Vida Bohemia • Rio de Janeiro • Ano 01 • Vol. 01

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BOTAFOGO Um rolê pelas novidades do bairro mais legal do RJ

UMA CERVEJA COM…

a sambista Roberta Sá

TAI BARBIN

Um dândi pelos botecos da cidade

LETRUX

24 horas com a cantora na Tijuca

LADEIRA DAS ARTES

De terreno baldio a centro cultural

RIO DE JANEIRO | ANO 01 | VOL. 01


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SAIDEIRA

J


RIO DE

JANEIRO É NOS BOTEQUINS DA CIDADE, entre os amigos reunidos em torno de copos de cerveja, petiscos e, com sorte, música boa, que mora a alma da boemia carioca. O pessoal do dominó continua por lá, enquanto novos endereços pipocam pelas ruas do Rio, provando que dá para se reinventar sem perder a tradição. A cerveja gelada acompanha, mas o que importa mesmo são os encontros, numa casualidade que só existe nesta cidade. Viver no Rio é assim mesmo. É difícil, só que ninguém quer ir embora. Afinal, tem coisa melhor que beber em pé na calçada mesmo quando as cadeiras estão desocupadas, saber o nome do garçom ainda que a recíproca não seja verdadeira ou sair de casa sabendo onde encontrar a galera sem nem precisar perguntar?

Se divertir na companhia dos amigos, descobrir novos lugares e ocupar a cidade com alegria, amor e leveza: é nisso que o the summer hunter e a cervejaria bohemia acreditam. Por isso, nos juntamos para criar esta revista impressa, mensal e gratuita, e mapear os lugares, os personagens, as tendências e as melhores histórias da cidade. Depois pode contar elas por aí, enquanto joga conversa fora na praia, na fila do açaí ou naquele seu boteco do coração. Esse a gente promete que não vai contar pra ninguém. Até porque os segredos mais bem guardados do Rio são aqueles que só todos os amigos sabem.

EXPEDIENTE BRUNO DIEGUEZ / CRIS NAUMOVS / FERNANDA NASCIMENTO / GUIDO ARGEL / KAMILLE VIOLA / JOSÉ OCTAVIO FREITAS / JULIANA AZEVEDO / LARISSA KREILI / LUCAS BORI / MARCELLE TAUCHEN / MARIA CLARA PESSOA / MARIA EDUARDA FEIJÓ / MARIANA BROITMAN / MOA / RAFAEL BITTENCOURT / RAFAELLA BUZZI / RENAN FLUMIAN / RICARDO MORENO / WENDY ANDRADE


RO LÉ / 4

POR AI...


3 PERGUNTAS LAURENT RINALDO UM DOS DONOS DO CANASTRA BAR, o francês inaugurou este ano mais um negócio: o Iara Mar e Bar, restaurante descolado no Leblon.

FOTOS DIVULGAÇÃO ILUSTRAÇÃO JULIANA AZEVEDO

HOTEL SELINA DESEMBARCA NA LAPA Foram três dias de festa para comemorar a inauguração da primeira unidade da rede de hotéis panamenha no Brasil. Uma celebração à altura da novidade. Além dos quartos tradicionais, há opções compartilhadas, assim como coworking, restaurante, um radio bar com curadoria da turma da Na Manteiga Radio e rooftop com programação de festas, shows e até aulas de yoga. O SELINA LAPA RIO chega com um conceito inédito por aqui: atender aos nômades digitais, os jovens que trabalham cada hora em um lugar. Ou seja, estão garantidos o wi-fi, o agito e hóspedes do mundo inteiro no coração da boemia carioca. Largo da Lapa, 9

O que os franceses precisam aprender com os cariocas? A sambar e bater palma no ritmo.

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Qual é a receita de uma boa noite por aqui? Um bar e vários amigos.

RO LÉ

O que você trouxe da Europa para o Rio? Meu sotaque de Marselha.


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RO LÉ

MÚSICA JEZA DA PEDRA GRAVA EP NO RIO Carioca do Complexo da Pedreira, o rapper JEZA DA PEDRA mergulhou na cultura urbana da cidade para as letras do EP “Jeza Kassin”. Alexandre Kassin, produtor musical que já trabalhou com artistas como Caetano Veloso, compôs as bases do trabalho da dupla, que deve sair no segundo semestre. Por ora, já dá para ouvir quatro faixas nas plataformas digitais.

COMIDA O SANDUÍCHE DO MOMENTO Tem cor, textura e aroma de carne, mas é feito de vegetais. Esse é o hambúrguer da FAZENDA FUTURO, nova startup de alimentação de Marcos Leta, fundador dos sucos Do Bem. A tal da carne-sem-carne chegou primeiro no T.T. Burger, causou furor nas redes sociais e se espalhou pelo Rio. Mas não pense que é só mais uma moda veggie. O objetivo de seu criador é conquistar os carnívoros que se preocupam com o impacto do consumo de proteína animal no planeta.


