Dela’s JANEIRO - 2014 • ANO I • Nº 1
falta de incentivo público para mulheres no esporte cearenses nocauteiam as difuculdades no mma
MARILENA LIMA, A PIONEIRA NOS GRAMADOS CEARENSES
DICAS DE LIVROS E FILMES RELACIONADOS AO ESPORTE
A primeira revista de esportes publicada para as mulheres
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sumário 4 editorial 5 ENSAIOS 6 Cearenses nocauteiam as dificuldades no MMA 9 Charge 10 O poder das mãos no handebol 13 beleza - OS CUIDADOS COM OS CABELOS DAS ATLETAS 14 SURF: ESPORTE QUE TRAZ QUALIDADE DE VIDA 17 TECNOLOGIA - tECNOLOGIA ALIANDO-SE AO BOM DESEMPENHO DAS ATLETAS 18 triatlo: “Não vivo dele, mas vivo por ele” 20 POLÍTICAS PÚBLICAS no esporte PARA MULHERES: um caminho que pode dar certo 26 ponto de vista - FUTEBOL É LUGAR DE MULHER? 27 A HISTÓRIA DO FUTEBOL FEMININO NO MUNDO 28 ANA FLÁVIA GOMES a primeira editora esportiva do ceará 30 AS REGRAS DO JOGO 31 MARILENA LIMA, A pioneira nos gramados cearenses 32 COMO SE PROFISSIONALIZAR NA ARBITRAGEM 35 minha história - Unidos pelo Amor, divididos por uma paixão 36 SUPLEMENTOS auxiliam no DESEMPENHO DaS ATLETAS 38 DICAS DE LIVROS E FILMES RELACIONADOS AO ESPORTE 40 FOTOS 41 gírias - SURFISCLOPÉDIA 42 crônica - A MAGIA DO ESPORTE NAS MÃOS FEMININAS
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Expediente A Revista Dela’s é uma publicação de caráter experimental produzida como trabalho de conclusão de curso das alunas Érica Oliveira e Rochelle Nogueira, concludentes do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da Faculdade Cearense (FaC), sob orientação do professora Mara Cristina. Edição de textos: Érica Oliveira Rochelle Nogueira Projeto Gráfico: Thiago C. Bezerra Diagramação: Thiago C. Bezerra Contato: (85) 8863.5393 Twitter: @thijoey issuu.com/thiagojoey Imagens: Érica Oliveira Evilázio Bezerra José Leomar José Rosa Filho Marcelo Oliveira Rochelle Nogueira Xandy Rodrigues Revisão de Textos: Maria Irene Rodrigues de Lima Tiragem: 10 exemplares Fale conosco: merica_07@hotmail.com rochellenb@hotmail.com
editorial O MUNDO DELA’S Entrar de cabeça no mundo esportivo é algo fascinante, ainda mais quando o foco é o mundo esportivo Dela’s, das mulheres. Encarar os fatos, relatar as histórias de vida, de superação, os incentivos ou falta deles, as trajetórias, os preconceitos, o pioneirismo será contado aqui. A revista Dela’s traz uma série de personagens, em que, cada uma, irá contar como o esporte que atuou ou ainda atua serviu como transformação em suas vidas. Durante alguns meses, nos apaixonamos e encantamos ainda mais pelo esporte feminino profissional e amador do nosso Estado. Ter esse contato direto com essas mulheres guerreiras, serviu-nos de inspiração para que nossos leitores e leitoras possam ter acesso a essas belas histórias que irá encontrar logo mais. Tivemos o cuidado em escolher algumas modalidades esportivas e assim categorizar para que nas próximas edições abra-se espaço para outros esportes que não seja só o futebol. Definimos inicialmente que seriam feitas matérias de quadra, aquática, artes marciais, campo e atletismo. Para contextualizar dentro das categorias escolhidas, vamos trazer nesta edição o MMA um esporte em alta na atualidade.Vamos trazer as trajetórias e conquistas de duas feras dos ringues Cearenses Ilara e Sucuri, as dificuldades, os preconceitos e um pouco da história desse esporte que virou febre nacional. No handebol traremos a treinadora campeã, Michelle Costa, que treina tanto meninas como meninos, a vida como técnica e a conciliação entre dona de casa, mãe e técnica. No surfe toda a vibração e alegria de Bianca Bittá, uma super fera das águas da praia do futuro que deixou a vida profissional na televisão para viver de surfe, amor e dedicação ao esporte. Cada editoria, uma surpresa, um arrepio, uma enorme vontade de fazer acontecer. Dela’s quis dar voz àquelas que anteriormente não tinham espaço em outros veículos. Além das categorias acima citadas, em Dela’s irá encontrar curiosidades, dicas de livros e filmes, charge, entrevista com Ana Flávia Gomes, a primeira editora de um caderno esportivo do Ceará. Além da matéria principal que trata sobre as políticas públicas para mulheres no esporte e revela a falta de incentivo para elas. Aproveitem! A revista trará uma série de assuntos e curiosidades sobre o esporte. Será para todos os leitores e leitoras antenados, que buscam no esporte um espaço e uma forma de sentir participante deste universo. Dela’s é para quem curte e vivencia o esporte local e tem o desejo de ver atletas prata da casa retratadas nesta revista.
Érica Oliveira Estudante de jornalismo da Faculdade Cearense – FaC. Atualmente, estagiária da assessoria de comunicação da Câmara Municipal de Fortaleza.
Rochelle Nogueira Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade Cearense – FaC. Colaborou nos sites: Monte Castelo, Pré-carnaval de Fortaleza e Artilheiro. Atuou no setor de Monitoramente da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Atualmente, na assessoria de comunicação do IMPARH e na TV Fortaleza da Câmara Municipal.
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ENSAIOS Dois grandes profissionais fotojornalistas da capital Cearense, colaboraram com a revista Dela’s e enviaram essas fotos para a galeria Ensaios.
Fotos de José Rosa Filho
Fotos de Evilázio Bezerra
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Cearenses nocauteiam as dificuldades no MMA “Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda.” Erasmo Carlos, certamente, não imaginaria que a sua canção, no LP intitulado Mulher, viraria hino para as feministas
Ilara Joanne se preparando para competições
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or acaso, você acompanhou, na extinta Rede Manchete, algumas séries japonesas no finalzinho dos anos 80 que faziam a molecada perder o fôlego? Quem nunca ouviu falar em Jaspion, Jiraya, Changeman? Esses filmes traziam a magia das lutas orientais, assunto em pauta hoje, no mundo esportivo. Qualquer semelhança com os nossos personagens lendários não é mera coincidência. Eles e elas saltaram das telinhas para o mundo real. De vez em quando, ouvimos, por aí, a sigla
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MMA. Mas o que ela significa? Nada mais é do que a tradução de Mixed Martial Arts (artes marciais mistas), que incluem golpes variados e cada competidor se especializa em uma determinada categoria. Por exemplo: Jiu Jítsu, Muay Thai, Tae kwondo. De acordo com suas habilidades, os lutadores se enfrentam em competições, sendo o Ultimate Fighting Championship - UFC o evento mais cobiçado entre os lutadores. As artes marciais mistas têm suas raízes em
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dois grandes acontecimentos: no shootwrestling japonês e no vale-tudo no Brasil. No Japão, nos anos 80, Antonio Inoki organizou várias lutas de artes marciais. Foi o impulso para produzir o shootwrestling. No Brasil, em 1914, o jiu-jítsu foi apresentado a família Grace. Desde então, a técnica foi sendo repassada na família. O vale-tudo começou no século XX, quando Carlos Gracie inseriu a arte marcial brasileira Gracie jiu-jítsu, e convidou um competidor de cada modalidade para lutar no mesmo evento, o “Desafio do Gracie”. O evento foi mantido e este passou a ocorrer como duelos de vale-tudo. O evento tomou grandes proporções e obteve grande notoriedade nos Estados Unidos, em 1993, no primeiro torneio do UFC, dos criadores Rorion Gracie e sócios. Como as mulheres não poderiam ficar de fora, e em uma família de tamanha tradição em lutas, eis que surge Kyra Gracie, a primeira
Sucuri em dia de treinamento puxado
mulher a competir ativamente na modalidade. A inserção delas no Ultimate Fighting Championship – UFC, aconteceu tardiamente. Foi em fevereiro de 2013, quando as lutadoras americanas, Ronda Rousey e Liz Carmouche subiram no tatame pela primeira vez. Marcaram a estreia do sexo feminino na historia da competição. No Brasil, a lutadora de maior destaque no esporte é a curitibana Cristiane Justino Venâncio Santos, conhecida como Cris Cyborg. Atualmente, luta pela organização Invicta FC. Em seu cartel traz, a marca de 12 vitórias e 1 derrota. No Ceará, a arte marcial foi divulgada através do Mestre Sá, que fez parte de um seleto grupo de faixas vermelhas, se tornando referência no Brasil. Em Fortaleza, abriu uma academia de artes marciais mistas em meado dos anos 1970, que ficava localizada no Centro da cidade. O empreendimento trouxe vários adeptos da prática esportiva, multiplicando o
A atleta ensaia golpe de finalização para dias de lutas
número de academias na capital. Na academia 1000 graus, no bairro Parquelândia, encontramos duas feras dos ringues cearenses. Ilara Joanne, 19 anos, e Viviane Pereira, 20 anos, conhecida popularmente por Sucuri. As duas contaram à revista Beldades em Ação como entraram para o esporte e como encaram o preconceito diante de uma modalidade que usa a força física. llara Joanne iniciou a prática de muay thai com apenas 14 anos, mas, com o passar do tempo, sonhou em lutar MMA. Foi, então, que a partir de 2012, deu início aos treinamentos na modalidade na qual luta pela categoria galo, ou seja, peso até 61 kg. Ilara tem um treinamento puxado, aprimora suas técnicas todos os dias, chegando a realizar três treinos diários. “Não há distinção entre o treinamento masculino e o feminino e isso é importante para superar os meus limites”, enfatizou. Joanne espera que o número de mulheres lutando nos eventos esportivos da modalidade aumente. “A coisa mais difícil é uma luta de
mulher. Enquanto numa noite, há uma luta de mulheres no tatame, acontecem outras 15 masculinas no mesmo dia. As pessoas não valorizam a mulher praticante desse esporte, e sim os homens”, desabafou. No quesito preconceito, Ilara conta que isso já não existe mais e que, hoje, as pessoas a olham com admiração. Perguntada se a mulher é o sexo frágil, Ilara foi taxativa. “Eu não acho. Isso não é uma questão fisiológica e sim de personalidade”. Já sobre quem seria seu ídolo no esporte, Ilara diz: Cris Cyborg. Ela enfatiza ainda que, com a superexposição da mídia sobre a modalidade, há uma grande procura pelas lutas marciais nas academias por questões estéticas na busca do corpo perfeito. Já em relação ao patrocínio, Ilara Joanne comemora. “Graças a Deus, consegui o meu primeiro patrocínio, com a 1° Hound, que hoje me ajuda nessa parte financeira, médica, viagens, roupa, tudo”, informa. Com um batonzinho rosa e um blush sutil, chega para o treinamento Viviane Pereira, mais
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Material de treinamentos das lutadoras
Ilara treina confiante nas vitórias
A atleta esbanja força e disposição nos treinos
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conhecida nos ringues como a destruidora Sucuri. Dona de um cartel invejável com 10 lutas e 10 vitórias, ela é dominadora e imbatível nos cards cearenses. Temida por muitas que cruzam o seu caminho. Sucuri iniciou a vida nos tatames há três anos por acaso. Em uma academia perto de sua casa, chegou a praticar capoeira por quatro anos, mas o grupo acabou. Foi, então, que, no mesmo lugar, começou a praticar Sanda, uma variação do boxe chinês. Modalidade esportiva que se baseia em diversos estilos de luta nas regiões norte e sul da China. A técnica permitida são joelhadas e cotoveladas. Após vários anos de treinamento, com o aprimoramento das técnicas e a divulgação da mídia sobre o MMA, Sucuri resolveu treinar e competir profissionalmente. Para Viviane, fragilidade feminina não existe. “A mulher tem pleno domínio em todas as áreas em que atua e os homens já se acostumaram com as mulheres no comando”, comenta. Sucuri acredita que ainda existe preconceito com relação à prática esportiva, pois tem gente
que acha que isso não é esporte para mulher. Assim como Ilara, Sucuri tem como ídolo, Cris Cyborg e o seu maior sonho é lutar no UFC. Ela acredita que em breve subirá no octógono, basta intensificar os treinos e seguir vencendo suas lutas. O treinador físico da academia Paulo Ivano Gomes Silva, técnico das duas cearenses, treina tanto homens como mulheres e diz que o exercício aplicado em suas aulas é o mesmo para ambos os sexos. Para ele, é mais fácil treinar as lutadoras, pois elas prestam mais atenção e aprendem bem mais rápido. Hoje em dia, a procura delas pela arte é bem maior nas academias. Atualmente, acontecem várias competições femininas de MMA por todo país. Eventos como o Pink Fight, têm espaços nas arquibancadas bastantes disputados pelo público. É comum encontrar atletas com os nomes de: Kaka Naja, Carmen Casca-Grossa, Carol Mutante e Jessica Bate-Estaca. Nesses torneios sempre terá espaço para as guerreiras e apaixonadas pelo mundo das artes marciais.
