EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT ANO XIV NÚMERO 156
CNT T R A N S P O RT E
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UM ANO DE DESPOLUIR PROGRAMA AMBIENTAL DO TRANSPORTE APRESENTA BALANÇO POSITIVO E LANÇA A SEMENTE PARA A SEGUNDA ETAPA DE AÇÕES VOLTADAS PARA O MEIO AMBIENTE
LEIA ENTREVISTA COM RUBENS BORN SOBRE O CLIMA
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ENCONTRO COM O COC
Despoluir é apresentado à organização norte-americana, promotora de debate sobre competitividade entre empresas
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CASOS DE SUCESSO
PARCERIAS
Empresas que aderiram ao programa mostram os resultados alcançados
Entidades se unem à CNT e contribuem para a redução de gases
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PROGRAMA AMBIENTAL NOS EUA
Reportagem aponta quais as propostas dos candidatos John McCain e Barack Obama para o meio ambiente
EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT CONSELHO EDITORIAL Almerindo Camilo Aristides França Neto Bernardino Rios Pim Etevaldo Dias Virgílio Coelho
REDAÇÃO
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Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Editada sob responsabilidade da AC&S Assessoria em Comunicação e Serviços Ltda. Tiragem: 40 mil exemplares
Ricardo Ballarine [ricardo@acsmidia.com.br]
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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ANO XIV | NÚMERO 156
PRÓXIMA ETAPA
Programa entra no seu segundo ano com a meta de melhorar e ampliar as iniciativas já implementadas e apresentar novidades para reforçar o engajamento de toda a sociedade
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E MAIS Humor Alexandre Garcia Mais Transporte Segurança Marítima Secretaria de Portos Aviação Apoio Rodoviário Ferrovias Minastranspor Sest/Senat Debate Idet Opinião Cartas CAPA RICARDO SÁ
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UM ANO
ENTREVISTA
Lançado em julho de 2007 com o objetivo de conscientizar as empresas transportadoras da necessidade de reduzir a emissão de poluentes, o Despoluir comemora os resultados
Rubens Born fala de seus desafios à frente do Instituto Vitae Civilis e sobre mudanças no clima PÁGINA
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Representantes dos Estados avaliam de forma positiva os resultados do Programa Despoluir PÁGINA
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"Asfalto perfeito, estradas amplas, inclusive em lugares de pouco trânsito, viadutos gigantescos a facilitar a vida." ALEXANDRE GARCIA
A vontade de não voltar
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rasília (Alô) - Como uma espaçonave que deixa a órbita para reentrar na atmosfera terrestre, estou com a cabeça quente por voltar ao ambiente brasileiro depois de cinco semanas de férias na península ibérica: uma em Portugal e quatro na Espanha. Sempre que se volta do exterior, a tentação é de se fazer comparações e comparar o Brasil com a Alemanha, os Estados Unidos e o Japão não tem graça, as raízes são outras. Mas eu estive em Portugal, a pátria-mãe, e Espanha, de quem também já fomos colônia, aí sim é uma comparação justa com as nossas matrizes. Usei carro alugado três vezes, ônibus duas vezes, trem três vezes e avião uma vez. Acho que voltei com um bom acervo de comparações em transportes. A primeira delas é acachapante: que bom seria se nossas rodovias tivessem um décimo da qualidade da rede portuguesa de estradas - asfalto perfei to, estradas amplas e com duas mãos de direção, inclusive em lugares de pouco trânsito, viadutos gigantescos a facilitar a vida. As rodovias espanholas não são diferentes - a espessura do asfalto é de uns 30 centímetros. Numa estradinha de uma reserva florestal na Andaluzia, parei para rechecar a espessura: ainda lá, numa rodovia quase vicinal, dava um palmo. No ano passado, morreram 539 pessoas em 464 acidentes, no asfalto espanhol, onde circulam cerca de 50 milhões de veículos. Isso dá três dias de mortes no asfalto brasileiro! Fiz uma viagem internacional de ônibus, do Por to a Salamanca, quase 400 quilômetros. Paguei por 29 euros – cerca de R$ 80. De Bilbao a San Sebastian, mais de 100 quilômetros, ficou em 9 euros e 20 centavos – cerca de R$ 25. O trem de alta velocidade que nos levou de Madri a Bilbao – 300 km/h – teve uma
pane no computador e chegou com 17 minutos de atraso. Pelos alto-falantes nos avisaram para passar no guichê da estação de desembarque para receber um terço do valor da passagem de volta, como pedido de desculpas. A Espanha tem trens de alta velocidade – os AVE – atendendo quase todo o país. Entre as duas cidades principais, Madri e Barcelona, há 16 freqüências por dia. Portugal não tem trens de alta velocidade, mas 60% de seus trens andam a mais de 120 km/h. Aqui, trem de alta velocidade ainda é uma promessa distante e os poucos que existem andam a menos de 40 km/h... De Barcelona a Granada, um trecho distante, fomos de avião. Enquanto esperava no imenso aero porto – maior que qualquer um do Brasil, embora Barcelona seja uma cidade de 1,7 milhão de habitantes – verificava no painel de partidas e chegadas a inexistência de atrasos e há outras inexistências: visitar Portugal e Espanha é perceber semelhanças de temperamento e hábitos, mas também diferenças. Em cinco semanas, nos jornais que li todos os dias e na TV que via nos hotéis, nenhuma notícia de assal to a mão armada. Nas cidades limpeza, beleza, ausência de barulho e transporte de massa excelente. Se portugueses e espanhóis são tão parecidos com brasileiros, por que eles conseguem e nós não? Se os povos são semelhantes, onde está a diferen ça? Tudo indica que a diferença está nas autoridades e nas lideranças políticas. É inevitável concluir que aqui, não importa nome ou partido, a incompetência grassa. Ah, sim: em nenhum momento fui importu nado pela polícia de fronteira espanhola, como são tantos brasileiros e brasileiras. Afinal, eu não tinha cara de quem pretendia ficar por lá, como ilegal, mas que deu vontade de não voltar, ah, isso, deu.
"Para a Vitae Civilis eliminar a pobreza e promover a justiça social em meio ambiente é uma forma de promover a paz. E o caminho para ENTREVISTA
RUBENS HARRY BORN
FALTA UM PLANO PARA O POR
outor pela USP (Universidade de São Paulo) na área de políticas internacionais de mudança de clima e engenheiro civil com experiência em obras estruturais de grande porte como a hidrelétrica de Itaipu, o paulistano Rubens Harry Born foi o represen tante das ONGs brasileiras na reunião do FBMC (Fórum Brasileiro de Mudanças de Climáticas) em novembro passado, no Palácio do Planalto. Para Born, é “muito ge nérico” o projeto de lei que institui uma política nacional de com bate às mudanças climáticas en viada pelo Executivo ao Congres so em junho de 2008. Com a determinação de quem há 30 anos atua em atividades de uso sustentável do meio ambiente, atualmente, Born, 53, é coordenador executivo do Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, bem como dos Grupos de Trabalho de Agen da 21 e de Mudança de Clima do FBOMS (Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais em Desen -
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MARCELO FIUZA
volvimento Sustentável e Meio Ambiente). É membro do FBMC e consultor de diversas entidades governamentais e privadas atentas à questão ambiental. Na entrevista a seguir, ele fala dos desafios que o movimento ambientalista enfrenta, de políticas para um desenvolvimento sustentável, do peso do transporte na conta do aquecimento global e propõe soluções. Fale de sua atuação e desa fios à frente da Vitae Civilis. Os desafios são os mesmos da instituição: disseminar mais infor mações e práticas alternativas para implantarmos o desenvolvi mento sustentável. É um processo amplo que envolve ainda educação e saúde. O conceito principal está no tripé sociedade-econo mia-meio ambiente. A idéia é que tenhamos um tipo de desenvolvi mento que seja perene, que uma dimensão não se faça à custa da outra. Não adianta ter desenvolvi mento econômico se tem de de gradar o meio ambiente ou ter mi-
séria social. O desenvolvimento sustentável busca garantir que as gerações futuras possam suprir suas necessidades. Se esgotarmos os recursos naturais agora, lá na frente o pessoal vai ficar sem. Isso implica rever o uso de matérias-primas e tecnologias para se ter o menor impacto possível. Essas idéias ficaram conhecidas a partir da ECO-92 E que propostas ou tecnologias seriam essas? Por exemplo, o projeto Cidade Solar implantado em São Paulo. Sugerimos aos vereadores que alterem o código de obras dos municípios, que hoje exige um ponto de energia elétrica em 220 volts para o chuveiro. A proposta é que haja a opção de se instalar a tecnologia solar, pois se sabe que o uso da energia elétrica para aquecer água do ponto de vista técnico é o menos eficiente. A energia solar abre mercado, é bom para o meio ambiente e para o consumidor, ou seja, uma economia equilibrada com o meio
ambiente. Outra proposta é voltada para a gestão integrada. Em geral, a sociedade olha as coisas de maneira muito fragmentadas. O governo federal tem um órgão que cuida de águas, outro do meio ambiente, outro de estradas. Nosso olhar tenta ser de integração dentro das regiões. No caso do projeto Terra das Águas – Diversidade e Vida, implantado no município de São Lourenço da Serra, que está 100% em uma área de proteção ambiental, para garantir água para São Paulo, nós olhamos os mananciais e, em vez de promover o desenvolvimento do município de forma fracionada, com a indústria e o lado social independentemente, buscamos soluções que garantam um equilíbrio, como por exemplo fomentar o ecoturismo como oportunidade de geração de emprego e renda. Como está a atuação das ONGs que lidam com questões socioambientais nos países em desenvolvimento?
FOTOS VITAE CIVILIS/DIVULGAÇÃO
harmonia com o isso é o diálogo"
CLIMA Houve um aumento muito grande da demanda sobre essas ONGs, seja da sociedade em ge ral, que busca informações, ou de empresas e governos que querem fazer parcerias, porque os problemas ambientais têm se agravado. Por mais que digamos que há maior mobilização de empresas e governos, a degradação ambiental tem avançado de maneira mais rápida que as respostas da sociedade. Outro desafio contínuo das ONGs é que a maior parte delas funciona com volun tários e poucas têm meios para ter equipamentos e profissionais permanentemente contratados. Veja bem, o fato de ser voluntário não significa trabalho amador, mas na maior parte ele é feito fora do horário de serviço.
balho deles dar certo, seria necessário que pelo menos um fosse contratado, ou seja, é preciso dispor de meios para se fazer um trabalho contínuo e com bastante base técnica. Outra dificuldade que vejo nas ONGs é em ter um foco de ação muito claro, porque não dá para resolver todos os problemas ambientais dentro de uma única organização. Uma das formas de atuar é em rede, como o franchising das multinacionais. Quais as principais dificul - A militância ambientalista hoje dades da militância ambien - atua em rede. talista hoje? Uma delas é essa de ter uma Quais são as metas mais ur ação contínua, regular e mais efi - gentes? ciente. Mesmo que uma ONG ti Vou citar três. Na área global a vesse 20 voluntários, para o tra - meta é lidar com a questão do
aquecimento do planeta e isso implica em diminuição dos GEE (gases do efeito estufa) de forma drástica. Precisamos cortar 60% dos GEE até 2050. Também é preciso se adaptar aos efeitos que lamentavelmente são irreversíveis. O planeta já aqueceu 0,6 grau Cel sius em relação ao período pré-industrial do século 19. Como os GEE ficam por décadas na atmosfera, se usarmos um carro hoje, a descarga dele vai ficar cem anos no ambiente. Mesmo se cortássemos a zero a emissão dos GEE, o que é tecnicamente impossível, o planeta continuaria a aquecer. Deve aumentar mais 0,8, 0,7 grau até 2100, quando estaremos com a tempe ratura 1,4 grau mais alta em rela-
ção ao século 19. Como é impossí vel cortarmos todas as emissões de gases, o mundo vai aquecer ainda mais do que isso. O esforço vai ser de se adaptar a um clima mais quente, em que em alguns lugares vai chover menos, noutros haverá enchentes. Para se fazer um reservatório de água, leva-se dez anos, por isso devemos começar a fazer estudos dos impactos dessas medidas hoje. No mundo, 80% das emissões dos GEE têm a ver com uso de combustíveis fósseis, seja para processos industriais, seja para transportes ou para movimentar máquinas como tratores na lavoura. Outro tanto é resultado da mudança e uso do solo como queimadas, a transfor-
mação de florestas em pasto, de uma área de manancial em área urbana etc. Isso nos mostra que o transporte tem contribuição grande. O Brasil optou há alguns anos, de forma equivocada ou não, por rodovias, o que gasta combustível fóssil. O desafio do Brasil é diminuir o desmatamento e mudar as modalidades do transporte. A segunda meta é sobre saneamento, água e esgoto. Muita gente no mundo sofre com falta de saneamento, com água poluída por falta de rede de esgoto. E a terceira meta eu diria que está ligada ao ambiente das cidades. Devemos planejar, por exemplo, a coleta de lixo, garantir que os governos tenham política urbana de habitação, evitar morar em beira de cór rego etc, isto é, uma gestão urbana adequada.
tível fóssil é legal, mas só isso não resolve problema de transporte na cidade. Tem de aumentar o transporte público ou vai continuar a irritação, a violência no trânsito. Paris implantou a bicicleta, que se pega numa estação do metrô e entrega noutra estação, mas às vezes só isso não resolve, porque numa ponta da cidade o planejamento coloca a indústria, noutro as casas e a carne para alimentar a população vem lá do Amazonas. É preciso planejar isso de maneira que as necessidades de transporte sejam mais racionais. Pensando agora em longas distâncias, isso tem a ver com as modalidades também. Certas atividades econômicas têm sua área apropriada. O minério de ferro tirado de Carajás tem de ser transportado para a usina e para isso deve usar o melhor modal de Sobre a relação entre trans - transporte. O planejamento de porte e meio ambiente, quais os território vem antes de se pensar aspectos mais importantes a as modalidades. serem observados? Vamos ver primeiro dentro das Qual sua opinião sobre pro cidades. Seja caminhão, barco ou blemas típicos dos grandes cen avião, o uso de combustíveis fós- tros, como a poluição e o exces seis gera GEE. Quanto menos, em so de carros? tese, a gente precisar de transpor De novo é resultado do plane te que emita esses gases, melhor, jamento urbano. Defendo bairros mas vamos supor que tenhamos exclusivamente habitacionais, um carro elétrico e que amanhã mas eventualmente vamos ter, a todos serão assim. O trânsito vai exemplo de Brasília, em cada su continuar caótico, pois o proble - perquadra residencial uma peque ma das nossas vias é que têm ex - na área comercial, para a pessoa cesso de veículos. Tirar o combus - ir comprar seu pão e carne a pé.
Usando esse exemplo, se eu pudesse planejar onde colocar nas cidades as indústrias, o comércio, as atividades que geram empregos e os equipamentos sociais, poderia eventualmente minimizar o transporte. Há certos serviços sociais, como hospital, que são centralizados nos grandes centros. Temos de planejar o desenvolvimento econômico e social de forma a minimizar o transporte. Ficar preso no congestionamento é perder dinheiro. O que é preciso para o Brasil se tornar um país engajado na busca por soluções para o aquecimento global? Dia 5 de junho, a Presidência da República encaminhou ao Congresso um projeto de lei sobre política nacional de mudança de clima. Se contar que a convenção da ONU sobre o assunto foi assinada pelo Brasil na ECO-92, estamos com 16 anos de atraso. Esperamos que o Congresso não leve 16 anos para aprovar essa lei. Mas ela é muito genérica, tanto que o governo está elaborando o próprio plano de ação, cuja primeira versão fica pronta em setembro. Em novembro passado houve uma reunião pública no Palácio do Planalto com o presidente Lula, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas com empresários, ONGs etc. Fui eu a falar em nome das ONGs e disse ao presidente isso:
PARCERIA Para Rubens Born,
estamos 16 anos atrasados, precisamos de política séria, pensar em políticas setoriais para o saneamento, o desmatamento, o transporte e em todas elas devemos considerar a variável dos GEE. O Brasil precisa de um plano para a mudança de clima, que até então não teve, que esteja de acordo com a ONU, segundo a qual as políticas setoriais e os órgãos ligados ao meio ambiente, ao transporte e à saúde levem em conta as emissões dos GEE. Como seria uma política nacional para a mudança de clima? Deve ter componente forte de controle do desmatamento, mas ir além. Não basta só proibir, tem de mostrar o que é possível de ser feito. Na área de transporte, por exemplo, é preciso apoio para que os municípios implan-
nenhum setor sozinho resolve o problema do desenvolvimento sustentável
tem um transporte público e lim po, que vá se substituindo o uso de óleo diesel e gasolina por eta nol e biocombustível. Às vezes muda-se um artigo no código de obras municipal e já há um impacto grande no meio ambiente. Ano passado em São Paulo foi aprovada a lei que obriga que no vas construções tenham equipa mento de energia solar. O Vitae Civilis desenvolve ações para a promoção de uma política sustentável de energia e uso doméstico de coletores solares. Há iniciativas seme lhantes para o transporte? Há toda uma questão sobre o biocombustível e o etanol em dis cussão. Fora do Brasil todo mun do quer saber disso e o uso de carros flex está aumentando. Juntamente com outras ONGs,
estamos preocupados com a dimensão social e ambiental de todo esse ciclo. O etanol é bom substitutivo do combustível fóssil. Se compararmos um carro a gasolina e outro a biodiesel e considerarmos a exploração, transporte, refino e distribuição do petróleo e fizermos também a conta para o cultivo da cana, usi nagem e distribuição, a conta do etanol é quase 80% menor que a do combustível fóssil, mas há problemas socioambientais no etanol. Produzimos um documen to, que está no site (www.vitaeci vilis.org.br), que se chama “Em Direção da Sustentabilidade da Produção de Etanol da Cana-deAçúcar no Brasil”, com critérios que achamos que devem ser con siderados. Há ainda plantio de cana com bóia-fria irregular e ou tras questões ambientais.
O que é preciso para o Brasil manter a vanguarda em pesquisa sobre biocombustíveis? Começar a levar em conta os aspectos ambientais e sociais. Não basta o governo falar que não há problemas. É preciso admiti-los e tentar resolvê-los, como o desmatamento, o trabalho inadequado e unificar a ação dos órgãos que cuidam de licenciamento. É necessário calcular quanto custa o transporte, a poluição dos rios, fazer um balanço, um inventário de toda a atividade econômica em torno do biocombustível com base no estoque de carbono e incorporar isso ao processo de licenciamento. Há outras opções melhores de fontes renováveis de energia para o transporte? Além de racionalizar o transporte, há a questão elétrica, que no Brasil é legal porque temos hidrelétricas. Se fossem termoelétricas teríamos de fazer essa conta do gasto de carbono. Devemos antes investir em transporte público e infra-estrutura. No caso de ciclovias, por exemplo, quem trabalha de terno tem de ter vestiários para trocar de roupa e bicicletários, além de reformar os prédios comerciais e shoppings para poder parar a bicicleta. A frota brasileira nunca foi tão grande. Que sugestões os
ambientalistas têm para a questão? Temos batido na tecla do aumento do transporte público e na melhoria nas opções de modais de transporte. Veja o caso dos Rodoanéis. Estão se abrindo para uma série de empresas de cargas, frigoríficos, entrepostos, mas continuam sendo entroncamentos de cargas rodoviárias. Por que não usar o transporte intermodal, como um Anel Rodoferroviário? A concepção intermodal está esquecida e o planejamento deveria estar integrado ao transporte. Que outra questão é importante destacar na relação entre meio ambiente e transporte? Uma das linhas que trabalho é que nenhum setor sozinho vai resolver o problema do desenvolvimento sustentável. Precisamos de políticas para o transporte e a habitação. Há conflitos e o diálo go é a melhor forma de encontrar soluções. A Vitae Civilis se chama Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz e para nós eliminar a pobreza e promover a justiça social em harmonia com o meio ambiente é uma forma de promover a paz e o caminho para isso é o diálogo, mesmo porque, se eu questiono o que tenho a ver com problemas ambientais e de clima e como não ser vítima ou cúmplice, isso significa que ● tenho de fazer algo.
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MAIS TRANSPORTE TRIP/DIVULGAÇÃO
MICROÔNIBUS A Comil lançou a nova versão da linha de microônibus Piá, com modelos urbanos e rodoviários. O Piá Rodoviário traz, no seu interior, novo porta-pacotes com maior espaço para guardar volumes e nova iluminação. O diferencial do modelo é que o porta-pacotes serve como corrimão, tornando a circulação no interior do veículo mais segura e confortável. O Piá Urbano traz novas luminárias, que oferecem a possibilidade de aplicação da iluminação em LED. A poltrona encosto alto Urbe Class, que proporciona maior conforto devido às suaves curvaturas que desenham as costas do usuário.
