Relatório - Revista Lado C

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE DESIGN

Revista Lado C Projeto de Identidade Visual, Editorial e Gráfica Joelma Sueko Tokusato

relatório

Projeto de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de bacharelado em Design Gráfico, sob orientação da Professora Doutora Cassia Leticia Carrara Domiciano

bauru/SP - 2012



Agradecimentos Muito obrigada aos meus pais, Anita e Seiki, e meus irmão, Celso e Tais, por me apoiarem em tudo, por me proporcionarem buscar meu caminho e me incentivar à sempre a vencer nele. Sem vocês, isso não seria sequer imaginado. Agradeço à Gabi, Andrea, Bruna, Cássio, Caio, 5 Patas, Eixo do Mal e à todos os amigos que reconheci nessa época tão intensa e que tornaram todas as experiências nesses anos incrivelmente ricas, inesquecíveis e prazerosas. À todos da RM Bauru(da Associação Brasil-SGI), que se tornaram uma família inimaginavelmente importante enquanto estive aqui. Era com a companhia e incentivos de vocês que pude ter forças para não desistir. À Causa Design, Gráfica M5 e Bruna Semi Joias, com quem pude trocar profissionalmente aprendizados

e paixões. À Sebastiany Branding, que me deu a oportunidade de aprender e me desenvolver. Às amigas Fernanda e Daniela por acompanharem de tão de perto todo o drama do TCC. Ao amigos do CEM e Biitos pela eterna amizade e apoio incondicional. Aos que me ajudaram colocando a mão na massa neste projeto: Isa, Celso, DJ Nyack, Fer, Clarisse, Karina, Eder, Lucas, Ananda e Três Quartos. Ao Bruno, por toda paciência(principalmente), apoio e carinho em todos os momentos. À orientadora deste projeto, professora Cássia, tão imprescindível e especial, pela tão grande compreensão, apoio e puxões de orelha. À todos que nem imaginam que fazem parte disso, mas que são importantes apoiadores. E ao Dr Daisaku Ikeda, minha referência e mestre da vida e à quem dedico este projeto. Muito obrigada!


05 agradescimentos 09 introdução

cap. 01

cap. 02

13 Design e Revista 14 Cultura Urbana e Comercialização

18 estratégias e metodologia 19 01. personificação do leitor 20 02. painel semântico 21 03. linguagem de categoria 21 04. análise de similares 22 04.a. revista continuum 25 04.b. revista sorria 27 04.c. revista ocas 29 04.D. Considerações 30 05. Estudo de modelo de comercialização 30 05.a. Mymag - e o on demand 30 05.b. ocas - e o underground 31 05.c. sorria - e o capitalismo para o bem

Contextualizar

Inverstigar


cap. 03

cap. 04

34 conceituar 35 01. atributos 35 02. essência 38 aspectos editoriais 39 01. seguimentação e público 39 02. conteúdo 39 03. abordagem 39 04. periodicidade 40 05. comercialização

44 Nome 45 elementos físicos 45 Elementos gráficos 45 capa, Logotipo e a Co-criação 47 Grid 47 Tipografia 49 elementos gráficos 49 sobre o guia

Definir

Executar

51 Considerações finais 52 referências de imagens 53 Bibliografia


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Introdução O design como área de atuação desde a época do vestibular me fascina por ser tão abrangente e por unir conhecimentos tão diferentes em si. A ideia de trabalhar com tons artísticos, porém aplicados ao dia a dia, estudar ergonomia e filosofia, entender de materiais e pessoas me fez entrar na área e gostar dela. Essa percepção do design foi se formando ao poucos, e a decisão foi sem um início pontual. Assim como a escolha da profissão, não houve um momento exato em que eu escolhi o tema do TCC. Porém, o que ficam vívidos apesar de tudo são os motivos que me levaram a isso: sempre enxerguei que o design poderia ir além do seu modo agregador comercial, valorizador estético ou qualquer que fosse a sua função mercadológica. Acreditava que seu conhecimento e habilidade lhe dava características únicas que poderiam ser utilizados para ajudar as pessoas a viverem melhor. Dentre todas as formas possíveis para isso, foi no design aplicado à comunicação que pude encontrar meu caminho. Percebi que com meu trabalho poderia expe-

rimentar melhores formas de interação, de exposição de ideias e diálogos visuais. Havia também meu gosto pessoal por tipografia, impressos, cultura e street-art. Porém, resumir as experiências e conhecimentos vividos em 4 anos de faculdade em apenas um trabalho é um processo um tanto cruel. Além de todo aprendizado que queremos inserir, há várias outras vontades, como o de fazer o que se faz de melhor ou experimentar o que nunca fez, o de conhecer coisas novas ou aplicar o que sabe, de inovar ou apenas se formar. Qualquer que sejam as escolhas é certo que na maioria das vezes não será uma tarefa fácil realizá-las e todo aluno universitário sabe disso. Posto tudo isso, escolhas feitas, pesos medidos, e ainda algumas experiências acadêmicas depois, determinei o tema do projeto, que afinal aliaria revista, identidade visual e o assunto cultura urbana. Assim como todo rito de passagem e como esperado, não foi um processo fácil, porém, de extremo valor para o fechamento de um ciclo maravilhoso e importante.

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Fig.02

cap. 01

Fig.01

Contextualizar


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Design e Revista

Por outro lado, um design mal aplicado deixa a informação mais difícil, pode tornar a experiência desagradável ou mesmo não prende o leitor. Quando os elementos de uma matéria não são planejadas visualmente, é possível que seu objetivo de ser lido por certo público tenha mais dificuldade de ser atingido. Fig.03

O design é uma profissão com interface multidisciplinar, podendo ter campos de atuação em diferentes âmbitos da sociedade. Dentro do seguimento editorial, casar leiturabilidade e beleza, qualidade e economia, produção e venda são alguns dos elementos que o designer deve pensar em um projeto. Comparando com jornais, as revistas são produtos editoriais que tradicionalmente costumam trabalhar as informações com mais apuro. Dependendo do público a ser atingido, elas podem ser mais emocionais, descontraídas e próximas do leitor em seus textos. Conseguem dar papel mais nobre e maior tratamento estético às páginas, podendo utilizar mais fotos a cada matéria. Além disso, podem ser direcionadas à grupos específicos de leitores e falar com mais particularidade utilizando códigos visuais próprios do público. “O design é o meio de levar as ideias da página para a mente do leitor” (ALI, 2009). É pelo design que um leitor reconhece sua revista favorita nas bancas, que consegue distinguir uma matéria da outra ou perceber qual é a notícia mais importante. Junto com os textos, faz a função de buscar a melhor forma de se comunicar. Sutilmente, o design ajuda a revista a ter uma identidade para o público possa se identificar. 03 | Revista Colors, com capas e design inconfundíveis