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CHARGE
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O PODER DAS MÃOS NO HANDEBOL
Time feminino treinado por Michele Costa
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Handebol é um esporte coletivo bem parecido com o futebol. Enquanto um se joga com as mãos, o outro se joga com os pés. Homero, na Odisseia, foi quem primeiro citou o handebol, depois foram os romanos, mas a Alemanha é quem iniciou o jogo como se conhece hoje. Foi em 29 de outubro de 1917, surgiu uma modificação no aperfeiçoamento do Handebol. O professor alemão da Escola Normal de Educação Física de Berlim Karl Schelenz, com a colaboração de dois patrícios, Max Heiser e Erich Konig trabalharam na formação do Handebol como esporte competitivo. Para obter uma divulgação maior do esporte eles enviaram este trabalho, juntamente com as regras especiais do Handebol de campo, a países como: Estados Unidos, Irlanda, Itália, Suíça, França, etc. Foi assim que o handebol surgiu como esporte competitivo. Essa modalidade que chegou ao Brasil na década de 60, não é muito popular entre os brasileiros e pouco incentivada também. É quase uma raridade ver jogos de handebol sendo transmitidos pela TV. Embora esse esporte não tenha tanta fama assim, ele vem crescendo dentro das quadras das escolas cearenses. Foi durante as aulas de educação física, que a técnica de Handebol feminino e masculino Michele Costa, 33 anos, iniciou a sua paixão por esse esporte. Ela é primeira mulher cearense a treinar atletas, em escolas particulares e escolas publicas, e já conseguiu dar destaque a alguns deles em cenário nacional. Michele teve seu primeiro contato com o Handebol na igreja em que frequentava e começou a sua carreira como técnica sendo voluntária e fazendo trabalhos sociais na Escola José Waldo. Foi com esse tipo de trabalho, que a treinadora se viu dentro do esporte e teve certeza que o seu futuro era nessa modalidade. Depois sentiu a necessidade de cursar um ensino superior e formou-se em Educação Física. Para ela a formação foi muito importante para dar continuidade ao trabalho, “Após a formatura, tive outras oportunidades de trabalhar em escolas e fazer estágio. Embora eu fizesse um trabalho social, reconhecido, que fosse visto, eu jamais chegaria lá se não fosse a minha graduação”, justificou. Embora o Handebol tenha iniciado pela prática de mulheres, a função de treinar times, é cultura predominantemente masculina. Contudo, o preconceito por ser mulher não desmotivou a técnica, que com um jeito
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“Elas tem mais sutileza, conseguem transmitir melhor as informações para as meninas. Em alguns momentos sabem onde apertar e onde não apertar. Nós como homens, temos que trabalhar muito isso. Procuramos sempre buscar essa sensibilidade ”
A técnica comandando dentro de quadra
delicado de ser, foi conseguindo ganhar espaço no esporte. Michele treina times compostos por mulheres e homens. Ela ressalta que não há diferença entre os gêneros, são as mesmas técnicas e incentivos. “O que muda são os cuidados. Geralmente eu entendo os motivos pessoais das meninas por ser mulher. E tento tirar delas até onde elas podem. Algumas precisam de incentivos para darem tudo de si. Já os meninos é natural deles lutar até o fim, se jogar numa bola e são sempre competitivos”, frisou. Entre os profissionais, ela conta que algumas vezes sente uma rivalidade maior, quando o seu adversário é treinado por um técnico, por ele achar que não pode perder por um time comandado por uma mulher. Para Rogério Holanda, treinador feminino de Handebol do CUCA Che Guevara e adversário nas quadras de Michele, há poucas mulheres como técnicas nessa modalidade. Rogério ressalta a importância da mulher no esporte, falando que a relação entre atleta e treinadora acontece de maneira mais fácil e natural. “Elas tem mais sutileza, conseguem transmitir melhor as informações para as meninas. Em alguns momentos sabem onde apertar e onde não apertar. Nós como homens,
A comandante cobra boa defesa de suas atletas
Michele Costa, arma a tática de jogo
A treinadora conversa com o time sobre as jogadas para definir o jogo
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temos que trabalhar muito isso. Procuramos sempre buscar essa sensibilidade”. Rogério também destaca o papel social desenvolvido por Michele. “Ela é um ídolo dentro do handebol cearense. O trabalho dela com o pessoal da comunidade é muito bom. Sempre esta construindo personalidades atletas em seus alunos e ajudando para que eles tenham uma vida melhor”. Vitória Bonfim 15 anos, aluna do colégio Sistema, e José Rodrigo Marinho 17 anos, que joga no time da escola José Waldo, são dois atletas treinados por Michele que ganharam notoriedade no cenário nacional. Os dois foram chamados para compor a seleção Brasileira de Handebol. Para Vitória a treinadora é companheira para todas as horas “Ela sempre dá conselhos para que a gente siga nossos estudos, a não se envolver com drogas e a respeitar nossos pais”, pontuou. Para Rodrigo, Michele é mais que treinadora é uma amiga fora das quadras. “Para mim que já fui treinado por um técnico, encontro diferença em ser treinado pela Michele. Ela é calma em seu modo de falar, mas objetiva dentro de quadra. Cada vez que ela me cobrava, eu sabia que ela acreditava em mim. Foi assim que eu cheguei lá”, justificou.
Michele Costa, incentivando as atletas
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BELEZA
Atleta Ana Nascimento
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s cabelos são os tesouros das mulheres. Com as atletas não seria diferente. Todo cuidado é pouco, principalmente, se a atividade física pede uma maior exposição aos efeitos com o: cloro, sal e sol. Com a ajuda da dermatologista Viviane Viana de Vasconcelos, membro sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a Revista Dela’s mostra os cuidados com as cabeleiras das esportivas. Segundo a dermatologista, os cabelos das atletas sofrem vários tipos de agressões no dia a dia. Além dos tratamentos químicos de tintura e técnicas de alisamento que são tão comuns entre as mulheres, o sol, vento, poeira, poluição, e o cloro das piscinas também precisam ser lembrados. Por isso, o tipo de penteado, o uso de bonés e de filtros solares são cuidados essenciais. A maioria das atletas sentem a necessidade de lavar os cabelos diariamente, explica Viviane. É importante aplicar o shampu duas vezes: a primeira lavando bem o couro cabeludo com
OS CUIDADOS COM OS CABELOS DAS ATLETAS produto neutro ou anti-caspa, e a segunda com o direcionado ao tipo de cabelo ( seco, normal, oleoso, tingido, alisado, etc.). “Hidratá-los com condicionador e usar uma máscara pelo menos uma vez por semana. Em alguns casos, usar um shampu anti-resíduos a cada sete a dez dias é importante.”, comenta. A qualidade dos produtos também devem ser levados em conta. “As dicas são: não dormir e nem prender os cabelos molhados. Usar um leave-in com filtro UV antes das atividades ao sol. Preferir bonés com tecidos que também protejam contra a radiação UV”, complementa. Existem produtos específicos para cada tipo de modalidade. Na natação, o risco é ainda maior, principalmente com as madeixas que sofreram descoloração. Eles podem ficar esverdeados por impregnação do cobre, um metal presente no cloro das piscinas. “Usar um bom reparador de pontas ou leave-in ajuda a amenizar esse risco. Se a atividade for ao sol, os produtos devem ter filtro UV em sua fórmula.”, explica a dermatologista. Os cabelos têm grandes exigências nutricionais, salienta Viviane. É fundamental uma alimentação balanceada, rica em biotina, zinco, selênio, ácido pantonênico, manganês, ácidos graxos e proteínas. Eles estão presentes nas carnes, leite, peixe, ovos, amêndoas, cereais integrais e verduras. Existem também ótimas opções de medicamentos e suplementos, tanto para aplicação tópica quanto para ingestão oral, e que fazem grande diferença nos resultados dos tratamentos. E são várias as indicações:
queda de cabelo, crescimento lento, cabelos danificados e quebradiços, etc. A dermatologista revela que não há doenças causadas pela prática de esportes, mas há dermatoses do couro cabeludo que podem piorar por falta de cuidados. Exemplo disso são as dermatites seborréicas, as psoríases, as micoses e o lupus cutâneos. Além disso, há o fator estético. Afinal, que mulher não deseja cabelos bonitos e saudáveis? A atleta de natação Ana Nascimento, 30, pratica o esporte há 24 anos por recomendações médicas para melhorar a postura vertebral. A competidora ganhou sua primeira medalha de ouro aos sete anos. Já ganhou alguns títulos em campeonatos cearenses, nordestinos e brasileiro, que somam hoje pouco mais de 80 medalhas. Sobre os cuidados com o cabelo, Ana conta que antes de entrar na piscina usa frequentemente o creme para pentear. Como o cabelo fica muito ressecado por conta do cloro e do sol, o ideal é hidratar três vezes por semana. “Uso máscara capilar de hidratação intensiva à base de queratina, macadâmia e pró-vitamina B5 associada a algumas gotas de óleo de argan.”, revela. Ana comenta que sua alimentação não é muito regrada, mas sempre que pode busca ingerir alimentos ricos em fibras que ajudam no fortalecimento e prevenção da queda dos fios. Com uma rotina esportiva frenética para obter bons resultados em competições, os cuidados com os cabelos também se torna um dos itens essenciais em seu dia a dia.
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O SURF: O ESPORTE TRAZ SURF: ESPORTE QUEQUE TRAZ QUALIDADE DE VIDA Confira um pouco da história do surfe e como esta atividade influencia nas histórias de vidas e nas mudanças de hábitos das pessoas. Elas contam como o esporte radical foi essencial na transformação como seres humanos
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roveniente do Havaí, o surfe surge sob o domínio do Rei Polinésio Tahíto. O esporte radical ficou conhecido por volta do ano de 1778, quando por lá atracou o navegador inglês James Cook, no arquipélago da antiga Polinésia. As primeiras pranchas eram feitas de madeiras e confeccionadas pelos povos aborígines. A atividade foi se tornando cada vez mais conhecida mundialmente. Foi através de Duke Kahanamoku, propagador da cultura do povo havaiano que o surfe se popularizou. Nos anos 50, nos Estados Unidos,
Bianca Bittá, pegando onda na Praia do Futuro
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a modalidade virou mania entre os jovens. No Brasil, as primeiras pranchas chegaram através de turistas e funcionários de companhias aéreas. A primeira produzida em terras tupiniquins, pesava 80 kg e 3,60 metros. O dono da relíquia era Osmar Gonçalves, filho de um bem-sucedido exportador de café dos anos 1930. Somente em 15 de julho de 1965, 15 anos após a popularização do esporte nos Estados Unidos, foi fundada a primeira entidade de surfe do país, a Federação Carioca, que organizou o primeiro campeonato. Mas, o surfe só foi reconhecido como esporte no país em 1988, pelo extinto Conselho Nacional de Desportos, órgão responsável pela regulação e regulamentação de todos os esportes das federações e confederações do Brasil. O Brasil é um grande celeiro de campeões mundiais na modalidade. As mulheres, por sua vez, são os nomes de maiores destaques dentro do cenário nacional e internacional. Em 1999, a surfista carioca Andréa Lopes conquistou a primeira vitória em águas brasileiras, na Barra da Tijuca. As cearenses, Tita Tavares venceu em Haleiwa (Hawaii) em 1997 e 1998 e se destacou. E Jaqueline Silva em 2002, também ganhou no Hawaii, em Honolua Bay, Maui, e ficou em 2° lugar no ranking. No Ceará, fonte inesgotável de talentos, as surfistas superam as expectativas. Local onde
“Treinava apenas uma vez por semana, aos sábados, e os treinos foram se intensificando. Meu corpo foi se adaptando. Foi então que consegui treinar duas vezes por dia”
Dela’s Na escolinha PF School, ela comanda os negócios
o sol e mar são ingredientes que não podem faltar no belo cartão postal, o surfe está na veia e a qualquer instante consagra no “mercado surfístico” nomes como: Tita Tavares, Silvana Lima e, agora, Isabela Sousa, no body board. Na Praia do Futuro, a surfista Bianca Bittar, 27, mais conhecida como Bia, que deu início a sua vida no esporte jogando basquete, sempre teve o desejo de mudar. Queria praticar outra atividade física que lhe desse qualidade de vida. Foi quando, em 2009, conheceu Thiago Marques na faculdade, e, influenciada por ele, começou a fazer aula na escolinha PF surf School no qual era um dos sócios. Foi aí que ela deu início a uma de suas maiores paixões. Bia conta quem no começo foi difícil. “Treinava apenas uma vez por semana, aos sábados, e os treinos foram se intensificando. Meu corpo foi se adaptando. Foi então que consegui treinar duas vezes por dia”, comenta. Em contrapartida, tinha que conciliar aulas, trabalho e esporte. “Trabalhava numa emissora de TV como assistente de palco, não podia ficar bronzeada e tinha que estar sempre com os cabelos escovados. Muitas vezes, minhas amigas ligavam dizendo que as ondas estavam perfeitas e eu não resistia. Levei muito “puxão de orelha” por causa disso”, relata. Nesse momento, a paixão pelo surfe começou a falar mais alto. Em 2010, começou a namorar com o Thiago, sócio da escolinha. No ano seguinte, com apenas dois anos praticando o surfe, a cearense participou do campeonato universitário na modalidade e ficou em terceiro lugar. Outra grande reviravolta acontece no mesmo ano: a surfista larga o emprego, na emissora, e casa-se. Ela então passa a trabalhar na escolinha do marido e fica responsável pelo setor de marketing. Atualmente, ela é surfista, personal e
marketeira e comemora quatro anos que pratica a modalidade. Bianca apenas se incomoda com os preconceitos relacionados à atividade. “Quando falo que surfo, as pessoas já me olham torto”, comenta. Isso acontece até na família. “Minha mãe odeia que eu surfe. Não quer nem ouvir falar no assunto. Briga com o Thiago se ele comenta algo”, acrescenta. Sobre o momento atual no esporte, Bia treina puxado. Todas as terças e quintas pela manhã surfa a partir de 5h30min, além de fazer treinamento funcional. Na sexta-feira surfa às 15h e nos sábados e domingos, se o mar estiver bom, ela passa 5h nele. Mas, antes de cair na água, faz todo um ritual. Bia conta que se aquece estudando como estão as ondas. “Sempre faço uma oraçãozinha antes de cair na água. Teve uma época que tinha medo de tubarão, então ia rezando quase o terço todo”, informa. A surfista conta ainda que, graças ao surfe, pode conhecer vários lugares. “Um dos locais mais legais que surfei foi em Pepinos, no Peru, e na Prainha, no Rio de Janeiro”, revela. Com relação a campeonatos locais na modalidade, ela informa que é coisa escassa. “Faltam campeonatos em Fortaleza. Na verdade, faltam patrocínios e investimentos no esporte. As melhores surfistas, as que despontam, vão embora por falta de infra-estrutura. Silvana Lima é uma cearense que se destacou e foi morar na Bahia. Isabela Sousa é uma exceção”, enfatiza. Ela ainda comenta sobre os projetos alcançados e o futuro. “Recentemente, levei 12 alunos para disputar títulos no Peru. No momento, tenho parcerias com algumas universidades que têm a cadeira de esportes radicais. Em 2014, o plano é mais ousado. Entre os dias 28 de fevereiro a 10 de março, embarco oito alunos rumo à Nicarágua”. disse Bianca, comemorando a boa fase.
