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Ouviram do IpÍT&nga „ «^ ^^ Um Aer^<> o brado retumbante t. to solfpor° da liberdade, em raios fugido*. Brühou no céu da Pátria nesse instante oe o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ô liberdade. Desafia o nosso, peito a própria mortel O Pátria amada. Idolatrada, Salvei Salvei Brasil, um sonho intenso, um ralo vivido "* amor e de esperança à terra desce, e em teu formoso céu, risonho e límpido, "magem do Cruzeiro resplandece, pela própria natureza, ^gante «* belo, és grande, impávido colosso, B o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada Entre outras mil, E's tu Brasil, O' Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil. Pátria amada Brasill
Os nomes dos dias da semana «* *.*!. *,„„: sn ít "dVtn^sr*
Assim, o 1> dia foi' o .do (Os ingleses, em oWaú e os *lên,»,. c «».So*"«* esta «.igniftcatfo. (D^") Conservado
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»«tado eternamente em berço esplêndido. Ao som do mar e à luz do céu profundo ó Brasil, florão da Améría figuras, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Uo que a terra mais garrida "Nosnsh°\UndOS Camp°S *"» nuaU flores "? "° teu **> "** amores" <-> Pátria amada. Idolatrada, Salvei Salvei p
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CANAL do Panamá corta o ístmo do Panamá, entre o Oceano Atlântico (Mar das Caraibas) e o Oceano Pacífico (Golfo do Panamá). No lado do Atlântico, o levantamento dos navios, nas comportas, é feito nos tanques de Gatun, que são -feitos de três degraus ou câmaras, chamada baixa, média e alta. No lado do Pacífico, o primeiro plano fica na comporta de Pedro Miguel, e dois outros planos em Miraflõres, a quasi uma milha ao sul. Entre essas comportas, fica o lago de Miraflõres, cuja superfície fica normalmente a 54 pés acima do nivel do mar. As partes do canal com o mesmo nível do mar estendem-se entre o Oceano Atlântico e as comportas de Gatun, por 6 2/3 milhas, e entre o Pacífico e Miraflõres, por 8 milhas. A linha do canal é de noroeste-sudéste, sendo que a ponta do Pacífico dista 27 milhas a este da ponta do Atlântico. O comprimento do canal é de 44,04 milhas náuticas, ou 50,72 milhas comuns, chegando pelo menos a 300 pés de largura no fundo dos canais excavados e 110 pés de largura nas comportas, que têm um comprimento útil de .. 1.000 pés. A sua profundidade varia, nunca chegando a menos de 41' pés no mesmo nível do mar ou da superfície do lago de Gatun. 0
DE JANEIRO
Resposta com base A velhinha (escandalisada com o vocabulário de um garoto da rua) : — O que não diria sua mãe si ouvisse o que você está dizendo! "Ora, graças O garoto: — Ela diria: a Deus"! A velhinha: — Não diria nada disso! Menino feio! O garoto: — Diria, sim senhora, que ela há vinte anos é surda.
Foi o padre Idelfonso Xavier Fontoura o sacerdote que, em sessão pública, no dia setí- de setembro de 1822, proclamou, cm "Primeiro Rei do São Paulo, D. Pedro Brasil"
ANEDOTAS
HISTÓRICAS
Certa manhã. Bolívar e seu tutor passeiavam nos subúrbios de Caracas. Sanz montava um excelente cavalo; o menino via-se em dificuldades com um burro teimoso. Precisava bater continuamente com os calcanhares na barriga do bicho, senão êle empacaria, e o tutor, vista. Em dado moque já levava grande dianteira, desapareceria de irritado: mento, Sanz faz estacar a alimaria e grita, Qual! Você, meu amigo, não aprenderá nunca a andar a cavalo: imediatamente: Bolívar, E Como é que hei de aprender a andar a cavalo, quando o que me dão é um burro? De outra vez, jantava-se em casa do jurisconsulto. O menino sentiu e queixou-se em termos de rua. Sanz qualquer dorzinha impertinente — mais a boca. abra me Não repreendeu-o: Passados muitos minutos, o tutor reparou que Bolívar cruzava os braços e não comia. Menina, por aue não acaba de jantar? Não posso. O senhor mandou que não abrisse mais a boca. Estou com ela fechada! 19-14
ALMANAQUE
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lodo» os leitores que mandarem a solução exata deste conselho para a Caixa Postal, 235 — Rio, recebe-, rão. pelo Correio, uma linda coleção de livros de histórias, Inteiramente grátis. Na solução st deverá fa* t«r refarfnela ao 'Almanaque gQ TICO-TICCV,
general romano, havia firFÁBIO, mado com Aníbal, o valente chefe dos cartagineses, um tratado para a troca de prisioneiros, estipulandose que se devolveria homem por homem. Si depois disto algum dos generais fieasse com vários soldados de sobra, devolve-los-ia reunidos, recebendo por cada um certa quantidade de dinheiro. Feita a permuta, em poder de Aníbal ainda ficaram duzentos e
PATRIOTISMO E GENEROSIDADE cincoenta prisioneiros. O Senado não quis pagar o resgate e reprovou o que Fábio fizera, sem pensar em tudo quanto devia áquêle bravo guerreiro e sem se preocupar com a sorte que pudessem correr os prisioneiros. O general suportou sem protestar a injustiça e não querendo faltar à sua palavra nem deixar aqueles
soldados à mercê do inimigo, vendeu a maior parte de seus bens, embora soubesse que ia quase ficar na pobreza. O produto da venda destinou-o ao resgate dos romanos prisioneiros, não deixando um só. Muitos destes quiseram devolverlhe o dinheiro, porém Fábio nào aceitou, dizendo: — Tudo quanto exijo de vós é que ameis a pátria acima de todas as coisas, servindo-a sempre bem. 19
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A INDISCREÇÃO
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De H. RICHETTI discreto é segredo do bom viver. A indiscreção é, de todos os defeitos, o SER mais notado à primeira vista. Há pessoas com as quais evitamos palestrar, por serem indiscretas. A propósito, ouvi contar, há pouco tempo, uma hsitoria vale a pena ser repetida aqui. que"Havia um senhor já bem idoso que linha ojeriza pelas pessoas indiscretas. Certa vez, conversava êle com uma senhorita, quando esta lhe fez à queima-roupa a segninte pergunta: — Quantos anos tem o senhor? O velho respondeu, dissimulando a raiva: Não sei, senhorita. Mas j'á sou bastante idoso. Imagine, sou do tempo em que era falta de educação perguntar a idade dos outros". No entanto, querer saber a idade dos animais não é indiscreção. Muitas vezes vemos um lindo cavalo e dizemos: " Se não fosse tão velho, eu o compraria". Procuramos saberá sua idade: 12 a 14 anos. Já está velho, porque o cavalo só vive de 25 a 30 anos. O gato, que tanto nos auxilia na extinção dos ratos, atinge a velhice extrema quando aos 20 20 anos. Já seu inimigo, o rato, caduca aos 7 anos. O esquilo, ou caxinguelê, que vemos nos parques públicos, vive até ao máximo de 9 anos. O castor, que parece ser
primo do esquilo, vive seis vezes mais. O leão vive pouca relativamente à sua forte estrutura. Aos 25 anos já é um rei decrépito. Os hipcpótamos são gigantescos, ao passo que só aturam 20 anos. O leopardo, o jaguar, a hiena, aos 25 anos mal podem defender-se, e pouco mais vivem. E' voz geral que os elefantes atingem idades miraculosas — 100 a 200 anos. Na realidade, porém, esses proboscídios envelhecem aos 85 anos e raramente passam desta idade. As aves, em relação aos grandes animais, vivem bastante. Canários e pardais, bem como pombos e galinhas, podem viver até 20 anos. Dentre os animais a tartaruga é a campeã. Em cativeiro passa dos 150 anos e em liberdade chega aos 300 anos. Contrasta com os insetos. Há entre os insetos alguns que vivem apenas horas em seu estado alado. Outros, no fim de 3 dias já estão velhíssimos. A prisão é um fator do rápido eavelhecimento dos animais. Dentre eles, o que mais a sente é o macaco. Uma vez engaiolados, os símios envelhecem rapidamente. Não há razão para privarmos os animais da sua liberdade. Quando fazemos isso, roubamos-lhes o que é mais sagrado para todos 05 seres: a vida.
QUEM 10
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TICO-TICO
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3 RAZÕES PELAS QUAIS "ANDAR CERTO" '% O CALÇADO IDEAL PARA CRIANÇAS: 12 — As suas formas anafomicas, rigorosamente estudadas, asseguram um conforto integral sem causar a mínima contracção dos músculos. — 22O seu salto em feitio de 5, servindo de suporte ao arco do pé, permite que este cresça forte, evitandolhe a flaeidez e deformações. 32 — "Andar Certo", por seus modelos racionais, imutáveis 00 .so contínuo, corrige e educa a maneira de caminhar.
Casa Pnalo-B rasileira Suc&iM&dt
MAPPIN STORES
PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO • SÀO PAULO CANÇA;
QUEM
ANDA,
AVANÇA 19 4 4
ALMANAQUE
Os submarinos na antigüidade Bem se disse que não há nada novo debaixo do sol. Quem diria por exempio que a idéa da navegação submarina remonta à mais alta antiguidade e que já uma porção de sábios dos tempos remotos se ocuparam com esse mesmo assunto ? Narra, efetivamente, Aristóteles Alexandre Magno se serviu de que sinos de búzio no cerco de Tiro (332 a. J. C), mas a navegação submarina tem antecedentes menos antigos e mais exatos. Em 1538 foi apresentado a Carlos I de Castela, ou seja Carlos V, uma espécie de máquina de submersão; o mecânico William Burnes inventou máquina análoga quarenta e dois anos depois. Em 1605 Miguel Pejelui construiu um aparelho que passou nesse tempo por uma verdadeira maravilha e em 1620 o holandês Cornelio van Dreblec construiu os três primeiros, barcos verdadei ramente submarinos. Desde então para cá teem-se inventado perto de duzentos tipos de submarinos na Inglaterra, França, Itália, Espanha, Estados Unidos, etc. A penalidade imposta aos que usassem fogos de artificio na cidade de Olinda, vila de Recife e bairro de Santo Antônio, após violento incêndio ateado no Recife por um fo'prisão guete, era de dois meses em enxovia e multa de cinqüenta mil réis.
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mês de Janeiro era conO sagrado pelos romanos ao deus Jano, entidade protetora da guerra e cuja imagem tinha duas caras, uma sorridente e outra severa, para significar que a guerra é uma cousa horrível para uns e vantajosa para outros. Crio - se o seu próprio suplício tendo inveja da felicidade dos outros. Petronio
TOSSE?
C0DEIN0L NUNCA FALHA PREFERIDO PELAS CRIANÇAS POR SER DE GOSTO AGRADAVEL PREFERIDO PELOS MffiDICOS POR SER DE EFEITO SEGURO PREFERIDO POR TODOS, POR SER O REMÉDIO QUE ALIVIA, ACALMA E CURA Infalível
contra resfrladoa, asma e bronqultes
O dever é procurar gostar do que se tem de fazer. Gosthb
ALMANAQUE
Preço
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A mo desfia de Rocha Pombo Rocha Pombo foi de uma incrível modéstia e simplicidade. Dele contam este caso muito expressivo : Em nome de um grande jornal estrangeiro, alguém lhe pediu um artigo sobre determinado assunto de história nacional. Pois, não. Pôde vir buscá-lo na próxima semana. No prazo marcado, ao receber o artigo, o representante do periódico estrangeiro perguntou : Qual ê o preço de seu trabalho J Rocha Pombo, que julgava até uma grande honra colaborar gratuitamente no importantíssimo diário, ficou sem saber o que dizer. Começou a sorrir, todo embaraçado. Qual é o seu preço ? — insistiu delicadamente o visitante. E o historiador: Eu ...eu não sei... O senhor dê qualquer coisa... Mas ... Bem, para facilitar, direi quanto me paga por artigo um jornal em que estou colaborando aqui, no Rio: cem mil réis. Então o visitante, a sorrir, estendeu um cheque a Rocha Pombo. Que é isto f ! Um conto de réis I — exclamou o historiador, emociona-do. — Um conto de réis! Não, não senhor ! — Isto é muito dinheiro para o meu trabalho ! E não sabia como segurar o cheque. Parecia-lhe ter um tesouro nas mãos. Em todos os seus longos anos de trabalho, de assídua colaboração na imprensa, nunca supusera que um artigo seu pudesse valer tanto dinheiro. Um conto de réis! Virava e revirava o cheque, sem saber si devia aceitá-lo ou devolvê-lo. Isto é muito dinheiro ! Muito dinheiro ! E sorria, entre contente e espantado, como si aquilo fosse um sonho...
TICO-TICO 1
Propriedade da S. A. "O MALHO" 38.'. ANO DE PUBLICAÇÃO Diretor: Antônio A. de Souza e Silva REDAÇÃO: RUA SENADOR DANTAS, 15, — 5.° andar Caixa Postal 880 CR$ 8,00 Rio de
Janeiro II
ALMANAQUE
D'0
TICO-TICO
DEZ MINUTOS DE RECREIO Tome um lápis dos seus, de preferência o marron ou o côr de cinza, e encha cuidadosamente todos aqueles espaços que teem um ponto no meio. Só aqueles. Verá, então, que se destacará um perfil de animal, e animal muito útil ao homem.
COMPLETE
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Z-_f_
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ESTE
QUADRO
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^^_S
n Para você desenhar
(fi) Ligando
com
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linha
os números acima, pela ordem, de 1 a 43, você completará a paisagem polar.
O RATINHO QUER A SUA AJUDA... Pobre
do camondongo ! Está
com vontade de devorar aquele pedaço de queijo, mas não sabe qual o caminho, a seguir. Não haverá por aí um menino ou menina que tenha bom coração e... bom olho, que queiia achar o caminho para o coitado?
—
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Eis como, em três tempos, s* pôde desenhar um coelho. E' /«cílimo t I 19 4 4
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FARÁ A SUA INTELIGÊNCIA I |r-l
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Para adivinhar a hora escolhida
Mande alguém escolher uma hora em segredo. Está? Mande, então, contar para traz, sobre o mostrador, mentalmente, da hora escolhida até 22, a contar da hora que esteja marcando o relógio. No nosso exemplo, (fig.) eram 10 horas e a pessoa tinha escolhido 7 horas. Contou, então, de 7 a 22, para traz. O 22 caiu nas 7 horas... e com isso fica descoberta a hora escolhida.
I PERDIDO ^—3
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ADIÇÃO CURIOSA
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'Sultão" está querendo voltar para sua hospitaleiri ™asa também, com medo de ficar perdido. Quem. o ajuda a ir para ?
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|16 48 20 ^>
F2|50|58|46|5i , --¦ '—» h"-.uíuiiW em vranco alguns números que, somados, dêem esses resultados? Si não acertar, veja a solução à página 124.
5 1 .3
-—
Apresente a alguém quatro linhas de 5 pontos e a soma, assim:
Esta figura pôde ser feita com um só traço e sem levantar o lápis do papel. Veja se consegue. Si não, recorra à pág. 124.
Partindo do numer° 1, com uma t\rtha, vá ligando os números, até 37. E veja o resultado.
e^:::::>
.29
*tá»
19 9 9 9 8 e mande que, no lugar dos pontos de duas linhas ponha algarismos. Você, então, rapidamente, escreverá os algarismos das outras 2 linhas de pontos e, se a pessoa fôr verificar, a soma estara certinha! E' assim que se opera: Suponhamos que a pessoa escreveu 3 7 2 10 2 9 6 0 7
19 9 9 8 Você escreverá as outrao duas: 3 2 10 2 6 0 7 7 8 9 3 9 2 19 9 9 9 8 e... estará certa a soma. Como sf. consegue isso? E' fácil. Cada algarismo que Você escrever, deve somar, com o seu correspondente de unia das parcelas de cima (a 1.» com a 3.s c s 2.a com a 4.a) o total 9. Isso fará com que a soma total seja equivalente a esta 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
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22,, ei_^»»''»'~-i*^*,*~* —xr— ?*-*-«*».
19 9 9 9 8 Para impressionar e obter o efotto desejado, é preciso treino e, ainda, não deixar a outra pessoa perceber o... segredo.
19 4 4 13
ALMANAQUE
D'0
UMA OBRA A
LGUNS de vocês que já viram uma
dentro,
oficina
conhecem
de
jornal
por
TICO-TICO
DE ARTE
tomar Mergenthaler, cujo retrato está ilustrando estas linhas.
coadas — com o emprego de pontos, vírgulas, letras 1, parênteses, etc, de cuja combinação resultou uma ver-
deno-
Mas, si vocês repararem bem, ve-
minada Linotype, em que, por meio
rão que o retrato do inventor da má-
dadeira obra de arte.
de um teclado e por um mecanismo
quina de compor Linotype está feito
É preciso, ainda, que se note: isso é obra de um patrício nosso ! Foi o
a máquina
complicadissimo, se formam, em pequenas chapas de chumbo, que parecém tijoletas, as linhas das colunas dos jornais. As palavras, ali, ficam escritas às avessas,
como nos sinêtes e carim-
bos. As tijoletas — vamos chamar assim — postas umas em baixo das outrás, formam as colunas. E essas colunas, lado a lado, formam a página. Essa máquina é uma das mais perfeitas e engenhosas que o homem já imaginou e construiu, trabalhando de tal modo, com tanta perfeição,
que
parece ter um cérebro. Quem inventou a Linotype foi Ot-
rcfiimmm., '" '/LLL1 "1M .f((»)))))))H>>)lt) iiHiHinniunm. .tmuuiimiiiminmii jnrnnnH,í|..n , (t(amrinm—
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de tracinhos que nos lembram sinais
operário da Imprensa
Nacional, snr. Sérvulo Franco, quem, pacientemente, e monstrando sua capacidade e o conhecimento
que tem do modo de manejar a Linotype, conseguiu esse resultado. Isso serve para que vocês vejam como a paciência, a habilidade e a prática
ser
podem
aperfeiçoadas
e
levadas a um alto extremo. E
serve,
como
nós
também,
para mostrar compatriotas que
temos
são capazes de realizar coisas interessantes, não sendo só os filhos de outras terras que se aperfeiçoam e possuem habilidades curiosas.
interessantes e
de jornal. E é isso mesmo. Esse retrato do homem a quem se deve, depois de Guttenberg — que foi o in-
NA FARMÁCIA '¦-(¦¦¦
MHMhm
ventor da imprensa — o progresso a que chegou a arte tipográfica, esse retrato, repetimos, foi feito em uma das máquinas por êle inventadas — que hoje ainda estão mais aperfeiADJETIVOS
Que é isso, Casimiro ! Ignorava que te havia acontecido unia desgraça ! Nãa me aconteceu desgraça nenhuma... E por quem è que estás de luto f Por ninguém. E que a manga do casaco está rasgada... Assim, tapo o rasgão. 14
PÁTRIOS INTERESSANTES
Da Pérsia — persa, pérsico, persiano. Do Egito — egípcia, egpciano, egiptano. Da China — chino, chim, chinês. Da Arábia — árabe, arábico,. Da Judéia — judeu, judio, judaico, judengo. Da Polônia — polaco, polônio, polonês. De Java — javanês, jau.
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O FARMACÊUTICO (depois de ouvir o freguês que lhe conta seus males ) — Tome duas colherinhas deste remedio, antes do almoço e do jantar. Si não ficar curado, volte aqui que eu lhe darei um remédio que nunca falha. O DOENTE — E por que não me dá logo esse outro de uma vez f 19 4 4
MMANAPUE
MODOS
DE r
D'0
TICO-TICO
VER... /
A minha Mae E's tu, alma divina, essa Madona Que nos embala na manhã da vida, Que ao amor, indolente, se abandona E beija uma criança adormecida...
ttnusnt^f Dia frio e chuvoso. Um vento gelado sacode os vidros das janeIas e os choviscos descem em cachoeiras pelos guarda-chuvas das pessoas que andam na rua. O cliente entrando no consultorio do médico: — Que tempo, heim, doutor? Resfriados, gripes, pneumonias, bronquites. . . O médico: — E... é... Realmente, não me posso queixar...
No leito solitário, és tu quem vela. Trêmulo o coração que a dôr anseia, Nos ais do sofrimento inda mais bela Pranteando sobre uma alma que pranteia. E, si pálida sonhas na ventura O afeto virginal, da glória o brilho, Dos sonhos no luar, a mente pura Só delira ambições pelo teu filho! Pensa em mim, como em ti saudoso penso, Quando a lua no mar se vai doirando: Pensamento de mãe .é como incenso Que os anjos do Senhor beijam passando.
-J8*fgpO exército com o qual Caxias dominou a "Balaiada", no Maranhão, intitulou-se, por ordem de seu chefe, "Divisão Pacificadora do Norte".
Criatura de Deus, ómãe saudosa, No silêncio da noite e no retiro A ti vôa minh'alma esperançosa E do pálido peito o meu suspiro! ALVARES
DE
AZEVEDO
Coisas do mundo da lua .A distância da Lua à Terra é, em média, igual a 60 vezes o raio terrestre. Dizemos "em média" porque essa distância é variável, conforme a posição do nosso satélite. A máxima distância é de 64 raios terrestres e a mínima de 56. Como o raio da Terra enVnumcrf doados, 1.600 léguas (de olt'n etr°S)' aquda distância mâx^ «de ?n?4nnq,í 102 400 léguas, e a mínima de 89.600 léguas. A media é por conseguinte, de 96 mil léguas. Nesse espaço caberiam, unidos pólo com pólo, 30 globos iguais à Terra. O fio, medisse a extensão dessa que distancia teria comprimento suficiente para se enrolar de novela dez vezes em torno do equador terrestre. Uma bala de artilharia que conservasse sempre aa velocidade de 400 metros por segundo gastaria 11 dias para ir da Terra à Lua; e uma locomotiva avanÇando sempre com a velocidade invariável de .15 léguas por hora só lá chegaria ao fim de nove meses. O raio da Lua, igual a 3/11 do raio terrestre, isto e, igual a 436 léguas, dá para o astro um contorno de 2.700 léguas. O seu volume é, sensível«ente, a quinquagesima parte do volume da Terra; quer dizer: se imaginássemos a Lua reduzida ao volume de uma laranja, a Terra deveria ocupar, em proporção, um volume equivalente a meio cento de laranjas de igual tamanho,
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ALMANAQUE
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TICO-TICO
Quando os patos voam, como se cstivessem assustados, sobre a água dos rios ou dos lagos, é que o tempo vai mudar. Há mais de 500 espécies de aves cia tribu dos papagaios. Os olhos das jormigas teem 1.200 facetas por onde recebem a luz. Pedro, o Ercmita; era jrancês origem e pertencia ao convento Amicns.
UMA CARTA
A noz, o burro, Sem pancadas, Uma é fechada, Um cala, outro
ií
o sino e o preguiçoso, nenhum faz seu ofício; outro anda vagaroso, jaz sem exercício;
O benfeitor deve ser como o vento, que passa sem ser visto, não deixando contudo de ser sentido; mas não deve ser como o vento, que faz estragos por onde passa.
de de
««.«ih.,
Ao que parece, o estudar te é pesado; não* te vejo mais ir para a escola com a alegria e entusiasmo que eu desejara, Po.s sim estás te tornando vadio, não é ? Mas repara bem: que triste cousa para ti um dia sem aula! No fim de uma semana de mãos postas pedirias pára voltar, aborrecido e enjoado de viveres só brincando. Toda a gente estuda hoje em dia, meu Henrique. Lembra-te dos empregados que vão á escola, de noite, depois de trabalharem muito o dia inteiro; de outros, moços e moças, que vão estudar aos dias de domingos, depois de se cansarem toda a semana; lembra-te ainda dos soldados que se atiram aos livros e cadernos depois dos exercicios quando já vão caindo de fadiga; e dos rapazes mudos e dos cegos que ainda assim estudam!... Eia! Vamos! Henrique! o estudo, o trabalho é o progresso, a fortuna, a esperança e a gloria do mundo. Coragem! A teu pai, apraz pensar que não sejas um soldado covarde no grande exército de trabalhadores, que constitue a humanidade. Edmundo de Amicis.
Deve ser, mos nâo deve ser...
(A mulher deve ser como a cigarra, que canta para se distrair; mas não deve ser como a cigarra, que não sabe fazer mais do que isso. O pobre deve ser agradecido como o cão, que beija a mão que o afaga, :r.as não deve ser como o cão, que ladra a quem lhe não dá pão.
A polícia deve ser vigilante corno o galo, que dá o alarma continuamente; mas não deve ser como o galo, que se recolhe logo ao anoitecer.
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O sábio deve ser como a coruja, que passa em vigílias as suas noites; mas não deve ser como a coruja, que só prediz agouros. O menino deve ser como o macaco, que faz tudo quanto vê fazer, mas não deve ser como o macaco, que também imita os gestos ridículos e maus.
vi&. O músico deve ser como o galo, que nunca deixa de cantar; mas não deve ser como o galo, que briga com os outros gaios. A atriz deve ser como o papagaio, que só fala o que se lhe ensina; mas não deve ser como o papagaio, que fala tudo quanto ouve falar. ¦¦
O militar deve ser como o leão, forte entre os fortes e generoso entre os pequenos; mas não deve ser como o leão, que sacia a sua sede no sangue de seus inimigos.
Mas tanto que do ferro ou páu nodoao Os duros golpes lhe sacodem o vício: O fruto abre, o animal pés amiúda, O bronze sôa e o preguiçoso estuda. F. B. BORGES
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ALMANAQUE
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A SOLUÇÃO À PÁGINA
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ALMANAQUE
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TICO-TICO
Entre folguedos enganadores, Não vi, ai! nunca ! o meu Jesus ! Amei a glória que ao sol fulgura, Num trono de ouro já me supuz, Achei vaidades, vi a loucura, Mas nunca, nunca o meu Jesus! ;ÍW_K^l!fê3w_lflii^^^^«w__f____f^' ¦ jrfi iffVfaj^irHWrii i á_lÍ8_Í_9__'_wSrafet^<'
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Desiludido, lavado em prantos, Fugi ao mundo que nos seduz; Fui ter à porta dos claustros santos, A perguntar-lhes do meu Jesus. Lá na penumbra do altar sagrado Remindo os velhos tormentos crus Enfim escuto a voz do Amado: — "Eis-me!" responde o meu Jesus. Só no silêncio, só no retiro, Não entre flores, mas numa cruz, Acha-se Aquele por quem suspiro, Ideal eterno, o meü Jesus ! Bendito o ermo, bendita a prece, Que ao Infinito nos reconduz !
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FlEU
V| A flor dos anos, sentindo na alma ^^ Sede infinita de amor e luz, Ouvi por noite serena e calma, Voz que dizia : "Vai a Jesus !" Busquei-o, Na flor, na Mas flor e "Ai! não !
ansioso, nem sei por onde, estrela, que além reluz; estrelas, tudo responde: não somos o teu Jesus !"
Sonhei palácios ricos de fadas, Desses que o verso mal reproduz; Entre as riquezas mais encantadas, Não vi, ai! nunca ! o meu Jesus ! Andei por salas cheias de flores, Cheias de riso que amor traduz;
DOM 18
AQUINO
jJlrSÜS? O mundo todo aqui se esquece, E só me basta o meu Jesus ! De cada abrolho que às vezes piso. Logo uma rosa Êle produz, Ao mago influxo de um seu sorriso: Como é amável o meu Jesus ! Por Êle abraço a cruz mais grave Hei de levá-la nos ombros nús; Basta que nela sinta o suave E caro peso do meu Jesus! Agora e sempre, si canto ou gemo, Em feias trevas ou doce luz, Sê minha estrela, meu bem supremo, Meu Deus, meu tudo, ó meu Jesus !
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VEZ AQUI ESTA ° ALMANAQUE DO TICO-TICO MA«Í?„UMA PARA ALEGRIA DAS CRIANÇAS DO BRASIL. A CADA UM DOS SEUS LEITORES E AMIGUINHOS, DESEJA O ANO TíF QUE 1944 SEJA CHEIO DE FELICIDADES E DE PROGRESSOS nSs ESTUDOS, AGRADECENDO A PREFERÊNCIA COM QUE O SlS TINGUEM.
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19
ALMANAQUE
TICO-TICO
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ALMANAQUE
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TICO-TICO
(Condensado do livro "Historia do Mundo para as crianças") /S^ltaàL*^ j^ÉíSiiãfcrr^jKdf**
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Pedro já havia estado em Jerusalém, donde voltara cheio
gurar. Com Pedro, o Eremita, e outros chefes à frente, lá
de cólera pelo que vira. Porisso começou a contar a todo o mundo os maus tratos que os cristãos sofriam, frisando ainda
partiram os primeiros cruzados muito antes da organização imaginada pelo papa Urbano estar completa.
o absurdo que era estar o Santo Sepulcro nas mãos dos piores inimigos da cristandade. Falava ao povo nas igrejas, nas ruas,
Semelhante multidão, cuja ignorância de tudo era profunda, não tinha a menor idéia da distancia em que ficava
nos mercados, pelas estradas — onde quer que encontrasse ouvidos, e graças à sua eloqüência conseguiu impressionar
Jerusalém. Geografia para eles era coisa não existente. Mapa, não havia. Informações, todas incompletas ou erradas. Nin-
os ouvintes.
guem pensava no modo de obter alimento e agasalho pelo caminho, nem nas mais coisas necessárias a uma marcha.
Não demorou muito tempo e os cristãos começaram a juntar-se aos milhares, moços e velhos, homens, mulheres e
Selo de Ricardo Coração de Leào S cruzadas constituem um episódio muito interes-
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sante
da vida dos homens.
Havia
na
Idade
até crianças, com o fim de marchar para Jerusalém e arrancaIa às mãos dos turcos. Esses vingadores usavam como dis-
tãos que de todos os cantos saíam viajantes tcom rumo à Palestina. Era lá a cidade de Je-
tintivo uma cruz de pano vermelho, pregada às roupas. Daí o nome de cruzados, que tiveram, e o nome de cruzadas, que tiveram as suas investidas em massa.
rusalem. Queriam ver com os próprios olhos a terra onde Cristo fora crucificado, e rezar diante do seu túmulo. Esses viajantes chamavam-se peregrinos — e a via-
Quem partia para uma cruzada tinha bem pouca esperança de voltar, e porisso dispunha de touus os seus haveres — casa, mobília, gado, plantações. Seguia limpo. A maioi
gem que faziam, peregrinação. Trazer de Jerusalém uma folha de palmeira, ou outra qualquer lembrança para mostrar aos amigos e pendurar nas paredes, constituía o ideal de
parte dos peregrinos marchava a pé. Outros iam' a cavalo — entre estes os nobres.
Media tamanho entusiasmo
e fé entre os cris-
toda a gente. A viagem durava meses, às vezes anos. Nada de trens, como hoje. Nada de hotéis pelo caminho e outras comodidades. Os pobres peregrinos tinham de sujeitar-se a mil in
tinha conta, de fome ou doenças. Iam indo, iam indo. Cada vez que avistavam ao longe uma cidade, perguntavam ansiosos: "Já é Jerusalém"? Quando os turcos souberam daquela marcha de milhares e milhares de homens, reunidos em exército para expulsá-los da Palestina, sairam ao seu encontro, bem armados e bem comandados. A matança feita nos cristãos foi tremenda. O próprio Pedro, o Eremita, não escapou. Acabaram todos destruidos.
Confiavam cegamente em Pedro, o Eremita, e o seguiam. Deus havia de olhar por .eles durante a viagem. "Para a frente, soldados de Cristo"! era o grito de guerra, a cujo som massas imensas rolavam de rumo a Jerusalem. A quantidade dos que morriam pelas estradas não
Mas atrás deles vinham, muito mais em ordem, outras levas imensas, que haviam sido organizadas pelo papa Urbano e partido no tempo que ele marcara. Houve também mortandade grande pelo caminho, mas por fim chegaram a Jerusalem os sobreviventes. Quando viram diante dos olhos as "rompeu muralhas da cidade sagrada entre eles um verdadeiro delírio de alegria. Cairam de joelhos e rezaram e cantaram hinos, agradecendo a Deus o terem conseguido chegar ao termo daquela interminável e dolorosa jornada. Depois atacaram a cidade com fúria de assombrar aos próprios turcos. Nada pôde resistir ao ímpeto do assalto — e Jerusalém caiu. O principal chefe, chamado Godofredo de Bulhão, tomou conta da praça e estabeleceu um governo
O plano do papa era orga/iizar uma grande cruzada que partisse para o oriente no ano de 1099; mas tal era a ânsia
cristão — e desse modo terminou a primeira cruzada. Houve nove cruzadas, no espaço de dois séculos, porque os turcos logo depois retomaram Jerusalém, massacraram
por combater daquela gente, que não houve meio de a se-
cômodos e padecimentos.
todos os cristãos e nunca mais saíram de lá.
O pior, entretanto, era Jerusalém estar nas mãos dos turcos, povo maometano que detestava os seguidores de Cristo.. Depois dos peregrinos vencerem as mil dificuldades da viagem, tinham ainda, quando chegavam, de sofrer os
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Houve três reis metidos nas cruzadas: Ricardo, rei da Inglaterra; Felipe, rei de França e Frederico Barbarruiva,
1
rei da Alemanha. Apesar dos pesares, as cruzadas trouxeram o seu beneficto, porque nada ensina tanto como viajar, vêr novas terras, novas gentes, novos costumes. Os cruzados que morreram,
maus tratos dos turcos. Isso começou a desesperá-los, e como a situação fosse ficando cada vez pior, lá pelo ano 1099 o papa Urbano, que era o chefe supremo da cristandade, resol-
morreram; mas os que voltaram, vieram sabidissimos, e enSinaram aos que não foram mil coisas novas. Para a ignorancia espessa da Idade Media isso valeu muito. Serviu para "não a crosta do sei". Serviu tanto, que depois delas quebrar começou a raiar nova luz na Europa. A derradeira cruzada
veu reagir. E lançou uma proclamação convidando todos os cristãos a se reunirem em exército para expulsar os turcos de Jerusalém. Um monge de nome Pedro, o Eremita, homem de grande eloqüência, também se sentiu revoltado e saiu pelo mundo a Os reis Cruzados
pregar a guerra santa.
20
marcou o fim da Idade Media.
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ALMANAOUE,
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TICO-TICO
DO SUL Mas no Mediterrâ neo, seu navio foi a pi que e, tendo que refu de giar-se no império "RosimunMarrocos, do" foi aprisionado pelos árabes. Reconheceram-o como cristão por causa da c«uz que or nava seu peito, amarraram-o e levaram-o a bordo de um navio...
O Cruzeiro do Sul é bela constelação visível d< Brasil e assim chamada por que as estrelas que a com põem, desenham a form: de uma cruz. No tempo da Cruzadas, (guerras feita; pelos fidalgos europeus pa ra libertar Jerusalém) o ca valeiro "Rosimundo" partiu de França para guerreiar no Egito.
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.. ."Drizi", não tivesse pena d'ele. "Drizi" trazia-lhe alimentos e ensinou-lhe a falar a lín"Rosimungua árabe. do" explicou a "Drizi", que as naus dos cristãos, durante a noite, tinham na proa uma grande cruz luminosa. E disse:
... para ir vendê-lo como escravo a um rei muçulmano. Fechado no porão do navio, o cavaleiro sofria grandes privações e teria morrido de maus tratos se um dos guardas...
Sá
-
— Na noite em que eu vir navios com cruzes de luz na proa, já sei que os cristãos estão perto e vão me libertar. "Drizi" riu-se, porquê não acreditava que os cristãos os alcançassem. Mas, de repente, levantouse uma grande tempestade e a náu dos árabes foi arrastada para o Sul com rapidez incalculável, chegando a mares nessa época inteiramente desconhecidos. — Estamos perdidos — disse "Drizi" ao prisioneiro. Por isso o chefe mandou-te libertar. Subindo ao tombadilho, o cavaleiro disse : — Se Deus nos ajudar, veremos em pouco a cruz de luz de um navio cristão e esse navio nos salvará. 19
4 4
ALMANAQUE
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TICO-TICO
O CRUZEIRO DO SUL
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Passaram-se assim vários dias e houve intenso nevoeiro. Os viveres acabaram-se e estavam todos a bordo quasi a morrer de fome, quando uma noite "Rosimundo", olhando È^\^^^^m| ... tinha viajado tão para [ -^Ç- *í>^-_~""~~ sul. Mas de repente soltou \^J __---^, ^^ para o céu, viu várias estrelas desconhecidas. Consultou "Drium grito e- exclamou : rí^^^<^r~-i". Este também nunca . . . Olha, nobre cavaleiro ! ... ___ -^ ¦ a Cruz de Fogo JH Olha —-* *—
mi efeito, sobre uma ilha que aparecia de longe, (v via-se no céu uma cruz for1 mada por estrelas. O chefe Hdos árabes ajoelhou-se diante do cavaleiro e disse: - — Vejo que és um grande ^ ____•*-»> v~-^X_£ffi^--t ^feiticeiro. Ordena e eu te f obedecerei.
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O cavaleiro mandou rigir a náu para a cruz . ao romper do dia abordaram a uma ilha desçonhecida, mas onde havia água e muitos viveres. Aíj o cavaleiro ordenou a j construção de uma náuí como as dos cristãos, com remos, para não estar à| mercê do vento.
^^%E:^^ãT^j^^^^m WíJI Partiram e, =E__tf-i**SB ~ """*___( _r IIJ ^^"~ navegando ago=^=»-^^-_^^^^^^^-~Jm[^" ra com mais se-MS^0^/mj/fSSsWjM^^ gurança, viajaram ~^^^_^^^ sentido oposto à ^ytí|P^^ «m ~~J"~ *^^^^ Cruz de Estréias .. . _--_
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chegaram à costa de Espanha, que era nesse'malmente tempo um dos primeiros nado pelos árabes. Os viajantes países do mundo, Roverdespediram-se do cavaleimuitos presentes, porque o consideravam um ferticeü19 4
23
ALMANAQUE
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Minguinho, desobedecendo os conselhos da mamãe, escondido lá no fundo do quintal, fez um arco para caçar passarinhos.
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Mal viu um João de Barro, muito distraido, a um galho perto do seu ninho, {>ousado ez pontaria, e zás. a íléxa saiu com íôrça.
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Enraivecidos, os bichos caíram em cima do Minguinho, mordendo-o todo, dando-lhe assim o castigo merecido pelas.duas ações feias que praticou: desobedecer à mamãe e maltratar os passarinhos.
Mas por sorte da avezinha a íléxa passou por ela, e foi cravar-se naquilo que parecia seu ninho, mas não era outra coisa sinão uma enorme casa de maribondos. 24
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O AÇÚCAR Durante muitos séculos foi a cana o único vegetal do qual se obtinha açúcar. Hoje, o açúcar, tão necessário à nossa alimentação e que tem uma importãncia enorme na vida da humanidade é extraído da seiva de muitas árvores, de frutas e de milhares de flores. Nesta página vamos mostrar as principais espécies de açúcar, e de onde provêm. Em primeiro lugar, está o açúcar de cana, que é o mais conhecido.
Na índia o açúcar é fabricadp com o suco ^3 Nos países de clima temperado dos frutos da tamareira, uma palmeira que se ç2~ _ . ^3 recorre-se à beterraba, que fornece rivalienormes, encontra em grande abundância nos terrenos \g hoje quantidades arenosos e um tanto úmidos. As tamareiras atinE' bastante a cana. com zando %j^; | fabulogem 25 a 30 metros de altura. fTy cultivada, em quantidades ¦ Kussia /) ' trança, Rússia na França, Áustria, na L^t\Wr~IÊÊkW^ sas, ' Norte. S_J . , Norte. v pJ/yi América dó rica do r3* _BA /¦ (\ e fs
Na América <Jo Norte há uma árvore chamada bordo, cuja seiva depois de fervida produz Praticam-se no seu tronco incisões, açúcar. seiva sobe, até aos fins do inverno, a quando e colocam-se recipientes por baixo para receber o líquido. Um só bordo produz de quilo e meio a três quilos de açúcar por ano. A seiva é tratada como o suco da cana.
