EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT
CNT
ANO XVI NÚMERO 177 MAIO 2010
T R A N S P O R T E A T U A L
Solução urgente Resultados da inspeção veicular ambiental na cidade de São Paulo mostram a necessidade de se tomar medidas efetivas de controle de emissões de poluentes
LEIA ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DE TRANSPORTE DOS EUA RAY LAHOOD
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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REPORTAGEM DE CAPA
TRANSPORTE ATUAL
Balanço da inspeção veicular ambiental no município de São Paulo, nos primeiros meses deste ano, aponta que houve aumento do índice de reprovação de veículos. Resultado indica que poluição precisa ser controlada no país. Página 24
ANO XVI | NÚMERO 177 | MAIO 2010
ENTREVISTA
ACORDO
Secretário LaHood fala sobre desafios do transporte
Brasil e EUA firmam parceria no setor rodoviário
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FERROVIAS • Evento discute os desafios do modal CAPA ROBERTO VAZQUEZ/FUTURA PRESS
e promove a troca de experiências em logística, automação, novas tecnologias e sustentabilidade PÁGINA
COMJOVEM
PRÁTICO
EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
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Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
Profissional que atua Comissão completa em porto precisa de dois anos com 15 habilidade e técnica núcleos regionais PÁGINA
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PAC ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
imprensa@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares
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Falta de planejamento explica em parte atrasos nas obras
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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AVIAÇÃO • Empresas aéreas que atuam no transporte
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CICLO DE CONFERÊNCIAS Acompanhe a programacão
regional garantem o desenvolvimento do turismo em cidades de médio e pequeno portes no interior do país PÁGINA
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GESTÃO E TRANSPORTE
FATOR ACIDENTÁRIO
Escola do Transporte promove curso para executivos
FAP entra em vigor depois de passar por reformulações
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Seções
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SONDAGEM Pesquisa fará mapeamento das ações ambientais desenvolvidas pelas empresas de transporte rodoviário de cargas e de passageiros. Interessados devem preencher um questionário no site www.cntdespoluir.org.br, até o dia 30 de maio.
LOGÍSTICA
CURSOS TÉCNICOS
Feira Internacional em Jundiaí quer alavancar novos negócios
Para atender as necessidades dos profissionais do setor de transporte e do mercado de trabalho o Sest Senat oferece cursos com conhecimentos teóricos e práticos e estágios supervisionados em empresas de transporte. Confira o conteúdo dos cursos no site.
Alexandre Garcia
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Humor
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Mais Transporte
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Boletins
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SEST SENAT
Debate
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Opinião
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Cartas
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Unidade em Foz do Iguaçu, no Paraná, é inaugurada
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E MAIS Despoluir • Projeto do programas • Noticiário sobre meio ambiente
Canal de Notícias • Pesquisas e Sala de Imprensa • Noticiário do Brasil e do mundo
Escola do Transporte • Cursos • Estudos e pesquisas
Sest Senat • Cursos e palestras • Voluntariado e colocação no mercado de trabalho
O portal disponibiliza todas as edições da revista CNT Transporte Atual
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“Por que sumiram a cidadania, o conceito de Estado e nação, a lição do respeito às leis, às regras de civilidade? Estamos virando semicivilizados” ALEXANDRE GARCIA
Presidente novo, Brasil velho
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rasília (Alô) – Analistas econômicos supõem que o atual governo está pondo no calendário a receita de uma bomba relógio que vai explodir nas mãos do sucessor do presidente. Taxa selic elevada, câmbio valorizado e déficit externo crescendo é a fórmula explosiva que entra em contagem regressiva se nada for feito para alterar os rumos. A consequência disso seria crise no ano que vem e/ou no outro. Nas contas externas, o negativo dos últimos 12 meses até 31 de março é de US$ 31,5 bilhões – 1,8% do PIB, e até o fim do ano deve chegar a 2,5% do PIB. Neste ano, o superávit da balança comercial teve um recuo de quase 70% em relação ao ano passado. Difícil imaginar que o governo vá fazer alguma coisa quando a campanha eleitoral já começou. Quando estourar nas mãos de quem assumir a Presidência vão responsabilizar quem chegou, e não quem saiu... Mas esse não é o problema maior. Questões econômicas podem ser resolvidas com aumento de produção, de exportação ou de preço internacional de nossas commodities. Questões institucionais, no entanto, são mais lentas de chegar a uma solução. Como proibir de ser candidato quem não tiver ficha limpa. Ou mudar o custeio público para baixar os impostos; ou alterar as leis para realmente desencorajar o crime – assaltos e homicídios ou desvios de recursos públicos. Ou planejar, com uma estratégia de desenvolvimento. São questões culturais que vão se deteriorando. Vi, no Jornal Nacional, que a associação de juízes tomou a iniciativa de dar aulas de cidadania às crianças. Ora, eu tinha isso no curso primário, há mais de 60 anos. Por que sumiram a cidadania, o conceito de Estado e nação, a lição do
respeito às leis, às regras de civilidade? Estamos virando semicivilizados. Ou semisselvagens. Não nos escandalizamos quando governos permitem que se ergam casas e se asfaltem ruas sobre lixões em encostas instáveis. Imaginem no Japão o que aconteceria com governantes municipais num caso desses... Na China vocês sabem bem o que acontece quando um funcionário põe o dinheiro nas meias e se sabe que foi resultado de uma obra que custa US$ 1 milhão, mas foi faturada por US$ 2 milhões. Aqui, a impunidade é a melhor campanha publicitária para aumentar o crime e diminuir a vergonha. O Conselho Nacional de Justiça tem uma propaganda que diz que cadeia não é a melhor solução para quem rouba uma bolsa. Pergunte o que acha disso a senhora que teve a bolsa roubada, com todos os documentos e a foto do falecido marido. Esse Brasil velho, de cabeças não civilizadas, é que atrapalha. A Alemanha, o Japão e a Coreia foram arrasados por guerras recentes. Há apenas 60 anos, o Brasil estava à frente dos três. Os três se modernizaram, porque as cabeças olhavam o futuro, com ordem e progresso. Por aqui, “ordem e progresso” é apenas uma inscrição na bandeira, uma intenção que não é posta em prática. E a desordem atrapalha o progresso. Esta nossa conversa de hoje vem a propósito da eleição deste ano. Muita gente acha que os partidos não oferecem boas opções. Pois admitamos que as opções sejam ruins. Mas há, então, os mais ruins e os menos ruins. Temos tempo para descobrir isso até outubro. Para saber quem vai desarmar a bomba relógio e ser alvo da nossa pressão para rejuvenescer o país velho.
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“Construa e você terá resultados. Vi isso acontecer várias vezes projetos de transporte são construídos, eles sempre se tornam
ENTREVISTA
RAY LAHOOD
Indutor do cres POR
infraestrutura de transportes de um país é o motor do crescimento econômico. A afirmação do secretário dos Transportes dos Estados Unidos, Ray LaHood, foi feita durante entrevista à CNT Transporte Atual para a edição de maio. No dia 15 de abril, LaHood esteve na sede da CNT, em Brasília (DF). Os governos norte-americano e brasileiro firmaram um termo de cooperação na área rodoviária (leia na página 20). Duas semanas depois da assinatura, já nos Estados Unidos, o secretário respondeu por e-mail algumas questões sobre os desafios, perspectivas e investimentos no setor. O país, que conta com um orçamento anual de mais de US$ 70 bilhões para o transporte, tem investido parte desse recurso em projetos de constru-
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CYNTHIA CASTRO
ção de novos corredores de trem de alta velocidade, que devem gerar empregos e oferecer um meio de transporte mais rápido e eficiente em energia. Segundo LaHood, uma das prioridades do governo de Barack Obama em relação ao setor é conseguir romper a dependência dos combustíveis fósseis. Leia abaixo a entrevista. Os EUA acabam de assinar um termo de cooperação com o Brasil na área rodoviária. Qual experiência poderá ser útil ao Brasil e vice-versa? A história do crescimento econômico de meu país envolve, em grande parte, a história dos transportes – de canais e estradas de ferro no século 14, do sistema interestadual iniciado na década de 1950. Acredito no trem de alta velocidade e no retorno a um sistema de trans-
porte que ofereça mais opções para a população, a partir do governo Obama. O acordo promoverá projetos conjuntos de pesquisa, oficinas e capacitação tecnológicas, voltados para o aperfeiçoamento de práticas de planejamento rodoviário. Os dois governos compartilharão inovações tecnológicas, trabalharão em conjunto para aumentar a segurança nas estradas, desenvolverão práticas de qualidade e ampliarão a implementação de sistemas de transporte inteligentes. Na administração de Barack Obama, o governo investiu US$ 8 bilhões na construção de trilhos de alta velocidade. Onde esse investimento está sendo feito? A visão audaciosa do presidente Obama em relação ao trem de alta velocidade mudou
o cenário do transporte norteamericano. Essa realização não só criará bons empregos e revigorará nossa base industrial, mas reduzirá nossa dependência dos combustíveis fósseis. Os US$ 8 bilhões que o presidente, o vice-presidente Biden e eu anunciamos em janeiro último, representam apenas o pagamento inicial dos 13 novos corredores de larga escala do trem de alta velocidade que planejamos construir em 31 Estados. Temos o compromisso de investir US$ 1 bilhão por ano nos próximos cinco anos a partir de 2010. Grande parte desse montante foi utilizado no desenvolvimento de novos programa. A Flórida receberá até US$ 1,25 bilhão para desenvolver um novo corredor entre Tampa e Orlando, com trens viajando a aproximadamente 270 km/h. A Califórnia receberá até US$ 2,25 bilhões
JÚLIO FERNANDES/NCI-CNT
nos Estados Unidos. Quando os catalisadores de crescimento”
cimento para o projeto de ligar Los Angeles a São Francisco e pontos entre essas cidades, viajando a cerca de 354 km/h. Dá para estimar os benefícios? As concessões criarão empregos e oferecerão um estímulo econômico quando as obras forem iniciadas, mas também ajudarão a incentivar o crescimento econômico nas comunidades por todo o país, a estabelecer uma nova indústria nos EUA, que proporcione empregos estáveis e bem pagos, além de oferecer um meio de transporte mais rápido e eficiente em energia. Ao fazer sua indicação para o Departamento de Transportes, Obama disse que o senhor é um dos poucos conhecedores dos desa-
fios de infraestrutura do país. Qual é o principal? O governo Obama acredita que as decisões relacionadas com transporte devem ser redirecionadas para atender primeiro às necessidades da população e de suas comunidades. No século 20, meu país beneficiou-se com a construção de redes rodoviárias e aéreas que impulsionaram a prosperidade econômica e a mobilidade individual. Mas no século 21, as políticas e decisões de investimentos em transporte frequentemente deixam de ter uma abordagem voltada para os resultados. Por isso, queremos retomar o foco das decisões de transporte voltado para a população e suas comunidades. É nossa responsabilidade oferecer pontes, estradas, sistemas de transporte aéreo e outras instalações que sejam seguras e estejam em boas condições. É importante
melhorar o desempenho energético e ambiental. Temos dois desafios significativos: transformar nossa infraestrutura de transporte e encontrar maneiras de financiar essa transformação. Precisamos ter um sistema de financiamento que nos ajude a investir em todas as modalidades de transporte de superfície. O Departamento de Transportes dos EUA conta com um orçamento anual de mais de US$ 70 bilhões. Como é a distribuição? Solicitamos ao Congresso um orçamento de US$ 79 bilhões para o ano fiscal de 2011, um aumento de US$ 2 bilhões em relação ao ano passado. Grande parte dos gastos tem como objetivo
nossas três principais prioridades: manter a segurança da população que utiliza o sistema de transporte, investir no futuro e promover comunidades dignas de serem habitadas. O orçamento inclui investimentos importantes na infraestrutura de transportes, que é o motor do crescimento econômico. Este ano, a Administração Federal de Estradas, que constrói e reforma pontes e estradas, teve o seu maior orçamento com US$ 42,1 bilhões. O setor de transporte contribui com quantos por cento do PIB norte-americano? O transporte faz parte da vida de todos de forma significativa. O custo, incluindo combus-
tível, veículo e serviços correspondentes para mantê-lo, foi de aproximadamente US$ 1,375 trilhão em 2008, ou 9,5% do PIB. Mas os benefícios do transporte, unindo nossa nação ao mundo e a nossas comunidades, e fazendo com que nossa economia seja produtiva, são incalculáveis e muito maiores. Os EUA investem no potencial hidroviário, com destaque para o rio Mississipi. Como se dá esse investimento? As hidrovias dos EUA são vitais para o transporte. As cargas transportadas para o interior por meio de vias fluviais foram responsáveis por 62% de todo o tráfego doméstico em 2008. No exercício de 2009, US$ 76 milhões foram recolhidos em receita com impostos com combustíveis e US$ 149,5 milhões foram investidos em projetos de navegação. Anunciamos recentemente o programa “America’s Marine Highway” (Estradas Marítimas dos EUA) para fortalecer nossos cursos de águas navegáveis. As autoridades de transporte regional podem inscrever-se para ter projetos específicos para rios, corredores ou individuais, designados como estradas marítimas, se atenderem a critérios. Começamos com esse programa no início do ano, oferecendo
US$ 58 milhões em concessões de estradas marítimas. Qual é o resultado econômico e ambiental? Nosso programa de Estradas Marítimas permitirá que estabeleçamos uma via secundária para as rodovias congestionadas, no entorno de portos de grande movimentação, reduzindo os gases de efeito estufa e criando empregos para marinheiros e estaleiros. Posso lhe dar um exemplo: a expansão dos diques e eclusas 52 e 53 do rio Ohio, de 600 para 1.200 pés, permitirá que barcaças com 15 pés transitem pelas eclusas em uma hora, em vez de cinco. O Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA estima que esse projeto gerará benefícios econômicos anuais de mais de US$ 700 milhões. A postura dos EUA em relação ao meio ambiente recebeu duras críticas no governo Bush e ainda recebe, apesar dos avanços. Como esse governo lida com os desafios de garantir o transporte e pensar na questão ambiental? Proteger nosso planeta e iniciar a transição para uma economia de energia limpa estão entre as principais prioridades do presidente Obama. Sob sua liderança, os EUA retomaram o esforço para criar um novo
RIO MISSISSIPI EUA utilizam potencial hi
“Temos dois desafios: transformar nossa infraestrutura de transporte e encontrar maneiras de financiar essa transformação”
acordo global climático. Em escala nacional, o governo tem trabalhado para persuadir o Congresso a aprovar uma lei de energia limpa que fará com que os EUA possam reduzir as emissões domésticas de gás de efeito estufa. Ainda dependendo da aprovação dessa lei, o governo tem utilizado as leis existentes para elevar os padrões de economia de combustível para carros e caminhões leves, exigir volumes maiores de combustíveis fósseis e financiar o desenvolvimento de tecnologias avançadas para veículos. Qual é a meta de redução de emissões no transporte? Uma das primeiras medidas do presidente Obama foi exigir o aprimoramento da eficiência em combustível dos automó-
ANTAQ/DIVULGAÇÃO?
“Queremos retomar o foco das decisões de transporte voltado para a população” droviário para o transporte de cargas
veis. Como resultado, tenho orgulho em dizer que o Departamento de Transportes e a Agência Americana de Proteção Ambiental recentemente estabeleceram em conjunto padrões ambiciosos de economia de combustível e emissões de dióxido de carbono de escapamentos, para carros de passeio e caminhões leves, que reduzirão as emissões de dióxido de carbono em aproximadamente 1 bilhão de tonelada métrica. No dia 22 de abril, o Departamento de Transportes enviou um relatório ao Congresso sobre o papel dos transportes na redução das emissões de gás de efeito estufa nos EUA.
sendo feito para incentivar veículos mais eficientes? Romper nossa dependência de combustíveis fósseis é uma de nossas principais prioridades. Como mencionei, estabelecemos novos padrões ambiciosos de economia e emissão para automóveis de passeio e caminhões leves. Nossos colegas no Departamento de Energia estão empregando bilhões de dólares no desenvolvimento de veículos e sistemas de bateria avançados. Alguns dos primeiros produtos desse investimento, incluindo os veículos híbridos Plug-in que utilizam sistemas avançados de bateria, começarão a ser vendidos ao público no próximo ano. A Agência Americana de Proteção Ambiental divulgou Ainda há grande dependên- uma nova regra final para os cia do petróleo. O que está padrões para combustíveis reno-
váveis para automóveis nos EUA, o que criará um mercado para 36 bilhões de galões de combustível renovável até 2022. Os automóveis produzidos a partir de 2012 terão de ter um consumo médio de 14 km por litro de gasolina? Qual será a economia de petróleo? Esta é uma lei. Carros e caminhões leves novos, vendidos nos EUA a partir de 2016, terão que ter um consumo médio de 14,5 km por litro de gasolina. A exigência para 2012 é 12,6 km por litro. Acreditamos que essas novas exigências para carros e caminhões para 2012-2016 economizarão 61,6 bilhões de galões de combustível e reduzirão as emissões de dióxido de carbono em 656 milhões de toneladas métricas ao longo da vida útil desses veículos. Como os EUA planejam o futuro do transporte, projetando escassez de energia e redução de combustíveis fósseis? O presidente acredita que a redução do uso de combustíveis fósseis é importante para a segurança nacional e para o meio ambiente e está utilizando as leis existentes, sempre que possível, para iniciar a transição para economia de energia limpa. Nossa meta é dar forma a uma
infraestrutura que ajude a reduzir o consumo de petróleo e as emissões. Iniciamos o processo, elevando os padrões de economia de combustível para os automóveis. O presidente anunciou um investimento de US$ 8 bilhões para dar início a um sistema de trem de alta velocidade. Investimos US$ 8,6 bilhões em projetos de transporte de massa. Estamos investindo em hidrovias. Investimos US$ 1,5 bilhão em projetos de grande porte de transporte multimodal. E, o mais importante, estamos modernizando nosso sistema nacional de controle de tráfego aéreo e tornando-o mais eficiente. De que forma? Por meio do desenvolvimento do Sistema de Transporte Aéreo de Nova Geração NextGen (Next Generation Air Transportation System), em que o sistema baseado em radares de hoje será transformado no sistema baseado em satélites de amanhã. O NextGen vai aumentar a segurança, a capacidade e a eficiência das pistas de pouso e das vias aéreas, ao mesmo tempo em que oferecerá procedimentos e tecnologias mais ambientalmente corretas para reduzir o consumo de combustíveis, as emissões de carbono e os níveis de ruído. l Leia mais na página 20
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MAIS TRANSPORTE POR
SUELI MONTENEGRO
LAZER
Copa Sest Senat de Futebol Society mobiliza unidades SEST SENAT SANTO ANDRÉ/DIVULGAÇÃO
rabalhadores dos diversos segmentos do setor de transportes e transportadores autônomos poderão participar, até junho deste ano, da Copa Sest Senat de Futebol Society promovida por 50 unidades em todo o país. As competições foram iniciadas em abril, em datas definidas de acordo com a programação de cada unidade, com o objetivo de promover a integração, incentivar o lazer contínuo e difundir a prática de esportes entre os trabalhadores. Os vencedores serão agraciados com troféus e medalhas. Os jogos serão supervisionados pela Coordenação de Promoção Social e Desenvolvimento Profissional do Sest Senat, responsável por apoiar a organização dos eventos nos Estados e no Distrito Federal. Os resultados parciais e finais das competições serão divulgados na página da instituição. A meta estabelecida pela coordenação nacional do evento prevê a realização de no mínimo 400 jogos, entre seletivas e finais.
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SANTO ANDRÉ Copa promovida pelo Sest Senat integra caminhoneiros de todo o país SEST SENAT BRASÍLIA/DIVULGAÇÃO
BRASÍLIA Meta estabelecida pela coordenação do evento prevê pelo menos 400 jogos
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LILIAN MIRANDA/FETRAM/DIVULGAÇÃO
Metrô terá trem sem condutor
CAPACITAÇÃO Professores fazem cursos em Minas
A concessionária ViaQuatro começa a operar ainda este ano a Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo com os primeiros trens da América Latina no sistema driverless (sem condutor). As composições fabricadas pela Siemens têm tecnologia que permite a operação remota do
veículo de forma mais eficiente e com menor tempo de espera para o usuário. O driverless necessita de pelo menos 3.500 horas de testes para obter a certificação internacional de segurança necessária à operação regular. A Siemens fornece sistemas para os EUA e países europeus. DIVULGAÇÃO
Educação para o trânsito O Núcleo de Educação para o Trânsito do DER/MG (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais) está promovendo em 2010 encontros regionais em unidades do Sest Senat do interior do Estado para a capacitação de professores das redes pública e privada de ensino. Segundo o DER, os eventos
têm como objetivo preparar esses profissionais para trabalhar conceitos de educação para o trânsito e de cidadania no currículo escolar dos alunos. O primeiro da série de seminários foi realizado no final do abril em Divinópolis. Uberlândia, Juiz de Fora, Varginha e Montes Claros também sediarão o encontro.