RO LÉ / 7

CERVEJA

FOTOS DIVULGAÇÃO

UM DIA EM PETRÓPOLIS São quase 10 mil anos de história, mas não levam mais que duas horas para conhecer o universo da cerveja no tour interativo da CERVEJARIA BOHEMIA. Ao lado do Museu Imperial, a primeira cervejaria do Brasil, fundada em 1853, é o principal ponto turístico

da cidade de Petrópolis, a 68 quilômetros do Rio. É lá que descobrimos que já existiram leis que previam uma dose diária de cerveja para a população, conhecemos os tanques de cobre em que a bebida era preparada e provamos diferentes

tipos de malte, os grãos responsáveis pelo sabor e pelo aroma. Ao longo do passeio, os visitantes vão conhecer (e provar) os principais rótulos de Bohemia, entendendo por que esta cerveja é uma das mais tradicionais e queridas do país. R. Alfredo Pachá, 166, Centro, Petrópolis


CHICO 8

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AT R Á S DO BALC Ã O

TEXTO BRUNO DIEGUEZ FOTO LARISSA KREILI

ELE VIROU CUPIDO, OMBRO AMIGO E UMA DAS FIGURAS MAIS QUERIDAS DO RIO


A memória também é boa para acumular histórias curiosas — ele só não revela a identidade dos personagens. Um dia, conta, um casal conversava numa mesa e o marido paquerava outra mulher, sentada logo atrás. Interesse correspondido, ele levantou e perguntou ao Chico o que devia fazer. “Você tá com a sua esposa, não tem

É preciso ser discreto e receber a todos da mesma forma, dos anônimos às celebridades e aos poderosos. Artistas, jogadores de futebol, bicheiros e políticos frequentam o bar onde o Chico estiver. E por causa dele. Circula uma piada que o Chico & Alaíde, seu último bar, fechou porque boa parte dos clientes foi presa pela Lava-Jato. Mas ele rebate dizendo que passou a receber por lá os jovens promotores da operação. “O bar é aberto ao público, tem que atender todo mundo, não importa a visão política”, afirma.

AT R Á S DO BALC Ã O

Amores, separações, intrigas e histórias de todo tipo estão sempre no cardápio de causos vividos por garçons experientes. Há mais de 30 anos na cidade, Chico adora essa vida – e diz que o melhor do povo daqui é o bom humor, o carisma e a disposição em ajudar quem vem de fora. Ele concorda com a previsão dos amigos: vai ser garçom pro resto da vida. O segredo de um bom profissional, diz, é ter vontade e pensar como você gostaria de ser atendido. “Não é para chegar encostando no ombro do cliente, cheio de intimidade”, ensina.

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“O que eu mais gosto no bar é a relação com as pessoas. Já dei muitos conselhos. Os clientes querem conversar, desabafar, te contam tudo”, afirma Chico. Pode ser culpa do sorriso largo, uma marca registrada deste cearense de Cratéus que tem título de cidadão carioca conferido pela Câmara dos Vereadores. Mas vai além. Chico sabe o nome de todo mundo, habilidade adquirida nos tempos de Bracarense, onde as contas não eram assinaladas pelo número da mesa, mas sim pelo nome dos clientes.

jeito.” Na insistência para pular a cerca, arrancou um conselho do garçom-cupido. “Quando você levantar de novo para ir ao banheiro, bata com o joelho na mesa para derrubar o chope na sua senhora. Ela vai embora na hora.” Não deu outra. Ele colocou a esposa no táxi e cinco minutos depois já estava conversando com o flerte da mesa ao lado. Acabou se divorciando e começou a namorar a nova cliente do bar.

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O HUMAITÁ ESTÁ SORRINDO mais fácil. Desde o início de 2019, o bairro ganhou um reforço de peso em sua cena boêmia. Francisco Chagas, o icônico Chico do Bracarense, aportou por ali como gerente do Combinado Carioca. Depois de décadas no Leblon, uma experiência de quase dez anos como empresário à frente do Chico & Alaíde e três meses fora de circulação, ele está de volta com sua simpatia inconfundível. É um chamariz de ouro. Os donos do bar já registram uma leva de clientes fiéis vindo só para conhecer a nova casa de Chico. É um tal de aperto de mão e abraço apertado sem parar que confirma a fama daquele que já foi eleito o melhor garçom do Rio.


LETRUX

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2 4 HO R AS


2 4 HO R AS

OS LUGARES PREDILETOS DA CANTORA NA TIJUCA, BAIRRO ONDE CRESCEU

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FOTOS ANA ALEXANDRINO/DIVULGAÇÃO, ZET PAP/UNSPLASH E ANTHONY LEGRAND/UNSPLASH

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TEXTO KAMILLE VIOLA

É DIFÍCIL ALGUM FÃ DE Letícia Novaes, a Letrux, não saber que ela cresceu na Tijuca: o bairro é um assunto frequente em suas entrevistas. Viveu ali até os 29 anos. Passou por São Paulo, Rio Comprido, Ipanema, Copacabana e Humaitá, mas acabou voltando em 2016. “Claro que morar perto do mar é deveras sedutor e lindo, mas acho que minha relação de beleza com a Tijuca é muito porque o bairro é quase uma cidade pequena. Eu ando pelas ruas e reconheço pessoas de anos. Uma sensação familiar muito curiosa”, diz. A seguir, Letrux lista alguns de seus programas preferidos para aproveitar um dia na Tijuca.

