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Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Agosto de 2013

s antidade

a vocação de todos


ÍNDICE

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VOLUNTARIADO

TOCA EM AÇÃO

QUALIDADE DE VIDA

TOCARTE

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87 www.tocadeassis.org.br Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 benfeitoria@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocavional vocacionalmasc@tocadeassis.org.br vocacionalfem@tocadeassis.org.br Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Paulo do P. Sangue de Cristo Vice: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz Departamento Comunicação Ir. Tarcísio de Jesus, Leonardo de Souza e Gabriela Saldanha Editor chefe: Ir. Tarcísio de Jesus Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Gabriela Saldanha Revisão ortográfica: Luciana Marcolino Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Dom José Alberto Moura; Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr; Devanil Duarte; Leonardo de Souza; Irmão Neemias e Missão de Ribeirão Preto/SP; Felipe Aquino; Gabriela Saldanha; Dr. Rafael Vitola Brodbeck; Irmão Tarcísio e Irmão Francisco.

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EDITORIAL

az e Bem! A edição de agosto está recheada de artigos para toda a família! Em Toca para a Igreja, Dom José Alberto Moura destaca a importância da vida comunitária. Na editoria Formação, Pe. Paulo Ricardo dá continuidade ao curso sobre as “Doenças Espirituais”. Conheça a história de nossa amiga “Deva” na coluna Voluntariado. Em Coração da Toca, Irmão Neemias narra sua trajetória de vida. Ele vive hoje na Missão de Ribeirão Preto/SP, apresentada na Toca em Ação. No mês vocacional, não poderíamos deixar de lembrar que todos nós recebemos um chamado de Deus. Esse chamado é a santidade! Confira o texto escrito por Felipe Aquino em nosso Artigo Especial. “Se é lícito, não faz mal!”. Será? Descubra na editoria Qualidade de vida. Próximos da comemoração do Dia dos Pais, a coluna Atualidade aborda a importância da presença da figura paterna na educação dos filhos. Em Tocarte, o assunto é a loucura! Irmão Tarcísio aborda a vida de um artista plástico brasileiro e dá uma ótima indicação de filme. Em Diário do Peregrino, Irmão Francisco conta como foi a viagem e as experiências vividas em Nasca, no Peru. Desejamos uma ótima leitura a todos! Fiquem com Deus e até a próxima! Equipe: Central São José

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Vitalidade da Comunhão

TOCA PARA A IGREJA

Parece divergente, no contexto da subjetividade exacerbada, falar-se e viver em comunhão. De fato, mesmo na convivência familiar há pessoas que vivem juntas fisicamente mas separadas na prática. Há até o olhar de todos para o mesmo objetivo, por exemplo, a televisão, mas, não há interação de uns para com os outros. Isso pode acontecer na convivência religiosa, profissional e em outras. É evidente a busca de conforto e bem-estar na vida. Isso, regulado com valores do amor, da fraternidade, da ética, da justiça e do dever é legítimo. Quando, no entanto, se descuram esses, há o autoensimesmamento com a prática do egocentrismo. O amor divino é como o oceano infindável de sustentação do amor humano! As pessoas de Deus estão em comunhão, a ponto de uma não agir uma sem a outra e viverem num relacionamento entre si, produzindo vitalidade para fora de si, na sua interação com toda a obra externa originada com seu ato de amor. Toda a criação é obra do amor das três pessoas divinas. Nós, humanos, frutos desse amor, somente nos realizamos plenamente quando também focalizamos o amor divino no nosso relacionamento de humanos. Caso contrário, fechamo-nos em nós mesmos e não somos capazes de encontrar a razão de nossa existência. Nossa autossuficiência, mesmo dentro da racionalidade e do desenvolvimento da ciência, não nos dá a força adequada para superarmos nossos limites. Quando unimos nossas forças humanas, com todo o seu desenvolvimento e com o amor advindo de Deus, encontramos a superação de nossas fragilidades. Isso torna frutuoso nosso esforço de amor, a ponto de percebermos que o desafio da vida humana, mesmo com a morte física, tem superação. Para tanto, é preciso pautar a caminhada terrena com o seguimento ao Filho. Na prática da caminhada vamos aprendendo com o Mestre a darmos de nós, na vida fraterna, para criarmos condição de verdadeira comunhão de esforços para a promoção do bem comum. A vida em comunidade familiar, religiosa e profissional nos faz preocupar uns com os outros. Isso ser torna uma verdadeira preocupação com a inclusão justa de todos na vida autenticamente humana. Formar ou educar a pessoa humana, desde a tenra idade, para a cidadania, é fundamental para fazermos a caminhada terrestre cheia de realização para cada um. Teremos pessoas mais solidárias, formadas com a consciência de justiça, sabendo escolher as lideranças, especialmente políticas para o ideal de servir, com caráter e espírito realmente fraterno. Como imagem e semelhança de Deus o ser humano se preocupará mais no cuidado para com a vida digna para todos e com o planeta Terra. Dom José Alberto Moura; Como é bom viver para dar vida, aproveitando o dom da vida outorgada pelas Arcebispo de Montes Claros/ MG. pessoas divinas a cada um! Assim se vive com a sabedoria divina: “Eu estava a seu Fonte de pesquisa: lado como mestre de obras; eu era seu encanto, dia após dia… alegrando-me em http://arquidiocesecampinas.com estar com os filhos dos homens” (Provérbios 8, 30.31).

Nossa Senhora da Assunção

MÃE DA IGREJA

Ó dulcíssima soberana, rainha dos Anjos, bem sabemos que, miseráveis pecadores, não éramos dignos de vos possuir neste vale de lágrimas, mas sabemos que a vossa grandeza não vos faz esquecer a nossa miséria e, no meio de tanta glória, a vossa compaixão, longe de diminuir, aumenta cada vez mais para conosco. Do alto desse trono em que reinais sobre todos os anjos e santos, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos; vede a quantas tempestades e mil perigos estaremos, sem cessar, expostos até o fim de nossa vida. Pelos merecimentos de vossa bendita morte, obtende-nos o aumento da fé, da confiança e da santa perseverança na amizade de Deus, para que possamos, um dia, ir beijar os vossos pés e unir as nossas vozes às dos espíritos celestes, para louvar e cantar as vossas glórias eternamente no céu. Assim seja!

Agosto/2013 Comemoração: dia 15 de agosto3


FORMAÇÃO

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As três doenças fundamentais

a edição passada, conhecemos a “mãe” de todas as doenças. Nesta, apresento-lhes as três pavorosas filhas da Filáucia, conhecidas também como as doenças primárias: a Gula, a Vanglória e a Avareza. Estas são, exatamente, as doenças com as quais o demônio tentou Jesus no deserto. Primeira tentação O diabo disse para Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que essas pedras se transformem em pães.” Essa é a primeira tentação: a tentação da gula! Este é o nome em português. Em grego, chama-se gastrimargia, que significa “a loucura do estômago”. Quer dizer, procurar a felicidade no prazer de comer, comer, comer...Podemos notar que no pecado da gula (gastrimargia)existe exatamente essa tendência da Filáucia, de autodestruição. Exemplo: ‘todo mundo’ gosta de batata frita! Sequinha e crocante... Uma delícia! Mas, faz mal à saúde. Não somente porque tem colesterol, mas porque a gordura hidrogenada é um veneno. Porém, nós gostamos. Vejam como a “loucura do estômago” nos conduz à morte. Quantas e quantas vezes os pacientes precisam ouvir dos médicos: “Você precisa controlar a sua dieta.”; “ Você está fazendo mal a você mesmo.”; “Você está acabando com a sua saúde!”. A gula, portanto, é a primeira filha da Filáucia. Cura: o Jejum! (Mt 6,16-18)

Série sobre as Doenças Espirituais

Segunda tentação O tentador levou Jesus até a Cidade Santa, Jerusalém, e disse: “Se és filho de Deus, joga-Te daqui para baixo, pois está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus anjos a Teu respeito e, eles, Te carregaram nas mãos para que não tropeces em alguma pedra!”. Essa tentação é a tentação da vanglória. Uma glória vazia. “Joga-Te daqui!”, “Mostre que você tem poder! Que és especial!”... E assim, nós, diferentemente de Deus, caímos na vanglória. Ela, por si só, também é capaz de nos destruir. Andamos por esse mundo como se fôssemos “especiais demais”. Quando acontece algo de ruim conosco, em nossas orações, questionamos: “Por que eu, Senhor?”. E por que não?! Agora veja o conceito que nós temos de nós mesmos: “A desgraça pode passar na porta de todo mundo, mas não em minha porta. Porque eu sou eu!” Claro! Ninguém gosta de sofrer. Eu só estou dizendo que nós temos um conceito muito elevado de nós mesmos e na verdade nós somos medíocres. Nós somos iguais aos outros. E, este conceito “especial”, muitas vezes, nos leva ao precipício. “Joga-te daqui”! Ou seja: “Não vai acontecer comigo!”. Quantas vezes a presunção produz os acidentes de carro? Andando a 140 Km/h o pneu pode estourar e o carro capotar, mas, “comigo isso não vai acontecer”. Isso só acontece com os outros. Assim, a vanglória ou vaidade (do grego: cenodoxia), é a segunda filha da Filáucia. É um amor desordenado de si contra si. Ou seja, eu me prezo tanto, eu me quero tanto bem que eu sou “muito especial”! E essa presunção me leva ao precipício. Atenção: isso também pode acontecer ao contrário. Existem as pessoas que se acham especiais na bondade, mas há aquelas que se consideram especiais na maldade. A pessoa, em situações diversas, se acha a mais miserável de todas. Também, aí, é dar importância demais a si mesmo. É a pretensão vaidosa de acharmos que somos dignos de qualquer desgraça. A vaidade nos conduz a certa psicose. Falta de contato com a realidade. Exemplo: Você entra numa sala onde há duas pessoas num canto rindo e pensa: “Estão falando de mim!”. Que nada! Mas, você se acha tão importante que se tiver alguém fofocando, é certo que você será o assunto da fofoca. É preciso ter um conceito realista de si mesmo: nem especialmente mal, nem especialmente bom. Não se colocar como “o especial”. Cura: a Oração! Ou seja, a glória dada à Deus. (Mt 6,7-15)

Terceira tentação A Palavra diz sobre o demônio: “Mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua riqueza e Lhe disse: “Eu Te darei tudo isso se cairdes de joelho para me adorar!”. Vejam: é a avareza, chamada, em grego, de filargíria, que quer dizer amor/amizade pelo dinheiro. Ela é, também, uma filha da Filáucia. Ou seja: querendo me salvar, eu me perco! Muitas vezes, nós achamos que iremos alcançar segurança, paz e tranquilidade no acúmulo dos bens. Mas, é justamente aí que nós nos precipitamos na desgraça. Os Santos Padres nos recordam que o salário da filargíria é o medo! Exemplo: ‘Fulano’ compra uma Ferrari. Como não há muitas ‘Ferraris’ circulando pelo Brasil, ‘todo mundo’ fica de olho e o ladrão vai em cima. Mas, vejam: por causa dessa sua filargíria dizendo: “Eu vou gastar esse dinheiro para ter esse carrão”, a pessoa começa a ficar apavorada! Ela para no semáforo e já começa a olhar ao redor. Vai para casa e dá cinco voltas no quarteirão para ver se não tem ninguém rondando. Aí, sim, ela entra na garagem. Só para esclarecer as coisas: ter dinheiro não é pecado! O problema não é ter dinheiro. O problema é a avareza. Ou seja: você fazer dos seus bens materiais a sua salvação! Colocar neles a sua esperança. “Eu tenho dinheiro para pagar um guarda, colocar alarme em minha casa!”. “Eu tenho dinheiro! Eu faço ‘isso’ e faço ‘aquilo’!”. Mas, quanto mais a pessoa investe em segurança, mais apavorada. Se a pessoa eliminou o problema do ladrão, aí vem o problema da inflação, do investimento mal feito... A pessoa fica assombrada, literalmente, por um fantasma: o medo. Porquanto são felizes os pobres, pois não tem o que perder. Mas, mais felizes por que depositaram a sua confiança em Deus. O problema não é ter dinheiro, mas é colocar a confiança nele ao invés de colocá-la em Deus. Cura: a Esmola! O desprendimento dos bens materiais. (Mt 6, 4) Diante dessa realidade, a Igreja, em sua sabedoria, na escola de Santidade que é a Ano Litúrgico, nos propõe obras para a cura destas três doenças, que são as três práticas Quaresmais. Notem a arquitetura dessas doenças espirituais: da Filáucia brotam a Gula, a Vanglória e a Filargíria. E, destas três, nascem as outras. Ao todo, são oito doenças. Entretanto, a Filáucia não entra nesta conta. Nós já vimos três. Faltam outras cinco. Mas, essas cinco derivam exatamente dessas três doenças básicas. Os próprios santos padres nos recordam isso. (Indico aqui uma pesquisa sobre os escritos de Evágrio Pôntico). Em suma, é impossível que um homem se contraponha a um demônio se, antes, ele não foi ferido por esses três males fundamentais. Por isso, são estes os três pensamentos maus que o diabo propõe ao Salvador no momento da tentação. Nosso Senhor, mostrando-Se superior a tudo isso, comandou ao

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diabo que se retirasse. Ademais nos ensinou que não é possível expulsar o demônio se, antes, não desprezamos esses três pensamentos. Desta forma, não basta buscar somente a Confissão. É claro que o pecado é perdoado. Contudo, a doença continua lá. E essa tendência para a maldade, que está em nós, só será curada se seguirmos a proposta da Igreja. Assim, é importante compreendermos que nós não estamos aqui para “inventar um caminho” para a nossa cura. Este caminho já foi trilhado por uma numerosa multidão de santos e santas antes de nós. Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr; Eles trilharam esse Licenciado em Filosofia, bacharel caminho de luta em Teologia e mestre em direito espiritual. E, este canônico; Vigário Paroquial da curso de formação Paróquia Cristo Rei, em Várzea trata sobre isso. Grande – MT.


VOLUNTARIADO

LITURGIA Mysterium Fidei “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.”

1 Cor 11,26.

“Tudo Era Marrom...”

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rimeiramente, gostaria de dizer um “OI” para cada consagrado, noviço, postulante, aspirante, vocacionado e, especialmente, aos nossos amados acolhidos. Jesus e a Virgem Maria nos ensinaram a amá-los como nossos próprios familiares. Eu sou, carinhosamente, chamada de a Deva, mas meu nome é Devanil. Recebi esse apelido carinhoso de um irmão consagrado assim que a missão de Ribeirão Preto foi inaugurada. Conheci a Toca de Assis através da Canção Nova, nos programas da “Toca para a Igreja” e dos acampamentos do “Tocão”. Tive a graça, já nesta época, de realizar caravanas para o “Tocão”. Foi paixão à primeira vista... Cenário inesquecível! Abraços e sorrisos de (re)encontros inesgotáveis... Tudo era marrom, com a graça do auxílio divino e da grande Mãe de Deus. Continuo nessa missão especial como leiga com esta amada Fraternidade, na alegria e na tristeza, nas chegadas e nas partidas. Sem medo de errar, digo que a Toca de Assis é, e sempre será, um segundo coração. Um “marca-passo” que Deus, em Sua infinita misericórdia, concedeu, a mim e à minha família, essa grande graça através da chegada da missão em Ribeirão Preto, no ano de 2006.

A Toca, com suas vestes reluzentes, que por onde passa deixa rastros, um perfume, uma luz, jamais vistos e sentidos. Tivemos o privilégio de atuarmos como leigos e e de sermos tratados como pérolas preciosas do Coração Chagado de Jesus. Hoje, eu tenho a alegria de fazer um horário de adoração no Templo Votivo. O Pe. Alceu, que considero ser mais que um sacerdote, é o pai espiritual dos leigos e, principalmente, dos religiosos. O Pe. Alceu e os religiosos nos acolhem de braços e coração abertos. Tenho procurado ser fiel aos compromissos do Templo, tais como: a compra semanal das flores para os arranjos da igreja; a doação de roupas para a realização mensal do bazar na residência da Nair (nossa amada leiga “Neguinha”). Tudo isso em prol da Toca. Aos domingos, tenho a graça de ser Ministra Extraordinária da Sagrada Eucaristia no Templo Votivo. A Santa Missa é preparada com muito amor e carinho para nós, os leigos. A minha gratidão por tudo que vivi, ouvi e recebi destes coraçõezinhos pintados de marrom. Estes, que deixaram pai, mãe e os irmãos (inclusive trocaram de nome) e nos acolheram como se fôssemos seus próprios familiares. PAZ e BEM!!! Devanil Duarte

Após as palavras da Consagração do Corpo e do Sangue do Senhor, o sacerdote diz: Mysterium fidei! (Eis o Mistério da Fé!) Neste momento, compreendemos que todo o milagre que vemos com os nossos olhos é um mistério que vai além da nossa capacidade de entendimento. É um mistério de fé, algo que só aceitamos mediante a abertura do coração e da alma.

Nossos olhos veem pão de trigo, mas é o Corpo de Cristo! Nossos olhos veem vinho, mas é o Sangue de Cristo!

Como diz Santo Tomás de Aquino em seu canto Lauda Sion (Louva Sião): “É dogma de fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador. O que não compreendes nem vês, costuma-se dizer que é a fé viva... Porque isto se opera fora das leis naturais. Debaixo de espécies diferentes, que são apenas sinais exteriores, ocultam-se realidades sublimes. O pão é a carne e o vinho é o sangue. Todavia, debaixo de cada uma das espécies, Cristo está totalmente. E quem O recebe, não O parte nem divide. Mas, recebe-O todo inteiro. Quer O recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-O podem consumi-Lo.” Empenhemo-nos em amar e adorar este grande mistério no momento da Santa Missa. E, que peçamos a Deus, que nossos sentidos (sentimentos) não nos enganem. Agosto/2013 5


ORAÇÃO “Eu te amo, ó meu Deus, e meu único desejo é amar-vos até o último suspiro da minha vida. Eu te amo, ó Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando a viver um só instante sem amar você. Eu te amo, Senhor, e a única graça que vos peço é amar-vos eternamente. Meu Deus, se a minha língua não pode dizer a cada momento que eu te amo, quero que o meu coração possa repetir isso tantas vezes quanto forem a respiração. Eu te amo, ó meu Divino Salvador, porque você foi crucificado por mim, e me segura, aqui, crucificado com o Senhor. Meu Deus, conceda-me a graça de morrer amando e sabendo que eu te amo. Amém.”

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Bento XVI Santo Cura d’Ars Agosto/2013

CORAÇÃO DA TOCA

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eu nome é Irmão Neemias Servo da Misericórdia de Jesus Crucificado. Moro, atualmente, no Templo Votivo de Ribeirão Preto /SP. Sou membro da Fraternidade Toca de Assis há nove anos. Nasci em Cotia – SP. Meus pais, Domingos Faustino dos Santos e Cidalice Sena dos Santos (em memória) tiveram quinze filhos. Cinco deles faleceram ainda pequenos e não os conheci. Hoje somos em cinco irmãos e quatro irmãs, sendo eu o mais novo. E sou eternamente grato a Deus pela minha linda família. Nós tivemos uma vida simples de muito trabalho, união, respeito, coragem, esperança e muita fé para enfrentar as dificuldades que a vida nos ofereceu vivendo em família. Meus pais, mesmo sendo eles pessoas muito simples, foram sempre o nosso grande exemplo e testemunho de vida. Apesar da falta de estudo, nos ensinou a sermos pessoas de bom caráter diante de Deus e do próximo. Nós todos fomos batizados na Igreja Católica. Contudo, nossos pais nos levavam para a igreja apenas nas missas de final de semana e dias santos. Ainda bem pequeno, tive meus primeiros encontros com o Senhor. Era quando eu e minha mãe passávamos em frente à Igreja Matriz de Cotia. Entrávamos juntos e, enquanto ela rezava, eu gostava de ficar admirando as imagens dos santos e ficava imaginando o motivo de elas estarem ali sobre os altares da Igreja. Minha mãe mostrava-me a imagem de Jesus na Cruz e dizia-me que ele era o filho de Deus, e que ali (a Igreja) era a casa de Deus. Outra experiência que tive na infância foi com o amor de Nossa Senhora. Eu tinha seis anos de idade, conheci o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Ao ver tantas pessoas rezando e esperando horas na fila para passar em frente à imagem e agradecer às graças recebidas, compreendi a grande importância da Virgem Maria na vida das pessoas e, por isso, comecei a cultivar um grande carinho e devoção por ela. Em minha adolescência, comecei a praticar capoeira. Treinei por sete anos e aprendi com este esporte o valor da disciplina, superação, e determinação

“Vós sois o meu Tudo!” que muito me ajudaram na prática do esporte, na vida pessoal e religiosa. Neste mesmo tempo conheci um amigo que se chamava Querubim e treinávamos juntos (seria ele, mais tarde, quem me falaria sobre o carisma da Toca de Assis e me apresentaria os irmãos religiosos e os pobres). Em minha juventude, reencontrei meus amigos de infância: o João e o Jair. Trabalhamos juntos no mesmo emprego. Neste período, eles me convidaram para fazer parte de um grupo de dança de rap e para a participar de um grupo de jovens chamado CRISMAC (Comunidade Santa Cruz da Paróquia Santo Antônio da Granja Viana em Cotia). Aos fins de semana, saíamos para dançar. Foi uma época muito feliz em minha vida, pois aprendi com eles o grande valor da amizade. Depois de um tempo, fui visitar o CRISMAC pela primeira vez, e, por ser bem acolhido pelos jovens e ver neles a alegria e o compromisso com a Igreja, decidi a ser, também, um jovem comprometido com Cristo. Ali, comecei a compreender o valor de vivenciar a minha Fé, e o compromisso do Santo Batismo. Fiquei sete anos com estes jovens. Fui crismado e cheguei a auxiliar e coordenar o grupo por dois anos com meus amigos Alan, Wellington, Viviane. Assim, pude retribuir tudo o que aprendi e porque “voltei para a casa do Pai”. Comecei a conhecer minha vocação quando fiz o retiro com a Comunidade Betel. Tive uma experiência mais profunda do amor de Deus em minha vida, e, a partir deste dia, comecei a vivenciar um desejo maior na busca da santidade e conversão. A RCC e a juventude


PHN, ensinaram-me a reavivar os dons do Espírito Santo e a palavra de Deus: a ter um coração adorador, pois tinha a graça de ficar na presença de Jesus, no Santíssimo Sacramento, intercedendo nos retiros e nos grupos de oração. Como disse anteriormente, conheci a Fraternidade Toca de Assis através do meu amigo Querubim. Ele me convidou para ser voluntario, e, depois de alguns dias me convidou para participar de uma vigília na qual os religiosos da Fraternidade conduziriam. Neste mesmo tempo, ao assistir ao filme de São Francisco, percebi o quanto desejava vivenciar este mesmo modo de vida. Participei do Tocão, na Canção Nova. No ano seguinte, fiz o retiro em Campinas/SP junto com meu amigo e mais 170 jovens, em novembro de 2001. Em 2002, faltando dois meses para o segundo retiro, um dos meus irmãos faleceu e, com isso, minha família e eu passamos por um momento difícil e delicado. Assim, fiquei com meus familiares e decidi esperar o próximo retiro, que aconteceria ao final daquele ano. Quando chegou a data do retiro, em virtude de alguns problemas financeiros e conflitos internos, fiquei com receio de lançar-me ‘ao novo’ que Deus tinha para minha vida e não fui. Na semana seguinte, na Santa Missa, pedi perdão ao Irmão Gabriel e ele me disse que, no momento certo, Deus realizaria a Sua vontade. Isso não demorou muito a acontecer... Entrei para a Fraternidade Toca de Assis no dia 5 de Março de 2003, na Casa São Pio em Cotia. Morei nas missões de Brasília, Marilia e Maricá/RJ. Passados apenas quatro meses, sob a orientação e acompanhamento do Irmão Israel, precisei deixar o Instituto para cuidar da saúde da minha mãe.

“Vós sois o meu Tudo e eu sou o vosso nada. Faça desse vosso nada, o Vosso tudo.”

Estive fora da Fraternidade durante um ano, mas percebi o quanto este período foi necessário. Depois de vivenciar o que Deus permitiu neste tempo fora da vida religiosa, fui novamente acolhido como membro do Instituto. Eu me consagrei no dia 25 de novembro de 2009, com o Irmão Haramim, na Casa São Pio, em Cotia. Nestes anos de caminhada, a grande manifestação do meu grande amor por Jesus Sacramentado foi sempre saber esperar, confiar, acreditar e amar o Senhor. Ele que é e sempre será fiel às suas promessas. Agradeço a todos que foram canal da graça e do amor de DEUS em minha vida e vocação religiosa. Hoje, como consagrado, aprendi com cada irmão e, através dos nos ensinamentos da minha história de vida, a ser, hoje, tudo o que sou diante de DEUS e diante dos homens.

Igreja São Benedito - Templo Votivo de Ribeirão Preto/SP

Testemunho do Irmão Neemias Servo da Misericórdia de Jesus Crucificado, da Missão de Ribeirão Preto/SP

TOCA EM AÇÃO

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stamos nessa missão há, aproximadamente, quatro anos a convite do arcebispo falecido Dom Joviano. Nessa missão experimentamos a bondade de Deus e temos a oportunidade de adorá-Lo em seu átrio ou seja em sua casa. Muitos também aproveitam para a prática da adoração diária, sua oração silenciosa. Existem aqueles que passam em frente ao Templo, e lembram de fazer o sinal da Cruz. O Templo Votivo abre todos os dias das 07:15 da manhã e aos finas de semana os horários são flexíveis (dependendo do calendário de atividades). O Templo possui grupo de oração, de universitários, adoração da Toca de Assis e a Santa Missa diária às 17 horas. Aos domingos, são três missas: às 08:00 (rito tridentino), às 10:00 e às 19:30 horas. Atualmente, o nosso pároco é o Padre José Alceu, além do auxílio de mais três irmãos: o guardião Ir. Sirac Maria, Ir. Angelo, Ir. José Rogério e Ir. Neemias. Alegramo-nos com esta missão e fazemos a a vontade de Deus, que é manter um Templo Votivo de Adoração em Ribeirão Preto. Dessa forma, o povo pode adorar ao Senhor e partilhar da nossa alegria. Paz e Bem!! Agosto/2013

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s antidade

ARTIGO ESPECIAL

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esde a Antiga Aliança, realizada através dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade: “Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo” (Lv 1,44-45). O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua “imagem e semelhança” (Gen 1,26), e Ele é Santo, todos nós temos que ser santos também. Isto é natural, porque fomos feitos para Deus. O Senhor não deixa por menos. São Pedro repete esta ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta: “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1,15-16). São Pedro exortava os cristãos do seu tempo a romper com o pecado: “luxúrias, concupiscências, embriagues, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias” (1Pe 4,3), vivendo na caridade, já que esta “cobre a multidão dos pecados” (1Pe 4,8). Jesus, no Sermão da Montanha chama os discípulos à perfeição do Pai: “Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Jesus falava da bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus, e que “faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,45). Jesus pergunta aos discípulos: “Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?” (46).

a vocação de todos

Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste, é amar também os inimigos, os que não nos amam. “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam”(44). E mais ainda: “Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra” (39). Todo o Sermão da Montanha, relatado nos capítulos 5, 6 e 7 de São Mateus, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos, a “Constituição do Reino de Deus”. É por isso que na Festa de Todos os Santos a Igreja nos faz ler no Evangelho este discurso de Jesus. São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando aos cristãos do seu tempo que são “chamados à santidade”. Aos romanos, logo no início, ele se dirige dizendo: “a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos…” (Rom 1,7). Aos coríntios, ele repete: “à Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos…” (1Cor 1,2). Aos efésios, ele lembra, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo “antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,5). Aos filipenses, ele pede que: “o discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo” (Fil 1,10).

A santidade é a melhor respos


Para o apóstolo, a santidade é a grande

vocação do cristão. “Esta é a vontade de

Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza…” (1 Tess 4,3-5). “Purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus” (2 Cor 7,1). “Procurai a paz com todos e, ao mesmo tempo, a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor” (Heb 12,14). Santa Teresa de Ávila afirma que: “O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos”. A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser “imagem e semelhança” de Deus, conforme saímos de Suas mãos. A santidade é a melhor resposta que damos ao amor de Deus. É esse amor retribuído que levaram os santos a fazerem a vontade de Deus e chegarem à santidade. O Concílio Vaticano II afirmou que: “Todos os fiéis cristãos são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio estado” (LG 41). Essas palavras da Igreja mostram que a santidade não é, como se pensava antes, um caminho para poucos “eleitos” de Deus, privilegiados; mas um caminho para “todos” os cristãos. Esse chamado é uma “vocação universal”. Todos os batizados, portanto, sem exceção, são chamados à santidade. “Eles são justificados no Senhor Jesus – diz o Concílio – porquanto pelo batismo da fé se tornaram verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e, portanto, realmente santos” (LG 40).

Vemos então que cada um de nós “recebeu” a santidade no batismo e deve viver de modo a preservá-la e aperfeiçoá-la. Certa vez, o Papa João Paulo II disse em Roma, citando Bernanos: “A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos”. Em outra ocasião, ele disse aos catequistas: “Numa palavra, sede santos. A santidade é a força mais poderosa para levar a Cristo, os corações dos homens” (L.R. nº 24, 14/06/92, pg 22 [338]). Para viver a santidade devemos, como disse Santo Afonso de Ligório; “fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz”; isto é, viver os mandamentos e aceitar a vontade de Deus em tudo. A Igreja existe para nos levar à santidade; e nos oferece muitos meios de santificação: a oração, os sacramentos, os sacramentais, a Palavra de Deus, a fé. Além disso, nos santificamos pelos sofrimentos, pela vivência familiar como pais e filhos cumpridores de nossa missão; pelo trabalho realizado com amor. É no chão do lar, da fábrica, do asfalto, da rua, da luta diária que cada um de nós se santifica, fazendo a vontade de Deus. O mundo hoje precisa de muitos santos, como disse João Paulo II aqui no Brasil; santos modernos, de calça jeans, tocando violão e tudo mais.

Felipe Aquino, Doutor em Física pela UNESP felipeaquino@cancaonova.com Site: www.cleofas.com.br

sta que damos ao amor de Deus


QUALIDADE DE VIDA

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“Se é lícito, não faz mal!”

Q

uando se fala em drogas, logo nos vem à cabeça as “clássicas” maconha, cocaína, crack... Mas é sabido que há um tipo de droga, digamos, permitido socialmente. São as chamadas drogas lícitas. Dentre estas, o cigarro e o álcool são as mais conhecidas. Ambas causam inúmeros malefícios à saúde, contudo, me atentarei aqui em citar especificamente sobre a cerveja. Afinal, “quem é que não gosta de uma gelada”? Segundo pesquisas, ela é a terceira bebida mais popular do mundo, logo depois da água e do chá. Mas isso não interfere no fato de a cerveja ser de bebida alcoólica mais consumida no mundo atualmente. O costume de ter a cerveja como elemento fundamental no cardápio de festas e celebrações vem desde a época dos egípcios. Os romanos por sua vez, passados alguns séculos, em sua maioria depreciaram-na. Classificaram-na como bebida própria de bárbaros, e elegeram o vinho como a bebida alcoólica preferida. Já na Idade Média, para a surpresa de muitos, vários mosteiros eram responsáveis por fabricar a cerveja que faria parte da alimentação de muitas famílias... Assim, é importante entendermos esse contexto para dizer que a cerveja, por si só, não é ruim! Entenda: eu não estou fazendo apologia à bebida. Contudo, o problema atual não está diretamente ligado a um copo de cerveja. Mas sim na nossa atitude diante deste copo de cerveja. Hoje, a juventude caracteriza-se como principal público consumidor. Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 78% dos jovens brasileiros bebem regularmente. E, por trás deste inofensivo gesto de brindar e se divertir entre amigos, conflitos interiores e outras problemáticas estão entre os muitos motivos que os levam a procurar na cerveja a solução. “O Brasil possui números alarmantes nos quais os jovens estão começando a beber muito cedo. Na faixa etária entre 14 e 17 anos, 6% da população é consumidora de álcool”, explica a psicóloga Elaine Ribeiro. Ela diz que o adolescente tem a necessidade de fazer parte

a

de um grupo e de ser aceito socialmente por ele, porque busca uma identidade. Assim, o álcool surge como uma forma de socialização. Entretanto, a especialista alerta: “Muitos jovens pensam que a bebida vai deixá-los mais livres, mais alegres. Contudo, o álcool é um inibidor do sistema nervoso central. Então, depois daquele momento de euforia vem a depressão”. Assim, além da questão genética (histórico de parentes considerados alcoólatras), os jovens se colocam em uma situação de risco, de serem viciados. Dentre os 78% citados, 19% dos jovens são considerados dependentes do álcool. Dados mostram que a presença de 30 gramas de álcool no sangue (o equivalente a três copos de chopp), é o suficiente para causar, a longo prazo, danos graves ao fígado, pâncreas, estômago, coração e cérebro. Isso porque o álcool gera o aldeído acético, responsável por exterminar as células do fígado e também os neurônios. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool mata 320 mil jovens todos os anos. Além dos mais de 60 tipos de doenças ligadas ao consumo do álcool, as bebidas alcoólicas também fazem vítimas na combinação “bebida x direção”. Estima-se que 75% das causas de mortes no trânsito estejam – de forma direta ou indireta – ligadas ao consumo delas [bebidas alcoólicas] . “As pessoas que bebem perdem, em grande parte, a sua capacidade reflexiva, alterando o equilíbrio e seu senso espacial”, finaliza Elaine. Certo! Então, fica o questionamento: “Nós, católicos, podemos beber cerveja?”. A resposta, sem relativização, deve estar baseada num dos principais frutos dos dons do Espírito Santo: a Temperança!

“A virtude da temperança manda evitar toda espécie de excesso, o abuso da comida, do álcool, do fumo e dos medicamentos.”

(CIC - 2290)

Ela é o controle das nossas próprias paixões. Ou seja, essa virtude faz com que nós sejamos “donos” de nós mesmos e não escravos de nossos desejos (em suas amplas variedades). Lembremo-nos sempre das palavras do apóstolo São Paulo: “Tudo é lícito, mas nem tudo me convém!”. Gabriela Saldanha, Jornalista; Depto. de Comunicação; Central São José- Campinas/SP

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Agosto/2013

Fonte de pesquisa: http://destrave.cancaonova.com


ATUALIDADE

A nobre missão dos pais

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ara um homem, penso haver poucas alegrias maiores do que a de ser pai. E isso vale, também, para os sacerdotes: exercem uma paternidade espiritual sobre as almas, de tal modo que são chamados, justamente, padres. Já não sou pai de primeira viagem. Casei-me com a Aline em outubro de 2008 e, católicos, estivemos sempre abertos à vida, sonhando com que o Senhor nos desse, logo, o primeiro herdeiro. Foi Sua vontade, entretanto, nos presentear com o nascimento da Maria Antônia apenas em março de 2010. E em dezembro de 2011, a Aline deu à luz o Bento. Enfim, poucos meses atrás, em maio de 2013, a Theresa mostrou seu sorriso ao mundo. E vamos continuar... A paternidade é um dom que nos aproxima de Deus. Ele é Pai, em primeiro lugar, porque pela contemplação de sua própria imagem gera eternamente o Filho, Jesus Cristo. Também, porque, pleno de amor, cria o homem e o eleva, pela graça, à mesma condição de Cristo, adotando-nos. O que Jesus é pela natureza, nós somos pela graça conquistada na Cruz: filhos de Deus. O pai da terra é espelho do Pai dos Céus. É bem verdade que nossos filhos não são gerados pela contemplação de nós mesmos, mas, de um modo analógico, podemos trazer essa figura para a nossa realidade. Nossos filhos são o fruto do amor entre o pai e a mãe, o em suas almas, as virtuesposo e a esposa, o marido e a mulher, e ambos são uma des humanas e cristãs, e, só carne pelo matrimônio. Ao amar a minha mulher, estou na correção pela discipliamando minha própria carne, não naquele sentido munda- na. no. Amando minha “costela”, como Eva foi tirada de Adão. O Senhor, no fim da vida, E esse amor gera nossa prole. Por outro lado, o amor de Deus nos pedirá contas dos filhos é tão grande que cria o homem e, além disso, o institui seu que nos deu. Até porque, se filho adotivo. Deus não tinha a obrigação de nos criar. E, somos nós, os pais, Seus fitendo-nos criado, poderia deixar que fôssemos simples cria- lhos adotivos pela graça, os turas, sem elevar-nos à condição sobrenatural de filhos. Sem nossos filhos, pelo Batismo, embargo, Ele quis assim. Amou os Homens livremente, pois também o são. O pai terreno tudo em Deus é livre. Amou o Homem a ponto de nos criar. é um tutor dos filhos do Pai Amou os Homens a ponto de, nos chamar à bem-aventuran- celestial. Somos os encarreça consigo. E é esse amor ao qual somos chamados a emular, gados, por Deus, da tarefa manifestando-o aos nossos filhos. de educar as crianças que Para bem amar o homem, filho adotivo, Deus passou por participam, também, de Sua cima da rebeldia de Adão e Eva, e, entregou-se à morte; e filiação divina. morte de Cruz. Ofereceu-se em sacrifício para reconquistar O marido, o pai, é o a amizade perdida entre Ele e o homem, resgatando nossa chefe da família. Não para dar ordens autoritárias, condição de filhos pela graça. Somos, como pais, chamados, mas para servir à esposa e aos filhos. Serviço esse desempois, ao sacrifício pelos filhos que geramos. Somos responsá- penhado ao guiar os membros da família ao céu, cumprindo, veis por eles e, se necessário for, nos colocamos à frente de- nesta terra de exílio, as obrigações referentes aos deveres de les com o intuito de protegê-los e formá-los. Deus, que guia estado de cada um. Se o lar é a Igreja doméstica, o pai é o Seus filhos e os faz, pela graça, crescer em santidade, ensina seu sacerdote. a nobre tarefa que os pais devem ter com sua prole. Não é Nobre missão! E para o seu fiel desempenho podemos outro, ademais, o fim primário do casamento: gerar e educar, contar com o exemplo de tantos santos que foram pais de Dr. Rafael Vitola Brodbeck; humana e cristãmente, os filhos. família, e com a Delegado de Polícia no Rio Todos os dias, precisamos exercer essa paternidade ativa especial proteção de Grande do Sul, casado, pai que não se contenta em apenas colocar filhos no mundo. O São José, esposo da de três filhos, diretor do apostolado pai católico saberá gastar tempo no acompanhamento Virgem Maria, modelo “Salvem a Liturgia” e “Domestica Ecclesia”. próximo dos filhos: cultivar a intimidade; trabalhar, dos chefes de família!

“A paternidade é um dom que nos aproxima de Deus!”

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TOCARTE

Janela para a Loucura

O que é a loucura? Certo dia, tive o oportunidade de conversar com uma produtora de documentários que havia feito um de seus trabalhos em um sanatório. Ela, ainda impressionada, disse, que em uma das entrevistas, o paciente afirmou: “Louco, eu? Louco são vocês que estão lá fora. Lá fora, as pessoas matam, roubam, mentem por causa de dinheiro. As mães arrancam seus filhos das barrigas sem dó. Os filhos matam seus pais por aventura. Louco, eu? Loucos são vocês, pois assistem a tudo isso e se sentem parte dessa sociedade normal.” Forte, não?! Nesta edição (e não porque agosto é o mês do cachorro louco), quero falar de um artista considerado louco e que deixou na história a marca de sua arte. Natural de Japaratuba, Sergipe, Arthur Bispo é descendente de escravos africanos, foi marinheiro em sua juventude. Mais tarde, tornou-se empregado de uma tradicional família carioca. Na noite de 22/12/1938, Arthur acordou com alucinações. Ele se dirigiu até o seu patrão, o advogado Humberto Magalhães Leoni, e disse que ia se apresentar à Igreja da Candelária. Depois de peregrinar pela Rua Primeiro de Março (e por várias igrejas do então Distrito Federal), subiu ao Mosteiro de São Bento. Ali, no mosteiro, anunciou para um grupo de monges que ele era um enviado de Deus, encarregado de julgar os vivos e os mortos. Dois dias depois, Arthur foi detido e “fichado” pela polícia como negro, sem documentos e indigente. Levaram-no para ao Hospício Pedro II (o hospício da Praia Vermelha), a primeira instituição oficial desse tipo no país, inaugurada em 1852, no Rio de Janeiro. Um mês após a sua internação, ele foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, localizada no subúrbio de Jacarepaguá, sob o diagnóstico de “esquizofrênico-paranoico”.

Nesta colônia, recebeu o número 01662, e, aí permaneceu por mais de 50 anos. Em determinado momento, Bispo do Rosário passou a produzir objetos com diversos tipos de materiais oriundos do lixo e da sucata. Posteriormente, esses objetos seriam classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp. Dentre os temas, destacam-se os navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é a Manto da Apresentação, que mostrava o traje no qual o Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Através das vestimentas, o Bispo pretendia marcar a passagem de Deus pela Terra. Os objetos, recolhidos dos restos da sociedade de consumo, foram reutilizados como forma de registrar o cotidiano dos indivíduos. No manicômio, ele se recusava a receber tratamentos médicos e, daí, retirava subsídios para elaborar sua obra. Marginalizado e excluído, hoje é consagrado como referência da Arte Contemporânea Brasileira. Bispo do Rosário nos dá uma lição de vida: do lixo e da sucata que produzimos é possível gerar vida. Vida que se traduz em formas. Em sua loucura, Arthur retratou o que sua cabeça via e sentia (tanto nos delírios e nas rejeições quanto nas agressões que sofria). Sua obra, exposta esse ano na Bienal de Veneza, revela ao mundo que a arte ultrapassa as fronteiras da razão e daquilo que predeterminamos como lógico e normal. Gostaria que tirássemos dessa história uma lição: “A graça de Deus vai além dos nossos limitados conceitos”. Em certos momentos da nossa vida, uma verdade bíblica se faz válida: “Deus exalta os humildes para envergonhar os soberbos”.

Minha dica deste mês, é um filme brasileiro de cenas fortes. Entretanto, esse filme ajuda na reflexão sobre o conceito da loucura. “Bicho de Sete Cabeças” é uma pérola na carreira de Rodrigo Santoro. Conta a história de um jovem que é obrigado a uma vida de loucura, em virtude da ignorância e dos preconceitos de seus pais.

Irmão Tarcísio, FPSS ministrosp@fpss.org.br


Nasca,2013

DIÁRIO DO PEREGRINO

S

aímos da cidade de Nasca no Peru, no dia 3 de abril deste ano, e fomos para a penúltima cidade antes de chegar ao Chile, chamada Camatá. Depois de um bom tempo caminhamos pelo deserto, por onde passa a rodovia Panamericana, que liga a capital do Peru a capital do Chile (Santiago). Um senhor muito simpático, chamado Raul, parou para nos levar a esse local. Raul é um caminhoneiro que trabalha muito e tem seu próprio caminhão, adquirido com muito suor e sacrifício. É com o seu caminhão que ele sustenta toda sua família. Quando entramos em seu caminhão, a primeira coisa que nos disse foi: “Há quatro anos, não paro para levar ninguém comigo. Só parei para vocês, porque Jesus pediu”. Estas palavras muito me impressionaram, pois sempre imaginamos os caminhoneiros como pessoas rudes e homens sem sensibilidade. Após um bom tempo de conversa, o Sr. Raul nos fez uma pergunta: “Qual foi a experiência que vocês tiveram com Deus?”. Fiquei parado, em silêncio, procurando relembrar algo que pudesse responder à altura. Ele quebrou aquele breve silêncio e, espontaneamente, começou a partilhar a sua experiência: “ Irmãos, minha mãe, há poucos anos atrás, tinha um câncer maligno em seu seio. Levei-a em vários hospitais e todos os médicos me diziam a mesma coisa: que ela tinha poucos dias de vida e não havia mais cura para ela. Mesmo assim, insistente que sou, procurei saber o que outros médicos falavam a respeito do quadro clínico dela, mas a resposta era a mesma”. E Raul prosseguiu dizendo: “Não tendo mais alcance as forças humanas, dobrei meus joelhos e com muita fé, pedi a Deus pela cura de minha mãe, suplicava a Deus, que tudo pode, com lágrimas. Após dois dias, a ferida no seio (câncer) começou a secar e minha mãe ficou totalmente curada. A sua cura serviu para a conversão de toda a minha família. E essa é a minha experiência com a misericórdia de Deus!”. O senhor Raul enquanto partilhava esse milagre, chorava bastante, dirigindo o caminhão. Entre suas lágrimas, sua alegria, sua dor, seu coração grato... Comungávamos a presença de Deus, que era tão forte na vida deste homem de uma fé tão grande, que não se deixou abater, pelos problemas que enfrentamos. Neste dia, em que a Igreja nos dá o Evangelho dos discípulos de Emaús, o nosso coração passou pela mesma experiência deles, quando diziam: “Não ardia o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho?”!

! e d o p o d u Deus t ! é f s o m a h Que ten

IrmãoFrancisco FPSS


Mural da

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Missão de Ribeirão Preto/SP

cisco e Irmão Fran cius Irmão Viní Peregrino) (Diário do

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Agosto/2013

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Agosto/2013

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Foto: Leonardo de Souza

E você ainda diz que sua cama não é “tão boa” assim...

“É maior alegria dar que receber.” Atos 20,35


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