Bloqueios de Nervos Periféricos e Anatomia Regional Orientada por Ultrassom

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BLOQUEIOS DE NERVOS PERIFÉRICOS E

ANATOMIA PARA

ANESTESIA REGIONAL ORIENTADA POR ULTRASSOM HADZIC

ADMIR HADZIC

EDITORES: ANA M. LOPEZ

ANGELA LUCIA BALOCCO

CATHERINE VANDEPITTE TERCEIRA

BLOQUEIOS DE NERVOS PERIFÉRICOS

E ANATOMIA PARA

ANESTESIA REGIONAL

ORIENTADA POR ULTRASSOM HADZIC

HADZIC

BLOQUEIOS DE NERVOS PERIFÉRICOS

E ANATOMIA PARA

ANESTESIA REGIONAL ORIENTADA POR ULTRASSOM

TERCEIRA EDIÇÃO

Editores

Ana M. Lopez, MD, PhD, DESA

Consultant Anesthesiology, Ziekenhuis Oost-Limburg (ZOL), Genk, Belgium

Angela Lucia Balocco, MD

Research Associate NYSORA , The New York School of Regional Anesthesia Anesthesia Resident, Ziekenhuis Oost-Limburg (ZOL), Genk, Belgium

Catherine Vandepit te, MD, PhD

Research Associate NYSORA , The New York School of Regional Anesthesia Consultant Anesthesiology, Ziekenhuis Oost-Limburg (ZOL), Genk, Belgium

Admir Hadzic, MD, PhD

Direc tor NYSORA , The New York School of Regional Anesthesia Consultant Anesthesiology, Ziekenhuis Oost-Limburg (ZOL), Genk, Belgium

Visiting Professor, Depar tment of Anesthesiology, Katholieke Univer siteit Leuven (KUL), Belgium

Honorar y Professor, Univer sit y of Ljubljana, Slovenia

Doctor Honoris Causa, Karol Marcinkowski Univer sit y of Medical Sciences, Poznan, Poland

T hieme

Rio de Janeiro• St ut tgar t• New York •Delhi

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

B652

Bloqueios de nervos periféricos e anatomia para anestesia regional orientada por ultrassom / Admir Hadzic... [et al.]; tradutoras Angela Nishikaku, Vilma Ribeiro de Souza Varga. – 3.ed. – Rio de Janeiro, RJ: Thieme Revinter, 2023.

21 x 28 cm

Título Original: Hadzic’s Peripheral Nerve Blocks and Anatomy...

Inclui bibliografia.

ISBN 978-65-5572-188-1

eISBN 978-65-5572-189-8

1. Bloqueio nervoso. 2. Anestesiologia. I. Hadzic, Admir. II. Lopez, Ana M. III. Balocco, Angela Lucia. IV. Vandepitte, Catherine.

CDD: 617.9

Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

Tradução:

Angela Nishikaku (Caps. Zero ao 11)

Tradutora Especializada na Área da Saúde, SP

Vilma Ribeiro de Souza Varga (Caps. 12-40)

Médica e Tradutora Especializada na Área da Saúde, SP

Revisão Técnica:

James Skinovsky

Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Presidente Mundial da HTC - High Tech Surgery Association

Nota: O conhecimento médico está em constante evolução. À medida que a pesquisa e a experiência clínica ampliam o nosso saber, pode ser necessário alterar os métodos de tratamento e medicação. Os autores e editores deste material consultaram fontes tidas como confiáveis, a fim de fornecer informações completas e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de erro humano por parte dos autores, dos editores ou da casa editorial que traz à luz este trabalho, ou ainda de alterações no conhecimento médico, nem os autores, nem os editores, nem a casa editorial, nem qualquer outra parte que se tenha envolvido na elaboração deste material garantem que as informações aqui contidas sejam totalmente precisas ou completas; tampouco se responsabilizam por quaisquer erros ou omissões ou pelos resultados obtidos em consequência do uso de tais informações. É aconselhável que os leitores confirmem em outras fontes as informações aqui contidas. Sugere-se, por exemplo, que verifiquem a bula de cada medicamento que pretendam administrar, a fim de certificar-se de que as informações contidas nesta publicação são precisas e de que não houve mudanças na dose recomendada ou nas contraindicações. Esta recomendação é especialmente importante no caso de medicamentos novos ou pouco utilizados. Alguns dos nomes de produtos, patentes e design a que nos referimos neste livro são, na verdade, marcas registradas ou nomes protegidos pela legislação referente à propriedade intelectual, ainda que nem sempre o texto faça menção específica a esse fato. Portanto, a ocorrência de um nome sem a designação de sua propriedade não deve ser interpretada como uma indicação, por parte da editora, de que ele se encontra em domínio público.

Título original:

Hadzic’s Peripheral Nerve Blocks and Anatomy for UltrasoundGuided Regional Anesthesia

Copyright © 2022 by McGraw Hill

ISBN 978-0-07-183894-8

© 2023 Thieme. All rights reserved.

Thieme Revinter Publicações Ltda. Rua do Matoso, 170 Rio de Janeiro, RJ CEP 20270-135, Brasil http://www.ThiemeRevinter.com.br

Thieme USA http://www.thieme.com

Impresso no Brasil por BMF Gráfica e Editora Ltda. 5 4 3 2 1

ISBN 978-65-5572-188-1

Também disponível como eBook: eISBN 978-65-5572-189-8

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida por nenhum meio, impresso, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito.

Dedicatória

Dedicamos este livro a Jerry Vloka, MD, PhD em reconhecimento às suas contribuições pioneiras para a anestesia regional e imensa inspiração para gerações de estudantes e estudioso da anestesiologia.

SUMÁRIO

Colaboradores

– Seção 1

FUNDAMENTOS

1. Anatomia Funcional Orientada para a Anestesia Regional 3

2. Anestésicos Locais: Farmacologia Clínica e Seleção 33

3. Equipamentos para Bloqueios de Nervos Periféricos 47

4. Estimulação Elétrica Nervosa 57

5. Otimização da Imagem de Ultrassom 67

6. Monitoramento e Documentação na Anestesia Regional 75

7. Indicações dos Bloqueios de Nervos Periféricos 89

8. Bloqueios Contínuos de Nervos Periféricos 101

9. Toxicidade Sistêmica do Anestésico Local e Alergia aos Anestésicos Locais 107

10. Complicações Neurológicas dos Bloqueios de Nervos Periféricos 117

11. Preparação para Anestesia Regional e Manejo Perioperatório 123

– Seção 2

BLOQUEIOS DE CABEÇA E PESCOÇO

12. Bloqueio do Plexo Cervical 131

– Seção 3

BLOQUEIOS DA EXTREMIDADE SUPERIOR

13. Bloqueio Interescalênico do Plexo Braquial 143

14. Bloqueio Supraclavicular do Plexo Braquial 153

15. Bloqueio Infraclavicular do Plexo Braquial 161

16. Bloqueio Costoclavicular do Plexo Braquial 169

17. Bloqueio Axilar do Plexo Braquial 177

18. Bloqueios para Analgesia do Ombro: Bloqueios Poupando o Nervo Frênico 185

19. Bloqueios na Área do Cotovelo

20. Bloqueio do Punho

– Seção 4

BLOQUEIOS DAS EXTREMIDADES INFERIORES

21. Bloqueio do Plexo Lombar

22. Bloqueio da Fáscia Ilíaca

23. Bloqueios para Analgesia do Quadril

24. Bloqueio do Nervo Femoral

25. Bloqueios Subsartoriais: Bloqueios do Nervo Safeno, do Canal Adutor e do Triângulo Femoral

26. Bloqueio do Nervo Cutâneo Femoral Lateral

27. Bloqueio do Nervo Obturatório

28. Bloqueio Proximal do Nervo Isquiático

29. Bloqueio Isquiático Poplíteo

30. Bloqueio dos Nervos Geniculares

Bloqueio do Tornozelo

– Seção 5

BLOQUEIOS DO TRONCO E DA PAREDE

33. Bloqueio de Nervos Intercostais

34. Bloqueio de Nervos Peitorais

35. Bloqueio do Plano do Serrátil

36. Bloqueio Paravertebral 349

37. Bloqueio do Plano dos Eretores da Espinha 359

38. Bloqueios do Plano do Transverso do Abdome 367

39. Bloqueio da Bainha do Músculo Reto 379

40. Bloqueios do Quadrado Lombar 385 Índice Remissivo

DAVID ALVAREZ, MD

COLABORADORES

Department of Anesthesiology

Hospital Universitari de Bellvitge

Barcelona, Spain (Capítulo 20)

ANGELA LUCIA BALOCCO, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium

(Capítulos 9, 11, 19, 31, 35, 37, 38, 39, e 40)

JONAS BRUGGEN, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 21)

ROBBERT BUCK, MD

Department of Anesthesiology

UZ Antwerpen

Antwerpen, Belgium (Capítulo 12)

EVELINE CLAES, MD

Department of Anesthesiology

AZ Diest

Diest, Belgium (Capítulo 10)

