Insegurança

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

ANO XXIII NÚMERO 268 MARÇO 2018

INSEGURANÇA Crise da segurança pública no Brasil afeta o transporte; roubos de carga, incêndios e assaltos a ônibus e trens causam prejuízos bilionários aos transportadores e comprometem a economia do país RODOVIAS ESQUECIDAS: estudo da CNT mostra trechos com as piores colocações em ranking de qualidade


SĂŠrgio Reis Amigo do trabalhador do transporte


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Transformar vidas, essa é a nossa missão.

O SEST SENAT tem como missão fazer a diferença na vida de milhares de trabalhadores do transporte. Completar 25 anos nos faz pensar no futuro e na vontade de estarmos cada vez mais próximos desses profissionais que movimentam o nosso país. Por isso, estamos em processo de modernização da infraestrutura das Unidades Operacionais, a fim de inovar as atividades e qualificar ainda mais os atendimentos. Estamos presentes em todas as regiões do Brasil, então conte com a gente onde quer que você esteja.

O SEST SENAT É SEU. USE-O!


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CNT TRANSPORTE ATUAL

MARÇO 2018

REPORTAGEM DE CAPA Transporte brasileiro é penalizado com crise da segurança pública; setor se mobiliza para buscar soluções para casos de roubos de cargas, incêndios e assaltos a ônibus, furtos em linhas de trens de passageiros e pirataria no Norte Página 18

­­­­T R A N S P O R T E A T U A L ANO XXIII | NÚMERO 268 | MARÇO 2018 ENTREVISTA

Rossandro Klinjey fala sobre o papel das lideranças para o bom desempenho das empresas página

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AÉREO

Parceria possibilita capacitação para profissionais do setor página

28 RODOVIÁRIO

Brasil tem atraso na implantação de equipamentos de segurança veicular

INSEGURANÇA

página CAPA PABLO JACOB E GUILHERME PINTO/O GLOBO

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 SAUS, Quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

CONSELHO EDITORIAL Bruno Batista Helenise Brant João Victor Mendes Myriam Caetano Nicole Goulart Olívia Pinheiro

esta revista pode ser acessada via internet:

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Cynthia Castro - MTB 06303/MG Livia Cerezoli - MTB 42700/SP diagramação

atualização de endereço:

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Débora Shimoda

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

revisão

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Filipe Linhares

Tiragem: 60 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

FERROVIÁRIO

PPPs são alternativas para o desenvolvimento dos sistemas página

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INFRAESTRUTURA

Exército atua na construção e manutenção de obras de transporte no país página

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AQUAVIÁRIO

Indústria naval investe em novas formas de propulsão página

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CNT TRANSPORTE ATUAL

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AGÊNCIA CNT DE NOTÍCIAS: INFORMAÇÕES RELEVANTES PARA O TRANSPORTE INSTITUCIONAL

Workshop com Universidade de Stanford discute o futuro do transporte página

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SUSTENTABILIDADE

RenovaBio ainda gera incertezas aos transportadores página

56 PESQUISA CNT

Estudo mostra quais são as rodovias esquecidas do Brasil página

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ITL

Projetos aplicativos têm gerado bons resultados para as empresas página

O setor cada vez mais conectado.

66 SEST SENAT

Seções Duke

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Editorial

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Mais Transporte

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Boas Práticas

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CIT

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Tema do mês

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Alexandre Garcia

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Instituição capacita cobradores para atuarem como motoristas página

Acesse: www.cnt.org.br 70

MERCADO DE TRABALHO

SEST SENAT lança o Emprega Transporte página

/cntbrasil @agenciacnt

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CNT TRANSPORTE ATUAL

Duke

MARÇO 2018


CNT TRANSPORTE ATUAL

MARÇO 2018

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“Uma atuação firme do poder público garantirá as condições para que os transportadores possam exercer suas atividades” EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADE

Segurança no transporte, progresso para todos

A

situação de insegurança enfrentada pelo setor transportador atingiu índices alarmantes. Os roubos de cargas e os ataques ao transporte rodoviário de passageiros estão afetando a atividade transportadora em todo o país. Os prejuízos financeiros acumulados pelos transportadores são de, aproximadamente, R$ 18 bilhões. As ocorrências são tantas que chegam a impedir a movimentação de cargas e de passageiros em algumas regiões, dificultando o escoamento da produção, o abastecimento das famílias e o pleno desempenho de diversos setores da economia. Temos observado que a insegurança afeta quase todos os modais embora a situação seja mais grave no setor de cargas e no transporte rodoviário de passageiros. Entre 1998 e 2017, foram registrados mais de 285 mil casos de roubos de cargas em rodovias de todo o Brasil, totalizando um prejuízo de R$ 16,3 bilhões. A grande concentração ocorre nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, que somam 82,3% das ocorrências. O roubo de cargas também está crescendo no modal aquaviário, especialmente na Região Norte. De 2011 a 2017, o número de casos mais que dobrou, passando de 13 mil para 26.270 ocorrências de roubos de cargas em rios da região, com prejuízos calculados em mais de R$ 100 milhões. Já nos centros urbanos, a insegurança no transporte rodoviário de passageiros representa alto risco para usuários, empresários e trabalhadores do setor.

Quase 2.200 ônibus foram incendiados durante protestos e em ações de criminosos, entre 2004 e 2018. O caso mais recente ocorreu em março, em Fortaleza (CE), onde cinco ônibus foram queimados em um único dia, causando pânico e perdas para toda a sociedade. Em decorrência dos ataques a ônibus, os prejuízos dos transportadores chegam a R$ 1,6 bilhão no período de 1998 a 2018. Além disso, nos últimos 30 anos, 20 pessoas morreram, 61 ficaram feridas e, em média, 1,08 milhão de passageiros/ dia deixaram de ser transportados em decorrência de ações violentas contra o transporte rodoviário de passageiros. Diante dessa grave situação, no início de abril, a CNT liderou uma comitiva que foi até o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para apresentar o cenário aflitivo vivenciado pelos transportadores e solicitar empenho do novo ministério na formulação de políticas públicas de segurança voltadas para o transporte. Sensível ao pleito dos transportadores, estamos confiantes de que o ministro Jungmann irá incorporar as demandas do setor ao planejamento das ações de segurança pública de curto e longo prazos. Uma atuação firme e decidida do poder público garantirá as condições para que os transportadores possam exercer suas atividades em um ambiente estável e seguro, oferecendo à sociedade sua contribuição para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Segurança no transporte representa progresso, estabilidade e bem-estar para todos.


“Pensar fora da caixa é importante para não focar apenas no que você faz cotidianamente, perdendo a perspectiva de mudança” ENTREVISTA

ROSSANDRO KLINJEY DOUTOR EM PSICANÁLISE

Transformar

para melhorar por NATÁLIA

O

fluxo de transformações no mundo é constante. As mudanças são tão intensas que garantia e estabilidade são palavras que quase perdem o sentido. Essa é uma realidade para as pessoas e para as organizações, na opinião de Rossandro Klinjey, psicólogo clínico, doutor em psicanálise e fenômeno na internet por suas palestras que abordam, entre outros temas, recursos humanos, liderança, perspectivas da educação e gestão de pessoas. Palestrante do Encontro Nacional de Lideranças, evento realizado pelo SEST SENAT em março, em Brasília, Klinjey concedeu entrevista à revista CNT Transporte Atual. Para

ele, vive-se um momento de crise em diversos setores e esferas da sociedade. Esse cenário, segundo o psicanalista, impõe às empresas, aos gestores e a todos os profissionais o desafio da flexibilidade e uma oportunidade de desenvolvimento para alcançar resultados cada vez melhores. Em suas palestras, o senhor defende a importância de se pensar fora da caixa. O que significa isso para as organizações e que tipo de práticas deve integrar uma empresa que busca fazê-lo? Quando o gestor está focado apenas na gestão cotidiana – duplicatas, colaboradores –, ele não consegue ter tempo

PIANEGONDA

para pensar nas mudanças que estão ocorrendo no mundo com uma velocidade jamais vista. Nós não estamos numa era de novidades tecnológicas, visto que elas meio que já se esgotaram, mas sim estamos indo para as disrupturas. Pensar fora da caixa é pensar assim: e se tudo mudar, como vou reagir? Eu tenho que pensar cenários, sem nenhum tipo de paranoia, mas como alguém que pensa em mudanças constantes. Enquanto o negócio está funcionando, eu também tenho que pensar o futuro dele, que pode, inclusive, ser a não existência desse negócio. Nesse caso, é preciso preparo para ir para outro setor. Assim, pensar fora da

caixa é importante para não focar apenas no que você faz cotidianamente, perdendo a perspectiva de mudança, com todos os processos históricos e as variáveis imensas que estão em jogo no mundo hoje. Que tipo de ambiente organizacional é necessário para permitir que as pessoas consigam contribuir para esse pensamento? Uma coisa importante é que há, nas empresas, uma tendência de se achar que só algumas pessoas pensam. Todo mundo pensa numa organização, desde os colaboradores que fazem os serviços mais básicos até os que estão no topo. Quanto mais você ouvir


FOTOS ARQUIVO CNT

“É necessário ver disrupturas e ter pessoas que você sabe que são capazes e inteligentes para conversar, inclusive de outros setores”

quem está dentro da organização, permitir que participem das decisões, mais você vai estimular um ambiente empresarial em que as pessoas estão pensando fora da caixa. Claro que um vai decidir, mas todo mundo pode ser ouvido. Algumas empresas pagam as pessoas para usarem suas mãos, quando elas também têm um cérebro. É um verdadeiro desperdício de talentos. Então, é fundamental estimulá-las. O senhor afirma que são as pessoas que capitaneiam a visão de futuro das empresas. Como é possível mobilizá-las para que estejam alinhadas com o que a organização busca? Existem duas coisas: o que a

organização quer para o futuro e o que o futuro quer para a organização, porque, de repente, o futuro não quer nada do que a organização quer. As pessoas precisam ter liberdade de buscar novas informações. Por exemplo, uma das profissões que mais cresce nos Estados Unidos é a de futurologista, que não tem nada a ver com cartomante. É alguém que, baseado no conjunto de dados, pode analisar as tendências que podem ocorrer e prever mudanças de cenário. Às vezes, é interessante, nas empresas, ter alguém que possa só fazer isto: ir a congressos e encontros, ler sobre disrupturas, porque essas são pessoas que estão livres para chegar

com propostas e prever cenários. Se na empresa não dá para ter alguém assim, que, então, se selecionem algumas pessoas para, de vez em quando, fazerem isso. Outra coisa importante é dar espaço para quem discorda. Se você for ler qualquer livro, seja “A Arte da Guerra” (de Sun Tzu), seja “O Príncipe” (de Maquiavel), você vai descobrir que quem destrói você é o “babão”, porque ele faz você acreditar que sempre está certo. Aquele colaborador que te diz que pode dar errado, e você pensa que é uma pessoa que está desestimulando ou que pensa negativamente, às vezes, é alguém que está tendo a honestidade de avaliar e expor um risco.

Estávamos acostumados com a permanência dos modelos de negócios. Essas transformações geram aflição. Como enfrentar isso e direcionar os esforços para encarar esses novos cenários, seja individualmente, seja nas empresas? Em primeiro lugar, precisamos ter saúde mental, porque, da forma como o mundo está hoje, você começa a achar que é coisa demais, que não vai dar conta. Então, você tem que ser seletivo, fazer uma escolha diante de todas as possibilidades que o mundo oferece. É necessário ver disrupturas no setor, ter uma visão de macroeconomia mínima e, também, ter pessoas que você sabe que são capazes


e inteligentes para conversar, inclusive de outros setores. Isso ajuda a entender o que está acontecendo no mundo. Infelizmente, estamos perdendo essa capacidade de dialogar para aprender. Essa seletividade e o diálogo farão com que você não se desespere nas mudanças e procure se adaptar com a necessária suavidade. Haverá momentos que serão velozes mesmo, então, não dá para estar sempre nesse pico, pois, quando a vida exigir, você vai estar desgastado. Passamos por um momento de crises econômica, política, moral, ética, entre outras. Qual o papel das organizações e das pessoas que as compõem nesse cenário? A gente percebe que, cada vez mais, no Brasil, há uma distância entre os mundos privado e público. Ou seja, as pessoas, de um modo geral, se encaminham para patamares mais éticos do que a política. Isso gera uma ruptura, um mal-estar profundo, e é necessário que as empresas continuem apostando na construção de uma capacidade de gerar lucro da forma mais ética possível. Com o setor econômico deslocado para esse novo patamar, o setor político deverá vir a reboque. Ele sempre estará atrasado. Mas a sociedade de um modo geral e as empresas têm um grande impacto, especialmente as empresas, pois são elas que

geram o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Elas têm que usar esse poder para alcançar um patamar mais ético. Isso inclui compreender que a empresa, além do lucro financeiro, também tem que gerar lucro social. Ela tem que impactar o ambiente do qual faz parte, agregando valor, a começar pelos próprios colaboradores. Eles têm que se sentir bem no lugar onde trabalham. Individualmente as pessoas também têm essa responsabi-

lidade? Como alinhar as condutas pessoais às exigências desse novo tempo? Temos uma responsabilidade profunda. Acho até que, durante muitos anos, muitos séculos, as pessoas sempre esperaram mudanças de cima para baixo. E a gente percebe que isso não adianta. As mudanças que têm consistência são mudanças individuais. Quando ética for um conceito individual, ela se tornará coletiva, de forma que ninguém mais vai discutir. Numa sociedade

em que apenas uns querem ganhar, todos perdem. Numa sociedade em que todos querem que todos ganhem, todos ganham. É isso que queremos construir no Brasil. Nesse sentido, a cultura organizacional tem qual impacto? Profundo. Se um indivíduo vai para uma empresa e o jogo é duro, ele entra para sobreviver. Se a cultura organizacional busca agregar mais valor, vai haver ganhos. Por exemplo, eu tive a oportunidade de visitar


“Quando você consegue aliar desejos individuais aos desejos da organização, você tem alta performance”

uma empresa em que ninguém pode falar mal de ninguém. Você só pode falar do outro sob duas condições: você só poderá falar algo que não tenha nada a ver com a vida pessoal dele e o que você for falar deverá ter realmente evidências de que está prejudicando a organização. Como ninguém pode falar mal gratuitamente de ninguém, a sensação de prazer das pessoas é tão grande que, no domingo, elas estão ansiosas para irem trabalhar na segunda-feira, porque vão

para um ambiente em que há respeito e onde todos estão juntos para ajudar. E outra coisa relevante é você cobrar não só o indivíduo, mas também a equipe. Quando você cobra a equipe, todos têm que dar resultados, todos têm que ganhar juntos. Há organizações em que o gerente não demite diretamente, porque o papel dele é ajudar a solucionar. Quando o gerente chega, ele não provoca sustos, provoca alívio. As empresas que optam por uma competição entre todos têm resultado um custo emocional muito grande, com um nível de produtividade baixo, porque há sofrimento. Se você coloca que quer que cada grupo dê resultados, as pessoas trabalharão umas pelas outras. Este é um princípio importante: colocar todos a favor de todos. Você vai ganhar muito mais com isso. Além disso, é preciso enten-

der que administrar pessoas é administrar subjetividades. As pessoas vêm de famílias diferentes, religiões diferentes, visões de mundo diferentes. Eu preciso pegar esses valores pessoais e saber trazê-los de modo que todos eles se aglutinem em favor da empresa. Se você pegar os grandes líderes, perceberá que eles conseguiram convencer as pessoas de que aquilo era bom para todo mundo. Quando você consegue aliar desejos individuais aos desejos da organização, você tem alta performance. Quando as pessoas têm apenas que ganhar para sobreviver, só haverá prejuízos, pois elas não se sentem responsáveis. Isso está relacionado à ideia de accountability e com a sensação de pertencimento? Como concretizar isso nas empresas?

Quando você se sente pertencente, você se sente responsável. Quando você chama as pessoas para participarem das decisões, o nível de adesão é altíssimo. Quando você apenas comunica a decisão, a adesão é baixíssima. Você pode ser o dono do negócio, mas a pessoa está em um setor em que ela pode saber mais do que você, porque vive muito aquela realidade. Reconhecer isso é um gesto de grandeza e de humildade, dar ao indivíduo o direito de falar, dizer como ele pode ajudar. Isso gera um sentimento de pertencimento, que gera adesão e produtividade maiores. Ser bom é ótimo para os negócios. Ser ruim é péssimo. A gente está cansado do “jeitinho”, da falta de dignidade e de ética em todos os lugares. Para construir algo melhor, que seja bom para todos, temos que fazer a nossa parte.

INICIATIVA

Executivos são capacitados em tecnologias exponenciais O SEST SENAT, em parceria com a CNT e o ITL iniciou, neste ano, um programa de capacitação com a HSM Singularity, reconhecida instituição que atua na capacitação e na formação de lideranças. O programa inclui a participação de altos executivos de empresas do transporte em palestras e debates com especialistas

de referência em tecnologias disruptivas. O objetivo da capacitação é aprimorar o conhecimento sobre o que há de mais inovador na gestão de negócios nos mercados nacional e internacional, contribuindo para a transformação cultural, o fortalecimento e o aumento da competitividade do setor

de transporte brasileiro. O primeiro treinamento - HSM HR Conference Resignificando o papel do RH na era digital - foi realizado em março, em São Paulo (SP). Até o fim deste ano, estão previstos mais três encontros e uma missão internacional ao Vale do Silício, nos Estados Unidos.


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MAIS TRANSPORTE Pneu que despolui o ar GOODYEAR/DIVULGAÇÃO

Já imaginou um pneu que despolui o ar enquanto é utilizado? Essa foi a novidade da Goodyear no Salão Internacional de Automóveis de Genebra 2018. O pneu, que recebeu o nome de Oxygene, tem a lateral preenchida por musgos vivos que absorvem a umidade da superfície da estrada, fazendo com que o vegetal realize fotossíntese enquanto é utilizado. Segundo a fabricante, em uma cidade como Paris, com cerca de 2,5 milhões de veículos, o pneu seria capaz de liberar cerca de 3.000 toneladas de oxigênio e absorver mais de 4.000 toneladas de dióxido de carbono por ano. Além disso, o implemento aproveita a energia da fotossíntese para alimentar o sistema eletrônico de sensores a bordo, graças a uma unidade de processamento de inteligência artificial.

Toyota testa 1º híbrido a etanol do mundo A Toyota iniciou em março os testes de rua com o primeiro veículo híbrido da marca movido a etanol. O Prius rodou

1.500 km entre São Paulo e Brasília para avaliar seu comportamento movido com o combustível. Embora sem data

para chegar às lojas em todo o mundo, a montadora confirma que o objetivo é vender carros com o sistema também no

Brasil. O uso de motores híbridos movidos a etanol também deve chegar a outros modelos da linha Toyota.


