Processo criativo

CONCEITOS DA ARTE E DA TRANSDICIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO: O PROCESSO CRIATIVO COMO MEDIAÇÃO CULTURAL DO TODO NO TODO DIA

Marcia Cristina de Almeida Corso Faculdade Sumaré E-mail: artistaplastica@titinacorso.com.br

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Revista Acadêmica Eletrônica Sumaré 8ª edição - ano 2014

RESUMO: Este artigo descreve uma experiência de projeto arte educativo, registrando a participação de artista/Professor/alunos patrocinado pela Duratex, no qual, a arte sobre um suporte diferenciado, concentra conceitos Transdisciplinares sob olhares Gestálticos, gerando pontes reflexivas para a posição mediadora do Educador. Foram consideradas as propostas TransD, o fazer artístico, gerando a mediação cultural do todo. Destacados os processos de criação em rede de conhecimento e seus níveis cognitivos. O presente texto propõe ferramentas facilitadoras na mediação, incentivando o aprendiz a ser investigativo e, na criação, voltar-se para a experimentação de suas habilidades, ao lidar consigo e com seu meio na vivência das fronteiras-de-contato.

PALAVRAS-CHAVE: Arte/Educação; Transdisciplinaridade; Gestaltpedagogia; Mediação; fronteiras-de-contato.

INTRODUÇÃO

Esse artigo descreve uma experiência que ousa no campo Arte/Educativo, na forma de olhar o sujeito aprendiz e seu modo de comunicação com o mundo, apontando uma nova postura educativa em preparar o sujeito para a fronteira dos contatos e vivências, no desdobramento do conhecimento, não somente para o acúmulo de informações no qual o Professor é mediador e parceiro. Nesse sentido, a hipótese de existirem desafios maiores fundamentados na mediação cultural conduz a competência dos Educadores ao propósito de conhecer mais e aprofundar conhecimentos em práticas filosóficas como a Arte Educação, que nas palavras de BARBOSA e COUTINHO (2009), é todo e qualquer trabalho consciente para desenvolver a relação de

públicos, independentemente da idade, com a arte, seja na Educação Formal ou Informal, observando seus encontros com a Transdisciplinaridade, abordados pela Arteterapia com leitura Gestáltica, que para CIORNAI (2004) compreende os recursos artísticos como enriquecedores da sensibilidade e da criatividade, ampliando a compreensão do universo existencial do outro, e sob esses olhares, pensar no processo criativo do todo aplicado no todo dia de nossa prática educativa, tornou-se o objeto de estudo estimulado pela arte.

Ao pensar nessas experiências pedagógicas, compartilha-se a experimentação da artista Titina Corso como parceira da mediação, que auxilia na exploração de conceitos expressivos 2

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para a compreensão da vida por meio da arte, aprendendo a ser, ancorada no pilar do aprender a fazer, aprofundando no indivíduo conhecimentos diversos das técnicas artísticas. Uma vez sensibilizado, o sujeito, se transforma de seus próprios recursos culturais.

Na aventura da exploração proposta pelo tema, podem-se observar intensos contatos com a existência do sujeito, que são revisitadas e reinterpretadas artisticamente pela abordagem da visão transdisciplinar, vivenciadas e estimuladas pela ação arte educativa, observadas na filosofia Gestalt. Exercício educativo sem fronteiras, que contextualiza as disciplinas, articulando e arejando-as por conteúdos de possibilidade infinita, interligadas e interdependentes para a compreensão do todo, apresentando um novo sujeito, múltiplo e inserido no processo criativo do todo no todo dia. O sentido da pesquisa é orientado pelo projeto Rinobarroco, procura elos tratados pela visão transdisciplinar e pela compreensão Gestalt da arte no sistema de leitura visual. Observando os contatos com a construção do conhecimento e apropriação de conteúdos.

Na metodologia utilizada pelo projeto Duratex 60 anos, tornou-se possível a exploração de ferramentas para investigação de significados na construção subjetiva em suportes artísticos diferenciados, emergindo a valorização processual da visão mediadora transdisciplinar já abordada por Piaget (1970).