Belém integrada Um termo de compromisso assinado entre o governo do Pará e a Agência de Cooperação Internacional do Japão promete tornar viável a execução de um projeto de integração do sistema de transporte público coletivo da região metropolitana de Belém associado à redução das emissões de gás carbônico na capital paraense. O projeto tem
TECNOLOGIA Inovação está sendo testada em São Paulo
Prêmio ambiental investimento previsto de R$ 420 milhões, dos quais R$ 320 milhões deverão ser obtidos por meio de um empréstimo do governo japonês. O documento prevê para agosto o início das aferições das emissões de CO2. As mudanças vão beneficiar 2 milhões de usuários, reduzir o número de ônibus convencionais nas vias e melhorar o fluxo de veículos.
Empresas de transporte de passageiros que apresentaram o melhor desempenho nas aferições periódicas das emissões de poluentes do Programa Despoluir de abril de 2009 e maio deste ano serão agraciadas, dia 7 de junho, com o Prêmio Fetram de Qualidade do Ar. A iniciativa da Federação das Empresas de Transporte de
Passageiros do Estado de Minas Gerais vai premiar as dez empresas associadas à entidade ou aos sindicatos a ela vinculados que registraram no período os maiores percentuais de aprovação da frota. A Fetram deverá reconhecer também empresas que se desatacaram pela adoção de outros projetos na área ambiental.
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MAIS TRANSPORTE ANFIR/DIVULGAÇÃO
O Fascinante Império de Steve Jobs Retrato sobre as brigas e intrigas que rodeiam a criação de qualquer grande empresa. O autor oferece suas perspectivas contemporâneas sobre as realizações de Jobs e seu retorno à Apple. De Michael Moritz Ed. Universo dos Livros, 368 págs., R$ 31,90
Cresce a venda de equipamentos rodoviários A Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários) alterou a previsão de vendas de 10% para 20% este ano, na comparação com 2009, e projeta a comercialização de 138 mil unidades, entre reboques e semirreboques e carrocerias sobre chassis. O setor cresceu 48,41% de janeiro a março.
Como as Gigantes Caem Resultado de anos de pesquisa e estudos, o livro revela como grandes corporações falham e quais são os estágios desse declínio. De Jim Collins, Ed. Elsevier-Campus, 224 págs., R$ 43,90
Reconhecimento Líder no segmento de transporte de carga expressa no Brasil, a TNT recebeu duas importantes premiações: o Prêmio ILOS de Logística e o Container de Ouro, da TAM Cargo. O primeiro é um tradicional e reconhecido evento promovido para premiar os prestadores de
serviços logísticos que mais se destacaram no mercado brasileiro. A pesquisa é realizada anualmente pela equipe de Inteligência de Mercado do Instituto ILOS. Este ano, na classificação geral, a TNT subiu dois postos em relação a 2009, ficando com o 4º lugar
e à frente das demais transportadoras de cargas expressas. O segundo foi o reconhecimento pelo volume de carga transportada pela TNT com a empresa aérea, o que já a posicionou, num curto espaço de tempo, entre os cinco maiores agentes de carga aérea operando com a TAM Cargo.
Conversa sobre o Tempo Uma conversa emocionante, reveladora e divertida entre dois grandes escritores brasileiros, autores de vários best-sellers. Eles falam de família, amizade, paixões, política e morte. Autores: Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo, Ed. Ediouro, R$ 31,90
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COMPETIÇÃO
Scania abre inscrição para caminhoneiro stão abertas, desde o último dia 3 de maio, as inscrições para a terceira edição da competição Melhor Motorista de Caminhão do Brasil, promovida pela Scania. Os interessados poderão se inscrever até o próximo dia 10 de julho nas concessionárias Scania ou na rede credenciada de patrocinadores, que inclui este ano Sest Senat (veja abaixo relação das unidades com postos de inscrição), Bridgestone e Bandag, Shell, Scania Banco, Guerra e Vale. Realizada no país desde 2005, a competição é voltada para a valorização do caminhoneiro e a conscientização de condutores e de empresários sobre a importância da
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capacitação do motorista profissional para a segurança nas estradas. Pelo regulamento, o motorista deve ter carteira de habilitação categoria E. Além de preencher o formulário de inscrição, ele terá que responder a um questionário e submeter-se à avaliação em provas teóricas e práticas sobre legislação, preocupação ambiental e condução responsável, defensiva e econômica. Na segunda etapa, serão realizadas disputas para a escolha dos campeões regionais que irão para a final. O vencedor será premiado com R$ 5.000, aparelhos eletrônicos, móveis e eletrodomésticos, além de uma viagem à Suécia com acom-
panhante para assistir à final da competição europeia. Para o segundo e o terceiro colocados, serão distribuídos prêmios em dinheiro de R$ 3.000 e de 2.000, respectivamente, além de viagens com acompanhante para resort no Brasil. O segundo lugar ganhará ainda um jogo de pneus com seis unidades. A montadora vai oferecer aos finalistas o Treinamento de Motoristas Scania Master Driver, de direção econômica. Todos os inscritos na competição terão acesso também ao curso on-line de atendimento eficaz do Sest Senat, que ensina os profissionais a lidar com o público interno e externo das empresas.
WAGNER MENEZES/SCANIA/DIVULGAÇÃO
UNIDADES Porto Alegre/RS Lajeado/RS Concórdia/SC Itajaí/SC Curitiba/PR Cascavel/PR Guarulhos/SP São Vicente/SP Campinas/SP Contagem/MG Recife/PE Campo Grande/MS Cuiabá/MT Vilhena/RO Rio de Janeiro/RJ Belo Horizonte/MG Fernão Dias/SP
DESTAQUE Melhores motoristas serão premiados
Norte-Sul A Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A. publicou em abril o edital de licitação para a contratação das empresas responsáveis pela execução das obras do subtrecho da Ferrovia Norte-Sul, que vai de Ouro Verde, em Goiás, a Estrela do Oeste, em São Paulo. O empreendimento obteve licença prévia do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no início do mês passado e tem previsão de começo das obras no próximo dia 28 de maio, tão logo sejam conhecidos o(s) vencedor(es) dos cinco lotes da licitação.
Biarticulados Ônibus biarticulados com capacidade para transportar aproximadamente 250 passageiros começaram a circular em Campinas (SP) nos horários de maior movimento. Com chassis fabricados pela Volvo, as duas primeiras unidades foram incorporadas à frota da empresa Itajaí Transportes Coletivos em abril. Elas circulam na linha 2.12, que transporta cerca de 15 mil pessoas por dia e opera também outros 18 coletivos articulados.
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CESAR BRUSTOLIN/SMCS/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE Pesquisa CNT de Rodovias JÚLIO FERNANDES/NCI-CNT
AVANÇO Associação reúne agências da América Latina
Gestão de trânsito
A coleta de dados para a Pesquisa CNT de Rodovias 2010 teve início no dia 3 de maio. Esta é a 14ª edição da pesquisa, que faz uma análise das condições das rodovias brasileiras, abrangendo toda a malha federal pavimentada e os principais trechos sob jurisdição estadual e concessionados. Este ano, os pesquisadores da CNT (Confederação Nacional do Transporte) vão analisar aproximadamente 90 mil quilômetros, verificando as condições de pavimento, sinalização e geometria da via, mapeando pontes, viadutos e faixa adicional de
subida e identificando pontos críticos que dificultam o tráfego da via (queda de barreira, ponte caída, erosão na pista, buraco grande, passagem de nível e obra no pavimento). As equipes de pesquisa trabalham em 16 rotas, sendo 15 de pesquisa e uma de checagem. Os carros da Pesquisa CNT de Rodovias saíram de Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Cuiabá, Campo Grande, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, São Luís, Santarém, Manaus, Macapá e Belém. O prazo para a conclusão do levantamento é de 30 dias.
Com a intenção de promover avanços no sistema de transporte coletivo urbano na América Latina, dirigentes de 14 agências responsáveis pela gestão do trânsito assinaram em abril, em Curitiba (PR), o documento de constituição da Associação Latino-americana de BRT (Bus Rapid Transit) e SIT (Sistemas Integrados de Transporte). A nova entidade tem como presidente Jairo aFernando Paéz Mendieta, da Transmilênio, de Bogotá, e como presidente honorário o
ex-prefeito da capital paranaense, Jaime Lerner. A ALABRT tem como integrantes as gestoras brasileiras Urbs (Curitiba), CMTC (Goiânia), SPTrans (São Paulo) e BHTrans (Belo Horizonte); as equatorianas Metrobus-Q (Quito) e Metrovia (Guayaquil); as colombianas Megabus (Pereira), Transmilênio (Bogotá), Metrocali (Cali), Metrolínea (Bucaramanga) e Transmetro (Barranquilla); as mexicanas Metrobus (Cidade do México) e Macrobus (Guadalajara); e a chilena Transantiago (Santiago).
Parceria pelo carro elétrico Um acordo firmado entre a aliança formada pelas montadoras Renault (França) e Nissan (Japão) e a empresa espanhola Acciona Energía prevê o desenvolvimento de veículos elétricos na Espanha. A parceria estabelece como responsabilidade da Acciona – uma das maiores
produtoras mundiais de energia renovável – a criação de uma rede de recarga inteligente e a prestação de serviços a ela associados. A Aliança Renault-Nissan deverá desenvolver veículos compatíveis com a rede de reabastecimento, cujo sistema estará associado à oferta comercial dos veículos no mercado espanhol.
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Despoluir participa da Fiema Despoluir – Programa Ambiental da CNT – esteve presente na 4ª edição da Fiema (Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente), realizada entre os dias 27 e 30 de abril, em Bento Gonçalves (RS). A participação do programa no evento teve o apoio do Sest Senat e a coordenação da Fetransul (Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul). O objetivo principal foi apresentar o esforço do setor de transportes para reduzir as emissões veiculares, em convergência com as questões do meio ambiente. Em quase três anos, o Despoluir foi lançado em julho de 2007, já foram rea-
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lizadas 250.362 aferições com um índice de aprovação de 88,62% dos veículos. No total, 4.584 empresas e 4.747 caminhoneiros autônomos foram atendidos pelo programa. E para ampliar a divulgação do Despoluir, a Fetransul convidou a Airship do Brasil para apresentar seus dirigíveis experimentais no evento, uma nova tecnologia de transporte que já começa a ser usada no país. O ADB 2, de 12 metros de comprimento, foi adesivado com a marca do programa e apresentado em ambiente público pela primeira vez. Quem esteve presente no evento pôde acompanhar voos do dirigível realizados dentro do pavilhão de exposições. PAULO ZIEGLER/FETRANSUL/DIVULGAÇÃO?
Kasinski recebe prêmio A montadora coreana S&T Motors, fabricante de motocicletas da marca Hyosung, elegeu a empresa brasileira Kasinski o maior e melhor distribuidor da marca em todo o mundo em 2009. A premiação foi entregue este ano no WDM (Worldwide Distributors Meeting), encontro mundial de distribuidores da companhia,
realizado na Coreia. Durante a premiação, o presidente da Kasinski, Cláudio Rosa Junior, relatou o trabalho desenvolvido pela empresa, que registrou crescimento significativo enquanto representantes da montadora em outros países reclamavam de queda nas vendas.
Grupo Irga investe pesado O Grupo Irga investiu R$ 8 milhões e passou a contar com o veículo de maior capacidade para transporte de cargas superpesadas na América do Sul, ao adquirir 48 linhas de eixo da fabricante francesa Nicolas. A carreta chega a ter 7,60 m de largura e capacidade para 2.000 toneladas, além de possuir os dispositivos de segurança mais modernos do mercado. A
companhia atua nas áreas de transportes superdimensionados, aluguel de guindastes, remoções e montagens industriais e participa dos principais projetos de logística e infraestrutura da América Latina. No ano passado, a Irga figurou na 21ª posição no ranking entre todas as empresas do mundo no setor de transportes especiais e guindastes.
Porto de Santos é líder na AL
EMISSÕES Setor apresenta medidas para redução
Apesar da redução de 15,8% na movimentação de contêineres em 2009, quando atingiu um total de 2,252 milhões de TEUs (capacidade de um contêiner de 20 pés), o Porto de Santos conquistou a liderança do ranking de movimentação da América Latina e do Caribe, divulgado pela Unidade de Serviços de Infraestrutura da Cepal (Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe). Como reflexo da crise, os 20 maiores portos da região tiveram, no conjunto, queda de 6,8% na movimentação de cargas no ano passado, na comparação com 2008. A lista da Cepal inclui ainda os portos de Paranaguá (PR - 16º lugar), Rio Grande (RS – 17º lugar) e Itajaí (SC - 18ª posição no ranking).
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INFRAESTRUTURA
Intercâmbio rodoviário CNT recebe representantes do governo dos Estados Unidos, que firmaram parceria com o Brasil POR
s governos do Brasil e dos Estados Unidos firmaram um acordo de cooperação técnica na área de transporte rodoviário que permitirá a troca de experiência sobre ações de melhorias no modal. Há uma expectativa entre os dois países de que possa haver resultados positivos com essa parceria, contribuindo para acelerar os investimentos em infraestrutura no Brasil até a Copa do Mundo, em 2014.
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INTEGRAÇÃO Delegação
CYNTHIA CASTRO
A assinatura do Ajuste de Implementação na Área Rodoviária, como foi chamado o acordo, ocorreu no dia 15 de abril, em Brasília, no Ministério dos Transportes. O enfoque dessa cooperação visa o planejamento e a gestão das rodovias, a garantia da qualidade, redução de custos, a durabilidade, a segurança e a mobilidade das redes de transporte. Antes da assinatura do acor-
do entre os dois países, a delegação norte-americana participou de uma reunião no edifício sede da CNT, com os empresários do setor transportador brasileiro, e pôde conhecer um pouco o panorama geral de todos os modais. A comitiva do governo norte-americano foi recebida pelo presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa, e por outros dirigentes da confederação. O secretário dos
Transportes dos EUA, Ray LaHood, e o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, entre outros integrantes do governo de Barack Obama, ouviram dos representantes do setor quais são os principais desafios para melhorar a infraestrutura de transporte do país. “Quero agradecer aqui a oportunidade de conhecer o sistema de transporte do Brasil e as necessidades e
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FOTOS JÚLIO FERNANDES/NCI-CNT
AJUSTE DE IMPLEMENTAÇÃO NA ÁREA RODOVIÁRIA Confira alguns aspectos gerais do termo assinado entre os governos brasileiro e norte-americano Objetivos principais • Compartilhar o conhecimento na área de transporte rodoviário, visando a promoção, o incentivo e o progresso de sistemas de transporte seguro, inteligente e eficiente • Cooperação no planejamento e gestão de rodovias Justificativas • Interesse mútuo em cooperação científica • Valorização de intercâmbios acadêmicos e técnicos • Os dois países enfrentam desafios semelhantes em relação a aspectos da mobilidade, durabilidade da rede de infraestrutura, mudanças climáticas
do governo dos EUA se reuniu com empresários na CNT, em Brasília
preocupações do setor”, afirmou LaHood. O embaixador também agradeceu a oportunidade aos empresários do transporte e disse ainda que a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 podem oferecer grandes possibilidades para a parceria entre os dois países. Os norte-americanos destacaram a necessidade de o Brasil adequar sua infraestrutura para garantir a mobilidade das pessoas que participa-
rão desses grandes eventos mundiais. “Os problemas têm que ser resolvidos. Queremos muito trabalhar com o governo brasileiro”, disse LaHood, ao afirmar também que seu país tem investido pesado no setor de infraestrutura nos últimos 14 meses. No início da reunião, o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, apresentou uma síntese de alguns projetos desenvolvidos pela confe-
Contatos • A Secretaria de Política Nacional de Transportes, o Dnit e a ANTT serão os pontos de contato com a Administração Federal de Rodovias do Departamento de Transportes dos EUA Áreas de colaboração • Planejamento, operação e gerenciamento de rodovias • Inovações tecnológicas relacionadas a construção, recuperação, manutenção do pavimento e de obras de arte especiais (pontes e viadutos) • Controle/garantia de qualidade • Engenharia de materiais • Logística • Segurança rodoviária • Sistemas de transporte inteligente • Estudos de impacto ambiental • Mitigação de congestionamentos
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EXPERIÊNCIAS
Cooperação em soluções tecnológicas O acordo de cooperação com os Estados Unidos poderá permitir, por exemplo, que o Brasil evolua na implantação de rodovias de alto desempenho, extremamente comuns no país norte-americano. A troca de tecnologia para a construção de obras de arte, como pontes e viadutos, também deve constar nas medidas que farão parte do acordo firmado em meados de abril. “Vamos conhecer experiências norte-americanas, quais são as soluções tecnológicas. Isso contribuirá para que nossas equipes, nossos profissionais possam tirar o maior proveito dessa troca de conhecimento”, disse o ministro dos Transportes do Brasil, Paulo Sérgio Passos. Durante coletiva à imprensa, no pré-
dio da CNT, o ministro destacou a importância de trabalhar com “países amigos, que tenham expertise”. De acordo com o diretorgeral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, um primeiro momento dessa cooperação será a troca de informações sobre as medidas que já existem em cada um dos dois países em relação ao transporte rodoviário, obras, melhorias e desafios. Em um segundo momento, deve ser estabelecido um plano de pesquisas. “O que vai acontecer agora é que iremos trabalhar juntos nessas pesquisas. Assim, poderemos ter melhores informações e eles também. Nós, por exemplo, temos grande tecnologia nacional na área de pontes e viadutos”, disse Pagot.
E o terceiro momento, conforme o diretor-geral, referese à produção de máquinas e de outros equipamentos. Segundo ele, esse é um dos pontos em que a indústria dos Estados Unidos desenvolve tecnologia superior à da indústria brasileira. Com o termo de cooperação, a proposta é que essa tecnologia possa ser trazida para o Brasil e que seja estudado um pacote de financiamento. “Queremos melhorar nosso parque de máquinas. No terceiro momento desse termo, deve haver estudo para que a grande indústria norte-americana e os bancos possam financiar a aquisição desses produtos que eles hoje têm disponíveis no mercado e produzem com grande tecnologia.” ASSINATURA Secretário
“Problemas têm que ser resolvidos. Queremos muito trabalhar com o governo brasileiro” RAY LAHOOD, SECRETÁRIO DOS TRANSPORTES DOS EUA
deração. Os norte-americanos puderam conhecer alguns dos principais resultados da Pesquisa CNT de Ferrovias 2009 e da Pesquisa CNT de Rodovias 2009, que mostram a necessidade de o poder público priorizar os investimentos em infraestrutura. Algumas conclusões do Plano CNT de Logística e da Pesquisa Aquaviária também foram apresentadas aos norte-americanos. Bruno Batista destacou que o plano listou 627 projetos prioritá-
rios na área de infraestrutura de transporte, que necessitam de investimentos urgentes. A delegação dos Estados Unidos também pôde conhecer as principais ações do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT há quase três anos. “São 9.700 transportadores participantes do programa”, disse Batista. Ele destacou também que, entre os objetivos do Despoluir, estão a redução da
emissão de poluentes e o aprimoramento da gestão ambiental das empresas de transporte. O secretário dos Transportes dos Estados Unidos afirmou que tem trabalhado com as áreas de proteção ambiental do país para criar medidas que favoreçam o meio ambiente e também possam ser geradoras de emprego nos Estados Unidos. “É importante saber quais são os planejamentos e ações que estão ocorrendo no Brasil
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dos Transportes dos EUA assinou termo de cooperação com o Brasil
para que possamos cooperar”, disse LaHood. Na área de transporte rodoviário, tema do acordo entre os dois países, o presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, destacou a bandeira que a confederação vem defendendo para que o governo viabilize um programa sério sobre a renovação da frota de caminhões no país. Benatti ressaltou o quadro desfavorável das rodovias brasileiras e citou o problema
da falta de manutenção em muitos trechos. Sobre a idade da frota de caminhão, o diretor-executivo Bruno Batista informou que os caminhões dos autônomos têm em média 23 anos e os das empresas, 11 anos. A CNT defende um projeto de governo que contemple a melhoria da oferta de crédito para que o autônomo possa trocar o veículo velho por um novo. LaHood comentou que nos Estados Unidos a maior parte da frota é privada e as empre-
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VISITA Embaixador Thomas Shannon e Thiers Fattori
sas proprietárias buscam empréstimos bancários para comprar um veículo novo. Ele destacou ainda que o papel do Departamento de Transportes é supervisionar os caminhões, com foco na segurança. A necessidade de o Brasil fazer mais investimentos na área portuária foi destacada pelo presidente da seção de Transporte Aquaviário da CNT, Glen Gordon Findlay. Entretanto, Findlay ressaltou que, com a criação da SEP
(Secretaria Especial de Portos), estão ocorrendo algumas melhorias, como um maior investimento em dragagem. O secretário de Transporte norte-americano afirmou que uma das estratégias do governo Barack Obama é buscar recursos para expandir os portos do país. “As ‘rodovias’ marítimas tiram um grande número de caminhões da estrada. Temos investido então na expansão dos portos e queremos continuar buscando esse caminho.” l
MATÉRIA DE CAPA
Perigo no e Resultado de inspeção ambiental em São Paulo eviden
SECRETARIA DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE/DIVULGAÇÃO
scapamento cia a necessidade de reduzir emissões em todo o país
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LUIZ GUARNIERI/FUTURA PRESS
CONTROLE Município de São Paulo adotou programa de inspecão veicular para controle de emissões há três anos
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CYNTHIA CASTRO
s resultados da experiência do município de São Paulo, que há três anos implantou um projeto de inspeção veicular ambiental obrigatória, evidenciam um problema que se estende para todo o Brasil e que requer uma solução urgente: a necessidade de que sejam tomadas medidas para controlar de forma efetiva as emissões de poluentes por parte dos veículos, preservando assim o meio ambiente e a saúde das pessoas. Ao comparar alguns resulta-
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dos do programa da capital paulista no mês de abril deste ano com o do ano passado, já é possível perceber um aumento considerável nos índices de reprovação de pelo menos duas categorias de veículos com placas de final 1. Em fevereiro, março e abril de 2010, 21,75% dos 162.554 automóveis inspecionados foram reprovados. Em abril de 2009, esse índice foi de 4,98%. Já em relação a motos, agora em 2010, 27,65% das 15.641 inspecionadas não passaram nos testes, enquanto em abril de 2009 esse percentual havia sido de 15,44%. Mesmo levando em conta
que ainda falta uma parte dos veículos com placa de final 1 e de outras placas a serem avaliados, os resultados parciais mostram que até o final do ano o balanço geral pode ser bem negativo. O Programa de Inspeção Veicular Ambiental é desenvolvido pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. De acordo com o coordenador, Márcio Schettino, há duas explicações para esse aumento verificado até então. A primeira é que o Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) determinou limites mais restritos para as emissões de automóveis e motos. E a segunda
“A entrada da frota mais antiga influenciou o resultado, mas o Conama definiu limites apertados” MÁRCIO SCHETTINO, COORDENADOR DO PROGRAMA DE INSPEÇÃO VEICULAR AMBIENTAL
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REGULAÇÃO
Inspeção será obrigatória Até o mês de novembro deste ano, todos os Estados brasileiros, o Distrito Federal e os municípios com mais de 3 milhões de habitantes terão de concluir o PCPV (Plano de Controle de Poluição Veicular). A resolução 418 do Conama dispõe sobre critérios para a elaboração deste plano e para a implantação de programas de inspeção e manuteção de veículos. Devem passar pela inspeção todos os veículos automotores, motociclos e veículos similares em uso, independentemente do tipo de combustível que utilizam. As condições da inspeção em cada localidade serão definidas no PCPV. O gerente de projetos do Departamento de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf de Noronha, disse, na época da publicação da resolução, que a expectativa é que dentro de um prazo de 12 meses (a partir de novembro de 2009) todos os Estados e municípios estejam com os planos concluídos. Segundo Noronha, o governo municipal ou estadual que precisar de algum auxílio técnico para a elaboração do plano pode recorrer ao Ministério do Meio Ambiente. “O ministério está muito comprometido
politicamente para que a resolução seja implantada em todo o país”, afirmou o gerente de projetos. O PCPV significa um instrumento de gestão da qualidade do ar, dentro do Pronar (Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar) e do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). O objetivo é estabelecer regras de gestão e controle da emissão de poluentes e do consumo de combustíveis de veículos. Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei que institui a obrigatoriedade da inspeção técnica veicular (ambiental e de segurança) ainda aguarda para ser votado em plenário. O projeto tramita na Casa há mais de oito anos. O próprio CTB (Código de Trânsito Brasileiro), em vigor desde 1998, determina que os veículos em circulação tenham suas condições de segurança, de controle de emissão de gases poluentes e de ruído avaliados mediante inspeção, que deve ser obrigatória. A forma e a periodicidade, conforme o CTB, devem ser estabelecidas pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), em relação aos itens de segurança, e pelo Conama, em relação à emissão de gases poluentes e ruído. Entretanto, até hoje, a determinação do código não foi cumprida.
