TLS Series Vol 1 - CIDADES

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T L S S E R I E S

CIDADES


CIDADES The Lisbon Studio Series - Volume Um Edição em formato digital por A Seita CRL(originalmente editado por G. Floy Studio e ComicHeart), em parceria com o The Lisbon Studio. Autores Joana Afonso, João Tércio, Dileydi Florez, Gonçalo Duarte, Filipe Andrade, Marta Teives, Pedro Moura e Ricardo Cabral A Seita CRL Rua General Humberto Delgado, nº12, 5C 2685-340 Prior Velho aseita.info@gmail.com www.facebook.com/aseitadabd The Lisbon Studio email: thelisbonstudio.mail@gmail.com Procura-nos no Facebook: thelisbonstudio Editores Bruno Caetano e José Hartvig de Freitas Design e paginação Pedro Ribeiro Ferreira Revisões Rui Brito e José de Freitas Capa Filipe Andrade Versão digital Marta Teives É expressamente proibida a reprodução desta obra no todo ou em parte, sob qualquer suporte ou meio, sem autorização escrita dos seus autores e dos editores. Abril de 2020. CIDADES The Lisbon Studio Series - Volume Um Para esta edição digital: Copyright © todos os autores e A Seita CRL Todos os direitos reservados. Copyright das histórias © 2017 dos respectivos autores (ver índice para as histórias e autores), Joana Afonso, João Tércio, Dileydi Florez, Gonçalo Duarte, Filipe Andrade, Marta Teives e Pedro Vieira de Moura, Ricardo Cabral. Os dados constantes deste livro são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Copyright das fotografias (páginas 4,7,9) © 2017 João Tércio. Copyright dos prefácios © 2017 Filipe Homem Fonseca e Jorge Coelho. Coypright do posfácio © 2019 João Miguel Lameiras.

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QUIOSQUE

JOANA AFONSO 27.

OUMUN THE REVENGE JOÃO TÉRCIO 39.

24 HORAS

DILEYDI FLOREZ 51.

CID HADES

GONÇALO DUARTE 63.

MURALHA

FILIPE ANDRADE 85.

O RASTO DO FANTASMA

MARTA TEIVES e PEDRO MOURA 103.

OS MUROS DE TERREA RICARDO CABRAL

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Arquitectura da memória O retrato mais vívido do que é uma cidade acontece na banda desenhada. O paralelo estabelece-se à primeira vista: prédios com janelas, páginas com quadrados. Na relação única que se cria entre o texto e a imagem, surgem ligações em tudo semelhantes ao que sucede entre uma cidade e quem a vive, em permanência ou de passagem. As cidades são palcos de histórias, nem sempre passadas nas suas ruas e avenidas, becos e estradas; às vezes, acontecem dentro da cabeça dos que lá vivem, dos que a visitam, e esse interior é diferente do que seria se existisse noutra cidade. Scott McCloud ilustra assim a coisa: para além do que conseguimos observar espreitando pelas janelas dos prédios, há todo um entretanto que se desenrola no espaço entre elas. Igual na BD: se num quadrado temos um machado sobre uma cabeça, e no seguinte temos um corpo decapitado, é o observador que tira as suas conclusões. As cidades, como as histórias, não são nada sem a cumplicidade de quem supõe esses entretantos. É lícito dizer que as histórias são feitas da mesma substância que as cidades: há uma arquitectura de memórias trazidas para o papel, estruturas de fundações mais profundas que as dos prédios. A cidade está em constante mutação, e as memórias, aparentemente fixas em tinta, mudam de acordo com quem as lê, quem as interpreta. Uma história passada numa cidade muda tantas vezes quantas as que é contada, sendo que é contada de cada vez que é lida. O Princípio da Incerteza de Heisenberg, usado para descrever a relação subatómica entre o observador e as partículas observadas, é tão ou mais verdadeiro na relação do Homem com a Cidade. Existe uma supersimetria gritante, em que as cidades são o que delas fazemos, e nós somos o que as cidades fazem de nós. Uma circularidade de causa e efeito, ovo que gera galinha que gera ovo. Da distância (esse entretanto) que vai dos homens que as construíram aos que nelas vivem, nascem as histórias.

