Revista CNT Transporte Atual - Jun/2009

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EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT

CNT

ANO XV NÚMERO 166 JUNHO 2009

T R A N S P O RT E

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LONGE DO CONSUMIDOR CUSTOS ELEVADOS INIBEM MASSIFICAÇÃO DOS MODELOS DE CARROS ELÉTRICOS NO MERCADO EXTERNO. NO BRASIL, OPÇÃO PELO ETANOL DIFICULTA PRODUÇÃO

LEIA ENTREVISTA COM O ENGENHEIRO CLÁUDIO DE SENNA




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REPORTAGEM DE CAPA Apesar de um relativo sucesso de vendas em alguns países, os carros elétricos ainda representam pouco mais de 1% do mercado mundial. No Brasil, preferência é o etanol Página 26

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ANO XV | NÚMERO 166 | JUNHO 2009 ENTREVISTA

FERROVIA

Engenheiro Cláudio de Senna Frederico fala sobre transporte coletivo nas grandes cidades

Documentário “O Apito do Trem” preserva a memória da estrada de ferro de Araraquara, em São Paulo

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VICINAIS

Estradas de apoio para as principais não recebem recursos na mesma proporção de sua importância para a economia do país

EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT CONSELHO EDITORIAL Almerindo Camilo Bernardino Rios Pim Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Virgílio Coelho

FALE COM A REDAÇÃO (31) 2551-7797 • revistacnt@acsmidia.com.br Av. Dom Pedro 2º, 4050 • Salas 5 e 6 • Caiçara CEP 30720-460 • Belo Horizonte (MG) ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET: www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

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Almerindo Camilo [almerindo@acsmidia.com.br] EDITOR-EXECUTIVO Ricardo Ballarine [ricardo@acsmidia.com.br]

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Celso Marino: cel/radio: (11) 9141-2938 Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Edição sob responsabilidade da AC&S Mídia Ltda. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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COMJOVEM

DESPOLUIR

Nova geração empresarial do setor de transporte faz seminário em Brasília

Reunião discute propostas para o Plano Nacional sobre Mudança do Clima

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AVIAÇÃO

Especialista em aviação e professor do ITA, Cláudio Jorge Pinto Alves fala sobre as diretrizes da PNAC

TURISMO MARÍTIMO

Após queda de 20%, setor aposta no aumento da demanda pelos cruzeiros no segundo semestre que garanta crescimento na próxima temporada

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E MAIS Humor Mais Transporte Alexandre Garcia Concessão rodoviária Conama Parceria Mercedes Taxi Sest/Senat Números do setor Debate Opinião Cartas CAPA ISTOCKPHOTO

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cnt.org.br PESQUISA CNT/SENSUS

PORTAL CNT

DIAGNÓSTICO DAS ESTRADAS CNT/DIVULGAÇÃO

A Pesquisa Rodoviária CNT faz uma análise das condições das rodovias brasileiras, abrangendo toda a malha rodoviária federal (100%) e os principais trechos sob jurisdição estadual e concessionados. Em 2009, a 13ª Pesquisa Rodoviária CNT vai cobrir 90.698 km. O Portal da CNT disponibiliza para consulta e download relatórios, mapas e fotos das 12 edições anteriores da Pesquisa Rodoviária CNT. É o diagnóstico mais completo das estradas brasileiras.

DESPOLUIR • Projetos do programas • Noticiário sobre meio ambiente

CANAL DE NOTÍCIAS ENTREVISTA

LEIA NA ÍNTEGRA PROPOSTA PARA INFRAESTRUTURA COM SUSANA KAHN O Plano CNT de Logística, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte, reúne um conjunto de projetos que são imprescindíveis para a construção de uma rede ideal de infraestrutura de transportes no país. Com base na versão anterior do trabalho e de novos estudos, a CNT elaborou um conjunto de cinco relatórios, um para cada região geográfica do país.

A Pesquisa CNT/Sensus mostra a percepção do brasileiro com relação ao emprego, renda, saúde, educação e à segurança pública e outras questões de interesse dos brasileiros. No site da CNT, estão publicados os resultados da 97ª rodada da pesquisa CNT/Sensus.

E MAIS

JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

PLANO CNT DE LOGÍSTICA

BRASIL SEGUNDO OS BRASILEIROS

A secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Susana Kahn, fala com exclusividade para o Portal CNT sobre os primeiros meses do Plano Nacional sobre Mudança do Clima.

O portal disponibiliza todas as edições da revista CNT Transporte Atual

• Premiações e Sala de Imprensa • Programas da TV Interativa

RÁDIO TRANSPORTE BRASIL • Noticiário do Sistema CNT • Campanhas educacionais

TV TRANSPORTE BRASIL • Noticiário do Sistema CNT • Campanhas educacionais

SEST/SENAT • Cursos e palestras • Voluntariado e colocação no mercado de trabalho



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CNT TRANSPORTE ATUAL

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“A sociedade aceita que nem todos podem ocupar um estádio ao mesmo inaceitáveis medidas que limitam o número de veículos acima da capa ENTREVISTA

CLÁUDIO DE SENNA FREDERICO

POR UM USO RACIONAL DO POR

esde que deixou a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo em 2001, o exsecretário Cláudio de Senna Frederico, 65 anos, especializou-se em proferir palestras por todo o país e no exterior. Os temas preferidos em seus eventos são as formas de racionalização do transporte público em grandes cidades. O atual vice-presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) defende um modelo próprio. De acordo com ele, as grandes cidades brasileiras têm que restringir, o quanto antes, a circulação de automóveis nas principais vias. “Em nossas vidas, sofremos muitas restrições. Por exemplo, não se dá para comer picanha todo dia. O mesmo acontece com os automóveis. Não po-

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EDSON CRUZ

demos usá-los diariamente. É preciso racionalizar o uso deles”, diz o consultor que, recentemente, participou de eventos na UITP, que é a principal associação internacional de transportes públicos do planeta, e na APTA (Associação Norte-Americana de Transportes Públicos, numa tradução livre). O engenheiro alerta ainda para o nascimento de uma nova classe social que possui um novo perfil. Os emergentes usuários são extremamente exigentes. Desejam um transporte de qualidade e bem-eficiente. “Não há mais espaço para o amadorismo”, afirma. Essas e outras questões do transporte são abordadas nesta entrevista exclusiva concedida à CNT Transporte Atual, feita por telefone. Confira os principais trechos.

A indústria de automóveis bate recordes de venda no Brasil. Por que ocorre a migração do transporte coletivo para o individual? Primeiramente, é preciso reconhecer a força do desejo das pessoas de possuir um automóvel ou uma motocicleta. Isso é uma coisa natural e está na cultura do brasileiro. Além disso, a maioria das cidades brasileiras foi mal planejada e restringe o acesso a pessoas que não têm automóveis em muitos lugares, como supermercados. Então, o veículo particular se torna necessário. Por fim, geralmente, o transporte coletivo não é adequado e atrativo e isso acaba fazendo com que o usuário faça opção pelos automóveis. Em suas palestras pelo

país, o senhor diz que o perfil do passageiro está mudando. Qual é o novo perfil do usuário de ônibus brasileiro? Nos últimos anos, pelo menos 20 milhões de pessoas deixaram a pobreza e conquistaram lugar na antiga classe C, conhecida antigamente como classe média, que é a base da pirâmide. Esse novo contingente apresenta características, aspirações e valores bem diferentes. Principalmente os jovens possuem uma estética própria que ao mesmo tempo em que dão valor ao que compram, exigem qualidade e status adequados à sua autoestima recém-conquistada. Como as empresas podem fidelizar esses novos usuários? Sem dúvida, essa nova


FOTOS ARQUIVO PESSOAL

tempo, mas julga cidade das vias”

CARRO classe emergente é muito exigente. Eles querem um transporte público renovado, rápido e eficiente. Vejo que essa é uma boa oportunidade de os empresários do setor buscarem financiamento público e investirem em qualidade. O poder público tem que agir porque essa qualidade não vai ser obtida apenas pelos operadores. Por exemplo, ninguém mais aceita ficar em pé, por muitos minutos, em pontos de ônibus, invariavelmente sem luz e nenhum outro conforto. O transportador rodoviário, em parceria com a administração pública, tem que apresentar a seus clientes, os usuários, tendências de estilo como é exigido a qualquer outro produto que é colocado no mercado. Não há mais espaço para o amadorismo no transporte público brasileiro.

O senhor acredita que, com a Lei Seca, o hábito de passageiros do transporte interestadual também mudou? Muitos teriam trocado os carros pelos ônibus nas últimas férias. Não acredito que a Lei Seca tenha mudado o hábito dos motoristas. Alguns poucos fizeram essa troca. A tendência continua a ser o transporte por automóveis. É só ver as principais saídas das grandes

cidades em vésperas de feriados, há quilômetros de congestionamento. Para haver essa troca, é preciso que o usuário se assegure que ele não vai perder em qualidade. Ele tem que ter a confiança de que o transporte coletivo vai oferecer as mesmas facilidades e atrativos dos automóveis. Isso tem que ocorrer naturalmente e é ingenuidade pensar que essa mudança se dará da noite para o dia.

Um dos grandes problemas dos transportadores brasileiros é a concorrência desleal com o transporte clandestino nos grandes centros. Esse não é um fator desestimulante para novos investimentos? Esse tipo de concorrência é desestimulante e frustrante. Por absurdo, nos leva a pensar: e se os transportadores legais exigissem dos governos municipais as mes-


mas regalias que têm os clandestinos? Ou seja, que não fossem punidos pelo poder público se transgredissem algumas regras de trânsito ou possuíssem veículos em condições inadequadas ao transporte. Não se pode exigir dos concessionários que cumpram todas as regras do contrato, enquanto os clandestinos trafegam tranquilamente. É preciso uma intervenção forte do poder público nisso, estipulando uma regulamentação verdadeira e com intensa fiscalização. Só assim os clandestinos, que se multiplicam dia a dia, ficarão enfraquecidos e, aos poucos, sairão de cena. São Paulo possui congestionamentos que atingem 140 quilômetros. Como se pode contornar esse problema? Além de aumentar a qualidade e a eficiência do transporte coletivo, a começar pelos ônibus, que podem mudar mais rápido, é preciso também cuidar da imagem. Vemos feiras e publicações mostrando veículos individuais de sonho. Da mesma maneira podemos glamourizar o transporte coletivo e explorar e estampar imagens em coletivos especiais utiliza-

dos por time de futebol, seleções e artistas. Isso aumentaria o prestígio dos ônibus. O senhor é favorável ao rodízio de automóveis ou ao pedágio? Em minhas palestras, tenho defendido um modelo de pedágio que poderia ser instituído em muitas cidades brasileiras. Primeiramente, é preciso saber que em tudo há restrições. A sociedade aceita que nem todos podem ocupar um estádio, ou um restaurante ou mesmo uma escola ao mesmo tempo, porque existe um limite de capacidade. No entanto, a mesma sociedade julga inaceitáveis as medidas que procuram limitar o número de veículos que circulam acima da capacidade das vias. A meu ver, o espaço deveria ser reservado para os que poderiam pagar um preço estabelecido até que a oferta de vagas se esgote. Dessa forma, o pedágio garantiria a utilização das ruas na hora do pico a apenas um número viável de veículos individuais. Os demais condutores deveriam usar outro horário, dividir despesas ou utilizar o transporte coletivo, que passaria a ter espaço para velocidades maiores.

MUDANÇA Cláudio de Senna Frederico acredita que o usuário de

Essa não seria uma medida segregativa? Os recursos arrecadados com o pedágio deveriam ser repassados diretamente aos que utilizam o transporte público como uma renda pessoal a ser utilizada como queiram. Teríamos o fim dos congestionamentos, a melhora do transporte público e a transferência direta da renda dos que exigem o automóvel para os que viajam de ônibus. Por sua vez, o governo receberia o crédito de carbono que seria ganho por meio dos veículos que deixassem de circular regular-

mente naqueles locais. Outra alternativa para esse modelo seria o sistema de milhagem. Cada pessoa que trocasse o automóvel pelo transporte coletivo ganharia créditos para financiar viagens futuras, assim como acontece com as viagens aéreas. O ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, disse que um bom indício para ver se o transporte de uma cidade é evoluído é saber quantos ricos andam de ônibus. Algumas cidades brasileiras têm adotado ônibus executivos em suas


exemplo de Curitiba, que inclusive exportou esse sistema para a Colômbia, São Paulo e outras capitais brasileiras poderiam incorporar essa ideia e, dessa maneira, racionalizar a maior parte dos problemas de transporte.

transporte público hoje é mais exigente

linhas regulares. Essa pode ser uma outra tendência para o transporte urbano? Com certeza, a Transmilênio (sistema de transporte público de Bogotá) é um sucesso, tanto pelas tarifas executadas como pela grande velocidade média dos veículos, que é bem mais alta do que a maioria dos automóveis. Por isso, muitos colombianos têm preferência por esse tipo de transporte, mas lá houve mudanças estruturais. Canaletas exclusivas para ônibus foram construídas e houve outras grandes intervenções urbanas. A

A Transmilênio copiou o sistema de transporte de Curitiba e agora a capital do Paraná está na iminência de construir um metrô. Afinal de contas, qual o melhor veículo de transporte urbano? A construção do metrô não prova que a rede integrada de transportes de Curitiba foi um grande fracasso. Pelo contrário, somente a existência do sistema de ônibus garantiu um crescimento saudável para a capital paranaense, mantendo a preferência pelo transporte coletivo e concentrando suas atividades econômicas em torno dos corredores. É natural que, com o seu crescimento, alguns trechos demandem meios de transportes mais adequados a uma densidade maior de pessoas. Por isso, mesmo que se construa o metrô, ele não irá substituir os ônibus, mas complementá-los. Um meio não compete com o outro. Só dessa maneira se constrói um

sistema de transporte eficaz e sustentável. Muitos especialistas dizem que o futuro do transporte urbano passa por tecnologias menos poluentes como ônibus híbridos, a gás, a hidrogênio e a biodiesel. Há resistência empresarial em implantar tecnologias ambientais sustentáveis? Os veículos dotados de tecnologias sustentáveis ainda são bem mais caros e, por enquanto, são exóticos. Atualmente, é uma opção de muito risco para os empresários. Esse tipo de transporte ainda está em fase experimental e esse salto tecnológico ainda vai demorar um pouco. Ele só se tornará possível se outros problemas que dificultam o transporte público forem resolvidos bem antes. Incentivos fiscais das prefeituras ou aumento do prazo de concessão poderiam estimular a renovação da frota e a opção por veículos ecologicamente corretos? Em grande parte, os contratos de concessão não preveem incentivos fiscais nem subsidiam as tarifas para que o investimento seja compensador.

O retorno só acontece em longo prazo. É preciso desonerar as empresas. Para se pensar em adoção de veículos sofisticados e menos poluentes, as concessões precisam ser subsidiadas e os prazos adequados. Em abril, o trólebus de São Paulo completou 60 anos. Por que esse sistema, que não é poluente, não vingou no Brasil? O trólebus necessita de faixas exclusivas e piso qualificado para ser uma boa alternativa para o transporte público. Infelizmente, neste trânsito maluco das principais cidades brasileiras, e devido à falta de uma boa infraestrutura, ele se tornou inviável. Assim também aconteceu com os bondes. Os grandes culpados pela quase extinção deles foram os administradores públicos que não planejaram a construção das cidades. Em locais adequados, eles são extremamente saudáveis porque não poluem o ar e, em alguns trechos, conseguem ser mais velozes do que os automóveis. Infelizmente, os trólebus e os bondes aparecem constantemente em reportagens como inimigos do progresso, mas são os grandes injustiçados da história do transporte público brasileiro.


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MAIS TRANSPORTE SEST/SENAT CHAPECÓ Presidente da CNT, Clésio Andrade, na nova unidade...

Três Estados ganham novas unidades io Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo receberam em maio quatro unidades do Sest/Senat. No início do mês, começaram a funcionar os espaços em Chapecó (SC) e Passo Fundo (RS). Nas cidades paulistas de Taubaté e Rio Claro, a inauguração foi no último dia 27. O presidente da CNT e do Conselho Nacional do Sest/Senat, Clésio Andrade, reforçou durante as inaugurações a importância dessas unidades. Até o final de maio, o Sest/Senat contabilizava 131, em todo país. “As unidades atendem nosso trabalhador em transporte e a sociedade em geral, com atendimentos médico e odontológico. Tem esse clube maravilhoso e também treinamento e profissionalização”, disse Clésio Andrade, durante a primeira inauguração, em Chapecó. Conforme o presidente da CNT, o treinamento dos profissionais proporciona a melhoria da qualidade da mão de obra no setor e, consequentemente, a melhoria do atendimento a toda a sociedade brasileira.

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O presidente do Conselho Regional do Sest/Senat em Santa Catarina, Pedro Lopes, ressaltou que a região de Chapecó está localizada em um ponto estratégico, na rota do Mercosul. “É uma obra que o Sest/Senat, que o setor de transporte planta aqui. E passa a ser para a comunidade um patrimônio.” Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, também está na rota do Mercosul. A cidade, de 183 mil habitantes, concentra 107 empresas de transporte, das 314 dessa região do Estado. Pelo municí-

pio passam três rodovias estaduais (RSs 324, 153 e 135) e uma federal (BR-285). Na RS135, o movimento diário é em torno de 8.000 veículos, sendo entre 30% e 40% caminhões, conforme a Polícia Rodoviária Federal. O presidente do Conselho Regional do Sest/Senat do Rio Grande do Sul, Paulo Caleffi, fez questão de dizer que a cidade merece a unidade. “Passo Fundo e região acreditaram no investimento e o Sest/Senat veio mostrar que essa crença tinha de se confirmar.” Em São Paulo, a unidade de

Taubaté tem área total de 29.262 mil metros quadrados. A de Rio Claro, 30 mil metros quadrados. Serão mais de 3.000 atendimentos médicos e odontológicos por mês. O presidente do Conselho Regional do Sest/Senat de São Paulo, Flávio Benatti, destacou a preocupação com o atendimento do trabalhador em transporte e familiares. “Estamos ampliando a rede de assistência. Em São Paulo, há uma concentração de empresas de transporte e o Estado é merecedor dessa estrutura.” (Cynthia Castro) JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

PASSO FUNDO ... e na solenidade de lançamento na cidade gaúcha


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“Nosso desafio é fazer com que o cliente Scania perceba que a qualidade de serviços ofertados pela rede é a sua maior garantia”

ENTREVISTA JOÃO MIGUEL CAPUSSI

CINEMA NA ESTRADA A Tortuga iniciou em maio a segunda edição do projeto Estrada de Cinema Tortuga. Neste ano, o projeto percorrerá os Estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais com sessões de cinema gratuitas. Durante 80 dias, um caminhão equipado com telão, projetores e estrutura móvel se transformará numa sala

de cinema itinerante com capacidade para cem pessoas. No total, serão 140 sessões de cinema. Entre as opções de filmes, uma seleção de seis títulos nacionais será apresentada a cada parada: “Meu nome não é Johnny”; “Tropa de Elite”; “Se eu fosse você”; “Casseta e Planeta”; “Polaróides urbanas” e “Ó Pai, Ó”. TORTUGA/DIVULGAÇÃO

ESTRADA DE CINEMA Projeto entra na segunda fase

PRÊMIO ABLA A Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) realiza o 1º Prêmio ABLA para Estudantes em Nível Superior, com o objetivo de estimular a participação de universitários e pós-graduandos no desenvolvimento do setor de locação de veículos no Brasil. Para participar, o estudante deve estar matriculado em cursos de pós-graduação lato sensu e

estrito sensu ou ter concluído pelo menos o segundo semestre da graduação. Os alunos terão que desenvolver um trabalho escrito sobre o tema "Locação de automóveis, o caminho do futuro", individualmente ou em grupos de até três integrantes da mesma instituição de ensino. As inscrições podem ser feitas até 19 de junho, no site www.abla.com.br.

Mudança de postura POR

LETÍCIA SIMÕES

Em 2009, a Scania apostará novamente na integração entre produto, serviços e público-alvo. Nos últimos cinco anos, a montadora investiu mais de R$ 50 milhões em sua rede de atendimento. Com o lançamento do GPS Scania (Gente, Produtos e Serviços), a companhia pretende ampliar seu portfólio de serviços e consolidar a marca entre seus clientes. O foco da empresa em 2009 será no GPS Scania. Quais são as principais características dessa ação? O tradicional foco de vendas e pós-vendas dos caminhões e ônibus Scania dá agora lugar a um novo posicionamento da empresa: se apresentar como um fornecedor de soluções completas de transporte. Isso significa uma mudança de postura bastante radical, na qual o operador logístico/transportador entra com sua necessidade de transportar bens de um ponto a outro e a Scania entra com um portfólio completo de produtos, visando promover esse serviço de forma integral em um único ponto de atendimento, ou seja, a Casa Scania. A adesão dos usuários ao programa Tudo por Você foi o principal motivador para que a Scania lançasse o GPS? Sim, a campanha do GPS veio consolidar o conceito do Tudo por Você. Com o programa, pretendíamos que as Casas Scania alcançassem um excelente nível de qualidade tanto no atendimento ao cliente quanto na infraestrutura de suas instalações. Agora, nosso desafio é fazer com que o cliente que adquira um produto Scania perceba que a qualidade de serviços ofertados pela rede é a sua maior garantia de manter a sua frota sempre rodando. Como funcionará o GPS Scania? Agora teremos uma postura muito mais proativa e integrada do nosso pessoal de vendas de veículos e de serviços, juntamente com o lançamento de um grande número de novos produtos de pré-venda e serviços, que vão desde as alternativas de financiamento e consórcio até uma especificação técnica mais profissional do veículo, passando por nossos pacotes de peças e serviços dos veículos.

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MAIS TRANSPORTE SOS MATA ATLÂNTICA/DIVULGAÇÃO

A AMAZÔNIA NO SÉCULO 21 Analisa a situação da região e os processos que levaram ao atual cenário, em vários temas, como pecuária e exploração de minerais. De Violeta R. Loureiro. Empório do Livro, 280 págs., R$ 54,90

CAMINHÃO AMBIENTAL A ONG SOS Mata Atlântica lançou o projeto “A Mata Atlântica é aqui”. Trata-se de exposição itinerante que percorrerá 40 cidades do interior paulista até o fim de junho, com um caminhão especialmente equipado. O projeto conta com educadores ambientais para atividades lúdicas, concursos, exposições e manifestações culturais.

EXPANSÃO

MOBILIZAÇÃO

A Tracbel S.A., distribuidor de equipamentos pesados e máquinas agrícolas, inaugurou, em maio, na Vila Jaguara, na capital paulista, nova unidade. Segundo Luiz Gustavo Pereira, vice-presidente da Tracbel, o objetivo da empresa é se consolidar como o melhor distribuidor de equipamentos de São Paulo. Os planos de expansão da Tracbel projetam investimentos, nos próximos três anos, de cerca de R$ 100 milhões em novas unidades, ampliações e melhorias dos pontos de venda.

O Sest/Senat do Distrito Federal realizou, no dia 18 de maio, um evento para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A mobilização foi feita em parceria com o Conselho Tutelar de Samambaia e do Recanto das Emas e com o Comitê de Enfrentamento à Violência Contra a Criança e o Adolescente. Os adolescentes que participaram do evento

puderam assistir às palestras sobre as consequências do uso de drogas e encenações teatrais sobre a exploração sexual. A Confederação Nacional do Transporte e o Sest/Senat utilizam o slogan "Proteja como se fosse sua filha", para incentivar caminhoneiros e demais profissionais do transporte a denunciar situações de violência sexual e de abuso contra crianças e adolescentes nas estradas do Brasil.