INSPEÇÃO EM SP Confira dados do programa ambiental Veículos com final de placa 1 que passaram por inspeção em fevereiro, março e abril de 2010 Automóveis
162.554 inspecionados (45% da frota esperada) Reprovação: 21,75%
Motos
15.641 inspecionadas (27,76% da frota esperada) Reprovação: 27,65%
Veículos a diesel
4.253 inspecionados (48,49%) Reprovados: 36,73 %
Ônibus
1.995 inspecionados (66,73%) Reprovados: 21,45% Fonte: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
é que, até o ano passado, só passavam pela inspeção automóveis mais novos, fabricados a partir de 2003. Neste ano, toda a frota foi incluída. Veículos antigos, muitas vezes sem a manutenção adequada, também são obrigados agora a passar pela avaliação anual. “A entrada da frota mais antiga influenciou nesse resultado, mas o Conama também definiu limites mais apertados”, diz Schettino. De acordo com ele, ônibus e caminhões tendem a manter os mesmos índices de anos anteriores, já que desde o início do programa 100% dos veículos a diesel já tinham de passar pela inspe-
ção. No balanço de abril, a Secretaria do Verde divulgou que 21,45% dos ônibus foram reprovados e 36,73% dos outros veículos a diesel também. Em relação aos caminhões, dois fatores contribuem para que eles sejam os campeões da reprovação: a falta de manutenção adequada e a elevada idade da frota. “Muitos motoristas autônomos de caminhão não fazem a manutenção conforme deveriam. Com isso, o veículo acaba poluindo bem mais”, diz o coordenador do programa. Entretanto, ele ressalta que, mesmo nos casos em que o
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Renovação exige sistema de reciclagem de despoluição e de reciclagem de peças. Os componentes considerados perigosos, como o tanque de combustível, bateria e fluidos (óleos lubrificantes, óleos hidráulicos, líquido de arrefecimento, gás do ar-condicionado etc), devem ser removidos. O combustível, por exemplo, pode ser escoado para recipientes adequados. Após filtração e/ou decantação, é possível a reutilização. As operações para promover a reciclagem consistem na remoção de diversos componentes dos veículos (pneus, vidros, componentes de plástico, metálico etc). As carcaças podem ser encaminhadas às siderúrgicas, para o processamento de aço. Alguns componentes metálicos dos veículos velhos podem ser utilizados, por exemplo, na fabricação de vigas para a construção civil, fabricação de chapas para a própria indústria automobi-
lística, matéria-prima para utensílios de cozinha, entre outros objetos. Em países da União Europeia, nos Estados Unidos e no Japão, os índices de reciclagem de veículos são elevados. De acordo com a Aliança de Fabricantes de Automóveis dos Estados Unidos, 95% de todos os veículos que saem de circulação são reciclados. O coordenador de projetos da Inovata – FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia), Daniel Toledo, diz que na Europa há normas exigindo que as montadoras desenvolvam projetos, possibilitando que 85% dos veículos sejam recicláveis.
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Ao se falar em renovação de frota, é imprescindível pensar também na criação de uma estrutura que possibilite o destino correto à sucata dos veículos antigos. O RenovAr – Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões –, elaborado pela CNT, defende que a retirada de circulação dos caminhões antigos seja feita por meio do sucateamento e reciclagem desses veículos. Para que o plano seja implementado, o governo federal teria que organizar e monitorar uma rede de recepção e tratamento dos veículos velhos, criando centros de recepção e centros de reciclagem. Há estimativas de que o índice de materiais recicláveis nos veículos é superior a 90%. De acordo com informações do RenovAr, os caminhões retirados de uso devem passar por operações
LEIA MAIS Sobre reciclagem de veículos na edição 175 da CNT Transporte Atual, disponível em www.cnt.org.br
SUCATA Veículos
caminhão está bem conservado, os índices de emissão de gases permitidos para esses veículos antigos são maiores. Dessa forma, eles estarão sempre poluindo mais. Na avaliação de Schettino, a implantação no Brasil de um programa de renovação de frota a diesel contribuirá bastante para que haja um verdadeiro ganho ambiental. “Os veículos mais novos, que têm uma tecnologia mais avança-
da, poluem menos. É importante pensar na renovação, com melhorias dos programas de financiamento”, diz Schettino. O Brasil tem hoje aproximadamente 1,3 milhão de caminhões, sendo que 44% têm mais de 20 anos e 20%, mais de 30 anos. A maioria desses veículos muito antigos pertence a caminhoneiros autônomos, que têm pouca ou nenhuma capacidade financeira para investir na aquisição de novos veículos.
Em maio do ano passado, a CNT apresentou ao governo federal o RenovAr – Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões. A proposta visa a melhoria de linhas de financiamento para caminhoneiros autônomos e microempresas que tenham caminhões com idade superior a 30 anos. Uma premissa do plano é a entrega dos veículos velhos e o recebimento de um bônus do governo
federal para a aquisição de outro caminhão. Em relação à inspeção dos veículos, a CNT também desenvolve um trabalho importante no âmbito do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte. O projeto de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos é executado em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal. Por meio da aferição veicular, busca-se a redução da emissão de poluentes
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PELO MUNDO Saiba um pouco como outros países tratam o tema inspeção veicular Espanha • A inspeção é obrigatória. Uma pesquisa concluiu que, em 2006, quase 8.500 acidentes foram evitados e 421 vidas foram poupadas, em consequência do programa de inspeção Argentina • Apenas algumas províncias, como Buenos Aires e Mendoza, e cidades como Córdoba, exigem a inspeção. Mas, mesmo nos lugares em que é obrigatória, o cumprimento é parcial Coreia do Sul • A inspeção é rigorosa, com a proposta de manter a segurança, proteger o meio ambiente da emissão de gases e poluição sonora e evitar modificações ilegais nas estruturas dos automóveis que possam comprometer a segurança Reino Unido • São verificados chassi, faróis, buzina, rodas, pneus, freios, limpadores de para-brisa, cintos, entre outros, além de componentes relacionados à emissão. O governo consultou a sociedade sobre permitir a inspeção a cada dois anos, mas a preferência foi por mantê-la anual, em prol da segurança EUA • 18 Estados exigem inspeções regulares, enquanto outros locais apenas fazem a inspeção antes de uma transferência de propriedade do veículo
velhos, retirados de circulação, devem ser encaminhados para reciclagem
e melhoria da qualidade do ar e do uso racional de combustíveis. O diretor de operações do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária), José Ramalho, considera importante a inspeção veicular ambiental e também a inspeção técnica veicular, que inclui a parte ambiental e a de segurança. Ele lembra que, além de problemas causados ao meio ambiente, a falta de manutenção
correta no veículo pode contribuir tanto para a ocorrência de acidentes como para os engarrafamentos no trânsito. “Um automóvel ou um caminhão com pane em uma via movimentada pode provocar quilômetros de congestionamento. Mas a grande maioria da população ainda trabalha pela manutenção corretiva e só procura a oficina depois que tem algum problema”, diz Ramalho.
França • A checagem, a cada dois anos, verifica 116 itens relacionados à segurança. Quem passa pela inspeção ganha um adesivo para fixar no para-brisa do carro. Veículos flagrados sem o adesivo são multados Suécia • A inspeção é obrigatória há muitos anos, embora não haja estudos no país relacionando-a aos índices de acidentes de trânsito Japão • Veículos novos devem passar pela primeira inspeção após três anos de uso. Depois, a cada dois anos. Além disso, o governo recomenda inspeções extras a cada 12 meses Alemanha • O país realiza inspeção técnica veicular há mais de 75 anos. O processo já virou rotina e é bem-aceito pela população Fonte: Cesvi Brasil
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PLANO DE TRABALHO Veja as sugestões do Cesvi Brasil para a implantação de um programa de renovação de frota Legislação • Deve haver uma lei que defina o que é um veículo em “fim de vida” • Precisam ser criados postos de coleta e tratamento de veículos • Definição de meios de descarte de resíduos sem agredir o meio ambiente Caracterização de veículo em “fim de vida” • Por idade: lei define se de 10, 15 ou 20 anos para cima • Por inspeção técnica obrigatória, que verificará se o veículo coloca em risco a segurança viária ou ambiental Proprietário • O dono do carro fica responsável pela entrega do veículo “em fim de vida” em um posto de recolhimento e tratamento • Deve-se determinar incentivo fiscal para que o proprietário adquira o carro novo Posto de recolhimento • O proprietário do veículo em “fim de vida” receberá um certificado de destruição, atestando que poderá ser dada a baixa na documentação • Todo posto deve ser homologado e autorizado para desenvolver suas atividades Veículo • Passará por etapas de remoção e tratamento de fluidos (óleo, líquido de arrefecimento, outros), desmontagem, armazenamento de peças, reciclagem ou envio para recicladores, reutilização de peças em perfeitas condições
INSPEÇãO Técnicos realizam procedimento de controle
“A grande maioria da população só procura a oficina depois que tem algum problema” JOSÉ RAMALHO, DIRETOR DE OPERAÇÕES DO CESVI BRASIL
Ele considera que a implantação da inspeção técnica veicular força o motorista a agir preventivamente, contribuindo para a redução de diversos problemas. Na avaliação do diretor de operações do Cesvi Brasil, também é importante que o Brasil adote um programa efetivo de renovação de frota. Ele considera que o governo precisa ter um plano sério de renovação que estimule o proprietário de um caminhão antigo a trocar o veículo velho por um novo. Ramalho também destaca a necessidade de haver vontade política para colocar em prática a obrigatoriedade da inspeção
técnica veicular. “A inspeção vai acabar ajudando a renovação, pois vai desestimular os proprietários de carros muito antigos a continuarem circulando”, considera. Em São Paulo, desde que o Programa de Inspeção Veicular Ambiental foi implantado, o poder público já vem sentindo alguns efeitos na mudança de consciência da população, conforme informa o coordenador do programa. “Tem ocorrido sim uma conscientização, principalmente por parte dos proprietários de automóveis. Percebemos que há um número bem maior de motoristas indo frequentemente às oficinas e reali-
zando a manutenção antes de passar pela inspeção obrigatória”, afirma Schettino. Essa atitude, segundo ele, tem trazido muitos benefícios para o meio ambiente. Schettino diz que, até então, os veículos que foram inicialmente reprovados na inspeção e depois resolveram o problema geraram com essa atitude um impacto ambiental equivalente à retirada de quase 500 mil veículos de circulação. O programa em São Paulo foi estabelecido em três fases. Em 2008, a inspeção obrigatória era destinada exclusivamente à frota a diesel (cerca de 350 mil veículos, entre caminhão, ônibus e cami-
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RENOVAR Saiba mais sobre o projeto desenvolvido pela CNT Para quem • Neste primeiro momento, é dirigido para caminhoneiros autônomos e microempresas de transportes, proprietários de caminhões com mais de 30 anos • Entende-se como microempresa aquela que possui até dois veículos
ALE CABRAL/FUTURA PRESS
Motivos • Uma parcela considerável da frota de caminhões brasileira apresenta muitos anos de uso. Os problemas incluem possibilidade de acidente, poluição, ineficiência logística e marginalização do caminhoneiro autônomo • A maior parte dessa frota está concentrada na mão de autônomos, que, devido às condições de mercado, têm grande dificuldade para substituir o veículo velho por um novo • Assim, torna-se urgente a criação e implementação efetiva da uma estratégia de renovação da frota antiga Como • O governo federal deve oferecer aos proprietários de caminhões com 30 anos ou mais um bônus que poderá ser utilizado na compra de um caminhão mais novo, com até oito anos de idade, e que terá validade por um ano • Para receber o bônus, o proprietário deve entregar o veículo para a reciclagem e atender algumas condições, como ter transportado carga nos últimos 12 meses • As revendedoras e/ou montadoras recolhem os bônus e utilizam no abatimento do pagamento de tributos federais e/ou estaduais Crédito • Além do bônus, é preciso garantir o acesso ao crédito aos transportadores, principalmente para os caminhoneiros autônomos • Para que o autônomo consiga obter o financiamento para a compra de um caminhão, é importante que sejam resolvidas questões de garantias e da comprovação de renda, exigidas pelas instituições financeiras intermediárias • Uma possibilidade é a constituição de um fundo de aval que garanta os empréstimos e, portanto, possibilite ao caminhoneiro autônomo obter financiamento com menos burocracia Reciclagem • A introdução de mais caminhões em circulação não resolve o problema • É importante a retirada dos veículos antigos de circulação por meio do sucateamento e da reciclagem desses • O governo terá de organizar e monitorar uma rede de recepção e tratamento dos veículos velhos, com os centros de recepção e de reciclagem
ABRANGÊNCIA Em 2009, programa atingiu 1 milhão de veículos
nhonete). Toda a frota deveria ser inspecionada, mas a adesão foi baixa. Inicialmente, os motoristas não foram multados. Em 2009, o programa continuou com 100% da frota a diesel e de motos e com parte dos automóveis. Deveriam passar pela inspeção os veículos fabricados entre 2003 e 2008. Já neste ano foi incluída toda a frota da cidade de São Paulo. A expectativa da Secretaria do Verde é que até o final do ano 4 milhões de automóveis sejam inspecionados. De acordo com o coordenador do programa, a secretaria não trabalha com o dado do Detran (Departamento Estadual
de Trânsito), de 6,5 milhões de veículos na cidade. “Esse não é um dado real, pois nesse número estão incluídos carros que já estão fora de circulação, mas que não deram baixa no sistema”, afirma. Em 2010, a tarifa cobrada para a realização da inspeção veicular é de R$ 56,44. Quem não realizar a inspeção no prazo está sujeito à multa de R$ 550 e terá seu licenciamento bloqueado. Caso haja reprovação, os proprietários de veículos têm 30 dias para fazer a manutenção em alguma oficina mecânica e reagendar a inspeção, sem a cobrança de nova tarifa. l
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FERROVIÁRIO
om o tema “Criatividade, uma alternativa frente à recuperação econômica”, o 2º Encontro de Ferrovias, realizado pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), discutiu os desafios a serem enfrentados pelo setor e promoveu a troca de experiências nas áreas de logística, automação, novas tecnologias e sustentabilidade. O evento foi realizado na Valer, departamento de educação da Vale, em Vitória (ES), em abril. O encontro reuniu as seis empresas associadas à ANTF: ALL (América Latina Logística), FCA (Ferrovia CentroAtlântica), FTC (Ferrovia Tereza Cristina), FNS (Ferrovia Norte-Sul), MRS Logística, Transnordestina e Vale (Estrada de Ferro Carajás e Vitória-Minas) –, fornecedores, executivos e entidades representativas do setor. Ao todo, estiveram presentes 483 profissionais das ferrovias brasileiras, além de autoridades do governo federal e do
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Inovações para crescer Evento em Vitória reúne profissionais para discutir o futuro do modal no Brasil POR LIVIA
Estado do Espírito Santo. O evento teve como objetivo principal a promoção do intercâmbio de conhecimento entre as ferrovias brasileiras, por meio da divulgação de trabalhos técnicos e científicos desenvol vidos nessas empresas, na indústria ferroviária e no meio acadêmico (leia mais na página 34). De acordo com Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF, essa é uma forma de traduzir o esforço dos ferroviários na busca de soluções criativas possíveis de serem implementadas nas operações de carga, buscando, na maioria das vezes, ganhos
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econômicos, ambientais, sociais e até mesmo de gestão de controle do negócio. “Isso, por si só, demonstra expertise na capacitação de profissionais com soluções aplicáveis até mesmo em outros países”, diz ele, ressaltando que, em 2009, 43 trabalhos brasileiros relacionados a ferrovias foram apresentados na Heavy Haul (Conferência Mundial de Ferrovia de Carga Pesada), realizada na China. Na abertura do encontro, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, destacou a importância das ferrovias na matriz de transporte brasi-
leira e salientou a necessidade de um crescimento de até 10% para 2025. “Hoje, o transporte no Brasil tem uma proporção de 58% rodoviário, 25% ferroviário e 13% aquaviário, uma distorção quando se compara a países com dimensões continentais como o nosso”, afirmou. Atualmente, a malha ferroviária nacional tem 29.817 km de extensão, dos quais 28.314 km estão concedidos à iniciativa privada. Segundo dados da Pesquisa CNT de Ferrovias de 2009, investimentos realizados após a concessão das ferrovias promoveram aumento de 95%, entre 1997 e
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SESSÕES TÉCNICAS
Trabalhos mostram inovações tecnológicas A apresentação de trabalhos técnicos com sugestões de aplicação de novas tecnologias para o setor ferroviário foi o ponto alto do 2º Encontro de Ferrovias, promovido pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) em Vitória (ES). Durante os três dias do evento, foram apresentados trabalhos que mostram o que vêm sendo desenvolvido e aplicado pelas concessionárias para otimizar a produtividade, ampliar o conhecimento e buscar o aperfeiçoamento nas aplicações das empresas. Dos 87 trabalhos inscritos, 60 foram selecionados por uma comissão técnica. Segundo Oladir Sales, analista operacional sênior da Vale e coordenador do encontro, a seleção é baseada nos critérios inovação, aplicação e viabilidade econômica. “Cada trabalho tem um potencial específico, mas selecionamos para a apresentação aqueles que se destacaram nesses três
itens. Precisamos da novidade, mas ele precisa ter aplicabilidade e ser viável para a empresa”, explica ele. As apresentações foram divididas em seis grandes áreas: vagões, locomotivas, operação, sinalização, via permanente e outros. Entre as principais novidades foram apresentados simuladores em 3D de motor de locomotivas a diesel e operações ferroviárias, equipamentos para a detecção de trilhos quebrados, soluções para redução de acidentes e impactos ambientais, entre outros. “A ideia era promover uma troca de experiência entre os operadores ferroviários atuantes no país, em que cada um mostrasse o que tem de melhor e que essa experiência pudesse ser útil para as outras empresas”, explica Sales. De acordo com o coordenador, o grande suporte para o desenvolvimento dessas novas tecnologias e soluções criativas para o setor é encontrado nas
universidades, centro técnicos especializados e com fornecedores de equipamentos e combustível. “Essas parcerias são fundamentais para o desenvolvimento desses trabalhos. Ganham os dois lados. As empresas adquirem capacidade intelectual e descobrem novos talentos, e o meio acadêmico consegue aplicar de forma concreta aquilo que foi projetado”, diz Sales. Para ele, a manutenção de um negócio sustentável só é possível com a inovação tecnológica. Nesse sentido, os trabalhos apresentados durante o encontro realizado em Vitória, podem auxiliar até mesmo na ampliação ferroviária prevista pelo governo federal. “A participação do Ministério dos Transportes no evento foi fundamental para que o governo percebesse que o setor se preocupa em contribuir para o desenvolvimento e crescimento do país. E nós somos organizados para isso.”