11H PASTEL NA FEIRA Para começar o dia, seu programa favorito na sexta-feira é ir à FEIRA LIVRE DA MUDA comer pastel, tapioca, tomar caldo de cana, comprar flor, peixe e legumes. R. Garibaldi


16H FESTA JUNINA Na época de São João, a PRAÇA AFONSO PENA se enche de bandeirinhas. “Mesmo com a gourmetização, ainda é possível encontrar barraquinhas típicas”, diz.

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2 4 HO R AS

R. Dr. Satamini, 160

13H PASSEIO NA PRAÇA

Otto Bar

Bar do Momo

A Praça dos Bichinhos, ou HANS KLUSSMANN, é tomada por estátuas. Um par de ursos, um camelo e outros animais dividem espaço com o Visconde de Sabugosa e o Saci. Tudo bem kitsch. R. Saboia Lima, s/nº

feirinha da Avenida Maracanã

Centro da Música Carioca Artur Távola

14H ALMOÇO NO OTTO O BAR E RESTAURANTE OTTO tem uma famosa temporada de carne de caça, da qual a cantora é fã, assim como do palmito natural assado. R. Uruguai, 380, lojas 22 e 23

Praça Hans Klussmann


Praça Afonso Pena

20H NOITE DE MÚSICA Localizado em um belo palacete histórico, o CENTRO DE REFERÊNCIA DA MÚSICA CARIOCA ARTUR TÁVOLA tem shows, oficinas e cursos. Lá estreou o disco “Letrux em Noite de Climão”. R. Conde de Bonfim, 824

22H FIM DE NOITE O restaurante italiano FIORINO é um clássico tijucano. “Quando saio, gosto de comer bem com meus amores”, diz ela. Av. Heitor Beltrão, 126

2 4 HO R AS

FOTOS CHICO CERCHIARO/THE SUMMER HUNTER, GUIDO ARGEL, PEDRO ESCOBAR, GUSTAVOFRAZAO/ISTOCK E DIVULGAÇÃO

Rua General Espírito Santo Cardoso, 50A

“se tivesse nascido em ipanema, seria modelo. na tijuca, fiquei engracada”

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Para Letícia, o BAR DO MOMO serve “o melhor sanduíche de pernil da história”. As mesinhas na calçada são as melhores — e mais concorridas.

Ristorante Fiorino

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18H PETISCOS NO MOMO


/ ENSAI O 14

RIO 90

0

FOTOS WENDY ANDRADE


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/

ENSAI O


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/ ENSAI O


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“Eu sou aquele cara que acorda de manhã pra ver o sol nascer”, diz. “Fotografar a cidade está longe de ser uma relação profissional.” Recentemente, Wendy descobriu o Rio de um novo ângulo. “É louco porque quando você mora aqui, e frequenta a praia todo dia, fica com um olhar viciado. O drone me trouxe outra perspectiva, ressignificou minha relação com a cidade”, conta. Aos 24 anos, ele se sente em constante transformação na experiência com a câmera. “Fotografar é se colocar num lugar de escuta, e isso me faz entender as coisas diferentes.” Quando as imagens não são suficientes para contar suas histórias, ele as enche de palavras – ora em seu diário, ora no Instagram (@_wendyandrade).

ENSAI O

O FOTÓGRAFO WENDY ANDRADE é carioca, mas às vezes mais parece um turista apaixonado pelo Rio.


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/ ENSAI O


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ENSAI O


um papo sobre musica, boemia e sorte com a cantora potiguar de alma carioca

TEXTO RENAN FLUMIAN FOTOS WENDY ANDRADE

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U MA C ERVEJA C O M...

ROBERTA SA Ela nasceu em Natal (RN), mas tinha apenas 9 anos quando se mudou para o Rio. Teve que abandonar o sotaque e demorou a se enturmar, mas foi na Lapa que descobriu o mundo e entendeu quem era. Aos 38 anos, Roberta Sá acaba de lançar seu sexto disco, “Giro”, com 11 canções compostas para ela por Gilberto Gil. Entre um e outro gole de cerveja, batemos um papo com a cantora no Bar e Restaurante Urca, um de seus lugares preferidos na cidade.

Quando foi dado o primeiro passo de seu novo disco, “Giro”? Foi em 2011, quando o Gil me chamou para gravar uma canção chamada “Minha Princesa Cordel”, que ele compôs para uma novela. Depois disso, só nos aproximamos em 2016 por meio de um amigo em comum.

Como cantora e estudiosa da música brasileira, o que é cantar este disco com inéditas do Gil feitas para você? É o maior privilégio e veio num momento muito bonito porque eu estava pronta para aceitar esse presente. Acho que o Gil ressignificou o meu canto e minha relação com a música quando me deu esse espaço pra ser sua parceira nas canções em letra e música, e sobretudo quando lançou sobre mim esse olhar. Daí me restou saber receber com ferramentas para simplesmente gozar.