CATEGORIAS DO SURF POR IDADE INICIANTE: Até 14 anos MIRIM: Até 16 anos JÚNIOR: Até 18 anos OPEN: Acima de 18 anos
PROFISSIONAL - SENIOR: Acima dos 28 anos - MASTER: Acima dos 35 anos - GRAMASTER: Acima dos 45 anos
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ESPORTE QUE transforma vidas
“Não tem esporte melhor do que esse. Há um envolvimento especial com a natureza. A cada aula, uma superação.”
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Com a escolinha de vento em popa, Bianca tem hoje, 70 alunos matriculados, sendo 90% meninas. Dentre elas está a aluna Marina Marques, 25, estudante de engenharia química da Universidade Federal do Ceará. Ela conta que pratica aulas há oito meses, e que sempre teve vontade
“Tudo começou quando eu trabalhava com informática. Cheguei a pesar 160 kg, e tinha que fazer algo para reverter esse quadro. Ou fazia ou morria. Larguei tudo e fui fazer educação física. Detestava academia, e queria ter meus próprios conceitos.”, comenta o professor. Após iniciar a
de aprender por admirar o surfe. “Passei anos querendo tentar surfar. Até que uns amigos me indicaram e resolvi fazer. Queria ter uma melhor qualidade de vida”, conta Marina. A aluna namora com um praticante de bodyboardy (desporto onde o praticante desce a onda deitado ou de joelhos numa prancha, que tem medidas de 38 polegadas a 42 polegadas), e convive com surfistas, o que foi o ponto chave para aprender esse esporte radical. “Não tem esporte melhor do que esse. Há um envolvimento especial com a natureza. A cada aula, uma superação.”, finaliza. André Luiz Rodrigues, 30, professor e educador físico de surfe, está prestes a se formar em educação física na UFC. André revelou como resolveu mudar de hábitos radicalmente, por ter chegado a pesar 160 kg. Ele fala como isso afetou diretamente nas suas decisões e como o surfe foi primordial para retomar sua vida.
faculdade, começou a competir no jiu-jítsu e no boxe. Foi então que uma amiga comentou sobre a escola de surf e ele virou aluno. Com mais ou menos um ano, ele já estava dando aula como educador físico e estagiando pela faculdade. André chegou a perder 62 kg. Há um ano e meio, André Luiz dá aulas de surfe e comemora a decisão crucial que tomou anteriormente. “Financeiramente, no começo, foi difícil, mas agora está compensando. Antes, quando chegava A segunda-feira eu dizia: `que droga, tenho que trabalhar’. Hoje, acordo super cedo e feliz da vida para dar aula.”, relata o professor. O surfe é um esporte que tem uma magia diferente. Um tempero que casa: atividade, reggae music, moda, gíria, natureza, paixão e dedicação. E para quem desejar ter uma vida saudável e com qualidade, esse é o caminho. Basta começar a praticar.
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TECNOLOGIA
A TECNOLOGIA ALIANDO-SE AO BOM DESEMPENHO DAS ATLETAS Hoje, não é mais privilégio se produzir para ir a uma festa, trabalhar, namorar ou simplesmente ir ao cinema. As passarelas espalhadas mundo afora se multiplicaram e agora invadem também as quadras esportivas e as academias. Os recursos tecnológicos, além de compor o visual das atletas, ajudam no treinamento intensivo e nos resultados finais das competições.
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om looks cada vez mais estilizados, as atletas estão dando um “up” no guarda-roupa, principalmente quando elas precisam treinar, jogar e cair na malhação. Além de ficarem cada vez mais belas e antenadas com a moda, elas estão à procura de tecidos tecnológicos que proporcionem um melhor desempenho em sua modalidade, além de maior conforto, durabilidade, elasticidade, e que também contribua com a silhueta do corpo feminino. Para Débora Sandyla, 19, jogadora de vôlei pela equipe feminina de Caucaia, é essencial se vestir bem para os treinamentos puxados, pois o conforto é fundamental nesta hora. A atleta conta que, além da vida agitada de exercícios e jogos, equilibra o corpo e a mente com aulas de Pilates e não dispensa as roupas transadas utilizadas nas academias. Moda que ela também leva para dentro das
quadras. “Adoro usar camisetas com cores cítricas, short-saias, leggings e shortinhos. Procuro comprar aquelas que trazem no tecido alguns benefícios, tanto na absorção do suor, como na sensação de bem estar e leveza do corpo. Uso as malhas tanto na academia como nos jogos”, comenta. Na academia DHL Fitness, no bairro São Gerardo, local frequentado por Débora, existe uma loja de roupas esportiva inaugurada em 2011. Milly Tomás, gerente, informa que a procura é grande e que as atletas estão dispostas a pagar cerca de R$ 50,00 a R$ 90,00 em apenas uma peça. Os tecidos da era moderna são sempre os mais procurados, pois ajudam no desempenho das atletas. O Jacquard ajuda a disfarçar a celulite e aumenta as formas do corpo da mulher. Outro que faz muito sucesso é o Suplex. Material que fica bem colado ao
corpo, devido ao sistema de texturização a ar. Parece com o algodão, porém com as vantagens das fibras sintéticas. A secagem é mais rápida, além de proteger contra os raios UV e beneficiar a transpiração. Os novos recursos utilizados nos tecidos são produzidos com base em pesquisas feitas por empresas têxteis e grandes universidades e visam levar as competidoras roupas mais apropriadas e capazes de evitar o desgaste físico. A tecnologia, hoje, é empregada em uniformes, maiôs, shorts, etc. Nas Olimpíadas de 2008, muitos dos resultados na natação foram classificados como suspeitas devido ao uso de materiais como o Poliuretano. A Federação Internacional de Natação, na época, abriu investigação para avaliar mais de 100 recordes batidos no esporte devido à utilização dos tecidos tecnológicos.
CURIOSIDADE O QUE É POLIURETANO? O polímero que recebe o nome poliuretano é caracterizado por ser um material super leve. Essa característica lhe confere uma vasta utilização, daí nosso termo “poliuretano versátil”. Essa leveza inigualável é produto de um intenso trabalho dos químicos. O poliuretano é obtido através da reação de moléculas que têm um grupo álcool com outras que têm grupos isocianato. À medida que os componentes se misturam, uma forte ligação química é formada. Em seguida é feita a adição de líquido volátil, o que resulta em bolhas de gás no plástico, até chegar à seguinte composição: 95% de gás, daí o porquê de o poliuretano ser leve.
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triatlo: “Não vivo dele, mas vivo por ele”
O
triatlo ou triathlon é um esporte que nasceu na década de 70, na cidade de San Diego na Califórnia, Estados Unidos. Essa modalidade esportiva mistura de forma continua três esportes diferentes: natação, ciclismo e corrida. Exige um super esforço do competidor. O triatleta começa a prova nadando 2 km em mar aberto, em seguida pedala 90 km de bicicleta e encerra a prova com 21 km de corrida. Todo o percurso feito sem intervalos. A principal competição de triatlo para homens e mulheres, “Ironman” (homem de ferro) teve sua primeira edição disputada em 18 de fevereiro de 1978, com 15 participantes. Em poucos anos, eram mais de mil os participantes na prova que já contava com transmissão pela TV. No Brasil esse esporte chegou em 1981, mas a primeira competição oficial só aconteceu em 1983, no Rio de Janeiro. Mas foi com o pódio no Ironman da fluminense Fernanda Keller que o triatlo ganhou visibilidade no Brasil. A triatleta tinha 31 anos quando foi medalha de bronze em 1994. Desde o exemplo de Fernanda Keller, o triatlo tem ganhado adeptos e crescendo cada dia mais. Pelo Brasil foram criadas várias federações para dar suporte a esses atletas que desejam se firmar no esporte e a participar de competições. É o caso da Federação de Triathlon do Estado do Ceará – Fetriece, criada em 12 de abril de 1994. Segundo a federação, o número de federados deu um salto entre os anos de 2011 para 2012 com uma crescente de 40,77%. Só neste ano de 2013 mais de 289 pessoas se filiaram. Embora haja esse crescimento no número de pessoas que vem aderindo ao esporte, há
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muitas dificuldades que fazem com que muitos atletas desistam. É o que destaca a jovem Layane Lopes do Nascimento, 20, praticante do esporte há nove anos. A sua rotina de treino começa as 4h30 onde permanece três horas fazendo o treino de Ciclismo. Por volta de 9h30 ela vai a academia e fica uma hora e meia fortalecendo os músculos. Às 14 horas tem treino de natação e corrida, com duração de três horas, e finaliza jornada com uma corrida de duas horas. A triatleta reforça que a maior dificuldade de praticar o triatlo não é o ritmo de treinos e sim a falta de patrocínio. Com isso, os atletas tem que se esforçar para conseguir pagar e participar das competições. Layana não tem patrocínio e, como muitos, conta com a ajuda de seus pais e parentes para bancar o seu sonho. A atleta conta que se prepara, mas não consegue participar de todas as competições que queria, porque o custo da taxa de inscrição é alto, já que não trabalha e vive para o esporte. “Tenho dificuldades não só em pagar essas taxas, como também nas despesas com competições fora de Fortaleza. Preciso bancar hospedagem, alimentação e passagens”, informa. Outra dificuldade encontrada é com os equipamentos adequados para praticar esse esporte. Óculos, touca, maiô, macaquinho, bike, manutenção da bike e tênis, tudo especial e com alto custo. Segundo Layana só o macaquinho custa em média R$ 350,00 e a bicicleta custa em média R$ 3.000,00. “Com o tempo de uso e treino, tudo desgasta muito rápido e é preciso sempre repor alguma coisa”. De acordo com Layana, o poder público precisa voltar seus olhos para esse esporte, e alavancar o enorme potencial que o Ceará
Layane Lopes
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“Nesse esporte você aprende a ser mais determinada, você se torna mais forte e adquire mais coragem para ultrapassar obstáculos na vida”
tem no triatlo. “Muitas pessoas desistem diante dessas barreiras. Viver de esporte no Brasil é difícil, mas não impossível. O que precisamos é conseguir melhores condições para a prática do triátlon e de qualquer outro esporte”, destaca. Para Hedla Lopes, 55, sua experiência com o triatlo trouxe várias oportunidades de crescimento, e de superação. Conhecida por ser a primeira mulher do Norte e Nordeste a participar dos jogos Panamericanos na natação, hoje é conhecida também como a primeira mulher do Norte e Nordeste convocada para o Ironman do Havaí. Hedla começou a sua carreira como triatleta consideravelmente tarde, aos 45 anos. Mas a idade não a impossibilitou de quebrar seus próprios recordes e traçar objetivos em sua vida. Segundo ela, o triatlo é um esporte que abre portas e traz muitos benefícios. “Nesse esporte você aprende a ser mais determinada, você se torna mais forte e adquire mais coragem para ultrapassar obstáculos na vida. Dar para o atleta um equilíbrio emocional, além
da maior qualidade de vida e saúde”, destaca. Vittória Lopes, 17, filha de Hedla, também está seguindo os passos da mãe. Começou também com a paixão nas piscinas, e em 2012 ganhou as cinco etapas do circuito cearense de maratona aquática na categoria geral. Devido o seu destaque na natação, ela foi convidada este ano pela Confederação Brasileira de Triathlon, para fazer alguns testes e passou. Com isso ela conseguiu uma vaga para se juntar a Seleção Brasileira de Triathlon em Portugal. Com apenas 10 anos de triatlo, Hedla já disputou mais de 10 Ironman, foi convocada várias vezes para o Mundial do Ironman do Hawaii, foi vice campeã mundial na Holanda, terceira do mundo na Austrália, campeã brasileira e melhor cearense no triatlo de longa distancia. Layana já participou e venceu várias competições, ao longo desde ano foram: Sesc Triatlhon Fortaleza/Ce, Belém/ PA, 1º Lugar; Sesc Triatlhon Salvador/Ba, 2º lugar; Campeonato Brasileiro em João Pessoa/ PB,1º Lugar.