ENCONTRO
2008, na produção ferroviária nacional. O crescimento na movimentação dos produtos foi de 81%. Pelo levantamento, a qualificação dos serviços prestados também foi avaliada de forma positiva: em mais de 50% dos corredores pesquisados a imagem das ferrovias melhorou muito nos últimos anos. Os dados também foram apresentados durante o encontro em Vitória. Para que esses números continuem sendo positivos, o setor ferroviário brasileiro precisa aumentar a eficiência e produzir resultados satisfa-
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Representantes do setor ferroviário se reuniram em Vitória (ES) para discutir os principais desafios no Brasil
tórios tanto para o operador como para o usuário, segundo Vilaça, da ANTF. “Por isso, trouxemos a indústria para que a mesma mostrasse o conjunto de novidades que estão sendo desenvolvidas para as ferrovias do Brasil.” Para Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), o momento que o setor ferroviário vive é oportuno para abrir a discussão de novas tecnologias. “Com a retomada do setor depois de um ano de crise, é ideal a aproximação entre indústria e operadores para troca de
experiências e conhecimento de necessidades”, diz ele. O setor espera produzir 2.500 vagões este ano, superando os 1.022 de 2009. Em termos de faturamento, Abate acredita que é possível, se não superar, ao menos igualar os ganhos de 2008, quando foram movimentados R$ 2,6 bilhões. Em 2009, o volume ficou em R$ 2,1 bilhões. Com o objetivo de conquistar esses resultados, a indústria ferroviária aposta em novidades nos vagões, com menos peso e mais capacidade de carga, além de agilidade nos processos de
carga e descarga dos produtos. “Projetamos vagões para trazer ganhos expressivos para os operadores”, afirma Abate. Um dos destaques é o vagão que já está sendo utilizado para o transporte de açúcar. Com um novo sistema de abertura de comportas e pintura específica que impede a aderência do produto às paredes do vagão, foi possível reduzir o tempo de carga e descarga em 44 minutos, segundo o presidente. Além de novas tecnologias, o setor também precisa de incentivos, na visão de
Vilaça, da ANTF. Segundo ele, o 2º Encontro de Ferrovias, realizado a cada dois anos, demonstra a importância que o setor tem no plano estratégico do governo federal, que pretende investir R$ 94 bilhões em projetos metroferroviários no país na próxima década. “Entendemos que é muito importante que o próximo presidente da República encontre o equilíbrio necessário entre a participação pública e a privada nos projetos de recuperação e ampliação da infraestrutura de transporte e de logística no país.” De acordo com ele, é necessário fazer uso do planejamento como condição fundamental para o sucesso da concretização das obras diante das necessidades que o país tem no setor. “O que o Brasil precisa é apressar com atitude e planejamento, livre de entraves regulatórios nas áreas de meio ambiente, patrimonial (desapropriação de áreas para projetos) e do ambiente jurídico. É iminente a necessidade de retorno da centralização política e técnica do comando do setor de transporte lastreado por diretrizes do Conit (Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte)”, afirma Vilaça. l
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AQUAVIÁRIO
Profissão habilidosa Serviço de praticagem, vital para a segurança aquaviária, exige técnica e remunera bem POR CYNTHIA
m trabalho bem peculiar, que exige um profissional habilidoso e preparado, chama a atenção tanto pela necessidade de muita destreza como pela possibilidade de se obter boa remuneração. Quando se está dentro de um navio prestes a desembarcar ou quando se avista uma embarcação atracando no porto, pouca gente pensa que, para tornar possível essa
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CASTRO
operação, é imprescindível a atuação de uma pessoa que, até então, estava fora do navio: o prático. Esse profissional entra em cena em uma lancha apropriada, que segue em direção ao navio, nas proximidades de um porto ou outras zonas de praticagem, como alguns rios ou até mesmo algumas áreas de navegação difícil no mar, onde há muitos recifes de coral. Ao chegar perto da embar-
cação, ele precisa escalar uma escada de cordas e se dirigir ao passadiço – local onde está o comandante e parte da tripulação. O comandante permanece lá, na direção do navio. Mas é o prático quem dá ordens sobre como as manobras devem ser feitas. Conhecer de forma precisa o relevo submerso, o funcionamento das marés, das correntes e todas as outras con-
dições climáticas de cada local de operação são atributos básicos desse profissional que executa, no mundo inteiro, um trabalho que muita gente desconhece. Estar atualizado com a tecnologia e saber se comunicar bem em inglês também são atributos necessários ao exercício da profissão, já que grande parte dos navios é de bandeira estrangeira. Ricardo Augusto Leite
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Há no Brasil
326 práticos, segundo a Marinha Mercante
Falcão, 35, é prático há dez anos. Ele trabalha na chamada Bacia Amazônica Oriental, que inclui o rio Amazonas e seus afluentes, à leste da cidade de Itacoatiara (AM) até o mar. Cada prático atua em uma região específica. No Brasil, são 22 zonas de praticagem. A operação vai depender das características de cada área, podendo durar apenas algumas horas ou alguns dias.
Nessa zona de praticagem definida do rio Amazonas, algumas operações chegam a demorar quatro ou cinco dias, com a atuação de dois práticos que se revezam. “O rio Amazonas tem algumas peculiaridades. É um rio que tem mudanças em seu leito, que exige um investimento grande em equipamentos de sondagem e outros. No lugar que hoje tem uma ilha, não é incomum que anos depois venha a
ter uma profundidade de 30 m e vice-versa”, comenta. Ao assessorar o comandante a manobrar o navio, a atenção e a habilidade técnica precisam ser imensas. Há momentos que podem se tornar bastante críticos, dependendo das condições do tempo – do vento, da corrente marítima –, entre outros fatores. E para desempenhar bem essa função fundamental para a segurança da vida
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FORMAÇÃO
Maioria dos profissionais vem da Marinha Mercante Conseguir se tornar um prático não é tarefa simples. No último concurso, em 2008, 2.248 candidatos concorreram a 117 vagas. Mas a necessidade de se ter conhecimentos bem técnicos sobre a área acaba excluindo muitos pretendentes. Além de nível superior, os candidatos precisam ter formação marinheira a partir de mestre amador. Conforme dados do Conapra (Conselho Nacional de Praticagem), aproximadamente 70% dos profissionais vieram da Marinha Mercante; em torno de 20%, da Marinha de Guerra; e apenas 10% de outras origens. O concurso público, organizado pela Marinha, é para praticante de prático. A primeira fase de provas é escrita. Na segunda, há o uso de um aparelho simulador, como se o candidato estivesse no navio, conforme expli-
humana, do meio ambiente e das mercadorias transportadas, o bom prático precisa ter também equilíbrio emocional. De acordo com Falcão, nos momentos críticos, o controle das emoções é fundamental para não se gerar o pânico e colocar em risco toda a operação. “Podem ocorrer diversas situações em que a manobra pode fugir do controle, como falha de máquina, problema no leme, uma tempestade, vento forte”, diz o prático, ao comentar que essas situações causam estresse em todos os profissionais
ca o diretor do Conapra, Otávio Fragoso. O candidato também precisa ser aprovado em um exame de saúde e teste físico. “Tem que provar que é capaz de nadar, de subir escada quebra-peito. É necessário ter uma capacidade física razoável”, diz Fragoso. Também há prova de títulos, segundo ele. A experiência profissional conta pontos, como o fato de já ter sido comandante, diz o diretor. O aprovado no concurso para praticante de prático recebe um certificado que dá o direito a ele de embarcar em um navio, com outro prático veterano. Ele fica de um a dois anos praticando no mar, sob a responsabilidade da associação de praticagem local. Quando está apto, passa por uma prova, de execução de manobra, e é examinado por uma banca constituída por
“Nenhuma manobra é igual à outra, mesmo que seja feita no mesmo navio e na mesma área” MICHELE SILVA DE ANDRADE, PRÁTICO
representantes da Marinha de Guerra, da Marinha Mercante, pelo capitão dos portos e pelo comandante do navio. Se aprovado, recebe a carteira de habilitação da Marinha. Mas o concurso público existe para a habilitação. A praticagem é uma atividade privada. Os profissionais passam a exercer um serviço privado, pago pelos donos do navio. A empresa de praticagem negocia o preço diretamente com o armador (indivíduo ou empresa proprietária de navio). Se houver algum impasse, com paralisação do serviço, é incumbência da Marinha decidir o preço. No concurso, o candidato já faz a prova específica para a zona de praticagem onde pretende atuar. Cada lugar tem uma especificidade, e ser um ótimo prático em Santos, por exemplo, não significa que terá o mesmo
envolvidos na manobra, e a estabilidade emocional do prático é imprescindível para que tudo dê certo. Outro atributo importante desse profissional é estar bem preparado fisicamente. Um momento que também pode gerar certa tensão, especialmente no início da atuação, é a hora em que o prático deixa a lancha de praticagem e entra no navio. É preciso escalar a escada de quebra-peito, feita de corda e degraus de madeira, colocada no navio. O profissional sobe, usando um colete salva-vidas.
desempenho em um rio da Amazônia. O diretor do Departamento de Sistemas de Informações Portuárias da SEP (Secretaria Especial de Portos), Luís Fernando Resano, comenta que, por mais que um comandante possa ser eficiente em navegação, as particularidades de cada lugar exigem a atuação do prático. Resano cita, por exemplo, que a Grande Barreira de Corais da Austrália é um local que precisa do trabalho do prático devido à grande quantidade de recifes de coral. De acordo com Resano, além da questão da segurança (da embarcação, dos produtos e das pessoas), a atividade da praticagem é fundamental para garantir a economia do país. “Se acontece um acidente, ficam comprometidos os serviços portuários e a economia.”
“É um momento tão singular, a gente vira um pouco alpinista. Tem o movimento do mar, da lancha, do navio. A escada não é firme”, diz Falcão. Em alguns casos, segundo ele, o costado do navio pode ter mais de 15 m de altura, que precisam ser “escalados” com muito cuidado. Costado é o revestimento exterior do casco do navio, entre a linha-d´água e a borda superior. No Brasil, conforme a Marinha, há hoje 326 práticos distribuídos nas 22 zonas diferentes. Outras 117 vagas
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“É um momento tão singular, a gente vira um pouco alpinista” RICARDO AUGUSTO LEITE FALCÃO, PRÁTICO
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DESAFIO Subir escada de quebra-peito é uma das dificuldades da profissão
foram preenchidas no final de 2008, em um concurso público, mas os aprovados demoram um tempo até adquirirem a habilitação e ainda estão começando a entrar na ativa oficialmente. Após passar no concurso, eles ficam de um a dois anos praticando no mar, sob responsabilidade da associação local de práticos. As mulheres ainda são minoria nessa profissão, mas já começam a conquistar espaço. A carioca Michele Silva de Andrade, 27, iniciou oficialmente os trabalhos no último dia 16 de abril. Ela atua
na zona de praticagem do Rio de Janeiro, que inclui tanto o porto da capital, como Angra dos Reis e outras áreas. Michele diz que é uma das sete mulheres aprovadas até então em concursos públicos para prático no Brasil. Para ela, a profissão pode ser considerada difícil, principalmente por haver a necessidade de se gerenciar vários riscos ao mesmo tempo. “São muitas variáveis em cada operação – ambientais, de equipamento, de material humano. Nenhuma manobra é igual à outra, mesmo que seja feita
No último concurso para prático, houve
2.248 candidatos
no mesmo navio e na mesma área. Cada uma terá a sua dificuldade.” De acordo com Michele, não dá para estabelecer que um tipo de navio ou de carga pode ser considerado o mais complicado de se operar. Tudo dependerá das condições do tempo e das outras variáveis que influenciam em cada manobra. Um grande desafio, conforme Michele, é ter o “feeling” para perceber quais são os fatores que estão influenciando em um determinado momento e saber tomar as melhores decisões. Sobre o fato de ser mulher em uma profissão dominada por homens, Michele diz que percebe às vezes certa resistência de algumas pessoas. Mas ela explica que essa resistência não é de outros práticos, e sim de alguns comandantes de navios estrangeiros, especialmente de países orientais. “Como em toda profissão que é majoritariamente masculina, quando começa a ocorrer a entrada feminina, há certa resistência. Alguns comandantes sentem dificuldade em entender que uma mulher, jovem, vai assessorá-lo na manobra.” O despertar pela profissão aconteceu depois que Michele
REMUNERAÇÃO
SEP defende regulamentação Há uma polêmica em torno do valor cobrado pela praticagem no Brasil e o assunto tem sido discutido pelos órgãos de governo, incluindo a SEP, a Marinha e a Casa Civil. Os preços estipulados dependem da região de operação, do tamanho do navio, do tipo de carga, da distância de navegação, entre outros fatores. “Os armadores, de maneira geral, reclamam que o serviço é monopolizado e caro”, diz o diretor do Departamento de Sistemas de Informações Portuárias da SEP, Luís Fernando Resano. Segundo ele, há um número pequeno de empresas de praticagem, o que favorece a cobrança de um valor maior. Uma das linhas de discussão, defendida pela SEP, é a preparação de um arranjo legal para que se possa regulamentar a remuneração. Resano diz que é necessário analisar se os preços estão dentro dos padrões internacionais e se são compatíveis com a realidade brasileira. Ele cita que um estudo recente encomendado pela SEP apontou que há exageros. O estudo, feito pelo CEGN (Centro de Estudos em Gestão Naval), é contestado pelo Conapra. O diretor Otávio Fragoso afirma que outro estudo feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), a pedido do conselho, indicou que o preço está dentro da média internacional. Para quem depende da praticagem, a consideração é que há a necessidade de se chegar a um custo mais
razoável. O vice-presidente da CNT para Transporte Aquaviário, Ferroviário e Aéreo, Meton Soares, diz que a regulamentação proposta pela SEP pode ser positiva, desde que amplamente discutida com os órgãos envolvidos. “Os valores cobrados são elevados dentro do contexto da composição do frete de cada empresa de navegação”, diz Soares, também presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário). Na avaliação de Soares, é importante haver uma regulamentação sobre os preços da praticagem, entretanto, ele ressalta que não podem ser definidos valores iguais para diferentes zonas de praticagem, já que cada lugar tem uma especificidade. Eduardo Carvalho, diretor da Fenavega e presidente da MCLog, que atua na região Amazônica, considera que é preciso também ampliar o número de práticos. Segundo ele, a cobrança pela praticagem não está compatível com a realidade brasileira. “É uma situação que influencia diretamente nos preços dos produtos de exportação.” A Marinha informou, por meio do Centro de Comunicação Social, que não faz controle dos preços das empresas de praticagem. Somente intervém, conforme a Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário, caso haja a hipótese de paralisação dos serviços.
ACESSO Lancha especial é utilizada para
Uma lancha nova custa em torno de
R$ 1,5 mi, segundo a Conapra
concluiu os quatro anos de estudo na escola de formação de oficiais da Marinha Mercante e começou a trabalhar em navio petroleiro. Ela era oficial de náutica e passou a ter um contato mais próximo com os práticos. Michele prestou o primeiro concurso em 2006 e passou, para atuar na área do rio Amazonas. Foi chamada em 2008, mas, ao mesmo tempo, prestou outro concurso. Desta vez, para atuar na zona de praticagem do Rio de Janeiro.
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CONHEÇA MAIS A PROFISSÃO Quem é o prático • São aquaviários, habilitados por meio de processos seletivos públicos, organizados pela Marinha • No Brasil, a praticagem é uma atividade regulamentada desde a abertura dos portos em 1808 • É um profissional com sólida formação náutica e grande conhecimento das características locais, como profundidades, regime de marés, correntes, ventos, normas de navegação, entre outros O que faz • O serviço de praticagem consiste no conjunto de atividades profissionais de assessoria ao comandante, devido a peculiaridades locais que dificultam a livre e segura movimentação da embarcação • Os profissionais são conduzidos para os navios por meio de lanchas, com padrões especiais para o transbordo seguro • As operações podem durar vários dias, como no rio Amazonas, ou levar poucas horas, em manobras de atracação ou desatracação • O trabalho visa a preservação da vida humana, do meio ambiente e da economia Onde é feita a praticagem • Há práticos em todos os portos ou terminais de zonas de praticagem – locais cujas características oferecem restrições à livre e segura movimentação de embarcações • Nessas áreas, havendo ou não portos, todos os navios devem ter um prático a bordo para serem autorizados a navegar • Essa característica se aplica a todas as nações marítimas, seja em áreas portuárias ou onde não há portos, como longos trechos do rio Amazonas ou da Grande Barreira de Corais da Austrália
levar o prático até a embarcação
Além de ser carioca e por isso ter preferência pelo litoral fluminense, Michele conta que as operações no Rio são mais rápidas, duram algumas horas, ao contrário da região Amazônica. Isso acabou sendo um atrativo pela escolha pelo Rio de Janeiro. “Quando eu trabalhava na Marinha Mercante, ficava quatro ou cinco meses embarcada. Eu gostava disso, mas sentia falta da família, dos amigos. Vi então na profissão de prático uma forma de continuar em contato com o mar e
Qual a idade desse profissional • A idade inicial para concorrer a uma vaga no concurso de praticante de prático é 18 anos • No entanto, pelo fato de ser necessário curso de nível superior para o ingresso na atividade e pelos conhecimentos exigidos estarem relacionados às atividades profissionais na Marinha Mercante ou de Guerra, a média de idade entre os iniciantes é em torno de 30 anos • Não há idade máxima, mas devido às características do serviço, que exigem rigidez física e mental comprovadas em exame, é pouco comum que continuem em atividade após 65 anos O que fazer para ser um prático • A maior parte dos práticos em atividade foi oficial da Marinha Mercante ou da Marinha de Guerra do Brasil • Mas qualquer candidato com grau de instrução superior e nível de formação marinheira a partir de mestre amador pode concorrer ao exame para praticante de prático • Esse exame é organizado pela Marinha do Brasil • Após aprovado, o candidato a prático é submetido a processo de formação que dura de um a dois anos, sob a responsabilidade da associação de praticagem local • Quando considerado apto, o praticante de prático presta novo exame, também organizado pela Marinha do Brasil • A cada cinco anos, os práticos passam por um curso de atualização Fonte: Conapra (Conselho Nacional de Praticagem)
poder estar mais perto da minha família”, define. Remuneração A remuneração mensal de um prático é atrativa. O diretor do Conapra (Conselho Nacional de Praticagem), Otávio Fragoso, afirma que a média mensal “é algo acima de R$ 20 mil e abaixo de R$ 30 mil”. Mas, recentemente, o Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima) afirmou que um prático do Porto de Santos pode ganhar R$ 150 mil por mês ou até bem mais. Geralmente, esses profissionais se organizam em sociedades, por zonas diferenciadas, e rateiam o lucro. Dependendo do porto, a remuneração pode ser maior ou menor. O diretor do Conapra afirma que nunca ganhou R$ 100 mil por mês. “E acredito que em nenhum lugar se chegue a esses valores. Tem um pouco de mito em torno disso. No Rio de Janeiro, nossa média histórica chega perto de R$ 40 mil, mas isso em um momento muito positivo”, garante. Fragoso faz questão de ressaltar que os gastos para desempenhar a operação da praticagem são muito altos e cita que, uma lancha nova, bem-equipada, custa em torno de R$ 1,5 milhão. l
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GESTÃO
Juventude no comando Comjovem completa dois anos com 15 núcleos regionais e lança seminário itinerante POR
riada há dois anos, a Comjovem Nacional (Comissão de Jovens Empresários e Executivos) comemora os frutos alcançados durante esse período. Além das palestras, seminários, debates e encontros anuais, que têm o objetivo de unir as pregressas lideranças empresariais, o grupo instituiu 15 núcleos regionais em cidades de vários Estados. Este ano, a comissão viaja por todo o país com o projeto “Seminários Itinerantes – Comjovem Convida”, cuja finalidade é mostrar aos jovens empresários a importância de
C
INICIATIVA Maringá
LETICIA SIMÕES
interagir com outros profissionais. Temas como sucessão familiar e custos em transportes são discutidos durante os seminários itinerantes. Novas tecnologias e ferramentas de comunicação também são apresentadas. Segundo o economista André Ferreira, 34 anos, coordenador da Comjovem Nacional desde a sua criação, um dos objetivos principais desses encontros é também apontar como é possível contribuir com novas ideias para o mercado. Maringá (PR) e São José dos Campos (SP) já receberam o
evento e outras cinco cidades estão confirmadas. Ferreira, também diretor da Rápido 900 e do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), afirma que a Comjovem alcançou suas metas. “A comissão tornou-se uma porta de entrada para que os jovens empresários possam ter acesso à coordenação das entidades ligadas ao setor de transporte de cargas,” diz. Em 1992, empresas do setor com atuação em São Paulo já vislumbravam organizar um grupo de jovens lideranças. Segundo Ferreira, a ideia de
implantar a comissão surgiu no Setcesp. “Não houve continuidade e, em 1997, as atividades foram suspensas. Em 2004, o então presidente da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo), Urubatan Helou, decidiu reativar o grupo, com o apoio do sindicato.” Foi nesse momento que surgiu a Comjovem SP. “A comissão atingiu seus principais objetivos, que eram enriquecer o conhecimento das novas lideranças, promover a integração desses jovens e despertar líderes sindicais.”