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Placas do Mercosul adiadas mais uma vez GOOGLE/DIVULGAÇÃO

O prazo para a implantação das placas do Mercosul em veículos novos brasileiros foi novamente adiado. A resolução que determinava a utilização das placas a partir de 1º de setembro deste ano foi suspensa pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito) por 60 dias. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, em 23 de março. Segundo

o órgão, a suspensão atende à solicitação das empresas que estampam as placas. O prazo para a troca dos veículos usados é até 2023. Anunciadas em 2014, as placas deveriam ter entrado em vigor no Brasil em janeiro de 2016, mas o prazo foi adiado duas vezes. Elas já são usadas na Argentina e no Uruguai.

Sete novos terminais portuários serão leiloados PORTO DE SANTOS/DIVULGAÇÃO

Sete novos terminais portuários serão concedidos à iniciativa privada a partir do segundo semestre deste ano. A expectativa de investimentos ultrapassa R$ 1,3 bilhão. A decisão da concessão foi tomada durante reunião do Conselho do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), realizada em março. Serão três terminais de combustíveis (AI-01, AE-10 e AE-11) no Porto de Cabedelo, na

Trem de São Paulo a Guarulhos Começou a funcionar, no fim de março, a linha de trem entre São Paulo e o aeroporto de Guarulhos. Durante o primeiro mês de funcionamento, o trem irá rodar gratuitamente apenas aos sábados e domingos das 10h às 15h. Depois desse período, passará a circular todos os dias no mesmo horário, também de maneira

gratuita. A partir do terceiro mês de operação, a tarifa cobrada será de R$ 4. Com extensão de 12,2 km, a linha terá três estações: AeroportoGuarulhos, Guarulhos-Cecap e Engenheiro Goulart. De acordo com a empresa responsável pelo trem, a previsão é que a nova linha atenda inicialmente cerca 130 mil passageiros por dia.

Paraíba; dois terminais de granéis líquidos (STS-13 e STS-13A) no Porto de Santos, em São Paulo; e dois terminais no Porto de Suape, em Pernambuco, sendo um de contêineres (SUA-05) e um de veículos (SUA-XX). O prazo de concessão será de 25 anos, prorrogáveis por igual período, exceto nos terminais de Suape, cujo prazo ainda está sendo analisado pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística).

CTPM/DIVULGAÇÃO


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MAIS TRANSPORTE Parceria fortalece o transporte brasileiro CNTA/DIVULGAÇÃO

No mês de março, a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) passou a integrar os Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT. A iniciativa é resultado do acordo estabelecido entre a instituição e a CNT (Confederação Nacional do Transporte) em dezembro de 2017. Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a parceria prevê maior integração e participação mútua nos processos de decisão das duas confederações, que atuam no fortalecimento do setor de transporte e na defesa de temas como o Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas, a modernização e a expansão da infraestrutura brasileira e a política de preços para o óleo diesel. “Os transportadores autônomos são os que mais sofrem com a precariedade das rodovias brasileiras. Junto com eles, vamos aumentar os esforços para garantir fortes investimentos públicos e privados no setor.” Para Diumar Bueno, presidente da CNTA, a atuação do SEST SENAT na formação e qualificação dos caminhoneiros é

Diumar Bueno, presidente da CNTA

essencial e legítima para o desenvolvimento do setor de transporte do país. “É exatamente por esse caminho que seguirá nossa contribuição para o SEST SENAT. Colaboraremos ativamente para o aperfeiçoamento e a expansão dos serviços, e seremos mais um canal voltado a fomentar e partilhar as ações realizadas pela instituição. Juntos, conseguiremos alcançar um número cada vez maior de profissionais para trazê-los

à qualificação e à reciclagem tão necessárias para um futuro de trabalho sadio e com perspectivas de crescimento.” A fundação da CNTA, em junho de 2012, é resultado de um trabalho de mais de 30 anos de organização sindical dos caminhoneiros autônomos no país. A confederação é a entidade de grau máximo na representação desses profissionais e tem, em sua base, as seguintes instituições: Fenacam (Federação Interestadual dos

Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens), a Fetrabens (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo), a Fecone (Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Cargas e Bens da Região Nordeste), Fetramig (Federação dos Transportadores Autônomos de Carga do Estado de Minas Gerais) e Fetac-ES (Federação Interestadual dos Transportadores Autônomos de Cargas na região Sudeste do Brasil).


Voando para e

salvar

transformar Volt.Ag

cada vez mais vidas

Foto: Arquivo ABEAR

VEJA COMO A INICIATIVA ASAS DO BEM AJUDA A TRANSFORMAR VIDAS

O sucesso de um transplante depende do tempo entre a captação de um órgão doado e a realização da cirurgia no receptor. A iniciativa Asas do Bem transporta gratuitamente órgãos e equipes médicas nos aviões das companhias associadas à ABEAR e ajuda a salvar 7 mil vidas por ano no Brasil.

abear.com.br


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BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE

A serviço

do bem

Grupo Wilson Sons, que atua no setor de logística portuária e marítima, possui programa de voluntariado empresarial há mais de dez anos, em todo o país por

C

om mais de 180 anos de expertise no setor de logística portuária e marítima, o Grupo Wilson Sons vem ultrapassando fronteiras, não necessariamente apenas dos oceanos. O programa de voluntariado empresarial “Criando Laços” é responsável pelo engajamento dos colaboradores da empresa, há mais de dez anos, em projetos sociais. Só no ano passado, envolveu 267 voluntários e atendeu aproximadamente 1.400 pessoas em comunidades de todo o país. A ideia nasceu na matriz da empresa, no Rio de Janeiro (RJ), em 2007, mas, ao longo

EVIE GONÇALVES

dos anos, se estendeu para as filiais em Rio Grande (RS), São Francisco do Sul (SC), Paranaguá (PR), Santos (SP) e Santo André (SP). Para engajar o maior número de empregados a fazerem o bem em prol da sociedade, não há regras, tampouco limites de atuação. As filiais de Santo André e de Paranaguá, por exemplo, optaram por levar solidariedade a lares de idosos. Já os voluntários de Rio Grande preferem realizar ações em escolas, como doações de roupas e de livros. No Rio de Janeiro, o programa atua em parceria com o Instituto Rogério Steinberg,

que trabalha com crianças com altas habilidades em diversos campos de atuação, como matemática, música, artes, entre outros. “Fazemos campanhas para conseguir materiais para as crianças, contamos histórias para os mais novos e também oferecemos palestras para as famílias sobre como dar a atenção necessária a essas crianças”, conta Cláudio Viveiros, responsável pelo programa. Outra linha de atuação na capital fluminense é um projeto em parceria com a Marinha. De acordo com Viveiros, a corporação possui um programa que traz atividades esportivas para crian-

ças em comunidades carentes. Outras áreas, entretanto, não estavam cobertas. “Agregamos ao levarmos temas como sustentabilidade. Também contamos histórias e preparamos peças de teatro para os pequenos”. A Wilson Sons também realizou uma recente parceria com a USP (Universidade de São Paulo) para a construção de um barco que reconstituiu o caminho feito pelo naturalista Charles Darwin até o Brasil, em 1832. “A universidade preparou todo o conteúdo, e nós levamos crianças de escolas públicas para conhecer a embarcação. Foi uma grande


WILSON SONS/DIVULGAÇÃO

oportunidade”, lembra. Segundo o responsável pelo programa, geralmente, o critério definido pelo comitê do “Criando Laços”, que possui orçamento distribuído entre matriz e filiais, é buscar instituições localizadas no entorno das empresas. Ele deixa claro, no entanto, que o conceito de entorno é amplo, visto que a companhia possui regiões de influência não necessariamente próximas ao local físico em que se encontra. No projeto em parceria com a Marinha, por exemplo, a Wilson Sons atuou em comunidades, como os Complexos da Maré, do Alemão e de

Acari, no Rio de Janeiro. Viveiros ressalta a importância de projetos de voluntariado para a estrutura das empresas. “É uma ferramenta importante de recursos humanos. Treinamos, identificamos talentos e, como consequência, conseguimos reter os empregados. Também percebemos o programa como uma forma de agregar valor à marca, porque a empresa acaba estabelecendo pontes com as comunidades. É uma relação de ganha-ganha com benefícios para a sociedade, para a companhia e para os próprios colaboradores”, acredita. Sobre o trabalho dos voluntá-

rios, ele é enfático ao dizer que “os olhos brilham com o resultado”. Segundo Viveiros, grande parte das pessoas quer fazer algo em benefício da sociedade. “Às vezes, elas têm dificuldade em oferecer ajuda. A partir do momento em que a empresa disponibiliza um programa organizado, os colaboradores sentem a necessidade de ampliar o sentimento de pertencimento ao local onde trabalham. Muitos gostam de colocar as habilidades em prol da comunidade e se sentem bem com isso”. Sobre a empresa O Grupo Wilson Sons é um

operador integrado de logística portuária e marítima e oferece soluções da cadeia de suprimento. A companhia presta serviços para as empresas que atuam na indústria de óleo e gás, no comércio internacional e na economia doméstica. Entre os principais negócios, estão dois terminais de contêineres, uma empresa de bases de apoio offshore, empresas de apoio portuário, de agenciamento marítimo, de construção naval, de centro de distribuição e terminais alfandegados e de embarcações de apoio ao mercado de petróleo e gás. l


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REPORTAGEM DE CAPA

por

A

segurança pública é, atualmente, um dos temas que mais preocupam os brasileiros. Há grande incerteza sobre o que está por vir, tanto em termos da criminalidade violenta quanto em relação às políticas públicas. O ambiente instável e turbulento aumenta a percepção de que o futuro é incerto e de que toda a sociedade é afetada. Um exemplo emblemático dessa problemática é o de que a escalada da violência e do crime organizado, em todo o país, tem colocado em

DIEGO GOMES

risco as atividades do setor transportador e a prestação de serviços à sociedade. Ao longo das últimas décadas, o transporte vivencia o crescimento dos casos de incêndios criminosos de ônibus e do número de roubos de cargas nas estradas e nos rios brasileiros. “O roubo de cargas, especialmente nos transportes rodoviário e aquaviário, atingiu níveis alarmantes, que afetam não apenas a atividade econômica e a segurança dos trabalhadores do setor, mas também o direito da sociedade

de acesso a bens e produtos. No transporte rodoviário urbano de passageiros, a situação da violência tem levado à perda de vidas e a incalculáveis prejuízos sociais e econômicos”, declara o presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Clésio Andrade. O roubo de cargas no transporte rodoviário alcançou seu ápice nos dois últimos anos, mas já mobiliza o setor há décadas. No ano passado, a CNT apresentou, na XXVII Assembleia Geral Ordinária da CIT (Câmara Interamericana

de Transportes), os crescentes números da insegurança que atingem o setor no Estado do Rio de Janeiro. Contudo a problemática da violência e do roubo de cargas não se restringe às rodovias brasileiras. A navegação, o transporte coletivo urbano, o rodoviário de passageiros e o metroferroviário de passageiros contabilizam prejuízos bilionários em decorrência de incêndios, roubos e vandalismo. Segundo estimativas do “Relatório Ambiente de Negócios” da Firjan (Federação


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PABLO JACOB E GUILHERME PINTO/O GLOBO

Insegurança no transporte Transportadores se mobilizam diante dos alarmantes números de roubos de carga, incêndios e assaltos a ônibus, vandalismos em linhas de trens e pirataria no Norte; setor contabiliza prejuízos bilionários das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), em uma lista de 57 países, o Brasil é apontado como o oitavo mais perigoso para o transporte de cargas, à frente de países em guerra e com conflitos civis, como Paquistão, Eritreia e Sudão do Sul. Tal cenário levou o governo federal a tomar duas medidas estruturantes: criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública, capitaneado pelo ministro Raul Jungmann, e determinar uma intervenção no Estado do Rio de Janeiro, deixando a segurança pública fluminense sob a res-

ponsabilidade de um interventor militar que responde ao presidente da República. Mobilização Diante do cenário cada vez mais hostil aos transportadores, representantes do setor, em nome da CNT, reuniram-se no dia 4 de abril, em Brasília, com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Na ocasião, foi entregue ao novo chefe da pasta um dossiê com o panorama da situação alarmante de insegurança que vem afetando a atividade

transportadora no país, nos últimos 20 anos. Também foi solicitado que sejam priorizadas políticas públicas de enfrentamento do problema. O ministro se comprometeu a intensificar as ações no âmbito do Comitê Gestor da Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, que está vinculado ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública. “Estamos cientes da insegurança que os transportadores vivem em termos de roubos de cargas e incêndios, além de questões

mais agudas, como são os casos do Rio de Janeiro e da Amazônia. Vamos retomar o grupo de trabalho, que já vinha trabalhando a respeito das soluções para os problemas.” Jungmann buscou tranquilizar os transportadores e disse que ações já vêm sendo implementadas, como a intervenção federal no Rio de Janeiro. “Eu quero aqui deixar minha mensagem àqueles que trabalham com transporte no Brasil de que o ministério está preocupado com isso e vai buscar alternativas. Em breve, vamos convidar novamente os


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VIOLÊNCIA URBANA

Prejuízo de R$ 1,6 bilhão com incêndio a ônibus Alvos preferenciais de manifestações e convulsões sociais, os ônibus urbanos padecem da falta de políticas públicas efetivas de segurança e de uma legislação mais rigorosa. Nos últimos 30 anos, foram incendiados 4.209 ônibus no país, segundo a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). De janeiro de 2013 a fevereiro de 2018, foram mais de 1.760 veículos perdidos. Estima-se que o prejuízo nesse período ultrapassa R$ 1,6 bilhão. As perdas econômicas e financeiras levam em consideração a soma dos prejuízos das

empresas (compra de novos veículos e perda da receita) e da sociedade (perda de um dia de trabalho dos passageiros afetados). “Esses números apontam para enormes prejuízos à economia do país, assim como ensejaram, no período de 30 anos, 20 óbitos e 61 pessoas feridas gravemente no transporte urbano. Marginais, criminosos e quaisquer tipos de manifestantes utilizam os ônibus como instrumento de coação”, afirma o vice-presidente da CNT para Transporte Rodoviário de Passageiros e presidente do Conselho Diretor da NTU, Eurico Galhardi.

O preço médio de um ônibus convencional novo é de, aproximadamente, R$ 350 mil. Esse valor não contempla sistemas embarcados, como bilhetagem, plataformas, GPS e outros equipamentos cada vez mais comuns ao transporte público. Caso o veículo seja do tipo articulado, o valor é bastante superior, podendo alcançar até R$ 1 milhão. A queima de um ônibus faz com que seja necessária a reposição, e esse processo leva de quatro a cinco meses. A violência urbana também se reflete no crescente número de assaltos a passageiros.

Assim como os ônibus urbanos, o transporte rodoviário intermunicipal e interestadual de passageiros não passa incólume por essa realidade. “É de fundamental importância que os órgãos de segurança e os órgãos fiscalizadores ampliem sua atuação em nossas rodovias”, comenta o presidente do Conselho Deliberativo da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), Eduardo Tude. Na edição 238, de julho de 2015, a matéria de capa da revista CNT Transporte Atual abordou os incêndios aos coletivos.

MARCOS BORGES

Eduardo Rebuzzi, Irani Bertolini, Eurico Galhardi, Raul Jungmann, Eudo Laranjeiras e Flávio Benatti (esq. para a dir.)

dirigentes para discutir alternativas e soluções que deem mais segurança aos que transportam as riquezas do país”, declara. No campo legislativo, o ministro da Segurança Pública também afirmou que dedicará atenção aos projetos de lei sensíveis ao setor que estão tramitando no Congresso Nacional, como o PL nº 1.572/2007, que propõe o aumento das penas para crimes de incêndio, explosão, atentados contra serviços de transporte; e o PLS nº 321/2017, que aumenta a pena para os crimes de roubo e receptação qualificada quando visarem a algo proveniente do transporte de cargas.


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... MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/DIVULGAÇÃO

“Os números apontam para enormes prejuízos à economia do país, assim como resultaram em óbitos e pessoas feridas. Precisamos de medidas para punir com maior severidade” Eurico Galhardi VICE-PRESIDENTE DA CNT E PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETOR DA NTU

... “Não bastam as ações repressivas, é preciso haver integração entre as inteligências e a legislação para desmontar a cadeia de roubos de cargas” José Hélio PRESIDENTE DA NTC&LOGÍSTICA

... MARCOS BORGES

“Além das vítimas fatais, os casos de incêndios e assaltos a ônibus prejudicam a vida de milhões de trabalhadores” Eudo Laranjeiras PRESIDENTE DA SEÇÃO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS DA CNT E DA FETRONOR

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“As empresas de navegação de cargas e de passageiros estão desamparadas. Precisamos da criação de uma polícia fluvial” Irani Bertolini PRESIDENTE DA FETRAMAZ

Eurico Galhardi (CNT) entrega dossiê com panorama da violência no transporte

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REGIÃO NORTE

Roubos comprometem navegação na Amazônia "O roubo de cargas atingiu níveis alarmantes que afetam a atividade econômica, a segurança dos trabalhadores e o direito da sociedade de acesso a bens e produtos" CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

Estrutura organizada Segundo a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), entre 1998 a 2017, foram contabilizados mais de 285 mil casos de roubos de carga no setor rodoviário do Brasil, totalizando um prejuízo de mais de R$ 16,3 bilhões, sendo que os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, juntos, somam 82,30% das ocorrências. Só em 2016, foram registrados 24.550 roubos de cargas – um aumento de

27,5% em relação a 2015. Isso representou prejuízo de R$ 1,3 bilhão, com Rio de Janeiro e São Paulo concentrando três quartos das ocorrências. Entre os caminhoneiros, predomina a sensação de insegurança. Dados da Pesquisa CNT Perfil dos Caminhoneiros de 2016 apontam que, para 60% dos entrevistados, essa é a principal preocupação na profissão. No caso do Rio de Janeiro, o aumento da violência foi tamanho que elevou os custos das transportadoras com siste-

Nos últimos anos, a pirataria chegou à Amazônia. Segundo a Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), os locais com maior incidência de roubos são os rios Amazonas, Solimões e Madeira. A estimativa de prejuízo anual é de R$ 100 milhões ao segmento somente na região amazônica, sendo que esse valor quadruplicou entre 2015 e 2016. Já os principais alvos das quadrilhas são o combustível e produtos eletroeletrônicos fabricados no Polo Industrial de Manaus. Entre os produtos mais visados, estão combustíveis, mas de rastreamento, seguros e escolta. Algumas chegam a cobrar uma taxa de emergência (Emex) fixa de R$ 10 por fração de 100 kg, mais um percentual do valor de carga (entre 0,3% e 1%). Essa modalidade de crime onera em, aproximadamente, 9% na conta final do produto. Os principais alvos dos criminosos são os produtos alimentícios, eletroeletrônicos e cigarros, uma vez que possuem muita liquidez e um alto valor agregado. Mas também tem crescido substancialmente o número

eletroeletrônicos, bens móveis e mercadorias diversas (principalmente alimentos) e objetos pessoais de tripulantes e passageiros. “Os possíveis destinos são as associações criminosas de narcotraficantes, os garimpos ilegais e o comércio clandestino de mercadorias”, diz o presidente da Fenavega, Raimundo Holanda. Segundo ele, as ações de combate ao crime são praticamente inexistentes. As edições 254 e 567 da CNT Transporte Atual trouxeram o cenário de insegurança e o abandono da região e repercutiram com representantes do setor e autoridades locais. de ocorrências com materiais químicos e farmacêuticos. “Isso, infelizmente, vem apenas para fomentar o ciclo criminoso, trazendo lucro aos atravessadores e criando um ciclo de corrupção por parte de empregados públicos e, também, de atividades subsidiárias dos traficantes de drogas”, explica o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes. A dinâmica dos ataques, normalmente, compreende serviço de informações privilegiadas, escolha seletiva de alvos e


