UNIVERSIDADE FEDERA
FACULDADE DE ARQUITETURA E U
AL DE UBERLÂNDIA
URBANISMO E DESIGN - FAUED
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO A paisagem em transformação e reconexão, o Morro da Serrinha em Goiânia. Orientando: Thiago Rodrigues Prof . Orientadora: Giovanna Dammis Vital Uberlândia, Fevereiro de 2017.
Imagem 1: Crianças brincam no Lago das Rosas. Década provável: 1950. Autor Desconhecido. Goiânia – GO. Acervo MIS|GO.
“Em cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis, o pré-requisito para a existência da vida urbana é oferecer boas oportunidades de caminhar, contudo, a perspectiva mais ampla é que uma infinidade de valiosas oportunidades sociais e recreativas apareça quando se reforça a vida a pé.” (GEHL, 2011).
LISTA DE IMAGENS Imagem 3 e 4: Site Google Maps. Disponível em:<https://www.google.com. br/maps/@-16.6991264,-49.2753064,40878m/data=!3m1!1e3> Acesso em 11 de março de 2016. Imagem 10: Site da Prefeitura de Goiânia. Disponível em: < http://www.goiania.go.gov.br/portal/pagina/?pagina=noticias&s=1&tt=not&cd=4148&fn=true> Acesso em 15 de março de 2016. Imagem 11 e 12: Site Google Maps. Disponível em: < https://www.google. com.br/maps/place/Calgary,+AB,+Canadá/@51.11341,-114.109433,4038m/ data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x537170039f843fd5:0x266d3bb1b652b63a! 8m2!3d51.0486151!4d-114.0708459!6m1!1e1> Acesso em 17 de março de 2016. Imagem 14: Site G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/ vc-no-g1-rj/noticia/2012/07/fotografe-paisagens-do-rio-de-janeiro-e-envie -ao-vc-no-g1.html> Acesso em 20 de março de 2016. Imagem 17: Site Fotografias Aéreas. Disponível em: <https://www.fotografiasaereas.com.br/banco-de-imagens/cidades/goiania/viaduto-joao-alves-dequeiroz-goiania/> Acesso em 20 de março de 2016. Imagem 25: Site Planeta Sustentável Abril. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/cidades-para-pessoas/2013/02/> Acesso em 22 de março de 2016. Imagem 26: Site Copenhage Net. Disponível em: <http://www.copenhagenet. dk/cph-map/CPH-Pedestrian.asp> Acesso em 22 de março de 2016. Imagem 27 e 29: Site Google Maps. Disponível em <https://www.google.com. br/maps/@-25.4282537,-49.2748487,15z> Acesso em 25 de março de 2016. Imagem 31: Site O Popular. Disponível em <http://www.opopular.com.br/editorias/blogs/a-invasão-das-bicicletas/a-invasão-das-bicicletas-1.900523/porque-precisamos-delas-1.917253> Acesso em 25 de março de 2016. Imagem 33 a 38: Site Google Maps. Disponível em:<https://www.google.com. br/maps/@-16.6991264,-49.2753064,40878m/data=!3m1!1e3> Acesso em 30 de março de 2016. Imagem 49: Site Archdaily. Disponível em:<http://www.archdaily.com.br/
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PARTE I
A PAISAGEM E URBANIDADE NO CONTEXTO URBANO
06 INTRO
08
34 PARTE II
SUSTENTABILIDADE URBANA, A CIDADE VIVA
SU MÁ RIO
66 PARTE III
RECONEXÃO
PARTE IV
O MORRO DA SERRINHA, PROPOSTAS DE PLANEJAMENTO PARA A CIDADE
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As cidades sofrem com os problemas ocasionados pelo crescimento desordenado e consequentemente, com a falta de planejamento adequado para o desenvolvimento sustentável. As pessoas que habitam essas urbes são a essência do que a cidade representa e do que ela pode vir a se tornar. Dessa forma, desempenham papel fundamental para os núcleos urbanos, em serem os elementos responsáveis pela vitalidade desses espaços. O planejamento, gradativamente coloca o carro como componente prioritário no deslocamento da maioria das cidades. O caminhar, o pedalar e o correr são vistos como deslocamentos secundários ao corriqueiro cotidiano. A estrada, o asfalto, os viadutos e as pontes são partes de um sistema que estrutura o uso do automóvel e enfraquece o transporte natural dos cidadãos. Grande parte da população possui a necessidade de se aproximarem com a natureza, de estar em contato com espaços de lazer, com o meio ambiente e com percursos e maneiras de se locomover, que contribuam para a sustentabilidade das cidades pensando de maneira coletiva. A comodidade do automóvel inibe as sensações que o caminhar pelas ruas proporciona. A locomoção das cidades deve se tornar algo menos agressivo à nosso planeta e que torne o ato de ir e vir algo agradável para a vida dos usuários. Tem se discutido a falta de espaços livres qualificados nas cidades e a importância que esses locais proporcionam no desenvolvimento sustentável de um território. A cidade e a natureza devem ser analisadas de maneira conjunta para que ocorra um planejamento que fortaleça uma maior vitalidade urbana dos espaços planejados. Pensar a cidade como elemento vivo e conectado com as pessoas, é uma maneira de reaproximar os cidadão com sua natureza que foi perdida com o tempo.
IN TRO DU ÇÃO A respeito do planejamento urbano, a cidade de Goiânia foi concebida seguindo os princípios do conceito de cidade jardim do século XX. Dessa forma, com o decorrer dos anos, se tornou um dos locais com maior quantidade de área verde por habitantes no pais, desencadeando uma forte mudança no seu planejamento. Apesar de possuir uma rica infraestrutura de áreas livres, a cidade possui sérios problemas na conexão entre seus espaços. Os recursos hídricos , elementos que realizariam a conexão das áreas verdes, se tornaram espaços de descuido e excluídos da dinâmica urbana. Os parques e praças não apresentam uma infraestrutura de conexão entre si e tampouco de conexão com outras regiões. Esses espaços se tornam locais segregados e de acesso restrito a um público imediato e aliados a falta de alternativas de transporte público, acabam enfraquecendo o seu acesso pelo pedestre de outros locais da cidade. O Morro da Serrinha, espaço de grande riqueza para o meio ambiente, possui um dos poucos resquícios de Cerrado nativo da capital. O local, de intenso uso da população é um espaço de importância histórica para Goiânia, tendo em vista que foi a partir dele que o fundador da cidade visualizou onde surgiria a capital. Apesar de sua relevância, é um dos locais menos conectados à infraestrutura verde de Goiânia. A malha urbana na qual o morro está inserido, fortalece tanto a desconexão do espaço quanto sua degradação. Além disso, o uso intensivo da população, não impede que o morro sofra com problemas ambientais como a retirada de solo e o uso do local como depósito de lixo. O morro tem um alto potencial para se tornar um elemento que contribua para a infra estrutura verde da cidade e que proporcione a transformação da região que se insere. Dessa forma, o presente trabalho estudará a transformação da dinâmica de formação do espaço urbano de forma a torna-lo um elemento que estruture a vida urbana e traga vitalidade a espaços degradados como o Morro da Serrinha.
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PAI SAGE
A PAISAGEM E URBANIDADE CONTEXTO URBANO
NA
Bosque dos Buritis; ao fundo, edificações da Praça Cívica, 1937*. Alois Feichtenberger. Goiânia – GO. Acervo MZA/MIS|GO.
NO
EM
URBAN
CAPÍTULO I
1.1 - PAISAGEM “A espacialização é sempre o presente, um presente fugindo, enquanto a paisagem é sempre o passado, ainda que recente. O espaço é igual à paisagem mas a vida nela existente; é a sociedade encaixada na paisagem, a vida que palpita conjuntamente com a materialidade. A espacialidade seria um momento das relações sociais geografizadas.” (SANTOS, 1988, p. 26).
Imagem 2: Vista de Goiânia a partir do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
PARTE I
Na perspectiva de Cullen (1983), a paisagem urbana é definida como a maneira de tornar o emaranhado de edifícios, coerentes e organizados, do ponto de vista visual. A partir disso, podem ser feitas diversas análises da dinâmica das paisagens através dos efeitos que o planejamento urbano proporciona também, no campo visual. O autor recorre a três premissas, que são: a ótica, o local e o conteúdo. O primeiro aspecto, a ótica, é formado pela sequência de percepções do espaço urbano, chamada de visão serial que seriam a sequência de campos visuais e os efeitos de cada um, seja na rua ou no pátio e posteriormente instigando a descobrir um novo espaço a partir do último. Essa sequência permite com que ocorra novos descobrimentos diante das relações entre os elementos que vão surgindo com outros já vistos anteriormente. São diferentes percepções em sequências.
Imagem 3: Vista da Rua T-36 a partir do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
Já o aspecto do local, retrata a posição de um sujeito perante o espaço, e o seus sentidos e reações diante desse local, ou seja, seriam as sensações experienciadas em espaços pequenos ou grandes, abertos ou enclausurados. O conteúdo, é um aspecto que descreve os edifícios, o tecido urbano, as cores, as texturas, os gabaritos, isso é a construção da cidade.
GOIÂNIA Imagem 3: Localização do Morro da Serrinha em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Earth.
APARECIDA DE GOIÂNIA
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9km
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Como exemplo, é possível analisar a partir da visão serial os diferentes acessos ao Morro da Serrinha, localizado na Zona Sul da cidade de Goiânia (imagem 3), um dos importantes marcos visuais que a cidade possui. O percurso escolhido é na Avenida 85 a partir do Viaduto Latif Sebba, e procura identificar os efeitos mais marcant es na percepção do espaço, bem como suas sensações no aspecto local.
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Percurso: 865m Distância entre os pontos de visão: 225m Através da visão serial observa-se que ao longo do percurso, existem alguns pontos de grande estrangulamento, como no caso do ponto 1 pela presença do viaduto e o ponto 5 em que a dimensão da rua é minimizada. Em alguns trechos nota-se a arborização dos canteiros centrais, e em outros, algumas árvores na calçada. O Morro da Serrinha, como importante aspecto na paisagem de Goiânia, pode ser visualizado de diferentes locais da cidade, principalmente por conta das sua torre de transmissão em concreto. A partir da Avenida 85, observa-se o morro desde o início do percurso, mesmo quando se encontra a uma distância considerável. Há uma mistura de experimentações ao percorrer a avenida, seja pelos trechos sombreados e ou pela ausência deles, ou até mesmo pela diferenciação dos edifícios até chegar ao local. Os cruzamentos representam novas descobertas do percurso e instigam a deriva de outros espaços próximos. Imagem 4: Vista da Av. 85 e os pontos à serem fotografados. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Earth.
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PARTE I
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5 Imagem 5 a 9: Trechos da Av. 85 em Goiânia, com destaque as torres de transmissão do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
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A percepção do sentido do mundo em que vivemos é de fundamental importância para a autora Cosgrove (1998) no estudo da paisagem. Ela defende a paisagem como marca de expressão de uma civilização, a matriz, que faz parte dos processos de concepção, percepção e ação, ou seja, na cultura, pelos quais a relação da sociedade com o espaço e a natureza são canalizados.
Imagem 10: Vista da Praça Cívica em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, 2014. Fonte: Prefeitura de Goiânia.
As paisagens, sejam elas urbanas ou rurais, são espaços peculiares em que nossos instintos são instigados de maneira diversificada. É possível sentir as brisas nas montanhas e morros, o cheiro de campos floridas, o barulho de pássaros nas mais diversas formas de ecossistema. São sensações que geram a criação de vários significados para aqueles locais e momentos, fazendo com que designemos valores únicos. A análise de Cullen (1983) e Cosgrove (1998), é de suma importância no contato entre o indivíduo e o local, pois possibilita uma percepção sistêmica, em que há um entendimento de um todo, para que ocorra diálogos de interação entre um e outro.
PARTE I
Aliado a importância da paisagem e a significância de seus aspectos perante a combinação de fatores materiais e imateriais, de interação homem - natureza, a UNESCO iniciou nos anos 1990 a formação de um conceito de patrimônio, o de paisagem cultural. A paisagem cultural é definida como a forma com que as paisagens naturais dialogam com as pessoas, desde suas relações culturais, biológicas e de que forma isso determina parte da cultura de um povo. No Brasil somente em 2009 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) estabeleceu a chancela de “Paisagem Cultural Brasileira” (anexo I). Como local significativo tanto do ponto de vista cultural como da paisagem, podemos citar o Nose Hill Park que está localizado no noroste da cidade de Calgary, no Canadá. Este parque abrange uma área de 11 km² e possui diversas trilhas e pontos altos para visualizar a cidade. Sua vegetação é predominantemente marcada pela espécie Trembling Aspen, cujo nome científico é ‘’populoso tremulardes’’. É a espécie mais comuns no Norte do Continente Americano e juntamente a ela, em Nose Hill, há uma grande pluralidade de animais, composta por esquilos, veados, coiotes, porco-espinhos, ratos e ratazanas.
Imagem 11: Vista da cidade de Calgary a partir do Nouse Hill Park. Fonte: Google Earth.
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Local de grande visibilidade para a cidade, Nose Hill Park possui ao longo de sua extensão, as características de pastagem das pradarias canadenses que é um dos exemplos restantes de ecossistema existente antes da construção da cidade de Calgary. No passado, por se tratar de um local alto, era utilizado como um lugar sagrado para a realização de cerimônias e também para agricultura e pecuária em meados dos anos 1800. Na década de 80 o parque começou a ser recortado devido a construção de residências . Porém, a comunidade se mobilizou para que fosse mantido o espaço que originou o parque.
Imagem 12: Pessoas caminhando e correndo no Nouse Hill Park, em Calgary. Fonte: Site Awards & Honours. Acesso 16 de março de 2016.
É importante notar-se que o parque possui grande imporância histórica e cultural para a cidade, pois é um fragmento do ecossistema que existia em toda a extensão de Calgary. A própria população reconhece seu valor e preza pela sua preservação, não só pela utilização do local como espaço para cerimônias nos séculos passados, mas tambem hoje, desfrutando do espaço como local de lazer e ponto para apreciação da paisagem.
O diagrama reflexivo ao lado representa a interalção entre as manifestações culturais (linhas grossas), naturais (pontos) e materiais (linhas finas) dentro do conceito de paisagem cultural. Imagem 13: Diagrama Reflexivo - Manifestações e interações. Fonte: Autor, 2016.
PARTE I
Outro importante objeto de estudo para o desenvolvimento deste trabalho são as cartas do ICOMOS (International Council of Monuments and Sites). Conforme apontamento da Carta de ICOMOS de Portugal em 2008, Roders (2006) , apud Aguiar (2008) estabelecem a estrutura de plataforma de análise (Imagem x) baseado em sete princípios para o estabelecimento de valores que possam representar a interpretação e apresentação dos patrimônios culturais, facilitando a comunicação e percepção dos sentidos estabelecidos aos meios estudados.
Imagem 13: Quadro de Valores. Fonte: BARELLA(2010).
Como essência das paisagens culturais, deve existir uma combinação entre manifestações culturais, materiais ou imateriais que dialogam com um cenário natural e assim, conjuntamente, são elementos que garantem a preservação múltipla e que podem complementar a preservação de outros componentes. Segundo Castriota (2009), avanços conceituais e metodológicos da área são enriquecidos ultimamente pela institucionalização dessas ideias. Um exemplo é a organização não governamental, Cultural Landscape Foundation, que divide as paisagens culturais em quatro tipos: - Sítios históricos, possuem significância pela associação que estabelecem com determinada pessoa ou atividade histórica. Paisagens históricas planejadas: que foram planejadas ou executadas intencionalmente, por um determinado profissional. - Paisagens históricas vernaculares: paisagens que se desenvolveram pelo uso do homem como paisagens agrícolas, aldeias rurais. - Paisagens etnográficas: paisagens que contem uma variedade de bens naturais e culturais, como sítios religiosos, estruturas geológicas massivas, paisagens etnográficas, etc.
Imagem 14: Exemplo de paisagem cultural: A cidade do Rio de Janeiro. Foto: Marcos Teixeira Estrella. Fonte: Site G1.
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Já o comitê do Patrimônio Mundial adota três categorias para o conceito de paisagem cultural, sendo elas: I - ‘’ uma paisagem planejada e criada intencionalmente pelo homem’’. II - ‘’ paisagem que se desenvolveu organicamente, podendo ser ‘’paisagem relíquia (ou fóssil)’’ ou tambem “paisagem com continuidade’’. III - ``paisagem cultural associativa que é valorizada por associações religiosas, artísticas ou culturais dos elementos naturais’’. Há uma forte diversidade de categorização e definições dos termos podendo levar a diversos questionamentos do que define e o que não define a paisagem cultural. É importante a discussão do tema, não só conceitualmente mas como uma forma de preservação de paisagens que representam a essência humana dialogando com o meio ambiente. Mesmo nos grandes centros urbanos ou em comunidades agrícolas, entender como esses processos se relacionam é de fundamental importância para que esses valores não sejam perdidos e possam ser mantidos. “A recuperação da imagem de espaços abertos públicos, enquanto estruturas formais preservadas e atualizadas, depende de diretrizes especiais de abordagem que possam ser contempladas em obras públicas, programas de incentivos fiscais e implantação de atrativos culturais e comerciais, como perspectiva de desenvolvimento e sistema de uso sustentável de recursos instalados.’’ (BARELLA, 2010). Como ferramenta que reconhece o patrimônio cultural brasileiro, a paisagem cultural brasileira possui vigência perante parceria entre as entidades públicas e privadas que atuam na preservação desses espaços. Cabe aos órgãos de preservação do patrimônio aplicar encaminhamentos e estratégias para que essas paisagens sejam mantidas, bem como determinar critérios que tragam essa peculiaridade a certas paisagens. A Carta de Bagé (2007), presente no anexo II, foi um documento elaborado durante o Seminário Semana do Patrimônio - Cultura e Memória na Fronteira, para possibilitar a ajuda aos usuários da paisagem cultural sejam eles turistas, visitantes ou os próprios moradores dos locais. Segundo esta carta, devem ser adotados procedimentos de assistência assegurando, de maneira equilibrada, condições de sustentabilidade e alternativas econômicas para novas ou tradicionais formas de uso dos modos de produção e de utilização dos recursos econômicos.
PARTE I
O Diagrama Reflexivo abaixo exprime o conceito de Paisagem Cultural, onde a interação entre o homem e a natureza são representados pelas linhas e pontos respectivamente.
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Imagem 15: Diagrama Reflexivo - Homem e natureza: a paisagem cultural. Fonte: Autor, 2016. (Em verde: natureza, em grafite: o homem).
O Morro da Serrinha, por se tratar de um local de importância histórica, ambiental e cultural, representa uma importante área para título de paisagem cultural. O Cerrado, a utilização da população e a simbologia que o morro possui para a surgimento da cidade, são fatores primordiais para identifica-lo como um equipamento cultural para a cidade de Goiânia.
Imagem 16: Ciclista no Setor Central de Goiânia. Foto: Autor, 2016.
1.2 - A CIDADE E SUA URBANIDADE, SUA VIDA URBANA
PARTE I
A cidade é espaço de transformação, discussão, percepção e acima de tudo, espaço de convívio. Desde os primórdios, a cidade representa um forte local de contato entre a população e como reforça Gehl (2011), essa população, é a maior fonte de atração das cidades. Elas que dão vida e que proporcionam as mudanças nas cidades para se tornar o que são hoje e o que serão amanhã.
Imagem 17: Vista aérea do Setor Bueno, à esquerda e Setor Bela Vista à direita. Foto: Autor desconhecido, 2012. Fonte: Site Fotografias aéreas.
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Como menciona Jacobs (2000), as cidades são espaço de tentativas e de erros, tanto na questão do desenho urbano como na construção de edifícios e é nesse ambiente de planejamento urbano que as cidades deveriam testar as teorias. Acrescenta ainda que os estudiosos ignoram o estudo do que foi positivo e do que foi negativo nesses espaços, pois muitos focam apenas nas aparências e no comportamento das cidades, subúrbios, sanatórios de tuberculose, feiras, ou qualquer aspectos que não representem cidades reais.
Imagem 18, 19 e 20: Bosques internos no Setor Sul em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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Imagem 21: Pessoas no canteiro central da Avenida Goiás em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Pensar na cidade, é pensar em seu melhor funcionamento a fim de se corrigir erros de planejamento. Entre os aspectos que uma cidade possui, a urbanidade é tida como uma das mais fundamentais formas de consolidação do espaço público. Para Gehl (2011), urbanidade é um termo bem significativo pois trata de uma qualidade que a cidade possui, ou que alguns espaços especificamente possuem. Ou seja, é a vitalidade urbana nas mais diferentes formas de interação do ser humano com o lugar. Como uma característica urbana, a urbanidade representa as atividades do dia dia, como por exemplo ir almoçar, andar pelas ruas, ir ao mercado, morar em determinado local, passear em um parque. Ou seja, atividades do cotidiano diversificadas que estabelecem uma permanente vida urbana.
PARTE I
Na cidade de São Franciso, a Rua Embarcadero, teve que ser transformada por conta de um terremoto no ano de 1989. Foi proposta a reurbanização da região para que a via se tornasse um boulevard, com Veículo Leve Sobre Trilhos (VLTs), ciclovias, espaços livres e algumas faixas destinadas ao carro. As pessoas passaram a utilizar a rua frequentemente e hoje é um dos principais pontos de convívio, tanto por parte dos moradores quanto de turistas.
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Imagem 23: Coreto e Praça Cívica ao fundo, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Imagem 25: A Rua Stroget na cidade de Copenhagen. Foto: Autor desconhecido, 2013. Fonte: Site Planeta Sustentável.
Outro exemplo de urbanidade, é a cidade de Copenhague que passa pelo remodelamento de sua malha viária nas últimas décadas. As áreas para estacionamento e faixas de automóveis serão removidas e novos espaços para a bicicleta são propostos. Gehl (2011) menciona que a cultura da bicicleta está em desenvolvimento na cidade e assim, estudantes, idosos, crianças, mulheres e homens de negócio, criaram o hábito de andar de bicicleta. A bicicleta além de ser um transporte mais barato, contribui para a saúde das pessoas e para a sustentabilidade das cidades. Imagem 26: Pessoas caminhando pela Rua Stroget. Foto: Autor Desconhecido. Fonte: Site Copenhage Net.
PARTE I
No Brasil, observa-se que as cidades estão gradativamente voltando seus olhares para o pedestre. Curitiba, Goiânia, São Paulo e Rio possuem ruas que há alguns séculos transformam a vida da população. Apesar de na época de implantação dessas ruas, haver uma certa rejeição por parte da população, essas vias foram redesenhadas para receber os pedestres e proporcionar uma nova dinâmica na cidade. Como exemplo temos a Rua das Flores em Curitiba, um trecho da Rua 08 em Goiânia, algumas ruas do centro de São Paulo e do Rio de Janeiro. Além das ruas restritas aos pedestres, a hieranquização de vias em ruas de alto ou baixo fluxo tambpem são alternativas para priorizar a locomoção do pedestre dentro do tecido urbano
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Imagem 27: Rua das flores em Curitiba. Fonte Google Maps.
Imagem 28: Rua 08 em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Imagem 29: Rua das flores no Rio de Janeiro. Fonte Google Maps.
