O homem como ser visual é em suma um ser de escrita. Gostamos de escrever. Observar o balé das letras é uma condição fantástica. E escrever com luz é para além do fantástico, mágico. Isso é fotografia. Poder contar histórias, inventar historia, já não com letras, e sim com luz. Foi por isso que mergulhamos no mundo da fotografia. Contando apenas com o olhar, intuição e deslumbre, nós do grupo Fotografistas Amadoristas Jacuipenses, buscamos, pelos caminhos do autodidatismo, conhecer os processos que correspondem à engenharia da fotografia como expressão, como construção de linguagem, como construção de linguagem artística, bem como elemento de conhecimento do mundo que nos é próximo. Este processo, como qualquer processo artístico é um diálogo intuitivo com o meio que nos cerca, e como se trata de fotografia, alcançar com o olhar o que nos cerca é bússola primordial para construir os mecanismos secretos que me levaram a escrever com luz, e singrar o maravilhoso mar da fotografia. Dentro deste mesmo campo de percepção do que nos está próximo, é fundamental estender o exercício do olhar para o que pode ser projetado. O sertanejo “antes de tudo um forte” também vê, e seu olhar, como elemento integrante do meio que lhe cerca, deve ser plural. E a integração entre o interno e o externo margeia o processo constitutivo do ser. Ser é ver, “vídeo ergo sum”, E se vejo logo, existo como ser. Uns veem com as mãos, e com as mãos criam certos alfabetos secretos, só descortinados pelos vãos reveladores da arte, e assim a nossa proposta e desafio é, dentro desta nossa realidade, observar o que nos é próximo, apropriar-se dos elementos externos que nos proporciona o Grafite, e sua tônica do exterior, rasgo de liberdade e libertinagem, termo este tomando do contexto poético impetrado por Manuel Bandeira. E dentro do viés do interno, do introspetivo e do próximo do eu, a pintura como arte do improvável, do elemento revelador dos interiores e das oscilações do homem enquanto labirinto. Este incentivo que doravante nos propomos a receber e, nos dará com certeza subsídio valioso para poder apurar e multiplicar o que de forma empírica nos sertanejos, animais de observação e ação, já há algum tempo já desenvolvemos no campo da fotografia, suas nuanças e desdobramentos, agora podendo ser ampliado por conta desta oportunidade de adentrar nos varedos da pintura e do grafite como elementos de constituição do fazer artístico. Georgio Rios Poeta, Professor e Cineasta Jacuipense
Texturas Áridas tem a proposta de misturar elementos, a arte de profissionais dos grandes centros, que assumem postura verdadeiramente democrática, descentralizando o foco desses núcleos e transportando até o sertão baiano com a vontade de aprender de jovens e jovens adultos do sertão baiano. A sensibilidade e conteúdo técnico da arte desses profissionais alinhado a sede de cultura que na grande parte das vezes é dissipado no vão de um cotidiano morno, são a mola propulsora da transformação social que esse projeto pode atingir. A sede do sertão não é só de água, é de conteúdo e cultura que formarão espíritos críticos capazes de contestar e providenciar soluções para problemas como a água, para elevar a alma de jovens e homens a fim de torná-los pensadores e agentes transformadores de sua própria realidade, onde somente a arte e a educação podem agir diretamente no intangível senso comum das pessoas. Nas próximas páginas estão agentes da esperança que cederão seu conhecimento a um agrupamento de jovens desse sertão que almejam aprender como difundir a idiossincrasia coletiva de todo o povo sertanejo. Amarílio Soares (Tio Lio)
SuperAfro SuperAfro é o codinome usado pelo Artista Plástico e Graffiteiro Soteropolitano Fábio Silva Mota, de 26 anos. Interventor da realidade urbana de Salvador desde 2004, Afro vem deixando suas personagens e letras, marca registrada de sua técnica nos muros da cidade, retratando sua ancestralidade e resistência através dos traços impressionistas forte em seu trabalho.
TarcioV Naturalizado em salvador no ano de 1987, TARCIOV, assim nomeado, exala instintos humanos e emoções percebidas e/ou sentidas no fazer e refazer de sua arte em técnicas ora “violenta”, ora dramática, cheias de paixão e de barroco. Trás consigo o rap, a bossa, o novo, que geralmente em preto e branco determinam uma máxima representação individual dos valores humanos e sociais, depositadas em muros e vielas da cidade de salvador em graffits, colagens, protestos que com “voz muda” ativa os sentidos daqueles que se conectam com essa grande explosão.] Não tão eclético, este artista vai seguindo suas cores, seus cheiros de forma que a arte seja não só e dos intelectuais, mas de toda uma geração que compartilha a arte como um produto de real manifestação popular.
Carol Aó O contato real com a fotografia foi no Espaço Cultural Pierre Verger no ano de 2006, da referência e vivência veio a inspiração, a dedicação e a paixão por essa arte que é perceptivo em todo o seu trabalho. Fotografia tornou-se mais que uma simples fotografia, tornou-se um ato de respirar cada instante retratado.
José Cabaleiro Sempre quis ter o poder da medusa que está no âmago da ideia fotográfica. Saber que o olhar que interpreto o mundo pode ser divido com outras pessoas além de ter a oportunidade de viver histórias incríveis e diferentes cada dia é dar um porque a vida por isso transformou a fotografia no grande amor da minha. Assim vou pintando novas ideias com luz e mostrando a beleza do que capto com o olhar.
REBOUÇAS Expressionista por amor
Um artista que cria diretamente a partir das suas influencias sociais e pessoais. A relação de Antônio Rebouças com a arte é muito peculiar. Sua sensibilidade artística se manifestou num momento muito difícil da sua vida; e Rebouças encontrou na arte um instrumento de comunhão entre o seu inquieto temperamento e sua necessidade de expressão. Nascido em Salvador-Ba, químico por formação, autodidata e artista plástico desde a adolescência, Antônio Rebouças se projetou profissionalmente na arte em 1988, começando pela arte naif, pintando no ateliê de Waldo Robatto entre 1993 e 1995, até chegar ao expressionismo, categoria artística que apresentou o seu trabalho ao mundo, levando-o a exposições internacionais. Sua primeira exposição individual aconteceu em 1998, no Bar Barcelona, antigo reduto artístico de Salvador. Com uma obra composta por quadros, esculturas e painéis, Rebouças conquistou vários títulos, destaques e representou o Brasil no Ano do Brasil na França, em 2005. Seus quadros e painéis são inspirados na cultura africana, religião e um tema relevante na sociedade, que é habitação. Suas esculturas sempre contemplam a figura feminina. Com uma carreira construída ao longo de mais de duas décadas, Rebouças teve a oportunidade de expor em muitas galerias, realizar intervenções artísticas e ter o trabalho bastante reconhecido, expondo em lugares como: Galeria Panorama, Galeria Infraero, Casa Cor Brasil, Salão de Arte Contemporânea do Consulado da Holanda, Exposição SINAPEV, entre outras importantes exposições e galerias do Brasil. E no exterior, na Pescara e Ancona (Itália) e no Salle de la Rode em Domme (França). Rebouças acredita que a força das suas obras vem da verdade das suas inspirações e do que ele faz questão de frisar: "Faço arte por amor".