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FENAVEGA/DIVULGAÇÃO

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... “O setor, ao longo dos últimos 20 anos, vem agindo para buscar uma legislação adequada a fim de combater esse problema tão grave. O roubo de cargas alimenta e financia a corrupção e o tráfico de drogas e de armas” Flávio Benatti PRESIDENTE DA SEÇÃO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS DA CNT E DA FETCESP

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“Os roubos e furtos têm aumentado constantemente, e percebemos que as polícias não possuem condições de investigar de forma eficaz” Raimundo Holanda PRESIDENTE DA FENAVEGA

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"Eu quero aqui deixar minha mensagem àqueles que trabalham com transporte de que o ministério vai buscar alternativas" RAUL JUNGMANN, MINISTRO DA SEGURANÇA PÚBLICA

abordagens em rodovias (nas áreas urbanas, os alvos são caminhões menores e cargas de menor monta). A logística envolve locais pré-determinados para levar o caminhão, a carga roubada e, muitas vezes, há uma cadeia de receptação. Do assaltante ao receptador, o sistema que alimenta os roubos de carga se aproveita das dificuldades no rastreamento do produto-alvo do crime. Em determinadas situações, a depender do tipo de item, como cigarros e bebidas, não há qual-

quer dado individual que possa atestar que se trata de uma mercadoria roubada. Em outros casos, é a falta de informações básicas no registro de ocorrências, como o número de série ou do lote da carga levada, que impede a averiguação eficaz da legitimidade de um produto. Tal sofisticação na mecânica dos roubos tem obrigado as empresas de transporte e logística a investirem maciçamente em estratégias de segurança. É o caso da transportadora Braspress, que, só

“Esses delitos impactam não apenas a sensação de insegurança dos usuários, mas também afetam a prestação do próprio serviço de transporte” Joubert Flores PRESIDENTE DA ANPTRILHOS

... “As empresas mantêm sistemas de monitoramento e segurança que ajudam a inibir ações como as relatadas na mídia” Fernando Paes VICE-PRESIDENTE DA CNT E DIRETOR-EXECUTIVO DA ANTF

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VANDALISMO

Ferroviário de passageiros sofre com furto de cabos O setor metroferroviário de passageiros, assim como os demais, vem sentindo as consequências desse cenário por meio dos constantes registros de roubos de cabos, vandalismo e venda de produtos ilegais, tanto dentro dos trens, quanto no entorno das estações. Em 2017, os sistemas metroferroviários registraram mais de 670 ocorrências de roubos de cabos e fios, contabilizando prejuízos na ordem de R$ 7 milhões com reparos e substituições. A maior parte das ocorrências está concentrada no Rio de Janeiro. “Esses delitos impactam não apenas a sensação de insegurança dos usuários, mas também afetam a prestação do próprio serviço de transporte, levando a constantes paralisações dos trens, redução de velocidade operacional, interrupção do serviço e elevado custo de manutenção e reposição, que refletem, em último caso, na elevação do valor da tarifa de transporte”, explica o presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores.

FOTOS SUPERVIA/DIVULGAÇÃO


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AUTÔNOMOS

Presas fáceis de assaltos A crise econômica e o aumento do desemprego contribuíram para a escalada atual da criminalidade. Tal cenário expôs ainda mais os transportadores autônomos, que são obrigados a conviver com ambiente de medo e insegurança. Essa é a avaliação do presidente da Fencavir (Federação Nacional dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros), Edgar Ferreira de Sousa. “O trabalhador autônomo é uma presa fácil da violência urbana. Percebemos que aumentou e muito o número de assaltos e latrocínios (roubo seguido de morte). Isso tem afetado a qualidade de vida e o psicológico de todos.” Segundo o vice-presidente

da CNT para Transportadores Autônomos e presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca, os caminhoneiros vivem uma realidade cruel em decorrência da crise financeira e da violência nas rodovias e áreas urbanas. “Não tem segurança. O caminhoneiro sai de casa e não sabe se volta”, diz. Fonseca fala da dificuldade que os autônomos têm para investir em tecnologias e alternativas para driblar essa realidade. “A única tecnologia de rastreamento que temos é Deus, mesmo, porque o caminhoneiro sai sem segurança alguma. Não temos ponto de parada. Se a carga for roubada, temos de torcer pela manutenção das nossas vidas.”

A VIOLÊNCIA NO TRANSPORTE NA MÍDIA A violência no transporte tem sido pauta recorrente na mídia nacional. A última edição do Prêmio CNT de Jornalismo teve um grande volume de matérias inscritas com essa temática. Três foram vencedoras. O Grande Prêmio, do jornal Extra, abordou o roubo de cargas na reportagem “O Rio sem entrega”. O Estado de S. Paulo venceu a categoria Impresso com a matéria “Perigo nos Rios”, sobre pirataria na Amazônia. Na categoria Fotografia, a vencedora foi “Fora de Controle”, do jornal O Globo, que mostrou a população saqueando a carga de um caminhão roubado - uma das imagens que ilustram a capa desta edição.

...

em 2017, despendeu R$ 45 milhões em gerenciamento de risco. “Isso é custo da insegurança. É com esses recursos com os quais temos conseguido gerir nossa empresa para podermos nos defender da violência, dos assaltos e das quadrilhas organizadas”, afirma o diretor-presidente da empresa, Urubatan Helou. A companhia tem investido em escolta, iscas eletrônicas para rastreio da frota, contratação de pessoas, aplicação de processos e procedimentos. “Temos nos transformado

muito mais em uma empresa de segurança, hoje, do que em uma de logística”, arremata Helou. Segundo ele, a empresa já cobra Emex de todos os clientes cujas cargas transitam pelo Rio de Janeiro. O aparato de resposta do Estado não acompanhou o ritmo de desenvolvimento do crime organizado por trás dos roubos de cargas. O assessor nacional da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Diego Fernandes Brandão, esclarece que o Brasil dispõe de 70 mil quilômetros de rodovias para pouco mais de 10 mil policiais


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PRF/DIVULGAÇÃO

REALIDADE

Violência afeta transporte de valores Em fevereiro deste ano, quatro criminosos explodiram um carro-forte, renderam vigilantes e roubaram armas e malotes de dinheiro na BR-040, em Cristalina, no entorno do Distrito Federal. O caso mostra que a crise de segurança pública chegou a

segmentos até então considerados mais seguros. Por conta disso, empresas de transporte de valores estão investindo em alternativas. Rodrigo Marchini, gerente geral de Logística de Cargas do Grupo Protege, explica que, diante do quadro de rou-

bos de cargas, houve uma adequação na natureza dos negócios da empresa. “Estatisticamente, há uma concentração dos eventos de roubos de carga no eixo RJ/SP. Dessa forma, nossos maiores investimentos foram focados nessas regiões e, consequen-

temente, nossas operações de transporte e armazenagem de cargas de alto valor agregado estão crescendo consideravelmente a cada ano.” Além de valores, a empresa se consolidou com o transporte de eletrônicos, produtos farmacêuticos e pedras preciosas.


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ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL/DIVULGAÇÃO

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... “O Rio vive uma profunda crise, com banalização de saques e roubos, e desordem urbana, mas percebemos que já começa a surgir um encaminhamento” Eduardo Rebuzzi PRESIDENTE DA FETRANSCARGA

... “É necessário que haja um plano nacional de combate ao roubo de cargas, com a união entre as polícias e o Ministério Público” Pedro Lopes PRESIDENTE DA ABTC

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“O trabalhador autônomo é uma presa fácil da violência urbana. A crise econômica e o desemprego contribuíram para agravar esse quadro” Edgar Ferreira de Sousa PRESIDENTE DA SEÇÃO DE TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS DA CNT E DA FENCAVIR

federais. Diante dessa realidade, Brandão explica que a PRF tenta trabalhar com serviços de inteligência, identificando padrões. “A gente trabalha em cima daqueles trechos críticos, em horários críticos e com informações da inteligência policial. A gente recebe informações de rastreio de veículos específicos e trabalha em parceria com as associações do setor para posicionar o policiamento. Também possuímos uma rede para que tenhamos um cinturão de segurança na região metropolitana, o segun-

do, na divisa do Estado, e o terceiro, naquelas rotas que chegam até a fronteira”. Outro problema, na visão dos representantes do setor, é que a legislação é branda quando se trata de roubos e receptações de cargas. “É preciso integração das inteligências e da legislação para desmontar a cadeia de roubos de cargas”, comenta José Hélio. Para o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança

Pública, o crime de roubo e receptação de cargas é lucrativo pelo fato de, além de o transporte ser um alvo fácil, o Brasil não ter uma política de punição alternativa e não organizar sua justiça criminal. “Não se resolve o problema de criminalidade apenas com lei. Essa é uma das ilusões do Brasil, que lei resolve algo. Precisamos fazer com que o crime não valha a pena no sentido de adotar estratégias inteligentes de fiscalização e de evitar que aconteça. Lei por l si só não resolve nada.”

...

“Os órgãos de segurança e fiscalizadores precisam ampliar a atuação nas rodovias” Eduardo Tude PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DA ABRATI

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“O caminhoneiro sai de casa e não sabe se volta” José da Fonseca VICE-PRESIDENTE DA CNT E PRESIDENTE DA ABCAM

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AÉREO

Mais qualificação

e bem-estar

SEST SENAT e Abear firmam acordo para ampliar a oferta de serviços aos profissionais do setor aéreo; iniciativa vai beneficiar mais de 60 mil trabalhadores por

I

nvestir no capital humano é um dos fatores que garante mais dinamismo e produtividade às empresas. Partindo dessa premissa, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e o SEST SENAT assinaram um protocolo de intenções que estabelece as diretrizes para

CARLOS TEIXEIRA e LIVIA CEREZOLI

a ampliação da oferta de serviços gratuitos de capacitação profissional e de saúde e bem-estar direcionados aos profissionais que atuam no setor aéreo e aos seus dependentes. O documento foi assinado durante evento realizado na sede da CNT, em Brasília, no início de abril, e contou com

a presença do presidente da Confederação e dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT, Clésio Andrade, e representantes do setor aéreo, incluindo os presidentes das quatro companhias que detêm 99,5% do mercado nacional. De acordo com Clésio Andrade, a presença dos

transportadores aéreos na Confederação valoriza e fortalece o transporte no Brasil. “O setor trouxe inovação, principalmente na área de qualificação. Agora, com a assinatura desse protocolo, vamos atender, de maneira mais eficaz, os trabalhadores que atuam nesse segmento do transporte.”


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MARCOS BORGES

Jerome Cadier (Latam), Clésio Andrade (CNT e SEST SENAT), José Mario Caprioli (Azul), Paulo Sérgio Kakinoff (GOL), Eduardo Sanovicz (Abear) e Miguel Pedreira (Avianca) - da esq. para a dir.

Para Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, a parceria é revolucionária. “O que estamos construindo muda a vida cotidiana de 60 mil pessoas que trabalham diretamente na aviação, além dos seus familiares. Se pensarmos no todo, estamos falando de um universo de quase 250 mil pes-

soas que passam a ter acesso a um conjunto de benefícios absolutamente tangíveis para a qualidade de vida delas, como atendimentos de saúde de primeiríssima qualidade e atividades de esporte, lazer e cultura. Isso muda a vida dessas pessoas”, diz ele. Sanovicz também destaca

a importância da parceria com o SEST SENAT para o desenvolvimento profissional desses trabalhadores. “Eles passam a ter acesso a uma estrutura de capacitação profissional. Isso é muito importante porque a aviação, antes de qualquer coisa, é qualidade no atendimento às pessoas em terra e

a bordo. Nossos profissionais precisam estar preparados para oferecer os melhores serviços”. O protocolo assinado vai integrar os programas CapacitAR, que tem como objetivo fomentar o crescimento contínuo e o aprimoramento de competências dos profissionais que atuam


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ARQUIVO SEST SENAT

SEST SENAT oferece curso de manutenção de aeronaves

no setor aéreo; e o BemestAR, uma iniciativa mais ampla que prevê a promoção da qualidade de vida para os empregados, ambos coordenados pela Abear. “Essa parceria com o SEST SENAT trará um benefício extraordinário para as pessoas do setor. Os cola-

boradores poderão continuar o processo de desenvolvimento profissional, e isso trará um ganho para todos”, avalia o presidente da Avianca Brasil, Frederico Pedreira, salientando que, por meio da iniciativa, as companhias poderão ter, em seus quadros, profissionais

ainda mais qualificados. O SEST SENAT oferece atualmente 39 cursos presenciais e a distância voltados especificamente para a capacitação dos trabalhadores do setor aéreo, além de outros 600 relacionados à atividade transportadora que também estão disponí-

veis para esses profissionais e seus dependentes. Na visão do presidente da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, a expectativa é que aumente a satisfação dos clientes com os serviços oferecidos. “Devemos lembrar que o setor aéreo é feito de pessoas. Muito mais do que os aviões que nós operamos, são as pessoas que garantem que o passageiro saia de casa e chegue bem ao seu destino. E essas pessoas precisam ser desenvolvidas, cuidadas e atendidas da melhor forma possível. Por isso, é fundamental esse acordo, que abre mais avenidas de desenvolvimento para as nossas equipes.” No protocolo de intenções, também consta a oferta de bolsas de pós-graduação ofertadas para gestores das empresas e ministradas pela FDC (Fundação Dom Cabral) e pela EmbryRiddle Aeronautical University, dentro do Programa Avançado de Capacitação do Transporte, promovido pelo SEST SENAT e coordenado pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística). A iniciativa já atendeu mais de 250 gestores das empresas aéreas. O convênio assinado entre o SEST SENAT e a Abear trará, além do ganho relativo à qualificação profissional, frutos para a gestão das empresas aéreas no que tange ao bem-estar dos colaboradores. Dentro do programa BemestAR, estão disponíveis atendimentos de saúde oferecidos


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COMO TER ACESSO AO SEST SENAT • Para ter acesso aos serviços do SEST SENAT, basta ir a uma das Unidades Operacionais e apresentar a documentação, que varia de acordo com o vínculo do profissional com o setor de transporte • Os serviços são gratuitos para todos os trabalhadores do transporte, incluindo os do modal aéreo, e seus dependentes

• São considerados dependentes: cônjuge ou companheiro(a) e filhos(as) menores de 21 anos; pais e avós que comprovem dependência econômica do trabalhador; menores sob tutela e guarda judicial; e filhos(as) maiores de 21 anos quando declarados(as) incapazes física e mentalmente e viverem sob a dependência econômica do profissional

Confira os contatos em

sestsenat.org.br

pelo SEST SENAT nas especialidades de odontologia, fisioterapia, psicologia e nutrição, além de toda a estrutura para a prática de atividades esportivas, culturais e de lazer. “A questão da qualidade de vida é uma das vertentes que mais nos empolga. O tripulante, que voa muito, que

está nos aeroportos, que está fazendo a manutenção de novas aeronaves pelo Brasil, carece de atividades de bem-estar e agora têm a sua disposição locais para poder praticar atividades esportivas. A rede do SEST SENAT tem essa abrangência para conseguirmos atingir todos os municípios que aten-

demos. Essa distribuição e essa capilaridade somente a parceria com o SEST SENAT consegue nos prover”, destaca o presidente-executivo da Holding Azul S.A., José Mario Caprioli. A mesma opinião é compartilhada pelo presidente da GOL Linhas Aéreas, Paulo Sérgio Kakinoff. De acordo com ele, o

protocolo de intenções assinado dará acesso a serviços e estrutura de bem-estar social de alta qualidade. “Para nós, é um motivo de orgulho e entusiasmo, porque a resultante da parceria não poderá ser outra senão um salto qualitativo dos nossos grupos de l colaboradores.” (Com Cynthia Castro)


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RODOVIÁRIO

Segurança

para salvar vidas Resolução do Contran prevê estudos para implementar novos itens de segurança em veículos nacionais; Brasil está há pelo menos 20 anos atrasado em relação à Europa por

O

EVIE GONÇALVES

s acidentes de trânsito matam 1,25 milhão de pessoas e deixam 50 milhões de feridos por ano, em todo o mundo, sendo a primeira causa de morte mais frequente entre jovens de 15 a 29 anos. Também representam um custo de US$ 518 bilhões anuais aos cofres públicos, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Para reduzir os índices, a ONU (Organização das Nações Unidas) preconizou a

Década de Ação pela Segurança no Trânsito, na qual governos se comprometeram a diminuir essas taxas em 50% entre 2011 e 2020. Até o ano passado, o Brasil apresentou queda de 19% no número de acidentes. Um dos pilares para que o trânsito se tornasse mais seguro seriam as políticas de aumento da segurança veicular. Para isso, a organização estabeleceu a instalação de sete itens nos veículos a fim de minimizar os impactos das

colisões. Entretanto, ainda que venham sendo implementadas lentamente, as medidas demonstram atraso em todo o território nacional frente a outros países. No fim do ano passado, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) editou a resolução 717/2017, que estabelece um cronograma para a realização de estudos com o objetivo de implementar 38 itens de segurança, em até quatro anos, em veículos como automóveis,

caminhões e ônibus. Para carros, por exemplo, estão previstos itens como alerta de frenagem emergencial, que avisa por meio de sinais que o carro está perigosamente próximo a outro, a proteção para pedestres – espécie de dispositivo à frente do carro que minimiza os ferimentos em caso de colisão com um pedestre – e a proteção para batida lateral. Mesmo sem estipular uma data para o início da obrigatoriedade dos itens, visto que


ARQUIVO CNT

a resolução só traz prazos para a conclusão dos estudos, alguns dos dispositivos integram as orientações da ONU sobre segurança veicular, como as proteções para pedestres e para batidas laterais. Porém, o controle eletrônico de estabilidade (dispositivo que impede que o motorista perca o controle do veículo em situações de risco, como curvas fechadas e pistas escorregadias), considerado pela organização como tão essencial quanto o cinto

de segurança, ficou de fora da medida. Os outros itens preconizados pela organização, tais como normativos para uso e ancoragem do cinto de segurança, dispositivo para impacto frontal e a ancoragem isofix das cadeirinhas infantis (ponto de fixação para garantir maior proteção), já vigoram no Brasil. “O Brasil está há pelo menos 20 anos atrasado em relação à regulação sobre segurança dos veículos europeus”, afirma o secretário-geral do Latin

NCAP (Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe), Alejandro Furas. Segundo ele, o sistema de proteção lateral é obrigatório na Europa, desde 1995. No Brasil, de acordo com estimativas do programa – que realiza testes para avaliar o índice de segurança de diferentes carros –, pelo menos 25% dos veículos brasileiros não possuem tanto o dispositivo para a segurança lateral quanto o controle eletrônico de estabilidade.

Furas explica que a Latin NCAP utiliza os mesmos critérios para avaliar os veículos, independentemente do país. Entretanto alguns veículos brasileiros que têm os mesmos nomes e marcas dos europeus recebem avaliação inferior justamente pela falta dos equipamentos de segurança. “O carro mais barato e básico da Europa já vem com seis airbags e controle eletrônico de estabilidade. O mesmo veículo vem para o Brasil com somente dois airbags. Além disso, muitas vezes, o preço


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TESTES AUTOMOTIVOS DA LATIN NCAP

Controle eletrônico de estabilidade

Controle eletrônico de estabilidade

desse mesmo carro no Brasil é maior. Só que o europeu tem muito mais segurança”, lamenta. O secretário critica o fato

de a norma do Contran não prever data para início da obrigatoriedade dos itens de segurança. “Ter uma regula-

TRÂNSITO DO BRASIL EM NÚMEROS*

93.867.016 veículos 34.850 óbitos

A cada 12 minutos, uma pessoa morre vítima da violência no trânsito no Brasil

180.443 internações Custo para o SUS:

R$

253,2 milhões

*Dados de 2016. Fonte: Ministério da Saúde e ONSV

Proteção para batida lateral mentação por escrito é uma boa poesia. Mas o que realmente vai mudar a situação do Brasil é quando a regulamentação for obrigatória no mercado”. Ele explica que a expectativa para a entrada em vigor do controle eletrônico de estabilidade, por exemplo, está prevista somente para o ano de 2022. Pela experiência à frente da Latin NCAP, Furas diz que, a partir da definição mandatória, geralmente, a indústria automobilística leva entre dois e três anos para incorporar os itens na fabricação dos veículos. Alejandro Furas explica que os dispositivos são tão essenciais que, de acordo com um estudo do programa, cerca de 40 mil mortes e 400 mil lesões poderiam ser evitadas na América Latina,

entre 2016 e 2030, caso as regulações básicas de segurança veicular da ONU fossem implementadas nos veículos locais. As reduções poderiam gerar uma economia de até U$ 143 milhões no período. Ele acredita que o atraso no Brasil é decorrente de uma pressão de parte do mercado, uma vez que os itens poderiam encarecer o valor dos automóveis. De acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), “as mudanças quanto aos itens de segurança precisam ser estudadas a fim de serem implementadas de forma gradual e para que possibilitem a adaptação tanto por parte da indústria quanto da sociedade. Devem se aliar às demais políticas públicas e ações para um trânsito segu-


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FOTOS LATIN NCAP/DIVULGAÇÃO

“O que realmente vai mudar a situação do Brasil é quando a regulamentação for obrigatória no mercado” ALEJANDRO FURAS, SECRETÁRIO-GERAL DO LATIN NCAP

Proteção para batida frontal ro, levando em consideração o cenário econômico do país e a realidade local.” O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale, afirma que a decisão de aumentar o preço dos veículos depende da avaliação de cada montadora. Ele ressalta que o cronograma permitirá planejamento adequado das empresas. “A Resolução do Contran é fruto da discussão de diversos entes envolvidos no desenvolvimento da segurança veicular e garante previsibilidade para as empresas, que poderão conhecer os itens estudados e programar investimentos quando a respectiva implementação for estabelecida.”

Avanço Em que pese a alguns especialistas acreditarem que o Brasil apresenta atrasos, há quem avalie que o país caminha para se igualar no quesito segurança veicular. O presidente do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), José Aurélio Ramalho, percebe avanços substanciais nos últimos dez anos e diz que, até 2025, os veículos nacionais estarão muito próximos do ideal. Ele cita o caso dos airbags e dos freios ABS, obrigatórios desde 2014, assim como a ancoragem isofix para as cadeirinhas infantis, norma que passou a valer neste ano no mercado brasileiro. Entretanto, para ele, o que mais mata no trânsito não são os veículos, mas sim os motoristas. “90% da res-

ponsabilidade pelas mortes no trânsito é do condutor. Eu posso trazer o carro da Europa e a fiscalização dos Estados Unidos para cá. Mas, se eu não mudar a cabeça do motorista, o Brasil continuará no mesmo estágio em que se encontra. A condução está associada à educação, porque os motoristas consideram que estão dentro de uma blindagem chamada carro. É uma ilusão achar que somente tecnologias veiculares irão resolver o problema”, ressalta. Para ele, educação nas escolas, formação de motoristas e campanhas específicas são os primeiros fatores que podem causar uma transformação no trânsito. Em segundo lugar, está a infraestrutura viária e, por último, os itens de segurança nos veículos. “O

SEST SENAT já investe muito na capacitação dos condutores. Também precisamos de educação para o trânsito nas escolas. As crianças precisam aprender desde cedo o conceito do respeito nas vias.” Ramalho critica o fato de as motocicletas, que representam mais de 50% das internações por acidentes de trânsito do SUS (Sistema Único de Saúde), não terem sido incluídas na regulamentação do Contran. “A resolução ainda não resolve os problemas das motos. A sociedade de baixa renda buscou maneiras de se deslocar e percebeu que esse tipo de veículo seria um bom custo-benefício. Mas o número de acidentes aumentou significativamente. O Contran também deveria pensar nesse l cenário”, pondera.


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FERROVIÁRIO

Passagem para

o FUTURO

Primeira concessão metroferroviária do Brasil completa 20 anos; mesmo com problemas, PPPs mostram-se a alternativa mais viável para o desenvolvimento do sistema por

E

m abril de 1998, o Consórcio Opportrans assumiu o controle do serviço de transporte público metroviário do Estado do Rio de Janeiro depois de vencer o leilão na Bolsa de Valores do Estado. Duas décadas depois, o modelo ideal de concessão ainda vem sendo delineado, mas o MetrôRio – a primeira concessão do sistema realizada no Brasil – mostra

DIEGO GOMES

que, entre erros e acertos, as parcerias entre o governo e a iniciativa privada são o caminho mais viável para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura e de mobilidade urbana no país. O setor de transporte de passageiros sobre trilhos movimenta, no Brasil, quase 10 milhões de pessoas ao dia, num total de 2,9 bilhões de passageiros ao ano. O país

tem 12 operadores, que administram 20 sistemas, sendo apenas quatro em regime de operação privada. Na avaliação do presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, o poder público chegou à conclusão da necessidade da concessão devido à dificuldade de arcar com o custo de operação. “Historicamente,

dizia-se que esse serviço não era lucrativo e, por isso, deveria ser prestado pelo poder público. Isso não é necessariamente verdade. Muitas vezes, o poder público precisa aportar recursos para tornar a tarifa mais acessível ao usuário.” No caso do Rio de Janeiro, informa Joubert, há 20 anos, havia um deficit muito grande entre o custo da operação e a receita da bilheteria. “Na


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época da operação pública, a bilheteria cobria 22% do custo operacional. O Estado tinha que cobrir o restante. Isso era um dispêndio de R$ 328 milhões por ano (em valores atuais).” De acordo com ele, a partir da concessão, o Estado foi desonerado. No primeiro período da concessão, a empresa pagou pelo direito de operar. Após dez anos, houve uma renegociação, com a inclusão

de um segundo período de mais 20 anos, em troca de investimento em um plano de expansão. “Ou seja, em vez de pagar em dinheiro pela concessão, pagou-se com ativos que passaram a ser do Estado.” Foi o que aconteceu também na SuperVia, responsável pela operação comercial e manutenção da malha ferroviária de passageiros da região metropolitana do Rio

de Janeiro. “Quando assumimos a SuperVia, em 2011, foi firmado um plano de investimentos de R$ 3,3 bilhões, em parceria com o governo do Estado, sendo a parte da concessionária de R$ 2,1 bilhões. Até agora, já foi investido mais de R$ 1,4 bilhão em renovação da frota de trens; reforço no novo sistema de sinalização; construção de um novo Centro de Controle Operacional e

Sistemas transportam

2,9 bilhões de passageiros ao ano no Brasil


METRÔRIO/DIVULGAÇÃO

MetrôRio foi a primeira concessão do sistema de transporte de passageiros sobre trilhos a ser realizada no Brasil

um Centro de Treinamento Operacional; modernização do sistema de sonorização; reforma de estações; aquisição de novos equipamentos; e revitalização da infraestrutura ferroviária, que incluiu a recuperação da via”, informa o presidente do consórcio, José Carlos Prober. Parceria Mesmo bem-sucedido em alguns aspectos, o modelo de concessão do MetrôRio, para alguns especialistas e representantes do setor, não é o mais sustentável financeiramente. Foi por isso que, em 2004, foi sancionada a lei das chamadas PPPs (Parcerias Público-Privadas), na qual os contratos de prestação de serviços e obras não podem

CCR METRÔ BAHIA/DIVULGAÇÃO


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ser inferiores a R$ 20 milhões e devem ter duração de, no mínimo, cinco e, no máximo, 35 anos. O agente privado é remunerado exclusivamente pelo governo ou numa combinação de parte das tarifas cobradas mais os recursos públicos. A então nova legislação possibilitou a concessão dos serviços da Linha 4-Amarela do Metrô São Paulo, tornando realidade a primeira PPP do Brasil. Doze anos após a assinatura, o presidente da ViaQuatro, Harald Peter Zwetkoff, avalia que o modelo ideal de concessão do transporte sobre trilhos vem sistematicamente passando por evoluções. Para ele, a Linha

4 é referência de uma PPP bem-sucedida. “O Estado fez a parte dele, fornecendo a infraestrutura, e a iniciativa privada foi responsável pelos trens e pelo sistema de sinalização.” O presidente da divisão de Mobilidade Urbana do Grupo CCR (maior acionista da ViaQuatro), Leonardo Vianna, pondera que o modelo da ViaQuatro foi pioneiro e se mostrou sustentável, tanto para os acionistas como para o poder concedente, garantindo ao Estado de São Paulo a capitalização nos bons resultados e a disponibilidade de um parceiro confiável que vai além das obrigações contratuais.

“Até o momento, a ViaQuatro já investiu R$ 1,64 bilhão no que há de mais moderno em sistemas e trens no mundo. A linha é pioneira em automação total na América Latina e transporta mais de 700 mil passageiros por dia.” O case de sucesso paulista sustentou a ideia de que essa seria a aposta certeira para expandir o sistema com mais rapidez. Até hoje, contudo, a Linha 4 é a única do Estado a funcionar com gestão privada (no Brasil, são apenas quatro). A demora e o custo para desapropriar, a dificuldade para o licenciamento ambiental e entraves no pro-

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cesso licitatório são algumas das principais dificuldades assinaladas pelo especialista em estratégia e transparência no setor público e professor do Insper (instituição de ensino superior e pesquisa nas áreas de Administração, Economia, Direito e Engenharia), Sandro Cabral, em alusão à expansão das linhas de metrô no Brasil. “De um lado, temos experiências exitosas, como a do metrô de Salvador, de outro, temos algumas que apresentaram graves problemas, sobretudo no processo licitatório. Nesse sentido, fica claro que precisamos ter transparência, discutir com a população e fiscalizar para

TRANSFORMAÇÃO

Salvador tem a terceira maior malha Envolta de paralisações, mudanças de projeto e de contrato, greves, suspeita de superfaturamento, indefinições judiciais e problemas relacionados às responsabilidades, ao longo de mais de uma década, a primeira linha do metrô de Salvador saiu oficialmente do papel somente em 2014. Quatro anos depois, contudo, a parceria público-privada para a construção, operação e manutenção do sistema na cidade – a CCR Metrô Bahia – concluiu as obras das linhas 1 e 2, totalizando 33 km de extensão, 40 trens, 20 estações e cinco terminais de integração

com ônibus. Com isso, a capital soteropolitana já detém a terceira maior malha metroferroviária do Brasil, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O projeto final prevê 42 km de extensão e mais duas linhas. Atualmente, são transportadas 280 mil pessoas por dia, e a previsão é que o número chegue a 500 mil ainda neste ano. Para os representantes do setor, o modelo baiano é um sucesso por congregar os interesses do poder concedente, da sociedade e da iniciativa privada. O presidente do Metrô Bahia, Luiz Valença, informa que pesquisas indicam um

índice de satisfação bastante alto por parte dos usuários, superando 90%. “O segredo para o sucesso foi isolar tudo que tinha de suspeito na nova concessão, que nasceu, por assim dizer, pura. O modelo de PPP adotado mostra que, se existe uma empresa competente e com capacidade financeira, isso beneficia o concessionário, e a remuneração só vem com o passageiro (e o valor vai crescendo à medida que expande o sistema). Portanto, precisamos necessariamente entregar a obra concluída e investir cada vez mais.”


SUPERVIA/DIVULGAÇÃO

A SuperVia, responsável pelos trens urbanos na região metropolitana do Rio, passou a ser operada pela iniciativa privada em 2011

CAPACITAÇÃO

Certificação internacional O primeiro curso de Certificação Internacional em Gestão de Sistemas Ferroviários e Metroferroviários, oferecido pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística) e pelo SEST SENAT, teve início em fevereiro deste ano. A capacitação é ministrada pela Deutsche Bahn Rail Academy, organização do Grupo DB (Deutsche Bahn), um dos

maiores operadores de transporte multimodal de cargas e de passageiros do mundo. O curso conta com a cooperação da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) e da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) na divulgação da seleção entre os empregados das companhias associadas.

verificar indicadores de qualidade. Com isso, temos alinhamento de interesses. Também temos o grande desafio de integrar poderes estaduais e municipais, muitas vezes sob o comando de partidos diferentes.” Entre as experiências não exitosas, está a construção da Linha 6 do Metrô São Paulo. O governo estadual iniciou, em março deste ano, o processo de rescisão contratual com a concessionária Move SP. Em 2015, a empresa assumiu a missão de construir e operar a linha ao custo de R$ 8 bilhões, porém,

em três anos, entregou somente 15% da obra. As empresas que formam a concessionária (Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC) não conseguiram mais empréstimos depois que passaram a ser investigadas pela Operação Lava Jato. Em setembro de 2016, a construção foi suspensa. “O processo é de aprendizagem tanto para o governo quanto para a iniciativa privada. Esse caso foi de uma PPP integral, na qual o ente privado cuida da construção da infraestrutura e da operação, dife-


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rentemente da Linha 4. Nessa situação, além da dificuldade de financiamento, transferiu-se uma grande margem de incerteza ao operador”, afirma Harald Peter Zwetkoff. A nova aposta para o desenvolvimento do sistema é a concessão das linhas 5-lilás e 17-ouro. Mesmo após greves e disputas judiciais para impedir a realização do leilão, um grupo liderado pela CCR venceu a lici-

tação e assumirá a operação das linhas já finalizadas. Transparência As crises política e econômica que vêm afetando o Brasil nos últimos anos têm o condão de reeducar a sociedade como um todo e o regramento das concessões. Essa é a percepção do professor Sandro Cabral. “Espero que a Lava Jato, nesse ponto, seja educativa, contri-

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SEST SENAT

Assistência gratuita O SEST SENAT oferece, em suas unidades operacionais espalhadas por todo o país, atendimentos gratuitos em fisioterapia, psicologia, odontologia e nutrição a todos os trabalhadores do transporte, incluindo os do

EXPANSÃO DO SISTEMA PROJETOS CONTRATADOS E/OU EM EXECUÇÃO

• VLT Cuiabá • VLT Goiânia • Linha 6-Laranja (SP) • Linha 13-Jade (SP) • Monotrilho da Linha 15-Prata (SP) • Monotrilho da Linha 17-Ouro (SP) • Monotrilho da Linha 18-Bronze (SP)

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• VLT da Baixada Santista (SP) • Linhas 5-Lilás e 17-Ouro (SP) • Linha Leste do Metrô de Fortaleza e VLT de Fortaleza • Metrô de Salvador • VLT Rio

Entre os 13 projetos em desenvolvimento, sete estão sendo concebidos no regime de parceria PPP

Fonte: ANPTrilhos

modal ferroviário, e aos seus dependentes. O objetivo é reforçar as práticas de prevenção a doenças e melhorar a saúde e a qualidade de vida desses profissionais, garantindo mais qualidade na prestação dos serviços.

buindo para o processo de evolução, com o mercado amadurecendo e a saída de grandes players, mas com a entrada de novos, que não incorram em práticas nocivas à sociedade.” Essa nova realidade mercadológica já teve efeito. O governo de São Paulo repensou o modo de realizar concessões e parcerias público-privadas. Até então voltadas para construtoras, as iniciativas passaram a ser desenvolvidas para buscar o capital de financiadores, como investidores, inclusive internacionais. “Os projetos agora envolvem concessões de menor monta de recursos e também a busca por recursos estrangeiros. Um exemplo das mudanças é a tradução completa de todos os documentos envolvendo os negócios, permitindo que mais consórcios e empresas estrangeiras se interessassem pelas ideias e pudessem competir”, revela o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni. l


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AQUAVIÁRIO

Em busca de novas propulsões As indústrias naval e offshore estão procurando maneiras de diminuir o consumo de óleo diesel e minimizar as emissões de gases poluentes por

CARLOS TEIXEIRA


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presentado pela empresa belga CMB (Compagnie Maritme Belge) no fim de 2017, o Hydroville, embarcação marítima que pode navegar movida a hidrogênio comprimido, é um exemplo de que as indústrias naval e offshore estão procurando novas formas de propulsão que reduzam o consumo de óleo diesel e minimizem as emissões de poluentes. A iniciativa atende às exigências da Convenção Marpol (Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios), implantada pela IMO (Organização Marítima Internacional), que estabelece, entre seus objetivos, a diminuição da emissão de gases

causadores de poluição como os NOx (óxidos de nitrogênio) e os SOx (óxidos de enxofre) pelas embarcações. Em 2015, a IMO definiu que a quantidade de enxofre permitida nos combustíveis marítimos utilizados dentro das ECAs (zonas de controle de emissões que atualmente compreendem o mar Báltico, o mar do Norte, a área da América do Norte e a área marítima do Caribe dos Estados Unidos) deveria passar de 1,0% para 0,1%. Fora dessas áreas, o limite estabelecido é de 3,5%. No entanto, a partir de julho deste ano, a organização internacional tem planos para diminuir o teor de SOx também nessas regiões. A meta é chegar a 0,5% até 2020.

As embarcações marítimas utilizam duas categorias de combustíveis: os residuais ou óleos combustíveis marítimos e o bunker que é produzido a partir de frações pesadas da destilação de resíduos e outros óleos diluentes. Os óleos combustíveis marítimos são empregados em motores principais, de grandes dimensões, nos sistemas de propulsão de navios de grande porte. O Brasil é signatário da Convenção Marpol desde 2009 e, assim como outros países que possuem papel de destaque na navegação marítima, investe na busca de soluções para atender às novas regras. Exemplo disso é o trabalho que vem sendo realizado pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural

da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). Os pesquisadores vêm desenvolvendo sistemas híbridos para motores em embarcações que envolvem a utilização de gás e baterias de lítio. O projeto está sendo desenvolvido para três tipos de embarcações: rebocadores; offshore supply vessels (equipamentos de apoio a plataformas de exploração); e shuttle tankers (navios de carga projetados para o transporte de petróleo de um campo offshore). O coordenador da iniciativa, Bruno Souza Carmo, explica que o projeto possui três fases. Na primeira, que está em andamento, estão sendo desenvolvidos sistemas híbridos utilizando baterias para armazenar ener-


SUAPE/DIVULGAÇÃO

PORTOS

Sustentabilidade chega aos terminais Além da propulsão dos navios, a questão ambiental também passa pelos portos. Em todo o mundo, ganha espaço o conceito de green ports (portos verdes), em que novas tecnologias de geração de energia e reutilização de materiais fazem parte dos projetos estruturais dos terminais. No Brasil, um estudo vem sendo desenvolvido na UFF (Universidade Federal Fluminense) para avaliar a utilização

de energia solar captada a partir de painéis fotovoltaicos instalados em telhados dos armazéns nos portos públicos brasileiros. O estudo mapeou todos os telhados disponíveis e avaliou os níveis de insolação e irradiação solar em 35 portos públicos. Foram identificadas áreas disponíveis entre 10.000 m2 e 30.000 m2, e o porto com maior potencial de geração de energia solar é o de Santos devido à quantidade de telha-

dos disponíveis para instalação. Os portos do Sul, como o de Paranaguá (PR), também dispõem de uma imensa quantidade de área de telhados que podem ser utilizados com essa finalidade. “A vantagem é que essas instalações já dispõem de subestações, bem como já estão inseridas no grid (rede de transmissão) e não precisam de sistemas de acumulação de energia (baterias). Os portos brasileiros perdem muito dinheiro anual-

mente por não converterem a irradiação solar em seus telhados em energia elétrica”, explica o coordenador do projeto, professor Newton Narciso Pereira. De acordo com ele, os portos de Rotterdam, na Holanda; de Long Beach e de Los Angeles, nos Estados Unidos; e de Jurong, em Singapura, já estão instalando painéis solares para geração de energia elétrica. O porto de Los Angeles, por exemplo, já consegue gerar 10 MW.

gia, aliadas aos tradicionais óleos combustíveis (bunker oils), que atualmente movem as embarcações. “A economia de combustível possibilitada pelo uso dessas baterias depende da embarcação, mas gera uma redução de consumo entre 20% e 30%”, explica ele. Na segunda fase do projeto, o objetivo é inserir o gás natural como combustível das embarcações. Por fim, a última etapa prevê o emprego de células a combustível para movimentar os barcos. “Para isso, ainda é preciso analisar a viabilidade de ter um sistema de reforma a vapor de gás natural a bordo para transformar o gás natural

em hidrogênio que seria utilizado nas células”, explica Carmo. De acordo com o presidente da Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval), Luis de Mattos, o Brasil vem avançando na construção de embarcações com novas fontes energéticas, principalmente movidas a gás natural, mas a falta de infraestrutura acaba tornando inviáveis alguns projetos que poderiam estar em desenvolvimento. Na visão dele, para que o país possa navegar com mais velocidade em direção a novas formas de propulsão, é preciso haver um processo de reengenharia naval e de infraestrutura. “Existem fatores, como

velocidade das embarcações, limpeza de cascos, rotas de navegação, entre outros, que estão sendo estudados, e tudo isso sofre impacto com relação a qual combustível utilizar. Essa é uma questão parecida com a dos veículos elétricos. É preciso haver locais para abastecimento. Não adianta você ter uma nova fonte de propulsão se não tiver como abastecer”, destaca. Além disso, o desenvolvimento de soluções para a redução das emissões também esbarra em outros entraves, de acordo com a visão de Mário Barbosa, gerente de vendas da Wärtsilä Brasil, empresa do segmento de soluções energé-

ticas para o mercado marítimo. Segundo ele, as novas fontes de propulsão são um movimento sem volta, mas o crescimento dessas tecnologias enfrenta problemas relacionados à falta de regulamentação e a um conservadorismo do mercado. “Esperamos que os novos portos que serão construídos possam se atentar para essas questões. Além do mercado conservador, ainda falta uma melhor regulamentação para as emissões. Essa mudança de tecnologia com viés de diminuição de custo operacional e ambiental deve partir de toda a cadeia, de todos os atores do l processo”, conclui.


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INFRAESTRUTURA

Obras realizadas pelo Exército alavancam a infraestrutura de transporte no Brasil; instituição atua em apoio aos governos federal, estaduais e municipais por

EVIE GONÇALVES


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Eficiência militar

FOTOS EXÉRCITO/DIVULGAÇÃO


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O viaduto 13, também conhecido como Viaduto do Exército, foi construído pela instituição durante a década de 1970. No total, possui 143 metros de altura e 509 metros de extensão, sendo o maior viaduto ferroviário das américas e o terceiro mais alto do mundo. A intervenção integra a Ferrovia do Trigo, no trecho entre os municípios de Vespasiano Corrêa e Muçum, no Rio Grande do Sul. Atualmente está sob concessão da ALL Logística.

A

origem das grandes obras de infraestrutura no Brasil remonta ao início do século 19, com a chegada da família real portuguesa ao país, em 1808. Fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte, D. João VI apostou na construção de fortificações para proteger as fronteiras nacionais. Para isso, o monarca convocou grandes equipes de engenheiros. O trabalho dos profissionais em prol da segurança nacional resultou na promulgação de uma lei, em 1880, já no governo de D. Pedro II, que autorizava o Exército a promover o desenvolvimento nacional por meio da construção de estradas de ferro, de linhas telegráficas estratégicas e de outros trabalhos de engenharia pertencentes ao Estado.

A primeira grande obra de infraestrutura feita pelos batalhões do Exército é datada de 1901 e trata-se de uma estrada de ferro entre o Paraná e o Mato Grosso. O século, que ficou conhecido como o período áureo das ferrovias, levou a instituição a construir mais de 2 mil km de linhas só na região Sul do país. Mas a atuação da corporação não se limitou ao modal. A segunda grande obra foi a fortificação do Porto de Santos em 1905. De lá para cá, o Exército tem desempenhado um papel importante para a infraestrutura de transporte do Brasil, atuando em obras de construção e manutenção de grandes corredores logísticos. Entre as principais estão, por exemplo, a construção da Ferroeste (PR), o Porto de São Francisco do Sul (SC), a terraplenagem

CONFIRA AS OBRAS EM QUE O EXÉRCITO ATUA EM 2018* » Região Sul • Manutenção da BR-116 (RS) • Implantação da SC-114 (SC)

» Região Nordeste • Manutenção da BR-110 (PE) • Manutenção da BR-222 (PI) • Manutenção da BR-427 (RN) • Implementação da MA-034 (MA)

» Região Norte • Pavimentação da BR-163 (PA) • Manutenção da BR-364 (AC) • Manutenção da BR-401 (RR) • Implantação da BR-432 (RR)

» Região Centro-Oeste • Ampliação do Aeroporto Regional de Dourados (MS)

» Região Sudeste • Manutenção da BR-367 (MG) * A corporação também constrói pontes metálicas quando há problemas de erosão, para garantir a trafegabilidade momentânea. São espécies de pontes provisórias até que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) construa a nova ponte. Fonte: Exército


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BR-163

Obras da rodovia serão concluídas em março de 2020 A pavimentação do trecho de 65 km da BR-163, entre os municípios de Novo Progresso (PA) e Itaituba (PA), assumida pelo Exército no ano passado, só deve ser concluída em março de 2020. A justificativa da instituição é que só é possível realizar as intervenções no verão amazônico, entre maio e outubro, período em que não há chuvas na região. No inverno, a corporação consegue trabalhar apenas na ma-

nutenção da via. Na prática, segundo o general Daniel Dantas, embora o prazo de conclusão da obra seja de dois anos, só haverá um ano de trabalho efetivo. Do total de 730 km da rodovia entre a divisa do Mato Grosso e o Pará até Miritituba (PA), ainda resta asfaltar 100 km, distribuídos em dois trechos. O primeiro trecho é justamente o que está sob a responsabilidade do Exército. O orçamento

da obra é de R$ 128,5 milhões, liberados pelo governo federal devido à falta de empresas interessadas em assumir as obras entre as cidades paraenses. Os outros 35 km estão sendo asfaltados por empresas privadas. O intenso volume de chuvas na região, combinado às condições de alguns trechos da rodovia, praticamente paralisaram a BR-163 no fim de fevereiro e início de março

do ano passado. Centenas de caminhoneiros que se dirigiam aos portos de Miritituba e Santarém, ambos no Pará, ficaram atolados por vários dias e formaram mais de 50 km de congestionamentos na rodovia. Devido à situação, o governo teve que montar às pressas uma operação para dar trafegabilidade à via e levar água e comida para os motoristas e familiares sitiados na região.

do terminal 3 do aeroporto de Guarulhos (SP), a recente duplicação de trechos da BR-101 no Nordeste e da BR-163, uma das rotas mais estratégicas de escoamento de grãos entre o Centro-Oeste e o Norte do país.

Segundo o diretor de obras de cooperação do Exército, general Daniel Dantas, a construção da BR-163 foi um desafio. De acordo com ele, quando a rodovia foi aberta, na década de 1970, não havia estru-

tura alguma na região, apenas a floresta. “Hoje a gente enxerga a importância dela para o país quando percebe a quantidade de caminhões levando carga para os portos do Norte.” Atualmente, o Exército é responsável pela

pavimentação de um trecho da rodovia (leia acima). Neste ano, a corporação executa ainda obras de implantação e manutenção em dez outros trechos de rodovias federais e estaduais, além da ampliação


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do aeroporto regional de Dourados (MS). Todas as intervenções ficam a cargo dos quatro grupamentos de engenharia do Exército, localizados em João Pessoa (PB), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS), com apoio dos batalhões locais. O fato de a corporação possuir batalhões em todas as regiões do país é um ponto positivo, na visão do general Dantas, pois a administração pública pode contar com a estrutura em momentos de crise. “Estamos à disposição dos governos federal, estadual e municipal. Às vezes, um problema administrativo General Dantas, diretor de obras de cooperação do Exército

Obras na BR-101, no Nordeste

Porto de São Francisco do Sul

ou algum empecilho judicial emperra determinada obra, e o governo acaba repassando para a gente concluir.” Foi isso que aconteceu com a BR-163. Segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), “o segundo contrato para as obras na rodovia estava sendo rescindido porque as empresas contratadas não haviam apresentado o desempenho esperado e precisava-se de uma mobilização rápida”. Além disso, era necessária a presença do Estado na região, uma vez que o posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) mais próximo fica a cerca de 700 km de distância do local da obra. O


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ATUAÇÃO DO EXÉRCITO EM OBRAS DE TRANSPORTE

Rodovias

16.300km

Ferrovias

5.881km

Aeroportos

33unidades

Portos

3unidades

Pontes e viadutos

5.708km

Túneis Construção da Ferroeste

departamento também destaca que a definição pelo Exército para a execução das obras de infraestrutura de transporte no país está pautada na resposta rápida de trabalho que a corporação consegue dar, tanto na manutenção como na construção dos equipamentos. O orçamento para a realização das obras do Exército é responsabilidade do órgão que solicita. Na prática, a instituição apenas executa a intervenção, mas quem paga por ela são os governos que pedem auxílio à corporação. Uma das vantagens é que a mão de obra não é paga, já que as obras são realizadas pelos militares. Mas o general Dantas admite que a

produtividade pode não ser a mesma de uma empreiteira porque os soldados estão em processo de aprendizado. “O governo não paga pelo profissional, mas, em contrapartida, o tempo de realização da obra pode ser maior, ainda que isso não implique perda de qualidade”, ressalta. Outra vantagem é que, para contratar o Exército, o governo não precisa realizar licitação, diferentemente da contratação de empreiteiras. A lógica, entretanto, não vale para a aquisição de material. Nesse caso, o Exército também se submete à Lei nº 8.666/93, assim como todos os órgãos ligados à administração pública. A Lei de Licitações, inclusi-

ve, não facilita as obras de engenharia, de acordo com o general. “Quando nós vamos executar uma obra, temos que fazer o planejamento em relação ao projeto. Suponhamos que seja estimada a necessidade de tubos de concreto de 1 m para fazermos uma drenagem. Nós nos programamos para comprar esse material. Entretanto, quando começamos a executar, percebemos a necessidade de mudar o projeto para tubos de 1,20 m. Para fazer essa alteração, a lei exige que façamos uma nova licitação. O resultado disso é atraso. Se fosse uma construtora realizando a obra, ela compraria o tubo

5.204km Fonte: Exército

na hora”, lamenta. O general defende a flexibilização da lei em casos específicos. Para o general Dantas, além de serem importantes para a infraestrutura nacional, as obras do Exército têm cunho social porque permitem a formação dos reservistas. Atualmente, a instituição possui em torno de 8.500 profissionais para atuarem direta e indiretamente nessas intervenções de engenharia. “Durante os treinamentos, os soldados incorporados ao Exército se qualificam e, após o período de alistamento militar, que pode durar até sete anos, têm maior facilidade de inserção no mercado de trabalho na área de construção civil”, avalia. l


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INSTITUCIONAL

No rumo da transformação por

E

m meio a mudanças tecnológicas, econômicas, sociais e culturais, o futuro do transporte brasileiro é algo que ainda está em construção. Mas o setor sabe que precisa ser capaz de atender, de forma satisfatória, às demandas de movimentação de cargas e pessoas, ser mais valorizado na ótica do cliente, economicamente viável e com maior capacidade de investimento e

NATÁLIA PIANEGONDA

de planejamento. Para alcançar esse futuro, um conjunto de desafios está posto, entre os quais estão a capacitação dos trabalhadores, a gestão empresarial e o pensamento estratégico, a adoção de novas tecnologias, a abertura a ideias e atitudes em direção à globalização. O diagnóstico está pontuado na primeira parte do roadmap para o transporte, instrumento que definirá um plano de

ação para o transporte e a logística do Brasil, possibilitando mais competitividade e maior aderência às demandas dos usuários. A fim de identificar os melhores caminhos para o destino do setor, empresários e representantes da área de desenvolvimento profissional do SEST SENAT reuniram-se em mais duas edições do Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, uma iniciativa da CNT, promo-

vida pelo SEST SENAT em conjunto com a Universidade de Stanford, por meio do mediaX, programa da universidade que promove parcerias setoriais e acadêmicas para debater impactos das tecnologias e estimular a inovação. Nos encontros, ocorridos em março, os participantes foram instigados a refletirem sobre transformações que vêm impactando e que impactarão, de forma cada vez mais acele-


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Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, iniciativa da CNT, promovida pelo SEST SENAT em conjunto com a Universidade de Stanford, debate estratégias para fortalecer o transporte rada, a sociedade e a pensarem soluções efetivas e renovadas para superar desafios rumo ao desenvolvimento. “Por meio de iniciativas como essa, estamos capitaneando a movimentação rumo a um setor melhor, mais integrado e inovador”, afirma o presidente da CNT e dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT, Clésio Andrade. Para o diretor internacional da Confederação, Harley

Andrade, um diagnóstico preciso do presente e uma visão clara sobre o futuro permitirão ao transporte construir as condições necessárias para se beneficiar com as mudanças e construir soluções eficazes para enfrentar os entraves que existem. “Precisamos compreender quais são as forças e as fraquezas do setor na atualidade, estimar o que vem pela frente e saber o quão preparados estamos”, explica

Na visão da diretora-executiva nacional do SEST SENAT, as pessoas são centrais no processo de mudança e inovação. Logo, os trabalhadores do setor precisam ser capacitados com foco nessa realidade. “Pensar fora da caixa é um desafio para fazermos com que o setor seja cada vez melhor. Por mais que existam barreiras, elas não podem ser desculpas para não melhorarmos o que nos compete”, diz.

“O transporte está se transformando, e nós vamos pensar juntos nesse futuro. Buscamos desenhar ferramentas para a inovação e debater como promover o empoderamento por meio da educação, usando tecnologias e encorajando novas ideias”, afirma Martha Russell, diretora-executiva do mediaX. A ideia é que todos os participantes dos workshops sejam multiplicadores dos conhecimentos e do estímulo


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ao desenvolvimento de novas ideias para o setor junto aos segmentos nos quais atuam. Adequação Conforme o diretor do escritório da CNT na Alemanha, Thiago Ramos, responsável pela condução dos trabalhos que culminarão no roadmap para o transporte, há mudanças que são ameaças aos atuais modelos de negócios, e o transporte brasileiro precisar estar ciente das transformações para definir como alocar investimentos. Isso porque o surgimento de novas soluções pode tornar as atuais obsoletas, representando dispêndio de recursos. Isso ocorre

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especialmente diante da dificuldade de o país concretizar projetos de infraestrutura em curto espaço de tempo. Nesse sentido, é importante a utilização de ferramentas eficientes de análise de cenários atuais e projeção de futuro que auxiliem a tomada de decisões. Esse foi um dos temas abordados no Workshop voltado a empresários do transporte. Ram Rajagopal, professor de Engenharia Civil e Ambiental em Stanford, considera a compilação e a análise de dados como essenciais. “Hoje em dia, é necessário que todas as decisões de negócios sejam mais sistemáticas. Utilizar dados permite isto: mais oportuni-

Empresários tiveram acesso a ferramentas de análise de dados do setor

INICIATIVA

Outros workshops

Evento discutiu novas metodologias de aprendizagem do transporte

O primeiro Workshop Inovar, Capacitar, Avançar ocorreu em julho de 2017 e contou com a participação de integrantes do Fórum de Inovação do Transporte. O grupo, criado no âmbito do Sistema CNT com representantes de todos os modais, tem o papel de analisar tendências e propor ações para a inovação no transporte brasileiro. Nesse encontro, teve início a construção do roadmap do transporte brasileiro, coordenada pelo

ITL (Instituto de Transporte e Logística). Para o diretor-executivo do Instituto, João Victor Mendes, “é a partir de iniciativas como essa que surgem soluções viáveis para o transporte. Essas informações estão chegando às empresas para que se traga e se concretize uma visão inovadora para o transporte brasileiro.” A quarta edição do Workshop ocorrerá em junho deste ano e será realizada na Universidade de Stanford, na Califórnia.