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FOTOS NTC/DIVULGAÇÃO
(PR) recebeu etapa do projeto Seminários Itinerantes – Comjovem Convida, reunindo jovens empresários
O sucesso alcançado pela comissão em São Paulo estimulou a criação da Comjovem Nacional. “Ao assumir a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Flávio Benatti criou a Comjovem Nacional, com o apoio da Fetcesp. Fui convidado para coordenar a comissão e percorrer o Brasil, a partir de São Paulo, repassando nossa experiência regional para todo o país”, afirma Ferreira. A Comjovem Nacional congrega, hoje, mais de cem novas lideranças do setor. A formação dos grupos
regionais é feita por meio de uma parceria entre a NTC&Logística e os sindicatos de cada Estado, como explica o coordenador. “A criação é viabilizada com os sindicatos que têm interesse em possuir um braço da Comjovem em seu Estado. Os executivos da NTC&Logística fazem um primeiro contato com as entidades. Havendo o interesse, vou pessoalmente e apresento nossas atividades.” Para André Ferreira, o balanço desses dois anos da Comjovem Nacional é mais que positivo. “A comissão é uma realidade de enorme
sucesso. A criação dos núcleos regionais demonstra isso. Percorremos todo o Brasil para divulgar a comissão, promovendo inúmeros eventos, propondo palestras e demais atividades de interesse para nossos integrantes e para o setor como um todo.” Na opinião do coordenador, a troca de experiências entre as jovens lideranças é um dos principais trunfos da Comjovem. “A network – termo usado para definir uma rede de profissionais que se relacionam com o objetivo de promover intercâmbio de conhecimento e parcerias – contri-
bui bastante para o nosso dia a dia. Os integrantes da Comjovem estão conectados e nos comunicamos constantemente por meio de várias ferramentas. Dúvidas, dicas, tudo isso é dividido entre os integrantes. Algo que na época de nossos pais não existia.” A Comjovem Nacional é composta pelo coordenador nacional e por dois vice-coordenadores. André Ferreira conta com o apoio dos empresários Tayguara Helou, 28 anos, responsável pela controladoria administrativa e contábil do grupo H&P Braspress, e Roberto Mira Júnior, 32 anos, diretor de suprimentos da Mira OTM Transportes. Já os núcleos regionais são dirigidos por jovens empresários e executivos com idade de até 35 anos. “Essa faixa etária não é fechada. As atividades são abertas a todos que queiram participar. Temos um mailing com o cadastro dos jovens empresários do setor”, diz Ferreira. Ele afirma que não há uma eleição formalizada para a escolha do coordenador nacional. Segundo o dirigente, a troca será feita quando os integrantes da comissão julgarem
DE PAI PARA FILHO
Encarando a renovação Vivenciar o cotidiano das empresas em todos os setores. Esse foi o caminho escolhido pela maioria dos jovens que optaram por dar sequência às atividades das empresas erguidas por gerações anteriores. Lylian Alves Bittar, 31 anos, assumiu a direção geral da Transbitta há três anos. Sua experiência na empresa da família, contudo, começou aos 14 anos. “Passei por todos os departamentos da empresa, o que foi muito importante, pois pude conhecer todo o processo.” Formada em direito e com diversos cursos de capacitação no currículo, Lylian diz que não foi fácil chegar à direção. “O jovem que assume a empresa herdada pelo pai, normalmente, é rotulado como o ‘filho do dono’. Sofri preconceito por parte dos funcionários mais velhos. Alguns deles ainda atuam na empresa e, felizmente, reconhecem meus méritos.” O interesse pelos negócios da família levou Rodrigo Possari, 33 anos, a começar cedo na Cruzeiro do Sul Cargas. Ele iniciou suas atividades na oficina da empresa e, hoje, é diretor-comercial. Para ele, a geração que começa a invadir a direção das companhias é mais participativa. “Os jovens estão se aproximando e unindo a categoria. A grande vantagem é que novas ideias vão sempre surgindo. O jovem é menos conservador e isso propicia a troca de conhecimento.”
Ana Carolina Ferreira Jarrouge, 32 anos, está na Transportadora Ajofer desde os 17. Passou por diversas áreas e atualmente comanda o departamento jurídico e gerencia o setor de recursos humanos da empresa. Como se não bastasse, Ana é a assessora direta de seu pai, Antônio Ferreira, sócio-presidente do negócio. “Não consigo me limitar só ao meu cargo. Participo de tudo, sou envolvida em todos os processos da empresa.” Ela diz que o conflito de gerações não intimida suas atividades. “Os mais velhos têm um pensamento um pouco diferente de quem está começando. Meu pai acompanha bem essa renovação e me dá liberdade para determinadas decisões. Seu estilo de administração tem mudado bastante.” Para Antônio Ferreira, o equilíbrio e a boa preparação podem evitar conflitos. “Os jovens quando têm ideias e visões diferentes da filosofia da instituição, evidentemente, podem causar uma insegurança a seus liderados. Para que isso não ocorra de forma abrupta, é necessário não só ser capacitado, mas ter pleno aprendizado quanto ao funcionamento da empresa.” Para ele, a renovação traz vantagens para todos. “A disposição dos jovens, aliada a um conhecimento global da empresa e à formação acadêmica, só tem a contribuir para uma gestão eficiente.”
TROCA DE EXPERIÊNCIA Em Campo Grande (MS),
necessário. Já os núcleos regionais têm suas eleições realizadas a cada dois anos. De acordo com ele, os núcleos regionais têm liberdade para organizarem seus eventos e atividades. “Sempre procuro fechar os eventos da Comjovem Nacional de acordo com as ações de todos os núcleos. Quando há visitas técnicas dividimos os grupos para que todos os integrantes possam participar.” Além dos seminários, palestras, workshops e visitas técnicas, a Comjovem
Nacional organiza seu encontro anual. A cada edição, os integrantes se reúnem para discutir temas relacionados ao transporte rodoviário de cargas e à sucessão de empresas familiares. Os encontros contam também com participações de palestrantes de outros setores que abordam temas diversos como comportamento e novas mídias. Durante as reuniões, são apresentados pela coordenação o balanço das atividades do ano corrente e as perspectivas para o seguinte. Na oportuni-
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COMJOVEM EM 2010 Meta A Comjovem estima criar mais cinco comissões, provavelmente, em cidades do interior de São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul Projeto “Seminários Itinerantes - Comjovem Convida” Cidade Data Campo Grande 8/5 Uberlândia 22/6 Campinas 17/8 Santos 12/10
o encontro dos jovens empresários foi realizado no início do mês de maio
dade, a comissão lança a edição anual de sua revista “Brasil Transportes Jovens Empresários”. Rachel Vieira, consultora de planejamento de carreira da Ricardo Xavier Manager Assessoria em Recursos Humanos, afirma que o processo de rejuvenescimento na direção das companhias é positivo. “As instituições estão ingressando em uma fase em que as empresas têm vida maior e, justamente por isso, precisam de renovação.” Na opinião da consultora,
as empresas têm se preparado melhor para essa sucessão natural. “Geralmente, a renovação diretiva se concretizava somente quando os pais faleciam ou quando eram obrigados a se afastar das atividades por motivo de força maior. Os jovens, filhos desses empreendedores, viam-se obrigados a assumir o novo desafio. Isso mudou. Hoje, os novos empresários têm capacitação e os gestores veem essa necessidade de renovação. Do contrário, suas empresas
3º Encontro Nacional da Comjovem Onde: Hotel Transamérica, Ilha de Comandatuba (BA) Quando: 25 a 28/11 Visitas técnicas programadas Onde: Challenge Bibendum 2010, Rio de Janeiro Quando: 30/5 a 3/6 Onde: Fábrica da Mercedes na Argentina Quando: Data a confirmar. Participações • 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas • 2º Seminário Olhar Empresarial.
podem ser engolidas pelo mercado.” Ela diz ainda que os preconceitos em relação às jovens lideranças ainda são uma realidade. “A imagem de um empreendedor bem-sucedido prega certa idade, mas não condiz com a realidade global. A empresa que escolhe um jovem como dirigente deve demonstrar a toda equipe que a decisão foi segura, para passar credibilidade a todos os setores.” Para Rachel, o novo empresário deve ter muito mais que capacitação profissional. “Os jovens devem ter, em primeiro lugar, preparo psicológico e emocional. Conhecer-se bem e saber quais são seus pontos fortes e fracos. A confiança vem por meio do trabalho e da dedicação.” A consultora também aponta o conhecimento pleno das atividades da empresa como ponto a favor para quem assume um cargo de direção. “Aprender com a prática do dia a dia e passar por todos os departamentos da empresa ajuda muito. Para um processo de sucessão eficiente, esse trabalho de preparação deve ser feito. O jovem dever saber o que lhe espera, aliando a experiência dos gestores mais velhos com a ousadia dos mais novos.” l
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INFRAESTRUTURA
Planejamento é a questão Carência foi detectada pelo próprio governo e explica em parte atrasos nas obras do PAC POR SUELI MONTENEGRO
olêmico desde o lançamento, em 2007, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nasceu com a missão de retomar investimentos em infraestrutura logística, energética, social e urbana e com a ambição de deixar sua marca como planejamento de longo prazo a ser usado por sucessivos governos. A previsão inicial de investimentos para o período 2007/2010, de R$ 503,9 bilhões, chega ao último ano do quadriênio ao valor de R$ 638
P
bilhões, dos quais, pelo mais recente balanço oficial divulgado em fevereiro, R$ 256,9 bilhões (40,3% do total) representariam as ações concluídas até então. Apesar das críticas à execução do programa de obras, a continuação prevista no PAC 2, lançado em março de 2010, ganhou contornos ainda mais ambiciosos: R$ 958,9 bilhões entre 2011 e 2014 e a possibilidade de atingir R$ 1,5 trilhão após 2014. Na área de transportes, o balanço oficial do PAC contabiliza R$ 40,5 bilhões em investi-
mentos em rodovias (R$ 27,7 bilhões), marinha mercante (R$ 11,2 bilhões em financiamento de 218 embarcações e dois estaleiros), ferrovias (R$ 1,14 bilhão), aeroportos (R$ 250 milhões), portos (R$ 123,7 milhões) e hidrovias (R$ 8,3 milhões). O secretário de Política Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, explica que o PAC 1 e o PAC 2 foram formulados para o setor a partir das diretrizes do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes), elaborado pelo
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ANTÔNIO PUGÁS/DNIT/DIVULGAÇÃO
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Ministério dos Transportes com o objetivo de retomar o planejamento de médio e longo prazos e “dar ao setor produtivo os instrumentos necessários para sustentar ciclos contínuos de crescimento econômico”. Segundo Perrupato, o PNLT trabalha atualmente com um horizonte de planejamento para 2023 e previsão de ser estendido para 2031. Um planejamento que se mostrava necessário após anos de inércia encontrou desafio ainda maior para as dimensões dos empreendimentos: a desestruturação dos órgãos técnicos responsáveis pela execução das licitações e a ausência de projetos básicos de qualidade para as obras. Essa carência é reconhecida pelo próprio governo, pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e pelo setor privado. Perrupato afirma que o governo e o Ministério dos Transportes têm trabalhado para eliminar os entraves à execução de projetos resultantes da retração dos investimentos federais a partir da década de 80. “Todo esse tempo com baixos índices de investimento teve como principal resultado o desgaste da infraestrutura federal, o desaparelhamento do setor cons-
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“O grande problema é que quando o governo tomou a decisão de executar o PAC estávamos com escassez de projetos” EFICIÊNCIA Brasil precisa
LUIZ ANTÔNIO PAGOT, DIRETOR-GERAL DO DNIT
trutor e da própria administração pública”, diz. Para o secretário de Fiscalização de Obras do TCU, André Luiz Mendes, embora todos os questionamentos acabem desembocando na questão do preço, a grande origem dos problemas constatados pelos auditores do tribunal está nos projetos. Mendes calcula que quase 80% dos projetos básicos são ruins, o que dá margem para alterações no decorrer da obra e aumento no custo final. O secretário destaca que o TCU
tem sido incisivo para que os projetos já tragam o cálculo do valor dos empreendimentos e que tudo seja feito dentro dos limites legais e de padrões já consagrados para coibir o uso de artifícios que encareçam a obra. Ele cita como exceção o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que tem um critério de custo tradicional e aceito por lei, embora o órgão sucessor do antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) tenha
sentido também o desmantelamento das áreas técnicas do governo nos anos 80 e 90. Diz que os problemas maiores estão em órgãos com pouca estrutura técnica e menos tradição em fazer licitações e lembra também que parte das obras é feita por meio de convênios com Estados e municípios que, muitas vezes, não têm projeto básico. O diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, relata que com o início do PAC foi possível contar com recursos disponíveis e não contingenciados
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IVAN CRUZ/A TARDE/FUTURA PRESS
ampliar a participação do modal hidroviário na matriz de transporte
para investimentos no programa de obras, previstos no PPI (Projeto-Piloto de Investimentos) de 2001 e também resultantes da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Posteriormente, o PPA possibilitou o correto planejamento dos investimentos ao longo dos anos. ”O grande problema é que quando o governo tomou a decisão de executar o PAC estávamos com escassez de projetos, principalmente na área de manutenção. Na área de duplicação e adequação com
melhoramentos, tínhamos projetos básicos antigos, que tivemos de transformar em projetos executivos e buscar as licenças ambientais.” Responsável pela contratação de obras rodoviárias, o Dnit projeta executar até o final do ano a totalidade dos R$ 10,16 bilhões incluídos no PAC 1 para os projetos de manutenção e de 75% de um total de R$ 37 bilhões, em valores corrigidos (o valor atual, também corrigido, é de R$ 33 bilhões), em obras de implantação, adequação com melhoramentos e duplicação de
rodovias. Esses projetos têm atualmente percentuais de execução de 80% e de 60%, respectivamente. O órgão administra também a implantação e a manutenção de terminais portuários dentro do programa de investimentos em hidrovias, que tem R$ 1,2 bilhão previstos no PAC 1. Coordena também o Prosefer (Programa Nacional de Segurança Ferroviária em Áreas Urbanas), com R$ 1,5 bilhão do programa para obras de melhoria do acesso urbano. Pagot prevê a transferência para 2011 de aproximadamente R$ 10 bilhões, com a continuação das obras já dentro do PAC 2. Dos R$ 48,4 bilhões previstos pelo programa para o período 2011/2014, R$ 22 bilhões serão administrados pelo Dnit na realização de obras de infraestrutura rodoviária. Pagot diz que na manutenção rodoviária, como o programa de obras é de cinco anos, ele começa em 2011 e vai até 2015. Embora aponte fragilidades nas duas versões do PAC por classificá-las como “um portfólio de projetos” montados de forma desordenada, o coordenador de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende Tarso, afirma que é necessário “dar o crédito ao governo
brasileiro nos últimos dez anos por retomar esse planejamento.” Resende critica, porém, a pressa e a falta de coordenação entre os órgãos e diz que falta priorizar projetos e, dentro disso, ter planejamento de longo prazo. “Isso é estratégia. Você pode correr atrás de financiamento interno ou externo ou de parcerias publico-privadas”, acrescenta. O professor vê méritos, porém, nos projetos voltados para a extensão e a modernização da malha ferroviária, que tem um total previsto de R$ 43,9 bilhões para o período 2011/2014 em recursos públicos, além dos investimentos privados. “O ferroviário, no meu ponto de vista, de todos os modais de transporte, é o que faz mais sentido. Se você pensa nos investimentos ferroviários, os corredores caminham para a fronteira agrícola. É uma lógica de estratégia bem definida e focada.” Quanto às obras voltadas para a mobilidade urbana (metrôs, veículos leves sobre trilhos etc), a cargo do Ministério das Cidades, Resende acredita ser necessário pensar em um cenário mais perene, que ultrapasse o simples planejamento para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. l
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TURISMO Aeroporto de Bonito (MS) estรก preparado para receber voos regionais
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SECRETARIA DE CULTURA DE BONITO/DIVULGAÇÃO
TRANSPORTE AÉREO
Mercado crescente Aviação regional garante desenvolvimento do turismo em cidades de médio e pequeno portes no interior do país POR
iajar para alguns destinos turísticos no Brasil pode, muitas vezes, ser uma grande aventura. Diferentemente das facilidades encontradas por quem vai conhecer os lugares mais famosos e badalados, o turista que decide viajar pelo interior do país pode não encontrar muitas opções de transporte. No entanto, essa realidade está mudando. Muitas companhias aéreas regionais já oferecem voos diários ou no mínimo semanais para os destinos turísticos mais distantes dos grandes centros. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), são considerados voos regionais aqueles que têm origem ou destino, ou ambos, em algum aeroporto do interior do
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vindos de Campo Grande
LIVIA CEREZOLI
país ou linhas complementares. Atualmente, existem 764 rotas regionais autorizadas pela agência e outras 32 devem entrar em operação até julho deste ano. Para o presidente da Abetar (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional), Apostole Lazaro Chryssafidis, as expansões da malha aérea regional por todo o país devem estimular a integração das regiões e, consequentemente, possibilitar o desenvolvimento do turismo, mas ainda é preciso incentivo. Mesmo com a oferta de voos crescendo, a participação das empresas regionais no mercado da aviação brasileira ainda é pequena. Segundo dados da Anac de abril deste ano, as dez empresas que operam voos regionais são responsáveis por 5,73%
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“Atendemos a um número menor APOSTOLE LAZARO CHRYSSAFIDIS, PRESIDENTE DA ABETAR
INFRAESTRUTURA
Aeroportos limitam crescimento Alguns aeroportos que recebem voos regionais nas cidades turísticas brasileiras mantêm uma infraestrutura deficitária e nem sempre oferecem condições de segurança e conforto adequadas para a operação das companhias aéreas. Administrados, na maioria das vezes, por governos estaduais, municipais ou por empresas terceirizadas, esses terminais, quando não atendem às exigências necessárias, deixam de receber voos, como mostrou a reportagem da edição 171 da revista CNT Transporte Atual. Armação dos Búzios, no Rio de Janeiro, é um exemplo dessa realidade. Desde o ano passado, a Team Linhas Aéreas transferiu os voos para o Aeroporto Internacional de Cabo Frio – distante cerca de 30 km de Búzios – e mantém transporte terrestre dos passageiros até a cidade. “Os principais problemas eram falta de iluminação, de segurança na pista, falta de brigada de incêndio e uma precária infraestrutura para check-in e recepção dos passageiros”, diz Lygia Moreira, diretora de marketing da companhia. O Grupo Modiano, que administra o aeroporto Humberto Modiano em Búzios, afirma que o aeroporto cumpre todas as normas de segu-
rança e está autorizado pela aeronáutica a receber voos fretados e táxi áreo. A pista é pavimentada e tem 1.300 metros de extensão. Só em 2009, 99 aeródromos foram interditados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em todo o país, por não atenderem as condições necessárias para o funcionamento. De acordo com o presidente da Abetar, Apostole Lazaro Chryssafidis, falta investimento. “Sentimos uma agonia quando vemos os investimentos que precisam ser feitos não saírem do papel”, diz. Segundo ele, entre 1994 e 2009, mais de R$ 1 bilhão de recursos do Profaa (Programa Federal de Auxílio a Aeroportos) deixou de ser investido nesses aeroportos. De acordo com a Anac, a falta de documentação adequada entregue pelas cidades atrasa a liberação dos recursos. Por outro lado, o Ministério do Turismo afirma que tem estabelecido parcerias para a aplicação de recursos nos aeroportos brasileiros regionais localizados em cidades turísticas. Dados do ministério mostram que, entre 2003 e 2008, foram liberados R$ 46,903 milhões para obras de reforma, ampliação e construção de novas pistas e terminais em 18 cidades com potencial turístico.