Novo IronMan Fortaleza será no dia 9 de novembro de 2014 Está oficializada a realização de mais uma etapa do principal circuito de triathlon do mundo no Brasil.Além da tradicional prova realizada em Florianópolis, a partir de 2014 o nordeste ganhará seu espaço na modalidade. Em reunião entre Carlos Galvão, presidente da Latin Sports, organizadora do evento no País desde 2011, e representantes do governo do Estado e do Município, a cidade de Fortaleza foi oficializada como a sede da nova etapa do Ironman Brasil, marcada para o dia 9 de novembro de 2014. Além de um evento esportivo de muito reconhecimento, o Ironman gera grande impacto no turismo de suas cidades sede, No Brasil, uma etapa reúne dois mil atletas de mais de 35 nacionalidades, que se aventuram em uma competição de resistência, foco e muita determinação. São 3,8 km de natação, 180,2 km de ciclismo e 42,2 km de corrida. Fonte: Mundo TRI
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POLÍTICAS PÚBLICAS no esporte PARA MULHERES: um caminho que pode dar certo P “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino.”
ara entender o presente sobre políticas públicas para mulheres no esporte, é necessário voltar no tempo e remontar um pouco a história de luta das mulheres na área esportiva. As dificuldades encontradas até hoje, é fruto de barreiras impostas desde o início da criação dos jogos olímpicos, e até mesmo, um retrato de uma sociedade que tratava a mulher com total submissão. Lutar por espaço dentro do mundo esportivo é um embate que as mulheres já travam desde o início, desde quando os jogos da era moderna foram criado por Pierre de Coubertin. As mulheres sempre tiveram que romper barreiras dentro da sociedade, seja na luta por seus ideais e por direitos igualitários com os homens. Elas, mulheres guerreiras e de fibras, correram atrás do prejuízo e lutaram para conseguir ter vez e voz no mundo em que vivemos. Tudo iniciou quando em 1896, foi reacesa a chama olímpica pelo Barão Pierre de Coubertin. Os primeiros jogos da era moderna aconteceu em Atenas, em 6 de abril do mesmo ano. Ao todo, 311 atletas participaram da abertura daquilo que seria um dos maiores eventos da terra, as Olimpíadas. Os participantes eram todos homens e das seguintes nacionalidades: Alemanha, Austrália, Áustria, Bulgária, Chile, Dinamarca, Estados Unidos, França, Inglaterra, Suécia, Suíça, Hungria e Grécia. Mas, por que as mulheres não participaram dos jogos olímpicos? A causa foi que o idealizador dos jogos modernos não era a favor da participação feminina em desportos de competição, opinião
esta, que tinha o apoio massivo na época. Em 1900, mesmo a contragosto, as mulheres participaram pela primeira vez dos jogos olímpicos. Sua inclusão mesmo com um número bastante inferior aos de homens, pode ser comemorada, pois rompiam com os preconceitos tidos na época. Seis mulheres entraram para a história e disputaram as modalidades: golfe e tênis. A inglesa Charlotte Cooper se tornou a primeira tenista campeã olímpica. A luta por espaço dentro da competição foi árdua, porém vencedora. Fazendo um breve retrospecto da participação feminina nos jogos observa-se que só cresceu. Em 1996, nas Olimpíadas de Atlanta, 3.512 mulheres competiram. Em 2012, Londres foi tida como destaque das Olimpíadas das mulheres com um total de 4.620 participantes. E foi aí, onde pela primeira vez na história dos jogos olímpicos, elas puderam participar do boxe que, até o momento, era exclusividade só dos homens. As lutas não param por aí. Em meio à sociedade, elas também tiveram que arregaçar as mangas e correr atrás dos direitos para obter seu espaço. Muitas das vitórias vieram por meio de movimentos feministas iniciado nos anos sessenta e setenta. A primeira expressão de reivindicações surgiu quase que de forma simultânea na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos, entre os séculos XIX e XX, com as “sufragistas”, movimento que defendia o direito de voto das mulheres. Ainda neste primeiro momento, o feminismo propõe um certo antagonismo ao homem e à sociedade
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patriarcal. Começa a surgir uma rivalidade entre os sexos. O feminismo começa, então, a assumir uma relação de poder. Numa segunda etapa, tenta-se acabar, de vez, com as diferenças entre homens e mulheres. Surge então a ideologia de gênero que propõe a tese de que o sexo feminino e o masculino são uma construção social. Segundo a escritora Simone de Beauvoir em seu o livro “O Segundo Sexo: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino.” Foi aí que as mulheres começaram a levantar suas bandeiras e correr atrás. O direito ao voto, direito ao uso de contraceptivos, direito ao trabalho, a um salário digno e igualitário. Hoje, mesmo em pleno século XXI, nem todas as reivindicações solicitadas por elas foram alcançadas, há muito a se fazer. Algumas mazelas sociais, típicas de uma sociedade machista, trazem uma série de barreiras que com o passar do tempo precisam ser ultrapassadas. O esporte é um dos casos. Em entrevista a revista Dela´s, Cássia Damiani, docente de Educação Física da Universidade Federal do Ceará e à disposição do Ministério do Esporte, conta que “um País para ser considerado desenvolvido, precisa dar às mulheres condições de igualdade em todas as esferas da vida pública e privada. Seja nas relações de trabalho, nos postos de comando, nas relações pessoais é preciso assegurar direitos para que as mesmas possam usufruir do seu
Atletas do time feminino do Cuca, conversam antes da bola rolar
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Cássia Damiani
poder de escolha”, enfatiza. Segundo o censo demográfico de 2010, a população brasileira é composta por 51% de mulheres e houve crescimento na ocupação dos postos formais de trabalho para elas. As desigualdades entre homens e mulheres ainda são grandes. No esporte a situação se agrava, a participação das mulheres nas direções das entidades de administração e prática do esporte (confederações e clubes esportivos) é quase nula e quando aparecem não estão na presidência da entidade. Desta forma, o empoderamento das mulheres no esporte deve partir da igualdade de condições de financiamento que assegure a prática e o usufruto desta atividade. Cassia Damiani comenta que algumas ações na escala federal vem criando possibilidades para fomentar a participação das meninas e mulheres no esporte. O Ministério, por meio do programa Segundo Tempo, inseriu referências importantes sobre a questão de gênero nas aulas e incluiu a modalidade de ginástica aeróbica no programa. O programa bolsa atleta contempla 40% das mulheres em cinco categorias. “O maior destaque nas políticas públicas de esporte para mulheres é o futebol feminino. Pela primeira vez, será realizado o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, uma articulação do Ministério do Esporte, FIFA e Caixa Econômica Federal. Aqui, em Fortaleza, há muito que se fazer neste quesito. A quinta maior cidade do Brasil não tem nenhum programa tanto no âmbito municipal como no estadual que estimule a participação delas no esporte. Larissa Gaspar,
Meninas Olímpicas em um breve alongamento para preparar a musculatura
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coordenadora da Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres da SCDH, informou que não há por parte de sua pasta uma política específica para o público feminino, no esporte. O mesmo acontece na gestão estadual. Mônica Barroso, Coordenadora de Políticas Publicas para as Mulheres do Governo do Estado formou um grupo de trabalho que irá apresentar propostas para ações a serem executadas, em 2014. Tanto a Secel, Secretaria de Esporte da Prefeitura, quanto a Sesporte, órgão do governo Estadual, também não contam com um direcionamento esportivo para este público em específico. Daiany França, 25, Diretora Voluntária da Liga Cearense de Futebol Feminino, convive com atletas e participa de reuniões na Confederação Cearense de Futebol. Ela vem levantando a bandeira do futebol feminino no Estado do Ceará e aponta falhas, principalmente, quando se fala em apoiar o esporte para as meninas. Com muita força de vontade, o Ceará atualmente, tem o maior campeonato estadual de futsal feminino. Ao todo, 22 equipes participam do evento dentre eles times do interior do Ceará. “Em nenhum lugar do País tem essa quantidades de equipes em disputas”, enfatiza Daiany. Revela que, mesmo com toda essa quantidade de participantes, “não há apoio do poder público, patrocínios, a mídia não divulga os campeonatos e o mais grave, trabalham sem o apoio da própria confederação que quando realiza o faz por obrigação por que tem que ter representação cearense na liga de futsal Brasil (campeonato nacional)”.
Time do SPORTIVUS em gesto de união e garra
Time feminino o CUCA recebendo a premiação.
Projeto Meninas Olímpicas representam o Ceará na copa Coca-Cola 2013
Projeto Menina Olímpica trabalha com 70 meninas de comunidades carentes
Com a bandeira de Fortaleza, pose para foto antes da partida delas.com.br 23
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SEM APOIO
Dayani Franca
A diretora comenta que, no mês de novembro de 2013, foi procurada pela equipe feminina de futsal do Jardim América que tem 16 atletas, cujas moças precisavam de apoio financeiro para participar de um campeonato em Limoeiro do Norte. “Estou começando a dizer não. Se eu disser “vamos tentar”, vou está fazendo uma coisa que é obrigação do governo, obrigação da própria federação”, conta. Dayani reforça que está tentando fazer, para chamar atenção da confederação e o do poder público, é boicotar os campeonatos femininos, pois sem eles não haverá campeã e com isso os times “grandes” não poderão participar e representar o estado no campeonato nacional.
INCENTIVO
O esporte amador em si sobrevive com o apoio das prefeituras, principalmente, as dos interiores do Estado. O incentivo dessas gestões vem por meio de alojamentos para as atletas em dias de campeonatos, alimentação e uniformes. Atualmente, algumas universidades também cumprem e colaboram fazendo seu papel social abrindo suas portas e apoiando o esporte amador. As iniciativas esbarram na falta de infra-estrutura. Clubes locais como: Fortaleza e Ceará, por exemplo, não investem no futebol feminino. “O Ceará esporte clube, nunca apoiou. Já o Fortaleza, dá apenas a franquia, ou seja, empresta o nome do clube para essas meninas participem de eventos locais”, informa Daiany. Daiany revela que para se fazer um campeonato de futsal feminino em Fortaleza é um “Deus nos acuda”. Os equipamentos
esportivos, por exemplo, o ginásio Paulo Sarasate, está sempre com a agenda lotada. “Durante o ano de 2013, o local contou com diversos eventos religiosos. O ginásio Aécio de Borba, encontra-se deteriorado. O da Parangaba, que também pode receber eventos com esta finalidade, também está com a agenda super lotada. Como iremos incentivar para que as meninas se apropriem de um direito básico se as mesmas não são estimuladas?”, comenta.
METAS
Daiany França estipulou algumas metas, que segundo ela, podem fazer com que as mulheres engajem e se apoderem do esporte feminino como um meio de socialização: estipular cotas mínimas para o futebol feminino em espaços e equipamentos públicos. Tanto no âmbito municipal como no estadual. Fazer um trabalho especial nas escolas. Incentivar as meninas a também jogar futebol e não ser complacentes e colaborar com um estigma de que meninas não podem ser boleiras.Ter por obrigação, por estímulo ao público feminino, no mínimo duas equipes femininas treinando ou jogando em qualquer espaço publico. “Se tiver 12 equipes para jogar em um determinado equipamento público, abrir espaço para fazer dois jogos femininos. Se não tiver mulheres para fazer os jogos tudo bem, coloca-se os homens. Essa também seria uma forma de estimular”, corrobora. Segundo Daiany é necessário implantar uma filosofia para que essas meninas possam usufruir melhor dos espaços sejam nas escolas, nos equipamentos públicos e em competições. Veja o gráfico da filosofia mais (+).
