RETRANCA
R$ 18,00 Nº. 3/ 2019 ISSN 2595-8488
HAMPI ◆ CERRADO BRASILEIRO ◆ NOVA YORK 3
RETRANCA
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Foto: Salvador Cordaro
ANÚN
ARTEFACTO EDITION 2019 por Patricia Anastassiadis
São Paulo: Haddock Lobo - 3087 7000 • D&D Shopping - 5105 7777 • Jardim Anália Franco - 2250 7798 • Rio de Janeiro - 3325 7667 • Curitiba - 3111 2300 Balneário Camboriú - 3264 9505 • Campinas - 3397 3200 • Brasília - 2196 4250 • Goiânia - 3101 9900 • Jaú - 3416 6904 • Salvador - 3034 5555 • João Pessoa - 3031 4941 Porto Velho - 3225 1225 • Manaus - 3211-0600 • Cuiabá - 3027 6019 • Artefacto B&C: São Paulo: Avenida Brasil - 3894 7000 • D&D Shopping - 5105 7760 Artefacto Outlet: São Paulo: Rua Henrique Schaumann - 3897 7001 • Catarina Fashion Outlet - 4130 4700 • USA: Coral Gables - 305.774.0004 • Aventura - 305.931.9484 Doral - 305.639.9969 • artefacto.com • @artefactooficialbrasil
NCIO
ANÚN
NCIO
REETTTREARN C A L NEW HORIZONS FOR BUSINESS
NOVOS HORIZONTES PARA OS NEGÓCIOS Bernardo Claro da Fonseca
CEO AMBAAR LOUNGE
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á momentos na vida em que navegamos com vento de feição, quando o trabalho se traduz em resultados, e colhemos os frutos do esforço e da dedicação. Depois do sucesso do lounge Star Alliance em Guarulhos, rumamos para novos destinos e por isso me alegro em compartilhar a notícia da abertura de dois novos lounges da Ambaar nos embarques nacional e internacional do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. É com orgulho que anuncio a materialização de um esforço coletivo da família Ambaar, concretizando não um, mas dois dos nossos sonhos. A nossa equipe trabalhou incansavelmente na superação de desafios, na procura de excelência e na busca de resultados. Assim com o BH Airport, a quem orgulhosamente podemos chamar de parceiros, que também foram incansáveis neste projeto, contagiando-nos com entusiasmo e energia. Não existe um herói nessa história, mas muitos. São pessoas que se juntaram em torno de um sonho, contribuindo, cada um, com os seus próprios anseios e trabalho árduo para um objetivo comum. Da montagem financeira ao projeto arquitetônico, do pedreiro ao servente que o ajudou, todos trabalharam com o mesmo empenho e contribuíram para que pudéssemos anunciar esta notícia. Obrigado a todos! Em agosto, inauguramos os dois novos lounges Ambaar no quinto maior aeroporto brasileiro, que recebeu, só em 2018, cerca de 10,6 milhões de passageiros. Procuramos, por meio do conceito Connected Handmade Brasil, aliar alta tecnologia à brasilidade, valorizando o detalhe e a riqueza da cultura brasileira enquanto criamos as melhores condições para os viajantes durante o tempo de espera. Queremos trazer conforto e uma experiência única a quem viaja e o fazemos com a dedicação que nos caracteriza. Por isso, vamos continuar trabalhando com afinco para estar à altura da tradição mineira de bem receber.
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// There are moments in life in which we sail with favorable winds, when work translates into results and we reap the fruits of our efforts and dedication. After the success of the Star Alliance lounge at Guarulhos, we set forth to new destinations and thus I am happy to share the news about the opening of two new Ambaar lounges in the national and international departure sectors of Confins Airport, in Belo Horizonte. I proudly announce the materialization of a collective effort of our Ambaar family, implementing not one, but two of our dreams. Our team has worked relentlessly to overcome challenges, in the search for excellence and results. As well as BH Airport, which we proudly call our partners, and who were equally tireless in this project, boosting us on with their enthusiasm and energy. There is no single hero in this story, but many, people who united around a common dream, contributing each one with his/her own yearnings and hard work towards a common objective. From the financial arrangements to the architectural project, from the bricklayer to the assistant who helped him, they all worked with the same commitment and contributed for us to announce this news. Thanks to all! In August, we inaugurate the new Ambaar lounges in the fifth biggest Brazilian airport, which, in 2018 alone, received around 10.6 million passengers. We try, through the Connected Handmade Brasil concept, to ally high technology and a Brazilian feeling, valuing detail and the richness of Brazilian culture while we create the best conditions for travelers during their standby time. We want to bring comfort and a unique experience to those who travel and we do it with the dedication that characterizes us. For this reason, we will continue to work diligently to live up to the Minas Gerais tradition of welcoming guests in the best possible way.
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ANÚNCIO
RD E ET I TROARNI C AA L THE SEARCH FOR ENCHANTMENT
A BUSCA PELO ENCANTAMENTO
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raquém Alcântara é fotógrafo de natureza há quase cinquenta anos. Já rodou o Brasil inteiro e alguns lugares do mundo com sua câmera a tiracolo. Quando conversamos para a seção Frame by Frame, presente nesta revista que você tem em mãos, fiquei impactada com várias de suas frases. “Atendi a uma convocação”, disse sobre o início da carreira. “O fotógrafo de natureza, para fotografar bicho, tem que virar bicho”, continuou, sobre seu fazer. “A busca pelo encantamento e pela beleza: isso não vai acabar nunca”, concluiu sobre o que o motiva a continuar na profissão. Mesmo sem percebermos, a premissa de Araquém acabou se fazendo presente em grande parte das matérias dessa edição. Da Índia ao Cerrado brasileiro, de Nova York à África, passando pelos sabores surpreendentes de Bruxelas e pela tradição do vinho do Porto, em Portugal, fomos guiados pela beleza e pelo encantamento para entregar este terceiro número da The Content. “Inebriante e de difícil descrição”, definiu Felipe Mortara sobre a paisagem de Hampi, cidade no interior da Índia, que desvendamos em uma matéria escrita por ele. Patrimônio Cultural da Unesco desde 1986, o conjunto arqueológico é, segundo Mortara, um tesouro ainda pouco explorado, comparável a Petra, na Jordânia, e ao Egito. Já Luiza Vieira teve uma experiência de “outro tempo” durante sua estada na Pousada Trijunção, na divisa entre Minas Gerais, Bahia e Goiás. “É um lugar onde o relógio e a geografia parecem desafiar a lógica”, disse. Nesse recanto de sossego, ela avistou diversos animais silvestres, experimentou a gastronomia do Cerrado e se deixou levar pela prosa de Guimarães Rosa. Saindo do meio do mato para uma discussão extremamente urbana, falamos também sobre a transformação de Downtown, em Nova York. A região, atingida diretamente pelos ataques terroristas de 2001, deu a volta por cima e, como uma fênix, tornou-se um dos melhores lugares para morar, comer e curtir na cidade. A cada edição, nosso objetivo é inspirar você a buscar novas experiências. Durante nossa conversa, Araquém Alcântara disse que devemos sempre buscar a “quintessência do maracujá”. Apesar de não saber ao certo o que ele quis dizer, espero que tenhamos cumprido essas duas missões.
// Araquém Alcântara has been a nature photographer for almost fifty years. He has travelled all around Brazil and to other places in the world with his camera at hand. When we had a talk for section Frame by Frame, article present in the magazine you are holding in your hands, I was shaken by many of his phrases. “I answered a summons,” he said about the start of his career. “A nature photographer, in order to photograph animals, has to become an animal,” he went on about his craft. “The search for enchantment and beauty: this will never end,” he concluded about what motivates him to continue in his profession. Even without noticing it, Araquém’s premise ended up being present in most of the articles of this edition. From India to the Brazilian Cerrado, from New York to Africa, with a quick stop to taste the surprising flavors of Brussels and enjoy the tradition of Port wine, in Portugal, we were guided by beauty and enchantment to deliver this third issue of The Content magazine. “Exhilarating and hard to describe,” defined Felipe Mortara when speaking about the landscape of Hampi, city in the Indian countryside that we unveil in a piece written by him. A UNESCO World Heritage Site since 1986, the archeological group of monuments is, according to Mortara, a treasure still little explored when compared to Petra, in Jordan, and to Egypt. Luiza Vieira experienced “a different time” during her stay in Pousada Trijunção, in the boundary between the states of Minas Gerais, Bahia and Goiás. “It is a place where the clock and geography seem to defy logic,” she said. In this quiet corner of the country, she crossed with many wild animals, tasted the ‘Cerrado’ cuisine and was taken on a trip by Guimarães Rosa’s prose. Out of the woods and down to an extremely urban discussion, we also broached the transformation of Downtown New York. The region, directly hit by the 2001 terrorist attacks, experienced a comeback and, like the phoenix, became one of the best places in the city to live, eat and have a good time. Our aim, with each new edition, is to inspire you to search for new experiences. During our conversation, Araquém Alcântara said that we should always search for the “quintessence of the passion fruit”. Although I am not absolutely sure what he meant, I hope we have achieved these two missions.
Juliana Deodoro EDITORA
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ANÚNCIO
AS SURPRESAS DE HAMPI, NA ÍNDIA // THE SURPRISES OF HAMPI, IN INDIA
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Palavra do Presidente Letter of the President
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Um recado da redação A message from the editorial office Personalidades revelam seus destinos favoritos Celebrities reveal their favorite destinations Spas para relaxar pelo mundo Spas to relax around the world Os produtos mais desejados do momento The most desired products of the moment Araquém Alcântara e a fotografia de natureza Araquém Alcântara and nature photography O novo momento da moda mineira The new moment of Minas Gerais fashion Trijunção: uma viagem ao coração do Cerrado Trijunção: a trip to the heart of Cerrado
O RENASCIMENTO DE DOWNTOWN, EM NOVA YORK The rebirth of Downtown New York
FOTO/PHOTO: SHUTTERSTOCK E DBOX FOR MACKLOWE PROPERTIES
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A GASTRONOMIA PLURAL E AUTÊNTICA DE BRUXELAS
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The plural and authentic gastronomy of Brussels
Projetos de parques lineares para inspirar Projects of linear parks to inspire A história do Citroën Traction Avant All about the Citroen Traction Heaven Taylor’s é sinônimo de tradição e história Taylor’s is synonymous with tradition and history Luiza Trajano e o projeto “Mulheres do Brasil” Luiza Trajano and the “Women of Brazil” project Voluntariado, uma experiência além do turismo Volunteering, an experience beyond tourism Hotéis para diferentes perfis de viajantes Hotels for different traveler profiles A música que emociona o DJ Alok The music that touches DJ Alok
A EXPANSÃO DA TRIUMPH PELO BRASIL The expansion of Triumph in Brazil
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Ao final de algumas matérias desta edição, você encontrará uma playlist especial para entrar no clima da leitura. Basta abrir a câmera do seu celular, escanear o code no Spotify e boa viagem! / At the end of some of the articles, you will find a special playlist to get in the mood for reading. Just open your phone's camera, scan the code on Spotify and have a good trip! Distribuída no Lounge VIP Star Alliance São Paulo, Lounge Villa GRU, Ambaar Lounge Confins, Lounge JK Iguatemi, Lounge One Iguatemi, Hotel Marriott, Hotel Four Seasons Morumbi, Hotel George V (Alto da Lapa e Jardins) e Restaurante Cozí Minas.
EXPEDIENTE / CONTRIBUTORS PARA ANUNCIAR
Ambaar Lounge
Media On Board
Colaboradores
CEO
Diretor Executivo Revisão Carlos Koga Irene Canadinhas Editora Tradução Juliana Deodoro Ricardo Moura Editora-Assistente Assessoria Jurídica Luiza Vieira Salvatore Morello Marketing Advogados Priscila Soares Publicidade Mirian Pujol, Regina Moreno Financeiro Jane Elaine Assistente de Direção George Tebet Designers Ana Carol Abreu e Rafael Maia
Bruna Tiussu Carla Lencastre Carlos Marcondes Eduardo Asta Felipe Mortara Mariana Amorim Raphael Calles Rodrigo Mora Victor Affaro
Bernardo Claro da Fonseca Conselheiro do Board Ricardo Espírito Santo Gerente Geral Agenor Filho Comitê Executivo Gerente de RH Berta Ferrari Gerente Operacional Laura Ronzi Gerente Comercial e Marketing Vanessa Botacini Gerente Financeiro Vinicius Souza Gerente Jurídica Gleides Guastelli
comercial@mediaonboard.com.br (55 11) 5505-0078 Impressão: Gráfica Piffer Print Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: Bimestral Todos os direitos reservados A The Content é uma publicação da Media Onboard. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm autorização para falar em nome da revista. É necessário uma carta de autorização, atualizada e datada em papel timbrado assinada pelos editores. Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos colunistas e fica expressamente proibido a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.
Media Onboard (55 11) 5505-0078 Rua Pensilvânia, 1126 - Brooklin São Paulo - SP CEP: 04564 003
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P A S S P O RT UNFORGETTABLE TRIPS
VIAGENS INESQUECÍVEIS
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Alexandre Moshe diretor-geral da Decolar, maior agência de viagens online da América Latina // CEO of Decolar, Latin America’s biggest online travel agency
A distância ou o idioma podem desanimar ou dar a sensação de que é uma opção remota de viagem, mas asseguro que todo esforço vale a pena para conhecer o Japão. Prepare-se para ver construções supermodernas e templos históricos, curtir a noite agitada e aproveitar o dia para contemplar a natureza e paisagens incríveis. Faça tudo isso com a tranquilidade de que, se precisar de qualquer ajuda, os japoneses estarão com um sorriso no rosto, dispostos a parar o que estão fazendo para auxiliar você. // The distance or language may put you off, or make you feel that it is a remote travel option, but I assure you that every effort is worthwhile to get to know Japan. Be ready to see super modern constructions and historical temples, have fun in the bustling night and spend the day contemplating nature and the incredible landscapes. Do all this with the assurance that, if you need any help, the Japanese will always have a smile on their faces and will be willing to stop whatever they are doing to help you.
“Prepare-se para ver construções supermodernas e templos históricos, curtir a noite agitada e aproveitar o dia para contemplar a natureza e paisagens incríveis.” // “Be ready to see super modern constructions and historical temples, have fun in the bustling night and spend the day contemplating nature and the incredible landscapes.”
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FOTO/PHOTO:DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK
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Rodrigo Oliveira chef dos restaurantes Mocotó, Balaio IMS e Mocotó Café // chef of restaurants Mocotó, Balaio IMS and Mocotó Café
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Gosto de Amsterdã, na Holanda, pela beleza singular da paisagem e da arquitetura, pela atitude das pessoas e pela chance de cruzá-la de bicicleta. E entre as muitas delícias que a cidade reserva, tenho um restaurante favorito, o Merkelbach. Fica dentro do parque Frankendael e serve uma comida autoral inspirada pelo produto da estação. Você pode almoçar ou jantar olhando para um jardim extraordinário, desenhado no século 18. // I like Amsterdam, in Holland, due to the unique beauty of the landscape and the architecture, the attitude of the people and the chance of crossing it by bike. Among the many pleasures that the city reserves, I have a favorite restaurant, Merkelbach. It is located inside Frankendael Park and serves auteur food inspired by the season’s products. You can have lunch or dinner looking at an extraordinary garden designed in the 18th century.
“(...) entre as muitas delícias que a cidade reserva, tenho um restaurante favorito, o Merkelbach.”
F O T O / P H O T O : E U S É B I O M E N D O N Ç A E S H U T T E R S T O C K
“(…) among the many pleasures that the city reserves, I have a favorite restaurant, Merkelbach.”
Depois de viajar para Bali, percebi o quanto esse destino é um divisor de águas em nossas vidas. É uma energia surreal, e nunca tinha sentido isso em outro lugar. Fiquei encantada com Ubud e Uluwatu, os templos, as plantações de arroz... E, claro, não posso deixar de citar o Alila Villas, um hotel incrível e, literalmente, um paraíso na Terra.
Thássia Naves Digital influencer e criadora do Blog da Thássia. Digital influencer and creator of Thássia's Blog.
// After traveling to Bali, I noticed how this destination is a watershed in our lives. It is a surreal energy and I had never felt this in any other place. I was enchanted by Ubud and Uluwatu, the temples, the rice plantations… And, of course, I must cite Alila Villas, an incredible hotel and, literally, a paradise on Earth.
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“É uma energia surreal, e nunca tinha sentido isso em outro lugar.” “It is a surreal energy and I had never felt this in any other place.”
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RELAX PEACE AND PRIVACY
PRIVACIDADE E SOSSEGO POR/BY CARLA LENCASTRE
A TRANQUIL SPOT IN SÃO PAULO
Localizado em um dos melhores pontos de São Paulo, no coração dos Jardins, o Tivoli Mofarrej agora faz parte do grupo asiático Minor Hotels, que tem145 hotéis em 22 países e está em expansão para Europa e Américas. O spa Anantara, uma das marcas de luxo da rede hoteleira, ocupa o quarto andar do endereço paulistano e comemora três anos em 2019. Ele foi o primeiro nas Américas da premiada grife, que acaba de inaugurar sua segunda unidade no Brasil, no Tivoli Ecoresort Praia do Forte, na Bahia. Em São Paulo, promove bem-estar aliando saúde e beleza, tendo como base o conceito-tendência wellness. São quase três dezenas de massagens — revigorantes ou relaxantes — e tratamentos para corpo e rosto com duração de uma a duas horas. Todos oferecem um bem bolado ímpar de tradição tailandesa com pitadas brasileiras, influências presentes também na decoração do ambiente. Em uma área de 690 metros quadrados, conta com dez salas de massagem e sauna privativa em cada uma.