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As cidades podem ser do tamanho de um T0 ou do céu que as sustenta (sim, as cidades começam por ser sustentadas pelo céu, e só depois pelo terreno em que assentam), como na Muralha do Filipe Andrade. A mais íntima das relações que com elas se estabelece pode surgir na sequência da descoberta serena de um quotidiano, como nas 24 Horas da Dileydi Florez. O Rasto do Fantasma, da Marta Teives e do Pedro Moura, revela a cidade como palco de avanços e retrocessos, de reencontros e despedidas adiadas. Um labirinto cheio desses becos sem saída que são os arrependimentos, como no Quiosque da Joana Afonso; uma rotunda em que todas as saídas conduzem a si própria, como em Oumun The Revenge, do João Tércio (ou não fosse esta uma história de vingança). É no contraste entre a vivência nocturna, dionísiaca e excessiva, e a responsabilidade imposta e diurna, que a Cid Hades do Gonçalo Duarte descobre o absurdo da dita normalidade. E Os Muros de Terrea do Ricardo Cabral ilustram de forma impiedosa o vazio da cidade que se fecha em si mesma em virtude do medo. Todas estas cidades, reais e imaginárias, são tão verdadeiras como as feitas de metal e betão. Existem no espaço entre os autores e os leitores, são histórias que vivem nesses entretantos. Memórias partilhadas, que se transformam com a partilha; exorcismos e celebrações, janelas para o interior de cada um de nós, porque as cidades – e a banda desenhada – também são espelhos que reflectem a distância entre o que somos e o que gostaríamos de ser, entre o que fomos e o que podemos vir a transformar-nos. Neste livro, todas as esquinas trazem memórias de um futuro possível.

Filipe Homem Fonseca


TLS... A ORIGEM Era puto, mesmo miúdo, já sabia ler mas não há muito tempo, quando é publicado, no Super-Aventuras Marvel (ou talvez fosse no Heróis da TV), um artigo que entreabria o véu dos bastidores da Nona Arte. Descrevia como alguns artistas partilhavam um espaço a que chamavam The Studio, conceito que achei fascinante. Melhor que desenhar BD, seria fazê-lo acompanhado. Avança o relógio. Uns quinze anos depois, com o curso da António Arroio feito há quatro anos e a dar os primeiros passos como ilustrador por conta própria, trabalhava num quarto com boa iluminação natural, num T2, arrendado com a namorada, em Odivelas. Gostava de receber os amigos que, ontem como hoje, sabem que mais facilmente me apanham na mesa de desenho do que na de café. A páginas tantas, a falar e desenhar o Frederico Penteado pergunta-me se se pode juntar e trabalhar comigo de vez em quando no meu micro atelier. “...Epá, boa ideia!”, respondi. Vendo bem, era já esse o proto-estúdio que viria a amadurecer anos depois. Ter a companhia dele fazia todo o sentido e foi o Fred “o Pintor” que me apresentou a mesas digitalizadoras como a Wacom, tecnologia inovadora na altura. Pouco tempo passa até que ele me lança o repto, “Lembras-te de falarmos em ter um estúdio em Lisboa? Vou ver espaços com uma amiga, estás interessado?”