Quando o Rio te conquistou? Até os 18 anos eu vivi meio deslocada na cidade. Frequentava rodas que não me falavam muito e ficava em casa esperando minhas férias para ir para Natal. Assim que entrei

U MA C ERV EJA C O M... / 21

Qual o papel do Rio de Janeiro na sua descoberta e desenvolvimento como artista? Ah, o Rio me inventou como artista. Vou confessar algo: eu sempre soube que tenho sorte e desde que nasci carrego isso comigo. É muito louco, tenho consciência de que o meu destino é ser feliz. Claro que já sofri muito para chegar nessa conclusão, senão é muito raso, não é isso. Quando cheguei no Rio era época da novela Tieta e ser nordestino não era simples. Na chamada da escola eu dizia ‘aqui’ para evitar falar ‘presente’ com sotaque. Tive que, com 9 anos, forjar a mudança do meu sotaque e comecei a falar carioquês.


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/

U MA C ERVEJA C O M...

“o carioca e apaixonado pelo estado de alegria que e uma coisa daqui, que nao e euforica”


O que a boemia carioca tem de particular? Está difícil falar bem do Rio, por isso é importante falar

Se você tirasse Gilberto Gil num amigo oculto, que presente daria? A eternidade.

“gil ressignificou o meu canto e minha relacao com a musica quando me deu esse espaco para ser sua parceira”

U MA C ERVEJA C O M...

Se pudesse ressuscitar 5 cantoras para sentar num bar contigo, quais seriam e por quê? Eu ressuscitaria Dolores Duran, com certeza, porque uma mulher que morre de amor aos 29 anos me interessa muito. Acho incrível ela ter sido uma

que não está concluído de jeito nenhum. Falta uma? Dona Ivone Lara para ter uma doçura. Uma mulher que compôs samba-enredo, imagine as histórias que ela não teria.

/

O que isso significou na sua música? Mesmo com tudo isso, meu material emocional de trabalho é o Nordeste. O Gil falou em uma entrevista que gosta de música folk, o reggae é a música folk da Jamaica – folk no sentido do que é folclórico. Então acho que é isso que faço. Não sou sambista, sou uma apaixonada pelo o que é folclórico, pelo samba, pelo maracatu, pelo que tem raiz em cada local.

mulher boêmia nos anos 50, pré-bossa nova. Dolores chegava para Vinicius de Moraes: ‘desculpa, mas a letra não é essa da sua música, é essa’. Ressuscitaria também Elizeth Cardoso, que gravou e causou um rebuliço enorme com a música “Eu Bebo Sim”. Foi um escândalo. Imagine, uma mulher cantar essa música naquela época. Elis Regina pra tacar fogo nas coisas, para dar uma incendiada na parada: ‘Roberta Sá, você desafina, saia daqui’. Nara Leão, uma princesa da zona sul que começou o movimento de integração da cidade, um movimento

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na faculdade teve início o ‘movimento da Lapa’, que começou a ferver com samba. Eu sempre escutei muita MPB, mas quando pisei na Lapa meu mundo abriu e entendi quem eu era. Eu ia para lá toda segunda ver o Zé Paulo Becker tocar violão no Semente e toda quinta para dançar samba no Democráticos. Foi uma época muito feliz da minha vida e que entrei em contato com a nata da malandragem carioca.

bem do Rio. O Rio ainda tem, e é o que me encanta, um charme original. A coisa mais legal para o carioca é viver o Rio e eu acho isso muito bonito. O carioca é apaixonado pelo estado de alegria que é uma coisa daqui, que não é eufórica. Eu demorei muito para entender, por exemplo, esse lance de que você não precisa marcar com uma pessoa para encontrar. Se você chega na praia, não é feio se acoplar na roda dos outros. Muito pelo contrário, feio é você incomodar a pessoa para ela sair de casa na hora que você desejar. Acho que esse é o DNA da boemia carioca, o poder chegar.


ai

A H IN LH PA

R.

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R. Capitão Salomão

COMUNA

BOTECO CABIDINHO

ela

R. Real Grandeza

int

24

Qu

– e as ruas – estão sempre lotados. Entre as novidades que estão abrindo as portas na região e os endereços mais antigos, selecionamos 12 bares imperdíveis em Botafogo e seus arredores.

ldo

ELEITO PELA “TIME OUT” um dos 50 bairros mais descolados do mundo, Botafogo se tornou o melhor lugar do Rio para beber uma cerveja gelada. Não importa o dia da semana, os bares

rna

BOTAFOGO

R. A

R. Mena Barreto

R. Paulo Barreto

ALFA BAR

GALETO SAT’S

/

FUSKA BAR 2.0

R. Sorocaba

MAPA

R. Voluntários da Pátria

QUARTINHO BAR


ela and nM elso R. N

BOTECO COLARINHO

PRAIA DE BOTAFOGO

R. São Manuel

25

/

MAPA

R. Fernandes Guimarães

PORCO AMIGO BAR

COLAB

CANASTRA ROSE

mos

LIGA DOS BOTECOS

R. Álvaro Ra


FUSKA BAR 2.0

PORCO AMIGO BAR

GALETO SAT’S

Antes um boteco de bairro

Inspirado no restaurante

Conhecido como uma das

que entregava cerveja

paulistano A Casa do Porco,

melhores saideiras da cidade,

de garrafa em casa e vivia

o bar investe em especialidades

o Sat’s serve chope gelado

vazio, foi reformulado

suínas: pernil, costela, bacon,

e galeto assado na brasa até

em 2018 e passou a reunir

torresmo ou receitas como a

o amanhecer. Na unidade de

multidões que tomam

barriga pochê confitada com

Botafogo não é diferente – e os

a calçada nas noites

cogumelos e ovos. Para beber,

clientes podem se acomodar

de quarta, quinta e sexta.

cerveja bem gelada.

nas mesas do salão do casarão.