// Located in one of the best spots of São Paulo, at the heart of the Jardins region, Tivoli Mofarrej is now a part of the Asian group Minor Hotels, which has 145 hotels in 22 countries and is in expansion in Europe and the Americas. Spa Anantara, one of the luxury brands of the hotel chain, occupies the fourth floor of the São Paulo address and will celebrate its third anniversary in 2019. It was the first in the Americas of the award-winning brand, which has just inaugurated its second unit in Brazil, Tivoli Ecoresort Praia do Forte, in Bahia. In São Paulo, it promotes well-being by allying health and beauty, having as its basis the concept-trend wellness. There are almost three dozen different massages – invigorating or relaxing – and treatments for body and face with a 1 to 2-hour duration. All offer a smart mix of Thai tradition and Brazilian touch, influences that can also be seen in the décor. In an area of 7,400 square feet, it has ten massage rooms and a private sauna in each one. T I VO L I M O FA R R E J S ÃO PAU LO TIVOLIHOTELS.COM
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FOTO/PHOTO: DIVULGAÇÃO
E X I ST E T R A N Q U I L I DA D E E M S P
I M M E R S I O N I N I N D I G E N O U S C U LT U R E
IMERSÃO NA CULTURA INDÍGENA Um dos mais bonitos e luxuosos hotéis de Los Cabos, a apenas duas horas de voo de Los Angeles, o cobiçado One&Only Palmilla é reduto mexicano de celebridades de Hollywood, como os atores John Travolta e Jennifer Aniston. Todos vão em busca da privacidade e da calma oferecidas em toda a glamourosa propriedade instalada no deserto da Baja California, extremo sul da península, às margens do azul profundo do Mar de Cortez. Um vislumbre do premiado spa, em meio a jardins exuberantes, já dá o tom da experiência: são 13 vilas de tratamentos e cardápio de massagens valorizando bem-estar e cultura local, aliados aos produtos da grife britânica ESPA. Destaque para a nova área construída especialmente para o ritual ancestral do temazcal, de banhos a vapor para purificação. // One of the most beautiful and luxurious hotels of Los Cabos, located at a 2-hour flight from Los Angeles, the coveted One&Only Palmilla is the Mexican refuge of Hollywood celebrities like actors John Travolta and Jennifer Aniston. They all go there in search of privacy and tranquility offered all around the glamourous property installed at the desert of Baja California, extreme south of the peninsula, on the banks of the deep blue of Cortez Sea. A glance at the awardwinning spa, amidst exuberant gardens, already sets the tone for the experience: there are 13 villas of treatments and a list of massages highlighting well-being and local culture, allied with the products of British brand ESPA. A highlight is the new area specially built for the ancestral ritual of temazcal, steam baths for purification.
O N E & O N LY PA L M I L LA
ONEANDONLYRESORTS.COM
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RELAX
PARISIAN RITUAL
RITUAL PARISIENSE São muitos os hotéis de luxo em Paris, mas poucos endereços oferecem tanta sensação de exclusividade quanto o La Réserve. Com apenas 48 quartos, tem um spa que permite uma vivência diferente na capital francesa. A piscina de 16 metros de extensão, no subsolo, convida a braçadas refrescantes no quente verão parisiense — mas também pode ser acolhedora no inverno, já que a água é aquecida —, a qualquer hora do dia ou da noite. Ao redor, estão apenas três salas de tratamentos personalizados de rejuvenescimento, e é raro ter mais de uma pessoa ao mesmo tempo na tranquila área envidraçada da piscina. Mesmo assim, é só alguém chegar para nadar que as cortinas da parede de vidro que a separa do restante do spa são fechadas, garantindo ainda mais privacidade. O La Réserve Paris tem uma localização única na Avenue Gabriel, entre a Champs-Elysées e o Palais d’Elysée, sede da Presidência, e a poucos passos do Grand Palais e das lojas grifadas do Faubourg St Honoré. Oh là là.
// There are many luxury hotels in Paris, but few addresses offer a sensation of exclusivity like La Réserve. With only 48 rooms, it has a spa that allows for a different experience in the French capital. The 52-foot long subterranean pool invites us to a refreshing swim in the hot Parisian summer – but can also be sheltering in the winter, since the water is heated –, at any time of day or night. Around it are a mere three rooms of personalized rejuvenating treatments, and it is rare to have more than one person at the same time in the tranquil glass-walled pool area. Even then, if someone comes in for a swim, the curtains of the glass wall separating it from the spa are closed, guaranteeing even greater privacy. La Réserve Paris has a unique location at Avenue Gabriel, between Champs-Elysées and Palais d’Elysée, the presidential headquarters, and a few steps from the Grand Palais and the brand-name stores of Faubourg St Honoré. Oh là là. LA R É S E RV E PA R I S
LARESERVE-PARIS.COM
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Único e deslumbrante!
ANÚNCIO Jardins Exuberantes
Restaurante Primrose
Gastronomia
Mirante Mountain
Suítes Luxuosas
PROGRAMAÇÕES ESPECIAIS DE FINS DE SEMANA NO CASTELO Festival Whisky Glenmorangie e Charutos Cohiba (26 a 28/julho) • Festival da Provença com Vinhos Rosé (02 a 04/agosto) Dia dos Pais no Castelo com Catena Zapata (09 a 11/agosto) • Festival de Cinema de Gramado com Dom Pérignon (16 a 25/agosto) Festival Italiano com Brunello di Montalcino (30/agosto a 1°/setembro) • Festival Frutos do Mar com Krug (06 a 08/setembro)
INVERNO ROMÂNTICO - 22 DE JUNHO A 21 DE SETEMBRO Viva essa experiência por 7 noites em luxuosas suítes “e pague somente 5 noites”, as outras 2 noites você é nosso convidado. Incluimos: traslado aeroporto/hotel/aeroporto, welcome drink, café da manhã (menu degustação), Tour Gramado e Canela (BusTour panorâmico), Wine Tour (visita a duas vinícolas com degustação e almoço inclusos), Royal Afternoon Tea, Terapia Relaxante, jantar elaborado por nosso Chef ou as delícias gastronômicas como fondues, cremes e sopas + jantar da Programação Inverno Romântico. Confira essas e outras programações visitando nosso site.
RESERVAS E INFORMAÇÕES
www.saintandrews.com.br (54) 3295-7700 • (54) 99957-4220 ou agente de viagens
CASTLE
M O U N TA I N
GRAMADO
RH S ET OR PA P INNCGA THE TIME HERE AND THERE
HORA CÁ, HORA LÁ POR/BY RAPHAEL CALLES
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O segundo fuso horário é marcado pelo ponteiro em formato de seta em conjunto com a moldura em azul e preto que, intuitivamente, apresenta se é dia ou noite na localidade escolhida. The second time zone is marked by the watch hand in the format of an arrow along with the black and blue frame, which intuitively presents if it is day or night at the chosen location.
A pulseira Jubileu é composta de cinco fileiras de elos sendo que, neste modelo, as três centrais contam com acabamento polido, enquanto as externas são acetinadas. The jubilee wristband is composed of five rows of links, the middle three, in this model, being with polished finishing, while the external ones are glossy.
3 Duas vezes mais preciso em relação ao que o Controle Oficial Suíço de Cronômetros estabelece, o Rolex tem um desvio máximo de 2 segundos por dia. With twice the precision that the Official Swiss Chronometer Control determines, the Rolex has a maximum deviation of 2 seconds per day.
Desenvolvido em parceria com a extinta Pan American Airways, este Rolex era usado por tripulantes para permitir o controle do tempo em dois fusos-horários distintos. A simbólica moldura em vermelho e azul foi feita em outras cores ao longo dos anos, incluindo o modelo em azul e preto, apelidado de Batman, que ganhou nova versão em 2019.
// Developed in a partnership with the now extinct Pan American Airways, this Rolex was used by the crew to allow for the control of time in two different time zones. The symbolical framing in red and blue was done in other colors throughout the years, including a model in black and blue, nicknamed “Batman”, which gained a new version in 2019.
P R E Ç O S O B C O N S U LT A P R I C E U N D E R R E Q U E S T ROLEX.COM.BR
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R O L E X OYST E R P E R P E T UA L G M T- M A ST E R I I
RH S ET OR PA P INNCGA C L O U D S O N A S P H A LT
NUVENS NO ASFALTO POR/BY RAPHAEL CALLES
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O conceito original foi criado há cerca de nove anos, quando o fundador da companhia anexou pedaços de mangueira de jardim ao próprio tênis de corrida. The original concept was created nine years ago, when the company founder annexed pieces of garden hose to his own jogging shoes.
O tênis deve ser vestido como uma meia e o ajuste feito pelo cadarço ligado a uma base emborrachada. O tecido leve facilita a respiração dos pés. The sneakers must be worn with socks and the adjustment is made by shoelaces connected to a rubber base. The light fabric keeps feet from perspiring.
3 O sistema de amortecimento oferece alto poder de rebote e aterrisagens suaves, inclusive em solo molhado. The buffering system offers high rebound power and smooth landing, including on wet terrain.
A marca suíça On Running reforça sua presença no Brasil com o lançamento do tênis Cloudswift, com sistema diferenciado de amortecimento, feito com a super espuma Helion. Ideal para corridas urbanas, o novo modelo promete entregar mais resistência, leveza, durabilidade e estabilidade a quem o calça.
//Swiss brand On Running strengthens its presence in Brazil with the launch of the CloudSwift running shoes, with a differentiated buffering system, made with super Helion foam. Ideal for urban jogging, the new model promises to deliver greater resistance, lightness, durability and stability for users.
R$ 749,00 ON-RUNNING.COM
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T Ê N I S O N R U N N I N G C LO U D S W I F T
É possível conectar-se de 8 cidades no Brasil e viver experiências únicas em maravilhosos des�nos nos �stados �nidos, voando com a Copa Airlines� • Conexões rápidas e sem passar pelo processo de imigração no Panamá para passageiros em trânsito • Bagagem despachada diretamente ao seu des�no �nal • Viajar na companhia aérea mais pontual do mundo, segundo a OAG de Londres • �ari�as compe��vas e uma entrega e�ciente, comprome�da e com toda a hospitalidade la�na
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SHOPPING DECORATIVE LEAVES
FOLHA DE ENFEITAR POR/BY RAPHAEL CALLES
1 A coleção Leaf se inspira no movimento das folhas e suas diversas formas na natureza. The Leaf collection seeks inspiration in leaves and their diverse forms in nature.
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As peças estão disponíveis em diversos tons de ouro, mas os modelos total black são destaque. The pieces are available in many tones of gold, but the total black models are the highlights.
O par de brincos combina ouro tratado com banho de ródio negro, diamantes negros e diamantes brancos. The earrings combine treated gold with a black rhodium bath, black and white diamonds.
Os quinze anos de experiência de Marisa Clermann no mundo das joias não vêm de formação, mas de paixão. No diploma, economia; no coração, diamantes. A marca de joias que leva seu nome explora uma gama diversa de pedras e metais preciosos, em formatos que vão dos tradicionais aos exóticos.
//Marisa Clermann’s fifteen years of experience in the jewelry world come from passion, not formation. She majored in economics, but has diamonds in her heart. The brand of jewelry carrying her name explores a diverse range of precious stones and metals, in formats that go from the traditional to the exotic.
P R E Ç O S O B C O N S U LT A P R I C E U N D E R R E Q U E S T INSTAGRAM.COM/MARISACLERMANNJOIAS
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B R I N CO S M A R I S A C L E R M A N N L E A F TOTA L B L A C K
CALVINKLEIN.COM.BR #MYCALVINS
SHOPPING WORLD SUMMIT
ENCONTRO DO MUNDO POR/BY RAPHAEL CALLES
1 A coleção XXX, da Ermenegildo Zegna, foi apresentada no hall da Milano Centrale, a estação de trem de Milão, no coração da metrópole italiana. Ermenegildo Zegna’s XXX collection was presented at the hall of Milano Centrale, Milan’s train station, at the heart of the Italian metropolis.
2 Feita em algodão e poliéster vermelho escuro, o suéter conta com um padrão gráfico urbano e aplicações artísticas que lembram pessoas andando por uma cidade. Made out of cotton and dark red polyester, the sweater has a graphic urban pattern and artistic applications that remind us of people walking through a city.
3 Com esta coleção, Alessandro Sartori, diretor artístico da grife, reforça a ideia de criar para uma geração multicultural e cada vez mais globalizada. With this collection, Alessandro Sartori, the brand’s artistic director, strengthens the idea of creating a multicultural and increasingly globalized generation.
A linha outono-inverno da Ermenegildo Zegna se inspira na agitação de ambientes urbanos e traduz uma conexão com a diversidade, sem esquecer das cores quentes e da fusão de materiais.
//Ermenegildo Zegna’s Fall-Winter Collection seeks inspiration in the agitation of urban ambiances and translates a connection with diversity, without foregoing hot colors and the fusion of materials.
P R E Ç O S O B C O N S U LT A P R I C E U N D E R R E Q U E S T ZEGNA.COM.BR
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S W E ATS H I R T E R M E N E G I L D O Z E G N A W A L K S O F L I F E
MARCA MUNDIAL
UNINDO O VELHO E O NOVO MUNDO COM A
EXPRESSÃO MÁXIMA DE CADA TERROIR. 12 ARRIL D •B
RVALHO CA
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APRECIE COM MODERAÇÃO.
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F R A M E BY F R A M E
ARAQUÉM ALCÂNTARA 68 anos, fotógrafo desde os 19 // 68 years old, a photographer since he was 19 POR/BY JULIANA DEODORO
ão é possível fazer grandes fotos se você não entender o caráter de um povo e não se aprofundar na natureza”, diz Araquém Alcântara, um dos mais reconhecidos fotógrafos do país. Nascido em Santa Catarina, mas criado em Santos, no litoral paulista, Araquém fala isso do alto da experiência de quem tem quase 50 anos de carreira, já fotografou todos os 36 parques nacionais do Brasil e publicou 54 livros com temas ambientais e humanos. Sua relação com a imagem começou quando tinha 17 anos e assistiu ao filme “A Ilha Nua”, do diretor japonês Kaneto Shindô. “Aí começou a minha aventura do olhar, minha vocação para o ver”, relembra. Ao pegar emprestada a primeira câmera, passou a fotografar o dia a dia do porto de Santos. A natureza se tornou uma questão quando, em 1980, o Governo Militar decidiu construir duas usinas nucleares na região da Jureia, no litoral paulista. “Esse episódio fez com que a minha fotografia deixasse de ser apenas para mostrar coisas belas para ser política, um instrumento de luta”, afirma. Da Mata Atlântica à Caatinga, da Amazônia aos Pampas, Araquém construiu seu olhar como fotógrafo e ativista de forma singular, em busca, acima de tudo, da verdade, da beleza e da arte. “Depois que passei a entrar no mato, entendi que eu queria mostrar o Brasil, revelar um país que não se conhece. Minha fotografia é memória, mas é provocação também.”
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// “You can’t take great pictures if you don’t understand the nature of a people and do not go deep into nature”, says Araquém Alcântara, one of the country’s most renowned photographers. Born in Santa Catarina, but raised in Santos, in the São Paulo state coastline, Araquém speaks with the experience of someone who has a career spanning almost 50 years, has photographed all 36 Brazilian national parks and published 54 books with environmental and human motifs. His relation with images began when he was 17 and saw the movie “The Naked Island” by Japanese filmmaker Kaneto Shindo. “That was the starting point for my visual adventure, my vocation to see,” he remembers. He borrowed his first camera and started photographing the daily life at Santos harbor. Nature became an issue in 1980, when the Military Government decided to build two nuclear power plants in the region of Jureia, in the São Paulo coastline. “This episode changed my photographs from the depiction of beautiful things to politics, to an instrument of struggle,” he declares. From the Atlantic Rainforest to the Caatinga, from the Amazon to the Pampas, Araquém built his look as a photographer and activist in a unique fashion in his search, above all, for truth, beauty and art. “Since I started roaming the woods, I understood that I wanted to depict Brazil, to reveal an unknown country. My photography is memory, but it is also a provocation.”
B I G UAT I N G A
FOTO/PHOTO RUBENS MATSUSHITA
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CÂMERA NIKON FM / LENTE TELEOBJETIVA 300MM 2.8
CAMERA NIKON FM/300MM 2.8 TELEPHOTO LENS
Nos anos 1980, quando fotografei a questão das “usinas “ In the 1980s, when I was depicting the issue of the nucleares, meu guia era Arthur Lino dos Santos power plants, my guide was Arthur Lino dos Santos Pereira, um conhecedor da mata, homem sábio, que me ensinou muita coisa. Ele que me levou a este braço de rio, onde descobri um reduto de biguatingas, um pássaro belo, mas não muito raro. Eu me camuflei todo, fui pela beirada do rio, entrei na água e consegui pegar uma das aves descendo de um galho, com fundo verde e amarelo, uma imagem de epifania e beleza. Fiz o que chamo de ‘fotanga’, que acontece quando você transcende, entra no estado do sagrado. Quando faço uma foto transcendental, eu sinto no ato, é um arrepio da cabeça aos pés. Todos os sentidos me dizem: ‘cara, você atingiu o state of art’.
”
Pereira, a wise man who taught me a lot. He took me to a branch of the river, where I discovered a refuge for biguatingas, a beautiful but not rare bird. I camouflaged, went along the the river, got into the water and captured one of the birds flying, against a yellow and green background, an image of epiphany and beauty. I took a 'fotanga', which happens when you transcend, when you enter a sacred state. When I take a transcendental picture, I feel it at the very moment, and a tingle runs down my whole body, from head to feet. All my senses tell me: ‘man, you reached the state of art’.
”
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C Â M E R A A S A H I P E N TA X S P OT M AT I C F / L E N T E 5 0 M M 1 . 4 C A M E R A A S A H I P E N TA X S P OT M AT I C F/ 5 0 M M 1 . 4 L E N S
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SEO MANOEL
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Nesta imagem está meu pai, Manoel, um homem “analfabeto, cozinheiro de navio, que sabia das coisas intuitivamente. Juntos, andamos 36 quilômetros na praia do Una, carregando essa foto, que mostra os esqueletos depois da bomba de Hiroshima, no Japão. É uma imagem estranha, mas tem razão de ser: se originou do amor e da revolta, que são minha matriz criativa. Minha história como fotógrafo foi construída com pessoas como meu pai, como Arthur Lino [guia citado na foto anterior]. Meu trabalho é andar, ouvir e fotografar essas gentes e sua tormentosa caminhada. Não sou um fotógrafo de bichos, sou um fotógrafo do Brasil. Essa foto correu o mundo e é muito icônica para mim porque uma fotografia só diletante não é nada, ela tem que dizer algo.
”
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“
This image shows my father, Manoel, an illiterate man, a ship’s cook, who knew things intuitively. Together, we walked 22 miles along Una beach, carrying this picture, which shows the skeletons after the Hiroshima bombing in Japan. It is a strange image, but it had a reason: it was born from love and revolt, which are my creative matrixes. My history as a photographer was built with people like my dad, like Arthur Lino (guide mentioned in the previous picture). My job is to walk, listen and photograph these people and their tempestuous path. I am not an animal photographer; I am a photographer of Brazil. This picture was shown all over the world and it is very iconic to me because a dilettante picture is nothing if it doesn’t say something.
”
ANÚNCIO
FOTO/PHOTO: DBOX FOR MACKLOWE PROPERTIES
A RQ & D É C O R
A NEW CHAPTER
UM NOVO CAPÍTULO P O R / B Y JULIANA DEODORO
Em transformação desde os atentados de 11 de setembro, Downtown, em Nova York, atrai cada vez mais negócios, visitantes e novos moradores // Undergoing transformation since the 9/11 attacks, Downtown New York attracts more businesses, visitors and new dwellers 34
O BAIRRO QUE PODERIA TER SIDO ESVAZIADO E ABANDONADO PELO MEDO, FOI TOMADO NA ÚLTIMA DÉCADA POR RESTAURANTES, LOJAS, VISITANTES E NOVOS MORADORES, ÁVIDOS POR APROVEITAR O QUE ELE TEM DE MELHOR. // THE DISTRICT, WHICH COULD HAVE BECOME A GHOST TOWN DUE TO FEAR, WAS INVADED IN THE LAST DECADE BY RESTAURANTS, STORES, VISITORS AND NEW DWELLERS EAGER TO TAKE ADVANTAGE OF ITS BEST ASSETS.
Vista do Battery Park, no extremo sul da ilha de Manhattan // View of Battery Park, at the southern of Manhattan Island
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elimitada pela rua 14, os rios Hudson e East, e pelo porto de Nova York, a região de Downtown, no sul de Manhattan, foi cenário de alguns dos mais importantes acontecimentos históricos da maior metrópole do mundo. Foi em uma de suas vias, em 1625, que os holandeses construíram um muro para defender a cidade, então chamada Nova Amsterdã, dos ingleses, que ameaçavam invadi-la. Foi no Federal Hall que a Declaração de Direitos foi escrita, em 1789. Ali, floresceu Wall Street, o mais importante mercado financeiro do mundo, e foi também onde aconteceu uma das maiores tragédias dos nossos tempos: o ataque ao World Trade Center, em 2001. Desde então, Downtown passa por uma transformação. O bairro que poderia ter sido esvaziado e abandonado pelo medo, foi tomado na última década por restaurantes, lojas, visitantes e novos moradores, ávidos por aproveitar o que ele tem de melhor. “Eu não acho que alguém teria esperado o que vemos em Downtown hoje. Há uma energia aqui. As pessoas poderiam ter desistido depois do 11 de setembro e ninguém as teria culpado. Em vez disso, houve uma tenacidade, uma dedicação que é inspiradora”, afirma Jessica Lappin, presidente da Alliance for Downtown New York, organização responsável por administrar o distrito. Morador de metrópole desde 2001, o jornalista e apresentador Pedro Andrade, que acaba de lançar uma edição
// Delimited by 14th Street and the Hudson and East rivers, and by New York Harbor, the Downtown region, in the south of Manhattan, was the setting for some of the most important events in the history of the world’s greatest metropolis. It was in one of its streets, in 1625, that the Dutch built a wall to defend the city, then called New Amsterdam, from the British, who threatened to invade it. It was at Federal Hall that the Declaration of Rights was written, in 1789. It was also there that flourished Wall Street, the world’s most important financial market, and also where took place one of the greatest tragedies of our time: the attack on the World Trade Center, in 2001. Since then, Downtown has been going through a transformation. The district, which could have become a ghost town due to fear, was invaded in the last decade by restaurants, stores, visitors and new dwellers eager to take advantage of its best assets. I don't think anyone would have expected what we see in Lower Manhattan today. There's an energy here. People could have given up after 9/11 and nobody would have blamed them. Instead there has been a tenacity, a dedication that is inspiring”, states Jessica Lappin, President of the Alliance for Downtown New York, organization responsible for managing the district. Living in the metropolis since 2001, journalist and TV host Pedro Andrade, who has just released a bigger and revised
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R ERQ A TR &A DN ÉC CA OR ampliada e revisada do seu “O melhor guia de Nova York”, concorda com Jessica. “Essa revitalização é prova de que Nova York é uma das cidades mais resilientes do mundo. Além disso, existe um simbolismo de mostrar pra todos que Nova York não é uma vítima, nem uma cidade fácil de destruir.” Na última década, US$ 30 bilhões foram investidos na região em infraestrutura e imóveis. A população residente aumentou em três vezes, e hoje soma 62 mil habitantes. Neste ano, as empresas localizadas ali empregaram o maior número de pessoas no setor privado desde 2001, com mais de 250 mil vagas. E até 2021, a previsão é que sejam entregues quase 3 mil unidades residenciais. Um desses lançamentos, como não poderia deixar de ser, é carregado de história. O One Wall Street, que deve ser concluído no próximo ano, ocupa um edifício art déco construído em 1931 por Ralph Walker, considerado pelo New York Times como o “arquiteto do século”. Símbolo da transformação do bairro, o prédio abrigou a Irving Trust Company até 2014, quando foi comprado pela Macklowe Properties. Seus 50 andares de escritórios estão sendo reformulados para abrigar 566 apartamentos – de studios a quatro quartos. “Downtown se tornou um bairro vibrante, com muitas opções de comércio, instituições de ensino superior, além de mais de 400 Detalhes do ONE Wall Street, com entrega prevista para 2020
edition of his “The best New York guide”, agrees with Jessica. “This revitalization is a proof that New York is one of the world’s most resilient cities. Besides, there is a symbolism that goes to show to everyone that New York is not a victim, nor a city easy to destroy.” In the last decade, there was a US$ 30 billion investment in the region in infrastructure and real estate. The resident population is three times bigger and today reaches up to 62 thousand inhabitants. This year, companies located in the area employed the biggest number of people from the private sector since 2001, with over 250 thousand job openings. Moreover, until 2021, the delivery of nearly 3 thousand new residential units is expected. One of these launches has a lot of history behind it. One Wall Street, which will be concluded next year, occupies an Art Deco building built in 1931 by Ralph Walker, considered by the New York Times the “architect of the century”. A symbol of the district’s transformation, the building housed the Irving Trust Company until 2014, when it was purchased by Macklowe Properties. Its 50 stories of offices are being reformed to give way to 566 apartments – from studios to 4-room units. “ Downtown has evolved into a vibrant living district with an abundance of world-class retail offerings and dining, top tier education institutions as
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FOTO/PHOTO: DBOX FOR MACKLOWE PROPERTIES
// ONE Wall Street details, expected to open in 2020
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mil metros quadrados de parques e espaços ao ar livre. Ao transformar essa estrutura arquitetônica icônica em um novo endereço residencial, o One Wall Street acomodará um novo grupo demográfico de profissionais que se deslocam para essa região da cidade”, afirma Richard Dubrow, diretor de marketing do Macklowe Properties. Equipado com piscina, coworking, terraço com vista para o porto de Nova York, além de spa e academia, cafeteria, supermercado, paraciclos e espaço para cães, o edifício procura atender o público que está ocupando a região. De acordo com a Downtown Alliance, mais de 60% dos moradores do bairro têm até 44 anos. Em comparação com Manhattan e Nova York como um todo, esse distrito é o que mais concentra jovens profissionais. “Foram criados inúmeros motivos para as pessoas quererem viver e trabalhar ali. Houve um investimento em infraestrutura maior que qualquer outro lugar em Manhattan, a tal ponto que ficou óbvio que seria um dos melhores lugares para se estar”, diz Pedro Andrade.
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well as over 84 acres of parks and outdoor space. Transforming this iconic architectural structure into a new residential address, One Wall Street will accommodate a new demographic of professionals moving downtown”, affirms Richard Dubrow, marketing director of Macklowe Properties. Equipped with pool, co-working facilities, terrace with a view to New York Harbor, as well as spa and gym, cafeteria, supermarket, bike rack and a space for dogs, the building seeks to cater to the public now occupying the region. According to Downtown Alliance, more than 60% of the district’s inhabitants are 44 years old or younger. In comparison with Manhattan and New York as a whole, this is the district concentrating the greatest number of young professionals. “Many reasons were created for people to want to live and work there. There was an investment in infrastructure greater than in any other place in Manhattan, to a point where it became obvious that it would be one of the best places to be,” says Pedro Andrade.
Inaugurado em 2018, Pier 17 recebe shows e sessões de cinema Opened in 2018, Pier 17 hosts shows and film sessions
DOWNTOWN BY PEDRO ANDRADE*
D O W N TO W N D E PEDRO ANDRADE* GRAND BANKS “Um dos meus lugares favoritos, é um barco que fica ancorado na região e tem as melhores ostras da cidade. Existe uma mágica em curtir Nova York da água.” “One of my favorite places, a boat anchored in the region, which serves the best oysters in the city. There is something magical about enjoying New York from the water.” | grandbanks.nyc
THE BEEKMAN
FOTO/PHOTO: JAIRO GOLDFLUS
Um dos primeiros prédios da cidade, ficou fechado por oito décadas depois de um incêndio. Reformado, hoje é um hotel estupendo, cenário de filmes e editoriais.” One of the city’s first buildings, it was closed for eight decades after burning down in a fire. Renovated, it is now a fantastic hotel, a setting for movies and editorials.” | thebeekman.com Entre as opções de lazer, a grande novidade é o Pier 17, inaugurado no ano passado, que conta com um terraço aberto para concertos. Nos últimos tempos, chefs conhecidos também levaram seus negócios para Downtown, como Danny Meyer, Tom Colicchio and Jean-Georges Vongerichten. E o futuro promete novidades. Em 2021, será inaugurado, no One World Trade Center, o Ronald O. Perelman Center for the Performing Arts, espaço multidisciplinar com programação voltada para teatro, dança, música, cinema e ópera contemporânea e de câmara. “Há uma mágica por aqui. Temos ruas de paralelepípedos e marcos históricos como o Federal Hall, ao lado de projetos de vanguarda como o Gehry New York. É o velho e o novo ao mesmo tempo, e representa igualmente o nosso passado, bem como o nosso futuro”, sintetiza Jessica Lappin. Among the leisure options, the great novelty is Pier 17, inaugurated last year, which has an open terrace for concerts. In the last few years, renowned chefs also took their businesses Downtown, like Danny Meyer, Tom Colicchio and Jean-Georges Vongerichten. Moreover, the future promises even more. 2021 will see the inauguration, at One World Trade Center, of the Ronald O. Perelman Center for the Performing Arts, a multidisciplinary space for theater, dance, music, cinema and contemporary and chamber opera. “There's a magic about Lower Manhattan. We have cobblestone streets and historical landmarks like Federal Hall alongside cutting-edge design like Gehry New York. It's old and new all at the same time and equally represents our past as well as our future”, sums up Jessica Lappin.
LE DISTRICT “Um espécie de Eataly francês. No complexo, você encontra de tudo: queijos, vinhos, restaurantes, pães. É um absurdo, uma delícia.” “A sort of French Eataly. In this place, you can find everything: cheese, wine, restaurants, different kinds of bread. It is awesome, a total treat.” | ledistrict.com
*Jornalista e apresentador de TV, autor do recém-lançado “O melhor guia de Nova York” // *Journalist and TV host, author of the recently released book “The best New York guide”
1. ABRA O SPOTIFY / OPEN SPOTIFY
2. SCANEIE O CÓDIGO / SCAN THE CODE
3. BOA VIAGEM! / HAVE A GOOD TRIP!
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STYLE S U S TA I N A B I L I T Y M I N A S S T Y L E
SUSTENTABILIDADE
Para além do trabalho artesanal, estilistas de Minas Gerais apostam em reaproveitamento de tecidos, capacitação de profissionais e cocriações para elaborar peças que dialoguem com nova realidade de consumo // Beyond artisanal work, Minas Gerais state stylists make a wager on the reutilization of fabric, capacitation of professionals and co-creations, in order to concoct pieces that can engage with the new consumer reality 40
O TT O O // PP H HO O TT O O :: D JO ES FF O I VÃUOL GA AR ÇR ÃA O
P O R / B Y MARIANA AMORIM
À M I N EIRA Peças da coleção "Resort 2019", de Lucas Magalhães Items from the "Resort 2019" collection by Lucas Magalhães
A
moda de Minas Gerais é essencialmente conhecida por seus bordados tradicionais, que passeiam dos vestidos de festa aos looks mais despojados. O forte das peças ultrapassa a exuberância visual, mostrando-se presente, também, no trabalho artesanal e no viés sustentável que muitos estilistas passaram a imprimir em suas marcas desde algum tempo atrás. Por isso, quando falamos em moda, há muito o que se comentar além de, simplesmente, estilos, tipos de tecido e tendências nas passarelas. Isso faz voltar nosso olhar ao trabalho dos mineiros, cada vez mais alinhados às atualidades globais. “A sustentabilidade não é um tema que deve ser tratado como ‘da moda’. Ela veio para ficar e precisa estar na maior parte dos nossos processos — essa indústria é a terceira mais poluente do mundo. Por isso, muitas práticas precisam ser revistas”, provoca Ronaldo Fraga, pioneiro em envolver os dois assuntos no mesmo discurso. Irreverente, ele adota o conceito nas mais diversas etapas de sua marca, seja no uso de tecidos de fibras naturais orgânicas, seja no reaproveitamento de retalhos de confecções. O estilista já apostou em algodão colorido da Paraíba e fibras feitas de garrafa pet. A estilista Patrícia Bonaldi, que trabalha uma linha mais luxuosa, também não deixa a “eco” de lado. O grupo Nohda, do qual é a fundadora, é uma holding criada em 2014, com as labels PatBO, PatBO Patricia Bonaldi e Apartamento 03. “Nossas marcas resgatam as técnicas manuais mais tradicionais e as transformam em criações contemporâneas cheias de significado”, diz Patrícia.
// Minas Gerais fashion is essentially renowned for its traditional needlework, ranging from party dresses to casual looks. The strength of its pieces goes beyond visual exuberance and lives in the artisanal work and the sustainable bias that many stylists have imprinted their brands with for a while. Thus, when we talk about fashion, there is a lot more to comment than styles, types of fabric and trends on the catwalk, but how the work of Minas natives is increasingly aligned with current global events. Sustainability is not a theme that should be treated as ‘a fad’. It has come to stay and must be a part of most of our processes – this industry is the third biggest polluter in the world. Therefore, many practices must be revised,” provokes Reinaldo Fraga, a pioneer in involving both issues in the same discourse. Irreverent, he adopts the concept in the diverse stages of his brand, whether in the use of natural organic fiber fabrics or in the reutilization of scraps from clothing manufacturers. When it comes to raw material, a point usually reinforced by him, Ronaldo Fraga has in the past used colored cotton from the state of Paraíba and fibers made from plastic bottles. Stylist Patrícia Bonaldi, who works in a more luxurious line, also worries about the “eco” side of the business. Group Nohda, which she founded, is a holding created in 2014 with labels PatBO, PatBO Patrícia Bonaldi and Apartamento 03. “Our brands revive the more traditional manual techniques and transform them into meaningful contemporary creations,” says Patrícia.
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STYLE
Para ela, capacitar a mão de obra que atende seu negócio é uma maneira de continuar incentivando a economia local. Por isso, aposta nas bordadeiras artesãs, uma atividade cada vez mais escassa. “Para que essa arte não se perca e para conseguir atender a essa demanda específica, criei, há oito anos, o projeto ‘Costurando Sonhos’, no qual já capacitamos mais de 200 profissionais para o mercado”, conta. “Sinto que cada vez mais que as pessoas e as marcas estão se conscientizando e adaptando sua realidade para um caminho sustentável”, afirma. Para Patrícia, um dos grandes desafios é fazer com que as sobras de matérias-primas de luxo possam ser aproveitadas em novos produtos e, esses, revertidos para causas que ela busca apoiar. Já na opinião de Lucas Magalhães, essa maré inspira mais criatividade e oportunidades. “Tenho visto em Minas Gerais muitas marcas percebendo que a cocriação, a sustentabilidade e a moda podem andar juntos. Isso é muito importante para que possamos crescer em um mundo melhor. Acredito nesses pilares para a criação de uma moda de qualidade, acessível, sustentável, real e global”, conta o estilista, que já comandou o projeto ‘LUCAS MGLHS CO_LAB’, em parceria com marcas de consultoria de estilo, estamparias e assim por diante. A ideia, segundo ele, é dar cada vez mais espaço para trabalhos cocriativos. Tudo isso só reforça um movimento que tem tomado forma com o passar dos anos. Não pensar em sustentabilidade, comunidades locais, reaproveitamento de materiais e produção de lixo não é cool no século 21. A moda caminha a passos largos — e irreversíveis — rumo a uma nova realidade de consumo, em que quem produz, quem faz e quem compra poderão estar alinhados a um mesmo propósito: o futuro do planeta. “Mais do que nunca, precisamos fazer provocações e repensar o atual processo. É necessário abrirmos espaço para novas ideias de viabilizar, fazer e consumir”, conclui Lucas Magalhães.
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For her, capacitating workforce that caters to her business is a way to stimulate local economy, thus she uses artisan embroiders, an increasingly rare activity. “In order that we do not lose this art and attend to this specific demand, I created eight years ago the project ‘Sewing Dreams’, in which we have already capacitated over 200 professionals for the market,” she says. “I feel more and more that people and brands are becoming conscious and adapting their reality to a more sustainable path,” she declares. For Patrícia, one of the big challenges is reusing luxury raw materials in new products that can be reverted to causes that she supports. In Lucas Magalhães’ opinion, this tide inspires more creativity and opportunities. “I have seen in Minas Gerais many brands perceiving that co-creation, sustainability and fashion can walk hand in hand. This is very important for us to grow in a better world. I believe in these pillars for the creation of a quality, accessible, sustainable, real and global fashion,” says the stylist, who has already helmed project LUCAS MGLHS CO_LAB in a partnership with style and textile printing consultancies et al. The idea, according to him, is to open more and more space for co-creative efforts. All this only reinforces a movement that has gained shape with the passage of time. Refusing to think about sustainability, local communities, reutilization of materials and waste production is not cool in the 21st century. Fashion takes broad – and irreversible – steps towards a new consumption reality in which those who produce, those who make and those who buy may be aligned to the same purpose: the future of the planet. “More than ever we need to make provocations and reconsider the current process. It is necessary for us to open space to new ideas in order to enable, produce and consume,” concludes Lucas Magalhães.
Patrícia Bonaldi em momento de criação: marcas resgatam técnicas manuais mais tradicionais Patrícia Bonaldi at the time of creation: brands rescue more traditional manual techniques
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Três coleções colaborativas de Ronaldo Fraga (em sentido horário): com o grupo "Sereias da Penha", da Paraíba; com artesãs do município de Tucumã, no Pará; e com bordadeiras de Barra Longa, em Minas, cidade atingida pela tragédia de Mariana. Three collaborative collections of Ronaldo Fraga (clockwise): with the group "Sereias da Penha", from Paraíba; with artisans from the municipality of Tucumã, Pará; and with embroiderers of Barra Longa, in Minas, a
FOTO/PHOTO: AGÊNCIA FOTOSITE
city hit by the tragedy of Mariana.
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RONALDO FRAGA Veterano, o estilista Ronaldo Fraga começou sua carreira por volta dos 15 anos, em um curso de desenho no Senac. Depois disso, formou-se em estilismo pela UFMG, ganhou um concurso e foi fazer pós-graduação em Nova York. Lançou a marca que leva seu nome em meados de 1996. Até hoje, faz questão de que suas criações fujam do óbvio e usem a poesia para tratar de assuntos atuais. // A veteran, stylist Ronaldo Fraga started his career around 15, in a Senac design course. After that, he graduated in styling from the Federal University of Minas Gerais, won a contest and studied in a post grad course in New York. He launched a brand with his name in 1996. Until today, he wants to make certain that his creations stray from the obvious and that they use poetry to talk about current issues.
PATRICIA BONALDI Patricia Bonaldi já desenhava roupas quando começou uma loja multimarcas em Uberlândia, Minas Gerais. Foram os pedidos de ajustes em vestidos que não eram seus que deram a ideia de criar a própria grife. Suas coleções transitam entre o jeans, casual e beachwear, e a estilista é famosa entre as celebridades por atender o estilo cosmopolita e moderno com um toque luxuoso. // Patricia Bonaldi already designed clothes when she opened a multibrand store in Uberlândia, in the state of Minas Gerais. By having to make adjustments to other designers’ dresses, she got the idea of creating her own brand. Her collections include jeans, casual fashion and beachwear, and the stylist is famous among celebrities for tackling the cosmopolitan modern style with a touch of luxury.
LUCAS MAGALHÃES Um nome que tem ganhado cada vez mais destaque no cenário fashion, Lucas Magalhães desafia a moda tradicional ao buscar formatos diferentes e valorizar novos projetos para suas criações. Com uma pegada moderna e descontraída, entrou na moda sem a mínima pretensão, quando era estagiário de design gráfico (sua primeira formação)
FOTO/PHOTO: ANA COLLA
na Patachou. // A name that has increasingly gained prominence in the fashion scene, Lucas Magalhães challenges traditional fashion by searching for different formats and valuing new projects for his creations. With a modern and relaxed vibe, he came into the fashion world unpretentiously, when he was a graphic design (his first major) intern for brand Patachou.
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RR T ET AV RA EL NCA
A TIME FOR CERRADO
TEMPO DE CERRADO POR/BY LUIZA VIEIRA FOTOS/PHOTOS VICTOR AFFARO
Há um lugar, no interior do Brasil, onde o relógio e a geografia parecem desafiar a lógica. Na fronteira entre Goiás, Bahia e Minas Gerais, o Parque Nacional Grande Sertão Veredas é uma imersão na grandeza, na diversidade e no sossego de um dos biomas mais importantes do país 46
There is a place, in the Brazilian countryside, where time and geography seem to defy logic. In the boundary between Goiás, Bahia and Minas Gerais, Grande Sertão Veredas National Park provides an immersion into the grandeur, diversity and tranquility of one of the country’s most important biomes
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T R AV E L
Tríplice fronteira: onde Minas, Bahia e Goiás se encontram. Triple border: where Minas, Bahia and Goiás meet.
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L
Á, o relógio não funciona. Há o antes e o depois da chuva, que você vê chegando de longe, no infinito do horizonte chapado. Há o silêncio da espera — por minutos, horas, dias — para vislumbrar os poucos segundos da aparição do lobo-guará, o rei do pedaço. Há apenas a luz das lanternas na escuridão, durante o demorado trabalho para encontrar os luminosos olhos vermelhos do jacaré-anão, espécie abundante na área. Se há uma palavra de ordem no Cerrado ela é, definitivamente, paciência — ou seria calmaria? —, já que nesse lugar o tempo não corre na velocidade dos ponteiros. E pressa para quê? Afinal, estamos no coração do Brasil, em um ponto geograficamente singular e que nos dá a dimensão da imensidão de nosso país. Na divisa de Minas Gerais, Goiás e Bahia, localização registrada por um modesto monumento de concreto fincado no chão da propriedade Fazenda Trijunção, dá-se conta de que se está pisando simultaneamente em três regiões brasileiras. Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste se encontram ali e, por mais megalomaníaco que pareça, a sensação é de uma paz absoluta, garantida pelo silêncio ensurdecedor do vale que se avista logo à frente do pequeno marco. Chegar a esse exclusivo pedaço de paraíso, dentro do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, não é fácil, mas é um trajeto recompensador para quem se dispõe a percorrê-lo. Partindo de Brasília, a capital mais próxima, são cinco horas de carro (sendo que duas são em chão de terra) ou, o que se aconselha veementemente, cerca de uma hora de avião particular. Da pista local, na cidade de Cocos, no oeste da Bahia, veículos 4x4 esperam pelo visitante para um curto trajeto, de aproximadamente 20 minutos até a Pousada Trijunção.
//There, the clock does not tick. There is a before and an after the rain, which you can see coming from a distance, in the infinite flat horizon. There is that silence of expectation – for minutes, hours, days – to steal a glance, for a few seconds, at the maned wolf, the king of the strip. There are only the beams from flashlights in the darkness, during the painstaking work to find the luminous red eyes of Cuvier’s dwarf caimans, an abundant species in the region. If there is a watchword in Cerrado, it is definitely patience (or could it be tranquility?), since in this place time does not move at the same speed as the clock’s hands. But then, why hurry? After all, you are at the heart of Brazil, in a unique geographic point that gives us an idea of the immensity of our country. At the boundary of the states of Minas Gerais, Goiás and Bahia, a location marked by a modest concrete monument stuck in the ground of Trijunção Lodge, one notices that he or she is stepping simultaneously in three Brazilian regions. The Southeast, Midwest and Northeast meet at that junction and, as megalomaniacal as it may seem, the sensation is of absolute peace, guaranteed by the deafening silence of the valley that opens up directly in front of the small landmark. Arriving at this exclusive stretch of paradise, inside Grande Sertão Veredas National Park, is not an easy task, but it is a rewarding itinerary for those willing to cover it. From Brasília, the nearest capital, it is a five hour ride (two of them in dirt roads) or, and this is strongly advised, about an hour by private plane. From the local tarmac, at the city of Cocos, west of the state of Bahia, 4x4 vehicles await visitors for a short ride of approximately 20 minutes up to Trijunção Lodge.
E PRESSA PARA QUÊ? AFINAL, ESTAMOS NO CORAÇÃO DO BRASIL, EM UM PONTO GEOGRAFICAMENTE SINGULAR E QUE NOS DÁ A DIMENSÃO DA IMENSIDÃO DE NOSSO PAÍS
// BUT THEN, WHY HURRY? AFTER ALL, YOU ARE AT THE HEART OF BRAZIL, IN A UNIQUE GEOGRAPHIC POINT THAT GIVES US AN IDEA OF THE IMMENSITY OF OUR COUNTRY.
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T R AV E L “Às 6 horas da manhã. Claridade da madrugada. O sol ainda não saiu. Está clareando agora, resumindo. Romper da aurora. Perto de nós, o grosso, enorme rolo reto, de bruma branca (“fumaça”) desce da bocâina pela baixada. Sôbre êle o outeiro, que marca o nascente. Grandes nuvens alaranjadas, que, a certa hora, se mudam em azuis — mas sobre elas o céu se toma de difusos laivos côr de rosa, extensos — aumentação dos raios do sol (parecem uma). Maiora a claridade.”
// “At 6 a.m. Early morning brightness. The sun is not out yet. It is getting clear now, to sum it up. Dawn breaking through. Near us, the thick, huge, straight white rolling fog (“smoke”) comes down from the mountain ridge to the lower lands. Above it the hill that marks the fountainhead. Big orange clouds that, at a certain point become
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Trecho de A Boiada, diário de Guimarães Rosa durante expedição em 1952, pelas veredas do sertão das Geraes. Excerpt from A Boiada, author Guimarães
blue – but above them, the sky is strewn with diffuse, broad pink stains – to augment
Rosa’s diary during the 1952 expedition
the sunrays (or so it seems). Clarity heightens.”
through the hinterland of Minas Gerais.
Piquenique, frango com pequi e contato direto com a natureza fazem parte da experiĂŞncia. Picnic, chicken with pequi and direct contact with nature are part of the experience.
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T R AV E L Inserido no bucolismo da vereda, que encanta pela riqueza de sua vegetação e fauna nativas, o lodge é um oásis para aqueles em busca de um dos itens mais valiosos (e escassos) da alucinada vida nas grandes cidades: o tempo. Só que, ali, a rotina gira em torno de um relógio inexistente, que desperta antes do canto dos pássaros. Acordar com o nascer do sol para observar as inúmeras espécies é, inclusive, uma das atividades mais interessantes. Muitos são vistos a olho nu, no entorno da própria propriedade, mas, nas visitas guiadas por biólogos, descobre-se logo que saber mais das aves que habitam o bioma pode ser uma experiência enriquecedora. A vista também se perde entre os incontáveis pequizeiros, pés da fruta local mais popular daquelas bandas e presente em boa parte de sua tradição culinária. Se for época de pequi, prepare-se para provar de geleias a caldos, em receitas doces e salgadas, do café da manhã ao jantar. Se não, os galhos retorcidos das árvores encantam por si só, ao lado de jatobás, araticuns e palmeiras buriti. Todas escondem — ou melhor, abrigam — a vastidão da fauna do Cerrado. Mantenha os olhos atentos durante todo e qualquer deslocamento: podem cruzar o seu caminho veados, seriemas, cobras, tamanduás e catetos, entre muitos outros animais silvestres, espécies que ali estão protegidas da ação do homem. Um dos principais motes locais é a habituação, que consiste em fazer com que os bichos se acostumem com a presença do ser humano, evitando incidentes e facilitando o desenvolvimento de projetos de pesquisa e preservação. É o caso do Instituto Onçafari, que cuida justamente do lobo-guará, o maior canídeo da América do Sul. Monitorados por pesquisadores, os animais habitam a região e circulam livremente pelo território. No entanto, avistá-los está longe de ser uma tarefa fácil. Para isso, conta-se com a ajuda dos biólogos da instituição, que saem todos os dias a campo a fim de encontrá-los. Conhecedora-mor dos lobos Diadorim e Nhorinhá (nomes de personagens de “Grande Sertão: Veredas” (1956), de Guimarães Rosa), a bióloga Valquíria Cabral os procura diariamente com paixão e brilho nos olhos. Toda vez em que avista um dos lobos é um dia ganho, lembranças que narra com fascínio. Embarcar com ela na carona da picape e sair a campo, em safáris noturnos, é a oportunidade rara de vê-los em seu habitat natural.
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Inserted in the tranquility of the biome, which enchants visitors due to the richness of its native vegetation and fauna, the lodge is an oasis for those in search of one of the most valuable (and scarce) items of the hectic life in big cities: time. Except that there, the routine revolves around an inexistent clock that awakens us before the birds start to sing. Getting up with dawn to watch the myriad species is, by the way, one of the most interesting activities. Many can be seen with the naked eye, around the property itself, but in the visits guided by biologists we discover that learning more about the birds that inhabit Cerrado can be a very enriching experience. The glance also gets lost among the numberless pequi trees, the most popular fruit tree in that vicinity and present in most dishes of its culinary tradition. If it is pequi season, get ready to taste jams and broths, in sweet and salty recipes, from breakfast to dinner. If not, the twisted branches of the trees are enchanting enough, standing beside courbarils, araticuns and moriche palm trees. They all hide – or, better yet, shelter – the vast fauna of the Cerrado. Keep your eyes alert during each and every ride: stags, seriemas, snakes, anteaters and collared peccaries, among many other wild animals, species protected from human activity, may cross your path. One of the major local motifs is “habituation”, which consists in making the animals become used to the presence of human beings, avoiding incidents and promoting the development of research and preservation projects. This is the case with Onçafari Institute, which looks after the maned wolf, South America’s biggest canid. Monitored by researchers, the animals inhabit the region and circulate freely around the territory. However, seeing them is far from an easy task. To do so, you can count with the help of biologists from the institution, who go out every day to the field, searching for them. The person most familiar with wolves Diadorim and Nhorinhá (names borrowed from characters of Guimarães Rosa’s 1956 novel “The Devil to Pay in the Backlands”), biologist Valquíria Cabral searches for them daily with passionate and shining eyes. A day when she sees them is a special one, memories that she narrates with fascination. Embarking with her in the truck, on the way to the field, in nocturnal safaris, is a rare opportunity to see them in their natural habitat.
Passeio de caiaque pela Lagoa do Formoso, tambĂŠm conhecida como Lagoa das Araras // Kayaking by Lagoa do Formoso, also known as Macaw Lake
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Outro passeio em que a expectativa se mostra protagonista é a observação de jacarés na Lagoa do Formoso. À noite, o breu só é cortado pelos feixes das lanternas em busca de isolados pontinhos escarlate. São os olhos dos répteis que, quando iluminados, irradiam um vermelho brilhante e orientam a direção dos barcos. Crentes que estão camuflados, os jacarés ficam imóveis no raso da margem, o que permite que o visitante chegue bem pertinho. Se a escuridão assusta, vale também visitar o local durante o dia para um refrescante banho de água doce. Munido adequadamente de provisões para uma tarde à beira da lagoa, com direito a piquenique em uma plataforma flutuante, complete a programação com passeios de barco, caiaque e stand up paddle, em um cenário encantador ladeado de buritis. Com o sol a pino, entende-se a alcunha do lugar, Lagoa das Araras, uma vez que as aves, em pares ou grupos, acompanham o navegar com rasantes e revoadas. Embora o relógio (bem como o celular) já seja acessório esquecido a essa altura da viagem, chega a hora de voltar para o ritmo da cidade —agora, porém, recarregado com as energias do Cerrado.
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Another tour in which expectation becomes the protagonist is the observation of caimans at Formoso Lake. At night, only the beams from lanterns light the darkness in their search for isolated scarlet dots. These are the eyes of the reptiles which, when lit, irradiate a red glow and guide the boats’ direction. Trusting to be camouflaged, the caimans stay still at the margin shallows, allowing visitors to approach them. If you are scared of the darkness, the trip during the day, for a nice and refreshing bath, is also worth it. Adequately fitted with provisions for an afternoon by the lake, where you can picnic at a floating platform and complete the tour with boat, kayak and stand up paddle rides in a charming background surrounded by moriche palm trees. With the sun high up, the attraction changes its name to Macaw Lake, since the birds, in pairs or in groups, accompany the ride flying low or in flocks. Although the watch (as well as the mobile phone) is a forgotten accessory by this stage of the trip, time has come to return to the urban rhythm – however, now recharged with the energies of Cerrado.
Vista da piscina na Pousada Trijunção; ao lado, quarto da acomodação Suíte Master, o bar da piscina e redário // View of the pool at Pousada Trijunção; on the other page, the Master Suite accommodation, pool bar and hammock
1. ABRA O SPOTIFY / OPEN SPOTIFY 2. SCANEIE O CÓDIGO / SCAN THE CODE 3. BOA VIAGEM! / HAVE A GOOD TRIP!
FARMHOUSE
C A S A D E FA Z E N DA A Pousada Trijunção é a única acomodação local e a responsável por oferecer todas as atividades do roteiro. Conta com sete acomodações, todas com decoração rústica de objetos garimpados na região, livros de arte, literatura e fotografias do Cerrado. Antiga sede de uma fazenda, os quartos são próximos uns dos outros e oferecem um clima extremamente intimista. A Suíte Master conta com ofurô e varanda particular — o que garante uma experiência ainda mais completa. A pousada oferece wi-fi (não há sequer sinal de celular), ferramenta extremamente desnecessária quando se tem o Cerrado como quintal: com os pés descalços, peça uma caipirinha no bar da piscina e curta o cenário da vereda onde estarão, muito provavelmente, apenas você e seus convidados. // Pousada Trijunção is the only local lodging and is responsible for offering all the activities in the tour. It has seven accommodations, all with rustic decoration made up of objects prospected in the region and art, literature and Cerrado photos books. Old farm headquarters, the rooms are close together and offer an extremely intimate climate. The Master Suite comes with ofurô and private terrace – guaranteeing a more gratifying experience. The lodge offers Wi-Fi (there is no mobile phone signal there), an unnecessary tool when you have the Cerrado as a backyard: on your bare feet, order a caipirinha at the pool bar and enjoy the view from the terrace, where you will probably be alone with your guests. POUSADATRIJU NC AO.COM .B R
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HIGHLIGHT
LINEAR PARKS OF THE WORLD
PARQUES LINEARES NO MUNDO Os parques lineares mudam a paisagem das cidades, criam soluções ambientais para grandes centros urbanos e se tornam pontos de encontro e lazer na rotina dos habitantes. Conheça três projetos ao redor do mundo Linear parks change the landscape of cities, create environmental solutions for great urban centers and become a hangout and place of leisure in the routine of its inhabitants. Here are three projects from around the world
AUSTRÁLIA / AUSTRALIA
CORÉIA DO SUL / SOUTH KOREA
ESPANHA / SPAIN
1- SOUTH BANK, BRISBANE
2- CHEONGGYECHEON, SEUL
3- MADRID RÍO, MADRID
Em Brisbane, terceira maior cidade australiana e capital do ensolarado estado de Queensland, as margens do rio são um dos principais atrativos locais. No charmoso distrito de South Bank há bares, museus, teatros, cinema e restaurantes. Ali você também encontra uma roda gigante, o letreiro oficial do município e uma bem cuidada e refrescante praia artificial.
Com a demolição da Via Expressa Elevada Cheonggyecheon, a capital sul-coreana ganhou novos ares e, o que antes era um córrego, se transformou em atração turística e área de lazer. Ao longo dos 11 quilômetros do canal, há arte e atividades ao ar livre, como o famoso Festival Anual de Lanternas de Seul. Para conferir o processo de revitalização de perto, basta uma visita ao Museu Cheonggyecheon, que documenta esta história.
Como se não bastassem as belas panorâmicas que se tem do Palácio Real de Madrid e demais construções históricas, o rio Manzanares ganhou um parque ao longo de toda a sua margem. Com espaços para as crianças, pistas de caminhada, bike e skate, o local é perfeito para cruzar a parte central da capital espanhola. O convidativo gramado também é ideal para um piquenique com muitas tapas.
// In Brisbane, the third biggest Australian city and capital of the sunny state of Queensland, the riversides are one of the main local attractions. In the charming district of South Bank there are bars, museums, theaters, movie theaters and restaurants. There you can also find a ferris wheel, the municipality’s official sign and a well-groomed and refreshing artificial beach.
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// With the demolition of Elevated Freeway Cheonggyecheon, the South-Korean capital gained new airs and what used to be a creek has been transformed into a tourist attraction and leisure area. Along the 6,8 miles of the canal there is art and open air activities, like the famous Seoul Annual Lantern Festival. In order to check out the revitalization process in detail you just have to go to Cheonggyencheon Museum, which documents this history.
// As if the beautiful panoramic view afforded to the Royal Palace of Madrid and other historical buildings were not enough, Manzanares river gained, recently, a park along the entire riverside. With spaces for children, hiking, bike and skate trails, the place is perfect to cross the central part of the Spanish capital. The inviting lawn is also ideal for a tapas-filled picnic.
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POR/BY LUIZA VIEIRA
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P OW E R FRENCH REVOLUTION
REVOLUÇÃO FRANCESA P O R / B Y RODRIGO MORA
FOTO/PHOTO: CITROËN COMMUNICATION / DR
O Traction Avant, criado há 85 anos, modificou a indústria automotiva e determinou o DNA da Citroën // The Traction Avant, created 85 years ago, transformed automobile industry and established the Citroën DNA
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Q
ualquer lista que pretenda elencar os dez carros mais importantes do mundo deve incluir o Citroën Traction Avant. Lançado em maio de 1934, o modelo foi o pioneiro em unir tração dianteira e carroceria monobloco e levar essa combinação à larga escala — receita que predomina até hoje nos automóveis. Naqueles tempos primórdios, a parte mecânica era concebida e produzida por um fabricante, que enviava o chassi a outra empresa, denominada encarroçadora, que acoplava ambos (chassi e carroceria) e devolvia ao fabricante. A estrutura monobloco não apenas eliminou esse processo caro e demorado, como transformou a engenharia automotiva ao tornar o carro mais leve, firme, seguro e espaçoso. A inclusão da tração dianteira, por sua vez, permitiu dispensar o eixo cardã, que transferia a força gerada pelo motor na frente do carro para o eixo traseiro. Dessa forma, o túnel central, que atravessava longitudinalmente o veículo, foi eliminado, ampliando o espaço interno. O Traction Avant também inovou com freios hidráulicos nas quatro rodas e suspensão independente. O que André Lefèbvre (projetista do carro) fez foi apresentar as duas soluções, que, até então, não se conheciam — ousadia na qual André Citroën apostou e investiu. Outras marcas também desenvolveram modelos com tração dianteira, como a inglesa Alvis, em 1928, a estadunidense Ford, a partir de 1929, e a alemã DKW, a partir de 1931 — todos antes do Traction. Mas o fato é que partiu da Citroën a coragem de tentar algo inédito e em grande escala.
// Any roster that pretends to list the world’s ten most important cars must include the Citroën Traction Avant. Launched in May 1934, the model was a pioneer in uniting front-wheel traction and monocoque bodywork and to put this combination into mass production – a recipe that still predominates in automobiles. In those first days, the mechanical part was conceived and produced by a manufacturer, who sent the chassis to another company, called bodybuilder, that mounted both (chassis and body) and sent it back to the manufacturer. The monocoque structure not only eliminated this expensive and time-consuming process, but also forever changed automobile engineering by making lighter, stronger, safer and roomier cars. The inclusion of front-wheel traction, in turn, retired the cardan shaft, which transferred the power generated by the engine at the front of the vehicle to the rear axis. Thus, the central tunnel that crossed the vehicle longitudinally was eliminated, increasing internal space. The traction Avant also innovated with hydraulic brakes on the four wheels and independent suspension. What André Lefèbvre (car designer) achieved was to present the two solutions – which up until then were unknown – a daring move that André Citroën encamped and invested on. Other brands also developed front-wheel traction models, like British company Alvis, in 1928, American Ford beginning in 1929, and German manufacturer DKW from 1931 on – all of them before the Traction. However, the fact is that Citroën had the courage to attempt something novel and in grand scale.
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QUEEN OF THE ROAD
QUEEN OF THE ROAD
A vida da Citroën começou em 4 de junho de 1919, com o Type A (ou Model A), que inaugurou na Europa a produção. O Traction Avant surgiu 15 anos depois. Concebido em apenas 18 meses, foi a afirmação da marca como fabricante inovadora e questionadora dos padrões convencionais de construção e soluções. Em 1938, foi lançada uma nova versão do modelo, com motor seis-cilindros, que logo ganhou o apelido de “queen of the road” (rainha da estrada), com direito a suspensão hidropneumática, que misturava óleo e gás — as luzes de direção eram equipamentos opcionais. Desenhado pelo escultor italiano Flaminio Bertoni, o Traction tinha maçanetas inspiradas na art déco, evidenciando a obsessão de Citroën pela união de forma e função. Era possível escolher entre as carrocerias Berline (sedã), Faux Cabriolet (conversível) e Roadster (conversível de dois lugares). Com a Segunda Guerra Mundial, o ritmo de produção do carro foi reduzido em 1940 até parar de vez no final de 1941. As coisas voltaram ao normal lentamente em 1945, mas os custos de desenvolvimento e da reforma da fábrica para produzi-lo devoraram os recursos financeiros da Citroën, que foi à falência em 1946. A Michelin assumiu o controle da Citroën e colocou na gaveta o protótipo 22, dotado de um V8, sobre o qual já tinha anunciado preços, encomendado publicidade e realizado testes. Em julho de 1957, após 23 anos, quatro meses e quase 760 mil exemplares fabricados, o Traction Avant se aposentou, mas não sem antes deixar um legado. Seis décadas depois, a maioria dos carros ainda usa tração dianteira e carroceria monobloco. No mercado brasileiro, todos os modelos até R$ 100 mil — onde está o volume dominante de vendas — apresentam tal concepção.
The life of Citroën started in June 4, 1919, with Type A (or Model A), which inaugurated, in Europe, its production. The Traction Avant appeared 15 years later. Conceived in scant 18 months, it was the affirmation of the brand as an innovative manufacturer that questioned the conventional patterns of construction and solutions. In 1938, a new version of the model was launched, with a six-cylinder engine, which was soon nicknamed “queen of the road”, with hydropnemautic suspension, mixing oil and gas – the direction lights were optional equipment. Designed by Italian sculptor Flaminio Bertoni, the Traction had Art Deco inspired doorknobs, highlighting Citroën’s obsession for the union of form and function. One could choose between bodyworks Berline (sedan), Faux Cabriolet (convertible) and Roadster (two-seat convertible). With the arrival of World War II, the automobile’s rhythm of production was reduced in 1940 until it finally stopped at the end of 1941. Things got slowly back to normal in 1945, but the costs of development, and of renovation of the factory to produce the car, devoured all of Citroën’s financial resources, and the company went bankrupt in 1946. Michelin ended up assuming control of Citroën and shelved prototype 22, which had a V8 engine, and for which the company had already announced price, ordered publicity and made tests. In July 1957, after 23 years, four months and almost 760 thousand units manufactured, the Traction Avant went into retirement, albeit leaving a legacy. Six decades later, most cars still use front-wheel traction and monocoque bodywork. In the Brazilian market, all models up to R$ 100 thousand – where most sales occur – present this kind of conception.
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FOTO/PHOTO: CITROËN COMMUNICATION / DR
R OW P E T REARN C A
Presidente Jacques Chirac, em desfile oficial em 1995 // President Jacques Chirac, in an official parade in 1995
Modelo 2CV, em registro de 1959 // 2CV model, in a photo of 1959
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R OW P E T REARN C A
OUTROS CARROS QUE MARCARAM OS 100 ANOS DA CITROËN OT H E R C A RS T H AT M A R K E D T H E 1 0 0 Y E A RS O F C I T R O Ë N
2CV
Há quem diga que, não fosse a Segunda Guerra Mundial, o 2CV seria o carro mais popular do mundo, e não o Volkswagen Fusca. Apresentado no Salão de Paris de 1948, foi produzido até 1990, somando mais de 5 milhões de unidades. // There are those who say that, if it were not for World War II, the 2CV would be the world’s most popular car, not the VW Beetle. Presented in the 1948 Paris Salon, it was produced until 1990, reaching a sum of five million units.
Type A
O primeiro carro da Citroën também foi o primeiro modelo produzido em série — princípio inventado por Henry Ford, em 1913. Em menos de uma década, a Citroën se tornou o maior fabricante de carros da Europa e o quarto maior do mundo // Citroën’s first car was also the first model produced in series – a principle invented by Henry Ford in 1913. In less than a decade, Citroën became Europe’s biggest car manufacturer and the world’s fourth.
DS
Seu nome vem de déesse, deusa em francês. Revelado no Salão de Paris de 1955, o sucessor do Traction Avant recebeu 12 mil encomendas no primeiro dia de estreia. Raríssima, a versão conversível teve apenas 1.365 unidades construídas, entre 1960 e 1971. // Its name comes from “déesse”, goddess in French. Unveiled at the 1955 Paris Salon, the successor of Traction Avant received 12 thousand orders on its first day alone. Extremely rare, the convertible version had only 1,365 units manufactured, between 1960 and 1971.
SM
Ninguém discute que comprar a Maserati foi uma extravagância da Citroën. Por outro lado, o mundo não seria o mesmo sem o SM, considerado, à época, o concorde dos automóveis, ao unir a aerodinâmica francesa à força do motor V6 italiano. // Nobody argues that buying Maserati was an extravagance for Citroën. On the other hand, the world would not be the same without the SM, considered at the time the Concorde of automobiles, by uniting French aerodynamics with the strength of the Italian V6 engine.
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ANÚNCIO
BUSINESS
IN HIGH VE LO CI TY
EM ALTA VELOCIDADE P O R / B Y LUIZA VIEIRA
Há apenas seis anos no Brasil, a centenária Triumph celebra crescimento além das expectativas, com lançamentos e otimismo // In Brazil for only six years, centenary Triumph celebrates growth beyond its expectations with new launches and optimism 64
Triumph aposta na experimentação para se aproximar de consumidores e clientes em potencial, promovendo encontros e portfólio de atividades Triumph relies on experimentation to reach out to costumers and potential clients by promoting meetings and
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portfolio of activities
D
esde que decidiu pela operação em solo brasileiro e abriu as portas em novembro de 2012, a Triumph encara um grande desafio: o nome da marca, que deixa até o mais articulado ressabiado em relação à pronúncia. O problemão — que de problema não tem nada — diverte o general manager Waldyr Ferreira. Deveras, ele não tem muito com o se preocupar ultimamente. Com o negócio indo de vento em popa, a história da Triumph por aqui é — com a licença do infame trocadilho — de uma série de triunfos. Marca britânica de modelos clássicos de alta cilindrada, a Triumph tem 117 anos de história, 12 subsidiárias pelo mundo, atuando diretamente em 13 países, por meio de suas filiais, e, indiretamente, em mais 57 mercados, por meio de distribuidores independentes. Além de aficcionados por velocidade ao redor do globo, conquistou territórios — era o veículo dos Aliados nas duas guerras mundiais — e astros de Hollywood — Marlon Brando e sua Thunderbird 6T 1950 de 650 cc em “O Selvagem” marcaram a década de 1950.
// Since it decided to operate in Brazilian soil and opened its doors in November 2012, Triumph faces a big challenge: the name of the brand, that stands as a problem to the most articulate person in relation to the pronunciation. This big problem – which is not a real problem – amuses general manager Waldyr Ferreira. He really hasn’t had much to worry about lately. With business soaring, the history of Triumph in these parts is – pardoning in advance for the terrible pun – made up of a series of triumphs. British brand of classic, high power models, Triumph has a history comprising 117 years, 12 subsidiaries around the world acting directly in 13 countries through its branches, and indirectly in over 57 markets through independent distributors. Besides speed fans around the globe, it conquered territories – it served as vehicle for the Allies in both world wars -, and Hollywood stars – Marlon Brando and his 1950, 650 cc Thunderbird 6T in “The Wild One” made a mark on the 1950s.
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RU B ET S IRNAENSC SA Há pouco mais de seis anos, a Triumph viu no Brasil um mercado em potencial e desembarcou de mala, cuia e uma subsidiária na Zona Franca de Manaus. “Um país como o Brasil, com um potencial econômico gigante, fez com que a matriz enxergasse uma grande oportunidade para a marca se desenvolver”, conta Ferreira. “No final de 2012, decidimos fazer um investimento em uma fábrica própria e, desde o primeiro dia, já fazemos os nossos modelos aqui. A princípio, cerca de 60% do volume era montado em solo nacional. Pouco tempo depois, já era 100%.” Receptivo, o mercado brasileiro reagiu bem à entrada da grife britânica. No primeiro ano, foram quase 1.500 unidades comercializadas. “Hoje, temos uma participação de mercado em torno de 15% em relação a outras marcas de alta cilindrada. Temos uma quarta posição [em relação à concorrência] bastante sólida, com uma diferença de menos de um ponto percentual de share comparado ao terceiro lugar.” Em 2019, superou recorde de vendas no fechamento do ano fiscal em 30 de junho, com 5.002 motos vendidas no atacado e 4.888 unidades no varejo. Com crescimento contínuo, o Brasil passou de quinto para o segundo maior market share da Triumph no mundo (perdendo apenas para o próprio Reino Unido, onde é líder com cerca de 18% do mercado). Do ponto de vista da operação, o país ocupa o quinto lugar. No último ano, foi a única subsidiária no mundo a encerrar o período com crescimento de dois dígitos. “O mercado reagiu, com um crescimento de 15% no segmento de alta cilindrada. Nosso patamar, no entanto, segue acima, em torno de 21%”, destaca. A little over six years ago, Triumph saw Brazil as a potential market and disembarked full throttle with a subsidiary EDIÇÃO LIMITADA in Manaus’s duty-free zone. “A country like Brazil, with a Em julho,economic a Triumphpotential, Bonnevillemade T120 Ace chega ao país. série gigantic headquarters seeAit as aespecial, great opportunity em parceriafor com brand a Acedevelopment,” Cafe, de Londres, says contará Ferreira. com “At apenas the end 1400 ofunidades, 2012, we decided numeradas. to invest “No Brasil, in our teremos own factory uma and, quantidade since the inferior first day, a 90 motocicletas”, we already assembled avisa Waldyr our Ferreira. models here. Initially, 60% of the volume was assembled on Brazilian LIMITED EDITION ground. A little later, it went up to 100%”. InReceptive, July, Triumph the Brazilian Bonneville market T120reacted Ace lands wellintothe thecountry. arrival of The thespecial Britishseries, brand.a In partnership the first year, withalmost London’s 1,500 Ace units Café, were will sold. have “Today, only 1,400 we numbered have a market units. share “In Brazil, of around we will 15%have in relaless tion thanto90 other motorcycles,” high power says brands. Waldyr We Ferreira. hold a very solid fourth position (in relation to the competitors), with a difference of less than a one point share compared with the third place.” In 2019, it overcame the sales record at the closing of the fiscal year, on June 30, with more than 5 thousand motorcycles sold wholesale. With continuous growth, Brazil went from fifth to second biggest market share for Triumph in the world (only behind the United Kingdom, where it leads with an 18% market share). From the operational point of view, the country occupies fifth place. In the last year, it was the only subsidiary in the world to close the period with a two-digit growth. “The market reacted, with a growth of 15% in the high power segment. Our threshold, however, is still above that, around 21%,” he highlights.
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A little over six years ago, Triumph saw Brazil as a potential market and disembarked full throttle with a subsidiary in Manaus’s duty-free zone. “A country like Brazil, with a gigantic economic potential, made headquarters see it as a great opportunity for brand development,” says Ferreira. “At the end of 2012, we decided to invest in our own factory and, since the first day, we already assembled our models here. Initially, 60% of the volume was assembled on Brazilian ground. A little later, it went up to 100%”. Receptive, the Brazilian market reacted well to the arrival of the British brand. In the first year, almost 1,500 units were sold. “Today, we have a market share of around 15% in relation to other high power brands. We hold a very solid fourth position (in relation to the competitors), with a difference of less than a one point share compared with the third place.” In 2019, it overcame the sales record at the closing of the fiscal year, on June 30, with more than 5 thousand motorcycles sold wholesale. With continuous growth, Brazil went from fifth to second biggest market share for Triumph in the world (only behind the United Kingdom, where it leads with an 18% market share). From the operational point of view, the country occupies fifth place. In the last year, it was the only subsidiary in the world to close the period with a two-digit growth. “The market reacted, with a growth of 15% in the high power segment. Our threshold, however, is still above that, around 21%,” he highlights.
Waldyr Ferreira, general manager Triumph Brasil
Como se não bastassem os êxitos nos indicadores, a Triumph ainda corre bem por um cenário adverso, em que muitas montadoras têm evitado, inclusive participar de importantes eventos do setor. Com cinco lançamentos só no primeiro semestre de 2019, a previsão é de que venham mais novidades às vésperas do Salão Duas Rodas, no qual já confirmou presença. “Já teremos participado do Salão de Milão. Então, esperem novidades”, avisa Ferreira. Para quem ainda não conhece a potência e os modelos Triumph, o general manager aposta na experimentação como um caminho sem volta. Ainda para se aproximar de consumidores entusiastas e/ou em potencial, a marca realiza encontros de relacionamento e oferece um vasto portifólio de experiências com a Triumph Riding Experience, plataforma com treinamentos, eventos itinerantes e viagens para que, muito além de adquirir um produto, o motociclista faça parte de um lifestyle. “Se não fosse uma moto, a Triumph seria uma obra de arte. Seria um objeto para deixar na sala de casa”, poetiza Ferreira. As if the successful indicators weren’t enough, Triumph has been breezing it through an adverse background, in which many manufactureres have avoided even taking part in important sector events. With five launches in the first semester of 2019 alone, the prediction is for other novelties around the time of Salão Duas Rodas (The Two-Wheel Salon), in which the company has already confirmed its presence. “We will already have participated in the Milan Show, so expect novelties,” warns Ferreira. For those still unfamiliar with the potency of Triumph models, the general manager sees test drives as a path of no return. In order to approach enthusiasts and or potential clients, Triumph holds brand encounters and offers a vast portfolio of experiences with the Triumph Riding Experience, platform with training, itinerant events and trips allowing the biker to, beyond acquiring a product, become part of a lifestyle. “It it weren’t a motorcycle, Triumph would be a work of art. It would be an object to exhibit in your living room,” muses Ferreira. | TRIUMPHMOTORCYCLES.COM.BR
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INDIAN TREASURE
TESOURO INDIANO POR/BY FELIPE MORTARA
Intrigante, preservada e ainda fora do radar do turismo de massa, Hampi, a capital do Império Vijayanagara, chegou a ter meio milhão de habitantes no século 16 e, hoje, ostenta um dos maiores complexos arqueológicos e culturais da Índia Intriguing, well preserved and still outside the radar of mass tourism. Hampi, the capital of the Vijayanagara Empire, had half a million inhabitants in the 16th century and currently displays one of the biggest archeological and cultural compounds of India 68
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uitas vezes, a ignorância é uma aliada do viajante. De forma nenhuma, caro leitor, isso significa que você deve rasgar completamente os seus planejamentos e deixar a jornada o levar por um novo destino. É sempre bom estudar as próximas férias até chegar a um equilíbrio saudável entre curiosidade, ansiedade e boas informações sobre o lugar. Mas alguma imprevisibilidade e uma pitada de desconhecimento prévio podem ser a chave para se surpreender e atrair ótimas energias. Assim aconteceu comigo ao desembarcar em Hampi, no interior da Índia. Você pode até pesquisar o básico sobre a antiga capital do Império Vijayanagara, mas jamais subestime seu potencial de impressionar. Mesmo declarado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, em 1986, o turismo ainda não descobriu esse lugar — “apenas” 17.949 estrangeiros estiveram ali no ano passado, e as hospedagens de alto padrão ainda são poucas. Hampi preserva-se misteriosa, inclusive para boa parte do 1,3 bilhão de indianos. Para chegar até lá saindo do Brasil é uma pequena saga, mas bastam poucos minutos para a confirmação de que a jornada vale a pena. O aeroporto internacional mais próximo é o de Bangalore, cidade conhecida como o Vale do Silício da Índia. De lá, um avião menor parte
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//Ignorance is frequently an ally to travelers. That does not mean in the least, dear reader, that you should tear your plans to shreds and let the journey lead you to a new destination. It is always good to study your next vacation and reach a healthy balance between curiosity, anxiety and good info about the place. However, a bit of unpredictability and lack of previous knowledge may be the key to be surprised and attract marvelous energy. This was what happened to me as soon as I disembarked at Hampi, in India’s countryside. You can even research basic facts about the old capital of the Vijayanagara Empire, but never underestimate its potential to impress. Although declared by UNESCO a World Heritage Site in 1986, tourists have not discovered this place yet – a “mere” 17,949 foreigners visited it last year and there are scant high-standard lodgings. Hampi continues to be a mystery, even to a good portion of the 1.3 billion Indians. Getting there from Brazil is in itself a small saga, but it takes only a few minutes to confirm that the journey
A Carruagem de Pedra, grande ícone do Templo de Vitthala, impressa nas notas azuis de 50 rúpias, a moeda local // The Stone Carriage, a large icon of the Vitthala Temple, printed on the blue
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notes of 50 rupees, the local currency
para o aeroporto Jindal Vijaynagar, num trajeto de 55 minutos. A última etapa é feita em uma van, por 45 minutos, até a região onde concentram-se os hotéis. No estado de Karnataka, Hampi é uma pequena cidade onde hoje vivem cerca de 4 mil habitantes. Mas também é o nome dado ao imenso conjunto arqueológico que se espalha por uma área de 41,8 quilômetros quadrados. Ou seja, é tudo muito distante, e as caminhadas podem ser longas. Por isso, é preciso “atacar” cada um dos quatro principais epicentros de visitantes por vez. De preferência, conhecer um pela manhã e outro pela tarde. O ideal é separar dois ou três dias para ver “tudo” com calma — vale lembrar, no entanto, que é praticamente impossível conhecer Hampi por completo. Apesar de ter construções que datam do século 9, foi o Império Vijayanagara, entre 1336 e 1565, que fez de Hampi um marco global. Poderosíssima, a influência da dinastia se estendia por grande parte do que hoje é a Índia e o Sri Lanka, subindo quase até o atual Bangladesh. Quando aprendemos na escola que os portugueses chegaram ao Brasil tentando alcançar as Índias, era nesse ponto ao qual queriam chegar — ou melhor, era em Goa, a 400 quilômetros
is worth all the effort. The closest international airport is in Bangalore, city known as India’s Silicone Valley. From there, a smaller plane leaves for Jindal Vijaynagar airport, in a 55-minute flight. The last leg of the trip is made by van, for 45 minutes, up to the region where the hotels are located. In the state of Karnataka, Hampi is a small city with around 4 thousand inhabitants. It is also the name given to the immense archeological compound scattered in an area of 16.1 square miles. This means everything is distant and the walks can be long. Therefore, you must charge upon each one of the four main epicenters of visitors at a time. Preferably one in the morning and another one in the afternoon. You should set apart two or three days to see everything calmly – even though it should be noted that it is practically impossible to get to know Hampi in full. Although it has constructions dating back to the 9th century, it was the Vijayanagara Empire, which lasted between 1336 and 1565, that turned Hampi into a global landmark. Extremely powerful, the influence of the dynasty extended throughout a great part of what is currently India and Sri Lanka, reaching all the way up to the region now known as Bangladesh.
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É IMPRESSIONANTE SE VER DIANTE DESSAS ESTRUTURAS DE DOIS ANDARES, ERGUIDAS EM IMENSOS BLOCOS DE GRANITO ESCULPIDO, INCLUSIVE OS TELHADOS. // IT IS IMPRESSIVE TO SEE ONESELF AGAINST THESE TWO-STORY STRUCTURES, ERECTED IN IMMENSE BLOCKS OF SCULPTED GRANITE, INCLUDING THE ROOFS.
a oeste de Hampi. Mas era com esse povo que os lusos pretendiam negociar especiarias. À época, o Vijayanagara era também o segundo maior reino do mundo — até ser invadido e destruído por tropas muçulmanas, em 1565. Foram séculos de abandono até ser redescoberto no século 19 por arqueólogos e historiadores. Ao chegar ao conjunto arqueológico, as boas-vindas são dadas por uma escultura de Ganesha, meio humano, meio elefante. Logo depois, vem Nandi, uma divindade em forma de touro, conhecida como o guardião de Shiva. Em Himokuta Hill, uma das principais entradas do parque, o próprio Shiva é homenageado num templo do século 9. Após subir e descer por um lajedo árido, chega-se ao Triple Temple, que data de 1310 e rende homenagem a Shiva, Parvati e Ganesha. É impressionante se ver diante dessas estruturas de dois andares, erguidas em imensos blocos de granito esculpido, inclusive os telhados. Separe, pelo menos, uma horinha para percorrer o Museu Arqueológico, ler com calma as explicações e compreender melhor a complexidade e beleza de Hampi, que chegou a ter 500 mil habitantes. No horizonte, surgem as torres do Templo de Virupaksha. Revestidas de esculturas de divindades e repletas de detalhes, as construções ultrapassam os 50 metros de altura e despontam no vale. Ainda assim, o que chama a atenção não é tanto a edificação, mas sim as pessoas. É o maior templo hinduísta ativo da região, e, se possível, tente visitá-lo num dia de celebrações, repleto de incensos, cores e música — sapecas, os macacos devoram cocos e bananas levados como oferendas.
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When we learn at school that the Portuguese arrived at Brazil trying to reach the Indies, it was there where they really wanted to get – or, better yet, it was Goa, 250 miles west of Hampi. It was with these people that the Portuguese wanted to negotiate spices. At the time, Vijayanagara was also the second biggest kingdom of the world – until it was invaded and destroyed by Muslim troops in 1565. It was abandoned for centuries until being rediscovered in the 19th century by archeologists and historians. Upon arriving at the archeological compound, visitors are welcomed by a sculpture of Ganesha, half human, half elephant. Right after comes Nandi, a divinity in the form of a bull, known as the guardian of Shiva. At Himokuta Hill, one of the park’s main entrances, it is Shiva himself who is honored in a temple from the 9th century. After climbing up and down an arid rock, we reach Triple Temple, dating back to 1310 and honoring Shiva, Parvati and Ganesha. It is impressive to see oneself against these two-story structures, erected in immense blocks of sculpted granite, including the roofs. Set aside at least one hour to visit the Archeological Museum, calmly read its explanations and better understand the complexity and beauty of Hampi, which at one time had 500 thousand inhabitants. In the horizon appear the towers of Virupaksha Temple. Covered with sculptures of divinities and filled with details, the constructions reach higher than 160 feet and emerge at the valley. Still, what is more striking is not so much the edification as the people. It is the biggest active Hindu temple of the region and, if you can, try visiting it on a day of celebrations, with lots of incense, colors and music – the mischievous monkeys devour coconuts and bananas brought as offerings.
Ruínas do Império Vijayanagara, declarado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, em 1986 // Ruins of the Vijayanagara Empire, declared by UNESCO as a World Heritage Site in 1986
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Inebriante e de difícil descrição, a paisagem de Hampi se divide entre áreas mais secas, com imensos blocos de granito espalhados como se fossem cascalho no fundo de um rio gigantesco, e verdes plantações de bananas e coqueiros magrelos e altos. A grandiosidade da zona arqueológica permite que comparações com Petra, na Jordânia, e Luxor, no Egito, não sejam nada exageradas. Se entre os mais de 1600 de templos, palácios e monumentos fosse preciso escolher um único símbolo de Hampi, a escolha provavelmente recairia na Carruagem de Pedra. Grande ícone do Templo de Vithala, a monumental escultura em granito maciço é dedicada ao deus Garuda. É tão emblemática no país que está impressa nas notas azuis de 50 rúpias, a moeda local. A poucos passos dali, as colunas mais estreitas de um dos templos emitem diferentes sons se você batucar. Um passatempo divertido, mas que enlouquece os vigias. A pouco mais de 20 minutos de carro, chega-se ao Zanana Enclosure, complexo com dois palácios amuralhados onde vivia o rei, ou marajá, da região. O Lotus Mahal é um ícone do estilo arquitetônico indo-islâmico, com seus arcos em formato de pétalas entalhados numa espécie de arenito rosado. O mais curioso é o engenhoso sistema de dutos internos de água, uma espécie de “ar-condicionado” medieval. Outra coisa de cair o queixo é o imenso estábulo de elefantes, com amplas cocheiras e construção super caprichada. Se os elefantes reais tinham aquele padrão de vida, entende-se de vez a expressão “viver como um marajá”. Não muito longe está o deslumbrante Templo de Hazara Rama, com os detalhes entalhados mais bem preservados de todo o complexo. Se for ao entardecer verá guerreiros, cavaleiros e elefantes esculpidos numa ampla muralha — todos banhados de laranja. O melhor pôr do sol é do alto da Mahanavami Dibba, a grande plataforma de onde o rei assistia a desfiles e procissões. Já os mais dispostos podem encarar uma hora de caminhada até o alto de Matanga Hill, o mirante mais impressionante da região. Descobrir esse lugar é deixar-se levar pelo singelo, onde a herança histórica coexiste com um clima rural autêntico. Numa leveza descompromissada, porém profunda, os moradores ainda enxergam o visitante com curiosidade, posam para fotos, olham no fundo das lentes e dos olhos. Ali não tem melancolia, mas muita cor e hospitalidade. E abriga esse tesouro, ainda pouco revelado, chamado Hampi.
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A grandiosidade da zona arqueológica permite que comparações com Petra, na Jordânia, e Luxor, no Egito, não sejam nada exageradas // The grandiosity of the archeological zone allows comparisons with Petra, in Jordan, and
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Luxor, in Egypt, not to sound in the least exaggerated
Intoxicating and difficult to describe, the Hampi landscape is divided between drier areas, with huge granite blocks scattered around as if they were pebbles at the bed of a gigantic river, and green plantations of bananas and thin and high coconut trees. The grandiosity of the archeological zone allows comparisons with Petra, in Jordan, and Luxor, in Egypt, not to sound in the least exaggerated. If among the over 1,600 temples, palaces and monuments one had to select a single symbol of Hampi, the choice would probably fall on the Stone Chariot. Great icon of Vithala Temple, the monumental solid granite sculpture is dedicated to Lord Garuda. It is so iconic in the country that it is printed on the blue 50-rupee bills, the local money. A few steps away, the narrower columns of one of the temples give out different sounds if you tap on them. A fun pastime, which enrages the guards. At a distance of a little over 20 minutes by car, one arrives at Zanana Enclosure, compound with two walled palaces where the king, or maharaja of the region, lived. Lotus Mahal is an Indo-Islamic architectural style icon, with its arcs in the form of petals engraved in a kind of pinkish sandstone. The most curious is the ingenious system of internal water ducts, a kind of medieval “air-conditioning”. Another highlight is the immense elephant stable, with spacious stalls and whimsical construction. If the royal elephants lived according to those standards, one can fully grasp the expression “to live like a maharaja”. Not very far away stands the stunning Temple of Hazara Rama, with the most well preserved carved details of the entire compound. If you go in late afternoon, you will see warriors, knights and elephants sculpted in a huge wall – all bathed in orange hues. The best sunset can be seen from the heights of Mahanavami Dibba, a big platform where the king watched parades and processions. Those more physically fit may walk a little further, for about an hour, to the top of Matanga Hill, the region’s most dazzling outlook. Discovering this place is akin to being seduced by the unassuming, where the historical heritage coexists with an authentic rural climate. In a nonchalant, though profound lightness, the inhabitants still view the visitor with curiosity, pose for pictures and stare deeply into the lenses and eyes. There is no melancholy here, but a lot of color and hospitality. As it shelters this treasure, still mostly unrevealed, called Hampi.
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ALTAS TEMPERATURAS HIGH TEMPERATURES
Acomodações do Evolve Back, hotel com arquitetura inspirada nos palácios do Império Vijayanagara // Accommodations at the Evolve Back, hotel inspired by the palaces
O calor em Hampi é tão célebre para os indianos quanto o de Cuiabá para os brasileiros. Por isso, uma dica importante é começar os passeios logo ao amanhecer, voltar para o hotel por volta de 10h30, abrigar-se numa piscina ou no ar-condicionado, e sair de novo após as 16h. Programe-se: a melhor época para visitar a cidade é entre novembro e fevereiro, quando as temperaturas são menos esturricantes. Hampi heat is as famous to Indians as the Cuiabá heat is to Brazilians. Therefore, an important tip is to start touring in early morning, come back to the hotel around 10:30 a.m., seek shelter in a pool or AC, and go out again after 4 p.m. Schedule your visit: the best time of the year to go to the city is between November and February, when temperatures are less torching.
of the Vijayanagara Empire
SABORES DAS ÍNDIAS FLAVORS OF THE INDIES A culinária de Karnataka é excepcionalmente saborosa. Os temperos regionais, especialmente o sambar e a massala, trazem muito mais perfume do que ardência aos pratos. Famoso na cidade, o Restaurante The Mango Tree é tocado por uma mesma família há três gerações. O thali, clássica refeição indiana, composta por vários pratos pequenos que podem ser provados e misturados ao gosto do cliente, é servido em folha de bananeira sobre um grande chapati, pão achatado na chapa, que chega quente à mesa. Karnataka cooking is exceptionally flavorful. The regional seasonings, especially sambar and masala, add a lot more perfume than spice to the dishes. Famous in the city, The Mango Tree restaurant has been helmed by the same family for three generations. The thali, classic Indian meal made up of a series of small dishes that may be tasted and mixed according to the client’s flavor, is served in a banana leaf over a big chapatti, a bread flattened in the grill, which is served hot.
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1. ABRA O SPOTIFY / OPEN SPOTIFY
2. SCANEIE O CÓDIGO / SCAN THE CODE
3. BOA VIAGEM! / HAVE A GOOD TRIP!
ONDE FICAR / WHERE TO STAY EVOLVE BACK HAMPI
Inaugurado há quatro anos, elevou o padrão de hospedagem em Hampi a outro patamar. A arquitetura é inspirada nos palácios do Império Vijayanagara, com quartos amplos decorados com mobília regional em tons de madeira elegante. O café da manhã é farto e apresenta bem os sabores locais. No jantar, os pratos são excelentes e muito bem apresentados. No entanto, o que chama mesmo a atenção é o atendimento fora do comum, tanto na simpatia, quanto na eficiência.
Launched four years ago, it took the lodging standards of Hampi to a new level. The architecture is inspired by palaces of the Vijayanagara Empire, with spacious rooms decorated with regional furnishings in tones of elegant wood. Breakfast is abundant, with a good representation of local flavors. At dinner, the dishes are excellent, with a wonderful presentation. However, what really stands out is the unique service, in sympathy as well as in efficiency. | EVOLVEBACK.COM
HERITAGE RESORT
Elegante e sofisticado na medida, esse simpático hotel tem ótimo custo-benefício. Com o calor absurdo de Hampi, dá vontade de passar o dia todo na moderna e bem cuidada piscina. Os quartos são confortáveis, porém sem exageros. As colchas são produzidas por comunidades vizinhas. A comida é boa e, aos sábados, ocorre dentro do hotel uma pequena procissão com música e dança até uma área sob algumas árvores, onde é servido um farto jantar.
Elegant and sophisticated in the right measure, this affable hotel has great cost-benefit. Considering the absurd heat of Hampi, it makes you feel like spending the whole day in the modern and well-kept pool. The rooms are comfortable, but without exaggerations. The linen is produced at neighboring communities. The food is good and, on Saturdays, a small procession with music and dance takes place inside the hotel and up to an area under some trees, where a plentiful dinner is served. | INDOASIA-HOTELS.COM
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HYATT PLACE HAMPI
Recém-inaugurado e a apenas um quilômetro do Aeroporto Jindal Vijaynagar, essa unidade do Hyatt oferece quase tudo o que a rede global costuma ter em seus hotéis mundo afora. Os 115 apartamentos são cercados por um grande jardim e uma piscina com borda infinita. Algumas suítes oferecem piscinas privativas. Um bom restaurante com comida continental, academia e spa completam as instalações.
Recently inaugurated and only half a mile from Jindal Vijaynagar Airport, this Hyatt unit offers almost everything that the global chain usually has in its hotels around the world. The 115 apartments are surrounded by a big garden and an infinity pool. Some suites offer private pools. It has a good restaurant with continental menu, a gym and a spa to wind up the installations. | HYATT.COM
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TA S T E PLURAL AND AUTHENTIC
P LU R AL E AU TÊ N T IC A POR/BY CARLOS MARCONDES O JOR NALISTA TE V E O APO I O D E V I SI T BR USSE LS THE JOUR NALIST COU N TE D WI TH TH E SU PPO RT O F V I SI T BR USSE LS VI SI T.B R USSELS
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ão é uma tarefa fácil surpreender comensais tendo Paris como vizinha, mas a belga Bruxelas, distante 320 quilômetros da capital francesa, sabe exatamente o que é preciso para conquistar os mais exigentes paladares. Cidade-sede da União Europeia, conta com mais de 4 mil estabelecimentos e é um dos santuários da cerveja e do chocolate — duas de suas tradições mais idolatradas. Somam-se a esses ícones 25 estrelas em restaurantes que navegam em águas serenas entre o clássico e o contemporâneo.
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// It is not an easy task to surprise diners having Paris as your neighbor, but Belgian city Brussels, at a distance of 200 miles from the French capital, knows exactly what is needed to conquer the most demanding palates. European Union capital, it has over 4 thousand establishments and is one of the sanctuaries for beer and chocolate – two of its most worshipped traditions. Add to these icons 25 stars in restaurants that sail in serene waters between the classic and the contemporary.
UMA INSTITUIÇÃO BELGA A Belgian institution O Comme Chez Soi é uma história familiar que começou em 1926 e perdura até hoje, pela quarta geração, sob o comando do chef Lionel Rigolet. Foi o primeiro restaurante a conquistar três estrelas Michelin fora da França, ostentando-as por 27 anos — em 2006, a última troca de comando da cozinha resultou na perda de uma estrela. Instalado na praça Rouppe, em uma charmosa residência construída em estilo art nouveau, o Comme Chez Soi (“como lá em casa”, em tradução livre) faz jus à prerrogativa de receber bem o convidado. Especialmente se optar pelas mesas posicionadas ao lado da bancada do chef, que prepara os pratos com delicadeza e ingredientes frescos. O menu degustação harmonizado, servido aos finais de semana, traz sete tempos com a proposta de ofertar uma releitura de técnicas francesas e receitas clássicas belgas. Destaque para a lagosta cozida no vapor, acompanhada de cogumelos morel e aspargos. “Busco manter a tradição da casa, respeitando clássicos e ousando na apresentação e em pequenas doses de contemporaneidade”, revela o chef, que é casado com a bisneta do fundador Georges Cuvelier, pioneiro da gastronomia de Bruxelas. // Comme Chez Soi is a family history that began in 1926 and lasts until today, for the fourth generation, under the command of Chef Lionel Rigolet. It was the first restaurant to conquer three Michelin stars outside of France, boasting them for 27 years – in 2006, the last change in kitchen command resulted in the loss of one star. Located at Rouppe square, in a charming residence built in Art Nouveau style, Comme Chez Soi (“like at home”, in a free translation) lives up to the prerogative of welcoming the guest. Especially if you opt for the tables located beside the chef ’s counter, where he prepares dishes with delicacy and fresh ingredients. The harmonized degustation menu, served on weekends, brings seven courses with the proposal of offering a new reading of French techniques and classic Belgian recipes. Highlights are the steam-cooked lobster, accompanied by morel mushrooms and asparagus. “I try to maintain the house’s tradition, respecting classics and daring in the presentation and in small doses of contemporaneity,” reveals the chef, who is married to the great-granddaughter of founder Georges Cuvelier, a Brussels cooking pioneer.
CO M M E C H E Z S O I
COM M EC HEZSOI.B E PLAC E ROU PPE 23, 1000
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TA S T E
DO MAR From the sea Dois endereços traduzem a expressiva oferta de frutos do mar na cidade. O La Quincaillerie já vale pelo local pitoresco, uma antiga loja de ferragens desenhada por um aluno de Victor Horta, ícone belga da art nouveau. A primeira impressão é entrar em uma antiga estação de trem, com um imenso relógio no topo da escadaria cercada por estruturas de ferro. Além de descolado, o lugar é o paraíso das ostras frescas, cultura gastronômica de forte identidade local, e uma ótima pedida para um jantar descontraído com amigos. Já o Les Brigittines tem décor que remonta aos áureos tempos da belle époque, e representa a alma do prato mais icônico da Bélgica: o moules marinière, mexilhão cozido ao bafo. Os produtos orgânicos são priorizados no menu e, principalmente, na carta de vinhos, que conta com excelentes brancos selecionados para harmonizar com as iguarias marítimas. Como se não bastasse a tradição e qualidade, ainda há a alegria contagiante do chef Dirk Miny, um verdadeiro showman que brinca com todos os convidados.
// Two addresses translate the expressive offer of seafood in the city. La Quincaillerie is already worth it for the picturesque location, an old hardware store designed by a pupil of Victor Horta, a Belgium Art Nouveau staple. The first impression is that you are entering an old railway station, with an immense clock at the top of the stairs, surrounded by iron structures. The hip place is a paradise for fresh oysters, cooking culture of strong local identity, and a great option for a relaxed dinner with friends. Les Brigittines, on the other hand, has a décor dating back to the golden days of the Belle Époque and represents the soul of Belgium’s most iconic dish: the moules marinière, steamcooked mussels. The organic products are a priority in the menu and especially in the wine list, which has excellent white wines selected to harmonize with the seafood delicacies. As if tradition and quality were not enough, you can also count with the contagious joy of Chef Dirk Miny, a true showman who plays around with all his guests.
LA Q UINCAILLERI E
LES BRIGITTINES
QU I N C AI L L ERI E. B E R U E D U PAG E, 4 5
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LESB RIGITTINES.COM PLAC E DE LA C HAPELLE, 5
UM ASIÁTICO EM BRUXELAS An Asian in Brussels
Um dos bairros mais encantadores de Bruxelas, éden de galerias, bares e antiquários, Sablon é também cenário para o San, um charme por essência. Do prestigiado chef Sang-hoon Degeimbre, nascido na Coreia e criado na Bélgica, o pequeno e despojado restaurante exala vanguardismo em todos os sentidos. A começar pelo design convidativo, de cores serenas, passando pelo bom gosto na escolha de porcelanas e, claro, com arte na apresentação. À mesa, a criatividade dá o tom sem exageros, como no espetacular risoto de vieira, servido no missô e com o cítrico filipino Kalamansi. O menu fechado, com cinco pratos, representa com maestria a fusão asiática e contemporânea. // One of Brussels’s most charming districts, a haven of galleries, bars and antique shops, Sablon is also the location of San, charming by essence. Helmed by prestigious Chef Sang-Hoon Degeimbre, born in Korea and brought up in Belgium, the small and relaxed restaurant exhales avant-garde in all senses. Starting with the welcoming design, of serene colors, passing through the good taste in the choice of china and, of course, with art in its presentation. At the table, creativity sets the tone without exaggeration, like in the spectacular scallop risotto, served in missô and with a Filipino citric Kalamansi. The closed menu, with five dishes, masterfully represents Asian and contemporary fusion.
SAN
SANBX L.B E RU E DE FLANDRE, 19
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RAE STTREA N C A T
ARTISTA CHOCOLATIER Chocolatier Artist
Nenhuma nação tem relação tão doce e intimista como a Bélgica com o chocolate. Aliás, apenas como curiosidade: entre os aeroportos internacionais, o de Bruxelas é o que mais vende a iguaria no mundo. Não à toa, é a terra de artistas chocolatiers celebrados como Laurent Gerbaud, figura querida que, além de talentoso, é divertidíssimo. O próprio Laurent é quem serve o visitante, em uma sala de aula anexa a seu café boutique na região de Mont des Arts. Com descontração e didática, ele ensina as nuances de cada tipo de cacau, como o de Madagascar e o do Equador, seus favoritos. Na cozinha, sua proposta quase sempre une frutos e oleaginosos, a fim de elevar a experiência sensorial. “Criar é também resultado de muita pesquisa”, conta o mestre, enquanto oferece um de seus chocolates clássicos inusitados, feito com azeitonas ganaches da região italiana de Liguria.
No nation has such an intimate and sweet relation with chocolate as Belgium. Just as a curiosity, by the way: among the international airports, no other in the world sells the delicacy as much as in Brussels. It is not by chance that it is the land of artist chocolatiers like Laurent Gerbaud, a dear person, who is not only talented, but extremely fun as well. It is Laurent himself who serves the visitor, in a classroom right by his café boutique in the region of Mont des Arts. He casually and didactically explains the nuances of each type of cocoa, like the ones from Madagascar and from Ecuador, his favorites. In his kitchen, the idea is to mix fruits and oil seeds, in order to augment the sensorial experience. “Creation is also the result of a lot of research,” says the master, while he offers one of his classic unique chocolates, made with ganache olives from the Italian region of Liguria.
LAU R E N T G E R B AU D
C HOCOLATSGERB AU D.B E RU E RAVENSTEIN, 2D
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SANTÉ! Santé!
A cerveja está no DNA belga, famosa por seu viés de escola criativa, antagônica à rival Alemanha. No entanto, nos últimos anos essa ousadia acabou por cair no esquecimento, dando espaço para o agressivo boom das microcervejarias americanas. E é exatamente nesse cenário adverso que surge a proposta da Beer Project, um centro de compartilhamento de ideias na badalada região de Dansaert e, praticamente, uma start up de novos rótulos. A meta é lançar ao menos 40 novas cervejas por ano, repletas de atrevimento positivo como a Pinnard de Bruxelles, elaborada com uvas grenache da região francesa do Languedoc. “A indústria belga alcançou o topo da criatividade, mas nos últimos 20 anos ficamos em stand-by. É hora de inovarmos e colocarmos ideias cativantes nas garrafas”, revela Dimitri Van Roy, mestre cervejeiro que se auto intitula “fermentation freak”. Beer is in the Belgian DNA, which has developed a creative school, opposite to the German one. However, in the last few years, this boldness has lost space to the aggressive boom of American microbreweries. It is exactly in this adverse scene that arises the proposal of Beer Project, a center for sharing of ideas in the popular region of Dansaert and practically a startup for new labels. The goal is to launch at least 40 new beers every year, filled with positive derring-do like the Pinnard de Bruxelles, elaborated with Grenache grapes from the French region of Languedoc. “The Belgian industry reached the top of creativity, but in the last 20 years we have been in stand-by. The time has come for us to innovate and fill the bottles with enticing ideas,” reveals Dimitri Van Roy, master brewer who calls himself the “fermentation freak”.
B E E R P R OJ E CT
B EERPROJECT.B E RU E ANTOINE DANSAERT, 188
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WINES 50 YEARS IN A BOTTLE
50 ANOS EM UMA GARRAFA
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POR/BY JULIANA DEODORO
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Em edição histórica e limitada, Taylor’s surpreende com vinho do Porto produzido há meio século // In a historical, limited edition, Taylor’s surprises with a Port wine produced half a century ago
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ma viagem no tempo em apenas um gole. Talvez essa seja a melhor maneira de descrever o Single Harvest 1969, vinho do Porto lançado pela Taylor’s neste ano. Em sua composição, uvas colhidas há cinquenta anos e a espera necessária para maturar, lenta e equilibradamente, os sabores e aromas característicos de um vinho do Porto muito velho. Criado em 2014 para comemorar os 325 anos de existência da Taylor’s, uma das primeiras casas de vinho do Porto do mundo, o Single Harvest se tornou um produto esperado com ansiedade pelo mercado. Desde então, a cada ano, a marca lança uma edição exclusiva, feita com vinhos de uma única safra e envelhecidos por meio século. “Nos últimos dez anos, inovamos o setor do vinho do Porto com o lançamento de vinhos muito antigos”, explica Fernando Seixas, gerente de exportação da marca. “Começou em 2010, quando lançamos o Scion, um vinho com mais de 150 anos de idade. Percebemos que havia uma demanda e criamos essas edições limitadas e comemorativas”, diz. Preservado em apenas dois cascos e comprado de herdeiros de uma família tradicional do Porto, o Scion acabou se tornando um produto revolucionário. Pontuado com nota máxima em revistas especializadas, colocou os vinhos estilo Tawny (envelhecidos em cascos) em pé de igualdade com os vinhos Vintage (envelhecidos em garrafa). “Até então, os Tawny estavam sempre à sombra do Vintage. O Scion foi a locomotiva que abriu a apreciação do Tawny para o mundo inteiro”, explica Ana Margarida Morgado, PR da da Taylor's.
// A t r i p t h ro u g h t i m e i n j u s t o n e s i p. Maybe this is the best way to describe the Single Harvest 1969 Port wine released by Taylor’s this year. In its composition, grapes harvested fifty years ago and the necessary time for maturing, slowly and evenly, the characteristic flavors and aromas of a very old Port wine. Created in 2014 to celebrate the 325 years of the existence of Taylor’s, one of the world’s first Port wine houses, Single Harvest has become a product anxiously anticipated by the market. Since then, each year the brand has launched an exclusive edition, made up of wines of a single harvest and aged for half a century. “In the last ten years, we innovated the Port wine sector with the launch of very old wines", explains Fernando Seixas, brand export manager. “It started in 2010, when we launched Scion, an over 150-year-old wine. We noticed there was a demand and created these commemorative limited editions,” he says. Preserved in only two barrels and bought f ro m t h e h e i r s o f a t r a d i t i o n a l O p o r to family, Scion ended up becoming a revolutionary product. Making the highest grade in sp ecializ ed magazine s, it put Tawny wines (aged in barrels) in the same level as Vintage wines (aged in bottles). “Until then, the Tawnys were always in the shadow of Vintage wines. Scion was the locomotive that opened up Tawny appreciation to the whole world,” explains Ana Margarida Morgado, Taylor ’s PR.
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WINES Aproveitar essa porta que se abriu não foi tarefa muito complicada, visto que a marca possui um imenso acervo de vinhos do Porto. “Hoje somos a empresa do ramo com maior estoque de vinhos. São 45 milhões de litros, que nos garantem a subsistência de novos produtos e novos conceitos”, afirma Seixas, que promete novos lançamentos, ainda mais antigos, ainda para este ano. Por enquanto, das 8 mil garrafas da edição de 1969 produzidas em 2019, não sobrou nenhuma na fonte – em fevereiro já estavam todas vendidas para importadores. E qual o sabor deste gole do passado? Mel silvestre, melaço e manteiga de caramelo com notas de pimenta preta e canela. O aroma é de caixa de cedro de charutos, ervas silvestres e aura de menta fresca. E o final, tem notas de pera madura, menta e apontamentos de cítricos picantes. Ou seja, uma viagem definitivamente complexa.
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Taking advantage of this door that was opened was not a very complicated task, since the brand possesses a huge portfolio of Port wines. “We are currently the wine company with the biggest wine reserve. It is made up of 45 million liters, which guarantee us subsistence of new products and new concepts,” states Seixas, who promises new launches, even older, still this year. Meanwhile, from the 8 thousand bottles of the 1969 edition produced in 2019, there is nothing left at the source – in February, they were all sold to importers. And what does this sip from the past taste like? Wild honey, molasses and caramel butter with notes of black pepper and cinnamon. The aroma is that of a cedar cigar box, wild herbs and fresh mint aura. And, at the end, it has notes of mature pear, mint and appointments of spicy citrus. In other words, a definitively complex trip.
O Taylor’s Single Harvest de 1969 combina com figos, amêndoas e caramelo, mas também pode ser apreciado sozinho, no final da refeição // The Taylor's Single Harvest 1969 goes well with figs, almonds and caramel, but it can also be enjoyed without food, at the end of the meal
TAWNY X VINTAGE TAWNY
TAWNY
Vinho de maturação variável, que pode acontecer por meio de envelhecimento em cascos ou tonéis. Sua cor apresenta evolução, e os aromas lembram os frutos secos e madeira. Quanto mais velho, mais estas características se intensificam. É engarrafado quando está pronto para ser consumido.
A wine of variable maturation, which can occur through aging in casks or barrels. Its color presents evolution and the aromas are reminiscent of dried fruits and wood. The older it is, the more intense are these characteristics. It is bottled when ready to be consumed.
VINTAGE
VINTAGE
É feito a partir de uma única colheita. Permanece dois anos na madeira, para depois envelhecer na garrafa, de forma lenta. Tem aromas frutados e florais, cor intensa e taninos marcantes. Deve ser decantado antes de servido, já que costuma apresentar depósito no fundo da garrafa.
It is made from a single harvest. It remains two years in wood and later ages inside the bottle, slowly. It has fruity and floral aromas, intense color and sharp tannins. It should be decanted when served, since it usually presents deposits at the bottom of the bottle.
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PURPOSE FOR WOMEN
PELAS MULHERES POR/BY LUIZA VIEIRA
“Q
ueremos ser o maior movimento político suprapartidário. Chegar a 100, 200 mil mulheres, fortalecendo ainda mais a nossa representatividade.” A meta é arrojada, mas nada que possa assustar Luiza Helena Trajano. Nome por trás de um império que ergueu com as próprias mãos, a rede Magazine Luiza, a empresária é também um exemplo de liderança feminina, atuando em diversas frentes a favor do papel da mulher não somente no mercado de trabalho, mas também no âmbito social. “Entendemos, há cinco anos, que precisávamos ter uma força política apartidária para transformação. Foi quando criamos o Grupo Mulheres do Brasil, para construir um país melhor a partir do protagonismo feminino”, explica. O projeto, que busca igualdade e oportunidade entre gêneros e raças, conta com colaboradoras de diferentes setores, divididas em 18 comitês e 46 núcleos. Segundo Luiza, o objetivo é um só: promover um debate que crie políticas públicas que impactem positivamente na sociedade como um todo. “Quando entramos em alguma área, é porque detectamos a necessidade de uma atuação naquele segmento. Recentemente, criamos o Comitê de Esportes, porque a representatividade da mulher tem que estar também no futebol, por exemplo”, justifica. Sobre os percalços pelo caminho, ela é categórica: “Nem os enxergamos. Vemos sempre como desafios e etapas conquistadas. Hoje, já somos mais de 28 mil vozes femininas unidas, que atuam em diversas causas para mudar o Brasil.”
// “We want to be the biggest cross-party political movement. Reach 100, 200 thousand women, strengthening our representation even more.” The goal is bold, but not something capable of scaring off Luiza Helena Trajano. The name behind an empire that she built with her own hands, Magazine Luiza chain, the entrepreneur is also an example of female leadership, acting in many fronts in favor of the role of women not only in the job market, as well as in society. “We grasped, five years ago, that we needed a political, nonpartisan force for transformation. That was when we created the Women for Brazil Group, to build a better country through female leadership,” she explains. The project, which seeks equality and more opportunity between genres and races, counts with collaborators from different sectors, divided in 18 committees and 46 nuclei. According to Luiza, it has one single goal: to promote a debate that creates public policies that will bring a positive impact to society as a whole. “When we enter into an area it is because we detect a need for acting in that segment. We recently created the Sports Committee because female representation also has to be present in soccer, for example,” she justifies. Insofar as the hitches along the way are concerned, she is categorical: “We don’t even see them. We see them as challenges and as stages we conquer. We are currently more than 28 thousand united female voices that act in many causes with the goal of changing Brazil.”
+ GRUPOMULHERESDOBRASIL.ORG.BR
F O R YO U, W H AT I S H AV I N G A P U R P O S E ?
“É você saber aonde quer chegar e o porquê, de forma que essas perguntas e ações façam sentido não apenas para a sua vida, mas também para a sociedade e para as pessoas que convivem com você.” “It is knowing where you want to go and why, so that these questions and actions make sense not only in your life, but also for society and for the people who interact with you.” 90
FOTO/PHOTO: ANGELA REZÉ
PA R A VO C Ê , O Q U E É T E R U M P R O P Ó S I TO ?
ANÚNCIO
CONNECTION
A LITTLE MORE THAN TOURISM
UM POUCO MAIS QUE TURISMO POR/BY BRUNA TIUSSU FOTOS/PHOTOS EDUARDO ASTA
À
s vezes, o modo turista tradicional não é suficiente. A vontade de se reinventar acaba por pedir uma jornada mais profunda, mão na massa e, até, entrega. Quando passei por isso, em 2017, soube que havia chegado a hora de buscar novas experiências. As minhas se materializaram com um giz na mão, em ONGs-escolas de Gana, Uganda e Tanzânia. Foi a conexão entre a história brasileira e a africana que me levou a decidir pelo continente. Já os três países foram escolhidos por terem em comum a língua inglesa como uma das oficiais — e usada como base de ensino —, serem democraticamente estáveis e berços de etnias com ricas tradições. Mas as afinidades param por aí. Os três meses de estada em cada um deles acabaram marcados por paisagens, comidas, personagens e histórias bastantes distintas entre si. Gana, Uganda e Tanzânia deixaram claro, afinal, que têm identidades bem desenhadas.
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// Sometimes the ordinary tourist mode is not enough. The will to reinvent oneself asks for a deeper journey, a hands-on attitude and commitment. When I went through this, in 2017, I knew the time had come to search for new experiences. Mine materialized holding a piece of chalk, in NGO-schools in Ghana, Uganda and Tanzania. It was the link between Brazilian and African histories that made me opt for that continent. As far as the three countries were concerned, they were chosen for having in common the English language as one of its official ones – and used as the basis for teaching – being democratically stable and the birthplace of ethnicities with rich traditions. However, that is as far as affinities go. The three months I spent in each one were marked by very different landscapes, cooking, characters and stories. Ghana, Uganda and Tanzania made it very clear, after all, that they have very well defined identities.
KUMASI, GHANA
KUMASI GANA
Meu primeiro destino foi a segunda maior cidade ganense, também a capital do Império Ashanti. Apesar de não ter os mesmos poderes de séculos atrás, Osei Tutu II, o rei atual, ainda influencia a política. As festas da etnia são uma bela oportunidade para entender melhor suas crenças e ver os mais abastados com seus lindos trajes de kente — tecido típicos do país, com cores múltiplas e formas geométricas. Outra ótima maneira de vivenciar a cultura local é estar numa escola. Na Furman Foundation School, ONG da periferia da cidade em que dei aulas de inglês, música e esportes, percebi que, por lá, educação e religião se misturam com facilidade. E que o arroz, assim como no Brasil, está entre os ingredientes mais presentes nas refeições. Também na escola pude notar que criança é mesmo igual em todo canto. Elas não precisam de muita coisa para se divertir: seus "brinquedos" surgem a partir de quase nada e uma bola faz brilhar os olhos mais desconfiados. E muitas famílias, ainda que vivam sem água encanada e esgoto tratado, têm noção de que seus filhos merecem estudar.
// My first destination was the second biggest city of Ghana, also capital of the Ashanti Empire. Although he does not have the same powers as centuries ago, Osei Tutu II, current king, still influences politics. The parties of these people are a beautiful opportunity to understand their beliefs and to see the richer among them wearing their beautiful Kente clothes – typical fabric of the country with multiple colors and geometric forms. Another way of living local culture is to be in a school. At Furman Foundation School, NGO in the city’s periphery where I taught English, music and sports, I noticed that there education and religion mix easily. And that rice, like in Brazil, is one of the most common ingredients in meals. Also at the school, I noticed that children are the same everywhere. They do not need much to have fun: their “toys” arise from barely nothing and a ball will make the eyes of the most distrustful shine. Moreover, many families, although they live without running water and sewage treatment, are aware that their children deserve to study.
F FS C H O O L . N E T
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C ON ROE N TN RE ACNTCIA
LAKE BUNYONYI, UGANDA
LAGO BUNYONYI UGANDA
Um misto de fazenda orgânica, pousada e escola primária incrustado às margens do belíssimo Lago Bunyonyi, no sul de Uganda. Esse é o conceito do Amasiko Greenschool and Lodge, meu segundo lar africano. A ideia do projeto é prover educação às crianças da região — rural e bastante pobre — a partir do dinheiro arrecadado com a plantação e a hospedagem. Minha contribuição ali foi organizar uma biblioteca e ser uma professora tipo tapa-buraco: quando um educador faltava (nada muito raro, é bom dizer), eu cobria o horário com atividades de inglês ou artes. As salas de aulas do Amasiko são bastante precárias: chão de terra, lousas esburacadas e paredes com goteiras. Um cenário que destoa bastante da paisagem ao redor, repleta de morros que mostram a generosidade da natureza e, até, atraem turistas. É exatamente dessa terra íngreme que as famílias bakiga, a etnia dominante, tiram seu sustento — de batatas a sorgo, passando por feijão e repolho —, além dos cipós que servem de matéria-prima para suas cestarias.
// A mixture of organic farm, lodging and primary school incrusted at the edge of gorgeous Lake Bunyonyi, in the south of Uganda. This is the concept behind Amasiko Greenschool and Lodge, my second African home. The project’s idea is to provide education for the children of the region – rural and very poor – based on the money raised from the plantation and lodging. My contribution there was to organize a library and serve as a substitute teacher: when an educator was absent (which was not rare, to be sincere), I subbed with English or art activities. Amasiko’s classrooms are very precarious: dirt floor, blackboards with holes and leaking walls. A picture not in the least consonant with the surrounding landscape, filled with hills that show nature’s generosity and attract tourists. It is precisely from this steep earth that the Bakiga families, the dominant local ethnicity, earn their livelihood — from potatoes to sorghum, beans and cabbage —, as well as the vine used as raw material for their baskets.
A M A S I KO . O R G
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LOLIONDO, TANZANIA
LOLIONDO TANZÂNI A
Girafas e zebras cortam a estrada na viagem de ônibus até Loliondo, vilarejo que se esconde no norte da Tanzânia, às bordas do famoso Parque Serengeti. Ali, naquele pedacinho de território maasai, fica a Bright School, a terceira ONG que me recebeu. A escola foi fundada para educar pequenos maasai, porque a etnia, tradicionalmente pastoreira e nômade, não tem hábito de investir em educação. As crianças servem como mão de obra para cuidar do gado e ajudar no mercado, onde cada um vende o que tem, desde frutas e legumes até um boi vivo. Pois a Bright têm feito um belo trabalho. Atende quase 300 alunos e é morada de um terço deles. Oferece um ensino de primeira: conta com professores qualificados — e estudantes bem preparados. Em minha estada, dei aulas complementares de inglês e oficinas de música e artes. Se, por um lado, eu ensinava, por outro, aprendia. Da vivência com as crianças descobri a aproveitar o momento, a valorizar (e questionar) meu conforto e a entender que, sim, a vida faz muito mais sentido em comunidade. Uma jornada mais profunda dá esses chacoalhões na gente.
// Giraffes and zebras cross the road during the bus trip to Loliondo, a village hidden in the north of Tanzania, at the edge of renowned Serengeti Park. There, in that small Maasai territory, is located Bright School, the third NGO that welcomed me. The school was founded to educate small Maasai kids. These people, traditionally pastoral and nomad, are not in the habit of investing in education. The children serve as a workforce to look after cattle and help at the market, where each one sells whatever he possesses, from fruits and vegetables to a live ox. Bright has done some very nice work. It teaches 300 students, one third of which live there. It offers first-class education: has qualified teachers – and well-prepared pupils. During my stay, I gave complementary English classes and music and art workshops. If on one side I taught, on the other I learned. From my experience with the children, I learned to seize the moment, to value (and question) my comfort and to understand that, yes, life makes a lot more sense in community. A deeper journey is capable of rattling us.
FAC E B O O K . CO M / B A RA KA K I L I N GA 2 0 1 6
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CHECK - OUT IN BETWEEN DAYS
ENTRE TEMPOS POR/BY CARLA LENCASTRE
CASUAL CHIC MINAS-STYLE
Mineirice Casual Chic
FASANO BELO HORIZONTE | FASANO.COM.BR
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FOTOS/PHOTOS: BARBARA DUTRA
São Paulo, Fazenda Boa Vista, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Salvador... e Belo Horizonte. O grupo Fasano completou 15 anos da primeira casa em São Paulo, dez no Rio e ampliou seu portfólio de hotéis e restaurantes no Brasil com a inauguração de um endereço na capital mineira. São 77 quartos espaçosos, com vista ou varandas internas, decorados no estilo casual chic — como no endereço carioca —, mas seguindo a paleta de cores de Minas Gerais. Referências ao passado colonial estão por toda a propriedade, que combina com elegância elementos rústicos e urbanos. Instalado em um prédio de 12 andares no bairro de Lourdes, o Fasano Belo Horizonte tem, ainda, uma filial do sempre bom restaurante italiano Gero, aqui com uma carta de cachaças; outra do bar Baretto; e, na cobertura, piscina, sauna a vapor e spa. // São Paulo, Fazenda Boa Vista, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Salvador… and Belo Horizonte. Fasano group is completing 15 years since the launch of their first hotel in São Paulo, ten in Rio, and has augmented its portfolio of hotels and restaurants in Brazil with the inauguration of a new address in the Minas Gerais state capital. It comprises 77 spacious rooms with a view or internal terraces, decorated in casual chic style – like at the Rio de Janeiro hotel -, but following the Minas Gerais state color palette. References to the colonial past abound in the property, which elegantly mixes rustic and urban elements. Installed in a 12-story building in the Lourdes neighborhood, Fasano Belo Horizonte also houses a branch of Italian restaurant Gero, counting with a list of cachaças; and also Baretto Bar, as well as a pool and steam sauna and spa at the roof.
SUMMER AT HYDE PARK
Verão no Hyde Park
FOTOS/PHOTOS: DIVULGAÇÃO
Acordar com vista para o fascinante cenário urbano da Knightsbridge ou para o verde do verão londrino. Essa é a difícil decisão dos hóspedes do Mandarin Oriental Hyde Park London, o lançamento mais aguardado no movimentado cenário da hotelaria de luxo. Em um prédio centenário do período eduardiano, com 181 quartos e suítes, o hotel começou em 2016 a maior renovação de sua longa história, interrompida em junho do ano passado por causa de um incêndio. Reinaugurado mais uma vez, está melhor do que nunca. A experiência é perfeita do check-in ao check-out, com serviço personalizado em um ambiente impecável, onde se sobressai a curadoria das obras de arte moderna que dialogam com a construção histórica e seus arredores. Destaque também para os dois ótimos restaurantes dos estrelados chefs, Heston Blumenthal e Daniel Boulud, e para o lindo e concorrido chá da tarde, clássico inglês que nunca sai de moda.
// Waking up with a view to the fascinating urban landscape of Knightsbridge or to the green of London’s summer. This is the hard decision faced by guests at Mandarin Oriental Hyde Park London, the most awaited launch in the bustling scene of luxury hotels. In a centenary building of the Edwardian era, with 181 rooms and suites, the hotel began, in 2016, the biggest renovation of its history, interrupted in June of last year due to a fire. Once again reopened, it looks better than ever. It is a perfect experience, from check-in to check out, with personalized service in an impeccable ambiance; the highlight of which is the curatorship of modern works of art that dialogue with the historical construction and its surroundings. Another highlight goes to the two great restaurants from star-studded chefs Heston Blumenthal and Daniel Boulud, and to the gorgeous and popular 5 o’clock tea, an English classic that never goes out of fashion.
MANDARIN ORIENTAL HYDE PARK LONDON
| MANDARINORIENTAL.COM
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OVER THE WATERS OF BORA BORA
Sobre as águas de Bora Bora // Underwater, the colorful marine life is the biggest attraction of Bora Bora. Above sea level, its postcard is Mount Otemanu. With incredible views to the mountain, the symbol of French Polynesia’s most famous island, in the Society Archipelago, St. Regis Bora Bora completed its tenth anniversary in excellent shape. It is installed in three motus, as are called the islets facing the main island. Constant maintenance and renovations guarantee the freshness of the hotel and of its roomy and famous bungalows above the water, in charming and relaxing ambiances that bring together the best of two worlds: the marine fauna of the South Pacific and the view to Mount Otemanu. The resort also has a private lagoon for snorkeling amidst fish and coral, Clarins spa, a restaurant which is considered one of the island’s best – with menu signed by star-studded chef Jean-Georges Vongerichten –, and exceptional service. Take notice that winter is the dry season and the best time to visit French Polynesia.
S T. R E G I S B O R A B O R A | M A R R I O T T. C O M
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FOTOS/PHOTOS: DIVULGAÇÃO
Debaixo d’água, a colorida vida marinha é a maior atração de Bora Bora. Acima do nível do mar, o cartão-postal é o Monte Otemanu. Com vistas incríveis para a montanha, o símbolo da mais famosa ilha da Polinésia Francesa, no Arquipélago da Sociedade, o St. Regis Bora Bora completou 10 anos em excelente forma. Está instalado em três motus, como são chamadas as ilhotas de frente para a ilha principal. Manutenções e renovações constantes garantem o frescor do hotel e de seus amplos e famosos bangalôs sobre as águas, em ambientes charmosos e descontraídos que reúnem o melhor dos dois mundos: a fauna marinha do Pacífico Sul e a vista para o Otemanu. O resort ainda tem uma laguna privativa para snorkeling entre peixes e corais, spa Clarins, restaurante considerado um dos melhores da ilha — com cardápio assinado pelo estrelado chef Jean-Georges Vongerichten —, e serviço excepcional. Aproveite que a estação seca é o inverno, e essa é a melhor época do ano para ir à Polinésia Francesa.
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P L AY L I S T
DJ Alok We Are The Champions We are the champions, my friends And we'll keep on fighting 'til the end FREDDIE MERCURY
A música (um clássico da banda Queen), gravada pela primeira vez no álbum “News Of The World”, de 1977, é importante lembrança na trajetória do DJ Alok. A letra, que é quase um hino motivacional, representa suas vitórias sobre as adversidades. Um momento marcante no qual foi trilha sonora aconteceu, justamente, no último carnaval, em Salvador. “Toquei ‘We Are The Champions’ para aproximadamente meio milhão de pessoas e vi que meu pai se emocionou. Ele ama rock, e minha carreira também é muito influenciada por esse gênero musical. O mais incrível foi vê-lo pela primeira vez em um trio, emocionado ao ouvir a música e lembrar de nossas conquistas depois de tanta luta.”
// The song (a classic by rock group Queen), recorded for the first time in the 1977 “News of the World” album, holds an important remembrance in the trajectory of DJ Alok. The lyrics, which are almost a motivational hymn, represent his victories over adversities. A remarkable passage where it served as a soundtrack took place, exactly, at the last carnival, in Salvador. “I played ‘We Are The Champions’ for approximately half a million people and it moved my father. He loves rock and my career is also very much influenced by this musical genre. The most incredible thing was seeing him for the first time on top of a sound truck, moved at hearing the song and remembering all our conquests after so much struggle.”
1. ABRA O SPOTIFY / OPEN SPOTIFY 2. SCANEIE O CÓDIGO / SCAN THE CODE 3. BOA VIAGEM! / HAVE A GOOD TRIP!
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RETRANCA
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