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Entretanto a amiga mudou de ideias e convidámos o Rui Gamito e o Sérgio Duque, talentos, colegas e amigos da António Arroio. Assim nasceu o “estúdio de Alfama”, baptizado de Quatro Corvos, ao pensar no Corvo como um dos símbolos de Lisboa e por sermos quatro, os fundadores. Pouco depois juntam-se Ana Freitas, Pedro Potier e Rui Mourão, que herdaram a nossa sala, enquanto nós mudámos para um espaço no mesmo edifício e andar, com três micro salas seguidas no que supostamente tinha sido a Embaixada da Mauritânia... Fomos continuando a nossa vida de freelancer, umas vezes com trabalho, outras sem, e juntaram-se a nós Pepedelrey e Rui Lacas, já na altura conhecidos “monstros” da BD portuguesa. E a coisa pegou. Cheios de energia e vontade, produzimos em 2006 o livro Virgin’s Trip (A Viagem da Virgem), primeira colaboração em equipa e primeira edição da El Pep, editora do Pepedelrey, e logo a seguir o Fato Macaco, enquanto eu, motivado, ia escrevendo e desenhando as minhas primeiras curtas de BD entre os trabalhos de storyboard e ilustração para publicidade. Sentia-se uma corrente positiva que nos impeliu a produzir projectos pessoais e despertou bem alto “o bichinho” de fazer coisas. Cada pessoa trazia consigo o seu universo criativo e não só. Rui Lacas coloca-nos em contacto com o Atelier da Bica, composto por Ricardo Tércio, Nuno Plati e dois ex-colegas da António Arroio, Ricardo Venâncio e João Lemos. Eles tinham acabado de ter a sua “big break” com C.B. Cebulski, então caça-talentos da Marvel, conseguindo ser publicados na Casa das Ideias. Procuravam um espaço melhor e juntamente com a ideia de o partilhar com colegas da área. Fomos pesquisando espaços até encontrarmos um local a que chamámos o “estúdio da Estefânia”, e juntaram-se a nós Sara Barbas, Patrícia Furtado, Nuno Duarte e outros colegas, como Ricardo Cabral e Joana Afonso. O nome The Lisbon Studio surge quando um amigo de Sara Barbas, que trabalhava na Aardman Studios em Bristol, lhe pergunta o nome do nosso estúdio e ela, não sabendo (porque não havia), diz-lhe “...it’s The Lisbon Studio...”, e assim ficou. O estúdio da Estefânia fez nascer a The Lisbon Studio MAG (que teve apenas uma edição em papel) e contou com visitas de vários talentos internacionais. Primeiro os brasileiros Júlia Bax e Davi Calil, mais tarde os gémeos Fábio Moon e Gabriel Bá e, pouco depois, Cameron Stuart, Carl Kerschl e Ramón Pérez do Raid Studio (Toronto). Inesperadamente, tínhamo-nos tornado numa referência além-portas, o que nos permitiu um intercâmbio pessoal e profissional com artistas de todo o mundo. Tivemos também a visita de C.B. Cebulski, com direito a apreciação de portfólios. Quem diria? De apenas ver os desenhos do Homem-Aranha, antes mesmo de saber ler, até à visita pessoal de um representante oficial da Marvel. A Terra é mesmo redonda e dá muitas voltas. Por essa altura, o meu trabalho já tinha procura para colaborar com escritores e pequenas casas de edição em Itália e nos Estados Unidos, em auto-edições ou pequenas tiragens, com poucos ou sem rendimentos mas com exposição, dentro e fora de portas.

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A concentração de talento do estúdio fazia com que estivéssemos sempre, de alguma forma, com ligação directa ao que melhor se fazia em Banda Desenhada em Portugal. Até que, um dia, o espaço começou a rebentar pelas costuras, quase literalmente. Choveu em cima do computador do Pedro Brito, o que não foi bonito.... Decidimos abandonar o espaço da Estefânia e arranjar outro melhor, o que acabou por resultar num interregno de quase dois anos sem poiso. Encontrámos um apartamento com vista para o Tejo, a que agora chamamos de “estúdio de Santa Apolónia”, de longe o nosso melhor espaço. Começámos a publicar a The Lisbon Studio MAG em versão online, comecei a trabalhar para a Marvel, BOOM! Studios, Image Comics, e finalmente desenhei uma capa com o Homem-Aranha... Muito mudou na nossa composição, entraram e saíram muitos talentos, mas ficam as amizades e continuamos a pulsar, juntos, com a nova geração, mutatis mutandis . Concretizando novo tento, agora. Nas tuas mãos.

Jorge Coelho 11


Joana Afonso (1989) Licenciada em Pintura e Mestre em Desenho pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa onde é professora. Faz também trabalho freelance nas áreas de ilustração e banda desenhada. Conta com colaborações em jornais, revistas e produtoras com trabalhos desde ilustração a concept art. É autora do livro Deixa-me Entrar, ilustrou álbuns de BD como O Baile e a série Living Will. Publicou também internacionalmente pela Image Comics, entre outras.

joanaafonso.com


JOANA AFONSO

QUIOSQUE

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João Tércio a.k.a. Johnny T. a.k.a. TércioDeVina, nasce no ano revolucionário de 1974 em Lisboa, onde desde cedo começa a dedicar-se à banda desenhada. Licenciado em Realização pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Autor da obra de culto Março Anormal, ilustrador e cartunista, artista multimedia e videasta.