Imagem 30: Canteiro central na Av. Antônio Martins Borges, em Goiânia. Foto: Autor, 2016
Nos últimos 5 anos, podemos observar uma forte adesão à utilização de ciclovias e ciclofaixas em diversas cidades brasileiras. São Paulo, uma das cidades mais importantes do ponto de vista cicloviário, recentemente implantou uma ciclovia na Avenida Paulista, importante centro comercial da cidade, que passou a ser, desde então, uma via de estruturação com as diversas ciclovias e ciclofaixas que a cidade já possuia. Em Belém, a Avenida Almirante Barroso, recebeu implantação de corredores de Bus Rapid Transit (BRTs), Trânsito Rápido de Ônibus, e as calçadas passaram a ser compartilhadas entre ciclistas e pedestres, fortalecendo o transporte multimodal na capital do Pará . Mencionase tambem, as diversas ciclovias que são implantadas recentemente em Goiânia, de maneira ainda sutil, em que as rotas possuem uso exclusivo nos domingos.
PARTE I
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Imagem 31: Ciclista ao redor do Parque AreiĂŁo. Foto: Edson de Melo Borges, 2015. Fonte: O Popular.
Além do papel do poder público de promover a implantação de uma infraestrutura que favoreça o pedestre, deve haver uma maior preocupação dos cidadãos a cerca do lugar em que vivem. Deixar de construir um muro alto, não é perder sua privacidade, mas é olhar para o outro e pensar que a segurança das ruas não depende só do poder público, mas também da vizinhança. Esse aspecto é comprovado em muitos estudos a respeito da urbanidade, relatando que ruas em que há uma maior visibilidade da rua pelas casas, possuem uma maior segurança, pois os moradores passam a olhar mais para o bairro, para o ‘’lado de lá’’ e não se fecham em suas residências com muros altos e cercas elétricas. Imagem 32: Muro de condomínio na zona leste em Goiânia. Foto: Autor, 2016
Imagem 33: Rua VF 33 na zona norte da cidade com pouca visibilidade para a rua. Fonte: Google Maps.
Imagem 34: Rua R - 03 na zona oeste da cidade com pouca visibilidade para a rua. Fonte: Google Maps.
Imagem 35: Rua T-02 na zona sul da cidade com pouca visibilidade para a rua. Fonte: Google Maps.
Imagem 36: Rua Jda 12 na zona leste da cidade com pouca visibilidade para a rua. Fonte: Google Maps.
Imagem 37: Rua 30, na zona central da cidade com pouca visibilidade para a rua. Fonte: Google Maps.
PARTE I
“Ao falar a respeito de segurança nas calçadas, mencionei a necessidade de haver, no cérebro por trás dos olhos atentos à rua, um pressuposto inconsciente do apoio geral da rua quando a situação é adversa - quando um cidadão tem de escolher, por exemplo, se quer assumir a responsabilidade, ou abrir mão dela, de enfrentar a violência ou defender desconhecidos. Existe uma palavrinha para esse pressuposto de apoio: confiança.” (JACOBS, 1961). Imagem 38: Goiânia Shopping e Bosque do Córrego Vaca Brava. Fonte: Google Maps.
35 Nas cidades de hoje a urbanidade é cada vez mais rara. Os shoppings centers são exemplos de elementos que representam as fragilidades que as cidades dispõe de espaços públicos adequados à população, e por meio da iniciativa privada, ambientes artificiais são criados proporcionando uma grande bolha no tecido urbano. Os condomínios fechados se assemelham à esse ambiente, cercados por muros e sem nenhum diálogo com o exterior, esses loteamentos enfraquecem a espontaneidade da ‘’rua’’ e sua forma mais natural de inserção na cidade. Nessas sociedades isoladas, na maioria das vezes, longes dos núcleos urbanos, seus moradores acabam se afastando dos benefícios e problemáticas das cidades por preferirem um espaço com ilusão de segurança, com um determinado padrão de vida e que possa fornecer atributos que a cidade não proporciona.
Imagem 39: Rua H-021, à esquerda Conjunto Santa Fé e à direita Condomínio Jardins’ Mônaco. Foto: Autor, 2016.
Pensar coletivamente é algo que deve ser levado em consideração constantemente visto que as cidades são feitas e consolidadas pelas pessoas que nela vivem, e é pelo conjunto de diferentes esferas que se proporciona um melhor planejamento. Observa-se espaços não consolidados, sem urbanidade e por conseguinte, sem vida, pelo mau planejamento, seja em uma escala macro ou micro. Entender como esses aspectos funcionam torna possível a percepção do porquê de certos acontecimentos e posteriormente propor soluções para essas situações.
O Diagrama Reflexivo ao lado representa as interações entre a cidade, natureza e o homem. As linhas claras representam a cidade, as linhas escuras o homem e os pontos representam a natureza.
Imagem 40: Diagrama Reflexivo - Manifestações da Cidade, Natureza e Homem. Fonte: Autor, 2016.
“A conclusão de que se oferecido um melhor espaço urbano o uso irá aumentar é aparentemente válida para os espaços públicos de grandes cidades, os espaços urbanos isolados até para um único banco de praça ou cadeira. A conclusão, em geral, também é válida em várias culturas e partes do mundo, em inúmeros climas e em diferentes economias e situações sociais. O planejamento físico pode influenciar imensamente o padrão de uso em regiões e áreas urbanas específicas. O fato de as pessoas serem atraídas para caminhar e permanecer no espaço da cidade é muito mais uma questão de se trabalhar cuidadosamente com a dimensão humana e lançar o convite tentador.’’ (GEHL, 2011).
PARTE I Imagem 41: Diagrama Reflexivo - Manifestações da Cidade, Natureza e Homem em terceira dimensão. Fonte: Autor, 2016.
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PARTE I
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Imagem 42: Pessoas utilizando o Morro da Serrinha como caminho. Foto: Autor, 2016.
SU BILIDADE VERDE Bosque dos Buritis; ao fundo, edificações da Praça Cívica, 1937*. Alois Feichtenberger. Goiânia – GO. Acervo MZA/MIS|GO.
USTENTAB E SUSTENTABILIDADE BANA, A CIDADE
URVIVA
INFRA
CAPÍTULO II
2.1 - CIDADE SUSTENTÁVEL, CIDADE ECOLÓGICA
Como forma de pensar a cidade de maneira sistêmica, aliando as relações culturais e pessoais dos planejadores, Vital (2012) estabelece como processo projetual a elaboração do diagrama gerador de projeto - Diagrama Unidade Complexa - DUC. O diagrama, é organizado diante dos princípios de ecologia e sustentabilidade e apresenta categorias de análise de projeto que são organizadas dentro da perspectiva de redes dentro de outras redes. Os conceitos estudados são pensados de maneira integrada e de forma complementar a fim de se obter resultados que possuam uma forte relação e que se conectem diante dos mais diversos aspectos.
Imagem 43: Parque Bosque dos Buritis, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
PARTE II
“O paradigma ecológico é o princípio fundamentador da visão de mundo em que se deposita o reconhecimento da realidade. Ver a realidade a partir desta óptica é o ponto de partida para o desenvolvimento do processo de projeto em pauta. Por isso, o seu princípio gerador é o da ecologia e da sustentabilidade alinhado ao princípio das teorias não lineares, ambos, fundamentados dos princípios de Desenho Ambiental e Planejamento Ambiental.’’ (VITAL, 2012).
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Imagem 44: Diagrama Reflexivo - Conexões ecológicas. Em verde as conexões ecológicas. Fonte: Autor, 2016.
DIMENSÃO FILOSÓFICA Como primeira dimensão a ser estudada no DUC, a dimensão filosófica segundo Vital (2012), é vista como uma forma de entender a realidade em uma totalidade, observando, como uma unidade para que posteriormente se intervenha nas partes. A autora complementa que esse entendimento busca as conexões e vínculos que existem em um ambiente utilizando a preservação e conservação da vida e não somente a objetificação dos interesse humanos.
Os sentidos são nossa forma de interação com a vida e a maneira de percepção dela. Cada indivíduo tem uma percepção diferente do que acontece, e isso é o que proporciona a diversificação de interpretações diante de um fator. Na arquitetura e urbanismo essa percepção pode ser observada na nossa relação com o meio ambiental, o arquiteto e urbanista ao propor projetos sustentáveis, deve possuir uma visão mais aprofundada diante do ambiente natural. Não é apenas a definição de áreas verdes que atendam às demandas de área permeável do plano diretor, é pensar em como esses espaços possam se integrar a paisagem e aos ambientes em que foram inseridos. Deve-se estar atento ao fato de que esses espaços artificiais criados, apresentam um grande impacto no meio ambiente e na vida ainda existente. A permanência dos ecossistemas precisa estar ligadas de forma sistêmica à vida das cidades e é fundamental pensar na sua preservação.
Imagem 45: Diagrama Reflexivo - A vida como uma rede de conexões. As linhas são as redes de conexão e as esferas são as ‘’vidas’’ à serem conectados. Fonte: Autor, 2016.
PARTE II
Tratando do pensamento sistêmico, Vital (2012) complementa com o princípio de hierarquia sistêmica estabelecido em alguns aspectos: a unidade complexa, cuja somatória das partes constitutivas proporciona a transdisciplinaridade, levando em conta os tipos e complexidades da organização; o entendimento de que nada é isolado, ou seja tudo está interligado. A autora complementa que esses princípios remontam à ideia de redes dentro de redes e as estratégias que possibilitarão uma estrutura hierárquica sistêmica na organização urbana e bem como o desenho da cidade diante desses reconhecimentos.
Imagem 46: Flores no Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Interligada ao princípio de hierarquia sistêmica, a ordem sistêmica é inserida na forma organizacional dos sistemas de redes dentro de redes, definindo que deve existir uma sequência entre essas redes e que nenhuma delas é excluída. A autora complementa que todas são conectadas e devem ser determinadas de acordo com a importância funcional e estrutural que possuem no sistema podendo ser organizados a partir das suas inter-relações, vínculos e conexões.
“Por ordem sistêmica e conforme exemplificado nesta unidade de texto, a água se enquadra como o primeiro elemento chave da hierarquização sistêmica dos ambientes urbanos. A vegetação, devido a sua condição de elo entre a fauna, a manutenção e a conservação da água e das condições do solo, enquadra-se como segundo elemento chave. A vegetação guarda em si a qualidade de refúgio dos animais, fonte de alimento, e proteção de processos erosivos e dilapidação dos solos e recursos naturais.’’ (VITAL, 2012).
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O sentido de sustentabilidade nos ecossistemas urbanos não pode possuir e nem possibilitar a hierarquia de classes em que o acumulo do capital controla a vida urbana. A cooperação é a maneira com que se deve proporcionar uma revitalização e requalificação ambiental de maneira integrada a participação coletiva, proporcionando a ideia de responsabilidade coletiva. A consciência em relação ao mundo físico, segundo Vital (2012) é desmembrada a partir de uma postura da ética ecológica em que o sentido existencial dos seres humanos são fortalecidos levando a uma grande introspecção. Imagem 47: Diagrama Reflexivo - Responsabilidade Coletiva. Cada ‘’polígono’’ representa uma ação que trabalha em conjunto diante de um principal, o ‘’polígono’’ central. Fonte: Autor, 2016.
“A natureza interna, psicologia, reflete a natureza física, ecológica, (e vice-versa) transcendendo a ilusão de poder e o vazio existencial que o acúmulo material promove nas sociedades. Para ser tem que somar, multiplicar e compartilhar as diferenças e as semelhanças.” (VITAL, 2012).
PARTE II
DIMENSÃO AMBIENTAL Diante das diferentes transformações que as cidades sofrem, é de suma importância a análise do clima, da vegetação, do sistema hídrico e do solo dessas regiões para pensar projetos que realmente façam parte desses locais. É comum encontrarmos nas cidades que possuem climas diferenciados uma das outras, edifícios iguais, com o mesmo invólucro, mesmo sistema de climatização, materiais e até mesmo a implantação se assemelha. Esses edifícios tem pouca relação com o local onde se inserem, vistos como estranhos à paisagem, sua relação com o entorno é perdida e se tornam grandes impactos à sustentabilidade. Construções totalmente fechadas, utilizam muita energia para manter um clima agradável em seus ambientes e em muitas regiões, em que estão inseridos possuem contribuições naturais fundamentais para que os edifícios tirem proveito.
Imagem 48: Edifício comercial “New York” no Setor Marista, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
No contexto arquitetônico, pela influência da arquitetura moderna e pelos cenários atuais, apresenta uma grande massificação do que é produzido, há uma busca constante pela universalização do que é construído não só por questões econômicas, mas também diante da praticidade oferecida. Infelizmente ,edifícios são implantados sem levar em conta o posicionamento do sol, a direção dos ventos e o clima do local, gastos exacerbados com sistemas de ar condicionado, ventiladores e climatizadores são feitos em muitos casos por não pensar questões fundamentais de projeto.
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Um dos arquitetos que se preocupa com essas questões ao conceber seus projetos, é João da Gama Filgueiras Lima , popularmente conhecido como Lelé. Suas obras possuem influência no quesito sustentabilidade pela otimização de energia e aproveitamento do clima da região. Podemos perceber isso nos hospitais da rede Sarah, observando o formato de sua cobertura que foi pensado para receber o máximo de ventilação possível, minimizando os custos e desperdícios de energia.
Imagem 49: Corredor do Hospital Sarah Kubitschek na cidade de Salvador. Foto: Nelson Kon, 2012. Fonte: Archdaily.
“A compreensão dos padrões de poluição do ar e do clima da cidade como um todo deve subsidiar todos os projetos, ambiciosos ou modestos. O clima regional de uma cidade, a situação topográfica, as fontes de poluição e a forma urbana determinam os problemas mais críticos da qualidade do ar e do clima. Fenômenos específicos, seus padrões espaciais e sua relativa importância variam de cidade para cidade (…).’’ (SPIRN, 1995).
PARTE II
50 As cidades são a confluência dessas ideias e o planejamento de seu traçado, de seus usos e zonas, influencia em futuros problemas e soluções climáticas. Não é só tratando de arquitetura que as ‘’cópias projetuais’’ são feitas, loteamentos e cidades são desenhados de forma prática e econômica. A densidade e baixa permeabilidade das cidades, são vistos como quetões bastante problemáticas do ponto de vista climático, já que no planejamento desses espaços não são levados em conta fatores como: a vegetação existente, a permeabilidade do solo a fim de evitar problemas de drenagem e a questão da implantação e gabarito de futuros edifícios, que dependendo de seu estudo junto ao plano diretor, pode provocar problemas na insolação, ventilação e temperatura dos bairros, ocasionando diversos problemas para os cidadãos.
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53 Imagem 50: Letreiro da empresa “Mondana” no Centro de Goiânia; Imagem 51: Monumento das Três Raças, na Praça Cívica em Goiânia; Imagem 52: Vendedor ambulante de frutas em Goiânia; Imagem 53: Placa no centro de Goiânia; Imagem 54: Edifício no Centro de Goiânia. Fotos: Autor, 2016.
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Percebemos que locais próximos à espaços livres e nas margens de rios, sejam eles parques, praças ou até mesmo grandes canteiros, proporcionam um ambiente agradável e por si só permitem uma diminuição de problemas climáticos como enchentes, efeito estufa e aquecimento global. Cidades que possuem premissas de conservação e preservação, não em um local, mas em um sistema que procure reconectar esses espaços, apresentam um grande ganho para a vida urbana e o fator ambiental desses espaços é atingido de maneira benéfica.
Imagem 55: Pessoas caminhando no Bosque dos Buritis, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
“Para ser mais eficaz, o projeto de uma simples rua, parque ou praça deve ser parte de uma estratégia abrangente para melhorar a qualidade do ar, conservar a energia e aumentar o conforto de toda a cidade. Problemas na esquina de uma rua podem ter sua causa em qualquer lugar, e soluções para melhorar a qualidade do ar podem aumentar o desconforto térmico.” (SPIRN, 1995).
PARTE II
LAYERS (DIMENSÃO AMBIENTAL)
Imagem 56: Cascata de água no Bosque dos Buritis, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
O layer verde e o layer marrom são analisados conjuntamente pois possuem uma relação muito forte entre si. O estudo da vegetação, no layer verde, resulta principalmente em fatores climáticos e fatores históricos pelos quais esses ecossistemas enfrentam. Entender o processo de formação desses espaços livres é de suma importância para o entendimento de como esses espaços se consolidaram hoje. Vital (2012) complementa que, observando a malha urbana de muitas cidades, podemos perceber onde se iniciou os centros urbanos e com o desenvolvimento das cidades, quais medidas foram adotadas perante os novos loteamentos e os rios e áreas verdes presentes.
Por meio do estudo do layer azul, Vital (2012) analisa o sistema hídrico e a influência que este proporciona na vida urbana, para que possam ser realizadas medidas que melhorem a qualidade ambiental. O estudo dessa camada visa, além de analisar as águas, entender como é o seu funcionamento, quais são as bacias que pertence a cidade e quais são os espaços de drenagem desses fluidos, a fim de evitar problemas de esgoto, captação de água, drenagem urbana e falta de preservação de córregos e rios.
Imagem 57: Árvores no Jardim Botânico Bosque dos Buritis, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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Quanto á geologia e morfologia do solo, o layer marrom analisa os impactos que a estrutura urbana proporciona no solo, visando o estudo dos recursos minerais de cada região, bem como a sua preservação. Vital (2012) acrescenta que é importante identificar as áreas de exploração de minérios e de recursos naturais entendendo seus impactos na região .
Imagem 58: Pedreira Araguaia localizada na região da Grande Goiânia. Foto: Autor desconhecido. Fonte: Site Pedreira Araguaia.
PARTE II
De acordo com a autora, para entendimento do clima da cidade, o layer cinza é de suma importância, a partir do momento em que o ambiente urbano se adapta às condições climáticas e se insere em um processo de estruturação da sustentabilidade urbana em conjunto com às ações projetuais. O potencial ambiental é correlacionado ao ambiente urbano através de fatores como a movimentação do ar, que contribui para diminuir a poluição na atmosfera.
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Imagem 59: Neblina no Setor Bueno, em Goiânia. Foto: Weimer Carvalho, 2015. Fonte: Site O Popular.
DIMENSÃO AMBIENTE CONSTRUÍDO Conforme Vital (2012), o Desenho Ambiental Urbano influencia na avaliação e análise do espaço público perante a acessibilidade e mobilidade sustentável de um núcleo urbano. É de suma importância a identificação das conexões que existem entre o tecido urbano e links ecológicos, que são obtidos através do princípio de conservação e preservação do meio ambiente e do conforto ambiental. Atualmente, as conexões feitas na teia urbana são fortemente determinadas pela locomoção dos automóveis. No passado, as cidades eram pensadas do ponto de vista do pedestre, em que as ruas eram mais estreitas. Com o passar do tempo, foram aumentadas para a passagem de carroças e posteriormente do carro. As cidades que eram pensadas para o pedestre, possuíam uma vivacidade maior quando comparadas às cidades voltadas aos automóveis.
Imagem 60: Diagrama Reflexivo - Conexões da teia urbana. Cada .polígono representa um núcleo, e as linhas representam a teia. Fonte: Autor, 2016.
“(...) A teia urbana consiste de todos os elementos exteriores e conectivos, tais como áreas de pedestre e áreas verdes, muros, caminhos de pedestres e ruas, com capacidades crescentes que variam desde uma ciclovia até as vias expressas. Observações empíricas mostram que quanto mais forte for a conexão, e quanto mais base tiver a teia, mais vida terá a cidade.” (Alexander, 1965; Gehl,1987).
PARTE II
A interação entre as pessoas na escala do pedestre, é fortemente ligada à forma com que a teia urbana é organizada para poder proporcionar esse convívio. Cidades que apresentam convergência de atividades que atraiam os usuários e que possuem diferentes graus de conectividade proporcionam uma qualidade ambiental maior. Vital (2012) complementa que o grau de conectividade advém da conexão entre nós e de suas características específicas. Os nós complementares proporcionam as conexões e é a diversidade que impulsona a integração dos espaços. Segundo a autora o desenho ambiental urbano se fundamenta no deslocamento das pessoas assegurando a preservação e conservação dos recursos ambientais através dos conceitos de conectividade e mobilidade sustentável.
Através do layer vermelho é importante identificar a estrutura física correspondente ao sistema de transporte público e individual na cidade e suas estruturas, como linhas de VLT, corredores de ônibus, rede cicloviária e linhas de metrô, buscando entender como se dá a circulação dos pedestres, automóveis e ciclistas para uma melhor conectividade e vitalidade urbana.
Imagem 61: Ponto de onibus no Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
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Ainda no layer vermelho é ressaltada a análise dos elementos urbanos que propiciam uma maior qualidade urbana gerando um diálogo entre a vida urbana e o ambiente natural. Desta forma, a autora mostra que através dessa camada, é identificada a Infraestrutura Verde ligada à infraestrutura urbana, tais como locais com alto valor ecológico e espaços que possuam um alto grau de urbanidade.
PARTE II
“ O estudo da conectividade na escala setorial é realizado a partir das possibilidades de ligação com os equipamentos públicos urbanos. Do mesmo modo que na escala da cidade, é observado o tipo de conexão e desconexão dos traçados que compõem a malha urbana por meio de questões como, por exemplo, o impedimento de conexão para o pedestre, o ciclista e o automóvel; a qualidade ambiental resultante da relação entre o espaço público e a edificação; o sentido de integração; as possibilidades de encontros casuais; a diversidade de usos.’’ (VITAL ,2012). Imagem 62: Ciclistas na Av. Assis Chateaubriand. Foto: Autor, 2016.
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DIMENSÃO TEIA URBANA Urbanidade, identidade e habilidade são os princípios que fundamentam a quarta dimensão. A teia urbana é construída pelas redes de conectividade nas mais diferentes escalas, não só na questão conectiva mas também na oferta de espaços livres que proporcionem essa conexão, essa urbanidade. Vital (2012) complementa que a conexão de um lugar à outro é tida através do conforto ambiental, na conexão ecossistêmica, atividades de lazer, recreação e ócio, locais agradáveis visualmente e com alta legibilidade. Aspectos esses, que unidos fortalecem a identidade e o sentido de pertencimento dos usuários ao local. A existência dos nós no Desenho Urbano é muito importante, pois são eles que concentram as atividade humanas. Tanto nós de lazer como de trabalho, ou a própria moradia ,funcionam como elementos conectados uns aos outros e reforçam a utilização do espaço público. Funcionam como pontos de atração e focos de caminhos como cita Salingaros (1998).
Imagem 63: Pedestres no Setor Central, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
PARTE II
“Os nós urbanos não são completamente definidos pelas estruturas do tipo dos prédios proeminentes ou monumentos. Eles podem ser leves e modestos como uma carrocinha de cachorro-quente ou um banco na sombra. Os nós devem atrair as pessoas por alguma razão, então um edifício, ou um monumento , será um nó somente se nele também houver uma atividade bem definida. (...)” (SALINGROS, 1998).
O layer violeta é uma das camadas principais na análise de vivacidade do urbano. É responsável pela leitura material e imaterial dos espaços. As relações sociais, a conexão da população com o lazer, o trabalho, o lar e a forma com que as pessoas se conhecem, são aspectos que Vital (2012) evidencia para a camada violeta. É importante destacar nesse layer, a presença de aeroportos, centros religiosos, museus, bibliotecas, centros culturais, centros comerciais, teatros, equipamentos de lazer, parque e praças.