Filosofia do Futebol Mais (+): INCLUSÃO através de projetos e políticas públicas
EMPODERAMENTO e participação das jogadoras
INCENTIVO e investimentos
IGUALDADE de gênero
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Dela’s
“Essa questão das políticas públicas para mulheres no esporte funciona como um meio de desenvolvimento humano e tudo isso é sonegado e o pior é que elas, as mulheres, aceitam”
Atleta do CUCA mostra intimidade com a bola
Nem todo mundo vai ser uma atleta de ponta, como a Martha, Michael Jackson, Atletas da seleção brasileira de futebol. A grande maioria será composto por mulheres, mães, líderes comunitárias. “Essa questão das políticas públicas para mulheres no esporte funciona como um meio de desenvolvimento humano e tudo isso é sonegado e o pior é que elas, as mulheres, aceitam”, desabafa a diretora. Ela ainda complementa que o papel dela é o de fazer “zoada”, conclamar, chamar as mulheres para se apoderar do espaço delas, movimenta indo nas comunidades, faz reuniões e divulga os atos nas redes sociais. Outro que por iniciativa própria engajou nesta luta foi o Chagas Ferreira de Souza. Ele tem um projeto social chamado Menina Olímpica, trabalhando com 70 meninas de comunidades carentes. A tarefa é totalmente voluntária, mas esbarra na falta de patrocínios e iniciativas dos governantes locais. Por outro lado, encontra apoio de uma empresa particular chamada Desporto que contribui com materiais esportivos, e da própria Emlurb e do 23º batalhão que cedem o campo de futebol para o treino das meninas. “Esse trabalho existe há dez anos. Não existe apoio para esse tipo de trabalho. Quando aparece uma competição nacional, se não bancarem nossas passagens e estadias não temos condições de ir”, conta. O treinamento com elas é puxado e
acontecem sempre de segunda à sexta-feira. O treinador conta orgulhoso que, desse projeto, já saíram seis jogadoras convocadas para seleção brasileira de futebol. Elas fizeram parte das seleções sub 15, 17 e 20. Recentemente, participaram da copa Coca-Cola e foram representar a cidade de Fortaleza no campeonato. “A Coca-Cola nos mandou tudo. Desde passagem, hospedagem até alimentação. Sem isso, não seria possível nossa participação num evento de tamanha proporção nacional”, enfatiza. Pelo trabalho quem vem desenvolvendo, as meninas participaram como gandulas da Copa das Confederações e já estão escaladas para a Copa do Mundo no meio do ano de 2014. Mesmo com todas as dificuldades, encontram-se pessoas que querem dar um destino diferente para o esporte feminino no Brasil. Apesar da falta de apoio e ações mais enérgicas por parte do poder público, começam a surgir ações na tentativa de inserir a mulher em todos os esportes, mas é no futebol que elas começam a vislumbrar uma luz no fim do túnel. Esse esporte, assim como tantos outros, merece apoio, incentivos e reconhecimento. Que o diga a seleção brasileira de futebol, que sagrou-se tetracampeã do Torneio Internacional, em Brasília, no final de 2013. O que essas guerreiras almejam é espaço e condições dignas para a prática esportiva ou mesmo se profissionalizar no esporte.
Meninas do futsal buscam maior incentivo para a modalidade
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ponto de vista
FUTEBOL É LUGAR DE MULHER? Futebol nunca foi coisa de mulher. E, para muita gente, continua não sendo. O problema é que eu sempre gostei de remar contra a maré. Gostei do difícil. Ser gerado, nascer, crescer e alcançar uma meta de vida. Tudo isso são desafios. E eu sempre gostei deles. Eu não escolhi o futebol. Fui escolhida por ele. Até porque, quando criança, frequentava os campeonatos de subúrbio e não tinha muita noção do que acontecia. Ía muito mais pelo din-din de coco queimado e pela coxinha que eram vendidos por lá. E claro, pra ficar brincando nas arquibancadas. Fui descobrir a magia do futebol quando me apaixonei pelo Vasco da Gama.Tinha 8 anos. Aí ficou sério mesmo! E virou profissão. Depois virou paixão. E hoje, o futebol é minha vida. No começo não foi fácil. Quem disse que seria? Fui alertada, mas resolvi topar o desafio. Primeiro vieram às coberturas de treinos, de jogos, os debates, as transmissões ao vivo e, quando percebi, estava atolada até a cabeça. Me entreguei de corpo e alma e, só dessa essa forma, criei um vínculo com o futebol que me livrou do preconceito e da discriminação pelo fato de ser mulher. Eu era uma estranha no ninho, uma espécie de intrusa. Mas, isso nunca me deixou parar porque eu, simplesmente, não tinha tempo para observar o que acontecia ao meu redor. O futebol era meu foco principal. Podiam falar mal e torcer contra mim. Mas eu estava lá, firme na missão de realizar meu sonho. Então, passei por toda essa fase, de me descobrir e encontrar meu espaço, sem muito
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sofrimento. O resultado dessa leveza para cumprir minhas metas, somada à entrega de corpo o e alma e, ainda, à boa vontade de meu diretor de Jornalismo na época, Roberto Moreira, foi chegar onde eu nunca imaginei, mesmo sendo ousada nos meus sonhos. Eu sabia que mais dias menos dias iria cobrir uma Copa do Mundo. Quem sabe a do Brasil? Mas nunca imaginei que iria para a África do Sul. Que seria a primeira repórter feminina cearense a fazer esse tipo de cobertura. Eu fui à escolhida. A única, porque já sabiam que toparia o desafio de cara. Lá, vivi um dos momentos mais felizes e importantes da minha carreira profissional. Amadureci como repórter, aprendi a apreciar uma boa história de vida, tomei lições de profissionais que me serviam de referência e, o mais importante, fiquei ainda mais ligada ao futebol. Ele, o futebol, já me trouxe de tudo um pouco. Alegrias, tristezas, preocupações. Já passei fome e frio nas transmissões de futebol, no meio do interior, totalmente envolvida pelo clima de trabalho. Esquecia de comer e enfrentava qualquer chuva. Já tive alegrias iguais às que a Copa do Mundo me trouxe, mas em situações bem diferentes, como quando cobri a série “C”. Tudo, exatamente tudo que o futebol me trouxe, até hoje, passou a fazer parte da minha vida de forma positiva. O futebol desperta o que há de melhor e pior em mim. Simplesmente porque o futebol é minha vida. Futebol é coisa de homem, de criança, de idoso e é coisa de mulher também. Os estádios ficaram mais charmosos, nos últimos tempos. E o nosso futebol cada vez mais apaixonante!!!
Ana Cláudia Andrade, é apresentadora do programa Esporte Cidade na emissora TV Cidade. Atuou de 2007 à 2010 no jornalismo esportivo da TV Diário, nos programas A Grande Jogada e o Debate Bola. Ana Cláudia é estudante de Jornalismo na Universidade de Fortaleza – UNIFOR.
“O futebol desperta o que há de melhor e pior em mim. Simplesmente porque o futebol é minha vida.”
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A HISTÓRIA DO FUTEBOL FEMININO NO MUNDO
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econtar a história dessas mulheres guerreiras e remexer no baú, mostra o envolvimento delas, desde tempos remotos, com a bola.Acredita-se que no século XII, as mulheres tiveram a oportunidade de jogar futebol. A revista Dela´s trará um breve restrospecto desse momento histórico que, segundo Andréa Karl Fernandes, EEFD/UFRJ – 1991, nos mostra como tudo começou. Acredita-se que o primeiro envolvimento das mulheres com o futebol, foi no século XII. As mulheres francesas começaram a participar do “ Futebol do Povo” ou “ Jogos da Multidão” da época. As mulheres camponesas lutavam por uma bola de couro com fitas num jogo chamado La Soul. Na Escócia, em 1746, o príncipe Charles Edward foi derrotado pelo exército inglês. As mulheres casadas e solteiras da região jogavam umas contra as outras numa forma primitiva de futebol no século XVIII. Mas, somente em 1863 as regras do esporte foram padronizadas. Em Londres, foi formada a primeira equipe feminina de futebol no Mundo, em 1894 por Net Rolibol. Em 1895, dez mil pessoas assistiram a partida de inauguração da equipe “Senhoras Britânicas”. No Canadá, surgem duas equipes: Society Angels, e Edmont. A Inglaterra e a Escócia realizaram a primeira partida disputada entre mulheres em 1898. Em 1910, as francesas criaram as equipes do Rouge Esportive e Femina Esportes de Paris, na primeira partida entre seleções. No mesmo ano em Bountson Park, sede do Everton Football Club, 53 mil pessoas assistem a partida do Dick Kerr Ladies F.C, em benefício de obras de caridade. O futebol feminino estava desabrochando, histórias em quadrinhos apareciam nas revistas de futebol, as principais personagens eram mulheres. A equipe Dick Kerr Ladies obteve mais de 70 mil libras para obras de caridade.
Em dezembro de 1921, a Associação Inglesa de Futebol, proibiu todos os seus clubes que as equipes femininas não mais utilizassem seus campos. A proibição permaneceu por 50 anos. A Federação Francesa seguiu os passos dos ingleses, anos depois. Mas, as equipes femininas continuavam jogando, arrecadando fundos para caridade, mesmo assim o futebol feminino teve um rápido declínio. Somente em 1950, que o interesse pelo futebol feminino ressuscitou. Na Alemanha, na Dinamarca, Tchecoslováquia e Itália, as meninas começaram a jogar futebol nas escolas e o nível de habilidade entre elas desenvolveu rapidamente. Em 1971, aconteceu uma Copa do Mundo de Futebol Feminino não oficial (sem o reconhecimento da FIFA), que foi realizada no México. Somente em 1988, ocorreu um evento com o apoio da FIFA. Na China, foi realizado o I Torneio Mundial de Futebol Feminino com a participação de 12 países, inclusive o Brasil. Este evento serviu como preparatório para o I Campeonato Mundial de Futebol Feminino realizado na cidade de Punyu na China em 1991. No Brasil, a prática do futebol feminino sempre teve dificuldades. Chegou a ser exibido em circos como atrações curiosas. Em 14 de abril de 1941, foi proibida a prática do futebol feminino por ser incompatível com as condições da natureza feminina. Em 1979, o decreto que proibia que as meninas jogassem futebol, foi cancelada. Em 1996, o futebol feminino foi incluído na lista dos esportes olímpicos e o Brasil conquistou o 4° lugar, o que ajudou a impulsionar o esporte no país. O retrospecto do time feminino brasileiro na modalidade contabiliza duas medalhas de prata em Olimpíadas e dois títulos pan-americanos no. E que tal ter a melhor jogadora do mundo? Marta é o nome da fera. Indicada pela sexta vez ao título de melhor jogadora do mundo, ela mostra que o país do futebol também se faz com pernas e pés fortes das mulheres.
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Ana Flávia Gomes a primeira editora esportiva do Ceará
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na Flávia de Oliveira Gomes, 30, formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará, em 2006. Atuou em Assessoria de Imprensa no início da carreira. Logo depois, entrou para a TV O POVO, desempenhando o papel de apresentadora e comentarista de esportes no Grande Jornal, em 2007. Quando o É Gol estreou, em maio de 2008, se tornou também responsável por ele, atuando eventualmente como comentarista. Passou a ser editora de texto e apresentadora substituta do Grande Jornal de Esportes. Nas mudanças feitas pela emissora, assumiu a edição do programa esportivo Trem Bala, desde a estréia em março de 2011 até abril de 2013. Paralelamente, foi convidada para ser repórter do Jornal e logo depois assumiu o posto oficialmente, em junho de 2011. Se tornou em fevereiro de 2013, a primeira editora - adjunta do caderno de Esportes do jornal O Povo. Veja o que Ana Flávia comenta sobre a carreira esportiva e como se preparar para os desafios da profissão.