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Após uma breve observação e algumas pesquisas, percebeu-se que as publicações existentes sobre cultura no Brasil não tratam completa e eficazmente de todos os âmbitos do assunto. Umas contemplam as artes dos ciclos tradicionais e convencionais, os ditos clássicos ou de bom gosto. Outras ainda dão foco às produções populares e de grande público. Poucas delas se atentam às produções que estão fora desses contextos, como as que acontecem no nível regional, local, as que surgem nas ruas, nos bairros. Ainda que algumas publicações existentes pretendam atender a esse assunto, por serem editadas por organizações de certos interesses ou visão, acabam por emitir conteúdo tendencioso e essas também pecam por não conseguirem manter uma qualidade estética e gráfica suficientes para chegarem a novos públicos. Em um país onde é característica a mistura de etnias e tem histórico de grandes migrações internas e externas, a sua identidade cultural se formou e se forma como múltipla e altamente diversificada. Somado à isso, é perceptível a quantidade e pluralidade das produções culturais que ocorrem a todo momento, principalmente em grandes cidades, como São Paulo. E mais do que isso, o que se nota principalmente é o quanto uma

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Fig.04

Cultura Urbana e Comercialização em revista

publicação que tome como missão divulgar e incentivar essa multiplicidade cultural poderia acrescentar tanto para os grupos culturais quanto para o público leitor. Porém, a realidade do mercado de revistas no Brasil não facilita a publicação e venda de novos títulos. Muitos deles não conseguem atingir seus objetivos e tem vida curta. Roberta Faria, editora da revista Sorria fala em sua palestra: “Uma banca média em São Paulo tem por volta 3.500 títulos. Só existe uma empresa distribuidora no país, que cobra até 60% do valor de capa para levar a publicação às bancas. Isso contribui para o fato de que o Brasil tem um dos preços mais


Fig.07 Fig.05

Fig.06

04 | Banca de revistas 05,06,07 | Coletivo Chá é um exemplo de manifestação cultural de rua regional

caros de revista no mundo, hoje em média das revistas mais vendidas de R$8,75. Isso exclui muita gente”. Além disso, o modelo tradicional de venda de revistas em banca gera extremo desperdício, pois por volta de 60 por cento do volume de uma publicação encalha no ponto de venda, tendo como destino a doação ou reciclagem. Ainda assim, a cada ano surgem mais publicações, dispostas a brigar pelo leitor. Nos conceitos de Design Thinking, o designer utiliza seu pensamento metodológico e projetual, conhecimento e experiência para aplicar a outras áreas de conhecimento, agregando não somente no produto final, mas no processo de desenvolvimento. Portanto, ao se deparar com as dificuldades do mercado acima citadas, foi importante atentar-se ao sistema de comercialização, venda e retorno social que implicaria este projeto, buscando solucionar não somente a estética, mas também os problemas que o produto poderia trazer ao usuário ou ao coletivo.

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Fig.09

cap. 02

Fig.08

Investigar


Estratégias e Metodologia Sobre metodologia para o design, Bruno Munari escreve: “Normalmente, o artista projeta as suas obras usando técnicas clássicas ou já experimentadas, e assim não necessita de um método para o projeto. (...) O designer, porém, precisamente por usar qualquer material e qualquer técnica, sem preconceitos artísticos, precisa de um método que lhe permita realizar o projeto com o material correto, com as técnicas mais adequadas e na forma correspondente à função(inclusive a função psicológica). Deve produzir um objeto que não só possua qualidades estéticas, mas cujos componentes, inclusive o econômico, sejam considerados no mesmo nível. Outra preocupação é que o público entenda seu produto.”(MUNARI, 1997) Portanto, para o desenvolvimento deste projeto, busquei utilizar uma metodologia com viés estratégico. De forma mais controlada do que intuitiva, que não fosse baseado somente em inspiração criativa, mas que através de formas investigativas e analíticas permitissem desenvolver um projeto pautado nas características particulares do produto que se pretende criar. Essa escolha metodológica implica em alguns pontos, positivos e negativos, sendo os dois a seguir os principais: 1 – com o desenvolvimento estratégico, se tem maior controle sobre o resultado, tornando o método com alto grau de assertividade, eliminando possibilidades de

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grandes desvios; e 2 – o nível extremo de criatividade e inovação não é completamente contemplado, pois as ferramentas podem limitar os resultados. Com consciência desses pontos, considerei assumi-lo como o caminho a ser seguido. Fátima Ali, em A Arte de Editar Revistas, comenta: “Não adianta fazer pesquisa esperando que revelem o que fazer para melhorar o editorial. (...) As informações fornecidas pelas pesquisas precisam de interpretação e análise para determinar ações e corrigir rumos.”(ALI, 2009). Portanto, eram necessárias encontrar formas de pesquisar a fundo como seria essa revista, não somente perguntando à um perfil de pessoas o que gostariam de ver. Assim, consultando áreas especialistas em estratégia e metodologia, como o Design Thinking e o Branding, foram tomadas emprestadas algumas ferramentas de investigação. Essas ferramentas foram escolhidas por serem capazes de extrair por meios indiretos alguns dados, que puderam ser interpretados e chegarem a sínteses tangíveis sobre o que eram apenas ideias ainda desconexas. Alguns desses recursos geraram resultados bastante significativos, outros menos. Muitas dessas ferramentas foram aprendidas e vivenciadas no escritório Sebastiany Branding, onde tive a oportunidade de estagiar. Eles buscam desenvolver


Fig.10

metodologias próprias e se utilizam de algumas já existentes para obter sempre melhores resultados nos projetos. Por esse contato, muitas nomenclaturas citadas aqui neste relatório estarão como as utilizadas nesse escritório.

01 - Personificação do leitor

Procura entender como é o leitor, quais seus gostos e comportamentos através de caracterização física, psicológica e de hábitos. Sabendo que existem diversos perfis que o produto atinge, buscou-se criar uma personificação média, que pudesse conter pontos passíveis entre a maioria dos estilos de público pretendidos. Foram obtidos os resultados através de perguntas simples como: Como esse leitor se diverte? Com que trabalha, quantos anos tem? Onde frequenta, o que come? Sai com amigos ou com a família? Entre outras. Após colher as respostas, foi importante verificar estrategicamente o que cada aspecto traduzia da personalidade do produto e assim pode-se parametrizar o resultado. É importante colocar que não se pretende com essa ferramenta se aprofundar em uma personalidade ou buscar a verdade sobre a pessoa leitora, mas sim identificar alguns pontos onde a linguagem ou o editorial podem otimizar seu desempenho. Fátima Ali diz que “Esse leitor imaginário se torna, para todos os efeitos, alguém real que incorpora o espírito da revista.” (ALI, 2009) 10 | Nuvem de resultados da personificação

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02 - Painel Semântico

Após relacionar as características em um gráfico, é possível sinalizar o que pode ser priorizado de início. São parâmetros iniciais para a criação, mas não limitadores.

