REVISTA
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO IX | NÚMERO 104 | FEVEREIRO 2004
O MERCOSUL
QUE DÁ CERTO
A Zicosul movimenta US$ 15 bilhões e desenvolve políticas de transporte para incrementar o Centro-Oeste
CNT Confederação Nacional do Transporte PRESIDENTE Clésio Andrade
DIRETORIA SEÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
PRESIDENTE DE HONRA Thiers Fattori Costa VICE-PRESIDENTES SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Benedicto Dario Ferraz SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho e Ilso Pedro Menta SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti e Antônio Pereira de Siqueira SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes e Mariano Costa SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Elmar José Braun e Renato Cézar Ferreira Bittencourt SEÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira e Nélio Celso Carneiro Tavares
Denisar de Almeida Arneiro, Eduardo Ferreira Rebuzzi, Francisco Pelucio, Irani Bertolini, Jésu Ignácio de Araújo, Jorge Marques Trilha, Oswaldo Dias de Castro, Romeu Natal Pazan, Romeu Nerci Luft, Tânia Drumond, Augusto Dalçoquio Neto, Valmor Weiss, Paulo Vicente Caleffi e José Hélio Fernandes SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Aylmer Chieppe, Alfredo José Bezerra Leite, Narciso Gonçalves dos Santos, José Augusto Pinheiro, Marcus Vinícius Gravina, Oscar Conte, Tarcísio Schettino Ribeiro, Marco Antônio Gulin, Eudo Laranjeiras Costa, Antônio Carlos Melgaço Knitell, Abrão Abdo Izacc, João de Campos Palma, Francisco Saldanha Bezerra e Jerson Antonio Picoli SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de Sousa, José Alexandrino Ferreira Neto, José Percides Rodrigues, Luiz Maldonado Marthos, Sandoval Geraldino dos Santos, José Veronez, Waldemar Stimamilio, André Luiz Costa, Armando Brocco, Heraldo Gomes Andrade, Claudinei Natal Pelegrini, Getúlio Vargas de Moura Braatz, Celso Fernandes Neto e Neirman Moreira da Silva
SEÇÃO DO TRANSPORTE AÉREO
SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Constantino Oliveira Júnior e Wolner José Pereira de Aguiar
Cláudio Roberto Fernandes Decourt, Antônio Carlos Rodrigues Branco, Luiz Rebelo Neto, Moacyr Bonelli, Alcy Hagge Cavalcante, Carlos Affonso Cerveira, Marcelino José Lobato Nascimento, Maurício Möckel Paschoal, Milton Ferreira Tito, Silvio Vasco Campos Jorge, Cláudio Martins Marote, Jorge Leônidas Pinho, Ronaldo Mattos de Oliveira Lima e Bruno Bastos
CONSELHO FISCAL Waldemar Araújo, David Lopes de Oliveira, Ernesto Antonio Calassi, Éder Dal’Lago, René Adão Alves Pinto, Getúlio Vargas de Moura Braatz, Robert Cyrill Higgin e José Hélio Fernandes
Revista CNT CONSELHO EDITORIAL Almerindo Camilo, Bernardino Rios Pim, Etevaldo Dias, Lucimar Coutinho, Maria Tereza Pantoja e Sidney Batalha
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IMPRESSÃO Esdeva - Juiz de Fora - MG TIRAGEM 40 mil exemplares
Antonio Dias e Wanderson F. Dias
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TECNOLOGIA Conheça dispositivos que as máquinas da Fórmula 1 levam para os carros de passeio e para caminhões
50 SEGURANÇA Leia como se portar em estradas e ruas ao conduzir ou se deparar com um veículo em velocidade baixa
34 2004 OTIMISTA Dirigentes dos vários modais avaliam as expectativas de crescimento para o setor e as políticas do governo
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REVISTA
CNT ANO IX | NÚMERO 104 | FEVEREIRO 2004
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DIA DA MULHER Leia relatos da experiência de mulheres que venceram o preconceito no trabalho e como elas conquistaram seu espaço com talento
ZICOSUL Uma zona de integração entre Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Bolívia mostra como os países podem promover o comércio sem burocracias
BALANÇAS
30
TRANSPORTE ESPECIAL
40
PORTOS DO NORDESTE
44
ALEXANDRE GARCIA
49
MAIS TRANSPORTE
56
IDET
58
REDE TRANSPORTE
60
HUMOR
66
CAPA RICARDO SÁ
6 CNT REVISTA FEVEREIRO 2004
DO LEITOR revistacnt@revistacnt.com.br
AR MAIS LIMPO Reporto-me à matéria “Projeto Economizar” (edição 102), que retrata o Maranhão, com um comportamento louvável no que diz respeito a melhoria da qualidade do ar, e o mais importante, economizando combustível, medida adotada por empresas de transportes coletivo na capital maranhense. Parabéns à revista! Gilson Araújo Costa Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Roraima ALEXANDRE GARCIA Que ro pa ra be ni zá-los pela qualidade gráfica e o conteúdo editorial da Revista CNT. Aproveito a oportunidade para solicitar o envio de um artigo do Alexandre Garcia, cujo tema foi a inflação de custo (“Tributo vicio so”, ed. 93) Rubem Lopes Via e-mail Resposta da Redação O artigo foi enviado para o endereço fornecido 450 ANOS É de se esperar que São Pau lo pare um pouco antes de abrir túneis e viadutos. Já há monu mentos demais em homenagem à feiúra, como o “querido” Mi nhocão. A reportagem sobre os 450 anos da cidade (“A hora de andar”, ed. 103) é muito feliz ao reconhecer a necessidade de priorizar o metrô e o transporte
coletivo. A cidade que só anda de carro não pode mais depen der de vias expressas.
A REPORTAGEM SOBRE OS 450 ANOS DE SÃO PAULO É MUITO FELIZ AO RECONHECER A NECESSIDADE DE PRIORIZAR O METRÔ E O TRANSPORTE COLETIVO
Marcelo Araújo São Paulo SEGURANÇA Sou motorista de caminhão há 10 anos e fico muito satisfeito ao ler uma matéria com orientações para a gente que pega a estrada todo dia. Falo do texto “Olho na segurança” (ed. 102), com um quadro de dicas para quem está dirigindo na estrada. Tem coisas que são muito óbvias que até a gente que está acostumado esquece. Eu recortei o quadro, tirei cópias e dei para vários amigos que também dirigem nas estradas. Sebastião Gonçalves Recife (PE) TRIBUTOS Concordo em gênero, número e grau com o editorial do senhor Clésio Andrade sobre a questão tributária (“Por mais avanço”, ed.103). Sou economista especializado em tributos e o que vejo no Brasil é um caos fiscal sem tamanho, com taxas sobre taxas, impostos em desacordo com políticas econômicas e de desenvolvimento, sem que algo de concreto e em conjunto com os anseios da sociedade seja feito. O país precisa de uma política fiscal que estimule o crescimento e a correção tributária. Alexandre Gusmão Martins São Bernardo do Campo (SP)
SAFRA A PERIGO Agora que o ano começa e as perspectivas de recorde de safra e, portanto, o aumento de saldo de balança, superávits e afins fica mais visível, o governo “ameaça” consertar as estradas por medo de a colheita não chegar nos portos. Engraçado, alimentar a população que ajuda a plantar não merece atenção. Agora, vender para gringo é motivo de preocupação. O país só irá crescer quando resolver deixar a hipocrisia de lado e começar a enxergar os próprios problemas. Enquanto pensar com a ca beça para o exterior, vamos ficar nessa pouca vergonha. Rogério de Almeida Cruz São Paulo (SP) AGRADECIMENTOS A Revista CNT agradece as mensagens enviadas com cumprimentos por nosso trabalho: Emanuel Dias (Reitor da UPE), José Demóstenes de Abreu (procurador-geral de Tocantins), Ana Domingas Tim peria (PUC-Campinas), Cézar Holanda (presidente do Sindicarga), Elcy de Souza (conselheiro do Tribunal de Contas do Espírito Santo), J. Sérgio de Medeiros (assessor do Sindicato das Empresas de Moto-Táxi de Ituiutaba)
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO Rua Monteiro Lobato, 123, Sala 101, Ouro Preto Belo Horizonte, Minas Gerais Cep: 31310-530 Fax: (31) 3498-3694 E-mail: revistacnt@revistacnt.com.br As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone. Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes
FEVEREIRO 2004 CNT REVISTA 7
EDITORIAL
Governo Lula, nova fase CLÉSIO ANDRADE PRESIDENTE DA CNT
A REFORMA MINISTERIAL TROUXE NOVAS EXPECTATIVAS ÀS MUDANÇAS ESTRUTURAIS DO GOVERNO
F
oi necessário um ano para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva constatasse que estava bem politicamente, mas faltava gerenciamento ao seu governo. A reforma ministerial deu-lhe a oportunidade que precisava para criar uma espécie de gerente administrativo e fazer a burocracia do Estado andar. Função que atribuiu ao ministro José Dirceu, da Casa Civil, que passa a ter poderes para coordenar, operacionalizar e, principalmente, medir e cobrar o desempenho dos demais ministros. A decisão do presidente Lula em promover mudanças no seu estilo de governar revela sua tentativa de corrigir o grave erro cometido na montagem da sua equipe: ministérios em excesso e sobreposição de funções que resultaram em muitos programas, discursos e pouca ação efetiva. Enfim, no primeiro ano, o presidente enveredou-se em uma máquina administrativa ainda mais dispendiosa, cujas iniciativas preciosas perderam-se no emaranhado burocrático da Esplanada dos Ministérios. É claro que não foi só por falta de gerenciamento que o desempenho do governo no campo social ficou aquém das expectativas em 2003. Os juros altos, a dívida pública e o custeio corroeram o orçamento. Sobrou pouco para investir em políticas sociais. Mas a escassez de recursos exige mais eficiência da administração pública. Basta ver o exemplo da iniciativa privada. Empresários compensam a falta de recursos, a excessiva tributação e os juros altos adotando políticas criativas de racionalização de custos. Governar exige mais do que fazer política
interna e externa. Exige muita competência administrativa. É claro que fortalecer a base partidária no Congresso é importante, mas esse apoio não se sustentará se o governo fracassar na administração. A popularidade do presidente Lula vai se esvaziar se seu governo não promover as necessárias transformações sociais exigidas pelo país. É inegável que o governo Lula está sendo bem sucedido no campo da macroeconomia. O Brasil reverteu as expectativas pessimistas da comunidade internacional, temerosa da gestão de um presidente de esquerda e oriundo do movimento operário. Mas não basta o Brasil ir bem se o povo continua indo mal. No campo social, não houve avanços neste primeiro ano de governo. O programa Fome Zero, anunciado pelo presidente, segue ainda muito lento. O desemprego agravou-se no último ano, a renda do trabalhador continuou caindo, o desempenho da educação, da saúde e da previdência foi medíocre. A reforma ministerial trouxe, portanto, novas expectativas às mudanças estruturais do governo federal, nas esperadas implementações das políticas públicas, especialmente nas áreas social com a geração de emprego, na reforma da educação, nas políticas de atração de investimento internacional, na reforma agrária, sem deixar de mencionar a reforma tributária, a grande preocupação dos empresários brasileiros, que consideram o excesso de tributação o principal entrave para o desenvolvimento do país.
DUKE
8 CNT REVISTA FEVEREIRO 2004
DIA DA MULHER CRÔNICAS
SEM PAPO DE SEXO FRÁGIL A REVISTA CNT CONTA A HISTÓRIA DE UM GRUPO DE MULHERES QUE SUPEROU PRECONCEITOS PARA VENCER E SE REALIZAR NO TRABALHO COM ESFORÇO E TALENTO POR
MARÍLIA MENDONÇA
RF1/DIVULGAÇÃO
FEVEREIRO 2004 CNT REVISTA 9
las dirigem carros, ônibus, caminhões, pilotam motos, helicópteros, aviões. Hoje, a mulher brasileira transita por vários setores do transporte nacional. São histórias de luta, preconceito, assédio, múltiplas jornadas de trabalho. Mas também de persistência, superação, autovalorização, vaidade. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a Revista CNT revive a trajetória de um grupo de mulheres que, acima de tudo, abre espaço para suas sucessoras.
E
Sem perder a ternura Hoje, ela é conhecida no Brasil inteiro como a militante do MST (Movimento dos SemTerra) que pousou para a “Playboy”. É apresentadora de TV e a única competidora feminina da Fórmula Truck – categoria do automobilismo que equivale a uma espécie de F-1 dos caminhões –, condição que conseguiu a custa de um processo judicial justamente por ser mulher. É, nem tudo fo ram rosas no caminho da pa ranaense de Bela Vista do Pa raíso Débora Rodrigues. Da garota que precisou sair de casa para fazer o que sem pre sonhara – dirigir – até virar uma celebridade foram anos de provações. Chegou a pas sar fome ao lado dos dois fi lhos. Hoje, diz que não muda ria em nada seu passado. “Tal - SUPERAÇÃO Débora, ao lado do marido, saiu do MST e hoje corre na F-Truck
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vez, se eu tivesse um gênio melhor, tivesse sido mais fácil. Poderia também ter escolhido uma profissão mais feminina. Mas nunca desejei isso.” Débora sempre soube o que queria. Filha única de pai caminhoneiro, foi criada na estrada e em postos de gasolina e oficinas. Aprendeu cedo o ofício e queria dividir com o pai, dono de dois caminhões, o trabalho. “Isso não é coisa de mulher”, dizia “seu” Lázaro Rodrigues. Proibida de exercer a profissão, casou-se cedo, aos 17 anos. A união, que gerou dois filhos, terminaria três anos de pois. Trabalhou então como doméstica, secretária, frentista, faxineira. Aos 24 anos, resolveu fazer um teste para dirigir ônibus em uma transportadora em Teodoro Sampaio, interior paulista. E foi avisada pelo delegado da cidade de que teria a sua tarefa dificultada ao máximo por ser mulher. Não se intimidou, passou. Diri gia diariamente um ônibus com 45 homens e agüentava as piadinhas, que duraram pouco tempo. Cautelosa ao vo lante, seu veículo era limpo e cheiroso, como a dona que fa zia questão de andar sempre de batom, brincos e cabelos impecáveis. Passou a fazer su cesso, seu ônibus vivia lotado. Alguns anos depois, come çou a transportar bóias-frias, o que foi o seu cartão de entrada para o MST, para o qual passa-
ria quatro anos dirigindo ôni bus, caminhões, tratores. Des coberta por um repórter fotográfico do jornal “O Estado de S. Paulo”, teve sua vida virada ao avesso ao ter sua imagem estampada na capa do diário. Hoje, aos 35 anos e casada com o também piloto da FTruck Renato Martins, só sente ter sido tão ausente na criação dos filhos, atualmente com 15 e 17 anos. “Mas não havia outro jeito. Só podia contar comi go para criá-los, o pai não tinha condições de ajudar. Eu saía de casa às 4h da manhã e só retornava por volta da meianoite. Foi um período difícil.” Ela afirma que o fato de ser mulher foi crucial. “Sempre tive que me superar, provar que era capaz. Fazer cursos extras, como de cargas peri gosas ou direção defensiva. Tinha que me sobressair de alguma forma.” Apesar dos desafios, nunca desprezou seu lado feminino. “Sempre fiz questão de me valorizar como mulher. Independente da profissão, não podemos nos masculinizar.” E lembra a célebre frase do guerrilheiro argentino Che Guevara para ilustrar sua caminhada: “É preciso endurecer, mas sem perder a ternura jamais”.
Arrimo de família Foi através de um namora do que a paulista Edna Nery Santana entrou em contato pela primeira vez com o volan -
“ÀS VEZES, OUÇO ALGUMA PIADA, MAS, NO GERAL, TODOS RESPEITAM”
te de um caminhão. O namoro acabou, mas sua paixão pelas estradas segue até hoje. Há cinco anos trabalha com transporte de madeira. Faz em média três viagens ao mês – de Martinópolis, interior de São Paulo, à cidade de Zera, a 500 km de Cuiabá, no Mato Grosso – que duram entre sete e oito dias. Na boléia de seu Mercedes Benz 1620, ano 98, viaja sozinha, e não tem medo da rotina. Se algo acontece, sempre conta com a ajuda dos companheiros de profissão, dos quais não sente nenhum
FEVEREIRO 2004 CNT REVISTA 11
REDE GLOBO/DIVULGAÇÃO
nhece que é mais difícil. Mas não pensa em abrir mão da profissão. E conclui: “Acho que vou ter que arranjar um marido caminhoneiro”.