joaotercio.com


JOÃO TÉRCIO

oumun

the revenge


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Dileydi Florez (Bogotá, 1990) é uma artista visual especializada em ilustração e banda desenhada. Define-se na fusão singular entre o sangue tropical e o espírito lusitano. Curiosa por natureza, as culturas e tradições são o corpo e o coração do seu trabalho.

dileydiflorez.com


DILEYDI FLOREZ

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Gonçalo Duarte estudou no Ar.co, no qual foi bolseiro, o curso de ilustração e banda desenhada. Participou em antologias de banda desenhada como Destruição e Futuro Primitivo da Chilli Com Carne e BFF da Kûs. Trabalha actualmente na Stolen Prints enquanto serigrafista e é ilustrador freelancer/designer desde 2015.

lobijovem.tumblr.com


GONÇALO DUARTE

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Filipe Andrade nasceu em 1986, em Lisboa. Licenciou-se no curso de Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Fez uma pós-graduação em Pré-produção, para cinema e animação, na Gnomon School em Los Angeles. É profissional desde 2008 na área da banda desenhada, ilustração e animação. Trabalha regularmente com a Marvel Comics desde 2009 e desenvolveu trabalho para a Mtv Networks, Riot Games, White Walls Gallery (São Francisco), Nebula Studios, Lodz Kultura, Jump Willy, Asa Edições, Boom Studios!, entre outras. Colabora, também, com a companhia auéééu - Teatro desde 2014. Depois dos EUA e de Hong Kong encontra-se, actualmente, a morar em Lisboa.

filipeandradeart.blogspot.pt


FILIPE ANDRADE

MURALHA



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Aterrei pela primeira vez em Hong Kong em 2013 e, entre idas e vindas, acabei por regressar a Lisboa no final de 2014. No início de fevereiro de 2015 fui operado a um joelho. Uma sucessão de acontecimentos acabaria por atrasar o meu regresso que ficou interrompido por ter de enfrentar uma nova cirurgia ao joelho, em novembro do mesmo ano. Foi muito difícil largar a vida em Hong Kong e abraçar a minha nova vida de muletas em Lisboa. Em Hong Kong vive-se rápido, há pouco tempo num território pequeno e com demasiada informação. Estar em Lisboa, contrariado, e ainda muito focado lá, forçou-me a pesquisar muito sobre o continente onde tinha estado a viver. Acabaria por abrir um livro sobre a Walled City que tinha comprado em Hong Kong. Era um calhamaço. E aí algo fez clique. Tinha de canalizar de alguma maneira a energia desse bairro estranho.

Walled City foi um bairro de construção clandestina, construído por chineses emigrados no antigo território britânico. As sucessivas construções em castelo nas décadas se-

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Upper levels, Central, Hong Kong

guintes, acabariam por formar um aglomerado de espaços labirínticos, pisos desordenados e espaços para habitar reduzidos, alguns com 2 m2. Uma favela de 50 mil habitantes, com leis e moeda diferentes para habitantes de segunda linha, ali, em Hong Kong. Como seria possível viver assim, numa muralha de betão? As fotografias dos miúdos a lançar os papagaios, tão comuns na Ásia, nos telhados desta mini-cidade, num amontoado de zinco e antenas, chamaram-me muito a atenção. Vencer a barreira de betão para chegar ao céu azul. Eu também queria chegar àquele céu azul.

Muralha surge, assim, como resultado desse profundo debate pessoal, acabando por se tornar, também, no meu primeiro projecto de autor. Realizá-lo no primeiro livro do colectivo TLS é uma oportunidade que me deixa muito feliz e orgulhoso. Assim, tudo certo.

Filipe Andrade 85


Marta Teives. Depois de estudar Pintura nas Belas Artes de Lisboa, trabalhou durante uns anos em animação para cinema e televisão. Actualmente trabalha como ilustradora freelancer e entre os seus clientes contam-se várias editoras, produtoras e agências de publicidade.

teives.com Pedro Moura trabalha como crítico (lerbd, etc.), mas é também investigador académico, e professor de matérias associadas à banda desenhada, ilustração e animação em várias instituições, só mais recentemente se dedicando à escrita de argumentos. Organizou algumas exposições que tiveram lugar fora do âmbito mais usual da área, como a Divide et Impera, Tinta nos Nervos e SemConsenso, e foi autor da série televisiva VerBD (RTP2, 2007).

lerbd.blogspot.pt


MARTA TEIVES

O RASTO DO FANTASMA Argumento:

PEDRO MOURA



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Pedro Tamen. Poema "Vai atĂŠ ao fim do ar colher a branca flor," do livro Poema para todos os dias (1956), in Poesia. 1956-1978. Moraes Editores: Lisboa 1978.