11 | Painel semântico com grifos das prioridades de criação 12 | Resumo dos resultados de linguagem de categoria de capas Fig.11

Este recurso permite realizar de forma ordenada e com forte teor racional a transição de aspectos intangíveis, como conceito, sensação e desejos para elementos gráficos. Tentar racionalizar emoções e materializar a ideia é uma experiência particular e rica. Ela gera um trabalho mental que não é costumeiro ter no dia a dia, faz pensar em como cada aspecto visual de uma curva, uma cor, uma forma pode transmitir mensagens, mesmo que sutis ou imperceptíveis. O Painel Semântico foi um dos exercícios que mais gerou resultados, importantes para posteriormente auxiliarem na criação da identidade visual e o nome.

TEM MAIS

TEM MENOS

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Fig.12

03 - Linguagem de Categoria

A linguagem de categoria é uma etapa investigativa, que permite perceber de uma visão geral como os produtos semelhantes se comportam em sua comunicação visual no mercado. Não pretende ser profunda ou analítica, mas sim ter superficialmente dados quantitativos sobre variantes como cor, fotografia, tipografia e formas. Neste projeto, ela foi aplicada principalmente para estudar capas e logotipos, com seguimentos de revistas de cultura, design, moda e com conotação jovem, utilizando publicações nacionais e internacionais.

04 - Análise de Similares

Nesta etapa, buscou-se estudar 3 projetos de revistas existentes, agora com análise mais profunda e detalhada. Com essa forma de investigação, a visão particular de cada projeto dá parâmetros para verificar como cada aspecto de uma linguagem visual funciona e como as características editoriais se traduzem. Pela união de características distintas deste projeto, não foi encontrado algum existente com proposta semelhante em sua totalidade, portanto cada caso abaixo foi escolhido por um aspecto diferente que mais se aproxima do proposto para o produto.

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04.a - Revista Continuum similaridade pelo tema

Aspectos Editoriais: Tem a cultura como tema, dando foco ao circuito tradicional com mais destaque; Revista do Instituto Itaú Cultural; Edição bimestral; Distribuição gratuita; Tiragem de 10 mil exemplares; Posto de distribuição única, para os visitantes do prédio da Instituição; Existe desde de 2007; Hoje está em seu 37º número; Público: frequentadores do Instituto, na maioria jovens e adultos de ambos os sexos, das classes médio-alta e alta. Aspectos Gráficos: Formato de 280x420mm; Papel sem cobertura, offset 90g; Encadernação canoa; 40 páginas.

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Outros Detalhes Editoriais: Não possui publicidade, à não ser pela última capa, que traz sempre alguma propaganda ligada à Instituição, divulgando cursos, eventos e outros programas. Apresenta para download no site a versão impressa, virtual e para tablets e celulares. Em sua contra capa, ela incentiva o leitor a compartilhar a edição com outras pessoas, denotando uma postura de sustentabilidade e de disseminação maior da mensagem. Projeto Gráfico: O projeto gráfico, formato e logotipo foram reformulados em 2011, e falando sobre essa mudança, o editor respondeu à um comentário em uma das sessão Carta do Leitor: “O formato atual(...) foi pensado para oferecer uma nova experiência de leitura tanto para o público fiel à revista quanto para quem não a conhecia até então. A ideia foi presentear o leitor com um espaço ampliado para as imagens (por isso a cada edição publicamos ensaios fotográficos especialmente produzidos) e para os textos. Foi uma aposta da equipe ao criar algo impactante, que fugisse à mesmice do mercado editorial. E sem gastar mais papel: o formato atual propiciou um aproveitamento de 88,79% do papel utilizado, ao passo que no formato anterior o aproveitamento era de 82,30%.”


Fig.13

Seu projeto gráfico é bem resolvido, percebe-se unidade em todos os aspectos visuais e elementos bem pensados. Ele demonstra muito controle e um tanto fechado. Não há grandes variações de edição para edição. Tipografia: Sua tipografia parece ser resolvida em poucas famílias, tanto em blocos de texto quanto na maioria dos títulos. Suas variações mais ousadas aparecem mesmo em alguns títulos, mas que mantém as mesmas características estruturais. As escolhas tipográficas do projeto tem muita personalidade e trazem serifas bem marcadas e quadradas, além de muitos tipos light. Essas escolhas deixam blocos de texto claros e secos.

13 | Exemplo de página dupla da Continuum

Uso de imagens e textos: Por seu formato diferenciado, consegue valorizar fotografias e imagens de maneira única. Reserva grandes espaços para elas, por vezes páginas duplas, dando impactos visuais interessantes. Utiliza também grandes blocos de texto, geralmente com 2 ou 3 largas colunas, mas com boas áreas neutras, o que permite ter conjuntos leves e harmoniosos.

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Fig.16 Fig.15

Capa e logotipo O logotipo também sofreu modificações e hoje a sua característica maior é a variação de pesos na tipografia, transmitindo a sensação de movimento e fluxo do centro para as extremidades. Ganhou um box que antes não existia e mais flexibilidade. Depois de sua reformulação do projeto gráfico, as suas capas dão total atenção à fotografia(que também melhoraram sua produção), geralmente de uma pessoa de rosto. Além disso, diminuiu a força do texto e das chamadas, que aparecem em pequenos blocos agrupados. A aplicação do logotipo na capa não é fixada em um único lugar, o que também acontece com o número da edição e chamadas. São capas limpas de informações mas que buscam gerar força pela fotografia. 14, 15 | Exemplos da capa e logotipo com variação de posição

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Fig.14

Uso de elementos gráficos: Na maior parte das matérias utiliza fundo branco para o texto e não utiliza recursos como capitular e olho de texto. Usa sutilmente alguns boxes, com linhas finas e pontilhadas e mantém as mesmas características gráficas dos textos. Seus chapéus tem linguagem provinda do logotipo.