Levando, trazendo...
tipo de preconceito. “Às vezes, ouço alguma piadinha, mas, no geral, todos respeitam.” As cantadas não são raras, mas ela prefere fingir que não en tende, e segue seu caminho. Aos 28 anos, Edna é arri mo de família. Com um salá rio mensal em torno de R$ 3.000, sustenta a casa que divide com a mãe, viúva, e com outras duas irmãs. O di nheiro tem que dar também para a manutenção do veícu lo. Mas ela não reclama. So nha em casar e ter filhos. Es tando na estrada, ela reco -
IDENTIDADE Patrícia Pillar conheceu o mundo da estrada para a minissérie
Esse tipo de vivência ambicionada pela caminhoneira Edna – marido e mulher se revezando ao volante – foi presenciada pela atriz Patrícia Pillar. Durante o laboratório para compor sua personagem no seriado “Carga Pesada” (exibido pela Rede Globo) – Rosa, uma viúva que tem que assumir o caminhão do marido para pagar as contas e susten tar os filhos –, Patrícia passou por treinamentos na pista de testes de uma montadora de automóveis na via Dutra e parou em postos para conhecer e conversar com pessoas que passam a maior parte de suas vidas cruzando as estradas do país. “Conheci uma família que viajava junto, se revezava ao volante. É uma vida muito dura, meses longe de casa... Mas ao mesmo tempo é uma profissão muito bonita. Dá uma sensação de liberdade. Atravessam o país levando e trazendo coisas, e têm amigos em cada canto por onde passam”, diz a atriz. A solidariedade foi outro aspecto que encantou Patrícia. “Senti que são companheiros uns com os outros e sentem muito orgulho do que fazem.” Em “Carga Pesada”, a per-
sonagem de Patrícia conhece o caminhoneiro Pedro (vivido por Antônio Fagundes) e os dois têm um caso. “Na pequena experiência que tive, não senti nenhum tipo de preconceito com as mulheres na estrada. Os caminhoneiros contavam que sempre cruzavam com elas e ressaltavam o respeito que tinham.”
Longe da cozinha Ela foi pioneira. Numa época em que, mais do que nunca, lugar de mulher era à beira do fogão, a motorista Áurea de Freitas Dias da Silva ou sou. O ano era 1972 e a então dona-de-casa que sempre gostou do ofício de dirigir – aprendeu aos 12 anos com um caminhão – arrumou um emprego pouco comum: conduzir ônibus. Foi a primeira mulher com a profissão de motorista em Minas Gerais. E as histórias de preconceito sobram. Homens que desciam do carro após perceberem quem estava ao volante, colegas que a mandavam voltar para o tanque... Foram anos de dificuldade. Casada, mãe de quatro filhos, levantava à 1h30 para deixar casa e comida ajeitadas. Pegava serviço às 4h e passava de 12 a 15 horas por dia na rua. Hoje, aos 64 anos e afastada há oito meses após um enfarto sofrido ao volante, Áurea comemora algumas melhorias nas condições de trabalho –
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BONITAS NA FOTO E NA CARTEIRA DE MOTORISTA ulher no volante, segurança constante. O trocadilho com o preconceituoso ditado popular cai como uma luva em um grupo de 13 motoristas cariocas. Escolhi das por nunca terem cometido uma infração no trânsito, elas tiveram um dia de glória ao posar para um calendário lançado no final de janeiro pelo Detran-RJ em parceria com a Loterj. Ao volante de caminhões, táxis, ônibus, vans, microônibus, motos e carros de passeio, dão um show de competência nas ruas do Rio de Janeiro. Atualmente desempregada, a motorista Joseane da Cruz Lemos Hentzy, 29 anos, espera uma arrancada na sua vida profissional depois de posar para o calendário. Ela conduziu uma perua de passageiros durante um ano e seis meses e conquistou a confiança da clientela na época, quando traba lhava uma média de 13 horas por dia. “No começo, o pessoal não entrava no carro, ficava com receio. Depois, ga nhei a confiança deles.” Agora, com a oportunidade de aparecer na mídia, espera ser chamada de volta ao traba lho. E sonha em até, quem sabe, ser convidada para fazer propaganda na TV. “Estou topando tudo.” A chance de virar uma celebridade também bateu na porta da motorista de ônibus Roselene Marques. Boa
M
motorista – “dirigir não é nenhum bicho de sete cabeças” – com jeito e altura de modelo (1,76m), a bela morena ficou exultante ao ser fotografada não apenas para o calendário, mas por vários jornais e revistas que estiveram no local para cobrir o evento. E acha graça quando conta que tem sido assediada nas ruas do Rio. “Os passageiros vibram. Levam os jornais e me pedem um autógrafo.” Ela não descarta convites para a TV, desde que seja algo bem comportado. Evan gélica, ri quando é perguntada sobre a possibilidade de receber um convite para posar para uma revista masculi na. “De jeito nenhum.” O calendário Modelo do Trânsito está à venda no Rio, custa R$ 10 e a renda será revertida para Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e para a Ação Vida Obra So cial, do governo estadual.
FOTOS DETRAN-RJ/DIVULGAÇÃO
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FOLHINHA Iniciatica do Detran-RJ fotografou as mulheres bem-educadas no trânsito
carros mais macios, menos horas de labuta. E se preocupa com outros. “A violência está cada dia maior. O estresse no trânsito também. Não é raro motoristas com problemas cardíacos ou de memória.” Ela festeja as conquistas femininas. “Hoje, há cada vez mais mulheres não só como motoristas, mas também trabalhando como pedreiro, na polícia, na política.” E manda uma mensagem: “Deus protejas todas as motoristas, as trocadoras. Não desistam dos seus sonhos, vão à luta. O desenvolvimento do Brasil também passa por nós.”
Água mole em pedra dura... Há sete meses no comando de um dos ônibus que faz trajeto entre o centro e o Leblon, no Rio de Janeiro, Roselene Marques, 30 anos, também tem suas histórias de preconceito e trabalho duro para contar. Uma das escolhidas para integrar o calendário Modelo no Trânsito, iniciativa do Detran carioca, ela relembra sua árdua trajetória para conseguir ser uma motorista: a empresa na qual trabalha não aceitava mulheres. Roselene entrou para uma empresa de ônibus em setembro de 1999 como cobradora. E tratou logo de tirar a carteira de habilitação tipo D, que lhe permitiria conduzir veículos pesados. Em dezembro de
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PRECONCEITO NA ESTRADA ocê conseguiria tirar um pneu desse?” A pergunta foi disparada de cara à repórter. Convidado a falar sobre a presença da mulher nas estradas do país, o caminhoneiro José Albano Freire foi taxativo: “Esse tipo de coisa só incomoda. Mulher não tem condições físicas para enfrentar o batidão. E a gente acaba tendo que ajudar na hora do aperto.” Apesar de opiniões desse tipo não serem raras, aparentemente também não são maioria. Pelo menos na opinião do presidente do Sindicato Nacional dos Caminhoneiros, José Natan. Ele acha natural a presença de mulheres no setor. “Se ela está na estrada é porque é forte, guerreira, dá conta. Difícil mesmo é encarar uma casa, filhos, marido, menopausa...” E cutuca os companheiros de estrada. “Tem muito motorista barrigudo aí que também não consegue trocar o pneu. Somos sempre solidários com os companheiros, é uma característica da nossa categoria. Se precisar parar e ajudar, a gente pára.” Para Freire, que atravessa o país na boléia do caminhão há 23 anos, o dia-a-dia é muito árduo. São semanas fora de casa, passando por estradas perigosas, regiões violentas. E dias na fila de espera para despachar a carga. “Isso não é vida para elas, é muita solidão, muito tempo longe de casa. Nós, homens, somos mais 'jaguaras', mais sem-vergonha. Mulher é mais amorosa...” Nes se sentido, Natan concorda com o companheiro. “O pro blema de mulher na estrada é que ela apaixona muito fá cil. Aí, fica descontrolada.” Os namoros, segundo ele, começam através do rádio. “É muito comum. Com um rádio comunicador no cami nhão, vai conversando e rola o namoro.” O assédio normalmente é um problema na visão de Natan, que deixa escapar sua veia machista. “Elas gostam de provocar, andam de calça justa nas paradas, salto alto. E o pessoal cresce o olho.” Ele reconhece que o ambiente não é dos melhores. “Às vezes, é ruim até mesmo para os homens. Além disso, não há muito apoio. Se tivesse tudo certinho, banheiro limpo... Mas a realidade não é assim.”
“V
2002, foi fazer um curso de fiscal e percebeu que tinha uma oportunidade de solicitar a participação em um treinamento para motoristas. Uma reunião de ética foi convocada para avaliar o caso. Mas a res posta ao pedido não chegava nunca. “Foram meses de enrolação. Me senti subestimada e desafiada. Ia lá todos os dias após o expediente. Dizia a eles: Vou cansar vocês, mas não vou me cansar.” Apenas em março obteve o sinal verde. Faria o curso, “mas sem nenhuma regalia, que fique frisado”. No teste
com outros 32 motoristas, era a única amadora. Passou sem problemas. Hoje, já conquistou os passageiros com sua eficiência e simpatia. É sempre elogiada por sua segurança ao volante, seu bom humor, sua paciência com os idosos. Apesar de passar uma média de nove horas dentro do ônibus, Roselene, casada e mãe de um garoto de 12 anos, não deixa a vaidade de lado. “Faço questão de estar sempre de batom, cabelo escovado, e ando com um lenço umedecido no carro para limpar o rosto.” Bonita, sempre
PAULO FONSECA
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ficar em casa parada, engordando e só pondo filho no mundo. Tenham objetivos, corram atrás dos seus sonhos.”
Missão no ar
recebe galanteios, bilhetinhos, balas e bombons. Mas deixa claro para os possíveis preten dentes que está muito feliz com seu casamento. A despeito de sua realiza ção profissional, Roselene não deixa de lado seu “segundo emprego”: cuidar da casa. A rotina é dura. Todos os dias, após chegar do trabalho por volta das 14h, arruma casa, faz comida, lava, passa e cuida do filho. Mas não reclama. Apesar de tanto esforço, man da um aviso às acomodadas de plantão. “Vão à luta para atingir seus objetivos. Nada de
CORAGEM Áurea Freitas enfrentou até a burocracia para conseguir o emprego
E foi para correr atrás de seus sonhos que a gaúcha Gilda Cardona precisou abrir mão de um convívio familiar mais estreito. Aos 36 anos, ela é a única piloto mulher da Di visão de Operações Aéreas da Polícia Rodoviária Federal. Casada por duas vezes, os relacionamentos não resistiram à dura rotina das viagens e, às vezes, missões inesperadas. “Se surge uma missão de uma hora para outra, não tem jeito, é preciso ir. Muitas ve zes, ligam na sexta-feira à noite para voar no sábado pela manhã.” Mãe de um garoto de 6 anos, ela se esforça para conciliar o trabalho burocrático na PRF – trabalha no setor de capacitação –, as horas de vôo e a criação do filho, que aceita bem a profissão incomum que a mãe escolheu. “Sobra pouco tempo, mas sempre que posso vou buscálo na escola, fico com ele.” Ela garante que não tem nenhum privilégio por ser mulher. “Não sou poupada de maneira nenhuma. Se é chegada a minha vez no rodízio de pilotos, é a minha vez. Coincidentemente, sou uma das que mais voou para a fronteira do país.” O respeito dos colegas é algo ressaltado por ela, mesmo
com as brincadeiras que pipocam vez ou outra. “Sempre ouço algo como 'tive que tomar cuidado com mulher na rua, agora tenho que me cuidar no ar também'”, conta, rindo. E apesar de ter um trabalho de risco, no qual participa de missões perigosas, dorme em alojamentos, passa dias fora de casa, Gilda não se queixa. “Amo o que eu faço.”
Filosofia do laçarote Para a socióloga Anamaria Vaz de Assis Medina, 55 anos, a filosofia feminina hoje é a do esforço. Usando uma linguagem metafórica, ela afirma que a mulher insiste em “ter na cabeça um laçarote”, pois ainda está em busca da aprovação social. “Temos que ser mães, boas esposas, trabalhadoras, bonitas. Para nós, é difícil não sermos a mulher maravilha”. Se por um lado a múltipla jornada de trabalho traz uma mudança no perfil da saúde no geral – as mulheres a cada dia sofrem mais de doenças antes tipicamente masculinas, como o estresse, a depressão e os problemas cardíacos –, em conseqüência traz um aumento na autovalorização, no reconhecimento das próprias possibilidades. Para Anamaria, há agora uma necessidade do equilíbrio. “É preciso haver uma redistribuição e responsabilidades, principalmente no trabalho doméstico.” l
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INTEGRAÇÃO NEGÓCIOS
UMA ÁREA MUITO SÉRIA E ATRATIVA ZICOSUL SE TORNA ZONA DE INTERESSE COMERCIAL ESTRATÉGICA E FORÇA INVESTIMENTOS EM TRANSPORTE POR
WAGNER SEIXAS, DE ASSUNÇÃO
Ministério dos Transportes anunciou no começo do ano o projeto de cria ção de uma ferrovia ligando o Centro-Oeste brasileiro ao porto de Antofogasta, no Chile. Vislumbra abrir uma porta para países da costa do Pacífico e a oportuni dade de usar como ponta o megaporto chileno de Mejillones. Para os menos desavisados, uma proposta estranha e prematura que privilegia uma região ainda em expansão, em detrimento de outras prioridades também na área de transporte. No entanto, o projeto é o mais autêntico aval para uma cooperação interna-
O
cional de negócios e cultura que hoje, estimase, movimenta anualmente US$ 15 bilhões. Não é uma mera saída para o Pacífico, mas a consolidação de mais um mapa econômico emergente na América do Sul. Cinco países – Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e Bolívia – descobriram, na informali dade comercial de seus pequenos agricultores e micro-empresários instalados nas áreas fronteiriças, um bilionário filão de negócios. Durante três décadas, as atividades comerciais na fronteira não eram regidas por qual quer tratado oficial e os negociantes agiam
DUKE
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de forma “não-convencional”, trocando ou permutando mercadorias. Um escambo natural, descreve funcionários do consulado brasileiro em Assunção. Mascateavam entre si, de forma quase medieval. O fluxo de importação e exportação cresceu e despertou a atenção dos governos, então impressionados com a organização espontânea dos negociantes e a explosão de progresso na região. As nações decidiram criar, há seis anos, a Zona de Integração CentroOeste da América do Sul (Zicosul), uma ponta quase autônoma do Mercosul. Para muitos, é o Mercosul que deu (e dá) certo. As atividades econômicas foram formalizadas através da ingerência direta dos Estados – especialmente das administrações de províncias e departamentos interessados em disciplinar e estimular os negócios que, até então, não obedecia qualquer convenção. Desenvolve ram-se políticas específicas para o escoamento da produção e, especialmente, direcionar produtos para os mercados asiáticos. Do escambo inicial para uma organização eficiente com vistas ao bilionário mercado da costa do Pacífico. Explica-se, assim, o ambicioso projeto da ferrovia transnacional, ligando o Brasil ao porto de Antofogasta. Em pouco tempo, a Zicosul fez abolir a in formalidade e tornou-se o principal centro de discussão sobre sistemas viários, portuário, energético e cultural, com a finalidade de elevar as exportações. As atividades produtivas e comerciais cresceram tanto que a Zicosul é hoje a porta escancarada para o Pacífico e mira seus objetivos para os quase inexplorados mercados asiáticos e da Oceania. Exportado res como Japão, China, Tailândia, Cingapura, Filipinas, Coréia, Malásia, Nova Zelândia e Austrália já travam estreitas relações com os componentes da Zicosul. Alimentos e minerais são os produtos básicos da pauta de exporta ção. E o primo pobre e desconhecido dá exemplos ao Mercosul de como é possível in -
A ZICOSUL ABOLIU A INFORMALIDADE E TORNOU-SE CENTRO DE DISCUSSÃO SOBRE SISTEMAS VIÁRIOS, PORTUÁRIO, ENERGÉTICO E CULTURAL
tegrar culturas e países em prol de uma dinâmica de comércio. Do Brasil participam apenas Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Porém, o sucesso instiga outros Estados, como São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Empresários já sondaram a direção da Zicosul sobre a possibilidade de também colocarem seus produtos na pauta de exportação via oceano Pacífico. Todos estão de olho nesse potencial comércio comprovadamente atrativo. Ao contrário do Mercosul, as barreiras – sejam quais forem – são derrubadas. Não há entraves burocráticos ou diplomáticos. Estradas são abertas para escoamento da produção, sistemas portuários passam por adaptação para os produtos que serão exportados e maciços in-
DEFINIDO PROGRAMA DE AÇÃO Mato Grosso do Sul foi palco de um de ba te im por tan te para o sucesso da Zicosul. No último 4 de fevereiro, aconteceu em Campo Grande o 1º Encontro Internacional Corredor Ferroviário Bio ceânico de Integração e Desenvolvi mento Santos-Antofagasta, com par ticipações de Brasil, Bolívia, Argenti na e Chile. Os de ba te do res co lo ca ram na mesa cenários para a adoção de medidas que coloquem em prática o corredor que irá abrir caminho para o Pacífico de forma econômica e logisticamente correta. A malha que irá unir os dois portos tem ex tensão de 4.300 km, mas a vanta -
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gem passa dos 7.500 km, percurso que será economizado após a implantação do modal. O encontro produziu a Carta de Cam po Gran de, do cu men to que compromete em apresentar, em 150 dias, um projeto de modernização do parque ferroviário da região. Serão criados três grupos de trabalho para viabilizar recursos, implantar e regularizar na legislação internacional o corredor. O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, presente no encontro, irá designar um gerente para par ticipar do processo. "A idéia é muito boa. O presidente Lula quer essa integração. Com esforço dos países
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vestimentos miram o setor produtivo. “Criou-se sistema profissional para promover o desenvolvimento da região, através de uma infra-estrutura de transporte para escoamento da produção”, diz o representante chileno na Zicosul, César Castillo Lilayú. A integração é tamanha que o melhor exemplo são as rádios locais do departamento de Boquerón, no Paraguai. Elas transmitem programas em dez idiomas ou dialetos, respeitando a diversidade de habitantes da região do Chaco. “A palavra integração nos é bastante familiar, pois na nossa região vivem mais de 70 comunidades, entre elas, alemã, brasileira e de diferentes línguas espanholas”, diz o governador do departamento, Orlando Penner. Antes mesmo da criação da Zicosul, essas comunidades já praticavam um comércio. O maior objetivo do grupo é viabilizar um corredor bioceânico, ligando o Atlântico ao Pacífico. Estradas e hidrovias já estão em operação e dezenas de projetos em fase de execução. Dada a recente criação da entidade, não existem números consolidados desse comércio. Estima-se, no entanto, que a movimentação anual seja superior a US$ 15 bilhões. Segundo o cônsul-geral do Brasil em Assunção, Heitor Povoas Arruda, um entusiasta da Zicosul, “a região tem um potencial para crescer dez vezes mais”.