TOMÁS CUÑAT, MD, DESA

Department of Anesthesiology

Hospital Clinic de Barcelona Barcelona, Spain (Capítulo 30)

LOTTE CUYX, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 38)

OLIVIER DE FRÉ, MD

Anesthesiology Department

AZ Herentals

Herentals, Belgium (Capítulo 2)

JAVIER DOMENECH DE LA LASTRA, MD, DESA

Department of Anesthesiology

Hospital Clinic de Barcelona Barcelona, Spain (Capítulo 16)

ROBIN DE MEIRSMAN, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 34)

DIMITRI DYLST, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium (Capítulo 17)

CHRISTOPHER J. EDWARDS, MD

Department of Anesthesiology

Wake Forest Baptist Medical Center

Winston Salem, North Carolina

United States of America (Capítulo 36)

GERT-JAN EERDEKENS, MD

Department of Anesthesiology UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulos 17 e 40)

VICTOR FRUTOS, MD

Department of Anesthesiology and Pain Clinics

Hospital Universitari Germans Trias i Pujol Badalona, Spain (Capítulo 1)

JEFF GADSDEN, MD

Department of Anesthesiology

Duke University Hospital Durham, North Carolina

United States of America (Capítulo 10)

LEVIN GARIP, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 2)

ADMIR HADZIC, MD, PHD

Director, The New York School of Regional Anesthesia

New York, United States of America

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium

(Capítulos 3, 4, 10, e 11)

RAWAD HAMZI, MD

Department of Anesthesia and Pain Management

Wake Forest Baptist Medical Center

Winston Salem, North Carolina, United States of America (Capítulo 33)

TYLER HEIJNEN, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium (Capítulo 18)

JELENA HEIRBAUT, MD

Department of Anesthesiology

UZ Antwerpen

Antwerpen, Belgium (Capítulo 4)

JORE HENDRIKX, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 31)

LOTTE HENDRIX, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 13)

DARYL S. HENSHAW, MD

Department of Anesthesiology and Pain Management

Wake Forest Baptist Medical Center

Winston Salem, North Carolina

United States of America (Capítulo 36)

PETER HULSBOSCH, MD

Department of Anesthesiology

Regionaal Ziekenhuis Heilig Hart

Leuven, Belgium (Capítulo 15)

J. DOUGLAS JAFFE, MD

Department of Anesthesiology and Pain Management

Wake Forest Baptist Medical Center

Winston Salem, North Carolina

United States of America (Capítulo 33)

LEEN JANSSEN, MD

Department of Anesthesiology

UZ Antwerpen

Antwerpen, Belgium (Capítulo 5)

MANOJ K. KARMAKAR, MD

Director of Pediatric Anesthesia

Chinese University of Hong Kong

Prince of Wales Hospital

Sha Tin, Hong Kong, China (Capítulo 21)

BRAM KEUNEN, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium (Capítulo 15)

SAMANTHA KRANSINGH, FCA, FANZCA

South Canterbury District Health Board

Timaru, New Zealand (Capítulos 5 e 22)

QUEENAYDA A. D. KROON, MD

Department of Anesthesia and Pain Management

University Medical Centre Maastricht

Maastricht, The Netherlands (Capítulo 33)

ANNELIES LANGENAEKEN, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 29)

RAPHAËL LAPRÉ, MD

Department of Anesthesiology

AZ Rivierenland

Reet, Belgium (Capítulo 2)

ANA LOPEZ, MD, PHD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium (Capítulos 1, 11, 12, 16, 18, 20, 21, e 32)

SOFIE LOUAGE, MD

Department of Anesthesiology

AZ Glorieux

Ronse, Belgium (Capítulos 27, 28, e 29)

LEANDER MANCEL, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 6)

BEREND MARCUS, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven

Leuven, Belgium (Capítulo 7)

EVI MELLEBEEK, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium (Capítulo 24)

FELIPE MUÑOZ-LEYVA, MD

Department of Anesthesia and Pain Management

University Health Network, University of Toronto, Toronto Western Hospital Toronto, Ontario, Canada (Capítulos 9 e 37)

GWENDOLYNE PEETERS, MD

Department of Anesthesiology

UZ Gent

Gent, Belgium (Capítulo 9)

XAVIER SALA-BLANCH, MD

Department of Anesthesiology

Hospital Clinic de Barcelona

Barcelona, Spain (Capítulos 1 e 23)

AMAR SALTI, MD, EDRA

Department of Anesthesia and Pain Medicine

Sheikh Khalifa Medical City Abu Dhabi, United Arab Emirates (Capítulo 22 e 27)

RUBEN SCHREURS, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg Genk, Belgium (Capítulo 25)

JEROEN SMET, MD

Department of Anesthesiology

UZ Gent Gent, Belgium (Capítulo 3)

FILIEP SOETENS, MD

Department of Anesthesiology

AZ Turnhout Turnhout, Belgium (Capítulos 2 e 9)

SAM VAN BOXSTAEL, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg Genk, Belgium (Capítulos 24, 25, e 26)

IMRÉ VAN HERREWEGHE, MD

Department of Anesthesiology AZ Turnhout Turnhout, Belgium (Capítulos 2 e 7)

ASTRID VAN LANTSCHOOT, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg Genk, Belgium (Capítulos 34 e 35)

KATHLEEN VAN LOON, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven Leuven, Belgium (Capítulo 9)

JILL VANHAEREN, MSC

Research Associate

The New York School of Regional Anesthesia

New York, United States of America (Capítulo 39)

CATHERINE VANDEPITTE, MD, PHD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg

Genk, Belgium

(Capítulos 6, 8, 11, 15, 17, 19, e 28)

STEFANIE VANHOENACKER, MD

Department of Anesthesiology

Sint-Jozefskliniek Izegem Izegem, Belgium (Capítulo 14)

THIBAUT VANNESTE, MD

Department of Anesthesiology

Ziekenhuis Oost-Limburg Genk, Belgium (Capítulos 13, 14, 23, e 30)

ROB VERVOORT, MD

Department of Anesthesiology

UZ Leuven Leuven, Belgium (Capítulo 8)

DAQUAN XU

Associate Researcher

The New York School of Regional Anesthesia

New York, United States of America (Capítulo 5)

PREFÁCIO

A terceira edição deste clássico livro sobre bloqueios nervosos por ultrassom é lançada durante um período único na história da humanidade. A pandemia de COVID-19 e as ameaças que a doença representa para pacientes e profissionais de saúde mudaram substancialmente a prática perioperatória. Durante a pandemia, a anestesia regional foi estabelecida como método preferencial em relação à anestesia geral sempre que possível. Os bloqueios nervosos preservam a função respiratória e evitam a aerossolização durante a intubação e extubação e, portanto, a transmissão viral para outros pacientes e profissionais de saúde. Como exemplo, o uso de bloqueios nervosos como método preferencial de anestesia cirúrgica durante a pandemia permitiu que muitas cirurgias de membros fossem realizadas com menor exposição aos profissionais de saúde e menos sobrecarga nas unidades de recuperação pós-anestésica (SRPA) e utilização de leitos hospitalares. Com anestesia regional, os pacientes podem deixar as instalações de cuidados pós-operatórios agudos mais rapidamente e evitar a admissão nos leitos de internação limitados. Em nosso centro, o uso de anestesia regional e bloqueios nervosos como principal escolha anestésica permitiu cirurgia ortopédica eletiva em muitos pacientes.

O uso de anestesia local regional guiada por ultrassom (ARL) aumentou exponencialmente nos últimos anos. As técnicas tradicionais foram refinadas e uma série de novas abordagens foi concebida para melhor se adequar à prática clínica em evolução. Os bloqueios nervosos são um componente essencial da analgesia multimodal nos protocolos de recuperação aprimorada após a cirurgia (ERAS). Seu uso potencializa a analgesia e reduz ou elimina o uso de opioides no pós-operatório. Algumas técnicas tradicionais de bloqueio nervoso foram substituídas por técnicas mais seletivas para minimizar o bloqueio motor e facilitar a reabilitação e recuperação precoces. Novas técnicas de plano fascial guiadas por ultrassom, bloqueios de nervos distais e injeções periarticulares seletivas também estão sendo cada vez mais usados para obter um melhor equilíbrio entre eficácia, simplicidade, segurança e razão de bloqueio sensoriomotor.