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de
SEBASTIÃO FERNANDES
deu meia volta como os aeroplanos quando querem pousar, e desceu na minha mesa. Omaribondo Assustado parei de escrever e ia apanhar um objeto qualquer para enxotá-lo, quando êle disse com voz fininha... — Espere ai. Não me precisa enxotar. Já sei que sou inimigo. Vou falar, e ao terminar eu vou embora. O Senhor estava escrevendo histórias para crianças, por isso desejo que me ouça. Estou acostumado a conversar com uma porÇão de bichos. O sapo é meu velho camarada; o macaco, sempre que tem tempo, me vem contar uma porção de coisas engraçadas. Mas nunca tinha ouvido um maribondo falar. E indaguei: Que é que você vai dizer? O maribondo endireitou-se todo como quem vai para uma tribuna e começou: Quem olhar para mim, mesmo sem reparar nos meus bigodes e meus olhos grandes, sabe que eu tenho na cauda um ferrão que, quando espeta, dói muito. Inventara que sou um bicho perigoso, porque tenho veneno no ferrão. Mas isso não é mentira. O maribondo ficou um pouco aborrecido e continuou: — Faça o favor de não rae interromper. Já sei_ que tenho ferrão e é por causa dele que todo mundo vive correndo de pau ,e pedra atrás de rnun para me matar. E por causa dessa corrida Para me matar é que eu tenho a» me defender. Toda a gente se defende com alguma coisa. O gato tem dentes e unhas como a onça; o homem tem a faca, o revólver e o canhío; a formiga, como o cachorro, morde; o elefante tem a tromba, o gavião tem garras, a cobra tem os dentes
com veneno, e todos nessa vida teem uma defesa qualquer. Então eu só é que ia ser como a minhoca, que não sabe morder? E' para não perder na luta, òu para não morrer, que uso o meu ferrão, como a abelha. Mas a abelha dá o mel!... O maribondo levantou um pouco as asas, mexeu com, os bigodes e arregalou os seus grandes olhos vermelhos. Já disse que não me interrompa. Quem é que não sabe qUe a abelha faz mel e também muito bôa cera? Mas todos olham para o mel, vão lá apanhar o mel e a cera e por isso esquecem que a abelha também tem ferrão. E que ferrão 1. Quando luto com ela é que sei como dói a picada daquele ferrão preto e pontudol... Também gosto de mel, mas como não sei fazer melado, olham só para o meu ferrão. E, logo que apareco, vão logo berrando: — "Lá vem o maribondo! Olha o maribondo 1 "E eu tenho que lutar para não dar parte de fraco, se não me matam. No entanto, .todos sabem que a abelha ferrôa, mas, por ter a casa cheia de mel, nin"lá vem a abelha!" E como a abelha guem grita: sabe que não á matam, não mete o ferrão. Encostou-se ao tinteiro, cruzou, as pernas, e continuou: A abelha gosta de açúcar e eu também. A abelha come açúcar e, porque vai fazer mel, ninguém a/mata. Eu vou comer açúcar e saem todos com pau para me matar, porque não sei fazer casinha cheia de melado. Mas ninguém ignora que rainha casinha também é muito bem feita. Pôde ventar, pôde chover; com o temporai, as casas feitas pelos homens com cal e tijoio vão ao chão e minha casa fica firme, balançando, porém não cai. Não sou tão mau as-
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sim, porque sei criar meus filhinhos e, com uma filharada, tenho que procurar comida... 0 mais importante, porém, — e foi para isso que vim falar com o Senhor — é que, só olhando para o meu ferrão — todos esquecem que sou muito amigo dos agricultores. Dos agricultores ? ! Sim, dos fazendeiros, dos que teem terras plantadas a cultivadas. Ah! se eles soubessem que sou eu quem mata todas as larvas e lagartas destruidoras das plantações!... Mas ninguém quer saber que sou eu quem acaba com os in-* setos malfeitores das árvores que dão flores e frutos... Sou conhecido por ter ferrão para morder as crianças e... pronto! No entanto, muito pior que minha ferroada é o veneno das aranhas carangueijeiras e outras aranhas venenosas. Ninguém vê quando luto com. elas e, mesmo parecendo mais fraco, saio. vencedor. E por não verem essas lutas dentro da mata, imitam São Tome, que só acreditou no que viú. Mexeu com os bigodes e, sorrindo, disse: Pôde ser vaidade, mas é verdade. Faço o bem, limpo as hortas, os campos, onde há plantaçoes, mas ninguém1 quer saber disso, ninguém ve. Todos estão vendo só o meu ferrão e a casa da abelha cheia de mel... Para todos eu sou como o mosquito, que quando não zumbe está sorrateiramente chupando o sangue dos outros. Eu só trabalho durante o dia. O mosquito é mau, espera o homem dormir e, à noite, faz zum-zum para acordar e, não fazendo barulho, vai morder covardemente. Todos são meus inimigos. "Almanaque") (Conclúe no fim do
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A aldeia de El Tebir, vivia outroVa Abdulla, filho de um mercador de carne-
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Por morte de seu pai — ferido com um couce de um desses animais — ficou senhor de todos os bens. Nâo eram muitos, pois constavam de três camelos um com duas corcovas, outro com uma, o último completamente leproso, e algumas moedas. Abdula nâo viera ao mundo para conduzir camelos; demais, na sua opinião o último d'eles não podia durar muito.
* poder dez moedas douro, e vim t deserto para tornar-me erudito. Que me podes -nsinar, grande sábio? O eremita fitou-o durante muito tempo. — Aproxima-te, Abdulla, filho de um camelo, ou... de um mercador de camelos — disse êle — e senta-te a meu lado. Quero darte uma lição. Muito contente com a concessão que lhe fizera o bom homem, Abdulla, sentou-se junto d'ele, na areia quente. O eremita passou-lhe o braço em torno do pescoço.
Acabo de dar-te parte da minha lição, da qual te deveras lembrar durante a jornada. Abdula partiu. Depois de muito andar, sentiu fome. Levou a mão ao lado e viu que lhe haviam tirado o dinheiro. Impossível descrever a confusão em que se viu o pobre Abdula. Sua primeira intenção foi voltar, pegar o eremita pelos cabelos e dar- í lhe muita pancada. Mas estava muito distante do oásis e se fazia tarde. Olhou para a mula e viu a garrafa. Disse-me o eremita que bebesse o vinho quando tivesse sede. Então, vamos a êle. f Abdula tomou a garrafa e dispunha-se a í beber, quando viu aparecer o segundo eremita. \ O segundo eremita era mais velho do que o primeiro. A barba caía-lhe sobre o peito em forma de leque. Seus dedos eram compridos e descarnados e as unhas dobradas em arco. 0 eremita fitou Abdula por algum tempo e disse: ! Aproxima-te. Que queres? Grande sábio! — gritou o rapaz — não me faças mal. Pensei em ti durante muitos dias. J Sou um pobre rapaz que procura aprender, e
O segundo eremita tomou a garrafa e bebeu o precioso liquido. Agrad ce à Allah — disse- êle enxugando a barba — a lição que te vou dar. Abdula viu que o eremita havia bebido todo o conteúdo da garrafa. Continua teu caminho, meu rapaz, e não te esqueças esta lição. ¦ O sol se escondia no horizonte e a noite tombava aos poucos; a mula moveu-se e Ábdula partiu. Nâo havia andado muito quando avistou uma gruta. Era a residência do terceiro eremita. Fustigou a mula e* quando se achou à alguma distancia, viu na estrada uma linda moça, Abdula aproximou-se: O' veneravel mãe da lua cheia! — gritou êle. Poderás dizer-me onde mora o tereeiro eremita de El Zeb? A moça olhou por algum tempo e se pôs a rir. Sim, respondeu, mora naquela gruta. Mas como a moça fosse muito bonita, começou Abdula a namorá-la. Disse-lhe muitas cousas Que tinha os olhos mais brilhantes
que as estrelas, a boca mais rosada que o coral, enfim que era mais linda que qualquer deusa. Ao terminar, porém, a moça que o admirava a^ — Vou dar-te a última lição. Chamou sustada, contentou-se em dizer-lhe': número de escravos e mandou que apligrande Lembra-te que sou a mulher do eremita cassem algumas bastonadas nas solas dos pés a quem procuras... de Abdulla. Abdulla quasi enlouqueceu, pois tinha a certeza de que ela iria contar tudo ao eremita. Estava assim atônito, quando apareceu um velho de barbas brancas. Que queres? — per guntou éle. Abdulla tremendo, ma podia abrir a boca. ^^ítT c ^^.^^tSSOÊÊKBSj IJ Sou um pobre ra mPS^--. \ aprenpaz que procura der e para isso vim ao deserto. O eremita olhou-o e depois, chamando dois escravos, disse-lhe:
-«anar Assim, resolveu vendê-los por sete moedas de ouro; d'est'arte chegou a reunir dez moedas. Dando graças a Allah, dizia êle, de si para si; — Que pôde haver melhor que o saber? — em que poderei empregar meu dinheiro mais sabiamente? Vou ter com os três eremitas do El-Zeb, que moram no deserto, e pedirei que me ensinem o que souberem. Abdulla, tomou um , saco, ajaezou umf mula e nela montado partju em demanda d( deserto. Fazia um calor nunca sentido, a areii girava-lhe em frente e a Jingxa agiíava-se-lhe na boca como uma folha seca. Por vezes, sentia-se animado ao vêr água próxima, mas dentro em pouco tornava a intristecer-se pois não passava de uma miragem. Finalmente chegou a um oásis onde morava o primeiro ererafta, ao El-Zeb. Este'era um homem muito velho. Estava sentado à porta de sua cabana, sob uma tamareira, tendo ao lado um pequeno riacho que servia para mitigar a sede. Seus olhos brilhavam muito e não tardavam em encontrar-se com os de Abdula. Este cumprimentou-o respeitosamente. — Quem está aí? — perguntou o eremita. -Ó, fonte do Saber, sou eu, Abdulla — Sou eu,o filho de um homem muito honesto, humilde mercador de camelos na cidade de El Tebir. Infelizmente faleceu. Tenho em meu
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Queres ser sábio antes do tempo. A tua idade já demonstra grande sabedoria... Colocou o braço na cintura de Abdula. E acredita — continuou êle — que muito me agrada tua conversação: estou encantado contigo. E curvando-se apanhou uma garrafa que se achava sobre a areia. Toma — disse, apresentando-a a Abdula, atônito — ela contém vinho feito com tamaras d'este oásis. Vinho! — gritou Abdulla, espantado — o profeta proíbe que se beba! Não d'êste — res•«. pondeu o eremita calma mente — não foi feito no "* "^ seu tempo, nem dele teve noticia. Esta garrafa te pertcnce, meu filho; guarda-a e bebe do vinho quando tiveres sede. Abdulla tomou a garrafa muito contente. E agora — disse o eremita — vai procurar meus irmãos que moram no deserto, afim de que eles te ensinem mais alguma cousa.
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para isso vim ao deserto. Esta manhã tinha em minha algibeira dez moedas de ouro. Mas o primeiro eremita m'as roubou, dando-me em troca esta garrafa com vinho. Fiquei sem vintem e peço-te que me ensines o que puderes.
Muito triste, v&ltou Abdulla à sua terra natal. Quando o viram chegar acercaram-se dele todos os habitantes da aldeia. — Então, Abdulla que aprendeste — perguntaram-lhe? Abdulla contou-lhes o que havia sucedido. A indignação foi geral; tomaram-n'o por um doido e deram-lhe ainda mais pancadas. Na verdade, porém, sábias tinham sido as três lições que lhe tinham sido dadas. Abdulla meditou a sós, em recolhimento, sobre elas. Se não tivesse acreditado na primeira palavra que ouviu, não teria sido ludibriado, levando a garrafa de vinho enquanto o primeiro sábio lhe surripiava a bolsa. Se não tivesse sido indeciso, nâo teria ficado sem o vinho. Se não tivesse ficado a dizer galanteios à primeira mulher que apareceu, o marido dela nâo lhe teria mandado dar aquela surra. Se se tivesse contentado com o que tinha, sem aspirar aquilo que estava demasiado acima das suas possibilidades, não teria perdido a herança paterna. O saber é coisa digna dt se desejar, é bem certo. Mas não se adquire, de uma hora para a outra, a sabedoria, a ciência, o conhecimento, sem trabalho longo e estudo demorado. Não é por conviver com os sábios que em sábios nos tornaremos. Essa era outra lição. E a mais sábia de todas, meus meninos
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Dl V ERSOS T í P O S DE HABITAÇÃO DO HOMEM
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Um dos tipos mais curiosos de moradia : a casa rodante dos saltimbancos. Além da casa comum, do arranhacéu, do palacete, outros tipos de moradia tem tido e teem os homens. Nesta página vocês vêem vários deles. Alguns bastante curiosos e revelando, cada qual, suas características próprias.
Y^^m^É^f Alguns índios constróem com este formato e aspecto suas moradas.
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1) "igloo"acasa \^ .•*" feita de gelo, do Vi ^^^J esquimó L
As construções no Egito teem seu formato e aspecto todo peculiar. 19 4 4
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Choupana — a moradia do pobre, do homem do campo.
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Na 1 ndia este tipo de casa é o que mais se encontra. Na índia como em outros países daquela região do globo.
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\^\ povos da Papuasia Os 'i i ^^ dentro em de f\ casas L >w moram
As casas do tirol, dos Alpes da Suiça, teem ^t* formato. 19 4 4
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Aventuras de Tinoco - Caçador ile Feras ms. «ic tucoi
Tinoco entende um bocado de química e anda à procura de uma combinação
de clorpfórmio que sirva para paralizar instantaneamente os animais. Com é
idéia fixa de fazer caçadas originais, aplicou sua mistura a uma bomba de
inseticida e fez prodígios cloroformizando um ferocissimo leão, um velocíssimo;
coelho e um enorme tamanduá que já se preparava para lhe dar o famoso 32
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abraço. Mister Brown fez um humanitário protesto contra a caçada química 4 4
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O | atribuída à raça greco-pelasgica a invenção do dinheiro, no começo do VII século antes de Cristo. O certo, porém, é que o dinheiro circula desde os mais remotos temPos, como instrumento de permuta, °ra em forma de jóias, ora em bar-
eram, afinal, mais cômodas para a execução dos pesos e medidas certas, e outras modificações surgiram com
ras de ferro de feitios os mais divers°s, objetos esses que se pesavam a cada transação, sistema que foi usado n° Egito, na Caldéia e na Assíria, na época de grande prosperidade nesses Países. Uma determinada quantidade de metal representava um valor fixo e correspondia a uma escala ponderaVel; assim, por exemplo, na Ásia sem'tica o siclo não era ainda moeda, mas um Peso, e a estimação das meradorias ou das cousas se fazia por 'ntermedio de uma quantidade de 0uro ou de prata em bruto. Mais tarde, com o objetivo de lap,dar as peças, de ferro e por não exis x-iu njnda serras para cortá-las e Um as para asseá-las, fizeram-nas então de tamanhos menores que
instrumentos de troca. — Assim nasceu o dinheiro.
o correr dos tempos. Colocou-se nestas peças ou maços metálicos uma marca oficial que lhe deu valor estimativo de verdadeiros
Não ficou, porém, bem esclarecido, porque tratando-se de cousa tão antiga, a verdade se torna difícil — se a primeira emissão monetária foi feita por Fridon, rei dos Argos, ou se, pelo contrario, a fizeram os lidios. Sabe-se, entretanto, e tendo-se como quasi certo, que as moedas do primeiro tinham o cunho, em alto relevo, o retrato de uma tartaruga
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— símbolismo, diga-se de passagem, pouco acertado, e- nada verosimil, pois entre o caminhar morosissimo das tartarugas e a rapidez com que o dinheiro se vai de mão em mão há uma enorme diferença. O invento se estendeu rapidamente pelo mundo helênico, e já no século
"povo VI, afirmam os historiadores, ou lugar onde houvesse um grego estabelecido, existia a moeda". Os filhos da Grécia, pois, estenderam o uso do "vil metal" por toda a terra conhecida, com excepção da China, que creou a moeda sem a invençào dos gregos e a levou para o Japão e a Coréia. O ouro, a prata e o cobre foram, de preferência, nessa época, empregados na fabricação de moedas. No Egito, porém, houve moedas de vidro; na China, de porcelana; em Roma de madeira e de barro cozido; Séneca disse que os lacedemonios as usaram de couro. A forma da moeda foi, no inicio de sua existência, ligeiramente oval, mas a circular se adotou prontamente sem dúvida para que rolasse melhor. 33
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Natal! Natal!'Enfim, Jesus nasceu! Que pequenino e lindo! Vinde vêr! Tanta humildade faz enternecer; Fez-se criança o próprio Rei do Céu!
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Um novo dia, agora, alvoreceu, De harmonia, perdão e bem-querer! Já chegam pastorinhos a correr, E Herodes, no seu trono, estremeceu! A noite, silenciosa, vai caindo, Enquanto os anjos cantam nas alturas, Jesus treme de frio, já sentido D'esta vida as primeiras amarguras. E assim começa o Creador, sorrindo. Ensinando a sofrer às creaturas!
ROSA SILVESTRE
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O signo deste mês é AQUARIO. Tem 31 dias e seu nome se deriva de Jano o deus mitológico que tinha duas faces. Neste mês se festejam a Confraternização Universal, o dia de Reis e, no Rio de Janeiro, o padroeiro da cidade, S. Sebastião. HORÓSCOPO As pessoas nascidas neste mês, serão muito felizes no comércio onde, com facilidade, enriquecerão. Como talismã devem usar as pedras ônix branco, rubi e granada. As cores que devem usar são: azul e preto e as "nuances" castanho e cinzento.
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JANEIRO flHÍIf 16 23 30 Sesonüa-íeifa 10 17 24 31 Itália 11 i8 25 Wa-leira 12 19 26 13 20 27 Oila-feiíâ ,Sexta-feira 21 28 Sábado 1 15 22 29
^Sf^^S^SSí^S^^^S^P^^BS^^S^k3^ Datas principais d a História
do Brasil
1500 (3 de Maio) — Desço- 1815 — Elevação do Brasil à brimento do Brasil, por Pecategoria de Reino. dro Alvares Cabral. 1816 — Chegada ao Brasil da 1501 — l.a expedição expiomissão artística francesa. radora. — Fundação do Museu 1818 1534 — Divisão do Brasil em Nacional. capitanias por D. João III. 1549 — Thomé de Sousa, 1.° 1822 (7 de Setembro) — Proclamação da Independência governador geral. Os prido Brasil. meiros jesuitas chegam ao 1838 — Fundação do InstituBrasil. to Histórico. 1555 — Os franceses no Rio — Estrada jde Ferro Rio1854 de Janeiro. Petrópolis. 1567 (20 de Janeiro) — Fimdação da cidade de S. Se- 1865 (11 de Junho) — Batalha Naval do Riachuelo. bastião do Rio de Janeiro. 1624 — Holandeses na Baía, 1870 — Morte de Solano Lol.a Invasão. pez. Fim da guerra do Para1637 — Conquista do Amazoguai. nas. Chegada ao Brasil de 1888 (13 de Maio) — Lei AuMaurício de Nassau. rea. Liberdade dos escravos. 1673 — Bandeira do Anhan- 1889 (15 de Novembro) — Proclamação da República. guéra. 1708 — Emboabas. 1891 (24 de Fevereiro) — Pro1710 — Mascates. — Duclerc mulgação da Constituição. no Rio de Janeiro. 1895 — Revolta de Canudos. 1711 — Daguay-Trouin vinga 1907 — Rui Barbosa na Cona morte de Duclerc. ferência de Haia. 1792 (21 de Abril) —Execução 1908 — Exposição Nacional. de Tiradentes no campo da 1922 — Fundação do Museu Lampadosa. Histórico. 1808 (28 de Janeiro) — Aber- 1930 — Governo Provisório — tura dos portos do Brasil às Presidente Getulio Vargas. nações amigas, por D. João 1937 — Nova Constituição VI. Brasileira. 19 4 4
PUZZLES i.° Com cinco pedaços de eartSo cortados como mostra a figura branca, construir uma cruz: 2° Com 4 pedaços de cartão cortados conforme o n. i, em negro, 4 pedaços conforme o n. 2 e 4 pedaços conforme o n. 3, formar um octogono regular.
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FERIADOS
NACIONAIS
Ano Bom (Circ do Senhor) I de Janeiro Tiradentes ai de Ahril Comemoração do Trabalho 1 de Maio Independência do Brasil 7 de Setembro Dia 4g Finados 2 de Novenihro ?> Proclamação da República 15 de Novcmt>ro Natal 25 de Dezembro
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O sígnó deste mês é PEIXE. Tem 28 dias habitualmente e 29 nos anos bissextos. Neste mês não há festas nacionais nem dias .lantificados. Quase sempre é em Fevereiro que se festeja o Carnaval, dependendo isso de uma quêstão ligada às fases da lua. HORÓSCOPO As pessoas nascidas em Fevereiro são geralmente alegres e comunicativas. Seus meses mais felizes são Abril e Agosto, seu melhor dia, o sábado, e suas pedras talismãs: a"Safíra, a opala ou turquesa. Suas cores preferidas devem ser o azul, o preto, o verde-claro e o róseo.
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~ ' ançao
Nós somos áa Pátria a guarda* Fieis soldados Por ela amados; Nas cores de nossa farda Rebrilha a gloria, Fulge a vitoriai Em nosso valor se encerra Toda a esperança Que um povo alcança; No peito em que êle impera Rebrilha a gloria, Fulge a vitoria I
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Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira ^ Sexta-feira
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6 7
13
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c ,JJ Quem. sente no peito invicto Ardor intenso Amor imenso, E veste a farda convicto Que brilha a gloria Fulge a vitória! E' dotado de alma forte Qusm orgulhoso Vem, ãesejoso ~ Afrontar a própria morte Que brilha a gloria Fulge a vitoriai
•«•tribuno: A paz queremos com fervor, A guerra só nos causa dor, Porém se a Pátria amada For üm dia ultrajada Lutaremos com valor. Como é sublime Saber amar, Com a alma adorar A terra onde se nasce; Amor febril Pelo Brasil Nos corações Não ha quem passei NUNCA 36
VA
PARA
A
Quando morre um camarada Na luta ingente, Valentemente, Trilha pela grande estrada Que brilha à gloriai Fulge à vitoria! A sua alma de arminho Palpita inteira Junto à Bandeira E nos segreda baixinho Visões de gloria Fulge á vitoria l MESA COM
AS
MÃOS
SUJAS
PACIÊNCIA
COM
0
DOMINO
7*4*0*1 = 12 ^ — 1 *7*1 • i *i r*"5*3*2*2-12 ~
—
*-; — s • ^ • *•
5*4*3-12 6*6-12
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Dispor quinze dominós em cinco fiadas em fôrma de esquadro ou de triângulo retângulo e escolher os dominós, de madeira que, somando as pontas dos domi» nós de cada fila, se obtenha um total igual a 12. A primeira fiada compreenderá cinco dominós; a segunda, quatro; a terceira, três; a quarta, dois e a última será constituída por um só dominó, o duplo seis. Os dnrrtinós de cada fiada serão colocsios uns por baixo dos outros; enfim, o dominó do meio da primeira fiada ,será visto de costas; as suas pontas não serão contadas.
O mês de Fevereiro tira seu nome de februalia, cerimônia religiosa que, usada em Roma, con. sistia numa purificação de todo o povo. Os romanos consagravam o mês de Fevereiro ao deus do ' mar, Netúno. 19 4 4
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^p5n O signo deste mês é CARNEIRO KM ¦?! Seu nome se deriva de Marte. Neste mês começa o Outô- _ no. Também não tem dias de ||fl[fl!fiflfl festa nacional, mas geralmen- UUIIIlliyU te é em Março que se come- n^ j f • mora a Quaresma, com a Se- ){||||||1]- PlfJ , mana Santa e seus ritos cheios a
depir;!ôsCop„ Terça-feira %%fi&x&$sz. Quarta-feira
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Seus meses mais felizes, são fluinio fnim Maio e Junho; seu melhor dia, yl||||l(Hlilld o sábado, e as pedras talis-
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Deverão optar pelas seguin- «,, ¦ tes cores: verde, azul claro 500300 ros».
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As
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Vocês sabem que certos corpos simples postos em presença uns dos outros se combinam com forte reaÇão; o ferro e o enxofre oferecem um exemplo notável. Formem então uma pasta com limalha de ferro, flor de enxofre e água; enterrem depois uma boa porÇão desta pasta (algumas centenas de gramas) a uma profundidade de 40 a 50 centímetros e tapem o buraco com terra bem batida. O ferro e o enxofre combinar-se. ão rapidamente, desprendendo calor e ao fim de alguns minutos a terra batida será levantada e projetada a uma pequena distância, ao mesmo tempo que, através da,s fendas da terra, se desenvolverão vapores carregados de enxofre. O Etna e as suas sulfatares em miwatura.
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DIZ
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Março era o mês que os antigos romanos dedicavam a Minerva e que o imperador Rômulo consagrou ao deus Marte.
O hábito é uma das maiores forças da fraqueza — Alexandre Vinet.
A
25
,0
DIA
O dia é o tempo que a Terra gasta para fazer uma rotação completa sobre o eixo e consta de 24 horas. O dia natural é o que vai do nascer ao pôr do sol, e astronómico é o que compreende o dia e a noite : principia e acaba ao meio dia e tem 24 horas seguidas, sem distinção de manhã, tarde ou noite. O dia civil é o que vai de meia noite a meia noite.
VELOCIDADE
ATÉ
1936
"records" de Damos abaixo uma lista muito interessante de velocidade em várias especialidades, registrados até o ano de 1936. Em primeiro lugar, o avião pilotado por Agello, que voou a 709 km., 209 a hora; em seguida o automóvel de Campbell, com 455 km.; a motocicleta do alemão E. Heute com 256 km., 040; a lancha do americano Wood, 200 km., 700 à hora; a locomotiva a vapor, inglesa, com 174 km.; o austríaco Garteil com ski, 136 km.; o belga Vanderstugft, em sua bicicleta, com 125 km., 815; a baleia com 120 km.; o dirigivel com 118 km.; o vaso de guerra francom 84 km.; a lebre e o cavalo com 70 km.; o cês "Le Terrible", "Normandie", com 60 km.; o corredor Peacock com o e elefante 35 km. e o nadador americano Frich, com 6 km., 350. TOLICES
NUNCA • B
APRECIADO 3/
ALMANAQUE
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TICO-TICO
O signo deste mês é TOURO. 1 /% Seu nome se deriva de ApeJT\ E5 L» Es»? 1% I rire (abrir) porque em Abril «^TL ¦ ¦ > . . ,7 ¦ .. o ano, antigamen¦ começava te. Comemora-se em Abril o n suplício de Tiradentes, eo 9 16 2^ AU *^0 UUIIIIIiyU ^ Dia da Juventude Brasileira, aniversário do Presidente Ge_. n«„..„J« („;»-, _ .x , _ túlio Vargas. 3 24 10 17 » • H O RO S.O i) P As pessoas nascidas em or 10 1 1 A Tprnjl _-fpif 51 -^O A A Ao > íjll/li iíillu ^ Abril serão de grande mentalidade e inteligência e consej ¦ *?f\ llíiFifl-lPIfrí -^ 19 1 ^ZD guirão prosperar em tudo em iZ ° que empregarem sua força 6 Seus meses mais felizes são Junho e Julho, e seu dia propício a terça-feira. Suas ÇpvtíMPli3 7 ' pedras talismãs: o diamante, ÜUAiü lUilu a ametista ou a ágata. am i Suas cores: branco e o ver- Jj[J| melho, e a combinação: roseo. WUUMUU *18•
PUZZLE
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Tome um pedaço tíc papelão f»tangular e corte em 7 pedaçoB <onforme a figura acima. Depois, com os 7 pedaços você poderá armar muitas figuras, curiosas, como as que ai estão. Com 2 jogos (14 pedaços) as figuras inda serão melhores, Barnabé tem reflexões imprevistas que fazem rir o auditório. Lendo, há dias, no jornal, a narrativa de um suicídio que tivera lugar às seis noras da manhã, exclama com convicjão: — Que maneira tão estúpida de começar o dial 38
cachalote é O um mamífero da ordem dos cetáceos. Da baleia difere no tamanho descomunal da cabeça e em ter dentas. É monstruoso. O macho atinge a 20 metros. Os seus caraterlsticos são: cabeça volumosissima, maxila suestreita, perlor comprida e ornada de uma ordem de dentes cilindricos que entram, ao fechar da boca, em cavidades correspondentes da maxila inferior, de dentes extremamente pequenos, A parte superior da enormisslma cabeça consta quase toda de grandes cavidades cobertas « separadas por meio de cartilagens e cheia de um óleo que se coalha esfriando e é conhecido no comércio como "espermacele".
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HINO DA «JUVENTUDE BRASILEIRA )) {Apresentado ao Concurso Nacional que não se rtalisou)
Como a pira, que ardente crepita Na ara santa da Pátria gentil, De entusiasmo sagrado palpita A alma nova do imenso Brasil.
Do Do Um Um
Juventude Brasileira, , Raça nobre, varonil, Marcha avante, sobranceira, Para a glória do Brasil! amazonas até ao Rio-Grande, Oceano ao longínquo sertão idioma somente se expande, só hino, um só pátrio pendão. lindas flores da Pátria querida, Alvorada de intenso luzir, São os jovens, pujantes de vida, A esperança dtjm grande porvir. Bttribi Dos sepulcros despertam, radiantes Tantos vultos de excelso valor, Apontando aos novéis bandeirantes Os roteiros da luta e labor. gãtrtbüJi*
Bravos jovens de ideais altaneiros Sentinelas da Pátria e de Deus, Sede sempre leais brasileiros, E tereis os mais ricos troféus. PADRE JOSÉ JUNGES
19 4 4
ALMANAQUE
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TICO-TICO
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O signo deste mês é GÊ-
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^* Seu nome vem de Maius aTB ¦ ¦ '"'" .¦«»-.'n- ¦ ¦ ¦ Majoribus— os velhos. Neste - ¦ mês há a festa internacional fl a m í n n a do "Dia do Trabalho", a de U U 7 "13 de Maio", abolição da es-
~t;Zot.JTr<ã Segunda-feifa brimento do Brasil. * • horóscopo-• lefca-icm As pessoas nascidas em Maio n i i fSKSC ÍBIB-Itlli suem esplêndida memória, são |Í|ijnf')
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fníro amigos leais e generosos, po1|UIlllQ rém prejudicam, às vezes, sua fl , felicidade quando se deixam SÍVlSUÍP fíl r O «uAlü HíiIU arrebatar pela ira. i n /1 Seus melhores meses são f. Maio e Julho; seu dia mais feliz a sexta-feira. uuuuuv O
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RECOMPONHA O DESENHO
HISTORIA Conta uma história, vovó... E' a voz do pequeno, à hora de dormir. E o pequeno, atentamente, ouve o começo da história: Era uma vez, meu netinho... Num país maravilhoso, onde o homem não conhecia a covardia, nem o medo, nem o que é vil. Pára, vovó... não precisas dizer qual é... esse país é o Brasil! CARDOSO FILHO
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A José II se apresentou um oficial, implorando socorro para tratamento de sua mulher e filha, doentes. "Não tenho senão 24 soberanos de ouro", disse o imperador; "Se lhe chegam, ei-los". — "E' multo, observou um cortezão. "Bastariam 24 ducados". — "Tem-nos ai?" perguntou o monarca". O oficioso eortezão aprey30U-se a tirá-los da bolsa, e a apresentá-los a José *ue, tomando-os, aos 24 soberanos, e disse ao oficial: "Agradeça a este senhor, quejuntou-os contribue comigo para o seu alivio". 19 4 4
O ouro e o ferro Guarda o Brasil nas en»--.'nhas riquezas tais e tamanhas que, em palavras imortais, um grande sábio estrangeiro, num conceito verdadeiro, ' disse de Minas Gerais : — No meu juizo ,não erro se lhe avalio o tesouro: dentr.o em seu peito de ferro palpita um coração de ouro. 'fraga Belmiro 11
ALMANAQUE
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TICO-TICO
O signo deste mês é CARANGÜEIJO. ^~ ^^ ¦ ** Seu nome vem de Juno. No ¦' ¦ dia 11 se comemora a Batalha de Riachuelo. Neste mês são fírafflíilflA as festas tradicionais de Sto. l)|||| 4 , Antônio, S. João e S. Pedro. y(j Neste mês começa o inverno. Çüminn!J~fp Fíl ».
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A pessoas nascidas em Ju-
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nunca satisfeitos com o que finório faira fazem ou conseguem obter. IJUdlld Ibllü 7 14 Exagerados em tudo, exce- #» • . # • . dem-se no comer e no beber, flll n(ft.fPirS Q ir O de sorte a sofrerem do esto- PIIIIU IwIlU 1Õ mago e do fígado. Ciwío foiro Q Seus meses mais felize3 são: jfillH-|H 1£ 10 ^ Abril e Agosto; seu melhor dia a sexta-feira, e suas pedras ÇflhoHn u.UdUU 3 talismãs: a água-marinha, 10 17 berilo e a safíra. -i
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Como nos podemos servir da rapidez do som para medir aproximativamenté as distancias? Como o som apenas percorre 340 metros por segundo, ao passo que a luz não demanda tempo apreciável para atrayessar espaço igual, pôde medir-se aproximadamente a distância de um objeto remoto, si se observar a diferença do tempo que vai entre o aparecimento da luz e a percepção do estampido de uma pistola que estoure junto a esse objeto.
A
BANDEIRA
Oh! pendão de minha terra, Símbolo santo que encerra Tanta glória e tanto amor. — Pudesse eu morrer um dia Envolto ná dobraria De teu pano multicôr ! BRANT HORTA
Por que é que a lã, o algodão, o pó de serra, etc., amortecem o som? Por que essas substâncias são compostas de partículas mui divididas è sepa'a radas umas das outras; o som, Para transmissão de suas vibrações, exige de , tudo um meio contínuo, e as vibrações 50noras facilmente se extinçmcm quando deparam com corpos moles e excessivamente divididos. Um copo muito sonoro, quando cheio dágua ou ar, diminui de som se o enchem de ehampagne, porque o som extmgne-se transmitindo-se através da mistura do líquido e gás carbônico.
<X>00<X>0<X><X>00<XX>00<X><><>0<K>0000<X>000<X><>000
PARA
VOCÊ
TREINAR
NO
DESENHO •
TiTn i 11-1111111 m 111111II fT I í Hx No seu caderno quadriculado, copie estas três figuras. Faça em cada quadrinhú um rabisco igual a: do quadrinho cowespondente e, no fim, terá copiado todo o original, sem sentir. 40
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ALMANAQUE
O signo deste mês é LEÃO. Julho não tem festas nacionais. O dia 14. recorda uma data notável para a humanidade: a tomada da Bastilha, na Revolução Francesa, dia antigamente feriado, mas que não é mais. O nome do mês deriva do de Julius César. II OU (')
O 5' O
As pessoas nascidas em Julho serão muito inteligentes, dotadas de magnânimo coração e de superior habilidade na direção de grandes empresas. Teem muito espírito crítico, não poupando os defeitos do próximo, porem zangando-se quando lhes apontam os seus. Seus melhorfes meses são: Fevereiro e Setembro.
JOGO
DE
DAMAS
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2
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Segunda Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira
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Ponto d< partida dos pioea bronco»
Ponto <J« partida dos piõca prelo»
Tem a vantagem de se poder utilizar um vulgar jogo de damas; e os peões manobram da mesma manei. ra. Mas reduz-se a isso a analogia: porque não se podem tomar prisioneiros ao adversário e não va.l "à dama". Para se ganhar a partida é preciso conseguir colocar cinco peões em linha reta, seja perpendicularmente à base da partida seja diagonalmente. Toda a estratégia do jogo consiste então em impedir o adversario de deslocar os seus peões para conseguir alinhamentos vitoriosos, bloqueando-os, isto é, dispondo peIas casas vizinhas peões que impedirão de caminhar o peão prisioneiro que era necessário para completar a série dos cinco peões alinhados.
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TICO-TICO
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Julho tem seu nome derivado de Júlio César, o reformador do calen. dário romano. Chamou-se também Quintillís porque era o quinto mês do ano do calendário de Ròtnulo.
OLHOS
12
28 29
RADIOSCOPIA BARATA
algun
r\EPOIS da baleia, que é o mais pe*^ sado e gigantesco dos animais conhecidos, o elefante é o de maior peso, pois chega a pesar mais de cinco toneladas, geralmente. Seguem, lhe o hipopótamo e o rinoceronte, com, mais ou menos, duas toneladas. A girafa poucas vezes excede de uma tonelada, o que se dá com a tartaruga do mar. O peso do urso branco varia ehtre 400 e 500 quilos. Ha anos foi morto um destes animais, nas ilhas de Spitzberg, cujo peso era de 503 quilos e medindo mais de 4 metros, do focinho à cauda. Um tigre pesa, quase sempre, 200 quilos. M. Frank Onraet, que obteve o re. cord da caça ao tigre, no Estado de Gwalior, matou muitos desses mamíferos carnívoros que pesavam de 200 a 225 quilos. Outro grande animal, de grande peso, é o gorila africano. com 200 auílos.
NOS
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Funpooa Caixa t.k»
Numa pequena caixa de pó de arroz ou de pomada, façamos dois orifícios, um no centro da caixa e outro na tampa. No interior de uma destas ¦ peças, obturemos o orifício, colando-lhe no contorno um fragmento de pena de ave; fechemos depois a caixa. Com este estranho "visador", se observarmos a nossa mão aberta colocada a uma certa distância dum fundo luminoso, teremos a sensação de ver os ossos dos dedos. Não se trata, naturalmente, de radioscopia e os raios X não intervêem. Há uma simples ilusão de ótica produzida pela difracção da luz que passa através da rede extremamente fina, formada pela pena; os raios luminosos são ligeiramente deslocados e penetram nos contornos da sombra que formam os de-
GRANDE
ÍERIGO 41
ALMANAQUE
DrO
TICO-TICO
_^ __ O signo deste mês é VIR_,! ___, ___ gem G O T O Seu nome vem de Augusto,
~" • imperador romano. Neste mês se festeja o dia de aniversário AMAinim r do nascimento de Caxias, con- uUOJII üü D sagrado "Dia do Soldado".
*~r7'7r--— —¦¦¦ n~. _,_ , 13 20 27
cito nacional e um dos gran- W-fluUUa" des exemplos para os meni- t_é1_„ i_;_-
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ler.-feira 1
. »¦ HORÓSCOPO a nascidas em l|U3l As pessoas 13 2 Agosto, serão generosas , . dotadas de muita habilidade MÍ_-IÍ.Í_ 7. Ò manual, porém não gostam de .UHIlU trabalhar, sendo preciso in- ÚM\* \a\t*\ ^j 4 centivá-las a cada momento. Seus meses mais felizes são _ Janeiro e Outubro, seu meO lhor dia o domingo. ______________
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A Inglaterra teve No momento presente, a coroa da Inglaterra tem por herdei-, ra uma menina. Esse grande império já foi governado por mulheres que foram soberanas de grande papel em sua história e nos destinos do Universo. ELISABE Elisabeth, foi uma das soberanas mais importantes da nistoria da Inglaterra e a sua época, a de Shakespeare e Bacon, é uma das mais fecundas ria literatura européia. Elisabeth, cujo duro destino levou sempre a marca de uma infância infeliz, dirigia, com a vontade de um grande chefe, o seu país em época de grandes crises políticas. Sob o seu reino deu-se o desastre da "Invencível Armada". Combateu Elisabeth o poderio imenso da Holanda, com <?rande sucesso. Enérgica, violenta, caprichosa também, a ponto de recusar audiência a üm ministro, pcrque este trazia botas que lhe desagradavam, ela é uma das mulhen 42
KEttt!
rainhas que foram grandes seus 18 anos, Victoria foi objeto soberanas de numerosos de casa-
VTSl WÍ.Sn^'tew__o_
A Rainha Elisabeth em sua corte res que deixaram marca mais profunda na história da Europa. VICTORIA Apenas subiu ao trono da Inglaterra, em pleno esplendor de
PERTENCE
iVI E S M A
pedidos mento, vindos dos quatro cantos da Europa. Coroaria em Westminter, em 1837, escolheu entre todos os pretendentes o principe Alberto de Saxe-Coburgo-Gotha, um dos pretendentes manos em evidência, tão tímido que quase foi necessário que a rainha fizesse o pedido... E Victoria amou até a morte aquele a quem fizera a Inglaterra conceder o título de principe consorte. Foi sob o seu reino, um dos mais importantes da Europa, que a Lnglaterra conheceu os grandes dias da época de Disraeli. Ao mesmo tempo se afirmava a grandeza e a união do grande império britânico, em torno desta rainha inteligente, digna, um pouco austera, mas tenaz e maternal. Quando morreu, em 1901, ela merecera, com a veneração de um povo imenso, o título afetuoso de "avó da Europa".
F A M í L I A
O O 19 4 4
ALMANAQUE
TICO-TICO
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O signo deste mês lança
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^m^mm.-.-. _.*_ SETEIVIBRO
, Era o sétimo mês do ano . _ daí o seu nome. Há nele a "Se- ~jT~ c=*aB _ mana da Pátria", festa da Independência do Brasil. Nele IHIIIilliyU 5 começa a Primavera, que tem pftf,lin(|., íft:,„ sua festa também. DCPDllEifíl 4 HORÓSCOPO
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As pessoas nascidas em SeIbll/U tembro serão muito felizes ft nas emprezas a que se dedi- nilQrKI IblIU cam, e teem decidida vocação MuUIUl fpin para a música. íliiinfo fnÍM Seus meses mais felizes são Fevereiro e Novembro, seu melhor dia: a quarta-feira Çpv|j| ffljrjl suas pedras talismãs: o jas- UuAiu IGllQ pe róseo, a opala ou a pérola. «,• • Suas cores devem ser o ama- SRilPít relo, o azul e o castanho.
Tu não és o rapaz que esteve aqui, há uma semana, à procura de emprego? Sou, siin senhor. Bem me parecia. E eu não te disse que precisava dum rapaz mais velho? Disse, sim senhor; por isso é que eu venho agora.
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A banâeipa passa.. VÒA NA LUZ 1 Ê A BANDEIRA, NOSSA BANDEIRA, QUE TEM AS CORES DAS'NOSSAS Ai
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O nome Pará vem de mbará ou mará, Que significa o mar. Batista Caetano opina por Y-pa-rá, o elemento jormativo de PARÁ, que quer dizer coletor, de águas. Positivamente o Pará é o logar onde todas °* águas do rio Amazonas e seus afluentes vão ter para se arrojar ao mar.
SEJA
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LA VAI EM MARCHA, LIGEIRA, ENTRE ALAS DE ARMAS E PALI
O mês de Setembro foi denominado em diversas épocas Tiberius, Germanicus, Antonius e Herculeus. Consagrado a Vulcano seu nome deriva-se do latim september, sétimo mês do ano romano.
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{'AÍWNIIOS
SEU SEU E O É O QUE
VERDE É UM CÂNTICO DE ALEGRIAS; OURO É A AURORA DOS SÓIS DI\ _ : CÉU DE ESTRELAS CÉU DE ESTRELAS DA FANTASIA. MORA NA ALMA DOS PEQUENINOS.-
"
AO SOL. HERÓICA. LAMPEJA E ESVOAÇA CLAR1NAM OS HINOS . . . É A NOSSA TERRA: QUE} PASSA 'NOSSOS DESTINOS ! COM O CÉU DOS
MURILO
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D'Q
ALMANAQUE
O signo deste mês é ESCORPIÃO. Era o 8.° mês do ano antigo, donde o seu nome. Nele se comemora a descoberta da América, o "Dia da Criança", a "Semana da Asa" e no dia 11 faz anos "O TICO-TICO", h querida revista das crianças do Brasil. HORQSCOFO As pessoas nascidas em Outubro serão ativas, animosas, entusiastas. Não conhecem o desalento, alcançando sempre o que desejam. São maus pagadores de dívidas, embora sejam honrados. Seus melhores meses são: Agosto e Dezembro e seu mais feliz dia a sexta-feira; suas pedras talismãs : o diamente e a opala.