Imagem 64: População utilizando o Parque Bosque dos Buritis. Foto: Autor, 2016.
Imagem 65: Pessoas na Praça Cívica em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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“Para isso, a leitura do layer violeta busca reconhecer, na cidade, os ambientes que fomentam e induzem a confluência de dinâmica urbana onde a vivacidade multiplica-se conforme os anseios sociais. Em busca de identificar os nós urbanos, esse layer intenta assinalar o sistema de conectividade, da qualidade ambiental e visual. E ainda, considerando que os vínculos antropossociais articulam-se e manifestam-se conforme os sentidos de identidade, de pertencimento e de apropriação por meio dos elementos urbanos e ambientais que funcionam como elos, o patrimônio ambiental e histórico se entrelaçam e destacam-se como sustentadores de paisagens.” (VITAL, 2012).
Imagem 66: Palácio Pedro Ludovico Teixeira em Goiânia, sede administrativa do Estado de Goiás . Foto: Autor, 2016
De acordo com Vital (2012), após a análise dos layers, acontece a interpolação e síntese das camadas de maneira que os pontos fundamentais do projeto são evidenciados. Os elementos-chave estratégicos, como são denominados, proporcionam a conexão ecológico-ambiental através dos links ecológicos e a identidade sociocultural do local agregado ao elo socioambiental. A identificação das conexões é realizada na circunstância da cidade como ecossistema, necessitando de energia para se apoiar, e após a liberação dessa energia, é preciso o equilíbrio, onde os fluxos dessa energia são exalados pelas conexões.
“As conexões sistêmicas, entendidas também como vínculos, elos ou laços, independentemente se positivas ou negativas, ocorrem e são responsáveis pela sustentação de qualquer sistema, saudável ou não. Mas, para este estudo, além de reconhecer a existência das conexões, importa identificar a qualidade dessas conexões. As conexões positivas são aquelas que promovem o equilíbrio do ecossistema e as negativas são as que promovem a degradação ambiental responsável pelo desequilíbrio ecossistêmico.” (VITAL,2012).
PARTE II
Entender o sistema de redes dentro de redes, para Vital (2012), é de total relevância no entendimento do sistema urbano da cidade dentro de uma hierarquia com o sistema natural, ou seja a anulação das conexões naturais promovem a quebra das conexões de energia, proporcionando o fraquejamento da estrutura urbana. A conexão dos recursos naturais, a água, ar, solo, sol e vegetação, são fatores primordiais no desenvolvimento sustentável. O seu funcionamento e a maneira de interdependência entre um e outro são formas de fortalecer a permanência do ecossistema urbano. Ao ocorrer a interrupção de uma conexão, é notável o enfraquecimento de todo o conjunto, quando se trata de conexões sistêmicas que apresentam inter-relação entre uma e outra. O equilíbrio e a ordem são perdidos e então, para que sejam retomados, deve ser realizado a identificação dos elementos que proporcionaram essa quebra para que posteriormente o ecossistema urbano não se perca. E para que essas conexões, ou também tidas como agrupamento das atividades humanas, não sejam cessadas. Imagem 67: Torcida durante partida de futebol no Estádio Serra Dourada, em Goiânia. Foto: Wildes Barbosa, 2015. Fonte: Jornal O Popular.
Alguns dos agrupamentos das atividades humanas podem ser encontrados em equipamentos de saúde, cultura, lazer, empresarial, educacional e até mesmo comercial. Considerados como núcleos, esses centros são conectados por calçadas, ciclovias, redes de transporte púbico e principalmente na maioria das cidades, pelo carro. A conectividade desses espaços pode ser alta ou baixa dependendo da oferta de redes de infraestrutura e a qualidade que essas desempenham no cotidiano dos usuários.
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Para o planejamento de uma cidade sustentável, deve-se entender todos os aspectos dos centros urbanos, desde os mais gerais até os mais específicos. A água, o solo, o ar e os demais elementos naturais de uma cidade, são percebidos como fatores pouco evidenciados perante os aspectos de desenvolvimento visando a especulação imobiliária. Pouco se importa com o que é natural e isso proporciona uma menor preocupação com o usuário, que possui em sua essência a natureza, que seria tanto a vegetação, a rede hídrica como o clima de uma cidade. Sem a preocupação com seus moradores, o conforto e vida nas cidades são prejudicados e assim a qualidade ambiental no tecido urbano é perdida. A cidade deve ser analisada em vários pontos de vista e sentidos, buscando entender como ocorreu o seu surgimento, a sua estruturação e o que é proposto para ela é fundamental no seu planejamento para proporcionar uma cidade que tenha as pessoas, como elemento estruturador.
PARTE II
“Assim, o desenvolvimento sustentável tem como finalidade a integração de preocupações ambientais ao bojo das políticas socioeconômicas, fazendo estas políticas responsáveis por seus impactos ambientais. Logo, contabilizar tanto a degradação e a exaustão ambientais (indicadores verdes) como o desempenho econômico é um primeiro passo no sentido dessa integração; Com essa contabilidade integrada é possível definir com mais rigor os indicadores econômicos de produto interno, renda nacional, capital e formação de capital, consumo e valor adicionado, ajustados ao meio ambiente.” (FRANCO, 2001).
Imagem 68: Alameda Cel. Eugênio Jardim. Foto: Autor, 2016.
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2.2 - INFRAESTRUTURA VERDE Seguindo o modelo atual, o desenvolvimento das cidades proporciona o rompimento com a natureza que existe no local, ocasionando inúmeros problemas nos centros urbanos. As propostas de planejamento de cidade sustentável, visam minimizar os impasses ocasionados pela degradação ambiental. Dessa forma, surge o conceito de infraestrutura verde aliado à sustentabilidade urbana. Esse conceito é identificado nos espaços livres de uma cidade, sejam parques, praças, canteiros arborizados e matas ciliares no perímetro de rios e córregos. A infraestrutura verde garante para a população uma maior qualidade de vida em ambientes, que quando reestruturados em uma rede que proporcione suas conexões, podem funcionar como importantes eixos das cidades. A infraestrutura verde está fortemente ligada ao plano diretor de cada cidade, bem como no investimento que o mesmo utiliza. Seja através da diminuição da poluição do ar, melhoramento da temperatura ou até mesmo diminuição dos ruídos ocasionados pelo ritmo acelerado dos centros urbanos. As áreas verdes proporcionam um forte benefício aos indivíduos de determinada região que muitas vezes acabam por não perceberem esses aspectos. Pellegrine et al. (2006) examinam que o desmatamento da vegetação original e a remodelação topográfica para a construção da infraestrutura urbana da cidade, alteram as bacias hidrológicas e contribuem para problemas de poluição e para o acontecimento de inundações. Destaca que a retirada da cobertura vegetal é característica das instalações de áreas urbanas e aumenta a impermeabilização do solo. É de grande ressalto no planejamento ambiental, pensar espaços livres que se aliem ao usos urbanos e aos fragmentos de vegetação existentes a fim de se preservar e recuperar os ecossistemas que se esforçam para permanecerem ali, onde nasceram. “Apesar dos ambientes urbanos ou suburbanos e a biodiversidade ainda serem vistos como mutuamente exclusivos, alguns trabalhos de planejamento urbano mais recentes reconhecem os serviços ecológicos que a manutenção da biodiversidade no ambiente urbano pode trazer tanto para uma maior sustentabilidade dos fragmentos remanescentes no interior das zonas urbanizadas, como para áreas naturais em suas áreas de influência (Hellmund & Smith, 1993). Nestes trabalhos, as áreas de vegetação em sítios urbanos são vistas como grandes desafios de manejo para os planejadores preocupados com a biodiversidade, e não apenas como terrenos baldios biologicamente pouco significativos, de pouca importância socioeconômica ou meramente justificados para o lazer humano.’’ (PELLEGRINO ET AL, 2006).
PARTE II
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Imagem 69: Rua Hartwicusstrabe, em Hamburgo. Fonte: Google Maps.
Os espaços verdes além de fornecerem uma qualidade na saúde da comunidade, possibilitam uma integração entre seus membros. Os espaços livres proporcionam essa comunicação, da diversidade de pessoas, tornando um forte aspecto de identificação da população com o local. A naturalidade do convívio é retratada, e o motivo de frequentar aquele espaço não é por ser da classe x ou classe y, nem por ser frequentado por determinado grupo cultural, mas por ser esse local de união em meio a um espaço natural.
Imagem 70: Boulevard Haussmann em Paris. Fonte: Google Maps.
“A infraestrutura verde apresenta-se como uma base estratégica para a configuração de projetos e intervenções criativas para cada ambiente, conectando as pessoas aos lugares e resgatando a identidade ambiental e cultural’’. (RIBEIRO, 2010).
Os corredores verdes ou greenways, são exemplo de infraestrutura verde nas cidades. A idéia dos corredores foi iniciada no início do século XVIII, com a implementação de boulervards, porém o conceito de corredores verdes só foi criado na metade do século XIX.
PARTE II
Como cita Pellegrino et al. (2006), os corredores verdes são definidos pelo conceito de ‘’ecologia da paisagem’’, fator essencial para que se tornem conciliáveis às funções urbanas, ampliando sua importância sócio-econômica. Além de funcionarem como elementos de conexão entre espaços verdes, fazem parte da integração com outros elementos da cidade. Nas cidades podem ser apresentados como parques lineares, faixas de preservação de cursos d’água, áreas com capacidade para serem reflorestadas e as ruas arborizadas. A cidade de Hamburgo, na Alemanha possui um projeto, que tem como objetivo proibir a circulação de carros até o ano de 2034, com a implementação de corredores verdes. Além de passar a contribuir para a diminuição de CO², os corredores verdes funcionarão como importantes eixos de circulação da população aliados ao sistema público de bicicletas coletivas.
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Imagem 71: Rede de corredores verdes na cidade de Hamburgo. Fonte: Site Vá de Bike.
Pellegrine et al. (2006) destaca as qualidades dos corredores verdes como uma estrutura de integração urbana e ecológica. A melhoria na qualidade do ar, tanto do ponto de vista térmico como de poluição é parte desse processo de revitalização ecológica pois as plantas participam da absorção de gases poluentes e contribuem para a diminuição da poluição sonora. Além disso, os corredores verdes proporcionam um melhor deslocamento da biodiversidade de determinadas espécies de uma área verde a outra. Isso é de grande relevância pois contribuem para que ocorra a recuperação ambiental de diversas áreas. Rios e córregos são beneficiados, uma vez que passam a se integrar novamente a paisagem das cidades, tendo em vista que já sofreram diversas alterações em seus perímetros. Imagem 72: Crianças pedalando no Jardim Botânico em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
PARTE II
Como indispensável vantagem dos corredores verdes, pode-se destacar a integração da população com essas áreas, fazendo com que se tornem espaços de lazer. Pellegrine et al. (2006) destaca que espaços que não são concentradas em um único ponto, proporcionam um melhor aproveitamento e maiores alternativas de espaços livres.
Imagem 73: Copa de árvores no Bairro Parque Amazônia. Foto: Autor, 2016.
“Tantos planejadores urbanos bem-intencionados desenham em seus projetos caminhos que nunca serão usados na prática! Eles concluem, então, que as pessoas não querem caminhar, e a nova etapa da construção elimina os caminhos, agora julgados irrelevantes. No entanto, ao redor do mundo, em cidades velhas e subúrbio, e em comunidades que não foram destruídas pelo planejamento insensível, as pessoas preferem caminhar - não somente por recreação e exercício - mas para suas rotinas diárias. Inacreditavelmente, os planejadores esqueceram as formas básicas de locomoção da humanidade, e agora as estão frustrando através das estruturas construídas.” (SALINGAROS, 1998). Os corredores verdes são elementos estruturadores de uma cidade sustentável por proporcionarem diferentes formas de locomoção pelas cidades, não só com objetivo cotidiano, de ir trabalhar ou estudar através das ciclovias e pistas de caminhadas, mas também para nutrir a importância da educação ambiental com o auxílio das escolas e universidades. Assim, os corredores verdes transformam o ato de caminhar, ou pedalar em uma forma de conscientização do que as árvores, os rios e todo o ecossistema desempenha na vida dessas pessoas.
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Imagem 74: Pessoas caminhando ao lado de resíduos sólidos jogados no Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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PARTE III
PLANEJA
AS Bosque dos Buritis; ao fundo, edificações da Praça Cívica, 1937*. Alois Feichtenberger. Goiânia – GO. Acervo MZA/MIS|GO.
RECONEXÃO
CIDADE ADA CAMADA CAPÍTULO III
3.1 - PRINCÍPIOS DA CIDADE PLANEJADA Para o presente capítulo, procura-se estudar a cidade de Goiânia a partir de ciclos de tempo no surgimento e desenvolvimento da metrópole. O primeiro ciclo trata dos anos de 1933 à 1950, caracterizado pelo surgimento da cidade e aplicação de conceitos urbanísticos inovadores para a cultura local. O segundo ciclo determina a fase de maior expansão da cidade e se estendeu do ano de 1951 até o ano de 1969. O terceiro ciclo de 1970 a 1991, é representado pelas ações de planos que buscavam um melhoramento da qualidade da cidade e também foi marcado por um grande desenvolvimento da urbe. O quarto ciclo se iniciou na década de 1992 até meados do fim de 2006, com a criação do Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia, o PDIG/2000 em 1993, que buscava a reestruturação urbana da cidade, não tendo como ponto de vista apenas o caráter físico do território, mas também uma questão social e econômica.
PARTE III
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Imagem 75: Avenida Paranaíba com Avenida Goiás. Foto: Helio de Oliveira, 1953. Fonte: Acervo MIS|GO.
CICLO I
-1933 à 1950 -
Com o desenvolvimento econômico brasileiro e o incentivo da Marcha para o Oeste no governo Vargas, surgiu a proposta de transferência da capital de Goiás em meados da década de 1930, da antiga Vila Boa (atual Cidade de Goiás) para Goiânia. Ao assumir o papel de interventor federal no governo da época, Pedro Ludovico Teixeira, foi uma figura de grande importância para a construção da nova capital. De acordo com Moysés (2004), assegurou as condições que eram necessárias para a nova capital, sustentando o ideal de cidade moderna apesar de o estado não possuir uma economia tão forte. Monteiro(1938) relata que Pedro Ludovico já havia planejado quais seriam as razões para a construção. Goiânia seria uma capital acessível, com grande ligação aos municípios do estado, que coordenaria a vida política e proporcionando um aumento da economia.
Imagem 76: Cartaz de divulgação da construção de Goiânia. Os cartazes eram utilizados para atrair as pessoas a povoar e investir na capital de Goiás. Em vários estados,os cartazes eram colocados em locais estratégicos como rodoviárias e estações ferroviárias. Foto: Autor desconhecido, década de 1930. Fonte: Acervo MIS|GO.
PARTE III
Como fatores que levaram à escolha do Morro da Serrinha como local de surgimento de Goiânia, Teles (2004) cita que são eles, principalmente: o clima, a topografia, a grande quantidade de recursos hídricos e a localização estratégica, que estaria tanto no centro do país como no centro do Estado. De acordo com Moysés (2004), a região da cidade de Campinas, que posteriormente se tornou um bairro de Goiânia, é decretada como o local para a sede da capital no ano de 1933. O projeto inicial do Plano Urbanístico de Goiânia, foi realizado pelo arquiteto e urbanista, Atílio Corrêa Lima, que teve suas inspirações nas cidades-jardins da Europa e Estados Unidos. O arquiteto buscou adequar a topografia da região ao traçado da cidade, ao tentar diminuir a declividade das ruas e ao proporcionar um melhor escoamento da água dessas vias. De acordo com Ribeiro (2010) o clima e o relevo foram fatores primordiais para o projeto inicial, por se tratar de uma região muito quente e com grande incidência de chuvas torrenciais. Os fluxos propostos para os 50.000 habitantes que a cidade foi planejada para receber, eram realizados e distribuídos em rotatórias, praças, quadras com áreas internas, avenidas com grande arborização, parques públicos, park-ways nos perímetros dos rios e córregos, além do cinturão verde no entorno da cidade. Imagem 77: Atílio Corrêa Lima e equipe. Foto: Autor desconhecido, década de 1930. Fonte: Acervo MIS|GO.
“As três avenidas mais importantes convergem para o Centro Administrativo, acentuando assim a importância deste em relação a cidade, que na realidade deve-lhe a sua existência.” Atílio Corrêa Lima (Fonte: Acervo MIS|GO).
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“Nota-se que a construção de Goiânia era compreendida por Atílio Corrêa Lima num contexto de grandes transformações econômicas, sociais e políticas nacionais que beneficiavam também o Estado de Goiás. Por isso, a construção de uma nova capital para o Estado possibilitaria o seu rápido desenvolvimento, inserindo-o na dinâmica econômica maior.” (MOYSÉS, 2004).
Imagem 78: Traçado urbano de Goiânia. Foto: Autor desconhecido, 1936. Fonte: Acervo MIS|GO.
PARTE III ESTAÇÃO FERROVIÁRIA AV. GOIÁS
PARQUE BOTAFOGO
ÍBA RANA
AV. PA
S
TIN
AV .A
RA GU AIA
AV. ANHANGUERA
N CA . TO AV
De acordo com Ribeiro (2010), o cinturão verde da cidade era constituído pelos parque lineares dos córregos Botafogo e Capim Puba. As avenidas Araguaia, Goiás e Tocantis se iniciavam na Praça Cívica, formando uma malha de “asterisco”. A Avenida Goiás ligava a Praça Cívica à Estação Ferroviária e funcionava como boulevard. A Avenida Araguaia tinha como função o acesso ao Parque Botafogo e a Avenida Tocantins era designada à prestação de serviços e comércio. Já a avenida Paranaíba era destinada ao comércio informal e a Avenida Anhanguera ao comércio formal, ambas cruzavam no sentindo perpendicular às avenidas citadas anteriormente.
PRAÇA CÍVICA
Imagem 79: Esquema do planejamento viário para a cidade de Goiânia na década de 1930. Autor, 2017.
“Nesta praça, ficou o marco zero da cidade. Pode-se dizer que toda a cidade foi construída voltada para ela. É o que os arquitetos e urbanistas chamam de traçado em asterisco, imagem que serve para caracterizar a convergência de diversas vias de circulação em direção a uma praça ou, como dizem os franceses, a um carrefour. Portanto, para a Praça Cívica ficaram convergidos as atenções, os fluxos de pessoas e de carros, e em torno dela ficou montado o aparato administrativo da nova capital.” (MOYSÉS, 2004).
Imagem 80: Carro de Bois em frente ao Palácio das Esmeraldas, em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, 1937. Fonte: Arquivo particular de Alois Feichtenberger.
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De acordo com Ribeiro (2010), o planejamento realizado pelo arquiteto Atílio Corrêa Lima, no período de 1933 à 1935, foi posteriormente complementado pelos projetos do Engenheiro Armando Augusto de Godói, entre 1935 e 1937. Godói propôs a redução das áreas abertas da Avenida Anhanguera e Goiás, que geraram áreas mais densas, com a inserção do automóvel na cidade. Além disso o engenheiro redesenhou o Setor Sul (Imagem 81), inspirado no conceito de cidade jardim, aplicou um novo conceito de morar para a população goianiense, que consistia na criação de bosques internos entre as entradas principais das casas e cul de sac para a saída de serviços. Contudo, o bairro não se adaptou aos costumes locais e se tornou desconexo do restante da cidade. Após o planejamento e construção dos edifícios e espaços públicos, no ano de 1937, a capital é transferida para Goiânia.
Imagem 81: Plano de Urbanização de Goiânia - Setor Sul. Fonte: CORDEIRO, Narcisa Abreu. Evoluções do Plano Urbanístico: períodos pesquisados: 1933 a 1947 e 1947 a 1950.
PARTE III
CICLO II
-1951 à 1969 -
A década de 1950 foi impulsionada pelo início da construção de Brasília que proporcionou um grande desenvolvimento econômico para a região e consequentemente um alto fluxo migratório em Goiânia. A partir da imposição das construtoras para liberação da implantação dos loteamentos, o governo permitiu a regulamentação de novos bairros na cidade. Fatores estes, que geraram uma rápida expansão da malha urbana e por conseguinte a desconexão do plano original da cidade.
“A década de 1960 foi a última que registrou enormes fluxos migratórios, sobretudo aqueles vindos de outros Estados em direção à nova capital. A partir dos anos 70, a migração assumiu caráter mais intra-regional e intra-municipal, e Goiânia continuou atraindo, porém não mais para o seu próprio espaço, mas para o seu entorno.” (MOYSÉS, 2004).
Imagem 82: Avenida Anhanguera. Foto: Autor Desconhecido, 1952. Fonte: Acervo MIS|GO.
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No período do Ciclo II 160 loteamentos que possuíam sérios problemas de desenho foram aprovados sem levar em consideração os planos da cidade propostos por Atílio Corrêa Lima. Os loteamentos não proporcionavam a possível existência de espaços livres, nem de ligações com qualidades urbanísticas. Dessa forma, uma parcela significativa da população foi expulsa da região que morava para dar lugar ao traçado dos loteamentos. Passaram então a ocupar a margem de rios, áreas públicas e parques.
Conforme Moysés (2004) relata, a cidade se estabeleceu como metrópole, assumindo importância regional, tanto por questões de localização estratégica como pela questão da concentração que a urbe ocasiona. Os loteamentos que surgiram na época, ultrapassam o controle do poder público em um momento de grande necessidade de planejamento e ordenamento. Como o planejamento não participou efetivamente do processo de ordenamento do espaço urbano, por questões políticas impostas pelo capital, a essência da cidade é perdida e passa a ser dominada pelo mercado imobiliário. O sentido de pensar na cidade acima dos interesses particulares é perdido, os imigrantes que vieram para a cidade em busca de uma nova perspectiva de vida, causam uma propulsão do mercado imobiliário e logo em seguida, o fim dos planos propostos para um melhor planejamento de Goiânia.
Imagem 83: Vista aérea da Avenida Goiás em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, década de 1960. Fonte: Acervo MZA/MIS|GO.
PARTE III
“Portanto, é com esse perfil que Goiânia assume a condição de entreposto comercial, o que possibilita a expansão de empresas locais no ramo da construção civil e do comércio em geral. Não eram empresas de grande expressão econômica, mas, dada a sua horizontalidade, eram em número significativo. Tanto o comércio quanto a construção civil são atividades econômicas que respondem ao estímulo de outro setor, o imobiliário, que, a partir de então, assume o papel de ator principal no processo de expansão urbana da cidade, pelo menos nos anos 50 e 60. (...)” (MOYSÉS, 2004).
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Imagem 84: Praça do Bandeirante. Foto: Sílvio Berto, década de 1960. Fonte: Acervo MIS|GO.