Esta terceira edição do livro-texto da NYSORA é substancialmente atualizada e revisada para incluir os muitos novos desenvolvimentos em anestesia regional e tendências na prática clínica. Apresenta artes inteiramente novas, novas imagens clínicas e novas técnicas de plano fascial e infiltração. Ao todo, cerca de 500 novos algoritmos, ilustrações, imagens de ultrassom, fotografias clínicas e auxílios cognitivos foram incluídos para facilitar o aprendizado. Além dos anestesiologistas, as descrições de técnicas altamente didáticas e organizadas, bem como os princípios de anatomia funcional serão valiosos para todos os anestesiologistas, especialistas em dores aguda e crônica, para dor intervencionista, Medicina Musculoesquelética e médicos de emergência. As imagens Reverse Ultrasound Anatomy™ (RUA) da NYSORA apresentam anatomia funcional ou técnicas de bloqueio com instruções claras sobre os princípios e objetivos de cada técnica. Esses auxílios cognitivos envolveram inúmeras horas de trabalho e colaboração entre as equipes criativas e editoriais do NYSORA para desenvolver materiais criativos e altamente didáticos que facilitam a compreensão da anatomia, planos fasciais e princípios de bloqueio nervoso. A RUA ajuda os alunos a memorizar os padrões de sonoanatomia, o que é essencial para imagens de ultrassom. O conhecimento dos padrões de sonoanatomia aumenta substancialmente a proficiência do ultrassom e a retenção de habilidades. Sempre que aplicável, são apresentadas imagens clínicas da posição do paciente, posicionamento do transdutor de ultrassom e detalhes anatômicos. A literatura relevante recente foi adicionada à “Leitura Sugerida” para leitores que gostam de explorar as fontes originais das informações apresentadas. Escolhemos essa abordagem em um esforço para fornecer as informações mais práticas e pragmáticas, e aliviar o conteúdo de citações de literatura em massa. Os leitores devem ser avisados de que este livro não pretende ser uma lista enciclopédica de todas as técnicas e suas variações. Em vez disso, nosso livro didático deve ser visto como um compêndio de conhecimento bem estabelecido, organizado didaticamente para o aprendizado e a transferência de conhecimento para

estudantes de Anestesiologia. Com esta abordagem, o livro didático visa ajudar a padronizar e implementar técnicas bem estabelecidas, indicações, farmacologia, monitoramento e documentação de bloqueios nervosos. Em vez de sobrecarregar o leitor com técnicas experimentais de bloqueio com benefícios clínicos não comprovados, pretendemos incluir as técnicas de bloqueio nervoso, fascial e infiltração mais clinicamente úteis com eficácia e aplicabilidade clínica comprovadas. Informações sobre manejo perioperatório e tratamento de toxicidade anestésica local também foram adicionadas e/ou totalmente revisadas. Como os

pacientes geralmente apresentam um histórico vago de alergia a anestésicos locais, a nova edição também apresenta algoritmos altamente práticos para facilitar a tomada de decisões e o manejo da alergia a anestésicos locais. Estamos confiantes de que este livro continuará a ser um dos principais recursos sobre bloqueios de nervos periféricos nas práticas médicas em todo o mundo.

Atenciosamente, Drs Hadzic, Lopez, Balocco e Vandepitte

AGRADECIMENTOS

Este livro não seria possível sem as pessoas extraordinárias que contribuíram com seu tempo, talento e compromisso eterno para criar uma obra-prima educacional. Muito obrigado às Dras. Ana Lopez (editora sênior), Angela Lucia Balocco e Catherine Vandepitte, as editoras da terceira edição. Sua combinação de compromisso, conhecimento, pesquisa e experiência clínica é aparente em cada página deste livro.

Muito obrigado à liderança da Ziekenhuis Oost-Limburg (ZOL; Genk, Bélgica) por seu apoio e por facilitar uma plataforma criativa no ambiente clínico do hospital. Em particular, muito obrigado à diretora médica, Dra. Griet Vander Velpen, e à gerente “pode resolver tudo”, Chantal Desticker. Sem o seu apoio, este livro e a criação do nosso centro de excelência em anestesia regional na ZOL não seria possível. Obrigado à liderança do departamento, especialmente Rene Heylen, Jan Van Zundert e Pieter De Vooght; sua visão levou à criação de um dos melhores centros de anestesia regional no coração da Europa. Obrigado à nossa equipe de anestesia regional e enfermeiras do bloco Birgit Lohmar, Joelle Caretta, Ine Vanweert, Kristell Broux, Ilse Cardinaels, Sydney Herfs, Elke Janssen, Hüda Erdem, Mohamed Rafiq, Danny Baens e todas as enfermeiras operacionais do Bloco N na unidade de cirurgia ortopédica.

Muito obrigado a todos os principais colegas em anestesia regional. Esses médicos jovens e brilhantes contribuem com imenso valor para nossa missão de ensino e continuam a missão de embaixadores nacionais da anestesia regional após a formatura. Muita gratidão aos nossos residentes de Anestesia, que alternam através de nosso serviço de suas universidades-mãe: Leuven (KUL), Gent, Antuérpia e outras.

O nosso departamento de Cirurgia Ortopédica é, sem dúvida, um dos melhores da Europa. Composto por ultra-alta empreendedores; médicos de equipes nacionais, olímpicas e profissionais de futebol; inovadores; e,

acima de tudo, cirurgiões incrivelmente habilidosos e apaixonados. Foi um prazer absoluto construir o serviço de Anestesia Ortopédica com você. Uma breve olhada no site do departamento de Cirurgia Ortopédica da ZOL é suficiente para ter uma noção de que NYSORA-EUROPE na ZOL é ladeada por verdadeiros gigantes da cirurgia ortopédica (https://www.zol.be/raadplegingen/ orthopedie).

Obrigado à equipe internacional da NYSORA: Pat Pokorny (Reino Unido), Kusum Dubey (Nova Delhi), Katherine Hughey-Kubena (EUA), Elvira Karovic, Medina Brajkovic, Ismar Ruznjic (B&H), Nenad Markovic (SER), Jill Vanhaeren, e Greet van Meir (BE). Esta é uma equipe incrível de empreendedores da NYSORA.

Obrigado ao ilustrador do NYSORA, Ismar Ruznjic, pelo novo estilo de ilustrações e obras de arte desta edição. Ismar cresceu com a NYSORA para se tornar um dos melhores ilustradores de Anatomia do mundo.

Um muito obrigado ao nosso designer e maestro 3D, Nenad Markovic, um perfeccionista supremo, cujo olhar tem sido construtivamente crítico para muitos aspectos artísticos e estilísticos deste livro e para o conteúdo do NYSORA em geral.

Finalmente, um enorme obrigado a todos os colaboradores desta obra, pois foram muitos. Tal volume, repleto de tantas informações anatômicas, pode sempre conter erros ocultos. Contamos com nossos colaboradores estelares para detectá-los e corrigi-los sempre que possível. No entanto, se os leitores encontrarem algum que tenhamos perdido e precise de correção, por favor, encaminhe-o para info@nysora.com. Garantimos melhorá-los e agradecemos imensa e antecipadamente os seus comentários.

Muito obrigado a todos, Editores

Fundamentos

Capítulo 1 Anatomia Funcional Orientada para a Anestesia Regional 3

Capítulo 2 Anestésicos Locais: Farmacologia Clínica e Seleção 33

Capítulo 3 Equipamentos para Bloqueios de Nervos Periféricos 47

Capítulo 4 Estimulação Elétrica Nervosa 57

Capítulo 5 Otimização da Imagem de Ultrassom 67

Capítulo 6 Monitoramento e Documentação na Anestesia Regional 75

Capítulo 7 Indicações dos Bloqueios de Nervos Periféricos 89

Capítulo 8 Bloqueios Contínuos de Nervos Periféricos 101

Capítulo 9 Toxicidade Sistêmica do Anestésico Local e Alergia aos Anestésicos Locais 107

Capítulo 10 Complicações Neurológicas dos Bloqueios de Nervos Periféricos 117

Capítulo 11 Preparação para Anestesia Regional e Manejo Perioperatório 123

Anatomia Funcional Orientada para a Anestesia Regional

O conhecimento da anatomia é essencial para a prática de anestesia regional e para os procedimentos de anestesia regional guiada por ultrassom. Este capítulo fornece uma visão geral concisa da anatomia funcional, que é essencial e necessária para a implementação das técnicas de anestesia tradicional e anestesia regional guiada por ultrassom. A Figura 1–1 demonstra os planos e as direções anatômicas utilizadas como uma abordagem convencional ao longo do livro.

Anatomia dos Nervos Periféricos

O neurônio é a unidade funcional básica responsável pela condução nervosa. Os neurônios são as células mais longas do corpo, muitas vezes com até 1 m de comprimento. A maioria dos neurônios tem uma capacidade limitada de reparação após lesão. Avanços na compreensão da neurobiologia da regeneração nervosa e avanços experimentais na biotecnologia

podem eventualmente resultar no desenvolvimento de estratégias para promover o crescimento axonal e reduzir a morte neuronal.

Um neurônio típico consiste em um corpo celular (soma) com um grande núcleo. O corpo celular está conectado a vários processos de ramificação, denominados dendritos, e um único axônio (Figura 1–2). Os dendritos recebem as mensagens aferentes (entrada), enquanto os axônios únicos por neurônio conduzem as mensagens eferentes (saída). Nos nervos periféricos, os axônios são longos e finos; sendo frequentemente referidos como fibras nervosas.

 Tecido Conjuntivo

O nervo periférico é composto por três tipos de fibras: (1) nervos somatossensoriais ou aferentes, (2) nervos motores ou eferentes e (3) nervos autônomos. Em um nervo periférico

Plano Sagital Mediano

Plano Transverso ou Axial

Plano Coronal

Plano Sagital Paramediano

FIGURA 1–1. Planos e direções convencionais do corpo. Vermelho, sagital; laranja, paramediano sagital; verde, transversal; e roxo, coronal ou axial.