TICO-TICO
OUTUBRO
Dii Segunda Terça-feira Ünts-feira Quinta-feira Sexta-feira
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11
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E L O G í O
O curso da Lua, tendo indicado a divisão do ano e meses, seus quatro quartos, distantes um do outro de sete dias mais ou menos, deram, provavelmente, origem à divisão do mês em semanas. (Do latim septemana, feito de septem, sete, e de mana, amanhã).
BEM
_ 'QUE AQUELES FRUTOS SABOROSOS ' O TEU VIZINHO COLHE, ÀS VEZES, A CANTAR, CUSTARAM, COM CERTEZA OS TRABALHOS PENOSOS DE ALGUÉM QUE JA SABIA QUE NUNCA, EM SUA VIDA, OS COLHERIA... MAS NEM POR ISSO MESMO OS DEIXOU DE PLANTAR.
CARPINTEIRO
Outubro, do latim october, oitavo mês do ano de Rômulo, era consagrado a Marte, e também teve diversos nomes, como Invictus e Fausteinus.
ASTUCIOSO
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O mês de Novembro era consagrado a Diana. Seu nome provém de november, por ter sido o nono mês do calendari© de Rômulo.
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AMIGO, FAZE O BEM: ESSE PRAZER DISPENSA A MAIOR RECOMPENSA.
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ALMANAQUE
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TICO-TICO
O signo deste mês é SAGITÁRI° NOVEMBRO ¦-* ¦T ¦ *¦* ¦ *• ^^, ¦ ^ ^""^ w Nele se homenageiam os
mortos, no dia de Finados, tejam-se-Todos-os-Santos, memóra-se a Proclamação República, a instituição
fes- — co- f)fi jH ifinft da UUIIIIIIyU 5 . . da .
%.%£****$ ScpdHm 6 tado Nacional, !_• presiden- N t pelo te,GetúlioVarmoi,o
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As pessoas nascidas em No- íjiilrfl fnirfl 1 vembro, serão dotadas de lú- l|UílllU"lüllu l 29 22 8 cida inteligência. n • 1 1 ¦ 9 Teem ambição de mando, fltl l||j|Jp _n Qy 9_ ZÓ não gostando de ser subordi- MUlHlU tlillU OU IO nadas, e procurando ser chefe pnuu íftJ«« de quaisquer movimentos. SPY fl-IP,w,,w 17 R) 24 [, *° z,-i 1 / Seus melhores meses são Fe- wwn,u vereiro e Julho; seu mais fe- Qóliillft liz dia é terça-feira, e sua pe- OdUdUu 4 25 18 dra talismã : o topázio.
FRANQUEZA
A
BANDEIRA
Da República emblema esplêndido, sagrado, Que Benjamim legou à Pátria Brasileira, Exaltas o porvir, celebras o passado. Formoso pavilhão, científica bandeira. Recorda a tua côr, a terra e o céu amado Do Brasil; o Cruzeiro indica a fé primeira , Que alenta as nossas mães, e o lema desfraldado A eterna aspiração da Humanidade inteira. E' isso mesmo! Agora, Sim! Estou de acordo com você!! Concordas? Mas, será que eu diss» alguma asneira?
CUIDANDO
Bendito sejas tu, magnífico estandarte, Que a glorioso futuro a cara Pátria guia, E que a Ordem e Progresso arvora em toda a parte; Bendito sejas tu, pendão da minha terra, Onde a Ciência e Arte em íntima harmonia, Realçam mais o amor que esse pendão encerra. REIS CARVALHO
-^ ffi^Siírí v
Por quê tanto olhas para o teu sobretudo? Estou cuidando, para que não aconteça como aconteceu com o teu, que foi roubado agora mesmo...
19 4 4
MODO DE ADIVINHAR O RESTO DE UMA SOMA, QUE QUALOUER PESSOA TENHA PENSADO Diga-se a alguem que pense um número; que o dobre; que lhe adicione um i número dado; que divida por dois o total, e tire o número pensado; ficará a ! metade da soma, que se tiver mandado adicionar. Exemplo: Suponhamos que o número pensado seja 6: dobre-se, ficam 12; i adicionem-se 8, temos 20; divida-se este total por 2, restam 10; tire-se o nume; ro pensado, que é 6, e ficam 4, que é a metade da soma que se mandou adicionar
4S
ALMANAQUE
D'0
TICO-TICO "71
O signo deste mês é CAPRICÓRNIO. E' o mês das festas, das férias, dos bons exames e do Almanaque D'0 TICO-TICO. Festeja-se nele o nascimento de Jesus, a data maior da cristandade. HORÓSCOPO As pessoas nascidas em Dezembro serão francas, e enérgicas e tão trabalhadoras que lhes faz mal aos nervos a preguiça . . . dos outros. Seus meses mais felizes são: Fevereiro e Junho, seu maior dia a quinta-feira e suas pedras talismãs: a turqueza e o carbúnculo. Suas cores prediletas são: o amarelo, o vermelho, ò verde e o preto.
é
'^M)m
Domingo SepÉ-feira Terua-feíra liarla-iaira inla-feira Sexta-feira
1 2
^Â^Uí K-;^Mk^^íJ^ fer^ft
Você conhece o PEREIRA ?
-*
Y *&¦]
O Pereira tem esse nome porque nasceu de uma pêra. Veja como foi. E experimente íaier outros Pereiras com Outras /»• tionomias
46
DEZEMBRO
FILATEL1A - o H é que é a sílaba tônica, e dizemos isto porque há muitos meninos que dizem erradamente filatélia... — tem por fim o estudo cies selos do correio usados nas diversas nações, e metodicamente colecionados. Além de constituir um agradavel passatempo, é altamente instrutiva; a filatelía contribue de fato para difundir conhecimentos de geografia, de história e de arte, da maior utilidade para as crianças, e em especial para as que já andam na escola. E' que é raro o selo que não apresente, aos olhos curiósos do seu possuidor, um episódio interessante da história dum país, o rosto duma figura heróica e genial, ou algum desenho que facilite o entendimento dos costumes de determinado povo. A filatelía é, portanto, uma fonte inesgotável de recursos para a cultura geral. Além disso, o colecionador de selos adquire hábitos de metodo, de paciência e de ordem, oue hão-de ser depois, pela vida afora, da maior utilidade.
A
3 4
10
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A PÁTRIA A pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem,por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. E' uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas enlaçadas. Multiplicai a célula e tendes o organismo. Multiplicai a família e tereis a pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância nervosa, a mesma circulação sangüínea. Os homens não inventaram, antes adulteraram a fraternidade de ensinanque o Cristo lhes dera a fórmula sublime, do-os a se amarem uns aos outros. "Diliges proJdmum tuum sicut te ipsum". Dilatai a fraternidade cristã e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade. Objetarme-eis com a guerra ? Eu. vps respondo com o arbitramento. O porvir é assaz vasto para compertar esta grande esperança. Ainda entre as nações independentes, soberanas, o dever dos deveres está ein respeitar nas outras os direitos da nossa. Aplicaio agora dentro nas raias desta : é "o mesmo resultado : benqueiramo-nos uns aos outros, como nos queremos a nós mesmos. Se o casal do nosso vazinho cresce, enrica e pompeia, não nos amofine a ventura de que não compartimos. Bendigamos, antes, na rapidez da sua medrança, no lustre da sua opulência, o avultar da riqueza nacional, que se não pódc compor da miséria de todos. RUI BARBOSA
NÃO FIQUE COM ROUPA MOLHADA : FAZ ADOECER 19 4 4
ALMANAQUE
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TICO-TICO
LIVRO é isto, Zéca? — perguntou o OUE pai, assombrado. Houve descarrilamento, ciclone, dilúvio ou incêndio?! Zéca se aproximou: Que foi, papai? Que aconteceu? Compreendia que papai exageravi. Falava em tom brincalhão. No "por entanto, causa das dúvidas", Zéca foi-se chegando com certo receio... Que sucedeu a este livro teu? — perguntou papai. Pela capa rota e pelas Tolhas soltas, suponho quê haja sido vitima de um descarrilamento e que o tiraram em estado gravíssimo de baixo de algum vagão. Faltam-lhe folhas; então, foi um ciclone que as le- | vou... E estas grandes manchas de humidade, estas letras borradas, parecem denunciar que o livro esteve perto do dilúvio, tão perto que não teve tempo para se livrar de um banho e de uns salpicos de lamal... Zéca abaixou a cabeça, envergonhado, porque, realmente, o aspecto do livrinho era de meter dó! Não sei... Não sei como isso foi!... — balbuciou. Se quizeres, vamos indagar como o caso se deu — disse o pai. Ora, vamos a saber: para que serve um livro? «r Para ler, papai. • ~ Muito bem. Para ler. Está certo. Mas, parece que, às Vezes, também serve' como parapeito, como almofada, e como tapete!., . Zéca desatou à gargalhada. Por que te ris?! Digo-te isto pelo que vi. Recordemos o que observei: hontem, à tarde, estavas
com os cotovelos apoiados no livro aberto sobre a mesa. Serviste-te dele como se fosse o parapeito de um balcão!. .. Um momento depois atiraste com o livro para uma cadeira e, distraído com a conversa, sentaste-te em cima dele!... O assento não era muito cômodo, porque, na verdade, um livro não é almofadão!.... E que não era, tiveste disso a prova, que, a seguir, o atiraste para o chão, junto aos pés da ca-
deira. "tens
De vez em quando, como bicho-carpinteiro", mudavas de posição, e — zás! —• punhas os pés em cima dele, como se fosse tapete caro ou capacho ordinário!... Fiz tudo isso sem querer, papai. Já sei. Um menino inteligente — e tu o és — não faz essas coisas propositalmente, mas por distração, por esquecimento. A propósito de esquecimento. Sabes onde encontrei o livro esta manhã? Num banco do jardim! Tinha-lo' deixado lá hontem! Encontrei-o molhado pela neblina, inchado pela humidade. Parece-me que não é a primeira vez que êle
nào quizér fazer o bem, abrande, ao menos, s QUEM suas palavras, use gestos bem serenos.
passa a noite fora... E estas manchás levam-me a crer, que esta noite o pobrezinho não tinha guarda-chuva!... Zéca sorriu, mas confuso. O pai continuou: Agora estou pensando no que vamos fazer a este livro, roto e sujo. Parece-me que faria má figura entre as coisas do teu quarto, tão arranjadinho, e suponho que, quando algum amiguinho teu te pergunte que livros tens, não te atreverás a mostrar-lhe este, no estado em que. êle está!... Não, papai. O melhor será escondê-lo. Comprarei outro com uns nickeis que mamãe me deu.. . Escondê-lo?!... Isso não. Tenho uma idéia. Vamos pô-lo numa linda caixa forrada de papel de seda, uma caixa que deixarás sempre na tua secretariazinha. Assim mesmo é que conservarás este livro! Guardar um livro tão velho assim?!... Por que não?!..'. Tenho ouvido dizer, que quando nos Estados Unidos um acidente por imprudência despedaça um automovél, deixam os restos do veículo no meio-fio do passeio, para que êle sirva de lição e dé prevenção para os automobilistas imprudentes. Com- • preendes?! Este livro, sujo e roto, estes restos de um livro, postos .na tua mesa, lembrar-te-ão a todo instante como é preciso tratar-se os livros... Vamos arranjar uma caixa para 'pelos teus que os restos entrem olhos e te .previnam sempre de que os livros servem para ler e não para estragar!... E o Zéca um livro!
nunca mais estragou
Cegue a inveja (que é vesga e ao fundo da alma pousa): n&? querer mal a alguém já è alguma cousa. MAKQCR8
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DA
CRUZ
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0 JOCO DO DOMINÓ
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O JULHO
O jogo de dominó, dizem ter sido inventado por dois religiosos, pertencentss ao convento do Monto Cassin, fundado em 529. Este jogo permitia eles se distraíssem, sem inque fringirem as regras do silêncio e o que ganhava contentava-se em murmurar para seu parceiro, o primeiro versículo das vésperas, que principia por estas palavras: Dixit Dominus domino meo. Os adeptos simplificaram rápidamente a fórmula litúrgica, conservando somente uma palavra, e esta batisou a série das pedras eu pequenos cubos marcados com diferentes pontos, que dão a cada um o seu valor.
O MILHO ¦KJ ASCI de brotei e cresci rui subindo, subln Dei folhas e ílôrei e formei um batalí Filas e mais xilas verdei as folhas f ar falhando ao vento, o batalhão do milhara! está contente. as espigas estão abertas, os.bagos parecem de ouro ' São da côr dc O. vento.torna a passar, a$ folhas entoamu canção do trabalho e da tranquítildado, da paz e da prosperidade, porquê foi dum grãc pequeno e dourado que formei o batalhão.
SEBASTIÃO FERNANDES 48
TJá Cerca de 449 anos, em 5 de novembro de 1492, dois espanhóis, incumbidos por Colombo de explorar o interior de Cuba, relataram ao regressar que haviam encontrado na ilha uma espécie de grão, denominado mais, que, depois de torrado e reduzido a farinha, constituía uma alimentagão bastante saborosa. E assim chegou ao conhecimento do homem branco uma planta que, do ponto de vista econômico, se destinava a alcançar o segundo lugar entre as plantas mais importantes do mundo. Mal sabia Colombo que este novo grão se transformaria em um tesouro sumamente mais valioso do que as especiarias que o levavam com tanto afinco a procurar um caminho para as índias rumo ao ocidente. O milho é hoje a planta mais disseminada no mundo e ocupa uma área maior do que qualquer outra, exceto'o trigo. Existem várias espécies de mi-
lho, que se dividem por sua vez em numerosas variedades. Os russos já coligiram cerca de 8.000 variedades e indubitavelmente a coleção ainda está muito longe de ter sido completada. Há certas variedades, como por exemplo as da Penínsua do Gaspé, no Canadá ou dos Pirineus, na Espanha, que amadurecem dentro de 60 ou 70 dias depois de plantados, ao passo que na Colômbia existem variedades que levam de dez a onze meses para amadurecer. A espiga varia em tamanho desde duas ou três polegadas em certas variedades de milho de pipoca até três pés em certas variedades no Vale de Jalla, no México. Os colmos desta última variedade são tão altos que a colheita pôde ser feita a cavalo, e tão fortes que se empregam freqüentemente na construção de cercados para os animais domésticos. Muitos pesquisadores -r nistoriadores, arqueólogos,, geólogos, botânicos, — vêem fazendo estudos no sentido de descobrir a verdadeira origem geográfica do milhOj e são quase unânimes na sua opinião de que o milho é originário do hemisfério ocidental, pois em nenhuma outra parte do mundo descobrem eles qualquer vestígio desta planta. Na Biblia não há menção ao milho; os gregos não possuíam palavra alguma que pudesse descrevê-lo; na arte pictórica -dos egípcios não aparece cousa alguma parecida quer com a planta quer com o fruto do milho e a literatura chinesa anterior a 1492 não revela o menor vestígio deste grão.
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VICTOR MEIRELLES um grande pintor brasileiro MEIRELLES nasceu a 18 logo o mais completo triunfo ao jode Agosto de 1832, na antiga eivem artista. O conselheiro, o senador' VICTOR dade de Desterro, hoje Florianó- catarinense José da Silva Mafra e polis, capital da então provincia d& alguns amigos do casal Meirelles, reSanta Catarina; seus pais foram Ansolveram então concorrer com os retonio Meirelles de Lima, de naciona- cursos necessários para o custeio dos lidade portuguesa, e d. Maria da seus estudos na corte. E assim, a 3 de Conceição Prazeres, nascida no Bra- Março de 1847, Vietor Meirelles com sil. Vietor, que era o primogênito do 15 anos incompletos, ingressava na casal, demonstrou desde a mais tenAcademia Nacional de Belas Artes. ra idade grande vocação para o desenho, tendo a felicidade de encontrar no emigrado platino D. Mariano Moreno um ótimo professor de desenho geométrico e um ardente encaminhador das suas tendências artisticas. O progresso de Vietor foi tamanho que D. Mariano aconselhou aos seus pais enviá-lo à corte afim de sua completar que pudesse educação. Entretanto, faltos de recursos, estes não puderam enfrentar despesa tão grande, e ' um dos maiores pintores brasi. leiros teria visto talvez aniquilada a sua vocação, se um acaso providencial não. tivesse feito pássar por Santa Catarina o conselheiro Jeronymo Francisco Coelho, que muito se interessou palos estudos do jovem princlpiante. Depois de haver examinado alguns O seu curso acadêmico foi brílhantrabalhos d» Vietor Meirelles, o contissimo, conquistando, nos dois priselheiro pressnteou-o com uma caixa prim&iros anos, a pequena e a grande tintas e pincéis, pedindo-lhe que de medalha de prata. De triunfo em em' troca lhe pintasse um aspéto pa- triunfo acabou por conquistar o prênorâmlcb da capital catarinense. O mio de viagem à Europa, seguindo jovera de_empenhou-6e brilhantepara Roma em 1853. Visitando mumente da tarefa, e de regresso à côrseus e estudando as obras dos grante o conselheiro Jeronymo Coelho des pintores, êle percorreu Nápoles, apresentou a tela ao barão Felix Emi- Florença, Veneza, Modena, Bolonria, lio de Taunay, dire-tor da Academia Parma. MUão e Turim. Depois, tendo ^e Belas Artes, que vaticinou desde sido prorrogado por mais três anos o
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prazo da sua excursão acadêmica, transferiu-se para Paris, onde, de 1859 a 1861, pintou a "Primeira Missa no Brasil", que obteve- grande êxito no Salon oficial de Paris. Regressando ao Brasil em 1861, foi condecorado pelo imperador D. Pedro II, com a insignia de cavaleiro da Ordem da Rosa, sendo logo após nomeado regente da cadeira d© pintura da Academia Nacional de Belas Artes. Na sua obra valiosa destacamse os seguintes quadros: "A Batalha do Riachuelo", "A Passagem do Humaitá", executados com autorisação do visconde de Ouro Preto, então Ministro da Marinha, e pelos quais lhe pagaram dezesseis mil cruzeiros "O juramento da Princesa Isabel", encomendado pelo visconde de Abaeté, "A Batalha dos Guararapes", feita por encomenda do conselheiro João Alfredo, "Moema", tela inspirada no poema "Caramurú", de Santa Rita Durão, "Casamento da Princesa Isabel", "O Imperador falando ao povo reunido no largo do Paço", Primeiro» e" "Os Desterrados", em que êle fixou o drama dos dois primeiros condenados portugueses abandonados no Brasil por Pedro Alvares Cabral. Entretanto, o creador de tantas obras primas morreu na mais extrema miséria num domingo de carnaVai no ano de 1903, aos setenta e um anos de idade. Mas a memória de Vietor Meirelles ficou para sempre no coração de todos os brasileiros, como um grande artista e uma bela alma.
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MANDAMENTOS CÍVICOS
Não há nada tão bonito, Tão brilhante, tão gracll Como o céu que se r&curva Sobre a terra do Brasil.
I — Viverás do amor dos que se foram, para o amor dos que hão | de vir.
Não há flores tão vistosas, De aroma ativo ou sutil, Como as flores que desbrocham Pelas veigas do Brasil.
II — Encontrarás a verdadeira alegria na utilidade da tua vida. III — Ornarás a tua casa com a virtude do teu trabalho.
Nâo há rios, cujas águas Brancas, negias, côr de anil, Tantos campos fertilizem Como os rios do Brasil.
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Honrarás os que te agazalharam, consolando os que te procurarem. •
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Praticarás a fé no teu destino para dominar a ambição dos teus desejos.
safiras, diamantes, pedrarias mil, sólo que os encerre sólo do Brasil!
VI — Só pensarás naquilo que puderes clamar a toda gente. VII — Evitarás o caminho por onde a bênção materna não te puder acompanhar.
há no mundo arvoredos levantem seu perfil linda elegância altiva palmeiras do Brasil.
VIII — Serás rico se souberes repartir a tua prosperidade. IX — Exultarás de bondade e de justiça pela grandeza do Brasil. X — Não esquecerás nunca que o mesmo céu vela sobre todos os povos. (Da "Cartilha ãa Probidade", do Professor Fernando Magalhães).
Avezinhas não existem De plumagem tão gentil, Nem de mais doces gorgeios Do que as aves do Brasil. Serras e matas, erguendo Sua fronte senhoril, Vales e grutas profundas Não há, como no Brasil. ¦ Terra bendita entre as terras Do globo ! Terra gentil, Só és tu, pátria querida, Minha terra do Brasil.
Amélia Rodrigues
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0 QUE ELES PENSARAM A glória, a saúde, o amor -- tudo -#quanto nos dá a alegria de viver -~ não se adquire com o dinheiro. Praiicois Coppée Não há mais que uma feliicdade: o dever; nem mais que uma consolação: o trabalho; nem mais que um prazer: o belo. - CARMEN SYLV1A.
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Ligando os números pela ordem, de 1 o 32. vocês verão o explorador está se lembrando, nessa hora triste... do que 50
Durante uma guerra que os romãnos sustentaram contra Pirro, rei do Epiro, combinou-se uma troca de prisioneiros. Entre e-stes se achava Fabricio. O rei mandou-o chamar e achando-se a sós com ele ofereceu, lhe uma grande quantidade de dlnheiro, afim de suborná-lo e obter dele os dados que deeejava. Fabricio manteve-se inflexível, não cedendo diante das mais tentadoras ofertas, embora o rei lhe prometesse cada vez maior soma. Fabricio retirou-se e no dia seguinte foi chamado de novo à presença de Pirro. Este havia ordenado que escondessem atrás de uns grandes cortinados o maior de seus elefantes. Quando Fabricio se encontrava con. versando com o monarca, o animal passou sua tromba pela abertura do cortinado e lançou um furioso urro. Fabricio, que jamais havia visto um elefante, permaneceu inpasslvel e disse a Pirro: — Nem teu ouro de ontem nem teu animal de hoje quebraram mipha conduta. 19 4 4
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QUELES três garotos curvada ao peso de muitas coisas que passavam a vida boas. atravessando em toE o velbo desapareceu na somdas as direções a bra úmida da' grota ... ' mata espessa do morro do Burro Fez-se um silêncio de morte. Bravo", despojavam todas as árvores Os três pequenos, disfarçando de seus frutos ainda verdes e derruo mal que lhes fizera a censura bavam cercas invadindo' os sítios daquele velbinbo misterioso, trocamais sombrios; ram palavras alheias ao caso. Uma vez o vigia de um laranjal O mais moço, então, esticou o ' fjue ficava lá para as bandas de um braço para a esquerda e falou: velho açude disparou \rê» vezes a Naquele lado ba muita velha espingarda contra os três vadios
e só Deus desviara cargas de chumbo.
aduelas goiaba.
e
pequenos da arvore
pela aumentava, embora
triste sombra se
três vida
desânimo
de
uma
começasse
a
esboçar. 4.
vez,
Uma depois
de
dágua
em torno
um
dos
derramar do
garotos, uma lata tronco,
velho
murmurou t Parece tinuará
a
que o padeiro convir. a pé. ¦
-¦
¦
, Basta!
Mesmo assim os três pequenos vagabundos não se compadeciam de uma arvore triste que erguia ao céu um feixe de galhos secos, eriçados ae varas de vísgo c enfeitados de gaiolas
dos
zelo
O
vagabundos
—
replicou o mais sensato. Quem tem razão é o velbo. Vamos cuidar dessa árvore, adubando esse terreno, umedecendo essas raízes. *•¦ ti
alçapões.
Aquela pobre arvore sofria, resignada, o vandalismo dos três pequenos e era raro o dia em tfue não se •fuebrava mais um galho, vergado pela acronacia daqueles malandros.
/__%__ / ^_\ilKd \^ v yBihoSi.i
U l_Ko|J y U
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Uma vez, quando n sol descia por detraz uo morro do Burro Bravo , apareE os três garotos, revestidos ceu um anãozinbo velbo e de longas de um aspeto mais grave, combibarbas brancas d[\ie falou aos três naram entre ' si zelar eternamente meninos: pela vida daquele triste feixe de — Uma árvore, meus amiguigalhos .secos, abandonados pelo nbos,é um presente do céu c^ue Deus destino. mandou. A sua sombra protege o Desde esse dia era freqüente lavrador cançado, abriga a fonte a visita dos três garotos à árvore contra os raios do sol. Ela abre a doente. sua fronde em milhares de llores Fizeram-lbe em torno unia cerca °íue abastecem as colmeias de mel a terra saboroso. Depois vêm os frutos, protetora, renovaram-lhe latas estéril muitas e lbe trouxeram "limenlo precioso c(ue os mercados dágua apanhadas no córrego mais trocam por dinheiro, enriquecendo °s nações. Ela sofre também o golpe prdximp. f(uc se lbe dá e fenece duando o O vigia do laranjal já tinha 'lonicm e ingrato. transformado o perfil carrancudo í>ão, meus âmiguinbos! e sorria aos pequenos dizendo:
Só a arvore triste emergia do meio daquele tapete verde, erguendo ao céo o feiice de gravetos.
De boje em diante vocês vão -— Quando todos os meninos "/aixal-a em paz. Quando ela for do mundo forem bons, o padeiro pOnlortadà pela.bondade de alguém, virá do céu num aeroplano. «¦'Ia, recamadn de llores, triuiifanlc e agradecida, Passaram-se vários meses. pagará a sua divida,
A' arvore triste amanhecera engalanada de flores, pejada de irutos, curvada ao peso de milhares de brinquedos...
r
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Depois os dias foram correndo, uns após ó utros. Veiu
a primavera.
A mata toda, exuberante, a derramar saúde por todos os galhos, envolveu a várzea e a colina.
Vieram depois outras luas.
outros
soes,
Em Dezembro, na véspera feliz do Natal, o velbo vigia do laranjal entrou a correr no .barracão onde moravam os três garotos. Vinha buscal-os, a ofegar, gaguejante
a sorrir.
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CASTELO
DO
TICO-TICO
INVENCÍVEL ^PIlw^»li»^^^^^^^^siMsi^MBloiwe»^is^»^>^^^^^»^»^M^ajj^^--
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L^Hém -JÉÊã
vez um capitão famoso estava sitiando um castelo tão bem defendido que, apesar UMA de repetidos ataques, resistia.
Eram assaltos sobre assaltos; os soldados atacantes atiravam-se com valentia admirável, mas os defensores do castelo não se deixavam surpreender.
O campo do capitão famoso já estava cheio de feridos; os mantimentos de seu exército tinham-se acabado e os soldados eram forçados a comer até os cachorros dos arredores. Nessa ocasião, um soldado, Valentim. disse: — Eu vou salvar a situação!
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INVENCÍVEL
CASTELO
Ouvindo estas palavras, o capitão Ricardo pensou que Valentim estava gracejando, mas este disse-lhe: — Falo seriamente. Preparem as escadas porque dentro de meia hora poderão assaltar o castelo sem perigo.
Disse isso e*foi
logo buscar a sua gaita^ de fole...
)HcX2f^-N__ f %> /W /'__x _*. À&kmÈ$L. n X
1 lllfci___i^ 'lk__l/l /\v^<,i_^4\<»vTj1\\T^ II il 'l uma .^_(&*? Z^ÍN-. _^-^N Itrlírv. Colocou-a sobre V£j*^**'^ 1 S/vB**_MW/ff i catapulta e atirou-a sõW«|)Ü. (• _,/l7~''_pl_\ ffX^ \uHw_í-_ flt_5 *t> >^l^\ ^wl7!__É_ W / /v brc, o castelo ir.ven7 / / "^/T|
wC^êÊ&líâM Wm<^~^&^7 -> í""lípitk*" ^^^P-B ¦rMKr^T^y^^ "2m ^^ift '" \ I I pBflf_fl_ ¦ ' li\
' Ora, imaginem que a _aita estava cheia de pai9as e. rebentando ao cair. as pulgas se espalharam Por todo o castelo. Os soldados começaram a se c°Çar tão atrapalhad Com aquilo., que nem d ram fé quando os guer re'ros do capitão Ricardo 9algaram o muro.
solldaclos do W ®s castelo ficaram muito .jfej admirados de vêr a -^^^p,
ffll nttl I N_!í
A / f | \ \ \Wil\ t \^_*^?^_»\ (l/_m 1Á ^~Wv&M \ XI i
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1V^ iT»^____a_.
_#Ç_^S^r^Í._â 19 4 4
Toda a guarnição do castelo foi aprisionada e o capitão Ricardo, vitorioso, disse a Valentirn: — Obrigado, meu amigo; mostraste-me que muitas vezes a astúcia e o raciocínio podem mais que a força.
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BOSQUE ^-"V. ü CASINHA BRANCA, A BEIRA DE UM BOSQUE DE CAMPONESES, NUMA QUE QUE ^—~^f 2s CASAL FLORIDO, VIVIA UM FILHOS. /S ^< /V FILHOS. I II TINHA CINCO / MENINO, T j£*\ ^ QUATRO MOCINHAS E O CAÇULA. UM MENINO, fM f \\ QUATRO MEIGO E ENCANTADOR. li ENCANTADOR. /-—\ V?HV ! M DIA '"~> ) EMBORA POBRES, VIVIAM FELIZES. MAS UM DIA EMBORA POBRES. \ FELICIDADE, FELICIDADE, / \^_^S \ M DE TANTA INVEJOSO MAU. UM GÊNIO Ç f LAR. (V> \M PENSOU EM DESTRUIR AQUELE LAR. i\ s~^\ EN/T E NUMA NOITE DE TREMENDA TEMPESTADE, ENXI Ml FA- \ . QUANTO O RAIO RASGAVA O CÉU, OS TROVÕES FArE / \ o V VENTO KJ Q V ZIAM TREMER DE MEDO AS ALMAS SIMPLES E O VENTO \_? | MULULANTE PARECIA TUDO DERRUBAR, ENTROU SORRATEIRO NA CASINHA BRANCA E MATOU OS DOIS CAMPONESES E AS QUATRO IRMÃS. QUANDO O MENINO DESPERTOU, PELA MANHA. VENDO OS PAIS E AS IRMÃS MORTOS. FICOU INCONSOLAVEL. E. DEBULHADO EM LAGRIMAS, IA. DE UMA A OUTRA IRMÃ, AOS PAIS, INCANSAVELMENTE, BEIJANDO-OS. BEIJANDO-OS REPETIDAS VEZES. PASSARAM-SE AS HORAS. O SOL JA SE APAGAVA NO OCASO. QUANDO UMA FADA BOA PASSOU PELA CASINHA BRANCA. LA ESTAVA AINDA O INFELIZ CORRENDO DE 1RMA A IRMÃ E AOS PAIS. BEIJANDO-OS COM SOFRFGUIDAO...
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A BOA FADA CONDOEU-SE DA SUA SORTE. E QUIZ AMENISAR-LHE A GRANDE DOR. TOMANDO DA VARINHA MAGIGA, TOCOU LEVEMENTE OS CORPOS QUE JAZIAM INERTES; E ELES FQRAM TRANSFORMADOS EM FLORES. DEPOIS. TOCOU TAMBÉM O MENINO. E TRANSFORMOU-O EM PEQUENO E DELICADO PÁSSARO DE VAR1EGADAS E BRILHANTES CORES, i FOI ASSIM QUE NASCEU O COLIBRI... E. ATÉ HOJE, O POBRESINHO AINDA ANDA Al PELOS CAMPOS E JARDINS, VOANDO DOIDAMENTE DE FLOR EM FLOR. NA ILUSÃO DE QUE BEIJA OS SEUS ENTES TAO QUERIDOS.
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Colada a página em cartolina, recorte todas as peças. Sobre as aletas Á e A, cole os braços A e A., dobrando um pouco Para diontr- Dobre a base pela linha horizontal de pontos e cole D e D em D e D. assim como a parte das pernas que vai desenhada na base em linha interrompida. Abra um corte em B por trás, enfie na cabeça do índio. Em C e E, cole respectivamente C e E. Olhe sempre o modelo. em caso de dúvida.
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SEU TERENCIO E O LIVRO INTERESSANTE
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Seu Terencio é um grande devora-dor de livros. Leilura, para êle, é o que há de mais gosloso e apreciável. Se apanha um bom livro, instrutivo, bem escrito, então, chega a esquecer o tempo, as refeições, as obrigações, tudo, tudo... E gosta de lêr ao ar livre, dando preferencia à rede, presa a duas árvores no campo que fica visinho à sua casa.
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Ora, sucedeu que há dias estava êle agarrado a um desses livros formidaveis, embebido na leitura, gozando aquelas páginas magistrais, quando um boi que pastava pelas cercanias se aproximou. O touro não gostou daquilo. Achou que ali não era lugar para leituras. ^ Implicou com seu Terencio, com a rede, com tudo aquilo, e decidiu agir.
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Vocês sabem como é que agem os touros quando se tornam furiosos Com eles, é logo na chifrada. Não há para onde apelar. O nosso, que era um touro forte, bem tratado, andou alguns passos para trás, fez uns passinhos de preparação, afiou os chifres no chão, para experimentá-los... Um, dois e tres! E investiu contra o tranqüilo e distraído leitor. 56
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Mas, quem disse que seu Terencio deu pela coisa? A rede virou, o louro, que estava em baixo, recebeu seu Terencio em cima do lombo, ficou ainda mais furioso... Mas Seu Terencio, nem nada! Estava num pedaço tão interessante do livro!!! E vejam, agora, o que aconteceu: lá se foi êle a cavalgar o touro, lendo sempre, lendo sempre...
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Nesse
Maio dc 1S88 caiu mim dnmingo domingo f% dia 13 «li "«im *a lindo e ^* • t*i]»uo por um sol dc fogo. coroando cedinho.
uma
Veio para a ma. mil pessoas I vinte de cerca
multidão -
ansiosa
O Rio, eslervilhando. caminhou para as imediações do Senadc uma As roas adjacentes do Campo de Santana despejavam multidão azaíamada
naquele dia glorioso. Todos sabiam que. apesar de domingo. íóra oelo senador Cindido dc Oliveira precipitada a 3.' discussão e respectiva votação da lei extinguindo a escravatura.
turbilhonavanparecia que enlouquecera. Chapéus sacudidos para os céus. lenços drapejavam nervosos, enQuanto foguetes estalavam barulhentos. ffc
povo
Subitamente, o estrondar rouco de canhões, longinquamente, fez emudecer um instante, a alegria do populacho, que estacou, medroso:
eram os
fortes
e os navios
que
saudavam
a data
os primeiros eatandartes. é a procissão cívica formou-se por sob uma chuva de pétalas, nia afora na direção do Paço. vetusto Seriam cerca de 3 horas, quando dava entrada no edilicio a comissão que devúi apresentar-se à' Princesa Regente Na porta
Num
gesto épico, o jornaprecipitou-se aos pés da Princesa, beijando-os. c. teatralMinha alma
A PRIMEIRA EMOÇÃO QUE O BRASIL DEU AO MUNDO Princesa Isabel, regente em nome de S. M
do Senado,
surgiram
1- -
decretou
Art. 2.* -
A
multidão
o Imr
as
coretos
ou
continha
na
alegria
doida
que
passaram
de
uma
História.
passeatas
ruidosas,
a
vi-
jornais.
A redação da Cidade do Rio afíuiu co' ¦jatravam*Jos^ de Kita! entre os qu
'H
$*e a cum-
:.il»
se
"*" Agricultura, Co-
Aa o
d? Negócios Estrangeiros do Conselho de S. M ¦
-
o
¦
Mor» de Janeiro, em 13 de Maio de c do Império. — Princesa Imperial ^^^Àuqusto da Silva'.' ; '.im na sala ipinhada
Eram precisamente
Oi »rna das |anelas. Joaquim Nabuco
num improviso elo-
quente
não se
redações dos
RevoJ
.V, rea para assinatura.
do povo. D. Isabel assinou o seguinte decivto. '*do caprichosamente pflo eahgrafo Leopoldo f
martelar, edificando
;>*nce-nez rebr.lh.ant
mércio e Oby^fl
balbuciou um agradecimento e. melancólica"seria esse um dos mais belos dias da que *«* vida se não fosse a circunstância de saber que se*» ** encontrava enfermo na Europa. Esperava, porém, emj
a
•ncei
mea, cheio de trejeitos". Ola Coelho Neto, P.-i- ¦
nbecimento c
Princesa
carpinteiros
Promoveram-se
¦
mente, declarou
Saíram serenatas e grupos de negros "recos recos" e. ã luz de archotes.
fincando postes para a iluminação .
e ela sancii
O Secretái
que êle voltasse para continuar como sempre útil à i Ptgando na caneta de ouro. oferecida por um*
começaram os
E'
pram e façam
A
lado a lado. cantando.
com seus maracás c os seus
escravidão no Brasil.
contém.
senador Dantas, vez quasi embargada pela emoção, disse algumas palavras, entregando è S. A. o autogrâlo da Lei
populares. ^ A rua do Ouvidor apinhou-se de gente. Bandos corriam,
o Sr. D Pedro 11. faz saber a todos os subditos do J*Df»
Art
joelhos
•¦"¦¦ARDE afora, noite a dentro, prolonga ram-se as festividades
sitar "A
mente, declamou estas palavras: nestes Paços. . ."
de
sobe
vitória sem igual na nossa
RAIMUNDO DE MENEZES
a Assembléia Geral
fllono- a .. .
surgiu,
lista
iiue se acotovelava nervosamente.'
nas Toda a gente ialava. gesticulando, suada, esticando-se apreciar os pontas dos pés. e empurrava-se. querendo ver tudo. menores detalhes dos acontecimentos que empolgavam a cidade,
carregado
em plena sala do trono, a figura do herói do dia: José do Patrocinio.
amável". Desde
instante,
nos braços da multidão,
comunicou ã multidão que estdva extinta a escravidão
dramático, um preto velho aproximou-se, quasi chorando, e. com a voz tremula, tartamudeou. em meio de religioso silêncio: — "Nhõ Patrucinu...
Deu du ceu bençôe suncê. Eu. pobre veio. jã não se importava do cativêro. Morte tá hi mõde liberta corpu di negru. cansadu di tiabaiá. má zére. nhó: fio. fia,
neto piquinino. esse sim. i parceiu turu. . . Rapaziada moça. esse sim, vai pruvetá liberdade. Nossinhô tá lá in cima-, ele ha di oiá suncê. nhõ Patrucinu. Antonce não hai Deu nu ceu? Viva o sarvadô di nóss! Viva!** E avançou resoluto para beijar os pés de Patrocínio, que. chorando, ergueu o negro velho, abraçando-o.
Durante
dez
dias.
o Rio
vibrou,
comemorando,
de
mi!
formas, a festa nacional da Abolição.
no Brasil.
19 4 4
57
ALMANAQUE
SABIDINHO
"levia Há muito tempo um caiai de camponeses que tinha um filho, que por ser muito esperto c inteligente chenwva-sc Sabidinho. Não muito longe da casa deles, numa caverna, vivia um gigante a quem todos conheciam pelo nome de Matatouros, c que era o terror daquela pequena população de gente humilde, pelas barbaridades que
praticava.
E então, com grande cspinto, viu que a pedra transformara-te cm um cofre c o sapo cm um anãozinho que lhe disse: -«foite bom para mim e quero rccompensar-te. Dentro deste cofre estão quatro cousas que te serão úteis. Um anel que torna in¦ visível quem o colocar no dedo; um chapéu que diz ao dono tudo quanto cie deseja saber; uma espada que corta tudo, c uns sapatos que fazem andar com a velocidade do vento.
E O
D"0
TICO-TICO
GIGANTE
MATATOUROS
^-^M**— Matatouros era de altura colossal « valia por dez ou mais homens. Era de apetite tão voraz que pare satisfazer o seu estomago roubava quantos bois c ovelhas encontrava. Para cada refeição necessitava o gigante nada menos de seis bois e outras tantas ovelhas. O pai de Sabidinho, como os outros agricultores, dizia sempre que se não procurassem um meio de dar cabo do gigante, não tardariam cm ficar completamente arruinados.
E dizendo iito o anãoiinho dciapareceu. Sabidinho tirou os objetos do cofre, pôs a espada i cinta o chapéu na cabeça, guardou o anel no bolso. E depois, calçou os sapatos. Imediatamente luas pernas começaram a mover-se com tanta velocidade que quase não tocavam o chão. E atravessou assim léguas e léguas sem sentir, em direção à caverna ép gigante Matatouros
* "¦*
*
¦
^—^^j
Aquilo deu que pensar « Sabidinho, e como era um iíbo valente começou lambem a meditar «obre t maneira de acabar com Matatouros. Aconteceu que um dia, quando pcrambulava pelo bosque cm profunda meditação, Um • sua atenção despertada por um feio sapo que coaxava, preso sob uma S'andc pedra. Dotado de bom coração, suspendeu, não tem grande esforço, • pedra, libertando o batríquio.
A caverna era a coisa mais colossal que se possa ir Era um grande buraco que il pelas montanhas a dentro. Fatia medo ao homem mais decidido, mas Sabidinho lembrou-ie do chapéu que dizia tudo quanto se desejava saber, e perguntou o que devia feier, e o chapéa mágico lhe disse: «calma c coragem, menino, para pode*' vencer. Não vacile um só minuto e nem recue.).
d__ifflr^tffl
***~~'lllc--**-7*~ Sabidinho neo esperou mais. Foi entrando pe a O m,nmo ... rT^^ menino '""o iJo '«' (., P,r« „.,. "vrar-se I;»,.,.»«.., , , mas loi em vão. MatMouroí Depois o gig.nte meteu Sabidinho dentro oc .," j j ,os formidávc , de uma ui a. dentro, grenoW tremiam com cujas paredes s evou-o com muito euid.da em colocou-o ~.1~._J. .obre »l i c ali, °«™»o meia gaiola. c E , menino o gfín_t\ ',. J» lj , cuidado panava os dias inteirinhoi pensando do *, „. gigante que dorm.a uma boa soneca. Sebidinho onde feiie falia suas pantagruelicas pantauruelie.. refeições. refeicõ.. L..,.. seus pais como EP t-.. Scou h>as nos ..... ficariam se qua aproximou-se sorrateiramente, e quando ,. desfecha, um aeguida, observando^, "como'™~ com grande curio-«i.d. f "!' """""" M" * *T* H «" ° •*-«-• « """' golpe com a espada, o brutamonle, acordou furioso ..«*__, ?'_ cri.™ TZ WTT^. \ . . nao da,.n,m.,., da estudando um meio de fu* «ante a aga-rou-o facilmente. Sabidinho -vmento daquela herrivcl prisão. Então caverna .»„.. roncos
58
19 4 4
ALMANAQUE
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Sem que êle percebes.e (oi ali o lugar onde estavam o chapéu, a espada, o anel € as botinas e os apanhou. Matatouros muito distraído acendia o cachimbo, quando Sabidinho cautelosamente aproximou-se dèlc di.postr. i atacá-lo de qualquer maneira, porém o gigante qu« lambem era feiticeiro parece que advinhou as intenções
Todas ai tardes, quando Matetouros voltava des longas cerninh.das pela. Min e.palhando o terror, «oitava d« divertir-se onde êle com Sabidinho soltando-o sobre a grande min, de u»n não podia pular io chão poif er. de uma altura incrível. Mal rolo de cotda, dia, o gigante esqueceu $ôbre a mesma um grosso no momento em que o brulaque «ocava o chão, e o garoto, montei esteve distraído, escorregou por ela e chegou ao solo.