ALERTA A Polícia Rodoviária Federal criou um sistema de informações para o registro on-line de carros roubados e furtados. Chamado de Alerta, o sistema, após denúncia de crime recebida por postos ou viaturas, repassa as informações para todas as demais viaturas e postos do Estado onde ocorreu o crime e também para os Estados vizinhos. De acordo com a corporação, nos seis primeiros meses deste ano, foram recuperados pelo Alerta 581 veículos. O cadastro do automóvel roubado pode ser feito pelo cidadão por meio do site: www.dprf.gov.br
NOVA AERONAVE A Trip Linhas Aéreas incorporou em julho uma nova aeronave à sua frota: o ATR 72-500. O modelo já está em operação e inaugurou a rota Campinas (SP), Maringá (PR), Rondonópolis (MT), Cuiabá (MT), Sinop (MT) e Alta Floresta (MT), com freqüência de vôos diários. A Trip fechou contrato para a compra de 12 modelos ATR 72-500 com as empresas Aeroespatiale (França) e Alenia (Itália), que compõem o consórcio Airbus, fabricantes dos modelos ATR. Nos meses de agosto, outubro e dezembro deste ano, a empresa receberá três aviões do modelo. As outras aeronaves serão entregues até 2010. De acordo com a Trip, o investimento foi da ordem de US$ 200 milhões.
NOVA EDIÇÃO DA LABACE Entre os dias 14 e 16 de agosto acontece no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, a quinta edição da Labace (Latin America Business Aviation Conference & Exhibition). A Labace é voltada a empresários, executivos de grandes empresas, companhias de táxi aéreo, pilotos, técnicos, indústria aeronáutica e presta-
dores de serviço do setor aeroviário. A Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral) é a responsável pela organização do evento. Rui Thomaz de Aquino, presidente da Abag, acredita que esta edição terá um volume maior de participantes e negócios, devido ao aquecimento econômico. “A Labace é há anos a principal
feira da aviação empresarial na América Latina, porém, este ano, como reflexo dos resultados positivos da economia e do continuado processo de descentralização do desenvolvimento econômico, devemos ter um número recorde de negócios realizados”. Mais informações: www.labace.com.br
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“Os investimentos mostram a nossa confiança no crescimento sustentável do mercado sul-americano e particularmente no Brasil” PEDRO DE AQUINO
ENTREVISTA FRANCISCO PEDRO DE AQUINO MADEIRA
CARGA AÉREA A empresa de carga aérea ABSA Cargo Airline anunciou três novas rotas domésticas: Manaus Brasília; Brasília - Campinas (VCP) e Manaus - Campinas (VCP). Todos os trechos já estão em operação. Há previsão de implantação de mais um vôo na rota Manaus Brasília em meados do segundo semestre. Até o final do ano a companhia prevê outras três rotas domésticas: Confins (MG) - Campinas (VCP); Vitória Campinas (VCP) e Campinas (VCP) - Manaus. Além dos novos trechos a ABSA projeta a aquisição de mais uma aeronave. O cargueiro
que, segundo a empresa, irá atender unicamente as rotas nacionais, será adquirido até o final do primeiro semestre de 2009. A direção da companhia acredita que a participação da empresa no mercado de carga transportada via aeroportos de Salvador, Recife, Fortaleza e Natal possa alcançar 15% até o final do ano. A expectativa da ABSA Cargo Airline é incrementar suas receitas em cerca US$ 5 milhões por mês, quando todas as rotas estiverem em operação.
BIODIESEL A primeira usina de biodiesel da Petrobras entrou oficialmente em operação no final de julho, em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. Na inauguração, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi empossada a diretoria da Petrobras Biocombustível, nova empresa criada pela companhia estatal de energia para reforçar o compromisso com o meio ambiente e a atuação nesse segmento, no qual estão previstos investimentos de US$ 1,5 bilhão até 2012. A unidade de Candeias é a primeira de três usinas da Petrobras
Biocombustível a produzir em escala comercial. As outras duas - em Quixadá, no Ceará, e Montes Claros, em Minas Gerais - estão em fase final de testes e devem começar a produzir biodiesel até o final de agosto. Com capacidade de produção de 57 milhões de litros por ano, a usina de Candeias recebeu investimentos de R$ 101 milhões. As unidades de Quixadá e Montes Claros também têm o mesmo tamanho. Quando estiverem a plena carga, as três usinas vão produzir 170 milhões de litros de biodiesel por ano, totalizando um investimento de cerca de R$ 300 milhões.
Mercado aquecido POR
LETICIA SIMÕES
A Ford Caminhões celebrou o aquecimento do mercado de uma maneira bem peculiar. Além de lançar sua linha 2009 dos Caminhões Cargo e da série F, com dois novos modelos, a montadora passará a ter, em sua fábrica em São Bernardo do Campo, um segundo turno de produção. A montadora estima ainda aumentar as vendas em 20% para o segundo semestre. Para falar sobre os investimentos e novidades da Ford Caminhões, a CNT Transporte Atual conversou com o gerente de marketing Pedro de Aquino. O que motivou a Ford Caminhões a realizar os investimentos anunciados? Os investimentos mostram a nossa confiança no crescimento sustentável do mercado sul-americano e particularmente no Brasil. Isso se tornou possível com a estabilidade econômica e outras condições positivas, como a queda nas taxas de juros, a maior oferta de crédito por parte do BNDES, o PAC, a nova política industrial e outras medidas de incentivo ao mercado interno adotadas pelo governo federal, além de importantes ações do governo do Estado de São Paulo. Quais são as principais características da linha 2009? A linha Cargo 2009 incorpora mudanças voltadas principalmente para o conforto e funcionalidade do motorista. Recebeu um novo pacote acústico e bancos com suspensão a ar em todos os modelos, além da eliminação da janela traseira, aumentando a segurança do motorista. Já o F-4000 foi lançado para atender um segmento específico de mercado que necessita de caminhão para utilizar tanto na cidade, como em rigorosas condições no campo, especialmente onde a tração total é necessária. Quanto será investido para a implantação do segundo turno na fábrica? Serão investidos R$ 36,5 milhões adicionais aos R$ 300 milhões anunciados na última Fenatran. Serão gerados mais de 400 novos empregos, com início em janeiro do ano que vem.
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MAIS TRANSPORTE AQUECIMENTO GLOBAL Reunião de três ensaios do economista, que tratam da crise ambiental, com base no relatório do IPCC e em trabalhos de ecologistas. De José Eli da Veiga. Senac São Paulo, 112 págs, R$ 25
CAMINHONEIRO
Festa recebe 20 mil visitantes aminhoneiros de todo o país prestigiaram a 19ª Festa do Caminhoneiro. O tradicional evento aconteceu entre os dias 23 e 25 de julho, em Guarulhos, São Paulo. A Festa é realizada na área de exposições anexa ao Posto Sakamoto, no km 210,5 da Rodovia Presidente Dutra, sentido Rio de Janeiro. Segundo a organização, a 19ª edição da Festa do Caminhoneiro recebeu público superior a 20 mil visitantes, durante os três dias. A infra-estrutura contou, este ano, com um amplo estacionamento para mais de mil e quinhentos caminhões, oferecendo aos presentes maior segurança. O Sest/Senat esteve pre sente oferecendo aos partici pantes serviços como teste de glicemia, aferição de pres são, corte de cabelo e pales tras sobre Segurança no Transporte de Produtos Peri gosos, Direção Preventiva, Distúrbios do Sono, Alimenta ção Saudável, dentre outros. Os caminhoneiros tiveram acesso gratuito à Festa. A religiosidade marcou o primeiro dia do evento. Em
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co me mo ra ção ao Dia de São Cristóvão, o santo protetor dos motoristas e viajantes, houve a tradicional “Benção das Chaves”, realizada por um pároco da região. A missa contou com a par ti ci pa ção de di versos caminhoneiros que fizeram questão de receber a ben ção do dia. Foram arrecadadas duas mil e quinhentas to ne la das de ali men tos, destinados à Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, de Guarulhos.
Outras atrações movimentaram a festa. Os caminhoneiros puderam conferir exposições e realizar um test drive com os últimos lançamentos do mercado, em uma pista exclusiva. A novidade dessa edição foi o Primeiro Feirão de Caminhões Seminovos. Dezoito revendedores de São Paulo estiveram presentes com planos especiais, para que o motorista pudesse adquirir o caminhão desejado, de forma fa cilitada. Os shows musicais foram outro atrativo à parte. LILÁS COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO
FÉ Religosidade é marca da Festa do Caminhoneiro
O TEMA QUENTE O livro explica a transformação ambiental. Para tanto, funciona como um guia conciso sobre o tema, com soluções já em uso. De Gabrielle Walker e David King. Objetiva, 288 págs, R$ 39,90
MEU NÚMERO É 4 As transformações vividas pela China no século 20 são retratadas por uma jovem chinesa, que enfrentou a Revolução Cultural. De Ting-Xing Ye. Casa da Palavra, 224 págs, R$ 35
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PRÊMIO CNT As inscrições para o 15º Prêmio CNT de Jornalismo já foram abertas. O concurso tem como objetivos estimular, divulgar e prestigiar trabalhos jornalísticos sobre o transporte. A CNT pretende, com a iniciativa, proporcionar um melhor entendimento sobre a importância da atividade do transporte na vida econômica, política, social e cultural do país. Os candidatos terão até o dia 14 de setembro para inscreverem seus trabalhos. Poderão participar matérias e fotos veiculadas entre 15 de setembro de 2007 a 14 de
setembro de 2008. Serão premiados trabalhos em seis categorias: televisão, mídia impressa (jornal e revista), fotografia, Internet, rádio e meio ambiente, totalizando R$90 mil em prêmios. Para a categoria meio ambiente haverá uma premiação especial: a CNT irá conferir ao melhor trabalho prêmio no valor de R$ 10 mil. As inscrições devem ser realizadas no site da entidade. O regulamento e demais informações estão disponíveis no endereço: http:/www.cnt.org.br/premiocnt
FRAS’LE/DIVULGAÇÃO
RESPONSABILIDADE SOCIAL O Grupo Gafor, com atuação nos segmentos de distribuição e revenda de produtos químicos e papel, logística e transporte internacional, anunciou um novo programa com foco na responsabilidade social: o Transportadora da Vida/ Vida Urgente na Estrada. O projeto será realizado em parceria com o Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga no Estado do Rio Grande do Sul) e a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, com sede em Porto Alegre (RS). O objetivo é reforçar a importância da direção segura para a preservação da
vida nas estradas, distribuindo brindes e folhetos com dicas úteis. O programa lançou o selo Transportadora da Vida que irá certificar as empresas de transporte que aderirem à proposta de desenvolver ações junto ao público interno e externo, com enfoque na educação e na segurança no trânsito.
NOVIDADE Lona de freio para veículos comerciais leves e ônibus
LANÇAMENTO A Fras-le, fabricante de materiais de fricção, lançou um novo produto: a lona de freio AF/690. Com alta durabilidade para aplicação em veículos comerciais e ônibus, o novo material é indicado para o transporte que exige baixa emissão de ruídos nas mais diversas situações de operação. A composição da lona AF/690 possui matériasprimas de última geração, selecionadas para
proporcionar alta estabilidade de atrito e baixa emissão de ruído de frenagem. Outra característica do produto é a alta durabilidade das lonas e do tambor, além da alta resistência térmica em condições críticas de operação. Segundo a Fras-le, o produto, que já é fornecido para montadoras, passa a ser disponibilizado também para o mercado de reposição nacional.
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MAIS TRANSPORTE RENAULT/DIVULGAÇÃO
ÔNIBUS
RENAULT Modelo Kangoo Express 2009 da montadora
UTILITÁRIO A Renault apresentou em julho o Novo Kangoo Express 2009. O utilitário é considerado pela montadora o modelo ideal para a distribuição urbana de cargas e volumes. O veículo, juntamente com os modelos da gama Renault Master, integra a linha de utilitários comercializados pela Renault do Brasil, caracterizados por possuir um baixo custo por quilometro rodado e um baixo valor de manutenção. O Kangoo Express 2009 vem equipado com motorização bicombustível 1.6 16V Hi-Flex, que proporciona ao utilitário chegar a uma potência de 98,3 cv com álcool e 95 cv com
A Volvo vai lançar em setembro o seu novo ônibus híbrido. O Volvo 7700 Hybrid será apresentado pela primeira vez durante a feira IAA, considerada a maior exposição de veículos comerciais (ônibus e caminhões) do mundo, em Hanover, Alemanha. Segundo nota da montadora, a tecnologia híbrida Volvo gera uma redução no consumo de combustível de até 30% e diminui consideravelmente as emissões de gases, além de
reduzir os níveis de ruído do veículo. O Volvo 7700 é um ônibus urbano com 12 metros de comprimento e piso baixo, com um motor a diesel de cinco litros. Todos os componentes do veículo são da Volvo. O ônibus híbrido tem aproximadamente o mesmo peso do ônibus a diesel, mas, de acordo com montadora sueca, oferece uma melhor distribuição de peso, o que permite transportar mais passageiros que o modelo a diesel.
AUTOMOBILSIMO gasolina. A Renault disponibilizou uma única versão de acabamento do novo modelo, no entanto, o Kangoo 2009 pode ser adquirido com ou sem porta lateral deslizante, com preço inicial de R$ 40.360. O modelo vem equipado com ar quente, regulagem elétrica dos faróis com comando interno, terceira luz de freio e pneus 165/70 R14. A versão com porta lateral deslizante tem como opcional direção hidráulica e Pack Conforto com ar-condicionado. Outra novidade do Kangoo Express 2009 é a barra dupla de proteção contra a invasão de carga na cabine do motorista.
O automobilismo ganhou, em julho, sua primeira coletânea brasileira: “A História do Automóvel - a Evolução da Mobilidade”, de autoria do jornalista e engenheiro automotivo José Luiz Vieira. Lançada pela Editora Alaúde, a coletânea oferece, em três volumes, uma prazerosa viagem à história do automóvel. A idéia de transformar em livro toda a trajetória do automobilismo surgiu da imensa coleção de materiais e fotos que o autor mantinha em casa. Com tiragem inicial de 3.500
exemplares, o primeiro volume, já disponível nas livrarias, aborda a evolução do automóvel desde a pré-história ao ano de 1908. O segundo volume, previsto para ser lançado em dezembro deste ano, contempla a trajetória do automóvel de 1908 a 1960. O terceiro volume, que chegará às prateleiras em abril de 2009, detalha os mais recentes fatos da história do automóvel, compreendendo o período de 1950 a 2000. O preço sugerido para cada volume é de R$108,00.
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ACESSIBILIDADE CAVENAGHI/DIVULGAÇÃO
Opções para os cadeirantes ais novidades para facilitar o acesso de cadeirantes aos veículos chega ao mercado. A Cavenaghi, empresa especializada na adaptação veicular e produtos para reabilitação de pessoas com deficiência física, lançou em julho três diferentes modelos de ban cos móveis e giratórios – Móvel, Rotante e Orbital. O Banco Móvel realiza um giro de aproximadamente 90º em di reção à porta e se desloca para fora do veículo por meio de trilhos. Já o Rotante também realiza giro de aproximadamente 90º em direção à porta e se desloca horizon talmente para fora do veículo, sem se mover para ser utilizado na cadeira de rodas. E a versão manual cha mada Orbital faz o mesmo giro dos dois modelos, porém, seu des lo ca men to é vertical. Outro diferencial é que o banco é rebaixado ao sair do veículo e se aproxi ma do solo, permitindo que fique no mesmo nível da ca deira de rodas padrão. A Technobrás, empresa do grupo europeu Guidosim plex, transformou o Fiat Do blò para atender, exclusiva mente, os cadeirantes. A companhia desenvolveu um kit para a transformação do
M
Doblò: levantamento do teto (com acabamento panorâmico) e das portas traseiras, instalação de plataforma au tomatizada, kits de fixação no piso do automóvel e moderno sistema de cintos de segurança. Segundo a empresa, não existe esforço físico para o acesso do cadeirante ao interior do carro. A plataforma é acionada por controle remoto realizando os movimentos de descida e subida, o que garante o conforto do passageiro. Ainda segundo a Technobrás, o Fiat Doblò foi subme tido a vários testes de impacto, obtendo resultados satisfatórios, o que compro va a total segurança que o veículo oferece neste tipo de transporte. A gerente co mercial da empresa, Miriam Matos, diz que a solução apresen ta da pela Tech no brás é a mesma utilizada em países como Itália, Inglater ra e Esta dos Uni dos. “A grande diferença de nosso Doblò é o teto alto, que é feito na mesma chapa auto motiva do carro. Não traba lhamos com teto em fibra de vidro, pois não é uma medi da segura, o veículo perde estabilidade traseira e pode vir a rachar e deformar com o tempo”, diz a gerente.
MOBILIDADE Modelo de banco móvel da Cavenaghi TECHNOBRÁS/DIVULGAÇÃO
NOVIDADE Fiat Doblò adaptado para cadeirantes
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FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO
RETROSPECTIVA
UMANO DE SUCESSO DO
DESPOLUIR
PROGRAMA AMBIENTAL DO TRANSPORTE TEM A ADESÃO DE 21 FEDERAÇÕES E 1.500 EMPRESAS TRANSPORTADORAS DE CARGAS, PASSAGEIROS E AUTÔNOMOS á um ano, ao lançar o Despoluir - Programa Ambiental do Trans porte -, o presidente da CNT, Clésio Andrade, declarou que teria como meta conseguir uma grande mobilização do setor de transporte em torno da questão ambiental. Na opinião do presidente, o aquecimento global é problema de todos e o transportador, ao utilizar combustíveis fósseis, tem, como os demais segmentos, inegável parcela de responsabilidade na emissão de gases do efeito estufa. Mas, segundo o dirigen te, esse mesmo setor, por sua natureza, é fator de integração nacional e seus tra -
H
balhadores são formadores de opinião e, naturalmente, difusores de idéias e costumes. Clésio Andrade estava certo ao apresentar à sociedade o que chamou de “prioritariamente um programa de conscientização e mobilização”, pois o Despoluir já contribui efetivamente para melhorar a imagem do setor junto à sociedade e para a melhoria da qualidade do ambiente em que vivemos. O Programa Despoluir consiste de vários projetos implementados pelo Siste ma CNT, desenvolvidos pelas federações, sindicatos e associações afiliadas à entidade. Passado um ano, o Despoluir os-
NA REDE
Hotsite é ferramenta de apoio Uma das ferramentas mais ágeis que o transportador tem para se inteirar sobre o meio ambiente é a internet. A CNT criou dentro de seu próprio endereço virtual uma página especial para o Despoluir (www.cnt.org.br/despoluir), que seleciona e dissemina as principais informações ligadas ao tema, as ações da Confede ração em torno de seu programa ambiental, legislação e dicas ambientalistas. Desde o seu lançamento, em fevereiro deste ano, mais de 1.000 notícias, artigos, entrevistas e publicações já foram veiculadas. Diariamente, uma equipe de técnicos e jornalistas seleciona e pesquisa o que de mais relevante foi publicado pela mídia no Brasil e no mundo. Boa parte desse material é re trabalhado pelos editores do hot site Despoluir, antes de ser inserido na página para consulta dos internautas. Parale-
tenta números que confirmam sua pertinência e eficácia: são 21 fe de ra ções par ti ci pan tes, entre transportadores de car ga, passageiros e autônomos, em todos os Estados da União; o Programa conta com mais de 1.500 empresas comprometi das, além de ostentar parce rias firmadas com diversos ór gãos públicos e privados em todo o país. O primeiro e mais “robusto” dos projetos do Despoluir é o de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, que já está sendo executado em to-
lamente a artigos e reportagens produzidas pela revista CNT Transporte Atual e por outras mídias brasileiras e internacionais, o hot site do Des poluir edita material inédito produzido pela Assessoria de Imprensa da CNT. Medida de seu bom desempenho, o hot site do Despoluir atingiu 70 mil nos cinco primeiros meses de fun cionamento. A página do Despoluir na internet não apenas subsidia os transportadores brasileiros, orientando-os para a tomada de decisões estratégicas e operacionais, como também é um canal aberto para a discussão e a pesquisa de temas relacionados ao transporte e ao meio ambiente no país e no mundo. O hot site está se tornando uma referência do setor transportador quando o assunto é qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.
dos os Estados brasileiros “a todo vapor pelas federações”, como destaca Marilei Menezes, coorde na do ra do Pro gra ma. Esse projeto promove, através da aferição veicular, a redução da emissão de poluentes vi sando à melhoria da qualidade do ar e do uso racional de combustíveis. Carro-chefe do Programa, o Projeto - com 56 unidades de aferição operantes que aten dem aproximadamente 10 mil veículos por mês - verifica as emissões de poluentes desses veículos com base na Legisla -
ção vi gen te, com média de aprovação de 83% dos veículos inspecionados. E como va ticinou o presidente da CNT, o Despoluir conta com o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. A coordenação nacional instalada pela CNT em Brasília geren cia as ações exe cu ta das por 21 federações de transporte de cargas, passageiros e autônomos, que, por sua vez,
possuem equipes técnicas especializadas. A Confederação equi pou uni da des mó veis e instalou postos fixos de aferição veicular com opacímetros e equipamentos necessários para analisar pontos críticos relativos às emissões veiculares e ao uso racional de com bustíveis. Os técnicos do Despoluir informam ainda sobre o recebimento e armazenamento do diesel, drenagem dos tanques, rotina-padrão e sinalização na área de abastecimento; orientam sobre uso racional de combustíveis e con -
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ENGAJAMENTO
Revista adere à campanha
dução econômica, e ainda disse mi nam boas prá ti cas que contribuem para o aumento da eficiência operacional da empresa. Para participar, basta o transportador solicitar, gratuitamente, junto a sua respecti va federação, a visita dos técnicos do Projeto. A aferição é feita de acordo com os padrões estabelecidos pelo Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). O veí culo que não estiver dentro dos limites de emissão de poluen tes re ce be orien ta ções téc ni cas para cor re ção das não-conformidades. Ao veículo aprovado na aferição é concedido o selo Despoluir que, além de identificar as empresas que se preocupam com o meio ambiente, ajuda a melhorar a ima gem do setor junto à população e órgãos públicos. A iniciativa da CNT foi bem recebida por instituições públicas ligadas ao meio ambiente em diversas cidades e Estados. Como exemplos, a Prefeitura de Vitória fechou parceria com a Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo) e promove mutirões para aferir veículos a diesel uma semana por mês; no Rio de Janeiro, a Feema (Fun -
dação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) homologa o selo Despoluir e as aferições da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro); e em Teresina, para uma empresa de transporte conseguir a licença ambiental, sua frota tem de ser moni torada pelos técnicos da Cepimar (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão), vinculados ao programa ambiental da CNT. E não é apenas através da certificação pelo selo Despoluir que o projeto de Redução da Emissão de Poluentes dos Veículos mostra sua eficiência. Outra importante ação do pro jeto tem como base as informa ções conseguidas pela aferi ção. É o Sistema Nacional de In formações do Programa Despo luir, lançado em julho deste ano para monitorar e avaliar os dados do projeto. O sistema serve como base de dados uni versal, permitindo a verifica ção do desempenho das em presas e dos veículos monito rados, o acompanhamento da evolução dos resultados ao longo do tempo e a emissão de relatórios de emissões. Os re sultados das inspeções são en viados via internet - informa ções como quantidade de veí -
Com tiragem de 40 mil exemplares mensais distribuídos nacionalmente, a revista CNT Transporte Atual é pu blicada pela CNT como importante instrumento de mídia e principal veículo de comunicação do setor no Brasil. A publicação também se engajou na proposta ambientalista do Programa Despoluir. A manei ra encontrada foi neutralizar as emissões de gases de efeito estufa geradas pela produção e distribuição de um ano de publicação da revista, o que se consegue através do plantio e monitoramento de árvores nativas da Mata Atlântica. Para a tarefa de mensu rar o “custo ecológico” da revista e sua conseqüente compensação, foi contratada a empresa de consultoria CO2 Soluções Ambientais. A conta é complexa. Para determinar as emissões de gases de 12 edições da revista, faz-se uma análise de ciclo de vida, onde são identificados todos os processos e materiais envolvidos na produção e distribuição do produto, como por exemplo, a distância percorrida pelo papel - desde a sua produção até o seu uso final - e o consumo de combustíveis fósseis na distribuição dos exemplares. As emissões são expressas na forma de toneladas de dióxido de carbônico, ou tCO2e. O CO2e é uma medida utilizada para comparar as emissões de
vários gases baseada no potencial de aquecimento global de cada um, seguindo o padrão internacional estipulado pela ONU. O resultado final do inventário da consultoria constatou a emissão total de 469,89 tCO2e no pe ríodo, sendo 97,35 tCO2e (ou 28%) emitidos fruto da produção e 372,54 tCO2e (72%) emitidos em relação à distribuição da revista, o que se compensa com o plantio de. 3.134 árvores. Todas essas mudas já foram plantadas numa área de preservação permanente no município de Ibiúna (SP). O reflorestamento está sendo realizado pela empresa Ecoar, dentro do Projeto Floresta da Família, e será monitorado por 30 anos. “Quando essas árvores tiverem crescidas, dentro de 25, 30 anos, elas terão absorvido todo o CO2 emitido pela revista. Ou seja, o dióxido de carbono que emito em um ano leva 30 para compensar, mas efetivamente estou compensando essa emissão e essa é a lógica do processo, estar sempre compensando”, diz Luiz Fernando Guimarães, diretor executivo da CO2 Soluções Ambientais, lembrando que a própria produção do relatório da empresa de consultoria demandou o plantio de outras 300 mudas, na mesma reser va, como forma de compensação ambiental.
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ISTO É DESPOLUIR
culos inspecionados, índices de aprovações e reprovações, valores de emissões dos veículos, consumo médio, quilometragem e idade da frota aferida. Essas infor ma ções te rão importantíssimo papel na definição de novas ações e estratégias a serem desenvolvidas para reduzir as emissões e otimizar o consumo de combustível. Trata-se do uso da tecnologia da infor ma ção ser vin do como uma ferramenta a serviço do meio ambiente. Vale destacar que apenas a CNT e as federações envolvidas têm aces so ao banco de dados, como medida de segurança estratégica para as empresas. Além de conferir se os atuais veículos a diesel utilizam corretamente o combustível, o Despoluir também busca alter na ti vas para o trans por te, através do projeto Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo Setor Transportador, que tem como objetivo reduzir a emis são de poluentes por meio da utilização de biocombustíveis e energia elétrica, entre outros combustíveis ambientalmente adequados. Com este projeto, a CNT tem acom pa nha do o desenvol vi mento de novos combustíveis e de novas tecnologias limpas, como também os aspectos li -
gados à produção, comercialização, distribuição e barreiras impostas ao uso destas novas fontes no cenário nacional e internacional. O que pode ser observado é que o mundo está buscando novas tecnologias, como pode ser visto, por exemplo, nas feiras do setor automobilístico, onde os destaques têm sido as inovações relacionadas a fontes energéticas menos poluentes. Dian te deste con tex to, o Despoluir tem selecionado e disseminado as principais informações ligadas ao tema. Assim, diversas notícias são veicu la das dia ria men te no hot site do Despoluir e mensalmente na Revista Transporte Atual. Desde seu lançamento, em fevereiro deste ano, mais de 400 notícias, artigos, entrevis tas e publicações sobre ener gia limpa foram publicadas no hot site do Despoluir. A CNT também criou o gru po de projetos Cidadania para o Meio Ambiente, em associa ção com o Sest/Senat. Trata-se de uma série de projetos de capacitação e educação ambiental. O objetivo é utilizar a capi laridade e a mobilidade do se tor de transporte para trans formar seus agentes (empresários, trabalhadores em transporte, caminhoneiros autôno-
• 21 federações participantes • 27 Estados atendidos • Mais de 1.500 empresas participantes • Cerca de 10 mil aferições de emissão de poluentes por veículos a diesel realizadas mensalmente • 56 unidades de aferição operantes • 83% dos veículos inspecionados aprovados • Mais de 2.500 profissionais qualificados em cursos de capacitação ambiental • 70 mil acessos ao hot site do programa • Mais de 1.000 informações publicadas no hot site do programa
COMPENSAÇÃO Fazenda Ressaca do Tu
mos e taxistas) em verdadeiros mensageiros e defensores do meio ambiente diante de toda a sociedade e em especial para os usuários do transporte. Fazem parte os cursos Taxista Amigo do Meio Ambiente, Caminhoneiro Amigo do Meio Am bien te e Tra ba lha dor em Transporte Amigo do Meio Ambiente. Em todos eles, o objetivo é estimular a atuação do profissional como dissemina dor de informações de caráter ambientalista para os usuários do respectivo serviço de trans porte. Além dos cursos, o trabalhador participa de pequenos concursos internos que estimulam e reconhecem ações de proteção ambiental. O material informativo é produzido pela Escola do Transporte e distribuído durante os cursos.
São cartilhas com temas como “Poluentes e o Aquecimento Global” e “Meio Ambiente: a Responsabilidade de cada um”. O Sistema Sest/Senat possui 127 unidades espalhadas por todo o território nacional. Os cursos tiveram início em março e já foram freqüentados por mais de 2.500 alunos, entre taxistas, caminhoneiros e demais trabalhadores em transporte. A meta é capacitar até setembro 5.200 trabalhadores. O Despoluir também busca esclarecer a sociedade e o setor público sobre a importância da conservação do meio ambiente. Por isso foi criada, em 2007, a categoria especial de Meio Am biente, dentro do Prêmio CNT de Jornalismo, já em sua 15ª edição. O objetivo é estimular a realização de reportagens rela -
PROJETOS DO DESPOLUIR Projetos
Início
Redução da emissão de poluentes pelos veículos
Julho de 2007 Fevereiro de 2008
Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte
Outubro de 2008
Taxista amigo do meio ambiente
Março de 2008
Caminhoneiro amigo do meio ambiente
Março de 2008
Trabalhador em transporte amigo do meio ambiente
Março de 2008
Fevereiro de 2008
Hot site do Despoluir Prêmio CNT de Jornalismo - Categoria Especial de Meio Ambiente
Agosto de 2007
Prêmio CNT de Produção Acadêmica - Categoria Especial de Meio Ambiente
Outubro de 2008
Prêmios Regionais de Meio Ambiente
Março de 2009
Neutralização de Carbono
Julho de 2007
rvo, em Piedade do Turvo (SP): árvores plantadas referentes a um ano da revista
cionadas à conservação ambiental. Independente da mídia em que foi veiculada a matéria, o autor do melhor trabalho recebe R$ 10 mil em dinheiro. Para 2008, as inscrições estão abertas até 14 de setembro. O regu lamento e a ficha de inscrição podem ser acessados no site www.cnt.org.br/premiocnt. A exemplo do prêmio nacio nal, diversas premiações re gionais são realizadas pelas fe de ra ções par ti ci pan tes do Despoluir para incentivar empresas a adotar medidas de conservação do meio ambien te. É o caso do Prêmio Melhoria Qualidade do Ar, que a Cepimar (Federação das Empresas de Transporte Rodoviário dos Es tados do Ceará, Piauí e Maranhão) promove, do Qualiar Prêmio Fetransportes de Quali-
dade do Ar, realizado em Vitória (ES), e do Prêmio Regional Excelência em Meio Ambiente, promovido pela Fetracan (Fede ra ção das Em presas de Transporte de Carga do Nor deste). Todos reconhecem em presas que se preocupam com a emissão de poluentes, têm cuidados ambientais, desenvolvem projetos afins e estão engajadas no Despoluir. Se gun do Al tair Bezer ra, coordenador da Cepimar para o Despoluir, as ações do pro grama da CNT permitem maior eficiência nas campanhas am bientais da federação nordes tina. “O Despoluir mudou nosso sistema de avaliação. O ban co de dados eletrônico e o opa cí metro per mi tem maior velocidade e clareza dos dados e confiabilidade tanto para o
técnico quanto para o empresário. Antigamente, fazíamos testes com papel e caneta na mão para gerar os relatórios depois. Há a questão da qualificação, dos cursos que antes não tínhamos. Vejo o Despoluir dando nova fase ao trabalho que já fazíamos, com novas metas, estímulos e maior credibilidade”, diz. O coordenador destaca, ainda, a melhoria da imagem do setor como um todo diante da sociedade e do poder público. “Com a mudança de postura dos transportadores, o próprio setor público vê que estamos à frente dos governos no cuidado com o meio am bien te. Órgãos como as secretarias esta duais e mu ni ci pais de meio ambiente estão se aproximando de nós e conseguimos
convênios com entidades ambientalistas. O ponto chave é que o Despoluir ajuda muito a melhorar a imagem do setor de transporte”, diz Bezerra. Na avaliação da CNT, percebe-se a boa aceitação do programa junto aos operadores de transporte. O principal fato a ser destacado é o grande interesse que as empresas têm demonstrado em participar do Programa, recebendo de portas abertas os técnicos das federações que o executam. Em apenas um ano, mais de 1.500 empresas aderiram ao Despoluir, o que demonstra o quanto o setor transportador está preocupado em desenvolver ações que ajudem a conservar o meio ambiente e pra ti car a res pon sa bi li da de socioambiental. ●
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RICARDO SÁ
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PRÓXIMOS PASSOS
DESAFIOS DO SEGUNDO ANO DESPOLUIR COMEÇA NOVA ETAPA E LANÇA CURSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, ALÉM DE DAR CONTINUIDADE AOS PROJETOS JÁ EM ANDAMENTO EM TODO O BRASIL Des po luir - Pro gra ma Ambiental do Transpor te chega ao seu segundo ano com a determinação de melhorar e ampliar as iniciativas já implementadas, ao mesmo tempo em que apresenta novidades para reforçar o enga jamento de toda a sociedade e dos trabalhadores e empresários do setor de transportes na busca por um desenvolvimento susten tável e na luta para reduzir as causas do aquecimento global.
O
Nessa nova fase, uma expressão recorrente é a gestão ambiental, com um plano de ações específicas criado pela CNT, dentro do Despoluir, para ser imple mentado ainda no segundo semestre deste ano. O projeto Aprimoramento da Gestão Ambiental nas Empresas, Garagens e Terminais de Transporte tem como objetivo estimular a preocupação com o meio ambiente como parte integrante da estratégia das empresas do setor. Outra finali-
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MOBILIZAÇÃO
Definidas as próximas ações De 19 de agosto e 27 de outubro deste ano, a CNT promove em Brasília a exposi ção “100 Anos do Ônibus no Brasil”, que tem como mote a chegada dos pri mei ros veí cu los de transporte coletivo movidos a combustão no país. O projeto tem como ob jetivo promover a educa ção ambiental e contribuir para a conscientização da sociedade sobre a importância da conservação do meio ambiente, no âmbito do Programa Ambiental do Transporte - Despoluir. Por ocasião do evento será lan ça do o pro jeto “Ônibus Ami go do Meio Ambiente”, que visa mos trar de que forma o trans porte rodoviário de passa geiros se preocupa com os seus passageiros e o meio ambiente e, ainda, que a ampliação dos transportes públicos coletivos - como alternativa ao transporte individual por automóveis e motocicletas - contribui para a melhoria do meio ambiente e da mobilidade urbana. A iniciativa é fruto de uma parceria da CNT com o Sistema Sest/Senat, a As -
sociação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e a Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Car gas (Fenatac). No evento serão expostos mais de 2.000 peças em miniatura que contam a história do transpor te desde a invenção da roda até os tempos atuais. Além de conhecer as obras, os visitantes receberão informações sobre como o se tor de transporte está ajudando a conservar o meio ambiente. A exposição “100 Anos do Ônibus no Brasil” estará aberta para visitação pú blica de 19 de agosto a 27 de outubro, na Ala Cultural do Edifício CNT, em Brasília, de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. As visitas de estudantes, turistas e trabalhadores, entre outros, podem ser realizadas em grupos, com agendamento prévio pelo telefone (61) 2103-9293. O acesso é gratuito. De Brasília, as miniatu ras seguem para o Rio de Janeiro, onde serão expos tas na 13ª Etranspor entre os dias 12 e 14 de novembro.
MEMÓRIA Réplicas de veículos que
dade é incentivar iniciativas voluntárias de cer tificação, regulação e capacitação na área de gestão ambiental. Para conscientizar o setor sobre a importância estratégica da responsabilidade socioambiental, a CNT está elaborando manuais que orientam as empresas sobre a adoção de procedimentos ade quados no dia-a-dia de suas atividades. Os manuais técnicos tratam dos principais impactos gerados pela atividade
do transporte e seis temas foram elencados para abrir a série: Gestão da Poluição Atmosférica; Poluição Sonora; Óleos Lubrificantes Automotivos Usados; Baterias Veiculares; Pneus; e Efluentes Líquidos. Com os manuais prontos, a CNT disseminará as informa ções rea li zan do pa lestras para os empresários e profissionais do setor. Desta forma, o Despoluir contribuirá para a melhoria da gestão ambiental
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PLANO DE METAS Principais metas do segundo ano do Programa Despoluir • Lançamento do Projeto Aprimoramento da Gestão Ambiental nas Empresas, Garagens e Terminais de Transporte • Produção de manuais técnicos sobre gestão ambiental • Promoção de curso, palestras e seminários junto aos operadores • Criação da categoria especial de Meio Ambiente, no Prêmio CNT de Produção Acadêmica • Ampliação do projeto Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo Setor Transportador • Participação do Despoluir na Exposição "100 Anos do Ônibus no Brasil" • Ampliação do projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos • Continuação dos cursos "Taxista Amigo do Meio Ambiente", "Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente" e "Trabalhador em Transporte Amigo do Meio Ambiente”
farão parte da exposição “100 Anos do Ônibus no Brasil” a partir de agosto
nas empresas de transporte. Outra ação do Despoluir para os próximos meses é in crementar o Projeto Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo Setor Transportador, lançado no primeiro ano do programa. Nessa fase, a CNT buscará par cerias com instituições espe cializadas para realização de estudos sobre a produção de energia limpa, seus riscos, van tagens, formas de utilização e oportunidades para o setor de transporte, como campanhas
de incentivo ao uso do biodie sel e outros combustíveis am bientalmente adequados. Também dentro das propos tas de expansão do Despoluir, este ano o Prêmio CNT de Pro dução Acadêmica vem com uma novidade: a categoria es pecial de Meio Ambiente. O ob jetivo é estimular o desenvolvi mento de pesquisas científicas sobre o tema. Criado em 1996, o Prêmio CNT Produção Acadêmica procura estimular a des coberta de novas tecnologias e
formas de gestão que simplifi quem a vida do cidadão, sem aumentar os custos, e que, ainda, garantam a produtividade e a competitividade das empresas de transporte. Para a realização do prêmio, a CNT conta com estreita coope ração da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte (Anpet), credenciado fórum acadêmico especializado do setor. Os trabalhos são selecionados pelo Comitê Científico do Congresso da Anpet e sub-
metidos a uma comissão julga dora formada por representantes da entidade de pesquisa, da Comissão Organizadora do Congresso e da CNT. A seleção final dos artigos premiados é baseada em critérios de originalidade, relevância do tema, objetividade e organização do trabalho, atualidade bibliográfica e qualidade da discussão e das conclusões. E os trabalhos vencedores dão origem à publica ção dos volumes “Transporte ● em Transformação”.
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FEDERAÇÕES
ECOLOGICAMENTE
CORRETOS REPRESENTANTES DO TRANSPORTE AVALIAM POSITIVAMENTE O PRIMEIRO ANO DO PROGRAMA m 18 de julho de 2007, a CNT lançou o Pro grama Ambiental do Trans por te - Des po luir, com a idéia de mobilizar e conscientizar o setor trans portador e a sociedade em geral sobre as questões ambientais. Com os si nais cada vez mais evi den tes do aque ci mento global viu-se como necessária a imediata mobilização de todos - indivíduos, co mu ni da des, na ções, gover nos, entidades e empresas,
E
inclusive do setor de trans porte - para tentar minimizar e reverter as graves mudan ças climáticas em curso. Dian te des se qua dro, o Despoluir busca, como seu maior objetivo, promover o engajamento de empresários, ca mi nho nei ros au tô no mos, ta xis tas, tra ba lha do res em transporte e da sociedade na construção de um desenvol vi men to verda dei ra men te sustentável. Neste primeiro ano de Despoluir, várias federações ade -
riram ao projeto, tornando-se responsáveis pela execução do programa para os setores de transporte de passageiros e de cargas. Um total de 21 federações de norte a sul do país participou do desenvolvimento do Programa. Além dos benefícios dire tos ao meio ambiente e à po pulação, o Despoluir propor ciona às empresas transpor tadoras a redução de custos, aumento da eficiência operacional, melhoria do relacionamento com órgãos fiscaliza-
CONSCIENTIZAÇÃO Flávio Benatti,
dores e novas oportunidades de negócios. Os resultados, de acordo com a avaliação dos presidentes das federações, são mui to sa tis fa tó rios. Flá vio Benatti, presidente da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo), entidade que aderiu ao Despoluir desde o seu lançamento, comemora. “A Fetcesp realizou, neste primeiro ano, 384 vi si tas nas em pre sas de transporte rodoviário de car-
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FETCESP/DIVULGAÇÃO
presidente da Fetcesp, destaca que o Despoluir tem como objetivo engajar o setor transportador para a construcão de um desenvolvimento sustentável
gas, tendo tabulado até o momento mais de 6.000 ins peções em caminhões. Des ses re sul ta dos, po de mos afirmar que mais de 75% dos veículos submetidos ao teste com opacímetro foram apro vados.” Benatti destaca que o Pro grama Despoluir não se limita apenas à aplicação de teste com opacímetro, tratando-se de um programa mais abran gente, que visa engajar o setor para a construção de um desenvolvimento sustentável.