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Dela’s - Como surgiu a vocação pelo jornalismo? Ana Flávia - Não sei. Foi um caminho natural para quem gosta de ler e tem aptidão para escrever. Resolvi que queria o jornalismo como profissão ainda no 1º ano do Ensino Médio. Dela’s - E a paixão pelo esporte? Como surgiu? Ana Flávia - Também não sei. Sempre foi um assunto que me agradou. Na infância pratiquei esportes e sempre gostei de assistir a diversos esportes, tanto pela TV quanto in loco. Dela’s - Sofreu alguma influência para se tornar profissional na cobertura esportiva? Ana Flávia - Não. Dela’s - Você pratica alguma modalidade esportiva? Ana Flávia – Não, atualmente. Mas, fui esportista apenas na infância. Dela’s - Como se sente sendo a primeira mulher no Estado do Ceará a se tornar editora de um caderno esportivo de um jornal tradicional? Ana Flávia - Não me enxergo como pioneira e nem como exemplo, porque não encontrei barreira alguma a ser superada, que não as dificuldades próprias da profissão e do meu perfil profissional. As oportunidades apareceram porque minhas chefias me viam preparada para isso. Acredito que a carreira exige conhecimento, seja o profissional homem ou mulher. É isso o que faz a diferença: conhecimento, preparo, capacidade de compreender o universo esportivo com alguma profundidade. Homens e mulheres que aspiram trabalhar com jornalismo esportivo precisam entender que se trata de jornalismo, acima de tudo. Ou seja, é preciso apurar bem, conhecer os personagens de cada fato, ter capacidade analítica sobre os dados que chegam. Não há espaço para quem quer usar o jornalismo esportivo como ferramenta do seu eu-torcedor. Nem há espaço para o aspirante que acha que entende de esporte só porque frequenta estádios e acompanha diariamente seu time do coração. Ainda
há muita gente confundindo as coisas. Jornalista é jornalista. E se quer trabalhar com jornalismo esportivo, precisa entender do assunto, mais que se empolgar com ele ou enxergar na profissão a chance de estar perto de ídolos ou fazer fama. Dela’s - Sendo a pioneira, acredita que outros veículos impressos abrirão suas portas para que outras sigam o seu exemplo? Ana Flávia - Não enxergo, nem nunca enxerguei esse cenário como algo fechado. Nem antes nem depois de ter me tornado a primeira editora de esportes do Ceará. Não acredito que, no nosso tempo, algum veículo de comunicação ainda faça distinção entre um profissional homem ou mulher. O que pesa é competência, experiência e capacidade de liderar. Dela’s - Quais tabus deseja quebrar? Ana Flávia - Não vejo tabu a ser quebrado. Dela’s - Você sofreu algum tipo de preconceito ao assumir a editoria, principalmentepor ser um espaço que muitos julgam ser predominantemente masculino? Ana Flávia - De forma alguma. Acho que há um estereótipo muito forçado de que as editorias de esportes são ambientes masculinos ou que funcionam como “clube do bolinha”. Há muitas mulheres trabalhando no jornalismo esportivo, em todas as frentes, em todas as mídias. Então, não faria sentido preconceito. Nas empresas, o que vale é competência, não ser homem ou ser mulher. É preciso entender do assunto e ter disposição para liderar. Dela’s - Após o frisson inicial, hoje com 8 meses à frente da editoria de esportes do jornal O Povo, que balanço você pode fazer da sua chefia nesse caderno? Ana Flávia - Acho difícil esse exercício de fazer um balanço do meu papel. E há equívoco ao pensar em frisson. A gente assume a função já cuidando diretamente de questões operacionais em paralelo ao planejamento. Não cheguei com nenhuma ideia pronta ou com aquela vaidade
de mudar algo só pra dizer que cheguei e mudei. Tem sido um aprendizado constante. O que tem de prevalecer, sempre, é a produção de bons materiais jornalísticos. Acho que os especiais de 100 dias e 50 dias para a Copa das Confederações foram iniciativas interessantes, porque conseguiram incluir questões de política, economia, infraestrutura e esportes. Dela’s - Você acredita que o espaço para as mulheres no jornalismo esportivo está em ascensão? Ana Flávia - Eu acho que há espaço para bons profissionais, não importa o gênero. No momento, por alguma razão, as jornalistas descobriram o jornalismo esportivo (e não o inverso). Trabalhar com jornalismo esportivo é o mesmo que atuar no jornalismo político, econômico etc. Precisa ter noção de contexto e capacidade de apuração. Dela’s - Como analisa a participação feminina nos esportes do nosso Estado? Elas são retratadas diariamente no caderno de esporte? Ana Flávia - Volto à velha questão: não faz diferença ser homem ou mulher o protagonista. O que é importante é ser protagonista. O futebol masculino dos clubes locais é assunto diário porque, enfim, é o que mobiliza a maior parte do público. Mas boas histórias, denúncias e conquistas são mostradas sempre. Sejam protagonizadas por homens ou por mulheres. Dela’s - Na sua opinião, falta apoio governamental para as atletas cearenses? Ana Flávia - Falta apoio para todos os atletas cearenses, não só as mulheres. Dela’s - Deixe uma mensagem para outras mulheres que gostam de esportes e que queiram seguir seus passos. Ana Flávia - O importante é a boa formação; a seriedade e a ética na execução do trabalho. E saber que é preciso entender do assunto (e não reproduzir lógicas alheias). Apesar das dificuldades do mercado de trabalho no Ceará, as oportunidades sempre aparecem para quem trabalha sério.
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AS REGRAS DO JOGO O Brasil é o país do futebol, mas há quem tenha dúvidas sobre algumas regras desse esporte. Por isso, a revista Dela´s traz algumas das principais normas do esporte, que é a paixão nacional, segundo o site Link Atual
O campo de futebol O campo tem o formato retangular com superfície formada por grama natural ou artificial. O campo é composto de linhas brancas para demarcações, essas linhas delimitam áreas, como a área do gol e das laterais. A linha de meio de campo é atravessada de forma perpendicular ao centro das linhas laterais de modo a dividir o campo em duas partes iguais, possui um círculo em seu centro. As traves do gol ficam nas duas laterais menores. Ainda existem quartos de círculo nos quatro vértices do campo, onde a bola será colocada para as cobranças de escanteio (tiro de canto). Dimensões do campo Comprimento (linha lateral): mínimo 90 m máximo 120m; Largura (linha de meta): mínima 45m máxima 90m. Dimensões do gol 7,32m de comprimento de uma trave à outra e 2,44m de altura do travessão ao solo A bola de futebol Formato: esférica; circunferência não superior a 70 cm e não inferior a 68 cm; Material: de couro ou qualquer outro material adequado; Peso: não superior a 450 g e não inferior a 410 g no começo da partida; Pressão: 8.5 a 15.6 libras Os jogadores Uma partida de futebol se inicia com duas equipes formadas por 11 jogadores mais um goleiro para cada equipe. O time pode realizar até 3 substituições de jogadores que estarão no banco de reservas.. Para realizar a substituição o árbitro deve parar o jogo por um determinado tempo. O Árbitro Tem a função de gerenciar o jogo, ou seja, através de seu
tradicional apito ele inicia partida, marca faltas e comanda com a ajuda de seus assistentes. Duração da partida A partida é dividida em dois tempos de 45 minutos com um intervalo de 15 minutos entre eles. Impedimento Um impedimento ocorre quando o jogador adversário estiver a frente do último homem do time oponente. A posição de impedimento é caracterizada no momento em que a bola é tocada por um de seus companheiros. Faltas As faltas ocorrem quando um jogador tenta tomar a bola de outro de maneira errada cometendo assim a falta. Também é caracterizada falta quando houver toque de mão intencional na bola. As faltas são marcadas em tiro livre contra a equipe que cometeu a infração. Arremesso lateral O arremesso lateral será cobrado com as mãos e ocorre quando a bola ultrapassa as linhas de forma completa pelas linhas laterais maiores do campo. Tiro de meta É o chute cobrado pelo goleiro, e ocorre quando um jogador do time oposto chuta a bola e ela ultrapassa os limites laterais menores do campo. Escanteio É marcado a favor de um time quando um jogador adversário chutar a bola de forma que ela ultrapasse as linhas laterais menores do seu lado do campo.
FONTE: http://www.linkatual.com.br/regras-futebol 30 delas.com.br
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MARILENA LIMA, A PIONEIRA NOS GRAMADOS CEARENSES
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arilena Lima, 53 anos, nascida em Solonópole, criada em Acopiara, é conhecida por atuar como repórter em um programa policial. A jornalista foi a primeira mulher cearense a desbravar os gramados com apito e cartões no bolso. Em plena década de 1980, ela deu início a esta empreitada que, hoje, tem espaço garantido por outras seguidoras que assim como ela, são amantes do futebol. Na época, Marilena tinha um certo entendimento sobre o esporte. O motivo: os treinos que fazia, uma vez por semana, com outras mulheres que se reuniam atrás da antiga rodoviária, numa quadra, no bairro Antônio Bezerra. Mas, faltava aprender um pouco mais sobre as regras da modalidade. Foi então que, por volta de 1982, através de um amigo, surgiu o convite para fazer o curso de arbitragem. “Foi um grande desafio, mas tive muito apoio de pessoas importantes como, por exemplo, o professor Alzir Brilhante que me incentivou a entrar no curso e me orientou também na prática. Ele foi um importante nome da arbitragem de futebol brasileiro.”, explicou. Alzir Brilhante foi árbitro de futebol até 1965. Falecido em 2006, se tornou uma figura importante para a arbitragem cearense quando deixou um legado para o futebol local, a Escola de Árbitros Professor Alzir Brilhante. “Ele foi diretor, fundador e professor da escola. Por suas mãos passaram vários nomes como: Dacildo Mourão, Mário Leonardo e a Marilena Lima.”, informou o jornalista Renato Abreu, filho de Alzir. Em meio às recordações, a árbitra conta: “Uma vez aconteceu de um jogador do campeonato suburbano, na Granja Portugal, resolver fazer xixi dentro do campo e como a atitude dele não tinha graça nenhuma, dei-lhe um cartão vermelho e pronto.”. Relembra que quando entrava nos gramados para apitar as partidas de futebol masculino, haja vista que na época, 1982, não havia muita atuação feminina no futebol, sofreu alguns preconceitos. “Sim, sofri um pouco, mas não dei importância.Tanto que nem vale a pena citar nomes de pessoas e ou instituições que agiam com preconceito ou discriminação.”, complementa. Ela opina que a atuação feminina no futebol ainda é muito desvalorizada, pois, os
campeonatos masculinos ocupam todos os espaços e embora exista seleção feminina, a atuação é extremamente minimizada. “Todo grande clube deveria ter bem evidenciada sua equipe feminina. Corinthians, São Paulo, Flamengo, Fortaleza e Ceará, deveriam ter equipes femininas disputando o Brasileirão e todas as copas que os times masculinos disputam. Patrocínio é o que não ia faltar; as grifes femininas de roupa, calçado, produtos de beleza, sem se falar em outros produtos que hoje têm a mulher como alvo pelo seu poder de consumo.”, informa. A primeira árbitra de futebol cearense comenta que a arbitragem não lhe proporcionava renda alguma, pois atuava apenas em jogos do subúrbio e nos torneios intermunicipais realizados pela associação dos cronistas esportivos. Marilena nunca chegou a apitar jogos oficiais do Campeonato Cearense. “Não, não! Não ganhei dinheiro na arbitragem. Na época eu trabalhava na rádio também, e era de lá que tirava meu salário. Eu fiquei pouco tempo arbitrando, acho que sai por volta de 1985”, enfatizou. Marilena Lima foi pioneira em duas áreas: na arbitragem e como repórter feminina no rádio. Ela atuou inicialmente na rádio Dragão do Mar, depois migrou para as rádios: Uirapuru, AM do Povo e Verdes Mares.“Essa experiência na rádio muito legal, trabalhei com a equipe do Itamar Monteiro, rádio Dragão do Mar. Fiz entrevistas interessantes com Telê Santana, Toninho Cerezo e outros nomes do Futebol da época.”, relembra. Nos três grandes clubes da capital, Fortaleza, Ceará e Ferroviário, a repórter atuou. Sendo a maior dificuldade, na hora de entrevistar os jogadores no vestiário. Sua entrevista atrasava um pouco, pois ficava na espera que os jogadores pudessem se recompor para ceder opinião sobre a atuação do time em campo. Os colegas de profissão a receberam bem. Já os cartolas, foram contra a novidade. Marilena Lima, atualmente, é documentarista, produtora cultural e proprietária da M Pro Vídeos. Ela conta que escolheu o jornalismo por convicção. “Desde cedo descobri que era isso o que queria. Apesar de não ser nada fácil, não encontrei muitos percalços. Sou apaixonada pelo jornalismo.”, finaliza a árbitra-repórter.
Marilena Lima em 1988, como repórter de campo
Atualmente, Marilena é documentarista e produtora
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Como se profissionalizar na arbitragem
Quem disse que futebol é coisa só para homens e que as mulheres não entendem as regras? Que tal usar toda a sua sabedoria futebolística para se tornar uma árbitra ou assistente de campo, ou quem sabe fazer disso uma profissão? Saiba o que fazer para invadir com propriedade as quatro linhas e tirar de letra as dificuldades para encarar o apito como profissão.