A AVENTURA DO DINHEIRO O autor lança mão de escritores, filósofos e músicos para contar a história do dinheiro. Obras de Machado de Assis, Fernando Pessoa, Shakespeare e Aristóteles norteiam o trabalho. De Oscar Pilagallo. Publifolha, 192 págs., R$ 14,90

O CRASH DE 2008 O livro retrata a crise financeira que assolou o mundo com base na política norte-americana dos últimos 25 anos e da bolha imobiliária. De Charles R. Morris. Aracati, 256 págs., R$ 55


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SEST/SENAT CAMPINAS/DIVULGAÇÃO

CICLO DE CONFERÊNCIAS

QUALIFICAÇÃO Campinas capacitou 700 profissionais

PARCERIA O Sest/Senat de Campinas (SP) em parceria com o Sinfrecar (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Campinas e Região) capacitou 700 profissionais das empresas filiadas ao sindicato. Os cursos e treinamentos oferecidos são direcionados aos motoristas, aos agentes de manutenção,

A segunda palestra do 1º Ciclo de Conferências CNT/Escola do Transporte será realizada no dia 15 de julho. O tema será “Inovar para Superar: Empresas em Rede Motivações, Ganhos e Dificuldades.” A conferência será proferida pela professora e pesquisadora da Fundação

Dom Cabral Rosiléia Milagres. As inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo site www.cnt.org.br ou na Escola do Transporte, localizada no edifício-sede da CNT, no Setor de Autarquias Sul, em Brasília. Mais informações no 0800 7282891.

COMISSÃO MERCOSUL administradores de frotas e aos profissionais de controle de estoques e das áreas administrativas e gerenciais. A parceria entre Sest/Senat e Sinfrecar deu origem ao concurso Motorista Padrão, que está em sua terceira edição. O objetivo é eleger o melhor motorista entre as empresas sindicalizadas da região de Campinas.

O deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) tomou posse, no dia 18 de maio, como presidente da Comissão de Infraestrutura, Transporte, Recursos Energéticos, Agricultura, Pecuária e Pesca do Parlamento do Mercosul. A cerimônia foi realizada em Montevidéu, Uruguai. O senador argentino

Fabio Biancalani foi empossado como vice-presidente da comissão. Durante a reunião de posse, foi aprovada a recomendação de implementação de sistemas e gestão integrados fronteiriços entre os países do bloco, com o objetivo de agilizar o livre trânsito dos cidadãos por meio de um único controle de fronteira. J. FREITAS/DIVULGAÇÃO

TRANSPO-SUL A 11ª edição da Transpo-Sul (Feira e Congresso de Transporte e Logística) será realizada entre os dias 1º e 3 de julho. Organizada pelo Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul), a Transpo-Sul 2009 terá uma programação multissetorial, com abordagens estratégicas para os segmentos de transporte de cargas, passageiros, autônomos e logística. Alguns painéis já foram

definidos: "O Transportador Rodoviário de Cargas Como Fator Estratégico Para o Desenvolvimento do País", que contará com debates dos presidentes das principais entidades de transporte e logística; "Cenário Econômico, Perspectivas e Oportunidades na Visão da Indústria, Comércio, Transporte, Agricultura, Varejo e Serviços" e "Infraestrutura Logística no RS: Entraves e Soluções".

PRESIDÊNCIA Reunião de posse do deputado Beto Albuquerque


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MAIS TRANSPORTE RANDON/DIVULGAÇÃO

CONCESSIONÁRIAS NA REDE A Iveco lançou um site para localização de suas concessionárias e pontos de assistência. De acordo com a montadora, a ferramenta se fez necessária devido ao crescente aumento de instalações da rede em todo o país. A Iveco prevê a inauguração de mais 20 pontos até o final de 2009. A relação

está disponível no endereço www.concessionariasiveco.com.br. O usuário terá acesso a uma lista com cada um dos Estados brasileiros em ordem alfabética. Basta clicar sobre o local procurado para que a relação completa das concessionárias apareça, com os telefones e endereços de cada instalação. NTU/DIVULGAÇÃO

ENCONTRO NTU debateu alternativas de combustível

MODELO CONFORT

BOAS PRÁTICAS A NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) realizou, no dia 21 de maio, em Brasília, o 6º Encontro de Boas Práticas. Nessa edição, a entidade lançou um estudo técnico sobre a matriz energética do ônibus e colocou em debate o papel do combustível no setor. O trabalho avaliou as diversas alternativas de combustível, bem como os impactos ambientais da atividade transportadora.

LANÇAMENTO Randon mostra linha com transmissão sincronizada

Além do estudo, os participantes conheceram alguns cases de sucesso nas áreas de combustíveis e preservação ambiental, apresentado, entre outras instituições, pela Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro); Viação Dutra, de São Paulo, e pela Transportes Coletivos Nossa Senhora da Piedade, do Paraná.

A Randon Veículos lançou no mercado brasileiro o modelo RK 406B Confort, uma retroescavadeira com transmissão sincronizada. O veículo tem troca de marchas automática e acionamento dos comandos e estabilizadores via joystick hidráulico. O veículo possui bomba hidráulica de fluxo variável; painéis, mostradores e acionamentos

com leitura de fácil acesso ao operador; central elétrica com placa eletrônica; transmissão de quatro velocidades à frente e quatro a ré; eixos com tração 4x4. E apresenta também motor MWM turbo de 110 Hp e cabine fechada com ar-condicionado e rádio-CD, entre outros itens de destaque.


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PESQUISA RODOVIÁRIA CNT ISENÇÃO DE IPI A MP (medida provisória) 449/2008 que altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários, concede remissão nos casos em que se especifica, institui regime tributário de transição e dá outras providências, agora é lei. Foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) a lei nº 11.941/2009. O artigo 77 prorroga até 31 de dezembro de 2014 a vigência da lei nº 8.989/1995, que dá isenção do IPI na aquisição de automóveis para utilização no transporte autônomo de passageiros.

Os pesquisadores da Confederação Nacional do Transporte começaram no início de junho os levantamentos para a 13ª Pesquisa Rodoviária CNT. O período da coleta de dados da edição 2009 terá a duração de 30 dias. A Pesquisa Rodoviária CNT faz uma análise das condições das rodovias brasileiras, abrangendo toda

a malha federal (100%) e os principais trechos sob jurisdição estadual e concessionados. Este ano, o trajeto a ser percorrido pelos pesquisadores terá um acréscimo de 3.106 quilômetros em relação a 2007 - última edição do levantamento. A extensão total abrangida pela pesquisa em 2009 é de 90.698 km.

HELIAR/DIVULGAÇÃO

PROTÓTIPO Estudantes do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana) conquistaram o 10º lugar na competição Fórmula SAE Michigan, em maio, em Brooklyn (EUA). A disputa contou com 97 equipes. É a melhor colocação de uma equipe brasileira. O protótipo RS4 foi projetado e desenvolvido por 13 alunos de graduação e mestrado de engenharia mecânica e elétrica. Possui motor aplicado à motocicleta Honda CBR 600RR, de 4 cilindros, 4 tempos, com duplo comando no cabeçote e 4 válvulas por cilindro, com potência máxima de 79,8 hp a 11.800 rpm. SAE/DIVULGAÇÃO

BANDA DE RODAGEM A Michelin apresentou em maio sua nova banda de rodagem: XDE2+TT, exclusivamente para as carcaças Michelin 11.00 R22 XZE2 e XZE2, para recapagem de pneus de uso rodoviário, aplicados em cavalos-mecânicos ou caminhões. O produto possui melhor distribuição de carga e transmissão de torque em solo seco ou molhado, com baixo nível de ruído, desgaste mais uniforme, maior drenagem de água e menor retenção de pedras.

MARCA Heliar atinge 7 milhões de baterias recicladas

BATERIAS RECICLADAS A fabricante de baterias automotivas Johnson Controls relançou em maio a linha Heliar Eco, em comemoração à marca de 7 milhões de baterias recicladas no Brasil. Para a empresa, a volta do produto reforça o compromisso com a preservação ambiental em

todo o ciclo de fabricação do produto. A Johnson Controls acredita que, com a recente apresentação da linha, o consumidor terá a opção de adquirir um produto "verde" de um fabricante que tem o compromisso público de reciclar uma bateria usada para cada nova fabricada.



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“Quando o Brasil cresce, é por heroísmo, por teimosia, a despeito da burocracia, impostos e da ineficiência dos serviços públicos” ALEXANDRE GARCIA

Círculo vicioso

B

rasília (Alô) - Este ano veio com mais força a campanha destinada a mostrar o tamanhão dos impostos que os brasileiros pagam. Com a gasolina - pelo menos por um dia, custando metade, retirados os impostos - em postos do Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, e com uma boa cobertura dos meios de informação, dessa vez o brasileiro de média e baixa renda ficou mais ciente do quanto paga para os governos. Ao mesmo tempo, a campanha mostrou que a proporção de impostos sobre o PIB significa que todos trabalhamos até 27 de maio exclusivamente para sustentar os governos municipais, estaduais e federal para que o Estado, teoricamente, preste bons serviços públicos, condizentes com o alto preço que pagamos por esses serviços. Pena que contra maus serviços públicos não caiba Procon. Num Estado pesado e inchado em todos os níveis, a atividade fim traz resultados sofríveis. Assim é na educação, saúde, segurança, justiça, estradas e portos, incentivo à ciência e tecnologia tudo fica a desejar. Como a maioria não sabe o que é boa educação, saúde que funcione, segurança com um mínimo de crimes, justiça eficiente, estradas e portos dignos desses nomes e progresso científico e tecnológico, a tendência é o mutismo, a falta de reação e o acomodamento. Não se cobram dos representantes no Congresso - os que seriam capazes de reduzir a carga tributária - atitudes de defesa do distinto público pagante. O peso da carga tributária desestimula o trabalho e a atividade econômica. Assim, quando o Brasil cresce, é por heroísmo, por teimosia, a despeito da burocracia, das taxas, dos impostos e da ineficiência dos serviços públicos que deveriam aplainar o caminho para o desenvolvimento. Com menos carga fis-

cal, a atividade econômica seria maior e maior a arrecadação de impostos. O contrário, carga fiscal pesada sufoca a economia e a arrecadação. É um círculo vicioso, que é agravado pelo mastodonte estatal, que come muito para produzir pouco. Eu sei que estou escrevendo o óbvio, o rotineiro e o cotidiano. Quem me lê já sabe de tudo isso. Mas se calarmos, porque já sabemos isso, equivale a aceitar a injustiça, a incoerência de os governos fazerem discursos pedindo crescimento, trabalho, produção, plantio, enquanto os agentes do Estado, principalmente aqueles que foram eleitos para nos representarem, nada fazem para alterar esse desajuste na estrutura do Estado brasileiro. Reconheça-se que não é de agora. Vem desde a chegada de Cabral ao Rio Grande do Norte (desculpem-me os baianos...). Arrecadar impostos e só prestar um arremedo de serviços públicos, e lembra muito o feudalismo medieval. Não se fará jamais um país moderno com uma administração pública antiquada e viciada. Todos os analistas que fazem previsões sobre o futuro dos BRICs condicionam o ingresso do Brasil entre as cinco maiores economias do planeta, em 30 anos, se forem reformadas agora as instituições, se o Brasil tiver suficiente poupança interna para financiar seu crescimento, se realmente estiver aberto para o mundo e se a prioridade for investir em educação. E é bom lembrar aqui que, sem portos eficientes, não se abre e não se lucra com comércio exterior. E sem caminhos a serem percorridos pela riqueza, a lentidão pode nos deixar de novo para trás. Lembram-se de quando estávamos léguas à frente da Coreia, da Índia e da China? Triste constatar que a responsabilidade não é de “forças ocultas”.


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“É um pecado acabarem com a estrada de ferro por aqui” NEIL DOS PASSOS, EX-FERROVIÁRIO

HISTÓRIA

FERROVIA NO O FILME “O APITO DO TREM” ESTÁ ORÇADO EM

R$ 181 MIL E USA VERBA DE LEI DE INCENTIVO

CINEMA DOCUMENTÁRIO DISCUTE A IMPORTÂNCIA DA ESTRADA DE FERRO PARA ARARAQUARA (SP) POR

apito do trem, que por décadas foi trilha sonora das histórias cotidianas de Araraquara, cidade do interior de São Paulo, distante 113 km da capital do Estado, deve, em breve, silenciar nas ruas do centro do município. Um projeto da prefeitura, que integra o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), iniciou, em 2007, o processo de retirada da EFA (Estrada de Ferro de Araraquara), que cruza a cidade e a divide em duas, e da realoca-

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LIVIA CEREZOLI

ção de 15 km de trilhos no contorno da área urbana. Até aí, a história seria mais um relato dos investimentos federais em obras de transporte no país, se não fosse o interesse do documentarista Marcelo Machado em transformar a ação em filme. Foram nove meses de gravações, desde o início da retirada dos trilhos até a divulgação do projeto de urbanização para a orla rodoviária, no final de maio. O lançamento da produção está previsto para agosto deste ano. Intitulado “O Apito do Trem”, o

filme mostra a cidade em transição. Segundo o diretor, um pouco do passado e do futuro ferroviário em Araraquara, um tema urbano em um cenário sobre trilhos. “Quando soube que as obras do contorno ferroviário haviam começado e que uma comissão iria iniciar um estudo sobre o destino da antiga área férrea, achei que poderia trabalhar sobre um momento de transição importante para o município”, afirma ele. A experiência como arquiteto contribuiu para esse olhar. Machado, que é natural de Araraquara, já


CARLOS EBERT/DIVULGAÇÃO

INSPIRAÇÃO Via férrea com a cidade de Araraquara ao fundo

fez outros trabalhos com temas urbanos, como “Arquitetura Moderna”, para a Bienal de São Paulo de 1984, e “O Vídeo das Cidades”, parte do kit que o Ministério das Cidades usa para orientar os municípios sobre Planos Diretores. Associado a isso, o olhar do cinema trouxe a ele a possibilidade de transformar a história da cidade em documento de pesquisa. Machado é um dos criadores da produtora Olhar Eletrônico, antecessora da O2 Filmes (criada em 1981, conhecida pelas séries para a TV “Cidade dos Homens” e “Filhos do

Carnaval” e dos longas-metragens “Cidade de Deus”, “Domésticas” e “Viva Voz”). É também autor de trabalhos como “Marly Normal”, codirigido com Fernando Meirelles (melhor edição do Vídeo Brasil Festival em 1983), a série de TV “Música Brasileira” e os documentários “Do Outro Lado da Sua Casa” (vencedor do FestRio-84 em sua categoria), “Ginga” (2006) sobre o futebol brasileiro, em parceria com Hank Levine e Tocha Alves, e “Oscar Niemeyer, o Arquiteto da Invenção” em homenagem aos cem anos do arquiteto. Depois de “O Apito do

Trem”, a relação de trabalho com Araraquara ainda deve permanecer. Machado foi consultado sobre a possibilidade de produzir um documentário sobre o time de futebol Ferroviária e revela: “gostaria sim de fazê-lo”. “O Apito do Trem”, que está em fase de montagem, não trata apenas de um resgate histórico sobre a importância dos trilhos para a cidade. Para o diretor, primeiro é importante ver o trabalho como um documentário que se propõe ser ferramenta nas discussões sobre a nova ocupação da orla ferroviária

e o planejamento urbano. “Queremos nos adiantar ao máximo ao processo de retirada, ou não, dos trilhos e contribuir com os debates trazendo visões, projetos, histórias”, diz. De qualquer forma, segundo Machado, a memória afetiva não permitiu que se olhasse para frente sem lembrar primeiro o que a ferrovia já significou para a cidade e aqueles que trabalharam ali, mas “em nenhum momento me proponho a dar conta da extensa memória da EFA, quanto menos da Companhia Paulista, da Mogiana, Sorocabana etc”, diz o diretor. O trabalho de pesquisa foi feito pelo jornalista e cineasta Fernando Schmidt e pela socióloga Adriana Medina. A obra, orçada em R$ 181 mil (entre produção, divulgação, cópias e lançamento), é financiada pela Lupo, com recursos da Lei Rouanet de incentivo à cultura. Segundo o diretor, o filme será exibido prioritariamente em Araraquara, com seções públicas e gratuitas. Cópias serão distribuídas para escolas, bibliotecas, centros culturais e associações de moradores da cidade. A TV Cultura de São Paulo também deve exibir o documentário. “Meu público-alvo é a população da cidade de Araraquara. Penso em oferecer as entrevistas integrais como material


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“Queremos contribuir com os MARCELO MACHADO, CINEASTA

RESGATE

Cidade ganha museu ferroviário A sede da antiga estação ferroviária de Araraquara foi transformada em museu. O projeto está em fase de implantação numa área de 800 metros quadrados e deve abrigar um diversificado acervo que vai desde peças mecânicas, equipamentos e objetos pertencentes à ABPF (Associação Brasileira de Preservação da Memória Ferroviária). A prefeitura busca agora parcerias para aquisição do mobiliário expositor orçado em R$ 250 mil. Segundo o coordenador executivo de preservação do patrimônio histórico e cultural de Araraquara, Domingos Carnesecca Neto, no local já funciona a sede da AFA (Associação de Ferreomodelismo de Araraquara), com apresentação de maquetes e eventos relacionados ao setor. Além disso, também está prevista, mas sem data definida, a exposição de locomotivas e vagões ferroviários do início do século 20. A primeira iniciativa de criação do museu aconteceu em 1994, mas o projeto não teve continuidade. Carnesecca Neto conta que uma das locomotivas recuperadas para fazer parte do acervo acabou sendo levada para a estação ferroviária de Jaguariúna, na região de Campinas, depois do fechamento do museu. “Teremos agora que, além de localizar outra

locomotiva, realizar todo o trabalho de recuperação novamente”, diz. Para o coordenador do patrimônio de Araraquara, a história da ferrovia é tão importante para o município que, preservar sua memória é uma necessidade. Segundo ele, a cidade cresceu e se desenvolveu ao redor dos trilhos e foi transportada pelas locomotivas e seus vagões. “A ferrovia formou bairros próprios para os seus empregados, criou clubes e associações diversas, formou mão de obra para muitas profissões e é uma referência inquestionável. O museu só vai existir para valorizar tudo isso”, ressalta. De acordo com Carnesecca Neto, mesmo sem o acervo disponível, pelo menos 50 pessoas visitam diariamente o prédio da antiga estação, o que obrigou a prefeitura a isolar os trilhos como medida de segurança.

MUSEU FERROVIÁRIO Local: Antiga Estação Ferroviária de Araraquara, na rua Antonio Prado s/n, Centro Funcionamento: De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h (visitação às maquetes de ferreomodelismo) Informações: (16) 3322.4887, no museu histórico da cidade

audiovisual para o Museu Ferroviário.” (veja texto ao lado). A construção das ferrovias pelo interior do país foi financiada pelo afortunado ciclo do café, a partir da segunda metade do século 19. O trem se tornou, por muito tempo, o principal vetor de desenvolvimento das cidades que surgiram com os povoados se aglomerando ao longo das ferrovias. A ferrovia chegou a Araraquara por meio da Companhia de Estrada de Ferro Rio-Clarense em 1885. O coordenador executivo de preservação do patrimônio histórico e cultural de Araraquara, Domingos Carnesecca Neto, conta que, seguindo uma tendência natural, a cidade começou a crescer e ultrapassou os limites da linha férrea. “Com o crescimento da área urbana, passou-se a discutir a necessidade de levar a ferrovia para outro local.” E as tentativas foram muitas. A primeira que se tem registro é de 1963. Uma proposta assinada pelo então deputado federal José Alfredo do Amaral Gurgel pretendia instalar os trilhos a 1 km ao norte do centro da cidade. Hoje, segundo Carnesecca Neto, essa área já faz parte do centro expandido do município. Quinze anos depois, a prefeitura construiu uma nova rodoviária no entorno da cidade e a discussão voltou à tona. Mas os planos de transferência e urbanização da área foram abandonados

PRESERVAÇÃO Antiga

mais uma vez. Em 2000, parceria com o Batalhão de Engenharia do Exército garantiu a realização de um novo projeto para a transferência da ferrovia, mas só em 2004 o plano foi adaptado e encaminhado ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para, posteriormente, ser incluído no PAC, com investimentos de R$ 75 milhões. As obras foram iniciadas em 2007 e o prazo para finalização era de dois anos. Porém, impedimentos ambientais devem adiar o término para 2010. Estão sendo im-


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debates trazendo visões, projetos, histórias” ALEXANDRE DE OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO

SAIBA MAIS CARLOS EBERT/DIVULGAÇÃO

Fundação: 1885 Extensão: 650 km Trecho: Rio Claro a Rubineia Concessionária: ALL Investimentos em 2008: R$ 75 milhões em obras de manutenção e recuperação Movimentação: 14 composições com 75 vagões diariamente Velocidade das locomotivas: 55 km/h no trecho intermunicipal e 35 km/h na área urbana Carga transportada em 2008: 900 mil toneladas de produtos (90% de commodities agrícolas e 10% de combustível e açúcar) Fonte: ALL

estação se transformará em museu

plantados 15 km de linha férrea, que começa na altura da antiga Estação de Tutoia, entre Araraquara e Américo Brasiliense, até próximo à Estação do Ouro, na zona leste da cidade. As obras do contorno abrangem, ainda, a construção de três viadutos ferroviários e um rodoviário. A transferência do pátio de manobras e oficinas para a região de Tutoia compreende a construção de mais 42 linhas férreas. Hoje, a ferrovia é operada pela ALL (América Latina Logística) e transporta principalmente commodities agrícolas, como soja. Em

TRUPE Cineasta Marcelo Machado e equipe de produção

2008, foram escoadas 900 mil toneladas de produtos. De acordo com a concessionária, com a mudança do contorno dos trilhos, a segurança na área será melhorada. “Existem hoje cinco passagens de nível (cruzamento entre uma via e uma linha férrea) na extensão da ferrovia. Durante a passagem das composições, os motoristas precisam esperar. Em caso de quebra de alguma locomotiva, pode acontecer o fechamento da passagem e interromper o trânsito”, diz a empresa por meio de sua assessoria de imprensa.

Se por um lado a alteração do traçado dos trilhos garante mais segurança aos moradores, por outro, ela deixa saudade em quem trabalhou na estrada de ferro. Neil dos Passos, 77 anos, personagem do documentário, foi ferroviário por 15 e acabou demitido em 1964 depois de uma greve por reivindicação de melhores salários. Ele foi o primeiro presidente da União dos Ferroviários de Araraquara. “Sinto muita falta do trem de passageiros. A viagem era fantástica. Íamos assistir aos jogos do Corinthians em São Paulo nos finais de semana. Na

volta, o vagão restaurante era o nosso preferido. É um pecado acabarem com a estrada de ferro por aqui”, diz Passos. A proposta inicial da prefeitura é construir um parque linear na área de 1,7 milhão de metros quadrados que será desocupada. O projeto leva o nome de Parque dos Trilhos e compreende áreas de lazer, gastronomia, ciclovias, pistas de caminhadas e um possível passeio turístico em uma locomotiva histórica. O arquiteto responsável é Luiz Fernando Cru vinel Teixeira.