Entre meados de 1960 e 1962, o governo contratou o arquiteto Luís Saia para a criação do primeiro Plano Diretor da Cidade. Ele identificou o crescimento desordenado e rápido dos loteamentos na cidade de Goiânia, que não respeitavam a infraestrutura necessária nem a biodiversidade existente, porém não foi aprovado devido às políticas do governo vigente no período. Segundo Ribeiro (2010), o arquiteto segmentou a cidade em seis zonas a fim de obter um melhor planejamento facilitando os levantamentos e novas propostas para os locais. Dentre suas propostas, e como retomada da proposta de Atílio Corrêa Lima na criação de parks-ways, estava a abertura de alamedas ao redor dos fundos de vale, respeitando a área de proteção que existia. Além de melhorar o trânsito, essa proposta estimulava o uso dessas áreas pela população.
É possível notar na imagem 84, a preocupação do arquiteto com os pontos atrativos à população, em que define não só os principais centros de comércio, mas também os parques, o aeroporto, universidades e as áreas de alta visibilidade, entre elas o Morro da Serrinha, nowewextremo sul da cidade.
Figura 85: Pontos Focais propostos por Luís Saia. Fonte: RIBEIRO, Maria Eliana Jubé, 2004.
PARTE III
CICLO III
-1970 à 1991 -
Imagem 86: Feira Hippie, em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, 1992. Fonte: Beth Coe Maeda arquivo.
No início da década de 1970, com a Ditadura Militar e o período de recessão política, Jorge Wilheim incorpora um novo plano em Goiânia que visava o esquecimento da criação de uma cidade idealizada, mas que buscava propor alternativas que garantissem uma maior eficiência da cidade atual. Para Ribeiro (2010), essas ideias foram utilizadas nos planos posteriores tanto de Jaime Lerner, quanto no de Lubomir Ficinsky. As áreas verdes, sem nenhuma integração entre si e que assumiam a função de utilidade pública, eram separadas em: parques municipais e regionais, áreas livres urbanas, áreas verdes lineares e o cinturão verde. Dentre as propostas do plano estavam: a dragagem, retificação e canalização dos leitos urbanos, a implantação de equipamentos de saúde, culturais, segurança, dentre outros, nos leitos dos rios. Devido a falta de recursos, o plano não foi completamente cumprido. Todavia, nesse período ocorreu a maior parte da descaracterização desses espaços livres.
Figura 87: Praça Comendador Germano Roriz, em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, década de 1970. Fonte: Acervo MIS|GO.
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Diante das transformações urbanas há, no fim da década de 1970 até o fim da década de 1980, a movimentação da população que foi deixada ao acaso, sem acesso a moradia, que além de ocupar ilegalmente loteamentos novos, se organiza e propõe a ocupação dos espaços públicos e vazios, principalmente na região noroeste da cidade. “(...) o fato é que a cidade, desde os anos 50, vinha crescendo desordenadamente, e a tentativa de conter esse processo mediante legislação simplesmente abriu um novo “nicho de mercado” voltado para populações com baixo poder aquisitivo, precipitando o “alargamento da periferia”. Esse fenômeno traz a lembrança o que LEFEBVRE (1991:18) chamou de “urbanização desurbanizante e desurbanizada. (...)” (MOYSÉS, 2004). A cidade, segundo Moysés (2004), cresceu além dos seus limites. Além de ocasionar o crescimento das cidades próximas, alavancou a conurbação dessas cidades no tecido urbano de Goiânia. Vale destacar a cidade de Aparecida de Goiânia, que no início da década de 1970 possuía uma população total de 7.470 e já na década de 1980, eram 43.405 aparecidentes. Por sua vez, no mesmo período, Goiânia no início de 1970 tinha uma população de 381.055 e em 1980 passou para 738.117. É notável o forte crescimento de ambas as cidade nesse período, mas dentre as cidades do estado de Goiás, Aparecida de Goiânia teve um crescimento expressivo. Se comparada as demais, observa-se a falta de uma política habitacional para a população com menor poder aquisitivo e a valorização dos vazios urbanos restantes, ocasionam o “inchaço” das cidades vizinhas.
Imagem 88: Pessoas na avenida Goiás. Foto: Autor desconhecido, década de 1980. Fonte: Arquivo Hebert Flores.
PARTE III
CICLO IV
-1992 à 2006 -
No início dos anos 1990, a prefeitura de Goiânia deu início ao Plano Diretor Integrado de Goiânia - PDIG, Lei 015/92 que passou a ser administrado pela Engevix Engenharia S.A. Ribeiro (2010). Destaca que, assim como os planos de Godói, Saia e Wilheim, os planos diretores seguintes foram tentativas de construir novos desenhos à cidade, alguns com ideologias inovadoras outros estruturados ao plano inicial de Lima, porém todos se desfiguraram do projeto original e causaram a perda da memória urbana.
“Foi um desses tantos projetos elaborados por grandes firmas de planejamento e consultoria, feitos por pacotes, altamente técnicos, que primavam por apresentar um estudo detalhado da realidade local, levantando os objetivos e traçando as metas para a correção dos problemas já existentes e planejando as ações futuras. O PDIG/92 foi entregue à Engevix Engenharia S.A.”(RIBEIRO, 2010).
Imagem 89: Avenida Araguaia em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, início da década de 1990. Fonte: Arquivo Rizziere Verderoze.
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Dentre os principais aspectos do Plano Diretor Integrado de Goiânia, houve um alto investimento na tentativa de solucionar os principais problemas identificados na carta de Risco do Município de Goiânia, proposta no ano de 1991 que seriam: a recuperação de áreas de vegetação nativa e de depressões circulares, o veto a ocupação em áreas que apresentassem declividade de 20% a 40% e em áreas de fundo de vale e a criação de unidades de conservação, visando a preservação do ecossistema e de locais com grande visibilidade e de importância histórico-cultural.
Imagem 90: Vista do Setor Central de Goiânia. Foto: Autor desconhecido, década de 1990. Fonte: Arquivo Ivo JP.
Dentre as áreas de preservação ambiental criadas, se encontra tanto as margens de rios e córregos, quanto a área do projeto desta monografia: a Área de Proteção Ambiental do Morro da Serrinha que foi instituída devido a alta declividade e importância histórica, cultural e cênica do morro.
PARTE III Imagem 91: Crianças no Bosque dos Buritis em Goiânia. Foto: Autor desconhecido, década de 90. Fonte: Acervo MIS|GO.
No ano de 1999, o município de Goiânia adquiriu o status de metrópole regional e assim houve o recorte do espaço metropolitano da cidade, que é a “Grande Goiânia” e a “Região de Desenvolvimento Integrado de Goiânia”. De acordo com Moysés (2004), os municípios mais próximos da capital que possuíam um grande percentual da população inserida no espaço urbano, formaram a Região Metropolitana de Goiânia, composta por 1.639.516 habitantes nos anos 2000, segundos dados do IBGE.
“Enfim, os desafios dos anos 90 continuarão presentes na agenda política do próximo milênio, assim como no plano de realizações dos próximos gestores urbanos, porém agravados com o avanço da população urbana, não só do município de Goiânia, mas, sobretudo, de sua Região Metropolitana. (...)” MOYSÉS, 2004. A cidade se consolidou como uma “cidade invisível” que aos olhos de Moysés (2004) esconde os altos índices de criminalidade e pobreza que são omitidos na maior parte dos jornais e das fotografias da cidade. A construção da imagem de “cidade verde” é fortalecida e “vendida”, mascarando uma realidade totalmente diferente para muitos cidadãos que vivem na capital.
MAPA - DESENVOLVIMENTO URBANO
MAPA 01
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3.2 - CAMADAS DA CIDADE No ano de 2007 houve a implantação do último Plano Diretor da capital, que busca resgatar o projeto inicial da cidade no quesito ecologia, que destina as bacias hidrográficas do tecido urbano à serem elementos que estruturem a cidade. Tanto os recursos hídricos, quanto a topografia e a fauna e flora se estabelecem como projetos urbanos a serem novamente colocados em destaque nos planos urbanos e projetos para a cidade. Apesar das ideias do Plano Diretor de 2007 (que se consolidou no ano de 2010) serem favoráveis ao desenvolvimento e preservação dos espaços livres de Goiânia, o que se tem visto até os dias de hoje é o oposto. O tecido urbano da cidade é ocupado de maneira desordenada e proporciona o surgimento de amplos vazios urbanos, segregados e sem infraestrutura que atenda a região. A especulação imobiliária na cidade torna o Plano Diretor da cidade um mero elemento de formalização do que está sendo realmente planejado. Podemos observar o restante do Bosque Botafogo ser cortado por vias e viadutos, os espaços no entorno dos parques se tornando espaços de grande especulação imobiliária e totalmente segregadores, a verticalização de edificicações sem estudo prévio de impacto de vizinhança, como o caso do Nexus Shopping & Business, proposto em 2015. E também outros edifícios que transformam a cidade em um mero objeto especulativo, sem vivacidade, onde a moradia, o trabalho e o lazer são concentrados dentro de um edifício. O plano tenta retomar os princípios da Goiânia que valoriza seus espaços livres, mas infelizmente quem tem determinado o planejamento da cidade são os grandes empresários e as incorporadoras.
Imagem 92: Perspectiva do Projeto Nexus Shopping & Business . Fonte: Diário de Goiás.
A partir da metodologia de leitura da cidade através da análise de camadas (layers) de Vital (2012), foram identificados os principais aspectos de Goiânia. Com ênfase na Zona Sul da cidade, os elementos estudados proporcionarão a reestruturação do projeto apresentado no próximo capítulo.
PARTE III LAYER
violeta
A cidade se desenvolveu diante do aspecto de um local de oportunidades para os estrangeiros. A população goianiense é composta por um significativo número de pessoas do interior do estado e do Distrito Federal, além de migrantes vindos do norte e nordeste do país. Há também forte índice de pessoas vindas do sudeste, dos estados de São Paulo e Minas e também da própria região Centro-Oeste. Além dos brasileiros, Goiânia possui grande quantidade de árabes atraídos pelo surgimento da nova capital na década de 1930 e também uma parcela menor, da comunidade japonesa que chegou na cidade predominantemente na década de 1960. Goiânia é vista como uma das cidades com maior diversidade de pessoas, se compararmos às demais cidades brasileiras.
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Imagem 93: Monumento às Três Raças na Praça Cívica em Goânia, esculpido por Neusa Morais em 1968, foi proposto como homenagem à miscigenação entre as etnias branca, negra e indígena que originaram o povo goiano. Foto: Autor, 2016.
MAPA DE DENSIDADE
De acordo com dados do IBGE de 2015, Goiânia conta com uma população estimada de 1.430.697 habitantes, sendo que sua região metropolitana possui uma população de 2.421.833 habitantes. Apesar de ser uma cidade nova, quando comparada à maioria das capitais brasileiras, Goiânia possui um dos maiores crescimentos urbanos do país.
MAPA 02
Sendo uma cidade de grande extensão territorial e rápido desenvolvimento, a capital com o decorrer das décadas, deixou de possuir apenas um núcleo urbano, que no início do surgimento era o Setor Central e passou a dispor de outros núcleos. Atualmente podemos definir o Setor Central como importante núcleo comercial e administrativo, pela presença de comércio diversificado e importantes edifícios administrativos do estado. O Setor Campinas, é o maior núcleo comercial da cidade, além de abrigar diversas empresas do ramo têxtil, nesse setor é possível identificar a predominância de ruas com comércios específicos. Como exemplo podemos encontrar ruas com grande quantidade de empresas de equipamentos automotivos, ruas voltadas ao comércio de equipamentos industriais, outras voltadas à venda no atacado de roupas, entre outras.
Imagem 94: Avenida Bernardo Sayão, em Goiânia. Fonte: Google Maps, 2015.
O Setor Bueno é um importante centro educacional pois detém um considerável número de escolas tanto de ensino médio, quanto de fundamental. Os setores Bueno, Marista, Oeste, Jardim Goiás e o Setor Central, podem ser identificados também como núcleos residenciais, que apresentam um maior adensamento da população e consequentemente, um número significativo de moradias. Além de núcleo residencial, o Setor Marista se apresenta como um núcleo da área da saúde, pelo alto índice de clínicas, hospitais e instituições médicas em sua área. Também pode ser considerado um importante núcleo gastronômico, pela concentração de restaurantes e bares. Na Zona Sudoeste de Goiânia próximo à GO-020, há um núcleo de condomínios horizontais, entre eles estão os Condomínios Alphaville, Portal do Sol e Jardins. LAYER VIOLETA
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PARTE III
UFG
PUC PUC
PUC
UFG
PUC
Imagem 95: Vista do núcleo universitário do Setor Leste Universitário, em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Maps, 2015.
O Setor Leste Universitário assim como o extremo norte da cidade, são polos universitários, devido à predominância dos campus universitários tanto da Universidade Federal de Goiás como da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. No Setor Central há um importante núcleo cultural, caracterizado pela presença de edifícios históricos com arquitetura em Art Deco, museus, teatros, centros de convenções, cinemas, centros culturais, monumentos de do surgimento da cidade e o próprio traçado do bairro.
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Imagem 96: Teatro Goiânia, no centro da capital; Imagem 97: Escultura Pedro Ludovico Teixeira, entre a Av. Anhanguera e Av. Goiás, em Goiânia; Imagem 98: Torre do Relógio, em Goiânia; Imagem 99: Teatro Carlos Moreira, na Rua 08 em Goiânia; Imagem 100: Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica em Goiânia. Fotos: Autor, 2016.
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Ao analisar o tecido urbano de Goiânia podemos perceber que o fator histórico, caracterizado por um rápido crescimento em um curto espaço de tempo, promove a quebra dos preceitos iniciais de planejamento da cidade, proposto por Atílio Corrêa Lima. Os surgimentos dos bairros posteriores apresentam diferenciações consideráveis ao analisarmos a cidade como um todo. O Setor Central e o Setor Sul, projetados por Atílio Corrêa Lima e Armando Augusto de Godói respectivamente, foram inspirados nos conceitos de cidade-jardim. Os bairros, apresentam características distintas em seu traçado e como consequência, uma alta diferenciação no seu grau de conectividade. O Setor Sul, desenvolveu durante os anos, sérios problemas de deslocamento intra-bairro. Assim a população não se acostumou com a ideia de bosques internos entre as casas e “voltaram seu olhar” para o outro lado, para a rua. Os bosques e praças, foram subutilizados e geraram espaços degradados e sem segurança para os moradores. As Ruas 84, 86, 87, 88, 89 e 90 são as vias que realizam a conectividade do bairro com a Cidade, alguns bosques se tornaram ruas e algumas ruas se tornaram espaços em desuso.
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Imagem 101: Vista dos bosques internos no Setor Sul, em Goiânia. Fonte: Google Maps, 2015.
SETOR SUL
A
Imagem 102: Setor Sul em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Maps, 2015.
PARTE III
As avenidas do Setor Central, por apresentarem maior dimensão de ruas e calçadas promovem uma dinâmica favorável ao deslocamento tanto do carro, quanto do pedestre, com a ligação da parte administrativa ao restante do bairro. Os espaços livres são ligados por vias que valorizam o deslocamento do pedestre, porém o traçado em radial da Praça Cívica e os outros entroncamentos de várias ruas em um determinado ponto, geram problemas de deslocamento para o pedestre e para carro.
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PARQUE BOTAFOGO
BOSQUE DOS BURITIS
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Imagem 103: Setor Central em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Maps, 2015. Imagem 104: Canteiro central da Avenida Goiás, em Goiânia. Fonte: Site Jornal O Popular, 2014.
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Posteriormente, os bairros foram planejados seguindo um traçado predominantemente ortogonal, como é o caso do Setor Bueno, Setor Bela Vista, Jardim América e Setor Oeste e dos bairros mais novos na região Noroeste de Goiânia. Em toda a cidade é notável observar que a Praça Cívica influenciou a implantação de outros pontos que realizam também a função de confluência de muitas vias, com característica de “asterisco”. Os loteamentos são criados de modo que as “rotatórias” sejam importantes pontos de conexão da cidade e do bairro, em que algumas delas possuem a função de praça, e outras são apenas canteiros centrais.
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Imagens 104 a 114: Rotatórias na Zona Sul de Goiânia. Fonte: Google Maps, 2015.
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PARTE III
Imagem 115: Setor Pedro Ludovico em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Maps, 2015.
SETOR PEDRO LUDOVICO
O Setor Marista e o Setor Pedro Ludovico, apresentam um alto grau de conectividade no tecido urbano, pois além de possuírem vias com maior dimensão, apresentam canteiros centrais privilegiados para o uso dos pedestre. A arborização nesses dois bairros, é rica e diversificada e garante um maior uso por parte das pessoas.
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SETOR MARISTA
Imagem 116: Setor Marista em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Maps, 2015.
Imagem 117: Alameda Ricardo Paranhos no Setor Marista em Goiânia. Elaborada pelo Autor. Fonte: Google Maps, 2015.
A cidade apresenta uma maior verticalização na Zona Central e Zona Sul, com a presença de edifícios residenciais, administrativos e comerciais. Essas edificações, de alto gabarito, estão concentrados nas regiões mais antigas da cidade e também nas que possuem uma ocupação recente, e que predominam nas proximidades de parques. A verticalização proporcionou um adensamento dessas áreas e consequentemente o surgimento de sub-centros residenciais e comerciais que intensificam os distúrbios de deslocamento.
MORRO DA SERRINHA
Imagem 118: Perspectiva de Goiânia, com destaque as regiões mais verticalizadas da cidade. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2015.
Um dos grandes problemas do crescimento de Goiânia foi a falta de planejamento da cidade, que gerou sérios distúrbios no tráfego da cidade. Os carros e as motocicletas são os elementos principais nos problemas de congestionamento da cidade. Pelo fato de Goiânia não possuir um transporte público de qualidade, não ter uma maior rede cicloviária que se conecte a outros meios de locomoção e pela ausência de calçadas com arborização adequada, várias pessoas optam pelo transporte individual nos deslocamentos cotidianos.
Imagem 119: Tráfego de veículo na Alameda dos Buritis em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Imagem 120: Eixo Anhanguera na Zona Central de Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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Como ligação da Zona Leste e Zona Oeste, segundo a Metrobos (empresa de transporte público de Goiânia), foi criado no ano de 1976 pelo arquiteto Jaime Lemer, o “Eixo Anhanguera” que posteriormente foi estruturado no ano de 1998 com a implementação de 19 estações de embarque, se tornando o primeiro eixo de BRT da cidade. O trecho, localizado na Avenida Anhanguera, liga os Terminais Padre Pelágio na extremidade oeste de Goiânia, Dermo, Praça A, Praça da Bíblia e Novo Mundo na extremidade leste da Cidade. O grande fluxo de pessoas no Eixo Anhanguera fez com que no ano de 2012 fosse criado o primeiro projeto de VLT para a cidade no mesmo percurso, transformando e revitalizando a Avenida Anhanguera para receber os trilhos dos trens. Por conta da falta de recursos financeiros da prefeitura a obra ainda não foi iniciada.
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PARTE III
Quanto ao transporte público, o Sistema Integrado de Goiânia não atende toda a comunidade. Além de ser um sistema de má qualidade, possui um caráter de segregação, uma vez que gera limitações na locomoção dos usuários por ser um sistema somente interligado a rede de ônibus urbano. A maior parte da população de Goiânia utiliza o transporte público por falta de opção por um sistema melhor, que proporcione segurança e menor tempo de deslocamento nos trechos. A população que vive nas periferias possui uma forte dependência dos terminais existentes nessas regiões, que juntamente com os pontos e paradas de ônibus são o meio de mais fácil acesso dessas pessoas aos centros urbanos.
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O transporte público, utilizado pela maior parte da população, passou a ter prioridade em algumas avenidas da cidade nos últimos anos. Juntamente ao Eixo Anhanguera de BRT, houve a implementação recente dos corredores exclusivos de ônibus, que estão presentes em alguns pontos da Zona Sul de Goiânia, que apesar de tornar algumas vias de ônibus exclusivas, não resolve de maneira satisfatória os problemas de deslocamento.
“A cidade sustentável é geralmente fortalecida se grande parte de seu sistema de transporte puder se dar por meio da “mobilidade verde”, ou seja, deslocar-se à pé, de bicicleta ou por transporte público. Esses meios proporcionam acentuados benefícios à economia e ao meio ambiente, reduzem o consumo de recursos, limitam as emissões e diminuem o nível de ruídos.” (GEHL, 2011)
Imagem 121: Trânsito na Avenida 85 em Goiânia. Fonte: Site Goiás 24 Horas, 2015.
“MAIS VIAS, MAIS TRÁFEGO, MENOS TRÁFEGO.” (GEHL,2011) LAYER VERMELHO II
VIAS, MENOS MAPA 05
PARTE III
Na cidade está sendo implantado um novo BRT de ligação norte-sul entre Goiânia e Aparecida de Goiânia. As obras iniciaram em 2015 e vão atender cerca de 120 mil usuários, segundo o Blog Planalto da Presidência da República. O eixo propõe uma solução à necessidade de deslocamento entre a população de Aparecida de Goiânia e a Zona Central de Goiânia, onde grande parte desses usuários trabalham. Ainda que o EIXO NORTE-SUL utilize em alguns percursos, o uso das vias de carros, o mesmo eixo desmatará aproximadamente 2 mil árvores existentes nessas avenidas. Muitos moradores se revoltaram com a situação, pois muitas dessas árvores foram plantadas nos primeiros anos de surgimento de Goiânia e têm importante papel no cotidiano da população dessas regiões. Imagem 122: Reportagem do Jornal O Popular. Fonte: Site Jornal O Popular, 2015.
Imagem 123: Obras do corredor de BRT NORTE-SUL, e ao fundo palmeiras que serão desmatadas. Fonte: Site Jornal O Popular, 2015.
“Ao passar por ali, me veio apenas um sentimento de tristeza pela forma tão brutal e irresponsável com que ocorreu a retirada dessas árvores.” Depoimento de Rodrigo Mendonça para o Jornal Annhanguera. Fonte: Site G1 Goiás.
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Com o clima semi úmido, a cidade apresenta variação de temperatura entre 18,8 ºC a 21 ºC nos meses mais frios e de 29 °C e 32°C nos meses mais quentes. Fernandes (2007) evidencia que a respeito do clima, a cidade de Goiânia se insere em uma linha imaginária de transição entre a zona tropical e subtropical. Figura 124: Mapa de Clima do Brasil. Fonte: IBGE.
As precipitações médias da cidade são por volta de 1576 mm anuais. Ribeiro (2011) destaca que os meses de novembro a março são bastante chuvosos, e de maio a setembro são de período de seca. Os outros dois meses, abril e outubro são meses de transição onde as precipitações estão em equilíbrio se comparado ao restante do ano. Nota-se que a cidade apresenta uma divisão marcante entre o clima quente e úmido e o quente e seco. LAYER CINZA
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PARTE III
A época seca é caracterizada por ventos que se originam de leste e sudeste e levam pouca umidade para a cidade. Já na época chuvosa, os ventos trazem do norte e nordeste uma alta taxa de umidade. Analisando os dados de nebulosidade, insolação e radiação solar, podemos observar que no período chuvoso a cidade possui uma insolação menor, mesmo nos dias mais longos, devido a grande nebulosidade. No período de seca, há forte insolação, pois poucas nuvens são identificadas.
Imagem 125: Pedestre durante dia quente em Goiânia. Foto: Cristina Cabral, 2011. Fonte: G1.