“Outras ações estão sendo implantadas paulatinamente, como cursos para motoristas e demais trabalhadores do setor, tornando-os conscien tes de suas responsabilida des enquanto operadores e co la bo ra do res das em pre sas”, diz. Se gun do o di ri gen te da entidade paulista, as empresas podem avaliar a condição da frota, promovendo reparos quando necessário, uma vez que, após o teste com o aparelho, um relatório é ge -
rado apontando os índices de emissões e informando se esses valores atendem ao estabelecido pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). “Os empresários de transporte, hoje mais conscien tes de seu pa pel nas questões ambientais, encontram no Despoluir apoio para implantar um controle eficiente no consumo de diesel, evitando o desperdício e contribuindo para a diminuição progressiva das emissões geradas.”
Para a Fetranspar (Federa ção da Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), a chegada do Despoluir ao Paraná proporcionou a for ma ção de uma gran de rede de transportadores que têm orgulho de serem ecolo gicamente corretos. “Nossos em pre sá rios hoje já fa lam praticamente como ambien ta listas”, diz Luiz An sel mo Trombini, presidente da entida de pa ra naen se, que faz uma avaliação positiva sobre os resultados desse primeiro
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FETRANSPAR Presidente Luiz Anselmo Trombini
ano. “Posso considerar o pro grama um verdadeiro suces so, pois a resposta do trans portador veio de forma ime dia ta, na par ti ci pa ção dos lan ça men tos re gio nais, na procura pelas aferições, na preocupação efetiva com a cons tru ção de um mun do mais equilibrado em relação ao meio ambiente. Já sabía mos que boa parte de nossa categoria estava preocupada em fazer algo mais, em redu zir impactos ambientais, po rém não imaginávamos que a resposta fosse assim tão rá pida e positiva.”
Para Trom bi ni, a gran de im por tân cia em ade rir ao Despoluir está em trabalhar a redução de poluentes junto com os empresários, buscan do a mudança de consciência, de idéias, levando todos a voltar o olhar para o meio ambiente. Ainda na região Sul, a Fe pasc (Federação das Empre sas de Transporte de Passa geiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina) avalia que a cada mês há uma melhora no aten di men to e na re du ção quantidade de emissões, au mentando, também, a procu -
FETRANSPORTES Presidente Luiz Wagner Chieppe
ra por parte das empresas que vêem no Despoluir uma ajuda a monitorar suas frotas. “Sentimos a preocupação por par te dos empresários com relação ao meio ambiente e no aumento do consumo dos lubrificantes e diesel. Só em Curitiba, entre novembro de 2007 e abril de 2008, 1.523 aferições foram feitas, e a pro cu ra por afe ri ções vem aumentando cada dia mais”, diz Marco Antônio Gulin, pre sidente da entidade. Segundo ele, como o Programa proporciona, junto ao trabalho de aferir, o treina -
men to dos opera do res das empresas, que manuseiam os combustíveis e lubrificantes, a confiabilidade no Despoluir só aumenta. “Depois da ado ção, melhorou a qualidade da mão-de-obra que ope ra os veículos e os combustíveis e aumentou a satisfação das empresas em ter o Despoluir em suas instalações.” O Des po luir re pre sen ta mu dan ças sig ni fi ca ti vas, também, para o transporte de passageiros nos Estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Se gun do Eudo La ran jei ras,
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FETRAM/DIVULGAÇÃO
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FETRAM Presidente Waldemar Araújo
presidente da Fetronor (Fe de ra ção das Em pre sas de Trans por te de Pas sa gei ros do Nordes te), o be ne fí cio ambiental gerado pela inicia tiva na região pode ser com provado nos números. “Te mos 84% da frota aprovada em mais de 3.000 análises feitas só no primeiro semes tre”, afirma. Para ele, muito além dos nú me ros está a contribuição efetiva para a mudança de cultura no setor trans por ta dor. “As su mir o papel importante que temos na preservação do meio am biente e a mensagem que
“A Fetcesp realizou 384 visitas nas empresas de transporte rodoviário de cargas” FLÁVIO BENATTI PRESIDENTE DA FETCESP
FETRONOR Presidente Eudo Laranjeiras
pas sa mos à so cie da de de que estamos conscientes e contribuindo para conquistar essa meta são sinais de que com o Despoluir mudamos para melhor.” A mudança na consciência de todos os envolvidos no setor é fator de destaque na avaliação das principais mudan ças perce bi das com o Despoluir, segundo Waldemar Araújo, presidente da Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Es ta do de Mi nas Ge rais). “Par ti ci pei ati va men te do Pro gra ma Des po luir, des de
sua criação. Vários são os aspectos relevantes, mas entendo que o mais importante está sendo a conscientização de empresários, trabalhado res, homens públicos e socie dade, não só pelas grandes possibilidades futuras, mas pelos resultados já alcançados pelo trabalho sério dos envolvidos.” Para Araújo, a redução de consumo de combustíveis é apenas uma peque na par te do pro gra ma. “Poder participar diretamen te de ações que beneficiam o meio ambiente é orgulho de todo cidadão de bem.” ●
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EXPANSÃO
SEMENTE PLANTADA NO EXTERIOR DESPOLUIR É APRESENTADO AO COC, ORGANIZAÇÃO NORTE-AMERICANA QUE PROMOVE O DEBATE SOBRE COMPETITIVIDADE ENTRE EMPRESAS E LÍDERES omo uma iniciativa inovadora do setor de transpor tes na área de meio ambiente, a CNT apresentou o Despoluir - Pro grama Ambiental do Transporte - ao CoC (Conselho de Competitividade dos Estados Unidos, na sigla em inglês), em evento realizado em 21 de julho, na sede da Confederação, em Brasília. Com a meta de mobilizar todo o sis tema de transporte brasileiro em torno da questão ambiental, o programa foi lançado nacionalmente pela CNT em
C
2007. O Despoluir incentiva o uso de energia limpa pelas empresas de trans porte, caminhoneiros autônomos e ta xistas e estimula a adoção de normas ambientais relativas às emissões de po luentes por veículos. A partir das ações desenvolvidas, a CNT espera provocar reações em outras esferas da socieda de, inclusive no poder público. Organização não-partidária e nãogovernamental, com sede em Washing ton, o CoC promove o debate sobre competitividade, reunindo empresas,
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FOTOS JÚLIO FERNANDES
"Queremos levá-lo adiante para que esse encontro resulte DEBORAH WINCE-SMITH, PRESIDENTE DO COC
PERFIL
Conselho surge em període de crise O Conselho de Competitividade foi fundado em 1986 durante o período em que os EUA enfrentaram um dos maiores desafios econômicos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O país tinha passado do posto de maior credor do mundo para o de maior devedor, a sua posição como líder mundial em tecnologia e inovação foi declinando e as indústrias norte-americanas estavam perdendo mercado para concorrentes internacionais, principalmente conglomerados japoneses. Para responder àqueles desafios crescentes empresários, acadêmicos e líderes sindicais se uniram para fundar o Conselho, um fórum para a elevação da competitividade nacional ao primeiro plano da consciên cia nacional, único grupo de CEOs de grandes empresas, presidentes de universidades e líderes trabalhistas. O objetivo é agir para a prosperidade dos norte-americanos e para o for talecimento da competitivida de dos Estados Unidos na eco nomia global através da cria ção de um alto valor da ativida de econômica no país. O Conselho entende que as chaves para competir são: con duzir a inovação e o empreen dedorismo, envolver-se na eco -
nomia mundial, gerir os riscos e alcançar resiliência, garantir energia e criar sustentabilidade e vencer a corrida do conhecimento. Uma das iniciativas do CoC é a campanha Competir 2.0, que tem como objetivo fazer avaliações direcionadas à competitividade de ponta e ao vislumbramento de oportunidades estratégicas para os Estados Unidos, em atividades de alto valor agregado e investi mentos em um mundo de concorrentes mais igualitários. Outro trabalho desenvolvimento pela associação é a Iniciativa da Segurança Energética, Inovação e Sustentabilidade, cuja meta é dirigir a demanda do setor privado à procura de soluções energéticas sustentá veis e de apoio à criação de no vas indústrias, mercados e pos tos de trabalho. Para o Conse lho, segurança energética e sustentabilidade têm impacto direto na produtividade das empresas dos Estados Unidos e no padrão de vida de todos os nor te-americanos, tornando-as questões-chave para a competitividade norte-americana. A entrada no Conselho é fei ta por meio de convite. Infor mações: 202-969-3392 ou email bthurston@compete.org.
FORTALECIMENTO Programa Despoluir é apresentado ao CoC
entidades, acadêmicos e líderes governamentais para avaliar os desafios e as oportuni dades econômicas. Conferências, seminários e eventos especiais são usados para divulgar os resultados e as recomendações do Conselho a especialistas, consultores políti cos, funcionários do governo, meios de comunicação social e público em geral. Os membros que compõem o CoC estão empenhados em
tratar da competitividade dos EUA e acreditam que o poder das redes de liderança do setor privado, idéias e pesquisa irão orientar o debate sobre o caminho do país até a prospe ridade, em longo prazo. Para o secretário-geral da CIT (Câmara Interamericana de Transporte), Paulo Caleffi, o Despoluir é tão importante que merece chegar até outros países, especialmente os desenvolvidos e economicamen -
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em parcerias entre a CNT e os Estados Unidos"
em reunião realizada no mês de julho, em Brasília, na sede da CNT
te fortes, como os Estados Unidos, afirma. “Acreditamos que, apresentando o progra ma aos Estados Unidos, esta mos plantando uma semente e mostrando o que estamos realizando aqui no Brasil, em re la ção à preser va ção am biental”, declara Caleffi. O CoC tem uma história de sucesso influenciando políti cas públicas no âmbito fede ral, estadual e local dos Esta dos Unidos. Além disso, é ca -
paz de reunir o setor privado em torno de um tema ou polí tica específicos e transmitilos através de uma série de sessões, reuniões e relató rios, aos políticos em todos os ní veis. O Con se lho pro cu ra ainda parcerias com organi zações e indivíduos, tanto no setor privado e no governo, que tragam benefícios mú tuos e reforcem as posições dos envolvidos. A presidente do CoC, Debo -
rah Wince-Smith, afirma que o Programa Despoluir é uma ini ciativa “muito preciosa e criativa”. “Queremos levá-lo adiante para que esse encontro resulte em parcerias entre a CNT e os Estados Unidos”, diz Smith. A CNT, por meio da CIT, e o CoC assinaram, no início deste ano, acordo de cooperação baseado no intercâmbio de informações técnicas de diversas áreas relacionadas ao transporte e à competitividade com base na convicção de que essas duas áreas complementares são cruciais para o desenvolvimento dos mais variados setores socioeconômicos. A CIT e o CoC compartilham do interesse em apoiar iniciativas que contribuirão para o aumento da competitividade no setor privado, e isso inclui ações para combater a degra dação ambiental. A CIT foi criada 2002 e reuniu, num primeiro momento, representa ções de 16 países: Bolívia, Bra sil, Co lôm bia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Re cen te men te, Argen ti na, Aruba e Chile aderiram à iniciativa - os 19 são representados por 63 membros de 48 en-
tidades, empresas e órgãos governamentais. Essas na ções se uni ram com o objetivo de cooperar entre si a fim de delinear um panorama geral da atual situação do transporte nas três Américas em todos os modais e, em conjunto, traçar as es tratégias para o desenvolvimento do setor na região. Os Estados Unidos pretendem, em fevereiro de 2009, organizar um programa de competitividade, especialmente na área de despoluição, e, além do México e do Chile, que já fazem parte da mesa de negociações, querem incluir o Bra sil, “por isso a importância de estreitarmos os laços com eles”, afirma Caleffi. Além da presidente do CoC, Deborah Wince-Smith, e de Paulo Caleffi, estavam presen tes no evento o presidente da Universidade de Georgetown, Jack DeGioia, membro do Comitê Executivo do Conselho, Jim Phillips, e uma delegação composta por 16 autoridades aca dê mi cas e gover na men tais dos Estados Unidos. Para Caleffi, o encontro foi “muito importante”, pois abriu “portas para desenvolver diversas parcerias na área ambiental com os Estados Unidos”. ●
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ELEIÇÕES
NÃO PODE SER PIOR DO QUE ESTÁ ESCOLHA DO NOVO PRESIDENTE NORTE-AMERICANO LEVANTA EXPECTATIVA DE UMA MUDANÇA DE ATITUDE COM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE 44º presidente norteamericano não dá si nais de que vá assinar o Protocolo de Kyoto, o mais importante documento que estabelece compromissos e me tas das nações para a redução das emissões de CO2. Contudo, tanto o senador democrata e líder nas pesquisas de intenção de votos, Barack Oba ma, quanto seu rival, o republicano John McCain, reservaram pla taformas para o meio ambiente,
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acompanhadas de perto pelos analistas políticos e ambientalis tas. Estes concordam em um ponto: nenhum governo poderá ser pior no quesito ambiental que o de George W. Bush. O atual presidente, além de ter desautorizado a assinatura do Protocolo de Kyoto, não quis saber da Convenção da Biodiversidade (documento de 1992) e se manteve claramente indiferente aos relatórios sobre o clima. “Qualquer um que assuma terá
de mudar essa desastrosa políti ca”, afirma Fábio Feldmann, secretário executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas. Numa leitura simplista, baseada nos planos de governo expostos nos sites dos candidatos, Obama sairia na frente. Seu plano inclui a redução da emissão de gases e a implementação de um sistema para a diminuição da emissão de carbono em 80% até 2050. Além disso, o candidato democrata aposta no aumento
do uso de novas fontes de energia e na redução do consumo de gasolina em troca de energia mais limpa. Os Estados Unidos ostentam hoje o título de maior contribuinte para a poluição do planeta, sendo responsáveis por 33% das emissões de CO2 dos países industrializados. A meta de McCain é baixar as emissões em 65% até 2050, e ele diz acreditar que a mudança climática é uma questão de se gurança nacional. A favor do se-
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Os EUA são responsáveispor
33% das emissões de CO2 dos países industrializados
nador está uma lei similar ao Protocolo adotada no Estado do Arizona que estabelece metas de reduções de emissões e que foi implantada mesmo batendo de frente com o atual presidente da República, também republicano. Na esteira da promessa de renovação, Obama estaria, no entanto, mais afinado com a interlocução junto a organizações ambientalistas, segundo Feldmann. “Ele tem um eleitora do mais jovem que está atento
à questão da mudança climática, assunto que será levado em conta em seu mandato.” O pas sado político, no entanto, pode gerar controvérsias. Obama vem de Illinois, Estado fortemente adepto do uso do carvão, o que justificaria a ausência do tema em discursos mais contundentes. Apesar da expectativa de mudança nos rumos da política ambiental, especialistas concordam que o futuro presidente
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dos EUA terá uma pauta de ur gências ao assumir o posto, o que pode postergar medidas mais agressivas. Guerra do Iraque, situação do Afeganistão e, não menos grave, a crise econômica por que passa o país. O professor de Ciência Política e Teoria Geral do Estado da Universidade Fumec (de Belo Horizonte), Ricardo Sacco, pensa que o fato de a China superar os EUA em emissões de carbono nos próximos dois anos poderá
SUCESSÃO
Escolha nas mãos dos indecisos A eleição presidencial norte-americana, a ser realizada no dia 4 de novembro, apesar de não contar com a participação direta de todos os cidadãos (os votantes são escolhidos pela população), vai levar em conta as questões que mais lhes interessam: situação do Iraque, crise econômica, assistência médica, educação, empregos e segurança nacional. Temas que estiveram ressaltados nas campanhas dos dois principais candidatos, o democrata Barack Obama – que tem 50% da preferência do eleitorado – e o republicano John McCain, com 42% , se gundo pesquisa do “Washington Post” de 16 de julho. A despeito da liderança de Obama, nunca houve eleições presidenciais nos EUA com número tão significativo de indecisos – 12% – ou de eleitores que poderiam votar em um como no outro. Dentre os indecisos, analistas dizem que os latinos ou hispanos descendentes deverão definir o resultado. Se seguida à risca a cartilha republicana, McCain poderá contar com mais apoio dentre essa parce la de eleitores, já que histori camente os republicanos são mais flexíveis com os imi grantes. Obama, no entanto, poderá surpreender com o apelo do novo – tanto pela idade como pelo partido. Ain da que George W. Bush não te nha aparecido ao lado do se nador republicano com fre qüência, a associação com uma continuidade do atual governo parece medonha para a grande maioria.
A guerra do Iraque é o tema em que os candidatos mais divergem em suas plataformas. McCain defende a ma nutenção das tropas e discursou em favor da invasão comandada pelo atual governante. Obama foi um crítico desde o início do conflito e promete retirar os soldados do país aos poucos, em uma média de duas brigadas por mês. Para combater a atual cri se econômica, especialmente no quesito imóveis, McCain, apesar de republicano, pretende considerar maior intervenção do governo federal para limitar os efeitos da crise hipotecária, lembrando, contudo, que a proteção financeira deve ser um último recurso. Mais agressivo, Oba ma propõe a criação de um fundo de US$ 10 bilhões para ajudar a evitar a execução das hipotecas, eliminar taxas e ajudar famílias que precisam vender a casa. O seu plano é fornecer créditos para 10 milhões de donos de casas de classe média do país. Na temática das armas, que remete diretamente à se gurança desejada pelo eleito rado, McCain se opõe vee mente ao controle do uso porque se tornaria um fracas so no combate ao crime. É contra ainda aos períodos de espera para comprar armas e tem apoio deliberado da As sociação Nacional de Rifle dos EUA. O democrata defen de análises psicológicas mais minuciosas do perfil de possí veis compradores e a obriga toriedade das fábricas insta larem travas nas mesmas.