R. Capitão Salomão, 52

R. São Manuel, 43

R. Real Grandeza, 212

PALHINHA

COLAB

COMUNA

O bar e restaurante que fica

Com clima de café durante

O sobrado está sempre de

num canto sossegado no

o dia, o CoLAB serve de

portas abertas a quem quer

Largo dos Leões serve uma

plataforma colaborativa para

tomar uma cerveja, ouvir

das cervejas mais geladas da

pequenos produtores e marcas

música boa ou comer um

região e tem ótimas opções de

cariocas. À noite, o clima muda

hambúrguer. A curadoria

petiscos e pratos no cardápio.

e o agito toma a calçada. Fique

de primeira faz deste espaço

R. Humaitá, 12, loja C6

de olho na programação, que

multicultural um sucesso

costuma ter música ao vivo.

absoluto (e imperdível).

R. Fernandes Guimarães, 66

R. Sorocaba, 585

da Nelson Mandela junto ao

ALFA BAR

QUARTINHO BAR

Baixo Botafogo, este pé-limpo

Há quase 70 anos funcio-

O bar em formato de quartinho

lota no fim da semana. Desde

nando no mesmo ponto em

inaugurado no fim de 2018

que abriu as portas, quando

Botafogo, caiu nas graças

tem um salão descolado

nem existia a praça em frente,

da nova geração quando

cheio de quadros pendurados,

a casa já triplicou de tamanho.

o vizinho Comuna virou point.

sofás espalhados e

R. Nelson Mandela, 100, loja 127

Agrada pela vibe boteco raiz

muita brasileiragem –

e lota as mesas de dentro

dos petiscos à música.

e da calçada.

R. Arnaldo Quintela, 124

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/

MAPA

BOTAFOGO

BOTECO COLARINHO Um dos ícones do eixo etílico

CANASTRA ROSE

R. Mena Barreto, 94

Uma das empreitadas dos BOTECO CABIDINHO

sócios do Canastra, o bar tem a mesma vibe charmosa

LIGA DOS BOTECOS

A noite não tem fim neste

e desencanada do endereço

Um único espaço reúne filiais

bar que é um dos mais antigos

em Ipanema. O casarão se

de quatro cultuados botecos

do bairro e funciona 24 horas.

enche de gente bonita e

cariocas: Botero (Laranjeiras),

Além da cerveja gelada,

interessante atrás dos drinques

Bar da Frente (Praça da

hambúrgueres e petiscos

que acompanham as carnes

Bandeira), Momo (Tijuca)

clássicos são servidos

que saem da parrilha uruguaia.

e Cachambeer (Cachambi).

durante toda a madrugada.

R. Álvaro Ramos, 154

R. Álvaro Ramos, 170

R. Paulo Barreto, 65


Pouco a pouco, as portas de pequenos negócios locais de Botafogo, como as oficinas mecânicas, se fecharam para dar espaço a negócios mais descolados. Os sobrados e casarões abandonados também foram repaginados e, de uma hora para outra, todo mundo queria estar, morar e beber em Botafogo. Um dos primeiros endereços mais modernos a aportar no bairro foi o extinto Oui Oui,

as novidades de botafogo dividem espaco com quem estava la antes de virar um bairro descolado

/

CALÇADAS DISPUTADAS por grupos com cerveja na mão. Restaurantes lotados em qualquer dia da semana. Fila para comprar pães de fermentação natural. Nem parece o mesmo lugar que, dez anos atrás, era chamado de bairro de passagem.

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TEXTO KAMILLE VIOLA FOTO WENDY ANDRADE

HI S TÓ R I AS DE BAI R RO

calor da rua


PEDRO AZEVEDO É DONO DA AUDIO REBEL, A CASA DE SHOWS MAIS

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/

HI S TÓ R I AS DE BAI R RO

FAMOSA DO BAIRRO

restaurante da chef Roberta Ciasca, que abriu as portas na Rua Conde de Irajá, em 2009. Depois vieram os premiados Oteque e Lasai, o italiano Ino., além da recém-inaugurada pizzaria Coltivi. Enquanto um polo gastronômico se formava por ali, a inauguração da praça na Rua Nelson Mandela, na outra ponta do bairro, impulsionou a boemia naquela região. Primeiro foi o Colarinho, mas logo chegaram outros bares e muita gente para beber uma cerveja no meio do burburinho. Essa aglomeração que toma a rua é corriqueira nas várias microrregiões Esse movimento slow food, que respeita boêmias que se formaram no bairro. os produtores e os ingredientes, foi a inspiração para o nome da padaria The Depois da Rua Nelson Mandela ganhar Slow Bakery, aberta em 2016 na Rua São seu próprio ‘baixo’, como são chamados João Batista. As filas para experimentar esses points, a Rua Voluntários da os pães de fermentação natural são tão Pátria também viu sua vocação boêmia grandes nos fins de semana que a casa crescer. Ali apontaram novidades como se muda para um ponto maior no bairro o Marchezinho, inaugurado dois anos daqui alguns meses. Na mesma rua da atrás em frente à Void General Store. padaria também funciona, desde o ano Misto de bistrô e mercearia, a casa passado, a quitanda orgânica Acolheita. de dois sócios franceses e dois brasileiros segue uma diretriz que está virando A poucas quadras dali fica um dos pontos tendência não só no bairro, mas no Rio: de efervescência cultural mais antigos privilegiar pequenos produtores. “A gente do bairro. Ocupando um sobrado na Rua sabe de onde está vindo a comida e para Visconde Silva desde 2006, a casa de onde está indo o dinheiro. É uma relação shows Audio Rebel já recebeu artistas mais próxima”, explica Danilo Melo, sócio como Arrigo Barnabé, Jards Macalé e as do Marchezinho. “A minha função como bandas Metá Metá e Cidadão Instigado. cozinheiro é fazer as pessoas pensarem O andar de cima é ocupado pelo estúdio no que comem”, completa Pedro do produtor Kassin. “Ter virado referência Queiroz, chef da casa. no bairro é uma alegria muito grande.


