA e PAOLO Clemência! Piedade, piedade!
CORO Morte!
CORO Morte!
FOSCA [a Delia] L’arbitra del suo destin tu sei…
FOSCA [para Delia] A juíza do seu destino tu és…
98 Theatro Municipal de São Paulo
Tu l’ami!.. Tosco mortal qui chiudesi… [mostrando a Delia una piccola fiala] Bevilo e salvo egli è!
Tu o amas!… Aqui há veneno mortal… [mostrando para Delia uma pequena ampola] Bebe-o e ele será salvo!
PAOLO Ah! Che inttendo! Arresta o Delia… Non compiere un delitto.
PAOLO Ah! O que ouço! Para, ó Delia… Não cometas um delito.
DELIA Ah, lasciami morir! Lasciami, lasciami, Lasciami morir…
DELIA Ah, deixa-me morrer! Deixa-me, deixa-me, Deixa-me morrer…
PAOLO No!.. no, Dio sol ha dritto sui giorni tuoi…
PAOLO Não!… Não, apenas Deus tem direito Sobre os teus dias…
DELIA [da sè, esitante] Ciel!.. Che risolvo?
DELIA [consigo, hesitante] Céus!… O que fazer?
FOSCA Ed esiti cotanto?
FOSCA E ainda hesitas?
DELIA Oh Ciel!
DELIA Oh, céus!
FOSCA Cento vite darei da Paolo amata. A te sol viver preme per lui, per l’uom che t’ama?.. Morir per esso, o insieme follia da te si chiama! Torna al patrio lido dov’ altro amor t’aspetta! Dell’ultima vendetta… l’ebbrezza lascia a me!.. Morir per esso, o insiem, non è gioir per te… ah!… [ai Corsari, con accento terribile] Olà! Ferite!
FOSCA Cem vidas eu daria se fosse amada por Paolo. Tu te preocupas apenas em viver para ele, Pelo homem que te ama? Morrer por ele, ou igual loucura, É o que se espera de ti! Volta ao litoral pátrio onde outro amor te espera! O enlevo da vingança extrema… Deixa para mim! Morrer por ele, ou junto dele… não é uma alegria para ti… ah!… [aos corsários, com tom terrível] Vamos! Feri!
CORO Ti prostra!
CORO Prostra-te!
PAOLO Delia addio!
PAOLO Delia, adeus!
99 Fosca
DELIA [a Fosca] Ah! Crudel! Pietà!
DELIA [para Fosca] Ah! Cruel! Piedade!
FOSCA Risolviti!
FOSCA Decide-te!
PAOLO [a Delia] No!..No!..
PAOLO [para Delia] Não!… Não!…
DELIA Ah!..Porgi!
DELIA Ah!… Dá-me!
GAJOLO [da un’altura] Corsari! A me! [Paolo sorge e corre all’amplesso di Delia]
GAJOLO [do alto] Corsários! Aqui! [Paolo surge e corre para abraçar Delia]
CORO [acorrendo verso Gajolo] Gajolo! Il nostro Duce!
CORO [correndo para Gajolo] Gajolo! O nosso comandante!
PAOLO Delia!.. un amplesso ancor!..
PAOLO Delia!… Mais um abraço!…
DELIA Ah!..
DELIA Ah!…
FOSCA Per sempre estinguiti, fatale amor! [beve il veleno]
FOSCA Acaba para sempre, amor fatal! [bebe o veneno]
GAJOLO [avanzandosi a Paolo] Sì, alle venete navi ricondotti sarete.
GAJOLO [aproximando-se de Paolo] Sim, sereis conduzidos Aos navios venezianos.
CORO A Cambro li affiderai?
CORO Vais entregá-los a Cambro?
DELIA e PAOLO Fia ver!
DELIA e PAOLO Que assim seja!
GAJOLO [freddamente] Cambro a me opporsi ardiva… Il traditor spento è di mia man.
GAJOLO [friamente] Cambro ousou opor-se a mim… O traidor morreu pela minha mão.
FOSCA Ei pur?
FOSCA Ele também?
GAJOLO [a Delia e Paolo] Venite!
GAJOLO [para Delia e Paolo] Vinde!
100 Theatro Municipal de São Paulo
FOSCA [a Gajolo] Un istante! Pietà!
FOSCA [para Gajolo] Um instante! Piedade!…
GAJOLO [a Fosca] Pallor di morte ti sta sul volto!
GAJOLO [para Fosca] A palidez da morte Está em teu rosto!
FOSCA Paolo…
FOSCA Paolo…
DELIA Ella si appressa supplice a noi.
DELIA Ela vem suplicante até nós.
FOSCA [a Gajolo] Fratel!… aita non vuò scostastevi… Lasciate che un detto io volga a lui [a Delia] Delia… ti arresta.
FOSCA [para Gajolo] Irmão!… Não quero ajuda, afastai-vos… Deixai que eu diga uma palavra a ele. [para Delia] Delia… fica.
PAOLO [da sè] Ciel! Che vorrà dir?
PAOLO [consigo] Céus! O que vai dizer?
DELIA [da sè] Pietà mi desta!
DELIA [consigo] Dá-me pena!
XXII – Quartetto – Scena finale
XXII – Quarteto – Cena final
FOSCA [a Paolo con voce piangente] Non m’aborrir… Compiangimi tu… compiangimi, o Paolo… La morte ho in seno… Di tua pietà almeno, almen… mi scenda un detto al cor… Piansi, pregai, soffersi assai. D’immenso amor t’amai… Paolo…s’io fui colpevole Io fui per troppo amor!.. Io fui per troppo amor! Pietà!
FOSCA [para Paolo, com voz chorosa] Não me odeies… Compadece-te de mim… Compadece-te, ó Paolo… Tenho a morte no peito… Da tua piedade, ao menos… Ao menos… que me chegue uma palavra ao coração… Chorei, rezei, sofri muito. Amei-te com imenso amor… Paolo… se eu fui culpada, Eu o fui por muito amor!… Eu o fui por muito amor! Piedade!
PAOLO Troppo fosti crudele o misera! Colpevol sei per troppo amor Troppo crudele con me per troppo amor!
PAOLO Foste muito cruel, ó miserável! Culpada és por muito amor, Muito cruel comigo por muito amor!
101 Fosca
DELIA Fosti crudele per troppo amor! Per troppo amor Colpevol sei per troppo amor
DELIA Foste cruel por muito amor! Por muito amor, Culpada és por muito amor.
GAJOLO Dunque la flotta Veneta minaccia ancor?
GAJOLO Então a frota veneziana ainda ameaça?
CORO Ma per pugnar con noi da forte resti ancor! Dunque la flotta Veneta minaccia ancor! Da forte per pugnar qui resterai con noi ancor!..
CORO Mas para lutar conosco, com coragem, fica ainda! Então a frota veneziana ameaça ainda! Com coragem para lutar aqui ficarás conosco ainda!…
FOSCA Un detto almeno di tua pietà Mi scenda un detto al cor! Fui colpevol per troppo amor, troppo amor!
FOSCA Uma palavra ao menos da tua piedade… Que me chegue uma palavra ao coração! Fui culpada por muito amor, muito amor!
GAJOLO Da forte ancor resterò per pugnar! Ancor qui con voi resterò, qui con voi resterò ancor, per pugnar con voi da forte ancor!
GAJOLO Com coragem ficarei ainda para lutar! Ficarei ainda aqui convosco. Aqui ficarei convosco ainda, Para lutar convosco Com coragem!
CORO Da forte ancor resterai per pugnar! Qui con noi resti ancor Per pugnar con noi ancor!
CORO Com coragem ficarás ainda para lutar! Aqui conosco fica ainda, Para lutar conosco ainda!
[Delia e Paolo s’avviano. Fosca e Gajolo li seguono fino al limitare degli scogli sporgenti in mare]
[Delia e Paolo vão embora. Fosca e Gajolo os seguem até os limites dos penhascos no mar]
DELIA e PAOLO Addio!..
DELIA e PAOLO Adeus!…
GAJOLO Partiam…
GAJOLO Partamos…
FOSCA Ohimè! mi strazia il cor!
FOSCA Ai de mim! Dilacera meu coração!
DELIA e PAOLO Là sotto il ciel natio
DELIA e PAOLO Lá embaixo, o céu natal.
102 Theatro Municipal de São Paulo
FOSCA Mi strazia il cor!
FOSCA Dilacera meu coração!
GAJOLO Partiam…
GAJOLO Partamos…
DELIA e PAOLO Benediremo ancor la tua memoria addio!
DELIA e PAOLO Abençoaremos ainda A tua memória. Adeus!
GAJOLO Andiam, andiam, andiamo!..
GAJOLO Vamos, vamos, vamos!…
FOSCA Ohimè! Ohimè Addio!..
FOSCA Ai de mim! Ai de mim! Adeus!…
CORO È ver! Il pirata alle sue promesse non può mancar!
CORO É verdade! O pirata não deixa de cumprir As suas promessas!
GAJOLO [ritornando al proscenio e dirigendosi ai corsari] È ver andiam!..
GAJOLO [voltando ao proscênio e dirigindo-se aos corsários] É verdade, vamos!…
CORO Andiamo.
CORO Vamos.
[Gajolo e Corsari fanno per partire, ma si arrestano alla nuova ricomparsa di Fosca in mezzo a loro]
[Gajolo e corsários estão para partir, mas param diante da nova aparição de Fosca em meio a eles]
FOSCA [con passi vacillanti ed appoggiandosi a Gajolo] Fratello…mi sorregi…
FOSCA [com passo vacilante e apoiando-se em Gajolo] Irmão… segura-me…
GAJOLO [sorrregendo Fosca] Oh Ciel!..
GAJOLO [erquendo Fosca] Oh, céus!…
CORO Ella vacilla…
CORO Ela cambaleia
FOSCA A quello scoglio guidami…
FOSCA Leva-me para aquele penhasco…
CORO Ella muor!
CORO Ela está morrendo!
103 Fosca
[Corona lunga: fino all’ arrivo di Fosca sul terrazzo]
[Pausa longa, até a chegada de Fosca ao terraço]
FOSCA [guardando e additando verso il mare] Ecco…sul legno ascendono Paolo… ohimè per sempre addio…
FOSCA [olhando e apontando para o mar] Eis… no barco zarpam. Paolo… Ai de mim, para sempre, Adeus…
CORO [tutti fissando Fosca con raccapriccio] Ciel! Ella vacilla e muor!
CORO [todos olhando Fosca com horror] Céus! Ela cambaleia e está morrendo!
FOSCA Si oscura il guardo mio… nol rivedrò mai più… ah!..
FOSCA Meu olhar escurece… Não o verei nunca mais… Ah!…
GAJOLO [depone il cadavere di Fosca al suolo] Morta!
GAJOLO [deita o cadáver de Fosca no chão] Morta!
CORO Morta!
CORO Morta!
GAJOLO Venezia, ora ti sfido! Su questa salma un grido di vendetta inalziamo!
GAJOLO Veneza, agora te desafio! Sobre este cadáver, erguemos Um grito de vingança!
CORO [dal fondo] Vendetta all’armi! al mar!..
CORO [do fundo] Vingança, às armas! Ao mar!…
GAJOLO e CORO [tutti accorrendo in massa ed alzando la scure]
GAJOLO e CORO [todos correndo em massa e erguendo os machados]
All’armi! Al mar!..
Às armas! Ao mar!…
[tutti corrono al mare]
[todos correm para o mar]
Cala la tela
Desce a cortina
Fine dell’ opera
Fim da ópera
104 Theatro Municipal de São Paulo
105 Fosca
No início do século 20, havia em São Paulo conjuntos orquestrais mantidos por associações e colégios, mas não uma orquestra profissional especializada em ópera. As companhias líricas internacionais que se apresentavam no Theatro Municipal traziam, além dos solistas, músicos e corais completos. Na década de 1920, uma orquestra profissional foi montada e passou a realizar apresentações esporádicas no Theatro Municipal, mas somente em 1939 o grupo tornou-se permanente e passou a se apresentar com maior frequência, sob o nome de Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Em 1949, um projeto de lei oficializou o conjunto, que passou a se chamar Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e a fazer parte das temporadas líricas e de dança do Theatro. Com atuações de destaque em todos esses anos, em 1940 a orquestra inaugurou o estádio do Pacaembu e, em 1955, tocou na reabertura do Theatro Municipal a ópera Pedro Malazarte, de Camargo Guarnieri, regida pelo próprio autor. Realizou, ainda, concerto em homenagem aos participantes dos Jogos Pan–Americanos de 1963, em São Paulo, e fez sua primeira excursão ao exterior em 1971, com todo o elenco, para apresentação da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, no Teatro San Carlo, na Itália. Muitos mestres da música contribuíram para o crescimento da Orquestra Sinfônica Municipal, entre eles Arturo de Angelis, Zacharias Autuori, Edoardo Guarnieri, Lion Kasniefski, Souza Lima, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi e John Neschling.
orquestra sinfônica municipal de são paulo
108 Theatro Municipal de São Paulo
Desde agosto de 2014, Eduardo Strausser é regente residente do Theatro Municipal de São Paulo. Nesta temporada, Eduardo regeu La Bohème, de Puccini, e Elektra, de Richard Strauss. Em temporadas passadas, Eduardo trabalhou com orquestras como a Kurpfälzischen Kammerorchester, de Mannheim, a Orquestra Sinfônica de Berna, a Südwestdeutsche Philharmonie Konstanz, a Berliner Camerata e o Luzern Festival Strings. Com a Meininger Hofkapelle, regeu A Flauta Mágica, de Mozart. Este ano, Eduardo fez sua estreia com a Orchestra Filarmonica do Teatro La Fenice, de Veneza, e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e retornará à Berliner Camerata e ao Teatro Verdi, de Padova. Entre 2012 e 2014, foi diretor artístico e regente da Orchesterverein Wiedikon e da Kammerorchester Kloten, em Zurique. Nascido em São Paulo, em 1985, Eduardo estudou na Zürcher Hochschule der Künste, onde recebeu com distinção os títulos de mestre e especialista na classe do renomado Professor Johannes Schlaefli. Em 2007, passou o verão em Kürten, Alemanha, onde estudou análise e interpretação com Karlheinz Stockhausen. Participou de masterclasses com Bernard Haitink e David Zinman, na Suíça, e com Kurt Masur, em Nova York. Em 2008, foi selecionado para participar do prestigiado Fórum Internacional de Regentes do Ferienkurse für Neue Musik, em Darmstadt, onde teve a oportunidade de trabalhar com compositores como György Kurtág e Brian Ferneyhough.
109 Fosca
eduardo strausser regência
Para dar à interpretação operística a unidade estética e conceitual de um teatro fundado na totalidade das artes, e visando uma percepção integral, plástica e rica de imagens, Stefano Poda se ocupa das diversas dimensões de suas montagens: direção, cenografia, figurino, iluminação e coreografia. Em 2014, Stefano Poda assinou a abertura do 77° Festival do Maggio Musicale Fiorentino, com uma nova produção de Tristão e Isolda, de Richard Wagner, sob a regência de Zubin Mehta. Em 2015, concebeu Fausto para o Teatro Regio de Turim (numa coprodução com a Ópera de Israel de Tel Aviv e a Ópera de Lausanne), Otello na Ópera de Budapeste, Nabucco no Teatro Verdi em Trieste, e Andrea Chénier na Ópera Nacional da Coreia. Em 2016, dirigiu Ariodante para a Ópera de Lausanne e O Elixir de Amor para a Ópera Nacional do Reno, em Estrasburgo. Entre suas muitas produções, destacam-se Thaïs no Teatro Regio de Turim, em 2008, gravada pela rai/Arthaus; Falstaff na Opéra Royal de Wallonie-Liège, em 2009, transmitido ao vivo em 200 cinemas nos eua e na Europa (rai/ Dynamic); Il Concilio dei Pianeti, de Albinoni, com o Solisti Veneti (Unitel); A Força do Destino, abertura da temporada do Teatro Regio de Parma, em 2011, (Unitel) e do Festival Verdi, em 2014; Il Trittico, de Puccini, no Teatro Colón de Buenos Aires, em 2011; Leggenda no Teatro Regio de Turim e festival mito, em 2011; Maria Stuarda na Ópera de Graz, em 2012, e na abao de Bilbao, em 2013; Il Trovatore para abertura do Festival Herodes Atticus em Atenas, em 2012; Atilla no St.Galler Festspiele, em 2013; Don Carlo na abertura da temporada 2013/14 do Theater Erfurt.
stefano poda
direção cênica, cenografia, figurino, iluminação e coreografia
110 Theatro Municipal de São Paulo
Nascido em Turim, Paolo Giani Cei acompanha Stefano Poda como seu assistente de direção, figurino e iluminação desde 2008. Na abertura do 77° Festival do Maggio Musicale Fiorentino, cuidou da dramaturgia da produção de Tristão e Isolda, sob a regência de Zubin Mehta. Em 2014, dirigiu Madama Butterfly no Teatro Verdi de Pádua. Em 2015, remontou Nabucco no Teatro Verdi de Trieste e assinou a direção, cenários, figurinos e luz em La Traviata no Teatro Verdi de Pádua, com Maria Katzarava, Paolo Fanale, Franco Vassallo e regência de Eduardo Strausser. Em 2016, criou direção cênica, cenários, figurinos e luz de A Voz Humana no Palacio Bellas Artes, da Cidade do México; cuidou da dramaturgia de Titã para o Theatro Municipal de São Paulo e de O Elixir do Amor para a Ópera Nacional do Reno, em Estrasburgo. Para o Teatro de Pádua, Cei prepara novas produções de Capuleti e Montecchi (em coprodução com a Opera Estate de Bassano) e de La Bohème (em coprodução com o Teatro Sociale de Rovigo). Participou das produções de Il Concilio dei Pianeti em Pádua; Falstaff na Opéra Royal de WallonieLiège; Don Giovanni na Palm Beach Opera; Così fan tutte no Teatro Principal de Menorca; Lucia di Lammermoor e Rigoletto no Teatro Verdi de Pádua; A Força do Destino no Teatro Regio de Parma; Trittico no Teatro Colón de Buenos Aires; Fausto e Leggenda no Teatro Regio de Turim; Maria Stuarda na Ópera de Graz e no abao Bilbao; Tosca no Stadttheater Klagenfurt e em Wuppertal; Il Trovatore em Atenas; Attila no St.Galler Festspiele; Don Carlo no Theater Erfurt; Andrea Chénier na Coreia; Thaïs, produção do Regio de Turim, remontada no Theatro Municipal de São Paulo; Otello na Ópera de Budapeste; e Ariodante na Ópera de Lausanne.
111 Fosca
paolo giani cei
assistente de direção cênica, cenografia, figurino, iluminação e coreografia
Formado por cantores que se apresentam regularmente como solistas nos principais teatros do país, o Coro Lírico Municipal de São Paulo atua nas montagens de óperas das temporadas do Theatro Municipal, em concertos com a Orquestra Sinfônica Municipal, com o Balé da Cidade e em apresentações próprias. Desde 2013 sob o comando de Bruno Greco Facio, o grupo passou por um aprimoramento técnico e vocal e, hoje, conta com mais de 80 integrantes prontos para interpretar diferentes papeis em óperas cantadas em idiomas como o italiano, alemão, francês, russo e espanhol, como aconteceu nas últimas temporada. O Coro Lírico foi criado em 1939 e teve, como primeiro diretor, o maestro Fidélio Finzi, que preparou o grupo para a estreia em Turandot, em 13 de junho de 1939. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, somente em 1951, o coro foi oficializado, sendo dirigido posteriormente por Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello Mechetti, Fábio Mechetti e Mário Zaccaro. O Coro Lírico Municipal recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral de 1996, pela apca, e o Carlos Gomes 1997 na categoria Ópera.
coro lírico municipal de são paulo
112 Theatro Municipal de São Paulo
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Faculdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos, dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Em 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. Tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico Municipal de São Paulo.
bruno greco facio
regente do coro lírico municipal
113 Fosca
O Balé da Cidade de São Paulo foi criado em 7 de fevereiro de 1968, com o nome de Corpo de Baile Municipal. Em 1974, sob a direção de Antonio Carlos Cardoso, a companhia assumiu o perfil de dança contemporânea, que mantém até hoje. A partir daí tornou-se presença destacada no cenário da dança sul-americana, marcando época por inovar a linguagem e mostrar ao público um elenco afinado. Em 25 de setembro de 1981, passou a se chamar Balé da Cidade de São Paulo. A bem-sucedida carreira internacional da companhia teve início com a participação na Bienal de Dança de Lyon, na França, em 1996. Desde então as turnês europeias têm sido aclamadas tanto pela crítica especializada quanto pelo público de todos os grandes teatros onde se apresenta, consagrando-a no cenário mundial da dança. Desde 2001 a atuação do Balé da Cidade se estende também em programas de formação de plateia e de ações culturais paralelas, principalmente em mostras didáticas pela cidade de São Paulo, partilhando seu patrimônio artístico com a população da cidade. A longevidade do Balé da Cidade de São Paulo, o rigor e padrão técnico do elenco e equipe artística atraem os mais importantes coreógrafos brasileiros e internacionais interessados em criar obras para seus bailarinos e artistas. O conjunto destas conquistas demonstra a importância da atuação do Balé da Cidade na cultura da cidade de São Paulo, capaz de produzir arte de qualidade para a população da cidade.
balé da cidade de são paulo
114 Theatro Municipal de São Paulo
Formada pela Escola de Dança de São Paulo, teve a primeira experiência internacional como bailarina em 1964/67, na Alemanha, França e México. Foi professora do Ballet Stagium e diretora do Balé da Cidade de São Paulo. Em 1980 foi assistente de direção e bailarina no Ballet Du Grand Théâtre de Genebra, até que em 1988 se tornou diretora artística adjunta. Depois de 1996 passou a trabalhar como diretora artística do Ballet Gulbenkian em Portugal. De volta ao Brasil, em 2006/07 foi assessora de dança da Secretaria Municipal de Cultura de sp, onde reativou o Centro de Dança da Galeria Olido. De 2008 a 2012 tornou-se diretora artística fundadora da São Paulo Companhia de Dança. Desde 2013 é diretora artística do Balé da Cidade de São Paulo.
iracity cardoso
direção artística do balé da cidade de são paulo 115 Fosca
Nascida em Leipzig, Nadja Michael já se apresentou em importantes teatros como a Royal Opera House de Londres, Deutsche Oper de Berlim, Ópera Estatal de Berlim, Ópera Estatal de Munique, La Scala de Milão, Ópera Estatal de Viena, Semperoper de Dresden, Ópera Estatal de Hamburgo, Bolshói de Moscou, Metropolitan de Nova York, Ópera de Chicago, Teatro Real de Madri, Théâtre Royal de la Monnaie de Bruxelas, Ópera Nacional da Holanda de Amsterdã, Teatro Colón de Buenos Aires, Theatro Municipal de São Paulo e nos festivais de Glyndebourne e Salzburgo. Seus próximos compromissos incluem Emilia em O Caso Makropoulos, de Janáček, na San Francisco Opera; Katerina Ismailova em Lady Macbeth, no Bolshói; e Judith em uma versão de concerto de O Castelo do Barba-Azul, de Béla Bartók, com a Filarmônica Real de Liège. Seu repertório, que conta com papéis tanto para soprano como para mezzo-soprano, inclui Amneris, em Aida; Eboli, em Don Carlos; Lady Macbeth, em Macbeth; Santuzza, em Cavalleria Rusticana; Cassandre, em Les Troyens, de Berlioz; Leonora, em Fidélio; Brangaene, em Tristão e Isolda; Kundry, em Parsifal; Ortrud, em Lohengrin; Elisabeth e Venus, em Tannhäuser; o papel principal em Salomé, Tosca, Manon Lescaut, Carmen; L’incoronazione di Poppea, de Monteverdi, Médée, de Cherubini, e Medea in Corinto, de Mayr; Ifigênia, em Táuris, de Gluck; Marie, em Wozzeck; Marta, em Tiefland, de D’Albert; Marietta, em Die Tote Stadt, de Korngold; Hanna Glawari, em A Viúva Alegre, de Lehár; Giulietta, em Os Contos de Hoffmann, entre outros. Trabalhou com grandes regentes, como Zubin Mehta, Bernard Haitink, Antonio Pappano, Christian Thielemann, Kent Nagano, John Elliot Gardiner, Kurt Masur, Valery Gergiev, Rafael Frubeck de Burgos, Giuseppe Sinopoli, Helmut Rilling, Gustav Kuhn, Fabio Luisi e Manfred Honeck.
nadja michael soprano
116 Theatro Municipal de São Paulo
Em seus vinte e cinco anos de carreira internacional, abordou diversos repertórios líricos e sinfônicos sob a direção de regentes como Claudio Abbado, Riccardo Muti, Jeffrey Tate, Riccardo Chailly, Antonio Pappano, Claudio Scimone, Evelino Pidò, John Eliot Gardiner, Eve Queler, Zubin Mehta, Lorin Maazel, Valery Gergiev, Yuri Temirkanov e Christoph König, e contracenou com grandes cantores como Plácido Domingo, José Cura e Marcelo Álvarez. Seu repertório inclui papéis em La Bohème, Turandot, Andrea Chénier, Tosca, Nabucco, I due Foscari, Simon Boccanegra, Um Baile de Máscaras, Aida, Attila, Otello, Medea, A Força do Destino, Manon Lescaut; The Turn of the Screw e Peter Grimes, de Britten; L’ amor Rende Sagace, de Cimarosa, La Marescialla d’Ancre, de Nini, Il Convitato di Pietra, de Tritto, Il Domino Nero, de Rossi, Pentesilea, de Schoeke, entre outras obras. Seu repertório sacro inclui Réquiem, de Mozart, e a Missa de Réquiem, de Verdi, e Stabat Mater, de Lorenzo Perosi, na Academia di Santa Cecilia. Na Aula Nervi “Paulo vi” no Vaticano, em maio de 2013, cantou uma estreia mundial do Réquiem e do Magnificat, do compositor cardeal Domenico Bartolucci, ex-diretor da Capela Musical Pontifícia Sistina. Recentemente, interpretou Francesca da Rimini no Metropolitan de Nova York, Tosca em Seul, Macbeth no Teatro Colón de Buenos Aires, com direção cênica de Marcelo Lombardero, e, pela quarta vez, voltou ao Festival Bellini de Taormina como Nedda em I Pagliacci e Donna Anna em Don Giovanni. No Festival do Mediterrâneo do Teatro de Siracusa, participou de Norma. Seus próximos compromissos incluem Tosca e Aida, na Rússia, e um Concerto de Ano Novo em São Petersburgo. Este ano, recebeu o prêmio Massimo Troisi por sua trajetória.
117 Fosca
chiara taigi
soprano
Natural do Rio de Janeiro, Luiz-Ottavio Faria é formado pela Juilliard School of Music de Nova Iorque. Também foi aluno da Escola de Música Villa-Lobos, do Conservatório Brasileiro de Música e da Unirio, além de ter frequentado o American Institute of Music Studies, na Áustria. Fez sua estreia na ópera Um Baile de Máscaras, de Verdi, no papel de Tom, ao lado do tenor Carlo Bergonzi e do barítono brasileiro Fernando Teixeira, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com temporada estendida para o Theatro Municipal de São Paulo. Recentemente, foi Marcel, em Les Huguenots, de Meyerbeer, no Carnegie Hall, onde também cantou papéis em Ernani, Jerusalém, Adelia, Lucrezia Borgia e La Gioconda. Foi Banco, em Macbeth, no Teatro alla Scala de Milão; Giovanni Procida, em Il Vespri Siciliani, no Teatro Carlo Felice de Gênova; Timur, em Turandot, na Palm Beach Opera, na Arena de Verona e no Festival de La Coruña; e Jacopo Fiesco, em Simon Boccanegra, no Teatro Massimo de Palermo. Seus próximos compromissos incluem Zaccaria, em Nabucco, em Palma de Mallorca; o Réquiem, de Verdi, com a Orquestra da Galícia, em La Coruña; um recital com a Bravo Opera; e Timur, em Turandot, em Málaga.
luizottavio faria baixo
118 Theatro Municipal de São Paulo
Formado pela Academia de Música de Gdansk, Łukasz Goliński estreou como Zbigniew, em A Mansão Assombrada,, de Moniuszko, na Ópera de Gdansk antes de integrar os corpos da Opera Nova de Bydgoszcz. Escolhido, em 2011, como a melhor voz masculina e o melhor ator coadjuvante por sua atuação como Marcello, em La Bohème, no Festival de Ópera de Bydgoski, Łukasz Goliński também venceu, em 2013, dois Prêmios Especiais na Competição Vocal Internacional Stanisław Moniuszko de Varsóvia (melhor ária polonesa e melhor cantor polonês). Seu repertório inclui papéis como Janusz, em Halka, de Moniuszko; Jagu, em Manru, de Paderewski; Sparafucile, em Rigoletto; Il Gran Sacerdote, em Nabucco; Marcello, em La Bohème; Colas, em Bastien und Bastienne; Sprecher, em A Flauta Mágica; Masetto, em Don Giovanni; Elviro, em Xerxes; Alvise, em La Gioconda; Príncipe Homonay, em Zigeunerbaron, e Tonio, em I Pagliacci. Em 2015, interpretou o papel principal em Król Roger na Royal Opera House Covent Garden de Londres e fez sua estreia na Ópera Nacional da Polônia de Varsóvia como Sharpless, em Madama Butterfly. Os próximos compromissos de Łukasz Goliński incluem Roger, em Król Roger, de Szymanowski, com a Accademia di Santa Cecilia e sob a regência de Antonio Pappano; Janusz, em Halka; Selim, em Il Turco in Italia; Lord Cecil, em Maria Stuarda, na Ópera Nacional da Polônia de Varsóvia; Escamillo, em Carmen; Marcello, em La Bohème; e Il Gran Sacerdote, em Nabucco, na Ópera Nova de Bydgoszcz.
119 Fosca
łukasz goliński baixo
Nascido em La Spezia, Marco Vratogna estudou no Conservatório Puccini de sua cidade natal e com Leone Magiera. Estreou, em 2000, como Stankar, em Stiffelio, de Verdi, em Trieste. Desde então, cantou em importantes palcos, como Teatro La Fenice de Veneza, La Scala de Milao, Ópera Estatal de Viena, Ópera Estatal de Munique, Royal Opera House de Londres, Ópera Estatal de Berlim, Ópera Estatal de Dresden, Ópera Estatal de Hamburgo, Ópera de Frankfurt, Ópera Estatal de Stuttgart, Théâtre Royal de la Monnaie de Bruxelas, Teatro Real de Madri, Arena de Verona, Liceu de Barcelona, Metropolitan de Nova York, Ópera de Seattle, Ópera de Houston e teatros em Torre del Lago, Florença, Turim, Bolonha, Parma, Gênova, Amsterdã, Leipzig, Valência, Chicago, Filadélfia e São Francisco. Seu repertório inclui papéis como Conte di Luna, em Il Trovatore; Alfio, em Cavalleria Rusticana; Tonio, em I Pagliacci; os papéis principais em Nabucco, Rigoletto e Macbeth; Scarpia, em Tosca; Iago, em Otello; René Ankarström/Riccardo, em Um Baile de Máscaras; Ezio, em Attila; Jack Rance, em La Fanciulla del West; Amonasro, em Aida; Francesco, em I Masnadieri; Frank, em Edgar; Carlo Gérard, em Andrea Chénier; e Don Carlos, em A Força do Destino. Seus próximos compromissos incluem Scarpia, em Tosca, na Ópera Estatal de Viena, na Ópera de Zurique, na Ópera de Sydney e no Teatro Comunale de Florença; Giancotto, em Francesca da Rimini, de Zandonai, na Ópera do Reno em Estrasburgo; e Cavalleria Rusticana e La Fanciulla del West no Teatro Regio de Turim.
marco vratogna barítono
Gravou cds e dvds com vários selos, como Rai, Trade, Opus Arte, Dinamic, Sony e Decca.
120 Theatro Municipal de São Paulo
Desde sua estreia profissional aos 23 anos, vem colecionando elogios de público e crítica, e venceu o concurso internacional de canto Bidu Sayão. É reconhecido como um artista versátil e de grande desenvoltura cênica. Depois de protagonizar o musical Les Misérables no Brasil e no México, recebeu em 2009 o XII Prêmio Carlos Gomes de melhor cantor masculino por sua interpretação de Grand Prêtre, em Sansão e Dalila, Aeneas, em Dido and Aeneas e no poema sinfônico Kullervo, de Jean Sibelius. Em 2013, cantou na ópera Ça Ira, de Roger Waters. Dentre seus principais trabalhos, estão Ford, em Falstaff, com a Osesp; Zurga, em Os Pescadores de Pérolas; Enrico, em Lucia di Lammermoor; Athanael, em Thaïs, no Teatro Municipal de Santiago do Chile; Fígaro, em O Barbeiro de Sevilha, na estreia da Cia. Brasileira de Ópera; Wozzeck e Carmina Burana, no Teatro São Carlos de Lisboa; Marquis de La Force em O Diálogo das Carmelitas; Kunwernal, em Tristão e Isolda; Musiklehrer, em Ariadne em Naxos; Gunther, em O Crepúsculo dos Deuses; e, no Theatro Municipal de São Paulo, o papel-título em Don Giovanni e Marcello, em La Bohème. Participou, em 2013, da estreia brasileira de A Midsummer Night’s Dream, de Britten, interpretando o personagem Bottom com grande sucesso. Recentemente, estreou na França em Rienzi, de Wagner, no Théâtre du Capitole de Toulouse, sob a direção de Jorge Lavelli, espetáculo lançado internacionalmente em dvd pelo selo Opus Arte. Gravou, com a Osesp, a Sinfonia nº 10 – Ameríndia, de Villa-Lobos, sob a regência de Isaac Karabtchevsky. É especialista em Teatro Musical, ministra aulas de canto e interpretação no sesi – Vila Lepoldina.
121 Fosca
leonardo neiva barítono
Formado em Canto Lírico pela Academia de Canto do Teatro alla Scala de Milão em 2007, Thiago Arancam também estudou canto erudito pela Faculdade de Música Carlos Gomes de São Paulo e na Escola Municipal de Música de São Paulo. Em 2008, ganhou três prêmios no Concurso Lírico Internacional Operalia, organizado por Placido Domingo: Prêmio Zarzuela, Prêmio do Público e Segundo Prêmio Ópera. Em 2011, subiu ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a ópera Tosca, de Puccini, e, em 2014 estreou no Theatro Municipal de São Paulo com a ópera Carmen. Apresentou-se em teatros como o La Scala de Milão, Ópera de Roma, Ópera de Turim, Ópera Nacional de Washington, Companhia de Ópera da Filadélfia, Ópera de San Francisco, Ópera de Los Angeles, Ópera Estatal de Viena, Ópera de Frankfurt, Deustche Oper e Ópera Estatal de Berlim, Bolshói de Moscou, Ópera de Lyon, além de inúmeras produções no Japão, Emirados Árabes, Malásia, Canadá, Dinamarca, Suécia, Suíça, Espanha, França, Polônia, Letônia, Nova Zelândia, Mônaco, Reino Unido, entre outros. Trabalhou com grandes regentes de orquestra, como Daniel Harding, Christian Thielemann, Plácido Domingo, Gustavo Dudamel, Julius Rudel, Lorin Maazel, Pier Giorgio Morandi, Sílvio Barbato, Nicola Luisotti, Patrik Fournellier, Renato Palumbo, Corrado Rovaris e Ramón Tebar. Com cerca de 400 apresentações ao redor do mundo, seu repertório inclui Roberto, em Le Villi; Cavaradossi, em Tosca; Maurizio, em Adriana Lecouvreur; Radames, em Aida; Pinkerton, em Madama Butterfly; Ismaele, em Nabucco; Alfredo, em La Traviata; Turiddu, em Cavalleria Rusticana; Luigi, em Il Tabarro; Pollione, em Norma; Cristiano, em Cyrano; Renato Des Grieux, em Manon Lescaut; Don José, em Carmen; Canio, em I Pagliacci; Riccardo, em Um Baile de Máscaras; e Calaf, em Turandot.
thiago arancam tenor
Em 2014, gravou pela Sony Music o álbum Il Mondo.
122 Theatro Municipal de São Paulo
Sung Kyu Park estudou canto na Universidade ShamYook, em Seul; na Escola Internacional de Canto de Flaine, na França; e na Itália com Katia Ricciarelli e Vittorio Terranova. Posteriormente, formou-se em canto no Conservatório Giuseppe Verdi de Milão. Destacam-se em sua carreira atuações em Norma em Modena, Ferrara, Livorno, Piacenza, Trieste e no Anhaltisches Theater de Dessau-Rosslau, Alemanha; Andrea Chénier, Rienzi, Bacchus, em Ariadne em Naxos, Lohengrin e Erik, em O Navio Fantasma, no Theater Kiel, Alemanha; Jacopo Foscari, em I due Foscari, e Giasone, em Medea, de Cherubini, no Teatro Massimo de Palermo; Andrea Chénier, no Teatro San Carlo de Nápoles; Ernani, no Teatro Municipale de Piacenza e no Teatro Alighieri de Ravenna; Foresto, em Attila, no Teatro Massimo Bellini de Catania; Turiddu, em Cavalleria Rusticana, na Ópera de Florença, no Teatro Donizetti de Bergamo, no San Carlo de Nápoles e na Terme di Caracalla; Werther e La Gioconda, na Ópera de Roma; Radamés, em Aida, em Savona, no Anhaltisches Theater, no Teatro Verdi de Trieste e no nhk Hall de Tóquio; Calaf, em Turandot, na abao Bilbao; Osaka, em Iris, de Mascagni, no Teatro Filarmonico de Verona; Cavaradossi, em Tosca; Calaf, em Turandot e Pinkerton, em Madama Butterfly, no Puccini Opera Festival em Torre del Lago; e Fausto, em Mefistofele, de Boito, e Gabriele, em Simon Boccanegra, no Seoul Arts Center, sob a regência de Myung-Whun Chung.
sung kyu park tenor
123 Fosca
Recebeu o prêmio da Revista Concerto de 2014 na categoria Jovem Talento pelo júri popular. Em 2014, integrou o Centre de Perfeccionament Plácido Domingo, na Espanha. Foi Gilda, em Rigoletto, de Verdi; Blonde, em O Rapto do Serralho, de Mozart; Marzeline, em Fidélio, de Beethoven; Oscar, em Um Baile de Máscaras, de Verdi; Cunegunde, em Candide, de Berstein; Nannetta, em Falstaff, de Verdi; Micaela, em Carmen, de Bizet; Eurídice, em Orfeu e Eurídice, de Gluck. Solou em Carmina Burana, de Carl Orff; A Criação, de Joseph Haydn, e em O Messias, de Händel. Apresentou-se sob a regência de Jamil Maluf, Abel Rocha, Alejo Perez, Isaac Karabtchevsky, John Neschling, Silvio Viegas, Ricardo Bologna, Carlos Spierer, Alan Guingal, Marin Alsop, Federico Maria Sardelli e sob a direção cênica de André Heller-Lopes, Fernando Bicudo, Jorge Takla, Livia Sabag, Stefano Poda e Davide Livermore nos principais teatros e salas de concertos do Brasil. Fez sua estreia no Palau de les Arts de Valencia como Musetta, em La Bohème, de Puccini, em 2015; e como Ilia, em Idomeneo, de Mozart, sob a regência de Fabio Biondi, em 2016. Recentemente, solou com a Osesp o ciclo Les Nuits d’Été, de Berlioz, sob a regência do maestro suíço Thierry Fischer.
lina mendes soprano
124 Theatro Municipal de São Paulo
Nascida no Japão, Masami Ganev estudou piano com Tomie Takahashi. No Brasil, onde vive desde 1997, estudou canto com Neyde Thomas, Samira Hassan e Elaine Boniolo. Atualmente, é orientada pela soprano Eiko Senda e pelos pianistas Alberto Heller e Rafael Andrade. Fez masterclasses com Kiri Te Kanawa e Carlo Colombara. Em 2015, teve aulas e foi ouvida por Mirella Freni em Modena, Itália. Cantou papéis como Cio-Cio-San, em Madama Butterfly; Condessa, em As Bodas de Fígaro; Mimì, em La Bohème; Micaëla, em Carmen; Segunda Dama, em A Flauta Mágica; Flora, em La Traviata; e Giovanna, em Rigoletto. Destacam-se em seu repertório sinfônico as participações como solista na Sinfonia n° 2, de Mahler; na Nona Sinfonia, de Beethoven; no Réquiem, de Mozart; na Fantasia Coral, de Beethoven; na Missa de Glória, de Vivaldi; na Missa de Coroação, de Mozart; e na Sinfonia Terra, de Alberto Heller. Apresentou-se com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Sinfônica de Minas Gerais, Sinfônica de Santo André, Sinfônica do Paraná, Camerata Florianópolis e a Orquestra do Festival de Música de Londrina. Colaborou com regentes como Gabriel Rhein-Schirato, Abel Rocha, Alessandro Sangiorgi, Osvaldo Ferreira, Jeferson Della Rocca e Daisuke Soga. Trabalhou sob a direção cênica de Livia Sabag, Cleber Papa, Walter Neiva e Antônio Cunha. Gravou a trilha sonora do filme Ensaio, de Tânia Lamarca. Recebeu menção honrosa no Concurso Internacional de Canto Lírico na cidade de Trujillo, Peru (2010). Foi semifinalista no Concurso Lírico Internacional Città di Ferrara, Itália (2012) e no Concurso Lírico Umberto Giordano na cidade de Lucera, Itália (2015). Este ano, no Theatro Municipal de São Paulo, foi solista na Nona Sinfonia, no Festival Beethoven, e interpretou a Quarta Criada, em Elektra.
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masami ganev soprano
Natural de São Paulo, Carlos Eduardo graduou-se em Música e Direito, e é Mestre em Teologia. Estudou canto lírico com Mitzi Frölich, Caio Ferraz e Benito Maresca. Carlos Eduardo já interpretou os principais papéis de seu registro nas óperas Aida, Nabucco, Rigoletto, A Força do Destino, Otello, O Guarani, Condor, As Bodas de Fígaro, O Barbeiro de Sevilha, La Cenerentola, Il Signor Bruschino, The Rake’s Progress, Lohengrin, Gianni Schicchi, Madama Butterfly, Tosca, La Bohème, O Elixir de Amor, Pellèas et Mélisande, Salomé, Ariadne em Naxos, O Cavaleiro da Rosa, Elektra, Jenůfa, Il Matrimonio Segreto, Arianna, Candide, Orfeo, Amelia al Ballo e The Bear. Do repertório sacro e sinfônico, já cantou, entre outros títulos, Réquiem (Fauré, Hydas, Liszt, Mozart, Nunes Garcia, Verdi), Saul e O Messias (Haendel), Paixão segundo São João, Paixão segundo São Mateus, Magnificat, Missa em si menor, e as cantatas Christ Lag in Todesbanden, Wachet auf, ruft uns die Stimme e Ich Habe Genug (Bach), A Criação e As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz (Haydn), Elias (Mendelssohn), Te Deum (Bruckner), A Child of Our Time (Tippett), L’Enfance du Christ (Berlioz), Filius Prodigus (Charpentier), Stabat Mater (Rossini, Dvořák), Nona Sinfonia (Beethoven), Cenas de Fausto de Goethe (Schumann) e Les Noces (Stravinsky). Cantou sob a regência de Carlos Moreno, Eduardo Strausser, Francesco La Vechia, Gianluca Martinenghi, Ira Levin, Isaac Karabtchevsky, José Luis Domínguez, John Neschling, Karl Martin, Kristian Commichau, László Marosi, Richard Armstrong, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Silvio Viegas, Víctor Hugo Toro, entre outros. Atualmente, é professor de canto lírico na Escola Municipal de Música de São Paulo.
carlos eduardo marcos baixo
126 Theatro Municipal de São Paulo
Murilo Neves é bacharel em Canto Lírico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e estudou com Ilza Corrêa no Rio de Janeiro e Rita Patanè em Milão. Seus trabalhos de maior destaque incluem Raimondo, em Lucia di Lammermoor, no Festival Amazonas de Ópera; Colline, em La Bohème, no Theatro Municipal de São Paulo; Pistola, em Falstaff, no Teatro Solís, em Montevidéu, e Peter Quince, em A Midsummer Night’s Dream, em montagem ao ar livre no Parque Lage do Rio de Janeiro. Apresentou-se em grandes teatros do Brasil, como o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Colline, em La Bohème; Primeiro Soldado, em Salomé; Alonso, em O Guarani, entre outros), o Theatro São Pedro em São Paulo (Le Bailli, em Werther) e o Palácio das Artes em Belo Horizonte (Raimondo, em Lucia di Lammermoor e Roucher, em Andrea Chénier). Participou de diversas edições do Festival Amazonas de Ópera, como Zuñiga, em Carmen; Samuel, em Um Baile de Máscaras; Harasta, em A Raposinha Astuta; Angelotti, em Tosca; Der Medizinalrat/Der Theaterdirektor/Der Bankier, em Lulu, entre outros. Com a osb Ópera e Repertório, atuou como Trulove, em The Rake’s Progress; como Trouffaldino, em Ariadne em Naxos, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro; e como Adraste, em Renaud, na Sala Cecília Meirelles. Com a Orquestra Sinfônica da usp, cantou as partes de Bearkeeper/Grand Inquisitor/King Ivan, em Candide, na Sala São Paulo.
murilo neves baixo
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Fosca
solo de viola Alexandre de León pianistas correpetidores Anderson Brenner Marcos Aragoni Cecília Moita assistente de coreografia do balé da cidade de são paulo Roberta Botta bailarinos do balé da cidade de são paulo Bruno Rodrigues Cleber Fantinatti Erika Ishimaru Fernanda Bueno Isabela Maylart Joaquim Tomé Leonardo Hoehne Polato Luiz Oliveira Manuel Gomes Marina Giunti Rebeca Ferreira Renata Bardazzi Reneé Weinstrof Victor Hugo Vila Nova Victoria Oggiam Yasser Díaz participação especial Kênia Genaro atores Alencar Reinhold Alex Narducci Alison Torres de Carvalho Anderson Dy Souza André Dallan Benjamin Galian Cristiano Dantas Diego Micieli Fabio Lopes Gabriel More Giballin Gilberto Gregory Henrique Guimarães Heitor Garcia Hugo Zanardi João Bicalho José Júnio Junior Gadelha Nathan Ranhel Pietro Almeida Reginaldo Costa Renan Bleastè Rubens Silva Thierssys Wender Yuri Ruppini
produção cenotécnica TKCeno Cenografia e Produções Ltda. coordenação de cenotécnica Dílson Tavares cenotécnicos Renato Moitinho Paulo Rogério Miuzzi Yeslei Silva Schuffner Vanderlei José dos Santos assistentes Edson quina Rubens Tavares Jr Cesar Carneiro Santana montadores Cristiano Silva Rodrigo Santos Danilo Santos Alves de Souza serralheria Francisco Silva Souza Luiz Carlos Pereira desenvolvimento de moldes e corte laser router Jaques Machida laminação de fibra Jeff Manoel da Silva Leandro da Silva Ottenio Antônio Rosa Edivaldo Simões Souza Antônio José de Oliveira maquetes de Veneza Dílson Tavares (protótipos) Soraya Kolle (coordenação) José Paulo de Andrade Edmilson Quina Henrique Vergara Tavares assistentes Celso Almeida Neto Kyrieh Tonelli Racy Ferreira Juliana Franco Garcia Filipe Quina pintura Hélio Alexandre Marcos Alexandre Valdir Gomes apoio Elias da Silva tradução do libreto Pedro Heise sinopse e gravações de referência Irineu Franco Perpetuo
legendas mp Legendas palestra preparatória Lutero Rodrigues fotos da montagem Theatro Municipal de São Paulo/ Arthur Costa revisão do programa Fernanda Favaro
theatro municipal de são paulo orquestra sinfônica municipal de são paulo regente residente Eduardo Strausser primeiros-violinos Abner Landim (spalla)* Pablo de León (spalla)* Alejandro Aldana Amanda Martins de Lima Martin Tuksa Adriano Mello Edgar Leite Fabian Figueiredo Fábio Brucoli Fábio Chamma Fernando Travassos Francisco Krug Heitor Fujinami John Spindler Liliana Chiriac Paulo Calligopoulos Rafael Bion Loro Sílvio Balaz Victor Bigai segundos-violinos Andréa Campos* Maria Fernanda Krug* Nadilson Gama Roberto Faria Lopes Wellington Rebouças André Luccas Djavan Caetano Evelyn Carmo Juan Rossi Helena Piccazio Mizael da Silva Júnior Oxana Dragos Ricardo Bem-Haja Ugo Kageyama violas Alexandre de León* Silvio Catto* Tânia Campos Abrahão Saraiva Adriana Schincariol Bruno de Luna Cindy Folly Eduardo Cordeiro Eric Schafer Licciardi Jessica Wyatt Pedro Visockas Roberta Marcinkowski Tiago Vieira
violoncelos Mauro Brucoli* Raïff Dantas Barreto* Mariana Amaral Moisés Ferreira Alberto Kanji Cristina Manescu Joel de Souza Maria Eduarda Canabarro Teresa Catto contrabaixos Brian Fountain* Taís Gomes* Adriano Costa Chaves Sanderson Cortez Paz André Teruo Miguel Dombrowski Vinicius Paranhos Walter Müller flautas Cássia Carrascoza* Marcelo Barboza* Andrea Vilella Cristina Poles Renan Mendes oboés Alexandre Ficarelli* Rodrigo Nagamori* Marcos Mincov Rodolfo Hatakeyama** clarinetes Camila Barrientos Ossio* Tiago Francisco Naguel* Diogo Maia Santos Domingos Elias Marta Vidigal fagotes Fábio Cury* Matthew Taylor* Marcelo Toni Marcos Fokin Osvanilson Castro trompas André Ficarelli* Thiago Ariel* Eric Gomes da Silva Rafael Fróes Rogério Martinez Vagner Rebouças Daniel Filho**
trompetes Fernando Lopez* Marcos Motta* Breno Fleury Eduardo Madeira Thiago Araújo trombones Eduardo Machado* Raphael Campos da Paixão** Hugo Ksenhuk Luiz Cruz Marim Meira tuba Luiz Serralheiro harpa Jennifer Campbell* Paola Baron* piano Cecília Moita* percussão Marcelo Camargo* César Simão Magno Bissoli Sérgio Ricardo Silva Coutinho Thiago Lamattina tímpanos Danilo Valle* Márcia Fernandes* gerente da orquestra Manuela Cirigliano assistente Mariana Bonzanini inspetor Carlos Nunes aprendiz Gabriel Cardoso Vieira * Chefe de naipe ** Músico convidado
CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
regente titular Bruno Greco Facio sopranos Adriana Magalhães Angélica Feital Antonieta Bastos Berenice Barreira Cláudia Neves Elayne Caser Elaine Moraes Elisabeth Ratzersdorf Graziela Sanchez Jacy Guarany Juliana Starling Laryssa Alvarazi Ludmila de Carvalho Marcia Costa Marivone Caetano Marta Mauler Milena Tarasiuk Monique Corado Rita Marques Rosana Barakat Sandra Félix Sarah Chen Viviane Rocha mezzo-sopranos Ana Carolina Sant’Anna Carla Campinas Caroline Jadach Cláudia Arcos Erika Belmonte Juliana Valadares Keila de Moraes Marilu Figueiredo Mônica Martins Robertha Faury contraltos Celeste Moraes Clarice Rodrigues Elaine Martorano Lidia Schäffer Ligia Monteiro Magda Painno Mara Alvarenga Margarete Loureiro Maria Favoinni Vera Ritter
tenores Alex Flores Alexandre Bialecki Antonio Carlos Britto Dimas do Carmo Eduardo Góes Eduardo Pinho Eduardo Trindade Fernando de Castro Gilmar Ayres Luciano Silveira Luiz Doné Marcello Vannucci Márcio Valle Miguel Geraldi Paulo Chamié-Queiroz Renato Tenreiro Rubens Medina Rúben de Oliveira Sérgio Macedo Valter Estefano Walter Fawcett barítonos Alessandro Gismano Ary Souza Lima Daniel Lee David Marcondes Diógenes Gomes Eduardo Paniza Guilherme Rosa Jang Ho Joo Jessé Vieira Marcio Marangon Miguel Csuzlinovics Roberto Fabel Sandro Bodilon Sebastião Teixeira baixos Claudio Guimarães Fernando Gazoni Leonardo Pace Marcos Carvalho Matheus França Orlando Marcos Rafael Thomas Rogério Nunes Sérgio Righini
regente assistente Sergio Wernec pianista Marizilda Hein Ribeiro assistentes administrativas Elisabeth De Pieri Eugenia Sansone inspetora Thais Vieira Gregório contrarregra Bruno Silva Farias
balé da cidade de são paulo
direção artística Iracity Cardoso assistente de direção Raymundo Costa coordenação de ensaios Suzana Mafra assistentes de coreografia Kênia Genaro Roberta Botta Suzana Mafra professores de balé clássico Liliane Benevento Milton Kennedy pianista Wirley Francini bailarinos Ariany Dâmaso Ana Beatriz Nunes Bruno Gregório Bruno Rodrigues Camila Ribeiro Cleber Fantinatti Erika Ishimaru Fabiana Ikehara Fabio Pinheiro Fernanda Bueno Hamilton Felix Harrison Gavlar Igor Vieira Isabela Maylart Jaruam Miguez Joaquim Tomé Julie Endo Leonardo Hoehne Polato Lucas Axel Luiz Crepaldi Luiz Oliveira Manuel Gomes Marcel Anselmé Marcos Novais Marina Giunti Marisa Bucoff Rebeca Ferreira Renata Bardazzi Reneé Weinstrof Thaís França Victor Hugo Vila Nova Victoria Oggiam Vivian Navega Dias Yasser Díaz
produção executiva Joana Meirelles Giannella direção técnica e direção de cena Cleusa Fernandez coordenação administrativa José Hilton Jr. iluminação Sueli Matsuzaki sonoplastia Leandro Lima coordenação de figurino Juliana Andrade assistente de coordenação de figurino Gabriela Araujo maquinista/contrarregra: Alessander Rodrigues Naílton Silva secretaria Doralice de Queiroz auxiliar administrativa Fabiana Vieira Rezende coordenação do acervo Raymundo Costa fisioterapia Reactive
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
prefeito Fernando Haddad secretária municipal de cultura Maria do Rosário Ramalho
FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
diretora geral Maria do Rosário Ramalho diretora de gestão Carolina Paes Simão
INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO CULTURAL CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
presidente Ana Helena Curti vice presidente José Castilho Marques Neto conselheiros Eduardo Pereira de Carvalho Jacob Klintowitz
DIRETORIA
Pedro Gattoni
SUPERINTENDÊNCIA
Nelson Franco de Oliveira
administração artística
administradora artística Clarisse De Conti assessor artístico Pedro Guida coordenador de programação artística João Malatian secretária Eni Tenório dos Santos aprendiz Carolyni Amorim Marques da Silva
arquivo artístico coordenadora do arquivo artístico Maria Elisa P. Pasqualini assistente de coordenação Milton Tadashi Nakamoto copistas e arquivistas Ariel Oliveira Cássio Mendes Jonatas Ribeiro Karen Feldman Leandro José Silva Paulo Cesar Codato Raíssa Encinas Roberto Dorigatti
diretora cênica residente Julianna Santos assistente de direção cênica Ana Vanessa coordenador de figuração Aelson Lima auxiliar administrativa Ana Luiza Alves
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
diretora Anna Patricia Araujo gestão de eventos Rosa Casalli produtoras executiva Fernanda Câmara Paola Paiotti assistentes de produção Gilberto Ferreira Laysa Padilha Cristina Chen aprendizes Karina Macedo Pinheiro Samara Silva Gomes diretor técnico Nicolás Boni assistente de direção técnica Daniela Gogoni diretor de palco cênico Ronaldo Zero assistente de direção de palco cênico Gabriel Barone chefe de cenotécnica Aníbal Marques (Pelé) chefes de maquinaria Marcelo Luiz Frosino Paulo M. de Souza Filho maquinistas Carlos Roberto Ávila Ermelindo Terribele Ivaildo Bezerra Lopes Odilon dos Santos Motta Paulo Henrique São Bento Peter Silva Mendes de Oliveira Uiller Ulisses Silva Wilian Daniel Perosso mecânica cênica Alex Sandro N. Pinheiro responsável da contrarregra João Paulo Gonçalves contrarregras Eneas R. Leite Neto Paloma Neves da Costa Sandra Satomi Yamamoto Sergio Augusto de Souza montadores Alexandre Greganyck Ivo Barreto de Souza
Paulo Broda Rafael Sá de Nardi Veloso coordenador de som Sérgio Ferreira técnico de som Daniel Botelho operador de som André Mouro coordenadora de iluminação Valéria Lovato programador de luz Fernando Azambuja técnicos de iluminação Igor Augusto F. Oliveira Lelo Cardoso Olavo Cadorini Ubiratan Nunes auxiliares administrativos Leonel Freeman Jr. Jonathan Troise Paulo Rogerio dos Santos aprendiz Nattan R. Vieira Teixeira figurinista residente Emilia Reily assistente administrativo do figurino Suely Guimarães Sousa auxiliar de figurino Maria de Fátima aderecista Walamis Santos Silva camareiras Katia Souza Lindinalva M. Celestino Maria Auxiliadora Maria Gabriel Martins Nina de Mello Regiane Bierrenbach Tonia Grecco costureira Cristina França Alzira Campiolo Isabel Rodrigues Martins coordenadora do acervo Ivani Humbert modelista Tandara Hoffmann costureira Vera Ilse Cleonice Barros Correia Edmeia Evaristo modelista Danielle Arruda aderecista Maria Costa Alex Leandro de Sousa Ruben Figueiredo Wesley Bruno França Conceição
Tatiane Aparecida dos Santos Puglia Jennyfer Aquino Barreto visagista Tiça Camargo assistente de visagismo Sheila Campos maquiadores e cabelereiros Aretha Naomi Adrielle Santana Almeida Danielly Ferreira - D’afro Elisani Souza Eduardo Mansu Giulia Piantino Inais Tereza Luciana Santini Mayara Ferreira Natalia Campos Tainah Louize Sherida Talita Mariah Caetano
SERVIÇO DE ASSINATURAS E BILHETERIAS
Claudiana de Melo Sousa Karina Araujo controladores de acesso de público Ana Cláudia Marques da Silva Arianny Aparecida dos Santos Daniella de Souza Biancalana Fábio Luis Pereira Queiroz de Azevedo Felipe Guilherme Sousa Leonardo Lima Seles Ferreira da Silva Vanessa Almeida Santos
CERIMONIAL
Egberto Cunha indicadores de público Adriana Ravanelli Aguinaldo Lago Alyne dos Reis Amanda Hayar André Lino Andrea Barbosa Andressa Romero Brenda Carmina Bruna Oliveira Bruna Cavalini Carolina Folego Danielle Bambace Evelyn Ferreira Fernanda Reimberg Hugo Pessôa Israel Dias Jonas Silva Jorge Ramiro Karina Crossi Leoni Almeida
Luciano Pereira Luiz Lemos Maíra Scarello Marcela Costa Marcelo Souza Maria Costa Mariana Ferreira Marilivia Fazolo Nadjane Nunes Patricia Mesquita Patricia Harumi Pedro Henrique Oliveira Renan de Paula Rodnei Corsini Rosimeire Carvalho Sandra Peracini Tatiane Lima Victor Alencar Vilma Aparecida Carneiro patrimônio diretora Daniela Marcondes equipe Thiago Ramos Reis Marly da Silva dos Santos Marco Antonio de Jesus Cristiano Degolação Luiz Carlos Lemes Yudji Alessander Otta aprendiz Bruno Lopes Siqueira dos Santos JURÍDICO Carlos Alberto Polonio Marisa Marcatto equipe Gabriela Batista Anelli Rafael Alves da Silva FINANCEIRO gerente Alexandre Augusto dos Santos equipe Daniele Santana da Silva Romano Silvana Maria da Silva Vinícius da Silva Mulatinho aprendizes Roberto Takao Honda Stancati João Vithor Alves Feitosa Pianco COMPRAS Jane Melo aprendiz Myllena Marina Bezerra Paes RECURSOS HUMANOS equipe Nanci Regina Rissato Renata Aparecida Barbosa da Silva Fernanda Gomes de Souza Vânia Aparecida Rodrigues Marcel dos Santos Ramos
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