“Somos a favor da ampliação do capital estrangeiro nas empresas e da criação do fundo garantidor para aquisição de aeronaves nacionais” MÁRIO MOYSÉS, SECRETÁRIO-EXECUTIVO DO MINISTÉRIO DO TURISMO
do mercado nacional. Gol e TAM respondem por 82,82%. Webjet e Azul têm respectivamente, 5,89% e 5,56% do mercado. O secretário-executivo do Ministério do Turismo, Mário Moysés, confirma que a aviação regional desempenha um papel importante para o desenvolvimento do turismo no país, uma vez que facilita o acesso a determinadas localidades. “O Brasil é muito
MUDANÇA Team Brasil
grande. Temos uma infinidade de paisagens, recursos naturais e culturais que em alguns lugares só é possível conhecer de avião. Por isso, acreditamos e incentivamos a aviação regional”, diz ele. De acordo com Moysés, o ministério tem aplicado recursos na ampliação e construção de novos terminais aeroportuários em algumas regiões do país (leia mais no texto ao lado), além de
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de passageiros e podemos ter uma atenção diferenciada” TEAM LINHAS AÉREAS/DIVULGAÇÃO
TRIP/DIVULGAÇÃO
OPÇÕES Trip oferece mais alternativas de voos regionais
AVIAÇÃO NACIONAL Participação das empresas (abril 2010) EMPRESA Sol NHT Sete Air Minas Meta Puma Air Total Pantanal Passaredo Trip Avianca (antiga OceanAir) Azul Webjet Gol/Varig TAM
PARTICIPAÇÃO (*) 0,01 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,10 0,14 0,59 2,29 2,45 5,56 5,89 40,69 42,13
* % passageiros por km pagos transportados Fonte: Anac
parou de operar em Búzios devido à falta de infraestrutura do aeroporto
apoiar ações de incentivo à aviação regional. “Somos a favor da ampliação do capital estrangeiro nas empresas e da criação do fundo garantidor para aquisição de aeronaves nacionais.” Atualmente, a legislação brasileira permite 20% de capital estrangeiro nas empresas aéreas, mas há propostas para que esse limite passe a 49%. Edmar Bull, presidente da
Abav-SP (Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo), também acredita que a oferta de voos regionais trará ganhos significativos para o turismo brasileiro. “As nossas operadoras estão começando a enxergar esse nicho e a tendência de aumento nas vendas de pacotes nos próximos seis meses é visível”, diz ele. Bull acredita que turistas das
classes A e B, que já conhecem os destinos mais famosos do Brasil e procuram novas opções de passeios, devem ser os grandes clientes da aviação regional voltada para o turismo no Brasil. A Trip Linhas Aéreas tem a maior oferta de destinos entre as empresas regionais. Nas rotas exclusivas oferecidas pela empresa estão cidades como Bonito, no Mato Grosso do Sul, as históricas
Diamantina e São João del-Rei, em Minas Gerais, e ainda Barcelos, no Acre, atraente pelas praias fluviais às margens do rio Negro. A empresa transportou, em 2009, 1,6 milhão de passageiros. Desse total, entre 20% e 30% tinham objetivo turístico. “Esse é um mercado interessante, que vem crescendo muito. São cidades que não eram atendidas por nenhuma empresa aérea, têm
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TREINAMENTO
Abetar e ministério miram Copa Para oferecer um melhor atendimento aos turistas que visitarão o país durante a Copa de 2014, a Abetar e o Ministério do Turismo firmaram parceria no final de abril para elevar a qualidade no atendimento, que é prestado ao turista, pelos profissionais que atuam na aviação regional. A assinatura do convênio contou com a presença do ministro do Turismo, Luiz Barreto, e do presidente da Abetar, Apostole Lazaro Chryssafidis, entre outras autoridades. A iniciativa faz parte do Programa Bem Receber – Copa 2014, criado pelo ministério. A expectativa da associação é atender cerca
de 1.500 profissionais em um prazo de 12 meses. Os cursos serão divididos em três módulos, com carga horária total de 160 horas. No primeiro, os profissionais terão acesso a temas como ética e cidadania, a importância do turismo como atividade econômica, postura profissional e qualidade no atendimento, sustentabilidade e pluralidade cultural. A segunda etapa abordará temas mais específicos ao transporte aéreo regional e o último módulo envolve parte teórica e prática com informações sobre história, cultura e atrativos turísticos das localidades e regiões onde operam. As aulas serão ministradas a distância. REGIÃO SUL A empresa NHT, com sede em Porto
Atualmente, a legislação brasileira permite
20% de capital estrangeiro nas empresas aéreas
demanda significativa, mas não suportam grandes aeronaves. Escolhemos os destinos corretos e voamos com as aeronaves adequadas”, afirma Evaristo Mascarenhas de Paula, diretor de marketing e vendas da Trip. Os voos da empresa são realizados nas aeronaves ATR 42, com capacidade para 45 passageiros, ATR 72, para 68 pessoas, e Embraer 175, com 86 lugares. Segundo Mascarenhas, a oferta dos voos varia muito de acordo com a característica de cada cidade, mas a empresa tem como objetivo voar sempre com mais frequência para cada uma dessas localidades. Geralmente, os voos partem das capitais dos Estados para o inte-
rior. Para Bonito, a empresa oferece dois voos semanais, às quintas-feiras e aos domingos, partindo de Campo Grande. Para São João del-Rei, os voos são diários, e para Diamantina, nos finais de semana. De acordo com o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito, Augusto Barbosa Mariano, os voos que chegam à cidade são importantes porque reduzem a distância temporal da viagem e, dessa forma, atraem mais turistas domésticos e estrangeiros. Em 2009, Bonito recebeu aproximadamente 170 mil turistas, dos quais 10% vieram de outros países. A grande maioria chega à cidade em veículos pró-
prios. “O avião ainda é insignificante. O aeroporto existe desde 2004, mas os voos estão sendo oferecidos há apenas um ano. Porém, nós acreditamos nesse crescimento de demanda”, afirma Mariano. De acordo com ele, existem projetos em andamento para a ampliação do terminal. Em 12 meses, já foi investido R$ 1 milhão em obras. Bonito tem um orçamento previsto para este ano de R$ 37 milhões, mas o turismo movimenta mais que o dobro na cidade – cerca de R$ 80 milhões. “Esse dinheiro é muito bem distribuído socialmente em toda a cidade, desde o vendedor de suco até os grandes hotéis”, afirma Mariano.
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NHT/DIVULGAÇÃO
Alegre, transporta cerca de 7.000 passageiros por mês e vai adquirir novas aeronaves até o final do ano
No Sul do país, a opção para conhecer as tradições gaúchas são as rotas oferecidas pela NHT Linhas Aéreas. A empresa oferece voos regulares para cidades do interior do Rio Grande do Sul como Santa Maria, Pelotas, Santo Ângelo, Santa Rosa e Passo Fundo, partindo da capital Porto Alegre, além de outras cidades em Santa Catarina e no Paraná. O foco principal da empresa, que mantém na sua frota seis aeronaves LET 410 com 19 assentos, é o turismo de negócios, por isso, os voos são realizados de segunda a sexta-feira. Porém, o turismo de lazer já faz parte dos planos da NHT. “Temos a meta de, até o final
deste ano, introduzir de três a cinco aeronaves de até 50 passageiros em nossa frota e oferecer voos nos finais de semana para alguns destinos turísticos no interior do país”, afirma Jeffrey Kerr, diretor de planejamento da companhia. A NHT transporta, em média, de 6.000 a 7.000 passageiros ao mês. Destinos turísticos com apelo religioso também podem ser conhecidos por meio da aviação regional. A Abaeté Linhas Aéreas oferece voos às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras, partindo de Salvador para Bom Jesus da Lapa, conhecida como a capital baiana da fé. Segundo Valdeir Lomanto
Mascarenhas, gerente da Abaeté, o aeroporto de Bom Jesus da Lapa é bem pequeno e impõe algumas restrições à operação dos voos. A pista com 1.100 metros de comprimento não está apta a receber aeronaves de grande porte. A Abaeté opera com o Embraer 110-Bandeirante, com capacidade para 14 pessoas, mas, em alguns horários, devido à temperatura, que pode influenciar na segurança da decolagem, só podem embarcar 12 passageiros. “Por algum tempo, existiu um descaso com os aeroportos do interior da Bahia. Hoje, o governo do Estado voltou a investir. Mesmo assim, ainda
falta infraestrutura para oferecer um pouco mais de conforto aos passageiros” diz Mascarenhas. O Derba (Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia) reconhece que o aeroporto apresenta deficiências e afirma que já estão em andamento estudos técnicos para a ampliação e até mesmo para a construção de um novo terminal no município (leia mais sobre infraestrutura na página 54). “Com essas dificuldades, a estratégia das companhias aéreas é investir em atendimento”, afirma Chryssafidis, presidente da Abetar. “Atendemos a um número menor de passageiros e, por isso, podemos ter uma atenção diferenciada com o nosso cliente e conhecê-lo em detalhes. Além disso, a renovação da frota é outra medida importante. Estamos trazendo aeronaves modernas e novas, que nos permitem ser mais competitivos”, diz. De acordo com ele, tudo isso acaba sendo traduzido em redução da tarifa e aumento do número de passageiros transportados. “Ou seja, uma maior escala e o aumento da competitividade. Essa é a receita.” l
EDUCAÇÃO POR SUELI MONTENEGRO
ealidades diferentes, problemas iguais. Esse é o grande elo entre empreendedores de todo o mundo no desafio de administrar com eficiência diferentes tipos de negócio e uma das questões básicas discutidas no mês passado durante o curso “Ampliando seu Negócio”, promovido pela Escola do Transporte em parceria com a London Business School. Direcionado a dirigentes e executivos do setor, o curso foi ministrado na sede da CNT (Confederação Nacional do Transporte), em Brasília, entre os dias 27 e 29 de abril. “O maior desafio que existe sempre foi gerenciar o equilíbrio entre os interesses dos diversos participantes em qualquer negócio. Os padrões mudam, mas os problemas permanecem sempre os mesmos”, disse o professor Rupert Merson, diretor do Programa de Educação Executiva da London Business School e responsável pelo curso. Merson lembrou que em um mundo onde boa parte das empresas tem origem familiar, a questão sucessória sempre aparece como um desafio. Ao analisar o equilíbrio entre os diversos grupos de interesse, o professor disse que nos últimos anos
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Desafios e Escola do Transporte e London Business na sede da CNT, em Brasília, e discut houve predominância dos financistas e dos acionistas, em uma tendência que pode mudar de eixo nos próximos anos com o aumento da faixa de beneficiados pelos negócios, entre os quais empregados, clientes e governos. Com uma didática inovadora que incitou a discussão entre os participantes, Merson apresentou casos concretos de empresas que viveram o dilema de
passar de um estágio para outro em sua gestão e enfrentar as “dores do crescimento” ou manter o status tradicional. E apresentou modelos de crescimento que, se não são infalíveis, fornecem, em sua opinião, boas perguntas que permitem ao empresário questionar e descobrir “que cultura convém realmente alimentar ou preservar numa empresa”. A estratégia de instigar a
reflexão em grupos previamente definidos, assim como o compartilhamento de conclusões e de experiências comuns deu resultados. Os alunos analisaram desde a postura dos empresários envolvidos nos estudos de caso até a influência de comportamentos e da cultura empresarial no sucesso das estratégias de crescimento adotadas em cada negócio. Como consequência, relatos
JÚLIO FERNANDES/NCI-CNT
mpresariais School promovem curso para executivos em gestão e crescimento das empresas comuns de problemas relacionados à transição entre diferentes gerações de dirigentes de empresas no Brasil surgiram no decorrer dos debates, como comprovação da tese defendida pelo professor. “Não é surpresa. Passa a ser até uma constatação de que cada vez mais num mundo globalizado os problemas são os mesmos e, naturalmente, também as soluções passam pela
mesma globalização”, disse Adriano Lima Depentor, diretor-presidente da Jamef Transportes. Problemas apontados nos estudos de caso durante o curso tais como modernização e profissionalização da gestão foram apontados por Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), como comuns também às
empresas de transporte no Brasil, pelo perfil familiar desses empreendimentos. “Dentro desse universo de ampliação de negócios e de busca de novas oportunidades, nós observamos que o planejamento, quando feito nos moldes tradicionais de administração, sem o lado emocional, torna-se mais acessível, mais próximo do sucesso, de buscar novas oportunidades”, disse Vilaça, que aponta como
maiores carências das empresas a falta de planejamento e de metas estabelecidas para atingir os objetivos. José Carlos Becker, presidente da ABTI (Associação Brasileira de Transportadores Internacionais), destacou a importância do conhecimento e dos avanços tecnológicos e de gestão como necessários para que as empresas consigam enfrentar desafios como a transição nas empresas familiares. Luiz Anselmo Trombini, presidente da Fetranspar ( Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), bateu na mesma tecla ao defender o conhecimento como a base de qualquer negócio. “Estamos buscando a profissionalização das nossas empresas. Saindo das empresas familiares e buscando profissionais no mercado.” O presidente da Fencavir (Federação Nacional dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros), Edgar Ferreira de Souza, lembrou episódios de sua trajetória como empreendedor citando que a transição entre gerações de administradores de negócios familiares pode ser bastante complicada em algumas situações. “Eu vejo a sucessão nas empresas como um grande problema e um
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CNT/ESCOLA DO TRANSPORTE
Dirigente do BNDES abre 2º Ciclo de Conferências O gerente do Departamento de Transporte e Logística do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Antônio Tovar, participou de encontro com representantes do setor em empresários na sede da CNT, no início de maio, onde fez uma apresentação sobre os recursos disponíveis para os projetos de infraestrutura logística apoiados pelo banco, detalhou as linhas de crédito existentes e explicou as condições de contratação dos recursos. Tovar afirmou que a instituição considera prioritários todos os projetos relacionados ao setor de infraestrutura de transportes que contribuam de alguma forma para modificar a matriz transportadora no Brasil. A apresentação faz parte do 2º Ciclo de Conferências CNT/Escola do Transporte. Participaram dessa primeira
grande desafio para os titulares”, disse o dirigente. Para as novas gerações de sucessores que decidiram encarar o desafio de avançar no modelo de gestão de empresas familiares, novos conceitos e recursos indisponíveis para as gerações anteriores devem ser explorados cada vez mais como ferramentas úteis para a transformação das empresas. Integrante da Comjovem (Comissão de Jovens Empresários e Executivos do
conferência representantes de associações e sindicatos ligados à logística, ao transporte rodoviário de carga e de passageiros, ao transporte ferroviário, à locação de veículos, aos agentes marítimos e aos permissionários de táxi, além de funcionários de empresas de transporte urbano de passageiros. A palestra de Antônio Tovar começou com uma explanação sobre os projetos da área de infraestrutura. O dirigente informou que os desembolsos do banco para investimentos na indústria, comércio e serviços cresceram de R$ 20 bilhões em 1999 para R$ 137 bilhões em 2009, ano em que o total de financiamentos aprovados pela instituição atingiu R$ 170 bilhões. Indústria e infraestrutura lideraram esses desembolsos. Tovar falou das linhas de financiamento disponíveis no
Transporte Rodoviário de Cargas), Ricardo da Silva Pinto, diretor da Transportadora Meca, resume essa convicção: “a segunda geração está tendo oportunidade de utilizar diferentes ferramentas que muitas vezes nossos pais ou os fundadores das empresas não tiveram. De ter uma interação, uma troca de informação com parceiros comerciais, um conhecimento técnico e teórico. Você teve universidade, teve a opção de cursos, de
banco e mencionou o levantamento do Coppead (Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração de Empresas da UFRJ) em que profissionais apontam entre os vários problemas do setor a má conservação das estradas e a ausência de uma malha ferroviária mais extensa. “A saída para esse imbrólio é ter uma matriz de transportes mais equilibrada, com mais investimentos em ferrovias e hidrovias”, diagnosticou. Para o representante do BNDES, o equacionamento da questão logística passa tanto pelo reequilíbrio da matriz como pela desobstrução dos principais corredores de acesso existentes, pela integração dos sistemas ferroviário ao portuário e ao hidroviário, pela melhoria da capacidade e eficiência dos portos e pelo desenvolvimento da navegação de cabotagem.
