BOLETIM MENSAL
MARÇO /2020
ALEGRIA DA POBREZA, O ESPÍRITO SANTO VOS ENSINARÁ! J ovem, já pensou em ser um irmão da Toca de Assis? Há um chamado que precisa de uma resposta, dê o primeiro passo! Neste ano de 2020, exatamente no dia 2 de fevereiro, em que a Igreja celebra o Dia da Vida Consagrada, os irmãos Filhos da Pobreza lançaram o tema do vocacional “Alegria da Pobreza, o Espírito Santo vos ensinará!”. Parece uma dicotomia pensar nessa afirmação carismática, muitos podem até pensar e refletir sobre a frase. Existe alegria na pobreza? Sim, existe. A alegria de que falamos só pode nascer do Santíssimo Sacramento; Ele, que na sua riqueza Se fez pobre nasceu em uma manjedoura e até na cruz Se fez pequeno, entregando-Se por cada um de seus filhos. Somos um carisma que nasce dessa alegria justificada no amor ao Senhor e aos pobres, aí está a razão da nossa felicidade que tem como valor o Santíssimo Sacramento. No aniquilamento de Jesus, no Seu rebaixamento somos fortalecidos e inflamados a desejar doar nossas vidas e vocações a cada dia na
certeza de que Deus nos ama. Mas você, jovem, que nos acompanha por este importante meio de comunicação, já pensou hoje na sua vocação? Já se fez essa pergunta sobre seu futuro, qual o sonho de Deus para você? Importante é abrir o coração e pensar que acima de tudo está nossa vocação, seja ela religiosa, sacerdotal, leiga ou matrimonial; saber interpretar os sinais de Deus na vida pode garantir nossa realização pessoal. Pensar em realizar um projeto que foi pensado por Deus desde toda a eternidade vale muito mais do que qualquer riqueza nesta vida. Num determinado ano de consagrado cuidei de um senhor em situação de rua por alguns meses; após sair da capela fui encontrá-lo, ele não falava, não se alimentava pelas vias naturais, apenas me olhava e sorria. Esse homem me deu um presente, morreu nos meus braços, olhando no fundo dos meus olhos; eu pude sentir a sua alegria na pobreza. Ele não tinha condições de se expressar, mas naquele momento de agonia apenas senti o que o mundo nunca me deu a oportunidade de experi-
mentar, senti que a única forma de ele me dizer “obrigado” seria morrer olhando para mim e sorrindo. Vi Jesus, vi os pobres que possuem essa riqueza, encontrei nele, codificado no seu rosto, o rosto do doce Cristo na Terra. Em sua vida você já encontrou Jesus? Talvez, jovem, esse encontro se dará com seu “sim” à sua vocação na Igreja. Ele não nos tira nada, apenas nos dá tudo.
Ir. Cordeiro Humilis Maria do Madeiro da Cruz
. filhos da pobreza do santíssimo sacramento
M
eu nome é Francisco Miguel; Francisco, que significa “pequeno”, e Miguel, que significa “guerreiro”, ou seja, “pequeno guerreiro”. Quando meus pais escolheram meu nome nem sabiam da metade das batalhas que eu precisaria travar. Quando estava na barriga da minha mãe, ela soube que, como o Menino Jesus, eu também precisaria nascer longe de casa, pois o meu pequeno coração havia se formado com três graves cardiopatias e por isso eu precisaria nascer em um hospital em que a UTI neonatal fosse cardiovascular, pois havia a possibilidade de que ao nascer precisasse de uma intervenção cirúrgica imediata. Minha gestação seguiu com muitas notícias; depois das cardiopatias, os médicos disseram que havia uma parte do sistema nervoso central, o corpo caloso, que não havia se formado. Antes que mamãe fosse para Ribeirão Preto (SP) para dar à luz, o médico no último ultrassom listou cada uma das más-formações que eu tinha...O coração da mamãe seguia apertado, quando em uma consulta com o cardiocirurgião ela desmoronou; ele a convenceu do tanto que eu
precisaria dela e assim, então, ela entrou em contato com uma força interna que possuía, mas desconhecia. Mamãe chegou feliz para dar à luz, mas seu coração tinha tanto medo de me perder que foi impossível segurar, o médico havia dito que talvez ela nem pudesse me ver. Para alegria de todos, eu nasci superando as expectativas. Quando o pediatra me pegou no colo para me mostrar ao papai e à mamãe fiz xixi nas mãos dele e assim já cheguei fazendo a mamãe sorrir, ela me encheu de beijinhos, papai me pegou no colo e não sabia o que fazer de tanta emoção. Do bloco segui para a UTI, estava bem, respirando sozinho. A irmã gêmea da mamãe, Ir. Cassiana, já estava lá me esperando, junto com a tia Chris, ela tinha vindo de longe para segurar forte a mão da mamãe e garantir que se mamãe não pudesse estar comigo por alguma razão ela estaria e não se descolou de mim o tempo todo em que cumpria a sua missão de ser meu anjo. Quando a equipe da UTI foi passar a sonda para me alimentar descobriram que eu tinha atresia de esôfago e com três dias após meu nascimento precisei passar
por uma cirurgia, foi uma cirurgia muito difícil, houve complicações na intubação e o pós-operatório se seguiu com uma sepse e várias infecções hospitalares, fazendo os médicos pensarem que eu tinha uma imunodeficiência, o que não se confirmou. Devido às sequelas do trauma da intubação, edema da glote e paralisia da corda vocal, ficaram com receio de me desintubarem, aliás, havia risco de eu não conseguir sobreviver, o que ocasionou uma intubação prolongada evoluindo para uma estenose de traqueia. Sendo assim, precisei fazer outra cirurgia para colocarem a traqueostomia, também fiquei sem me alimentar praticamente o meu primeiro mês de vida, apenas recebendo pela veia o que tentava me nutrir, sofrendo assim com desnutrição crônica. Havia muitos que não acreditavam que eu sairia dali, mas outras centenas de pessoas acreditavam e rezavam por mim. Mamãe e a madrinha Chris passavam horas a fio rezando comigo, cantando, brincando, conversando e deixando que eu experimentasse por meio do sorriso e dos olhos delas quanto a vida é bonita e vale a pena. Mamãe rezava muito, mas não fazia
pedidos a Jesus, apenas oferecia sua vida para que Deus fizesse o que de mais maravilhoso Ele havia sonhado para mim. Após a traqueostomia foram feitas algumas tentativas para que eu saísse do respirador, mas eu ainda era muito pequenininho não consegui. Como eu descompensava facilmente, até com um simples vômito, o cardiologista resolveu fazer uma cirurgia cardíaca paliativa, na intenção de melhorar mi-
nha condição, já que eu não estava pronto para a grande cirurgia que iria melhorar meu coração. Minha recuperação foi tranquila, daí vim transferido para a UTI do Mario Palmério, aqui em Uberaba (MG). Mamãe conta que nunca fez uma viagem tão tensa em toda sua vida, era a primeira vez na vida que eu saía da UTI, mas no fim deu tudo certo, eu estava cercado de tantos cuidados que não havia com o que se preocupar.
Eu estava bem, só precisava ganhar peso e fazer o desmame da ventilação mecânica. Com muito custo ganhei meu primeiro quilinho, pois havia chegado aqui em Uberaba com meu peso de nascimento; cuidaram de mim com muito carinho e enfim estava pronto para ir para casa. Depois de quaro meses na UTI parecia um sonho ir então ficar junto da minha família, havia visto meu irmãozinho uma única vez na UTI. Saí do hospital com a capa do Super-Homem, mamãe disse que só o amor e a dor quando juntos podem salvar as pessoas, que o amor sem dor não salva e que a dor sem o amor transforma tudo em trevas. Quando cheguei a minha casa tudo foi se realizando, fui me fortalecendo e me tornando a criança feliz que sou. Ainda faltam muitas batalhas que preciso lutar, mas sigo certo da vitória, afinal, Jesus está comigo, assim como centenas de amigos que conquistei com minha doçura e vontade de viver.
Daniele Pais de Andrade, mãe do Francisco Miguel e irmã gêmea da Ir. Cassiana, Anápolis (Go).
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tocadeassis BOLETIM MENSAL TOCA DE ASSIS MARÇO • 2020
Periodicidade: mensal • Distribuição: gratuita • Tiragem: 5.000 exemplares Direção: Ir. Xavier e Ir. Maria Fernanda • Revisão: Marcus Facciollo Editor: Rafael Belucci • Diagramação: Ana Carolina Andrade