Corpo celular (soma)

Nucléolo

Núcleo

Dendritos

Axônio

Nódulo de Ranvier

Bainha de mielina

Terminal axônico

(Figura 1–3), axônios individuais são envoltos em um tecido conjuntivo frouxo e delicado, o endoneuro. Grupos de axônios estão dispostos dentro de um feixe (fascículo nervoso) cercado pelo perineuro. Este confere resistência mecânica ao nervo periférico e funciona como uma barreira de difusão ao fascículo, isolando o espaço endoneural e preservando o meio iônico do axônio. Em cada ponto de ramificação, o perineuro se divide com o fascículo. Os fascículos, por sua vez, estão embebidos no tecido conjuntivo frouxo denominado epineuro interfascicular, que contém tecido adiposo, fibroblastos, mastócitos, vasos sanguíneos e linfáticos. A camada externa que envolve o nervo é o epineuro, um tecido colagenoso mais denso que protege o nervo. O paraneuro é constituído por tecido conjuntivo frouxo que mantém uma relação estável entre estruturas adjacentes, as quais preenchem o espaço entre elas,

como os feixes neurovasculares dos septos intermusculares. Este tecido contribui para a mobilidade funcional dos nervos durante a articulação e o movimento muscular.

É importante notar que os feixes fasciculares não são contínuos ao longo do nervo periférico, mas se dividem e realizam anastomoses entre si com a mesma frequência de alguns milímetros (Figura 1–4). Esse arranjo dos nervos periféricos ajuda a explicar por que as injeções intraneurais, que perturbam essa organização, podem resultar em consequências desastrosas em oposição a secções de nervos com agulhas limpas, que cicatrizam mais facilmente. Nas proximidades das articulações, os fascículos são mais finos, mais numerosos e provavelmente cercados por uma maior quantidade de tecido conjuntivo, o que reduz a vulnerabilidade dos fascículos à pressão e ao alongamento causado pelo movimento.

FIGURA 1–2. Composição do neurônio.

Mesoneuro

Ner vo espinhal

Gânglio da raiz dor sal

Raiz ventral

Célula de Schwann

Endoneuro

Vasos sanguíneos

Perineuro

Epineuro epifascicular

Os nervos periféricos recebem suprimento sanguíneo dos vasos adjacentes que correm ao longo de seu curso. Existem dois sistemas vasculares interconectados independentes. O sistema vascular extrínseco consiste em artérias, arteríolas e veias que estão localizadas no epineuro. O sistema vascular intrínseco

compreende um grupo de capilares longitudinais que correm dentro dos fascículos e do endoneuro. A lesão neuronal após bloqueio nervoso pode ser devida, pelo menos em parte, à pressão ou ao estiramento dentro das bainhas de tecido conjuntivo e à consequente interferência no suprimento vascular dos nervos.

FIGURA 1–3. Organização do nervo periférico.

 Comunicação entre o Sistema

Nervoso Central e os Sistemas

Nervosos Periféricos

O sistema nervoso central (CNS) se comunica com o corpo por meio dos nervos espinhais, que possuem componentes sensoriais e motores (Figura 1–5). As fibras sensoriais originam-se

Fascículos

Conexão inter

Ar téria

dos neurônios nos gânglios da raiz dorsal e entram na face dorsolateral da medula espinhal para formar a raiz dorsal. As fibras motoras surgem de neurônios no corno ventral da medula espinhal e atravessam a face ventrolateral da medula espinhal para formar a raiz ventral. As raízes dorsais e ventrais convergem no forame intervertebral para formar os nervos espinhais, que então se dividem em ramos dorsais e ventrais. Os ramos dorsais inervam os músculos, ossos, as articulações

Eretor da espinha

Espaço epidural

Ramo dorsal

Raiz dor sal

Ramo ventral (ner vo intercostal)

Raiz ventral

Ner vo espinhal

Gânglio sensorial espinal (raiz dorsal)

Ramos comunicantes

brancos e cinzentos

Pulmões

Gânglio simpático

Corpo da vértebra

fascicular dos axônios
FIGURA 1–4. Diagrama do arranjo fascicular em um nervo periférico.
FIGURA 1–5. Corte transversal esquemático da vértebra torácica mostrando a coluna e a origem dos nervos espinais.

Raiz dor sal (raiz sensorial)

Raiz ventral (raiz motora)

Gânglio espinhal

Ramo meníngeo

Ner vo espinhal

Ramo dorsal (posterior) com o ramo medial e ramo lateral Ramo comunicante

Ramo ventral

Gânglio simpático

FIGURA 1–6. Anatomia de um nervo intercostal espinhal típico.

e a pele das costas ao longo da linha mediana posterior. Os ramos ventrais inervam os músculos, ossos, as articulações e a pele da face anterolateral do pescoço, tórax, abdome, da pelve e das extremidades (Figura 1–6).

 Nervos Espinhais

Existem 31 pares de nervos espinhais: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Os nervos espinhais atravessam a coluna vertebral nos forames intervertebrais (Figura 1–7). O primeiro nervo cervical (C1) passa superiormente à vértebra C1 (atlas). O segundo nervo cervical (C2) passa entre as vértebras C1 (atlas) e C2 (áxis). Esse padrão continua descendente pela coluna cervical; porém, como não há vértebra C8, o nervo em C8 passa entre as vértebras C7 e T1.

Na região torácica, o nervo T1 passa entre as vértebras T1 e T2. Esse padrão continua em direção descendente pelo restante da coluna. O arco vertebral da quinta vértebra sacral e primeira vértebra coccígea é rudimentar. Por causa disso, o canal vertebral abre-se inferiormente no hiato sacral, onde passam o quinto nervo sacral e o primeiro nervo coccígeo. As raízes dos nervos espinhais devem descer através do canal vertebral antes de sair da coluna vertebral, através do forame intervertebral apropriado, visto que a extremidade inferior da medula espinal (cone medular) está localizada no nível vertebral L1–L2 em adultos. Coletivamente, essas raízes são denominadas cauda equina.

Fora da coluna vertebral, ramos ventrais dos níveis espinhais cervicais e lombossacrais coalescem para formar redes intrincadas chamadas plexos, a partir dos quais os nervos se estendem para o pescoço, os braços e as pernas.

 Dermátomos, Miótomos e Osteótomos

Um dermátomo é a área da pele suprida pela raiz dorsal (sensorial) de um nervo espinhal específico (Figura 1–8). No tronco, cada segmento é disposto horizontalmente, exceto C1, que não tem um componente sensorial. Os dermátomos dos membros do quinto nervo cervical ao primeiro nervo torácico (C5–T1) e da terceira vértebra lombar até a segunda vértebra sacral (L3–S2) se estendem como uma série de bandas da linha mediana do tronco posteriormente para os membros. Vale ressaltar que existe uma considerável sobreposição entre dermátomos adjacentes.

Um miótomo é a inervação segmentar do músculo esquelético por uma raiz ventral de um nervo espinhal específico (Figura 1–8). Um osteótomo é a área do osso suprida pela raiz sensorial do nervo espinhal específico.

A distribuição de dermátomos, miótomos e osteótomos não segue o mesmo padrão em algumas áreas, onde diferentes nervos suprem a inervação de estruturas profundas e superficiais (Figura 1–8). Independentemente disso, o conhecimento de sua distribuição é relevante para a aplicação da anestesia regional como um guia para decidir quais técnicas de bloqueio são apropriadas para fornecer analgesia e anestesia adequadas para procedimentos cirúrgicos específicos.

 Paredes Torácica e Abdominal

Parede Torácica

Os nervos intercostais originam-se dos ramos ventrais dos primeiros 11 nervos espinhais torácicos (T1–T11). Cada nervo intercostal torna-se parte do feixe neurovascular da costela e fornece inervações sensoriais e motoras (Figura 1–9).

Com exceção do primeiro, cada nervo intercostal emite um ramo cutâneo lateral que perfura o músculo sobrejacente próximo à linha axilar média. Este nervo cutâneo se divide em ramos anterior e posterior, que suprem a pele adjacente. Os nervos intercostais do segundo ao sexto espaço alcançam a parede torácica anterior e perfuram a fáscia superficial próxima à borda lateral do esterno e se dividem em ramos cutâneos medial e lateral.

A maioria das fibras do ramo anterior do primeiro nervo espinhal torácico une-se ao plexo braquial para distribuição ao membro superior. O primeiro nervo intercostal pequeno é o ramo lateral e supre apenas os músculos do espaço intercostal, não a pele sobreposta. Em contraste, os cinco nervos intercostais inferiores abandonam o espaço intercostal na margem costal para suprir os músculos e a pele da parede abdominal.