Os problemas de inundação e alagamento em Goiânia são causados principalmente pela falta de permeabilidade do tecido urbano da cidade. A topografia e o planejamento urbano de Goiânia auxiliam nessas adversidades urbanas nos períodos mais chuvosos, que também permitem o aumento do volume de água dos córregos e do Rio Meia Ponte.
Imagem 126: Inundação no Viaduto João Alves de Queiroz, em Goiânia. Foto: Mais Goiás. Fonte: Site Fapegl.
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Imagem 128: Fachada Oeste com elementos de proteção vertical de edificação, localizano na Alameada dos Buritis, em Goiânia. Foto: Autor, 2016
Imagem 127: Carta Solar de Goiânia. Fonte: Site PUC GO, 2016.
Para um melhor projeto de futuras edificações em Goiânia, é importante analisarmos a Carta Solar da cidade onde o projeto será inserido. Por se tratar de uma cidade com clima quente durante a maior parte do ano, os edifícios de Goiânia devem ser planejados visando a diminuição da temperatura de seus ambientes sempre que possível. Desse modo, ao analisarmos a carta solar da cidade, percebemos que as edificações com fachadas voltadas a leste e sul são mais privilegiadas se comparadas as outras. A fachada leste durante todo o ano recebe sol somente no período da manhã e a fachada sul recebe insolação em poucos dias do ano. As fachadas Norte e Oeste da cidade prejudicam o conforto térmico de edificações com aberturas para esses sentidos. A fachada norte recebe insolação durante todo o dia na maior parte do ano, enquanto a fachada oeste recebe insolação no período da tarde durante todo o ano. Por conta do traçado urbano, em alguns casos, não é possível privilegiar nos projetos as fachadas com menos insolação, portanto, alternativas de proteção solar são inseridas nos edifícios, tornando os ambientes agradáveis aos usuários.
PARTE III
O VERÃ
OUTONO
PRIMAVERA
Imagem 129: Esquema do clima da Cidade de Goiânia. Fonte: Autor, 2016.
GOIÂNIA
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PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
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INSOLAÇÃO
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A geomorfologia do solo da cidade, de acordo com Ribeiro (2010), apresenta uma proposta de compartimentação do Diagnóstico Hidrogeológico da Região de Goiânia que pode ser dividida em quatro partes. A primeira divisão é a Depressão do Meia Ponte que está presente na extensão do rio e dos principais afluentes, o ribeirão João Leite e Anicuns. Apresentando altitude de 690 a 750m, são regiões com intensos processos de erosão e acumulação. Por conta das enchentes, possui alto risco de contaminação das águas subterrâneas e contaminação das planícies. A segunda divisão é o Planalto Dissecado, com relevo ondulado e solos rasos, sua altitude varia entre 760 e 1000m. Apresenta bom escoamento superficial, porém apresenta redução da infiltração e suas águas subterrâneas são pouco expostas à contaminação.
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Imagem 130: Diagnóstico Hidrogeológico da Região de Goiânia. Fonte: Governo do Estado de Goiás, 2003.
Depressão do Meia Ponte Planalto Dissecado Planalto Rebaixado Residuais de Aplainamento
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PARTE III
Ribeiro (2010) diz que a terceira divisão é a de Planalto Rebaixado e tem como característica a altitude entre 760 e 1000 m semelhante ao Planalto Dissecado. Contudo, possui um relevo mais plano se comparado ao anterior. É uma região bastante rica em estratos, mas grande parte deles já se encontram degradados com a expansão urbana. Como última divisão estão os Residuais de Aplanamento, com declividades superiores a 45% e altitude acima de 800 m, os solos são rasos e o relevo ondulado. Apresenta problemas de erosão. Sua infiltração e recarga, devido a grande inclinação, não favorece o aquífero. Por apresentar grande amplitude, formam um anel elipsoidal no entorno dos morros e morrotes no centro dos planaltos. É uma área de formação rochosa, e segundo a Ribeiro (2010), possui pedregosidade elevada.
Imagem 131: Vista da cidade a partir do Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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Figura 132: Morro do Mendanha em Goiânia. Foto: Autor. 2016.
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A cidade é ‘cortada’ no sentido noroeste-sudeste pelo Rio Meia Ponte que se estende até os limites do estado, desaguando no Rio Paranaíba. O rio se encontra na Bacia do Rio Paranaíba e dentro dela, na Bacia do Rio Meia Ponte. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, apresenta uma drenagem de 12.180 km² que abrange cerca de 38 municípios que lança mais de 183 mil m³ de esgoto doméstico no rio por dia e cerca de 1 tonelada de resíduos sólidos diariamente. Infelizmente é um dos rios mais poluídos do Brasil. Pouco tem sido feito, em Goiânia, para a limpeza e preservação do rio. O Meia Ponte vem sofrendo com o decorrer dos anos por diversos problemas de desmatamento em sua extensão e restam poucos fragmentos de vegetação nativa. As margens do rio no passado foram ocupados e atualmente, em alguns pontos da cidade, as pessoas não respeitam o limite de preservação e ocupam as margens de seu leito.
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Imagem 133: Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba com destaque da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte. Fonte: Departamento de Geoprocessamento e Informática.
Figura 133: Bacia do Rio Meia Ponte, em destaque a cidade de Goiânia. Fonte: Governo do Estado de Goiás, 2003.
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MAPA 08
PARTE III
Além do Rio Meia Ponte, a rede hidrográfica da cidade é composta por quatro ribeirões, em que destaca-se o Ribeirão João Leite que abastece a cidade e por conta da barragem em um de seus limites, forma o maior lago da cidade, localizado na zona norte de Goiânia. Os córregos que cortam Goiânia infelizmente sofrem com as ocupações irregulares. Na zona construída da cidade, as margens são fortemente retidas pelas construções, tanto residenciais como comerciais, que foram ocupadas pelo crescimento desordenado da cidade.
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134: Córrego Cacavel canalizaGoiânia. Fonte: Google Maps, 2016.
Imagem 135: Ocupação irregular às margens do Rio Meia Ponte. Fonte: Google Maps, 2016.
Imagem 136: Canalização no Córrego Vaca Brava em Goiânia. Foto: Ernesto Augustus. Fonte: Site Guiaecológico.
Outra questão problemática foi a canalização desses corrégos. Essa medida impede que os rios infiltrem no solo e consequentemente não cheguem ao lençol freático. Alguns desses córregos são o Córrego Botafogo e Cascavel, que apesar de serem canalizados, ainda são abertos.
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verde
Com grande significado para o presente trabalho, a árvore é o embrião para a incorporação da infraestrutura verde e deve ser constantemente valorizada para o planejamento de uma cidade sustentável. No Brasil, culturalmente, por ser um país com grande diversidade de ecossistemas e com grandes parcelas de vegetação, pouco se valoriza esse bem. A população, em sua maioria, não reconhece a importância da vegetação no meio urbano, dessa forma, espaços são aterrados e ecossistemas destruídos. Poucos profissionais em seus projetos, levam em conta a presença de árvores existentes nos locais de futuros empreendimentos. Além do enfraquecimento do não pertencimento da edificação ao local, a qualidade ambiental é debilitada. Essas vegetações, em muitos casos, estão há décadas nos locais e cumprem um papel significativo, tanto do ponto de vista histórico e cultural quanto no caráter urbano. Imagem 137: Árvore no Jardim Botânico, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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PARTE III
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e é encontrado em praticamente todo o território goiano. Com vegetação típica de troncos retorcidos, cascas grossas e folhas espessas, é um ecossistema bastante diversificado que conta com aproximadamente 11,6 mil tipos de plantas, segundo dados do Governo de Goiás. Goiânia, construída na região central do estado, pouco valorizou a importância do Cerrado para a região durante seu crescimento. Diante da urbanização descontrolada, a cidade negou as árvores de troncos retorcidos, as flores amareladas e a rica flora que o bioma possui. Atualmente existem poucos pontos de vegetação nativa do Cerrado na capital, sendo encontrados em alguns parques e espaços de preservação, como por exemplo, o Morro da Serrinha.
Imagem 138: Vegetação de Cerrado no Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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“O Cerrado, durante muito tempo, foi considerado terra de pouca fertilidade, apropriada apenas para algumas culturas agrícolas e a criação de gado. No entanto, atualmente se reconhece a importância desse ecossistema como depositário de grande diversidade de fauna e flora, sendo que no seu interior encontra-se uma variedade significativa de comunidades e formas de vegetação de estruturas diferentes do Cerrado típico, com a presença de campos, Matas Ciliares ou Galerias às margens dos cursos d’água é também de Veredas.” (FRANCO & VITAL. Artigo Ed 01. Lab. Verde).
Os parques urbanos, além de desempenharem funções sociais como o lazer, prática de esportes, interação entre a população, também influenciam na questão ambiental, na diminuição da temperatura, proteção dos recursos hídricos, redução da poluição, manutenção dos ecossistemas existentes e diversos aspectos que contribuem para as cidades. Goiânia, reconhecida popularmente como a “Cidade dos Parques”, possui cerca de 187 parques urbanos em sua malha urbana e tem esses espaços, como elementos estruturadores da vida urbana. Como elemento de fundamental importância para o cotidiano dos goianienses, os parques da capital são utilizados predominantemente para caminhadas, corridas e atividades de lazer.
Imagem 139: Bosque dos Buritis, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
O Parque Vaca Brava, Areião, Lago das Rosas, Flamboyant e Bosque dos Buritis são os mais utilizados pelos cidadãos. Possuem espaços para crianças, pista de caminhada, espaços livres para a contemplação, trilhas entre os bosques e reservas ecológicas em suas áreas. Além dos moradores próximos à esses espaços, muitas pessoas se locomovem para os parques utilizando o transporte individual. A justificativa para a forte presença de automóveis ao redor dos espaços livres é determinada também, pela falta de infraestrutura que conecte esses espaços às pessoas que estão em regiões distantes.
PARTE III
Além dos parques urbanos, as praças de Goiânia fazem parte da cobertura verde da cidade. O crescimento da capital aliado a especulação imobiliária, proporcionou o enfraquecimento da presença desses espaços livres na urbe. O Setor Oeste apresenta uma quantidade significativa de praças se relacionarmos a outras regiões da cidade, como o Setor Bueno. O entorno de parques e praças conformam na cidade, espaços de interesse do capital imobiliário, tornando essas regiões espaços segregadores e especulativos que são alvos das grandes incorporadoras e construtoras. Imagem 140: Praça T-25 no Setor Bueno, em Goiânia. Fonte: Google Maps, 2016.
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Goiânia apresenta cerca de 94 metros quadrados de área verde por habitantes, o que a categoriza como a cidade brasileira com maior índice de árvores por pessoa. Como incentivo ao plantio de árvores na cidade, a prefeitura criou o Programa Plante a Vida, que consiste na distribuição gratuita de mudas para a população, estimulando o plantio de árvores nas calçadas, canteiros centrais de vias, rotatórias, parques e praças. Apesar do incentivo da prefeitura para o plantio de árvores, o que se tem visto na cidade atualmente é uma degradação dessas áreas frente ao crescimento da cidade. MAPA SÍNTESE
Imagem 141: Muda plantada no Morro da Serrinha, em Goiânia. Fonte: Autor, 2016.
MAPA 10
Imagem 142: Vista de Goiânia a partir do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
PARTE II
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Baseado no relatório técnico de Plano Diretor - PD/2007, Ribeiro (2010) destaca os problemas encontrados em relação ao meio ambiente em Goiânia que são: o desmatamento intenso no tecido urbano da cidade, por conta de parcelamentos mal projetados, e a falta de gestão nas áreas protegidas de vegetação nativa. Outro problema encontrado é o fato de diversas áreas verdes de Goiânia se encontrarem em estado de degradação ocasionados pelo descuido por parte das instituições públicas da cidade e do estado. Os espaços livres que não recebem investimento e como consequência, não possuem manutenção, acabam sendo reféns do processo de degradação ambiental e de ocupações irregulares que ocasionam a perda do ecossistema original. Além dos espaços livres nas regiões menos urbanizadas da cidade, existe também espaços degradados em regiões mais construídas, como o Morro da Serrinha, localizado na Zona Sul de Goiânia.
O MORRO
SERRINH Bosque dos Buritis; ao fundo, edificações da Praça Cívica, 1937*. Alois Feichtenberger. Goiânia – GO. Acervo MZA/MIS|GO.
PROJETO O DA O MORRO DA SERRINHA, PROPOSTAS DE PLANEJAMENTO PARA A CIDADE
HA
CAPÍTULO IV
4.1 - PROPOSTAS DE PLANEJAMENTO URBANO PARA A ZONA SUL “O planejamento para a vitalidade deve propiciar uma interpenetração contínua de vizinhanças, cujos usuários e proprietários informais possam dar uma grande contribuição mantendo a segurança dos espaços públicos, lidando com estranhos, de modo que sejam um trunfo e não uma ameaça, garantindo a vigilância informal das crianças nos lugares públicos.” JACOBS, (2010). Tendo o Morro da Serrinha como área de proposta projetual e elemento que hoje apresenta-se isolado no tecido urbano, buscou-se analisar a área de entorno do local, mais precisamente a Zona Sul da cidade, onde o morro está localizado, a partir da leitura em uma escala setorial . Segundo Vital (2012), a análise do espaço aberto em uma escala setorial visa a estruturação da identidade cultural, habitabilidade e paisagem cultural. A partir da leitura dos layers da cidade de Goiânia, foi analisado como a cidade se constituiu e se consolidou, a fim de resolver alguns dos problemas que a urbe possui e poderá apresentar com o desenvolvimento.
Praça Cívica Hipódromo
Estádio Serra Dourada
ZONA SUL
Morro da Serrinha
Image 143: Zona Sul de Goiânia. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Earth, 2016.
PARTE IV
Podemos observar que a zona sul da cidade, ambientalmente, apresenta uma forte presença de córregos e parques em sua área. Esses parques, possuem nascentes dos córregos Botafogo, Serrinha, Mingau, Cascavel, Vaca Brava, Areião e Somidouro que em sua maioria são canalizados e apresentam suas margens ocupadas por edificações. Além dos problemas da canalização, a própria malha urbana e uso prioritário das vias para o carro, não proporcionam a ligação entre os espaços livres.
Imagem 144: Córrego Cascavel no Jardim América. Fonte: Jornal O Popular, 2014.
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Imagem 145: Marginal Botafogo às margens do Córrego Botafogo. Fonte: Google Earth, 2016.
Se tratando de uso e ocupação da Zona Sul, ela é a região com maior verticalização de Goiânia. Com população de 221.925 habitantes, segundo o Censo de 2010, a maior parte das edificações são habitacionais, sendo que a região concentra um alto número de escolas, clínicas e os mais variados tipos de serviços e comércios da cidade. Imagem 146: Edificações no Setor Bueno. Fonte: Google Earth, 2016.
Morro da Serrinha
ParqueVaca Brava
Apesar de possuir uma variedade de usos em sua extensão, o meio de locomoção principal dos moradores é o carro. O traçado urbano foi desenhado tento o carro como elemento estruturador na locomoção dos cidadãos. A maioria das vias possuem faixa dupla e canteiro central no meio arborizado, as calçadas possuem dimensões variando entre 3 a 6 metros de largura, porém a arborização é rarefeita, principalmente nas vias comerciais.
Imagem 147: Avenida Dom Emanuel em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Nota-se que os canteiros centrais arborizados, valorizam o bem estar da população, mas tem como foco também o conforto climático dos veículos e o embelezamento das ruas. O contato entre os pedestres é predominantemente visual, e o sombreamento que essas árvores poderiam proporcionar para o caminhar é retido no centro das ruas e avenidas. Alguns canteiros centrais são estreitos e não possibilitam a circulação de pessoas mas outros tem grande potencial de via para pedestres, como o canteiro da Alameda Couto Magalhães que dispõe de uma grande massa arbórea e área para que as pessoas possam utilizar, todavia não são acessíveis.
Imagem 148: Avenida Couto Magalhães no Setor Bela Vista, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV
De acordo com Gehl (2011), a maior parte da população em média, dependendo da qualidade das calçadas, se dispõe a caminhar cerca de 500 metros de maneira confortável. Assim o espaço para o andar, deve ser limpo e desimpedido de forma a facilitar a transição dos mais diferentes tipos de pessoas, se o percurso for livre de obstáculos a caminhada será mais curta e se possuir dezena de obstáculos, o tempo aumentará . Em cerca de 5 minutos, pode-se caminhar 450 metros e em 10 minutos para 900 metros a uma velocidade de 5,4 km/h, em calçadas sem obstáculos e que atendam a demanda de usuários. Gehl (2011) relata que o automóvel fez com que os pedestres fossem empurrados contra a fachada dos prédios e depois nas calçadas, que progressivamente estão cada vez menores. A cidade recentemente implantou ciclofaixas e algumas ciclovias em algumas zonas da cidade, a fim de possibilitar o uso da bicicleta como um equipamento de lazer. Porém a maioria desses percursos estão retidos ao uso no domingo, em um tempo horário específico, cumprindo um período muito curto de uso. As ciclovias e ciclofaixas não apresentam uma conexão entre os Bairros, sendo que a maioria encontra-se ao redor dos parques e predominantemente são usadas apenas para o lazer, não sendo pensadas como modal de transporte.
Imagem 149: Ciclovia na Zona Sul de Goiânia. Foto: Autor, 2016.
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Levando em conta a situação atual da Zona Sul, seus elementos de conexão, tipologia de ruas, espaços livres e problemas de circulação, é proposto, no presente estudo, uma reconexão da região através de corredores verdes e a revitalização e requalificação de parques para a cidade.
Imagem 150: Diagrama Reflexivo do planejamento para a cidade. Autor, 2016.
O Diagrama Relexivo 5 representa o conceito da proposta de conexões entre os espaços livres da Zona Sul de Goiânia.
PARTE IV
O projeto busca realizar uma conexão entre os mais diferentes espaços livres, tanto em praças, parques, como em espaços sub-utilizados. É importante que a topografia, hidrografia, vegetação, malha urbana possuam, nessa ligação, uma plena qualidade ambiental urbana. Como diretrizes projetuais para a implementação da infra estrutura verde na Zona Sul de Goiânia, estão:
(A)
Criação de corredores (eixos) que visem uma maior urbanidade na cidade e reestruturação do traçado das vias:
Imagem 151: Avenida Antônio Martins Borges, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
Imagem 152: Jardim Botânico em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
EIXO VERDE: Conexão entre parques e praças existentes que proporcionem a interação e troca entre os diferentes ecossistemas de um espaço livre e outro, trazendo uma forte ligação ecológica entre esses espaços. Por possuir diversas instituições escolares na Zona Sul, o Eixo Verde proporcionará uma reeducação ambiental para os estudantes, onde além de funcionar como meio de locomoção às escolas também, proporcionará o deslocamento de passeios escolares entre os parques e praças. Além disso o eixo funcionará como importante via de lazer para a população, tanto por meio de caminhadas que já estão presentes nos pricipais parques da cidade, mas na transição entre um espaço e outro. As atividades esportivas e demais competições que atualmente são realizadas no interrompimento das ruas, poderão ser praticadas no Eixo Verde de forma a minimizar os problemas de tráfego dos outros transportes.
123
Imagem 153: Proposta de implantação dos Eixos Verdes na Zona Sul de Goiânia. Autor, 2016.
PARQUES
PRAÇAS E BOSQUES CÓRREGOS
MORRO DA SERRINHA EIXOS VERDE
0
1km
PARTE IV
“(...) Muitas vezes os esforços para melhorar as condições de vida urbana e dos ciclistas se combinam com o plantio de novas árvores e com a expansão das áreas verdes urbanas. (...)” (GEHL,2011).
Imagem 154: Corte esquemático da Av T-4 em Goiânia. Autor, 2016.
Imagem 155: Corte esquemático da proposta de Eixo Verde na Av T-4 em Goiânia. Autor, 2016.
Imagem 156: Croqui de proposta para o canteiro central da Alameda Couto Magalhães em Goiânia. Autor, 2016.
125
EIXOS LARANJAS: Requalificação das calçadas de ruas e avenidas que percorrem os bairros mais densos da cidade e que serão reestruturadas visando a diminuição do tráfego de veículos e priorizando a circulação de pessoas, com alargamento das calçadas, fiação subterrânea, melhor arborização, implementação de ciclovias em alguns eixos e equipamentos públicos que visem um maior atrativo à utilização das calçadas.
157
159 Imagem 160: Proposta de calçada para alguns trechos dos Eixos Verde, Laranja e Violeta. Autor, 2016.
158 Imagem 157 a 159: Estudos de mobiliário urbano. Autor, 2016.
Os materiais escolhidos para a revitalização das calçadas seriam o concreto para bancos; aço corten para os bicicletários, lixeiras e postes de iluminação e o piso da calçada intertravado drenante.
Imagem 161: Piso intertravado drenante; Imagem 162: Banco em concreto; Imagem 163: Aço corten. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV
127
Imagem 164: Proposta de implantação dos Eixos Laranja na Zona Sul de Goiânia. Autor, 2016.
PARQUES
PRAÇAS E BOSQUES CÓRREGOS
MORRO DA SERRINHA EIXOS LARANJA
0
1km
EIXOS VIOLETA: Além da arborização das calçadas e reestruturação do equipamento público das calçadas, os Eixos Violetas funcionarão como ligação entre os Eixos Laranja, Verde e os demais sistemas de transporte da cidade. Realizará a conectividade entre terminais, ciclovias, bicicletários, estacionamentos, pontos de BRT e de ônibus circulares.
Imagem 165: Terminal Isidória, na Zona Sul de Goiânia. Site RMTC, 2016.
Imagem 166 a 167: Croquis de bicicletarios. Autor, 2016.
Imagem 168: Esquemas de Conexão do Eixo Violeta na Av. 85. Autor, 2016.
PARTE IV
129
Imagem 169: Proposta de implantação dos Eixos Violeta na Zona Sul de Goiânia. Autor, 2016.
PARQUES
PRAÇAS E BOSQUES CÓRREGOS
MORRO DA SERRINHA EIXOS VIOLETA
0
1km
PARQUE LINEAR CASCAVEL
(B)Como
complementação aos Eixos Verde, Laranjas e de Conexão da Zona Sul, é proposto a criação de outro parque linear, o Parque Linear Cascavel e a retomada do Parque Linear Botafogo que foi engolido pelo desenvolvimento da cidade e hoje, apresenta somente uma parcela de vegetação, recortada por vias. Além dos parques Lineares, é proposto através da parceria entre o poder público e a iniciativa privada, a retomada do Parque das Paineiras, no Setor Sul, que pertencia ao planos iniciais da cidade e acabou sendo ocupado pela empresa telefônica VIVO, Companhia Saneamento de Goiás S/A e Universidade Salgado de Oliveira. E a criação do Parque da Serrinha, na região do Morro da Serrinha, que será o objeto de estudo desse trabalho.
Imagem 170: Proposta de implantação dos Parques e Eixos na Zona Sul de Goiânia . Autor, 2016.