treinamentos, para poder aplicar em sua empresa.” Diretor do Grupo Fox TCB, Thiago Benatti destaca a tecnologia da informação como um recurso essencial para a manutenção de qualquer empresa no mercado. “As parcerias que a gente vem fazendo também com empresas, tanto com as da região como as de outras cidades e de até outros Estados têm sido um fator muito forte.” Regras que tragam segurança jurídica às empresas foi
outra questão apontada por participantes do curso como determinante no processo de crescimento das empresas. “A gente sabe que sempre tem a questão da regulação do poder da União, dos Estados e dos municípios. Então, esse entrave burocrático ainda prejudica muito a evolução, tanto de métodos quanto de investimentos”, disse Andre Luiz Eskinazi de Oliveira, do Conselho Fiscal da Cepimar (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão). Diretor regional da Líder Táxi Aéreo, Wolner Pereira de Aguiar disse que o crescimento da aviação, principalmente a executiva, foi de encontro ao gargalo da infraestrutura, que não acompanhou a evolução do setor. Com um público formado por 52 profissionais do setor de transporte, entre dirigentes e executivos de diferentes segmentos, o curso foi considerado ótimo ou muito bom na avaliação geral de 95% dos participantes. O interesse despertado pelo tema pôde ser percebido pela intensa participação dos profissionais nos debates realizados durante o curso. l
SEGURO
Estímulo controverso Fator Acidentário de Prevenção entra em vigor após sofrer reformulações POR
LETICIA SIMÕES
nstituído em 2003 pelo governo federal, o FAP (Fator Acidentário de Prevenção) sofreu reformulações e entrou em vigor, com as novas diretrizes, em janeiro deste ano. O objetivo do FAP é incentivar a melhoria das condições de trabalho e da saúde do trabalhador, estimulando individualmente cada empresa a adotar políticas efetivas de saúde e segurança no trabalho para reduzir a acidentalidade. Na prática, porém, a contribuição previdenciária divide opiniões. Há
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empresas que o considera um incentivo para a disseminação de ações preventivas de acidentes, outras, veem o FAP como mais um tributo onerador de suas folhas. Remigio Todeschini, diretor do departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência Social, afirma que a atual metodologia do FAP não foi decidida de maneira unilateral. “A negociação durou 90 dias, no âmbito do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social), e dela participaram representantes do governo, dos empregadores, dos trabalhadores e dos
aposentados. O FAP em vigor foi aprovado por unanimidade.” Todeschini explica que, antes do FAP, o que havia era uma tarifação coletiva por atividade econômica, em que as empresas pagavam uma taxa fixa, indistintamente. “Essa política vigorou no Brasil desde a criação do antigo INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), em 1966. A nova metodologia aplica a tarifação coletiva sobre cada setor econômico, considerando o grau ou o risco de acidente.” Isso significa que o valor a ser pago pelas empresas dependerá do setor de atividade e da média de acidentalidade, ou seja,
a organização que tiver um número de acidentes maior pagará mais pela taxa coletiva determinada pelo SAT (Seguro de Acidentes do Trabalho), de acordo com sua classificação econômica. O SAT garante ao empregado um seguro contra acidente do trabalho, mediante pagamento de um adicional sobre a folha de salários, com administração atribuída à Previdência Social. “Esse sistema, que combina tarifação coletiva com tarifação individual, existe na maioria dos países”, diz o diretor. Para ele, sempre irá pagar mais a empresa que não investir na prevenção de acidentes. O FAP é aplicável a todas as empresas que não emitem notas fiscais da categoria Simples. Hoje, esse universo é de 952.561 instituições. De acordo com a Previdência, o fator acidentário será atualizado anualmente por empresa, para definição de bônus, à medida que ela investir na redução da acidentalidade. O fator para o cálculo do FAP é um multiplicador de 0,5 a 2 pontos a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3% incidentes sobre a folha de salários das empresas inseridas no programa. Os valores,
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segundo a Previdência Social, servirão para financiar os benefícios concedidos aos trabalhadores decorrentes do Seguro de Acidentes do Trabalho. O cálculo do FAP, afirma Todeschini, é feito pela Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social), a partir de todos os dados fornecidos pela empresa, desde as CATs (Cartas de Acidente de Trabalho), afastamentos definidos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e informações prestadas pela empresa na GFIP, que é a guia de recolhimento das contribuições previdenciárias. Antes das novas metodologias do FAP, para que um acidente de trabalho fosse comprovado, era necessário uma CAT emitida para o INSS pela empresa cujo trabalhador tinha vínculo empregatício. Um perito investigava a ação para provar tecnicamente que o trabalho do empregado foi o causador da lesão. A nova metodologia para o cálculo tem gerado questionamentos nas empresas. Para Adriane Maria Moreira Hasse, coordenadora do setor de Recursos Humanos da Gidion Transporte e Turismo, os valores cobrados pelo FAP não estão claros. “Quando tivemos conhecimento do nosso FAP, constatamos que, apesar de todo o investimento em segurança e medicina do trabalho realizado pela empresa, o índice ficou acima
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de 1 ponto, aumentando a alíquota do SAT de forma significativa.” Ela diz que a empresa está se mobilizando para comprovar a legitimidade do cálculo estipulado para o FAP da Gidion. “Foi constatado que, mesmo com um baixo índice de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, ainda assim o FAP apurado acabou por majorar o valor do seguro acidentário. Estamos questionando judicialmente a constitucionalidade dos dispositivos legais referentes ao Fator Acidentário de Prevenção.” Segundo a Previdência Social, a metodologia de reajuste do seguro e do fator é baseada na acidentalidade ocorrida no Brasil nos anos de 2007, que registrou 659.523 acidentes, e de 2008, com um total de 747.663 acidentes registrados, seguindo parâmetros legais estatísticos. Para a advogada Cláudia Sales Vilela Vianna, consultora jurídica nas áreas de Direito do Trabalho e de Direito Previdenciário, o cálculo retroativo causa confusão, pois se baseia em registros anteriores à nova metodologia do FAP. “Muitas empresas estão recebendo os valores com surpresa e indignação, pois os coeficientes que determinam quanto será pago pela instituição não estão disponíveis.” A advogada afirma que várias empresas estão movendo ações judiciais por não concordarem
FAP Encontro discutiu o Fator Acidentário de
com os valores. “A lei deveria trazer todos esses cálculos. Dados retroativos não poderiam ser usados. As empresas tomaram conhecimento da fórmula em setembro do ano passado, o que não permitiu esclarecimentos suficientes. O que mais assusta é que muitas instituições não têm conhecimento do novo FAP e estão pagando o fator”, diz Cláudia. As novas taxas de cobrança, segundo a Previdência, reproduzem as estatísticas da acidentalidade no Brasil, a partir dos elementos básicos de frequência, gravidade e custo de cada setor econômico e de cada empresa. Todeschini afirma que contestações sobre possíveis divergências dos elementos que compõem o
cálculo do FAP devem ser encaminhadas à Diretoria de Saúde Ocupacional e à Secretaria de Previdência Social. Em relação à falta de esclarecimentos, o diretor do Ministério da Previdência diz que o governo federal promoveu diversos encontros entre os setores envolvidos, justamente para debater o assunto. “O que mais fizemos nos últimos meses foi reunir todos os segmentos, tanto no Conselho Nacional de Previdência Social, como em reuniões com empresários e diversos representantes de empresas. Ratifico que a Previdência Social continua à disposição para qualquer esclarecimento.” A NTU (Associação Nacional
SAIBA MAIS SOBRE O FAP LUX COLOR/DIVULGAÇÃO
Objetivo Investir na cultura da prevenção acidentária, para diminuir o custo e as consequências de acidentes e doenças do trabalho, devido a condições insalubres e inadequadas oferecidas por alguns segmentos econômicos Quem contribui Toda empresa que não esteja no Simples Fiscal é obrigada a pagar o FAP Quem vai pagar mais As empresas que tiverem média de acidentalidade superior ao do seu setor econômico por não terem investido em prevenção O que muda para as empresas e os trabalhadores As empresas serão estimuladas a se preocupar mais com a melhoria da qualidade de vida laboral
Prevenção, que contribui para melhorar as condições de trabalho e saúde
das Empresas de Transportes Urbanos) foi uma das entidades que se mobilizou para esclarecer as novas metodologias do FAP ao setor de transportes. Ana Lúcia Gianesela, advogada da NTU, ressalta que a instituição elaborou uma cartilha para elucidar como o fator acidentário se aplica, a partir das novas diretrizes. “Desde 2008 a NTU trabalha nesse projeto. Realizamos eventos em Brasília com oficinas didáticas. Recebemos técnicos de recursos humanos e assessores jurídicos de diversas empresas. Profissionais de todas as regiões do país estiveram presentes.” Ana Lúcia afirma que a principal preocupação dos eventos foi alertar as empresas quanto à
mudança de filosofia no dia a dia das atividades, acentuando as políticas preventivas. “A NTU buscou explicar às associadas a importância do fator acidentário no cotidiano das empresas. Mostramos que elas deviam buscar, na sua prática laboral, as metodologias para controlar os elementos que influenciam no cálculo do FAP. É uma ação de médio a longo prazo.” A advogada acredita que as empresas que até então não haviam desenvolvido políticas paliativas de acidentes de trabalho e saúde tendem a ter mais dificuldades com a cobrança do FAP. “Nossa preocupação é que muitas empresas, principalmente de menor porte, que não possuem
Fonte: Ministério da Previdência Social
áreas de recursos humanos ativas, não se atualizem. A NTU se mobilizou para levar a informação até essas entidades.” A Transportes Flores não vê o FAP como um ônus. “Entendemos que os cálculos não são indevidos, pois seguem metodologia amplamente divulgada pela Previdência e que foi discutida de forma tripartite”, diz o consultor Fernando Silva, engenheiro de segurança do trabalho da Flores. Silva acredita que a oneração dependerá das ações de cada empresa em relação às políticas de prevenção de acidentes. “Apesar do impacto financeiro imediato em virtude do aumento das alíquotas, que incidem diretamente sobre a folha de pagamen-
to, aquelas empresas que sempre tiveram uma cultura preventiva poderão se beneficiar do FAP.” Para Ana Lúcia, da NTU, a nova metodologia do FAP pode contribuir para que empresas que antes não se preocupavam com ações de prevenção mudem de comportamento. “A conscientização em relação às práticas preventivas já existe. Muitas empresas do setor de transporte estão à frente em termos de modernização e mobilização. Aquelas que não estavam aplicando essa filosofia passaram a realizar e, outras, estão aperfeiçoando suas ações nesse sentido.” A Previdência Social, por meio do departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional, enfatiza que a adoção das novas metodologias do FAP vai ajudar a diminuir o custo Brasil, que consome anualmente cerca de 1,8% do PIB, ou seja, R$ 50 bilhões em despesas diretas e indiretas em decorrência da acidentalidade e das condições insalubres, penosas e perigosas no ambiente de trabalho. “Todos ganham como o novo FAP – os trabalhadores, que serão valorizados, a Previdência Social, os consumidores e a população, pois reduziremos o custo Brasil. As empresas também serão beneficiadas, já que têm à sua disposição mecanismos mais propícios e saudáveis para a competitividade entre elas”, afirma Todeschini. l
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LOGÍSTICA
s iminentes necessidades de melhoria da infraestrutura brasileira, principalmente em virtude da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, animam ainda mais o setor logístico. O segmento, que em 2009 registrou um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, vislumbra progressos ainda maiores com a necessidade de eliminação dos gargalos. Nesse clima de otimismo, Jundiaí, cidade do interior paulista considerada um dos grandes polos logísticos do país, prepara-se para receber a primeira edição da Feira Internacional Logística 2010. O evento pretende gerar R$ 15 milhões em novos negócios. A feira será realizada de 15 a 17 de junho no Parque Comendador Antônio Carbonari, conhecido como Parque da Uva. A organização estima um público de 15 mil pessoas durante os três dias do evento, que contará com a presença de cem empresas. Está previsto na programação um ciclo de palestras comandado por autoridades e corporações ligadas ao setor e
A
Perspectiva positiva Feira Internacional em Jundiaí quer aproveitar desempenho da economia para alavancar novos negócios POR LETÍCIA
um congresso ministrado pela ABEPL (Associação Brasileira de Empresas e Profissionais de Logística). Para Adelson Lopes, diretor da Adelson Eventos e idealizador da feira, o momento para a realização não poderia ser mais propício. “É uma região estratégica, pois é cercada de rodovias em excelentes condições e está próxima ao Porto de Santos e do aeroporto de Viracopos, em Campinas. Além disso, o trecho sul do Rodoanel foi inaugurado em março, beneficiando ainda mais a logística da região”, afirma Lopes. O principal objetivo do evento, segundo o idealizador, é o fomento de novos negó-
SIMÕES
cios e a apresentação de novidades tecnológicas para o setor. Jundiaí conta com duas das mais importantes rodovias brasileiras: Bandeirantes e Anhanguera. Além disso, todas as ferrovias da malha paulista passam pelo município, que também possui um aeroporto estadual. O aeroporto de Viracopos, a 30 km de Jundiaí, é um dos terminais brasileiros que receberão investimentos por parte da Infraero, visando os eventos esportivos que acontecerão no Brasil. As obras preveem a reforma do terminal de passageiros, orçadas em R$ 40 milhões. Segundo a empresa, o planeja-
mento para a contratação do projeto executivo está sendo elaborado. O trecho sul do Rodoanel Mário Covas tem uma extensão de 61,4 km. Os investimentos, de acordo com a Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo, foram da ordem de R$ 3,5 bilhões. Ainda conforme a autarquia, o trecho sul será um importante elo econômico para a incorporação do Porto de Santos ao sistema de logística de transportes do Estado e de todo o Brasil. Com o novo trecho, o escoamento da produção com destino a Santos é feito diretamente, sem passar por São Paulo e adjacências, dimi-
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ASSESSORIA DE IMPRENSA DA ADELSON EVENTOS/DIVULGAÇÃO
“A demanda logística tem aumentado, com isso, melhorias na infraestrutura aeroportuária e rodoviária são vitais” RONAN HUDSON, DIRETOR DA JADLOG
nuindo o tempo de viagem de 1h20 para 45 minutos. A ABEPL é uma das entidades apoiadoras da Feira Internacional Logística 2010. Luciano Correa da Rocha, presidente da entidade, afirma que o setor tem alcançado um crescimento contínuo. “O segmento tem potencial para crescer até 18% ao ano. Há uma série de atividades ligadas à logística. Esse papel multifuncional potencializa o crescimento.” As expectativas para 2010, segundo o dirigente, são superiores a 15%. Na opinião de Rocha, o setor começou a se expandir a partir do momento em que as corporações passaram a competir glo-
balmente. “As empresas perceberam que a logística não era um fator limitador. Desde então, começaram a surgir os primeiros operadores logísticos, com estrutura mais leve e foco maior no seu negócio”, diz. Ele acredita que o desenvolvimento só não é maior devido aos entraves. “Paralelamente ao crescimento, surgiu uma infinidade de problemas. Apesar dos investimentos, ainda falta infraestrutura e também melhor preparo para lidar com as atividades. A capacitação é a matéria-prima da logística.” Rocha ressalta que a integração entre os modos do transporte é urgente. “É preciso mudar a
matriz do setor transportador e fazer uma interligação entre os modais para que cada um possa explorar suas potencialidades.” A feira, ele acredita, será um momento de extrema importância para o setor. “Grandes instituições estão contribuindo para o evento. Creio que o segmento alcançará um fomento de negócios muito significativo e isso pode ser uma tendência futura para demais oportunidades e, também, para outras edições.” As empresas do setor logístico estão confiantes no sucesso do evento. Ronan Hudson, diretor da JadLog, diz que o aspecto logístico da região de Jundiaí é o grande atrativo. “A expectativa
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A REGIÃO DE JUNDIAÍ Localização Região Administrativa de Campinas, a 49 km de São Paulo, pela via Anhanguera (SP-330), e a 37 km de Campinas, pela mesma rodovia Rodovias que servem ao município Bandeirantes (SP-348), Anhanguera (SP-330), Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (SP-300), Tancredo de Almeida Neves (SP-332), Constâncio Cintra e Geraldo Dias (SP-332) Aeroportos que servem ao município Aeroporto Estadual de Jundiaí (aviação executiva) Aeroporto de Viracopos (Campinas), a 30 km Distâncias Aeroporto de Congonhas (São Paulo): 55 km Aeroporto de Cumbica (Guarulhos): 80 km Porto de Santos: 130 km Indústria 890 empresas (levantamento de 2007) Fontes: Prefeitura de Jundiaí e Secretaria de Estado de Transportes de São Paulo
LIGAÇÃO Rodovia dos Bandeirantes
“Com a recuperação da economia, há um grande potencial a ser explorado e conquistado” JULIAN THOMAS, DIRETOR-SUPERINTENDENTE DA ALIANÇA NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA
é de abertura de novos contratos e de aprofundar os negócios com nossos clientes. O volume de quanto poderá ser fechado está em aberto.” Hudson ressalta o crescimento do setor. “No segmento de carga fracionada, houve um aumento forte de 30% nos últimos cinco anos. Acredito que o alcance do ‘e-commerce’ (negócios fechados via Internet) tenha contribuído para essa continuidade.” Para o diretor, o setor necessita de investimentos para dar sequência a esse
período positivo. “A demanda logística tem aumentado, com isso, melhorias na infraestrutura aeroportuária e rodoviária são imprescindíveis. No modal rodoviário, observam-se boas condições de tráfego nas rodovias concessionadas. Nas demais, é flagrante a falta de manutenção em todo o país.” A Aliança Navegação e Logística será outra empresa presente. O diretor-superintendente Julian Thomas também credita a viabilidade de participação à condição de
polo logístico da região. “Vamos aproveitar a exposição para apresentar ao mercado as expertises no setor de transporte marítimo de longo curso e de cabotagem. Além disso, teremos a possibilidade de estreitar o relacionamento com clientes e parceiros.” Segundo Thomas, a Aliança prevê crescimento nos negócios este ano. “Com a recuperação da economia, há um grande potencial a ser explorado e conquistado. A adequação da infraestrutura portuária e logística
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OSLAIM BRITO/FUTURA PRESS
INFRAERO/DIVULGAÇÃO
dá acesso à região de Jundiaí (SP)
deve ter um foco estratégico compatível com a política de crescimento do Brasil em médio e longo prazo.” Ele afirma que as autoridades têm trabalhado para melhorar a situação. “Os órgãos governamentais envolvidos com o desenvolvimento da infraestrutura logística estão abertos para discussão e em busca de melhorias. Mas ainda há muito que ser feito.” O evento também conta com parceiros internacionais. A Italcam (Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e
PERTO Aeroporto de Viracopos atende a região
Agricultura de São Paulo) é uma delas. Francesco Parternó, secretário-geral da entidade, confia que a feira possa servir como suporte para novas parcerias entre empresas brasileiras e italianas. “Para a Italcam, a participação no evento tem o objetivo institucional de promover a facilitação do intercâmbio entre os países. Esse será nosso esforço de participação.” O dirigente diz que, por meio da presença da câmara, empresas brasileiras poderão ter acesso às experiências de
sucesso no setor logístico italiano. “A Itália tem um conhecimento muito grande a oferecer, principalmente no que se refere à estrutura de portos.” Ele destaca ainda o sistema de transporte público e urbano. “Os italianos têm boas condições de transporte público. A intermodalidade foi levada em conta, principalmente nas grandes metrópoles. São exemplos que serão apresentados.” No Brasil, um dos grandes projetos para o transporte público é o TAV (Trem de Alta Velocidade),
que ligará as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. O investimento total dever ser de mais de R$ 34 bilhões. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) informa que a modelagem financeira e de concessão para o TAV Brasil serão aderentes às práticas e peculiaridades de concessões já praticadas no transporte brasileiro. Segundo a assessoria da agência, os estudos técnicos estão sob análise do TCU (Tribunal de Contas da União) e ainda não há previsão para a aprovação. A região metropolitana de Campinas e Jundiaí é parte integrante das regiões de influência do TAV. Segundo o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2007, Jundiaí possui um PIB (Produto Interno Bruto) per capita de R$ 40.704. Ainda de acordo com o instituto, a população estimada em 2009 corresponde a 349.929 habitantes. l
SERVIÇO Feira Internacional Logística 2010 Quando: De 15/6 a 17/6 Local: Parque da Uva, Jundiaí, SP Inscrições: Gratuitas pelo site Mais informações: http://www.feiradelogistica.com
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SEST SENAT
Região estratégica Nova unidade em Foz do Iguaçu atenderá motoristas em trânsito pelo Mercosul e comunidade da região POR
eograficamente, Foz do Iguaçu (PR) é a principal entrada do Mercosul, num ponto convergente da Tríplice Fronteira – Brasil, Argentina e Paraguai. Proporcionar melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores em transporte, a seus familiares e à comunidade desse local de intenso movimento é o principal objetivo da nova unidade do Sest Senat, inaugurada em 9 de abril na cidade paranaense. As instalações foram construídas num terreno de 30 mil metros quadrados, com
G
KATIANE RIBEIRO
acomodações modernas e confortáveis para capacitação e atualização profissional e atendimentos de saúde. “A nossa vontade sempre foi dar um atendimento especial àquela região, por meio do Sest Senat, devido à chegada diária de milhares de caminhoneiros que vêm da Argentina e do Paraguai, bem como aos trabalhadores e famílias da região”, afirma Marco Antonio Gulin, presidente da Fepasc (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina) e
do Conselho Regional do Sest Senat Paraná. Toda a estrutura está à disposição dos trabalhadores em transporte, caminhoneiros autônomos, taxistas, seus familiares e à comunidade de Foz do Iguaçu e região. O quadro funcional conta com 50 profissionais, de diversas áreas, entre elas odontologia, fisioterapia, psicologia e oftalmologia. A estrutura de esporte e lazer é completa, com piscinas e quadras esportivas. Para capacitação e atualização profissional, a unidade
conta com seis salas de aula com 25 lugares cada, um laboratório de informática, com 20 computadores, todos com acesso à Internet, além de biblioteca e oficina pedagógica com aulas práticas. Nessa estrutura, serão oferecidos cursos de capacitação para o transporte de passageiros, de cargas, veículos de emergência, entre outros. De acordo com Gulin, a expectativa é que nos primeiros meses de funcionamento a unidade atenda a 2.000 pessoas. Já a estrutura voltada para qualificação profissional
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JÚLIO FERNANDES/NCI-CNT
UNIDADE FOZ DO IGUAÇU Veja alguns cursos previstos • Motorista e cobrador de ônibus • Transporte de produtos perigosos • Transporte de emergência • Transporte de escolares • Monitores do transporte escolar • Condução econômica • Operador de empilhadeira Estrutura da área de lazer e cultura 1 ginásio com aproximadamente 400 lugares 2 quadras poliesportivas 2 campos de futebol soçaite 1 piscina semiolímpica 1 piscina recreativa infantil 1 área livre com aparelhos de ginástica 1 área livre com parte infantil 4 churrasqueiras cobertas 1 auditório/teatro com capacidade para 150 pessoas sentadas 1 foyer para festas climatizado 1 sala para prática de oficinas de artes e renda
ATENDIMENTO Município do Paraná ganhou unidade que irá receber trabalhadores do setor de transporte
“O oeste do Paraná terá um grande ganho com essa moderna estrutura” MARCO ANTONIO GULIN, PRESIDENTE DA FEPASC
deve capacitar 350 alunos neste início de atividades. O Sest Senat de Foz do Iguaçu conta ainda com seis consultórios odontológicos, uma sala de raio X, dois consultórios médicos, um de psicologia e outro de fisioterapia. A área de lazer inclui duas piscinas, uma semiolímpica e uma infantil, churrasqueiras cobertas, campos de futebol soçaite e área livre com aparelhos de ginástica e um ginásio. “Tendo em vista a estrutura que tínhamos anteriormente, essa obra é de suma
importância para os trabalhadores em transporte e a comunidade de Foz do Iguaçu e região, afinal estamos passando de um local de 250 metros quadrados para 5.800, onde poderemos atender melhor o nosso público”, afirma o dirigente da unidade, Eraldo Maciel de Oliveira. “Na nova estrutura, estaremos proporcionando a possibilidade da melhoria de qualidade de vida dos trabalhadores em transporte e seus familiares.” Inaugurada em novembro de 2005, a antiga unidade funcionava no mesmo terreno
do posto Gasparin, na BR-277. “A localização estratégica e a estrutura do atendimento desse nosso parceiro foram fundamentais para o sucesso de demanda pelos nossos serviços”, diz Gulin. Com a consolidação da entidade na região, aumentou a procura pelos cursos e outras ações, evidenciando a necessidade de uma estrutura mais ampla e com novas opções de serviços. A previsão é que a unidade atenda aproximadamente 15 mil pessoas, de 13 municípios. “O oeste do Paraná terá um grande ganho com essa
CHRISTIAN RIZZI/AG. GAZETA DO POVO/FUTURA PRESS
POTENCIAL Turismo é importante fonte de renda de cidade de 325.137 habitantes
“Essa obra é de suma importância para os trabalhadores em transporte e comunidade de Foz do Iguaçu e região” ERALDO MACIEL DE OLIVEIRA DIRETOR DA UNIDADE
moderna estrutura idealizada para atender aos trabalhadores do transporte e seus familiares, bem como a comunidade”, diz Gulin. O Sest Senat está situado a 300 metros da Estação Aduaneira de Foz do Iguaçu, por onde passam aproximadamente 800 caminhões todos os dias. “A localização estratégica facilitará a vida desses motoristas e também dos que estão em trânsito por nossos vizinhos do Mercosul”, afirma Gulin. Quem utiliza o transporte coletivo também não encontrará problemas, pois o local é servido por várias linhas de ônibus. Com a inauguração em Foz do Iguaçu, o Paraná passa a
contar com nove unidades do Sest Senat, estrategicamente instaladas e prestando atendimento aos trabalhadores em transporte. São elas: Curitiba, Ponta Grossa, Santo Antonio da Platina, Guarapuava, Vitorino, Londrina, Maringá, Cascavel. Segundo o presidente da Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), Luiz Anselmo Trombini, a nova unidade do Sest Senat é de “extrema importância” para o transporte de cargas, pois atenderá a um grande número de transportadores de todas as regiões do país. “É bom lembrar que, além dos municípios brasileiros da região de
fronteira e aqueles próximos a essa região, a unidade atenderá aos transportadores dos demais países do Mercosul e também aqueles que vêm de outras locais do país para a região de fronteira, o que aumenta consideravelmente o público em potencial da unidade, afinal boa parte das transportadoras tem negócios internacionais com os países vizinhos”, afirma. Foz do Iguaçu possui 325.137 habitantes, residentes numa área total de 617 km2. As principais fontes de renda do município são o turismo e a geração de energia elétrica. Além disso, Foz do Iguaçu é o segundo principal destino para turistas estrangeiros no país e o primeiro da região Sul. A cidade é conhecida pelas Cataratas do Iguaçu e a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior em funciol namento do mundo.