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Ricardo Cabral. Ilustrador freelancer desde 2005, tem trabalhado com marcas tão variadas como a Samsung, Moleskine, Dark Horse Comics e Time Out-Lisboa, entre muitas outras. É o autor dos livros de banda desenhada Evereste, Israel Sketchbook, Newborn – 10 dias no Kosovo, Pontas Soltas – Cidades, Comic-Transfer e Pontas Soltas – Lisboa. Ilustrou também os livros infantis Portugal para Miúdos, Expressões com História, Uma Baleia no Quarto e Caras e Coroas – Reis e Rainhas de Portugal para Miúdos.

ricardopereiracabral.blogspot.pt


RICARDO CABRAL

Os muros de Terrea


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UMA BREVE HISTÓRIA DO the LISBON STUDIO O trabalho de um autor de banda desenhada é um trabalho iminentemente solitário. Daí que muitos autores sintam necessidade de partilhar um espaço de trabalho, não só por questões económicas, mas sobretudo pelo contacto e partilha de experiências com outros autores, que ajudam a quebrar essa solidão. Assim nasceram os estúdios. Os exemplos internacionais são inúmeros, desde os primeiros estúdios de comics, como o Estúdio Eisner/Iger de Will Eisner, até ao “verdadeiro” The Studio, que, num sótão da Greeenwich Village reuniu durante alguns anos da década de 70 os talentos de Bernie Wrightson, Barry Windsor-Smith, Jeffrey Jones & Mike Kaluta. E mesmo que ele tenha sido de curta duração, isso não impediu que a memória desse The Studio continue a influenciar artistas um pouco por todo o lado, incluindo Portugal com o The Lisbon Studio, como fica patente no prefácio que Jorge Coelho escreveu em 2017 para Cidades, o primeiro volume do TLS Series. Como uma entidade viva, o The Lisbon Studio nasceu da fusão de pequenos estúdios já existentes, como o Estúdio de Alfama, ou o Estúdio da Bica, reunindo autores como Jorge Coelho, Frederico Penteado, Nuno Plati, João Lemos, Ricardo Venâncio, Ricardo Tércio, Pepedelrey, Rui Lacas, Rui Gamito & Sérgio Duque, a que se juntaram outros nomes como Ana Freitas, Pedro Potier e Rui Mourão, que em 2007 se mudam para um espaço na zona da Estefânia, espaço esse que depois de receber mais autores como Sara Barbas, Patrícia Furtado, Nuno Duarte, Ricardo Cabral e Joana Afonso, viria ser a primeira casa oficial do The

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Lisbon Studio. O nome, conta Jorge Coelho, “surge quando um amigo da Sara Barbas lhe pergunta o nome do nosso estúdio e ela, não sabendo (porque não havia) diz-lhe ‘it’s The Lisbon Studio…’, e assim ficou.” 2010 foi um ano-charneira na história do The Lisbon Studio, com a publicação do primeiro (e único) número em papel do The Lisbon Studio Mag, e com a primeira grande exposição do colectivo, uma mostra criada expressamente para o VI Festival Internacional de BD de Beja, onde esteve patente na Galeria dos Escudeiros. Mas a falta de condições no edifício da Estefânia leva a que o estúdio perca a sua “casa” e que fique sem espaço físico durante algum tempo, até descobrirem um belo apartamento em Santa Apolónia, com grandes áreas e uma magnífica vista sobre o Tejo, que é o espaço em que ainda hoje se mantém. Nesse espaço, que veria sair alguns autores e entrar (muitos) outros, como Marta Teives, Filipe Andrade, João Tércio, Pedro Brito & Nuno Saraiva, nasceria o The Lisbon Studio Webmag, uma publicação digital que duraria 10 números, e projectos como a exposição colectiva Os Filhos do Manguito, que o Museu Bordalo Pinheiro acolheu em 2017, em que os 15 autores que à época partilhavam o espaço do The Lisbon Studio homenageiam o génio de Rafael Bordalo Pinheiro. Foi também em 2017 que se iniciou o projecto TLS Series, cujo primeiro ciclo se conclui com este volume, depois de três volumes temáticos dedicados às Cidades, Silêncio e Viagens. Mas as viagens do The Lisbon Studio não se ficam por aqui. Para além do trabalho de antigos e actuais membros como Jorge Coelho, Nuno Plati, Ricardo Tércio, Filipe Andrade, Joana Afonso, Rui Lacas, ou Nuno Saraiva já ter atravessado fronteiras, o próprio estúdio acabou de realizar uma mostra na edição do trigésimo aniversário do Festival de Lodz, na Polónia, associada à edição de um volume antológico de algumas das melhores histórias publicadas no TLS Series.

