Nº 01 - Tomo I - Revista COCAN Angola 2010

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Ano I/n.1/Novembro de 2008

Revista Trimestral do COCAN 2010. Distribuição Gratuita.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Justino Fernandes

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DINIZ

NDUNGIDI

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JOB

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EDITORIAL

CHEGOU! A NOSSA REVISTA!

C

aro leitor, tem em suas mãos a primeira edição da Revista Angola 2010, a nossa

revista, um dos veículos da nossa organização rumo ao CAN 2010, que pretendemos exem-

DIRECTOR GERAL DO COCAN

plar! Claro, com a contribuição de todos os

As belezas naturais serão outro atractivo

angolanos, e em particular daqueles que luta-

do CAN e, acima de tudo, o sorriso na face

ram na expectativa de tornar Angola um país

dos angolanos, são os motivos que mais des-

digno de se viver!

pertarão a atenção dos atletas, treinadores,

Com efeito, nas páginas desta revista vão desfilar as mais variadas matérias ligadas ao

dirigentes, jornalistas e turistas que nos vêm visitar em Janeiro de 2010.

nosso futebol, o momento actual e as nossas

Terminado o CAN, o seu legado constituirá

aspirações. Não foi obra do acaso a candidatura

para a nossa juventude o acreditar num futuro

para a organização do CAN no nosso país,

com mais oportunidades nas várias esferas da

numa altura em que está a ser implementado o

vida social que a sua realização abre directa e

programa de reconstrução nacional.

indirectamente.

As infra-estruturas públicas (pontes, estradas, barragens), as obras sociais (hospitais,

Temos, pois, uma espinhosa missão: fazer um CAN exemplar e memorável!

escolas e outras infra-estruturas), os empreen-

Um CAN que catapulte mais alto o orgulho

dimentos turísticos (hotéis, restaurantes, mo-

de sermos nós mesmos, os angolanos, a con-

numentos e sítios) integradas nesse programa

seguir mais uma proeza! Já entrou no nosso

de reconstrução nacional vão servir o CAN

léxico “estamos sempre a subir”, mas subimos

para o acolhimento hospitaleiro aos inúmeros

seguros e certos dos caminhos que trilhamos.

visitantes que certamente quererão testemu-

A nossa Revista é um espaço aberto para o

nhar a força de um povo “…sofredor, mas que

diálogo sobre o nosso futebol, a organização

sempre soube suportar a dor… e que sempre

da competição, os benefícios que certamente

acreditou que um dia seria feliz…”, como dis-

resultarão dela e o engajamento de todos nes-

se um jovem poeta.

te processo organizativo.

Director do COCAN Justino Fernandes Director Executivo António Mangueira Director Técnico Desportivo Fernando Rui Costa Director de Informação Publicidade e Marketing Manuel Domingos Mariano

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Director de Segurança e Protecção Joaquim Vieira Ribeiro Director de Operações Gerais João Alves Andrade Director de Administração e Finanças Fernando Cruz Director Geral da Televisão Pública de Angola Fernando Cunha

corpo editorial

ficha técnica

Justino Fernandes

Director Justino Fernandes Director Adjunto António Mangueira Editor Manuel Mariano Supervisor Santos Virgílio

Coordenação de textos Cândido Teixeira Textos Leopoldo Baio, Morais Canâmua, Ramiro Aleixo, Mário Eugénio, Kumuenho da Rosa, Pedro Vaz Pinto, António Clara e Cândido Teixeira

Fotografias Damião Lima, José de Carvalho, Ramiro Aleixo e José Cola Design: Marcano/Engenho Novo Revisor: Fernando Tati Impressão: Ponto Um Tiragem: 80.000 exemplares Inscrição: MCS-515/B/2008

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Manucho celebra com Gilberto, o golo que marcou ao Egipto no CAN do Ghana 2008

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. SUMÁRIO

07 ENTREVISTA DIRECTOR GERAL DO COCAN Justino Fernandes “VAMOS ORGANIZAR UM CAN EXEMPLAR” A ideia de organizar o CAN surgiu de uma conversa circunstancial. Mas Justino Fernandes, António Mangueira e Rui Costa fizeram da intenção uma realidade.

10 MARCAS

14 CAF

A Palanquinha, em homenagem à Palanca Negra Gigante, é a Mascote do CAN 2010.

Inspectores da CAF voltam em Janeiro.

MOMENTO DO CAN 46 VEJA TUDO SOBRE AS ELIMINATÓRIAS. 27 PARQUE HOTELEIRO Angola amplia suas potencialidades turísticas para o CAN 2010.

32 SEGURANÇA

16 RECONSTRUÇÃO Agora em paz, Angola realiza um gigantesco esforço de reconstrução nacional.

Vinte e sete mil polícias asseguram o CAN 2010.

36 GLÓRIAS DO FUTEBOL ANGOLANO COCAN homenageia os futebolistas angolanos com o título de Embaixador do CAN 2010.

40 PERFIL DE PEDRO GARCIA Pela sua garra nas quatro linhas, Pedro Garcia, o Capitão, é um símbolo do futebol angolano.

42 HISTÓRIA DO CAN Foi em 1957, no Sudão, que começou a epopeia do Campeonato Africano das Nações.

21 NOVOS ESTÁDIOS Em Benguela, Cabinda, Huíla e Luanda – quatro arenas modernas.

52 NA PONTA DA CANETA Poema de António Jacinto traz reminiscências do Futebol de infância.

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ENTREVISTA

Director Geral do COCAN

Justino Fernandes

“VAMOS ORGANIZAR UM CAN EXEMPLAR” A

IDEIA DE ORGANIZAR O CAN SURGIU DE UMA CONVERSA CIRCUNSTANCIAL. MAS JUSTINO FERNANDES, ANTÓNIO MANGUEIRA E RUI COSTA FIZERAM DA

INTENÇÃO UMA REALIDADE. UM PROCESSO QUE O DIRECTOR-GERAL DO COMITÉ ORGANIZADOR DO CAN (COCAN), JUSTINO FERNANDES, DESCREVE COMO SENDO UM PROCESSO LONGO E ÀS VEZES “COMOVENTE”

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ESTÓRIA DA CANDIDATURA Revista Can – Como surgiu a ideia de se candidatar à organização do CAN? Justino Fernandes (JF) – É uma história longa. Surgiu por altura do Mundial da Coreia e do Japão, em

O director-geral do COCAN promete “organizar um CAN exemplar”

2002. Pensávamos que devíamos organizar um Campeonato Africano das Nações, CAN. Mas ponderamos

quando recebi numa quinta-feira um telefonema a

bem e recuamos na ideia, porque não estávamos ainda

dizer que tínhamos de ir ao Egipto, na sexta-feira para

integrados nas andanças da CAF e da FIFA.

apresentarmos a nossa candidatura. Regressei na sex-

À medida que fomos amadurecendo a ideia, e já

ta-feira de manhã e à noite viajamos, chegando de

no nosso segundo mandato na Federação Angolana

madrugada a Cairo e passamos a noite toda prepa-

de Futebol (FAF), decidimos então organizar o CAN;

rando a nossa apresentação. Não fomos a tempo de

pelo desenvolvimento que o País ia apresentando e

participar no jantar de confraternização oferecido

porque sabíamos com que linhas nos podíamos coser.

pelo presidente Sam Nujoma, que tinha ido apresen-

Nesta altura, já fazia parte da Comissão de Organiza-

tar pessoalmente a candidatura da Namíbia, acompa-

ção dos Campeonatos Africanos da CAF. Decidimos

nhado de Carlos Queirós, ex-treinador do Manchester

então apresentar a nossa candidatura. Levantaram-se

United, hoje treinador da Selecção de Portugal. Na

vozes discordantes, que achavam que o País não tinha

pré-candidatura já Moçambique havia levado o

condições para organizar o CAN. Mas seguimos em

Eusébio. Muitos pensaram que tínhamos desistido.

frente, pois a CAF exige países com possibilidades de

Mas aparecemos às 09 horas, fizemos a nossa apresen-

construir infra-estruturas necessárias para acolher

tação e sem sofismas foi a melhor. Depois fomos des-

uma competição deste tipo e não necessariamente tê-

cansar, porque o resultado seria divulgado às 17 horas.

los. Neste âmbito, acreditamos que podíamos fazer o

Quando íamos ouvir os resultados já à tarde, ficamos

CAN, e assim apresentamos a nossa candidatura.

entalados num engarrafamento, e na sala onde se

Não fomos os únicos candidatos, como é evidente.

anunciava os resultados estava apenas uma equipa da

Concorreram oito países. Houve uma triagem entre es-

TPA a dizer que Angola não estava presente. E o carro

tes países. Porque o elemento fundamental é responder

vinha a voar, eu disse que não precisávamos de correr,

ao caderno de encargos, ou seja, um questionário sobre

pois já tínhamos apresentado a nossa candidatura e

a questão aduaneira, os transportes, telecomunicações,

que esperássemos apenas pelo resultado. E quando

e sobretudo o aval do Governo. Porque, sem essa garan-

chegamos na sala, todos estavam a sair e disseram-nos

tia do Governo a CAF dificilmente aceita as candidatu-

que Angola tinha ganho. Foi uma odisseia! Quando

ras que não tenham o cunho dos respectivos do Governo.

relatamos esta história, às vezes nos comovemos.

Organizamos então o nosso caderno de encargos, apresentamos a nossa candidatura e fomos seleccionados. A VITÓRIA Revista Can – E o processo seguinte? JF – Posso dizer que na ponta final foi uma grande odisseia até sermos aprovados. Fazendo um pouco de história: já tínhamos o aval do Governo, e o grupo era formado pelo Engenheiro António Mangueira, Rui Costa e eu, que coordenava o projecto. Houve muitas correrias. Me encontrava no Brasil em tratamento,

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ENTREVISTA

Justino Fernandes

OS ESTÁDIOS E OS BENEFÍCIOS DO CAN Revista Can – Qual é o estado actual da organização do CAN-2010? JF – Depois da nomeação da Comissão Organizadora do XXVII Campeonato Africano de Futebol Sénior Masculino (COCAN 2010), no final do ano passado, começou então a verdadeira implantação do CAN. Sua Excelência o Presidente da República, José Eduardo dos

E quanto aos nossos estádios, há campos na Europa

Santos, nomeou também uma Comissão Ministerial de

que não têm as performances dos novos estádios que

Monitorização (CMM). O COCAN 2010 está incum-

estamos a erguer. Porque estamos a adequá-los com as

bido das tarefas de coordenação propriamente dita. A

recomendações e regulamentos da FIFA e da CAF. Tere-

CMM é a nossa parceira e representa o Governo. Esta-

mos também como benefício quatro pistas de atletismo.

mos no bom caminho. A construção dos estádios está a

Algumas pessoas dizem que hoje já não se fazem campos

bom ritmo e o cronograma de acções está a ser cumpri-

com pistas de atletismo, mas nós precisamos de pistas,

do, apesar de ter havido um atraso em Cabinda. Mas

principalmente na Huíla, que é o celeiro do atletismo.

julgamos que está já recuperado o tempo. Em termos

O Estádio de Cabinda terá um hotel incorpora-

de infra-estruturas hoteleiras, em Luanda assiste-se a

do. As outras províncias também vão beneficiar, por-

construção de muitas unidades hoteleiras e afins. No

que iremos fazer um marketing forte, de modos que

que aos hospitais diz respeito, Luanda não tem qual-

quando os turistas cá chegarem possam, se quiserem,

quer problema. Foi inaugurada, pelo Presidente da Re-

viajar para Malanje visitar as quedas de Kalandula, as

pública, José Eduardo dos Santos, a Clínica Girassol. A

pedras Negras de Pungo Andongo e outras paisagens

maior clínica de referência em Angola. Temos ainda a

pelo país inteiro.

clínica Sagrada Esperança, e não há preocupações neste

Quanto aos hotéis, como não serão suficientes para

capítulo. Em Benguela, também não temos qualquer

todos, há pequenos albergues que os cidadãos podem

problema; se tivéssemos de organizar o CAN amanhã

arrendar. Por isso, apelamos para que as pessoas nos aju-

podíamos fazê-lo. Teríamos problemas com o aloja-

dem nesse sentido porque assim elas podem fazer algu-

mento dos apoiantes, isso se o CAN fosse amanhã. Mas

mas economias. O mesmo se coloca com os transportes,

até 2010, este problema estará resolvido. Huíla tem o

os particulares poderão alugar os respectivos carros aos

estádio mais avançado dos quatro estádios que estão a

turistas. Portanto, há muitos benefícios. Eu costumo di-

ser construídos. Em termos de hotéis, também estamos

zer que já ganhei. Mas o CAN é de todos nós. E temos de

a caminhar bem. Hoje já muitas pessoas dizem que tí-

envidar esforços para realizar um CAN exemplar, como

nhamos razão. Porque o CAN tem outros benefícios,

orientou o Senhor Presidente da República.

