Catálogo da exposição Jorge Fonseca - Labirinto de amor

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Jorge Fonseca I labyrinth of love


NOTA I NOTE “O NOSSO CASTELO” (2011) I “OUR CASTLE” (2011) Foto I Photo Eduardo Câmara Essa obra não estará exposta na Caixa São Paulo I This work won’t be exhibited in Caixa Cultural São Paulo


Curadoria I Curatorship

Fernanda Terra

5 de junho a 29 de julho de 2018 CAIXA Cultural SĂŁo Paulo

Jorge Fonseca I labyrinth of love June 5 - July 29, 2018



ÍNDICE

INDEX

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Apresentação Caixa Cultural

Caixa Cultural Presents

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O Artista Jorge Fonseca

The Artist Jorge Fonseca

Texto crítico da curadoria

Curatorship’s critique

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Caderno de Obras

List of Works

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Caderno da Exposição

List of Exhibits

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Galeria Florisbela

Florisbela Gallery

66

Galeria D. Pedro

D. Pedro Gallery

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Abertura da Exposição

Opening of the Exhibit

77

Making of

Making of

78

Créditos

Credits

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Since 1861, CAIXA has been present in the history of every Brazilian, whether in the granting of affordable credit, in housing finance, in the development of cities - through investment in projects for infrastructure and basic sanitation - or in the execution and administration of social programs by the Federal government.

formation of the population over the last decades. The Museum and Caixa Gente Arteira Educational Program complement this effort in the educational formation of the public and spreading artistic and cultural knowledge and practices.

As a financial institution, an agent of public policies and strategic partner of the Brazilian State, its mission is to act in the promotion of citizenship and the sustainable development of the country. CAIXA sees in its attribution the motivation to be present in all moments of Brazilian life, approaching its needs and desires and participating in its achievements..

It is at this juncture that CAIXA sponsors the “Labyrinth of Love” exhibition, which brings together more than 30 works by Minas artist Jorge Fonseca, curated by art historian and critic Fernanda Terra. The exhibition, unpublished in Brazil, presents creations that give a new meaning to daily objects and reveal the trajectory of this ingenious artist who for more than 15 years was a train conductor and carpenter.

In this context, it’s only natural that CAIXA would stand by the national culture, providing access to the most varied artistic and intellectual manifestations and contributing to the preservation of Brazilian historical heritage. Through their programs in the spaces of CAIXA Cultural, present in seven capitals of the country, the institution has made feasible projects that promote the intellectual and cultural

With this project, CAIXA ratifies its cultural policy, its social vocation and its purpose of democratizing access to its spaces and its artistic program. In this way, it fulfills its institutional role of stimulating the diffusion and exchange of knowledge, contributing to the appreciation of the Brazilian identity as well as to the strengthening, renewal and expansion of the arts in Brazil and the culture of our people.

Caixa Econômica Federal

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Desde 1861, a CAIXA está presente na história de cada brasileiro, seja na concessão de crédito acessível, no financiamento habitacional, no desenvolvimento das cidades - por meio de investimento em projetos para infraestrutura e saneamento básico - seja na execução e administração de programas sociais do Governo Federal. Como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira estratégica do Estado brasileiro, sua missão é atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do país. A CAIXA vislumbra em sua atribuição a motivação para estar presente em todos os momentos da vida do brasileiro, aproximando-se das suas necessidades e anseios e participando das suas realizações. Nesse contexto, nada mais natural que a CAIXA se aproximar da cultura nacional, propiciando acesso às mais variadas manifestações artísticas e intelectuais e contribuindo para a preservação do patrimônio histórico brasileiro. Por meio de sua programação nos espaços da CAIXA Cultural, presentes em sete capitais do país, a instituição vem, ao longo das últimas décadas, viabilizando

projetos que promovem a formação intelectual e cultural da população. O Museu e o Programa Educativo Caixa Gente Arteira complementam esse esforço na formação de público e na difusão de saberes e práticas artísticas e culturais. É nessa conjuntura que a CAIXA patrocina a exposição “Labirinto de Amor”, que reúne mais de 30 obras do artista plástico mineiro Jorge Fonseca, com curadoria da historiadora de arte e crítica Fernanda Terra. A mostra, inédita no país, apresenta criações que dão um novo significado a objetos do cotidiano e revelam a trajetória desse engenhoso artista que, por mais de 15 anos, foi maquinista de trem e marceneiro. Com este projeto, a CAIXA ratifica a sua política cultural, a sua vocação social e o seu propósito de democratização do acesso aos seus espaços e à sua programação artística. Desta forma, ela cumpre seu papel institucional de estímulo à difusão e ao intercâmbio do conhecimento, contribuindo para a valorização da identidade brasileira bem como para o fortalecimento, a renovação e ampliação das artes no Brasil e da cultura do nosso povo.

Caixa Econômica Federal

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O artista Jorge Fonseca The artist Jorge Fonseca Conselheiro Lafaiete/MG - 1966 I 1966, Conselheiro Lafaiete/MG Vive e trabalha em Ouro Preto/MG I Lives and works in Ouro Preto/MG

Formação I Educational background Artista autodidata. Foi marceneiro e maquinista de trem. Atuou também como designer de móveis e moda, dirigente de ONG e professor convidado – por Notório Saber – do Departamento de Artes da UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora. Self-taught artist. Former carpenter and train conductor. He also worked as a furniture and fashion designer, head of a NGO and visiting professor – for Notorius Knowledge – at the art department of UFJF (Federal University of Juiz de Fora).

The artist has important works in institutional collections, such as: African-Brazilian Museum / SP, Rio de Janeiro Modern Art Museum - Gilberto Chateaubriand Collection, Niterói Contemporary Art Museum - João Sattamini Collection, Paraná Contemporary Art Museum, Goiás Contemporary Art Museum – as well as in major private collections in Brazil and abroad.

Premiações I Awards 2018 Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural (Artista Selecionado) I Caixa Cultural Space Occupation Program (Selected Artist) 2017 Prêmio PIPA (artista indicado) I PIPA Award (nominated artist) 2017 Prêmio PIPA On line (10 lugar) I PIPA Online Award (1st place) 2016 Prêmio FUNARTE Conexão Circulação Artes Visuais (1º lugar com o Projeto: FIOTIM – O Museu em Movimento) I Connection and Circulation of Arts FUNARTE Award (1st place with the project: FIOTIM Museum in Movement) Foto Photo Ronaldo Lopes

Presença em Acervos Institucionais e Coleções Particulares Possui obras em importantes acervos institucionais, tais como: Museu Afro-Brasil / SP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Contemporânea de Niterói – Coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Museu de Arte Contemporânea de Goiás – e em importantes coleções particulares no Brasil e no exterior. 8

Presence in Institutional and Private Collections

2009 Fundação Pollock-Krasner / Nova York (Bolsa de Estímulo à Produção Artística) I Pollock-Krasner Foundation/New York (A grant to stimulate artistic productions) 2005 12º salão da Bahia I 12th Bahia Art Gallery 2002 Salão Nacional de Arte de Goiás (Prêmio Aquisição) Goiás Nacional Art Gallery (Purchase Award) 1997 22º Salão de Arte de Ribeirão Preto/SP I 22nd Ribeirão Preto Art Gallery/SP 1996 Salão de Arte Contemporânea de Campos/RJ (Prêmio Aquisição) I Campos Contemporary Art Gallery/RJ (Purchase Award)


Principais Exposições Individuais I Main Individual Exhibits

2011

11ª Quadrienal de Praga – Representação Brasileira – República Tcheca

2017 Canvas Galeria – Rio de Janeiro/RJ 2011 Galeria Graphos: Brasil – Rio de Janeiro/RJ

2010

Arte BA 10, Buenos Aires, Argentina

2008

Galeria de Arte Cemig, Belo Horizonte/MG

2010

Coleção Gilberto Chateaubriand – Novas Aquisições,

2007

Galeria Thomas Cohn, São Paulo/SP

2007

Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro/RJ

2008

“Sonhos, Desejos e Figurações” – MAC, Niterói/RJ

2004

Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro/RJ

2007

6ª Bienal de Arte Contemporânea de Kaunas - Lituânia

2004

Quadrum Galeria, Belo Horizonte/MG

2006

A Imagem do Som da MPB - Paço Imperial, Rio de

2003

Museu da Inconfidência, Ouro Preto, MG

2001

Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro/RJ

2005

Arte Brasileira Hoje - MAM, Rio de Janeiro/RJ

2000

Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte/MG

2004

Tudo é Brasil - Itaú Cultural, São Paulo/SP

2000

Galeria de Arte Frei Confaloni, Goiânia/GO

2004

Tudo é Brasil - Paço Imperial, Rio de Janeiro/RJ

1999

Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro/RJ

2003

Via BR 040 - Museu Imperial – Funarte - Petrópolis/RJ

1999

Projeto Macunaíma/Funarte, Rio de Janeiro/RJ

2003

Imaginário Periférico - Rio de Janeiro, RJ

1996

Galeria de Arte Cemig, Belo Horizonte/MG

2002

Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói/RJ

2002

Rumos Visuais – Itaú Cultural, São Paulo/SP

2002

Projeto A imagem do Som - Paço Imperial, Rio de

Principais Exposições Coletivas I Main Group Exhibits

MAM /RJ

Janeiro/RJ

Janeiro/RJ

2016

SP Arte – São Paulo/SP

2015

Festival de Esculturas do Rio / RJ

2015

Art Rua – Festival de Arte Urbana / RJ

2015

SP Arte – São Paulo/SP

2000

Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte/MG

2014

Art Rio – Rio de Janeiro/RJ

2000

Arte e Erotismo - Galeria Nara Roesler, São Paulo/SP

2014

SP Arte – São Paulo/SP

2000

Tendências Internacionais - Espaço Mascarenhas,

2013

“Bola na Rede” – Funarte - Brasília/DF

2012

“Fio Condutor” – Galeria Graphos: Brasil – Rio de

2002

Horizonte/MG

Juiz de Fora/MG 2000

Bravas Gentes Brasileiras - Palácio das Artes, Belo Horizonte/MG

Janeiro/RJ 2012

Rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira, Belo

“Vivendo no Vermelho” – Galeria Graphos: Brasil –

1999

Cotidiano/Arte - Itaú Cultural, São Paulo/SP

Rio de Janeiro/RJ

1998

Projeto Macunaíma - Funarte, Rio de Janeiro/RJ 9



Labirinto de Amor Texto crítico da curadoria

Fernanda Terra Falar sobre a obra de Jorge Fonseca é acessar uma vasta cartografia de memórias e afetos vividos ligados à sua tenra infância mineira de Conselheiro Lafaiete, mas também, é falar sobre as inquietações mais íntimas do presente, da intuição que perpassa escolhas estéticas e do impulso imaginativo. O artista, autodidata, entrelaça-se com a própria obra no fazer espontâneo e sincero, no qual o desejo, a vida em pulsão, o cotidiano do dia-a-dia, definem o processo de produção e são fios condutores, guias nas escolhas de temas, materiais, formas, técnicas e atitudes.

Durante 15 anos, o artista foi maquinista de trem na RFFSA – Rede Ferroviária Federal, deslocando toneladas de minério de ferro pelo interior de Minas Gerais, legado que seu pai, guardador das chaves da ferrovia, deixou para ele, junto com a marcenaria. Mas algo o impulsionou para novos caminhos e um dos seus primeiros trabalhos de arte foi tecido em meio à locomotiva em movimento: uma anágua bordada a fios de ouro com frases de canções de amor e moranguinhos pendentes que bordou enquanto conduzia o trem; reminiscências de memórias caseiras emaranhadas entre dedais, linhas, fitas, tecidos acetinados, máquinas de costura de suas tias que costuravam e bordavam para as moças do bordel da vizinhança e para as quais, o artista fazia pequenas diligências.

As coisas que eu faço por amor The things I do for love

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Sua verve criativa foi tecida através dessas memórias de vida simples, das lembranças de família, das missas de domingo e dos primeiros namoros, da pequena cidade que era seu campo exploratório que percorria livre de pé descalço, do fascínio pelo feminino, das relações amorosas veladas do seu bairro, da casa do bordel e da cafetina e os objetos e cores que enfeitavam os quartos das moças, do cheiro de perfume barato, da cama com lençóis de cetim, do vaso de flores de plástico, das músicas de amor e tantas outras memórias de sua infância, como as das festas populares religiosas e folclóricas e outras memórias que surgiram das fantasias quando sonhava em fugir com o circo, entre leões com cheiro de creolina, palhaços, malabaristas e mágicos “vestidos de pessoas comuns”.

Suas obras resultam da maquinação que o artista faz dessas memórias, com o ideário popular novelístico, o padrão visual da iconografia folclórica e religiosa e referências da POP arte. Elas são como breves crônicas diárias, alguma coisa de “causo”, meio ficção, contadas de forma sintética, conceitual e lírica como na obra “Se você está ao meu lado”- um travesseiro feito de algodão e voile, repleto de pequenos guizos de metal onde, em seu centro, esta bordado o título da obra; o prenúncio dos felizes e sonoros Se você está ao meu lado If you’re by my side

encontros amorosos, ou como na obra “Love, Love, Love” onde vemos bordada a figura de uma mulher se balançando entre nuvens, no céu de algodão e estrelas cintilantes feitas de cristais de armarinho transparentes; e ainda, como na delicada Love, Love, Love Love, Love, Love

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obra sem título, na qual um casal voa livre e solto em um azul celeste, de um salto de uma cama de casal elástica; referência a entrega total ao sentimento amoroso e sonhador, falam ao coração.

As obras também são por vezes irônicas e cínicas, transbordam o espirito crítico humanista do artista. Como ele diz: “são um pouco ingênuas, um pouco mordaz.” “Com quem será” é um bom exemplo dessa atitude: uma bonequinha vestida de noiva que gira ao som de “com quem será, com quem será...?” em que se lê, bordado em sua saia, os nomes dos pretendentes: “Marco Antônio – Jovem discreto e de boa família – alcoólatra – vive caído pelas ruas”.

Sem título Untitled

Com quem será Who will it be

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Outro exemplo seria a obra conceitual “Capacho”, um coração feito de grama sintética, onde se lê: “Pode pisar, eu deixo.” e “Carro Alegórico”, um fusca feito de recortes de latas de bebidas em que se lê: “Enfim sóis” e, finalmente, “Classificados do amor”, obra composta de doze retratos pintados de pretendentes ao amor, um deles, um autorretrato, onde se lê as descrições de cada um dos candidatos, bordadas à mão; a solidão e os desencontros tornam-se expostos.

Capacho Doormat

Os classificados do amor Wanted: looking for love

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Em 1996 Jorge conhece no Rio de Janeiro a impactante e genial obra de Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), artista esse que pretendia, em seu delírio, inventariar os objetos do mundo, bordando-os com seus nomes para que não fossem esquecidos no momento do juízo final. Foi com ele que seu fazer manual, sua artesania, as possibilidades técnicas e materiais

Carro alegórico Allegorical car

ganham força e precisão. Para o historiador da arte Waldir Barreto, Jorge valeu-se dos melhores dividendos históricos da transgressão duchampiana e, com voracidade, consumiu o mais que pode da riqueza de informação visual e verdade criativa que aquela exuberância beata e delirante tinha para pregar.1

Mas foi com a obra contemporânea de José Leonilson (1957-1993), artista predominantemente autobiográfico, que sua linguagem amadureceu em corpo e mundo. As obras de Leonilson, que incluem em sua fase final, delicadas costuras e bordados eram como “cartas para um diário íntimo”, segundo a crítica Lisette Lagnado.

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Barreto, Waldir. Cercado de amor por todos os Lados, Goiânia, 2000. Catálogo da exposição. 15


Mas para Jorge, o íntimo e o drama de cada um é uma história que perpassa a todos nós: discórdias, alegrias, traições, amores, adultérios, paixões, sonhos, solidão, erotismo e dor compõem a visualidade recorrente em muitas de suas obras e abrem passagem para a sua expressão sensível, onírica e crítica, legitimada no breve solilóquio íntimo e solitário na obra “Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo”. Uma instalação conceitual com uma linguagem sintética, sofisticada e precisa, feita de azulejos de cozinha, dos quais pende um bico de bule que verte café em um coador bordado, com escritos em espiral, onde se lê o seguinte relato: “Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo. Você achou que estava dormindo, mas eu estava acordada, esperando você me dizer ao menos boa noite. Deitada, acompanhei cada movimento seu. Ouvi seus passos pela casa, senti seu cheiro de bebida e senti o cheiro de perfume que nunca foi seu, quando você se apagou ao meu lado. Só peguei no sono de manhã cedo. Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo You were late yesterday and didn’t even touch me

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Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo.”


Em 2001, Jorge inaugura na Galeria de Arte Contemporânea Annamaria Niemeyer, no Rio de Janeiro, a exposição intitulada Procura-se, um manifesto poético, marcada por obras feitas no intuito de encontrar um dos irmãos, Marcio Antônio da Fonseca, desaparecido fazia mais de 16 anos. O artista traz a arte para o centro doloroso de sua própria vida, um campo possível da experiência artística já semeada do Dadaísmo à Allan Kaprow e em tantos outros momentos da história da arte. O rosto do irmão e o número de telefone de casa faziam parte de panfletos, anúncios, avisos, catálogos, estandartes e pequenos corações feitos de cetim confeccionados e distribuídos pelo artista na exposição e pelas ruas por onde circulou. Também integrava a exposição a obra “Estrada da Vida”, feita de ‘carroceria’ e lona de caminhão. Nela o artista bordou as estradas imaginárias por onde o irmão poderia ter passado e frases típicas ao estilo dos caminhoneiros: “Viajo porque preciso”, “Volto porque te amo”, “Na cabine cabe muitas, no coração, só uma”.

Estrada da vida VII Road of life VII

Ultrapassados os limites museográficos, que remetem às ações de Cildo Meireles nos projetos Cédula e Coca-Cola dos anos 70, como “meios circundantes”, Jorge, convicto de seu ato artístico, no campo da vida, encontra o irmão. Mais tarde, vieram várias versões da “Estrada da Vida” que ganharam contornos menos dramáticos e mais românticos como é a “Estrada da Vida III – Por onde andei saudades deixei”, bordada em lona preta com cores vibrantes e letras de músicas românticas das rádios populares AM, escutadas pelos caminhoneiros e a versão mais recente, já impregnada de uma nova linguagem e forte estética circense, “Estrada da Vida VII – A dois passos do paraíso” que traz uma ‘carroceria’ estilizada, divertida e com luzes que iluminam a obra. Em homenagem aos caminhoneiros, frases bordadas dizem: “Longe de casa, a mais de uma semana, milhas e milhas distantes do meu amor...”, letra da música da Blitz. Estrada da vida III Road of life III

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Observador atento do campo da existência, em cujo centro encontram-se os dramas crus e sonhos inalcançáveis, Jorge constrói uma casa/obra intitulada “A casa dos meus sonhos”, composta por dezenas de quadros emoldurados, de diversos tamanhos e estilos que foram recolhidos do lixo, dos sebos e de casas de quinquilharias de Ouro Preto. Pelo lado de fora vemos as inúmeras imagens de casas no campo, ao lado de riachos ou beira da praia, em meio a paisagens idílicas, idealizadas, bem ao estilo romântico, kitsch e popular para todos os gostos e sonhos. No interior dessa pequena casa/obra, nada, apenas a arquitetura construída pelos avessos dos quadros, iluminada por uma luz precária com fiação de A casa dos meus sonhos My dream house

gambiarra, aludem aos barracos feitos de sobras de madeira e dores da vida.

As obras “Galos, Noites e Quintais”, “Papo Reto” e “Mais um Round”, absolutamente diferentes na construção estética uma da outra, falam das dificuldades das relações amorosas, cada uma a seu modo. As brigas explícitas, a conversa difícil e direta e a interminável disputa de quem está certo. Segredos e amarguras de traições ficam claras na obra “Tri-ângulo”, delicadamente pintada na madeira, com linguagem circense própria do artista, tem o formato de um triângulo feita de lâminas de madeira pintadas dos dois lados, onde se vê de um lado a imagem de um homem, do outro o retrato de outro homem e ao centro e no fundo a imagem de uma mulher, onde se lê : “O amor é lindo” e em cada lado do Galos, noites e quintais Roosters, nights and backyards

triângulo lê-se: “Eu te amo”, “Tu me enganas” e “Nós nos iludimos”. Mais um round One more round

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Jorge entrelaça, com toda liberdade, as matrizes artesanais, conceituais e POP (quase kitsch), redimensionando-as à estética contemporânea em um entrecruzamento de gêneros artísticos sem preconceitos ou esteticismos. Em um primeiro momento, Bispo e Leonilson são fontes preciosas, mas a admiração pelas obras dos artistas Edmilson Nunes, eminentemente POP e Kitsch, perpassada pelo erotismo; as obras de Marcos Cardoso, cujo traço poético transforma, guimbas de cigarro, palitos de fósforos, rótulos plásticos de embalagem descartadas e recria, através do banal, obras com contundente força estética e; as obras de Jorge Duarte, representante da geração 80, artista conceitual e eclético, com forte tendência crítica e irônica e visualidade popular, viriam a sensibilizar o artista e, com uma franca inexistência de disfarces, Jorge constrói

Papo reto Straight talk

uma estética espontânea contida em sua singular maneira de absorver os fatos do mundo. Ainda destacaria os artistas Emmanuel Nassar e Nelson Leirner como aproximações estéticas mais recentes, obras eminentemente brasileiras sendo universais como a de Jorge Fonseca.

Tri-ângulo Tri-angle

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Na concepção sofisticada de sua poética visual, Jorge amalgama linguagem e forma; conceitos, palavras, imagens e materiais fundem-se em obras desfrutáveis. Palavra e imagem dão o contorno às obras, a palavra ganha sentido de imagem e une-se a ela, e juntas sintetizam a essência que o artista quer dar à obra. “Viver é perigoso” e “A vida cheia de ilusão”, são obras exemplares dessa elaboração mental. Nas livres associações bem construídas, Jorge brinca com o sentido das coisas. Os títulos não são meras legendas ilustrativas das obras, são parte integrante, não agem separadamente, para que possamos decifrar o enigma das obras Viver é perigoso Living is dangerous

como um todo. Exemplos claros são a obra “Capacho”, já citada acima, onde se lê: “Pode pisar, eu deixo” e a obra “Quando você passa eu fico assim”, um coração feito de fios de eletricidade enrolados em recortes de madeira que dão movimento a obra. Assim como a obra “Renascedouro, derrube suas fraquezas”, em que o artista cria uma nova palavra, junção de renascimento com nascedouro e inventa um ‘tiro ao alvo’ onde o espectador utiliza uma espingarda para acertar nos sentimentos de medo, apatia, rancor, falsidade, etc.

Falar das obras de Jorge Fonseca sem considerar este aspecto, seria como ler o poema “Um lance de dados” de Mallarmé sem valorar a composição visual ou desprezar as legendas e frases das obras de Magritte, como na obra “Ceci est un morceau de fromage” (Isto é um pedaço de queijo), ou como na pintura de um cachimbo, em que se lê: “Ceci nést pas une pipe.” (Isto não é um cachimbo.), fundamental para A vida é cheia de ilusão Life is full of illusion

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criação do paradoxo magrittiano onde palavras e coisas interrompem sua arcaica correspondência.


Finalmente, Jorge Fonseca nos seduz , em um espelhamento labiríntico da vida cotidiana que ecoa em nós; tece a trama e o drama das linhas das memórias afetivas, nos faz sorrir, nos faz lembrar de nós mesmos, toca o mais profundo de cada um, sem fronteira social e para qualquer idade. Sua arte é espontânea, direta e sincera, fala do curso ordinário das coisas e é um somatório de forças, dentro de uma cartografia imaginal sentimental constante da vida. É um antídoto ao pragmatismo virtual e gélido em que se transformaram as nossas relações íntimas e vida cotidiana em um mundo permeado pelo digital; nos faz sentir e pensar. Vida e arte se encontram no processo criativo intuitivo do artista, que se origina do estado de profunda inquietação emocional e da observação do mundo que nos rodeia. Como Dédalo, inventor do labirinto do Minotauro, cujo o nome provém de confeccionar com arte, Jorge urde seu próprio labirinto intrincado dos dramas e alegrias da vida diária, e nos oferece como espelho de nossas próprias dores e sorrisos, “cercado de amor por todos os lados”, conclui: “A gente é assim”.

Quando você passa eu fico assim Me when you walk by

Renascedouro Place of rebirth

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Jorge Fonseca - Labyrinth of Love Curatorship’s critique

Fernanda Terra To talk about the work of Jorge Fonseca is to access a wide cartography of memories and affections connected to his tender childhood in Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais; it’s to talk about the most intimate restlessness of the present, and the intuition that ranges from aesthetic choices to imaginative impulses. The artist, self-taught, intertwines with the work itself in the spontaneous and sincere craftsmanship, in which the desire, the pulsing life, the daily routine, define the production process and are conductive wires, guides in the thematic choices, materials, shapes, technique and attitudes. For 15 years, the artist was a train conductor at the RFFSA (Federal Railroad Administration), transporting tons of iron ore through the countryside in Minas Gerais, a legacy which his father, a railway switchman, left to him, along with the woodworking workshop. But something propelled him to new paths and one of his first works of art was cloth on a moving train: a petticoat embroidered with gold threads with phrases of love songs and pendant earrings that he embroidered as he drove the train; reminiscences of home-made memories entangled in thimbles, lines, ribbons, satin fabrics, sewing machines of his aunts who sewed and embroidered for the girls in the neighborhood’s brothel and for whom the artist ran small errands. His creative verve was woven through these memories of simple life, family memories, Sunday masses and first dates, the small town that was his exploratory field that 22

ran free barefoot, the fascination for the feminine, the romantic relationships and the objects and colors that adorned the girls’ rooms, the smell of cheap perfume, the bed with satin sheets, the plastic flower pot, the love songs and so many other memoirs of his childhood, such as religious celebrations and folk festivals, and other memories that came from fantasies when he dreamed of running away with the circus, among cresol scented lions, clowns, jugglers, and magicians “clad as ordinary people.” His works are the result of the artist’s machinations of these memories, with the popular novelistic ideology, the visual pattern of folk and religious iconography and references of POP art. They are like brief daily chronicles, something of a “tale”, half fiction, told in synthetic, conceptual and lyrical form as in the work “If you are by my side” - a pillow made of cotton and voile, filled with metal rattles where, in its center, the title of the work is embroidered; the harbinger of happy and sonorous love encounters, or as in the work “Love, Love, Love” where we see an embroidered figure of a woman swaying between clouds, in the cotton sky and sparkling stars made of transparent crystals of haberdashery; and, as in the delicate work without title, in which a couple flies free and loose in a celestial blue, having jumped from an elastic double bed; reference to total surrender to the loving and dreamy feeling, which speaks to the heart.


The works are also sometimes ironic and cynical, they overflow the critical humanist spirit of the artist. As he says, “they are a bit naive, a bit scathing.” “Who will it be” is a good example of this attitude: a little doll dressed as a bride turns to the sound of “who will it be, who will it be ...?”, where the names of the suitors are embroidered on its skirt: “Marco Antônio - A discreet young man with a good family - an alcoholic - lives in the streets.” Another example would be the conceptual work “Doormat”, a heart made of synthetic grass, which reads: “You can step on me, I’ll let you.” And “Allegorical Car”, a beetle made from cutouts of beverage cans that reads: “At last, alone”. Finally, “Wanted: looking for love” a work composed of twelve painted portraits of romantic suitors, one of them, a self-portrait, which reads the descriptions of each of the candidates, embroidered by hand; loneliness and disagreements become exposed. In 1996, in Rio de Janeiro, Jorge was introduced to the striking and brilliant work of Arthur Bispo do Rosário (19111989), an artist who sought, in his delirium, to inventory the objects of the world, embroidering them with their names so they would not be forgotten at the time of the Last Judgment. It was with him that his craftsmanship, the technical and material possibilities gained strength and precision. For the art historian Waldir Barreto, Jorge “took advantage of the best historical dividends of the Duchampian transgression and voraciously consumed as much of the richness of visual information and creative truth as that blissful and delirious exuberance had to preach.” 1 1

Barreto, Waldir. Surrounded by love on all sides, Goiânia, 2000. Exhibit’s Catalog.

But it was with the contemporary work of Jose Leonilson (1957-1993), a predominantly autobiographical artist, that his language matured in body and world. Leonilson’s works, which include in their final phase delicate stitching and embroidery, were like “letters to an intimate diary”, according to critic Lisette Lagnado. But for Jorge, the intimacy and drama of each one is a story that runs through all of us: discord, joys, betrayal, love, adultery, passion, dreams, loneliness, eroticism and pain compose the recurring visuality in many of his works and open the passage to his sensitive, dreamlike and critical expression, legitimized in the brief, intimate and lonely soliloquy in the work “You were late yesterday and did not even touch me.” A conceptual installation with a sophisticated synthetic language made out of kitchen tiles, from which a teapot spout hangs on an embroidered, spiral-bound colander, where you read the following statement: “You were late yesterday and did not even touch me. You thought you were asleep, but I was awake, waiting for you to tell me at least goodnight. Lying down, I followed your every move. I heard your footsteps around the house, I smelled your booze and I smelled the perfume that was never yours when you passed out beside me. I just fell asleep in the early morning. You were late yesterday and did not even touch me.“ In 2001, Jorge inaugurated the exhibition entitled “A secular poetic manifesto”, which was marked by works designed to find one of his brothers, Marcio Antônio da Fonseca, who had disappeared for more than 16 years. The artist brings art into the painful center of his own life, a possible field of artistic experience already sown from Dadaism to Allan Kaprow and into so many other moments in art history. 23


His brother’s face and home phone number were on pamphlets, announcements, catalogs, banners, and little hearts made of satin and were distributed by the artist at the exhibition and through the streets through which he circulated. Also included in the exhibition was the work “The Road of Life”, made of the ‘body’ and load cover of a truck. In it, the artist embroidered the imaginary roads through which his brother could have passed and typical trucker-style phrases: “I travel because I need to”, “I return because I love you”, “The cabin fits many, the heart, only one”. Going beyond the museographic limits, referring to the actions of Cildo Meireles in the projects Cédula and Coca-Cola of the 70’s, as “surrounding means”, Jorge, convinced of his artistic act in the field of life, meets the brother. Later came various versions of the Road of Life that were gaining less dramatic and more romantic contours as it is “Road of Life III – Wherever I have been, I’ve been missed”, embroidered in black canvas with vibrant colors and lyrics of romantic songs of the popular AM radio, listened to along the trips of the truck drivers and the latest version, already impregnated with new language and strong circus aesthetics, “Road of Life VII - A stone’s throw from paradise” that brings a more stylized and fun ‘body’ and with lights that illuminate the work. In homage to the truck drivers, embroidered phrases say: “Away from home, more than a week, miles and miles away from my love ...”, lyrics of Blitz music An attentive observer of the field of existence, whose center is the raw dramas and unreachable dreams, Jorge constructs a house / work entitled “The house of my dreams”, work composed of dozens of framed pictures, 24

of different sizes and styles that were collected from the garbage, the sebum and the trinkets shops of Ouro Preto. From the outside we see the innumerable images of houses in the countryside, next to streams or beachfront, amidst idyllic, idealized landscapes, well romantic, kitsch and popular for all tastes and dreams. In the interior of this small house, nothing, only the architecture built by the backstage of the paintings, illuminated by a precarious light with spinning of gambiarra, allude to the shacks made of scraps of wood and pains of life. The works “Roosters, Nights and Backyards”, “Straight Talk” and “One More Round”, absolutely different in the aesthetic construction of each other, speak of the difficulties of love relationships, each in its own way. The explicit quarrels, the difficult and direct conversation and the endless dispute of who is right. Secrets and bitterness of veiled betrayal are clear in the work “Triangle”, delicately painted in wood, it refers to the artist’s own circus aesthetic, has the shape of a triangle made of painted wooden slides on both sides, the image of a man, the portrait of another man and the center, and the image of a woman in the background, which reads: “Love is beautiful” and on each side of the triangle it reads: “I love you”, “You deceive me” and “We deceive ourselves. “ Jorge freely interweaves crafting, conceptual and POP (almost kitsch) matrices, resizing them to contemporary aesthetics in a cross-linking of artistic genres without prejudice or aestheticism. At first Bispo and Leonilson are precious sources, but the admiration for the works of artists Edmilson Nunes, eminently POP and Kitsch,


pervaded by eroticism; the works of Marcos Cardoso, whose poetic trait transforms cigarette butts, matchsticks, discarded plastic packaging labels and recreates, through the banal, works with forceful aesthetic strength; and the works of Jorge Duarte, representative of the 80’s, conceptual and eclectic artist, with a strong critical and ironic tendency and popular visuality, would come to sensitize the artist and, with a frank inexistence of disguises, Jorge constructs a spontaneous aesthetic contained in its singular way to absorb the facts of the world. Emmanuel Nassar and Nelson Leirner would also point out the most recent aesthetic approaches eminently Brazilian works being universal like that of Jorge Fonseca. In the sophisticated conception of his visual poetics, Jorge amalgamates language and form; concepts, words, images and materials merge into enjoyable works. Word and image give the outline to the works, the word gains a sense of image and joins it, and together they synthesize the essence that the artist wants to give the work. “Living is dangerous” and “Life is full of illusion” are exemplary works of this mental elaboration. In free, well-built associations, Jorge plays with the sense of things. The titles are not just illustrative legends of the works, they are an integral part, they do not act separately, so that we can decipher the enigma of the works as a whole. Clear examples are the work “Doormat”, already mentioned above, which reads: “You can step on me, I’ll let you.” Or the work “Me when you walk by”, a heart made of electric wires rolled in wood cutouts that give movement the work. Or as the work “Rebirth Place, overthrow your weaknesses”, in which the artist creates a new word, a rebirth junction with birth

and invents a ‘target’ where the spectator uses a shotgun to hit the feelings of fear, apathy, rancor, falsehood, among others. To speak of Jorge Fonseca’s works without considering this aspect, would be like reading the poem “A Throw of the Dice” by Mallarmé without valuing the visual composition or ignore the captions and phrases from the works of Magritte, like in the work “Ceci est un morceau de fromage“ (This is a piece of cheese), or as in the painting of a pipe, which reads: ”Ceci nést pas une pipe.“ (This is not a pipe.), fundamental to the creation of the Magrittian paradox where words and things interrupt their archaic correspondence. Finally, Jorge Fonseca seduces us all, in a labyrinthine mirroring of daily life that echoes in us; weaving the plot and drama of the lines of affective memories, makes us smile, reminds us of ourselves, touches the deepest of each of us, without social frontier and for any age. His art is spontaneous, direct and sincere, speaks of the ordinary course of things and is a sum of forces, within a sentimental imaginary cartography of life. It is an antidote to the virtual and cold pragmatism in which our intimate relationships and everyday life have become transformed into the digital world. It makes us feel and think. Life and art meet in the artist’s intuitive creative process that originates from the state of deep emotional restlessness and the observation of the world around us. As Daedalus, the inventor of the Minotaur’s labyrinth, whose name comes from making with art, Jorge weaves his own intricate labyrinth of the dramas and joys of daily life, and offers us as a mirror of our own pain and smiles, “surrounded by love on all sides” he concludes: “That’s what we are”. 25


Caderno de Obras I List of Works

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Autorretrato - cercado de amor por todos os lados Self-portrait - surrounded by love on all sides Acrílica, tecidos, linhas, enchimentos I Acrylic, fabrics, threads, fillings 125 cm de diâmetro I 125 cm in diameter 1998 I 1998 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Ane Souz

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Estrada da Vida VII Road of Life VI I Esmalte sintético s/ madeira e bordados s/ lona de caminhão I Synthetic enamel on wood and embroidery on truck tarp 260 x 220 x 12 cm I 260 x 220 x 12 cm 2017 I 2017 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Maurício Seidl

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Estrada da Vida I I I Road of Life II I Esmalte sintético s/ madeira e bordados s/ lona de caminhão I Synthetic enamel on wood and embroidery on truck tarp 220 x 190 x 5 cm I 220 x 190 x 5 cm 2008 I 2008 coleção I collection Leonel Kaz foto I photo Eduardo Trópia

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Viver é perigoso Living is dangerous Esmalte sintético s/ lâmina de madeira I Synthetic enamel on wood blade 120 x 100 x 10 cm I 100 x 250 x 10 cm 2016 I 2016 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Gustavo Proti

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A vida é cheia de ilusão Life is full of illusion Recortes de tecidos colados s/ lâmina de madeira I Cut outs of fabrics glued on wooden blade 110 x 110 x 10 cm I 110 x 110 x 10 cm 2012 I 2012 coleção particular I private collection foto: fotógrafo não identificado I photo: photographer not identified

Quando você passa eu fico assim Me when you walk by Esmalte sintético, fios de eletricidade, s/ recortes de madeira I Synthetic enamel, electricity wires, over wood trimmings 100 x 100 x 25 cm I 100 x 110 x 25 cm 2017 I 2017 coleção I collection Bento Mineiro foto I photo Maurício Seidl

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Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo You were late yesterday and didn’t even touch me Bordados s/ coador de café, toalha, azulejo, bico de bule e bomba dágua I Embroidery on coffee strainer, towel, tile, teapot and water pump 200 x 100 x 40 cm I 200 x 100 x 40 cm 2007 I 2007 coleção I collection Ricardo Luiz Duarte de Souza foto I photo Adriana Moura


“ Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo. Você achou que eu estava dormindo, mas eu estava acordada, esperando você me dizer ao menos boa noite. Deitada, acompanhei cada movimento seu. Ouvi seus passos pela casa, senti seu cheiro de bebida e senti o cheiro de um perfume que nunca foi seu, quando você se apagou ao meu lado. Só peguei no sono de manhã cedo. Ontem você chegou tarde e nem mexeu comigo.”

“ Yesterday you came in late and didn’t even touch me. You thought I was sleeping, but I was awake, waiting for you to at least say good night. Lying there, I followed your every move. I heard your steps around the house, caught your booze smell and smelled a perfume that was never yours, when you passed out by my side. I only fell asleep in the morning. Yesterday you came in late and didn’t even touch me. “

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O jardim das delícias The garden of delights Tríptico - bordados, linhas e tecidos com enchimento I Triptych - embroidery, threads and fabrics with filling 120 x 80 x 5 cm I 120 x 80 x 5 cm 1999 I 1999 coleção particular I private collection foto I photo Miguel Chaves

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Com quem será Who will it be Bordados s/ o vestido da boneca e mecanismo eletrônico sonoro I Embroidery on the doll dress and electronic sound mechanism 45 x 30 x 30 cm I 45 x 30 x 30 cm 2006 I 2006 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Miguel Chaves

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Sem título Untitled Bordados s/ avental I Embroidered on apron 50 x 50 cm I 50 x 50 cm 1998 I 1998 coleção I collection Frederico Morais foto I photo Miguel Chaves

Se você está ao meu lado If you’re by my side Bordados s/ travesseiro de voile e guizos de metal I Embroidery on voile pillow and metal rattles 60 x 40 x 15 cm I 60 x 40 x 15 cm 2004 I 2004 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Miguel Chaves

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As coisas que eu faço por amor The things I do for love Anágua com apliques de crochê I Petticoat with crochet appliques 49,5 x 62 cm I 49,5 x 62 cm 2018 I 2018 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Miguel Chaves

Mais um round One more round Bordado s/ luvas de boxe I Embroidery on boxing gloves 50 x 20 x 15 cm I 50 x 20 x 15 cm 2003 I 2003 coleção particular I private collection foto I photo Miguel Chaves

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Capacho Doormat Acrílica s/ tecido e grama de plástico I Acrylic on fabric and plastic grass 80 x 80 x 5 cm I 80 x 80 x 5 cm 2017 I 2017 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Ane Souz

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Love, Love, Love Love, Love, Love Bordados s/ voile, algodão natural tingido e cristais I Emboidery on voile, natural dyed cotton and crystals 97 x 77 cm I 97 x 77 cm 2005 I 2005 coleção I collection Fernanda Terra foto: fotógrafo não identificado I photo: photographer not identified

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Coração feminino Feminine heart Bordados s/ tecido I Embroidery on fabric 60 x 40 cm I 60 x 40 cm 2006 I 2006 coleção I collection Tania Pinto foto: fotógrafo não identificado I photo: photographer not identified

Sem título Untitled Bordado s/ tecido I Embroidery on fabric 80 x 40 cm I 80 x 40 cm 2011 I 2011 coleção particular I private collection foto I photo Eduardo Câmara

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Amor I love you Baby I love you Acrílica e bordados s/ renda I Acrylic and embroidery with lace 160 x 160 cm I 160 x 160 cm 2007 I 2007 coleção I collection Carmo e Jovelino Mineiro foto I photo Eduardo Câmara

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Passarinhada I I Flock of birds I I Bordados e acrílica s/ tecido I Embroidery and acrylic on fabric 110 x 90 cm I 110 x 90 cm 2018 I 2018 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Ane Souz

She loves you She loves you Esmalte sintético s/ madeira I Synthetic enamel on wood 100 x 80 cm I 100 x 80 cm 2011 I 2011 coleção do artista I artist’s collection foto: fotógrafo não identificado I photo: photographer not identified

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Os classificados do amor Wanted: looking for love Acrílica s/ tecido e bordados I Acrylic on fabric and embroidery 190 x 120 x 4 cm I 190 x 120 x 4 cm 2001 I 2001 coleção I collection Leonel Kaz foto I photo Ronaldo Lopes

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Galos, noites e quintais Roosters, nights and backyards Madeira, acrílica s/ tecido, madeira e metal I Wood, acrylic on fabric and metal 230 cm de diâmetro x 10 cm I 230 cm in diameter x 10 cm 2007 I 2007 coleção I collection Gilberto Chateaubriand MAM RJ foto I photo Eduardo Câmara

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Tri-ângulo Tri-angle Acrílica s/ lâminas de madeira e esmalte sintético I Acrylic on wood veneers and synthetic enamel 166 x 145 x 13 cm I 166 x 145 x 13 cm 2011 I 2011 coleção I collection Tuca Dias foto I photo Eduardo Câmara

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O equilibrista The tightrope walker Esmalte sintético s/ madeira I Synthetic enamel on wood 90 x 90 cm I 90 x 90 cm 2011 I 2011 coleção do artista I artist’s collection foto: fotógrafo não identificado I photo: photographer not identified

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Papo reto I I Straight talk II Cadeiras e livros esculpidos em madeira I Chairs and books carved in wood 233 x 165 x 45 cm I 233 x 165 x 45 cm 2018 I 2018 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Ane Souz

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Agradeço a graça alcançada I’m grateful for the grace given Madeira esculpida I Carved wood 140 cm de diâmetro x 20 cm I 140 cm in diameter x 20 cm 2010 I 2010 coleção I collection Mário de Lima Rodrigues Jr foto I photo Mário de Lima Rodrigues Jr

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Mór Major Fragmentos de madeira, latas perfuradas I Wood fragments, perforated cans 190 x 130 x 25 cm I 190 x 130 x 25 cm 2015 I 2015 coleção I collection Carmo e Jovelino Mineiro foto: fotógrafo não identificado I photo: photographer not identified

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O outro eu The other self Acrílica s/ tecido e madeira e esmalte sintético s/ madeira I Acrylic on fabric and wood and synthetic enamel on wood 144 x 170 x 16 cm I 144 x 170 x 16 cm 2011 I 2011 coleção I collection Leonel Kaz foto I photo Eduardo Trópia

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Dream II Dream II Acrílica, tecido com enchimento, arame, flores de tecido I Acrylic, fabric with filler, wire, woven flowers 160 x 140 x 15 cm I 160 x 140 x 15 cm 2018 I 2018 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Ane Souz

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Certezador (saiba o que seu amor faz quando não está perto de você) Certainator (know what your loved one does when not around you) Esmalte sintético s/ madeira, esfera de vidro e circuitos eletrônicos I Synthetic enamel on wood, glass sphere and eletronic circuits 55 x 55 x 70 cm I 55 x 55 x 70 cm 2011 I 2011 coleção do artista I artist’s collection fotos I photos Gil Souza

Renascedouro Place of rebirth Esmalte sintético s/ madeira, tecidos, ferragens, espingarda de pressão, compressor de ar, elementos de plástico, fios, lâmpadas e pisca-piscas I Synthetic enamel on wood, fabric, hardware, pressure gun, plastic elements, wires, lamps and blinkers 220 x 150 x 300 cm I 220 x 150 x 300 cm 2016 I 2016 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Miguel Chaves

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Carro alegórico Allegorical car Recortes de latas de bebidas colados s/ recortes de compensado I Clippings of beverage cans glued on plywood cutouts 400 x 400 cm I 400 x 400 cm 2007 I 2007 coleção I collection Ricardo Luiz Duarte de Souza foto I photo Miguel Chaves

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A casa dos meus sonhos My dream house Estampas de paisagens, molduras e madeira I Landscape prints, frames and wood 300 x 250 x 200 cm I 300 x 250 x 200 cm 2013 I 2013 coleção do artista I artist’s collection foto I photo Miguel Chaves

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Caderno da Exposição List of Exhibits

Galeria Florisbela I Florisbela Gallery 59


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Galeria D. Pedro I D. Pedro Gallery 67


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Curadoria I Curatorship FERNANDA TERRA Coordenação de produção I Production coordination MUSEO MUSEOLOGIA E MUSEOGRAFIA Projeto expográfico I Exhibition design WILLIAM ZARELLA JR Design gráfico I Graphic design TÂNIA RODRIGUES DE SOUZA Tratamento de imagem I Image treatment EDIÇÃO DA IMAGEM Projeto luminotécnico I Lighting project MARCOS CICERONE Produção local e montagem I Local production and assembly ELÁSTICA DESIGN - CENOGRAFIA Assistentes de ateliê I Atelier assistants MC LUX WE PH Assessoria de imprensa I Public relations AGÊNCIA GALO Fotógrafo/vídeomaker I Photographer/videographer GIL SOUZA Equipe RCS Arte Digital I RCS Arte Digital team MIGUEL CHAVES - fotografia das obras I photography of the works GILBERTO PRADO LIMA - tratamento de imagem I image treatment Revisão de português e tradução I Portuguese version and translation RAFAEL BARRETO SARA BARRETO Equipe de museologia I Museology team DANIELA CAMARGO - coordenação I coordination ANA PAULA LOBO CRISPI - SP ROBERTA LEITE - RJ MATHEUS ROCHA - MG Apoio administrativo I Administrative support ELIANE ALVES Agradecimentos I Acknowledgements Amadis Terra, Cristina Ventura, Clara Camargo e Diego Américo Agradecimento especial I Special acknowledgement Leonel Kaz

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Imagens I Photos: Gil Souza (págs: 4, 10, 21, 55, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 75, 76 e 77) Eduardo Câmara (págs: 3, 13, 18, 19, 41, 42 e 46) Ronaldo Lopes (págs: 8, 44 e 45) Ane Souz (págs: 19, 27, 39, 43, 49 e 54) Maurício Seild (capa e págs: 1, 17, 21, 28 e 30-31) Miguel Chaves (págs: 11, 34-35, 36, 37, 38, 55, 56 e 57) Eduardo Trópia (págs: 17, 29, 52-53)

Caixa Cultural São Paulo

Gustavo Proti (págs: 20 e 30)

Praça da Sé, 111 - Centro São Paulo/SP - CEP 01001-001 Terça a domingo, das 9h às 19h

Adriana Moura (págs: 16, 32, 33, 64 e 65) Waldir Barreto (pág: 18) Mário de Lima Rodrigues Jr (pág: 50) Kika Bastos (pág: 21 e 74)

Visitas Monitoradas

Fernanda Terra (págs: 10, 12, 15, 40, 63, 75 e 77)

Agendamento e informações: (11) 3321-4400

Jorge Fonseca (pág: 18)

ENTRADA FRANCA

A Museo Museologia e Museografia, através da sua assessoria jurídica, informa que não foi possível identificar alguns dos retratados nas fotografias que fazem parte desta obra. Ciente de sua obrigação com relação aos direitos de uso das imagens aqui publicadas, coloca-se a disposição para redimir qualquer problema que por ventura a publicação de tal imagem possa causar.

Prefira o transporte público

Museo Museologia e Museografia, through its legal advisory team, informs that it wasn’t possible to identify some of those portrayed in the photographs that are part of this exhibit. Aware of its obligation in relation to the rights of image use here in published, we are available to address any problems that by chance the publishing of such images may cause.

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Fonseca, Jorge 1966Jorge Fonseca:labirinto de amor / curadoria Fernanda Terra. São Paulo, Museo,2018. 80 p. il.color:23cm Catálogo de exposição realizada na Caixa Cultural São Paulo, 5 de junho de 2018 a 29 de julho de 2018. ISBN 978-85-455083-0-4 1.Fonseca, Jorge – Exposições. 2.Arte moderna – Séc.XXI. Brasil – Exposições. I Terra, Fernanda. II Caixa Cultural São Paulo. III Título. CDD 709.81 CDU7.036(81)

Este Catálogo expõe parte das obras do artista e foi composto nas fontes Esphimere e Galette, impresso em papel couchê matte 150gr, pela Grafitto Gráfica. Foi concluído em junho de 2018, sendo este, mais um trabalho que pretende difundir e fomentar a arte brasileira. This Catalog displays part of the artist’s work and was composed using the fonts Esphimere and Galette, printed out in matte coated 150g paper by Grafitto Gráfica. It was finished in June 2018, and it is another work that intends to spread and fuel the Brazilian arts.

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Distribuição gratuita. Comercialização proibida.


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