o bairro pode ter mudado, mas o vendedor paulo cesar ainda e a figura mais famosa de botafogo PEDRO QUEIROZ, COZINHEIRO DO MARCHEZINHO: “QUERO FAZER

Conviver com tanta gente talentosa, que a gente admira, é sentir que o trabalho deu certo”, diz o fundador, Pedro Azevedo. Se existe alguém que sabe contar a história de Botafogo é o vendedor de amendoim Paulo César Gonçalves, de 42 anos, 32 deles no viaduto Santiago Dantas, que liga a praia à Rua Pinheiro Machado. Paulo César ficou famoso por trabalhar de terno e gravata, entoando seu bordão “Oiii!”. Hoje outros três vendedores trabalham para ele no entorno, incluindo o sobrinho Max Gonçalves, que fica na Rua Farani. Eles estão sempre na região entre 17h e 20h. Paulo César vende cerca de 400 quilos de amendoim por dia e o sobrinho, 120. “As pessoas ficam me perguntando como é que eu descobri o local. Quando as coisas são para ser de Deus, são. Quantos governadores já passaram por aqui e eu continuo?”, diz, referindo-se à sede do Governo do Estado, o Palácio Guanabara, que fica a poucos metros dali, na Rua Pinheiro Machado. Demorou algumas décadas, mas parece que o resto do Rio descobriu o charme de Botafogo que Paulo César conhecia há tempos.

PAULO CÉSAR GONÇALVES VENDE AMENDOIM NO VIADUTO SANTIAGO DANTAS HÁ 32 ANOS

/

QUE COMEM”

29

PENSAREM NO

HI S TÓ R I AS DE BAI R RO

AS PESSOAS


NA

30

/ C O NT R AMÃ O SÉRGIO ALVES SANTOS/UNSPLASH


C O NT R AMÃ O /

UM DANDI A BOEMIA TEXTO BRUNO DIEGUEZ FOTOS LUCAS BORI

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LEVAMOS O PREMIADO MIXOLOGISTA TAI BARBIN PARA TOMAR UMA CERVEJA DE BOTECO EM BOTECO


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/ C O NT R AMÃ O

“Sou apaixonado pelo lifestyle do Rio. O carioca vive melhor porque trabalha para viver, e não o contrário”, diz.

TAI BARBIN ESTÁ sem barba, vem dando um tempo nas gravatas-borboletas e deixou o NOSSO depois de dois anos à frente do bar e restaurante que criou com o chef Bruno Katz em Ipanema. Mudança é algo constante na vida deste paulista criado em Florianópolis e que já viveu em cidades como Brisbane, Edimburgo, Londres e Ibiza. “É superestimulante sair da zona de conforto”, afirmou logo no início da viagem de carro que nos levaria da porta de um hotel cinco estrelas na zona sul carioca ao bairro da Lapa. A ideia era deslocar o mixologista para um outro cenário etílico, diferente daquele contexto em que Tai virou referência – e pelo qual foi premiado como bartender do ano e autor da melhor carta de drinques do Rio. Saem os inspirados coquetéis servidos em um ambiente sofisticado, entra a cerveja gelada no clássico copo americano de botequim. “Todo mundo é igual quando bebe cerveja”, diz. Depois de caminhar pelas ruas Riachuelo e Mem de Sá, cogitar jogar sinuca e observar o movimento em alguns botecos, paramos no primeiro bar da noite, a tradicionalíssima Casa da Cachaça, que funciona no mesmo ponto desde 1960. Apesar dos 200 rótulos da bebida ofertados ali, os clientes sentam nas mesas da calçada para dividir uma garrafa de cerveja e jogar conversa fora.

Ainda que integrado ao hábito, ele destoava no visual. Calça e costume azul-marinhos bem cortados, camisa social branca justa ao corpo, lenço de seda estampado no bolso e sapato preto com fivela, sem meias. O traje harmoniza com ele – “roupa é a pele que a gente escolhe” – e a atual fase da carreira. Tai assumiu a gerência de bebidas do Fairmont Rio, primeira unidade no Brasil da cadeia hoteleira de luxo. O hotel abre no segundo semestre deste ano no Posto 6, onde antes funcionava o Sofitel. Ele está animado com o novo desafio: elaborar uma carta de drinques com a cara do Rio que agrade tanto os locais quanto os turistas de alto padrão. Para tanto, não descarta incluir alguns drinques feitos com cerveja, uma tendência em ascensão, segundo ele.


