Revista LAYER

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EDITORIAL

HERBERT SPENCER

Durante os últimos dez ou quinze anos, ocorreram enormes mudanças na prática do design. O grande aumento na percepção do público sobre a importância de design de qualidade, o efeito da crescente concorrência internacional no setor, a influencia das revistas estrangeiras, a influencia do pós-guerra, a facilidade e o preço relativamente baixo das viagens e as oportunidades de trabalhar no exterior - tudo isso ajudou a desfazer posturas rígidas e ideias preconcebidas com relação ao design de produtos, edifícios e materiais impressos. Em uma sociedade próspera, surgiram jovens executivos e editores cheios de energia e ambição determinados a firmar sua reputação pelo impacto que conseguem provocar e não pelas economias que podem introduzir, como costumava acontecer no passado. Os esforços que as próprias organizações fizeram nos últimos vinte ou trinta anos garantem que hoje os designers que são capazes de encarar os desafios com imaginação e habilidade sejam, em geral, devidamente

recompensados. Na maioria dos setores industriais, técnicos atentos estão substituindo artesões decepcionados e o papel do designer profissional passou a ser aceito - ao menos em princípio. Atualmente as oportunidades e as remunerações melhores têm atraído para a profissão de designer muitos rapazes e moças talentosos e criativos; além disso, desde 1945 as escolas de artes vêm dando ênfase cada vez maior em seus cursos ao design gráfico e industrial. A maioria dos designers de hoje recebeu uma educação formal e tem uma atitude extremamente profissional com relação ao trabalho e sua educação proporcionou aos mais capazes entre eles grande fluência de linguagem visual de nossa época. Essa mudança na condição e na formação dos designers talvez seja o progresso mais importante que ocorreu na profissão ao longo da última década. Felizmente, a profissão de designer não conquistou apenas reconhecimento, mas


também responsabilidades. E creio que é enfrentando essas responsabilidades que a profissão escapará do cul-de-sac em que, especialmente no design gráfico, parece ter se metido. O design como profissão é novo. Faz apenas cerca de trinta anos que ele existe como atividade independente da pintura, de escultura ou da arquitetura. Durante os últimos vinte anos, cada vez mais o design gráfico e industrial e a tipografia passaram às mãos de pessoas formadas especificamente para atender às exigências da profissão e criar obras de alto padrão de competência técnica. No entanto, muitas escolas de arte e de design se contentaram simplesmente em produzir artistas hábeis em uma linguagem aceita, e não pessoas capazes de encontrar soluções de maneira lógica e criativa. E faz muito tempo que a profissão de designer como um todo tem se contentado em fechar os olhos para essa situação, em vez de se manifestar veementemente em defesa de uma formação de design que tenha a amplitude necessária. Com essa omissão, os designers criaram a situação que se encontra na origem de seu atual problema.


PROJETO GRÁFICO Juliana Alves Tatyane Macedo Thiago Manghi DIAGRAMAÇÃO: Juliana Alves, Tatyane Macedo, Thiago Manghi EDITORIAL E TIPOS: Thiago Manghi BRAND, DICAS E ENTREVISTAS: Juliana Alves BITMAPS E PROJETOS: Tatyane Macedo COLABORADORES: Herbert Spencer, Guilherme Dantas, Daniel Lemes, Rodrigo Oliveira, Samantha Moreira, Equipe Ocupe Design’14

Contato: layer@mag.com 55 81 92130 - 3202 55 81 96548 - 5451 Revista Layer: www.layermagazine.com


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BRAND

QDP-DESIGN:

Metodologia para gerar soluções assertivas a partir de conceitos criativos

SAMANTHA MOREIRA

Percebendo dificuldade do designer de transpor ideias propostas na fase de conceito para a etapa de geração de alternativas, influenciando diretamente na assertividade da solução projetual, foi sistematizado um método auxiliar ao processo de design. Percebido como ferramenta prática e criativa, o Quadro de Diretrizes para o Projeto de Design, ou QDP8

Design, é consequência de pesquisas e experimentos ao longo de cinco anos à frente da disciplina Prática Projetual. Com o apoio teórico-prático de uma equipe de docentes e discentes do curso de Design de Ambientes, da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais, desde 2006 acontece a construção deste que consideramos importante

instrumento de planejamento de diretrizes projetuais. Capaz de conduzir o pensamento criativo e as análises, o QDP-Design permite a permeabilidade do olhar do designer como decodificador de desejos dos usuários, e idealizador de produtos evitando decisões


meramente subjetivas. Além disso, serve à fundamentação das propostas projetuais a partir do conhecimento e articulação das teorias e técnicas específicas do design. Auxiliando o trabalho de alunos e profissionais, tem a vantagem de evitar perdas durante o processo, pela falta de organização e documentação de ideias. A relevância da utilização do QDP-Design está justamente na facilidade para coordenar, integrar e articular fatores simbólicos, visuais, sensoriais, organizacionais, funcionais para o projeto, promovendo a assertividade da solução e por consequência o aproveitamento no uso, fruição e consumo do produto em questão. Ao contrário de outros métodos aplicados no processo de desenvolvimento de produtos, derivados de áreas afins, o QDP-Design auxilia para que o pensamento dito lógico tire partido da intuição na atividade projetual. Embora sugira um encadeamento racional, não exclui as experiências e emoções vivenciadas pelo designer, como parte do processo criativo. A principal tarefa do

designer é agir de maneira a alcançar a percepção do usuário, através de estímulos espaciais, temporais, visuais, táteis, auditivos, olfativos, gustativos. Por meio dessa ferramenta, é possível articular orientações semióticas e fenomenológicas para o produto, determinar princípios para a ordem e organização dos artefatos no espaço, indicar elementos da composição do ambiente como meio para alcançar resultados positivos intencionados no conceito.

“MEIO FACILITADOR PARA TRANSFORMAR CONCEITO EM SOLUÇÃO”

Sobre a experiência de uso da ferramenta e a percepção de utilidade do QDP-Design, a designer e empresária Sâmela Viana, revela que: há cerca de um ano, foi inserida na metodologia dos projetos de design de ambientes, da empresa Ele-

mentos, a ferramenta “quadro de diretrizes”. Até então, identificava-se uma limitação no processo metodológico para a aplicação do conceito nas soluções projetuais. E Sobre o conceito como resposta ao problema de projeto e do auxílio do QDP-Design para construção da solução projetual, Sâmela relata que, é uma etapa fundamental do projeto, compreende a essência do processo criativo e torna-se norteador para as soluções. Contudo, trata-se de uma informação subjetiva (implícita) que precisava ser transformada em informação técnica, clara e objetiva no projeto (informação explícita). O quadro de diretrizes contribuiu para fazer essa transposição, aprimorando a metodologia de design de ambientes. As vantagens e benefícios do QDP-Design na fase intermediaria do processo de design, vão da orientação do pensamento à assertividade das decisões. Em consonância com as demandas dos usuários, reduz incertezas e minimiza riscos a partir do planejamento das diretrizes projetuais. 9


TIPOS

A IMPORTÂNCIA DA TIPOGRAFIA NO DESIGN GRÁFICO RODRIGO OLIVEIRA

Inquestionavelmente, a tipografia é um dos elementos mais importantes do design. Tão essencial quanto a escolha das cores, da diagramação e das imagens, é a escolha dos tipos que serão usados no layout. Engana-se quem pensa que pode se dedicar mais aos outros elementos e deixar as palavras para o segundo 10

plano. A tipografia sempre foi o principal elemento da mídia impressa, visto que, em publicações como jornais e revistas, a prioridade é dada às palavras. Atualmente, o fenômeno da saturação visual torna necessária a ênfase aos conceitos verbais, e assim a tipografia atinge o seu ponto de

mais alta prioridade no design. Uma família tipográfica não é simplesmente um conjunto de letras. Cada tipo transmite, de acordo com as características da forma, um conceito diferente. A escolha da fonte para uma peça gráfica não pode ser aleatória e sem critério. Ao contrário, esse


processo deve se basear na mensagem que o designer deseja passar ao público. Uma tipografia pode ser leve ou pesada, delicada ou agressiva, romântica ou fria. Uma tipografia pode revelar fatores sociais, políticos e econômicos. A tipografia é, sutilmente, um índice de valores. O designer não pode apenas ler as palavras que farão parte do seu layout e indiscriminadamente transferi-las ao papel. O designer deve entender as palavras e dar sua contribuição sobre o conteúdo da mensagem. A escolha de uma tipografia é um processo subjetivo. Para a seleção da fonte ideal, também são analisadas questões como a composição de texto, o tom da mensagem e a relação com os elementos gráficos na página. É preciso avaliar todos esses fatores de adequação da fonte, pois há aquelas que ficam bem para determinados trabalhos, mas para outros nem tanto. Como muitos estudantes e admiradores da atividade defendem, a tipografia é “a busca de maior

eficiência e maior poder de comunicação da palavra escrita”. Designers tipográficos de todo o mundo criam novas fontes diariamente, na busca constante por tipos renovados e mais interessantes para transmitir determinadas sensações e causar o impacto desejado. E a lição que fica disso tudo é que a forma faz parte da mensagem tanto quanto o próprio conteúdo.

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BITMAP

PINTURA DIGITAL

FERRAMENTAS, HARDWARE E DICAS DANIEL LEMES

A transição dos lápis e pincéis físicos para os digitais não é tão difícil pra quem já tem prática, mas escolher as ferramentas certas sempre ajuda. A pintura digital não é exatamente novidade, embora nos últimos anos tenha se popularizado graças a softwares como o Adobe

Photoshop, Corel Painter, Gimp e tantos outros. O ideal é reproduzir com meios digitais as mesmas técnicas, texturas e práticas da pintura e desenho tradicional, como no uso de óleos, acrílico, aquarela, gizes, etc. Com ferramentas como pincéis especiais, filtros, aplicação de texturas prontas e especialmente o bom emprego de camadas (layers) que possibilitam correções a qualquer etapa do trabalho, a principal vantagem desse jeito de pintar está na flexibilidade. Funcionando de forma não-linear, sua arte pode ser manipulada e modificado quase sem limites, ao contrário dos métodos “analógicos”, onde um erro - dependendo do material e técnica - lá pelo final pode arruinar a obra.

FERRAMENTAS

Software

Grande variedade de programas podem ser usados para trabalhar com pintura digital, sendo os mais comuns o Corel Painter (específico para isso e riquíssimo em recursos), o Photoshop (principalmente editor de imagens, mas também preparado para pintura digital) e o Gimp, uma alternativa decente e grátis. Outras opções: ArtRage, OpenCanvas. Há também os editores online, como o SumoPaint e o Queeky. 13


“Mas qual escolho??” Se quer aprender pra valer, o mais indicado é ter conforto com o Photoshop e o Painter. Com eles trabalhando em conjunto você vai ter possibilidades infinitas de criação. Na real, mesmo trabalhando com só um deles já se tem bastante coisa, ficando o outro como complemento. Por exemplo: o Painter tem mais opções como texturas e pincéis, enquanto o Photoshop é mais “esperto” em efeitos de finalização. Mas não há impedimento em conhecer e usar só um dos dois.

Hardware

Não é preciso ter uma super-máquina para começar a fazer suas artes, mas se for trabalhar com arquivos bem grandes (como é comum e até recomendado na pintura digital), um equipamento ultrapassado vai te dar problema. Travamentos após cada pincelada, lentidão e erros podem acontecer com frequência numa imagem enorme e que entope toda a memória disponível. Nesse caso, pense em investir na sua máquina. Quanto maior seu monitor, maior será seu conforto e precisão - o que não quer dizer que seja impossível criar coisas bacanas em telas menores, vai depender de sua disposição e habilidade. Além disso, uma mesa digitalizadora vai ajudar MUITO. A utilidade é tão grande que eu diria ser 99% indispensável.

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Claro que alguns artistas desenvolvem bem suas técnicas usando o mouse, mas fica quase impossível fazer certas coisas com o velho rato. Veja um bom exemplo de arte feita só com o mouse. Mas nem todos vão precisar de uma tablet cara (não confunda com os tablets tipo esse, estou falando dos graphic tablets, como você vai encontrar muitas referências em sites em inglês). Se a pintura for só um passatempo casual, investir muito dinheiro num modelo top não vale a pena. Prefira os mais baratos mas de marcas boas, como os da linha Wacom. Entre equipamentos opcionais, um scanner padrão é o mais útil, já que para criar esboços um dos melhores métodos é fazê-lo em papel e digitalizar para ser concluído no software. Até dá pra esboçar direto no programa (nesse caso, a mesa digitalizadora é imperativa, com o mouse será um sacrifício), mas muita gente prefere mesmo começar o desenho no papel, onde fica mais fácil desenvolver as ideias e formas.

Conhecimentos

Ter prática em desenho e pintura tradicional ajuda muito, especialmente desenho, com o básico sobre proporções e afins, senão vai ter que começar do zero. Pra quem usa o Photoshop para editar fotos e aplicar filtros, prepare-se para ir um passo adiante, pois serão usadas ferramentas “novas” como os pincéis, borracha, paletas de cores,

conta-gotas, etc . Muito do feito durante a pintura pode depois ser usado também nas foto manipulações, enriquecendo o resultado. Conhecimentos sobre cores complementares, psicologia das cores e gêneros artísticos ajuda, mas se não sabe nada, não se preocupe: praticando com tutoriais e aulas isso vai sendo absorvido, é só procurar as lições certas. Quase qualquer coisa feita na arte tradicional pode ser recriada ou adaptada para o computador. Algumas podem parecer distantes de obter, como o efeito de papel molhado da aquarela, texturas de pincéis e papéis ou as misturas de cores do óleo, mas acredite que dá sim pra converter de algum jeito. Resumindo: se você já desenha e pinta no papel, vai tirar de letra o modo digital.

Resumindo...

Se você quer começar a pintar digitalmente e não quer gastar muito, o ideal é pegar um software grátis e caçar tutoriais e cursos online. O velho e bom mouse dá conta de fazer algumas coisas, mas uma mesa digitalizadora será de uma ajuda inestimável, pode ter certeza. Adquira mesmo que seja o modelo mais econômico e estará assim dando um passo à frente. O resto é dedicação e paciência, pois só com prática você vai evoluir como artista digital. 15


DICAS

O QUE É MAIS IMPORTANTE FORMAÇÃO OU EXPERIÊNCIA ? GUILHERME DANTAS

Em um processo seletivo na área de design, surgem muitos currículos de interessados. E uma coisa comum nisso tudo é a diferença entre eles: enquanto alguns são de profissionais que possuem pouca formação, mas tem uma vasta experiência, outros são de recém-formados, que tem pouca experiência ou buscam o primeiro emprego. 16

Em face dessa situação, o empregador pode ficar em dúvida sobre qual profissional contratar: um experiente sem formação ou um formado sem experiência? A dúvida também existe na cabeça dos futuros candidatos: devo gastar meu tempo buscando formação ou aprender “na raça”, aumentando minha experiência?


É claro que a melhor resposta para essa pergunta seria: as duas coisas. Afinal, um candidato com boa formação e com experiência é sempre uma escolha melhor. Porém, essa não é a realidade que muitas vezes encontramos. O LADO BOM DAEXPERIÊNCIA É verdade que na faculdade, ou mesmo em um curso técnico, você aprenderá a teoria do curso que escolher. Mas infelizmente o ensino brasileiro é, na maioria das vezes, alienado ao mercado de trabalho. Muitos saem das instituições de ensino totalmente despreparados para atuarem em suas áreas.

Numa seleção de emprego, é bem possível que o empregador dê mais valor ao portfólio do candidato do que à sua formação acadêmica. Essa realidade pode incomodar aqueles que dedicam muitas horas, dias, semanas e meses das suas vidas estudando, mas é assim que funciona na maioria das vezes. A teoria é bonita, mas a prática é linda. Lembra-se? FAZER FACULDADE DE DESIGN É PERDA DE TEMPO? É ISSO ENTÃO? Claro que não! O conhecimento adquirido em cursos de design é algo de muita importância.

O tempo investido em educação é valioso e serve para expandir visões, conceitos e habilidades. Mas o ponto em questão é: não deixe de adquirir experiência enquanto estuda. E adquirir experiência não necessariamente significa trabalhar meio período como estagiário em uma empresa. Muitos constroem seu portfólio enquanto ainda são estudantes, atuando como freelancers. Que tal oferecer seus serviços para ONG’s ou instituições de caridade, com o objetivo de aumentar seu portfólio, sem visar lucro? É uma ótima oportunidade de usar suas 17


habilidades para um bem maior. Além disso, tal atitude é muitas vezes bem vista por empregadores. CONCLUSÃO A decisão sobre qual aspecto é melhor investir o tempo, se formação ou experiência, é totalmente sua. É preciso levar em conta vários fatores. Um candidato sem nenhuma formação pode ser descartado por uma empresa de grande porte. Um candidato sem experiência também. Nunca se gasta tempo em estudo ou experiência. Investe-se. Administrá-lo de forma a ter uma boa formação e uma boa experiência pode consumir muita energia, mas também pode trazer benefícios e recompensas mais rapidamente.

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ENTREVISTA

EDUARDO FORESTI

DESIGNER GRテ:ICO

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Eduardo Foresti sempre teve a sorte de saber o que queria fazer da vida. Desde pequeno, já arriscava rabiscos em seus cadernos infantis e, mesmo sem saber direito o que era design gráfico, tornou-se um profissional feliz e apaixnado pelo que faz. Estudou em uma escola nada convencional e formouse em Arquitetura pela USP. Depois disso, morou um tempo na Suíça, onde fez um curso de design na Schule fur Gestaltung Basel, voltou para o Brasil e passou por várias agências de renome. Hoje, Eduardo tem seu próprio estúdio. Lá, consegue expressar em seu trabalho a ideia de um mundo menos impessoal e corporativista. A LAYER bateu um papo com ele sobre carreira, inspiração e outras coisas mais. Leia a entrevista abaixo e conheça um pouco o trabalho deste dedicado profissional.

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Você afirmou uma vez que desde pequeno sempre soube o que queria fazer da vida, mesmo sem saber que desenhar te levaria ao design gráfico. Isso fez diferença na sua carreira, em encontrar felicidade no que você faz? Eu me sinto uma pessoa de sorte por ter certeza de que faço o que gosto e de não ter dúvidas em relação à profissão que escolhi. Evoluir da ilustração para o design foi natural. Uns vinte anos atrás pouca gente sabia o que era design, e eu menos ainda porque fui criado numa família ligada às ciências – meus pais eram biólogos, professores universitários e pesquisadores. Eu gostava de desenhar, de fazer convites, pôsteres e marcas na escola. Mas não tinha ideia de que uma profissão como a do designer existia.Só fui descobrir durante a faculdade de Arquitetura, onde tínhamos a disciplina

‘Comunicação Visual’, que existiam designers gráficos. Depois dessa descoberta, comecei o mais rápido que pude a estagiar em diversos escritórios e me encontrei rapidamente, porque o design gráfico dava um nome para tudo o que eu sempre tinha gostado de fazer até então. Você passou um tempo na Suíça estudando design gráfico. Qual foi seu maior aprendizado? Foi em Basel que eu aprendi realmente o que é design gráfico. É um esquema de ensino totalmente diferente do nosso. Eu passava o dia todo, das 8h às 17h, sentado na minha mesa trabalhando


“VOCÊ SÓ VAI SER FELIZ FAZENDO DESIGN SE VOCÊ GOSTAR TANTO DO QUE VOCÊ FAZ QUE POSSA CONSIDERAR SEU TRABALHO O SEU HOBBY.” incessantemente. As aulas eram todas práticas, então o que acontecia era que quando começava uma nova aula você simplesmente parava de trabalhar no projeto da aula anterior e passava para o outro.O importante era o processo e não o resultado final. Mas acho que o maior aprendizado foi valorizar os fundamentos e também ir a fundo nos problemas, tentar muitas vezes, fazer e desfazer, não desistir nunca. “Acho que o mundo está impessoal demais e fico feliz quando encontro clientes que valorizam minha forma de fazer as coisas…” Tem como você explicar um pouco mais esse seu processo criativo? Existe uma parcela da população que está tentando

fugir da massificação das coisas. As grandes empresas são impessoais e afugentam muitos clientes. Procuro uma forma de tentar fazer as coisas terem sentido dentro do caos em que São Paulo se tornou. Retomar os valores de vizinhança, amizade, confiança. É aquela coisa: você prefere comer um pão industrializado ou pão artesanal? Você prefere um prestador de serviço que representa uma grande empresa ou alguém que te recebe, conversa com você, vira seu amigo e é super confiável? Comecei a perceber que eu procurava sempre esse tipo de prestador de serviço. Um pintor de paredes que virou meu amigo e com quem eu posso sempre contar, um

mecânico em quem eu confio. Isso me fez querer trabalhar assim também e tentar encontrar clientes que estejam procurando profissionais que funcionam dessa maneira. Se pudesse dar um único conselho para os que estão começando agora, qual seria? Uma vez perguntaram pro Alexandre Wollner, um dos pioneiros do Design Modernista no Brasil, qual era o hobby dele. E ele respondeu: “Meu trabalho”. Acho que é esse o conselho. Você só vai ser feliz fazendo design se você gostar tanto do que você faz que possa considerar seu trabalho o seu hobby.

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PROJETOS

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O QUE É? O OcupeDesign é um festival que mistura informação, troca e intervenções de forma Interativa, orgânica e colaborativa. O evento deseja ser uma excelente ferramenta para a difusão para as diversas aplicações do design. O QUE ELE OFERECE? Serão realizadas intervenções, exposições, apresentações, oficinas, mesas-redondas, debates e uma feira livre. Ou seja, muita ocupação!

ONDE E QUANTO? Acontecerá em todo o campus do IFPE e será gratuito e colaborativo. QUEM PODE PARTICIPAR? A maior parte da programação será aberta a todos, sendo apenas algumas atividades específicas exclusivas para alunos de design gráfico do IFPE. POR QUE FAZER? O Ocupe surgiu da necessidade de divulgar e integrar

o design perante a sociedade. O festival busca se comunicar com estudantes, com o mercado e com as instituições ao seu redor. Para isso, tem o intuito de oferecer informações sobre o ensino de design no estado, sobre as suas áreas de atuação e sobre o mercado de trabalho. Além disso tudo, tem a preocupação em mostrar o papel social do design e ocupar, através de intervenções e discussões, os espaços públicos de forma integradora, criativa e colaborativa. 23


OBJETIVO Um dos grandes objetivos do festival é se tornar um convite anual de discussões, em forma de festa, para todos aqueles que podem beneficiar e serem beneficiados pelo que os envolvidos com design no IFPE e fora dele podem oferecer, além de disseminar o design e suas competências. O Ocupe vem para mostrar que o design está presente na nossa vida de várias formas e é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da sociedade.

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