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Carolina atuando nos gramados do Brasil
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árbitra paulista Silvia Regina de Oliveira, e as assistentes Ana Paula Oliveira e Aline Lambert, há dez anos, entraram para a história do futebol brasileiro ao pisarem em campo durante a partida entre Guarani e São Paulo, como sendo o primeiro trio de arbitragem feminino do País. De lá para cá, a presença feminina nessa área ainda é escassa. Segundo Mário Leonardo de Queiroz, 56, diretor da Escola de Árbitros da Federação Cearense Alzir Brilhante e professor do curso de arbitragem, ainda é pouco o número de mulheres no quadro do Estado. Uma estatística que chega a ser desproporcional. “Enquanto temos 90 homens, são apenas seis mulheres compondo o quadro de arbitragem na federação”, comenta o diretor. Mário opina que, na maioria das vezes, isso acontece por não haver por parte da CBF - Confederação Brasileira de Futebol incentivos com campeonatos para o público feminino, o que, consequentemente, acaba não atraindo as mulheres para esta profissão. Para mudar este cenário, o primeiro passo para quem deseja profissionalizar-se é procurar, na Federação Cearense de Futebol, o Departamento de Arbitragem.Todo início de ano, ocorre um processo de seleção. A candidata a árbitra ou a assistente faz uma prova de conhecimentos diversos e teste físico (com condições mínimas para correr). Se aprovada, a aluna pode matricular-se na Escola de Árbitros que tem duração média de oito meses. Ao
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final desse período, é necessário fazer nova avaliação física e um teste teórico sobre as regras do esporte. Se capacitada, a candidata vira a mais nova árbitra ou a assistente da Federação Cearense de Futebol - FCF. Em fevereiro de 2014 iniciará uma nova turma. Uma grande dúvida que paira sobre as mentes femininas: há cursos distintos para árbitras e assistentes, conhecidas como bandeirinhas? Mário Leonardo informa que o curso é o mesmo, só que em determinado momento a candidata deve escolher e se especializar na determinada função. Também não há distinção do curso para homens e mulheres, pois o que diferencia é o teste físico. “Caso a mulher faça o teste com as regras para o feminino e passe, ela estará apta para apitar jogos femininos. Agora, se ela fizer o teste masculino e passar, ela estará apta para apitar jogos masculinos e femininos”, informa. Este é o caso da árbitra assistente, Carolina Romanholi. Ela é apontada pelo dirigente como um dos destaques nacionais. Juntamente com ela está a árbitra central cearense Eveline Almeida que é irmã do árbitro Almeida Filho e que está afastada dos gramados por causa da licença maternidade. “A Carolina se tornou aspirante FIFA. Atualmente, ela faz assistência em jogos masculinos da CBF pela série A do brasileiro”, destaca. Carolina Romanoli, 27, é ex-atleta de hand ball. Decidiu entrar para no meio futebolístico por gostar de esportes. “Um dia estava em casa, vi pela televisão entrar em campo na partida entre São Paulo e Corinthians, um trio de arbitragem totalmente feminino. Aquilo me chamou atenção. Foi, então, que decidi que era isso que queria fazer.”, comentou. O mais rápido possível, resolveu procurar a Federação Cearense para fazer o curso, em 2004. “Antes, para ingressar no curso, era necessário ter idade mínima de 16 anos e máxima de 45 e ainda possuir um emprego fixo”, comentou Carolina sobre as exigências. Como já cursava educação física, antes mesmo de tentar a sorte nos campos, ela abriu seu próprio negócio em ginástica laboral. A bandeirinha informou que só trabalha no período da manhã e as tardes e as noites, durante seis dias da semana, são dedicados aos treinamentos e as viagens para os campeonatos. Por influência de Renan, instrutor do curso, Romanholi optou por se tornar árbitra assistente, mais conhecida como bandeirinha. “Na verdade, queria ser árbitra central, queria mesmo era apitar jogo. Mas, para trabalhar em jogos masculinos, fui influenciada a me tornar assistente. Este campo é maior para as mulheres dentro do futebol e eu ia trabalhar bem mais”, ressaltou. A profissional tem um rigor físico invejável. Ela comenta que todo o preparo é necessário já que os testes físicos aplicados nas pré-tempo-
Romanholi se destaca por seu trabalho na arbitragem
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A bandeirinha sonha em participar de um mundial feminino
radas de cada campeonato é algo bem puxado. São seis tiros de 40 metros para 6,2 segundos, com descanso entre os tiros de um minuto e meio.Após essa sequência, há sete minutos para descanso e inicia uma nova série, agora com 24 tiros de 150 metros. “Até homem, se não tiver bem condicionado, reprova”, relata. A assistente informa que, em caso de não conseguir fazer no tempo previsto, ela não se credencia para trabalhar naquele determinado campeonato. Ela foi indicada na época para atuar nos jogos masculinos, mas, hoje, as meninas também podem, basta ter vaga e fazer o teste. Já sobre sua atuação nos jogos, ela comenta que há sorteio para as séries do campeonatos brasileiros. A CBF o faz todas às terças e quintas-feiras. Se escalada, a instituição arca com os custos como: passagem, hospedagem e a diária do árbitro. O valor pago depende do escudo (FIFA, Aspirante ou Promissor) e da série do campeonato em que o profissional está trabalhando. A educadora física informa que graças à arbitragem teve a oportunidade de conhecer todo o país e recomenda a escolha para outras que gostem de futebol. Mesmo com os preconceitos encontrados no caminho. “Hoje, até que é mais tranqüilo, antes tinha problema com as torcidas, me estressava, mas agora tiro de letra”, relembra. Carolina entra em campo sempre maquiada e sem acessório algum (exigência CBF). E quanto ao vestiário? “Nas arenas novas há sempre duas salas, mas em caso de não ter, combino o horário de me trocar com o árbitros, eles respeitam.”, complementa. Carolina comemora a regulamentação da profissão de árbitros no Brasil assinada pela presidente Dilma. “Ninguém sabe até agora como vai ser, como vai ficar, vamos ter carteira assinada? Quem vai pagar?”, indaga. A moça traz no peito o escudo de aspirante, restando-lhe apenas o FIFA. Sobre os planos futuros, ela sonha em um dia participar de um mundial de futebol feminino. Deseja também cursar jornalismo e quem sabe se tornar repórter esportiva.
Profissão de árbitro é regulamentada no Brasil No dia 10 de Outubro de 2013, a presidente Dilma Rousseff sancionou o projeto No 12.867, que regulamenta a profissão de árbitro de futebol. Os juízes terão o direito de se organizar em sindicatos e em associações profissionais, além de terem o direito de prestar serviços a ligas e entidades futebolísticas. Com a profissionalização, a expectativa é que haja maior dedicação e procura na Escola de Arbitragem.
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MINHA HISTÓRIA
Unidos pelo Amor, divididos por uma paixão
C Ana Karine e Yuri Malveira
omo todo começo de namoro, se espera troca de carinhos, afeto e admiração. Comigo e com, hoje, meu marido, Yuri Malveira, 28, não foi diferente. Apesar de tanta cumplicidade em uma coisa somos diferentes: o gosto pelos times de futebol. Ele é fanático pelo Ceará e eu alucinada pelo Fortaleza. No começo, aconteceram algumas especulações de que essa combinação não iria da r certo e que ambos deveriam escolher um dos times e virar a “casaca” (mudar de equipe). A chance era mínima, pois não existia possibilidade nenhuma disso acontecer. Em dias de jogos, até hoje, é um verdadeiro alvoroço, uma agitação só e a empolgação pela paixão nacional, o futebol, toma conta. Em dias de Clássico Rei (Ceará x Fortaleza) não se fala em outra coisa, a vitória é o que desejamos para nossas equipes, cada um com a sua mandinga, patuá, orações, dedos cruzados, reza e muita reza, mas ocupando lugares opostos nas arquibancadas, é claro! Independente do resultado dentro e fora de campo, na alegria e na tristeza, aprendemos que o respeito deve sempre existir em nossa relação, sem ofensas, principalmente sem tirar sarro com a cara do perdedor após as
partidas. Às vezes, uma brincadeira aqui, outra ali, mas nada que nos faça brigar por causa das equipes, ou melhor, por nossas paixões dentro do campo. Discutimos o assunto, os lances, as jogadas polêmicas, amigavelmente. Gostar de futebol é apelido! Somos simplesmente apaixonados! Cheguei a ir à partida entre os nossos clubes, no Castelão, na final de Campeonato Cearense de 2009, com oito meses de gestação. Nunca tivemos medo de ir ao estádio até mesmo porque vamos para torcer de verdade, fazer parte de uma torcida organizada, vibrar pelos nossos times e não atrás de briga. Nosso filho nasceu e, hoje, tem quatro anos; puxou aos pais adora futebol. No momento, ele não torce para nenhum dos times. Vou deixá-lo escolher. Não irei impor, até porque não fomos influenciados pelos nossos pais. Aprendi que amar e fazer parte de uma torcida vai além, não somos nós quem escolhemos para quem iremos torcer, e sim o time quem nos escolhe. A paixão por nosso clubes, ir torcer, vibrar em cada lance, enlouquecer diante de um gol é algo que corre em nossas veias comprovando que quando existe amor nem os times opostos nos separam.
Ana Karinne Saboia, 27: Estudante de Jornalismo da Faculdade Cearense
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Suplementos auxiliam no desempenho das Atletas
O
s suplementos alimentares têm como principal função auxiliar na complementação da alimentação dos indivíduos. Esse alimento é utilizado quando um indivíduo necessitar de uma reposição específica extra, seja ela energética, protéica, vitamínica ou mineral. Além dos suplementos alimentares, existem variadas categorias de suplementos. Dentre elas estão os dietéticos, os ergogênicos, os termogênicos e outros. Os dietéticos são produtos práticos para ingestão durante atividade. Entre eles estão: as bebidas esportivas (com CHO e eletrólitos), os suplementos com alto teor de CHO (como os géis de CHO), os multivitamínicos, vitamínicos, suplementos minerais, refeições líquidas e os suplementos à base de cálcio. Os ergogênicos têm a finalidade de realizar um trabalho físico de resistência ou de força. Exemplo: cafeína, bcaa, creatina,Whey Protein. Já os termogênicos servem para produzir calorias no organismo a partir da queima da gordura. Exemplo: capsaicina, gengibre, piper nigrum. O uso dessas substâncias só devem serem usadas se receitada por um profissional especializado, no caso os nutricionistas. Para Débora Fonseca, 36, formada em nutrição na Universidade Federal de Alagoas, o primeiro passo para um atleta que esteja buscando tomar este tipo de suplementação, é procurar fazer uma avaliação nutricional com análise nos parâmetros bioquímicos por meio de exames médicos e laboratoriais. Primeiramente, faz-se a anamnese alimentar que é uma entrevista com o atleta na busca de doenças e condições nutricionais. Além disso, é necessário fazer uma avaliação antropométrica com bioimpedância, exame de alta precisão utilizada para medir o corpo humano através de uma corrente elétrica. Tudo isso para identificar e mapear os percentuais de gordura, músculo, água, massa óssea, taxa metabólica e resistência física do indivíduo. Segundo a nutricionista, existem centenas de tipos de suplementos no mercado, atualmente. “Todos os dias surgem tipos novos e cada um, com uma especificidade diferente.”, comentou.
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Nutricionista Débora Fonseca
Nadejda, participando de competição na modalidade fisiculturismo
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As principais disponíveis são: as vitaminas e sais minerais; as proteínas e aminoácidos, essenciais para ganho ou manutenção de massa magra; os ácidos graxos que auxiliam na perda de gordura e anti-inflamatórios; as fibras para auxílio da perda de peso; os termogênicos que aceleram o metabolismo e os fito-esteróides que funcionam para regulação hormonal. Uma dúvida freqüente é sobre suplementos alimentares e anabolizantes. Qual a diferença? A profissional explica que os suplementos são alimentos enriquecidos e/ou nutrientes isolados que suprem as necessidades orgânicas dos atletas e de pessoas com carências nutricionais. Podem ser utilizados em competições, dependendo da necessidade do indivíduo. Já os anabolizantes são hormônios naturais ou sintéticos que aceleram o ganho de massa muscular e modificam a composição corporal e o metabolismo do organismo, e são proibidos para atletas competidores. Para os atletas que desejarem complementar sua atividade física com esse tipo de nutriente é preciso saber que existem vários tipos de modalidades esportivas. Assim como para cada atividade existem suplementos para antes, durante e depois dos treinos e competições. Não precisa ser atleta para se tomar suplementos. “Também recomendo o uso para as diversas fases da vida. Crianças, adolescentes, mulheres, gestantes, nutrizes, adultos com vida estressante, pessoas que sofrem de carências nutricionais por determinada doença, idosos.”,
explica. Para usar é preciso fazer uma alimentação balanceada e equilibrada, senão perde a eficácia do produto. Débora revela sobre os efeitos colaterais no caso do uso sem a prescrição médica. “Todo suplemento utilizado de maneira incorreta, sem orientação de um nutricionista, pode causar: danos ao fígado, rins, metabolismo, hormonal, organismo, psicológico e ainda coloca a carreira do atleta em risco.”, comenta. Ela ainda enfatiza que podem acontecer deformações no corpo se houver o comprometimento de algum órgão interno. Como por exemplo, edema no abdômen, desequilíbrios hormonais que levam a obesidade, aparecimento de seios em homens e várias outras modificações corporais que surgem de dentro para fora. A especialista conta que o acompanhamento nutricional dos atletas que tomam esta suplementação ou que desejem, é fundamental a busca de assistência. “Não existe atleta com bom rendimento sem a orientação de um profissional. Os benefícios que este tipo de alimentação pode causar no corpo, na forma física e na saúde de um atleta só será eficaz com ajuda.”, comenta. Foi o que fez a atleta de fisiculturismo, Nadejda Soares Madeira, 19 anos, que cursa educação física na Universidade Vale do Acaraú e é instrutora de musculação em uma academia. Ela ressalta, que quando começou a participar de competições, procurou um nutricionista para fazer uso adequado dos
suplementos. “Queria informações sobre o que melhor se encaixaria com o meu perfil e com a minha modalidade.”, explica. Atualmente, como não está competindo, ela está tomando os ergogênicos: whey protein, bcaa e glutamina. Para ela é essencial um acompanhamento nutricional, “pois sem a alimentação, o corpo possivelmente não se moldará de acordo com o que a pessoa deseja”. Relembra que quando iniciou na modalidade, aos 14 anos, e de acordo com os treinos e o uso adequado dos suplementos, viu as mudanças em seu corpo. Nadejda, há um ano, compete na Wellness (categoria na qual a mulher não fica tão musculosa), mas, informa, que em 2014 mudará de graduação. Em 2012, participou de algumas competições, saindo vitoriosa no evento que aconteceu na cidade de Flecheiras. A adepta dos músculos e do corpo perfeito, começou a praticar por vontade própria e por incentivo dos pais e amigos. O fisiculturismo é um esporte. Também conhecido como culturismo, a atividade é relativa a um sistema de exercícios, feito através da musculação, que fortalece e aumenta os músculos do corpo. Os campeonatos femininos são divididos em cinco categorias: bikini, wellness, body fitness, women´s physique e culturismo. Depois do efeito desejado, os atletas concorrem em eventos locais, nacionais e até internacionais. Apesar de não ser ainda um esporte Olímpico, está incluso nos Pan-americanos e nos Jogos Asiáticos.