Nos banquinhos do Bar Rebouças, no Jardim Botânico, a última parada desta noite de botecagem, acharam que Tai era sueco – e ele tem mesmo pinta de gringo. Mas ele não liga para como tentam enquadrá-lo. Nem sua profissão. Mixologista, barman, tanto faz. “O que importa é servir uma experiência bacana para quem está do outro lado do balcão”, diz. É apenas uma questão de simplicidade, como um bom boteco.

/

Tai adotou a cidade em 2014 e já morou em Botafogo e na Lagoa antes de se instalar no Leblon. Para o mixologista, a boemia aqui tem pegadas que mudam a cada bairro. E ele tem uma preferida. “Botafogo tem uma onda parecida à de Shoreditch, em Londres. É cool de verdade, nasceu em torno da indústria criativa, dos artistas que foram ocupando espaços de aluguel mais barato”, diz.

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Aos 34 anos, Tai Barbin não tem medo de arriscar. “Eu sempre gostei de ser diferente, um outsider. Gosto de quebrar paradigmas”, diz. Por mais que a fina estampa possa aparentar um ar meio elitista, ele sabe circular bem pelas diferentes zonas da cidade e ganhou jogo de cintura para se virar com sagacidade no mercado local. “Eu entendi como o ecossistema do Rio funciona. Me identifico e consigo manter uma visão de fora”, diz.

C O NT R AMÃ O

“o que importa e servir uma boa experiencia para quem esta do outro lado do balcao”


“a gente faz arte no metro e nao ha lugar como o rio. o carioca aprendeu a ouvir porque sabe que sempre pode vir coisa boa”

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/ BO NDE

GIAN PEDRO E ALISSON BARROS BOTAFOGO


DE MAR

BEATRIZ SALES E FLAVIA ALENCAR ipanema

“Ontem a vi na praia com uma amiga. Hoje vim sozinha, a vi ali de novo, acenei e juntamos as

BEATRIZ FERREIRA gávea

“Quando a gente está longe do Rio, sente falta da cor, do verde, do céu azul, do sol constante, de ver a praia. E de falar, né? Carioca cumprimenta, escuta, quer ajudar… Está no DNA.”

EM BAR 35

TEXTO MARIANA BROITMAN FOTOS WENDY ANDRADE

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cadeiras.Eu moro na Maré, ela, em Caxias, e a gente frequenta a mesma barraca em Ipanema. Como pode?”, conta Beatriz (à esq.)


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LAIS GRELL botafogo

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“No Rio você sai para beber uma cerveja e volta para casa com purpurina. A gente nunca sabe o que vai acontecer quando seu grupo de amigos tem o cara do chorinho, o do karaokê, o que sabe tudo de comida, o que faz trilha às 3h da manhã, o que faz Carnaval o ano inteiro...”

THAIS STERNFELD gávea

“Nasci em Bali, na Indonésia, e vim pro Rio com 5 anos. Até hoje me surpreende a selva no meio da cidade grande, essa natureza que nos permite colocar o pé na terra e se sentir conectado. E, claro, o jeitinho carioca, esse calor que é mais que temperatura.”


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“sou tatuador durante o dia, cuido das filhas a noite, mas sempre sobra tempo para um pulinho na praia” YURI OLIVEIRA IPANEMA


LUCAS MELLO botafogo

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“Quando surgiu a primeira oportunidade de vir pro Rio, arrumei as malas e me mudei no dia seguinte. O caos é real, mas a natureza faz valer a pena. Antes de chegar na praia, você já está relaxado só de ver aquela paisagem.”

“eu valorizo a simplicidade e a liberdade, e o rio te poe em contato com a essencia das pessoas” ANA PAULA KREBS IPANEMA


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RENAN ZIMERMANN botafogo

“No Rio você não chama a pessoa pra sua casa, não marca nada com antecedência e, mesmo assim, todo mundo está sempre se vendo. Você sai para comemorar, desestressar, ou só por sair, não precisa de motivo.”


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um terreno baldio no cosme velho se transformou no galpao ladeira das artes, espaco para shows, festas, exposicoes, lojas e negocios criativos

CULTURA NO GALPAO TEXTO KAMILLE VIOLA FOTO GUIDO ARGEL


P ER F I L / 41 LEO, BRUNO, MANOELA E SOCORRO GOMES: FAMÍLIA REUNIDA PARA MOVIMENTAR O ESPAÇO


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O PRODUTOR CULTURAL MARCOS QUENTAL INSTALOU SEU ESCRITÓRIO NO GALPÃO E CUIDA DA CURADORIA DE SHOWS


“apesar do barulho, os vizinhos abracaram o lugar. o galpao trouxe movimentacao a rua”

Eles acreditam que, apesar do barulho, os moradores da região abraçaram o lugar. “Trouxe movimentação à rua. Hoje existe o Espaço Corcovado, o estúdio Floresta, a Casa Roberto Marinho. Foi uma junção de coisas”, diz Leo. Eles garantem que estão de portas abertas para os vizinhos. E mantêm um projeto com os jovens da comunidade próxima, o Cine Guararapes, que começou com sessões no Galpão e hoje faz passeios ao cinema no Largo do Machado. Os shows maiores, para 500 pessoas, rolam no gramado ao lado do Galpão. Curumin, Duda Beat e Nomade Orquestra foram alguns dos muitos nomes que já se apresentaram por lá. Também já rolaram festas como o Baile Bonitinho do Lencinho, espetáculos de dança da Cia Motirô, além de oficinas, workshops e exposições – que vão ganhar ainda mais destaque este ano. A família Gomes está sempre aberta a novos projetos, assim como as portas do Galpão. Afinal, como eles costumam avisar: vale a pena subir a ladeira.

