Administração eclesiástica

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ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA FATA - Faculdade Teológica Alpha


FATA - Faculdade Teol贸gica Alpha Rua Dr. Manoel Tourinho, 171 - Macuco - Santos - SP - CEP 11015-031 Telefone (13) 3227-8970 - fata_teologia@hotmail.com Diretor Executivo: Antonio Carlos de Oliveira Diretor Pedag贸gico: Felipe de Oliveira


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PROJETO GRテ:ICO Miriam Moraes - Diagramadora Contatos: 13 3027-1192 - 9772-7300 milinha_m@yahoo.com.br

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Sumário Descrição e objetivos...................................................................................................09 Introdução....................................................................................................................10 Conceitos de administração.........................................................................................11 Eclesiologia..................................................................................................................15 O governo eclesiástico.................................................................................................17 A disciplina eclesiástica............................................................................................... 22 A administração da igreja............................................................................................ 27 Conclusão................................................................................................................... 31 Bibliografia sugerida.....................................................................................................33


Procura-te apresentar a Deus aprovado, como obreiro que n茫o tem de que se envergonhar e que maneja bem a palavra da verdade. II Tim贸teo 2.15


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Descrição e objetivos DESCRICÃO: Um estudo de Administração eclesiástica, abordando aspectos e técnicas de administração e liderança. PROPÓSITO: Levar o aluno ao conhecimento dos sistemas de governo da Igreja, capacitando a elaborar um plano de administração eclesiástica.

OBJETIVOS: Ao final do curso o aluno deverá ser capaz de: 1. Ter uma visão dos sistemas do governo eclesiológico. 2. Ter uma visão clara da origem e propósitos da Igreja. 3. Entender o padrão bíblico de disciplina na Igreja. 4. Ter uma visão clara dos conceitos de administração. 5. Entender quais os cargos e funções existentes na Igreja neotestamentária e na igreja atual.

TAREFAS PARA AVALIAÇÃO: 1. Leitura da Apostila 2. Leitura do Livro "Os Métodos de Administração Jesus'' (Ed.. Mundo Cristão). 3. Leitura das Epístolas Pastorais (na seguinte ordem: I Timóteo, Tito e II Timóteo). 4. Trabalho: Analisar qual o sistema de governo eclesiástico implantado pela sua igreja.


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Introdução Os apóstolos, na Igreja primitiva, perceberam logo a necessidade do esforço de grupo. E para atingirem os objetivos estabelecidos pelo Mestre, criaram estruturas de organização muito simples (At 6.1-7). Mas, à medida que a Igreja se desenvolvia, crescia também em complexidade o desafio para manter a união e o seu crescimento sob o ponto de vista organizacional. Hoje em dia, em face da evolução cultural e tecnológica, do amplo crescimento das igrejas como unidades institucionais, da necessidade do desenvolvimento integral dos recursos da comunidade e das exigências legais do estado, a boa organização converteu-se num ingrediente importante do bom êxito da liderança da Igreja. Este trabalho visa oferecer ao leitor conceitos de administração eficaz voltados para a Igreja. Cremos que este conceito, uma vez colocados em prática de maneira correta, propiciará êxito e sucesso na área da Administração Eclesiástica. Também trataremos aqui de conceitos de Eclesiologia e Disciplina, com o intuito de refletirmos sobre


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Conceitos de administração ■

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1. Definição Administração: Ação de administrar; gerência de negócios. Administrar: Gerir (negócios públicos ou particulares); governar; dirigir; exercer as funções de administrador.

2. Que Significa "Administração Eclesiástica''? Administração Eclesiástica é o estudo dos diversos assuntos ligados ao trabalho do pastor (líder) no que tange à sua função de líder ou administrador principal da igreja a que se serve. Devemos lembrar de que a igreja é, simultaneamente, ORGANISMO e ORGANIZAÇÃO. É o povo de Deus organizado num tríplice aspecto. espiritual, social e econômico, para atender à missão para a qual Deus a constituiu.

3. O que é administrar? Administrar não é realizar "mil coisas". É a "ciência de gerar um organismo retirando-o da inércia, levando-o a melhor funcionalização dos recursos que justificaram sua criação, com o menor dispêndio (gasto) e sem lhe comprometer o futuro." É distribuir as responsabilidades e não “executar todas as tarefas”. É fazer com que todos participem do trabalho. O bom administrador leva as pessoas a realizar suas tarefas cada vez melhor e a se realizarem no trabalho. A realidade do trabalho do administrador é ajudar as pessoas a crescer, ajudá-las a fazer o trabalho, em vez de executá-lo ele mesmo. Muitas vezes pensamos que o administrador trabalha muito, mas a sua missão principal é motivar outras pessoas para o trabalho. Administrar é, a um só tempo. 1. Prever 2. Organizar 3. Comandar 4. Coordenar 5. Controlar

1. Prever/Previsão É prepara-se para o futuro, com a necessária antecedência, através de programas de ação. É predeterminar um curso de ação. Jesus ensinou que é melhor construir sobre uma rocha que sobre a areia (Mt 7.24-27). Ainda falou também sobre a previsão e planejamento em Lc 14.28-32.


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Dentro do planejamento, temos as seguintes atividades: 1.1 - Previsão - Estimativa do futuro. 1.2 - Estabelecimento de Objetivos - Determinar os resultados finais a serem alcançados. 1.3 - Programação - Estabelecimento de sequência e prioridade dos passos a seguir para atingir os objetivos. 1.4 - Cronograma - Determinar uma sequência de prazos para os passos do programa. 1.5 - Orçamento - Distribuição dos recursos necessários para atingir os objetivos. 1.6 - Determinação dos Procedimentos - Desenvolver e aplicar métodos padronizados de executar o trabalho especificado. 1.7 - Elaboração de Políticas - Elaborar c interpretar decisões duradouras que se aplicam a perguntas e problemas repetitivos que têm significado para a organização como um todo. 2. Organizar/Organização Organização é o arranjo sistemático de pessoas que trabalham juntas com a mesma finalidade. A organização tem por finalidade delimitar as responsabilidades, atribuindo-as racionalmente aos diferentes órgãos da empresa/agência e tornando claras as relações entre os mesmos. Procurar também desenvolver e manter as relações de trabalho, de maneira a integrar e coordenar cada órgão no conjunto da empresa, unificando e dirigindo o esforço do pessoal no sentido de alcançar os objetivos comuns. Para isso, a organização deve possuir os seguintes atributos: a) Ser dinâmica, adaptando-se às circunstâncias econômicas, sociais, humanas e aquelas decorrentes da expansão da empresa/agência. b) Coordenar os fatores humanos e econômicos com os princípios teóricos ideais. c) Determinar as tarefas de acordo com os princípios da divisão de trabalho. Pode-se comparar uma empresa ou agência com um organismo vivo, que como tal, não pode subsistir a não ser que conte tom todos os órgãos essenciais, e que as funções básicas de cada um estejam asseguradas. Além disso, é primordial a determinação das relações entre os diferentes órgãos, bem como das interdependências ou ligações entre suas diferentes funções. Em Organização Científica, os problemas que envolvem estas variáveis denominam-se "problemas de estrutura”, os quais constituem as bases dos problemas de organização. Para solucioná-los, deve-se obedecer ao seguinte esquema. • Estabelecimento dos órgãos e definição das respectivas funções e responsabilidades. • Divulgação das responsabilidades de modo que cada pessoa tenha conhecimento de sua função e das funções das demais dentro da empresa/agência. • Atribuição de autoridade na medida em que as pessoas possam assumir as responsabilidades correspondentes.


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É necessário seguir a ordem acima, ela não é reversível nem permutável. A estrutura sendo a ordem, o homem é o dinamismo, e a vida da empresa/agência; sua formação e treinamento devem constituir preocupação constante. As atividades na área da organização são as seguintes. 2.1 - Desenvolvimento da Estrutura da Organização - Identificar e agrupar o trabalho a ser executado nos diversos cargos. 2.2 - Extensão do Controle - É o número de subordinados, em cargo de liderança (chefia), que podem ser eficientemente supervisionados por uma única pessoa. O limite imposto à expansão de controle depende de: • Homogeneidade ou complexidade do trabalho. • Capacidade do supervisor. • Nível de supervisão. • Experiência e capacidade dos subordinados. • Tipo de organização. • Distância a ser coberta. 2.3 - Delegação de Autoridade/Descentralização - É a transferência de responsabilidade por alguém de maior responsabilidade. É confiar responsabilidade e autoridade a outros e exigir prestação de contas pelos resultados. As vantagens são: • Aumenta a capacidade do supervisor (líder) quando ele não pode mais desempenhar sozinho a parte de sua responsabilidade. • Alivia o supervisor (líder) das tarefas rotineiras. - Deixa-lhe tempo para planejar. -Torna mais fácil para manter um controle mais eficiente. • Permite que sejam tomadas decisões mais justas para os problemas. • Permite desenvolver ou acompanhar serviços não rotineiros. Há, porém, razões que levam o supervisor (líder) a resistir à delegação. • Admite limitações. • Tradição. • Poder pessoal (construtores de impérios) • Prestígio • Despesas a) Custo de treinamento de delegados b) Custo de erros dos delegados c) Custo da duplicação de funções d) Falta de uniformidade e) Atritos entre os subordinados. 2.4 - Estabelecimento de Relações - Criar condições necessárias para os esforços mutuamente cooperativos do povo. 3. Comandar/Comando Comandar é determinar as providências, a fim de que toda a organização funcione de acordo com as normas vigentes. As atividades na área de comando são:


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3.1 - Tomada de Decisão - Chegar a conclusões e julgamentos. 3.2 - Comunicação - Criar compreensão. 3.3 - Motivação - Inspirar, estimular e impelir as pessoas a tomarem as medidas necessárias. 3.4 - Seleção de Material - Envolver pessoas para os cargos existentes na organização. 3.5 - Desenvolvimento do Pessoal - Ajudar as pessoas a melhorar seus conhecimentos, suas atitudes e habilidades. 4. Coordenar/Coordenação É manter o organismo em funcionamento homogêneo e integrado em suas diversas atividades. É proporcionar o desenvolvimento do cada órgão, procurando manter o equilíbrio do sistema operacional. Dessa forma, evitar-se-ão atritos, perda de tempo e complicações indesejáveis. 5 - Controlar/Controle Avaliar e regular o trabalho em andamento e acabado. As atividades são as seguintes: 5.1 - Estabelecer padrões de Execução - Estabelecer os critérios pelos quais se avaliarão os métodos e os resultados. 5.2 - Medição de desempenho - Registrar e relatar o trabalho em andamento e o acabado. 5.3 - Avaliação de desempenho - Avaliar o trabalho em andamento e os resultados obtidos. Depois de executado o plano, ele deve ser avaliada.Pergunte-se: - O nosso método foi bom? - Em que falhamos? - Por que não alcançamos melhores resultados? - Onde falhou o nosso planejamento? 5.4 - Correção do Desempenho - Regular e aperfeiçoar os métodos e os resultados. O administrador é um especialista na arte de trabalhar com pessoas. Sente-se vitorioso quando ajuda outros a fazer o bem seu trabalho. Nenhuma igreja vive sem administração, assim como nenhuma empresa sobrevive desorganizada.


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Eclesiologia Neste capitulo, vamos analisar alguns textos bíblicos sobre a igreja, e procurarmos dar uma proposta para cada um dos textos e no final tecermos uma tese completa sobre a igreja, sua origem e funções. Dividiremos os textos em dois blocos, sendo o primeiro bloco de textos dos evangelhos e epístolas gerais, e no segundo bloco trataremos especificamente de textos das Epístolas Pastorais. ■

GERAL

1° Texto: Mt 16.13-18 Proposta: A igreja é Cristocêntrica. Ela tem sua origem na pessoa e no ministério de Jesus, ”o Cristo, o Filho do Deus Vivo”. Argumento: Jesus disse a Pedro: “... não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu pai que está nos céus... e sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” A origem e o alicerce da igreja não é Pedro, mas sim a declaração de Pedro sobre Jesus – “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Note que Pedro não declarou apenas ser Jesus o Cristo. Ele complementou dizendo: “o Filho do Deus Vivo”. A declaração de Pedro é bastante enfática, ele deixa bem claro que o Cristo não é apenas um líder humano ungido e com poderes concedidos por Deus. Este Cristo é o próprio Filho de Deus.

2° Texto: Ef 3.10 Proposta: A igreja tem como uma das suas responsabilidades revelar através de sua existência e atividade, a “multiforme sabedoria de Deus”. Argumento: Jesus que é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), revela agora a pessoa de Deus Pai através da igreja, a qual é o seu corpo. "A ele seja glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém" (Ef 3.21).

3° Texto. I Pd 2.9-10 Proposta: A igreja é o povo de propriedade exclusiva de Deus que tem como incumbência a proclamação do evangelho. Argumento: Na qualidade de povo exclusivo de Deus, a igreja deve viver como tal. E através deste viver de maneira digna, tornar Deus conhecido ao mundo.


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NAS EPÍSTOLAS PASTORAIS

1° Texto: Tt 2.14 Proposta: O Senhorio de Cristo ("exclusivamente seu") A igreja se origina em Cristo (“o qual a si mesmo se deu por nós”). A igreja é composta de pessoas remidas em Cristo ("a fim de remir-nos") Ef 2 e 3. A igreja tem como propósito a prática das boas obras (“zeloso de boas obras”) Ef. 2.10. Argumento: A igreja tem sua identidade na pessoa de Jesus. Ele é o Senhor da igreja. Ele mesmo praticou boas obras, a igreja deve fazer o mesmo.

2° Texto: I Tm 3.15 Proposta: “Casa” - grego = lar/família. Sustentáculo – “coluna” da verdade - (corpo formulado de Doutrina). “Baluarte” construção alta, sustentada por muralha. Aquilo que serve de defesa - II Sm 22.3; Sl 18.2; 48.13; 94.22; Is 26.1. Argumento: A igreja local deve ter uma característica de um lar, uma família. Deve constituir-se como um local de abrigo para seus membros. ■

CONCLUSÃO/TESE

A igreja local é a reunião das pessoas salvas por Jesus Cristo, vivendo como família em um lar; tendo Jesus como seu Senhor; oferecendo abrigo e proteção para seus integrantes, os quais têm a responsabilidade de praticar boas obras e revelar Deus ao mundo.


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O governo eclesiástico Uma igreja cristã é uma sociedade com vida coletiva, organizada de conformidade com algum plano definido, adaptado a algum propósito definido que ela se propõe realizar. Por conseguinte, conta com seus oficiais e ordenanças, suas leis e regulamentos, apropriados para a administração de seu governo e para cumprimento de seus propósitos. Existem quatro formas especiais e largamente diferentes de governo eclesiástico, que têm obtido prevalência nas comunidades cristãs através dos séculos passados, e quem continuam sendo mantidas com diferentes graus de sucesso, cada uma das quais reivindicando ser a forma original e primitiva.

TIPOS DE GOVERNO DA IGREJA

1. TIPO MONARQUICO Este é o tipo de governo seguido pela Igreja Católica Romana. Aceita-se seu chefe supremo: o papa, que segundo eles, é infalível.As decisões são tomadas pela hierarquia e o povo só tem que ouvir e obedecer.É famosa a frase “Roma locuta est, causa finita est”,isto é, “Roma falou, está falado”.

2. TIPO EPISCOPAL OU PRELÁTICA Várias denominações adotam este tipo de governo. É o bispo que tem a autoridade de administrar todas as coisas na igreja. As denominações principais que adotam este tipo de governo são a Episcopal e a Metodista.

3. TIPO OLIGÁRQUICO OU PRESBITERIANO Um pequeno grupo, uma elite, controla toda a congregação. Os membros não se pronunciam sobre os assuntos que cabem a todos discutir. São os presbíteros que governam a igreja. É o sucede na igreja escocesa, luterana, e nas várias igrejas presbiterianas.

4. A FORMA CONGREGACIONAL OU INDEPENDENTE Na forma Congregacional ninguém é chefe; ninguém manda. Cabe a congregação o direito de gerir negócios dentro da pura democracia. Em suas relações para com Deus, a igreja é uma teocracia. Em suas relações para com seus membros, é uma democracia. São os cristãos que decidem, em assembléias, respeitam a decisão da maioria e aceitam a decisão da igreja como a ação final. Todos os membros têm direitos iguais. Os oficiais eleitos pela igreja apresentam-lhe relatórios de suas atividades quando solicitados e todos podem opinar sobre eles. É o que acontece entre os batistas, os congregacionais, os independentes, e alguns outros grupos evangélicos.


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Neander, destacado historiador, diz a respeito do período primitivo: “As igrejas eram ensinadas a se governarem por si mesmas”. Os irmãos escolhiam seus próprios oficiais dentre seu próprio número. No tocante à eleição de oficiais eclesiásticos, o princípio antigo continuou sendo seguido: o consentimento da comunidade era necessário para a validade de qualquer eleição semelhante, e cada membro tinha a liberdade de oferecer razões por sua oposição”. Mosheim diz a respeito do primeiro século: "Naqueles tempos primitivos, cada igreja cristã era composta do povo, dos oficiais presidentes, e dos assistentes ou diáconos. Essas devem ser as partes componentes de cada sociedade. A voz principal pertencia ao povo, ou seja, a todo o grupo de cristãos. O povo reunido, por conseguinte, elegia seus próprios governantes e mestres." A respeito do segundo século, ele acrescenta. "Um presidente, ou bispo, preside sobre cada igreja. Ele era criado pelo sufrágio (voto) comum do povo. Durante uma grande parte deste século, todas as igrejas continuaram sendo, como no princípio, independentes umas das outras. Cada igreja era uma espécie de pequena república independente, governando-se por suas próprias leis, baixadas, ou pelo menos sancionadas pelo povo”.

FUNÇÕES CONGREGACIONAIS DA IGREJA

A igreja como uma congregação aceita e elimina membros de sua comunhão através do voto. Em II Co 2.6,7, temos uma prova de como a igreja executava a sua disciplina. Pelo voto da maioria, foi excluído um membro da comunhão. Com sabedoria, Paulo, verificando que o excluído se arrependera, exorta a igreja a perdoar-lhe a ofensa e a restaurá-lo. É a igreja quem decide. Não é um grupo. É a congregação reunida que vota, decide e julga. A igreja é o juiz de seus membros. Não há outra corte de apelação. Ela é a última; (veja também Mt 18.17). Quando os apóstolos sugeriram aos cristãos que escolhessem homens para cuidarem da obra, eles procederam como lhes fora sugerido e escolheram, pelo voto, os sete varões que ficaram conhecidos como os primeiros diáconos (At 6.2-5).

AS FUNÇÕES DO GOVERNO

Na igreja existem três funções: legislativa, executiva e judicial. - A função legislativa, nas igrejas, compete só a Cristo. Seus ensinos estão contidos no Novo Testamento. É ele o único capaz de legislar para suas igrejas. - A função executiva é exercida pelo ministro, que, investido da autoridade que a igreja lhe outorgou, com a imposição das mãos, realiza todos os atos oficiais e preside os tra-


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balhos em geral. Quando a igreja toma deliberações congregacionais, ela está também exercendo a autoridade executiva. - À igreja compete a função judicial. É ela quem admite e demite membros, quem julgam faltas dos membros e quem reconcilia os eliminados que se restauram. Toda autoridade judicial compete somente a ela.

CORPO ECLESIAL

Segundo o padrão do Novo Testamento, a Corpo Eclesial constitui-se de dois ofícios: 1) Pastor, Ministro, Ancião, Presbítero, Bispo; 2) Diácono.

1. PASTOR, MINISTRO, ANCIÃO, PRESBÍTERO, BISPO No Novo Testamento, os vocábulos Bispo, Presbítero e Ancião são empregados para designar oficiais eclesiásticos. Todos, entretanto, designam o mesmo ofício, por isso significam oficialmente o mesmo: de fato, são frequentemente aplicados à mesma pessoa. O bispo, também chamado presbítero ou ancião, era o pastor ou superintendente do rebanho espiritual, que cuidava, vigiava, guiava e alimentava o rebanho espiritual, tal como os pastores de ovelhas fazem com seus rebanhos. O texto de Atos 20.28 é bem claro.“Cuidai (...) de todo rebanho (ofício pastoral) sobre o qual o Espírito Santo vos constitui bispos, para apascentardes (exercer o pastorado) a igreja de Deus”. Escrevendo a Timóteo, Paulo acentua que a ordenação de um pastor é feita pela imposição das mãos do “presbitério” (I Tm 4.14). Na carta a Tito, Paulo, orientando-o sobre a ordenação de presbíteros, chama-os bispos (Tt 1.5-7). Estes textos provam, sobejamente, esta verdade: há três títulos, porém um só ofício. Neander escreve: “O vocábulo presbítero ou ancião, indica antes a dignidade do ofício, visto que entre os judeus os presbíteros eram usualmente homens idosos e veneráveis; enquanto quer o vocábulo “episkopos”, ou bispo designava a natureza de seu trabalho como supervisores, ou pastores das igrejas. O primeiro título era empregado pelos judeus cristãos como nome conhecido nas sinagogas; enquanto que o último título era usado principalmente pelos convertidos gregos ou gentios, por ser termo mais familiar e expressivo para eles. Não eram designados para exercer autoridade absoluta, mas antes, para agirem como oficiais presidentes e guias de uma república eclesiástica: para conduzirem todas as coisas, com a cooperação das comunidades, como seus ministros, e não como seus senhores”.


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Mosheim disse: “Os líderes das igrejas eram algumas vezes denominados presbíteros ou anciãos, designação essa tomada dos judeus e que indicava mais a sabedoria que a idade das pessoas, e algumas vezes também eram chamados bispos; porém, é mais evidente que ambos os termos são empregados indiferentemente no Novo Testamento para uma e a mesma classe de pessoas. Naqueles tempos primitivos, cada igreja cristã se compunha do povo, dos oficiais presidentes, e dos assistentes ou diáconos. Esses haviam de serem os componentes de cada sociedade”. O Doutor Coleman diz: “É igualmente admitido pelos escritores episcopais sobre esse assunto, que, no Novo testamento, bem como nos primeiros escritos eclesiásticos, os termos bispos e presbíteros ou anciãos, são sinônimos, e denotam um e o mesmo ofício”. O ofício de presbítero era inegavelmente idêntico ao ofício de bispo. “Somente duas ordens de oficiais são conhecidos na Igreja até o fim do segundo século”. a) ANCIÃO/PRESBÍTERO – TERMO DE DIGNIDADE Sempre os anciãos merecem respeito, em virtude de suas experiências da vida. Não só respeito, mas honra também. O termo ocorre em At 11.30; Tg 5.14, etc. Os juízes e conselheiros eram escolhidos entre pessoas que tivessem grandes experiências na vida. Por isso, os anciãos, diante do acervo de suas experiências, eram convocados para servirem como juízes e conselheiros. Os anciãos, diante de suas vivências com o ambiente, com os problemas, com a história, estão mais capacitados para aconselhar, para ajuizar. Este termo, consoante com o notável Dr. W. C. Taylor indica a dignidade do ofício. b) BISPO – TERMO DE SUPERINTENDÊNCIA Bispo é o administrador, o curador. O termo vem do grego episkopos. O termo episkopos era dado àqueles que tinham a função de vigiar, de fiscalizar, de supervisionar, de administrar. c) PASTOR - TERMO DE TERNURA O termo pastor designa ternura. Expressa e revela o cuidado de um pastor para com suas ovelhas. É ele quem nutre a ovelha oferecendo o melhor alimento, a melhor água. Ele também oferece proteção e segurança para as ovelhas diante dos ataques dos lobos e animais ferozes. Ele estabelece uma intimidade com as ovelhas “elas conhecem sua voz e o seguem”.

2. DIÁCONO Os diáconos eram escolhidos para atender aos interesses temporais da igreja, conforme fica evidente pela escolha dos sete, registrada em Atos 6. Isso foi feito a fim de que os apóstolos pudessem estar livres dos cuidados temporais, e, assim, dedicar sua atenção mais exclusivamente ao bem-estar espiritual do povo. A palavra diácono significa ministro ou servo. Algumas vezes é apli-


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cada aos apóstolos, e até ao próprio Cristo, no sentido geral de um que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Alguns dos primeiros diáconos foram também eficientes pregadores do Evangelho, porém, sua obra, como diáconos, pertencia a outros serviços nas igrejas. Por outro lado, apesar de ser o diácono um oficial eclesiástico, seu ofício não constitui uma ordem ministerial de forma alguma, pois suas funções específicas pertencem aos interesses temporais e não ao serviço espiritual. O serviço usualmente realizado por secretários, e outros semelhantes, segundo podemos supor, tanto quanto era necessário na administração das primeiras igrejas recaia sobre os diáconos. A função principal do diácono deve ficar clara. a) DEVERES DOS DIÁCONOS (1) Servir às Mesas Do Senhor: Aos diáconos tem cabido a responsabilidade de funcionar na distribuição da Ceia do Senhor. Não há ordem explícita a este respeito no Novo Testamento, mas a prática já consagrou este costume. Isto, no entanto, não impede que o pastor escolha outro membro da congregação que goze da simpatia da mesma para exercer esta função. Do Pastor: Tratar do sustento pastoral é um dos deveres mais honrosos do diácono. O Pastor, por uma questão de ética, não deve se dirigir à igreja para dizer-lhe o de que ele necessita. Mas aos diáconos compete fazer um estudo minucioso das condições econômicas da igreja e das necessidades do ministro para manter-se condignamente na função ministerial. Dos Pobres: Os problemas sociais e filantrópicos de certas igrejas absorvem muitíssimo o tempo do pastor. Por isso, a igreja, a exemplo do que fizeram os cristãos primitivos, elegem homens da sua congregação para "servirem às mesas" (At 6.2), a fim de que os pastores não fiquem sobrecarregados e possam dedicar-se mais ao ministério da Palavra de Deus. b) OUTRAS RESPONSABILIDADES QUE OS DIÁCONOS PODEM EXERCER • • • • •

Ajudar a igreja no levantamento das finanças. Ajudar o pastor nas visitações. Ajudar o pastor na disciplina eclesiástica. Visitar os novos convertidos e os doentes nos hospitais. Se o pastor não está presente e não há alguém escalado para substituí-lo, um diácono pode ficar na direção dos trabalhos. • Os diáconos devem ficar ò disposição durante o trabalho da igreja para ajudá-la em qualquer serviço.


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A disciplina eclesiástica ■

ETIMOLOGIA/CONCEITO

Disciplina é uma palavra que se origina do latim e significa "ação de instruir, educação, ensino". A função da igreja é ensinar. Uma igreja disciplinada é uma igreja instruída, educada, ensinada. A disciplina subentende a instrução e a correção, o treinamento que melhora, molda, fortalece e aperfeiçoa o caráter. É a educação moral obtida por meio da imposição da obediência através da supervisão e do controle. Geralmente, o conceito é traduzido por “disciplina”, “castigo”, e “instrução” (hebraico: yasar, mûsar; grego: paideuo, paideia). A disciplina do cristão efetuado pelo Pai Celestial é frequentemente ilustrada pela correção aplicada pelo pai humano. “Como um homem disciplina (yasar) a seu filho, assim te disciplina o Senhor teu Deus” (Dt 8.5; Sl 6.1; 38.1). O cristão é ensinado a não desprezar a disciplina (mûsar) do Todo-Poderoso (Jó 5.17; Pv 3.11). O valor da disciplina por um pai humano é ressaltado em Pv 19.18. O ensino do Antigo Testamento é ampliado no Novo, especialmente em Hb 12.3-12, ao considerar com cuidado os sofrimentos do Salvador. O cristão é exortado a dar o devido valor à disciplina (paideia). A disciplina é uma evidência segura da filiação do cristão e do amor de Deus. A falta de disciplina é evidência de ódio, não de amor (Pv 13.24). Além disso,o resultado final da disciplina, que no momento é dolorosa, é o derradeiro bem da pessoa instruída por ela (Hb 12.10-11) A disciplina pode ser severa, mas não desastrosa. "... como castigados, porém não mortos" (II Co 69; Sl 118.18); e semelhante castigo liberta a pessoa da condenação com o mundo (I Co 11.33). A disciplina é frequentemente aplicada pela dor, pela tristeza e pela perda (Jó 33.19, yakah), mediante as quais o cristão compartilha da certeza que Paulo tinha do consolo de Deus (II Co 1.311; 12.7-10). Há uma auto-humilhação (Dn 10.12). A humilhação e o sofrimento envolvidos visam livrar das considerações temporais (I Pd 4.1-2; II Co 5.15; I Jo 2.15-17). O propósito da disciplina é a correção, a melhoria, a obediência, a fé e a fidelidade do filho de Deus. O resultado é a felicidade, a bem-aventurança (Jó 5.17; Sl 94.12) e a segurança de Ap 3.19. “Eu repreendo e disciplino a quantos amo”.

A DISCIPLINA ECLESIÁSTICA

Como função eclesiástica, a disciplina é ordenada na Grande Comissão. “Ide... fazei discípulos (Mt 28.19-20). Um discípulo é aquele que voluntariamente se coloca sob a disciplina de um mestre - que para o cristão importa em aprender a "fazer tudo quanto eu vos ordenei”, e que para a igreja significa treinar os que querem ser discípulos na prática da vontade revelada do Senhor. A forma universal da disciplina, portanto (embora não seja sempre vista assim), a pregação da Palavra de Deus - confessada no protestantismo como uma das chaves do reino do Céu (Mt 16.19; 18.18). A obra disciplinadora da igreja inclui a supervisão ativa da conduta de cada membro, porque o cristão é formado como discípulo por aquilo que se ressalta no comportamento como resposta obediente ao que ele recebe como Palavra (Mt 15.11), e porque uma fé salvífica evidencia-se nos frutos das boas obras (Tg 2.17). O Cabeça do corpo requer semelhante "vigilância" da parte dos líderes da igreja (At. 20.28), qualquer que seja o título que os designe; o cristão deve acatar as


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admoestações deles (Hb 13.17). Neste sentido mais rigoroso, a supervisão disciplinar da fé e da vida dos membros é confessada na igreja como uma segunda chave do reino. O procedimento para a administração da disciplina eclesiástica – desde a admoestação amorosa (Gl 6.1) até a excomunhão (I Co. 5.13) – é geralmente estabelecido pelas constituições eclesiásticas. De modo geral, avançam, segundo a necessidade, do conselho particular e pessoal dado por representantes dos líderes da congregação, passando, então, por uma reunião com aqueles líderes e, em seguida, por aviso público à denominação (geralmente feito de modo anônimo no início) com um pedido urgente de súplicas, chegando, depois, à citação pública do nome da pessoa sob disciplina, e culminando na excomunhão final – pressupondo-se que houve uma recusa teimosa em confessar o pecado e procurar a restauração (Mt 18.15-17) estabelece o padrão). No decurso de todos estes passos o membro recalcitrante é geralmente colocado sob a “a censura silenciosa”, isto é, aconselhado a não participar da Ceia do Senhor (I Co 11.27-32) – separação esta que é confirmada pela excomunhão no caso de não houver arrependimento. O processo disciplinar procura a restauração do membro desgarrado, a sua volta ao corpo. O céu regozija-se com a congregação local quando o faltoso se arrepende (Lc 15.7). Isto é amor. O derradeiro ato disciplinar, que é a excomunhão, visa duas coisas: - deixar claro quão terrível é a questão envolvida, mas ainda levando à restauração da comunhão interrompida; - manter a integridade da igreja - porque o corpo não somente corre o risco de incentivar a rebeldia quando casos são desconsiderados (I Co 5.7), como também fica manchado diante do mundo por pecados que não são levados em conta (Jd. 5-13). Além disso, trata-se de blasfêmias contra o próprio Deus o mau comportamento do cristão não arrependido (Rm 2.23-24). A disciplina que deve ser aplicada, mas que é deixada de lado não é amor, mas sentimentalismo, a falsificação do amor. Educar discípulos mediante a disciplina tem caracterizado a igreja desde os tempos de Adão e de Abraão. É a principal lição da "lei e dos profetas" (Mt 5.17-20) e orientação do Novo Testamento. Para o protestantismo, a igreja universal torna-se visível na congregação local. É ali que o poder das chaves é exercido, e a disciplina administrativa. Num período em que a Igreja universal espalha-se em igrejas, a administração da disciplina parece estar complicada pela possibilidade da pessoa disciplinada fugir para outra denominação, onde receberá boas vindas. Esta possibilidade, combinada com a grande ênfase dada ao “crescimento das igrejas”, tende a dar à disciplina uma característica frouxa e indecisiva. Mas a liderança da congregação local faz bem em lembrar-se de que o Senhor requer das suas mãos uma prestação de contas pelo sangue de cada membro (Ez 3.20-21; At 20.26-27). Aquilo que o membro disciplinado faz, torna-se responsabilidade pessoal dele; aquilo que os líderes deixam de fazer é inevitavelmente responsabilidade deles como grupo. Nos tempos apostólicos a disciplina eclesiástica era muito rígida, haja vista o caso de Ananias e Safira e do incestuoso de Corinto, além de outros (At 5.1-11; I Co 5.1-6). Três são as leis que devem orientar a vida dos discípulos: 1) A lei do amor


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2) A lei da confissão de faltas 3) A lei do perdão O mestre exortou-nos a que devíamos amar uns aos outros (Jo 15.12), a que devíamos confessar nossas faltas antes de querermos prestar-lhe culto (Mt 5.24-,25) e a que perdoássemos aos que nos ofendem (Lc 17.3,4). Há duas espécies de ofensas: 1) Ofensas particulares 2) Ofensas públicas As ofensas particulares devem ser tratadas de acordo com o que Jesus disse em Mt t 5.23, 24, 18.15, 16. “Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta”. Já no segundo passo bíblico aludido, Jesus declara: “Ora, se teu irmão pecar, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganhado teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada”. Quanto às ofensas públicas, o modo de tratá-las se encontra em I Co. 5.3-5 e em II Ts. 3.6. O incestuoso de Corinto não poderia ficar na igreja, participando da comunhão. Isso seria uma aberração. Deixar no seio da igreja um membro que cometeu tal ofensa pública seria comprometer o seu caráter. Por isso, Paulo escreveu: "Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já julguei, como se estivesse presente, aquele que cometeu este ultraje. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,congregados vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus, seja entregue a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus”. Mas a norma apostólica é bem rígida. E só assim poderia ser mantida a pureza nas igrejas. Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo exorta-os: “Mandamos-vos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo que vos aparteis de todo irmão que anda desordenadamente, não segundo a tradição que de nós recebeste” (II Ts 3.6).

O VALOR DA DISCIPLINA

A disciplina visa manter a igreja dentro da pureza apostólica. Sem disciplina, ela vai se tornando, dia a dia, corrompida. Há muitas igrejas que não exercem disciplina entre seus membros. Há uma grande frouxidão. Resultado. a vida espiritual cai. Se não cuidar estará fadada a receber a mesma repreensão que sofreu a igreja em Laodicéia (Ap. 3.14-22). Em muitas igrejas, Jesus está do lado de fora, batendo à porta e dizendo. “... se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sai casa,e com ele cearei, e ele comigo”(Ap. 3.20). ■

OBJETIVOS DA DISCIPLINA - Ajudar o ofensor (transgressor) - (Mt 18.15; II Co 2.5-10) - Purificar a igreja - Eliminar pecados (I Co 5)


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- Despertar “temor” (At 5.1-11) - Vencer a satanás (II Co 2.11) ■

ALGUNS CASOS DE DISCIPLINA - Rebeldia e rancor (Mt 18.15-17; 5.23) - Procedimento vergonhoso (I Ts 4.l-8) - Impureza moral (I Co 5) - Avareza (At 5; At 8.14-25; I Tm 6.l0) - Maledicência (Pv 6.19) - Roubo (Ef 4.28) - Provocar divisão (Rm 16.17-19) - Heresias (I Tm 6.3-5; II Tm 2.17,18)

O PADRÃO BÍBLICO DISCIPLINA (MT 18.15-20) - Contato individual - Reforço; mais pessoas - Igreja; assembléia - Decisão final

A DISCIPLINA E SUA ÉTICA NAS EPÍSTOLAS PASTORAIS (I Tm 1.3; II Tm 2.24-26; Tt 1.5,6) - Disciplina é função de líder - Não deve ser um prazer - Deve ser imparcial e universal - Deve ser exercida em amor - Deve visar a restauração

APLICAÇÃO

Disciplina não deve ser confundida com castigo. Disciplinar não significa, necessariamente, castigar, mas sim oferecer ao indivíduo recursos para se restabelecer.

I. OS NÍVEIS DA DISCIPLINA 1. Disciplina Exortativa ou Formativa (aquela dada do púlpito) O novo convertido entra para a igreja como uma criança entra para a escola. Precisa de tudo: apoio, cuidado, instrução e amor. Os cristãos recebem a disciplina formativa através das pregações, das exortações, dos estudos, através da Escola Bíblica Dominical, da União de Treinamento, etc. Esta disciplina tem a finalidade de formar o caráter e a consciência dos cristãos. Pecam as igrejas que não propiciam esse tipo de disciplina aos seus membros.


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2. Disciplina Corretiva (aplicado práticas corretivas, se preciso punição) Todos os cristãos estão sujeitos a falhas. Quando alguém incide um algum erro ou em algumas falham, deve ser corrigido. Paulo expõe esta obrigação nestas palavras. “Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sóis espirituais corrigi o tal..." (Gl. 6.1). Ao aplicar a disciplina correcional, a igreja deve fazê-lo com mansidão e brandura. Alguns cristãos, quando compõem uma comissão para falar com um irmão faltoso, ao invés de ganhá-lo, de restaurá-lo, o afastam ainda mais da igreja. É que o espírito com que vão tratar com o faltoso de superioridade, e, às vezes, meio farisaico. Paulo recomenda que aquele que foi surpreendido nalguma ofensa seja encaminhado pelos “espirituais” com espírito de mansidão. E Paulo vai além dizendo: “... e olha por ti mesmo, poro que também tu não sejas tentado” (Gl. 6.1). Há muitos pecados que devem ser corrigidos. Alguns não aparecem de grande dano, e, no entanto, causam grande embaraço à obra do Senhor. Um desses pecados é a avareza. Paulo exorta. “Mas a prostituição, e toda impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém os santos” (Ef 5.3). Escrevendo aos colossenses, Paulo afirma que a avareza é idolatria (Cl 3.5). Ora, o Reino de Deus requer um coração largo. A avareza produz um coração fechado. O espírito de avareza está ligado à idolatria, porque o homem faz de seu dinheiro o seu deus e não vê a causa, não vê o progresso do Reino de Deus. Outro pecado grave que precisa ser corrigido é o da maledicência. Tiago profliga ardorosamente este pecado (Tg 3.1-11). Compara a língua a um fogo. Há cristãos incendiários. Com a língua incandescente pelo fogo da maledicência, provocam uma fogueira na igreja, que só a muito custo é apagada. Há muitos vivo-mortos, pois foram mortos moralmente por alguns maledicentes. Outros pecados como o espírito faccioso a inveja o orgulho, o mundanismo, etc.. precisam ser corrigidos. Não pode haver complacência. 3. Disciplina Cirúrgica ou Amputativa (Exclusão. Deve ser o último recurso) Os médicos amputam as partes do corpo que o estão prejudicando. É melhor perdê-las do que deixar que todo o corpo fique deteriorado. O mesmo ocorre com a igreja. Ela é um corpo, e se um membro está sendo um perigo para a sua saúde espiritual, deve ser cortado. Quando os pecados trazem escândalo e ofensas públicas à moral, a igreja não deve mostrar complacência. Excluir é o caminho. Aplicando a disciplina, a igreja demonstra que ama o irmão e não pactua com o pecado.


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A administração da igreja A organização e administração da igreja local devem acompanhar o ritmo de seu desenvolvimento. Uma vez que a igreja entende sua natureza e suas funções, ela agora precisa trabalhar de forma organizada a fim de cumprir seu propósito. Portanto, a igreja deve possuir um Departamento de Administração visando estruturar sua s atividades. ■

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Via da regra o Departamento de Administração de uma igreja deve ser composto pelos seguintes cargos e suas respectivas funções: 1. PRESIDÊNCIA O Presidente da Igreja será sempre o pastor local. Compete a ele a função de administrar a igreja em todos os aspectos. A ele também está a incumbência de representar oficialmente a Igreja juridicamente diante de quaisquer órgãos públicos. 1. VICE-PRESIDÊNCIA O Vice Presidente da Igreja, também conhecido como Vice Moderador é a pessoa responsável pela Igreja na ausência do Pastor. Também compete a ele ajudar o pastor em suas deliberações. 3. SECRETARIA É um órgão de grande importância para o bom funcionamento de uma igreja organizada. Ela poderá fornecer à direção, se bem atualizada nos seus serviços, informações de todas as atividades programadas, bem como atender às mais diversas solicitações. A Secretaria deve ser composta pelo primeiro e segundo secretário. Dada a importância da função de secretário, deve ele possuir as seguintes qualificações: • • • • • •

Maturidade espiritual Educação exemplar Boa caligrafia Boa redação Ser zeloso Ter disponibilidade de tempo

Variando, de acordo com o Estatuto, as principais atribuições de um secretário são: • Lavrar as atas das Assembléias, em livro próprio. Assiná-las e apresentá-las para a aprovação nas assembléias seguintes. • Assinar, com o presidente, os documentos oficiais da igreja.


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• • • • • •

Manter em dia o fichário de membros e todos os serviços relacionados à secretaria. Confeccionar e expelir toda a correspondência sob sua responsabilidade. Manter atualizados todos os dados estatísticos na sua gestão. Prestar relatório de suas atividades. Tratar com amor cristão todas as pessoas que necessitam de seus serviços. Cumprir outras providências determinadas pela direção da igreja.

4. TESOURARIA Toda igreja deve estabelecer um sistema que regule a participação dos cristãos na sua vida financeira. O assentamento de todo o movimento bem como a apresentação de relatórios, exime de quaisquer dividas os responsáveis pela guarda do tesouro na Casa do Senhor. A tesouraria deve ser composta de primeiro e segundo tesoureiro e também de uma Comissão de Finanças: a) Qualidades que devem ser requeridas do Tesoureiro • • • •

Deve ser uma pessoa educada. Deve ser uma pessoa desembaraçada Deve ser uma pessoa que tenha, pelo menos, noções de contabilidade. Deve ser uma pessoa fiel.

b) Atividades desenvolvidas pelo Tesoureiro • Manter atualizado os envelopes de dízimos • No final de cada reunião, recolher, contar e registrar as contribuições na presença do segundo tesoureiro e da comissão de finanças. • Emitir relatório financeiro ao final de cada mês para apreciação da diretoria e da Igreja. • Assinar cheques juntamente com o pastor. • Liberar verbas para os departamentos, de acordo com a deliberação do pastor e da comissão de finanças. • Efetuar depósitos e saques de acordo com a necessidade da Igreja. • Efetuar o pagamento do salário do pastor e das demais pessoas remuneradas pela igreja. • Efetuar pagamento das contas da igreja. c) Atividades desenvolvidas pela Comissão de Finanças À Comissão de Finanças cabe a responsabilidade de estudar, cuidadosamente, as condições financeiras da igreja. São deveres dessa comissão: • Reunir-se mensalmente, e até em períodos mais curtos, se houver necessidade. • Estudar e recomendar o programa financeiro da igreja. • Promover campanhas financeiras na igreja.


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• • • •

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Examinar pedidos de novas aquisições que não forem previstas no orçamento da igreja. Supervisionar, mensal ou trimestralmente, o dinheiro, sob a guarda do tesoureiro. Auxiliar o tesoureiro a solucionar os problemas que encontrar no desempenho de sua função. Esforçar-se para que a igreja atinja o seu orçamento.

5. PATRIMÔNIO Competem ao Diretor de patrimônio as seguintes atribuições: • • • •

Catalogar todos os bens da igreja. Zelar pela conservação de toda a construção e prosperidade da igreja. Verificar a necessidade de reformas, pintura, consertos. Qualquer coisa que se refira a edifícios, prédio, é trabalho deste departamento.

6. OUTROS DEPARTAMENTOS De acordo com o tamanho e necessidade, cada igreja local deverá constituir seus departamentos. Não falaremos especificamente sobre cada um deles, devidos as várias formas de governo de cada denominação e ainda o estilo próprio de cada igreja. Entretanto cremos que toda igreja deveria constituir tantos quanto departamento se façam necessários para o seu melhor andamento. Como sugestão, temos a seguir uma lista de departamentos: • • • • • • • • • •

Departamento de Louvor Departamento de Ensino Departamento de Evangelismo e Discipulado Departamento de Missões Departamento Infantil Departamento Juvenil Departamento Feminino Departamento Masculino Departamento de Eventos Departamento de Assistência Social

AS ASSEMBLÉIAS

Chamam-se Assembléias ou Cultos Administrativos, reuniões em que os cristãos deliberam a respeito de seus trabalhos. As assembléias podem ser regulares e extraordinárias. Regulares são aquelas que se realizam nos dias já estabelecidos com antecedência e, extraordinárias, aquelas que se realizam conforme necessidades circunstanciais, para tratar de algum assunto que, pela sua urgência, não pode esperar até a assembléia regular. Igreja já tem duas assembléias regulares: as de negócios e as espirituais. Naquelas são tratados todos os assuntos referentes a finanças, problemas etc., e nestas, só profissão de fé e admissão de membros.


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O sucesso das assembléias depende não só da maneira de dirigi-las, mas do preparo anterior. O Pastor que gosta que tudo seja bem preparado e corra bem não irá para assembléia sem antes conhecer os assuntos a serem tratados. Por isso é que se deve ter uma reunião com os líderes, onde os assuntos que serão levados à assembléia poderão ser ventilados. Ao serem levados ao plenário, tais assuntos já estarão como que “mastigados”. Alguns planos do pastor que poderiam causar problemas ou que não seriam facilmente aceitos pela igreja serão com maior facilidade resolvidos e entendidos se tivessem sido apresentados na reunião de líderes, anteriormente. As assembléias da igreja devem ser sempre anunciadas, ou de púlpito, ou por boletim, ou por outro meio. Logo que for convocada uma assembléia o moderador, que na maioria das vezes, é o pastor, deve preparar uma agenda dos trabalhos. Não vamos dar um modelo de uma assembléia para não estendermos o assunto e também pelo fato de que cada denominação tem seu estilo, e outras até mesmo não realizam assembléias para discutir assuntos. Em algumas denominações cabe ao pastor tomar todas as decisões sem ter a obrigação de consultar a opinião dos membros.


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Conclusão Como vimos, pastorear é muito mais que presidir. É administrar com eficiência os negócios do Reino de Deus. Portanto, podemos afirmar com convicção como disse o apóstolo João: “Muitas coisas tinha que escrever...” (III Jo 13). Esperamos, que você como aluno sinta um desejo de se aprofundar mais no assunto. Deixaremos aqui alguns conselhos para que você possa ter uma estratégia para a vida.

ALVOS ESTRATÉGIA VIDA

PARA

PRIORIDADES

A VIDA

PLANEJAMENTO

O que oferecemos aqui não é uma simples fórmula. Não prometemos que irá imediatamente tornar-se feliz ou rico, ou mesmo ter "sucesso", mas cremos que encontrará nelas uma abordagem nelas uma abordagem para um estilo de vida totalmente cristão, que fará de você uma pessoa mais eficaz e que dá honra a Deus. Este é um meio de enfrentar a vida com uma direção interior, uma motivação capacitada pelo Espírito Santo. Não é a única maneira de pensar sobre a vida, mas trata-se de algo particularmente adequado ao cristão que se vê constantemente puxado e empurrado por uma sociedade ocidental tecnológica. No diagrama da página anterior tentamos indicar que tudo isto é um processo.

ESTABELEÇA ALVOS Precisamos começar estabelecendo alvos. Os alvos são os motivadores. Não só dão direção, mas suprem o impulso e o desejo.

ESTABELEÇA PRIORIDADES O estabelecimento de alvos leva à necessidade de prioridades. Quando reconhecemos que


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precisamos de prioridades, somos forçados a examinar nosso sistema de valores e, como cristãos, voltar à Bíblia para buscar os princípios subjacentes. Esta não é uma tarefa fácil, mas requer revisão contínua, a fim de verificar se não estamos sendo desviados pela cultura, ou se nossa interpretação bíblica não é simplesmente cultural.

FAÇA PLANOS Alvos de alta prioridade exigem planos. Os planos são, na verdade, atos antecipados tomados dentro de períodos específicos de tempo. Em outras palavras, é uma escala de atividades. De alguma forma deve enquadrar-se em nosso programa, e nossa agenda.

PREPARE PROGRAMAS Os programas são passos que nos levam aos alvos. São os planos detalhados. Um plano deve resultar na realização de um alvo, e este alvo imediato deve fazer parte de algum alvo de vida que deve enquadrar-se em nosso propósito total de vida.

PREVINA-SE CONTRA PROBLEMAS Mesmo assim, devemos ainda compreender que a vida nunca será exatamente como esperamos. Os melhores planos irão encontrar problemas inesperados.

FAÇA UMA COISA DE CADA VEZ Algumas pessoas parecem capazes de realizar muito mais coisas do que outras. Qual o seu segredo? No geral, a sua abordagem é fazer uma coisa de cada vez, segundo as suas prioridades. Agindo assim, conseguem realizar seu trabalho muito mais depressa do que se tentassem fazer muitas coisas de uma só vez. Em outras palavras, elas se concentram, estabelecem prioridades e se prendem a elas. Lembre-se, não é quanto fazemos que conta, mas quanto deixamos feito! Há horas suficientes em cada dia, para cada um de nós executarmos o plano particular e perfeito de Deus para a nossa vida. • • • • • • • • • •

Separe tempo para trabalhar - é o preço do sucesso. Separe tempo para pensar - é a fonte do poder. Separe tempo para divertir-se - é o segredo da juventude eterna, Separe tempo para ler - é a fonte da sabedoria. Separe tempo para fazer amizades - é o caminho da felicidade. Separe tempo para sonhar – é engatar seu vagão numa estrela. Separe tempo para amar e ser amado – é privilégio dos remidos. Separe tempo para olhar à sua volta – o dia é muito curto para ser egoísta. Separe tempo para rir – é a música da alma. Separe tempo para Deus – é o único investimento duradouro da vida.


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Bibliografia - COMO APROVEITAR AO MÁXIMO O SEU TEMPO E POTENCIAL DAYTON, Edward R. & ENGSTROM, Ted. W. Editora Betânia, 1986 - Belo Horizonte - MANUAL DA IGREJA E DO OBREIRO FERREIRA, Ebenézer Soares. JUERP, 1993 - Rio de Janeiro - ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA KESSLER, Nemuel e CÂMARA, Samuel CPAD, 1999 - Rio de Janeiro - OS MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO DE JESUS BRINER, Bob. Mundo Cristão, 1997 - São Paulo - EPÍSTOLAS PASTORAIS/ECLESIOLOGIA MICHEL, Victor Seminário Bíblico Palavra da Vida - Atibaia.

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