CURIOSIDADE Os campeonatos femininos de fisiculturismo estão divididos em cinco categorias.Veja quais são: Bikini: Mulheres mais magras e proporcionais, que aparentam não treinar muito. Sem definição muscular, mas físico tonificado. Categoria com desfile e pouca dança. Welness: Um pouco mais de definição que a Bikini. Aparece leve desenho dos músculos na silhueta. Corpos proporcionais, beleza e simpatia serão levados em consideração em um desfile. Body Fitness: Com corpo um pouco mais forte, em forma de Y (ombro mais largo e perna mais fina). Pouco glúteo e algum desenho muscular. As atletas ficam enfileiradas em frente ao árbitro e fazem um quarto de volta (ficam de frente, de lado, de costas e voltam a ficar de frente). Women’s Physique: Mais fortes e mais simétricas que as anteriores. É possível ver os músculos, mas tentando manter a feminilidade. Também fazem o quarto de volta, poses e uma coreografia individual com música, que vai de 50 segundos a um minuto e meio, dependendo do campeonato. Culturismo Mulheres mais volumosas, grandes e com massa muscular bem densa, com os músculos sempre em evidência. Simetria e densidade muscular. Mesmo processo de arbitragem da Women’s Physique.
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DICAS DE LIVROS E FILMES RELACIONADOS livroS A História da Copa do Mundo FIFA Official Licensed Editora: Girassol Assunto: Esporte e Lazer Neste Livro conheça todas as Copas do Mundo que contém histórias bem descritivas de todos os fatos que repercutiram em todos os eventos ao longo de toda história. Não percam! Realmente é imperdível!
O Livro Dos Esportes - Os Esportes, As Regras, As Táticas, As Técnicas. Autor: Stubbs, Ray; Stubbs, Ray Editora: Nova Fronteira Assunto: Esporte e Lazer Este livro pretende trazer tudo o que o autor acredita necessário saber sobre mais de 200 dos principais esportes praticados no mundo; informações, fatos e tabelas numéricas sobre vencedores e eventos especiais; as técnicas, as táticas e os segredos dos tidos como grandes campeões do mundo e trazer conteúdo sobre os Jogos Olímpicos.
Pilates - Modele Seu Corpo e Transforme sua Vida Autor: Lesley Ackland Editora: Pensamento Assunto: Esporte e Lazer Pilates é um tipo de exercício que requer bastante disciplina e concentração, indicado para fortalecer os ligamentos e articulações, aumentar a flexibilidade e alongar os músculos. Este livro irá iniciá-lo nessa disciplina holística que integra corpo, mente e espírito. As 30 fichas coloridas mostram as posições corretas, acompanhadas de um texto que fornece informações específicas para que você possa aprender pilates em casa.
Yoga para a Saúde do Ciclo Menstrual Autor: Linda Sparrowe Editora: Pensamento Assunto: Esporte e Lazer Este livro oferece um programa completo de posturas de yoga criado especialmente para promover a saúde da mulher, além de apresentar as últimas novidades da medicina sobre alimentação e estilo de vida. Contém ainda informações sobre meditação e técnicas de respiração que aliviam os sintomas que muitas mulheres sentem.
O Brasil na Copa das Confederações 1992 - 2013 Autor: Airton Fontenele Editora:Verdes Mares LTDA Assunto: Esporte e Lazer O objetivo do livro é informar ao público sobre a Copa das Confederações, suas origens, a presença do Brasil na competição e outros dados históricos, que ilustram a obra com riqueza de detalhes.
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RELACIONADOS AO ESPORTE FILMES MENINA DE OURO Direção: Clint Eastwood Elenco: Morgan Freeman, Clint Eastwood, Hilary Swank Nome Original: Million Dollar Baby Ano: 2004 Duração: 137 min País: EUA Classificação: 12 anos Gênero: Drama Sinopse: Frankie Dunn (Clint Eastwood) passou a vida nos ringues, tendo agenciado e treinado grandes boxeadores. Frankie costuma passar aos lutadores com quem trabalha a mesma lição que segue para sua vida: antes de tudo, se proteja. Magoado com o afastamento de sua filha, Frankie é uma pessoa fechada e que apenas se relaciona com Scrap (Morgan Freeman), seu único amigo, que cuida também de seu ginásio. Até que surge em sua vida Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), uma jovem determinada que possui um dom ainda não lapidado para lutar boxe. Maggie quer que Frankie a treine, mas ele não aceita treinar mulheres e, além do mais, acredita que ela esteja velha demais para iniciar uma carreira no boxe.
TUDO POR UM SONHO Lançamento: fevereiro de 2013 (1h56min) Dirigido por: Michael Apted, Curtis Hanson Com: Gerard Butler, Jonny Weston, Elisabeth Shue mais Gênero: Drama Nacionalidade: EUA Sinopse: Este drama inspirado em fatos reais conta a vida de Jay Moriarity (Jonny Weston), um prodígio do surf que decide aos 15 anos de idade enfrentar a costa Mavericks, onde ficam as maiores ondas do planeta. No caminho, ele inicia uma amizade com o surfista veterano Frosty Hesson (Gerard Butler). Mas um evento trágico interrompe os sonhos do adolescente.
LENDAS DA VIDA Lançamento: 2001 Dirigido por: Robert Redford Com: Matt Damon, Will Smith, Charlize Theron mais Gênero: Comédia dramática, Fantasia Nacionalidade: EUA Sinopse: Rannulph Junnah (Matt Damon) é o melhor golfista de Savannah. Ele tem uma vida boa e sua namorada (com quem acaba se casando) Adele Invergordon (Charlize Theron) é a filha do mais rico proprietário de terras da região. Mas chega a 1ª Guerra Mundial e Rannulph vai lutar na Europa, tornando-se o único sobrevivente de uma perigosa missão. Após este fato Junnah não retorna para Savannah por quinze anos. Em 1930, ele retorna à cidade e John Invergordon (Harve Presnell), o pai de Adele, tinha cometido suicídio durante a Depressão, pois tinha gasto todo o seu dinheiro construindo um enorme campo de golfe, as dívidas tinham se acumulado e, em virtude da enorme crise que o país vivia, as oportunidades de recuperar o capital investido tinham diminuído muito.
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FOTOS Vejam os clicks Dela´s, as atletas espalhadas pela cidade, no momento que estão arrebentando em suas modalidades
Adriana e Silmara na corrida Vight Run
Time de Volley do colégio 7 de Setembro
Equipe de Volley da Câmara Municipal de Fortaleza em torneio para servidores do município
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Equipe Feminina de handebol do Quixadá/Diários
Equipe Quixadá/Diários. Competição Liga Nordeste de Handbol 1° fase, Outubro 2013
Click para as campeãs da Semana do Servidor da PMF. Seuma e CV
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GÍRIAs
SURFISCLOPÉDIA A Revista Dela´s vai trazer em cada edição dicas de gírias e jargões usadas nas diversas modalidades esportivas. Desta vez é a hora de falar sobre a linguagem usada pelos surfistas, por isso buscamos via internet algumas das mais utilizadas. Confira abaixo o glossário deste esporte: Aloha - Saudação havaiana de boas vindas. Amarradão - Quando uma pessoa está muito feliz! Arrebentar - Se sair muito bem em uma determinada situação. Brother - Expressão usada no cumprimento de surfistas ou amigos próximos. Brou - abreviação de brother Cabrerão - Medroso, froucho, bundão. Caô - o que todo surfista conta Colocar Pilha (Pilhar) - Incentivar fazendo pressão / Aborrecer. Crowd - Muita gente surfando numa mesma área. Inside - Qualquer lugar dentro da arrebentação, ou seja, a própria arrebentação. Irado(a) - algo legal Point - Qualquer local ou lugar que as pessoas considerem interessante. Podicrê - Curtiu muito Prego - Surfista que não sabe pegar onda muito bem. Rabiar - roubar a onda Sinistro - Definição de neguinho maneiro que sabe do que fala, tá ligado? Sóóó! - Surfista respondendo uma pergunta qualquer Trip - Viagem de surf, geralmente para um lugar com altas ondas.
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CRÔNICA
A MAGIA DO ESPORTE NAS MÃOS FEMININAS “Bola, homens correndo pelo gramado, torcida em coro uníssono empolgando o time.”
M
undo dos homens? E por que não das mulheres? Sim, o futebol precisa também do olhar, simpatia e sem deixar de lado o charme da beleza feminina, que podem fazer toda a diferença. E como entrar neste mundo tão “dominado” pelos homens? Em alguns exemplos, a família conta como incentivo, mas no meu caso não... Vamos dizer que eu fui um pouco audaciosa... Meu pai é torcedor do Ferroviário, mas nunca foi a uma partida do Ferrão da Barra, já meu irmão gosta do Ceará, mas se você perguntar sobre algum jogador, ou melhor, o hino do time, ele não vai saber responder, minha mãe gosta, mas só do jogo da Seleção Brasileira, ah, ainda tem que ter umas bebidinhas para ela aguentar os 90 minutos. E ai, como se envolver neste esporte? Sabe quando você se apaixona, pelo grito das torcidas, pela raça dos jogadores em campo, até pelo sofrimento nos acréscimos da partida (que podem mudar a história do time)?
Foi isso que aconteceu, de repente eu estava na arquibancada quando vi eu já portava um microfone no gramado entrevistando aquele jogador, no qual eu gritava pelo nome dele, na hora do gol. E aquela emoção me enfeitiçava na hora da entrevista, na passagem da matéria, na escrita do texto... E o que me encantava mais era ver aquele torcedor que estava gritando no Estádio assistir a matéria.Todo esse processo esta envolvido pela a minha paixão pelo Futebol. E esse sentimento, não é só meu. Todas as mulheres que “entram” nesse mundo se apaixonam pelo simples fato da vibração que o Futebol proporciona. E em alguns casos, as mulheres têm até uma visão mais crítica do que alguns homens. Preconceito? Acho que hoje, não existe mais, ou melhor, não é tanto como antes. O espaço também é dominado pelas mulheres, que além de sensíveis são fortes e determinadas quando o assunto é futebol.
Denise Santiago Atualmente é jornalista da Empresa TV Diário. Trabalha no programa esportivo Debate Bola e durante quatro anos foi produtora da emissora. É graduada em Jornalismo pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Se especializou em Comunicação na Universidade Federal do Ceará – UFC
CURIOSIDADES Mulheres que superaram barreiras e conquistaram o espaço dentro e fora das quatro linhas: O site “Donas da Bola”, criado em 2011 pela jornalista Priscila Ulbric. Na época ela era estagiária do Flamengo e sofria muito preconceito por ser mulher no meio do futebol. Priscila superou barreiras e seu blog hoje tem mais de 1 milhão de acessos. Asaléa de Campos (futebol) Foi a primeira mulher árbitro de futebol reconhecida no mundo. Ela cursou oito meses a escola de árbitros da Federação Mineira de Futebol, em 1967. Mas foi só em 1971 que o diploma dela foi reconhecido pela FIFA. (Fonte: Site Guia dos Curiosos). Lydia Nsekera, Presidente da Federação Burundinesa de Futebol, entrou para a história no ano passado, na 62ª edição do Congresso da FIFA, realizada em Budapeste, na Hungria, ao ser convidada a se tornar a primeira mulher a participar do Comitê Executivo. Nsekera foi escolhida para o cargo ao receber o maior número de votos (95) na primeira eleição de uma candidata do sexo feminino para a função e estará no cargo por quatro anos. (Fonte:Fifa.com)
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Bola de futebol... é um utensílio semivivo, de reações próprias como bicho, e que, como bicho, é mister (mais que bicho, como mulher) usar com malícia e atenção dando aos pés astúcias de mãos.” João Cabral de Mello Neto