P ER F I L

que fizemos aqui, só veio nossa família. A gente ficou morrendo de medo de chegar alguém porque só tinha a gente”,

Os estúdios têm horários independentes e os eventos são sazonais, mas a família costuma ficar por ali de tarde e de noite, mesmo sem programação. Até porque volta e meia aparece algum curioso, como turistas subindo para ir ao Cristo. “O pessoal olha, pergunta, entra, dá uma volta, eu converso… ”, explica a mãe.

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Além de Socorro, estão à frente do espaço Bruno, 30 anos, Leo, 27, Pedro, 22, e a caçula Manoela, 15, que acaba de se juntar ao time. A previsão para a coisa engrenar deu totalmente errado: demorou quase um ano. “Lembro muito do Carnaval

diz Leo. Pensando em como pagar o aluguel, eles resolveram abrir estúdios dentro do galpão, com divisórias improvisadas. Com esse dinheiro, poderiam manter as contas em dia e movimentar o espaço com os eventos. Atualmente, funcionam por lá o estúdio de tatuagem Café Preto, de Pedro, o coletivo de fotografia I Hate Flash e OCerco, escritório do produtor cultural Marcos Quental (na foto ao lado), que faz a curadoria de shows do espaço.

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QUANDO MANOEL GOMES resolveu colocar para alugar o terreno ao lado de sua casa, em uma ladeira no Cosme Velho, a família tentou demovê-lo da ideia. Afinal, seu filho, Pedro, já tinha realizado alguns eventos de arte urbana por lá e o resultado tinha sido positivo. A matriarca Socorro Gomes, professora de Educação Física então recémaposentada, e os filhos propuseram movimentar o lugar com programação e pagar um aluguel ao pai. Ele deu três meses para o negócio dar certo. Nascia, em 2015, o Galpão Ladeira das Artes.


todo mundo tem um bar do coracao. qual e o seu?

REUNIMOS UM GRUPO de apaixonados pelo Rio na Cervejaria Bohemia, em Petrópolis, para investigar o que é a verdadeira boemia carioca. Aproveitamos para perguntar quais são seus bares favoritos na cidade.

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PARÇ AS

ALMA CARIOCA

RAFAELLA BUZZI

MARIA EDUARDA FEIJÓ

“O BAR DO ZÉ tem um ar intimista, mas é superdescontraído. O Zé quase nunca está de bom humor, mas mesmo assim é um querido.” R. Barão de Guaratiba, 49, Glória

“A COMUNA e o QUARTINHO têm uma ótima curadoria de artistas e DJs. Já o COLAB merece uma visita durante o dia para experimentar o brunch vegetariano.” R. Sorocaba, 585; R. Arnaldo Quintela, 124; R. Fernandes Guimarães, 66, Botafogo


RAFAEL BITTENCOURT

“A CASA DA CACHAÇA é boemia sem firula e quase hardcore. É o esquenta perfeito pra quem está indo pro Circo e um ótimo after depois dos shows da Lapa.”

PARÇ AS

Av. Mem de Sá, 110, Centro

BERNARDO CABRAL

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“O FUSKA BAR ocupou uma esquina inteira com gente interessante, música boa e cerveja bem gelada. Ali vários bares novos e antigos se juntam como se fossem um só.” R. Capitão Salomão, 52, Humaitá

MARIA CLARA PESSOA

FOTOS MARCELLE TAUCHEN

RENAN FLUMIAN

“O EMBALO BAR é o único estabelecimento que resistiu ao tempo na Dias Ferreira. Ele existe desde 1968, ano emblemático para a fundação.” Rua Dias Ferreira, 113, Leblon

“O BAR DELAS é comandado por duas mulheres e ocupado por um coletivo de arte chamado Lanchonete Lanchonete. Um DJ sempre anima o lugar, coisa rara em botecos do Rio.” R. Pedro Ernesto, 5, Gamboa


SAI DEI R A / 46 VINICIUS DE MORAES E TOM JOBIM bebiam uma cerveja no Bar Veloso quando viram Helô Pinheiro passar a caminho do mar naquela tarde de inverno que mudou pra sempre a música brasileira. A canção “Garota de Ipanema”, inspirada neste encontro

nas calçadas do Rio em 1962, se tornou símbolo de uma geração — e de uma cidade. Foi essa história que pedimos para a artista CATARINA BESSEL contar através de suas colagens e ilustrações, que transformam em poesia o passado do Rio de Janeiro.



W W W.V I DA B O H E M I A .C O M . B R


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