PRODUÇÃO Plantação de milho nos
tirar um pouco da pressão sobre o novo governante. “Acho que a prioridade será superar a crise econômica e as questões referentes à política ambiental ficarão num segundo plano”, diz. Os dois candidatos americanos têm propostas de estímulo aos combustíveis alternativos. Obama promete investir US$ 150 bilhões nos próximos dez anos na estrutura ligada à energia mais limpa, de forma a
reduzir a dependência do petróleo. McCain têm planos na mesma linha, além de incentivar o incremento da bolsa de compra e venda de carbono. Ambos se comprometem com a necessidade de independência energética para os EUA, mas, especificamente, na questão do etanol as visões divergem. McCain apóia o fim dos subsídios multibilionários anuais distribuídos do governo para o
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ISTOCKPHOTO
George W. Bush estava prestes a assinar um acordo de cooperação com o Brasil, Obama afirmou que “o caminho para a independência energética dos EUA” poderia sofrer se Bush não estabelecesse restrições para a entrada de etanol de outros países. “Substituir o petróleo importado pelo álcool brasileiro não serve para a nossa segurança nacional e econômica”, afirmou Obama. A posição ficou mais clara depois que reportagem do “New York Times” deu conta de sua ligação com os produtores de etanol dos EUA, que teriam financiado boa parte de sua campanha. McCain capitalizou sobre a “fragilidade” do oponente e chegou a dizer, em discurso sobre Estados Unidos recebe subsídios do governo e boa parte vira combustível energia, que o etanol brasileiro representa o futuro e que os produtores norte-americanos preciden tes na ques tão ener gé ti ca, sariam se modernizar para se setor. Como republicano e, por tanto, defensor do livre-comér - ele apóia a ajuda federal aos tornarem competitivos, sem a cio, McCain também se opõe à produtores de milho, o que al - ajuda estatal. Sacco lembra, porém, que a tarifa de US$ 0,54 (R$ 0,87) por guns economistas dizem que galão que os EUA impõem para pode ser considerada ilegal facilidade de entrada do etanol a importação de álcool feito da pela OMC (Organização Mundial brasileiro no mercado norteamericano pode gerar uma discana-de-açúcar, especialidade do Comércio). Durante a campanha políti - parada nos preços do combustíbrasileira, que é mais barato e gera mais energia do que o pro- ca, Obama não expôs a sua vel que não seria interessante oposição ao etanol de cana- para nosso abastecimento induzido do milho. Obama, ao contrário, é a fa - de-açúcar importado. Mas em terno. Por outro lado, a possibivor dos subsídios. Em nome de comentários no ano passado, lidade de aumento dos subsíajudar os EUA a serem indepen - feitos quando o presidente dios para os produtores norte-
americanos poderia comprome ter a segurança alimentar no mundo. “Mas o fenômeno não pode ser analisado separadamente. O maior problema na questão energética hoje é o petróleo caro. Se o petróleo custa em média US$ 8 na boca do poço, por que é vendido a US$ 140 o barril? São os especuladores que fomentam a alta dos preços do petróleo, fazendo com que, na minha análise, o preço esteja tão artificialmente elevado. Se o petróleo estivesse a US$ 80 o barril, não haveria espaço para os biocombustí veis, e menos ainda se produzi dos com milho.” O tema da energia advinda da cana, no entanto, pode ser favorecido pelo fato de os dois candidatos nutrirem simpatia pelo país. Os republicanos historicamente são mais benéfi cos nas re la ções ex ter nas, mas Obama já mostrou que gostaria que o Brasil assumisse posição de liderança na América Latina. Para o profes sor da Fumec, caberá também ao Brasil afinar sua política de re la ções in ter na cio nais de modo que a economia brasilei ra e outras questões pertinentes à relação com os EUA possam ser tratadas de maneira adequada pelo novo mandatário norte-americano. ●
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COOPERAÇÃO
PARCEIROS
VERDES ENTIDADES COMO PNUMA E CETESB APOSTARAM NO PROGRAMA DESPOLUIR ANTES DO LANÇAMENTO á um ano, a CNT apresentava ao Bra sil o seu Programa Ambiental do Trans porte. Bem antes do início das ações do Despoluir, a confederação buscou, junto a entidades que realizam trabalhos voltados para o meio ambien te, parcerias que pudessem legitimar e fomentar as ações do programa. Assim, o Despoluir chegou aos quatro cantos do país levando em sua chancela experiências bem-sucedidas e o aval de instituições
H
que tra ba lham em prol do meio ambiente. Uma entidade que contribui com o Despoluir é o Pnuma Brasil (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). O escritó rio brasileiro está organizado na capital federal. A coordenadora do Pnuma Brasil, Cristina Monte negro, conta que o Despoluir foi apresentado ao escritório antes de seu lançamento. “O Pnuma considerou o programa impor tante por vários motivos, dentre eles, a produção e o consumo sustentável.” De acordo com
Cristina , as ações propostas pelo Despoluir estão em consonância com o Pnuma. “Depois de conhecer o Despoluir, constatamos que ele se harmoniza com nossos temas. Chamou-nos a atenção a abrangência do Despoluir. Ao trabalhar com essa quantidade de associados e atender um número considerável de pessoas, o programa atinge um público muito grande.” Segundo a coordenadora, o Pnuma Brasil está formatando um plano de trabalho para atuar junto ao programa da CNT. “O
APOIO Labora
programa de capacitação irá contemplar o Programa Despoluir: o transporte de resíduos perigosos. Realizaremos convenções internas sobre o tema. O plano de trabalho está sendo estruturado pela equipe do Pnuma em Paris. O escritório brasileiro vai treinar os instrutores do Despoluir.” Outra parceria que também vem gerando bons frutos é realizada com a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), órgão ligado à Secretaria de Estado de
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CETESB/DIVULGAÇÃO
tório veicular da Cetesb, companhia que aderiu ao Programa Despoluir
Meio Ambiente de São Paulo. Olímpio de Melo Álvares Júnior, engenheiro da Cetesb, há pou co mais de um ano, procurou a Fetcesp (Federação das Empresas do Transporte de Cargas do Estado de São Paulo) com o in tuito de realizar um programa de medição de emissões veicu lares. Foi então que a Cetesb tomou conhecimento do Pro grama Despoluir. “Foi uma grata para nós a surpresa de que a CNT, por meio do Despoluir, já estivesse fazendo essas medi ções a todo vapor no ambiente
das garagens, antecipando-se até à ação da Cetesb, que cos tuma liderar iniciativas como essa. Aprendemos muita coisa nova com a experiência prática dos técnicos do Despoluir e, dessa forma, avançamos rápi do em nossos objetivos.” De acordo com Júnior, as ações do Despoluir em São Paulo têm contribuído para que a Cetesb fomente seu programa de fis calização. “Pretendemos im plantar em São Paulo, via regu lamentação estadual, um pro grama de fiscalização de emis -
são de fumaça fundamentado no uso do opacímetro.” Júnior acredita que o grande diferencial do Despoluir é a mudança de postura que o pro grama incutiu na cadeia do transporte brasileiro. “Além de produzir resultados pontuais diretos na redução das emissões de fumaça, o Despoluir atua de forma abrangente, ino culando no setor a cultura do transporte sustentável. Assim, o Despoluir torna perenes os resultados já alcançados, e vai mais além, ampliando os bene fícios ao meio ambiente”. Para o engenheiro, ações semelhantes ao Despoluir devem se tor nar uma constante em qualquer setor. “A CNT chegou lá. Precisamos de ações com uma visão similar ao Despoluir e, claro, educação. Se o Brasil acordar, talvez, dentro de algumas décadas, estaremos num plano mais elevado de civilização. A semente está lançada.” A Fiesp (Federação das In dústrias do Estado de São Paulo), através de seu escritório em Brasília, cooperou com o Programa Despoluir. A entidade auxiliou a elaboração dos primeiros manuais que orientam o tra balhador do transporte e seus gestores, quanto à reutilização dos materiais usados pelo setor, como óleo e bateria. O especia -
lista do departamento ambiental da Fiesp, Marco Antônio Ca minha, conta que a entidade passou por uma reestruturação interna, o que permitiu a aplicação de sua expertise no Despoluir. “No início da gestão de Pau lo Skaf (atual presidente da Fiesp), foram criadas outras áreas de atuação, com comitês de cadeias produtivas. A parceria com a CNT é importante porque a indústria produz o produ to final. A bateria que o caminhão utiliza é produzida pela indústria do setor de mineração. Então está tudo interligado. Essa conexão entre os setores é muito importante para disponibilizarmos um serviço de qualidade à população.” A experiência da Fiesp em relação à reutilização do óleo usado por veículos automotores é anterior ao Programa Despoluir. Por isso, seu conhecimento foi providencial para a confec ção dos ma nuais. “O Sindicato de Re-refino de Óleo, filiado à Fiesp, trabalha a reutilização do óleo de veículos. Seu acondicionamento e armazenamento, até que seja processado e reutilizado, são o foco do trabalho, assim como a bateria e outros componentes que fazem parte da boa presta ção de ser vi ço do ca mi nhão”, diz Caminha. ●
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ADESÃO DE NORTE
A SUL DO PAÍS EMPRESAS IMPLANTAM AÇÕES QUE GERAM ECONOMIA, MELHORAM O DESEMPENHO E REDUZEM A POLUIÇÃO frase estampada em uma peça publicitá ria ilustra bem a filo sofia do programa Despoluir: “Quem não cuida do meio ambiente é porque não regula bem”. O programa sur giu em meio às preocupações ambientais deste início do sé culo 21: aquecimento global e todas as suas conseqüências. Um ano depois, em 2008, o programa mostra-se bem su cedido e se espalhando por todo o Brasil. As unidades do Despoluir
A
são equipadas com opacíme tros (equipamentos que anali sam a fumaça emitida por mo tores a diesel) e já foram en viadas às federações de transportadores dos 27 Estados do país e o Distrito Federal. As unidades móveis verificam a emissão de poluentes dos veí culos, visando reduzir a polui ção e o consumo de combustí veis, com base nas determina ções do Conama (Conselho Na cional do Meio Ambiente). Sem a grande adesão das empresas, o programa não te -
ria o sucesso que alcançou. Por todo o País, as empresas contam como implantaram medidas simples, mas de muita eficácia com excelentes resultados em seus procedimentos operacionais, gerando econo mia e desempenho. VIAÇÃO JOANA D’ARC - LINHARES (ES) Na empresa capixaba com sede em Linhares (130 km de Vitória), o responsável pelos setores de Qualidade e Segurança do Trabalho, Marleno
Vendramine, diz que o Despoluir foi agregado a um programa vinculado às diretrizes de Qualidade Total da empresa. “Estabelecemos uma premiação bimestral aos participantes incentivando-os na economia de combustível. Os resultados foram imediatos e recebemos premiação em todas as edições do Prêmio Fetransportes de Qualidade do Ar - Qualiar, realizado pela Fetransportes, federação executora do Programa Despoluir no Espírito Santo.”
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RESULTADOS A Viação Urbana, com sede em Fortaleza (CE), conseguiu reduzir o consumo de combustíveis e óleos lubrificantes
Segundo ele, a empresa tem indicadores mostrando, tam bém, a aceitação externa das ações em favor do meio am biente. “Temos bons resultados junto à opinião pública, trazendo satisfação e, como resultados, maiores índices de passageiros”, afirma Vendra mine. Para obter esses níveis, a empresa ficou mais rigorosa em diversos parâmetros. “Acompanhamos de perto a manutenção e a revisão dos veículos. Também estamos
mais atentos ao consumo de combustíveis, trabalhando continuamente nas calibra gens e regulagens nas válvulas e bombas.”
RAIO X Área de atuação: Transporte urbano de passageiros Frota: 78 veículos Funcionários: 325 Tempo de atividade: 39 anos
BRECHA - TRANSPORTES E TURISMO - MANAUS (AM) Em plena Amazônia, a Brecha - Transportes e Turismo já aprendeu a conviver com rígi das leis am bien tais, como atesta o gerente de Manutenção da empresa, José Soares da Silva. Segundo ele, o técnico da Despoluir faz um levantamento completo em termos de emissão de gases em toda a frota da empresa. O gerente da Brecha diz que a empresa saiu ganhando em termos de
imagem, já que trabalha com um segmento responsável por significativa parcela de geração de emprego e renda na capital amazonense: o turis mo. “O aten di men to fi cou mais eficiente”, afirma Soa res. VICASA - CANOAS, CACHOEIRINHA, GRAVATAÍ E MORUNGAVA E PORTO ALEGRE (RS) Se a economia de combustível da frota de 400 veículos da Vicasa foi um dos primeiros re-
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VICASA/DIVULGAÇÃO
RAIO X Área de atuação: Fretamento e turismo Frota: 115 veículos Funcionários: 150 Tempo de atividade: 16 anos
QUALIDADE A Vicasa é uma das pioneiras na implantação do Despoluir na região Sul
sultados práticos da ação do Despoluir, a satisfação da empresa foi constatar, também, que alguns veículos operavam em níveis de emissão inferiores ao recomendado pelas normas. “A Vicasa se sentiu orgulhosa de ser uma das pioneiras do Despoluir na região Sul”, de clara o gerente de Planejamen to da empresa, Flávio Caldasso. O Despoluir iniciou suas ati vidades em fevereiro deste ano. “A partir da constatação desses níveis, o departamento de ma nutenção da Vicasa desenca deou ações corretivas para a re gulagem destes veículos, que num prazo pequeno voltou a operar com plena certeza de es tar com sua frota nas condições ideais quanto à emissão dos gases poluentes”, diz Caldasso. As medições foram feitas por técnicos do Despoluir da Fetergs (Federação das Em-
presas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul), e os motoristas foram os primeiros a perceber a economia de combustível e a melhoria na qualidade de desempenho dos veículos. VIAÇÃO URBANA FORTALEZA (CE) Conseguir com que todos os veículos fossem aprovados em testes de emissão de gases, contra 50% em aferições anteriores, foi o resultado
RAIO X Área de atuação: Transporte intermunicipal de passageiros Frota: 400 veículos Funcionários: 1.700 Tempo de atividade: 65 anos
mais visível da Viação Urbana após ter aderido ao Despoluir. “Houve uma mudança de postura com relação às revisões programadas dos veículos, passamos a verificar itens que não estavam de acordo com a aferição de fumaça medida pelo opacímetro. Todos os veículos são aferidos pela Cepimar (Federação das Empresas de Transporte Rodoviário dos Estados do Ceará, Piauí e Ma ranhão”, diz o gerente de Manutenção, Valdir Santos. Com os primeiros resultados trazendo, além da melhoria para o meio ambiente, a redução no consumo de combustível e óleos lubrificantes, a empresa adotou novos pro cedimentos. “São realizadas ações programadas de verificação de vazamentos de óleo lubrificante, ar comprimido e óleo diesel, troca de filtros
com quilometragem menor e de bicos injetores nas revi sões programadas. Melhoramos nosso desempenho operacional”, diz Santos. Além dos procedimentos operacionais e melhoria nas estatísticas de eficiência e desempenho, a Viação Urbana sente-se satisfeita com o retorno para sua imagem: “Já rece bemos vários prêmios como o de Melhoria da Qualidade do Ar, Despoluir e o Selo Empresa 100%”, diz o gerente. ●
RAIO X Área de atuação: Transporte urbano de passageiros Frota: 212 veículos Funcionários: 915 Tempo de atividade: 12 anos
SEGURANÇA MARÍTIMA
POR EDSON CRUZ
a madrugada de 19 de março deste ano, o carguei ro In de pen den te, de ban deira brasileira e carregado com chinelos e borrachas, foi alvo de ataque de piratas no Porto de Santos, o maior do país. A embarcação já havia sido invadida 15 dias antes quando um grupo de piratas arrombou 11 contêineres que con ti nham gar ra fas PET e produtos químicos, mas nes sa primeira investida eles não levaram nada. Esses foram dois dos quatro ataques registrados este ano em Santos. Nos úl ti mos três anos, as ocorrências têm diminuído. Em 2006, 13 embarcações fo ram invadidas e, no ano pas sa do, os pi ra tas ata ca ram nove navios. Uma realidade que mudou bastante desde a década de 80, quando o Porto de Santos era considerado um dos mais inseguros do mundo. Naquela época, a ousadia era tanta que os pi ra tas fa ziam um grande ataque a cada 15 dias. Os pi ra tas se sofisti ca ram tanto que usavam lanchas ve -
N
CERCO AO TECNOLOGIA, MAIOR EFETIVO POLICIAL E PATRULHAME lozes, obtinham informações privilegiadas sobre uma de terminada carga de grande valor e até sabiam como elas eram embaladas. Os produtos rou ba dos eram re passa dos para grandes redes de distri buição por todo o país. Para transportar cargas, os arma dores passaram a cobrar so bretaxas nos fretes. A situação começou a me lhorar nos anos 90, quando a Polícia Federal passou a fazer
ações mais ostensivas, apare lhada com lanchas, e, com o aumento do efetivo de policiais, conseguiu desarticular muitas quadrilhas de piratas. Nesse período, foi criado o Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima). Os policiais passaram a realizar plantões em turnos de 24 horas, fazer operações programadas em ilhas e vistoriar embarcações no litoral santista. Os patrulhamentos passaram a ser ro-
tineiros e todo o efetivo policial fez cursos de reciclagem. A diminuição dos ataques foi visível, mas não impediu uma outra grande investida dos piratas em outubro de 2006. Um carregamento com 12,5 bilhões de guaranis (moeda do Paraguai, equivalente cerca de R$ 5 milhões) foi extravia do do navio Alian ça Mauá. Os piratas abriram 45 caixas (havia 200 no navio) e fugiram em uma potente lan-
CODESP/DIVULGAÇÃO
de refém”, diz o vice-presidente do Sindamar (Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo), José Roque. De acordo com ele, os ataques são feitos de forma aleatória, ou seja, sem conhecer o volume das cargas transportadas, os piratas, mascarados e fortemen te ar ma dos, ar rom bam os con têi ne res in dis tin ta mente e só levam as mercadorias que lhes interessam. O serviço de inteligência da Polícia Federal identificou que, hoje em dia, há dois tipos de piratas no Brasil: os que são ligados às máfias especializadas em roubos de todo tipo de carga e que até seqüestram vítimas para exigir continua e ainda está sendo resgates e os que são formainvestigado. dos por pescadores pobres Nas últimas ações regis - que optam por roubar navios tradas em 2008 no Porto de como forma de subsistência, Santos, os piratas agiram da já que não conseguem susmesma forma. “Eles atacam tentar suas famílias apenas sempre de madrugada, em com o dinheiro da pesca. grupos de seis a oito pes Os ata ques devem fi car soas. Op tam, pre fe ren cial - ainda mais raros em Santos. mente, por embarcações fun- No início de julho, os adminisdeadas na Barra (ancoradas tradores da zona portuária em local externo ao Porto à con se gui ram con cluir as espera da atracagem). No úl- obras de adequações necestimo navio, fizeram o oficial sárias para conquistar o ISPS
S PIRATAS
NTO OSTENSIVO REDUZEM ASSALTOS AOS PORTOS “Eles atacam sempre de madrugada, em grupos de seis a oito pessoas” JOSÉ ROQUE VICE-PRESIDENTE DO SINDAMAR
cha. Cada caixa possuía 50 mil notas de 50 mil guaranis (em torno de R$ 20). Uma companhia francesa, que ven ceu a concorrência do Banco Central do Paraguai, imprimiu as notas que seriam descarre gadas em Montevidéu e segui riam, via fluvial, na embarca ção cargueira Doña Margarita até a capital Assunção. Algu mas prisões foram realizadas, mas o mistério envolvendo o sumiço do dinheiro paraguaio
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Code. A certificação surgiu na esteira dos trágicos atentados de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O ISPS é um código internacional que visa à segurança e à proteção de navios em zonas portuárias, elaborado pela IMO (Organização Marítima Internacional), órgão que integra a ONU (Organização das Nações Unidas). Quando instituiu o ISPS em 2003, a IMO alertou a todos os ad mi nistra do res de por tos que os complexos que não atendessem às normas de segurança seriam considerados inseguros para o atendimento do comércio exterior e figurariam numa “lista negra” internacional. Por enquanto, o Porto de Santos possui apenas um Termo de Aptidão, que re presenta que um determinado por to está desenvol ven do ações para implementar planos de segurança. Para as reformas, a Codesp (Companhia das Docas do Es tado de São Paulo), que admi nistra o Porto de Santos, já destinou R$ 34 milhões. Agora, para se ter acesso ao terminal, os trabalhadores terão que possuir um crachá com dados pessoais e fotos. As exigências aumentam ainda
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SEGURO Porto do Rio de Janeiro está há oito anos sem registro de acões de piratas, segundo o ge
mais com relação a pessoas que precisam ter contato di reto com as em barca ções. Nesse caso, o tra ba lha dor terá que passar por uma leitu ra biométrica de mãos (atra vés de impressões digitais, o sistema vai verificar a identi dade dele). Está prevista a distribuição de 45 mil cra chás. Além disso, 228 câmeras fa rão o mo ni to ra men to de todo o movimento do porto, que terá ainda 28 portões de acesso, recém-construídos. De acordo com o presiden te da Codesp, Jose Di Bella
Fiho, o ISPS Code é um pro cesso contínuo que nunca vai terminar de ser aperfeiçoado com o uso de novas tecnologias. “Agora, estamos trabalhando apenas a parte operacional, como o treinamento da Guarda Portuária, e intensi fi can do o ca dastra men to dos usuários do sistema”, diz o dirigente. Com as ações de implantação do ISPS Code, o movimento de cargas do por to já registrou um aumento de 25,23% entre janeiro e março deste ano. As im por ta ções cresceram 8,1%, chegando a
US$ 11,6 bilhões, e as exportações alcançaram US$ 14,7 bilhões, com au men to de 13,95%. Apesar de pouco divulgado, ataques de piratas tam bém têm acontecido em grande número nos rios da Amazô nia, principalmente nas proximidades de Manaus. Nos quatro ataques registrados entre janeiro e fevereiro deste ano, os piratas usaram embarcações velozes, com um bom sistema de comunicação, e renderam barcos de turistas. De acordo com o Sindarpa
