UM ACERVO EM CONSTRUÇÃO
Copyright: Edições Cultural FM.
1ª Edição: 2022.
Direitos Reservados.
Revisão Final: dos autores.
Editoração e Projeto Gráfico: Mottironi Editore.
Foto da capa: Guarita, acrílico sobre tela da Celina Ten Caten
Ficha catalográfica: F363c Cultura em Torres Memória, um acervo em construção / orgs Débora Fernandes e Coletivo Cultural FMTorres/RS: Mottironi Editore , 2022. 194 p. ; 23 cm. ISBN 978 65 87368 07 8.
1. Ensaios Brasileiros. 2. Crônicas. 3. Cultura.
I. Título. CDU: B869.4 Catalogação pelo Editor
INTRODUÇÃO
Esta publicação se destina a registrar alguns momentos marcantes da vida cultural de Torres. Não se trata de investigação acadêmica, mas apenas um apanhado de informações mais ou menos dispersas que correm o risco de se dissipar se não forem reunidas. Não é tampouco um inventário definitivo dos eventos culturais na cidade. Com este registro, que deverá se converter em arquivo no site da CULTURAL FM (www.culturalfm.com.br), pretendemos estimular a coleta de novas informações as quais serão adicionadas na próxima edição desta Memória.
Desde já encarecemos aos que dispõem de informações sobre eventos culturais na cidade e reflexões sobre o papel da cultura em seu desenvolvimento, que nos enviem suas colaborações para oportuna inserção neste arquivo.
Rádio Cultural FM, e-mail culturalfm875@gmail.com
APRESENTAÇÃO: DO CULTO À ECONOMIA, À ECONOMIA DA CULTURA
Muito se fala em Terceiro Milênio, Nova Era e Sociedade do Conhecimento. Poucos se dão conta, porém, do que isto significa. Continuam “pensando” a cidade para trás, como fruto da industrialização, não para o futuro. Mas os muros gritam, há já décadas, em grafites pelo mundo inteiro: O FUTURO É AGORA!!!
Um modelo de cidade contemporânea, por exemplo, é Barcelona, na Espanha. Ninguém sabe o porquê, mas artistas e intelectuais para lá convergem, aos bandos, como convergiu, outrora, para Jerusalém, Atenas, Paris e Nova York. É a atmosfera de futuro que os empolga: Um clima inebriante de liberdade de ser, estar e de se expressar. Leiam se, por exemplo, as oportunas indicações de Rejane Xavier em seus artigos e palestras:
É disso que precisamos: voltarmo nos para um conjunto de Projetos capazes de fazer de nossas cidades centros criativos, com muita inovação, conexões articuladas e inteligentes, à altura do século atual. Isto não é incompatível com o desenvolvimento econômico. Pelo contrário, é a fórmula do
desenvolvimento sustentável capaz de fazer da vocação natural de cada espaço urbano um novo produto: Florianópolis, por exemplo, poderia ser em SC a Capital de uma nova economia, com a cultura como eixo do turismo e do lazer: Grandes Encontros Internacionais de Artes Plásticas, um Polo de Cinema e Vídeo, um Festival Sul americano de Poesia e Literatura, uma Califórnia de Motivos Europeus, Espaços de Criatividade e Lazer Cultural, uma Competição Nacional de Estudantes de Tecnologia. Torres, entre nós, poderia ser um centro que combinasse a dimensão turística com outros elementos culturais, de forma a se integrar, cada vez mais num eixo de turismo ao sul do país.
Chega do mínimo, sempre reduzido às necessidades básicas ou o que nos brindou a natureza. Vamos às ideias como as condutoras do destino. A beleza salvará o mundo! E as Artes e artistas são seus instrumentos!
CULTURA EM TORRES MEMÓRIA
UM ACERVO EM CONSTRUÇÃO (Atualização 2022)
“É útil fazer compreender que os problemas de agora encontram suas raízes no antes, ali é que pode ser intuído o começo de suas soluções. Expor ao homem de hoje as ações sociais de outrora significa abrir lhe horizontes novos para sua vida”.
Ruy R. Ruschel“Os fortes de Torres”, Ed. EST, POA, 1999, pg. 81
Nada mais indicado, nesta ocasião, quando muitos visitantes do Rio Grande e outros Estados estarão entre nós, do que recordar momentos importantes da História de Torres e homenagear aqueles que a estudaram, notadamente o decano dos historiadores de Torres, Ruy Rubens Ruschel, pela sua magnífica obra composta de inúmeros livros e artigos. Lamentavelmente, seu esforço no registro da importância estratégicade nossa cidade como garganta daentrada no Pampa ainda não foi percebido pelos historiadores recentes do Rio Grande do Sul. Mas uma nova geração de pesquisadores da História da cidade, cada vez mais credenciada academicamente, certamente, levará este desafio adiante. Ao tempo em que uma nova geração de políticos saberá defender a integridade territorialdo município, em frangalhos, levando o àcondição de um grande centro polarizador do Vale do Mampitubae dafranja atlântica, sobre a qual se projeta majestosamente.
Obras do Historiador de Torres, Ruy Rubens Ruschel:
1: São Domingos das Torres; de Ruy R. e Dalila P. Ruschel (filho e mãe), Porto Alegre: Martins Livreiro, 1984.
2: Torres Origens; Torres: edição comemorativa 10 anos Jornal Gazeta e à realização do "Raízes Torres", 1995.
3: Os Fortes de Torres; Porto Alegre: EST edições, 1999.
4: Mar Grosso e Areia Fina; obra póstuma, Porto Alegre: EST edições, 2004.
5: Torres Tem História; Porto Alegre: EST edições, 2004. Crônicas do autor organizadas pela professora Nilza Huyer Ely.
1801
Manuel Ferreira Porto, considerado o fundador da cidade, no que subsistem controvérsias, assume o comando de uma guarnição nesta localidade. Este procedimento correspondia à clara intenção da Coroa Portuguesa de consolidar a ocupação do Rio Grande do Sul, na rota periclitante para o Prata, cujos primeiros atos foram a fundação de Colónia do Sacramento, em 1680, Laguna, em 1684 e o Forte de Rio Grande, em 1737, década em que foi aberto por Cristovam Pereira o “Caminho dos Conventos” que interligaria mais facilmente os tropeiros das Vacarias do Mar até Sorocaba, fato decisivo para a incorporação do Estado à economia do país, da qual é importante tributária. Hoje, Torres é um próspero, seguro e aprazível município gaúcho, sob o lema “Trabalhar e viver com muito prazer”:
Características geográficas: Área 162,128 km²
População 34 646 hab. Censo IBGE/2010
Densidade 213,7 hab./km²
Indicadores: IDH 0,821 (elevado, PNUD/2000) PIB R$ 378 380,437 mil IBGE/2008 PIB per capita R$ 11 232,57 IBGE/2008
QUEM É O FUNDADOR DE TORRES, AFINAL?
em www.notempodastorres.blogspot.com
A resposta a esta pergunta depende do estudioso e pesquisador que for consultado. Assim, se a fonte for DANTE LAYTANO teremos como resposta DOM DIOGO DE SOUZA. Agora, se a fonte for RUY RUBEN RUCHEL e seus inúmeros admiradores e dóceis discípulos, com boa dose de razão, é verdade, não se pode negar a resposta será o nome do Alferes MANOEL FERREIRA PORTO. Em crônica RUCHEL afirma que consegui convencer LAYTANO de que realmente PORTO é o fundador de Torres.
A favor da tese de RUSCHEL, existe um manuscrito, de 1903, de autoria do Intendente João Pacheco de Freitas, desconhecido de todos os pesquisadores da região, pois ninguém o menciona, apesar de sua importância, inclusive em outros assuntos locais.
Entretanto a discussão ainda não terminou, pois Miguel Antonio de Oliveira Duarte , arquiteto e secretário executivo do Instituto Histórico e Geográfico do RGS, discorda tanto de LAYTANO quanto de RUSCHEL, ambos também membros do mesmo Instituto, e afirmando que RUSCHEL, em seu último livro, “Os Fortes de Torres”, mudou sua opinião.
Ofundador de Torresseriaentãoo Tenente Coronel Francisco de Paula Soares, ou, quem sabe, o superior ou os superiores desse militar. Miguel Duarte alega critério em favor de sua tese, contrariando Noam Chomsky que afirma não conhecer leis na história, o que confirma o nosso insuspeito Décio Freitas (de que a história não é uma ciência), e o gigante Arnold J. Toynbee (“há uma grande pretensão da história em ser uma ciência. Ela não é
e não pode ser uma ciência, como a física e a química são ciência”)
(Francisco Reis é formado em turismo, pós - graduado em docência para o ensino superior, guia de turismo MTUR)
1809
Com a criação dos primeiros municípios da recém criada Capitania do Rio Grande do Sul, agora vinculada diretamente ao Vice-reinado do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, a área de Torres recai sob a jurisdição de Santo Antônio da Patrulha, tornando se o Distrito das Torres.
RS Divisão Municipal 1809
D. Diogo de Souza, primeiro capitão-mor da Capitania do Rio Grande do Sul, manda reforçar a guarnição de Torres e autoriza a construção do Forte de São Domingos das Torres.
FRÁGEIS FORTES
por Bento Barcelos, baseado em R. R. Ruschel, Miller e com a imaginação do escriba
No ano de 1777, quando a futura "Villa" das Torres era somente as torres, nasceu nos meados da Torre Norte, um fortim. Ele se situava aos vinte metros de altitude e estava voltado para o mar (Prainha das Pedras NEE).
Naquele tempo a região era formada de dunas gigantesca, um charco enorme e parte de uma floresta entre eles.
O pequeno lago que conhecemos hoje se confundia com o grande charco e era bem maior. O clima era muito úmido e insalubre. Havia também, é claro, o mar e as torres. Um pouco mais longe ao norte um rio e ao sul uma Pedra Chata.
Ele foi construído pelos portugueses com a finalidade de combater um inimigo que nunca veio, os espanhóis. Estes haviam ocupado a freguesia de Nossa Senhora do Desterro na ilha de Santa Catarina.
O fortim foi feito de gravetos, terra batida e leivas de grama em torno de uma vala. Em seguida foi abandonado e como era
muito frágil teve vida curta e rapidamente virou ruínas. Nome dele: Forte São Diogo.
Depois, em 1797, foi reconstruído e comandado por um tenente sem nome para história. Novamente foi abandonado e outra vez virou ruínas.
Estava equipado com dois canhões.
Quando, em 1801, o alferes pioneiro por aqui aportou, talvez tivesse tentado recuperá-lo, mas as informações são muito vagas. Porém, em 1809, o presidente, da agora província de São Pedro, novamente o reconstrói com a tentativa de criar um núcleo urbano com índios guaranis prisioneiros de guerra, mas esta tentativa não deu certo. O fortim novamente decaiu.
Mais tarde, em 1819, era outra vez ruínas e novamente foi reconstruído e denominado Baluarte Ipiranga. Nele foi instalado dois enormes canhões que apontavam para o mar. Nesta época a região era distrito do município de Santo Antônio da Patrulha e apelidado de "Prezídio".
A capela estava em construção.
A partir de 1819 o responsável pela região do "Prezídio" das Torres usou o fortim como uma espécie de escritório para atender os "seus interesses" com os imigrantes alemães (prussianos).
Mais tarde, durante a Revolução Farroupilha, quando novamente estava em declínio, foi atacado e dominado pelos farrapos que em torno dele construíram trincheiras. Porém, depois, forças leais ao imperador o recuperaram, todavia por pouco tempo. Os farrapos novamente o dominaram, e tornaram a perdê lo. E essa mudança aconteceu novamente.
Como vimos, o fortim, sempre que foi atacado, sucumbiu. Talvez porque foi construído para combater um inimigo que deveria vir do Norte, mas que nunca chegou. Sempre que foi atacado, foi pelo Sul, pela rota de fuga. Militarmente nunca serviu para nada.
1812
Construção do primeiro farol no Morro do Farol, um chapadão elevado com cerca de 600 metros de largura e altitude superior de 46 metros, de madeira, com uma roda em cima, tendo esta roda janelas coloridas em vermelho, e branco, que giravam em torno de um lampião a gás. Em 1935 veio abaixo em decorrência de forte tempestade. Foi, então, construído o segundo, e atual, - farol com 18 metros de altura, acendendo de 8 em 8 segundos, sendo visto em noites claras a uma distância de 8 milhas marítimas ou 12 Km.
Ao pé do morro, no lado do mar, existe uma gruta, de Nossa Senhora Aparecida e uma fonte de água puríssima. Bento Barcelos da Silva, pesquisador local e escritor, esclarece melhor a questão dos faróis da cidade.
OS FAROIS DE TORRES
Primeiro Farol:
Construído no alto da Torre Norte a 43m de altitude; latitude 29º 30' S e longitude 49°43"w; 10m de altura; importado da Inglaterra. De Laguna até Torres veio transportado por carros de bois. O mais elegante de todos e o mais frágil. A Torre era de metal ferroso. Funcionava a gás. Facho luminoso com alcance de 17 milhas náuticas. Lampejos alternados de brancos e encarnados com duração de 15 segundos e, também, a cada 15 segundos. Foi inaugurado em 25/01/1912 e desativado em 1928. Tornou-se um grande atrativo turístico. Ficava ao lado do cemitério da "Villa" das Torres que funcionou desde a década de 1880 até 1958 e foi patrolado em meados da década de 1970. Este farol foi totalmente corroído pela maresia. Durou somente 16 anos.
Segundo Farol:
Este veio da Suécia. Mais moderno e mais eficiente. Era um "Kit" com torre tipo esqueleto e de fácil montagem. Como anterior a torre era, também, de metal ferroso. Foi construído praticamente no mesmo lugar (mesmas coordenadas geográficas e mesma altitude, e com a mesma altura). Foi inaugurado em 18/02/1928 com a presença do prefeito José Guilherme Raupp e do Ex governador Borges de Medeiros. No ato teve missa campal e banda de música. Foi desativado em 1952 totalmente corroído pela maresia. Durou 24 anos.
por Bento Barcelos da Silva
Terceiro Farol:
Foi construído em alvenaria. A chegada da eletricidade no local facilitou o funcionamento. O gás tornou se uma alternativa. Foi construído muito próximo dos outros dois. A partir de 1968 com as técnicas modernas não foi mais necessário o faroleiro. Foi inaugurado em 1952 e funcionou até 1993.
Quarto Farol:
No início da década de 1990, com o advento da telefonia móvel, a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) construiu uma torre para abrigar uma estação de rádio base (ERB) muito próxima do farol e muito mais alta que ele (mais de 30m), ofuscando o seu funcionamento e decretando sua morte.
Só restou para o velho farol, em 03/09/1993, se mudar para o alto da torre da ERB onde agonizou, por algum tempo, com seus últimos lampejos.
Já atempo o velho farol não funcionamais. Tecnicamentenão fez falta nenhuma, Novas tecnologias o substituíram. É apenas um olho cego no alto da torre da ERB. O que é lamentável turisticamente.
Por este motivo escriba clama: Sociedade Torrense vamos acender o farol de Torres outra vez! É turismo de verdade.
Nota:
O último faroleiro que atuou no nosso farol foi o senhor Easthewaldo Gonsalves (21/11/1898 24/04/1978). Era casado com a senhora Otacília Gonsalves. Os dois foram observadores na centenária estação meteorológica da nossa cidade.
(Baseado no livro A História do Farol de Torres de Roberto Venturella e com a imaginação deste pobre escriba)
Manoel Ferreira Porto, obteve licença para edificar a capela no local junto ao posto da guarda, atual Morro do Farol, contrariando os desejos dos colonos, que a queriam no morro da Itapeva. Está selada a fixação da sede do futuro município...
Neste ano foi concedida, por despacho do Marquês de Alegrete uma área de 150 braças quadradas nesta região para a formação de um povoado e construção de um templo, obras que não prosperaram., supostamente pela extrema pobreza e isolamento dos locais residentes, oriundos das fortificações militares. “O ano seguinte marca a chegada do brigadeiro Francisco de Paula Soares de Gusmão, enviado pelo Conde da Figueira, governador da Capitania, para reforçar a fortificação, que já estava novamente em ruínas, e inspecionar a barra do Rio Mampituba e o litoral norte, para verificar se por ali podiam se desembarcar invasores espanhóis.” (fonte: wikipedia)
Auguste de Saint Hilaire, em viagem pelo Brasil, passa por Torres e registra em palavras o que Debret, um lustro depois, supostamente, embora discutível, imortalizaria em belas imagens:
“TORRES, 4, segunda feira, 4 de junho de 1820. Sempre areia e mar. Enquanto nos dias anteriores só avistávamos uma praia esbranquiçada que se confundia com o céu na linha do horizonte, hoje, ao menos, deparamos dois montes de nominados Torres, porque realmente avançam mar adentro, como duas torres arredondadas. Para as bandas do oeste, recomeçamos a avistar a grande cordilheira que há muito tempo não víamos. Cerca de uma légua1 daqui, encontramo-nos à margem do rio Mampituba (pai do frio), que, atravessando a praia, se lança no mar, após separar a Província de Santa Catarina da Capitania do Rio Grande” (Auguste de Saint Hilaire, Viagem ao Rio Grande do Sul, 1820; Ed. do Senado Federal)
Duas outras pinturas (supostas) de Debret ficaram desconhecidas por muito tempo, até que Ruy Ruschel as redescobrisse e divulgasse. Uma delas, ele viu no Rio de Janeiro e representa a travessia do Mampituba. Note-se a travessia dos cavalos a nado e a presença de escravos negros:
A terceira, menos conhecida, abaixo, parece ser a mais antiga reprodução da paisagem das “Três Torres”, vistas pelo mar.
24 de outubro de 1824, inauguração da IGREJA MATRIZ SÃO
DOMINGOS em estilo colonial, barroco simples e com uma única torre construída em 1898, pelo Padre Lamônaco. Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul, em 1983, como único monumento a sobreviver na cidade. Em 2004 sofreu danos com o furacão Catarina que assolou a cidade voltando a sofrê los em 2010, quando foi interditada.
1826
Chegada dos alemães na região, os quais foram separados, pelo comandante da fortaleza, conforme a religião que professavam: Os protestantes formaram a colônia de Três Forquilhas. Os católicos, por sua vez, foram inicialmente para a estrada de Mampituba, depois junto ao Rio Verde e, finalmente, entre as lagoas do Forno e Jacaré, construindo a colônia de São Pedro de Alcântara. Nilza Huyer Ely, historiadora, faz um belo trabalho de pesquisa sobre este processo.
-1826-
5 de dezembro de 1826, D. Pedro I passa pelo povoado de Torres/RS em direção à Cisplatina, onde se desenrolava Guerra da Independência da região; no dia 25 do mesmo mês e ano, ele retorna pernoitando novamente no complexo administrativo militar da época, situado entre a igreja e o baluarte. O jornalista Nelson Adams em publicação recente Correio do Povo, 03 agosto 2014 -contesta esta tradição e desenvolve pesquisas mais precisas. Adams foi também o primeiro jornalista da cidade, editando A GAZETA desde 25 de julho de 1987 por 30 anos, com várias publicações de forte referência histórica que viriam a se desdobrar em obras posteriores do autor como estudante de História na Uninter – Curitiba.
Obras do Historiador Nelson Adams Filho:
* Almanaque das Torres 2000 edição Gazeta (esgotado)
* Três Cachoeiras e suas Comunidades (organizador) - Ruy Ruben Ruschel e Padre Delai edição Gazeta 1996 (esgotado)
* Torres História - Aspectos - Volume I - edição Gazeta 2015-15 (esgotado, reedição em novembro 2018)
* Torres História Aspectos Volume II edição Gazeta 2015
* A Maluca Viagem de Dom Pedro I pelo Sul do Brasil, Guerra Cisplatina. Edição Gazeta 2016 (esgotada) - 2ª edição, Edigal 2017
* Piratas, Corsários, Naufrágios e Canibalismo em Terras e Mares do Sul edição Edigal 2017
* Torres História Aspectos Volume III edição Edigal 2018 (lançamento na Feira do Livro de Torres, de 9 a 14 de outubro) e Feira do Livro de Porto Alegre (novembro)
em torno de
Consta em algumas fontes que famílias de origem italiana, vindas de Caxias do Sul, fixaram moradia no distrito de Morro Azul. Ennio Ferreira Porto, antigo morador da cidade, em depoimento a este autor, acompanhado de um documento assinado de três páginas, com lembranças dacidade naprimeira metade do século XX, adverte que isto não teria sido possível, porque a imigração italiana só teve início a partir de 1870.
20 de dezembro 1837, criada, por Lei, a Freguesia de São Domingos das Torres, 28ª da Província.
1857
O então Distrito de Conceição do Arroio, hoje Osório, separase de Santo Antônio e incorpora o Distrito das Torres.
RS Divisão Municipal 1860
Apresentação do Estudo para a navegação Laguna-Porto Alegre, cuja avaliação histórica pode ser lida num artigo de Luiz Claudio de Freitas no link:
1890
Torres é confirmada como município depois de controvertida outorga, logo revogada, desta distinção, em 21 de maio de 1878, celebrada como data oficial da cidade. 1892
Começa a construção do Porto de Torres mediante concessão do Decreto n° 1382 de 1891. As sondagens e os levantamentos topográficos foram elaborados por uma comissão chefiada pelo engenheiro Luiz Rheingantz, sendo escolhida a Praia Grande para a obra, afinal abandonada em 1928. O peso da Campanha, à época, empenhada na saída marítima pela barra de Rio Grande, deve ter influenciado neste processo. Bento Barcelos, em suas pesquisas e publicações desenvolve com maior cuidado a questão deste porto ou portos.
O molhe da Guarita, 1892
1915
Hotel Picoral: início da conversão de Torres na pérola dos balneários marítimos gaúchos.
Banhista da moda, foto publicada na revista A Gaivota, POA, ano XI, nº 11, 1939 Torres, então, viria a ser frequentada pela elite porto alegrense, a qual deixaria seus rastros na série de mansões aristocráticas ainda visíveis na cidade. Estas, junto com as velhas casas portuguesasdo período colonial, inspiram apletora de artistas plásticos que as imortalizaram em óleos e aquarelas, como a do pintor argentino Delville (Alberto Ricardo Gamba), falecido na cidade em 2009, ou o contemporâneo Jorge Herrmann, em diálogo entre passado e futuro.
“Torres é um lugar que merece uma profunda reflexão. Esta cidade é sustentada por um bem precioso, mas de difícil mensuração, e de significados muito sutis, chamado paisagem. Esta é a sua matéria-prima. De que forma Torres está equacionando a relação entre seu patrimônio paisagístico e a proliferação das edificações? O desenho acima revela a equação feita a partir do ponto de vista representado no diagrama abaixo, que mostra um olhar para o nordeste, rumo ao centro da cidade. As torres edificadas são bonitas, sem dúvida. Individualmente, cada uma representa excelência em arquitetura e construção. Mas juntas, que cenário estão formando? Dialogam entre si? Dialogam com o entorno?” (Crônicas da paisagem, crônica de junho de 2019, em www.jorgeherrmann.com).
TORRES (por Jorge Herrmann)
1930
Dante de Laytano
Em 1930 foi nomeado juiz distrital de Torres, o bacharel em direito Dante de Laitano, chegando nesta praia numa carreta puxada a bois.
Nasceu em Porto Alegre, no dia 23 de março de 1908, e veio a falecer, também na capital, em 18 de fevereiro de 2000. Passou a assinar suas crônicas, artigos e críticas de cinema com o nome modificado para Dante de Laytano para distinguir o folclorista do jurista. Bacharelou se pela Faculdade Direito de Porto Alegre. Tão logo chegou à Torres, se debruçou a pesquisar e a escrever sobre a região litorânea, destacamos:
a) Presídio das Torres. Geografia Física, Política e Econômica de Torres. Tese - 1º Cong. Sul riograndense de Hist. e Geografia. 1935.
b) Linguagem e Vocabulário dos Pescadores do Rio Grande do Sul. Fala Dialetal dos Pescadores de Torres. Litoral Nordeste gaúcho. Tese 2º Cong. Sul riograndense de História e Geografia. “Anais” 1937.
c) Limites: Litígio com Santa Catarina. Investigação Histórica e Geográfica sobre o Rio Mampituba e sua linha divisória em Torres. “Revista do Inst. Histórico Geográfico do Rio Grande do Sul. Ano XVI, 1938.
d) Tradições: Folclore do Rio Grande do Sul. Terno de Reis, Jardineira, Pau de Fita e Boizinho em Torres no Ciclo de Festas de Natal. “Província de São Pedro” Livraria do Globo. Nº 17. Porto Alegre, 1952.
e) História: Torres Resumo de sua História de Terra e Mar. Prefeitura Municipal de Torres, 1972
f) Mapa Histórico de Torres. 1958.
Além de diversos artigos e crônicas publicados no Correio do Povo e outros. Folclorista, juiz, professor da Faculdade de Filosofia e Comunicação Social da PUCRS e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFRGS, e escritor. É atribuído a ele a inserção da disciplina de História do Rio Grande do Sul nas faculdades de História do Estado. Sobre a região publicou ainda:
a) As Congadas no Município de Osório. Textos Musicais e Versos. Associação Riograndense de Música, 1945;
b) Açorianos e Alemães. Globo, 1948;
c) Barão de Tramandaí. Prefeitura Municipal de Tramandaí, 1971.
Segundo CâmaraCascudo, Dantede Laytanoeraumpensador que tratava o folclore com amplitude, com abrangência, com ardorosa análise da consciência popular.
Faleceu em Porto Alegre em 18 de fevereiro de 2000.
1951
Torres é cenário para a rodagem do primeiro filme em longa metragem sonoro no Estado: “Vento Norte”, com roteiro de Josué Guimarães e direção de Salomão Scliar. Cópia pode ser encontrada no Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.
A história da filmagem de “Vento Norte” pode ser vista no artigo de Glênio Póvoas, autor de tese de mestrado na USP sobre o filme na Revista Sessões do Imaginário • Porto Alegre • nº 6 • julho 2001 • semestral • FAMECOS / PUCRS, “Encantamento do filme Vento Norte atravessa meio século”:
1974
Filmagem de “Portal da Solidão”, um filme “estranho e bonito”, rodado em Torres, com roteiro de Alberto Ruschel e Lima Barreto, direção do primeiro, com Débora Duarte como atriz e Alberto Ruschel.
1979
Publicação do livro germinal da poesia na cidade, “Torres, Minha Paixão”. Como diz sua autora, Jovita Esquina, “Este livro não tem a pretensão de retratar uma cidade; ele é, apenas, uma declaração de amor”. Nele Jovita consagra a expressão TORRES, A MAIS BELA PRAIA.
TORRES MINHA PAIXÃO
Jovita Esquina
Há um tempo em que ela se aquieta...
Torna se recatada, calma, silenciosa...
No mês de abril ela aparece de azul cristalina, transparente, vaporosa, Muito meiga, sempre embalada por música suava. Depois, quando chega o mês de maio, ela se torna farta e distribui, com generosidade e alegria, suas prendas, enriquecidas pelo gosto forte de maresia.
E... continua calma, moderada, mostrando aquela face reservada
Apenas aos aficionados mais íntimos.
Na primavera, é quando ela se veste de verde e se enfeita de flores. São flores amarelas, roxas, vermelhas e até azuis.
Imaginem que nesta última primavera havia entre os seus adereços um amor perfeito negro. É, sim, uma flor negra!
Uma flor de uma cor, segunda dizem, é raríssima. E para alguns até nem existe. Mas eu vi.
Era um amor perfeito negro. Olhei bem de pertinho. E de lupa.
Entretanto, mesmo assim colorida, perfumada, ela continua Sem qualquer sinal de agitação. Exatamente como convém à sua face tranquila.
E eis que chega o verão!
E como num passe de mágica ela se vê tomada de estranho frenesi.
De uma hora para outra, se agita, se contorce, joga fora num arranco, a sua face de tranquilidade e, como uma vestal endoidecida, veste sua louca fantasia de mil cores, mil vozes, e tomada por estranhas convulsões, transforma se completamente, mostrando a sua outra face.
A face que usará durante todo o veraneio. Seu sorrido manso vira uma gargalhada de roncos e barulhos.
Seu ritmo leve, sua música suave, são abafados pelos acordes de uma Sinfonia violente de sons desencontrados.
Torna-se igual a uma metrópole qualquer, porém com o acréscimo da Descontração da temporada praiana.
Numa orgia de cores, idiomas, abraços, amores, encontros e desencontros, esperanças realizadas e esperanças falidas, este estentor dura todo um verão.
Até que há um tempo em que ela se aquieta. Torna se calma, silenciosa...
Torres é uma cidade que tem duas faces.
É uma cidade que possui dupla personalidade.
Uma das personalidades é calma, azul e só seus amigos de todo ano a conhecem.
É um tempo de tranquilidade. Tempo de calma, não de solidão.
Em Torres não existe solidão. Quem vive em Torres nunca está só.
É um tempo de ternura!
Seu outro lado é um verão vermelho. Quente. Agitado.
Possuído de uma estranha mistura de idiomas e sotaques.
É uma passarela sofisticada por onde desfilam os mais variados tipos brasileiros de todos os estados. Vizinho sul americanos e até amigos do além-mar.
É um tempo de agitação!
Torres é assim!
É justamente porque todos os anos sofre esta metamorfose que ela se torna uma cidade sem rotina. Uma cidade que desconhece a monotonia e o tédio!
Quando já estamos ficando cansados do movimento de verão,
os visitantes vão embora e tudo volta à tranquilidade.
E quando já estamos aborrecidos de tanta quietude e... com o dinheiro quase acabando, vem o verão e...
Torres é uma cidade singular!
Torres é uma cidade com dupla personalidade!
Torres é minha paixão.
1980
Realização do Festival GUARITA DA CANÇÃO. Abaixo o registro histórico de Jaime Batista, escrito em 2007 transcrito em www.torres-rs.tv e naColunado Timm no Jornal Vale das Águas, no ano de 2010.
FESTIVAL GUARITA DA CANÇÃO
por Jaime Luís da Silveira BatistaEm 1980, a cidade deTorres estava eufórica, passando por um período de transição, devido a vinda em massa dos turistas argentinos. A construção de edifícios acontecia em ritmo acelerado e eram intensas as atividades culturais. Os dois cinemas da cidade estavam ativos e eram realizados muitos eventos, como rodeios, festas religiosas, esportivos e sociais em clubes como aSAPT que realizavao melhor carnaval do Litoral Norte.
No feriadão de 04 a 07 de setembro deste ano, foi realizada na cidade a primeira edição do festival Guarita da Canção. O evento foi um marco para a música popular gaúcha (MPG), por aproximar com êxito os talentos gaúchos dos produtores de todo o país.
Na ocasião, o prefeito era o Sr. Guilherme Cléo Biasi. A Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo realizou o evento junto com o produtor e diretor técnico Paulo Deniz, da Rádio Gaúcha (Diretor da Rádio Guaíba, na época). Este trouxe para a cidade muitos produtores das grandes gravadoras multinacionais.