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DESAFIO

ESTÁLANÇADO

VEÍCULOS MOVIDOS A BATERIA TÊM MERCADO CATIVO NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS, MAS AINDA REPRESENTAM MENOS DE 2% DA PRODUÇÃO MUNDIAL


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ISTOCKPHOTO

REPORTAGEM DE CAPA

POR

LIVIA CEREZOLI

á pelo menos 20 anos se ouve falar dos carros elétricos como alternativa de transporte ecologicamente correta. Com eficiência energética três vezes maior e índice de poluição zero no local onde circulam, os modelos movidos a bateria vêm conquistando, aos poucos, espaço no mercado automobilístico. Dados da Associação Mundial do Veículo Elétrico revelam que 2 milhões desses carros já andam pelo mundo, em sua grande maioria no Japão (os pioneiros e líderes desse mercado) e na Califórnia (EUA), onde as leis ambientais forçam o setor a desenvolver tecnologias menos poluentes. Em 2008, entre 1% e 1,5% dos carros comercializados no mundo eram híbridos (com motor de combustão combinado com bateria) ou totalmente elétricos. A expectativa é que esse número cresça 4,4% até 2010, mas, para isso, algumas barreiras ainda precisam ser superadas, entre elas a tecnologia usada nas baterias que encarecem e não garantem grande autonomia aos motores. Os modelos disponíveis no mercado chegam a custar o dobro dos convencionais a combustão (movidos a gasolina, etanol ou gás natural), com as mesmas características de estilo e desempenho. Até agora, o modelo que atingiu a maior autonomia (350 km) foi o Roadsters, esportivo da Tesla vendido nos Estados Unidos e na Europa. O veículo usa bateria de lítio com vida útil de 2.000 ciclos (descargas e recargas) e chega de 0 a 100 km/h em 4 segundos. Tudo isso a um custo inicial de US$ 100 mil. Em todo o mundo, o mais famoso dos modelos é o híbrido Prius, da japonesa Toyota, lançado em 1997, e que já chega a sua tercei-

H


“Cada apartamento tem um relógio que mede o consumo, JAYME BUARQUE DE HOLLANDA, DIRETOR-GERAL DO INEE

LÚCIO PITON/FUTURA PRESS

APOSTA Sucesso do etanol é fator inibidor do carro elétrico ou híbrido no Brasil

EM TODO O MUNDO, HÁ

2.500 CARROS DA REVA EM CIRCULAÇÃO

ra geração. A expectativa da montadora é vender em 2010 pelo menos 400 mil unidades do modelo básico, ao preço de US$ 25 mil. Ele vai concorrer diretamente com o Insight, da Honda, vendido nos EUA. O novo Prius tem motor a gasolina e faz 25,6 km por litro, com autonomia de bateria de 60 km. Os principais mercados de veículos elétricos ainda se encontram nos países desenvolvidos que precisam atingir a meta de redução de poluentes e bus-

cam autonomia energética. Nos Estados Unidos, por exemplo, a previsão anunciada pelo presidente Barack Obama é reduzir em dez anos a importação de petróleo proveniente do Oriente Médio e da Venezuela e colocar 1 milhão de carros híbridos (os automóveis devem ser fabricados no país) nas ruas até 2015. Mas a tão sonhada autonomia talvez não seja alcançada, já que 50% das reservas de lítio, componente essencial da maioria das baterias, existentes

no planeta, estão no deserto de sal de Uyuni, na Bolívia. O mineral não renovável pode se esgotar em pouco tempo e, assim, fazer com que todas as tecnologias desenvolvidas até aqui sejam fracassadas. Além disso, acreditar nos veículos elétricos ainda é um enorme desafio para a maioria das empresas e dos consumidores. Exemplo claro disso foi a opção feita pela americana General Motors. A empresa, que em 1996 havia colocado no mercado o primeiro carro contemporâneo movido a bateria, o EV1, abandonou o projeto para investir maciçamente nos SUVs (veículos utilitários esportivos). Antes da crise econômica, a japonesa Toyota disputava a liderança do mercado automotivo mundial com a GM, em parte, pelo sucesso dos seus carros híbridos nos EUA. “A GM atendia a uma demanda de mercado. Os SUVs, ainda que consumissem muito combustível, eram os carros que os americanos compravam. Houve, paulatinamente, uma mudança no perfil desse consumidor e nas políticas do governo. Hoje, há demanda pela eficiência


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mas como isso será controlado com os veículos?”

ENERGIA LIMPA

“Poluição gerada pelo carro elétrico é insignificante” Nem mesmo os carros elétricos podem ser considerados totalmente livres de poluição. Os índices de emissão de CO2 desses modelos dependem da tecnologia e da fonte energética utilizadas para produzir a eletricidade que vai alimentar o motor. Porém, diferente dos veículos com motores a combustão, durante a circulação, os elétricos não emitem poluentes. Levantamento realizado pelo professor de Gestão Ambiental da USP, Sérgio Pacca, revela que, se o gás natural for utilizado para gerar energia elétrica em uma usina moderna, o fator de emissão do carro movido a bateria seria de ape-

energética”, explica Fernando Sarti, professor do Neit (Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia) do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). No Brasil, onde a indústria automotiva ainda colhe os louros do desenvolvimento dos motores flex, a produção em grande escala do etanol, combustível menos poluente que a gasolina, parece isentar de certa forma o país da necessidade de produção de meios de trans-

nas 7 gramas de CO2 por quilômetro rodado. Se a fonte for uma hidrelétrica, esse número pode ser dez vezes menor. Em contrapartida, os veículos movidos a etanol (os menos poluentes até então) emitem 60 gramas do gás por quilômetro. O valor é calculado considerando todo o processo de produção do combustível, desde o plantio da cana de açúcar até a distribuição nos postos. O GNV (gás natural veicular) tem emissão intermediária de 170 g/km. No topo da lista estão os veículos movidos a gasolina e diesel, com índices de emissão de 260 gramas e 240 gramas de CO2 por quilômetro, respectivamente. “Os

porte ainda mais ecologicamente corretos, como os elétricos. Dessa forma, o primeiro modelo movido totalmente a bateria e comercializado por aqui é de fabricação indiana. O Reva i, da montadora Reva, custa em média US$ 35 mil mais taxas de frete e tem autonomia de 80 km. A distribuição é feita pela Cam Brasil e o prazo de entrega é de quatro meses. Até o fim de maio, oito veículos haviam sido vendidos - três para a Companhia de Energia Elétrica do Cea-

números são claros. Quando comparamos com os carros atuais, os valores de poluentes emitidos pelos veículos elétricos são insignificantes”, afirma Pacca. Além disso, ele defende a conversão de combustível em energia motriz, por ser mais eficiente quando utilizada em carros elétricos. Tomando como exemplo a cana de açúcar, que produz etanol e energia a partir da queima do bagaço, o professor afirma que é muito mais viável econômica e ambientalmente melhorar a tecnologia para produzir mais eletricidade a partir da biomassa (matéria orgânica utilizada na produção de energia) do que produzir

o combustível líquido que abastece os carros. Outro fator importante a ser observado é a produção das baterias, que também gera poluição. Segundo o professor, no caso do lítio, o impacto ambiental é inferior ao da produção de combustíveis fósseis, principalmente porque a maior reserva do mineral está localizada em uma região desértica. “O deserto tem seu ecossistema que precisa ser preservado, mas os danos causados nessa região são bem menores”, diz. Ele também acrescenta que a possibilidade de reutilização das baterias reduz ainda mais o índice de poluição gerado pelas mesmas.

COMPARATIVO Veículo Desempenho (km/l)* Toyota Corolla (convencional) 11,1 Toyota Prius (híbrido) 20,4 Toyota Camry (convencional) 8,9 Toyota Camry (híbrido) 14 Honda Civic (convencional) 10,6 Honda Civic (híbrido) 17 Nissan Altima (convencional) 9,8 Nissan Altima (híbrido) 14,9

Valor (em dólar) 15.150 21.100 18.720 25.350 15.010 22.600 20.180 25.170

* Gasolina, para desempenho em cidade Fonte: ABVE


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POLITICAMENTE CORRETO

Celebridades aderem aos híbridos Por amor ao meio ambiente ou ao cachê pago pelas montadoras para divulgação de seus modelos, celebridades americanas e europeias já desfilam há alguns anos com seus modelos totalmente elétricos ou híbridos. O ator Arnold Schwarzenegger, hoje governador da Califórnia (EUA), tornou-se uma das mais contundentes vozes contra o aquecimento global e é parte do time que dirige carros ecologicamente corretos. Ele converteu um dos Hummer de sua frota, tido como um ícone do desperdício de combustível, em hidrogênio. No lançamento do Tesla Roadsters, em 2007, celebridades fizeram fila para receber o carro superesportivo elétrico, entre elas o ator George Clooney (“11 Homens e um Segredo”), que já tem um Tango T600, minicarro elétrico de dois lugares feito pela Commuter Cars, e um Jaguar transformado em híbrido. Mas o campeão de popularidade é o híbrido Toyota Prius, presente na garagem de dez entre dez celebridades que se dedicam à causa ambiental. Tom Hanks (“Anjos e Demônios”) e Danny DeVito (“Júnior”) são alguns dos proprietários. Eles deram o passo inicial quando adquiriram um EV1, o carro elétrico lançado pela GM, mas tirado

de linha na década de 90. Na lista de proprietários de Prius ainda estão os atores Leonardo DiCaprio (“Titanic”), Brad Pitt (“O Curioso Caso de Benjamin Button”), o criador da série de TV “Seinfeld”, Larry David, as atrizes Julia Roberts (“Uma Linda Mulher”), Jessica Alba (“Quarteto Fantástico”) e Cameron Diaz (“Quem Vai Ficar com Mary?”) e o cantor Sting. Há também aqueles que não adquiriram ainda seus elétricos, mas optam pelo modelo quando precisam de um veículo alugado. As cantoras Alicia Keys e Annie Lennox são clientes da Climatecars, uma locadora de veículos londrina que tem 23 Priuses na sua frota. A empresa criada por Nicko Williamson, de 25 anos, é sucesso na capital inglesa por oferecer conforto e luxo aliados à preservação ambiental. Todos os carros possuem estofados em couro, ar-condicionado, revistas, jornais e um minibar que serve a água mineral Belu, a primeira no mercado que compensa todas as emissões de carbono durante o seu processo de engarrafamento com o plantio de árvores. “As pessoas que usam os meus carros adoram saber que estão contribuindo para a redução do impacto gerado pelo uso dos automóveis no meio ambiente”, diz Williamson.

PREFERÊNCIA No lançamento do Tesla, em 2007, celebridades

rá, três para a Ampla, Companhia Energética do Rio de Janeiro com sede em Niterói, e dois particulares em São Paulo. Em todo o mundo, existem 2.500 unidades em circulação. A energia que move o motor é armazenada em duas baterias chumboácidas com vida útil de 600 ciclos cada e levam em média oito horas e meia para serem completamente carregadas. O veículo é equipado com um cabo de 15 metros para ser ligado na energia elétrica residencial. Segundo o diretor-geral do INEE (Instituto Nacional de Eficiência Energética), Jayme Buarque de Hollanda, a potência equivale a um ar-condicionado grande e, por isso, deve-se evitar o acionamento de muitos eletrodomésticos (televisão, ferro de passar, chuveiro, microondas) ao mesmo tempo. De acordo com Antônio Nunes Júnior, diretor-presidente da ABVE (Associação Brasilei-

ra do Veículo Elétrico), a ausência de outros modelos, até mesmo mais eficientes no mercado brasileiro, se deve à falta de incentivo do governo. Levantamento da associação mostra que em alguns Estados já existem leis que isentam esses carros do pagamento do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), mas impostos federais ainda inviabilizam a comercialização em grande escala. “A taxa do imposto sobre importação é de 35% e, como os elétricos são veículos sem motor a combustão e cilindradas, eles acabam incluídos na categoria ‘outros’ do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), com a alíquota mais alta, de 25%”, diz Nunes Júnior. Segundo ele, a ABVE já entregou proposta de correção desse valor para o Ministério da Fazenda, sugerindo que o


TESLA/DIVULGAÇÃO

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CARROS ELÉTRICOS MODELOS DESENVOLVIDOS PELAS MONTADORAS TOYOTA/DIVULGAÇÃO

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INCENTIVO NA TOMADA ISENÇÃO DE IPVA Ceará Maranhão Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Sergipe ALÍQUOTA DE IPVA REDUZIDA Mato Grosso do Sul: Redução de até 70% Rio de Janeiro: Alíquota de 1% São Paulo: Alíquota de 3%

TOYOTA PRIUS

OUTRAS AÇÕES Rodízio em São Paulo não se aplica a veículos elétricos

FIAT/DIVULGAÇÃO

Incentivo do BNDES para financiamento de ônibus elétricos Fonte: ABVE

fizeram fila para ver o carro elétrico

IPI para esses veículos seja zero. “Fizemos uma projeção de mercado e dentro de dez anos é possível superar a arrecadação com os valores de venda das unidades.” A primeira iniciativa brasileira na criação de um modelo elétrico aconteceu em 1973, com a apresentação do Gurgel Itaipu, equipado com 320 kg de baterias e autonomia de 80 km. O veículo não chegou a ser comercializado. Agora, 36 anos depois, a hidrelétrica, que nomeou o automóvel, participa de pesquisas para criar um modelo elétrico com tecnologia nacional. O Projeto Veículo Elétrico, desenvolvido pela Itaipu em parceria com a Fiat, a controladora de hidrelétricas suíças KWO, empresas de tecnologia e energia e instituições de pesquisa do Brasil, Paraguai e Suíça, pode ser uma alternativa para as baterias de lítio.

FIAT PALIO REVA/DIVULGAÇÃO

REVA i

ÇÃO LGA DIVU GM/

CHEVROLET VOLT

Os 22 protótipos criados desde 2006, a partir do Palio Weekend, são equipados com baterias de sódio que permitem autonomia de até 120 km. Todos os veículos ainda estão sendo testados e, por enquanto, a comercialização é inviável devido aos custos do veículo. Segundo o coordenador brasileiro do projeto, Celso Novais, o sódio existe de forma abundante no planeta e é suficiente para substituir por elétricos toda a frota de 1 bilhão de veículos existente hoje. A aposta no etanol também pode estar entre os fatores que retardam as iniciativas governamentais e privadas na criação de modelos movidos totalmente a baterias ou híbridos, desperdiçando, dessa forma, o potencial que o país tem para gerar energia por meio de suas usinas hidrelétricas, acredita Sarti, professor do Neit da Unicamp.


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TRANSPORTE COLETIVO

Experiência começa com bondes No transporte coletivo, a experiência brasileira com veículos elétricos já é mais extensa. A história vai desde os bondes, que chegaram por aqui em 1900, e os trólebus, nos anos 1950, até os ônibus híbridos que já circulam nas ruas de grandes cidades brasileiras. Fundada em 2000, a Eletra é responsável pela produção da maioria dos ônibus com tração elétrica existentes no país. Segundo a gerente-geral da empresa, Iêda Maria Oliveira, circulam, atualmente, 40 veículos híbridos (diesel e bateria) e 300 trólebus. Os trólebus são alimentados pela rede elétrica, e os híbridos têm motor a combustão e baterias que são recarregadas durante a própria frenagem do motor, eliminando assim a necessidade de recarga externa (tomada). Iêda afirma que esse modelo pode reduzir a emissão de material particulado em 90%, quando comparado com os simila-

res a diesel. De acordo com a gerente da Eletra, a empresa já trabalha no desenvolvimento de projetos híbridos que utilizam gás natural, etanol e biocombustíveis, reduzindo ainda mais a emissão de poluentes. Com a mesma intenção, o projeto desenvolvido pelo PNDU (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em parceria com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), a GEF (Global Environment Facility) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) deve colocar nas ruas do corredor ABC paulista, em julho, um ônibus híbrido movido a hidrogênio que emite apenas vapor-d’água durante a combustão. O veículo tem capacidade para transportar até 63 passageiros, com autonomia de 350 km, e pode ser uma solução ecologicamente mais eficaz que as alternativas já existentes para a preservação do meio ambiente.

PIONEIRA A empresa Eletra é responsável

No entanto, ele afirma que ambas as tecnologias podem conviver no mercado a médio e longo prazo. “O etanol é uma solução brasileira alternativa e competitiva. O sucesso desse combustível renovável não se deve apenas ao desenvolvimento do motor, mas a toda uma rede de atrativos complementares como a produção da cana de açúcar e dos postos distribuidores. Aliar as duas tecnologias é o ideal”, explica. A Itaipu desenvolve parâmetros para a criação de um veículo híbrido movido a etanol a partir de 2010. A possibilidade de criação de um segmento industrial

A TOYOTA ESPERA VENDER

400 MIL UNIDADES DO MODELO PRIUS ATÉ 2010


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ELETRA/DIVULGAÇÃO

O QUE VEM POR AÍ CUBE • Da Nissan, 100% elétrico. Começa a ser produzido no Japão em 2010 e chega ao mercado em 2012 VOLT • Da Chevrolet, híbrido (energia e gasolina). Chega ao mercado no próximo ano IMI EV • Da Mitsubish, movido a bateria. Já existem 200 unidades em teste pelo mundo. Começa a ser comercializado em 2010 AMPERA • O modelo elétrico da Opel será lançado no início de 2011. Autonomia de 480 km PRIUS 3ª GERAÇÃO • Primeiro modelo híbrido vendido no mundo. A Toyota promete sua versão de íon de lítio para o fim deste ano a um preço de US$ 40 mil F6DM • O híbrido chinês da BYD roda 100 km antes de ativar o motor a combustão GLK BLUETEC • O protótipo do utilitário híbrido da Mercedes combina motor a diesel com baterias de íon de lítio. Faz de 0 a 100 km/h em 7s Fontes: Montadoras, ABVE

pela produção da maioria dos ônibus com tração elétrica existentes no país

que produza carros elétricos nacionais enfrenta, ainda, uma última dificuldade: a geração e distribuição de energia elétrica. Para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ainda há muito o que fazer para o veículo elétrico chegar ao mercado nacional. A representante das montadoras acredita na necessidade de ações governamentais para agregar à matriz energética veicular a eletricidade. Se toda a frota de veículos fosse substituída pelos elétricos, seria preciso produzir muito mais energia do que a quantidade disponí-

vel hoje e, para que os danos ao meio ambiente sejam realmente reduzidos, essa energia deve ser limpa. Sérgio Pacca, professor de Gestão Ambiental da USP (Universidade de São Paulo), afirma que a geração de energia eólica é a mais saudável para o meio ambiente, pois emite apenas 40 gramas de CO2 por kWh. O Brasil tem potencial para a sua captação nas regiões Sul e Nordeste, mas, por ser uma fonte intermitente, não garante grande produção. Nesse caso, a segunda opção são as usinas hidrelétricas, já bem-estabelecidas no país. As emissões de CO2 dessa fonte chegam a 70

g/kWh. Alternativas como as termoelétricas movidas a gás natural e a carvão geram 600 gramas e 1.000 gramas de CO2 por kWh , respectivamente. Segundo Hollanda, diretor-geral do INEE, a distribuição da energia também deve ser reavaliada. De acordo com ele, dentro de alguns anos, a rede elétrica nacional deverá passar por adaptações para o abastecimento dos veículos. Os condomínios, por exemplo, terão que encontrar medidas para controlar o consumo nas garagens. “Cada apartamento tem um relógio que mede o consumo, mas como isso será controlado com os veículos? Tudo ainda deve ser avaliado”, diz.

O assunto fará parte de um seminário no dia 30 de junho, no Rio de Janeiro, organizado pelo INEE. O evento Veículo Elétrico e Rede Elétrica discutirá as tendências e a evolução provável da eletrificação de veículos no Brasil.

SERVIÇO Seminário Veículo e Rede Elétrica Quando: 30/6, das 8h30 às 18h Onde: Av. Graça Aranha, 1, 13º andar - Rio de Janeiro (RJ) Informações: (21) 2532-1389 inee@inee.org.br


BRASIL POSSUI MAIS DE

1,4 MI DE KM DE ESTRADAS VICINAIS INFRAESTRUTURA

período chuvoso, que para alguns Estados brasileiros começa em dezembro e só termina em maio, representa o caos para milhões de motoristas brasileiros, principalmente caminhoneiros. As estradas se tornam intransitáveis, sobra barro e lama e os caminhões costumam ficar atolados por horas. O resultado é o atraso na entrega das cargas e o aumento considerável do custo de manutenção dos caminhões. Essa cena acontece até mesmo em parte da malha de rodovias federais do Norte do Brasil, mas, com mais frequência, nos milhares de quilômetros de estradas vicinais que cortam o país. De acordo com estudos do professor Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, o Brasil possui atualmente mais de 1,4 milhão de km de estradas vicinais, ou seja, cerca de 90% de toda a malha de rodovias brasileiras. O próprio conceito de estradas vicinais é controvertido. Muitos pensam que são todas e somente as estradas de terra, mas Resende esclarece que estradas vicinais são todas aquelas que desembocam em um grande tronco rodoviário

O

FORA DA PRIORIDADE DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA A ECONOMIA DO PAÍS, AS ESTRADAS VICINAIS NÃO RECEBEM A ATENÇÃO E OS INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS POR EDSON

ou em rodovias principais, pavimentadas ou não. Necessariamente, nem todas são de terra, mas a maioria está em péssimo estado. “A maior parte está em estado lastimável, principalmente porque muitos motoristas tendem a usar a rodovia vicinal como rota de fuga das praças de pedágio, e o movimento tem sido intenso”, diz Resende, doutor em engenharia de transporte e logística pela Universidade de Illions, nos EUA. Presidente da Seção de Transportes Autônomos de Pessoas e Bens da CNT e da Abcam

CRUZ

(Associação Brasileira de Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes concorda que realmente os caminhoneiros utilizam as vicinais como rota de fuga. “Estamos levantando uma bandeira com relação ao pagamento de pedágios. Achamos que todos os usuários das rodovias concessionadas deveriam pagar pedágio. Isso ajudaria futuramente, até mesmo para diminuir o valor cobrado nos postos atualmente”, diz o dirigente, que representa cerca de 400 mil caminhoneiros em todo o país. Estudos da CNT comprovam que o péssi-

mo estado das rodovias encarece o custo de transporte em, pelo menos, 30%. “Além dos custos com a manutenção, os veículos que trafegam em rodovias deterioradas consomem bem mais combustíveis”, afirma Paulo Resende. Isso porque a troca de marchas e frenagens são constantes. Em São Paulo, o Programa Pró-Vicinais está ajudando a mudar a realidade das estradas do Estado. O cronograma prevê que até o final de 2010, somadas as quatro fases do programa, 12 mil quilômetros de vici-


DANIEL DE CERQUEIRA/O TEMPO

nais vão ser recuperadas, com investimento de R$ 6 bilhões, financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e pelo Bird (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento), mais conhecido como Banco Mundial. O governo paulista está realizando 1.158 obras no Estado. São Paulo possui 197 mil km de rodovias, sendo que 175,8 mil km são de estradas vicinais. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) de São Paulo é o órgão responsável pela aprovação dos projetos e formalização dos convênios. O DER também repassa o material básico às prefeituras e fiscaliza a execução das obras. Enquanto isso, os municípios, em conjunto com a iniciativa privada, são os responsáveis pela contratação de pessoal e a execução do projeto. O pacote inclui reconstrução das faixas existentes, readequação do traçado geométrico, implantação de acostamentos, recuperação, alargamento e construção de trechos, revisão do sistema de drenagem e implantação de sinalização. Tupã, a 435 km de São Paulo, é a cidade que recebeu o maior


“A maior parte (das vicinais) está em estado lastimável” PAULO RESENDE, DOUTOR EM ENGENHARIA DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA

GESTÃO

Especialista defende três modelos O governo paulista incluiu nos últimos lotes de concessões de rodovias trechos de vicinais. Na prática, isso significa que, a partir de agora, elas serão mantidas obrigatoriamente pelas concessionárias, que serão responsáveis pela manutenção permanente de, pelo menos, mil quilômetros de trechos de estradas vicinais. Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, sugere três modelos de manutenção de vicinais no Brasil. “Nas rodovias de movimento intenso, o ideal é o modelo tradicional de concessão, repassando, dessa forma, a administração da rodovia para a iniciativa privada, com cobrança de pedágio. Nas rodovias de médio movimento, o melhor seria a realização de parcerias público-privadas. Nesse caso, as empresas concessionárias receberiam o valor do Estado e não dos usuários das vias. E nas de pequeno movimento, o Estado deveria fazer a gestão da rodovia com seus próprios recursos, também sem custos para os usuários”, diz o professor.

Presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), Moacyr Servilha Duarte afirma que as outorgas dos novos lotes de concessão de rodovias em São Paulo já preveem a manutenção de rodovias vicinais e que, com certeza, esse custo não será repassado para o valor dos pedágios. “Ainda é difícil calcular o impacto que essa nova regra vai causar às concessionárias, mas a manutenção de vicinais é totalmente diferente. O padrão de piso é outro, as exigências também são diferentes”, diz o dirigente. O presidente da Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, também acredita que os preços cobrados nos pedágios das rodovias paulistas não serão onerados, devido à nova tarefa atribuída as concessionárias. Ele diz que o Programa Pró-Vicinais foi bem-vindo, mas que as vicinais de São Paulo sempre foram bem melhores do que as existentes em outras regiões do país, principalmente Norte, Centro-Oeste e Nordeste.

número de estradas recuperadas pelo Programa Pró-Vicinais no Estado, com 109 km. “A recuperação das estradas vicinais ajuda a promover maior integração entre o sistema rodoviário estadual e contribui para diminuir os custos de transporte e o tempo de viagem do setor produtivo, que é o que mais se utiliza das estradas vicinais. Além disso, essas obras garantem maior segurança aos usuários e melhoram, consideravelmente, o acesso dos núcleos rurais aos centros urbanos da cidade”, diz o prefeito de Tupã, Waldemir Gonçalves Lopes. A realidade também está mudando as regiões Centro-Oeste e Norte. Em Mato Grosso, uma parceria entre Estado e municípios, por meio do Programa Pró-Máquinas, está recuperando a malha de estradas vicinais, que até pouco tempo era considerada uma das piores do país. O Estado disponibiliza uma “patrulha rodoviária” e as prefeituras ficam responsáveis pela operação dos equipamentos. A patrulha rodoviária é composta de pá carregadeira, basculante, motoniveladora, escavadeira mecânica, prancha, cavalo-mecânico, além de fornecimento de óleo diesel e lubrificantes. Após um ano de uso, esse maquinário é repas-

sado para outros municípios que estejam precisando de realizar a manutenção de suas malhas rodoviárias. O grande problema é a falta de sintonia entre as administrações municipais. “Às vezes, uma prefeitura executa as obras, porém, o município vizinho não aceita participar do projeto. Então, não há uma continuidade. É preciso incentivar a cooperação. Quando todos participam, todos lucram, mas não é essa mentalidade de muitos administradores de cidades do Mato Grosso”, diz o coordenador de Infraestrutura da AMM (Associação Matogrossense de Municípios), Ildomar Freitas de Oliveira.


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IMPRENSA/PREFEITURA DE TUPÃ/DIVULGAÇÃO

MELHORIAS Estrada vicinal que liga Tupã a Arco-Íris, recapeada através do Programa Pró-Vicinais do governo paulista

Outra dificuldade é que as jazidas de cascalho e brita, material necessário para a reforma das vicinais, estão bem distantes de parte das cidades. “É comum essa jazidas estarem a 200 km dos municípios. Isso encarece as obras e, principalmente, é um fator desmotivante para a recuperação de estradas”, diz Ildomar. A obrigação das prefeituras em arcar com os pagamentos dos operadores de máquina, que encarece a folha de pagamento, é outro fator desestimulante. Apesar disso, a AMM tem realizado reuniões periódicas com administradores municipais para incentivar a cooperação e o desenvolvimento do projeto.

PROGRAMA PRÓ-VICINAIS CONTA COM

R$ 6 BI EM SÃO PAULO

Um outro programa de recuperação de vicinais está em curso na região Norte. O Previa (Programa de Recuperação de Estradas Vicinais da Amazônia) pretende recuperar milhares de quilômetros no entorno das BRs 163 (Santarém/Cuiabá) e 230 (Transamazônica). Esse programa está sendo patrocinado pelo governo federal. De acordo com o subsecretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Daniel Barcelos Vargas, o objetivo do governo é promover um amplo programa de recuperação de trechos de estradas vicinais para facilitar o escoamento da produ-

ção agrícola e a consolidação de áreas destinadas à produção, levando-se em conta o zoneamento ecológico da região. O governo pretende investir na recuperação de estradas vicinais dentro de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável. Ou seja, vai racionalizar o uso de estradas e privilegiar a recuperação das que possam concentrar o maior número de atividades produtivas. Com isso, além de melhorar consideravelmente o acesso entre as vicinais e as rodovias principais, o governo evita o desmatamento, que seria proporcionado pela construção de novas estradas. As próprias BRs 163 e 230 possuem grandes trechos não pavimentados e ficam intransitáveis em períodos de chuva. “As vicinais em seu entorno estão ainda piores, principalmente com relação a BR-163. Em alguns trechos, a velocidade dos veículos é de no máximo 20 km”, diz o presidente da Associação de Desenvolvimento Regional para a Conclusão da BR-163, Jorge Antônio Baldo. Essas vicinais e a 163 se encontram no principal corredor brasileiro de escoamento de soja. Atualmente, Grosso é o maior exportador de soja do Brasil, com 17 milhões de grãos embarcados na safra de 2008.


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A COMJOVEM POSSUI ATUALMENTE

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GESTÃO

ESCOLA

DE LÍDERES

PRIMEIRO SEMINÁRIO NACIONAL DA COMJOVEM DISCUTE O PAPEL DA NOVA GERAÇÃO DE EMPRESÁRIOS E EXECUTIVOS DO TRANSPORTE BRASILEIRO POR

nova geração de empresários do transporte brasileiro esteve reunida no primeiro seminário nacional da ComJovem (Comissão de Jovens Empresários e Executivos do Transporte de Cargas e Logística), realizado em Brasília, no último dia 5 de maio. O encontro discutiu o novo papel do jovem empresário no setor de transportes no país. O evento contou com as presenças do presidente da CNT, Clésio Andrade, do presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e

A

EDSON CRUZ

Logística) e da Seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, do diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, da diretoraexecutiva do Sest/Senat, Tereza Pantoja, do diretor da CNT e expresidente da NTC&Logística, Geraldo Vianna, e do economista Raul Velloso. Na abertura, o presidente da CNT, Clésio Andrade, falou sobre a importância do evento na formação de novos líderes. “Estou vendo, aqui na minha frente, futuros diretores e até possíveis futuros presidentes da CNT. Demos um grande salto nos últimos

anos, mas o próximo passo de crescimento do setor do transporte brasileiro será dado por vocês”, disse Clésio Andrade. “O jovem hoje deve se engajar e entender o processo político. Isso só acontece com muito estudo e uma leitura crítica“, disse Geraldo Viana, que proferiu uma palestra sobre a importância da participação política do jovem empresário de transporte. O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, apresentou os principais projetos da CNT, como as pesquisas rodoviária, aquaviária e ferroviária, o Atlas

do Transporte, o Plano CNT de Logística e o Despoluir - Programa Ambiental do Transporte. Já a diretora-executiva do Sest/Senat, Tereza Pantoja, explicou como essas duas instituições auxiliam o trabalhador do transporte. E, por fim, o economista Raul Velloso discursou sobre o atual panorama da economia no Brasil e no mundo. Depois das palestras, integrantes das regionais da ComJovem de todo o país puderam tirar dúvidas relacionadas a temas de interesse geral. Foram levantadas questões sobre investimen-


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ASSOCIADOS EM DEZ NÚCLEOS ESPALHADOS PELO PAÍS

NTC&LOGÍSTICA/DIVULGAÇÃO

tos do PAC, sustentabilidade, mudança da legislação e engajamento na política. “Foi um momento único e que serviu para promover a integração de representantes das nossas dez regionais. Além disso, temos curiosidade e interesse de conhecer profundamente o andamento das entidades do transporte. Esperamos, no futuro, capacitar e descobrir novos líderes para o setor”, diz o coordenador nacional do movimento, André Ferreira. O movimento, que surgiu em 1990 no Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Car-

ga de São Paulo e Região), desde o ano passado, foi remodelado pela NTC&Logística e se tornou nacional. Atualmente possui 360 associados em dez núcleos espalhados pelo país. “A ComJovem prepara os jovens empresários e executivos para o futuro. São eles que estarão à frente das empresas e entidades do transporte rodoviário de cargas daqui a alguns anos”, diz Flávio Benatti. Uma vez por mês, os jovens empresários e executivos se reúnem nas regionais, debatem temas relacionados ao transporte rodoviário de cargas, promovem

eventos de integração social, workshops e programam visitas a fornecedores. “Para sobreviver num mercado competitivo, é preciso se preparar cada vez melhor”, diz André Ferreira. Em muitas empresas do país, a sucessão empresarial tem sido um grande trauma. Estudos da NTC&Logística indicam que, de cada cem empresas, 30% chegam à segunda geração e apenas 5% à terceira. O fracasso em grande parte acontece porque, geralmente, os herdeiros não estão preparados para assumir o negócio. Além do quase sempre inevitável choque de gerações e discordância de objetivos futuros, falta preparação dos herdeiros sob vários aspectos: técnico, administrativo, liderança e, principalmente, conhecimento do mercado. O próprio André é exemplo de como a nova geração está se formando. Ele começou a trabalhar aos 14 anos na empresa de sua família, a Rápido 900 de Transportes Rodoviários Ltda. Desde então, passou por diversos departamentos da empresa (expedição, armazéns, departamentos operacional e administrativo). Atualmente, ele, que pertence à terceira geração de administradores e se formou em economia, exerce a função de diretor de vendas e marketing. Desde que André começou a fazer parte do comando, a empresa deu uma guinada e hoje

está entre as principais do transporte rodoviário de cargas brasileiro. Em 2008, a demanda por serviços teve um aumento de 14% em relação a 2007 e a empresa movimentou 1 milhão de toneladas de diversos produtos. Devido à qualidade dos serviços oferecidos e da preocupação socioambiental, a Rápido 900 ganhou o certificado ISO 9001:2000. Para qualquer empresa, essa certificação representa um reconhecimento internacional e nacional pela qualidade da gestão. Nesse período, André promoveu a renovação da frota e modernizou os métodos de trabalho. Passou, por exemplo, a fornecer treinamento e reciclagem aos motoristas da empresa e agregados e a dotou com modernos equipamentos tecnológicos para atender à crescente demanda do mercado. As novas tendências empresariais são assuntos recorrentes nas reuniões mensais. André Ferreira e outros integrantes do movimento estiveram em janeiro deste ano na Promat, principal feira de logística da América do Norte, realizada em Chicago, nos EUA. Alguns dos destaques da feira foram as novidades tecnológicas de warehouse (sistema de controle de armazéns). Logo na primeira reunião, depois que os representantes desembarcaram no Brasil, esses novos conhecimentos foram compartilhados com jovens empresários e executivos.


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“O próximo passo de crescime CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

PRIORIDADE

Infraestrutura preocupa Os jovens empresários e executivos da ComJovem estão preocupados com a precária infraestrutura de transportes brasileira. “Sempre debatemos durante os encontros assuntos estratégicos para o setor, como condições da malha rodoviária e preços de pedágios”, diz André Ferreira, coordenador nacional da ComJovem. A péssima condição das rodovias brasileiras é um dos assuntos mais abordados nos encontros. Estudos da CNT comprovam que a má qualidade do pavimento encarece em 30% o custo operacional dos caminhões. De acordo com a Pesquisa Rodoviária CNT 2007, somente 26,1% das rodovias estão em boas condições. Em maio, por exemplo, a coordenadora da ComJovem do Rio Grande do Sul, Valesca Bedin Lovatel, e o vice-coordenador, Fernando Krás Borges, estiveram em Brasília para cobrar do governo o andamento das obras de duplicação da BR-101, uma das principais rodovias do Sul do país, e sobre possíveis novas praças de pedágio. Eles foram até o gabinete do senador gaúcho Sér-

gio Zambiasi (PTB) e solicitaram explicações. “O senador, prontamente, entrou em contato com o diretorgeral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antônio Pagot, que respondeu aos nossos questionamentos”, diz Valesca. Pagot disse que o término das obras de duplicação da BR-101 está previsto para o fim do primeiro semestre de 2010. O diretor do Dnit ainda garantiu que não haverá a abertura de mais postos de pedágio entre Florianópolis e Porto Alegre. Os coordenadores da ComJovem do Rio Grande do Sul também questionaram Pagot sobre os preços de pedágios praticados nas rodovias de seu Estado. “O impacto dos pedágios na matriz de custos do transporte rodoviário de cargas é enorme e o retorno do serviço nem sempre é o esperado pelos usuários”, diz Valesca. Durante as reuniões regionais do movimento, ainda são debatidas estratégias para se combater o crescente roubo de cargas e a qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias de rodovias.

“Não nos vemos como concorrentes, mas como parceiros”, diz André, que conta que o perfil dos associados é bastante diverso e engloba desde estagiários iniciantes a administradores já preparados e com muita bagagem profissional. Coordenadora da regional do Rio Grande do Sul, a empresária Valesca Bedin Lovatel, 26 anos, gerente-operacional da Transportes Panex, trabalha desde os 19 na empresa da família. Pósgraduada em administração pela Fundação Getúlio Vargas, ela conta que o trabalho na ComJovem tem contribuído para reduzir os custos operacionais das empresas dos associados. “Trocamos constantemente informações sobre o mercado e fazemos compras em conjunto para reduzir os preços”, diz a empresária. Pneus, peças de manutenção de caminhões e rastreadores estão entre os itens compartilhados, frequentemente, entre os associados. A compra conjunta é realizada depois de uma abrangente pesquisa de mercado. Já que há muitos compradores para o mesmo produto, o preço final acaba sendo compensador. No Rio Grande do Sul, além das reuniões mensais, para estreitar os laços, a coordenação tem promovido atividades sociais, como churrascos e até corridas de kart. Por isso, os 45 associados da regional gaúcha têm se encontrado semanalmente. “O grupo é formado por amigos e, profissionalmente, estamos crescendo juntos”, afirma Valesca. Os

INCENTIVO Presidente da CNT,

constantes contatos têm ajudado no desenvolvimento de estratégias comerciais parecidas entre os novos empresários. Na regional Minas Gerais, um dos temas mais abordados se refere à conscientização ambiental. “Estamos encampando as diretrizes do Despoluir. Desde então, as frotas das empresas dos associados estão jogando menos fumaça preta no ar”, afirma a coordenadora, Marina da Mata Amorim, 27 anos. Em Minas, a troca constante de experiências entre os associados tem ajudado a otimizar a gestão das empresas. “Quando comecei há cinco anos na minha empresa senti muitas dificuldades com relação ao mercado. Hoje, os novos associados da ComJovem não estão


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nto do setor de transporte será dado por vocês” JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

SAIBA MAIS O QUE É • Comissão Nacional de Jovens Empresários e Executivos do Transporte de Cargas e Logística OBJETIVOS • Reunir jovens empresários e executivos do setor para promover o aprendizado e o conhecimento sobre os principais temas relacionados ao transporte rodoviário de cargas e estimular o surgimento de novos líderes sindicais

Clésio Andrade, fala aos empresários

passando mais por isso. As palestras, debates e visitas técnicas têm proporcionado um conhecimento imensurável”, diz a gerente da Rodomaster Transportes, localizada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. A sobrevivência no mercado está cada vez mais relacionada à integração de empresas afins. “A troca de experiências com pessoas que estão vivenciando os mesmos problemas ou que já superaram grande parte deles é essencial”, concorda o coordenador da ComJovem da Bahia, o empresário Nícolas Najar de Siqueira, 32 anos. Há 11 anos, ele começou a trabalhar como estagiário na empresa do pai, a Rajan Transportes. Somente depois de passar pelos setores administra-

COMO FUNCIONA • Integrantes fazem reunião mensal, oficinas e visitas técnicas a fornecedores e promovem eventos sociais QUEM PODE PARTICIPAR • Jovens entre 18 e 35 anos, empresários e executivos das empresas de transporte rodoviário de cargas ASSOCIADOS NO BRASIL • 360 REGIONAIS • 10 (São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Santos) CONTATOS • comjovem@ntc.org.br ou (11) 2632-1516

tivo, financeiro e operacional e fazer o curso de administração, tornou-se gerente comercial, administrativo e coordenador de qualidade de sua empresa. Antes disso, porém, trabalhou em empresas paulistas, como a Mira, a Cinco Estrelas e a Atlas, que são referências no setor. “Uma oportunidade única que poucas pessoas detiveram. E, hoje, com a união da classe, é mais fácil usufruir dessa gama de possibilidades”. Nesse período, Nícolas pôde conhecer as tendências e inovações do mercado. As visitas técnicas a fornecedores também têm ajudado aos novos empreendedores. Nos últimos meses, integrantes da ComJovem visitaram a fábrica da Volkswagen, em Resende (RJ), e a das Borrachas Vipal, em Nova Prata (RS). “Durante essas visitas, estreitamos os laços com os fornecedores e conhecemos as tecnologias utilizadas na produção de equipamentos”, conta André Ferreira. Essas visitas têm sido realizadas, por enquanto, apenas em âmbito regional e, juntamente com as reuniões mensais, transformaram-se em “cases” de sucesso, mas as reuniões nacionais estão sendo incrementadas. “Por diversos motivos, reunir todos os associados tem sido um grande desafio”, diz André Ferreira. Por compromissos pessoais e comerciais assumidos, a concorrida agenda dos empresários costuma ficar desencontrada. Apesar disso, a partir de agora, as reuniões nacionais da ComJovem devem ser mais frequen-

tes. Em maio, aconteceu a primeira reunião ao vivo transmitida pela TRC TV, que é um projeto pioneiro de televisão na Internet voltado para a logística e transporte de cargas, e mantido pela Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo), NTC&Logística e Setcesp. Durante o programa inaugural, foi discutido o cronograma de atividades do movimento para todo o ano de 2009. Os coordenadores regionais fizeram um pacto de apoio à causa contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. Por enquanto, a experiência da ComJovem tem sido apenas vivenciada pelo transporte rodoviário de cargas brasileiro, mas Flávio Benatti diz que ela poderia ser compartilhada por outros modais, como o transporte de passageiros. “Essa é uma oportunidade que não deve ser perdida.” De acordo com André Ferreira, dirigentes da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) conheceram o movimento no ano passado, durante uma reunião do projeto “Boas Práticas”, realizado em Natal (RN). André foi um dos palestristas do evento e explicou, minuciosamente, a importância e as práticas da ComJovem. Os dirigentes da NTU estão planejando um trabalho semelhante e, atualmente, estão formando banco de dados com jovens empresários executivos do transporte público urbano, informa a assessoria de imprensa. A primeira reunião deve acontecer no segundo se mestre deste ano.




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TURISMO

EXPECTATIVA APÓS

CALMARIA COM A CRISE, PROCURA POR CRUZEIROS REDUZ 20%, MAS SETOR APOSTA EM CRESCIMENTO POR

ESTÃO PREVISTOS

323 CRUZEIROS NO BRASIL NA PRÓXIMA TEMPORADA

CYNTHIA CASTRO

ma atividade que vem crescendo em ritmo acelerado na última década no Brasil também sofreu o baque da crise na economia mundial nos primeiros meses de 2009. De janeiro a abril, época em que começam as vendas para os cruzeiros marítimos da próxima temporada (outubro de 2009 a abril de 2010), houve queda na procura pelos pacotes no país em torno de 20%. A estimativa é da Abremar (Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas). O vice-presidente da entidade, Adrian Ursilli, comenta que a mudança de comporta-

U

mento do viajante se dá não só em relação aos cruzeiros, mas ao turismo de forma geral. O agravante é que, com a alta do dólar no início do ano, produtos com preços cotados na moeda norte-americana foram mais afetados - caso dos cruzeiros. Entretanto, o setor aposta em uma recuperação no segundo semestre e ainda não prevê, por enquanto, estimativa real de queda nas vendas até o final do ano, em relação à última temporada. Aliás, está prevista a chegada de um número maior de navios ao Brasil a partir de outubro. “Esperamos a recuperação na economia com a estabiliza-


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SÉRGIO COELHO/CODESP/DIVULGAÇÃO

ção da crise. Com as promoções antecipadas dos navios, há uma tendência de mais vendas a partir de agora”, diz Ursilli. Em relação aos cruzeiros que aconteceram na última temporada, não houve influência da crise, devido à compra dos pacotes com antecedência. De acordo com o vice-presidente da Abremar, este é o melhor momento para comprar pacotes de cruzeiros nacionais. Como houve retração no início do ano, ele afirma que as companhias estão fazendo promoções ainda mais atrativas do que as habituais para ganhar os consumidores. Ursilli cita, por exemplo, a disponibilidade (em meados de maio) de comprar um pacote de quatro noites por US$ 499 para o primeiro passageiro, com possibilidade de levar um segundo passageiro gratuitamente. “Ou seja, uma pessoa paga US$ 249,50, pouco mais de R$ 500, para fazer um cruzeiro com saída por Santos ou pelo Rio de Janeiro, passando por Búzios e Ubatuba. E ainda parcelado em dez vezes”, diz. Quanto mais antecipadamente for comprado o pacote, melhores as condições oferecidas. Na Sealink, operadora de cruzeiros marítimos, o gerente de vendas Osmar Soares de Souza


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FISCALIZAÇÃO

Anvisa elabora guia sanitário SUN SEA/DIVULGAÇÃO

RIO DE JANEIRO Carnaval e Réveillon atraem turistas

“Com as promoções antecipadas dos navios, há uma tendência de mais vendas a partir de agora” ADRIAN URSILLI, VICE-PRESIDENTE DA ABREMAR

diz que não há a percepção desse índice (20%) de queda nas vendas, observado pela Abremar, em consequência da crise na economia. Souza não informa os dados em relação à redução de compras para a próxima temporada, mas diz que em março e abril houve cancelamento de, no máximo, 2% de pacotes já comprados para destinos internacionais, possivelmente devido a problemas econômicos e a gripe A (H1N1), conhecida no Brasil como gripe suína. “Alguns passageiros que tinham viagem para o Caribe ou Europa cancelaram, preferiram esperar para ver o que vai acontecer”, diz. Conforme as estimativas da Abremar, em relação aos cruzeiros internacionais, a retração nos

Até o próximo mês de outubro, quando começa a temporada de cruzeiros na costa brasileira, a Anvisa espera ter concluído o Guia Sanitário para Navios de Cruzeiro, que será distribuído à indústria de turismo náutico. Nesse documento, estarão todas as exigências sanitárias nacionais para esse tipo de embarcação. A gerente de orientação ao viajante da Anvisa, Karla Baeta, falou com a CNT Transporte Atual sobre como se dá o controle nas embarcações. A entrevista foi por e-mail porque, segundo a assessoria de imprensa da Anvisa, Karla está em viagem pelo Brasil em trabalho contra a gripe A (H1N1), conhecida no país como gripe suína, e só poderia responder via Internet. A gerente garantiu que nenhuma morte de passageiro registrada na última temporada no Brasil tem relação com questões sanitárias de bordo. Leia trechos abaixo. A Anvisa tem o Plano de Ação para o Controle Sanitário de Navios de Cruzeiro, instituído na última temporada. Em que consiste? O plano consiste em intensificar as ações de controle sanitário em todos os fatores de risco sanitário a bordo, além de aperfeiçoar as exigências legais com a realidade atual. Esse plano deve resultar, após intensa discussão com a indústria do turismo náutico, em um Guia Sanitário para Navios de Cruzeiro, no qual estarão previstas todas as exigências sanitárias

nacionais para esse tipo de embarcação. A ideia é que esse guia facilite o cumprimento pela indústria em questão das normas sanitárias. Como se dá o controle sanitário nos navios? Primeiramente, toda embarcação que tem intenção de atracar em portos brasileiros deve solicitar, à autoridade sanitária no porto, o CLP (Certificado de Livre Prática), documento obrigatório. Após a solicitação, a autoridade sanitária avalia as condições sanitárias de bordo (documentalmente e/ou via inspeção) e, se satisfatórias, emite o CLP, que autoriza a atracação e início das operações. Que tipo de exigência é feita? Os procedimentos realizados durante a inspeção são constituídos da análise documental e da inspeção física. São inspecionadas todas as áreas que compõem a embarcação, de acordo com a legislação sanitária, com ênfase para algumas atividades. Quais atividades? Recebimento, armazenamento, manipulação e exposição de alimentos, abastecimento, tratamento e pontos de oferta de água potável, hospital de bordo (estrutura, anormalidades clínicas e medicamentos), climatização, efluentes sanitários, gerenciamento de resíduos sólidos e (controle de) outras áreas, como alojamento, deck, piscinas, spas etc.


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ANVISA/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL

VAI VIAJAR? Veja algumas orientações da Anvisa para quem deseja embarcar em navios de cruzeiro • Fazer um check-up de saúde antes do embarque • Intensificar os cuidados com a higiene pessoal, como lavar as mãos várias

CONTROLE Karla Baeta diz como é feita a fiscaização

E os navios que atuam na costa brasileira costumam cumprir? O grau de comprometimento da indústria de navios de cruzeiro e, portanto, de cumprimento das exigências é bastante satisfatório no que tange às questões sanitárias. Caso seja observada alguma irregularidade nessa embarcação durante a inspeção ou na entrega da documentação ou por denúncia ou por informação de portos anteriores, as embarcações podem ser notificadas ou autuadas. Dependendo da gravidade das irregularidades observadas, podem ser impedidas de seguir viagem até a correção das mesmas. Qual é a norma para o atendimento médico dentro dos navios? Quantos médicos e/ou enfermeiros para quantos passageiros? Não é competência da Anvisa definir o número de profissionais de saúde a bordo, mas, sim, exigir o cumprimento de todas normas legais relativas aos serviços de saúde (são normas in-

ternacionais). Cada empresa tem um protocolo diferenciado, inclusive para pagamento e atendimento emergencial ou não. Os hospitais de bordo são equipados para atendimento de casos simples até casos emergenciais. Vale ressaltar que cada navio possui um hospital de bordo diferente. Quais os problemas mais comuns verificados? De forma geral, não houve infrações graves que pudessem colocar em risco iminente a saúde dos viajantes. Os problemas mais comuns verificados foram nas seguintes áreas: alimentos, relacionado ao recebimento e armazenamento, resíduos sólidos, em relação ao fluxo para retirada desses resíduos (como os procedimentos de armazenamento de restos de comida e fezes humanas), no hospital de bordo (controle de produtos para saúde, como medicamento mal-armazenado), climatização (limpeza dos componentes do sistema), presença de vetores (como água acumulada, o que favorece dengue).

vezes ao dia, principalmente, após ir ao banheiro e antes das refeições • Não exagerar no consumo de comida e bebida dentro do navio • Evitar ao máximo o consumo de comidas e bebidas de procedência duvidosa durante as escalas em municípios turísticos • Consumir, preferencialmente, água mineral envasada • Procurar imediatamente o serviço de saúde a bordo ao apresentar qualquer sintoma de doença • Não fazer uso de automedicação. O uso de qualquer medicamento deve ser feito somente com a prescrição médica Fonte: Anvisa

quatro primeiros meses do ano foi ainda maior que 20%, mas a entidade não diz o percentual. O gerente de vendas da Sealink também acredita que para a próxima temporada no Brasil não haverá queda, especialmente por causa das promoções. Ele diz que é possível encontrar cruzeiros para todos os gostos e bolsos. A pessoa pode escolher, por exemplo, um destino rápido e mais barato na costa brasileira ou outros internacionais, em companhias de alto luxo, que podem custar até US$ 30 mil. O diretor-presidente da Green Cruise Line, Mário de Melo, também considera que as facilidades oferecidas pelas empresas de navegação atrairão muitos turistas

para a próxima temporada. “A concorrência tem aumentado e, se antes os pacotes eram divididos em cinco vezes, agora há possibilidade de dez vezes.” De acordo com Melo, os valores cobrados pelos cruzeiros não foram alterados em consequência da crise na economia. Mas ele lembra que, como o dólar estava muito valorizado no início do ano, ao fazer a conversão para o real, o preço ficou mais alto. Além da crise e da gripe suína, na última temporada de cruzeiros no Brasil, a imprensa noticiou problemas ocorridos com passageiros de navios, inclusive a morte de alguns deles, fatos que poderiam ter afetado as vendas. O vice-presidente da Abremar ga-


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SAÚDE A BORDO

Regras

• Não existe uma norma específica no Brasil nem uma padronização para o número de médicos e enfermeiros • Os cruzeiros seguem regras de organismos internacionais, como o International Maritime Organization, com sede em Londres • Essa organização mantém um programa de controle médico e sanitário para passageiros de navios • De qualquer forma, os procedimentos variam de uma embarcação para outra

Recomendações internacionais

• O aparato médico de um navio de cruzeiro depende de variáveis como: tamanho do navio, itinerário, variedade e número de passageiros

O que esses navios devem ter:

• Um centro médico com profissionais (médicos e enfermeiros) que possam ser acionados 24 horas por dia • Áreas para exames e tratamentos adequados ao porte do navio • Macas e espaço apropriado para armazenamento de materiais e equipamentos • Manter pelo menos um médico e um enfermeiro para 1.500 passageiros* * Segundo a Abremar, os navios dispõem de mais profissionais que os recomendados Fonte: Abremar

DEMANDA Crescimento dos cruzeiros marítimos no Brasil tem

rante que essas notícias não tiveram influência na queda da procura por pacotes. Ursilli afirma que todos os problemas do último verão foram esclarecidos. “Os casos foram decorrentes do histórico pessoal de um ou outro hóspede, como doença. Em todos, ficou confirmado e demonstrado que não houve culpa ou influência dos navios”, diz. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também afirma que “as mortes ocorridas não tiveram qualquer relação com as condições sanitárias de bordo, estando as mesmas relacionadas com a saúde pretérita dos viajantes”. Para a próxima temporada,

estarão em operação na costa brasileira pelo menos 14 navios de bandeira internacional e haverá a oferta de 720 mil leitos, conforme a Abremar. Estão previstos 323 cruzeiros. Na temporada 2008/2009, foram nove navios em operação e o número de “cruzeiristas”, de acordo com a entidade, foi de 382 mil. O vice-presidente da associação diz que os cruzeiros “entraram no gosto” do brasileiro, portanto, ele acredita que será fácil recuperar a queda de vendas do início do ano. “São ótimas opções de férias e, em época de crise, nada melhor do que escolher um tipo de turismo com ótima relação custo-benefício.”

Nos últimos três anos, o setor tem observado um aumento médio de 30% na oferta de cruzeiros no Brasil, de uma temporada para outra, conforme a Abremar. “A oferta de vagas tem aumentado nessa proporção e há ocupação. Na próxima temporada, a oferta aumentará também e esperamos que as vagas sejam ocupadas.” O gerente de marketing da operadora Mak Tour, Andre di Giovanni Costanzo, considera que o maior pico de vendas de pacotes deve ocorrer a partir do mês de julho. “Temos navios novos chegando e várias promoções. As vendas vão aumentar no segundo semestre.”

A cada temporada, há uma estimativa da Abremar de que 40 mil empregos diretos e indiretos são gerados em consequência dos cruzeiros marítimos. Para o vice-presidente da Abav-RJ (Associação Brasileira das Agências de Viagem), Aldo Arthur Siviero, os brasileiros “deram um tempo” na compra dos pacotes nos quatro primeiros meses do ano porque as viagens só estão programadas para o final do ano. Mas ele também acredita que a partir de agora o cenário irá se reverter. “A vinda de 14 navios para o Brasil na próxima temporada é a aposta de que o mercado deve crescer ainda mais. O que houve


MSC/DIVULGAÇÃO

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“As vendas vão aumentar no segundo semestre” ANDRE DI GIOVANNI COSTANZO, GERENTE DE MARKETING DA MAK TOUR

LIMITAÇÕES

Infraestrutura é precária

sido a uma taxa média de 30% nos últimos três anos, segundo a Abremar

foi um momento de reflexão. Início do ano é sempre um período complicado, com muitos impostos, e ainda teve a crise.” Siviero estima que, nos últimos oito ou dez anos, os cruzeiros marítimos aumentaram cerca de 600% no Brasil. Para as cidades turísticas, os reflexos são muito positivos, conforme o vicepresidente da Abav-RJ. A maioria dos navios parte de Santos (SP) ou do Rio de Janeiro (RJ). O vice-presidente da Abav cita Búzios como exemplo de cidade do litoral fluminense que mais lucra com os turistas de cruzeiro. Entretanto, ele não sabe estimar qual o percentual de incremento na economia. “Alguns navios têm

capacidade para até 3.000 passageiros. São 3.000 pessoas que descem na cidade para consumir”, diz Siviero. No caso da cidade do Rio de Janeiro, o vice-presidente da Abav-RJ lembra que é muito comum a chegada de navios estrangeiros, que partem da Flórida (EUA), por exemplo. Esses navios vão à capital em datas específicas, como Carnaval e Réveillon. “Há um incremento muito expressivo nessas épocas. O turista estrangeiro, que está hospedado em um navio, gasta seus dólares com suvenir ou assistindo aos desfiles na Marquês de Sapucaí. Há também joalherias que levam o turista para visitas”, diz.

A falta de infraestrutura adequada na área portuária para atender bem aos turistas é um limitador de crescimento da atividade, conforme avalia o vice-presidente da Abremar, Adrian Ursilli. “O espaço interno de alguns portos, de acesso ao turista, por exemplo, precisa ser melhorado. Em alguns portos, os passageiros circulam na área de contêineres”, afirma Ursilli. Segundo ele, há mais necessidade de intervenções no Nordeste. Neste ano, o Ministério do Turismo e a SEP (Secretaria Especial de Portos) se comprometeram em unir esforços para melhorar a infraestrutura portuária. Na primeira semana de junho, estava prevista a assinatura, em Fortaleza (CE), de um acordo de cooperação técnica entre os dois órgãos. A proposta desse acordo é viabilizar a adequação e modernização da infraestrutura dos terminais marítimos e de passageiros e a urbanização das áreas portuárias, com o objetivo de promover o desenvolvi-

mento da atividade turística no país. Até o final de maio, o Ministério do Turismo não havia informado qual o valor que seria investido em 2009. Três portos devem ser priorizados nesse acordo. O de Salvador (BA) e o de Recife (PE), no Nordeste, terão os armazéns transformados em estação de passageiros. No Porto de Rio Grande (RS), as obras são de revitalização e urbanização da área portuária. Para esses terminais, foram disponibilizados R$ 3,5 milhões em 2008. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério do Turismo, além desse recurso, foram destinados R$ 11,7 milhões no ano passado para a construção, ampliação e reforma de píer e cais de portos em todo o Brasil e para a construção de centros de informações turísticas, urbanização de orla, entre outras medidas. Neste ano, também há previsão de grandes investimentos na revitalização do Porto do Rio de Janeiro.

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PASSAGEIROS

POR

LIVIA CEREZOLI

prazo para a realização da licitação das linhas de transporte rodoviário interestadual estabelecido pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) não deve ser cumprido. A falta de dados técnicos pode adiar o processo licitatório por até um ano. O anúncio foi feito em 19 de maio, pelo diretor da agência, Bernardo Figueiredo, durante entrevista no seminário A Experiência Brasileira em Transporte de Passageiros realizado pelo jornal “Valor Econômico”, em Brasília. Renan Chieppe, presidente da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), também esteve presente ao encontro. O evento contou ainda com a participação de representantes das empresas de transporte rodoviário de passageiros, trabalhadores e usuários. Em outubro do ano passado, a ANTT deu início a um processo de discussões públicas sobre o novo modelo de regulação do setor, como preparação para a licitação na-

O

PRORROGADO O leilão de 98,5% das ligações estava marcado

CONCESSÃ ANTT DEVE RETARDAR LICITAÇÃO DAS LINHAS DO TRANS cional das linhas interestaduais acima de 75 km. O ProPass (Projeto da Rede Nacional de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros) previa, inicialmente, a publicação do edital das concessões em junho. O leilão de 98,5% das ligações estava marcado para julho, mas, devido à falta de dados oficiais, os prazos não serão cumpridos. Figueiredo afirmou que o setor se baseia nas informações passadas pelas empre-

sas, mas acredita que ele esteja mal dimensionado. Hoje, existiriam 13,9 mil ônibus transportando, anualmente 131 milhões de passageiros. Nas linhas acima de 75 km, objeto da licitação, são 10 mil veículos com 60 milhões de passageiros ao ano. Pela proposta da ANTT, o número de ônibus deve ser reduzido para 4.200. “As empresas questionam a redução da frota e, talvez por isso, seja mais prudente realizarmos um levantamento ofi-

cial”, disse o diretor da ANTT. A agência utilizou fórmulas matemáticas para chegar ao número de veículos que julga ideal para operar o sistema. Segundo Figueiredo, para a realização de uma pesquisa de campo sobre o setor seria necessária a coleta de informações em pelo menos três períodos distintos: as férias no meio e no final do ano e uma temporada intermediária em que o fluxo de viagens é normalizado. Este último pe-


ALEX DE JESUS/O TEMPO/FUTURA PRESS

O QUE PENSAM OS PASSAGEIROS Confira dados da pesquisa realizada em 2007 SATISFAÇÃO COM O SERVIÇO (%) Satisfeito 61,5 Mais satisfeito que insatisfeito 23,4 Mais insatisfeito que satisfeito 10,1 Insatisfeito 4,3 GRAU DE SATISFAÇÃO (nota de 0 a 10) 2000 2004 2007

para ser realizado no mês de julho, mas devido à falta de dados oficiais os prazos não serão cumpridos

O ADIADA PORTE RODOVIÁRIO INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS “Os números correspondem à realidade, mas é evidente que faltam dados” RENAN CHIEPPE, PRESIDENTE DA ABRATI

ríodo justifica, segundo ele, a necessidade de adiamento do processo licitatório em mais um ano. Figueiredo confirmou ainda que, desde a criação da ANTT (há seis anos), nunca foi realizada uma auditoria para a verificação desses dados. Para Renan Chieppe, da Abrati, se há falhas, elas são de responsabilidade da base de dados criada pela agência. “Os números correspondem, sim, à realidade, mas é evidente que faltam dados”, dis-

se. De acordo com ele, no sistema não são detalhadas as informações das viagens realizadas em períodos de pico, como Natal e Ano Novo, por exemplo, quando são utilizados ônibus extras. O presidente da Abrati acredita que pelo menos 30% da frota atual das empresas hoje é composta por veículos reserva. “Isso justifica o número de ônibus existentes que é questionado pela ANTT.” Serão leiloadas 1.475 liga-

6,98 6,98 7,51

CRITÉRIOS DE ESCOLHA ENTRE DUAS EMPRESAS (%) Condição geral/conforto dos ônibus 38,8 Horários de saída/chegada 13,2 Segurança 13,2 Itinerário/pontualidade 11,6 Educação/gentileza 10,7 Preço 8,9 Vagas nos ônibus 3,4 Outros 0,1 O QUE PRECISA MELHORAR (%) Infraestrutura interna 46,7 Pontos de alimentação/bebidas 6,8 Horários de ônibus/pontualidade 3,6 Preço/desconto de passagens 3,4 Higienização 2,6 Sistema de informação/ comunicação 1,7 Segurança 1,7 Acesso para deficientes/ idosos 0,5 Outros 4,8 Nenhuma sugestão 21,3 Não sabe 6,9 Fonte: Vox Populi/Abrati


“As empresas questionam a redução da frota e, talvez por BERNARDO FIGUEIREDO, DIRETOR DA ANTT

JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

ções em 125 lotes, em todas as regiões do país. Atualmente, as operações são realizadas por 196 empresas. As concessões são válidas por um período de 15 anos e não poderão ser renovadas. Esse ponto é rebatido e criticado pela Abrati. Chieppe acredita que o prazo estabelecido para as outorgas também pode causar novos problemas para o setor. “Ele pode deixar de ser atrativo para a empresa que já atua ou para aquela que deseja entrar no mercado e vai arcar com todas as despesas de infraestutrura e logística. Quinze anos pode parecer muito, mas para quem investiu alto é um prazo curto para obter retornos”, afirmou. Esta é a primeira vez que a agência realiza leilão de linhas do transporte rodoviário de passageiros. Desde a criação do setor, há 70 anos, as empresas são permissionárias do serviço. O decreto 2.521, de 1998, colocou fim às possibilidades de renovação das permissões. O prazo encerrou em outubro do ano passado e, para evitar a paralisação do serviço público, a ANTT editou as resoluções 2.868 e 2.869, em 5 de setembro de 2008, autorizando as empresas, até então permissionárias, a ope-

ALERTA Renan Chieppe acredita que prazo para outorgas pode trazer problemas ao setor

”Em 27 anos foram cinco alterações na legislação. Isso é um abusurdo” DARCI NORTE REBELO, CONSULTOR JURÍDICO DA FETERGS

rarem sob regime de autorização especial, até que sejam celebrados os contratos de concessão. Em outubro do ano passado, a agência abriu consulta pública para discutir o assunto com os setores envolvidos. O período de contribuições encerrou em 22 de abril deste ano. Antes da publicação do edital, pelo menos uma audiência pública deve ser realizada. Segundo a agência reguladora, o principal objetivo da

concessão é qualificar os serviços pelo princípio da concorrência, da modicidade tarifária, da gestão e controle e da regulação. Pelo modelo elaborado, deve vencer a disputa pela linha a empresa ou consórcio que oferecer a menor tarifa. Após a licitação, a ANTT espera uma redução nos preços pagos pelas passagens. Pesquisa do Instituto Vox Populi, encomendada pela Abrati em 2007, revela, no entanto, que a tarifa não é o principal critério avaliado pe-


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isso, seja mais prudente realizamos um levantamento oficial” REGINALDO PEREIRA/AGÊNCIA A TARDE/FUTURA PRESS

los passageiros na escolha entre duas empresas que operam a mesma linha. Apenas 8,9% deles citaram o preço como fator determinante. Para 38,8% dos clientes, a condição geral e o conforto são prioridades. A pontualidade é importante para 11,6% dos passageiros e a segurança, para 13,2%. Os dados também mostram que 84,9% dos usuários dos serviços prestados pelas empresas de ônibus interestadual se dizem satisfeitos e apenas 14,4% estão insatisfeitos (veja dados no quadro). A falta de regulação do setor também foi tema de discussão do seminário. O consultor jurídico da Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul), Darci Norte Rebelo, ressaltou a necessidade da criação de um marco regulatório definitivo para o transporte rodoviário de passageiros. “Em um período de 27 anos, foram realizadas cinco alterações na legislação existente. Isso é um absurdo”, afirmou. Para Rebelo, a licitação é “inoportuna”. Ele reforça a necessidade também da criação de regras de saída para as empresas do setor, evitando assim a falên-

PRIORIDADE Transporte rodoviário de passageiros carece de um marco regulatório

”Pode existir uma queda na qualidade do serviço prestado” JOSÉ ALVES DO COUTO FILHO, DIRETOR DA CNTTT

cia das mesmas. Ele observou que, quando cessa o contrato de licitação, imediatamente é interrompido o fluxo de caixa das empresas, que terão que arcar com todas as baixas financeiras, inclusive a indenização de funcionários. O setor emprega hoje 70 mil funcionários diretamente, dos quais 22 mil são motoristas, segundo dados da Abrati e da CNTTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres). A redução do tamanho da frota

também pode provocar o fechamento de postos de trabalho. Assumindo uma postura conservadora, o presidente da Abrati acredita no corte de 20 mil empregos. A CNTTT já fala em 40 mil demissões. “Além disso, pode existir uma queda na qualidade do serviço prestado, uma vez que a jornada de trabalho dos motoristas que terão o emprego mantido deve aumentar para atender os horários propostos no sistema”, disse José Alves do Couto Filho, diretor da CNTTT.


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“Não é possível tratar todo passageiro como um possível suspeito” AVIAÇÃO

CLÁUDIO JORGE PINTO ALVES

“É PRECISO BUSCAR O EQUILÍBRIO” POR

PNAC (Política Nacional de Aviação Civil) destaca expressamente em seu texto que a segurança é prérequisito para o funcionamento do setor e deve orientar e aprimorar as ações da aviação civil. A segurança abrange a proteção contra atos ilícitos e a segurança operacional. De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a segurança contra atos ilícitos se refere à prevenção contra ações de indivíduos que visam causar danos a aeronaves civis e envolve procedimentos com equipamentos de raios x, con-

A

EDSON CRUZ

trole de acesso a áreas restritas nos aeroportos e transporte de objetos perigosos nas bagagens. Já a segurança operacional se refere à prevenção de falhas no sistema que possam levar a acidentes e envolve procedimentos e técnicas de manutenção de pista, por exemplo. O professor do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) Cláudio Jorge Pinto Alves é um dos maiores especialistas do país em infraestrutura aeroportuária. No embrião da crise aérea, em 2007, ele recusou um convite do ministro da defesa, Nélson Jobim, para ser diretor da então

recém-criada Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Doutor em engenharia aeroportuária, Cláudio Jorge diz que as diretrizes da PNAC que envolvem a proteção contra atos ilícitos são satisfatórias, mas que na prática só vão valer se a Anac e a Infraero respeitarem e cumprirem as regras preestabelecidas. Ele afirma ainda que, apesar dos grandes problemas existentes, os aeroportos brasileiros estão bem conceituados, em termos de segurança, pela Ical (Organização Mundial da Aviação Civil, na sigla em inglês), um dos órgãos mais rigorosos entre os que avaliam

periodicamente os aeroportos de todo o mundo sob vários aspectos. Confira os principais trechos da entrevista concedida por telefone à revista CNT Transporte Atual. Em fevereiro, o governo Lula aprovou a Política Nacional de Aviação Civil. Nela, está prevista uma política de segurança contra atos ilícitos. Qual a importância de ser ter uma política como essa no Brasil? Num país de dimensões continentais como o Brasil, o avião, há algum tempo, se tornou o meio principal de transporte, porque é o único


PAULO FONSECA/ARQUIVO/AC&S MÍDIA

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OS SEIS PILARES DA PNAC SEGURANÇA • Garantia da integridade física e patrimonial dos usuários PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ADEQUADO • Continuidade, regularidade e pontualidade no serviço PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE • Minimizar efeitos prejudiciais ao meio ambiente. Principalmente, com relação a ruídos e emissão de gases dos motores das aeronaves PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR • Normatização que garanta os direitos do usuário do serviço de transporte aéreo DESENVOLVIMENTO DA AVIAÇÃO CIVIL • Formação de profissionais de todos os níveis da infraestrutura aeroportuária civil, da infraestrutura aeronáutica civil e dos serviços aéreos EFICIÊNCIAS DAS AÇÕES DA AVIAÇÃO CIVIL • Aperfeiçoamento da navegação aérea e otimização do espaço aéreo e da infraestrutura aeroportuária. Melhoria dos métodos, processos e práticas de gestão

PONTOS DA SEGURANÇA

capaz de transpor rapidamente grandes distâncias. Em menos de uma hora, é possível se fazer, por exemplo, uma viagem na ponte aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, há deficiências crônicas em outros modais. A maior parte da malha rodoviária está em más condições, e os transportes ferroviário e aquaviário são pouco utilizados e oferecem poucas opções de transporte de passageiros. Então, para que o avião se torne um transporte prioritário, é preciso garantir a segurança dos usuários para que eles cheguem ao destino sem trau-

mas. As diretrizes da política de segurança contra atos ilícitos tratam justamente disso. Na prática, ela só vai valer, no entanto, se a Anac e a Infraero obedecerem às regras preestabelecidas. Em 2008, a Anac divulgou que 182 aeródromos e aeroportos brasileiros têm problemas crônicos de segurança. Onde se encontram os locais mais críticos? Independentemente de quantos aeroportos tenham problemas, por incrível que pareça, o nível de segurança dos principais aeroportos

* OPERACIONAL • Atualizar normas, padrões, métodos e procedimentos; • realizar auditorias periódicas; • garantir a segurança operacional como disciplina curricular nos programas de formação e capacitação profissional da aviação civil; • fiscalizar regularmente as condições de aeronavegabilidade, oficinas e capacitação técnica e pessoal; • estimular maior consciência pública por meio de campanhas educativas na mídia; • Evitar a formação de lixões que possam atrair aves nas proximidades de aeródromos e aeroportos; • aprimorar a atividade prevenção e investigação de acidentes e incidentes aeronáuticos; • Proteger a zona do aeroporto contra ruídos que possam interferir na navegação aérea; * CONTRA ATOS ILÍCITOS • aprimorar e garantir a aplicação de procedimentos de fiscalização em prol da proteção contra atos ilícitos; • aprimorar métodos e procedimentos que garantam a segurança de passageiros, tripulação, pessoal em terra e público em geral contra ações ilícitas; • fomentar o intercâmbio de informações entre instituições nacionais e estrangeiras para promover a troca de experiência contra atos ilícitos; • incentivar o uso de novas tecnologias; • estimular a interação entre os órgãos da segurança pública e os órgãos e entidades da aviação civil, visando coordenar ações contra atos ilícitos;

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“Poucos aeroportos são cercados no Brasil e apresentam

OBJETIVO

Documento quer unificar aviação A PNAC (Política Nacional de Aviação Civil), oficializada pelo decreto 6.780, foi sancionada em 18 de fevereiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento foi formulado pelo Conac (Conselho de Aviação Civil) e estabelece o conjunto de diretrizes que irão nortear as ações dos órgãos e entidades públicas e privadas responsáveis pelo desenvolvimento da aviação civil no Brasil. O documento foi criado em cumprimento das resoluções 12/2007 e 20/2007 do Conac. O período coincide com o agravamento da crise aérea brasileira proporcionado pelos acidentes com o Boeing da Gol e um avião da TAM. Nessas duas tragédias, 353 pessoas morreram. A elaboração da minuta do documento contou com a contribuição de organizações privadas, como sindicatos, associações, entidades de classe e

instituições de ensino ligadas à aviação civil. Os fundamentos da PNAC são as convenções e tratados internacionais ratificados pelo Brasil. O documento defende a observância da legislação brasileira quanto o que houver de melhor nas práticas da aviação civil em âmbito internacional. Na prática, segundo o Sindicato Nacional de Aeronautas, o objetivo maior do documento é fazer com que diferentes órgãos caminhem em um mesmo sentido, atuando de forma coordenada, construindo uma unidade de discurso e prática a favor do setor, dos usuários, da estabilidade e manutenção dos serviços, da segurança de voo e da aeroportuária. A partir de agora, a Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa vai ser o órgão responsável por acompanhar a implementação da PNAC pela Anac, Infraero e Aeronáutica, entre outros órgãos executivos.

GARGALOS Cláudio Jorge Pinto Alves afirma que maiores

brasileiros está bem alto. Uma pesquisa da Ical (Organização Internacional da Aviação Civil) aponta que 94,5% das condições de segurança estão em conformidade com as exigências internacionais. Foram respondidas 188 questões de um questionário de 199 perguntas aplicado pela Ical para mensurar a segurança dos maiores aeroportos brasileiros. A mesma pesquisa foi realizada nos EUA e o resultado apontou que os aeroportos brasileiros estão em melhores condições. Os aero-

portos norte-americanos estão apenas 85% em conformidade com as condições exigidas pela Ical. Mas é claro que ainda há muitos problemas. Quais são eles? Os maiores problemas de segurança se referem à falta de cercas e aparatos contra incêndio. Poucos aeródromos e aeroportos são cercados no Brasil e apresentam equipamentos confiáveis para poder controlar um quadro de emergência. Sem o espaço totalmente cercado, aumenta mui-


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equipamentos confiáveis para controlar uma emergência” MARCELLO LOBO/ARQUIVO AC&S MÍDIA

problemas dos aeroportos são a falta de cercas e aparatos de incêndio

to a chance de acidentes e até mesmo de ações ilícitas. O controle fica comprometido. Há outro grande problema que passa pelo financiamento de equipamentos. Não dá para exigir financiamento da administração de municípios que possuem um quadro de pobreza absoluta. Nesses locais, que são muitos no Brasil, decididamente a infraestrutura aeroportuária não é prioridade. Muitos desses aeródromos e aeroportos se encontram em regiões de frontei-

ra. Isso é uma preocupação a mais? Sem dúvida, os aeroportos e aeródromos localizados em região de fronteira possuem um movimento bem maior e são mais vulneráveis com relação a possíveis atos ilícitos. É preciso que haja uma prioridade de investimentos nesses locais. Em alguns aeroportos e aeródromos, o sistema de segurança se resume a um equipamento de raios x. Ele é suficiente? Como se pode-

ria aperfeiçoar esse controle? O mais importante é escolher o equipamento de acordo com a característica do aeroporto. Se ele é mais movimentado, é preciso ter um pórtico detector de metais e um sistema de raios x. Na Inglaterra, por exemplo, já existem aeroportos que fazem leitura de íris, que é um método equivalente ou mais preciso que a impressão digital. Mas para se ter um controle como esse, seria necessário que o movimento de passageiros fosse intenso a ponto de justificar o alto investimento. Só que há outros fatores envolvidos. Quais são esses fatores? Mesmo com o aparato mais avançado tecnologicamente, às vezes fica difícil de se controlar uma ação ilícita de um passageiro ou grupo. Alguns terroristas são tão criativos que até conseguem esconder explosivos na sola de seus sapatos ou tênis. (Em 2001, durante um voo da America Airlines, entre Paris e Miami, um suposto terrorista tentou acender um pavio que estava ligado a explosivos que se encontravam dentro da sola oca

de seu tênis). Ou seja, os ataques são imprevisíveis e, em alguns casos, nem os equipamentos mais avançados conseguem impedi-los. Desde os atentados de setembro de 2001 nos EUA, quais foram as principais mudanças nas políticas de segurança contra atos ilícitos no mundo? Existe uma dicotomia: facilidade x segurança. Até antes dos atentados do World Trade Center, existia um apelo mundial pela facilitação durante o embarque de passageiros. Chegou-se ao extremo, em alguns países, de o check in ser realizado com dias de antecedência. Nesses casos, até os pórticos detectores de metais eram dispensados. Depois dos atentados, houve uma exagerada preocupação com segurança e os procedimentos foram reforçados, com o aumento da fiscalização, do contingente de policiais e dos equipamentos utilizados. Ou seja, depois dos atentados, tiraram qualquer facilitação do usuário. Então, agora, é preciso buscar o equilíbrio. Não é possível tratar todo passageiro como um possível suspeito.


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DESPOLUIR 1

MOBILIZAÇÃO PELA

MUDANÇA

ENTIDADES FORMULAM PROPOSTAS PARA INTEGRAR O PLANO NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA POR

s desafios do transporte sustentável no Brasil e as ações que os poderes público e privado e a sociedade civil precisam executar para que haja redução da emissão de gases de efeito estufa no setor foram discutidos na sede da CNT em Brasília, no dia 28 de maio. A Oficina Nacional Transporte e Mudanças Climáticas foi organizada pela CNT em parceria com o CTS-Brasil (Centro de Transporte Sustentável), e apoio da Embaixada Britânica. Depois de um dia inteiro de atividades, com palestras, deba-

O

INICIATIVA

CYNTHIA CASTRO

tes e grupos de trabalho, os participantes elaboraram um documento prévio com as medidas necessárias. Em junho, as sugestões serão consolidadas e um documento final será encaminhado ao MMA (Ministério do Meio Ambiente). O resultado dessa iniciativa deve contribuir para o refinamento do PNMC (Plano Nacional sobre Mudança do Clima), lançado pelo governo federal no final do ano passado. Transporte de cargas, de passageiros, tecnologia e combustível foram os temas principais dos três grupos de traba-

lho. Entre as propostas definidas estão a necessidade de expansão da capacidade de refino e abastecimento do diesel mais limpo, a criação de uma regulamentação unificada sobre inspeção veicular e o uso de veículos com tecnologias menos poluentes. A participação da CNT na organização da oficina se deu no âmbito do Despoluir - Programa Ambiental do Transporte, que completa dois anos em julho próximo. O programa tem o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros, taxistas, trabalhado-

res em transporte em geral e a sociedade na construção de um desenvolvimento sustentável. O CTS-Brasil é uma organização não governamental que atua em parceria com governos e empresas no desenvolvimento e implementação de soluções técnica, econômica, social, política e ambiental adequadas aos problemas de transporte e mobilidade nas grandes cidades. A oficina no final de maio foi aberta pelo vice-presidente da CNT, Newton Gibson. Ele avaliou que o encontro na sede da confederação teve grande profundidade, pois reuniu vários ato-


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FOTOS JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

Documento com as sugestões consolidadas será encaminhado ao governo

res importantes, como o setor transportador, o governo federal, a sociedade civil e ainda a Embaixada do Reino Unido. “Esse evento demonstra a responsabilidade de nossa confederação em relação ao meio ambiente.” A importância da mobilização de várias entidades para a realização da oficina foi reconhecida pela secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Suzana Kahn, durante a primeira palestra, “O PNMC e o Transporte Sustentável”. “Tenho muita esperança

que a gente extraia daqui linhas de ação. Iniciativas que possam ser chanceladas pelos respectivos ministérios envolvidos (no plano do clima). Para que assim a gente possa, de fato, traçar um programa de monitoramento”, afirmou. Suzana também é representante do Brasil no Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC, na sigla em inglês), da ONU (Organização das Nações Unidas). No final deste ano, os líderes mundiais vão se reunir para discutir medidas e se comprometer com a redução do aquecimento global. E as

ações executadas na área de transporte vão integrar as iniciativas do Brasil nesse sentido. A 15ª COP (Conferência das Partes) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima será em Copenhague, na Dinamarca. Na avaliação de Suzana, a implantação de um programa de governo no Brasil para reduzir as emissões terá um papel fundamental nessa conferência. “Isso dá ao Brasil muito mais poder de exigir que os países mais ricos façam a sua parte. Se a gente mostra que nós, que somos um país em desenvolvimento, reduzimos um determinado montante de gás de efeito estufa, isso nos legitima para que os países desenvolvidos também façam a sua parte”, disse. A segunda palestra da oficina em Brasília, “Características do Transporte no Brasil”, foi ministrada pelo diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Para que o setor de transporte possa ter um bom desempenho ambiental, é necessário haver insumos de boa qualidade e infraestrutura em condições adequadas, declarou Bruno Batista. Nesse sentido, o Brasil perde muito. Pela Pesquisa Rodoviária CNT 2007, 75% da malha rodoviária brasileira tem algum tipo de problema e é classificada como péssima, ruim ou defi-

ciente. Isso gera uma série de custos para o setor de transporte, que tem sua velocidade operacional reduzida e também maior consumo de combustível. “Essa deficiência de infraestrutura causa só no transporte rodoviário de carga um acréscimo de 30% no consumo de combustível. Nossa deficiência está custando muito caro para o país”, avalia o diretor-executivo da CNT, que também ressaltou a importância da renovação da frota. Dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) mostram que 18,6 anos é a idade média da frota de 1,36 milhão de caminhões (incluindo caminhão simples e caminhão trator). Aqueles com mais de 20 anos de uso representam cerca de 45% da frota. A proposta de renovação foi sugerida pela CNT ao Ministério do Meio Ambiente no ano passado e incorporada ao plano do clima. A meta é necessária, mas ambiciosa, porque a retirada dos caminhões velhos do mercado inclui também ações para dar uma destinação correta à sucata e a facilitação de linhas de financiamento para favorecer a compra. Outro assunto fundamental levantado durante a oficina na CNT foi a necessidade de investimento em transporte público para conter


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o uso do transporte individual nas grandes cidades. O tema foi abordado durante a palestra “Mobilidade Urbana Sustentável”, do gerente de projeto da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, João Alencar Oliveira Júnior. “Para ter essa sustentabilidade na mobilidade, é necessário fazer com que cada modo de transporte seja eficiente em sua demanda. O transporte público é menos poluente e gasta menos energia por passageiro transportado em relação ao automóvel”, disse. Com a reestruturação da infraestrutura urbana das cidades, é possível reduzir as viagens motorizadas e também o transporte individual por automóvel, conforme Oliveira, desde que haja investimento em transporte público de melhor qualidade, preço e incentivo ao uso da bicicleta e ao ato de andar a pé. O gerente de projeto não informou qual o recurso o Ministério das Cidades deve investir para favorecer essas alterações. De acordo com Oliveira, há grande expectativa em relação ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Mobilidade Urbana, que está sendo elaborado. No conceito da mobilidade urbana sustentável estão alguns pilares, como a melhoria do transporte público, o plane-

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METRÓPOLES João Alencar Oliveira Júnior abordou a mobilidade urbana no seminário

jamento integrado de transporte e uso do solo, oferecendo às pessoas alternativas como, por exemplo, a construção de calçadas e ciclovias e boa integração entre metrô e ônibus. Também foi tema de palestra na oficina no edifício da CNT “O Impacto Ambiental do Transporte no Brasil e as Ações Viáveis para Reduzir as Emissões Atmosféricas”. A necessidade de se implantar a inspeção veicular foi ressaltada pelo diretor da Volkswagen, Mauro Simões. O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) deve votar neste semestre uma resolução que trata da inspeção. Em alguns locais do país, como a cidade de São Paulo e o Estado do Rio de Janeiro, os veículos já

são submetidos a testes para limitar a emissão de poluentes. “Quando o veículo passa pela inspeção, o nível de manutenção melhora e, com certeza, emitirá menos poluente”, disse Simões. As palestras da Oficina Nacional Transporte e Mudanças Climáticas foram pela manhã e os grupos de trabalho, à tarde. Ao final do evento, o diretor do CTS-Brasil, Luis Antonio Lindau, um dos organizadores, fez um balanço positivo de todas as discussões. De acordo com Lindau, essa iniciativa teve um caráter inédito no Brasil. “Foi muito importante o envolvimento de diferentes grupos da sociedade na discussão de vários tópicos relacionados a transporte e redução de emis-

sões. O transporte é um grande componente de emissão no país e essas medidas são fundamentais”, avaliou. Pelos dados oficiais do Ministério do Meio Ambiente, o setor de transporte ocupa o segundo lugar (9%) nas emissões de dióxido de carbono no Brasil. Em primeiro está a mudança do uso do solo, que inclui os desmatamentos (75%). Mas esses dados são de 1994 e o MMA está elaborando um novo inventário de emissões. Até a conferência na Dinamarca, o atual perfil de emissões no Brasil deve estar concluído.

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* Leia mais em www.cnt.org.br



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DESPOLUIR 2

GUARDIÃO DO

AMBIENTE

MEIO

CONAMA, CRIADO EM 1981, ESTABELECE NORMAS E CRITÉRIOS PARA ATIVIDADES QUE POLUEM POR CYNTHIA CASTRO

O CONAMA JÁ APROVOU

419 RESOLUÇÕES DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 1981

definição da política ambiental no Brasil, nos mais diferentes setores, passa por um órgão fundamental com representatividade dos poderes público e privado e da sociedade civil: o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Desde a criação, em 1981, foram aprovadas 419 resoluções, sete em 2009, até meados de maio. Neste ano, há discussões sobre dois temas relevantes ligados à área de transporte: a inspeção veicular para controle de emissões e ruídos e a especificação sobre a fase L6 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores).

A

Essa fase estabelece novos limites máximos de emissão de poluentes por veículos leves de passageiros. Para que esses limites sejam respeitados, deverá haver a especificação do combustível adequado, e os fabricantes de veículos também deverão fazer adequações nos motores. As medidas na área de transporte contribuirão para a melhoria da qualidade do ar, principalmente nos grandes centros urbanos, conforme ressalta o diretor do Departamento de Apoio ao Conama no Ministério do Meio Ambiente, Nilo Diniz. A inspeção veicular está especificada no CTB (Código de Trânsi-

to Brasileiro), em vigor desde 1998. Para os itens de segurança, o CTB diz que os critérios devem ser estabelecidos pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), e a parte ambiental, de emissões de gases poluentes e ruídos, fica a cargo do Conama. O Conama tem resoluções desde 1993 que tratam do assunto, estabelecendo os parâmetros a serem adotados. Agora, essa nova resolução a ser aprovada fortalece a responsabilidade dos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente em relação à implementação da inspeção. Assim que a resolução for aprovada pelo Conselho, está pre-


JEFFERSON RUDY/MMA/DIVULGAÇÃO

SAIBA MAIS O que é • O Conselho Nacional do Meio Ambiente é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente Foi instituído pela lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente Quem faz parte • Órgãos federais (ministérios e órgãos como Ibama e ANA) • Órgãos estaduais (todos os governos) • Órgãos municipais (entidades que reúnem governos municipais) • Setor empresarial (CNT, CNA, CNI, CNC e setor florestal) • Sociedade civil (entidades ambientalistas, comunidade científica, sindicatos, associações e outras entidades) • Ministérios Públicos Estaduais e Federal* • Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados* * Sem direito a voto Quem preside • O ministro do Meio Ambiente Reuniões • Acontecem quatro reuniões ordinárias ao ano, podendo ser convocadas reuniões extraordinárias. As reuniões são públicas, abertas à sociedade

visto o prazo de um ano para que esses órgãos estruturem seus programas. A falta de manutenção ou a manutenção errada dos veículos é responsável pelo aumento da emissão de poluentes e maior consumo de combustível. Além da área de transportes, há decisões importantes no Conama a serem aprovadas neste ano referentes a vários outros setores. Uma delas, por exemplo, diz respeito à mitigação dos impactos de usinas termelétricas a óleo combustível e carvão. De acordo com Nilo Diniz, o Conselho é fundamental para o desenvolvimento sustentável do país. “É a arena onde todos os segmentos

interessados de alguma forma em meio ambiente se encontram para estabelecer normas. O Conama é a instância que procura agregar sustentabilidade socioambiental ao desenvolvimento.” Nos cinco primeiros meses deste ano, o Conama aprovou pelo menos sete resoluções. Uma delas (a 412), que começou a valer em maio, estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de habitações de interesse social. Também de maio, a resolução 411 dispõe sobre procedimentos para a inspeção de indústrias consumidoras ou transformadoras de

produtos e subprodutos florestais madeireiros de origem nativa, bem como carvão vegetal e resíduos de serraria. A composição do Conselho tem variado desde a criação, mas sempre houve participação do Ministério do Meio Ambiente, de outros órgãos do governo e de organizações não governamentais. Atualmente, participam cinco segmentos - sendo três governamentais. Todos os Estados têm assento por meio de suas secretarias de meio ambiente e outros órgãos. Também são representadas as prefeituras e, da parte do governo federal, há participação de todos os ministérios, além do Ibama

Algumas atribuições • Estabelece normas e critérios para o licenciamento de atividades, visando o controle e a manutenção da qualidade do meio ambiente, por meio da proteção e uso sustentável dos recursos • Elabora resoluções, moções e recomendações • Determina a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados • Estabelece normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações Fonte: Conama


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PRESENÇA

CNT participa de 4 câmaras A CNT tem assento no Conama desde a criação do órgão. Há dois anos, com a instituição do Despoluir Programa Ambiental do Transporte, essa participação se fortaleceu. Foi no âmbito do Despoluir que se verificou a necessidade de haver um acompanhamento mais intenso da CNT, segundo a engenheira civil Patrícia Boson, conselheira no Conama. Patrícia é consultora na área de gestão ambiental e recursos hídricos. Atualmente, a CNT participa de quatro câmaras técnicas: Controle e Qualidade Ambiental; Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos; Atividades Minerárias, Energéticas e de Infraestrutura e também Assuntos Internacionais.

(Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis) e a ANA (Agência Nacional de Águas). A sociedade civil é representada por meio das ONGs ambientalistas, entidades sindicais de trabalhadores, comunidade científica, indígena, associações policiais, entre outras. Já o setor empresarial tem assentos nas áreas de transporte, agricultura e pecuária, comércio, serviços e turismo, indústria e florestal. A CNT tem assento no Conselho desde a fundação do órgão. (veja retranca). O Conama é um dos conselhos

“Isso significa que a CNT tem espaço garantido para defender os seus direitos e apresentar as características do setor em relação à proposta de normas controladoras da questão ambiental voltadas para a área de transporte”, diz Patrícia. Essa participação da CNT é considerada “importantíssima” pelo diretor do Departamento de Apoio ao Conama no Ministério do Meio Ambiente, Nilo Diniz. “O setor empresarial ajuda muito a dimensionar a viabilidade econômica de uma nova resolução. O setor traz necessidades e limitações. E isso é realmente fundamental para que a resolução discutida no Conselho seja bem-adequada e viável”, afirma Diniz.

do governo federal com poder deliberativo, além de ser também um órgão consultivo, fazendo, por exemplo, recomendações ao Executivo. As resoluções têm força de lei, conforme Nilo Diniz. “O Código Florestal, por exemplo, delega ao Conama uma série de detalhamentos, definição de parâmetros, condições e licenciamento ambiental”, diz. As discussões começam a partir da apresentação, por algum conselheiro, de uma proposta. O tema apresentado é enviado para uma determinada área

ATRIBUIÇÕES A inspeção veicular está no CTB, mas é o Conama que

do Ministério do Meio Ambiente ou órgãos como Ibama e ANA para que seja feita uma análise prévia da pertinência. Se o parecer for favorável, a proposta vai para alguma câmara técnica do Conama. São 11 sobre assuntos distintos. Dependendo da complexidade, cria-se um grupo de trabalho para atuar no detalhamento técnico da proposta, antes do envio ao plenário. Caso não seja uma proposta tão complexa, a câmara técnica vota e encaminha ao plenário. Uma câmara de assuntos jurídicos também

avalia a legalidade e constitucionalidade da medida proposta. Dos 108 conselheiros, não têm direito a voto em plenário os representantes dos Ministérios Públicos Estaduais, Ministério Público Federal e da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Na opinião do presidente da Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo), Luiz Wagner Chieppe, é fundamental que o setor tenha uma participação


FÓRUNS

Site concentrará informações ROBERTO VAZQUEZ/FUTURA PRESS

define os critérios e a parte ambiental

efetiva dentro do Conama. Ele cita uma oficina que será realizada na CNT neste mês de junho para discutir a implantação da inspeção veicular. “O ministro Carlos Minc (do Meio Ambiente) deu um prazo para que haja um amplo debate em torno desse assunto e isso é fundamental para que saia uma medida aplicável.” A conselheira da CNT no Conama, Patrícia Boson, comenta que a proposta da oficina foi sugerida pela entidade ao Ministério do Meio Ambiente para proporcionar um debate maior em

NILO DINIZ, DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE APOIO AO CONAMA NO MMA

torno do assunto, que é tratado no Conselho. Os resultados das medições realizadas pelo Despoluir - Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT, serão apresentados. Assim, será possível ter uma clareza maior sobre o cenário brasileiro. Uma entidade representativa da sociedade civil com assento no Conama é a ONG Grupo de Ação Ecológica Novos Curupiras, de Ananindeua, município da região metropolitana de Belém (PA).

O professor Carlos Gondim, presidente da ONG, avalia que a atuação do Conama é fundamental para estabelecer a política ambiental do país e ressalta a importância da troca de informações entre regiões com perfis tão diferentes em todo o Brasil. O que buscamos é o equilíbrio entre a utilização (dos recursos) e a conservação. Sabemos que no foco do desenvolvimento, da qualidade de vida, algumas obras são mesmo importantes, mas é preciso sempre haver equilíbrio. Por isso, é fun-

o Fórum Brasileiro de Mudanças do Clima, que elaborou o PNMC (Plano Nacional sobre Mudança do Clima). O site do Despoluir foi implementado em fevereiro do ano passado, com o objetivo de divulgar e compartilhar conhecimentos, subsidiando o setor e a sociedade para o desenvolvimento de programas e projetos ambientais voltados para o transporte. Diariamente são disponibilizadas as principais notícias do Brasil e do mundo sobre o assunto e as ações desenvolvidas pelas federações participantes do Despoluir. Em média, são 20 mil acessos mensais.

“É a arena onde todos os segmentos interessados de alguma forma em meio ambiente se encontram para estabelecer normas”

No segundo semestre deste ano, o site do Despoluir - Programa Ambiental do Transporte terá mais uma novidade. Será criado um espaço para que o setor e a sociedade em geral acompanhem as discussões nos principais fóruns do Brasil referentes a transporte e meio ambiente. Esse espaço vai concentrar informações sobre grupos de trabalho dos ministérios do Meio Ambiente e Minas e Energia, discussões no Congresso Nacional e todas as ações dentro do Conama. O transportador e os profissionais envolvidos com as áreas de transporte e meio ambiente terão um canal direto para acompanhar o teor das discussões, bem como as datas das reuniões e outros eventos. Em 2008, a CNT enviou contribuições do setor para

Para acessar o site do Programa Ambiental do Transporte, visite www.cntdespoluir.org.br

damental o voto da sociedade civil”, afirma Gondim. Segundo o presidente da ONG, em relação à região Norte, há uma discussão importante atualmente no Conama: o zoneamento ecológico econômico da área de influência da BR-163. “O asfaltamento dessa rodovia vai facilitar muito o acesso. Por outro lado, pode provocar impactos ambientais negativos na região da Amazônia. Esse zoneamento precisa então ser muito bem discutido. Por isso a importância da atua ção do Conama”, diz.


“Procuramos o Sest/Senat por ser uma instituição séria, que já atua em todo o país” EUCLYDES GUEDIN COELHO, GERENTE DA MERCEDES-BENZ

PARCERIA

AMPLIAÇÃO

GARANTIDA SEST/SENAT RECEBERÁ MAIS QUATRO CAMINHÕES MODELO AXOR PARA TREINAMENTO DE MOTORISTAS POR

m reunião na sede da CNT, em Brasília, em maio, foi ampliada a parceria estabelecida entre o Sest/Senat e a Mercedes-Benz para o treinamento de motoristas de carga profissionais. Mais quatro caminhões Axor serão entregues para os conselhos regionais do Sest/Senat em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia. O programa já existe em São Paulo desde 2008 e realizou atendimentos em 18 unidades do sistema. Um caminhão Axor 2040 foi doado e adaptado para as aulas práti-

E

CONTRATO

LIVIA CEREZOLI

cas dos cursos de excelência, com carga horária de 40 horas, e condução econômica, de 8 horas. O veículo usa carroceria Randon e pneus Pirelli. Na cabine, foram instalados bancos para mais quatro pessoas, além do instrutor. O veículo fica baseado em São Paulo e, seguindo um cronograma pré-estabelecido, percorre as outras unidades do Estado. Em 12 meses, a meta do conselho paulista é treinar 684 motoristas nos dois cursos específicos de capacitação oferecidos pelo sistema. Durante a reunião em Bra-

sília, também foi anunciada pela Mercedes a entrega de outros cinco veículos no segundo semestre para os conselhos regionais do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e outros dois Estados ainda a serem confirmados. A meta é fechar o ano com dez veículos para serem usados nas aulas práticas dos treinamentos oferecidos para os motoristas. Um desses cinco novos caminhões ficará na unidade paulista de Vila Jaguara, onde está sendo construída uma pista de treinamento com previsão de entrega em

setembro. Para Flávio Benatti, presidente da Seção de Transporte de Cargas da CNT e presidente do Conselho Regional do Sest/Senat em São Paulo, a ampliação da parceria é resultado do sucesso obtido na fase inicial do programa. “Os resultados nas unidades paulistas foram muito positivos, a ponto da Mercedes entender que poderia e deveria estender o projeto para outros locais do Brasil”, diz. O contrato para a cessão dos caminhões é de um ano, sendo possível a renovação por igual período. A montado-


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MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO

MAPA DA PARCERIA Confira as unidades do Sest/Senat que receberão os caminhões da Mercedes ESTADO

MODELO DE CAMINHÃO

São Paulo*

Axor 2040

UNIDADES: Araçatuba, Araraquara, Bauru, Carandiru, Campinas, Jacareí Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santo André, São José do Rio Preto, São Vicente, Sorocaba e Vila Jaguara Minas Gerais

Axor 2035

UNIDADES: Belo Horizonte, Contagem, Divinópolis, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Patos de Minas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Uberlândia, Varginha, Uberaba, Santana do Paraíso e Teófilo Otoni Santa Catarina

Axor 2035

UNIDADES: Criciúma, Florianópolis e Chapecó Bahia

Axor 1933

UNIDADES: Feira de Santana, Salvador e Simões Filho Rio Grande do Sul

Axor 2044

UNIDADES: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria, Uruguaiana e Passo Fundo * Unidade já atendida pela parceria Fontes: Sest/Senat/Mercedes-Benz

Mercedes cederá os caminhões por um ano e cuidará da manutenção e do seguro

ra se responsabiliza pela manutenção e seguro dos veículos, ficando a cargo do Sest/Senat a disponibilização do instrutor, da carga e dos pneus. “A Mercedes já fornece produtos com alta tecnologia há muito tempo no país. Mas nós estamos agora preocupados com o nível dos nossos motoristas. Procuramos o Sest/Senat por ser uma instituição séria, que já atua em todo o país. A parceria pode trazer o lado prático para o motorista, fazendo com que ele dirija com mais segurança e qualidade”, afirma Euclydes

Guedin Coelho, gerente da montadora. Presidentes dos conselhos regionais do Sest/Senat em todo o país aprovam a parceria. Para Antônio Carlos Melgaço Knittel, da Bahia, a função do sistema é exatamente essa, “treinar os motoristas para que eles possam desempenhar melhor o seu papel na condução das riquezas do país”. Pedro Lopes, de Santa Catarina, acredita na eficiência das aulas práticas. “A atuação em nível nacional é a grande arrancada. Agora não é mais só a teoria na sala de aula”, diz.

A necessidade de criar um programa de treinamento com esse formato veio justamente depois da verificação da falta de mão de obra qualificada no mercado de todo o país. Na edição 163, a CNT Transporte Atual tratou do assunto em reportagem que abordava as principais deficiências do profissional no setor. Hoje, os caminhoneiros têm que estar aptos a manusear, além dos comandos básicos de aceleração e troca de marcha, equipamentos de rastreamento via satélite, rádios comunicadores e computado-

res de bordo com indicação de consumo de combustível. No Rio de Janeiro, por exemplo, existem empresas com veículos parados por falta de profissionais preparados para operá-los. “São carretas com tecnologia avançada que precisam realmente de condutores capacitados. Há uma carência muito grande desses motoristas profissionais em todo o país”, afirma Martinho Moura, do Conselho Regional do Rio de Janeiro. O Estado está na lista para receber o caminhão da MercedesBenz no segundo semestre deste ano.


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MÍDIA

RÁDIO QUE

TOCA TRÂNSITO LANÇADA HÁ DOIS ANOS, SULAMÉRICA É PIONEIRA NO SEGMENTO E PARCEIRA INDISPENSÁVEL DOS MOTORISTAS POR

LÍLIAN MIRANDA

um ano em que a cidade de São Paulo parece disposta a bater recordes de congestionamento (já foram dois, 200 km e 209 km), uma rádio encontra espaço entre os motoristas, principalmente os taxistas, e se torna aliada nos momentos de grande tráfego, indicando rotas de fuga e os pontos de congestionamento, além das inúmeras complicações no trânsito. Lançada em 12 de fevereiro de 2007, em São Paulo, a Rádio SulAmérica Trânsito, que opera na freqüência 92,1 FM, é fruto de uma parceria entre

N

os grupos SulAmérica (companhia de seguros) e o Bandeirantes de Comunicação e alcança os 37 municípios da Grande São Paulo. A programação sobre trânsito é transmitida 24 horas por dia, em dois períodos. Das 6h até as 23h, é composta por informações de trânsito e boletins ao vivo das ruas de São Paulo. Das 23h às 6h, a rádio inclui seleção musical nos boletins de trânsito relevantes para o horário. “A Rádio SulAmérica conta com uma grande estrutura para prestar serviços de informações de trânsito, com repórteres nas ruas e até um helicóptero sobrevoando a cida-

de”, diz Ronald Mendo, editorchefe da estação. Além disso, os motoristas podem opinar, dar dicas para rotas alternativas e alertar para problemas no trânsito por meio do Palavra do Ouvinte. “Nesses dois anos, contamos sempre com uma enorme participação dos motoristas.” De acordo com Mendo, os números comprovam seu sucesso. “São mais de 3.000 ligações por dia, além de mensagens de SMS e e-mail. Temos cerca de 15 mil ouvintes por minuto, alcançando uma média de 500 mil pessoas diariamente.” Um segmento de motoristas, especialmente, tem se be-

neficiado dos serviços da rádio. Mendo informa que os taxistas são os principais ouvintes. “Pesquisas mostram que cerca de 60% dos taxistas ouvem a Rádio SulAmérica Trânsito”, diz. O taxista Cristiano Elias da Silva há quatro anos enfrenta profissionalmente o trânsito da capital paulista. Ele, que sai de Carapicuíba (Grande São Paulo) para trabalhar no centro da cidade, encontra na rádio SulAmérica um grande auxílio para enfrentar o tráfego todos os dias. “Desde que saio de casa, às 6h, sintonizo na 92,1 FM. Com as informações da rádio, consigo saber onde o trânsito está


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ACS MÍDIA

CANAIS DE PARTICIPAÇÃO • FM: 92,1 MHz • Palavra do Ouvinte: Ligue para (11) 3743-2475 • Portal de Voz: Ligue para (11) 9554-5555 e aguarde as instruções. Não há taxa para esse serviço, apenas o custo de uma ligação para celular

• SMS: Na mensagem de celular, é preciso escrever antes da informação a palavra RUA. Envie o texto para 72261

• E-mail: radiosulamericatransito@band.com.br • Na Internet: www.sulamerica.com.br/radiotransito INTERAÇÃO Desde abril, os paulistanos podem participar ao vivo dos programas

mais congestionado e qual o melhor caminho a percorrer”, diz. Silva já ligou algumas vezes para dar informações de trânsito, mas faz uma reclamação: nas vezes em que tentou ligar no período da noite, não conseguiu falar. “Por duas vezes presenciei acidentes que prejudicaram o trânsito à noite e quis informar os ouvintes da rádio, mas o telefone não estava disponível. Acho que seria muito bom para todos os motoristas contar com os serviços também à noite”, diz o taxista. Ronald Mendo informa que em breve a SulAmérica voltará a informar na madrugada.

“Mas, para multiplicar as informações com outras pessoas, o ouvinte pode utilizar o nosso Portal de Voz”, afirma. E foi para interagir cada vez mais com os ouvintes que a SulAmérica lançou novidades em sua programação. Desde o começo de abril, os paulistanos podem participar ao vivo dos programas do dia, por meio do Portal de Voz, além de deixar mensagens gravadas com dicas e orientações sobre as alternativas para fugir do engarrafamento. Também foi criado canal de bate-papo no site, que permite que os interessados entrem em diversas salas e interajam com outras pes-

soas e os âncoras da programação - neste caso, é preciso checar o horário das conversas ao vivo. Rodrigo Oliveira, publicitário, radialista, locutor e empresário do ramo de medicamentos, acompanha as rádios de São Paulo há mais de oito anos e admira os serviços da SulAmérica, o que o levou a criar uma comunidade dedicada a ela no Orkut, site de relacionamentos do Google, com o nome “Rádio SulAmérica Trânsito 92,1”, que já conta com 1.682 membros. Para Oliveira, a estação é uma grande ferramenta para o trânsito de São Paulo, ainda mais com os novos mecanis-

mos de acesso pelos ouvintes. E ressalta a importância de ser a única do segmento na América Latina. “Somente nos Estados Unidos há um serviço parecido, de uma rádio segmentada. E, hoje, a SulAmérica se tornou um serviço essencial para a Grande São Paulo”, diz. “A rádio, que no início tinha o objetivo de ser uma peça publicitária diferenciada, agora se consolida como um fenômeno de comunicação e um serviço de utilidade pública único na América Latina”, diz o vice-presidente de vendas e marketing da SulAmérica, Marcus Vinícius Martins.


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SEST/SENAT

FAZENDO A DIFERENÇA

UNIDADES MELHORAM A VIDA DE TRABALHADORES E COMUNIDADES NOS ESTADOS DE MENOR IDH DO PAÍS POR

LÍLIAN MIRANDA

iver em Estados com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país não é fácil. Essa é a realidade das pessoas que moram em Alagoas, Maranhão e Piauí. Mas alternativas para melhorar a qualidade de vida existem, e o Sest/Senat procura fazer a sua parte para os trabalhadores do setor transportador, seus familiares e a comunidade em geral. Em Arapiraca (AL), a unidade o Sest/Senat há três anos atende a centenas de pessoas todos

V

os meses. Com uma estrutura que contempla uma sala de aula climatizada e equipada, salão de jogos, um consultório odontológico e um consultório médico, desenvolve atividades para as necessidades de saúde, educação e lazer dos trabalhadores e seus dependentes. De acordo com a gerente Eliana Soares Araújo, palestras educativas gratuitas são realizadas nas empresas de transporte e também para a comunidade em escolas públicas e postos de saúde. A equipe de saúde dá todo o suporte necessário. “Nosso atendimento médico é

com um clínico geral, que inclui em suas consultas o controle de diabetes, por meio do teste de glicemia. Temos também duas odontólogas, que realizam todos os procedimentos clínicos, durante a semana”, diz. A unidade realiza treinamentos na área de transporte e cursos de direção defensiva. E, para valorizar ainda mais o suporte que é dado aos usuários, não há cobrança pelos serviços. “Os caminhoneiros, funcionários do setor de transporte, autônomos do transporte e seus dependentes podem utilizar todos os serviços sem custo

SUPORTE

algum”, diz Eliana. “A comunidade utiliza os serviços médico e odontológico pagando uma taxa simbólica, e os cursos para a comunidade variam de acordo com a carga horária.” A média de atendimentos por ano comprova o reconhecimento dos bons serviços da unidade de Arapiraca. São 5.760 pessoas atendidas nos consultórios e 600 nos cursos oferecidos. A gerente ressalta a importância das parcerias para difundir o Sest/Senat no município. “Atualmente, todos os nossos eventos são realizados em parceria com a Prefeitura de Arapi-


CONHEÇA AS UNIDADES SEST/SENAT ARAPIRACA/DIVULGAÇÃO

Alagoas

Sest/Senat - Arapiraca/Posto Jota Pinto Endereço: Rodovia AL 110, KM 70, Canafístula, Arapiraca Telefones: (82) 3530-8382 / 3530-8091 Fax: (82) 3530-8091 Sest/Senat - Maceió Endereço: R. Edilson Lins de Araújo, 500, Serraria, Maceió Telefones: (82) 2126-1900 / 2126-1902 / 2126-1903 Fax: (82) 2126-1900

Maranhão

Sest/Senat - São Luís Endereço: Av. João Pessoa, 242, Jordoa, São Luís Telefones: (98) 3216-4600/ 3216-4608 Fax: (98) 3216-4613

Piauí

Sest/Senat - Picos/Posto Hotel Nacional Endereço: Av. Senador Helvídio Nunes, 3.219, Posto Hotel Nacional, Junco, Picos Telefones: (89) 3422-4930 / 3422-4948 Fax: (89) 3422-4930 Sest/Senat - Teresina Endereço: Praça Landri Sales, 620, Centro, Teresina Telefones: (86) 2107-0888 / 2107-0858 Fax: (86) 2107-0888 Unidade de Arapiraca (AL) presta serviço odontológico sem custo para o paciente SEST/SENAT MACEIÓ/DIVULGAÇÃO

DEDICAÇÃO Atendimento no Sest/Senat de Maceió (AL) é referência

raca e diversos órgãos públicos como Detran, DER, SMTT, Polícia Militar, Samu, Corpo de Bombeiros, INSS, entre outros. Isso faz com que a comunidade conheça ainda mais os nossos serviços e usufruam cada vez mais dos mesmos”, diz. E há uma demanda crescente com relação ao público-alvo, os caminhoneiros e trabalhadores do setor de transporte. “Em virtude da qualidade dos serviços prestados e do custo zero, a cada dia novos usuários nos procuram.” Isso tem dado bons frutos. “Firmamos pelo segundo ano consecutivo um convênio

com o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), oriunda do Ministério do Trabalho e Emprego, capacitando gratuitamente, 120 educandos”, diz Eliana. Alagoas conta, ainda, com outra unidade do Sest/Senat, na capital Maceió. Os atendimentos abrangem as áreas médicas de ginecologia, clínica médica, pediatria, oftalmologia, cardiologia, medicina do trabalho e odontologia, segundo Pedro Barboza Ramos, diretor da unidade. Outras atividades, como natação adulto e infantil, hidroginástica, escolinha de futebol de campo e vôlei de areia pro-


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2009

SEST/SENAT SÃO LUIS/DIVULGAÇÃO

CIDADANIA Unidade em São Luís (MA) atende 1.600 pessoas todos os meses

porcionam o lazer da comunidade, complementadas com cursos de gestão, comportamental, higiene e segurança no trabalho, formação de condutores e palestras educativas. Nos setores médico e odontológico, os trabalhadores do transporte têm gratuidade. Para usuários da comunidade, é cobrado um pequeno valor, dependendo da especialidade. Nas atividades esportivas, o valor cobrado é diferenciado para o trabalhador e a comunidade. “A atuação do Sest/Senat em Maceió é referência em todos os serviços oferecidos, seja médico, odontológico, treinamento, esportes, lazer e cultura”, diz Ramos. “Há um retorno comprovadamente identificado pelo empresariado local, quando se observa a satis-

fação de seus funcionários pelo atendimento. Em suma, contribuímos efetivamente no processo de desenvolvimento profissional, social, oferecendo qualidade de vida ao trabalhador de transporte, empresas e comunidade.” Em São Luís (MA), a localização da unidade, que ocupa uma área de 45 mil metros quadrados, favorece muito o acesso da população. “Nossas instalações seguem o padrão nacional, com estruturas modulares, mas está localizado em região bastante popular com acesso de ônibus para quase todos os bairros da cidade”, diz a diretora Myrian Santos Aguiar. De acordo com ela, a unidade procura direcionar o atendimento observando as regras e as diretrizes do departamento

executivo, mas contextualizadas na realidade local. A unidade disponibiliza atendimento médico nas especialidades de oftalmologia, clínica geral, ginecologia e medicina do trabalho. Na área de odontologia, atende nas especialidades de odontopediatria, dentística, cirurgia, periondontia, endodontia, prevenção e radiologia. Cerca de 1.600 pessoas utilizam esses serviços mensalmente. E os resultados são positivos. “No ano de 2008, ficamos em primeiro lugar no ranking nacional, sendo que formos a unidade com o maior volume de atendimento na área médica entre as que estão no mesmo nível nosso”, diz Myriam. A unidade de São Luís se preocupa, também, com a formação profissional complementar

para o setor transportador e o trabalhador em geral. “Mensalmente, divulgamos uma programação de curso em que oferecemos, além dos cursos legais, cursos de atualização e reciclagem profissional e um curso de qualificação complementar, que inclui manicure, cabeleireiro, frentista/abastecedor, caixa de supermercado etc”, diz a diretora. De acordo com Myrian Aguiar, as atividades de atualização e qualificação profissional têm um adversário difícil, que é a baixa escolaridade, o que resulta num grau de aprendizagem bastante limitado e no estabelecimento de um fosso cada vez maior: quanto mais a tecnologia dos equipamentos se sofistica, mais os profissionais perdem eficiência e as empresas têm seus resultados prejudicados. A cidade de Picos (PI) é muito carente, principalmente nas áreas médica e odontológica, falha que a unidade do Sest/Senat tenta corrigir. “Não é porque somos uma unidade pequena que deixamos a desejar, pelo contrário, a unidade investe muito em projetos sociais com o trabalhador do transporte e também com as comunidades da região”, afirma o gerente do Sest/Senat em Picos, Jansen Vieira. A unidade procura melhorar cada vez mais o atendimento.


ENTENDA O IDH SEST/SENAT PICOS/DIVULGAÇÃO

• O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que originalmente foi proposto para medir a diferença entre países, foi adaptado para ser aplicado também a Estados e municípios e tem como objetivo expressar a qualidade de vida nos locais em que é calculado. • O cálculo é feito pela média simples de três componentes: o indicador de longevidade, o indicador de nível educacional e o indicador de renda. Os números mostram uma clara divisão do IDH: Estados do Norte e Nordeste possuem os piores IDH e os Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, os melhores IDH. Essa condição tem explicação na geografia econômica do Brasil, pois produção, atividade econômica e renda ainda estão muito mais concentradas nessas regiões.

“Com ótima estrutura climatizada, cursos profissionalizantes em várias áreas, ações de promoção social ao longo do ano e serviços de saúde, com um médico clínico geral especialista e ginecologia, como também na área odontológica com três profissionais com especializações em periodontia, endodontia, dentística estética, odontopediatria, o Sest/Senat se destaca a cada ano com seus serviços prestados”, diz o gerente. Instalada em Picos há quatro anos, a unidade já atendeu mais de 9.200 usuários - mensalmente, cerca de 220 pessoas no consultório médico, 600 atendimentos odontológicos e em média 250 alunos em cursos na educação presencial passam pelas instalações. “No começo tivemos muita dificul-

dade em chegarmos com a cara e coragem e divulgarmos nossa instituição, os nossos serviços e também os nossos cursos. Mas, com o passar do tempo, ganhamos credibilidade e isso foi fundamental para o nosso crescimento em Picos e na região”, diz Vieira. Para o gerente, “essa conquista é fruto do trabalho em equipe, melhorando a cada dia o atendimento tanto médico como odontológico, como também os cursos de qualificação profissional no setor de transporte e comunidade em geral. E nossa meta é chegarmos à primeira posição na avaliação nacional com qualidade de vida e responsabilidade social”. A unidade de Teresina (PI) fica localizada no centro da capital e próximo dos principais

corredores de transporte público, oferecendo aos usuários uma grande facilidade de acesso. E a comunidade é favorecida com consultas médicas em clínica geral, oftalmologia, pediatria, ginecologia, medicina do trabalho e cardiologia. “No setor odontológico, atendemos procedimento na área de dentística, endodontia, cirurgia e radiologia, o que permite executarmos procedimentos que vão desde a profilaxia até pequenas cirurgias. As especialidades que não são oferecidas na unidade são encaminhadas para clínicas conveniadas. Assim como exames radiológicos mais complexos”, diz o diretor Antônio Leitão de Araújo Filho. Cursos presenciais, formação e reabilitação de condutores (a unidade é habilitada pelo Detran-PI

para fazer a formação e reciclagem de condutores e o curso de movimentação de produtos perigosos) e cursos a distância são opções oferecidas. “Todas essas ações nos deixam muito próximo da comunidade”, diz o diretor. Essa aproximação gera bons resultados. Nos últimos quatro meses, 3.345 usuários foram atendidos pelo Sest/Senat. “Há um retorno positivo, pois os trabalhadores e seus dependentes utilizam bastante os serviços e a comunidade demonstra ter muito respeito pela entidade e pelos serviços presta dos”, diz Araújo Filho.

CREDIBILIDADE Sest/Senat de Picos (PI) conquistou a população com os serviços prestados

Fonte: Relatório Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente - A Experiência Brasileira Recente, lançado por três agências da ONU: Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e Pnud e publicado em 8 de setembro de 2008

* Para saber mais sobre as unidades do Sest/Senat, acesse www.cnt.org.br e clique em Sest/Senat


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2009

MODAL FERROVIÁRIO DE CARGAS Série mensal 2009 (milhões de toneladas)

IDET

PERÍODO

VAR. -7,5% 17,3%

VOLUME TRANSPORTADO

Fev. Mar.

25,4 29,8

Fonte: IDET CNT/FIPE Obs.: Não foram contabilizados dados da ALL

MODAL RODOVIÁRIO DE CARGAS Série mensal 2009 (milhões de toneladas) PERÍODO

INDUSTRIAL

VAR.

OUTRAS CARGAS

VAR.

TOTAL

VAR.

44,3 42

7,0% -5,1%

48,9 48,2

0,5% -1,4%

93,2 90,2

3,5% -3,2%

Março Abril

MODAL AQUAVIÁRIO DE CARGAS Série mensal 2009 (milhões de toneladas) PERÍODO

VAR. -8,6% -2,3%

VOLUME TRANSPORTADO

Fev. Mar.

Fonte: IDET CNT/FIPE

32,6 31,8

Fonte: IDET CNT/FIPE

MODAL RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS TOTAL 110

COLETIVO URBANO

Mar. Abr.

INTERMUNICIPAL

INTERESTADUAL

PASSAGEIROS

VAR.%

PASSAGEIROS VAR.%

PASSAGEIROS

VAR.%

1.002.864.080 936.696.862

21,2% -6,6%

54.730.800 10,6% 53.714.742 -1,9%

5.590.120 5.736.681

-3,9% 2,6%

Fonte: IDET CNT/FIPE

Milhões de Toneladas

Série mensal 2009

105 100 95 90 85 80 jan

fev mar

abr mai

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP

jun

jul ago 2007

set

out nov dez

2008

2009

PREDOMINA A QUEDA RODOVIÁRIO INTERESTADUAL E FERROVIÁRIO DE CARGAS SÃO EXCEÇÕES

N

Assim, a movimentação total de cargas rodoviárias em 2009 é superior à verificada em 2007, contudo, 6,6% menor do que em 2008. Quanto ao transporte de passageiros, no mês de abril constatou-se uma redução de 6,6% no transporte rodoviário coletivo urbano e de 1,9% no intermunicipal, enquanto que ocorreu uma elevação de 2,6% no interestadual. Na comparação do acumulado no ano até abril com o mesmo período de 2008, observa-se

redução de 1,4% para o coletivo urbano e elevações de 4,8% para o intermunicipal e de 2,9% para o interestadual. No modal ferroviário de cargas, em março de 2009 ocorreu uma elevação de 17,3% em relação ao mês anterior. No acumulado do primeiro trimestre do ano, observouse queda de 21,2% em relação ao mesmo período de 2008. Cabe, contudo, a ressalva de que os dados de 2009 ainda não contam com as estatísticas da ALL (Améri-

ca Latina Logística), que não disponibilizou seus dados. Para o transporte aquaviário de cargas, a movimentação em março foi 2,3% menor do que o do mês anterior, registrando a segunda queda mensal sucessiva.

o mês de abril deste ano, observou-se queda de 3,2% na movimentação de cargas rodoviárias, que foi fortemente influenciada pela redução de 5,1% no transporte de cargas industriais por terceiros. Observa-se que em 2009 a movimentação de cargas industriais por terceiros está abaixo do observado nos anos de 2007 e de 2008. Enquanto isso, a movimentação de outras cargas em 2009 tem superado os anos de 2007 e de 2008.

* Para esclarecimentos e/ou para download das tabelas do Idet acesse www.cnt.org.br ou www.fipe.org.br


FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedido Concessionárias Malhas concedidas* Fonte: ANTT(relatório 2007)

BOLETIM ESTATÍSTICO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM PAVIMENTADA

TOTAL

13.636 74.940 6.365 23.421 113.451 219.999 1.288.941 1.315.711 1.422.393 1.634.071

Fonte: PNV-2008 - DNIT

Malha Rodoviária Concessionada Adminstrada por concessionárias privadas* Administrada por Operadoras Estaduais

13.810 12.746 1.064

Fonte: ABCR(2009)* e ANTT (jul/06)

FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADES Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais* Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento* Ônibus urbanos**

1.939.276 339.865 624.917 549.643 13.907 40.000 25.120 105.000

Fonte: Denatran (jan/2009), *ANTT (2007) e **NTU (regiões metropolitanas)

Nº de terminais rodoviários

9.863 1.674 7.304 9.473 28.314

Fonte: ANTT(relatório 2007)

NÃO PAVIMENTADA

61.304 17.056 106.548 26.770 211.678

*VALEC é operacionalizada pela Vale do Rio Doce

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM Companhia Vale do Rio Doce/FCA MRS Logística S.A. ALL do Brasil S.A. Outras Total

RODOVIÁRIO

Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total

29.817 28.314 11 12

173

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)

87.150 2.624 1.670

Fonte: ANTF(2007) e Min. Cidades 2003

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.273 2.611

Fonte: ANTF 2007

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

Fonte: AAR - Association of American Railroads

AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos

33 33 2.498

Fonte: INFRAERO(2008) e ANAC (2006)

AERONAVES - UNIDADES A jato Turbo Hélice Pistão Total

Fonte: ANTT 2006

AQUAVIÁRIO

778 1.638 9.204 11.620

Fonte: ANAC (2009)

INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo Portos FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso

42 40

MODAL

141

Fonte: ANTAQ (2009)

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias Fonte: ANTAQ (2009)

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS

44.000 29.000 13.000 1.148

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Dutoviário Aéreo Total Fonte: *TKU - tonelada quilômetro útil ANTT(relatório 2007)

MILHÕES

(TKU)* 485.625 164.809 108.000 33.300 3.169 794.903

PARTICIPAÇÃO

(%) 61,1 20,7 13,6 4,2 0,4 100


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2009

BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES

R$ bilhões

Investimentos Federais em Transportes (janeiro a abril/2009)

12000 10000 8000 6000

Investimentos Liquidados por Modal (R$ 239,0 milhões) - Governo Federal (janeiro a abril/2009)

11.567,7

R$ 17,0 mi (7%) R$ 125,1 mi (52%)

4000 2000 0

1.861,3 239 R$ 96,8 mi (41%)

Autorizado Investimento liquidado Total pago Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.

Arrecadação no mês (abril) Arrecadação no ano (2009) Total acumulado desde 2002 Investimentos em transportes pagos com CIDE (desde 2002) CIDE não utilizada em transportes (desde 2002)

340* 456 52.239 20.278,1 (38,8%) 31.960,9 (61,2%)

* Obs.: vide maiores detalhes no site http://sistemacnt.cnt.org.br/rd/boletim_economico.htm

R$ bilhões

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

60 50 40 30

52,2

20,3

20 10 0 2 200

Ferroviário

(R$ MILHÕES)

3 200

Arrecadação Acumulada

4 200

5 200

6 200

7 200

8 200

Investimento Pago Acumulado

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,18/liltro) e diesel (R$ 0,03/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.

Aquaviário

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - ABRIL/2009 2008 Inflação 5,9 IPCA (%) Câmbio 2,34 (R$/US$) Selic (%a.a.) 13,75 PIB 5,08 (% cresc. ao ano) Balança Comercial 24,7 (US$ bilhões)

2009 Últimos ACUMULADO 12 meses

Expectativa para 2009

1,72(1)

5,53(1)

4,3

2,18(2)

-

2,2

10,25

(3)

-

9,25 (4)

-

5,08

6,7(5)

27,1(5)

-0,3 17

Observações: 1 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até abril/2009 2 - Câmbio de fim de período abril/2009, média entre compra e venda 3 - Meta Taxa Selic conforme Copom 29/04/2009 4 - PIB acumulado em 12 meses, até dezembro/2008. 5 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até abril/2009. Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (acumulado até 04/05/2009), IBGE e Focus - Relatório de Mercado (30/04/09), Banco Central do Brasil.

CIDE

Rodoviário

* Para saber mais: http://sistemacnt.cnt.org.br/rd/boletim_economico.htm

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 280 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA BRASIL - 2008)


EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM MILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 776,33 94,32 74,07 42,51 25,60 16,87 1.029,71

SETOR

Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total

BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS NÚMEROS DE AFERIÇÕES JANEIRO A MARÇO 2007 E 2008 DE 2009 100.800 Aprovação no período 83,87 %

(%) 75,4% 9,2% 7,2% 4,1% 2,5% 1,6% 100%

PARTICIPAÇÃO

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE CO2 t/ANO 83,30 6,20 3,56 1,26 94,32

MODAL

ABRIL DE 2009

TOTAL

27.632

8.320

136.752

84,36 %

85,14 %

-

Rodoviário Aéreo Marítimo Ferroviário Total

EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30

VEÍCULO

ESTRUTURA DO DESPOLUIR Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos

21 56 2.726 2.972

Fonte: Sistema de Informações do Despoluir, Confederação Nacional do Transporte - CNT, 2009.

(%) 88,3% 6,6% 3,8% 1,3% 100%

PARTICIPAÇÃO

Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total

(%) 44% 39% 10% 7% 100%

PARTICIPAÇÃO

Fonte: Inventário de Emissões, Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, 2006.

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL NO BRASIL

EMISSÕES DE CO2 NO MUNDO

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR SETOR

(EM MILHÕES DE TONELADAS - EXCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) 3

m 33,88 6,01 1,70 0,85 0,33 42,78

SETOR

MILHÕES DE

Transporte Agropecuário Transformação * Industrial Outros Total

(%) 79,2% 14% 4% 2% 0,8% 100%

PARTICIPAÇÃO

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE 3 MODAL MILHÕES DE m PARTICIPAÇÃO (%) Rodoviário 32,71 96,6% Ferroviário 0,69 2% Hidroviário 0,48 1,4% Total 33,88 100% * Geração de eletricidade. Fonte: Balanço Energético Nacional - BEN, Ministério de Minas e Energia - MME, 2008.

Diesel

39,01

41,56

44,76

13,46

Gasolina

24,01

24,32

25,17

8,10

6,19

9,37

13,29

4,99

Fonte: Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP, 2009.

1 - EUA 2 - China 3 - União Européia (25) 4 - Rússia 5 - Japão 6 - Índia 7 - Alemanha 8 - Reino Unido 9 - Canadá 10 - Coréia do Sul 19 - Brasil

CO2 t/ANO 5.888,7 5.204,8 4.017,1 1.575,3 1.304,2 1.199 856,6 551,3 549,1 507 346,2

PARTICIPAÇÃO (%) 19,8% 17,5% 13,5% 5,3% 4,4% 4% 2,9% 1,8% 1,8% 1,7% 1,2%

Fonte: Climate Analysis Indicators Tool - CAIT, World Resources Institute, 2008.

TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO DIESEL*

CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (EM MILHÕES m3) TIPO 2006 2007 2008 2009 (ATÉ ABRIL)

Álcool

PAÍS

Japão 10 ppm de S EUA 15 ppm de S Europa 50 ppm de S Brasil - frotas cativas de ônibus urbanos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e regiões metropolitanas de 50 ppm de S Belém, Fortaleza e Recife Brasil - diesel metropolitano (grandes centros urbanos) 500 ppm de S Brasil - diesel interiorano 1.800 ppm de S * Em partes por milhão de S - ppm de S Fonte: International Fuel Quality Center - IFQC, 2008.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2009

“NÃO TEMOS CULPA SE GOVERNOS PASSADOS NÃO PENSARAM NO METRÔ, HOJE PERTO DE 20 VEZES INFERIOR AO DE HIROSHIMA”

DEBATE

O FRETAMENTO ATRAPALHA AS CIDADES?

Coitados dos trabalhadores se não tivessem o fretamento JARBAS FAVORETTO

em sempre temos gente preparada para ocupar o cargo público que lhe caiu no colo. Como nós sabemos, eles aparecem apadrinhados nos cargos que sobraram. Não há concurso, muito menos qualquer teste de qualificação. Se for da corriola, já está aprovado! Contudo, torna-se um desastre quando o citado despreparado determina mudanças num setor sem o menor conhecimento das causas e muito menos dos seus efeitos. Ao longo dos anos, temos visto muitas “abobrinhas” desses despreparados dirigentes. O setor dos transportes não é imune! O transporte na cidade de São Paulo, reconhecemos, é uma “barra pesada”. Todo o Brasil passa por suas ruas. Mas não precisávamos ter tantos semáforos, tantos cruzamentos, tantas conversões à esquerda em ruas duplas e tanta incompetência, tudo ao mesmo tempo. Não constroem viadutos onde é preciso (av. dos Bandeirantes, por exemplo) e, quando o fazem, logo inventam um semáforo em sua extremidade (Ponte Estaiada

N

JARBAS FAVORETTO Presidente da Amitur-SP (Associação dos Municípios de Interesse Turístico)

do Brooklin ou Ponte do Morumbi, por exemplo). Fizeram um concurso para engenheiros de tráfego. Depois de admitidos, eles foram escalados para criar novos locais para as multas dos pardais, em vez de buscarem soluções inteligentes para o trânsito. Fica muito fácil para qualquer mentecapto criar rodízios. Difícil é projetar a fluidez do tráfego e eliminar os gargalos que eles mesmos provocam. Não temos culpa se governos passados não pensaram no metrô, hoje perto de 20 vezes inferior ao de Osaka ou Hiroshima, uma das cidades destruídas na Segunda Guerra Mundial. Por aqui, quando se projetou uma linha do metrô para os lados de Santo Amaro, Jardim Ângela e Capela do Socorro, as “força$ oculta$” o deixou apenas no Jabaquara, abandonando o povão do maior reduto eleitoral do país pendurado em ônibus lotados até hoje. Já na década de 70, os empregados da Caterpillar pediram para entrar em serviço às 6h para saírem às 16h. Com isso, livraram-se de três horas diárias que perde-

riam nos engarrafamentos. Como, então, seria possível essa economia de tempo se não fossem os ônibus de fretamento? Coitados de milhares de trabalhadores se eles não tivessem o conforto dos ônibus de fretamento! Em vez de as autoridades se preocuparem em diminuir cruzamentos, impedir os automóveis de andar na faixa dos ônibus e, principalmente, multar aqueles que fecham os cruzamentos, pois não é que, agora, elas ficam de “olho grande” em cima das linhas de fretamento, como se essas fossem as culpadas? Igualmente a outras profissões ou segmentos, por óbvio, é preciso ao menos consultar os empresários e os técnicos da respectiva área. Não queiram inventar! O fretamento não atrapalha as cidades. A incompetência dos apadrinhados que caem de paraquedas nos governos é que atrapalha o trânsito, atrapalha a nossa cidade e, também, atrapalha os 500 mil usuários que, só em São Paulo, hoje, deixam os seus carros na garagem todos os dias, graças ao fretamento.


CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2009

“VEJO O FRETAMENTO COMO UM ALIADO, SE TEMOS MENOS 19,7 CARROS EM CIRCULAÇÃO, TEMOS MENOS GASTOS EM COMBUSTÍVEIS E MAIS SAÚDE”

Transporte por fretamento aliado ao desenvolvimento SILVIO TAMELINI

esde a década de 50, período que iniciou a industrialização brasileira e que a região do Grande ABC em São Paulo passou a ser reconhecida como um dos mais importantes polos econômicos e industriais do país, que o serviço de transporte por fretamento já figurava-se como um poderoso aliado à disposição dos colaboradores dessas empresas. Aliado, pois era o único meio de transporte, como ainda é hoje, capaz de servir os passageiros nos horários noturnos, tão necessários à manutenção das atividades, visto que, com o encerramento das operações do transporte público à meia-noite, seria impossível manter as empresas em operação por 24 horas, fato que persiste até os dias atuais. Atualmente, o serviço de fretamento é responsável pelo transporte de 600 mil pessoas na cidade de São Paulo e pela retirada de 19,7 carros de circulação com um único ônibus, como aponta o estudo realizado

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pelo Instituto de Pesquisa LPM para o Transfretur (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros e para Turismo de São Paulo e Região). Já no Estado de São Paulo, o setor emprega mais de 20 mil trabalhadores. A partir dos números, podemos mensurar e até discorrer sobre os benefícios da modalidade de transporte à população e ao meio ambiente. Aos usuários, ele proporciona conforto e segurança. Ao meio ambiente: com a retirada de 19 carros da rua. E para analisar o tamanho do problema que um veículo em circulação traz, basta pensar que um carro com motor 1.0 é responsável pela emissão de 2,3 toneladas de CO2 ao ano. E necessário o plantio de 12 árvores para minimizar tal dano. Ao refletirmos que um ônibus transporta, em média, 44 pessoas diariamente, seriam 528 árvores para serem replantadas. Ao entrarmos no cerne do desenvolvimento econômico, a falta de mobilidade nos grandes centros urbanos fomenta o desperdício de combustível, encarecendo

assim os valores dos fretes e das mercadorias, sendo assim: menos carros, mais circulação e menos investimentos em fretes. Hoje, os congestionamentos trazem danos também às pessoas: o estresse e problemas respiratórios. E o problema se agravou numa proporção que tem levado as pessoas a utilizarem outros meios de locomoção, como as bicicletas. E quanto é saudável um ciclista circular pelas ruas inalando gases ofensivos aos pulmões? É visível que entramos num circulo prejudicial: as cidades se desenvolveram e precisam de meios de transporte capazes de agregar o modelo econômico: mais empregos, mais desenvolvimento e mais tecnologia, no entanto, não temos espaço físico nem planejamento urbano. É passível de pensar que podemos retroceder, parados em congestionamentos. Vejo o fretamento como um aliado, se temos menos 19,7 carros em circulação, temos menos gastos em combustíveis e mais saúde à população.

SILVIO TAMELINI Presidente da Fresp (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo)

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“Independente do tamanho da culpa, diante do drama ambiental atual, os transportadores passaram a fazer parte da solução” CLÉSIO ANDRADE

OPINIÃO

Transportador, o novo agente ambiental

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a questão ambiental, cabe à atividade transportadora uma parte da responsabilidade pela emissão de poluentes. Imputa-se ao transporte uma culpa, na verdade, desproporcional à sua participação. Para surpresa de alguns, não é o transporte o grande vilão da emissão de gases poluentes. No Brasil, de acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia, de todo o gás carbônico jogado na atmosfera, 9% pode ser atribuído ao setor transportador. O manuseio de terras e florestas responde por 75% da emissão de CO2, enquanto a indústria é responsável por 7%. Independente do tamanho da culpa, diante do drama ambiental atual, os transportadores passaram a fazer parte importante da solução. A CNT lançou, em 2007, o Programa Despoluir como uma manifestação concreta de uma consciência cidadã por parte do setor de transporte, comprometida com um mundo ambientalmente menos exposto a riscos de poluição. O Despoluir vem promovendo a redução da emissão de poluentes ao aferir a quantidade desses resíduos que caminhões e ônibus emitem, apontando desvios em comparação aos padrões de emissão legalmente aceitos, para, assim, subsidiar a correção. Outra ação do Programa Despoluir são os cursos de preservação ambiental e a instituição da figura do “Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente” e do “Taxista Amigo do Meio Ambiente”, que irão mobilizar esses importantes agentes do setor transportador no esforço de todos para o combate ao aquecimento global. São ações essenciais, particularmente envolvendo caminhoneiros, haja vista o fato de, não raro, ser ele, motorista, o primeiro a identificar, por exemplo, focos de queimada, que geralmente começam nas beiras das rodovias. Se esse profissional, imbuído de

espírito preservacionista, acionar as autoridades competentes tão logo veja um sinal de queimada, mais rapidamente o fogo será combatido e menor será a emissão de CO2 que ele provocará. No final de maio, ainda por meio do Despoluir, a CNT realizou a Oficina Nacional de Transporte e Mudanças Climáticas, em parceria com o Centro de Transportes Sustentável e apoio da embaixada britânica no Brasil. O evento objetivou debater os impactos do transporte no meio ambiente, apontando propostas para o aperfeiçoamento de políticas públicas em conformidade com as diretrizes definidas pelo Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Como se vê, os transportadores estão definitivamente engajados nas soluções para os problemas ambientais. Mas é preciso legislação que acompanhe as novas necessidades, bem como programas de governo para a renovação da frota e facilidades para a adoção de novas tecnologias. O Brasil parou em um meio termo com relação ao uso de energia alternativa. O uso do etanol se mostrou uma boa solução, passando a figurar como elemento de primeira grandeza em nossa matriz energética. Contudo, o país se acomodou e não avançou nas pesquisas em busca de novas tecnologias. Um exemplo é o carro elétrico, que vem avançando em outros países, mas no Brasil ainda não alcançou resultados significativos. O recrudescimento da poluição atmosférica, as possíveis mudanças climáticas e o aquecimento global estão trazendo ameaças concretas à sobrevivência das espécies. Os desequilíbrios ambientais precisam ser revertidos. Acreditamos que isso ainda é possível. E é por isso que o despertar do transportador para essa consciência ambiental é de suma importância. Somos agora um novo agente ambiental em defesa de um planeta melhor para vivermos.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Soares de Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa VICE-PRESIDENTES DA CNT

JUNHO 2009

Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Abrão Abdo Izacc Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

DOS LEITORES revistacnt@acsmidia.com.br

TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

SUGESTÃO Venho reportar a essa redação para dar minha opinião de leitor sobre o layout da revista, com fotos ou frases usando duas páginas ao mesmo tempo! É irritante a leitura, que fica desagradável. Apesar do bom conteúdo de algumas reportagens, a revista insiste em manter um padrão editorial deselegante e ruim para o leitor.

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay Hernani Goulart Fortuna TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro

Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Luiz Rebelo Neto Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes Paulo Sergio de Mello Cotta Marcelino José Lobato Nascimento Ronaldo Mattos de Oliveira Lima José Eduardo Lopes Fernando Ferreira Becker Pedro Henrique Garcia de Jesus Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva

Maurício Silva Contagem - MG Resposta Agradecemos a crítica e informamos que suas considerações serão levadas em conta quando formos proceder a próxima reforma gráfica na revista. LEI SECA Logo que comecei a perceber que as pessoas perderam o medo da tão falada Lei Seca, a revista CNT Transporte Atual me mostrou uma reportagem completa sobre o assunto. É fácil notar isso aqui em Belo Horizonte, a capital dos bares. Até outubro do ano passado, as pessoas sempre saíam sem beber ou levavam alguém que não bebia para dirigir, mas agora já não existe mais isso. As pessoas

sabem onde tem mais blitz e evitam passar por lá, o que prova que o resultado da lei era consequência das penalidades e não do respeito à vida. Parabéns à revista por abordar esse assunto. Nicolas Wellington da Silva Belo Horizonte - MG DUKE O conteúdo da revista CNT Transporte Atual em geral é muito bom, mas eu gostaria de destacar a parte que mais me chama a atenção em todas as edições, que é a charge do Duke. Adoro desenhar e sempre me interessei bastante por charges. Ultimamente o desenhista que mais me chama a atenção é realmente o Duke, com um humor crítico e ácido. Todos os seus desenhos são muito bons (vejo sempre o site dele), mas as charges para a CNT Transporte Atual são muito engraçadas. Portanto, gostaria de parabenizar primeiramente o Duke e também a revista por essa ótima escolha. Edwaldo Machado dos Santos Salvador - BA

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

Av. Dom Pedro 2º, 4050 Salas 5 e 6 • Caiçara 30720-460 - Belo Horizonte (MG) Fax: (31) 2551-7797 E-mail: revistacnt@acsmidia.com.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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