PARTE IV
PARQUE LINEAR BOTAFOGO
PARQUE DAS PAINEIRAS
PARQUE DA SERRINHA
PARQUES
PRAÇAS E BOSQUES CÓRREGOS
MORRO DA SERRINHA
PARQUES PROPOSTOS
131
0
1km
4.2 - ANĂ LISE DO ENTORNO
Imagem 171: Recorte do entorno do Morro da Serrinha. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
PARTE IV
133
MALHA URBANA
Ao analisarmos o tecido urbano ao norte do Morro pertence ao Setor Bueno e Setor Bela Vista, que apresentam traçados predominantemente ortogonais com quarteirões de medidas 100x170 metros, aproximadamente, facilitando a conexão com o restante da cidade. Ao leste, o Setor Pedro Ludovico, possui uma malha ortogonal, porem com variações quanto ao formato dos quarteirões. Nos quarteirões que fazem divisa com o morro e os quarteirões ao sul, não há uma ortogonalidade tão rígida, proporcionando ruas com difícil conexão e fortalecendo o “isolamento” do Morro da Serrinha ao restante da cidade.
USO E OCUPAÇÃO
Localizado na extremidade da Zona Sul próximo a conurbação entre a cidade de Aparecida de Goiânia, o Morro da Serrinha situa-se em uma região predominantemente residencial, com a existência de comércios, serviços e equipamentos institucionais, incluindo as próprias empresas que se instalaram no morro, como será mencionado nesse capítulo. Por se tratar de uma região mais alta da cidade, nos quarteiros próximos, há edificações de redes de televisão como a TV Anhanguera (A) e a TV Goiânia Band (B). Além das emissoras, outros marcos na paisagem da região são o Hipermercado Extra (C), Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás (D), a Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (E), Escola Municipal Manoel José de Oliveira (F),Saneago (G), Faculdade Alfredo Nasser (H) , UNIP (I) e o Jardim Botânico (J).
Imagem 172: Recorte do entorno do Morro da Serrinha com destaque aos principais equipamentos. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
A
PARTE IV
G
F
A - TV Anhanguera B - TV Goiânia Band C - Hipermercado Extra D - Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás E - Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade F - Escola Municipal Manoel José de Oliveira G - Saneago H - Faculdade Alfredo Nasser I - UNIP J - Jardim Botânico
E
C
D
B
135
50 0m
J
I
H
Imagem 173: Mapa de uso e ocupação do solo em um raio de 500 m. Autor, 2017.
2 1
4 2
3 RESIDENCIAL COMÉRCIO SERVIÇOS INSTITUCIONAL
1:7500 3 Imagem 174: Vista da Rua T-38, com predominância de edifícios habitacionais . Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
1
4
PARTE IV Imagem 175: Vista da Avenida 85, com Hipermercado Extra ao lado esquerdo, Escola Municipal José de Oliveira ao lado direito e Morro da Serrinha ao fundo. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
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Imagem 176: Vista da Rua 1105, com predominância de habitações. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
Imagem 177: Vista da Avenida Quarta Radial, com predominância de comércios e serviços. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
Imagem 178: Mapa de uso e ocupação do solo em um raio de 500 m. Autor, 2017.
CHEIO VAZIO
PARTE IV
CHEIOS E VAZIOS A região tem uma alta ocupação de uso de solo, predominando ao sul edificações com gabarito baixo de um a três pavimentos e ao norte, edifícios residenciais de vinte a trinta pavimentos. Há algumas áreas privadas vazias que são identificadas como áreas de especulação imobiliária . O Morro da Serrinha sendo uma área de preservação ambiental, com poucas edificações é um importante vazio urbano na paisagem.
139
Imagem 179: Arborização no entorno da área de estudo. Elaborado pelo autor. Fonte: Google Maps, 2016.
ÁRVORES NO ENTORNO
ARBORIZAÇÃO
O entorno do Morro da Serrinha apresenta uma baixa arborização nas avenidas principais, por onde acontece o maior deslocamento de pessoas. Nas ruas residenciais, as presença de árvores é mais intensa e predomina plantas de porte médio e alto. Além de árvores frutíferas como mangueiras, é muito comum o plantio de oitis, acácias, sibipirunas e sete-copas, além de outras espécies.
PARTE IV
141
Imagens 180,181,182 e 183: ร rvores prรณximas รก รกrea do Morro da Serrinha. Autor, 2017.
SISTEMA VIÁRIO
Próximo à área, quatro importantes avenidas passam pela região, a Avenida T-85 que possui corredor exclusivo de ônibus, Avenida T-4, Avenida Feira de Santana e Avenida Quarta Radial, que futuramente será reestruturada para o projeto do Corredor de BRT Norte e Sul, em implantação na capital. Essas avenidas, apresentam canteiro central e duas faixas de rolamento em cada sentido. Suas calçadas são bastante degradadas e possuem baixa arborização se comparada às ruas que cortam os bairros da região. As ruas, são predominantente de sentido único e suas calçadas tem grandes dimensões.
Imagem 184: Mapa do Sistema Viário do entorno do Morro da Serrinha. Autor, 2017.
PARTE IV
143
LEGENDA: VIAS ARTERIAIS VIAS COLETORAS VIAS LOCAIS PONTOS DE Ã&#x201D;NIBUS
MAPA SÍNTESE DE ANÁLISE DO ENTORNO Ao analisar o entorno do Morro da Serrinha aliado as propostas de corredores verdes desse trabalho, percebe-se importantes aspectos para a estruturação do Parque da Serrinha. Há uma grande influencia dos corredores de onibus que passam próximos á área para o futuro projeto além das vias que conectam o morro ao restante da cidade. Os edifícios próximos tambem auxiliam no desenvolvimento de possíveis propostas de programa para a área. Percebe-se além disso, uma precariedade de espaços de lazer na região, que fortaleçam a conectividade do bairro nos aspectos sociais e ambientais. Dessa forma, é primordial para o fortalecimento do projeto a análise do entorno sintetizada com a análise do proprio morro.
Imagem 185: Mapa síntese de estudo do entorno. Autor, 2017.
145
PARTE IV
4.3 - O MORRO DA SERRINHA Localizado na zona sul da cidade, entre o Setor Pedro Ludovico e o Bairro da Serrinha, o morro possui área de 107.698 mil m² e perímetro de 1450 metros com 819 metros de altitude.
perspectiva doGOIÂNIA EARTH DO MORRO
APARECIDA DE GOIÂNIA
0 Imagem 186: Localização do Morro da Serrinha em Goiânia. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps
8km
PARTE IV
A história do Morro da Serrinha se inicia pelo fundador da cidade, Pedro Ludovico Teixeira, que na década de 1930, a partir dele, avistou onde se iniciaria a construção de Goiânia. O morro, era local onde Pedro Ludovico cavalgava e por apresentar grande visibilidade na região, foi o ponto em que proporcionou uma melhor leitura do futuro território goianiense. Posteriormente, com a contratação de Atílio Corrêa Lima para o planejamento da cidade, o arquiteto propunha no primeiro plano diretor da cidade, a criação futura de um parque na área. O morro é tido oficialmente como Espaço Livre Público pelo Decreto nº 70 no ano de 1957 que aprovou também a regulamentação do Bairro da Serrinha.
his tó ria “Foi vistoriando as terras, montado a cavalo, na região da Serrinha, que Pedro Ludovico decidiu-se de que aqui seria a nova Capital” (TELES, 1998)
Imagem 187: Pedro Ludovico Teixeira. Foto: Autor Desconhecido. Goiânia – GO. Fonte: Acervo MIS|GO.
147
Entre a década de 1970 e 1990 houve inicialmente a instalação no morro, da empresa de telefonia Embratel que além de edificação administrativa, realizou a construção de torres de transmissão. Além da Embratel, a Saneago (Companhia Saneamento de Goiás S/A) se instalou no Morro da Serrinha construindo um reservatório de Imagem 188 e 189: Antenas de transmissão no local; Imagem 190: Placa informativa da SANEAGO Foto: Autor, 2016.
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PARTE IV Imagem 191: Placa informativa da SANEAGO; Imagem 192: Instalações da Embratel; Imagem 193: Torre de transmissão. Foto: Autor, 2016.
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Imagem 194: Instalações da OI Telefonia no Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
Posteriormente a Oi Telefonia construi algumas edificações administrativas e torres de transmissão. Além dessas empresas, o morro foi ocupado por uma residência e um comércio na sua extremidade noroeste, e em sua área é constante a ocupação de evangélicos acampando entre as matas. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás (SEMARH) as três empresas e a ocupação, não apresentam licença de instalação no morro e se inseriram de forma irregular na área.
Imagem 195: Ocupações irregulares nas bordas do morro. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV
Várias propostas e tentativas de utilização da área foram planejadas. Dentre elas houve a criação do Porto de Telecomunicações (Teleporto) no ano de 2002, que previa a construção de quatro torres no local e destruiriam com o ecossistema existente. Porém, no ano de 2004, através de Ação Civil Pública Ambiental, realizou-se a proibição do projeto.
Imagem 196: Representantes de entidades ambientalistas e estudantes da rede pública de ensino abraçaram ontem, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Morro Serrinha, na região sul de Goiânia. Foto: Autor desconhecido, 2008. Fonte: Site Associação dos Amigos do Morro Serrinha.
No ano de 2008 houve uma intensa mobilização por parte da sociedade na criação do Parque Ecológico da Serrinha. A Associação dos Amigos do Morro Serrinha, foi a principal mobilizadora da criação do parque na época, além de apoio da população da região, ambientalistas, políticos e estudantes compunham a associação. Dentre os eventos que se destacaram foi o “Abraço ao Morro”, que segundo o jornal Diário da Manhã, reuniu cerca de 3 mil pessoas abraçando o morro no Dia Mundial do Meio Ambiente. Apesar das tentativas, o parque não foi criado e ainda hoje planeja-se a criação do Parque da Serrinha. No mês de abril de 2016, em reunião do poder público do estado, discutiu se uma proposta para a criação do decreto que crie o Parque da Serrinha, porém nada foi concretizado posteriormente.
151
na tu re za Imagem 197: Vegetação de Cerrado do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
A vegetação do morro segundo Barbosa (1996), é de cerrado stricto sensu e campo, e não é encontrado em outro local de Goiânia o mesmo tipo de unidade de conservação. O morro conforme o autor, proporciona um papel fundamental na recarga pluviométrica que alimenta o lençol freático do Córrego Botafogo e Parque Amazônia. Além disso o local realiza a preservação da fauna e flora da região. Segundo Rodrigues et al. (2012) dentre as espécies catalogadas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, estão: Gonçalo Alves (Astronium fraxinifolium), mama-cadela (Brosimum gaudichaudii), lixeira (Curatela americana), bolsa-de-pastor (Zeheria montana Mart.), laranjinha do cerrado (Esenbeckia febrífuga), Ipê-amarelo (Handroanthus albus), murici florido (Byrsonima crassifolia), pau-terra (qualea grandiflora) e algodãozinho-do-campo (Cochlospermum regium). São cerca de 72 espécies encontradas na área, que sobrevivem as mais diversas formas de degradação do morro. Além da vegetação, no Morro da Serrinha já foram encontrados alguns animais como a seriema (Cariama cristata), jaritataca (Canepatus semistriatus), rato-do-cerrado (Kunsia tomentosus), calangoverde (Ameica ameica), rolinha-vaqueira (Uropelia campestres) e outras.
PARTE IV Imagem 198: Arborização da área de estudo. Elaborado pelo autor. Fonte: Google Maps, 2016.
153 ÁRVORES NO MORRO
1:7500
Imagem 199: Vegetação de Cerrado do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
Imagem 200: Processos erosivos no Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
Algumas partes da área estão expostas e compactadas, com erosões proporcionadas pela retirada do solo e de vegetação natural. Além de ser desmatado por parte da população, o cerrado do local é alvo constante de incêndios florestais que acontecem todo ano, acarretado por secas e pelo calor. O Morro da Serrinha é identificado também, pelos moradores, como um depósito de lixo, onde montanhas de resíduos sólidos são depositados nas calçadas, no seu topo e até mesmo nas ruas que o delimitam.
Imagem 201: Erosões no Morro da Serrinha. Foto: RODRIGUES, Thiago, 2016.
PARTE IV
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondose ao poder público e à coletividade o dever de preservá-lo para presente e futuras gerações” (Artigo 225, da Constituição Federal Brasileira)
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Imagem 202: Incêndio no Morro da Serrinha. Foto: Autor desconhecido, 2012. Fonte: Site G1.
po pu la ção Além de ser importante ponto de visualização da cidade e funcionar como mirante para Goiânia e Aparecida de Goiânia, a população utiliza a calçada do morro como pista de caminhada e corrida. Infelizemente essas calçadas estão em um péssimo estado de conservação e inacessíveis, fazendo com que os usuários utilizem, em alguns trechos, a rua.
Imagem 204: Calçadas do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
Imagem 203: Pessoas caminhando no morro. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV
Nos últimos anos, o local vem sendo utilizado como espaço de trilhas para ciclistas, motociclistas e também por esportistas de carrinho de rolimã, que aproveitam a íngreme topografia do local para praticarem treinos no morro. A partir do morro já ocorreram alguns eventos de corrida pela cidade que permeiam os principais espaços livres em Goiânia.
Imagem 205: Passeios ciclísticos no Morro da Serrinha; Foto: ALVES, Edson de Melo, 2015. Fonte: Jornal O Popular.
Imagem 206: Cartaz de maratona realizada em Goiânia, com largada no Morro da Serrinha no ano de 2015. Fonte: Jornal O Popular, 2015.
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Imagem 207: Topografia na região do Morro da Serrinha, em Goiânia. Autor, 2016.
+
INCLINAÇÃO
-
1:7500
O Morro da Serrinha, por ser um ponto natural público da cidade e por estar presente em uma região de instituições religiosas, é diariamente visitado pela comunidade evangélica, que utiliza o morro como espaço de orações. Por estar presente na Bíblia, o encontro de Moisés com Deus em um monte e o fato de Jesus subir o Monte das Oliveiras para orar antes de ser crucificado, a utilização por grupos religiosos em morros e montes, é constante.
Imagem 208: Cristãos se reunindo, aos fundos o reservatório de água da SANEAGO. Foto: Autor, 2016.
Os cristãos procuram caminhar tanto em espaços mais reclusos quanto nos caminhos já consolidados, que a própria população do bairro realizou ao se locomover de um lado para outro da área. O subir ao morro, é uma forma dos evangélicos entrarem em contato com Deus e exteriorizarem sua fé e acabam por acampar na área e ficar durante dias realizando suas práticas religiosas.
Imagem 209: Momento de oração no Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV
Os encontros são realizados de forma expontânea e as formas de manifestação, são as mais variáveis possíveis. As línguas estranhas, os grupos de orações, as orações individuais e casais que se encontram apenas para escutarem música gospel, são algumas das formas de ocupação do morro pela comunidade.
Imagem 210: Acampamentos realizados no local. Foto: Autor, 2016.
“Aqui entro em comunhão com Deus, tenho mais liberdade para orar e exercito o ministério que recebi do Senhor” (Vinícius em entrevista ao jornal O Popular em 2014, sobre o local).
Imagem 211: Vista da cidade e cristão orando no Morro. Foto: Autor, 2016.
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Imagem 212: Mulher Foto: Autor, 2017.
orando.
PARTE IV
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Imagem 213: Homem varrendo uma das extremidades do morro, prรณximo a sua casa. Foto: Autor, 2017.
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Apesar dos diferentes usos no local, há reclamações dos moradores do bairro com o abandono da área pelo governo. Os lixos encontrados no local são os mais variados possíveis, desde frutas, garrafas pet, materiais de construção e sofás até televisões quebradas.
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PARTE IV 218
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Imagem 214: Ocupação do morro como estacionamento e quintal; Imagem 215: Desmoronamento de terra; Imagem 216 a 222: Lixos encontrados na área; Imagem 223: Galinha, pinto e lixo. Foto: Autor, 2016.
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FLUXOS
Atualmente os acessos ao morro são realizados pelas ruas que contornam a área e uma estrada de veículos que liga uma extremidade ao topo. Alguns percursos são realizados pelos pedestres criando caminhos que cortam o morro facilitando o acesso .
Imagem 225: Caminhos na área. Foto: Autor, 2016.
Imagem 224: Estrada de veículos e caminhos na parte leste do Morro. Elaborada pelo autor. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV Imagem 226: Percursos no Morro da Serrinha em Goiânia. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps, 2017.
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PERCURSOS DE PEDESTRES RUAS Imagem 227: Caminhos na parte sudoeste do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2016.
1:7500
Por se tratar de um local de importância histórica, ambiental e cultural, o Morro da Serrinha representa um importante potencial para construção de uma futura paisagem cultural. O local apresenta diversos problemas ambientais de degradação e descuido, mas ainda mantem em sua topografia rara na cidade de Goiânia, um dos poucos requícios de Cerrado nativo, e uma relação peculiar da utilização desse espaço. Dessa forma, o morro é um local significativo como bem cultural para a cidade de Goiânia.
MAPA XX
mapa síntese das análises
PARTE IV
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Imagem 228: Perspectiva de Goiânia, em destaque o Morro da Serrinha. Elaborada pelo autor. Fonte: Google Maps.
4.3 - CONCEITO A criação de um parque que revitalizasse a área é algo que vem sendo esperado durante décadas pela população. Esses usuários, tem o Morro da Serrinha como um espaço público de lazer, entretanto, um lugar inseguro e descuidado, onde a população não se identifica. A partir das análises da cidade e do morro, é proposto no respectivo trabalho a criação de um projeto para a área, o Parque da Serrinha. Como forma de custeamento dos custos de implantação do parque, as empresas que se instalaram no morro de forma irregular, através da compensação ambiental, serão responsáveis pelas despesas e futura conservação do local, uma vez que as mesmas geraram degradação ambiental em uma área de importante valor histórico e ambiental. Deste modo, passarão a auxiliar na requalificação e reintegração da área no tecido urbano. Os percursos de conectividade propostos no planejamento urbano do presente trabalho, com a implementação dos eixos verde, laranja e violeta, na Zona Sul de Goiânia, participarão da conexão do Morro da Serrinha com o restante dos espaços livres, e serão complementados com a inserção de ruas para pedestres próximas à área. Essas ruas apresentam uma dimensão reduzida se comparada as outras vias da região e atualmente funcionam como vielas pouco utilizadas pelos veículos. Assim, além de propor outros usos para essas vias, haverá uma maior integração dos pedestres da região com o morro. Os conceitos estudados no trabalho foram determinantes para a definição de três eixos norteadores de projeto que realizariam a recuperação da área e sua integração com a criação do Parque da Serrinha.
legibilidade urbanidade sustentabilidade
PARTE IV Imagem 229: Pedras do Morro da Serrinha I. Autor, 2016.
le gi bi li da de
Como primeiro Eixo Norteador está a Legibilidade, que se manifesta no projeto de maneira a tornar o local um espaço de fácil identificação e percepção dos usuários. A leitura clara do Parque é de fundamental importância para as pessoas se localizarem no espaço e estimular uma maior identificação com o ambiente. A cor é um aspecto que desencadeia uma alta legibilidade, pois além da memória , proporciona uma fácil interpretação na distinção de diferentes locais. Outro aspecto visual seria a diferenciação de alturas e distâncias de visualização, que dependendo, podem proporcionar variadas percepções de um mesmo ambiente. A altura e a distância revelam aspectos que muitas vezes não são percebidos em um primeiro momento e apenas quando explorarmos o ambiente, que passamos a ter novas interpretações.
Imagem 230: Croquis esquemáticos de legibilidade . Autor, 2016.
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Imagem 231: Pedras do Morro da Serrinha II. Autor, 2016.
Aumentar o grau de legibilidade do parque é uma proposta de garantir um melhor entendimento e visibilidade dos usuários no local. Algumas das diretrizes projetuais que garantam a legibilidade no projeto são: a implementação de caminhos com diferentes materiais e diferentes colorações, que possibilitem ao usuário um entendimento maior de onde ele está e para onde vai; a criação de uma rede de iluminação que garanta a visualização do morro não só em um ponto afastado da cidade mas também pelas pessoas que utilizam o local, de forma que a fauna não seja prejudicada; a concepção de eixos de visualização pela área que permitam diferentes visualizações do parque e do bairro; a reestruturação da torre de transmissão em concreto para que funcione como um marco visual e passe a abrigar um mirante com visibilidade para a cidade, e que também proporcione uma leitura do planejamento urbano de corredores verdes, norteando a locomoção de pedestres a partir do local; criação de totens informativos sobre percursos, espécies vegetais, história do local e informações que proporcionem um maior entendimento do Parque da Serrinha; a revitalização das calçadas no perímetro no morro de forma acessível;
Imagem 232: Croqui esquemático de proposta de mirantes. Autor, 2017.
PARTE IV
ur ba ni da de
Imagem 233: Croqui de estudos de calçadas para o Parque da Serrinha . Autor, 2016.
A urbanidade como eixo norteador do projeto, promoverá uma maior vitalidade urbana no local. Tornar o Parque da Serrinha um elemento que seja acessível e permeável de diferentes maneiras, é uma forma de proporcionar um maior uso pela população. A urbanidade que acontece no local de forma restrita, será potencializado pela implantação do projeto, que torna o morro um forte elemento de identificação das pessoas. A urbanidade, não só trata de uma maior utilização do local, mas transforma o cotidiano da vida dos moradores da região que passam a ter o Morro da Serrinha, como um espaço de maior integração ao seu dia dia. A urbanidade, deve ser acessível a toda a população e pensada de maneira a atender desde a criança até o idoso, do cadeirante até a pessoa com deficiência visual. Esses locais que apresentam a urbanidade como fator estrutural em seus princípios, possuem uma rica contribuição para a cidade e promovem a permanência desses espaços que atraem tantas pessoas. Pensar no Morro como espaço de vitalidade urbana é fundamental para a sua consolidação de elemento cultural para a cidade. Imagem 234: Pedras do Morro da Serrinha III. Autor, 2016.
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Imagem 235: Croquis de análise dos eixos norteadores com o projeto. Autor, 2017.
A proposta de melhorar a urbanidade do parque é visto como eixo fundamental para a vitalidade do espaço urbano proposto, uma vez que este, proporcione a utilização do local pelas pessoas nas mais variadas formas. Dentre as propostas estão: a criação de rampas acessíveis ao morro com a utilização dos patamares para outros usos; reestruturação das calçadas com a implementação de equipamentos públicos, como lixeiras, espaços de ginástica, pistas de skate, bancos e mesas; criação de três praças que se integrem e propiciem o convívio dos moradores; reestruturação do reservatório de água, para que receba uma quadra poliesportiva em sua cobertura e um quiosque de alimentação; a revitalização da parte mais alta do morro com a criação de uma praça alta que integre as duas edificações da Embratel e a demolição das edificações da Oi Telefonia que não são utilizadas; criação de escadas que permitam acesso ao morro e espaços para sentar, descansar; trilhas ecológicas entre as matas de cerrado; reestruturação da via principal de acesso ao morro que tenha como principal utilizador, o pedestre; desapropriação do comércio irregular na extremidade noroeste do morro para implementação de banheiros aos usuários do parque;
PARTE IV Imagem 236: Pedras do Morro da Serrinha IV. Autor, 2016.
sus ten tabi lida de
173 O terceiro Eixo Norteador do projeto tratará da sustentabilidade do Parque da Serrinha. Na cidade, poucas alternativas vem sendo adotadas para diminuir os impactos ambientais que as construções proporcionam em Goiânia. Dessa forma, pensar o projeto como um elemento que cause menos impactos ambientais é essencial, visto que se trata de um local de degradação ambiental. O Parque da Serrinha deve ser um equipamento que beneficie a região, não só por se tornar um projeto sustentável fisicamente, mas por promover a reeducação sobre os impactos ambientais que os cidadãos ocasionam na urbe. A água, o ar, as árvores e a própria topografia do lugar, são elementos que estruturam a sustentabilidade do projeto pois fornecem diferentes alternativas de contribuir para um melhor funcionamento do parque. A região do Parque da Serrinha e o próprio local, são marcados pela alta presença de lixo doméstico nas ruas e calçadas, assim a sustentabilidade no projeto favorecerá para a reeducação de como separar esse lixo e de como reaproveita-lo.
Imagem 237: Diagrama Reflexivo - Manifestação da Sustentabilidade. Em verde a sustentabilidade em interação com o espaço. Autor, 2016.
Como forma de garantir a sustentabilidade e uma maior ecologia ao parque estão: a criação de biovaletas aliado as calçadas, garantindo um melhor escoamento das águas das chuvas e que alimentem o sistema de irrigação; criação de um sistema de irrigação com reservatório de água de chuva que auxilie na manutenção do morro e no impedimento de futuros incêndios no período de seca; implementação de muros de arrimo que impeçam o desmoronamento de sedimentos do morro na rua e garantam sua conservação; utilização de placas solares para abastecimento energético do parque; espaços destinados a hortas comunitárias; a criação de totens informativos sobre o cerrado, visando uma educação ecológica aos usuários do parque; delimitação de bolsões de conservação da mata nativa de forma a preservar e recuperar esses espaços; criação de pontos de separação de coleta seletiva; plantio de árvores do cerrado em pontos do morro que não possuam vegetação;
Imagem 238: Pedras do Morro da Serrinha V. Autor, 2016.
PARTE IV
175
Imagem 239: Diagrama Reflexivo - Eixos norteadores. Em verde a sustentabilidade, em cinza a urbanidade e em vinho a legibilidade. Autor, 2017.
C
CROQUIS DE ESTUDO
Imagem 240: Diagrama Reflexivo - Estudo de aplicação dos eixos norteadores no Morro da Serrinha. Em verde a sustentabilidade, em preto a urbanidade e em vinho a legibilidade. Autor, 2017.
Imagem 241: Croqui da extremidade noroeste do projeto. Autor, 2017.
Imagem 242: Croqui do mirante e área do palco aberto. Autor, 2017.
PARTE IV
177 Imagem 243: Croquis de mirantes e passarelas. Autor, 2017.
Após estudo dos conceitos do projeto, estruturado nos eixos norteadores de legibildiade, sustentavilidade e urbanidade, foi realizado um diagrama reflexivo que representasse como esses conceitos se aplicariam. Dessa forma, a sobreposição do estudo realizado na área do Morro da Serrinha com os diagramas reflexivos estudados anteriores e a análise de como esses conceitos se aplicariam na área, conceberam o desenho do projeto. Imagem 244: Croqui da rampa principal. Autor, 2017.
Imagem 245: Croquis das passarelas e calรงadas. Autor, 2017.
PARTE IV
179
Imagem 246: Croquis de estudo da cobertura da Embratel. Autor, 2017.
Imagem 247: Croqui de percuros e Praça d’ água. Autor, 2017.
PARTE IV
181
Imagem 248: Croqui de circulação, escadarias e propostas. Autor, 2017.
Referências Projetuais Alem do Nouse Hill Park e dos projetos de infraestrutura-verde apresentados no início desse trabalho, foram estudadas referências projetuais para o projeto do Parque da Serrinha que representassem as ideias a serem desenvolvidas no estudo. As referências são realizadas de maneira geral, tendo o entendimento dos projetos como um todo mas realçando alguns aspectos de interesse para o projeto. Parque Manancial de Águas Pluviais
SUS TEN TA BI LI DA DE
Imagem 249: Vista do Parque Manancial de Águas Pluviais na cidade de Haerbin. Fonte: Archdaily, 2016.
O parque está localizado na cidade de Haerbin na China e apresenta 300000 m² de extenção territorial. O projeto foi concebido em uma área de proteção ambiental de mananciais de água, de forma a recuperar a vegetação quase extinta na cidade e fornecer outros atrativos ao ecossistema para a comunidade. É interessante notar nesse projeto a presença da infraestrutura do parque apenas nas bordas da área, de forma a preservar a vegetação interior do parque e afetar o menos possível o seu ecossistema.
PARTE IV Imagem 250: Vista dos caminhos no Parque Manancial de Águas Pluviais na cidade de Haerbin. Fonte: Archdaily, 2016.
Caminhos e plataformas no nível do solo permitem aos visitantes, um maior contato com a natureza existente no local e a experiência de atravessar esses espaços, aproxima a população com o parque de vegetação nativa. Algumas passarelas aéreas proporcionam a visibilidade acima do manancial para proporcionar que os usuários tenham visibilidades distintas e do centro do parque que não é acessível.
Parque Red Ribbon O projeto do Parque Red Ribbon, localizado em Qinhuangdao na China, é um projeto que representa a forte identificação do percurso construído em uma área natural, garantindo uma legibilidade para a área. Concebido em uma área com diversos problemas ambientais , o local era utilizado como depósito de lixo e não era utilizado como lazer pela população por ser um espaço sem segurança e acessibilidade.
Imagem 251: Parque Red Ribbon na cidade de Qinhuangdao. Fonte: Archdaily, 2016.
183
Imagem 252: Pessoas no Parque Red Ribbon na cidade de Qinhuangdao. Fonte: Archdaily, 2016.
Como concepção projetual, o projeto do parque buscou preservar os habitats naturais e promover alternativas de lazer e educação ambiental.O projeto proporciona diversos tipos de encontros sociais, pontos focais visuais e espaços destinados ao lazer, fortalecendo sua urbanidade. A fita vermelha, que estrutura o parque liga as diversas vegetações existentes no local e funcionam como elemento organizador das funções que o Parque Red Ribbon desempenha.
UR BA NI DA DE
O Parque da Juventude, localizado na cidade de São Paulo era ocupado, no passado, por um presídio que funcionou por quase 50 anos no local. Atualmente o parque abrange uma área de 35 mil m² com espaços livres, bosques, quadras poliesportivas, pista de caminhada, biblioteca e diversos equipamentos de lazer.
Imagem 253: Perspectiva do projeto do Parque da Juventude. Fonte: Aflalo & Gasperini, 2016.
PARTE IV
O Projeto do parque foi concebido diante da forte identidade do local para a cidade. Dessa forma houve uma grande preocupação para a preservação da memória do lugar e alguns edifícios que antigamente funcionavam como pavilhões dos presídios hoje desempenham funções distintas.
185 Imagem 254: Estruturas dos antigos presídios do Parque da Juventude em São Paulo. Fonte: Aflalo & Gasperini
Imagem 255: Croqui do Parque da Juventude em São Paulo. Fonte: Aflalo & Gasperini
A partir dos eixos norteadores de legibilidade, urbanidade, ecologia e sustentabilidade, no projeto são propostas algumas ações projetuais que visem a construção do Parque da Serrinha. Essas ações, não estão restritas á somente um eixo norteador, podendo estar presente em outros tambem.
1
AUMENTAR O GRAU DE URBANIDADE DO MORRO E ENTORNO
Imagem 256: Mapa do entorno do Morro da Serrinha. Fonte: Google Earth
- Alargamento das calçadas; - Reestruturação dos pisos de caminhada; - Ciclovias contornando o parque, conectando-o aos eixos verdes.Ciclovias que conectam as extremidades da área com o centro; - Rampas acessíveis ao morro; - Escadas que funcionem como circulação e outros usos como descansar, conversar, brincar; - Equipamentos de ginástica ao ar livre; - Quadra poliesportiva; - Lanchonete; - Percursos ecológicos nas matas nativas; - Iluminação do morro; - Integração das empresas com a Praça Alta; - Placas informativas; - Utilização de trafic calm; - Equipamentos infantis;
PARTE IV
2
3
MELHORAR A LEGIBILIDADE DO MORRO E/NA CIDADE
- Criação de eixos visuais; - Rampas de Acesso que garantam a visibilidade da área; - Criação de pontos com vista para a cidade; - Iluminação do morro; - Placas informativas; - Diferenciação de piso entre um percurso e outro; - Escadas que funcionem como circulação e espaços para descansar ou mesmo assistir uma peça; -- Utilização de trafic calm nas ruas ao redor;
PROPORCIONAR UMA MAIOR SUSTENTABILIDADE AO PARQUE DA SERRINHA
- Criação de bolsões de preservação; - Criação de trilhas ecológicas; - Placas informativas de espécies; - Plantio de novas espécies em áreas degradas; - Diferenciação de piso entre um percurso e outro; - Espaços destinados a educação ambiental; - Criação de jardim de chuva e pistas de skate para captação de água; - Reservatório de água das chuvas para manutenção da vegetação do morro; - Criação de trilhas ecológicas; - Implementação de placas solares nos equipamentos do morro; - Rampas em estrutura metálica de forma a minimizar os impactos no morro e por não gerarem grande quantidade de lixo na fabricação se comparada a outros materiais;
187
PROGRAMA
CICLO ESC TRILHAS MIRANT
COMUNICAÇÃ GRÁFICA
LANCHONETE
EQUIPAMENT DE GINÁSTICA
CALÇADAS ACESS JARDIM DE CHUVAQUAD PALCO POLIESP ABERTOPASSARELA PISTA DEBOLSÕES DE SKATEPRESERVAÇÃO TRAFIC CALM
PARTE IV
REESTRUTURAÇÃO DAS ANTENAS
OVIA PLAYGROUND BANHEIROS
ÃO
SISTEMA DE DRENAGEM
CADAS RAMPAS TES PISO INTERTRAVADO TOS MOBILIÁRIO A URBANO
SÍVEIS DRA PORTIVA AS
189
FOTOS DO LOCAL
B
C
O A
Q
Imagem 257: Mapa do entorno do Morro da Serrinha. Fonte: Google Earth
N
M
L K
PARTE IV
D
L J
E
I H
P
F G
191
A
Imagem 258: Vista do Morro da Serrinha a partir do extremo sudoeste. Foto: Autor, 2017.
C Imagem 259: Vista da ocupação na área. Foto: Autor, 2016.
B Imagem 260: Vista do Morro da Serrinha em Goiânia e antenas ao fundo. Foto: Autor, 2016.
PARTE IV
D
Imagem 261: Calçada do Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
E
193 Imagem 262: Intervenções da população no local Foto: Autor, 2017.
F
Imagem 263: Ciclista próximo a estrada de acesso ao topo do morro. Foto: Autor, 2016.
G
Imagem 264: Pedestre na parte nordeste. Autor, 2017.
H Imagem 265: Vistas de รกrvores nas bordas do Morro da Serrinha. Autor, 2017.
PARTE IV
I
Imagem 266: Torre de transmissão da Embrantel no Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
195
J Imagem 267: Vistas da área cercada próximo às antenas. Autor, 2016.
K
Imagem 268: Vista da cobertura do reservatório de água no Morro da Serrinha, em Goiânia. Foto: Autor, 2016.
L Imagem 269: Estrada de terra que corta o local. Autor, 2016.
M Imagem 270: Homem ao lado do muro do reservatรณrio da Saneago. Autor, 2017.
N
Imagem 271: Reservatรณrio de รกgua em primeiro plano e antenas ao fundo. Autor, 2017.
PARTE IV
O
Imagem 272: Erosões e algumas árvores em ponto alto da área. Foto: Autor, 2017.
Imagem 273: Calçadas do Morro da Serrinha. Foto: Autor, 2017.
P
197
SETORIZAÇÃO Definiu-se para o projeto, a setorização das atividades a partir das análises estudadas nesse capítulo. Dentre os aspectos que tiveram maior impacto na distribuição das atividades estão a topografia, a presença da vegetação nativa de cerrado e realizar intervenções em áreas onde já existiam alguma ação humana. Ao lado o mapa apresenta o programa do Parque já setorizado.
PISTA DE SKATE
LANCHONETE
EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA
MIRANTE E PALCO ABERTO QUADRA POLIESPORTIVA
EMBRAT ANTENA
PARTE IV
PRAÇA DAS ÁGUAS
PRAÇA ALTA
ATEL E AS
PLAYGROUND BOLSÕES VERDES
199
0
PASSARELAS
100m
RAMPA ACESSÍVEL
Imagem 274: Mapa do projeto. Fonte: Autor, 2017.
PRAÇA-ALTA
Praça Alta: local de maior altitude do parque, onde estão presentes a parte administrativa da empresa Embratel que foi redesenhada de forma a proporcionar uma menor segregação espacial com o usuário do parque, assim sua cobertura tem como característica, a continuação da praça. A antena principal em concreto foi mantida no mesmo local, porém com alterações em sua estética, com a implementação de estrutura metálica em seu envoltório. As duas antenas em estrutura metálica foram reposicionadas, e redesenhadas garantindo uma maior unidade e identificação do projeto. Dessa forma, buscou-se a conciliação do uso que a empresa desempenhava no local com o programa do parque. Na praça alta, além de ponto de visualização da paisagem, há também a presença de banheiros e área destinada a receber feiras, exposições e outras atividades culturais. Se tratando de uma área que sofreu alterações topográficas e de pavimentação, os materiais utilizados em sua construção são o concreto e piso intertravado drenante juntamente com o espelho d’água funcionam como equipamentos de drenagem da água em uma área de baixa permeabilidade. Além das diferentes formas de acesso como rampas e escadas, há também faixas de ciclovia que chegam a Praça Alta garantindo o acesso do ciclista à esse espaço. As árvores que existiam foram mantidas em seus respectivos locais e o projeto se constituiu de forma à ‘’abraçar’’ essas espécies vegetais. Além das árvores existentes, houve o plantio de novas espécies do cerrado, majoritariamente frutíferas como pequi, mangabeira, cagateira e ingá-branco.
PARTE IV Imagem 275: Mapa do projeto com a Praça Alta em destaque. Fonte: Autor, 2017.
201
TORRES DE TRANSMISSÃO PAISAGISMO ESPELHO D’ÁGUA CICLOVIA PISO INTERTRAVADO CINZA PISO INTERTRAVADO VERMELHO 0
50 m
CROQUIS DE ESTUDO
Croquis de estudo da cobertura da Embratel. Autor, 2017.
203
PARTE IV
205
PARTE IV
207
PARTE IV
209
PARTE IV
211
PARTE IV
CALÇADAS
O Morro da Serrinha, com o tempo, foi sendo recortado pelo crescimento de Goiânia e por esse fator, a sua formação rochosa vem se degradando gradativamente e depositando sedimentos nos percursos. A Zona Sul é conectada ao Parque da Serrinha pelo sistema de eixos propostos nesse trabalho, como mencionado anteriormente, dessa forma, as calçadas do Parque da Serrinha recebem a instação de ciclovias que contornam o local e se prolongam até o seu topo reinserindo e fortalecendo a presença da bicicleta ao local. As calçadas do morro por terem uma dimensão reduzida, no projeto, passarão a ser remodeladas visando uma maior acessibilidade no local com variações de tamanho em diferentes trechos, proporcionando a quebra da “monotonia“ do percurso. No projeto uma faixa verde contorno o Morro onde são plantadas diferentes espécies do Cerrado como Sucupira, Cinzeiro e Mandioqueiro-do-Cerrado, garantindo benefícios para quem correr caminha ou simplesmente “corta” caminho no local. Os materiais tanto das calçadas serão predominantemente de piso intertravado drenante com variação de coloração entre um espaço e outro.
Imagem 276: Mapa do projeto com a Praça das águas e calçadas em destaque. Fonte: Autor, 2017.
PARTE IV PAISAGISMO ESPELHO D’ÁGUA CICLOVIA PISO INTERTRAVADO CINZA PISO INTERTRAVADO VERMELHO 0
50 m
213
PRAÇA DAS ÁGUAS
Localizado no extremo nordeste do projeto, a praça das águas apresenta baixa declividade e é uma área onde o fluxo das ruas limitantes é menor. Dessa forma, foi proposto a inserção do playground no local aliado ao espelho d’ água que participa do sistema de drenagem da Praça Alta. Junto ao acesso principal à parte superior do parque, essa área é contornada pela pista de caminhada e ciclovia que proporcionam a integração do espaço ao restante do projeto.
CROQUIS DE ESTUDO Croquis de estudo da praรงa das รกguas e calรงadas. Autor, 2017.
215
PARTE IV
217
PARTE IV
219
PARTE IV
LANCHONETE E QUADRA POLIESPORTIVA
O antigo reservatório de água da Saneago é reconstruído de forma a receber outras atividades em sua cobertura, com uma estrutura que isole o reservatório e garanta um uso correto das atividades sob ele. Dentre as atividades estão a construção de uma quadra poliesportiva garantindo um novo uso ao local e a região, que carece de equipamentos de esporte. Aliado à quadra há a instalação de um banheiro/vestiário,lanchonete, jardins e mobiliário urbano. Esse espaço é conectado a Praça alta e ao palco aberto, podendo ser uma extensão de local para platéia de uma possível apresentação ou espetáculo.
Imagem 277: Mapa do projeto com a lanchonete e quadra poliesportiva em destaque. Fonte: Autor, 2017.
PARTE IV
221
PAISAGISMO PISO INTERTRAVADO CINZA PISO INTERTRAVADO VERMELHO 0
50 m
223
PARTE IV
Imagem 278: Mapa do projeto com o mirante e palco aberto em destaque. Fonte: Autor, 2017.
PARTE IV
MIRANTE E PALCO ABERTO
Em uma área de baixa arborização e alta altitude, é estabelecido a criação de um mirante em estrutura metálica acima da topografia natural do terreno. Com vista tanto para a cidade de Goiânia como para Aparecida de Goiânia, esse mirante é conectado por diferentes acessos tanto para a rua quanto para outros espaços, como a Praça Alta. Em continuação ao mirante está o Palco Aberto, local destinado a apresentações de peças de teatro de rua, peças infantis ou mesmo encontros comunitários.
PAISAGISMO PISO INTERTRAVADO CINZA PISO INTERTRAVADO VERMELHO 0
50 m
225
CROQUIS DE ESTUDO
PARTE IV
Croquis do mirante e รกrea do palco aberto. Autor, 2017.
227
229
PARTE IV
231
PARTE IV
PISTA DE ESPORTES RADICAIS
No nível mais baixo do parque está a pista de skate em uma área de baixa declividade, no extremo sudoeste. Além da função esportiva e recreativa, a pista funciona como bacia de contenção da água de chuva de uma região de alta declividade do morro. A pista é sombreada com árvores da espécie Farinha-branca e também é contornada pela pista de caminhada e ciclovia.
PARTE IV
Imagem 279: Mapa do projeto com a pista de esportes radicais, espaço de convívio e ginástica, em destaque. Fonte: Autor, 2017.
ESPAÇO DE CONVÍVIO E GINÁSTICA
No local onde se inseria a ocupação na parte noroeste do morro, é proposto um espaço de convívio aliado à banheiros públicos e espaço de academia ao ar livre com a implantação de equipamentos de ginástica, bancos e áreas verde.
233
PAISAGISMO CICLOVIA PISO INTERTRAVADO CINZA PISO INTERTRAVADO VERMELHO PISO EM CONCRETO POLIDO CINZA PISO EM CONCRETO POLIDO VERMELHO 0
50 m
Croquis da pista de skate e espaço de convívio. Autor, 2017.
CROQUIS DE ESTUDO
235
PARTE IV
237
PARTE IV
239
PARTE IV
Imagem 280: Mapa do projeto com passarelas em destaque. Fonte: Autor, 2017.
PARTE IV
PASSARELAS E TRILHAS Como proposta de aproximar o contato da população com o Cerrado do Parque no projeto há a implementação de passarelas que contornam o morro atravessando os Bosques de vegetação nativa. Esses percursos estão acima da topografia natural do terreno e apresentam diferentes cotas de altura no decorrer do caminho. As passarelas são compostas em estrutura metálica de forma a proporcionar o menor impacto possível nessas áreas. Além dos percursos, há espaços de descanso e contemplação da paisagem marcados pela diferenciação da cor do piso, apresentando bancos, mesas e áreas que complementam as áreas de circulação. Astrilhas pelos bolsões verdes são realizados expontaneamente pela população, criando trajetos de terra batida nesses novos percursos.
241
0
100m
PISO EM ESTRUTURA METÁLICA VERMELHA
PISO EM ESTRUTURA METÁLICA CINZA PAISAGISMO
PARTE IV
243
Croquis de estudo das passarelas. Autor, 2017.
CROQUIS DE ESTUDO
245
PARTE IV
ACESSOS
A partir das calçadas que contornam o parque, há a instalação de acessos que proporcionam diferentes experiências ao se explorar o local. O eixo principal de acesso, que antes era composto por uma rua de veículos, é reformulado visando um maior acesso de pessoas ao parque. Há um novo traçado do antigo trecho, estruturado a partir do estudo de curvas de nível, vegetação existente e ocupação anterior, com a presença de escadas e rampas acessíveis. Nas rampas são implantadas ciclofaixas que permitem a conexão das extremidades do projeto ao seu interior, e nessa mesma rampa em horários específicos, há a circulação de veículos, em velocidade controlada, apenas para
Imagem 281: Mapa do projeto com acessos em destaque. Fonte: Autor, 2017.
PARTE IV
manutenção das torres de transmissão e possíveis emergencias. Nessa via a presença de bancos, espelho d’água e eixos verdes proporcionam um maior conforto às pessoas que circulam pelo local, tendo em vista que se trata de um local de alta declividade. A materialidade das rampas e escadas é de piso intertravado drenaste, os bancos em concreto pré-moldado. As rampas e escadas de acesso à Embratel são restritos.Além do acesso principal, há rampas e escadas em diferentes trechos do percurso conectando espaços de circulação, com espaços contemplativos, de lazer, esporte e a própria mata nativa.
247
0
100m
RAMPAS ESCADAS ESCADAS E RAMPAS DE ACESSO RESTRITO
PAISAGISMO A concepção do projeto paisagístico do Parque da Serrinha foi estruturado com a preservação do Cerrado na área. As espécies do projeto tem como principal característica a adaptação à áreas degradadas situadas em terrenos pobres e secos, como é o caso do Parque da Serrinha.
Imagem 282: Vistas de arborização no Morro da Serrinha. Autor, 2017.
Imagem 283: Mudas plantadas pelos moradores no Morro da Serrinha. Autor, 2017.
PARTE IV
249
Todas as árvores presentes no parque são espécies do bioma Cerrado e assim, trazem para a cidade uma nova concepção de espaço livre com a valorização das espécies nativas. Além da função ornamental que as novas espécies possuem, há também árvores com propriedades medicinais e nutritivas, presentes cotidianamente na cultura goiana.
A conservação da vegetação existente nos bolsões verdes é complementada com o plantio de novas espécies que ocasionarão a recomposição da vegetação (1). Nesses bolsões são inseridas árvores frutíferas em seu interior, estimulando o usuário do parque a explorar o local. Nas calçadas optou-se pelo plantio de espécies de copa larga, caule espesso e raízes profundas permitindo o sombreamento dos pedestre e não danificando as calçada e vias (2). Nas áreas de esporte radical, playground e espaços de convívio foi pretendido a inserção de espécies de copa larga por se tratarem de áreas de maior permanência de crianças e jovens. (3) Os caminhos e percursos no parque são acompanhados de espécies específicas, como exemplo, as passarelas internas são “guiadas” por Ipês Brancos e os espaços de descanso, nessas áreas, são sombreados com árvores Pau - Rosa (4).
2
Imagem 284: Mapa do projeto de paisagismo no Parque da Serrinha. Fonte: Autor, 2017.
PARTE IV
1 3 251
4
0
100m
SÍMBOLO
QUADRO DE PAISAGISMO
NOME POPULAR
NOME CIENTÍFICO
PORTE
RAIO DA COPA ÉPOCA DE FLORAÇÃO COR DA FLOR
ARATICUM
Annonna crassiflora Mart.
3,5 - 10 metros
2-4 metros
SETEMBRO - JANEIRO
BRANCA
OUTUBRO - ABRIL
SIM
CAGATEIRA
Eugenia dysenterica
até 10 metros
~3,5 metros
AGOSTO - SETEMBRO
BRANCA
OUTUBRO - NOVEMBRO
SIM
PEQUI
Caryocar brasiliense
6 - 12 metros
3 a 4 metros
AGOSTO - NOVEMBRO
BRANCA
SETEMBRO - FEVEREIRO
SIM
MANGABEIRA
Hancornia speciosa Gomez
5 - 7 metros
3 a 4 metros
SETEMBRO - NOVEMBRO
BRANCA
NOVEMBRO - JANEIRO
SIM
INGÁ-BRANCO
Inga laurina
10 -20 metros
4 metros
AGOSTO - DEZEMBRO
BRANCA
NOVEMBRO - FEVEREIRO
SIM
FOLHA-DE-SERRA
Ouratea spectabilis
4 - 5 metros
2 metros
AGOSTO - SETEMBRO
AMARELA
-
NÃO
AROEIRA-DO-CAMPO
Astronium fraxinifolium
10 - 12 metros
3 metros
AGOSTO - SETEMBRO
AMARELA
-
NÃO
JATOBÁ DO CERRADO
Hymenaea stigonocarpa Mart.
6 - 9 metros
3 a 4 metros
DEZEMBRO - FEVEREIRO
BRANCA
LIXEIRA
Curatella americana
6 - 10 metros
~2 metros
AGOSTO - OUTUBRO
JENIPAPO
Genipa americana
8 - 14 metros
3 a 4 metros
NOVEMBRO
AMARELA
JULHO - AGOSTO
SIM
MURICI
Byrsonima basiloba Juss.
até 4 metros
~2 metros
ANO TODO
AMARELA
ANO TODO
SIM
BRANCA OU ROSA
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
AGOSTO - SETEMBRO
-
FRUTO COMESTÍVEL
SIM
NÃO
GUATAMBU-DOCERRADO
Aspidosperma macrocarpon
8-18 metros
4 metros
SETEMBRO - OUTUBRO
BRANCA
AGOSTO - SETEMBRO
NÃO
EMBIRUÇU
Enotheca Pubescens Schott et Endi
6 - 10 metros
2 metros
JULHO - SETEMBRO
BRANCA
OUTUBRO - NOVEMBRO
NÃO
8 - 16 metros
3 metros
SETEMBRO - OUTUBRO
AMARELA
AGOSTO - SETEMBRO
NÃO
AMARELA
JANEIRO - FEVEREIRO
NÃO
DEZEMBRO - JANEIRO
NÃO
ANGICO-DO-CERRADO
Anadenanthera falcata
BARBATIMÃO
Stryphnodendron pulcherrimum
4 - 8 metros
3 metros
OUTUBRO - NOVEMBRO
ANGELIM
Vataírea Macocarpa
5 - 10 metros
3 metros
AGOSTO - SETEMBRO
ROXA
PAU ROSA
Physocalymma scaberrimum
5 - 10 metros
3 a 4 metros
JULHO - SETEMBRO
ROSA
Tabebuia roseo-alba
7 - 16 metros
2 - 3 metros
AGOSTO - OUTUBRO
BRANCA
Cordia glabrata
8 - 10 metros
3 a 4 metros
Sclerolobium aureum
6 - 16 metros
4 metros
8 - 12 metros
IPE-BRANCO
CLARAIBA
SUCUPIRA
CINZEIRO
FARINHA-SECA
OUTUBRO
NÃO
NÃO
JULHO - SETEMBRO
BRANCA
SETEMBRO - OUTUBRO
NÃO
DEZEMBRO - JANEIRO
AMARELA
JULHO - AGOSTO
NÃO
3 a 4 metros
JANEIRO - MARÇO
AMARELA
AGOSTO - SETEMBRO
NÃO
4 - 6 metros
3 a 4 metros
JANEIRO - MARÇO
AMARELA
AGOSTO - SETEMBRO
NÃO
Jacaranda cuspidifolia Mart.
5 - 10 metros
3 metros
ROXA
AGOSTO - SETEMBRO
NÃO
aLHIZIA hasslerii
10-20 metros
4 metros
SETEMBRO - OUTUBRO
NÃO
Vochysia tucanorom Mart.
MANDIOQUEIRO-DO- Didumopanax macrocarpum CERRADO JACARANDÁ
-
SETEMBRO
OUTUBRO - JANEIRO
AMARELA
PARTE IV Imagem 285: Árvores em primeiro plano e torres de transmissão ao fundo. Fonte: Autor, 2017.
253
Imagem 286: Flores no Morro da Serrinha Fonte: Autor, 2017.
Além da função ornamental que as novas espécies possuem, há também árvores com propriedades medicinais e nutritivas, presentes cotidianamente na cultura goiana. Se tratando de um importante ponto de visualização da cidade, optou-se pela utilização de espécies de médio e pequeno porte que não atrapalhassem a visibilidade da paisagem, dessa forma, em cotas próximas aos mirantes e eixos de visualização, são inseridas árvores de baixo porte. A insolação foi um fator determinante para o plantio, assim analisou-se os períodos de insolação mais forte na cidade de Goiânia, verificando que é preferível árvores que retenham os raios solares vindos ao norte, que seria o sol da tarde na maior parte do ano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudar o Morro da Serrinha é realizar sua releitura, é identificar seus problemas e suas particularidades e perceber o quão rico é conhece-lo. Dessa forma, o morro é a cidade na maneira mais pura, é o reflexo das pessoas que veem nesse espaço um lugar para caminhar, refletir, redescobrir e perceber sua singularidade. O trabalho buscou em diferentes aspectos ilustrar o Morro da Serrinha, seja na sua história, na fotografia, nos conceitos estudados ou até mesmo no contato com algumas pessoas que frequentam o local. Assim, a estruturação do projeto do Parque da Serrinha foi formada pela conexão das diferentes abordagens adotadas nesse estudo.
PARTE IV
255
Imagem 287: Banco feito pela população em um trecho da calçada do Morro da Serrinha. Fonte: Autor, 2017.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEX, paço
Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espúblico. 22ª Edição. Editora Senac. São Paulo, 2011.
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Nº 83, terça-feira, 5 de maio de 2009
ANEXOS
Comunidade de Passo do Lourenço, localizada no município de Canguçu/RS. Registrada no Livro de Cadastro Geral n.º 011, Registro n. 1.147 fl. 163, Comunidade de Serra Feia, localizada no município de Cacimbas/RS. Registrada no Livro de Cadastro Geral n.º 011, Registro n. 1.148 fl. 164, Comunidade de Torrinha, localizada no município de Barra/BA. Registrada no Livro de Cadastro Geral n.º 011, Registro n. 1.149 fl. 165, Comunidade de Vila Santo Antônio, localizada no município de Palestina/AL. Registrada no Livro de Cadastro Geral n.º 011, Registro n. 1.150 fl. 166, Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação EDVALDO MENDES ARAÚJO
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL PORTARIA Nº 127, DE 30 DE ABRIL DE 2009 Estabelece a chancela da Paisagem Cultural Brasileira.
Anexo A. Fonte: Diário Oficial [da República Federativa do Brasil]. Acesso 12 de maio de 2016.
O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso de suas atribuições legais e regulamentares, e tendo em vista o que prescreve a Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, a Lei nº 8.113, de 12 de dezembro de 1990, e o inciso V do art. 21 do Anexo I do Decreto nº 5.040, de 07 de abril de 2004, que dispõe sobre a Estrutura Regimental do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, e CONSIDERANDO, o disposto nos artigos 1º, II, 23, I e III, 24, VII, 30, IX, 215, 216 e 225 da Constituição da República Federativa do Brasil; CONSIDERANDO, o disposto no Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, no Decreto-Lei no 3.866, de 29 de novembro de 1941, que dispõe sobre o tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, na Lei no 3.924, de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos, e no Decreto n° 3.551, de 04 de agosto de 2000, que institui o registro de bens culturais de natureza imaterial; CONSIDERANDO, a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade; CONSIDERANDO, que o Brasil é autor de documentos e signatário de cartas internacionais que reconhecem a paisagem cultural e seus elementos como patrimônio cultural e preconizam sua proteção; CONSIDERANDO, que a conceituação da Paisagem Cultural Brasileira fundamenta-se na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, segundo a qual o patrimônio cultural é formado por bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver, as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico; CONSIDERANDO, que os fenômenos contemporâneos de expansão urbana, globalização e massificação das paisagens urbanas e rurais colocam em risco contextos de vida e tradições locais em todo o planeta; CONSIDERANDO, a necessidade de ações e iniciativas administrativas e institucionais de preservação de contextos culturais complexos, que abranjam porções do território nacional e destaquemse pela interação peculiar do homem com o meio natural; CONSIDERANDO, que o reconhecimento das paisagens culturais é mundialmente praticado com a finalidade de preservação do patrimônio e que sua adoção insere o Brasil entre as nações que protegem institucionalmente o conjunto de fatores que compõem as paisagens; CONSIDERANDO, que a chancela da Paisagem Cultural Brasileira estimula e valoriza a motivação da ação humana que cria e que expressa o patrimônio cultural; CONSIDERANDO, que a chancela da Paisagem Cultural Brasileira valoriza a relação harmônica com a natureza, estimulando a dimensão afetiva com o território e tendo como premissa a qualidade de vida da população; CONSIDERANDO, que os instrumentos legais vigentes que tratam do patrimônio cultural e natural, tomados individualmente, não contemplam integralmente o conjunto de fatores implícitos nas paisagens culturais; resolve: Estabelecer a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, aplicável a porções do território nacional. TÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS I - DA DEFINIÇÃO Art. 1º. Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. Parágrafo único - A Paisagem Cultural Brasileira é declarada por chancela instituída pelo IPHAN, mediante procedimento específico.
II - DA FINALIDAD Art. 2º. A chancela d finalidade atender ao interesse do patrimônio cultural, comple de promoção e proteção existe tituição Federal. III - DA EFICÁCIA Art. 3º. A chancela sidera o caráter dinâmico da porções do território a que se inerentes ao desenvolvimento loriza a motivação responsáve IV - DO PACTO E D Art. 4º. A chancela d no estabelecimento de pacto sociedade civil e a iniciativa p da porção do território nacion Art. 5º. O pacto con Cultural Brasileira chancelada tão a ser acordado entre as públicos e privados envolvi IPHAN. TÍTULO II DO PROCEDIMENT V - DA LEGITIMID Art. 6º. Qualquer pes para requerer a instauração chancela de Paisagem Cultura Art 7º. O requeriment Brasileira, acompanhado da d rigido: I - às Superintendênc cunscrição o bem se situar; II - ao Presidente do III - ao Ministro de E VI - DA INSTAURA Art. 8º. Verificada a cela da Paisagem Cultural B ministrativo. § 1º - O Departament - DEPAM/IPHAN é o órgão nação, instrução e análise do § 2º - A instauração sidência do IPHAN e às Superin crição o bem se situar. VII - DA INSTRUÇÃ Art. 9º. Para a instruç ser consultados os diversos se atribuições na área, as entidad envolvidos, com vistas à cele Paisagem Cultural Brasileira a Art. 10. Finalizada a será submetido para análise tificação da chancela, com pu abertura do prazo de 30 dias testações ao reconhecimento p Art. 11. As manifesta julgadas pelo Departamento d DEPAM/IPHAN, no prazo de da Procuradoria Federal, reme deliberação ao Conselho Cons Art. 12. Aprovada a sileira pelo Conselho Consulti decisão será publicada no Diá administrativo remetido pelo P final do Ministro da Cultura. Art. 13. A aprovação sileira pelo Conselho Consu municada aos Estados-memb ritorial estiver localizada, dan deral e Estadual, com ampla vulgação nos meios de comun VIII - DO ACOMPA Art. 14. O acompanh chancelada compreende a elab das ações previstas e de avalia ao bem. Art. 15. A chancela d revalidada num prazo máximo Art. 16. O processo truído a partir dos relatórios tando-se manifestações das i beração pelo Conselho Consu Art. 17. A decisão d Cultural a propósito da perd sagem Cultural Brasileira será dando-se ampla divulgação a tinentes. Art. 18. Esta portari blicação.
LUIZ
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renço, localizada no município de Cadastro Geral n.º 011,
calizada no município de Cadastro Geral n.º 011, Registro
alizada no município de Bartro Geral n.º 011, Registro n.
tônio, localizada no município de Cadastro Geral n.º 011,
m vigor na data de sua pu-
MENDES ARAÚJO
ÔNIO HISTÓRICO ACIONAL
DE ABRIL DE 2009
chancela da Paisagem Cultural
UTO DO PATRIMÔNIO HISL - IPHAN, no uso de suas endo em vista o que prescreve 90, a Lei nº 8.113, de 12 de 21 do Anexo I do Decreto nº dispõe sobre a Estrutura Reistórico e Artístico Nacional -
o nos artigos 1º, II, 23, I e III, Constituição da República Fe-
o no Decreto-Lei nº 25, de 30 a proteção do patrimônio hiso-Lei no 3.866, de 29 de nombamento de bens no Serviço cional, na Lei no 3.924, de 26 monumentos arqueológicos e de 04 de agosto de 2000, que natureza imaterial; 0.257, de 10 de julho de 2001,
asil é autor de documentos e reconhecem a paisagem culnio cultural e preconizam sua
nceituação da Paisagem Culnstituição da República Fedequal o patrimônio cultural é al e imaterial, tomados indis de referência à identidade, à formadores da sociedade braas de expressão, os modos de as, artísticas e tecnológicas, as s e demais espaços destinados conjuntos urbanos e sítios de arqueológico, paleontológico,
enômenos contemporâneos de icação das paisagens urbanas e ida e tradições locais em todo
dade de ações e iniciativas adrvação de contextos culturais erritório nacional e destaquemom o meio natural; econhecimento das paisagens m a finalidade de preservação e o Brasil entre as nações que o de fatores que compõem as
hancela da Paisagem Cultural ção da ação humana que cria e
hancela da Paisagem Cultural com a natureza, estimulando a do como premissa a qualidade
strumentos legais vigentes que tomados individualmente, não de fatores implícitos nas pai-
agem Cultural Brasileira, apli-
asileira é uma porção peculiar do processo de interação do a vida e a ciência humana res. Cultural Brasileira é declarada mediante procedimento espe-
ISSN 1677-7042
1 II - DA FINALIDADE Art. 2º. A chancela da Paisagem Cultural Brasileira tem por finalidade atender ao interesse público e contribuir para a preservação do patrimônio cultural, complementando e integrando os instrumentos de promoção e proteção existentes, nos termos preconizados na Constituição Federal. III - DA EFICÁCIA Art. 3º. A chancela da Paisagem Cultural Brasileira considera o caráter dinâmico da cultura e da ação humana sobre as porções do território a que se aplica, convive com as transformações inerentes ao desenvolvimento econômico e social sustentáveis e valoriza a motivação responsável pela preservação do patrimônio. IV - DO PACTO E DA GESTÃO Art. 4º. A chancela da Paisagem Cultural Brasileira implica no estabelecimento de pacto que pode envolver o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada, visando a gestão compartilhada da porção do território nacional assim reconhecida. Art. 5º. O pacto convencionado para proteção da Paisagem Cultural Brasileira chancelada poderá ser integrado de Plano de Gestão a ser acordado entre as diversas entidades, órgãos e agentes públicos e privados envolvidos, o qual será acompanhado pelo IPHAN. TÍTULO II DO PROCEDIMENTO V - DA LEGITIMIDADE Art. 6º. Qualquer pessoa natural ou jurídica é parte legítima para requerer a instauração de processo administrativo visando a chancela de Paisagem Cultural Brasileira. Art 7º. O requerimento para a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, acompanhado da documentação pertinente, poderá ser dirigido: I - às Superintendências Regionais do IPHAN, em cuja circunscrição o bem se situar; II - ao Presidente do IPHAN; ou III - ao Ministro de Estado da Cultura. VI - DA INSTAURAÇÃO Art. 8º. Verificada a pertinência do requerimento para chancela da Paisagem Cultural Brasileira será instaurado processo administrativo. § 1º - O Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização - DEPAM/IPHAN é o órgão responsável pela instauração, coordenação, instrução e análise do processo. § 2º - A instauração do processo será comunicada à Presidência do IPHAN e às Superintendências Regionais em cuja circunscrição o bem se situar. VII - DA INSTRUÇÃO Art. 9º. Para a instrução do processo administrativo poderão ser consultados os diversos setores internos do IPHAN que detenham atribuições na área, as entidades, órgãos e agentes públicos e privados envolvidos, com vistas à celebração de um pacto para a gestão da Paisagem Cultural Brasileira a ser chancelada. Art. 10. Finalizada a instrução, o processo administrativo será submetido para análise jurídica e expedição de edital de notificação da chancela, com publicação no Diário Oficial da União e abertura do prazo de 30 dias para manifestações ou eventuais contestações ao reconhecimento pelos interessados. Art. 11. As manifestações serão analisadas e as contestações julgadas pelo Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização DEPAM/IPHAN, no prazo de 30 (trinta) dias, mediante prévia oitiva da Procuradoria Federal, remetendo-se o processo administrativo para deliberação ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Art. 12. Aprovada a chancela da Paisagem Cultural Brasileira pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, a súmula da decisão será publicada no Diário Oficial da União, sendo o processo administrativo remetido pelo Presidente do IPHAN para homologação final do Ministro da Cultura. Art. 13. A aprovação da chancela da Paisagem Cultural Brasileira pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural será comunicada aos Estados-membros e Municípios onde a porção territorial estiver localizada, dando-se ciência ao Ministério Público Federal e Estadual, com ampla publicidade do ato por meio da divulgação nos meios de comunicação pertinentes. VIII - DO ACOMPANHAMENTO E DA REVALIDAÇÃO Art. 14. O acompanhamento da Paisagem Cultural Brasileira chancelada compreende a elaboração de relatórios de monitoramento das ações previstas e de avaliação periódica das qualidades atribuídas ao bem. Art. 15. A chancela da Paisagem Cultural Brasileira deve ser revalidada num prazo máximo de 10 anos. Art. 16. O processo de revalidação será formalizado e instruído a partir dos relatórios de monitoramento e de avaliação, juntando-se manifestações das instâncias regional e local, para deliberação pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Art. 17. A decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural a propósito da perda ou manutenção da chancela da Paisagem Cultural Brasileira será publicada no Diário Oficial da União, dando-se ampla divulgação ao ato nos meios de comunicação pertinentes. Art. 18. Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA
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SECRETARIA DE INCENTIVO E FOMENTO À CULTURA PORTARIA Nº 7, DE 4 DE MAIO DE 2009 A Secretária de Incentivo e Fomento à Cultura - Substituta, no uso da designação lhe conferida na Portaria SE-MinC n. 678/2004, publicada na Seção 2 do Diário Oficial da União de 7 de outubro de 2004, no uso da delegação de competência estipulada na Portaria GM-MinC n. 13/2007, constante na Seção 1 do Diário Oficial da União de 9 de abril de 2007, e na qualidade de Presidente da Comissão de Avaliação do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural, em observância ao subitem 4.14 do Edital de Intercâmbio n. 1/2009, delibera: Art. 1º - Reconsiderar e acatar, em observância aos subitens 10.7 e 10.7.1 do Edital de Intercâmbio n. 1/2009 da Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura, o recurso interposto pela Sra. Juliana Maria Scotá Stein, atribuindo 16 pontos ao seguinte requerimento: Processo: 01400.004071/2009-88 Evento: Encontros da Imagem Beneficiado: Juliana Maria Scotá Stein UF: PR Valor da premiação: R$ 4.000,00 Art. 2º - A homologação do benefício apenas ocorrerá mediante as condições estabelecidas na Portaria Sefic-MinC n. 6/2009, publicada na Seção 1 do Diário Oficial da União de 24 de abril de 2009 e ao cumprimento das obrigatoriedades legais, fiscais e documentais incidentes. Art. 3º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. TERESA CRISTINA ROCHA AZEVEDO DE OLIVEIRA
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Ministério da Defesa COMANDO DO EXÉRCITO SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS PORTARIA N o- 22-SEF, DE 28 DE ABRIL DE 2009 Concede autonomia administrativa à Base Administrativa do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército.
O SECRETÁRIO DE ECONOMIA E FINANÇAS, no uso da competência que lhe foi delegada pelo inciso IX do artigo 1o da Portaria No 727, de 08 de outubro de 2007, do Comandante do Exército, ouvido o Estado-Maior do Exército, resolve: Art. 1o Conceder autonomia administrativa, a contar de 20 de fevereiro de 2009, à Base Administrativa do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (Ba Adm C Com G E Ex), CODOM 00124-8, com sede na cidade de Brasília/DF. Art. 2o Determinar às Organizações Militares Diretamente Subordinadas à SEF que adotem, em suas áreas de competência, as providências decorrentes. Art. 3o Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação. Gen Ex FERNANDO SÉRGIO GALVÃO PORTARIA N o- 23-SEF, DE 28 DE ABRIL DE 2009 Cassa a autonomia administrativa do Centro Integrado de Guerra Eletrônica. O SECRETÁRIO DE ECONOMIA E FINANÇAS, no uso da competência que lhe foi delegada pelo inciso IX do artigo 1o da Portaria No 727, de 08 de outubro de 2007, do Comandante do Exército, ouvido o Estado-Maior do Exército, resolve: Art. 1o Cassar a autonomia administrativa, a contar de 1o de junho de 2009, do Centro Integrado de Guerra Eletrônica (CIGE), CODOM 01596-6, com sede na cidade de Brasília/DF, por motivo de sua extinção. Art. 2o Designar, a partir de 02 de junho de 2009, como organização militar sucessora responsável pelo encerramento administrativo e contábil, pela guarda do Suporte Documental dos atos e fatos de gestão orçamentária, financeira, patrimonial e de pessoal, bem como para declarar o Imposto de Renda Retido na Fonte do CIGE, a Base Administrativa do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (Ba Adm C Com G E Ex), CODOM 00124-8, com sede na cidade de Brasília/DF. Art. 3o Determinar às Organizações Militares Diretamente Subordinadas à SEF que adotem, em suas áreas de competência, as providências decorrentes. Art. 4o Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação. Gen Ex FERNANDO SÉRGIO GALVÃO
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Anexo B. Fonte: Paisagem Cultural. Acesso 12 de maio de 2016.
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