A pesquisa que deu origem a este artigo teve a pretensão de confluir a Arte/Educação com olhar Gestaltpedagógico, nas ações mobilizadas para educar, abordadas por este relato experimental tendo a Transdisciplinaridade como condutora, possibilitando a observação de pontos de encontro dessas práticas filosóficas, que permitem a flexibilidade e ousam transitar em campos ainda pouco aceitos pela grande maioria acadêmica, com abordagens e instrumentos estimuladores do comportamento exploratório bem como uma linguagem que aguça os sentidos em muitos atos futuros de abordagens pedagógicas, com fundamento hipertextual na prática criativa do todo dia a várias partes dos ensinamentos pertinentes ao currículo praticado, especificamente na Arte Educação, com a utilização de suportes diferenciados, que se moldem ao fundamento hipertextual transdisciplinar.

Nessa perspectiva BARBOSA e COUTINHO (2009), ilustra a conduta científica para a conquista da liberdade inovadora: “Precisamos de pesquisas que avaliem os melhores procedimentos para atingir os objetivos educacionais hoje, que se encontram principalmente na capacidade de pensar e agir, na capacidade de elaborar em direção à melhor qualidade de vida no planeta e no aprender a apreender” (p. 22).

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O PROCESSO CRIATIVO COMO MEDIADOR CULTURAL EM SUA MULTIPLICIDADE TEMÁTICA

Os instrumentos principais da formação transdisciplinar norteiam a base das estratégias dinâmicas, simpáticas à tecnologia e projetos que olham além das fronteiras, observando o significado que as pessoas dão às coisas, no qual, a prática, é vista como construção subjetiva e atribuição social de significados, valorizando o processo e não apenas o resultado. O Professor que dialoga com a mediação transdisciplinar, no estado criativo, procura conhecer melhor o conteúdo, o ritmo do processo de seus mediados, realizando a aplicação de conteúdos ao estado compreensivo das cognições desses sujeitos mediados, gerando maior oferta, nas relações e pontes existentes entre as disciplinas trabalhadas.

A contextualização pode ser absorvida em seu reconhecimento pelos assuntos e contatos trabalhados na execução artística sobre um suporte diferenciado, podendo proporcionar aos envolvidos do processo criativo, incontáveis insigths, na vivência compreendida sob o ponto de vista holístico TransD, em que a emoção, a percepção, a imaginação e a cognição serão ativadas mediante a provocação dos contatos oferecidos por esse processo criativo e investigativo em conjunto com as várias disciplinas, vivenciadas pelas ações e intervenções Arte/Educativas.

Compreendendo essa prática, concepções de linguagem engendram maneiras para justificar as relações de interesse na dinâmica gerada por vários níveis de habilidades, facilitadoras e multiplicadoras de uma única e mesma rede: a do conhecimento, que na práxis vivencia a compreensão desse saber, favorece a análise dos conceitos empregados e sintetiza a releitura temática, no sentido da riqueza plástica e das unidades autopoiéticas humanas, que são defendidas por MATURANA e VARELA (1997), reveladas pela transdisciplinaridade, organizase o sistema vivo com relação à construção dessa primeira pessoa, no seu processo criativo e no significado que esta primeira pessoa dá as coisas e nos resultados que geram sensibilização de outras pessoas como um processo plural formativo.

Como desafio aos exercícios metodológicos, a Artista Plástica e Pedagoga, Titina Corso, buscou documentar os dados da ação comprometida com a transformação dos sujeitos envolvidos na estrutura pesquisada e suas relações com a rede formada, os “sujeitos” investigados como atores em situação coadjuvante do projeto desenvolvido, observando-se pesquisador-pesquisados no ato da transformação. Essa visão de pesquisa transdisciplinar observada pela Gestalt, teve sua semeadura durante a comemoração dos sessenta anos de existência da Duratex no Brasil, em 2011, patrocinando a ação Arte/ Educadora de senta e cinco 4

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artistas, dentre os quais, a artista foi selecionada para customizar uma das esculturas de rinocerontes, símbolo da empresa em projeto de customização.

Para o projeto a artista, Titina Corso, utiliza como conceito, uma pesquisa fotográfica sobre o movimento artístico Barroco. Um fragmento de uma voluta barroca, objeto de estudo nas suas atividades de conservação e restauração, sofreu uma texturização. As linhas resultantes dessa texturização foram fonte inspiradora, traçando vários paralelos e contatos com suas vivências na área, construindo, dessa maneira, o chamado “Rinobarroco”. Texturas concentraram contatos na direção de Dali, com seu “Rino das Rendas”, fornecendo os conceitos de reverência a outro grande artista ao qual Dali era admirador, Vermeer, que com suas rendas homenageava a leveza e a beleza estética feminina. O RINOBARROCO de, Titina Corso, então, dirige homenagens ao movimento Barroco Mineiro com suas cores alegres, herança e influência da cultura Portuguesa, bem como a alegria das rendas nos adornos sevillanos, pela presença cultural hispanica em Minas, assim como o mármore fingido presente nas bases chamadas “Peanhas” dos santos ricamente decorados sob a influência do Séc XVIII. Conversando transdisciplinarmente com várias disciplinas a exemplo da História, Geografia, Filosofia, Arte, Biologia, Ética, entre outras, e traçando contatos com diversas experiências.

No projeto da Duratex, paralelamente, em sua abrangência maior, seguia o foco de capacitação e conscientização por Arte/Educadores e por meio do desdobramento do trabalho dos setenta e cinco artistas selecionados, que serviram de contatos geradores de insigths, para as 125 Escolas de cidades brasileiras, essas Escolas receberam oficinas de Arte para os Professores que seriam os mediadores, em uma rede que atingiu 7.000 alunos na faixa de sete à dez anos, do 3o, 4o e 5o ano do Ensino Fundamental I. Assim, das 125 Escolas de onze cidades do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco, foram customizadas 220 esculturas de minirinocerontes, reinterpretados em projetos trabalhados na visão TransD e observados pela Gestaltpedagogia, participando no Memorial da América Latina – SP. Os rinocerontes produzidos pelos artistas tiveram uma exposição inicial no Museu Brasileiro de Escultura – SP (MUBE) aberto à visitação das Escolas, mediadores e público em geral, posteriormente, seguindo para as ruas de São Paulo e cidades citadas, onde a Duratex tem filiais. O evento foi realizado no Brasil pela Top Trends.

As Escolas cadastradas foram indicadas pela Secretaria de Educação e Cultura das prefeituras locais das cidades de Agudos, Botucatu, Itapetininga, Jundiaí, Lençóis Paulista, São Paulo (SP), Uberaba, Estrela do Sul (MG), São Leopoldo, Taquari (RS) e Cabo de Santo Agostinho (PE). A Duratex promoveu oficinas de formação com capacitação Arte/ Educativa 5

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para os Professores mediadores, esses receberam o “caderno do professor”, com todas as informações pedagógicas abrangestes ao projeto e kits de pintura contendo: pincéis de diferentes tamanhos, um rolo de espuma, seis cores de tinta acrílica, panos, colas, lápis e verniz. Foram também disponibilizadas as 220 mini esculturas, medindo 1,20 x 0,80cm, distribuídas entre as Escolas para serem customizadas pelos alunos. Alunos que não pintaram a escultura participaram do projeto produzindo desenhos, murais, teatro e histórias relacionais.

AMPLIANDO O FOCO METODOLÓGICO...

As transformações geradas nesse projeto dialogam em múltiplas linguagens com o resultado de construção de conhecimentos gerenciados pela relação entre sujeito pesquisador mediador e aprendiz que é imediata, por meio de suas experiências, pensando no campo da Arte/Educação, assim como a sua aplicação no processo educativo. Tais transformações desafiam a Escola a repensar o seu papel, atuando e formando alunos mais capazes para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e condutas, no enfrentamento de problemas práticos, se aperfeiçoando continuamente com responsabilidade, criatividade e criticidade.

A estratégia atual pedagógica propõe a utilização de ferramentas tecnológicas, nessa direção a artista plástica, Titina Corso, criou um diário de suas ações criativas e a realização em passo-a-passo

da

construção

de

sua

obra

“Rinobarroco”,

disponível

no

blog1

1

Blog é um tipo de página de Internet que pode ser atualizada rapidamente por pessoas sem conhecimentos técnicos, com artigos organizados cronologicamente, sempre com o mais recente exibido no topo da página. Esses artigos, chamados de posts, tratam de assuntos e temas variados de acordo com o tipo de blog em que são publicados.

Inicialmente, os blogs eram identificados com diários online, pois eram predominantemente sites pessoais. Hoje em dia existem blogs corporativos, blogs de notícias, blogs de música, de vídeo, de fotos, etc. Os blogs desempenham um papel importante atualmente, pois tornam as notícias independentes das fontes tradicionais, como rádio, TV e mídia impressa, democratizando a informação. Disponível em: < http://wp-brasil.org/novidades/o-que-e-um-blogmovimento-blog-voluntario>.

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http://rinobarroco.blogspot.com.br (Jun/14 com 5.106 visitações), para melhor interagir com a mediação que sua obra propunha, sendo observada intimamente pela EMEF Estação Jaraguá, cuja mediadora entre projeto-alunos e projeto-artista, a Profa. Simone, também criou uma publicação no blog da Escola para registro do trabalho de seus alunos http://emefestacaojaragua.blogspot.com.br/2011/09/os-primeiros-passos-dos-nossos-rinos.html e registra a conexão

com

o

blog

da

artista

observada,

disponível

estacaojaragua.blogspot.com.br/2011/08/rinobarroco-segunda-fase.html

em,

http://emef-

e

http://emef-

estacaojaragua.blogspot.com.br/2011/08/rinobarroco-projeto-rino-mania.html .

Na prática, durante a customização do seu projeto, a artista, Titina Corso, mantém contato virtual, por meio de e-mails, rede social e do blog desenvolvido para orientar os arte/educadores e Educadores, que estivessem pareados com sua proposta. O Blog foi desenvolvido como ferramenta de consulta e demonstração de técnicas possíveis de serem aplicadas sobre o suporte alternativo, que nesse caso seria o rinoceronte de fibra de vidro, customizado como RINOBARROCO. Todo o processo e ferramentas desenvolvidas para o processo educativo tiveram divulgação maciça redes sociais como Facebook e mídias diversas.

Toda uma gama de possibilidades disponíveis, facilitadas por essa tecnologia e sem a necessidade de recursos custosos, transformam-se numa parceria rica para qualquer educador e aprendiz.

Na ambientação desse projeto, Arte/Educadores encontram nas Leis da Gestalt para o Sistema Visual da Forma, estudadas por GOMES (2000), uma melhor compreensão na visão de mundo do sujeito, encontramos a exploração e o aprofundamento de experiências já vividas por alguns artistas, disposta em alguns princípios Gestálticos dos objetos, tornando-se possível observar Educadores que se colocam à luz de mudanças comportamentais, na simplicidade da experimentação do processo criativo: Unidade - Um elemento se encerra nele mesmo, ex: um retrato formado por lixo; Segregação - Desigualdade dos estímulos, ex: quando mudamos fontes, cores, etc; Unificação - Compreensão por complementação da forma, ex: In e Iang; Fechamento - O cérebro comanda o preenchimento visual das lacunas; Continuidade - Elementos acompanham embora em planos diferentes, a forma, a cor, projetando a unificação dos elementos, formas orgânicas; Proximidade - Elementos próximos tendem a serem agrupados na forma, ex: pontilhismo; Semelhança - Elementos com a mesma forma tendem a ser agrupados, ex: bebê e boneco bebê; Pregnância da forma - Simplicidade e reconhecimento da forma, harmonia e equilíbrio visual, tábua de máscaras / blocos lógicos / caixa de encaixes; Figura

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Fundo - Espaço positivo e negativo com a mesma importância, que juntos adquirem uma importância maior, Mosaicos Árabes, repetição, padrões geométricos.

Um dos mais importantes conceitos da Gestalt, afirma que o contato é necessário para o sujeito desempenhar qualquer tarefa, estar em contato com o objeto de conhecimento, interno ou externo a ele, para que ele possa lidar com esse objeto de atenção nas fronteiras de contato tanto seu, como desse objeto e estabelecer relações para integrar-se e aprender pela experimentação dialógica e o que esse objeto significa para este sujeito. Conceito que se tonifica no pensamento de CIORNAI (2004), “... a finalidade de um experimento não é alcançar um resultado já conhecido, específico e previsto: seu objetivo é explorar e criar novas experimentações, com novas perspectivas, novos olhares, novas luzes e ângulos de visão...” (p. ?).

Certamente o conceito de MORIN (2000), também pode ser observado nesse exercício, que nos mostra a imagem a seguir, ilustrando o percurso criativo com Brainstorm da obra da artista, que nos convida a uma reflexão sobre o conhecimento que transpassa as informações e que nos conduz ao todo do necessário para a compreensão das partes e das partes para o todo.

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Sob esse ponto de vista, pretende-se perceber o significado da mediação transdisciplinar frente a um suporte artístico diferenciado, com olhares Gestálticos. Longe de serem homogêneas, essas práticas aparecem muito dependentes e compreendidas na importância da Educação auxiliada pela mediação nos tempos atuais, que intensifica a explicação da visão transdisciplinar que se estabelece cada vez mais e reflete-se no fazer diário bem como o trabalho pedagógico contido nas ideias da compreensão do processo de aprendizagem, onde não mais é possível o domínio de uma disciplina sobre a outra e que o aprender é o processo de uma busca inacabável.

No Desenvolvimento do projeto, torna-se possível observar a multiplicidade de níveis de significado da ideia inicial e a interação com Arte/Educadores das Escolas de São Paulo, com a ferramenta de registro, o blog, a capacidade de percepção do fazer artístico podendo ser melhor observada, geram-se significados interconectados e compreensões de múltiplas perspectivas, apontando no sentido de servir como material de consulta e ilustração, para outros Educadores inclusive em futuras ações pedagógicas e transdisciplinares. Um ELO para o processo criativo do todo no todo dia, de processo global, contextualizado, promovendo integração entre as disciplinas, de maneira que não se trabalha com o fim nem com o começo dos temas propostos, o trabalho interpreta os conteúdos das disciplinas, adquirindo possibilidade infinita e articulada em todas as abordagens. O comportamento criativo favorece o pensamento experimental, recurso valioso para aumentar o contato do sujeito consigo mesmo.

Percebe-se uma síntese das leituras de Piaget, Vygotsky e Bloom, assimilando seus conceitos que resvalam na Gestalt e na Transdisciplinaridade, atravessando seus polos de ação para situar a abordagem da Pedagogia Integrativa. Na construção filosófica desse trabalho, foi fundamental a orientação do Prof. Dr. Lilienthal, Diretor do Centro de Gestalt em São Paulo e tradutor do livro Gestaltpedagogia – Um Caminho para a Escola e a Educação, no sentido de que, as abordagens se relacionam direta e, continuamente, com as condições sociais, exigindo que sejam incluídas como elemento de formação do sujeito e de seu domínio cognitivo.

Pensando nas COMPETÊNCIAS estimuladas no projeto desenvolvido pela artista, bem como nos Professores e alunos envolvidos, relacionam-se: 

Conhecer os diversos métodos de expressão artística, os materiais, suas

formas e aplicação bem como a história em seus momentos artísticos e humanos; 

Escolher qual o melhor método para que o sujeito possa manifestar-se

artisticamente, tornando-o satisfeito com suas criações e suas realizações; 

Criar, a partir de propostas e modelos estabelecidos os seus próprios

métodos e sua própria forma de expressão, seu próprio estilo e sua própria individualidade; 9

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

Decidir qual o ritmo de sua aprendizagem, qual o caminho deseja

percorrer e quais os objetivos que deseja atingir, já que, em questões de arte, não há limites, nada é estático e tudo se torna inquietante, os objetivos concretos a serem atingidos; 

Classificar as suas próprias realizações de acordo com os exercícios

propostos, avaliando o seu próprio desenvolvimento no decorrer do período de aprendizagem; 

Ordenar o processo criativo que o levou a atingir cada nível de seu

progresso, quais os passos, caminhos e ações que possibilitaram seu desenvolvimento pessoal; 

Compartilhar as suas realizações como um dos fatores mais interessantes

do processo de aprendizagem, quando exposto ao público, para sua admiração e crítica, as suas realizações, aprendendo a lidar com todo tipo de reação, esperadas ou não. Compartilhar também o processo de aprendizagem e possibilitar a outros que entendam o que foi feito para se chegar ao ponto em que está; 

Relacionar-se não apenas com outros sujeitos, que é uma parte

fundamental para seu crescimento, mas também com as pessoas que receberão o resultado de suas atividades; 

Acolher a diversidade cultural e entender onde cada um se encaixa neste

mundo globalizado, entender as diferenças sócio/culturais e atuar de acordo com seus próprios critérios de realização e com as expectativas das pessoas com diferentes pontos de vista; 

Aceitar o outro, o diferente, o seu próprio ritmo, a sua limitação, a sua

impaciência, a sua compulsão, a sua displicência, os seus procedimentos que não dão tão certo ou que estimulam toda a sua pontuação e os seus conhecimentos, o agente transformador e o mediador, a crítica, a sua própria construção; 

Inventar não apenas seguir o proposto, mas, ocupar mais espaços com

novas descobertas e experiências ligadas ao resultado de suas atividades artísticas e lúdicas; 

Reorganizar-se, dividir-se e reformular-se, reconstruir suas ações a partir

de suas próprias desconstruções analíticas. Adaptando e unindo novas partes de saberes para gerar um novo todo mais favorecido e redefinido.

Pensar criativamente, deixar fluir sensações criativas, perceber o movimento criativo é favorecer o comportamento criativo e consequentemente a melhor exploração do contato e sendo uma linguagem pré-verbal, desde a pré-história, o homem utiliza seus sinais criativos e com esses, pode-se reconhecer o movimento criativo como facilitador dos contatos com as lembranças e recursos da memória. Ao se propor um momento criativo em um experimento artístico, o Educador tem em mente a exploração, a mobilização da ação expressiva, uma 10

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aventura nos conceitos e nas técnicas que trarão vida às memórias, proposto por temas que brotam da proposta original.

Temos na memória e lembranças o contato com a história e experiências com o nosso meio e realidades individuais e nos temas uma fonte para mediação profissional em auxílio da auto regulação. Nas imagens abaixo o contato com o período histórico Barroco, seus Mestres, seus movimentos, foram a base da construção para a obra e, consequentemente, todos os contatos e princípios reguladores que auxiliaram na construção e no momento de contato criativo do RINOBARROCO, que conversa com a história no transpasse de temas históricos, memórias e homenagens.

Em sua prática, alunos da EMEF Estação Jaraguá, escrevem em seu mural de pesquisa, "Do Egito à Romero Brito, temos até um Bumba Meu Boi". Na construção dos Bebês Rinos tiveram uma experiência de hibridismo artístico, mesmo sem saber o quanto isso significaria na mudança de suas ações e consequentemente na construção do conhecimento. A EMEF Estação Jaraguá que acompanhou virtualmente a produção do RINOBARROCO, em 14 de Agosto de 2011, registrou o processo e o resultado do projeto de seus alunos com visitação registrada em 32.157, na época do evento.

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ANÁLISE E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo arte educativo do RINOBARROCO, fica agregado com o tema da pesquisa que motivou este artigo, por articulação com o objeto do conhecimento, na percepção de suas competências e identificação com vários conceitos e momentos históricos, com a sustentabilidade e preservação, investigação, experimentações diversas e o processo criativo que permeia cada obra desenvolvida. Apontando o princípio regulador de todo o fazer artístico, que valida o contato com as fronteiras do conhecimento sobre as diversas situações e desafios.

O trabalho e a investigação estão contidas nestes ambientes, mediadas e facilitadas inclusive pela tecnologia do Blog aplicada, consequentemente, à novas descobertas e seguem a esse processo plural da vivência, articulação, conscientização, motivação e produção de conhecimento. A globalização vem indicando e desafiando os Educadores a vivenciar uma nova forma de educar propondo mudanças no sistema educacional. Pois bem, observa-se o apoio em três exigências: Considerar a realidade (visão de mundo e meio); Trabalhar a inclusão (a lógica do terceiro incluído); Visão da complexidade (sentimentos, vida, morte, alegria, tristeza, comportamento). Pontos de encontro entre o SELF da Gestalt e pilares da visão Transdisciplinar apoiados na hipertextualidade do dia a dia, considerando a parceria importante da Arte Educação, essencialmente observada, como o elo da pesquisa a qual este artigo se baseia.

Reflexões em relação ao PCN/Arte evidencia o mundo contemporâneo utilizando-se do contexto visual em quantidade inigualável na história e que por meio da Educação em artes visuais, torna-se necessário um trabalho continuamente informado sobre os conteúdos e experiências relacionados aos materiais, às técnicas e às formas visuais de diversos momentos históricos, necessárias são ações educativas em trabalhos ou projetos artísticos, dos quais desejase expor como objeto de consulta e estímulo pedagógico, incentivando o movimento do fazer em toda a sua abrangência. Nesse ponto, torna-se necessário colocar relações entre a mencionada 13

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pesquisa e a abordagem possível dos “Conceitos da Arte e da Transdisciplinaridade na educação: O processo criativo como mediação cultural do todo no todo dia”.

Diante de várias leituras do processo criativo, forma-se uma rede facilitadora de conceitos interativos educacionais conectados ao enriquecimento cultural proposto na questão inicial, na qual destaca-se o processo cultural como mediação. Onde o sujeito exercita suas habilidades procedimentais, conceituais e comportamentais, gerenciando a construção e administração de seus conhecimentos. Idealizando o aprendizado do fazer e do ser em aprendizagem real, gerando informação, compreensão, aplicação, análise, síntese e argumentação, embalados pela Gestalt. A autonomia se relaciona com o lado individual e o desafio se encontra em algumas situações em que percebemos a necessidade da solidariedade, parece que devemos harmonizar esses estados, para não existir posturas prejudiciais ao desenvolvimento processual do contato.