Zonas de comércio envolvidos, podemos tornar esse corredor realidade", afirmou Adauto no final do evento. Para Zeca do PT, a decisão de recriar a malha ferroviária da região é histórica. "Estamos nos atrevendo a atropelar a história. Nossos olhos sempre estiveram voltados para o Atlântico. Por esse prisma,
Mato Grosso do Sul estava no fim do Brasil. Mas quando se amplia o mapa se percebe que nós estamos no coração da América do Sul", disse o governador sul-mato-grossense. O próximo encontro deve aconte cer até maio, em Santa Cruz (Bolívia) ou Salta (Argentina).
No início, era apenas uma co-relação comercial informal, quase medieval, através de negócios diretos e trocas de mercadorias. Há mais de 20 anos, brasileiros, paraguaios, argentinos, chilenos e bolivianos serviram como embriões do que é hoje o Mercosul. In troduziram, espontaneamente e premidos pela sobrevivência, o comércio na chamada região do Chaco, um ponto geográfico no cone centro-oeste da América do Sul que une os cinco países. Informalmente, foram criadas zonas para realizar negócios sem a
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intermediação oficial dos seus governos. O excedente de leite argentino era trocado por soja brasileira, e fertilizantes da Bolívia permutados por algodão paraguaio. A cadeia co mercial e a conseqüente movimentação de dinheiro despertaram a atenção dos governos. Nascia, há seis anos, a Zicosul. Os parceiros já se movimentavam para incrementar ainda mais as atividades produtivas e mercantis. Na Argentina, por exemplo, a estrada de ferro Belgrano Norte está em processo de modernização e vários trechos foram reativados. Ela irá cobrir o norte argentino, com ramais na Bolívia e no Chile. A idéia é formar um corredor bioceânico que possa desembaraçar a produção de toda a região. Segundo Juan Carlos Romero, representante da Argentina na Zicosul, é preciso romper o “enclausuramento” dos países que compõem a organização, através de políticas que criem rotas (de custo baixo) para os portos, seja por estradas, ferrovias ou hidrovias. Há planos ambiciosos dos componentes da Zicosul. O principal deles é a geração de um desenvolvimento sustentável e eqüitativo que rompa o caráter marginal das economias. A intenção é estimular, ainda mais, o intercâmbio comercial entre os países vizinhos, como complemento ao esforço centrado no comércio ex terior. “Para tal, precisamos desenvolver es quemas de transportes multimodais, especial mente o ferroviário”, recomenda o engenheiro argentino Franco Fogliata. Um bom exemplo da importância da Zico sul é descrito pelo secretário de Gestão Produ tiva da cidade de La Rioja, na Argentina, Car los Alaniz Andrada. O setor agrícola expandiu a partir da Zicosul, alcançando crescimento superior a 30%, especialmente na produção de uvas, azeitonas e algodão. A cidade foi alvo de investimentos de US$ 300 milhões, quantia que gerou 4.000 novos empregos. Em 1988, a cidade exportava apenas US$ 12 milhões. Em 1997, saltou para US$ 164 milhões.
O PROJETO É O AVAL PARA UMA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL QUE MOVIMENTA US$ 15 BILHÕES POR ANO
DESBRAVAR O governardor Zeca do PT quer fazer
Um outro exemplo da eficiência da Zicosul são os índices atuais do sistema de integração da cidade argentina de Salta com o porto de Antofogasta. Em 1987, o movimento na rodovia se resumia a 185 veículos por dia. Em 1998, esse número pulou para 25 mil.
Porta do Pacífico Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também experimentam crescimentos espetaculares, após o intercâmbio formalizado pela Zicosul. A soja é o principal produto da pauta exportadora e a sonhada integração ferroviária com o porto chileno da Antofogasta pode significar um salto econômico extraordinário. “Os custos de escoa mento despencaram e o lucro do produtor será maior, refletindo em toda a popula ção. Além disso, abriremos uma gigantes ca porta para o mercado da costa do Pací fico. Já temos sinais de interesse no Esta do, através de maciços investimentos de fora. Afinal, a economia da região tende a explodir com a ferrovia”, diz o governador do Mato Grosso do Sul, José Orcílio Miran da dos Santos, o Zeca do PT. Tanto interesse motivou o Paraguai a pleitear, em 2002, durante o 5º Encontro da Zicosul, a interconexão com os Estados brasileiros de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além
ERNESTO FRANCO/DIVULGAÇÃO
história com a modernização da malha hidroviária (abaixo) e ferroviária GOVERNO DO MATO GROSSO DO SUL/DIVULGAÇÃO
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das províncias argentinas de Formosa, Chaco, Santa Fé, Entre Rios, Corrientes e Missiones. Para o governo paraguaio, essa integração permitirá ao Brasil enviar seus produtos para a Argentina – um dos principais parceiros – cruzando o corredor paraguaio para alcançar, ainda, os mercados andinos e asiáticos. A rota proposta pelo governo paraguaio parte de Mato Grosso do Sul, ingressa em território paraguaio por Pedro Juan Caballero e Bella Vista Norte, alcança a Rota 3 em Yby Yaú e chega a Coronel Oviedo, Villarrica e Caazapá. Nessa região, há problemas na rodovia por falta de pavimento. É um entrocamento que precisa de 160 km de asfalto. A justificativa do país vizinho é convincente: com essa rodovia em perfeitas condições, o Pacífico abrirá as portas de um espetacular processo de integração intercontinental com os países asiáticos e até a costa oeste norteamericana, através da consolidação de um eficiente sistema de transporte e portos. O ex-governador da província de Salta, Juan Carlos Romero, talvez tenha o resumo da importância da Zicosul. Ele entende que as alianças estratégicas, tanto comerciais quanto culturais, representam muito mais do que um negócio. Segundo ele, “a Zicosul implica a sustentação de uma base para novos caminhos, orientada para compartilhar um futuro de crescimento e de solidariedade entre os povos vizinhos” . Em 2002, quando ocorreu o 5º Encontro dos países componentes do bloco, as perspectivas se dividiam entre o pessimismo provocado pela crise da Argentina e o potencial crescimento de Chile, Brasil e Bolívia. Hoje, segundo especialistas, a região tende a se firmar como pólo produtivo e exportador. A integração já se faz, especialmente através das linhas e modelos de transportes. Resta agora, prevêem analistas, a Zicosul dar uma exemplar lição ao gigante Mercosul e provar que a união realmente faz a força. l
LAILSON DUARTE/FUTURA PRESS
TRANSPORTE NACIONAL PERSPECTIVAS
O ANO DO CRESCIMENTO
AVALIAÇÃO DOS VÁRIOS MODAIS É QUE 2004 TERÁ UM CENÁRIO PROPÍCIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA POR RODRIGO RIEVERS
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cenário é de otimismo. Após um ano em que muito se falou sobre conhecimento da máquina e da herança tucana, de aperto da economia para atender ao FMI e de investimentos escassos na economia brasileira, o governo Lula entra em 2004 com discurso de crescimento real, sem espetáculos ou choros. O superávit primário foi cumprido com sobras, o que mostra que há espaço e dinheiro para aplicar na produção nacional, com investimentos em todos os setores da economia. O ano de 2004 traz boas perspectivas para o setor de transporte brasileiro. Na esfera política, a decisão do governo federal de incentivar as obras de infra-estrutura por meio do programa Parceria Público Privada (PPP) representa não só a retomada de projetos essenciais para melhorar o escoamento da produção e a produtividade das empresas, como também significa a geração de preciosos empregos em ano eleitoral. Na área econômica, mesmo com a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 16,5%, pelo menos até fevereiro, o cenário ainda é de crescimento de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto). No campo jurídico, a vitória jurídica obtida pelos transportadores, no fim de dezembro, por meio de ação da CNT, no Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou que os recursos da Contribui ção de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) somente poderão ser aplicados em infraestrutura de transporte, projetos ambientais rela cionados à indústria do petróleo e subsídio de combustíveis e gás. Além da conjunção favorável de fatores políti cos, econômicos e jurídicos, o setor de transpor tes nacional, em seus diferentes modais (rodo viário, ferroviário, aquaviário e aéreo), espera co lher em 2004 o resultado das intensas negocia ções mantidas com o governo federal desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A abertura do diálogo pelo governo fe deral foi, inclusive, bem recebida pelos diferen -
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ESPERANÇA NA REGULAÇÃO onvivendo com uma crise sem precedentes, o setor aéreo es pera que 2004 seja sem maiores turbulências, mesmo com a certeza de que o céu não será de brigadeiro. A melhoria pode vir com a finalização do marco regulatório em estudo no Ministério da Defesa. Segundo a assessoria do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), grande parcela da crise pela qual atravessa o setor deve-se a questões conjunturais, cuja resolução pode estar nesse novo marco de 17 itens previstos. Entre os pontos em estudo estão definições de rotas internacionais, importação de equipamentos e oferta de vôos. Um ponto que preocupa o Snea é o excesso de carga tributária que incide sobre a atividade – o preço do querosene de aviação é um dos itens da discussão. A expectativa
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“É PRECISO RECONHECER QUE O GOVERNO JÁ ENXERGA AS FERROVIAS COMO PEÇA ESSENCIAL DO TRANSPORTE”
do sindicato é que isso seja revisto no projeto que deve criar novas diretrizes para o setor. O ministro da Defesa, José Viegas, já admitiu que definir estratégias representa dar sustentação para o setor, que, no ano passado, estabilizou a tendência de ociosidade registrada nos anos anteriores. Dados do Snea mostram que, em 2003, a movimentação de passageiros em linhas domésticas teve retração de 6% em relação a 2002, quando foram transportados 26,7 milhões de passageiros. O Snea diz que a ociosidade só não foi maior porque a oferta de assentos foi reduzida em 11,1% em 2003. Nos vôos internacionais, a retração foi de 0,8% se comparado a 2002, quando 21,7 milhões de passageiros foram transportados.
tes segmentos do transporte. Mesmo assim, a maioria dos transportadores assinala que há um longo caminho pela frente. Afinal, todos são unânimes em afirmar que, desde a Constituição de 1988, em maior ou menor grau, os vários segmentos do setor de transporte sofrem com a ausência de políticas de Estado. Para Júlio Fontana Neto, conselheiro da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e presidente da MRS Logística, concessionária da malha federal, o governo teve o mérito de reconhecer a importância do transporte ferroviário para a economia nacional. Para ele, a atuação do governo no ano passado restringiuse apenas a definir alguns marcos regulatórios referentes às relações entre concessionárias. “É
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NA ESPERA Setor aeroviário aguarda regulação para investir
certo que muita coisa precisa ser feita, o próprio Plano de Revitalização das Ferrovias caminhou a passos lentos no ano passado. Mas é preciso reconhecer que o governo Lula passou a enxergar as ferrovias como peça importante do transporte no país. E é bom que isso continue em 2004, para evitarmos um 'apagão ferroviário'”, afirma Fontana Neto. Segundo o dirigente da ANTF, uma medida em estudo na área econômica do governo pode dar fôlego às concessionárias e aumentar a produtividade porque permite eliminar afunilamen tos da malha da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.). Para colocar em prática o modelo de PPP no setor, o governo estuda abrir mão, nos próximos quatro anos, de uma receita da ordem PAULO FONSECA
PRIORIDADE O ano será voltado para investimentos em ferrovias, para alívio do setor, que teme um “apagão”
de R$ 880 milhões referentes ao aluguel da malha. Em contrapartida, as ferrovias teriam de investir, no mesmo período, algo em torno de R$ 2,8 bilhões. A Ferrovia Centro Atlântica, a MRS e a América Latina Logística já apresentaram contrapropostas, que estão sendo avaliadas pelos Ministérios do Planejamento e dos Transportes. “É um caminho fácil para avançarmos na melhoria da malha e na eliminação dos gargalos que prejudicam a produtividade das ferrovias.
TERESA MARIA/DIÁRIO DE PERNAMBUCO/FUTURA PRESS
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SEM PRIVILÉGIO Navegação pede a mesma tributação dos barcos estrangeiros
ADAUTO APOSTA EM OBRAS pós um início conturbado, marcado por denúncias de favorecimento aos sócios da empresa CPA – Consultoria, Planejamento e Assessoria, que teria participado de um esquema milionário de desvio de verbas na Prefeitura de Iturama (MG), e por uma campanha que dava como certa a sua substituição, o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, parece ter finalmente encontrado um período de calmaria. Pelo menos até abril. A expectativa é que o ministro dê prosseguimento aos projetos iniciados em 2003. Um dos programas que terá continuidade é o de recuperação da ma lha rodoviária. A previsão é restaurar 16 mil quilômetros de rodovias com investi mento de R$ 1,7 bilhão. Dados do Ministério dos Transportes mostram que em 2003 foram colocados R$ 800 milhões na recuperação das rodovias fede rais, quase o dobro da média dos últimos quatro anos – de R$ 434 milhões. Ainda segundo o MT, foram 38 mil qui -
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lômetros de estradas federais recuperados pelas operações “tapa-buracos” e outros 3.500 km restaurados. Adauto acredita que serão iniciadas as obras de duplicação da BR-101 e a construção das avenidas perimetrais do porto de Santos. O ministro afirmou à Revista CNT que está trabalhando para tornar o escoamento da safra agrícola brasileira deste ano mais fácil. “O ministério fez um mapeamento dos corredores agrícolas e vamos garantir que a sa fra seja transportada com um mínimo de buracos possível. Até o mês de abril, os corredores agrícolas receberão R$ 200 milhões em investimentos”, afirma Adauto. O ministro também aposta na Parceria Público-Privada. “A partir da PPP, o financiamento da infra-estrutura do país ganha um novo impulso.” Adauto informa que as avenidas perimetrais em Santos e a duplicação da BR-101 de vem contar com a participação da ini ciativa privada.
Da nossa parte só esperamos o sinal verde do governo para investir”, diz Fontana Neto . Mesmo sem uma solução definitiva para pro blemas que persistem há anos, o setor ferroviário estima que nos próximos quatro anos haverá um crescimento de 40% na carga transportada, saltando das 370 milhões de toneladas úteis (TU) previstas para este ano para 470 milhões de TU em 2008. Em parte, esse otimismo é assegurado pela perspectiva de novo bom desempenho da safra agrícola nacional neste ano. Último levantamento do IBGE estima que a safra nacional deve superar 130 milhões de toneladas, alta de 6,88% em relação a 2003. Os transportadores rodoviários também esperam que 2004 seja melhor do foi o ano passado. Para o presidente da Associação Brasileira dos Transportadores de Carga (ABTC), Newton Gibson, por pior que estejam as condições das estradas federais, o crescimento econômico que se esboça neste começo de ano deve se traduzir em maior oferta de carga. “Ano passado, as estradas estavam ruins e não tinha carga. Este ano, elas continuam ruins, mas pelo menos vai haver mais carga para transportar porque a eco-
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fornecer material betuminoso às empresas contratadas para executar as obras. Para o presidente da ABTC, as condições de investimento em infra-estrutura do transporte es tão colocadas, bastaria o emprego da Cide nas finalidades definidas pela Constituição. “Para isso, a vitória no STF foi fundamental”, avalia. Gibson receia, no entanto, que mesmo com o governo federal condicionando o repasse dos 25% da contribuição aos Estados e municípios à apresentação de um plano prévio de recuperação das rodovias, esses recursos sejam utilizados para “fazer caixa”.
Custos operacionais Se de um lado questões de investimentos e uso impróprio de verba destinada para a infraPAULO FONSECA
nomia dá sinais de crescimento”, avalia Gibson. “Arrisco inclusive a dizer que não vai faltar carga este ano, principalmente por causa do desem penho da agroindústria brasileira.” Apesar da expectativa de alta no transporte de carga, as condições das rodovias preocupam Gibson. É que para recuperar as rodovias estima-se que seriam necessários investimentos anuais de R$ 7,5 bilhões, mas o orçamento do Ministério dos Transportes para 2004 é de ape nas R$ 2,3 bilhões, incluídas as despesas com custeio da própria máquina ministerial. “É preci so que se faça investimento maciço na recupe ração de toda a infra-estrutura de transporte ro doviário ou vamos ficar eternamente recuperan do rodovias, que a cada chuva derretem, for mando um círculo vicioso”, afirma Gibson. Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério dos Transportes admite que o orçamento está aquém das necessidades do país, mas in forma que continuará empregando “a criativida de e a transparência como alternativas para oti mizar a aplicação dos recursos, utilizando instru mentos para reduzir o custo das obras”, como o convênio que fez com a Petrobras, que passou a MODERCARGA Novo financiamento para caminhões sofre críticas
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PAUTA DE INTERESSES Transporte urbano se moveu para melhorar atendimento
O SETOR FERROVIÁRIO ESTIMA QUE NOS PRÓXIMOS 4 ANOS HAVERÁ UM CRESCIMENTO DE 40% NA CARGA TRANSPORTADA
PAULO FONSECA
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MENOS TRIBUTO, MAIS QUALIDADE pós um ano de intensa mobilização, que culminou na formação do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), que reúne empresas, sindicatos e secretários de transporte urbano de todo o país, e da formação da Frente Parlamentar do Transporte, com 144 deputados e 22 senadores, o setor de transporte urba no nacional espera colher os frutos das reivindicações feitas nas negociações com setores do governo. A primeira vi tória ocorreu ainda no ano passado, quando o governo federal montou um grupo de trabalho formado por inte grantes dos Ministérios das Cidades, Planejamento, Fazenda e Minas e Energia, além da Casa Civil e de inte -
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grantes do MDT, que estão em processo de discussão sobre a viabilidade de desoneração da tarifa. O segmento do transporte de passageiros é o que obteve as mais importan tes vitórias. Entre as principais medidas já aprovadas pelo grupo de trabalho, está a redução do preço do diesel em 50% para as empresas de transporte urbano. Cada empresa terá uma cota mensal com desconto, que será controlada pelo governo – a quantidade de combustível para cada empresa ainda está em discussão. “Essa medida vai permitir uma redução de 3% no preço das tarifas”, afirma o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Vieira da Cunha Filho. Outra vitória obtida pelo setor foi ter conseguido manter o percentual da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) em 3%, enquanto para outros segmentos do setor de transportes o imposto subiu de 3% para 6%. Ainda no campo tributário, o transporte coletivo de passageiros conseguiu que a alíquota do PIS, que havia subido para 1,65%, retornasse para o patamar de 0,65%. “Essa foi outra vitória impor tante para nós”, diz Cunha Filho. Outra questão cara ao setor e que está sendo encaminhada junto ao grupo de trabalho refere-se às gratuidades. A expectativa para 2004 é que algumas gratuidades sejam eli minadas, e, para aquelas que real mente têm cunho social, sejam cria dos fundo de financiamento.
estrutura dificultam o desenvolvimento do transporte, de outro, quando as estruturas já estão prontas, emerge o problema fiscal. Para o setor naval brasileiro, principalmente navegação marítima de longo curso e de cabotagem, o grande problema ainda é a dificuldade de as empresas reduzirem os custos operacionais. E grande parte desses custos tem origem nos encargos sociais da tripulação. “Não dá para concorrer com os navios mercantes de bandeira de conveniência, que são registrados em países que dão total isenção fiscal e tributária”, avalia o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), Cláudio Décourt. Segundo Décourt, a edição de uma medida provisória negociada entre o secretário de Fomento do Ministério dos Transportes, Alex Oliva, e os representantes de todo o setor naval pode ser a saída para a Marinha Mercante brasileira. A proposta do Syndarma é que parte dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) seja utilizada para compensar os encargos sociais. “Espero que a MP contemple essa reivindicação. Até porque 2003 não foi um ano bom pois não conseguimos superar os gargalos que impediram o crescimento. É compreensível que o processo seja um pouco lento, mas agora já está devagar demais”, afirma Décourt. A assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes informa que a MP já foi encaminhada à Casa Civil. E, segundo o diretor do FMM, Sérgio Bacci, a perspectiva é que a MP seja assinada ainda em fevereiro. Bacci diz também que o FMM se prepara para financiar embarcações pesqueiras e para incentivar a navegação de cabotagem. De acordo com o diretor do FMM, a cabotagem tem se revelado como fundamental ao desenvolvimento do país, “ao retirar caminhões das estradas, reduzir o 'custo Brasil' e proporcionar maior segurança aos usuários das rodovias”. Para 2004, o FMM dispõe de R$ 800 milhões, além de ter um saldo acumulado no valor de R$ 1,8 bilhão. l
O PESO DO ABA
POLÍTICA DE BALANÇAS NAS ESTRADAS DEIXA 75% DOS POSTOS INO POR
EULENE HEMÉTRIO
os 51 postos de pesa gem administrados pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutu ra de Transportes (DNIT), 74,5% estão paralisados ou totalmente inoperantes. Esse é o saldo de quase dez anos de descaso com o patrimônio público nacional e com a segurança da população brasileira. Segundo informações do próprio órgão, apenas 13,7% (sete postos) estão funcionando
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em sua capacidade plena e 11,8% (seis postos) ainda estão em fase de operacionalização, ou seja, dependem de reformas e instalações de equipamentos. A briga pela arrecadação e o desequilíbrio que a pesagem pode provocar na iniciativa privada são os principais entraves da questão. A falta de convênio entre os diversos órgãos responsáveis e a ne cessidade de novo modelo de pesagem são as respostas do gover no federal para justificar o desma zelo com as estradas brasileiras.
20 POSTOS ESTÃO COM O PRÉDIO DEPREDADO, SEM ÁGUA E ENERGIA
Cabe ao DNIT executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as punições e arrecadar. Um convênio com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) teria o objetivo de viabilizar a ação do departamento para evitar a fuga de veículos e manter a integridade física das faixas de domínio das rodovias. Apesar de ter sido anunciado, em maio do ano passado, o acordo entre a PRF, o DNIT e o Ministério da Justiça para combater o excesso de peso, o convênio ainda não foi assinado. “Estamos aguar-
PAULO FONSECA
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RETRATO FIEL Devastação toma conta dos postos
CONTROLE NECESSÁRIO PARA CONSERVAÇÃO DAS RODOVIAS s transportadores autônomos buscam, ilusoriamente, aumentar a sua receita e neutralizar os fretes baixos através da prática do excesso de peso. Segundo o presidente da Associação Nacional do Transporte de Carga (NTC), Geraldo Aguiar de Brito Vianna, no entanto, há um consenso de que é preciso controlar o peso para pôr um fim à concorrência predatória, já que se espera um conseqüente aumento de viagens após a reativação dos postos. Segundo Vianna, o excesso de carga, de jornada e de velocidade aumenta a capacidade instalada e levam a uma redução do preço do frete. Essa equação é a fórmula de um círculo vicioso. “Ninguém consegue deter esse processo e quem rema contra a maré acaba sendo expulso do sistema”, afirma Vianna. “Havia uma impressão de que éramos defensores do excesso de peso. Mas existe uma unanimidade de que é preciso controlar isso (o excesso) devido, principalmente, ao desgaste do pavimento, à segurança do motorista e à comercialização (abalo nos fretes).” Vianna destaca ainda que, além da pressão sobre os fretes, através do aumento da capacida -
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NDONO PERANTES NA MALHA DO PAÍS dando parecer jurídico da Advo cacia Geral da União. Estamos fi nalizando acordos para implantar câmeras e outros recursos a fim de coibir as fugas”, diz o DNIT, pela sua assessoria de imprensa “Não temos a obrigação legal de fazer esse controle com prioridade. A responsabilidade é tanto da polícia quanto da Agência Na cional de Transportes Terrestres (ANTT) e do DNIT. Mesmo assim, fazemos o monitoramento através de notas fiscais”, diz o coordenador geral de operações da PRF,
“VAMOS TER UM PLANO DE PESAGEM EM 2004, QUANDO OS PROBLEMAS SERÃO TRATADOS”
de estática da frota, o transporte rodoviário é punido com a rápida degradação das rodovias e o aumento dos custos com manutenção dos veículos. “O efetivo controle de peso poderia exercer o decisivo papel de uniformizar as condições de competição entre os transportadores e reduzir a oferta de fretes”, diz o dirigente. A avaliação da NTC é que um dos fatores que prejudica a fiscalização resulta da conivência de agentes públicos com interesses privados de embarca dores. “Se houver mudança no sistema, ocorrerá um desequilíbrio no balanço das empresas. Há uma motivação econômica por trás dessa prática predatória e seu impacto negativo sobre a multimodalidade”, avalia o presidente da entidade. “O Brasil tem um dos fretes rodoviários mais baratos do mundo. Em média, os grandes embarcadores pagam US$ 18 por mil tonedadas por quilômetro transportado, enquanto o embarcador norte-americano, por exemplo, desembolsa US$ 56 pelo mesmo serviço. São fretes que não permitem a remuneração do investi mento, o pagamento dos impostos e a formação do necessário fundo de depreciação.”
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José Altair Benites. Segundo Benites, o acordo para fazer a fiscali zação no âmbito da ANTT já está bastante adiantado, mas o DNIT ainda não formalizou. Para retardar ainda mais o processo, as instituições responsá veis pelo controle aguardam um parecer de um grupo técnico liderado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que está revendo os critérios de limites de
peso, dimensões e combinações de veículos. A equipe de trabalho está fazendo o levantamento das variáveis relativas à questão para que seja elaborado um novo modelo de pesagem. Com isso, os contratos de ma nutenção estão parados. Segundo o DNIT, qualquer acordo vai depender do modelo a ser adotado e não há estimativa de tempo ou custo das obras.
“BALANÇAS FORAM ADQUIRIDAS PARA O GOVERNO ALEGAR QUE ERAM INADEQUADAS”
Enquanto não se colocam as funções em pratos limpos, as estradas continuam sem fiscalização eficaz contra o excesso de peso. Carretas com o máximo de 74 to neladas permitidas pela lei (veículo e carga) carregam até 22 toneladas a mais que a sua capacidade, provocando o desgaste do pavimento e o comprometimento do sistema de drenagem das pistas. Esquemas como esse são vez por outra descobertos pela PRF, como ocorreu em Santa Catarina em outubro, onde um motorista revelou que empresas especializadas em burlar a lei vendem notas com o peso máximo permitido e outra especificando o excesso. O gerente de operações rodo viárias do DNIT, Afonso Guima rães Neto, admite que muitos postos estão desativados há vários anos. Segundo ele, os problemas que inviabilizam o funcionamento dos postos são, principalmente, a falta de convênio com a PRF – para forçar o caminhoneiro a entrar no posto –, a limitação de recursos e a inadequação da lei. Além disso, Neto reforça o problema de balanças obsoletas, postos e pistas danificadas. Segundo o assessor da Coordenação Geral de Operações Rodoviárias do DNIT, Lincoln Ribeiro, 18 postos (35,3%) estão com a situação física deteriorada, não possuem empresa contratada ou a contratar para operação e os equipamentos gerais não existem. Outros 20 postos de pesagem (39,2%) estão com o prédio apresentando mais de 70% da sua
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SOBRECARGA DIMINUI VIDA ÚTIL constituição depredada e os sistemas de energia, água e esgoto apresentam 90% de perdas. Este segundo grupo também necessita de reformas significativas na pista, na sinalização e nos meio-fios, além do sistema de pesagem estar, em grande parte, sem condição de uso por falta de peças – não mais fabricadas pela empresa construtora. De acordo com Ribeiro, boa parte dessas balanças teve seus componentes retirados ao longo do tempo para servir de sobressalentes para outros postos de pesagem.
diminuição da vida útil dos pavimentos, o aumento no número de acidentes e a piora das condições de tráfe go são as principais conseqüências do sobrepeso nas estradas, de acordo com um estudo técnico da Associação Nacional do Transporte de Carga (NTC). Segundo o documento, o excesso de carga de 10% aumenta em 46,41% o desgaste do pavimento e reduz em mais de 30% a sua vida útil. Estatísticas do DNIT indicam que o excesso de peso pode reduzir em até 80% a vida útil de uma rodovia. O trabalho da NTC frisa, no entanto, que veículos mais pesados podem ser perfeitamente compatíveis com as pontes e viadutos, desde que tenham comprimentos mínimos
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adequados e que a carga seja distribuída por um número suficiente de eixos. No Brasil, o limite de peso por eixo isolado é de 10 toneladas. Estudos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná mostram que, se a expectativa de vida de um pavimento é de dez anos para tráfego de veículos com 10 toneladas por eixo, essa média cai para 6,2 anos com 12 toneladas por eixo. Um caminhão acima do limite também pode comprometer a segurança do tráfego, à medida que exige maior tempo e distância de frenagem e trafega com velocidade reduzida em aclives. “A falta de fiscalização é ruim em todos os aspectos. É preciso inibir com multas pesadas”, diz o presidente da NTC, Geraldo Vianna.
Compromisso Para o final do ano passado, estava prevista a reativação dos outros 25,5% postos que estavam em boas condições, com cerca de 30% da sua constituição depreda da. Até o fechamento desta edição, entretanto, apenas sete foram reformados e estavam operando regularmente, conforme in formações do próprio DNIT. Outros seis ainda estão em fase de reforma, com suas conclusões previstas para fevereiro. “Estamos executando um plano de pesa gem para as rodovias federais a ser implementado em 2004, quando todos os problemas esta rão sendo enfocados e tratados, pois esse é um compromisso do governo federal”, afirma Neto. O modelo em consenso no DNIT é que sejam instalados em torno de 38 postos fixos , 97 ba lanças móveis com cerca de 287 bases fixas, com um custo aproxi mado no primeiro ano em torno
de R$ 120 milhões, na forma de contratação de serviços. A Gerência de Operações Ro doviárias do DNIT afirma, no entanto, que os recursos orçamentá rios são limitados. O orçamento previsto para 2004 é de R$ 31 mi lhões, valor insuficiente para im plantação integral do Plano Nacio nal de Pesagem. O custo para ins talação de uma balança móvel (in cluindo toda a infra-estrutura ne cessária) é de aproximadamente R$ 500 mil e de uma balança fixa é de R$ 1 milhão. O presidente da Associação Brasileira dos Transportes de Car ga (ABTC), Newton Gibson, acre dita que houve um descuido muito grande do governo para que o problema chegasse a esse ponto. “Primeiro, as balanças foram ad quiridas para depois o governo
ORÇAMENTO NÃO IRÁ PERMITIR IMPLANTAR PLANO DE PESAGEM
alegar que elas eram inadequadas. Há boatos que existem balanças até encaixotadas ainda.” Geraldo Vianna, presidente da Associação Nacional do Transporte de Carga (NTC), corrobora. “Balanças tem, pois o Brasil importou da Alemanha. O que não tem é dinheiro para os custos funcionais. Ninguém pesa nem toma conta.” A assessoria de imprensa do DNIT informa que há apenas uma balança encaixotada porque o processo de licitação ainda está correndo. Essa máquina deve ser instalada em SP. Segundo o órgão, não há mais nenhum equipamento encaixotado ou irregular. “Essa informação (balanças encaixotadas e em desuso) não confere com essa gestão, nem com a gestão passada”, segundo a assessoria do DNIT. l
TRÂNSITO CONDUTA
QUANDO O PERIGO VAI DEVAGAR DIRIGIR COM LENTIDÃO TAMBÉM CAUSA ACIDENTE POR
SANDRA CARVALHO
pesar de o excesso de velocidade ser uma das principais causas de aci dentes de trânsito, trafegar muito lentamente também pode ocasionar sérios desastres, tanto no trânsito urbano quanto em rodovias. Algumas reduções de velocidade são feitas por necessidade como intervenções na pista, fumaça, neblina e en garrafamentos. Outras, simplesmente pela falta de atenção do motorista, fato esse que pode colocar em risco a vida de muita gente. Casos comuns no dia-a-dia, como o condutor que observa um radar de 80 km/h e reduz a ve locidade repentinamente para 30 km/h, parecem mesmo ser uma questão de comportamento. Entre eles, também está a “aposta de corrida” de veículos velhos, danificados e com baixa potên-
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cia nas rodovias. O emparelhamento de caminhões lentos e pesados que tentam ultrapassa gem, também é uma situação que, segundo es pecialistas de trânsito, costuma amarrar o trânsito por quatro ou cinco minutos. O veículo que vem atrás, dependendo do trecho, nem sempre consegue parar ou se desviar dessas situações a tempo de evitar um acidente. Segundo o diretor do Departamento Nacio nal de Trânsito (Denatran), Ailton Brasiliense Pires, reduzir a velocidade drasticamente “por estar desatento, por medo ou por se achar certinho demais é mesmo um risco”. “Um exemplo é permanecer na faixa da es querda a 30 km/h, em uma rodovia onde a velocidade permitida é de 80 km/h. É uma si tuação que força ainda uma outra infração: a
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CENA COMUM Redução brusca em mais de 50% da velocidade
ultrapassagem pela faixa da direita ou até mesmo pelo acostamento”, afirma Pires. O diretor do Denatran lembra que trafegar em uma via abaixo da metade da velocidade permitida, tanto no trânsito urbano como em rodovias, é uma infração, conforme diz o Código Nacional de Trânsito. Essa regra vale para todos, mas existem as particularidades como situações em que o trânsito está interrompido ou engarrafado e o tráfego de máquinas agrícolas e equipamentos de guincho. Nesses casos, é necessário apresentar sinalização. Os órgãos de trânsito não têm um número exato dos acidentes causados pela falta de velocidade. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), eles são registrados nas ocorrências como “velocidade incompatível” ou “falta de atenção do condutor”, motivos esses que englobam também causas como “excesso de velocidade” e “não observar a sinalização”. “É muito difícil de provar em um acidente que o condutor estava dirigindo em baixa velocidade. Por isso, essa causa não é tão clara nas ocorrências e estatísticas”, informa o coordenador de controle operacional da PRF, Moisés Corrêa Islabão. Uma causa comum de acidentes, segundo o coordenador da PRF, são os motoristas “donos da estrada”. Aqueles que trafegam bem no meio da rodovia, ocupando parte das duas pistas, não-permitindo a ultrapassagem em nenhum dos lados. “É falta de atenção e de noção de trânsito”, ressalta.
Orientações De janeiro a agosto do ano passado, segundo dados da PRF, a desatenção dos motoristas foi causa de 18.553 acidentes que deixaram 7.061 feridas e 582 vítimas fatais. A velocidade incompatível, ainda de acordo com a PRF, foi o motivo de 6.728 acidentes com 3.397 vítimas, num total de 282 mortos. “A nossa orientação é para que o motorista acompanhe a velocidade média do trânsito. Se não, a dica é trafegar sempre pela di reita a uma velocidade superior à metade da ve-
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locidade máxima permitida na via”, informou. Na hora de ultrapassar, Islabão orienta a realizar a manobra a uma velocidade 40% superior à do veículo a ser vencido. O coordenador acrescenta que o condutor que identificar um veículo trafegando de forma irregular em rodovias pode parar em postos da PRF ou das polícias estaduais mais próximo e informar os agentes de trânsito sobre o caso para que o veículo em questão seja abordado e orientado. Para Islabão, todos os exemplos citados acima e as demais causas de acidentes de trânsito por falha humana podem ser justificados por uma questão de comportamento e pela má formação dos condutores. “O brasileiro tem mania de não fazer o que é proibido apenas quando sabe que está sendo observado. Ele não obedece às regras simplesmente por hábito”, diz. Para o coordenador da PRF, a solução para a redução dos números de acidentes está na inclusão de uma disciplina de educação sobre o trânsito nos currículos escolares, como já ocorre em algumas escolas em Recife. “É uma questão de cultura. As crianças devem crescer entendendo de trânsito e com a consciência do que representa ou não perigo para que saibam agir com responsabilidade quando se tornarem condutores de veículos automotores”, diz Islabão. Para ele, tanto a questão de dirigir lentamente como o excesso de velocidade, a imprudência de motoris tas e outros fatores causadores de acidentes são resultados da falta de educação e treinamento adequados do motorista.
Síndrome de Ícaro O coordenador de segurança de processos da Petrobras, José Luiz Rodrigues Neves, também autor do livro “Síndrome de Ícaro: A Educação Infantil e a Segurança no Trânsito Brasileiro” (Pe trobras e Funenseg), defende a tese de que a via tem “vida própria”, fator que deve estar sempre presente na percepção do condutor. “O bom
CIDADANIA SAI DA GARAGEM nquanto as regras de formação dos condutores de veículos automotores no Brasil não mudam, as empresas buscam soluções a curto prazo, investindo por conta própria na formação de seus profissionais. O principal objetivo é reduzir o número de acidentes. Esse é o caso da empresa de transporte de passageiros ViaçãoÁguia Branca, que atua em seis Estados brasileiros. De acordo o diretor da regional Bahia da empresa, Klinger Sobreira Almeida, a iniciativa em aprimorar a formação dos motoristas teve início em 1997. “Primeiro, fizemos vários planos de ação, monitorando as estradas brasileiras e garantindo boas condições mecânicas dos veículos”, diz Almeida. De acordo com ele, outro passo dado simultaneamente foi a implantação de um sis tema de prevenção do alcoolismo. Os motoristas passaram a fazer ainda nas garagens da empresa o teste do bafômetro e a participar de palestras sobre o assunto. Também foram implantadas patrulhas que monitoravam esse teste nas estradas para que o motorista não bebesse durante a viagem. “A norma da empresa é não ingerir bebida alcoólica 12 horas entes do trabalho”, afirma o diretor. Outro passo, segundo Almeida, foi a implantação do programa “Medicina do Sono”, que inclui
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teste de vigília e fadiga antes das viagens e salas de estimulação que contam com terapias luminosas em determinados trechos. “Esse programa foi implementado com o balanceamento das cargas horárias, para que o motorista não ultrapasse seus limites de sono.” A viação também desenvolve um programa chamado “Jornada de valorização da vida humana”, espécie de curso por meio do qual psicólogos e especialistas buscam conscientizar os motoristas sobre a responsabilidade de se transportar pessoas. “Buscamos frisar que eles transportam vidas que têm projetos, sonhos e realizações”, diz Almeida. Além disso, os cerca de 1.200 motoristas da empresa contam com a ação do carro-escola, que traz cursos e informações sobre a direção defensiva. Essas ações da empresa, que transporta hoje uma média de 12 milhões de passageiros/ano em uma frota de mais de 600 ônibus, foram responsáveis por uma considerável redução do número de acidentes. “Hoje, as causas de acidentes são as más condições das estradas e não falhas dos motoristas”, afirma Almeida. Todo esse sistema de segurança em transporte da Viação Águia Branca renderam à empresa no ano passado o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito.
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condutor percebe o ambiente que o circunda, identificando a velocidade média dos outros veículos, os buracos na pista, obstáculos e outros fatores como chuva, sol, neblina ou fumaça que interferem diretamente na velocidade”, diz o es pecialista em trânsito. Em seu livro, Neves propõe a idéia de que é possível reverter a situação do trânsito no Bra sil com iniciativas que têm como base a educa ção. “Busco mostrar que os motoristas precisam dirigir de forma correta e saudável. O pedestre, por sua vez, também tem o seu papel. Mas tudo é uma questão de cultura e de educação”, diz. Segundo ele, a educação para o trânsito deve ser passada o mais cedo possível para que os futuros pedestres e motoristas não tenham o mesmo destino do mitológico perso nagem Ícaro, um jovem que buscava liberdade, mas encontrou a morte por voar muito alto,
ALTO RISCO Ultrapassagens perigosas de veículos lentos merecem atenção
“O MOTORISTA DEVE SEMPRE ACOMPANHAR A VELOCIDADE MÉDIA DO TRÂNSITO”
ignorando os ensinamentos do pai. A opinião do diretor do Denatran, Ailton Brasiliense Pires, caminha no mesmo sentido. “A falta de atenção no trânsito é uma questão de formação. O processo de aquisição da carteira de habilitação no Brasil precisa ser reformulado. É necessário investir mais na informação do condutor”, diz Pires. Segundo ele, o Denatran está elaborando o programa “Educação Cidadão”, cujo objetivo é transmitir conhecimentos sobre o trânsito desde campanhas publicitárias em rádio e televisão até a inserção do assunto nas escolas. De acordo com informações obtidas no site do Denatran, o órgão já desenvolve desde 2001 o projeto “Rumo à Escola”. Segundo o técnico do programa, Victor Pavarino, o plano consiste da inserção do assunto trânsito nas diversas disciplinas escolares do ensino fundamental, seja em escolas públicas ou priva-
PROFISSIONAL DA SEGURANÇA ensando na formação de profissionais com educação e treinamento adequados, a BR Distribuidora e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolvem vários cursos no sentido de reduzir o nú mero de acidentes entre os envolvidos no sistema de transporte de petróleo. Um deles, oferecido desde abril do ano passado, é o curso “Ges tão de Se gu ran ça no Transporte Terrestre”, que visa formar em empresas transporta doras de cargas e de passageiros profissionais gestores de segurança em transporte. O curso é ministrado por meio de um guia didático, um CD e via Internet. “São várias etapas e os alunos são avaliados entre elas por tutores da UFRJ”, informa o coordenador de segurança de processos da Petrobras, José Luiz Rodrigues Neves. Para o coordenador,
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essa é a melhor forma de capacitar mais pessoas em menos tempo. A carga horária do curso é de 60 horas (cerca de três meses). “Não há a presença do professor e o profissional faz o seu horário.” Segundo Neves, no conteúdo do curso, dividido em oito capítulos, seguem informações que vão desde a identificação das principais causas de acidentes em determinada empresa, das áreas de risco até os principais procedimentos com o veículo como mecânica e etc. “Também há uma identificação dos vícios e comportamentos dos motoristas, além de abordagem de segurança de trânsito e direção defensiva”, diz. O coordenador da Petrobras acres centa que o curso, que já formou no Brasil mais de 250 gestores, chegou no exterior e condicionou 48 profissionais na Argentina, Venezuela e Bolívia.
LIMITES Observar sinalização é essencial
DESATENÇÃO Causa de 18 mil acidentes; cena pior na chuva e à noite
das. “Não se trata da criação de uma disciplina sobre trânsito, mas de sua abordagem sob os diversos aspectos. A mensagem é sempre passada por meio da geografia, da matemática e de outras matérias”, diz Pavarino. O Sest e o Senat, órgãos da CNT, oferecem inúmeros cursos voltados para a educação e melhoria do motorista, com disciplinas que abordam desde direção defensiva a manobras de cargas perigosas, além de treinamento especial para taxistas e transportadores escolares. Além disso, Sest/Senat participa das programações oficiais da Semana Nacional de Trânsito e tem um calendário especial, em todo o país, durante a “Semana do Motorista”, em julho. Para maiores informações sobre os cursos e campanhas desenvolvidos pelo Sest/Senat, basta contatar a unidade do sistema na sua comunidade ou na cidade mais próxima. l
TRANSPORTE URBANO ATENDIMENTO ESPECIAL
CONFORTO E APOIO PARA QUEM PRECISA NITERÓI IMPLANTA SERVIÇO DE VANS QUE ATENDE DEFICIENTES FÍSICOS POR
SANDRA CARVALHO
onas Ubiratan Melo Gonçalves deixa sua casa na periferia duas vezes por semana para ir até o centro da cidade para tratamentos médicos. Cena comum em qualquer lugar no mundo. No Brasil, o leitor tal vez imagine um quadro de fi las e ônibus lotados. Em Nite rói, a história é outra. Portador de vasculite e usuário de ca deira de rodas, Gonçalves, 54 anos, é umas das 500 pessoas que são atendidas pelo serviço de vans implantado pela pre feitura da cidade em agosto do ano passado. É dessa forma que o contador niteroiense vai DIREITOS à sua fisioterapia. Niterói começa a “Tenho que agendar as saí- implantar serviço
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FOTOS PREFEITURA DE NITERÓI
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das com antecedência, mas ADAPTAÇÃO tenho o conforto de não preci- Elevador facilita sar me lo co mo ver para os o transporte pontos de ônibus”, diz Gonçalves. A dona-de-casa Maria Aparecida de Souza, 60 anos, também utiliza o transporte para ir à fisioterapia. Ela teve as pernas amputadas e faz “TENHO O frequentemente treinamentos CONFORTO para a utilização de próteses. “Sou mui to bem-aten di da”, DE NÃO TER diz a niteroiense, uma das QUE IR ATÉ 24,5 milhões portadoras de deficiência no Brasil, segundo OS PONTOS o Censo 2000 do IBGE. DE ÔNIBUS” Chamado de Transporte Efi ciente, o serviço em Niterói opera 11 veículos doados por empresas de transporte de passageiros da cidade, com
elevadores hidráulicos adaptados. Atualmente, são atendidas as pessoas que precisam do transporte para tratamentos de saúde. O atendimento é feito por uma central telefônica, que agenda a solicitação, entre 7h e 19h, de segunda-feira a sábado. De acordo com a secretária municipal de Assistência So cial, Heloísa Mesquita, o programa já soma o total de 12 mil procedimentos por mês. Outro ponto importante que o serviço proporciona atinge não somente os deficientes, mas também os familiares. Thaísa Huguenin, 12 anos, é usuária do serviço junto com sua mãe, a pedagoga Mônica Pereira Passos Huguenin. “Eu
teria de pegar dois ônibus para levá-la à fisioterapia e mais dois para voltar. Com o serviço, economizo passagem, tenho mais comodidade e ela é melhor atendida”, diz Mônica. A pedagoga ressalta que os profissionais que trabalham no transporte têm um diferencial sobre os demais motoristas. “Eles são bem preparados e têm muito carinho com as crianças.” Essa é também a opinião de Wanderléa Santos Ribeiro que acompanha diariamente a irmã mais nova, Franciele Damiana Bezerra, 12 anos, à fisioterapia. “Acho que o serviço é excelente e deveria ser ampliado, pois atende melhor que os ônibus, buscando o usuário em casa”, diz.
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FOTOS PAULO FONSECA
da não foi implementado, mas está em estudo pela prefeitura.
Parceria
Com 11 vans, ainda há fila de atendimento. “Já atendemos em média 60% da demanda da cidade. Estamos im plementando o serviço e bus camos a aquisição de novos carros”, diz a secretária Heloísa. Ela frisa que o aumento do número de veículos adaptados permitiria também a abertura de cadastros para pessoas por tadoras de deficiência física se locomoverem até a escola, ao trabalho e até para o lazer, como já funciona em Bauru, no interior de São Paulo. “É um serviço complementar e que não exclui a necessidade de adaptação dos ônibus.” Para o secretário executivo do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Es tado do Rio de Janeiro (Se trerj), Mário Mesquita, o serviço especializado é a melhor alter nativa, pois mesmo a adapta -
ção de todos os ônibus do país não resolveria o problema de acessibilidade do deficiente fí sico. “São poucas as cidades brasileiras onde as vias públicas são pavimentadas e sem problemas de acesso para o portador. É necessária uma política de acesso integrando to dos os setores”, diz Mesquita. Na avaliação do dirigente do sindicato, as vans garantem maior segurança, comodidade e conforto e Niterói tem todas as condições para atender não somente às solicitações de saúde, mas a demandas como lazer e trabalho. “Para otimizar o serviço, empresas, políticos e entidades comuni tárias sugeriram a implantação de um serviço de contato se melhante ao radiotáxi, o que melhoraria a qualidade do atendimento”, diz o secretário do Setrerj. Esse programa ain-
PARTICIPAÇÃO Busca de espaço para se integrar no cotidiano
“ACHO QUE O SERVIÇO É EXCELENTE E DEVERIA PASSAR POR AMPLIAÇÃO”
Em Bauru, o sistema de transporte para deficientes começou há seis meses, com vans adaptadas. O programa trabalha com dois veículos que buscam os portadores de deficiência em casa e os levam ao destino. Segundo o Conselho Municipal dos Direitos da Pes soa Portadora de Deficiência (Comude), estima-se um número em torno de 250 pessoas usuárias do serviço na cidade, que realizam uma média de 60 viagens por dia. O serviço foi implantado graças a uma parceria público-privada. Duas vans foram doadas por empresas de ônibus da cidade e o atendimento ficou por conta da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (Endurb). O usuário deve se cadastrar na prefeitura e agendar o transporte com 48 horas de antecedência. “Quando há pouca procura, ocorre de o usuário ligar e conseguir o atendimento na hora. Mas quando a demanda é muito elevada, algumas saídas acabam tendo que ser remarcadas para o dia seguinte”, diz a secretária de Bem-Estar Social de Bauru, Darlene Martins Têndolo. Quando os agendamentos são superiores à capacidade operacional do serviço, o atendimento é priorizado. “Primeiro, são feitos os atendi-
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RESERVA Poucas cidades oferecem espaço público para o deficiente
mentos de saúde para pessoas que precisam ir a clínicas e a hospitais. Depois, os atendimentos de trabalho e escola. Em seguida, os de cultura e lazer”, diz Darlene. A secretária municipal afirma que, para o serviço ser mais abrangente e rápido, são necessárias mais duas vans. As negociações com empresas de Bauru já co meçaram. O aposentado Expedito Ave lino de Souza, 62 anos, vítima da poliomiosite (doença crônica que causa inflamação e de generação dos músculos), é usuário das vans em Bauru. “Utilizo o serviço para ir ao mé dico, ao teatro e outras atividades e estou muito satisfeito, sugerindo a ampliação do serviço de forma a estendê-lo a todos os bairros. “Mas seria
muito importante também a adaptação da cidade em geral com rampas de acesso e tudo mais”, reivindica ele. Para o coordenador-geral do Comude, Francisco Takao Kajino, que como líder da entidade acompanhou de perto de todo o processo de implantação das vans, e é usuário frequente do serviço, a van adaptada traz maior comodidade. “Tenho mais segurança. Sou tetraplégico e tenho bastante dificuldade de me apoiar dentro dos ônibus, pois tenho pouca força nos braços”, afirma Kajino. l
PROPOSTAS PARA A ADAPTAÇÃO s leis 1.048/2000 e 1.098/2000, que tratam da adaptação da frota de ônibus para pessoas portadoras de deficiência, ainda não foram regulamentadas. O decreto de está aberto para consulta públi ca desde dezembro do ano passado e ficará em discussão até março. De acordo com o diretor-superintendente da Associação Nacional do Transporte Urbano (NTU), Marcos Bicalho, a entidade está se pro nunciando nessa consulta com sugestões para viabilizar o acesso dos deficientes ao transporte e criar condições para que as empresas pos sam se preparar. Uma delas, segundo ele, é a isenção de impostos para veículos adaptados. “Outra sugestão é a abertura de linhas de fi nanciamento para que as empresas tenham condições de adquirir esses veículos”, diz o di-
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retor da NTU. Bicalho frisa que, no caso das pessoas que utilizam cadeiras de rodas e andadores, a sugestão é a criação de serviços especiais como as vans adaptadas, como já ocorre em Bauru e Niterói. “Esse serviço especial teria, antes de tudo, de levar em consideração as peculiaridades do local, pois um modelo padrão não é aplicável a todas as cidades. Cada uma tem as suas especificidades.” Bicalho acrescenta que a adaptação de uma pequena parte da frota seria um serviço que deixaria muito a desejar. “O usuário teria de esperar muito tempo no ponto pelo transporte”, afirma. Além disso, o diretor da NTU diz que de nada adiantaria a adaptação dos ônibus sem uma adaptação total das cidades. “É necessário que todos os componentes de acesso sejam adaptados como ruas, calçadas e rampas.”
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e 2003 não cumpriu as expectativas da população na área social, o mesmo não pode ser dito quando o assunto é exportação. O mercado interno que se cuide, pois o Brasil exportou, no ano passado, cerca de US$ 73,1 bilhões, mais de 90% desse total através dos portos. No setor, o espetá culo do crescimento já chegou. No Nordeste, a animação é comprovada pelos números. Enquanto a média de crescimento brasileira foi de 17,4%, as exportações nordestinas no longo curso tiveram um avanço de 23% em relação a 2002 e chegaram a US$ 6,4 bilhões. A movimentação de cargas nos portos do Nordeste tem chamado a atenção do mercado nacional. A Oceanus Agência Marítima – empresa do grupo Lachmann –, por exemplo, está com uma agressiva estratégia de expansão na região. Segundo o diretor da empresa, José Augusto Vieira, a agência trabalhava apenas com parceiros nessa área. No entanto, devido a uma enorme perspectiva de crescimento dos negócios, foram implantados escritórios re- ARATU Porto baiano funciona 24 horas por dia e é um dos responsáveis pelo cresci gionais em Salvador e São Luís. “O mercado nordestino ainda não é tão maduro quanto as regiões Sul e Sudeste. Por isso, temos uma grande oportunidade de expan são nesses locais”, avalia Vieira. Ao todo, a região exportou 63,715 milhões de toneladas de produtos, 2,2% a mais que no ano passado. Apesar de não parecer uma grande alta nos negócios, essa cifra corresponde a 20% do volume exportado em todo o país. Com o aquecimento do mercado, os portos do Nordeste estão buscando repre sentatividade no mercado nacional. Cada qual, com suas especificidades e diferen ças, busca oferecer os melhores serviços e conquistar espaço entre o empresariado regional.
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SHOW NA DOS NOR PORTOS DA REGIÃO TÊM ALTA NAS VENDAS
WILSON BESNOSIK/AGÊNCIA A TARDE/FUTURA PRESS
mento de 15% na movimentação de carga do complexo portuário do Estado
S ÁGUAS DESTINOS EXTERNAS ACIMA DA MÉDIA
POR
EULENE HEMÉTRIO
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Entre os meses de junho e novembro de 2003, o porto de Salvador (BA) destacou-se na preferência do embarcador, com a movimentação de US$ 1,02 bilhão, seguido pelos portos de Itaqui (MA), com US$ 935 milhões, Aratu (BA), com US$ 427 milhões, e Pecém (CE), com US$ 303 milhões. Para o presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), Jorge Me dauar, a existência desse clima de concorrência tem como resultado positivo a prestação dos melhores serviços e a cobrança de menores tarifas. De acordo com ele, Salvador tem hoje, do Rio de Janeiro para cima, a maior movimentação de contêineres do Brasil, com exportação expressiva de veículos e frutas. “O nosso conjunto portuário (Salvador, Aratu e Ilhéus) cresceu quase 15% em relação a 2002, num momento em que a economia cresceu apenas 0,36%. Esperamos um estouro na movimentação de cargas para 2005, pois 2004 será um ano de investimentos”, afirma Medauar. Segundo o dirigente, estão previstos investimentos em torno de R$ 150 milhões neste ano para a construção de dois novos berços e para a preparação de cerca de 100 metros quadrados de retro-área no porto de Salvador. A estratégia da companhia para este ano é consolidar os clientes já conquistados e agregar novos produtos. Dois grandes contratos já estão em andamento, e Medauar pouco fala sobre as conversas para não atrapalhar as negociações. Um deles, ele adianta, é com a empresa Veracel, que pretende movimentar 800 mil toneladas de celulose através do complexo portuário da Bahia. “Desde que preservada a ética, pretendemos crescer, mantendo a liderança”, diz o presidente da Codeba.
Saída de frutas O diretor do porto de Pecém, Jurandir Picanço, também considera a concorrên-
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PORTO DE ITAQUI/DIVULGAÇÃO
PORTO DE PECÉM/DIVULGAÇÃO
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cia saudável. De acordo com ele, o terminal foi construído especificamente para dar apoio às atividades empresariais do Ceará, mas, na prática, tem movimentado cargas de diversos Estados, uma vez que está operando cerca de 25% aquém de sua capacidade.
Preferência INVESTIMENTOS Pecém (alto), Itaqui e Salvador se movem para melhorar a estrutura dos terminais
“TEMOS UMA GRANDE CHANCE DE EXPANSÃO NO MERCADO”
Em 2003, Pecém teve a maior movimentação de frutas do país, sendo que mais da metade dos produtos foram oriundos de outros Estados, como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Piauí e Paraíba. Para Picanço, o principal motivo da preferência foi o reduzido tempo de trânsito para o exterior (seis dias para os Estados Unidos e sete para o primeiro porto europeu). Outros atrativos do porto, segundo o diretor de Pecém, são as boas condições para navios de grande calado e o arranjo institucional de uso privativo misto, o que permite maior flexibilidade administrativa. Estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio mostram que o principal destino dos produtos movimenMANU DIAS/AGÊNCIA A TARDE/FUTURA PRESS
tados no porto de Pecém no segundo semestre de 2003 foi os EUA, com US$ 183,7 milhões exportados (61%). O núme ro de contêineres movimentados também foi ampliado em mais de 120% em relação a 2002 e chegou a 67.155 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Devido à alta na movimentação de cargas, o porto deve investir, em 2004, na ampliação de tomadas frigoríficas – de 264 para 600 tomadas – para atender a demanda do mercado. “Em 2003, contornamos o problema, mas não foi a solução ideal. Temos de nos preparar melhor para este ano”, avalia Picanço. De acordo com ele, mais investimentos vão depender do projeto siderúrgico do complexo industrial de Pecém.
Sem disputa O porto do Itaqui, administrado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), também está se destacando no cenário nordestino. Somente entre junho de novembro de 2003, foi responsável pelo transporte de mais de 25 milhões de toneladas – o maior volume de cargas da região, apesar de não ser o mais valioso. O presidente da Emap, Fernando Antonio Brito Fialho, destaca que não há ne cessidade de uma disputa entre os portos brasileiros, porque o país é um potencial exportador e vai precisar cumprir os desa fios para ampliar sua pauta de exportação. “Os portos têm que se qualificar e trabalhar de forma organizada, buscando parceiros fortes para serem mais eficientes, viáveis e gerar volumes de negócios que contemplem a vocação de cada um”, diz Brito Fialho. Segundo o presidente da Emap, o porto do Itaqui, localizado na capital maranhense, obteve um crescimento de quase 11% na movimentação de cargas em 2003, com
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“ESPERAMOS UM ESTOURO NAS EXPORTAÇÕES EM 2005, POIS 2004 SERÁ UM ANO DE INVESTIMENTOS”
o balanço final de 15,5 milhões de toneladas. “Como parte do processo de moderni zação iniciado com a estadualização da gestão do porto, há quase três anos, demos em 2003 passos decisivos para dotálo de infra-estrutura necessária para receber projetos importantes, a exemplo do pólo siderúrgico e a refinaria de petróleo. Por meio de convênio com o Ministério dos Transportes, garantimos para este ano o início de obras fundamentais para a ampliação e modernização do Itaqui”, afirma Brito Fialho. No meio do crescimento, o terminal de Itaqui não esqueceu da qualidade. Trabalha para obter o certificado ISO 9001:2000, que garante a clientes e prospectos do porto de que os processos e logísticas são planejados, organizados, executados, coordenados e controlados em toda a permanência no porto. “Esta mos também caminhando em busca da
excelência dos nossos serviços com a implantação do Programa de Gestão da Qualidade, que vai garantir ao porto a ISO 9001:2000 e outros processos para tornar a sua estrutura mais eficiente e voltada para a satisfação dos nossos clientes e parceiros”, reforça Fialho.
Multimodal O porto do Itaqui é um terminal regio nal, abrigado, com uma profundidade única no país, permitindo a atracação de navios de grande calado, possuidor de logística perfeita atrelada a um sistema de transporte multimodal (ferroviária, rodoviária e hidroviária) e proximidade aos grandes mercados mundiais. Outro importante diferencial é ser o entreposto de derivados de petróleo do Norte/Nordeste brasileiro, com estrutura para receber navios de até 200 mil DWT (deadweight tons, toneladas por peso-morto). l
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OPINIÃO ALEXANDRE GARCIA
Dinheiro para o transporte: uma tese a ser demonstrada rasília (Alô) - O governo federal está apostando no projeto da Parceria Público-Privada, que sai do forno da convocação extraordinária do Congresso, para ter dinheiro para a infraestrutura, em geral, e para o transporte, em particular. Depois da entrada de US$ 16,6 bilhões em investimento externo no último ano de FHC, o governo Lula teve que se contentar com pouco mais de US$ 10 bilhões no ano passado. Fruto da desconfiança gerada antes de Lula assumir. Vencida a desconfiança - que foi até substituída por otimismo exagerado -, o próprio presidente se prepara para entrar no corpo-a-corpo da motivação de investidores, externos e internos. Ele mesmo já conversou com os presidentes do BID e do Bird, e com os chefões das maiores centrais sindicais americanas (que administram polpudíssimos fundos de pensão), e agora vai fazer o mesmo entre os possíveis investidores privados nacionais, uma partida decisiva em que José Dirceu e Antônio Palocci já jogaram a preliminar. Para atrair investimentos, é preciso merecer confiança e, para merecer confiança, o governo precisa continuar fazendo a sua parte, no ajuste fiscal e na po lítica monetária. Necessidade de reduzir a relação dívi da pública/PIB, de manter a inflação abaixo de 6% neste ano, de conservar os juros reais em tendência de queda e o superávit primário acima de 4% e dar mais realismo ao câmbio, sem excessiva valorização do real. E há questões que mostram a dificuldade do ajuste fis cal: os juros devidos na dívida pública cresceram qua se 90% no ano passado, o déficit do INSS subiu 53% e a reforma não trará benefícios a curto prazo e os gas tos com pessoal continuam crescendo, enquanto os in vestimentos públicos permanecem estagnados. Para sustentar o crescimento diante de tanto desafio, será preciso conseguir saldo positivo em conta corrente su perior a US$ 15 bilhões por ano, sustentar superávits
B
“O QUE FAZER PARA EXPORTAR US$ 100 BILHÕES? TER TRANSPORTE. O QUE FAZER PARA O PIB CRESCER MAIS DE 3% NESTE ANO? TRANSPORTAR MAIS RIQUEZA”
na balança comercial superiores a US$ 20 bilhões e manter as exportações crescendo 10% ao ano. As exportações, no ano passado, passaram de US$ 70 bilhões. O que fazer para exportar US$ 100 bilhões? Ter transporte. O que fazer para o PIB crescer mais de 3% neste ano? Transportar mais riqueza. Como, num país com estradas acanhadas e esburacadas, praticamente sem ferrovias e com um mínimo de hidrovias e portos funcionando mal? Arranjando dinheiro para investir em mais ferrovias, melhorar portos e hidrovias e converter os atuais caminhos em rodovias. Sem isso, o setor primário, responsável por boa parte do desempenho das exportações, não terá como escoar. O entusiasmo de produtores e o esforço de vendedores poderão ser tragados pelas estradas precárias. Otimista, o ministro dos Transportes está prometendo que essa será a primeira safra sem buracos e que serão investidos R$ 200 milhões para remendar o asfalto. No orçamento do DNIT, registram-se R$ 950 milhões para restauração e manutenção de estradas no ano passado foram R$ 650 milhões. E não se notou. O estrago deixado pelas chuvas de verão nos tími dos pavimentos brasileiros acaba por gerar desconfiança nas promessas otimistas. Enquanto se fala em rodovia, cresce o sentimento de que não dotar um país deste tamanho de ferrovia tem sido o maior atestado de burrice estratégica dos governos. O grande centrão geográfico brasileiro, que tem sido a nova fronteira de grãos, está pedindo urgente mais ferrovias. Uns 4.000 km e uns US$ 4 bilhões. Na ponta litorânea das ferrovias, portos eficien tes. Enfim, o governo reconhece que não faz sozinho. Ou teria que cobrar mais impostos. Além de conquistar confiança do investidor para a seriedade e constância dos projetos, terá que demonstrar que este país tem futuro. E isso já está demonstrado nas exportações do ano passado. Agora, será preciso demonstrar que a riqueza pode ser transportada.
DIVULGAÇÃO
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FEVEREIRO 2004 CNT REVISTA 51
TECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO
DAS PISTAS PARA AS ESTRADAS FÓRMULA 1 É PRINCIPAL LABORATÓRIO PARA EQUIPAMENTOS DE CARROS E CAMINHÕES POR
HOMERO GOTTADELLO
o próximo dia 7 de março, centenas de projetos de engenharia automobilística, inves ti men tos as tro nô mi cos, tecnologia de ponta e em teste estarão disputando um lugar de destaque num circuito de pouco mais de 5.000 metros a bordo de 26 carros. Talvez no dia 7 de março de 2014 o motor do carro verme lho número 1 deste ano seja o mesmo que o seu. Até lá, mais centenas de mi lhões de dólares serão gastos até chegar na sua mão. A temporada da Fórmula 1, que começa no próximo mês, é hoje o
N
principal campo de testes da indústria automobilística. As pistas de corrida são um dos mais importantes laboratórios para os fabricantes de automóveis de passeio e caminhões. Anualmente, as grandes marcas mundiais investem cifras bilionárias no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, e são nas provas de velocidade que grande parte delas é avaliada. “Tratase de um banco de provas ilimitado para as montadoras”, afirma o gerente de vendas de caminhões da Mercedes-Benz, engenheiro Euclydes Ghedin Coelho.
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Além de ser o “homem” da Mercedes-Benz na Fórmula Truck, Coelho tem uma experiência de 20 anos na área de engenharia da empresa. “Nas competições, os veículos são submetidos a condições tão extremas de uso que podemos defini-las como um limite de aplicação”, diz o engenheiro. “Apenas para se ter uma idéia da importância das corridas, é com informações que obtemos nas pistas que mudamos materiais e al te ra mos com po nen tes, mo di fi ca mos suspensão e chassi, além de melhorarmos o conceito da célula de sobrevivência de um caminhão.” Os caminhões da marca alemã que disputam a F-Truck usam motores eletrônicos que, originalmente, desenvolvem potência de 380 cv. “Esses mesmos propulsores, depois de preparados, passam a fornecer 1.100 cv”, diz Coelho. “Imagine o que essa elevação de potência significa em termos de exigência. Todas as peças internas desse motor são submetidas a cargas enormes e até mes mo os freios são sobrecarregados, afinal, o caminhão fica mais rápido e, para pará-lo, o piloto tem que acionar o sistema com mais intensidade e em menores intervalos de tempo.” Existe outra motivação para um fabricante investir nas corridas. “Além do fa tor técnico, o aspecto comercial tem grande peso no interesse das grandes montadoras pelo automobilismo”, expli ca o assessor técnico da Fiat, engenhei ro Carlos Henrique Ferreira. “Marcas com sucesso nas competições têm seus produtos associados a uma imagem de vitória e essa é uma estratégia de marke ting que traz grande retorno, em termos de vendas.” De acordo com Ferreira, existem ou tros campos para o desenvolvimento de
FERNANDO PILATOS/FUTURA PRESS
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“TRATA-SE DE UM BANCO DE PROVAS ILIMITADO PARA AS MONTADORAS”
novas tecnologias. “As grandes inovações são criadas e testadas em conjunto com os fornecedores e as pistas são apenas um entre os diversos laboratórios que usamos”, afirma o engenheiro. “Podemos dizer que, hoje, há uma distância cada vez menor entre o que se usa nas corridas e aquilo que é incorporado aos modelos de produção.” Alguns dos exemplos de tecnologia desenvolvida para as corridas que migrou para os modelos de passeio são os câmbio seqüenciais, como o Selespeed da Alfa Romeo, o sistema inteligente de abertura de válvulas Vtec, da Honda, e o con tro le ele trô ni co de es ta bi li da de (ESP), criado para a McLaren e que está disponível para quase todos os moder nos automóveis esportivos e de alto luxo. “É óbvio que os carros de passeio não usam os mesmos conjuntos da F-1, mas o conceito desses sistemas é idêntico”, diz Ferreira.
Telemetria LABORATÓRIO Box da F-1 antecipa as tecnologias que chegarão ao cidadão comum
No segmento de caminhões, uma no vidade criada para as competições pro mete, em breve, tornar-se uma das ferramentas mais importantes para a ges -
tão de frotas: a telemetria. “A telemetria é o transporte sem fio de dados forneci dos pelas centrais eletrônicas dos motores, para uma base operacional, como os boxes de um autódromo”, diz o gerente de vendas Euclydes Coelho. “To das as facilidades dessa tecnologia que desenvolvemos nas pistas estarão disponíveis para os frotistas.” Através da telemetria, os usuários têm informações precisas de localização e condições de operação de cada caminhão. “Nesse pacote, estão contidas informações como consumo de combustí vel, distância percorrida, percurso restante e estimativa de tempo de chegada, temperatura do motor e até mesmo car ga da bateria”, explica Coelho. “Além de permitir o acompanhamento do trabalho de cada veículo, a telemetria reduz o tempo de manutenção dos veículos, graças à rapidez da diagnose eletrônica. E, como se sabe, caminhão parado é dinheiro perdido.” A tecnologia de ponta presente no mundo automobilístico não se resume a conjuntos mecânicos e eletrônica embarcada. Ela também migra para o dia-adia na forma de materiais de alta resistência. “Alguns modelos, como o Ferrari F360 Modena, chegam a utilizar materiais como o tungstênio na construção de sua carroceria, o que aumenta a resistência e diminui o peso do carro”, afirma o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, da Fiat, conglomerado proprietário da marca do cavalinho amarelo e dos carros vermelhos. Entretanto, o custo dessas tecnologias é altíssimo, o que acaba dificultando a sua adoção em veículos comerciais. “Al guns materiais só podem ser utilizados em modelos de produção limitada ou su percarros, já que sua adoção em auto-
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móveis comuns significaria uma eleva ção muito grande no preço final desse veículo”, diz Ferreira. E esse parece ser o fator que acaba determinando a velocidade com que esses avanços do mundo automobilístico vão estar disponíveis para o consumidor comum. Um exemplo disso é a cifra investida pela Goodyear no desenvolvimento da linha de pneus Eagle que, atualmente, está disponível para todos os automóveis de passeio do mercado: US$ 125 milhões. “A F-1 foi o laboratório mais importante para o desenvolvimento dos pneus radiais e, hoje, é o campo de pro vas mais eficiente para os testes de novos compostos de borracha”, declara o TOP DE LINHA Carros modernos que atendem a comandos de voz para abrir portas e acionar a ignação
“HOJE, HÁ UMA DISTÂNCIA MENOR ENTRE O QUE SE USA NAS CORRIDAS E O QUE CHEGA AOS MODELOS DE PRODUÇÃO”
AUDI/DIVULGAÇÃO
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PRATICIDADE MOVE PROJETOS esde o início da década de 90, o alumínio vem sendo empregado na construção da carroceria de modelos Audi, Cadillac e Jaguar. Os câmbios automáticos seqüenciais, controlados por borboletas na coluna de direção ou botões no volante, também estão disponível para automóveis Porsche, Alfa Romeo e Ferrari. Desde 1997, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) determinou que o carro de F-1 fosse equipado com uma espécie de “caixa preta”, onde ficam armazenadas to das as informações do veículo. Esse dispositivo permite que sejam encontradas as reais causas de um acidente e já foram incorporadas por modelos Buick e pelo Chevrolet Corvette. A tecnologia dos automóveis do futuro também virá das necessidades práticas da vida moderna. Uma delas, que já está disponível como opcional para automóveis topo de linha da GM, nos EUA, é o pára-brisa inteligente. Trata-se de um projetor que mostra informações no vidro frontal do veículo e evita que o motorista desvie sua atenção da pista. Esse sistema ainda dispõe de uma função noturna, que identifica a presença de pessoas ou animais além do alcance dos faróis, através de sensores de calor. Os videogames já são uma realidade no mercado internacional. Eles são um acessório de fábrica que agregam dois monitores de cristal líquido na parte de trás dos encostos de cabeça e permitem que os ocupantes do ban-
D
diretor de corridas da marca, Leo Mehl. “Não há dúvidas de que os benefícios das competições são inúmeros e vão do aprendizado técnico à publicidade.” Apenas para se ter idéia do valor que é aplicado por algumas marcas nas pistas, na última década, a Ford comprou a equipe Stewart, que corre com a marca Jaguar, por US$ 150 milhões. O programa de desenvolvimento de motores da BMW para a equipe Williams, denomina do BMW-Power F1, teve investimento ini cial de US$ 350 milhões. A Toyota gastou mais de US$ 250 milhões só no seu pri meiro ano na F-1 e a Mercedes-Benz de tém, atualmente, 49% da McLaren. Essa “importação” tecnológica passa pelo Brasil também. A Petrobras, que for nece a gasolina para a Williams, já trouxe para o mercado o resultado do forneci mento de 200 mil litros anuais de com bustível para a equipe inglesa. A gasolina Podium é baseada no trabalho desenvol vido na F-1 e promete desempenho supe rior aos combustíveis normais, mais economia e menos poluição. l
co traseiro se divirtam com jogos ou filmes no formato DVD. Os botões serão substituídos por sistemas comandados por voz. Alguns automóveis de luxo já oferecem essa opção para controle do conjunto de áudio, mas, em breve, tudo será operado por voz, desde os faróis até a abertura do porta-malas. Infelizmente, a recíproca não é ver dadeira e a contribuição tecnológica dos automóveis de rua para as pistas de corrida praticamente não ocorre. “Enquanto performance e durabilidade são os aspectos que mais avaliamos, nas pistas, procuramos agregar economia e versatilidade nos produtos que comercializamos para os transportadores”, diz o gerente de vendas de caminhões da Mercedes-Benz, Euclydes Ghedin Coelho. “No primeiro caso, o objetivo é a máximo em desempenho e, no segundo, a praticidade. De nada adianta a praticidade dos veículos comerciais nas pistas.” O air-bag é um dispositivo de segurança de automóveis comuns e que ainda não foi aplicado aos modelos de competição. “Os sensores que ativam as bolsas de proteção são acionados pela desaceleração do veículo”, diz o assessor técnico da Fiat, Carlos Henrique Ferreira. “O problema é que, devido à grande capacidade de frenagem dos carros de corrida, esses sensores 'confundem' as fortes desacelerações com uma possível colisão.” Nesse caso, o uso de air-bags em um F-1 seria um fator de risco.
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MAIS TRANSPORTE BASTIDORES & NEGÓCIOS
INTEGRAÇÃO A partir de março, o programa de Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf) desenvolvido pelo Denatran, será ampliado para o Distrito Federal e para mais quatro Estados: Ceará, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O Renainf consiste na troca de informações sobre multas entre os Detrans de todo o país. Atualmente, carros com placas do Paraná, da Bahia, de Goiás e de Pernambuco já estão integrados na mesma base de dados. Segundo o cronograma definido pelo Denatran, a cada mês, de abril até setembro deste ano, dois novos Estados serão incluídos na base única. O mês de setembro é o prazo limite para que as multas cheguem aos proprietários de veículos, mesmo quando circulam fora do Estado no qual aconteceu o emplacamento.
DESCONTO NO COMBUSTÍVEL A Comissão de Economia, Indústria e Comércio está analisando projeto de lei, de autoria do deputado federal Marcos de Jesus (PL-PE), que garante desconto de 20% nos combustíveis para taxistas e caminhoneiros. Pela proposta os motoristas deverão ser cadastrados junto aos sindicatos e às distribuidoras, que emitirão a Célula de Identificação de Consumidor Beneficiário (CICB). O documento conterá todos os dados do motorista e do veículo e será válida em todo o território nacional.
A CICB somente terá valor se acompanhada do comprovante de quitação das taxas incidentes sobre o veículo e dos tributos a que se sujeitam os serviços. De acordo com o projeto, os postos terão de apresentar mensalmente o demonstrativo dos descontos às distribuidoras para que sejam ressarcidos. As distribuidoras ficariam autorizadas a incluir nos preços dos combustíveis comercializados o acréscimo necessário ao ressarcimento.
BENEFÍCIO Taxistas terão cotas fixas de reembolso
INVESTIR NA BAHIA O Programa de Logística de Transportes da Bahia está sendo apresentado a investidores. Segundo a Secretaria de Infra-Estrutura do Estado, são 137 propostas que envolvem desde rodovias e ferrovias até centros de distribuição de produtos, passando por portos, aeroportos e hidrovias. O programa, cujo objetivo é reorganizar as cadeias logísticas da Bahia, deve ser executado num prazo de 20 a 25 anos e está pronto para ser implementado. O orçamento do programa é de R$ 10 bilhões.
FOTOS PAULO FONSECA
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CNT EM PAUTA CONVÊNIO NO SUL
URGÊNCIA Sindicato pede providência no viaduto das Almas
CARTA AO MP O Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros (SUBC) encaminhou ao Ministério Público Federal uma notificação sobre as más condições do viaduto Vila Rica (também chamado de viaduto das Almas), no trecho da BR-040 que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Segundo o presidente do sindicato, José Natan Emídio Neto, a categoria
pede a construção urgente de um desvio do viaduto, obra que colocaria um fim aos acidentes com caminhoneiros, que freqüentemente transitam no local. Diz a carta enviada ao MP que “a questão é muito séria, pois o viaduto possui um pontilhão localizado no pé de uma serra longa e íngreme, além de possuir pista com ondulações e estreita em curva”.
BR-101 SEM SOLUÇÃO
NOVO SISTEMA
E fica para o segundo semestre a duplicação da BR-101, no sul do país. Essa foi a declaração do ministro dos Transportes, Anderson Adauto. A rodovia federal é a principal rota de ligação do extremo sul com o centro do país e com o Mercosul. A falta de duplicação no trecho de aproximadamente 350 km entre os municípios de Osório (RS) e Palhoça (SC) faz a estrada ser conhecida, nesse percurso, como “rodovia da morte”.
Já está em operação o novo sistema de cartão de pedágio da Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio (Concer), que tem o objetivo de agilizar o processo operacional e de tráfego. Com a nova tecnologia, o usuário apenas aproxima o cartão da leitora e aguarda a liberação. O período de operação dos dois sistemas (antigo e novo) vai até 23 de março.
O Sest/Senat de Porto Alegre está participando de convênio na campanha “Paz é a gente que faz”, desenvolvido pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e pelo setor transportador da capital gaúcha. A parceria irá desenvolver seminários para a formação de educadores para a paz junto aos trabalhadores de ônibus, lotação, táxi e transporte escolar. Após constatar que a violência no trânsito é a terceira causa de morte no Brasil (atrás das doenças do coração e do câncer), o transportador gaúcho investiu na campanha para ressaltar a importância da educação de toda a sociedade. Um dos pontos que está no programa do convênio é o alerta quanto à imprudência, ao uso de álcool e o descumprimento das leis de trânsito, fatores que ajudam na trágica estatística brasileira. Para mais informações sobre o convênio e as atividades da campanha, ligue para a unidade do Sest/Senat em Porto Alegre: (51) 3374-8080.
DIVERSÃO E ARTE O Sest/Senat de Presidente Prudente está com uma série de atividades esportivas e artísticas com inscrições abertas para a comunidade. Entre as opções oferecidas, estão natação, ginástica localizada, hidroginástica, capoeira, teatro, artesanato e instrumentos musicais. As vagas são limitadas. Para mais informações, procure a unidade: rodovia Arthur Boigues Filho, 585, Jardim Carandá. O telefone é (18) 227-1074.
EM FORMA A unidade do Sest/Senat de Florianópolis está com um curso de preparação física em três turnos matutino, vespertino e noturno -, além de uma extensão para sábados e domingos pela manhã. O curso é voltado para as pessoas que prestam exames em concursos que necessitam de capacitação física, como para as Polícias Rodoviária e Militar. Mais informações pelo telefone (48) 281-6200.
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ESTATÍSTICA IDET
FERROVIAS CRESCEM NO SETOR DE CARGAS MODAL APRESENTOU ALTA DE 8% EM 2003 NA COMPARAÇÃO COM 2002, RESULTADO DA RECUPERAÇÃO DA MALHA modal ferroviário começa a mostrar recuperação na sua movimentação. Setor fundamental para a economia do Brasil, a malha ferroviária registrou um aumento expressivo no volume de carga transportada no ano passado. Entre janeiro e novembro, foram movimentadas aproximadamente 356,3 milhões de toneladas – 18% superior ao registrado em igual período de 2002 e 8% maior que o verificado em todo o ano retrasado, resultado influenciado pelas exportações. Cabe destacar o esforço das concessionárias em investir em material rodante e recuperar linhas que potencializam a eficiência gerencial e operacional do parque ferroviário e permitem ganhos de produtividade significativos. As empresas de transporte
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participação do modal na matriz do transporte, em função do fortalecimento das ferrovias. O modal rodoviário de passageiros (segmento interestadual) registrou 77,3 milhões de viagens em 2003, 2,3% superior a 2002. Os
rodoviário de cargas foram responsáveis por movimentar em 2003 de aproximadamente 448,5 milhões de toneladas (1,1% menor que 2002) – em dezembro, foram transportadas mais de 38,8 milhões de toneladas. O valor aponta para uma redução da
MODAL FERROVIÁRIO DE CARGA VALORES EM TONELADAS
ACUMULADO NO ANO
VARIAÇÃO %
PRIMEIRO SEMESTRE
ANO*
ANUAL
2000
143.517.921
302.618.789
-
2001
158.478.719
317.866.693
5,04%
2002
155.006.647
329.742.191
3,74%
2003
199.372.954
356.282.842
8,05%
* 2003 ACUMULADO ENTRE JANEIRO E NOVEMBRO FONTE: CNT / FIPE-USP
FEVEREIRO 2004 CNT REVISTA 59
MODAL FERROVIÁRIO DE CARGA VALORES EM TRANSPORTADAS
ACUMULADO ANO
VARIAÇÃO %
PRIMEIRO SEMESTRE
ANO
ANUAL
2000
215.715.091
445.816.005
-
2001
215.419.794
441.408.929
-0,99%
2002
217.731.658
453.540.208
2,75%
2003
219.257.553
448.480.595
-1,12%
FONTE: CNT / FIPE-USP
MODAL RODOVIÁRIO DE PASSGEIROS INTERESTADUAL NÚNEROS DE PASSAGEIROS TRANSPORTADOS
PERÍODO
2002
2003
1º SEMESTRE
37.222.986
40.155.080
ANO
75.513.084
77.266.969
FONTE: CNT / FIPE-USP
MODAL RODOVIÁRIO DE PASSGEIROS INTERMUNICIPAL NÚNEROS DE PASSAGEIROS TRANSPORTADOS
PERÍODO
2002
2003
1º SEMESTRE
281.926.883
285.403.329
ANO
581.149.372
-
FONTE: CNT / FIPE-USP
QUEDA APONTA REDUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DO MODAL RODOVIÁRIO NA MATRIZ DO TRANSPORTE
principais destinos dos passageiros foram os Estados da região Sudeste. Em dezembro, foram registradas 7,1 milhões de viagens, 10,1% a menos que no mesmo período de 2002. No segmento intermunicipal, observou-se uma redução no número de viagens em 2003 de 1,4% sobre 2002. Em dezembro, foram registrados 53,4 milhões de deslocamentos contra 54,8 milhões em 2002. A movimentação de passageiros acumulada no ano superou 572,8 milhões, alta de 1,2% sobre igual período de 2002.
Coletivos No transporte coletivo urbano (ônibus) foram registrados 915,7 milhões de deslocamentos em dezembro (44,7 milhões por dia útil), em mais de 521,5 milhões de quilômetros rodados pelas concessionárias. O Índice de Passageiro Quilômetro (IPK) médio para o período foi de 1,732. O IPK oscilou entre 1,303, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e 2,494, no Rio Grande do Sul. O IPK estabelece uma relação entre demanda por transporte coletivo, passageiros transportados e oferta. Para maiores esclarecimentos e/ou download das tabelas completas do Idet, acesse www.cnt.org.br ou www.fipe.com.br. l
PROGRAMAÇÃO • MARÇO 2004
1/3 - SEGUNDA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h - 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de táxi (11 a 13)
2/3 • TERÇA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) SIG/SAD (aulas 3 a 4) Facilitador (aulas 1 a 3)
SIG/SAD (aulas 1 a 2)
10h - 15h30 • IDAQ Programas • Código de Barras, EDI e Internet no Transporte
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Melhorando a Produtividade
Melhorando a Produtividade (aulas 1 a 3)
11h30 • Tirando de Letra 12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Chefia de Expedição (aulas 1 a 5)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (22 min) “Canal Saúde no Asfalto”
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 53 e 54 2º Grau • Língua Portuguesa 29 e 30
Experiências Gerenciais de Sucesso: Como a Real Expresso Obteve a Certificação ISO 902 (12 min)
11h30 • Tirando de Letra 12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Motorista de Ônibus Turismo (aulas 5 a 9)
do Veículo (aulas 4 a 10)
11h30 • Tirando de Letra
13h • SEST/SENAT Programação • Tema: Fome (23 min)
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 55 e 56 2º Grau • Língua Portuguesa 31 e 32
Rodoviário de Carga (4 aulas)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Multimodalidade (6 aulas)
Chefia de Expedição (aula 6) Motorista de Ônibus Turismo (aulas 1 a 4)
13h • SEST/SENAT Programação • Social: Fome (23 min)
DIA 4/3 • QUINTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Inspetor (2 a 6)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 55 e 56 2º Grau • Língua Portuguesa 29 e 30
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Novas Tecnologias no Transporte Rodoviário (7 aulas)
DIA 3/3 • QUARTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras
11h30 • Tirando de Letra
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula)
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula)
Facilitador (aulas 4 a 7) Inspetor (aula 1)
Motorista de Ônibus Turismo (aulas 10 a 14)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (19 min) Tema • Higiene e Saúde no Trabalho
11h30 • Tirando de Letra 12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Gestão da Qualidade e Produtividade (aulas 4 a 8)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 57 e 58 2º Grau • Língua Portuguesa 31 e 32
13h • SEST/SENAT Programação • Social (25 min)
5/3 • SEXTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras
Série • Comunidade em Cena Tema • Itaipú (15 min)
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 59 e 60 2º Grau • Língua Portuguesa 33 e 34
Inspetor (aula 7) Motorista de Ônibus Turismo (aulas 1 a 4)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Just in Time (5 aulas) Roteirizadores Automáticos e Eletrônica Embarcada (2 aulas)
11h30 • Tirando de Letra 12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Motorista de Ônibus Turismo (aulas 15 a 16) Gestão de Qualidade e Produtividade (aulas 1 a 3)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (22 min) 17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 57 e 58 2º Grau • Língua Portuguesa 33 e 34 DIA 8/3 • SEGUNDA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de Ônibus Turismo (aulas 5 a 9)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Melhoria na Produtividade de Veículos no Transporte Rodoviário (7 aulas)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Definição e Negociação Tarifária no Transporte Rodoviário (3 aulas) Recursos Humanos: Ferramenta para Aumento de Produtividade (4 aulas)
11h30 • Tirando de Letra Grandes Autores; Ecologia
DIA 9/3 • TERÇA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de Ônibus Turismo (aulas 10 a 14)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Sistema GPS: Qual, Como e Porquê? (7 aulas)
11h30 • Tirando de Letra 12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Qualidade e Produtividade (aulas 9 a 13)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) Tema • Tireóide (6 min) 17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 59 e 60 2º Grau • Língua Portuguesa 35 e 36 DIA 10/3 • QUARTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de Ônibus Turismo (15 a 16) Trafegando nos Países do Mercosul (aulas 1 a 3)
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Gestão da Qualidade e Produtividade (aulas 14 a 18)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: Unidiversidade Tema: Fé e Religião (23 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 61 e 62 2º Grau • Língua Portuguesa 35 e 36 11/3 • QUINTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras 9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Trafegando nos Países do Mercosul (aulas 4 a 8)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Mecanização da Carga e Descarga (7 aulas)
11h30 • Tirando de Letra A influência dos CD-ROMs nos meios de comunicação João Melo Batista; Leitura na infância; Livros e CD’s Roms; Maxiano Soalheiros
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Gestão da Qualidade e Produtividade (aulas 19 a 23)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (20 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: É com Você Cidadão Tema: Cães Domésticos (5 min)
Série • Acervo Tema • Gato por Lebre (9 min) Série • Ligado em Saúde Tema • Rubéola (6 min) 17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 61 e 64 2º Grau • Língua Portuguesa 37 e 38
12/3 • SEXTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Lab. Produtos Florestais/ Reserva Guaíba/ A questão ambiental
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Ajudante de Motorista de Caminhão / Ajudante de Coleta Entrega (aulas 1 a 5)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Financiamento, Renovação e Gerenciamento da Frota no Transporte Rodoviário (5 aulas) Código de Barras, EDI e Internet no Transporte Rodoviário de Carga (4 aulas) Aula 1 e 2
11h30 • Tirando de Letra Francisco Bosco; Livros de Reportagem; a atleta Ana Flávia; Amor impossível, possível Amor
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Gestão da Qualidade e Produtividade (aulas 24 a 26) Desenvolvimento Gerencial (aulas 1 a 2)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: Acervo Tema: Trabalho e Saúde (17 min) Série: Ligado em Saúde Tema: Parto (6 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 63 e 64 2º Grau • Língua Portuguesa 37 e 38 Língua Portuguesa 38
15/3 • SEGUNDA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Serra da Capivara - Piauí / Pastoral da Criança
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Gestão de Qualidade e Produtividade (aulas 1 a 5)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Manutenção e Garagem no Transporte Rodoviário (5 aulas) Código de Barras, EDI e Internet no Transporte Rodoviário de Carga (4 aulas) Aula 3 e 4
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Análise Econômico-Financeira do Desempenho da Empresa (6 aulas) Aula 1 a 3 Gestão de Custos e Preços de Fretes (8 aulas) Aula 1 a 4
11h30 - Tirando de Letra Carlito Azevedo; Diários adolescentes; José de Alencar; Tim Rescala
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Desenvolvimento Gerencial (aulas 8 a 12)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (21 min)
11h30 • Tirando de Letra Mariana Colassanti; Livros em Coleções; Vinícius de Moraes; Livros de Guerra
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Desenvolvimento Gerencial (aulas 3 a 7)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (21 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: Viva Legal Tema: Vacinação (13 min) Série: Comunidade em Cena Tema: Faxina Geral (8 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 65 e 66 2º Grau • Língua Portuguesa 39 e 40 16/3 • TERÇA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Vilas Olímpicas - Curumim
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Gestão de Qualidade e Produtividade (aulas 6 a 10)
“Canal Saúde no Asfalto”
Série: Se Liga Tema • Uma Veizinha Só (15 min)
Série • Ligado em Saúde Tema • Obesidade Infantil (6 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 65 e 66 2º Grau • Língua Portuguesa 39 e 40 17/3 • QUARTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Vila Bairro / Aleitamento Materno/ Trabalho Infantil
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Gestão de Qualidade e Produtividade (aulas 11 a 15)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Análise Econômico-Financeira do Desempenho da Empresa (6 aulas) Aula 4 a 6 Gestão de Custos e Preços de Fretes (8 aulas) Aula 5 a 8
11h30 • Tirando de Letra História da vida privada; Carla Camurati; Conservação dos Livros; Antônio Callado
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Desenvolvimento Gerencial (aulas 13 a 17)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: Unidiversidade Tema: Riso (23 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 67 e 68 2º Grau • Língua Portuguesa 41 e 42 18/3 • QUINTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Mães Canguru/ Médico da Família/ Biblioteca Volante
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Gestão de Qualidade e Produtividade (aulas 16 a 20)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Informática (6 aulas) Aula 1 a 3 Introdução de Novas Tecnologias no Transporte Urbano (8 aulas) Aula 1 a 4
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 67 e 68 2º Grau • Língua Portuguesa 41 e 42 19/3 • SEXTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras RS -Bibliotecas Flutuantes / Angra dos Reis
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Gestão de Qualidade e Produtividade (aulas 21 a 25)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Informática (6 aulas) Aula 4 a 6 Introdução de Novas Tecnologias no Transporte Urbano (8 aulas) Aula 5 a 8
11h30 • Tirando de Letra Rita Espeschit; Biblioteca infanto-juvenil; Mário Quintana; Raul Cortez
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Desenvolvimento Gerencial (aulas 23 a 27)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (22 min) “Canal Saúde no Asfalto”
11h30 • Tirando de Letra Patrícia Melo; Manuel Antonio de Almeida; Livros de torcedores; Maiakovisky
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Desenvolvimento Gerencial (aulas 18 a 22)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (22 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: É com Você Cidadão Tema: Boas Maneiras (8 min)
Série • Acervo Tema • Anjos da Fome (8 min)
Série: Ligado em Saúde Tema • Doença Celíaca (6 min)
Série • Acervo
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Sistemas de Transporte Urbano (3 aulas) Empresa de Carga Rodoviária: Fazendo Negócios no Mercosul (4 aulas)
11h30 • Tirando de Letra Eric Nepomuceno; Livros de dança; Escrita feminina; Cruz e Souza
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Desenvolvimento Gerencial (aulas 28 a 29) Transporte de Cargas e Encomendas Rápidas (aulas 1 a 3)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto” Série: Viva Legal Tema: Saúde no Trabalho (12 min) Série: Comunidade em Cena Tema: Amamentação (11 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 69 e 70 2º Grau • Língua Portuguesa 43 e 44 23/3 • TERÇA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Projeto Terra Vitória ( Cegos / Floripa)
Tema • Pratos Prediletos (16 min)
Série • Ligado em Saúde Tema • Artrose (6 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Ciências 69 e 70 2º Grau • Língua Portuguesa 43 e 44 22/3 • SEGUNDA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Mirante do Paranapanema/ Agentes de Desenvolvimento
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Gestão de Qualidade e Produtividade (aula 26) Roteirista (aulas 1 a 4)
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Roteirista (aulas 5 a 6) Transporte Cargas e Encomendas Rápidas (aulas 1 a 3)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Sistemas de Transporte Rodoviário (3 aulas) Armazéns: Localização, Dimensionamento e Estoques (3 aulas) O Uso de Contêineres no Transporte Rodoviário de Carga (12 min)
11h30 • Tirando de Letra Alice Ruiz; Vídeo na Escola; Silvia Klein; Fernando Sabino
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Motorista de Caminhão Urbano Empresa (aulas 1 a 5)
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Motorista de Caminhão
“Canal Saúde no Asfalto”
Urbano Empresa
Série: É com Você
(aulas 6 a 10)
Cidadão Tema: Código Nacional de
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto”
13h • SEST/SENAT Programação • Social (24 min) “Canal Saúde no Asfalto”
Série • Se Liga Tema • Um Abraço (18 min) Série • Ligado em Saúde Tema • Cálculo Renal (6 min) 17h • Telecurso 2000 1º Grau • ExC1 e ExC2 2º Grau • Língua Portuguesa 45 e 46 24/3 • QUARTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Escola Oficina/ Serra Negra do Norte
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de Caminhão Urbano - Empresa (aulas 1 a 5)
Série: Unidiversidade Tema: Fetiche (23 min)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Geografia 1 e 2 2º Grau • Língua Portuguesa 45 e 46 25/3 • QUINTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Tecsel- Niterói / SOS Costa
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de Caminhão Urbano - Empresa (aulas 6 a 10)
Privatização, Regulamentação e Licitação no Transporte Urbano (3 aulas) Recursos Humanos: Ferramenta para Aumento de
11h30 • Tirando de Letra Importância da pesquisa na cri-
Veículos no Transporte
ação de obras literárias, cine-
Urbano (6 aulas)
matográficas e musicais.
Experiências Gerenciais de
Aluísio Azevedo; Paulinho Pedra
Sucesso: Como a Real Expres-
Azul; Maitê Proença
so Obteve a Certificação ISO
11h30 • Tirando de Letra
Série • Acervo Tema • Soja na Mesa (9 min) Série • Ligado em Saúde Tema • Incontinência Urinária (6 min) 17h • Telecurso 2000 1º Grau • Geografia 1 e 2 2º Grau • Língua Portuguesa 47 e 48 26/3 • SEXTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Projeto Terra Vitória (Cegos/Floripa)
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Motorista de Caminhão a 13)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Gestão da Manutenção (5 aulas) Gestão de Recursos Humanos e Seguros (3
Melhoria na Produtividade de
902 (12 min)
Trânsito (5 min)
Urbano - Empresa (aulas 9
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais
Produtividade (4 aulas)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais
13h • SEST/SENAT Programação • Social (20 min)
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula)
aulas) Aula 1 e 2
11h30 • Tirando de Letra Adaptações de livros para cinema, teatro e TV Manuel Bandeira; O beijo no asfalto; Christiane Torloni
Motorista de Caminhão
Histórias dos personagens; Moda
Urbano Empresa (aulas 11
se aprende em livros?
a 13)
Érico Veríssimo; Chico Pelúcio
Roteirista (aulas 1 a 2)
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Roteirista (2 a 6)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto”
Série • Acervo Tema • Família dá Samba (17 min)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min)
“Canal Saúde no Asfalto”
“Canal Saúde no Asfal-
Viva Legal (Saúde no Tra-
to”
balho - 12’)
Se Liga (Aids Trabalhadores - 17’)
Comunidade em Cena
Série • Ligado em Saúde Tema • Não Fume! (6 min) 17h • Telecurso 2000 1º Grau • Geografia 3 e 4 2º Grau • Língua Portuguesa 47 e 48 29/3 • SEGUNDA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras Tamar/ Pirambu/Sergipe- São Mart-
Ligado em Saúde
(Plantas Medicinais - 11’)
(Exercícios Físicos - 6’)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Geografia 3 e 4 2º Grau • Língua Portuguesa 49 e 50
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Geografia 5 e 6 2º Grau • Língua Portuguesa 49 e 50
30/3 • TERÇA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras
31/3 • QUARTA-FEIRA 8h30 • Trilhas Brasileiras
Meninos Carvoeiros/Campina
Lixão de Aguazinha - Olinda
do Monte alegre
(Hidro Fênix -SP)
inho
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula)
aula)
Condução Econômi-
Condução Econômica
ca
(aulas 1 a 5)
(aulas 6 a 10)
9h • 13h30 SEST/SENAT • PEAD 1 (12 min. p/ aula) Conferente de Cargas (aulas 1 a 5)
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais Marketing e Planejamento
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais
10h • 15h30 • IDAQ Programas • Gerenciais
Estratégico para Empresas de Transporte Urbano de
Gestão de Recursos
Marketing e Planeja-
Passageiros (14 aulas)Aula 8
Humanos e Seguros (3
mento Estratégico para
a 14
aulas)
Empresas de Trans-
Aula 3
porte Urbano de Pas-
Controle da Demanda X Oferta
sageiros (14 aulas)
no Transporte Rodoviário (6
Aula 1 a 7
aulas)
11h30 • Tirando de Letra
11h30 • Tirando de Letra Ana Miranda; Educação e Livros; Hilda Furacão; Biografias
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula)
A história de Lygia Fagun-
Cobrador de ônibus
Contadores de histórias; Rock
des Telles;
Urbano (aulas 5 a 9
brasileiro; Clube da Literatura
Paulo Autran;
11h30 • Tirando de Letra
Inspiração x Transpiração
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/ aula) Ajudante de Motorista
12h • 14h30 SEST/SENAT • PEAD 2 (12 min. p/
de Caminhão / Ajudante
aula)
de Coleta e Entrega
Cobrador de Ônibus
(aulas 1 a 5)
Urbano (aulas 1 a 5)
13h • SEST/SENAT Programação • Social (23 min) “Canal Saúde no Asfalto” Unidiversidade (Paz - 23’)
17h • Telecurso 2000 1º Grau • Geografia 5 e 6 2º Grau• Língua Portuguesa 51 e 52
66 CNT REVISTA FEVEREIRO 2004
HUMOR DUKE
FEVEREIRO 2004 CNT REVISTA 67
68 CNT REVISTA FEVEREIRO 2004