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CIA DE DOCAS DO RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO
ISTOCKPHOTO
rente de tráfego marítimo Jesuíno Alves
(Sindicado das Empresas de Navegação Pluvial) as ações têm sido realizadas com ex trema violência e muitas ve zes os piratas humilham e tor turam os tripulantes e até estupram mulheres. Pelo menos a grande vio lência mostrada e estampada nas manchetes dos principais jornais do país nos últimos meses não foi transportada para o Porto do Rio de Janeiro. “Nem me lembro de quan do aconteceu a última investi da de piratas a navios em nossas águas. Nos últimos oito
ATAQUES Levantamento do IMB aponta prejuízo de US$ 25 bilhões anuais com a pirataria
anos, não há registro”, diz o gerente de tráfego marítimo da Baía da Guanabara, Jesuíno Alves. Ele afirma que houve uma época crítica perto dos anos 80, em que os ataques eram em grande número, mas que, com o surgimento do Ne pom (atualmente, Depom – De legacia Especial de Polícia Ma rítima), em 1999, os saques e assaltos desapareceram. Pira taria mesmo no Porto do Rio de Janeiro hoje e que não pára de crescer é apenas de produtos falsificados. Diferentemente do Rio de Ja -
neiro, no mundo inteiro a pirata ria marítima tem sido um grande problema para o comércio exterior. Um estudo do IMB (International Maritime Bureau), entidade que gerencia o sistema de navegação de todos os portos do mundo inteiro, mostra que foram registrados 263 ataques de pira tas em 2007, um crescimento de 10% em relação a 2006. Os pontos mais perigosos se localizam na Indonésia, Nigéria e Somália. Na América do Sul, O IMB caracterizou como vulneráveis Santos e um porto localizado no Peru. Atualmente, estima-se que
80% do comércio mundial aconteçam por mar. Os navios são construídos com uma ca pacidade cada vez maior, com a possibilidade de transpor tar cargas as mais diversas possí veis. Segundo levantamento do IMB, o prejuízo já é na ordem de US$ 25 bilhões anuais. Prejuízo maior é revelado por meio dos números que envol vem vítimas. Segundo ainda o IMB, na última década, pelo me nos 3.200 pessoas ficaram re féns, outras 500 ficaram feri das e 150 morreram nas mãos de quadrilhas de piratas. ●
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NAVEGAÇÃO
SOLUÇÕES A CAMINHO SECRETARIA ESPECIAL DE PORTOS QUER PARCERIA COM CNT PARA DESENVOLVER O SETOR POR
JORGE MENEZES
s problemas são muitos: sinalização náutica inexistente ou defasada tecnologicamente, serviço de praticagem sem concorrência efetiva, cabotagem com excesso de burocracia, cobrança de amarração e desamarração de navios nos portos de forma burocrática, como se fosse um serviço diferenciado daque le que se pretende ao se atracar um na vio no porto, falta de dragagem de manutenção e de aprofundamento em al guns portos, falta de definição de autoridade competente para o anúncio de pro fundidade oficial dos portos e muitos outros entraves. Tudo isso tem tirado a competitividade dos serviços portuários e da navegação brasileiros e o sono dos empresários que atuam na atividade. Para tentar melhorar as condições de exploração do grande potencial eco nômico da navegação e da área portuá -
O
ria brasileiras, os empresários do setor aquaviário, representados pela Fenave ga (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário) e pela Fena mar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), ligadas à CNT, estiveram reunidos na sede da confederação, em Brasília, com o ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito. Na pauta, a insatisfação com a pere nidade dos problemas e o descompromisso das autoridades com soluções efetivas e duradouras. Para que os debates envolvessem todos os aspectos do transporte na ques tão portuária, participaram também da reunião o vice-presidente da CNT na área de carga, Newton Gibson, o presidente da seção cargas da CNT, Flávio Benatti, o presidente da seção de transporte ferro viário da CNT, Rodrigo Vilaça, e o presi-
FOTOS JÚLIO FERNANDES
DEBATE Ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, em evento com representantes do setor aquaviário
dente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Fer roviários), Júlio Fontana Neto. Lembrando da participação do setor nos bons resultados das exportações e importações e em conseqüência no desem penho positivo atual da economia brasileira, o vice-presidente da CNT para Transporte Aqua viário, Meton Soares Júnior, dis se ao ministro que “o setor portuário nacional é composto por gente competente que luta para o progresso nacional, sabendo que o aperfeiçoamento da infraestrutura do setor representa melhores condições de crescimento econômico para o país”. Respondendo pontualmente aos problemas apresentados, indicando diversos projetos, em implantação ou em fase de licitação, como parte das soluções, o ministro Pedro Brito reconheceu a legitimidade das reivindicações dos empresários e convidou a CNT para atuação con junta na proposição de novas soluções para o desenvolvimen to do sistema portuário e da navegação brasileira. Para o ministro, o tratamento intermodal e a visão global que a CNT mantém sobre todo o sistema transportador precisam ser aproveitados também para o desenvolvimento dos portos. No encontro, o presidente da Seção de Transporte Aquaviário da CNT e presidente da Fenamar, Glen Gordon Findlay, apre-
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sentou ao ministro as principais dificuldades do setor, destacando a necessidade de soluções integradas para os problemas. Gordon Findlay disse que pouco adianta “a duplicação de rodovias de acesso aos portos se a profundidade não permite a atracação de grandes navios”. Segundo o dirigente completou, não servem “portos com boas profundidades se os acessos, rodoviários ou ferroviários não estiverem compatíveis com a movimentação”. Para Findlay, são muitos os desafios colocados para se resolver os entraves ao tráfego portuário, desde melhorar ou implantar sistema moderno de sinalização até promover a con corrência efetiva na praticagem. O presidente da Fenamar defendeu ainda facilidades bu rocráticas para a navegação de cabotagem. “Não é possível que essa navegação receba o mes mo impacto burocrático que a navegação de longa distância.” O representante do transpor te aquaviário da CNT defendeu também mudanças na legisla ção para o prazo de atuação de empresas de dragagens. Para ele, o mercado se tornaria mui to mais atraente se o prazo dos serviços concedidos passasse de cinco para 15 anos. Gordon
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DESAFIOS Reunião em Brasília discutiu os problemas que têm tirado competitividade dos serviços
Findlay espera que sejam reto mados com urgência e regulari dade os serviços de dragagem de aprofundamento e de manu tenção nos portos brasileiros e pediu ainda a prática sistemáti ca da divulgação, por parte das autoridades portuárias, da pro fundidade oficial dos portos. A falta de investimentos prioritários, com realocação de re cursos em outras finalidades, e orçamento inconsistente são as origens dos principais proble mas da atividade portuária na opinião do vice-presidente da Câmara Brasileira de Contêine -
res, Transporte Ferroviário e Multimodal, Aluisio Sobreira. Para ele, todos os portos brasileiros têm problemas e “as soluções devem ser buscadas com urgência, uma vez que o comércio exterior é o principal responsável pelo bom desempenho econômico do país e as exporta ções dependem de uma boa infra-estrutura portuária.” Sobreira também defende a urgência na retomada dos serviços de dragagem. “A falta ou irregularidade na contratação e execução dos serviços de dragagem em praticamente todos
HÁ UMA DEMANDA DE
1.000 BALSAS NOS PRÓXIMOS CINCO ANOS
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reivindicou maior atenção do governo federal para a navegação interior, lembrando da potencialidade do modal para o transporte de carga, especialmente na região amazônica. De acordo com ele, a previsão do volume de carga a ser transportado, nos próximos cinco anos, pelo setor, é de 12 milhões de toneladas/ano de grãos, 12 milhões de toneladas/ano de minério de ferro, pelo rio Tocantins, 4 milhões de tonelada/ano de carga geral, 1 milhão de tonelada/ano de gado e 5 milhões de metros cúbicos/ano de petróleo. Na avaliação do presidente portuários e da navegação brasileiros e prejudicado as empresas do setor da Fenavega, há uma demanda estimada de mil balsas com capacidade de 1.500 toneladas e os portos do sistema portuário pender de recursos da União, 150 rebocadores nos próximos nacional provocou a redução mas esses recursos terminam cinco anos. Rebelo Neto destadas profundidades e, obviamen- por atender outras despesas, cou as principais dificuldades te, dos calados de serviço, con - como custos administrativos e para navegação naquela região: dição que passou a onerar os provisão para atender deman - insuficiência de embarcações custos de navegação, via redu- das judiciais”. especializadas; insuficiência de ção de escala no volume trans O problema da dragagem no estaleiros navais na região; falportado por navio.” Brasil tem perfil sistêmico, na ta de investimento em terminais Segundo Sobreira, todos os opinião de Sobreira, e não cir - fluviais e marítimos especializaportos contam com recursos cunstancial. “Não se trata da dos para a navegação interior; originados nas tarifas de acesso falta de execução dos serviços falta de investimento nas hidro aquaviário cobradas, suficien - de dragagem em um determina - vias; baixa utilização ou infortes para financiar os custos das do porto e sim em praticamente mações não confiáveis sobre as obras de dragagem, “o que em todos os portos nacionais, salvo reais condições de navegabilitese deveria ser o bastante para raras exceções.” dade dos rios e suas sazonalidacobrir os custos decorrentes da Luiz Rebelo Neto, diretor da des; deficiências na formação execução dos serviços sem de - CNT e presidente da Fenavega de mão de obra especializadas;
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falta de ferramentas de controle e gestão especializadas no setor e licenças ambientais para os terminais. Durante o encontro, os em presários da navegação pediram ao ministro que não fossem mais nomeados representantes para os Conselhos de Autoridades Portuária (CAPs) sem vinculação com a realida de de cada porto. Criados pela lei dos portos, os CAPs têm, le galmente, funções muito mais relevantes do que as que lhes são atribuídas na prática. O ministro prometeu que, a par tir de agora, iria indicar pessoas de sua confiança e integradas às questões portuárias de cada região. Sobre a retomada dos serviços de dragagem, o ministro da Secre taria Especial de Portos disse que considera a questão resolvida, acrescentando que a grande maioria dos projetos foi incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e já estaria em fase de licitação. Em resposta ao convite do ministro Pedro Brito, Meton Soares Júnior, em nome dos representantes do setor aquaviário, assegurou que a CNT vai desenvolver estudos, propor as melhores so luções e apresentá-las ao governo em novo e breve encontro. ●
AVIAÇÃO
TERMINAIS D
VALMIR LEITE/AGCOM/DIVULGAÇÃO
GOVERNO RETÉM BILHÕES DE REAIS QUE DEVERIAM SER DESTINADOS A MELHORAR, REAPARELHAR, REFORMAR E EXPANDIR OS PEQUENOS AEROPORTOS DO PAÍS
ESPREZADOS
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CARLOS PANTALEÃO/DIVULGAÇÃO
POR
HERALDO LEITE
s filas nos aeroportos voltaram ao normal, não houve mais aci den tes de pro porções trágicas e o caos aéreo parece ter sumido do no ti ciá rio, mas o siste ma de trans por te aé reo bra si lei ro ainda está longe do ideal. Nos cofres públicos, um montante de R$ 2,1 bilhões não foi aplicado como deveria: em melhoramentos, reaparelhamento, reforma e expansão de instalações aeroportuárias e da rede de telecomunicações e auxílio à navegação aérea. A maior parte da verba retida vem do Fundo Aeronáutico, R$ 1,5 bilhão, e os outros R$ 600 milhões são do Profaa (Pro grama Federal de Auxílio a Ae roportos). A situação não é recente. No governo Fernando Henri que Cardoso (1994-2001) o contingenciamento alcançou 51,2% das verbas do Profaa e piorou no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que nos últimos cinco anos reteve 78,5% dos recursos. Desde março, o ge renciamento desses recursos saiu do Ministério da Defesa e passou a ser responsabilidade da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que informa que este ano os investimen -
A
VERBA Reforma do aeroporto de João Pessoa foi orçada em R$ 18 milhões pela Infraero
tos do Profaa vão chegar a R$ 109 milhões. A justificativa é que a maioria dos projetos apresentados pelos Estados foi rejeitada por não ter cum prido uma série de exigências – documentação, estudos de impacto ambiental, licitações impecáveis etc. Há também as restrições do período eleito ral, mas a Anac garante que após as eleições as liberações serão normalizadas. Todo esse volume sai do
bolso das empresas aéreas e dos passageiros. Uma taxa conhecida como Ataero (Adicional de Tarifa Aeroportuária) retém 38,5% para o Fundo Aeronáutico, 20% para o Profaa e 41,5% para a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). As taxas incidem sobre pouso e de permanência, embarque doméstico, armazenagem e capatazia (serviço de movimen ta ção de merca do rias do
avião para armazéns e viceversa). Elas estão em vigor desde 1989. O dinheiro retido é conhecido como “verba carimbada”, ou seja, não pode ter outro destino que não seja o fim para o qual foi criado: reforma e ampliação de aeroportos de pequeno e médio portes que não estejam sob a administração da Infraero. Retida, a verba atende a uma manobra contábil, é liberada a conta-
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PRIMO RICO
Infraero investe R$ 3,8 bi Responsável pela administração de 67 aeroportos, em todo o Brasil, por onde pousam e decolam 97% do transporte aéreo brasileiro, a Infraero calcula que vai investir R$ 3,8 bilhões até 2011 nas áreas de logística e infra-estrutura. Desse total, R$ 2,8 bilhões saem dos cofres públicos via PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e o R$ 1 bilhão restante sai contabilizado da Infraero. O maior investimento já foi realizado em melhorias no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Obras de construção do grooving (ranhuras na pista), recapeamento da pista principal e melhorias no acesso de passageiros com terminal de táxi e um túnel ligando à avenida de acesso já consumiram mais de R$ 55 milhões. Como as melhorias em Congonhas não resolveram o principal problema, que era a sobrecarga de vôos e passageiros, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, deve re ceber mais R$ 1 bilhão até 2010. Estão previstas a construção de um terceiro terminal, além de mais dois pá tios. Viracopos, em Campi nas, a pouco mais de 100 km da capital, deve ganhar a se gunda pista até setembro do ano que vem, com previsão de investimentos de R$ 160 milhões. As primeiras ações de desapropriação começam a ser ajuizadas neste mês de julho. Em até 30 dias vão ser chamados os primei -
ros moradores para fechar os acordos de desapropriação com 200 famílias, informou a Infraero. A empresa prevê que o aeroporto de Campinas deve ser o mais importante do país e até 2030 o maior do hemisfério sul, com um movimento em torno dos 60 milhões de passageiros por ano. Os dois aeroportos do Rio de Janeiro também estão no plano de investimentos da Infraero. Juntos, receberam investimentos superiores a R$ 700 milhões. No Santos Dumont a reforma e a ampliação do terminal de passageiros, pistas e pátios custou R$ 392,8 milhões. No Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, a nova pista principal, em operação desde junho, recebeu in vestimentos de R$ 11 milhões. Ainda no papel, a reforma total do Terminal 2 de passageiros e a amplia ção do Terminal 1 prevêem investimentos da ordem de R$ 400 milhões. A Infraero ainda divulgou que fez investimentos nos aeroportos de Brasília, Porto Alegre, Porto Velho, Corumbá, João Pessoa e Uberaba. Na Paraíba, a reforma do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto foi orçada em R$ 18 milhões. Em Mato Grosso, o Aeroporto Internacional de Corumbá terá reformas no pátio das aeronaves e no sistema de iluminação a um custo estimado de R$ 18,5 milhões.
MARCELLO LOBO
ALTERNATIVA Viracopos é aposta para desafogar Congonhas
gotas e serve para fazer caixa e cumprir metas fiscais e do superávit primário. O regulamento do Fundo, aprovado em 1957, deixa claro que seus recursos “só podem ser aplicados em benefício do Ministério da Aeronáutica e de sua representação” e a chave do cofre fica com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Enquanto isso, a Anac informa que já notificou 175 aeródromos (área destinada a
pouso e decolagens, porém sem terminal de passageiros) de pequeno e médio portes para que corrijam seus procedimentos de segurança, no entanto, alegando questões de segurança, a Anac não di vulgou a localização de aeroportos com problemas de “segurança contra atos ilícitos”, justamente para preservá-los. São locais onde o controle de embarque e desembarque de passageiros não possui (ou
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ESTÃO RETIDOS
R$ 2,1
AEROPORTO DE UBERLÂNDIA/DIVULGAÇÃO
MODERNIZAÇÃO Aeroporto de Uberlândia inaugurou obras de ampliação em 2005
tem deficiências) nos procedi mentos como equipamentos de raios X, controle de acesso a áreas restritas nos aeroportos e o transporte de objetos perigosos na bagagem, entre outros. Para a agência, a di vulgação tornaria os locais ainda mais suscetíveis. De acordo com a legislação brasilera e as recomendações internacionais da OACI (Organização de Aviação Civil Internacional), no caso de proble-
mas relacionados à segurança contra atos ilícitos, todos os administradores foram notifi cados e o prazo expirou em 15 de junho para que regularizem seus procedimentos. Segundo a Anac, esses aeródromos es tarão sujeitos à proibição de vôos regulares ou mesmo à in terdição total até que as fa lhas sejam sanadas. Com relação aos problemas de ordem operacional, a agên cia de aviação alega que são
questões mais complexas e variam muito de acordo com a localidade e envolvem procedimentos e técnicas como manutenção da pista, distância mínima entre a pista de pouso e de rolamento, existência de equipamentos de combate a incêndio, proibição de obstáculos, tais como edifícios nas proximidades do aeródromo e de lixões no entorno (que atraem pássaros que podem se chocar com as aeronaves).
Por meio de dados da Anac, a maior incidência de problemas em ae ró dro mos com vôos regulares ocorre na região Norte (31 localidades). Em seguida, estão as regiões Sudeste (12), Sul (11), CentroOeste (dez) e Nordeste (dois). A estimativa da Anac é que a demanda desses aeroportos seja da ordem de 5 milhões de passageiros por ano. Já estão previstas a liberação de R$ 53,9 milhões para reformas e ampliações e R$ 37,9 milhões para a constru ção de novos aeródromos. O Con gresso iden ti fi cou dois aeroportos prioritários para receber investimentos: Ji-Paraná (RO) e Porto Seguro (BA). Também estão calculados investimentos em aeropor tos de Ribeirão Preto (SP); Mossoró (RN); Vitória da Conquista (BA); Penedo (AL); Camocim (CE); Canindé de São Francisco (SE); Cururupu (MA); Serra Talhada (PE); Carauari (AM); Rorainópolis (RR); São Félix do Xingu (PA); São Joaquim (SC); Si nop (MT) e Va ca ria (RS). Outros investimentos se destinam a estimular o turis mo – além de Porto Seguro, há os casos de Angra dos Reis e de Cabo Frio, no Rio, e de Caldas Novas, em Goiás. Quem vive na pele o proble-
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BILHÕES NOS COFRES PÚBLICOS AEROPORTO DE ANGRA DOS REIS/DIVULGAÇÃO
MELHORIAS Aeroporto de Angra dos Reis deve receber recursos para estimular o turismo
ma de verbas sendo liberadas a conta-gotas é o gerente do Proaero (Programa Aeropor tuário de Minas Gerais), Júlio César Diniz Oliveira. Três aero portos em território mineiro estão entre os que aguardam as verbas serem liberadas em Brasília: Governador Valada res, Ubá e Sete Lagoas. Segun do Oliveira, todos os trâmites legais foram cumpridos, com a apresentação dentro dos pra zos e a contrapartida de 30%
do Estado, mas a verba do Profaa não foi totalmente disponibilizada. Em Valadares, por exemplo, as obras foram orçadas em R$ 20 milhões – R$ 13,4 milhões via Profaa, com os R$ 7,6 milhões restantes bancados pelo governo de Mi nas, mas de Brasília vieram exatos R$ 3.768.525,33. “Vou utilizar o dinheiro, mas não atende às nossas ne cessidades e as obras vão ficar paradas. Para se ter uma idéia,
o aeroporto tem capacidade de receber aeronaves com capacidade para até 58 pessoas, porém só podem viajar 26 por causa das condições físicas do local”, diz Júlio César. Para o professor do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e engenheiro de infra-estrutura aeronáutica, Cláudio Jorge Pinto Alves, o que falta é um Plano Aeroviário Nacional que, segundo ele, sempre foi prometido, governo após go-
verno, mas nunca saiu do papel. De acordo com o professor, os gargalos do sistema aéreo foram resolvidos pelas pró prias empresas aéreas sem que fosse necessária a intervenção da Anac. “As próprias companhias redesenharam rotas e começaram a desafogar São Paulo, principalmente o Aeroporto de Congonhas. Não foi preciso nenhuma resolução ou determinação da Anac.” A preocupação com a retenção das verbas parte de dentro do próprio governo. Em 2003, uma resolução do Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil), órgão de assessoramento do presidente da República para a formulação da política nacional de aviação ci vil, cria do em 2000, alertava: “A diminuição dos recursos aplicados nessa ativi da de pro duz re flexos na própria segurança dos vôos, podendo acarretar a degrada ção do sistema, sendo que, além dos efeitos danosos sobre o custo do transporte aéreo, pode obrigar o Comando da Aeronáutica, por medida de segurança, a adotar um controle de tráfego aéreo nos níveis convencionais existentes no passado”. Pelo visto, o documento não sensibilizou ● as autoridades.