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« sehl pulo formidável levantou-se rápido, pelos perseguindo Sabidinho, qu«, ajudado sapatos mágicos, corria muito, m_ mesmo assim quafi ficou esborrachado sob o pé enorme do gigante que dava cada passada quilométrica. E quanto mais Sabidinho corria, mais corria, o gigsMytt.
Dando
um
furioso
,udo • rasryi __£r___±£ tttttt&^tzzz. Urrando de raiva, levantando poeira como que, derrubando tudo o que enorme . irritava ainda ate voar. .- — . -E iito o, quno garoto, perecia •»» que p«i*viterrível gigante, que redobrava o. golpe, com ¦ata ferocídad
D. repente, Sabidinho lembrou-., do. poder,, magreo.
O gigante soltou yj* urro de raiva que fez estremecer toda a floresta. Sabidinho que se tornara invisível começou
chão. t Sabidinho
outro, e éle cada ver mais posseiso procurave-o cm todoa os burgos das arvores, do chão, debaixo das pedras cm todos os cantos possíveis.
fumaça levantou-.e nuvem de, gigante hcou espantado q ÚVndõ"viu* tinha desaparecido.
... duas noites *tm um E lavaram naquilo > j.genl^quc instante de trégua, m nada ter cernido enfreera um gastrônomo Ia M e íle, Queetu tanto, tanto, que as pernas fraquejarem ' ¦ podar mstiièJ'A í' tem forças, caiu a i levantar-se
ma
do
que
Sabidinho voltou então a »«r o Sabidinho cm carne Mas loja pensou en> agradecer ao misterioso anãoiinho, c do mon.tro re.olulemente e com ele apareceu c disse: — Aqui estou novamente, meu menino. e osso. Aproximou-se um golpe certeiro cortou-lhe a cabeça. Entusiasmado c nada agradeças. Volta para casa de teu. pai. c guarda bem com a própria façanha, em vertiginou carreira levado esta lição: Por maior que seja o mal, nós podemos venec-lo o caminho «mpre, por mais fracos- que seja _os. A questão i querer, pelos sapatos mágicos tomou ancioso porquê de casa. querer é poder.
19 4 4
5?
ALMANAQUE
OS
D'0
TICO-TICO
IDO I S BURGOS i
i
»
....
¦—-
Dois burros tinham que levar ao mercaclo um saco de esponjas e um saco de açúcar. O primeiro burro, iulgando-se muito esperto, agarrou logo o...
. . . saco de esponjas, que era muito leve e deixou ao outro o saco de açúcar, que era muito pesado. O burro pequeno pediu ao burro esperto que o ajudasse um. . .
...pouco, porque estava muito cansado. Mas o esperto, além de não querer auxiliá-lo, ainda zombou dele, dizendo: — Para que você foi tolo, e não...
. . .escolheu o saco mais leve. como eu fiz? — Mas aconteceu que logo adiante tinham que atravessar uma ponte.
————
O burro pequeno estava que já não podia mais. Suplicou ao outro que o deixasse descansar um pouco trocando de cargas.
Mas o outro não quiz e se meteu pela ponte, arrastando-o. De repente a ponta se partiu e os dois burros cairam nagua.
<&K,\
*s~3^—
E aconteceu o que era de se esperar: o assucar se dissolveu na água e o saco ficou quasi vasio e leve permitindo ao burro pequeno alcançar a outra margem. Ao passo que as esponjas, embebendo-se de água. ficaram tão pesadas que o burro quasi morreu afoqado. 60
19 4 4
ALMANAQUE
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A-lütBmi ( C ¦^A ¦¦imi^__ ^iiibiiimimi^ \ .) V
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DESVIAMOS AS VAGAS DA ENXURRADA /^ ^> f >^> ^ E AGORA É SÓ FORMAR A PLANÍCIE E AS COLINAS ° JÊ^L. MOLDAREMOS NO BARRO UMA NOVA PAISAGEM! í—*T p^
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COM SEIXOS FORMAREMOS MORROS BRANCOS; f E PLANTAREMOS MATAS PEQUENINAS, / VERDES, PELOS BARRANCOS DA BARRAGEM... I
<=^ -. '£ {D^L ^^^^ J»\.X—^^^ ^XV ^ fW>» / C \V / /VA rsA l\ o Y\ /
BÉÍ
V \—-^) ° \\ZV]\ ft»J, Jk\_J^.Jj
V~~///5^V^ J L / / >\ J // \ ~ / / \\ / \ a-v/ í JTsM^/ cLA \\
MAS COM NÓS COM
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RIOS EM MINIATURA, PONTEZINHAS. CAMINHOS, ^"*) /~\ / V ILHAS DE ENCANTAMENTO, CATARATAS, MOINHOS, } \/~~^ BURGOS DE UMA ARROGANTE ARQUITETURA V^l V C> /y \ hao de SURGIR DE NOSSAS MÃOS QUASI DIVINAS i> ENCHENDO OS OLHOS DE DESLUMBRAMENTO / Sy » CAMARADAS! QUE BOM DESSE LIMO FECUNDO \ J^o^ VER DESPONTAR FM NOSSAS MÃOS UM MUNDO! /C^r^ \
QUANDO HOMENS. TAMBÉM. DEUS PERMITA QUE UM DIa4 O MESMO ESFORÇO, O MESMO ABENÇOADO SUOR. r""*^ POSSAMOS CRIAR, COM ORGULHO E ALEGRIA P } < A TERRA DA PATRIA OUTRO MUNDO MELHOR!
U O ° r^rV \ \r\^^ \
TICO-TICO
I ui? CAMARADAS! QUE BOA ESTA TERRA MOLHADA \ NAS MÃOS. EM PASTA FINA! «Jj^^íTN. \
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61
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OCÊS conhecem as notas musicais? Elas são sete: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, e Si. Agora vou contarlhes a história daquelas notas, que são ás pessoas mais unidas deste mundo. Prestem atenB *
ção. Havia, há anos, num país distante, uma onde somente vam meninos.
muito:, muito cidade mora-
acreditam? É a pura verdade! Vocês vào vêr. Não
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ALMANAQUE
tTO JÇqTIÇQ—
alta apenas falar de um. É de Si. Si era um menino muito interesseiro. Era o mais velho de todos, e só fazia aiIn. K^Ên \ / .gujna coisa para os outros, caso lhe pagassem. Era inútil pedir-lhe algo sem oferecer compensação. A GORA, meus amiguinhos, que vocês já conhecem as sete notas, e satiem lè elas tinham gênios diferentes, devem auerer *• saber co mo vieram a tornar-se tão **— ^¦""jfc^v, \ ¦ W amigas, a ponto de serem as pessoas mais B^ • jc$V Jtj \ r ^P ^^^»^*»^ unidas deste mundo. É uma história muito interessante e que vocês não devem igno"^^^^SgBBPP^B '^-*-""híi 1 |H (:í-— rar. Graças à união das notas musicais é que os homens-podem compor as lindas
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Dó era uma menina muito pobre, magrinha e tímida. Seus vestidos limpinhos, mas remendados, não conseguiam ocultar sua formosura. Era bela como um anjo. Todos os dias ela ia até a cidade, depois de percorrer cinco estradas e atravessar quatro rios, afim de conseguir dinheiro, que a bôa menina levava todinho para sua mãezinha velha e doente. Ré era um menino muito preguiçoso, incapaz de ajudar a outra pessoa. Não ia à escola, não andava, não falava e quasi não comia para não ficar cansado. Felizmente era rico e não precisava trabalhar.
Mi, irmã de Ré, era uma menina egoista, vaidosa, e que gostava de humilhar os pobres. Mi era muito estudiosa. Possuia bons livros e se esforçava por ser a primeira aluna da classe. Tudo afim de menospresar os colegas que não tiA nham professores particulares, nem dinheiro para comprar o material escolar. Fá era uma menina muito rica, mas bastante simples. Gostava de ajudar o' próximo e não deixava sem socorro os necessitados. Por isso tinha sempre a conciênçia tranqüila dos que praticam boas ações. A caridade de Fá tornava-a querida de todos, e também a mais invejada. Sol era um menino pobre, porém muito inteligente e aplicado. Tirava quasi sempre as melhores notas do colégio, mesmo estudando nos livros dos outros. disso, não era egoista. Gostava de aos amigos, ensinando-lhes as liVocês pensam que Lá era uma meni na? Pois estão enganados! Lá era um menino muito educado. Os colegas faziam gracejos por causa do seu nome, mas êle nào se zangava. Era um menino tão bom, que dividia com os outros a merenda, a ponto de, às vezes, ficar com fome. E pela noite ainda trabalhava, afim de ganhar a vida.
62
19 4 4
melodias que vocês conhecem e apreciam. Não é verdade? Então escutem. Certo dia, ao entardecer, a pequenina Dó estava aflita. A coitada não havia conseguido o suficiente para comprar um remédio de que necessitava sua màezinha. Estava a pobre menina a ponto de desesperar de dôr, quando encontrou Fá, que muito lhe ajudou. Foi então nesse dia que Sol teve a genial idéia de fazer com que os ricos ajudassem à necessitada. Com a ajuda de Lá, fez que se espalhasse a notícia de que a filha do Rei havia fugido e vivia como se fora uma mendiga. Por tal forma as coisas se fizeram, que a descrição da prineezà condizia com os traços fisionômicos da menina Dó. Mi exultou com a notícia. Caso ela encontrasse a princezinha, e a tratasse bem, o Rei, por certo, haveria de condecorá-la. Talvez até que a soberba tenha pensado em fazer-se passar pela prineezà. Mas isto era por demais arriscado e ela teve receio de ser descoberta. Ré, comodista, não se interessou pelo caso e recusou-se a ajudar a irmã. Em dada manhã, Dó vai ter à casa de Mi e pede uma esmola. A orgulhosa, como de costume, ia responder que não tinha nada para lhe dar, quando, reparando melhor, reconheceu na pequena rota e "a filha do Rei". faminta
D'0
ALMANAQUE
TICO-TICO
0 alvoroço em casa de Mi foi enorme. A criadagem teve ordens imediatas de preparar o melhor aposento e servir as melhores iguarias à pequenina Dó. Esta ficou perplexa, pois nunca, nem mesmo em sonhos, tinha visto tanto luxo. Enquanto Mi se desvelava em obséquios para com a suposta princeza, a notícia do achado desta chegou até aos ouvidos do Rei, por intermédio de Si, que, sendo o primeiro a transmiti-la, esperava com isso ganhar alguma recompensa. O Rei, que não tinha filha alguma, ficou surprezo com o caso, e mandou prender todos, tanto aqueles que tomaram parte no embuste, como o interesseiro Si. Os que mais sofreram com a decep-
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Por JURACY CORREIA mente perdão a Dó. O gesto ção foram a orgulhosa Mi e seu irmão Ré, e bastante, andar teve vez de Mi foi muito apreciado, desta que que a contragosto. tendo ela conquistado inúEstavam as coisas assim, meus arritmeros amigos. E não foram guinhos, quando Fá, sabendo o que tinha estas as únicas transformações. Vocês acontecido aos colegas, foi ter à presença deviam vêr como o preguiçoso Ré se do Rei e explicou a história, pedindo ainda tornou diligente! A todos êle distribuía perdão e liberdade para todos. atenções, como se em sua vida-nunca Os caridosos amigos Sol e Lá foram cujas houvesse feito outra coisa! muito louvados, e a pobrezinha Dó, virtudes e coragem causaram geral adTambem Si havia chegado ao bom miração, foi cumulada de presentes e cacaminho. Como todos sabem, o defeito de ricias. ser interesseiro não é difícil de ser corAí é que aconteceu a coisa mais esrígido. pantosa deste mundo. Mi, envergonhada Estavram,£| s, meus amiguinhos, todos com o seu procedimento, pôs de parte O Rei, que sua riqueza eorgulho, a aediu huiniidt^ ^^teslBwM os e felizes. # era muito bom, não quiz que os amigos se separas-
£_r ^^^jí^f^ytW^^^mkj^Â^Ê^—P
¦ £> # ___í"
^_____R___£t=-
sem.
Então
truir
um
mandou palácio
cons-
enorme,
rodeado de jardins, onde ¦se viam cinco estradas e quatro rios, não faltando, siquer, a casinha tosca de Dó, tudo apenas para enfeitar. que é pensativo, ficar sozinho para de gosta meditar. O Rei mandou faSol,
zer
uma
cazinlia
tambem
para êle e outra para Lá. Estas casinhas chamam-se (laves c nelas os seus donos recebem os seus ami-
'V^W^0
guinhos e realizam divertidas brincadeiras. 19 4 4
O palácio encantado ainda hoje existe, possuindo, além das sete notas musicais, uma infinidade de outros servidores. Este palácio chama-se Pentagrama. A mãe de Dó, que se chamava Música, adotou como seus filhos todos os sete amigos. Vocês já notaram que a Música é escrita em cinco linhas e quatro espaços, simbolisando as estradas a os rios que Dó atravessava? Náo? Pois então reparem. Agora eu sei que vocês querem que lhes conte o resto da vida da Música e de seus sete filhos, não é assim? Pois fiquem sabendo que ocorreram fatos maravilhosos. Mas a história é por demais comprida e porisso vocês deyem pedir a seus pais que lhes mandem ensinar a Música, e então vocês conhecerão melhor as aventuras das sete notas musicais, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si, as pessoas mais unidas deste mundo. O que? Ainda mais uma pergunta? Querem saber o nome daquele Rei bondoso que ajudou a Música e aos seus sete filhos, não é? Pois fiquem sabendo: — Aquele Rei, que anima e encoraja a todos aqueles que têm um ideal na vida, sou eu. Eu sim, meus amiguinhos. E meu nome, não esqueçam, é ARTE.
63
®@aa<íj_mB \mm ALMANAQUE
D'0
TICO-TICO
Conto dc ANDRÉ BONNEVAL
Não, meu velho. Não te levarei. Prefiro que guardes a casa. Mesmo porque, dentro de uma ou duas horas estarei de volta. Espera-me com paciência. . . Vou percorrer algumas armadilhas que preparei nos arredores. Whip voltou cabisbaixo para seu canto e não latiu mais. Êle havia compreendido. Se o cão pudcsJames tomou o se falar teria sem fuzil. Bateu amigadúvida respondido : velmente na cabeça Feliz ? Eu o do cachorro, e saiu. sou sempre que esDirigiu-se com tás perto de mim. passo rápido para a James Hobson clareira onde. na adorava Whip, que véspera, i n stalára aliás era seu único algumas a r m a d icompanheiro, u m lhas. Subitamente, valente animal, deem uma curva do votado, de inteligêncaminho, deu de cia admirável. rosto com Fred Faltava-lhe apeCrowny. nas a palavra. James quiz conWhip era getinuar, mas o ouralmcnte a f a v e I; tro, com um sorriso mas que ninguém de mofa nos lábios, atacasse seu dono ! avançou para êle. Tornava-se, então, Ah! Ah! absolutamente fuHobson ! Como a rioso e mesmo fegente se encontra, roz. hein ? Com um guarDeixa- me dião de tal ordem, tranqüilo ! James Hobson quase Que péssimo nada podia temer, caráter ! ainda que habitasse "^_>a^^_JB_V [ VI . r^_v i^^^^ if*\ a km£——' ~~""~ J/^2^í——H—-mwL9*^ J»g*___iVjfZi Falas do teu, aquela c a sinhola, Crowny ? isolada em pleno Talvez . . . Far-West. Em todo o caso, deEntretanto Jasejo aproveitar a mes tinha um inimioportunidade para go mortal : Frcd todas. de uma vez de ti, habitava uma livrar-me Crowny, aventureiro vesgo Fred O Crowny. por que James sobressaltou-se : «abatia também de madeira, a mais ou menos um quilômetro Hein? dali. Os dois homens, apesar da distância que os separava eram olhos do bandido brilharam. Os as suas. habitação entre não havia outra vizinhos, pois Não sei onde estou que não te abato, com um tiro. James Hobson e Frcd Crowny, sem saber bem porque, deJames levantou as espáduas : testavam-se. Mas. se James não procurava aborrecer o inimigo, Não digas tolices ... Se o fizeres, o delegado não tareste não perdia ocasião para desfeiteá-lo. dará a prender-te e irás acabar os dias na extremidade de uma O ódio de Fred era tal que só o medo da justiça o impedia de corda. matar o rival. Fred Crowny. cego de raiva, tomou o fuzil e fez pontaria Muitas vezes, quando via passar James, murmurava entre dentes : para o adversário. Ah '. se pudesse meter-lhe uma bala no crânio sem que Este, crendo que o outro procurava apenas amedrontá-lo, desconfiassem, juro que o faria '. pôs-se a rir. Não me impressionas, eu . . . Não poude acabar. O bandido, incapaz de conter-se mais tempo, puxara o gatilho. Ouviu-se uma detonação e James caiu ao solo, atingido na James Hobson levantou-se e vestiu o casaco de peles. O cão cabeça. empinoLi-se e sacudiu a cauda, pensando em sair com o dono. Fred Crowny emnalideceu. .Mas este acariciou-o docemente :
casinhola de madeira à orla da floresta, na Califórnia, James Hobson esquentava-se junto ao fogo. NUMA A seus pés cochilava um magnífico cachorro-lobo, deitado ao comprido. — Então, meu velho Whip, estás feliz, agora ?
^^-^^^S^',:^^^^^isd_ Hl
7^¥/~^_2âr\_]
64
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9 4 4
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ALMANAQUE
Tradução
DE OLIVEIRA
Matei-o ! — balbuciou. Não que êle sentisse remorsos, mas temia as conseqüências de seu ato. E' preciso simular um acidente. — disse de si para si. Apanhando o fuzil de James, deu um tiro para o ar e, em • seguida, colocou-o junto ao corpo de maneira que se poderia, supôr ter sido o próprio James, quem, acidentalmente o disparara contra si mesmo. Terminados esses preparativos, o assassino apressou-se em desaparecer. Momentos após, um grupo de lenhadorcs descobriu o corpo. James não tinha sido morto; perdera unicamente os sentidos. Ter-Ihe-ia acontecido um acidente. — disse um dos lenhadores. Sim, seu fuzil parece ter disparado sozinho. Contanto que êle escape !!... Levemo-lo para casa, enquanto um de nós vai à vila procurar o medico. Quando Whip viu chegar o dono, ferido, pareceu desesperado e se pôs a lamber-lhe o rosto com carinho. Depois, de um salto, abandonou a cabana, com grande espanto dos lenhadores e desapareceu a toda velocidade. Aonde ira ? O cão. após ter farejado o dono, compreendera o sucedido. Seu instinto lhe dizia que se James estava naquele estado devia-o a Fred Crowny. Após uma corrida louca através da floresta, chegou à cabana de Fred. A janela estava aberta. Ele não hesitou; saltou para o interior e abateu-se sobre as espáduas do bandido, que, pegado de surpresa, perdeu o equilíbrio e caiu ao chão. O cão mordeu-o cruelmente nas mãos, nas pernas, no rosto. Fred procurou inutilmente defender-se. O animal era mais forte e estava enfurecido. Mais surpresos ficaram os lenhadorcs quando viram o cão regressar minutos mais tarde. Parecia estafado e de'tou-se a um canto do quarto. Nesse momento. James Hobson abriu os olhos. Os lenhadores o interrogaram : Foi um acidente, James ? O ferido sacudiu a cabeça: Não, um crime ... Um crime ? ! Fred Crowny alvejou-me. A indignação dos lenhadores foi tal que três dentre eles resolvcram ir imediatamente à casa de Fred para entregá-lo ao delegado. Mas quando chegaram à cabana um espetáculo trágico os esperava. Fred jazia sobre o soalho, a garganta aberta . . . Estava morto ! Nunca se soube quem matou o bandido. Mas James Hóbson, que se restabeleceu rapidamente, não teve grandes trabalhos paia advinhar que o miserável fora castigado por Whip, que, na ocasião, se erigira em justiceiro. James, todavia, cuidou de não revelar sua descoberta a quem quer que fosse.
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A formiga, como a abelha, é um inseto himenoptero, e também vive em grandes colônias. No desenho à esquerda podemos ver as galerias que conduzem ao interior de um formigueiro onde estão as larvas, que são esmeradamente cuidadas pelas obreiras. Entre as formigas, como entre as abelhas, há rainhas, zangões, embora não se dê este nome aos machos da formiga, é obreiras.
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A formiga passa por diferentes metamorfoses. Do J^ ^__ oyo nasce a larva, que se transforma em ninfa, e depois ^ em inseto. O princípio de uma colônia de formigas lem«» o o bra o de uma colmeia. De certos ovos nascem rainhas ^^ ^= .**£ machos e de outros as obreiras. As rainhas possuem B^^*~ asas e voam. As obreiras não teem porque não precisam H Quando as fêmeas, depois de terem voado algumas horas, voltam ao formigueiro, são despara o seu trabalho pojadas das asas pelas obreiras e levadas para as galerias, onde ficam ocupadas a pôr. O que se costuma chamar "ovos" de formiga são uns pequenos casulos que conteem uma pequena formiga já formada e prestes a sair desse invólucro.
Além da constituição dos ninhos, da criação c alimentação das larvas, as obreiras são encarregadas de defender e alimentar a colônia. Um formigueiro é uma verdadeira cidade em que todos os habitantes se compreendem, se ajudam, distribuindo o trabalho, e vivem sem desordem e sem conflitos na ausência de qualquer soberano. O interesse comum é a única lei.
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formigas teem grande predileção pelo mel. Os são os insetos vulgarmente chamados pulgões, parasitas dos arbustos, e das ervas, de cujo suco se alimentam, transfòrmando-o em mel. As formigas os criam e os encerram em verdadeiros currais. Para sugar o mel, a formiga acaricia-lhe o corpo com as antenas, como quem ordenha uma vaca. aphis
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AMA AS AVES A sombra dum arvoredo não sejas, não, caçador: quem mata por gosto as aves é malvado e pecador. Os ninhos onde se criam e cantam as avesinhas, são bemditos como os berços que embalam as criancinhas. E' a dor mais lancinante a dor da mãe desgraçada que ao vêr o fiihinho morto sente a alma esfaceláda. E as aves, se sofrem como Não as mates, são filhas de
não teem alma, quem a tem. não, que as aves Deus, também.
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encontrar alimentos ade.ica -^| m\ v^mj _ --^\ ÍT^"^ 1 LAGOA da Pataria fica quados ao seu bucho. ___I-V ___k. ^____. V-«^__W >Z _^^ _____^^^\ V situada numa grande granJe pia\ mais piaO do caso foi que o ^P^__r\ ^kv^^ grave ~V_P I nicie, lá longe, no sul. sul. \ Nhandú se adiantou cada vez mais, cada ^^p São numerosos os animais vez mais, até chegar à beira da água e vivem nas suas beber, e quando acabou de saciar a e a que proximidades Aquela existência tranqüila e aprasede e de lavar os dedos, visitam. Os que costumam vir uma vez zivel se prolongava havia muitos anos em vez de ir embora, ficou por dia, vêem sempre uma vez; os que ou séculos, sem que nada alterasse os tomando fresco e só se retivêem de manhã e à tarde, vêem sempre hábitos e costumes dos moduas vezes, salvo se houver alguma coisa ri $> radores, quando, num dia _____JestíícPdL__c~ wk grave que os impeça. A regularidade dos de primavera, fez sua costumes é realmente assombrosa, entre os animais. Todos chegam ali a horas fixas, demoram o mesmo espaço de tempo e bebem cada qual por seu turno, entrando em fila direitinho, pois o respeito pela jerarquia e pelos direitos alheios é coisa que ninguém deve deixar de reaparição pelas imediações um grande conhecer. Nhandú, velho, magro e feio e de plumas bastante mal tratadas. Ali bebem vacas e cavalos, bentevis Este foi o acontecimento mais ime caturritas, gaviões e corvos, queroportante que recordam os antigos conhequeros e patos bravos, garças e beijacedores da Lagoa, que bem se poderia flores, galinholas e perdizes, lagartos e chamar laguna, lagoínha ou laguinho,_ corujas, tatus e gatos do mato, macacos, suas diminutas proporções. pelas sabiás e preás, enfim, todos os morado í ft_S_MV J&rvi k *"H Na primeira vez que apareceu, o res da vasta região, sem que nunca survelho Nhandú avançou resolutamente, gisse entre eles a menor desavença ou dando assovios e agitando as asas, e complicação, pois todos respeitavam mutuamente os direitos alheios. Os outros animais que visitavam a Lagoa constituíam diversas espécies via—. -í rn__f______r_F T__Bo___wS^--HSl^íV!Í^fcV%l\™M. •M V/.fà^^^/Á >n) O --J ^_ntrW_r_L-,/_- i__í_bP^__ ^^__/7Mi\\\\i1I jeiras, que aproveitavam aquela solitária de água, cheia e sempre funda bandeja como um verdadeiro hotel. Porque é indiscutível que os animais que viajam dispõem também de hotéis, embora não encontrem sempre neles as comodida^<r^^__^B_^^!iV-^5^tfMpW^TszzzzEfftí JC"'''V___ —^i-^^^T^^PV^ des e alimentos desejáveis. São, entretanto, hotéis muito baratos, já que neles nada se paga absolutamente, e são muito antigos. Os clientes não necessitam que ninguém os informe nem convide. Quando iniciam suas viagens, parece que já sabem de cór a lista dos hotéis disponíveis na travessia, e a posição exata de cada um deles. Eram hóspedes da nossa Lagoa, em contínuas viagens através da região, os quando se achou a uns quarenta passos da margem se deteve e contemplou o biguás, os patos negros, as cegonhas e espetáculo, como que encantado com o outras espécies aquáticas. Esses viajandescobrimento feito. tes chegavam fatigados e sedentos e, ao mesmo tempo que bebiam com prazer Os demais animais, ao vê-lo, contemrou quando escureceu. No dia seguinte, um pouco de água fresca, comiam aiplaram-no fixamente, como que a perlimpavam aparecia, bichinho desejava desconali. o Logo que gum pouco depois de clarear o dia, já lá estava que guntar as plumas e descansavam o tempo infiaram de que êle estivesse com fome; o Nhandú novamente, passeiando pelas mas o que não podiam explicar é que dispensável antes de prosseguir no larimediações. justamente naquele lugar êle esperasse go võo. E no dia seguinte, a mesma coisa. 68 19 4 4 /
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(Adaptado de um conto de Vijtfl)
AS GARÇAS, naturalmente, não se
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feros que vinham beber ali, mostravam a maior indiferença, mas os patos observavam-no com curiosidade crescente e não sem certa inquietação. Uma pata velha, quando via o Nhandú aparecer, cravava o bico no pescoço e se punha a pensar que é que andaria fazendo aquele camarada, porque, como dizia ela, coisa bôa não podia ser, já que não era coisa corrente e natural. Que poderia procurar aquele.indivíduo de ar insolente, em torno da lagoa? Era pescador? Não. Nadava? Tomava banho? Também não. Bebia frequentemente? Comia bichinhos da água? Não. Então, por que andava sempre em volta da lagoa? A pata começou a comentar, aos gritos, a presença do intruso, e pouco depois estavam todos os patos reunidos em assembléia debaixo de uma das grandes árvores. — Quando foi que se viu um Nhandú por estas bandas? — perguntou a pata rabona. — Antigamente — respondeu um pato velho, talvez o mais velho do bando
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— não se via um Nhandú só, mas dezenas deles, grandes é pequenos; mas depois se acabaram e, realmente, este, não sei de onde pôde ter saído nem como veio ter aqui. Eu penso — disse outro pato — que este é um que estava lá muito longe, perto de certa casa, entre galinhas e patos de quintal. Neste caso — exclamou uma patinha muito nervosa — trata-se de um
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Vamos expulsá-lo! — exclamarafli em coro muitos patos. Sim, é isso! — disse o mais velho, aquele que tinha falado primeiro; é muito fácil dizer, mas quem é que se encarrega de ir fazê-lo? E mesmo que algum de nós se decidisse a ir expulsá-lo, que é que um Nhandú liga a uma ordem de pato? Proponho — gritou uma pata gorducha — que a senhora Pata Rabona, que é a mais alarmada de todos nós, se encarregue de perguntar ao Nhandú se deseja alguma coisa aqui, e o que é; e que lhe faça saber que por aqui não há dos bichinhos de que êle gosta. Esta decisão foi aceita por todos. E como justamente o Nhandú ia cada vez mais diminuindo a distância que o separava da Assembléia, optaram todos por considerá-la terminada e lançar-se à água, o que efetivamente foi feito.
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sápã fugitivo... Quero dizer que, ou fugiu do galinhefro, ou puzeram-no de lá para fora, por causa de seus maus instintos. — Em resumo — disse outro pato — que é que se decide?
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POUCOS dias transcorreram quando, certa manhã, a Pata Rabona se encheu de coragem e decidiu cumprir o encargo que lhe tinha sido dado, satisfazendo, ao mesmo tempo, uma terrível preocupação que lhe vinha roubando o sono. Aproximou-se, pois, pouco a pouco, do Nhandú, e no fim de duas horas de hesitação e preparação de terreno, saudou-o com uma inclinação de pescoço e disse; Que milagre, senhor Nhandú! O senhor por este bairro! Milagre, não — respondeu o nhandú em tom seco. — A senhora bem sabe que venho aqui todos os dias. E' verdade, senhor Nhandú, que o vejo vir todos os dias; mas o que eu 69
ALMANAOUE queria dizer que é milagre, é que o senhor venha para estas bandas, onde passa horas e horas sem se alimentar, porque aqui nada há que possa servir para o senhor. Parece que não há nada — disse o intruso —; mas eu sei que há. A questão é ter paciência. E porque não vai para o campo, procurar seus bichinhos? Porque não tenho fome. Que coisa interessante, não sentir fome de manhã cedo! E' que... sabe? ontem eu comi foi uma barbaridade! Quando pasque sou a nuvem de gafanhotos... Que interessante, o senhor comer tanto gafanhoto, quando eu não vi nenhum... E a pata baixou inda mais o bico contra o pescoço, e ficou calada e assustada, tão assustada que, sem poder pronunciar uma palavra mais, se foi embora para o outro lado da laguna.
DEPOIS de muito tempo a pata recuperou o uso da voz, e começou a chamar o pessoal para nova reunião. Acudiram todos, para ouvir o resultado da embaixada, e ela lhes narrou o pouco que tinha conseguido saber do Nhandú acrescentando que, quanto a afastar-se dali, nem valia a pena se pensar nisso. Acabou referindo-se aos gafanhotos. Aquela falsa história da^Jiuvem de gafanhotos ainda aumentou mais o receio e a, desconfiança de todos. Tão sensacional acontecimento teria alvoroçado todas as espécies comedoras de bichinhos. que são numerosas, e era impossivel ter passado alguma nuvem desses terríveis inimigos das lavouras, sem que ninguém ali tivesse notado: só o Nhandú misterioso. O Nhandú mentia e mentia para ocultai algo importante. Os patos não 70
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podiam compreendê-lo, mas nâo deSistiriam facilmente de conseguir seu propósito. Um triste pressentimento lhes anunciava que a tranqüilidade da lagoa seria perturbada. Estavam a chegar os dias do nascimento dos patinhos. Patas e patos os esperavam com ternura e alvoroço... Que prazer, vê-los nadando junto com eles! Que alegria vê-los fartar-se de bichinhos no lugar em que eles sabiam que estes abundavam! Mas o Nhandú continuava em seus passeios em torno da lagoa, sabe se lá com que propósito sinistro! POUCOS dias depois apareceu Pata Rabona com o marido e nove lindos patinhos. Era um encanto vê-los. Pareciam nove pompons amarelos com patinhas. Corriam, gritavam, nadavam, todos em fila atrás da mãezinha que os contemplava orgulhosa e feliz. Mas uma nuvem obscurecia o sereno céu daquela família: o Nhandú. A pata deixou os pequenos com o marido, à beira d'água, e se aproximou de novo do intruso, que olhava para eles com um olhar que causava medo. 19 4 4
Ao aproximar-se a pata, o Nhandú se fez de bobo e distraído. Que anda fazendo aqui, senhor Nhandú? — ela perguntou. Não vê que procuro algo? — respondeu êle, começando a bater com o bico no capim. . — Isso, vejo. Mas vejo que não acha nada. Eu também não vejo o que a senhora vai fazer por aí, e nada lhe pergunto. Já vi a senhora em cima de uma árvore. Será que. a senhora agora é passarinho? Já a vi metida nos ninhos das cordonizes. Será; a senhora, agora, cordoniz? Os ninhos velhos eu sempre os aproveito, disse a pata. São ninhos abandonados. Creio que com isso não faço mal a ninguém, uma vez que não os destruo, se não estão sendo usados, nem, como nada neles. Pois eu também não estou fazendo mal a ninguém, já que sou sozinho, não tenho família, e venho dar minhas voltinhas para me distrair, nestes Iugares tão bonitos... Ah! Não tem familia, é? De tantos que éramos, nestes campos, fiquei eu' sozinho. E se me aproximar muito lá de cima, do campo alto, teiei a mesma sorte dos meus parentes. —* E qual foi essa sorte? Foram todos mortos... Algum bicho feroz? Nada disso! Os homens! Eu me salvei porque era criancinha. Eles me pegaram e meteram num galinheiro,
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onde também havia patos e patinhos, aliás bem bonitinhos... e... Bem... Um dia eu fugi do tal g,.linheiro e por aqui ando, cav-indo a vida, conforme posso. Quer di7er que veio para aqui se esconder? pra E para me consolar. Isso está bem. Mas, e quando come o senhor? Quando
"Isso é o posso. que não entendo muito bem" — pensou a pata; mas preferiu calar-se. Chamou os nove patinhos
ALMANAQUE contou-os e se pôs a andar, acompanhada de todos, em volta da lagoa. Quanto ao marido, foi tratar de seus negócios. Depois de caminhar um certo pedaço, a pata se deteve e tornou a contar os filhinhos. E, oh! surpreza! Eram apenas oito! Gritou, olhou para todos os lados, retornou ao ponto de onde tinha partido e tomado oanho com eles, chamou, chamou o patinho e nada! Só achava oito. Faltava um. O Nhandú, com cara de bobo, olhava a água da lagoa, e de espaço em espaço bicava o chão do campo. A desgraça foi conhecida em poucos minutos por todos os patos, mas nem todos atribuíam o crime ao Nhandú. Alguns asseguravam que tinha sido um gambá, outros que devia ter sido a raposa. Não faltou mesmo quem dissesse que a pata se tinha enganado na conta, que sempre tivera apenas oito filhos, e não nove... De modc algum! assegurou a. pata Rabona. Aqui está meu marido, que pôde afirmar: — eram nove, nove, noves-fóra nada! (Disse isto porque se lembrou de quando esrava na escola) Agora são oito, oito, oito... Alguém me roubou um, e esse alguém só pôde ser o Nhandú, esse cara de bandido que vocês, os patos, não tiveram coragem de mandar embora daqui. Respeitando a dôr daquela pobre mãe os patos nada disseram. Chegou a foi dormir, como de noite e o bando costume, nos alamos. Na MANHÃ seguinte, antes de entrar na água, a pata contou os filhos: eram oito. Para a água! — gritou ela. E foi a primeira a se atirar na lagoa. Era um encanto vêr os garotinhos entrando em fila, atrás da mamãe, como se fossem 3mar o ônibus. Brincaram um pouco, e tal, e logo ela os fez formar em redor ie si para tornar a contar: só achou sete! O Nhandú olhava distraído para outrc lado, mas, apesar da sua atitude inocente, a pata desconfiava dele, e isso mesmo disse ao marido. Não saias da água, com as crianças, .até que êle se vá embora — disse o pato. Eu tenho que ir ao outro lado, já sabes onde. Hoje a pesca lá é abundante. A pata esperou, esperou, esperou, e como o Nhandú não dava sinal de que ia embora, reuniu os filhos e lhe disse. Atenção, meus anjinhos. Os perígos que nos rodeaim são imensos, são espantosos! Dos nove que vocês eram, só sete estão aqui... Parece que a terra ou a água os tragou, coitadinhos! Vavêr quantos são, agora. E contou. Eram sete, mesmo.
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Bem — acrescentou. Prestem bem atenção ao que vou dizer. Vamos sair todos juntos, em fila, e logo que pisemos na margem, começaremos a andar. Ninguém se detenha! Sigam-me, sempre, e ligeiro! Assim disse e assim foi feito. A pata se pôs a andar depressa, movendo-se para um lado e outro, como uma senhora gorducha e capenga com uma cesta ao braço. E os patinhos a seguiam, •sem siquer sacudir a água da penúgem, para não se atrazarem. Quando a pata já não podia de cansada, deteve-se e contou os filhos. Eram seis! Falta Manoelzinho, o que vinha no fim da fila! — gritou, brincalhão, um dos meninos-patos. O caso não é para rir — exclamou aflita a pobre mãe. E' uma coisa muito séria! Eram neve, e agora não são mais que seis! A PATA desconfiava cada vez mais do avestruz. Mas não podia pôr as asas no fogo, apostando que era êle quem comia os patinhos, pois não tinha visto. Não andará por aqui uma raposa^ — perguntava a si mesma. — Ou algum gambá? . Suas precauções aumentaram. Explicou aos filhos restantes que precisavam ter o maior cuidado e que nenhum devia ficar atrazado na marcha. Lembrem-se do que sucedeu ao pobrezinho do Manoel...
E, detendo-se, com o bico cravado no papo, começou a olhar fixamente o Nhandú que, como de costume, se fazia de bobo e bicava o pasto, sem comer nada. Seu aspecto hipócrita e sonso bastava, teria bastado, desde o primeiro dia, para denunciá-lo. M a s a custava patinha ainda a aceitar a espantosa realidade. A ausência do marido,
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Antes de entrar na lagoa, contou-os: eram seis. Enquanto nadavam e comiam bichinhos, contava-os a cada instante. Eram seis. Ao sair da lagoa tornou a contar e como o Nhandú estava para a direita, seguiu para a esquerda. Caminhou apressadíssima um bom trecho, deteve-se arquejando e tornou a contar. Só achou cinco! Falta Chiquinho! — disse um dos pequenos. Vinha na rabada da fila. Que foi que eu disse? — perguntou a mãe, cheia de dôr. Eu avisei que não ficasse nenhum para trás! 19 4 4
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que andava de viagem pelo outro lado, contribuiu para aumentar a dôr da desditosa mãe. Com cinco patinhos, aproximou-se do Nhandú e disse: Sabe o" que me aconteceu? — Não, madame... — respondeu o , brutamontes. Quer dizer que o senhor... ignora a minha desgraça? Ignoro, madame... Pois saiba que dos meus nove patinhos já não restam senão cinco! Deveras?! Pois não tinha repa rado!
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— E fique sabendo que, assim que descobrir quem é o assassino e ladrão dos meus filhos, o tipo me pagará-caro!! ONhandú olhou para ela com dois olhinhos que eram duas bolinhas de gude e não disse uma palavra mais. Desesperada, a pata deu meia volta e se foi. Mal tinha andado alguns metros voltou-se, para contar os guris. Só encontrou quatro! Tornou a voltar para junto do Nhandú e lhe disse, furiosa: Você é um assassino, um "gangster", um canalha! Por que não se atreve agora, diante de mim, a tocar num dos meninos?! Siga seu caminho, minha senhora, e não procure encrencas. Siga seu caminho e não me provoque porque, bico contra bico, e patas contra patas, já sabemos quem pôde mais. E eu não gosto de dar em mulheres... Vou chamar meu marido, e veremos! — balbuciou a infeliz. Ao ouvir seus desesperados gritos, todos os patos a rodearam, comentando o ocorrido em alta voz: —Eeeeeeek... Eeeeeeek... Uaaaaaab... Uaaaaaab! — gritavam.
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Quando a infeliz acabou de acalmar-se, e poude andar alguns passos, deu-lhe vontade de contar os filhos novamente. E só achou três! Não pôde negar, agora! — gemeu, desesperada. Você é quem devora meus queridos filhos! Aí vem seu marido — disse, como única resposta, o Nhandú. A pata olhou para a água. Vinha, com efeito, o marido nadando para aquele lado. Mas quando ela voltou o bico e contou os patinhos, só achou dois! — Parece incrível — disse, no auge do desespero — que haja no mundo seres tão malvados e de tão duro coração. Você gostaria que eu comesse, assim, os seus filhos? Vamos, meninos. Ponham-se um de cada lado de mim... Vamos para a água. E' horrível! Só mesmo dentro da lagoa estaremos seguros. E se afastou, pressurosa, com as asas abertas. Mas, quando chegou à margem, viu que estava só. Os dois últimos patinhos tinham desaparecido. E o odioso
Nhandú se afastava, passo a passo, pelo campo a dentro. AQUILO era um verdadeiro crime. Todos os patos se reuniram e começaram a gritar: Eeeeeeek!... Eeeeeeek! — o que dizer: queria Engole-patos! Engole-patos — e era o mais horrível insulto què podiam imaginar para um Nhandú. O criminoso se deteve, olhou-os e soltou um assovio. Era o cúmulo do desprezo pelos patos. Mas o fato é que aquele apelido lhe ficou para sempre. Quando êle aparecia e os patos o avistavam, reuniam suas vozes e começavam a berrar, num coro ensurdecedor: Eeeeeeek! Eeeeeeek! — ou seja: Engole-patos! Engole-patos! E voavam em bandos, para longe. Engole-patos compreendeu que, agora, era inútil perder tempo na lagoa. Se contínuasse esperando ali, morreria de fome. Por outro lado, aquela história de "engole-patos" não só o aborrecia como prejudicava. Estava ficando conhecido, desacreditado, e outros animais começavam a gritar desaforadamente quando êle se aproximava, como se se tratasse de uma terrível fera. Os* bentevís, os 19 4 4
"joão-de-barro", por exemplo, mal o avistavam, começavam uma algazarra infernal. Qual era o bichinho que, ouvindo aquilo, não se punha logo de sobreaviso? Aquilo era mais do que o simples descrédito: era a fomel Dir-se-ia que todos os animais estavam inteirados da desgraça de Pata Rabona e se dispunham a contribuir para o castigo do assassino. Já não havia bicho de pêlo ou de pena que soubesse gritar, que, ao vêr oNhandú, não desse o alarme, aos berros: — Engole-patos! Engole-patos! Diante de tamanho escândalo, todos os bichinhos comiveis disparavam e se escondiam e Engole-patos não encontrava um bichinho, que fosse, para mandar para o bucho. Andava, por isso, o miserável, cada vez mais magro. Por outro lado, depois de ter comido aquele manjar que lhe parecera os patinhos, não podia tragar outros bocados, mesmo com a fome danada que tinha. Contudo, não era o caso de poder escolher, pois tudo o que era engulivel se tornou para êle manjar proibido. A maior parte dos dias, enchia o bucho com pedrinhas da beira d'água, pra enganar a fome. E assim o tempo foi correndo. NA PRIMAVERA seguinte, Engolepatos não apareceu na lagoa. Os goelanos realizaram vôos de inspecção pelos arredores, para saber por onde andava o temivel Nhandú. Pairavam no espaço e ficavam, de binóculos, a olhar para baixo... E depois de alguns dias de expioração do terreno, encontraram-no, morto, enredado entre arames. Com certeza tinha querido passar pela cerca de arame para ir para outro campo, aguilhoado pela fome. Mas, como estava tão magro e era um camarada raivoso, neurastênico, afobado, tinha ficado atrapalhado sem se poder safar daquela armadilha. E morrera de sede, de fome e de raiva, com uma carrada de pedras no bucho e com sua cara de assassino mais antipática do que nunca. Todos os patos voltaram, então, quando se espalhou a notícia, à lagoa! gritando, alvoroçados: Eeeeeeek! Eeeeeeek! Uáuáuáuáuálü — o que queria dizer: Acabou-se o Engole-patos! Acabou-se o Engole-patos! E, desde então, a vida na lagoa voltou a ser pacífica e ditosa como antes.
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Bcnjamin Quem não estava muito satisfeito era o Jagunço, Tão ansiosos estevam os garotos que muito cedo foram "itadol Lá no fundo do quintal, tentado na policio para a cama c ferraram no lôno. Tarde da noite, a ficam todas ai "vida de mamãe de Chiquinho levantou-se e foi receber o Papai "festas". que vocês estão vendo, lastimava-se da crianças nesse grande dia, porquê é a época das cachorro", pensando que, apezar de vigiar o sono Noel, que, como sempre, trazia uma porção de presentes, doa preientei, dai castanhas, rabanadai e outrai couiai do, nomtn>/ nio ajrf^ como 4|íf# um p.p,j Noí| O velhinho quii logo iiber como haviam andado oi de que vocês todos gostam. meninos durante o ano, c a mamãe tudo informou dircitinho. o recompensasse. que Naquele
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E o bom velhinho começou a distribuição. Bem cedinho, todos acordaram. Benjamin, que durante o ano foi muito vadio, contava ganhar uma porção de brinquedos, no seu quarto, só encontrou livros escolares, c um bilhete do Papai Noel, dizendo que eitudasie baitante e esperasse os brinquedos no outro Natal.
Menino de bom coração como devem ler todoi voeis, apciar de «r traquinai, Chiquinho de repente te lembrou de qualquer couta, e tem diier nada a ninguém, aproveitando a distração dot outroí, saiu aprettado noito héroi. para a rua. Que diabrura iria arranjar o Qual teria a nova aventura?
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O Jagunço que tanto se lastimara também não foi O Chiquinho, que apezar das travessuras feitas durante o esquecido. Lã estava no quintal uma confortável ano, foi muito aplicado nos estudos, ganhou muitos livros casinhola para êle, mas não gostou nada quando viu no bons, e uma grande arvore de Natal, «pinha da de chão uma forte corrente, que certamente iria servir para brinquedos. Ali, sõ faltava uma bicicleta que era o seu prendê-lo, evitando assim as suas fugas para a rua, onde maior desejo. Mesmo sem ela, pulou de contente por ía vagabundar com os outros cães. ter ganho tanta coisa boa.
Aqui etti, admiradoret de Chiquinho. Lcmbrando-ie humildei e desprotegidas, dai crianças pobres, Chiquinho foi buscar alguns garotos, da visinhançae com eles distribuiu brinquedos en quantidade. Vocês não podem calcular o contentamento c a gratidão daquelas crianças ao Chiquinho que, assim, foi o Papai Noel deles,
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Seu papai, quando toube de tão bela ação, praticada pelo filho; ficou tão contente que prometeu dar-lhe no dia seguinte a tão desejada bicicleta. Netta hittoria, meninot, fica mais uma vez provado que aquele que semeia o bem, mesmo sem esperar recompensa, mais cedo ou raais tarde não deixara de ser recompensado.
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os homens da antigüidade inventaram a escrita sonharam logo com a possibilidade de reunir em táboas, rolos ou livros as suas idéias e conhecimentos, para o fim de os transmitir às gerações que os succedessem. QUANDO Faltava-lhes, no entanto, um meio prático para atingir o ideal sonhado. Era o papel. As táboas, as lâminas de pedra, não pareciam ser o material próprio para guardar tesouros dos que se dedicavam aos estudos. Quebravam-se com facilidade e sua reconstituição requeria muitas vezes trabalhos prolongados. As raras bibliotecas que existiram antes da descoberta do papel possuiam número bem pequeno de táboas ou tijolos nos quais estavam impressas as mais preciosas obras dos escritores notáveis. A descoberta do papel veio criar essa maravilha estupenda que é o livro. Tudo o que os sábios adquiriram nas horas de estudo, fudo que foi pensado pelo cérebro humano que meditou um pouco está hoje escrito no livro. Graças ao livro, vocês, crianças, adquirem conhecimentos de. todos os ramos do saber humano. Um livro é mais do que uma maravilha, é um tesouro, sempre ao , alcance dos que teem sede de saber, sempre pronto a levar luz às inteligências. Um grande educador brasileiro afirmava aos discípulos que um só livro valia mais do que um majestoso monumento. A frase impressa no livro tinha mais força do que a estatua modelada no bronze. A pena, manejada ao serviço da história do mundo, tinha mais valor do que a espada poderosa. Bendigam vocês os que escrevem livros, os que legam à posteridade, nas folhas impressas, todas as idéias, todos os conhecimentos para o bem estar da humanidade.
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(SÊ®S®6) uma vez uma princesinha muito bonita chamada Julieta. Logo ao nascer, recebeu ela ERA no palácio maravilhoso de seus pais a visita de todos os anões e de todas as fadas. De todo o reino, que era um vasto país muito rico e muito belo, chegaram os presentes mais valiosos, trazidos no lombo de camelos ajaezados de prata e ouro e de enormes elefantes da índia. Na câmara da rainha, dia e noite chegavam fadas e gênios, que traziam dons e graças especiais à princesa que acabara de nascer. Em geral as fadas prodigalizavam à princesa ^presentes que os homens não lhe poderiam proporcionar: eram dons que elas ofereciam. A fada das Camelias. por exemplo, ofereceu-lhe o don de sentir-se imediatamente feliz toda vez que na cabeleira da princesa houvesse um botão de camelia. Um anão, que para olhar a princesa no berço teve que pedir o auxilio de um criado para erguê-lo no ar — deu à recém-nascida um espelho através do qual ela poderia, quando fosse moça, conhecer todos os ensinamentos da arte de se tornar ainda mais bela. Todos esses presentes e todos esses dons eram sem conta — e eu perderia muitos dias a escrever, se quizesse apenas enumerá-los a vocês nesta história. Houve uma fada, porém, que não trouxe presentes nem ofereceu dons. Ela, que já estava muito subiu as enormes escadas do palácio para yelha, "dizer uma coisa". Vinha fazer uma revelação, vinha apenas dizer uma noticia sobre o futuro da' princesa Juliet^. Quando se espalhou no palácio o objetivo dessa visita, logo acorreram ao quarto da rainha os camareiros, os cortezãos, as damas de companhia, os sacerdotes, os fidalgos e até mesmo o rei, para ouvirem a grande revelação que a fada haveria de fazer. No silêncio completo que se estabeleceu nos aposentos da rainha, a voz da fada se ergueu, na cabeceira do berço, para predizer que Julieta somente se casaria com o rapaz que descobrisse a diferença entre os seus belos olhos. Logo correu em todo o quarto um murmúrio de espanto, enquanto a rainha, retirando a criança do berço, mirava-lhe inquieta as pupilas azues que eram absolutamente iguais. E duas lágrimas correram logo na face da rainha, porque ela, num relance, compreendeu que aquela profecia da fada nada mais era do que a confissão de que Julieta nunca se casaria, porquanto ninguém poderia descobrir diferenças em órgãos que eram absolutamente semelhantes. Aproveitando a confusão que se estabeleceu no aposento, a fada desapareceu imediatamente, e foi esconder-se na floresta, no misterioso jardim todo florido em que morava. E foi bom que ti-
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vesse desaparecido logo. porque a rainha, ao contemplar os olhos de Julieta, quiz nesse mesmo instante interpelar a fada. Mas esta. que dispunha de dons celestes, já se achava, nesse momento, recolhida sob as pétalas de rosas de sua casa na floresta. .. Os anos se passaram — e Julieta foi crêscendo. num permanente aprimoramento de belesa. Seus cabelos louros e crespos desciam sobre os ombros, e eram incomparáveis, e destacavam,'como moldura do resto, uma pele muito alva e os dois olhinhos azues, absolutamente iguais, que eram como dois pedaços de céu numa alvura da lua cheia. Quando completou dezoito anos, houve no palácio uma festa muito grande, que foi falada em todo o mundo. A essa festa compareceram as fadas. os anões e todos os gênios que vivem nas fiorestas e moram na corola dás flores silvestres. A noite, quando mais animadas eram as solenidades. e mais rumoroso era o baile n0 salão do palácio! subitamente cessou a música e os pares se detiveram surpresos em plena sala. E' que nesse instante tinha sido avistada, na porta principal do salão, aquela fada misteriosa que anunciara que Julieta só se casaria com o rapaz que lhe descobrisse uma diferença entre os lindos olhos azues. Depois desse dia nunca mais a tinham visto. E a lembrança da profecia parecia ter desaparecido da memória de todos. Apenas a rainha, uma vez por outra, ao fitar os olhos da filha, se tornava subitamente tnste^e começava a chorar. Por isso mesmo ninguem falava nesse assunto - e tinha-se a ilusão de que as palavras da fada estavam esquecidas Mas agora, com a súbita aparição desta na porta principal do palácio, a lembrança de seu vaticínio voltava à memória de todos. Que viera fazer naquela festa? Por que saíra da floresta para encher de temor os convivas daquela casa? A rainha, ao vê-la, ficou tão branca como um vestido de noiva é amparou-se no ombro do rei para não cair de espanto. E no seu rosto duas lágrimas começaram a correr, na antevisão, de outra nova cruel. No silêncio que logo sef^estabeleceu em toda a sala elevou-se firme e clara a voz da fada: — Rainha." não vos aflijais pelo destino de vossa filha! Sei que tendes sofrido, com a recordação das palavras que há dezoito anos eu pronunciei junto ao berço de Julieta. Agora venho anunciar-vos que o rei deverá convidar todos os rapazes de vosso reino para descobrir a diferença dos olhos da princesa. Aquele que descobrir casará com ela e aqueles que não acharem a desigualdade serão atirados à floresta mais espessa do reino, onde serão devorados por um dragão, como pena por terem contemplado inutilmente a face de uma pessoa real!
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De todos os cantos do salão elevaram-se os rumores dos comentários — e, rápida como uma luz tênue que o forte vento apaga, a fada desapareceu numa alameda do palácio. No dia seguinte o rei mandava espalhar em todo o vasto reino, por seus arautos mais graduados, que a mão da princesa seria concedida àquele que lhe descobrisse a diferença dos olhos. No mesmo instante formou-se em direção da cidade a caravana dos homens que, arrastados pela admiração da belesa de Julieta, que era por todo o mundo conhecida, se julgavam capazes de resolver o estranho problema proposto pela fada. Era à tarde, numa pequena sala do palácio. que Julieta fazia entrar os seus pretendentes. Rapazes de todos os portes e de todas as posições, de todos os lugares e de todas as raças, feios ou belos, altos ou baixos eram levados à sua presença. Contemplavam-na durante alguns instantes e depois, levados pelos guardas do palácio, caminhavam em direção a uma floresta longínqua, onde eram atirados à bocarra do dragão. Nenhum deles conseguia descobrir a mais leve desigualdade naqueles olhos incomparáveis. Mas aventuravam uma ou outra suposição. Diziam, por exemplo, que a pupila de um era mais azul que a do outro. Mas logo acodiam, armados de complicados aparelhos, os sábios do palácio e revelavam que o azulado era o mesmo nos dois olhos. E havia também muitos rapazes que, extasiados diante da belesa real, se esqueciam inteiramente do problema da- fada, e eram retirados da frente de Julieta sem que houvessem reparado numa possível desigualdade • daqueles lindíssimos olhos. , No fundo de um vale, numa tarde de Maio. quando andava a recolher poeticamente as ovelhas de seu rebanho — Olavo, um pobre pastor do reino, /ouviu pela boca de um amigo a estranha notícia daquele concurso. Uma vez, êle ouvira falar também na maravilhosa belesa da princesa — e nessa mesma noite, depois de abraçar uma por uma as ovelhas recolhidas no redil, Olavo, sem dizer nada aos amigos, ganhou a ampla estrada que levava à capital do reino. Também êle se candidataria à mão daquela pessoa real. Se não descobrisse o segredo do problema, restava-lhe o consolo de morrer depois de ter contemplado bem de perto a belesa de Julieta... Só muitos dias depois Olavo chegou à cidade. Tudo estava triste, porque os sinos continuamente dobravam pela morte daqueles rapazes que eram !an£ados ao dragão. Mas, não obstante a quasi certeza de encontrarem a morte, outros homens continuamente chegavam ao palácio para olharem a princesa. Quando Olavo chegou co portão de entrada, os guardas o fitaram compadecidos e espantados: naquele pastor vestido rusticamente havia um aspecto de belesa varonjl, que revelava ao mesmo tempo a bondade e a força. E eles pensaram
logo que também aquele rapaz seria lançado em breve à boca do dragão da floresta. Serenamente Olavo subiu as escadas do palácio. Foi só à tarde, quase anoitecendo, que vieram buscá-lo para entrar no aposento onde se achava a princesa. Julieta o olhou também compadecida e espantada. A beleza daquele rude pastor vestido à moda rústica a impressionou rapidamente — e no seu rosto começaram a descer duas lágrimas de tristesa pela morte próxima daquele belo rapaz de seu país. Diante dele. os lindos olhos dela ficaram parados. Antigamente, no fundo do vale, Olavo costumava passar as noites fitando o céu e contemplando as estrelas. Por isso mesmo, quando fixou os olhos de Julieta, poude dominar-se, e contemplou-os com serenidade. Reparou nas pupilas, no formato das órbitas, na côr da menina dos olhos. O rosto da princesa estava parado, revelando que ela também sentia a decisiva angustia daquele instante. E as lágrimas se tornaram mais abundantes na sua face, quando a mão do guarda tocou no ombro do pastor para preveni-lo de que o tempo havia terminado. Mas Olavo, sem dar atenção à advertência, estava deslumbrado -~ e sorria. Princesa — disse êle — podereis enxugar as vossas lágrimas. Eu acabo de descobrir a diferênça entre os vossos olhos. Ordenai que venham à minha presença os sábios do vosso palácio e eu lhes revelarei o segredo do problema. Imediatamente houve um reboliço no aposento. E pouco depois, três velhos de longas barbas brancas derramadas sobre o peito apareceram no limiar da sala, armados com os seus instrumentos e os seus aparelhos complicados. Podeis revelar a vossa descoberta — disseram eles, com um sorriso de incredulidade. E Olavo, pausadamente, com a vista fixada no rosto de Julieta, respondeu-lhes: A diferencia é muito simples. E' apenas uma questão de aritmética: é que na pálpebra direita há uma pestana a mais que na pálpebra esquerda... Os sábios se aproximaram de Julieta e em seguida, com o auxílio de seus instrumentos, verificaram que aquele rude pastor tinha razão. Logo a princesa abraçou-se a êle, chorando de alegria — e os r<nos entraram festivamente a tocar, enquanto os arautos se espalhavam pelo reino para proclamar o noivado de Julieta. ao som das trombetas reais e dos tambores de festa. Marcou-se nesse mesmo dia o casamento, que foi realizado pela primavera, logo que a natureza se cobriu com o tapete das primeiras flores do ano e os pássaros voltaram a cantar nas alamedas do palácio. E isto aconteceu há muito tempo, quando havia fadas sobre a terra. JOSUÉ
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AJtIA CELESTE descera ao jardim. A manhã ia maravilhosa de luz. Um realejo quebrava o silêncio matinal derramando-no ar docemente uma passagem harmoniosa do Rigoleto. O sol envolvia num manto luminoso a formosura angélica de Maria Celeste, sorridente nos seus adoráveis oito anos de idade. Apanhara algumas flores para enfeitar o oratório de Nossa Senhora das Dores, diante do qual, ao cair da noite, ao lado da mãe solicita e carinhosa, elevava, diariamente, a alma inocente a Deus, que a Ele voava nas asas etérias da prece cheia de unção e de fé. Maria Celeste jurava que Nossa Senhora lhe havia sorrido na véspera, por ocasião da oferta de sua oração ao Pai Misericordioso. E sob essa impressão adormecera. E que lindo sonho, o sonho que Maria Celeste sonhou! Nossa Senhora baixara do céu e, acompanhada de um grupo de anjos louros, olhos azues cabelos de ouro, que dedilhavam harpas de misteriosa harmonia, a ela se dirigiu. E que ternura no seu olhar! E que suavidade no seu "Maria sorriso! E que doçura na sua voz! Celeste, disse-lhe a Enbaixatriz das Alturas, continua a ser delicada e bôa para todos e obediente a teus pais. Socorre os necessitados, consola os aflitos, enxuga as iágrimas dos desgraçados. Deus, piedcso e justo, estará sempre contigo e te guiará e te protegerá e te abencoará. Serás feliz, Maria Celeste, na tua doce missão de praticar o bem". Maria Celeste açordava sempre de bom humor. Nesse dia porém, estava alegre como um
passarinho. Na candura dos seus oito anos, compreendia,'sem poder explicar, a vibração sonora de sua alma. Sentiase feliz, e era o bastante. Começou a colher flores e arquitetar projetos de fazer visitas aos pobres, aos humildes do bairro, levando-lhes o consolo de sua voz amiga e o socorro da sua bolsa dadivosa e discreta. Um desconhecido que, da rua, a observava de há muito, chega ao portão e chama-a. Maria Celeste atende-o com garridice e bondade. O homem apontalhe qualquer coisa vaga e distante que ela procura divisar. Aproveitando um momento de distração de Maria Celeste o indivíduo agarra-a, ergue-a, prende-a fortemente entre os braços e dispara em desabalada corrida. Maria Celeste grita por socorro, cnora, desespera-se. Suplica a Nossa Senhora que a salve. Ouvindo os gritos angustiosos de sua
M amiguinha, Cipião, o guarda fiel da casa, cão inteligente e lésto, retesou as orelhas, farejou os ares e abalou como relâmpago. Já ia longe o rapror de Maria Celeste. Cipião alcança-o, ferra-lhe furiosamente os dentes na barriga da perna, põe-se em seguida, nas pontas das patas e alcança com frenéticas dentadas o rosto do desconhecido. O malvado rola pelo chão. Cipião gruda-se-lhe a uma das orelhas. O desgraçado berra. G>.ate acorreu de todos os lados. Maria Celeste divinamente pálida, sorri com meiguice, afagando Cipião. O perverso retorce-se na calçada, ensangüentado e acovardado. Maria Celeste é erguida em triunfo pela multidão, que a sabia piedosa e afavel. Cipião abana festivamente a cauda inquieta. O vozeirão que se esparrama pela rua aproxima-se da residencia de Maria Celeste — lar de paz e de ventura. A mãe ansiosa, aguarda-a no portão. Toma-a nos braços, chorando de alegria. Cobre-a incessantemente de beijos. Agradece ao povo, que contempia, ente. necido, o sublime quadro da restituição da filha salva e sã à mãe'
desvelada e amorosa. E Maria Celeste sorrindo: — Foi Nossa Scnnora que guiou Cipião. Vou acabar de colher as flores para o seu altar. Sua benção, mãesinha do meu coração! L
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SULTÃO Isrnar-Hamed, poderoso monarca, senhor de exércitos aguerridos e dono da maior porção de terras em toda uma extensão de milhares de milhares de milhas, tinha seu castelo nas montanhas. Era um palácio riquissimo, com salões ornamentados da maneira mais faustosa, corredores incríveis onde se agitava toda uma enorme multidão de servidores que, a todas as horas do dia ou da noite, estavam prontos até a dar a vida, se preciso fosse, por seu senhor. Em toda aquela redondeza era conhecida a munificência de Ismar-Hamed, o Sultão, que alguns cha"o mavam, mesmo, Bondoso", tanto se interessava êle pela sorte dos que viviam em seu reino, sob sua soberania. Ora, aconteceu que um dia Isrnar-Hamed saí u pelo país em viagem, acompanhado pelos Ministros e pelo Vizir. ' Era tradição, que vinha de tempos do seu bis-avô, guerreiro valoroso e governante tambem dos mais austeros, que o Sultão percorresse, cada ano, em determinada época, uma determinada região, e durante essa viagem êle devia observar o que visse, estudar as necessidades do seu povo, interrogar os habitantes sobre o de que mais precisavam, providenciando sem demora, ao regressar, para que todas as necessidades justas fossem satisfeitas. Isrnar-Hamed, desde que assumira o governo do reino, nem uma só vez tinha deixado de respeitar essa tradição. E, sempre que percorria uma parte do país, atendia com alegria aos pedidos que lhe eram feitos, dando sempre mais do que era solicitado, ampliando sempre os benefícios que, como governante, lhe cabia promover. Aconteceu, porém, que Ismar-Hamed, ao fazer essa viagem, estava apaixonado, e devia casar-se precisamente ao regressar. O povo, que 80
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conhecia o romance do Sultão com a linda Zamara, filha de um rico comerciante, augurava e desejava ao jovem par todas as felicidades. E era com ansiedade que se esperava em todo o reino o dia venturoso, em que além de um bom rei habitaria - o palácio das montanhas uma rainha que todos sabiam ser boa, caritativa, amiga dos pobres e bela como uma aurora de verão. Com o coração cheio de amor, sentindo cada dia mais perto o dia de sua grande felicidade, Irmar-Hamed estava tão contente, que desejava ver todos felizes também. E nós sabemos que as pessoas que estão assim, com o coração transbordando bons sentimentos, encontram
em tudo, num trecho de música, na beleza simples de uma flor, na sombra suave de uma árvore mais copada, no canto de um pássaro ou no vôo de um inseto, motivos de júbilo, de encantamento e de emoção. Isrnar-Hamed irradiava ventura. Como todos os que são bons e só praticam o bem. Ao oitavo dia da viagem, quando a comitiva tinha já percorrido léguas 19 4 4
_^^^E___S____| _____9Lj_____. .ft e léguas de estradas e visitado aldeias, e povoações, e cidades, depois i de ter estado algum tempo silencioso e pensativo, o Sultão mandou que o Vizir dele se aproximasse, e lhe* falou: Meu querido Ali-Ebn, estive a pensar num problema muito sério. E, como de costume, nada quero resolver sem ouvir sua opinião sensata, que tanto me tem valido na solução de assuntos que interessam o reino. Isrnar-Hamed é o Senhor. Diga, e ouvirei. Ordene, e será obedecido. Ali-Ebn, meu amigo, venho notando, desde o início desta nossa peregrinação, que dentre os homens que habitam as cidades, vilas e aldeias, aqueles que se dedicam ao cultivo das artes são todos pobres, nada teem de seu ... Meu coração se encheu de tristeza, ao verificar isso. Penso, Ali-Ebn, que não deveria ser assim. Esses homens, afinal, são os que mais se sacrificam, para que a vida seja bela e ofereça encantos de que todos podem gozar. Os que trabalham outros trabalhos, trocam seus esforços por bens, por fortuna, por dinheiro. Nada lhes sái das mãos sem a paga respectiva, e se o fruto de suas várias atividades, de seus múltiplos labores benefieia o mundo, a coletividade, eles recebem a sua parte, pois todos lhes pagam, todos lhes compram o que produzem, Ali-Ebn, o Vizir, balançou silenciosamente a cabeça, aprovando. — Agora, veja que contraste com esses creadores de belezas, os artistas. Vivem pobres. Nada teem. Ninguém lhes dá um ceitil pelas coisas belas que suas mãos, ou seus cérebros, produzem.^ Quem compra um verso? Ninguém o compra. Mas todos o ouvem estasiados, decoram-no e com sua música e- beleza todos se deliciam... As cançOes que os trovadores cantam noite alta, embalam sonhos de amor, anseios de felicidade. E nada mais custam do que o
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CONTO DE GALVÀO DE QUEIROZ
esforço de alongar o ouvido e acompanhar seu ritmo... Ali-Ebn, eu quizera achar um meio de reparar essa injustiça... O vizir, em silêncio, baixou a cabeça e assentiu novamente. De regresso k capital do reino, Isrnar-Hamed, com aprovação dos Ministros, promulgou um Decreto generoso e inédito. Ficavam convocatios todos os artistas, músicos, poetas, pintores, para vir habitar um palácio lindissimo, que foi erguido de propdsito nas montanhas, bem próximo à real mansão residencial. Todos eles, agora, todos os creadores de beleza", ali viveriam, sem que nada lhes faltasse e sem que nenhuma outra obrigação tivessem, além de continuar produzindo à vontade, engendrando coisas, canções, quadras, poemas, músicas para deleite
do povo e para que a vida de todos fosse mais bela. mais amena e melhor. Todos acorreram. Vieram de longe, atraídos pelo chamamento real todos os artistas que tiveram conhecimento. E o Palácio da Arte" se encheu de estranhas creaturas, todas deslumbradas com aquela grande generosidade, que era mais um traço da personalidade altruística do bom Sultão. Os dias, porém, correram, os meses passaram, e o que tinha que acontecer aconteceu. As bodas reais se realizaram, coin pompa, a alegria reinou em toda a vasta extensão do país. Depois das grandes festas, que duraram dias e dias, tudo voltou de novo ao estado normal e o trabalho pacífico recomeçou então para toda aquela boa gente, que tinha a dita de ser governada
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por um soberano como não havia outro igual. E foi numa '•Yioite de inverno, quando o ditoso Ismar-Hamed e a gentil esposa liam, em silencio no salão da biblioteca do castelo, que um mensageiro chegou e lhes trouxe a sensacional noticia. Senhor, os moradores do Palacio da Arte" decidiram abandoná-lo. Fizeram todos as arrumações do que lhes pertencia, e se dirigem para aqui, pretendendo conseguir uma audiência... A estas horas? — fez Zamara, receiosa de uma atitude hostil por parte dos artistas. Algo de importante terão a dizer-me — disse Isrnar-Hamed — e devo recebê-los. Por que não? E, conforme seu desejo, foram abertas as largas portas do salão de audiências, e foram mandados mensageiros convocar os Ministros e o Vizir. Alguns Ministros, inteirados do que ocorria, faziam comentários. (Continua no fim do Almanaque)
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A' BANDEIRA NACIONAL Mil vezes salve, festival 0' símbolo fagueiro da Imorredoura imagem da Lindo pendão da Pátria ,
Bandeira, bonança, esperança, Brasileira !
O Verão começa em 22 de Dezembro.
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Verde, esperança; azul, serenidade; Amarelo, a fatal prosperidade E a côr branca nos dita a paz gentil. Desfraldada ao sabor das nossas Em lindas, vivas cores, simbolisas A futura grandeza do Brasil ! GONÇALVES
DE
brisas
OLIVEIRA
No mundo, todo o mal- que fizeres a esmo, tens que pagá4o (à vista ou a prazo) em ti mesmo. — MARQUES DA CRUZ.
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ANOS
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. Vamos ver que dia da semana foi o do aparecimento do primeiro número de O TICO-TICO: 14 de Outubro de 1905 ? Na coluna dos anos procure 1905. Siga, horizontalmente, até vêr qual o número que lhe corresponde na coluna vertical pertencente a Outubro. Achará 0 somando 0 ao dia desejado (11) dá 11 mesmo. Vê-se, então, que o n.° 1 corresponde, no quadro dos dias, (abaixo) a uma quartafeira. Realmente, o 1.° número do querido TICO-TICO circulou em uma quarta-feira.
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MODO DE USAR O CALENDÁRIO PERPÉTUO
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HORA
A HORA é o tempo que a Terra despende em percorrer 15 graus de seu movimento de rotação. A hora divide-se em 60 minutos, cada minuto consta de 60 segundos e cada segundo de 60 terceiros. Vulgarmente se divide em quartos ou minutos, e só se diz 1 h. e 1/4; 2 A. e 1/2; 3 h. e 3/4 ou 45 minutos.
PERPÉTUO
2M
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O Outono começa em 21 de Março. O Inverno começa em 22 cie Junho. A Primavera, começa em 21 de Setembro.
Palio sagrado desta gente ordeira, Representando a perenal pujança E os venturosos dias de abastança Desta fecunda terra hospitaleira !
ANTÔNIO
COMEÇO DAS ESTAÇÕES
Dias da Semana
1 I 4 3 ! 6
10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 36 30 37 31 32 33 34 35
Dom. Seg. Terça Quarta Quinta Sexta Sáb.
83
ALMANAQUE
Pode apostar e ganhará
D'0
TICO-TICO
Marinheiro Garboso
Com duas caixas vazias, uma visivelmjente maior que a outra, e utilizando-nos para as pesagens do primeiro pesa-cartas à mão, enchamos uma e outra com areia, ou qualquer
Por
MARY
BUARQUE
(O menino deve vestir uniforme de marinheiro)
(DECLAMAÇAO) Sou marinheiro garboso, nalma tenho amor e fé. Quero ser como Barroso, Jaceguái, Tamandaré. Defendendo nossa terra, nos mares, de norte a sul, seja na paz ou na guerra, sob um céu negro ou azul,
t'v",vf outra substância bastante densa, de maneira que uma e outra pesem exatamente o mesmo. Feito isto, sem que a pessoa que vamos interrogar o saiba, perguntamoslhe para nos indicar, depois de ter sopesado as caixas com a mão, qual é a mais pesada. Constataremos então que nove vezes em dez, pelo menos, a caixa pequena será julgada mais pesada que a maior. Proporcionalmente ao volume, é evidentemente mais pesada; e é isso sem dúvida que leva ao equívoco.
vai o bravo marinheiro, na sua nobre missão, mostrando que o brasileiro sabe amar o seu torrão !
Marcilio Dias glorioso, e Alexandrino Alencar, mostraram quão valoroso é o nosso Brasil no mar. Quando o luar brasileiro prateia as águas do mar, o "garboso marinheiro", sabe sorrir e cantar: (CANTQ) CORO
Marinheiro ! Marinheiro ! Cuidado com as ondas do mar. Olha que o mar é traiçoeiro, marinheiro, muito longe não deves chegar.
O ANO O ano divide-se em tresentos e sessenta e cinco dias,-mas como não são tresentos e sessenta e cinco dias justos e sim tresentos e sessenta e cinco dias e seis horas, estas seis horas, no fim de quatro anos, formam um dia (porquê seis multiplicados por quatro são vinte e quatro).* E' por esse motivo que de quatro em quatro anos o ano é bissexto, isto c, tem mais um dia no mês de Fevereiro. FRASE
REFRÃO
Sou Sou Sou Eu
marinheiro ! Sei navegar ! brasileiro ! Sou da Pátria de Alencar 1 marinheiro ! Digo-o com fé ! sou da Pátria do grande Tamandaré ! CORO
Marinheiro ! Marinheiro ! .Sempre garboso e taful... Olha que o mar é traiçoeiro, marinheiro, o mar nem sempre é azul...
COMPRIMIDA:
ÊXITO Que frase está escrita aqui ? Se não acertar dentro de 3 minutos, veja a solução à pâg. 124.
84
(sÓlo)
(solo)
Sou marinheiro, etc.
19 44
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,.A HISTÓRIA DE UM AVIADOR QUE ERA
EXPERIÊNCIAS
CAMPEÃO
EM
ACROBACIA
CURIOSAS
Tomem três pratos ou três tigelas contendo água quente, fria i morna. Coloquem as mãos nas de água quente e fria, durante algum minutos, e, retirando-as bruscamente, passem-nas para a tigela contendo água morna. A mão que fora posta na água quente sente frio, enquanto que a outra experimenta uma sensação de calor. Enchendo duas tigelas com água quente e colocando um dedo numa e a mão inteira noutra, esta última parecerá estar em água muito mais quente do que a outra, onde só se acha um dedo imerso. A sensação do paladar é tão desenvolvida, quanto a do tato. Tomem três copos. Num dissolvam sal na água; no segundo açúcar « no terceiro sal e açúcar misturados. Um gole de água salgada fará com que a terceira mistura pareça açucarada, mas tim de água açucarada nunca fará parecer salgada, SEJA PONTUAL 86
PARA
O príncipe e o iuiz Henrique V, mn dos maiores reis da Inglaterra, desmentiu no trono o que havia sido cm moço. Nesse tempo, pela conduta irregular, era a vergonha da família. Esquecido dos seus deveres, o príncipe chefiava um bando de turbulentos. Certa vez, um dos seus comparsas, acusado de grave delito, teve de ir à presença do juiz, que o interrogou, ouviu testemunhas, e, provada a culpa, mandou-o para a prisão. Ao ouvir a sentença, o príncipe que ai! estava no tribunal, não pôde calar o despeito. Exigiu, em termos desabridos, que o presidente relaxasse a prisão. — Cadeia, gritou o desordeiro, não se fez para os amigos dos príncipes 1 Sou o filho do rei. Não quero que este homem vá para a enxovia. ¦— Príncipe ou não, — responde o magistrado — vede que estais falando a um juiz. Abaixai o tom. Jurei fazer justiça, e justiça será feita. Ainda mais furioso ficou o príncipe. Cego de raiva, atira-se aos guardas e procura arrebatar o prisioneiro. Ordenalhe o juiz que se modere, ou então será posto fora do rícinto. O príncipe vem como um louco contra o juiz e o esbofeteia. O magistrado, sem perder a calma, manda que os guardas agarrem o agressor e o levem com o amigo para a cadeia. —' Assim resolvo, — explicou — não porque tenha sido desrespeitado, mas porque a lei o foi. E, virando-se para o príncipe, disse: Dia virá em que sereis o soberano da Inglaterra. Podereis, então, esperar que os vossos vassalos vos obedeçam, quando sois, hoje, o primeiro a desobedecer à lei? O príncipe baixou a cabeça, vexado da sua covardia e do seu crime. Sem dizer palavra, entrega a espada, saúda o juiz e segue para a prisão. Quando o rei soube do ocorrido, exclamou: Feliz da nação que tiver juizes para, assim destemidos, fazerem a lei respeitada 1 Pouco tempo depois o príncipe subiu ao trono. Foi geral o temor. Ninguém escondia os seus receios. Rei... um louco daqueles! Que desgraça! Os antigos companheiros apressaram-se em procurar o novo soberano. Esperavam ser recebidos de braços abertos, e voltaram desapontados. Os tempos eram outros, e que eles mudassem de vida se quisessem a sua amizade, foi o que, alto e bom som, lhes disse o rei. Vieram os magistrados do reino saudar a Henrique V. Entre os juizes, estava o que o havia mandado prender. Timbrou o soberano em distingui-lo, e, rememorando o fato, disse de modo que todos o pudessem ouvir: Se eu tiver um filho que se atreva ao que eu vos fiz, possa eu ter um juiz que vos iguale, para o corrigir.
CONFIAR EM SEMPRE EM VOCÊ .19
4 4
ALMANAOUE
D'0
TICO-TICO
JOGO DOS CATAVENTOS (NÚMERO DE JOGADORES: 5 a 20) Traça-Se um quadrado, cujos quatro cantos representam os quatro pontos cardiais: Norte, Leste, Sul, Oeste. Quatro dos jogadores colocam-se cada um em seu canto: ficam sendo os "Cataventos", o chama-se "Eólo" ou deus dos ventos. quinto"Eólo" "Cataventos" de previne os que devem virar rapidamente a cabeça, e sem hesitação, para o lado oposto ao ponto que será indicado. Começa o jogo. "Eólo" grita: "Norte", todas as cabeças devem voltar para o "Sul". "Eólo" grita: "Sul", todas as cabeças devem voltar "Eólo" gritar: "Tempestade", cada catavento deve para o "Norte". Si sobre si mesmo. t girar três vezes osci _m da direita Quando "Eólo" diz: "Variável", os cataventos para trás, até "Eólo' fixar a direção para a esquerda, para diante e "Variável — Leste". Então os catavendo vento dizendo, por exemplo: tos voltam-se muito devagar inclinando-se para "Oeste". A' voz de "Leste". "Oeste",*as cabeças mudam de direção e olham para executa imediatamente o movimento Quando um catavento não ordenado, ou o executa errado, paga prenda. O jogo termina quando se reúnem bastantes prendas.
AS APARÊNCIAS NOS EN CANA .... >^_:
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— Olá! Vou almoçar bem, hoje. Um "cavalinho de judeu"! \
ÜN| CRANDE HOMEM CORNEILLE (MONÓLOGO)
Sou ainda pequenino, Tenho seis anos e meio, Mas declaro sem receio: Jã não sou nenhum menino. E sem medo, nem perigo De que por bobo me tomem Sinceramente lhes digo: Sou um homem! Um homem de pouca altura, Mas, que importa essa questão ? O valor de um cidadão Não se mede na estatura. Sou pequeno ... é o meu tormento O meu cuidado, incessante, Mas na alma e pensamento Sou gigante I Ah! quem me dera alcançar A estatura de meu pai 1 Essa idéia não me sai Da cabeça, a germinar t... Sou pequeno, porém, juro Que quando a pensar me exalto, Os meus sonhos de futuro Vão bem alto. O meu desejo é ser grande E hei de sê-lo certamente; Nâo digo fisicamente, Mas a minhalma se expande Só com a idéia de poder Ser alto no pensamento Forte, grande, a mais não. ser No talento! 19 4 4
— E'
agora!
Aaaaaau I
Pierre Corneille nasceu em 1606 e morreu em 1684. _' considerado o criador âa arte dramática francesa. Dentre as tragédias que escreveu, destacam-se "O Cid", "Horacio" e "Meâéa".
PSEUDÔNIMOS CÉLEBRES Nem todos os grandes literatos e artistas se celebrisaram com os seus nomes verdadeiros. Eis aqui os pseudônimos de alguns: Molière — João Baptista Poquelin. Voltaire — François Marie Arouet. Stendhal — Henrique Beyle. Anatole France — Antônio Francisco Tibault. Pierre Loti — Luis Viaud. George Sana — Aurora Dupin. Mark Twain — Samuel Clemens. George Eliot — Anna Evans. Tristão de Alencar—Araripe Júnior. Júlio Diniz — José Gomes Pereira.
— Bolotas! Enganei-me t Era um avião l Não é porquê as coisas são difí. ceis que desistimos de fazê-las. j Porquê desistimos de fazê-las é qU6 são difíceis. Séneca 87
ALMANAQUE
D'0
T1C0.TIC0
fâsdfêw_to5 iQuífea (eUstyaò OIIRIIJIIII CHÁÜU IIITMÍCII Lembram-se do detetive Ramiro? Ei-lo aqui outra vez... O velho Moreira tinha sido assassinado em sua chácara na Tijuca. Homem rico, vivendo só, não tinha amigos nem parentes além do sobrinho, Miguel. Tinha uma criada, que chegava cedo, trabalhava só pela manhã e ao meio-dia ia embora. O detetive Ramiro vlra-o mais de uma vez, oasseiando, sóstinho, no jardim. E Paulo, vizinho do velho fora quem lho mostrara, dizendo: ~ Aquele é Moreira, o velho solitário, que parece odiar toda a gente... Quando a criada chegou à chácara, naquela manhã, havia um automóvel
parado ã porta. B um homem descia dele. Era Miguel. Alô, Juliana! — disse o sobrlnho do dono da casa. Estou acabando de chegar. Venho vér meu tio. Já estará de pé? Entraram juntos. Juliana íol ao quarto rio velho e descobriu que êle estava morto. Prostràra-o um golpe no crânio. Juliana saiu gritando e foi chamada à Polícia. O detetive Ramiro, quando chegou, cinco minutos depois, encontrou Miguel ao portão da chácara, junto do automov«l. Pobre tio! — murmurava êle. Morrer assim!! Mas só êle teve a culpa, pois nunca quis que eu lhe íizesse companhia... Ramiro se aproximou de Miguel e, ao mesmo tempo que se apoiava à capota do auto, perguntou: Senhor Miguel, quando chegou o senhor? Ha, talvez, dez minutos, senhor detetive. V«lo de Petrópolis? E' lá que o senhor reside, não? 38
APRENDA A SOMAR LETRAS
Procure solucionar estes passatempos por si. Esforcese para isso. Teime. Insista. Si, de todo, não conseguir, então veja as suas soluções à página 124.