04.b - Revista Sorria

similaridade pela comercialização Aspectos Editoriais: Revista realizada pela Editora Mol e Droga Raia; Edição bimestral Vendida à R$2,95(desde seu lançamento até hoje); Tiragem de 180 mil exemplares por número Distribuição é feita nas lojas da Droga Raia, mais de 400 lojas em todo Brasil; Existe desde março de 2008; Hoje está em seu 26º número; Público: Homens e mulheres de 18 à 80 anos, das classes A, B e C. Aspectos Gráficos: Formato fechado: 20,5x26,5cm; Papel LCW 60g; Encadernação canoa; 56 páginas Outros Detalhes Editoriais: Tem suas publicidades concentradas no início e no fim da revista, com por volta de 11 páginas de propaganda por publicação. Dedica ainda algumas páginas de cada número para falar sobre o projeto, prestar contas, mostrar seus resultados e números.

Apresenta somente versão impressa, por seu modelo comercial, mas incentiva o leitor à visitar seu site, com um blog e conteúdo dedicado à essa mídia. O projeto editorial é muito interessante e bem resolvido. As sessões tem nome de verbo, e cada edição tem um tema. Seus assuntos são de conhecimento geral, com poucas notícias, muitas matérias sobre esporte, saúde, cultura, bem estar, cotidiano, família. Projeto Gráfico: O projeto gráfico da Sorria parece seguir características de revistas mais comerciais e populares. Isso não significa que não tem suas próprias linguagens e jeitos de tratar suas páginas. Consegue ter uma identidade bem marcada e, à partir do seu nome e logotipo trabalha muito bem todos os outros elementos internos.

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Fig.17

Tipografia Na tipografia do corpo de texto, utiliza uma família serifada e outra sem serifas. São muito versáteis e completas, dando suporte à todas as variações de aplicação, como em títulos, subtítulos, legendas e chamadas. Consegue aplicar cores e efeitos às palavras quando necessário e ainda trabalha algumas variações para outras famílias tipográficas em textos especiais.

Uso de elementos gráficos Utiliza subtítulos e pequenos textos de destaque, porém pouco utiliza olhos e capitulares. Dependendo da sessão, alguns boxes e listas aparecem sempre que necessário e se diferenciam pouco do tratamento tipográfico dos outros textos. Selos e elementos gráficos para gerar destaques aparecem frequentemente, com formas conectadas à linguagem do logotipo.

Uso de imagens e textos Por sua variedade na abordagem dos assuntos e amplitude de público atingido, a ilustração e a fotografia são linguagens recorrentes na Sorria, em vários estilos e proporções. Juntos com os textos, formam uma linguagem mista e com poucos espaços vazios, porém com harmonia.

Capa e logotipo A Sorria consegue manter a identidade de suas capas, apesar de ter evoluído seu padrão fotográfico até chegar ao que é hoje. Buscam sempre trabalhar com uma foto de meio corpo de criança, com feições e cores alegres, que conseguem transmitir um pouco de sua filosofia: “para ser feliz agora”. Em uma tarja superior informa o valor e sobre a doação, além dos logos das instituições beneficiadas. Colocada essas informações na capa, ela consegue esclarecer e se diferenciar no primeiro impacto. Traz ainda o tema da edição e algumas outras chamadas. Seu logotipo consegue quebrar com algumas linguagens do mercado e usar uma caligrafia extremamente amigável, simples e fácil de gerenciar na capa, pois é fixa no topo e mantém a cor branca. 17 | Exemplo do uso de selos na revista Sorria

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Fig.20 Fig.19

18 | Uso de ilustrações é comum 19, 20 | Na Sorria, a linguagem da capa é marcante

04.c - Revista Ocas

similaridade pela comercialização e em parte pelo tema

Fig.18

Essa revista une uma proposta de venda diferenciada e trata de assuntos culturais, portanto foi estudada por unir esses dois aspectos. Aspectos Editoriais: É publicada pela Organização Civil da Ação Social (OCAS), associada da International Network of Street Papers. Desde 2002 Hoje está no seu número 84 Tiragem de 7.500 exemplares por número Edição bimestral Pontos de venda: Pessoas em “situação de risco social”, vendem em pontos culturais de São Paulo e Rio de Janeiro. Preço de venda: R$4,00 ( R$1,00 vai para o projeto e R$3,00 ficam para o vendedor)

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Aspectos Gráficos: Formato fechado: 21x28cm; Papel reciclato, 90g/m³; 3 cores de impressão, que variam por edição; Encadernação canoa; 32 páginas Outros Detalhes Editoriais: Tem poucas páginas de propaganda, e algumas outras destinadas à notícias e assuntos sobre o projeto. Fala de música, cinema, arte, opinião, literatura e tem matérias inteiras destinadas à fotografia. Um aspecto forte é que todos os assuntos são tratados ligando-se à questões sociais. Projeto Gráfico: O estilo visual da revista é marcado por utilizar 3 cores de impressão, que, com exceção do preto, variam a cada edição. As cores não são somente limitadores técnicos, mas fazem parte da identidade e são elementos importantes. Ficam claramente marcados, usados em títulos, caixas, ilustrações e textos. Tipografia: Trabalha principalmente com duas famílias tipográficas e suas variações, tanto para títulos como para blocos de textos. Uma delas leve, clara e semi serifada, enquanto a outra é bastão, com variações

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entre light e extra bold. Para gerar diferenciação, usa de cores em “grifos” para destacar e diversos pesos para hierarquizar. Uso de imagens e textos: Há muitos textos e muitas fotos, predominando uma linguagem mista nas edições da revista. A restrição de cor também torna a escolha da linguagem fotográfica limitada à fotos preto e branca, o que tornou-se parte da identidade. Além delas, existem algumas sessões que trabalham com ilustrações de diversas linguagens. Uso de elementos gráficos: Um elemento forte de seu visual é o uso constante de “grifos” em subtítulos, olhos chamadas e legenda. Não usa gráficos e infográficos em suas matérias, porém insere alguns boxes quando necessário. Provindo do logotipo, utiliza para diferenciar suas sessões a linguagem de sinais gráficos da escrita, como pontos, asterisco, aspas, barras. Capa e logotipo: O logotipo e elementos da capa mudam as cores conforme a edição, além de poder mudar a posição e tamanho, conforme a foto usada. Não inclui muitas chamadas, apenas as da matéria principal. Em seus últimos números, vem apresentando duas capas, cada uma com uma matéria em foco.


Fig.23 Fig.22

21 | Exemplo do uso de ilustração 22, 23 | Linguagem da capa e aplicação das cores e fotos

Fig.21

04.d - Considerações

Por possuírem focos, públicos, assuntos e características muito distintas, esta análise foi particularmente rica na questão diversidade. Da Revista Continuum, pode-se verificar uma grande força em sua identidade visual e ótimo tratamento gráfico e de preocupação estética. Ela trouxe a consciência de que um bom conteúdo necessita de um bom design também e que cada público tem seu design. A Revista Sorria trouxe inspiração e uma grande sensação de que uma publicação pode fazer sua parte no mundo. Sua linguagem é amigável e fez perceber que nortear um projeto em um conceito fechado e torná-lo tátil nos elementos visuais faz o leitor entender o que se quer transmitir. A Revista Ocas mostrou que é possível fazer de uma limitação técnica e financeira um elemento da identidade visual. Além disso, essa análise apontou a importancia de o design ser pensado pra ser contínuo e que percorrerá várias edições, criando linguagens recorrentes, ponto que infelizmente é falho na Ocas.