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RODOVIÁRIO
REALIDADES DISTINTAS ESTRUTURA PARA O CAMINHONEIRO NA EUROPA E NOS EUA É SONHO PARA QUEM RODA NO MERCOSUL POR
seriado “Carga Pesa da”, apresen ta do pela Rede Globo pela pri mei ra vez em 1979, sempre retratou a dura vida de caminhoneiros e os problemas enfrentados pela categoria. Insegurança e má con ser va ção das estra das, pressão para entrega das cargas e, principalmente, preca riedade dos apoios rodoviá rios brasileiros (locais em que caminhoneiros e motoristas de ônibus se utilizam para fa zer paradas de descanso e recuperar as energias perdidas)
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EDSON CRUZ
foram revelados durante os vá rios epi só dios da sé rie. Quem pensa que a realidade brasileira é ruim nem imagina o que os motoristas brasilei ros vivenciam em algumas es tradas do exterior. Vice-presi den te da ABTI (Asso cia ção Bra si lei ra de Trans por ta do res In ter na cio nais) e empresário do setor, José Carlos Becker diz que os caminhoneiros que trafegam por Uruguai, Argentina, Para guai e Chile convivem diaria mente com uma série de pro ble mas se me lhan tes e até
bem piores dos que os apresen ta dos no pro gra ma. “A vida de caminhoneiro no Mercosul não é nada fácil e os pro ble mas se mul ti pli cam”, diz o empresário. Há cerca de três meses, um dos ca mi nho nei ros de sua empresa passou por um grande pro ble ma na Argen ti na. Depois de sentir a respiração ofegante e dores no corpo, procurou um posto de atendimento médico em uma cidade do país vizinho. O médico que o atendeu o dispensou em pou cos mi nu tos e re cei tou
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Unidade em MG se destaca no atendimento Restaurantes pouco higiênicos, camas velhas e desconfortáveis e estacionamentos inseguros. Por muitos anos, essa realidade foi transmitida para milhões de brasileiros por meio do seriado “Carga Pesada”, mas nos últimos anos muita coisa mudou através das Unidades Operacionais do Sest/Senat. Atualmente, as unidades se encontram instaladas em mais de 50 postos de abaste cimento por todo o país. Neles, os profissionais do volante (caminhoneiros, motoris tas de ônibus e profissionais autônomos de transporte e suas famílias) dispõem de uma variedade de serviços oferecidos gratuitamente. Em todas as Unidades Operacionais são ofertadas assistências médica e odon tológica em consultórios do tados com equipamentos modernos e profissionais especializados. Além de con sultas e exames médicos de praxe, esses profissionais recebem informações e as sistem a vídeos e participam
de palestras sobre drogas, doenças sexualmente transmissíveis e diabetes. O setor odontológico permite que os motoristas façam extrações e obturações de emergência. O mais importante é que o atendimento pode ter continuidade em outros postos. Os profissionais e suas famílias são cadastrados e os dados são integrados ao banco de dados geral das unidades e podem ser aces sados em todo o país. Referência entre as Unidades Operacionais, o de João Monlevade, localizado no Posto Marfim nas BRs-262 e 381, em João Monlevade (MG), atende em média 30 motoristas diariamente. Dois médicos e dois dentis tas trabalham em turnos de revezamento, inclusive aos sábados e domingos. O dife rencial fica por conta das especialidades. A Unidade Ope racional de João Monlevade possui cardiologista e é es pecializado em diagnóstico de câncer bucal. Durante os atendimentos, 12 casos de
câncer bucal já foram diagnosticados. A unidade ainda oferece habitualmente cursos de manuseio de cargas perigosas. Campanhas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e de combate à exploração sexual infan til são rea li za das em blitze no trecho da unidade de Monlevade pelo menos duas vezes por mês, com distribuição de folhetos informativos e preservativos. Situado na chamada rodovia da morte, local onde ocorre o maior número de aci den tes re gistra dos no Brasil, o posto tem realizado também campanhas de esclarecimento e preven ção de acidentes. Fundada há nove anos, a unidade de João Monlevade, em parceria com os proprietários do Posto Marfim, ainda oferece aos caminhoneiros duchas, lavanderia e café gratuitos. “A nossa Uni dade Operacional é referência para todos os caminho neiros que passam pela 381.
Alguns caminhoneiros do Sul do país aproveitam as férias escolares para trazer filhos para se tratarem conosco”, diz a gerente Joanete Oliveira Rodrigues Erbet. Para segurança dos cami nhoneiros, o posto ainda possui um amplo estacionamento com vigilância 24h. A administradora da Unidade Operacional pretende ainda incorporar em breve uma unidade da Ancipode (Associação de Deficientes Físicos de João Monlevade) para atender exmotoristas profissionais que se aposentaram por invalidez. “Queremos dar dignidade para essas pessoas. Reinseri-las no mercado de trabalho depois que elas freqüentarem cursos profissionalizantes.” Um bom aten di men to que motoristas estrangeiros sempre elogiam. A Unida de Ope ra cio nal aten de ainda caminhoneiros argentinos, chilenos, uruguaios e pa ra guaios. “Eles sem pre dizem que infelizmente não têm o mesmo atendimento em seu próprio país.”
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TRANQÜILIDADE Pátio da unidade do Sest/Senat em Guarulhos, que presta apoio aos caminhoneiros em viagem por São Paulo
uma medicação leve, dizendo que se tratava de um simples problema de saúde. A viagem de regresso ao Brasil foi uma das piores da vida daquele caminhoneiro. “Ele notou que sua visão es curecia constantemente e en con trou gran de di fi cul da de para chegar ao Rio Grande do Sul”, diz José Becker. Depois de uma bateria de exames so licitados por um médico bra sileiro, o caminhoneiro cons tatou que estava com graves problemas cardíacos e que sua vida esteve por um fio.
Residente em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o caminho nei ro Pau lo Cé sar Dias Fernandes, 36 anos, há 15 faz pelo me nos três via gens mensais para a Argentina e reclama da pouca infra-es trutura da maioria das estações aduaneiras. “Não há priva ci da de nos ba nhei ros e eles fi cam in tran si tá veis. Cos tu mam exis tir ape nas dois banheiros para atender a deze nas de ca mi nho nei ros”, diz. Ele afirma ainda que, atual men te, ape nas a carreta pode ficar dentro das
"A vida de caminhoneiro no Mercosul não é nada fácil e os problemas se multiplicam" JOSÉ CARLOS BECKER, VICE-PRESIDENTE DA ABTI
aduaneiras (que são instaladas em precários galpões). Com isso, os cavalos têm que ficar de fora e, na maior parte das vezes, em locais inseguros. Os motoristas preferem dormir dentro da boléia em vez de procurar uma pou sada e passar uma noite um pouco mais confortável. Ou tro gran de pro ble ma identificado por Fernandes é a grande corrupção que en volve parte da polícia Argentina. “Alguns policiais implicam com tudo, são extremamen te exi gen tes, inven tam
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multas. Outros ainda aceitam suborno como caixas de chocolates, cigarros e revistas pornográficas”, diz o caminhoneiro, que costuma reservar pelo menos 200 pesos (cerca de R$ 105) em cada viagem para pagar aos policiais. Nas úl ti mas via gens, com pa nhei ros dele ti ve ram problemas com pneus. “Mesmo pneus em bom estado de con ser va ção são mal vis tos pe los po li ciais argen ti nos, que acabam em multar os motoristas brasileiros.” Se não bastassem todos os problemas, os assaltos a cargas são freqüentes na Argentina. Nas rodovias próximas a capital Buenos Aires, os assaltantes preferem cargas de po lieti le no, pro du tos infla má veis e roubam pelo menos dois caminhões por semana. As principais vítimas são mo toristas brasileiros. Nas estra das do Paraguai, falsas blitze são comuns. Disfarçados de policiais, bandidos costumam pa rar ca mi nhões e rou bar toda a mercadoria. Geralmen te à noite, os bandidos, com uniformes que são réplicas perfeitas dos oficiais, mon tam falsas barreiras. Uma outra realidade viven -
NORDESTE Unidade do Sest/Senat em Sobral, interior do Estado do Ceará
ciou o caminhoneiro mineiro Jefferson Lima Nascimento, 35 anos, que trabalhou dez anos na Europa e está há sete nos Estados Unidos. Em entre vista recente à “Revista Cami nhoneiro”, disse que não pre ten de exercer a profissão quan do retor nar defi ni ti va mente ao Brasil. Para ele, não existe uma infra-estru tu ra adequada para a categoria no Brasil. Ele lembra que, nos EUA, os pontos-de-parada ofe recem comida self-service 24
horas, máquinas de lavar roupa e Internet. Além disso o caminhoneiro se veste melhor, ninguém dirige sem camisa ou camiseta regata e de chinelo e há uma valorização da profissão. Sem con tar que nunca foi assaltado. De acordo com Nascimento, há programas regionalizados de TV especializados para caminhoneiros que podem assistir à oferta de fretes, valores pagos, tipos de carga e até destinos realizados por
"A nossa unidade é referência para todos os caminhoneiros que passam pela 381" JOANETE OLIVEIRA RODRIGUES ERBET, GERENTE DA UNIDADE DE JOÃO MONLEVADE (MG)
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diversas empresas. Quanto às multas por excesso de trabalho, nos EUA, a polícia é mais tolerante, mas costuma pedir até os últimos 15 discos de tacógrafo para analisar o com por ta men to dos moto ristas ao volante. Bem diferente da polícia européia, que estipula multas pesadas quando o mo torista trabalha muitas horas ao volante. Quanto aos restaurantes em estradas européias, uma recente pesquisa realizada por clubes de automobilistas europeus identificou que os motoristas estão comendo mal e pagando caro nos restaurantes à beira das rodo vias. Nove países foram visto riados pelos pesquisadores europeus durante o feriado da Páscoa deste ano, quando o trânsito é intenso. Nesse pe ríodo, os restaurantes foram visitados duas vezes em 24 horas pelos pesquisadores, que usaram dez critérios idên ticos de análise para evitar re sultados aleatórios, dentre es ses a variedade de cardápio, a qualidade, o preço, a higiene e a segurança de acesso e saída dos restaurantes. A pesquisa apontou que os restaurantes com mais higie -
EUROPA Estradas estão sempre em perfeitas condições para o caminhoneiro
ne são os alemães e os aus tríacos, mas a comida france sa é a que possui melhor qua lidade. Nenhum dos 95 restau rantes localizados à beira das principais estradas européias ob teve o con cei to “mui to bom”, nem mesmo os sempre elogiados restaurantes suíços conseguiram um bom concei to. Os pesquisadores concluíram que os restaurantes suí ços deixaram de se preocupar com a qualidade dos pratos mais baratos e estão propor -
cionando uma comida desequilibrada e com excesso de fritura. Mesmo assim, os restaurantes suíços receberam elogios da re pór ter Ve rô ni ca Fraidenraich, da revista “Viagem e Turismo”. Em março deste ano, ela rodou 4.500 km em uma viagem de ônibus e visitou 12 cidades de nove países europeus. “À beira da es trada, os restaurantes suíços são melhores, os italianos ba gunçados e os eslovenos é
que oferecem mais opões de comida”, avaliou. Nesse período, ela constatou que as pistas das rodovias européias estão em bom estado de conservação, possuem mão dupla em sua maioria e o trânsito flui com extrema rapidez. Tanto assim que, durante a viagem, que durou 20 dias, não passou por nenhum congestionamento, ou seja, pelo me nos quanto às qualidades das pistas, a realidade européia é mesmo de Primeiro Mundo. ●
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OBJETIVOS
TRAÇADOS GOVERNO PREVÊ INVESTIR R$ 7 BILHÕES ATÉ 2009 NA AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DO SETOR POR
modal ferroviário de cargas brasileiro convi ve há anos com gargalos que afetam o desenvol vimento do setor. Invasões da fai xa de domínio e a presença de li nhas em áreas urbanas são gran des obstáculos. Para minimizar os problemas do setor, a ANTT (Agên cia Nacional de Transportes Ter restres), por meio da Sucar (Supe rintendência de Serviços de Trans porte de Cargas), anuncia investi mentos da ordem de R$ 7 bilhões até 2009. Dentre os principais pro jetos previstos para o modal estão a ampliação e a modernização da frota de material rodante. O superintendente da Sucar, Marcus Expedito Felipe de Almei da, está à frente da seção desde
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fevereiro. Segundo Almeida, compete à Sucar, dentre outras demandas, a fiscalização técnica, operacional e de ativos volta dos para a prestação dos servi ços de transporte ferroviário de cargas, a regulação dos serviços concedidos através da edição de resoluções normativas, a admi nistração e a gestão dos contra tos de concessão e arrendamen to. O superintendente afirma que a ANTT tem trabalhado para melhorar as condições do setor ferroviário. “Para melhorar o de sempenho e a confiabilidade do modal, a ANTT vem intensifican do seu programa de fiscalização, com foco no atendimento ade quado ao cliente, bem como, edi tando resoluções normativas
que visam garantir a eficiência operacional e a segurança do tráfego.” Almeida diz que há um projeto específico com vistas ao combate de um dos gargalos mais preocupantes do setor ferroviário de cargas. “Está em fase final de elaboração a resolução que regulamentará a gestão da faixa de domínio. Inclusive, esse tema foi objeto de audiência pública.” A questão da presença de linhas em áreas urbanas mereceu um programa exclusivo, como explica o superinten dente. “O Prosefer (Programa de Segurança Ferroviária), instituído pela diretoria ferroviária do Dnit (Departamento Nacional de InfraEstrutura de Transporte), tem como objetivo central melhorar a
ATRIBUIÇÕES
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Marcus Expedito Felipe de Almeida, superintendente da Sucar desde fevereiro
relação de convivência entre a ferrovia e as comunidades adjacentes visando, sobretudo, elevar os níveis de segurança e a qualidade de vida da população.” Segundo Almeida, o Prosefer prevê a construção de obras viá rias de transposição ou de variantes de contorno ferroviário para os municípios, bem como a eliminação dos conflitos de tráfego ferroviário e urbano, dependendo da situação de cada local. Para ele, tais intervenções “representam importante iniciativa na redução dos custos operacionais e, conse qüentemente, dos fretes, assim como o aumento da capacidade da via, que possibilitará a amplia ção do atendimento ferroviário e da demanda pelas concessioná rias do serviço público de transporte de cargas”. No pacote de R$ 7 bilhões que serão investidos no modal, consta também a expansão das linhas ferroviárias. O governo federal publicou medida provisória, outorgando à Valec (empresa pública, vinculada ao Ministério dos Transportes) o direito de implantar projeto de integração da malha ferroviária em bitola larga. “A MP 427/2008 determina diversas ferrovias a serem implantadas, visando a ampliação da malha ferroviária brasileira, tais como a extensão da Norte-Sul até Panorama (SP), implantação da Ferrovia Bahia Oeste, ligação Uruaçu (GO) até Vilhena (RO) e ligação ferroviária Panorama-Porto Murtinho
(MS)”, diz Almeida. Esse projeto, afirma o superintendente, pretende integrar a malha ferroviária brasileira em bitola larga para atender o principal “front” agrícola do país, concentrado na região central (no oeste baiano e nos Estados do Tocantins, Mato Grosso e Goiás). As concessionárias, a exemplo do governo federal, estão participando do processo de expansão. “A extensão da Ferronorte, concessão das Ferrovias Norte Brasil, no trecho entre Alto Araguaia e Rondonópolis, tem como principal objetivo atender à demanda de escoamento de produtos agrícolas do Mato Grosso, conforme previsto no contrato de concessão.” Almeida destaca ainda o projeto da Ferrovia Nova Transnordestina, de concessão da Transnordestina Logística, antiga CFN. “A Nova Transnordestina, que ligará o interior do Piauí aos portos de Suape, em Pernambuco, e Pecem, no Cea rá, terá como principal função o escoamento de grãos do Piauí e do pólo gesseiro de Araripina (PE), bem como um maior desenvolvimento naquela região.” Outros investimentos projetados para o modal de cargas con templam a adequação e capacitação de via permanente e a implantação de novos sistemas de sinalização e telecomunicações. Almeida acredita que as ações irão “otimi zar as operações de transporte ferroviário de cargas e aumentar ● os níveis de segurança”.
FOTOS LILIAN MIRANDA
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MINASTRANSPOR
SOLUÇÕES CONJUNTAS AÇÕES ENTRE EMPREENDEDORES E O PODER PÚBLICO SÃO ESSENCIAIS PARA GERIR UM SISTEMA DE TRANSPORTE EFICIENTE PARA A SOCIEDADE POR
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s discussões em torno do transporte brasileiro, as con seqüências da falta de logística para o setor e o eminente caos urbano em virtude da ausência de planejamento têm ocupado lugar de destaque nos diversos encontros reali zados pela cadeia transportadora. Em Belo Horizonte, durante o 13º Minas transpor (Encontro Mineiro dos Trans portadores Rodoviários de Carga), hou ve um dia dedicado exclusivamente ao debate sobre mobilidade e a desordem em que se encontra o transporte nos principais centros urbanos do país.
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O evento, realizado entre os dias 6 e 8 de agosto, é uma promoção conjunta da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), CNT (Confederação Nacional do Transporte) e sindicatos filiados. O debate do primeiro dia teve como tema: “Mobilidade Ur bana - Transporte e Abastecimento: como evitar o caos urbano”. O coor denador da mesa foi o arquiteto e exgovernador do Paraná Jaime Lerner. Participaram do debate Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, presidente da Fetcemg; Fabrício Sampaio, subsecretá-
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“Qualquer cidade pode melhorar JAIME LERNER, ARQUITETO
rio de Transportes de Minas Gerais; Osias Baptista Neto, consultor em transporte, ex-diretor do DER-MG (Departamento de Estradas de Rodagem) e ex-presidente da BHTrans; João Luiz da Silva Dias, presidente do Instituto de Mobilidade Sustentável “Rua Viva” e ex-presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos); Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística; Eduardo Ferreira Rebuzzi, presidente da Fetranscarga (Federação do Transporte de Carga do Estado do Rio de Janeiro) e Mauri Panitz, professor da PUCRS e consultor do Denatran-RS (Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul). Jaime Lerner abriu os tra balhos apresentando os proje tos inovadores de infra-estru tura implantados em Curitiba (PR) à época em que foi prefei to do município. De acordo com ele, o que trava as iniciati vas de investimento na estru tura do transporte no Brasil é a lentidão na tomada de deci sões. Ele citou algumas obras de Curitiba que, a princípio, le variam anos para serem execu tadas, mas em sua gestão fo ram concluídas em poucos me ses. Isso, na perspectiva de Lerner, seguindo toda a buro cracia exigida. “Basta traba -
lhar os problemas para fazer acontecer”, disse o arquiteto. Em sua apresentação, Lerner comentou sobre a falta de propostas para evitar o grande imbróglio do transporte nos grandes centros. “A cidade nunca foi o problema, ela é a solução. Qualquer cidade pode melhorar sua qualidade de vida, seja qual for seu tamanho. Todos pensam que tais problemas vão submergir. Se entendermos melhor a cidade onde vivemos, aprendemos a respeitá-la.” Para ele, é preciso que cada centro urbano trabalhe o transporte de acordo com sua realidade. “Muitos pensam que para resolver parte do problema, basta construir pistas exclusivas. É neces sário logística e uma boa freqüência de embarque e desembarque.” Ele demonstrou como o transporte coletivo de Curitiba conseguiu oti mizar o tempo de viagem, facilitan do a mobilidade dos usuários. Lerner destacou ainda que projetos que contemplem o transporte via metrô, em cida des planejadas para o tráfego em superfície, devem ser mais bem avaliados. “A superfície precisa ser bem operada. Fazer e oferecer o serviço com a efi ciência do metrô, porém, na su perfície.” O arquiteto é otimista em relação ao futuro do trans porte. Ele acredita que o temido caos pode ser evitado. “Acho
MOBILIDADE URBANA Arquiteto e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner
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sua qualidade de vida, seja qual for seu tamanho”
(centro) esteve em Belo Horizonte para discutir o trânsito nas grandes cidades
que o caminho é que cada setor trabalhe com competência para que os problemas das cidades sejam diminuídos. É preciso agir agora. Dentro de alguns anos as metrópoles não terão recursos suficientes para resolver o caos. Mudar tendências pode ser o início,” Outros debatedores foram consonantes com Lerner. O consultor Osias Neto, por exemplo, confia que o caos não será capaz de causar um colapso geral. “As cidades não vão parar. Sempre trabalhamos e vamos continuar realizando projetos para que isso não aconteça.” No entanto, ele fez um alerta e cobrou das empresas do setor uma postura mais atuante. “Temos problemas muito sérios. O empresariado não está tendo a preocupação devida com os problemas.” Ele propõe que as empresas tomem a iniciativa. “Para evitar o caos temos de mudar o comportamento e co brar do governo. Temos, porém, que avaliar nossa parte. O empreendedor também precisa rever sua postura”. O professor Mauri Panitz dis se ser necessário induzir nos centros o desenvolvimento urbano. Segundo Panitz, a apreensão com o setor está com o foco distorcido. “Hoje a preocupação é com a mobilidade, quando na verdade deveria
ser direcionada à acessibilidade.” Para ele, o ponto crítico é o sistema viário existente. “Temos um sistema viário obsoleto e anacrônico. Congestionamentos, poluição ambiental e acidentes são uma constante. São necessários planejamentos urbano e de transporte.” O presidente do “Rua Viva”, João Luiz Dias, e o presidente da NTC&Logística, Flávio Benatti, concordam que o poder público é quem deve produzir as respostas para a questão do colapso da mobilidade. Dias afirma que o modelo atual está descaracterizado. Para Benatti, o atual momento é reflexo de como o setor foi tratado no passado. “Há uma falta de compromisso político com o transporte. O poder público deveria criar soluções reais para os problemas. A economia brasileira vai sofrer as conseqüências das ações restritivas impostas ao setor.” Entre opiniões otimistas e receosas houve uma unanimidade: é possível criar soluções para evitar o colapso do transporte nos grandes centros, desde que o caos urbano não mais esteja aliado ao caos político. Para os debatedores, a equação é simples - ações conjuntas entre empreendedores e poder público para gerir um siste ma de transporte eficiente para ● toda a sociedade.