Participaram do festival músicos consagrados da MPG: Pery Souza, Victor Hugo, Fátima Gimenez, Elton Saldanha, João de Almeida Neto, Plauto Cruz, Giba Giba, Nelson Coelho de Castro, Marco Aurélio Vasconcelos, Luiz Coronel, Fogaça, Sergio Napp, Airton Pimentel, Raul Ellwanger e o vencedor Leonardo, com a música “Batismo de Sal”.
Conforme o relato do maestro e crítico de música Paulo de Campos, que é erradicado no Litoral Norte, “o evento foi um dos mais bem organizados festivais de todos os tempos, pois nele estiveram reunidos os principais produtores de todas as grandes gravadoras multinacionais, que dominavam o mercado na época com a produção do que havia de melhor na Música Popular Brasileira (MPB). Nesse festival, foram “descobertos” e levados para o centro do país, pela Philips, dois jovens talentos: Zé Caradípia e Vitor Ramil”.
Outra das revelações do 1º Guarita da Canção foi um grupo vocal formado por seis jovens, que interpretavam uma bonita música de Sergio Napp um dos mais competentes e criativos autores gaúchos. O radialista Paulo Deniz, na hora de apresentação, deu ao grupo o nome de "Canto Livre", que era título da canção por eles defendida. E o nome pegou.
Ainda teve a participação dos músicos locais, que ganharam, através do voto popular, com a música “História sem Herói”, de autoria do baterista Francisco Reis (Chiquinho). O grande público ovacionou a apresentação do grupo Fórmula 1, que defendeu sua música com uma apresentação que teve até um sino dobrando no palco.
O local do festival foi o Salão Paroquial São Domingos. O show de encerramento foi com, nada mais nada menos, Kleiton e Kledir, lançamento o disco de vinil compacto “Maria Fumaça”. O evento contou ainda com um palco alternativo, no então Camping Municipal, na quadra onde é localizado hoje o Corpo de Bombeiros da cidade, onde se apresentaram diversos outros músicos.
Várias personalidades da cidade participaram como voluntários no evento, como a escritora e autora do Slogan “a
mais bela praia...”, Jovita Esquina, e também o saudoso Dr. Ari Almeida, que cultivava o tradicionalismo gaúcho na nossa região.
Muitas pessoas remanescentes ainda lembram da mobilização que houve no município para receber, fora de temporada, os visitantes que estiveram em Torres durante o período, e que eram, na sua maioria, músicos ou apaixonados pela música.
A praia de Torres serviu de inspiração para canções magníficas, como a própria “Batismo de Sal”, vencedora do concurso, que foi escolhida pelos torrenses como o “hino da cidade”, mesmo que não oficialmente. Esta expressa o sentimento dos visitantes da praia, que buscam em nosso litoral a integração com a natureza, desfrutando e compartilhando com os moradores esse ícone que foi transformado em canção, a nossa Guarita
(Jaime Luís da Silveira Batista é licenciado em História pela UNISUL, Especialista em História da Arte pela FUCAP, Especializando em Ensino de Filosofia e Sociologia pela UNIASSELVI, Coordenador de Cultura da Secretaria de Turismo da Prefeitura de Torres)
Fundação, em 22 de março de 1985, do CTG Querência das Torres, na Rua Universitária, Torres RS www.facebook.com/querenciadastorresCTG
1984
Publicação do primeiro livro de Ruy Ruben Ruschel com sua mãe Dalila Picoral Ruschel, São Domingos das Torres Porto Alegre: Martins Livreiro, 1984.
Ruschel foi advogado, professor, juiz, desembargador, pesquisador, cronista e historiador. Nasceu em Porto Alegre em 27 de janeiro de 1926, filho de Henrique Afonso Ruschel e Dalila Picoral Ruschel. Tinha, falecendo em 11 de junho de 1999, vitimado por um câncer.
Torres foi uma de suas grandes paixões, dedicando a ela quatro livros ao todo.
Osegundo livro “Torres Origens” edição comemorativaaos 10 anos do Jornal Gazeta, onde era colunista, publicado pela EST Edições em 1995, no mesmo ano trabalhou pela realização do "Raízes Torres".
Os Fortes de Torres; Porto Alegre: EST edições, 1999, foi publicado no ano de sua morte.
Por Mares Grossos e Areia Fina - Obra Post-mortem: Porto Alegre: EST Edições, 2004.
Este trabalho reconstitui uma excursão missionária de dois jesuítas portugueses, no litoral do Sul do Brasil, entre 1605 e 1607. Os Padres João Lobato e Jerônimo Rodrigues, acompanhados de alguns índios, viajaram de Santos a Cananéia, a pé, e partir daí Laguna e Araranguá, de canoa.
Na região sul catarinense demoraram se entre os nativos por dois anos, observando os cuidadosamente e tentando conduzi los ao Evangelho. A partir da análise minuciosa do relato deixado por um deles (o Pe. Jerônimo), o livro acompanha seus passos ao longo das praias paulistas, paranaenses e catarinenses, ora por mares grossos, ora por areias finas.
Reconstrói, com minúcias curiosas, a paisagem percorrida. Confronta os dados históricos pertinentes. E interpreta as riquíssimas informações antropológicas acerca dos índios dessa costa e do processo de desestruturação social que vinham sofrendo.
O mais importante livro sobre a historiografia de Torres é Torres Tem História EST Edições, 1999. A obra reúne crônicas publicadas, desde 1985 a 1999, em periódicos torrenses entre eles o Jornal de Torres, a Gazeta, a revista Torres News, além de algumas no jornal o Cataúcho de Santa Catarina, e só foi possível porque a família do autor disponibilizou os referidos arquivos.
As crônicas, organizadas pela professora Nilza Huyer Ely e editadas por Ingo Wolfgang Sariet, estão em ordem cronológica de publicação.
TORRES NO CINEMA DE ARTE
28.12.1990
Por ser uma das mais impressionantes e belas paisagens, cedo Torres haveria de inspirar a Sétima Arte. Três produções principais, em épocas diferentes o cinema torrense, ainda na fase dos Fritz Lang (“Metrópolis”), Eisenstein (“Encouraçado
Potemkin”), Jean Renoir (“Naná”) e Charles Chaplin (“Em busca do ouro”).
Em 1927 o jovem cineasta Zequinha Picoral, que tinha sido “cameraman” de Eduardo Abelin, dirigiu e produziu o documentário “Torres”, de longa-metragem. O filme, dividido em 5 partes, procurando retratar a vida árdua dos pescadores, seus ranchos no Mampituba, seu artesanato de utilidades e suas excursões a remos até a Ilha dos Lobos, como também o banho de mar dos veranistas na Praia Grande e outros aspectos.
Esse filme, lastimavelmente perdido num incêndio depois de exibido até na Europa, foi considerado pelo especialista Antônio Jesus Pfeil como um percursor da temática social, precedendo em dois anos o famoso “Drifters”, do inglês John Grierson, tido como o primeiro na abordagem cinematográfica do trabalho e dos costumes do homem.
Passada uma geração, em 1952 foi lançado “Vento Norte”, dirigido por Salomão Scliar, com grande aproveitamento dos panoramas torrenses. Tratava-se novamente sobre pescadores, dessa vez um filme de ficção. Houve pioneirismo outra vez: foi o primeiro longa metragem que usou o som em nosso estado, no dizer de Pfeil. Os diálogos eram de Josué Guimarães, a trilha sonora do compositor Luís Cosme.
Torres precisou esperar outra vintena de anos para ter nova chance. Foi filme “Pontal da Solidão”, rodado a partir de 1971 na Torre das Furnas, na Guarita, nos cômodos do Curtume, mas margens do Mampituba e em outros locais cuidadosamente selecionados. Foi diretor, produtor e intérprete principal do filme Alberto Ruschel, famoso como artista de cinema desde sua participação no clássico “O Cangaceiro”, de Lima Barreto (1953), premiado no Festival Internacional de Cannes.
“Pontal da Solidão” narrava a história de um velho marinheiro aposentado que vivia solitário na beira do mar, em umcasebre construído comrestosdeembarcações naufragadas; sua vida tom novos rumos com o aparecimento de uma mulher misteriosa, Marina, saída das águas, e atinge um clímax quando sofre o assalto de um grupo de bandidos. O enredo era cheio de simbolismo. Para a realização do filme, Ruschel precisou montar a casa do personagem, o que fez na “Ponte”, ou seja, naquele pesqueiro que comunica o Morro das Furnas com a PraiadaGuarita; foi ponto de visitação turísticapor alguns anos. O filme só ficou pronto em 1974.
Será que o próximo longa metragem sobre Torres aparecerá na década de 1990?
Com todo o encanto paisagístico torrense, apesar do pioneirismo das iniciativas, Torres não tem tido muita sorte no cinema. Um filme de geração em geração apenas, e mesmo assim pouco divulgados.
DESEMPENHO CULTURAL
27.09.1991
Como resultado das negociações com a ULBRA, prestigiosa Universidade de Canoas, a Prefeitura Municipal obteve a promessa de implantar em Torres uma ou mais Faculdades. Tomara que isso signifique o começo de um processo vitorioso, quem sabe o núcleo da futura Universidade do Litoral Nordeste. Os demorados contatos que anteriormente foram mantidos com UNISINOS não haviam chegado ao mesmo ponto porque aquela tradicional instituição de São Leopoldo, baseada e sua prudência no assunto, não quis comprometer imediatamente
coma a criação de cursos superiores regulares de graduação; entendia haver necessidade de uma etapa experimental prévia, mediante cursos de extensão, dos quais pôs logo ao alcance dos torrenses um variado e excelente conjunto (sem que fosse aceitos).
Se a comunidade preferiu queimar etapas e partir de imediato para instituições superiores regulares (Faculdades), precisa agora assumir a responsabilidade correspondente. Não basta possuir um razoável grupo de jovens prontos para o vestibular. Torna-se necessário criar em Torres um ambiente cultural ativo e intenso, sob pena de a(a) Faculdade(s) implantada(s) vir(em) a gorar. Um curso superior não é apenas um prolongamento do ensino médio, um lugar onde o estudante recebe passivamente de seus professores lições já prontas e acabadas. Uma Escola Superior é um laboratório de cultura, onde o desempenho da comunidade não pode deixar de se refletir como um todo.
No seio da população torrense existem excelentes valores em todos os ramos da ciência e da arte. Há intelectuais de muita leitura, médicos de bom preparo, advogados de grandes conhecimentos, artistas de muita sensibilidade, músicos, poetas, escritores, estudiosos, jornalistas, professores, etc. Entretanto, uma pergunta básica se impõe. Procura essa gente transmitir seus conhecimentos e inquietações à sociedade, ou vive para si mesma? O desempenho cultural de um grupo depende de ficar organizado e ativo, de comunicar se entre si e não se isolar do conjunto.
Em tal aspecto, muitos municípios levam a palma. O desempenho de Torres, infelizmente, parece se ter mantido abaixo damédiagaúcha. Não se ouvefalar, senão, deumas raras
promoções anuais, que mereciam seu muito mais numerosas: conferências, cursos, exposições de arte, recitais de música, leituras poéticas, peças teatrais etc. As que realizam, em geral concentram-se nos veraneios, caracterizando-se pela participação diminuta de torrenses. Aparentemente, as poucas promoções fora de temporada continuam atraindo número mínimo de pessoas. A maioria dos torrenses prefere ficar em casa curtindo TV ou vídeo, ou reunir se em bares para conversar. Existe clara predileção por festas exclusivamente sociais. Ora, qualquer entidade cultural desanima quando a plateia é constituída de uns poucos gatos pingados...
Torres, queno começo do séculofloresceucom suaassociação cívico literária, clube teatral, banda numerosa, cinema precoce, etc., hoje custa a ampliar seu único e excelente coral, deixa a míngua instituições como a Ecos do Sul e o Núcleo de Cultura, e mata outras promissoras iniciativas. Os artistas plásticos locais (que são bons) não se organizam e não divulgam suficientemente seu trabalho isolado, nem conseguem trazer outros de fora para trocar ideias e experiências. Fenômeno igual acontece com as outras classes de intelectuais. Quisera eu estar equivocado nessa avaliação.
Agora, Torres decidiu conquistar seu desenvolvimento superior em matéria de ensino. Mas para tanto precisa marchar em conjunto e com entusiasmo nessa direção. Quebrar a rotina, abrir horizontes, este o urgente papel de suas elites. Oferecer abundantes promoções culturais de toda ordem e atrair boa frequência. Enfim, erguer um desempenho cultural a níveis bem acima da média.
Este sonho precisa se tornar concreto.
O turismo é uma das mais importantes atividades econômicas. A cada dia se complexifica, já que procura explorar todos os ângulos possíveis do lazer humano para oferecê los aos usuários.
Um dos aspectos de que se reveste o moderno turismo é representado pelas atrações puramente culturais. As cidades de vocação turística não devem limitar se a proporcionar bonitas paisagens, praias limpas, bons banhos, clima agradável, passeios pela natureza, esportes ao ar livre etc. Hoje os turistas são mais exigentes. Querem aproveitar a estada também para seu enriquecimento cultural. Deslocam-se na busca de festivais de música, de corais, de teatro, de cinema, de literaturae de arte. Procuram as livrarias do lugar visitado para encontrar obras específicas sobre a região ou lojas de artesanato típico. Um exemplo recente vem da iniciativa da cidade de Bento Gonçalves, ao criar um roteiro que conduz os turistas a visitas à arquitetura rural italiana, em cujos velhos prédios de pedra lhes são servidos queijos e vinhos coloniais.
Manifestação de turismo cultural que começa a se desenvolver no Brasil é a oferta de cartões postais artísticos. Ao invés de apenas vistas de paisagens, também fotos bem tomadas de detalhes arquitetônicos típicos da localidade, como portas antigas, balaústres, frontões, frisos, capitéis, etc., ou de estátuas barrocas de suas igrejas. Na Europa é comum encontrarem se postais (muito apreciados) que reproduzem quadros célebres de pintores de lugar ou gravuras antigas da cidade ou dos costumes; às vezes até caricaturas de seus personagens ou fatos mais ilustres. Bicos de pena muito bonitos também produzem
cartões postais preferidos por muitos turistas. Lembro dois bons exemplos no Rio Grande do Sul: a série de excelentes desenhos de Soto Vidal, sobre Pelotas, e de Marília Daros Franzen, sobre Gramado. Em Torres, mesmo, houve o lançamento de calendário ornado de bonitos desenhos, os quais poderiam transformar se em cobiçados postais. Na década de 1930 por iniciativa do Balneário Picoral, saiu uma sequência de postais coloridos contendo quadros a óleo do pintor Vicente Cervázio, com as paisagens mais representativas de Torres, ligeiro comprados pelos veranistas pela satisfação de remetê-los aos amigos distantes ou mesmo colecioná los.
O artesanato pode colaborar com essa forma de turismo, produzindo objetos ligados à história cultural da cidade, tais como miniaturas de igrejas ou monumentos locais (caso do "laçador" de Porto Alegre, talvez o mais difundido do RGS, e os " Apóstolos do Aleijadinho", vendidos em Minas e adquiridos por turistas de todo o mundo). Tais miniaturas podem figurar como cinzeiros, chaveiros, saca rolhas, pesos para papéis ou outros objetos pequenos de boa vendagem.
Outra manifestação de turismo cultural poderia ser a oferta de palestras sobre a vida e aspectos locais aos hóspedes dos maiores hotéis, como já se faz, por exemplo, no Hotel Plaza de Caldas Imperatriz, Santa Catarina. Tais palestras causam proveitosos contatos entre as pessoas da comunidade que as proferem e o grupo de turistas interessados que as assistem.
Por último, há que rever o estímulo que as cidades turísticas precisam dar à edição de guias bem elaborados, boas revistas (v.g. "Torres News") e de literatura sobre a região. Como modelos disso lembro o que fizeram Imbé e Tramandaí há poucos anos, editando livros sugestivos da Prof. Leda Soares; S.
Francisco de Paula, com a cartilha turística dos Prof. Castelli; e Cambará do Sul, que está por lançar um segundo manual sobre os valores turísticos de seu município.
AS ARTES EM TORRES
09.12.1994
Tinha de acontecer. Mais cedo ou mais tarde, Torres haveria de se tornar um centro de artes. Sina de um local de atmosfera limpíssima, paisagens encantadoras e cores ideais. Nesses aspectos, corresponde ao que a Provença é para a França ou a Andaluzia para a Espanha.
A 2ª Semana de Artes atesta que Torres chegou lá. Veio de um movimento que se acelerou com o Núcleo de Cultura e a fundação da Casa da Terra. Seguiu-se o Encontro Municipal de Cultura, em dezembro de 1992. No ano passado, a 1ª Arte. Agora, a 2ª.
Em 1991, o panorama não parecia tão progressista. Em 27 de setembro daquele ano, sob o título "Desempenho Cultural", publiquei diagnóstico menos favorável: "Os artistas plásticos locais (que são bons) não se organizam e não divulgam suficientemente seu trabalho isolado, nem conseguem trazer outros de fora para trocar ideias e experiências". Um mês depois, em carta ao Núcleo de Cultura, propus "Reunir os artistas plásticos locais e coordená los com os proprietários dos principais hotéis e restaurantes para obter exposições em seus saguões ou salas adequadas, durante boa parte do próximo veraneio". Mas eu andava equivocado. Os artistas já se vinham conscientizando e dali a menos de mês uma vintena deles realizavam amostra coletiva "Art & Torres"...
Antecedentes havia. No século passado, Torres foi fonte de inspiração para Jean Baptiste Debret e Hermann Rudolf Wendroth, pintores estrangeiros que o acaso fez passar neste litoral agreste. No começo deste século, é o caso lembrar Vicente Cervazio e o casal Maristany, dentre tantos outros cujas telas com imagens torrenses se escondem em residências particulares e arquivos de museus. Depois, foi a vez De Curtis, Nataniel Guimarães e o torrense João Batista da Rosa. Seguiram se (ordem alfabética) Alexandre de Rose, Bianca Pereira, Carlos Henrique Röver, Cíntia Magnus Vargas, Cristina Becker, Eliane Santos, Flávia Sartori, Guacira Rocha, Ivana Munari Raupp, Jaqueline Caspary, Jane Marson, Laura Porto, Luciano Caspary, Márcia Caspary, Maria Lúcia Pereira, Raquel Bersch, Rania Dalpiaz, Rita de Cássia Bortolacci, Roni Dalpiaz, Sobrera, Suzanna Dornelles, Terezinha Quadros, Tomásia Reck, Valéria Leindecker, Vilma de Aguiar, Viviana Pereira e quantos mais que este cronista por certo ignora.
Neste meio tempo, a cidade passou a irradiar suas artes plásticas, instalando ateliês, escolas e oficinas especializadas: Ateliê do Artista (Delville), Maria Helena Gonçalves, NEMA, Ateliê 6 (Celina Ten Caten); Cenart (Rosânea Martins), Tafona (Sobrera) etc., o que demonstra a força do movimento. Está acontecendo em Torres aquilo que já se notava em outras cidades de turismo, de que são exemplos Parati e Ouro Preto, onde proliferam tais estabelecimentos e variados centros de promoção cultural.
O que ainda falta em Torres é um melhor e mais consciente tratamento artístico de seu urbanismo. Sendo, como é, simultaneamente um centro de artes e turismo, seria de esperar que existissem mais praças agradáveis, jardins públicos,
recantos românticos, ângulos arquitetônicos a admirar, com evocativas esculturas, coloflor e vegetação. É o que se assiste nas cidades que arquitetos, o que quase sempre têm de sobra. É preciso, sobretudo, o apoio da comunidade, a coordenação eficiente do poder público e o patrocínio das entidades econômicas.
Neste sentido, parece excelente começo o plano do concurso de esculturas "Ocarapoti", para ornamentar a Lagoa do Violão, um dos mais promissores espaços desta cidade que pretende se oferecer cada vez mais formosa a seus moradores e visitantes. Faço votos para que o apelo dos organizadores da 1ª e 2ª Arte, em prol de patrocínio, venha a comover alguém de espírito aberto e de muito amor por esta cidade rainha.
PODERIA SER UM PARQUE
09.08.1996
Há mais de dez anos, pela imprensa e junto às autoridades, venho insistindo numa proposta urbanística especial para o núcleo originário da cidade. Consistiria no aproveitamento de toda a chapada da Torre do Norte e mais as praças do entorno da matriz de São Domingos para implantar o Parque Histórico Torrense. Trata se de espaço nobre da cidade por ter sido seu berço. Nele, desde o século XVIII, funcionaram pelo menos três fortes dotados de canhões: o São Diogo em 1777, o do Eng.º Saldanha em 1797 e aquele cuja construção Saint-Hilaire assistiu em 1982, quatro anos depois intitulado Baluarte Ipiranga. Um pouco abaixo, foi edificada a primeira igreja do litoral gaúcho catarinense desde Osório até Laguna, a qual foi a causa básica da concentração populacional urbana. E a seu lado
existe a moradia do fundador da localidade. Alferes Manoel Ferreira Porto, que hospedou o bispo que haveria de coroar o 1º Imperador do Brasil (1815) e a este próprio D. Pedro I (1826).
Ainda no interior do mesmo espaço, bem no alto, ergue se um dos faróis mais antigos da costa rio-grandense (1911). Ali por perto foram sepultadas pessoas ilustres da comunidade, num cemitério hoje extinto. Descia a rampa superior, ao lado da original caixa d’água revestida de leivas, está o prédio escolar que abrigou o primeiro estabelecimento de ensino secundário do município e a então inédita experiência de uma colônia de férias para crianças.
A melhor maneira de respeitar e valorizar esse passado seria transformar dita área num parque ajardinado e munido de aparelhos de lazer e cultura, cujo planejamento ficaria a cargo de especialistas. Deste modo, estar se ia dotando Torres de um logradouro atrativo, para moradores e turistas, área verde bem no centro da cidade. A propósito, é bom lembrar que nossa cidade ainda é deficitária em matéria de parques, sobretudo se comparada com outras localidades de vocação turística.
Por outro lado, veio nesta sugestão um método mais eficaz para preservar esse espaço nobre. Apesar de aí existirem três praças, nunca foram respeitadas, aos poucos foram (e continuam) sendo invadidas por particulares e pelo próprio poder público. No verão findo, vi um caminhão despejando lixo, sem qualquer escrúpulo, na dita praça Júlio de Castilhos, que é a de cima do morro. Abrigam se ruas clandestinas e as cercas de particulares sobrem a encosta, restringido ainda mais a superfície livre da praça. São problemas que a administração precisa resolver com urgência para evitar que se perenizem. Não deve ser esquecido que uma praça é domínio público, de
uso comum do povo, portanto inalienável; nem usucapião pode ser alegado.
Ao prédio escolar talvez fosse possível dar uso consentâneo com o parque (Centro de Turismo, Museu ou Centro de Convenções?), já que o número de alunos parece estar diminuindo, tanto que subaluga a um bar noturno.
A proposta do Parque histórico foi encaminhada por mais de uma vez. As denúncias de esbulho das praças, idem. Mas até agora a única resposta obtida foi o silêncio. Circunstância que não afasta a convicção de que a ideia, em seu conjunto, merece ser apreciada, mormente agora que entro em vigência a Lei do Plano Diretor, a qual está a exigir soluções semelhantes a esta.
Com paciência e certeza do dever de cidadão cumprido, continuo aguardando.
PODERIA A MÔNICA SALVAR TORRES?
14.08.1998
Desde quando me conheço por gente, tenho ouvido dizer que o turismo de torres só se salva se for de ano inteiro. Tem sido este o objetivo de várias administrações, mas sem êxito persistente. A cada término de temporada, Torres volta à rotina e ao marasmo econômico, com prejuízos para todos.
Isso de veio à memória quando li a notícia da visita a Porto Alegre do empresário Maurício de Sousa (julho) e manifestou o desenho de criar um parque temático no Rio Grande do Sul, a fim de atingir o público do Mercosul.
Como é sabido, Maurício se dedica, há muitos anos, a editar histórias em quadrinhos. Criou personagem dentuça Mônica e sua turminha, com tanto êxito que se exportou para vários
países e línguas diferentes. Não apenas as crianças, mas os adolescentes e os adultos acompanham com alegria as histórias da Mônica, do Cebolinha, do Cascão, da Magali, do Anjinho, do Bidu, do Horário, etc.
A saída dos quadrinhos foi tão grande que Maurício passou a diversificar suas atividades. A exemplo do que aconteceu com Walt Disney (Disneylândia), lançou se no campo dos parques temáticos. Há cinco anos o Parque da Mônica na cidade de São Paulo, com mais de 50 atrações, destacando se a Praça da Mônica, o Museu Científico do Franjinha, o Pátio da Turma, a Praça da Magali, cinema, teatro, pavilhão de exposições etc. Tudo espalhado numa área de 10.000 metros quadrados. Foi um sucesso. Tanto que Maurício inaugurou recentemente um segundo parque temático, em Curitiba, que está recebendo uma média de 3.000 visitantes por dia. E não quer parar... Agora anda à procura de investidores gaúchos para também instalar um parque temático em nosso Estado, onde a Mônica estaria vestida de prenda e o Cebolinha, de bombachas.
Se Maurício de Sousa atrair uruguaios, argentinos e chilenos, nada melhor do que localizá lo nas proximidades da rodovia do Mercosul (BR 101 duplicada) e do Aeroporto Regional de Torres, quem sabe à margem da lagoa Itapeva, onde o parque poderia proporcionar passeios de barco. Áreas de um hectare (como as de São Paulo e Curitiba) não são difíceis de aí encontrar, plana, firmes e belas.
O leitor já imaginou o que isso representaria para Torres? Em matéria de movimentação permanente e de criação de empregos? E em matéria de prestígio turístico? Seria, sem dúvida, mais importante e menos polêmica do que a presença de cassinos.
Se os torrenses não conseguirem atrair a iniciativa, por certo outras comunidades o tentarão, inclusive os concorrentes da Serra e, até mesmo, dos países platinos. A ideia fica no ar. O “site” de Maurício de Sousa na Internet é: www.monica.com.br.
Lembro, igualmente, que outro empreendedor do mesmo gênero se quer instalar no Rio Grande do Sul, como proclamou de viva voz na mídia porto alegrense há poucos dias. Trata se de Beto Carrero, cujo parque temático do norte catarinense coloca se entre os maiores do mundo.
Penso que uma dessas soluções poderia resolver nosso velho problema: o turismo de ano inteiro.
“SERENATA TORRENSE”, TANGO ALEMÃO
23.10.1998
Em 1922, o empresário torrense José Antônio Picoral viajou com sua esposa para a Europa. Naquele tempo era uma aventura, pois a demorada travessia era feita de navio. Objetivo não apenas fazer turismo pessoal, mas principalmente, trazer ideias para aplicar em seu estabelecimento, o Balneário Picoral.
Na Alemanha, relacionou-se em Berlim com o casal Richard Shonian e sua mulher que moravam no bairro Pankow, o amigo alemão trabalhava numa produtora de cinema, era músico e compositor.
Por volta de 1930, seu filho José Inácio Picoral, o Zequinha, também esteve na Europa, onde acabou casando com uma alemã. Na viagem, Zequinha levou o filme que havia rodado em 1920 em Torres. Tratava-se de documentário longa metragem a retratar as belezas naturais de Torres, sua praia de banhos (só havia uma, então, a Praia Grande), bem com o a vida e costumes
dos pescadores, suas casas à beira do Mampituba, uma pescaria na Ilha dos Lobos e outros aspectos locais. Em suas visitas frequentes à casa dos Schonian, amigos de seu pai, Zequinha lhes passou o filme e mostrou uma coleção de fotos. Em 1932 conseguiu, até publicar artigos e fotografias sobre Torres em revistas berlinenses, inclusive na “Weiter Welt” (=Mundo Amplo).
O entusiasmo de Zequinha acerca de Torres contagiou o alemão Richard Schonian, o qual passou a alimentar o desejo de vir ao Brasil sobretudo para conhecer nossa praia, a que passou a considerar “um paraíso terrestre”. Enquanto não chegava a oportunidade sonhada, o alemão fez uma surpresa a seu amigo “Herr Picoral”: dedicou lhe um tango, com letra e música de sua autoria, denominado “Serenata Torrense”.
Letra para o Tango “Torres”
Iª. Parte
Num cantar tão santo, Vamos, minha flor. Ver, de Torres o encanto Que nos espera em fulgor, Vamos, sim, gozar, Cheios de dulçor
A sentir do mar Doce frescor!
IIª. Parte
Que logar. Querido
E não resplendente Oh! sim, tão preferido, Sim, é de toda a gente, Pois a natureza Que o cantou um dia, Deu lhe summa belleza Que os extasia.
Bis
Bis
Iª. Parte Vamos sem tardar Sem hesitação Ver de Torres o mar Que nos espera, em festão, E da passarada Ao trinar, tão vivo, Rompendo a alvorada Num som festivo.
IIIª. Parte Praia adorada Onde o amor dormita És Torres, amada, De todas bemdita, Oh! As sereias Que comportas tantas, Tuas águas tão cheias, Torres! como encantas. Germando Krümeneri Essa música foi tocada diversas vezes aos veranistas de Torres pela orquestra do Hotel Picoral. Em 1933 um público mais amplo teve ocasião de apreciá la por haver sido transmitida pela Rádio Gaúcha. Quanto a seu autor Richard
Bis
Schonian, morreu em 1939, uma das primeiras vítimas da Guerra Mundial, sem ter vindo conhecer sua idealizada Torres.
Para conhecimento dos torrenses, transcrevo, a seguir, traduzido, o refrão do tango alemão:
“Torres, estrela do Brasiliano, Às margens do Mampituba.
Sempre penso em ti.
Tens o sol mais lindo do país
Só me ofereces felicidades e prazer.”
MODELO IMITÁVEL
30.10.1998
A vida, dizia o filósofo Kirkegaard, só pode ser entendida olhando se para trás, “mesmo tendo de ser vivida olhando para frente, ou seja, para alguma coisa que não existe”. Por este mesmo raciocínio, o sociólogo Ortega y Gasset escrevia que “o passado é a força viva e atuante que mantém o mundo de hoje”.
“Santo Ângelo é um município que compreendeu essa verdade. Seu turismo não se funda na existência de uma praia ou na de águas termais, costuma intitular-se uma cidade histórica, embora nada mais exista senão algumas pedras dispersas e um pedaço de piso, daquilo que foi seu dramático passado missioneiro. Para seus próprios cidadãos e visitantes conhecerem sua história, utiliza métodos sábios, inclusive a pintura, depois de já terem uma escultura a Sepé Tiarajú, no centro da cidade, e uma enorme cruz missioneira, na rótula de acesso.
Há alguns anos, nas paredes internas da catedral. Os santo angelenses mandaram pintar o magnífico painel “Saga Missioneira”.
Em 1995, durante uma semana cultural, com a presença de mais de 20 Secretários de Cultura, inauguraram as pinturas murais “Marcos do Caminho” e “Tropeiros”, da artista plástica local Dirce Pippi, as quais continuam ornamentado o ambiente do Centro de Cultura.
Agora em agosto findo, alguns pintores da terra, coordenados pelo artista Vinícius Galeazzi, criaram no prédio da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) três grandes trípticos contando a história do lugar desde 1707 (fundação do povo de Santo Ângelo Custódio) até seu atual desenvolvimento econômico. A própria primeira dama do País, D.ª Ruth Cardoso, veio de Brasília inaugurar a portentosa obra.
Tudo isso demonstra como aquela cidade valoriza seu passado, incorporando se ao padrão humano e social de sua população, a que recentemente a ONU classificou em 35º lugar no Estado (Torres está em 109º lugar).
(Antologia de artigos extraídos de “Torres tem História”, de Ruy Rubens Ruschel, organizado por Nilza Huyer, EST Edições, Porto Alegre,2004.
1986
Filmagem de “A Filha de Iemanjá”, dirigido por dirigido por Milton Barragan com o cantor e compositor Teixeirinha, em Torres.
1989
Início dos Festivais de Balonismo, que deram à cidade o título de “Capital Brasileira de Balonismo”. Durante os quatro dias do evento são realizadas diversas provas, nas quais os balonistas são testados em suas habilidades.
Durante o evento, nos anos seguintes sempre houve manifestações culturais: mostras de artesanato e espetáculos artísticos.
1990
14 e 15 de setembro 1990, realização, no Clube Caça e Pesca, do I Encontro Estadual de Língua Portuguesa e Literatura Gaúcha e I Feira do Escritor Gaúcho, promoção do CODEC RS e E. E. Marcílio Dias, tendo como homenageado Francisco Raupp.
Programa:
Glênio Fahrion: Expressões dos Açores, Cyroa pé Martins e Marilene Machado: A trilogia do gaúcho a pé e A mulher na poesia nativista Fernando Borges e Henrique Schineider: O processo criativo literário e A literatura como elemento de mudanças.
Valesca de Assis e Luis Antonio de Assis Brasil: A Formação cultural do RS e A colonização alemã no RS
Mário Maestri e Marcelo C. da Cunha: O negro na literatura rio-grandense e Industria cultural
1992
Início da publicação em Torres da “Ler & Cia – Revista de Cultura e Lazer”.
LER & CIA REVISTA DE CULTURA E LAZER
(Informações colhidas graças a Joaquim Moncks e Claudio Leal Domingos)
A Revista Ler & Cia, circulou durante dezoito anos, sobremodo na cidade de Torres, de outubro de 1992 a outubro de 2010, no litoral norte do RS, mas era também encaminhada pelo correio a muitos leitores.
O primeiro número, por iniciativa de Cláudio Leal Domingos, nasceu no dia 9 de outubro de 1992, editado por fotocópia de
uma folha A4 dobrada. Trazia o texto “O navio do tesouro” e classificados.
O quarto exemplar fotocopiado já trazia uma poesia de Nilton Teixeira, “Silêncio”.
No dia 9 de julho de 1996, o editor Cláudio Leal Domingos levou a registro e a Revista Ler Cia nasceu oficialmente, legalizada no Cartório de Registro de Torres/RS, sob número 5, folha 2 do Livro nºB, no dia 10 de julho de 1996.
O primeiro número sob tamanho 22/31 centímetros e impressão gráfica veio a público no mês de agosto de 1996, com montagem e composição de José Nilton Teixeira, pesquisas de Dimitri Munari Domingos e participação de Márcia Cáspary.
Desde então, a Revista Ler Cia continuou sendo editada (editorial, crônicas, contos, poesias etc.) por Cláudio Leal Domingos e diagramada e também escrita (poesias e textos em geral) por José Nilton Teixeira, e dela participaram diferentes colaboradores entre os quais Rosane B. Collares Machado, Nelson Saraiva Peres, Roni Dalpiaz, Guilherme Raviza Peres (que diagramou os últimos exemplares) e muitos outros, que seria por demais extenso citar todos.
Duranteesse períodode dezoito anos, aRevistaLer &Cia. teve significativaimportâncianaregião,sobremodo por terdedicado espaço à poesia, à história, à literatura e à cultura em geral, com textos como “A História Perdida”, sobre o material arqueológico captado na região e infelizmente esquecido, ou sobre “Torres Antiga” e “Osório e seus nomes antigos”, entre muitos outros.
O resultado do esforço dos que a mantiveram nesse período, sobremodo o do editor, Cláudio Leal Domingos, e do diagramador, José Nilton Teixeira, não foi financeiro, mas
cultural, por ter deixado marcas na história da literatura da região.
Alguns exemplares estão sendo preservados pelo editor Cláudio Leal Domingos e pela Rádio Cultural FM de Torres.
1993
O espaço Ten Caten iniciou suas atividades em janeiro de 1993, completando 30 anos em 2023. Iniciou como Galeria de arte Atelier6, após passou a char Arte e Vida e atualmente Espaço Cultural Celina Ten Caten. Situado na Rua José Antônio Picoral n. 174 sala 6.
É um espaço de compartilhamento de vivências e eventos culturais. De exposição de arte, fotos, palestras variadas, aulas de pintura, desenho, cerâmica e estudos de idiomas.
A Galeria Celina Ten Caten, no Shopping Itália, na Rua Júlio de Castilhos n. 477, reúne um acervo com obras de importantes artistas gaúchos, obras selecionadas por Celina Ten Caten, uma importante artista e agente cultural da cidade. O acervo da galeria apresenta conhecidos nomes da arte gaúcha, como Iberê Camargo, Danúbio Gonçalves, Carlos Scliar, Plínio Bernhardt, e artistas com intensa atuação na região de Torres, como Roni Dalpiaz, Marlon Selva, a própria Celina Ten Caten, além das
obras de Jorge Herrmann, artista porto alegrense radicado em Torres, cujas pinturas e desenhos tornaram se um verdadeiro roteiro artístico das paisagens naturais de Torres. Mais informações em www.celinatencaten.com.br
Versões artísticas de Celina Ten Caten Curta metragem do Olho de Vidro Imagens
1995
Realização em Torres do Encontro do MOVIMENTO RAÍZES, com publicação esgotada de “Raízes de Torres” (EST Edições, 1995, 336 p.)
Ver também a Tese de Doutorado em História da Sandra Cristina Donner, UFRGS/POA, “História local, Memória e Ofício do historiador entre Raízes e Marcas do tempo (1990 2012)” , de 2015:
ENCONTRO RAÍZES, HISTÓRIA
(de www.raizesdesap.com.br/apresentacao)
RAÍZES é um movimento que reúne pesquisadores, historiadores, escritores, animadores culturais, professores, alunos, enfim, os cidadãos que realizam as mais diferentes atividades nos municípios sediados na região nordeste do Rio Grande do Sul, como também os que se interessam por essa área, e que desejam revelar e escrever sobre suas origens, evocar suas lembranças, recordar as ações dos seus antepassados, para trazer à luz a trajetória da região que tem uma história, mais que local, conjunta, de relações, a qual precisa ser reconhecida, como pilar para o seu desenvolvimento.
Como todo o ser humano é um sujeito da História, chamamos a cada um, crianças, jovens e adultos para dizerem PRESENTE no Raízes, contando, narrando e descrevendo lembranças ou revelando as pesquisas que vêm fazendo, para que asuafamília, o seu bairro, a sua comunidade, sejam mais conhecidos, e os municípios da região mais reconhecidos. Todos têm vez e voz: acadêmicos, estudantes do Ensino Fundamental e Médio, egressos do ensino e os que não estiveram no sistema escolar.
Quantos municípios integram este movimento? Eles somam 78, agora em 2009.
Quais? Aqueles que nasceram dentro do primitivo município de Santo Antônio da Patrulha.
Mas que história é esta?
É que os 496 municípios existentes no Rio Grande do Sul, atualmente, são descendentes dos quatro primeiros criados em
1809, por D. João VI através de Provisão Real de 7 de outubro daquele ano, a saber: Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha.
Em 3 de abril de 1811, a Câmara de Santo Antônio da Patrulha foi instalada passando a dirigir a vasta região nordeste da Capitania. Com uma área de 34.184 km² reunia os distritos da então Freguesia de N. Sr.ª da Oliveira da Vacaria e a Capela de São Francisco de Paula de Cima da Serra (que abraçavam a serra) e da Freguesia de N. Sr.ª da Conceição do Arroio e o Presídio das Torres (que abraçavam o litoral).
Ao longo dos séculos XIX e XX as emancipações foram se sucedendo, reduzindo a área municipal de Santo Antônio da Patrulha a pouco menos de 1.000 km², na virada para o século XXI.
Desta história regional pouco se sabia até a década de 1980, especialmente de como as emancipações foram se sucedendo e quais suas condições e obstáculos, seus trâmites e sucessos, suas relações e possibilidades de integração frente às histórias locais. Enfim, a escrita desta realidade precisava ser feita e divulgada.
Com esta perspectiva iniciou se em abril de 1990, na administração Sílvio Miguel Fofonka, então Prefeito de Santo Antônio da Patrulha, e depois do município de Caraá, a trajetória dos Encontros dos Municípios Originários EMOSAP. O evento é itinerante. A cada ano um município sedia o Raízes.
Os municípios que já sediaram o evento são:
1º Encontro Raízes de Santo Antônio da Patrulha (1990) publicação esgotada
2º Encontro Raízes de São Francisco de Paula (1991) publicação esgotada
3º Encontro Raízes de Tramandaí (1992) publicação esgotada
Obs.: os três primeiros encontros estão publicados em uma obra de 304 p.
4º Encontro Raízes de Lagoa Vermelha (1993 262 p.) publicação esgotada
5º Encontro Raízes de Gramado (1994 440 p.) 2ª edição
6º Encontro Raízes de Torres (1995 336 p.) publicação esgotada
7º Encontro Raízes de Vacaria (1996 510 p.) publicação esgotada
8º Encontro Raízes de Veranópolis (1997 69 p.) publicado
9º Encontro Raízes de Terra de Areia (1998 596 p.) publicado
10º Encontro Raízes de Santo Antônio da Patrulha e Caraá (1999 696 p.) publicado
11º Encontro Raízes de Canela (2000 778 p.) publicado
12º Encontro Raízes de São Marcos e Criúva (2001 912 p.) 2ª edição
13º Encontro Raízes de Osório (2002 832 p.) publicado
14º Encontro Raízes de Sananduva (2003 450 p.) publicado
15º Encontro Raízes de Capão da Canoa (2004 664 p.) publicado
16º Encontro Raízes de Igrejinha (2005 696 p.) publicado
17º Encontro Raízes de Antônio Prado (2006 832 p.) publicado
18º Encontro Raízes de Cambará do Sul (2007 824 p.) publicado
19º Encontro Raízes de Taquara (2008 1568 p.) publicado
20º Encontro Raízes de Santo Antônio da Patrulha (2009) obra no prelo
21º Encontro Raízes do Balneário Pinhal (2010)
22º Encontro Raízes de Nova Hartz (2011) evento em organização
23º Encontro Raízes de Ipê (2012)
24º Encontro Raízes de Bom Jesus e São José dos Ausentes (2013)
25º Encontro Raízes de Palmares do Sul e Capivari do Sul (2014)
26º Encontro Raízes de Rolante (2015)
27º Encontro Raízes de Xangri lá (2015)
28º Encontro Raízes de Jaquirana (2018)
29º Encontro Raízes de André da Rocha (2019)
30º Encontro Raízes de Santo Antônio da patrulha (2019)
Todas as obras publicadas foram lançadas através da Editora EST.
O movimento RAÍZES se propõe a pesquisar, conhecer e divulgar a trajetória de municípios de uma região que tem uma origem comum, nos seus diferentes aspectos: social, político, econômico, cultural, religioso, educacional, ambiental, folclórico e outros. Este processo caracteriza-se como uma prática de Educação Patrimonial, na medida em que mobiliza a comunidade que sedia o evento (com duração de três a cinco dias) para o reconhecimento e determinação de política de preservação dos seus bens materiais e imateriais. Constitui momento significativo para o registro dos múltiplos fazeres da comunidade local e da região de que faz parte, produzidos no passado mais distante ou mais próximo, e que deixaram rastros, os quais devem ser preservados e apropriados no presente pelos que nela residem e/ou trabalham. Trata se, também, de um momento significativo para a socialização das memórias locais e regionais. E o movimento Raízes propõe-se, igualmente, através da Memória e da História, oferecer alternativas para embasar soluções aos problemas do presente, respeitando o passado como pilar da construção de um futuro mais promissor para nossas comunidades. E mais: sustenta a compreensão de que a História do Rio Grande do Sul passa necessariamente pela produção das micro-histórias, notadamente dos municípios, cujas relações ajudam a explicar a realidade maior, integrada nos âmbitos nacional e internacional.
Na esteira deste projeto foram realizados dois outros encontros, organizados e dirigidos pelo Curso de História da FAPA/Faculdade Porto Alegrense: em 2006, Raízes de Alvorada (664 p.), e em 2008 Raízes de Viamão (1456 p.), ambos com obras socializadas entre suas comunidades. Também a partir desta trajetória aconteceu o Raízes em Santo Amaro que resultou na obra “Arquitetanto Santo Amaro” a partir de sua publicação Raízes (408 p.) com o apoio do Programa Monumenta. Em 2010 acontece o Raízes de Gravataí, uma promoção da Prefeitura Municipal, junto com a Casa dos Açores do RS e FAPA.
2000
O Grupo de Capoeira Ecos de Angola nasce no dia 20 de novembro de 1999 na cidade de Novo Hamburgo RS idealizado por Torrenses com um projeto de Capoeira Angola desenvolvido no Colégio Marista Pio XII.
No ano de 2000 o Grupo Constitui sede nomunicípio de Torres onde inicia uma busca por preservar os elementos tradicionais que caracterizam a Capoeira Angola. No ano de 2012, em um encontro dos participantes do coletivo, acontece atrocadenome para Centro Cultural Ecos de Angola e se constrói a primeira sede própriacom umapropostaBioarquitetônica, visando assim integrar a filosofia da Capoeira Angola junto à ética e aos princípios da Permacultura, desenvolvendo assim, de forma holística, corpo, mente, espírito e meio natural, integrados.
Hoje é Ponto de Cultura autodeclarado pela Lei da Cultura Viva.
No Centro Cultural Ecos de Angola o objetivo é integrar a filosofia da Capoeira Angola com a ética e os princípios da Permacultura, visando proporcionar o desenvolvimento humano de forma holística, onde corpo, mente espírito e meio natural estão integrados. São realizadas oficinas teóricopráticas, palestras, vivências e troca de saberes em Permacultura, Artesanato e Capoeira Angola. As atividades englobam: Introdução aos princípios da Permacultura, criação de hortas orgânicas, técnicas de bioconstrução, banheiro seco, filtro biológico. Atividades artístico-culturais de dança, Capoeira, construção de instrumentos, percussão, exposição de artes, aulas e oficinas de artesanato, campanhas de agasalho e alimentos para fins de doação, coleta seletiva de lixo, exibição de vídeos e fotos e materiais de pesquisa entre outras. Além de uma deliciosa alimentação natural e saudável.
Centro Cultural Ecos de Angola
Rua Antonio Pereira Filho, nº 420 Igra Sul www.pontosdeculturars.redelivre.org.br/project/ecos de angola
Publicação do livro “Torres, Marcas do Tempo A imigração alemã: 1826 2001”, de autoria de Nilza Huyer Ely, que registra o II Simpósio sobre a Imigração Alemã no Litoral Norte, realizado de 30 de agosto a 1 de setembro em Torres.
-2001-
Publicação do livro IMAGENS DE TORRES, da cronista e poeta local Maria Helena Tomé Gonçalves, Ed. Gráfica Líder, Criciúma SC, 2001, com belíssimas ilustrações do pintor argentino Delville, falecido em janeiro de 2011 em Torres, onde passou seus últimos anos de vida e deixou vasta obra com registro da arquitetura antiga e da paisagem da cidade. Destaco uma das crônicas poéticas aí publicadas:
TORRES EM FLORAÇÃO de Maria Helena Tomé Gonçalves
Ah, minha Torres, minha bela Torres
É verão e no verão te agitas e estremeces mas te quedas lânguida e preguiçosa ao dourado dos outonos e dormes encantada ao longo e friorento inverno.
Ah minha Torres, minha bela Torres fertilizas ao pólen vivo trazido pelos ventos de primavera e crias vida nova em teu ventre ávido de novas cores e de luzes novas. Acordas, te agitas e inicias o mais doce e belo ritual de vida e floresces pela natureza de que és feita e pela mão dos homens que te habitam
e pintam, pregam, constroem, reformam, te enfeitam, te preparam para o delicioso parto do verão que se aproxima.
Ah, minha Torres, minha bela Torres.
2003
Criação da Casa do Poeta de Torres.
2005
Realização da 1ª edição do FEST TORRES DA CANÇÃO, que em 2006 teve a sua 2ª edição.
Evento que trouxe muitos músicos de fora da cidade. Um verdadeiro sucesso, até com CD gravado, mas que, lamentavelmente não teve continuidade.
2006
Lançamento da música “Minha Paixão”, de Inaudi Ferrari, considerada a mais bela canção sobre a cidade.
MINHA PAIXÃO de Inaudi Ferrari No mundo existem tantos lugares para viver.
Mas nenhum tem o teu charme, teu jeito especial de ser. Torres, tuas belas praias encantam os turistas.
Você me faz ter sempre alma de artista.
És para mim um sonho, Energia, alto astral.
São tantas tuas relíquias Tesouro subtropical. Torres, tuas belas praias alegram os corações.
E no teu céu de outono brilham os balões.
Torres, do Morro do Farol, do Rio Mampituba,
Do mar, do sul, do sol.
Torres das Furnas do paredão.
Do parque da Guarita, da Lagoa do Violão.
Torres, da Itapeva, da Praia Grande, do luau. Torres, da Prainha, dos Molhes, Das dunas, da Praia da Cal.
Do calor ardente dos amores de verão.
Ilusões que viram versos. Emoções que viram versos.
Em noites que vem e vão.
Torres do Morro do Farol Do rio Mampituba
Do mar, do sul, do sol Torres da Ilha, do paredão Do Parque da Guarita Torres Minha paixão. -2006-
Junho de 2006, início da publicação do jornal semanário A FOLHA, sob a direção de Fausto Araújo Santos Jr. Este jornal
viria se consagrar como um veículo de alto nível profissional e estabilidade corporativa, abrindo valiosos espaços para cronistas locais, sobretudo no tocante à história e à vida social na cidade, tal como João Barcelos da Silva.
O texto sobre o Primeiro Hotel em Torres, de autoria de João Barcelos da Silva, foi publicado em A FOLHA, de 26 de abril de 2008; o texto do Segundo hotel foi publicado no mesmo jornal em 22 de agosto de 2009. João Barcelos da Silva nasceu em Torres e foi registrado na Paróquia de São Pedro de Alcântara. Faleceu, também em Torres, no dia 26 de julho de 2011.
O catarinense Bernardino de Senna Campos (Memórias do Araranguá, 2ª Ed.) que além de telegrafista, tinha gosto pelo teatro e por viagens, era também simpatizante do espiritismo e fotógrafo amador. Foi como telegrafista das forças republicanas (mais de dois mil homens) que esteve em Torres pela primeira vez, aonde chegou “às 7 da noite do dia 18 de março de 1894...
...A Vila de Torres é pobríssima, e está situada em cima de uns rochedos junto ao mar...
Tem uma única rua, de Norte a Sul...
Na estação de Torres, a qual estava instalada na primeira casa da Vila, ao Sul, com fundos para Lagoa, havia, como carteiro um
PRIMEIRO HOTEL DE TORRES: HOTEL FAMILIAR, DE ADOLPHO GUILLOUX por João Barcelos da Silva
bom pardo chamado Lourenço... VISTO NÃO HAVER HOTEL EM TORRES.” (grifo meu).
Em 8 de setembro de 1910, esteve em Torres com o grupo dramático da Sociedade União Araranguaense, conforme se vê em fotografia (de Maria Helena Lima) onde no verso consta também, carimbado: B. S. Campos phot. amador.
Em 1911, viajou a Porto Alegre... “no dia 13 de abril: Fui, neste dia visitar o Cemitério Público, onde depositei um cartão, em nome do Araranguá, no túmulo do Júlio de Castilhos, tendo o Jornal ‘Independente’ dado notícia deste fato.”
No retorno de Porto Alegre, 24 de abril pernoitou no hotel em Torres.
O cearense Carvalho de Lima (Ruy Ruben Ruschel, Torres No Começo Deste Século I Gazeta, 25/08/1995), que descreveu dois fuzilamento (Ruy Ruben Ruschel, Fuzilamento No Alto da Torre 1 e 2), ocorridos em 1894, na frente do cemitério que existia no alto do Morro do Farol, atual estacionamento, escreveu em 1901 que Torres tinha duas ruas, 120 casas, e mais ou menos, incluindo três lojas de fazenda, ferragens e molhados, uma estação telegráfica, uma agência de correio, uma escola pública e UM HOTEL. (grifo meu).
O Intendente João Pacheco de Freitas, que foi eleito pela primeira vez em 1901, e dominou direta ou indiretamente a política torrense, por mais de 20 anos, manuscritou em 1903, estatística hoje valiosa fonte histórica, que os historiadores não tem feito uso, menciona, Adolpho Guilloux em duas oportunidades: a primeira como 2º Avaliador Efetivo e a segunda, como Diretor Secretário do Clube Júlio de Castilhos.
Em 1911 João Pacheco de Freitas, que continuava Intendente, aparece em reportagem divulgatória, intitulada Viagem a Torres, contendo 11 fotografias com fins turísticos, no jornal Independente da Cidade de Porto Alegre. Entre as imagens destacam-se: a construção do primeiro farol de Torres; “Uma das praias de banhos, na Torre Norte”, a Prainha, em que aparece um grande grupo de pessoas, possíveis visitantes e “Passagem pelo portão da Torre do Centro” (Portão).
Por falar em Freitas, em 1913, existia em Torres uma Pensão Freitas, a qual estava situada onde hoje é o edifício Mediterrâneo, conforme aparece em fotografia do acervo do Centro Municipal de Cultura. Nesta fotografia, também aparece a “Gaiuta” da Estação Meteorológica, inaugurado em 1913.
O historiador Ruy Ruben Ruschel, neto de José Antônio Picoral, pelo lado materno, afirma que com as manifestações iniciais de turismo, na década de 1910, funcionou na chamada Casa nº 1 o Hotel Riograndense, de João Matos, que hospedava banhistas vindos da Serra.
O pesquisador Roberto Venturella (A História do Farol de Torres, Age Editora, 2006) tem no mínimo 51% do mérito das informações do presente trabalho. Ele possui conhecimento de que Adolpho Guilloux apesar do nome nasceu na Itália em 1870, filho de Pedro Guilloux e Maria Justina Guilloux, era proprietário do Hotel Familiar, “na rua de baixo”, fundos para Lagoa próximo onde está hoje a Escola São Domingos, em 1911, e que casou em Torres em 1901, com Emma Müller. Em 1917, possuía um armazém em Porto Alegre, na rua Dr. Timóteo esquina com Cristóvão Colombo e faleceu na capital em 1918, com 48 anos. Uma curiosidade é que José Antônio Picoral e familiares faziam refeições neste Hotel, apartir de 1913, quando
começaram a veranear em Torres (escrito por Dalila Picoral Ruschel, filha de J. A. Picoral e mãe de R. R. Ruschel, Jornal Correio do Povo, 1969).
Existiu em Torres umsegundo Hotel Familiar, de propriedade de outro italiano, chamado Ludovico Teló, que em 9 de setembro de 1922 hospedou os tripulantes do primeiro avião que posou em Torres, na Praia Grande, pilotado pelo capitão Diego Arocena, acompanhado do mecânico Artur Seabroock (R.R. Ruschel, Origens). A permanência deste avião em Torres está registrada no primeiro livro mencionado neste artigo, ilustrado com fotografia do primeiro Hotel Familiar, do Guilloux, com a legenda, Viajantes no início do Século.
Este segundo Hotel Familiar, o de Teló, também estava localizado na então “rua de Baixo”, mais ou menos de frente para o Bradesco. Ainda segundo Ruschel, em 1924, o mesmo Hotel hospedou um tal de Aureliano Amaro da Silveira (ou de Freitas), a pretexto de negociar madeira para Pelotas, sobre a falsa identidade de Amélio de Freitas. Esteve no hotel por três dias e depois seguiu para Colônia São Pedro para confabular com o líder oposicionista Chico Hertzog.
Esse segundo Hotel Familiar, de Teló, é o que se refere Guido Muri, em Relembranças de Torres, no capítulo segundo, na página 26: O Crime do Delegado. E o que Eduardo Festugato, em Torres de Antigamente, na página 104: O caso Zeló. O delegado envolvido no caso se chamava João Freitas de Oliveira e a mulher do hoteleiro Irene (ou Inês).
Pelo até aqui exposto é razoável aventar se a possibilidade de que o Hotel Familiar de Adolpho Guilloux é o primeiro hotel de Torres, o qual divulgava, em 1911, que seu estabelecimento na capital do estado onde além de outras informações, constava
que é um “estabelecimento de longos anos, como se sabe o município de Torres vae sendo dia a dia mais visitado quer por touristes, quer por homens de negocios, devido ao notável desenvolvimento que está tendo, graças á sabia e activa administração do Intendente coronel João Pacheco Freitasalma daquelle logar”.
De notar se a importância do Intendente João Pacheco de Freitas na atividade turística hoteleira, mormente considerando que era compadre de José Antônio Picoral, que a partir de 1915 16 passaria adquirir importância no setor. Assim cabe perguntar quem é o pioneiro nesta área, qual o mais importante?
Para concluir, de “regalito”, a informação de que em meados da década de 1950 a cidade de Torres tinha quatro hotéis e quatro pensões, a saber, o Hotel Sartori, surgido na década de 1920 (recentemente demolido), o Farol Hotel no final da década de 20, o Cruzeiro Hotel no início dos anos 30 e o Hotel da Sapt, surgido no início dos anos 50. Os três primeiros localizado na “rua de cima” (Rua José Antônio Picoral). As Pensões eram a São José, de fronte ao Bradesco (onde foi o segundo Hotel Familiar, de Teló), a Pensão Bela Vista, onde está hoje o Banco do Brasil, a Pensão Primavera, dos Fadaneli, na Praça XV de novembro e a Pensão Neves, de Bento Chica, que tinha um famoso e atrevido macaco, na Avenida Rio Branco, próximo do edifício Zortea. Nesta época, a rodoviária era de fronte ao Banrisul e o Campo do Torrense, estádio da Lagoa ou dos Eucaliptos era de fronte ao Capesca.
(João Barcelos, Torres, em A Folha Torres, 30 de outubro de 2007)
HOMENAGEM PÓSTUMA A JOÃO BARCELOS DA SILVA
por Jaime Luís da Silveira Batista
Torres perdeu um pedaço de sua História viva, pois João Barcelos da Silva faleceu no dia 26 de julho de 2011. Como ele mesmo dizia: foi batizado, crismado, registrado e vacinado em Torres, onde concluiu o curso primário, no então Grupo Escolar Marcilio Dias, e o curso ginasial, no então Ginásio São Domingos. Por ter sido um defensor da História torrense, por ter se dedicado à cultura local, o município de Torres vem homenagear esse torrense ilustre.
João Barcelos tinha um olhar diferenciado de Torres. Via o nosso município como uma cidade riquíssima em desmembramentos da História local, regional, para a História mundial, relacionado fatos que englobam vários conflitos, mas também momentos de paz e desenvolvimento, porém com críticas em prol da veracidade dos acontecimentos. Apesar de não ter tido formação acadêmica na área da História, foi um autodidata que investigou fragmentos da História torrense com empenho admirável; sua formação acadêmica era voltada í s Ciências jurídicas. Fez o curso de Ciências Jurídicas e Sociais (Direito) na PUC RS, em Porto Alegre, onde também fez curso de Aperfeiçoamento, Extensão e Formação, na Academia de Polícia e UFRGS. Trabalhou como Delegado de Polícia em Porto Alegre, e ao aposentar-se passou então a colaborar com seus artigos e acervos fotográficos tão importantes para a historiografia do município de Torres. Costumava dizer que era um pescador de ilusões.
Perdemos um pedaçodaHistória torrense,mas ganhamos um trabalho precioso que pode ser pesquisado por quem é amante da História. Perdemos Seu João como era chamado carinhosamente, mas ganhamos um legado que é a valorização do nosso patrimônio cultural, a importância de apossarmos da nossaherançacultural e difundi la. Sem esses valores não temos raiz, e sem raiz não temos solidez. Portanto que esse torrense que nos vai deixar saudades seja um exemplo a todos torrenses natos ou aqueles que adotaram o nosso município.
(Jaime Luís da Silveira Batista é historiador, músico e ativista cultural) -2006-
Realização do 1º Fórum Municipal de Cultura de Torres, no dia28 de outubro de2006, comconstituição de câmaras setoriais e debate sobre Plano Plurianual de desenvolvimento da Cultura.
Metas do 1º Fórum Municipal de Cultura de Torres
Ações já concluídas e/ou em andamento:
1. Criou um espaço público para eventos culturais, ensaios, palestras, seminários e encontros setoriais de cultura.
2. Elaborar do Plano Plurianual de Cultura 3. Proporcionou cursos e atividades gratuitas ou de baixo custo, na área de cultura, acessíveis a todos os munícipes.
4. Fomentou a criação de entidades que desenvolvam a cultura (Ongs e fundações)
5. Descentralizou e democratizou o gerenciamento da Cultura
6. Cadastrar os agentes culturais do município.
7. Mapear Patrimônio Artístico e Cultural/histórico do município. 8. Reconhecer, a diversidade cultural do município.
9. Fortalecer os movimentos artísticos locais
10. Criar os conselhos de Patrimônio Histórico, Cultura e do fundo de Cultura.
11. Programou o processo de tombamento Municipal, iniciando pesquisa pra elaboração dos projetos de tombamento da Casa n°1 e antiga Casa de Cultura (criação da lei do Tombo Municipal em 2007).
12. Aplicar medidas provisórias e permanentes para preservar a memória oral, o patrimônio Cultural imaterial, e material. 13. Buscou - parcerias para a promoção de projetos e eventos Culturais: Sesc/Ulbra/Senac/Comércio Local.
14. Criar as câmeras Setoriais de cultura.
15. Promoveu pelos meios de comunicação locais a divulgação das ações culturais.
16. Elaborou calendários mensais de cultura 17. Lançou e iniciou a execução do Projeto Encontro com a História Local visando difundir amplamente nossa história.
18. Lançou e iniciou a execução do projeto MAE (Movimentos Artísticos estudantis) visando promover e fortalecer os movimentos artísticos e culturais nas escolas.
19. Elaborou projeto Arquivo Histórico Municipal
20. Elaborou o Projeto Memoriais Temáticos (1° parte do Projeto Museu Eclético Municipal)
21. Promover a integração dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário em prol do desenvolvimento Municipal da Cultura e a preservação do Patrimônio Histórico. Prazo de conclusão: dezembro de 2006.
-2006-
Fundação em 3 dezembro de 2006 daRádio Cultural FM, rádio comunitária sob a égide da ONG Associação de Comunicação Cultural Torres, tendo à frente dois expoentes da cultura local, Nelson Peres e José Nilton Teixeira, este, ativista cultural e poeta com vários livros publicados.
Nelson Peres viria a falecer em agosto de 2020, assumindo a presidência da entidade em 2021 o comunicador Paulo Timm.
RÁDIO CULTURAL FM
Frequência: 87,5 Mhz – Abrangência: Cidade de Torres-RS Na internet – Há registro de ouvintes em mais de 34 países com uma média de 1.250 ouvintes/dia. Público: Direcionada a um público adulto A, B e C, entre 20 e 70 anos, formador de opinião, culturalmente ativo, com poder aquisitivo e acima de tudo, amante da boa música e informação de qualidade. Programação: A Cultural FM, há mais de 10 anos, mantém sua programação original, com locutores de alto nível e músicas de
boa qualidade. Nossas playlists são formadas por flashbacks, pop rock, rock, MPB, baladas internacionais e novidades. A cada meia hora a informação local e notícia geral ganha destaque com entradas curtas e objetivas. Nossos objetivos são os de levar aos ouvintes uma programação inteligente, crítica, original e exclusiva sempre preocupada com o bom gosto e qualidade. Emissora outorgada pelo Ministério das Comunicações desde 26/10/2006.
Rádio Cultural FM Fone: (51) 3664 3131 e WhastApp (51) 99543 3131 e-mail culturalfm875@gmail.com
JOSÉ NILTON TEIXEIRA
José Nilton Teixeira é poeta, locutor, ativista cultural e Funcionário Público Estadual. Nasceu em Torres, a mais bela praia gaúcha em 8 de maio de 1961. Publicou os livros: POEMETOS (1985); SONHOS DE VERÃO (1992); POEMAR (co/autor 1993); MARESIA NOTURNA (1997); CD Nilton Teixeira, para os amigos (2008); POEMAS ADOLESCENTES (2008); TATUAGENS (2013); BAÚ DE MEMÓRIAS (2017). Foi o Anfitrião da 8ª Feira do Livro de Torres em setembro de 2008, foi um dos organizadores dos seguintes projetos: Poesia na Escola, Fest Torres da Canção Estudantil e Prêmio Cultural. Atualmente é Diretor de Programação e Comunicador na Rádio Cultural FM de Torres RS e Locutor Publicitário prestando serviços online para todo o Brasil.
2007
26 de junho, início do Programa CLUBE DA POESIA DE TORRES, dirigido e apresentado pelo músico e compositor Inaudi Ferrari, juntoàRadio Cultural FM. No mesmo ano,Inaudi e sua esposa Roseli dão início ao Projeto Concurso POESIA NA ESCOLA que viria a revelar vários talentos literários locais. -2007Instituição do Prêmio Cultural. O PRÊMIO CULTURAL foi realizado pela Rádio Cultural FM de Torres em 6 edições, de 2007 a 2012 onde foram homenageadas pessoas que, no seu segmento de atuação, trabalham para desenvolver a cultura
como um todo. Não foi feito através de pesquisa ou concurso, foi apenas uma homenagem que a Cultural FM quis prestar a essas pessoas. Nessas 6 edições foram homenageadas cerca de 70 pessoas dentro dos segmentos: músico, grupo musical, poeta, escritor, radialista, artista plástico, ativista cultural, educação, dança, teatro etc.
PRÊMIO CULTURAL DA RÁDIO CULTURAL FM (2007-2022)
1º Prêmio Cultural 2007
Homenagem 50 anos da Radio Maristela Homenagem Especial Inaudi e Roseli Ferrari Intérprete Musical Elis Cardoso Canto Coral Avelino Zuanazzi Professor Benedito Ataguile Contribuição Cultural Batista Rosa Destaque Cultural Dora Laidens Incentivo Musical Telmo Valêncio Poesia Jovita Esquina Grupo Musical Industria Nacional Comunicação Luiz Carlos Oliveira Revista Cultural Revista Melhor Idade Fotografia Taís Abel e Vana Rodrigues Música Erudita Luis Fernando Rayo
Artes Plásticas Rosanea Martins
2º Prêmio Cultural 2008
Músico Evandro Elias
Grupo Musical Asas ao Vento
Canto Coral Ellen Rolim
Contribuição Cultural na Música Agildo do Bandolim
Artes Plásticas Delville
Ativista Cultural Dorotéa de Carlo
Dança Paula Schreck
Poesia Aledir Bristot
Destaque Cultural – Joaquim Moncks
Educação – Léa Teresinha Galio Gründler
3º Prêmio Cultural 2009
Artista Plástica - Nilceomar Perraro Munari
Destaque Artístico Cláudio Romário
Pesquisador Cultural Cláudio Leal Domingos
Poeta Francisco Jansen
Produtor Cultural Sandro Lopes
Incentivador Musical Luiz Antônio de Bittencourt
Projeção Musical Desolate Ways
Destaque Educacional Belimar da Silva Guimarães
Compositor / Intérprete Rossano Duary
Destaque Musical Doctor Zé
4º Prêmio Cultural 2010
Nilson Léo Radialista
Manoel Policarpo Contribuição Musical
João Luiz Pacheco Músico Nice Campos Canto Coral
Luciane Farias Poesia
Sandra Popoff Literatura Infantil
Zilka Jaques Ativista Cultural
Neda Pozzi Educação
Luis Carlos Borges Homenagem Especial
5º Prêmio Cultural 2011
Homenagem aos 50 anos da Escola E.E.F. Prof. Justino Albeto Tietboehl Constante Alfeu de Professor Constante Alfeu de Luca Músico Saulo Vitório
Inclusão Sociocultural Grupo Cultural Tche Ahupoo Homenagem 10 Anos Grupo Mania de Você
Ativista Cultural Celina Ten Caten Produtor Cultural Lucas Webber Radialista Pedro Elias Revelação poética Eduardo Francisco Jaques Neto Homenagem Especial Vando Lipert
6º Prêmio Cultural 2012
Homenagem Especial aos 90 anos do Instituto Estadual de Educação Marcilio Dias
Educadora Maria de Fátima Justo Brunelli Músico - Denver Reginatto
Dança - Xhyko Barros
Radialista (In Memoriam) - Ariovaldo Ferreira Rodrigues
Revelação Musical - Banda we3+
Revelação Literária - Silvia Meirelles Kaercher
Projeto Cultural - Cineclube Torres
Fotografia - Luís Reis
Poesia João Padilha
Homenagem Especial Danilo Sacchet
7º Premio Cultural 2022
Fotografia Gabriel Zaparolli
Destaque Musical Sambatuque
Projeto Musical Musicália
Comunicação João Guilherme Machado
Educação Silvia Maria Teixeira Pereira
Ativismo Cultural Tommaso Mottironi
Poesia Amália Capaverde
Literatura Solange Borges Grupo Musical Aruêra
Artes Plásticas Jorge Herrmann
Homenagem 100 anos I.E.E. Marcilio Dias (Realização Cultural FM e Clube Capesca)
2007
O grupo musical Mesa de Bar iniciou no verão de 2007, quando, a convite da Dirigente de Cultura do município de Torres-RS, Dora Laidens, o radialista José Nilton Teixeira, o músico Inaudi Ferrari e o Músico e Empresário Alencar Policarpo montaram um Recital Poético Musical para duas apresentações no Centro Municipal de Cultura, onde se daria destaque aos valores locais. As duas apresentações agradaram tanto ao público que o trio resolveu montar um show e continuar com as apresentações. Começaram a surgir convites para apresentações em ocasiões especiais como Dia dos Namorados e em Feiras do Livro.
Em 2009 o Show passou a ter a Produção de Sandro Lopes e fazer parte do TORRES NA CENA, programação de eventos culturais que era apresentado durante o verão em Torres. Neste mesmo ano, o Grupo passa a ser contratado pelo SESC-RS para apresentações, todos os anos, durante o verão na Casa BandSesc, em Torres. Para as apresentações do "Torres na Cena" em 2010, o trio sentiu a necessidade de incorporar instrumentos de percussão ao show e foi convidado o percussionista Jaime Batista, que passou a integrar grupo.
Em março de 2010, por intermédio do Produtor Sandro Lopes, o grupo foi convidado mostrar o seu trabalho no Foyer Nobre do Teatro São Pedro, em Porto Alegre, através do Projeto Petropar. A sala ficou lotada e rendeu muitos elogios da seleta plateia.
No Torres na Cena de 2011, o Mesa de Bar inova e faz um Show em Homenagem aos 100 anos de Adoniran Barbosa, trazendo ao palco todo o ritmo e gingado do samba paulistano de Adoniran. No mesmo ano, o músico Alencar Policarpo deixa o grupo por motivos profissionais, e então é convidado o Professor de música e violinista Rogério Zarochinski, que já havia feito algumas participações especiais no show, para integrar o Mesa de Bar. Em 2015, Otávio Duarte, exelente violonista, passa a integrar o grupo que, passa a se chamar MESA, BAR & CIA.
(Fonte: www.mesadebar.wix.com)
Trecho do Show do Grupo Mesa de Bar Casa de Cultura em Torres RS, no dia 18/09/2011 -2007-
O concurso "Poesia na Escola", nasceu no ano de 2007 para incentivar os alunos do ensino fundamental e médio de nossa cidade e região, na produção literária, no quesito poesia. Este evento foi idealizado por Inaudi e Roseli Ferrari.
Neste período de doze anos, nasceram novos talentos, inclusive com livros de poemas já impressos.
O objetivo principal do concurso é descobrir novos talentos, propiciar interação entre as comunidades escolares e incentivar a criatividade dos estudantes.
A necessidade de auxiliar no desenvolvimento da criatividade artística dos jovens, instigando a capacidade de questionar e analisar de forma racional através do senso crítico levando o aluno a aprender a buscar a verdade, e refletir sobre cada assunto, levam a realizar todos os anos este evento.
Podem participar ao concurso alunos do sexto ano ao nono ano do ensino fundamental e alunos do ensino médio.
POESIA NA ESCOLA: CULTURA & ARTE NAS ESCOLAS DE TORRES, UMA EXPERIÊNCIA DE SUCESSO.
Uma comunidade escolar é composta por alunos, professores, funcionários, pais e vizinhos da escola. Ou seja, uma boa parcela da sociedade.
Em todo seu contexto histórico Torres sempre apresentou grande vocação artística e uma diversidade cultural, visto a formação de sua população em constante crescimento. Tal crescimento é devido a migração das demais cidades gaúchas e também dos países platinos de pessoas que vem morar no litoral, bem como a questão turística que proporciona a interação com culturas diversas.
Contudo a construção de uma identidade faz-se necessária bem como a vivência com as linguagens artísticas. Nesse sentido que em 2006 através da Associação Cultural FM, uma rádio comunitária, cujo estatuto previa o fomento à cultura em todos os seus seguimentos, o departamento de cultura dessa associação coordenado pelo músico e poeta Inaudi Ferrari, que então comandava o programa “Clube da Poesia” e fundador da Casa do Poeta de Torres idealizou um concurso de poesia envolvendo a comunidade estudantil da cidade.
O objetivo do concurso era apresentar e inserir esse gênero artístico e literário nas escolas, incentivar acriação e aprodução em todos os níveis, nascia assim o “Poesia na Escola”.
O “Poesia na Escola” tem proporcionou nosanos de realização a vivência, a criação e a difusão da arte da poesia que segundo Ferrez (Ativista cultural de Capão Redondo, comunidade
periférica de São Paulo) é a mais marginal das artes, pela sua dialética e nem sem compreendida, assim democratizando e dando visibilidade à arte poética à essa parcela da população, a juventude com poucas oportunidades de expressão.
POESIA NA ESCOLA: IDEALIZAÇÃO
A idealização partiu da coordenação do departamento de cultura da Associação Rádio Cultural FM e seus colaboradores Roseli Nery e José Nilton Teixeira, poeta conhecido na cidade.
A partir do “Clube da Poesia” que acontecia todas as segundas feiras à noite na Rádio Cultural FM que há tempo vinha difundindo e reunindo os vários poetas locais ou que passavam a residir em Torres.
Os primeiros anos contou apenas com o interesse de algumas escolas e professores que gostavam de poesia, e compreendiam a proposta do projeto, que era proporcionar uma mudança de consciência do jovem. Para alcançar outras escolas foi preciso realizar um trabalho de conscientização.
As atividades de apresentação e criação aconteciam dentro das salas de aula, que era também a primeira etapa classificatória. Algumas escolas realizaram exposições em murais a fim de socialização dos trabalhos executados. Após acontecia a classificação escolar e as inscrições para o concurso, cuja premiação era medalhas aos primeiros classificados conforme a categoria.
Nos anos seguintes aadesão das escolas aumentoueexpandiu o envolvimento da comunidade escolar, os professores passaram a realizar as oficinas de criação, cresceu a leitura e a busca de livros de poesia tanto nas bibliotecas, livras e na própria feira do livro.
Em algumas comunidades o envolvimento dos pais foi considerável e outros eventos passaram acontecer dentro das escolas, como o Café Literário na Escola Mampituba, saraus e outros.
A poesia passou a ser presente nas apresentações do dia das mães, jantares e festividades das comunidades.
APOIOS E CONSOLIDAÇÃO
“Educar a mente sem educar o coração não é educação” (Aristóteles)
Com o crescimento de adesões por parte das comunidades escolares apoiadores foram surgindo dentre eles o SESC oferecendo os troféus para a premiação e auxiliando também na organização do concurso.
A Secretaria Municipal da Educação e o Departamento de Cultura em aderiram efetivamente ao projeto.
Estimou se que três mil pessoas aproximadamente foram envolvidas com o projeto, a noite da premiação é concorrida pela população em geral, pois tornou se um evento cultural esperado na cidade.
O ano de 2013 foi mais um marco da consolidação do projeto com 150 poesias inscritas pois contou o apoio efetivo da Secretaria Municipal da Educação que disponibilizou um veículo para que ocorresse a divulgação em todas as escolas do município incluindo as estaduais e particulares e custeou a publicação de um livro das 20 poesias premiadas lançado durante a Feira do Livro. Além do total apoio dos professores que aderiram o Poesia na Escola como ferramenta pedagógica para a construção do saber. Neste ano o Poesia na Escola ainda sob a organização do músico e poeta Inaudi Ferrari, porém sob a promoção da Rádio Maristela tendo em vista a migração de
seu idealizador para outra associação, fato que não impediu o sucesso do projeto visto a sua consolidação junto à comunidade escolar. Outro fator interessante da sétima edição foi a participação de alunos surdos do ensino médio que apresentaram seus trabalhos e contou com tradutoras para o público.
Os livros foram distribuídos nas bibliotecas escolares e públicas, e cada aluno recebeu 10 exemplares, assim como os apoiadores.
As categorias do Poesia na Escola são:
- Ensino Fundamental – 5º ao 9º ano
- Ensino Médio – 1º ao 3º ano
O encerramento tem a característica de um grande recital com a participação dos 20 trabalhos selecionados, quando receberão a premiação. Cada aluno recebe um certificado de participação e medalha, os três primeiros lugares um troféu e o melhor intérprete de cada segmento também recebe um troféu.
No dia 16 de novembro de 2019, junto ao II FAROL LITERÁRIO ocorreu a 12ª edição do POESIA NA ESCOLA, uma realização da Ferrari Produções & Eventos com apoio da Rádio Maristela, SESC/Torres, Yázigi/Torres e todas as escolas do município de Torres. Presidiu o corpo de jurados o Poeta Joaquim Moncks, quem destacou ao final a participação de todos os concorrentes destacando, uma vez mais, a importância do evento não só para a revelação de talentos, mas também para a o aprofundamento na comunidade escolar da importância e do sentido profundo da Poesia como técnica da palavra na tentativa de interpretação do enigma humano. Neste ano os poemas vencedores foram publicados na coleção Poesia de Bolsa da Cultural FM e
patrocínio do Espaço Cultural Farol dos Ventos e Casa do Poeta de Torres e estão reproduzidos no anexo deste livro. -2007Criação do Conselho do Patrimônio, Histórico, Artístico e Cultural COMPHAC, com a Lei nº 4080, de 7 de maio de 2007. -2007Primeira edição do Fest Torres da Canção Estudantil, realizado em 10 de novembro de 2007 no Ginásio de Esportes da Escola São Domingos, com realização da Rádio Cultural FM e Grêmio Estudantil da escola.
Os objetivos do projeto idealizado por Inaudi e Roseli Ferrari são: incentivar a cultura através da música e da poesia; promover uma integração saudável e promissora entre os estudantes e músicos profissionais; proporcionar o aparecimento de novos talentos.
O projeto, um concurso anual aberto a grupos com estudantes de vários graus de ensino, inclusive particular e profissionalizante, teve 8 edições, sendo por enquanto a última edição realizada no ano de 2014.
Gravação vídeo do 1º Fest Torres da Canção Estudantil (SulTV)
Janeiro de 2008, Leonardo Gedeon publica “A Arqueologia em defesa do Patrimônio Material de Torres” na plataforma online Recanto das Letras: -2008-
Realização da 18ª. Feira do Livro de Torres, organizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Esporte do Município, com Encontro dos Anfitriões, os quais fazem a aproximação do evento com a comunidade reunindo “lembranças, trocas de experiências e muitos relatos, abordando temas como a organização do evento, a produção, os patrocínios, a divulgação, entre outros”. “Este papel enriquece todas as atividades da Feira”. Esta é a lista dos anfitriões desde 2008:
2008 José Nilton Teixeira
2009 Dora Laidens
2010 Cléa Silvia Biasi
2011 Liege Frainer Barbosa
2012 Terezinha Quadros
2013 Almonita Gedeon
2014 Márcia Kaspary
2015 Virginia Serpa da Silva
2016 Nelson Adams Filho
2017 Jaime Batista
2018 Constante Alfeu de Luca -2008Lançamento de Passeio Cultural pelo grupo “Pé na História”
GRUPO PÉ NA HISTÓRIA
O Grupo Pé Na História buscou no patrimônio cultural uma forma diferente de contar passagens históricas da cidade, personagens e lendas. Lançado no veraneio de 2008, o Passeio Cultural vem sendo realizado desde então, levando turistas, moradores e veranistas a percorrerem o centro histórico da cidade caminhando entre prédios e monumentos que guardam as memórias da comunidade torrense. A finalidade principal do Grupo Pé na História é valorizar e preservar o patrimônio histórico e cultural da cidade de Torres.
Os antigos casarios da “rua de baixo” estão em estado precário de conservação, alguns até já foram demolidos ou reformados sem o menor compromisso com a história. As antigas histórias e lendas estão sendo esquecidas e não mais repassadas para as novas gerações. Tudo isso está deixado à margem dos principais projetos da cidade e de suas diversas administrações.
Por isso, além da informação e da atividade turística, o Passeio Cultural, agoraem formade Roteiros Turísticos, objetiva
voltar o foco para estas relíquias históricas despertando o interesse das autoridades e da comunidade à importância da preservação e conservação do patrimônio da cidade. E fazer isso com um grande diferencial que é o de relatar a história através de personagens devidamente paramentados com figurinos e maquiagem, dando nova vida aos lugares visitados
Publicação de “Vozes do Mar” Antologia dos Poetas de Passo de Torres. Org. Aledir Bristot, Presidenta da Casa do Poeta POEBRAS Passo de Torres/SC.
Jorge Saes, natural de Bagé e radicado em Torres desde 2002, pintor e poeta, registra seu amor à cidade:
TORRES, A MAIS BELA PRAIA
Jorge Saes, 28 janeiro de 2011
Tentando descrever Torres, lembrei as primeiras sensações sentidas quando, ainda jovem, do alto de uma de suas falésias, hoje conhecida como Morro do Farol, alonguei meus olhos para dois infinitos horizontes.
De onde nasce o sol, vi chegarem ondas que se debruçavam sobre a costa, vezes, procurando abrigos em suas inúmeras furnas, ou espalhando espumas brancas sobre a areia fina; noutras, medindo forças contra as milenares rochas vulcânicas que oferecem diferentes sons na musicalidade das cordas dos ventos sul e nordeste.
Paraonde o sol sepõe,vi vespertinasclaridades se aninharem por detrás da serra, que se veste, nos dias de luz, de claro azul, mostrando curvas e contornos a se desdobrarem em desenhos inimagináveis.
A serra e o mar se casam ao cair da tarde espetacular festa de cores.
É da serra é de lá tenho certeza onde existe algo ou alguém a produzir diferentes luzes e tonalidades para enfeitar as nuvens a se debruçarem do outro lado, onde tudo começa e termina. São tantas e tantas as cores, que não as consigo descrever. Seria necessário me socorrer da sensibilidade de um artista plástico celestial, para que, em seus óleos sobre tela me ensine como nascem e como são combinadas as nuances das tardes transluminosas transportando nuvens que não são só brancas, mas que refletem, em contrastes, um colorido dourado,
argênteo, topázio, verde, azul, alizarina ou a cor da púrpura que adornou palácios, dignidades e realezas.
Suas areias brancas viajam ao sabor natural do vento guardando segredos onde se aninham casais enamorados perpetuando a fauna, a flora e onduladas formas de vida.
Torres, não é só uma praia. É muito mais. É tudo o que a natureza pode oferecer em beleza e frescor. É luz, é sol, é mata nativa, é pureza na brisa, no ar canalizado do Parque da Guarita aos pulmões jovens ou cansados pela canga do tempo procurando repouso.
Torres é um lugar para se viver, criar e partir na serenidade da paz, que o tempo vai, aos poucos, construindo e levando para as sadias dimensões dos que souberam ver, sentir e amar.
2011
Em junho de 2011, criação do Cineclube Torres, numa iniciativa do editor e promotor de cultura Tommaso Mottironi e que viria a se constituir em importante ponto de referência cultural na cidade.
HISTÓRICO DO PROJETO “CINECLUBE TORRES”
Em julho de 2011 começaram os primeiros encontros do que iria ser o Cineclube Torres: no início, informalmente, com reuniões de sensibilização esporádicas e depois semanalmente conforme uma agenda traçada e um maior comprometimento por parte dos participantes.
A análise das anteriores experiências de exibições cinematográficas promovidas na cidade revelou que, para garantir ao projeto solidez em caráter permanente e despersonalizado, seria essencial encaminhar o projeto na forma de um Cineclube, que é na prática uma Associação sem fins lucrativos; isso aumentou a complexidade do empreendimento com a burocracia de atos constitutivos, mas também deu a oportunidade de amadurecer as ideias iniciais e de debater sobre as futuras atribuições da entidade.
O caminho foi longo, até que em março de 2012 foi registrada legalmente em Cartório a Associação sem fins lucrativos denominada “Cineclube Torres”, posteriormente registrada na Secretaria da Fazenda como pessoa jurídica.
Entre os objetivos estatutários da Associação temos:
• a projeção e exibição de filmes e material audiovisual em geral; a promoção de manifestações culturais e cinematográficas;
• a realização de convênios com entidades culturais no país ou no exterior para intercâmbio cultural;
• a realização de ações de formação relacionadas com as técnicas cinematográficas e audiovisuais;
• pesquisa, recolhimento, recuperação e catalogação de material audiovisual, inclusive fotográfico, referente à cidade de Torres e à sua história.
Hoje o Cineclube Torres é Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva, com um histórico de mais de 400 exibições cinematográficas, a maioria efetuadas no Auditório José Antônio Picoral, que integra o Centro Municipal de Cultura de Torres, no Museu Histórico de Torres (2022), mas também em
sala própria em autogestão (Espaço Cine Cultural Paulo Prates, 2023), em escolas, hotéis e na Universidade Luterana ULBRA Torres. (do site www.cineclubetorres.org)
2012“Sob As Lentes De Torres” é uma construção que iniciou em 2005, através de um projeto de monitoria do autor, Jaime Batista, no curso de Licenciatura de História da UNISUL, que faz uma contextualização, de registros fotográficos antigos e atuais (2006), de vários ambientes de Torres. Esse trabalho evoluiu para uma monografia das imagens de 1900 a 1960 e finalmente (ou inicialmente) para esse livro, que faz leituras de imagens de Torres desde Jean Baptiste Debret até as tradicionais fotografias de Ídio K. Feltes (fotógrafo pioneiro do século XX de Torres).
As imagens foram selecionadas de acordo com os temas que se dividem em assuntos socioeconômico culturais do município de Torres, desde o início do Balneário até os anos de 1960. As leituras dos registros fotográficos são da interpretação do autor que convida ao leitor a fazer a sua própria, comungando com a memória do município de Torres.
O livro “Sob as Lentes de Torres” foi lançado na 12ª Feira do Livro de Torres (2012).
Publicação no Jornal Litoral Norte do artigo “A cultura em Torres”, por Paulo Timm.
A CULTURA EM TORRES
A semana do “Oscar” 2013 ficará marcada por um incidente insólito: O Cineclube Torres não pode rodar, na segunda feira, dia 25, o filme programado: Um céu de Estrelas. As portas do Centro Cultural, onde sempre são levadas a cabo as sessões, estavam trancadas. Os cinéfilos ficaram a ver estrelas... Descuido? Aviso Prévio? Mera agressão? Ou um pouco de tudo isso...?
O fato suscita uma reflexão: Qual a prioridade da nova Administração Municipal à cultura?
Para respondê-la devemos voltar ao Plano de Governo apresentado por Nílvia quando se lançou candidata. Lá não há
muita coisa, mas registra o compromisso de criar o CEU, um Centro de Eventos. Tomara!
Mas quando se fala em “Cultura” como uma instância com interesses e objetivos específicos na vida comunitária e suas projeções na Administração Pública, vale uma digressão: Cultura, no sentido antropológico, é “o” traço distintivo da espécie humana. Somos humanos, dizem os católicos, porque feitos à imagem e semelhança de Deus, guardando Lhe a incrível capacidade de criar e recriar tudo ao nosso redor. E fazê-lo sob o critério do justo e do injusto. Somos criaturas criadoras. Todos nós. Mas com traços e potencialidades diferenciadas.
Uns distinguem se pela inteligência e mercê deste atributo têm um lugar decisivo na História da Filosofia e das Ciências; outros se diferenciam pelo carisma, esta marca divina que faz de alguns líderes, outros liderados; outros, ainda, pela capacidade de se comunicar com os mistérios do Além, candidatando-se à galeria da santidade; e há os que são portadores naturais de algum dom para as Artes e, que, quando tocados pelo talento, nos comovem.
Aliás, para isto serve a Arte? Para nos tocar a alma. Ela não tem qualquer utilidade prática. Não sacia a fome. Não alimenta a nossa conta bancária. Não nos entrega nenhum bem que nos facilita a vida cotidiana. Não alivia as dores do corpo, nem pensa suas feridas, tampouco o corrosivo efeito do tempo. A arte é o alimento do espírito, para a qual inexiste explicação racional. E os artistas, nas suas inúmeras direções, a cultivam como uma espécie de predestinação, brindando nos com seus produtos mágicos. Trágicos. Ao fazê-lo, recriam o mundo, fantasiando-o com a imaginação e os sentimentos. Produzem cultura...
Até há pouco, ninguém atentava muito para a importância material da Arte. Os próprios artistas viviam num mundo à parte, vivendo às custas de nobres mecenas ou acotovelando se nos arredores das cidades em estabelecimentos de moral duvidosa ou retumbantes circos. Os artistas eram oriundos da plebe e discriminados pelas elites da Boa Sociedade. Quase marginas. Vistos como libertinos. Diabólicos...
Mas os tempos mudaram.
A economia da produção, que nos redimiu dos trabalhos mais pesados na lavoura e na indústria cumpriu seu papel. Hoje vivemos o auge da Sociedade do Conhecimento, Pós-Industrial. E nela, a cultura da economia cedeu lugar à economia da cultura. Daí não ser a arte apenas um ornamento da sociedade, mas núcleo constitutivo...
É tempo, pois, dos agentes de cultura se manifestarem com maior repercussão em Torres. Os últimos anos trouxeram à tona incríveis revelações na Música, na Poesia, nas Artes Plásticas e o Design, na Literatura, sendo relevante salientar o papel que cumpriu entre nós a Rádio Cultural FM. Mas este movimento ainda está disperso. Tímido. Sem voz.
Está na hora de se juntar as peças numa I CONFERÊNCIA DE CULTURA DO MUNICÍPIO DE TORRES, com o apoio da Prefeitura Municipal. Desta Conferência poderá sair um Manifesto com as diretrizes para o desenvolvimento cultural de Torres, com exigências frente ao Poder Executivo.
Afinal: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” 2013
Realização da 1ª Conferência Municipal da Cultura, nos dias 30 e 31 de julho, no Auditório da ULBRA Torres.
CONFERÊNCIA DE CULTURA DE TORRES ALIMENTARÁ SISTEMA ESTADUAL E NACIONAL DE CULTURA
em A Folha Torres, 5 de agosto de 2013
Na semana passada, nos dias 30 e 31 de julho foi realizada a 1ª Conferência Municipal de Cultura de Torres. O evento aconteceu nas dependências da Ulbra. A cerimônia de abertura, na quarta feira teve a presença da prefeita Nívia Pereira, dos secretários municipais, Mariza Carlos, da Educação, e Carlos Souza, do Turismo. Representando a Câmara de Vereadores, a vereadora professora Lú. Palestraram e participaram da abertura José Carlos Martins, presidente do Conselho de Dirigentes de Cultura, da FAMURS, e Carla Pinheiro, da UNESCO. A temática da noite foi “Uma política de Estado para a Cultura: desafios do Sistema Municipal de Cultura".
Torres aderiu ao sistema nacional
A Conferência Municipal de Cultura é uma forma das cidades se enquadrarem ao Sistema Nacional de Cultura. Similarmente a outras áreas, como Mobilidade Urbana, Meio Ambiente, Cidadania etc., as Conferências são uma forma de os municípios se encaixarem em uma organização maior, organização esta liderada pelo Governo Federal e que convida Estados e cidades para que entrem na parceria. Convênios, verbas públicas, dentre outras contrapartidas são os argumentos para que os municí-pios adiram o sistema nacional e gestor maior. A lógica do GovernoFederal éque asmesmasportas (chamadas deeixos) sejam ocupadas de uma forma verticalizada. Para tanto, organizou as Conferências Municipais, as Conferências
Estaduais e as Conferências Nacionais. Nesta última, o governo emite, ano após anos, as chamadas Políticas Públicas Nacionais.
A cidade de Torres já realizou encontro similar em 2006. Foi o Fórum de Cultura de Torres, na primeira gestão do Governo João Alberto. Mas o formato na época era para tão somente fomentar a Cultura na cidade. Não havia um sistema nacional com Conferências, como há hoje em dia. Por isto que o governo atual batiza a Conferência de 1 ª. Antes houve encontros, mas não para a formatação atual que o pano de fundo de uma polí-tica nacional.
E Torres aderiu em 2013 ao convite federal e Estadual, já que são do PT os governos municipais, do Estado do RS e do Brasil. Uma formatação além de administrativamente, politicamente bem arredondada.
Constituição de uma Secretaria Municipal de Cultura
No plenário do encontro nos dois dias participaram representantes das diversas áreas de atuação artí-stica de Torres. Foram músicos, atores, artistas plásticos, artesãos, representantes de diversas entidades de diferentes segmentos da área, ativistas e comunidade em geral.
Na tarde da quinta feira (31) os trabalhos foram coordenados por Ian Angeli, da Secretaria Estadual de Cultura, e Débora Fernandes, Coordenadora de Cultura da SME de Torres. Foram abordados os quatro eixos temáticos do documento base que resultou num relatório. Neste consta a formação de uma comissão de discussão, elaboração e acompanhamento dos marcos legais do município, a constituição de uma Secretaria Municipal de Cultura, a constituição do Conselho Municipal de
Cultura, mapeamento da cultura do município, microcrédito e outros.
Ao término foram eleitos quatro delegados para representar o município na Conferência Estadual, sendo um governamental, representado por Débora Fernandes e três da sociedade civil: Leandro Lopes, do CTG Porteira Gaúcha; Júlio Souza, da capoeira e Carla Patrícia Horn, do Cineclube Torres. São suplentes, Sérgio Mello, governamental; Jane Dalacorte, representando os indígenas, e Carlos Vieira, da Torresart.
As conferências municipais são etapas da 3 ª Conferência Nacional.
2014
Promulgação da Lei nº 4714, de 11 de setembro de 2014, que institui o Sistema Municipal de Cultura SIMCULT, estabelece diretrizes para as políticas municipais de Cultura, cria o Conselho Municipal de Políticas Culturais e o Fundo Municipal de Cultura.
2014 29 de maio de 2014 acontece o primeiro encontro do projeto “Conversando com a História” tratando sobre “Personalidades Torrenses” e com o historiador Leonardo Gedeon como mediador.
CONVERSANDO COM A HISTÓRIA
por Débora Lupim Fernandes
A verdadeira viagem se faz na memória (Marcel Proust)
O projeto Conversando com a História foi de grande relevância para o resgate da História Social da cidade de Torres, da história ainda não contada nos livros e guardadas na memória de quem viveu e, ou ouviu de seus antepassados, ou dos mais antigos, é que nos propomos a escrever esse trabalho. Entendemos que amemória éum patrimônio humano e cultural e é preciso difundi la para que as novas gerações conheçam a História local, a preservem e sobretudo sintam se parte dela, identificando seus hábitos, costumes e valores, assim como fatos que eram contatos apenas nos seios familiares.
Uma das principais concepções do projeto Conversando com a História, promover a Educação Patrimonial para a comunidade em geral através da História Oral.
Apresentemos o Projeto Conversando com a História Objetivos Resgatar a Cultura e a História do município de Torres por meio da oralidade; Promover o registro da História expressada por aqueles que a viveram, testemunharam ou possuem algum registro; Construir um arquivo audiovisual a ser disponibilizado às escolas;
- Empoderar o cidadão torrense como ente pertencente à história do município;
Registrar a História não oficial, ainda não constante nos livros; Promover um ambiente de construção e interação entre convidados e públicos e suas contribuições; Divulgar amplamente a História de Torres em suas diversas especificidades.
Metodologia
O Conversando com a História acontece mensalmente na última quinta-feira do mês, com tema previamente escolhido pela equipe ou sugerido por colaboradores, prefeita, escola, historiadores e demais. Quando é levantado por meio de pesquisa e consulta a moradores mais antigos sobre quais pessoas poderão tratar do assunto, assim como é eleito um mediador que tenha afinidade ou estudo do tema que gerenciará o encontro. O encontro é registrado por meio de filmagem que poderá servir de material de pesquisa posteriormente.
O projeto chama se Conversando com a História com o intuito de aproximar os convidados (expositores) com o público que também participa com questionamentos e colaborações.
Público alvo População em geral, estudantes do Ensino Médio e EJA e pesquisadores.
Observação
São oferecidos certificados aos expositores e aos alunos certificados on line.
O ano de 2014 inicia com um marco na História do município, após uma grande movimentação e articulação na I Conferência
Municipal de Cultura ocorrida em 2013, é realizada a reforma administrativa e a pasta da cultura recebe destaque com o desmembramento da mesma da Secretaria de Turismo e a criação da Secretaria Municipal da Cultura e do Esporte, com orçamento próprio e autonomia para deliberações e fomento cultural.
À frente da Diretoria da Cultura, Débora Fernandes, coordenava uma pequena equipe, porém afinada nas questões históricas e de preservação. Logo passou se a reorganização do Arquivo Histórico, promoção do Museu Municipal e valorização do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COMPHAC). Não demorou para pessoas passarem a acessar o arquivo para pesquisa. E o museu passou a ter frequentadores assíduos, dentre eles Bento Barcelos da Silva, autointitulado de “curioso”, hoje um “escriba”.
Já no primeiro mês de existência, fevereiro de 2014, junto ao COMPHAC, foi realizado o I Fórum do Patrimônio, tendo uma considerável adesão de público em pleno mês de veraneio. O Fórum contou com a presença do historiador e mestrando em antropologia Rafael Frizzo que explanou sobre Ruy Ruben Ruschel um arqueólogo amador nos sítios de Torres LN RS (1947 1996), chamando a atenção para destruição dos sambaquis da Praia da Cal, que havia vinte (20) sítios arqueológicos existentes em Torres registrados por Ruschel. A cidade de Torres foi o primeiro município do Brasil a apresentar uma lei de proteção, em 1962 que protegia os sambaquis, Lei Municipal nº 717 de 10 de setembro de 1962, que nunca foi revogada. A professora e mestre em História Juliane Phul levantou a questão: Quando começa a História? Sendo esta que estimula a memória coletiva histórica; falando sobre as
características indígenas praiana. Outro convidado, o historiador e mestrando pela UNESC Leonardo Gedeon, disse que o historiador tem por função social divulgar o que estão estudando. Discorreu da destruição simbólica do povo torrense quando se destrói algo que toca sentimentalmente com significado coletivo que o aparato legal vem salvaguardar a memória. Por fim o historiador Jaime Batista tratou das nucleações e o desenvolvimento de Torres a partir de leitura iconográfica (fotografia), falando da importância da participação da sociedade nos conselhos, enfatizando que a educação patrimonial evitará equívocos assim como a Lei do Tombamento.
A grande participação da sociedade, o interesse das autoridades presentes e o alerta dos painelistas chamou a atenção de um modo em geral. Torres estava eclodindo.
Não demoroumuitoparaque aequipedoArquivoe doMuseu chamassem aatenção paraas Históriasinteressantíssimas sobre antigos moradores, causos e feitos, que o visitante mais assíduo contava. Às tardes, Bento Barcelos da Silva se sentava no museu como quem se senta na casa de um amigo e passava a contar Histórias da “terrinha”, a mais pedida era a do lendário Homem Seco que “estaria enterrado na Igreja, e que habita o imaginário de muitos torrenses”. Primeiro surgiu a ideia de gravar esses relatos. Mas o próprio Bento lembrou que haveria muitas outras pessoas que poderiam “contar” as Histórias de Torres.
Então pensou se num encontro aproveitando aqueles que estavam realizando pesquisas junto ao Arquivo Histórico. Propomos ao secretário da pasta que não apresentou muito entusiasmo, foi quando afirmamos que seria feito e que não
necessitava de recursos financeiros. Nos debruçamos à pesquisa para o nome do projeto, convites e divulgação.
Assim em maio de 2014 aconteceu o Primeiro Conversando com a História tratando sobre “Personalidades Torrenses”, tendo por mediador o historiador e que passou a ser um grande colaborador e entusiasta Leonardo Gedeon. Participaram o jornalista Nelson Adams Filho que tinha terminado uma pesquisa sobre José Antônio Picoral, o Dr. Ari Raupp que explanou sobre Severiano Rodrigues da Silva, a historiadora Camila Eberhardt falou sobre Ídio Feltes o precursor da fotografia em Torres, tema de sua pesquisa de TCC, e Bento Barcelos da Silva cujo tema não podia deixar de ser Manoel Rodrigues da Silva “O homem seco”.
Precisávamos impactar, a produção do palco foi organizada com elementos do museu que incluiu as câmeras fotográficas de Ídio Feltes, banners sobre história, promovendo uma ambientação que causou nostalgia e encantamento ao público. Já neste primeiro encontro os alunos da EJA da Escola Estadual Justino Tietboehl assistiram, assim como em tantos outros encontros. Quanto ao registro audiovisual dos encontros, foram sugeridos pelo Adriano “Daka”, que fez a filmagem do encontro com a própria máquina fotográfica profissional.
Contrariando a invisibilidade recorrente da mulher na História, desde o primeiro encontro buscou-se contemplar e valorizar a presença feminina, suas pesquisas, suas histórias e sua contribuição na sociedade.
Logo passamos a receber sugestões de temas e até o final de 2016 foram realizados 16 encontros, muitas Histórias foram registradas, elucidadas, surpreendidas; muitas risadas foram dadas e diversas pesquisas foram iniciadas. Vários livros já
foram publicados nos anos seguintes. Acreditamos que o Conversando passou a influenciar o saber e o estudo da cidade de Torres, especialmente num momento importante, quando completara 200 anos de autorização pelo Bispo Coutinho para início da construção da Igreja São Domingos e os 100 anos de atividade turística por José Antônio Picoral.
O segundo tratou sobre a História da Música em Torres que contou com a presença do músico mais velho e ainda em atividade, com 90 anos e hoje falecido, Gilo do Bandolim o Tio Gilo. Músicos dos antigos conjuntos de baile foram os convidados, e o neto de Antônio João Ramos o maestro da banda municipal, tendo por mediador Jaime Batista que além de professor de história é músico percursionista.
A cada tema escolhido, o processo de pesquisa era intenso, Bento e Leonardo tornaram se além de colaboradores, consultores.Aoconvidar um participante tinhatodo processode convencimento, pois na sua grande maioria eram pessoas de idade, simples e que nunca haviam falado ao microfone, muito menos subido em um palco. Principalmente no início, com o decorrer do tempo ficávamos sabendo de que alguém gostaria de participar. Ia se até suas casas, era levantado fotografias, documentos, assim como os principais fatos a serem lembrados no dia. A servidora Aline Barrin realizava esta atividade com maestria e muita dedicação, passando a estar à frente do projeto.
Já o terceiro versou sobre a História do Futebol, causando bastante comoção e com uma plateia cheia de ex jogadores e autoridades, a partir daí o projeto se consolidou. Passamos a ter apoio de outras secretarias e verba para a filmagem de todo o evento.
Em 2015 o projeto recebeu o prêmio Museus, Patrimônio e Memória, promovido pelo conselho de cultura CODIC da FAMURS, dividindo acondecoração com Pelotas. OConversando com a História passou a fazer parte do calendário municipal, de escolas e de todos aqueles que apreciavam conhecer e saber mais as histórias do nosso povo, danossa cidade. Como podemos observar na matéria publicada no Jornal A Folha em junho de 2015, um ano após o primeiro Conversando:
CONVERSANDO COM A HISTÓRIA: DOS PRIMEIROS HABITANTES DE TORRES A ANTIGA CULTURA DA CAL
do artigo de Guilherme Rocha, A Folha Torres
Um pouco da história dos primeiros habitantes que (há milênios) viveram na região de Torres – bem como o legado que estes ‘conterrâneos antepassados’ deixaram para a formação e identidade cultural da nossa sociedade foram resgatadas na noite de quarta feira (03) durante o ‘11° Conversando com a História’, que teve como tema A História antes da História: os primeiros habitantes de Torres.
No Centro Municipal de Cultura, o já tradicional debate sobre a história da cidade que é organizado pela Prefeitura e ocorre mensalmente desta vez contou com um eclético público formado por interessados cidadãos, alunos da escola Tietboehl e do EJA (Educação de Jovens Adultos). O encontro foi mediado pelo jornalista Nelson Adams Filho, que ressaltou sua alegria pelo momento de "efervescência cultural" que Torres vem passando atualmente. "Parece um sonho para mim que, 20 anos após a efetivação do Raízes Torres, hoje vejamos novos talentos
acadêmicos que vêm pesquisando as origens de Torres com afinco, sua formação e seu passado, os vestígios deixados pelos primeiros indígenas, artefatos e adornos", destacou Nelson.
CRONOLOGIA DO PROJETO CONVERSANDO COM A HISTÓRIA:
Primeira etapa “Personalidade Torrenses”
Realizado no dia 29 de maio de 2014
Mediador Leonardo Gedeon (historiador e mestrando UNESC com pesquisa na área do patrimônio)
Convidados: Ari Raupp Vieira - “Severiano Rodrigues da Silva”; Bento Barcelos da Silva “Manoel Rodrigues da Silva ‘O homem seco’”; Camila Eberhardt “Ídio Feltes”; Nelson Adams “Antônio José Picoral”
Segunda etapa “História da Música”
Realizado no 26 de junho de 2014
Mediador: Jaime Batista (historiador e músico percursionista)
Convidados: Alziro Ramos Bandas municipais de Torres, maestro Antônio João Ramos seu avô; Cláudio Romário primeiro músico torrense a gravar um disco e da primeira banda de rock da cidade; Evandro Elias músico de um do mais importante conjunto de baile que já existiu na região “Banda Karisma”; Gilo do bandolim o mais velho dos músicos ainda em exercício; Nino Policarpo antigo músico de baile e promotor de bailes na cidade e interior até a década de 90.
Os dois primeiros encontros chamamos de etapas, pois estávamos na fase de mostrar e justificar o quanto seria
importante dispender funcionários para pesquisa e produção do projeto. Quando moramos numa cidade turística é preciso comprovar ainda mais que cultura não é somente shows e programação para atrativos turísticos, que também pode e deve ser voltado à sua população.
3º Conversando com a História “História do Futebol em Torres
Realizado em 31 de abril de 2014
Mediador: Nia Djalma comentador esportivo da Rádio Maristela
Convidados: Dimas P. Gomes; Edu M. Carneiro; Olímpo M. Lima; Pedro B. Da Rosa; Volnei Rodrigues da Silva
4º Conversando com a História “História de Pescador”
Realizado em 28 de agosto de 2014
Mediador: Sérgio Lima de Melo
Convidados: Bento Barcelos da Silva; João Dalloli de Souza; Leonardo Gedeon; Maria V. de Melo; Valmor Cabreira
5º Conversando com a História “Prosa Farrapa”
Realizado em 25 de setembro de 2014, por sugestão do Sr. Júlio Almeida, promotor, cujo pai fora o precursor do tradicionalismo na cidade.
Mediador: Ricardo Pereira “Casca”, apresentador de programa de rádio tradicionalista
Convidados: Ajos Dutra; José C. Hugentobler; Júlio Almeida; Sérgio Lima de Melo
6º Conversando com a História “Servidores Públicos Municipais”
Realizado em 23 de outubro de 2014
Mediador: Leila Beatriz Oliveira presidenta do Sindicato dos municipários
Convidados: Ari Ferreira; Edemar Matos; José Mengue; Lydia Barchinski; Lourdes Frelich; Olímpio Lima Wilma Vencato.
Por ocasião do dia do Servidor Público, o sindicato solicitou a temática, foram convidadas pessoas que serviram ao município e ou parentes nas diversas áreas: educação, saúde, manutenção e etc.
7º Conversando com a História “Rua Júlio de Castilhos ou histórias da Rua de Baixo”
Realizado em 27 de novembro de 2014
Mediador: Leonardo Gedeon historiador e presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural/ COMPHAC
Convidados: Fernando Feltes – filho de Ídio Feltes, proprietário de uma casa comercial das mais tradicionais da cidade e que ficava na Rua Júlio de Castilhos e residiam no local; Heitor M. Carneiro trabalhou no correio cuja primeira localização era na segunda rua da cidade; Maria Helena Lima cresceu na Júlio de Castilho e à época estava escrevendo seu livro “Moradores da Rua Júlio de Castilhos um olhar ao passado; Samuel C. Farias funcionário público e antigo morador da rua.
O nome histórico da Rua Júlio de Castilhos era Rua de Baixo, onde hoje possui poucas edificações históricas remanescentes. Quando da organização do encontro Leonardo Gedeon lembrou que era uma excelente oportunidade para discutirmos a valorização do centro histórico e a lei do tombamento.
8ª Conversando com a História “História do Surf em Torres”
Realizado em 29 de janeiro de 2014
Mediador: Carlos Freitas surfista e presidente da Associação Torrense de Surf/AST
Convidados: Alexandre Bayma um dos primeiros surfistas da cidade e sócio fundador da AST; Cristina Ceja uma das primeiras mulheres surfista, já em meados da década de 80; Felipe Raupp – primeiro presidente da AST, fundador da escolinha de surf e um dos primeiros atletas torrense a participar de campeonatos; Marco Antônio “Macaco” surfista desde a década de 70, porto alegrense veraneava em Torres por causa do surf; Rodrigo Dornelles Pedra o surfista mais ilustre de Torres, foi o primeiro a representar a cidade em campeonatos nacionais e mundiais, sendo campeão em diversos.
Junto ao encontro, foi inaugurada a Exposição Surf no centro de cultura que mostrava toda a trajetória do esporte local, incluindo uma réplica da primeira prancha de surf do estado, confeccionada pelos irmãos Negrini copiada de uma revista americana que falava do Hawaii. Oscar Negrini estava na plateia e foi convidado a se juntar aos convidados, quando contou a façanha de construir a prancha e tentar surfar.
9º Conversando com a História “Caminhos para Torres”
Realizado em 26 de março de 2015
Mediador: Rafael Frizzo historiador e mestrando da UFRGS
Convidados: Ildefonso Brocca, comerciante da Vila São João presenciou a construção da BR 101 e a mudança do município; Ilino Dalberto motorista da cia São Marcos e o primeiro a fazer a linha Caxias do Sul - Torres; Mabilino Quartieiro um dos primeiros caminhoneiros; Manoel Cardoso, o “Cardosão”
motorista da extinta cia Jaeger que fazia a linha via praia Osório a Araranguá.
Um dos encontros mais divertidos e emocionantes, Cardosão contava as peripécias de enfrentar as areias, o mar alto em um ônibus sem muitos recursos, quando se manifesta na plateia S. João Almeida que tinha sido o cobrador de Cardosão, felizmente registramos essas histórias, pois S. Manoel Cardoso nos deixou em 2018.
10º Conversando com a História “27 anos de emoção no céu de Torres”
Realizado em 30 de abril de 2015
Mediador: Nelson Peres radialista e locutor oficial do Balonismo
Convidados: Bruno Schwartz – da Airshow empresa organizadora do festival; Carla Patrícia Horn – fã incondicional do festival, mudou separa Torres por causadele e hoje participa de equipe; Fernando Henning balonista mais premiado do festival; Murilo Hoffmann torrense quecresceu correndo atrás dos balões e tornou-se balonista; Reni Pinho empresário torrense que montou uma equipe e é também balonista.
Local: Espaço cultural do 27º Festival Internacional do Balonismo
Foi o primeiro e único realizado fora do Centro de Cultura, integrando a grade de programação do festival.
11º Conversando com a História “A História antes da História – os primeiros habitantes de Torres”
Realizado em 24 de maio de 2015
Mediador: Nelson Adams jornalista e escritor, pesquisador da História de Torres
Convidados: Leonardo Gedeon; Manoel Cardoso (Cardosão); Maria Helena Lima; Rafael Frizzo
“Só por estar ao lado desse Senhor (Cardosão) que trabalhou na sua juventude nas caieiras do Krás Borges, já valeu por uma pesquisa de uma vida” (sic) Rafael Frizzo
Este encontro falou sobre os sambaquis e as origens da cidade, na ocasião colocamos à exposição no Museu uma coleção de materiais arqueológicos.
12º Conversando com a História “Da marcenaria à indústria moveleira”
Realizado em 25 de junho de 2015
Mediador: Marcos Pinho presidente da associação dos moveleiros - SERMOV
Convidados: José Adriano dos Santos; Luís Correa (filho do S. Nenê Correa do Artesanato Correa, o primeiro a fabricar móveis coloniais junto com o arquiteto Vitório Gheno; Raul do Amaral Terres professor de marcenaria da antiga escola técnica; Nélio Gross Essa pauta também foi proposta pela associação com o intuito de resgatar a história moveleira, pois Torres foi polo dessa inclusive na formação, jovens da serra e capital vinham estudar na escola técnica. E os móveis coloniais tornaram se famosos e foram vendidos para o Brasil por muito tempo.
13º Conversando com a História “Das fazendas aos armarinhos, de ferragem às louças, de seco à molhados”, a história do comércio em Torres”
Realizado em 30 de julho de 2015
Mediador: Bento Barcelos da Silva marisqueiro, morador de Torres desde 6 anos, pesquisador
Convidados: Antônio Pereira; Carmo Dewes; Clóvis Daitx; Samuel C. De Farias; Zoradia Pereira (D. Zozo)
14º Conversando com a História “Hospede-se em Torres! Temos as melhores histórias para bem te atender”
Realizado em 27 de agosto de 2015
Mediador: Clarissa Raupp – presidenta da Associação dos Hotéis
Convidados: Antônio Pozzi Farol Hotel o mais antigo em funcionamento; Danilo Quartieiro proprietário do Dunas Hotel; João Souza foi garçom do Hotel da SAPT nos anos 50; Lúcia Munari ex-funcionária do Hotel Munari, Mário Raupp sócio fundador da Lancheria a Furninha depois do hotel de mesmo nome bastante tradicional na cidade.
15º Conversando com a História “Do colegial ao ginasial: História dos Grupos Escolares de Torres”
Realizado em 29 de outubro de 2015
Mediador: Liliane Gallio professora e Secretária Municipal da Educação
Convidados: Alice T.M. Rodrigues; Alziro Ramos foi aluno e depois professor do antigo curso Comercial que iniciou suas atividades no porão da escola das freiras, Ênio Porto – neto do primeiro professor de meninos de Torres Manoel Ferreira Porto; Lauri A. Ferreira professora e diretora do grupo escolar Marcílio Dias e foi também formanda da primeira turma de normalistas da Escola das Freiras; Maria Helena Lima também
foi formanda da primeira turma de normalistas e posteriormente professora do Grupo Escolar Marcílio Dias ; Maria Veni B. Minotto professora no interior de Torres nas antigas brizoletas; Silvia Teixeira foi diretora da escola estadual Tietboehl e participou da transição da escola técnica; Veni Hugentobler uma das primeiras professoras de escola municipal; Wilma Vencato professora estadual no interior, nas antigas escolas rurais;
16º Conversando com a História “De confete e serpentina, os inesquecíveis carnavais”
Realizado em 04 de fevereiro de 2016
Mediador: Luís Gustavo de Oliveira, LG ativista cultural/ coordenador do Bloco Bon Vivant Social Club
Convidados: Alziro Ramos – contou das folias de Mono da sua infância com o entrudo de origem açoriana e dos bailes do antigo Clube Comércio; Gilberto Teixeira da Silva percursionista do saudoso bloco Terreno Baldio da década de 80; Iara Palmeiro veranista de Porto Alegre e Diretora Social da SAPT; Vera Lia Cavalheiro veranista desde menina, foi presidente da SAPT; Cláudio Romário que não havia confirmado presença, divertiu a todos contando dos bailes mais populares, aqueles que os torrenses frequentavam, assim como Iara e Vera contaram do início dos verões da SAPT quando se ia para a praia em dezembro e só retornavam à Porto Alegre em março, durante a semana ficavam só as mulheres e as crianças, quando então para se divertir criavam teatros de revistas e peças em geral.
Somente no decorrer do projeto é que percebemos que estávamos promovendo Educação Patrimonial aos moradores.
Leonardo Gedeon nos chamou a atenção para o fato de que a Memóriaeraum Patrimônio Histórico eCultural. De acordo com Le Goff (1990), a memória, por conservar certas informações, contribui para que o passado não seja totalmente esquecido, pois ela acaba por capacitar o homem a atualizar impressões ou informações passadas, fazendo com que ahistória se eternize na consciência humana.
2015Primeira edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, pelo Cineclube Torres, uma iniciativa da Secretaria dos Direitos Humanos em parceria com o Ministério da Cultura, decentralizada pelo Universidade Fluminense.
O Cineclube Torres voltará a exibir sessões das edições sucessivas da Mostra, em maio de 2016 (10ª Mostra), em novembro 2017 (11ª Mostra, no espaço Mesh) e por fim em novembro de 2018 (12ª Mostra), sempre com sessões abertas ao público em geral e em escolas do município.
A Folha, 20 de março de 2015
9ª MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS NO HEMISFÉRIO SUL CHEGA A TORRES
Organizado pelo CINECLUBE Torres, evento ocorre entre os dias 24 e 28 de março, trazendo uma intensa programação de filmes.
A iniciativa do CINECLUBE Torres, em trazer para a cidade 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, tem o objetivo de estimular o debate sobre temas relacionados aos direitos humanos por meio da linguagem do audiovisual. O evento geral, que circulou pelas capitais brasileiras em final de 2014, é realizado pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República em parceria com o Ministério da Cultura e a Universidade Federal Fluminense (UFF).
A programação reunirá curtas, médias e longas-metragens que abordam alguns dos direitos fundamentais, entre outros: o direito í infância, í igualdade racial, í identidade e orientação sexual, í cidadania, í justiça e í memória em relação aos crimes e abusos durante o perí-odo da ditadura, í informação.í‰ a primeira vez que essa importante Mostra Internacional chega a cidades menores, e uma oportunidade para que o público possa assistir, em Torres, no Centro Municipal de Cultura, a importantes obras e refletir sobre os temas tratados, com a mediação de convidados especiais.
Alunos participarão do projeto
O Cineclube Torres entende que a questão dos direitos fundamentais do ser humano é uma temática importantí-ssima na formação e, portanto, representa um conteúdo essencial a transmitir para jovens em idade escolar. Foram assim previstas várias sessões para a comunidade escolar local, articulando os conteúdos das obras com o auxílio dos professores das turmas, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com professores da rede de Ensino Estadual.
Assim, de 24 a 26 de março, pela manhã, no Centro Municipal de Cultura, haverá um ciclo de exibições para turmas de escolas públicas do ensino fundamental (as únicas que atenderam ao chamado), com exibições de programas compostos por alguns curta metragens adequados à faixa etária: “Sophia” de Kennel Rógis; “Requília” de Renata Diniz; "Meu Amigo Nietzsche" de Fáuston daSilva(Premiado naMostraCompetitivacomoMelhor Curta Metragem); “Sanã” de Marcos Pimentel.
Para os alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) da Escola Tietboehl, orientados pelo Prof. Leo Gedeon, serão também apresentados, numa sessão especial, na própria escola, na Quinta Feira Dia 26: “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda” de Jorge Furtado e José Pedro Goulart; “Jessy” de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge.
Programação intensa no final de semana
Na Sexta Feira, dia 27 de março, às 19h30min haverá, no Centro Municipal de Cultura, a exibição do filme “Que bom te ver viva” de Lúcia Murat, cineasta homenageada pela Mostra pelo seu percurso artístico e pela sua participação ativa nos movimentos políticos de resistência ao golpe de 64. O debate será orientado pelo Raul Pont, ex deputado estadual, autor de depoimento para a Comissão Nacional da Verdade em 2013 e pelo Darnei Bergmann Lima, Professor de História.
No sábado de manhã, dia 28 de março, às 10h, sempre no Centro Municipal de Cultura de Torres, será apresentado um Programa Especial sobre a cultura afro brasileira no Rio Grande do Sul, que integra o Curta Metragem "Quilombo da Familia Silva" de Sérgio Valentim e o Media Metragem “Batuque
Gaúcho”, do mesmo autor, com Eugênio Alencar, para a TVBrasil. A apresentação das obras será o autor, Sérgio Valentim, de Porto Alegre, que participa desde 2019 da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas Seção RS e integra o Coletivo de Comunicação Cartarse.
Ainda no Sábado, dia 28, às 19h30min, no Centro Municipal de Cultura de Torres, será apresentada a mais recente obra do cineasta gaúcho Jorge Furtado, “O Mercado das Notícias”, que aborda a complexa e atual temática de uma imprensa livre e isenta, como direito fundamental do cidadão, através da habitual genialidade da linguagem cinematográfica do seu autor: rica, fragmentada e intertextual. A Sessão, que sela mais uma parceria do Cineclube Torres com a Casa do Cinema de Porto Alegre, será orientada pelo Paulo Timm, economista e ensaí-sta, e pelo jornalista Guilherme Rocha.
Todas as sessões abertas ao público em geral, na Sexta e no Sábado, terão a entrada franca, agradecendo o público que colaborar entregando alimento não perecí-vel ou artigos de higiene, que serão entregues à Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos para doação a muní-cipes necessitados.
2015 Criação do Fundo do Patrimônio, Histórico, Artístico e Cultural do Município de Torres, com a Lei nº 4789, de 23 de abril de 2015, que inclui disposições sobre o Conselho do Patrimônio, Histórico, Artístico e Cultural COMPHAC.
Em 5 de maio de 2015, é publicado o resultado do 1º, e até o presente momento único, edital público para projetos culturais a serem financiados via Fundo Municipal de Cultura, escolhidos pela Comissão de Incentivo à Cultura COMIC de acordo com a Lei Municipal nº 4.714/2014.
Classificados:
1. SUBLIMAÇÃO Livro de poesia
Proponente: Eduardo Francisco Jaques Neto
Segmento cultural: Literatura – Poesia Categoria: Livro
2. Projeto AQUI TEM ARTE
Proponente: Roni Carlos Costa Dalpiaz Segmento cultural: Artes Visuais Categoria: Pintura
3. A MULHER DO ATIRADOR DE FACAS
Proponente: Joana Carmo dos Santos Segmento cultural: Artes cênicas Categoria: Teatro
4. DANÇAR É ARTE Oficina de dança
Proponente: Camila de Oliveira Segmento cultural: Dança Categoria: Oficina
5. MORRO DAS FURNAS Histórias, memórias e identidade
Proponente: Leonardo Gedeon Flores Segmento cultural: Patrimônio material e imaterial
Categoria: Livro
6. TORRES NOSSA HISTÓRIA, NOSSO MUNDO Oficinas de educação patrimonial e ambiental.
Proponente: Jonas Uilian dos Santos Brocca
Segmento cultural: Patrimônio material e imaterial
Categoria: Oficina
7. XXVIII RODEIO CRIOULO INTERESTADUAL DE TORRES
Proponente: CTG Porteira Gaúcha
Segmento cultural: Tradicionalismo
Categoria: Festival/ festividade
8. I PERMANGOLA DE TORRES
Proponente: Marconi Pacheco Valim
Segmento cultural: Cultura popular
Categoria: Mostra, festival e festividade
9. TORRES NA MEMÓRIA AUDIOVISUAL
Proponente: Cineclube Torres
Segmento cultural: Audiovisual / fotografia / comunicação cultural
Categoria: Audiovisual
10. 9ª POESIA NA ESCOLA
Proponente: Roseli Nery Ferrari
Segmento cultural: Literatura
Categoria: Poesia
Ficaram como suplentes os projetos “Caminho dos lobos cultura, diversão e arte” de Marcelo da Silva Gomes, “XVIII Dança Comigo Torres” de Dorotea Marquesde Carlo, “Videoclipe
da música mascarados” de Rogério Zarochinski, “3º Fest Melody” de Rubens Misael Vargas Monteiro, “Registrando as diferenças de um povo” de Jane Maria Dalacorte Moreira, “Tudo é rock na aldeia” de Cláudio José Pereira de Souza
2015
Criação do Centro de Estudos Históricos de Torres e Região, com eleição de Nelson Adams Filho como Presidente.
CENTRO DE ESTUDOS HISTÓRICOS DE TORRES E REGIÃO
Por Nelson Adams Filho
Nova instituição de pesquisa histórica é criada no Litoral Norte gaúcho: o Centro de Estudos Históricos de Torres e Região, cujo objetivo é promover o resgate da História de Torres e Região, além de fomentar estudos e pesquisas nesse campo, entre outras ações. O Centro reúne cerca de 15 profissionais, entre historiadores, jornalista, radialista, pesquisadores, professores, artistas e tem como sede provisória o Espaço Cultural Ten Caten, na rua José Antônio Picoral 146, Torres. A Coordenação é do jornalista Nelson Adams Filho, membro da AELN, e dos historiadores Jaime Batista e Rafael Frizzo. As reuniões são quinzenais.
Entre os participantes a historiadora Camila Eberhardt, o professor e historiador Leonardo Gedeon, oceanólogo Geraldo Lima, professor Paulo Timm, delegado Ari Raupp Vieira, engenheiro Luiz Gonzaga Inácio, advogada Sandra Perrenoud,
professora Tereza Zago, professora Maria Helena Lima, artista plástico Jorge Hermann, artista plástico e ativista cultural Celina Ten Caten, radialista José Nilton Teixeira, pesquisador Bento Barcelos da Silva.
O Centro já conta com sócios-correspondentes em Rio Grande, através do jornalista Willy César; em Brasília, pelo militar reformado Diderot Lopes e em Porto Alegre, com a historiadora Diana di Castro.
Objetivo comum é trabalhar voluntariamente pelo resgate da História de Torres e região, a promoção de estudos, pesquisas, eventos, ações de cunho histórico e suas interligações com o Turismo, Cultura, Artes, Música. Uma das primeiras ações do Centro é acompanhar as obras de restauro da Igreja São Domingos e promover o resgate e a preservação dos materiais quase bicentenários ali empregados na construção da Igreja, como telhas, madeiramento, altar, acompanhando o Plano de Restauro da Obra. Outra preocupação é com o Centro Histórico de Torres, preservação de casarios, paisagens, além de sua delimitação e inclusão como roteiro turístico. Também a revisão da História de Torres que apresenta vários pontos falhos ou mal pesquisados, além de vazios históricos.
O Centro não tem fins lucrativos e seus integrantes trabalham voluntariamente. A entidade está sendo legalmente registrada para poder interagir com os poderes constituídos. Sua criação resgata um compromisso de 20 anos originado no evento “Raízes de Torres”, da Série Raízes, criada pela professora e historiadora Véra Lúcia Maciel Barroso. (www.aeln.org/centro-de-estudos-historicos-de-torres-e-regiao)
Edição do livro de Diderô Carlos Lopes “O DETETIVE DO PASSADO E SUA VIAGEM ALÉM-MAR; A busca do roteiro ancestral de Jacyntho e Anna Fermina. Um Casal típico das costas do Mampituba, ora pois!!”, hoje disponível como ebook na Amazon.
As origens dos pioneiros da Região de Torres, margens Norte e Sul do Rio Mampituba, a partir de um Casal típico da localidade. O caminho percorrido pelas gerações, desde 1.676 até 1.967: suas conquistas, dificuldades, posses e como a violência da Revolução Federalista marcou para sempre as suas vidas e de outros.
2015
O Projeto Musi&Tae promoveu cultura e esporte junto de cerca de 70 crianças e adolescentes, no Centro Municipal de Cultura de Torres.
MUSI&THAE
O projeto Musi&Thae, que atende cerca de 70 crianças e adolescentes, é uma iniciativa desenvolvida gratuitamente por músicos torrenses e por um professor tae kwon do. A ideia inicial, que era de formar uma orquestra popular de instrumentos baratos e posteriormente agregou aulas de tae kwon-do, foi aceita prontamente pela prefeita Nílvia Pereira e pela Secretaria de Cultura e Esporte. A iniciativa, que está tendo uma grande aceitação da comunidade, é subsidiada pelo Fundo COMDICA, cujo recurso é destinado para a compra de equipamentos e para os salários dos profissionais.
De acordo com o mestre em música Luís Fernando Rayo, a participação dos jovens tem sido enorme. Oferecemos gratuitamente aulas de música com vários instrumentos como escaleta, teclado, piano, violão, violino, baixo elétrico, violoncelo, bateria, percussão e flauta doce. O repertório varia entre erudito e música popular. As aulas estão sempre abertas para novos estudantes. Queremos incentivar a cultura local, participando de muitos eventos
Publicação de “As curvas do Mampituba”, de Paulo Timm, uma coletânea de suas crônicas sobre política, economia e cultura no jornal A Folha entre 2011 e 2016.
-2016Criação do “Café com Poesia”, por José Nilton Teixeira, Rejane Vargase CelinaTen Caten, movimento destinado areunir poetas locais para recitais poéticos.
-2016-
No dia 18 de junho, Torres é uma das cidades contempladas no âmbito do evento nacional “Dia da Música”, uma iniciativa inspirada na manifestação francesa “Fête de la Musique” prevendo shows de novos artistas em cerca de 70 palcos de rua no Brasil, sendo 12 na Região Sul.
O evento organizado pela Mottironi Editore e Eventi é realizado no Centro Municipal de Cultura de Torres (RS) com um show da violonista Andrea Perrone, de Porto Alegre (RS) e de Gabriel Romano e Grupo, de Esteio (RS), num programa que abrange musica instrumental e erudita, profusas pelos aromas do folclore brasileiro e em particular do Rio Grande do Sul.
No ano seguinte, em 2017, Torres terá novamente ocasião de incontro com música instrumental de qualidade, com o show do grupo Kiai com a cantora Paula Kist e do grupo Yangos, desta vez na sede da SAPT.
2017
Reabertura de uma sala cinematográfica comercial em Torres com a inauguração do Cine Torres, no Edifício Dunas, que integra um memorial sobre o cinema em Torres, com pesquisa do historiador Jaime Batista, acessível também pelo link:
2017
Realização do I Forum Literário de Torres, o qual inspirou o Movimento Torres Além Veraneio e a Casa do Poeta do Vale do Mampituba. A seguir realizaram se o II FAROL, em 2018, o III, em 2019 e o IV, que ocorrerá em 2022.
O I FAROL LITERÁRIO DE TORRES
Por Eduardo JaquesO 1º Farol Literário de Torres aconteceu nos dias 20 e 21 de outubro de 2017. O evento foi uma realização do poeta e ativista cultural Eduardo Jaques, em parceria com a POEBRAS Casa do Poeta Brasileiro, através do seu Coordenador Nacional Joaquim Moncks, e da ALPAS 21 Academia Internacional de Artes, Letras e Ciências “A Palavra do Século 21”, através da sua presidente Rozelia Scheifler Rasia.
A abertura do evento ocorreu num Sarau poético e musical na Chopperia da C10, situada no centro da cidade, congraçando artistas torrenses e outros vindos de várias cidades do Rio Grande do Sul. Na oportunidade comemoramos também o Dia do Poeta, celebrado em todo dia 20 de outubro.
No dia seguinte, 21 de outubro, o dia foi recheado de atividades alocadas no então Mesh Coworking, situado às margens da Lagoa do Violão. Houve exposição de diversos livros de autores locais e visitantes, conotação de história às turmas escolares que compareceram ao evento e um workshop de criação poética ministrado pelo poeta Joaquim Moncks.
Essa edição do Farol Literário teve como patrono o poeta gaúcho Joaquim Moncks e como homenageado o historiador Ruy Ruben Ruschel.
21 de outubro de 2017: Relembrando este belo momento espiritual junto aos amigos e amigas do 1º FAROL LITERÁRIO DE TORRES. Conduzido pelo querido amigo Joaquim Moncks. Fraternidade é quando pedaços da nossa Alma pousam no coração daqueles que escolhemos como família
2017
Publicação do livro “Memorial Dos Negros Diderot Carlos Lopes, edição do autor.
O propósito do livro, com edições em 2017 e 2020, foi edificar um memorial ressaltando a importância dos negros/as e seus
descendentes no povoamento da Região das Torres. Trata se, portanto, de uma respeitosa contribuição com a finalidade de perpetuar a relevância que tiveram na formação da localidade, ao lado dos colonizadores portugueses, luso-brasileiros, imigrantes germânicos, ameríndios e demais.
2017
Publicação, com lançamento na Feira do Livro, do “Vale do Mampituba História: Realidade e Imaginação”, de Bento Barcelos da Silva, Ed. Coletivo Café – Oficina de Ideias.
Vale do Mampituba, de Bento Barcelos da Silva
O livro, dá luz nova a “História do Vale do Mampituba” tão pouco contada e tão mal contada e, também, não contada.
“... com pouco rigor técnico, mas com muita sorte e imaginação sigo o mesmo rumo, sempre preocupado em não misturar realidade com boatos e como disse o sábio: com bastante cuidado, para não falsear nomes e não alterar fatos. Com apoio dos amigos vou conhecendo pessoas, caminhos e reunindo informações da "História do Vale do Mampituba" e da "Sua Gente", mas sempre olhando com "Outro Olhar".
(Bento O Griô bicuíra)
A arte de contar histórias é para poucos, há que saber transportar no tempo, fazer o ouvinte vivenciar o causo, o conto, a lenda, a reza, a fábula. O bom contador mexe com nossas memórias afetivas, nossas curiosidades, medos e anseios, nos faz pensar, provoca o criativo.
Conheci os irmãos João e Bento Barcelos, e diziam por aí que haviam nascidos e crescidos dentro das histórias de sua cidade. Um queria fotos e fatos o outro poesia e causos, este era o Bento, que ressurgiu pra mim como um contador, antes eu o conhecia de outra forma; às tardes se sentava no Museu como quem se senta na casa de um amigo e passava a contar Histórias da “terrinha”, a mais pedida era do lendário Homem Seco, que desde minha infância habitava meu imaginário. Com ele aprendi que sempre há alguém atrás da lenda e há também uma razão de transformar a história em lenda. Outrora contada às crianças da família para assustar e nos comportarmos na Igreja São Domingos, o sequilho passou a ter nome, uma família e uma trajetória política Oh! Ele era um rebelde! Que vire lenda!
Como todo bom contador fazia sua introdução: “no tempo do colégio”, “a Dindinha velha dizia”, “naquele tempo contavam”, e a lá íamos para outros tempos. Dessas prosas todas, nasceu o “Conversando com a História” e juntos (havia outras pessoas)
construímos um legado de memórias. Acredito ter nascido aí o impulso para este livro tão esperado, Bento já tinha muitas crônicas em seu blog, mas muito mais Histórias na sua cabeça. Intitula-se “Um curioso”, que maravilha de curioso que agora nos brinda com Histórias surgidas das leituras, vivências, escutas e divagações, que promete nos fazer pensar e a viajar no tempo. Sigo dizendo que Bento é nosso Mestre Griô, um “Griô Bicuíra”.
E como já disse o periodista cubano Garzón Céspedes em “Credo do Contador” - 1947: “Creio no contador, como memória viva do amor e creio em seu filho, e no filho de seu filho, e no filho de seu filho, porque eles são a estirpe da voz... Creio em suas mentiras fabulosas que escondem fabulosas certezas, no prodígio de sua invenção que vaticina realidades insuspeitas, e também creio na fantasia das verdades e nas verdades da fantasia… Creio que contar é defender a pureza, defender a sabedoria da ingenuidade, defender a força da indagação. Creio que CONTAR É AMOR”.
(por Débora Fernandes Pedagoga e Agente Cultural)
BICUÍRAS
por Débora Fernandes
Bicuira: Significado, segundo Dicionário inFormal (SP), “Moradores do litoral do Rio Grande do Sul”; ser bicuíria: “Um estado de espírito de harmonia, carinho e respeito com Torres” que evoca as origens nativas do torrense.
Em alusão ao dia 19/04 DIA do ÍNDIO (ontem) quero cumprimentar o povo torrense, estes BICUÍRAS, na sua grande maioria descendente dos carijós, arachanes, bugres e guaranis. O Bicuíra, forma como o povo daqui se auto intitula, e que muitos pensam ser algo pejorativo, mas não, essa é uma expressão que atravessa muitas gerações, em que as próprias pessoas humildes aplicavam aos que eram nativos de Torres. Ruschel investigou essa palavra de origem guarani pra gente, sempre ele (obrigada R.R.Ruschel).
BI - vem de "ibi" e significa terra/solo
CUI - cuja tradução é pó ou granulação miúda ou até mesmo areia
RA - em tupi-guarani existe o sufixo hara, as vezes simplificado ha, pronunciado o H aspirado, quase se diz ra e quer dizer aquele que faz, o agente do trabalho ou profissão, mas por extensão o sufixo pode significar "o que está".
Assim concluiu que Bicuíra pode ser traduzido por "aquele que vive na areia" ou "sempre está na praia".
Pensando nos primórdios da cidade, onde a areia era de uma abundância extraordinária, que por vezes invadia o pequeno lugarejo. É certo que o nativo daqui era aquele que vivia na areia. Hoje em dia, ser bicuíra não é apenas uma questão de ter nascido aqui ou não, mas um estado de espírito de harmonia, carinho e respeito com Torres em sua história, sua paisagem e patrimônio cultural. No mais são apenas torráqueos.
Abraços bicuíras.
2018
Atelier Patricia Vargas completa 20 anos de arte e educação artística na cidade.
O atelier Patrícia Vargas conta com um acervo diversificado de telas e objetos de arte criados por ela e seus alunos.
O atelier possui um espaço aconchegante e acolhedor onde a artista oferece cursos de pinturas e técnicas de arte. O espaço é frequentado regularmente por diversos alunos que, além de aprenderem várias técnicas, passam horas agradáveis em um ambiente de bem estar e na companhia de amigos. -2018-
O Museu Três Torres da SAPT, criado em 1996, na sede da SAPT - Associação dos Amigos da Praia de Torres, está pronto para exposições.
MUSEUS: O SILÊNCIO E O ECO
(Por Luana Gonzalez Bassa)“Museus e histórias controversas dizer o indizível em museus” é o tema da 15ª Semana Nacional dos Museus. Esta semana foi criada para divulgar as programações das instituições museológicas do país durante este período em comemoração ao Dia Internacional de Museus, 18 de maio.
Este dia foi criado por iniciativa do ICOM Conselho Internacional de Museu no ano de 1977. A cada ano elege se um tema que será interpretado através de atividades em cada instituição, divulgando o papel dos museus na sociedade.
Os museus são espaços que instigam, provocam, despertam a curiosidade, os pensamentos críticos, poéticos, imagéticos e éticos. São locais de contemplação, compreensão, preservação, propagação dos sentidos, sentimentos, conhecimentos, proporcionando trocas de experiências e aprendizado. São agentes do desenvolvimento local, salvaguardam a memória através de suportes como objetos, fotografias, mapas, e outras tipologias de acervo.
São espaços parao silêncio e parao eco. Paradizer o indizível.
O eco refere-se ao vazio. E o silêncio à contemplação. Ou seria o eco da propagação de ideias. E o silêncio do vazio?
Os museus desempenham suas funções sociais conforme as demandas das sociedades a que eles estão inseridos, no tempo e/ou no espaço. São locais grandiosos, muitas vezes não por sua área construída e infraestrutura, mas pela potencialidade e riqueza que seus acervos apresentam. Por vezes são pouco explorados e somado ao pouco investimento, os museus
padecem, minguam e desaparecem. Ficam calados, em silêncio. O eco que se propaga em locais vazios parece ensurdecedor. Difícil dizer o indizível quando não existe a comunicação dos museus com seus públicos e com seus órgãos gestores.
A cidade de Torres tem muito que aprender com os museus. O eco e o silêncio são constantes nestes espaços culturais. O alento está em acreditar que os museus da cidade de Torres possam germinar. Crescer e ocupar seus espaços, atrair pessoas, receber e transmitir conhecimento e energia. Que sejam dignos de valorização e recebam suas devidas atenções.
Há esperança de melhorias para este setor. Há de se pensar na relevância que o patrimônio cultural, natural, histórico, arquitetônico, arqueológico, artístico, entre outras manifestações apresentam no desenvolvimento local. Influencia diretamente o turismo, a geração de empregos, a opção de equipamentos culturais, a preservação e valorização da memória e identidade local.
Que após este Dia Internacional dos Museus, celebrado no mundo todo, possamos refletir sobre a grandiosidade que são estes locais e o quanto podemos aprender com eles.
(Luana Gonzalez Bassa é museóloga e diretora do Museu Três Torres SAPT)
2018
Publicação do livro de Bento Barcelos da Silva “Rabiscando na Areia” pelo Coletivo Café Oficina de Ideias, Torres, 2018
“Quando terminei a leitura do livro me veio a nítida impressão de que escrever é a tarefa mais fácil do mundo. E, convenhamos, um autor que consegue nos passar essa sensação é digno de todo respeito por ser detentor de um mérito que para mim é fundamental: clareza na exposição de suas ideias. O escritor que consegue me enganar sobre as turbulências do processo criativo impedindo que eu me confunda nas suas palavras, evitando que eu me embaralhe nas dúvidas do seu pensamento,mepoupando das hesitaçõesque algumas palavras trêmulas assombram quem as persegue me apresentando uma escrita limpa, objetiva, direta, tem, certamente, minha reverência e certa quantidade de inveja.”
O livro é dividido em duas partes:
A primeira parte se refere a fatos reais, históricos ou pessoais, que foram buscados na memória prodigiosa de quem os narra; asegundaparte é ficcional, identificadapelo autor como sonhos. Embora o livro tenha essa divisão a narrativa permanece idêntica, com o mesmo grau de envolvimento do leitor. Tudo se
assemelha a alguém que se aproxima da gente, estabelece uma conversa, e levamos para casa um repertório de casos que nos levam a refletir.” (por VeraMenezes, servidora pública aposentada) -2018Reabertura do Museu Histórico de Torres na Rua Júlio de Castilhos 707, antigo prédio da Prefeitura; registrado no Cadastro Nacional de Museus como “Museu Histórico, Antropológico, Arqueológico e Oceanográfico de Torres”, o museu apresenta uma coleção de objetos histórico de acervo municipal.
VISITE O MUSEU HISTÓRICO DE TORRES
(pela Prefeitura Municipal)
O Museu Histórico de Torres promove ciclos de palestras voltados a história da cidade com apoio da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esportes. O Museu fica na Rua Júlio de Castilhos 707, antigo prédio da Prefeitura. A entrada é gratuita. Entre os palestrantes convidados estão jornalistas, professores, arqueológos e historiadores.
Site com visitação virtual do museu realizado pelo Mottironi Editore com financiamento pela Lei Aldir Blanc
O Museu Histórico de Torres se encontra fechado desde maio de 2022, em precário estado de conservação, sem qualquer prazo para sua reabertura.
-2018-
Réquiem para a coleção Balbino de Freitas, perdida no incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro
COLEÇÃO BALBINO DE FREITAS NO MUSEU NACIONAL DO RIO DE JANEIRO (Diário A BORDO, 22 de outubro 2018)
Dizem que só damos valor a alguma coisa a partir do dia em que a perdemos.
Há duas semanas o Museu Nacional do Rio de Janeiro incendiou e com ele foi “cremada” parte significativa do patrimônio histórico do país. Lá estava “guardada” uma página importante da história de Torres, contada através de artefatos arqueológicos coletados ao longo de quase 40 anos pelo comerciante e curioso Balbino de Freitas.
Poucos torrenses conhecem a história da Coleção Arqueológica Balbino de Freitas, e os que conhecem não sabem de alguns detalhes que só agora, depois de seu desaparecimento, serão esclarecidos.
Conta a lenda que Balbino de Freitas era o maior, e único, comerciante de secos e molhados da vila de Torres. Na sua casa, ao lado da antiga Prefeitura (Intendência), estava instalado o seu armazém e nele era vendido todo o tipo de mercadorias que se possa imaginar que existia naquela época (1900). Além disso, ele fabricava os refrigerantes que lá vendia, assim como um molho, o “Molho Brasil”, conhecido e apreciado em todo o território nacional.
Outra faceta de Balbino de Freitas era a de curioso colecionador, dizem que gostava de escavar os diversos Sambaquis da região em busca de artefatos arqueológicos. E como existiam vários e imensos Sambaquis, sua coleção cresceu a ponto de chamar a atenção de colecionadores e de museus no Rio Grande do Sul, na Argentina e no Rio de Janeiro.
[...] por iniciativa própria, coletava e colecionava artefatos indígenas nos arredores de Torres, no Estado do Rio Grande do Sul. Ele reuniu peças fundamentais para pesquisas que contam
a história dos habitantes do município na época da sua formação.
Contavam que a casa de Balbino foi um dos primeiros museus arqueológicos do Brasil e que pela quantidade de itens e pela falta de espaço adequado, ele teria doado ou vendido a sua coleção para o museu Nacional do Rio de Janeiro. Não se conhecia, ou não havia sido contado os detalhes da saída da coleção de Torres para o Rio de Janeiro.
Após uma pesquisa em livros, nos arquivos do Museu Nacional e em uma tese de mestrado de Helena Vieira Leitão de Souza, intitulada “A Coleção Balbino de Freitas e o Museu Nacional” ficou mais fácil encontrar respostas às dúvidas e lacunas desta interessante história.
Então iniciamos pela localização e identificação da Coleção Arqueológica Balbino de Freitas. Ela era de propriedade do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), também conhecido como Museu Nacional da Quinta da Boa Vista ou simplesmente Museu Nacional, localiza-se na cidade do Rio de Janeiro, sendo o maior museu de história natural e antropologia da América Latina. De acordo com informações do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, ela foi comprada por intermédio de Mário de Freitas, um dos herdeiros de Balbino Luiz de Freitas, por trinta contos de réis.
A Coleção Arqueológica Balbino de Freitas apresenta algumas características que permitem reflexões sobre a importância do patrimônio arqueológico, formação de coleções por particulares e a aquisição dessas por museus públicos e a importância do tombamento como política de preservação. Algumas peças estão na exposição permanente do Museu Nacional e outras guardadas em Reserva Técnica do Departamento de
Arqueologia. As que estão expostas, se encontram em duas salas referentes à Arqueologia Brasileira: na sala de povos horticultores e na sala de sambaquis.
Um dos destaques da Coleção é um cesto (artefato sambaqui) que foi revestido internamente com resina, conservada apenas em parte e foi coletada em um sambaqui do litoral meridional brasileiro. Trata se de uma peça rara, em virtude da dificuldade de preservação de materiais orgânicos em climas tropicais.
Na coluna da semana passada escrevi que a Coleção Balbino de Freitas havia sido vendida ao Museu Nacional pelos seus filhos e não por ele próprio. Não que ele não tenha tentado vendê-la antes de sua morte. Na verdade ele já havia vendido uma parte para o Museu Paulista durante a direção de Hermann Friedrich Albrecht von Ihering, cerca de 180 peças, de acordo com relato do próprio filho. Outra parte, também informado pelo filho de Balbino de Freitas, tinha sido vendida para dois alemães anos antes da primeira venda, como descrito nesta carta escrita possivelmente pelo naturalista do Museu Nacional, José Vidal.
Sabe se da intenção de venda da coleção pelo próprio colecionador através de cartas enviadas ao Museu Nacional, a primeira em 08 de Julho de 1931 endereçada ao diretor Edgar Roquette Pinto. A correspondência foi escrita de próprio punho e descrevia as, até então, 300 peças. A intenção de vender está expressa no final da carta, logo após a assinatura está a seguinte frase: “esta collecção está a venda”.
A carta seguinte, em 29 de Agosto de 1931, respondida à professora Heloísa Alberto Tores, professora chefe da seção de antropologia e etnografia, já trazia informações sobre a procedência e preço da coleção.
Nessa primeira relação, podemos chamar a atenção para a presença de “bichos de pedra” (zoólitos). Algumas peças foram desenhadas por Balbino, para explicar melhor a sua forma.
A segunda carta de Balbino de Freitas chama a atenção para uma mão de pilão “adquirida” por ele e que estaria em perfeito estado, e também para um “cachimbo de barro com a efígie de um bugre”, também em bom estado e, segundo Balbino, uma peça raríssima. Ele então oferece essa coleção ao Museu Nacional pelo preço de trinta contos de réis.
Conforme HelenaV.L. de Souza, acomunicação entre Balbino de Freitas e a equipe do Museu Nacional foi interrompida e somente retomada com a terceira carta do colecionador, datada de 24 de maio de 1935, encaminhada ao diretor do Museu Nacional, o professor Roquette Pinto.
Esta carta parecia mais formal que as outras, pois estava datilografada em papel timbrado de sua fábrica (Molhos Brasil). Nela havia uma nova listagem de sua coleção com 589 peças já com o novo valor de venda: cinquenta contos de réis.
A resposta da chefe da seção de Antropologia e Etnografia, Heloisa Torres, está datada de 11 de dezembro de 1935, e nela consta a recusa da compra pelo Museu Nacional com a alegação de o preço ser muito elevado, mas indicando o interesse do museu pela coleção.
Em 02 de novembro de 1936 Balbino Luiz de Freitas faleceu de miocardite em sua casa, e após dois anos reiniciaram as negociações para a venda da coleção, agora através dos herdeiros.
Primeiramente José Luiz de Freitas, um dos 15 filhos de Balbino, formaliza um pedido de tombamento para a coleção e
provavelmente este tenha sido o passo inicial da nova negociação. Além de José Luiz de Freitas, fazem parte da negociação outros três personagens, Mário Luiz de Freitas (filho de Balbino), José Vidal (Naturalista enviado pelo Museu Nacional) e a Heloisa Alberto Tôrres (na época, diretora do Museu Nacional).
De acordo com Helena V.L. de Souza a Coleção Balbino de Freitas, por encontrar se dentro do Museu Nacional não deixa de ser uma coleção arqueológica, porque estar em um museu não é a única forma de se constituir como patrimônio, mas é uma das mais eficazes. Estando em um museu ela passa a apresentar uma outra face que a diferencia daquelas mantidas em universidades, laboratórios e outros tipos de instituições, passa a ter também o status de coleção museológica, ganhando assim um outro valor, da qual não pode mais se dissociada.
A coleção de Balbino, depois de sua morte, esteve sob os cuidados de seu filho Mário Luiz de Freitas, armazenada na sua casa/mercado. Estas peças, aparentemente, sofriam ataque de insetos e as cerâmicas estariam ameaçadas pela falta de ventilação no ambiente, e como já existia a intenção de vende la por parte de Balbino, seu filho deixou bem claro que também queria a venda, insistindo em cinquenta contos de réis, mas poderia fazer um “preço especial” de quarenta contos de réis. Porém não venderia as peças isoladamente, somente a coleção inteira, e caso o Museu Nacional fizesse a compra, outras peças seriam acrescentadas à coleção.
Um dos pontos mais interessantes sobre a coleção é de que a maioria das peças tem sua procedência descrita como “sambaqui”, todavia de acordo com o próprio senhor Mário Luiz
de Freitas, a maioria das peças foi encontrada “na areia, soltas ou enterradas, muito distanciadas dos Sambaquis”.
Essa particularidade foi constatada pela pesquisadora Helena de Souza, que confirma que os Sambaquis são formados principalmente por conchas e que a Coleção de Balbino não as contém, sendo composta, principalmente, por artefatos líticos e de cerâmica.
Outra curiosidade desta coleção é que as peças catalogadas pelo Museu Nacional, somam um total de 1.170 peças e o número apresentado por seus proprietários é de 1.075 peças. Acredita-se que o motivo desta diferença é que os proprietários contaram algumas peças em conjunto. Outro dado interessante sobre as peças é que haveria uma peça craniana, que não estava à venda, mas que talvez interessasse ao Museu, nunca apareceu na relação catalogada pelo Museu.
A Coleção Balbino de Freitas construiu se como exemplo de patrimônio arqueológico ao longo dos anos, desde 1900, quando a primeira peça foi coletada, até hoje. Constituir-se patrimônio e ser apresentado como patrimônio é um processo que vai além da inscrição em um livro de tombo, por mais que essa etapa seja necessária e legitimadora. Práticas científicas e o processo de musealização da Arqueologia também são necessários. Portanto, podemos dizer que ela é formada por elementos que compõem a história desses grupos, formadores do que conhecemos hoje como Brasil. Mas ela é também um exemplo da história da prática arqueológica no país e até mesmo da história do Museu Nacional.
E por fim, cabe uma ode ou réquiem à Coleção Balbino de Freitas, “protegida” e tombada num Museu Nacional considerado, até então, um espaço “seguro” e privilegiado de
apresentação do patrimônio. Afastado de seu lugar de origem, por motivos financeiros ou preservacionistas, a Coleção Balbino de Freitas viajou, dentro de 18 caixas, por 1400 km até seu destino final. Lá exposta permaneceu por quase 80 anos, mantida, guardada, exibida e estudada até sua definitiva extinção.
O incêndio no Museu Nacional do Brasil, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, na noite de 2 de setembro de 2018, destruiu quase a totalidade do acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos, e que abrangia cerca de vinte milhões de itens catalogados, entre eles algo que nos representava e de sua maneira nos orgulhava: A Coleção Balbino de Freitas, hoje cinzas da nossa história.
A coleção arqueológica Balbino de Freitas: conchais do litoral sul encontra se inscrita no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do IPHAN. Seu número de inscrição é 014.
2018
Em maio de 2018 um grupo de poetas, escritores, jornalistas e ativistas culturais reuniu se na cidade de Torres RS, sob a coordenação de Eduardo Jaques, com o objetivo de avaliar a vida cultural e literária da cidade e propor alternativas para seu desenvolvimento. Deliberaram, ao cabo de alguns encontros criar o “Movimento Torres Além Veraneio”, inspirado na realização, em 2017 do I Farol Literário de Torres, mas ampliado à ideia de fortalecer a dimensão cultural da cidade, com vistas à transformá-la numa referência capaz de projetar “A mais bela praia” além de sua tradicional vocação turística. Alguém já disse que a Natureza é a Arte de Deus, mas a Arte é Natureza do
Homem e só ela é capaz de remodelar a beleza abrindo novos horizontes para o desenvolvimento humano. Dentro desta ideia, o Movimento deliberou transformar o Farol Literário, realizado pioneiramente em 2017, no seu carro chefe, a ser reproduzido anualmente, com o apoio de instituições públicas e culturais assim interessadas. O Movimento, porém, pretende trabalhar para uma maior articulação dos agentes culturais da cidade, registrando os em veículo próprio capaz de identificá los esuas obras e processos-, bem como mobilizá-los para uma maior presença junto ao Conselho de Política Cultural da Municipalidade.
Ao final dosencontros do Movimento ficou, também, decidido formar provisoriamente uma Comissão de Representação do Movimento, responsável pela elaboração do Projeto do II Farol Literário de Torres composta por três membros, sendo Eduardo Jaques, o Secretário Executivo e Inaudi Ferrari, Joaquim Moncks e Paulo Timm, Coordenadores de Artes, Literatura e Comunicação Social, respectivamente.
MANIFESTO DO MOVIMENTO TORRES ALÉM VERANEIO MOTAVE
Os abaixo assinados, repercutindo as considerações de um grupo de escritores, jornalistas, poetas e ativistas culturais residentes em Torres RS e reunidos ao longo do mês de agosto de 2018, CONSIDERANDO:
• A necessidade de fortalecer a dimensão cultural de Torres e Região, tradicionalmente voltada para o turismo, insuficiente para gerar um processo autossustentado de desenvolvimento ao longo do ano e indispensável à formação de valores de sua juventude, cada vez mais ansiosa por canais capazes de dotá los da capacidade para enfrentar com maior autoestima uma nova Sociedade do Conhecimento;
• A importância da Cultura, hoje, sobretudo em economias desenvolvidas, como polo de geração não só de valores positivos à formação da cidadania e valorização da vida, como de renda e emprego;
• A necessidade de se discutir mais intensamente na cidade a questão da cultura, em suas várias expressões artes, filosofia, ciências, comunicação, psicanálise levando-a a ter maior presença nas Conferências de Cultura de caráter regional, estadual e nacional, com posições claras em defesa dos PONTOS DE CULTURA em todo o território nacional;
• A urgência de se promover maior divulgação de iniciativas culturais e grupos de expressão cultural em curso nacidade, que resultem em maior interação com a comunidade e maior peso junto às autoridades municipais;
• O caráter estratégico de Torres, tanto no litoral norte do Rio Grande do Sul, como centro polarizador em todo o Vale do Mampituba, bem como de várias cidades catarinenses ao redor,
reunindo diversas influências culturais que justificam a luta para sua transformação em importante PONTO DE CULTURA;
• Necessidade de se divulgar ideias e projetos inovadores no campo da cultura em várias partes do mundo e, em particular, no Brasil, com destaque para novas modalidades de Bibliotecas, tipo Bibliotecas Parque, Espaços Virtuais da Juventude, Feiras do Livro e Festivais de Literatura e Música e outros;
• Premência de maior reconhecimento de autores e produtores locais e que vise, sobretudo, dentre outros, à dinamização da Biblioteca Municipal com obras dos mesmos e maior divulgação da produção torrense;
• Necessidade de fortalecer o acesso da juventude a livros, filmes, instrumentos musicais, cursos, palestras e internet,
RESOLVEM:
apoiar a criação do MOVIMENTO TORRES ALÉM VERANEIO, bem como a realização, de 15 a 17 de novembro de 2018, do II Farol Literário de Torres.
Assinam em 23 de setembro de 2018:
Eduardo Jaques Terapeuta e Poeta. Organizador do I Farol Literário de Torres, 2017.
Joaquim Moncks Escritor e Poeta
Paulo Timm Professor, colunista de A FOLHA, poeta
Jorge Herrman Pintor
Inaudi Goulart Ferrari – Músico e compositor
Bento Barcellos Escritor
Luiz Gustavo L.G. Oliveira
Celina Ten Caten
Marco Aurelio Demes Passos Maniaudet
Nelson Adams Pres. Centro Estudos Históricos de Torres e Região
José Nilton Teixeira
Carla Patrícia Horn
Tommaso Mottironi
Fausto Araújo Santos Jr.
Solange Carlos Borges
Maria de Lourdes Cardoso
Luana Gonzalez Bassa
Roseli Nery Ferrari
Debora Fernandes
Andrea Jerônimo
2018
Realização do II Farol Literário, com homenagem a Ruy Ruben Ruschel:
O II FAROL LITERÁRIO DE TORRES
O II Farol Literário de Torres foi uma iniciativa de três entidades literárias nacionais, sob coordenação executiva do Movimento Torres Além Veraneio, apoiado por várias instituições da cidade de Torres: Casa do Poeta Brasileiro – Poebras Nacional Sociedade de Cultura Latina do BrasilAcademia Internacional de Artes, Letras e Ciências - Cruz Alta
Apoiaram o II Farol Literário de Torres:
Projeto POESIA NA ESCOLA Torres
Prefeitura Municipal de Torres RS
Centro de Estudos Históricos de Torres e Região
Cineclube Torres
Radio Cultural FM Torres
Jornal A FOLHA Torres
Espaço Cultural Ten Caten Torres
Café com Poesia - Torres
O II Farol Literário de Torres foi realizado entre os dias 15 e 17 de novembro de 2018, conforme a programação, concentrando suas atividades na CASA DA TERRA, da Prefeitura de Torres.
Foram definidos com objetivos gerais do II Farol Literário a mobilização da inteligência local com vistas à valorização da Literatura junto à juventude torrense, com destaque para o PROJETO POESIA NA ESCOLA, bem como sua maior articulação com outros agentes culturais do Estado e do País.
O objetivo estratégico do II Farol Literário de Torres foi, também, chamar a atenção das autoridades nacionais para a necessidade de darem início às atividades comemorativas do segundo centenário da Independência do Brasil, em 2022, interligando, desde já, o Rio Grande do Sul neste processo.
Durante o evento teve a apresentação de dois instrumentistas da cena porto alegrense e gaúcha, Neuro Júnior (violão de 7 cordas) e Pedro Borghetti (bombo leguero e voz) com um repertório recheado de milongas, choros, tangos, chacareras e chamamés.
Em 18 de dezembro de 2018, lançamento do livro do Diderô Carlos Lopes “Marco histórico de Torres-RS: a Casa Nº1”, no Museu Histórico de Torres.
O livro tem por objetivo identificar e promover a representatividade da Casa Nº1 lote e edificação remanescente do período colonial, marco histórico do núcleo urbano da cidade de Torres-RS, encaminhando a defesa de sua preservação e o reconhecimento da memória ligada a ela como valor cultural, pois trata se de bem muito precioso que possui valores notáveis, tanto histórico quanto arquitetônico.
Como testemunha da história local contribui para a compreensão da identidade dos pioneiros, fazendo o passado interagir com o presente a qualquer tempo
11 de junho, um historiador assinala, no seu Facebook, os 20 anos da morte de Ruy Ruben Ruschel:
ETERNO RUY RUBEN RUSCHEL por Nelson Adams Filho, Jornalista e Historiador
Nesse 11 de junho completam se 20 anos da morte de Ruy Ruben Ruschel. Advogado, professor, juiz, desembargador, pesquisador, cronista e historiador, Ruschel nasceu em Porto Alegre em 27 de janeiro de 1926, filho de Henrique Afonso Ruschel e Dalila Picoral Ruschel. Tinha, portanto, 73 anos ao morrer, vitimado por um câncer. Casado em primeiras núpcias com Heronita Raupp, de cujo matrimônio nasceram os filhos Régis Roberto, Rogério, Ricardo e Ruben. Viúvo, casou se com Beatriz Clezar. Ambas de tradicionais famílias torrenses.
Torres foi uma de suas grandes paixões! Para ela dedicou quatro livro – Torres, a Rainha das Praias, em parceria com sua mãe , Torres Origens, por ocasião dos 10 anos do jornal Gazeta e da realização do Raízes de Torres, Os Fortes de Torres e Por Mares Grossos e Areias Finas. Na área do Direito teve publicado Dinâmica das Classes Sociais, pelo Instituto Estadual do Livro, em 1966. Outras duas obras fazem menção a Ruschel ou são trabalhos seus: O Direito Público em Tempos de Crise, Estudos em Honra a Ruy Ruben Ruschel, organizado e editado por Ingo Wolfgang Sariet em janeiro de 1999, e Torres Tem História, organizado por Nilza Huyer Ely, editado pela EST em 2004, e que reúne mais de 800 colunas publicadas no Jornal de Torres e
Gazeta entre 1985 e 1999. Além de uma centena de outros trabalhos de pesquisas históricas e arqueológicas, colunas em jornais e revistas da cidade de Torres e região. Bem como a participação em seminários, palestras, congressos sempre tendo Torres (ou o Litoral Norte) como ponto de referência.
A História era também outra de suas paixões! Parte de sua obra está no acervo do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, doada pela família; outros artigos e crônicas em publicações do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, do qual era membro.
Em Torres Origens, resumo de um trabalho de pesquisas de 25 anos, com sapiência e visão, ele conclama outros apaixonados pela História a seguirem adiante. A não se contentarem com o que estava até então pesquisado e escrito. Tinha noção de que a História não tem fim ou limites! É inesgotável, acompanhando a vida humana sobre a terra.
Ruschel é, sem dúvida, a base para as fontes de consulta sobre a História de Torres e região. É através dele que sempre se inicia um trabalho! Pode não ser completo, atual pois a História é dinâmica, sendo essa uma de suas características , mas é obrigatório ir até a obra de Ruschel ao menos como um ponto de partida; para verificar o que está registrado; para confirmar se se está no rumo certo; ainda para saber a opinião dele sobre determinado tema.
Consultar Ruschel é obrigatório. Imprescindível quando se trata da História de Torres!
Nesses 20 anos que se completam tristes com sua ausência física, resta ao menos o consolo de poder ouvi lo através de sua obra. E saber que a Academia dos Escritores do Litoral Norte
(AELN) ao constituir seus assentos na Galeria dos Imortais, destinou a Ruy Ruben Ruschel a Cadeira de nº 12, a qual, em vida, terei a honra e o orgulho de ocupá la, buscando dignificá la, em sua memória.
Eterno Ruy Ruben Ruschel nesses 20 anos! O Tempo, a História e os Homens rendem lhe homenagens! -2019-
Publicação do livro “TORRES Histórias em crônicas” por Débora Fernandes e Paulo Timm, uma sistematização e pesquisa ao longo do acervo coletado primeiramente por Roberto Venturella e adquirido pela Secretaria Municipal de Cultura e Esporte no início de 2016, assim como demais coleções entre blogs e memórias.
A coletânea é dividida em três capítulos, contendo uma breve apresentação dos autores para que o leitor e, ou pesquisador possa se inteirar um pouco da sua biografia.
Capítulo 1 - Os memoráveis: constam publicações daqueles que consideramos que devem ser sempre lembrados como base de qualquer estudo. Crônicas de Dante Laytano e Ruy Ruben Ruschel que não constam em nenhuma outra bibliografia, mas que estiveram nas páginas do Correio do Povo, Zero Hora e outros periódicos. Destacando para os textos de Mário Krás Borges, do período que foi correspondente do Correio do Povo. Mário tanto escreveu sobre a história, quanto do cotidiano da cidade, fatos daépocaque ora se tornouhistória. Apresentauma dialética e sabedoria de causar inveja a muitos escritores. Faz parte desse capítulo também Walter Spalding, um renomado professor, historiador e bibliotecário gaúcho, que também
lançou seus olhares para o nosso pequeno paraíso de outrora, pouco conhecido por muitos de nós. Os Contemporâneos é o título do segundo capítulo, com aqueles que fazem parte do nosso tempo, contribuíram e seguem colaborando, deixando também suas pegadas nas areias da história da Mais Bela.
Capítulo 2 - Os contemporâneos – Com textos de Roberto Venturella, Bento Barcelos daSilva,Paulo Serafini, João Barcelos da Silva (in memoriam) e Ênio Porto.
Capítulo 3 Crônicas e Notícias de Outrora contém matérias importantes, interessantes e curiosas de alguns jornais e em datas diversas, temos o Independente de Porto Alegre de 1911, Correio do Povo e Folha da Tarde quando eram a maior mídia impressa do Estado, e O Torrense da década de 40. 2019
O III FAROL LITERÁRIO DE TORRES
O III Farol Literário de Torres será realizado entre os dias 15 e 17 de novembro de 2018, conforme Programação, concentrando suas atividades na CASA DA TERRA, da Prefeitura de Torres. Seus objetivos sublinham objetivos já delineados nos Farois I e II.
O objetivo estratégico do Farol Literário de Torres, até 2022, é chamar a atenção das autoridades nacionais para a necessidade de darem início às atividades comemorativas do segundo centenário da Independência do Brasil, em 2022, interligando, desde já o Rio Grande do Sul neste processo.
Persistem como objetivos gerais neste III Farol Literário a mobilização da inteligência local com vistas à valorização da Literatura junto à juventude torrense, com destaque para o PROJETO POESIA NA ESCOLA, bem como sua maior articulação com outros agentes culturais do Estado e do País, aqui retomando todas as diretrizes do MOVIMENTO TORRES ALÉM VERANEIO.
Dois objetivos específicos emergem neste III FAROL LITERÁRIO DE TORRES:
1. Criar as bases para um sentimento mais profundo de identidade entreos moradores noVale doRio Mampituba, capaz de contribuir para a defesa de suas tradições, ambiente e patrimônio histórico na construção de um projeto sustentável de desenvolvimento para o conjunto da Região.
2. Retomar e revigorar a ideia de fazer de Torres um Polo de Cinema e Audiovisual, à semelhança de Paulínia em São Paulo, nos termos propostos neste Manifesto pioneiro de 2011:
Publicação:
Publicação sob o nome de Anais do III Farol Literário de Torres conterá este Projeto, acrescido das contribuições dos conferencistas e painelistas, além dos trabalhos premiados pelo 13º. Poesia na Escola.
Programação do III Farol Literário de Torres
Promotores:
Casa do Poeta Brasileiro Poebras Nacional Sociedade de Cultura Latina do Brasil Academia Internacional de Artes, Ciências e Letras Cruz Alta ALPAS 21
Execução:
Casa do Poeta de Torres
Casa do Poeta do Vale do Mampituba Apoio:
Prefeitura Municipal de Torres
Projeto Poesia na Escola
Centro de Estudos Históricos de Torres e Região
Cineclube Torres
Espaço Cultural Ten Caten
Jornal A FOLHA Torres
Onda Verde ONG Torres
Radio Cultural FM de Torres
Radio Vale do Mampibuba Web
Torres TV Digital www.torrestvdigital.com.br, que fará a filmagem com produção de um vídeo ao final do evento.
Dias 14, 15 e16 de novembro de 2019
Local Casa da Terra Torres RS
Dia 14 de novembro – Quinta Feira
19.30h Abertura oficial do III FAROL LITERÁRIO DE TORRES, anunciado com o Hino Nacional, destaque aos Prefeitos presentes e a apresentação do 13º. POESIA NA ESCOLA. Programação
Abertura dos trabalhos por Eduardo Jaques, idealizador do Projeto original que falará sobre a importância do homenageado neste ano, R. R. Ruschel, falecido em 11 de junho de 1999 e sobre os objetivos estratégicos, gerais e específicos do III FAROL LITERÁRIO DE TORRES.
Os Presidentes da CASA DO POETA DE TORRES, ALPAS 21, CASA DO POETA BRASILEIRO, o Coordenador do Projeto POESIA NA ESCOLA, farão uso da palavra.
Homenagem a Ruy Ruben Ruschel. por Rafael Frizzo.
Apresentação dos Poemas do 13º. POESIA NA ESCOLA com julgamento e divulgação dos vencedores.
Lançamento do livreto Poesia de Bolso 12º. POESIA NA ESCOLA, publicação da CASA DO POETA DE TORRES. Dia 15 novembro – Sexta Feira –
8.00 Recepção aos Prefeitos presentes pelo Prefeito de Passo de Torres SC, Jonas Gomes de Souza.
9.00 Reunião dos Prefeitos do Vale do Mampituba.
Agenda:
1.Abertura da I Mostra de Artes e Ofícios do Vale Sagrado do Mampituba.
2.Apreciação do Projeto de Valorização Cultural e Turística do VALE MÍSTICO DO MAMPITUBA, subscrição dos Programas Culturais do RS e SC (Carta de Garopaba).
3.Comunicação breve de Leo Gedeon sobre a importância do Patrimônio Cultural de Torres e Região e da gestão da bacia do Vale do Mampituba pelos respectivos responsável do lado do RS e de SC.
4.Apresentação de audiovisual sobre o GEOPARQUE CAMINHOS DOS CÂNIONS e outros institucionais:
5. Leitura do Manifesto Pró Polo de Cinema e Vídeo de Torres e apresentação dos vencedores do 3º. Festival de Curtas de Torres.
12h Almoço dos Prefeitos do Vale Místico do Mampituba oferecido pelos Prefeitos de Torres RS e Passo de Torres SC. Local: A definir
14h Recepção e inscrição dos participantes no III FAROL LITERÁRIO DE TORRES. Responsável: Débora Fernandes, da CASA DO POETA DE TORRES
Local: CASA DA TERRA
15.00 18.00h - Local: CASA DA TERRA
Abertura dos trabalhos e por Eduardo Jaques, idealizador do Projeto. Os Presidentes da CASA DO POETA DE TORRES e CASA DO POETA DO VALE DO MAMPITUBA, ALPAS 21, CASA DO POETA BRASILEIRO, farão uso da palavra.
Palco Aberto aos grupos de poesia e performance de Ttorres e região, sob a Coordenação do Grupo Café com Poesia, sob o comando de sua coordenadora Rejane Vargas
19.00 h – Sarau poético musical no QUINTAL DA DINDINHA, no Passo de Torres ao lado do Supermercado Beira Rio oferecido e organizado pela CASA D O POETA DO VALE DO MAMPITUBA. Organização: Igor Stefano
Dia 16 de novembro sábado
Local Casa da Terra
09.00 hs Palestra seguida de debates “O caos morde a palavra poética”, por Joaquim Moncks.
10.30 – Visita e Coffe Break no Centro Cultural TEN CATEN
11.00 12.00 Encontro com historiadores locais e regionais: Nelson Adams Presidente do Centro de Estudos de Torres e Região, Bento Barcelos, autor dos livros “Rabiscando na Areia” e “Mampituba e Jaime Batista, historiador.
12.30 Almoço oferecido pela casa do poeta de Vale do Mampituba aos participantes credenciados.
Local: Quintal da Dindinha, Passo de Torres Organização: Andrea Jer
14.00 Abertura da minifeira de livros e artesanato na Casa da Terra, com encontro e autógrafos de autores torrenses e da ALPAS-21. O ambiente será aberto a todos os interessados e o bate papo terá caráter informal. Autores interessados deverão se inscrever até o dia 08 de novembro, através do Email paulotimm@gmail.com, até um total de 10 autores locais, reservando-se, desde já outro tanto para os visitantes. Coordenação Geral: Paulo Timm
15.30 18.00 Opções Simultâneas Casa da Terra
1.Palco livre na Casa da Terra sob a Presidência do Poeta José Nilton Teixeira, Presidente da Casa do Poeta de Torres para atuações e performances culturais de artistas locais, os quais poderão se inscrever até o dia 08 de novembro na Casa do Poeta de Torres, Rua Francisco Teixeira n. 15.
2. Oficina da Escrita Milton Saldanha, jornalista. Rio Janeiro
3. Oficina de Escrita Criativa Rozelia Scheifler Rasia ALPAS Cruz Alta.
Dia 16– Sábado – Noite
19.30 21.00 Mesa Redonda sobre o tema O HOMEM, ESSE DESCONHECIDO. Moderador: Eduardo Jaques
Painelistas: Jorge Frederico Duarte Weber, Sociólogo; Marilu Duarte, da Academia Sul Brasileira de Letras; Jane Tutikian, Letras UFRGS e Academia de Letras do RS.
21.00 Painel com todos os presentes sobre a importância do ativismo cultural com a participação especial de Paulo Campos, Ivan Terra e Jeferson Dickram. Organização e direção: Vera Barroso e Ana Clara Maciel, criadoras do Projeto RAIZES, Santo Antonio da Patrulha. Encerramento do III FAROL LITERÁRIO DE TORRES
Observação Geraldo Medeiros, guia turístico estará à disposição para orientar os visitantes sobre eventuais passeios turísticos no domingo.
Primeiro ano da pandemia, com implementação, também em Torres, da Lei Aldir Blanc, elaborada pelo Congresso Nacional com a finalidade de atender ao setor cultural do Brasil, maior afetado com as medidas restritivas de isolamento social impostas em razão da pandemia de Covid 19.
A CULTURA RESPIRA:TORRES X PASSO
por Paulo Timm, publicado em A FOLHA, Torres RS, julho
A semana que passou celebrou uma vitória da cultura, seus protagonistas e seus agentes com a sanção do Presidente da República à Lei Aldir Blanc. Trata ela do apoio financeiro, no valor de R$3,5 bilhões, como compensação à paralisação de sessões e espetáculos, em razão do coronavírus. Foi uma conquista de muitas mãos que teceram um movimento que uniu não só artistas, mas o país inteiro, conseguindo o apoio do Congresso Nacional. Agora, é cuidar para que os recursos cheguem, realmente, sem falhas nem fraudes, aos que dele necessitam, diminuindo os hiatos da cadeia produtiva do setor cultural. Há uma preocupação, que exigirá grande vigília: Bolsonaro entregou a Estados e Municípios a responsabilidade por providenciar os recursos, caso faltem no Orçamento da
União. Um risco, pois só esta tem os meios para “inventá los” vez que a única entre os entes federados que detém o poder de emitir e se endividar no mercado de títulos.
A questão da cultura ainda sofre de grandes incompreensões junto aos meios governamentais. Não por acaso, foi o último segmento a receber a devida atenção neste momento dramático de crise nacional. Confunde se muito cultura com mero diletantismo sem que se percebam suas funções econômicas, de formação de valores e identidades simbólicas, além esteio da nacionalidade no curso do projeto de construção da autonomia humana.: “Minha pátria é minha língua”, clama o Vinho da Poesia...
Na verdade, em todas as economias desenvolvidas contemporâneas a economia criativa tem mais peso no PIB e no emprego do que a indústria automobilística. No Brasil, a Federação das Indústrias do R.J. calculou que ele gera 2,64% do PIB e mais de 1 milhão de empregos formais diretos, com salário médio de R$ 5,4 mil. A cultura, porém, não se encerra em si mesmo. Além de gerar uma infinidade de empregos conexos, conformando se crescentemente como um produto coletivo, como a indústria cinematográfica, não por acaso denominada sétima arte, ela potência outros “trades” estratégicos como o turismo, junto ao qual sustenta várias economias do mundo. Se associarmos, então, cultura, educação e tecnologia, aí localizaremos o núcleo duro das atuais Sociedades do Conhecimento. Cidades como Barcelona, na Espanha, vão se identificando, destarte, como capitais do Século 21.
Eis aí a grande lacuna da atual gestão na Prefeitura de Torres: Sumiram as preocupações com a cultura e ela sequer tem qualquer lugar no Plano de Turismo recentemente lançado,
peça insuficiente para interligar nossa cidade a uma das maiores manchas turísticas da América do Sul, que, abrindo se no epicentro serrano de Gramado, desce pelos Cânions, atravessa uma prodigiosa hinterlândia com inúmeras cidades no curso do Mampituba, para culminar na foz deste Rio no litoral. Misto de timidez e soberba, cuja natureza aprende se no livro “Torres em Transe”, de Fernanda Carlos Borges, um romance sociológico. Em vez de pensar global, aí situando o agir local, limita-se apenas no ponto, não no processo. Lei de Murphy: Um projeto que tem tudo para dar errado, vai dar errado.
Já o Passo de Torres, com humildade, tem pescado em águas mais promissoras: Além do valoroso trabalho de sucessivos Conselhos de Política Cultural, potenciado por um Gestor de Cultura do porte de Jaime Batista, tem havido iniciativas concretas da Prefeitura. Nesta semana, seguindo a tradição de valorizar a cultura açoriana, que deitou raízes na nossa costa desde o século XVIII, inaugurou, junto a Ponte Pênsil, um belo Monumento ao Açorita, escultura em ferro de Elza Menezes, de elevado valor estético, baixo orçamento e grande significado histórico, exatamente como preconizava Ruy R. Ruschel na sua crônica “Torres Cultural” de 01.09. 1993: O turista não só quer ver o mar e passear no calçadão... Registro este momento, parabenizando o Prefeito Jonas Souzae o PoetaJoaquim Moncks pelas palavras registradas na placa de inauguração:
“Por este Passo, em águas rasas, transitaram bichos e homens, todos andejos, sem marca e sinal. Eram índios, negros, brancos, todos fazedores de pátria. O que permaneceu como raiz foi o pescador, que fez família e matou a sua fome com o que vem das águas.”
Em outubro, é publicado o Decreto Municipal que regulamenta os procedimentos necessários à aplicação dos recursos recebidos pelo Município de Torres RS, para a execução das ações emergenciais destinadas ao setor cultural previstas pela Lei Aldir Blanc, prevendo assim ampla participação da comunidade no processo de acompanhamento dos recursos disponíveis.
2021
Aprovação, pelo Conselho Municipal de Política Cultural do Passo de Torres SC, do Projeto VALE SAGRADO DO MAMPITUBA, incluindo 10 municípios de S. Catarina e 8 municípios do RS, inclusive Torres, com vistas a destacar a importância da cultura para o desenvolvimento do turismo na região.
O VALE SAGRADO DO MAMPITUBA
Por Paulo Timm, em A Folha Torres, abril 2021
"Agora, como membro do Conselho de Política Cultural de Passo de Torres, conseguimos aprovar um primeiro dossiê sobre o Vale do Mampituba, onde Torres tem papel especial."
Fiz minha vida profissional no Governo Federal, em Brasília, como Planejador do Desenvolvimento Regional, tendo sobre esta questão da escala regional do espaço um olhar muito
atento. Desde que aqui cheguei, em 2003, estímulo e participo de várias discussões sobre o tema. Agora, como membro do Conselho de Política Cultural de Passo de Torres, conseguimos aprovar um primeiro dossiê sobre o Vale do Mampituba, onde Torres tem papel especial. Trata-se de um levantamento das características e potencialidades dos dezoito municípios do Vale do Rio Mampituba devendo ser distribuído, oportunamente, a todos os Prefeitos. Pela importância do tema, transcrevo a sua Apresentação. Acho mais animador do que escrever, mais uma vez, sobre a penosa etapa que estamos vivendo em nosso país.
APRESENTAÇÃO
Por Lenin Landa Presidente CMPC Passo de Torres 2021 Esta publicação atendeu a uma ideia cevada no Conselho de Política Cultural de Passo de Torres nos últimos meses, quando foi se desenhando a necessidade de uma referência regional para o planejamento de ações culturais no município. Primeiro pensou se no Eixo Torres Passo de Torres mas, à medida que acompanhávamos os debates na Casa do Poeta do Vale do Mampituba, sediada no Passo, e a visão de escritores locais sobre a importância de se valorizar todo o Vale do Mampituba, fomos percebendo a necessidade de se identificar melhor os elementos político administrativos e culturais das cidades situadas no curso do Rio Mampituba e seus afluentes. Muito contribui para isso a inauguração do Monumento ao Açorita Pescador, inaugurado em 2020, obrigando nos a perceber os estreitos laços do litoral sul do país, onde nos situamos, com os açorianos que o ocuparam, de Laguna em Santa Catarina até o município de Rio Grande no Rio
Grande do Sul, passando pela forte presença de 60 casais açorianos na fundação de Porto Alegre. Esse fato nos remeteu a várias cidades aqui no entorno. Depois fomos percebendo, também, a importância de outros grupos que por aqui aportaram, como os tropeiros gaúchos, sob a liderança pioneira de Cristovam Pereira de Abreu, na primeira metade do século XVIII. Vieram, com o tempo e continuam a chegar outros grupos étnicos e culturais que vão se somando à fértil experiência humana na região. É notório, entretanto, que, até em decorrência das variações geográficas serra, vale e litoral os distintos municípios foram se desenvolvendo sem grande articulação, nem com o Rio, nem com as comunidades que os ocupavam. Mais recentemente, por exemplo, somaram se a esta variedade, cidades como Três Cachoeiras, à margem da BR 101, inteiramente voltadas aos interesses desta rodovia. Isso tudo nos levou a inspirar a montagem deste primeiro dossiê dos municípios que integram o Vale do Mampituba com o objetivo de ir criando, pela informação e eventual mobilização cultural, um estado de espírito propriamente regional. Para tal desafio ofereceu se Débora Fernandes, ex diretora de Cultura de Torres e autora do importante Torres em Crônicas (Casa do Poeta de Torres, 2019), que o cumpriu. Este é um passo decisivo para a valorização desta vasta área no sul do país, a qual deverá compor um dos mais promissores polígonos, senão o mais, de desenvolvimento do turismo doméstico. Estamos, na verdade, empolgando, no Vale, três grandes e consagrados polos turísticos, a saber, a Serra Gaúcha, com epicentro em Gramado (RS) – mas que se estende até São Francisco de Paula, onde nasce o Rio Mampituba – , os Grandes Cânions, com a capital em Praia Grande (SC), que se espraiam sobre as terras férteis de São João do Sul, Mampituba, Santa Rosa e Sombrio, para só falar nas mais próximas, e o litoral,
onde desponta a centenária Torres, como a mais bela praia do Rio Grande do Sul. Sobre este último círculo, já bastante integrado, somam se outros mais, igualmente banhados por afluentes do Mampituba e potencialmente passíveis de incorporação mais efetiva ao futuro PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DO VALE SAGRADO DO MAMPITUBA, como Araranguá, Turvo, Ermo e Jacinto Machado, todos com fartos atrativos turísticos dignos de menção.
Este dossiê, fadado a cumprir o destino de chamar a atenção sobre nossa Região como um todo revela um conjunto de 18 municípios, 10 deles em Santa Catarina e 8 no Rio Grande do Sul com elevado potencial de renda e invejáveis índices de IDH, oferecendo se como um ponto de partida para novas pesquisas sobre o potencial turístico, histórico e cultural de seus municípios. Além de informações básicas dos respectivos municípios o dossiê incorpora informações sobre a história, lendas e autores. Neste sentido, é pensamento deste Conselho apoiar a realização do IV FAROL LITERÁRIO DE TORRES E REGIÃO, um evento cultural já consagrado e que reúne anualmente, desde 2017, escritores de várias partes do Brasil na vizinha cidade, trazendo o para uma realização simultânea em Torres e Passo de Torres. Para tanto, estamos estimulando os realizadores do evento, dentre eles Joaquim Moncks e Paulo Timm, membros deste Conselho de Cultura, a se mobilizarem de forma a lançar em fins de agosto do corrente ano a I COLETÂNEA DE ESCRITORES DO VALE DO MAMPITUBA. Tal evento poderia coincidir com a I FESTA DO LIVRO DO PASSO DE TORRES, frustrada pela pandemia no ano que passou.
Realização em Torres de uma Pré-conferência Municipal da Cultura, por iniciativa da então Diretora de Cultura Adriana Sperandir, que veio ser afastada em maio de 2022.
NA PRÉ-CONFERÊNCIA DA CULTURA, PREFEITURA E SEGMENTOS ARTÍSTICOS DE TORRES PREPARAM PLANO MUNICIPAL DA CULTURA do site oficial da Prefeitura Municipal de Cultura, 23/12/2021
Com muito diálogo, no dia 20 de dezembro, foi realizada em Torres, a Pré conferência Municipal da Cultura. A iniciativa teve por finalidade a discussão sobre o Plano Municipal de Cultura e mapeamento dos segmentos artísticos e culturais do município de Torres. Participaram artistas, produtores, entidades, associações, pontos de cultura, coletivos culturais e trabalhadores da cultura de todos os segmentos artísticos. O evento ocorreu durante todoo diano Museu Histórico deTorres. No final da tarde, a Pré conferência Municipal da Cultura disponibilizou um palco aberto, para os artistas que desejaram apresentar seu trabalho.
O evento foi promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e do Esporte com a participação do secretário municipal da Pasta, José Mauri Rodrigues. De acordo com a diretora de Cultura, Adriana Sperandir, a atividade foi positiva, além de ser o primeiro de outros encontros que ocorrerão entre a Prefeitura e os segmentos culturais para tratar do Plano Municipal de
Cultura. O trabalho deverá ser apresentado à sociedade em fins de março.
Participaram do evento, o representante do Centro de Estudos Históricos de Torres e região, Jaime Batista; do Comitê Gestor dos Pontos de Cultura, Mestre Ivan Therra; do Colegiado Setorial de Música RS e Secretaria de Cultura Municipal, Adriana Sperandir; da produção cultural, San Lopes; do Conselho Municipal de Cultura, Dorotea de Carlo e Roni Dalpiaz;, do COMPHAC, com a representante Marta Floriani Volkemer; e o Coordenador Adjunto Icomos Brasil / Núcleo RS, Jorge Luís Stocker Jr.
Abraço ao Museu no dia 20 de maio, uma ação popular em prol do Museu Histórico de Torres, que apresentava importantes infiltrações a partir do telhado do edifício.
Ação foi seguida pela intervenção do Secretário da Cultura e do Esporte, ordenando o imediato encerramento do local, que até novembro do mesmo ano permanece fechado, não tendo recebido qualquer intervenção, sequer de proteção emergencial, apesar dos sucessivos apelos da sociedade civil e do Ministério Público Estadual e Federal.
ABRAÇO SIMBÓLICO AO MUSEU DE TORRES PEDE MAIS AÇÕES DE PROTEÇÃO PARA PRÉDIO HISTÓRICO
do Jornal A Folha Torres de 23 de maio
Nesse ato simbólico, os participantes buscavam chamar a atenção para a importância da valorização da Cultura além de alertar sobre problemas estruturais do imóvel da antiga Prefeitura de Torres (hoje Museu Histórico)
Na tarde de 20 de maio (sexta feira), ocorreu em Torres um abraço simbólico ao Museu Histórico de Torres (antiga Prefeitura Municipal). O ato foi uma iniciativa do Cineclube Torres, que neste mês organizou (no próprio Museu de Torres) um ciclo de filmes com a temática museus. Mas nesse ato simbólico, os participantes buscavam chamar a atenção para a importância da valorização da Cultura – além de alertar sobre o estado de degradação do imóvel.
“O telhado do edifício, se primeiro apresentava uma goteira pontual e localizada num canto, por não ter sido objeto de tempestivos reparos, foi piorando inexoravelmente e progressivamente apresentando agora autênticos buracos na superfície do telhado. A partir desses rombos a água penetra em quantidade para o andar de cima (presentemente fechado) e, consequentemente, segue para o piso debaixo, aberto e usado até ao presente momento para exposições e apresentações culturais, originando goteiras e mofos”, ressalta o idealizador do Cineclube Torres, Tommaso Mottironi.
Segundo Tommaso, esse ato simbólico foi uma ação popular e cívica para “alertar a comunidade em geral e o poder público sobre a urgência de ações de proteção para este bem material”,
patrimônio histórico do município, em coincidência com o Dia Internacional dos Museus (18/05) e com o Aniversário do Município (20/05). “Obrigado a todas e todos que participaram do abraço, demonstrando amor à cultura e aos seus valores simbólicos e patrimoniais”.
Sobre o prédio do Museu Histórico:
O imóvel do Museu Histórico de Torres trata-se de uma edificação antiga, inaugurada em junho de 1951 durante a gestão do então prefeito municipal Cel. Severiano Rodrigues da Silva. Foi a sede da prefeitura municipal e seus principais departamentos e secretarias por mais de 60 anos.
No dia 13 de maio de 2016 foi inaugurado o atual Centro Administrativo Municipal (localizado no prédio do antigo Hotel Beira Mar na Rua Jose Antônio Picoral). A partir de então, o imóvel começou a ser reorganizado para tornar se o Museu Histórico de Torres que também abrigaria a Biblioteca Municipal, uma sala de multiuso e espaço para projetos culturais. Uma reforma no espaço foi efetuada em 2021 pela Prefeitura de Torres, viabilizada por emenda parlamentar da deputada federal Maria do Rosário.
Após a reforma (e passado o pior momento da pandemia Codiv 19, o prédio foi reaberto a visitação pública no início de 2022 já nomeado como Museu Histórico, Antropológico, Arqueológico e Oceanográfico de Torres. Exposições e atividades culturais vem ocorrendo no local. Entretanto, o agora Museu Histórico de Torres ainda sofre com alguns problemas estruturais.
CEHTR - Centro de Estudos Históricos de Torres e Região se constitui com personalidade jurídica, com o escritor Diderô Carlos Lopes como presidente.
CEHTR, ASSOCIAÇÃO CIVIL DE DIREITO PRIVADO por Diderô Carlos Lopes
O Centro de Estudos Históricos de Torres e Região, cuja sigla é CEHTR, é uma associação civil de direito privado, sem fins econômicos, com prazo de duração indeterminado e com foro e sede social na Cidade de Torres, Estado do Rio Grande Do Sul, República Federativa do Brasil, podendo atuar, também, em outros locais do País e do exterior.
Adicionalmente está credenciado, desde 2018, pelo Ministério da Cultura, como Ponto de Cultura, certificado portanto como uma entidade que desenvolve e articula atividades culturais em sua comunidade, e contribui para o acesso, proteção e a promoção dos direitos da cidadania e da diversidade cultural do Brasil.
Trata se de uma associação de natureza cultural, científica e educacional sendo seu objetivo fundamental investigar e construir conhecimento sobre o patrimônio histórico, turístico, paisagístico, ecológico e cultural de Torres e Região em interação permanente com a comunidade.
Poderá ser constituído por número ilimitado de associados, sem distinção de cor, sexo, nacionalidade, credo político,
religioso ou classe, civilmente capazes, nos termos da legislação civil vigente, que compartilhem com os objetivos e princípios da associação.
Estatutariamente, e por livre opção dos associados, se atribui a responsabilidade de promover a ética universal sob todas as suas formas, a paz, o exercício da cidadania, os direitos humanos, a democracia e outros valores universais, não se envolvendo em questões religiosas, político partidárias, raciais, de classes ou outras que não se coadunem com seus objetivos.
A sua estratégia de negócios está assim constituída: Missão: Investigar e construir conhecimento sobre processo histórico de Torres e Região em interação permanente com a comunidade.
Visão:
Ser uma referência para a comunidade quando se trata de preservar história de Torres e Região.
Valores:
A tolerância é uma atitude permanentemente ativa.
A procura da verdade motiva nossas ações.
Nossa comunicação é transparente, ética e honesta.
Buscamos oportunidades onde existem dificuldades.
Realização no dia 27 de setembro de uma Audiência Pública, a pedido do coletivo Pró-Cultura Torres, um grupo que aglutina vários coletivos e exponentes da cultura local.
ATIVISTAS DA CULTURA EM TORRES PROTAGONIZAM IMPORTANTES DEBATES EM AUDIÊNCIA PÚBLICA
A Folha, 30 de setembro 2022
Evento protagonizado pela Comissão de Cultura da Câmara Municipal abriu tribuna para desabafos de artistas de várias vertentes que moram na cidade Plenário da Câmara ficou praticamente lotado por pessoas ligadas a atividades culturais em Torres
Na tarde de terça feira (27 de setembro) aconteceu uma Audiência Pública intitulada como “Por uma Política Cultural para Torres”. O evento foi uma iniciativa da Comissão de Educação, Esporte e Cultura da Câmara de Vereadores de Torres, formada por Moisés Trisch (PT) Presidente, Carlos Jacques (PP) e Cláudio Freitas (PSB). A audiência é uma continuidade das reações expostas em uma Carta Aberta emitida pelo Coletivo Integrado de Cultura de Torres (formado por vários outros coletivos, em sua maioria de atividades artístico culturais música, literatura, teatro etc.). Na carta, o grupo reunido compartilhou publicamente sua avaliação sobre a situação da Cultura na cidade, assim como demandou sugestões de ações das autoridades públicas locais. E como não
houve resposta formal da prefeitura de Torres à Carta Aberta (mesmo após o segundo pedido de resposta demandado pelo mesmo grupo), surgiu a iniciativa da Câmara Municipal em realizar esta audiência Pública, para atender o chamado dos atores locais. E o evento abriu justamente com a releitura deste documento do Coletivo Integrados da Cultura (carta aberta), lida pela cantora e artista Quértina Elz.
Os vereadores Gibraltar Vidal, o Gimi (PP) e Carla Daitx (PP) também participaram de toda a audiência pública que utilizou suas duas horas de atividade completas por conta de várias representações e de tantos pedidos de uso de tribuna solicitados à mesa diretora.
Insatisfação da comunidade cultural local
O Professor e Escritor Paulo Timm (também colunista de A FOLHA Torres), em nome da Associação dos Escritores de Torres, abriu o uso da Tribuna da audiência pública comemorando a atitude da Câmara Municipal em realizar o evento. Para ele, “os poderes legislativos têm mais legitimidade em promover este tipo de debate”. Timm a seguir sintetizou a forte presença de artistas de todas as áreas no evento como um movimento que, para ele, demonstra a insatisfação da comunidade cultural dacidade perante afaltade ações do poder público nos últimos anos. O escritor afirmou que, em sua avaliação, “a Cultura é o elemento central das economias, principalmente das cidades”. E lembrou da Economia Criativa uma moderna abordagem de sistemas de sustentabilidade econômica das comunidades que utiliza como foco justamente a Cultura, dando exemplo da cidade de Paris como um local que aproveita sua rica história, sua arquitetura e seu estilo artístico como forma de atrair turistas, fazendo sucesso mundial.
ParaTimm, acidade de Torres também tem legados históricos e culturais suficientes para que sejam explorados como fomento a atividades artístico culturais, que por sua vez podem acelerar a economia local e atrair turistas através de seus usos artísticos, num processo de fomento a um novo tema de turismo dentro das atividades locais. Para provar isto ele exemplificou a obra do historiador Ruy Rubem Ruschel em seus livros com milhares de páginas sobre a história da formação da comunidade de Torres como prova cabal de que há, sim, elementos a serem explorados para que os legados da história sejam uma forma de trabalho cultural em Torres.
Organograma da Cultura pública deve ser buscada
O Historiador, professor e músico Jaime Batista (torrense da gema), representando o Centro de Estudos Históricos da cidade (e com experiência quanto Gestor de Cultura na Prefeitura de Passo de Torres), na tribuna fez uma abordagem técnico política da questão da Cultura em Torres. Ele lembrou que existe uma espécie de organograma nacional pela difusão de ações da cultura, a qual a cidade não estaria habilitada (e que possibilitaria receber recursos federais para fomentos culturais). Segundo ele, somente três encontros sobre a organização de Cultura foram realizados em Torres nas últimas décadas: o 1º Fórum Municipal de Cultura, realizado em 2007, pelo governo João Alberto; a Conferência da Cultura realizada em 2014, no governo Nílvia; e agora esta Audiência Pública realizada pela Câmara Municipal.
Jaime, portanto, sugeriu que a Torres, antes de tudo, realize suas atividades culturais caseiras, por lei, para que se adapte ao organograma da cultura pública nacional, podendo ser assim um local onde estas sejam aplicadas através de recursos
financeiros federais ou parcerias institucionais com o município. Ou seja, melhor cumprir as normativas nacionais exigidas para participar do sistema cultural.
Vários discursos de personagens dos setores artísticos do município tiveram voz na audiência Pública, com discursos que, na maioria, criticavam o trabalho na gestão cultural da atual administração municipal, abordando demandas culturais e colocando as ao lado da cidadania, para dar um ar mais político nas demandas.
“Infelizmente os maus entendedores não conseguem fazer uma conexão certa entre a necessidade da Cultura em Torres. E é para os maus entendedores que temos de fazer este tipo de encontro”, afirmou o artista Jorge Herrmann, representando a ONG Onda Verde. “Sinto falta de representatividade de nossa causa na cidade, inclusive nesta Câmara Municipal”, cutucou o antropólogo Rafael Frizzo.
“Temos em Torres uma grande quantidade de material históricos, antropológicos a disposição de estudos e trabalhos exigimos políticas públicas e fomento que atendam as demandas da diversidade cultural do município”, afirmou o historiador Leonardo Gedeon (também colunista de A FOLHA Torres).
Mexendo com a motivação do plenário
A artesã Janina Nazaré Antunes (Naza) fez discurso empolgante em sua participação. A artesã torrense, que milita há anos em sua causa na cidade, disse que para ela “o artesanato em Torres está em crise”. Naza acha que a cidade não está conseguindo mostrar para turistas o artesanato verdadeiro e local e que por isso estaria perdendo de ter mais este atributo
em suas características turísticas. “Não queremos ajuda, temos capacidade de trabalho que gera aceitação, só precisamos de apoio para que possamos mostrar nosso produto final”, disse Naza. “E o pior é que estamos vendo artesanato de fora de Torres sendo vendido aqui como se de Torres fosse”, lamentou a líder dos artesãos locais em sua participação na tribuna, quando recebeu palmas da plateia em pé.
O ambientalista, poeta e ativista Paulo França utilizou a tribuna para mais uma vez criticar a falta de respeito ao meio ambiente verificada (na opinião do ativista) no Parque da Guarita. Com mesclas de narrativas em proza e versos em tom de poesia repentista, França criticou as autoridades locais chamando as de Plutocracia. “Não às Torres de Concreto e não ao Porto Marítimo”, encerrou França.
Orçamento afunilado
O ativista cultural e idealizador do Cineclube Torres, Tommaso Mottironi (natural na Itália, mas morador de Torres há mais de uma década) utilizou a tribuna para repudiar a “pouca atenção que o orçamento público local dá a Cultura”. Em sua avaliação, são somente 0,48% de recursos do orçamento municipal para a pasta, e a mesma ainda deixaria de utilizar em geral 30% do valor planejado. Também em sua análise, Tommaso chegou à conclusão de que 90% dos valores gastos na Cultura local são utilizados para pagar a Folha de Pagamento da pasta (pessoas contratadas ou escaladas pelo governo para tocar a secretaria de cultura). Ele insistiu na falta de espaço formal para que atividades culturais instaladas ou projetadas possam ser realizadas no município (lembrando o Cineclube Torres que recentemente exercia suas atividades junto ao Museu de Torres, o qual foi fechado para reformas meses atrás).
Falta de um Centro de Cultura
Celso Jardim, músico que veio de Minas Gerais e mora em Torres; Camila de Oliveira, professora e artista de Dança, artesãos, membros de CTGs, ativistas diversos passaram por 5 minutos ou mais cada em suas participações na tribuna da Audiência Pública. Um dos destaques foi a fala da ativista Daniela Lumertz da Luz. Ela fez um pequeno retrospecto de sua vida, em paralelo com a estrutura instalada de Cultura em Torres. Disse que quando adolescente (década de 2000) foi criada indo ao Centro de Cultura de Torres, onde assistia apresentações de várias vertentes, além de participar de atividades de Cultura promovidas pela prefeitura. Para Daniela, houve um retrocesso porque hoje não existe espaço público de prática de atividades culturais como outrora.
E foi efetivamente a vontade de que haja em Torres UM ESPAÇO PÚBLICO PARA QUE OS ATORES CULTURAIS POSSAM REALIZAR SEUS TRABALHOS o tema que deu fundo à maioria das manifestações. Há até um movimento na cidade com vários ativistas engajados que se intitula com este objetivo atualmente: ter um espaço de Cultura na cidade. Promessas legislativas
O vereador Gimi que participou em toda a audiência pediu vez na tribuna para afirmar que a lei que cria a participação da comunidade na formação do Conselho Municipal de Cultura permite que praticamente a metade dos participantes seja de fora do governo. Ele sugeriu que as entidades conferissem se o que necessita é trocar as representações (no Conselho), o que pode ser feito de tempo em tempo. Gimi também anunciou publicamente que iria elaborar um Projeto de Lei que formalize
espaço em todos os festivais de Balonismo para os artesãos, um tema reclamado pela representante da categoria.
Os vereadores (a) Carla Daitx, Carlos Jacques e Carlos Freitas também participaram da tribuna e colocaram seus gabinetes totalmente a favor do movimento e de suas próximas etapas. Carla só respondeu ao ativista Rafael Frizzo (que disse não sentir o tema Cultura representado na Câmara Municipal), dizendo que a Câmara tem, sim, muita representação ativa disponível.
O presidente da Comissão de Cultura, vereador Moisés Trisch, encerrou a audiência dizendo se sentir realizado pela qualidade e força que sentiu no grupo, por ter a possibilidade de colocar suas demandas públicas de forma pública. E disse que a Casa Legislativa e a comissão de cultura irão continuar dando espaço similar para o movimento.
As atas daaudiênciaserão encaminhadas paraas autoridades interessadas ou envolvidas como prefeitura, Ministério Público dentre outros.
OPINIÃO O SONORO GRITO DA CULTURA EM TORRES por Paulo Timm, em A Folha Torres de 30 de setembro
Na semana, dia 27 passado (set/2022), em Audiência Pública na Câmara de Vereadores, convocada pelo Presidente da Comissão de Cultura e Esportes, Ver. Moisés Trisch/ PT, cerca de 20 entidades representativas dos produtores e promotores da cultura em Torres, lotaram o Auditório Ruy Rubem Ruschel, para denunciar o abandono da cultura na atual administração e
deram o que, no dizer sensibilizado do Vereador Gimi, presente ao ato, o seu “Grito Cultural”. Querem a convocação da Conferência de Cultura, a qual deverá eleger um Conselho Municipal de Política Cultural, na forma da Lei Federal, a aplicação de recursos do Fundo de Cultura sonegados nos últimos anos e a aprovação de um Plano de Cultura de Torres. Há tempos o segmento cultural da cidade vem se ressentindo da falta de atenção da Administração Municipal. O caldo entornou no dia em que, reunidos para um abraço simbólico ao Museu, foram repelidos com inusitada truculência. Como resultado, acumularam se tensões que acabaram levando à saída da competente Diretora de Cultura, Adriana Sperandir. Não há diálogo da Prefeitura com os poetas da cidade. Ruim para os poetas, pior para as autoridades que mal desconfiam do poder da maldição dos cantos órficos…
Tudo decorre, talvez, de uma incompreensão do papel da cultura na atual etapa do desenvolvimento da humanidade. Houve o tempo da caça, houve o tempo de agricultura, houve o tempo de indústria. Hoje é o tempo da Sociedade do Conhecimento, na qual os valores simbólicos cumprem decisivo papel. Inteligência, civilidade e democracia…Não por acaso já planejamos colonizar a Lua e Marte e o avião é o mais importante produto de exportação no mercado global; tem maior densidade tecnológica do que qualquer outro. A EMBRAER, uma empresa relativamente pequena diante da PETROBRÁS e VALE DO RIO DOCE, igualmente exportadoras, mas de commodities, é a quinta empresa com maior valor em exportações na nossa pauta. E para produzir aviões são necessários muitos e complexos serviços e, principalmente, engenheiros e executivos qualificados. Por isso, as modernas
cidades são centros educacionais de excelência. A trama se condensa com o conjunto de atividades que fazem do setor terciário, serviços, o mais importante, hoje, tanto na geração de empregos, como para a riqueza das nações. Cultura e turismo, aí, ocupam papel estratégico, somando-se ao que se denomina, agora, Era da ECONOMIA CRIATIVA, tema sobre o qual nos dedicamos, eu, Debora Fernandes e minha esposa, Solange Fernandes, com vistas a montar uma coletânea de textos ilustrativos desta etapa, que distribuímos por ocasião da citada Audiência desta semana. Paris, enfim, é a mais visitada cidade do mundo, não porque tenha praias, sol, neve ou montanhas, mas porque tem História. Barcelona, considerada capital do século, igualmente. Cultura e Turismo se associam, contemporaneamente, à teia de modernas cidades que se projetam como centros do mundo. Quando pequenas, como acontece em muitas cidades europeias e até da vizinha Argentina, procuram tirar alguma vantagem neste processo em benefício de seus residentes. Aqui em Torres, nossas elites ainda não compreenderam isso. Não compreenderam que “Torres tem História”, título, aliás, da coletânea de artigos de Ruy Rubem Ruschel que deveria ser leitura de cabeceira de todo torrense, dentre os quais alguns dedicados ao tema Artes, Cultura e Turismo em Torres. Continuam apostando no passado das belezas naturais da cidade, sempre à espera de bons verões, amontoando muralhas de concreto. Se esquecem da necessidade de complementar o calendário turístico com respeito ao patrimônio cultural. Isso potenciaria a infraestrutura já montada para os veraneios e favoreceria enormemente a qualidade de vida na cidade. Tem cabimento não termos uma Casa Municipal de Cultura?
Sintomaticamente, ao final da Audiência Pública da Câmara de Vereadores, jovens de todas as idades, cores e inspirações, ao som de ilusórios atabaques, saíram esperançosos, cantando: “Quem sabe faz a hora não espera acontecer!”
Quem viver, verá. Torres fez História no dia desta Audiência em cujatribunase escutaram pungentes depoimentos, dentre os quais de três líderes comunitárias negras. Vidas negras importam…Poetas, também…
2022
IV FAROL LITERÁRIO DE TORRES
Entre os dias 13 e 15 de novembro Torres sediará o IV FAROL LITERÁRIO, dando sequência à iniciativa de Eduardo Jacques e Joaquim Moncks que o criaram em 2017. O Farol Literário é um evento que pretende, além do encontro de escritores com leitores, incentivar as diversas linguagens literárias e culturais, sobretudo àqueles que almejam espaços alternativos de divulgação de suas obras. Na edição deste ano, o Patrono será o poeta Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras e homenageada a poeta Ney Azambuja. Estão previstas sessões de cinema com alunos do Marcílio Dias em Torres, e algumas escolas do passo, com vistas a fomentar a criatividade literária dos alunos e apresentar a eles os escritores da cidade. No futuro o FAROL, que contará com o apoio da Universidade de Caxias do Sul para motivar a rede de ensino da região para o uso dos livros
de autores locais. Uma primeira iniciativa já deu resultados: A Livraria Superlivros contará com uma estante só com livros destes autores.
O Farol Literário vem crescendo sistematicamente a cada edição, apesar do lapso da pandemia e vem contando, cada vez mais, com autores várias cidades do Rio Grande do Sul, pretendendo, nesta edição, configurar se como uma Festa Literária de caráter turístico cultural para todo o Vale do Mampituba.
O IV Farol está sendo organizado pelo Movimento Torres Além Veraneio, uma ação de autores e promotores da Cultura em Torres voltada à maior atenção governamental às Artes, Filosofia e Artesanato, não só como instrumento da formação da cidadania, como de promoção do turismo na cidade ao longo do ano. O encontro é destinado a escritores, apreciadores da arte, e da literatura em especial, bem como o público em geral.
O evento será aberto no dia 13/11, às 15 horas, no Auditório da Universidade de Caxias do Sul em Torres.
O Farol Literário terá dois principais focos de debates: O Centenário da Semana de Arte Moderna, motivo de livro recente de Luiz Augusto Fischer, Professor da URGS (presente ao evento), e Economia Criativa, com a participação do Professor Piqué, defensor da instalação de Distritos Criativos nas cidades.
ANEXO I
ANTOLOGIA DE PREMIADOS DO POESIA NA ESCOLA 2016
ENSINO FUNDAMENTAL
Melhor Intérprete: Nicoly Telma D. Amelunge Duas Faces
Queria ter asas para poder Voar, mas não tenho, então Uso minha imaginação para Não me prender no chão
O que adianta colocar a culpa Nas sombras negras que Te possuem, se o verdadeiro Mal está em você
Fique na luz para não se perder Porque a escuridão pode te conter,
O bem vencerá, a discórdia ficará, Entre os filhos dos homens não se pode confiar
OWARI
O tiro saiu pela culatra
O escopo tornou se outro
A fidúcia na arma esvaiu Ofuscado, então, ficara
O reluzente pingente de joia rara
Que no ostracismo, caiu
O Éden fora maculado
Pela ganância e egolatria
O uivado humano, agora
Ignora o prévio aviso de outrora
E trata com idolatria
O pingente de joia rara
1º Lugar: Laura de Souza Faustino
Por isso, exponho agora,
As verdades sobre a mesa carmesim
O tiro saiu pela culatra
E a disputa pelo pingente da vida
Em breve terá um fim
2º Lugar: Rosana Bauer Vida
Na linda natureza, a mão de Deus eu vejo.
Os pássaros voando no céu, e as flores fazendo gracejo. Mesmo nos dias cinzentos, é preciso alargar a coragem.
Ter fé num amanhã melhor, e aproveitar a viagem.
Deixar sempre o peito aberto, para um abraço amigo.
Viver, não apenas existir, Ser feliz é o que sempre digo.
3º Lugar: Isadhora Martins Elis
Adolescer Adolescência!
A mudança, Uma essência De deixar
De ser criança
Um turbilhão de problemas
Amor e amizade Época de refazer seus lemas. Ambição pela maturidade
Experimentar inovações,
Ter vícios, Passar por transições,
Se ver no precipício. Querer independência, Viver no mundo de ilusão.
Ter acesso à convivência
E também à depressão. Sentir cada momento
Ter liberdade
De inventar conhecimentos
Ver no mundo, só vaidade! Aceitar a própria teimosa. Sentir, experimentar, crescer.
Uma mistura de tristeza e alegria. Isso é adolescer
ENSINO MÉDIO
Melhor Intérprete: Roberta Goecks
Lamúria
Óh, súditos de glória vivia! Peço que escutem minha alma aturdida Profecias cessaram, assim como o mar cessa Depois de grandes tempestades
Óh súditos amargurados, vos peço
Por minha alma condenada
Que se despedaça e se rasga aos poucos
Assim como os pedaços de minhas roupas
Que são brutalmente arrancados de meu corpo. Óh súditos barulhentos, que jamais quiseram
Ouvir meus gritos silenciosos.
Corpo franzino, infância e ternura perdidos. Lamento!
Ainda que os anjos me visitem essa noite
É tarde para fugir
Não se poderá sonhar em um mundo
Onde o monstro que se esconde debaixo da minha cama
É quem eu chamo de pai.
Poemas:
1º Lugar: Heitor G. Santos
Cielo
Dia ensolarado Cor celeste Vento ao leste Coração acelerado
Ressaca que quebra no peito
Do azul de teus olhos
Fogo de vulcão Quente do teu beijo
O amor se explica sozinho
Na calada da noite
O choro baixinho
O amor te consola
2º Lugar: Maria Alice Barufi
Perda de Controle
Há um erro no sinal alerta de tempestade
A televisão pisca, troca incessantemente de canal
E eu perdi o controle
Observo as imagens farfalhantes
A galáxia de meus olhos produz cotas de encefalia leucina
Que rasgam a nebulosa avermelhada que minha face veste
Enquanto este pesadelo reinicia Estrelas, borboletas, jardim Floresta, pássaros, confim Gaiola, medo, fim
Reviro as almofadas, reviro as estantes
O controle está sem pilha Revivo a caixa repleta de pilhas brancas Presa no ciclo que me vicia
A televisão ficou sem energia Encaro o espelho negro que me reflete
Espero ao menos ter sonhos coloridos
Para esquecer os canais oscilantes de minha mente inerte.
3º Lugar: Juliana Monteiro
Mulher de carne e osso
Feita sem esboço
Obra prima da resistência
Vinda da essência
De outras mil mil antes de nós Outras mil que fizeram voz Foram força
Foram persistência
Foram aquelas que tocaram nossa consciência
E acenderam a chama em nosso peito
Chama que queima e aquece
Chama que quanto mais tentam apagar
Mais forte volta a brilhar
Chama que nos chama pra batalha
Chama que posiciona do lado certo
Do lado inquieto
Do lado de nossas irmãs
Irmãs de cicatrizes e histórias
Irmãs de derrotas e vitórias
De sofrimentos e glórias
Somos o que foi deixado por nossas ancestrais Intrínseco em nossas digitais
Somos o grito que as consumiu por tanto tempo
Somos o canto dos pássaros ao vento
As asas que libertam os prisioneiros
Os olhos emprestados àquelas que foram cegadas pela humanidade
Criadas numa sociedade repleta de desigualdade
É fácil se dizer contra nós
Quando nunca foi tua pele a queimar
E teus ossos a quebar
Quando nunca foi a tua existência que queriam eliminar
As pessoas, na verdade, sempre tiveram medo de mulheres que voam
Sejam elas bruxas
Sejam elas livre
Pois um pássaro preso não causa “danos”
Mas um pássaro solto constrói planos
Ainda assim, com os milhares de séculos vivendo nesse mundo de opressão
Nos amamos sempre foi, e será, nossa mais importante revolução
LER & CIA REVISTA DE CULTURA E LAZER
ENCONTRO RAÍZES, HISTÓRIA
MINHA PAIXÃO........................................................................................
PRIMEIRO HOTEL DE TORRES: HOTEL FAMILIAR, DE ADOLPHO
HOMENAGEM PÓSTUMA A JOÃO BARCELOS DA SILVA
METAS DO 1º FÓRUM MUNICIPAL DE CULTURA DE TORRES
RÁDIO CULTURAL FM
JOSÉ NILTON TEIXEIRA
PRÊMIO CULTURAL DA RÁDIO CULTURAL FM (2007 2022)
POESIA NA ESCOLA: CULTURA & ARTE NAS ESCOLAS DE TORRES, UMA EXPERIÊNCIA DE SUCESSO.
GRUPO PÉ NA HISTÓRIA.......................................................................
TORRES, A MAIS BELA PRAIA
HISTÓRICO DO PROJETO “CINECLUBE TORRES”
A CULTURA EM TORRES........................................................................
CONFERÊNCIA DE CULTURA DE TORRES ALIMENTARÁ SISTEMA
E NACIONAL DE CULTURA
COM A HISTÓRIA.......................................................
88
95
COM A HISTÓRIA: DOS PRIMEIROS HABITANTES DE TORRES A ANTIGA CULTURA DA
CENTRO DE ESTUDOS HISTÓRICOS DE TORRES E REGIÃO.............
O
VISITE O MUSEU HISTÓRICO
NACIONAL
O II FAROL LITERÁRIO
ETERNO RUY
O III FAROL LITERÁRIO
A CULTURA RESPIRA:TORRES
ASSOCIAÇÃO CIVIL DE DIREITO PRIVADO
O VALE SAGRADO
DO
ANTOLOGIA
Diagramado por Tommaso Mottironi nas fontes Noto Serif, impresso em Pólen Soft Linha D’Agua 80g em sistema digital, com papel proveniente de florestas plantadas e certificadas, na Gráfica RJR Porto Alegre. novembro 2022.