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CONECTA

Programa impulsionará startups

“O transporte está se transformando, e nós vamos pensar juntos nesse futuro” MARTHA RUSSELL, DIRETORA-EXECUTIVA DO MEDIAX

A CNT, em conjunto com o BMG UpTech (braço do Grupo BMG que investe em inovação), deu início ao Conecta, programa de impulso a startups. A iniciativa impulsionará o desenvolvimento de empresas inovadoras cujos projetos são capazes de beneficiar e apoiar o setor transportador na superação de desafios. O Conecta prevê a seleção de startups que

apresentem as propostas mais adequadas aos objetivos e desafios do transporte brasileiro, a fim de obter redução de custos e ganho de eficiência. As empresas participantes já devem estar em operação, com produtos e serviços disponíveis e capazes de serem aplicados às atividades-fim ou às atividadesmeio do transporte. Eles, também, podem ser aplicados a atividades que, de

alguma forma, estejam relacionadas ao setor. “Startup é uma empresa que atua em soluções bastante específicas focadas em resolver problemas reais, de forma prática, simples e com muita eficácia. A ideia, assim, é ir ao mercado para trazer startups que possam apresentar respostas assertivas para os desafios do transporte”, explica Rodolfo Santos, CEO do BMG UpTech.

dades de entendermos a situação, a busca das opções e a quantificação dos potenciais resultados.” Ele explica que as melhores organizações que lidam com dados têm sistemas de apoio a decisões construídos para suas atividades-fim. “Não é que isso esteja substituindo a intuição, mas a está qualificando. Os melhores gestores estão se adaptando a essa realidade”, conclui.

de trabalho que surgirão. Martin Carnoy, professor de Educação e Economia da Universidade Stanford, destaca que o investimento e a adoção de novas tecnologias exigem um investimento ainda maior em capital humano. Entretanto, para que haja eficácia na capacitação profissional, é essencial saber o que se quer para o futuro do setor. “As questões relevantes do transporte não refletem somente tecnologia, mas também questões econômicas e sociais. E embora muitas tecnologias estejam disponíveis fora do Brasil, esse planejamento deve ser feito em casa”, diz. Para a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, as pessoas são centrais nos processos de mudança e

inovação. “Vamos construir um novo modelo de capacitação profissional adequado às necessidades de um setor que anda a passos largos”, afirma. Durante o Workshop, os representantes da área de desenvolvimento profissional do SEST SENAT tiveram acesso a novas metodologias de ensino e foram estimulados a pensarem soluções de ensino e aprendizagem associadas aos desafios do transporte. Eles também desenvolveram projetos sob a orientação e avaliação dos professores de Stanford, para modernizar ainda mais as ações de capacitação e qualificação promovidas pelas unidades l operacionais. (Com Evie Gonçalves)

Profissionais do futuro Com tantas mudanças, os trabalhadores do transporte também precisam estar preparados, com o desenvolvimento das habilidades e competências que permitam compreender e se adaptar às rotinas e às exigências das novas frentes


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SUSTENTABILIDADE

RenovaBio impõe

desafios ao transporte

Política nacional para a expansão dos biocombustíveis na matriz energética brasileira e a redução da emissão de poluentes ainda gera incertezas aos transportadores por

DIEGO GOMES


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O

presidente Michel Temer assinou, em março, decreto que regulamenta o RenovaBio, nova política nacional de biocombustíveis cujo objetivo é expandir a produção desse tipo de produto no Brasil. A ideia é contribuir, de maneira decisiva, para a redução das emissões de gases de efeito estufa no país. Em 2016, o país ratificou o Acordo de Paris, comprometendo-se a reduzir suas emissões em 37% até 2025, tendo como base os níveis de 2005. No entanto, a forma como o país busca inserir a economia verde na agenda nacional de desenvolvimento

ainda desperta dúvidas quanto a aspectos técnicos e econômicos, especialmente para o setor de transporte. De acordo com o MME (Ministério de Minas e Energia), a iniciativa visa ampliar a participação dos combustíveis renováveis de forma compatível com o crescimento do mercado. Porém, o decreto não traz qual o percentual esperado de aumento na produção de biocombustíveis. O que se pretende, segundo o MME, é a implementação de uma política pública que traga previsibilidade ao mercado de biocombustíveis, em coexistência harmô-

nica com os combustíveis fósseis, por meio de um estímulo à constante inovação. “O RenovaBio é um programa estruturante que consolida uma visão estratégica de Estado para os biocombustíveis”, explica o coordenador do Departamento de Combustíveis Renováveis do MME, Marlon Arraes. Uma das principais novidades é a criação do CBIO (Crédito de Descarbonização por Biocombustíveis), que valerá para precificar a contribuição individual de cada agente produtor e transformar a troca de combustíveis fósseis por limpos em créditos no mercado de carbono.

Entidades (poder público, setor produtivo, academia e sociedade civil) participaram da formatação do programa. Contudo, entre essas instituições, não havia representantes do setor de transporte. Os transportadores reconhecem o potencial estratégico do RenovaBio, porém, alertam que é imprescindível respeitar os interesses dos consumidores, mitigando possíveis impactos negativos em suas atividades. “Já há análises que indicam a possibilidade de aumento dos preços dos combustíveis fósseis com a implementação do programa, o que pode ocasionar


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consideráveis prejuízos financeiros para os transportadores – sobretudo aos caminhoneiros autônomos – e, até mesmo, inviabilizar a sua atuação no mercado”, informa o presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Clésio Andrade. Indefinição Na avaliação do setor de transporte, a política em discussão deve considerar as particularidades de cada modal a fim de não penalizar segmentos sem estrutura nacional consolidada para o uso de biocombustíveis, como o transporte aéreo. Para esse caso específico, é fundamental desenvolver uma Política Nacional de Bioquerosene de Aviação, levando-se em consideração as obrigações internacionais esta-

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belecidas em relação à redução da emissão de gases e poluentes atmosféricos. Nesse sentido, o presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Eduardo Sanovicz, explica que, como parte dos esforços para viabilizar o bioquerosene, a aviação comercial acompanha o desenvolvimento do RenovaBio. “O setor de aviação propõe ajustes no programa que garantam as atuais bases de custo da indústria aérea e criem instrumentos para fomentar a consolidação de bioquerosene de aviação em todo o território nacional”, diz. Segundo ele, o Brasil comercializa atualmente 7 bilhões de litros de querosene de aviação de origem fóssil por ano, dos quais 25% são importados. “A partir da constatação de que o

resultado financeiro das aéreas apresenta uma margem extremamente pequena e que os gastos com combustível significam em média 26% da matriz de custos dos operadores (2016), conclui-se naturalmente que não há como absorver novos aumentos de preço.” Outro aspecto que preocupa o setor é o fato de ainda não haver informações detalhadas sobre as possíveis consequências da política – sobretudo as de caráter adverso. A representante da CNT no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e consultora do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, Patrícia Boson, acrescenta que é preciso disseminar estudos e relatórios mais abrangentes e transparentes em relação aos desafios para a ope-

racionalização do RenovaBio. Para ela, cabe ainda elucidar os impactos socioeconômicos dessa medida, bem como apresentar planos de resposta aos riscos identificados. “Sob o ponto de vista da sustentabilidade, a iniciativa é inteligente, mas, na equação, se esqueceram do transportador. A impressão que tenho é a de que o programa trata apenas do fornecedor. Por isso, nosso desafio agora é nos debruçarmos sobre essa nova legislação e entendermos melhor os impactos.” O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale, por sua vez, afirma que a indústria automobilística apoia o RenovaBio pela importância de se planejar a matriz energética

PORTARIA

Comitê RenovaBio tem atividades iniciadas O MME (Ministério de Minas e Energia) iniciou, no final de março, as atividades do Comitê RenovaBio. Segundo a Portaria nº 103, o Comitê vai atuar como um órgão colegiado de apoio técnico ao Conselho Nacional de Política Energética, no processo de definição das metas nacionais de redução de emissões, compulsórias para a matriz de combustíveis, que devem ser estabelecidas em junho

deste ano. A primeira reunião será realizada em abril para deliberar sobre o plano de trabalho, o modelo de análise e a proposição das metas nacionais. A instância atuará sob a coordenação do MME, sendo também composto pelos ministérios do Meio Ambiente; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Indústria, Comércio Exterior e Serviços; da Fazenda; do Planejamento,

Desenvolvimento e Gestão; e pela Casa Civil. O monitoramento do abastecimento nacional de biocombustíveis realizado pelo Comitê servirá de base para a definição dessas metas compulsórias anuais de redução de emissões e, também, para o estabelecimento dos critérios, das diretrizes e dos parâmetros para a certificação de biocombustíveis e o credenciamento de firmas certificadoras.

“Há a possibilidade de aumento dos preços dos combustíveis fósseis com a implementação do programa” CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT


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brasileira e fortalecer os biocombustíveis, mas não deixa claro se o setor está preparado para encampar essa nova agenda. “Entendemos que essa é uma medida que está em linha com a tendência de redução das emissões dos gases de efeito estufa e também com o desenvolvimento da nossa indústria de etanol e do biodiesel.” O programa Entre as suas diretrizes, o programa prevê a adoção de instrumentos para precificação levando em consideração a relação de eficiência e das emissões, além de mecanismos que valorizam a produção sustentável. O RenovaBio desenvolverá ainda meios para impulsionar o potencial do Brasil na produção comercial de bioquerosene de aviação e a produção competitiva de etanol celulósico; assim como acelerar o aproveitamento racional do biogás e do biometano. Também institui formas de incentivos à inserção comercial dos novos biocombustíveis, priorizados pela análise de ciclo de vida e suas relações entre eficiência e emissões. Para tal, serão fixadas metas nacionais de redução de emissões para a matriz de combustíveis, definidas para um período de dez anos. Elas serão desdobradas em metas individuais e anuais, compulsórias para todos os distribuidores, conforme a participação no mercado. Também haverá certificação da produção com notas diferentes

Setor aéreo não dispõe de estrutura consolidada para uso de biocombustíveis

para cada produtor, inversamente proporcional à intensidade de carbono do biocombustível produzido. Os produtores passarão a ser certificados por firmas inspetoras credenciadas pelo MME. Mesmo com a regulamentação do RenovaBio, duas questões fundamentais ainda não foram devidamente respondidas: o valor esperado do CBIO e o real impacto do programa sobre os preços dos combustíveis. Em nota explicativa divulgada pelo MME, consta que “os impactos ao consumidor serão decorrentes – em maior ou menor grau – em função da

intensidade de carbono pretendida ao final do horizonte temporal da meta a ser imposta”. O documento também destaca que, no processo de definição da meta nacional de descarbonização da matriz de combustíveis, serão avaliadas as condições que melhor atendam aos interesses da sociedade. Nesse contexto, algumas informações acerca de questões econômicas preocupam o transportador. A referida nota relata que, a partir da determinação de redução das emissões, os distribuidores de combustíveis deverão comprar CBIOs no

mercado financeiro, obrigação que, possivelmente, ocasionará custos adicionais a esses agentes. Assim, acredita-se que o CBIO possa vir a ser um custo operacional das distribuidoras que, por sua vez, poderão repassar esse valor aos seus produtos comercializados, de acordo com suas estratégias de negócio. Os distribuidores, então, poderão aumentar o preço do combustível fóssil na bomba para o consumidor final, em uma proporção que compense os gastos adicionais provenientes da operacionalização do RenovaBio. l


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INFRAESTRUTURA

Q

uinze ligações rodoviárias aparecem pelo menos quatro vezes entre as 20 últimas posições no ranking de classificação de qualidade elaborado pela CNT entre 2004 e 2017. São trechos sob jurisdição federal formados por uma ou mais rodovias de grande rele-

vância para o Brasil, tanto para o transporte de cargas quanto para o de passageiros. Ainda assim, durante anos, elas têm se mantido nas piores colocações da lista de 109 ligações avaliadas pela Confederação em todas as regiões do país. Para entender e expor os motivos dessa frequência

negativa, que traz prejuízos e riscos para os transportadores e para a população, a CNT divulgou, em março, o estudo “Rodovias Esquecidas do Brasil - Transporte Rodoviário”. O levantamento foi feito com base nos resultados da Pesquisa CNT de Rodovias dos últimos 14 anos. Os dados

analisados mostram que as más condições das rodovias que compõem essas ligações se devem, essencialmente, ao baixo nível de investimento realizado pelo governo federal. Segundo o estudo, o investimento total do governo federal identificado nessas ligações foi de R$ 5,7 bilhões nos 14 anos


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Rodovias

esquecidas Estudo da CNT apresenta as 15 piores ligações rodoviárias do Brasil entre 2004 e 2017; más condições se devem, essencialmente, ao baixo investimento do governo federal por

avaliados. O valor representa somente 5,9% do destinado para todas as rodovias federais no mesmo período, sendo que a maior parte do montante (67,9%) foi destinada somente para manutenção e recuperação. As ações de adequação participaram com um percentual de 28,5%, enquanto

EVIE GONÇALVES

as construções de contornos rodoviários e de obras de arte (pontes e viadutos) ficaram com a menor parcela, 3,6%. O presidente da Confederação, Clésio Andrade, diz que a superação desses problemas requer fortes investimentos. “O quadro apresentado pela CNT é dramático, pois

demonstra a incapacidade do Estado de promover a melhoria das rodovias brasileiras, o que leva à perpetuação das deficiências na infraestrutura de transporte”. (Confira todas as ligações e as rodovias que as compõem na página 62). De acordo com o estudo, o investimento público médio

por quilômetro por ano nas 15 piores ligações foi quatro vezes inferior aos recursos de referência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no período. Para promover uma manutenção rodoviária simples, o órgão estima que são necessários, em média, R$ 308 mil por


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Pacaraima MANAUS (AM) - BOA VISTA (RR) - PACARAIMA (RR)

RR

BR-174/AM, BR-174/RR, BR-210/RR

Boa Vista

AP 997 km

PA

AS PIORES LIGAÇÕES RODOVIÁRIAS

Manaus Dom Eliseu

MARABÁ (PA) - DOM ELISEU (PA)

AM

434

215 km

BR-222/PA

Açailândia

Marabá

246 km

MARABÁ (PA) - WANDERLÂNDIA (TO) BR-230/PA, BR-153/PA, BR-153/TO

Wanderlândia Araguaína Porto Velho

AC

MA

846

ARAGUAÍNA (TO) - PICOS (PI) BR-230/MA, BR-135/MA, BR-230/PI, TO-222

Rio Branco

504 km

RO

TO

PORTO VELHO (RO) - RIO BRANCO (AC) BR-364/AC, BR-364/RO, BR-425/RO

MT quilômetro. Entretanto foram investidos somente R$ 66,5 mil por quilômetro por ano para a realização de todos os tipos de intervenções. Falta de transparência Um dos itens levantados pelo estudo foi a forma como as ações orçamentárias passaram a ser cadastradas no Orçamento Geral da União, a partir de 2012, que acabou dificultando a análise de dados dos investimentos rodoviários. Antes desse período, os recursos eram alocados por rodovia. Contudo o governo passou a registrar os montantes por Estado, procedimento que permite maior flexibilidade para a execução dos investimentos em infraestrutura rodoviária, porém não permite verificar em quais rodovias

DF

Piranhas JATAÍ (GO) - PIRANHAS (GO) BR-158/GO

GO 191 km

Jataí

MS RIO BRILHANTE (MS) - PORTO MURTINHO (MS) BR-267/MS, BR-060/MS, BR-419/MS

Porto Murtinho

Poços de Caldas

400 km

Rio Brilhante

Dourados

248

SP 421 km

DOURADOS (MS) - CASCAVEL (PR) BR-163/PR, BR-467/PR, BR-272/PR, BR-163/MS

Lorena

Cascavel 231 km

BARRACÃO (PR) - CASCAVEL (PR) BR-163/PR, BR-373/PR, BR-280/PR

POÇOS DE

Barracão

SC 212 km

Lajes

RS

B

PR

FLORIANÓPOLIS (SC) -

BR-475/SC, BR-28

Florianopólis


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eles foram aplicados. Conforme o levantamento da CNT, é possível que alguns trechos das rodovias que compõem as ligações tenham recebido mais investimentos, mas, como eles não estão discriminados no orçamento, não é possível precisar o valor exato do recurso recebido.

AÇAILÂNDIA (MA) - MIRANDA DO NORTE (MA) BR-222/MA, BR-316/MA

Miranda do Norte km

PI

CE

RN

Picos

PB

km

Salgueiro 501 km

Paulo Afonso

AL SE

409 km

BA

PE Maceió MACEIÓ (AL) - SALGUEIRO (PE) BR-110/AL, BR-316/AL, BR-423/AL BR-424/AL, BR-316/PE, BR-110/PE

Salvador SALVADOR (BA) - PAULO AFONSO (BA) BR-101/BA, BR-110/BA, BR-420/BA

MG Governador Valadares

279 km

ES

João Neiva GOVERNADOR VALADARES (MG) - JOÃO NEIVA (ES) BR-259/ES, BR-259/MG, BR-381/MG

km

RJ CALDAS (MG) - LORENA (SP)

BR-459/SP, BR-459/MG

LAJES (SC)

82/SC

Acidentes Outro dado divulgado pela CNT foi o fato de os acidentes ocorridos nas 15 piores ligações rodoviárias gerarem um custo estimado de R$ 426,8 milhões para a sociedade em 2017. O cálculo considera, por exemplo, os custos associados aos danos materiais, às despesas hospitalares e com resgate de vítimas e às perdas em termos de vidas. De acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), 3.171 acidentes foram registrados, no ano passado, apenas nos trechos analisados pelo estudo. Desses, 59,1% registraram feridos, e 7,8% levaram a óbito pelo menos uma das pessoas envolvidas. A ligação Florianópolis (SC) – Lages (SC), formada pela BR-282, por exemplo, registrou o maior número de acidentes, somando 657 ocorrências, o que corresponde a 3,1 acidentes por quilômetro em um trecho de somente 212 km. A Pesquisa CNT de Rodovias apontou que essa ligação apresenta elevada inadequa-

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ção do pavimento (82,1%), da sinalização (85,8%) e da geometria da via (96,2%). “A combinação de todos esses fatores prejudica o desempenho dos motoristas na condução dos veículos, contribuindo para a ocorrência de acidentes e, até mesmo, para intensificar a gravidade. As inadequações no pavimento também geram aumento do custo operacional. Isso impacta toda a sociedade, na medida em que gera uma pressão de repasse de custos ao frete, que tende a ser repassado aos consumidores”, observa o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Segundo o estudo, o aumento médio do custo operacional dos veículos que circulam pelas ligações foi estimado em 28,7%. O trecho rodoviário da BR-158/GO, ligação Jataí (GO) – Piranhas (GO), apresentou as piores condições do pavimento, o que incrementou em 65,1% o custo operacional do transportador rodoviário de cargas que utiliza o trecho. O menor adicional de custo foi registrado na ligação Porto Velho (RO) – Rio Branco (AC), composta pela BR-364, calculado em 11,3%. Geometria O estudo também constata que o principal problema das piores ligações rodoviárias do Brasil está relacionado à geometria da via. Nessa


DESCASO

“O quadro é dramático, pois demonstra a incapacidade do Estado de promover a melhoria das rodovias brasileiras” CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

Trecho Marabá (PA) – Dom Eliseu (PA) apresenta a pior performance A ligação Marabá (PA) – Dom Eliseu (PA) apresentou a pior performance entre os 15 trechos analisados pelo estudo “Rodovias Esquecidas do Brasil – Transporte Rodoviário”. Segundo o levantamento, o trecho teve suas condições inadequadas agravadas entre 2004 e 2017, o que refletiu na piora do seu estado geral e, consequentemente, na perda de 20 posições no ranking da pesquisa. Em 2004, a ligação, que é composta pela BR-222, ocupou o 88º lugar entre as 109 avaliadas e, em 2017, passou para a

posição 108. De acordo com o estudo, foi possível identificar aportes com destinação clara para a BR-222 de R$ 32,2 milhões. O valor representou R$ 10,7 mil por quilômetro por ano e foi insuficiente para viabilizar intervenções que melhorassem a qualidade da rodovia. Esse investimento é 96,5% menor que o valor de referência sugerido pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), que indica o mínimo de R$ 308 mil por quilômetro de rodovia. A insuficiên-

cia de recurso resultou em um pavimento, uma sinalização e uma geometria da via avaliados como regular, ruim ou péssimo em 100% da extensão do trecho na Pesquisa CNT de Rodovias 2017. Considerando a repartição dos investimentos nas 15 ligações, o estudo identificou que Marabá (PA) - Dom Eliseu (PA) recebeu a menor parcela de recursos no período. Conforme o estudo, é possível que a ligação tenha recebido aportes não especificados. Entretanto isso não contribuiu para a melhoria dos resultados da ligação.


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Ligação Araguaína (TO) – Picos (PI) possui 846 km de extensão e vários trechos com pavimento desgastado

RECURSO

Investimento faz ligação subir 39 posições em ranking elaborado pela CNT O melhor desempenho entre os 15 trechos analisados pelo estudo “Rodovias Esquecidas do Brasil – Transporte Rodoviário” foi o da ligação Maceió (AL) Salgueiro (PE). De acordo com o trabalho, o trecho, composto pelas BRs 110, 316 e 423, ganhou 39 posições no ranking. Em 2004, ocupava o lugar de número 97 e, em 2017, passou para a 58ª posição. Uma das possíveis explicações para a melhoria no ranking foi o aumento do investimento em parte do período

analisado pelo estudo. Em 2008, a ligação recebeu R$ 12 milhões para investimentos em manutenção. No ano seguinte, o recurso quase triplicou, chegando a R$ 33,4 milhões. Em 2010, a ligação recebeu R$ 29,3 milhões e, em 2011, foram R$ 38,8 milhões. Segundo o trabalho, entre 2008 e 2014, foram investidos, no total, R$ 114,9 milhões em ações de manutenção. Após quatro anos consecutivos entre as piores ligações no ranking da Pesquisa CNT de Rodovias, o trecho apre-

sentou melhoras significativas, de modo que não voltou a ser classificado entre os 20 últimos lugares desde 2009. De acordo com o estudo da CNT, houve melhorias no pavimento e na sinalização, características que, em 2017, registraram, respectivamente, apenas de 32,3% e 30,8% da extensão classificada como regular, ruim ou péssima. A geometria da via, entretanto, teve 95,6% da extensão classificada como inadequada.

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característica, são avaliados o tipo (pista simples ou dupla) e o perfil (ondulado ou plano) de rodovia, a presença de faixa adicional de subida (terceira faixa), de pontes, de viadutos, de curvas perigosas e de acostamento. No total, 85,3% da extensão conjunta dos 15 trechos analisados recebeu classificação regular, ruim ou péssima na geometria da via pela Pesquisa CNT de Rodovias de 2017. Entre os motivos que geraram o resultado, estão a predominância de pista simples de mão dupla em 97,2% da extensão total, a falta de faixa adicional de subida (88,5%) e de acostamento (56,3%) e a ausência de dispositivo de proteção contínua em trecho onde ele é necessário (64,9%). Segundo o estudo, 73,8% da extensão das ligações apresentou algum tipo de deficiência no pavimento. Foi constatado ainda que a superfície da via de rolamento possuía desgastes, trincas, afundamentos, buracos, ondulações e remendos. A sinalização, por sua vez, não foi considerada satisfatória em 61,7% do percurso dos trechos rodoviários selecionados. Colaborou para esse resultado o desgaste ou a inexistência da pintura da faixa central, observados em 45,8% da extensão das piores ligações, o que dificulta a visibilidade da delimitação do espaço de rolamento dos veículos. l


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ITL

Aplicação Projeto que capacita gestores de empresas tem possibilitado a construção de um novo transporte no Brasil; iniciativa já atende mais de mil profissionais por

G

erar conhecimento, aprimorar o capital humano e possibilitar a inovação da atividade transportadora. Esses são os três pilares do trabalho desenvolvido pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística), que podem ser comprovados pelos resultados alcançados por meio do curso Especialização em Gestão de Negócios.

CARLOS TEIXEIRA

Oferecida de maneira gratuita pelo instituto e pelo SEST SENAT a gestores das empresas de transporte de todos os modais, a capacitação tem mudado a realidade do setor e permitido a construção de um novo transporte no Brasil. O curso é ministrado pela FDC (Fundação Dom Cabral), uma das 12 melhores escolas de negócios do mundo, e tem como exigência de tra-

balho de conclusão a elaboração de um projeto aplicativo. Segundo balanço das 26 turmas já formadas (16 concluídas e 10 em andamento), 68,3% dos 67 trabalhos apresentados até o momento foram implantados integral ou parcialmente nas empresas. Nas de pequeno porte, o índice chega a 73,9%. A aplicação tem garantido, principalmente, redução de custos e mais eficiência na

prestação de serviços. Do total de projetos, 14 foram implantados em duas ou mais empresas, tornando evidentes os princípios de colaboração e otimização de recursos propiciados pela iniciativa. “A especialização vem, desde a sua concepção, atuando como ferramenta de modificação do transporte por meio do conteúdo oferecido em sala de aula. Estamos construindo


prática FOTOS ITL/DIVULGAÇÃO

e ensinando novas técnicas e alternativas que geram produtividade, economia e agilidade para as empresas”, afirma o diretor-executivo do ITL, João Victor Mendes. De acordo com o relatório de resultados, 94,6% dos projetos aplicativos são considerados muito relevantes ou relevantes para as empresas envolvidas na iniciativa. Desde o início da capacitação,

em 2014, já foram formados 481 profissionais, e outros 594 estão em formação, em um total de 483 empresas. A distribuição das vagas é orientada pela participação dos modais na matriz do transporte brasileiro. Para Irani Bertolini, diretor-presidente da Transportes Bertolini, empresa que atua no segmento de transporte rodoviário e hidroviário de

cargas, a vivência dentro da empresa comprova que o ITL está levando o que existe de melhor em conhecimento para a gestão do transporte. “Demos um passo importante na atualização e no aperfeiçoamento que devem ser constantes para a permanência no mercado. Esse curso apresenta técnicas de gestões modernas e de altíssima qualidade. Tenho colaboradores que par-

ticiparam da especialização, e o resultado foi fantástico. Os conhecimentos adquiridos no curso têm sido constantemente aplicados no ambiente de trabalho.” Bertolini ainda ressalta que, desde a criação do SEST SENAT, em 1993 (a instituição completa 25 anos em 2018), o setor de transporte não parou de se desenvolver. “A implantação do SEST SENAT


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ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS » Voltada para gestores de empresas do setor de transporte de cargas e de passageiros dos modais rodoviário, aquaviário, ferroviário, aéreo e operadores logísticos » Carga horária: 370 horas (80% presencial e 20% a distância) » Pré-requisitos dos participantes: ser um profissional do setor de transporte; exercer cargo de gestão, devidamente comprovado; ter nível superior completo em qualquer área de formação, em curso reconhecido pelo MEC; e possuir noções básicas de língua inglesa » Inscrições e seleção - Inscrições: pelo site www.itl.org.br - Seleção: entrevista realizada pela equipe técnica do ITL e análise da documentação, do currículo e do desempenho do candidato durante a realização da entrevista

Mais informações: inteligencia@itl.org.br (61) 2196-5817

APROVAÇÃO Segundo balanço do curso, os participantes alcançam a média de 80% a 90% de aproveitamento das disciplinas. Nas áreas de inovação e operações, o desempenho chega a 89%. VALE/DIVULGAÇÃO

Projeto garante redução de custos em terminal

foi uma grande conquista para o setor de transporte e é essencial para o seu desenvolvimento, tanto na parte profissional como na melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Agora, com o trabalho do ITL, a atuação do sistema cresce, chegando a níveis gerenciais”, destaca ele. A maioria dos participantes da Especialização em Gestão de Negócios possui cargos


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“Os conhecimentos adquiridos no curso têm sido constantemente aplicados no ambiente de trabalho” IRANI BERTOLINI, DIRETOR-PRESIDENTE DA TRANSPORTES BERTOLINI

estratégicos dentro das organizações onde atuam: 51% ocupam cargos de gerência, sendo líderes de pessoas em alguma área funcional, e 24% atuam nos níveis estratégicos das organizações, como C-level ou diretores. Resultado Um dos projetos aplicativos de destaque é o trabalho da turma de Belém (PA) que

teve como objeto de estudo a manutenção do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), operado pela Vale. O projeto realizou o levantamento de dados de produtividade de mão de obra das gerências de manutenção, análise dos dados, estratificação das tarefas de trabalho direto e indireto. Com os números em mãos, foram delineadas ações para eliminação

ou mitigação de perdas por meio da otimização da infraestrutura, melhoria de processos e mudanças estruturais na manutenção do terminal. Segundo Leonardo Cordeiro, integrante do grupo e gerente de planejamento, programação e controle de manutenção do porto da Vale em São Luís, no primeiro ano, o projeto vai permitir um aumento de 14,6% na produtividade da

empresa. “Em três anos, esse índice poderá chegar a 28%. O ganho estimado é de R$ 10 milhões na otimização dos recursos para manutenção”, explica ele. A revista CNT Transporte Atual já detalhou, nas edições 264 (outubro/2017), 260 (julho/2017) e 259 (maio/2017), outros projetos que trouxeram ganhos para as empresas de transporte.

Confira aqui

cnt.org.br/Paginas/ revista-cnt-transporte-atual


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QUALIFICAÇÃO

Novos motoristas para o mercado

de trabalho SEST SENAT oferece oportunidade para cobradores se tornarem motoristas profissionais; iniciativa vai oferecer 1.500 vagas em projeto-piloto por

A

tento às transformações que têm modificado a realidade das empresas do setor de transporte, o SEST SENAT vai qualificar, gratuitamente, cobradores do transporte coletivo urbano de passageiros para atuarem como motoristas profissionais. O projeto Qualificação Profissional para Cobrador no Transporte Coletivo de Passageiros prevê a mudança

CARLOS TEIXEIRA

da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) da categoria B para a D e a oferta de curso de capacitação necessário para o exercício da profissão de motorista (exigência prevista na resolução nº 168/2004 do Conselho Nacional de Trânsito) e de aperfeiçoamento com prática de direção nos simuladores híbridos disponíveis nas unidades operacionais do SEST SENAT. A fase-piloto, lançada em março, disponibiliza 1.500 vagas

em cinco unidades operacionais: Curitiba, Belo Horizonte (Jardim Vitória), Fortaleza, Rio de Janeiro (Deodoro) e São Paulo (Vila Jaguara). O presidente da CNT e dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT, Clésio Andrade, destaca que a iniciativa vai ao encontro das necessidades das empresas do setor. “O transporte está mudando. As novas tecnologias estão chegando e o SEST SENAT acompanha

as transformações, preparando esses profissionais para o futuro. O projeto visa suprir uma demanda do mercado por profissionais qualificados para a profissão de motorista, além de ser uma alternativa de crescimento profissional para os cobradores”, afirma ele. Levantamento da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) mostra que, em 2016, 85% dos municípios brasileiros


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com mais de 100 mil habitantes já utilizavam a tecnologia da bilhetagem eletrônica, retirando os cobradores dos veículos. O sistema garante mais segurança aos coletivos, evitando assaltos, além de reduzir os custos das empresas. “Oferecer essa oportunidade para os cobradores era uma antiga reivindicação do setor e traz um impacto muito grande para as empresas. Estamos criando um grande estoque de profis-

sionais do volante, já que hoje temos uma carência dessa mão de obra qualificada e há a substituição dos cobradores por equipamentos eletrônicos”, ressalta Eudo Laranjeiras, presidente da seção do Transporte Rodoviário de Passageiros da CNT e presidente da Fetronor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste). Na visão dele, a utilização da bilhetagem eletrônica e a consequente retirada dos

cobradores dos coletivos pode impactar não só a questão da segurança, mas também a redução das passagens cobradas dos usuários, uma vez que a manutenção desses profissionais tem peso de 15% na composição das tarifas. “Com esse projeto, o SEST SENAT contribui para a economia, garantindo empregabilidade para os cobradores, redução de custos para as empresas e economia para os usuários.”

De acordo com Lessandro Zem, diretor da Expresso Azul Metropolitana, que opera em Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR), a iniciativa do SEST SENAT em possibilitar a transformação de cobradores em motoristas é essencial para as empresas, tendo em vista que hoje a grande mobilidade tecnológica do setor acarreta novas necessidades operacionais para a profissão e exige uma maior expertise dos pro-


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“O projeto visa suprir uma demanda do mercado por profissionais qualificados” CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DOS CONSELHOS NACIONAIS DO SEST E DO SENAT

fissionais. Zem ainda ressalta que a gratuidade do projeto permitirá uma economia para as empresas, além do ganho de qualidade que os treinamentos oferecem. “A necessidade dessa qualificação é urgente devido a nossa demanda. Já tivemos que custear a troca de CNH para que nossos antigos cobradores se tornassem motoristas e suprissem a carência por essa mão de obra. Agora, com o projeto, teremos essa lacuna preenchida e de forma gratuita”, destaca ele. Quem já vivenciou essa realidade também ressalta a importância da iniciativa. “Quando comecei a trabalhar como cobrador, eu não tinha nem carteira de habilitação. Agora, já faz seis anos que eu sou motorista, e isso eu devo à oportunidade que tive de fazer os cursos no SEST SENAT. Eu

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entrei na empresa trabalhando como cobrador, mas sempre com a cabeça fixa em virar motorista. E igual ao meu caso, existem vários”, conta Leandro Santos, da Expresso Azul. A carioca Elina Pereira começou como cobradora, em 2001, na empresa União de Duque de Caxias (RJ) e já conseguiu realizar o sonho de ser motorista profissional. “A possibilidade de trocar a CNH de forma gratuita é ótima. Os cobradores, mesmo querendo ser motoristas, às vezes, não têm condição de custear essa mudança de categoria. Conheço vários que, assim como eu, também vislumbram virar motoristas. O projeto do SEST SENAT é maravilhoso e irá ajudar esses trabalhadores.” As vagas para o curso de cobradores estão no edital público disponibilizado no site do SEST SENAT (www.sestsenat.org.br). Os interessados terão até o dia 16 de maio, às 17h, para fazerem a inscrição online. Para se candidatar, é necessário comprovar vínculo empregatício como cobrador de ônibus, possuir CPF, e encaixar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo para a mudança de categoria da CNH. Além disso, a regularidade do cadastro da empresa junto ao SEST SENAT é fundamental. A empresa onde o candidato trabalha deve ter como atividade econômica principal o transporte e deve

atuar no transporte coletivo urbano de passageiros (veja mais na página 71). Treinamento Além de suprir uma demanda do setor de transporte, o projeto do SEST SENAT permite que o mercado tenha acesso a profissionais altamente qualificados e atualizados com as novidades tecnológicas.

No curso Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros, com carga horária de 50 horas, serão trabalhados temas, como legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente, convívio social no trânsito e relacionamento interpessoal. TONINHO TAVARES/AGÊNCIA BRASÍLIA/DIVULGAÇÃO

Grande parte dos ônibus já tem bilhetagem eletrônica


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Veja aqui o edital completo do projeto

sestsenat.org.br/Paginas/ cobradores-candidatos

SAIBA MAIS Qualificação Profissional para Cobrador no Transporte Coletivo de Passageiros Vagas - 1.500 em projeto-piloto

Unidades operacionais - Curitiba, Belo Horizonte (Jardim Vitória), Fortaleza, Rio de Janeiro (Deodoro) e São Paulo (Vila Jaguara)

Requisitos para participar - Enquadrar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo de CNH para realizar a mudança de categoria. - Possuir CPF - Comprovar vínculo empregatício na função de cobrador de ônibus. É importante que o cadastro da empresa junto ao SEST SENAT esteja atualizado

“Oferecer essa oportunidade para os cobradores era uma antiga reivindicação do setor e traz um impacto muito grande para as empresas” EUDO LARANJEIRAS, PRESIDENTE DA SEÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS DA CNT

Etapas 1. Custeio da troca da CNH da categoria B para a D 2. Oferta do curso Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo, de acordo com as normativas do Contran e dos Departamentos Regionais de Trânsito de cada Estado 3. Oferta do curso Aperfeiçoamento de Motorista para o Transporte de Passageiros, com prática no simulador híbrido de direção do SEST SENAT

O curso Aperfeiçoamento de Motoristas para o Transporte de Passageiros tem carga horária de 22 horas, sendo 8 horas de aulas teóricas e 14 horas de prática realizada nos simuladores híbri-

dos disponíveis nas unidades operacionais do SEST SENAT. No treinamento prático, os alunos poderão vivenciar situações reais das vias urbanas do país, com simulação de corredores de BRT, dos estacionamentos, dos pontos de embarque e desembarque, de condições climáticas (chuva, neblina) e de infraestrutura. “A iniciativa do SEST SENAT irá sanar não só a necessidade atual do setor, mas também formar profissionais já conectados com as novidades em termos de tecnologia e legislação. Isso é essencial para o transporte urbano e para toda a cadeia econômica que o cerca. Teremos motoristas profissionais formados sem nenhum ‘vício’”, afirma Fernanda Sales, gerente de recursos humanos da Auto Viação Alpha, do Rio de l Janeiro (RJ).


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MERCADO DE TRABALHO

Emprega

transporte SEST SENAT lança plataforma para facilitar a integração entre as empresas e os profissionais do setor de transporte por

DIEGO GOMES

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esmo com sinais de recuperação, o Brasil ainda sente os efeitos de uma das suas mais agudas recessões econômicas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país já soma mais de 12 milhões de desempregados. Tal cenário afetou diretamente o transporte, que depende de mão de obra maciça, e contribuiu para reconfigurar o mercado de trabalho, refletindo até nos processos de seleção de pessoal. Atualmente, há muitos candidatos que, apenas por

necessidade, habilitam-se a vagas incompatíveis ao seu perfil ou que desconhecem a existência de oportunidades na sua área, por falta de ampla divulgação. Tudo isso torna as triagens mais complexas e podem resultar em escolhas que, posteriormente, comprometem a produtividade das empresas. Uma das respostas a essa questão, porém, pode estar no uso da tecnologia. Pensando nisso, o SEST SENAT lança, em abril, o Emprega Transporte, uma ferramenta gratuita que reúne talentos e oportunidades do setor em um

só lugar. A plataforma tem o objetivo de facilitar a interação entre profissionais e empregadores e, assim, contribuir para a inserção de trabalhadores no mercado e para a otimização dos processos de recrutamento. No Emprega Transporte, os profissionais – alunos e ex-alunos do SEST SENAT – cadastram seus currículos, o que permite às empresas que busquem aqueles que tenham o perfil mais adequado aos postos de trabalho. Além disso, as empresas podem divulgar as vagas disponíveis e, assim, os trabalhadores ficam sabendo

e podem se candidatar para as oportunidades que estão abertas. Para a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, trata-se de uma iniciativa inovadora no setor de transporte, já que os departamentos de recursos humanos têm apostado em soluções tecnológicas nas suas seleções a fim de simplificar suas rotinas, ser mais assertivos na busca por profissionais que tenham aderência às vagas oferecidas e aumentar a eficiência. Segundo especialistas, os canais digitais vêm ressignificando o


ARQUIVO SEST SENAT

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Saiba mais

empregatransporte. sestsenat.org.br

“O Emprega Transporte vai possibilitar a sistematização de informações essenciais para oferecer mais um serviço aos transportadores” NICOLE GOULART, DIRETORA-EXECUTIVA NACIONAL DO SEST SENAT

recrutamento, e boa parte dos empregadores e headhunters – especialistas em encontrar os melhores talentos para as empresas – já usa mídias sociais e plataformas digitais como forma de captação. Nicole Goulart comenta que o recrutamento é o primeiro passo para reunir profissionais aptos a assumirem as vagas em aberto, podendo as ações desse processo impactar positiva ou negativamente toda a cadeia da gestão de pessoas. “Precisamos, cada vez mais, de mão de obra qualificada no setor de trans-

porte, e o SEST SENAT, ciente da sua missão e dos seus valores, vem fazendo a sua parte nessa área. O Emprega Transporte vai possibilitar a sistematização de informações essenciais para oferecer mais um serviço aos transportadores”, explica. É importante destacar que o sistema do SEST SENAT não faz a gestão dos processos seletivos e não tem controle nem influência na seleção dos candidatos. A ferramenta Entre as principais vantagens do Emprega Transporte, está o fato de que ele é voltado especialmente para o transporte, reunindo profissionais com qualificação para o setor tanto para as atividades-fim quanto para as atividades-meio das empresas. Para Débora Abade, gerente de recursos humanos da Vix Logística, especializada em locação e gestão de frotas, traslados de pessoas e movimentação de cargas, a ferramenta contribuirá para otimizar os processos de recrutamento da sua empresa, que tem mão de obra intensa. Atualmente, a Vix conta com 8.500 empregados e, no primeiro trimestre de 2018, realizou mais de 1.000 contratações. “A iniciativa direciona esforços e reduz o tempo na busca por profissionais mais qualificados. Essa parceria com o SEST SENAT é fundamental, pois é a certeza de que teremos profissionais com alto nível de capacitação, além de conferir amplitude aos currículos dos candidatos.”

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Mercado Embora ainda esteja num estágio incipiente no Brasil, essa forma de contratação já coleciona experiências bem-sucedidas. Para as empresas, o principal desafio é administrar todas as informações disponíveis. No caso dos profissionais, o elemento-chave é fornecer os dados que o recrutador está procurando a fim de cair no filtro e ser chamado para a entrevista. Essa é a avaliação do head de recrutamento e seleção da Stato, consultoria de movimentação de talentos, Raul Gama. Segundo ele, “quem, hoje, não está digitalizado está praticamente excluído do mercado formal de trabalho.” Vale lembrar, porém, que o Brasil fechou 2016 com 116 milhões de pessoas conectadas à internet, o equivalente a 64,7% da população com idade acima de dez anos. As informações são da Pnad C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Isso quer dizer que o país possui ainda uma parcela expressiva dos seus habitantes sem acesso básico à internet. O head de recrutamento da Stato argumenta, entretanto, que a popularização de plataformas online de empregos contribui, de certa forma, para mitigar essa desigualdade por motivar os candidatos a saírem da sua zona de conforto e buscarem se familiarizar com l a tecnologia.


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Paulo Vicente Caleffi pede afastamento do cargo de secretário-geral

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FOTOS CIT/DIVULGAÇÃO

urante a realização da XXIX Assembleia Geral Ordinária da Câmara Interamericana de Transportes no dia 26 de fevereiro, na sede da Confederação Nacional do Transportes (CNT), o secretário-geral, Paulo Vicente Caleffi, quem ocupa o cargo desde a fundação da CIT em 2002, anunciou seu afastamento do cargo até a realização da próxima Assembleia, que acontecerá no Panamá, nos dias 17 a 19 de outubro de 2018, quando ocorrerá a eleição da nova Diretoria da CIT para o biênio 2018-2020. O Estatuto da entidade determina que, em caso de afastamento, o subsecretário-geral ocupe o posto; Oscar Grenald Castillo, presidente do Capítulo Panamá e da “Asociación de Transportistas de Carga de Colón”, permanecerá no cargo até a próxima Assembleia. Grenald participa da CIT desde que foi fundada em São Paulo e muito contribuiu para a primeira reunião quando Clésio Andrade submeteu aos países fundadores o primeiro Estatuto. Desde então, participou de todas as Assembleias.

ELEIÇÕES 2018 NO BRASIL Paulo Vicente Caleffi solicitou afastamento do cargo de secretário-geral da CIT por ser pré-candidato ao cargo de deputado federal, com representação do Estado do Rio Grande do Sul, nas eleições que acontecerão no Brasil, em 7 de outubro de 2018.

Paulo Vicente Caleffi

Unidade do SEST SENAT recebe a delegação internacional da CIT Unidad del SEST SENAT recibe la delegación internacional de la CIT


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Clésio Andrade, presidente da CNT, em ato de encerramento da Assembleia Clésio Andrade, presidente de la CNT, en acto de cierre de la Asamblea

Paulo Vicente Caleffi pide alejamiento del cargo de secretario general

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urante la realización de la XXIX Asamblea General Ordinaria de la Cámara Interamericana de Transportes, el 26 de febrero, en la sede de la Confederación Nacional del Transporte (CNT), el secretario General, Paulo Vicente Caleffi, quien ocupa el cargo desde la fundación de la CIT en 2002, anunció su alejamiento del cargo hasta la celebración de la próxima Asamblea, que tendrá lugar en Panamá, los días 17 a 19 de octubre de 2018, cuando ocurrirá la elección del nuevo Directorio de la CIT para el bienio 2018-2020. El Estatuto de la entidad determina que ,en caso de alejamiento, el subsecretario general ocupe el puesto; Oscar Grenald Castillo, presidente del Capítulo Panamá y de la Asociación de Transportistas de Carga de Colón, permanecerá en el cargo hasta la próxima Asamblea. Grenald participa de la CIT desde que fue fundada en São Paulo y mucho contribuyó a la primera reunión cuando Clésio Andrade sometió a los países fundadores el primer Estatuto. Desde entonces, ha participado en todas las Asambleas.

ELECCIONES 2018 EN BRASIL Paulo Vicente Caleffi solicitó alejamiento del cargo de secretario general de la CIT por ser pre-candidato al cargo de diputado federal, con representación del Estado de Rio Grande do Sul, en las elecciones que tendrán lugar en Brasil, el 7 de octubre de 2018.

Oscar Grenald Castillo

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Zangões voadores e a segurança viária por

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PROF. DR. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES

s drones estão chegando aos pouquinhos. A China já domina quase 90% do mercado mundial. Já há drones experimentais para cargas e pessoas em muitas partes do planeta. Hoje, os drones são pequenos, com pouca autonomia de voo (alguns minutos) e com severas restrições para alçar maiores altitudes, velocidades na ordem de 100 km/h, e limitações para voos sobre locais densamente povoados. A partir do ano 2000, os drones começaram a derivar da exclusividade do uso militar para o uso privado e comercial. Drone é um veículo aéreo não tripulado e controlado remotamente que pode realizar inúmeras tarefas. No meio militar, mais conhecido como VANT, acrônimo para veículo aéreo não tripulado, drone é uma palavra em inglês que significa zangão. Seguramente, a sociedade aprecia os drones e muitos se entusiasmam, contudo, a proliferação desenfreada poderá ser um grande risco para a segurança aeroviária. Basta

se imaginar em um avião em procedimento de pouso ou decolagem e a sua turbina absorvendo um drone. Muito pouco se poderá fazer para evitar um acidente. Não basta regulamentar, mas sim controlar e punir severamente os infratores. Qualquer um de nós pode ser uma vítima. Um simples entretenimento pode se transformar em uma tragédia. No Brasil, drones acima de 250g e pilotos devem ser cadastrados, porém a quantidade estimada de drones pelo país ultrapassa 20 mil. Se os drones e pilotos cadastrados ainda assim possam ser um potencial perigo para a aviação, maior ainda serão aqueles equipamentos e operadores sem a devida regularização. A Câmara Interamericana de Transportes – CIT vem acompanhando essas evoluções tecnológicas e as normas existentes em cada país. Talvez essa preocupação e atenção cresçam após um acidente, o que é totalmente indesejável para a comunidade dos transportes interamericanos.


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TONINHO TAVARES/AGÊNCIA BRASÍLIA/DIVULGAÇÃO

Zánganos voladores y la seguridad viaria por

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PROF. DR. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES

os drones están llegando a los pocos. China ya domina casi el 90% del mercado mundial. Ya hay drones experimentales para cargas y personas en muchas partes del planeta. Hoy, los drones son pequeños, con poca autonomía de vuelo (algunos minutos) y con severas restricciones para alzar mayores altitudes, velocidades en el orden de 100 km / h, y limitaciones para vuelos sobre lugares densamente poblados. A partir del año 2000, los drones comenzaron a derivar de la exclusividad del uso militar para el uso privado y comercial. Drone es un vehículo aéreo no tripulado y controlado remotamente que puede realizar numerosas tareas. En el medio militar, más conocido como VANT, acrónimo para vehículo aéreo no tripulado, drone es una palabra en inglés que significa zángan. Seguramente, la sociedad aprecia a los drones y muchos se entusiasman, sin embargo, la proliferación desenfrenada podría ser un gran riesgo para la seguridad del espacio aéreo. Basta con imagi-

narse en un avión en procedimiento de aterrizaje o despegue y su turbina absorbiendo un drone. Muy poco se puede hacer para evitar un accidente. No basta con reglamentar, sino controlar y castigar severamente a los infractores. Cualquiera de nosotros puede ser una víctima. Un simple entretenimiento puede transformarse en una tragedia. En Brasil, drones por encima de 250g y pilotos deben ser registrados, pero la cantidad estimada de drones por el país supera los 20 mil. Si los drones y pilotos registrados todavía pueden ser un potencial peligro para la aviación, mayor aún serán aquellos equipos y operadores sin la debida regularización. La Cámara Interamericana de Transportes - CIT viene acompañando esas evoluciones tecnológicas y las normas existentes en cada país. Tal vez esa preocupación y atención crezca después de un accidente, lo que es totalmente indeseable para la comunidad de los transportes interamericanos.

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TEMA DO MÊS

A logística para maior eficiência no escoamento de grãos

Paranaguá atinge novo patamar e colhe resultados em 2018 LUIZ HENRIQUE DIVIDINO

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LUIZ HENRIQUE DIVIDINO Diretor-presidente da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina)

Porto de Paranaguá contabiliza os resultados de um planejamento estratégico que resultou na maior movimentação de cargas de toda a sua história. Foram 51,5 milhões de toneladas operadas entre janeiro e dezembro de 2017, o que representa um crescimento de 11% em relação ao recorde anterior (46,1 milhões de toneladas em 2013), e de 14,2% de aumento em relação a 2016, quando operou 45,1 milhões de toneladas. O volume de movimentações foi bem acima da média brasileira. Enquanto as exportações de produtos no Brasil inteiro tiveram crescimento médio de 7,2% em relação a 2016, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, as exportações por Paranaguá cresceram 17%. A marca é histórica, pois representa uma mudança no patamar dos portos do Paraná. Em Paranaguá, uma confluência de fatores levou a esse recorde: o campo produziu muito, o câmbio favoreceu a comercialização da produção e o porto se equipou para aten-

der ao aumento de demanda. Além de ultrapassar a marca de 50 milhões de toneladas, o Porto de Paranaguá registrou 17 recordes históricos ao longo do último ano. É importante destacar que crescemos 35% desde o último registro de fila de caminhões – ocorrido em 2011. Além disso, fizemos o maior aporte de investimentos públicos da história – R$ 868 milhões entre 2011 e 2017. Entre as principais obras que tornaram possíveis essas marcas, estão as campanhas continuadas de dragagem, reforma e aprofundamento do cais, instalação de novos shiploaders (carregadores de navios), construção de novos gates com novas balanças, automação dos equipamentos de controle de acesso, construção de novos tombadores, novos pátios de caminhões, entre outros. Os investimentos aumentaram em 33% a capacidade na descarga de grãos, multiplicaram o acesso de caminhões de fertilizantes, veículos e cargas gerais e duplicaram a resistência do cais para operações. Também foram feitas campanhas de dragagens de

manutenção, garantindo a profundidade de projeto do canal de acesso e dos berços, permitindo que navios maiores pudessem operar em Paranaguá nas suas capacidades máximas de carga. Agora, em 2018, iremos um pouco mais adiante: vamos deixar um planejamento de infraestrutura terrestre e marítima para as próximas décadas. As nossas ações estarão voltadas neste ano para a melhoria dos acessos por água e por terra. A dragagem de aprofundamento que será concluída em agosto possibilitará escalas dos maiores navios que operam na costa brasileira e, consequentemente, a sensível racionalização do transporte marítimo. Em terra, o porto está financiando as obras dos seus dois principais acessos: a avenida Bento Rocha e o viaduto na interseção da avenida Airton Senna. Isso possibilitará reduzir ainda mais o tempo de movimentação dos navios e, principalmente, melhorar o tempo de atendimento do modal rodoviário, que é fundamental para o funcionamento e o desenvolvimento econômico do Porto de Paranaguá.


É necessário investir em modelos mais eficientes para o escoamento SÉRGIO CASTANHO TEIXEIRA MENDES

O

maior desafio do setor exportador de grãos brasileiro, nos próximos anos, será, com toda certeza, o de encontrar alternativas para transportar e embarcar os crescentes volumes de soja e milho de maneira mais rápida e eficiente. Com distâncias médias de mais de 1.000 km entre as zonas produtivas e os portos, o setor perde, anualmente, milhões de dólares por percorrer essas distâncias por meio de caminhões, tipo de deslocamento mais oneroso e ineficiente para o transporte de cargas em longas distâncias. Diante da falta de alternativas, é preciso diminuir essas distâncias. Foi com esse pensamento que diversas tradings investiram milhões de dólares, nos últimos anos, na construção de portos e terminais no Norte do país, devido à proximidade com os maiores centros produtores de soja e milho, localizados no Estado de Mato Grosso. A construção do porto de Miritituba, localizado no município de Itaituba (PA), foi fundamental para o crescimento dos embarques por meio dos portos de Santarém

e Barcarena. Com essa nova rota, o porto de Barcarena saltou de uma movimentação anual de grãos de 1,1 milhão de toneladas, em 2014, para 7,5 milhões de toneladas em 2017. Entretanto, apesar de todo o investimento realizado, os exportadores têm encontrado enorme dificuldade no acesso rodoviário ao porto. Como única rota de acesso existente no trajeto de Mato Grosso até o porto, a rodovia BR-163 vem causando enormes prejuízos ao setor a cada safra. Devido à falta de pavimentação no trecho final, durante o período de chuvas, enormes atoleiros surgem, impossibilitando os caminhões de seguirem viagem, atrasando a entrega dos carregamentos nos portos de destino. Durante esse período, é comum nos depararmos com caminhões presos nos atoleiros por semanas, até que cessem as chuvas e as condições mínimas de trafegabilidade sejam restauradas. Em razão dessa condição precária da BR-163, o valor do frete para transporte de soja ou milho da região de Sorriso (MT) até o Porto de Miritituba, num trajeto de aproximadamente 1.100 km, chega a ser quase R$ 100 por tonelada mais caro do que o

cobrado do mesmo ponto de origem até o Porto de Santos, localizado a 2.000 km de distância. Os exportadores não podem ficar reféns de uma rodovia, na espera de uma solução por parte do governo. Para equacionar o problema de transporte entre o Estado de Mato Grosso e o Porto de Miritituba, um grupo constituído por grandes tradings do agronegócio apresentou ao governo federal um projeto para construção da Ferrogrão, ferrovia que levará a produção do Estado de Mato Grosso, a partir do município de Sinop, até o porto. O projeto já conta com estudos de viabilidade técnica aprovados, com expectativa de que o governo abra licitação para a construção da ferrovia no segundo semestre deste ano. Iniciativas como essa da Ferrogrão, em sintonia com a iniciativa privada, são extremamente importantes e necessárias para que possamos caminhar mais rapidamente na direção correta, de mudança de nossa matriz de transportes, transpassando a burocracia e as dificuldades que o governo possui em realizar obras desse porte, apoiadas em modelos mais eficientes para o escoamento dos nossos grãos.

SÉRGIO CASTANHO TEIXEIRA MENDES Diretor-geral da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais)


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ALEXANDRE GARCIA

Retomar estradas

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reviam 0,7% de crescimento do PIB e deu até uns tracinhos acima de 1%. Agora preveem 3% neste ano, e um ex-presidente do Banco Central me diz que posso apostar em 3,5%. Para um país que já cresceu na média de 11,2% ao ano, durante três anos, a gente aprendeu que com entusiasmo nada é impossível. A indústria de veículos sabe disso e não parou – agora está em plena retomada; a agropecuária segurou as pontas e merece todo o apoio; os serviços começam a sentir o bom ambiente. Os milhões de empregos perdidos vão se recuperando aos poucos. E se constata que a economia vai se blindando das incertezas políticas, como essa de retirar de pauta a necessária Reforma da Previdência. Agências de risco rebaixam o Brasil? Mas o Ibovespa continua firme, e o dólar permanece estabilizado. Com a força do comércio exterior, estamos mais preocupados com os Estados Unidos e a China. Até parece que Deus é só brasileiro, perdoem-me os da Terra Prometida. Morremos no asfalto e nos assassinamos à razão de 100 mil por ano, mas a esperança sobrevive. Entusiasmo, esperança, blindagem da economia – tudo isso é muito bonito, mas há realidades físicas de que não podemos fugir com belas intenções. Precisamos, no asfalto, de segurança contra assaltos e segurança contra acidentes. No Rio de Janeiro, muitas empresas estão retirando seus depósitos de lá para fugir da inse-

gurança que, há muito tempo, infesta estradas do Sudeste. Tantos anos só com promessas e com o crime aumentando cada vez mais. Assim, no asfalto em geral: promessas de duplicação ainda feitas no século passado e não cumpridas. Estradas onde ainda afundam as rodas que transportam riquezas e divisas. Viadutos e pontes já concluídos, mas no ar, sem acesso; aterros e leitos de estradas faltando só o acabamento, mas vazios, inúteis, tão imobilizados quanto o dinheiro dos impostos que está ali enterrado. Ora, direis, com tanta empreiteira envolvida na Lava Jato, é compreensível a paralisação de obras, a incerteza do contrato, mas não pode a corrupção prejudicar de novo o país, além do superfaturamento para a propina. Os americanos, que tocam a mais ágil e maior economia do mundo, costumam dizer, quando aparece um obstáculo inesperado, the show must go on (o espetáculo tem que continuar). Isso é o que o Brasil espera; é disso que o Brasil precisa; é isso que o Brasil pode fazer. Blindar a economia, protegendo-a da política é muito bom, mas não há como fugir do fato de que, em outubro, escolheremos os que fazem as leis e os que governam. Como temos errado em escolhas! Será que desta vez vai? Eleições não podem ser uma loteria. Decisão de voto tem que ser demorada e acurada, como uma boa revisão do veículo antes de uma viagem longa, com carga preciosa e estrada desconhecida.


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