além do torneio de futebol. Poderão estar cá para cobrir este CAN mais de dois mil jornalistas. Eles não vão re-

Revista Can – O Mundial da África do Sul poderá benefi-

portar apenas o futebol, vão projectar a imagem do fu-

ciar com a realização do CAN em Angola?

tebol, como nunca se fez, mas vão fazê-lo também com

JF – Com as infra-estruturas que estão a ser ergui-

relação ao resto da vida social.

das, hotéis de cinco, quatros e três estrelas, a Huíla poderá aproveitar para fazer o seu marketing, e as-

“Queremos superar o nível do Egipto-2006”

sim atrair selecções que vão disputar o Mundial da África do Sul. Tem a mesma altitude que a cidade de Joanesburgo. Por isso, pode acolher estágios de diversas selecções que irão disputar o Mundial da África do Sul. A Confederação Africana de Futebol

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considera 2010 o ano do futebol em África, e An-

e não permitiram maximizar os índices preconizados.

gola será o baluarte deste Mundial.

O Egipto tem já todas as infra-estruturas hoteleiras e infra-estruturas desportivas, organizou um CAN

Revista Can – Qual é a relação entre o COCAN e a CAF? JF – Sou membro da Comissão de Organização dos

exemplar. Mas queremos suplantar o CAN do Egipto, com a nossa força anímica e o apoio do Governo.

Campeonatos Africanos da CAF e membro da Comissão de Auditoria da FIFA. Tenho uma relação es-

Revista Can – Qual é a previsão do orçamento para o

treita com quase todos os membros destes organismos

CAN-2010?

e tenho, por isso, algum espaço de manobra. Há uma

JF – Depois da reunião com a comissão de monito-

grande colaboração, até agora. Estive no CAN da Tu-

rização e trabalharmos no orçamento de 2009, po-

nisia-2004, no Egipto-2006 e no Ghana-2008, por

deremos já responder com exactidão. Não queremos

isso, sei perfeitamente o que a CAF exige como con-

esconder nada, mas neste orçamento não estará in-

dições para organizar uma competição da dimensão

cluída a construção dos estádios, porque esta não é

do CAN. Há uma grande interacção com a CAF, mo-

tarefa directa do COCAN 2010, mas sim do Gover-

tivada pela minha inserção nessas instituições e esta-

no, através do Ministério das Obras Públicas.

mos melhor inseridos e preparados. Revista Can – Angola está a organizar o CAN para ganhar? Revista Can – O Governo chinês disse que o retorno finan-

JF – Sim, quem organiza quer ganhar. E nos também

ceiro dos Jogos Olímpicos não será imediato. E o CAN?

queremos ganhar. A contratação do treinador Romeu

JF – Não há maior benefício do que ver a nossa ju-

Filemon para os escalões jovens não foi por acaso.

ventude a praticar desporto em condições, com in-

Estamos a pensar já no CAN-2010. Há dias alguém

fra-estruturas de primeira grandeza, pois quem

nos fez uma proposta, de conseguir vários torneios

pratica desporto tem a mente e o corpo sãos. Não há

internacionais para as nossas selecções que terão até

maior retorno do que isso. Amanhã, os nossos netos

2010 uma média de idade a rondar os 20 anos. O

vão agradecer por este investimento do Estado.

objectivo é dar rodagem competitiva, tal como o torneio de Toulon que revelou jogadores como Akwá,

Revista Can – A realização do CAN vai melhorar também

Malamba, Mantorras e outros. Mas a maior vitória

o nosso futebol?

de Angola já está conseguida: a organização e os re-

JF – Estamos a melhorar as nossas políticas de futebol;

sultados colaterais que o COCAN trará ao país. Por

contratamos o treinador Romeu Filemon para se ocu-

isso já ganhámos!

par directamente dos escalões de futebol jovem. Queremos privilegiar a nossa formação em Angola, e não deixá-los sair para jogar no estrangeiro, como acontece hoje com muitos países africanos. Recebi há dias uma proposta que vai permitir que as nossas selecções jovens participem em torneios internacionais, com o objectivo de lhes dar maturidade competitiva, e em 2010 poderemos ter uma selecção mais competitiva. Revista Can – Quais são as lições que o Senhor colheu no CAN do Egipto e do Ghana, em 2006 e 2008. JF – O CAN do Ghana não pode ser um exemplo. Houveram aspectos que desarticularam a organização

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