SERVIÇO Unidade de Foz do Iguaçu Onde: rua Rufino Villhordo, 1.141, Parque Presidente 2 Informações: (45) 3526-7000
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ZEKA/AG A TARDE/FUTURA PRESS
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IDET
MOVIMENTAÇÃO Modal aquaviário mostrou crescimento de 8,4% em fevereiro
Transportes em recuperação Efeitos da crise no setor perdem força e modais têm alta
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começo de 2009, estava em seu estágio final. Já o transporte de outras cargas apresentou decréscimo de 0,2% em relação ao mês anterior. O transporte rodoviário de passageiros apresentou aumento nos traslados de curta distância. O transporte coletivo urbano cresceu 20,8% devido o retorno as aulas em março, transportando 3,1% a mais no bimestre fevereiromarço se comparado com o ano anterior. O transporte rodoviário intermunicipal de passageiros também cresceu, 9,9% em relação ao mês de fevereiro. Já o transporte rodoviário interestadual de passageiros caiu 2,8%, seguindo a movimentação sazonal. Apesar disso, o mês de março de 2010 apresentou um
acréscimo de 6,15% no número de passageiros transportados frente a março de 2009. Em relação a janeiro, observou-se uma queda de 1,4% na movimentação de cargas do modal ferroviário. No entanto, em fevereiro deste ano foram movimentadas 25,4% mais toneladas que o mesmo mês de 2009, indicando que o pior momento da crise passou. Ressalta-se, apenas, que os dados de uma empresa do setor ainda não foram divulgados. Em fevereiro, o transporte aquaviário de cargas subiu 8,4% em relação ao mês anterior. No primeiro bimestre do ano, a movimentação no modal foi 30% maior que no primeiro bimestre de 2009.
Deve-se observar que alguns portos não informaram o total de cargas transportadas, cabendo posterior retificação dos valores apresentados. O transporte aéreo de passageiros caiu em 11,9% no mês de fevereiro, em relação à janeiro. Contudo, no primeiro bimestre do ano, o movimento de passageiros foi 30% maior que o de 2009. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transporte no Brasil. l
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eguindo a tendência do segundo semestre do ano anterior, a movimentação total de cargas rodoviárias no primeiro trimestre de 2010 está 2,3% maior que 2009. Apesar da queda na movimentação nos dois primeiros meses do ano, o mês de março apresentou aumento de 1,6% no total transportado. No transporte rodoviário de cargas industriais por terceiros, o crescimento de março em relação ao mês anterior foi de 3,6%, o que impactou no total do setor. O bimestre fevereiro-março de 2010, também foi superior ao mesmo período de 2009, em 3,1%, mas inferior ao de 2008. Contudo, é preciso lembrar que o crescimento estava consideravelmente acentuado antes da crise, que, no
Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br
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ABRIL 2010 MAIO 2010
ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Ferroviário de Cargas
110
50
105
45 Milhões de Toneladas
Milhões de Toneladas
Transporte Rodoviário de Cargas - Total
100 95 90
40 35 30 25
85
20
80 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
2008
out
nov
2009
jan
dez
fev
mar
*abr
*mai
jun
jul
ago
set
nov
dez
2010 2008
2009
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Transporte Aquaviário de Cargas
Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
75
1.050
65
990
Milhões de Toneladas
Milhões de Passageiros
out
930
870
55 45 35
810
25 jan
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mai
jun
jul
ago
set
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out
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Transporte Aéreo de Passageiros
Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros
6
8
Milhões de Passageiros
Milhões de Passageiros
5,5 7
6
5 4,5 4 3,5
5
3 jan
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Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
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FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM* Total Nacional* Total Concedida* Concessionárias Malhas concedidas
29.817 28.314 11 12
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
NÃO PAVIMENTADA
61.920 17.197 111.375 27.342 217.834
TOTAL
13.775 75.695 6.224 23.421 111.474 222.849 1.236.128 1.263.470 1.367.601 1.585.435
Malha rodoviária concessionada Adminstrada por concessionárias privadas* Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADES Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
15.809 14.745 1.064
2.016.493 363.717 674.451 584.083 13.907 40.000 25.120 105.000
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
9.863 1.674 7.304 9.473 28.314
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
87.150 2.624 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.273 2.611
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
33 33 2.498
AERONAVES - UNIDADES A jato Turbo Hélice Pistão Total
820 1.700 9.354 11.874
173
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM Companhia Vale do Rio Doce/FCA MRS Logística S.A. ALL do Brasil S.A. Outras Total
42 40
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
141
44.000 29.000 13.000 1.148
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
MAIO 2010
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
R$ bilhões
Orçamento de Investimentos Ministério dos Transportes (Março /2010)
16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0
Investimentos da União por Modal (R$ 385,1 milhões) - Liquidados (Março/2010)
13,9 R$ 375,4 mil (97,6%)
R$ 3,7 mil (1,0%)
2,4
R$ 0,5 mil (0,1%)
0,4
Autorizado Total pago Investimento liquidado Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
CIDE
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês Março/2010 Arrecadação no ano (2010) Investimentos em transportes pagos (2010) CIDE não utilizada em transportes (2010) Total Acumulado CIDE (desde 2002)
586 1.956,0 645,4 1.310,6 58.567,0
Valores Pagos (CIDE) Não Utilizado
6 200
7 200
R$ bilhões
2009
8 200
9 200
Valores Expectativa acumulados Nos últimos para 2010 12 meses em 2010 - (1) - (1) 5,60
PIB (% cresc a.a.)
-0,2
Selic (% a.a.)
8,75
IPCA (%)
4,31
2,06(3)
5,17(3)
5,29
Balança Comercial(4) 25,3
0,892(5)
23,2(5)
10,00
9,50(2)
1,75(6)
1,74 239,64(7)
11,25
246,43(7)
1,80 -
-
0 201
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (acumulados até 10/04/2010), IBGE e Focus - Relatório de Mercado (19/04/10), Banco Central do Brasil.
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
8
Arrecadação Acumulada
5 200
Outros
Observações: 1 - Dados de 2010 ainda não disponíveis. 2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 27/04/2010 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até março/2010 4 - Em US$ Bilhões 5 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até Abril/2010 6 - Câmbio de fim de período fevereiro/2010, média entre compra e venda. 7 - Posição dezembro/2009 e abril/2010 em US$ Bilhões
23,7
4 200
Aquaviário
Ferroviário
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - MARÇO/2010
Reservas Internacionais
58,6
3 200
Rodoviário
Câmbio (R$/US$)
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
70 60 50 40 30 20 10 0 2 200
R$ 5,5 mil (1,4%)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 280 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA BRASIL - 2008)
76
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2010
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM MILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 776,33 94,32 74,07 42,51 25,60 16,87 1.029,71
SETOR
Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
PARTICIPAÇÃO
(%) 75,4 9,2 7,2 4,1 2,5 1,6 100
PARTICIPAÇÃO
(%) 88,3 6,6 3,8 1,3 100
NÚMEROS DE AFERIÇÕES EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
2007 A 2009
2010 ATÉ FEVEREIRO
228.772
TOTAL
21.379
14.422
264.573
Aprovação no período 85,61% 88,53%
88,73%
87,62%
Rodoviário Aéreo Marítimo Ferroviário Total
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos
Japão EUA Europa
Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total
m3 32,71 0,69 0,48 33,88
MODAL
MILHÕES DE
Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total
500 ppm de S
PARTICIPAÇÃO
1.800 ppm de S
2006
2007
2008
2009
Diesel 39,01 Gasolina 24,01 Álcool 6,19
41,56 24,32 9,37
44,76 25,17 13,29
44,29 25,40 16,47
TIPO
(substituição de 11% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
2010 (ATÉ MARÇO) 11,16 7,48 2,82
* Em partes por milhão de S - ppm de S
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - MARÇO 2010 8,4%
5,1%
8
17,9%
Pt. Fulgor 15,2% Enxofre 11,0%
42,4% 15,2%
Teor de Biodiesel 42,4% Outros 5,1%
(%) 96,6 2 1,4 100
CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)
(grandes centros urbanos)
Corante 8,4% Aspecto 17,9%
(%) 44 39 10 7 100
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
50 ppm de S
Diesel interior
PARTICIPAÇÃO
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano
CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30
VEÍCULO
21 67 4.756 5.446
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*
Brasil
CO2 t/ANO 83,30 6,20 3,56 1,26 94,32
MODAL
MARÇO
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br 11,0%
Trimestre Anterior
9,0
Trimestre Atual
4,3
Brasil
TO
SP
SE
SC
RS
RN
RJ
PR
PI
PE
PB
PA
MT
0
1,6
2,7
2,8
RR
1,8
2,2
RO
1,0
0,7
1,5
2,2
4,8 2,3
4,3 1,5
MS
0,9
MA
MG
0,7
ES
0
DF
CE
BA
0
AP
AM
GO
0,8
1,4
AL
6,0
6,9
7,7 5,3 3,5
4,2
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
AC
% NC
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - MARÇO 2010
“Os modais apresentam carências que precisam ser equacionadas para que se possa ter na logística um elemento dinâmico ao crescimento” DEBATE
Como a logística pode ajudar no crescimento econômico?
Investimentos em sistemas logísticos são fundamentais PAULO TARSO DE RESENDE
specialistas do mundo inteiro debatem uma questão vital quando se discute o planejamento estratégico ligado ao crescimento dos países: “o desenvolvimento econômico demanda investimentos em infraestrutura ou investimentos em infraestrutura induzem o desenvolvimento econômico”? No Brasil, por motivos associados ao tamanho do território e às diferenças macrorregiões, os dois conceitos se aplicam. Mantendo o escopo limitado à questão logística, e considerando a importância dos sistemas a ela ligados, todos os modais de transporte apresentam carências que precisam ser equacionadas para que, finalmente, se possa ter na logística um elemento dinâmico na indução ou no apoio ao crescimento econômico. Os custos logísticos brasileiros (em torno de 12%) apresentam uma diferença brutal, quando comparados com os EUA (8%). A diferença de 4% representa quase US$ 50 bilhões. Isso mostra que qualquer conjunto de projetos bem planejados e com custo abaixo desse valor já alcançaria plenitude na relação custo/benefício. No entanto, o país não con-
E
PAULO TARSO DE RESENDE Doutor em Planejamento de Transportes e Logística, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral
segue ultrapassar nem 1,8% do PIB em investimentos em transporte, sendo que a média dos últimos 20 anos é de 1% do PIB. Esse descaso histórico com os recursos para melhorias na macrologística levou a gargalos marcantes, a começar pelos portos. Os custos não são competitivos, caracterizados por burocracias inúteis no manejo das cargas, equipamentos obsoletos, estruturas administrativas atrasadas, acessos portuários ineficientes e um quadro de mão de obra carente de capacitação, com reflexo imediato na competitividade dos produtos no mercado global. Outra questão fundamental é a do equilíbrio entre as operações dos sistemas rodoviários e ferroviários. O Brasil não pode continuar com uma competição acirrada entre esses modais. No mundo desenvolvido, cada um tem o seu papel e os dois buscam se complementar. O sistema rodoviário brasileiro apresenta capilaridade, ou seja, seu grande trunfo é o acesso às regiões produtoras e aos centros consumidores, em um total de 1,6 milhão de km, mas, infelizmente, com menos de 12% asfaltados. O siste-
ma ferroviário, por sua vez, possui operadores com grande poder de captação de recursos, e cuja reestruturação foi muito bem trabalhada nos últimos dez anos. Sendo assim, a formação de corredores logísticos, com eixos rodoviários alimentando os grandes troncos ferroviários (modelo espinha de peixe), poderia se transformar em diferencial, por exemplo, para o escoamento dos granéis e insumos agrícolas, contribuindo para a inserção competitiva das fronteiras do Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Finalmente, destacam-se os potenciais hidroviários como alternativa para o escoamento dos granéis agrícolas em direção aos portos do Norte e Nordeste, deslocando o já saturado eixo logístico do Sudeste e do Sul. O país possui aproximadamente 30 mil km de hidrovias com real perspectiva de aproveitamento para a navegação. Os investimentos em sistemas logísticos são fundamentais para o crescimento econômico. Eles podem ser responsáveis pela inserção competitiva de regiões de fronteira no mercado global, nesse caso como indutores do desenvolvimento.
“Entre os desafios que um país, como o Brasil, tem de enfrentar estão os investimentos em infraestrutura que consolidem o desenvolvimento”
Fonte de agregação de valor aos produtos e serviços RODRIGO VILAÇA
logística hoje é tratada como um assunto de vital importância pelas empresas. Depois das dificuldades enfrentadas, em decorrência da crise econômica, o tema logística voltou à pauta como solução para muitos problemas. O ano de 2010 marca a retomada das negociações, onde a recuperação do mercado, que começou no segundo semestre de 2009, irá de fato se confirmar. Felizmente, as companhias perceberam que o trabalho logístico, visando à redução dos custos, é uma fonte de agregação de valor aos produtos e serviços. Mas, para que alcancemos esse objetivo é necessário que o governo federal intervenha. O Brasil não pode parar! Sabemos que é preciso investimentos, e pesados. Sem dúvida, o governo tem projetado ações para o desenvolvimento do país, como é o caso do Avança Brasil e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas também é notório que o marketing é que merece o ônus, pois esses programas pouco avançaram. Outro fator importante é que estamos em ano de eleição, um novo cenário político aproxima-
A
se. É época de diagnosticar antigos problemas e iniciar uma nova etapa para soluções. Entre os muitos desafios que um país, como o Brasil, tem de enfrentar estão os necessários investimentos em infraestrutura, pois são eles que garantem que o desenvolvimento se consolide. As palavras atitude e viabilização têm que constar nos planos de trabalho dos novos governantes. Também sabemos que é necessária a intermodalidade dos modais de transporte para que tenhamos mais eficácia na atividade logística no Brasil. É preciso mais defesa e mais próação nos diferentes modos de transporte, entre eles o hidroviário, a cabotagem e o ferroviário. Para se ter uma ideia, o modelo logístico do Brasil ainda está excessivamente focado no modal rodoviário, que corresponde a até 65% de todo o volume transportado, além ser o segundo mais caro, perdendo apenas para o aéreo. Por outro lado, também é notório que, desde que assumiram a concessão das malhas ferroviárias, as transportadoras de cargas mudaram o cenário do setor, que passava por completa estagnação. A participação das
ferrovias na matriz de transportes do Brasil passou de 17%, em 1999, para 26%, em 2009, sendo que a referência internacional nos desafia a atingir 42%. A grande benfeitora dessa nova estatística é a iniciativa privada. Com ela o governo federal deixou de acumular um déficit de R$ 3,8 bilhões, reunido nos dez anos que antecederam à desestatização. Atualmente, a União recebe das concessionárias R$ 500 milhões/ano pela concessão e arrendamento, além de R$ 300 milhões que as empresas recolhem para a Cide. Significa uma receita anual de R$ 800 milhões, sem considerar os tributos federais, estaduais e municipais. Outra questão é o investimento profissional. Investir em pessoas, no seu desenvolvimento e na retenção de conhecimento é um diferencial competitivo que jamais deve ser desconsiderado. Devemos, setor público e privado, proporcionar formação intelectual para o profissional, qualificálo e valorizá-lo. Dessa forma, o colaborador interno trabalhará feliz, motivado, com comprometimento e competência. E o melhor: RODRIGO VILAÇA será fiel à empresa, ao seu produ- Presidente da Aslog (Associação Brasileira de Logística) to e a sua movimentação.
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2010
81
“A infraestrutura do transporte no Brasil há muito vem limitando o desenvolvimento social e econômico do país”
JOSÉ FIORAVANTI
OPINIÃO
O transporte na Copa de 2014
A
Fifa manifestou sua preocupação com o ritmo lento das obras dos estádios de futebol para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Embora não faça parte do plano de obras do acordo entre o comitê organizador nacional e o órgão máximo do futebol mundial, projetos importantes de infraestrutura de transporte estão previstos para a realização do evento. Mas ocorre que a execução desses projetos também já está atrasada. Programa do Ministério das Cidades, com recursos do Fundo de Garantia, o Pró-Transporte assegurou R$ 9 bilhões para a melhoria dos sistemas viários das 12 cidades que serão sedes dos jogos da Copa do Mundo, além de outras fontes de investimentos. Porém, por razões burocráticas ou de natureza técnica dos projetos, a grande maioria das obras ainda não foi iniciada. Foi prometido um pacote de 43 obras em diversas áreas do transporte, com previsão de um custo total de R$ 11,5 bilhões. Os projetos preveem a construção de corredores exclusivos para ônibus urbanos, monotrilhos, novos terminais urbanos e outras ações fundamentais. Também estão prometidas intervenções exclusivamente para o evento, em 16 aeroportos. Mas de acordo com as informações veiculadas na imprensa, os projetos executivos das obras só estarão prontos no fim de 2011. O que deve gerar mais atraso. Os transportadores brasileiros já compartilham da ansiedade da Fifa. Quase sempre apontados como os maiores responsáveis pelos problemas do transporte urbano, os empresários do setor sentem na pele as dificuldades pela falta de políticas urbanas que valorizem o transporte
coletivo e dependem da intervenção definitiva do poder público para a desejada melhoria dos serviços. Assim, esperam uma herança bendita da Copa-14: financiamentos em condições mais favoráveis para a renovação de frotas; melhor infraestrutura viária; corredores exclusivos para o tráfego de ônibus urbanos, cuja operação está prejudicada pelo intenso congestionamento de trânsito nas cidades. A infraestrutura do transporte no Brasil há muito vem limitando o desenvolvimento social e econômico do país. Rodovias em condições inadequadas impedem uma logística dinâmica e eficiente do transporte de cargas e pessoas, o comércio internacional se ressente de melhores portos, o turismo precisa de novos terminais de passageiros e os aeroportos já não comportam o movimento das aeronaves. Pelo que se viu em países que sediaram grandes eventos mundiais, as melhorias na infraestrutura tornaram-se marcos para a elevação do nível da qualidade dos serviços. Cumpridos os objetivos determinados para a Copa-2014, o Brasil terá dado um passo decisivo para romper definitivamente com o atraso histórico que caracteriza sua infraestrutura. A conter nossa ansiedade, a garantia do ministro Márcio Fortes, das cidades, de que a maioria das obras estará concluída até o ano de 2013. Os transportadores desejam muito que sim. A conjuntura econômica é favorável para a realização desse projeto e o evento, um compromisso transformado em grande oportunidade que não se pode deixar passar. José Fioravanti é presidente em exercício da CNT
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE EM EXERCÍCIO José Fioravanti PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa VICE-PRESIDENTES DA CNT
MAIO 2010
Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Abrão Abdo Izacc Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br
TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira
TECNOLOGIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
Muito interessante a reportagem de capa da revista CNT Transporte Atual, edição 176, que aborda as novas tecnologias dos caminhões. O sensor de ponto cego e o detector de nível de atenção, além dos outros itens de segurança, com certeza vão trazer mais segurança a todos nas estradas.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Augusto Pinho Niterói (RJ)
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay Hernani Goulart Fortuna TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira
MUSEU Além do futebol, acredito que o carro é a outra paixão do brasileiro. A revista está de parabéns pela reportagem "Paixão preservada" (edição 176), que traz a história do Museu Eduardo André Matarazzo. Nele, não estão apenas carros e objetos do Sr. Eduardo Matarazzo, mas um pouco da história do Brasil e de seu povo.
Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes Paulo Sergio de Mello Cotta
José Mendes Maceió (AL)
E saber que estão em discussão medidas para melhorar a infraestrutura das rodovias e o transporte de passageiro, como forma de economia e de preservação do meio ambiente, é ponto positivo para as empresas que estão engajadas nesse propósito. Raimunda Ribeiro Aparecida de Goiânia (GO) ENTREVISTA O assunto abordado na entrevista com o doutor em transportes Luis Antonio Lindau na revista CNT Transporte Atual (edição 176) é realmente interessante, pelo momento que as metrópoles brasileiras estão passando, com congestionamentos, poluição. É importante pensarmos em novas metas para que as cidades sejam realmente sustentáveis. Rodrigo Câmara Bauru (SP)
Marcelino José Lobato Nascimento DIRETORIA
Ronaldo Mattos de Oliveira Lima
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
José Eduardo Lopes
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker Pedro Henrique Garcia de Jesus Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva
CONSUMO CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
A reportagem sobre o consumo inteligente de energia (edição 176) mostra que todos ganham quando o assunto é evitar o desperdício.
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes