Revista CNT Transporte Atual - Ediçao 200

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

CNT

ANO XVIII NÚMERO 200 MAIO 2012

T R A N S P O R T E

AT UA L

Edição

Revista CNT Transporte Atual se consolida como referência no debate dos principais assuntos do setor de transporte

LEIA ENTREVISTA COM O ECONOMISTA CLÁUDIO FRISCHTAK




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CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

CNT

REPORTAGEM DE CAPA

TRANSPORTE ATUAL

Revista CNT Transporte Atual completa 200 edições. Lançada em 1995, consolidou-se como referência no setor de transporte, lançando ideias e discutindo problemas e soluções para uma atividade tão essencial para o país Página 16

ANO XVIII | NÚMERO 200 | MAIO 2012

ENTREVISTA

Cláudio Frischtak comenta os índices de crescimento do país PÁGINA

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ROTAS AÉREAS • Projeto de reestruturação de aerovias desenvolvido pela Aeronáutica permite que os voos fiquem mais rápidos

CAPA Duke

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho

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Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]

MOTORISTA

BALANÇO FERROVIÁRIO

Congresso aprova regulamentação da profissão

ANTF divulga os resultados do setor alcançados em 2011

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ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:

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EDITORA RESPONSÁVEL ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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HIDROVIAS

Evento discutiu os desafios para o crescimento PÁGINA

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CNT TRANSPORTE ATUAL

www.

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cnt.org.br

SONDAGEM A Confederação Nacional do Transporte acaba de finalizar uma pesquisa sobre as expectativas de investimentos do setor rodoviário de cargas e de passageiros em 2012. A sondagem revela que os empresários estão otimistas com o crescimento da economia, mas preocupados, por exemplo, com o aumento do custo de insumos. Acesse na Agência CNT reportagem com o resultado completo da pesquisa (http://www.cnt.org.br/paginas/Agencia_Noticia.aspx?n=8136).

RODOVIAS DO BRASIL • Região Centro-Oeste precisa de estradas em boas condições para escoar uma das maiores produções agrícolas do país PÁGINA

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RECICLAGEM DE VEÍCULOS

SEST SENAT

Assunto foi tema de debate em seminário realizado pela CNT

Novas unidades são inauguradas em São Paulo e no Rio

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DIA DA ÁGUA

Seções

Sest Senat de todo o país oferece dicas de preservação

Alexandre Garcia

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Humor

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Mais Transporte

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Boletins

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ORIENTAÇÃO

Debate

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Opinião

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Cartas

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Semana da Saúde trabalha os cuidados com a coluna

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NOVAS UNIDADES DO SEST SENAT O Sest Senat inaugurou mais duas unidades: em Guarulhos (SP) e em Paciência, no Rio de Janeiro. Agora, a instituição conta com 140 sedes em todo o país. Veja na Agência CNT a galeria de fotos das solenidades de inauguração. Conheça ainda a infraestrutura das unidades. (http://www.cnt.org.br/Paginas/ Agencia_Fotos.aspx) e (http://www.flickr.com/photos/ agenciacnt/sets/72157629437226676/).

SEMINÁRIOS A Agência CNT publica galerias de fotos dos seminários realizados na sede da entidade. Confira os principais registros dos dois últimos eventos: o II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota (http://bit.ly/FO334y) e o II Seminário Brasil-Bélgica sobre Hidrovias (http://bit.ly/Hxj8zE).

E MAIS Programa Despoluir • Conheça os projetos • Acompanhe as notícias sobre meio ambiente

Canal de Notícias • Textos, álbuns de fotos, boletins de rádio e matérias em vídeo sobre o setor de transporte no Brasil e no mundo

Escola do Transporte • Conferências, palestras e seminários • Cursos de Aperfeiçoamento • Estudos e pesquisas • Biblioteca do Transporte

Sest Senat • Educação, Saúde, Lazer e Cultura • Notícias das unidades • Conheça o programa de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

O portal disponibiliza todas as edições da revista CNT Transporte Atual

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“Hoje, ser motorista de caminhão é para os que têm vocação e os que se preparam para ser profissionais completos” ALEXANDRE GARCIA

Nas mãos do motorista

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rasília (Alô) – A Globo fez uma reportagem mostrando a carência de motoristas de transporte de cargas no Brasil. Na verdade, as transportadoras procuram bons motoristas, capazes de cuidar da própria vida, da saúde, da carga, do veículo, da vida alheia, da estrada e até dos animais que cruzam à sua frente. Têm que ser mecânicos para emergências. E que saibam tomar cuidados para desencorajar assaltos e, acima de tudo, que entreguem a carga com pontualidade. Um super-homem na boleia? É mais ou menos isso. Alguém que, carregado de responsabilidade, ainda conduz sua carga sem incidentes até chegar ao destino. E, depois de descarregar, começa tudo de novo. Com tanta exigência, a profissão não é para amadores que gostariam de ter nas mãos o volante de um caminhão gigante. Não é para aqueles que, não encontrando emprego, assumem um caminhão apenas até encontrar outra ocupação. Hoje, ser motorista de caminhão é para os que têm vocação e os que se preparam para ser profissionais completos. Como a formação de motoristas é um investimento na segurança e na produtividade, já existem em todas as regiões do país cursos, com um mínimo de 160 horas-aula, para os que queiram assumir a pesada responsabilidade em caminhões, carretas ou ônibus. São ministrados pelo Sest Senat, e são gratuitos, mas com a con-

dição de o matriculado se comprometer a exercer a profissão. A iniciativa faz bem para os futuros motoristas, para as transportadoras e para o país. Grandes fabricantes, como a Mercedes-Benz e a Scania, já se preocupam com a formação de motoristas há muitos anos. As montadoras também são parceiras de entidades que já ministram cursos para formar e aperfeiçoar motoristas de caminhão. Com o Sest Senat, esse ensino se estende para o Brasil inteiro. A demanda anual de bons motoristas vai bem acima de 50 mil vagas a cada ano. Para quem não sabe, a iniciativa do Conselho Nacional do Sest Senat prevê especialização em transporte de cargas de animais, de grãos, de cana, de verduras, de mudanças, de veículos, de valores, de lixo, de produtos farmacêuticos, de carga frigorificada, de substâncias perigosas e de cargas indivisíveis. Dependendo dos cuidados com cada tipo de carga, aumenta o número de aulas. Essa preocupação toda mostra que são insuficientes as aulas das autoescolas. O motorista com habilitação C, D ou E ainda precisa aprender muito. Instrução para que o Estado dê o direito de dirigir tem um nível, mas para assumir as imensas responsabilidades de ser o comandante de uma nave sobre rodas, o conhecimento vai muito além. Nas mãos do motorista de caminhão estão cargas e vidas.


CNT TRANSPORTE ATUAL

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“Nós investimos, atualmente, algo em torno de 2,5% do PIB suficiente nem para repor as necessidades básicas e reflete ENTREVISTA

CLÁUDIO FRISCHTAK - ECONOMISTA

“Não podemos ficar POR

provável que o Brasil nunca alcance índices chineses de crescimento devido ao perfil da economia nacional, voltada ao consumo, e não ao investimento. No entanto, o país ainda tem um grande potencial a ser explorado e muita coisa por fazer para se manter entre as maiores economias mundiais. Essa é a visão do economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B, consultoria internacional de negócios. De acordo com ele, é preciso melhorar a qualidade da nossa força de trabalho e da infraestrutura, simplificar o sistema tributário, que afeta diretamente as empresas, e

É

LIVIA CEREZOLI

desburocratizar os sistemas. “Não podemos ficar parados. É preciso ampliar os índices de investimentos em infraestrutura. Nós investimos, atualmente, algo em torno de 2,5% do PIB em energia, transporte, saneamento e telecomunicações. Isso não é suficiente nem para repor as nossas necessidades básicas”. Diretor de país do International Growth Center (Centro de Cresciment o Internacional, instituto de pesquisa da London School of Economics e da Universidade de Oxford que fornece orientações sobre o crescimento econômico para os governos dos países em desenvolvimento) e membro do Think Tank-20 do

Brookings Institution (organização política pública sem fins lucrativos, sediada em Washington, nos Estados Unidos, e que realiza pesquisas em economia e política), Frischtak tem pós-graduação na área econômica pela Universidade de Campinas e pela norte-americana Stanford University, e foi o principal economista da área de indústria e energia do Banco Mundial entre 1984 e 1991. Professor adjunto da Universidade de Georgetown entre 1987 e 1990, ele tem mais de cem publicações, entre livros editados, artigos acadêmicos e relatórios de pesquisa. Acompanhe os principais trechos da entrevista concedida à revista CNT Transporte Atual.

Que avaliação pode ser feita da economia nacional atualmente? Em primeiro lugar, nós não somos um país de elevado crescimento nem deveremos ser nos próximos anos. O nosso modelo não é voltado a um crescimento acelerado da economia e também não é um modelo, digamos assim, voltado a estagnação. Existem elementos que impulsionam a economia ao crescimento moderado. Este ano, consequentemente, vai ser mais um ano de crescimento moderado. O potencial de crescimento do Brasil deve estar em torno de 4%, talvez um pouco mais ou um pouco menos. Isso não é previsão, é bom que fique claro.


em infraestrutura. Isso não é na elevação dos custos”

INTER.B/DIVULGAÇÃO

parados” Isso é o que o país pode crescer. Quanto à expectativa para 2012, eu diria que, a menos que haja alguma catástrofe na economia mundial, algo entre 3% e 3,5% é razoável. A que se deve isso? A primeira parte da equação diz respeito ao motor do nosso crescimento, que é voltado para o consumo, e não para o investimento. Para crescermos algo em torno de 5%, por exemplo, nossa taxa de investimento deveria ser em torno de 25%. Hoje, a nossa taxa de investimento está em torno de 19% do PIB. Nossa taxa de poupança também é muito baixa, ficando entre 16,5% e 17% do PIB. E, a menos que você queira

ter uma explosão no déficit em contas correntes, o que obviamente não é interessante para o país, ficamos limitados na taxa de crescimento. Quando se poupa pouco e se investe de forma limitada, a tendência também é crescer de forma limitada. A outra parte da equação é que o mercado de trabalho brasileiro se movimenta de uma forma interessante. Ele tem criado, nos últimos anos, bastante emprego na base da pirâmide. Os salários que crescem mais estão nessa base. O lado negativo disso é que esses são empregos de baixa produtividade. Quais as consequências diante do anúncio de cresci-

mento de apenas 2,7% do PIB em 2011? Precisamos levar em consideração que, em 2010, o Brasil cresceu muito acima do seu potencial. Foram 7,5%. A maneira correta de olhar isso é perceber que, depois de crescer acima do seu potencial, em algum momento essa conta deveria ser paga. Foi o que aconteceu em 2011, por isso o crescimento “baixo”. Quando falamos em pagar a conta, significa compensar, porque as pressões inflacionárias sobem

diante de um crescimento alto e, ao final de 2010, elas já eram bastante significativas. O governo federal teve que agir do ponto de vista fiscal e o Banco Central do ponto de vista monetário e regulatório para conter o crédito. A crise europeia pode beneficiar o país de alguma maneira? No caso da crise europeia, à medida que você tem uma oferta maior de liquidez pelos bancos centrais e, por


consequência, mantém os juros baixos e a inflação controlada, facilita, digamos assim, o acesso do Brasil a taxas muito competitivas. Agora, fora isso, acredito que a crise na Europa não beneficie o Brasil. Não acho que ela representa, necessariamente, uma oportunidade. Pelo contrário, é um desafio para o nosso país. Gostaríamos que a Europa saísse rapidamente da crise porque isso aumentará a demanda por produtos brasileiros. Mesmo que tenham crescido nos últimos anos, os investimentos em infraestrutura de transporte no país não ultrapassaram 1% do PIB em 2011. Na China, esse índice é de 10%. Qual o reflexo disso para o país? Em primeiro lugar, os investimentos em infraestrutura no Brasil, de forma geral, têm sido, nos últimos anos, e ainda são baixos. Nós investimos, atualmente, algo em torno de 2,5% do PIB em infraestrutura, levando em consideração a área de energia, de transporte, de telecomunicações e de saneamento. Esse valor, em primeiro lugar, está abaixo do nível mínimo da depreciação do capital fixo. Não investimos o suficiente para repor as nossas neces-

sidades básicas. E aqui não estamos falando em avançar, mas apenas repor o que já existe. Em segundo lugar, os nossos competidores investem muito mais. Isso reflete não apenas em uma baixa na qualidade dos serviços, como também na elevação dos custos, o que impacta diretamente na competitividade do país. Qual é a necessidade mínima de investimentos, proporcionais ao PIB, para a manutenção da infraestrutura já existente no país? E para a ampliação da mesma? Para manter o que já existe, o investimento deve ser de 3% do PIB. Algo em torno de US$ 75 bilhões. Esse é um valor mínimo aceito. Precisamos avançar em pelo menos 0,5 ponto percentual. Para ampliar, precisaríamos ir para 5% ou 6%, ou seja, basicamente temos que adicionar entre 2,5% e 3,5% de PIB. Esse é um esforço muito grande. Uma parte deveria vir do setor público, mas a maioria poderia vir do setor privado. Como a administração pública pode atrair e garantir investimentos privados em projetos de infraestrutura no país? O setor privado tem grande interesse e já está se engajan-

AEROPORTOS Concessão de terminais pode trazer melhorias

“Se você paga um pouco mais de pedágio, mas não tem pneu furado, suspensão quebrada nem custos de manutenção elevados, isso já é um ganho”

do. Na verdade, quando o setor privado vê um ambiente no mínimo razoável, ele já está lá. Mas ainda é preciso fazer algumas coisas para atrair ainda mais esses investimentos. O setor privado tem cada vez mais um papel de protagonista em relação aos investimentos em infraestrutura e isso precisa continuar acontecendo. Para tanto, é necessário acelerar os processos de concessão, mas, antes disso, temos que melhorar o ambiente regulatório. Isso só é possível com o fortalecimento das agências reguladoras que precisam ser despartidarizadas, despolitizadas radicalmente. As agências têm de ser entidades de Estado, de natureza técnica. É


INFRAERO/DIVULGAÇÃO

“Existem elementos que impulsionam a economia brasileira ao crescimento moderado” na infraestrutura, acredita o economista

inadmissível que partidos políticos indiquem diretores, superintendentes ou o cargo que for. Além disso, é preciso ter normas transparentes e previsíveis que deem segurança jurídica aos investidores. E, por último, deve-se avançar nos processos. Em alguns casos, o caminho é a privatização, em outros são as PPPs (Parcerias PúblicoPrivadas). O governo federal estuda a possibilidade de privatizar as obras de manutenção nas rodovias federais. Essa é uma medida acertada? Com certeza. De modo geral, tudo que puder ser repassado ao setor privado, de forma inteligente e alinhando os incenti-

vos privados ao interesse público, é bem-vindo. O pulo do gato é fazer esse alinhamento. É óbvio que precisamos permitir ao setor privado ganho de dinheiro porque é esse o objetivo dele. E, sem dúvida, precisamos ter fiscalização forte para que se atenda ao interesse público. A elevação dos custos para os usuários não seria um problema? Do ponto de vista dos usuários, o mais importante e que deve ser levado em consideração é a qualidade das rodovias. Se você paga um pouco mais, mas não tem pneu furado, suspensão quebrada nem custos de manutenção elevados, isso já é um

ganho. Com rodovias em boas condições, ganha-se também com a redução dos tempos de viagem. Hoje, nós temos rodovias pedagiadas que, de modo geral, funcionam muito bem. Existem discussões em torno dos valores das taxas de retorno, se seriam muito elevadas, e se poderia haver uma repactuação desses contratos. Obviamente, quando os primeiros contratos foram feitos, talvez até para atrair o setor privado, tenha ocorrido algumas falhas. Mas, em geral, a tendência hoje é que, com contratos equilibrados e atendendo ao interesse público, você tenha uma participação crescente da iniciativa privada, seja para operar, investir ou fazer manutenção. O fato de as empresas aceitarem hoje taxas de retorno menores já é um bom sinal de que os custos repassados aos usuários podem não ser muito elevados. Como o senhor avalia o modelo adotado para a concessão dos aeroportos no Brasil? Ele é vantajoso para as empresas, o governo e a sociedade? Evidentemente, só o tempo dirá. O processo ainda é muito prematuro. Mas podemos fazer algumas aná-

lises. O fato é que a situação dos aeroportos era e ainda é insustentável. Em segundo lugar, era imperativo atrair a iniciativa privada para o setor de transporte aéreo. Acredito que o leilão tenha sido bem-sucedido, agora, os resultados só serão vistos mais adiante. Precisamos aguardar para então fazer um julgamento definitivo. A concessão deveria ser ampliada para outros setores do transporte? De modo geral, as ferrovias já estão concedidas e, mesmo que existam discussões em torno do modelo, ele funciona. Nas rodovias, as concessões também poderiam ser ampliadas. Porém, na área hidroviária, deveríamos fazer um trabalho muito grande, mas isso depende, num primeiro momento, de investimentos públicos porque é preciso melhorar a infraestrutura antes mesmo de passar a operação ao setor privado. De qualquer forma, a iniciativa privada deveria ter sim uma participação maior. E qual deveria ser o modelo a ser seguido? Não é possível definir um modelo de concessão ideal para o setor. É preciso analisar caso a caso. l


DENKO/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL

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MAIS TRANSPORTE Nova filial em Minas A Braspress abriu uma filial em Teófilo Otoni (MG). Essa é a 104ª sede da empresa no país. O novo terminal, com área total de 5.000 metros quadrados, tem 2.400 metros quadrados de área útil, com 14 docas para o carregamento e descarregamento simultâneo. Quatorze funcionários trabalham na sede. Para Urubatan Helou, dire-

tor-presidente da Braspress, o novo terminal vai trazer reflexos positivos nas operações realizadas pela organização em toda Minas Gerais, Estado onde funcionam 15 filiais da companhia. “A empresa vem aperfeiçoando sua grade de entregas e coletas na região, já que a ampliação de filiais reforça ainda mais a presença da transportadora nesse Estado.” BRASPRESS/DIVULGAÇÃO

SEGURANÇA Equipamento é comercializado no Brasil

Airbag para motos O Airbag Denko, criado exclusivamente para motociclistas, está sendo comercializado no Brasil. O acessório de segurança possui um cartucho de gás CO2 que, quando acionado, infla o airbag em menos de 0,25 segundos. Ele protege o pescoço, a coluna vertebral, o tórax e o cóccix do condutor. Foram vários anos de pesquisas até que o produto fosse aprovado pelos órgãos

competentes. De acordo com os testes conduzidos pelo Japan Automotive Research Institute, em caso de impacto lateral e quedas, o airbag reduz o impacto gravitacional na coluna e no tórax em 75%; e a aceleração e o impacto no pescoço e na cabeça em, aproximadamente, 40%. São três modelos: duas jaquetas impermeáveis e um colete, apropriados para os dias quentes.

Novidades em rali EXPANSÃO Braspress inaugura unidade em Teófilo Otoni

Concurso de mobilidade urbana O concurso interativo “YouCity”, realizado pela Bombardier Transportation, vai levar o projeto vencedor para a feira InnoTrans, que acontece em setembro, em Berlim, na Alemanha. O concurso dá seguimento ao YouRail, apresentado na última edição da InnoTrans, em 2010. Naquela oportunidade, a disputa atraiu 4.239 projetos e 8.565 comentários sobre o futuro do design de interiores para trens de passageiros. A competição

deste ano, direcionada a estudantes e profissionais, recebeu trabalhos que propõem melhorias para diferentes mercados no mundo, representados por três cidades: Londres, na Inglaterra, na categoria mercado maduro; Belo Horizonte, no Brasil, na categoria Brics (sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China, países em desenvolvimento que se destacam no cenário econômico mundial); e Vienciana, no Laos, na categoria mercado emergente.

A temporada 2012 da Copa Troller vem com novidades. A competição off road, que completa 10 anos, vai agrupar as corridas das regiões Sudeste e Nordeste. O número de provas passa a ser dividido por etapa, além de um novo sistema de pontuação. A disputa deste ano começa em junho. O rali manterá a

mesma característica de percorrer trilhas em várias cidades do Brasil e de selecionar categorias para diferentes níveis de habilidade de participantes. A temporada termina no dia 8 de dezembro, com a conclusão da Copa Sudeste, etapa São Paulo. DONIZETTI CASTILHO/TROLLER/DIVULGAÇÃO

CORRIDA Competição traz mudanças em sua 10ª edição


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REGULAMENTAÇÃO ANTF/DIVULGAÇÃO

Caminhão com mais garantia O novo Ford Cargo 816 traz um novo padrão de desempenho e economia no segmento de caminhões leves, com o motor Euro 5. O modelo vem equipado também com painel diferenciado, que garante maior conforto ao condutor. O caminhão passa a contar com dois anos de garantia, sem limite de quilometragem. Segundo a montadora, o Cargo é o único da categoria a oferecer essa vantagem operacional. O modelo tem peso bruto total de 8.160 kg,

capacidade máxima de tração de 11.000 kg e conta com três opções de distância entre-eixos (3.300, 3.900 e 4.300 mm), que facilitam a adequação a diferentes aplicações. Outra característica é que a atual versão ficou mais econômica no consumo de diesel, em comparação ao modelo anterior em, aproximadamente, 7%. Os intervalos de troca de óleo passam a ser maiores. A durabilidade ampliada dos componentes tem reflexo positivo na vida útil do motor. FORD/DIVULGAÇÃO

VANTAGEM Modelo tem motor no padrão Euro 5

Soja registra crescimento O porto de Santos anunciou crescimento acima dos 1.000% na movimentação de soja em grãos embarcada no terminal em janeiro. O porto operou tonelagem 1.274,3% maior de soja em grãos este ano, se comparado ao mesmo período de 2011. Em números absolutos, foram movimentadas 332 mil toneladas,

quase 14 vezes o montante realizado em janeiro do ano passado (24 mil toneladas). O complexo soja (grãos e pellets) também teve aumento expressivo no intervalo em questão: foram embarcadas 400 mil toneladas, montante 342,6% superior que as 90,4 mil toneladas de janeiro de 2011.

DEBATE ANTF e ANTT discutem concessão da malha

Seminário ferroviário inédito epresentantes das empresas associadas à ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e do Exército se reuniram no 1º Seminário de Discussão do Registro de Bens das Concessões Ferroviárias. Promovido pelo Comitê de Patrimônio da ANTF, com apoio da CNT, o encontro debateu o processo de implementação do GIGFER (Sistema de Gestão com Inteligência Geográfica nos Ativos Ferroviários). As discussões tiveram como base a regulamentação existente e as experiências adquiridas entre poder concedente e iniciativa privada nos trabalhos de levantamento de dados e aferição piloto. O objetivo da reunião, de acordo com a gerente técni-

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ca da ANTF, Ellen Martins, foi viabilizar a padronização de tarefas para aperfeiçoar o processo de operacionalização do sistema GIGFER. Jorge Bastos, diretor da ANTT, destacou que a agência “está inteiramente empenhada para que esse trabalho vá para frente e seja concluído.” Sérgio Carrato, coordenador do Comitê de Patrimônio da ANTF, afirmou que a implantação do sistema será positiva para as concessionárias. “Dessa maneira, as empresas vão ter uma base única e sistematizada de controle dos ativos patrimoniais. Durante o seminário, experiências foram trocadas e as dúvidas sanadas. O setor alinhou conhecimentos para definir os próximos passos para a implantação do GIGFER.”


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MAIS TRANSPORTE AIRBUS/DIVULGAÇÃO

Ozires Silva – Um Líder da Inovação Mostra a trajetória de um dos presidentes da Embraer. Fala sobre os seus projetos, dificuldades, obstáculos e conquistas De: Decio Fischetti, Ed. Bizz Editorial, 278 págs., R$ 65

Tour do gigante passa pelo Brasil

A História dos Transportes no Brasil Com mais de 200 fotografias e ilustrações, o transporte tem sua trajetória histórica contada De: Mariana Ferreira e Cristina Mantovani Bassi, Ed. Horizonte, 132 págs., R$ 89

O A-380, maior avião comercial do mundo, pousou em Guarulhos (SP) em março. A passagem pelo Brasil contempla o Tour Mundial da Airbus para mostrar que a aeronave tem como operar nas infraestruturas aeroportuárias atuais. Com capacidade para até 845 passageiros, passou por mais de 140 aeroportos.

Consulta à programação de navios O porto de Itapoá lançou o primeiro aplicativo móvel para consulta à programação de navios que atracam no terminal. Por meio de um mecanismo que lê o calendário de atracações no porto e o disponibiliza via web para todo o mundo, foi criado o aplicativo para que importadores,

exportadores, despachantes e agentes acompanhem a movimentação dos navios. O sistema está disponível nas versões Android (Samsung, Nokia e Motorola) e aguarda as aprovações da Apple (IPhone e IPad) e Cym (Blackberry) para disponibilizar o recurso nos demais smartphones. De acordo com o terminal,

o próximo passo será a atualização do aplicativo para ofertar aos clientes do porto consulta de carga e contêineres, agendamentos de entrega e recebimento de contêineres, atendimento on-line pelos departamentos comerciais, documentação e faturamento.

Transporte Ferroviário História e Técnicas Conta a história das locomotivas a vapor, elétricas e movidas a diesel, e a criação das estradas de ferro De: Sílvio dos Santos , Ed. Cengage Learning, 264 págs., R$ 42,90


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BOZZA/DIVULGAÇÃO

MEIO AMBIENTE

Master atende Proconve L6 linha Renault Master 2012/2013 está saindo de fábrica em conformidade com a norma Proconve L6 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Todas as versões à venda no mercado nacional estão aptas a rodar com o diesel estabelecido pela normatização. Trata-se de um combustível com menor teor de enxofre, menos poluente. Para atender as exigências do Proconve L6, o motor 2.5 dCi 16V que equipa o furgão passou a contar com o sistema EGR (Recirculação dos Gases de Escape).

A

ALTERNATIVA Produto tem utilização em vários segmentos

Bomba elétrica para graxa A Bozza lançou a bomba elétrica portátil 7029-Premium. Ela funciona com uma bateria de 12 volts, com vazão de 75 gramas por minuto. A ferramenta chega ao mercado como mais uma alternativa em lubrificação rápida, sem exigir força física por parte do usuário. A bomba é recomendada para os serviços de manutenção de máquinas

industriais, empilhadeiras, caminhões, tratores, máquinas agrícolas e demais equipamentos mecânicos empregados na construção civil, na mineração e na indústria de papel e celulose, entre outras frentes de trabalho. A bomba elétrica auxilia ainda a realização de serviços rápidos de engraxamento, em pontos de difícil acesso.

O EGR diminui a formação excessiva de óxido de nitrogênio que se forma no interior da câmara de combustão, devido à alta temperatura somada à presença de oxigênio. Uma válvula permite que entre 20% e 30% dos gases de escape inertes sejam reutilizados pelo motor, reduzindo a pressão e diminuindo a temperatura na câmara. Desde 1º de janeiro deste ano, todos os fabricantes e importadores de veículos utilitários movidos a diesel têm que produzir modelos conforme a norma P7 para caminhões e ônibus e L6 para utilitários leves. RENAULT/DIVULGAÇÃO

Terminais multimodais A Copersucar anunciou a instalação de mais três terminais multimodais para o escoamento de açúcar. Serão dois em São Paulo e um em Minas Gerais, com previsão de conclusão até 2015. Segundo o presidente da companhia, Paulo Roberto de Souza, os terminais serão semelhantes ao que existe em Ribeirão Preto (SP), com

integração à malha ferroviária, para o escoamento da safra até o porto de Santos. O terminal do interior paulista foi totalmente reformado pela empresa, totalizando custos da ordem de R$ 30 milhões para o escoamento de 1,5 milhão de toneladas de açúcar por ano, dez vezes mais que a capacidade anterior.

ADEQUAÇÃO Veículo movido a diesel com menos enxofre

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REPORTAGEM ESPECIAL 1997

Referência no transporte

1998

Revista CNT Transporte Atual chega à 200ª edição; em 17 anos, publicação se consolidou no setor e atrai também a atenção de outros segmentos POR

arte da história do transporte do Brasil vem sendo contada nas páginas da revista CNT Transporte Atual, desde sua 1ª edição, em maio de 1995. Ao longo desses 17 anos, a revista se transformou em referência no debate dos principais assuntos que envolvem o setor, atraindo também a atenção de outros segmentos da sociedade, como a comunidade acadêmica, entidades ambientais e o público em geral. A publicação mensal da CNT,

P

CYNTHIA CASTRO

que chega neste mês de maio à 200ª edição, foi idealizada com a proposta de lançar ideias, discutir problemas e soluções para um setor tão vital para o dia a dia das pessoas e para o desenvolvimento do país. Logo no primeiro editorial, o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, afirmou que os assuntos abordados não se restringiriam a questões do transporte, mas envolveriam também economia, negócios, meio ambiente, entre outros temas.

“A revista CNT pretende ser um fórum permanente de debate das novas realidades e necessidades brasileiras para demonstrar que os transportadores estão integrados e querem participar da construção de um país melhor”, disse Clésio Andrade, em 1995. Hoje, o presidente da CNT reforça que a revista tem buscado incentivar o debate dos temas mais relevantes que envolvem o transporte de cargas e de passageiros. “Com as reportagens publicadas a cada mês, a

revista contribui para estimular o desenvolvimento do Brasil e também para incentivar o uso dos diversos sistemas de transporte”, diz Clésio Andrade. Além das reportagens sobre temas variados, são publicados mensalmente debates entre especialistas da área de transporte, entrevistas, cartuns e outros recursos para levar informações precisas ao público leitor. Em todas as edições há boletins estatístico, econômico e ambiental, com


1999

2000

2003

1995, edição nº 1

os principais números do setor. Os leitores também podem participar com sugestões e críticas. Em 2003, a publicação passou por uma reformulação editorial e gráfica. Hoje, o reconhecimento da qualidade da revista CNT Transporte Atual ocorre nas mais diferentes áreas. O doutor em planejamento de transportes e logística da Fundação Dom Cabral, o engenheiro Paulo Resende, afirma que “a revista da CNT é absolutamente essen-

cial para manter a chama do debate sobre o setor”. Resende destaca que o Brasil passa por um momento de crescimento econômico e, ao mesmo tempo, a infraestrutura na área de transporte precisa melhorar muito. “Se não tivermos uma fonte de informações e de debates, como a revista da CNT, a sociedade não consegue se informar sobre os principais assuntos para poder cobrar”, considera o professor da Fundação Dom Cabral. O vice-presidente da CNT,

Newton Gibson, também presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga), afirma que a revista tem contribuído fortemente para que as pessoas envolvidas com o setor de transporte possam debater, questionar e reivindicar melhores condições para o segmento. “Os assuntos são abordados com profundidade em suas reportagens, que transmitem o conhecimento necessário para empresários, trabalhadores e estudantes do setor de transporte.”

De acordo com Newton Gibson, o retorno que ele recebe dos leitores indica a importância da revista. “Já tive a oportunidade de ler e ouvir declarações de empresários e de funcionários do alto escalão do governo, afirmando o quanto as reportagens os auxiliam nas atividades que executam”, diz Gibson. Leia nas próximas páginas algumas áreas destacadas pelas reportagens da CNT Transporte Atual.


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Mais integração dos modais 2009

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ara que o transporte possa ser mais eficiente no Brasil, é necessário incentivar o maior equilíbrio da matriz. Atualmente, cerca de 60% da movimentação de carga se dá pelo modal rodoviário. O aumento da participação de outros modais contribui para dar mais qualidade ao transporte dos produtos, podendo proporcionar redução dos custos logísticos e trazer benefícios ambientais. No transporte de passageiros, também é importante que haja oferta de qualidade nos modais aquaviário, ferroviário, rodoviário e aéreo. E para incentivar o equilíbrio da matriz, a revista CNT Transporte Atual traz, em todas as edições, maté-

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2011 rias que abordam os variados modos de transporte. “A revista da CNT é o grande veículo para qualificar todos os tipos de transporte e mostrar aos leitores, principalmente às autoridades, a importância do transporte no contexto nacional. O país precisa de boas estradas, de boas hidrovias, de bons portos, de boas ferrovias, bons aeroportos. Isso é importante para o transporte de cargas e para o de passageiros”, afirma Meton Soares, presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário). Meton Soares também é vice-presidente da CNT para Transporte Aquaviário, Ferroviário e Aéreo.


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Pelo desenvolvimento sustentável 2004 stimular o desenvolvimento sustentável, reduzindo os impactos gerados pelo setor de transporte, é uma das linhas de trabalho da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e do Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), que desenvolvem, desde 2007, o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte. Na revista CNT Transporte Atual, o leitor encontra reportagens sobre temas relevantes em relação a meio ambiente e transporte. Também ganham visibilidade projetos e publicações do Despoluir, como o manual de “Procedimentos para a Preservação da Qualidade do Óleo Diesel B”, divulgado no último mês de fevereiro, o documento sobre “A Fase P7 do Proconve e o Impacto no Setor de Transporte” e a cobertura completa sobre

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o 2º Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota, realizado em março deste ano (leia na página 50 desta edição). A preocupação da CNT com o tema transporte e meio ambiente vem sendo divulgada pela revista CNT Transporte Atual há vários anos. A capa da edição de março de 2004 abordou “A logística reversa e sua importância para a reciclagem”. Na edição de julho de 2011, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, concedeu uma entrevista sobre meio ambiente e transporte. Na avaliação do presidente da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Flávio Benatti, que também é presidente da Seção de Transporte de Cargas da CNT, é muito importante que a revista aborde temas relativos à sustentabilidade, estimulando o 2007

2009 debate sobre as medidas necessárias para a redução de emissões, geração de menos resíduos, entre outras ações relevantes para a melhoria do meio ambiente. “A revista da CNT é uma referência no setor de transporte. A abordagem dos assuntos é fundamental para contribuir para a formação de opinião em relação a todos os modais. A revista traz matérias diversificadas e é muito importante para a divulgação de temas que envolvem também sustentabilidade, como a discussão sobre a necessidade de renovar a frota de caminhões do Brasil e sucatear os antigos pelo processo da reciclagem”, diz Benatti.


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Destaque para temas atuais 2003

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s principais temas que envolvem as situações de transporte e trânsito ganham destaque na CNT Transporte Atual. A revista aborda questões variadas, que passam pelo roubo de cargas, acidentes de trânsito, legislação contra álcool ao volante, entre outras. A capa de junho de 2007 abordou o tema da transposição do rio São Francisco. Em agosto do mesmo ano, há uma reportagem sobre as dificuldades que os motoristas brasileiros enfrentam ao trafegar no frio da Cordilheira dos Andes. Os resultados das pesquisas da CNT, como os estudos sobre as condições das rodovias e das ferrovias, também podem ser consultados na revista. “São 200 edições que reforçam o papel da CNT com a sociedade

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2007 em todos os aspectos relacionados ao transporte de cargas e de passageiros. O setor ferroviário reafirma a convicção da importância desse trabalho como fonte de informação e contribuição para o equilíbrio da matriz”, diz o presidente-executivo da ANTF (Associação Nacional do Transportadores Ferroviários) e presidente da Seção de Transporte Ferroviário da CNT, Rodrigo Vilaça. O presidente da Seção de Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens da CNT, José da Fonseca Lopes, diz que a importância se dá, principalmente, pela diversidade dos temas. “A revista já nasceu de parabéns, pois sempre buscou abordar todas as necessidades do setor.”


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Incentivo às pesquisas revista CNT Transporte Atual exerce um papel fundamental para incentivar as pesquisas acadêmicas em relação a temas de interesse do setor. Estudos relacionados à infraestrutura, logística, tecnologia e combustíveis são constantemente publicados nas edições mensais. A cada ano, a revista também publica uma reportagem sobre os trabalhos e autores vencedores do Prêmio CNT de Produção Acadêmica, que seleciona os melhores estudos em busca de soluções tecnológicas, logísticas e de gestão para o setor de transporte. Na edição de junho de 2009, a matéria de capa abordou os desafios para se colocar em uso os carros elétricos no Brasil e no mundo e também o nível em que se encontram algumas pesquisas. Reportagens sobre os estudos para a produção de energia elétrica a partir do movimento das ondas e sobre as pesquisas com os biocombustíveis também podem ser lidas na CNT Transporte Atual. Na avaliação do pesquisador Eliab Ricarte Beserra, pós-doutorado em energias renováveis do mar, a revista da CNT diminui a distância entre a comunidade acadêmica e a população em geral. “As universidades fazem pesquisas que ficam muitas vezes desconhecidas do público interessado. Não chegam do lado de lá, fora do meio acadêmico, por falta de veiculação. A revista da CNT exerce esse importante papel: diminui a distância e revela as informações e pesquisas acadêmicas aos interessados”, afirma Beserra, que é pesquisador do Laboratório de Tecnologia Submarina, da Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

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Em todas as edições, há debate com

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especialistas


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Qualificação e formação romover a maior qualificação dos profissionais do transporte, trabalhar pela formação e pela ampliação dos conhecimentos são ações fundamentais desenvolvidas pela CNT, pelo Sest Senat e pela Escola do Transporte. Nos 17 anos de veiculação, a CNT Transporte Atual busca contribuir para que a população brasileira possa conhecer melhor os cursos e as atividades promovidas nas unidades do Sest Senat de todos os Estados do país e pela Escola do Transporte. A revista dá destaque às conferências promovidas pela escola, em Brasília, contribuindo para que os profissionais que não estiveram presentes no evento possam ter acesso ao conteúdo. Em 2011, foi publicada uma entrevista com o navegador Amyr Klink, feita durante uma conferência na sede da CNT, em Brasília. Klink falou sobre a importância de todos os profissionais serem empreendedores e amarem o que fazem, para seguirem assim em busca do sucesso. Na edição

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2011 de abril de 2011, os leitores puderam conferir um balanço das atividades do Sest Senat. É importante que muitos cursos oferecidos para os trabalhadores em transporte sejam mais conhecidos por meio da revista, conforme destaca o presidente da Fetacesp (Federação dos Taxistas Autônomos do Estado de São Paulo), José Fioravanti. “Isso é muito importante para toda a categoria. Com a Copa do Mundo, por exemplo, os taxistas precisam melhorar a qualidade do trabalho. E a revista ajuda a orientar sobre os treinamentos do Sest Senat”, diz Fioravanti, que também é vice-presidente da CNT para Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens.


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Melhor mobilidade om a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas no Brasil, em 2016, eventos que aumentarão a demanda do transporte de passageiros em todos os modais, tornase ainda mais importante divulgar as necessidades do Brasil para melhorar sua mobilidade urbana. Discutir normas, legislações e projetos que garantam ao país as medidas necessárias para as melhorias dos deslocamentos da população, como a implantação de corredores exclusivos de ônibus, os BRTs (Bus Rapid Transit), tem sido uma preocupação editorial da CNT Transporte Atual. “A revista tem um papel importante nessa busca pela melhoria da mobilidade urbana, especialmente nesse momento em que nos preparamos para eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos”, afirma o presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes

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2010 Urbanos), Otávio Cunha, que também é vice-presidente da Seção de Transporte de Passageiros da CNT. E ao abordar os deslocamentos diários da população, a CNT Transporte Atual defende também a necessidade de melhoria no transporte aquaviário de passageiros. A capa da edição de julho de 2010, “Navegar é preciso”, mostra a dificuldade de crianças da região amazônica em conseguir chegar à escola. Uma pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) identificou embarcações inadequadas e as longas caminhadas que os estudantes precisam fazer.


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História e curiosidades s reportagens publicadas na CNT Transporte Atual também têm como proposta oferecer aos leitores um resgate histórico de temas que envolvem o setor e revelar alguns assuntos que despertam curiosidade. O mergulho em naufrágios do Nordeste do país foi o tema da edição de dezembro de 2009, que publicou belas fotografias do fundo do mar, como uma imagem da corveta Ipiranga, naufragada na ilha de Fernando de Noronha a 63 metros de profundidade. Na edição de janeiro de 2010, os leitores puderam conhecer um pouco sobre os bastidores da Esquadrilha da Fumaça. A equipe da CNT Transporte Atual esteve na sede do Esquadrão de Demonstração Aérea, em Pirassununga, no interior de São Paulo, para mostrar como é o dia a dia de trabalho dos pilotos que desenham o céu com a fumaça das aeronaves durante as acrobacias aéreas. A história da construção da ponte Rio-Niterói, uma impressionante obra da engenharia no Brasil, também pôde ser lida na edição de setembro de 2009. E na comemoração dos 50 anos da capital federal, em 2010, os leitores puderam conhecer mais sobre os modos de transporte no início da construção de Brasília. 2010

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Sempre com humor evar humor para os temas do transporte. Essa também é uma das propostas da revista CNT Transporte Atual. Em todas as edições sempre há um cartum nas páginas iniciais, abordando as mais diferentes situações do trânsito das cidades e do transporte de cargas e de passageiros. O risco de se falar no celular ao volante, a falta de atenção com os pedestres, as dificuldades de infraestrutura nos aeroportos. Todos esses assuntos já foram abordados de forma divertida. “Qualquer temática pode ser vista na ótica do humor. O humor nos leva a refletir. E

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fazer cartum com um tema fixo é interessante porque você precisa sair do óbvio para explorar ao máximo aquele tema”, diz o cartunista Duke. Um dos cartuns de Duke publicado na revista da CNT em 2008 (veja ao lado) foi premiado em um salão internacional de humor sobre a temática transporte e trânsito, na Argentina. “É muito interessante trabalhar com o transporte e tentar levar uma leveza para os temas mais variados. Sinto-me honrado de participar de uma revista tão importante, divulgada em todo o Brasil”, afirma Duke. l 2011

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AVIAÇÃO

POR LIVIA

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s viagens de avião no Brasil estão mais rápidas. Pelo menos entre Brasília e as capitais da região Sudeste do país. E não é porque as filas ou o tempo de espera nos aeroportos foram reduzidos. O tempo mais curto nesses deslocamentos se deve a um projeto de reestruturação de rotas que está sendo desenvolvido pela Aeronáutica. Desde o dia 8 de março, as viagens realizadas entre Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória tiveram o tempo de voo reduzido em pelo menos dez minutos. Pode parecer pouco, mas, quando se fala em viagens aéreas, a redução é significativa. Em dez minutos é possível percorrer, de avião, aproximadamente 100 km. O novo sistema que está sendo implantado é baseado no chamado PBN (Navegação Baseada em Performance, da sigla em inglês) e permite que pilotos e controladores utili-

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Reduzindo

Projeto de reestruturação de rotas desenvolvido pela zem informações via satélite para saber a exata posição dos aviões durante os voos. A reestruturação faz parte de um grande projeto de modernização da aviação mundial, que leva em consideração o avanço das tecnologias e agora chega ao Brasil.

No sistema convencional, que ainda continua sendo usado nas demais rotas do país, a localização das aeronaves é realizada por equipamentos instalados no solo com antenas capazes de transmitir sinais por meio de ondas eletromagnéticas. Para

ter os sinais captados, as aeronaves precisam sobrevoar a área de alcance das antenas, que demarcam a trajetória do voo. Desse modo, os aviões não voam, necessariamente, em uma linha reta. Eles são obrigados, muitas vezes, a desviar


DUKE

distâncias

Aeronáutica torna as viagens aéreas mais curtas e fazer curvas para alcançar os referidos equipamentos em solo, aumentando assim o trajeto a ser percorrido e, consequentemente, o tempo de voo e o consumo de combustível. Considerando que, em média, uma aeronave consome, a cada hora, aproximadamente,

2.000 kg de combustível, a cada dez minutos a menos de voo são economizados 330 kg de combustível. No novo sistema, a rota não é determinada pela localização dos equipamentos em solo, e as informações das aeronaves são transmitidas via satélite.

Isso permite que os trajetos percorridos entre as cidades sejam mais retilíneos. Na rota Belo Horizonte-São Paulo, por exemplo, a reestruturação deve reduzir em 60 milhas o trajeto final da viagem, o que equivale a 111 km. A distância rodoviária entre as duas cida-

des é de 582 km e o tempo de voo (incluindo todos os procedimentos de embarque e desembarque), em média, é de 1h20. O conceito de PBN surgiu no final de 1999 na Icao (Organização da Aviação Civil Internacional, da sigla em inglês) para padronizar os sistemas de navegação aérea existentes no mundo. Segundo o capitão Alexandre Luiz Dutra Bastos, especialista em controle de tráfego aéreo, assessor de tráfego aéreo e chefe do planejamento estratégico do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), órgão ligado ao Comando da Aeronáutica, cada país trabalhava com uma tecnologia diferente e as companhias aéreas precisavam passar por certificações em cada uma das localidades para onde voavam. “Desde então, o mundo todo vem se preparando para falar a mesma linguagem, facilitando os procedimentos e até mesmo aumentando a segurança.” De acordo com Bastos, a


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implantação do novo sistema permite ao Brasil ter rotas aéreas mais precisas, além de prever as possibilidades de desvio das mesmas, aumentando assim a segurança de voo no país. “Ela corresponde a uma nova etapa da aviação, a uma modernização dos sistemas”. A tendência, segundo o capitão, é que a cada avanço tecnológico, outras rotas sejam adaptadas. A novidade também pode possibilitar a ampliação do número de voos, uma vez que os trajetos mais retos permitem uma ocupação diferente do espaço aéreo brasileiro. O número de cruzamentos é menor e “sobra” mais espaço para que outras aeronaves ocupem as vias aéreas. Isso também deve reduzir a carga de trabalho dos controladores de voo, uma vez que o espaço aéreo fica menos complexo. “Esses profissionais já estão sendo treinados para operarem o sistema nessa nova estrutura de rotas”, afirma Bastos. Nas duas maiores companhias aéreas nacionais, Gol e TAM, que detêm mais de 74% do mercado de voos domésticos no Brasil, os aviões ou já possuem os equipamentos necessários para operar o novo sistema, ou estão sendo adaptados para isso. Segundo Leonard Grant, dire-

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FACILIDADE Reestruturação das rotas deve descomplicar o espaço aéreo e

tor de operações e treinamento operacional da TAM, os novos aviões que são adquiridos pela empresa já possuem a tecnologia necessária para esse tipo de navegação e as aeronaves mais antigas estão sendo adaptadas. A companhia possui 156 aviões, dos quais 130 são usados em voos domésticos. Para ele, a navegação baseada em performance acompanha a evolução da tecnologia existente nas aeronaves e permite um melhor

aproveitamento do espaço aéreo do país. “Essa medida vai nos deixar mais tranquilos em relação ao aumento do fluxo de voos no país, principalmente quando formos receber a Copa e as Olimpíadas”, afirma Grant. Porém, o diretor ressalta que a ampliação do número de rotas não significa, necessariamente, um aumento na quantidade de voos. Isso depende não apenas do espaço aéreo, mas também da

ampliação da capacidade dos aeroportos. Na Gol, as 125 aeronaves que compõem a frota da companhia já estão aptas para atuar no novo sistema de navegação. Mesmo sem dados reais de comparação, a companhia acredita que seja possível economizar, em um ano, 5,82 milhões de quilos de combustível nas rotas já alteradas, o que equivale a 18,63 milhões de quilos de CO2 a menos na atmosfera.


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OPERAÇÃO

Reestruturação só vale por enquanto em rotas

melhorar o trabalho dos controladores

Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirma que a redução no tempo de voo não deve implicar em nenhuma mudança de horário, mas apenas em uma utilização mais eficiente e racional das aeronaves e do espaço aéreo. “A principal vantagem é a redução do tempo de voo e, consequentemente, a redução dos custos variáveis de operação diretamente associados (combustível, manutenção, consumíveis etc)”,

Por enquanto, todas as alterações implantadas pelo Decea valem apenas para as etapas de voos em rota (quando as aeronaves atingem o nível de cruzeiro) e não incluem os procedimentos de pouso e decolagem. No entanto, o órgão já desenvolve um projeto de implantação de procedimentos de aproximação mais precisos, também utilizando informações via satélite. Inicialmente, o sistema funcionará no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Localizado em uma região

afirma nota enviada à CNT Transporte Atual. Porém, essas vantagens ainda podem demorar um pouco para serem contabilizadas pelas companhias. De acordo com o instrutor de PBN e consultor da Aircons, empresa de treinamento e consultoria em aviação, comandante Marcus Vinícius de Grandis, de nada adianta as empresas terem os equipamentos se falta homologação da Anac (Agência Nacional de Aviação

montanhosa e com pista de pouso curta (extensão inferior a 1.350 metros), o aeroporto sofre com as constantes mudanças de clima. Em dias de chuva e neblina, as aeronaves são impedidas de pousar no local devido à baixa visibilidade. O novo sistema permite uma maior acessibilidade ao aeroporto, segundo o capitão Bastos, chefe do planejamento estratégico do Decea. “Esse sistema permite que os pousos sejam mais diretos. O avião não precisará mais realizar tantas manobras

Civil) para o uso. “Em todo o mundo, o sistema PBN está sendo implantado desde 2008, por recomendação da Icao, mas aqui no Brasil, mesmo que o projeto do Decea esteja adiantado, a legislação de homologação só saiu no meio de março”. Segundo a agência, o tratamento processual previsto para a emissão de normativos brasileiros prevê etapas que não podem ser eliminadas, resultando no alongamento do

sobre a pista antes da aproximação. No Santos Dumont, por exemplo, vai ser possível até mesmo optar por trajetos onde o ruído cause menos impacto para a população”, afirma Leonard Grant, diretor de operações e treinamento operacional da TAM. O sistema já está disponível para ser utilizado e as companhias aéreas nacionais têm condições de operar nessa nova estrutura, mas também ainda falta homologação dos equipamentos e do treinamento da tripulação pela Anac.

prazo para publicação final. A Anac afirma que antes mesmo do início da implantação do novo sistema, alguns operadores já detinham autorização para a condução de operações PBN. Hoje, aproximadamente, 430 aeronaves já estão homologadas. “Esses operadores foram comunicados sobre a necessidade de adequação dos processos antigos para atenderem aos novos critérios internacionalmente aceitos”, afirma a agência. l


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MERCADO

Novas regras para motoristas Projeto de lei, aprovado pelo Congresso Nacional, regulamenta a profissão no país POR LIVIA

epresentantes do setor de transporte rodoviário de cargas e de passageiros comemoraram a aprovação do projeto de lei nº 99/07, que regulamenta a profissão de motorista no Brasil. Depois de ter passado pelo Senado, o texto foi aprovado sem alterações pela Câmara dos Deputados e, até o fechamento desta edição, aguardava sanção presidencial. As novas regras estabelecem intervalos mínimos de refeição de uma hora, além de repouso diário de 11 horas a cada 24 horas e descanso semanal de 35

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horas. Porém, um acordo coletivo pode permitir a redução em duas horas de descanso (para até nove horas), desde que a diferença seja compensada no dia seguinte. O excesso de tempo do motorista ao volante, apontado como uma das principais causas de acidentes, poderá causar multa e prisão para quem exigir que o profissional exceda a jornada estabelecida de trabalho. Para o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, o texto é rigoroso, visando principalmente a segu-

rança no trânsito e a saúde dos motoristas. “Precisamos garantir aos nossos profissionais as melhores condições de trabalho.” A proposta ainda assegura aos motoristas seguro obrigatório custeado pelo empregador e proíbe que se remunere o profissional em função da distância percorrida ou da redução do tempo de viagem pela quantidade ou natureza dos produtos transportados, de modo a não comprometer a segurança rodoviária ou da coletividade. O seguro será custeado pelo empregador e destinado à

cobertura de riscos pessoais inerentes às suas atividades, no valor de dez vezes o piso salarial da categoria ou de valor fixado em acordo coletivo. Segundo Flávio Benatti, presidente da seção de transporte de cargas da CNT e da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), a nova legislação deve garantir melhorias para os trabalhadores e para as empresas. “Não existia nenhum capítulo na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que tratava especificamente da profissão


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VOLVO/DIVULGAÇÃO

dade de flexibilização dos intervalos de almoço. “Esse tempo de uma hora poderá ser fracionado em pequenos intervalos de dez minutos, o que vem atender um desejo das empresas e dos próprios trabalhadores”.

JORNADA Pelo projeto, motoristas deverão ter repouso diário de 11 horas a cada 24 horas trabalhadas

de motorista rodoviário. Esse é um setor com características específicas, de acordo com cada tipo de carga, e merece atenção especial.” Pela nova regulamentação, o motorista fica proibido de dirigir por mais de quatro horas ininterruptas sem intervalo mínimo de 30 minutos de descanso. Porém, o texto permite que a jornada se estenda por mais uma hora, até que o motorista encontre um local seguro com infraestrutura adequada para o seu repouso e para a segurança da carga.

Para cumprir essa determinação, a lei também prevê a construção de pontos de parada a cada 200 km nas rodovias, por meio de alteração nos editais de concessão de novas rodovias ou mesmo de PPP (Parceria PúblicoPrivada), para as estradas administradas pelo poder público. “Estaremos atentos para cobrar das autoridades competentes o cumprimento dessa determinação. Ter locais de parada com infraestrutura adequada sempre foi uma exigência que fizemos. Isso é essencial para preservar a vida do

motorista e o bom estado da carga a ser entregue”, diz José da Fonseca Lopes, presidente da seção de transportadores autônomos, de pessoas e de bens da CNT. As regras também contemplam os motoristas do transporte rodoviário de passageiros, sejam eles urbanos ou interestaduais. O presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e vice-presidente da seção de transporte de passageiros da CNT, Otávio Vieira da Cunha, acredita que uma das grandes conquistas é a possibili-

Direitos e deveres Além de determinar o tempo de direção e de descanso, o PL nº 99/07 determina os direitos e os deveres a serem exigidos e cumpridos pelos motoristas. São direitos: o seguro obrigatório, o acesso gratuito a programas de formação e aperfeiçoamento, o atendimento profilático, terapêutico e reabilitador no SUS (Sistema Único de Saúde) em relação aos problemas de saúde decorrentes da atividade profissional e a não responsabilidade por danos patrimoniais dos quais não tenha participado. Entre as obrigações a serem cumpridas pelos motoristas estão a atenção às condições de segurança do veículo, a condução de forma prudente, o cumprimento do regulamento patronal sobre tempos de direção e descanso e a disponibilidade em submeter-se a testes e programas de controle de uso de droga e bebida alcoólica exigido pelo empregador. l


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FERROVIAS

s bons resultados do transporte ferroviário de cargas registrados desde a concessão da malha à iniciativa privada têm contribuído para o crescimento no volume de investimentos privados no setor. Em 2011, as concessionárias, que administram 28.366 km, aplicaram R$ 4,6 bilhões em obras de recuperação da malha, em novas tecnologias, em capacitação profissional, no aumento da segurança nas operações ferroviárias, na aquisição e na reforma de locomotivas e vagões. O valor é 56,3% superior ao volume investido em 2010. Desde 1997, quando teve início o processo de privatização da malha, foram R$ 28,58 bilhões aplicados pelas concessionárias, contra apenas R$ 1,39 bilhão da União. Para este ano, a expectativa é que os investimentos cheguem a R$ 5,3 bilhões. Os números fazem parte do Balanço do Transporte Ferroviário de Cargas, divulga-

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Expansão do setor Investimentos privados crescem 56,3%, e setor ferroviário espera movimentar mais de 522 milhões de toneladas em 2012 POR

do pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), em abril, na sede da CNT, em Brasília. Segundo Rodrigo Vilaça, presidente-executivo da associação, a alta no volume de investimentos é uma resposta das empresas ao crescimento na produção registrado nos últimos anos. “Desde a concessão, a movimentação de cargas cresceu 87,6%, passando

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de 253,3 milhões de toneladas, em 1997, para 475 milhões, no ano passado”. E a expectativa para 2012 é ainda mais positiva. O setor espera movimentar 522 milhões de toneladas. O minério de ferro e o carvão mineral são os principais produtos transportados pelas ferrovias atualmente no país, representando 76,6% do total, mas é no agronegócio que o setor vê as gran-

des possibilidades de expansão. Em 15 anos, a participação do transporte de produtos, como açúcar, soja, milho, entre outros, por ferrovias cresceu 277,2%. “Nos próximos cinco anos, esperamos que o açúcar seja o principal produto transportado por ferrovias no país”, afirma Vilaça. No total das cargas movimentadas em 2011, os produtos do agronegócio tiveram participa-


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PROJETOS

Momento oportuno para investimentos O governo federal prevê um montante de R$ 46 bilhões, por meio do PAC 2, para o modal ferroviário. Representantes e especialistas afirmam que esse é o momento adequado para investir, já que as empresas estão aptas a atender à demanda que se anuncia com a expansão da malha. As obras anunciadas contemplam o transporte de cargas e de passageiros, com projetos para outros trechos de TAV (Trem de Alta Velocidade). Estão previstos a elaboração de estudos e obras para a execução do projeto da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, entre Campinorte (GO) e Lucas do Rio Verde (MT), e no trecho entre Lucas do Rio Verde e Vilhena (RO). Para a Norte-Sul, será realizada a elaboração de estudos do Trecho Sul, entre Estrela D’Oeste (SP) e Panorama (SP); a extensão do trecho entre Panorama e Rio Grande (RS); e a conexão da ferrovia com a Ferrovia do Pantanal. Ainda será executada a elaboração de estudos para a Ferrovia de Integração do Pantanal, no trecho entre

ção de 11,51%, os siderúrgicos, de 3,77%, os derivados de petróleo e álcool, de 2,79% e os insumos para construção civil e cimento representaram 1,41%. O transporte de contêineres, fundamental para aumentar o volume do transporte de produtos de alto valor agregado no Brasil, de acordo com Vilaça, também apresentou números positivos. Entre 1997 e 2011, o crescimento foi de 82 vezes. Só entre 2010 e 2011, o volume de contêineres trans-

Panorama e Dourados (MS); a extensão da Ferronorte, com elaboração de estudos entre Rondonópolis e Cuiabá, no Mato Grosso, e também para o Corredor Ferroviário do Paraná. Os projetos envolvendo o TAV também estão no portfólio de obras previstas para as ferrovias. De acordo com o Ministério dos Transportes, será realizada a elaboração de estudos para o modelo entre Curitiba e São Paulo; entre Campinas e a região do Triângulo Mineiro; e entre Belo Horizonte e Campinas. O ministério confirma que todos os empreendimentos de grande porte do “PAC 2 Ferrovias” possuem estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, já elaborados, ou em fase de elaboração ou de contratação. Na opinião do engenheiro Vicente Daniel Vaz da Silva, professor titular da PUC-Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) e especialista em setor ferroviário, é preciso valorizar e tornar as regiões da Amazônia e do Pantanal mais atrativas, além de efetivar

portados cresceu 23,7%, passando de 232.424 unidades, em 2010, para 287.458, em 2011. “Esses números positivos são fruto do trabalho que desenvolvemos nesses 15 anos de concessão das linhas, mas o setor pode mais”, diz Vilaça. De acordo com ele, o setor deve solicitar, em breve, ao governo federal, novas formas de financiamento e incentivos semelhantes aos oferecidos aos produtos da linha branca e aos veículos. Com os benefícios, segundo

melhorias na distribuição demográfica do leste litorâneo para o oeste agrícola e pecuarista. De acordo com ele, a integração dos projetos previstos vai garantir a eficiência do modal. Maurício Querino Teodoro, presidente da Ferroeste, diz que os benefícios obtidos por empresas, cooperativas e produtores, com uma malha mais extensa e operacional, vai culminar no barateamento do frete. “O Brasil exporta commodities agrícolas e metais em grande escala, entre outros. São cargas de grande volume e baixo valor agregado, típicas do transporte ferroviário. O modal só ganhará com esse incremento.” Silva acredita que os investimentos podem representar uma segunda retomada para o modal, assim como foi a desestatização da malha. “O transporte de cargas via ferrovia diminui caminhões e acidentes graves nas estradas. O transporte de passageiros pelo modal pode representar uma abertura turística internacional e beneficiar milhares de brasileiros.” (Letícia Simões)

Volume de contêineres movimentados cresceu

23,7% no último ano

RESULTADOS Minério

Vilaça, o país deverá dar um salto na produção de locomotivas e vagões, aumentando consideravelmente os planos de expansão de investimentos previstos até 2020. Hoje, a frota ferroviária do país conta com 3.045 locomotivas e 100.925 vagões. Pelos planos de expansão já existentes, as concessionárias devem adquirir mais 2.000 locomotivas e 40 mil vagões nos próximos oito anos. “Com os benefícios e aumentando os prazos de pagamento dos financiamentos para 25 anos, nossa


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ANTF/DIVULGAÇÃO

TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS Resultados de 2011 INVESTIMENTOS PRIVADOS (R$ milhões) 4.596 4.173 3.114

2.941

2.597 1.958

2.221

2.499

1.089 412 386 538

617 766 668

199 7 199 8 199 9 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11

5000 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0

MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS (milhões de toneladas) 500 386,0 404,2

400

395,5

336,4 368,4

350 300

470,1 475,1

445,2 450,5

450

288,1 291,6 315,8 253,3 259,3 256,0

250 200 150 100 50 199 7 199 8 199 9 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11

0

FROTA FERROVIÁRIA 1997 2011 Previsão para 2020 Previsão com benefícios

Locomotivas 1.154 3.045 5.000 6.000

Fonte: ANTF

de ferro e carvão são os principais produtos transportados pelas ferrovias

expectativa é chegar a 6.000 locomotivas e 200 mil vagões até 2020”, afirma. O Brasil tem hoje duas fábricas com capacidade para construir até 150 locomotivas e 12 mil vagões por ano. Além de expansão, a expectativa é também de renovação da frota ferroviária. Os vagões em operação hoje têm em média 25 anos e a previsão é reduzir essa média para 18 anos. Segundo a ANTF, a vida útil dos vagões gira em torno de 30 a 35 anos. Isso significa mais eficiência no trans-

porte de cargas, uma vez que os vagões novos possuem tecnologia que contribui para a redução de tempo e de custos. “Antes, o transporte de açúcar, por exemplo, era realizado em vagões que demoravam até 45 minutos para descarregar 80 toneladas. Hoje, em 58 segundos é possível descarregar uma carga de até 100 toneladas”, diz Vilaça. Porém, para que essa frota nova e tecnológica possa trazer os resultados esperados, é essencial também investir em

Vagões 43.816 100.924 140.000 200.000

Brasil tem capacidade anual para produzir

12 mil vagões

obras de melhorias e expansão da malha ferroviária. Segundo expectativa do governo federal, considerando as obras que estão em andamento pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), até 2015, o Brasil deve alcançar 35 mil quilômetros de ferrovias. Para 2022, a expectativa é chegar a 42 mil quilômetros. Segundo o presidente-executivo da ANTF, para atender a demanda existente hoje no país, o ideal seriam 52 mil quilômetros de malha disponíveis. l




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AQUAVIÁRIO

Integração nacional Evento realizado na CNT apresentou os principais desafios para o desenvolvimento das hidrovias no Brasil POR

gestão adequada dos recursos hídricos é parte fundamental no desenvolvimento das hidrovias brasileiras. Utilizar a água apenas para gerar energia, deixando de lado seu potencial de transporte, pode ser algo prejudicial para a economia do país. Para solucionar essa questão e definitivamente utilizar o potencial hidroviário brasi-

A

LIVIA CEREZOLI

leiro para promover a integração nacional é necessário planejar a construção de eclusas simultaneamente com as usinas hidrelétricas. Essa foi a ideia compartilhada por empresários, representantes do governo brasileiro e especialistas belgas durante o 2º Seminário Brasil-Bélgica sobre Hidrovias. Realizado pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários),

entre os dias 2 e 3 de abril, na sede da CNT, o evento contou com o apoio da confederação e da Embaixada da Bélgica. O Brasil tem ao todo 63 mil quilômetros de rios e lagoas, dos quais 43 mil quilômetros são potencialmente navegáveis. No entanto, apenas 15,5 mil quilômetros são utilizados comercialmente. Segundo dados do Ministério dos Transportes, o aproveitamento

do potencial hidroviário do país poderia resultar no transporte de 180 milhões de toneladas por ano, mas, atualmente, as hidrovias transportam apenas 45 milhões de toneladas. De acordo com Marcelo Perrupato, secretário de Política Nacional de Transportes do ministério, o conflito para o uso múltiplo dos recursos hídricos está entre os principais desafios para o desenvolvimento da navegação interior no Brasil, além da falta de atualização das normas vigentes, de um planejamento estratégico e de investimentos no setor. “O casamento de barragens com eclusas é extremamente necessário para permitir a navegabilidade dos rios. Sabese que é muito mais barato construir a eclusa no momento da construção da usina do que posteriormente.” Um exemplo disso é a conexão das hidrovias TietêParaná e Paraná-Prata, na região do Parque Tecnológico Itaipu. Por lá, a barragem de 120 metros de altura é o único ponto de descontinuidade do rio Paraná, nos seus 4.000 km de extensão.


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JÚLIO FERNANDES/CNT

DEBATE Experiências belgas e brasileiras no setor hidroviário foram apresentadas no seminário

Segundo um estudo encomendado pela usina ao Instituto Ilos de Logística e Supply Chain Management, seriam necessários R$ 4,2 bilhões de investimentos para a construção de quatro eclusas, com extensão do canal de 5,4 km. O estudo foi elaborado a partir de convênio com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Para o professor da

Universidade Livre de Bruxelas, Jean-Michel Hiver, mesmo que o valor seja alto, a construção das eclusas é a melhor solução para o caso de Itaipu. “Poderia ser um elevador, mas o tamanho das embarcações brasileiras impede isso. Outra opção seria a construção de um plano inclinado, mas percorrer mais de 100 metros com um percentual de 4% de declive envolve cus-

“O casamento de barragens com eclusas é necessário para a navegação” MARCELO PERRUPATO, MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES

tos ainda mais altos do que as eclusas. Esse não seria um problema se essas estruturas já estivessem previstas. Não consigo entender como no Brasil ainda se constroem barragens sem eclusas”, afirmou ele, em Brasília. Hiver acredita que o projeto poderia seguir o mesmo modelo da Hidrelétrica de Três Gargantas, na China, onde a eclusa foi construída


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no sistema WSB, capaz de reutilizar, por meio de um conjunto de reservatórios, 100% da água usada para a elevação dos navios. Além do professor, representantes do governo e de empresas belgas apresentaram as experiências hidroviárias existentes no país e os projetos para o futuro. O mais audacioso deles é o SeineNord Canal Project, uma conexão entre os rios Sena, na França, e o Scheldt, nos Países Baixos, e a partir daí com o Mar do Norte. Para tanto, devem ser investidos 4,5 bilhões de euros na construção de um canal de 106 km, com 54 metros de largura, sete eclusas, quatro portos interiores, 57 pontes rodoviárias e quatro plataformas logísticas. Investimentos A necessidade de um planejamento em longo prazo e de investimentos massivos no setor hidroviário brasileiro também foi tema de debate durante o seminário realizado pela Antaq. O vice-presidente da CNT, Meton Soares Júnior, cobrou ações mais diretas do governo, ressaltando a eficiência do sistema. “Nós podemos avançar, e muito, dentro do

HIDROVIA DO TIETÊ A falta de eclusas na barragem da Usina Hidrelétrica de

“Não consigo entender como no Brasil ainda se constroem barragens sem eclusas” JEAN-MICHEL HIVER, UNIVERSIDADE DE BRUXELAS

setor hidroviário, principalmente no transporte de produtos para as regiões mais pobres do país, por um preço mais acessível e com menores danos ao meio ambiente”. Dados do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte), do Ministério dos Transportes, mostram que o consumo de combustível no transporte hidroviário chega a ser 19 vezes menor do que no rodoviário. Para transportar mil toneladas por quilô-

metro útil por hidrovias são gastos, em média, 5 litros de combustível, contra 96 litros nas rodovias. Isso causa impacto direto no preço dos produtos transportados. Segundo o diretor de infraestrutura aquaviária do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Adão Proença, o frete do transporte de soja, por exemplo, chega a ser 30,6% mais caro no Brasil devido à falta de uma infraes-


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ANTAQ/DIVULGAÇÃO

EFICIÊNCIA HIDROVIÁRIA CONSUMO DE COMBUSTÍVEL Quantidade (litro por 1.000 TKU) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

90

15 5 Hidroviário

Ferroviário

Rodoviário

EMISSÃO DE CO2 Quantidade (gramas por TKU) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

164,0

48,1 33,4

Hidroviário

Ferroviário

Fonte: Antaq

Itaipu impede a conexão entre as bacias Tietê-Paraná e Paraná-Prata

trutura adequada. “A nossa produção agrícola deveria ser escoada, preferencialmente por hidrovias. Porém a pequena quantidade de rios navegáveis faz com que o país perca competitividade no mercado mundial, isso impacta em um crescimento mais lento”, afirma ele. Proença reconhece que o setor esteve abandonado por duas décadas, mas garante que os investimentos estão sendo retomados. De acordo

“Podemos avançar no transporte de produtos com menores danos ao meio ambiente” METON SOARES, VICE-PRESIDENTE DA CNT

Rodoviário

com o diretor, até 2014 deve ser investido R$ 1,987 bilhão em obras de melhorias, como dragagem, sinalização das vias e modernização de portos, nas oito bacias hidrográficas brasileiras. E diante das dificuldades do setor, empresas brasileiras apresentam algumas soluções inovadoras, como o sistema Ro-Ro Caboclo (transporte de carretas carregadas por balsas em vias de baixo calado), utilizado na Amazônia, pela

Transportes Bertolini “Precisamos aprender a conviver com a realidade da região. Investimos na intermodalidade e nossos caminhões e carretas passaram a ser transportados em balsas capazes de navegar em rios de até 2,20 metros de profundidade”, diz Paulo Vicente Caleffi, presidente da CIT (Câmara Interamericana de Transporte) e representante da Bertolini no evento. (Com Rosalvo Streit e Jacy Diello) l


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RODOVIAS DO BRASIL – CENTRO-OESTE

Para escoar melhor a safra Região precisa de estradas de qualidade para o transporte de grãos de uma das maiores áreas produtoras do país POR

região Centro-Oeste do Brasil deve registrar a maior participação na produção de grãos da safra 2011/2012, segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Serão 62,65 milhões de toneladas. Uma alta de 10% em relação à safra 2010/2011. Mas para que todo esse volume possa ser escoado com o menor custo possível, a região precisa de uma infraestrutura de transporte mais eficiente. Há necessidade de inves-

A

CYNTHIA CASTRO

timento na integração dos diferentes modais, com maior participação do ferroviário e do aquaviário. E como grande parte do transporte de grãos do Centro-Oeste se dá pelo modal rodoviário, é imprescindível investir nas estradas. Outros segmentos estão se desenvolvendo na região e também necessitam de infraestrutura de qualidade. Pelos dados da última Pesquisa CNT de Rodovias, 70,8% dos trechos avaliados no Centro-Oeste apresentam

algum tipo de deficiência, sendo classificados como regular, ruim ou péssimo. O percentual de rodovias com estado geral regular foi de 35%. Os trechos ruins somaram 26,7% e os péssimos, 9,1%. Nesta terceira reportagem da série da revista CNT Transporte Atual sobre os dados da Pesquisa CNT de Rodovias 2011, produtores, transportadores e pesquisadores falam da importância de se investir mais para melhorar a qualidade das estradas nessa região composta por

quatro unidades federativas: o Distrito Federal e os Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para José Hélio Fernandes, presidente da Fenatac (Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas), mesmo que nos últimos anos a qualidade das rodovias da região tenha apresentado uma melhora significativa, os números do estudo da CNT mostram que ainda é preciso fazer muita coisa. “O que mais nos preocupa neste


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FOTOS PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2011

BR-163 Rodovia tem papel fundamental no escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste

momento é a manutenção da qualidade dessas estradas, principalmente em relação ao pavimento. Ficamos anos sem investimentos e não queremos isso de novo.” De acordo com ele, além da importância para o escoamento da safra agrícola, as rodovias do Centro-Oeste têm papel fundamental na ligação entre as demais regiões do país, como é o caso da BR-020, que segue para o Nordeste, da BR-040, na ligação com o Sudeste, e da BR153, em direção à região Norte.

Na avaliação de José da Fonseca Lopes, presidente da seção de transportadores autônomos, de pessoas e de bens da CNT, a falta de atenção com as rodovias reflete no aumento dos custos do transporte, na perda de competitividade do Brasil e também no maior risco de acidentes. Tudo isso envolve veículos de transporte de cargas, de transporte de passageiros e carros particulares. “Precisa haver investimento de fato para manter o que já existe e também para melhorar

“É necessário investir em outros modais, mas não podemos dispensar a agilidade das rodovias” CARLOS FÁVARO, APROSOJA-MT

outras rodovias da região Centro-Oeste. Há trechos em condições muito ruins”, diz o presidente da Abcam. Lopes chama a atenção para a necessidade de que sejam colocadas balanças de pesagem suficientes em funcionamento no país. O excesso de peso de muitos veículos contribui para comprometer a qualidade do asfalto. “É necessário controlar esse excesso de peso para reduzir os prejuízos à qualidade da rodovia e também pela questão da segurança.”


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“Precisa investir para manter o JOSÉ DA FONSECA LOPES, PRESIDENTE DA ABCAM

AVALIAÇÃO DAS RODOVIAS Veja o resultado da Pesquisa CNT de Rodovias 2011 em relação ao Centro-Oeste ESTADO GERAL (EM %)

PAVIMENTO (EM %)

SINALIZAÇÃO (EM %)

BR-060 Rodovia que corta

GEOMETRIA (EM %)

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

No Estado do Mato Grosso, 70,1% dos trechos avaliados na Pesquisa CNT de Rodovias apresentam algum tipo de deficiência no estado geral. Em relação às condições da superfície do pavimento, somente 30,7% foram considerados totalmente perfeitos. No Mato Grosso do Sul, o percentual total de trechos pesquisados com estado geral considerado regular, ruim ou péssimo foi de 72,9%. Em Goiás, 71,5%, e no Distrito


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que já existe e para melhorar outras rodovias”

PASSAGEIROS

Transporte exige segurança

o Mato Grosso do Sul, Estado onde 28,5% das estradas foram consideradas ruins

Federal, 51,6%. Somente no DF não há trecho com estado geral classificado como péssimo. No ranking das 109 ligações rodoviárias feito pelo estudo da CNT, trecho da GO-174 (Rio Verde a Iporá) foi o penúltimo colocado. As ligações rodoviárias são formadas por uma ou mais rodovias, que têm relevância para o transporte de cargas e também de passageiros. O presidente da AprosojaMT (Associação dos Produtores

de Soja do Estado de Mato Grosso), Carlos Fávaro, destaca que as rodovias são de extrema importância para o desenvolvimento da economia e o escoamento dos produtos do agronegócio. “Hoje temos ferrovia que chega ao sul do Estado e há hidrovia em Rondônia. Mas para chegar até esses modais, tem de ser por rodovia. É necessário investir em outros modais, mas nunca poderemos dispensar a agili-

O presidente da Fetramar (Federação das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia), João Rezende Filho, ressalta a importância de o Centro-Oeste ter rodovias em boas condições para que assim possa haver também maior qualidade no transporte rodoviário de passageiros. Apesar de alguns problemas ainda detectados em muitas rodovias, João Rezende considera que nos últimos anos tem havido uma certa melhora em muitos trechos do Centro-Oeste, com investimentos em obras e sinalização, como faixa adi-

dade proporcionada pelo transporte rodoviário”, diz Fávaro. Segundo ele, as melhorias na BR-163 e na BR-158 são fundamentais para facilitar o escoamento da produção em direção ao Norte do país. “Também é importante concluir a BR-080 e a BR-242, rodovias com diretrizes no sentido leste-oeste. Temos então a necessidade de obras no Mato Grosso, pelo menos nessas quatro rodovias.

cional de subida, entre outras. Acidentes A questão da segurança nas estradas é ressaltada pela Pesquisa CNT de Rodovias, que traz números de acidentes em todo o país. Em 2010, as rodovias federais policiadas, em todo o Brasil, registraram 183 mil acidentes, um aumento de 15,8% na comparação com o ano anterior. Em relação às mortes, o aumento foi de 15,5% em 2010, quando foram registrados 8.516 óbitos. O custo com acidentes envolvendo óbitos em rodovias federais totalizou R$ 4,1 bilhões em 2010, e o prejuízo total com acidentes nas rodovias federais pavimentadas foi de R$ 14 bilhões.

“Dependemos das rodovias para o escoamento da produção agrícola” CLÁUDIO HENRIQUE DE OLIVEIRA, FIEG


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CORREDOR DA SOJA

Aumento de 16,7%

BR-020 Trecho pesquisado no Distrito Federal teve pavimento classsificado como ótimo

“Nos últimos anos, tem havido mais investimento, mas é importante manter as rodovias sempre em boas condições” ALMIL DAL PASQUALE, APROSOJA-MS

A BR-163, a BR-158 e a BR-242 estão em obras. A BR-080 está em fase de projetos”, comenta. De acordo com a Aprosoja-MT, 70% da safra do Estado é destinada para os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR). Fávaro considera que nos últimos anos está havendo mais investimento nas rodovias, mas ele defende que é necessário melhorar mais. Em 2009, a associação criou um movimento chamado Pró-Logística para reivindicar melhorias na infraestrutura da região. Participam também entidades de outras áreas, como associações de criadores, federações de indústria e do comércio.

O presidente da Aprosoja Mato Grosso do Sul, Almil Dal Pasquale, destaca que, “no Estado, o transporte se dá basicamente sobre rodas”, e é muito importante priorizar os investimentos nas rodovias. “Nos últimos anos, tem havido mais investimento, mas é importante manter as rodovias sempre em boas condições. O agronegócio depende das rodovias.” O Centro-Oeste é a segunda região mais extensa do país. A agricultura comercial tem sido impulsionada com o cultivo de soja, arroz, café, algodão e milho. Os dados do Ministério da Agricultura indicam que o

As condições do pavimento de um importante corredor da soja do Brasil, entre o município de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, passando pelo Mato Grosso do Sul e chegando ao Paraná, no porto de Paranaguá, geram um aumento do custo operacional do transporte rodoviário em torno de 16,7%. Esse corredor tem 2.586 km e é formado pelas rodovias federais BR-163 (Lucas do Rio Verde, sentido Campo Grande), BR-467 (em Cascavel) e BR-277 (em Paranaguá). Os dados são do estudo “Custo operacional: o caso da soja brasileira”, que integra a última Pesquisa CNT de Rodovias. Para exemplificar a perda econômica devido à qualidade das rodovias, a CNT avaliou esse corredor, considerando uma escolha típica de muitos transportadores de soja do Centro-Oeste, por uma rota mais curta e com menor número de praças de pedágio. E a escolha da soja se deve ao fato de o grão ser a principal commodity agrícola de exportação brasileira. Em 2010, o Brasil plantou 23,3 milhões de hectares de soja, o que representa 35% do total agrícola plantado no país. Nesse mesmo ano, foram produzidos 68,5 milhões de toneladas de grãos de soja em todo o território nacional. E o CentroOeste é a principal região pro-


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PERDA ECONÔMICA A qualidade do pavimento no corredor entre Lucas do Rio Verde e Paranaguá gera um aumento de custo operacional. Veja abaixo.

no custo operacional dutora, respondendo por aproximadamente 46% da produção. O aumento do custo operacional de 16,7%, devido ao estado do pavimento entre a região produtora de Lucas do Rio Verde e o porto de Paranaguá, deve-se principalmente às alterações nos custos variáveis do transporte, que incluem as despesas com combustível, lubrificantes, conjunto de rodagem, pedágio e manutenção. A Pesquisa CNT de Rodovias 2011 apontou que em 1.989 km dos 2.586 km do corredor em análise há algum tipo de deficiência no pavimento. Se houvesse investimento em melhorias do pavimento desses trechos com problemas, haveria uma economia de R$ 38,5 por tonelada de soja deslocada. Isso equivaleria a uma redução de cerca de 13% no frete de uma tonelada de soja transportada de Lucas do Rio Verde até o porto de Paranaguá.

Condições do pavimento

Custo adicional devido à qualidade do pavimento, em qualquer rodovia

Custo adicional no corredor Lucas do Rio Verde/Paranaguá*

Ótimo 0,0% 0,0% Bom 18,8% 12,5% Regular 41,0% 4,2% *Os trechos do corredor pesquisado foram classificados como ótimo, bom e regular em relação à qualidade do pavimento

APROSOJA-MT/DIVULGAÇÃO

SOJA Carregamento do produto Fonte: Pesquisa CNT de Rodovias 2011


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ENTREVISTA - SÉRGIO RONALDO GRANEMANN

“Tem que manter as rodovias e AGRONEGÓCIO Saiba mais sobre a participação do Centro-Oeste na produção nacional. Os números do Ministério da Agricultura são uma projeção para 2012

Produção de grãos Participação das regiões do Brasil na produção nacional 2,7%

Centro-Oeste

10,6% 11,6%

Sul

38,3%

Sudeste 36,8%

Nordeste Norte Produtos selecionados

Participação do Centro-Oeste na produção nacional 70 60 50 40 30 20 10 0

65,1%

62%

50,8% 36,8%

Algodão

Milho

Soja

Sorgo

Exportação Estimativa 60 50 40 30 20 10 0

46,3%

44%

53,2% 21,5%

13% Algodão em pluma

Milho

Soja

Farelo de soja

Óleo de soja

Fonte: Ministério da Agricultura

Centro-Oeste deve continuar com a maior participação na produção nacional de grãos. Na safra 2012-2013, a previsão de participação é de 38,3%, seguido do Sul do país, com 36,8%. Mas apesar da predominância do agronegócio, outros segmentos têm se destacado na região. O economista Cláudio Henrique de Oliveira, da Fieg (Federação das Indústrias do Estado de Goiás), afirma que o Estado está diversificando o seu parque fabril. “Dependemos das

rodovias para o escoamento da produção agrícola. Mas podemos destacar também outras áreas importantes, como o setor farmoquímico, fábricas de fertilizantes e até mesmo o setor automobilístico”, diz Oliveira. O economista da federação cita ainda que o porto seco do município de Anápolis, em Goiás, e empresas de distribuição são exemplos de atividades que precisam de boa infraestrutura de transporte.

Para que os produtos do Centro-Oeste possam ser transportados com mais eficiência e também para que o transporte de passageiros ocorra com mais qualidade e segurança, é necessário investir na melhoria das rodovias, que predominam hoje no transporte da região. Mas o doutor em economia de transportes e logística, professor da UnB (Universidade de Brasília), Sérgio Ronaldo Granemann, faz questão de ressaltar que a solução não está somente em priorizar os investimentos nas estradas. E sim, na necessidade de se trabalhar pelo equilíbrio dos modais, com maior atenção para a expansão das ferrovias e das hidrovias. Granemann também é diretor do Ceftru (Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes) da UnB. Ele participa de um estudo coordenado pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) para avaliar a qualidade dos terminais intermodais de grãos no Brasil. Leia a seguir trechos da entrevista. Qual avaliação geral o senhor faz da importância das rodovias para o Centro-Oeste do Brasil e das condições em que elas se encontram hoje? Há algumas deficiências, especialmente para as rodovias que acessam as regiões produtoras, em relação ao transporte de cargas. O Centro-Oeste é uma região bastante agrícola, mas nem sempre essas rodovias estão em boas condições. De qualquer forma, a precariedade da infraestrutura rodoviária não é uma questão específica do Centro-Oeste, e sim um problema de todo o Brasil, como mos-

tra a última Pesquisa CNT de Rodovias. Tirando algumas rodovias federais que estão concessionadas no Estado de São Paulo e também no Sul, o restante apresenta muita situação crítica. É preciso então investir mais nas rodovias? É preciso orientar a política de investimento em rodovias. É óbvio que existe a rodovia e não podemos deixar que ela desapareça. Tem que ter investimento em duplicação, em conservação. Em curto prazo, isso dá resultado, mas em longo prazo não. Por isso, não se pode esquecer que os outros modais são muito importantes para o escoamento de cargas e também para o transporte de passageiros. Tem que fazer os investimentos simultâneos. A ideia é manter as rodovias e trazer mais investimentos para outros modais. Pensar em integração. No Centro-Oeste, teria que investir mais na integração com outros modais, investir mais em ferrovias. Há ferrovias que passam por aqui, mas que movimentam um volume de cargas muito pequeno. Ocorre uma sobrecarga do transporte rodoviário no Centro-Oeste? Exatamente. E é por isso que é importante investir muito em manutenção, o que nem sempre é feito da forma que deveria. Pelos dados da última Pesquisa CNT de Rodovias, 70,8% dos trechos avaliados no Centro-Oeste apresentam algum problema. Que tipo de prejuízo isso leva para a economia da região?


trazer investimentos para outros modais” JÚLIO FERNANDES/CNT

Os prejuízos são vários. Primeiro os acidentes, que geram um custo social enorme. Há os óbitos. Muitas pessoas acidentadas deixam de trabalhar por invalidez. Isso tudo gera também um custo para a sociedade, com os tratamentos em hospitais públicos. As más condições das rodovias geram mais custos ao transporte. O caminhão que passa em uma rodovia esburacada tem o consumo de combustível maior, pode quebrar. Há ainda os prejuízos ambientais, mais risco de derramamento de produtos tóxicos. Muitos caminhões nem sempre estão bem adaptados ao transporte de grãos. Qualquer problema na rodovia contribui para a perda de carga, que vai derramando ao longo do trajeto. Há uma inadequação de alguns veículos, há imprudência de muitos motoristas. Mas tudo se agrava com as condições ruins das rodovias. E gera também problemas para o transporte em carros de passeio. Também aumentam as chances de quebras e de acidentes dos veículos de passeio. Há rodovias estratégicas no Centro-Oeste que deveriam ter priorização de investimentos ? As ligações tradicionais que vão para São Paulo e para o Norte do país merecem investimento constante porque são grandes corredores de transporte. Mas também é preciso investir nas rodovias estaduais que chegam aos locais de produção e fazem alimentação com esses grandes eixos. As estaduais têm mais capilaridade nos locais de produção. Chegam perto da lavoura e também em zonas industriais. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê vários investi-

PESQUISA Granemann participa de estudo sobre eficiência dos terminais intermodais

mentos em rodovias. Mas não pode ser assim. Uma hora tira um programa da cartola e diz “vamos resolver o problema agora”. Se não houver fiscalização e investimento contínuo em melhorias e na manutenção, não adianta. E é importante lembrar que embora a produção agrícola predomine no Centro-Oeste, há outras áreas importantes. A indústria automobilística está presente em vários locais, como em Catalão, em Goiás. Também em Goiás, há indústria farmacêutica, de informática, grandes empresas atacadistas. No porto seco, em Anápolis (GO), e nos outros Estados do Centro-Oeste, há indústrias que precisam de um transporte de qualidade, além da produção agrícola. Como conciliar o melhor escoamento dos produtos e o cuidado ambiental na região Centro-Oeste? Hoje, não só no setor de transporte, mas em qualquer

investimento público ou privado, tem que fazer o estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental. Todos os aspectos de engenharia, financeiros, econômicos, sociais e ambientais precisam ser considerados para definir a viabilidade do projeto. Problemas ambientais são gerados por todos modais de transporte. Um dos entraves para o uso do transporte hidroviário, em alguns casos, é a questão da preservação ambiental. Alguns rios precisam de obras para ser navegáveis, além de eclusas. E isso gera impactos que precisam ser avaliados. Ao construir estradas, é preciso também cosniderar as áreas indígenas. Tudo precisa ser avaliado para se tomar a melhor decisão. O senhor está participando de uma pesquisa, coordenada pela UFMS (Universidade

Federal do Mato Grosso do Sul), sobre a qualidade dos terminais intermodais. É possível falar em algum resultado do Centro-Oeste? É uma pesquisa que avalia a eficiência dos terminais intermodais de grãos do Brasil. Estamos em fase de análise dos resultados coletados. A pesquisa é coordenada pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e tem a participação de várias outras universidades. O estudo avalia cerca de oito a dez terminais de cada região. No CentroOeste, há pouca integração. O acesso, tanto pela rodovia como pela ferrovia, deixa muito a desejar. Às vezes, tem infraestrutura nos grandes corredores, mas não tem rodovia boa para chegar ao terminal. A intermodalidade não é adequada. Mas, em todo o Brasil, a infraestrutura está aquém do que precisaria. Até o final deste ano, o relatório da pesquisa fica pronto. l


MEIO AMBIENTE

POR

CYNTHIA CASTRO

ara melhorar a qualidade do ar, evitar o acúmulo de sucata, reduzir acidentes, garantir a maior eficiência logística, entre outros inúmeros benefícios, o Brasil precisa implantar um programa de renovação de frota de caminhões e reciclagem dos veículos em final de vida útil. Grande parte da frota atual, de mais de 1 milhão de caminhões, tem idade avançada. Somente os veículos dos autônomos, que representam 32% do total (347 mil), estão com mais de 20 anos de uso. Os caminhões com mais de 30 anos representam 17% (183,7 mil). Ao se incentivar a renovação, é necessário criar meios para a reciclagem, contribuindo assim para economizar matéria-prima e reduzir danos ambientais da sucata depositada em locais inadequados. “A implementação de um programa de renovação de frota de caminhões no Brasil

P

REFERÊNCIA Japão se destaca na

Solução é re II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos trará inúmeros benefícios, não só ambientais, mas para a economia do país”, disse o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade. O assunto foi discutido em meados de março, na sede da CNT em Brasília, durante o II Seminário Internacional sobre

Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota. Japão, Argentina e Colômbia mostraram o que têm feito para resolver o problema e o que ainda falta fazer. No Japão, o sistema de renovação de frota e reciclagem é extremamente eficiente. De um veículo que pesa 1,1 tone-

lada, só sobram 55 kg. O restante vai para a reciclagem. Na vizinha Argentina, há problemas parecidos com alguns do Brasil, como a avançada idade da frota, que dificulta a reutilização de muitas peças dos veículos em final de vida útil, devido ao avançado estado


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RICARDO NOGUEIRA/FUTURA PRESS

reciclagem de veículos; depois de 100 mil quilômetros rodados, troca é incentivada

SANTOS No porto, caminhões chegam a ter mais de 30 anos

novar e reciclar e Renovação de Frota, na CNT, discute o problema e mostra soluções de deterioração. A Colômbia está trabalhando em um projeto de renovação de frota de caminhões e também tem utilizado recursos obtidos por meio de créditos de carbono. Durante a realização do seminário, representantes dos setores privado e público do

Brasil debateram seus pontos de vista sobre o tema. A CNT apresentou o RenovAR (Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões), elaborado em 2009. O plano prevê a consolidação de mecanismos econômicos, financeiros e fiscais, com ênfase para um pro-

grama especial de crédito ao transportador, retirada de circulação de veículos velhos e encaminhamento para a reciclagem. “O RenovAR está dedicado ao fornecimento de crédito, permitindo assim a retirada de circulação dos veículos anti-

gos. O programa foi pensado inicialmente para os autônomos porque, geralmente, são eles que ficam com o veículo no final da vida útil”, disse o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Pelas premissas básicas, o proprietário do caminhão que dedicar o seu


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veículo velho ao processo de reciclagem ganhará um bônus para a aquisição de um novo. A troca de veículos do transporte de cargas deve ser feita prioritariamente acima de 20 anos de uso, conforme indica o plano da CNT. “A proposta do RenovAR é retirar 50 mil veículos por ano. Se começarmos neste ano a tirar 50 mil e encaminhar para a reciclagem, demoraríamos de 2012 a 2023, mais de dez anos, para fazer com que a idade média dos caminhões chegasse a oito anos”, disse Bruno Batista. O II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota teve o apoio da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão). A Jica é um órgão do governo japonês, responsável pela implementação da Assistência Oficial para o Desenvolvimento, que apoia o crescimento e a estabilidade socioeconômica de países em desenvolvimento. Na abertura do seminário, o diretor do escritório da Jica na província de Hokuriku, Akihiko Hoshino, destacou que há no mundo cerca de 1 bilhão de veículos atualmente e que não é

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SEMINÁRIO Encontro reuniu transportadores, representantes do Japão, da Argen


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FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT

EXEMPLO

95% do veículo é reciclado no Japão

tina, da Colômbia e do governo brasileiro

DEBATE PRODUTIVO O presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, recebeu os representantes do Japão, na sede da CNT, durante a realização do II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota. Kenichi Tsugumi, Norihiko Kondo e Akihiko Hoshino falaram sobre as ações que levaram ao sucesso do programa de reciclagem no Japão. Para Clésio Andrade, o Brasil precisa adotar ações urgentes para promover um programa no país. Também estiveram presentes no encontro o presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, e o diretor de Transporte Rodoviário de Passageiros da CNT, Eudo Laranjeiras.

O Japão é uma referência mundial no processo de reciclagem de veículos. Em um país formado por um arquipélago, onde as dimensões territoriais são restritas, dar a correta destinação para os resíduos se torna uma necessidade mais evidente, pois não há espaço para armazenar a sucata. Atualmente, a taxa média de reciclagem por unidade no Japão é de 95%. Ou seja, em um veículo que pesa 1,1 tonelada, só não são recuperados 55 kg, que são destinados para aterros. Há pelo menos cinco legislações específicas no país para viabilizar o reaproveitamento de produtos em final de vida. A Lei de Reciclagem de Automóveis é a mais recente, de 2005. Mas o país tem também leis para a reciclagem de contêineres e embalagens, para aparelhos elétricos domésticos, materiais de construção e alimentos. “O objetivo maior é que o Japão se torne uma sociedade orientada para a reciclagem”, disse o diretor da indústria recicladora Irec (International Recycling Education Center), Kenichi Tsugumi.

Com o aprimoramento de tecnologias, a cada ano, 3,6 milhões de veículos são inutilizados no Japão e destinados aos processos de reciclagem. Pela legislação, os fabricantes ou importadores de automóveis têm responsabilidade de recolher três itens específicos: o gás CFC do arcondicionado, airbags e resíduos pulverizados (o que sobra após a retirada de metais e de outras peças). “São resíduos praticamente sem valor e que ninguém quer reciclar. Por isso, a responsabilidade foi colocada para os fabricantes. O CFC do ar-condicionado causa dano à camada de ozônio. E o airbag também é de responsabilidade do fabricante”, disse o diretor da Irec. Segundo Tsugumi, se esses três itens difíceis de reciclar forem recolhidos adequadamente, o restante será processado apropriadamente no atual mercado de reciclagem. A Lei da Reciclagem de Automóveis do Japão conta com a participação dos usuários. No momento de aquisição de um veículo novo, a pessoa paga uma taxa de reciclagem em torno de US$ 100 (R$ 180). Segundo

Tsugumi, a troca de veículo é incentivada aos 100 mil quilômetros rodados. “No Brasil, são milhões de veículos circulando. Se não houver uma indústria de reciclagem, vai virar uma grande montanha de lixo. E se houver um mecanismo adequado de processamento de veículos, haverá uma enorme chance de negócios”, disse Kenichi Tsugumi. Um conceito usado no Japão, o de Mina Urbana, remete ao potencial guardado nos produtos a serem reciclados. Em um veículo de 1 tonelada, podem ser retirados cerca de 800 kg de ferro, 9 kg de cobre e 68 kg de alumínio, entre outros vários produtos que não são metais. O representante da diretoria da Rum Alliance, Norihiko Kondo, destacou também que existe um grande negócio envolvendo as peças usadas. Segundo ele, há um padrão estabelecido para que essas peças tenham certificação de qualidade. “O sistema de reciclagem contribui para o crescimento econômico, para a geração de empregos, desenvolvimento de tecnologia, melhoria do meio ambiente.”

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AMÉRICA LATINA

Experiências na Arge

LEI Representantes do Japão falaram sobre a legislação da reciclagem

“Se não houver indústria de reciclagem, vai virar uma montanha de lixo” KENICHI TSUGUMI, DA INDÚSTRIA RECICLADORA

possível se descartar a necessidade de reciclagem de automóveis, ônibus e caminhões que chegam ao final da vida útil. “O número de veículos aumenta rapidamente e em países da América Latina, como o Brasil, a Argentina e a Colômbia, é necessário pensar em soluções também. Senão, aumentarão cada vez mais os problemas de poluição ambiental causados pelos veículos abandonados”, disse

Hoshino. A reciclagem é necessária para dar a destinação correta a esses veículos em final de vida útil. E o incentivo à renovação da frota de caminhões também é importante porque esses veículos antigos têm tecnologia ultrapassada e poluem muito mais que os novos. Proposta Representantes do Mdic (Ministério do Desenvolvimento,

Experiências da Argentina e da Colômbia foram expostas durante o II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota, na sede da CNT. A vizinha Argentina tem um modelo desenvolvido pelo Cesvi (Centro de Experimentação e Segurança Viária), que tem autorização para desmontar veículos das seguradoras. São veículos que se envolveram em acidentes e não têm mais condições de circular. A capacidade instalada atualmente é para desmanchar até cem veículos por dia. De acordo com o representante do Cesvi, Gustavo de Carvalho, em 2010, de todos os carros processados, foram comercializadas 75% das peças. Os representantes da Argentina reclamaram da necessidade de se criar legislações no país para que a reciclagem possa ser promovida em larga escala. Eles também denunciaram a falta de controle dos desmanches ilegais. Na Colômbia, o assessor da Diretoria Setorial Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Alexander Valencia, explicou os


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ntina e na Colômbia benefícios gerados pelo sistema Transmilênio, que utiliza ônibus novos com tecnologia avançada. O sistema é baseado em ônibus que circulam por faixas exclusivas, inspirado nos BRTs (Bus Rapid Transit) de Curitiba. Periodicamente, são retirados ônibus velhos de circulação. Assim, menos poluentes são emitidos, e o país recebe recursos financeiros por meio de créditos de carbono. Em relação aos caminhões, a Colômbia tem um programa de renovação de frota que pretende tirar de circulação 100 mil caminhões velhos nos próximos dez anos. Segundo Valencia, atualmente, 30% da frota de caminhões da Colômbia tem mais de 30 anos. E mais de 50% tem mais de 20 anos. De acordo com o representante do ministério colombiano, hoje, em seu país, o veículo a ser reciclado é levado para uma siderúrgica que aproveita o material metálico. Entretanto, ele considera que é importante evoluir mais para aproveitar outros componentes, como ocorre no Japão. (Com Livia Cerezoli e Rosalvo Streit)

TRANSMILÊNIO Colombiano explicou benefícios do sistema

“Um programa de renovação de frota trará inúmeros benefícios” SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DO SEST SENAT

Indústria e Comércio Exterior) informaram que estão sendo iniciados os estudos para a possível estruturação de um programa de renovação de frota e reciclagem de veículos no Brasil. Entretanto, ainda não há ações definidas nem data prevista para qualquer medida mais efetiva. “Estamos tendo ideias iniciais e vamos agir com serenidade para construir um plano ouvindo todas as áreas envol-

vidas: os caminhoneiros autônomos, os frotistas, a indústria. Vamos tentar construir um modelo com amplitude de atendimento, mas que seja factível, para a renovação de frota e reciclagem”, prometeu o diretor da Secretaria de Comércio e Serviços do Mdic, Maurício do Val. Também participa das discussões a Secretaria de Desenvolvimento da Produção, do ministério. Por enquanto, segundo


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LEILÃO

15 mil veículos para reciclagem em SC Até o final do ano passado, 30 mil veículos permaneciam abandonados nos pátios do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de Santa Catarina e em delegacias de polícia do Estado. São veículos apreendidos por documentação irregular, por falta de condições de circular ou por haver alguma pendência com a Justiça ou vinculação a inquérito policial. Muitos deles estavam nessa situação há mais de dez anos. “Às vezes, a pendência é tão grande que o proprietário não tem interesse em regularizar”, disse o presidente da Comissão Estadual de Leilão do Detran, José Theodósio de Souza Júnior. Agora, por meio de um termo de cooperação entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, veículos vinculados a processos judiciais e administrativos ou a inquérito policial serão leiloados. Pelo menos 15 mil veículos (cerca de 10 mil toneladas), incluindo motocicletas, devem ser recolhidos e encaminhados para o processo de reciclagem. A implantação do projeto Leilão de Material Ferroso Reciclável e Inservível permitiu que muitos veículos abandona-

dos tenham uma destinação ambientalmente adequada. “O diferencial de nosso projeto é que a empresa que arremata o leilão tem a obrigação de fazer a descontaminação – retirar óleo, combustível e outros produtos – e também precisa desmontar as peças que podem ser reutilizadas. A empresa não pode aproveitar somente o metal, mas tem que se comprometer a tentar reaproveitar outros materiais do veículo antes da trituração, como plásticos, borracha, bancos etc. Até portas e capôs em bom estado devem ser reaproveitados antes de serem triturados”, explicou José Theodósio. Segundo ele, a Gerdau foi a vencedora do primeiro leilão do projeto, no final do ano passado. Dez mil toneladas de material ferroso e reciclável abandonado nos pátios do Detran foram arrematadas por R$ 1,7 milhão. De acordo com José Theodósio, 15% desse valor irá para uma conta do Judiciário para resolver eventuais problemas por questionamentos dos proprietários dos veículos futuramente. O restante deverá ser aplicado pela Secretaria de Segurança Pública. Além dos benefícios

ambientais e da geração de recurso para o Estado, o projeto terá outro impacto positivo, segundo o presidente da comissão, que é a intensificação da fiscalização. Conforme José Theodósio, em Santa Catarina, há 860 mil veículos circulando irregularmente, o que representa em torno de 25% da frota. E, atualmente, com os pátios lotados, não há mais espaço para encaminhar muitos veículos apreendidos nas ruas. “Com o esvaziamento dos depósitos, a fiscalização voltará a ter mais força”, afirmou. Na avaliação de José Theodósio, para implantar projetos como esse, é preciso que os Estados se mobilizem. Mas ele considera também que o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) deveria criar uma norma específica para agilizar os leilões dos veículos apreendidos que não têm mais condições de circular. “Muitos carros foram retirados das ruas exatamente porque não têm como circular porque estão velhos demais. E esses veículos são tratados pela legislação da mesma forma que aqueles mais novos apreendidos por outros motivos. Então, é preciso haver uma diferenciação para que esses antigos tenham o processo de leilão mais facilitado.”

“Muitos carros foram retirados das ruas porque estão velhos demais e não têm como circular” JOSÉ THEODÓSIO, DETRAN DE SC


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RENOVAR Saiba mais sobre o Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões elaborado pela CNT PREMISSAS Troca do veículo • O plano é dirigido, prioritariamente, para os caminhoneiros autônomos • Será oferecido pelo governo um bônus pelo caminhão antigo a ser entregue pelo proprietário • Esse bônus poderá ser utilizado somente para a compra de um caminhão mais novo • Haverá melhoria do acesso ao crédito, principalmente para os autônomos • O plano deve estar alinhado com a inspeção veicular e com a Política Nacional de Resíduos Sólidos

Veículo usado • Para se conseguir o bônus, o veículo deve ter mais de 20 anos de uso (são 347 mil no Brasil) • Tem de ser registrado no RNTRC (Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga) e no Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) • Deve ter sido usado em atividades de transporte nos últimos 12 meses • Precisa estar em condições de circular • Não pode possuir ônus ou encargos • Deverá ser encaminhado para a reciclagem

Reciclagem • O governo terá de organizar e monitorar centros de recepção e de reciclagem • Estabelecer regras que controlem o processo de desmontagem • Utilizar processo ambientalmente adequado • Garantir que a sucata seja aproveitada

VANTAGENS

APROVEITAMENTO No Japão, só 55 kg de um veículo de 1,1 t vão para aterro

Maurício do Val, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) analisa a possibilidade de uma nova linha de financiamento de caminhões, e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) começa a estudar alternativas nos cenários normativos e de certificações, especialmente em relação a possíveis centrais de reciclagem. Mas ainda não há nada conclusivo, de acordo com o representante do ministério. Maurício do Val informou também que a motivação para

essa discussão foi o Plano Brasil Maior. “Esse plano é a nova política industrial do governo brasileiro, que trata não só dos interesses de fomento das indústrias, mas também do aumento da competitividade do setor de serviços. E, na ótica do setor de serviços, merecia um destaque o bloco setorial de serviços logísticos”, explicou. Segundo ele, a realização do II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota foi muito importante para que se possa conhecer experiências de outros

Sociais • Redução de acidentes • Redução de congestionamentos • Melhor qualidade do ar • Melhor mobilidade urbana • Melhor qualidade de vida para a população • Melhor condição de empregabilidade para o autônomo

Econômicas • Fortalecimento da indústria • Diminuição dos gastos com saúde pública • Diminuição dos gastos com acidentes • Redução de custos operacionais (combustível e manutenção) • Melhor gestão da frota e de seus insumos • Aumento da qualidade do serviço de transporte • Dinamização da logística nacional

Ambientais • Redução drástica das emissões veiculares • Reciclagem de veículos antigos com tratamento adequado dos resíduos • Redução da emissão de CO2 em toda a cadeia de produção • Redução do consumo de combustíveis • Diminuição de congestionamentos • Produção sustentável • Fortalecimento da política ambiental e da política de resíduos sólidos Fonte: RenovAR/CNT


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BRASIL

Potencial para aproveitar mais No Brasil, 1,5% da frota que sai de circulação anualmente é encaminhada para a reciclagem, conforme informações do Inesfa (Instituto Nacional das Empresas de Preparação de Sucata Não Ferrosa e de Ferro e Aço). Muitos desses veículos são provenientes de leilões promovidos por alguns Estados, de acordo com o secretário-executivo do Inesfa, Elias Bueno. O instituto reúne 3.000 empresas do comércio atacadista de resíduos e sucatas metálicas de todo o Brasil, que trabalham na coleta, seleção, preparação e destinação de qualquer material metálico reciclável. Entre eles, estão veículos, eletrodomésticos (geladeiras, fogões, máquinas), embalagens (latas de aço) etc. Por ano, são processadas cerca de 9,5 milhões de toneladas de sucatas de ferro e aço no Brasil, sendo aproximadamente 8,5 milhões de toneladas pelas siderúrgicas e 1 milhão pelas fundições. Do total de 9,5 milhões de toneladas, cerca de 35% a

40% do abastecimento é realizado pelas 42 empresas filiadas ao Inesfa. Em relação aos veículos, o secretário-executivo do Inesfa ressalta que o Brasil tem potencial para reciclar muito mais. Para que isso aconteça, o primeiro passo, segundo ele, deve ser a criação de uma legislação específica, de abrangência nacional. “Essa legislação deve incentivar e regulamentar a reciclagem de veículos, possibilitando o desembaraço e a baixa nos órgãos competentes com rapidez”, diz Bueno. Mas ele destaca também que precisa haver um envolvimento financeiro do governo para estimular o proprietário a trocar o veículo antigo. “Em alguns países, quando o carro é trocado, é obtido um desconto se o proprietário entregar o veículo usado no ato da compra. Ou ele recebe um bônus para a compra de um carro zero quilômetro ou com idade menos avançada”, comenta o secretário-executivo do Inesfa.

CESVI Na Argentina, Centro de

“Uma legislação específica deve incentivar e regulamentar a reciclagem de veículos” ELIAS BUENO, DO INESFA

países e buscar exemplos do que pode e do que não pode ser usado no Brasil. “Está sendo iniciada uma discussão para a localização dentro do cenário internacional de qual seria o modelo mais adequado para um programa de renovação de frota que possa vir a ser implementado no Brasil”, garantiu o representante do Mdic. Maurício do Val afirmou que seria formado um grupo de trabalho dentro do ministério para discutir o assunto e que a CNT participaria desse grupo. Ele afirmou que a proposta do RenovAR será analisada pelo governo,


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FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT

LANÇAMENTO

Livro aborda a reciclagem

Experimentação e Segurança Viária faz o desmonte legal de veículos

inclusive a possibilidade de oferecimento de um bônus para o proprietário que encaminhar o veículo em final de vida útil para a reciclagem. Em 2010, o governo federal aprovou a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), e uma grande expectativa é que o tema da reciclagem de veículos possa ser contemplado por essa política. Entretanto, a gerente de resíduos perigosos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Maria Faria Veloso, disse que não está claramente citada na PNRS a

Durante o II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota, foi lançado o livro “Reciclagem e Sustentabilidade na Indústria Automobilística”, escrito pelo engenheiro aeronáutico Daniel E. Castro, doutor em engenharia de materiais e professor do CefetMG (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais). O livro tem nove capítulos que abordam temas variados. Um deles, sobre a situação dos veículos de transporte de cargas no Brasil e a necessidade de reciclagem, foi escrito pelo assessor governamental da CNT, o engenheiro Vinicius Ladeira. Também são abordados o surgimento da indústria automobilística, a reciclagem na Comunidade

obrigatoriedade da logística reversa para os veículos. Lentidão Durante as considerações finais do seminário, o presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, também presidente da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), questionou a lentidão do poder público em colocar em prática um programa que permita a renovação de frota de caminhões no Brasil e a reciclagem dos veículos em final de vida útil.

“Estamos tendo ideias iniciais e agiremos com serenidade para construir um plano” MAURÍCIO DO VAL, MDIC

Europeia, Estados Unidos e Japão, entre outros assuntos. “A ideia é resgatar o tema do ciclo de vida de um veículo. Que não se veja de forma separada o processo de fabricação de um veículo e o da reciclagem. Tudo isso deve fazer parte de um processo só”, diz Daniel Castro.

Daniel Castro, autor do livro

Benatti lembrou que a discussão não é nova. Em 2010, durante o primeiro seminário sobre o tema realizado na CNT, os problemas referentes à frota antiga e a necessidade de se pensar em soluções já foram amplamente debatidos pelo poder público e pelo setor privado. “Há três anos, estamos tratando desse tema dentro da confederação. É importante que seja feito de fato um programa de governo que aborde a renovação de frota. Tem que haver vontade política e incentivo de fato para que isso aconteça”, afirmou Benatti. l


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SEST SENAT

Mais duas unidades inauguradas São Paulo e Rio têm novos centros de atendimento ao trabalhador em transporte POR KATIANE

Sest Senat inaugurou duas novas unidades: em Guarulhos (SP), a 29ª no Estado, e em Paciência, a nona no Estado do Rio de Janeiro. Com as inaugurações, o Sest Senat passa a ter 140 unidades em todo o país. A unidade de Guarulhos está instalada em uma área de aproximadamente 40 mil metros quadrados, com uma área construída de 4.000 metros, e vai levar seus serviços a uma região dinâmica eco-

O

GUARULHOS

RIBEIRO

nomicamente. A unidade pode ser acessada pela rodovia Presidente Dutra. De acordo com o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, nesses 18 anos e meio de existência, o Sest Senat já realizou mais de 100 milhões de atendimentos, nas diversas especialidades da área da saúde, como atendimento odontológico, de fisioterapia, de psicologia e de oftalmologia, além dos diferentes cur-

sos de qualificação profissional oferecidos. Segundo Clésio Andrade, entretanto, existe ainda um déficit de profissionais que precisa ser reduzido ao longo dos anos. "Precisamos hoje formar cerca de 50 mil motoristas por ano e essa nova unidade do Sest Senat estará contribuindo para a formação desses profissionais.”, disse. "O Sest Senat ficou muito bonito e vai atender a um grande número de trabalha-

dores de Guarulhos. Hoje nossa cidade abriga várias empresas do setor, sem falar no fato de possuirmos o maior aeroporto da América Latina", afirmou o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida. "Queremos que a população utilize o espaço não apenas para o lazer, mas, principalmente, para formação de mão de obra para o setor", informou o prefeito. O diretor de Guarulhos, Carlos Alberto Pelúcio, ressal-


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JÚLIO FERNANDES/CNT

mudou o nome de Hum para Celso Rodrigues Salgueiro, importante empresário do setor, já falecido. "É uma homenagem a trabalhadores que deram a vida ao setor de transportes em Guarulhos", destacou Almeida. Além do prefeito de Guarulhos, estiveram presentes no evento o secretário adjunto de Transportes e Trânsito, Celso Masson, o secretário de Educação, Moacir de Souza, e a deputada federal Janete Rocha Pietá.

O presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, participa da inauguração da unidade paulista

tou que a população ganha um grande presente, que irá proporcionar uma maior qualificação profissional e, consequentemente, irá refletir na qualidade de vida dos trabalhadores de Guarulhos. Com uma infraestrutura completa para a realização de cursos, a unidade de Guarulhos possui sete salas de aulas e um laboratório de informática. Para atendimento na área de saúde, possui clínica de fisioterapia

e de psicologia, consultório oftalmológico e oito cadeiras de dentistas. Conta também com um auditório para 137 pessoas. Para as atividades de lazer e esportivas, o Sest Senat mantém piscina semiolímpica, piscina infantil, parque infantil, quatro churrasqueiras, duas quadras poliesportivas e dois campos de futebol soçaite gramado. A nova unidade do Sest Senat tem capacidade para realizar 1.800 atendimentos

odontológicos e 1.500 atendimentos mensais na área de saúde. “Com os nossos atendimentos, auxiliaremos a promoção do bem-estar social aos trabalhadores de Guarulhos e região, oferecendo mais saúde, maior qualificação profissional, esportes, cultura e lazer”, afirmou o presidente do Conselho Regional de São Paulo, Flávio Benatti. Por meio de um decreto, a rua onde está instalada a sede

Unidade em Paciência A unidade do Sest Senat de Paciência (RJ) entrou em funcionamento no dia 2 de abril. A unidade localizada na zona oeste do Rio e principal via de transportes urbanos da região, oferece atendimento na área de saúde. como atendimento odontológico, de fisioterapia, de psicologia e de oftalmologia e completa infraestrutura para a prática de esporte, lazer e atividades culturais. “O Sest e o Senat são entidades responsáveis por gerenciar, desenvolver e apoiar programas que prezem pelo bemestar do trabalhador, ofertando serviços nas áreas de saúde, cultura, lazer e segurança no


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SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

trabalho. Além de proporcionar a formação e assistências necessárias aos profissionais condutores de veículos e demais atividades ligadas ao setor de transporte, que cada vez mais se tornam a mola mestra para o desenvolvimento do país”, afirma a diretora da unidade, Wilma Barros. “O conhecimento torna o profissional mais seguro no exercício de suas atividades, o que diminui, inclusive, os riscos da profissão”, diz a diretora. De acordo com Eduardo Rebuzzi, presidente da Fetranscarga (Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro), a nova unidade vai ajudar a população e os trabalhadores tanto em maiores oportunidades de emprego e crescimento na carreira profissional como no aspecto social, oferecendo uma excelente estrutura para atendimento na área de e de lazer. “É uma unidade muito bonita, confortável e bem equipada, motivo de orgulho para todos nós que atuamos no estratégico setor de transportes”, ressalta Rebuzzi. A unidade está instalada em uma região privilegiada, pois o bairro de Paciência é cortado

RIO Valter dos Santos (esq.), da Viação Algarve, e Eduardo Rebuzzi, presidente da Fetranscarga

pela avenida Brasil, maior via brasileira em extensão e o maior trecho urbano da BR-101. Além de ser a via de principal acesso ao centro da cidade e de escoamento de mercadorias e valores. A avenida Brasil, responsável pelo maior fluxo viário da cidade, com mais de 250 mil veículos por dia, é uma via estratégica para o dinamismo da cidade do Rio de Janeiro, pois diminui os custos de circulação de mercadorias, assim como facilita o acesso às indústrias da região.

Para o presidente da Anttur (Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento), membro do Conselho Nacional do Sest Senat e do Conselho Regional do Sest Senat do Rio de Janeiro, Martinho Ferreira de Moura, Paciência carecia dessa unidade, já que o bairro está a 20 km da zona industrial de Santa Cruz e do polo industrial de Itaguaí, que possuem uma grande demanda por transporte rodoviário de carga e escassez de mão de obra. Além disso, na região,

existem cinco empresas de transporte coletivo de passageiros, com uma frota de 2.500 ônibus, que geram 10 mil empregos diretos. “O Sest Senat chegou em muito boa hora para capacitar esses profissionais e consequentemente atender melhor à população da cidade e região”, afirma. O Sest Senat de Paciência recebeu o nome de Jacob Barata, empresário do setor, na área de transporte de passageiros, que hoje dá emprego direto a mais de 25 mil pessoas em vários Estados. l



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PRESERVAÇÃO

Nosso bem mais precioso Unidades do Sest Senat de todo o país realizaram ações para comemorar o Dia Mundial da Água POR LIVIA

ara incentivar o uso racional da água, o Sest Senat realizou diversas ações nas unidades de todo o país, entre os dias 19 e 23 de março. Distribuição de panfletos educativos sobre o consumo correto da água, palestras, debates, blitze, caminhadas ecológicas e exibição de filmes temáticos movimentaram a semana nas unidades. O Dia Mundial da Água é celebrado no dia 22 de março. A

P

CHAPECÓ

CEREZOLI

data tem como objetivo principal criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para a conservação dos recursos hídricos em todo o mundo. O dia foi instituído depois da realização da Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992). No Brasil, a lei nº 10.670, de maio de 2003, também criou o Dia

Nacional da Água, comemorado na mesma data. Neste ano, a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu como tema central das comemorações a questão da água e da segurança alimentar. De acordo com a entidade, 1 bilhão de pessoas em todo o mundo já vivem em condições de fome crônica, e a falta de água pode impactar ainda mais essa situação. Por

isso, a preservação dos recursos hídricos é tão importante. “Precisamos refletir sobre a dificuldade do acesso à água, sobre o desperdício e sobre a contaminação por poluentes que inviabilizam a reutilização do líquido mais importante do nosso planeta”, afirma o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade. No material educativo distribuído pelo Sest Senat, foram listadas


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FOTOS SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

Uma caminhada ecológica marcou a data na unidade de Santa Catarina

algumas ações para garantir a preservação dessa fonte de vida ainda por muitos anos. São atitudes simples que devem ser praticadas no dia a dia, como manter a torneira fechada enquanto escovar os dentes, evitar vazamentos em torneiras e pias, usar vassoura para limpar o chão e pequena quantidade de água para lavar o carro, além de utilizar reservatórios e armazenar a água da chuva para regar plantas e lavar quintais.

Em Formiga (MG), aproximadamente 250 pessoas aderiram à campanha do Sest Senat. Durante todo o dia 22 de março, funcionários da instituição visitaram empresas de transporte da cidade e da região para falar sobre a importância da data. As atividades contaram com a colaboração da Polícia Militar Rodoviária, das secretarias municipais de Comunicação e de Administração e Gestão de Pessoas, do DER

JOÃO PESSOA Estudantes receberam orientações

(Departamento de Estradas de Rodagem) e da Viação Campo Belo. Na unidade de Chapecó (SC), o Dia da Água foi marcado por uma caminhada ecológica educativa em uma trilha de um quilômetro de extensão, localizada dentro de uma APP (Área de Proteção Permanente) de 44 mil metros quadrados. O Sest Senat, em parceria com o Instituto Araucária, está recuperando a vegetação da trilha. Cem pessoas também parti-

ciparam de palestra sobre práticas ambientais e assistiram a um vídeo sobre o percurso que a água faz das nascentes até as torneiras. Em parceria com a Polícia Rodoviária Estadual, o Sest Senat de Natal (RN) realizou uma blitz educativa para conscientizar os motoristas sobre a importância do uso racional da água. O material informativo também foi distribuído para os usuários do transporte coletivo da capital potiguar. Mais de 200 pes-


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PASSO FUNDO Campanha reuniu

Reprodução do folheto distribuído pelo Sest Senat

soas participaram das palestras realizadas no auditório da unidade. Também na região Nordeste, em João Pessoa (PB), o Sest Senat levou a campanha de conscientização sobre o uso da água para dentro da sala de aula do Colégio Líder Oswaldo Pessoa. Na sede da unidade, alunos dos programas Jovem Aprendiz e Formação de Novos Motoristas para o Mercado de Trabalho também foram orientados sobre o assunto. A preservação ambiental sempre esteve presente nas ações do Sest Senat de todo o país e, em Agudos (SP), não foi diferente. No Dia da Água, mais de 150 pessoas participaram das ações realizadas na sede da unidade, como a caminhada ecológica, as orientações aos pacientes e a exibição do curta “Próximo Retorno”, produzido pelo Sest Senat, em 2010, para trabalhar a temática ambiental. Em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, o Sest Senat, em parceria com a prefeitura, realizou uma blitz educativa na praça central da cidade. As pessoas abordadas receberam orientações sobre o consumo consciente da água, além de mudas de árvores para serem

FORMIGA Motoristas recebe


órgãos municipais na praça da cidade

AGUDOS Usuários do Sest Senat e comunidade participaram das ações do Dia da Água

NATAL Dicas de como economizar água foram distribuídas aos passageiros do transporte coletivo

plantadas e, assim, ajudar na preservação das nascentes dos rios.

ram panfletos educativos durante blitz

Águas brasileiras O Brasil é um país privilegiado quando o assunto é a água. Possui reservas gigantescas dessa fonte não renovável em praticamente todos os Estados. Dados da ONU revelam que o país possui 11,6% de toda a água doce superficial do mundo. Porém, a distribuição desses recursos é desigual. De todo o volume de água disponível para

uso no Brasil, 70% estão localizados na Amazônia, onde vivem apenas 7% da população do país. Os 30% restantes estão distribuídos para atender os 93% restantes da população nas demais regiões. O maior reservatório subterrâneo de água doce conhecido do mundo está localizado, em sua maior parte, no Brasil. O Aquífero Guarani ocupa uma área de mais de 1,2 milhão de quilômetros quadrados nas rochas da bacia sedimentar do Paraná. Em terras bra-

sileiras, são 884 mil quilômetros quadrados entre os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O reservatório também se estende para o Paraguai (58,5 mil quilômetros quadrados), o Uruguai (58,5 mil quilômetros quadrados) e a Argentina (255 mil quilômetros quadrados). Estima-se que o aquífero contenha mais de 40 mil quilômetros cúbicos de água, o que é superior a água contida nos rios e lagos de todo o planeta. l


68

CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

SEMANA DA SAÚDE

Promovendo o bem-estar Atividades realizadas pelo Sest Senat nas empresas de transporte tiveram como foco principal os cuidados com a coluna POR

umprindo seu papel social de oferecer mais qualidade de vida aos trabalhadores do transporte e seus dependentes, o Sest Senat ofereceu atendimento especial durante a Semana Mundial de Saúde. Realizadas em todas as unidades em funcionamento no país entre os dias 9 e 15 de abril, as ações tiveram como foco principal os cuidados com a coluna. Em todo o mundo, o dia 7 de abril é dedicado à atenção da saúde. A data foi criada pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

C

LIVIA CEREZOLI

Durante toda a semana, foram oferecidas palestras e aulas de ginástica laboral nas unidades do Sest Senat e nas empresas do setor de transporte para orientar os trabalhadores sobre as melhores formas de manter uma postura adequada e se prevenir de lesões na coluna. As unidades também organizaram caminhadas e gincanas relacionadas ao tema. De acordo com o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, o objetivo da instituição com a realização do evento é levar as orientações para os traba-

ATENDIMENTO Em Governador Vala

VACINAÇÃO Em Maceió (AL), foram oferecidas vacinas con


CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

69

FOTOS SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

dares (MG), motoristas realizaram diversos tipos de exames

tra diversas doenças

COLUNA Trabalhadores participaram de aula de alongamento em Foz do Iguaçu (PR)

EXERCÍCIOS Ginástica laboral com funcionários de empresa de transporte de Aracaju (SE)

lhadores de forma simples e descontraída. “Procuramos estimular as pessoas para que cuidem da saúde e assim tenham mais qualidade de vida. Os cuidados com a coluna dependem de ações simples que podem fazer toda a diferença no dia a dia”. Em Governador Valadares (MG), as atividades do Sest Senat contaram com a parceria da Unipac (Universidade Presidente Antônio Carlos). Mais de 700 caminhoneiros receberam orientações sobre a coluna e realizaram exames de pressão arterial e índices de glicose. O evento foi realizado no posto de combustível


CUIDE DE SUA COLUNA Com exercícios simples você pode aliviar tensões de um dia de trabalho, melhorar sua saúde e aumentar sua produtividade

SAÚDE Fisioterapeuta de Araçatuba (SP) dá dicas sobre a

Cherokee e contou com a presença de diversas empresas do setor de transporte. Motoristas de empresas de transporte de cargas e passageiros também foram orientados pelos profissionais do Sest Senat em Foz do Iguaçu (PR). Durante toda a semana, aproximadamente 650 trabalhadores participaram das atividades desenvolvidas nas empresas do setor, no posto Gasparin e no porto Seco. Para a coordenadora do Sest, Vanderléia Pietrovski Rolon Cáceres, a participação das empresas foi fundamental para a realização do evento. “É interessante perceber como

elas se preocupam e investem na qualidade de vida de seus funcionários”. As dores nas costas são um grande transtorno na vida de muitas pessoas porque impedem a realização de movimentos rotineiros, influenciando de forma direta na redução do desempenho profissional e da qualidade de vida dos trabalhadores. “Nosso corpo precisa se movimentar. Como os motoristas passam muito tempo na mesma posição, o ideal é que eles façam alongamentos, nem que seja por pequenos períodos”, explica a fisioterapeuta do Sest Senat de


CNT TRANSPORTE ATUAL

distância correta entre o banco e o volante

Araçatuba (SP), Nataly Lino Izeli Martines. Segundo ela, pequenos alongamentos ao acordar, antes de dormir e nos intervalos da viagem já podem garantir uma melhora significativa na qualidade de vida desses profissionais. Durante as atividades da Semana da Saúde realizadas pela unidade em empresas de transporte da cidade, os motoristas também foram orientados sobre a importância de se preparar o local de trabalho, nesse caso, a boleia do caminhão ou a cabine do ônibus. “É importante observar a distância entre o banco e o volante. O motorista não deve ficar

MAIO 2012

71

ORIENTAÇÃO Material educativo foi entregue pelo Sest Senat de Três Lagoas (MS)

com as pernas muito esticadas ou muito dobradas, porque isso prejudica a coluna”, ressalta a fisioterapeuta. As orientações sobre a importância da prática da atividade física e os cuidados com a coluna foram os temas trabalhados nas palestras realizadas pelo Sest Senat de Maceió (AL). Motoristas das empresas de transporte de passageiros da capital alagoana também tiveram a oportunidade de receber orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis e prevenção de acidentes domésticos. Durante toda a semana, na sede da unidade, ainda foram

realizados exames, como aferição de pressão arterial, cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), glicemia e vacinação contra tétano, hepatite B e tríplice viral. Em Três Lagoas (MS), instrutores do Sest Senat visitaram 25 empresas do setor de transporte de cargas e de passageiros para levar as orientações sobre a Semana da Saúde. Os trabalhadores receberam dicas de como manter uma postura saudável e assim melhorar o rendimento profissional. De acordo com o diretor da unidade, Celso Vicente Pereira, é interessante perceber como muitos motoristas já

estão preocupados com o tema. “Eles perceberam que precisam se preocupar com a postura para ter um dia a dia no trabalho mais agradável”, acrescenta ele. No Sest Senat de Marabá (PA), mais de 500 trabalhadores participaram das aulas de ginástica laboral oferecidas para prevenir a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e o DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), duas das doenças que mais causam afastamentos nos locais de trabalho. As atividades foram realizadas na sede da unidade e em empresas de transporte da região. l


Estat铆stico, Econ么mico, Despoluir e Ambiental


FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas

BOLETIM ESTATÍSTICO

MARÇO - 2012

RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO

PAVIMENTADA

Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total

30.051 28.614 11 12

NÃO PAVIMENTADA

63.966 17.073 106.548 26.827 214.414

TOTAL

12.975 76.941 5.234 22.307 113.451 219.999 1.234.918 1.261.745 1.366.578 1.580.992

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas 15.365 Administrada por operadoras estaduais 1.195 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

2.284.143 462.006 873.284 674.004 16.136 40.000 25.120 105.000

11.738 8.066 1.674 7.136 28.614

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)

92.814 3.014 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.289 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos

32 35 2.498

173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos

122 37

FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso

152

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL

44.000 29.000 13.000 1.148

505 918 5.749 6.711 13.883

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

Rodoviário

485.625

61,1

Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário

108.000

13,6

Dutoviário

33.300

4,2

Aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


74

CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*

R$ bilhões

Investimentos em Transporte da União (dados atualizados março/2012)

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

Investimentos em Transporte da União por Modal (total pago acumuldado - até março/2012) (R$ 1,34 bilhão) 0,087

17,66

(6,5%) 0,088 (6,6%) 1,165 (86,6%)

1,33

0,004 (0,3%)

1,34

0,01

Autorizado Valor Pago do Exercício Total Pago Restos a Pagar Pagos Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores

CIDE - 2012

(R$ Milhões)

Arrecadação no mês fevereiro/2012 Arrecadação no ano (2012) Investimentos em transportes total pago* em 2012 (com recursos de 2012 e de anos anteriores)1 Investimentos em transportes total pago* em 2012 (apenas com recursos de 2012)2 CIDE não utilizada em transportes (2012) Total Acumulado CIDE (desde 2002)

399 815 413 403 412 74.165

* O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores. 1 - inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados no exercício corrente e em anos anteriores. 2 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados apenas no exercício corrente. valores pagos em infraestrutura (CIDE) não utilizado (CIDE)

51%

49%

Obs.: são considerados todos os recursos não investidos em infraestrutura de transporte.

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

Aquaviário

Ferroviário

Aéreo

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - MARÇO/2012

PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial4 Reservas Internacionais5 Câmbio (R$/US$)6

2011

acumulado em 2012

últimos 12 meses

expectativa para 2012

2,7 11,00 6,50 29,79

n.d.

n.d.

3,23 9,00 5,28 19,00

9,75 1,01 0,42

352,01

5,85 28,62 364,12

1,87

1,76

1,75

Observações:

90 74,1

72

1 - Expectativa de crescimento do PIB para 2012 2 - Taxa Selic conforme Copom 07/03/2012

54

3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até março/2012

33,7

36

4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até março/2012 (US$ bilhões) 5 - Posição dezembro/2011 e março/2012 em US$ bilhões

18

6 - Câmbio de fim de período 23/03/2012, média entre compra e venda

0

9 6 8 7 5 4 2 3 0 1 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 Arrecadação Acumulada CIDE

2 201

Investimento Pago Acumulado

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização e importação de gasolina (R$ 0,091/liltro) e diesel (R$ 0,047/litro) conforme Decreto nº 7.591 (out-2011). Os recursos da CIDE são destinados ao subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em infraestrutura de transporte.Obs: Alteração da alíquota CIDE conforme decretos vigentes.

Fontes: Receita Federal (fevereiro/2012), COFF - Câmara dos Deputados (março/2012), IBGE e Focus - (Relatório de Mercado 23/03/12), Banco Central do Brasil.

8

R$ bilhões

Rodoviário

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

NECESSIDADE DE INVESTIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES (PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)


CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

75

BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) lançou em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS ESTRUTURA

NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2007 A 2011

2012 ATÉ FEVEREIRO

MARÇO

16.313

10.602

589.905 Aprovação no período 87,49%

87,53%

TOTAL 616.820 87,60%

91,26%

Federações participantes

21

Unidades de atendimento

73

Empresas atendidas

8.419

Caminhoneiros autônomos atendidos

9.767

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.

Carga

Passageiros

FEDERAÇÃO FENACAM FETRANSPORTES FETRABASE FETCESP FETRANCESC FETRANSPAR FETRANSUL FETRACAN FETCEMG FENATAC FETRANSCARGA FETRAMAZ FETRANSPORTES FETRABASE FETRANSPOR FETRONOR FETRAM FEPASC CEPIMAR FETRAMAR FETRANORTE FETRASUL FETERGS

UFs ATENDIDAS PR e MG ES BA e SE SP SC PR RS AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA MG DF, TO, MS, MT e GO RJ AC, AM, RR, RO, AP e PA ES BA e SE RJ RN, PB, PE e AL MG SC e PR CE, MA e PI MS, MT e RO AM, AC, PA, RR e AP DF, GO, SP e TO RS

TELEFONE 41.3347-1422 27.2125-7643 71.3341-6238 11.2632-1010 48.3248-1104 41.3333-2900 51.3374-8080 81.3441-3614 31.3490-0330 61.3361-5295 21.3869-8073 92.2125-1009 27.2125-7643 71.3341-6238 21.3221-6300 84.3234-2493 31.3274-2727 41.3244-6844 85.3261-7066 65.3027-2978 92.3584-6504 62.3598-2677 51.3228-0622

O governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. O objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.

8

SETOR Autônomo

Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

Em Janeiro de 2012, entrou em vigor a fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) para veículos pesados. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) considera que este fato tem impactos significativos no setor, uma vez que novos elementos fazem parte do dia a dia do transportador rodoviário. Nesse contexto, a CNT elaborou a presente publicação, com o objetivo de disseminar informações importantes a respeito do tema. O trabalho apresenta ao setor as novas tecnologias e as implicações da fase P7 em relação aos veículos, combustíveis e aos ganhos para o meio ambiente.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

BOLETIM AMBIENTAL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

2009 EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54

Mudança no uso da terra Industrial* Transporte Geração de energia Outros setores Total

(%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00

PARTICIPAÇÃO

% 97%

VOLUME

34,46

% 97%

VOLUME

38,49

17,26

% 97%

Ferroviário

0,83

2%

1,08

3%

0,55

3%

Hidroviário

0,49

1%

0,14

0%

0,06

0%

35,68 100%

17,87

100%

TIPO CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15

2008

2009

Diesel

(%) 90,46 5,65 3,88 100,00

PARTICIPAÇÃO

2011

2012

44,76

44,29

49,23

51,78

8,00

Gasolina 25,17

25,40

29,84

35,45

6,14

Etanol

16,47

15,07

10,71

1,50

13,29

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

60% 50% 40% CO2 NOx CO NMHc MP

30% 20% 10% 0%

Automóveis GNV Comerciais Leves (Otto) Motocicletas * Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV ** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.

Caminhões Pesados

Ônibus Urbanos

Japão EUA Europa

Ônibus Caminhões Comerciais Leves Rodoviários (Diesel) médios

10 15 10 a 50 CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel. PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará. PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita. SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.

6,9%

1,8%

17%

25,7%

50 28% 20,6%

500 ou 1800**

Demais estados e cidades * Em partes por milhão de S - ppm de S ** Consultar a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br

Caminhões Leves

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - FEVEREIRO 2012

QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s)*

Brasil

2010

(FEVEREIRO)

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009**

CO2 NOx NMHc CO CH4

39,81 100%

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE Rodoviário Aéreo Outros meios Total

VOLUME

Total

*Inclui processos industriais e uso de energia

MODAL

(ATÉ JUNHO)

Rodoviário

MODAL

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR SETOR

2011

2010

Teor de Biodiesel Outros

Pt. Fulgor Enxofre

Corante Aspecto

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - FEVEREIRO 2012

Trimestre Anterior Trimestre Atual

25

% NC

20

13,9

15 10

4,9

5 0

AC 0,0 0,0

AL 4,9 7,9

4,3

5,2

0,0

AM 5,2 4,8

0,0

0,5

1,9

0,0

AP 0,0 0,0

BA 0,5 0,2

CE 1,9 1,9

DF 0,0 0,0

3,3

ES 3,3 2,1

0,0

0,2

2,2

0,7

GO 0,0 0,0

MA 0,2 0,0

MG 2,2 1,7

MS 0,7 1,9

Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.

5,5

4,4

PB 5,5 2,9

PE 4,4 3,0

0,8

MT 4,3 5,6

PA 0,8 1,3

0,4

0,8

2,0

2,5

PI 0,4 0,4

PR 0,8 0,5

RJ 2,0 1,7

RN 2,5 3,0

0,0

RO 0,0 0,0

3,0

1,5

0,7

RR 3,0 2,9

RS 1,5 1,4

SC 0,7 0,6

2,9

SE 13,9 4,7

SP 2,9 2,7

0,0

TO 0,0 0,0

2,2

Brasil 2,2 2,0


EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE POLUENTES

PRINCIPAIS FONTES

CARACTERÍSTICAS

EFEITOS SAÚDE HUMANA

Monóxido de carbono (CO)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis1 e de fontes fixas industriais2.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.

Dióxido de Carbono (CO2)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis1 e de fontes fixas industriais2.

Gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Metano (CH4)

Resultado do processo de combustão de fontes móveis1 e fixas2, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais3.

Gás tóxico, sem cor, sem odor. Quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.

Causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.

MEIO AMBIENTE

Causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.

Compostos orgânicos voláteis (COVs)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis1 e processos industriais3.

Composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. Em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel. O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

O NO2 é irritante para os pulmões e Causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. A exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida4. tendência para problemas respiratórios.

Ozônio (O3)

Formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. Sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.

Gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.

Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.

Dióxido de enxofre (SO2)

Resultado do processo de combustão de fontes móveis1 e processos industriais3.

Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na Gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.

Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. Causador da chuva ácida4, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.

Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.

Conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.

Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.

Material particulado (MP)

Incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.

Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva.

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1. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV. 2. Fontes fixas: Centrais elétricas e termoeléctricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 3. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 4. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br


“A obrigatoriedade de avisar o condutor da localização do medidor não contribuía para desenvolver uma cultura de respeito ao limite imposto” DEBATE

A instalação de placas de aviso de controle de velocidade

Aviso provocava apenas um efeito pontual no condutor ALMIR FERNANDES DA COSTA

década mundial para as ações de segurança viária proposta pela ONU teve seu início oficial no Brasil no dia 11 de maio de 2011. Os principais temas para a redução da quantidade de mortes em acidentes de trânsito são: controle de velocidade, controle do uso do álcool e direção, transporte seguro de crianças, uso do cinto e uso do capacete para motociclistas. O excesso de velocidade está associado à gravidade dos acidentes, portanto, a fiscalização é uma das medidas necessárias para promover a cultura de respeito à velocidade e, logo, a redução de acidentes e vítimas. O Cesvi Brasil, desde 2008, é favorável a retirada da sinalização que orienta a existência dos “radares”, pois acreditamos que a regulamentação (R-19) é suficiente para obrigar o condutor a respeitar a velocidade máxima da via, independente da informação da posição do “radar”. A obrigatoriedade de avisar o condutor da localização do medidor provocava um efeito “pontual” em termos de controle da velocidade, e não contribuía para desenvolver uma cultura de res-

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ALMIR FERNANDES DA COSTA Diretor de operações do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária)

peito ao limite imposto. O condutor, orientado pela sinalização, reduzia a velocidade somente a poucos metros antes do “radar”, não raramente freando de modo repentino, situação que aumentava significativamente os riscos de acidentes graves. Por sua vez, as equipes de fiscalização que possuíam equipamentos estáticos ou portáteis, conhecidos como “móveis”, também precisavam respeitar os limites impostos pela sinalização que indicava a existência de controle de velocidade. Na prática, a placa R-19 que regulamenta a velocidade máxima estava “desacreditada”, pois a maioria dos condutores só se preocupava em manter a velocidade regulamentada nas proximidades do “radar”. Essa condição, certamente, não contribuía para a melhoria da segurança viária. Em dezembro de 2011, o Conselho Nacional de Trânsito publicou a resolução n.º 396, que retirou a obrigatoriedade de sinalizar a existência de radares ao revogar a resolução n.º 214. Pode-se dizer que a nova resolução restabeleceu a “credibilidade” da placa R-19, que, assim como outras sinalizações

de regulamentação, independem de sinalização prévia, cuja inobservância sujeita o condutor às penalidades previstas. Atualmente, são estudadas formas de tornar mais rígida a fiscalização de velocidade nas rodovias por meio de um sistema de verificação que calcula a velocidade média dos veículos. O Estado de São Paulo iniciará os testes dessa nova modalidade de controle ao mesmo tempo em que se calcula a tarifa de pedágio a cada quilômetro rodado. Naturalmente, caberá à autoridade de trânsito estabelecer o limite máximo de velocidade por meio de cálculos adequados à atual condição de infraestrutura da via, sob pena de perder a confiança do condutor na regulamentação e incorrer no desvio de finalidade ao proceder a fiscalização e aplicação da penalidade. A ausência de sinalização informando a presença de “radares”, associada futuramente à medição de velocidade pela média desenvolvida no trecho, obrigará o condutor a respeitar os limites da via, contribuindo para a redução das vítimas por acidentes de trânsito causado por excesso de velocidade.


“Colocar placas avisando onde estão os “pardais” é desrespeitar sua finalidade, transformando-os em pontos de redução de velocidade”

próximas de radares deve ser obrigatória?

Avisar beneficia o infrator e incentiva o desrespeito à lei DAVID DUARTE LIMA

velocidade é um importante fator na ocorrência dos desastres de trânsito. Ela gera insegurança não só para quem está dentro, mas também para os que estão fora do veículo. Um pedestre pode avistar facilmente um carro numa velocidade moderada e calcular sua travessia numa rua com segurança. Mas se o veículo estiver em excesso de velocidade, mudam completamente o cenário e suas consequências: o pedestre não terá tempo de sair da situação, o motorista não terá o espaço necessário para frear ou adotar uma manobra para evitar o atropelamento. É de toda conveniência observar que os atropelamentos a 30 km/h matam cerca de 5% das vítimas; a 50 km/h a metade dos atropelados morre; a 70 km/h só um milagre salva a vítima. Isso porque a violência do impacto cresce exponencialmente com a velocidade: um choque a 60 km/h é quatro vezes mais brutal do que a 30 km/h. Controlar a velocidade não se faz exclusivamente com fiscalização eletrônica. A textura

A

do pavimento, o mobiliário urbano, a largura da faixa de rolamento, lombadas, a profundidade de visão da via, que pode ser quebrada utilizando “chicanes”, são elementos úteis para moderação da velocidade. Insistir apenas em fiscalização eletrônica significa abandonar todo o arsenal de recursos contra o abuso da velocidade. No Brasil, a vigilância da velocidade por “pardais” e “barreiras eletrônicas” tem tido um papel essencial para reduzir a violência no trânsito. As barreiras têm a finalidade de reduzir a velocidade pontualmente, perto de travessias de pedestres, de entrada e saída de veículos e na frente de escolas, por exemplo. Por isso elas são bem visíveis e apresentam num display a velocidade dos veículos que passam. Os “pardais” têm o objetivo de controlar a velocidade ao longo da via. Para realizar bem seu objetivo, eles devem ficar “escondidos” para que os condutores prestem atenção ao velocímetro e obedeçam a velocidade máxima da via. Colocar placas avisando onde estão os “pardais” é simplesmente desrespeitar

sua finalidade, transformandoos em pontos de redução de velocidade. O condutor não precisa saber onde está a fiscalização de velocidade. Ele precisa apenas ser permanentemente informado sobre a velocidade máxima da via por meio de placas e painéis e obedecê-la sempre. As placas que avisam onde está a fiscalização de velocidade fazem parte dos “antídotos” para evitar os flagrantes e multas . Alguns segmentos com influência na nossa sociedade advogam essa forma de “transparência”. Pior: uma questão técnica ficou politizada, faz parte de campanhas e promessas políticas. Morrem todos os anos no Brasil mais de 40 mil pessoas e outras 800 mil ficam feridas. Parte dessa tragédia pode ser atribuída ao excesso de velocidade. Precisamos imitar os países que estão aprimorando a segurança de trânsito, inclusive utilizando câmeras que vigiam toda a via. Avisar o infrator onde ele será fiscalizado é beneficiar o infrator e incentivar o desrespeito à lei. E colaborar com a violência no trânsito.

DAVID DUARTE LIMA Doutor em segurança de trânsito, professor da UnB e presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito



CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2012

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“A qualidade editorial e o rigor jornalístico consagraram a revista como uma das mais importantes publicações sobre transporte” CLÉSIO ANDRADE

OPINIÃO

Uma revista a serviço do setor de transporte

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o mercado editorial jornalístico, a credibilidade determina três importantes características de uma publicação: tradição, aceitação e longevidade. Nos últimos 17 anos, a revista CNT Transporte Atual tem oferecido a seus leitores informações sobre os temas mais relevantes, ligados, sob os aspectos mais diversos, ao transporte. Neste mês de maio, a revista apresenta a edição número 200, um marco para o setor transportador e para todos que acompanham o informativo. A qualidade editorial e o rigor jornalístico consagraram a revista como uma das mais importantes publicações, no gênero, sobre transporte no Brasil. A credibilidade do impresso é resultado de um trabalho com foco no interesse, pela sociedade, das várias nuanças da atividade transportadora em nosso país. Em 17 anos, construímos um veículo de informação para os meios transportador, acadêmico, parlamentar, executivos federal, estaduais e municipais e muitos outros segmentos da sociedade organizada. Tendo transcorrido 17 anos de publicação, em sua ducentésima edição, podemos afirmar que os fatos mais relevantes do transporte brasileiro, ocorridos nesse período, estão registrados na revista CNT Transporte Atual. A maneira independente de divulgar suas notícias, com transparência e autonomia, forjou um caráter editorial desvinculado de qualquer interesse político ou econômico, dando a necessária liberdade para se apontar falhas que comprometem o desempenho do transporte ou para mostrar soluções bem-sucedidas. Posição que transformou nossa revista numa espécie de fórum permanente dos grandes temas nacionais do transporte.

Revendo edições anteriores, especialmente em nosso espaço editorial, não há como não se surpreender com o argumento recorrente contra a infraestrutura deficiente em todos os modais. Ou seja, há 17 anos, a revista dos transportadores acusa, sob os mais variados pontos de vista, a necessidade de o Brasil ter melhores portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias e um transporte público de qualidade. Portanto, por se tratar de uma publicação setorial, a revista CNT Transporte Atual se reserva o direito de promover algumas bandeiras que julga mais relevantes com destaque para a pauta por uma melhor infraestrutura de transporte e, nos últimos cinco anos, pelo desenvolvimento sustentável, informando e buscando o compromisso do setor transportador com a preservação ambiental. Tudo sem deixar de levar a seu público informações curiosas, sempre de maneira agradável. A CNT tem em sua revista mais uma contribuição efetiva da entidade com o desenvolvimento do país. Junto com seus estudos e pesquisas, a confederação, por meio de seu periódico mensal, informa à sociedade brasileira os fatos e reflexões a respeito da atividade que literalmente conduz o país. A revista cumpre, assim, seu mais nobre papel: levar ao povo brasileiro informações para que conheçam a dimensão social e econômica da atividade transportadora. Desde o primeiro exemplar, a revista expressa o compromisso e o objetivo consagrado na CNT de valorizar o setor transportador, usando a informação como um instrumento de divulgação do impacto da atividade no crescimento social e econômico do país.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa

MAIO 2012

Victorino Aldo Saccol José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

DOS LEITORES

VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva

TRÂNSITO URBANO

ÓLEO DIESEL B

Espero mesmo que a nova política de mobilidade urbana traga as soluções necessárias para as nossas cidades não pararem. É impossível convivermos com tantos carros nas ruas. Até quando vamos continuar negligenciando o nosso transporte público e a capacidade de deslocamentos não motorizados? Não podemos aceitar que o número de carros cresça cinco vezes mais por ano do que a população de nossas cidades, como citado em entrevista da revista CNT Transporte Atual de abril.

Tive acesso ao Manuel sobre os cuidados com o óleo diesel B elaborado pelo programa Despoluir depois de ler reportagem na edição nº 199 da revista CNT Transporte Atual. Gostaria de parabenizar toda a equipe pelo material simples e esclarecedor. Não sabia da necessidade desses procedimentos para manter a qualidade do combustível.

Marilu Correia Campinas/SP FERROVIA DE PASSAGEIROS

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque Fernando Ferreira Becker Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante Eclésio da Silva

Foi uma satisfação ler na revista CNT Transporte Atual a possibilidade de colocar em prática os projetos para aumentar o número de ferrovias para o transporte de passageiros. Como deixamos esse serviço se perder ao longo dos anos? O transporte é barato, seguro e muito menos poluente. Gerson Rocha Marília/SP

Vinícius Dias Ibotirama/BA VOOS INTERNACIONAIS É muito bom saber que o número de voos internacionais tem crescido no Brasil. Isso demonstra que a economia do nosso país mantém bons índices. Mas o que me preocupa é a infraestrutura. Nossos aeroportos já não comportam nem a demanda interna de voos. Como ficaremos na Copa? Carol Pires Cascavel/PR CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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