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João Miguel Lameiras


JOANA AFONSO | JOÃO TÉRCIO | DILEYDI FLOREZ | GONÇALO DUARTE FILIPE ANDRADE | MARTA TEIVES | PEDRO MOURA | RICARDO CABRAL

Capa e História a cores: FILIPE ANDRADE Prefácios: FILIPE HOMEM FONSECA / JORGE COELHO

“...Todas estas cidades, reais e imaginárias, são tão verdadeiras como as feitas de metal e betão. Existem no espaço entre os autores e os leitores, são histórias que vivem nesses entretantos...”

ANDRÉ OLIVEIRA | BÁRBARA LOPES | DARSY FERNANDES | FILIPE DUARTE PINA JORGE COELHO | MARTA TEIVES | NUNO RODRIGUES | PAULA BIVAR DE SOUSA PEDRO MOURA | PEDRO RIBEIRO FERREIRA | RICARDO CABRAL

Capa e História a cores: JORGE COELHO & ANDRÉ OLIVEIRA Prefácios: JP SIMÕES / RICARDO VENÂNCIO

“No princípio não era o verbo... ...A grande e inabalável ausência de ruído, podemos supôr, é a total ausência de percepção, o desmanchar da máquina dos sentidos, a morte. Assim, onde o silêncio está, nós não estamos...”

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FILIPE ANDRADE | DILEYDI FLOREZ | NUNO RODRIGUES PEDRO RIBEIRO FERREIRA | JOÃO TÉRCIO | RICARDO CABRAL QUICO NOGUEIRA | NUNO SARAIVA

Capa e História a cores: RICARDO CABRAL Prefácios: VALTER HUGO MÃE / ANDRÉ OLIVEIRA

“De certo modo, a tradução do mundo que a banda desenhada faz é uma redução à sua essência, como se prescindisse do que se revela desnecessário e se ativesse ao que importa a cada forma e cada situação.“

CIDADES “Muralha” de Filipe Andrade: vencedor do Galardão Melhor Curta CCPT 2017, nomeado para Melhor Desenho PNBD 2017 “O Rasto do Fantasma” de Marta Teives & Pedro Moura: nomeado para o Galardão de Melhor Curta CCPT 2017 e para Melhor Desenho PNBD 2017 “Os Muros de Terrea”: nomeado para o Galardão de Melhor Curta CCPT 2017

SILÊNCIO “Monte Morte” de Jorge Coelho & André Oliveira: vencedor do Galardão Melhor Curta CCPT 2018 “Monstros” de Nuno Rodrigues & Filipe Duarte Pina: vencedor de Melhor Argumento PNBD 2018, nomeado para o Galardão de Melhor Curta CCPT 2018

VIAGENS “Fränzi ou a Ponte Destroçada de um Ilustrador” de Nuno Saraiva: nomeado para o Galardão de Melhor Curta CCPT 2018 “Uma Árvore no Deserto” de Ricardo Cabral: nomeado para o Galardão de Melhor Curta CCPT 2018

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brevemente...

RAÍZEs Onde estão as raízes de cada um? No passado, nas memórias? Num sítio? Numa família ou grupo? Em que se enraízam as palavras e as imagens? Sete histórias que nos vão levar a percorrer todo o género de paisagens e imaginações, reais e metafóricas.


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