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VALORIZAÇÃO DO TRABALHADOR PARCERIA DA UNIVERSIDADE DE LÍDERES DO TRANSPORTE COM O SEST/SENAT QUALIFICA PROFISSIONAIS E INTEGRA EMPRESAS POR
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união faz a força”. O dito po pular pode re sumir a inicia tiva do grupo Criarht, que em 2005 elaborou um projeto auda cioso, direcionado para o desen volvimento dos trabalhadores com cargos de chefia, funcioná rios das empresas de transportes de Fortaleza. Surgia então a ULT (Universidade de Líderes no Transporte). O estudo organiza do pelo grupo, formado por pro fissionais da área de recursos humanos das empresas de transporte da capital cearense, concluiu que o modal necessita va de um trabalho voltado para
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a qualificação dos profissionais e para a integração das empresas do setor. Este ano a ULT formará a ter ceira turma. Desde o início, a universidade conta com o apoio da unidade de Fortaleza do Sest/Senat e do Sindiônibus (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará). Vanda Rabelo, diretora do Sest/Senat local, acredita que a ULT reforça a premissa do siste ma, que é a valorização do traba lhador do transporte. “A universidade é uma ótima oportunidade que o setor tem de focar nas necessidades específicas de um grupo. Os participantes têm um conhecimento mais aprimorado, aliando teoria e prática.”
Vanda considera o curso determinante para a rotina do trabalhador. “Com o curso, o funcionário passa a fazer melhores escolhas na aplicação de soluções, frente às diversas situações as quais está exposto diariamente.” Um dos res ponsáveis pela ULT é o consultor Cláudio Araújo. Ele é quem ministra a maioria das disciplinas. “O curso mantém uma linguagem de continuidade entre os módulos”, diz. A primeira turma da ULT formou 26 alunos. Araújo comemora o êxito desse passo inicial. “O sucesso da turma de 2006 possibilitou a formação da segunda, com 34 alunos. Quando achávamos que não haveria mais demanda
de uma terceira para 2008, tivemos nova surpresa e formamos uma turma de 25 alunos.” Não existe processo seletivo. O requisito para se matri cular na ULT é ser funcionário de alguma empresa de transporte urbano de passageiros. O conteúdo programático inclui, além das disciplinas convencionais, seminários e aulas práticas. A carga horária é de 172 horas, dois dias por semana, com custo mensal de R$ 165. As temáticas são varia das e se le cio na das de acordo com o trabalho exercido pelos profissionais. “Em um dos seminários mais recentes, abordamos o papel do líder operacional no Progra-
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tências de nossos colaboradores. Esse é o caminho para oferecer aos usuários o padrão de transporte que eles esperam e merecem, contribuindo para a excelência na prestação de serviços.” Para a diretora do Sest/Senat Fortaleza, Vanda Ra belo, a universidade é um diferencial do transporte brasileiro. “A ULT é referência. Proporciona ao setor uma linguagem unifica da, uma visão mais ampla do sistema de transporte.” ENSINO Estudantes durante aula da ULT, universidade voltada para funcionários das empresas de transporte Cláudio Araújo planeja levar a ULT para outras cidades. Para isso, ele conta com o apoio do ma Despoluir, da CNT e conta - de para os profissionais que freFormado na segunda edição Sest/Senat. “A ULT já foi apremos com as presenças do se- qüentam a ULT. do curso, o gerente de manu- sentada às unidades do Sest/SeNeiabston Alves de Araújo é tenção Antônio Marcos da Sil - nat de Teresina e de São Luiz e cretário de Meio Ambiente de Te resi na e do di retor do técnico em segurança do tra - va foi quem teve a iniciativa de está disponível para todas as reSest/Senat daquela unidade”, balho. Ele foi incentivado pela se matricular na ULT. Ele consi- giões que tenham interesse em ● empresa a se matricular na dera a orientação recebida o desenvolver o projeto.” diz Araújo. A socióloga e gerente de re - ULT. “Outro aspecto que me aspecto mais positivo. “As cursos humanos Juliana Andra - motivou foi o conteúdo progra- condições geradas através de de Pessoa fez parte da primeira mático voltado para o trans- conhecimentos para montar turma da ULT. Para ela, além da porte de passageiros.” Araújo uma equipe confiável, com ULT valorização profissional, o prin - considera o projeto fundamen- foco nos resultados, assim Local: Sindiônibus cipal benefício da universidade tal para o setor. “É muito im- como os demais módulos, aju Av. Borges de Melo, 60, Aerolandia Fortaleza – CE - CEP: 60 415-510 é fazer com que os trabalhado - portante existir universidades daram-me muito”, afirma. Carga Horária: 172 horas As aulas da ULT são ministra res reflitam sobre suas ativida - com foco para o trabalhador Duração: 1 ano Custo: R$ 165/mês des constantemente. “O curso do transpor te. Conseguimos das no auditório do Sindiônibus. Informações: (85) 4012-1000 e/ou contribui para o autoconheci- resultados excelentes e esta- O presidente da entidade, Antô(85) 9181-8152 E-mail: izabelband@hotmail.com mento do trabalhador e para de - mos com 90% de redução nos nio Azevedo, acredita que a senvolver o potencial de lideran - custos com acidentes. Este é qualificação profissional proSEST/SENAT ça dos gestores do transporte.” um exemplo prático que pode porciona um serviço de qualidaEndereço: Rua D. Leopoldina, Juliana diz que a empresa onde ser implantado em todo o Bra- de. “A ULT representa a certeza nº 1.050, Centro, Fortaleza (CE) no desenvolvimento e compe atua custeia 50% da mensalida - sil”, diz Araújo.
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“AS EMPRESAS QUE ADOTAREM O PROGRAMA DESFRUTARÃO DE FERRAMENTA DE GESTÃO NA BUSCA DA REDUÇÃO DE CUSTOS” DEBATE
QUAL A IMPORTÂNCIA DE ADOTAR O PROGRAMA DES
Mostra comprometimento e engajamento dos empresários FLÁVIO CALDASSO
s empresas do seg mento de transportes co leti vos de passa gei ros vêm buscando há mais de uma década meios através da utilização de novas tec no lo gias, treinamento das tripulações (mo to ristas), uti li za ção de bio com bustí veis (com bustí veis alternativos), fórmulas e equações para reduzir o impacto de um de seus principais itens da planilha de custo (segundo na ordem de custo), o diesel. Esse custo, além de financeiro, passou à cate goria de “Custo Ambiental” e a queima desse combustível por motores automotivos vem sendo responsável pela emis são pesada de poluentes na atmosfera. As pesquisas recentes rea lizadas pelo Ipea comprova ram que, proporcionalmente, o veículo de transporte cole tivo (ônibus) polui menos que os veículos de passeio e mo tos, mas não nos eximem (em presas de transportes coleti vos) da responsabilidade de
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FLÁVIO CALDASSO Engenheiro, gerente de Planejamento Operacional da Vicasa (Viação Canoense S/A). Foto Divulgação
apresen tar con tí nuas so lu ções para produção de energia limpa. O Pro gra ma Des po luir é uma ini cia ti va lou vá vel da CNT, que mostra o comprometimento e o engajamento por parte dos empresários do setor de transportes privados em praticar responsabilidade socioambiental e, ao mesmo tempo, maximizar os resulta dos por meio da economia de combustível. O programa visa, através da aferição veicular com a utilização do medidor de opa ci da de (opa cí metro), verificar se aquela categoria veicular se encontra dentro dos pa drões esta be le ci dos pelo Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veí cu los Au to mo to res), criado pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). Assim que re ce beu sua unidade móvel equipada para o Programa Despoluir, a Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Rio Grande do Sul) convidou a Vicasa (Viação Ca -
noen se S/A), em presa de transporte de passageiros intermunicipal da Região Metropolitana de Porto Alegre, responsável pelo transporte de 3.150.000 passa gei ros/mês com a utilização de uma frota de 400 ôni bus e mais de 4.000 viagens/dia, a ser a primeira empresa a participar das aferições pelo programa. Os resultados foram imediatos e extremamente positivos, pois foi possível identificar, após as conferências, a parcela da frota que se encontrava dentro dos índices aceitáveis e, através de ações corretivas de nossa equipe de manutenção, corrigir aqueles veículos que apresentaram níveis acima dos recomendados. Fica claro que as empresas que adotarem o Programa Despoluir desfrutarão de mais uma ferramenta de gestão na busca da redução de custos, da responsabilidade socioambiental e pela perspectiva de um futuro melhor com a conservação dos recursos naturais e do meio ambiente.
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“É PRIORITÁRIO PARTICIPAR DE AÇÕES QUE MINIMIZEM EMISSÃO DE POLUENTES E AJUDEM A MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA” POLUIR?
Medida reduz os custos e melhora eficiência operacional CARLOS ALBERTO PANZAN
Expresso Jundiaí é uma em presa so cial men te res pon sável e atuante na preser va ção do meio am biente. Prova disso é a sua par ti ci pa ção no Pro gra ma Despoluir - idealizado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte). Para o Expresso Jundiaí é prio ri tá rio par ti ci par de ações que minimizem a emissão de poluentes na atmosfera e que ajudem a melho rar a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, agimos em muitas vertentes e mesmo an tes da im plan ta ção do Despoluir, a empresa sempre esteve comprometida com o meio ambiente. Compromisso que formali zamos com a implantação dos sistemas de gestão da qualidade e do meio ambien tena empresa. O Expresso Jundiaí está cer ti fi ca do com a ISO 9001/2000, já implementou a ISO14001:2004 na matriz e
O
até 2010 teremos todas as unidades certificadas. Nos sos co la bo ra do res passam constantemente por treinamentos e garantem a integridade de toda a empresa no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Portanto, a conscientização ambiental em prol da redução da emissão do CO2, um dos principais causadores do aquecimento global, envolve todos os colaboradores. No Expresso Jundiaí, ao adotarmos o Programa Despoluir, formalizamos uma sé rie de ações que acarretaram benefícios para a empresa, en tre elas a ma nu ten ção constante de todos os veícu los de acordo com a legisla ção do Co na ma (Con se lho Nacional de Meio Ambiente). Também adotamos a rea lização da manutenção pre ditiva e, em função do resultado apresentado, a identifi cação da necessidade de re paros no sistema de injeção dos veículos; o maior contro le da frota própria e agrega -
da por meio de planilhas distribuídas em mais de 20 unidades de negócios da empresa. Com essas ações percebemos uma redução de 3% no consumo de combustível, um prolongamento da vida útil do motor, uma redução de custos na economia de com bustível e nas manutenções, além de uma minimização de problemas com os veículos au men tan do a efi ciên cia operacional. Entretanto, independente dos resultados obtidos até esse momento pela empresa, estamos sempre nos atuali zando acerca das novas tecnologias que podem, porven tura, melhorar ainda mais a qualidade dos nossos pro cessos. Para al can çar mos esse ob jeti vo, con ta mos com a par ticipação primordial do Despoluir e dos nossos cola boradores, que são preparados e engajados nesse tema, assim como nós no Expresso Jundiaí.
CARLOS ALBERTO PANZAN Diretor comercial do Expresso Jundiaí Foto João Batista/Nanquim Comunicação/Divulgação
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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EDIÇÃO 156
MODAL RODOVIÁRIO DE CARGAS Acumulado no ano (milhares de toneladas) INDUSTRIAL
VAR.
OUTRAS CARGAS
VAR.
Até junho/2007
277,3
-
265,1
-
542,5
-
Até junho/2008
298,6
7,7%
280,3
5,7%
579,0
6,7%
PERÍODO
ESTATÍSTICAS
TOTAL
VAR.
Fonte: Idet/CNT - Fipe.org
TRANSPORTE É DESTAQUE ATIVIDADE TRANSPORTADORA CRESCE NO PRIMEIRO SEMESTRE EM TODOS OS MODAIS s dados acumulados até junho mostram que os transportes de passageiros e de carga conti nuam a superar os valores do ano anterior em todos os modais. Apesar disso, observando as variações mensais, constata-se queda ou acomodação do nível de atividade do setor. O transporte de passageiros nos seis primeiros meses de 2008, em relação a 2007, foi maior em 0,7% no transporte coletivo urbano, 2,9% no intermunicipal, 5,8% no interestadual e 10,5% no aero viário. Contudo, em relação ao mês anterior, junho apresenta queda no volume de passageiros transportados. Chama aten ção a queda, neste período, de 7% no transporte aéreo de passageiros. A maior redução verificada foi na movimentação aérea doméstica (7,55%), enquanto que o fluxo internacional caiu menos (3,23%). O transporte metro-ferroviário de pas sageiros é 9,1% superior no acumulado do ano, em relação a 2007. Entretanto, em relação ao mês anterior, observa-se que da de 0,5% no número de passageiros, o que indica estabilização no crescimento que se verificava até então.
O
O transporte rodoviário de cargas no primeiro semestre de 2008 foi 6,7% superior ao mesmo período de 2007. Em junho, po rém, o transporte rodoviário de cargas foi 0,8% inferior ao mês anterior. É importante observar a evolução dos preços dos combustíveis ao longo do ano, já que eles representam parcela importante nos custos do setor. Conforme a Agência Nacional do Petróleo (ANP) o preço médio do diesel ao consumidor apresentou elevação de 11,4% entre janeiro e julho. A redução da alíquota da CIDE sobre o diesel em maio, de R$ 0,07 por litro para R$ 0,03 por litro, não foi suficiente para impedir tal aumento. No mesmo período, o querosene de aviação teve alta de 31,1%. O transporte ferroviário de cargas apre senta crescimento de 8% no acumulado do ano até maio de 2008. Em relação ao mês anterior, o transporte ferroviário de carga destaca-se pela continuidade do crescimen ● to, registrando alta de 13%.
Para esclarecimentos e/ou para download das tabelas do Idet, acesse www.cnt.org.br ou www.fipe.org
MODAL RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS Acumulado até Junho/2008 TIPO
PASSAGEIROS TRANSPORTADOS VAR.
07/08
Coletivo urbano 5.561.884.791 Intermunicipal 305.000.220 Interestadual 34.392.175 Obs: Variação calculada em relação ao mesmo período de 2007
0,7% 2,9% 5,8%
Fonte: Idet/CNT - Fipe.org
MODAL AEROVIÁRIO DE PASSAGEIROS PERÍODO
VAR. 21.245.474 23.484.402 10,5%
PASSAGEIROS TRANSPORTADOS
Até junho/2007 Até junho/2008 Fonte: Idet/CNT - Fipe.org
MODAL FERROVIÁRIO DE PASSAGEIROS PERÍODO
PASSAGEIROS TRANSPORTADOS
Até maio/2007 Até maio/2008
719.282.420 784.535.868
VAR.
9,1%
Fonte: Idet/CNT - Fipe.org
MODAL FERROVIÁRIO DE CARGAS Acumulado no ano (milhares de toneladas) PERÍODO
Até maio/2007 Até maio/2008 Fonte: Idet/CNT - Fipe.org
VOLUME TRANSPORTADO
VAR.
166,2 179,5
8,0%
CNT TRANSPORTE ATUAL
EDIÇÃO 156
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“O Despoluir está hoje firmemente consolidado como um programa prioritariamente de conscientização e mobilização”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Conquistas a comemorar uando, há um ano, lançou o Despoluir, a CNT entrou efetivamente na luta contra o aqueci mento global, a poluição do ar, a degradação do meio ambiente e por um mundo ecologi camente sustentável. Com o programa colocou-se diante do setor transportador o desafio de disseminar e intensificar no meio as boas práticas de preservação ambiental. O Despoluir incentivou os transportadores no engajamento por soluções dos problemas do meio ambiente, reforçando o papel de empresários, au tônomos e dos trabalhadores do setor de transporte em compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação ambiental. Passado um ano, o maior êxito do programa está na conquista, por parte dos transportadores, de uma nova consciência em favor do meio ambiente. Os que atuam no transporte e que já tinham ações ecologicamente corretas intensifi caram seus trabalhos e aqueles que estavam ainda apenas iniciando sua participação aderi ram entusiasticamente à idéia em favor de um mundo sem poluição. Os atores da atividade transportadora estão mudando sua relação com o meio ambiente porque sabem que essa postu ra permitirá legar à geração de nossos filhos um planeta melhor para se viver. Ao lançarmos o programa Despoluir, em julho do ano passado, reconhecíamos nossa parcela de responsabilidade - ainda que bem menor do que a que se costuma atribuir ao setor - na emissão de gases poluentes na atmosfera. E prontamente passamos a nos posicionar como agentes da solu ção desses problemas.
Q
Embora ousada, podemos comemorar, pois a meta foi alcançada no que tem de mais importante: despertar uma cultura ambientalmente responsável em todos nós que trabalhamos no setor de transporte. O Despoluir está hoje firmemente consolidado como um programa prioritariamente de conscientização e mobilização. Estamos “despoluindo mentes”, revelando às pessoas a cultura do ecologicamente correto e da responsabilidade para com o meio ambiente. Após esse primeiro ano de atividade, o sentimento que temos é que os transportadores brasileiros estão na iminência de se tornar um exemplo de atuação efetiva em defesa do meio ambiente. Exemplo esse, quem sabe, para o mundo. Representantes de outros países têm demonstrado interesse no modelo de atuação dos transportadores brasileiros no combate ao efeito estufa e à poluição ambiental. A CNT acaba de receber uma delegação dos Estados Unidos interessada em conhecer o programa e seus resultados nesse primeiro ano. Eles pretendem levar, para aquele país, o debate sobre a atuação do setor transpor tador na melhoria do meio ambiente. O resultado mais vistoso desse primeiro ano de trabalho do Despoluir, porém, é a consciência cidadã em favor do meio ambiente. Um “vírus do bem” que se espalhou rapidamente no universo do transporte, mudando a postura do empresário e do trabalhador em transporte frente à questão ambiental e ajudando a reduzir, de forma efetiva, a emissão de poluentes na atmosfera. E isso não é pouco. Temos ainda muito a fazer, mas já temos também muito a comemorar.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Soares de Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa VICE-PRESIDENTES DA CNT
EDIÇÃO 156
Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Abrão Abdo Izacc Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins
TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira
Glen Gordon Findlay Hernani Goulart Fortuna TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO
Wolner José Pereira de Aguiar José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro
revistacnt@acsmidia.com.br
FEIRAS Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
DOS LEITORES
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Mariano Costa
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Mariano Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Luiz Rebelo Neto Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes Paulo Sergio de Mello Cotta Marcelino José Lobato Nascimento Ronaldo Mattos de Oliveira Lima José Eduardo Lopes Fernando Ferreira Becker Pedro Henrique Garcia de Jesus Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva
Assim como na anterior (154), que destacou as principais feiras de transportes e logísticas do Brasil, causou-nos estranheza a não-inclusão da Transpo-Sul. Desconhecemos, portanto, os motivos para que nenhuma menção ao maior evento de Transporte e Logística da Região Sul do Brasil tenha sido registrada no calendário de eventos da CNT nem na edição 154 e tampouco na 155. Não podemos acreditar em falta de conhecimento da 10ª Transpo-Sul, visto que a CNT (Confederação Nacional do Transporte) foi uma das entidades apoiadoras e o Sest/Senat, com grande brilhantismo e profissionalismo, novamente marcou presença na grande feira, que ocupou uma área de 14 mil m2 dos pavilhões do Centro de Eventos Fiergs. A assessoria de imprensa do Setcergs, responsável pela divulgação da décima edição, encaminhou uma série de releases divulgando a programação do congresso, os expositores da feira e os principais
acontecimentos antes, durante e depois do evento. Inclusive alguns mereceram destaques no site da CNT. Relevando o conceito e a credibilidade da revista CNT Transporte Atual perante o público do transporte multimodal de cargas, passageiros, autônomos e da logística, externamos nossa indignação pelo total esquecimento de um evento da tradição e porte da Transpo-Sul, que busca firmar o caráter institucional do transporte no RS e no Brasil. Na certeza de que a nossa feira e congresso, que hoje envolve a fundamental participação da Fetransul, Fecam, Fecavergs e Fetergs, não passem mais despercebidos pela revista CNT Transporte Atual, registramos esse fato extremamente relevante. Sérgio Neto Presidente Setcergs Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no RS
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
Rua Eduardo Lopes, 591 31230-200 - Belo Horizonte (MG) Fax (31) 2551-7797 E-mail: revistacnt@acsmidia.com.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes