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SALVADOR
OS BAIANOS DEZ + DE TODOS OS TEMPOS
SALVADOR DOMINGO 15/9/2013
REGIÃO METROPOLITANA
RUY BARBOSA
SALVADOR
SALVADOR DOMINGO 15/9/2013
JURISTA E POLÍTICO I SALVADOR, 1849 > PETRÓPOLIS, 1923)
POETA I CASTRO ALVES, 1847 > SALVADOR, 1871
CASTRO ALVES
JORGE AMADO
IRMÃ DULCE
MILTON SANTOS
ANÍSIO TEIXEIRA EDUCADOR I CAETITÉ, 1900 > RIO, 1971
CANTOR E COMPOSITOR I SALVADOR, 1914 > RIO, 2008
1º REITOR DA UFBA I SALVADOR, 1894 > RIO, 1962
POLÍTICO I SALVADOR, 1927 > SÃO PAULO, 2007
CINEASTA I V. DA CONQUISTA, 1939 > RIO, 1981)
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Erudito, foi reconhecido como orador e defensor das liberdades civis
Escreveu poemas antológicos, como Navio Negreiro
Autor de obras como Suor, que recriaram a Bahia para o mundo
Primeira beata baiana, está em processo de canonização
Aclamado pela obra O Espaço Dividido, venceu o Prêmio Vautrin Lud
Fundou a Escola Parque e criou a metodologia do ensino integral
Compositor de clássicos da MPB, como O Que é Que a Baiana Tem?
Renovou o ambiente cultural e acadêmico na Universidade da Bahia
Governou a Bahia por três vezes e foi ministro e senador da República
Premiado no Festival de Cannes com filmes como Terra em Transe
ESCRITOR I ITABUNA, 1912 > SALVADOR, 2001
BEATA I SALVADOR, 1914 > SALVADOR, 1992
GEÓGRAFO I B. MACAÚBAS, 1926 > SÃO PAULO, 2001
DORIVAL CAYMMI
EDGARD SANTOS
ACM
REGIÃO METROPOLITANA
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GLAUBER ROCHA
Arquivo / Ag. A TARDE
JUSTIÇA, LIBERDADE E IMAGINAÇÃO TÊM UM SENTIDO VALOROSO PARA OS BAIANOS. É O QUE SE CONSTATA PELA OPINIÃO DE UM JÚRI CONVOCADO POR A TARDE PARA ESCOLHER O MAIOR BAIANO DE TODOS OS TEMPOS. NO TOTAL, 214 PESSOAS DE DIVERSAS ÁREAS INDICARAM COMO POTENCIAIS CONCORRENTES AO TÍTULO 122 PERSONALIDADES. ASSIM, VIRTUDES COMO CARIDADE, INTELIGÊNCIA, EDUCAÇÃO, TALENTO E COMPETÊNCIA TAMBÉM SE REVELARAM COMO QUALIDADES ATEMPORAIS E SEMPRE DESEJÁVEIS. AGORA, A VOTAÇÃO VAI PARA A INTERNET E O LEITOR PODERÁ FAZER A SUA ESCOLHA ENTRE OS 10 PRIMEIROS COLOCADOS, NO SITE WWW.ATARDE.COM.BR
RUY BARBOSA É O MAIOR BAIANO DE TODOS OS TEMPOS
Margarida Neide / Ag. A TARDE
Arquivo A TARDE
Marcio Lima / Divulgação
Caetano Veloso, 71, é o 12º posto no ranking, mas é o primeiro entre os que estão vivos. Para Jorge Amado, ele deveria assinar “Caetano de Mattos Castro Alves Veloso”, uma fusão genial de Gregório de Mattos e Castro Alves
Com 42 citações, Irmã Dulce é a mulher mais influente, de acordo com a pesquisa. O campo religioso também foi representado por referências às ialorixás Menininha do Gantois (foto), Mãe Senhora e Mãe Stella de Oxóssi O artista visual Mario Cravo Junior, 90, escolheu Castro Alves como o maior baiano de todos os tempos. A justificativa vai além de certo grau de parentesco: “É por ele ter sido um revolucionário que defendeu o fim da escravidão. E nós precisamos estar nesta posição de revolucionários, como renovadores, sob pena de estarmos defendendo a democracia e praticando o contrário”
Kai Pfaffenbach / Reuters
Haroldo Abrantes / Ag. A TARDE / 15.9.2009
Fernando Vivas / Ag. A TARDE / 5.9.2008
MARCOS DIAS
Para um Estado que produziu e produz tantas figuras ilustres, cabe sempre a pergunta: qual o maior baiano de todos os tempos? A TARDE fez este questionamento a um seleto grupo de notáveis dos meios intelectual, político, empresarial e cultural e o escolhido foi o jurista e político Ruy Barbosa (1849-1923). Foi pedido aos votantes (214, veja lista abaixo) que apontassem três nomes, de qualquer área de atuação, em ordem decrescente. No total, 122 personalidades foram citadas. Para a elaboração do ranking, foi atribuído peso aos votos. Os citados em primeiro lugar ganharam três pontos. Em segundo, dois. Em terceiro, um. Na soma, houve empate entre Ruy Barbosa e Castro Alves: 166 pontos para cada um. Barbosa ficou na frente por ter sido mencionado mais vezes em primeiro lugar: 41 contra 28 do poeta. Em terceiro, aparece Jorge Amado (com 153 pontos). “Duelistas” na enquete, Ruy Barbosa e Castro Alves foram muito amigos. No dia 6 de julho de 1881, por ocasião dos 10 anos da morte do poeta, o jurista proferiu no Teatro São João, em Salvador, o Elogio a Castro Alves, em que diz: “A alma da sua poesia é a aspiração culminante do País”. E foi além, como era de sua índole: “Doa como doer aos dissecadores de gênios, o nome dele há de ligar-se indelevelmente a uma das fases mais decisivas da história nacional, e a sua poesia é bela dessa beleza
indefinível, ante a qual a alma não enumera, não esquadrinha, não argumenta: comove-se, quando não ajoelha”.
Águia de Haia
A colossal influência de Ruy Barbosa foi destacada por personalidades de todos os campos. Além de advogado, ele foi jornalista, deputado, senador, ministro, diplomata, sócio-fundador da Academia Brasileira de Letras e seu segundo presidente. Foi abolicionista e lutou pela República, da qual foi o primeiro ministro da Fazenda. Foi também coautor da primeira Constituição Republicana do País. Orador admirado, ganhou o
Os votantes apontaram três nomes, de qualquer área, em ordem decrescente
“Duelistas” na enquete, Ruy Barbosa e Castro Alves foram muito amigos
apelido de Águia de Haia após discurso na 2ª Conferência de Paz, em Haia, na Holanda, em 1907, quando defendeu a igualdade entre as nações. Entre os que o colocaram no primeiro lugar, estão o presidente da OAB-BA, Luiz Viana Queiroz; a ministra do Superior Tribunal da Justiça do Brasil, Eliana Calmon; o deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA), o ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Jorge Hage Sobrinho; o ex-governador Roberto Santos; o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ); o presidente da Academia de Letras da Bahia, Aramis Ribeiro Costa, e a etnolinguista Yêda Pessoa de Castro, entre outros. De certa forma, o terceiro colocado, o escritor Jorge Amado, anteviu o imaginário revelado nesta pesquisa, em relação a Ruy Barbosa e Castro Alves, ainda em 1944, quando publicou o “guia de ruas e mistérios” Bahia de Todos-os-Santos. “Essas duas figuras do seu passado e tudo que elas representaram dominam a mentalidade da Bahia: o poeta libertário Castro Alves e o tribuno liberal Ruy Barbosa”, escreveu o romancista, morto há 12 anos e que, como os demais, continua revelando sua influência e grandeza.