Eis um interessante exercício de arimética em que as letras representam o papel de algarismos. Comparando o total, expresso em letras, com as colunas de letras que servi¦
54 36 72 18 09 189
QUAL SE.RÁ...
BU PL IE RC SA
— O nome de uma medida de peso que é, ao mesmo tempo, mamífero carnívoro? — O nome de uma moeda americana, que é, também, um astro ? — O nome de um rei israelita que é arquipélago da Melanésia ? — O nome de uma fruta que é capital de país ? — O nome de projétil que é cidade européia ? — O nome de moeda que é signo do zodíaco? — O nome de mamífero que serve para levantar pesos ? — O instrumento de precisão que é signo zodiacal ?
RCA
ram para o formar, deve encontrarse uma palavra de dez letras, correspondendo aos dez algarismos de numeração, incluindo o zero. Expliquemos: um exemplo. A palavra a encontrar deve ser de dez letras diferentes, para que cada uma corresponda a um número sem confusão possível; tomemos a palavra REPUBLICAS, em que R — 1, E — 2, P _ 3, U — 4, B — 5, L — 6, I — 7, C — 8, A — 9, S — 0. Escrevendo uma adição de cinco números em duas colunas, não empregando cada algarismo senão uma única vez, façamos o total, sempre em algarismos. Feito isto, substituamos todos os algarismos pelas letras correspondentes e apresentemos aos Investigadores a adição assim transformada, pe-
dindo-lhes para encontrar a palavra que serviu para a estabelecer. A adição da esquerda representa o trabalho preparatório; a adição da direita é a que se deve propor.
•--.-.-.-.-«-.'
Para que (cvar as pernas de páu para o jardini Zoológico? Ora,
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mãe... Vou dar de comer à girafa.. -.•»V.v^%vv•^-«-M^vv^^"*%vw"*-w-.-.v-.*•*•-.-.-.•.-.-.-.-w-.•.-^•«".-.
Sim, senhor. Vim de Petrópolis. Vim vêr meu tio. Tinha prometido visitá-lo... Ramiro ficou pensativo um instante. Depois disse: O senhor mente. Não chegou há dez minutos! Posso prová-lo! Está preso, pela morte de seu tio! Vamos vir, agora, quem descobre: que provas tinha Ramiro contra o sobrinho do velho Moreira?
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COMPLETE AS PALAVRAS
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CORTAR UM BRAÇO GRANDE
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SEM UM OLHO PASSA«O BICUDO
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O CORPO HUMANO
VOCÊS gostam de desenhar e é preciso que conheçam certas regras que não podem ser desobedecidas, por quem se dispõe a ser desenhista. Chama-se proporção, a essa reIação existente no corpo humano, e sem a.qual uma figura de homem deaehhada fica grotesca, exquisita e horrível. Não se pode, por exemplo, desenhar um homem que tenha a mão
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2
maior do que a cabeça ou o olho maior do que a boca. Seria um mostrengo. Por isso, é sempre útil conhecer as medidas ideais, isto é, as medidas consideradas normais ou perieitas, para uma figura desenhada. O nosso desenho de cima mostra isso de modo claro. Por exemplo: a distância que vai da ponta do dedo médio à chamada curva do cotovelo, tem de ser a 4." parte da altura da figura humana desenhada. A distância entre a parte superior da cabeça e o centro do peito, é 19 4 4
rior do crânio são iguais. igual à distância entre o cotoConsiderando velo e o centro do pescoço. três espaços iguais da base A mão é igual à décima pardo nariz afé a te da estatura, e a distância enS I II I extremidade do tre as extremidades dos dedos «5 médios, em uma figura com os J queixo, a comis*"T—T "~T" sü *I t braços em cruz (como a nossa) sura dos lábios eqüivale à altura da figura. Os se encontrará na gregos estudaram perfeitamente primeira diessas noções de proporção e visão. harmonia entre as partes do corAs orelhas estão compreendidas po humano, e ninguém melhor do sobre o prolongamento das linhas que eles realizou obras tão perfeitas que passam pelo arco das sobrande estatuiria, graças à observância celhas e a base do nariz. dessas leis, até hoje Seguidas pelos Si dividirmos longitudinalmente a artistas que querem fazer coisas largura do rosto em 5 partes iguais, belas e não aleijões. os olhos ficarão precisamente nas Está claro que as pessoas comuns segunda e quarta divisões. não teem, todas, as medidas e proA largura do nariz, na sua base, porções ideais. Há os baixos, os deve ser igual à largura do olho. A altos, os de pernas curtas... Mas boca é uma vez e meia a mesma quando vamos desenhar procuramos, como quando vamos escrever, fazer medida (5.a parte-do rosto). sempre coisas bonitas, buscando o Como vocês vêem, não se deve mais perfeito que nos fôr possível. nem se pode fugir a esses preceitos
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Olhem, agora, para a distâncias que medeiam tremidade inferior do base do nariz, e daí ao brancelhas, e destas à
figura 2. As entre a exqueixo e a arco das soparte supe-
UM HOMEM RICO Mamãe, seu Rozendo ê muito rico, não é? Por que o perguntas? Por isso: eu ouvi quando êle dizia a papai: estes meus sapatos são número 42... Sim. E então? Ora! Pra ter 42 pares de sapatos, é preciso ser muito rico!! Papai só tem três...
de harmonia, que até nas caricatu¦ras devem ser observados para que aquilo que vai exagerado possa ser sentido. Há livros especiais que ensinam detalhadamente essas coisas. Os meninos que se sentem com vocação para a bela arte do desenho ou da pintura, devem, antes de pretenderem desenhar histórias em quadrinhos, que é por onde os desenhistas de verdade terminam suas carreiras, quando já sabem desenhar, procurar aprender, estudar' com interesse essas noções que são a base de todo o renome e de toda a fama na arte da ilustração.
89
ALMANAQUE
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QUEM
DO
TICO-TICO
TRABAIIHIA
está sempre contente TO
trabalho é uma cousa que às vezes nos cansa e que, uma vez ter-
minado se abandona com alegria. Há muita gente que espera com impaciência os dias
porcionar-lhes muitos bens. Mas, para os que não fazem nada, o dinheiro pôde ser a sua perdição. As pessoas devem sempre ter qualquer ocupação; devem
feriados, que não gosta de se levantar cedo, e desejaria que alguém lhe deixasse a sua for-
ter um fim que guie os seus passos na terra, do contrário, as suas vidas não teem valor
O
vidade. Nunca se aborrecem, os seus corpos não amolecem nem definham, e não comem nem bebem sinão o de que precisam. Mas o traço mais distintivo dos seres humanos, e em especial dos seus tipos mais elevados, é que todos sentem um impulso, uma necessidade
tuna; contudo, se déssemos um pouco de atenção, veriamos que o trabalho é muito proveitoso, e, em
de
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fazer alguma cousa; de formar planos e de os pôr imediatamente em
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volta de nós, podemos observar todos os dias as con-
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seqüências de se permaneser inativo, mesmo nas
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pessoas que teem muito dinheiro para se divertir. Há duas espécies de pessoas: as que procuram qualquer trabalho, embora tenham meios de fortuna, e as que não fazem nada. Para os primeiros, o dinheiro constitue a sua felicidade e
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'#¦! fiar iTmiJ Ia beaaatatT-Taargajl g M 1/^ V fgmsaÊmB
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dedicou a sua vida inteira, sente um pezar pro-
sa dedicar as energias que lhe restam, em vez do rude labor que já é superior às suas for-
uma necessidade para algumas espécies inferiores de seres,
ças. E em breve se convence que vale muito mais trabalhar
p r o-
que neles é natural é a inati-
QUALQUER
. Quando um homem se retira do trabalho ao qual
para elas nem para os seus semelhantes. O trabalho não constitue
não lhes acar|^£) reta mal algum, podendo
execução.
fundo se não encontra uma ocupação fácil a que pos-
como por exemplo, para os animais de sangue frio, como os lagartos; pelo contrário, o
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90
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TRABALHO, MESMO O MAIS HONRA A QUEM O FAZ.
que permanecer ocioso, feito um vadio. HUMILDE, 19 4 4
ALMANAQUE
Seu J uca
D'0
TICO-TICO
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o u r s o iüiiiiiiiiiuiiiiíniiiuíw Às vezes os homens encontram animais astutos e inteligentes, que lhes dão lições de esperteza...
Seu Jucá tinha preparado uma armadilha com um frango, na doce esperança de apanhar um urso para vender ao dono do circo.
:^^^^g=^l & * t^^^^toj^r
Seu Jucá já estava certo de bom êxito da caçada mas eis que o urso retrocedeu mesmo na horinha... ¦¦¦¦—¦¦¦-
— Lá vem êle, de novo! — disse Seu Jucá. — E traz o filhote! Vou apanhar os dois! Vai ser uma dupia vitória! E ficou todo assanhado.
Não teve que esperar muito, pois o urso, atraído pelo cheiro da "isca", logo apareceu e se aproximou.
*
^7^^^^^
Mas.,, que seria aquilo? O ursopai passou o filhote para a frente... Parecia que estava agindo com inteligência, como quem raciocina. Urso danado!
,ni.
Enquanto o bêbê-urso Lá está! avança pela taboa, ele se põe sentado na extremidade dela, como contrapeso, para a armadilha não funcionar!
Seu Jucá está desapontado! Urso terrível!! Urso pirata!! Será que êle pensa? Será? E lá se foi a "isca", o belo frango tentador e cheiroso!
Danado da vida, Seu Jucá teve que reconhecer que fora logrado. E lá se foi, com a sua armadilha, cuidar de outra vida. Furioso!!
N,Ia
vida, o homem arrepende-se de tudo: oü de falar demais ou de ficar-se mudo, de ser brutal, de ser astuto, de ser franco de tudo, emfim, neste contínuo solavanco, mas nunca alguém se arrependeu (mesmo o mesquinho) de ter, um dia, dado esmola a um pobrezinho. MARQUES DA CRUZ 19 4 4
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ALMANAQUE
D'0
TICO-TICO
vou ali... e já volto
(~0ÓDE-SE dizer que foi Nosso i Senhor Jesus Cristo quem determinou todas as coisas referentes ao Santo Sacrifício da Missa. Mas deixou a cargo da Igreja o que se refere à sua celebração, com maior ou menor solenidade.
Jaf^^Hmmm>m<.>
Monólogo de
o sacrifício da Missa
-
EUSTORGIO WANDERLEY (Entra com uma bolsa ou maleta, em trajo de viagem e falando para o interior): Esperem um pouco, que eu vou ali... e já volto. Sim... Não demorarei. (Ao público): Pois é...'antigamente, quando algupm tinha de viajar, era como se embarcasse... pára o outro mundo: fazia testamento, despedia-se dos parentes e amigos, e partia... Não havia certeza de que se voltaria, nem mesmo de que se chegaria ao fim da viagem, que levava meses e meses, em navios à vela, a cavalo, em carros de boi, em "dlligências", cadeirinhas, palanquins e em outros que-tais estranhos veículos. Hoje, não: a gente entra no bojo de um avião, as hélices roncam, e, quando se pensa estar em meio da viagem, está-se chegando ao fim.
C/10 apóstolo S. Pedro se devem *si os ritos da Missa tal como se celebra atualmente, e que estão de acordo com a liturgia chamada romana. Mas esta linguagem é pouco fácil de ser compreendida por vocês. Vamos explicar as coisas com
E' comum tomar-se café no aeroporto Santos Dumont, às 6 horas da manhã, almoçar-se, ao meio dia, um vatapá na Baía, (até parece verso, mas não é) jantar às 4 da tarde um "feijão de coco" em Pernambuco e, ao anoitecer, já se está no Pará ou no Amazonas comendo pirarucu com farinha dágua", ou bebendo assai. Por isso é que, indo fazer uma dessas viagens, eu nunca digo adeus!... e sim até logo!... Eu vou ali e já volto! E volto mesmo, muito antes do que se pensa. Embora tenha ido ao estrangeiro não posso por lá me demorar, porquê a saudade do meu Brasil não o permite. Quem quiser saber o quanto ama o Brasil faça uma viagem ao estrangeiro! Por mais belo que seja o país onde estiver, não lhe achará beleza alguma; por maior que seja o conforto que tiver, sempre lhe faltara qualquer coisa, e esta "coisa" é a beleza, são os "ares" da pátria querida ! Então somente um pensamento nos anima: é voltar! Felizmente um genial patrício nosso, o inolvidavel Santos Dumont, inventou o aeroplano que, rasgando o espaço com seus possantes motores, em poucas horas nos põe, novamente, no solo do Brasil, por mais longe que dele estejamos. Glória, pois a Santos Dumont, que resolveu o problema da navegação aérea, em tão bôa hora!... E por falar em hora... (Consulta o relógio) Estou eu aqui a "bater papo", sem me lembrar da hora em que devo tomar o avião para ir ali a Buenos Aires, dar um abraço nos nossos amigos argentinos!... Com licença... Até logo... Se quiserem esper ar aí sentados, não façam cerimônia porquê ^J^/j| ^^ não me demorarei... Vou ^^fÍ0m\\\\mW ali... e... já volto! (Sái). 92
mais simplicidade. Nos tempos em que os cristãos estavam sendo perseguidos, a cerimônia da missa era mais curta do que hoje. A missa pôde ser rezada, e cantada, ou "missa solene". Nesta, tomam parte o celebrante, o diácono e sub-diácono, acólitos e iuriferârios (os que levam os turíbulos com incenso), £' dever de todos os católicos ouvir missa inteira nos domingos e dias de festa de guarda. A missa é uma evocação ou reprodução simbólica do sacrifício feito por Jesus, morrendo na cruz pela humanidade. No dia de Natal, assim como no dia de Finados, cada sacerdote diz três missas seguidas.
COMPRIMIDO: SU^ÚRIÇO P l de homem está comnome Que primido aqui? SI nao souber procure vêr à página 124. 19 4 4
ALMANAQUE
VO
TICO-TICO
COMO SE DESTENHA UMA BONITA PAISAGEM A primeira cousa que o "artista- tem a fazer é escolher e delimitar o que vai pintar. O trecho de paisagem é sempre um detalhe, uma pequena parte de grande conjunto. Uma vez escolhido,- é preciso saber ater-se a êle, limitar-se. Quem não se sabe limitar jamais saberá pintar.
$A_vE, BRASIL! Conde de Afonso Celso Possúes grandeza e formosura Preclaros dons, egrégios bens; Nobreza mostras, que fulgura Já na raiz donde provéns. Do seio teu se exalam hinos; A fé no bem teu solo induz;
— Aqui está — faz de conta — o que o pintor viu, o que escolheu para seu quadro. Por onde deverá começar o nosso artista f Que deverá fazer, em primeiro lugar, para passar para sua tela a paisagem desejada f Primeiro, o que se segue.
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— Vejam este cartão como foi preparado. Cousa fácil, não t Qualquer um faz cousa igual. Sste papelão, assim recortado, será ãe grande valor para o pintor. Toma-se um ponto de referêncía na paisagem, que não pôde ser quadriculada, e na tela se marca esse ponto.
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Dtu-te a expressão de teus destinos Teu nome outróra: Vera Cru;:. O teu passado é todo honroso, O teu presente orgulho faz; E que futuro portentoso. Terra de luz, terra de paz! Lar da Igualdade e do Direito: Hospitaleiro e liberal, Seja a quem fòr, logo o teu peito Depara abrigo maternal. Ninguém em ti foge à verdade, Amas lutar do justo em prol. Somente o sol da liberdade
— Olhe a figura e compreenderá melhor. Usar o cartão eqüivale a quadricular a paisagem. Marcados os pontos essenciais desta, e na correspondente redução sobre a tela, tudo o mais se tornarâ fácil. A distância entre o cartão e o olho do pintor deve ser sempre a mesma. ___T1_———LI
II
L
— O centro do retângvXo e o centro do quadro se correspondem. O pintor irá sempre colocando o centro coinciâindo com o mesmo ponto da paisagem, cada vez que olhar, com o cartão à mesma distância do olho. Por esse procesos marcará os pontos principais, no quadro, o que lhe permitirá ir esboçando o desenho com suas proporções.
Será teu puro, eterno sol.' E" permanente o teu sorrLo. Queres tranqüilo trabalhar, Sabes, porém, quando preciso, Galhardas.armas
manejar.
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Para venceres lmpecilhos. Basta-te um pouco de labor, E que da parte de teus filhos Haja por ti sincero amor. Amor da Pátria, como ardentes sempre nossos pais — e os nossos descendente-; Temos, Tiveram — Tendo determinado a posição da linha de terra, ou linha de horisonte, as linhas de fuga já poderão ser traçadas, convergindo para o "ponto de fuga", e demarcando a perspectiva do desenho — e a perspectiva na difícil arte da pintura é o que há de mais essencial. Olhem para o desenho e verão melhor o que queremos deixar explicado. 19 4 4
— Assim, graças ao auxílio do pequeno recorte de papelão devidamente preparado, é possível se chegar a um resultado melhor do que se terá querendo fazer — quando se 6 principiante — um esboço sem qualquer auxilio. Com o tempo e a prática será dispensável, talvez, esse auxilio. Mas... vocês agora é que vão principiar...
Terão também, cada vez maii, Salve, nação predestinada Ao nobre, ao grande, ao senhoril, Bemdita Pátria idolatrada, Salve, Brasil! Salve, Brasil!
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SIMÃO FOI ESPERTO!
TICO-TICO * ¦» ¦» »,»,.^^^^^Juy^^|^y>_ftj^^
A juventude canta... Somos fortes, valentes, altivos, Do torpor desprendendo os grilhões! A fraqueia faz povos cativos, As Simão.
coisox
estavam
pretas l
A
cobra
ia
O Yl^or gera livres nações 1
atacai
Nossa marcha é pujante e entusiasta Pelo ideal que embalamos no ser: Nesta terra tão bela, tão vasta, O brutal'agressor combater I Nossa fé se revolta e se expande Num Brasil que os seus filhos sustem; Mas nosso apertos..
herói
é dos tais
que sabem
sair
E um país só será forte e grande, Sa o seu povo fôr grande também!
dí
Para a frente! Bravura! Energia! Rompa e vibre pelo ar nossa voz! Na vitória hoje a Pátria confia E o Brasil de amanhã — somos nós!
A cobra deu jacaré...
o bote
mas
êle
pulou
Estribilho
e o amigo
Juventude BrasileiraI A nossa alma varonil 'toda, Consagremos inteira, À defesa do Brasil!
ÁLVARO ARMANDO aproveitou a ocasião. E então seu galho. 94
o Simão
voltou ao
^
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TICO-TICO
fc&l diabrete de cinco JULINHO, anos, fazia manha para não ir dormir. D. Laura, a mamãe, insistia, já zangada, prometendo-lhe palmadas. Eu quero perguntar uma coisa a papai, disse o garoto choramingando. Deixa-o vir, Laura: consentiu, do escritório, o Dr. Gustavo. E Julinho ao pai: Eu quero dizer bôa noite a você e "te" perguntar uma coisa. E depois vais dormir ? . Vou. Então, pergunta. Papai, porquê é que a maninha Lili não tem dentes ? Eu olhei e vi a boquinha dela vasiazinha ! Ela vai ficar assim toda a vida ? Não. Papai do céu vai mandar uns dentinhos para ela. E eu também não tinha dentes ? Também não tinhas.. E o Papai do céu mandou estes ? E abriu a boquinha tagarela. Pois então ? ! Bem, agora, que já perguntaste o que querias, vai com a ama. Bôa noite, papaizinho ! Bôa noite; dorme, direitinhò amanhã a vovó te conta que umas histórias bonitas. E Julinho foi. D. Gertrudes, mãe de D. Laura, chegara na véspera, a passar uns dias em casa do genro. Andava beirando os setenta anos de idade. Recolhêra-se um tanto fatigada. De Icaraí à Tijuca, é uma viagem ! Na manhã seguinte, eram já 7 hofas e D. Gertrudes sempre tão madrugadora, ainda não aparecera. Quê terá mamãe, que ainda não saiu do quarto ? Talvez ainda esteja dormindo, sugeriu o marido. Estava tão cansada! 19 4 4
E o Dr. Gustavo saiu com o Julinho, a dar o seu passeio rnatinal, pela chácara. Mal entraram no jardim, o pirralho indagou, msistindo no inquérito da véspera: Papai, os dentes da maninha teem de ser pequeninos, não é ? Certamente! depois vão crescendo, caem, e nascem outros. Então eu fiz bem . . . fez Julinho, falando consigo mesmo. Como, fizeste bem ? Fiz, sim; "aqueles" eram muito grandes. "Aqueles" ? que aqueles, Julinho ?
Eu te conto. Ontem, quando eu já estava na cama, ouvi urn barulho no quarto, em que vovó estava dormindo: rom ... rom .. . rom . . ., pensei que fosse o gato, me levantei e fui, de pontinha de pé, ao quarto; não era o gato não; era vovó que estava roncando. Quando eu ia saindo, vi em cima da penteadeira uma coisa branca; "peguei ela" e vi que eram uns dentes. Sim, sim, e que fizeste ? Pensei que eram os dentes Papai do céu tinha mandaque do para a maninha e levei para q meu quarto .. .
Sim, e depois ? Botei debaixo do travesseiro e dormi; de manhã bem cedinho, eu ia para "bote.r eles" na boca da nenêm, mas vi logo que eram muito grandes, que Papai do céu se enganou na medida; então . . . Então . . . Então, eu fui e "enterrei eles" aqui no jardim. Enterraste-os ? Enterrei. Quando se enterram as pessoas elas não vão para o céu ? A Joana me disse. Eu, então, enterrei os dentes para eles ir para o céu e, então, Papai do céu vê logo que se enganou e manda outros mais pequenos para a maninha. Ora, essa agora ! Que é que tem, papai ? Nada, nada ! sabes bem o logar ? Sei, sim. O Dr. Gustavo, sem perda de um instante, levou-o a mostrarlhe onde enterrara os dentes . . . do bebê, e, depois de recomendar ao pequeno que nada dissesse do que fizera, desenterrou a dentadura, lavou-a com infinitos cuidados, e foi entregá-la, às ocultas, à esposa, contando-lhe, por alto, o que sucedera. D. Laura, sorrateiramente e aproveitando um momento de ausência da mãe. foi colocar a dentadura sobre a penteadeira. Daí a alguns minutos, entrava na sala D. Gertrudes, muito elegante e muito digna, com o seu ar de nobre dama, e, chamando a filha à parte : Imagina, minha filha, que desde as cinco horas estou de pé, procurando a minha dentadura.' Revistei por toda parle e nada! E, agora, quando já estava quase chorando de desespero, encontro-a, onde a tinha procurado uma porção de vezes. E ainda há quem não acredite na obra dos maus espíritos ! O "espírito máu", àquela hora, estava pelo jardim, a correi atrás do cachorro. 96
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A importância da mastigação correta
O alimento, para que seja bem aproveitodo pelo organismo, deve ser mastigado de vagar e muitas vezes: 20 pelo menos. D11rante a mastigação, corre em maior abundância a saliva, que se mistura aos aliméritos, auxiliando a sua digestão. Costuma-se mesmo dizer: bôa mastigação é meia digestão. Mas a mastigação não ê somente necccsária para a bôa digestão. Os dentes c os gengivas, como outros órgãos, também precisam de exercido: e a mastigação ativa a circulação do sangue nas gengivas. Por outro lado, é de grande importância para a limpeza dos dentes: pelo atrito, os alimcntos mais duros removem resíduos, polindo a superfície exposta dos dentes e evitando e depósito de tárlaro.
mm (M1 i ovo
Quando a casca dum ovo está bem sã, sem qualquer traço de fenda, é tão sólida que, contra todas as aparências, é impossivel quetirar por compressão. Podeis então, atrevidamente, apostar com um terceiro, que, mesmo com muito esforço, não conseguirá partir um ovo na mão. Vé-lo-eis arregaçar a manga para evitar os salpicos, colocar a mão por cima dum recipiente, comprimir como num torno... — e renunciar por fim ao esmagamento que considerava fácil e inevitável. Fazei, entretanto, cozer o ovo e desçaseai-o; podeis gabar-vos de o fazer entrar numa garrafa que tenha o gargalo mais estreito do que êle. Para o conseguir, introduzi um papel aceso na garrafa; e, quando o ar, dilatado pelo calor, estiver razoávelmente rarefeito, colocai o ovo sobre o gargalo. l'ela pressão atmosférica o ovo, moldando-se, penetrará no gargalo e cairá no fundo da garrafa, produzindo uma ligeira detonação.
TICO-TICO
TAL TAMPA, TAL BALAIO ftWrfswAfjw^vyw«wwvwvv
à entrada da vila morava o "Zé do Burrico". As crianBEMças assim o tratavam porquê constantemente o viam encarapitado no lombo de seu inseparável burrico. Era um pobre homem. Muito bondoso, mas pouco inteligente. Por esta razão era motivo de troça para todos. Vivia da venda de ovos e frangos, que ia comprar nos sítios próximos.
Constantemente o viam encarapitado no lombo do seu inseparável burrico. "^^///"')* Lm. K\L\ 7^1 ^^Sm^m^i
O certo ê que o burrico compreendia muito bem as ordens do dono. Pudera! O "Zé" não parava de conversar com êle. E não o fazia por exibição, sim por hábito.- Chamava o burrico e mandava que o esperasse em certo ponto — e ninguém o tirava dali! Outras vezes fazia-o ir sozinho para casa — e não havia quem fosse capaz de o desviar do caminho, nem mesmo de pegá-lo. Assim iam vivendo. Um dia; porém, o "Zé" apareceu na vila todo machucado: perna inchada, escoriações pelo rosto, nariz esborrachado; vinha puxando o inseparável burrico, tão maltratado quanto o dono. O pobre animal mancava da pata dianteira. Que foi isso, "Zé"? Que aconteceu? Ah, "sêo" moço, foi um desastre horrível! Vi na beira do caminho uma laranjeira carregadinha. Estava muito perto duma buraqueira. Como eu estivesse com sede, quis apanhar umas laranjas. Por prudência fui dando ordens ao burrico: "Eia!... Burrico!... Eia!... Burrico!.. " Êle dava um "eia". Assim conseguimos chegar passo à frente a cada novo à beira do precipício. Fiquei de pé na sela, com a intenção de alcançar as mais bonitas. Quando ia apanhar a primeira laranja, disse ao meu burrico: "Olá ! amigo, está vendo esta buraqueira? Se vier alguém aí por trás e disser: "Eia!... burrico !... Eia !..." Foi a conta. Ao ouvir um novo "eia", meu burrico deu mais um passo — e lá fomos os dois para o fundo. Tudo isto se deu por ser eu tão burro e meu burro tão sabido... H
NAO ASSOBIE NEM FAÇA RUÍDO 96
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OS OUTROS 19 4 4
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POR QUÊ 0 GALO NÃO VÔA? se passou há muitos anos, num tempo em que as aves ISTO não sabiam ainda que voavara. Todas elas viviam aqui por baixo, como qualquer animal rasteiro. & águia, o condõr, o albatroz, a gaivota, o papagaio. Nenhum fazia o que hoje faz pelo espaço. Um belo dia, quando todos estavam caminhando por uma estrada pedregosa, que feria os pés, o papagaio lembrou: — Ora, meus amigos, nós estamos por aqui bancando os "trouxas"; cansando as pernas, fati-
gando o corpo, quase sem resultado. Não se sai do mesmo lugar. Para alguma coisa devem servir estas coisas que temos do lado. E apontou para as asas. — E' verdade — os outros concordaram — Quem sabe se isso não nos ajudaria a vencer as distâncias, cortando os caminhos pelo espaço? Era uma idéia! O papagaio foi o encarregado de entender-se com todas as aves para uma experiência. Procurou uma por uma. Só o galo se opôs a isso. Achou que não era possivel, que todos estavam doidos. Êle, de sua parte, não queria histórias. Tinha asas, mas não ia para isso. Prezava muito a vida arriscá-la tentativas em para perigosas. E recusou-se terminantemente a tomar parte na experiência. O papagaio e as outras
OSWALDO
aves não desanimaram. Vencendo a hesitação de uns e a fraqueza de muitos, marcaram o dia da prova. Tinham adquirido confiança nas asas. Iam com elas conquistar o espaço, dominar a amplidão. Não precisariam mais ferir as pernas e os dedos nas estradas pedregosas. Alegres e confiantes viram chegar o dia da experíência. O local escolhido era uma colina de onde as aves tinham' de atirar-se no espaço, estendendo as asas. Tudo quanto foi bicho apareceu para assistir à prova. O galo tambem foi. Protestava que não era graça. E dizia com empáfia: — Isso é uma asneira. Eu bem que os aconselhei. Não façam tolices.. Vocês vão vêr só em que dá essa experiência. Chegou, enfim, a hora. Todas as aves estavam lá em cima, prontas para o vôo. E o galo protestando cá em baixo. De repente, a águia atirou-se. E logo em seguida se atiraram o contlôr, o albatroz, a gaivota, os pombos, todos os pássaros. Num ominuto, o espaç ficou cheio de asas que iam e vinham, movendo-se em todas as direções. Cá em baixo todos cstavam deslumbrados. As aves tinham conseguido a sua grande vitória. No dia seguinte, mariscando cá em baixo, o papagaio encontrou o galo desapontado da vida. E vai daí perguntou-lhe: Então, amigo galo? Que lhe dizia eu? Vencemos ou não? Foi só questão de coragem! Ora, aquilo quem é que não faz! — respondeu o galo, mal escondendo o seu despeito. Quem não faz? — volveu o papagaio — Você, por exemplo. E os dois trocaram a aposta. O galo jurou que dali mesmo era capaz de voar até o outro lado do rio. O papagaio esperou. O galo abriu o bico^e bateu as asas, tentando ganhar o espaço. Mas não saiu do mesmo lugar. O papagaio então saiu anunciando que foi castigo do céu. O certo é que o galo tenta de vez em quando repetir a experiencia. Bate as asas, abre o bico, anunciando que vai voar — e quando acaba não vôa nunca.
ORICO
0 SABIA' E A ARARÁ âela .arara as suas penas Ao rei de alados cantores Com vaidade apresentou; E por suas finas cores Com escárneo perguntou. O sabiá mui Se mirou, e Da pergunta Pois escuro, So então se
ligeiro descontente se doeu. não luzente, conheceu !
E de triste e magoado, O tal escárneo sentindo, Mil trinados começou; E a arara o canto ouvindo De tristeza se tomou.
•
Abateu as belas asas, E com o bico caído Pezarosa se mostrou, E o sabiá sentido A causa lhe interrogou. "Ah, voltou-lhe a pobre arara Cantas com tal melodiaQue és da terra o mór cantor 1 Bem quisera essa harmonia Que te deu o Creador 1" "Aprende, o cantor lhe disse, Cheio de contentamento, Nada há sem compensação; Todos teem merecimento, Não há feio sem senão."
FAÇA FLORES, MENINA
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CONTA RIDQWa*
^Ov_5^>/
Recorte' um pedaço de papel com a forma desejada e levante-lhe as orlas ligeiramente, sem as dobrar, para ter a corola. Ao centro da ilor uma conta redonda, de côr, e por baixo uma conta comprida, ssrão fixas por um arame que atravessa a flor e constltuie o seu pedúnculo; em volta desse arame deve - enrolar-se uma tira de papel de seda verde. Pinte o papel de amarelo, de vermelho, de violeta de tonalidade viva e terá uma flor, ss não autêntica, pelo menos muito decorativa. Depois de feitas três ou quatro, reunem-se os pedunculos de arame para formar um ramo. Quanto às folhas, serão igualmente recortadas no papel, pintadas de verde e atravessadas na base (à semelhança dos alfinetes quando ainda na carta), por um arame ave também irá enrolar-se no pedúnculo
das flores.
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TICO-TICO
A escola d'0 TicoTico 0 Calendário dos Egípcios
A
bicharada, desde muito tempo, andava ociosa, na floresta e no campo. O tempo passava sem uma aplicação por parte dos bichos. Os passarinhos, vencidos pela indolência que o calor provocava, não cantavam, não colhiam as palhinhas para a feitura do ninho encantador. O coelho, o rato, o caxinguelê, o ga-' Io e o pato, o marreco e a cotia, todos, amolentados e silenciosos, pareciam ter perdido a noção do movimento. À sombra das grandes árvores dormiam e era com grande custo que saíam em busca do alimento, farto na fioresta, ou das águas tranqüilas do lago próximo. Nunca se vira tanta indolência, nunca o verão abatera, de
Ilpr*
O 98
NATAL
E O ANO
Nas plagas das pirâmides, determinava-se com precisão a duração do ano, que era dividido em 12 meses de 30 dias cada um. Os restantes 5 dias ou 6 dias, nos anos bissextos, eram consagrados a festividades. O mês dividia-se em 3 períodos de 10 dias modo tão constritador, a bichacada um. rada chilreante, que morava na Pelo Calendário dos Egípcios floresta. A vida naquele logar era se nortearam os Romanos, por só dormir. Foi assim que um tiordem de Júlio César, após a co-tico surpreendeu todos os haconquista do Egito, (ano 46 anbitantes da mata. E uma idéia tes de Cristo). Os Romanos disassaltou a imaginação do lindo tribuiram os 5 dias extras acrespassarinho. Êle havia de desper- centando um dia a cada um destar todos os animais da floresta tes meses: Janeiro, Maio, Julho, para a agitação, para o trabalho, Setembro e Novembro e retiranpara o estudo, para a vida, em- do um dia a Fevereiro. fim. Fundaria, com o auxílio da douta raposa e do mestre urso, uma escola para os animais. E A SEMANA DE 7 DIAS Antes da Era cristã, os Romaassim fez. Dias depois, a bicharia da floresta, despertada pelo nos adotavam a semana de 8 "o alento que a instrução recebida dias, ao oitavo dia chamavam na escola lhes levara ao íntimo, dia o mercado". A semana de 7 dias foi estabeanimava a vida dos matos, canlecida pelo imperador Constantitando e voando, agino, no ano 321, inspirando-se no tando-se na maniCalendário hebreu. festação alegre do trabalho e do estudo. O tico-tico, ANOS BISSEXTOS com a sua escola, realizara o milagre São aqueles que teem 3«6 dias, Todos os anos que sejam divide tornar à vida os veis por 4, exatamente, são companheiros d a anos bissextos. O ano atual é bisfloresta aos quais a sexto, como serão bissextos tamindolência, por poubem os anos : 1948, 1952, 1956, co, não aniquilara. 1960, 1961, 1968, 1972, 1976, etc.
NOVO
M
CAEM
SEMPRE
NO
MESMO
DIA
DA
SEMANA 19 4 4
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A VITÓRIA NO ÇQNCURSO DE BELEZA
*? trê* ,,rmãf" «"¦m«d»« B«nea, V; *."*'" S!"" A^Sn l • i nac dizer nua aram fãn has* *...._*. bonitas, pois quem as via logo se impressionava com as cutls que possuíam, cheias de manchas ! e de espinhas. f\
desatava ficar mais mais ffl\ j Entretanto, cada qual desejava bonita as outras, e para isso faziam as i três os que maiores esforços. Ora, aconteceu que houve na cidade onde elas moravam um I concurso de beleza, com prêmios magnifl- ! cos e tentadores.
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A Irmã mais velha, Branca, logo que soubejfl ifjÉpM^^l MlLfl começou a faier um tratamento que IheH , veio à cabeça, com uma dléta exagerada JB ||3I Li*^ Prj fcr**>». V<8áttl*aftT> \ pois alguém lhe tinha dito que as esplflj f i^aatfr^l ar*l \ nhas e manchas do rosto eram cau-H I ÊM I Tt\tírJ$ fy* sadas pelas cousas que ala comiaJS [ I pa7fl^á#*^^s5
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Ka outra, Alva, por sua vez, entendeu de KL, ¦ outro tratamento também Inventado ' si mesma, I e comia demais, e tomava I remédios e mais remédios, e fortificanI le», sem nenhum 'A médico ter receitado I olsa alguma... ^
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.u>«*ia^j»t». Afinal, chegou o dia do concurso. Branca estava reduzida a um esqueleto, com o rosto que parecia um ralador, de tanta espinha, Alva, coitada, tinha engordado tanto que parecla uma velha, e no seu rosto até ptlos ti-
•MOS1 r* V u*egul
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JHHjjfjlÂlA^xajlIJjH —rw —•—-—<— ^^waT^*<?a«!*^W'â^rf7aT*^ 1 Quando, porém, Clara apareceu, foi um deslum\J~ " rfl bramento! Sua pele estava linda, macia, sem / } > uma única manchlnha, fresca como a cutis de fe K /Jt TõZZ***0* vj uma criança! Toda a gente qufs saber o que V/W// llltui^' llA\\\Y tinha realizado aquele milagre. E então Ciara explicou, simplesmente!
tinha enorme tristeza de minha ser tio feia, enão fiz mais do que Ir o conselho da experiência. Vi, "\ revista, um anúncio do afai \ \reni Ul na"Leite de Colônia", a água mila»\ mado v \ . que faz desaparecer as impurezas âWÊLásíai1a¥V<'da cu tis, em vez de esconde-las apenas.
' 1
Usei, então, cuidadosamente o <'Leite de Colônia ", e obtive este maravilhoso resultado. Qualquer pessoa que tiver a pele manchada e feia, poderá conseguir o mesmo resultado... Clara, como é natural, ganhou o prêmio. E ainda arranjou um noivo, qua fazia parte do júri do concurso se apaixonou por ela.
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QUELA tribu de indios vi1 via feliz e satisfeita. Era fértil e tranqüila a região Onde tinha acampado, fuf gindo à perseguição de ''outra tabu maior e mais1 forte. Acossada pela guerra, deixara as margens do rio caudaloso onde sempre tinha
mento de flexa num braço, o indio foi se deixando ficar no seio daqueles que sua gente perseguira. Astuto e silencioso, co-' meçou a ganhar prestigio entre os jovens, que o começaram a encarar como uma boa aparição, destinada a conduzir a tribu a vida nova e diferente. O velho chefe, embebido na satisfação , de sua ventura, nada 1 ouvia, nada sabia. E "Olho de Cobra" encetava a sua obra in-
via passar os dias na suavidade das horas vivido e, internando-se nas florestas densatisfeitas. Não havia logar para a ambisas, encontrara, um dia, aquela região generosa e amiga, que era como uma graça ção e o egoísmo. A terra era de todos, dava deixava surgir a competide Tupan a seus filhos fracos e pequeninos. para todos, não "Coração de Luar", o veDesde então, se estabelecera no meção e a inveja. lho cacique, era sereno e imponente como lhor ponto da nova terra, desfrutando, suauma garça. Também sua grande alma reverrc-nte, sem preocupações, tudo que de bom e de rico abundava em torno. As macebia a graça da felicidade geral e tinha sempre um gesto de bondade e uma patas eram abençoadas e fartas. Davam o lavra de perdão. Todo dia o pagé renovava assai, o tucuman, a bacába, o merití, a as tatuagens do rosto e vinha para a enpopúnha e o patauá. As árvores de cupuastrada de sua cabana erguer graças a Tusú enchiam a taba dos seus frutos subor^Í rosos, o bacurí era encontrado pan. pela infinita ventura que repartia, após perto e, não >ymuito longe, as castanheiras espalhavam tantas angustias e incertezas. O ruído do ouriços maracá confundia-se com as vozes da orapelo pródigos chão. Os bichos da fioção e ficava enchendo a taba, até às primeiras sombras da noite. Então, as muresta eram uma conslheres acendiam a fogueira e em torno se tante provisão de caça e. sentavam os anciãos, contando episódios do jo em frente, vinham desovar os passado. Os moços eram obedientes e atentos. E vinham, respeitosamente, ouvir a papeixes, as tarlavra dos velhos, colhendo os conceitos da as tarugas e experiência e pensando no dia em que tamrio aves do bém ensinariam a filhos e netos o segredo grande. Os peidas plantas medicinais e a história dos ^xes do lago deantepassados. voravam as larvas dos mosquitos e. por tarde, o pagé estava rendendo Uma isso, não havia havia IjHf ^^ S isso. ki f /Vjlf "' febres palusAuV.Wv.. _Mh / / palus- graças a Tupan quando, ao levantar os __P1 _R _b\H\_\ t\ Y\^_. L____fe tres nas redonredon- olhos, viu um indio desconhecido que cam/ yfw^yNíSWÇP^' s V i__h! dezas. livres baleava na margem do lago Pediu auxílio dezas, livres BM **\ f\ i '9aP°s igapós e e- P°uco depois, o estrangeiro entrava na iW _r_llV >Vc'ede _f \ V "Olho de Cobra", um dos sobreatoleiros. Xá^ ilv \ lltwnltl kV^atoleiros. aldeia. Era ^r ^ riclueza viventes da tribu inimiga, que fora, finalA riqueza l' \ ilÚllt______s_ tv\ / \\T ^a terra 'erra 'nunT«L da inun- mente, vencida, após muitas e muitas luas / m1ii\\i__I l___ í dava o corade guerra com outras nações indígenas. O cora>'Uh\wi____W\N^ ——-. '"r*"k ¦illU chefe manso e bom mandou preparar uma indios. ^os 'na"'os ^ao ção dos ÂV\í_'l\ViÍBh__B ffTlÍ-i __ ***_<7 Toda a aldeia aldeia cabana para o recém-chegado e. sem rancor ^^_ V*\ __? / _^\\_'W___Hn__
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O grande grupo rumou para a mata e, do local marcado por "Olho de Cobra", começou a remover raizes de timbó para as margens do lago. Era jogar à água a raiz amarelada e venenosa e logo subiam à superficie milhares de peixes mortos ou agonisantes. O fogo e constante para a moqueagem do peixe e é os velhos já se mostravam satisfeitos com o extermínio. Morriam todos os seres do lago. quando os sobreviventes resolveram se vingar. Noite alta, quando os ambiciosos repousavam da inescrupulosa tarefa, os peixes, descendo a correnteza do rio grande, abandonaram as águas envenenadas pela ganância. No dia seguinte, os indios atiraram o timbó
aldeia sem vida não tinha mais nenhum envenenador das águas povoadas pela graça de Tupan.
/^T*5rKcT^2ii ^SS^g
grata de levar à aldeia feliz à intranquilidade. Certa noite, quando todos estavam sentados em torno da fogueira; "Olho de Cobra" fez uma estranha proposta. Conhecia o segredo do timbó, uma terrível raiz ignorada. que poderia trazer mais abundância ã tribu. Uma porção amassada de timbó. jogada ao lago. mataria os peixes que estivessem mais próximos da margem. Teriam, então, muita conserva de moquém. sem necessidade de sair, diariamente, à pesca. Encontrara as raizes perto das castanheiras. Não custava nada tentar. "Coração de Luar" se opôs, imediatamente. Bondoso que era e satisfeito com o que tinha, não compreendia a necessidade da aventura e. ademais, adivinhava ajgo confuso e de más conseqüências na idéia. Mas era. também, arguto e intelígente. Percebeu a reação dos moços. Não se devia iludir. "Olho de Cobra" realizaria o projeto a todo custo e dividiria a tribu, separando os jovens dos velhos. Então, com surpresa dos anciãos, autorizou a matança geral dos habitantes do lago.
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ao lago. Com surpresa, verificaram que nenhum peixe aparecia. Repetiram a tarefa. Inútil. Insistiram. Arrependidos e desolados, compreenderam que. para ganhar tudo de uma vez tinham perdido, para sempre, o alimento de todos os dias. Indignado, o Conselho dos Anciãos, apoiado pelos moços, expulsou "Olho de Cobra". Nunca mais os peixes do rio grande subiram até o lago. que se foi tornando perigoso e cheio de mosquitos. Com a ausência dos peixes, os insetos se multiplicavam à vontade, trazendo a febre para a aldeia. Nutridos apenas com o que lhes dava a floresta e desanimados pela vingança dos peixes, os indios perderam a felicidade primitiva, que tão dificilmente tinham conquistado. Dizimados pelas febres, abatidos e tristes. não tiveram coragem para procurar outra região, pois, sabiam que Tupan os castigara para sempre. Foram morrendo aos poucos, miseráveis e inchados, caindo pelos cantos da taba amaldiçoada pela Mãe DAgua. E, um dia, quando os peixes voltaram ao lago abandonado, as raizes do timbó dormiam de novo no seio da terra e a
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|E R D A costumava passar o verão no campo com Erik, seu marido, e os seus dois filhos, Kaj e Dagmar. Gerda tinha vinte e oito anos. Gostava imenso de passear sozinha, por entre a natureza silenciosa, arrancando, aqui e além, uma erva, que mor discava com evidente prazer, sobretudo quando sua mil não estava presente. Acontecla-lhe então abandonarse a vagos pensamentos, ou, para melhor dizer, nessas ocasiões, Idéias fugitivas, repassadas dum bidefinlvel encanto, afluiam-lhe, passageiras, e algumas vezes, até se detinham, demoradamente. Sentava-se, então, num banco do jardim e, enquanto os seus dentes miudinhos trituravam, um após outro, os tufos de ervas, o calor estivai, as nuvens do céu e o vasto campo de centeio, que s estendia para além d sebe, harmonizavammaravilhosamente co todas as idéias, que surgiam e se desvaneciam no espírito de Gerda, com a mesma naturaiidade com que ela respirava o ar puro do ambiente. Oo Jardim vizinho, pertencente ao | rendeiro Andréas í Hansen, chegavam-lhe i exclamações de alegria | V que, Infundindo-lhe um sentimento de calma e_^J segurança íntimas, convertlam em encanto todo aquele harmônico conjunto.
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junto de seu marido o papel duma verdadeira companheira; claro que experimentava uma Imensa alegria, quando voltava a casa ao anoitecer, vindo da cidade, mas a verdade é que, durante todo o dia, não podia, por um minuto que fosse, desembaraçar-se completamente de todas aquelas pequeninas preocupações; aquelas pequeninas preocupações, que, agitando-se sem cessar na nossa cabeça, nos distraiem e nos tornam incapazes de interesse por tudo que tenha algum valor aos nossos olhos, e de nue no fundo, gostaríamos de disfrutar plenamente. Tinha, além disso, de reflectir a sós sobre uma multidão de coisas, a-fim-de poder discernir, por si, o que era justo, e não se deixar guiar apenas pelo critério do esposo.
era o leitãozinho. Pertencia a Andreas Hansen e estava familiarisada com as pessoas. Deixavam-no correr, livremente, horas Inteiras, todos os dias, e as crianças brincavam com êle como se fosse um cãozinho. Quando chamavam por êle, acudía alegremente, dando saltos engraçadíssimos,e voltando a cabeça para toda a espécie de coisas, tomado por súbitas curiosidades; piscava os olhitos, remexia o focinho e soltava grunhidos de satisfação, quando Gerda lhe fazia festas. Gerda estava muito convencida, que era a ela a quem o animal melhor conhecia e de quem mais gostava. As crianças não o largavam nunca; eram violentas nas suas afetuosas demonstrações, e puxavam-lhe pelas orelhas com tanta insistência que êle, assustado, acabava por lançar um grunhido seco, como o de certas bonecas, quando se lhes carrega na barriga. Seria inútil pretender dissimulá-lo: um leitãozinho tão alegre e tão luzidio como aquele a nada se assemelhava tanto como a um bébé. E nada no mundo enternecia tanto Gerda como as criancinhas, os seres pequeninos, tão pouquinha coisa, que não podem fazer um gesto sem necessitar duma ajuda. Talvez isso não lhe ficasse bem, mas o certo é que tinha sentido pelos seus filhos um afeto muito mais exaltado, quando ainda usavam cueiros do que agora, que tSo pouca necessidade tinham do seu auxílio. lio é verdade que ter cuidar animais exige
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Era lá que Kaj e Dagmar brincavam com outros companheiros da sua idade, sob a vigilância duma velha criada, tão séria e tio bondosa, multo melhor que a crladlta de Gerda. Havia uma outra nota importante: é que Gerda amava os filhos com uma paixão sem limites. Queria-lhes como não podia querer a mais ninguém no mundo, excepto seu marido, que era, para ela, o ser mais perfeito da criação. Todavia, experimentava algumas vezes uma grande, uma enorme necessidade de se sentir completamente Isolada, numa calma absoluta, em completa solidão. Por outro lado, bem precisava disso, pois a vida não consiste apenas em deixar-se absorver, constantemente, pelos pequenos afazeres de cada hora, ou pelas crianças, dando voltas todo o santo dia, como uma máqulna que só, a noite, o sono vem paralisar. Em tais condições, ser-lhe-ia, evidentemente, impossível desempenhar
De toda a maneira, ora-lhe Impossível abdicar totalmente da sua independência, embora Isto fosse difícil, a quem, como ela, amava tanto o mu marido. De-resto, havia certas pequenas coisas, de que Gerda tinha de ocupar-se sozinha, não só por lhes ter grande apego, mas ainda porque Erik, quando se falava delas, limitava-se a sorrir, amávelmento, é verdade, mas o certo é que sorri Isto magoava-a, aborrecia-a, mortificava-a, até; e nada no mundo lhe era mais doloroso do que sentir essa mortlficação na presença de Erik. Ali, no campo, uma dessas pequeninas coisas
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punha-se em trazeiras, com focinho ágil e remexendo no até que ela para comer as Se
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pé sobre as patas o olhar ávido, o as patas da frente melo do montão, lhe desse licença maças.
passeavam os dois pelo tão jardim, depressa parava para a esperar, quando ela se atrasava, como, se era êle quem havia passado i frente, voltava para trás, ao seu encontro, com a tromba ao sol, tão turbulento, tio alegre de viver, que, as vezes, pouco faltava para a derrubar com as suas explosões de afecto.
melhores maçãs entre as que estavam caídas, e deu-lhas. Quando Gerda, sozinha, reflectia seriamente na activldade de seu marido, pensava, para si, que esta raça de animais, cujo nome havia sido ridicularizado pelos homens, era injustamente desconhecida. Considerava isso um preconceito vulgar, um malvado e estúpido preconceito humano. Os porcos não eram, de' modo nenhum, sujos e grosseiros no seu estado natural; tudo dependia, muito simplesmente, da maneira como os homens os criavam. Nos estábulos modernos viviam no meio duma grande e constante limpeza e eram aí tio limpos como qualquer outro animal. (Continua no fim do Almanaque)
Erlk tinha visto algumas vezes o leltãozlto e concordava em que era um animal engraçado; mas punhalogo a falar duma multidão de coisas diferentes.
também um certo sentimento de delicadeza? Gostaria tanto de ter um cio na sua casa de Copenhague. . . Mas não podia deixar de dar razão a Erik, que dizia que, nas grandes aglomerações, os cais são sempre uma coisa Incômoda. Quando as crianças já estavam arranjadas para Ir brincar para os campos
Gerda, evidentemente, fazia todo o possível para nio voltar a trazer tal assunto para a conversa. Um dia que passoava com Erik, chegara mesmo a esboçar um ligeiro pontapé
CONTO de KARL LARSEN sob a vigilância das criadas, Gerda diriga-se, lentamente, para o ' celeiro de Andréas Hansen e chegava a Ir até ao chiqueiro, se não encontrava o leitãozlnho no jardim ou no pátio. Quando chamava por êle, mesmo se o fazia em voz baixa, acudia a galope, dando saltos triangulares e já sabendo muito bem que ela o levaria consigo até ao jardim; conhecia o caminho e tomava logo a dianteira, erguendo para o ar o seu rabito em rosca. Depois, brincavam Juntos, as vezes durante horas e horas. Ela tinha-lhe ensinado a apanhar com a boca e a trazer-lhe á mio as maças caídas das árvores, e, depois de ter Juntado um monte sobre o seu regaço,
destinado ao leltiozlto, que se obstinava a correr atrás dela para brincar com a franja do seu vestido. Mas, no dia seguinte de manhã, quando, a sós, voltou a encontrar-se com êle, Gerda, para resgatar a sua falta da véspera, mostrou-se duplamente atenslosa e, como compensaçí o, foi apanhar as
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UM GORILA MACHO EM PLENO DESENVOLVIMENTO PODE ALCANÇAR UMA ALTURA DE D0I5 METROS E PESAR 200 QUILOS.
AS MEDUSAS SÃO SERES,FORMADOS QUASE INTEIRAMENTE POR ÁGUA DO MAR TENDO A CURIOSA PROPRIEDADE DE EMfl TlR F0SF0RECEMCIA5.
ATE HOJE PARECE QUE 0 RECORD DA FECUNDIDADE DOS PEIXES PERTENCE AO BAULrlAU, CALCULANDO-SE QUE ELE PODE POR ATE 9.444.000
SE.CONHECEM Ô00 ESPÉCIES OE MORCEGOS, REVELANDO UMA 6RANDE. VARIEDADE \k FORMAS E CARACTERES
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Maroquinha Rabello ' /li
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Natal! Natal! No céu repicam sinos de ouro Vozes celestiais cantam hosana em coro! Desprende-se da altura um frêmito de amor Há sorrisos no espaço, há fragrância na flor! Tudo é gala e prazer. Tudo é grande e jocundo festeja-se Jesus, o redentor do mundo! Celebra-se com gáudio um grande nascimento A terra é toda festa, a prece é toda alento! E o presepe reluz no palácio do nobre como reluz além, na cabana do pobre. A humanidade esquece a dor, esquece a luta e pára a meditar diante da doce gruta. E transporta-se longe, em terras de Belém, sem cogitar do mal, só aspirando o bem! e não vê que essa rocha abrupta é feia e escura que essa gruta de um Rei é toda miniatura, e pensa o mundo absorto, olhando o Deus Menino que o bondoso Jesus inda é assim pequenino... Cheio o peito de fé, de amor e de esperança a prece é dirigida à cândida criança,devendo orar-se, a um Pai, como se ora a um Filho... e a palha do presepe esplende tanto brilho que ofusca a vista, absorve a idéia, enleia a vida! Ao eterno labutar dessa luta renhida, quando falham ideais que se esvaem e que voam, para o Menino Deus, no ardor dos corações sobem preces aos Céus, descem consolações! Na terra tudo é sol! No céu é tudo luz ! Para nossa ventura e paz, nasceu Jesus! Vozes celestiais cantam hosana em coro! Natal! Natal! No céu repicam sinos de ouro!! 19 4 4
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DE UMA FÁBULA DE LAFONTAINE
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jfom UMA noite de inverno, estavam "a um laMwM macaco e um gato aquecendo-se reira casa da de seu dono, um velho 9 W capitão da marinha mercante. No fogo tinha este posto a assar uma boa quantidade de castanhas. Os nossos dois amigos sentiam o cheiro do saboroso fruto mas não estavam com- coragem de arriscar a pele metendo a pata no lume. Mestre macaco com a boca cheia de água, resolveu usar da estratégia política, e para isso assim falou: - Compadre Gato, "dá Deus nozes a quem não tem dentes", diz um velho ditado muito aplicável ao nosso caso. S i eu tivesse a habilidade que o meu querido amigo possue, para extrair por uma pequena abertura todo o queijo e demais gêneros alimentícios que o nosso dono guarda no armário, já .teria retirado há muito tempo as
castanhas que estão à nossa frente! Mas, meu companheiro, não tenho a necessária competência para tal trabalho. Faltam-me a inteligência, e a agilidade que no meu amigo estão sobrando. Sou um desastrado. Mestre Gato, envaidecido com tais elogios, resolveuse a tirar as castanhas mesmo à custa de algumas queimaduras. Estava em jogo a sua reputação. A medida que as ia retirando, o patife do macaco tirava-lhes a casca e passava-as ao estômago. Nessa altura entrou o capitão, o qual, vendo a atividade do felino, lhe aplicou duas bengaladas,e das rijas. O esperto macaco já se tinha posto a salvo, errv poleirando-se no candelabro de uma sala vizinha; e desta maneira respondeu ao gato, que lhe exva a sua patifaria e egoismo: -E'proba sempre assim!... Na vida os espertos procuram um tolo que lhes tire as castanhas do fogo... i
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UMA PAGINA DE GUSTAVO BARROSO
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Acompanháva-lhe o vôo, enquanto podia, imaginando onde iria esconder-se nas trevas da noite silenciosa. Muitas vezes, rastejando pelos ervanços, avancei até a margem da pequenina lagoa perdida nos desertos taboleiros. À minha frente, via o grande pato nadando por entre as vegetações aquáticas, mariscando e merguihando. Erguia de quando a quando a cabeça, desconfiado Seus olhos orlados de amarelo perscrutavam os arredores. Submergiase rápido. Reaparecia mais longe. Retirava-me ao ir êle embora sulcando o espaço com o pesado vôo. Murmurava baixinho: Até amanhã! Uma tarde, não fui ao Presepeiro. Meu primo Joãozinho fora caçar para aquele lado. Ouvi um único tiro ao cair da noite Meu coração se anuviou. Quando êle chegou em casa foi logo dizendo alviçareiro: Afinal matei o diabo do putrião do Presepeiro! E tirou da bolsa de maracajá o pobre bicho inteiriçado Fique com os olhos cheios de água. Nunca mais veria aquele vôo mistenoso que cortava diariamente o céu na hora crepuscular Ao dia seguinte, quando o serviram ao almoço, recusei comeIo, apesar da insistencia.de todos, de máu modo: Não gosto de patol "Liceu (Do livro do Ceará" _ (memórias).
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[ELIZMENTE, nunca fui bom caçador. Durante os anos em que vivi pelos matos do Ceará, a caça era o que menos me sedúzia. Não me sentia com ânimo de atirar nos pássaros canoros e de côres vivas. Preferia admirá-los. Entre mim e certos animais estabelecia-se como que uma simpatia tácita e espontanea, corrente misteriosa que até hoje não sei explicar. Naquela mesma lagoa do Presepeiro, observei durante dias seguidos que, ao cair da noite, um grande pato selvagem, um putrião, ave bastante rara. alçava o pesado vôo, ao crepúsculo, em procura do longínquo pouso onde dormia. Relíquia duma raça perseguida, arisco c só, perdia se ao longe no céu que escurecia arroxeado. Esse pensamento, um tanto informe, naquele tempo, em minha alma infantil, paralizava-me o braço. Nunca apontei a arma ao putrião solitário.
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Aventuras de Zé Macaco e Fansüna AG/T£-SE A»TES PI£ USAR/
— Oh!! — exclamou Faustina, ao descobrir que entre seus lindos cabelos apareciam muitos fios brancos. — Oh! Oh! Que horror!! Oh!
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Imediatamente tratou de providenciar. Indagou de amigas, leu prospectos, ouviu programas de beleza pelo rádio e..."
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. . . ei-la a preparar um tônico maravilhoso, milagroso e perfumoso, com o qual esperava retornar a ter cabelos lourinhos. ..
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. .como quando era criança e não sa- Vendo aquilo, Zé Macaco ficou com Madame Macaco, após a aplicação do tônico maravilhoso, milagroso e permedo. E' que êle já sabe no que dão as bia falar e a mamãe já lhe ensinava os cabelos pentear. invenções e novidades de Faustina. fumoso. meteu-se no bercinho.
No-dia seguinte, com grande otimismo. tirou a toalha e oh! surpresa! A emenda fora pior do que...
...o soneto! Os cabelos estavam rajados. Zé Macaco consolou-a como pôde. ma-j como couro de zebra! Pobre Faustina! Como sentia vontade ds rir pensando em um listrado que tivera... chorou!! pijama
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M ¦n ¦ OAOZINHO estava muito doente e o seu amigo Gustavo quis Era perto, mesmo ao lado. Ninguém precisava levavisitá-lo. |* Vaw _ m ^^^,»»»^ Io Eà casa do amiguinho. Gustavo, garotinho peralta e quebrador de louça, foi à procura da mamãe, que se preparava para ir à missa, pois era domingo, o dia do Senhor. Não poderás ir hoje. Preciso da .tua companhia nesta hora; além disso, já perguntei por Joãozinho ainda há pouco. Êle já ficou bom, mamãe? Não. Teve muita febre e passou a noite apavorado com os bichos!... Bichos?. .. Que bichos, mamãe?!.... E D. Luzia passou a contar ao filho o que soubera a respeito do Joãozinho. Gritou muito, dizendo que o urso bravo o atacava para devorá-lo. Sentia-se numa floresta cheia de feras e de répteis venenosos. . . Era a febre •ilta que o fazia delirar.
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Ainda está assim, mamãe? — perguntou Gustavo, já pensando na lana do amigo para as travessuras. que unto assustavam as pessoas de casa. Não... O medico passou a noite lá... ]à está quasi sem febre, mas muito abatido e não convém receber visitas hoje. .. Já disse à O. Leocaaia que lhe lizesse uai., visitinha em teu nome... Agora, vamos... Está na hora da missa. E lá se foi Gustavo, na roupinha branca, bem passada, seguro na mão amiga da mamãe Luzia. Seguia calado, a lembrar-se do que, no jardim, à tarde, lhe dizia o bom companheiro. Uma empregada, a Zéferina, que vivera muito tempo no sertão, lhe contava histórias do Saci Pereré. da Mula sem cabeça e dos animais ferozes que, nas matas sombrias, comiam os meninos roubados pelos ciganos nas aldeias e cidades por onde passavam. E tão distraído ia Gustavo, com a mente cheia das histórias que Joãozinho lhe repetia, que nem reparou na chegada ao templo iluminado e rico. D. Luzia abriu o livro e começou a orar. O vigário, no altai. voltava-se para os fiéis: Dominus vobiscum. .. Mamãe! A Zéferina contou ao Joãozinho uma porção de histórias de bichos maus... onças, jacarés, leopardos... — disse alto. Gustavo, alheiado de tudo, apenas impressionado com os delírios febris do amigo enfermo. No silêncio do recinto, aquela voz infantil chamou a atenção das almas devotas e muitas cabeças se voltaram para o lugar em que D. Luzia, surpresa, chamava, em voz baixa, a atenção do filho: Silêncio. Gustavo!. . . Aqui não se conversa. . . Olha! Lá está o Papai do Céu!. . . Reza, anda!. . . Reza!. .. Gustavo caiu em si e ficou meio desapontado e. de joelhos, começou a rezar maquinalmente. a seu modo. De volta para casa. D. Luzia perguntou a Gustavo que Zéferina era aquela das histórias horríveis contadas a Joãozinho. E êle explicou-lhe: — A empregada, mamãe, a Zéferina, que veio lá de longe, do sertão, com a senhora daquele engenheiro, amigo do pai de Gustavo. Foi. então, que D. Luzia tudo percebeu. A pobre mulher, vinda do sertão, contara aquelas histórias, sem atentar na alma impressionada e emotiva da criança. No dia seguinte, à tarde, Gustavo teve permissão e foi visitar Joãozinho. Os dois amigos ficaram radiantes e Joãozinho, ainda fraco, quis assim mesmo saber qual a fita a que Gustavo assistira no domingo á tarde. Bonita e colorida. Joãozinho! Chamava-se Mowgli. o menino lobo... Mas o lobo comeu o menino? Gustavo ia contar a história, quando D. Luzia interveio: Não fique ai a cansar Joãozinho com histórias. Gustavo. . . Joãozinho. porém, estava curioso e D. Leocádia atalhou logo Não faz mal a história. D. Luzia. . . Deixe o menino contar o enredo do filme. Mas. D. Leocádia. não lhe parece que Joãozinho é muito impressionável?. . . E mais em particular: Os delírios da febre. . . Ah!... sim... O doutor já conversou sobre o assunto. Precisamos dar um outro aspecto à questão. Doravante, os bichos a ser amigos e não só inimigos cruéis do homem e das passarão crianças. O doutor falou nesse filme e disse que. simplificado, só poderia fazer bem. . . Mas Gustavo saberá simplificar as coisas — retorquiu D. Luzia Oh!. . . sim. . . As crianças são simples por natureza... — Então. Gustavo, converse ai com Joãozinho Foi para ambos muito agradável a decisão de D. Luzia. Gustavo não só contaria o enredo do filme, como ainda as travessuras que fez e as já projetadas para depois.
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Por GAY DE CHANTAL
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A vontade! — acrescentou D. Leocàdia. que. à parte, fez E com o correr do tempo, Gustavo tornava-se mais ordeiro e menos queciente a amiga e vizinha de uiría outra novidade. O doutor lhe brador de louças e, por' sua vez. não povoavam mais a mente de Joãozinho as dissera que convinha colocar Joãozinho num colégio, onde os histórias horríveis dos bichos maus devoradores de crianças indefesas. responsáveis, os professores, todos, enfim, soubessem compreenAgora era o colégio, as aulas ao ar livre, a amizade que se poderia ter' der bem esse assunto. aos bichos, como Mowgli tinha às feras do jangal. Agora, com os meninos do Deu-me até um prospeto desse colégio — concluiu Dona Instituto La-Fayette. soltaria também, para o azul iluminado dos céus, as Leocàdia. Ouviram-se. nesta ocasião, risos altos dos dois pepombas em revoada, nas tardes festivas do Departamento Preliminar. quenos amigos. D. Luzia deu por terminada a visita e partiu. Levava, pela mão. Gustavo, radiante porque Joãozinho já podia brincar com êle. Conversou muito com o amigo? — perguntou D. Luzia ao chegar à casa. Muito... Gostei muito de ir lá... Sabe da novidade? Joãozinho vai para o colégio!... Vai para o colégio? E a professora particular? Naturalmente não virá mais... ^\ I^f^^ mais... iívv^f ^^ A J Que colégio, mamãe? A mamãe? I IwvVvK í \ r{fb /" /ÍK Não sei... Esqueci de perguntar à D. Leocàdia... """"v \"/^ f\T Leocàdia... ví^iíJVlf 1 ttéíS /r&L # Que bom se fosse para o Instituto La-Fayette!... -tffvJfc. La-Fayette!. . Lá | Y ***• \i^Í \W \*\ no Departamento Preliminar a gente estuda muito, mamãe. mamãe... \sT . . -=r=*. ^ \\a\JVj' ÉmáSa ) Talvez seja um pouco longe para êle. Mas Joãozinho vai ficar forte... vai passar uns dias em Caxambú. . . Dias. não — concluiu D. Luzia, uns meses. Aproximava-se a hora do jantar. . . Acenderam-se as luzes... O pae de Gustavo reuniu a familia. com a satisfação de quem preencheu bem as horas de trabalho dum dia afanoso
Joãozinho olhava satisfeito para rquele ambiente de festa. Era uma tarde linda de setembro e. no parque ajardinado, ao som da banda marcial, desfilavam os meninos muito garbosos nas suas roupas de esporte. Quanta gente estava ali. naquela festa ao ar livre!. .. Joãozinho. que tudo olhava atento, de repente puxou a manga de D. Leocàdia: Olha. mamãe! Que bonito!... O Gustavo está ali. marchando... E D. Leocàdia viu o filho de D. Luzia todo contente, desfilando para o jogo esportivo. Tudo ali fazia bem e era agradável à alma emotiva de Joãozinho. os jogos infantis, os desfiles, a ginástica ritmica. o plantio simbólico da árvore. . . Quando, porém, uma salva de palmas saudou a libertação das aves. Joãozinho não se poude mais conter. Quero esse colégio, mamãe! Amanhã mesmo quero vir com Gustavo. . . Sim. meu filho. . . Virás amanhã — disse distraída D. Luzia, olhando o azul puro dos céus. naquela tarde festiva de primavera, para onde voavam alegres as pombas libertas, daquele bando feliz, em revoada. A partir do dia seguinte. Joãozinho passou a freauentar o mesmo colégio onde estava Gustavo.
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Apresenta-se um baralho em sua própria caixa e manda-se alguém escolher unia carta. Esta, depois de vista pelo outro, é posta outra vez no baralho, na posição em que estava (à frente, ou seja em baixo do monte) e o baralho é recolocado na caixa. O operador, então, sem tirar o baralho da caixa, dirá qual foi a carta escolhida... O segredo é este: antes da prova se recorta um pedacinho do papelão da caixa, em tal posição que permita vêr, por fora, que carta foi a elegida. Ao recolocar o baralho, com a carta à "boca", ou à frente, iem baixo) é preciso cuidar que a carta da frente fique face a face, por dentro, com o lado da caixa cortado.
ADIVINHAR
AS
CARTAS
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A
GARRAFA
ENCANTADA Mostre uma garrafa de boca para baixo (fig. a ) o que provará que está vasia, uma vez que nenhum líquido cái dela. Cubra-a, então, com um lenço, (depois de a ter tomado à posição normal) e ao incliná-la se vera que dela sái um li— quido. (fig. b). O segredo consiste em encher bem a garrafa e colocar no gargalo uma pequena rolha. Estando completamente cheia, não só parecerá vasia como será fácil fazer com que nenhuma água caia. Ao cobrir a garrafa, disfarçadamente se empurrará a cortiça para dentro, inclinando um pouco a garrafa para que o líquido saia.
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TRUQUE
DA
CARTEIRA
Com uma carteira e um lápis é quc se faz esta mágica. Naturalmente, uma carteirinha velha . . . porque no fundo deve ser feito antecipadamente um orifício. O mágico pede, um lápis a qualquer espectador e promete, solenemente, que apezar de parecer impossível, irá guardar o lápis na carteirinha. E, realmente, faz isso . . . mas com o truque que a figura mostra: o lápis passa pelo orifício e vai cair na manga do prestidigitador, dando a impressão perfeita de que foi metido e ficou na bolsinha. O mesmo truque pôde ser feito com uma
¦égua.
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MÁGICA
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COM
UM
POSTAL
Quando o tempo estiver seco, friccione com uma escova, ou simplesmente com a mão um pedaço de papel fino. Dentro de pouco este ficará eletrizado e pegará às roupas, às mãos ou ao rosto, sem cair, tal como se lhe houvesse passado cola. ( A questão está em saber eletrizáIo). Eletrize um papel mais grosso, por exemplo: um cartão postal e verá que este, tal como a cera, o vidro, o enxofre e a resina, atrai os corpos leves, pedacinhos de cortiça, peninhas, papéisinhos, etc. Coloque uma bengala sobre o respaldo de uma cadeira, e faça a aposta de que fará com que ela caia sem tocá-la, nem soprar sobre ela, nem mover a caixa. Bastará, para isso, secar bem o postal, diante do fogo, depois esfregá-lo energicamente com um pano, colocando-o próximo do cabo metálico da bengala. Esta será atraída pelo postal, perderá o equilíbrio e cairá ao solo. ( Ensaie primeiro, sozinho. Depois, então, faça a aposta )
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©uas boas,,, Certo Indivíduo rico recomendou ao seu boleeiro que, quando saísse só êle, pusesse um animal no carro; mas que quando saísse com a mulher, pusesse dois, por ser a senhora muito gorda e pesada. No dia seguinte diz êle ao boleeiro que vai sair e » que apronte o carro. Vosmecê sái só ou com a senhora ? — pergunta o homem da boléia. Só, — responde o patrão. O boleeiro vai e volta depois no carro com dois animais. Dois burros, exclama o sujeito, dois burros?!... Não ouviste o que eu te recomendei ? Quando saio eu, sai um burro; com a senhora é que são dois' Isso foi em 1884... Um negociante recebeu um menino português que veio para o Rio, afim de ser empregado no comércio; estava à mesa do almoço, mas concluía a sua refeição. Já almoçou ? — pergunta êle ao recém-chegado. Ainda não, senhor, responde o candidato ao corpo do comércio do Rio de Janeiro. Pois, almoce, a junta o negociante; ai tem chá no bule, e ai está pão e manteiga. E. assim dizendo, retirou-se. Pouco depois apresenta-se-lhe o menino com cara de choro. Que tem, menino ? — pergunta-lhe o negociante. O bule, diz êle, já pouco caldo tinha; comi-lhe as herbinhas, que me estão ainda a amargare. O negociante não pôde deixar de rir e mandou darlhe novo chá.
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lao diga
^que^ eu lhe disse: •Uso e nao mudo
JUVENTUDE ALEXANDRE
PARA A BELLEZA DOS CABELLOS E CONTRA
CABELLOS BRANCOS O Ceará aboliu a escravatura no ano de 1884. 19 4 4
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Um homem, cujo nome mais vale calar, era dono de um bonito Terra-Nova que o servia há muitos anos. Aconteceu que a câmara municipal lançou um imposto sobre os cães que fossem arrolados nas casas da cidade. Por amor ao dinheiro, só para não gastar uma quantia irrisória, lembrou-se o ingrato de desfazer-se do animal. E não teve dúvidas. Preferiu o expediente que o seu coração deshumano lhe apontou como o mais rápido e fácil. Esquecido dos muitos e bons anos de serviço do velho servidor. partiu com êle para o jogar nágua. Amarrou-lhe as patas e, do alto da barranca, atirou com o Terra-Nova ao rio. A debater-se. conseguiu o cão desatar os atilhos. Recobrou alento e veio a bom nadar para a barranca. Pisou em terra e. ofegante. vinha subindo a custo a ladeira. — Ah, vens de volta?... Eu te ensinol — gritou-lhe, enraivecido o carrasco. Agarrou um páu e. cego de ira. correu contra o Terra-Nova. Mas não chegou a alcançá-lo, porque, resvalando um pé. perdeu o equilíbrio e caiu no rio. O malvado não sabia nadar e ter-se-ia afogado si o Terra-Nova fosse ruim como êle. Levado pelos generosos impulsos com que os da sua nobre raça foram aquinhoados por Deus.' o cachorro não trepidou. No mesmo instante que viu o homem cair. arrojou-se à corrente. „ Voltou a lutar com as mesmas águas em que estivera quase a perecer e salvou de ua morte certa o seu carrasco. Só o conseguiu depois de arrostar por muite tempo a correnteza Vieram os dois para casa. O cão. na ~Ua r.umdiade. cont.r.te da boa ação; o homem, no seu arrependimento, horrorizado do que havia feito.
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fiel, o mais amoroso e dedicado de todos, o cão COMPANHEIRO é o melhor amigo do homem, que êle, sem outro parceiro, segus por toda a terra. Acompanha-o às florestas, ao rio, às montanhas, ao fundo das minas, aos desertos de areia ou de gelo, desde as regiões mais quentes da zona tropical às paragens mais desoladas das zonas frígidas. Consagra-se ao dono. E' a sua sen. tinela. Adivinha-lhe os pensamentos: aceita o bom e o pior. Felizes ou maus que sejam os tempos, na prósperidade e na adversidade, é o mesmo. Não muda. Dá-lhe a vida si preciso fôr. Mantem-se fiel até a morte. lAgeiTo na corrida, fino de olfato e de ouvido, sagaz, inteligente, dócil, é um auxiliar que não se faz esperar. Um assobio, ei-lo: cá está, rente e contente por ter de partir. Para onde? Êle r.ão sabe. E' para onde o dono quiser. Dirigido pelo faro e pelo instinto, que faz-am dele um animal de ataque e defesa, descobre os objetos perdidos, monta guarda à noite, assinaIa, pelo latido, os que se aproximam. Enxota o gado das plantações, prote. ge os rebanhos. Sai no rastro da caça ou a surpreende de um salto. Guia o caçador, e vem largar-lhe aos pés a caça que o tiro derrubou. Em muitos paises, os vendedores ambulantes, que não podem comprar e sustentar um cavalo, servem-se do cão, para lhe puxar os carrinhos. Na Holanda, o cachorro é o verdadeiro animal de tração. Atrelado a pequenos carros, corajoso e dócil, língua de fora, a sacudir a cauda, é êle que traz para os mercados o leite, os queijos, a manteiga, as hortaliças, as flores, os ovos e as aves. Outrora eram os cães que serviam de guarda aos portos e cidades. Eram eles que davam o sinal de alarme, e defendiam os habitantes contra as sur-
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presas dos piratas, que infestavam os mares. Submisso e obediente, deixa-se o cão educar. Sabe atender e observar. Aprende e conserva o que se lhe ensina. O ponto é armar-se o mestre de paciência. Brandura pôde mais que violência. Não esmoreça e, mais dia, menos dia, o bom mestre terá feito o bom discípulo. Os cães estão sujeitos a muitas moléstias. Nenhuma outra, porém, mais terrível e perigosa que a raiva, ou, como teimam alguns erradamente em dizer, a hidrofobia. Nssse estado, o doente pode transmitir o mal aos outros animais, e ao homem. Muita gente está certa que o cachorro louco há de sempre maniíestar o seu estado pelo furor, pela baba e pela vontade de morder. Nada menos exato. O cachorro louco pode estar atacado, e não revelar outros sintomas que o desassossêgo e a tristeza. - Fica inquieto, está sempre a mudar de lugar sem achar repouso em nenhum. Vem às vezes para junto das pessoas da casa, estaca e põe-
se a encará-las, como a pedir um remédio para o seu mal. Ninguém suspeita o perigo, e daí, às vezes, as mais desastrosas consequências. Êle não morde, não está enfurecido, logo não é nada. E' só uma prova do seu afeto pelas pessoas que procura. Para lhes aumentar a confiança, iludem-se mui. tos com o fato de o animal atacado de raiva não refugar a água. Se êle bebe, é porque não tem nada. Nào está hidrófobo. Se estivesse, teria horror à água. Nenhum erro mais funesto. O cachorro louco não é hidrófobo. Êle não foge com horror da "vasilha, .água. Em vez disso, aproxima-se da leva a língua ao líquido para o tomar, e, nos primeiros dias da moléstia, chega até a engulí-la. A ciência, que ainda não pôde descobrir remédio para o seu mal, tem o cão prestado os maiores serviços. Todos os anos, vêem, não poucos, para os laboratórios. Presos ao mármore das mesas de operação, focinho atado e as patas, sofrem eles torturaspeiadas e suplicios em serviço da humanidade. Fria aos gemidos e estertôres mordaça nâo conBegue &bafar> que a c^ às lagrimas que imploram compaixão, vai a lanceta desvendando mistérios, cortando, retalhando, e' descarnando, para os descobrir e surpreender. A estas horríveis operaÇões experimentais praticadas em um animal vivo, dâ-se o nome do que, de fato, é feito — vivíssecção. A elas devem os sábios e os homens mais de uma grande descoberta. A Ciência de Deus, na sua misericórdia, há de levar a do homem a suprimir o horror dessas experiências, penosas para todos, a começar por aqueles que as praticam. A ciência tem os seus mártires. Um deles, e dos nalores, é o cão. 19 4 4
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FEIIZES i \m\m (MONÓLOGO)
A ventura ou desgraça na vida Teem, às vezes, igual parecer; O que a uns pode dar alegria Pode a outros tristeza trazer.
Um que vive contente consigo, A dizer: — A ninguém mal eu fiz, Pode, enfim, repousar sossegado, E* feliz.
O que a alguns pode ser o motivo Da mais bela e feliz existência, Pode, a outros, ser causa funesta De uma vida infeliz, de inclemência.
Mas quem vive implantando a discórdia Com as intrigas do "diz que me diz"... Certamente se deve julgar Infeliz.
Uns se julgam felizes com pouco. Outros, nem tendo tudo, lhes basta; O prazer aproxima os amigos O infortúnio é que, a muitos, afasta... t
Se gostaram de quanto lhes disse "bis") (Mesmo sem precisar pedir Eu garanto que assim me fizeram Bem feliz...
Um que é Um sorriso Vive muito E*
pobre, a quem nunca a Fortuna jamais dar lhe quiz contente com a sorte... feliz. •
No entretanto outro, que é muito rico, Só parece que se contradiz Quando afirma viver desgostoso... E' infeliz.
EUSTORGIO
WANDERLEY
BROMIL
Um que é simples e... pobre de espírito Como irmão de Francisco de Assiz, Sem nenhuma ambição neste mundo, E' feliz.
CgTARRO Outro forte, ambicioso senhor, Que tem sido, em contendas juiz, E, apezar disso tudo, se queixa, E* infeliz. Um a quem tudo falta, e o emprego Quase, há dias, perdeu, por um trís. Conformado com a vida, este, sim, E' feliz.
pUlrAÕES
zÁkr:
TOSSE 7BR0MIL
Outro, embora sorrindo... por fora Mas, por dentro, sua vida maldiz, Pois não tem a conciência tranqüila E' infeliz. 19 4 4
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© LEITÃt Conto podia haver sobre a Enão terra animal mais engraçado, mais afetuoso e reconhecido que o leitãozinho. de Andréas Hansen. Bem vistas as coisas, duma maneira geral, cs animais eram, a maior parte das vezes, de trato mais agradável do que os homens; não falavam mal de ninguém por trás das costas; não se riam do próximo, a propósito de tudo... Nunca! Nunca ! O leitãozinho crescia, estava cada dia mais gordo, mais robusto e mais decidido; um verdadeiro porquito que tinha caprichos e idéias ridículas; punhase a correr atrás das galinhas e •dos patos, apenas para se dar ares de importância. Kaj e Dagmar adoravam-no, mas a mãe nem por isso estava menos convencida de que era ela quem o conhecia e entendia melhor, sobretudo desde que começara a
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CONCLUSÃO DA PÁG. 103
KARL
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ficar tantas horas sozinha, na sua companhia. Nunca ninguém poderia ter imaginado que o verão se passasse tão depressa. Um domingo à noite, quando o campo cstentava ainda toda a plenitude da sua riqueza, tiveram que voltar para a cidade. Gerda, acompanhada de Erik e das crianças, dera o último passeio de despedida, e na manhã de sábado, fizera sozinha uma longa excursão a pé. Esta terminou junto do leitão e, como ali ninguém a poda ver, o fato das suas lágrimas terem corrido não teve grande importância. Mas, um pouco mais tarde, não se conteve que não falasse do porquito a Andréas Hansen. Este, que não cessava de sorrir e de se mostrar afável, insistiu várias vezes na maneira como o leitãozinho ia sentir a falta de todos, mas a dela, sobretudo, êle, que estava tão habituado a andar sempre com ela e com seus filhos. E, então, as lágrimas vieram-lhe aos olhos. Pela última vez foi com as crianças até junto do pequeno bacoro; os petises agarravam-se a êle e beijavamno, mostrando-se extremamente tristes no momento da separação. Gerda, permanecia maternal e distante, como convinha, limitando-se a intervir duma maneira perentória, quando os filhos, segundo o seu costume, agarravam no seu amorzito com um pouco mais de dureza. Uma vez de novo instalada no seu andar da cidade sentiu, ao princípio, uma terrível nostalgia do campo. Como o ar lhe pare-
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cia pesado e saturado de emanações gordurosas e fétidas, no meio de todas aquelas pessoas, que se cruzavam, com indiferença, e quási sem se olharem ! Entre os animais, que ali via, não havia nenhum que conhecesse ou lhe interessasse..., e, às vezes, acontecia-lhe deixar-se ficar junto da janela e senlir-se, de repente, dominada por uma amarga pena; então a recordação dum rabito levantado, graciosamente retorcido, impunha-se ao seu es-
pírito, seguida duma série de pensamentos melancólicos. Passaram os dias e, quando menos o esperavam, na véspera do Natal, eis que a criada aparece a anunciar à senhora que Andréas Hansen, o da herdade, tinha chegado e desejaria apresentar-lhe os seus respeitos. O rendeiro, muito amável, tinha a cara prasenteira de sempre. Gerda ficou muito contente ao ver o seu rosto familiar, bem escanhoado, e ao ouvir-lhe as histórias da aldeia, à qual tanto se havia afeiçoado. Trazia maçãs para as crianças, amadurecidas naquelas árvores do jardim, suas 19 4 4
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tão conhecidas...; e, a seguir, levantou um pouco a tampa do cesto e deteve-se um momento antes de prosseguir. Gerda esperava com curiosidade. Olhe — disse —. Também matámos o nosso porco... Gerda sentiu uma pancada no peito, mas dominou-se e não disse palavra. E, então, é claro, pensámos a que senhora e os meninos gostariam também de provar um bom bocado; por isso, trouxe-lhe isto, se quizer ter a bondade de aceitá-lo. Ao dizê-lo, Andréas Hansen tinha um ar tão bonacheirão e natural que Gerda agradeceu-ihe, e, mandando-o entrar para a saIa, ofereceu-lhe vinho e cigarros. Mas, enquanto permanecia sentada diante do camponês, que falava sem que ela precisasse de dar outra resposta, além dum "sim" ou dum "não" atirados de quando em quando, experimentava uma sensação dolorosa, como se um olhar maligno, cravado nela, a afundasse num horizonte negro sob um céu de desespêro. Sentiu um grande alivio quando Erik voltou à casa, radiante de boa disposição, e se pôs a falar com Andréas Hansen em tom alegre e familiar. Erik deitou uma olhadela para dentro da cesta. — Oh !, que belo bocado de porco! Mas, para que se esteve a incomodar...? Que magnífico almoço vamos fazer com isto ! E' um dos meus pratos prediletos. E, tratando-se, sobretudo, dum leitãozinho tão extraordinário ! Era aquele porquito do verão, tão engraçado não era ? Aí está um, Hansen, que certamente o honraria! Bom, Gerda, amanhã haverá banquete... Gerda sorria, e, apesar de tudo, sentia um certo contenta-
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mento por não ter de responder, Que maravilha ! — disse. pois quão difícil lhe seria profeMas, de súbito, poisou a faca rir naquele momento palavras e o garfo e olhou para Kaj, muialegres. to admirado. Porque é que não comes, Quando, pouco depois, os pequenos regressaram do passeio, meu filho ? E tu, Dagmar, tamsó lhes falou das maçãs, sobre as bém lhe torces o nariz ? quais Kaj e Dagmar se precipiAs crianças pegaram na faca taram. Teriam sempre tempo de e no garfo e tentaram cortar os saber a lamentável e triste his- bocados que tinham no prato. tória do leitão. Que quer isto dizer, Gerda ? Contudo, quando, no dia seAo olhar para a mulher, o seu guinte, se encontravam todos à rosto exprimiu um assombro ainmesa, e a alegria da festa devia da maior. dominá-los, os rostos de Gerda, De repente, Dagmar desatou a Kaj e Dagmar estavam longe de chorar. Mas que é que tens, meu exprimir qualquer satisfação.
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Os entremeses foram comidos em silêncio. Erik tinha um apetite enorme e as únicas palavras que lhe saíam da boca eram para achar excelente tudo o que comia. — E, agora — disse, esfregando as mãos — chegou o momento de fazermos as honras a um assado de porco, vindo diretamente do campo. Isro sabe dez vezes melhor quando nô-lo trazem de lá do que quando é comprado na loja do carniceiro! Serviu-se dum bom bocado, mastigando e dando eetalos com a língua.
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filho? Hom'essa! E também tu, Kaj ? Podes dizer-me, minha querida. do que é que se trata? O que tudo isto significa ? Mas a própria Gerda sentia-se absolutamente incapaz de articular uma sílaba, e duas grossas lágrimas corriam-lhe pelas faces abaixo. Mas que é isto, rneu amor ? Que é que sucedeu ? Gerda não podia conter-se mais, e, por fim, no meio dos soluços de Kaj e de Dagmar, chorando também, exclamou: Nenhum de nós pôde comer o leitãozinho !...
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VOCÊ SABE QUEM BEBEU O PRIMEIRO CAFÉ ? sido os europeus, TERIAM que se dizem os povoadores do continente-rei ? Teria sido algum feliz mortal lá das bandas da Ásia gigantesca, berço da humanidade? Teria sido algum filho de Adão tostado pelo sol da África, que ostenta, só ela, o dupio diadema dos trópicos ? Foi aí. E' o que nos conta uma lenda. Si ela, como todas as suas :rmãs, não for a verdade pura, não fará mal algum em ser ouvida. Teremos, ao contrário, aumentado o rói das nossas hipóteses, e é destas que partimos para chegar à verdade. Ao caso. O primeiro homem que, segundo a lenda, saboreou o café, foi um derviche. Um derviche é uma espécie de ermitão, que foge do mundo, para melhor servir a Deus. Foi um deles que tomou — grande felizardo ! — o primeiro rafe. Como ? Com ou sem açúcar ?... Sim-
YSr^Dois amigos se encontram na ta, num ãia de frio interno. Um dêes não traz sobretudo. aosO que não traz sobretudo: tas do meu sobretudo de fantasia ? O outro: — Afãs... se não o tens 11 O que não traz sobretudo: — Por i**a metmo i que 4 d* fantasia I
pies ou com leite'?... Em que ? Numa chícara... numa tigela... numa cuia ?... A lenda não diz. Esquecida de descer a essas minúcias e esclarecê-las, não deixa ela, porém, de explicar como veio o derviche a beber o seu primeiro café. Não satisfeito de rezar o dia todo, o santo homem gostava de fazer as suas preces e entregarse às suas meditações, na calada da noite. Gostava, mas não podia. O sono apertava, as pálpe-
bras pesavam que pareciam de chumbo, um cochilão... outro... mais outro, a cabeça pendia, e o ermitão não tardava a roncar como um hemaventurado. Triste e aflito, lembrou-se êle de pedir a Deus que lhe desse o poder de espantar o sono. Aparece-lhe, em sonhos, um anjo. Disse o mensageiro do céu ao anacoreta que, para o que êle desejava, devia entender-se com um certo pastor ali dos arredores. O ermitão, mal ouviu a boa nova, foi procurar o pastor. Contou-lhe este que, depois de comerem os frutos de um arbusto, as suas cabras ficavam espertas a noite inteira, pulando e sallando como se fosse dia claro. —Ali está um deles ! — e o pastor mostrou o arbusto ao derviche. Era um cafeeiro carregado. Davam-lhe este nome, porque aquele lugar chamava-se Cáfa. O derviche costumava seguir o velho e bom conselho : Não dei-
xes para amanhã o que puderes hoje mesmo fazer. Assim, naquela mesma noite, expeiimentou a virtude dos tais frutos. Fez uma infusão, toinou-a e, para sua grande alegria, o sono não veio interromper-lhe as orações. Varou a noite sem dormir. Satisfeito com a descoberta, o derviche, que não era egoísta, deu parte a outros confrades. Espalhou-se a notícia. O exemplo dos derviches foi seguido, e o café cantou vitória. Não há, hoje, quem o não chuchurreie por esse mundo afora. E' éle, agora, universalmente conhecido e spreciado. E' uma bebida de primeira necessidade. Se, em certos casos, re mestra ineficaz em combater o róno, todos sem exceção a êle elevemos e muito. Deixa-nos o estômago mais vigoroso, e mais ativa, mais pronta para o trabalho, a abelha mestra da colmeia — a inteligência. E ê, hoje, a principal riqueza do Brasil.
Dois pescadores se deteem a conter, sar. Eu, — diz o primeiro — conheço as lagostas, os carangueijos, os siris... Mas, como é que se chamam aqueles... aqueles que teem umas antenas mui. to compridas... Não sabes? Sei — diz o outro. — São os radio-amadoret...
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Boneca assentada num sofá — Para embelezar, por uma fôrma interessanté, umá pequena caixa de madeira ou de cartão coberta de pano, assente sobre uma quina, como se fosse sobre um sofá do seu tamanho, uma boneca feita da seguinte fôrma :
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Sobre Pedro n
U.Tva aranha engana... tolos
Frei Pedro de Santa Mariana, preceptor de d. Pedro II, era um sacerdote honesto, de uma fé serena e sem alarde, incapaz de um deslise e, para quem a vida tinha preceitos morais inflexiveis. Para ¦ êle, o monarca deveria ter a mesma austeridade conventual, e agiu sempre sobre o imperador no sentido de conter seus Ímpetos, dar-lhe a inibição que os impulsos paternos poderiam eníraquecer. Era professor de religião, matemática e latim. Mas foi o verdadeiro preceptor do jovem principe, a quem, com todo o respeito, sempre advertiu quando acaso o monarca tinha um movimento mais violento e pessoal. Quando, já velho, soube uma noite aue o Imperador tinha ido ao teatro sem a imperatriz, que ficara em Petrópolis, subiu as es-' cadas de madrugada e foi dizer a d. Pedro II: Venho lhe um favor. Qual é ? pedir Vossa majestade não vá mais ao teatro sem a imperatriz. Fica muito feio. O imperador obedeceu.
Torça dois arames como indica a figura. Terá, assim, a armação da boneca. Faça, em seguida, u'a madeixa de lã branca bastante espessa e envolva com ela a armação. Fios prêsos nos diversos lugares constituirão a cabeça, o corpo e as pernas. Nas extremidades do arame deixe umas pontas de lã que formarão os cabelos, as mãos e os pés. A altura da cinta, prenda bocadinhos de lã para continuar ¦o vestido, que deve cobrir as .pernas até aos Joelhos. Desgrenhe os cabelos, marque os olhos com dois pontos azuis, acentuados por um traço negro ; dois pontos côr de rosa para as narinas, um traço também côr de rosa no lugar da boca. Coloque os braços numa posição natural, dobrando-os ; faça o mesmo às pernas, para que a boneca se possa assentar ; fixe-a ao sofá por m eio-^dum arame que prenderá a armação e, passando por dois orifícios abertos na tampai da caixa, se fixará no interior.
Os três
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— Eis uma pequena troça que não tem maldade e produz sempre o seu efeito. Arranje um botão meio esférico e coberto de pano, sendo possível de veludo ; constitui o corpo da aranha a construir. Para lhe fazer as patas, procura-se um fio de latão o mais deigado que se encontre, também coberto de pano, o que melhor servirá para dar a ilusão, e enrola-se-o seis vezes em volta dum lápis ; estenda-se um pouco os "anéis" assim obtidos, para lhes dar um aspecto mais conforme com as ver-
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fcrf\y^ií'>.»
dadeiras patas e introcluza uma das extremidades no corpo do animal, isto ó, no botão, deixando livre a outra. Tiremos partido da aranha feita. Utílizando-nos dum alfinete, espetemo-la num canto escuro, bastante alto para que se não veja senão de longe... Ha razões para que a pessoa que a vê a tome por uma verdadeira aranha e vá buscar o necessário para a apanhar ou matar. A sua confusão divertirá todos os que estejam no segredo da partida.
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croquetes
Nas férias, ao chegar do colégio, onde estivera interno todo o ano, o Eduardo andava à espreito de uma oportunidade oara mostrar aos pais quan ta coisa por lá aprendeu. Ao Jantar, chegou-lhe, enfim, o ensejo. Papai e mamãe iam.ficar deslumbrados com a sua sapiência. Papai, ai nesse prato, à sua frente, tos croquetes pensa o senhor vêr ? Dois, não quané assim? Nem mais e nem menos. Isso mesmo, — respondeu o pai. Pois eu vou provar ao senhor que são três. Aqui ,—está um, aqui estão dois. Dois iríais um são três. Lo...ó...go, há três croquetes no prato. Mas onde estava eu com os olhos ?.» Períeitamente. São três croquetes. Vejo-os agora Com que clareza você já demonstra! Que grande matemático você vai dar! Você merece uma recompensa. Vamos repartir os croquetes. Quinoca ficará com o primeiro, porque é a mamãe; eu ficarei com o segundo, porque sou o papai; e você, Eduardo, ficará com o terceiro inteirinho, porque foi você que o achou. 19 4 4 121
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LICÂO CONCLUSÃO DA PÁGINA N .o 81
uns ingratos... Receberam mais do que mereciam, e ?'pSAO da tomam atitudes de revolta, como se tivessem direito a mais... Não são mais do que artistas — dizia outro. Gente que nunca sabe o que quer, nem onde tem a cabeça... Com.a entrada do Sultão, entretanto, os murmúrios cessaram e se fez completo silêncio. E foram mandados introduzir na sala os artistas, para dizerem o que queriam. Foi um velho compositor de canções campestres, de longas barbas brancas e aspecto venerando, quem falou por todos. E disse assim: Ismar-Hamed, poderoso monarca. Sultão a que todos prestam obe-
Não diga nada a mamãe!
diência e respeitam, perdoai a nossa audácia de vir perturbar a vossa noite de repouso. E perdoai também se, parecendo ingratos ao benefício recebido de vossas mãos, aqui estamos todos com a decidida disposição de partir. Vamo-nos embora, cada um para a região de onde veio, cada qual para o lugar onde vivia, pobre, sem nada ter e sem nada possuir. Há longos meses temos vivido no encantado palácio que nos destes, e que foi o melhor presente da vossa generosidade. Mas, real senhor, nem um de nós, enquanto aqui esteve, produziu coisa alguma. Parece que esquecemos tudo o que sabíamos, que deixámos nas nossas paragens nossos talentos e todos nos sentimos como se não fossemos mais os artistas que
banho, ou no meio do lago, no fundo de um barco, a sós consigo mesmo. No Palácio da Arte, tudo tínhamos, tudo nos destes. Para que o artista tenha inspiração é necessário talvez que algo lhe falte, que de algo necessite, é preciso mesmo que sofra, sem o que sua alma não vibrará como deve, e nenhuma coisa bela surgirá de suas mãos. Disse isso e curvou-se, humilde, temeroso, obediente, esperando a palavra do soberano.
Tudo nos destes, magnânimo Ismar Hamed, todo o conforto, todo o bem estar. Mas chegámos todos à couclusão de que foi tudo isso, justamente, que nos tirou a inspiração, nos arrebatou o dom divino de crear belezas, tornando-nos seres que só sabem usu-
Ismar-Hamed, como sempre liberal e magnânimo, respondeu:
Havia em todos uma profunda expressão de espanto.
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porque entrava a imaginação. Deixainos partir, magnânimo Sultão, para que em vosso reino possa continuar a existir a beleza da Arte, que deve ser espontânea, cuja inspiração deve nascer por si, onde quer que se encontre o artista, na choupana ou na mansarda, no campo, ao lado do re-
éramos.
fruir os benefícios do conforto.
Saber» Alicinha guardar o segredo que luca lhe esta conliando ? |à conhece agora o logai onde macaie guarda cate nco «médio para tosse Xarope Sao |oio. para tosses. bronchiies. catharro*, ?» resinado» Xa* rope S. João que cxiao(,a* c adulto» tomam com gosto.
"Paraná", "Lapa", "Tiju"Macau" "Acarí" ca", e }oram os' cinco navios brasileiros. sucessivamente afundados pelos submarinos alemães. em 1917, e cuja perda provocou a declaração de guerra do nosso governo à Alemãnha.
E o velho bardo campestre continuou: — Nós, os artistas, não podemos, não sabemos viver assim. A sensação de conforto, de fartura, de bem estar completo, torna-nos ociosos, mata todos os estímulos, faz-nos preguiçosos
— Podeis partir. Ide, sem receio. E permiti que eu vos agradeça a lição que me foi dada, e que nunca esquecerei. Não sois apenas vós, os artistas, os que teem necessidade de estímulo, para trabalhar e produzir. Todos os homens, são assim. Aqueles que se entregam às delicias do conforto, da fartura, ao emoliente calor do lazer, como se a vida fosse apenas feita para o gozo e para o deleite, nada produzem, nada crêam. E, além do vasio que sentem em si, prejudicam a coletividade, porque nada lhe dão, daquilo que seriam capazes de dax. 19 4 4
ALMANAQUE
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( VAMOS, MANDUCà! ESTA MA / QUE COISA1 NAO SEI PORQUE INHORA DE LEVANTAR-SE I. VENTARAM ESSE NEGÓCIO DE ES7 Vs^PARA IR PARA O COLÉGIO. \ COLA! SI .EU PUDESSEJWRMIA A VIDA toda' DE DORMIR!... V-^ ^^^CHEGA
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W V0CÉ E MAU ALUNO1 CHEGA I ( VOCÊ NÃO AGÜENTA NADAR NEM JOSAR II MEU DEUS! NÃO SEI O OUf\ FAZER COM VOCÊ MENmSo ' S\ 'VOU FUTEBOL. E MUITO FRACO, MANDUCA E ^SEMPRE ATRA7ADO A ESCOLA > NAO PODE ENTRAR NA NOSSA BRIN° PROFESSOR QUEIXOU-SE / ' ^^E NUNCA SA5E A LIÇÃO CADEIRA. TEMOS MUITA PENA MAS > £>E QUE E !,'M VADlO VAI r^ãSs. ^ ^^^B QUEIXAR-ME A SEU PAI. V ^w £ER castigado, para r-~ não Pode ser1 f ^^ jj^y^t * ^_APRENDER^ _J í ^ I ¦^ ?fl R^ ./ ^
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E O MANDUCA QUEIMAVA AS A CULPA NAO E DElf JUVENTIPESTANAS NOS LIVROS, ESTUE DESDE AQUELE DIA EM HORAS CERTAS NO FAÇA COM ELE O QUE EUFA DAVA, ESTUDAVA, MAS A-b IDÉIAS Porque andas tão MANDUCA Tomava qualquer cousa que a C SE EMBARALHAVAM NO SEU Õf- aborrecido, ÇO COM OS MEUS SI6A 0 MEU MAMÃE LHE PAVA CUIDADOSAMENTE. PEBRO, COITADO/ JUVENTlNO?/E VERA 0 RESULTADO .CONSELHO ^^r/ ^TtS. 'v——i^/ -i—^—~y\ I CHI, MAM Al;'COMO I El] ^7/ NAO SEIO TEM A l GOSTO QUANDO QUE / f ' MEU esTAV-' FILHO i/t^f NÃO CHEGA QUER / JI&bV 7 /^° H km / ¦•^^ ) ESTUDAR ANDA SEMPRE ^"H ^ ' \ MJtóRAÍv^ UM ÂNIMO PARA,] / W W^~) (TOSTE, i ? r XÜADÃ^E UM MS60STO// / y%* ?V \
—•-— --1| JCA II | ERí NADAVA COMO UM PEIXE.TOR- SADQR CE FUTEBOL. rr?*™1*
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WANDO-SE CAMPEÃO DE NATA( CÃO DO COLÉGIO ESTA ESCOLA E 05 (ALUNOS .ORGULHAM-SE ^p^
19 4 4
\£EVOCE,MANDUCA.r'
-^= ALIAS O MANOU# |^»AM£NTe W5 ° SE5"EPO DE SER niMD*xÍ?U ENTA0 -¦ —p—— ~ QUALQUER DE VOCÊS PODE SER COMO) EU.BA6TA ToMAR O ELIXIR 1~-/
»23
ALMANAQUE
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DOS
TICO-TICO
PASSATEMPOS
CHARADAS E PROBLEMAS PROPOSTOS EM OUTRAS PAGINAS PESTE ALMANACH FRASE COMPRIMIDA
QUAL
SERÁ?
SOMA
(Pg. 88)
(Pg. 84)
1 — Onça; 2 — Gol; 3 — Salomão; 4 — Lima; 5 Granada; 6 — Libra; 1 — Macaco; 8 — Balança.
Êxito em toda a linha. '• MISTÉRIO HA CHÁCARA DA TTJUCA (Pg. 88) O detetive Ramlro, ao se encostar na capota do auto, achou-a fria, sinal evidente de que o motor tinha parado havia multo mais de 10 minutos, tanto mais que Miguel viera de Petrópolis, devendo o carro estar quentíssimo.
t ¦!
, O» O 51 P R I M I D O (Pg. 92) O nome do homem é Plácido.
r ' "»
• DESENHO COM UM TRAÇO SO (Pg. 13)
COMPLETE AS PALAVRAS (Pg. 88)
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CORTAR UM BRAÇO
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AQUI ESTÃO AS SOLUÇÕES DAS CHARADAS E PROBLE-
PROVA
I
DIFÍCIL (Pg. 13)
ANIMAL 6EM
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UM
OLHO
PÁSSARO BICUDO
AMIZADE
Desejando causar uma alegre surpresa a Edison, seu Intimo amigo, Henry Ford reconstruiu, à custa de Imensos gastos, copiando os menores objetos e com a secreta colaboração dos ajudantes do sábio, o laboratório onde Edison passara noites inteiras queimando e experirr. tando as substancias de onde deveria surgir o filamento apropriado para lâmpadas elétricas. Fez-se tudo com o maior cuidado e depois Ford convidou Edison a vir a Dearborn. Suba — disse-lhe o magnata dos automóveis. — Terá uma surpreza. Edison, ao vêr seu laboratório reconstruído, detevese com os olhos cheios de lágrimas e disse: Está igual em umas 99 partes. E que é que não está igual? — perguntou-lho Ford. O piso. Estávamos sempre tão ocupados que nunca tivemos tempo de encerá-lo.
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— RIO UM PRODUTO 00 UBORATÔRIO JACCOÜO
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ALMANAQUE
0 Jogo úo termômetro Vamos apresentar aqui as explicações do jogo do termômetro. Basta olhar para o desenho que se vê na página 25 para se compreender a sua significação. Não é preciso, portanto, entrar em pormenores. São necessários duas fichas e um dado. E, de posse de todos estes elementos, vamos principiar a partida. O jogo do termômetro joga-se entre duas pessoas, e o seu fim é vêr quem chega primeiro aos 60 graus marcados acima de zero, naturalmente, pois abaixo de zero é desagradável estar e ninguém é tolo que se vá colocar, nem mesmo por brincadeira. Deve deitar-se à sorte quem começa, e aquele a quem lhe pertencer começar, deita o dado, marcando com a sua ficha o número que êle indique, na casinha correspondente do seu lado. Por exemplo: o cinco. Em seguida, o outro parceiro deita o dado e marca também o número que lhe saiu; o quatro, por exemplo. Torna a deitar o primeiro parceiro e soma o número que desta vez lhe sair com o oue tiver já marcado, colocando a ficha na casinha cujo número represente essa soma. Saiu-lhe agora o três, tinha marcado o cinco: três e cinco, oito... O oito é o número que terá agora de mwcar. Deita logo o outro parceiro o dado e faz a mesma operação e marcação. E assim sucessivamente, até chegar ao 60. O primeiro que lá chegue terá ganha a partida. Mas... Há a fazer uma pequena combinação para o jogo se tornar um pouco mais difícil e, portanto, mais interessante. Vem a ser o seguinte: Depois de ambos os jogadores terem deitado o dado a primeira vez e terem marcado o número que lhes saiu, sempre que o dado mdicar o um ou o dois. em vez de somar o numero, subtrái-se. Quer dizer que o jogador volta para traz. Por exemplo: si o jogador tiver apontado o cinco e tirar o dois, em vez de marcar sete, tem de marcar três. Perdeu dois. Compreenderam bem? Deste modo, como se disse, o jogo tem mais interesse e torna-se um pouco menos fácil chegar de repente aos 60 graus do termôuietro que hão de dar a vitória da partida.
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( pílulas de papaina E PODOFTLTNA ) Empregadas com sucesso nas moléstias do estomago, figado ou intestinos. Essas pílulas, além de tônicas, s&o indicadas nas dispepsias, dores de cabeça, moléstias do fígado e prisão de ventre. Sâo um poderoso digesüvo e regularizador das funções gastro-intestinait. A venda em todas as farmácias. Depositários : JOÃO BAPTISTA Da FONSECA Rua do Acre, 38 — Vidro Cr S 2.50. Pelo correio. Cr $3,00. — Rio
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ALMANAQUE SOLUÇÃO EXATA
DA CARTA PÁGINA 17
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TICO-TICO
ENIGMÁTICA DA
SOLUÇÍQ 'CARTA
.ARLINHOS A PAPAI NOEL: Papai Noel querido: Vou fazer ao senhor um pedido que tal/ez o senhor ache engraçado, mas nao é, não. E' bem sério, Papai Noel. O que eu queria que o senhor deixasse nos meus sapatos, que já estão um pouquinho velhos, era isto: um lindo par de sapatos POLAR. Sabe poiquê ? Eu vejo sempre uns dizeres assim: "Deixe seu filho pular com sapato Polar", e como eu gosto muito de pular também, acho que se ganhar uns sapatos d<2ssa marca, que eu sei que é muito boa, a Mamãe não vai se importar que eu pule... Ccnheço uma porção de meninos que usam Calçado POLAR e pulam bastante e o sapato nem nada... Então, é porque é forte mesmo. E eu quero um par. O senhor põe, não é, Papai Noel ? Veja lá. Não se esqueça: é Polar, que eu quero ! Muito obrigado e fico esperando. C ar Unhes Pereira As Lojas Calçados Polar, à Avenida Rio Branco, 191 — Rio, teem agora novas instalações especializadas para crianças, que são servidas por moças.
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Sr_^y•£>$£.
EXATA DA CARTA ENIGMÁTICA OA PAGINA 2
DE UM. GAROTO DE BOM GOSTO
Minha Querida Mamãe: Estou gostando multo das férias na fazenda da Vovó. Aqui é mesmo bom e tenho passeado tanto que só me lembro da senhora, do papai e dos maninhos, que não vieram também. Recebi o pacote de presentes e fiquei contente com a lata dos gostosos biscoitos Aimore, pois já estava com saudades deles. A Vovó disse que quando a senhora mandar outra lata, pode ser de outra qualidade. Há muito o que escolher: Sortidos, Saúde, indígenas, etc. Os que a senhora mandou são de coco, e os de chocolate e de maizena são também "da pontinha"; são os que mais gosto. Um beijo do seu filhinho — Maurício.
Um inquilino encontra-se com o proprietário da casa em que êle mora. — Como passa Vossa Senhoria ? perguntà-lhe o proprietário. — Eu, responde-lhe o inquilino, não tenho senhoria, mas sim senhorio, que é V. Excelência.
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EDIÇÕES MELHORAMENTOS , Viaft»*°
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* O BOM COMPAHHEIRO
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A CIDADE 00 DEUS AMARELO A GENEROSIDADE DO SERVO ALADINOea LÂMPADA MARAVILHOSA A LENDA DA VlTORIA-RfiGIA . . AO PASSO DAS CARAVANAS . . . APENAS VIOLINISTA APÓLOGOS ORIENTAIS AVENTURAS ,\e um ESCRAVO BRANCO BELEZA NEGRA BREVES HISTORIAS ORIENTAIS . . CONTOS E LENDAS ORIENTAIS . . CONTOS FANTÁSTICOS ENEIDA ... FILIPE, È VOCÊ, FILIPE? GRANDES MÜSICOS NA INFÂNCIA HISTORIAS ESQUISITAS . . JOÃO NEORINHO . . LENDA DE TRÓIA MEMÓRIAS DE UMA COLEGIAL NO BRASEIRO DOS TRÓPICOS . NOVELAS EXTRAORDINÁRIAS O FILHO DO GACCHO O HOMEM QUE SONHAVA ACORDADO OITOl ENTAS LÉGUAS A PÊ O LEGADO DO ÁRABE . . O MISTÉRIO DO CASTELO . mais 24 livros diversos
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dia um chinês UMrecebeu de presente de um europeu um relógio. Levou-o para casa e todos se admiravam de ouvir tic-tac que não cessava um só instante. Chegando a noite, o chinês começou a ficar íntrigado com o tic-tac incessante e lembrou-se que as traças faziam esse ruido quando furavam a madeira. Foi logo comprar um insecticida, mas, como apesar disso, as traças não morriam, jogou o relógio no fogo. • O casamento religioso de Pedro I com a princesa Amélia de Leuchtenberg foi realizado no Brasil.
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O nome por extenso do padre Roma, mártir revolução da pernambucana de 1817, era José Inácio de Abreu Lima.
Quatro quintas partes dos povos indianos andam sem calçado. Mesmo os que andam calçados teem que deixar seu sapato à porta do templo quando entram. Atribue-se a desçoberta da pólvora ao frade alemão Berthol™ ¦ • ]j ¦¦ - ^VAv do Schwartz. Fazendo IT__J _"¦ II J __ W___ I _ 1 _. I fa experiências, aconteRepresentante no Rio: AMÉRICO MARTINO ceu-lhe misturar enxo181 — AVENIDA MARECHAL FLORIANO, 181' — TELEFONE 43-6404 fre, carvão e salitre. Inesperadamente, produziu-se terrível e violenta explosão. Antes dele, porém, no século XIII, Rodesagregam, causando o desmoroAs formações de coral nos ar- mamento da inteira tormaçao. gerio Rácon já havia copiado dos árabes a fórmula da pólvora. O quipelagos da Polinesia dão orinotável progresso na história dos gem a verdadeiras ilhas, mas se explosivos foi a descoberta do elas levam anos ou séculos a se O único animal que, depois do "algodão-polvora" e da dinamite. formarem podem, de repente, de- homem, caminha eréto. é o pinEsta muito tem contribuído para saparecer, devido a não terem uma guim. O urso e o macaco, só ocaas grandes e arrojadas realizações base segura, não só como os sedi- sionalmente caminham erétos, mas da engenharia contemporânea. mentos mais antigos coraliferos se facilmente cansam.
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OS
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MÉDICOS -ã
pessoas sabem que podemos ter à nossa dispoPOUCAS sição, quando estamos em férias, nada menos de seis médicos. E que todos seis possuem uma clínica universal, fornecendo aos seus clientes — sem lhes cobrar nada — tanto a receita como o remédio. Basta para isso o trabalho de procurá-los, sendo cada um de nós imediatamente atendido, por todos seis ao mesmo tempo. Vejamos, sumariamente, o que cada um deles pode fazer por nós. Primeiro o "Doutor Água" — Todas as cousas vivas precisam dele, em toda a parte. O banho e as abluções constituem a base da existência humana, conquanto devem ser observadas algumas precauções, pois há sério risco em tomar banho antes que tenham decorrido duas horas depois de uma refeição mais ou menos abundante. No mar os primeiros banhos devem ser rápidos.
MARGARETH
DAS
FERIAS
BRADY
Isso pelo lado de fora. Pelo de dentro, a água deve ser a bebida principal. O "Doutor Luz" é o maior purificador do mundo. Sempre nos sentimos especialmente bem nos dias de grande sol, mas não convém abusar dos seus raios diretos sobre a pele núa, conquanto seja uma questão pessoai a maior ou menor adaptação neste sentido. O "Doutor Ar" entra de tal modo na nossa existência, por fora e por dentro do organismo, que geralmente nem temos conciência de que êle existe e tantos benefícios nos presta. Respiremos sempre ar puro e tomemos — ou conservemos — o costume de dormir com a janela aberta. Não esqueçamos, também, o "Doutor Repouso". Saber descansar é uma verdadeira arte e muitas pessoas devem o fato de viver longo tempo ao sadio costume de dormir bem. O melhor sono é o da noite. Aliás não se descansa apenas dormindo e sim
também evitando qualquer agitação excessiva. A serenidade pode e deve ser cultivada. O "Doutor Exercício" parece inimigo do "Doutor Repouso", mas isto não é verdade. Um e outro podem combinar-se muito bem. O grande segredo do exercício está em que êle deve ser diário e bem proporcionado. Fecha a série o "Doutor Regime", que deve guiar todos os nosso hábitos de vida, principalmente no tocante à qualidade da nossa alimentação, muito mais importante, na maioria dos casos, do que a própria quantidade.
Inimigo ? Por SEBASTIÃO FERNANDES (Coodttste 4» p-güw 27)
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FAZ DOS FRACOS FORTES INFALÍVEL NOS CASOS DE ESGOTAMENTO ANEMIA NERVOSA DEBILIDADE INSONIA FALTA DE APETITE E OUTROS SINTOMAS DE FRAQUEZA ORGÂNICA DE CRIANÇAS E DE ADULTOS. 126
O olhando para mim: O senhor nio tabi contar historiai poro criancast Sorri: Posso falart Pôde. Voei pensa qut isso i história Poro distrair criançosf Não i história Porque i minha vida, e não tem graça nenhuma, mas Pôde diser que si não sei fater mel sou, no entanto, bom para os agricultores. Parou d* falar, tirou o relógio * disse: Bom, já são quase cinco horas da tarde, e ainda Unho de arranjar 0 jantar da garotada. Quantos filhos sãot Aht Este ano nasceram só duzentos t trinta. B tem comida para iles todost Vou ver se a abelha me empresta um pouco de açúcar... Mexeu com as asas e levantou o VÔO, como um aeroplano que carrega uma portão 4* bombas,,.
PREVIDENTE Ê preferível prevenir, á ter que corrigir os defeitos da pel. le, que tanto enfeiam o rosto. Rugól, usado di-riafnente em massagens,evita o _praucimenco de cravos, espinhas, urdas, manchás e rugas. Rugól penetra até ás camadas tub-cutarien e forra* lece o» tecidos, impedindo que peilc se torne ÍJ_ci__, sem viço, e que w lormem r_g_s e pás . , "de gaüinh*. Rugól é . g:: as da tut mocidíde e da consertr«clo da belleza de tua cutis.
TtuSfe.
éiviM & rnaiAS. íioa. • s. pauío (944
ALMANAQUE
m mes com nome errado Trata-se ão mês de Setembro, pois não se compreende por que se chama Setembro, sendo o nono mês âo ano. O seu nome verdadeiro deveria ser Novembro e o que êle usa deveria ser aplicado ao mês de Julho, que é o sétimo do ano. Essa anomalia não existlu na origem. Quando deram o nome de Setembro, foi bem dado ao sétimo mês do ano que Romulo instituiu. Mas, dentro em pouco, Numa tendo introduzldo dois novos meses, um no principio e outro no fim do ano, Setembro ocupou o oitavo logar. Depois, quando os decemtiros puzeram Fevereiro no lugar que ainda ocupa hoje. Setembro recuou novãmente e tomou o nono lugar, que nunca mais abandonem. Pouco tempo depois, tentaram modificar esse nome que não mais correspondia à realidade. Alternadamente, o Senado Romano e os imperadores tentaram reparar essa anomalia. Depois entraram os corlezãos: chamaram sucessivamente ao mês de Setembro: Tlberius, em honra de Tlberio; Germanlcvs, para lisonjear Domiciano, que usava esse apelido; Antoníus, por causa de Antonino; Herculeus, para OQrdar a Cômodo, o?',* usava o nome e os atr. bu*os de Hercules: enfim, Tacítus, sob o imperador Tácito. Apesar ãe tudo, o costume foi mais forte t o nome de Se-embro ficou até hoje, guando não admira a ninguém. / 9 4 4
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J^^tíré^/ f 'Na
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Minha Senhora I Na alimentação de seu .filhinho é indispensável incluir o-Creme da ano? COLOM30,
O Creme de Arroz COLOMBO é um alimento puro, altamente nutritivo e de farilima digestão Com êle as mamães preparam mingáos, sopas e outros pratos magnifico8 que fazem a delida das crianças de qualquer idade. Dê ~ime d ia Iam ente ao seu filhinho o
^^Síb^bbsAbsbbsbI W &^f*-A*m\^jA\ ^ssssssssL^lH E&IbW
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Os grandes vultos da historia 1ue íol um dos mais notáveis oradores sacros brasileiros a século f"! SamPal°. ao XVIII e começo do século XIX, foi em S. Paulo um grande lutador em prol da nossa independência, chegando a transformar a sua cela no Convento de Santo Antônio, em centro de agitação revolucionária. E' dali que parte Ramos Cordeiro, para levar a D. Pedro I, nas proximidades do Ipiranga, a correspondência de Lisboa, cuja leitura redunda no grito imortal de "Independência ou Morte". Proclamada a Independência, chegam a Frei Sampaio as desilusões, Pedro I Que lhe havia prometido o lugar de Bispo de S. Paulo, nomeia para o cargo o arclpreste Manoel Gonçalves de Andrade. A ingratidão imperial amargura a vida de Frei Sampaio, que se recolhe entristecido à cela de seu convento Foi o grande MonfAlverne quem lhe disse um dia: — Lembra-te de que és Sampaio, o grande Sampaio. Volta para a companhia dos teus livros, que foram os que te ajudaram a ser grande EJele.Jv°,ltou- Frel S^Paio faleceu aos 13 de Setembro de 1830 com 52 anos de Idade, sendo por muitos considerado como o maior dos oradores sacr os do Brasil. '"WWWWVWWW^V
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Ds onde vem a palavra Mazórca ? m% URANTE o período que ficou assinalado na história ' americana pelo governo despótlco de Rozas, muitos íoram os seus partidários que, aproveitando o regime de verdareiro terror implantado pelo déspota, formaram grupos irregulares e associações fora da lei para cometer toda a sorte de tropelias. Uma sociedade foi formada, nessa época, com o fito de colher proveitos da situação anormal que atravessava a Argentina. O nome dessa sociedade era "La Mazórca", porque em certos desenhos da época, que eram divulgados com ameaças terriveis para os "Unitários" — que se opunham a Rozas — figurava uma espiga de milho que, em castelhano, tem o nome de "mazórca". Houve também quem se aproveitasse do jogo de palavras "más-horca" — que "mais força" — e usasse esse termo com esse quer dizer sentido, e todos sabem quea forca era o instrumento usado pelo tirano Rozas para eliminar os que achava serem inimigos do seu governo, embora não fosse mais preferido esse melo do que o degolamento e mesmo o fuzilamento. Como se vê, do trocadilho "más horca" nasceu a palavra. E com o correr do tempo veio a ser "mazórca", que hoje é utilizada para classificar todos os movimentos de desordem e de rebeldia. Na maioria dos casos, as borboletas nada comem, limitando-se a sugar o netar de algumas flores, durante três ou quatro dias, apenas, não obstante botarem durante esse tempo grande número de ovos. Tudo isso, entretanto, resulta da voracidade da larva, fôrma da borboleta logo que sái do ovo. A pequena larva, conhecida vulgarmente como lagarta, é sobremodo voraz: alimenta-se e cresce
TICO-7ICO
Dê-lhes saúde, fazendo-as tomar ferro, hemoglobina, arsênico, fósforo, cálcio e ruibarbo contidos nos tabletes de
1H1 li.íRiJ ENRIQUECE O SANQUE E AUMENTA AS FORÇAS
O que comem as borboletas continuamente, armazenando reservas de alimento que permitem o jejum da crisalida inerte, durante mais de uma semana e ainda da borboleta logo depois da metamorfose. Assim, a larva é uma armazenadora de energias que perduram nas transformações seguintes por que
passa o inseto, que, ao sucumbir, serve de pasto às formigas. Durante o tempo em que a borboleta se apresenta com as suas belas cores, em pleno desenvolvimento do lepidoptero, sonha, contempla a natureza, decai e morre, talvez feliz. Algumas especies ainda deixam ao homem rico casulo da seda, tecido pela larva. F. DONALD
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JANEIRO 19 4 4
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PRÓPRIAS DA IDADE...
MEU VOVÔ É
MONÓLOGO
ranzinza... "d© contra" êle é
E' costume se dizer, Seja no campo ou cidade, De certas coisas, assim: — Isto é bem próprio da Idade...
Se um rapaz, dansando, canta Com a maior alacridade, Dizemos : — E' natural, E' coisa própria da idade.
E é muito certo esse dito, Como se tem comprovado, Pois, o que é próprio num moço, Num velho é...« desacertado.
Porém se Um velho é que tem Esses gestos... de espavento, Ninguém acha próprio e diz : — Isso é muito... assanhamento.
O mesmo caso também Entre as crianças se ensina : Não ficam bem certas coisas Feitas por uma menina.
Quando uma jovem se enfeita, Por uma justa vaidade, Todos acham, com razão, Que aquilo é próprio da idade.
No entretanto se revelam (Embora não pequenino) Essas mesmas travessuras Se feitas por um menino.
Se fôr, porém, uma velha Que faça a mesma... tolice, Dizem logo : — Aquela velha Já sofre de... caduquice...
Subir, por exemplo, às árvores, Para unia menina é feio; Mas, para um menino, não; Embora cause receio...
Se um pequenito de colo Chora, sem ser por maldade. Ninguém repara e acha até Que aquilo é próprio da idade.
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Ele dá o uma vontade. "contra" em tudo. " K l„>r queJ Sini|)le>nie«tr •,«>(
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Não os deixe sofrer... A» mães teem, no Xarope São João, o melhor remédio para combater, as tosses, as bronqoitea e os catarros de seus filhinhos, sem fazê-los sofrer. O Xarope São João agrada sobremaneira às crianças e pôde ser adquifacilmente rido em qualquer farmacia, por preço módico. Os resultados deste produto se noimediatatam mente, pois com éle os acessos de tosse de dissipam; as mucosas se descongestinnam e o mal estar próprin rio? resfriados ou da bronrapidamente. quite <iesparrce
Atua de igual modo nas infecções gripais, rouquidão e irritação das vias respiratórias. Médicos notáveis teem se pionunciado com elogios sobre as )idpriedades do São Xarope Di-. O João. Drlando Marques "Tenho screve: empregado este produto para acalmar toda a classe de tosse e verifiquei que produz efeitos rápidos e dura'" veis que os de produtos similares. O Xarope São João é diferente dos demais produtos que se oferecem no mercado, porque não contém elementos vulgares ou ineficazes.
Mas, sendo um ga[roto grande Que chora... se não [apanha, Se abre as guélas "berreiro" [num Bem se vê que aqui[Io... é manha. Devemos, pois, ter o [senso Da justa oportuni[dade, E fazer coisas que [sejam. .. Só próprias da nos[sa idade.
n n<ru * bowínho . Nunta a*'oeontra" O *.-, mgrtVio í o regime Riu,
O QUE É O R£GIM£
ENO A prisão de ventre cousa intoxicação interna. Para combate'°. íoça um regime com um laxante suave como o "Salde Fruc'a ENO". O regime ENO consiste em toma-lo, diariamente, ao levantar eoo deitar. Ê bom para qualquer idade. Não ná contra.indicação!
"SAI 01 FRUCTA'
EN LAXANTE
XAROPE SÃO JOÃO 19 4 4
EUSTORGIO WANDERLEY
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Quasi 200 modelos de v„tui. nhot para meninas e menino» na maior variedode de gãitoi e feltloi.
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Não só ai modiitai mas, tombem ai mães que goitam e podem co». furar para oi teus filho», terão no FIGURINO INFANTIL beliisimoi
álbum com 44 páginas do formato de ARTE DE BELÍSSIMO BORDAR, capas a cores. Uma harmoniosa variedade em modelos de trabalhos úteis, que completam valioso enxoval de noiva. Guarnições para toalhas de chá—Serviços americanos -Toalhas para jantar—Jogos de Cama—Bordados modernos-Trabalhos em aplicação- Cheio e sombra. —Linda colcha de setim em tafetá franzido, com motivos bordados em seda. Uma linda coleção de Lingerie finíssima, modelos inéditos e de extraordinária beleza, acompanhados de delicados motivos para guarnece los. dadas para todos os trabalhos são detaAs explicações lhadas, tornando simples a sua execução. Nova edtçfl» Um álbum do interesse de toda Biblioteca das as senhoras, mas indispendo Arte do Bordar savel a todas as noivas.
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ATÉ OS RATOS, PARA O SEU QUEIJO, PREFEREM A MELHOR GOIABADA CARLOS DE BRITTO A CIA. o - Areia* - Pesque.ras - Rio e S&o Pau FÁBRICAS EM. »^,«~ - Berros
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