A hipertextualidade de nossos dias permite, de maneira generosa, a interpretação artística individual e globalizada pela multidisciplinaridade que se apresenta na releitura da vida do sujeito, permeada de momentos históricos diversos, movida pela adoção dos símbolos de uma cultura e pela apropriação dos contatos em suas vivências, lembranças e fragmentos de memória. É então nesse espaço que se percebe a expansão do momento criativo e a consequente fruição dos envolvidos nesse processo que se coloca também em olhar transdisciplinar.

O contato Transdisciplinar trabalha o novo, por meio da pesquisa, da memória, mobilizando os modos sensórios do sujeito, mediante os múltiplos e variados temas que atravessam as disciplinas potencialmente enriquecedores. E da mesma maneira que na Gestalt promove a auto regulação e contato criativo. O significado das coisas é algo diferente para cada sujeito, que no processo das produções artísticas e culturais manipula símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum, que provoca uma reorganização de significados envolvidos e a reinterpretação do suporte utilizado para a produção de uma obra. Causando diversos impactos em nós, no outro e no meio que serve como pano de fundo para a formação de outros significados, na reinterpretação surge o produto novo, a esse movimento pode-se chamar de criatividade, no qual o produto molda-se ao contato e torna-se apropriado.

Vygotsky (2007) pensa nessas dimensões quando nos aponta as infinitas possibilidades que os indivíduos possuem na manipulação dos signos de sua cultura e na apropriação de seu repertório cultural. Os estímulos provocados pelos contatos vivenciados ao se pensar no fazer artístico em relação a um tema proposto, demanda uma atitude diferenciada na direção das características cognitivas de cada sujeito e de seus saberes, caminhando ao lado das 14

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experimentações de uma vivência desdobrada, formadora de pontes que se interligam com outros saberes e provocam a necessidade de alcançar novas habilidades, capacitando em rede o sujeito que se deixa seduzir pela experimentação desenvolvendo um Olhar Múltiplo e criativo. A Transdisciplinaridade pretende permitir que o sujeito aprenda e transforme o olhar em volta, submeta-se de maneira intensa à vida que nos cerca, absorvendo e retroalimentando nosso banco de dados interior, nossa memória e como uma pedra lançada na superfície da água, esse sujeito viva em expansão.

Como Educadores, pesquisadores, devemos encarar as frustrações do processo educativo como inquietações e reposicionar-nos nos ajustes pertinentes ao princípio regulador do sujeito e caminhar na direção do objeto do conhecimento. A percepção do emocional não deve invalidar os elementos cognitivos no Ensino, essa questão se coloca em evidência, diante da maneira tradicional que ainda está familiarizada pelo Professor. Fica registrado aqui neste parágrafo, o ponto que se pensa, mais fragilizado e com necessidades de maiores tensões, para que, de fato esse profissional da Educação, abandone a sua zona de conforto igualmente ao sujeito aprendiz, e tenha consciência das dificuldades a serem processadas.

Enquanto a Gestalt nomeia o sujeito como organismo meio e sob essa visão o sente como um sujeito em constante processo de intercâmbio criativo com o mundo, percebe-se nitidamente os braços da Transdisciplinaridade envolvendo todo esse processo de aprendizagem.

Uma vez que as atitudes do processo Transdisciplinar conduz o sujeito às fronteiras de interação e contato com o meio, por meio de temas que proporcionem sua relação com o conhecimento disposto em sua abordagem cultural. Na raiz artística destacam-se o suporte e experimentação; o movimento criativo – Mobilização da ação expressiva – Processo; o registro – significado conectado; a fruição – Percepção e a reforma multidimensional. Essa percepção leva o sujeito a teorizar, converter o desafio em um modelo mental, ou seja, um produto que considera a solução por insights, por ideias, sugerindo os registros do significado conectado.

A produção é parte do pensamento convertido em ação, quando a produção é de gestação em equipe, normalmente, passam por diagnose e superação de problemas, otimização ou inovação do processo criativo, na ação de equipe o sistema do brainstorming é uma ferramenta importante. Já no processo individual a gestação passa por superação de competências próprias e avanços significativos na reforma multidimensional do conhecimento prévio do sujeito.

O comportamento criativo do sujeito envolve relações e contatos consigo mesmo, que envolvem o mundo, retornando para o sujeito que se multiplica, não estaciona no campo das 15

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ideias, para ler e interpretar o sentido das ações, precisa pô-las em prática, pintá-las, desenhá-las, esculpi-las, escrevê-las, projetá-las, plasmá-las de alguma maneira em alguma forma. Uma sensibilização que avança na medida da compreensão daquilo que se lê, pela interpretação de seus significados, no desenvolvimento dos contatos, da significância, da classificação, julgamento e argumentação com o objeto de estudo e pesquisa (o suporte artístico diferenciado a ser pensado), mobilizadora da ação criativa e criadora, que também se transforma e modifica o sujeito e seu entorno. Incentivando o contato cultural multidisciplinar que transpassa o ritmo da própria vida e do tempo.

O RINOBARROCO, apontado nessa pesquisa, resume em sua essência, a compreensão de mundos diversos, pelo incentivo de temas, que atravessam o mundo do sujeito por diversos contatos, relacionando os ramos do saber humano, na filosofia abrangendo a ética e a estética, observando o sujeito psicologicamente, nas ciências sociais, na história, nas ciências puras e aplicadas, na Geografia, na Literatura com ênfase na poesia, nas Artes, as linguagens, a simbologia e sua essência transformadora, a inquietação das possibilidades pelo resgate da aplicação de diversas técnicas artísticas simples, em suporte artístico diferenciado.

Vygotsky (1990), que em sua obra “La imaginación y el arte en la infancia”, afirma que a criatividade de criação faz o homem se voltar para o futuro, movimentando as estruturas de sua existência que modifica o seu presente, o ato criativo rompe os limites da rotina para esse psicólogo. Criar é fazer combinações, relações, pontes, redes, é utilizar as escolhas do inusitado, é encontrar novas linguagens e novos caminhos, que provocam o sentido estético, poético e social, no qual o processo criativo nem sempre coincide com a possibilidade da criação, nesse momento reside a angústia da materialização artística. Um processo plural que forma e reforma o sujeito em suas habilidades e competências cognitivas e filosóficas. O sujeito criativo é percebido como um artista, que não está ligado às convenções, dogmas e instituições, portanto a expressão criativa emerge da liberdade e da autonomia.

A proposta deste trabalho, na mediação cultural transdisciplinar frente a um suporte artístico diferenciado, parte das reflexões sobre as possibilidades geradoras desse fazer artístico, com a prática do processo criativo do todo no todo dia, como ambiente gerador de temas para práticas transdisciplinares, nos espaços educativos, bem como na apropriação e vivência pelo contato, sobre o suporte artístico diferenciado a ser pensado.

Acredita-se ser importante a presença mediadora do profissional educador, pela interação pedagógica do processo condutor das hipóteses e em seu desenvolvimento sustentado pela Transdisciplinaridade. De pontos negativos que poderiam ser observados, promove-se uma 16

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ponte reflexiva de que, são eles os instrumentos fortificantes da criatividade profissional que percebendo a possibilidade de erros graves, a posição mediadora deve tornar-se mais cuidadosa ainda, na observação, controle e orientação das ansiedades individuais, evitando a cada instante o distanciamento face à ferramenta virtual utilizada.

A TransD emite em seu processo, fluxos de informações que atravessam de maneira coerente os diferentes níveis cognitivos, e a cada um, corresponde um fluxo de consciência atravessando

coerentemente

os

diferentes

níveis

de

percepção,

agregando

valores

multidisciplinares, onde encontra-se ancorado o desejo de todo profissional desejoso de trilhar a estrada facilitadora e mediadora, apoiada no conceito do processo criativo do TODO, no todo dia onde podemos encontrar ferramentas facilitadoras e auxiliares poderosas, incentivando-se assim o sujeito aprendiz a ser comportamentalmente curioso, investigativo, voltado a experimentação de suas habilidades e a buscar variações em suas áreas de interesse ou terreno de outras culturas, com aprendizados e estímulos a diferentes capacidades cognitivas e sensoriais.

Pretendeu-se com essa pesquisa avançar nas propostas que são ilustradas por Mestres, testando as hipóteses e acima de tudo, estabelecendo contatos para novas formas de criatividade e diálogo com o meio/mundo.

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