O maior caso da Ufologia Mundial Não é bairrismo nem patriotada, muito menos entusiasmo ou puro exagero. O Caso Varginha é, de maneira absolutamente inequívoca, o maior, mais contundente, mais impressionante e que mais repercussões atingiu na história de pouco menos de seis décadas da Ufologia Mundial. Mas ele conta ainda com outro recorde de peso: é também o mais bem investigado e documentado. A queda de um veículo de origem desconhecida e respectiva captura de dois de seus ocupantes, ainda vivos, é algo tão extraordinário para a Ufologia quanto o fato de que tudo isso aconteceu numa cidade do interior do país e teve como principal protagonista o próprio Exército Brasileiro. E se o caso é assim tão significativo, o que dizer de uma quantidade aproximada de 100 testemunhas oculares de primeira-mão, que viram desde a queda do objeto até a captura dos seres, do exame dos mesmos em hospitais até a remoção de seus cadáveres, do transporte interestadual das criaturas até sua recepção por uma equipe de médicos legistas da renomada Unicamp? Como se vê nestas breves linhas, o caso tem, sim, de maneira inegável, um dos mais espantosos repertórios de todos os que se conhece. E tudo exemplarmente bem investigado, como se verá nesta edição.
Editorial: Caso Varginha,
um fato simplesmente estarrecedor
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Constatação: O caso
ufológico brasileiro mais importante e significativo
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Análise: Uma profunda
reflexão em busca da verdade sobre Varginha
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Conseqüências: Quais
Tragédia: Policial militar são as implicações do caso que capturou um dos seres para a Ufologia morre em poucos dias
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Veja a seção Suprimentos de Ufologia, com edições anteriores, livros, DVDs e vários outros produtos na página 38
Reabrindo o Caso Varginha
EDITORIAL CONVIDADO
Uma ocorrênc Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
A
penas nove anos se passaram desde a principal data do Caso Varginha, ocorrido em 20 de janeiro de 1996 em Minas Gerais. Tivemos inúmeras oportunidades de declarar nossa suposição de que serão necessários, no entanto, dezenas de anos para que tudo se esclareça. Notadamente que os investigadores possam descobrir todos os fatos, detalhes que hoje provocam verdadeiras lacunas em todo um enorme contexto. Apesar de tão pouco tempo, mesmo em plena era da informática e da internet, percebe-se que muita gente ainda não compreendeu a exata seqüência em que os eventos se deram na cidade mineira. As causas são várias, porém nítidas. Há curiosos e meros interessados, bem como ufólogos, que parecem preferir seguir um caso desse tipo somente pela televisão, ou ficam atentos às páginas da internet que de repente anunciem novidades. Por isso, muito se tem escrito e comentado. Mas com pequena precisão. Esta edição especial aproveita para dar aos que assistem ao desenvolvimento das notícias, e aos que somente agora começam a se interessar pelo caso, uma cronologia mais enxuta e atualizada de pontos principais, que até o momento passaram a fazer parte dessa história controversa. Todos os pontos tratados na cronologia do caso merecem calmas e mais isentas explicações, o que fizemos no livro O Caso Varginha [Coleção Biblioteca UFO, código LV-08, na seção Suprimentos de Ufologia desta edição]. Nesta UFO Especial 34, o leitor poderá assim inteirar-se mais corretamente da seqüência dos fatos. Exatamente porque casos desse tipo provocam discussões acaloradas e, de forma salutar, alguns estudiosos e especialistas tra4
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balham para detectar falhas, contradições ou mesmo explicações de cunho sociológico para a sua repercussão, também incluímos um vasto artigo de Cláudio T. Suenaga, consultor de UFO e mestre em história. Nele, o autor apresenta interessante fundamentação sobre influências de crenças, mitos e outros aspectos sociológicos que podem ter contribuído para a criação e para a grande comoção em torno do Caso Varginha. Ao leitor, por certo, caberá comparar e refletir. Mesmo que a Revista UFO não seja uma publicação científica, o que é característica do meio estritamente acadêmico, tem por obrigação oferecer aos leitores as várias faces de algo inegavelmente discutível. Nesta linha, pela primeira vez é publicado um trabalho de pesquisa científica, realizado em Varginha por universitários, para estudo do potencial turístico daquelas ocorrências que passaram a compor o mundo ufológico.
Testemunhas militares — Um dos princi-
pais pesquisadores do caso, Marco Antonio Petit, co-editor de UFO, que esteve na cidade mineira na época do desenvolvimento das primeiras investigações, vem agora oferecer novas informações que complementam algumas passagens que colheu nestes anos de constante busca de outras evidências testemunhais. E narra suas impressões tidas durante a gravação do depoimento importante de um militar, cuja contribuição a respeito da operação que retirou de Varginha o corpo de uma das criaturas capturadas foi crucial. Outro consagrado ufólogo que compareceu ao município naqueles primeiros meses de descoberta dos desconcertantes eventos, Wallacy Albino, também consultor de UFO, conta em emocionado depoimento o que vivenciou. Albino tem contribuído desde janeiro de 1996, como incansável pesquisador e assina um artigo para esta edição por pertencer inegavelmente ao primeiro time de investigadores das ocorrências.
Em se tratando na equipe de pesquisadores, é tempo de fazer justiça a vários daqueles que se envolveram, de uma forma ou de outra, na cata de informações e coleta de valiosos dados que têm ajudado a esclarecer os fatos passados em Varginha. UFO publica pela primeira vez a relação completa de todos os estudiosos que compõem, direta ou indiretamente, a equipe responsável pela constituição deste que muitos consideram o mais comentado evento ufológico de todos os tempos. O critério foi o comparecimento deles, ao menos uma vez, à cidade de Varginha e Julho 2005 – Edição Especial 34
Reabrindo o Caso Varginha
Philipe Kling David
cia estarrecedora
região, para ajudarem nas investigações. Mesmo que quatro ou cinco ufólogos tenham sido mencionados como principais pesquisadores, o papel cumprido por todos que fazem parte da relação agora publicada tem sido indispensável. Um dos pontos mais controvertidos e comentados do caso é a morte do policial que apanhara uma das criaturas ao anoitecer de 20 de janeiro de 1996. Muito se diz e há forte tendência, por parte de leitores, interessados e ufólogos, de acharem que a morte se deu porque o policial teria contraído algo desconhecido, algum tipo Edição Edição Especial Especial 34 34 –– Julho Julho 2005 2005
cias de que a causa da morte tenha sido alguma espécie de contágio pelo contato direto com o comentado ser. Faz tempo que um dado constante do auto de necropsia – 8% de granulações tóxicas finas nos neutrófilos – foi esclarecido como presença comum em casos de septicemia ou infecção generalizada. Porém, é bom frisar, mesmo isso pode provocar controvérsias. A UFO 102 publicou entrevista de um dos médicos que atendeu o policial. Suas respostas, no entanto, geraram algumas discussões. Um médico francês pede alguns importantes esclarecimentos. Veja, portanto, nesta edição especial, tais discussões e o desfecho do processo-crime a que foi submetido o tenente-médico da polícia, que operou o policial de um abscesso na região da axila direita. Outro respeitado pesquisador e intelectual volta a ser mencionado na Ufologia Brasileira. Lúcio Manfredi, que quando contava 13 anos de idade tornou-se famoso e respeitado por seus conhecimentos sobre astroarqueologia e a Atlântida. Escreveu interessantes comentários ao início de 1996, que agora são publicados para também compor o rol dos trabalhos que fazem supor explicações de cunho sociológico e até político para esses incidentes. Enfim, espera-se que o leitor considere esta edição da UFO Especial como um resumo e uma breve atualização do que a Ufologia Brasileira tem conseguido até o momento a respeito do Caso Varginha.
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birajara Franco Rodrigues é advogado, professor universitário e escritor. Começou sua carreira ufológica bem cedo, seguindo os passos de seu pai, que havia avistado um UFO e compartilhara com ele a emoção. Ainda estudante universitário, fundou o hoje extinto Centro Varginhense de Pesquisas de Parapsicologia (Cevappa), dedicado também a essa disciplina. Mais tarde, já voltado inteiramente à Ufologia, fundou a Associação Ufológica de Investigação de Campo (AIUC), que esteve ativa até alguns anos. Em 1996, Rodrigues descobriu e investigou o Caso Varginha, a mais espetacular ocorrência da Ufologia Brasileira, sobre a qual escreveu o livro O Caso Varginha, pela Coleção Biblioteca UFO. É de sua autoria também a obra Na Pista dos UFOs – Discos Voadores no Sul de Minas Gerais, da mesma coleção. Após ter atuado por mais de 10 anos como editor da Revista UFO, é hoje seu consultor jurídico. Seu endereço é: Avenida Oswaldo Cruz 191, 37026-020 Varginha (MG). E-mail: ubirajararodrigues@netvga. com.br. Os convidados de Ubirajara Rodrigues nesta edição são apresentados ao fim de seus artigos. :: www.ufo.com.br ::
Arquivo UFO
Criando controvérsias — Não há evidên-
Quem é Ubirajara Franco Rodrigues
Biblioteca UFO
de bactéria ou vírus, ao ter capturado a criatura com as mãos desnudas. As investigações, até hoje, nada obtiveram que pudesse levar a tal conclusão. Desde o início da divulgação intensa dos seus resultados, foi esclarecido que a morte do policial permitiu aos principais pesquisadores descobrirem quais teriam sido os membros da polícia militar que efetuaram uma segunda captura naquela data já eternizada.
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Uma cidade que respira Ufologia. Assim pode ser definida Varginha, que chegou a ter construído em seu centro um monumento em forma de disco voador para celebrar o caso que a tornou famosa em todo o mundo
Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
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Ubirajara Franco Rodrigues
O mais import caso brasileiro
sfatosocorridosemVarginha(MG), principalmente de 13 a 20 de janeiro de 1996, dão aos ufólogos a impressão de que pelo menos duas criaturas foram capturadas pelo Exército, naquela cidade. Após nove anos desse acontecimento, considerado por muitos como o mais notável incidente ufológico de todos os tempos, controvérsias e intensos debates ainda dividem opiniões. A Ufologia Brasileira continua procurando indícios ou provas de que as Forças Armadas e importantes instituições governamentais estiveram envolvidas, e que teriam imposto um processo de ocultação e desinformação ao caso, tal como ocorre há mais de 50 anos em todo o mundo. Mas o meio ufológico não tem percebido que informações podem se tornar inválidas se não houver muita atenção ao que possa ter sido originado de meros boatos e de entendimentos errôneos dos veículos de comunicação.
Por isso, esse artigo, contendo a cronologia do Caso Varginha, visa estabelecer uma seqüência inteligível da história do incidente, independentemente da análise destinada a filtrar aspectos que lhe dêem maior ou menor credibilidade. O primeiro trabalho nesse sentido foi elaborado pelo ufólogo Claudeir Covo, um dos maiores nomes da Ufologia Brasileira, e apresentado na revista Planeta, em setembro de 1996. Passados nove anos dos principais acontecimentos, a Revista UFO publica nova cronologia, esta, agora baseada nos resultados das investigações. Deve-se ter em conta que a maioria dos ufólogos e investigadores do Caso Varginha chegaram, desde há muito, ao consenso de que conhecem alguns fatos envolvendo um grande contexto, do qual ainda não existe um completo e definitivo entendimento. De qualquer forma, é possível se ter certeza de muitos detalhes desse contexto, como se verá a seguir. Fim de 1995 a 12 de janeiro de 1996 — É feito o rastreamento pelo sistema de satélites dos Estados Unidos e se detectou a movimentação incomum de objetos voadores não identificados nos céus brasileiros, com epicentro no sul do Estado de Minas Gerais, justamente onde está Varginha. 12 de janeiro de 1996 — Às 20h30, o ufólogo Fernando Tejo, cuja base de estudos fica na cidade de Cruzeiro (SP), realiza suas pesquisas junto à divisa dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ouvindo notícias sobre a aparição de alguns pontos luminosos, Tejo resolveu fazer vigília na área e percebeu que algumas “estrelas” começaram subitamente a se movimentar. Logo abaixo da estrela Alfa da constelação do Centauro, o astro mais brilhante que delimita o movimento aparente do Cruzeiro do Sul, dois pontos luminosos mantiveram-se estáticos. Julho 2005 – Edição Especial 34
Reabrindo o Caso Varginha
13 de janeiro de 1996 — Desde a madrugada, a Força Aérea Norte-Americana (USAF) alerta a Força Aérea Brasileira (FAB) de que os pontos percebidos em seus radares moviamse em altitudes suspeitas, excessivamente baixas, insinuando pouso ou queda. Pela manhã, uma antena do North American Aerospace Defense Command [Comando de Defesa Aeroespacial Norte Americano, NORAD], possivelmente através do centro da instituição instalado no Novo México (EUA), deu novo alerta às autoridades brasileiras de que um artefato sobrevoava a região sul de Minas Gerais, com comportamento de queda. Por volta das 08h00, o Estado Maior das Forças Armadas de nosso país foi oficialmente informado do fato e ordenou que a unidade do Exército mais próxima da trajetória final do objeto, a Escola de Sargentos das Armas (ESA), de Três Corações, a 27 km de Varginha, entrasse em estado de alerta. Às 08h30, Carlos de Souza, piloto de ultraleve e proprietário de uma pequena empresa de dedetização em São Paulo (SP), trafegando pela Rodovia Fernão Dias, a BR-381, no sentido São Paulo a Belo Horizonte, parou seu automóvel à cerca de 5 km do trevo que dá acesso a Varginha. Ele passou a observar um objeto alongado, em formato de charuto e com aparência de dirigíEdição Especial 34 – Julho 2005
vel. A aeroforma atravessou o céu em altitude instável e cruzou os morros na direção do município de Três Corações. Souza retomou então a viagem e passou a seguir visualmente o objeto. Entre 08h45 e 08h50, ele vê que o artefato metálico, totalmente polido e refletindo intensamente a luz solar, possuindo uma espécie de escotilha, apresentava um grande buraco na parte anterior, da qual exalava um tipo de névoa ou fumaça. A avaria se estendia uma fissura disforme até a parte mediana da fuselagem do objeto. Por volta de 09h00, o UFO perdeu então vertiginosamente altitude, descendo num ângulo de 30 graus. Desapareceu por
UFO Files
O da direita, em poucos instantes, iniciou uma trajetória retilínea em direção ao da esquerda, podendo-se notar uma aproximação entre ambos com o uso de binóculos. Deram a impressão de se fundirem. Porém, segundos depois, separaram-se novamente, seguindo um deles em direção à Serra do Mar e, o outro, tomando rumo noroeste, em direção à Serra da Mantiqueira, passando por sobre a divisa de São Paulo com Minas Gerais.
detrás de um morro e o piloto Souza deduziu que acabara de ocorrer uma queda. Mas ele continua seu trajeto pela Rodovia Fernão Dias, dirigindo por cerca de 20 km, e encontrou a entrada sem asfalto da Fazenda Maiolini, onde supôs que o objeto teria caído, passando a procurar o local do possível acidente. Em um pasto a sua esquerda, viu muitos destroços e cerca de 40 homens do Exército e da Polícia Militar recolhendo-os. Souza apanhou um deles, extremamente leve e que voltava à forma original quando amassado, tal como ocorrera no clássico Caso Roswell, em 1947, nos EUA. Havia no pasto um helicóptero, dois caminhões cobertos de lonas e uma ambulância do Exército. Um pedaço grande do artefato foi colocado por um guindaste em um dos caminhões. Um cheiro de “água podre”, nas palavras da testemunha, mesclado a algo parecido com éter ou amônia, impregnou todo o local. Um cabo da Polícia Militar aproximouse rapidamente de Souza, com outros militares, e o admoestaram firmemente para que deixasse o local e nada dissesse sobre o que viu. Quando chegava 09h30, o piloto que nervosamente retornava para São Paulo, resolveu parar para tomar água em um posto da Fernão Dias, o Restaurante Campo Alegre, poucos quilômetros depois do trevo que dá acesso a Varginha. Foi novamente abordado por três homens sem farda, que tornaram a ameaçálo, dizendo saber de quem ele se tratava, conheciam seu endereço e outros dados pessoais. Ele decidiu então procurar o ufólogo Claudeir Covo, em São Paulo, mas somente em 02 de outubro de 1996, para narrar o que presenciara. Ainda em 13 de janeiro, às 21h00, Walter Xavier da Silva, prefeito da cidade de Monsenhor Paulo, a 38 km de Varginha, com sua esposa Jandira, seguia para a Fazenda Esmeril, de sua propriedade, no local denominado Capela de São Joaquim. O casal parou no alto de uma pequena depressão da estrada com a finalidade de observar “algo um tanto quadrado”, conforme descreveu, delineado por quatro luzes laterais que se mantiveram imóveis no céu, à sua esquerda. Quase instintiva e instantaneamente, Silva acionou o pisca-alerta do carro. O objeto, de grandes proporções, arremeteu na direção do automóvel, fazendo o prefeito arrancar Trend Matheus
tante o
Pelo volume de dados e evidências levantado e examinado durante as investigações, Varginha é nosso principal caso
A entrada da superpoderosa NORAD, construída no interior das montanhas Cheyenne, no Colorado (EUA), onde se detectou a entrada de um objeto desconhecido no espaço aéreo brasileiro
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Reabrindo o Caso Varginha e descer a encosta, enfiando desajeitado o carro na garagem. O corpo luminoso pairou então a baixa altitude entre os eucaliptos e um rancho, bem de frente à garagem. Em poucos segundos, deslocou-se na direção oposta, emitindo um ronco grave como o acionar vibrante de um motor e desapareceu em ângulo reto, com velocidade vertiginosa. Segundo o prefeito, um brilho muito forte iluminou chão. O artefato tinha o formato de “um vagão de trem”, quadrado ou retangular. Silva ficou com a vista ruim e teve conjuntivite, que perdurou por vários dias. 14 de janeiro de 1996 — Às 20h00, um sargento do Exército percebeu a existência de um caminhão da ESA encostado discretamente em uma garagem da base. Aproximando-se em momento apropriado, para sondar melhor, viu por uma fresta da lona que havia na carroceria um grande número de fragmentos metálicos, que ele não reconheceu. Na manhã seguinte, o caminhão já não se encontrava lá. 15 de janeiro de 1996 — Pela manhã, alguns informantes julgaram ter visto homens trajados com uniformes da Força Aérea Norte-Americana (USAF), trazidos em um helicóptero que pousou naquele complexo militar. 15 a 19 de janeiro de 1996 — Nesse período ocorreu uma intensa movimentação de veículos do Exército na estrada que liga Três Corações à Varginha. Havia guarnições armadas nas carrocerias lonadas das viaturas, marca Mercedes Benz e modelo 1418. Eduardo Praxedes, vigia da empresa Parmalat, situada às margens do Rio Verde, ao lado de uma ponte daquela estrada, juntamente com dois colegas, testemunhou tal movimento. Soube-se também que, às 06h00 de 19 de janeiro, uma aeronave do tipo Buffalo decolara da Base Aérea de Canoas (RS), transportando um equipamento de radar portátil e o descarregara na pista de algum aeroporto situado no sul Minas Gerais. 20 de janeiro de 1996 — Cerca de uma e meia da madrugada, Eurico Rodrigues de Freitas, 40, e Oralina Augusta de Freitas, 37, caseiros do sítio de propriedade de José Castilho, a 10 km de Varginha e à beira da citada rodovia, são acordados pelo que pensaram ser o estouro do gado. Avistaram a altura do pasto um objeto sem iluminação, fosco, alongado e parecido com “um pequeno submarino”, que pairava à cerca de 5 m do solo e voava lentamente, segundo palavras das próprias testemunhas. O estranho corpo possuía um buraco na parte anterior, da qual saía uma fumaça branca como “aquelas fitas colocadas nos ventiladores”. Gastou em torno de 45 minutos para transpor um 8
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trecho de 800 m até desaparecer por detrás de um morro, em direção à cidade [O casal dizia não ter certeza da data, que poderia ser “dias antes” de 20 de janeiro, ocasião principal do caso, conforme descreveram. Posteriormente, passou a afirmar que se tratava da madrugada do referido dia]. Por volta das 08h30, algumas crianças encontraram um ser incomum já na cidade de Varginha, “parecido com gente e animal ao mesmo tempo”, segundo uma delas. Uma casa em construção ao final do Jardim Andere, no município, pouco acima da Rua Suécia, era uma das poucas obras do loteamento onde o bairro terminava. O tal animal estava acuado e “chorando alto e fino”. Mexeu-se somente quando alguém atirou nele um pedregulho. Segundo descrições, tinha o abdômen avantajado, intumescido e inchado, aparentando ser “uma fêmea de macaco grávida”. Uma moça que se aproximava com o noivo do local, a pouco mais de 5 m, assustou-se e ficou em estado de choque, sendo levada para um hospital. O ser, então, saiu da construção e desceu lentamente por um grande pasto delimitado pela Rua Suécia, conhecido como “terreno do José Gomes”, que divide o Jardim Andere do Bairro Santana. Ali existe uma floresta de eucaliptos. Praticamente no mesmo horário, telefonemas foram dados desde o Jardim Andere para o quartel da Polícia Militar. Um policial que estivera de plantão confirmou o recebimento das ligações em situação de emergência, mas o tenente-coronel Maurício Antonio dos Santos, comandante do batalhão, nega os telefonemas e que ao menos ouvira boatos sobre tal alegada criatura. No entanto, prometeu dar quaisquer informações que chegassem a ele, mudando de idéia depois e recusando fazê-lo até hoje. Ainda na mesma hora, o comando local da Polícia Militar informou à ESA que pessoas diziam estar avistando algo suspeito no Jardim Andere. Um caminhão de transporte de tropas, Mercedes Benz, modelo 1.418, com vários soldados, dois tenentes e um sargento, partiu para Varginha em alta velocidade. Às 09h00, o comando da 13ª Companhia de Bombeiros Especial recebeu ordem do quartel da PM para enviar uma guarnição ao local onde estava sendo vista a tal criatura. Homens foram para o final do Jardim Andere em um caminhão pipa. Eram o tenentecoronel Santos, o sargento Palhares, o cabo Rubens e alguns soldados. Ao chegarem, informam por rádio ao seu comandante, o major José Francisco Maciel Dias Ferreira [Atualmente é coronel e reside em Belo Horizonte (MG)], que “um caminhão da ESA já havia chegado”. O comandante e outro bombeiro correram então e juntaram-se aos demais. Intensificou-se neste instante uma busca nervosa. Os civis, que começaram a se aglomerar para ver as operações, receberam
Os primeiros in do Caso Varginh 1
Um artefato cilíndrico e aparentemente em chamas é visto na madrugada de 19 para 20 de janeiro de 1996 nos arredores de Varginha
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Reabrindo o Caso Varginha ordens de deixar o local. Aproximadamente uma hora se passou e a criatura é avistada. Dois bombeiros vestindo luvas de couro e feltro atiraram-lhe uma rede de couro, geralmente usada para captura de animais. Esboçando apenas uma débil reação de escapar, a criatura foi imobilizada, enrolada na rede e colocada rapidamente em uma caixa de madeira envolta em pano na carroceria do caminhão da ESA. O ser emitia um zumbido quase inaudível. A viatura militar partiu em disparada para a ESA, em Três Corações. Ficou estabelecida de imediato a ordem de absoluto sigilo e determinado o caráter secreto do que acabou de se passar. Por volta de 10h00, alguns trabalhadores de uma construção próxima – entre eles o servente de pedreiro Henrique José de Souza, que já avistara a chegada do caminhão dos bombeiros – ouvem de alguns civis, que debandaram a mando dos militares, que “os bombeiros pegaram um bicho estranho lá”. Ainda nesse dia, um vendedor de peixes morador da vizinha cidade de Elói Mendes, que ganha a vida em Varginha, passava pela Rua Benevenuto Braz Vieira, duas quadras acima. Ele ouviu gritos de policiais fardados que seguiam pelo mato ainda existente entre as obras. O grupo subiu por um terreno baldio e trouxe consigo um corpo enrolado numa rede. O peixeiro era João Bosco Manoel, 28. Ele conseguiu vislumbrar apenas os pés da criatura, que disse serem extremamente grandes. Pareceu a Manoel que o comandante estava muito nervoso e pedia pressa ao grupo nas ações. Sentiu ainda um cheiro fortíssimo de amoníaco no ar, que lhe fez arderem os olhos. Viu que duas garotas afastam-se rapidamente do local, devido ao odor repelente. Os policiais desceram correndo pela rua e ele resolveu subir no parapeito de um alpendre para ver melhor o que se passava, notando que os homens tomaram um caminhão pipa com sua carga e partiram.
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Os bombeiros chegam ao local onde estava a criatura e encontram um caminhão e soldados do Exército
O comando da 13ª Companhia de Bombeiros Especial recebeu ordem do quartel da PM para enviar uma guarnição ao local onde estava sendo vista uma criatura. Homens foram para o final do Jardim Andere em um caminhão pipa. Eram o tenentecoronel Santos, o sargento Palhares, o cabo Rubens e alguns soldados. Ao chegarem, informam por rádio ao seu comandante que “um caminhão da ESA já havia chegado”.
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A captura do ser é feita pelos homens do Corpo de Bombeiros, usando uma rede de couro comum
Uma hora se passou desde a chegada dos bombeiros e a criatura foi avistada. Dois homens vestindo luvas de couro e feltro atiraram-lhe uma rede de couro, usada para captura de animais. Esboçando apenas uma débil reação de escapar, a criatura foi imobilizada, enrolada na rede e colocada em uma caixa de madeira envolta em pano na carroceria do caminhão da ESA.
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A viatura militar partiu em disparada para a ESA, em Três Corações. Ficou estabelecida de imediato a ordem de absoluto sigilo e determinado o caráter secreto do que acabou de se passar. Por volta de 10h00, alguns trabalhadores de uma construção próxima – entre eles o servente de pedreiro Henrique José de Souza – viram que os bombeiros haviam capturado um “bicho estranho”.
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Imagens de Philipe Kling David
A estranha criatura é acomodada no caminhão do Exército e levada para destino apenas depois apurado
20 de janeiro de 1996, 14h00 — Um advogado que estava se exercitando, caminhando pelo grande pasto que vem desde a rodovia que dá acesso à Varginha, entrou no meio dos bairros Jardim Andere e Santana, terminando na floresta de eucaliptos no terreno do José Gomes. Ele seguiu pelo lado da linha férrea que passa por ali quando, de repente, avistou um grupo de homens que pareciam andar em formação, como se fazendo algum tipo de cerco e formando um semicírculo em direção à mata. O advogado escolheu um ponto alto, já na rua asfaltada do final do Jardim Andere, e começou a acompanhar aquela manobra. O homem da frente estava armado com pistolas e os dois das pontas traziam armamento pesado. Quando adentraram a mata, a testemunha os perdeu de vista momentaneamente. Logo depois, ele ouviu três tiros de fuzil e
desceu um pouco a rua para ver o que se passava. Observou sete militares com uniformes camuflados de campana subindo apressados por outro barranco, aproximando-se de um caminhão de transporte de tropas estacionado próximo. Dois dos soldados portavam, cada um, um saco de pano. Num destes havia algum material inerte, pesado. No outro, algo se mexia. Os soldados subiram na carroceria e deram partida no veículo, desaparecendo. Um dos fatos mais grave de todo o Caso Varginha aconteceria apenas alguns minutos depois e envolveria testemunhas centrais do episódio. Por volta das 15h00, Kátia Xavier, 21, que cuidava de crianças e fazia faxina em residências nos finais de semana, saiu da casa onde trabalhara naquele dia, no Jardim Andere, e se encontrou com a amiga Liliane de Fátima Silva, 16, e sua irmã, Valquíria Aparecida Silva, 14. Desceram as três pela Rua Belo Horizonte, na parte posterior do bairro, para cortar caminho por uma trilha em meio a algumas construções, com a finalidade de sair no último lote de casas próximas ao terreno do José Gomes e, assim, poder iniciar a subida para seu bairro, o Jardim Santana. Após as construções, já na Rua Benevenuto Braz Vieira, entraram em outro lote vazio, o de número 36, ao lado de uma oficina mecânica. Kátia, que caminhava mais à frente, parou à cerca de 7 m do muro que divide a oficina com o lote. A moça cerrou os olhos e gritou às amigas: “Gente! O que é aquilo ali?” Liliane, logo atrás, colocou a mão na boca e Valquíria suplicava que saíssem todas rapidamente do terreno. Começaram então a correr, desistindo do atalho e indo para seu bairro pela via asfaltada próxima. Os vizinhos as viram chegar em casa chorando e gritando. Luzia Helena da Silva, mãe de Liliane e Valquíria, ouviu das filhas que “acabaram de ver algo ruim”. Pouco depois, por volta de 15h30, Luzia solicitou à proprietária de uma butique próxima, Wilma Abreu Cardoso, que pedisse à irmã desta, dona de uma caminhonete, que a levasse até o local da visão, a fim de ver o que assustara suas filhas. Lá chegando, percebeu um forte cheiro de amoníaco no ar [Não registrado pelas três garotas] e viu no chão batido em que a criatura estivera uma marca arredondada unida a três sulcos, como se deixada por uma pegada grande. Outros populares se aproximaram e Luzia resolveu deixar o local. Foi ouvir das filhas o que, afinal, elas haviam encontrado. Era uma criatura com cabeça, tronco e membros, agachada e encostada no muro da oficina. Sofria visivelmente. Seus braços estavam por entre os joelhos e por um breve instante o ser lhes dirigiu seus grandes olhos vermelhos e saltados, dispostos verticalmente fora da cavidade ocular, sem pálpebras, córnea e íris. Ergueu levemente a cabeça e voltou a abaixá-la. Nenhum som, ruído ou cheiro foi :: www.ufo.com.br ::
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Reabrindo o Caso Varginha
20 de janeiro, 18h00 — Após o dia quente e quase sem nuvens, desabou sobre Varginha uma eficientes do contingente de P-2. Dizem seus forte e inusitada tempestade. Os mais ido- colegas que ele enfrentava bandidos sem sos garantem que um temporal daqueles qualquer receio, se fosse preciso. Casara-se não ocorria há dezenas de anos na cidade. há pouco tempo e sua esposa, Valéria, estava Os automóveis colhidos pela chuva torren- grávida. Depois da grande chuva, Chereze cial obrigaram-se a parar nas pistas. Granizo correu à casa de seus pais, uma pequena entupiu bueiros e algumas partes baixas das chácara no perímetro urbano, e solicitou à avenidas encheram-se com a água suja que mãe, dona Lourdes, uma roupa seca, pois cobriu o asfalto. Foi um temporal incomum, deixara algumas peças ao se mudar para com raios constantes e trovões que assustaram a cidade com a esposa. A chuva o colhera a população. Árvores centenárias foram arran- com maior intensidade, pois quem dirigia o cadas pelas raízes, devido à fúria do vendaval. veículo era o cabo Lopes. O rapaz pediu à Alguns fios de eletricidade e telefonia parti- mãe que avisasse Valéria, que trabalharia até ram-se. Em quase todos os bairros a energia mais tarde naquela data. Em torno de 19h30, elétrica foi cortada. Placas de propaganda e a dupla de P-2 retornou ao Jardim Andere. O outdoors saíram voando, casas foram des- tempo ainda não estava firme, mas voltara a telhadas, muros e paredes desabaram. Tudo se precipitar uma chuva pouco intensa. durou cerca de 30 minutos. Chereze e Lopes acham-se certamente conAlgum tempo depois, às 18h15, policiais fusos, em virtude da ordem que receberam para do serviço de inteligência da PM tiveram permanecerem vigilantes. Essa, aliás, é uma cauma experiência inacreditável. Em ronda à racterística da disciplina militar, que se estrutura espreita de traficantes e pessoas em outras em ações em que cada homem cumpre papéis atitudes suspeitas, eles costumam trabalhar próprios e específicos, sem estar necessariamenem duplas. No caso em questão, a dupla de te ciente de todo um processo ou operação em P-2, como são conhecidos esses policiais, andamento. O Fiat Premium que usavam pasera constituída de Marco Eli Chereze e Eric sou pela Rua Benevenuto Braz Vieira e desceu Lopes. Eles também foram colhidos pela à esquerda, ladeando o pasto. Subitamente, o súbita tempestade e o vidro lateral direito do condutor freou e o carro deslizou por alguns automóvel que usavam, um Fiat Prêmio com metros. Simplesmente, algo saiu das obras a características civis, sem qualquer alusão à sua esquerda e passou com dificuldades bem Polícia Militar, ficara emperrado. Os dois po- à frente do carro. “O animal parecia ferido ou liciais estavam encharcados. Aproveitando a fraco e entrou no pasto”, declararam. estiada, Chereze e Lopes resolvem se trocar e Quando os dois policiais saltaram do continuar o trabalho, que deveria terminar às veículo e se aproximam do ser, notaram 19h00. Mas sua intenção foi frustrada quando que não se tratava exatamente de um anichegou uma ordem para permanecerem pelas mal. Pensaram de imediato que não poderia ruas, no final do Jardim Andere. Deveriam ser aquilo a que se referiam as ordens dadas ficar atentos a qualquer atividade suspeita por seus superiores, pois se tratava de uma ou incomum. Certamente, boatos a respeito pessoa. Uma pessoa absolutamente diferente, do encontro das três garotas com a estranha estranha e aparentemente defeituosa, além de criatura já se espalhavam pela cidade. nua, mas ainda assim uma pessoa. Chereze Marco Eli Chereze era zeloso no cum- foi o primeiro a chegar perto. Viu que era primento de suas missões. Tinha boa saúde um ser humano, porém deformado e repuge era considerado um dos mais confiáveis e nante. Pode-se novamente supor o estado em 10 :: www.ufo.com.br ::
O terreno baldio onde a operação de captura ocorreu, numa área de pouca vegetação e alguma irregularidade. O processo foi acompanhado por populares que passavam pelo local e, boquiabertos, viam os bombeiros e militares do Exército envolvidos com a criatura
que ficaram os dois policiais, diante de algo tão inesperado, que certamente deve ter-lhes causado um espanto indescritível. O ímpeto de Chereze, no entanto, falou mais alto e ele ameaçou lançar-se sobre aquilo que, talvez, se tratasse de uma aberração. A criatura, que naqueles segundos permaneceu imóvel e agachada, fixando o policial, esboçou uma leve reação de escapar. Quase que automaticamente ele agarrou-a pelo braço direito. Confusos e surpresos, os P-2 saíram do local. Mas não sabiam o que fazer. O que notaram, entretanto, é que aquela “pessoa” estava claramente morrendo, apresentando poucos movimentos e deitada sobre o banco traseiro do automóvel. Deviam dar socorro ao ser, deformado ou não, doente ou não, enfim, fosse o que fosse. Lembraram que o posto de saúde mais próximo mantinha um médico de plantão e era o local indicado para levar a criatura, pelo menos de início. Quando o encarregado do plantão naquela noite atendeu aos apelos nervosos dos dois policiais e vira o ser, um tremendo susto o invadiu e o fez apenas exclamar: “Levem isso a um hospital, ao zoológico, não sei. Mas saiam com isto daqui. Não quero saber de encrenca”. Ubirajara Franco Rodrigues
sentido. “A pele era coberta por uma camada oleosa, brilhante e úmida, de cor marrom escuro. Não tinha qualquer traje”, disseram as meninas à mãe. Veias grossas saltadas pelas espáduas, subiam pelo pescoço curto e iam até a base da cabeça. O crânio do ser, desproporcionalmente grande em relação ao corpo, era encimado por protuberâncias saltadas, duas laterais e uma na parte superior, semelhantes a chifres. Valquíria diz que o aspecto era como de “um enorme coração de boi, escuro”.
20 de janeiro de 1996, 20h30 — Deste horário até cerca de 21h00, os policiais Chereze e Lopes chegaram com a criatura no Hospital Regional do Sul de Minas, bem no centro de Varginha, na Avenida Rui Barbosa. O hospital foi praticamente paralisado e toda uma ala interditada para receber o ser, com a transferência de internados para outros setores da instituição. A criatura foi submetida a breves e frustradas tentativas de salvamento e o comando da Polícia Militar foi comunicado. Transeuntes e moradores próximos observaram estranho e súbito movimento, aumentando ainda mais curiosidade popular. Às 22h00, duas jovens viram o porteiro do Hospital Regional, que é seu amigo, e correram ao seu encontro com a finalidade de saber se de fato algo incomum fora levado para lá. O porteiro confirmou a movimentação militar mas disse nada ter visto de estranho. Informou ainda que alguém fora internado e parecia que “alguma coisa importante” estava ocorrendo. Julho 2005 – Edição Especial 34
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Fernando de Aragão Ramalho
Até o final daquela noite verificou-se no hospital numa grande movimentação de policiais militares e homens do Exército, fardados e armados. Viaturas militares foram avistadas por diversas testemunhas civis que residem nas proximidades, por pessoas que passaram pela frente ou adentram as instalações, por razões diversas, e pelos próprios funcionários. Alguns desses atestaram o corre-corre e a súbita quebra de rotina que se estabeleceu, tanto fora quanto no interior do hospital. Uma testemunha informou que, na tentativa inócua de se manter a vida daquele estranho ser, colocaram-no em balão de oxigênio – o que pode ter acelerado sua morte. Chega 21 de janeiro. Pouco depois de meia-noite, o médico nefrologista Fernando Eugênio P. Prado avistou o corpo da estranha criatura no Instituto Médico Legal (IML) do Hospital Regional, ao chegar à porta da sala de autópsias. Mas foi barrado por um homem de roupas médicas, desconhecido, que solicitou que não ultrapassasse o local e se retirasse. O médico contou tudo isso a seus colegas, no final de 1996, num congresso realizado em Belo Horizonte (MG). Depôs que realmente houve grande confusão e movimentação, tanto de policiais, quanto de médicos de fora, naquele setor do hospital. E que os comentários que surgiam, mesmo os mais discretos, eram eufóricos e davam conta de que lá estava uma estranha criatura. Quando se aproximou, o especialista viu o cadáver sobre uma mesa. Tinha pele amarronzada, aparentando estar úmida, cabeça enorme e dois olhos grandes. O profissional chegou à cerca de 5 m e foi barrado. O estupor dos colegas de congresso foi enorme e todos cessaram as conversas diante de tal declaração, partindo de um médico sério e respeitado. O assunto terminou com a seguinte afirmação, por parte do nefrologista: “Não sabe se realmente seria um ET, mas sem dúvida era a coisa mais estranha que já tinha visto”. O doutor Prado que estivera de plantão naquela data, era o responsável pela coordenação dos atendimentos no Pronto Socorro e tinha acesso ao IML. Dois dos médicos de sua equipe entraram imediatamente em contato com ufólogos que investigavam o caso, diante da importância e da envergadura de um fato como esse, narrando o que tinham ouvido diretamente de seu colega nefrologista. E esse é procurado imediatamente. Durante duas semanas, os ufólogos tentaram ser recebidos pelo profissional. Em seu Edição Especial 34 – Julho 2005
Fenômenos estranhos na zona rural de Varginha instante do deslocamento, “soltou tochadas”, na expressão da testemunha, que pareciam editor convidado bolas de fogo. Isso foi observado também propriedade rural de José Castilho, pela esposa. A manifestação se repetiu por em que são caseiros Eurico e Oralina, três noites seguidas, sendo que, na segunda já era conhecida pelos ufólogos da vez, o objeto era comparável a uma pequeregião como uma área rica em registros de na bola de tênis amarela, imóvel. Tavares se casos os mais diversos. À cerca de 10 km aproximou a um metro de distância dela de Varginha, no lado sul, e à direita do local e sentiu uma forte dor no peito. O objeto onde os caseiros dizem ter avistado o UFO “chiava baixo”, então ele retornou ao interior semelhante a um “pequeno submarino”, fica da residência. Ao sair novamente, viu a luz a fazenda de Régis Bueno. As duas proprie- desaparecendo no sentido oeste. dades separam-se por uma distância de apePoucos anos antes, o sitiante José Joaquim nas um quilômetro, divididas praticamente presenciou um fato estranho quando vinha da só pela estrada que dá acesso ao município, cidade. Era em torno de 18h00 e, chegando a partir da Rodovia Fernão Dias. Em 19 de próximo a um mata-burros na estrada da fazenda, viu alguém vindo em direção contrária. “Tratava-se de um homem com mais ou menos meio metro de altura”, disse Tavares. Num misto de surpresa e receio, o depoente gritou para que o ser saísse da frente. Esse então se tornou um caso ainda mais excêntrico, e com nuances folclóricas, quando
Ubirajara Franco Rodrigues,
A
Objeto voador identificado como sonda, fotografado por Fernando Ramalho em São Tomé das Letras (MG). Caso muito comum em Minas, semelhante ao visto pela testemunha
novembro de 1983, o ex-ombudsman da o lavrador jura que o pequeno homem correu Revista UFO, Carlos Alberto Reis e o ufólogo em sua direção e tentou agarrá-lo pelas pernas. Ubirajara Rodrigues, iniciaram investigações “Passei uma rasteira nele”, disse a testemunha na fazenda de Bueno. Vários objetos foram de forma hilariante. O ser teria caído soltanavistados por lá, geralmente descritos como do um grito, levantando-se e correndo pela bolas de fogo ou pontos de luz muito brilhantes estrada afora, desaparecendo. – como grandes estrelas que se movimentam Parecia que o pequeno homem trajava a baixa altitude. Inclusive, alguns depoimen- roupa preta, calças e camisa de mangas comtos excêntricos marcam o local. Um bom pridas e estaria descalço. A gola da camisa era exemplo é o testemunho de José Francisco do tipo camiseta, não cavada. Joaquim diz que Tavares, 65, casado com Maria Carmelita. Ele vomitou durante toda a noite após o encontro, teve um avistamento em um morro e uma e jura que não havia ingerido bebida alcoólica várzea, num espaço de boas condições de – o que se torna duvidoso para quem encara observação. Uma enorme luz vermelha se depoimentos assim como diversão. Mas a apresentara a eles sobre um abacateiro, à testemunha também riu muito ao prestar cerca de 150 m da casa, desaparecendo na seu depoimento, tentando em sua vida difícil direção noroeste, acompanhada de outra luz algumas salutares sobras de auto-afirmação: menor, que se movimentava a sua frente. No “Andei pisando na orelha dele!” :: www.ufo.com.br :: 11
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21 de janeiro de 1996 — Cerca de 05h00, para se evitar mais comentário, e parecer um procedimento comum, o corpo da criatura foi retirado do Hospital Regional e conduzido, a bordo de uma ambulância, para o Hospital Humanitas, localizado próximo da estação rodoviária de Varginha. Aquela é uma casa com mais recursos e administrada por uma equipe médica particular. Pouco depois da transferência, começou lá também uma incomum movimentação de veículos militares, presenciada por diversos moradores do bairro. O dia seria tenso. Chegada à noite, às 21h00, as duas jovens amigas do porteiro do Hospital Regional retornam e o homem lhes disse que “a coisa” foi transferida na madrugada para o Humanitas. As moças correram para lá e uma enfermeira de plantão tentou livrar-se delas dizendo que “se tratava de algo desagradável de ver, e que é proibido comentar. E, mesmo que do contrário fosse, não aconselho que entrem, pois poderão ficar impressionadas”. 22 de janeiro, manhã — O major Maciel fora substituído no Corpo de Bombeiros e transferido no mesmo dia para a unidade da companhia em Poços de Caldas, a 151 km de Varginha, onde assumiu o comando. O capitão Pedro Alvarenga foi então nomeado temporariamente comandante dos Bombeiros em Varginha e passa a negar em nota escrita a captura e até a presença da guarnição nos locais indicados pelos ufólogos e pela população como palco dos incidentes. Hoje major, Alvarenga é novamente o co12 :: www.ufo.com.br ::
mandante da companhia em Varginha, após a nomeação de três antecessores. A partir de 09h00, um comboio da ESA com três caminhões de transporte de tropa, um fusca e um jipe seguiu para o município. Lá chegando, estacionou na entrada da cidade, ao lado de um supermercado, permanecendo até por volta de 11h00, sem qualquer ação. Com aparente falta de finalidade, o comboio retornou para o quartel, em Três Corações. Às 13h00, novamente o mesmo comboio voltou a Varginha, desta vez contando com um sexto automóvel, um furgão Kombi dirigido por Orlando Siqueira Brasil, funcionário civil da ESA. Os caminhões eram conduzidos pelos cabos Renato Vassalo Fernandes e Welber Mendes Rodrigues, e pelo soldado Ricardo Silvério de Melo. Uma hora depois, um tenente do serviço secreto do Exército, a conhecida classe S-2, dirigindo o fusca pertencente à ESA, assumiu o comando do comboio. Um dos caminhões saiu então em direção à cidade e cruzou com o outro, que partiu minutos depois, parecendo que seu
sentido contrário destinava-se a confundir eventuais populares atentos. Também seguindo o automóvel do S-2, o segundo caminhão passou pelas avenidas centrais, inclusive de frente ao Hospital Regional por duas vezes, seguindo pela Avenida Benjamin Constant, em direção à rodoviária, em frente da qual está instalado o Hospital Humanitas. Depois disso, voltou e parou na entrada da cidade. Novamente com o mesmo trajeto, tomando a via asfaltada que liga a estação rodoviária a uma estrada que contorna a cidade pelo lado oeste, às 16h00, o caminhão e o fusca da ESA entraram pela Rua Doutor José Ribeiro Nogueira, que dá retorno ao setor habitado daquele bairro, o Jardim Petrópolis, e seguiu pela Rua Tomaz Silva. As viaturas pararam à frente de um portão de ferro nos fundos do Hospital Humanitas. O tenente S-2 estacionou no pátio principal, enquanto o caminhão manobrou e entrou de ré pelo portão menor ao lado, deixando a traseira lonada próxima de algumas portas da ala de fundos. Por ali já se encontravam uma picape Fiorino do Corpo de Bombeiros e um automóvel da Polícia Militar. O capitão Sebastião Honório Siqueira, da PM, determinou que alguns participantes da ação retirassem a gandola – uma blusa com botões usada por cima da camiseta, no uniforme do Exército –, para que não houvesse qualquer risco de que alguém pudesse estar portando algum aparelho como gravador, transmissor ou mesmo máquinas fotográfica e filmadora. Esse é um procedimento obrigatório de segurança. Um lençol foi então esticado por dois soldados, um da PM e outro do Exército, do lado do caminhão, com a finalidade de isolar a visão da traseira. Dentro de uma das salas do fundo do Humanitas permaneceu o tenente S-2, que portava, este sim, uma câmera de vídeo e uma prancheta de anotações. Também lá estavam o capitão, médicos e algumas mulheres vestidas com trajes e máscaras de saúde. Os ufólogos colheram informações de que era grande o transtorno que tomou conta daquela ala do hospital, com pessoas movimentando-se apressadamente para todos os lados. Às 17h00, todos olhavam com atenção especial para uma caixa de madeira apoiada em cavaletes e fixada com presilhas. Dentro dela havia um corpo inerte abrigado com pés desproporcionalmente grandes, bifurcados Fotos Arquivo UFO
consultório, Prado passou um ar de surpresa e de admiração com o que lhe era narrado. Sem qualquer hesitação, o médico disparou: “Realmente, eu falei tudo aquilo para os meus colegas!” Porém, tratou logo de justificar sua atitude, de uma forma tão inesperada quanto intencionalmente definitiva. Alegou que realmente dissera tudo aquilo com a única finalidade de fazer cessar um desenrolar de zombarias por parte de alguns colegas. Disse ainda que, como reside em Varginha e acompanhava com interesse o desenrolar das notícias, desejou estancar as brincadeiras, arranjando como única saída, naquele momento, a afirmação de que realmente vira algo. Mas nada presenciara – muito menos qualquer cadáver estranho no IML.
Duas instituições bem conhecidas de quem acompanha o Caso Varginha: o Hospital Regional do Sul de Minas, no centro da cidade [Acima], e o Humanitas, mais afastado. Ambos receberam a segunda criatura capturada
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22 de janeiro de 1996, 17h30 — Os veículos correram para a ESA, em Três Corações, sem parar para nada. Na entrada da cidade eles se reúnem e o trânsito é discretamente controlado para a sua passagem. Um dos caminhões desceu na contra-mão, em plena avenida central. Havia guardas de trânsito fazendo a cobertura. O Mercedes transportador da constrangedora carga passou pelo portão da ESA sem qualquer burocracia, com as demais viaturas. Naquela tarde e noite foi observado um reforço especial da guarda em todos os pontos principais de acesso e setores de segurança do quartel. 23 de janeiro de 1996, 04h00 — Três caminhões e demais veículos saíram pontualmente para a cidade de Campinas, no interior de São Paulo. O sargento Valdir Cabral Pedrosa comandava o comboio. Na Escola Preparatória de Cadetes (EPC), daquela cidade, o capitão Edson Henrique Ramires, que para lá partiu antes, assumiu o comando. Nos dias que se seguiram, voltando a vida aparentemente ao normal dentro da ESA, em Três Corações, todos os seus componentes, que haviam participado da operação de transporte do cadáver desde o Hospital Humanitas, foram designados para missões e serviços isoladamente, para que se evitasse ao máximo o contato entre eles, o que perdurou por meses. Edição Especial 34 – Julho 2005
Notas oficiais das Forças Armadas sobre Varginha Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
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urante a divulgação de alguns resultados das pesquisas em torno do Caso Varginha, por parte dos ufólogos, o comando da Polícia Militar de Minas Gerais, a companhia do Corpo de Bombeiros de Varginha e a Escola de Sargentos das Armas (ESA) emitiram notas oficiais negando tudo o que estava sendo afirmado pela Comunidade Ufológica Brasileira, com base nas constatações efetivas das circunstâncias que marcam o episódio. Leia na íntegra algumas delas. Nota oficial do 24º Batalhão de Polícia Militar, de Varginha, publicada originalmente no jornal Correio do Sul, de 03 a 05 de fevereiro de 1996, e assinada pelo tenente-coronel da PM Maurício Antonio dos Santos:
“A 13ª Companhia de Bombeiros Especial, sediada em Varginha, vem tornar público que os boatos que circulam pela imprensa e comunidade varginhense, de que uma guarnição dos Bombeiros teria capturado no dia 20 de janeiro do corrente ano um extraterrestre, ‘são faltosos’. Naquele dia o Corpo de Bombeiros não foi acionado para atendimento desse tipo de ocorrência e não esteve no local onde se presume que teria ocorrido tais fatos”. Nota oficial da Escola de Sargentos das Armas (ESA), de Três Corações, durante um discurso perante a imprensa no Dia da Vitória, assinada pelo generalde-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da ESA:
“Com relação às notícias recentemente divulgadas pela imprensa, a respeito da participação de militares da Escola de Sargentos das Armas numa pretensa captura ou transporte de ex“Recentemente, alguns órgãos de comu- traterrestres, o comando da ESA esclarece que, nicação social de Varginha têm-se manifesta- quando tais acontecimentos foram noticiados do a respeito da uma estranha criatura não pela primeira vez, divulgou-se comunicado inidentificada, que teria sido vista na cidade. formando que a Escola e seus integrantes não O comando da guarnição policial de Vargi- tiveram qualquer relação com os fatos aludidos. nha, centralizado no 24º Batalhão de Polícia Nenhuma outra comunicação foi feita, por enMilitar, foi envolvido indiretamente em tais tendermos que serviria apenas para estimular a boatos, face a algumas menções de provi- polêmica, servindo a interesses menores. Nessa dências adotadas pelo Corpo de Bombeiros ocasião em que o assunto volta a público, mais Militar e Polícia Militar Florestal. Pelo expos- uma vez envolvendo o nome da Escola, inclusive to, o comandante da citando-se nominalGuarnição, tenentemente alguns de seus coronel PM Maurício integrantes, o comanAntonio dos Santos, do da ESA considera esclarece à populaseu dever reiterar que ção em geral que a nenhum elemento ou Polícia Militar não material da ESA teve tomou conhecimenqualquer ligação com to ou registrou qualos acontecimentos, quer ocorrência a essendo inverídica toda te respeito”. e qualquer afirmação contrária. O comando Nota oficial da da Escola tem cer13ª Companhia de teza de que o nosBombeiros Especial, so povo saberá bem publicada originalavaliar as circunstânmente no jornal cias desses episódios. Gazeta de Varginha, E que a verdade se de 02 de fevereiro O general Sérgio Pedro Coelho Lima, coman- estabelecerá por si de 1996, assinada dante da Escola de Sargentos das Armas (ESA), mesma, tamanho o pelo capitão Pedro que esteve envolvida na captura dos seres, sua absurdo de algumas Alvarenga: afirmações feitas”. remoção e acobertamento dos fatos Istoé
em dois grossos dedos. Sua pele enrugada aparentava estar besuntada com graxa oleosa e brilhante. O ambiente estava impregnado com um cheiro fortíssimo de amoníaco. Um dos médicos aproximou-se do ataúde portando uma pinça cirúrgica e se dobrou sobre o corpo. Afastou a cavidade da boca extremamente pequena e puxou de dentro dela algo escuro e delgado, como uma fita ou uma “língua”. Quando a soltou, aquilo retornou para a quase imperceptível abertura. O ser morto tinha sobre o pescoço curto uma cabeça muito grande, ondulada, com protuberâncias nos ossos cranianos. Seu nariz praticamente não se via, eram apenas pequenos orifícios. Os olhos, saltados para fora das órbitas, compunham-se de duas esferas alongadas e avermelhadas, sem pálpebras. A caixa foi então fechada com uma tampa de madeira, fixada por alguns parafusos do tipo borboleta e lacrada com um cadeado. Depois de envolta em sacos plásticos, foi afixada em sarrafos por prendedores de madeira e colocada na carroceria do caminhão, onde foi ainda enrolada por uma corda de náilon. Tais veículos possuem na carroceria, na parte da frente e na traseira, lonas conhecidas por saneflas. Nelas há pequenas janelas que são tampadas e isoladas com um plástico verde escuro, de forma a não permitir a visão da carga.
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Veja
Fotos Unicamp
Nos domínios da ESA o assunto tornou-se um verdadeiro tabu, com expressas ordens de proibição de simples comentários. Ninguém sabia de nada, ninguém havia visto ou participado de absolutamente nada. Houve determinação de sigilo total. A observação desse comportamento imposto ficou a cargo daquele que comandou intelectualmente e cuidou de todas as estratégias e modo de operar, o respeitado tenentecoronel Olímpio Wanderlei dos Santos, logo depois elevado a comandante da 13ª Circunscrição de Serviço Militar (CSM) [Atualmente está na reserva e reside na cidade de Franca, interior de São Paulo]. Na retaguarda, os procedimentos contaram com a atuação do tenente S-2 Márcio Luiz Passos Tibério. Às 09h00, a pessoa que apelidamos de “Dona Santa”, que trabalhava no Hospital Regional há quase 20 anos, voltou sua atenção para a movimentação de carros militares que assaltara de súbito o hospital, a partir da noite de sábado. Chegou ao conhecimento dela o isolamento de uma parte das instalações que ligam à sala de trabalhos do Instituto Médico Legal. Algumas peças de trajes médicos – como aventais, luvas e outros panos – foram incineradas e comentários de colegas assustados aconteciam nos cantos da instituição, em atitude de receio e em voz baixa, praticamente sussurros. Não sabe ao certo o que estava ocorrendo, mas algo de estranho vinha sendo escondido. Em alguns instantes, Dona Santa e alguns funcionários de maior responsabilidade e confiança no Hospital Regional foram chamados pela administração, para uma reunião a portas fechadas. Dona Santa e um número restrito de colegas foram avisados de que a partir daquele instante nenhum comentário poderia ser feito a respeito da movimentação militar que haviam presenciado. Alegou-se que se tratava apenas de fatos afetos à Polícia Militar e ao Exército, em virtude de treinamentos, e que qualquer declaração apenas fomentaria boatos. Alertaram que isso poderia ser inconveniente, tanto para o hospital, quanto para os diretamente interessados. “Inclusive para certas pessoas dessa cidade que gostam de estudar fatos estranhos, 14 :: www.ufo.com.br ::
Acima, o Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas numa vista aérea [Esquerda] e sua entrada principal. Ao lado, o médico legista Fortunato Badan Palhares, que nega veementemente ter recebido os corpos das criaturas para exame e autópsia, a serem procedidas por sua equipe
como coisas de disco voador. Para estas vocês devem evitar mais ainda tecer quaisquer comentários”, foi-lhes ordenado. Em torno das 14h00, o comboio militar retornou para a Escola de Sargentos das Armas, em Três Corações. No mesmo instante, um veículo da EPC adentrou a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) carregando duas caixas. Numa delas havia o corpo inerte retirado do Hospital Humanitas, em Varginha, na tarde anterior. Na outra, alguma coisa ainda viva. Poderia ser a criatura capturada com vida pelo Corpo de Bombeiros, na manhã do dia 20. Os funcionários recebem ordens para se retirar e se calar. “Tal fato jamais ocorrera”. Meia hora mais tarde, uma das criaturas foi levada para um laboratório no subsolo no Hospital das Clínicas da Unicamp. A caixa que o transporta, com furos laterais, foi carregada por dois homens do Exército acompanhados de outros militares. O setor de acesso ao laboratório foi interditado. Outro laboratório de acesso restrito, situado no prédio do Departamento de Biologia da universidade, também é envolvido no processo de análises e exames do conteúdo daquelas caixas. A quantidade de militares avistados nesse período, circulando pela Unicamp, foi absolutamente incomum. Uma hora mais tarde, às 16h00, o jornalista Marcos Moura, do Rio de Janeiro, entrou em contato com a diretora do jornal Gazeta
de Varginha, a juíza classista da Justiça do Trabalho Ana Maria Silva Fernandes. Consultada sobre os fatos, ela diz nada ter visto e que a única coisa que sabia é que um médico seu vizinho, doutor Rogério Lemos, lhe informara que “não sabia se era um bicho ou do que na verdade se tratava. Mas que possuía uma pele horrorosa e olhos esquisitos”. Moura anotou os dados. Posteriormente, o mesmo médico esclareceu que apenas fizera uma brincadeira com o filho, ao dizer que o tal “bicho” estaria mesmo internado no Hospital Regional. Como era colega do filho da proprietária do jornal, a brincadeira chegou ao ouvido de alguns um tanto distorcida. 23 de janeiro de 1996, ao entardecer — O pai do policial Marco Eli Chereze, o taxista Naldo Chereze, pergunta ao filho sobre “esta bobagem que estão comentando na cidade, de que a polícia capturou um monstrinho ou um ser estranho”, em suas próprias palavras. Com fisionomia fechada e encarando o pai com seriedade, o policial diz: “Pai, não é bobagem. Você vai ver, isto ainda vai dar o que falar...” Às 19h00, o médico radiologista Norberto Gobato conversava informalmente numa reunião de amigos no Clube Campestre Varginha, junto às quadras de tênis, quando o assunto veio à tona. Como invariavelmente o assunto toma conta da população, logo o médico foi solicitado a opinar sobre os recentes boatos. Gobato disparou que tudo é um grande absurdo, pois o que ocorreu na verdade era a internação de um casal de anões no Hospital Regional. “A mulher”, segundo o médico, “está grávida e por questões éticas o hospital resolveu não permitir a divulgação”. Ainda naquele 23 de janeiro e nos dias posteriores, uma verdadeira equipe de cientistas e assistentes praticamente passou a residir naquelas instalações da Unicamp. Dentre eles, o médico legista Fortunato Badan Palhares. Julho 2005 – Edição Especial 34
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Estranhas coincidências nas atividades do Exército Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
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A misteriosa pesquisa necessitou, por muitos dias, de tipos diferentes de gêneros alimentícios em horários incomuns, tais como frutas, verduras, leite, sopa batida e até iogurte. Por esses dias ninguém teve acesso às salas em que normalmente o ritmo de trabalho é rotineiro. Quando os alimentos eram passados apenas por uma porta, esta sempre se fechava de imediato. Houve até solicitação de soro. Dois guardas fortemente armados permaneciam o tempo todo no corredor de acesso. 26 de janeiro de 1996 — Pela manhã, militares norte-americanos, incluindo alguns que atuam na NASA, chegaram à Unicamp. Oficialmente, a visita destinava-se ao processo de seleção de cientistas brasileiros para participarem de futuras missões espaciais. Começaram então a trabalhar em conjunto com militares brasileiros, dentro dos laboratórios. Às 19h00, a esposa e a avó do policial Marco Eli Chereze assistiam ao jornal veiculado por uma televisão local de Varginha, em que estava sendo exibida uma reportagem sobre os acontecimentos envolvendo a captura de “suposta criatura”, a essa altura já tratada pela imprensa como “extraterrestre”. O P-2 chega em casa, corre para o aparelho de TV, desliga-o e, em tom severo, diz com firmeza: “Não assistam a esse tipo de coisa. Isso não é bom!” 06 de fevereiro de 1996 — Às 09h00, o policial Marco Eli Chereze foi à clínica do 24º Batalhão de Polícia Militar, em Varginha, e procura o tenente-médico de plantão para consulta sobre um aparente furúnculo sob sua axila direita. 07 de fevereiro de 1996 — No dia seguinte, também às 09h00, Chereze voltou ao local e o médico o submeteu a pequena cirurgia para extração do abscesso, e o enviou para casa. Edição Especial 34 – Julho 2005
aépocadoCasoVarginha,osoitocomandos militares do Exército Brasileiro começaram a ser equipados com um sistema de rastreamento territorial por satélite, desenvolvido pelo Núcleo de Monitoramento Ambiental (NMA) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O processo começou pelo Comando Militar do Sudeste, em São Paulo. O ministro do Exército na época, Zenildo Zoroastro de Lucena, anunciou a importação desse sistema no dia 29 de maio de 1996, na cidade de Campinas (SP). A visita do ministro do Exército àquela cidade revestiu-se de um certo mistério e de visível discrição, apesar de destinada a uma reunião com o alto comando da corporação e a tratar do Projeto EsPCEx 2000, de informatização do 28º Batalhão de Infantaria Blindado. O sistema permite que, com imagens de satélite, o deslocamento de tropas seja acompanhado com detalhes, que sejam descobertas invasões de áreas indígenas e ampliado o combate ao narcotráfico. A coincidência está no fato de que a ida do ministro Lucena a Campinas aconteceu imediatamente após as capturas de seres não-humanos em Varginha e sua condução para a referida cidade, onde teriam sido entregues a integrantes da Escola Preparatória de Cadetes (EPC) e analisadas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além de cuidar das questões referentes ao sistema de rastreamento por satélites, o ministro do Exército esteve também reunido, ainda em Campinas, com 29 generais no encontro com o alto comando da corporação. Era a primeira vez que isso se dava, pelo que consta, fora da Capital Federal. Apenas um jornal local noticiou tal reunião sui generis, que visava, segundo fontes oficiais, “o acompanhamento de licitação de compra de 16 microcomputadores, entre outros assuntos”. Outra interessante coincidência se deu em 01 de março de 1996, quando os governos do Brasil e dos Estados Unidos da América assinaram um acordo de cooperação para uso pacífico do espaço exterior. O administrador da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), Daniel S. Goldin, veio ao Brasil e visitou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de São José dos Campos (SP). Goldin veio com uma comitiva do secretário de Estado dos EUA Warren Christopher, que formalizou o acordo com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Felipe Lampreia.
A última coincidência “estranha” envolvendo o Caso Varginha foi a elaboração, por iniciativa do Departamento de Defesa Civil de Campinas, de um inusitado plano para tratamento de testemunhas de UFOs. Seu objetivo seria evitar a histeria coletiva com o aparecimento de supostos discos voadores na região. Segundo o diretor da entidade, “lidar com supostas aparições de UFOs de forma científica e séria evitaria até a enorme repercussão que o Caso Varginha ganhou”. Tal projeto entrou em fase de preparação após a organização firmar contratos de assessoria com astrônomos, físicos, psicólogos e outros especialistas. O diretor da Defesa Civil, Sidney Furtado Fernandes, relacionou como razão para lançamento do referido plano, entre outras, a de evitar que um cidadão que seja testemunha do avistamento de um UFO caia no ridículo. A idéia se concretizou entre abril e maio de 1996, quando foram revelados detalhes importantes e surpreendentes do Caso Varginha. A entidade campineira queria registrar e analisar casos de acidentes especiais e denúncias de aparecimento de objetos voadores não identificados. Fernandes ainda declarou que, “foi uma época de muitas ocorrências, como a repercussão em torno do chamado ET de Varginha, o temor pelos impactos de um satélite italiano desgovernado e o suposto aparecimento de UFOs na região de Campinas”. Conforme matéria redigida por José Pedro Martins, no jornal Correio Popular, daquela cidade, de 25 de setembro de 1996, a Defesa Civil chegou a elaborar um relatório de dados sobre avistamentos de UFOs. Martins noticiou que o plano da entidade tinha quatro fases: primeiro, o cidadão que avista um objeto não identificado teria que acionar a Defesa Civil. Segundo, a entidade e a junta de profissionais que a assessoram aplicariam um questionário com cerca de 200 perguntas à testemunha. Terceiro, profissionais e agentes da entidade visitariam o local da ocorrência. Quarto, a Defesa Civil acionaria órgãos específicos, como o Exército, por exemplo, para tratar dos fatos apurados. Dias depois das notícias veiculadas, principalmente pelo Correio Popular, o diálogo mudou substancialmenteeoplanoacabounãosendoimplementado. Ainda assim, o diretor da Defesa Civil de Campinas já declarara para o mesmo jornalista que os acidentes espaciais, bem como eventos envolvendo o suposto aparecimento de UFOs, estão incluídos no Sistema de Codificação de Desastres, Acidentes e Riscos (CODAR). A aplicação do CODAR, em todos os municípios brasileiros, é uma exigência do Governo Federal desde o final de 1995. :: www.ufo.com.br :: 15
Reabrindo o Caso Varginha
15 de fevereiro de 1996 — Às 09h00, o policial militar foi transferido para o centro de tratamento intensivo (CTI) do Hospital Regional do Sul de Minas, o mesmo para o qual, na noite de 20 de janeiro, havia levado, junto de seu colega Lopes, o corpo de uma estranha criatura que capturaram em sua ronda. Às 11h45, Chereze morreu. Constou de seu atestado de óbito, liberado apenas muito tempo depois, sob fortes solicitações da família, que sua causa mortis fora “insuficiência respiratória aguda, septicemia e pneumonia bacteriana”. Pelo auto da necropsia, concluiu-se que o quadro de infecção generalizada que levou ao seu falecimento foi causado principalmente pela bactéria enterobacter, encontrada na urina humana [Veja matéria nesta edição]. Começo de abril de 1996 — Na primeira semana do mês, no Jardim Zoológico de Varginha, animais foram encontrados mortos misteriosamente — uma anta, dois veados, uma onça jaguatirica e uma arara. O veterinário Marcos Araújo Carvalho Mina não encontrou uma causa lógica para o problema nas necropsias que realizou. As vísceras são então enviadas para Belo Horizonte e os achados não indicam a causa mortis. Leila Cabral, também bióloga e diretora do zôo, disse achar “inexplicável que seus animais, que comiam alimentos diferentes e balanceados, vivendo em espaços distanciados entre si, tenham morrido da noite para o dia sem apresentar qualquer sintoma de patologia”. Alguns dos animais apresentaram lesão intestinal. Atestados do Laboratório Save, de Belo Horizonte, assinados pela doutora Elaine Maria Santos Gomes, confirmam que os achados sugerem a presença de um tóxico cáustico. Parte dos animais apresentava hemorragia difusa. 21 de abril de 1996 — Às 21h00, Terezinha Galo Clepf, 65, participava de uma comemoração particular de aniversário, com poucas pessoas, no Restaurante Paiquerê, um espaço reservado para festas existente 16 :: www.ufo.com.br ::
dentro do Jardim Zoológico de Varginha. Trata-se de um barracão de alvenaria situado em plano elevado do local, cujo acesso se dá por uma longa escada de cimento. Na entrada existe um alpendre cercado por uma grade de canos e tela com 1,6 m de altura. A instalação elétrica é precária e o alpendre só recebe a luz difusa de postes distantes. Terezinha saiu da festa para fumar e observou “algo muito feio”, segundo descreveu. Era uma criatura que estava de pé na mureta do outro lado da grade, e apoiando-se, imóvel. Possuía olhos vermelhos e brilhantes, com uma espécie de elmo com abas douradas na cabeça. A senhora voltou depressa para a festa e insistiu com o marido para que saíssem dali. Nada mais se viu. Arquivo UFO
11 de fevereiro de 1996 — Por volta das 10h00, o paciente teve seus sintomas agravados e procurou a instituição Prontomed, também em Varginha. O médico que o atendeu, percebendo a gravidade do seu quadro clínico, determinou sua imediata internação no Hospital Municipal Bom Pastor, com indicação de outro profissional para acompanhamento. Familiares de Chereze não conseguiram obter dos médicos sequer um diagnóstico seguro que explicasse as constantes dores e as febres freqüentes que ele tinha.
Arquivo UFO
10 de fevereiro de 1996 — O policial começou a sentir muitas dores pelo corpo e foi acometido de febre constante.
28 de abril de 1996 — Os fatos relativos ao Caso Varginha parecem não ter fim. Por volta de 22h30, a senhora Luzia Silva, mãe de Liliane e Valquíria, ouviu baterem palmas ao portão de sua casa. Quatro homens abriram o mesmo e desceram pela rampa de cimento rústico que dá acesso à humilde residência. Entraram na casa e se sentaram. Insistiram com veemência na necessidade de as três garotas voltarem urgentemente atrás em seus depoimentos públicos. Disseram que elas deveriam gravar uma entrevista de televisão, “mas não como nas emissoras locais”, na qual diriam que cometeram um engano, que não avistaram o que dizem e de nada têm certeza. Uma quantia em dinheiro foi oferecida em troca disso, suficiente para a independência econômica da família. O valor seria depositado em conta poupança no nome de Luzia, mas os estranhos não disseram quanto e exigiram segredo absoluto de tudo o que falaram. A entrevista seria gravada e lançada a público, de forma a desmentir o avistamento das moças. Luzia Silva se sentiu constrangida e amedrontada.
Apenas um dos homens falava e outro anotava o que estava sendo conversado. Receosa, disse que pensaria no assunto. Os homens não deram seus nomes, recusando informar qualquer coisa que levasse à sua identificação. Prometeram que voltariam em breve e não permitiu que ela os acompanhasse até a rua. Um carro estava parado um pouco distante, no qual os homens entraram e partiram. Sentindo-se frágil, ela procurou logo de manhã os ufólogos à frente do Caso Varginha. No mesmo dia, a imprensa noticiou com destaque e em edições especiais a visita inesperada. Era a única forma de se evitar qualquer eventual novo assédio mais incisivo ou hostil, por parte daqueles ou de outros homens. 04 de maio de 1996 — Às 09h00, o então produtor Luiz Petry, atualmente editor do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, o veterano repórter Goulart de Andrade, um radialista varginhense e outro repórter de um jornal [Estes dois últimos preferiram o anonimato] são escolhidos pela equipe de ufólogos à frente do Caso Varginha para assistirem a vídeos e áudios com depoimentos de testemunhas militares, informantes dos fatos ocorridos na localidade. Eles se comprometem a guardar absoluto sigilo de tudo que virem e de resguardar as testemunhas de quaisquer divulgações de suas identidades, tal como são protegidas as fontes de informação jornalística. O jornalista Petry, inconformado com o que assistiu, solicitou que fosse levado à presença de algumas dessas testemunhas. Então, duas delas, ambas militares, lhe foram apresenJulho 2005 – Edição Especial 34
Reabrindo o Caso Varginha As moças que tiveram contato com o que se acredita ser o segundo ser estranho, na tarde de 20 de janeiro, que teria sido capturado naquela mesma noite [A partir da esquerda]: Liliane, Kátia e Valquíria. No detalhe, a mãe de Liliane e Valquíria, dona Luzia Silva. Abaixo, a senhora Terezinha Clepf, que viu outro ser no Zoológico Municipal de Varginha, em 21 de abril
08 de maio de 1996 — Na Escola de Sargento das Armas (ESA), em Três Corações, por volta das 09h00, acontecia uma homenagem à Força Expedicionária Brasileira (FEB), referente ao Dia da Vitória. O comandante da instituição, general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima [Atualmente na reserva e residindo em Campo Grande (MS)] convocou a imprensa para prestar uma declaração pública a respeito do Caso Varginha. De forma tensa e com muita expectativa, pode-se dizer que esta seria a segunda vez na história do Brasil em que algo semelhante ocorreria. A primeira passara-se em 1986, quando o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima, concedera uma entrevista coletiva confirmando que caças a jato da Força Aérea Brasileira (FAB) haviam perseguido vários UFOs em Território brasileiro [Veja matéria completa em UFO 99]. De manhã, no mesmo dia, após as solenidades comemorativas da data, o general recebeu jornalistas, que se amontoaram numa sala da ESA, ávidos do que seria dito pelas autoridades – ou quem sabe o aviso de alguma providência que seria tomada por eles. Sérgio Lima iniciou o encontro dizendo que a ESA estava e sempre estará Edição Especial 34 – Julho 2005
15 de maio de 1996 — Às 19h00, Hildo Gardingo, 20, vai para Varginha e o farol de seu automóvel delineia um ser com cerca de 1,6 m de altura que aparentemente estava tentando atravessar a pista, desde a margem da fazenda de José Castilho, em que são caseiros Eurico e Oralina de Freitas, já citados. O jovem relatou o estranho ser como tendo quase idênticas as características da criatura avistada por Liliane, Kátia e Valquíria em 20 de janeiro, mas teve a impressão de que tinha o corpo coberto de pêlos. O “bicho” teria tapado os olhos com Arquivo UFO
tadas pessoalmente, ficando assim provada a representantes da imprensa a existência e legitimidade destas testemunhas.
aberta à imprensa, e lembrou o alto índice de credibilidade que o Exército tem perante à Nação. Mas, infelizmente, negou veementemente todo e qualquer envolvimento de seus homens e de qualquer instrumental da instituição na captura, remoção, transporte e exame de criaturas estranhas em Varginha [Veja box]. O general ainda encerrou sua apresentação afirmado que “...estaremos sempre à disposição dos senhores, aqui na Escola, para tratar de assuntos que digam respeito à nossa atividade fim. Estaremos sempre abertos”. Terminada a breve leitura de seu texto, Sérgio Lima retirou-se do púlpito e, de imediato, foi abordado por um repórter da emissora EPTV, associada à Rede Globo no sul de Minas. O general, ainda caminhando e recusando conceder entrevista, falou que “tudo o que eu tinha a dizer, acabei de dizer na minha nota oficial”. E tentou colocar um ponto-final na reunião, que de tão insuficiente para os repórteres, acabou deixando-os frustrados. Um deles, Adriano Carvalho, insistiu e indagou sobre onde estariam os militares citados pelos ufólogos no dia dos acontecimentos. “Trabalhando em prol do Exército e da Nação”, brandou o general. “Isso pode ser provado?”, indagou o repórter. “Provar para quem, por quê?”, devolveu o comandante Sérgio Lima. “Ora, a finalidade não é se provarem os fatos?”, continuou insatisfeito o jornalista. “Não tenho que provar. Tudo o que eu tinha a dizer eu já disse”. E se retirou da sala.
as mãos e retornado rápido para o mato baixo que cerca a estrada. O rapaz assustou-se e acelerou, perdendo a criatura de vista. 19 de outubro de 1996 — 14 ufólogos de diversos estados realizaram uma operação pentefino no local da queda do objeto avistado por Carlos de Souza, o pasto da Fazenda Maiolini, já dentro do município de Três Corações. Tentaram encontrar algum material do suposto objeto voador não identificado. Localizaram apenas duas depressões já cobertas por mato baixo. As marcas retangulares, em baixo-relevo, insinuavam o resultado da pressão das sapatas de guindaste móvel, estando a menos de dois metros e meio uma da outra. Os lados maiores de uma delas tinham 55 cm de comprimento e, os da outra, 42 cm. Ambas com 18 cm de profundidade. Nada mais foi encontrado e os moradores das fazendas da região dizem não ter notado qualquer coisa de anormal. Dali até o portão principal da ESA, em Três Corações, por estradas vicinais em sentido perpendicular à Rodovia Fernão Dias, os ufólogos mediram a distância em apenas 9 km. 18 de janeiro de 1997 — Às duas horas da madrugada, Luzia Silva permanecia na residência onde trabalhava de doméstica, para que sua patroa cumprisse um compromisso social. Quando esta chegou, Luzia resolveu ir para sua casa e pretendia apanhar um táxi na praça central da cidade, na Avenida Rio Branco. Mas notou que não possuía quantia em dinheiro suficiente para tanto. Desceu então a pé a rua vazia. Mas um automóvel de cor preta aproximou-se devagar, dirigido por um homem e trazendo um outro no banco de trás. Pararam e disseram imperativamente que iam lhe dar carona. Não houve alternativa, então entrou pela porta aberta pelo motorista. Ela o reconheceu como o líder dos quatro visitantes da ocasião anterior. O automóvel parou cerca de um quilômetro fora da cidade, em meio a uns arbustos, num local fácil de ser identificado. Desta vez eram apenas dois a abordá-la, trajando ternos escuros e estando engravatados. Luzia seguiu no banco de passageiros. A insistência para que as filhas voltassem atrás em sua história se repetiu. Eles exibem fotos e desenhos, supostamente das criaturas capturadas, a Luzia e a conversa se estende, longa e cheia de detalhes. Quase duas horas depois, permitiram que a mãe das garotas fosse para casa, deixando-a na cidade e longe de sua rua. Ainda percebendo que Luzia não lhes garantiu o que desejavam, não mais a procuraram. Mas abordaram pessoalmente a patroa dela, duas semanas depois, solicitando-lhe que esta a convencesse. Nunca se identificaram inclusive para a empregadora de Luzia. Funcionária do Fórum de Varginha, bacharela em direito, a patroa solicitou que seu nome fosse preservado nos meios ufológicos. :: www.ufo.com.br :: 17
Uma reflexão busca da verd
S
Marco Antonio Petit, convidado
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Philipe Kling David
O ser observado pelas testemunhas oculares de Varginha tinha um aspecto primitivo e lembrava um animal. Seria possível uma criatura assim ser procedente de um mundo avançado?
egundo uma das principais testemunhas militares do Caso Varginha, desde setembro de 1995 a atividade ufológica no sul do Estado de Minas Gerais vinha crescendo. Tive dois contatos diretos com esse militar, pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB), estando com ele em Belo Horizonte e na cidade do Rio de Janeiro. Tal atividade chegou ao auge por volta do dia 13 de janeiro de 1996, quando o piloto de ultraleve Carlos de Souza viu uma nave em forma de charuto perdendo altitude sobre a Rodovia Fernão Dias, nas proxi-
midades do trevo que dá acesso à cidade de Varginha (MG). Supostamente, atingiu o solo da Fazenda Maiolini. Como descreve o ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues em seu artigo, esse dado pontual dá uma nova direção ao Caso Varginha. Sousa revelou ao co-editor de UFO Claudeir Covo, e posteriormente a Ubirajara Rodrigues, que havia no local de 30 a 40 militares recolhendo fragmentos de algo sobre o solo. Ele pôde ainda observar, antes de ser expulso do local, dois caminhões do Exército em que pedaços do objeto estavam sendo colocados, uma ambulância militar e um grande helicóptero. A testemunha, considerada polêmica por muitos colegas, não percebeu sinais da presença dos supostos tripulantes do aparelho acidentado. Diz ainda que, depois de abandonar o local, parou no restaurante de um posto de gasolina na Rodovia Fernão Dias e foi abordado por um misterioso personagem, cujo companheiro permaneceu no interior de um Opala de cor azul. Souza foi advertido a esquecer tudo o que vira e a voltar para São Paulo, onde reside. Assim o fez e só contou o fato a Covo meses depois. Na opinião deste articulista, enquanto não tivermos acesso a todas as peças do Caso Varginha, não podemos, nem devemos desprezar qualquer depoimento que entre em choque com o que acreditamos ou que supomos corresponder à realidade. Um exemplo disso é justamente o depoimento de Souza, descartado de imediato por vários estudiosos por revelar que o início do caso não estava relacionado à madrugada do dia 20 de janeiro, dia em que o casal Eurico e Oralina havia avistado um objeto em forma de fuso em uma fazenda a poucos quilômetro de Varginha, quando se imagina que todo o episódio teve início. Julho 2005 – Edição Especial 34
Reabrindo o Caso Varginha
Eurico e Oralina descreveram que, aparentemente, o artefato que observavam soltava uma espécie de fumaça branca, como no relato do piloto. Isso deu idéia a todos, logo no princípio dos fatos, que o Caso Varginha tivera seu primeiro momento naquela madrugada. Sousa, com seu depoimento, mudaria essa idéia.
Intensa movimentação militar — Sabemos
que desde o dia 13 de janeiro daquele ano ocorrera intensa movimentação militar entre as cidades de Varginha e Três Corações – a Escola de Sargentos das Armas (ESA) fica nesta outra cidade. As investigações revelaram que tal unidade do Exército esteve envolvida e à frente das operações que incluíram a retirada da cidade de Varginha, e posteriormente do sul de Minas, das criaturas capturadas e de outros materiais relacionados ao caso. Indiscutivelmente, houve um processo de sigilo em torno destas operações, mantido até hoje. Pessoas diretamente envolvidas – militares e civis – sofreram pressões diversas por terem tido participação fundamental em vários momentos do episódio, durante os dias que sucederam à queda da nave, com recolhimento de algumas das criaturas que se espalharam pela região. No dia 04 de maio de 1996, fui o responsável pela gravação em vídeo de um depoimento prestado ao pesquisador Vitório Pacaccini, também à frente do Caso Varginha, junto a Rodrigues. A testemunha que nos concedera a entrevista seria, indiscutivelmente, uma das principais peças militares de toda Edição Especial 34 – Julho 2005
a informação pertinente ao episódio. O informante militar sabia dos detalhes relativos à retirada, do Hospital Humanitas, de um corpo de um estranho ser. Mais especificamente, da criatura que provavelmente havia sido avistada na tarde do dia 20 de janeiro, no Jardim Andere, por Kátia e as irmãs Liliane e Valquíria Silva. O ser teria sido capturado à noite por dois policiais militares do serviço de inteligência – um deles o P-2 Marco Eli Chereze, que morre-
ria poucas semanas depois, em condições misteriosas. De acordo com o que o médico que o atendeu, doutor Cesário Lincoln Furtado, revelou recentemente a Rodrigues, o sistema imunológico do policial deixou de existir, levando o rapaz a falecer com quadro de infecção generalizada [Veja matéria nesta edição]. Ainda segundo a mencionada fonte militar, a criatura que havia passado pelo Hospital Regional deixou também o Hospital Humanitas, para onde teria sido levada em seguida, já morta, no interior de uma caixa de madeira, levada por um dos três caminhões que compunham um comboio militar. Ao ouvir seu relato, senti que estava vivendo um dos principais momentos de minha vida na Ufologia. Se até aquela ocasião pudesse haver dúvida sobre a realidade do Caso Varginha, a partir do depoimento daquele militar, eu não teria muita dificuldade em aceitar que alguma coisa muito importante havia de fato acontecido no sul do Estado de Minas Gerais. Aquela testemunha sabia de todos os detalhes, inclusive referentes às manobras engendradas pelo setor de inteligência do Exército, para que os próprios militares de baixa patente, que participaram do comboio, não percebessem o que estava realmente acontecendo. Tive novo contato com essa mesma testemunha em uma outra cidade, para onde acabou sendo transferida, como muitos que participaram da maior história da Ufologia Brasileira. Foi através dela que tomamos conhecimento das manobras implementadas pelo comando da ESA para exercer uma pressão maior sobre seu contingente e calá-lo. Principalmente a partir do momento em que os investigadores do caso começaram a divulgar nomes de militares do Exército que haviam participado das operações em Varginha.
Credibilidade das testemunhas — Des-
de que conheci Liliane, Valquíria e Kátia, as meninas que encontraram uma das criaturas, não duvidei de que tinham mesmo participado de algo muito especial, totalmente alheio às suas vidas. Tal como o ufólogo Ubirajara Rodrigues tivera a impressão. Estive com elas várias vezes, inclusive participando de programas de TV, e as moças sempre foram capazes de dar veracidade à história que vivenciaram na tarde Fotos Ubirajara Franco Rodrigues
o em dade
Apesar das pesquisas sobre o Caso Varginha serem intensas, ainda restam muitas perguntas sem as devidas respostas
A Fazenda Maiolini, onde o piloto de ultraleve Carlos de Souza [Foto de baixo] viu uma nave em forma de charuto perdendo altitude. O problema é que a queda se deu em 13 de janeiro, uma semana antes do Caso Varginha
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Reabrindo o Caso Varginha janeiro – ele não está certo –, observou um grande objeto esférico que se movimentava entre a região do Hospital Humanitas e o Jardim Andere. Silva chegava em casa no momento, que fica próxima ao Humanitas, e registrou que outras duas pessoas também teriam avistado o artefato. O aparelho, vez por outra, pairava a baixa altitude, movimentando-se lentamente sobre um pasto que, hoje, não mais existe. Em suas próprias palavras, parecia “uma mãe procurando os filhos”. Informou também que o aparelho lembrava uma “bolha de sabão”, refletindo as cores do ambiente. Silva narrou outro fato que pode ou não estar relacionado ao Caso Varginha, que teria acontecido na tarde de 20 de janeiro, pouco antes da espantosa chuva que derrubou árvores, muros e casas na cidade, narrada pelo ufólogo Rodrigues em seu texto.
materiais colhidos nos episódios – como os destroços do objeto acidentado. Nossas fontes militares já haviam mencionado a presença de membros da Força Aérea Norte-Americana (USAF) e de outros personagens ligados a agências governamentais dos EUA, mas os fatos iriam provar serem ainda mais contundentes.
Contrário aos interesses nacionais — Sema-
nas antes do I UFO Minas, em agosto de 2004, comecei a obter mais informações sobre isto. Primeiramente, tive um contato com a esposa de um militar de alta patente do Exército que me garantiu que, nas semanas seguintes à captura de aliens em Varginha, seu marido chegara do serviço extremamente revoltado. Ele alegava a esposa que estava havendo uma forte pressão por parte de autoridades norte-americanas
Timpan Kotisivu
de 20 de janeiro de 1996. Liliane, Valquíria e a mãe, dona Luíza Helena, viveram outro momento indiscutivelmente crucial do caso quando, numa noite no final de abril daquele ano, receberam a visita de quatro homens não identificados. Os estranhos traziam uma proposta de suborno para que modificassem sua história, desqualificando a idéia do encontro com a criatura no Jardim Andere. Onde estaríamos hoje se elas tivessem fraquejado frente aquela tentadora proposta? Cheguei a localizar, na cidade do Rio de Janeiro, a tia de uma funcionária do Hospital Humanitas cuja sobrinha, apesar de não ter tido contato direto com a criatura capturada, revelou ter sido testemunha da estranha movimentação militar que se abateu sobre aquela instituição, na noite de 20 de janeiro daquele ano. Solicitei à informante que providenciasse um encontro de sua sobrinha com Rodrigues. Garanti que manteríamos seu nome em sigilo, para resguardála de qualquer problema e tranqüilizála. Mas quando ela tomou conhecimento de que eu estava em contato com sua tia, passou a recusar até as ligações telefônicas desta. A moça estava visivelmente amedrontada por algo que, de alguma forma, se pudesse escolher, teria evitado. Há poucos meses, quando estive novamente em Varginha, para participar do I UFO Minas [I Congresso de Ufologia de Varginha, realizado pela Revista UFO de 19 a 22 de agosto de 2004. Veja cobertura completa em UFO 103], conheci outra testemunha civil, numa prova inequívoca de que muitas ainda são desconhecidas dos ufólogos, mas esperam uma oportunidade para virem a público.
Grande objeto esférico — Ela presenciou a
operação de captura de uma das criaturas por parte de quatro bombeiros, que desceram por um barranco da Rua Suécia na manhã de 20 de janeiro de 1996. Afirmou que cerca de 30 pessoas testemunharam o fato e viram a criatura, depois de capturada, ser colocada numa caixa de madeira e retirada da cidade por um caminhão do Exército, conforme bastante divulgado. Localizei também outra testemunha que os pesquisadores não conheciam. Ronaldo Silva, técnico em eletrônica, garante que na tarde do dia 21, 22 ou 23 de 20 :: www.ufo.com.br ::
Vista aérea do trecho dos 20 km da via de acesso a O técnico em eletrônica chegava de carro Varginha, partindo da Rodovia Fernão Dias. A estrada ao Jardim Andere, para um churrasco na casa de amigos, quando, repentinamente, leva a Três Corações, de onde partiu o comboio da seu automóvel começou a falhar e o mo- ESA. Foi ao longo dessa via que muitos fenômenos foram vistos entre 13 e 20 de janeiro, e semanas tor morreu. Mais tarde, quando terminou o seguintes, alguns noturnos, outros diurnos churrasco, o veículo voltou a funcionar e continuou normal. A testemunha é apenas uma das que conheci durante minhas visi- “para que nosso país, nossos militares, litas ao sul de Minas, e que ficaram frente a berassem os materiais recolhidos no sul de Minas para serem remetidos aos EUA”, frente com os discos voadores no início de em suas palavras a sua senhora. Tentei, 1996, em meio a grande onda de aparições insisti e acabei conseguindo dois enconrelacionada ao episódio. tros com ele, que, além de me confirmar Um dos pontos mais graves de todo o o que sua esposa havia revelado, disse Caso Varginha, no entanto, é a pressão que que os materiais acabaram por ser de fato teria sido feita pelo governo dos Estados Unidos sobre as autoridades brasileiras. De levados, a bordo de um avião Hércules, fato, a informação mais polêmica e provo- do aeroporto de Campinas (SP) para um cativa a que tive acesso nos últimos meses destino por ele ignorado [Há referências diz respeito às interferências e gestões do ao avião, por parte de outras testemunhas, governo de Washington, relacionadas aos como sendo um modelo Buffalo]. Julho 2005 – Edição Especial 34
Reabrindo o Caso Varginha
Marco Antonio Petit, co-editor da Revista UFO,
é escritor e conferencista, presidente da Associação Fluminense de Estudos Ufológicos (AFEU) e diretor do jornal Vimana. Seu endereço é: Caixa Postal 89.130, 27655-970 Conservatória (RJ). E-mail: jornalvimana@hotmail.com e marco.petit@ufo.com.br. Edição Especial 34 – Julho 2005
Fenômenos luminosos próximos a Varginha
Fenômeno luminoso inusitado, observado e fotografado em Utah, Estados Unidos, muito semelhante aos registrados na área rural do sul de Minas Gerais
Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
A
área rural no entorno de Varginha é rica em acontecimentos ufológicos, como se vê no box Fenômenos Estranhos na Área Rural [Veja página 11]. A região das duas fazendas citadas é pródiga de depoimentos, muito antes das célebres afirmações de Eurico e Oralina. Os empregados rurais da região são quase unânimes em relatar as aparições das bolas de fogo e de pontos muito brilhantes. Marcelo Bueno de Araújo, 35, administrador de terras, viveu uma experiência desagradável em 09 de fevereiro de 2005, ao deparar com um desses fenômenos. Dirigindo sua caminhonete, pouco antes de chegar à fazenda de Régis Bueno, avistou algo muito brilhante bem próximo do chão, em meio à vegetação da margem esquerda da estrada de chão batido. Araújo disse que parecia “um farolzão do tamanho de uma bola de futebol”. Pensou que era um caminhão aproximando-se depois da curva. Era quase 07h00 e, ao passar do lado daquilo, viu que era amarelado, da cor de um farol de carro. Não havia luz a sua volta e não iluminava plantas e chão, descreveu a testemunha. Logo que olhou o artefato, “subiu dele um facho, uma espécie de relâmpago”. Nada aconteceu com as luzes ou com o motor da caminhonete, mas o rosto, a perna e o braço esquerdos da testemunha
ficaram amortecidos. O adormecimento do braço permaneceu durante todo o dia e doeu outros dois. Araújo, que demonstra bastante vigor físico, afirma que não tem qualquer distúrbio cardíaco. O físico Rogério Chola, ombudsman da Revista UFO, vê possibilidade concreta desse tipo de caso tratar-se de um fenômeno natural com efeitos fisiológicos, confundido com um evento ufológico. Segundo ele, o formigamento e o adormecimento sentidos por algumas testemunhas, bem como sintomas parecidos, podem ser provocados por um campo eletrostático de energia armazenada. Campos assim podem ser gerados por objetos em movimento e principalmente em períodos durante e após chuvas. Considerando-se o depoimento de Araújo, no tocante às descrições que este fez do que observou, Chola diz ainda que há grande possibilidade de ter se tratado de uma descarga esférica de raio, também chamada relâmpago bola. “Uma descarga dessas muito próxima ao um indivíduo provocaria as sensações descritas, demonstrando tratar-se, de alguma forma, do tipo elétrico”, esclarece o físico. Mesmo porque, ainda de acordo com ele, existem registros que indicam que relâmpagos globulares podem ser atraídos por superfícies que possuam carga contrária, da mesma forma que um acúmulo de energia estática em nuvens pode ser “atraída” por uma pessoa em pé.
Utah UFO Hunters
Ubirajara Franco Rodrigues
Enfim, falando claramente, essa nova testemunha não sabe se o processo de pressão ou de “convencimento” dos norte-americanos sobre os brasileiros deu resultado, mas foi taxativo quanto a descrever um sentimento de revolta presente em certas áreas do Exército, por parte de segmentos militares contrários a uma posição que não levasse em conta os interesses nacionais. Certamente, ainda estamos no início das investigações do Caso Varginha, que mais cedo ou mais tarde ainda revelarão muitas surpresas. É necessário que muitas das testemunhas que vivenciaram o caso, e que ainda se mantêm em silêncio, venham a público ou procurem os ufólogos. Novas testemunhas certamente adicionarão mais peças ao quebra-cabeças, tornando-o mais compreensível. Perceberão que a verdade acabará por se sobrepor aos interesses passageiros de grupos que acreditam possuir o direito de decidir sobre nossos destinos, ocultando-nos informações sobre esse importante episódio. Estamos passando por um processo gradual de revelação e as autoridades terão papel decisivo nele, pois o acobertamento ufológico dá seus últimos suspiros. Tal política jurássica interessa apenas à nação que detém maior nível de avanço na busca da tecnologia manifestada por estas naves – os Estados Unidos. Tecnologia essa que, entretanto, como os casos Roswell e Varginha demonstram, é passível de falhas – os UFOs caíram. Não restam dúvidas de que algo de inesperado aconteceu no espaço aéreo do sul de Minas em janeiro de 1996, há quase 10 anos. Cabe a cada um dos envolvidos com o tema buscar as peças faltantes do quebra-cabeças, que nos permitirão reconstituir o maior e mais provocativo caso da história da Ufologia Brasileira – quiçá mundial.
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As implicaçõe do Caso Vargi
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Cláudio Tsuyoshi Suenaga, convidado
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aquele sábado de verão, 20 de janeiro de 1996, as adolescentes Liliane de Fátima Silva, 16 anos, sua irmã Valquíria Aparecida Silva, 14, e a amiga Kátia de Andrade Xavier, 22, retornavam a pé do bairro vizinho de Jardim Andere depois de mais um inglório e fatigante dia de trabalho como empregadas domésticas. Eram por volta das 15h00 quando resolveram cortar caminho por um terreno baldio. Mal deram alguns passos, depararam com uma criatura anã de olhos grandes e avermelhados, veias saltadas nos braços, peito e rosto, pés enormes, pele marrom brilhante, como que untada com óleo e três protuberâncias como se fossem chifres no crânio calvo e superdesenvolvido.
Arquivo UFO
O Caso Varginha deu à sociedade a certeza de não estar só no universo e permitiu às pessoas sonharem com o tão aguardado contato oficial
A criatura, que estava nua e agachada junto ao muro, demonstrou aturdimento com a presença das meninas, que, apavoradas, trataram logo de fugir do local e contar aos seus familiares o que tinham visto. “Eu e a Valquíria achamos que era um bicho, não era gente. A Valquíria perdeu a voz. A Kátia, que é muito nervosa, achou que era o capeta e ficou em estado de choque, achei que ela ia desmaiar, tive que acudir”, relatou Liliane. Ninguém sabia ao certo se a criatura era deste ou de outro mundo, mas de qualquer forma causou comoção na pitoresca cidade mineira de Varginha, a 313 km de Belo Horizonte. A notícia se espalhou rapidamente pela vizinhança. Em poucos minutos, dezenas de curiosos se aglomeJulho 2005 – Edição Especial 34
Reabrindo o Caso Varginha
ravam no terreno baldio. Em um outro lote abandonado, a duas quadras do primeiro, um grupo de moradores teria presenciado naquela manhã um carro do Corpo de Bombeiros retirando do matagal, com o auxílio de uma tosca rede para capturar animais, outro ser não identificado, transportado ao hospital público local. O Corpo de Bombeiros emitiu nota oficial desmentindo a captura de qualquer ser estranho nos arredores. Por uma feliz coincidência, o veterano ufólogo e advogado Ubirajara Franco Rodrigues residia no mesmo bairro, à cerca de apenas 500 m dos acontecimentos. Sem perder tempo, colheu depoimentos no Hospital Regional do Sul de Minas de funcionários que lhe afiançaram que, no dia 20, dois seres com as características descritas pelas meninas haviam sido internados. Em nota oficial, o hospital tratou logo de desmentir tal rumor. Outrossim, os mesmos funcionários garantiram ter visto no domingo, dia 21, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) em uma ala isolada do hospital. Depois de 12 dias de intensas investigações, Rodrigues declarou enfaticamente ao Jornal do Brasil, em 02 de fevereiro de 1996: “Estudo este assunto há pelo menos 25 anos e posso dizer que estou intrigado. Fizemos várias reuniões para analisar a seqüência do boato, e há uma lógica. Tenho encontrado dificuldade de acesso a informações oficiais. Não há como descartar a hipótese de ter havido em Varginha um contato imediato do terceiro grau”.
Capitalizando o ocorrido — Ufólogos experientes rumaram à Varginha e se aliaram a Rodrigues, ajudando a corroborar a teoria da queda de um UFO com sobreviventes. Nos meses seguintes praticamente só se falou do assunto na cidade, que procurou desde logo explorar e capitalizar ao máximo o ocorrido. Não faltaram as estereotipadas gozações, brinEdição Especial 34 – Julho 2005
procedimentos discursivos e cognitivos e o contexto em que foi gerado e disseminado o boato. Dentro de cada grupo de crenças análogas, manifestam-se tantas variações e incompatibilidades, que a origem e disseminação de um boato como esse a partir de um núcleo societário restrito, exige que recorramos a métodos sociológicos, antropológicos e psicológicos. Urge compreendermos as razões que ensejaram tais comportamentos.
Varginha, McCartney e Lennon — Apesar de
não ter sido encontrado nenhum vestígio concreto no terreno baldio que indicasse a presença de algo estranho, o fato é que o boato espalhou-se rapidamente e adquiriu uma dimensão incontrolável. Boatos são cadeiras e os boatos infundados. Um deles assim mesmo, não necessitam de provas. dizia que a criatura fora submetida a uma Estão em todos os lugares e em lugar necirurgia de emergência no Hospital Humani- nhum. Propagam-se com tanta facilidade tas. O diretor do hospital, Adílson Leite, que quanto desaparecem sem deixar vestígios. também dirigia o Hospital Regional, rebateu De acordo com o sociólogo Jean Nöel Kapdizendo que era apenas “o cadáver de um ferer, “o boato é a mais antiga mídia do homem de 110 kg que teve de ser exumado mundo, o mercado negro da informação”. a pedido da família”. Os primeiros estudos sistemáticos sobre o A confusão gerada pela circulação de boato datam de meados dos anos 1940 e grande número de carros policiais, teria le- foram realizados por pesquisadores nortevado a população a associar fortuitamente o americanos, impressionados com a quanmovimento incomum com a presença de um tidade de falsas notícias e o efeito delas suposto ET. Entrementes, sobre as tropas e a popuescrevi um sucinto artigo lação durante a Segunda no qual ponderava que Guerra Mundial. não fosse pelo risco de Um boato exemparecer demasiadamente plar, que correu o muncético, diria sem impedo no final dos anos dimentos que a alegada 1960, é o da morte de presença e captura de dois Paul McCartney. Em ETs na cidade de Vargi12 de outubro de 1969, nha, necessita ser revista uma pessoa telefonara com um grau maior de a uma rádio em Detroit, distanciamento e imparEstados Unidos, e discialidade. Poucas vezes a se que ao fundo da canComunidade Ufológica ção Strawberry Fields Brasileira aceitou com Forever, no disco Matanto imediatismo um gical Mistery Tour, dos caso do gênero, quanBeatles, ouvia-se John O boato é, sem dúvidas, Lennon murmurar: “I do deveria, antes de tudo, estar preocupada em buried Paul” [Eu entera mais antiga mídia do fazer certos questionarei Paul]. Dois dias demundo, uma espécie mentos. Soa prematuro, pois, um jornal do Michide mercado negro da portanto, pretender aferir gan (EUA) anuncia que qualquer tipo de conclu- informação. Teriam sido os McCartney havia falecisão nesse momento, seja do. Entre outros indícios, UFOs o principal boato do o artigo apontava que, a favor ou contra. Perpassando e indo na capa do LP Abbey conturbado final de além das discussões em Road, Lennon aparecia século XX? torno da existência ou não vestido de padre, Ringo de extraterrestres em nosStar de preto (lembran— JEAN NÖEL KAPFERER, do um papa-defuntos), e so meio, o que realmente escritor e sociólogo McCartney surgia atraimporta é analisarmos os Université Paris
es inha
Numa sociedade em busca de espetáculos que alimentem sua rotina, qual é a conseqüência que Varginha pode ter
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Independentes de épocas — Na era pré-internet,
os boatos, lendas, rumores e assemelhados circulavam de boca em boca ou via meios tradicionais, como o correio, telefone, fax, rádio etc. Embora eficientes, a circulação, comparada com hoje, se fazia de maneira a proporcionar tempo de serem devidamente questionados, desmentidos ou refutados, e a força original freqüentemente se dissipava no caminho. Com a internet, ganharam uma extraordinária e portentosa força de reprodução e convencimento. Algo que antes demorava horas, dias ou meses para alcançar algumas dezenas ou centenas de pessoas, agora pode alcançar milhares de pessoas instantaneamente. As chamadas lendas urbanas, por exemplo, que circulam preferencialmente na forma de spams pelo ciberespaço, infestando as caixas de mensagem, são relatos que primam por trazer um viés de verdade, um aspecto que as tornam plausíveis ou verossímeis para os espíritos receptivos, crédulos ou ingênuos. 24 :: www.ufo.com.br ::
Em seu atributo interno, formam um sistema de relações coerentes e subjazem à variedade e variabilidade dos fenômenos empíricos das lendas e narO monumento construído no rativas do folclore. centro de Varginha, aproveitando-se Uma característiuma antiga caixa d’água, imita um ca interessante de UFO e celebra o caso, perpetuando algumas é o tom sua memória. Ao lado, a estátua de cativante e carisum dos seres capturados, fixada numa mático, envolto praça do município, que se diz por uma aura de “a cidade mais visitada do universo”. conspiração, perE com uma certa razão... passado por um leve toque de humor, como que amenizando o impacto de pretensas revelações, alertas, brados de terror e punição. Essa dose maciça de fraudes e falsas informações partem de indivíduos ou corporações que visam deliberadamente semear o pânico, a intriga e a confusão, seja por simples brincadeira ou até para atender a interesses espúrios pecuniários. Na Ufologia, a mais notória delas foi, sem dúvida, o filme mambembe divulgado em agosto de 1995 – justamente quando a internet vivia o seu primeiro boom – pelo produtor inglês Ray Santilli, mostrando os supostos ETs que caíram no deserto do Novo México, em Roswell, sendo autopsiados. A repercussão, nesse tocante, é o que vale, a ponto de acabar gerando no Brasil, poucos meses depois, uma espécie de reedição daquele famoso incidente. Mais do que um mero efeito da globalização, vemos aí os reflexos da invasão cultural norte-americana que, pela imposição de seu modus vivendi e modus faciendi, motivou o surgimento da versão tupiniquim do caso. Entretanto, é preciso assinalar que o Primeiro Mundo, apesar de muito imitado, festejado e cotejado por socialites, novos ricos e emergentes, infelizmente ainda está muito distante destas plagas. A tipologia um tanto quanto singular do 19h00 de um domingo, 04 de dezembro de ser avistado em Varginha, aliás, espelha o so- 1994 – é justamente o suspense, mistério, infrimento a que as camadas mais baixas da so- trigas e acobertamentos governamentais para ciedade, social e economicamente excluídas, que a população em geral não fique sabenvivem submetidas. Não por acaso, ele foi visto do da existência dos UFOs, resgate de ETs, encostado no muro de um terreno baldio, numa experiências genéticas, vírus alienígenas e situação degradante que remete a dos chamados uma infinidade de fenômenos aparentemente moradores de rua – e tal como um deles aca- inexplicáveis estão presentes no Caso Vargibou segregado, perseguido, preso, humilhado nha. Criado por Chris Carter, a série camie maltratado, agravando a triste estatística das nhava para o seu quarto ano de exibição nos vítimas de violência policial. Conduzido aos Estados Unidos e para o terceiro no Brasil, subterrâneos de alguma instalação governa- destacando-se como a de maior sucesso da mental secreta, teria sido torturado e morto, e época, servindo de referência – e franquia seu cadáver dissecado e autopsiado. – para outras, arrebanhando uma legião de fãs e atiçando o ânimo dos ufólogos. Varginha e Arquivo X — Note-se que vários A espetacularização da vida nunca esteve dos ingredientes da série Arquivo X – cujo tão em alta, especialmente com os reality shows piloto estreou por aqui na Rede Record, às da TV, que, no Brasil, sintomaticamente, fizeUbirajara Franco Rodrigues
vessando a rua descalço – os mortos estão sempre descalços nos rituais tibetanos, em moda na época. Além disso, o Fusca ao fundo da foto traz a placa 28 IF, a idade que McCartney teria se estivesse vivo. O boato se propagou com tanta força e contundência que quando McCartney apareceu na capa da revista Life para desmenti-lo, ninguém acreditou nele. Dizia que se tratava de um sósia do cantor... Esse novo boato ilustra para Kapferer outra regra clássica: os desmentidos normalmente informam às pessoas sobre um boato que elas desconheciam e, assim, podem causar um efeito bumerangue, conferindo novo fôlego à falsa notícia. Os boatos, de acordo com o estudioso, são propalados e explorados por quem almeja conquistar fama, dinheiro, poder ou mesmo destruir carreiras políticas. Teriam sido os UFOs o principal boato do conturbado final de século XX? Com a globalização, o tempo se acelerou e o espaço mundial ficou mais integrado. Diminuíram-se as distâncias e aumentou a interdependência de todos os povos e países da superfície terrestre. As corporações multinacionais e as instituições intergovernamentais se tornaram atores supranacionais e decisivos para a gestão desse sistema de capital desterritorializado. O avanço das comunicações convergiu para o seu mais revolucionário meio, a internet, propiciando uma difusão interativa inaudita e conseqüentemente uma avalanche de boatos, notícias, especulações e discussões em torno dos UFOs – assunto que, ante a aproximação do fim do milênio, histórica e ciclicamente marcado pela irrupção de surtos místicos e religiosos, ocupava espaços crescentes na mídia, catalisando temores, esperanças e um sem número de expectativas.
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Harvard University
Arquivo UFO
para programas de TV e campanhas publiciValendo-se de uma cortante e ferina tárias e reavivando a indústria turística local –, linguagem aforística, com múltiplas alusões ocultas a pensadores famosos, Debord de- as imagens tornaram-se de fato entidades reais e motivações eficientes de um comportanuncia o espetáculo como uma “ideologia por excelência”, uma forma de manipula- mento coletivo. O espetáculo assim criado, em obediência à tendência para fazer ver ção em que os indivíduos são obrigados a por diferentes mediações um mundo que contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua exis- não é diretamente apreensível, encontra o tência, num processo de “empobrecimento, sentido mais abstrato e mistificável, correspondente à abstração e mistificação genesubmissão e negação da vida real”. Diz o estudioso que, “o espetáculo, compreendi- ralizadas da sociedade atual. E em toda a parte onde há representações equivalentes, do na sua totalidade, é ao mesmo tempo o o espetáculo reconstitui-se. Daí o apareciresultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um suplemento ao mun- mento de versões derivadas do caso inicial, mas sempre mantendo a mesma estrutura do real, a sua decoração. É o coração da e procurando confirmá-la. irrealidade da sociedade real”. Sob todas as suas formas particulares, informação ou Campanha publicitária de cinema — Em propaganda, publicidade ou consumo direto de divertimentos, o espetáculo constitui o Comentários sobre a Sociedade do Espetámodelo presente da vida socialmente do- culo [Editora Contraponto, 2000], Debord teve de admitir que o domínio espetacular minante. “Ele é a afirmação onipresente conseguiu aperfeiçoar-se e vencer todos da escolha já feita na produção, e o seu os seus adversários, de modo que agora é corolário o consumo. Forma e conteúdo do a sua própria dinâmica, a sua desenfreada espetáculo são identicamente a justificação loucura econômica a arrastá-lo em direção total das condições e dos fins do sistema à irracionalidade total e à ruína. “O goexistente”, resumiu Debord. verno do espetáculo, que presentemente Imagens e imaginação — Em suma, a rea- detém todos os meios de falsificar o conlidade torna-se uma imagem, e as imagens junto da produção assim como da perceptornam-se realidade. Ao passo que a primeira ção, é senhor absoluto das recordações tal fase do domínio capitalista caracterizava-se como é senhor incontrolado dos projetos pela degradação do ser em ter, no espetáculo que modelam o mais longínquo futuro. Ele chegou-se ao reinado soberano do aparecer. reina só em todo o lado; ele executa os seus julgamentos sumários”. As relações sociais já não Proclamando-se oficialsão mediatizadas apenas mente espetacular, a sopelas coisas, como no feciedade considera como tichismo da mercadoria inimigos aqueles que se aludido por Marx, mas insurgem à margem das diretamente pelas imarelações espetaculares. gens. O conceito de esA propósito, o pespetáculo unifica e explica quisador Paulo Roberto uma grande diversidade Peralta publicou na edide fenômenos aparentes. ção 48 da Revista UFO, As suas diversidades e ainda em dezembro de contrastes são as apa1996, um artigo incisirências desta aparência vo desmontando a monorganizada socialmente, ram mais sucesso do que em quaisquer outros tagem engendrada pela países em que foram lançados. Poucos sabem, que deve, ela própria, indústria hollywoodiaser reconhecida na sua porém, que a origem do termo ou expressão se na e apontando o imaencontra no título de um livro clássico de Guy verdade geral. ConsiTendo entrevistado ginário popular como a Debord A Sociedade do Espetáculo [Publica- derado segundo os seus mola propulsora do cado na França em 1967 e no Brasil em 1998, próprios termos, o espealgumas das principais so: “Com o lançamento táculo é a afirmação da pela Editora Contraponto]. A obra tornou-se testemunhas do Caso do filme Independence aparência e a afirmação inicialmente um libelo da ala mais extremista de toda a vida humana, Varginha, estou convencido Day [1996] começa a do movimento parisiense de Maio de 68. O ficar claro que o aconteisto é, social, como simespetáculo de que fala Debord vai muito além de que trata-se de uma cimento de Varginha foi, ples aparência. da onipresença dos meios de comunicação de na verdade, uma farsa Parafraseando De- ocorrência real e bastante massa, que se constituem apenas como seu montada pela mídia. Os bord, lá onde o Caso Varaspecto mais visível e superficial. Para esse traumática para alguns ufólogos simplesmente filósofo “maldito”, “toda a vida nas quais ginha se converteu em que a viveram foram enganados e usaimagens representativas reinam as condições modernas de produção dos ao preparar terreno de uma alegada realidade se anuncia como uma imensa acumulação de — JOHN MACK, para o eficiente trabalho espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido – virando moda e febre nados marketeiros” . Para cional, servindo de mote ufólogo e psiquiatra se afastou numa representação”.
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tando tudo aquilo que não lhe convém. Daquilo que mostra, ele isola o meio, o passado, as intenções, as conseqüências. Já que ninguém pode contradizêlo, o espetáculo contradiz-se a si mesmo, ratificando o seu passado. Argumentam insistentemente os defensores da materialidade do Caso Varginha que, se tudo fosse apenas mais um boato ou espetacularização, autoridades policiais do Corpo de Bombeiros, do Exército e do Governo, além de membros de universidades e hospitais não estariam envolvidas, conferindo tanta importância ou se esquivando de qualquer declaração esclarecedora a respeito. Que o digam os ufólogos, pesquisadores e equipes de vários jornais e TVs que estiveram na cidade, sem conseguirem obter nada de consistente por parte dessas autoridades.
Um mito moderno — O segre-
do generalizado mantém-se por detrás do espetáculo como o complemento decisivo daquilo que ele mostra e como a sua mais importante operação. O segredo domina este mundo, e em primeiro lugar como segredo da dominação, simplesmente porque, segundo Debord, “a desinformação desdobra-se agora num mundo onde já não há lugar para nenhuma verificação. O segredo não aparece a quase ninguém na sua pureza inacessível e na sua generalidade funcional”. Assim, avalio que o Caso Varginha, se não elucidado, comprovado e incorporado à história, fatalmente transformar-se-á num mito moderno, tal como Roswell. Vivemos sob o jugo e a égide de poderes monolíticos, discricionários e totalitários, poderes absolutos que definem verdades e suprimem tanto mais radicalmente certos capítulos da história, em prol de interesses seculares determinados, conforme as facilidades práticas de execução. O mistério é deixado irresolúvel pela mesma razão que não deveria haver dificuldades de resolver, se houvesse razões em contrário. 20th Fox
Peralta, uma poderosa produtora norte-americana preparou uma No filme Independence Day campanha milionária e lançou resolveu-se soltar a imagem de ETs, um filme sobre invasão extraterque não poderiam ser simpáticos, restre, que custou 71 milhões de para não ganhar a proteção dólares, e essa campanha precidas pessoas, mas também não sava de um público interessado deveriam ser assustadores demais, para garantir o retorno esperado para não chocar o público. Crioupor seus produtores. se, então, um tipo estranho e Ele diz que os diretores de curioso. Varginha seria uma Independence Day resolveram maquinação idêntica? soltar a imagem de ETs, que não poderiam ser bonitinhos nem simpáticos, para não ganhar a proteção das pessoas, mas também não deveriam ser assustadores demais, para não chocar o público. Criou-se, então, um tipo estranho e curioso. “Além disso, precisavam de uma cidade pequena para encenar o filme, de modo que a notícia se espalhasse rapidamente e ganhasse projeção nacional. Precisavam de um fato contundente para dar credibilidade ao enredo. Nada melhor do que forjar uma situação. Escolheu-se, como palco, Varginha, que preenchia todos os requisitos necessários, com a vantagem extra de que se os ufólogos fizessem aprofundadas pesquisas foi divulgada com qualquer alarde pela disdariam mais ênfase ao assunto”. Para Peralta, tribuidora. Aconteceu no Cine Rio Branco, encontrada a solução para o plano, alguns atores que possuía a segunda maior tela da Amése vestiram de ETs, foram às ruas e se deixa- rica Latina, hoje desativado e tombado pelo ram observar pelos moradores daquela pacata patrimônio histórico nacional, mediante pecidade mineira. Ao mesmo tempo, foram en- queno cartaz afixado na vitrine”, informou cenadas as capturas com outros atores vestidos Rodrigues. “O diretor do cinema, à época, de bombeiros e soldados. Depois, continua o informou que o público foi de 27 pessoas, autor, o imaginário popular tomou conta. “A apesar dos 1.200 lugares”. notícia rapidamente se espalhou, cresceu e Sabemos que o mistério valoriza o espeganhou contornos da mais absoluta verdade. táculo. Ao permanecer, quase uma década Uma parcela de sorte também ajudou o intento, depois, como um complexo quebra-cabeças, pois conseguiram não apenas um, mas dois repleto de contradições e desencontros, o ufólogos de renome que, com suas pesquisas, Caso Varginha vem a confirmar as proposideram credibilidade ao caso”. ções de Debord de que “o espetáculo, como organização social presente da paralisia Portadores da razão — Não sabemos nem da história e da memória, do abandono da temos condições de dizer se realmente foi história que se erige sobre a base do tempo assim que as coisas aconteceram, nem tam- histórico, organiza com mestria a ignorânpouco se, nesse caso, os ufólogos é que são cia do que acontece e, logo em seguida, o os portadores da razão. Oxalá um dia ve- esquecimento daquilo que pôde apesar de nhamos a conhecer a verdade. De qualquer tudo tornar-se conhecido. O mais importante forma, como concluiu Peralta, “tudo isso é é o mais escondido”. As testemunhas afiruma teoria tão absurda e, ao mesmo tempo, maram, sem incoerências ou discrepâncias, tão possível quanto a teoria da veracidade ter visto uma criatura não identificada e, ao do Caso Varginha”. Ubirajara Rodrigues que tudo indica, seus relatos são sinceros confirma que, embora pouca gente saiba, o e verdadeiros. A partir daí, no entanto, o filme Independence Day recebeu uma pré- fluxo de imagens, em sua dominância, deestréia exatamente na cidade de Varginha, terminou o ritmo daquilo que se manifesta tendo sido exibido uma semana antes do nela, como perpétua surpresa arbitrária, próprio lançamento em circuito nacional. não deixando margem a reflexões. Nesta “A sessão, que recebeu da mídia local e submissão permanente, encontra-se a raiz nacional quase total desprezo, e que não psicológica da adesão incondicional, descar-
Cláudio Tsuyoshi Suenaga é mestre em história
pela Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP). É consultor da Revista UFO e colaborador da revista Sexto Sentido. Se endereço é: Rua Otelo Augusto Ribeiro, 300/41, Bloco M, Guaianazes, 08412-000 São Paulo (SP). E-mail: claudio.suenaga@ufo.com.br. Julho 2005 – Edição Especial 34
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Reabrindo o Caso Varginha
Varginha no centro dos a Wallacy Albino, convidado
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ão resta dúvida de que o Caso Varginha foi o que teve enorme repercussão na comunidade ufológica de nosso país e no exterior. Ganhou notoriedade em todos os órgãos da impressa escrita e televisiva. Como já era de se esperar, por se tratar de um assunto bastante polêmico, a captura de seres supostamente provenientes de fora do nosso planeta, acabou virando motivo de piadas e chacotas em programas humorísticos como Casseta & Planeta e Sai de Baixo, ambos da Rede Globo de Televisão, entre outros que também exploraram o tema ET de Varginha de forma pejorativa. Mas tudo isso era previsível e esperado. O meio ufológico está acostumado a conviver com esse tipo de sarcasmo, principalmente por boa parte da mídia jornalística que sempre apela para o sensacionalismo barato e prefere ridicularizar o que não sabe explicar. O que não esperava, era encontrar no próprio meio ufológico colegas fazendo constantes críticas ao caso. O pior foram os comentários de ufólogos que não participaram diretamente das pesquisas na cidade de Varginha e que não tiveram contato direto com as testemunhas civis e militares, nem com os fatos ocorridos naquela época. A integridade dos profissionais envolvidos é suficiente para se ter certeza de que algo muito sério e fora do comum ocorreu por lá. Como contestar a seriedade e a credibi-
lidade de pesquisadores como Ubirajara Franco Rodrigues, Claudeir Covo e Marco Antonio Petit? Eles conduziram de maneira séria e com muito critério as investigações. Aqueles que pesquisaram em Varginha são unânimes quanto à autenticidade do caso. Não há ufólogos que tenham participado das investigações em 1996 que duvidem da captura de estranhas criaturas pelo Exército brasileiro. Uma das principais críticas é referente ao fato de se ter chamado de extraterrestres as criaturas capturadas naquela ocasião. Não bastasse a observação de objetos voadores não identificados naqueles dias no céu de Minas, temos também o depoimento de testemunhas militares que foram os principais informantes dos ufólogos. Elas afirmam ter recebido de seus superiores a confirmação de se tratarem realmente de criaturas extraterrestres. Os pesquisadores que participaram das pesquisas e tiveram contato com as testemunhas militares, ou assistiram a seus depoimentos gravados em vídeo, têm conhecimento disso. Portanto, se as autoridades do Governo envolvidas no caso chamaram os seres de ETs, porque nós ufólogos que convivemos e acreditamos no fenômeno iremos descartar essa probabilidade? Aceitamos ter caído uma nave em Roswell, Estados Unidos, mas duvidamos da queda de outra em nosso quintal.
Contradições dos militares — Algo muito bom
para ser verdade é claro, mas pode ter ocorrido e essa afirmação não é baseada no depoimento de uma única testemunha ocular. Há realmente uma relação ufológica no caso. Em 1996 recebi convite para ir até Varginha auxiliar o ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues e o pesquisador Clau-
deir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigações de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), co-editor de UFO, na investigação de detalhes do Caso Varginha. Tive a honra de compartilhar o desenrolar dos acontecimentos também com outros ufólogos que admirava e respeitava já há algum tempo, como Eduardo e Osvaldo Mondini, entre outros. Dessa forma pude conhecer a seriedade com que eles conduziam a Ufologia. O caso começava a parecer muito sério e de importância fora do comum, pois estávamos lidando com instituições militares, que claramente tentavam abafar o que aconteceu. Tive contato com testemunhas sinceras. Observei lágrimas escorrerem dos olhos das irmãs Liliane e Valquíria, ao recordarem sua inusitada experiência de estar a poucos metros de uma criatura desconhecida. Presenciei o espanto e temor de uma das testemunhas militares quando corajosamente deixava gravar seu depoimento em vídeo. Em minha memória está vivo o dia em que recebemos a visita de John Mack, falecido psiquiatra e professor na Universidade de Harvard (EUA), especialista em casos de abduções, que após interrogar as três garotas afirmou que rasgaria seu diploma de médico caso elas estivessem mentindo. Vários fatores demonstram a realidade de algo estranho acontecido em 20 de janeiro de 1996, em Varginha, com acobertamento por parte de nossas autoridades. O mais notável é a contradição em que caíram os porta-vozes da Escola de Sargento das Armas (ESA). Segundo testemunhas, inclusive alguns militares que deram depoimento em sigilo, o Exército esteve envolvido na captura e no transporte das criaturas de
A silhueta da cidade de Varginha. Uma pacata e progressista cidade do sul de Minas Gerais vira notícia em todo o planeta
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Reabrindo o Caso Varginha
acontecimentos mundiais Nada de anormal — No dia 08 de maio de 1996,
quando o caso ainda fervia no sul de Minas, o general de brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da ESA na ocasião [Atualmente está na reserva e residindo em Campo Grande], veio a público ler um comunicado à imprensa. Em nota, afirmou que “nenhum elemento ou material da escola teve qualquer ligação com os aludidos acontecimentos daquele dia, sendo inverídica toda e qualquer comunicação contrária”. Disse ainda que nada de anormal havia ocorrido na cidade em janeiro de 1996. Tempos depois foi ao ar uma reportagem da Transmedia Productions, de Londres, em um programa veiculado pelo Discovery Channel e exibido no Brasil em 1999 na série Semana da Invasão Extraterrestre. O major Calza, que estava ao lado do general Lima quando este leu a nota oficial da ESA à imprensa, veio com uma nova versão. A Escola de Sargentos já admitia estar envolvida com os acontecimentos na cidade de Varginha, mas Calza afirmou que naquela data um rapaz, anão, deformado e retardado mentalmente, que estava muito machucado devido a uma chuva de granizo que havia ocorrido na localidade, foi confundido pela população como algo estranho. Segundo ele, haveria também uma anã que estava grávida e fora levada com caminhão do Exército, juntamente com o marido, também anão, para o Hospital Regional. Não bastasse essa história, um tanto bizarra e fantástica, du-
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rante a entrevista o major acabou deixando escapar a seguinte frase: “Foi então que nós pegamos a criatura”. Ou o militar é uma pessoa preconceituosa a ponto de achar que um anão não é um ser humano, e sim uma criatura, ou então acabou se perdendo nessa desculpa absurda que tentava passar à imprensa. O Caso Varginha foi o grande marco da Ufologia Brasileira, digno de uma das melhores histórias de Arquivo-X. Se for ou não mais relevante que o Caso Roswell, pouco importa, não se trata de uma competição. O importante é que nossa Ufologia não o deixe cair no esquecimento. No futuro surgirão testemunhas revelando novos detalhes dessa história. O estudo ufológico no Brasil cresceu graças à grande divulgação que o caso mereceu, e mostrou a seriedade com que os ufólogos realizam suas pesquisas sem temer represálias. Como disse certa vez o pesquisador Rodrigues: “Os ufólogos não estavam brincando de fazer Ufologia”. Wallacy Albino
Varginha para a ESA e depois para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Oficiais de alta patente acabaram se contradizendo quando tentaram justificar o acontecido.
Muitas perguntas e poucas respostas — As
pesquisas continuam. Muitos fatos relacionados ao caso ainda estão para serem descobertos. Ainda não sabemos de tudo o que ocorreu ou que fim levaram tais criaturas. Onde foram parar depois de Campinas? Até que ponto os EUA estiveram envolvidos nesse caso? O soldado Marco Eli Chereze, que morreu após ter contato com a criatura, serviu de cobaia? Houve mesmo a queda de uma nave? E a criatura que apareceu
O major Calza, que, ao lado do general Sérgio Lima, deu à imprensa uma versão estapafúrdia para o Caso Varginha: a que a população da cidade confundiu os seres com um anão deformado e retardado, e também com uma anã que estava grávida
dois meses depois no zoológico da cidade? Como tudo na Ufologia, temos muitas perguntas e poucas respostas, mas as continuaremos buscando e só teremos êxito se a Comunidade Ufológica Brasileira se unir em torno de um objetivo comum – o de descobrir a verdade sobre tudo que aconteceu em Varginha. O tempo será o senhor da razão e a verdade um dia virá à tona. A Ufologia Mundial reconhecerá os esforços dos ufólogos de nosso país, que, unidos, estiveram lutando para encontrar as evidências. É nosso direito de cidadão saber a verdade. Os esforços de todos os que colaboraram com as pesquisas e que continuam correndo atrás de informações não terá sido em vão.
Wallacy Albino é coordenador do Grupo de
Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS), apresentador do programa Fenômenos & Mistérios, que é exibido todas as terças-feiras ao vivo no site www.tvdl.com.br, e consultor da Revista UFO. Seu endereço é: Rua Manoel Fernandes Junior 157, Jardim Ideal, 11410-110 Guarujá (SP). E-mail: wallacyalbino@uol.com.br.
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Uma trágica m no Caso Vargin
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Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
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Ubirajara Franco Rodrigues
O policial militar Marco Eli Chereze, falecido misteriosamente com apenas 23 anos após participar da captura de uma das criaturas vistas em Varginha
edição 102 da Revista UFO publicou uma entrevista concedida por Cesário Lincoln Furtado, cardiologista, perito judicial e médico do trabalho, que atendeu o policial Marco Eli Chereze quando este foi hospitalizado e dias depois morreu. Como se sabe, Chereze – que era do serviço de inteligência da Polícia Militar, o tal P-2 – agarrara com as mãos desprotegidas uma das criaturas, na noite de 20 de janeiro de 1996, em Varginha (MG). Porém, foi operado para a retirada ou punção de um abscesso na região da axila direita, por um tenente médico da corporação. Familiares de Marco Eli Chereze pediram abertura de inquérito policial para
apuração da morte. Transformando-se em processo-crime contra o médico, os autos foram enviados à Justiça Militar, que terminou no mês de abril. Tentando oferecer ao leitor e aos ufólogos dados que possam contribuir para o esclarecimento da morte do rapaz, que se tornou um dos principais pontos controversos do Caso Varginha, apresentamos a seguir um resumo das declarações do doutor Furtado, bem como o desfecho do processocrime, na Justiça Militar, que teve como réu o tenente médico que retirou um abscesso da axila do policial Chereze, o que causou forte suspeita sobre a causa da morte. O policial foi atendido na unidade Prontomed do Hospital Regional pelo cardiologista Armando Martins Pinto, no dia 12 de fevereiro de 1996. Entrou com dor na região lombar, bastante intensa, foi internado e encaminhado ao Hospital Bom Pastor. Lá foi atendido por um médico residente da cardiologia, que pediu alguns exames. No dia seguinte, foi avaliado com pedido de alguns exames complementares, já que continuava com dor na região lombar. Foi pedido exame de urina, raios-X da coluna lombo sacra, e a avaliação de ortopedista, já que a dor era intensa e havia suspeita de hérnia de disco. O ortopedista disse que não havia nenhuma alteração e que o problema era outro. Continuou a investigação da causa da dor e da febre, que começou a aparecer concomitante à dor. Os exames de sangue mostraram um hemograma com leucocitose, desvio à esquerda e granulações tóxicas nos neutrófilos. Isto é sinal de uma infecção importante, com alta capacidade de provocar toxemia, tanto é que tinha granulações tóxicas. Foram ministrados dois antibióticos, penicilina e gentamicina, porque houve suspeita de pneumonia, devido à localização da Julho 2005 – Edição Especial 34
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dor, ou infecção urinária. Os antibióticos poderiam cobrir as duas possibilidades. Mais tarde, no dia 13, ele foi reavaliado. E permaneceu no mesmo estado.
Dor, febre e imunodeficiência — Chereze
passou o dia seguinte, 14, com dor e febre, mas em estado razoável. Até que no dia 15 pela manhã acordou com quadro de cansaço, torpor, sinais de cianose, configurando-se uma bacteriemia com possível quadro de septicemia. Foi imediatamente transferido para a CTI do Hospital Regional, onde foi atendido e medicado. Lá um dos primeiros exames pedidos foi o HIV, porque percebeuse que ele possuía uma imunodeficiência. Ora, uma simples infecção urinária, ou pneumonia, ou ambas, não levaria uma pessoa a uma septicemia, tomando dois antibióticos. Isto é quase impossível. Só nesses quadros de imunodeficiência. A imunodeficiência mais comum hoje em dia, principalmente em rapazes jovens seria a AIDS. O exame veio negativo – ele não tinha AIDS. Policial morre mesmo com intenso tratamento, no CTI, tomando os antibióticos. Seu quadro séptico foi piorando e ele não teve nenhuma melhora com todo o recurso terapêutico que podia ter sido utilizado no instante. Esse quadro intrigou todo mundo. O corpo foi levado à autópsia, que demonstrou infecção urinária por enterobacter. A cultura de urina, pedida no Bom Pastor, que ainda não havia chegado, confirmou a infecção. Também uma infecção pulmonar, por outra, uma pequena pneumonia. A urinária teria causado a septicemia, pois a pulmonar era tão pequena que seria quase impossível causar o quadro. A punção de seu abscesso trouxe dúvida sobre a morte. Passados alguns dias, Edição Especial 34 – Julho 2005
a irmã do policial disse que os familiares estavam proibidos de falar, mas que o rapaz, alguns dias antes, teria sido um dos militares que ajudou a capturar uma criatura desconhecida em Varginha. Disse que esse trabalho lhe rendeu um machucado em uma das axilas, que gerara um abscesso. A drenagem da ferida foi feita no Hospital Bom Pastor. Esse abscesso, na época da internação, já estava praticamente curado, não havia mais secreção e não estava mais aberto. A bactéria encontrada na axila, na época da drenagem, não foi a mesma da no rim, causando a infecção urinária, nem no pulmão. Foram outras bactérias totalmente diferentes. A encontrada no braço foi estafilococo, que é uma bactéria comum na pele,
que qualquer cabelo inflamado, pequena infecção de pele ou espinha, pode causar. A drenagem foi feita normalmente, sem nenhuma intercorrência.
Causa de morte desconhecida — A morte desse
rapaz não ficou esclarecida, pois a infecção era relativamente simples. Dias antes, o rapaz demonstrava uma saúde muito boa, nunca tendo histórico de difícil tratamento que pudesse justificar uma imunodeficiência há mais tempo. Poderia ser uma imunodeficiência congênita, mas ele não tinha. Senão, não teria chegado a 22 anos, saudável. A chance dele ter morrido quando ainda menino seria muito maior. Qualquer doença pode matar alguém com imunodeficiência, não sendo possível uma pessoa viver 22 anos sem contato com nenhuma infecção, sem nada, com um quadro assim. Todos nós podemos ter infecção, ou não, depende da nossa resistência. O imunodeficiente não tem muita resistência. Então, com certeza, ele não tinha, ou não estava com imunodeficiência no dia em que morreu. Por este motivo, e com 22 anos, o problema certamente foi adquirido. Mas sobre a causa de como adquiriu, ninguém tem comprovação ainda. Não foi a pneumonia, não foi a infecção urinária, não foi o abscesso. Foi imunodeficiência com certeza. Um laudo do Laboratório de Análises Clínicas acusou no hemograma “presença de vacúolos citoplasmáticos. Presença de granulações tóxicas finas em 8% nos neutrófilos. Discreta poiquilocitose”. Essas granulações aparecem nos neutrófilos de uma pessoa que está sendo atacada por uma bactéria com alta virulência. Isto poderia chegar a 50 ou 60%, e no laudo mostra 8%, porque foi o primeiro exame de sangue. O resultado já mostra a presença de infecção e foi o que fez com que fossem ministrados os dois antibióticos. Essas granulações não estão sempre presentes em casos de contaminação, mas falam a favor de uma infecção importante e grave. Não denotam nada de desconhecido ou inexplicável, porque são freqüentes nas infecções graves. Ubirajara Franco Rodrigues
morte nha
O aspecto mais grave de todo o impressionante repertório do caso é a morte do policial militar que capturou um dos seres
O doutor Cesário Lincoln Furtado, cardiologista, perito judicial e médico do trabalho que atendeu o policial Marco Eli Chereze quando este foi hospitalizado e, dias depois, morreu
Bactéria fatal — Prevalecia uma in-
fecção de fundo renal, em virtude da presença da enterobacter. É importante observar que em menos de 20 dias três bactérias atacaram o policial, coisa muito rara. Uma infecção urinária, de garganta ou de pele em um jovem de 22 anos é normal. Mas três bactérias, não. Três, porque havia uma no braço uns dias :: www.ufo.com.br :: 31
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gado de polícia que enviou o inquérito para a Justiça, Ainda falta encontrar a primeira notícia do absuma explicação clara para cesso data de 06 de fevereiro de 1996. Supõe-se que a morte súbita de um rapaz em tal data o incômodo da sadio, como Chereze inflamação forçou o policial a procurar o tenente médico da polícia. Do — CESÁRIO LINCOLN FURTADO, auto de necropsia consta cardiologista a presença de uma ferida incisa de meio centímetro de diâmetro, na região axilar direita. Costagliola também desejou saber quantos dias após o contato com o estranho ser o policial começou a sofrer do incômodo na axila. Não temos esses uma morte estranha, sem explicação clara. dados. Valéria informou que o marido começou a reclamar do abscesso um ou dois Em minha vida profissional, já vi duas dias antes de 06 de fevereiro, mas não tem pessoas em torno de 25 anos morrerem de infecção assim. Mas todas tinham imu- certeza. Como se sabe, o tumor sofreu a pequena intervenção cirúrgica no dia seguinte, nodeficiência, e tiveram o baço extraído (esplenectomia) por acidente no passado. 07 de fevereiro. A bactéria isolada ao nível Isto causa imunodeficiência e leva a pessoa do foco pulmonar foi a enterobacter aeróa morrer rapidamente se, nesta situação, genes. O médico Cesário Lincoln Furtado se contrai um quadro de septipneumonia. informa ainda que a mesma bactéria do pulmão foi isolada no sangue, apesar de Mas não foi o caso de Chereze. ter sido isolada também a enterobacter sp. Médico faz esclarecimentos — O doutor Cesá- O policial teve bacteriemia, que se transrio Lincoln Furtado, que atendeu o policial formou em septicemia. quando dos primeiros sintomas, novamente procurado pela Revista UFO, esclareceu que Penicilina e gentamicina — “Foi praticado um antibiograma de cada uma das bactérias realmente não mais existia abscesso quando Chereze deu entrada no hospital. Ou seja, o isoladas”, responde Furtado ao francês Coslocal encontrava-se totalmente cicatrizado, tagliola. As bactérias não eram resistentes à simplesmente não mais havendo qualquer penicilina e à gentamicina, mas eram sensíveis. Assegura ainda Furtado que, desde sinal da inflamação. Informou também que recebeu várias ligações e e-mails após a pu- o início do tratamento em Chereze, foram ministradas no policial penicilina e gentablicação de sua entrevista na revista. Para micina, até mesmo antes do resultado do ele, em geral, a correspondência ratificava suas declarações e por vezes complemen- antibiograma – que confirmou que as bactérias estavam sensíveis. Mesmo assim, o tava com comentários relevantes o que ele policial não melhorou. Furtado volta a deshavia declarado. Foi para o doutor Furtado surpreendente notar o grande número de pro- tacar com ênfase: “Ora, esse é o problema. fissionais da área médica que se interessam As bactérias estavam sensíveis a ambos os antibióticos. É aí que falta a explicação”. pelo Fenômeno UFO. “Muito mais gente Ressalta novamente que, no processo que do que eu imaginava me procurou, pois de causou a morte do policial, não havia o esuma forma ou de outra tiveram acesso à tafilococo – a bactéria foi isolada, mas não minha entrevista na UFO”, disse. Através do hipnólogo Mário Rangel, estava presente no processo da bacteriemia ou septicemia. Só havia no local do abscesso, de São Paulo, o médico francês Jacques este que, aliás, nem mais existia. Costagliola, estudioso dos casos de alegada O francês desejou saber, finalmente, se a violência a seres humanos em ocorrências ufológicas, enviou algumas indagações axila era do mesmo lado da mão que tocou principalmente dirigidas ao doutor Fur- na criatura sem luva. Disso a Ufologia não tado. Ele perguntara em que dia, entre 21 está informada. Sabe-se tão somente que de janeiro e 12 de fevereiro de 1996, teria Chereze agarrou o ser com as mãos desaparecido o abscesso na axila de Chereze. providas de luva. Mas não se a teria tocado Pelos depoimentos colhidos de familiares, com apenas uma das mãos, muito menos se apenas com a direita, sendo que o abscesso principalmente de sua esposa Valéria, bem como pelo que consta do relatório no dele- encontrava-se na região desta axila.
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antes, que desapareceu em seguida. Depois, a infecção urinária com esse enterobacter, que veio a matálo – e havia também uma no pulmão. A microrganismo presente na pústula da axila, ou do braço, estava mesmo debelado e havia desaparecido. Na época da internação já não havia mais nada, só a cicatriz. Não há qualquer possibilidade desta bactéria tê-lo matado, porque a encontrada na axila foi uma e, a da infecção urinária, foi outra. A primeira foi encontrada só na pele, que é seu ambiente normal. Não é comum que a enterobacter seja adquirida pela epiderme numa lesão qualquer. Essas são bactérias que vivem no aparelho digestivo, no aparelho urinário, até na garganta ou faringe. Estão em equilíbrio, em situação de não causarem infecção. Mas é só cair a defesa do organismo que elas se multiplicam e atuam. A bactéria que pode ser adquirida pela pele pode chegar a matar, se alguém tiver uma pneumonia ou mesmo uma infecção urinária com estafilococo. Se a pessoa estiver imunodeprimida, qualquer bactéria pode matá-la. Foi certamente uma infecção surpreendente. A causa mortis imediata de Chereze foi precisa, aquilo que causou a morte no instante desta. O que levou a tal situação é que não foi esclarecido. Com certeza, uma imunodeficiência. Mas é de se supor o grau de estranheza de haver o ataque de três bactérias naquele espaço de tempo, em locais do organismo diferentes. Analisando-se bem a maneira como as coisas aconteceram, não temos uma explicação clara para a morte do rapaz. Será que ele teria adquirido a infecção no contato com o ser, através de um corte na pele? Ou que acabou com sua resistência de forma rápida? Porque foi uma coisa bem rápida. Um abscesso pode até dar septicemia, mas não mata ninguém. E qualquer antibiótico cura. Não foi o caso. Não foi a bactéria que entrou pelo braço que provocou a infecção. A não ser que fosse uma bactéria totalmente desconhecida, o que é pouco provável. Agora, se por ali entrou alguma outra coisa, desconhecida também, que tirou a imunidade dele, é pergunta também sem resposta. Sobre o tipo de coisa que poderia ocasionar tal situação pode-se ir desde um veneno a algo injetado em seu corpo. Poderia ser tétano, mas este se conhece e se cura. Foi certamente algo que em seu organismo e lhe tirou a resistência. Foi
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Morte do policial militar leva médico do Exército a novo esclarecimento contágio pela pele de eventual substância tóxica que atacou os glóbulos vermelhos. No entanto, o doutor editor convidado Cesário Lincoln Furtado, que também atendeu ao policial falecido, não concorda com a tese. Ele acredita não cirurgião e tenente médico que haver qualquer relação entre essas coisas. Discordou procedeu à punção do abscesso em também da afirmação de que poderia demorar alguns uma das axilas do policial Marco Eli dias para se concretizar o processo, mas que, quando Chereze foi indiciado em inquérito este ocorre, é fulminante. pelo delegado de Polícia Civil de VarPara ele, isso não é verdade, muito pelo contrário. ginha. Mas o processo recebeu do promotor de “Se um contágio assim ocorresse pela pele, as pessoas esJustiça parecer no sentido de que a competência tariam fulminadas todos os dias”, disse Furtado. Chegou para julgar a ação seria da Justiça Militar, uma a haver dúvida sobre a culpa do médico cirurgião do vez que a operação tinha sido efetuada por um Exército, por não ter providenciado a raspagem dos militar, em outro militar. Somente esse médico pêlos próximos cirurgião tornou-se réu no Caso Varginha. O da axila do poliprocesso contra ele durou mais de oito anos, cial, o que poderia de 20 de fevereiro de 1997, quando o delega- ter desencadeado do enviou o inquérito ao fórum de Varginha, até a sentença na Justiça Militar, em 25 de fevereiro deste ano. O tenente médico foi absolvido por ter ficado provado que a bactéria que matou o soldado não foi a encontrada na axila, no local da intervenção. O advogado que o defendeu, Hugo José de Oliveira Filho, declarou à Revista UFO que o fundamento da sentença realmente foi a total inexistência de prova do alegado crime. O promotor de Justiça que atuou no processo chegou a pedir a absolvição do médico denunciado, por haver dúvida entre os laudos colhidos, no tocante ao procedimento cirúrgico. Porém, Algumas das muitas lesões que uma infecção pela o advogado de defesa defendeu a tese de que, bactéria staphylococus pode causar no ser humano. mais do que isso, ficara provada a inexistência No detalhe, ampliação do microrganismo, um dos de nexo causal entre a cirurgia e a morte. Por- que foi encontrado no corpo de Chereze tanto, total falta de prova do crime. uma infecção grave. Porém, os pareceres de médicos As provas do processo — A inexatidão é fato e de peritos, colhidos nos próprios autos da ação penal, divergiram quanto a isso. O Conselho Regional comum em atividades científicas, assim como procedimentos médicos são diversificados no de Medicina do Estado de Minas Gerais, através do tocante a certos tipos de intervenções cirúrgicas, conselheiro Raul Franco Filho, respondeu a indagação do juiz que presidia o processo, informando que a desde as mais simples. Por isso que, no inquérito boa técnica cirúrgica prevê que, para a execução da policial destinado à apuração das condições em que drenagem de abscesso na axila, inicialmente procedase deu a morte de Chereze, um dermatologista ser à anti-sepsia da região com limpeza da mucosa e prestou depoimento informando que uma infecção raspagem de pêlos – tricotomia. pelo sangue – onde os glóbulos vermelhos foram O juiz auditor da primeira auditoria militar estadual infectados e atacados pelos glóbulos brancos – a de Belo Horizonte, que presidiu o processo, nomeou presença de granulações tóxicas finas poderiam então o tenente-coronel da Polícia Militar José Ricardo denotar sim um contágio pela pele. Ou seja, um
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Journal of Microbiology
Fotos Dermatology Review
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de Paula Xavier Vilela, da junta central de saúde da PM mineira, como perito. Respondendo aos quesitos apresentados, o médico Vilela atestou que o consenso na literatura cirúrgica, quanto à raspagem de pêlos no campo operatório, é de que ela deve ser feita em cirurgias limpas, o que não foi o caso de Chereze. Mesmo assim, não é obrigatória, devendo ser realizada imediatamente antes do ato operatório para evitar colonização de pele em locais de microlesão, que acontece com a raspagem.
Raspagem não aconselhada — O perito afir-
mou ainda que em cirurgias infectadas, como a do caso do policial, vez que se tratava de abscesso, deve-se evitar a raspagem. “Isso porque as microlesões da pele, causadas pela raspagem, podem facilmente se contaminar pelas bactérias que estão drenando do foco de infecção”, afirmou. O uso de antibióticos, não obrigatório em cirurgias limpas, ocorre em procedimentos infectados e podem ser ministrados antes, durante ou logo depois do procedimento. Ainda segundo o perito, nos casos de drenagem de abscesso a utilização de antibióticos não é sempre obrigatória, “uma vez que o abscesso forma como que um ‘cisto’ que o separa do tecido são, ficando sua utilização a critério do que o profissional observa durante a drenagem, em relação aos tecidos que o circundam”. De fato, portanto, ficou evidenciado em todos os procedimentos médicos que a incisão para retirada do abscesso já estava cicatrizada, com coloração normal e sem inchaço, quando Chereze deu entrada no hospital. Ficou também confirmada a origem das bactérias que levaram o policial à morte. A perícia médica no processo destacou que, nos dados disponíveis, foram identificadas duas bactérias de caráter patogênico – causadoras de doenças. A enterobacter sp, na urina, e a enterobacter aerógenes, no pulmão. Além delas, foi encontrada a staphylococus scheleferi, na lesão da axila. Neste ponto, o perito foi claro e objetivo: a bactéria encontrada no pulmão, a mais suspeita de ter causado a septicemia, foi a mesma da urina, e não a da axila. Segundo o perito, a cicatrização no local da intervenção é um forte indício de controle da infecção. “Ora, se houvesse manutenção do dano aos tecidos, causado pela infecção, seria de se esperar que houvesse drenagem de secreção em pelo menos algum ponto de cicatrização”, encerrou o perito. Por fim, o laudo pericial esclareceu que o controle da infecção no interior do tecido de Chereze só se pode confirmar após a cultura de material retirado. :: www.ufo.com.br :: 33
Uma dúvida ai não esclarecid
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Ubirajara Franco Rodrigues, editor convidado
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inda que esta edição de UFO Especial não tenha por finalidade contestar ou confirmar os comentários dos pesquisadores que assinam seus artigos, o incidente envolvendo a Polícia Militar de Minas Gerais na morte de um rapaz, encontrado enforcado numa das celas da cadeia municipal de Varginha, acabou sendo realmente uma explicação preferida pelos habitantes da cidade para o episódio. Por isso, merece ser exposto em detalhes. Em julho de 1996, o administrador dos hospitais Regional e Humanitas, Adílson Usier Leite, concedeu entrevista ao repórter Goulart de Andrade e, após meses negando o movimento de viaturas militares nos hospitais, em 20 de janeiro, resolveu fazer uma intrigante declaração. “Na ocasião, teve um rapaz da sociedade que, estando numa boate e havendo lá um
Joseph Drivas
O Caso Varginha é um importante fato para deflagrar uma análise mais consistente e realista sobre presenças desconhecidas em nosso planeta e suas implicações
desfalque no caixa, teria sido acusado como responsável. Levaram-no para a cadeia e, uma hora ou uma hora e meia depois, encontraram-no morto, enforcado. A família achou que fôra a polícia e criou uma polêmica”. Leite disse que foi preciso, tempos depois, fazer a exumação do corpo e que, exatamente nesse dia, era necessário realizar raios-X do cadáver, porque a família achava que o rapaz havia sofrido uma fratura de vértebra. “Aí os legistas pediram se poderiam fazer os raios-X no hospital. Eu disse que sim, desde que colocassem o cadáver num invólucro ou algo assim, pois estava enterrado há vários dias e cheirava mal”. Segundo Leite, eles o colocaram num saco, mas como o mesmo não teria cabido no rabecão, acabaram trazendo-o em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros, que foi seguido por viaturas da Polícia Militar e da Polícia Civil, em cortejo. Julho 2005 – Edição Especial 34
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inda da
Sobre o assassinato e captura de seres em Varginha, a pergunta que se faz é: qual fato serviu para encobrir o outro?
“Foi naqueles dias” — Naturalmente, mui- iniciava suas alegações por afirmar que a
tas pessoas acompanharam as manobras. incomum presença de policiais, militares e “Vieram várias pessoas para cá [Hospital viaturas na realidade fora devida à exumaRegional] e para o IML, que fica nos fun- ção de corpo, o que só ocorreria no dia 30 dos do hospital, e elas tiveram que passar de janeiro. Quando o repórter Goulart de pela cidade. Então, acredito que o povo Andrade perguntou a Leite se aquele moviviu esse cortejo, assim como muita gen- mento diferente se dera entre os dias 20 e 21, o entrevistado insistiu que a movimentação te aqui no hospital, e deve ter pensado algo”. O fato teria se dado às 22h00 ou fora devida à exumação e não titubeou: “Foi exatamente naquele dia”. Minutos depois 23h00, mas não dia 20 de janeiro. “Foi demonstrou dúvida sobre a data, afirmando naqueles dias”, finalizou Leite. Mas sua versão não se sustenta, pois a exumação, que não se tratava do dia 20, mas que fora que de fato ocorreu, deu-se em 30 de ja- “nesses dias”. Isso deixaria qualquer um à neiro de 1996, dez dias após os principais vontade para achar no mínimo curioso que acontecimentos do Caso Varginha. É pú- Leite fizesse questão de atrelar a inusitada movimentação à necropsia empreendida no blico e notório que os comentários sobre o episódio iniciaram logo no próprio dia 20, cadáver. Ora, bastaria que o diretor continuasse negando tal movimentação, que começando a ganhar maior repercussão já teoricamente nada teria a ver com o que na segunda-feira, 22. pessoas diziam ser “o tal extraterrestre”, A exumação do corpo do rapaz, preso numa boate sob a alegação de que se apo- segundo suas palavras. derara de uma quantia em dinheiro – cujas iniciais são J. M. M. F. –, foi um dos even- Contradições absurdas — Mais absurdas do que a contradição da data foram as outras tos paralelos escolhidos às pressas para assertivas do entrevistado, tais como dizer coincidirem com muitos aspectos do Caso que o movimento deveu-se à presença de Varginha, mormente a justificativa de uma movimentação excessiva antes negada e re- vários legistas, das polícias Militar e Civil e o cortejo. Pois que não houve, quando pentinamente admitida com a consciência de da exumação comentada, nenhum corteque não mais seria possível escondê-la – e não ao contrário. A hipótese de que o caso jo. A advogada contratada pela família do morto, doutora Elizete Carvalho, que prefoi algo estimulado ou mesmo inventado senciou a exumação e os exames desde para encobrir o incidente da morte não se sustenta por simples questão cronológica. os primeiros atos, afirma que não ocorreu qualquer aglomeração no hospital. O AuMesmo que se considere que o brasileiro tenha memória curta, como se diz, é fato que, to de Exumação, datado de 30 de janeiro de 1996, registra a presença de apenas desde o dia 20 de janeiro, até por volta do dois legistas da vizinha cidade de Alfefinal da manhã de 22, muito se comentava nas, de um tenente da Polícia Militar, do na cidade sobre a estranha movimentação e delegado adido à Corregedoria Geral de até a interdição de algumas alas do Hospital Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, Regional e, depois, do Humanitas. Veículos de comunicação do sul de Mi- de outro advogado também constituído nas Gerais já noticiavam as manobras. Mas, pela família e de um assistente jurídico da Polícia Militar. Somente. no entanto, o administrador dos hospitais Edição Especial 34 – Julho 2005
A viatura do Corpo de Bombeiros, chamada para envolver o corpo em um invólucro apropriado, não foi até o Hospital Regional para as radiografias. O outro advogado, doutor Antonio Chalfun, informou que do cortejo fizeram parte apenas o automóvel de sua colega, em que ele também foi, um carro da Polícia Militar, outro da Polícia Civil e o rabecão, assim conhecido o veículo de transporte do Instituto Médico Legal, em que o corpo foi conduzido. Também é importante observar que Adílson Usier Leite deu sua primeira resposta afirmando que logo “...quando começou a polêmica na mídia, disseram que tinha vindo para cá uma criatura”. Isso, indubitavelmente, coloca o fato escolhido para a explicação a exumação, passados oito dias, como irrelevante. Ainda que fosse pouco provável a hipótese, Leite não admitiu que viaturas do Exército teriam feito parte da movimentação no Regional, a não ser carros da polícia, por ocasião da exumação. Já por parte da Escola de Sargentos das Armas (ESA) sempre houve negativa pura e simples de participação nos episódios, quer de seus componentes, quer de seu material e veículos. De repente, depara-se com a inusitada declaração de Leite, que tenta justificar com absurdos o que se afirma ser absurdo. Não bastasse o que já fôra apontado, volta à tona o que disse o próprio comandante do Corpo de Bombeiros, que permite a afirmação de que tais contradições não se trataram de meros enganos das instituições que a tudo negaram, mas de uma evidente tentativa de afastar do conhecimento público algo extraordinário. O capitão Pedro Alvarenga declarou à repórter Danielle Naves de Oliveira, da Revista UFO que “o fato complicou porque no dia que falaram dessa captura houve a exumação de um cadáver na cidade e a família da vítima acha que a própria polícia matou o rapaz”. Novamente, eis o capitão afirmando que a exumação ocorrera no dia 20 de janeiro. Não foram os ufólogos que afirmaram a inverdade contida na razão oferecida pelo administrador Adílson Usier Leite para a movimentação militar no Hospital Regional – foi o próprio comandante da guarnição. “A unidade dos bombeiros de Três Corações tem mais contato com o Exército. Portanto, ela poderia ter sido acionada para alguma operação de instrução com a ESA ou feito o transporte dessa vítima”, disse o comandante. :: www.ufo.com.br :: 35
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Julho 2005 – Edição Especial 34
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Edição Especial 34 – Julho 2005
Reabrindo o Caso Varginha
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VEJA COMO FAZER PEDIDO E A NOVA FORMA DE COBRANÇA DE FRETE Você pode adquirir os produtos da seção Suprimentos de Ufologia através do cupom abaixo ou no site da Revista UFO [www.ufo.com.br]. Nesse caso, siga as instruções contidas nele. Para fazer seu pedido através do cupom abaixo, preencha-o de maneira bem legível com os códigos e preços dos itens desejados e escolha a forma de pagamento. Você pode pagar seu pedido de várias formas, à vista ou em 3 parcelas iguais (nos cartões Visa, Mastercard e Diners). Depois de preenchido, recorte ou xerografe
o cupom e encaminhe ao Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), no endereço abaixo. A remessa dos produtos é imediata e o recebimento se dá em média entre 8 e 14 dias após o envio, como encomenda registrada. A partir de agora você paga taxa única de R$ 12,50 como frete, por qualquer quantidade de itens solicitados. Os associados ao CBPDV têm 20% de desconto em todas as compras. Veja na hora de fechar o pedido como proceder para garantir seu desconto.
Formas de Pagamento: Cheque nominal — Ao Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV). Pode ser colocado dentro do mesmo envelope que você usar para enviar seu cupom de pedido. Não aceitamos cheques pré-datados.
Junho/Julho 2005 Edição Especial 34
Vale postal — AoCentroBrasileirode Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), que deve ser obtido nas agências dos Correios. Não confundircomreembolsopostal, que não é aceito. Boleto bancário — O Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) pode enviar se você indicar essa opção no cupom. Você terá então 15 dias para pagá-lo, quando então encaminharemos os produtos. Cartão de crédito — São aceitos todos, exceto American Express. Com Visa,MasterouDinersvocêpodeparcelar em 3 vezes. Em qualquer caso, preencha os dados do cartão. Depósito bancário — Nas contas do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) nos bancos Bradesco ou Itaú, abaixo relacionadas. Depois remeta o comprovante do depósito no envelope que você usar para enviar seu pedido, ou por fax. Bradesco — Agência 2634 — Conta 12800-7 Itaú — Agência 1023 — Conta 32760-2 CNPJ — 07.006.291/0001-74
Recorte ou xerografe o cupom e remeta-o para:
Nossos endereços e meios de comunicação: Correspondência: Caixa Postal 2182 Campo Grande (MS) CEP 79008-970 Brasil
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Aldo Novak Guarulhos Alexandre Calandra Americana Alexandre Carvalho Borges Salvador Alonso V. Régis Morro do Chapéu Ana Santos Salvador Antonio P. S. Faleiro Passa Tempo Arismaris Baraldi Dias São Paulo Ataíde Ferreira da Silva Neto Cuiabá Atila Martins Rio de Janeiro Atílio Coelho São Paulo Carlos Airton Albuquerque Fortaleza Carlos Alberto Machado Curitiba Carlos Alberto Millan São Paulo César Vanucci Belo Horizonte Chica Granchi Rio de Janeiro Cláudio Brasil São Paulo Cláudio T. Suenaga São Paulo Dom Fernando Pugliesi Maceió Elaine Villela Niterói Elisângela Anderson Pelotas Eloir Varlei Fuchs Itaqui Fernando A. Ramalho Brasília Francisco Baqueiro Salvador
Gener Silva Araçatuba Gilberto Santos de Melo João Pessoa Guillermo Gimenez Buenos Aires Jackson Camargo Curitiba Jayme Roitman São Paulo Jeferson Martinho São Paulo João Oliveira Campo dos Goitacazes Jorge Facury Ferreira Sorocaba José Antonio Roldán Barcelona José Estevão M. Lima Belo Horizonte José Ricardo Q. Dutra Barbacena José Victor Soares Gravataí Júlio César Goudard Curitiba Laura Maria Elias São Paulo Liliana Núñez Santiago do Chile Luciano Stancka e Silva São Paulo Márcio V. Teixeira Lisboa Marco Túlio Chagas Belo Horizonte Marcos César Pontes Houston Marisol Roldán Barcelona Martha Malvezzi Leal São Paulo Michel Facury Ferreira Sorocaba Míriam Porto Heder Campo Grande
Nelson Vilhena Granado São Paulo Pablo Villarrubia Mauso Madri Paulo Rogério Alves São Paulo Paulo Santos São Paulo Pedro Luz Cunha Brasília Pepe Chaves Itaúna Reinaldo Prado Mello Campo Grande Reinaldo Stabolito S. Bernardo Campo Renato A. Azevedo São Paulo Ricardo Varela S. José Campos Roberto Affonso Beck João Pessoa Roberto Pintucci São Paulo Roberto S. Ferreira Guarulhos Rodolfo Heltai São Paulo Rodrigo Branco Santos Romio Cury Curitiba Rubens J. Villela São Paulo Vanderlei d’Agostino Santo André Wagner Borges São Paulo Wallacy Albino Guarujá Welington Faria Varginha Wendell Stein Sumaré
Correspondentes internacionais A. Meesen Bélgica Ahmad Jamaludin Malásia Ananda Sirisena Sri Lanka Antonio Costa Índia Barry Chamish Israel Boris Shurinov Rússia Darush Bagheri Irã Enrique C. Rincón Venezuela Gabor Tárcali Hungria George Almendras Uruguai George Schwarz Áustria Gildas Bordeaux França Giuliano Marinkovicc Croácia Glennys Mackay Austrália Guido Ferrari Suíça Haktan Akdogan Turquia
Hans Petersen Dinamarca Ian Hussex Holanda Ivan Mohoric Eslovênia Javier Sierra Espanha Joaquim Fernandes Portugal John MacBright Escócia Kiyoshi Amamiya Japão Jorge Alfonso Ramirez Paraguai Jorge Espinoso Peru Jorge Martín Porto Rico Júlio Lopéz Santos Panamá Just Bell Camarões Luiz Etcheverria Equador Luciana Boutin Guiana Francesa Michael Hesemann Alemanha Odd-Gunnar Røed Noruega
Ricardo V. Navamuel Costa Rica Roberto Banchs Argentina Roberto Pinotti Itália Robert Lesniakiewicz Polônia Rodrigo Fuenzalida Chile Russell Callaghan Inglaterra Santiago Yturria Garza México S. O. Svensson Suécia Stanton Friedman Canadá Sun-Shi Li China Sup Achariyakul Tailândia Tahari Muhassa Polinésia Timo Koskeniemmi Finlândia Tunne Kellan Estônia Wendelle Stevens Estados Unidos Wendy Brown Nova Zelândia
Filipi Dantas Cavalcante Giovanna Martire João Cláudio Nunes Carvalho Marco Aurélio Gomes Veado Marcos Roberto Ribas Marcos Vinicius Lopes Marcus Vinicius S. Gonçalves Neide Tangary Paulo Alexandre Ferreira Haro
Paulo César G. Santos Júnior Ricardo Amorim A Campos Sidney Santos Thiago Fernando B. Santos Ubiratan Raposo C Alencar Valdemar Biondo Júnior Vanderlei Dallagnolo Wanderley Pandolpho Moraes Wilton Monteiro Sobrinho
Tradutores voluntários Andrea Zorzetto Ângelo Miranda Augusto César Almeida Gomes Diogo Rodrigues Gonçalves Edson Ovídio Alves Eduardo Guerrato Biasoli Eduardo Rado Eric Boutin Fernando Fratezi
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