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05.a - Mymag – e on demand

Em uma de suas páginas, diz:“Na mymag não tem página chata, afinal, é você que escolhe o quer ler.” A Mymag trabalha com um sistema online onde o usuário pode montar sua própria edição, escolhendo as matérias, ordená-las e dar a capa que preferir. O sistema gera como resultado das escolhas a opção de ter a revista impressa ou digital. Optando pela versão digital, o usuário concorda que quem paga pela sua edição é a publicidade inserida. Quando deseja ter a versão impressa, paga o valor, que também é personalizado, dependendo de quantas páginas suas escolhas gerarem. Sobre a revista, o editor escreve: “Antes de ‘fechar a conta’, nossa missão é entregar ao leitor o que ele deseja, da forma como ele prefere.”. Assim, esse modelo gera um conteúdo altamente pertinente ao seu público, sob demanda, o que gera menos desperdício. É também interativo, levando o leitor à se sentir de certa forma “autor” de sua revista.

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05.b - Ocas – e o underground

A proposta social da revista é que ela seja uma ferramenta de transformação de vida de pessoas em situação de vulnerabilidade social. No site da revista, eles explicam melhor o projeto: “O objetivo é fornecer instrumentos de resgate da autoestima dos vendedores, criando mecanismos para que o indivíduo se torne seu próprio agente de transformação, de forma que a Ocas seja um ponto de passagem, e não o destino definitivo.(...)Os vendedores compram a revista por R$ 1 e a vendem pelo preço de capa, R$ 4. Todos têm idade mínima de 18 anos, recebem treinamento, assinam um código de conduta e portam crachá.” Comprei de um vendedor muito simpático que indicava qual edição eu poderia gostar mais, perguntando meus interesses, se gostava de música, teatro, cinema. Além de saber informar o conteúdo de cada número, pode explicar sobre o projeto da Ocas. Fig.24

05 - Estudo de modelos de comercialização em revista


Fig.26

24 | Código de conduta do vendedores da revista Ocas 25 | Página de propaganda sobre a revista Mymag 26 | Matéria sobre a comercialização da revista Sorria

Fig.25

05.c - Sorria – e o capitalismo pro bem

Seu modelo de comercialização é chamado de Modelo Multiplicador de Revista Social, que é descrito no site: “O custo de produção da publicação é dividido em cotas, adotadas por empresas patrocinadoras – que, em troca do investimento anual no projeto, recebem espaço para anunciar em Sorria, entre outros benefícios. Assim, 100% do valor de capa pode ser doado. E, como o custo de produção da revista é menor do que o preço pelo qual é vendida, o dinheiro investido pelos patrocinadores é multiplicado.” Desta forma, cada empresa que compra as cotas estão exercendo ação social, ajudando diretamente no projeto. Somado à isso, a Sorria conta com um corealizador, a Droga Raia, que é a parceira responsável pela distribuição e venda das revistas. Além da vantagem de não cobrar pelo serviço, faz o produto se diferenciar, pois não é vendido em bancas de jornal e consequentemente não tem concorrência na hora da compra.

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Fig.28

cap. 03 Fig.27

Definir


Conceituar Depois de realizar estudos sobre os aspectos que envolvem o projeto, a conceituação é a etapa onde se pode definir e colocar em palavras quais os pontos centrais, atributos, anseios, metas e essência que o produto pretende atingir e comunicar. E com isso em mãos e visível, fica mais fácil tornar um ativo em sua identidade visual e editorial. Citando Fátima Ali novamente, é possível perceber a importância do elemento conceitual: “Qualquer revista precisa ter explícita a resposta para uma pergunta essencial: qual a sua razão de ser?(...) A missão é o fio condutor, o que mantém o editorial nos trilhos, um guia ao longo da existência da publicação. É como uma bússola que os navegadores consultam em busca de direção.”(ALI, 2009). Realizar essa etapa foi importante para tornar os conceitos muito mais próximos da prática e posteriormente possível de ser incorporado no projeto efetivamente.

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29 | Nuvem de atributos, sendo as palavras em amarelo as desejadas para o produto e as em cinza as não desejadas


Fig.29

01 - Atributos

É um aparato de palavras que estão ligadas ao conceito da revista. Não necessariamente ditam as verdades, mas elas podem demonstrar algumas nuances e delimitações de personalidade do produto. Também foi utilizada uma listagem de atributos que o produto não tem, para que ficassem ainda mais claras essas definições.

02 - Essência

Busca resumir em poucas palavras os conceitos chave, para que fique visível e palpável na produção da revista, e que ela possa permear a maioria de suas formas de comunicação, editorial e gráfica. Ela deve ser mantida em todas as edições ao longo do tempo. A essência da revista pode ser atribuída aos seguintes conceitos:

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36 Fig.33

Fig.32

Fig.31

Fig.30


30, 31, 32, 33 | Imagens que podem auxiliar a tangibilizar visualmente a essência desejada

Jovem

é comunicativa, bonita e interessante Uma revista cultural democrática que dá espaço para produções que não o encontraram em grandes mídias.

Inteligente

é atual, antenada e relevante sem ser chata

Autêntico

Uma revista social, pois o valor da capa é revertido para projetos de incentivo à cultura brasileira, urbana e regional.

é fincada em valores sociais e não só comerciais

Uma revista legal, que quer ser lida por jovens adultos, com assuntos atuais, inteligente e visualmente interessante.

Local

Cultural

é atenta à todo tipo de expressão é caseira e gosta de falar de sua terra, mas também sabe viajar.

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Aspectos Editoriais Reunindo todos os dados colhidos e analisados nos procedimentos de pesquisa e aprofundamento somados aos objetivos desejados para o produto, era possível delinear os detalhes do projeto editorial. Para que ocorressem essas definições foi necessário superar um impasse projetual onde duas características se chocavam. O produto pretendia ser um veículo de mensagens não convencionais de mercado, com tom um tanto ácido, por tratar de cultura urbana e artes que envolvem práticas não legalizadas ou de protestos políticos. Porém era também seu objetivo que pudesse chegar ao mercado com um patrocinador oficial de imagem consolidada, para que pudesse dar respaldo ao produto diante do público. Ainda, era desejo que pudesse atingir vários grupos de leitores, sendo abrangente em seu nicho.

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Assim, existiam então alguns pontos que não se cruzavam, pois seria difícil ter uma grande empresa que aceitasse envolver sua imagem em alguma publicação que tivesse teor agressivo em seu discurso e conteúdo. E ainda, seu público atingido seria somente uma parcela interessada. Com esses desafios à frente, foi necessário estudar a otimização e alinhamento dos objetivos. Como resultado desse estudo, alguns tipos de assuntos foram definidos como fora da linha editorial da revista, pois abrindo mão deles e adotando um tom de voz passivo, poderia se atingir os desejos esperados e ainda assim poder tratar do tema que se propôs inicialmente. E também como resolução, foi pensado um patrocinador que pudesse abranger em seus valores e filosofia internos da empresa pontos em conformidade e semelhança com os anseios e conceitos deste produto.


01 - Seguimentação e público

Sua seguimentação acontecerá pelo interesse sobre o assunto e pelo foco dado ao tema, abrangendo o nicho interessado em cultura urbana e regional. Porém, por considerar cultura como um todo um conteúdo bastante abrangente, de interesse de grande parcela da sociedade e tendo um tratamento de neutralidade, com o tempo e consolidação no mercado, pretende-se intencionalmente atingir outros públicos. O público que se espera atingir preferencialmente é o com as seguintes características: Homens e mulheres, brasileiros e residentes em grandes cidades, com principal foco em São Paulo. Jovens entre 17 e 35 anos de classes B e C, com interesse em cultura.

02 - Conteúdo

A revista terá como seu assunto principal a cultura, com foco na produção urbana, brasileira e regional, além de tratar de artes não exploradas pelas grandes mídias. Ela não excluirá, porém os temas comerciais ou tratados naturalmente pelas outras publicações do seguimento. Como exemplos podem ser citados: musica

regional, festivais musicais locais, eventos e exposições de arte, produção de cinema e teatro independente, artes plásticas, fotografia, arte-mídia, dança, street-art, literatura e iniciativas de incentivo cultural e artístico de variada natureza e fim. As funções principais da publicação são entreter e informar, não tendo como ponto principal defender alguma causa ou ainda interpretar algum assunto conforme sua visão.

03 - Abordagem

A abordagem terá sua atenção dividida igualmente entre a linguagem visual e a escrita, Terá curtos e longos textos, buscando sempre que possível estar acompanhados de fotografias ou ilustrações, tentando manter tons amenos e neutros, sem agressividade. Por se tratar de uma leitura leve, que não possuirá muitas informações e notícias rápidas, sua linguagem não abordará muitos boxes, infográficos e montagens fotográficas. Porém poderá acontecer, caso esteja de acordo com a matéria.

04 - Periodicidade

A periodicidade será bimestral com tiragem de 10mil exemplares. Assim, há mais tempo para produção de material e pelos assuntos tratados e sua abordagem informativa, não há a necessidade de maior frequência.

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Após analisar as formas de comercialização existentes e ponderando sobre os objetivos do projeto, percebeu-se que era possível, ao invés de gerar um novo modelo comercial, utilizar um já existente. A possibilidade de ter uma comercialização exclusiva e inovadora não foi colocado em prática no projeto por alguns motivos. Em primeiro lugar, por haver uma alternativa verificada e já existente que se encaixava nos anseios do produto com muita qualidade, e por isso não haveria motivo para não usá-la. E por outro lado, porque realizar esse esforço da criação demandaria um estudo mais aprofundado tanto do mercado quanto das teorias que a regem. Visto isso, a forma comercial sugerida é a do modelo chamado de “Modelo de revista social multiplicadora”, utilizado pela revista Sorria, estudado anteriormente na fase de investigação. Este modelo se mostrou eficaz e o melhor aplicável à este projeto, tanto em conceito, por ser social, quanto em prática, mantendo formas eficazes de distribuição, patrocínio, venda e retorno de verba. Analisando a aplicabilidade dela, com algumas adaptações, foi possível chegar ao que foi proposto para este projeto. Iniciou-se um processo de investigação sobre o perfil de empresas que poderiam ser patrocinadoras do projeto, observando se havia proximidade dentro dos

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Fig.34

05 - Comercialização


Fig.35

valores culturais. Neste contexto, algumas empresas foram inicialmente tomadas como possíveis e dentre elas a Petrobrás, empresa brasileira de petróleo, demonstrou grandes possibilidades. Ela tem políticas de incentivo à cultura brasileira, além de ter programas dentro da Política de Responsabilidade Social da empresa vigentes hoje, que apontam caminhos reais pelos quais seria possível viabilizar este projeto. No site da empresa, ela fala sobre sua preocupação e ações de incentivo cultural: “Somos reconhecidos como a empresa que mais apoia a Cultura no Brasil e investimos em ações voltadas para a produção, difusão e circulação dos bens culturais. Além disso, estamos presentes na formação de novos públicos e de novas plateias, na memória e na reflexão sobre a cultura e o pensamento brasileiros. Nosso olhar para Cultura gira em 360º: preservamos o passado, marcamos o presente e investimos no futuro. Esta é a cara da Petrobras.”. Ela seria a grande parceira e patrocinadora do projeto. Além dela, outras empresas comprariam cotas anuais de publicidade, com isso, tendo espaço de anúncio na publicação e auxiliando com isso a produção da revista. Uma publicidade de retorno social.

Fig.36

34 | Infográfico que mostra o projeto da Revista Sorria 35, 36 | Campanha e site da Petrobras destinados ao programa de apoio à cultura nacional

A venda se daria também como a realizada na Revista Sorria, contando com um grande “co-realizador” da cadeia varejista, que utilizaria sua logística já existente para levar o produto às mão do público. Dessa forma, livra-se de vários problemas existentes nos modelos convencionais, como os altos valores de transporte, o alto valor do produto final e a gigantesca concorrência existente em bancas de jornal.

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Fig.38

cap. 04

Fig.37

Executar


01 - Nome

O processo de escolha do nome do projeto se desenrolou principalmente com longos e infindáveis exercícios de brainstorm, que aconteciam a todo momento. A forma utilizada era principalmente a busca de uma palavra ou termo existente que pudesse remeter ao conceito do produto, mesmo que indiretamente. O rumo tomado rendeu grandes listas de nomes, porém, poucos deles satisfaziam, seja por terem associação negativa à outros termos, sonoridade, vulgaridade do termo ou simplesmente por não transmitir algum atributo esperado. No mesmo período que esse processo ocorria, acontecia também a busca de rever um trabalho acadêmico antigo, afim de que pudesse verificar as falhas e acertos já cometidos para que se transformassem em repertório para o novo projeto. O nome desse trabalho era justamente LADO C. Até o momento, não foi pensado em reutilizar o nome, mas por certo acaso, em algum momento veio a pergunta “por que não Lado C?”. Depois de muito ponderar sobre os atributos essenciais do projeto e alguns sentidos que esse nome poderia trazer e algumas associações contextuais, verificou-se que dentre todos, esse era o melhor nome. Algumas validações depois, ela foi oficialmente incorpora.

Esta escolha foi feita norteada por denotar um lado incomum, fora do esperado. Brinca com os temos usados referentes aos lados de um disco de vinil. Ainda, ter a letra C em destaque pode remeter a palavras como cultura, cidade, compartilhamento, comunidade, comunicar e outras associações que podem ser positivas.

39 | Papel escolhido pode gerar menos brilho e ser mais confortável para leitura

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02 - Elementos físicos

03 - Elementos Gráficos 03.a - Capa, Logotipo e a cocriação

A partir dos resultados da etapa de investigação, unido ao que se chegou da essência do produto, iniciouse o desenvolvimento do logotipo, a primeira etapa da criação. Como era necessário que pudesse conversar com a linguagem da capa o desenvolvimento desses dois elementos aconteceu em conjunto. Esse desenvolvimento gerou de início vários sketches com os mais diferentes caminhos. Dois desses foram trabalhados melhor e testados com o formato e imagem da capa, porém ainda não satisfaziam quanto à transmissão da essência, embora agradassem visualmente. Com isso, mais estudos foram tentados, sem sucesso. Com esse impasse, o processo de criação ganhou um dos seus elementos de maior valor: o coletivo. Foi uma ruptura, pois até o momento, tudo que foi gerado era de caráter individual. Involuntariamente, em uma conversa informal com mais 3 pessoas, o assunto desta dificuldade entrou em pauta. A simples conversa virou um brainstorm muito rico, onde todos opinavam sobre todas as ideias e criavam diversas alternativas de identidade. Esse acontecimento foi importante pela troca de ideias

Fig.39

Levando em consideração as possíveis formas e lugares que o produto pode ser lido, o formato adotado é o de 180x230mm(fechado), para que a experiência com as fotos e os textos, o transporte e armazenamento do volume sejam eficientes e confortáveis. Foi observado o aproveitamento de papel possível no formato mais usado no Brasil (66x96cm), rendendo 6 lâminas abertas(folha dupla com sangria). O papel escolhido foi o offset 120g/m³ para o miolo e para a capa. O acabamento gráfico ficará em uma encadernação do tipo canoa, por sua quantidade de páginas, que varia entre 36 e 40. Por ser planejada uma tiragem baixa comercialmente, o processo de impressão ideal será a da off-set em quadricromia.

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Fig.45 espontaniedade leveza dinamismo

Fig.43

seriedade

chave textual

abertura Fig.44

Fig.40

Fig.41

Fig.42

e para que eu pudesse reavaliar alguns pontos da criação. O resultado final do logotipo e da capa não são resultados diretos desse exercício, mas sim da reflexão posterior que ele gerou. A solução adotada para o logotipo mostra algumas características visualmente interessantes quando inseridos no contexto, e que se desdobraram para a linguagem interna da revista. Ela transmite alguns aspectos positivos e agregam conceito à marca. A linguagem da capa deve interagir com o logotipo, portanto a linguagem adotada principal será a fotografia, que possa trazer algum elemento forte central. Os elementos de apoio são a chave e a moldura, que buscam conversar com a linguagem do “C” e ainda reforçar seus significados.

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40 | Resultado do Brainstorm 41, 42, 43 | Estudos iniciais de logotipo 44, 45 | Resultado final com suas características semânticas e evolução de refinamento 46, 47 | Estudo de logotipo com capa

03.b - Grid

O grid é composto por 6 colunas e será aplicado em todas as páginas da revista. Foi escolhido esse formato para que possa funcionar como uma espécie de módulo vertical, podendo ser utilizados alguns e deixando outros em branco. Outra característica é que ele pode gerar colunas de larguras diferentes, dando mais ritmo à leitura.

Fig.46

Fig.47

03.c - Tipografia

Como elemento importante da identidade visual de uma publicação, a tipografia deve ser cuidadosamente estruturada, para que ela possa transmitir o texto e a mensagem de forma eficaz, além de poder agregar maior ou menor impacto visual, conforto e beleza estética. Neste projeto, o uso de famílias tipográficas foi um aspecto que demandou muita pesquisa. Famílias que deveriam ser versáteis e diferentes, mas também ter elementos que se conversassem, além de terem aspectos estéticos que remetessem à proposta e ainda de boa leiturabilidade. Em consequência aos estudos de logotipo, chegouse à duas famílias que serão utilizadas preferencialmente em títulos, chamadas e escritas chamativas. Para textos,

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Fig.48

volorem aut illecatem cum quoLegerisQui od minvendi restia de eum endunt unt es este

Kenyan Coffee 48

Exerum ateces et antium utem ni arum hiliquam volorem aut illecatem cum quoLegerisQui od minvendi restia de eum endunt unt es estem fuga. Nam que dolupitat as modigeniatur susdamu saperferume plabor saped quam, ilis vo-

foi escolhida uma família que pudesse ser coerente com as características das outras tipografias e ainda pudesse apresentar grande variedade de estilos. Lobster – tem gestualidade com regularidade, tem peso firme e tem eixo inclinado. Ela gera dinamismo na composição, é marcante por ser pesada mas é fluida e com tom descontraído. Kenyan Coffee – também apresenta regularidade em suas larguras de hastes, alguns cantos arredondados e linhas retas. Por ser condensado, gera também contraste com outros elementos de composição da página, como blocos de texto. Os pesos que serão utilizados serão o normal e o bold, podendo variar dando mais ou menos massa aos títulos. Gandhi sans e Gandhi serif – A Gandhi sans tem largura regular, e muita personalidade em suas terminações com tom um tanto geométrico, é leve e gera manchas tipográficas não muito escuras. Esta será a família preferencial para blocos de texto. A Gandhi serif conserva algumas características da sans, porém trazendo mais seriedade e tradicionalidade. Será utilizada somente quando necessário gerar personalidade em um texto específico, buscando evitar o uso em grandes quantidades. 48 | Tipografias escolhidas tem largura regular, porém cada uma com caraacterísticas que trazem diferenciação


03.d - Elementos Gráficos

Os estilos gráficos foram definidos aos poucos, em grandes processos de tentativa e erro, frustrações e acertos. A dificuldade da criação estava em buscar a quebra da monotonia, em relacionar com o estilo do logotipo e que ainda pudesse transmitir alguns dos atributos da essência. Cada elemento pode ser inserido então com um objetivo estético e também conceitual. Chapéus, chaves, boxes laterais – esses elementos provém da linguagem do logotipo e pretendem reforçar seus conceitos no interior da revista. Ainda geram facilidade do uso de cores e interação com outras linguagens, como a escrita e fotográfica. Sobreposição e transparência – esse uso foi inserido para que possa gerar maior diferenciação entre as matérias, destaque de títulos e ampliar as possibilidades de uso, principalmente das tipografias. Cores – para que cada edição crie uma unidade e possa se destacar das demais, a paleta de cores terá como base a foto de capa. Essas cores serão utilizadas internamente, principalmente em elementos de identificação de matérias e eixos temáticos. Outras cores fora da paleta poderão ser utilizadas para títulos de acordo com o layout desejado.

04 - Sobre o Guia

No livro Novos Fundamentos do Design, consta: “Os designers criam tanto regras como peças acabadas. Se as regras são bem planejadas, outros designers serão capazes de interpretá-las para produzir seus próprios layouts, únicos e inesperados. As regras criam um arcabouço para o design sem determinar os resultados finais.(...)Criar regras e instruções é uma parte intrínseca do trabalho do design.” (LUPTON, PHILLIPS 2008). Com isso dito e sabendo dos desdobramentos e caráter de uso de um projeto de revista, que não é uma peça finalizada em si, mas que se reaplica, sentiu-se a necessidade e possibilidade de criar um Guia de Estilo para aplicar as diretrizes do projeto gráfico e editorial. Poderia ser chamado também de Memorial Descritivo do Projeto, mas aqui chamamos de guia por seu caráter orientador de uso e de ter um aparato de exemplos aplicados, e não justamente as diretrizes técnicas detalhadas de cada elemento que compõe o projeto.

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“Toda as tragédias do mundo moderno em última instância foram criadas pelos homens. Sendo assim não havia razão que os impedisse de transforma-las.” Daisaku Ikeda

Considerações Finais

Realizar este projeto me proporcionou um grande desenvolvimento técnico, um entendimento um pouco maior sobre o mercado editorial, suas práticas comerciais e sobre design editorial. Aprendi que em um projeto, a fase de pesquisa pode dizer sobre o resultado tanto quanto a fase de criação. Sobre minha própria produção e forma de resolver a problemática, percebi o quanto eu tenho à aprender e a me libertar de minhas próprias rédeas na criação e o quanto trabalhos coletivos agregam e enriquecem.

Reconheci o quanto existem projetos maravilhosos já em prática e que um designer poderia acrescentar sem precisar ser o gênio criador. “Não é preciso reinventar a roda mas sim o rodar” como diz o Guilherme Sebastiany. Algo em especial é que este processo me fez acreditar ainda mais que a comunicação pode melhorar a interação entre as pessoas e consequentemente a sociedade. E que o design pode ser ferramenta de transformação que através de seus conhecimentos e habilidades, consegue agregar bons valores a bons projetos. Tornando assim a vida dos usuários mais prazerosa e a consciência do designer mais tranquila.

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Referências de imagens

Fig.01e Fig.02: da autora Fig.03: http://www.benetton.com/colorspress70/ image_colors1570_eng.html - acessado em 21/11/2012 Fig.04: http://bimg2.mlstatic.com/vendo-banca-dejornal_MLB-F-3268726810_102012.jpg - acessado em 21/11/2012 Fig.05: http://coletivocha.com/author/ camilacontraparte/ - acessado em 21/11/2012 Fig.06 e Fig.07: http://coletivocha.com/ - acessado em 21/11/2012 Fig.08 àFig.12: da autora Fig.13: http://novo.itaucultural.org.br/wp-content/ uploads/2012/04/dezembro-janeiro-20124.pdf acessado em 21/11/2012 Fig.14: http://novo.itaucultural.org.br/wp-content/ uploads/2012/04/dezembro-janeiro-20124.pdf acessado em 21/11/2012 Fig.15: http://novo.itaucultural.org.br/wp-content/ uploads/2012/10/Revista_Continuum-39.pdf acessado em 21/11/2012 Fig.16: http://www.itaucultural.org.br/ bcodemidias/001814.pdf - acessado em 21/11/2012 Fig.17: http://issuu.com/revistasorria/docs/edi__o-28 acessado em 21/11/2012 Fig.18: http://issuu.com/revistasorria/docs/sorria18 acessado em 21/11/2012 Fig.19: http://issuu.com/revistasorria/docs/sorria20 -

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acessado em 21/11/2012 Fig.20: http://issuu.com/revistasorria/docs/sorria20 acessado em 21/11/2012 Fig.21 à Fig.25: da autora Fig.26: http://issuu.com/revistasorria/docs/sorria18 acessado em 21/11/2012 Fig.27: da autora à Fig.29: da autora Fig.30: http://www.flickr.com/photos/ veredaestreita/6888888553/in/set-72157629350785953 - acessado em 21/11/2012 Fig.31: http://portaliftv.wordpress.com/2012/10/09/ academia-divulga-lista-com-pre-indicados-a-melhorfilme-estrangeiro/726992_opalhacoinjpg/ - acessado em 21/11/2012 Fig.32: http://www.hypeness.com.br/2012/04/pimpmy-carroca-acao-tuna-carrocas-para-valorizar-oscatadores-de-lixo/ - acessado em 21/11/2012 Fig.33: http://badulaquemais.wordpress.com/tag/ sargento-pimenta/ - acessado em 21/11/2012 Fig.34: http://issuu.com/revistasorria/docs/edi__o-28 acessado em 21/11/2012 Fig.35: http://ccsp.com.br/ultimas/60703/Campanha acessado em 21/11/2012 Fig.36: http://www.hotsitespetrobras.com.br/cultura captura de tela em 21/11/2012 Fig.37 à Fig.48: da autora


Bibliografia Livros ALI, Fátima. A arte de editar revistas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 AMBROSE, Gavin; Harris, Paul. Design Thinking. Porto Alegre: Bookman, 2011 LUPTON, Ellen. Pensar com Tipos. São Paulo: Cosac Naify, 2006 LUPTON, Ellen; PHILLIPS, Jeniffer C. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac & Naify, 2008 MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997 SAMARA, Timothy. Grid, Construção e Desconstrução. São Paulo: Cosac Naify, 2007 WILLBERG, Hans Peter; Forssman, Friedrich. Primeiros Socorros em Tipografia. São Paulo: Edições Rosari, 2007

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Trabalhos de Conclusão PEQUENO,Tassiana M. Colher de Chá - O design editorial e a fotografia no desenvolvimento de uma revista de educação alimentar e nutrição. Unesp, 2012

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