Parede Abdominal Anterior

Os seis nervos torácicos inferiores e o primeiro nervo lombar inervam a pele, os músculos e o peritônio parietal da parede abdominal anterior. Na margem costal, o sétimo ao décimo primeiro nervos torácicos (T7–T11) deixam seus espaços intercostais e entram na parede abdominal em um plano fascial entre os músculos transverso do abdome e oblíquo interno. O sétimo e oitavo nervos intercostais inclinam-se em direção ascendente, seguindo o contorno da margem costal, o nono corre horizontalmente, enquanto o décimo e o décimo primeiro nervos apresentam uma trajetória descendente. Anteriormente, os nervos perfuram o músculo reto do abdome e a camada anterior da bainha do reto para emergir como ramos cutâneos anteriores que suprem a pele sobrejacente (Figura 1–9).

O nervo subcostal (T12) segue a linha da décima segunda costela através da parede abdominal posterior. Continua em torno do flanco e termina de forma semelhante aos nervos intercostais inferiores. O sétimo ao décimo segundo nervos torácicos (T7–T12) emitem os nervos cutâneos laterais, que se dividem em ramos anterior e posterior. Os ramos anteriores suprem a pele até a borda lateral do reto do abdome. Os ramos posteriores suprem a pele que recobre o latíssimo do dorso. O ramo cutâneo lateral do nervo subcostal é distribuído para a pele na lateral da nádega.

Os nervos ílio-hipogástrico e ilioinguinal, ambos os ramos de L1, suprem a parte inferior da parede abdominal. O nervo ílio-hipogástrico corre acima da crista ilíaca e se divide em dois ramos terminais. O ramo cutâneo lateral supre a lateral da nádega; o ramo cutâneo anterior supre a região suprapúbica.

O nervo ilioinguinal deixa o plano intermuscular ao perfurar o músculo oblíquo interno acima da crista ilíaca. Continua entre os dois músculos oblíquos para entrar no canal inguinal através do cordão espermático. Ao emergir do anel

Cervical
Torácico
Lombar Sacral Coccígeo
FIGURA 1–7. Nervos espinhais.

Cabeça e pescoço

Ner vo of tálmico (I)

Ner vo mandibular (III)

Ner vo maxilar (II)

Ner vos supraclaviculares

Extremidade superior

Nervo axilar

Nervo cutâneo braquial medial

Nervo radial

Nervo musculocutâneo

Nervo cutâneo antebraquial medial

Nervo mediano

Nervo ulnar

Tórax e abdome

Ner vos peitorais

Ramo cutâneo lateral

Ramo cutâneo anterior

Ner vo torácico longo

Ner vo ílio -hipogástrico

Ner vo ilioinguinal

Extremidade inferior

Ner vo ilioinguinal

Ner vo genitofemoral

Ner vo cutâneo femoral lateral

Ner vo obturador

Ner vo femoral

Ner vo fibular superficial

Ner vo fibular profundo

Ner vo tibial

Ner vo safeno

Cabeça e pescoço

Ner vo of tálmico (I)

Ner vo mandibular (III)

Ner vo maxilar (II)

Ner vos supraclaviculares

Extremidade superior

Ner vo axilar

Ner vo cutâneo braquial medial

Ner vo radial

Ner vo musculocutâneo

Ner vo cutâneo antebraquial

medial

Ner vo mediano

Ner vo ulnar

Tórax e abdome

Ner vos peitorais

Ramo cutâneo lateral

Ramo cutâneo anterior

Ner vo torácico longo

Ner vo ílio -hipogástrico

Ner vo ilioinguinal

Extremidade inferior

Ner vo ilioinguinal

Ner vo genitofemoral

Ner vo cutâneo femoral lateral

Ner vo obturador

Ner vo femoral

Ner vo fibular superficial

Ner vo fibular profundo

Ner vo tibial

Ner vo safeno

1–8. Distribuição dos dermátomos, miótomos e osteótomos: (A) vista anterior e (B) vista posterior.

FIGURA

Raiz dor sal (raiz sensorial)

Ramo ventral (raiz motora)

Gânglio espinhal

Ramo meníngeo

Ner vo espinhal

Ramo dorsal (posterior) com o ramo medial e o ramo lateral

Ramo comunicante

Ramo ventral

inguinal superficial, fornece ramos cutâneos para a pele no lado medial da raiz da coxa, na parte proximal do pênis, bem como na porção frontal do escroto em homens e para o monte do púbis e a parte anterior do lábio maior em mulheres.

Suprimento Nervoso para o Peritônio

Os nervos torácicos inferiores e o primeiro lombar inervam o peritônio parietal da parede abdominal. Os nervos torácicos inferiores também inervam o peritônio que cobre a periferia do diafragma. A inflamação do peritônio causa dor na parede torácica inferior e abdominal. Por outro lado, o peritônio na

Gânglio simpático

Ramo cutâneo lateral

Ramo cutâneo ventral

parte central do diafragma recebe ramos sensoriais dos nervos frênicos (C3, C4 e C5) e a irritação nessa área pode produzir dor na região do ombro (o quarto dermátomo cervical).

 Plexos Nervosos

Os ramos ventrais dos nervos da espinha cervical, lombar e sacral formam uma rede neural conhecida como plexos. As fibras nervosas desses segmentos espinhais se distribuem em diferentes nervos terminais. Os quatro principais plexos nervosos são o plexo cervical, braquial, lombar e sacral.

FIGURA 1–9. Trajeto e distribuição de um nervo intercostal.

Músculo esternotireóideo

Alça cervical

Ner vo frênico

Músculo omo -hióideo

Ner vo occipital menor

Ner vos para os músculos reto anterior e lateral da cabeça e longo da cabeça e do pescoço

Ner vo auricular maior

Músculo trapézio

Ner vos supraclaviculares (medial, intermediário e lateral)

Plexo Cervical

O plexo cervical origina-se dos ramos ventrais de C1 a C5, que formam três alças (Figura 1–10). Os ramos motores profundos originados dessas alças inervam os músculos infra-hióideo e escaleno. As fibras de C3 a C5 formam o nervo frênico, que desce na superfície anterior do músculo escaleno anterior, passa pela abertura torácica superior e desce nas paredes do

mediastino para inervar o diafragma (nervo frênico). Portanto, o plexo cervical tem um papel relevante na manutenção da função respiratória. Ramos superficiais do plexo cervical passam ao redor da margem posterior do músculo esternocleidomastóideo e fornecem inervação sensorial para a pele do couro cabeludo lateral, pescoço, clavícula, ombro e tórax superior (Figura 1–11). A Tabela 1-1 descreve a origem e a inervação de cada nervo do plexo cervical.

Ner vo cervical transverso
Ner vo hipoglosso
FIGURA 1–10. Organização do plexo cervical das raízes aos nervos terminais.

NERVOS

Veia jugular externa

Ner vo auricular maior

Ner vo cervical transverso

Músculo esternocleidomastóideo

Ner vo occipital menor

Músculo escaleno médio

Ponto do plexo cervical superficial (ponto de Erb)

Ner vo supraclavicular anterior

Ner vo acessório (XI)

Ner vo supraclavicular médio

Ner vo supraclavicular lateral

Clavícula

Alça cervical (ramos superior e inferior)

Nervos occipital menor, cervical transverso, supraclavicular e auricular maior

Nervo frênico

Nervos cervicais

SEGMENTOS ESPINHAIS DISTRIBUIÇÃO

C1–C3

C2–C4

C3–C5

C1–C5

Cinco dos músculos laríngeos extrínsecos (esternotireóideo, esterno-hióideo, omo-hióideo, genio-hióideo e tireo-hióideo) por meio do XII nervo craniano

Pele da porção superior do tórax, ombro, pescoço e orelha

Diafragma

Levantador da escápula, músculos escalenos, músculos esternocleidomastóideos e músculos trapézios (com o XI nervo craniano)

FIGURA 1–11. Dissecção dos ramos superficiais do plexo cervical.
Tabela 1-1. Organização e Distribuição do Plexo Cervical

N. escapular dor sal

Para o músculo longo e escaleno

Para o ner vo frênico

Para o subclávio

Tronco superior

Tronco médio

Tronco inferior

N. supraescapular

Para o m. longo e escaleno

N. peitoral lateral

Alça peitoral

Medula lateral

Medula posterior

N. peitoral medial

N. subescapular superior

N. toracodorsal

N. subescapular inferior

N. musculocutâneo

N. axilar

N. radial

N. mediano

Plexo Braquial

N. cutâneo braquial N. cutâneo antebraquial N. ulnar

FIGURA 1–12. Organização do plexo braquial das raízes até os nervos terminais.

Os ramos ventrais dos nervos espinhais C5–T1 formam o plexo braquial, que inerva ossos, articulações, músculos e a pele da extremidade superior e do cíngulo escapular. Entre os músculos escaleno anterior e médio, as raízes convergem para formar os troncos superior (C5–C6), médio (C7) e inferior (C8–T1)

(Figura 1–12). Ao nível da clavícula, cada tronco emite uma divisão anterior e uma posterior. Essas divisões reorganizam suas fibras para formar os cordões laterais, mediais e posteriores, que, por sua vez, emitem os nervos periféricos para a extremidade superior (Figura 1–13). A Tabela 1-2 descreve a origem e a inervação de cada nervo do plexo braquial.

C5
C6
C7
C8
T1

Músculo deltoide

Veia jugular interna

Ner vos acessório e frênico

Ar téria carótida comum

Músculo esterno -hióideo

Plexo braquial (troncos)

Ner vo supraescapular

Músculo esternocleidomastóideo

Ar téria e veia subclávia

Ner vo axilar

Ner vo musculocutâneo

Ner vo mediano

Ner vo e ar téria toracodorsal

Ner vo intercostobraquial

Ner vo ulnar

Ar téria e veia axilar

NERVO (RAMO TERMINAL) NERVOS ESPINHAIS

Torácico longo C5–C7

Dorsal da escápula C5

Nervos para a subclávia C4–C6 Superior

MÚSCULOS RESPOSTA MOTORA

Serrátil anterior Flexão anterior do braço e contração do serrátil anterior

Músculos levantadores da escápula, romboides

Elevação da escápula

Subclávio Articulação esternoclavicular (Continua.)

FIGURA 1-13. Dissecção do plexo braquial das raízes no pescoço até a fossa axilar.
Tabela 1-2. Anatomia dos Plexos Braquiais C5–T1

NERVO (RAMO TERMINAL) NERVOS ESPINHAIS

Supraescapular

C5–C6

MÚSCULOS RESPOSTA MOTORA

Superior Supraespinal, infraespinal

Subescapular (superior e inferior)

Toracodorsal

C5–C6

C6–C8

Superior Posterior Subescapular, redondo maior

Superior, médio, inferior

Axilar

C5–C6

Radial

Posterior Latíssimo do dorso

Superior Posterior Deltoide, redondo menor

C5–T1 Superior, médio, inferior

Posterior Tríceps, ancôneo, braquiorradial, extensor radial longo e curto do carpo, supinador, extensor comum dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo, extensor do indicador, extensor longo e curto do polegar, abdutor do polegar

Peitoral lateral C5–C7 Superior, médio Lateral Peitoral menor, peitoral maior

Musculocutâneo C5–C6 Superior Lateral Coracobraquial, bíceps braquial, braquial

Abdução e rotação lateral do ombro

Adução e rotação medial do ombro

Extensão, adução e rotação medial do ombro

Abdução e rotação lateral do ombro

Extensão do cotovelo, punho e dedos, supinação do antebraço, abdução do punho e polegar

Articulações glenoumeral e acromioclavicular, bursa subacromial

Superfície profunda da escápula

Articulações glenoumeral anterior e acromioclavicular

1º/3º úmero superior, articulação do cotovelo, rádio, ulna, carpo, 1º-3º metacarpo e falanges

Porção anterior e posterior do ombro

Porção posterior do braço e antebraço, face dorsal da mão (1º–4º dedos)

Flexão do cotovelo e supinação do antebraço

Articulações glenoumeral e acromioclavicular

Articulações do úmero, cotovelo e radioulnar proximal

Borda lateral do antebraço (Continua.)

Tabela 1-2. (Cont.) Anatomia dos Plexos Braquiais C5–T1

1-2. (Cont.) Anatomia dos Plexos Braquiais C5–T1

NERVO (RAMO TERMINAL) NERVOS ESPINHAIS

Mediano C6–T1

TRONCO MEDULA

Superior, médio, inferior

Lateral, medial

MIÓTOMOS ESCLERÓTOMOS DERMÁTOMOS

MÚSCULOS RESPOSTA MOTORA

Cotovelo: Pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo

Antebraço: Flexor superficial profundo dos dedos, flexor longo do polegar, pronador quadrado

Mão: Músculos tenares, 1º–2º músculos lumbricais

Flexão do punho e 2º–3º dedos, pronação do antebraço

Articulação do cotovelo (anterior), rádio, ulna, 1º–4º metacarpos e falanges

Face palmar da mão (1º–4º dedos) e face dorsal da metade distal do 2º–4 dedos

Peitoral medial C8–T1 Inferior Medial

Cutâneo braquial medial T1 Inferior Medial

Cutâneo antebraquial medial

Peitoral menor, peitoral maior

C8–T1 Inferior Medial

Ulnar C8–T1 Médio Medial Flexor ulnar do carpo, flexor profundo dos dedos e interósseo (4º–5º dedos), músculos da eminência hipotenar, adutor do polegar, flexor curto do polegar

Flexão do punho e 4º–5º dedos, adução do polegar

Clavícula

Articulação do cotovelo, ulna e face medial do punho, mão e 4º–5º dedos

Face medial do braço

Face medial do antebraço

Face medial da mão, 4º–5º dedos

Tabela

Plexo Lombar

Ner vo ílio -hipogástrico

Ner vo ilioinguinal

Ner vo genitofemoral

Ner vo cutâneo femoral lateral

Para o psoas e ner vo ilíaco

A par tir do 12º torácico

1º lombar

2º lombar

3º lombar

4º lombar

5º lombar

Ner vo femoral

Ner vo obturador acessório

Ner vo obturador

Ner vo do tronco lombossacral

FIGURA 1–14. Organização do plexo lombar das raízes até os nervos terminais.

Os ramos ventrais dos nervos espinais L1–L4 formam o plexo lombar e se separam em divisões anterior e posterior que coalescem para formar os nervos terminais (Figura 1–14). O plexo lombar inerva a pele, os músculos, o revestimento peritoneal da parede abdominal inferior e a face anteromedial

das extremidades inferiores. O plexo corre caudalmente na parede abdominal posterior entre os músculos psoas maior e quadrado lombar. Os principais ramos do plexo lombar são os nervos ílio-hipogástrico, ilioinguinal, genitofemoral, cutâneo femoral lateral, obturador e femoral (Figura 1–15 e Figura 1–16). A Tabela 1–3 descreve a origem e a inervação de cada nervo do plexo lombar.

Veia cava inferior e aor ta abdominal

Tronco celíaco e ar téria mesentérica superior

Diafragma

Ner vo subcostal (T12)

Ner vo ilioinguinal

Ner vo ílio -hipogástrico

Crista ilíaca

Músculo ilíaco

Ner vo obturador

Ner vo cutâneo femoral lateral

Tronco lombossacral

Ner vo femoral

Ramo femoral do ner vo genitofemoral

Veia epigástrica inferior

Veia e ar téria ilíaca

Músculo reto do abdome

Ner vo cutâneo femoral lateral

Ligamento inguinal

Músculo iliopsoas

Ner vo femoral

Tensor da fáscia lata

Músculo sartório

Músculo pectíneo

Ar téria femoral

Veia femoral

Músculo adutor longo

Veia safena maior

Músculo grácil

FIGURA 1–15. Dissecção do plexo lombar na cavidade pélvica.
FIGURA 1–16. Dissecção do nervo femoral abaixo do ligamento inguinal.

NERVO (RAMO TERMINAL)

NERVOS ESPINHAIS

MIÓTOMOS ESCLERÓTOMOS DERMÁTOMOS

MÚSCULOS RESPOSTA MOTORA

Ílio-hipogástrico T12–L1 Músculos abdominais (oblíquos externo e interno, transverso do abdome)

Ilioinguinal L1

Contração da parede abdominal (área inguinal)

Pele sobre o abdome inferior e nádegas

Oblíquo interno Contração da parede abdominal (área inguinal)

Genitofemoral L1–L2 Cremaster Eleva o escroto

Cutâneo femoral lateral L2–L3

Femoral (ramos anteriores/ superficiais): cutâneo anterolateral, cutâneo anteromedial

Femoral (ramo posterior): safeno, nervos para o quadríceps

L2–L4

Sartório, pectíneo Flexão, adução e rotação externa do quadril

Pele sobre a parte superior, medial da coxa e porções da genitália externa

Superfície anteromedial da coxa e porções sobre a genitália

Face anterolateral da coxa

Face anteromedial da coxa

L2–L4

Quadríceps Extensão do joelho, patelar

Obturador L2–L4

Adutores da coxa (adutores magno, curto e longo); grácil, obturador externo

Plexo Sacral

Adução da coxa, rotação externa do quadril

Os ramos ventrais dos nervos espinais L4–L5 e S1–S4 formam o plexo sacral, que inerva as nádegas, o períneo, a face posterior da coxa e toda a perna abaixo do joelho, exceto o território sensorial do nervo safeno (Figura 1–17). O nervo principal é o nervo ciático, que deixa a pelve através do forame isquiático maior e caminha entre o trocanter maior e a tuberosidade

Ílio, face anterior e lateral do fêmur, face articular superior da tíbia; articulações do quadril e joelho

Ísquio, púbis, face medial do fêmur; articulações do quadril e joelho

Superfície anterior da coxa, superfície medial da perna e pé

Superfície medial da coxa

isquiática na área glútea (Figura 1–18). Na porção proximal da coxa, o nervo encontra-se atrás do trocanter menor do fêmur e é coberto superficialmente pela cabeça longa do músculo bíceps femoral. Os dois componentes do nervo ciático divergem em dois nervos reconhecíveis à medida que se aproxima da fossa poplítea: os nervos fibulares comuns e os tibiais. A Tabela 1–4 descreve a origem e a inervação de cada nervo do plexo sacral.

Tabela 1-3. Anatomia do Plexo Lombar L1–L4

Glúteo superior

Ner vo glúteo inferior

Ner vo fibular comum

Ner vo ciático:

- Ner vo até o piriforme

- Ner vo tibial

Para o quadrado femoral (e gêmeo inferior)

Para o obturador interno (e gêmeo superior)

S3

S4

S5 Ramos viscerais

Coccígeo

Para o levantador do ânus e coccígeo

Ner vo pudendo

Ner vo cutâneo femoral posterior

Ner vo cutâneo per furante

FIGURA 1–17. Organização do plexo sacral das raízes até os nervos terminais.

 Inervação das Principais

Articulações

Grande parte da prática de bloqueios de nervos periféricos envolve a cirurgia ortopédica e articular. Consequentemente, o conhecimento da inervação sensorial das principais

articulações é importante para uma melhor compreensão dos componentes neuronais que precisam ser anestesiados para obter anestesia ou analgesia após a cirurgia articular.

A Tabela 1–5 resume a inervação e a função cinética dos principais grupos musculares das extremidades superiores e inferiores.

NERVO (RAMO TERMINAL) NERVOS ESPINHAIS

INERVAÇÃO MOTORA

Glúteo (superior/inferior) L4–S2 Abdutores da coxa (glúteo mínimo, glúteo médio e tensor da fáscia lata) e extensor da coxa (glúteo máximo)

Cutâneo femoral posterior S1–S3

RESPOSTA MOTORA À NEUROESTIMULAÇÃO

Contração das nádegas e rotação externa da coxa

Músculo glúteo máximo

Ar téria e ner vo glúteo superior

Tendão do músculo piriforme

Ligamento sacrotuberoso

Ner vo pudendo

Ner vo ciático

Ner vo glúteo inferior

Ner vo cutâneo femoral posterior

Tuberosidade isquiática

DERMÁTOMOS ESCLERÓTOMOS

Face medial e superior das nádegas

Pele do períneo e superfície posterior da coxa e perna (Continua.)

Tabela 1-4. Anatomia do Plexo Sacral L4–S4
FIGURA 1–18. Dissecção do nervo ciático na abertura da pelve.

NERVO (RAMO TERMINAL) NERVOS ESPINHAIS

Ciático Nível glúteo

INERVAÇÃO MOTORA

Três dos isquiotibiais (cabeça longa semitendinosa e semimembranosa do bíceps femoral); adutor magno (com o nervo obturador)

RESPOSTA MOTORA À NEUROESTIMULAÇÃO

Extensão da coxa, flexão do joelho

DERMÁTOMOS ESCLERÓTOMOS

Articulação do quadril; ísquio, face posterior do fêmur

Tibial L4–S3

Flexor do joelho e flexores plantares do tornozelo (músculos poplíteo, gastrocnêmio, sóleo plantar e tibial posterior e cabeça longa do músculo bíceps femoral); flexores dos dedos dos pés

Fibular comum

L4–S2

Pudendo S2–S4

Flexão do joelho, flexão plantar do pé e dedos dos pés, inversão do pé

Face posterior da perna, face plantar do pé

Nervo para o quadrado femoral e gêmeo inferior

Nervo para os obturadores e gêmeo superior

Nervo para o piriforme

Nervos para o coccígeo e levantador do ânus

L4–L5

L5–S1

Músculo bíceps femoral (cabeça curta); músculos fibular (curto e longo) e tibial anterior; extensores dos dedos dos pés

Músculos do períneo, incluindo músculos diafragma urogenital e externo do ânus e esfíncter da uretra; músculos esqueléticos (músculos bulboesponjoso, isquiocavernoso)

Quadrado femoral, gêmeo inferior

Gêmeo superior, obturador interno

S1–S2 Piriforme

S3–S4

Coccígeo, levantador do ânus

Flexão do joelho, dorsiflexão do pé e dedos dos pés, eversão do pé

Contração motora dos músculos envolvidos

Superfície anterior da perna e face dorsal do pé; pele sobre a porção lateral do pé (através do nervo sural)

Genitália externa, terço inferior da uretra e vagina, pele da circunferência anal, terço caudal do reto

Adução e rotação externa do quadril

Abdução do quadril

Abdução e rotação lateral do quadril

Contração motora dos músculos envolvidos

Joelho, tornozelo e todas as articulações do pé; tíbia, fíbula e face plantar do pé

Joelho, tornozelo e todas as articulações do pé; tíbia e fíbula proximal e face dorsal do pé

Articulação do quadril

Tabela 1-4. Anatomia do Plexo Sacral L4–S4

1-5.

EXTREMIDADE SUPERIOR

Articulação do Ombro (Glenoumeral)

Flexão Bíceps braquial — cabeça longa

Coracobraquial

Deltoide

Peitoral maior

Extensão Tríceps braquial — cabeça longa

Latíssimo do dorso

Deltoide

Adução

Latíssimo do dorso

Peitoral maior

Redondo maior

Subescapular

Abdução Supraespinal

Deltoide

Rotação medial Peitoral maior

Latíssimo do dorso

Redondo maior

Subescapular

Rotação lateral Redondo menor

Infraespinal

Articulação do Cotovelo (Umeroulnar, Umerorradial)

Flexão Braquial

Bíceps braquial — cabeças longa e curta

Flexor radial do carpo

Extensão Tríceps braquial — cabeça longa lateral, medial

Ancôneo

Articulações Radioulnares

Supinação Bíceps braquial — cabeça longa e curta

Supinador

Pronação Pronador redondo

Pronador quadrado

Articulação do Punho (Radiocarpal, Ulnocarpal)

Flexão Flexor radial do carpo

Palmar longo

Flexores dos dedos listados abaixo

Flexor ulnar do carpo

Extensão Extensor radial longo e curto do carpo

Extensores dos dedos listados abaixo

Extensor ulnar do carpo

Nervo musculocutâneo

Nervo axilar

Nervos peitorais medial e lateral

Nervo radial

Nervo toracodorsal

Nervo axilar

Nervo toracodorsal

Nervos peitorais medial e lateral

Nervo subescapular inferior

Nervos subescapulares superior e inferior

Nervo supraescapular

Nervo axilar

Nervos peitorais medial e lateral

Nervo toracodorsal

Nervo subescapular inferior

Nervos subescapulares superior e inferior

Nervo axilar

Nervo supraescapular

Musculocutânea

Nervo mediano

Nervo radial

Musculocutâneo

Nervo radial

Nervo mediano

Nervo mediano

Nervo ulnar

Nervo radial

(Continua.)

Tabela
Resumo do Movimento pela Articulação

1-5. (Cont.) Resumo do Movimento pela Articulação

EXTREMIDADE SUPERIOR

Articulações Carpometacarpais

Oposição

Oponente do polegar

Oponente do dedo mínimo

Articulações Metacarpofalângicas

Flexão

Flexor superficial dos dedos

Flexor profundo dos dedos

Flexor longo e curto do polegar

Interósseo

Lumbricais

Extensão Extensor comum dos dedos

Extensor do indicador

Extensor do dedo mínimo

Adução

Abdução

Interósseo palmar

Abdutor do polegar

Interósseo dorsal

Abdutor do dedo mínimo

Abdutor longo do polegar

Abdutor curto do polegar

Articulações Interfalângicas

Flexão Flexor superficial dos dedos

Flexor profundo dos dedos

Flexor longo e curto do polegar

Extensão Extensor comum dos dedos

Extensor do indicador

Extensor do dedo mínimo

Lumbricais (indicador, dedos médios)

Lumbricais (dedos anelares, mínimos)

Músculos interósseos

EXTREMIDADE INFERIOR

Articulação do Quadril (Acetabulofemoral)

Flexão Ilíaco/psoas maior

Pectíneo

Reto femoral

Sartório

Adutor magno

Adutor longo e curto

Tensor da fáscia lata

Extensão

Bíceps femoral — cabeça longa

Semimembranoso

Semitendinoso

Glúteo máximo

Adutor magno

Nervo mediano

Nervo ulnar

Nervo mediano

Nervos mediano e ulnar

Nervo mediano

Nervo ulnar

Nervos mediano e ulnar

Nervo radial

Nervo ulnar

Nervo ulnar

Nervo radial

Nervo mediano

Nervo mediano

Nervos mediano e ulnar

Nervo mediano

Nervo radial

Nervo mediano

Nervo ulnar

Nervo femoral

Nervo obturador

Nervo glúteo superior

Nervo ciático

Nervo glúteo inferior

Nervo obturador (Continua.)

Tabela

EXTREMIDADE INFERIOR

Articulação do Quadril (Acetabulofemoral)

Adução Adutor magno, longo, curto

Grácil

Pectíneo

Abdução Glúteo mínimo

Glúteo médio

Tensor da fáscia lata

Rotação medial Glúteo mínimo

Glúteo médio

Tensor da fáscia lata

Rotação lateral Piriforme

Obturador interno

Gêmeos superiores

Gêmeos inferiores

Quadrado femoral

Sartório

Articulação do Joelho (Tibiofemoral)

Flexão Bíceps femoral — cabeças longa e curta

Semitendinoso

Semimembranoso

Poplíteo

Gastrocnêmio

Sartório

Extensão Reto femoral

Vasto lateral

Vasto intermédio

Vasto medial

Rotação medial Poplíteo

Semimembranoso

Semitendinoso

Rotação lateral Bíceps femoral

Articulação do Tornozelo (Talocrural)

Flexão plantar Sóleo

Gastrocnêmio

Tibial posterior

Flexor longo dos dedos

Flexor longo do hálux

Fibular longo e curto

Dorsiflexão

Tibial anterior

Extensor dos dedos

Extensor longo do hálux

Nervo obturador

Nervo femoral

Nervo glúteo superior

Nervo glúteo superior

Nervo para o piriforme

Nervo para o obturador interno

Nervo para o obturador interno

Nervo para o quadrado femoral

Nervo para o quadrado femoral

Nervo femoral

Nervo ciático

Nervo tibial

Nervo femoral

Nervo femoral

Nervo tibial

Nervo ciático

Nervo ciático

Nervo tibial

Nervo fibular superficial

Nervo fibular profundo

Tabela 1-5. (Cont.) Resumo do Movimento pela Articulação

Articulação do Ombro

A inervação das articulações do ombro se origina dos troncos médios e superiores do plexo braquial, que podem ser bloqueados no nível interescalênico. A maior parte da cápsula do ombro é suprida pelos nervos axilar e supraescapular, que podem ser bloqueados de modo seletivo mais distalmente (Figura 1–19).

Articulação do Cotovelo

Ramos de todos os principais nervos do plexo braquial, que atravessam a articulação, incluindo os nervos musculocutâneo, radial, mediano e ulnar, suprem a articulação do cotovelo (Figura 1–20).

Ner vo peitoral lateral

Ner vo

Clavícula

Processo coracoide

Ner vo supraescapular

Fossa supraespinosa

Ligamento e incisura escapular transversa superior

Ner vo subescapular

VISTA ANTERIOR

VISTA POSTERIOR

Ner vo supraescapular e ramos ar ticulares

Ner vo axilar

VISTA ANTERIOR

FIGURA 1–20. Inervação da articulação do cotovelo.

Ner vo radial

Ner vo musculocutâneo

Ner vo mediano

Ner vo ulnar

VISTA POSTERIOR

Ner vo axilar
musculocutâneo
L ADO MEDIAL
FIGURA 1–19. Inervação da articulação do ombro.

Articulação

do Quadril

Ramos dos nervos femoral e obturador derivados do plexo lombar e do nervo ciático, e o nervo para o quadrado femoral a partir do plexo sacral inervam a articulação do quadril (Figura 1–21).

Articulação

do Joelho

Ramos do nervo femoral inervam a articulação do joelho anteriormente. Em seu lado medial, o nervo recebe ramos da divisão posterior do nervo obturador, enquanto ambas as divisões do nervo ciático suprem seu lado posterior (Figura 1–22).

Punho (Carpo) e Mão

A maioria dos ramos terminais do plexo braquial, incluindo os nervos radial, mediano e ulnar, inerva as articulações do punho (carpo) e das mãos (Figura 1–23).

Tornozelo e Pé

A inervação das articulações do tornozelo e do pé é complexa e envolve os ramos terminais dos nervos fibular comum (nervos fibulares profundos e superficiais), tibial (nervo tibial) e femoral (nervo safeno). Uma visão mais fácil é que toda a inervação da articulação do tornozelo origina-se do nervo ciático, exceto pela face medial ao redor do maléolo medial, que é inervado pelo nervo safeno (Figura 1–24).

Ner vos ílio -hipogástrico e ilioinguinal

Ner vo cutâneo femoral lateral

Ner vo obturador

Ner vo obturador acessório

Ner vo femoral

Ner vos sensoriais ar ticulares

FIGURA 1–21. Inervação da articulação do quadril.

VISTA ANTERIOR

Ner vo para o vasto lateral

Ner vo genicular superolateral

Ner vo para o vasto medial

Ner vo para o vasto intermédio

Ner vo genicular superomedial

Ner vo safeno

VISTA POSTERIOR

Ner vo ciático

Ner vo obturador

Ner vo tibial (TN)

Ner vo fibular comum (CPN)

Ner vo genicular inferomedial (a par tir do TN)

Ner vo fibular recorrente (a par tir do CPN)

Ner vo genicular inferolateral (a par tir do CPN)

FIGURA 1–22. Inervação da articulação do joelho. A origem dos nervos geniculares superomedial e superolateral (do nervo ciático ou nervo femoral) é controversa.

Posterior

Ner vo musculocutâneo

Ner vo cutâneo antebraquial medial

FIGURA 1–23. Inervação do punho (ou carpo).

Ner vo radial

Anterior

Ner vo ulnar

Ner vo mediano

 Componente Autônomo dos Nervos Espinhais

Todos os nervos espinhais transmitem as fibras simpáticas autônomas para as glândulas e os músculos lisos nas regiões que inervam. Nenhuma fibra parassimpática está presente nos nervos espinhais. As fibras simpáticas originam-se na medula espinhal entre T1 e L2, passando desta através das raízes ventrais dos nervos espinhais T1–L2. Elas partem do nervo espinhal através dos ramos comunicantes brancos para entrarem no tronco simpático, que é formado por uma série

de gânglios paravertebrais interconectados, adjacentes aos corpos vertebrais e que se estendem do áxis (vértebra C2) ao sacro. As fibras pré-ganglionares fazem sinapse nos corpos celulares dos neurônios formando os gânglios paravertebrais. Os axônios dos gânglios paravertebrais (fibras pós-ganglionares) podem permanecer no mesmo nível ou mudar de nível em direção ascendente ou descendente do tronco. Essas fibras passam do tronco através de ramos comunicantes cinzentos aos nervos espinhais. O tronco simpático envia um ramo cinzento para todos os nervos espinhais. Os nervos simpáticos percorrem ao longo dos ramos do nervo espinhal para o destino alvo (Figura 1–25).

vo tibial
VISTA PL ANTAR
VISTA DORSAL
FIGURA 1–24. Inervação do tornozelo.

Simpático Parassimpático

Gânglios parassimpáticos cervicais

Gânglio estrelado –Gânglio cervical inferior eo primeiro gânglio torácico do tronco simpático

Olho

Glândulas lacrimaise salivares

Vasos cervicais

Gânglio cervical superior

Tronco simpático

Gânglio cervical médio

Coração

Pulmão

Estômago

Fígado

Pâncreas

Gânglio celíaco

Rim

Intestino

Gânglio mesentérico superior Gânglio mesentérico inferior

Partes do cólon, reto

Bexiga urinária

Genitais

Plexo hipogástrico Ner vos esplâncnicos pélvicos

Ner vo oculomotor

Ner vo facial Ner vo glossofaríngeo

Tronco encefálicocom os núcleos parassimpáticos

Ner vo vago

Gânglios parassimpáticos próximos a um órgão

Espinha sacral com núcleos parassimpáticos

FIGURA 1–25. Organização do sistema nervoso autônomo.

LEITURAS SUGERIDAS

Clemente CD. Anatomy: A Regional Atlas of the Human Body. 4th ed. Philadelphia, PA: Lippincott; 1997.

Dean D, Herbener TE. Cross-Sectional Human Anatomy. Philadelphia, PA: Lippincott; 2000.

Gosling JA, Harris PF, Whitmore I, Willan PLT. Human Anatomy: Color Atlas and Text. 5th ed. London, UK: Mosby; 2008.

Gray H. Anatomy, Descriptive and Surgical. Pick TP, Howden R, eds. New York, NY: Portland House; 1977.

Hahn MB, McQuillan PM, Sheplock GJ. Regional Anesthesia: An Atlas of Anatomy and Techniques. St. Louis, MO: Mosby; 1996. Kubiak CA, Kung TA, Brown DL, Cederna PS, Kemp SWP. Stateof-the-art techniques in treating peripheral nerve injury. Plast Reconstr Surg. 2018;141(3):702-710.

Martini FH, Timmons MJ, Tallitsch RB. Human Anatomy. 7th ed. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall; 2011.

Netter FH. Atlas of Human Anatomy. Summit, NJ: Ciba-Geigy; 1989. Panagopoulos GN, Megaloikonomos PD, Mavrogenis AF. The present and future for peripheral nerve regeneration. Orthopedics. 2017;40(1):e141-e156.

Pernkopf E. Atlas of Topographical and Applied Human Anatomy. 2nd ed. Munich, Germany: Saunders; 1980. Head and Neck; vol 1. Pernkopf E. Atlas of Topographical and Applied Human Anatomy. 2nd ed. Munich, Germany: Saunders; 1980. Thorax, abdomen and extremities; vol 2.

Rohen JW, Yokochi C, Lütjen-Drecoll E. Color Atlas of Anatomy. 4th ed. Baltimore, MD: Williams and Wilkins; 1998.

Rosse C, Gaddum-Rosse P. Hillinshead’s Textbook of Anatomy. 5th ed. Philadelphia, PA: Lippincott-Raven; 1997.

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