Ivete Sangalo, ela mesma indicada como uma das personalidades mais emblemáticas, respondeu à pesquisa, dando o 1º lugar a Irmã Dulce, o 2º à ialorixá Mãe Menininha do Gantois, e o 3º para Jorge Amado
Arquivo / Instituto Carybé
Gildo Lima / Ag. A TARDE / 24.12.2003
Eles não nasceram na Bahia, mas plasmaram suas obras à realidade local e foram indicados: o português padre Antonio Vieira, o francês Pierre Verger, o argentino Carybé (foto) e até o carioca Vinicius de Moraes
João Gilberto, 82, natural de Juazeiro, ficou na 16ª posição no ranking que elegeu O Maior Baiano de Todos os Tempos. Com a absoluta singularidade do seu talento, é cultuado desde que lançou, em 1958, canções como Chega de Saudade e Desafinado. Conquistou uma legião de fãs com a Bossa Nova e é fonte de inspiração para a música do mundo
Apesar de a pesquisa pedir que três nomes fossem indicados, alguns preferiram escolher apenas um. O prefeito ACM Neto, por exemplo, escolheu Irmã Dulce. O historiador João José Reis preferiu “o baiano anônimo”
Ruy Barbosa - Imortal César Faria Advogado, doutor de direito (Ufba) e membro da Academia de Letras Jurídicas, na cadeira nº 4, cujo patrono é Ruy Barbosa
Cau Gomez
JÚRI ACM Neto / Adailton Adam / Alberto Pita / Aleilton Fonseca / Alva Célia de Medeiros / Álvaro Gomes / Ana Alice Costa Alcântara / Ana Luiza Moura Fontes / Anna Penido / Ana Rita Tavares / Ana Teixeira / André Catimba / Ângelo Costa / Ângelo Serpa / Aninha Franco / Anna Amélia Vieira / Anselmo Serrat / Antônio Brasileiro / Antônio José Imbassahy / Antônio Marcos Chaves / Antônio Nery / Antonio Pitanga / Antônio Torres / Araken Passos Vaz Galvão / Aramis Ribeiro Costa / Arlete Soares / Armandinho / Armando Avena / Bárbara Santos / Beijoca / Bel Borba / Beto Pimentel / Cacau do Pandeiro / Carla Barnuevo / Carlinhos Brown / Carlos Alberto Dultra Cintra / Carlos Amorim / Célio Costa Pinto / César Borges / Cesar Romero / Cíntia Müller / Clarindo Silva / Cláudio Brandão / Claudio Simões / Cleise Mendes / Cleverson Suzarte / Consuelo Pondé de Sena / Dadá / Daniel Boaventura / Daniela Mercury / Dão / Dora Leal / Edival Passos / Edivaldo Boaventura / Ednaldo Rodrigues / Edson Moremo / Eduardo Jorge de Magalhães / Edvaldo Brito / Eliana Calmon / Elizeu Godoy / Elmar Nascimento / Emanoel Araújo / Emanuel Melo / Emiliano José / Eugênio Badaró / Eugênio Spengler / Evaristo de Macedo / Evelina Hoisel / Fábio Paes / Fernando Guerreiro / Fernando Rocha Peres / Florisvaldo Mattos / Francisco Senna / Frank Menezes / Fred Dantas / Geddel Vieira Lima / Germano Tabacof / Gerônimo / Gerônimo da Silva Júnior / Gessy Gesse / Gilmar Santiago / Gláucia Lemos / Goli Guerreiro / Guido Araújo / Harildo Araújo / Hélio Pólvora / Ivan Paiva de Matos / Ivete Sangalo / Ivonei Pires / Jacilene Nascimento / Jean Wyllys / Joaci Góes / João Durval / João Eurico Matta / João Jorge / João Marcelo de Paulo / João Reis / Joceval Rodrigues / Jorge Almeida / Jorge Cirne / Jorge Hage Sobrinho / Jorge Washington / José Antônio Saja / José Augusto Saraiva / José Carlos Barreto de Santana / José Carlos Capinan / José de Freitas Mascarenhas / Joviniano Neto / Juarez Paraíso / Júlio Cesar Câmara / Jussara Silveira / Jutahy Magalhães Júnior / Lázaro Ramos / Lazzo / Lelo Filho / Leonel Mattos / Leonel Monteiro / Lia Robatto / Lícia Fabio / Lídice da Matta / Lourisvaldo Valentim / Luis Carlos Batista / Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira / Luís Antonio Cajazeira Ramos / Luis Antunes / Luis Cláudio Gouveia / Luis Henrique Dias Tavares / Luís Viana Queiroz / Luiz Dórea / Luiz Lourenço / Luiz Marfuz / Luiz Miranda / Luiz Mott / Luiza Maia / Lynn Alves / Mabel Velloso / Mãe Stella / Marcelo Cerqueira / Marcelo Nilo / Marcelo Rezende / Marcelo Veras / Márcia Short / Márcia Virgens / Márcio Caires / Márcio Meirelles / Marco Antônio Rocha / Marco Aurélio Schommer / Marcos de Meirelles Fonseca / Marepe / Maria Brandão / Maria Eugenia Passos / Maria Helena Coppens Motta / Maria Helena Silva / Maria Quitéria Mendes / Marilda Marcela da Luz / Marilda Santana / Mario Mendonça / Matilde Mattos / Melisa Teixeira / Manoel Barral Neto / Mario Cravo Junior / Moraes Moreira / Muniz Sodré / Myriam Fraga / Naia Alban / Nair Goulart / Naomar de Almeida Filho / Nelson Maca / Nelson Pelegrino / Olveranda Oliveira / Osni Lopes / Paulinho Boca de Cantor / Paulo Câmara / Paulo Costa / Paulo Darzé / Paulo Dourado / Paulo Fábio Dantas / Paulo Furtado / Paulo Maracajá / Paulo Souto / Raymundo Paraná / Renato da Silveira / Rita Assemany / Rita Santos / Rita Tourinho / Roberto Albergaria / Roberto Lopes / Roberto Mendes / Roberto Santos / Rui Oliveira / Ruy Espinheira Filho / Samuel Celestino / Sante Scaldaferri / Saulo Pontes / Sylvia Athayde / Tatau / Telma Brito / Tereza Paim / Thiago Bonina / Tirson Rego / Ueslei Silva / Vavá Botelho / Vilma Reis / Vilson Caetano / Vitor Ventin / Vitória Beltrão Bandeira / Vladimir Aras / Vovô do Ilê / Wagner Coelho Porto / Waldir Pires / Walmir Lima / Wilson Gomes / Yeda Barradas / Yêda Pessoa de Castro / Yumara Rodrigues / Zé Neto Colaboraram na apuração dos votos Cátia Lima, Ludmila Silveira e Thuanne Silva (estagiárias)
O doutor em ciência política Luiz de Vianna Moniz Bandeira acredita que “a data máxima do Brasil” deveria ser 2 de julho de 1823. Citou dois personagens envolvidos, mas considera Castro Alves o baiano mais importante
Passados noventa anos da morte de Ruy Barbosa, pergunta-se por que, agora, foi eleito “O Maior Baiano de Todos os Tempos”! Poderia responder contextualizando sua intensa participação na vida pública nacional, na formação da República Federalista Brasileira, quando foram debatidos muitos temas ainda atuais, tendo sido o artífice maior da primeira Constituição Republicana, em 1891, e não estaria errado.
Contudo, seria muito pouco, para uma extraordinária história de superação pessoal, de vigor espiritual e tenacidade do grande baiano. Ele parecia se descrever quando, em discurso no Colégio Anchieta, definiu o homem como “o espírito fecundado na íntima fusão da Liberdade com a Fé”.
Coragem
Quando da sua antológica participação na Conferência de Haia, Pinheiro Machado teria dito de Ruy que “no extraordinário baiano a coragem era superior ao próprio talento”. Relembrando o que disse em conferência no ano de 1913, constata-se a atualidade de suas
lições: “Todas as crises, portanto, que pelo Brasil estão passando, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais do que sintomas, exteriorizações parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma suprema crise: a crise moral.” E sobre a tão propagada corrupção: “Com a corrupção se vai a justiça, com a justiça postergada se vai o estímulo, com o estímulo a vergonha, com a vergonha a moralidade, com a moralidade a compostura, com a compostura a ordem, com a ordem a segurança; e rapidamente, como em todo organismo vi-
vo, debaixo da ação dos grandes tóxicos, a sociedade se desorganiza, decompõe e dissolve.” João Mangabeira revela-nos, com brilho peculiar, o segredo do destino e da imortalidade de Ruy Barbosa: “Não é o Ruy jurista, escritor, filósofo, orador ou estadista que atua nas gerações novas. Não é este o Ruy que está presente. É o Ruy que escreveu nas almas, por todos os meios da palavra e todos os instrumentos da lei. Mas escreveu, sobretudo, com a prática de sua vida, com o espetáculo de sua luta contra a violência, contra a mentira e contra a opressão, luta que ele tantas vezes santificou com o próprio sacrifício”.